Capítulo Único
Mudar para um novo apartamento não tinha sido ideia minha. Thomas quis alugar um lugar perto do estúdio já que passaríamos mais tempo lá durante a produção do novo álbum. Fui voto vencido quando os outros garotos o apoiaram dizendo que preferiam dormir em uma cama do que passar o mês com as costas doendo do puff.
Eu sabia que dormir não ia ser frequente. Quando eu começava a compor, nada me impedia de continuar criando. Umas duas ou três horas de sono por dia me aguardavam até que finalizássemos o novo álbum. Porém, mudei de ideia no segundo dia no prédio novo.
Estava atrasado, como sempre. Sai de casa calçando o all star, escutando meu celular tocar sem parar, provavelmente era nosso agente. Não entendia o porquê morar juntos se os caras não iam ser úteis como por exemplo me acordar. Apertei o botão do elevador ainda arrumando o cabelo quando a porta se abriu.
Devo ter ficado parado por pelo menos cinco minutos (okay, foram 5 segundos, mas pareceram 5 minutos) encarando a mulher mais linda que eu já tinha visto na vida. O cabelo escuro descia em cachos nas suas costas, o batom vermelho escondendo o sorriso maravilhoso e as curvas! Que corpo era aquele?
— Oi! — Ela falou e eu tive que sacudir a cabeça para sair do lugar.
— Oi!
— Você mudou essa semana, não é? — Ela apontou para mim enquanto saia do elevador e apertava o botão para que este não saísse do andar.
— Sim! Mudei com uns amigos para o 304.
— Ah, eu moro no 303! Sou a , precisarem de algo só chamar.
— Obrigado!
Entrei no elevador e vi a porta se fechando antes que eu pudesse falar mais nada. Foi só quando já estava na calçada que percebi que não havia me apresentado para ela. É claro que eu ia ser idiota a esse ponto.
...
— Meu deus, a Bela Adormecida resolveu aparecer! — Henry gritou de trás da bateria.
— Essa vai ser a última vez que você se atrasa, . Estamos pagando por hora e não podemos gravar nada sem o cantor principal. — Peter, nosso produtor, me entregou um papel com a nova música que ele havia aprovado.
Não era a melhor letra do mundo, algo muito melódico e totalmente fora do tema que tínhamos escolhido para aquele álbum. Mas ainda estávamos no primeiro ano de contrato, o que significava que não teríamos tanta liberdade criativa. Talvez se este álbum bombasse tanto quanto o primeiro, no próximo teríamos mais canções autorais.
— Desculpa. Não vai acontecer de novo. — Mas eu sabia que iria.
Coloquei o headphone e escutei os primeiros compassos. Eu era muito grato por ter conhecido os garotos como conheci. Todo mundo dizia pra gente que viver de música era perda de tempo, que nossa banda jamais faria sucesso. Porém, quem quer que escrevesse o roteiro da vida deveria gostar muito da gente. Eu tinha crescido com Henry e Thomas, começamos a tocar juntos ainda crianças. Quando fomos para o ensino médio Michael se juntou no baixo. Nós quatro nos tornamos inseparáveis.
A sintonia era inacreditável e, quando me dava conta, tínhamos passado horas tocando, rindo, se divertindo. Peter entrou no estúdio era quase nova da noite, encerrando nossa sessão do dia.
— Quem ta afim de uma pizza? — Henry gritou assim que abrimos a porta da gravadora.
— Por favor! To azul de fome. — Thomas concordou.
— A de sempre? — Perguntei já tirando o celular do bolso.
Antes que eu pudesse escutar a resposta, esbarrei em alguém enquanto olhava o celular.
— Opa, desculp.... Ah oi!
— Ei! Tudo bem, garotos? — estava saindo do prédio usando uma jaqueta preta, segurando o capacete de uma moto.
— Oi ! Estes são os amigos que te falei, Thomas, Henry e Michael. Ah, e eu sou o . — Apontei para os meninos e ela sorriu.
Puta merda aquele sorriso ia me dar um infarto em qualquer momento.
— Prazer! E sejam bem vindo no inferninho.
— Inferninho? — Thomas franziu o cenho.
— É. O apelido que demos para o prédio. Em breve vocês vão entender o porquê. — Uma moto parou no meio fio e tocou a buzina. — Minha carona chegou. Até mais meninos.
Nós quatro ficamos parados observando-a colocar o capacete e subir na garupa da moto. Quando ela já estava longe, Henry quebrou o silêncio.
— Caralho, foi por isso que você se atrasou ? — Ele começou a bater no meu ombro.
— Cara, se foi, eu acho que vou me atrasar todo dia. — Michael respondeu quando entramos no prédio.
Uma hora depois a pizza chegou e, pela primeira vez no dia, não se escutava nem um pio na casa. O horário de comer, como sempre, era sagrado. Foi então que começamos a entender o que a tinha dito sobre o prédio ser o inferninho.
A vizinha de cima resolveu que dez da noite era um bom horário para aspirar o apartamento. Na rua, uma briga de gatos fez um cachorro no prédio latir. Não demorou muito para um casal começar a discutir. E eu não queria estar acordado quando a discussão acabasse.
— Cara, de quem foi a ideia escolher esse apartamento mesmo? — Henry perguntou. Todo mundo olhou para Thomas que só deu de ombros.
— É só um mês galera. Vocês nem vão ver passar.
...
Três dias depois encontrei com novamente no hall do prédio. Dessa vez eu não estava atrasado. Ela estava com a mesma jaqueta preta e segurando novamente o capacete.
— A gente precisa parar de se encontrar só assim. — Ela disse.
Eu sorri.
— Nossa, sim! — O elevador chegou e segurei a porta para ela entrar. — Aliás, eu e os meninos vamos dar uma pequena festa na sexta à noite. Nada grande, só alguns amigos e o pessoal da gravadora. Tenho certeza que falo por todos quando digo que você está mais do que convidada!
— Ah, obrigada! Vocês vão dar uma palinha ne?
— Talvez. Podemos pensar em dar um spoiler do álbum novo. — Pisquei para ela colocando a mão nos bolsos.
— Então conta comigo! Eu posso levar uma pessoa? — Droga, era agora que ela dizia que tinha namorado?
— Claro, por que não?
Mais tarde eu iria me martirizar por ter dito aquelas palavras, mas eu ia falar o que? Não pode levar ninguém não, é só para você ir. Tudo que eu sabia era que precisava parar de conversar com apenas na área comum do prédio. Estava na hora de termos um diálogo de verdade.
...
A sexta-feira chegou mais rápido do que eu imaginava. Não contei para os meninos o quanto estava ansioso e nem que ela tinha dito que levaria outra pessoa. Thomas encarava de longe ao me ver arrumando meu cabelo pelo que deveria ser a décima vez.
Aos poucos nosso apartamento foi enchendo. Henry distribuía cerveja e Michael procurava alguma musica no Spotify. Perto das nove da noite a vi entrando no apartamento. Sorri e acenei para ela, começando a ir em sua direção.
Estava apreensiva que seu convidado era o namorado, porém, uma garota um pouco mais alta do que ela entrou ao seu lado.
— Oi meninas! Sejam bem-vindas!
— Oi ! Esta é a Mona.
— Obrigada pelo convite. — A garota sorriu. Ela era bonita também, mas não tanto quanto .
Ou talvez eu quem estivesse hipnotizado pela vizinha porque Henry não demorou dois segundos para chegar com duas cervejas para as meninas.
— Ladies! Na minha casa ninguém fica com o copo vazio.
— Obrigada. — sorriu dando um golinho na bebida.
Mona olhou para ela ainda segurando o copo sem saber o que fazer.
— Amor, você vai dormir aqui em casa. Um dia no inferninho não vai matar ninguém. — deu um beijo no rosto de Mona e eu e Henry ficamos boquiabertos.
Elas se afastaram para conversar com mais uns vizinhos que tínhamos convidado. Eu tentei, tentei muito, mas não conseguia parar de encará-las.
— As meninas chamam amigas de "amor", né? — Henry perguntou.
— Não faço ideia, cara. Mas aquele beijo não foi de amizade não.
— Que droga. — Ele deu de ombros. — Fazer o que?
Virei a cerveja que estava na mão e fui no bar procurar um refil. Algum tempo depois a veio conversar comigo, disse que percebeu que ficamos assustados e eu assegurei a ela que tinha sido apenas surpresa.
— Mas sabe, nem todas as minhas amigas são lesbicas. E te dou certeza que tenho amigas gostosas. — Ela piscou para mim e voltou para o lado da sua namorada.
Virei mais uma cerveja. Beijando garotas ou não, eu tinha certeza que essa mulher ainda ia me deixar louco.
Eu sabia que dormir não ia ser frequente. Quando eu começava a compor, nada me impedia de continuar criando. Umas duas ou três horas de sono por dia me aguardavam até que finalizássemos o novo álbum. Porém, mudei de ideia no segundo dia no prédio novo.
Estava atrasado, como sempre. Sai de casa calçando o all star, escutando meu celular tocar sem parar, provavelmente era nosso agente. Não entendia o porquê morar juntos se os caras não iam ser úteis como por exemplo me acordar. Apertei o botão do elevador ainda arrumando o cabelo quando a porta se abriu.
Devo ter ficado parado por pelo menos cinco minutos (okay, foram 5 segundos, mas pareceram 5 minutos) encarando a mulher mais linda que eu já tinha visto na vida. O cabelo escuro descia em cachos nas suas costas, o batom vermelho escondendo o sorriso maravilhoso e as curvas! Que corpo era aquele?
— Oi! — Ela falou e eu tive que sacudir a cabeça para sair do lugar.
— Oi!
— Você mudou essa semana, não é? — Ela apontou para mim enquanto saia do elevador e apertava o botão para que este não saísse do andar.
— Sim! Mudei com uns amigos para o 304.
— Ah, eu moro no 303! Sou a , precisarem de algo só chamar.
— Obrigado!
Entrei no elevador e vi a porta se fechando antes que eu pudesse falar mais nada. Foi só quando já estava na calçada que percebi que não havia me apresentado para ela. É claro que eu ia ser idiota a esse ponto.
— Meu deus, a Bela Adormecida resolveu aparecer! — Henry gritou de trás da bateria.
— Essa vai ser a última vez que você se atrasa, . Estamos pagando por hora e não podemos gravar nada sem o cantor principal. — Peter, nosso produtor, me entregou um papel com a nova música que ele havia aprovado.
Não era a melhor letra do mundo, algo muito melódico e totalmente fora do tema que tínhamos escolhido para aquele álbum. Mas ainda estávamos no primeiro ano de contrato, o que significava que não teríamos tanta liberdade criativa. Talvez se este álbum bombasse tanto quanto o primeiro, no próximo teríamos mais canções autorais.
— Desculpa. Não vai acontecer de novo. — Mas eu sabia que iria.
Coloquei o headphone e escutei os primeiros compassos. Eu era muito grato por ter conhecido os garotos como conheci. Todo mundo dizia pra gente que viver de música era perda de tempo, que nossa banda jamais faria sucesso. Porém, quem quer que escrevesse o roteiro da vida deveria gostar muito da gente. Eu tinha crescido com Henry e Thomas, começamos a tocar juntos ainda crianças. Quando fomos para o ensino médio Michael se juntou no baixo. Nós quatro nos tornamos inseparáveis.
A sintonia era inacreditável e, quando me dava conta, tínhamos passado horas tocando, rindo, se divertindo. Peter entrou no estúdio era quase nova da noite, encerrando nossa sessão do dia.
— Quem ta afim de uma pizza? — Henry gritou assim que abrimos a porta da gravadora.
— Por favor! To azul de fome. — Thomas concordou.
— A de sempre? — Perguntei já tirando o celular do bolso.
Antes que eu pudesse escutar a resposta, esbarrei em alguém enquanto olhava o celular.
— Opa, desculp.... Ah oi!
— Ei! Tudo bem, garotos? — estava saindo do prédio usando uma jaqueta preta, segurando o capacete de uma moto.
— Oi ! Estes são os amigos que te falei, Thomas, Henry e Michael. Ah, e eu sou o . — Apontei para os meninos e ela sorriu.
Puta merda aquele sorriso ia me dar um infarto em qualquer momento.
— Prazer! E sejam bem vindo no inferninho.
— Inferninho? — Thomas franziu o cenho.
— É. O apelido que demos para o prédio. Em breve vocês vão entender o porquê. — Uma moto parou no meio fio e tocou a buzina. — Minha carona chegou. Até mais meninos.
Nós quatro ficamos parados observando-a colocar o capacete e subir na garupa da moto. Quando ela já estava longe, Henry quebrou o silêncio.
— Caralho, foi por isso que você se atrasou ? — Ele começou a bater no meu ombro.
— Cara, se foi, eu acho que vou me atrasar todo dia. — Michael respondeu quando entramos no prédio.
Uma hora depois a pizza chegou e, pela primeira vez no dia, não se escutava nem um pio na casa. O horário de comer, como sempre, era sagrado. Foi então que começamos a entender o que a tinha dito sobre o prédio ser o inferninho.
A vizinha de cima resolveu que dez da noite era um bom horário para aspirar o apartamento. Na rua, uma briga de gatos fez um cachorro no prédio latir. Não demorou muito para um casal começar a discutir. E eu não queria estar acordado quando a discussão acabasse.
— Cara, de quem foi a ideia escolher esse apartamento mesmo? — Henry perguntou. Todo mundo olhou para Thomas que só deu de ombros.
— É só um mês galera. Vocês nem vão ver passar.
Três dias depois encontrei com novamente no hall do prédio. Dessa vez eu não estava atrasado. Ela estava com a mesma jaqueta preta e segurando novamente o capacete.
— A gente precisa parar de se encontrar só assim. — Ela disse.
Eu sorri.
— Nossa, sim! — O elevador chegou e segurei a porta para ela entrar. — Aliás, eu e os meninos vamos dar uma pequena festa na sexta à noite. Nada grande, só alguns amigos e o pessoal da gravadora. Tenho certeza que falo por todos quando digo que você está mais do que convidada!
— Ah, obrigada! Vocês vão dar uma palinha ne?
— Talvez. Podemos pensar em dar um spoiler do álbum novo. — Pisquei para ela colocando a mão nos bolsos.
— Então conta comigo! Eu posso levar uma pessoa? — Droga, era agora que ela dizia que tinha namorado?
— Claro, por que não?
Mais tarde eu iria me martirizar por ter dito aquelas palavras, mas eu ia falar o que? Não pode levar ninguém não, é só para você ir. Tudo que eu sabia era que precisava parar de conversar com apenas na área comum do prédio. Estava na hora de termos um diálogo de verdade.
A sexta-feira chegou mais rápido do que eu imaginava. Não contei para os meninos o quanto estava ansioso e nem que ela tinha dito que levaria outra pessoa. Thomas encarava de longe ao me ver arrumando meu cabelo pelo que deveria ser a décima vez.
Aos poucos nosso apartamento foi enchendo. Henry distribuía cerveja e Michael procurava alguma musica no Spotify. Perto das nove da noite a vi entrando no apartamento. Sorri e acenei para ela, começando a ir em sua direção.
Estava apreensiva que seu convidado era o namorado, porém, uma garota um pouco mais alta do que ela entrou ao seu lado.
— Oi meninas! Sejam bem-vindas!
— Oi ! Esta é a Mona.
— Obrigada pelo convite. — A garota sorriu. Ela era bonita também, mas não tanto quanto .
Ou talvez eu quem estivesse hipnotizado pela vizinha porque Henry não demorou dois segundos para chegar com duas cervejas para as meninas.
— Ladies! Na minha casa ninguém fica com o copo vazio.
— Obrigada. — sorriu dando um golinho na bebida.
Mona olhou para ela ainda segurando o copo sem saber o que fazer.
— Amor, você vai dormir aqui em casa. Um dia no inferninho não vai matar ninguém. — deu um beijo no rosto de Mona e eu e Henry ficamos boquiabertos.
Elas se afastaram para conversar com mais uns vizinhos que tínhamos convidado. Eu tentei, tentei muito, mas não conseguia parar de encará-las.
— As meninas chamam amigas de "amor", né? — Henry perguntou.
— Não faço ideia, cara. Mas aquele beijo não foi de amizade não.
— Que droga. — Ele deu de ombros. — Fazer o que?
Virei a cerveja que estava na mão e fui no bar procurar um refil. Algum tempo depois a veio conversar comigo, disse que percebeu que ficamos assustados e eu assegurei a ela que tinha sido apenas surpresa.
— Mas sabe, nem todas as minhas amigas são lesbicas. E te dou certeza que tenho amigas gostosas. — Ela piscou para mim e voltou para o lado da sua namorada.
Virei mais uma cerveja. Beijando garotas ou não, eu tinha certeza que essa mulher ainda ia me deixar louco.
FIM
Nota da autora: Sem Nota.
Em andamento:
Illicit Affairs (Restrita +18/Gêmeos Weasley)
Malfeito Refeito (Livros +16/Harry Potter - Marotos)
From the Dust (Restritas +18/Original)
Outras fics:
I Found Peace in Your Violence (Livros/Short - Drarry)
The Last Malfoy's Chritmas (Livros/Short - Malfoy Family)
Em andamento:
Illicit Affairs (Restrita +18/Gêmeos Weasley)
Malfeito Refeito (Livros +16/Harry Potter - Marotos)
From the Dust (Restritas +18/Original)
Outras fics:
I Found Peace in Your Violence (Livros/Short - Drarry)
The Last Malfoy's Chritmas (Livros/Short - Malfoy Family)