07. Você vai me destruir

Última atualização: 11/10/2021

Capítulo Único

— Por que você quer se mudar? — estava sentada na minha cama, a expressão do seu rosto fechado. Os cabelos escuros, cortados na altura do queixo, estavam bagunçados depois de termos passado as últimas duas horas na cama.
Quando a chamei para minha casa porque precisávamos conversar, não estava nos meus planos sexo. sempre soube usar sexo para desviar de conversas sérias. Ela nunca me deixava contar quando meu pai ligava. Ou tinha ficado feliz quando eu conquistei o prêmio de física do colégio. Mas dessa vez, ela não teria como fugir da conversa.
— Porque eu quero me formar. Consegui uma bolsa na Antônio Freitas e vou me mudar para Belo Horizonte.
— Você poderia ter feito vestibular mais perto, ! Não é justo comigo. Você está me abandonando.
, a gente não precisa terminar. Vou vir para cá todas as férias e daqui a dois anos você também pode prestar vestibular para lá. Tenho certeza que meu pai não vai ser contra você se mudar com a gente.
Esta era a única parte ruim de me mudar para Minas Gerais. Mas ou era mudar para a casa do meu pai, com sua nova namorada e suas regras sem sentido ou continuar nesse fim de mundo. Já era a segunda vez que eu tentava vestibular e finalmente tinha sido aprovado. Seria o primeiro da minha família a ter um diploma universitário e, apesar de amar trabalhar como técnico de eletrônica na loja do meu tio, meus sonhos eram muito maiores do que Marés.
— Claro, porque você vai querer continuar namorando uma garota que ainda está no ensino médio com várias universitárias se exibindo por aí.
— Você me conhece melhor do que isso. — Olhei para ela enquanto ela colocava sua roupa.
— Conheço, ? Você sempre falou que queria ficar aqui, construir nossa família, ter nossos filhos em Marés da mesma forma que nós dois fomos.
— E eu ainda quero isso! — Me aproximei dela e segurei seus pulsos. — , estes ainda são os planos. Mas um curso superior abre portas para salários maiores.
— E porque você quer salário maior?
— Por que não querer, ?
Ela se soltou e saiu sem falar uma palavra. Respirei fundo e deitei na minha cama. Faltava um mês, mas parecia que a lista infinita de coisas que eu precisava organizar antes de me mudar só crescia. A matrícula tinha sido feita pela internet, mas todo o resto ainda precisava tomar providência.
Comprar material, mala para levar quase todo o meu guarda roupa para outro estado. E então a ficha caiu. Sentado em frente ao meu armário, a ficha caiu que eu não estava indo para passar um mês como fazia quando era mais novo. Dessa vez era para sempre.
“Para sempre” parecia muito tempo. Talvez estivesse certa e eu não voltaria para Marés. Mas ainda assim não era certo jogar um relacionamento de cinco anos fora por isso. Ela tinha sido minha primeira, merda, minha única namorada. Não via a minha vida sem ela.
, a ta na rua. — Minha mãe chegou no meu quarto, encostando no batente da porta. — Fui abrir a porta para chamá-la para entrar, porém quando me viu ela atravessou a rua e fingiu que estava só de passagem. Vocês brigaram de novo?
Minha mãe não era a maior fã da . Já tinha alguns anos que ela tentava esconder, mas dona Elena não me enganava. Ela via algo que eu não via e, por mais que eu quisesse bater o pé e dizer que ela estava errada, tinha dias que eu mesmo sentia que estava há 10km de distância. Era como se ela se obrigasse a ficar comigo e, ainda assim, não queria me deixar ir.
Mas Marés era pequena o suficiente para caber nós dois.
Abri a porta colocando as mãos nos bolsos do moletom. estava com a expressão fechada, mas ao menos ela me esperou. Tentei sorrir, mas ela não reagiu.
— O que aconteceu? — Levei minha mão em seu rosto, acariciando sua bochecha.
— Nada. — Ela desviou o olhar.
— Amor, o que aconteceu? Você saiu correndo hoje de manhã e…
— Sério, ?!
— O quê, criatura? Se eu tô te perguntando é porque quero saber, uai.
— Ah, foda-se. — se virou e começou a andar na rua. Fui atrás dela e segurei seu pulso, a puxando para mim.
— Você está preocupada que eu vou te trocar? — Ela mordeu o lábio ao se virar pra mim. — , eu amo você. Não tem outra garota para mim.
Ela tentou evitar, mas pude vê-la revirando os olhos. Tinha meses desde a última vez que ela tinha falado que me amava. Meses que eu me sentia bem com ela. Talvez eu devesse parar de lutar, não valia a pena.
ou você me fala agora o que está acontecendo, ou a gente vai terminar. — Me afastei cruzando os braços.
! — Ela gritou meu nome, arregalando os olhos e batendo o pé no chão. Respirei fundo e desviei o olhar ao ver aquela típica atitude de birra.
— Estou cansado. Toda vez que preciso tomar uma atitude sobre minha vida, você coloca porém. Você não quer conversar. Você quer que a gente continue sendo um namoro adolescente e…
— EU SOU ADOLESCENTE ! Puta que pariu, eu não quero ter conversa séria. Não quero falar de faculdade. Não quero pensar em sair de Marés. Eu só quero ir com meu namorado beber na praia, pegar umas ondas, rir das piadas idiotas. — Ela começou a chorar e a puxei para os meus braços.
— Eu sei, linda. Mas a gente precisa crescer. Eu não sou mais um adolescente. Preciso seguir em frente.
— Eu não me encaixo na sua nova vida, .
— Você nem tentou.
— Eu não quero tentar. — Ela se soltou e foi andando sem olhar para trás.
Mais tarde subi no ônibus em direção a Minas Gerais. Eu ainda não queria admitir, mas sabia que era a melhor escolha. Eu e estaríamos em caminhos opostos agora. Isso não era um adeus, era um até mais. Se ela não me destruísse antes.



Continua...



Nota da autora: Sem Nota.






Em andamento:
Illicit Affairs (Restrita +18/Gêmeos Weasley)
Malfeito Refeito (Livros +16/Harry Potter - Marotos)
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Outras fics:
I Found Peace in Your Violence (Livros/Short - Drarry)
The Last Malfoy's Chritmas (Livros/Short - Malfoy Family)


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