Fanfic finalizada

Capítulo Único

5 de julho de 2014
Nossa vizinhança sempre foi pacífica. Raramente um caminhão de mudanças passava por ali. Meus amigos eram filhos dos amigos dos meus pais, que por sua vez eram filhos dos amigos dos meus avós. Uma vizinhança pacífica para uma garota ambiciosa. Que clichê. Felizmente, era meu último ano ali e eu não via a hora de juntar minhas malas e partir para Nova York. Era mais um dia ocioso de verão – crianças andavam de bicicleta pelas ruas do bairro até chegar à piscina pública, adolescentes compravam cerveja com suas identidades falsas para refrescarem-se escondidos dos pais. Eu pertencia ao seleto grupo composto por uma só pessoa que ficaria sentada no quintal lendo um livro qualquer surrupiado da coleção de meu pai.
Peguei duas latinhas de Coca Diet, uma toalha de piquenique para me deitar na grama sem correr o risco de ser atacada por formigas e um volume em capa dura de Fahrenheit 451. Estendi a toalha e deitei de bruços, abri uma das latinhas de refrigerante e me concentrei no livro – não por muito tempo, no entanto.
Me senti observada e a sensação só aumentava. Estava começando a ser desconfortável, então fechei o livro e virei-me, procurando o que me causava tamanho mal-estar. Procurei no grande carvalho que havia no quintal e nada encontrei. Estava quase acreditando que era apenas uma paranoia quando levei um susto. Era um garoto quem me observava, de uma janela do segundo andar da casa ao lado da minha. Devo ter feito uma careta, já que ele deu risada e acenou.
— Olá, — disse ele, sorrindo. Como ele saberia meu nome? Apesar de ter levado um susto, sorri de volta. Ele não fez menção de sair dali.
— Garoto, seus olhos quase saltaram para fora — falei, ainda meio tensa. Ele riu de novo e saiu da janela, voltando à parte escura do ambiente. Eu não saberia se ele voltasse a me olhar já que eu não era mais capaz de vê-lo, então juntei minhas coisas e voltei ao meu quarto abafado. Sentei no chão e voltei a ler.

8 de julho de 2014
Eu estava aproveitando meus últimos dias numa vizinhança calma para correr pela manhã. Em breve meu exercício matinal seria no Central Park e eu contava os dias. Saí de casa vestindo um top, shorts e tênis de corrida e antes mesmo de passar pela porta coloquei os fones de ouvido, deixando rolar uma playlist para se exercitar. A melhor coisa da vizinhança eram as ruas planas, perfeitas para correr. Yeah Yeah Yeahs ecoava em meus ouvidos quando notei um carro em baixíssima velocidade, como se estivesse de fato me acompanhando. Parei e o motorista fez o mesmo. Ele abaixou o vidro escurecido e sorriu para mim.
— Me deixe te levar para um passeio — sugeriu o rapaz, cujo nome eu não sabia. Era o mesmo que me observara dias atrás pela janela.
— Oh, eu estou toda suada — falei, agradecendo por realmente estar. — Preciso completar seis quilômetros de corrida... E nem sei seu nome.
— disse ele, ainda sorrindo. — Me chamo .
— Bem, , muito prazer! — Eu falei, tentando sair daquela enrascada. Não havia mais ninguém na rua. — Preciso correr um pouco mais, então agradeço sua oferta.
— Outro dia, ? — Perguntou ele, sorrindo sensualmente. Por algum motivo, não consegui negar.
— Outro dia — prometi. — Tchau, .

18 de julho de 2014
Saí do banho enrolada numa toalha, correndo pois já estava atrasada. Por sorte já havia separado as roupas que usaria, então meu único trabalho seria em secar os cabelos e fazer a maquiagem. Fechei as cortinas antes de tirar a toalha para secar meu corpo e começar a me vestir. Eu estava muito ansiosa, já que desde a primeira vez que nos vimos, tem se mostrado um cara bem diferente do que parece – apesar de nosso primeiro contato ter parecido no mínimo estranho, ele é bem doce e legal. Disse que fizemos artes e física na mesma turma durante o ensino médio e então eu lembrei dele, sempre meio solitário. Ele também me disse que sempre tivera uma queda por mim.
Vesti meia-calça e saia justa preta e coloquei uma camiseta grafite. Olhei o espelho e me senti muito linda. Fui até ao banheiro anexo ao meu quarto para secar o cabelo – o que foi rápido – e começar o ritual da maquiagem – que demorou. Base, corretivo, pó, sombra, lápis, máscara para cílios, batom. Muito mais demorado que isso, mas nessa ordem mesmo. Coloquei brincos de argola prateadas.
Vesti minha jaqueta de couro favorita e peguei minha bolsa, parando apenas para conferir minha aparência: modéstia à parte, eu estava linda. Eu nunca tive problemas de insegurança e também nunca tive amarras que me impedissem de “me achar”. Eu era inteligente e muito bonita, sim. Nunca entendi o porquê de algumas garotas enfatizarem tanto que não eram tão boas assim. Mas, enfim, eu saí e me esperava na varanda de minha casa, escondido num canto escuro para que meus pais não o chamassem para entrar, afinal, nosso lance não era sério e nós não queríamos que os outros pensassem que fosse.
— Você está muito linda — disse ele, sorrindo. Ele me beijou no rosto. — É uma honra sair com você.
Eu sorri e seguimos até o carro escuro de . Após abrir a porta do carona para mim e adentrarmos o carro, o rapaz me entregou um chocolate. Não me dei o trabalho de descobrir como soubera que Twix era o meu favorito.

30 de julho de 2014
Estávamos deitados numa toalha no parque próximo de casa. Faltava exatamente um mês para eu partir para Nova York – e não sabia disso. Cada vez que nos víamos – o que andava acontecendo com certa frequência – e eu nos envolvíamos mais e mais. Tudo o que parecera estranho no começo era maravilhoso agora. Ele era gentil, educado e parecia realmente estar afim de mim.
... preciso lhe falar algo — eu falei, quebrando o silêncio. Ele levantou-se e pairou sobre mim: pálido, cabelos e olhos escuros. Ele era como eu imaginava que os nova-iorquinos seriam.
— Não está contente comigo, é isso? — Perguntou ele, preocupado. Ele era como um dia nublado e cinzento e eu, como um dia ensolarado do verão – como dizem por aí, os opostos se atraem.
— Claro que estou, não pensa isso! — Respondi, falando sério. — A questão é que... daqui um mês irei para Nova York. Para a faculdade.
— Eu sei — respondeu ele — Sempre ouvia você conversando com Lydia pela escola.
Assenti, tentando desanuviar meus pensamentos. Lydia, minha melhor amiga, fora fazer um intercâmbio na Espanha e só voltaria dali um ano. Aparentemente, me seguia na escola e ouvia minhas conversas. E disso eu não gostei nem um pouco.
— Espera aí! — Eu falei, um pouco mais alto que o comum. — Você me seguia? Me seguia para ouvir minhas conversas com Lydia?
— Às vezes... — Confessou ele. — Sabe, , eu queria saber sobre você, mas não tinha coragem de te perguntar. Todos seus amigos me desprezavam... Eu não tinha o que fazer se não procurar ouvir o que você dizia. Além de que, sua voz sempre me encantou, tal como uma sereia. Nunca fiz por mal.
Ele realmente falava sério e eu me senti mal por ter sido grossa. era meigo e me tratava de um jeito que nenhum cara de dezoito anos jamais me tratou antes. Me dava meu chocolate favorito todos os dias. Me mandava mensagens e me mencionava em vídeos de cachorrinhos no Facebook. Ele até jogava pedras em minha janela para que eu descesse durantes as noites quentes da Louisiana para conversarmos sobre a vida sob o céu estrelado.
— Me desculpe — Sussurrei baixinho.
— Minha — sussurrou ele de volta. — Você é diferente de todas as outras garotas.

28 de agosto de 2014
Minhas malas estavam prontas. Tudo o que eu precisaria em Nova York já aguardava no carro de meu pai, tudo pronto para eu deixar os pântanos da Louisiana e adentrar os arranha-céus de NY. Minha mãe já estava saudosa, chorando pelos cantos e se lamentando por eu ter escolhido um local tão distante para estudar. Meu pai não falava muito, mas vez ou outra me abraçava do nada. Eles não sabiam sobre . E não sabiam que resolvera arrumar as malas e partir para o norte ao meu lado.
Quando perguntei sobre a faculdade, ele disse que primeiro arrumaria um emprego, já que não tivera dinheiro suficiente para pagar seus estudos. Ele iria para Nova York, diferente de mim, para tentar a sorte. E isso só atestava o quão maravilhoso ele era comigo, afinal, quem largaria toda uma vida para partir numa aventura que não era a sua? Claro, a cidade quente e pantanosa que vivíamos não era lá essas coisas, mas ainda assim eu não conseguia imaginar qualquer outro cara deixando tudo para trás por mim. Mas, como ele mesmo dissera, eu era diferente.
Sorri e voltei a organizar meu quarto, que agora não parecia mais meu. Todas as fotos e pôsteres que estampavam as paredes haviam sido encaixotados, deixando para trás apenas um rastro de cola. Meu banheiro estava vazio. Sob a pia restava apenas uma escova e uma pasta de dentes, para que eu não precisasse desfazer a nécessaire toda vez que precisasse escovar os dentes. Eu me sentia estranha e saudosa. Só veria essa casa novamente nas próximas férias, quando eu já teria mudado. Talvez, na próxima vez que eu voltasse a essa casa, eu seria uma completa desconhecida. Não seria , a garota da cidadezinha pequena na Louisiana, mas sim , a estudante de cinema residente em Nova York. Era insano pensar em tudo isso. Eu realizaria meu sonho na minha cidade dos sonhos. Com o cara dos meus sonhos.

10 de novembro de 2014
Katie e Peter eram as pessoas mais incríveis de Nova York. No primeiro dia de aula já nos tornamos amigos e, apesar de eu não ser tão legal como eles, lá estávamos nós: virando shots de tequila na festa organizada por uma das fraternidades. Apesar de não gostar dos meus amigos – para ele, Katie era uma vagabunda e Peter queria apenas transar comigo – eu vim para a festa mesmo assim. Eu não devia ter feito isso.
, onde diabos você está? — Inquiriu um furioso, quando atendi o telefone.
— Festejando! — Eu disse, claramente bêbada. — Com Katie e Peter!
— Não me faça perguntar novamente. Onde você está? Vou te buscar agora! — Disse ele, grosseiramente. Engoli em seco, indo até o banheiro do local.
— Na faculdade... — Eu murmurei e rumei para fora do local, sem sequer me despedir dos meus amigos. Esperei por encolhida por conta do frio. Ele não demorou para chegar, furioso. Ele me pegou pelos cabelos e eu resmunguei em resposta, sem forças para lutar devido ao álcool. Todas as palavras foram tiradas de minha boca devido à brutalidade com a qual ele me tratava.
— Sorte a sua que eu ainda te amo — disse ele, ainda puxando meus cabelos. — Ninguém além de mim consegue amar você. Você é um caso perdido.

15 de novembro de 2014
ainda estava furioso comigo devido a festa. Com razão, já que eu estava agindo como uma garota descompromissada. Me afastei de Katie, que definitivamente se comportava como uma vadia. Eu estava muito ansiosa, de uns tempos para cá, e devido a isso, adquiri o péssimo hábito de fumar. Na primeira vez, pensei que apenas um cigarro poderia me satisfazer, porém me acalmava tanto tragar aquele veneno que acabou virando um mau hábito. não se importava com meus cigarros.

21 de novembro de 2014
Era sexta-feira. Eu estava em casa esperando chegar do trabalho. As coisas estavam melhores entre a gente, já que eu havia me afastado de vez de Katie e de Peter. Meu namorado não me deixava trabalhar – dizia que era melhor para eu me dedicar totalmente aos estudos. Fazia dias que eu não andava por Nova York, já que ele sempre estava no trabalho e quando eu saía sozinha, ele sempre se chateava com ciúmes. Naquela noite, quando ele chegou, os beijos logo se transformaram em amassos. Eu não queria transar, mas na nossa rua mesmo ele acharia outra interessada caso procurasse, então não o afastei. Eu podia sentir o gosto da pele dele em meus dentes. Pouco a pouco, ele colocava mais de seu veneno em mim, enquanto eu torcia para que ele acabasse logo o que fazia, pois me machucava não apenas fisicamente. Me repreendo por ter tido tais pensamentos: se começasse a me trair, teria motivos, afinal, enquanto ele estava ali querendo me amar, eu estava tão inerte quanto uma garota morta.
— Eu amo quando ouço você respirando — disse ele, ainda dentro de mim. Não sentia nada além de dor, porém me forcei a sorrir. — Espero que, por Deus, você nunca vá embora.

30 de novembro de 2014
Durante a aula de história da arte, recebi um bilhete no jeito mais retrô possível: uma folha de fichário dobrada em quatro. Não havia remetente.
“Sei qual é o motivo de você não sair de casa. Sei porque está fumando.
Saia dessa. Ele não te ama. Isso não é amor.

Amassei o bilhete e joguei fora. Quem quer que fosse o autor desse bilhete, havia cometido um equívoco. faz o que ninguém mais seria capaz de fazer: me amar.

03 de dezembro de 2014
Sou um caso perdido. me disse isso noite passada e eu finalmente entendi o quão péssima eu sou. Ele estava muito chateado comigo e eu sabia disso. Por isso, resolvi me livrar de tudo que não o agradava: ele não gostava de maquiagens escuras, então joguei boa parte de todo meu dinheiro investido em sombras, delineadores e batons vermelhos comprados na Sephora. Enquanto observava minhas roupas, percebi que a maioria delas eram peças que garotas como Katie usariam, então me desfiz também. sacrificara tanto de sua vida por mim que isso era o mínimo que eu poderia fazer.
À noite, quando ele chegou, nunca vi tamanha felicidade nos olhos dele.

06 de dezembro de 2016
Às vezes me pergunto se as pessoas ainda podem me ver. Katie e Peter desistiram de mim. Eu sempre os via pelo campus, mas eles não falavam mais comigo. Minha única companhia agora era eu mesma. Acendi um cigarro e fiquei no frio congelante do lado de fora da cafeteria da universidade. Enquanto eu inalava o veneno que era a nicotina, notei um Peter correndo atrasado para a aula. Quando ele me viu, trocamos uma mensagem sem palavras. Nos olhos dele, pude notar um misto de pena, tristeza e saudade. Soltei a fumaça pela boca e sorri em seguida, triste. Deus, eu sentia falta dele.
— O que você se tornou, ? — Perguntou ele, sem esperar de fato uma resposta. Antes mesmo que eu pudesse dizer qualquer coisa, ele deu um tapinha em minhas costas e entrou para o prédio.
Naquele dia, eu não entrei na aula. Fiquei perambulando pelo campus, me questionando sem nunca achar uma resposta: no que eu havia me transformado?

07 de dezembro de 2016
e eu decidimos que não voltaríamos para a Louisiana no recesso de final de ano. Bem, decidiu. Eu estava sentada na sala montando um minúsculo pinheiro de natal, artificial. Eu queria muito ver meus pais.
— Querido, acho que devíamos ir para casa... — Falei, como quem não quer nada.
, eu já falei que não vamos, porra — gritou ele. — Você por acaso é burra? Aqui é nossa casa agora, caralho.
— Você nem sequer me perguntou se eu queria ficar ou não! — Eu gritei de volta, pela primeira vez em meses de relacionamento. — É sempre você quem decide tudo e eu não aguento mais! Isso não é relacionamento! Você é insano.
Quando eu falei essa palavra, senti o punho de contra meu rosto. Duas vezes seguidas. Na boca e no olho. Ele não falou mais nada.

08 de dezembro de 2014
Quando eu acordei, parte do meu rosto estava roxa e inchada. Nem o corretivo mais pigmentado foi capaz de esconder os hematomas. Não era apenas meu corpo que doía. Meu coração e meu orgulho doíam ainda mais que minha face machucada. Quando levantei da cama, já não estava mais nela. Olhei-me no espelho durante minutos, e com aquela visão conclui que sou a pior pessoa viva. Por que eu o questionara? Ele sabia o que era melhor para mim! Ele me amava incondicionalmente e tudo o que eu fazia era agir como uma vagabunda sem coração. Quando fui até a cozinha pedir perdão pelo meu comportamento ilógico, haviam flores sob a mesa e um café da manhã completo esperando por mim: panquecas com geleia, cappuccino com canela, frutas e pãezinhos. Ele me pediu perdão. E eu senti que mereci cada um dos hematomas que estava em minha face.

14 de dezembro de 2014
Era impossível ir para a aula com o rosto machucado. Pessoas perguntariam e entenderiam tudo errado. Iriam acusar de ser um monstro, quando na verdade, era eu quem estava errada, portanto, permaneci em casa tentando ser a melhor possível. Minha antiga amiga do ensino médio, Lydia, me ligara dias atrás. Não gostava de , mas isso era apenas porque ela ainda não o conhecia. Ela me perguntou se eu iria para a casa de meus pais no fim do ano. Eu disse que não queria.

15 de dezembro de 2014
Lydia me ligou novamente. Ela me perguntou sobre e eu lhe contei o quanto ele me amava. Ela perguntava e eu respondia.
“E os encontros?” “Frequentes” Não saíamos.
“E o sexo?” “Incrível” Eu não lembrava da última vez em que eu realmente quis transar com ele.
“E as festas de Nova York” “Adoramos frequentá-las” nunca me deixara ir em nenhuma além da fatídica onde me embebedei. Onde Katie e Peter me embebedaram.
“Por que apagou seu Instagram?” “Estou afim de viver uma vida além de likes” tem ciúme e não gosta que eu poste fotos minhas como uma vagabunda qualquer.
“Você está feliz?” “Sim. Ele me ama” Ele me ama. Mas não tenho certeza se estou feliz.

26 de dezembro de 2014
Nosso Natal foi incrível. Sério, foi mesmo. cozinhou e me deu de presente uma camiseta com a capa do álbum “Unknown Pleasures”, do Joy Division, estampada. Eu gostei. Pra ele, eu comprei uma câmera analógica. Passamos todo o feriado assistindo a novos episódios de Game of Thrones (eu nem gostava tanto, mas era a série favorita de , então fiz um esforço) e comendo sobras da ceia natalina.
Elemeamaelemeamaelemeamaelemeamaelemeama

28 de dezembro de 2014
uma vez me disse que sua mãe sempre lhe dizia para encontrar a melhor garota. Ele sempre dizia que eu era a melhor garota. Sua garota. Que ele nunca me deixaria ir embora. Que eu não podia deixa-lo. Lembro disso nos momentos que ele me machuca. Ele não faz por mal, certo? Eu mereço cada tapa, não mereço?
Ele me pegou. Como sempre, se eu gritasse, ele não me deixaria ir.
Eu. Mereço. Cada. Tapa.

01 de janeiro de 2015
Passamos a virada de ano num bar. Após muito tempo, bebi algumas cervejas. Eu estava feliz pela data e alegre por conta da bebida. Quando saímos, em direção à Times Square, Peter e Katie estavam lá. Fui os abraçar, desejando feliz ano novo. “Sinto falta de vocês” sussurrei para Peter. Katie ouviu e me olhou triste.
Quando chegamos em nossa quitinete, me bateu. Me bateu por eu ter corrido para falar com aquelas pessoas. Me bateu por eu ter ficado bêbada.
“Sua vagabunda desgraçada” ele disse, antes me de derrubar no chão. “Você não merece ser amada, sua vagabunda.”
Eu me arrastei até o quarto e tranquei a porta por dentro. Peguei meu celular e mandei mensagens à Lydia.
Preciso de ajuda me ajude, por favor, eu quero ir embora

Eu dormi chorando esperando pela resposta de Lydia. Porfavorporfavorporfavor.
[...]
Quando acordei, haviam cinco mensagens não lidas.
, o q houve?
, vc está bem?
ME RESPONDE LOGO!
Tem a ver com ?
PF ME LIGUE QND VER ESSAS MENSAGENS.
Não havia barulhos na sala. Destranquei a porta devagar. estava sentado de frente para a porta de nosso quarto, com um ursinho que segurava um coração onde se lia “I ♥ YOU” e um buquê de rosas vermelhas.
“Me perdoa. Nunca mais isso vai acontecer... Eu só fiz isso porque tenho muito medo de te perder, . Você é minha luz.”
“Não é a primeira vez que você diz isso” Eu digo.
“Eu vou mudar, . Me ajuda a mudar, me dá mais uma chance.”
Eu vou dar. Ele vai mudar. Uma segunda chance. Quem nunca cometeu um erro? Foi por amor.
Digito no celular, em resposta à Lydia.
Eu estava bêbada. Desculpe hahaha Feliz ano novo!
Eu aceito as desculpas de . Ele vai mudar. Não vou mais precisar me esconder. Ele me ama. Eu sei.




Fim



Nota da autora: Olá, mores! Antes de tudo, vou ressaltar novamente que essa história é sobre um relacionamento abusivo. NÃO romantizem abusos e agressões. Amor é o oposto de tudo isso mostrado nessa história. Se você se identificar com qualquer acontecimento descrito acima, procure ajuda. Você não está sozinhx!



Outras Fanfics:
Maîtresse-em-Titre

Nota da beta: Oi! O Disqus está um pouco instável ultimamente e, às vezes, a caixinha de comentários pode não aparecer. Então, caso você queira deixar a autora feliz com um comentário, é só clicar AQUI.

Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


comments powered by Disqus