10. Nintendo Game

Última atualização: 20/03/2020

Capítulo Único

O famoso primeiro dia do ano.
01 de janeiro de 2019.
Aonde fazemos promessas e mais promessas, sem saber se de fato iremos cumprir. E, eu? O universo particularmente estava querendo que eu quebrasse a promessa no primeiro dia do ano.
Porque ele estava aqui.
Estava o vendo depois de um ano, o desejando e desejando também que ele NUNCA tivesse voltado.
Tudo ao mesmo tempo.
Cigarro na boca, os cabelos des - o que era a novidade -, o sorriso de lado e o ele, de sempre. Simpático e prestativo.
— Oi, meu bem! — a voz inconfundível. — Não sabia que você viria — Casual demais e a minha vontade era devolver a pergunta, mas o sorriso amarelo de nervoso em meu rosto foi tudo que ele pode receber enquanto me seguia para direção da piscina.
— Hey babys, começaram a festa sem mim?! — tentei por um pouco de indignação em minha voz, não funcionou. Eu estava recebendo o melhor abraço de feliz ano novo no momento e ficando encharcada por conta da roupa de banho dos meus melhores amigos: Lis e Maik.
— Feliz ano novo! — falamos juntos antes de eu lançar o meu melhor olhar para Maik e ele sabia perfeitamente do que se tratava. E ignorou.
Amizade tóxica do caralho.
Lis não parava de tagarelar sobre qualquer que seja a coisa dentro da piscina com as outras meninas, que não eram nossas amigas, mas sempre estavam nas festas de Maik. Ele, por sua vez, estava jogando bola com seus amigos ao lado direito e não vou mentir, ele tinha uns amigos que, tanto faz, é a resposta apesar de eu ter escolhido um ou ele quem me escolheu. Fica aí o questionamento.
, foi o último amigo de Maik que eu conheci, dois anos frequentando aquela casa e nunca havíamos nos esbarrado, apenas sabíamos da existência um do outro. era todo o padrão que eu imaginava, ele tinha tatuagens demais para que eu pudesse contar, estava constantemente com um olhar que parecia arder e um cigarro na boca, anéis nos dedos e vez ou outra com unhas pintadas de preto, e sempre com roupas muito estilosas que particularmente eu ficava com inveja. Não era o caso de hoje, que usava apenas uma cueca branca demarcando tudo que eu não queria ver.
— Limpa a baba, ! — Lis gritou de dentro da piscina, jogando uma toalha em minha direção, lhe dei o dedo do meio e um meio sorriso tentando esconder minha cara envergonhada das outras pessoas e olha que não fazia o meu feitio se sentir assim.
— Besta! — brinquei com ela rindo e ainda no meio disso pude ouvir uns resmungos vindo de Penélope, que por sinal era uma das meninas que eu menos gostava, mas não destratava.
— O que disse? — perguntei, esperando a resposta que nunca veio.... Dela. Lis prontamente não guardando sua língua dentro da boca, expôs.
— Acredito que seja o receio de ser trocada, outra vez, por você!
A atenção dos meninos estava voltada pra essa pequena cena que Lis causou, era o único totalmente desligado de nós ou apenas fingindo estar, pois logo depois ele respondeu Lis.
— Aproveita e limpa o seu veneno que está escorrendo!
— Wow! — as meninas soltaram de dentro da piscina e eu juro que ouvi algumas risadas. Corajosos.
Lis estava espumando, mas nem se atreveu a responder e eu estava totalmente alheia ao que estava acontecendo ali, mesmo que meu cérebro tivesse cogitado todas as opções possíveis.
— Por que não me disse que ele estaria aqui? — foi a primeira pergunta que fiz quando consegui ficar a sós com Maik.
— Porque você não viria, isso é óbvio, e é ano novo, vida nova, esquece o que rolou .
— Sério, Maik? — perguntei incrédula. — O cara simplesmente vai embora por um ano, sem redes sociais, troca de número, fica noivo, volta todo fodido psicologicamente, está faz uns três meses de volta e fingindo que EU nem existo e você me diz isso? Como se eu não tivesse passado semanas na merda por conta disso e dele, é sério? — eu respirei os dez segundos de calma para não gritar. — Eu vou embora.
— O quer conversar com você!
— É claro que ele quer — debochei.
— E eu quero mesmo.
. Em carne osso e cordas vocais ativas.
E eu queria ter sido infantil, batido o pé e mandando ele conversa com a porra da parede, mas o meu eu madura e otária, se prontificou pra ouvir.
— Estou ouvindo — cruzei os braços e quase me tremi toda quando vi Maik deixando-nos a sós naquela sala de estar, onde meu cérebro redirecionou a lembrança perfeita de ter feito sexo com ali. Excelente!
— Você está tão diferente, está mais bonita e mais impossível — inclinei minha cabeça e olhei bem séria pra ele, esperando que saísse algo além de toda essa bobagem. E nada.
— Bom, é isso que acontece quando você não convive com as pessoas e se era só isso, eu realmente estou indo embora.
— Não precisa ir, ! — ele segurou meu braço antes que eu pudesse passar por ele e soltou assim que viu meu olhar de reprovação. — Aproveite o dia, feliz ano novo!
sumiu do meu campo de visão e eu fiquei estática por uns dois minutos, até finalmente reagir. Eu não o vi o resto do dia, e pela cara emburrada de Maik durantes duas horas seguidas me pareceu óbvio que tenha ido embora, mas nada que álcool, música e piscina não tenham resolvido.
Já estava noite e além de Maik, Lis e eu, restou apenas Jeff e Alexia, eles eram o nosso único casal de amigos, e uma eterna discussão do que nós iríamos comer agora noite.
— Se estivesse aqui essa preocupação não estaria rolando... — Jeff comentou e eu apenas rolei os olhos, mesmo que ele estivesse certo. sempre estava disposto a cozinhar o que fosse para todo mundo, independente da hora.
— Olha, eu tendo que sair da piscina porque vocês são um bando de bêbados preguiçosos! — joguei um pouco da água da piscina neles ouvindo vários xingamentos e ao mesmo tempo "Obrigado por nós alimentar".
— Você está toda molhada, não encharque a cozinha! — foi última coisa que dei atenção antes de entrar para dentro de casa e certamente eu estava deixando rastro de água por onde passava, até finalmente chegar ao banheiro. E puta merda!
— Meu Deus , você não sabe trancar a porra da porta? — Perguntei irritada e surpresa ao vê-lo ali, nu e com a toalha na mão ao invés de se cobrir. Eu não queria tapar o olho e parecer uma adolescente, já tinha visto nu tantas e tantas vezes, mas não queria ficar olhando e então eu só olhei pra cima e virei as costas para sair do banheiro. Sem sucesso.
— Pegue a toalha e se seque — disse perto de mais do meu ouvido e mesmo que não estivesse encostado em mim, o calor de seu corpo era presente. Eu estava suando.
— Se afasta, por favor — eu pedi sem nenhuma convicção na voz e podia ter saído tão baixo, que fingir que não escutou foi o que ele fez. colocou a toalha em meu corpo e começou a me secar, deslizando a toalha devagar e leve, entre meu pescoço e braços, descendo para minhas costas e envolvendo a toalha no meu troco.
Tremi e não foi de frio.
Eu não sabia que estava tão excitada até que ele trouxe suas mãos por cima da toalha e secou a parte de cima do meu biquíni apertando meu seios, o gemido escapuliu de meus lábios e pressionou seu corpo no meu contra a porta do banheiro, pude sentir sua ereção entre o meio da minha bunda e cóccix, sua respiração quente e ofegante no meu pescoço, suas mãos deslizando dos seios para minha barriga em um caminho de vai e vem que me fazia arrepiar em antecipação toda vez que brincava com a parte de baixo do meu biquíni, empinei a bunda em direção a sua ereção o incentivando e aliviando um pouco do tesão que estava acumulado em mim.
Que calor infernal!
desamarrou meu biquíni o fazendo deslizar por minhas pernas, roçou sua ereção pela extensão da minha bunda até encontrar a minha entrada fazendo fricção e me deixando ainda mais molhada.

Choose your weapon and let's go
Who's gonna beat this level?
I speed up, you slow down
Looks like I'm on your tail now
Another round, do we give up?


— Não grite — ele pediu e empurrou contra mim com força e firme, sem delicadeza alguma, o grito ficou sufocado na minha garganta até que eu pude me encontrar em gemidos e suspiros. Suas mãos estavam em meus cabelos, enquanto me apoiei na pia me empinando para senti-lo melhor, em momento algum ele diminui a intensidade do sexo e ver seu olhar de desejo pelo espelho a nossa frente quase me fez explodir e ele sabia disso.
— Ainda não, ainda não... — ele estava repetindo mais para si mesmo do que para mim de olhos semicerrados entre meus olhos no espelho e a visão da minha bunda, sabendo perfeitamente a hora que chegaríamos no ápice. O tapa estalado na minha bunda me fez gritar e gozar ao mesmo tempo, quase me fazendo perder o equilíbrio enquanto deleitava-se das sensações e sentia ainda em mim pulsando e muito, muito quente.

And so we treat love like it's a Nintendo game


— Puta merda — nós falamos juntos, ainda nos olhando pelo espelho e ele estava sorrindo, o sorriso de satisfação que todo mundo sabe que você transou e eu queria sorrir também, mas reprimi me afastando e entrando para o box, tomar banho era essencial agora. ficou me olhando tomar banho pelo vidro do box e mesmo que embaçado, eu podia vê-lo e saber que estava se tocando e esperando que eu o chamasse... Sair do box e manter a concentração fora dele foi quase impossível, mas eu estava determinada a pôr o vestido que eu deixara no banheiro desde cedo e dar o fora dali, seus olhos estavam em mim e em todos os movimentos que eu fazia, o maldito tinha sequer colocado uma cueca ou uma toalha enrolada pra cobrir sua nudez e ele estava esperando que eu falasse algo, pra destruir a tensão que caia sobre nós.
— Veste alguma coisa e saia da porta — joguei para ele sua própria roupa que apenas perpassou de seu corpo até o chão, sem nenhum um esforço para pegar. se aproximou sem falar nada e eu recuei apenas um passo para esticar os braços e manter distância.
— Me beija, .
— Não!
...
— Não encosta em mim!
— O quê? Mas que merda, a gente acabou de transar, porra!
— Abre a merda da porta, ! — eu quase gritei e se afastou abrindo a porta do banheiro, para que eu pudesse passar e vindo atrás de mim sem se importar com a sua nudez, com nossos amigos ou até mesmo vizinhos.
! — ele gritou chamando total a atenção de nossos amigos enquanto eu atravessava todo o quintal para sair dali e as vozes se misturavam, em gritos com meu nome e frases aleatórias.
"O que houve?"
"O que você fez com ela?"
"!"
"Amiga, por favor, espere"
", você tá nu"
"Eu vou matar você, seu filho da puta"
"Porra, vai atrás dela"

Hold on, what I meant was


Se passaram exatamente treze dias desde o ano novo e era o aniversário de Maik hoje.
14 de janeiro.
— Prometa que hoje eu não vou presenciar o nu correndo atrás de você? — Lis perguntou divertida enquanto se arrumava, pois eu já estava pronta. Nasci pronta.
— Só peço desculpas por ter preocupado vocês, ele que se exploda. Mas é bom, sabia? — dei de ombros. — Ver que ele tá se sentindo culpado por não ter feito nada. Me senti assim durante a porra de um ano inteiro, ele que lute.
— Vocês agem como se o sentimento de vocês fosse um jogo — Lis respondeu seca, e ela não estava errada.
— Que sentimentos?
— Eu não vou discutir sobre as merdas de vocês dois hoje, só espero que vocês não se matem — concluiu e finalizou sua maquiagem dando sinal verde para que saíssemos de casa para festa de Maik. Eram dois quarteirões da casa de Lis para dele, o pai dela se ofereceu para nos levar mesmo que não fosse necessário e duas preguiçosas que somos, aceitamos.
— Como sua mãe reagiu sabendo que estava correndo nu atrás de você? — o pai de Lis perguntou e eu quis morrer.
— LIS! — eu gritei, meu Deus que vergonha.
— Eu conto tudo pro meu pai e o contou também, vou fazer o quê? — ele deu de ombros e ainda bem que era perto, pois já estávamos paradas em frente à casa de Maik.
— A minha mãe não sabe e é bom que ela nunca saiba disso, inclusive — respondi saindo do carro e pensando em como minha mãe surtaria se soubesse que eu ficava com alguém do estilo de , infelizmente para ela, todas as suas filhas tinham que sair de casa casadas com homens de terno e gravata, que ela julgava ser homens bons e me ter com 23 anos ainda em casa sem o namorado que ela idealizava já era surto o suficiente. Lis já havia disparado casa adentro, sem se importar com o aviso enorme de que não era pra entrar em casa, mas logo ela já estava na área aberta se misturando com as pessoas que ela conhecia ou não, toda a música alta, cerveja e fumaça.
— AAAAAA, Feliz aniversário, furacão! — eu corri em direção a Maik assim que ele apareceu em meu campo de visão e ainda bem que sempre teve bons reflexos para me pegar no colo quando eu corria e me jogava. — Parabéns, parabéns, parabéns e eu te amo muito demais bastardo filho da puta! — nós estávamos abraçados e Maik estava sustentando meu peso apenas com um braço enquanto ria da música desajeitada de parabéns que eu cantava e o presente na outra mão.
— O que é? — perguntou quando me pôs no chão.
— Abra reservadamente!
— Aposto que é um vibrador, Maik! — ah, pronto. Ótimo momento para aparecer , eu quase pensei alto.
— Sim, pra usar com você e vê se você para de correr nu atrás de garotas inocentes.
— Afiada — responderam juntos e me permiti dar um sorriso sonso.
— O que vai beber essa noite?

— TEQUILA! — A festa estava no auge, mesmo que fossemos menos de cinquenta pessoas. Era a terceira vez que eu dava rodada de tequila pra quase todo mundo ou incentivava os body shots, sem dúvidas eu adorava isso e era o que me lembrava demais o meu primeiro ano de faculdade.
— Quem vai ser a candidata? — perguntou do lado do balcão onde aconteceu os últimos body shots e o meu lado orgulhoso sacudiu a garrafa de tequila, mas o olhar desafiador de sobre mim dava pra saber que se passava perfeitamente de um jogo e então eu me ofereci. Não só eu, como Penélope que estava em nossa direção com seu sorriso falso pra mim.
— Vem Penélope! — a chamou e felizmente eu não conseguia esconder a minha feição de indignação e odiava com todas as minhas forças essa competição feminina por conta de homem, sinceramente? Dispenso.
— Finalmente tenho o meu momento! — Penélope, e sua mania de Barbie triunfal. Ela empurrou sobre o balcão e mesmo que incomodada com a situação eu gritei sobre o body shot para que as pessoas pudessem ver e eu saísse correndo sem que ninguém percebesse.
Mas assisti tudo.
Tocava no momento, o que entrava em colaboração total, Penélope estava com as pernas uma de cada lado do corpo de , fazendo caras e bocas para mim e o pequeno público que assistia, antes de passar a língua pelo rastro de sal no peitoral de , ele contraiu a barriga e eu pude ver que estava todo arrepiado com o feito e eu estava paralisada, apenas olhando e só saí do transe quando pegaram a garrafa de tequila de minhas mãos e derramaram na boca de Penélope, a deixando satisfeita e pronta para chupar o limão que estava posicionado na boca de . Ela se remexeu em cima de seu corpo, provocando uma fricção desnecessária entre as partes íntimas, ouvindo gritos de "Assim que eu gosto" e o "próximo sou eu". Ela continuou chupando o pequeno pedaço de limão na boca de e o beijando em seguida. E eu? Bom, assisti essa merda toda e ele correspondeu sem se importar, apenas sibilando: Gaiola é o troco.
Ao perceber, que eu estava dando um fora do balcão e toda a cena desnecessária.

Baby, baby, baby this is getting too crazy
I don't have the training
Baby, baby, baby this love ain't a game
So we should stop playing


— Pelo amor de Deus, já é a terceira garrafa que eu tiro da sua mão! — a voz de Maik estava longe, mas eu conseguia identificar.
— Lis, Lis — chamou em uma tentativa falha de me equilibrar e pegar um copo ou pelo menos era isso que eu vi, na mão da minha amiga.
— Beba essa merda, !
— Que aniversariante chato você é — reclamei, mas bebi, digo, eu coloquei na boca e cuspi tudo na mesma hora molhando tudo na minha frente.
— ECA! — gritei e escutei algumas risadas e também reclamações.
— É melhor você beber isso pra evitar uma ressaca fodida amanhã — Lis disse praticamente virando aquele líquido ruim para um cacete na minha boca.
— Eu te odeio! — disse assim que terminei de beber.
— Não sabia que eu me chamava , agora — ela debochou e eu apenas ri sem mostrar os dentes e levantando meu dedo do meio o suficiente para que pudesse ver.
— Você deveria tomar banho e se... — e eu nunca a deixei terminar a frase, pois a música que se iniciou era o meu momento, literalmente.
— Vem Lis! — a chamei sem ter a menor noção do quanto eu já tinha me afastado dela, mas com certeza ela não viria pra ficar colada na mesa do DJ como eu gostava. O funk tocava e a batida pulsava na minha cabeça, indo de um lado pro outro, rindo para qualquer um e com certeza até para as pessoas que não gostava muito, minha cabeça ou meu corpo estavam girando e eu sinceramente não sabia diferenciar no momento o que era engraçado ou na hora parecia, a voz de alguém dizendo "Nunca vi a tão louca" chamou um pouco minha atenção, mas não o suficiente pra me fazer parar de andar e dançar com aquelas pessoas. O Dj era um amigo de Maik que eu conhecia dos bares que a gente frequentava, e se já não bastasse todo o álcool no meu cérebro, me deixando mais desinibida que o normal, eu estava ao lado dele dançando e bancando a Dj no meu pequeno momento de lucidez. Música atrás de música, bebida atrás de bebida que vez ou outra eu nem fazia ideia de como vinha parar na minha mão, eu estava com o corpo molhado podendo jurar que não tinha pulado na piscina. Eu pulei? O que poderia ser uma dúvida na verdade era minha opção, pra me livrar do corpo molhado de suor.
— Tira a roupa! — o escroto do Hullian gritou de longe e alto o bastante para que todo mundo ao redor pudesse ouvir, levando apenas meu dedo do meio como resposta.
— É por isso que o prefere a Penélope! — gritou e conseguiu atingir todas a células do meu corpo com uma só frase, me fazendo sentir um misto de sensações ruins em menos de um minuto. Eu queria gritar, chorar, bater nele, bater em , em mim ou em qualquer coisa ao meu redor, o ar estava faltando e puxá-lo doía ao perceber que todos estavam esperando qualquer reação da minha parte.
— Seu machista filha da puta! — o insultei e nunca, nunca seria o suficiente. — VAI EMBORA AGORA!
— A casa não é sua , baixa a bola — respondeu sereno o que me deixou ainda mais irritada, fazendo com que eu varejasse a garrafa que estavam em minhas mãos em sua direção. E eu era boa de mira, errei de propósito, quis errar. O seu susto e os das pessoas próximas era visível, junto com o falatório que tomou conta.
— Eu disse pra você ir embora, seu desgraçado!
— Sinto muito, mas acho que você vai ter que me tirar daqui — debochou e ousou andar na minha direção. Corajoso, eu diria. — E isso tenho plena certeza de que você não consegue sozinha.
Não me teste
Meu cérebro não pensou, tão pouco tinha administrado a frase, quando ao mesmo tempo que impulsionei meu corpo para frente, o mesmo foi impedido de ir.
— Vai embora porra! — Maik repetia essa frase freneticamente ao mesmo tempo que me segurava para que eu não caísse ou que eu não fosse correndo atrás do cuzão do Hullian.
— Eu vou matar ele! — a voz de se fez presente e logo em seguida, Lis.
— Tira a daqui, eu posso sentir ela tremendo.
— Eu estou bem! — menti. A adrenalina estava passando e o álcool estava voltando com força.
Girando outra vez
E girando
E girando um pouco mais
— Vamos , com um banho você melhora! — Lis pediu e apenas ignorei, me desvencilhando de Maik e no segundo seguinte sendo erguida.
— Me coloca no chão, ! — eu pedia enquanto batia em suas costas repetidamente e odiando os olhares ao nosso redor. — Se você continuar me carregando assim, eu vou vomitar em você.
— Eu não me importo — respondeu convicto demais que eu jamais faria aquilo sem avisar ou por me conhecer muito bem e saber que raramente eu passo mal mesmo depois de beber demais.
— Eu vou forçar o vômito — teimei e comecei a tossir propositalmente. me tirou de suas costas me acomodando em seus braços sem nenhum aviso prévio e eu fiquei pálida pelo susto, congelando em seguida quando encontrei seus olhos... eu estava muito bêbada ou eles estavam cheios de água?
— Você tá chorando?
— Você está me deixando irritado, .
— Eu não sou sua obrigação , me coloque no chão e pronto, vá curtir a sua noite! — respondi ácida. Recebi seu silêncio e um aperto mais forte contra seu peito enquanto ele se distanciava de todo e qualquer vestígio da festa, nos levando para o andar de cima da casa de Maik, se eu não conhecesse muito bem aquela casa com toda certeza estaria surtando e gritando dizendo que estava sendo sequestrada ou qualquer coisa parecida.
— Abre pra mim, por favor? — ele pediu e mesmo exausta eu tive tempo para pensar em provocá-lo, no entanto ele foi mais rápido e abriu e fechou a porta sem minha ajuda. me colocou deitada na cama como seu eu fosse quebrar de tanta delicadeza, me encolhi toda sem saber se era de frio, medo ou vergonha e deixei que meus olhos acompanhassem cada movimento seu que infelizmente estavam me deixando tonta, segui-lo de um lado para outro no quarto, mexendo em seus cabelos e evitando acender um cigarro.
— Hey! — estava tão distraído no seu vai e vem de parede a parede que só me ouviu quando o chamei pela terceira vez.
— Tudo bem se quiser voltar pra festa, não precisar ficar aqui andando pra um lado pro outro ou bancando o babá.
... — ele respirou fundo tão audível, que me amaldiçoei imediatamente por ter interrompido o seu andarilho pelo quarto. — Será que um dia a gente vai conseguir conversar sobre nós sem brigar, sem jogos?
— Eu estou bêbada, você acha mesmo que agora é um bom momento?
— Nunca sei quando é um bom momento pra você — se aproximou sentando na cama, não muito longe de mim, guiando seus olhos pra todo lugar para que não olhasse nos meus e se passaram minutos e minutos até que voltasse a se pronunciar. — Vai tomar banho, vou chamar a Lis.
Eu levantei engolindo a seco todas as palavras que vieram à minha mente, ele continuava sentado, mas agora me olhando sem saber o que dizer ou talvez esperando uma resposta.
— Foi você quem foi embora, .

Push and shove, go ahead and take your aim
We better duck, 'cause right now nobody's safe


— Abaixa esse vídeo game, a minha cabeça está explodindo Maik! — já deveria ser a minha quarta reclamação entre as minhas inúmeras tentativas de dormir, a rotina de brigar com a minha mãe tinha voltado e com isso a minha rotina de vir para casa do Maik sem avisá-lo, chorar ou beber pra esquecer, também. Por fim, ele abaixou e pedi aos deuses que nada no mundo fizesse barulho para me acordar pelas próximas duas horas.
Acho que pedi pouco.
As vozes não eram nítidas e eu, muito mais focada em voltar a dormir e para os meus sonhos do que ouvir o que estavam dizendo, exceto quando ouvi meu nome duas vezes seguidas.
— Eu não sabia que ela vinha também — era o Maik.
— É melhor eu ir, antes que ela acorde — SABIA! Meu cérebro gritou ao ouvir a voz de .
— O quê? Não, você não vai embora sem me dizer o que veio aqui para dizer — nossa, mas o Maik é um fofoqueiro, viu?
— Eu vim falar justamente da ! — podia jurar que ele coçou a cabeça.
— Ela brigou com a mãe, chorou e bebeu não vai acordar pelas próximas duas horas.
Eu sou tão previsível assim?
— Pelo visto nada mudou né? Na casa dela — eu senti o sofá se mexer um pouco e não consegui identificar onde exatamente sentou, mas favoreceu para ouvir sua voz.
— Na verdade, a irmã dela casou e a só ficou pior do que já estava e a relação com a mãe dela também.
— Me odeio por não ter estado aqui para ajudá-la.
— Ela também te odeia! — 1x0 pro Maik, devo considerar.
— Eu não sei o que fazer, mal consigo chegar perto dela sem que ela seja hostil!
— Pode começar pedindo desculpa, o que acha?
— Ela jamais aceitaria, é a .
— Ela vai aceitar, apesar de estar no direito de ignorar totalmente... Ela precisa disso.
— Você fala com tanta convicção... — Maik não respondeu de imediato, e eu comecei a contar mentalmente para saber quanto tempo ele demoaria pra responder ou introduzir qualquer outro assunto que não fosse sobre mim.
— É por que você não tem a menor noção de como ela ficou, . Eu nunca vi a tão distante dela mesma, foram meses que ela fingia estar feliz, presente e estava longe. Que ela chegava atrasada na faculdade coisa que ela jamais fez, ela passou a ser negativa sobre quase todos os pontos de vista da vida, se culpava sem motivo algum e ela NUNCA chorava, a conhecemos muito bem pra saber que ela chora por tudo, né? Você ter ido embora matou ela por dentro — queria que o Maik parasse, outra vez que eu estava gritando por dentro feito louca comigo mesma por ter me permitido ficar tão perdida.
Respira, . Durma!
— Maik, para! — Frouxo.
— Não, você precisa saber. Ela vai aceitar seu pedido de desculpas, porquê o tempo todo ela falava "Por que ele foi embora? Por que não volta e pede desculpas? Eu sinto como se fosse minha culpa todo o tempo." E até hoje, ninguém de nós três consegue entender o porquê de você ter ido embora, sem falar nada e com uma pessoa que ninguém nem sabia do seu envolvimento, ninguém fica noivo da noite pro dia, ! A sempre te salvou das suas merdas, seja lá o surto que você teve, ela te ajudaria e olha o que você fez com ela, sem nem pensar em como ela ficaria. — silêncio. Apenas a respiração pesada de e o cheiro de cigarro inconfundível.
— Maik, você vai acordá-la — silêncio outra vez.
— É sério? É isso então? — Maik e o tom mais alto que as outras vezes.
— Só estou falando que vai acordá-la, não é momento para essa conversa.
— Isso não é mais um jogo, . Onde vocês estavam em uma eterna guerra particular. pode ser viciada em adrenalina, mas isso já passou quando se trata de você, sugiro que pense muito bem antes de fazer qualquer coisa, se for para machucá-la de novo é melhor você ir embora.
E foi o que ele fez, foi embora, em torno de quatro minutos contados mentalmente na minha cabeça. E os últimos quatro minutos do choro de um ano guardado. As lágrimas começaram poucas e eu tentei contê-las não me permitindo abrir os olhos e sequer se mexer no sofá, meu coração acelerado era o sinal de quanta coisa guardada precisava sair e eu não me importei.
— Eu ouvi tudo! — declarei, porque sabia perfeitamente que Maik estava em absoluto silêncio no sofá ao lado, esperando que eu acordasse para me dizer que havia ido embora, outra vez. Maik não falou nada, apenas deitou junto comigo e sustentou todo meu choro e desabafo guardado.

All the trashtalk is getting reload



I'm focused, play my next move


Saí da casa do Maik me sentindo um merda. Acho que é até ofensa me comparar a palavra merda, mas não me recordo de nada pior para me definir. Nem eu mesmo entendi o porquê de ter saído correndo do Rio de Janeiro e ido parar na Argentina com a Caterine, a princípio era só uma aventura de sair do país com a pessoa de uma noite só que me convenceu a segui-la, mas acabou se transformando em uma bola de neve destrutiva, para todos.
Por três meses foi maravilhoso, nós éramos bons um com outro e éramos bons na cama e por ora, isso bastava, o verdadeiro clichê de nós dois contra o mundo. Sem arrependimento. Mas... em algum surto repentino, tinha um jantar romântico e uma Caterine me pedindo em casamento, e eu? Não soube como reagir e só aceitei.
Durante uma semana ela tagarelava sobre preparativos de casamento e eu só pensava no porquê de ter aceitado se não a amava, se não a conhecia, não me conectava e para piorar, comecei a compará-la com , até em sua maneira de beber água. Eu via em todos os lugares e o estalo em minha mente de que fugir do Rio de Janeiro, para longe dela, não havia adianto absolutamente de porra nenhuma. E eu sustentei a farsa.
Tudo com Caterine ficou mais complicado, louco e abusivo.
Ciúmes demais.
Sem redes sociais, números novos, os poucos amigos que fizemos mal tínhamos contato agora. Emprego? Talvez eu tenha saído do meu para me privar de escândalos e não porque era um lugar ruim. Caótico.
Até o dia que a única coisa que fiz, foi por a roupa do corpo e pegar meus documentos para comprar uma passagem de volta para casa. Exatamente depois de 7 meses e 19 dias. Eu voltei e demorei para enfim dizer que voltei, não queria ter que explicar algo que nem eu entendia e assim foram meus três meses no Rio de Janeiro, me escondendo de mim e dos meus amigos, até me recompor.

— Eu conversei com o Maik sobre ela — disse a Lis assim que ela abriu a porta de seu consultório e comecei a rezar para que os quarenta minutos de viagem até ali não fossem em vão.
— O Maik não é a . Adeus! — ela estava para fechar com toda a força, mas consegui impedir.
— Lis, pelo amor de Deus!
— Não meta Deus no meio das suas merdas, . O que você quer? Eu estou no meio do expediente! — Lis conseguia ser pior que a quando queria. Paciência.
— Eu quero ajuda, achei que estava óbvio?! — forcei a porta contra ela, entrando em seu consultório e por pouco ela não fechou a porta em mim.
— Inferno, . Inferno! — reclamou. — Só você pode se ajudar, não entende? Você fodeu o psicológico da , foi e voltou como se não tivesse feito nada, como se ela não fosse ninguém, não fosse importante e veja bem, quem sempre esteve aqui para você? Ela, sempre foi ela. A única pessoa que pode te ajudar é você mesmo, melhore! — Lis tinha alterado a voz em um monte de vezes e estava andando de um lado para o outro, como se quisesse falar mais alguma coisa. Mas não abriu o bico.
— Pode ir para casa dela quando sair daqui? — perguntei e ela me olhou esperando o restante da explicação. — Vou conversar com ela hoje e não sei bem como será, é bom que você esteja lá pra ela.
— Você o quê, vai na casa dela? A mãe dela, não, espera — o dedo em negativa enquanto arrumava as palavras certas quase me fez rir. — Você não pode ir lá, você sabe, conversa com ela no Maik, na minha casa, na sua casa, sei lá. Na casa dela jamais.
— Por quê isso, Lis?
— Tia Miranda enfartaria e não precisa de mais problemas.
É, era um bom argumento.

O que Lis falou era válido, mas parecia ter algo faltando ali. A mãe de não gostava da sua amizade comigo, Ethan ou com qualquer homem, em principal porque morávamos na Zona Norte do Estado e também, a diferença é que ela morava na parte da Zona Norte que fizeram fingir ser uma Zona Sul, a famosa e falsa Tijuca. era em toda sua essência humilde, compreensiva, estudiosa, esforçada e fazia tudo por ela mesma, sem ter de precisar ou depender de ninguém e para sua mãe isso era errado, ser independente não era a maneira de crescer na vida. E isto, era o motivo de todas as brigas, além do novo fato para mim, que sua irmã mais nova já havia casado. jamais se permitiria.
“Se apresse, ela quer ir embora”
A mensagem de Maik não fez o ônibus chegar mais rápido até o ponto da sua casa, pelo contrário, parecia que havia feito o trânsito parar contribuindo com o meu primeiro desespero. Sentia que precisa falar tudo hoje, mesmo que me odiasse depois. Mesmo que me odiasse por muito tempo.

It's a showdown, a game for two
Pick each other's brains looking for clues
A battle with no objective
Who will be the final one standing?


— Eu não tenho muito tempo — antes que eu de fato atravessasse a sala da casa do Maik, sabia que aquela fala era para mim. estava sentada de pernas cruzadas no sofá e eu sentei a um par de distância dela em silêncio, tudo que planejei falar havia sumido e me engolido assim que olhei em seus olhos, cheios de água.
— Eu cansei de entender a cabeça de alguém que diz que eu sou importante e age como se eu fosse porra nenhuma! — começou a falar com a voz embargada e por várias vezes passava os dedos pelos olhos evitando que as lágrimas escorressem. — Eu odeio essa situação, odeio mais ainda gostar de você, odeio estar chorando, odeio você, mas eu não aguento mais, eu tô tão cansada ! — e se fez silêncio. O pior silêncio da minha vida inteira. havia levantado e estava longe de mim tentando não se entregar ao choro, o nó na minha garganta era tão grande, que o medo de abrir a boca e vomitar, me fez prolongar o silêncio por mais de um minuto. Nem mesmo a porra de um cigarro me acalmaria.
— Me desculpar não vai mudar o que aconteceu, mas, ? — chamei para que olhasse para mim e reconheci aquele olhar distante, triste, gelado e marejado. — Eu sinto muito, por ter ido embora sem dar uma explicação, a realidade é que eu não sabia ao certo porque fui durante um tempo e quando descobri, acho que fiquei mais apavorado do que agora. Me desculpa, . Eu nunca deveria ter deixado você sozinha, deveria ter ligado mesmo que fosse pra você brigar comigo. Eu sinto muito, mesmo! — estava feito uma estátua desde quando terminei de falar, se não fosse pela lágrima escorrendo pelo seu olho esquerdo o desespero dentro de mim estaria muito maior. — Eu planejei falar tantas coisas, mas quando eu olho pra ti e vejo o quanto te machuquei, sei que nada, absolutamente nada que eu fale vai melhorar.
— Você já assumiu seu erro, e tudo bem — estremeceu e a energia que pairou não foi boa. — Mas eu estou cansada e não me sinto segura e é disso que eu preciso. O tempo passou! — ela se aproximou com olhar desconfiado, mas logo o deixando de lado quando resolvi parar de encará-la com uma interrogação. — Eu te amo e espero que entenda — eu deveria entender, mas no momento atual eu tinha acabado de aprender que amar e fugir não era a melhor opção, puxei e a envolvi com um abraço, sentindo o cheiro perfeito do seu cabelo, era viciante, assim como esse jogo de amor que ninguém ganha.
— Me perdoa?! — não respondeu, apenas se desfez do abraço para me olhar e eu sabia muito bem o que ela estava analisando.
— Não vou tentar nada, . Não é um jogo dessa vez, mesmo que você já esteja com as suas armas.
— Nós poderíamos amadurecer, mas não será nada divertido — esclareceu.
— Quem vai vencer esse nível? — perguntei ansioso para sua resposta, e para me concentrar em seus lábios sem parecer obcecado demais.
— Ninguém ganha.

And we could grow up, but it's no fun that way
And so we treat love like it's a Nintendo game
But nobody wins






Fim.



Nota da autora: Sem nota.



Outras Fanfics:
02. Mercy | 11. Bad At Love 03. I Don't Want To

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