13. Famous Last Words

Finalizada em : 11/01/2020

Prólogo

Por
O dia naquele açougue tinha sido exaustivo, o cheiro forte de carne e todo aquele sangue impregnado em meu corpo, eu não via a hora de chegar em casa e tomar um banho, mas aquele cheiro, ele não sairia. O açougue estava em nossa família à décadas, apenas meu pai não o tinha o levado adiante, deixando tudo trancado no velho galpão.
– Onde você vai com todas essas malas? – Perguntei entrando em casa e me deparando com ela na sala.
– Ainda não percebeu? – Perguntou. – Eu estou indo embora. – Nem sequer me olhou.
– Indo embora? Por quê? Alguém está doente? – Soltei uma série de perguntas.
– Eu tenho que ir agora. – Puxou a mala com dificuldade. - Não quero que nós nos ofendamos, quero terminar isso com uma lembrança boa, feliz que tivemos. – Respirou fundo.
- Como ir assim do nada? – Eu estava confuso.
- Você acha que eu não tenho motivos suficientes para isso? – Seu tom era de deboche. – Eu mereço muito mais que essa casa minúscula e um marido fedendo a carne.
– Eu não estou conseguindo algo melhor nesse momento, mas vou conseguir um emprego melhor. – Falei.
– Como? – Perguntou. – Você nem ao menos tem qualificações para isso. – Fechava a última mala. – Sempre será um mero cortador de carne.
– E você acha que eu queria esse emprego? Que eu queria não ter um centavo na carteira? Eu estou tentando. Eu só recebo portas fechadas na cara. – Peguei o porta-retrato caído ao chão.
– Tentar não é o suficiente.
– O que você queria? Que eu deixasse meu pai doente sozinho? – Perguntei não esperando a sua resposta. – Eu larguei tudo para cuidar dele e largaria quantas vezes fossem possíveis. Voltei para meus estudos, eu vou conseguir algo melhor. – Tentei passar confiança.
– Você não tem sequer dinheiro para eu ir ao salão, quem dirá para pagar uma faculdade após o colegial. – Debochou. – Você não tem mais 20 anos.
– Me escuta, por favor. – Pedi segurando em seu braço, seus olhos estavam vermelhos.
– Eu tenho nojo quando você me toca com essas suas mãos porcas. – Se esquivou. – Como se estivesse amaciando o couro de um animal. – Desferiu suas palavras. – Seu cheiro insuportável me embrulha o estômago, eu tenho que fingir dor de cabeça ou orgasmos para que você saia de cima de mim.
– Por que aceitou se casar comigo? – Questionei.
– Pensei que aquela droga de fazenda valesse algo. – Riu. – Mas seus pais a perderam para o banco.
– Desde quarta-feira quando voltou para casa você é outra, algo que eu nunca vi. O desespero grita em seus olhos, seu coração acelera em segundos. – Sussurrei. – Você dizia que me amava.
– Eu menti. – Soquei a parede.
– Por que mentiu para mim? – Confrontei.
– Eu pensei que poderia te amar. – Esbravejou. – Que poderíamos ser felizes juntos. – Limpou as lagrimas.
– O que você quer que eu faça? – Perguntei. – Roube um banco?
– Que não me impeça de ir embora. – Pegou suas malas. – Eu preciso ser amada como eu mereço.
– Dinheiro não é amor.
– O que é amor para você? Isso. – Abriu os braços apontando ao redor. – Amor não enche barriga.
– Eu não entendo por que isso agora. – Fui interrompido por uma batida na porta.
–Tudo pronto? – O estranho perguntou abrindo a porta.
– Então é isso? – Indaguei. – Vai me deixar por ele?
– Pode ir levando minhas malas, Ethan. – Falou para a ele. – Eu não quero discutir. – Respirou fundo.
– Vai me deixar por ele, por esse garoto? – Perguntei.
– Ele vai me dar tudo que preciso, tudo que você não pode me dar. – Pegou sua bolsa, estava trêmula.
– Vai me deixar por um garoto de 20 anos, que vive com o dinheiro dos pais. – Sorri com escárnio. – Realmente a melhor opção.
Nada que você diga pode me deter de ir pra casa. – Abriu a porta. – Adeus. – Batendo-a em seguida.
Ela se foi sem ao menos olhar para trás, como se não tivesse sentido nada durante todos esses anos, me deixando sentado no chão da sala com todas aquelas garrafas vazias.


Capítulo Único

O show estava chegando ao fim, em um momento de rápido relance meus olhos capturaram aqueles olham castanhos. No meio daquela multidão, por alguma razão, ela destacou, balancei a cabeça tentando tirar aquela miragem, mas ela era real. Antes mesmo dos primeiros acordes serem tocados, sem qualquer explicação eu e vi cantando a música que nem sequer tinha lançado.
- Agora eu sei que não posso fazer você ficar, mas onde está seu coração (...) E eu sei não há nada que eu poderia dizer para mudar esta parte. - Eu tinha certeza de que essa cena passaria a qualquer momento no telão e eu não me importaria. A cada palavra proferida daquela letra, raiva e alívio se misturavam ao tom de minha garganta. - Tantas luzes brilhando moldando uma sombra, mas eu posso falar? Bem isto é difícil de entender? Eu estou incompleto um amor que está exigindo assim, eu fico tão fraco.
tinha sido tudo para mim anos atrás, meus olhos ardiam e meu coração se apertava o lembrar que em um passe de mágica a máscara caiu, sem eu menos saber que ela usava uma. Eu seguia mentindo e ignorando as nossas lembranças, mas ela em dia algum saiu dos meus pensamentos, e não era justo.
- Você pode ver? Meus olhos estão brilhando porque estou fora daqui, no outro lado, do negro e quebrado e estou tão fraco, é difícil entender? Eu estou incompleto, um amor que está exigindo assim eu fico fraco. - Com o fim dessa música e com um lágrima rolando pela minha bochecha, me despedi caminhando para meu camarim.
, o maior emo da atualidade. – Paul, meu segurança, me cumprimentou.
– A van já está pronta? – Perguntei terminando o high five.
– Não vai com os meninos ao bar? – Questionou.
– Estou com uma dor de cabeça, vou preferir dormir. – Caminhei rumo à saída do local. Depois de todos esses anos ela ainda possuía algum efeito em mim, eu não a amava como antes, mas também não estava preparado para vê-la assim de frente. Quando estava entrando na van aquela voz me gritou.
, espera. – Pediu caminhando em minha direção.
– O que você quer? – Rosnei.
– Me deixe explicar. – Falou.
– Explicar o quê? Você não tem nada para me explicar. – Ri em escarnio.
– Precisamos encerrar esse ciclo. – Começou. – Nos livrar do passado para seguir em frente.
– Você tem toda razão. – Olhei em seus olhos a encarando por um certo tempo, vendo um certo sorriso brotar em seus lábios. – Mas eu já segui em frente e nem me lembro dessa parte do passado. – Virei de costas.
- Agora corações estão sendo quebrados, mas eu acho que isso é o que eles chamam de crescer, nós não esperamos resultados. – Pronunciou.
- Nada realmente importa, nada não importa mesmo, quando todos os seus sonhos são quebrados tudo está bonito, nada nunca acontece. – Me virei.
- Não importa quantas vezes seu coração foi quebrado, um dia aparece alguém para colar todos os pedaços, da melhor forma possível. – Respondi.
- A pequena sereia. – Sussurrou.
Todo mundo sabe, você sabe que o navio está afundando. – Abri a porta. - Ah! O dinheiro compra o amor. – Entrei na van batendo a porta, ela continuou parada como se não entendesse nada e pela conversão do veículo pude notar que ela não se movia, apenas acompanhava a van com seu olhar.

Eu não tenho nenhum medo de continuar vivendo
Eu não tenho nenhum medo de caminhar sozinho neste mundo
Querida se você ficar
Eu serei perdoador
Nada que você diga pode me deter de ir pra casa





Fim.



Nota da autora: Olá, espero que tenham gostado de ler. A parte dois se encontra em: 02. Looking Glass e a parte três: The end not about, entrará já.

Nota da beta: Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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