Capítulo Único
A vista da janela do avião fez sorrir e se sentir grato, o sol do início da manhã que entrava e iluminava o seu rosto trazia uma sensação única. Ele já tinha viajado por mais países do que poderia contar, inclusive já havia estado ali onde estava prestes a pousar, mas a paisagem dessa vez parecia diferente. Aquele país tinha definitivamente roubado seu coração, uma parte pela enorme base de fãs que o acompanhava e fazia questão de sempre demonstrar seu carinho por ele, mas era a mulher que estava ao seu lado uma das grandes responsáveis por aquilo.
Em um momento onde nada se esperava, ele conheceu , uma brasileira de riso fácil e abraços aconchegantes, que em pouco tempo trouxe um pouco da alegria do Brasil para sua vida, e desde então aquele país tinha ganhado um significado novo. Ele adorava visitar aquele lugar, mas aquela seria a primeira vez em quase dois anos que iria sem nenhum compromisso profissional, era a primeira vez que ele iria de fato aproveitar o momento.
A empolgação por poder conhecer um pouco mais sobre a namorada, ver de perto onde ela cresceu e o cenário que servia de plano de fundo para várias histórias que ela contava, tornava aquele natal mais especial.
foi tirado dos seus devaneios quando sentiu a mão de fazer um leve carinho na sua, a mulher carregava no rosto um sorriso enorme que o cantor sabia ser causado pela euforia de poder passar o natal com toda a família novamente.
— A gente já vai pousar.— alertou — A comissária pediu pra gente esperar todo mundo desembarcar antes de podermos sair, e avisou que alguém pode levar a gente para uma saída mais reservada do aeroporto se você preferir.
— Não precisa, acho que nós conseguimos ser discretos e passar com tranquilidade. E caso isso não aconteça, você sabe que eu não me importo de parar para atender alguns fãs.
— Só não vai dar pra ser discreto se você continuar usando esse moletom, principalmente com o calor de mais de 30 graus que tá fazendo lá fora.
Com um leve rolar de olhos seguido por uma gargalhada, aproveitou que os outros passageiros estavam desembarcando para trocar o casaco por um boné e óculos de sol.
— Agora estou mais parecido com alguém pronto para aproveitar o verão brasileiro? — Ele questionou fazendo uma pose exagerada.
— A camisa florida ainda te dá um jeitinho de turista, mas tá lindo. — E como se confirmasse o que dizia, deu beijo estralado na bochecha do rapaz.
Após tirar uma foto com a tripulação na saída do avião, o casal saiu na enorme área de desembarque adornada com vários enfeites natalinos, e com uma árvore de natal que disputava o espaço com a grande quantidade de pessoas que passavam apressadas por ali. Era de se esperar que o aeroporto estivesse daquele jeito em um 23 de Dezembro.
— Amor, eu sei que tá cheio de gente e eu prometi que a gente ia sair daqui o mais rápido possível, mas eu preciso mesmo ir ao banheiro antes da gente pegar a estrada.
— Tudo bem, eu te espero sentado aqui. — tranquilizou a namorada, antes de completar com uma gargalhada — Eu e o meu disfarce de turista não vamos chamar atenção nesse mar de gente.
— Prometo que não demoro. — sussurrou após depositar um beijo leve nos lábios dele e se dirigir ao banheiro.
estava realmente feliz de ver que estava se divertindo, mesmo em tão pouco tempo de viagem. E ainda que a ideia de passar as festas de fim de ano no Brasil tivesse partido dele, naquele momento era impossível saber quem estava mais animado, ela que não conseguia conter a empolgação que já era enorme naquela época, ou ele que mal podia esperar para conhecer as tradições que sempre ouviu ela falar.
— Acho que você não conseguiu disfarçar tão bem assim. — comentou bem humorada quando viu que ele se despedia de uma fã, enquanto ela saia do banheiro.
— Impossível esconder o charme britânico.
— Eu que o diga, cai perfeitamente nesse charme.
— Não mais do que eu, que sou completamente apaixonado por esse seu jeitinho brasileiro — retrucou dando um abraço e beijando a testa da namorada.
— Bobo. Vem, vamos descobrir se a nossa carona já chegou e sair daqui. — ela respondeu enquanto arrastava uma das malas e ligava o celular para tentar falar com o irmão.
— O seu pai ligou, avisou que tá esperando a gente no estacionamento do Terminal dois. — ele lembrou da rápida ligação do sogro enquanto via ela dar uma olhada rápida pelas mensagens — Ele disse que tentou te ligar, mas imaginou que você ainda estivesse com o celular desligado.
— Mas era o Matheus que tinha combinado de vir encontrar com a gente.
— Parece que ele teve que ajudar a tia de vocês com alguma coisa — ele completou ao ver uma leve preocupação tomar o rosto dela.
— Eu sabia que alguém ainda ia esquecer de comprar alguma coisa. Daqui até amanhã a noite isso ainda vai acontecer bastante. — balançou a cabeça, voltando a andar.
Enquanto se dirigiam ao estacionamento, já podia sentir na pele a sensação de calor, da qual não estava acostumado naquela época do ano e que já o tinha avisado, não a toa a mala continha dois vidros de protetor solar; e se ele sentia que poderia derreter a qualquer momento, mesmo estando na sombra não queria saber qual a seria sensação debaixo do sol escaldante.
Ao chegarem no estacionamento, ele avistou de longe o sogro com um sorriso enorme que poderia ser visto refletido no rosto da mulher que andava ao seu lado. era a mistura perfeita de Richard e Carmen, o sorriso amoroso herdado do professor de história, enquanto os olhos escuros e gentis eram parte do gene proveniente da professora de arte.
— Pai, que saudades! — as malas foram completamente esquecidas enquanto pai e filha se abraçaram.
— Eu também estava morrendo de saudades, minha princesa. — o mais velho respondeu enquanto desfazia o abraço. — E você garoto, vem aqui.
No mesmo instante foi puxado para um abraço forte, porém carinhoso, que ele poderia afirmar que era uma coisa que a família fazia com uma certa frequência.
— Como vai, Richard?
— Um pouco mais grisalho a cada dia, mas feliz também.
As risadas que vieram em seguida só foram cessadas quando todas as malas foram guardadas e os três entraram no carro.
— Vamos lá, jovens. Se o trânsito facilitar a gente consegue chegar em casa em tempo do almoço.
Apesar do grande movimento que fazia na cidade, já tinha contado a que os pais e a avó moravam em uma parte mais afastada do centro, e mesmo sem o trânsito do feriado eles demorariam um pouco mais de uma hora para chegar ao destino final.
— E como estão as coisas por aqui, pai?
— O mesmo de sempre, você sabe como a sua avó fica com os preparativos da ceia. sabia que as celebrações do natal, assim como as da quaresma, eram de extrema importância para avó que fazia questão de preparar tudo com as próprias mãos.
— E a Lili já estava toda preparada para poder te conhecer, . — Richard comentou olhando para o outro através do retrovisor.
— Lili é a sua prima, que você disse que era minha fã, certo? — encontrou o rosto da namorada buscando uma resposta.
— A própria, ela vai amar as coisas que nós trouxemos pra ela.
— Se prepara para assinar todos os posters dela. — o divertimento era evidente na voz de Richard.
— Vai ser um prazer. — sorriu, nunca era um incômodo retribuir um pouco do carinho que ele recebia. — E por falar em posters, o Matt prometeu que ia me mostrar alguns dos que você tinha grudado na porta do guarda roupas.
— Esse garoto adora me fazer passar vergonha. — resmungou, enquanto os outros dois riam.
O restante do caminho foi seguido por conversas amenas e atualizações de como estavam toda a família e dos próximos projetos de e .
🎄🏖️💛
— Cacau, que saudades garota! — se abaixou imediatamente para cumprimentar o primeiro membro da família que apareceu no portão do sobrado amarelo assim que estacionaram. — Como você tá grande.
A vira-lata latiu em resposta ao reconhecimento da garota.
— Então essa é a famosa Cacau — se abaixou ao lado da namorada enquanto fazia carinho na grande cachorra caramelo.
— Olha só, finalmente estamos recebendo a presença ilustre de nesse lado do mundo, senhoras e senhores. — A voz de Matheus chamou atenção do casal. — A minha pessoa favorita de todos os tempos. — O rapaz riu com vontade ao ver a cara da irmã. — Cara, eu tava morrendo de saudades de você.
— Bom saber que você sentiu mais saudades do meu namorado do que da sua própria irmã. — retrucou irônica.
— Minha querida, a família toda já sabe que entre eu e você, obviamente eu sou o favorito do . — Ele retrucou, no mesmo momento em que a irmã mostrava a língua pra ele.
— Tá bom crianças, já chega vamos entrar. — Richard interrompeu com um sorriso de quem sabia que aquela implicância dos filhos não iria muito longe.
— Vem cá tampinha, eu tava morrendo de saudades de você e dessa sua carinha emburrada. — Matheus afirmou enquanto pegava a mala da mão da irmã e a abraçava.
— Também estava com saudades de você, peste.
A casa da família ficou pequena com a festa e felicidade que tomou o local com a chegada do casal. Entre abraços, choros e apresentações eles se reuniram à mesa para almoçar.
Durante a refeição, pode notar como a família era unida e animada, não houve um minuto sequer em que o silêncio dominou a mesa, as conversas passavam por todos que faziam questão de incluí-lo e demonstravam interesse em conhecê-lo além da fama que a sua profissão trazia.
Depois do almoço o casal subiu para o quarto a fim de descansarem e desfazer as malas. Após um cochilo rápido e se encaminharam novamente para o andar inferior da casa, ele foi assinar as coisas que tinha prometido para Lili e ela foi pra cozinha ajudar na preparação da ceia do dia seguinte.
— Deixa isso daí e vai lá pra fora, anda. — Cecilia interrompeu a neta, que começava a colocar a panela recém usada na pia, com um empurrar de quadril.
— Vou lavar essas vasilhas e ajudar a minha mãe a montar as sobremesas para amanhã e já vou.
— Você já fez demais menina, eu termino.
— Eu literalmente só fiz uma calda, vó. Eu quero ajudar. — respondeu, fazendo um bico na tentativa de dissuadir a mais velha.
— Já ajudou, meu amor. Eu termino por aqui. — Carmen interferiu.
— Não deixe seu namorado muito tempo sozinho. — a mais velha apontou através da janela onde o rapaz se encontrava.
— A Lili ta com ele, vó. Deixa ela ter mais um pouco do momento fangirl.
— Vá mostrar o resto do lugar pra ele. Vocês vieram para se divertir e não ficarem trancados aqui.
— Eu já entendi que você não quer mais ninguém na sua cozinha, dona Cecília. — com um sorriso, ela beijou o rosto da avó e da mãe e saiu porta afora.
No quintal o sorriso dela aumentou ainda mais ao encontrar entre risadas acompanhado do irmão e da prima dela. Ao se aproximar, notou que a mesa estava servida com um pequeno café da tarde cheio de aperitivos brasileiros, e logo identificou o motivo das risadas.
— Isso aqui tá muito bom. — apontou para tapioca dando outra mordida em seguida.
— Se prepara que nos próximos dias vamos te encher de comida brasileira. — Matheus deu um leve tapa no ombro do cunhado em forma de aviso, enquanto gargalhava.
— E se você achou isso bom é porque ainda não provou a rabanada da vó Cecília. — Lili acrescentou, antes de acompanhar o primo em direção a piscina.
— Ra...O quê? — A cara de confusão de fez com que risse ainda mais. — É um doce típico do natal, que é feito com pão, leite condensado e ovos. — ela explicou — E como a Lili disse, as feitas pela minha avó são as melhores.
— Eu acredito em você. — a puxou pela cintura, trazendo-a para seu colo. — Sua vó me conquistou ainda mais só com o almoço e esse lanche.
— Ela vai ficar feliz em saber disso, e vai fazer questão de te mimar ainda mais. — pegou um pão de queijo da cestinha. — Uma das coisas que eu estava morrendo de saudades era da comida da minha vó. Nada no mundo se compara ao tempero dela. — Essa é uma das coisas que eu mais amo em você. — afirmou com doçura, colocando uma mecha do cabelo dela atrás da orelha.
— O quê?
— Esse jeito carinhoso que você fala das pessoas e coisas que você ama, dá para ver o brilho estampado no seu olhar. Eu sei o quanto tudo isso significa pra você, por isso eu quis passar esses dias aqui ao seu lado.
A resposta de veio em um abraço apertado que dizia o quanto esse tipo de gesto vindo dele aquecia o seu coração. Antes dela se afastar completamente, aproximou os seus rostos e com todo carinho que tinha proferido as palavras anteriores a beijou, o leve arranhar de unhas de na nuca foi o suficiente para aprofundar o beijo.
Se afastaram sorrindo, mas sem deixar de se olharem profundamente. Ficaram naquela aura leve, até lembrar da fala da avó e uma ideia surgir em sua mente.
— Se você não estiver muito cansado, depois nós podemos ir até o centro conhecer um pouco mais da cidade e ver a decoração, o que você acha?
— Pra mim parece perfeito.
🎄🏖️💛
estava encantado com a praça da cidade, o local que estava todo tomado por luzes e adornos, combinava perfeitamente com a atmosfera do lugar e superava as expectativas que ele tinha criado sobre aquele momento. O calor, que ainda era presente naquele começo de noite, dava um toque ainda mais especial e único.
Sentados em um banco próximo à fonte, e observavam as crianças que corriam por todo o lugar formando uma pequena fila para tirar fotos e ganhar doces do homem sentado em uma cadeira imponente no meio do coreto, vestido de papai noel.
— Eu ia perguntar o que você tá achando, mas esses olhinhos já dizem tudo. — atraiu a atenção dele. — Eu me senti da mesma forma quando passei o meu primeiro natal na neve. — Um sorriso nostálgico tomou conta do rosto dela.
— Eu estou amando. — deu um beijo casto nas mão entrelaçadas — E antes da gente voltar pra casa dos seus pais precisamos de uma foto com o papai noel, quero a experiência completa do natal brasileiro. — Ele sorriu.
— Seu desejo é uma ordem, senhor .
Antes que ele pudesse se dar conta, ela o puxou pela mão e correu em direção a brilhante árvore de natal e o posicionou bem embaixo da mesma, retirando o celular do short e apontando a câmara para ele.
— Diga Xmas!! — gritou.
Entre risadas e um companheirismo que ficava evidente para qualquer pessoa que passava por ali, e completaram o circuito de decoração tirando fotos de todas as formas possíveis. O beijo embaixo do visco numa casinha de papelão, que representava as famosas casas de biscoito, era a prova disso.
O túnel de luzes foi a última parada do casal, que logo após a tão esperada foto com o papai noel decidiram ir embora antes que o próprio cantor começasse a chamar mais atenção que o cara de vermelho.
— Um sorvete antes de irmos embora cairia bem. — Ele disse apontando para a sorveteria do outro lado da rua, recebendo um aceno de cabeça da morena prontamente.
Assim que entraram na loja alguns rostos curiosos se viraram em direção ao casal, e aqueles que reconheceram o cantor começaram a acenar e se aproximarem timidamente em busca de uma foto, ao que correspondeu prontamente.
Ao se sentarem em uma mesa mais afastada, já com os seus sorvetes em mãos, um jingle natalino começou a tocar fazendo com que uma observação tomasse conta dos pensamentos de .
— Sabe o que eu acabei de perceber? — ele perguntou, enquanto dava uma colherada na massa vermelha. — Essa é a primeira vez, desde que a gente chegou aqui, que eu ouço uma música de natal tocando.
— Amor, aqui o máximo de música natalina que você vai ouvir alguém cantando são as dos comerciais na tv.— ela deu de ombros. — Para não dizer que não tem música aqui, talvez você possa escutar o coral lá fora cantando Então é Natal e Noite feliz, as versões brasileiras de Happy Xmas e Silent Night.
— Você não pode estar falando sério. Logo você que eu vejo sempre cantando Mariah Carey quando é primeiro de novembro.
— Esse costume eu só adquiri a pouco tempo. — explicou — Essas músicas que falei são as únicas daqui que eu realmente lembro, e que inclusive aprendi com a minha avó nas festas da igreja.
🎄🏖️💛
A manhã do dia 24 começou agitada, entre as preparações finais da ceia, idas de última hora ao mercado, decorações de biscoitos e embrulhos de presente, as pessoas presentes na casa amarela mal viram o dia passar.
Era final de tarde e estava deitado na antiga cama da namorada, respondendo algumas mensagens que tinha recebido da família e amigos, quando a mesma entrou no quarto meio ofegante e com um sorriso travesso nos lábios.
— Olha só o que eu trouxe — esticou a pequena vasilha que trazia atrás de si, com algo que ele não soube identificar — São rabanadas! Só não conta pra ninguém que eu contrabandeei, se minha avó descobre que a gente tá comendo antes da ceia estamos ferrados.
— Prometo fazer cara de surpresa na frente de todo mundo mais tarde. — Confessou com um meio sorriso, enquanto pegava uma fatia do doce.
prolongou a mordida assim que percebeu o olhar de expectativa e curiosidade que a morena a sua frente lhe direcionava, mas o suspense não demorou tanto, os olhos meio arregalados e o pequeno suspiro dele não escondia o que tinha achado sobre a sobremesa.
— Eu te falei que era bom.
— Isso é divino! Essa é uma das coisas que com certeza vou adicionar no cardápio dos próximos natais.
— Mais alguns dias e você vai sair daqui com mais costumes brasileiros do que você espera.
gargalhou em resposta, sabendo que a probabilidade de estar certa era grande. Fazia pouco mais de um dia que ele estava ali e já tinha inúmeras coisas e experiências que o fariam querer repetir novamente.
🎄🏖️💛
estava na frente do grande espelho terminando de fazer o delineado nos olhos, já usando o vestido rosé de costas nua que tinha escolhido para aquela noite, quando o perfume de se fez presente no ambiente antes mesmo dele sair do banheiro. Vestindo uma calça jeans preta com rasgos nos joelhos, e uma camisa azul clara com os primeiros botões abertos exibindo o torso tatuado, ele se aproximou dela fazendo com que a sua imagem fosse refletida no espelho também.
— Cada dia que passa, eu tenho mais certeza de quão sortudo eu sou por ter você. — Sussurrou no ouvido dela e depositou um leve beijo na base do pescoço.
— Então somos dois sortudos. — Ela rebateu, virando de frente para ele, passando as mãos envolta da nuca dele.
Os olhares que se conectaram naquele momento transmitiam mais sentimentos que qualquer palavra que eles pudessem dizer. levou uma das mãos aos cabelos dele, fazendo um carinho de leve e logo em seguida para o seu rosto trazendo-o para mais perto, finalmente tocando os lábios macios dele com os seus.
O toque carinhoso fez com que o coração de batesse mais acelerado, em um movimento rápido ele trouxe o corpo dela para mais próximo de si aprofundando o beijo.
Quando o ar se fez necessário, rompeu o beijo dando uma mordida de leve no lábio inferior dele seguido de vários selinhos.
— Caso ainda não tenha ficado claro, você está linda. — Falou com admiração.
— Eu te amo! — Declarou antes de beijá-lo novamente.
— Eu também te amo. Vem, vamos descer. — pegou na mão dela se encaminhando para a porta.
🎄🏖️💛
Depois do restante da família chegar, todos se reuniram em frente à árvore de natal para ver Cecília, a matriarca da família, colocar a estrela no topo e para a tradicional foto da família completa.
— Tá tudo bem com a sua avó? Só hoje já é a terceira vez que eu vejo ela chorar. — O tom de preocupação com que ele perguntou fez um sorriso brotar no rosto de .
— Tá sim, não se preocupe. É normal, não tem uma festa que a minha avó não chore. — ela o tranquilizou. — Dá onde você acha que eu herdei meu lado chorona.
Em seguida deram início ao amigo secreto, outra tradição que nunca ficava de fora por ali. Pouco antes da meia noite, foi a vez de se reunirem ao redor da mesa de mãos dadas para a oração antes da ceia.
— E assim nos aproximamos de mais um um fim de ano, todos com saúde e rodeados de muito amor. Espero que não deixemos nunca de lembrar o real significado dessa data, que o Senhor sempre se faça presente na vida de cada um. — Cecilia concluiu o seu discurso com a voz embargada. — E para finalizar, é bom esse ano ter novamente a conosco, e , querido, seja bem vindo a família.
— Eu só tenho a agradecer pela recepção e por me deixar fazer parte desse momento com vocês. — retribuiu dando um abraço na senhora.
No momento seguinte o sino da igreja ecoou as doze badaladas e o céu foi tomado por fogos informando que era oficialmente 25 de dezembro.
— Feliz Natal, meu amor.
— Feliz Natal, linda.
Após Richard estourar o champanhe e todos se felicitarem, a família sentou-se e a ceia foi servida.
— Tem bastante coisa que eu nem sei por onde começo. — falou para a namorada e para o cunhado, enquanto observava a quantidade de comida disposta sobre a mesa.
— Eu vou te falar o que é cada coisa, e você vai colocando no seu prato o que te interessar. — propôs, enquanto começava a se servir.
— Okay. — ele concordou.
— Temos arroz com uvas passas e sem, maionese com e sem ovo, salpicão, lentilha, farofa e macarrão. — ela apontou para os pratos em uma das pontas da mesa. — Pra acompanhar tem chester recheado, tiras de frango e salada.
— E para a sobremesa tem mousse de maracujá, panetone, as famosas rabanadas e o pavê. — Matheus completou.
— Mas é pavê ou pra comer?
A voz de um de alguém foi ouvida no fundo, ao passo que os irmãos reviraram os olhos, vendo a confusão estampada no rosto do britânico Matheus explicou.
— É só mais uma piada, totalmente sem graça vale dizer, que é sempre feita nessa época.
Um protesto foi ouvido vindo da mesma pessoa, que logo identificou ser o pai de Lili, arrancando risadas de toda a família.
As comemorações que foram noite adentro de forma leve, ficou ainda mais descontraída quando um dos tios de apareceu vestido de papai noel distribuindo ainda mais presentes para todos.
Assim que os mais velhos saíram para cumprimentar as famílias vizinhas, foi a vez de Matheus assumir o comando da diversão, não deixando ninguém ficar muito tempo parado com a agitação da música. Nem escapou de entrar na coreografia mesmo entendendo, ainda que de forma precária, que a música falava sobre uma onda.
estava sentado na rede observando os primeiros raios de sol despontar no horizonte, quando se sentou ao seu lado entregando uma das latinhas de cerveja que trazia consigo e um pedaço de rabanada para ele.
— E aí, o que achou do Natal brasileiro?
Ele vinha pensando naquilo desde a manhã anterior, quando começou ajudar nos preparativos, e por isso não ponderou ao responder.
— Incrível, é legal ver como as coisas aqui acontecem de maneira diferente e com tanta diversão, mas não perde o significado da data, que como sua avó bem falou, é a união e a família. — deu um gole na cerveja, antes de continuar. — Adorei conhecer cada uma das tradições, e entender o porquê você ama tanto as festas de fim de ano.
— Espera só para ver as tradições do ano novo. — ela beijou as tatuagens dele que àquela altura estavam completamente expostas. — Esse de longe é o meu natal favorito.
— Pode apostar que é o meu também.— Depositou um beijo nos cabelos dela. — Eu te amo. — completou, deixando o silêncio tomar conta do ambiente enquanto observavam o sol se tornar imponente no centro do céu.
Naquele ponto, a temperatura do lugar já não fazia tanto efeito assim, ele só apreciava momento com o peito desnudo e as várias tatuagens reluzindo na luz do começo da manhã, e com um braço envolta da cintura da mulher que amava teve ainda mais certeza que não importava em qual lugar do mundo estivesse ou a data do ano, tudo com sempre seria reconfortante como estar em casa.
♫Don't need your winter coat
Don't need your winter hat
Just grab the one you love
And say you're never coming back♪
Em um momento onde nada se esperava, ele conheceu , uma brasileira de riso fácil e abraços aconchegantes, que em pouco tempo trouxe um pouco da alegria do Brasil para sua vida, e desde então aquele país tinha ganhado um significado novo. Ele adorava visitar aquele lugar, mas aquela seria a primeira vez em quase dois anos que iria sem nenhum compromisso profissional, era a primeira vez que ele iria de fato aproveitar o momento.
A empolgação por poder conhecer um pouco mais sobre a namorada, ver de perto onde ela cresceu e o cenário que servia de plano de fundo para várias histórias que ela contava, tornava aquele natal mais especial.
foi tirado dos seus devaneios quando sentiu a mão de fazer um leve carinho na sua, a mulher carregava no rosto um sorriso enorme que o cantor sabia ser causado pela euforia de poder passar o natal com toda a família novamente.
— A gente já vai pousar.— alertou — A comissária pediu pra gente esperar todo mundo desembarcar antes de podermos sair, e avisou que alguém pode levar a gente para uma saída mais reservada do aeroporto se você preferir.
— Não precisa, acho que nós conseguimos ser discretos e passar com tranquilidade. E caso isso não aconteça, você sabe que eu não me importo de parar para atender alguns fãs.
— Só não vai dar pra ser discreto se você continuar usando esse moletom, principalmente com o calor de mais de 30 graus que tá fazendo lá fora.
Com um leve rolar de olhos seguido por uma gargalhada, aproveitou que os outros passageiros estavam desembarcando para trocar o casaco por um boné e óculos de sol.
— Agora estou mais parecido com alguém pronto para aproveitar o verão brasileiro? — Ele questionou fazendo uma pose exagerada.
— A camisa florida ainda te dá um jeitinho de turista, mas tá lindo. — E como se confirmasse o que dizia, deu beijo estralado na bochecha do rapaz.
Após tirar uma foto com a tripulação na saída do avião, o casal saiu na enorme área de desembarque adornada com vários enfeites natalinos, e com uma árvore de natal que disputava o espaço com a grande quantidade de pessoas que passavam apressadas por ali. Era de se esperar que o aeroporto estivesse daquele jeito em um 23 de Dezembro.
— Amor, eu sei que tá cheio de gente e eu prometi que a gente ia sair daqui o mais rápido possível, mas eu preciso mesmo ir ao banheiro antes da gente pegar a estrada.
— Tudo bem, eu te espero sentado aqui. — tranquilizou a namorada, antes de completar com uma gargalhada — Eu e o meu disfarce de turista não vamos chamar atenção nesse mar de gente.
— Prometo que não demoro. — sussurrou após depositar um beijo leve nos lábios dele e se dirigir ao banheiro.
estava realmente feliz de ver que estava se divertindo, mesmo em tão pouco tempo de viagem. E ainda que a ideia de passar as festas de fim de ano no Brasil tivesse partido dele, naquele momento era impossível saber quem estava mais animado, ela que não conseguia conter a empolgação que já era enorme naquela época, ou ele que mal podia esperar para conhecer as tradições que sempre ouviu ela falar.
— Acho que você não conseguiu disfarçar tão bem assim. — comentou bem humorada quando viu que ele se despedia de uma fã, enquanto ela saia do banheiro.
— Impossível esconder o charme britânico.
— Eu que o diga, cai perfeitamente nesse charme.
— Não mais do que eu, que sou completamente apaixonado por esse seu jeitinho brasileiro — retrucou dando um abraço e beijando a testa da namorada.
— Bobo. Vem, vamos descobrir se a nossa carona já chegou e sair daqui. — ela respondeu enquanto arrastava uma das malas e ligava o celular para tentar falar com o irmão.
— O seu pai ligou, avisou que tá esperando a gente no estacionamento do Terminal dois. — ele lembrou da rápida ligação do sogro enquanto via ela dar uma olhada rápida pelas mensagens — Ele disse que tentou te ligar, mas imaginou que você ainda estivesse com o celular desligado.
— Mas era o Matheus que tinha combinado de vir encontrar com a gente.
— Parece que ele teve que ajudar a tia de vocês com alguma coisa — ele completou ao ver uma leve preocupação tomar o rosto dela.
— Eu sabia que alguém ainda ia esquecer de comprar alguma coisa. Daqui até amanhã a noite isso ainda vai acontecer bastante. — balançou a cabeça, voltando a andar.
Enquanto se dirigiam ao estacionamento, já podia sentir na pele a sensação de calor, da qual não estava acostumado naquela época do ano e que já o tinha avisado, não a toa a mala continha dois vidros de protetor solar; e se ele sentia que poderia derreter a qualquer momento, mesmo estando na sombra não queria saber qual a seria sensação debaixo do sol escaldante.
Ao chegarem no estacionamento, ele avistou de longe o sogro com um sorriso enorme que poderia ser visto refletido no rosto da mulher que andava ao seu lado. era a mistura perfeita de Richard e Carmen, o sorriso amoroso herdado do professor de história, enquanto os olhos escuros e gentis eram parte do gene proveniente da professora de arte.
— Pai, que saudades! — as malas foram completamente esquecidas enquanto pai e filha se abraçaram.
— Eu também estava morrendo de saudades, minha princesa. — o mais velho respondeu enquanto desfazia o abraço. — E você garoto, vem aqui.
No mesmo instante foi puxado para um abraço forte, porém carinhoso, que ele poderia afirmar que era uma coisa que a família fazia com uma certa frequência.
— Como vai, Richard?
— Um pouco mais grisalho a cada dia, mas feliz também.
As risadas que vieram em seguida só foram cessadas quando todas as malas foram guardadas e os três entraram no carro.
— Vamos lá, jovens. Se o trânsito facilitar a gente consegue chegar em casa em tempo do almoço.
Apesar do grande movimento que fazia na cidade, já tinha contado a que os pais e a avó moravam em uma parte mais afastada do centro, e mesmo sem o trânsito do feriado eles demorariam um pouco mais de uma hora para chegar ao destino final.
— E como estão as coisas por aqui, pai?
— O mesmo de sempre, você sabe como a sua avó fica com os preparativos da ceia. sabia que as celebrações do natal, assim como as da quaresma, eram de extrema importância para avó que fazia questão de preparar tudo com as próprias mãos.
— E a Lili já estava toda preparada para poder te conhecer, . — Richard comentou olhando para o outro através do retrovisor.
— Lili é a sua prima, que você disse que era minha fã, certo? — encontrou o rosto da namorada buscando uma resposta.
— A própria, ela vai amar as coisas que nós trouxemos pra ela.
— Se prepara para assinar todos os posters dela. — o divertimento era evidente na voz de Richard.
— Vai ser um prazer. — sorriu, nunca era um incômodo retribuir um pouco do carinho que ele recebia. — E por falar em posters, o Matt prometeu que ia me mostrar alguns dos que você tinha grudado na porta do guarda roupas.
— Esse garoto adora me fazer passar vergonha. — resmungou, enquanto os outros dois riam.
O restante do caminho foi seguido por conversas amenas e atualizações de como estavam toda a família e dos próximos projetos de e .
— Cacau, que saudades garota! — se abaixou imediatamente para cumprimentar o primeiro membro da família que apareceu no portão do sobrado amarelo assim que estacionaram. — Como você tá grande.
A vira-lata latiu em resposta ao reconhecimento da garota.
— Então essa é a famosa Cacau — se abaixou ao lado da namorada enquanto fazia carinho na grande cachorra caramelo.
— Olha só, finalmente estamos recebendo a presença ilustre de nesse lado do mundo, senhoras e senhores. — A voz de Matheus chamou atenção do casal. — A minha pessoa favorita de todos os tempos. — O rapaz riu com vontade ao ver a cara da irmã. — Cara, eu tava morrendo de saudades de você.
— Bom saber que você sentiu mais saudades do meu namorado do que da sua própria irmã. — retrucou irônica.
— Minha querida, a família toda já sabe que entre eu e você, obviamente eu sou o favorito do . — Ele retrucou, no mesmo momento em que a irmã mostrava a língua pra ele.
— Tá bom crianças, já chega vamos entrar. — Richard interrompeu com um sorriso de quem sabia que aquela implicância dos filhos não iria muito longe.
— Vem cá tampinha, eu tava morrendo de saudades de você e dessa sua carinha emburrada. — Matheus afirmou enquanto pegava a mala da mão da irmã e a abraçava.
— Também estava com saudades de você, peste.
A casa da família ficou pequena com a festa e felicidade que tomou o local com a chegada do casal. Entre abraços, choros e apresentações eles se reuniram à mesa para almoçar.
Durante a refeição, pode notar como a família era unida e animada, não houve um minuto sequer em que o silêncio dominou a mesa, as conversas passavam por todos que faziam questão de incluí-lo e demonstravam interesse em conhecê-lo além da fama que a sua profissão trazia.
Depois do almoço o casal subiu para o quarto a fim de descansarem e desfazer as malas. Após um cochilo rápido e se encaminharam novamente para o andar inferior da casa, ele foi assinar as coisas que tinha prometido para Lili e ela foi pra cozinha ajudar na preparação da ceia do dia seguinte.
— Deixa isso daí e vai lá pra fora, anda. — Cecilia interrompeu a neta, que começava a colocar a panela recém usada na pia, com um empurrar de quadril.
— Vou lavar essas vasilhas e ajudar a minha mãe a montar as sobremesas para amanhã e já vou.
— Você já fez demais menina, eu termino.
— Eu literalmente só fiz uma calda, vó. Eu quero ajudar. — respondeu, fazendo um bico na tentativa de dissuadir a mais velha.
— Já ajudou, meu amor. Eu termino por aqui. — Carmen interferiu.
— Não deixe seu namorado muito tempo sozinho. — a mais velha apontou através da janela onde o rapaz se encontrava.
— A Lili ta com ele, vó. Deixa ela ter mais um pouco do momento fangirl.
— Vá mostrar o resto do lugar pra ele. Vocês vieram para se divertir e não ficarem trancados aqui.
— Eu já entendi que você não quer mais ninguém na sua cozinha, dona Cecília. — com um sorriso, ela beijou o rosto da avó e da mãe e saiu porta afora.
No quintal o sorriso dela aumentou ainda mais ao encontrar entre risadas acompanhado do irmão e da prima dela. Ao se aproximar, notou que a mesa estava servida com um pequeno café da tarde cheio de aperitivos brasileiros, e logo identificou o motivo das risadas.
— Isso aqui tá muito bom. — apontou para tapioca dando outra mordida em seguida.
— Se prepara que nos próximos dias vamos te encher de comida brasileira. — Matheus deu um leve tapa no ombro do cunhado em forma de aviso, enquanto gargalhava.
— E se você achou isso bom é porque ainda não provou a rabanada da vó Cecília. — Lili acrescentou, antes de acompanhar o primo em direção a piscina.
— Ra...O quê? — A cara de confusão de fez com que risse ainda mais. — É um doce típico do natal, que é feito com pão, leite condensado e ovos. — ela explicou — E como a Lili disse, as feitas pela minha avó são as melhores.
— Eu acredito em você. — a puxou pela cintura, trazendo-a para seu colo. — Sua vó me conquistou ainda mais só com o almoço e esse lanche.
— Ela vai ficar feliz em saber disso, e vai fazer questão de te mimar ainda mais. — pegou um pão de queijo da cestinha. — Uma das coisas que eu estava morrendo de saudades era da comida da minha vó. Nada no mundo se compara ao tempero dela. — Essa é uma das coisas que eu mais amo em você. — afirmou com doçura, colocando uma mecha do cabelo dela atrás da orelha.
— O quê?
— Esse jeito carinhoso que você fala das pessoas e coisas que você ama, dá para ver o brilho estampado no seu olhar. Eu sei o quanto tudo isso significa pra você, por isso eu quis passar esses dias aqui ao seu lado.
A resposta de veio em um abraço apertado que dizia o quanto esse tipo de gesto vindo dele aquecia o seu coração. Antes dela se afastar completamente, aproximou os seus rostos e com todo carinho que tinha proferido as palavras anteriores a beijou, o leve arranhar de unhas de na nuca foi o suficiente para aprofundar o beijo.
Se afastaram sorrindo, mas sem deixar de se olharem profundamente. Ficaram naquela aura leve, até lembrar da fala da avó e uma ideia surgir em sua mente.
— Se você não estiver muito cansado, depois nós podemos ir até o centro conhecer um pouco mais da cidade e ver a decoração, o que você acha?
— Pra mim parece perfeito.
estava encantado com a praça da cidade, o local que estava todo tomado por luzes e adornos, combinava perfeitamente com a atmosfera do lugar e superava as expectativas que ele tinha criado sobre aquele momento. O calor, que ainda era presente naquele começo de noite, dava um toque ainda mais especial e único.
Sentados em um banco próximo à fonte, e observavam as crianças que corriam por todo o lugar formando uma pequena fila para tirar fotos e ganhar doces do homem sentado em uma cadeira imponente no meio do coreto, vestido de papai noel.
— Eu ia perguntar o que você tá achando, mas esses olhinhos já dizem tudo. — atraiu a atenção dele. — Eu me senti da mesma forma quando passei o meu primeiro natal na neve. — Um sorriso nostálgico tomou conta do rosto dela.
— Eu estou amando. — deu um beijo casto nas mão entrelaçadas — E antes da gente voltar pra casa dos seus pais precisamos de uma foto com o papai noel, quero a experiência completa do natal brasileiro. — Ele sorriu.
— Seu desejo é uma ordem, senhor .
Antes que ele pudesse se dar conta, ela o puxou pela mão e correu em direção a brilhante árvore de natal e o posicionou bem embaixo da mesma, retirando o celular do short e apontando a câmara para ele.
— Diga Xmas!! — gritou.
Entre risadas e um companheirismo que ficava evidente para qualquer pessoa que passava por ali, e completaram o circuito de decoração tirando fotos de todas as formas possíveis. O beijo embaixo do visco numa casinha de papelão, que representava as famosas casas de biscoito, era a prova disso.
O túnel de luzes foi a última parada do casal, que logo após a tão esperada foto com o papai noel decidiram ir embora antes que o próprio cantor começasse a chamar mais atenção que o cara de vermelho.
— Um sorvete antes de irmos embora cairia bem. — Ele disse apontando para a sorveteria do outro lado da rua, recebendo um aceno de cabeça da morena prontamente.
Assim que entraram na loja alguns rostos curiosos se viraram em direção ao casal, e aqueles que reconheceram o cantor começaram a acenar e se aproximarem timidamente em busca de uma foto, ao que correspondeu prontamente.
Ao se sentarem em uma mesa mais afastada, já com os seus sorvetes em mãos, um jingle natalino começou a tocar fazendo com que uma observação tomasse conta dos pensamentos de .
— Sabe o que eu acabei de perceber? — ele perguntou, enquanto dava uma colherada na massa vermelha. — Essa é a primeira vez, desde que a gente chegou aqui, que eu ouço uma música de natal tocando.
— Amor, aqui o máximo de música natalina que você vai ouvir alguém cantando são as dos comerciais na tv.— ela deu de ombros. — Para não dizer que não tem música aqui, talvez você possa escutar o coral lá fora cantando Então é Natal e Noite feliz, as versões brasileiras de Happy Xmas e Silent Night.
— Você não pode estar falando sério. Logo você que eu vejo sempre cantando Mariah Carey quando é primeiro de novembro.
— Esse costume eu só adquiri a pouco tempo. — explicou — Essas músicas que falei são as únicas daqui que eu realmente lembro, e que inclusive aprendi com a minha avó nas festas da igreja.
A manhã do dia 24 começou agitada, entre as preparações finais da ceia, idas de última hora ao mercado, decorações de biscoitos e embrulhos de presente, as pessoas presentes na casa amarela mal viram o dia passar.
Era final de tarde e estava deitado na antiga cama da namorada, respondendo algumas mensagens que tinha recebido da família e amigos, quando a mesma entrou no quarto meio ofegante e com um sorriso travesso nos lábios.
— Olha só o que eu trouxe — esticou a pequena vasilha que trazia atrás de si, com algo que ele não soube identificar — São rabanadas! Só não conta pra ninguém que eu contrabandeei, se minha avó descobre que a gente tá comendo antes da ceia estamos ferrados.
— Prometo fazer cara de surpresa na frente de todo mundo mais tarde. — Confessou com um meio sorriso, enquanto pegava uma fatia do doce.
prolongou a mordida assim que percebeu o olhar de expectativa e curiosidade que a morena a sua frente lhe direcionava, mas o suspense não demorou tanto, os olhos meio arregalados e o pequeno suspiro dele não escondia o que tinha achado sobre a sobremesa.
— Eu te falei que era bom.
— Isso é divino! Essa é uma das coisas que com certeza vou adicionar no cardápio dos próximos natais.
— Mais alguns dias e você vai sair daqui com mais costumes brasileiros do que você espera.
gargalhou em resposta, sabendo que a probabilidade de estar certa era grande. Fazia pouco mais de um dia que ele estava ali e já tinha inúmeras coisas e experiências que o fariam querer repetir novamente.
estava na frente do grande espelho terminando de fazer o delineado nos olhos, já usando o vestido rosé de costas nua que tinha escolhido para aquela noite, quando o perfume de se fez presente no ambiente antes mesmo dele sair do banheiro. Vestindo uma calça jeans preta com rasgos nos joelhos, e uma camisa azul clara com os primeiros botões abertos exibindo o torso tatuado, ele se aproximou dela fazendo com que a sua imagem fosse refletida no espelho também.
— Cada dia que passa, eu tenho mais certeza de quão sortudo eu sou por ter você. — Sussurrou no ouvido dela e depositou um leve beijo na base do pescoço.
— Então somos dois sortudos. — Ela rebateu, virando de frente para ele, passando as mãos envolta da nuca dele.
Os olhares que se conectaram naquele momento transmitiam mais sentimentos que qualquer palavra que eles pudessem dizer. levou uma das mãos aos cabelos dele, fazendo um carinho de leve e logo em seguida para o seu rosto trazendo-o para mais perto, finalmente tocando os lábios macios dele com os seus.
O toque carinhoso fez com que o coração de batesse mais acelerado, em um movimento rápido ele trouxe o corpo dela para mais próximo de si aprofundando o beijo.
Quando o ar se fez necessário, rompeu o beijo dando uma mordida de leve no lábio inferior dele seguido de vários selinhos.
— Caso ainda não tenha ficado claro, você está linda. — Falou com admiração.
— Eu te amo! — Declarou antes de beijá-lo novamente.
— Eu também te amo. Vem, vamos descer. — pegou na mão dela se encaminhando para a porta.
Depois do restante da família chegar, todos se reuniram em frente à árvore de natal para ver Cecília, a matriarca da família, colocar a estrela no topo e para a tradicional foto da família completa.
— Tá tudo bem com a sua avó? Só hoje já é a terceira vez que eu vejo ela chorar. — O tom de preocupação com que ele perguntou fez um sorriso brotar no rosto de .
— Tá sim, não se preocupe. É normal, não tem uma festa que a minha avó não chore. — ela o tranquilizou. — Dá onde você acha que eu herdei meu lado chorona.
Em seguida deram início ao amigo secreto, outra tradição que nunca ficava de fora por ali. Pouco antes da meia noite, foi a vez de se reunirem ao redor da mesa de mãos dadas para a oração antes da ceia.
— E assim nos aproximamos de mais um um fim de ano, todos com saúde e rodeados de muito amor. Espero que não deixemos nunca de lembrar o real significado dessa data, que o Senhor sempre se faça presente na vida de cada um. — Cecilia concluiu o seu discurso com a voz embargada. — E para finalizar, é bom esse ano ter novamente a conosco, e , querido, seja bem vindo a família.
— Eu só tenho a agradecer pela recepção e por me deixar fazer parte desse momento com vocês. — retribuiu dando um abraço na senhora.
No momento seguinte o sino da igreja ecoou as doze badaladas e o céu foi tomado por fogos informando que era oficialmente 25 de dezembro.
— Feliz Natal, meu amor.
— Feliz Natal, linda.
Após Richard estourar o champanhe e todos se felicitarem, a família sentou-se e a ceia foi servida.
— Tem bastante coisa que eu nem sei por onde começo. — falou para a namorada e para o cunhado, enquanto observava a quantidade de comida disposta sobre a mesa.
— Eu vou te falar o que é cada coisa, e você vai colocando no seu prato o que te interessar. — propôs, enquanto começava a se servir.
— Okay. — ele concordou.
— Temos arroz com uvas passas e sem, maionese com e sem ovo, salpicão, lentilha, farofa e macarrão. — ela apontou para os pratos em uma das pontas da mesa. — Pra acompanhar tem chester recheado, tiras de frango e salada.
— E para a sobremesa tem mousse de maracujá, panetone, as famosas rabanadas e o pavê. — Matheus completou.
— Mas é pavê ou pra comer?
A voz de um de alguém foi ouvida no fundo, ao passo que os irmãos reviraram os olhos, vendo a confusão estampada no rosto do britânico Matheus explicou.
— É só mais uma piada, totalmente sem graça vale dizer, que é sempre feita nessa época.
Um protesto foi ouvido vindo da mesma pessoa, que logo identificou ser o pai de Lili, arrancando risadas de toda a família.
As comemorações que foram noite adentro de forma leve, ficou ainda mais descontraída quando um dos tios de apareceu vestido de papai noel distribuindo ainda mais presentes para todos.
Assim que os mais velhos saíram para cumprimentar as famílias vizinhas, foi a vez de Matheus assumir o comando da diversão, não deixando ninguém ficar muito tempo parado com a agitação da música. Nem escapou de entrar na coreografia mesmo entendendo, ainda que de forma precária, que a música falava sobre uma onda.
estava sentado na rede observando os primeiros raios de sol despontar no horizonte, quando se sentou ao seu lado entregando uma das latinhas de cerveja que trazia consigo e um pedaço de rabanada para ele.
— E aí, o que achou do Natal brasileiro?
Ele vinha pensando naquilo desde a manhã anterior, quando começou ajudar nos preparativos, e por isso não ponderou ao responder.
— Incrível, é legal ver como as coisas aqui acontecem de maneira diferente e com tanta diversão, mas não perde o significado da data, que como sua avó bem falou, é a união e a família. — deu um gole na cerveja, antes de continuar. — Adorei conhecer cada uma das tradições, e entender o porquê você ama tanto as festas de fim de ano.
— Espera só para ver as tradições do ano novo. — ela beijou as tatuagens dele que àquela altura estavam completamente expostas. — Esse de longe é o meu natal favorito.
— Pode apostar que é o meu também.— Depositou um beijo nos cabelos dela. — Eu te amo. — completou, deixando o silêncio tomar conta do ambiente enquanto observavam o sol se tornar imponente no centro do céu.
Naquele ponto, a temperatura do lugar já não fazia tanto efeito assim, ele só apreciava momento com o peito desnudo e as várias tatuagens reluzindo na luz do começo da manhã, e com um braço envolta da cintura da mulher que amava teve ainda mais certeza que não importava em qual lugar do mundo estivesse ou a data do ano, tudo com sempre seria reconfortante como estar em casa.
Don't need your winter hat
Just grab the one you love
And say you're never coming back♪
Fim
Nota da autora: Voltei com mais uma fic de natal, e não qualquer natal mas sim um todinho no calor brasileiro. Amo essa data e não perderia por nada a oportunidade de retratar como são as coisas por aqui, eu espero que vocês tenham gostado!
E queria deixar um agradecimento super especial a Lari, que me ajudou com alguns detalhes da cena da ceia e com a sinopse. Lari, você é incrível! ♥
Caixinha de comentários: A caixinha de comentários pode não estar aparecendo para vocês, pois o Disqus está instável ultimamente. Caso queira deixar um comentário, é só clicar AQUI
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Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.
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