Dias de Dezembro

Fanfic finalizada

Capítulo Único




Respirar fundo o ar gelado daquela pequena cidade da Irlanda do Norte após um ano, trouxe a mim um misto de sensações de euforia, receio, curiosidade e principalmente, saudade.
Pequenos momentos na qual guardei com tanto amor em minhas lembranças, e eu as revivi com um imenso sorriso no rosto e o coração aquecido.
Será que era muita loucura estar ali de volta sem ter exatamente um plano na ponta do lápis, de como seria e do que eu faria?
Fui movida pelo o que sentia por e por minha promessa de buscar meu pedaço que havia deixado para trás, quando fui embora a primeira vez. E ao ficar parada por um tempo ali observando a neve cair sobre a minha cabeça e nas lojas e casas, enquanto as luzes brilhavam à espera do Natal, tomei como uma possível boa ideia me hospedar na pousada onde trabalhava, eu só precisava relembrar nitidamente onde ficava, e esperava muito que ainda fosse no mesmo caminho.
Eu só não contava com o nervosismo que revirou meu estômago ao estar prestes a abrir a porta de entrada da pousada.
Uns segundos de coragem me fez abrir a porta de entrada do local, ao me dar conta que estava ali dentro e a qualquer momento poderia vê-lo ali ou até que ele é quem poderia me atender, fez com que meu nervosismo só aumentasse. Toquei a campainha posta no balcão da recepção enquanto tentava me recompor pelo menos por fora já que por dentro eu já sentia todo o impacto de estar na mesma cidade de , a cidade na qual me proporcionou tantas memórias incríveis, e correndo o risco de a qualquer momento o encontrar.
Segundos depois uma moça sorridente apareceu para me atender, a reconheci no mesmo momento. Era a mesma moça com quem eu havia falado ano passado, ao procurar pela primeira vez na pousada.
- Em que posso ajudá-la? - seu sorriso e simpatia me faziam sentir bem ali.
- Eu gostaria de um quarto, por favor.
- Claro. - ao olhar nos registros me indicou um quarto disponível. - O quarto número 03 está disponível.
- Perfeito.
- Subindo as escadas as portas à esquerda. Quer ajuda com as malas?
- Não obrigada, não estão muito pesadas.
- Bem-vinda. Aproveite a hospedagem e nossa bela cidade.
- Muito obrigada. - Retribui seu sorriso, pegando a chave, minha mala de mão e segui para as escadas.
Ao subir no topo da escada a primeira porta à minha esquerda estava o quarto 01, logo a minha frente o restante dos quartos, encontrando o meu o abri e entrei.
As paredes do quarto de tijolinhos aparentes e o teto sem forro com a estrutura de madeira aparente trazia ao lugar um ar de aconchego, do lado esquerdo uma cama queen size com lençóis brancos e cabeceira em madeira, na parede acima da cama havia quadros combinando com o tema rústico do quarto. Abajur e mesinhas de cada lado da cama.
De frente para a cama duas poltronas de cor creme com abajur de chão. Janela estilo francesa grande em madeira, com cortinas na cor branca. E para celebrar a chegada do natal, luzes dispostas em volta da janela e uma pequena árvore no chão ao lado das poltronas.
Coloquei minhas malas em um cantinho do quarto, separei uma roupa de frio, toalha e peguei minha nécessaire indo tomar um banho no banheiro do quarto onde a porta ficava de frente para as poltronas.
Uma calça preta bem quente, suéter vermelho e cachecol laranja claro, com sapatinho preto foi a boa pedida da vez.
Ao pisar o pé no andar de baixo da pousada, não avistei ninguém no pequeno balcão da recepção, nem ninguém sentado nos aconchegantes sofás em frente da lareira acesa.
Segui assim pelas ruas brancas tomadas pela neve que caia, andando poucas quadras já estava na avenida principal da cidade onde continham comércios e vários restaurantes. Como tinha anoitecido a pouco tempo, ainda tinha muitas lojas abertas, incluindo uma pequena cafeteria na qual não pensei duas vezes antes de entrar. Meus olhos brilharam ao avistarem os diversos tipos de comidas expostas no balcão.
Me sentei em uma bancada de frente a janela de vidro da cafeteria, com meu croissant e uma caneca de chocolate quente com marshmallow.
Sobrando somente a bebida quente para ser saboreada, me concentrei no que acontecia do outro lado daquela janela, e um casal de mais idade atraiu minha total atenção. Com todo cuidado e amor ele tirava a pouca neve que havia caído nos cabelos já quase tomados pela cor branca de sua amada, que sorria perante o cuidado dele com ela. Um exemplo de amor e cuidado duradouro que eu sonhava em ter para mim também, meus pensamentos então automaticamente foram até , onde imaginei um cenário como aquele, sendo o casal protagonista da vez, nós dois. Meu coração se aqueceu com esperança perante um possível futuro.
Talvez fossem bem precipitados ao cogitar um futuro ainda muito distante, pois estar de volta à Irlanda do Norte não significaria que aconteceria o que eu tanto idealizava.
Eu estava na pousada mas ainda nem tinha visto , nem sabia como seria sua reação ao me ver de volta.
Com o coração ainda alegre e aquecido paguei minha conta e sai da cafeteria, do lado de fora eu estava com uma cruel dúvida se continuava andando pelas ruas cobertas de neve pela cidade ou se retornava para a pousada, mas uma ideia atravessou meu cérebro e sorri ao virar para o sentido contrário da pousada.
Andando por mais um tempinho, parando algumas vezes em algumas lojas e admirando alguns produtos para venda nas vitrines, e muitos “feliz natal” ditos de pessoas desconhecidas para mim e eu às respondendo, cheguei ao estabelecimento na qual me arrancou um sorriso.
Entrei na sorveteria já com o pedido na ponta da língua, enquanto a atendente preparava para mim eu recordava como tudo tinha acontecido.
Com meu sorvete de chocolate com banana, (bem exotico eu sei. Mas foi o último sorvete que provei antes de me beijar pela primeira vez ao me levar naquela sorveteria ano passado) sai de dentro do local.
Relembrei do lugar exato em que estávamos sentados quando aconteceu. Uma coisa tinha em mente,que se nada ocorresse como eu gostaria, pelo menos ainda tinha incríveis memórias.
Assim que retornei para a pousada, a mesma moça que havia me atendido estava na recepção atendendo um casal, ela me viu e sorriu, sorri para ela de volta antes de subir as escadas até meu quarto.
Dentro do quarto tirei meu cachecol pendurando em um cantinho, peguei um livro que lia durante a viagem e me sentei em uma das poltronas mergulhando em um mundo totalmente diferente do meu.

No dia seguinte de manhã a preguiça havia me tomado com vontade, me permitindo assim ficar deitada na cama embaixo das cobertas por mais um tempo.
Assim que criei coragem para me levantar, antes de qualquer outra coisa que eu fizesse fui até a janela e vislumbrei por um tempinho a linda paisagem branca a minha frente, pessoas indo e vindo pelas calçadas. A neve havia dado uma trégua parando de cair por um tempo, dando tempo dos moradores tirarem as neve acumulada de frente de suas casas e garagens.
Escovei os dentes, troquei de roupa e desci para o café da manhã que a pousada estava oferecendo aos hóspedes.
Tudo estava incrível, os waffles e o café quentinho, já satisfeita deixei a mesa e ao passar por uma das janelas, avistei finalmente ali, posicionando uma escada na borda do telhado, e mesmo com o coração a mil por tê-lo finalmente visto, decidi que essa seria a hora de falar com ele.
Sai de dentro da pousada indo até ele, o mesmo não notou minha presença por estar de costas agachado no chão enquanto desenrolava uma luzes natalinas. Respirei fundo tentando acalmar o alvoroço que eu estava por dentro que começava a transparecer por fora ao suar as mãos.
- Precisa de ajuda? – falei já segura o suficiente de que não iria gaguejar.
- Só estou tentando desenrolar essas luzes. – ele respondeu. – Mas obrigado.
Quando ele se virou para mim sorrindo simpático perante a gentileza de alguém que lhe oferecia ajuda, e ao se dar conta de que se tratava de mim ele ficou um tempo parado, acredito que tentando entender aquela situação. Sem acreditar que eu estava realmente ali à sua frente.
Mas sua ação seguinte me pegou totalmente de surpresa junto com a vibração de todo meu corpo perante sua reação. Ele saiu de onde estava correndo e foi até mim me abraçando forte e até erguendo meus pés uns centímetros do chão.
- Não acredito que você esteja realmente aqui. – ainda estávamos no abraço e meu sorriso era enorme.
Eu não tinha a menor ideia de como seria me reencontrar com , mas a forma como eu idealizava que fosse não chegou aos pés de como realmente foi. Meu coração faltou pular para fora de meu peito, ao ser recebida com tanto carinho por e me mostrou que a saudade era ainda maior do que eu imaginava.
- Eu estou aqui. – falei após ele voltar a colocar meus pés no chão e podemos nos olhar direito estando tão perto como estávamos.
Eu imaginava que as surpresas tinham acabado, mas eu estava bem enganada a melhor parte veio em seguida, quando uma de suas mãos foi até meu rosto e em um gesto rápido ele juntou nossos lábios, ele me beijou como se nunca mais fosse ter a chance de me beijar outra vez.
Meu coração pulou uma batida enquanto meu cérebro tentava processar o que estava acontecendo, mas eu já estava totalmente rendida àquele beijo correspondendo a altura.
Se me concedesse a chance de fazer algum pedido na qual se realizaria, eu pediria que parassem o tempo naquele momento.
Estávamos na frente da pousada onde as pessoas iam e viam e na janela à nossa frente muitos hóspedes ainda tomavam seu café da manhã, porém não era problema que vissem eu e ali, ele não se importou eu então muito menos. Só queríamos matar parte da enorme saudade que começava a nos sufocar.
- Me desculpa por isso, é que eu-
Não dei a chance dele terminar aquela frase o agarrei novamente e juntei nossos lábios outra vez em um beijo breve.
- Eu senti muito a sua falta. – sussurrei baixinho após partir o beijo e encostou nossas testas. Nossos olhos ainda fechados carimbando eternamente em nossa memória nosso reencontro após um ano.
Nos afastamos quando percebemos vários olhares, e sorrisos apaixonados em nossa direção tanto de pessoas que passavam ali na rua quanto dos hóspedes ali dentro da pousada que nos observava pela janela. Olhei para ele sorrindo tímida com minhas bochechas formigando de vergonha, mas eu estava tão feliz.

***


Fiquei por um momento parada no meio do quarto pensando no que poderia fazer a seguir, então a janela pareceu me chamar, atraindo minha atenção ao estar meio embaçada pelo frio que fazia lá fora, e os aquecedores da pousada aquele precisaram passar por manutenção.
A noite caindo, as luzes na cidade toda começando a se acenderem me chamaram para sentar no peitoril da janela e observar a paisagem do outro lado da janela. Foi então exatamente o que fiz, peguei meu celular, meus fones e ali mergulhei em um mundo recheado de possibilidades. Não que a minha realidade estivesse das piores, pelo contrário eu tinha inúmeras memórias com para recordar, e a mais recente delas havia acontecido um dia atrás quando o finalmente o vi depois de tanto tempo.
E por falar na pessoa lá estava ele novamente na escada na beirada do telhado da pousada mexendo nas luzinhas, ao conseguir me ver na janela sorriu para mim na qual acenei de volta sorrindo.
Coloquei a ponta de meus dedos no vidro da janela desenhando um coração antes de me levantar, pegar casaco e cachecol e ir até do lado de fora.
- Está tudo bem aí? – perguntei chegando até ele, que ainda estava na escada.
- Está sim, só soltou essa parte da luz.
- Precisa de ajuda?
- Não, obrigado. Só prender mesmo. – mexeu mais um pouco nos fios. – E está prontinho.
Com medo dele cair, corri até a escada a segurando para que ele descesse em segurança. Estando a salvo no chão ele agradeceu e foi juntar umas coisinhas ali que havia usado.
- Vamos entrar? Antes que a gente congele aqui.
- Vamos sim. – dei uma corridinha para lhe alcançar, mesmo que não estivesse tão longe de mim.
E como uma boa pessoa desastrada que muitas vezes consigo ser, consegui a grande proeza de escorregar e me atolar em um amontoado de neve que haviam tirado de frente da entrada da pousada. Só percebi que havia corrido até mim quando me puxou pela mão e me ajudou a levantar.
- Você está bem? – seu olhar era de total preocupação.
- Sim, só estou um pouco congelada. – não duvidava que havia neve em lugares impossíveis em mim.
- Vem, vamos para dentro. Vou te colocar na cama embaixo das cobertas para se esquentar.
Me abraçando tentando passar um pouco de calor dele para mim, entramos na pousada e subimos as escadas até o meu quarto e entrando. Ele tirou meu casaco fazendo cair um amontoadinho de neve no chão, em seguida foi até a minha cama puxando a coberta estendida na cama para que eu me sentasse e assim o fiz, ele me cobriu e seguiu até uma cômoda onde ali pegou um edredom mais quente me cobrindo com ela também.
- Está melhor?
- Estou sim, obrigada. – me aconcheguei, mas antes peguei em sua mão. – Fica um pouco comigo?
- Fico sim. – sem exitar ele se aconchegou ao meu lado na cama, me abraçando.
- Se eu não faço certas proezas como essa, não sou eu. – ri e ele riu junto comigo. – Espero que mais ninguém tenha visto.
- Fica tranquila, ninguém viu, exceto parte dos vizinhos e hóspedes da pousada.
- Sério? – o olhei com os olhos meio arregalados e ele riu mais ainda.
- Não. Relaxa, realmente ninguém te viu atolar na neve.
- Que vergonha. – baixei meu rosto o escondendo por um tempo em seu peito o erguendo em seguida.
- Não precisa ter, acontece. – ele arrumou parte do meu cabelo em que estava em meu rosto, ficando meio sério em seguida. Eu queria muito beijá-lo naquele momento.
- Você atualmente está com alguém? – ele perguntou desviando seu olhar do meu e parecendo temer um pouco pela resposta.
- Não. – seu olhar voltou até o meu.
- Então posso fazer isso.
Antes que eu pudesse perguntar o que, ele juntou nossos lábios em um beijo calmo.

***


Dois dias depois daquilo, ouvi batidas na porta do meu quarto e só não chorei por ter que levantar e ir até a porta por conta da pessoa que estava batendo em minha porta. sorria feito uma criança que queria fazer arte.
- Olá.- falei pra ele encostando minha cabeça no batente da porta.
- Olá, .
- A que devo a honra desta visita?
- Gostaria de saber se a senhorita gostaria de ir em uma aventura comigo.
- E qual será a aventura da vez?
- Uma bem divertida. – eu não conseguia negar viver uma aventura com .
- Tudo bem. Só vou colocar meu casaco.

Eu tentava segurar o riso ao mesmo tempo em que sentia muita dó de que gemia de dor, enquanto o médico mexia para lá e para cá os locais onde ele reclamava de dor.
A ideia de aventura de da vez foi muito boa, eu tive um pouco de medo no início de descer aquela pista de esqui improvisada. Mas vendo o pessoal rindo e se divertindo ao descer de trenós ou bóias.
- Tem certeza que isso é seguro?
- Talvez. – riu e eu tombei um pouco minha cabeça para o lado, por sua resposta nada segura. – Vem, será divertido. Eu prometo.
Seu olhar transparecia empolgação, principalmente para que eu descesse aquela pista com ele. Que aceitei sua mão estendida para mim, me sentando em sua frente de costas para ele na boia.
Ele tomou impulso e logo em seguida estávamos escorregando por aquela pista meio íngreme de neve com uma grande boia, eu não sabia se ria ou se gritava com o medo e a adrenalina daquela aventura, enquanto ria e gritava de empolgação.
Ao chegarmos no final da pista, a bóia parou e eu desci com as pernas meio bambas mas sorrindo pela sensação incrível daquela brincadeira.
- O que achou?
- Foi demais. – ri dando um pequeno pulo o fazendo rir também.
- O que acha de irmos de novo?
- Não sei não.
- Vamos, será legal.
Na hora que eu ia topar descer mais uma vez com ele, minha boca se abriu em choque do que aconteceu em seguida, de forma muito rápida.
Em um momento estava em pé a minha frente sorrindo feito criança, e no segundo seguinte ele estava estirado no chão de neve. Le acabara de ser atropelado por uma criança que descia a pista também com uma bóia.
- Meu Deus. , você está bem? - me agachei até ele, que fazia umas caretas de dor.
- Eu não sei, tem muita coisa doendo.
- O pessoal já está vindo te ajudar. Vai ficar tudo bem.
Vendo o acidente uns bombeiros a disposição ali para justamente ajudar nesses momentos de acidentes e incidentes, vieram correndo até nos ver como estava.
No fim tivemos que parar no hospital, ele se queixava de dores no tornozelo e no braço esquerdo por ter caído em cima do braço.
- Não parece ter nada quebrado, mas vamos tirar raio-x do seu braço e tornozelo para ter total certeza. E terá que ficar aqui no hospital essa noite para analisarmos se você sofreu uma concussão ou se aconteceram lesões mais graves na cabeça.
- Ok, obrigada doutor. - agradeci por que fazia careta ao saber que teria que passar a noite no hospital.
- Não quero ficar a noite toda aqui.
- Será para o seu bem.
- Não era esse meu plano. Não precisa ficar aqui por minha causa.
- Você sabe que eu não ligo. Quero ter certeza de que está bem. – falei me aproximando de sua cama e me sentando ao seu lado.
- Prometo que irei te recompensar por esse ocorrido.
- Para com isso, eu me diverti pra caramba descendo aquela pista de bóia.
- Fico feliz em saber. Mas da próxima será algo mais tranquilo, para que coisas como essa não aconteça novamente.
- Eu gosto de me aventurar com você. – dei de ombros levemente sorrindo. Ele sorriu se aproximando mais de mim.
- Jura?
- Sim. – seu sorriso se alargou, sua mão foi até minha nuca onde me puxou para ele, quebrando o resto de distância que restava entre nós dois, assim me beijando. Quando ele partiu o beijo com selinho. - Vou pegar um café, quer também?
- Quero sim, obrigado. – ele segurava minha mão, e quando me levantei para ir até a cafeteria, ele me segurou me puxando novamente para ele e me dando outro beijo.
- Ficará bem?
- Ficarei sim. Se precisar de você, te darei um sinal.
- Qual sinal?
- Vou emitir um grito de uma garotinha apavorada. - não aguentei e gargalhei com sua fala.
- Bobo.
- O bobo que você adora.
- Será mesmo? - sai assim do quarto sorrindo ao ver sua expressão facial de chocado com magoado.
Durante o caminho até a cafeteria comecei a reparar na decoração natalina do hospital, com árvore pinheiro gigante decorado com luzes, bolinhas e laços nas cores prata e dourado, festões com luz pendurados em alguns lugares, nas portas guirlandas e para trazer mais alegria ao hospital alguns funcionários usavam gorros de papai Noel.
Paguei o café e agradeci a atendente da cafeteria simpática, retornando para o quarto de . Ao chegar a televisão estava ligada mas ele parecia distraído olhando para o nada, eu gostaria de poder ler sua mente naquele momento.
- Aqui está seu café.
- Obrigado. - ele fez ou tentou fazer algo com um de seus olhos que me fez franzir a testa ao tentar entender o que tinha sido aquilo.
- Porque está piscando assim?
- Era para ser uma piscadela.
- Acho que não deu muito certo. - disse tentando segurar parte da risada.
- Ou perdi o jeito, ou foram os remédios para dor.
- É, provavelmente isso. - disse me sentando por um tempo na poltrona ao lado da cama onde ele estava.

Após tomar seu café e termos conversas aleatórias, percebi que estava inquieto.
- Você está bem?
- Estou sim. – ele tentou disfarçar.
- Não é o que parece. Está inquieto.
- Eu não aguento mais ficar parado aqui, só sentado.
- Espera um momento. - me levantei e fui até uma enfermeira lhe avisando do caso de e que ele queria sair um pouco da cama.
Voltei ao quarto com a enfermeira e uma cadeira de rodas, ele sorriu ao ver que poderia sair um pouco da cama.
Com a cadeira de rodas ele poderia dar uma passeada pelo hospital sem forçar o tornozelo, ajudei ele a primeiramente colocar o casaco e cachecol, em seguida o ajudando a se levantar da cama e sentar na cadeira, onde assumi o controle da cadeira após ter colocado meu casaco e cachecol. Agradeci a enfermeira que saiu do quarto em seguida.
- Para onde gostaria de ir, senhor ? - lhe perguntei com cordialidade.
- Por favor, para um lugar mais aberto. Onde possamos ver a neve cair.
- Seu pedido é uma ordem.
Seguimos assim até o jardim aberto do hospital e a neve caia livremente pela grama, árvores e chão. Para chegar nos bancos para sentar passamos pelo caminho na qual ainda bem tinha pouca neve, sua forma estava iluminada e com alguns quebra-nozes. Os troncos das árvores estavam enfeitados com luzes, e assim me sentei em um banco entre duas árvores também enfeitadas, com ao meu lado na cadeira de rodas.
Fiquei por um momento somente me fascinando com a vista dos flocos de neve brilhando ao cair, pelo jardim estar tão bem iluminado.
- Eu nunca me canso de ver isso. A neve, as luzes e a felicidade que o natal trás.
- O brilho dos flocos de neve, é a sensação que fascina a mente. - disse me olhando brevemente e eu sorri para ele.
- Se pudesse fazer um pedido na qual teria certeza que realizaria, o que pediria?
- Que momentos como esse, com você nunca mais acabasse. – meu coração deu um solavanco. – Não digo em hospitais, mas em lugares melhores.
Sorrimos um para o outro, eu queria lhe contar que minha estadia dessa vez provavelmente era sem data para retorno. Mas algo ainda me impedia, não sabia dizer se era medo após ouvir muitas pessoas dizerem que eu estava mergulhando em um mar na qual eu não fazia ideia dos perigos que haviam no fundo.
Ele parecia estar aberto àquilo, se eu lhe dissesse que tinha ido na intenção de ficar ele ficaria super feliz, me receberia de braços abertos, eu sentia aquilo eu poderia estar enganada mas eu queria muito não estar. Mas de qualquer forma eu iria encontrar o momento certo para lhe contar.

Assim que voltamos do lado de fora, levaram ele para fazer raio-x, não demorando muito ele retornou para o quarto.
O tempo foi passando depressa enquanto continuamos nossas conversas aleatórias, quando vimos já amanhecia o dia e o médico já estava fazendo outra visita para lhe dando alta dessa vez. não havia por sorte quebrado nada, e assim o médico deu algumas recomendações como ficar um tempo em repouso por conta do tornozelo dolorido.
Fui dirigindo o carro de até sua casa, desci do veículo ajudando ele em seguida a sair e entrar em casa o colocando sentado na cama.
- Obrigado. Principalmente por ter ficado comigo lá.
- Não tem de que.
- Vai com o meu carro, depois eu pego ele na pousada.
- Tem certeza? Eu posso pegar um táxi ou ir a pé.
- Tenho sim.
- Tudo bem.
Antes de me virar e ir embora aproximei bem meu rosto do dele, coloquei minha mão na lateral de seu rosto e depositei um beijo demorado em seus lábios.
- Até depois.
- Até. – seu sorriso era largo e bobo.

***


Após o acidente com na pista improvisada de esqui, em que ficamos a noite toda no hospital. Fui até sua casa para saber como ele estava e aproveitar para devolver seu carro, parando assim o veículo na entrada da garagem.
Toquei a campainha e quem atendeu foi uma senhorinha sorridente.
- Olá querida. No que posso ajudar?
- Oi. Eu sou a , eu vim ver como o está. – curioso como ele era, mal terminei a frase vi ele aparecendo mancando na porta de entrada, atrás da senhorinha.
- Oh sim, claro, querida. Ele está... – ela olhou para trás o vendo ali. – Bem aqui.
- Vó, essa é a . - ele colocou as mãos nos ombros dela e disse, e o sorriso da senhorinha se iluminou. – essa é a minha avó Annie.
- Como é bom finalmente conhecê-la querida. - Digo o mesmo. - senti minhas bochechas formigar, com certeza estavam vermelhas ou de vergonha ou pelo frio que fazia ali fora.
- Entre, entre. Você irá acabar congelando aí fora.
Ela abriu mais a porta e me deu passagem para entrar, assim que entrei ela me ajudou a tirar meu casaco e cachecol, os pendurando ao lado da porta.
- Obrigada. - agradeci pela ajuda.
- Fique a vontade querida, irei pegar chocolate quente para te ajudar a esquentar.
- Muito obrigada. - ela se apressou para a cozinha deixando somente eu e ali. - Como está seu tornozelo?
- Está melhor, não dói mais tanto. Eu queria mesmo era já voltar ao trabalho na pousada.
- Não se apresse. Logo estará melhor.
- Eu não aguento mais ficar parado. Vem, vamos para a sala. - ele me chamou estendendo o braço, e fui até ele onde me abraçou e fomos até o cômodo.
Ao entrar ali fui invadida por memórias do ano anterior onde Berardo preparou o jantar e logo após nos sentamos no chão daquela sala. Em seguida me peguei observando encantada a decoração da casa, naquele ano as cores da decoração da árvore eram vermelho e dourado, tendo também duas meias penduradas na lareira. Achei uma graça terem pendurado mesmo não havendo mais crianças na casa.
- Mas não parece que está totalmente parado. - falei apontando para um monte de papéis de presente e coisas espalhadas pelo sofá e chão.
- Estava tão agoniado, que peguei para ajudar minha avó a embrulhar os presentes. - ele se sentou no sofá e eu me sentei em uma poltrona ali perto.
- Aqui está querida. - ela me entregou uma caneca e um pratinho com biscoitos, ela era tão fofa e amigável.
Ela se sentou ao lado de no sofá, onde pegou um presente e começou a embrulhar com ele a ajudando.
- Eu posso ajudar vocês?
- Se quiser pode sim. é bem desajustado para essas coisas. – ele a olhou com um olhar meio magoado. – Desculpe meu querido, mas não falei nada além da verdade.
Me levantei levando a caneca e o pratinho e me aconcheguei ao lado de porém me sentando no tapete no chão.
Um tempinho depois eu já tinha conseguido embrulhar uns dois ou três presentes, enquanto conseguiu se enrolar para passar uma fita por uma caixinha de presente e em cima dar um laço na fita. Segundos depois a campainha da casa soou e a avó dele se animou se levantando.
- Chegou a hora de fazer meu crochê. Fiquei à vontade, crianças. – sorri olhando dela, para .
- Três dias por semana minha avó e algumas amigas se reúnem e fazem crochê enquanto fofocam.
- Deve ser algo bem interessante.
- Se você gosta de fazer crochê e de fofocar, é sim. - olhei para ele novamente e rimos.
Estava tão concentrada em embrulhar um presente que só voltei a realidade ao tomar um susto quando soltou um "merda" meio alto.
- O que aconteceu? - olhei para o mesmo que tinha o dedão na boca chupando uma parte do dedo.
- Cortei meu dedo, com a folha.
- Como conseguiu isso?
- Eu não faço ideia.
- Onde tem band aid?
- No armário do banheiro lá de cima.
Ele terminou de falar, pedi para esperar um momento e fui até o andar de cima, ao subir as escadas comecei a reparar em uns quadros pendurados na parede na qual não tinha conseguido reparar no outro dia ao trazer após o hospital. Haviam fotos dele bebê, dele adolescente com a avó e fotos dele em sua formatura do ensino médio, logo ao lado uma foto de sua formatura na faculdade. Em todos ele e sua avó sorriam alegremente. E uma fotografia em específico me chamou a atenção e fiquei me questionando sobre algumas coisas. Na fotografia sorria abraçando um casal na qual eu imaginava ser seus pais.
Mas onde eles estariam? Eles será que moravam aqui? Será que haviam falecido?
Deixei de lado aquelas perguntas por um momento e fui até o armário do banheiro onde peguei o curativo e voltei ao andar de baixo, me sentando ao lado dele novamente dessa vez no sofá.
- Me dê aqui seu dedo.
- Não vai doer vai? - ri de seu jeito criança.
- Não, fique tranquilo. Só irei colocar o band aid. - abri o papel do curativo e com cuidado fui colocando no corte que ele havia feito. - Posso te fazer uma pergunta meio pessoal?
- Pode sim.
- Os seus pais moram aqui na cidade também?
- Eles na verdade vivem na Inglaterra. Eu morei com eles lá até terminar minha faculdade, depois decidi vir pra Irlanda do Norte ficar com a minha vó, cuidar dela e trabalhar.
- Entendi. Eles vem sempre visitar vocês?
- Sim, quando não vai eu e minha avó visitar eles. Mas esse ano eles não vem para o natal, talvez venham somente para o ano novo.
- Entendi. - olhei para ele sorrindo. - Prontinho mocinho, cuidado para não se cortar novamente.
- Isso não poderei garantir. - ri com sua fala. Coloquei os papeizinhos do band aid em cima da mesinha voltando meu olhar para ele, na qual o mesmo pegou minha mão fazendo carinho com seu polegar nas costas da minha mão, sua concentração era em olhar dos meus olhos para minha boca e meus olhos percorriam o mesmo caminho que os seus.
Meu coração parecia querer pular pela boca, era uma sensação tão incrível estar com , ele trazia a calmaria que meu coração tanto necessitava ao mesmo tempo que ele o deixava enlouquecido, por seus carinhos, palavras e beijos.
Sua mão foi da minha mão para a lateral de meu rosto, onde brevemente fechei meus olhos na tentativa de marcar bem aquele momento em minha memória. Todos os momentos passados ao lado de valem a pena serem eternizados na memória.
Seu rosto vagarosamente foi se aproximando do meu, eu podia sentir sua respiração tocar meu rosto, e em seguida senti seus lábios sobre os meus. O beijo não tinha pressa alguma, e nem precisaria o mais importante já estava acontecendo que era eu e ele estarmos novamente juntos ali. Era mais um dos números momentos em que eu queria parar o tempo. Cortamos o beijo quando ouvimos passos apressados e a avó dele entrando na sala apressada e eufórica. Mas se acalmou ao sentir que havia interrompido algo.
- Me desculpe por interromper.
- Não tem problema, vó. - ele disse e eu me virei totalmente para ela sorrindo, a tranquilizando que não havia do que se preocupar.
- É que eu queria te perguntar querido, se você poderia arrumar uma árvore de natal para Meredith?
- Eu vou sim vó. Igual a do ano passado?
- Se conseguir encontrar.
- Tudo bem.
- Ótimo. - sorriu empolgada e saiu da sala, parecia que era ela quem iria procurar e decorar a árvore tamanha empolgação e sorriso. Me virei para ver o sorrindo.
- Você topa me ajudar nessa missão? - fingi pensar um pouco em sua proposta, mesmo já tendo a resposta. Ele pegou minha mão novamente as entrelaçando ansioso pela resposta.
- Eu topo sim.
- Perfeito. - seus lábios foram novamente até os meus, sorrindo entre o beijo e me fazendo sorrir junto.

***


Distraída sentada no chão em frente a cômoda, com uma caneca de chocolate quente ao meu lado eu arrumava minhas roupas, consegui tirar um tempo na qual eu não estava com preguiça ou cansada demais para tirar as minhas roupas das malas, dobra-las e guardá-las nas gavetas, ou pegar as poucas peças desorganizadas que tinham nas gavetas e arrumar-las.
Eu estava tão concentrada no que fazia enquanto criava teorias aleatórias sobre minha vida na minha cabeça, que levei um susto ao ouvir batidas na minha porta. Coloquei a minha mão em meu coração enquanto me levantava do chão.
- , você anda muito assustada. Eu em. – falei comigo mesma.
Abrindo a porta tentei entender o que fazia ali.
- Olá. – sorriu.
- Olá. – sorri de volta para ele. – Você não estava de repouso?
- Eu estava. Mas já estou melhor, vim ver se quer ir comigo ver a árvore de natal.
- A de Meredith?
- Isso.
- Vamos sim, só vou pegar meu casaco.

- Qual técnica você usa para encontrar a árvore? - perguntei para enquanto andávamos por aquele imenso lugar aberto, com inúmeros pinheiros dos mais pequenos até uns bem enormes cobertos com um pouco de neve.
- Eu não tenho nenhuma técnica. - ele me olhou sorrindo.
- E como tem certeza que é a perfeita?
- Eu não tenho. Eu as observo e é como se ela piscasse para mim e então a levo para casa.
- Interessante.
Após isso fiquei observando atentamente cada árvore enquanto observava também . Então uma em específico me chamou a atenção, estava bem verdinha, era grande e bem cheia.
Parei e observei ela por um momento, atraindo a atenção de para mim.
- O que acha dessa, daqui?
- Gostei dessa. - o olhei sorrindo, que sorriu de volta para mim. – Vamos levar essa daqui.
Ele chamou um dos funcionário do local, na qual ele indicou a árvore que queríamos e o funcionário se prontificou em pegar e arrumar a árvore para levarmos.

Com a árvore devidamente acomodada no teto do carro percebemos então que ela era maior do que pensávamos.
- Será que não corre o risco do teto do carro afundar não? Ela parece pesada.
- Acredito e espero que não. – nos olhamos por um momento antes de dar partida.
Seguimos assim até a casa de Meredith onde descemos e tocou a campainha, Meredith segundos depois atendeu sorrindo ao nos ver.
- querido, é bom te ver novamente.
- É bom vê-la também Meredith.
O olhar dele então foi até mim que continuou sorrindo.
- E essa bela moça quem é?
- Sou a .
- Prazer em conhecê-la querida.- foi até mim me abraçando. – Annie me falou de você.
Nesse momento olhei para que deu levemente de ombros rindo silencioso, e tive quase certeza que muitas pessoas na cidade já deveriam me conhecer como a “namorada do ”, mesmo que não fosse oficial.
- Prazer em conhecê-la também. – respondi após sairmos do abraço.
- Vim te trazer sua árvore.
- Ah querido, muito obrigada.
- Tenho certeza que irá gostar, quem escolheu dessa vez foi .
- Tenho certeza que é perfeita. – ela me olhou novamente piscando para mim e eu sorri envergonhada.
Segui com de volta até o carro para o ajudar a pegar a árvore, ele conseguiu o tirar sozinho mas estava a todo momento por perto para lhe socorrer se preciso.
Com a árvore a postos na sala onde Meredith nos mostrou, começamos a cortar a proteção que estava à sua volta, que mantinha seus galhos fechados e fácil para ser transportado. Estava indo tudo bem, até que do nada um galho ao se soltar bateu com tudo em minha cabeça me fazendo grunhir com a pequena dor e o susto.
- Está doendo muito? – foi apressado até mim massageando o local onde o galho tinha acertado.
- Caramba, ando muito desastrada. – ele enfim não aguentou e gargalhou com o ocorrido. Dei assim um tapinha em seu braço. – É feio rir das desgraças alheias.
- O que houve? – Meredith retornou para a sala segurando uma caixa de papelão.
- Um galho acertou a cabeça da . – respondeu após conseguir se recompor.
- Está tudo bem, querida?
- Está sim, foi mais um susto.
- Tudo bem. Trouxe comigo alguns enfeites. – ela se sentou no sofá animada para rever os enfeites. – Venham aqui, vou lhes mostrar.
Cada um sentou em cada lado dela e conforme ela ia tirando os enfeites ela contava as lindas histórias de como, quando e porque havia as comprado. Ela ainda tinha guardada uma bola natalina antiga, ainda de vidro na cor dourada com glitter na qual tinha sido a primeira bola que havia comprado no primeiro natal após estar casada.
Um anjinho em porcelana ela ainda também mantinha guardada com muito amor e carinho perante a linda memória que tinha. Meredith e seu marido tinham um filho na qual nasceu na noite de natal, e para celebrar a chegada de seu primogênito o marido de Meredith passando por uma loja parou ao avistar um anjinho de porcelana na vitrine. Então aquele anjinho passou a ser do primeiro filho deles.
Depois de passarmos mais um longo tempo conversando com ela, decidimos que era hora de ir embora. Nos despedimos e assim fomos até o carro e foi em direção a pousada.
- É linda as histórias da Meredith.
- E aquelas ainda não foram todas, ela tem muitas histórias para contar. – falou após estacionar o carro e frente a pousada.
- Foi ótimo o dia de hoje.
- Que bom. E obrigado por me ajudar com a árvore.
- Não foi nada, sempre que precisar sabe bem onde me encontrar. – pisquei charmosa para ele, que semicerrou os olhos.
- Está flertando comigo?
- Está funcionando? – perguntei inocente lhe arrancando um largo sorriso enquanto tirava o cinto de segurança.
- Pode ter certeza que sim.
Se aproximou de mim adentrando os fios do meu cabelo com uma mão e me beijou ardentemente.

***


Era por volta da 01h30 da madrugada quando ouvi batidas de leve em minha porta, achando estranho resolvi me levantar da cama onde eu me virava de um lado para o outro sem conseguir dormir.
Ao abrir a porta lá estava ele, sorrindo lindamente. Franzi meu cenho achando estranho ele estar ali na pousada aquela hora da madrugada.
- O que faz aqui a essas horas? Não deveria estar dormindo já?
- Eu não tinha certeza se você queria me ver principalmente nessa hora, mas eu queria ver você. - eu não me importava nem um pouco com o horário, ele queria me ver.
- Eu também queria te ver. – seu sorriso se alargou ao saber daquilo.
- O que acha de darmos um passeio? - do lado de fora deveria estar congelando pela neve que caia e o horário que era, mas como eu iria recusar ter mais uma aventura com ?
- Só vou trocar de roupa e pegar meu casaco.
- Te espero lá embaixo. - piscou pra mim feliz e desceu as escadas, enquanto eu voltava para dentro do quarto sorrindo e chacoalhando a cabeça.
Tempinho depois lá estava eu descendo as escadas e encontrando ele sentado no sofá de frente para a lareira, e assim que ele me viu se levantou de imediato do sofá vindo até mim.
- Espero que goste do que tenho em mente.
- Veremos. - sorrimos e ele pegou minha mão entrelaçando nossas mãos, na porta da pousada ele pegou o guarda-chuva transparente o abrindo e ficando eu e ele dentro do guarda-chuva e seguimos até seu carro. No primeiro passa para fora da parte coberta da pousada fui recebida por uma rajada de ar frio, onde percebi que o casaco, e o cachecol e touca eram poucos para ajudar a me esquentar.
Dentro do carro se esticou para o banco de trás do carro onde pegou um casaco preto grosso.
- Vem cá. Coloque esse casaco irá te ajudar a esquentar. – aceitei de bom grado e ele me ajudou a colocar.
- Obrigada. Eu pensava que estava frio, mas não imaginava que estava tanto.
- A neve não para de cair. Mas pelo menos diminuiu a intensidade.
Ele ligou o carro e assim andamos por parte da cidade, eu poderia ver quantas vezes fosse mas eu nunca iria deixar de me admirar com as ruas, árvores e casas enfeitadas com bolinhas, enfeites e luzes natalinas.
Quando estacionou o carro percebi que estávamos em um parque aberto.
Ele me ajudou a descer do carro, e agradeci muito a mentalmente por ter aquele casaco, estava me mantendo bem quentinha.
Ele novamente abriu o guarda-chuva me abraçando e assim adentramos o parque abraçados. A grama e a pista de concreto do parque estavam cobertos pela neve, junto com as árvores também brancas pela neve, as luzes natalinas nas árvores junto com os flocos de neve que caia deixa a paisagem ainda mais bela.
- Eu tive uma ideia. – ele parou de andar e me olhou sapeca, mais uma vez estava pronto para aprontar. Ele saiu do abraço, me entregou o guarda-chuva e correu até um amontoado de neve onde era a grama verdinha do parque.
- O que está fazendo? - perguntei rindo ao ver ele se agachar e tentar mostrar uma bola grande de neve.
- Vamos fazer um boneco de neve.
- Acho uma ótima ideia, mas não temos os acessórios para montar ele todo. - me aproximei, colocando o guarda-chuva no chão próximo a nós e o ajudando a montar o boneco.
- Mas é claro que temos. - do bolso tirou cenoura e botões, ri de sua empolgação e orgulho por ter se lembrado de tudo. – Já vim preparado.
Com um pouco de dificuldade ele montou a bola maior que era o corpo do boneco e eu montei a menor que era a cabeça, e as colocamos uma em cima da outra onde nosso boneco de neve já estava praticamente pronto.
Ele me entregou a cenoura e assim coloquei na cabeça do boneco onde ficaria seu nariz, ele montou os olhos, boca e botões no corpinho onde seria tipo uma camisa.
Com ele pronto, olhei orgulhosa para .
- Mandamos bem. - ele disse estendendo sua mão e fizemos um high five. - A cabeça dele ficou melhor que o corpo. - falei provocando .
- Não, senhorita. A minha parte está melhor. - vi que ele havia se afetado ou fingir se afetar com meu comentário enquanto eu fazia sinal de não com o dedo indicador.
- Aí que se engana bonitinho. - ri me virando de costas e dando uns passos, quando me virei novamente me deparei com modelando uma pequena bola de neve comigo em sua mira.
- Não se atreva a jogar essa bola de neve em m-ah, filho da mãe. - antes que eu pudesse terminar a frase semicerrou os olhos e atirou a bola me acertando no peito. - Agora você está ferrado.
Ele ria mas assim que me viu montando uma bola e mirando nele, arregalou os olhos e tentou se esquivar mas consegui acertar a bola em sua perna. Enquanto eu comemorava por ter acertado, senti outra bola me atingir dessa vez na barriga. Ali então começou uma grande competição de quem jogava e acertava mais bolas um no outro, só sabíamos rir enquanto tentávamos desviar da mira um do outro.
- Ok, Ok. Peço trégua.
- Olha só quem já cansou. Concordamos então que eu ganhei né?! - me virei de costas para ele outra vez, eu não aprendia nunca. Ao me virar novamente para ele lá estava ele mais uma vez com uma bola de neve maior que as anteriores, tentei me proteger com as mãos e os braços mas acertou meu peito, com o susto e na tentativa de me proteger da bola de neve acabei me desequilibrando e caindo para trás, cai assim na neve fofinha. com medo de eu ter me machucado veio correndo até mim.
- Você está bem?
Ao ver sua feição preocupada e relembrando de como meu tombo aconteceu, cai na gargalhada deixando um pouco confuso.
- Estou ótima.
Aproveitei que estava deitada na neve e mexi meus braços e pernas formando assim um anjo na neve. Quando estava pronto e eu cansada de me mexer, estendi meu braço na direção de .
- Me ajuda a levantar. Por favor. – rindo ele me ajudou ele me ajudou a levantar.
Ao me puxar levantei com certa rapidez, e ele me segurou me abraçando. Ficamos um tempo nos encarando quando ele sorriu e seu polegar foi até meu olhos que automaticamente o fechei, e ali seu dedo passou com delicadeza. - Flocos de neve ficaram presos em seus cílios.
Após tirar ele voltou a me observar com atenção de forma séria, eu estava preparada e esperava ansiosa pelo beijo que eu torcia para acontecer ali. Estávamos no cenário perfeito com o clima entre nós bem propício para isso. Mas o beijo não aconteceu quando percebemos que mais uma vez a bipolaridade do tempo fez com que caísse mais neve do que segundos antes.
- Vou pegar o guarda-chuva.
No momento em que ele se afastou um pouco eu tive a brilhante ideia de tentar pegar flocos da neve com a linguá. Quando ele virou novamente para mim o guarda-chuva em mãos já aberto, se deparou comigo com a língua para fora tentando pegar flocos de neve. Ele ria, divertido com a minha tentativa, mas acabou que ele entrou na mesma onda. Parecíamos duas crianças.

De volta a pousada fez questão de me deixar na porta do quarto.
- Obrigada pelo passeio. Me diverti demais.
- É sempre ótimo estar na sua companhia.
- Obrigada pelo casaco, vou devolver o mais rápido possível.
- Fique com ele.
- Mesmo?
- Ele fica melhor em você. Gosto de você o vestindo.
Ele dessa vez estava mais perto e assim tirou uma mexa do meu cabelo do meu rosto o colocando atrás da minha orelha.
Nossos lábios se encontram finalmente em um beijo apaixonado. Um de seus braços ficou em volta da minha cintura e sua outra mão foi até a lateral do meu rosto, na tentativa de me levar para ainda mais perto dele, enquanto o beijo se intensificava.
Faltando ar em nossos pulmões ele quebrou o beijo encostando nossas testas por uns segundos.
- Boa noite, .
- Boa noite, .
Ele vai embora, mas a sensação do calor de suas mãos em minha pele continuam.

***


Eu passava meus dedos atentamente pela lombada de cada livro ali na prateleira atenta a cada título. Estávamos eu e na biblioteca da cidade, onde ele fez questão de me apresentar cada partezinha do local com calma.
O lugar era lindo, consideravelmente grande com janelas grandes de vidro e sua arquitetura era toda em madeira aparente.
Um título me chamou a atenção e assim o puxei o tirando da prateleira e antes de sequer abrir o livro, minha atenção foi para outra coisa. Outra coisa não, uma pessoa, do outro lado atento a um livro que lia uma de suas páginas. Sorri com a visão que estava tendo, ele já era lindo, estando então concentrado com um livro na mão era ainda mais lindo. Ele pareceu perceber que eu o olhava e me olhou de volta dando um sorriso de canto. Assim dei a volta indo ao encontro de do outro lado.
- Parece que encontrou um interessante.
- Encontrei. Na verdade eu estava a muito tempo procurando pelo exemplar deste livro. - falou fechando o livro e me olhando. – Finalmente tive a sorte de o encontrar.
- E qual é esse livro?
- O pequeno príncipe exemplar de 1943.
- Nossa é a primeira edição.
- Durante a segunda guerra mundial.
- Que incrível. Posso ver?
- Claro. – com cuidado o peguei e admirei sua capa. - “O verdadeiro amor nunca se desgasta. Quanto mais se dá mais se tem.”
Citei esse trecho do livro ao folhear suas páginas e parar na página onde tinha aquela frase, logo após olhei para que tinha sua total atenção para mim.

***


- Não é tão difícil quanto parece ser. - ri enquanto me curvava até que estava ao meu lado.
A pousada estava oferecendo aos hóspedes que queriam, um momento para nos juntarmos e montarmos casas de biscoito de gengibre.
- Eu sou péssimo para isso. Eu só sei mexer em casas de verdade. - tentou se explicar ao não conseguir deixar uma das paredes da casa em pé. - Mas é simples, bastante glacê irá mantê-las e pé.
- Não adianta, é a minha quinta tentativa em manter essa parede em pé.
- Iremos conseguir, seja positivo.
Com calma então passei bastante glacê na base onde estávamos montando a casa e entre as paredes que iria ajudar na sustentação. Com calma então encaixei a parede e num passe de mágica chamado glacê, ela ficou em pé sem danos.
Nós olhamos e começamos a vibrar pelos meus talentos na confeitaria.
- Mandou bem. - ele elevou sua mão para o alto onde bati a minha palma da mão na sua em um high five.
- Falei que iria dar certo.
Continuamos assim a confeitar nossas casinhas, eu estava concentrada em fazer a minha com bastantes detalhes e que enchesse os olhos de quem a visse.
No final os resultados não ficaram tão ruins, bom a de eu não poderia dizer o mesmo, ele não leva mesmo jeito para coisa. Os doces começaram a cair do detalho, o glacê não sei porque não tinha dado muito certo com ele. Porém o mesmo sorria orgulhoso de sua arte na casinha de biscoito de gengibre.

Subi de volta para meu quarto com me acompanhado.
- Para, eu fiz um ótimo trabalho na minha casinha.
- Claro, ficou incrível. - caímos na gargalhada ao sabermos que aquilo não era verdade. - Foi divertido.
- Foi sim. - estando de frente um para o outro ele passou suas mãos por meus braços até chegar em minhas mãos onde as segurou. - Eu tenho um plano para um encontro de verdade, entre nós dois.
- Mesmo? E qual é o plano?
- Logo você saberá.
- Vai mesmo me deixar na curiosidade?
- Por enquanto sim. - ele sorriu sapeca e eu fingi estar magoada. - Fazer bico não irá funcionar comigo.
- Poxa, que pena.
Sorrimos e nisso ele juntou nossos lábios em um beijo.
Eu já estava ansiosa para nosso encontro.

***


- Como prometido, essa noite será a recompensa do desastre que foi parte do nosso encontro na pista de esqui. - Ri lembrando do ocorrido naquele dia.
- Sabe que não precisa se preocupar, foi divertido. - ele levantou uma sobrancelha, como querendo entender qual arte tinha sido divertida. – Menos a parte de você ter sido atropelado por uma criança.
Falei sorrindo segurando o riso, mas ele não aguentou rindo com os olhos fechados por um momento.
- Mas de qualquer forma, quero te recompensar ao termos um encontro tranquilo. Você foi incrível comigo.
- E faria novamente. – sorri e seus olhos pareceram brilhar.
- Agora iremos entrar nesse restaurante maravilhoso e ter um jantar seguro e incrível. - ele deu um sorriso ao dizer e eu retribui.
- Tudo bem.

Naquela tarde ao chegar na pousada após uma pequena caminhada pelo bairro onde comprei umas bugigangas natalinas, até porque estar naquela cidade sendo eu é não conseguir deixar de comprar adornos natalinos. Ao entrar em meu quarto e fechar a porta, notei um envelope no chão. Ao abrir e ler seu conteúdo não pude conter um enorme sorriso.

Querida,
Essa noite dedico somente a nós dois. Te espero ansioso nesse endereço.
Ass:


Para aquela noite especial vasculhei minhas malas e roupas atrás de uma roupa fantástica, e assim que peguei um vestido de tecido de cetim fosco na cor preta, com decote ombro a ombro, na qual seu comprimento era até o joelho e fenda na perna esquerda soube que seria aquele.
Após o banho coloquei o vestido, deixando meu cabelo solto cacheado, com uma maquiagem mais leve puxada para o marrom quase natural, batom nude, meu melhor perfume e sapato de salto não muito alto, mais grosso, aberto na cor preta.
Após estar totalmente pronta, me olhei no espelho e não pude deixar de me sentir linda e confiante. Sorri verificando se o batom não estava borrado e sai do banheiro indo até a porta e ali pegando meu casaco longo preto, o vestindo, peguei a bolsa e assim saindo do quarto e da pousada rumo ao restaurante onde me esperava.
Assim que o táxi estacionou em frente ao restaurante minhas mãos começaram a suar ao ver ali na frente à minha espera.
Poderia acontecer inúmeros encontros e momentos entre mim e ele, mas sempre parecia ser a primeira vez, o nervosismo e as sensações sempre eram as mesmas, coração acelerado, leve tremedeira nas pernas e mãos querendo suar.
Paguei o taxista o agradecendo e desci do carro, quando meu olhar se encontrou com o de seu sorriso era enorme ao estar me vendo. Com cuidado para não cair ou escorregar na neve e levar um tombo, e aproximei dele.
- Você está maravilhosa. – até sua forma de falar era de total admiração.
- Você está lindo também. – ele vestia calça jeans, com camisa social e casaco comprido preto. Seu perfume era uma delicia, ele estava simplesmente maravilhoso.
- Vamos entrar? – me perguntou estendendo sua mão para mim.
- Vamos sim. – aceitei sua mão, onde as entrelaçamos.
Ao entrar no restaurante fomos recebidos pela hostess na qual informou seu nome com o qual fez as reservas, estando tudo certo, ela perguntou se queria que pegasse nossos casacos e assim aceitamos, ele tirou o dele primeiro entregando a ela que guardou ali perto, e seguida foi minha vez. Estando sem o casaco com o vestido totalmente amostra percebi respirando fundo enquanto percorria seu olhar por todo meu corpo, tentei me segurar para não ficar vermelha de vergonha. Então sorridente a hostess nos pediu que a seguíssemos até sua mesa.
Ainda de mãos dadas com Berardo durante o curto caminho até à nossa mesa, eu observava a decoração do restaurante que com o Natal se aproximando trouxe luzes, árvores e festões, com música mais natalinas gostosas de ouvir, tocando pelo restaurante.
Ao chegarmos em nossa mesa, agradecemos a moça e sorrindo puxou a cadeira para que eu pudesse me sentar.
- Obrigada. – me sentei e ele piscou para mim, indo até o outro lado da mesa e se sentando na cadeira à minha frente.
Segundos depois o sommelier foi até nossa mesa, pronto para anotar nosso pedido de bebidas.
- O que você nos indicaria? – perguntou a ele.
- Eu indicaria o vinho fino tinto seco, Aurora Gran Reserva Tannat safra 2018.
- Perfeito. Obrigado. – ele fechou a carta de vinho voltando seu olhar e atenção para mim.
- Esse lugar é incrível.
- Fico feliz em saber que gostou. Fiquei com medo de que não te agradasse. – sorrindo ele pegou minha mão segurando em cima da mesa.
- Imagina, eu amei esse lugar. - Começou então a soar pelo restaurante uma música natalina de Frank Sinatra. – E acaba de ficar ainda melhor.
Logo após nosso vinho chegou, o garçom assim serviu nossas taças saindo em seguida.
Fizemos nossos pedidos um tempinho depois, não demorando a chegar até nossa mesa a comida. Durante o jantar conversamos sobre algumas coisas aleatórias, porém nos preocupamos mais em saborear aquela comida maravilhosa naquele momento.
- O que achou da comida? – mesmo já sabendo a resposta perguntou sorrindo.
- Simplesmente incrível. – sorri de volta.
- Quer pedir a sobremesa?
- Eu aceito.
Ele chamou o garçom que prontamente nos atendeu anotando o pedido de nossas sobremesas, a minha ia chocolate e a de ia calda de framboesa.
Não demorando muito o garçom retornou trazendo nossas sobremesas, quando coloquei o primeiro pedaço em minha boca olhei para com os olhos meio arregalados, ele pareceu ficar sem entender o que eu queria dizer.
- Isso está fantástico.
- O meu também está. – disse ele todo orgulhoso do pedido que havia feito. – Quer provar um pouco.
Dei um pequeno sorrisinho na qual ele já entendeu que eu aceitava, com cuidado ele levou o garfo com a sobremesa até minha boca.
- Meu Deus, esse lugar me conquistou. Ambas as sobremesas estão perfeitas. Quer provar do meu?
- Aceito. – sorrindo ele disse, e assim fiz como ele, levei um pedaço do meu no garfo até a boca dele. Que fez graça saboreando lentamente a sobremesa, como quem iria julgar seriamente como estava a sobremesa.
- Está gostoso, mas eu ainda acho que o meu é melhor. – falou ainda todo cheio e de forma séria.
- Como você é bobo. – ri o fazendo rir junto comigo.
Após finalizarmos o jantar e a sobremesa, ficamos ainda um tempinho sentados na mesa, um momento conversando mais seriamente, no outro nos olhando sorrindo e tocando nossas mãos por cima da mesa.
Decidimos que era a hora de irmos embora, então ele chamou um garçom pedindo assim a conta. Logo em seguida veio um moço todo de terno nos entregando a conta, e lá se foi mais uma tentativa falha de dividir a conta com , ele não permitiu de forma alguma.
Com a conta paga seguimos até a entrada do restaurante, na qual a mesma moça que havia nos recebido pegou nossos casacos, ele vestiu o seu primeiro pegando o eu em seguida me ajudando a colocá-lo.
entrelaçou nossas mãos novamente e saímos do restaurante, mas paramos quando vimos que a neve continuava a cair dessa vez um pouco mais intenso.
- Se corrermos até o carro, conseguiremos não congelar muito. – ele informou. - Tudo bem, vamos lá. – me preparei para correr e tentar não escorregar.
Saímos do lugar coberto para a neve correndo de forma segura ao mesmo tempo que riamos, ao atravessarmos a rua e estando em um lugar seguro sem correr o risco de sermos atropelados, mas ainda debaixo da neve que caia andamos dessa vez com mais calma.
Ainda segurando minha mão ele a elevou para o alto, e assim girei devagar e rindo voltei para ele dessa vez estando mais próxima, com as duas mãos dele em minhas costas e minhas mãos em seus braços, e meu coração sentiu até demais dessa vez essa nossa aproximação.
Seu sorriso diminuiu enquanto me olhou por uns segundos atentamente, como que queria guardar na memória exatamente cada detalhe meu.
– Você tira o meu fôlego . – eu não soube o que responder de imediato aquilo, mas meu coração respondeu com um solavanco ao vibrar. – Eu realmente, realmente quero você.
- eu-
- Você é a pessoa mais incrível, incrível e linda que já conheci. E não quero dizer um adeus ou mesmo que seja só um até logo. – ele se apressou em dizer, antes que eu pudesse sequer terminar a frase que havia começado.
- E se não precisarmos dizer?
- O que quer dizer? – seu olhar agora eu podia ver que havia esperança.
- Eu não quero ir embora. E dessa vez não é como o ano passado em que disse isso e mesmo assim tive que ir. – um sorriso começava a aparecer em seu rosto. – Eu voltei por você, voltei pra ficar com você. Eu não vim para voltar depois.
- Você está de volta para sempre?
- Se me aceitar, sim.
- Mas é claro que sim amor. É o que eu mais quero. – ele me abraçou mais apertado, de forma que elevou meus pés do chão dando uma voltinha comigo. Eu sorria largamente principalmente ao ouvir pela primeira vez e chamar de amor, uma alegria enorme tomou conta do meu peito.
Ao me colocar de volta no chão, ele voltou a falar.
- E sua família? O seu emprego?
- Eu irei visitá-los, e eles irão vir me visitar. Eles somente desejam que eu vá em busca da minha felicidade, e a minha felicidade está aqui. Enquanto ao meu emprego, irei continuar como sempre estive, mas daqui mesmo. Na qual estou tendo muitas oportunidades também.
- Eu não consigo acreditar ainda que isso é real.
- Pois acredite. Estou aqui dessa vez e para valer.
Sem pensar uma única vez sequer nos beijamos, um beijo apaixonado. Um beijo de finalmente estamos onde tanto desejamos estar, nos braços um do outro. Debaixo da neve, enquanto ela caia sobre nossas cabeças, na qual ela parecia estar celebrando junto com a gente nosso amor.
Meus dias de dezembro estavam sendo os mais incríveis, não só pela época natalina que eu tanto amava mas por me entregar, me arriscar no amor e ter sido recebida de braços abertos.
Não se trata de encontrar alguém que o complete, mas sim de encontrar alguém que o ajude a se completar. Eu o havia encontrado, e essa pessoa era .
A vida envolve riscos, e o amor é o maior deles.




Fim



Nota da autora: Sem nota.

Outras Fanfics:


Shortfic:
» Christmas Memories [Originais - Shortfic]


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