Última atualização: 22/10/2021

Prólogo

22 de dezembro de 2015

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Nova York
"E o El Clássico de ontem ficou para a história. Real Madrid perdeu por 4x0 do Barcelona, em casa, parecia que o Bernabéu tinha virado Camp Nou! Os torcedores do Real saíram quase em desespero, enquanto os do Barça permaneceram e cantaram, assim como os jogadores dentro de campo. A situação do Real Madrid é lamentável; o grande espanhol está caindo e ninguém pode evitar isso."
estava com raiva. E tinha razão para estar, seu time do coração tinha perdido para o maior rival em casa, e como se a derrota vergonhosa não fosse suficiente, os meios de comunicação do mundo inteiro faziam o favor de estampar a derrota blanca.
- Desliga o rádio, por favor? - a negra pediu ao motorista, que mesmo contrariado, obedeceu sem reclamar.
Bufou no banco de trás. Que merda de jogo tinha sido o de ontem? Foi simplesmente ridículo, reclamou inaudivelmente. Aquele não era o Real Madrid que estava acostumada a torcer; aqueles jogadores eram gazelas perdidas em campo. Eles estavam sendo pagos para jogar, e não para passar vergonha em pleno Santiago.
Quanta saudade tinha do Ancelotti, o atual técnico nada mais é que um lixo para um time da grandeza do meu Real, pensou enquanto alguma ídola teen tocava no rádio.
Seu celular tocou e quis jogá-lo pela janela assim que viu o nome que brilhava na tela, a negra não queria falar com ninguém, piadinhas não seriam bem-vindas naquela situação. Mas o nome continuava a brilhar, como se a chamasse para atender.
Enrique Ávila não tinha desistido de falar com a namorada.
- ? – perguntou assim que escutou a respiração dela.
- Oi, Rik.
- Onde você está?
- Estou indo para um ensaio fotográfico com Dave.
- Ah, certo. Hoje tenho dia livre... Você volta hoje, não é?
- Sim, se não tiver atrasos, chego às onze da noite.
- Vou buscar você no aeroporto, certo?
- Não precisa, Rik. Eu posso pegar um táxi.
- , não tente dizer não. – riu, sozinho. - Eu sinto sua falta.
- Foram longos meses. - a garota suspirou e escutou a risada baixa do namorado, como se ele estivesse concordando.
- Três meses. Passei todos eles contando os dias para você voltar.
- Só foram três meses, já passamos mais meses separados. - lembrou o namorado e ele riu novamente. Enrique estava muito risonho e ela sabia o motivo, mas não ia dar o gostinho dele saber que ela estava com raiva. - Vou desligar, certo? Nós nos falamos depois.
- Estarei no aeroporto às onze. Eu amo você, Lani.
- Eu também.
- Você também o quê?
- Eu também amo você, Rik.
desligou a ligação e respirou fundo, ela sabia que o namorado não tinha feito nenhuma gracinha ao telefone porque iria fazer o dobro quando eles estivessem a sós.
Para , Enrique Ávila era o melhor namorado que poderia pedir, eles estavam em uma relação que iria completar dois anos. Segundo ela, tinham poucas brigas, e apesar do vai-e-vem das carreiras, sempre tinha espaço para os dois.
A negra só achava um único defeito no namorado. Ele jogava, e torcia pelo time que ela mais detestava no mundo: Barcelona.
O tal Barcelona que tinha dado de quatro a zero no time que ela torcia desde que se entendia por gente. Enrique era atacante, artilheiro e capitão do time catalão, super respeitado, tanto pelos jogadores do clube quanto pela mídia futebolística. Rik Ávila era um ídolo para o Barcelona.
E morria de raiva daquilo.
- Chegamos, senhorita . - o motorista avisou e prestou atenção onde estava. Era um grande estúdio de fotos que ficava no centro de Nova York, a cidade que tinha sido sua casa por três meses.
era atriz.
Ela era uma mistura no DNA, descendente de polinésios e africanos, graças a família do pai, e franceses; nascida em um interior da Inglaterra que ficava a 120 quilômetros da grande Londres. Aos 12 anos, depois do pior acidente de sua vida, a família composta pelo pai e irmão mais velho, se mudou para Los Angeles. fez curso de teatro assim que o irmão ingressou no colégio de música da cidade. Ela conseguiu alguns papéis para séries infantis, e teve o talento reconhecido quando fez participação na série adolescente The Vampire Diaries. Foi convidada para filmes, e estava em Nova York apenas para cumprir as últimas coisas do trabalho, fotos de divulgação para o novo filme que ia estrelar pela primeira vez como personagem principal.
O irmão, que tinha entrado no colégio de música, não ficou para trás. Foi descoberto por um agente em uma das apresentações no teatro, e foi contratado por uma produtora pequena. Ives foi a sorte grande da produtora, ele explodiu e agora era um ídolo teen. Ganhava milhões e mal tinha tempo para respirar, mas ele adorava.
Os dois só tinham conseguido tudo aquilo graças ao senhor . O pai que os criou sozinho quando a mulher os deixou, tinha apenas um ano de vida. E era por aquele motivo que a menor era muito grata ao pai, tudo o que tinha era por causa dele. Ele nunca tinha deixado de acreditar nos sonhos da menina, principalmente quando ela quis se mudar, aos 19 anos, para a cidade que era seu sonho de menina.
A grande Madrid.
E lá morava desde então.

⚽️


Lavenham
fechou a última mala que tinha e saiu do quarto a passos lentos, depois de tantos erros, ele finalmente tinha encontrado paz em casa. E estava deixando o lar novamente.
Deixou a mala próximo ao sofá e correu para abraçar a mãe, que derramava lágrimas ao ver todas as malas ali. Sue amava o filho mais do que qualquer coisa, e não importava o que fizesse, ele sempre ia ser o seu pequeno protegido. Mesmo já tendo experiência com a mudança do filho para Manchester anos atrás, ainda era dolorido ver o filho sair de casa.
Ainda mais para Madrid.
A Espanha parecia tão longe.
- Vai ficar tudo bem, mãe.
- Eu não quero ver você metido em confusão, viu? Você trate de se comportar, Sunshine.
- Sunshine, mãe? – perguntou, em tom de brincadeira.
Sunshine era o apelido que Sue tinha dado para o filho desde que soube que estava grávida. Ele era o pequeno raio de sol e esperança dela, e foi por conta dele que não desistiu de tudo em Lavenham. Ela já não se sentia sozinha, fazia com que tudo valesse a pena.
- O Sunshine da mamãe. - Sue brincou, e ele riu. sentia falta de rir verdadeiramente. Tinham sido tempos difíceis em Manchester, mas ele voltou para casa e superou. Sue estava orgulhosa.
A campainha tocou e levantou do sofá num pulo, abriu a porta de casa e nem deixou o senhor falar. Tomou Kalani nos braços e perdeu o tempo que ficou abraçado com o homem que considerava seu pai. Kay era a única presença masculina que teve na infância e depois que se juntou ao Manchester United. Ele não conhecia o pai biológico, e não fazia questão alguma de conhecer o homem que abandonou sua mãe com um feto no ventre.
- Vamos, pequeno Gafanhoto?
- Sim! Mamãe não está se aguentando, e tá chorando igual a uma criança.
- Deixe sua mãe, viu? Eu sei que você vai chorar assim que entrar no avião.
riu e Kalani deu tapinhas em suas costas, os dois colocaram as malas dentro do carro e se despediu mais uma vez da mãe. Sue nunca ia se acostumar com aquela situação.
- Eu venho assim que tiver uma folga prolongada, certo?
- Você não apronte em Madrid, entendeu? Eu vou buscar você na mesma hora que souber de algo.
- Me ligue antes para eu poder limpar a casa.
- Sem empregadas, como você está mudado Gafanhoto. - Kalani elogiou e passou as mãos pelos cabelos grandes e loiros do menino.
- Obrigado por isso, Kay. - os dois se abraçaram forte.
Kalani deixou no aeroporto e esperou duas horas, até o voo ser chamado. Como previsto, chorou quando o abraçou pela última vez. Tinham sido dois meses de aprendizado para o loiro, e Kay tinha sido essencial naquele processo.
acenou para Kalani e entrou na sala de embarque, em menos de meia hora já estaria no avião que ia levá-lo rumo a sua nova vida.
Rumo a Madrid.


Capítulo 01



Madrid

não estava nem a vinte minutos em Madrid e o aeroporto já estava repleto de jornalistas. Também pudera, tinha passado dois meses fora dos noticiários.
Dois meses sem se meter em problemas, sem ter fotos suas nas baladas mais bem frequentadas de Manchester com mulheres belas, e muito menos notícias de compras de carros novos. Mas agora, iria voltar a estampar as primeiras páginas dos jornais, o príncipe problema da Inglaterra estava desembarcando na Espanha.
- , , uma palavra para o Sport. - o jornalista, que já tinha assinado matérias terríveis, e muitas vezes mentirosas, sobre , perguntou. - O que você veio fazer aqui? Desistiu dos problemas da Inglaterra?
- Eu só vim fazer o que faço de melhor, cara. – respondeu e passou pelos jornalistas sem dizer mais uma palavra. Andou por mais alguns metros e finalmente seus olhos bateram num homem, que segurava uma plaquinha com seu nome e sobrenome.
- Senhor , está pronto para ir?
- Como nunca estive. - respondeu, o motorista sorriu e os dois foram direto para o estacionamento do aeroporto.
O motorista destravou o Veloster preto, que percebeu ser um dos últimos lançamentos da marca, e desejou ter um na sua nova garagem. era alucinado por carros e isso tinha lhe causado gastos desnecessários em Manchester.
- Alguma mudança na rota ou posso levar o senhor diretamente para casa?
- Não me chame de senhor, por favor. Senhor está no céu, cara. – brincou, e o motorista se assustou com o jeito leve do jogador. Ele não estava esperando alguém agradável e educado, a mídia o descrevia tão diferente. Talvez não fosse tão ruim como espalhavam. - Me leve para casa, por favor. Aliás, você sabe como é essa tal de La Finca Villa? – perguntou. O motorista deu uma risada fraca, como o jogador não sabia como era aquele lugar?
- Você terá que ter cuidado para não se perder ali. – aconselhou, e coçou a cabeça, assustado. - La Finca Villa é gigantesca, . Você vai adorar.
- Valentina não me falou muito sobre o lugar. - mencionou sua nova empresária.
E não tão nova assim. Valentina tinha trabalhado com ele quando ainda era da base do Bradford City e o ajudou na mudança de Lavenham para a cidade do seu time de base, e, posteriormente, Manchester. Valentina o tinha visto crescer futebolisticamente e sempre havia o apoiado, mas não confiou a ela sua carreira no Manchester United. Talvez o grande erro de tivera sido trocar de empresário sem pensar muito.
- Você tem sorte de ter ela, então. O lugar é maravilhoso.
era realmente sortudo. E ele adorava o fato de ter tirado a sorte grande de estar em Madrid.

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Nova York

adorava os dias de sessões de fotos, mesmo odiando ficar horas sentada numa cadeira com um homem atrás de si, mexendo em seu cabelo. A pior parte de ser atriz, para ela, era viver mudando o cabelo. amava suas madeixas cacheadas e num tom que nunca sabia ao certo qual era, ora castanho claro, ora meio loiro, ora castanho escuro. Seu cabelo natural era uma mistura igual a ela.
Aquele era seu último dia em Nova York, depois de três meses morando na cidade. estava ali por conta das gravações do novo filme que ia participar, o primeiro sendo protagonista principal, e que iria estrelar com ninguém menos que Dave Franco.
amava Dave, ele era um dos seus melhores amigos, e aquele seria o terceiro filme que faziam juntos.
A morena levantou da cadeira onde estava sentada e passou a mão pelos cabelos que estavam lisos e totalmente castanho escuro com pequenas ondulações. sorriu e gostou do que viu, mesmo amando o seu natural.
- Dave já chegou? - perguntou ao virar para o cabeleireiro que estava acompanhando-a durante aqueles meses.
- Está na prova de roupa, a sua eu já escolhi. - Lyn respondeu, antes que Julian pudesse dizer uma palavra.
Lyn era a personal stylist de , e a morena gostava de denominá-la como raivosa, pois parecia que ela vivia em um estresse constante, mas a amava.
Lyn deu duas cruzetas de madeira para a menor, das duas opções de vestido, escolheu o vermelho de alça larga com decote tanto na frente quanto atrás. Ela calçou o sapato alto preto com detalhes prateados e a guiaram até onde o ensaio aconteceria.
- Maria chuteira! - Dave gritou assim que viu a morena passar pela porta. Saiu de onde estava e a envolveu em seus braços.
- Credo, sai. Não gosto de você.
- Realmente, você me ama. - Dave retrucou e o empurrou, o abraçando em seguida.
- Você está muito cheio de gracinha.
- Vou ter que te aturar o dia todo, . Eu mereço, né?
- Você é um ser humano horrível.
- Um ser humano horrível que você ama. Não negue, você chorou quando eu quase morri.
- Isso foi no filme, pura encenação. Se fosse na vida real, eu ia brigar com Jesus por ele não ter te levado de vez. - disse, Dave rolou os olhos e mostrou língua para a menor. Essa que lhe deu alguns tapinhas no ombro esquerdo, o abraçando em seguida.
- Ei, quinta série. O ensaio vai começar. - Lyn avisou e os dois foram em direção ao pequeno cenário que estava montado, era uma pequena sala de estar que contava com decoração antiga, os dois pareciam um antigo casal rico. Depois de duas horas de flashes, poses, inúmeras chamadas de atenção pela brincadeira dos dois - eles tinham que ter um ar de seriedade nas fotos -, e alguns sorrisos, o ensaio acabou.
e Dave tiveram apenas uma hora de almoço, os dois voltaram para o pequeno salão de beleza que foi montado especialmente para eles, e quando a produção terminou, foram conduzidos ao carro que já estava os esperando. Era o mesmo motorista que estava fazendo questão de escutar sobre a vitória do time catalão.
- Onde você acha que vai ser? - Dave perguntou quando eles começaram a trafegar pelas ruas de Nova York.
- Eu não faço a mínima ideia, Franco. - deu uma risada baixa e ele a acompanhou.
- Mas eu sei de uma coisa que provavelmente você não sabe, sabia que seu namoradinho fez dois gols no jogo de ontem?
- Cala a sua boca, Dave John Franco. – reclamou e bateu nos ombros do amigo.
- Você sabe que mesmo não sendo o maior fã de futebol, eu prefiro o Real ao invés do Barcelona, não sabe? – perguntou, e a morena fez que sim com a cabeça.
- Foi horrível, Dave. Nem parecia o Real Madrid, sabe? Parecia um time de segunda divisão.
- Que merda, só vi os noticiários. Seu namorado é manchete principal, vi uma que dizia "o Rei de Barcelona conquista Madrid". - Dave disse com uma voz engraçada, e rolou os olhos antes de rir. A morena achava todas aquelas manchetes desnecessárias, mesmo Rik sendo seu namorado. A verdade é que ela estava chateada demais com seu time do coração para ficar contente pelo feito de Enrique.
- Onde você estava, hein? – perguntou, a fim de mudar o assunto.
- Dormindo. - respondeu e sorriu torto, entendeu o seu sorriso e riu extremamente alto. Dave Franco tinha passado a noite com companhia.
- Chegamos, senhor Franco e senhorita . – avisou, e eles puderam ler a placa que estava em frente ao local.
- Esse lugar é maravilhoso – sussurrou, e Dave balançou a cabeça em modo afirmativo.
Os dois fizeram o ensaio externo num lugar chamado Coney Island, que se localizava no Brooklyn. Ali era um lugar maravilhoso, tinha uma pequena praia e um belo calçadão de madeira que percebeu lembrar muito os das cidades californianas. E o que e Dave acharam a melhor parte do local, era o antigo parque de diversões que ainda estava ali.
A sessão externa foi a mais demorada, pois, além das fotos, Dave e aproveitaram o local iguais a duas crianças de dez anos. Eles estavam, como Lyn dizia, parecendo garotos de uma quinta série.
- Acabou! – Dave disse ao roubar um grande pedaço do algodão doce rosa da menina.
- Compre um para você! – reclamou, quando ele enfiou o pedaço na boca.
- Além de Maria Chuteira, é egoísta, não sei como Enrique te aguenta. – riu alto do jeito que só ela sabia fazer.
Os dois comeram inúmeras besteiras pelo local, conversaram e tiraram fotos sem compromisso, até que deu a hora deles irem. Passaram rapidamente no hotel somente para fazer o check-out e buscar as últimas bagagens.
- Você vai para onde? - Dave perguntou assim que chegaram na sala de espera.
- Para casa e você?
- Canadá. – respondeu na mesma hora em que seu voo foi chamado, Dave fez beicinho e a morena o abraçou forte.
- São só quatro meses, Dave. - fez referência ao tempo que faltava para o filme ser lançado. - Não morra sentindo a minha falta. – Dave riu e apertou a morena ainda mais ao seu corpo. Ele adorava , a menina tinha conquistado sua amizade sem fazer nenhum esforço.
- Vou sentir só um pouquinho a sua falta. Qualquer problema é só ligar, já sabe, né?
- Pode deixar, Franco. E não esqueça de mandar um beijo para seu irmão. - brincou, Dave riu e deu um tapinha na testa da garota.
- Vou contar para o Enrique. - sussurrou.
- Nem se atreva, David John Franco – ralhou, fazendo o menino rir. Dave bagunçou seus cabelos, se despediu com um pequeno beijo em sua testa e foi para a sala de embarque.
Depois de alguns minutos ela já estava na primeira classe do avião, sentou na poltrona e assim que a aeronave decolou, encostou a sua cabeça na janela e fechou seus olhos.
Era bom voltar para a casa, pensou, antes de adormecer.



Madrid

Assim que entrou em sua nova casa, teve uma surpresa que o fez rir, mesmo a situação sendo mais trágica que cômica.
A nova casa era gigantesca, e ela não tinha mobília alguma.
Para falar a verdade, tinha um televisor de 60 polegadas, um sofá branco grande, uma poltrona da mesma cor, e uma pequena mesa. Andou pela casa e percebeu todos os quartos vazios, exceto por um que ficava no mesmo andar que a sala, era um quarto não tão grande quanto os outros, e contava com um banheiro, uma cama e um pequeno armário. Era o quarto destinado para a empregada da casa. riu e se jogou na cama, que, por sinal, era bem confortável.
perdeu a noção do tempo e só levantou da cama de solteiro quando o seu telefone começou a tocar. Era sua mãe.
- Sunshine!
- Oi, querida mãe.
- Você está bem? Já conheceu a casa nova?
- A senhora iria adorar, ela é gigantesca.
- Você já viu a piscina?
- Ela tem piscina? - perguntou, espantado, e pôde escutar a risada de sua mãe junto da de Kalani.
- Tem, sunshine. Ela é enorme também, foi Kai, Valy e eu que escolhemos a casa para você.
- Sem nenhuma mobília? - deu uma risada fraca e escutou novamente as risadas do outro lado.
- Você vai adorar ter o trabalho de escolher sua própria mobília. - Kalani disse.
- Obrigado, Kai. Vou precisar ir em busca de lojas de decoração.
- Acontece. - deu uma risada nasalada. - Você já ligou para Valy?
- Ainda não. Só sei que amanhã vou assinar oficialmente com o time.
- Ligue para ela, Valy tem novidades.
- Irei ligar. Obrigado pela casa, aliás. Eu adorei.
- O dinheiro dos seus carros ajudaram bastante. - Kai disse, e deu uma risada triste. O inglês sentia falta dos seus oito carros. - Vou passar para sua mãe, certo? Se cuide em Madrid, .
- Obrigado, Kai. Eu irei.
- Sunshine? - escutou a mãe novamente.
- Oi, mãe.
- Se cuide, certo? Quando eu for em Madrid quero ver essa casa toda mobiliada e um brinco.
- Pode deixar, irei fazer tudo certo dessa vez.
- Se cuide, meu filho. Eu amo muito você e quero seu bem.
- Vai ficar tudo bem, mãe. Eu prometo, e também te amo.
- Eu te ligo amanhã, certo?
- Até amanhã, então. Se cuide, mãe.
encerrou a ligação e começou a procurar o nome de Valentina na lista de contatos. Ele ia fazer de tudo para que em Madrid tudo ocorresse certo, não queria repetir os mesmos erros que quase o afundaram na lama em Manchester. Enquanto o telefone chamava, ele agradeceu por não terem desistido dele. Se não fosse assim, ele estaria perdido.
- !
- Oi, Valy. Tudo bom?
- Tudo ótimo por aqui e com você? Já está na casa nova?
- Já, e obrigado.
- Não por isso, qualquer coisa, tenho nomes de lojas de decoração. – disse, e soltou uma risada.
- Irei precisar. Mas minha mãe disse que você tinha novidades.
- Ainda não é nada certo, mas estou atrás de campanhas publicitárias para você. Irá ser bom, sabe? Tentar destruir a imagem do "príncipe problemático da Inglaterra que veio para Madrid".
- É assim que eles estão se referindo à minha pessoa?
- Alguns tablóides, as mídias futebolísticas estão mais preocupada em saber se é mesmo com o Real Madrid que você vai assinar. Ainda é um mistério para eles. - soltou uma risada.
- Nem se recebesse o maior salário do mundo eu jogaria no pequeno da Catalunha. Jamais, Valy.
- Eles não o conhecem como nós o conhecemos, .
- Eu espero que eles passem a conhecer, não quero mais problemas, Valy.
- Nós sabemos disso, . Fica tranquilo, certo? Até amanhã.
- Até amanhã.
- Não se atrase.
- Prometo. – disse, e desligou o telefone.
bufou e jogou o celular na cama, era ruim ser considerado o garoto problema da Inglaterra, mas ele sabia que tinha feito por merecer. Sabia que tinha errado ao deixar a fama e o sucesso subirem à cabeça, tratar todos como se ele fosse o rei do mundo e não precisasse de ninguém. E sabia mais ainda que o United só suportou todos os problemas porque ele era bom no que fazia, mas ninguém o queria ali, nem os torcedores, e muito menos a equipe.
tinha estragado sua imagem na Inglaterra, e esperava que isso não o afetasse tanto em Madrid.
Jogar no Real Madrid era seu sonho de infância.
Seu e de Kalani. perdeu as contas de quantas vezes ia para a casa de Kai assistir ao jogo do Real, junto dele e da sua filha mais nova, e de quantas vezes afirmou para os dois que um dia ainda jogaria no time espanhol. estava cumprindo a sua promessa, e mesmo não tendo mais ligação alguma com a menor, estava feliz por estar fazendo o que prometeu.

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Madrid
acordou com o piloto do avião avisando aos passageiros que iriam pousar dentro de cinco minutos. Esfregou os olhos e agradeceu por não estar usando nenhum tipo de rímel, não queria parecer um panda quando chegasse em sua querida Madrid.
As quatro da manhã o avião pousou, pegou sua bagagem de mão e saiu junto da primeira classe, passou tranquilamente pela vistoria, e ainda a ajudaram a colocar suas duas malas no carrinho do aeroporto.
Ela empurrou o carrinho pela sala de desembarque, e quando a porta de vidro abriu, encontrou Enrique. Ávila sorriu assim que seus olhos pousaram na menor, ele correu em direção a namorada, a envolveu em seus braços e, finalmente, os lábios dos dois se encontraram.
- Eu senti sua falta. – sussurrou ao abraçar novamente a morena.
- Eu também senti. – respondeu e lhe deu um beijo rápido. – Vamos para a casa?
- Não precisa nem pedir duas vezes.
Enrique guiava o carrinho com apenas uma mão, enquanto a outra segurava a de . Na saída do aeroporto até o estacionamento foram incomodados por alguns fotógrafos, mas não deram atenção, eles não tinham que aturar aquela perturbação naquele momento. Ávila colocou as malas no carro e em poucos minutos eles já estavam na avenida principal.
- Não vai me parabenizar pelo jogo? - Rik perguntou, e riu debochado. bufou e jogou a cabeça para trás, ela já esperava a provocação por parte do namorado.
- Não começa. – pediu, e ele colocou a mão esquerda sobre sua coxa. - E parabéns.
- Você ficou feliz com o meu gol?
- Na verdade, eu xinguei o Isco por ter deixado.
- Aquele bastardinho foi expulso. Você viu o que ele fez com o Neymar?
- Vi e fiquei horrorizada. Eu esperava aquilo do Carvajal, mas do Isco não, ele parece...
- Você nem os conhece, todos são ruins. - Enrique a interrompeu e calou. - São péssimas pessoas, . - assentiu e ele tirou a mão de sua coxa para trocar a marcha. A morena encostou a cabeça na janela e minutos depois os dois estavam entrando pela garagem do prédio onde ela morava.
Enrique retirou as malas do carro e as colocou no elevador, enquanto subiam, Rik roubou um beijo da menina e ela riu. Os dois chegaram no andar onde morava e ela destrancou a porta, jogou a bolsa no sofá, Rik colocou as malas no chão da sala e antes que pudesse correr para o banheiro, ele a puxou para si, dando-lhe um beijo demorado.
- Eu preciso de um banho. - ele revirou os olhos e riu. - Cinco minutos.
- Vão ser contados no relógio. – disse, e ela concordou enquanto ia em direção ao banheiro. tomou um banho rápido, vestiu suas roupas íntimas e foi para o quarto. - Finalmente! - Rik se levantou da cama quando a viu.
- Você aguentou três meses. Não vai aguentar cinco minutinhos?
- É que você me deixa louco. - murmurou e prendeu o corpo da morena na porta. Puxou seu lábio inferior e os dois começaram um beijo intenso. colocou suas pernas ao redor da sua cintura do namorado e ele a guiou para a cama, enquanto ela distribuía beijos em seu pescoço e puxava seus cabelos.
Em poucos minutos os dois eram um só.



estava animado, nervoso e ansioso.
Hoje era o dia em que ele oficialmente iria assinar com o Real Madrid. Hoje era o dia que ele poderia bater no peito e dizer que era o cara mais feliz de todo o mundo. Hoje era o dia de realizar seu sonho de criança.
Ele ajeitou a gravata preta assim que escutou a buzina em frente de sua nova casa, era o carro que Valentina havia deixado à sua disposição até ele se acertar por Madrid. prendeu os cabelos loiros no que ele achou ser um coque, e saiu.
- Bom dia! – disse, assim que entrou no luxuoso Veloster preto. O motorista sorriu e deu partida.
estava indo rumo ao seu futuro, e algo o dizia que ele iria ser maravilhoso.
- Chegamos. - O motorista avisou ao estacionar. agradeceu e saiu do carro. Assim que pisou no chão do estacionamento do estádio, percebeu que Valentina já o esperava com um sorriso no rosto.
- Está pronto? - Valy perguntou e ele a abraçou.
- Mais do que nunca. – respondeu, e ela ajeitou seu terno.
- Então entra nessa sala e mostra para o que veio, entendeu? Boa sorte.
- Obrigado, querida. - os dois entraram no elevador. Quando as portas do elevador se abriram, Valentina o guiou por um enorme corredor e parou bem em frente a uma porta branca.
- Madrid vai mudar sua vida, .
- Eu estou preparado. – respondeu, e deu um último abraço na sua empresária, que ele considerava da sua família.
Assim que abriu a porta, inúmeros flashes vieram em sua direção, e ele desejou ter levado óculos escuros. tinha esquecido o quanto aquilo era irritante. Mas mesmo assim, o inglês caminhou até a grande bancada branca de cabeça erguida, mesmo com os flashes quase o cegando.
- Senhoras e senhores, tenho a honra de comunicar a nossa nova contratação, .
- Florentino Pérez, presidente do time, anunciou, e o burburinho começou junto dos flashes. cumprimentou o presidente e sorriu para as fotos, recebeu sua camisa que contava com seu sobrenome atrás e seu novo número, 16, e ainda tinha bordado a data que terminaria seu contrato: 20 de Abril de 2022. Para , aquele seria o dia que assinaria sua renovação. O loiro não iria querer sair do Real Madrid tão cedo.
Nenhum jornalista tinha plena certeza que ele realmente era o novo contratado do Real Madrid, e ainda pareciam não acreditar. Como o príncipe problemático da Inglaterra estava fazendo do branco sua nova cor? Como estava indo para aquele time com claras e altíssimas investidas do Barcelona?
- , , , você não iria para o Barcelona? - o jornalista gordo, que usava óculos estranhos, perguntou, assim que ele sentou.
- Eu disse que iria para o grande da Espanha, e aqui estou.

Capítulo 02

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remexeu-se pela enorme cama, abriu os olhos e não viu o namorado ao seu lado.
Imaginou que Rik tivesse ido para Barcelona treinar, já que o namorado passava quase a semana toda na cidade e voltava nos finais de semana. perdeu as contas de quantas vezes Enrique pediu que ela se mudasse para Barcelona, mas a menina batia o pé e dizia que não. não deixaria Madrid por nada naquele mundo, era seu sonho de menina e ela finalmente estava realizando.
levantou da cama, vestiu uma camiseta que estava jogada pelo chão e foi em direção à cozinha. Sorriu ao ver a imagem do namorado somente de bermuda, cozinhando, mas o sorriso desapareceu quando ela lembrou que Rik só cozinhava quando estava estressado.
- Bom dia. - Rik virou rapidamente para olhá-la, mas voltou a atenção para o que estava fazendo. - Pensava que estava treinando.
- Não, hoje o treino é só pela parte da tarde, vou para Barcelona depois do almoço. - Rik colocou os ovos no prato da namorada e colocou o bacon logo em seguida, depois jogou a frigideira na pia, jogando-se em um dos bancos que estavam na cozinha.
- O que aconteceu, Rik? Você está estranho hoje.
- Coisa do trabalho, desculpe-me. – passou as mãos nos cabelos parecendo frustrado. levantou do banco e lhe deu um beijo, sentando em seu colo em seguida.
- Não precisa ficar assim, ok? Vai se resolver. – passou a mão direita por seu rosto, fazendo carinho em sua bochecha.
- Eu queria que resolvesse, mas não vai.
- O que aconteceu, afinal?
- A mais nova contratação do Real Madrid. – murmurou e saiu de seu colo. – Não me olha com esse brilho no olhar, não.
- Não fica bravo comigo, você sabe que eu torço para o Real desde pequena.
- Não vou discutir sobre o seu péssimo gosto para futebol. – revirou os olhos e o namorado soltou uma risada fraca. - Voltando ao assunto, o cara que eles contrataram é .
- ? Esse cara não é jogador do Manchester United?
- Era. O Real contratou ele na surdina. – respondeu e a morena fez um bico do tamanho do mundo, ela não queria um ex-Manchester jogando no seu amado Real Madrid. – Por que essa cara de brava?
- é jogador do Manchester, não é motivo suficiente para eu detestar ele? Eu sou Chelsea, nasci na Inglaterra, é meu time do coração.
- Mas eu sou do Barcelona e você não me detesta.
- Mas você é um caso especial, certo? Mas voltando ao seu assunto, por que você ficou assim por causa da contratação dele?
- Você não acompanhou a Premier League, . Esse cara destruiu tudo, ele era um monstro em campo. Eu avisei para a equipe dar um jeito de trazer ele para o Barcelona. Ele seria uma ótima dupla de ataque comigo, você sabe que precisamos de outro cara para decidir jogo quando eu não estiver em campo, mas eles bateram o pé e disseram que não queriam um jogador problemático dentro do Barcelona. Eu insisti mais uma vez, só que o seu time teve a mesma ideia que eu. Eles já estavam de olho no e agora ele faz parte do time. Você sabe o que isso significa, ? Significa que ele vai decidir quando Ronaldo não estiver em campo. O time do Real está desfocado e com um técnico ruim, só que com esse cara vai ser diferente, ele só não joga como goleiro porque não dá. Eles vão dar trabalho demais para a gente. Nós vamos ter que dar tudo de nós na BBVA, UEFA, em todas as competições. Esse cara fodeu todo nosso esquema.
analisava as palavras de Enrique e tomava cuidado com o que iria falar, talvez ter um ex-Manchester jogando no Real Madrid não fosse tão ruim. Mesmo ela não entendendo o porquê do Barcelona dizer que ele era um jogador problemático, como poderia ser problema se levava o Manchester à vitória?
- Ah, Rik...
- Nem vem com "ah, Rik". Eu sei que você quer que seu time vença. – disse, cruzando os braços. Antes que ela pudesse ir até ele novamente, o celular da menina tocou, a fazendo ir até a sala.
- A que devo a honra? - perguntou assim que escutou a respiração de Richard do outro lado da linha.
- Bom dia, Sunshine! Como você está?
- Bem, obrigada! Quatro meses de férias, preciso de mais alguma coisa? - Na realidade, arrumei trabalhos para você.
- Teste para outro filme?
- Não, é algo bem mais simples. Uma campanha publicitária.
- Para qual marca?
- Calvin Klein.
- Você jura? – perguntou, animada, e escutou a risada de Richard do outro lado. - Eu topo, mas com quem é?
- É um jogador do seu time preferido.
- Chelsea ou Real Madrid?
- Real, .
- Isco, Sergio Ramos, Kross, Bale, Modrić...
- Pare, não. Antes que você fale a escalação toda do Real, é o . Ele é a nova contratação do Real, a antiga campanha dele na Inglaterra rendeu muito para a Calvin e como você é de lá e faz sucesso não só aqui e sim em várias cidades do mundo, eles pensaram em você.
- Meu Deus.
- Meu Deus mesmo! Sua carreira só está subindo, Sunshine. Seu primeiro ensaio para a Calvin vai ser logo um estouro, sabia? Enfim, te espero amanhã para assinar o contrato. Como você já aceitou, ótimo.
- Richa... – e desligou, sem dar a menor chance da menina falar algo.
Ela sabia que Enrique iria pirar e não era de uma maneira boa, era da pior maneira possível. estalou seus dedos, saiu da sala e entrou na cozinha em passos lentos.
- Quem era? - Rik perguntou assim que percebeu a namorada entrar na cozinha, ele bloqueou o telefone e o deixou na bancada.
- Richard.
- Mais contratos? – fez que sim com a cabeça – Com qual empresa? - Calvin Klein.
- Jesus, ! Que notícia boa, Calvin tem uma repercussão enorme!
- Tem mesmo. – respondeu e sentou no banco que ficava de frente para ele. - Algum problema?
- Não sei para você.
- Por quê? – perguntou, desconfiado.
- Vai ser uma campanha acompanhada.
- Ah, meu amor, eu já vejo seus filmes, você beija os caras. Não vou me importar muito em sair na rua e ver um outdoor seu com um modelo qualquer. - respondeu e deu uma risada fraca. Rik sabia que estava mentindo, mas não deixou transparecer, ele era ciumento e não ia ser uma sensação agradável passear por Barcelona ou Madrid e dar de cara com um homem segurando sua namorada seminua.
- É com o . - sussurrou e Rik a encarou com as sobrancelhas arqueadas. Se ele não ia ficar contente com um modelo qualquer, imagina com posando ao lado da namorada.
- É com quem, ? - chamou a namorada pelo sobrenome e respirou fundo, Rik estava com raiva.
- , a mais nova contratação do Real. – respondeu e Rik bufou, bateu na bancada com a mão fechada com uma força desnecessária e fez com que os copos caíssem.
- Você só pode estar brincando.
- É sério.
- Que porra! - gritou e pareceu gelar.
- Enrique. - sussurrou o nome do namorado, mas ele já estava em pé.
- Não vem com "Enrique", não! Porra, você e o ? Eu não estou acreditando nisso.
- Eu não tenho culpa se acharam que ele combina comigo...
- Ele combina com você?
- Para a campanha. Ele é inglês e eu também, agora ele joga no Real.
- Com que cara eu vou sair na rua quando eu ver minha mulher num outdoor com o rival? - É o meu trabalho, Enrique.
- Seu trabalho é fazer filmes, não posar ao lado do .
- Rik, vai ser bom para a minha carreira. Você já fez campanhas publicitárias somente de cueca e ao lado de várias mulheres. Eu fiquei desse jeito?
- É diferente...
- É diferente por que, Enrique Ávilla? Por que você é homem e eu sou mulher?
- Nenhuma delas ameaçava sua carreira. Nenhuma delas fazia filmes para concorrer com o seu.
- Você está sendo imaturo e infantil. – gritou pela primeira vez e se arrependeu quando Rik ficou a sua frente e apontou o dedo indicador em seu rosto.
- Quer saber ? Foda-se essa merda. Faça o que você quiser. Obrigado por arruinar mais ainda a porcaria do meu dia.
- Rik...
- Eu vou treinar em Barcelona. Amanhã a gente conversa, espero que você repense nessa sua ideia de posar ao lado desse merda. - disse num tom ameaçador e saiu da cozinha.
ficou estática no banco, não ousou nem olhar para trás. Pelo que ela lembrava, o namorado nunca tinha reagido daquele jeito. fechou os olhos assim que escutou o baque da porta e lágrimas começaram a cair.



A entrevista de tinha repercutido em escala mundial, e a única coisa que ele sabia era que os torcedores do time da Catalunha não estavam felizes com sua última declaração.
Bem que Valentina havia avisado que a partir do momento que ele fizesse do Real Madrid sua casa, tudo iria ser diferente. Jogos, entrevistas, treinos, saídas nos dias livres, até um simples jantar com a mãe, tudo iria ter grande repercussão. Era um preço a ser pago por estar no melhor time da Espanha - e do mundo.
A campainha da casa soou e ele não imaginava quem poderia ser, só tinha a companhia de Valentina em Madrid e ela sempre ligava antes de qualquer coisa, nunca aparecia de surpresa.
bloqueou o celular, abriu a porta e se deparou com Isco Alarcón e Gareth Bale. "O que aqueles dois estavam fazendo ali?" foi o primeiro pensamento de quando viu os dois jogadores sorrirem para ele.
- Se não chamar para entrar, eu entro do mesmo jeito.
- Sua mãe deve ter vergonha da criatura em que você se tornou. - Isco respondeu, Bale deu de ombros e revirou os olhos. - Oi, ! Podemos entrar?
- Entrem... Aliás, oi. Só não reparem na...
- Caralho! Você não tem mobília.
- Na falta de mobília. - completou enquanto Isco dava um soco no braço do galês. - Eu cheguei aqui tem três dias, cara.
- Três dias e já está causando polêmica. - Isco disse e os três riram.
- Eu disse que iria para o grande da Espanha e aqui estou. - Bale imitou o inglês, usando uma voz extremamente grossa e um sotaque espanhol carregado. dominava a língua espanhola, mas seu sotaque britânico ainda era forte. - Os caras já gostam de você só por conta disso.
- Aliás, pegamos seu número e vamos colocar você no nosso grupo. Dê uma olhada em seu celular depois.
- Certo, certo. Mas o que vocês vieram fazer aqui?
- Te deixar por dentro das novi...
- Bale quis vir logo fofocar, antes que você chegasse no CT e ficasse perdido. E para a sua tristeza, ele mora três quadras depois de você.
- Exato. - o galês respondeu. riu e os mandou sentar no que parecia ser a mobília de sua casa. - É o seguinte, temos jogo contra o pequeno time da Catalunha daqui a mais ou menos quatro semanas. O nosso técnico é um merda retranqueiro e provavelmente vai ser demitido, espero que Florentino não demore.
- Ele é realmente um merda, eu estava acompanhando os jogos. Puta merda, ele coloca o time todo na retranca; ele pensa que o Real é um daqueles times pequenos que ele treinava, é a única explicação.
- Sabemos. - Isco concordou, parecendo triste. - Tempos ruins, , tempos ruins.
- Pois é, e para completar a merda toda, nós temos outro problema.
- Mais um?
- Enrique Ávilla.
- O que se diz melhor do mundo?
- Esse mesmo.
- Qual é o problema?
- Ele é louco, . E aposto que não ficou contente com a sua entrevista. Rik sabe que és bom e que com você em campo algumas coisas vão ser diferentes.
- Esse merda pensa que pode mandar em tudo, cria confusão em campo, faz falta desnecessária, briga no vestiário. Aquele típico jogador estrela, sabe?
- Só que na mídia ele paga pau de bom samaritano e todo mundo crucifica quem vai contra ele.
- Esse mundo da mídia futebolística é uma desgraça, cara. E agora que você é um dos nossos, eles não vão te deixar em paz.
- Valentina me avisou sobre isso. Mas, Enrique... Ele vai me gerar problemas?
- Não tenha dúvidas.
- Eu sou um tanto quanto explosivo. - coçou a cabeça, envergonhado. não gostava de ser daquele jeito, não depois de tudo o que se passou em dois meses em Lavenham.
- Sabemos. Por isso viemos aqui também, ele vai querer te estressar ao máximo para que perca o controle, não pode deixar isso acontecer.
- Ele escolheu brincar com a pessoa errada, Bale. Enrique é... - não pôde terminar, foi interrompido pelo toque de seu celular. Tateou os bolsos, mas não o encontrou.
- Está aqui. - Bale jogou o aparelho em sua direção. - A gente pode jogar? – perguntou, apontando para o play4, fez que sim com a cabeça e atendeu o telefone. Era Valentina.
- ?
- Bom dia, querida!
- Tenho notícias.
- Mande.
- Você foi convidado para estrelar uma campanha da Calvin Klein, com .
- quem? – perguntou, mesmo já sabendo a resposta. Se ele pudesse ver seu reflexo, iria ver o quão grande foi o sorriso que abriu. Não existiam muitas em Madrid, aquele nome só ela tinha, e sabia muito bem daquilo.
- . Ela é uma atriz, .
- Por mim, tudo bem. - respondeu rápido antes que Valentina cogitasse mudar de ideia.
- Esteja amanhã em meu escritório, às dez em ponto. Se você atrasar, o cachê é meu. - foi a última coisa que escutou antes que Valy desligasse o telefone.
- Eu escutei você falar ? - Bale perguntou, sem tirar os olhos da televisão.
- Sim, . - respondeu e os olhos de Isco e Bale pareciam brilhar, e não era por conta do jogo. Eles pausaram o jogo e pegaram o celular, começando a digitar quase simultaneamente, ignorando totalmente a presença de ali.
- Por que te ligaram para falar dela?
- Vamos fazer uma campanha para a Calvin Klein.
- Puta que pariu. - Bale gritou e Isco riu. - Eu não acredito.
- Vocês a conhecem? - perguntou com a sobrancelha arqueada.
- Porra, . Ela é noiva do Enrique e por sinal, é gostosa para caralho. - Bale respondeu e Isco soltou uma risada. O espanhol concordava com o galês, mas ele também achava que deveria ser uma pessoa maravilhosa.
- Enrique tem noiva?
- Tem. E ele faz questão de exibir isso, principalmente no vestiário.
- Escroto. - grunhiu. sabia que não merecia um bosta daquele ao seu lado.
- E ela é linda, tenho pena dela. - Isco disse, parecendo triste, mas ao mesmo tempo com raiva de Enrique.
- Enrique Ávilla vai querer matar você, cara. - Bale disse e soltou uma risada.

🎬


juntou os copos que estavam caídos no chão, limpou o líquido que estava na mesa, jogou a comida que estava em seu prato no lixo e, em meio às lágrimas, lavou louça por louça.
Para , Enrique não era daquele jeito. Aquela tinha sido a primeira vez que ele havia quase agredido a menina, a primeira vez em que ficou com medo de seu companheiro, e aquela situação a assustava.
foi para a sala e deixou a televisão ligada em um canal qualquer, grande a merda que fez. Passava a notícia de que o marido tinha assassinado a esposa, que ela escondia a verdade de todo mundo e parecia pedir ajuda em silêncio. Ninguém a escutou, ninguém fez nada. "Estrume de gente, aquele cara, que ele apodrecesse na cadeia" pensou ao desligar a televisão, foi para o quarto, pelo menos ali teria um pouco de paz.
Não teve.
Só foi deitar na mesma cama em que esteve com Enrique noite passada que tudo o que ele tinha gritado na cozinha voltou como uma enxurrada. Parecia que Rik estava ali, parado na
porta, gritando com ela. encolheu-se na cama, colocou o edredom dos pés à cabeça e começou a chorar baixinho. O dia mal tinha começado e já estava sendo péssimo.
se assustou com o toque do celular, saiu do quarto, foi até a sala e quando o pegou para atender, a ligação já tinha caído. Era seu pai. Retornou para o quarto e assim que deitou, o nome dele voltou a brilhar na tela.
- Pai? - perguntou quase num sussurro, para ele não perceber a sua voz de choro.
- Por que você está chorando?
- Eu não estou... - e ela não aguentou, chorou ainda mais.
- O que aconteceu, meu amor?
- Enrique e eu brigamos. Sei que isso parece besteira, é só que a gente nunca brigou. - Tudo tem uma primeira vez, querida.
- Mas, pai... Eu não quero que tenha uma segunda.
- O amor é paciente, lembra?
- Ele não foi nada paciente agora. - respondeu e seu pai deu uma risada baixa. - Desde quando Enrique Ávilla é paciente?
- Comigo ele é.
- Tem certeza? - perguntou e calou.
Lembrou das vezes em que o namorado tinha perdido a calma quando saíam e ela não vestia uma roupa do agrado dele ou quando saía para jantar com seus amigos. Ou quando estava naqueles dias e não queria transar com ele. Mas, para , ele só deveria estar estressado com as cobranças do trabalho e todo o resto. Enrique era assim, e ela o amava, os dois se amavam.
- Ainda está na linha?
- Sim, pai. Eu só estou me sentindo estranha.
- Estou sentindo falta da minha garotinha, quando você vai vir para casa? - Pai, minha casa é em Madrid.
- Sua casa verdadeira.
- Eu tô com quatro meses de férias, acho que quando o Ives, chegar podemos passar uns dias aí juntos. Por que o senhor não vem para Madrid?
- Porque coisas maravilhosas vão acontecer com você nesse tempo e você terá que enfrentar sozinha.
- Como você pode saber?
- Porque você merece, .
- Eu sinto sua falta.
- Eu também sinto a sua. Agora que tal dormir um pouco?
- Eu não vou conseguir dormir desse jeito.
- Vá até a cozinha. - ordenou e ela riu, ainda deitada na cama. - Vá, . - Tá bom. - saiu do quarto, indo em direção à cozinha.
- Pegue a caixa de remédios em cima da geladeira. - deixou o celular na bancada da cozinha e se esticou para pegar a pequena caixa branca em cima da geladeira. - Abra e pegue o calmante, sim, aquela pílula que ajuda você a dormir.
- Papai...
- Ande, . - disse e ela fez. Abriu a geladeira e tirou a jarra d'água, pegou um copo do escorredor e despejou o líquido lá dentro. - Agora tome o remédio. Vá para o quarto e deite.
- Pronto, papai.
- Se embrulhe. - pediu e a menina obedeceu. - Deixe o celular no viva-voz. - Pronto. - respondeu assim que deixou o celular ao lado do travesseiro.
- Feche os olhos e deixe sua mente livre. - seu pai disse e assim ela fez. Como se ele soubesse que a menina tinha cumprido suas ordens, começou a cantar para a menor. - A vida é boa filha, só precisamos agarrar a felicidade e não deixá-la fugir.
Foi a última coisa que compreendeu antes de adormecer.



As duas horas que Isco e Bale passaram jogados no sofá e na poltrona de , passaram sem que eles dessem conta. Os três estavam com suas atenções voltadas para o jogo de Fórmula 1 no Playstation, no qual Bale sempre perdia, e no Instagram. adorava a rede social e adorava mais ainda postar fotos não tão boas dos mais novos amigos. Também adorava quando recebia comentários o apoiando a postar tais fotos. Bale e Isco que se preparassem, agia como um adolescente no colégio naquele aspecto. E ele não estava disposto a mudar.
bateu uma foto de Isco e assim que postou, escutou a reclamação de Gareth. Com toda a certeza o galês já estava perdendo para o espanhol.
- Você trouxe roupa pelo menos? - Bale perguntou quando Isco conseguiu ultrapassá-lo mais uma vez no jogo.
- Claro que trouxe, por quê?
- Tô com fome, vamos almoçar fora.
- Isso tudo é desculpa porque já é a quinta corrida que ele perde. - o espanhol se meteu e o acompanhou na risada.
- Cala a boca, Isco. - jogou o travesseiro que estava entre suas pernas no menor. - Você quer sair para comer, sim ou não?
- Tudo bem. - respondeu e foi para o quarto, tirou a bermuda que vestia e pegou uma calça jeans, colocou uma blusa preta, calçou seu tênis, pegou os óculos escuros da bancada e saiu do quarto.
- A florzinha até que se arruma rápido. - Bale comentou e Francisco riu. - Até que ele não demora para arrumar o cabelo como você.
- Babaca. - Bale e responderam juntos. Os dois usavam cabelo grande, só que era dono de uma barba grande.
- Toda loira tem sua morena, não é mesmo?
- Você está cada dia mais ridículo. - Bale disse e o empurrou porta afora.
- Vamos de carro? – perguntou ao ver um belo Mercedes C63 AMG estacionado em frente à sua casa.
- Você queria que fôssemos como? De velocípede? - Bale perguntou e Isco riu, entraram no carro e o galês dirigiu por ruas desconhecidas pelo menor.
- Você ainda não tem um carro, né? - Isco perguntou.
- Se ele não tem nem mobília, como vai ter um carro? - Bale respondeu ironicamente e Isco revirou os olhos.
- Aconteceu uns problemas, vendi todos os meus carros. – explicou, sem entrar em muitos detalhes, eles deveriam saber que se metia em problemas quando ainda estava em Manchester.
- Semana que vem vamos escolher um carro para você, ok?
- Você acha que eu vou ter dinheiro assim - estalou os dedos. - Para comprar um carro novo? - e os dois riram.
- Você recebe papel por algum acaso? - Bale perguntou e balançou a cabeça negativamente.
- Ei, ! - Isco gritou.
- Meu tímpano, porra! - Bale gritou de volta, freando por conta do susto e, por sorte, do sinal vermelho.
- Seu telefone está tocando. - avisou ao loiro. - Só quis ser prestativo. - se explicou e deu um tapa em Bale, esse que diminuiu um pouco o volume do rádio.
A ligação acabou indo parar nas chamadas perdidas, mas retornou imediatamente. A mulher que ele mais amava nessa vida não poderia esperar.

Capítulo 03

🎬


acordou com o barulho que parecia ser infinito da campainha, levantou da cama já querendo voltar, seu corpo não doía, mas o coração parecia pesar uma tonelada. A menina amava Enrique, mas desejou que ele não fosse ali; não iria aguentar mais um round daquela briga que, para ela, parecia sem o menor sentido. E realmente não tinha sentido algum.
olhou pelo olho mágico e finalmente pôde respirar, aliviada, sua melhor amiga estava ali.
- O que aconteceu com você?
- Enrique Ávilla. - respondeu, e a loira a encarou com a sobrancelha arqueada. - Brigamos ontem.
- Para de mentir, . Desde quando você briga com Enrique?
- Ele foi idiota, Any. - murmurou e a melhor amiga a abraçou com força.
- Ele é idiota, . - respondeu como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. E no fundo, sabia que as palavras eram verdade; mas estava apaixonada demais para admitir aquilo. Preferiu chorar sem dizer uma palavra enquanto apertava o corpo da melhor amiga contra o seu. - Não chore, pare, você não pode se culpar por ele ter sido um babaca. O que aconteceu ontem?
- Recebi uma proposta para fazer um ensaio fotográfico.
- Com o ? Está no twitter da Calvin Klein, querida.
- Sim, com esse mesmo. Enrique surtou, saiu transtornado, Any. Nunca tinha visto desse jeito.
- Ele bateu em você?
- Ele não é doido, Antoniele. – respondeu, saindo dos braços da amiga. Sentou no sofá e a loira logo sentou ao seu lado.
- Você não merece sofrer por um amor bosta.
- Não diga isso, ok? Nós só brigamos, vai passar. E você e o Ives? Você não pode falar muito sobre amor. - retrucou e Antoniele baixou o olhar. As coisas no relacionamento dela com o irmão de não estavam indo muito bem, e o fato dele viver viajando, não ter tempo quase de respirar, não facilitava as coisas. sabia que Any estava chateada em relação a ele e só teve mais certeza que isso realmente a afetava quando Antoniele começou a chorar igual a um bebê. O coração da morena apertou na mesma hora e ela se arrependeu de cada palavra dita. - Desculpa.
- Você está certa. Quem sou eu para falar de amor, né, ? Meu relacionamento está caindo aos pedaços e eu aqui, tentando te dar sermão sobre o seu.
- Any, me desculpe. Você estava tentando me ajudar, eu fui rude, me desculpe.
- Não, . Você está certa, talvez eu só falei para você o que na verdade eu queria escutar de alguém.
- Antoniele...
- Ives prometeu que viria no próximo final de semana ver minha apresentação no teatro, ele ligou ontem cancelando porque iria ter um jantar importante. Brigamos e eu desliguei na cara dele.
- Eu vou matar esse idiota.
- Você não vai matar ninguém, sua engraçadinha. Olhe para nós, certo? Estamos aqui, sentadas num sofá, chorando por dois idiotas que nos chatearam. , nós somos maravilhosas para isso.
- Você é uma boba! - Antoniele riu entre lágrimas que insistiam em cair.
- Eu sou uma mulher. E você também é! Levanta essa bunda desse sofá, nós vamos sair. - ordenou ao mesmo tempo em que estapeava o braço da menor.
- Eu só quero deitar, Any.
- Não, nós iremos sair! - Antoniele se levantou do sofá e estendeu a mão para a amiga. - Você não tem que assinar um contrato? Vamos logo! - gritou e a puxou do sofá. A empurrou até o
quarto e não saiu da porta do banheiro enquanto a morena não se despiu e entrou no box. Antoniele riu da relutância de em enfrentar a água gelada e voltou para o quarto.
sabia que tinha muita sorte de ter Antoniele em sua vida.



acordou ao som de The Killers. Somebody Told Me era o toque de seu celular, e assim que desbloqueou a tela, deparou-se com 15 chamadas de Valentina. Prestou atenção no relógio e percebeu que já eram onze horas da manhã, estava exatamente uma hora atrasado.
Correu para o pequeno banheiro do quarto, tomou um banho rápido, vestiu a primeira roupa que viu pela frente e saiu que nem louco de casa. Valy iria enterrar o loiro vivo. ligou para o motorista que Valentina tinha disponibilizado, e por sorte, ele estava bem perto de La
Finca. esperou sete minutos e o carro mal parou em frente à sua casa, ele já estava entrando.
- Bom dia e desculpe pela ligação de última hora.
- Não tem problema, senhor... . - se corrigiu e o loiro sorriu. - Escritório de Valentina?
- A fera me aguarda. - brincou e o motorista riu. Para Joe, a mídia estava muito enganada a respeito do loiro. não era um homem mau.
Por sorte, as vias de Madrid estavam tranquilas e eles chegaram em menos de meia hora. agradeceu e fez a promessa que avisaria antes quando precisasse.
- Valentina, querida. - disse e deu seu melhor sorriso no momento em que a empresária o encarou.
- Às vezes me pergunto onde foi parar sua pontualidade britânica. - resmungou, riu e sentou em uma das cadeiras que estavam na sala.
- Nunca tive.
- Engraçadinho. - murmurou e estendeu vários papéis para o loiro. - Isso é para você assinar, é o contrato com a marca.
- Me diz que você já leu, por favor.
- Já, . Você só precisa fazer pequenas propagandas da marca, sabe? Usar uma cueca e tirar foto com ela, uma blusa, etc, essas coisas que gente famosa faz. Você já está acostumado.
- Depois de meses parado, terei que praticar. Mas a gente aprende a se acostumar novamente. - Você tem falado com a Sue?
- Ela me ligou ontem, a mulher da minha vida não é só minha mais.
- Você está sorrindo que nem bobo.
- Ela merece e no fundo eu já sabia, ela que estava com vergonha ou medo de me contar. Eles nasceram um para o outro.
- Sua mãe é maravilhosa mesmo, sinto falta dela. E de Kalani também.
- Eu sinto todos os dias, queria trazê-los para Madrid, mas ela insiste em dizer não. - disse ao mesmo tempo em que assinava os papéis; assim que os devolveu para Valentina, seu telefone começou a tocar e o nome de Isco brilhava na tela.
- Você quer sair para almoçar?
- Sim, ainda não comi nada.
- Tá na sua casa?
- Não! Eu to no escritório da Valentina, fica no Paseo de Recoletos.
- Vou passar aí, de lá vamos para Valdebebas, ok?
- Beleza. - respondeu e desligou a ligação. - Valy, querida, já irei.
- Não vá aprontar, ok? - bateu continência e saiu da sala com as risadas roucas de Valentina. Já era de praxe as pessoas falarem para ele não aprontar. já estava acostumado, mesmo tentando ser uma pessoa melhor.
O loiro desceu pelo elevador e ficou na porta do que parecia ser uma recepção, até que um Audi vermelho parou bem na porta; quando o vidro baixou, Isco acenou para ele e o inglês entrou pela porta traseira do carro.
- , esse é Kovačić, Mateo, esse é o . Não que vocês não tenham escutado falar um do outro.
- E aí, cara? - Mateo o cumprimentou no momento em que virou para trás. - Tudo bem? – perguntou, batendo em sua mão direita.
- Tudo tranquilo. Tá gostando daqui?
- É bem diferente da Inglaterra, mas acho que posso acostumar. - respondeu e os dois riram. - Madrid é um lugar louco, . Você vai adorar.

🎬


ligou para a cooperativa de táxi e um tempo depois o interfone tocou, era o porteiro avisando que o táxi já estava à espera. Saiu de casa com Antoniele e em poucos minutos as duas já estavam indo rumo ao escritório de Richard. O taxista dirigiu por ruas conhecidas das duas amigas e depois de vinte minutos, elas chegaram ao destino combinado.
pagou o valor cobrado, mais a gorjeta, agradeceram a corrida e entraram no enorme prédio, onde Richard tinha um andar só para o seu escritório. O elevador indicou que já estavam no vigésimo andar e Antoniele preferiu esperar a amiga em uma das inúmeras cadeiras que estavam ali, a morena concordou e entrou na sala do empresário.
- Olá, querido! - cumprimentou, ele saiu de trás de sua mesa e abraçou a menor. - ! Senti sua falta. - Rich disse assim que lhe deu um abraço apertado.
Além dele cuidar de todos os contratos da morena, ele cuidava dela. Richard era uma espécie de pai em Madrid para a menina, já que o seu verdadeiro pai estava na Inglaterra.
- Três meses, mas já estou de volta. Vim assinar o tal contrato.
- Pensava que vinha ontem, pensei que você viria correndo!
- Tive uns probleminhas ontem.
- Isso está me cheirando a Enrique Ávilla. O que o camisa 10 aprontou?
- Ah, Rich. Estava tudo tão bem anteontem, mas ontem quando acordei, ele estava bravo e ficou ainda mais por conta da campanha da Calvin.
- Não acredito! Ele ficou com ciúmes por causa de algumas fotos? Você nem conhece o !
- Ele detesta o e nem conhece o garoto.
- Deve ser ciúmes, . O garoto vai jogar no seu time do coração, coisa que ele jamais faria. - O menino ainda nem começou a jogar no Real Madrid.
- Dizem que ele vai ser um monstro.
- Espero que sim, quero o Real Madrid melhor que nunca nessa temporada. - Mesmo sendo o maior adversário do time do seu namorado?
- Eu amo o Enrique. Mas conheci o Real primeiro.
- Ok, senhorita Madrid. Aqui está o contrato.
- Eu devo ler, ou você já leu?
- Já li cinco vezes. Você só precisa fazer de vez enquanto uma propaganda da marca. Coisas de sempre.
- Ah, sem problemas. - deu uma rápida olhada no contrato e assinou no final da folha. torcia para que aquela campanha fosse um sucesso. - Quando vai ser?
- Então, esse é o pequeno detalhe que falta. Ainda não temos data certa porque o menino ainda não assinou o contrato, mas falei com a empresária dele há pouco tempo e ela disse que de hoje não passa, que ele só estava atrasado para a reunião.
- Esses jogadores... - resmungou, ele riu e lembrou de Enrique ter falado que ele era um jogador problemático no Manchester. Talvez o problema dele fosse com horários, pensou a morena, nada grave. - Enfim, você me liga qualquer coisa? Eu tô com Antoniele aí, não quero deixá-la sozinha por muito tempo. Ela e Ives andam tendo problemas demais, acho que vão se separar.
- Você vai cuidar dela, né?
- Ela é praticamente minha irmã, nunca a deixaria sozinha.
- Então ok, eu te ligo quando souber detalhes do local e da hora.
- Certo, até mais então.
se despediu de Richard com um abraço e saiu da sala, percorreu um pequeno caminho e percebeu a melhor amiga encostada numa coluna, com a cabeça baixa e parecendo triste. Assim que Antoniele notou a presença da morena, sorriu fraco e estendeu o telefone.
reconheceu o dono do sotaque britânico imutável no primeiro segundo. - Ives!
- Oi, Fionna. Como você está?
- Mais ou menos, recomendo que brigue com seu melhor amigo.
- Você e Ávilla brigaram? O que ele fez?
- Ficou transtornado por causa de um cara que eu nem conheço.
- ?
- Como você sabe? - perguntou e o irmão mais velho deu uma risada.
- Todo mundo já sabe que você vai fazer uma campanha com ele, a Calvin postou há trinta minutos.
- Sério?
- Aham.
- Eu pensava que tinha falado para você.
- Não, nós estávamos conversando sobre outra coisa. - respondeu e olhou , essa que parecia pensativa.
- Precisamos conversar depois.
- Ah, ... Eu vou precisar ensaiar agora, até depois, eu te ligo. - e antes que a menor pudesse protestar e dizer que ele só estava fugindo do assunto, Ives desligou o telefone.
- Ele desligou? - Any perguntou e ela fez que sim com a cabeça. - Eu já imaginava.
- Não fique assim, certo? Ele não vai fugir de mim para sempre. - disse e puxou a melhor amiga para um abraço.
- Vamos almoçar? - perguntou passando as mãos pela roupa e andou com a melhor amiga até o elevador.
- Onde você está pensando? - perguntou enquanto esperavam o elevador chegar ao térreo.
- No Taberna El Sur.
- Vamos, eu gosto daquele lugar. - respondeu e as duas saíram de mãos dadas do prédio.



Os três chegaram no restaurante que ficava afastado das ruas do centro da cidade, depois de trinta minutos, Isco perdia muito tempo tentando achar a música certa. Acabou escolhendo Justin Bieber, mesmo com os protestos de e Mateo.
O restaurante parecia pequeno, mas ao mesmo tempo aconchegante, sua frente era toda feita por tijolos marrons, dava um aspecto antigo ao local, mas ao mesmo tempo bonito. só esperava que a comida fosse realmente boa, já que estava morrendo de fome. Eles escolheram uma mesa quase ao final do lugar e assim que colocaram a bunda na cadeira, o garçom foi atendê-los.
Isco e Kovačić escolheram o Coq au vin, e acabou escolhendo o mesmo que eles. Mateo disse que era o melhor do restaurante e que era frango cozido com bacon, cebola, alho, vinho tinto, cogumelos, salsa, entre outros ingredientes que impressionaram o loiro. adorava cozinhar, ele tinha aprendido desde os dez anos com sua mãe, e aquele prato já tinha o conquistado só por seus ingredientes. realmente esperava que fosse gostoso.
- . - Isco sussurrou ao cutucar o inglês.
- O que foi?
- Aquela é a . - sussurrou e apontou discretamente em direção às duas mulheres que entravam no restaurante.
reconheceu assim que pousou os olhos nela, apesar dela estar totalmente diferente. Seu coração pareceu acelerar enquanto ele notava as mudanças que tinham ocorrido com o passar do tempo. não estava mais tão baixa, mas não era alta, talvez a saia comprida lhe deixasse com uma altura maior. Ela era dona de um corpo belo e sorria enquanto a outra sussurrava coisas em seu ouvido. O sorriso de continuava incrivelmente belo.
A que estava acompanhando a morena já era uma loira alta, tinha pernas esguias e aquela roupa parecia ter sido feita sob medida, era engraçado que apertava onde tinha que apertar, marcando justamente as partes do corpo que mais chamavam atenção: sua cintura fina e seus seios enormes.
- A morena. - Kovačić sussurrou ao mesmo tempo em que as duas passavam por eles. Isco bateu em sua própria testa e escondeu uma risada.
- Ela é bonita. - preferiu dizer quando percebeu que as duas já estavam bem afastadas. Não quis comunicar aos colegas que já conhecia , a morena parecia nem lembrar dele. Mas era aceitável ela não reconhecê-lo, já não tinha mais 12 anos, um corpo fino e cabelo estilo militar. Ele era dono de um corpo alto e malhado, uma barba gigantesca da
mesma cor que o cabelo, que também era comprido. Quem o visse de primeira, poderia jurar que tinha saído da série Viking.
- Você ainda não viu nada. - Kovačić sussurrou e Isco afirmou rindo. - Quem é a loira, Isco?
- Não sei. - respondeu e olhou na direção da mesa onde as duas se encontravam. - Mas vou descobrir. - Isco fez sinal para o garçom que estava atendendo e o mesmo fez sinal para que ele esperasse. Ele chegou na nossa mesa ao mesmo tempo em que o garçom que tinha atendido os garotos primeiro, chegava com os pedidos. - Amigão, preciso de um favor.
- Pode falar, senhor. - o garçom que atendeu e a loira respondeu. Kovačić agradeceu ao outro pelos pratos e voltou a prestar atenção no diálogo que Isco estava tendo com o funcionário.
- Me empresta sua caneta? Eu quero que você leve um drink para aquela moça loira que você acabou de atender e entregue esse papelzinho. - disse enquanto rabiscava alguma coisa no guardanapo.
- Qual drink? - o garçom perguntou enquanto colocava o papel na bandeja. - O melhor que você tiver. - respondeu e devolveu a caneta para ele.
- Sim, senhor.
- Obrigado.
, Mateo e Kovačić pararam de comer no momento em que o garçom passou pela mesa com os pedidos das duas. Kovačić não sabia ser discreto e menos, não pararam de olhar até ele depositar uma pequena taça com o mesmo guardanapo na frente da loira. Ela leu, riu, parecendo envergonhada e mostrou o papel para a amiga. As duas olharam na direção da mesa e Isco deu um pequeno aceno, e os dois também sorriram, mas viraram quando Isco chamou a atenção deles. demorou um pouco mais de tempo porque encarava , mas voltou a encarar Isco quando o espanhol o cutucou mais forte.
- Não pode olhar muito, ela vai se achar demais.
- Você pagou um drink caríssimo para uma mulher que não sabe nem se vai responder, deixa de ser idiota.
- Idiota não, estou pensando no futuro, querido Mateo. Investimento a longo prazo.
- Aham, sabemos. - Kovačić e falaram juntos. Eles voltaram a comer e o garçom passou pela mesa, mas não disse nada. Era como se ele nem lembrasse do ocorrido.
- Nós avisamos, querido. - Mateo sussurrou e Isco lhe mostrou o dedo do meio, Kovačić e riram e eles voltaram a comer. Francisco avisou da sobremesa e o espanhol fez sinal para que o garçom pudesse trazê-la. O garçom mal deixou o pedido na mesa e foi quando uma mão branca parou no ombro de Isco, ele retraiu por impulso e duas risadas se fundiram; os três olharam para cima e se deram conta que eram as duas meninas.
O coração de pareceu acelerar mais ainda por estar tão perto de . Tão perto e ao mesmo tempo tão longe. O loiro apenas abaixou a cabeça e comeu em silêncio, tentando evitar o contato com ela. Se soubesse quem ele era, ela devia detestá-lo. Ele era uma péssima pessoa em Manchester, mesmo tendo algumas memórias boas. Quando ele ainda não tinha estragado tudo com seus amigos e pessoas queridas na cidade.
- É Antoniele. - a loira disse para Isco, enquanto a morena tentava não rir da pequena cena. - E obrigada pelo drink, ele estava muito bom. - e as duas saíram do restaurante sem nem olhar para trás.
- Antoniele. - Isco sussurrou e riu enquanto batia em seus ombros. - Ainda dá tempo de você correr e pedir o número dela.
- Relaxa, . Quando duas pessoas têm que se encontrar, a cidade torna-se pequenina.
- Ora, ora, temos um novo Shakespeare por aqui.
- Calado, Mateo. - Isco resmungou enquanto Kovačić e riam.
Isco tinha ganhado o seu dia, assim como .

Capítulo 04

🎬


estava mais feliz. O dia da loira estava sendo ruim por conta da briga que tivera mais cedo com o namorado, mas depois que entrou no restaurante com a melhor amiga, tudo pareceu melhorar. E para completar, ela tinha recebido um bilhete de Isco Alarcón, que segundo , era jogador do Real Madrid.
- Eu não acredito! - sussurrou e as duas começaram a rir. - Isco Alarcón está interessado em você.
- Só pode ser brincadeira, né, ? Olha a cara dele, ele é lindo. E olha os amigos dele, aquele cara ali parece um Viking. - disse e apontou discretamente para .
- Aquele ali chama Mateo Kovačić, ele é maravilhoso, e o outro eu não sei bem quem é.
- Vou pesquisar no Google.
- Você vai colocar o quê? Jogador que parece um Viking? Ele nem deve ser jogador, sei toda a escalação do Real Madrid e ele não consta em nenhuma. Deve ser algum modelo, .
- Já pensou você namorar um modelo?
- Já pensou você namorando o Isco Alarcón? - a morena devolveu a pergunta e as duas riram. - Você ia ser uma WAG.
- Você é uma WAG, igual àquela que você gosta.
- Rosalie Martinez, ela é a noiva do Ramos. Puta merda, ela vai casar com o meu capitão.
As duas continuaram a comer e a rir, como há tempo não faziam. tinha passado três meses em Nova York e só tinha contato com pela internet. As duas sentiam falta uma da outra mais do que qualquer coisa; eram como irmãs, mesmo tendo se conhecido por causa de um cartão de crédito achado na rua.
Elas estavam saindo do restaurante, mas antes, disse seu nome ao jogador do Real Madrid enquanto tentava não fazer contato visual com nenhum deles, se eles a conhecessem, saberiam que ela era namorada de Enrique Ávilla e ela não queria ser reconhecida por aquilo. Não mesmo.
As duas saíram de mãos dadas do lugar, as risadas causadas pela pequena cena. Só se separaram quando comunicou que tinha que pegar algo no apartamento dela, mas que voltaria à noite. concordou e as duas tomaram caminhos diferentes.

chegou em casa exausta, o dia tinha sido maravilhoso, mas ela sentia seu corpo pedir por uma ducha e depois cama. E assim ela o fez, com exceção da parte da cama. Seu telefone começou a tocar e ela teve que ir até a sala atender, era Richard. O empresário avisou que o ensaio aconteceria no dia seguinte, às dez da manhã. nem cogitou em dizer não só porque amanhã teria um jogo do Barcelona pela La Liga.
A campainha de sua casa começou a soar freneticamente e ela pensou que seria ; sorriu com a ideia da melhor amiga ter chegado mais cedo, assim elas teriam mais tempo juntas e poderia contar a novidade.
Mas olhou pelo olho mágico e se deparou com Enrique Ávila em sua porta.
- Você?
- Me desculpe. – disse, entrando no apartamento e a empurrando para trás. - Sério, me desculpe. - pediu novamente ao fechar a porta atrás de si.
- Você não deveria estar no aeroporto?
- Deveria, mas não podia ir sem você. Vamos?
- Enrique...
- O que foi? Eu posso esperar você se arrumar e ajeitar as coisas numa mala pequena, sei que será rápida.
- Rik, eu não irei. Amanhã eu tenho um compromisso que não posso adiar.
- O que você tem de tão importante? – perguntou, elevando a voz.
- Eu tenho o ensaio da Calvin amanhã.
- Desmarca! - gritou e deu dois passos para trás e apertou ainda mais a toalha em seu corpo.
- Não posso.
- Você o quê? - perguntou aos gritos e foi em direção à namorada, deu passos mais rápidos para trás, mas ele foi mais rápido. Enrique segurou fortemente os braços da menor e a sacudiu para frente e para trás. - Você o quê?
- Eu não vou desmarcar, não tem como. - sussurrou e ele a empurrou, fazendo com que caísse no chão.
A dor em seu braço esquerdo foi instantânea, ela não queria chorar, mas percebeu que já estava chorando quando as lágrimas começaram a molhar a toalha azul que apertava contra o corpo.
- Pare de chorar! - Enrique gritou e ela se encolheu em posição fetal no chão, com medo dele a agredir mais uma vez. - Foi sem querer, não precisa disso, Lani. Vamos, levante.
- Saía daqui! - reuniu as forças que ainda restavam e gritou. - Se você der mais um passo em minha direção, vou ligar para o Ives.
- Seu irmão está em Paris, .
- Ives vem me buscar nem que estivesse no inferno. - gritou novamente e Enrique deu dois passos para trás.
levantou do chão mesmo com o braço implorando para que ela não se mexesse. Pegou meio sem jeito o celular que estava em cima da mesa de centro e Enrique andou até a porta.
- Vamos conversar, por favor. Não me culpe por seus atos.
- Vá embora! – disse, fingindo mexer no telefone, Enrique saiu do apartamento em segundos. No momento em que ele fechou a porta, se permitiu cair e chorar.
Enrique Ávilla estava transtornado. Para , aquilo nunca tinha acontecido antes, Rik nunca tinha chegado tão longe; mas era de praxe ele perder a paciência com a namorada. Mas, para a morena, ele só deveria estar muito estressado com as cobranças no trabalho, deveria ser apenas isso, coisa que passaria logo. Ela levantou do chão com dificuldade por conta do braço dolorido e assim que sentou no sofá, o quadril começou a latejar; ela não iria aguentar ficar ali sozinha.
- Alô, ? - perguntou assim que o telefone parou de chamar. - Pode vir aqui em casa me ajudar? Eu escorreguei aqui na sala.

⚽️


Isco começou a dirigir em direção a Ciudad del Madrid, local onde os jogadores treinavam diariamente e dormiam antes dos jogos que aconteciam na capital espanhola.
Aquele iria ser o primeiro treino em conjunto de , e sua barriga parecia rodopiar, ele não ficava nervoso daquele jeito desde a sua apresentação no Manchester.
O Real Madrid era o time que o inglês mais amava, mesmo tendo jogado no Manchester United. O time blanco foi o time que cresceu acompanhando os jogos com Kalani e sua filha mais nova, já que o mais velho não gostava de futebol, foi também com Kalani que assistiu seu primeiro jogo de futebol no estádio e ainda lhe deu seu primeiro uniforme, todo do Real Madrid, com Kaká e o número 8 nas costas. Foi graças ao Real Madrid que pôde saber como era ter um pai. Pelo menos até os 11 anos e aos 18, que foi quando Kalani retornou. amava Kai e o agradecia todos os dias por ele não ter desistido até mesmo quando o próprio achava não ter mais jeito.
Isco passou pelo portão principal do Centro de Treinamento e estacionou na vaga reservada para os jogadores. Os meninos foram direto para o vestiário, onde, provavelmente, todos estariam.
- Atrasado. - Benitez disse, olhando para o relógio. Os três deram de ombros e foram em direção aos armários. O de já tinha uma foto dele gigantesca, com o número e sobrenome em uma plaquinha em cima.
16.

Benitez era um merda
, pensou . Ele era um merda por conta da sua tática ruim, da estratégia furada de colocar o time todo na retranca. O Real Madrid tinha perdido em casa de 4x0 para o Barcelona e agora o time blanco estava em péssima posição no Espanhol e sem chance aparente na Champions League.
- Irei esperá-los em campo. - o técnico avisou e saiu do vestiário.
- Esse cara é um merda. - Carvajal disse e Ramos bateu em suas costas como se concordasse. - Isco, e Mateo se atrasaram cinco minutos e ele já deu showzinho, Ronaldo ainda nem chegou.
- Na moral, esse cara tem que sair logo. Essa porra tá toda errada. - Ramos disse, parecendo irritado. - Eu nem tenho mais vontade de treinar e muito menos de entrar em campo, sei que a gente vai perder.
- O campeonato ainda não acabou, Sérgio. - Isco murmurou e foi em direção do inglês. - Você tá legal?
- Tô, só quero ir treinar e mostrar para ele que eu não estou aqui de brincadeira.
- Vai dar tudo certo, cara. Só tenha paciência.
- Olá, queridos. - Bale bateu nas costas dos dois. - Quero correr hoje, vamos apostar?
- Babaca. - Isco e responderam juntos e o galês riu enquanto prendia os cabelos. Saíram do vestiário e foram em direção ao campo, e para a surpresa de todos, Cristiano Ronaldo já estava treinando ali enquanto Benítez o olhava, com raiva.
- Ronaldo, o treino começa agora.
- O meu começou há duas horas, só estou fazendo o que sou pago para fazer. E você? - o português perguntou e o técnico nada disse.
- Vamos, gente. Chão, agora. - Javier Mallo, o preparador físico, disse.
- Ele não gosta muito de Benítez. - Bale sussurrou.
- Tem alguém que gosta?
- Sem conversinha, vamos. - Javier ordenou, apontando para os três. Bale deu três tapinhas em suas costas, riu e deitou no gramado ao lado de Isco. - Antonio vai assumir aqui, gente. , preciso falar com você. - Mallo disse e os dois foram para os bancos que ficavam à beira do gramado. - Sua estreia é daqui uma semana, contra o Valencia pela BBVA.
- Mas o quê? Não iria ser quarta, no jogo da Champions contra o Paris Saint Germain?
- Ele colocou o Danilo em seu lugar.
- Filho da puta.
- Você ainda vai jogar, .
- Esse cara está tentando me atrasar. Todo mundo aqui sabe que o Danilo deveria ser reserva. Javier, eu não vim da Inglaterra para ficar esquentando banco!
- Mantenha-se calmo, ok? Gritar e reclamar com Benítez não vai resolver muita coisa. Se o Real Madrid perder mais um jogo, Florentino não vai querer arriscar a Champions. Já estamos em posição péssima no Espanhol e agora na fase de grupos da UEFA estamos em desvantagem. Perdemos de quatro no Espanhol para o Barcelona, . De quatro. Eles foderam a gente sem dó e piedade. Florentino não é tão idiota assim.
- Eu só quero mostrar do que eu sou capaz, Javier. Não quero esquentar banco para o Danilo. Acompanhei os jogos dele e, sinceramente, tô me sentindo ofendido.
- Muita gente não quer o Danilo aqui também e muito menos o Benítez. Você sabe quem foi que fez pressão no Florentino para você estar aqui?
- Quem? Benítez que não foi.
- Eu, . Junto de Cristiano Ronaldo. Eu vi seus jogos e Ronaldo ficou louco querendo trazer você para a equipe, ele sabe que as coisas estão ruins por aqui. Benítez acha que passamos por cima dele e vai tentar te afastar ao máximo. Você vai ter que lidar com isso.
- Desgraçado. - o inglês grunhiu, sentindo a raiva percorrer em seu corpo. Aquilo não era nem um pouco justo. era estupidamente melhor que Danilo em campo, Benítez estava fazendo aquilo por birra e só ia prejudicar o time.
- Você é bom, . Todo mundo aqui sabe que és bom tanto na lateral quanto no ataque, mas ainda acho que deveriam explorar mais o seu potencial como volante.
- Eu vou jogar em qualquer posição e mostrar que eu não vim para brincar, Javier. Não saí do United à toa, Benítez vai ter que me engolir.
- Ótimo, vai treinar agora, certo? Não esqueça que a torcida madrilena quer ver você jogar.
- Espero que Florentino demita logo esse cara e ponha um à altura do Real Madrid.
- Já tenho um nome, . Não posso falar. - Javir sussurrou e o inglês riu. - Vamos esperar passar o jogo contra o Paris, Florentino não vai querer outra vergonha.
- Obrigado pela confiança, Javier. De verdade. - agradeceu e deu três tapinhas nas costas do preparador. Javier Mallo riu e o mandou novamente para o campo.
Benítez iria se arrepender de ter me mandado para o banco, pensou .
E o loiro estava muito disposto a fazer aquilo acontecer.

🎬


passou a mão pela blusa branca que usava e a encarou de um modo estranho pela vigésima vez. A melhor amiga tinha feito questão de dormir no apartamento de só para garantir que a morena passasse a noite bem.
- Você tem certeza de que está bem? - perguntou pela décima vez.
- Tenho, Any. Já tomei os remédios para dor, fica tranquila.
- Você é muito desastrada!
- Desculpe, ok? Agora eu tenho que ir e você também.
- Você sabe onde fica o estúdio pelo menos? - Any perguntou, olhando esquisito para a morena.
- Sei. - respondeu e fez sinal para o táxi.
- Se você sentir dor, me liga que saio do ensaio e vou te buscar, ok?
- Tudo bem, querida. Eu estou bem, certo? Bom ensaio!
- Se cuide! - se despediu assim que abriu a porta do táxi.
sentia-se uma merda por mentir para . E uma merda muito pior por mentir para o pai, ele tinha ligado para ela ontem bem na hora em que estava tomando remédio para dor no hospital; mentiu para ele na cara dura. Os dois confiavam em e ela confiava neles com todo o seu ser, mas não teve coragem alguma de contar que o namorado de anos a tinha agredido. Era vergonhoso e humilhante, chegava a doer nela mais do que a dor que sentiu quando Rik a jogou no chão.
Os pensamentos da menina foram interrompidos pelo toque de seu celular, The Killers nunca pareceu tão inconveniente para ela. Mas sorriu quando o nome "papai" estava brilhando na tela.
- Bom dia, minha princesa.
- Bom dia, papai!
- Você está melhor?
- Sim, sem dor alguma.
- Ótimo. Mas e esse coraçãozinho?
- Ah, pai. Rik e eu brigamos e ele saiu muito estressado.
- De novo? Foi por isso que ele não estava com você no hospital? Ele te deixou machucada sozinha?
- Foi. Quer dizer, mais ou menos. Ele está em Barcelona agora, não teria como ele voltar, sabe? Futebol é importante para ele.
- Você também deveria ser. - Kalani disse e ela não conseguiu responder ao pai. - Quando você vem a Lavenham?
- Quando você vem para Madrid?
- Quando for necessário. Te espero aqui durante as férias do seu irmão, viu? Agora tenho que ir, princesa. Preciso ligar para o Ives ainda, fuso-horário é complicado.
- Tudo bem, pai. Beijos, eu amo você.
- Eu também te amo, querida. Não esqueça que você vale a pena.

Capítulo 05

⚽️


, como de costume, estava atrasado. E percebeu que estava bem encrencado quando viu as chamadas perdidas de Valentina, e uma de Isco. preferiu ignorar as chamadas da empresária e ligou para o novo amigo.
- Acordou, donzela?
- Eu estou ferrado.
- O que foi? Eu tava te ligando para convidar para sair comigo e com os caras. Hoje é day-off, lembra?
- Hoje é o ensaio da Calvin, com a .
- Porra, onde você está?
- Estou em casa, tem como você me buscar? Se eu ligar para o motorista... Merda, eu preciso de um carro.
- Você é muito abusado, Donzela. Sim, você precisa de um carro e sim, eu irei te buscar, esteja pronto em vinte minutos. Mas só porque você vai ver de calcinha e isso vai fazer Enrique Ávila ter um colapso.
soltou uma risada e encerrou a ligação. O amigo ia morrer de rir se imaginasse que ele conhecia desde a época que a menina andava só de calcinha na rua e ele ainda chupava pipo. E Isco ia ficar louco se soubesse que era a melhor amiga de infância do inglês e que ele ainda era apaixonado por ela. Tão apaixonado que tinha vergonha de se apresentar novamente. Tão apaixonado que resolveu realmente deixar seu passado no United para trás quando Kalani disse que iria contar toda a verdade para , que ia contar que se tornou um cara fraco e causador de problemas. não queria decepcionar . Ela era boa demais para ele.
O inglês tomou um banho rápido, vestiu o mesmo jeans do dia anterior, colocou seu sapato, colocou a primeira blusa que viu, botou no bolso da calça sua carteira e foi para a sala esperar Isco. mal sentou no sofá e tomou um susto com Somebody Told Me, soltou o celular da mão e quando o pegou do sofá, viu o nome de Francisco brilhar na tela. Isso significava que já era hora de ir.
- Bom dia, donzela. - Isco disse assim que entrou no carro. - Qual o endereço?
- Paseo de la Castellana ou algo assim.
- Fica no centro, sei bem onde é. - Isco acelerou com o carro e começou a trafegar por ruas nada conhecidas por . O loiro ligou o rádio do carro e a playlist que já estava conectada começou a sair pelos altos falantes. olhou para Francisco e ele deu de ombros, o inglês não aguentou e soltou uma risada. Era Justin Bieber. Isco tinha uma playlist chamada Jus10. - Mas eu não acredito! Você me pede carona e ainda fica rindo das músicas que eu escuto?
- Isso é realmente sério? Ou você só fez isso para eu ir escutando música ruim como castigo?
- Música ruim? - Isco perguntou, indignado, e freou o carro ao ver o sinal ficar amarelo. - Justin é muito bom, tá legal? As músicas são boas e ele canta bem.
- Eu acho que a donzela aqui é você.
- Cale a boca.
- Vou lhe chamar de Margarida, Francisco. Oi, Margarida, muito boa essa sua playlist do menino Justin.
- Pare de zombar o Bieber, cara. Ele é bom, até levei Sergio a um show um dia desses.
- Ramos foi assistir um show do Justin Bieber? Para de mentir, Alarcón.
- Eu estou falando sério, idiota. Até a noiva dele foi, só que ela odiou e reclamou bastante. Rosie não sabe o que é música. - Isco disse, convencido, e soltou outra risada, o espanhol revirou os olhos e acelerou quando o sinal ficou verde. Eles seguiram pelas ruas até que Francisco parou em frente a um prédio altíssimo com sua frente toda vidrada. - Esse é o local onde a Calvin alugou para fazer seu ensaio.
- Obrigado, cara. Fico te devendo uma.
- Duas, ninguém fala mal de Justin. - riu e saiu do carro. – Ei, !
- Diga, Margarida.
- Não deixe Enrique Ávilla quebrar você, certo?
- Ele é grande, mas não é dois.
Francisco Alarcón soltou uma risada canalha e acelerou com o carro para fora dali assim que entrou no prédio. A barriga de parecia dar cambalhotas e ele percebeu sua mão começar a suar frio.
estava prestes a (re)encontrar e ele estava com medo do que a morena iria achar daquilo tudo.

🎬


se remexeu na cadeira, a morena já estava impaciente. Ela sempre fora curiosa, desde criança, e o fato de não conseguir ver nada do que estavam fazendo com seus cabelos e rosto era quase uma tortura. Todos os espelhos estavam cobertos por um pano preto e aquilo estava matando a menina.
E o fato da bunda dela estar quase quadrada, não ajudava muito. não gostava de esperar, mas ela sabia que teria que ficar ali por mais um tempo por conta do atraso do jogador.
- Bom dia! – uma voz diferente das que estavam na sala se fez presente, fazendo a menina querer abrir os olhos. - Desculpem, eu não estou acostumado com o fuso horário, Valentina deve estar super estressada.
- Você tem sorte que é novo por aqui, sente que já vou cuidar desse seu cabelo.
- Uou, do meu cabelo? O que vocês vão fazer com o meu cabelo?
- Cortar e uma super hidratação. Ele está horrível, todo sem brilho, quebrado e está imenso. Você parece um Viking, ainda mais com essa barba horrenda.
não se segurou e soltou uma risada, fazendo com que o jogador rolasse os olhos e sorrisse em seguida. Ela ainda gargalhava como uma criança e isso fez ficar mais suscetível a mudanças. Para , estava incrivelmente linda mesmo com um hobby branco cobrindo seu corpo, olhos fechados por conta da maquiagem e coisas estranhas no cabelo. Ela ainda era a de anos atrás e aquilo o deixou feliz.
- O que é isso que passam no rosto dela? - perguntou quando o homem, chamado Julian, passou o produto no rosto da menor.
- Se chama pó. Vamos passar isso no seu rosto também.
- No meu rosto?
- É ou você acha que vamos encher o rosto de vocês dois de photoshop? – perguntou e riu baixo.
- Acabei, , Lisandra vai levar você para trocar de roupa. – Julian avisou, a morena finalmente abriu os olhos e levantou da cadeira.
olhou para seu lado direito e finalmente viu o tão falado . Percebeu que era o mesmo cara que tinha visto no restaurante e pensou que fosse um modelo. Aquele era , a jóia rebelde do United. sorriu e percebeu que ele era mais bonito pessoalmente do que por foto. Mesmo com ele sentado, ela pôde perceber que o jogador era alto e dono de ombros largos. Seus olhos eram azuis e para , aquele par de íris pareciam ser conhecidos. Muito conhecidos. constatou que as írises azuis combinavam quase que perfeitamente com o tom de pele que já não era tão branco e que a expressão não era suave, tinha uma cara de estar sempre mal humorado; talvez fosse pela barba que realmente o deixava parecido um Viking.
Talvez ele ficasse muito melhor sem ela, pensou.
A menina olhou para o chão rapidamente ao constatar que tinha passado muito tempo olhando para o novo madrista. Mas algo a puxava para encará-lo, não era como se ele fosse um completo estranho.
- Olá e desculpe pelo atraso. – tomou coragem e tomou iniciativa ao puxar assunto.
- Sem problemas, isso daqui... – a menina apontou para a touca que cobria seu cabelo. - Compensou seu atraso. E seu cabelo deve demorar um pouco. – disse, olhando para a expressão confusa de Julian.
- Você não penteia seu cabelo só porque ele é liso? - o cabeleireiro perguntou e riu, parecendo sem graça.
- Penteia sem dó, Julian. - disse e a olhou com uma expressão de indignação. - Até depois, novo Madrista.

seguiu pelo corredor acompanhada da tal Lisandra. As duas entraram em uma enorme sala branca onde tinham diversas araras de roupa e sapatos arrumados por cor. passeava animada pelas araras e ficou ainda mais quando Lis mostrou o primeiro look que usaria no ensaio. Lisandra ajudou a se vestir e quando terminou os últimos ajustes no vestido, cuidou de colocar pacientemente todos os acessórios, desde anéis até o colar de ouro.
- Você está pronta! E por sinal, linda. - Lis disse e sorriu, estonteante.
- Eu estou nervosa. Cheguei aqui pensando que ia ter que tirar fotos só de calça jeans e sutiã, mas aí você me colocou nesse vestido maravilhoso! - disse e Lis riu do jeito que a menina estava contente com tudo aquilo.
- Você e o jogador são as novas estrelas do mundo midiático, logo a Calvin pensou numa campanha exclusiva para vocês. No caso vocês serão os novos rostinhos que vão estampar as lojas, aeroportos, comerciais, tudo que tenha a ver com a marca. A Calvin está apostando em uma coleção de trajes esporte fino, é uma coleção limitada e exclusiva. E vai ter a do jeans e a das roupas íntimas. Vocês irão ter muito trabalho hoje!
- Mal posso esperar!
- Agora vamos? Você tem que se olhar no espelho e ser olhada! - Lisandra disse e sorriu, a seguindo para fora da sala. - Julian, ela está pronta.
- Ótimo. – Julian ficou na frente da menor, tirou a touca e pacientemente todos os grampos que prendiam o cabelo dela. Assim que terminou, colocou algumas mechas para frente e ajeitou os cachos para que os mesmos caíssem perfeitamente em seu rosto. - Você está linda, !
- Eu também acho, e olha que Julian não diz isso nem para as modelos oficiais. - Lis sussurrou e sorriu ainda mais.
- Não me entregue, Lisandra! E você, mocinha, já pode olhar para o espelho.
Julian puxou o pano preto que cobria os espelhos e percebeu que eles não estavam exagerando, ela realmente estava linda. O vestido que usava ia até ao meio da coxa, ele tinha uma modelagem evasê, onde a linha era marcada abaixo dos seios e iniciava a saia ampla, que ajudava a marcar a cintura. O busto era marcado por um decote que ia até a chamada boca do estômago, e quando a menor virou, pôde ver que no lugar do pano, tinha um tule da cor de sua pele que junto com o decote, dava um ar de ousadia para o vestido. O seu cabelo estava perfeitamente alinhado em cachos e a maquiagem simples fazia par perfeito com o batom vermelho. O peep toe, junto dos brincos e da pulseira, completavam o visual da menina .
- Agora só falta o . - Julian murmurou e eles escutaram um pigarro. olhou na direção de onde pareceu vir o som e não conseguiu deixar de encarar o homem que estava em sua frente.
- Não falta mais. – a voz suave, mas ao mesmo tempo grossa, se fez presente, o reflexo de apareceu e ela não pôde deixar de encarar aqueles olhos azuis que tanto a instigavam, chegava a parecer que os dois não eram estranhos.
estava lindo. O terno grafite moldava perfeitamente seu corpo, a largura da gravata era similar à largura da lapela, fina. Seu novo corte de cabelo combinava muito melhor com o formato quadrado do rosto do inglês, a lateral estava bem ralinha, destacando as linhas do seu rosto, isso acabava dando-lhe um ar de severidade. abaixou a cabeça ao perceber que o olhar de era tão intenso quanto o dela, pareciam que as írises azuis do jogador queriam se comunicar com as castanhas dela.
- Estou bonito? – ele perguntou e sorriu de canto.
- O nó na gravata está errado. – respondeu. foi até ele, refez o nó e a ajustou na camisa. – Agora sim.
- Obrigado, senhorita .
- À sua disposição. - respondeu e percebeu que o sobrenome não soava estranho na boca dele.
E que ele tinha conseguido pronunciar de primeira.

⚽️


- Senhorita , senhor , o ensaio irá começar. Vocês podem me acompanhar? – o homem de ombros largos perguntou assim que entrou na sala. e concordaram e o seguiram pelo enorme corredor branco.
O ensaio demorou sem que os dois percebessem. Pelo que tinha entendido, a sessão de fotos tinha sido dividida em três etapas e a primeira era com o traje social.
O toque de era firme no corpo da menor e ele nem percebeu que não tirava os olhos da menina. E estava assustada ao perceber o toque e olhar do jogador e brigou consigo mesma, pois, para ela, não deveria ter se arrepiado com o toque do inglês, não deveria ter suspirado quando as mãos dele tocaram em sua nuca para colocar o colar de ouro, ela não deveria ter sentido prazer algum em tocar no corpo do jogador. Parecia errado para , mas ela gostava da sensação que trazia. E gostava de provocar sensações em .
Depois deles baterem inúmeras fotos, a menina foi chamada para uma pequena saleta e lhe deram uma troca de roupa. Era uma jaqueta jeans, uma calcinha da Calvin e uma calça jeans branca, justa. Ela trocou de roupa e voltou para onde as câmeras estavam posicionadas. Quando a viu, não conseguiu deixar seus olhos longe dela. E brigou com seu cérebro por conta daquilo, ele tinha que ser profissional.
No que pareceu ser a segunda etapa de fotos, o fotógrafo pediu que os dois tirassem as blusas, pois os efeitos da campanha iriam ser preto e branco e o clima seria mais "quente".
não poderia ficar menos constrangida, até mesmo o namorado passou pela mente da menor. Se ele já não queria um ensaio comigo vestida, quem dirá sem blusa?, pensou. Ela balançou a cabeça negativamente e tratou de tirar Rik da cabeça quando o fotógrafo chamou a atenção de . deveria pegar com mais firmeza no corpo da inglesa e ela sentiu todos os pelos do corpo se arrepiarem com a aproximação.
A terceira etapa era individual, e as fotos de foram feitas primeiro. Ele estava leve e solto, como se tivesse acostumado com tudo aquilo. O inglês exibia o seu peitoral, ora de jeans mostrando somente uma parte da cueca, como aquelas fotos clássicas da Calvin, ora somente de cueca. teve que desviar o olhar de seu corpo várias vezes. Ela gostava de olhar para . E gostava de ser olhada por ele.
Quando chegou a vez das fotos separadas da menor, todos a olharam. Aquilo não era tão incomum, mas visto que ela estava vestida somente com um sutiã e calcinha, chegava a ser um pouco constrangedor. respirou fundo e seguiu as indicações necessárias. Até que o fotógrafo os encaminhou para o que parecia ser um quarto.
A etapa dois do ensaio tinha voltado, era hora dos dois fazerem fotos juntas novamente. estava somente com uma cueca e ela de calcinha. Ele estava em cima da menor e segurava a cintura dela de um jeito que ninguém nunca tinha segurado. Nem mesmo Enrique Ávilla.
- Vou tentar não olhar para você, pode me fazer o mesmo favor? - perguntou e soltou um sorriso.
- Não prometo nada. – respondeu e riu, feliz por ele aliviar a tensão.
- Já fiz isso algumas vezes. Finja que não há essas dezenas de câmeras aqui ao seu redor. E ajuda se segurar forte em meu corpo. – ele ria, embora estivessem sussurrando.
- Vamos acabar logo com isso, para de rir. – fingiu ralhar, mas estava rindo também. - Posição, jogador.
- Não me peça duas vezes. - disse e ficou em posição.
- , encosta mais seu corpo no dela, como se vocês dois estivessem prontos para começar um longo beijo. - o fotógrafo pediu e seguiu as instruções. segurou seus ombros e ficou tentada em fechar seus olhos, aquelas írises azuis encarando fixamente as dela era tentador demais. - Podem levantar.
Eles saíram da cama e deram para uma roupa nova, dessa vez era um pequeno short moletom, junto de uma blusa do mesmo tecido, só que curta. Foi até onde as câmeras estavam posicionadas e já estava lá, usando um short de moletom que deixava parte da cueca à mostra.
- Somos um casal fitness. - sussurrou e ela riu.
O inglês fazia piadinhas o tempo todo, o que aliviava o nervosismo da menina. E ela se sentiu grata por ele estar deixando o clima mais leve. Até que o fotógrafo avisou que já tinha todo material que precisava e que o ensaio tinha acabado. Ao todo, eles tinham passado seis horas ali, o estômago dos dois só faltava gritar de tanta fome.
- ? - chamou a menina enquanto estalava os próprios dedos. Já era a segunda vez que tomava iniciativa e ele estava com muito medo de ser rejeitado. E o fato dela não recordar dele, o deixava triste.
- Oi, . - ela respondeu de modo doce e o coração do jogador pareceu bater mais acelerado.
- Você quer ir comer alguma coisa? - perguntou e deu um sorriso de canto.
pensou um pouco. Para a menina, ela não deveria aceitar, deveria ir para a sua casa, esquentar qualquer besteira para comer e passar o resto da noite sozinha na sala de estar ou vendo o VT do jogo do namorado. Mas ela sabia que Rik não merecia e que um jantar seria muito melhor do que passar a noite sozinha pensando no que poderia acontecer se ela tivesse aceitado.
- Quero. - respondeu e retribuiu o sorriso.
Naquele momento, não pôde deixar de pensar na frase de Francisco.
Quando duas pessoas têm de se encontrar, a cidade torna-se pequenina.

Capítulo 06

⚽️⚪️


estava feliz. Não feliz da forma que ficou quando assinou oficialmente com o Real Madrid ou quando recebeu seus uniformes, era uma felicidade diferente que ele nem sabia que podia existir.
Ele estava feliz por estar com como há anos não estava. Ele estava feliz mesmo que a menina não o ligasse ao garotinho que brincava no quintal de sua casa. Ele estava feliz simplesmente por estar por perto. Só a presença dela, para , era suficiente.
Aquela era a menina que ele sempre fora, e provavelmente, sempre ia ser apaixonado. Aquela era , um dos maiores motivos de não ter ficado no fundo do poço.
- Onde você quer ir? - perguntou assim que os dois chegaram ao ponto de táxi. Daquela vez, ela quebrou o silêncio que havia entre eles.
- Não sei. - respondeu e ela riu. - Tem alguns dias que mudei para cá, é tudo tão diferente. Só conheço os lugares que os caras me levam.
- Consigo entender, quando mudei para Madrid também senti bastante, mas você se acostuma rápido. - disse e deu uma piscadela.
sorriu e ela voltou sua atenção para falar em espanhol com o taxista que estava no ponto. agradeceu por seu espanhol não ser tão ruim, pois assim dava para entender muitas coisas, fazendo com que a nova vida na Espanha fosse menos complicada. Eles entraram no carro e ficou calada o percurso inteiro, vez ou outra olhava o celular, mas logo jogava na bolsa, até que desligou o aparelho. sorriu como se aquilo fosse um sinal de que ela estava indisponível só porque estava com ele. se sentiu importante, e o inglês gostava de se sentir assim. O motorista parou em frente ao que parecia ser um restaurante, lhe deu alguns euros e os dois desceram do carro.
- Essa aqui é a melhor chocolateria de Madrid, vendem os melhores churros e chocolate quente do mundo. Chama San Gines.
- Quero só ver. - o inglês provocou e a menina estreitou as sobrancelhas.
- Quer apostar?
- Quero. - respondeu e a menina soltou uma risada.
- Se eu ganhar, vou querer uma blusa autografada pelo Azpilicueta.
- Você está brincando comigo, não é? O cara é do Chelsea e eu era do United.
- Não ligo, eu quero. – respondeu, convencida, e foi a vez de soltar uma risada.
- Você sobrou, Formiga, não vai ser tão difícil. César joga em time ruim, mas é meu amigo, um dos melhores por sinal. Vai ser muito fácil arranjar sua camisa. - respondeu e o encarou de modo diferente.
Ele a tinha chamado de Formiga. Só existiu uma pessoa na terra que a chamava daquele jeito e ela não o via desde quando tinha 12 anos. Não o via e nem tinha notícias além de que ele tinha se tornado um jogador de um time de segunda divisão. A vida deles tinha seguido rumos diferentes e aquilo bastava. Aquele homem na frente de não podia ser o Graveto. Era quase impossível.
- Mas sim, o que eu vou querer é um autógrafo e um vídeo da Anne Hathaway.
- Da Anne Hathaway? - perguntou, retornando sua atenção para ele. - Você sabe o quão difícil é encontrar essa mulher disponível?
- Você conseguirá. - disse e rolou os olhos.
- Vamos entrar, estou louca para receber a minha blusa autografada pelo melhor da Inglaterra.
- O melhor sou eu, tá bom? Azpilicueta é o segundo e olhe lá.
- Só de torcer e jogar pelo Blues, já torna ele o melhor.
- Você não sabe o que diz, Formiga. - resmungou e deu uma gargalhada. A morena socou seu ombro e os dois entraram na chocolateria.
escolheu uma mesa para duas pessoas que ficava um pouco afastada das janelas vidradas. Assim que sentaram, uma garçonete foi atendê-los quase que imediatamente. nem olhou o cardápio que estava na mesa, parecia que ela sabia de cor. E em menos de 20 minutos, o pedido estava na frente deles.
- Você primeiro. - disse com um ar vitorioso.
mordeu o churros e ao mesmo tempo que pareceu crocante, o mesmo pareceu derreter de acordo com as mastigadas que o inglês dava. Depois que bebeu o chocolate quente, sorriu e jogou a cabeça para trás, fazia tempo que ele não tomava algo tão bom quanto aquilo, tinha gosto de infância em tempos de inverno na Inglaterra. O jogador limpou a boca com o lencinho cor de rosa, pegou o celular e quando levou o aparelho em direção ao ouvido, sabia que tinha ganhado a aposta.
- Olá, sunshine do papai. - Azpilicueta atendeu ao telefonema sem demorar muito.
- Você continua ridículo. Você me atendeu rápido, não está aguentando a minha ausência? - perguntou e deu uma risada, que foi acompanhada da do amigo. - Eu preciso de um favor, depois falo contigo melhor.
- O que você quer de mim?
- Eu preciso de uma blusa sua do Chelsea, autografada.
- Já trocou de time, sunshine? Já resolveu aceitar que o Blues é o maior da Inglaterra?
- Cale a boca, fodido. Nunca serão. - retrucou e César riu, debochado.
- Tudo bem, eu arranjo para você.
- Obrigado. Depois te mando por mensagem o nome dela.
- Dela? Você já está me trocando, ?
- Você é o oficial. - desligou a tempo de escutar a risada da menina.
- Você é amigo do César! Como pode?
- Longa história. Eu amo aquele cara. - disse e bebeu mais um pouco do chocolate. - Enfim, ele vai dar sua blusa. - sorriu ao ver o brilho no olhar da mulher em sua frente.
estava se sentindo muito bem por fazê-la feliz, mesmo tendo que presenteá-la com uma blusa do time rival. Mas era a camisa do Azi, e do amigo ele aceitava sem reclamar muito. César Azpilicueta tinha um espaço gigantesco dentro do coração do inglês.

🎬


- Você oficialmente ganhou nossa aposta. - disse quando guardou o telefone no bolso. - Isso é realmente muito bom.
- Eu sabia! - bateu palminhas, mas logo voltou ao comer seu churros, melando-o no chocolate. - Ei! Eu sabia que já tinha te visto em algum lugar. - deixou cair o pedaço do churros no prato, ansioso. Ela tinha lembrado. tinha lembrado que ele tinha sido seu melhor amigo. - Você estava no restaurante com Isco e Kovačić não era?
- Sim. – murmurou, decepcionado. - Isco pagou um drink caríssimo para a sua amiga.
- ! O Isco fez muito bem, Any estava triste naquele dia. Ela melhorou em questão de minutos.
- Triste por quê? Vocês estavam bem risonhas.
- Nós vivemos rindo, rimos por qualquer coisa. Ela tinha brigado com o namorado e, bom, eles provavelmente irão terminar. Só questão de tempo.
- Aí o Isco vai entrar no jogo e não vai deixar ir para a prorrogação.
- Ah, como o futebol se encaixa na vida das pessoas. Chega a ser lindo.
- Lindo sou eu. - retrucou e colocou o último pedaço do churros na boca.
- Você está sujo, criança. – pegou o guardanapo e limpou o canto da boca do inglês que estava sujo de açúcar junto de chocolate.
- Agora estou me sentindo uma criança.
- Uma criança que joga no melhor time do mundo e que recebe milhões?
- Exato. Uma criança que recebe milhões e nem mobília tem em casa.
- Como assim? Você não tem móveis em casa?
- Uma televisão, um sofá, poltrona e um quarto pequeno com uma cama, guarda-roupa e banheiro. - disse ao contar nos dedos os móveis que tinha em casa. - Eu almoço sempre no clube ou com os caras. Ou peço delivery.
- Você é louco?
- Eu não conheço ninguém em Madrid. Minha mãe mora na Inglaterra e ela se recusa a morar aqui, os poucos amigos que me restam estão lá também. Não tenho namorada, nem irmãos, então minha casa enorme está com uma decoração simples. Aliás, como você se acostumou aqui? Sair de Lavenham para Madrid não deve ter sido tão fácil. - o encarava, assustada. Como ele sabia que ela era de Lavenham? Chegava a parecer que ele estava a instigando a lembrar de algo, mas ela não conseguia juntar as peças do quebra-cabeça. - Você não lembra mesmo, Formiga? - a chamou pelo apelido pela terceira vez e ela deixou um pequeno pedaço do churros cair no prato. - Você não lembra de nada em Lavenham, ?
- Graveto. - sussurrou e sorriu.
Ela tinha lembrado.

~*~


Lavenham, 2006

- , desça daí! - o menino de cabelo estilo militar gritou enquanto a menina dos cabelos curtos e negros ria, subindo mais um galho. - Formiga!
- Venha me pegar! - gritou para ele, rindo. A menina colocou o pé direito em outro galho e subiu. com seus movimentos rápidos se colocou atrás da menina e em segundos ele já estava atrás dela.
- Me dê a mão. - pediu e negou, subindo mais dois galhos. Mas logo ela parou de sorrir e sua expressão havia mudado. - Formiga! Isso é perigoso, venha, me dê a mão!
- Eu não consigo te dar a mão, aqui está muito alto. - disse com a voz embargada.
- Não olhe para baixo, ok? Eu irei pegar você. - tentou acalmá-la e subiu mais um galho, ficando mais próximo da menina.
Mas não aguentou esperar o amigo. Seu pé descalço encostou em alguma farpa e pelo susto, soltou a mão e foi em direção ao chão. gritou, se esticou, mas não conseguiu agarrar a mão da menina. desceu da árvore desesperado, a única coisa que ele conseguia ver era o vermelho manchar a pele da menina. Chegou ao chão e ela já estava desacordada, mal sabia que aquela iria ser a penúltima vez que veria sua melhor amiga.

~*~


O dedo indicador de estava em seu lábio e ela esboçava um sorriso sincero.
tinha praticamente desaparecido da mente e da vida dela. só lembrava de pequenos borrões de uma criança loira, cabelo militar e branca. E quando perguntava para o pai, ele dizia que estava ganhando a vida jogando num time de segunda divisão. riu ao ligar o desgosto do pai pelo United e Chelsea. Kalani era amante do Liverpool e não colocava nada acima do time. O único time que unia os três era o Real Madrid. E era graças àquele time que eles tinham se reencontrado.
não estava triste ou chateada pelo tempo que passou distante, a única coisa que passava pela sua cabeça era que o Graveto havia cumprido a promessa que tinha feito quando ela ainda estava internada no hospital. A de que os dois ainda iriam se reencontrar.
- Eu pensava que você não iria lembrar! – disse, aliviado.
- Seus olhos ainda são os mesmos. Como você sabia que era eu?
- Eu nunca esqueci, para falar a verdade. Ainda mantenho contato com seu pai, bastante aliás.
- Meu pai não me disse nada! Ele dizia que você estava sempre ocupado trabalhando em um time de segunda divisão.
- Segunda divisão? Céus, vou matar Kai. - disse e soltou uma risada. Kalani realmente achava que Manchester United era um time de segunda divisão e que não merecia disputar Champions League, Premier e nem mesmo FA CUP. - Eu que pedi para ele não avisar. Você estava bem melhor sem a minha pessoa por perto, acredite.
- Mas, ... Você era meu melhor amigo! Eu esqueci algumas coisas por conta da queda...
- Seu pai avisou para a minha mãe quando ele recebeu o laudo. Ele estava com medo de ser permanente, mas o médico avisou que você lembraria das coisas aos poucos, se fosse estimulada a lembrar. Só que o Ives recebeu a bolsa e vocês tiveram que ir embora logo. E meses depois eu fui para Londres com minha mãe.
- Mas quando você se estabilizou, meu pai deveria ter dito! Céus, as coisas podiam ser diferentes.
- Elas iam ser totalmente diferentes. Sério, não culpe seu pai. Pelo contrário, agradeça a ele. Eu passei por maus momentos, . Eu fui muito ruim, você teria se decepcionado. E decepcionar você não estava e nem está nos meus planos. Preferi manter você longe de problemas.
concordou e em seu íntimo agradeceu por gostar tanto dela ao ponto de não querer que ela sofresse. Aquilo era um gesto nobre e de cuidado, amava se sentir cuidada e querida.
fez carinho na mão que deixou sobre a mesa e, sem que os dois percebessem, estavam com os dedos entrelaçados. E eles passaram um tempo em silêncio, apenas digerindo o fato que eles estavam juntos novamente e que tudo era novo. E que tudo ia ser diferente.

⚽️⚪️


- O que aconteceu com você na Inglaterra? - a morena perguntou, o pegando de surpresa. - Ligando os pontos, segundo o que dizem, você era um garoto problema. Mas toda história tem dois lados e eu aposto que a mídia não estava muito interessada em escutar o seu.
- E eles nunca estarão. Mas eu te conto as coisas do meu passado na Inglaterra uma outra hora, certo? Não quero te encher de coisas logo agora que nós nos reencontramos. E por favor, prometa-me que não vai jogar meu nome no Google.
- Certo, eu prometo. - ela respondeu e ele sorriu, agradecido por ela não insistir. - Quando você estreia pelo Real Madrid? - perguntou para quebrar o silêncio que os envolvia.
- Semana que vem, contra o Valencia.
- Jogo da La Liga, não é? Mas não tem jogo essa semana contra o Paris?
- Sim e sim, só que Benítez me jogou para ser banco. - respondeu e rolou os olhos. Ela detestava aquele técnico. - E você continua gostando de futebol pelo visto.
- É a minha religião! – disse, fazendo sorrir. Aquela realmente era a sua garota.
Eles acabaram pedindo mais uma rodada de chocolate quente com churros e era incrível como levavam um papo bom e descontraído. Chegava a parecer que eles tinham mantido contato durante todos os dias de todos os anos que estavam longe. ainda conseguia fazer rir e, para a felicidade do inglês, ela ria de todas as suas piadinhas bestas. adorava vê-la sorrir, ele a achava muito bonita sorrindo. Até que a comida acabou e quando se deram conta, o relógio avisava que era tarde e que eles tinham que se despedir.
- Nós podemos nos encontrar, amanhã? - perguntou, desejando internamente que ela dissesse que sim.
- Claro! Você quer anotar meu número?
- Meio óbvio. – respondeu e ela riu. Eles trocaram os números e caminharam juntos em direção ao ponto de táxi. se despediu de com um abraço apertado e um beijo na bochecha. Ele a esperou entrar no carro e entrou no que estava logo atrás, passou seu endereço e em menos de meia hora já conseguia enxergar a entrada de La Finca. Assim que entrou em casa, tirou seus sapatos, a roupa e se jogou na pequena cama.
Era muito bom ter de volta na vida, pensou e sorriu. Antes que ele pudesse dormir, resolveu mandar uma mensagem para ela e ele esperava ansiosamente pela resposta.

: Formiga, amanhã às 14h em frente ao Santiago Bernabéu.

E ela veio segundos depois que seu celular notificou que ela tinha recebido.

Formiga: Podemos almoçar antes, o que você acha?

O sorriso de estava de orelha a orelha, se ele pudesse se ver naquele momento, veria o quanto seus olhos azuis estavam brilhando de uma forma diferente. estava feliz e sentiu o coração bater mais forte ao ler a mensagem da menina. Era ela quem tinha tomado a iniciativa daquela vez. Tinha sido ela quem tinha o convidado para almoçar.

: Eu acho ótimo. Me cortaram no treino em Valdebebas. 🙄

Formiga: E aquele doido pode fazer isso?

: Não sei, nem ligo, na verdade. Prefiro almoçar com uma pessoa legal do que aguentar um otário, dois, na verdade
🤔🙄

Formiga: Dois? Quem seria o outro?

: Danilo, já ouviu falar?

Formiga: Ora, se não é o pior brasileiro que já passou pelo Real Madrid, Kaká deve estar triste, assim como o fenômeno. Mas ainda bem que existem Marcelo e Casemiro.

: Marcelo e Case são espetaculares. Para mim, só esses dois brasileiros deveriam estar no Real.

Formiga: Eu concordo, acho Danilo um peso morto
🙄 chegou a assistir ao jogo que ele fez gol contra?

: Eu fiquei puto. Seu pai e eu o xingamos até a sua trigésima geração. Ah, eu sou banco dele.

Formiga: VOCÊ O QUÊ?????????
Formiga: COMO VOCÊ É BANCO DAQUELE CARA?
Formiga: Tudo bem que você jogava no pior time da Inglaterra, mas banco? Eu estou com raiva.

: Benítez quer me atrasar, ele não me queria no Real Madrid, mas Cristiano e o nosso preparador físico, sim. Aí ele me atrasa
🙄
: Mas eu não jogava no Chelsea 🤔

Formiga: Você está muito engraçadinho, Graveto.
Formiga: Olhe como estou rindo de sua piada sobre meu time.
Formiga sent a pic


soltou uma risada quando a imagem carregou, era uma selfie da menina revirando os olhos e ela mostrava o dedo do meio. Até daquele jeito ela continuava bonita, pensou o inglês.

: Você só tem que assumir a verdade.

Formiga: Cale a boca.
Formiga: Ei, eu irei dormir. Mas amanhã nós iremos mesmo?

: Se você não furar, iremos sim HAHA

Formiga: Eu nunca furo, ainda mais quando o assunto é comida
😋
Formiga: Até amanhã, Graveto. Durma bem e sonhe com Azi levantando a taça da FA CUP.

: Cale a boca.
: Durma bem você também, mas sonhe com a minha imagem ano passado levantando a taça da FA CUP.
sent a pic

Formiga: Eu vou socar você amanhã por me lembrar deste dia.
🖕🏽🖕🏽🖕🏽
Formiga: Até amanhã, te mando o endereço quando acordar.
Formiga: Beijo e obrigada por aparecer
Formiga: Ou reaparecer HAHA
❤️

: Eu que agradeço por ter lembrado, esperarei o endereço.
: Até amanhã, Formiga
🐜 ❤️

recebeu a confirmação que a menina já tinha lido a mensagem e ele saiu da conversa. Ainda estava com um sorriso bobo no rosto e o sorriso permaneceu mesmo com as inúmeras mensagens que chegavam no seu Whatsapp. A maioria era do grupo do seu novo time, tinha três de Francisco e uma de seu antigo amigo, César Azpilicueta. não tirou o sorriso bobo do rosto e bloqueou o celular sem abrir as conversas. Ele só queria dormir com a imagem de no pensamento. Mesmo ela estando toda bagunçada, de olhos revirados e mostrando o dedo do meio.
conseguia ser linda até daquele jeito.

Capítulo 07

tinha uma motivação para não acordar tarde. era a causa de o inglês estar acordado às oito da manhã, caminhando pelas ruas de La Finca.
voltou para casa ao não encontrar nenhum rosto conhecido por aquelas ruas, mesmo alguns dos jogadores do seu novo time morando naquele complexo. Eles deveriam estar dirigindo em direção a Valdebabas e não estava porque o técnico não o tinha escalado nem para ser banco. O jogador praguejou e se jogou no sofá, ligando sua televisão em um canal aleatório de esportes. Riu quando a apresentadora anunciou a mais nova novidade do meio futebolístico.
A namorada de Enrique Ávilla passou o dia todo com o novo camisa 16 do Real Madrid, .
Ávilla piraria quando visse aquilo. talvez nem ligasse para aqueles canais que deturpavam a maioria das notícias só para obter audiência. Audiência às custas de intrigas entre jogadores e pessoas próximas. A mídia futebolística era filha da puta e aquilo quase causou o fim de na Inglaterra. Mas ele não ia deixar aquilo influenciar em suas atitudes, ele não iria ficar puto e descontar no primeiro paparazzi que visse ou responder rude algum jornalista que viesse com perguntas com duplo sentido fáceis de serem interpretadas de modo errado. era superior a tudo aquilo, e tinha também. Ele não ia deixar aquele povo sujo contaminar Formiga.
desligou a televisão e voltou sua atenção para o telefone. As mensagens da noite anterior ainda estavam ali e contava com uma nova. Ele sorriu ao ler o nome de nas suas notificações.

Formiga: Bom dia, Graveto.
Formiga: O nome do lugar é Metro Bistrô, só diz isso para o taxista e ele vai saber onde te levar. disse que é um bom restaurante para levar você.

: Bom dia,
🐜.
: Que horas eu tenho que estar lá?

Formiga: Ao meio-dia.
Formiga: É um almoço, não um jantar.

: Podemos jantar também, o que você acha?


arriscou o convite e a resposta não veio. Ele bufou e saiu da conversa de Formiga, indo para a de seu amigo César. O inglês riu alto assim que viu o conteúdo da mensagem, Azpilicueta não perdia aquela mania desgraçada de fazer piadas inconvenientes.

Daddy Azpilicueta: Mal chegou em Madrid e já está querendo comer alguém às minhas custas? Quem é a da vez?

: Você é ridículo, Azi. É só uma amiga.
: .
: Arranje logo essa camisa, eu perdi uma aposta.


saiu da conversa de César e finalmente respondeu Isco, mesmo sabendo que o espanhol não iria responder tão cedo.

Margarida: Oi, Donzela.
Margarida:
Margarida: Como foi lá?
Margarida: Seu fodido, me responda. Você está morto?

: Oi, Margarida.
: Porra, tenho muita coisa para te contar. Você não vai acreditar
😂
: Me ligue quando ver isso.

estava errado ao pensar que o mais novo amigo não iria lhe responder. Não passou nem cinco minutos que tinha enviado a mensagem e o nome Margarida estava brilhando em sua tela.
- O que aconteceu? Eu tô no vestiário em Valdebebas, quer algo daqui de perto? Mas, antes, me conta logo o que rolou ontem.
- Você não vai acreditar na novidade.
- Que novidade? Desembucha logo, Donzela.
- Lembra da menina do restaurante?
- Ah, . - disse e suspirou. - Um dia ainda vou encontrar com ela, você vai ver só.
- Ela é melhor amiga da , que por acaso era minha melhor amiga de infância e nós vamos almoçar juntos. Provavelmente ela vai levar a amiga, mas ainda não sei.
- Excesso de informações. Você já conhecia , seu fodido? Que elas eram melhores amigas eu pude deduzir.
- Conhecia, éramos vizinhos em Lavenham. E elas são muito unidas, tipo muito.
- ! Você encontrou a mulher da minha vida. Onde vocês irão almoçar?
- Calma, não aparece lá. Vou levar e ela ao Bernabéu, avisa para o Bale e me esperem lá às duas da tarde. Olha, tem namorado.
- Eu sou jogador, não desisto até o juiz apitar o final da partida.
- Camisa 10 você, hein? - brinquei e ele riu. - Só para avisar que o relacionamento deles tá por um fio, de acordo com . Aproveita, viu?
- Você fez o trabalho de fofoqueira certinho, hein?
- Vai se foder, não te dou mais informação nenhuma.
- Pare com isso, quando eu casar com ela, deixo você ser padrinho.
- Beleza, não esqueça que é às 14 horas.
desligou a ligação antes que o espanhol pudesse implorar para eles almoçarem todos juntos. Aquela ia ser a vingança de por Isco tê-lo feito escutar Justin Bieber durante todo o caminho.
O inglês ia bloquear o telefone, quando a notificação de apareceu. E ele sorriu assim que terminou de ler.

🎬


: Podemos jantar, se você quiser. Mas só se você prometer que além da minha blusa do Azpilicueta, vai me dar uma do Sergio 😉

deixou o telefone na bancada e voltou para o quarto. Ela estava feliz por estar tendo contato com seu amigo de infância e mais ainda por não ter ficado uma situação estranha e constrangedora. Era como se eles nunca tivessem perdido contato e aquilo era maravilhoso. A morena só estava preocupada com o que Enrique ia achar de tudo aquilo, ela ainda tinha um relacionamento com ele, mesmo estando com vontade de ficar bem longe do espanhol. Ele a tinha agredido. gostava muito de Rik, mas aquilo a assustava.
A menina agradeceu por estar fazendo em Madrid, ela tomou seu banho sem precisar ligar o chuveiro elétrico e assim que se enxugou, vestiu seu short jeans preferido e uma blusa branca, que achou que combinaria perfeitamente com a ocasião. Ela iria visitar o Santiago Bernabéu pela terceira vez em toda sua vida, estava quase pulando de felicidade. Mesmo morando em Madrid, as visitas ao estádio não aconteciam com a frequência que ela imaginava que iriam ocorrer; ela passava muito tempo fora e quando estava na Espanha, dedicava muito do seu tempo a fazer companhia para ou a Rik. Coisa que ela pretendia mudar assim que colocasse a cabeça no lugar. terminou de se arrumar e assim que voltou para a sala, se deparou com inúmeras mensagens do namorado. Ela ignorou todas e preferiu ligar para a melhor amiga, era cedo demais para começar uma briga com Enrique.
- Dias, mi amor. - Any disse assim que atendeu a ligação. - Como você está?
- Não sei ao certo, mas nós vamos almoçar hoje, não é? Você não quer desistir só porque vai, não é?
- Mas é claro que não! Eu já estou pedindo um táxi. Te encontro lá?
- Ok, mi cariño. Até daqui a pouco. - se despediu da melhor amiga e desligou a ligação, a tempo de ver a mensagem de .

Graveto: Além de fan girl do Azpilicueta, é fan girl do Sergio?
Graveto: Você me decepciona desse jeito.

: Sergio é um cara maravilhoso assim como o Azpi. Cale a boca e arrume minhas camisas.

Graveto: A do Azpilicueta eu já consegui, falta a do Sergio.
Graveto: Te encontro daqui a pouco?

: Sim, não atrase.

Graveto: Eu sou a pontualidade em pessoa, mais respeito, por favor.


mandou uma risada e recebeu uma foto de , o loiro já estava arrumado e pelo que deu para perceber, estava sentado no sofá.

: Ótimo, gostei da blusa. Até depois.

A mestiça olhou para o relógio e decidiu que já era hora de ir encontrar com a melhor amiga e , ela pegou a bolsa que tinha arrumado e saiu do apartamento. Por sorte, assim que chegou no hall do prédio onde morava, um táxi já estava na frente como se esperasse alguém. nem se importou de algum morador ter contatado primeiro, entrou no carro e comunicou o endereço ao motorista que acelerou o veículo sem pensar duas vezes. chegou ao Metro Bistrô e deu de cara com a melhor amiga, mexia no seu iPhone com uma expressão triste, como se o que estava vendo na pequena tela do aparelho estivesse a machucando.
- Você chegou! - Any disse e esboçou um sorriso, deixando o celular em cima da mesa.
- O que você tem? - perguntou na lata.
- O que eu tenho? Seu irmão. - estendeu o aparelho para a morena e entendeu perfeitamente o motivo da melhor amiga estar daquele jeito. estava vendo uma porção de fotos de Ives tiradas na noite anterior em uma festa, cercado de mulheres e uma estava bem próxima, próxima até demais. As bocas estavam quase grudadas.
- Eu não acredito. - sussurrou enquanto passava as fotos.
- Acabou, . Acabou. - Any sussurrou e pegou o telefone das mãos da morena.
- Ele deve explicações.
- Ele já se explicou pelas fotos, dois anos não foram nada para ele. Acabou, . Só estou esperando ele ter a decência de vir a Madrid. Ives disse que viria ver a minha apresentação final do mês. - disse e a abraçou, fazendo com que a loira repousasse a cabeça em seu ombro. - Ainda bem que eu tenho você.
- Você é minha família aqui. E é para sempre.
- Podemos pedir batatinhas fritas enquanto não chega? - Any perguntou e balançou a cabeça afirmativamente.
- Fries before guys. - as duas disseram juntas e fez sinal para o garçom.

⚽️⚪️


Assim que entrou no restaurante, constatou que o Metro Bistrô era um local aconchegante. Suas paredes eram brancas e vidradas, ao fundo contrastavam com o marrom da madeira, tanto do bar quanto das diversas colunas que existiam ali.
- Bom dia, senhor. Você vai querer uma bebida no bar ou vai querer uma mesa?
- Vim encontrar umas amigas, acho que elas já devem estar aqui. Provavelmente já tem uma mesa reservada.
- Certo, a reserva está no nome de quem?
- .
- Ah, a atriz. Certo, pode me acompanhar. – disse depois de alguns segundos. e o funcionário atravessaram a parte do bar e entraram no salão onde tinham várias mesas espalhadas e então, a viu. estava sentada próxima a parede de madeira em companhia de . Assim que o viu, esticou seu braço e acenou, e o jogador foi até a mesa em que as duas estavam.
- Bom dia! - cumprimentou, ele sorriu e deu-lhe um beijo na bochecha.
- ‘Tô muito atrasado?
- Cheguei um pouco antes com Any, você está quase no horário. - deu uma piscadela e riu, voltando sua atenção para .
- Então você é o famoso . - disse após o jogador apertar sua mão. sorriu, convencido, e sentou entre as duas. - Espera aí, você é amigo do cara que me pagou um drink muito bom um dia desses?
- O cara se chama Isco e é jogador do Real Madrid.
- É, eu sei. Você não me deixou esquecer isso, lembra?
- É claro que eu não ia deixar esquecer! É o Isco.
- Não liga, , é meio maluca por futebol, sabe? O papel de parede do WhatsApp dela é uma foto de um jogador, qual é o nome dele mesmo?
- , cale a boca.
- Pera, eu vou lembrar. - a loira disse e bateu na própria testa. - Ah, isso! Sergio Ramos!
- ! - repreendeu e riu alto, sendo acompanhado pela melhor amiga da mestiça.
- A fãzoca do Ramos ataca novamente. – brincou, lembrando da mensagem que ela tinha enviado mais cedo.
- Fã? Essa menina é desgraçada da cabeça por ele. Teve um dia que ela tava assistindo um jogo do time de vocês, aí esse cara arrumou confusão; ficou louca, começou a gritar com a televisão e tudo!
- Tá bom, Any, para! - disse, escondendo seu rosto com as mãos.
- Ele é bonitinho, mas ainda acho o seu amigo mais bonito.
- Então você acha o Isco bonito? - perguntou com a sobrancelha arqueada e bateu na própria testa.
- Se entregou, otária. - revidou e lhe mostrou o dedo do meio. Para disfarçar, chamou o garçom e ele veio quase correndo atender aos pedidos.
- Nós três vamos querer o cordeiro cozido, mas à baixa temperatura, ok? Acompanhado do purê com trufas. - pediu sem nem perguntar a opinião dos dois, riu sozinho enquanto batia em sua própria testa.
- Certo e para beber?
- Vinho, o melhor que tiver, por favor.
- Certo. Um instante, já irei voltar com os pedidos.
- Obrigada. E eu irei ao banheiro, se os pedidos chegarem, me esperem para comer. - disse assim que o garçom se afastou, e saiu da mesa levando o celular consigo. Ives estava ligando para ela e não gostava da ideia de chorar na frente dos dois.
- Então quer dizer que além de ser fan girl do César Azpilicueta, você é apaixonada pelo Sergio Ramos. - disse segundos depois.
- Não... Quer dizer, depende do referencial. Ele é um puta jogador, fez o gol da última Champions e se redimiu de ter perdido aquele pênalti na semi da Champions, lembra? Aquela contra o Bayern. E de quebra, ele ainda é bonito. Sabe, Sergio Ramos é um pacotinho completo. Assim como o Azpilicueta, só que o Azpi é diferente. Ele meio que se reinventou, sabe? Ele entrou no Blues agindo como um adolescente imaturo e ele cresceu. Eu gostei de ver isso, mesmo não acompanhando todas as notícias que saiam dele.
- Ainda bem. - murmurou e olhou, sem entender. - Eu ia estar em algumas delas. Aprontamos juntos algumas vezes e crescemos juntos.
- Isso é amizade, não é? Estar nos momentos bons e ruins?
- É isso mesmo. Ele não estava comigo só na hora das festas e outras coisas, ele é um cara espetacular. Azpilicueta merece o mundo, sou grato por ter ele como amigo.
- Assim como eu sou grata por ter Any. E eu estou um pouco preocupada com ela.
- Ela está doente ou...?
- Ives. Eles namoram e acho que eles irão terminar logo, provavelmente ele a traiu ontem. - contou e balançou a cabeça negativamente. - Depois falamos sobre isso, certo? Vamos falar de coisas boas, tipo minha camisa do Azpilicueta e a do Sergio.
- A de Azpilicueta está a caminho e a de Sergio, só se você realmente jantar comigo. - deu uma piscadela e riu. - Ah... E se a comida que essa sua melhor amiga escolheu for ruim, vais ter que me levar naquele restaurante de ontem.
- Essa comida é a melhor daqui, sempre pede quando almoçamos nesse restaurante. Mas eu te levo na San Gines qualquer dia desses.
- Ainda bem. - disse e ela sorriu de canto. Os dois pararam de falar quando notaram a presença de Any, a loira se aproximava da mesa em que eles estavam e limpava os olhos com a costa da mão.
- Any? Você quer ir embora?
- Não. Mas acabou, . Conversamos outra hora, eu só quero comer. - disse e deu de ombros. A loira ficou com um olhar triste e perdido, mas logo seus olhos azuis começaram a brilhar, a comida havia chegado. Os três comeram em silêncio e pediram a sobremesa, pediu a conta, só que puxou a nota para si e pagou tudo sozinha.
Eles saíram do restaurante e começaram a caminhar pelas ruas daquele bairro, e andavam lado a lado enquanto ia na frente, vendo as vitrines de algumas lojas. Ela parecia uma criancinha em um parque de diversões e os dois eram seus pais. Any estava tentando não desabar e tentava encontrar um refúgio naquelas vitrines.
- Me esperem aqui, não demoro. - avisou e entrou numa loja enquanto os dois sentaram em um banco que tinha na calçada em frente.
Naquele momento, percebeu o quanto era realmente linda. Não que ele já não tivesse achado durante o ensaio fotográfico, aliás, durante alguns momentos ela estava somente de calcinha e, céus, ela tinha um corpo maravilhoso, o inglês pensou. Mas naquele momento, enquanto ela estava de pernas cruzadas e brincava com os detalhes da bolsa enquanto pegava o celular, ele se deu conta de como ela era realmente linda. Seus cabelos que mesclavam entre castanho claro e o preto, combinavam perfeitamente com suas sobrancelhas e lábios carnudos. O formato de seu rosto era proporcional ao resto do seu corpo e, quando ela sorria, aparecia um furinho em sua bochecha direita. era linda e só queria saber por que ela parecia triste ao mexer no celular.
- Você não tá legal hoje. - murmurou e ela riu baixo.
- Eu estou um pouco chateada, mas não é com você, é com Enrique. Rik tem se mostrado um babaca nos últimos dias, sabe? Ele simplesmente quer me obrigar a fazer certas coisas e eu não vou.
- Ele te obriga a fazer tipo o quê?
- Não é isso que você está pensando. - disse rápido e respirou, aliviado. O inglês não achava nem um pouco justo ele usar ela como um brinquedinho para satisfazer seus desejos sexuais. - Ele não gosta de você.
- Novidade alguém não gostar de mim. - disse e os dois riram.
- Isso é uma merda. Ele nem te conhece, sabe? Ele simplesmente acha você uma espécie de rival.
- Ele me vê como uma ameaça?
- Exatamente, mas que se foda, certo? Eu não tenho nada a ver com a porcaria do time dele. Mas também ele te vê como rival em todos os sentidos.
- Ele deve ter visto os jornais. Você já viu?
- Ainda não e nem quero. Deixe ele pensar o que quiser, estou triste com ele.
- O que ele fez com você? - perguntou e ela balançou a cabeça negativamente, como se não quisesse falar. O jogador sentiu a raiva percorrer pelo seu corpo. Enrique Ávilla tratava mal e ele não aceitava aquilo, ela era boa demais para aquele cara.
- sempre me disse que ele não era uma pessoa boa, sempre neguei. Mas sei lá, nos últimos dias ele tem estado muito estranho e isso me leva a reconsiderar alguns conselhos, sabe?
- Ele é rude com você? - insistiu mais uma vez e ela abaixou a cabeça.
- Não como um todo, sabe? Mas nessa semana ele tem estado tão diferente, Rik tem ficado estressado rápido e acaba brigando comigo por qualquer motivo. Deve ser só coisas do trabalho.
- Mas o Barcelona está em uma ótima fase, . O Real Madrid que está péssimo, eu deveria estar super estressado. Não vejo nenhum motivo para Enrique estar assim.
- Não sei também. - deu de ombros. - diz que ele é meio perturbado.
- Eu digo o quê? - a voz de se fez presente e quando os dois se deram conta, ela já estava sentada ao lado de , com duas sacolinhas da loja que tinha entrado.
- Tava falando para que você costuma dizer que Enrique é perturbado.
- Ah, é verdade, digo mesmo. Ele me odeia, sabe, ? Só que estou me fodendo para o que ele pensa.
- Você implica com ele. - sussurrou e a olhou, perplexa.
- Eu implico com ele? Deixa de defender esse cara. Você é a única que não consegue enxergar que Enrique Ávilla nada mais é que um bosta. Posso listar todas as vezes que ele foi grosso com você, as vezes que ele te deixou sozinha no apartamento e foi para as festinhas daquele time dele que você odeia e que eu acho o uniforme horrível. Também posso fazer outra lista contendo todas as outras vezes que ele foi falar merda de mim para o seu irmão, só para criar intriguinha e Ives me ligar puto de alguma cidade. - despejou tudo e permaneceu calada. não o conhecia, já tinha dividido campo com ele no máximo umas três vezes, mas já não gostava dele. E juntando o que os caras do time falaram dele e o que a melhor amiga de , que convivia fora dos estádios, falava dele, já sabia que boa pessoa Enrique Ávilla não era e que estar num relacionamento como aquele, era perigoso.
- É só um mal momento. - disse, mas parecia não ter mais certeza nas suas próprias palavras. - , ainda vamos naquele lugar? - perguntou e o jogador fez que sim com a cabeça, e percebeu os olhos da menina brilharem.
- Para onde vocês vão?
- Ao Bernabéu, quer ir conosco? - perguntou e ela olhou para , como se ele estivesse falando grego.
- Berna, o quê?
- Bernabéu, Any. Estádio do Real Madrid, lembra? - perguntou e fez que sim com a cabeça.
- Ah, lembrei! Onde você queria me arrastar para assistir um jogo, né?
- Exato.
- Ah, não gosto muito de futebol. Mas eu vou, não tenho ensaio nenhum hoje.
- Ensaio? - perguntou, curioso, e ela concordou.
- Eu fazia dança na universidade daqui. Agora trabalho para uma companhia de Ballet, temos uma apresentação marcada para final do mês. Você está convidado, aliás.
- Muito obrigado. - agradeceu e ela sorriu. - Mas posso pedir um convite extra? Tenho um amigo que adora Ballet.
- Ah, sério? - perguntou e seu rosto pareceu se iluminar quando o inglês concordou com a cabeça. – Então, fechado. - disse e apertou a mão direita do jogador.
Os três pegaram um táxi um pouco mais adiante, detestava pegar táxis, ele sentia uma tremenda falta de dirigir. Ele amava carros, assim como amava skates, e sentia falta dos seus. Quando o motorista parou em frente ao Estádio, teve a nota mental de ir escolher um carro com Isco e Bale, e de passar em uma loja de artigos esportivos e comprar novos skates para que ele pudesse voltar a praticar.
- Eu adoro aqui. - parecia maravilhada com o que estava diante dela.
- Quantas vezes você já veio aqui?
- Só duas. Uma vez foi no jogo contra o Barcelona e outra só para visitação. Queria poder vir mais vezes, me sinto bem aqui. – respondeu, ainda encarando a enorme fachada do estádio.
- Vamos para uma visita guiada?
- Eu vou ser o guia de vocês, Any. Na realidade eu e mais dois amigos. Vamos? – o jogador perguntou e elas concordaram. Eles entraram pela entrada principal do estádio, cumprimentou os seguranças que estavam por ali e eles liberaram o acesso tranquilamente, sem nem pedir credenciais ou ingressos de visitação. Deveria ser pelo fato delas estarem com a nova contratação do Real, tudo para agradar aquele que defendia o manto e nada menos. – Quero apresentar duas pessoas para vocês.
- Quem são? - perguntou, curiosa.
- Já vou te mostrar.

🎬


Os três seguiram por um corredor com detalhes brancos, dourados e roxos, recheado de fotos dos jogos da equipe. segurou pela cintura enquanto ia na frente, olhando os pôsteres dos jogadores, até que eles pararam em frente à uma porta que parecia ser a entrada do vestiário.
- Esse aqui é o menino do drink? - Any perguntou, passando a mão por cima da foto do jogador.
- É ele sim, Any. Aliás, as duas pessoas que quero apresentar para vocês estão aqui. - avisou e abriu a porta. Isco Alarcón e Gareth Bale estavam parados, de braços cruzados, encarando as duas, mas assim que Isco pousou os olhos em , ele deixou os braços caírem e ficou admirando a loira enquanto ela o admirava no pôster da parede do corredor. - Esses são Isco e Bale.
- Oi? - perguntou, voltando sua atenção para , só que Isco entrou em seu campo de visão. Ela sorriu, parecendo envergonhada, e ele a olhava com cara de bobo. - Você?
- Eu! - Isco respondeu e sorriu de canto. – Oi, , tudo bem?
- Você lembrou meu nome.
- Teria como esquecer? - riu e ficou encarando o chão igual a uma idiota.
- Não acredito, . Trazendo a princesinha do rival para dentro de casa? - Bale perguntou e virou-se para ele.
- Ah, o príncipe de Gales. Também é um enorme prazer em conhecer vossa majestade. E não, não sou a princesinha do rival, só sou namorada dele. Dois, torço para o Real Madrid desde que me entendo por gente e um conselho, eu só roubaria bola se realmente fosse fazer gol, não para chutar na trave.
- Ela te pegou, cara. – Isco bateu nas costas do galês, riu e a menor revirou os olhos.
- Então a senhorita entende de futebol?
- Se ela entende de futebol? Se duvidar, ela entende mais do que vocês, não tô brincando. - se meteu antes que a morena pudesse retrucar. Isco riu enquanto passava os braços pelos ombros de , também rindo, e Bale voltou sua atenção para a bailarina. - é meio desgraçada da cabeça por causa de futebol.
- Acho que ela é desgraçada da cabeça para escolher namorado. - Bale sussurrou e Any riu alto.
- Isso também. - concordou e fez um high-five com ele.
- Gostei mais de você do que da sua amiguinha.
- Ah, acontece. - deu de ombros.
- E você, você entende de futebol? - Alarcón perguntou para Any, ela riu, sem graça, e balançou a cabeça negativamente.
- Ela não entende o que eu falo.
- Você não fala, você grita. - a loira retrucou, fazendo os meninos rirem.
- Sabe, posso te ensinar algumas coisas. - Isco murmurou e sorriu igual boba, mas logo voltou a encarar o chão igual uma idiota.
- É verdade, acho que, de nós dois - apontou para ele e Bale. - Isco é o mais inteligente. Por que você não leva Any para conhecer o museu do Real? Talvez ela possa gostar.
- Ah, é verdade. Você quer ir?
- Se não for te atrapalhar, eu adoraria. - respondeu na lata.
- Que nada, então encontro vocês depois. E, , foi um prazer te conhecer, não liga para esse galês, ele é idiota às vezes.
- Pode deixar que eu dou conta. - ele riu. Em segundos, Isco e já estavam andando lado a lado pelo corredor.
- Por que eu tenho a impressão que você quis dar um perdido nos dois?
- É uma história meio engraçada, vou resumir. Estávamos num restaurante, e ela entraram e Isco queria saber o nome dela, então simplesmente ele pagou o drink mais caro do cardápio para a loira.
- Ele também mandou um bilhetinho perguntando o nome da moça elegante.
- Que menino camisa 10. - Bale disse e os dois riram. - E vocês dois, como foi no ensaio?
- Foi legal. - falaram juntos e Bale os encarou com a sobrancelha arqueada.
- Éramos vizinhos quando crianças, na verdade. - explicou e Gareth pareceu entender o porquê deles terem se aproximado muito rápido.
- Então a senhorita realmente entende de futebol? - Bale perguntou, ainda desconfiado.
- Melhor do que muitos senhores, há algum problema nisso?
- Problema tem se você torcer para time ruim.
- Ah, ela torce, adivinha.
- Cale a boca, .
- Você é do Reino Unido, não é?
- Para ser precisa, Lavenham, Inglaterra.
- Para falar que você torce para time ruim, você é do Chelsea?
- Lógico. Melhor time que a Inglaterra tem, querido.
- Sinto informar que não, Manchester é melhor.
- Argh, eu aceito até o Liverpool, mas o United não me desce.
- Você tem dedo podre tanto para time quanto para namorado, sabia? – Bale reclamou e a morena riu alto.
- Eu sou legal, tá bom? Prometo.
- Eu já te achei chata.
- Eu também te achei chato, como procedemos?
- Mas você gosta de futebol, o que é raridade. Então, posso te aceitar.
- Se você jogar bem nos próximos jogos, talvez te aceite.
- Você pega pesado, sabia? - perguntou e ela riu fraco.
- Às ordens.
- Você fala de mim, mas não deve saber nem o que é escanteio.
- Pelo amor de Deus. É quando o jogador chuta a bola para a linha de fundo. Aliás, você fez isso quando você poderia passar a bola para o James.
- Você tem marcação comigo mesmo, querida?
- Tenho.
- Isso tudo é porque ela não sabe jogar futebol, não leva para o lado pessoal.
- Você não sabe jogar futebol? – Bale perguntou, fazendo uma cara engraçada, e ela fez que não com a cabeça, parecendo constrangida.
- Jura? – Bale perguntou e riu com vontade quando a morena balançou a cabeça afirmativamente.
- Os caras vão chegar que horas?
- Duas horas, mais ou menos, Benítez quer trazer eles para dar uma treinada no Bernabéu.
- CT é em Valdebebas, né? - perguntou e Bale concordou.
- Qualquer dia a gente leva você lá, é grandão. - Gareth falou e os olhos da menina pareciam brilhar. - Vamos para o campo, certo? Mas precisamos arranjar uma blusa para você, assim fica mais legal. Também temos que achar o Isco.
- Ah, o Isco está flertando, deixa ele.
- Ele não perde uma travinha por nada. - Gareth respondeu para e tirou o telefone do bolso. - Você está onde? Ah sim, olha, travinha daqui a dez minutos. Vem para o vestiário. Quê? Ah, deixa de graça. disse que só joga se você jogar. Tá bom, vamos te esperar.
- Que negócio é esse de " disse que só joga se você jogar"? – perguntou, fazendo aspas com os dedos, e os dois riram.
- Chantagem emocional, querida. Sempre rola com Isco.
- Eu não sou sua querida. - resmungou, Bale riu e bagunçou os cabelos dela.
- Só é a querida do .
- Idiota. - bateu em seu ombro.
- Bale idiota? Ainda bem que você já sabe. - reconheceu o sotaque espanhol carregado de Isco, mas o espanhol já estava sozinho, sem .
- Cadê minha melhor amiga?
- Ela recebeu um telefonema do teatro, disseram que era urgente. Enfim, você precisa de uma camisa do time, .
- ? - Bale perguntou.
- O nome dela é difícil demais. - explicou e a menina riu, concordando. achava Isco adorável.
- Então, , você pode escolher qualquer camisa que quiser, tem várias esperando pela gente. Qual seu jogador preferido? - Isco perguntou e nem deixou a menina responder.
- Eu, lógico.

Capítulo 08

⚽️⚪️

sentia-se feliz por estar vendo daquele jeito. A morena parecia uma criança em um parque de diversões com direito a ir em todos os brinquedos, enquanto andava pelo vestiário do Santiago. Ela passava as mãos pelos armários que estavam com as fotos e nome dos jogadores e só parou de admirar quando parou em frente ao de Danilo. tinha birra com o brasileiro e não gostava dele de jeito nenhum. Seu santo não bateu com o dele e eles nem se conheciam.
Isco deu para uma blusa de que estava ali e começou a desabotoar a calça jeans que vestia, assim como os outros dois jogadores. Antes que eles pudessem tirar as calças, gritou.
- Ei, existe local para vocês tirarem a roupa, ok?
- E é aqui, por isso esse lugar se chama vestiário, querida. - Bale respondeu com um sorriso debochado no rosto.
- Faz assim. - ficou na frente dela. - Coloca suas mãozinhas nos seus olhos e fica de costas. - revirou os olhos, mas acabou fazendo o que o jogador disse. Os meninos trocaram de roupa rápido e minutos depois saíram do vestiário e foram para o gramado.
- A gente pode fazer isso?
- Não sei, mas qualquer coisa a gente joga mal e coloca culpa no Benítez. - Bale disse e os dois riram, balançou a cabeça negativamente, mas acabou soltando uma risada. Aquele técnico era realmente muito ruim.
- Bale, pega a trave e coloca no meio do campo.
- Ah, bonitão, vou carregar sozinho? Maricas.
- Frango. - Isco e falaram juntos, Bale revirou os olhos e mostrou o dedo do meio para eles. Gareth, Isco e carregaram a trave enquanto estava deitada no gramado.
- Levanta daí, ainda nem começou e já tá cansada?
- Sou sedentária, querido amigo galês. E não perturba muito não que eu chuto teu pau.
- Vamos logo com isso antes que ela chute meu pau. Isco, pegou a bola?
- Aqui.
- Vamos fazer assim, você contra nós três.
- Isso é injusto.
- Não pode dar chute na perna de nenhum, vale ressaltar.
- Mais injusto ainda.
- Tá, Isco e você, contra e eu.
- Fechou. - Isco se benzeu e deu um tapa nas suas costas, fazendo-os rir.
não jogava nada e se não fosse uma brincadeira, Isco já teria chutado a bola no meio de sua cabeça. colocava a bola praticamente em seus pés e ela fazia o favor de errar ou de chutar extremamente longe, nunca conseguia acertar um passe.
Até que a menor teve a brilhante ideia de roubar a bola de Gareth Bale.
Gareth parou e olhou para ela com a sobrancelha levantada e riu, realmente a cena era engraçada, daquele tamanho, disputando bola com um cara como Bale. Apesar de não ser baixa, não era alta e batia abaixo dos ombros dele, ela era um palito comparado ao corpo de Gareth. poderia ser ruim de bola, mas não era idiota, enquanto Bale parou para olhar e rir, ela conseguiu roubar a bola. Isco e a olharam, surpresos, conseguir fazer algo certo com a bola poderia ser considerado um milagre.
- Vai, ! Chuta no gol, pelo amor de Deus! - Isco praticamente implorou e ela ficou de cara com o gol, se preparou e chutou com toda sua força. A bola foi bem no canto da rede.
- Ai, meu Deus, eu consegui!
- Jesus é muito bom! - Isco gritou e carregou , ela ria e batia palminhas igual a uma criança. Ele colocou a morena no chão e a mesma foi diretamente para Bale e deu três tapinhas no seu ombro.
- Eu roubei uma bola sua e ainda fiz gol, bonitão.
- Porque eu deixei. - respondeu e ela riu. Eles voltaram a jogar até que, sem querer, pegou pela cintura e a menina caiu em cima dele. Os dois ficaram se encarando por incontáveis segundos até que Isco gritou, fazendo eles lembrarem de onde e como estavam.
- Pênalti!
- Que pênalti nada, foi sem querer.
- Não foi, Bale. Deixa de ser roubão. - Isco protestou. - Eu deixo você cobrar, .
saiu de cima de e ele levantou do gramado com a cabeça um pouco no ar, mas a tempo de ver cair ao tentar chutar a bola a gol. Isco e Bale caíram ao seu lado e em pouco tempo todos estavam jogados no gramado rindo da cena.
- Você é péssima, querida.
- Eu fiz um gol, cale a boca, Bale.
- Tenho que concordar. , você é péssima. - Isco disse e ela fez bico.
- Eu vou dar um chute no pau de vocês. – resmungou, fazendo os três rirem ainda mais. Continuaram deitados no gramado até que o barulho dos jogadores chegando fez com que eles se calassem.
- Vai ter treino livre, agora. - James sentou no gramado e pousou os olhos em . - E Benítez escalou você para o time reserva, .
- Como? Ele não me escalou para treino físico em Valdebebas. Ele quer me foder?
- Ele é louco, . Só estou repassando o recado antes que ele chegue e te pegue de surpresa.
- Fodido. - murmurou. - Formiga, o treino vai durar no máximo uma hora ou menos, você espera?
- Espero sim. - respondeu e levantou, assim como os jogadores. Ela ficou ao lado do loiro e logo todos os jogadores estavam no gramado. Eles ficaram encarando dos pés à cabeça. percebeu que ela ficou incomodada, já que ficava encarando o chão, envergonhada, e ainda batia os pés numa falha tentativa de tirar o nervosismo do corpo.
- Ah, gente, essa é a e você deve conhecer eles melhor que eu.
- Olá. - sussurrou e os meninos a cumprimentaram.
- Você não é a namorada do Ávilla? - Benzema perguntou e ela cruzou os braços.
- Sou, mas não pensem que estou aqui à mando dele ou algo do tipo, ok? - começou a falar como se estivesse se justificando por um crime que não cometeu. - Eu torço para o Real Madrid desde criança e sou amiga do .
- Ei, relaxa. Ninguém aqui vai te depredar porque é namorada do Ávilla. - Isco sussurrou e passou a mão por seus ombros, sentiu verdade e confiança no espanhol. Ela sorriu de canto e sussurrou um “obrigada”.
- Apesar de ele ser um escroto. Se ele chutar minha perna de propósito de novo, meto a porrada nele.
- Por mim, tudo bem. - respondeu para Benzema e descruzou os braços, os meninos a olharam assustados por causa da reação, todos esperavam que ela defendesse Enrique com unhas e dentes. - Eu vou deixar vocês treinarem. - se despediu dos meninos, deu um beijo na bochecha de e sentou em uma das cadeiras do banco de reservas.
- O que está acontecendo aqui? - Benitéz perguntou, se metendo na pequena rodinha que tinha se formado no gramado.
- , Isco e Bale trouxeram a namorada do Enrique Ávilla para cá. - Danilo respondeu e todos os jogadores o olharam com raiva. Benitéz nem tinha se tocado que a menina estava no banco de reservas.
- Mas você é muito pau no cu mesmo, não é, Danilo? - perguntou e ele o olhou com cara de deboche.
- Fica frio aí, cara. Tá nervosinho só porque é meu reserva? - perguntou e fechou os punhos. O inglês já estava pronto para quebrar o brasileiro, não admitia que aquele cara falasse com ele daquele jeito. Quem era Danilo, na verdade? Nem escalado para a seleção do país ele tinha sido enquanto era camisa 9 da seleção da Inglaterra.
- Não vale a pena...
- Sem briga, ok? - Benitéz gritou. - , Alarcón e Bale, vocês não podem trazer namorada de rival para cá, entendeu? Treino é secreto.
- Onde está escrito que não pode trazer namorada de rival para cá? Que eu saiba, somos todos livres. E outra, que porra de treino o quê, vai colocar o time todo na retranca no jogo. - Isco despejou o que parecia estar guardado há muito tempo. Os caras do time o olhavam com admiração, exceto por Danilo. Danilo era o protegido de Benitéz. Dois filhos da puta.
- Você está dispensado e vai ser banco no jogo contra o Paris.
- Ótimo, eu que não quero entrar em campo para perder para um time que nem o Paris Saint-German. - Isco saiu da rodinha, dando um escorão em Danilo ao passar por ele.
- Ei! - ele protestou.
- O que é, porra? Vai treinar para ver se vira um jogador decente pelo menos.
Naquele momento, Isco Alarcón era o herói de .

🎬🎬

Francisco saiu da rodinha do time, enfurecido, ele estava vermelho e parecia tremer. olhou em direção da roda e um jogador a olhava como se quisesse matá-la, era o tal Danilo. O pior brasileiro que já tinha passado pelo Real Madrid. revidou o olhar, levantou do banco e seguiu Francisco, talvez o espanhol quisesse conversar.
- Isco? - chamou quando percebeu que estavam sozinhos no corredor. Ele pareceu não escutar e continuou a andar, mas ela o chamou mais alto.
- Ah, oi, . Não tinha me dado conta que era você, desculpe.
- Sem problemas. - apressou o passo para ficar ao lado do jogador. - O que aconteceu lá no gramado? Você está legal?
- Eu me estressei com Benitéz. - respondeu antes que eles entrassem no vestiário. Assim que entraram, Isco sentou no chão e ela sentou em sua frente. - Danilo falou merda de você e antes que se metesse em problemas, me estressei com Benitéz por ele defender Danilo.
- Como assim?
- Danilo reclamou para Benitéz por você estar assistindo ao treino, só por provocação, sabe? Quando estamos em Valdebebas, as namoradas de alguns caras vão lá assistir aos treinos e ninguém fala nada. Danilo fez por pirraça. Aí o chamou de pau no cu e o otário jogou na cara de que ele era reserva.
- Desgraçado.
- Muito. Danilo só é titular porque Benitéz baba ovo dele, sabe? Isso é uma merda. Ninguém do time gosta dele, nos jogos ele pega a bola e sempre faz merda. No último jogo entregou um gol de bandeja para Enrique.
- Eu lembro. - murmurou e bufou ao lembrar do jogo.
- Mas foi bom eu ter falado, sabe? Eu ‘tô puto com Benitéz há um tempo. E ‘tô mais puto ainda por ter perdido para o Barcelona. Você sabia que antes do segundo tempo rolar eles já estavam cantando vitória? Eu fiquei revoltado. Neymar falou merda para Morata e eu antes de entrarmos em campo. Me senti humilhado.
- Por isso você fez aquela falta nele?
- Aquela falta que foi "injusta e covarde no menino Neymar." - Isco fez aspas com os dedos. - Sabe, ... Esse mundo é difícil. E é mais ainda quando você defende esse time. - apontou para o escudo do Real Madrid na camisa. - Eu tenho um puta orgulho de defender o Real Madrid. A maioria dos caras tem, você precisa conhecer Arbeloa e Sérgio. É incrível a sensação. Só que defender esse time é foda. Você passa a ter um monte de rivais, sabe? Essa imagem de que os jogadores do Barça e do Real são amiguinhos é tudo mentira. A maioria se odeia. Sérgio odeia o Suarez, eu já não gosto do Neymar, Bale acho que tem nojo e raiva de todo o time do Barcelona. E fora isso, chega uns caras aí para cagar a união que a gente tem aqui dentro. Tipo esse bosta do Danilo. É foda, .
- Eu não consigo nem pensar no quão difícil seja carregar a responsabilidade de jogar no Real. E o mais triste é saber que a maioria aqui dá tudo pelo time e vocês tem um técnico tão medíocre, que põe jogadores ótimos no banco e cagam todo o time.
- Essa é a pior parte. Vou ser banco no próximo jogo, nem sei quem vai me substituir.
- Não tem ninguém, acho...
- Ele que se foda. Quero ver se o Real não passar da fase de grupos na Champions, vai ser uma vergonha.
- Não diga isso! - protestou, o espanhol riu fraco e ela bateu em seus ombros.
- Eu vou tomar um banho e esperar o pessoal. Você vai ficar, né?
- Pode ir tomar seu banho que eu vou ficar aqui esperando. - Isco agradeceu, levantou e bagunçou os cabelos da menina, ela tentou o acertar só que ele foi mais rápido e correu para a porta que deveria ser onde os chuveiros ficavam.
respirou fundo e pegou o celular de dentro da bolsa. Aquele mundo era complicado demais e a menina só teve noção daquilo quando começou a conviver com . Enrique a deixava longe das coisas do Barcelona e a menina não fazia questão alguma de participar, chegava a parecer que ela não existia, só tinha ido a três jogos do Barcelona e agradeceu que nos três teve a companhia de Aimee Beaumont, a francesa que amava com todo o seu coração. desbloqueou o celular e se deparou com inúmeras mensagens e ligações do namorado, ela sentiu um frio percorrer a espinha e guardou o telefone novamente. Ela não queria outra briga. Ela não queria ter que lidar com a fúria do namorado.
estava machucada demais e ela não queria conversar sobre aquilo tão cedo.

⚽️⚪️⚽️⚪️⚽️⚪️

estava puto com o maldito treino no Santiago.
Ele nem ia participar do jogo e Benítez o tinha colocado para treinar no time rival ao de Danilo. E o treino estava sendo um fracasso. Os titulares já tinham ido treinar na academia em Valdebebas pela manhã e Benítez ordenou que eles estivessem no Santiago às três em ponto. Os jogadores deveriam estar em casa, descansando, mas, para , Benítez era um pau no cu, desgraçado. Eles alongaram e fizeram um jogo rápido só com metade do campo, e isso foi o máximo para o inglês ficar puto.
Danilo esbarrava nele de propósito e se metia em todas as bolas que Kovačić mandava, até que não aguentou e foi para cima do brasileiro, mas Morata o segurou.
- Quer dar uma de estrela aqui também, ?
- Você é muito petulante para um jogador meia boca. - revidou e ele revirou os olhos.
- Meia boca? Você é meu reserva.
- Só sou reserva porque Benítez é burro o suficiente de não me deixar jogar. E, aliás, o que você dá para ele, para poder jogar toda vez? Já reparou que sempre que está em campo faz alguma merda?
- O que você está insinuando, seu filho da puta? A única pessoa que dá alguma coisa deve ser sua amiga, né? Para ela não estar mais aqui e sim no vestiário com outro cara que não seja você. – riu, debochado. Ele estava se referindo a , e ficou ainda mais puto, quem aquele cara era para falar assim? se soltou de Morata e empurrou Danilo, que deu uns três passos para trás.
- Quem você pensa que é, hein? – gritou, e quando se deu conta, Morata e Kovačić o seguravam enquanto os outros pararam de jogar e foram até onde a pequena confusão tinha começado.
- Danilo, cala a porra dessa sua boca. - Bale se meteu e o brasileiro o olhou, contrariado.
- Ninguém tá falando contigo não, Gareth.
- Mas eu ‘tô falando com você, seu merda. – gritou, apontando o dedo para a cara dele. Danilo bateu em seu dedo e Bale o empurrou muito mais forte. - Não toca em mim, entendeu?
- O que tá acontecendo aqui? - Benítez perguntou aos gritos.
- Danilo tá tumultuando o treino, como sempre. - Sergio explicou e Benítez olhou na direção de , como se quisesse matar o jogador.
- Ele tá tumultuando o treino? É que está sendo segurado por Kovačić e Morata. E também vi que Bale foi para cima dele. Chuveiro, todos vocês. Ninguém é criança aqui não, isso não é brincadeira.
- Brincadeira é você comandar o nosso time. - Ramos murmurou e saiu do gramado, esbarrando propositalmente em Danilo, que estava próximo de Benítez.
- Me soltem. - pediu, mas Morata e Kovačić não soltaram seu braço. - Eu não vou quebrar a cara desse verme. - e os dois largaram seus braços. Cristiano tirou a camisa, parecendo enfurecido, e ficou cara a cara com Danilo, todos pararam para olhar os dois.
- Você. - gritou e bateu com o dedo no peito dele. - Não é ninguém aqui, entendeu? Você não vai se criar aqui não. E se eu te pegar tirando gracinha com , com a amiga dele ou qualquer outra pessoa do time, vou cuidar pessoalmente para você sair daqui nem que seja na base da porrada.
Cristiano esbarrou em Danilo e saiu do gramado acompanhado pelos outros caras, saiu junto de Kovačić e Morata, e quando passou por Danilo, cuspiu em seus pés. Ele e Benítez nada mais eram que lixo ocupando espaço no Real Madrid e o loiro mal podia esperar para vê-los cair.
Os três estavam a caminho do vestiário e foi quando se deparam com alguns caras parados em frente da porta.
- Mas que porra...
- A gente tá com medo de entrar e ser constrangedor. - Kross disse e todo mundo riu.
- Puta merda, não acredito. - Cristiano gritou e começou a rir ainda mais alto.
- Menino Isco merece a camisa 10, você perdeu, James. - Benzema bateu nas costas do colombiano, fazendo-os rir ainda mais.
- Que Deus drible ele e as pernas tortinhas dele. Enrique Ávilla quebra ele em dois. - Marcelo bateu nos ombros de Carvajal. tinha sido a mais nova vítima das entradas violentas do jogador do time catalão.
- Ah, parem. É e é o Isco. - Bale abriu espaço entre os caras e o seguiu, abrindo a porta do vestiário. Isco estava sem camisa e estava sentada em sua frente, os dois estavam jogando baralho no chão do vestiário. - Não falei?
- Ah, vocês, bem que escutamos risadas. - Isco disse e riu fraco.
- Vocês me desconcentraram. Eu ia ganhar.
- Como vocês acharam cartas? - Kovačić perguntou, já sentando ao lado deles. - Você tá fodido, Isco. – murmurou, olhando o jogo de , e ela pegou uma carta do montinho e devolveu outra.
- E você precisa de um banho. - Alarcón revidou e riu.
- Bati. - gritou como se estivesse na sala de sua casa e colocou as cartas no chão. E ela realmente estava em casa. A tristeza que via mais cedo na menina, já não estava mais lá.
- Eu disse que você estava fodido. E, aliás, isso é suor masculino, o melhor perfume que existe.
- É verdade. adora, não é, ? - Bale perguntou e o inglês concordou, entendendo o que o galês queria fazer.
- Saiam daqui. - gritou, se levantando.
- Abraço triplo! - gritou. Bale e ele seguraram a menor e esfregaram seus corpos suados no dela. Ela gritava, rindo, e tentava a todo o custo se separar deles.
- Eu vou chutar o pinto de vocês! - ela gritou, fazendo os meninos rirem. Nós nos separamos e ela nos olhava como se fosse matá-los.
- Que nojo. – falou, olhando para os braços cheios de suor.
- . - Sergio Ramos a chamou e ela virou para olhá-lo. parecia uma criancinha vendo uma loja de doces em sua frente. - Toma aqui, deve servir. - e ele lhe estendeu uma toalha branca, pegou o pano, parecendo não acreditar. riu e pensou que poderia filmá-la. Para o inglês, ela estava linda sorrindo daquele jeito. - Eles são idiotas assim mesmo, você acostuma. - riu, limpando seus braços com a toalha, terminou de se enxugar e estendeu a toalha para Sergio. - Era minha, mas pode ficar. Vou roubar a do .
- Ah, não! - gritou em vão, Sergio estava sem blusa e já tinha pegado a toalha do inglês no armário.
- Marcelo, já coloquei as cartas na sua mochila! - Isco gritou e Marcelo fez sinal de positivo com a mão direita. - Aliás, por que vocês já estão aqui?
- Graças ao filho da puta do Danilo! - Sergio gritou do chuveiro e revirou os olhos, parecendo com raiva.
- Ocupa espaço do caralho. O que ele fez dessa vez, hein? - perguntou e os meninos a olharam, surpresos.
- Você não gosta dele? - Kovačić perguntou e ela fez que não com a cabeça.
- Como alguém pode gostar de um cara que entrega a bola de bandeja para o Barcelona fazer gol? Ele não sabe que não se brinca em El Classico? Cara ruim da porra. E eu também não entendo como Benítez deixa esse bosta jogar todos os jogos. É inacreditável.
- Bem-vinda ao clube dos que odeiam Danilo e Benítez. - Kovačić fez um high-five com .
- Você oficialmente é a mulher do nosso time. - Cristiano disse e estendeu a mão para . Ela sorriu, parecendo tímida, e apertou a mão do camisa 7. - Mas não deixa seu namorado saber, tá? Ele é meio estressado.
- Meio? - perguntou e os meninos riram, riu um pouco mais alto e bagunçou os cabelos enrolados dela. - Por que você ainda não foi tomar banho, porquinho?
- Porque alguém roubou minha toalha. - ela revirou os olhos, Isco riu e estendeu a toalha dele que estava um pouco molhada.
- Ou é isso, ou voltar sujo para casa. - deu um tapa em suas costas e seguiu para o banho.
Do box do banheiro, ele só podia escutar as risadas dos caras em conjunto com a de . Era incrível a forma que ela tinha se dado bem com os meninos e como eles pareceram gostar da presença dela ali. Chegava a parecer que a menor era uma espécie de luz em meio àquele tempo sombrio que o Real Madrid estava passando. Era muito importante ter alguém que acreditasse e amasse o time com a intensidade que demonstrava sentir. Era reconfortante saber que a luta não era em vão. Era maravilhoso saber que tinha gente como , que ainda acreditavam no time até mesmo quando eles pareciam querer desistir. sorriu sozinho ao pensar naquilo e saiu do box com a toalha enrolada na cintura. Viu sentada no chão do vestiário em uma rodinha com Isco, Bale, Casemiro, Kovacic, Modric, Marcelo, Morata e Sergio, eles estavam jogando baralho novamente. Aquela foi a cena que ele queria ter registrado para sempre.
foi até ao lado de e percebeu que ela ia bater de novo.
Ou não.

- Ela quer trocar o 4 de espadas. - disse e ela o olhou, indignada. Marcelo pegou o 4 de espadas do montinho e acabou batendo o jogo antes dela.
- Você é ridículo! - gritou ao largar as cartas dela no chão e virou para estapear o inglês. caiu no chão e ela ficou em cima dele, ele conseguiu ficar por cima dela e começou a lhe fazer cócegas. se debatia e ria, mas ao mesmo tempo, dava tapinhas que só o incentivaram a fazer ainda mais cócegas nela.
- Para de me bater! Você vai me despir. - disse e segurou a barra da toalha mais forte. riu e o loiro parou de fazer cócegas nela assim que escutou o barulho da porta.
- Ora, ora, não é a mulher que causou discórdia no treino hoje? - reconheceu aquela voz, assim como . A morena levantou num pulo e encarou o jogador brasileiro com as mãos na cintura.
- Ora, ora, não é jogador que entrega gol para o Barcelona? - revidou e Danilo pareceu ficar branco. Todos os caras que estavam no vestiário começaram a rir, ele tinha levado um tapa na cara e nem precisou fazer força.
- Quem você pensa que é, garota?
- A pergunta aqui é quem você pensa que é. Ainda não se deu conta que é um peso morto no time e aquele outro que se diz técnico é outro peso morto?
- Você cala a porra dessa sua boca. - gritou e pareceu se assustar e deu um passo em falso para trás, mas logo deu dois para frente e ficou à frente de Danilo. Ela parecia ser uma gigante. estava pronta para responder, mas Sergio Ramos se meteu na frente antes de , e botou a mão no peito do brasileiro.
- Você não é ninguém para gritar com ela, entendeu? E nem com ninguém aqui.
- Danilo... Danilo... - era Cristiano. Ele colocou a mão no ombro de Sergio e olhava fixamente para o brasileiro. - Parece que você não entendeu meu recado, não é? Se eu fosse você, baixava a cabeça e ia direto para o chuveiro. Sua cara já tá me irritando. - Ronaldo disse e Danilo pareceu gelar. Ele tinha medo do camisa 7 e aquilo era bem claro. O brasileiro sabia que, querendo ou não, Ronaldo tinha voz dentro daquele time com as pessoas que o contrataram. Era praticamente graças ao português que estava ali. Danilo tirou a mão de Sergio de cima do seu peito e foi em direção ao chuveiro e antes que ele pudesse entrar, o inglês segurou seu braço.
- Me solta, porra.
- Da próxima vez que você ousar falar com ela, eu juro por Deus que quebro sua cara. Nunca mais dirija a palavra para , entendeu? - perguntou sem elevar a voz e aquilo pareceu mais assustador, tanto que o jogador ficou calado. - Eu ‘tô falando com você, porra! Me responda.
- Anotado seu recado, estrela. - puxou seu braço da mão do loiro e entrou no box, batendo a porta com força.
- Pau no cu do caralho. Dá vontade de soltar uma bomba aí dentro. - Karim disse alto o suficiente para ele escutar e os meninos riram, concordando.
- Você está bem? - perguntou, ficando de frente para . A menina respondeu, balançando a cabeça afirmativamente, e ele respirou mais aliviado, passando as mãos pelos ombros dela. - Você sabe se virar, né?
- De vez em quando. - riu fraco. - Mas pensava que ele ia me bater.
- Ele ainda não tá doido. - disse e puxou Formiga para um abraço.
- Se ele tocasse em você, acho que todo mundo aqui daria uma surra violenta nele. - Sergio disse e riu.
- Para alguém da sua altura, você é muito marrenta, hein? - Cristiano perguntou, rindo, e deu de ombros.
- Olha quem fala, né? - retrucou e o português bagunçou os seus cabelos.
- Vou só me vestir, certo? - perguntou e foi em direção a um dos boxes do vestiário.
- Ei, eu tô com fome e com o carro aí, vamos comer? - Bale perguntou para e Isco.
- Com toda a certeza, ‘tô morrendo de fome.
- Você só sabe comer. - o galês brincou e a risada dos três se fundiram. - Vamos sair para comer? - Bale perguntou quando voltou, já vestido.
- Tchau, gente! - gritou para os meninos e eles acenaram em nossa direção e teve um coro de "tchau, mulher do time" que foi puxado pelo Cristiano. Antes que saíssem do vestiário, Ramos gritou o nome de .
- Me esperem lá fora. - pediu e os três concordaram, saindo do vestiário. - O que foi?
- Chama sua namorada nova para assistir o jogo amanhã.
- Ela não é minha namorada, é do Enrique.
- Tudo bem, Gafanhoto, vamos fingir acreditar. - Ramos falou e os meninos
riram.
- Irei chamar. - afirmou e deu as costas para eles, mas a tempo de escutar eles gritarem algo que parecia ser "Dale Gafanhoto".
O Real Madrid realmente era o novo lar de . Ele não tinha um mês ali e os caras já pareciam o proteger, e, de quebra, já tinha ganhado um apelido.

🎬🎬🎬🎬🎬

Eles foram jantar em um restaurante que ficava na mesma rua que o Santiago.
Aquele era o dia mais feliz da vida de , mesmo com todas as coisas que tinham acontecido. Ela se sentiu acolhida pelos caras que ela admirava. Ela se sentia em casa quando estava no Bernabéu e na presença daqueles três que estavam rindo com ela.
Eles jantaram e Isco não perdeu a chance de tirar várias fotos da menor comendo, eles trocaram números e Bale resolveu que já era hora de ir. O galês deixou em casa e antes que pudesse arrancar com o carro, desceu e a chamou.
- Obrigada pelo dia de hoje! Eu me diverti bastante.
- Mesmo com os probleminhas do clube? Você apareceu numa época de turbulência, Formiga. - disse e riu fraco ao lembrar das pequenas confusões da tarde. - Ei, amanhã você quer ir ao jogo contra o Paris no Bernabéu? Eu sei que vou ficar no banco e tudo, mas iria ser legal se você fosse.
- É claro que eu vou! - confirmou a ida ao jogo, animada, e ele sorriu.
- Então eu te mando uma mensagem para combinarmos melhor.
- Irei aguardar. - respondeu e a abraçou forte.
Eles perderam a noção do tempo em que ficaram envolvidos em um abraço, só se deram conta quando Bale começou a buzinar e Isco abaixou a janela gritando o nome de . O inglês largou a morena e se despediu com um beijo na bochecha dela. acenou para os jogadores e entrou no prédio, quando virou uma última vez, Gareth Bale já estava acelerando para ir embora. Galês impaciente, pensou ao rir sozinha. Deu boa noite ao porteiro do prédio e subiu, respirando fundo.
sabia que precisava colocar as coisas no lugar, mas primariamente precisava tomar um banho muito bem tomado, depois iria ligar para e contar tudo o que tinha acontecido desde que ela saiu para ensaiar. Ela saiu do elevador, abriu a porta do apartamento e o viu. Enrique estava sentado no sofá, com uma calça moletom e assistia um programa de tv sobre futebol.
- Enrique?
- Onde você estava? - perguntou e aumentou um pouco o volume da televisão.
Enrique a encarou e a sensação que a menina teve quando viu as mensagens no celular tinha voltado, só que muito pior.
sentiu medo de uma forma que nunca tinha sentido e não conseguiu esconder aquilo.

Capítulo 09

estava trancada no banheiro com medo de sair, sua perna doía assim como sua costela e braços. Ela não conseguia falar com ninguém, seu celular ainda estava no bolso do short, mas ela não conseguia pegá-lo, suas mãos tremiam e as lágrimas tampavam sua visão.
A única imagem que ela tinha na sua cabeça era a de um Enrique visivelmente alterado, bêbado e violento. A forma que ele a tinha pegado e jogado no chão, em como ele tinha distribuído socos em lugares que não iriam aparecer no dia seguinte, enquanto gritava que ela era dele e que nenhum inglês iria mudar aquilo, passavam como um filme na cabeça dela. Um filme que ela desejou nunca ter participado. sentiu as pernas fraquejarem e deixou seu corpo cair próximo ao vaso enquanto tentava escutar algum tipo de barulho vindo de Enrique, mas a única coisa audível eram os seus soluços por conta do choro.
A morena conseguiu pegar o celular e, mesmo com a visão turva por conta das lágrimas, conseguiu ligar para o primeiro número que já estava nas chamadas feitas. Ela rezou que atendesse logo.
- ? ? - sussurrou quando percebeu que tinha parado de chamar.
- ? O que aconteceu?
- Isco? – perguntou, tentando fingir não chorar. Mas já era tarde demais.
- O que aconteceu? Onde você está?
- Eu pensava que tava...
- , onde você está?
- Em casa, escondida. Eu estou com medo de sair. - Desistiu de mentir.
- Vou lhe buscar. Me passe seu endereço.
- Não, ele pode...
- , por favor. - o espanhol pediu e ela concordou, passando o endereço. - Não desliga a chamada, ficarei na linha o tempo todo.
- Obrigada. - sussurrou e desistiu de segurar suas lágrimas. chorou como nunca tinha chorado em toda sua vida e acabou vomitando.
O coração de Francisco ficou apertado ao escutar aquilo sem poder fazer muita coisa. Ele já tinha deduzido o que tinha acontecido com a atriz por conta do seu passado com sua mãe. Alarcón acelerou seu carro com toda a raiva e preocupação que estava em seu corpo, enquanto escutava chorar. Ele já sabia que Enrique Ávilla a tinha agredido e ele sabia que a rivalidade já tinha ido para fora dos gramados.
- ?
- Estou aqui. - a menina respondeu rapidamente.
- Disse ao seu porteiro que era um amigo e ele me deixou entrar, tô no estacionamento. Qual o seu andar e apartamento?
- Andar 13, apartamento 1303.
- Eu estou chegando. - não respondeu, mas se sentiu grata. Ela tinha conhecido o espanhol naquele mesmo dia e ele tinha se disponibilizado a ajudar. Tinha a acolhido. - Estou em sua casa, onde você está?
- Banheiro do quarto. - respondeu e escutou passos rápidos, se encolheu quando escutou batidas na porta. Mas se deu conta que era Francisco. Era alguém em que ela podia confiar.
- Sou eu, . Pode confiar em mim. - disse e percebeu que a porta já estava sendo destrancada.
Francisco girou a maçaneta e viu encostada no vaso, encolhida e machucada. O espanhol nunca tinha pensado na possibilidade de um dia encontrá-la daquele jeito. Isco a abraçou e sentiu seu peito apertar quando ela se agarrou em seu corpo e chorou igual a um bebê.
- Ele não vai tocar em você novamente. - sussurrou e obteve como resposta os soluços da menor. - Vou levar você para minha casa, aqui é perigoso.
- Ele tem uma cópia da chave. Eu tenho medo.
- Deixe comigo. - Isco a ajudou a levantar e percebeu sua expressão de dor. Antes que ela desse mais alguns passos, a carregou no colo e a tirou daquele lugar. não protestou, ela não tinha forças para negar aquele cuidado. Francisco a carregou até o elevador e, assim que desceram, a colocou no banco de trás do carro.
O espanhol dirigiu com cuidado, mas ainda era rápido. Vez ou outra olhava pelo retrovisor para saber se ela não corria riscos de cair do banco, Enrique já a tinha machucado bastante. Ele entrou no complexo onde morava e estacionou em frente sua casa, carregou novamente e a deixou deitada no sofá, colocou a cabeça dela em cima de sua coxa e fez carinho em seus cabelos enquanto a menina chorava.
- Eu não aguento mais. – sussurrou, entre soluços.
- Desde quando isso vem acontecendo?
- Desde quando ele viu que tinha chegado em Madrid e ido para o Real.
- Você contou para ?
- Para ninguém. - sussurrou e Isco levantou com cuidado do sofá.
- Vou ligar para ela, ok?
- Isco...
- , deixa eu te ajudar, por favor. Meu pai agrediu a minha mãe durante anos e eu nunca fiz nada. Nunca. Até que eu entrei no Málaga e quebrei a cara dele, tirei minha mãe de lá com minha irmã e agora estamos aqui. Por favor, , deixe-me ajudar.
- Obrigada. - foi a única coisa que ela conseguiu falar. Isco sumiu por alguns minutos e voltou com um copo d'água e o telefone em mãos.
- está a caminho, não contei o que aconteceu. Eu ligo para ?
- Liga. – sussurrou, e escutou o celular tocar. Atendeu, pensando que era ou até mesmo , mas era Enrique. - O que você quer?
- Onde você está? Eu estou na sua casa e você não está mais aqui.
- Me esquece! Nós não temos mais nada.
- Isso só vai acabar quando eu quiser e eu sei que você está com o seu amante escroto. Eu vou matá-lo. E você também. - foi a última coisa que escutou Enrique dizer antes de jogar o celular contra a parede. Isco se assustou com a reação da menor e correu para abraçá-la enquanto ela repetia que não poderia saber.
- precisa saber, !
- Não, Isco! Ele vai machucar o Graveto, eu não posso permitir! - ele continuou a abraçar e a soltou quando escutou a campainha. Isco levantou e foi atender, em segundos, estava agachada em sua frente.
- Por que você está toda machucada? Você caiu?
- Enrique. - a menina sussurrou e a expressão da loira mudou.
- O que ele fez? - perguntou, séria, e voltou a chorar. - O que ele fez, ? Anda, me diga.
- Ele me bateu.
viu a melhor amiga chorar, como ainda não tinha visto. a abraçou e as duas choraram juntas, chegava a parecer que podia sentir a dor da menor. não sabia quanto tempo elas ficaram ali abraçadas, chorando, sendo cúmplices uma da outra, ela só sabia que nunca deveria ter omitido nada de e que a loira a amava muito.
- Isco, onde eu posso dar um banho nela?
- Vou levar vocês. - Isco tirou do sofá enquanto ia logo atrás dele. O espanhol indicou uma porta branca, abriu e Francisco deixou em pé com todo o cuidado. - O meu quarto é na porta aqui na frente, você pode entrar lá, viu? Vou deixar uma toalha aqui, ok?
- Obrigada, Isco. De verdade. - o espanhol sorriu, parecendo triste, e saiu do banheiro.
a ajudou tirar a roupa que usava, tirou a seu próprio vestido e entrou com a melhor amiga na banheira. Ela limpava cada parte do corpo de , parecendo que queria tirar todas as impurezas que ali habitavam. Cada vez que ela passava a esponja, reclamava pela dor, a menor se sentia horrível. cantarolava a música preferida da amiga enquanto lavava pacientemente o rosto e os cabelos da melhor amiga, até que ela se levantou e pegou a toalha que Isco tinha deixado pendurada na porta.
ajudou a levantar e a enxugou pacientemente, enrolou a toalha no corpo da morena e repetiu o ato em seu próprio corpo. A loira chamou Isco para que ele carregasse a menor até o quarto e Francisco veio rapidamente, deixando na cama.
- Isco, você tem uma cueca samba canção e uma blusa? - perguntou e Isco fez que sim com a cabeça. Ele foi até o que parecia ser um closet e voltou de lá com as peças que tinha pedido. - Você tem jogo mais tarde, não é?
- Tenho, mas vou ser banco, então não faz muita diferença. Você quer algo?
- Pode me levar ao hospital? Ela tá machucada e eu estou com medo de que seja algo grave. Sei que já é de madrugada e você precisa descansar.
- Ei! É claro que eu levo, veste ela e me avisa para eu colocá-la no carro.
- Obrigada. - sussurrou e Isco saiu do quarto.
A loira começou a vestir a amiga, penteou seus cabelos e, quando terminou de arrumá-la, vestiu suas roupas e chamou Isco. Francisco carregou e os três foram em direção ao carro que estava estacionado em frente à casa. foi no banco de trás com a amiga e Isco acelerou o carro em direção ao hospital mais próximo.
- Você consegue falar com ?
- não, . Por favor.
- Ele se importa com você. Isco, ligue para ele, por favor.
- Espero que ele atenda. - Isco disse e deu o comando para o celular ligar para o contato denominado Donzela.

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O relógio batia uma da manhã e ainda estava se revirando na cama. Ele não conseguia pregar os olhos e a falta de respostas de o incomodava. sentia seu peito apertar cada vez que entrava na conversa da menina e não via nenhuma resposta e nem mesmo o online. Parecia que a mestiça tinha sumido.
E escutar o telefone tocar e o nome Margarida brilhar na tela, fez seu coração acelerar de uma maneira não tão boa.
- ?
- Oi, aconteceu algo?
- Mais ou menos. Eu estou com e no carro e estamos indo para o hospital.
- Hospital? - nem percebeu que estava gritando. - O que aconteceu? Quero falar com , é ela que está chorando? Formiga?
- Graveto. - escutou a voz da menina, escutá-la só fez ficar ainda mais preocupado. parecia chorar bastante. - Eu estou bem.
- Você caiu?
- Mais ou menos. Eu vou ficar bem.
- Qual hospital você está indo?
- Você tem jogo hoje.
- Eu nem fui escalado como titular! Céus, para onde você está indo? Me diga. O jogo é só à tarde.
- Los Montalvos, fica em Salamanca. - escutou dizer.
- Estou indo para lá, cuidado, Formiga. - e desligou a ligação.
deu um pulo da cama e vestiu as primeiras roupas que encontrou, ele não sabia o quão grave tinha sido o acidente de , mas ela chorava muito, então significava que deveria estar sentindo muita dor. Ele pegou a carteira e saiu de casa feito um louco e percebeu que tinha que chamar um táxi. Ele ligou para o número de uma cooperativa que o tinha indicado e praticamente ordenou que o motorista chegasse rápido. Por sorte, o taxista não demorou muito para chegar à La Finca. A única coisa que conseguiu dizer a ele foi o nome do hospital e mandar ele acelerar, e em menos de trinta minutos, o motorista o deixou em frente ao hospital. jogou alguns euros para ele e saiu do carro literalmente correndo.
Algumas pessoas o olhavam e ele continuava desesperado, tentando achar a plaquinha da urgência e emergência, até que encontrou do seu lado esquerdo. Antes que fosse até ao balcão, a atendente loira o chamou ao reconhecer como o amigo que deveria ser liberado a entrar. tinha causado um pouquinho ao pedir que deixassem ter mais de um acompanhante. não escutou muito o que a atendente tinha para falar, apenas seguiu a linha amarela, dobrou a direita e parou no que parecia ser uma sala de espera.
Passou os olhos pela sala e se deparou com sentada ao lado de Isco, a loira estava com a cabeça apoiada no ombro do espanhol e ele a abraçava. sorriu com a pequena cena e foi até eles.
- Cadê ela? - perguntou ao ficar na frente dos dois.
- Ela está fazendo uns exames.
- Posso vê-la?
- Temos que esperar ela sair da sala
- Como ela caiu? - perguntou e os dois se entreolharam, tentando achar em silêncio uma maneira de contar para .
- Ela... - Isco começou a dizer, mas foi interrompido por .
- Ela estava andando, tropeçou, acho que nos próprios pés e caiu da escada da minha casa. - falou e eu sentei ao seu lado.
- Formiga, sempre desastrada.
- Vocês eram amigos quando crianças, né? - Isco perguntou, mesmo já sabendo a resposta, era uma falha tentativa de mudar de assunto.
- Sim, Isco. Acho que era o único amigo dela quando criança e pelo que consigo lembrar, sempre tropeçou nos próprios pés. - os dois riram fraco.
contou a história de quando caiu da árvore. Naquela hora parecia cômico, mas no dia tinha sido bastante desesperador. Eles pararam de falar no momento em que um médico moreno e baixo parou na frente deles, ele parecia bastante sério.
- Acompanhantes da senhorita ?
- Sim. - responderam juntos.
- Ela pode receber um acompanhante agora, está deitada, recebendo soro, vai precisar ficar em observação. Vocês têm certeza de que ela caiu? - perguntou, Isco e afirmaram com a cabeça.
- Eu posso vê-la? - perguntou e o médico fez que sim com a cabeça.
- Pegue esse elevador, andar 5, apartamento 505.
- Obrigado. - sussurrou e foi até ao elevador. O médico andava atrás dele, mas voltou assim que escutou chamar seu nome. não conseguiu escutar nada do que eles diziam, o elevador tinha chegado e a vontade de ver era maior do que escutar a conversa dos três.
chegou no quinto andar e encontrou o apartamento onde estava sem dificuldade. Ele abriu a porta e a morena estava deitada na maca, olhando para o teto, estalava seus dedos e parecia chorar. Ela também tomava remédio por meio intravenoso, e vê-la daquele jeito destruiu o coração do loiro. Ele sentiu seus olhos lacrimejarem e os limpou rapidamente assim que se aproximou da maca. depositou um beijo na testa da morena e ela fechou os olhos no momento que sentiu os lábios do inglês contra sua pele. ainda o amava. E se deu conta de como nunca tinha deixado de amá-la.
- Você não tem jogo mais tarde?
- Tenho, mas eu também tinha que ver você, Formiga. - ela sorriu de canto.
- Quer chegar cansado no seu primeiro jogo? Você precisa dormir.
- Eu vou ser banco, não tem diferença.
- Tem diferença sim! - protestou e fez força para sentar, seu rosto virou uma expressão de dor, então teve que a ajudar. - Que horas começa?
- Só cinco da tarde. Agora são três da manhã. - respondeu ao olhar o relógio.
- Você tem que ir para Valdebebas, Graveto.
- Só mais cinco minutos, certo? E eu só tenho que estar lá às oito da manhã, então... Eu posso ficar mais um pouquinho? - sorriu como se concordasse. Os dois passaram cinco minutos em silêncio, trocando olhares, sorrisos e carícias. Por mais estranho que pudesse parecer, o silêncio falava por eles dois. O sentimento era recíproco.
- Obrigada por estar aqui. - sussurrou e beijou a mão direita do inglês.
- Não precisa agradecer, Formiga. Não é uma obrigação. - beijou o topo da cabeça dela. Os dois ficaram em silêncio novamente, mas ele foi quebrado por Isco e .
- Vocês têm compromisso. - avisou com as mãos na cintura.
- Concordo.
- Vamos, . Temos que ir para Valdebebas mais tarde.
- Ok. – concordou, mesmo contrariado. Ele fez carinho no braço onde estava recebendo medicamento e depositou um beijo na palma de sua mão. - Se cuide, ok? Quando sair do jogo venho para cá com Isco.
- Não precisa se preocupar, acho que hoje à noite já saio daqui. Vou ficar na casa de por uns dias.
- Irei te visitar, certo?
- Irei esperar. - respondeu e se despediu, dando-lhe um beijo na testa.
- Se cuida, pequena. Mas sei que vai cuidar, você querendo ou não. - Isco fez carinho em seus cabelos, riu e ele apertou sua mão. Isco deu um beijo na bochecha de e ela fez carinho em seus cabelos. acenou para as duas e saiu da sala acompanhado de Francisco.
- Você tem certeza de que vai dar conta de cuidar sozinha da ?
- Claro que vai, . Ela conhece há anos, é claro que vai dar conta.
- Elas não vão brigar, não é? tá machucada.
- , relaxa. Vai dar tudo certo, ok? Agora vamos para a minha casa, que mais tarde temos que ir para Valdebebas. - Alarcón disse e bateu nas costas do loiro.
entrou no carro de Francisco e se sentiu aliviado por ter visto . Mesmo machucada, ela iria ficar bem. E ele estaria ali para se certificar que tudo iria dar certo.

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- O médico falou com você? - perguntou assim que os jogadores saíram.
- Falou, Isco e eu tivemos que contar o que aconteceu. Isco levou embora porque ele disse que passaria aqui.
- Eu não consegui contar. Fiquei com vergonha, sabe? Ainda dói.
- Eu não consigo imaginar o que levou o Enrique a fazer isso. Sempre disse que ele não prestava, mas isso é demais, . - passou a mão direita pelos cabelos ondulados da menor. - Ele não vai tocar em você de novo.
- Ele vai me perseguir, . E ele vai fazer mal para .
- Não vai não. Isco está com , certo? E também sempre está com aquele cara grandão.
- Bale? - a morena perguntou e ela concordou com uma careta engraçada.
- Esse aí.
- Gareth odeia Enrique.
- Isco e eu também. Vamos formar um esquadrão de anti-Ávilla e não vamos deixar ele chegar perto de você e nem de . - fez uma cara engraçada no final e riu alto, mesmo sentindo pontadas de dor em seu corpo. falava coisas engraçadas para tentar distrair a melhor amiga, mas parou quando o médico entrou no quarto. Ele parecia sério, mas ao mesmo tempo olhava triste em direção a menina.
- Então, . Seus amigos me contaram o que aconteceu e você tem que agradecer aos céus por ter esse casal ao seu lado.
- E como eu sei. - apertou a mão de . A loira sorriu e fez carinho na testa da morena com a mão livre.
- E aquele rapaz que veio te visitar, ele parecia muito preocupado com você, sabe? Parecia que não estava muito bem. Creio que não foi ele que fez isso com você.
- Não. – sussurrou. - seria incapaz de tocar em mim. Ele se preocupa comigo e me dói a todo o tempo ele não saber o que se passa comigo. Eu não posso contar, Enrique vai ser um problema para ele.
- Enrique é o seu namorado?
- Ex. Eu não quero vê-lo nunca mais, ele me espancou. Antes eu pensava que era só uma fase, problemas com o time.
- Time? Então é verdade, seu ex-namorado é Enrique Ávilla.
- A estrela do Barcelona que bate em mulher. - a voz de emanava ódio.
- Ele mesmo, doutor. Hoje não foi a primeira vez que ele me bateu, mas hoje foi a pior.
- Você não contou para ninguém sobre isso?
- Não. Só , Isco e agora você.
- Você não pensa em contar para aquele que pediu para ver você primeiro? , não é?
- Não. - disse sem pensar duas vezes. - Ele vai correr perigo, Enrique pode ser perigoso quando ele quer. Ávilla disse que acaba com , e pelo que fez comigo, tenho certeza que sim. Não posso arriscar a vida dele doutor, é importante demais para mim.
- Entendo, . - o médico fez algumas anotações numa pequena folha de papel. - Assim, temos um programa voltado para mulheres vítimas de violência, tanto física quanto psicológica. E sempre temos essa conversa, sabe? E recomendamos sempre que elas denunciem o agressor, aliás a denúncia é em sigilo total e elas têm proteção da polícia. E se você quiser denunciar Enrique, terá nosso apoio total.
- É complicado denunciar Rik, sabe? Ele é famoso e tem muito dinheiro. Não vai adiantar nada, nada mesmo.
- ...
- Você sabe que é verdade, . Enrique tem a mídia ao seu favor e todo o mundo.
- Todo mundo não, . Mas tudo bem, você que decide, ok? Quando você estiver pronta para denunciar seu ex-namorado, nosso grupo estará aqui para ajudá-la. Vamos deixar no arquivo todos os seus exames que comprovam que você foi vítima de violência física.
- Obrigada, doutor, de verdade.
- Pode me chamar de Gabriel. E quando acabar o soro, você já poderá voltar para casa. Irei prescrever os remédios para dor e vou pedir que você fique de repouso por alguns dias.
- Ah, mas pode deixar. Cuidarei dela pessoalmente, doutor. - colocou a mão direita no peito e eu ri fraco.
- Ela não vai me deixar em paz.
- Espero mesmo que não deixe. - Gabriel bateu levemente nos pés da morena. - Cuide-se, , saiba que estaremos sempre de portas abertas para quando se sentir pronta.
- Obrigada, Gabriel.
- Eu agradeço de todo o meu coração, obrigada por prestar assistência a essa menininha. - agradeceu e Gabriel foi ao seu encontro para abraçá-la. Ele fez carinho nos cabelos da menor e saiu do quarto, deixando-a a sós com a melhor amiga. - Vamos para minha casa, ok?
- Iremos sim.
- Vou pedir a Isco que vá comigo na sua casa para buscar algumas roupas. Não quero ir sozinha e ter que lidar com Enrique se ele estiver por lá.
- Espero que ele não esteja. Mas ele tem a chave do meu apartamento.
- Você não volta para lá tão cedo, querida.
- E eu nem quero. - sussurrou, sentou ao seu lado e começou a fazer cafuné. adorava receber aquele tipo de carícia, ainda mais da melhor amiga. Ela se sentia protegida e amada, como se nada fosse lhe fazer mal novamente.
E Enrique não iria mais tocar nela. tinha pessoas em quem confiar, ela já não estava mais sozinha. E o mais importante, ela já não se sentia mais sozinha. tinha , , Isco, e ainda tinha Bale. Ela era amada e naquele momento se deu conta que não merecia menos que aquilo.
- O soro acabou, vou chamar a enfermeira e levar você para minha casa. - disse e, mais uma vez, se sentiu grata por tê-la.

Capítulo 10

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dormiu na casa de Francisco. Alarcón demorou muitas horas para conseguir pregar os olhos e dormir. A cena de no banheiro ainda passava pela sua mente como se fosse um filme de terror.
Isco sentiu raiva ao lembrar de como ela estava agachada, tremendo, com o cabelo todo bagunçado e seu rosto molhado pelas lágrimas. Naquele momento, Alarcón jurou que não iria deixar aquilo passar impune; nem que demorasse algum tempo.
O espanhol também se sentia culpado, ele estava escondendo a verdade de . O inglês merecia saber o que estava acontecendo, ele amava . Não que já tivesse dito isso ao amigo, mas Isco sabia. Todo mundo que ficava perto daqueles dois sabia que ali existia algo muito maior que uma antiga amizade. e se amavam, e só precisavam de tempo para se encontrar.
Francisco acordou, tomou seu banho, e quando pisou na sala, se deparou com um jogado no sofá, com um controle do Playstation na mão.
- O que você está jogando?
- Fifa. - o inglês respondeu sem tirar os olhos da tela, ao mesmo tempo em que mexia rapidamente no controle.
- Coloca para dois, cara.
- Não dá. Eu ‘tô jogando online, esse filha da puta tá quase para empatar.
- Quem é?
- Ora, quem, Azpilicueta. - grunhiu o sobrenome do velho amigo e por pouco não jogou o controle no chão quando o placar mudou para 2x2. - Fodido. Tá vendo o que você fez, Francisco? Você me desconcentrou.
- Acabe logo com ele, não sei que merda você está fazendo aí.
- Ah, é? - perguntou com a sobrancelha arqueada e o inglês voltou sua total atenção para o videogame, ignorando a presença do dono da casa. Isco perdeu a noção de quantos minutos esperou, até que percebeu que a partida tinha terminado quando soltou um grito e começou a sorrir feito um idiota. - Eu mando ao menos no FIFA. - disse ao relembrar a última partida real que esteve disputando contra o Chelsea. O United tinha empatado e ele não conseguiu virar.
- Que bonito, Donzela! Eu fiz o gol da sua vitória.
- Só porque eu estava controlando você. Eu sou o melhor no FIFA, você sabe. - Isco revirou os olhos e parou de dar atenção a quando recebeu uma mensagem, era . O sorriso que surgiu no seu rosto ao ver o nome da espanhola brilhar na tela foi quase automático.
- já está na casa de .
- Sua namoradinha nova mandou mensagem? - Isco escondeu uma risada. Ele não sabia o que era ter uma namorada nova desde quando Jane foi embora de Madrid. Francisco Alarcón estava curtindo a vida de solteiro há praticamente dois anos e alguns meses. Mas fazia-o querer repensar certas coisas.
- Mandou. – respondeu, e sorriu, convencido. Isco gostava da companhia da loira e aquilo era bem explícito.
parou de jogar online com Azpilicueta e conectou o controle dois, ele e Isco jogaram algumas partidas de FIFA até que deu a hora de seguirem para Valdebebas. O relógio marcava onze horas e eles deveriam, obrigatoriamente, almoçar no centro de treinamento.

O caminho até Valdebebas já parecia normal para , a única coisa que faltava para o inglês era um carro próprio. A ideia de andar sempre de táxi estava o cansando e ele nem cogitava em alugar um, dirigir carro alheio não era algo que estava em seus planos. E nunca estaria.
- Qual a probabilidade de nós irmos amanhã numa concessionária? - perguntou ao conectar sua playlist do Spotify no carro de Francisco.
- Todas, amanhã é dia livre provavelmente. Só você me dizer a marca que quer e eu levo você até lá.
- Eu quero comprar um Jeep ou Audi. Estou cansado de BMW 's, tinha três.
- O que você fez com seus carros? Você tinha vários, não é?
- Kai vendeu junto da minha mãe. Eu passei por uns problemas e aprendi em Lavenham que tenho que ter somente o essencial.
- E qual a quantidade de carros é essencial para ?
- Quatro. - respondeu e os dois riram juntos ao som de The Police.
Os dois chegaram na Ciudad Deportiva Del Madrid depois de quarenta minutos, e assim que passaram pelo gigantesco portão, puderam ver um enorme ônibus branco, com adesivos do Real Madrid e inúmeros detalhes brancos e dourados. parecia uma criança quando via um brinquedo novo, Isco riu e apontou em direção ao lado esquerdo do ônibus quando parou o carro praticamente ao lado dele.
- Você parece uma criança. – disse, quando olhava bobo para a sua foto entre os jogadores da equipe.
- É incrível. - sussurrou e deu um soco no ombro de Isco, esse que riu alto, estacionando o carro na vaga reservada.
- Finalmente as donzelas chegaram. - Bale, que estava no saguão, cumprimentou.
- Tivemos um incidente, caiu da escada. - a expressão do galês mudou quando pronunciou as últimas palavras. O sorriso debochado já não estava mais lá, dando espaço para um rosto cheio de preocupação.
- O quê? Ela está bem? Vocês levaram ela para o hospital?
- Ela vai ficar bem, e sim, ela foi pro hospital mas agora está na casa de . Ela vai ficar um tempo lá. - Isco respondeu e Bale pareceu ficar aliviado. Mesmo com todas as provocações, Bale gostava de e todos sabiam que o carinho era recíproco. Gareth e pareciam dois irmãos brigando por qualquer coisa.
- Depois do jogo a gente vai dar uma passada na casa de , você quer ir? - perguntou.
- Sim, quero saber como essa patetinha tropeça nos próprios pés. - disse e os dois soltaram uma risada que não foi acompanhada por Isco. Francisco ainda estava incomodado por estar mentindo para os amigos. Aquilo não parecia certo, mas era quem tinha que contar. Isco não podia invadir o espaço pessoal da mestiça.
Eles saíram de onde estavam e um segurança o conduziu para uma área de quartos. Aquele CT parecia um hotel cinco estrelas, pensou quando viu as portas pelos corredores. Não que no United não tivesse um centro de treinamento decente, só que aquele lugar era fora do normal. entrou na porta que identificava o lugar sendo seu, o número 16 e seu sobrenome estavam talhados em uma plaquinha ao lado da porta de madeira.
O inglês ficou sozinho em um quarto gigantesco, no United ele dividia com um jogador. Ali tinha uma cama king size, uma televisão de quarenta e sete polegadas, um armário branco grande, mais afastado da cama tinha um frigobar e ele estava recheado de Gatorades e água. andou pelo quarto e encontrou um banheiro enorme, parecia banheiro de hotel de luxo. Fuçando o lugar, achou uma toalha branca dobrada perfeitamente e aproveitou para tomar banho. Quando terminou, enrolou a toalha na cintura, abriu as gavetas do armário e sorriu quando viu uniformes de treino do Real Madrid limpos e cuecas ainda na embalagem. Santo Cristo, que time maravilhoso era aquele? Riu sozinho e se vestiu. O inglês mal amarrou o tênis e escutou batidas na porta, eram Isco e Bale.
- Ah, você encontrou as coisas de primeira. - Bale disse e se jogou na cama.
- Achei, é um pouco diferente do United.
- Todos os jogos em Madrid são assim e você fica com esse quarto até o final da temporada. Mas isso significa que você não pode trazer visitas, regras do clube. - Bale fez uma careta. - O que é uma pena, porque, cara, olha essa cama.
- Você é um pervertido, Gareth. - Isco disse e riu.
- Ah, qual é. Super desperdício de cama, você não concorda comigo? Se você tivesse uma namorada...
- Não conclua seus pensamentos sórdidos, Gareth. - Bale riu alto, acompanhado de . Isco não concordou com o galês, mas sabia que era verdade. Os três ficaram jogados na cama, jogando conversa fora, até que escutaram batidas na porta, aquilo significava que eles já tinham que ir para o jogo. bufou e Bale o olhou, triste.
- Você está bem?
- Eu não vou jogar, cara. Não estou confortável com isso.
- As coisas vão mudar, . Provavelmente sua posição no time vai mudar também. Você era para estar disputando espaço com Benzema, lembra?
- Benzema vive se machucando, eu poderia muito bem estar jogando, mas Benítez tá tentando me foder.
- Você não vai deixar isso acontecer. E vamos logo que jogo é jogo. - Isco disse e os três saíram do quarto.

O caminho até o Bernabéu foi silencioso, totalmente diferente do que pensava que aconteceria quando assinou com o Real Madrid. Os jogadores, em sua maioria, estavam com fones de ouvido e outros conversavam aos sussurros com quem estava perto. Todos já pareciam desmotivados antes mesmo de entrar em campo, e aquilo para era torturante. Jogar no Real Madrid era seu sonho de menino, algo que ele tinha passado noites em claro imaginando como seria estar dentro do time e nada estava saindo como o planejado.
Eles chegaram no Santiago Bernabéu e ele não parecia estar tão lotado como um dia imaginou que estivesse. Também pudera, o time estava passando por uma fase horrível e os torcedores provavelmente já não queriam presenciar mais um vexame do time madrilenho. Se ele que era jogador já estava com vergonha de entrar em campo sendo comandado por aquele técnico, imaginava um torcedor.
Aquilo tudo era lamentável, o Real Madrid era grande demais para passar por aquilo.
- O jogo começará daqui a uma hora, vão aquecer. - Javier avisou e saiu do vestiário, parecendo puto. Para falar a verdade, todos pareciam estar com raiva por estarem ali. Parecia mais um presságio do que iria acontecer dali a uma hora.
Os jogadores vestiram a roupa de treino e, assim que entraram em campo, o burburinho da torcida pareceu aumentar, pelo menos os torcedores que ali estavam pareciam felizes em vê-los. Os titulares aqueceram pelo que parecia serem vinte minutos ou mais, voltaram ao vestiário, colocaram o uniforme branco e quando deu por si, já estava no banco enquanto os 11 titulares entraram em campo acompanhados dos jogadores do Paris Saint-Germain.
As crianças saíram do campo, os capitães se cumprimentaram e o Real Madrid escolheu o lado do campo, enquanto o PSG ficava com a bola. O juiz apitou e o toque de bola começou. O time blanco foi para cima, mas não adiantou, Ikone driblou três jogadores, invadiu a área, Casilla saiu do gol e em menos de três minutos, o número 36 marcou para o PSG. Isco baixou a cabeça e pôde ouvi-lo xingar. Real Madrid tinha levado gol do Paris Saint-Germain em casa.
Lucas Vázquez recebeu lançamento e passou para Marcelo, só que o brasileiro não conseguiu dominar e a bola saiu pela linha de fundo. Real Madrid recomeçou a jogada e conseguiu dominar dentro da área e tentou girar para cima da marcação, mas o jogador do time blanco foi desarmado por Thiago Silva. Carvajal tirou a bola do brasileiro do time francês e correu, mas logo foi levado ao chão pelo próprio. A falta tinha sido feia, tanto que Thiago ainda permanecia no chão e Carvajal estava de pé, mas parecia mancar, o juiz se aproximou do brasileiro e em segundos a placa de substituição foi levantada. Thiago já estava fora da partida e Meunier entrava em seu lugar.
O jogo voltou e Lucas Vázquez tentou uma jogada individual pela lateral direita, só que acabou derrubando Kurzawa, o juiz mandou seguir jogo e ele passou a bola para Kovačić. Mateo correu e driblou dois jogadores do PSG, chutou da entrada da área, mas a bola bateu na trave e voltou nas mãos do goleiro. Iria ser um gol do caralho.
O Real Madrid parecia dominar o jogo e começou a ficar animado, se eles continuassem a jogar daquela maneira, poderiam levar os três pontos. Casemiro estava com a posse da bola e, de fora da área, chutou a gol com uma força espetacular, mas, infelizmente, Trapp defendeu com segurança. poderia jurar que ali iria ser gol. O Paris Saint-Germain recomeçou sua jogada e o pior aconteceu, Meunier acertou uma bomba de canhota e, de fora da área, Casilla pareceu nem ver a bola e ela foi bem no ângulo esquerdo. Dois a zero para o PSG.
Depois do gol, o PSG tomou conta e o Real Madrid pareceu sumir. Sumiu tanto que quatro minutos depois deixaram Meunier receber livre na área, ele tentou passar a bola, mas o goleiro foi burro o suficiente para rebater. A bola voltou para o próprio camisa 12, que só fez empurrar para o gol. Três gols do PSG e aquilo só era o primeiro tempo.
- Que porra o Casilla tá fazendo na merda daquele gol? - Isco gritou e Benítez o olhou, enraivecido.
- Se você tivesse escalado Navas, essa merda não estaria acontecendo.
- Isco, eu estou bem aqui. - o terceiro goleiro, Navas, se pronunciou.
- Que bem o que, porra. Você deveria estar em campo, defendendo aquele travessão e não esquentando o banco. E também deveria estar lá no lugar daquele merda. - apontou para o campo bem na hora que Danilo entregava de bandeja a bola para Ödegaard.
Por sorte, James conseguiu tirar a bola do jogador e passou para Kovačić. Mateo correu e chutou forte de dentro da área, iria ser um gol pelo Real Madrid, mas Aurier estava lá e meteu a mão na bola. Todo mundo gritou pedindo penalidade máxima e o juiz apitou. Pênalti para o Real Madrid. E pela primeira vez, viu Ronaldo não se prontificar para bater o pênalti, Ramos nem se atreveu; Benítez gritou para Danilo ir, mas Marcelo tomou conta da bola e foi para a pequena área. Aos quarenta e cinco minutos de jogo, o brasileiro bateu forte no canto direito e mesmo com o goleiro do Paris tendo se esticado para pegar, o placar marcava três a um para o Real Madrid. Benítez comemorou sozinho, Marcelo parecia nem fazer questão de comemorar o gol pelo time, apenas abraçou os caras enquanto a torcida vibrava.
A torcida ainda tinha esperança. Eles sempre tinham. Mas o juiz apitou o final da partida e todos foram para o vestiário. Os jogadores podiam escutar o time francês zombarem da situação do Real, aliás, já era o quinto jogo consecutivo que a vitória não vinha e não poder rebater estava deixando puto.
Os quinze minutos de intervalo acabaram, os 11 voltaram para o campo e voltou para o banco. O juiz apitou o recomeço do jogo e ele só podia pedir que aqueles 45 minutos passassem voando. O PSG comandava o jogo e fez duas substituições, enquanto Benítez não ousava tirar os jogadores que claramente já não estavam mais dando conta de jogar. Era lastimável para assistir aquilo tudo e não poder fazer nada.
- Não acredito. - sussurrou quando o juiz apitou o final do jogo. O Real Madrid tinha perdido para o Paris Saint-Germain de três a um, em pleno Santiago Bernabéu, na fase de grupos da Champions. Se o Real Madrid não ganhasse o próximo jogo, eles não passariam para as oitavas.
- Isso tudo é culpa desse bosta. - Isco levantou do banco, levantou logo atrás mas ainda a tempo de ver as arquibancadas, que já estavam quase vazias. Os torcedores tinham ido embora antes mesmo do juiz apitar o final da partida.
No vestiário, a situação parecia ainda mais triste. Os caras não riam e muito menos falavam, sussurravam com quem tinham mais intimidade, a única coisa mais audível eram as batidas fortes nos armários e o som das coisas sendo jogadas de qualquer jeito nas malas. tomou banho e quando se vestiu, sentou no banco para esperar seus dois amigos. Não demorou muito e Bale e Isco já estavam ao seu lado.
- Vamos? - Isco perguntou e Bale concordou. - Já escolheram os jogadores para a coletiva.
- Direto para casa de . - sussurrou e eles saíram do vestiário sem falar com os outros jogadores. Os três saíram do estádio sem falar com ninguém e sem ninguém querer falar com eles.
Estava tudo desabando e parecia que ninguém poderia fazer nada.

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já se sentia melhor, mesmo com as imagens do dia anterior passando pela sua cabeça.
tentava a todo o custo distrair a melhor amiga e estava funcionando. Depois que acordaram, às quatro da tarde, resolveu cozinhar enquanto não desgrudava da televisão por conta do jogo.
estava com o coração partido com o que estava vendo, e ficou pior quando a câmera focou no banco de reservas e deu close em . O loiro estava com o olhar perdido e ela sabia que ele não estava bem com toda aquela situação. Todo mundo que sabia um pouco de futebol sabia que Benítez tinha colocado na posição errada e, para completar, no banco. era jogador para disputar vaga com Karim Benzema, o francês que já não estava rendendo como antes e cometia erros lamentáveis em campo. era para ser titular de Benzema, mas Benítez era uma criança fazendo birra.
A coletiva pós-jogo começou e amaldiçoou até a vigésima geração de Benítez. E a situação só ficou pior quando ele falou sobre .
- Por que eu deixo ele no banco? Porque ele não é jogador para o Real Madrid. Ele tem 22 anos e já aprontou muita coisa na Inglaterra, ainda persisto na ideia que contratá-lo foi gasto de dinheiro. O cara estava decaindo no Manchester United, não sou nenhuma ONG para fazer caridade para jogador perdido.
- Você não acha que é o melhor na posição que ele ocupava no United?
- Eu acho que vocês estão loucos em dizer que é bom. Enquanto eu treinar o Real Madrid, jogador problema não joga. - desligou a televisão e passou as mãos pelo rosto. Por que aquele merda estava sendo tão ruim com ?
não sabia muito sobre o passado de no United, mas sabia que aquilo não importava. Ele não era um homem ruim, só tinha feito escolhas erradas. Todo mundo errava, inclusive o seu protegido no Chelsea, Cezar Azpilicueta, já tinha cometido erros, mas aquilo não era motivo para crucificar ninguém. As pessoas estavam sendo ruins com uma pessoa maravilhosa. não merecia aquilo de jeito nenhum.
A campainha do apartamento de despertou dos seus pensamentos, a mestiça levantou do sofá e caminhou calmamente até a porta, abrindo um largo sorriso ao ver quem estava ali.
- O que você está fazendo em pé? - foi a primeira coisa que perguntou.
- Puta merda, eu mandei você deitar! - passou a mão pela cintura da melhor amiga. Ela tinha saído praticamente correndo da cozinha quando escutou a campainha tocar.
- Já está fazendo esforço?
- Eu tô bem, Isco. E eu tô bem em pé.
- Ei, gente. Deixem ela falar um minuto, certo? - Bale disse e os três entraram na casa de , Gareth sentou no gigantesco sofá branco junto de e , enquanto Isco e seguiram para a cozinha.
- Obrigada, Galês. - agradeceu e ele riu. - Eu não estou inválida, certo? Ainda posso andar. Que caras são essas? Alguém se machucou?
- Machucou só o time. A gente perdeu para o Paris de três a um. - Bale explicou e levantou do sofá. - Três a um para porcaria de um time que disputa campeonato francês e se acha grande. Três a um, .
- Puta merda. - sussurrou, ela compartilhava a frustração dos jogadores.
- Benítez tem que cair logo. É a Champions League, .
- Eu sei, Gareth. E isso me assusta. - ela disse e o galês foi para a cozinha, deixando os dois a sós. - Como você está?
- Não era eu que deveria estar fazendo essa pergunta a você? - perguntou e ela riu fraco. - Frustrado, acho que essa palavra define tudo o que eu sinto. Eu ‘tô frustrado, Formiga. Saí da Inglaterra pensando que aqui eu ia me dar bem e olha só o que arranjei? Estou esquentando banco para um cara que não joga nem vinte por cento do que eu jogo, estou vendo o time que torço desde criança se afundar em todas as competições que tá participando e tudo isso sem eu poder fazer absolutamente nada.
- Vem cá. - ela sussurrou e bateu em suas coxas como se fosse um sinal para ele deitar em seu colo. Com cuidado, repousou sua cabeça na coxa dela e jogou suas pernas no restante do sofá. - Você é um jogador excepcional e mais do que ninguém sabe disso. Só precisa de uma chance para mostrar todo o potencial que tem, .
- Mas Benítez não me dá essa chance, entende?
- Ele vai cair mais cedo ou mais tarde. Só não desista do Real Madrid, certo? O time precisa de você. Você é um dos melhores jogadores do mundo, .
- Melhor que seu namoradinho? - perguntou com um sorriso debochado nos lábios e ela retraiu seu maxilar. era melhor que Enrique dentro e fora de campo, mas assumir isso ainda doía. levantou do colo da mulher e passou a mão direita pelo ombro esquerdo da atriz. - Eu ‘tô brincando, ok? Desculpa por falar de Enrique.
- Não. - disse rápido e ele a olhou com a expressão confusa. - Tá tudo bem, , não precisa se desculpar, e, sim, você é melhor que Enrique. Aliás, nós terminamos. - não pôde evitar de sorrir.
- Mas ele tem uma bola de ouro.
- Na pilantragem. - escutaram a voz de Isco invadir a sala. - Até hoje não acredito que ele levou, fez uma puta temporada ano passado e nem foi indicado. Foi um milagre indicarem Ronaldo.
- Acho que só quem não percebeu isso foram os jogadores do Barcelona.
- E aqueles torcedores. Como eles podem achar que aquele time é o melhor do mundo?
- Seu ex-namoradinho acha que é o melhor do mundo. - disse, debochado.
- Enrique é um merda, puta que pariu, eu só quero quebrar a cara dele. - Isco disse e fez carinho em seus cabelos negros. Ela entendia mais do que ninguém o motivo dele querer quebrar Enrique, mas tinha medo. Medo pelo espanhol, por ela e por .
- Tá bom de falar de futebol, vamos comer. - ficou na frente deles com as mãos na cintura. - Eu vou dar na cara de vocês.
- Vai dar na nossa cara? Temos uma surpresa. - Isco disse e soltou uma risada. - Hoje é noite do pijama pós-derrota. É como se fosse um término, a gente assiste filme, come, se lamenta e dorme.
- Vocês são inacreditáveis. - disse e eles riram da pose da loira.
levantou do sofá para ir à cozinha, mas ela fez sinal para que ele continuasse ali. Bale saiu da cozinha com uma travessa de macarronada e deixou na mesa de centro, Isco levantou e quando voltou, trazia pratos, talheres e copos.
- Isso aqui tá muito bom! - elogiou depois que já tinha dado umas três garfadas na macarronada de frango.
- Isco agradece. Ele me ajudou com o molho, ficou melhor do que o meu, né?
- Muito. – respondeu, ainda com comida na boca. O molho realmente estava maravilhoso.
- Eu não ganho créditos por nada?
- Parabéns, Bale. Você sabe mexer o refogado do frango como ninguém e anda maravilhosamente bem com uma travessa quente. - elogiou o galês, fazendo os amigos rirem.
Os cinco comeram toda a macarronada que junto de Isco e mais a ajuda indispensável do galês, fizeram. Depois de terminarem, Gareth insistiu para que assistissem algum filme de comédia romântica. Segundo ele, era daquele jeito que ficava menos triste com a derrota. conseguiu achar o tal filme que chamava 10 Coisas Que Eu Odeio Em Você na Netflix e eles acabaram assistindo.
Lá pela metade do filme, Isco e já dormiam praticamente abraçados no chão, Bale, que havia insistido tanto pelo filme, dormia sentado de boca aberta. Só tinham sobrado e .
- Quer dormir, Formiga?
- Eu estou exausta, foi um longo dia. - disse e ele concordou. levantou do sofá com cuidado para não acordar Bale que estava ao seu lado e estendeu a mão para que ela pudesse levantar. - O quarto da fica lá em cima.
- Eu levo você. - disse e deu um sorriso fraco. podia subir as escadas sozinha, mas não queria dispensar o pequeno mimo do inglês. a carregou, passando com cuidado por cima dos dois que já estavam abraçados no chão e subiu a escada com a mestiça em seus braços.
- Primeiro quarto à esquerda.
- Entregue. - disse quando abriu a porta marrom e a deixou na cama. - Onde fica o quarto de hóspedes?
- Creio que esteja desarrumado, pode dormir aqui, se quiser. - a morena disse e sorriu. achava aquele sorriso a coisa mais bonita de todo o mundo.
- Sem problemas?
- Sem nenhum problema. - confirmou e deitou ao seu lado.

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O dia tinha terminado de forma boa para . Mesmo com a derrota de seu time, ele estava dormindo ao lado de sua melhor amiga de infância, igual quando eles eram crianças e inventavam de acampar na sala de estar da casa dela.
Só que a situação era um pouco diferente. Ele não era mais um garotinho e já não era mais a menininha do interior da Inglaterra. Ela era , a atriz em ascensão, que tinha feito um ensaio fotográfico junto dele e que despertava coisas complicadas demais no seu interior. Coisas que nem ele mesmo sabia distinguir.
Mas, naquele momento, só sabia que Formiga era linda dormindo e que ele era o cara mais sortudo do mundo inteiro. Ele tinha uma garota espetacular ao seu lado. A sua garota. se remexeu e aninhou seu corpo no dele, sorriu automaticamente com a cena e sua mão direita começou a fazer cafuné nos cabelos da menor. Formiga tinha dormido em seus braços da mesma forma que fazia anos atrás. Ele só queria poder gravar aquele momento para sempre.

Capítulo 11

14 de Janeiro de 2016

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jurava que tinha dormido com aninhada em seu peito. Mas quando abriu os olhos, por conta do susto, deparou-se com uma realidade bem diferente.
Bale e Isco estavam apenas de cueca, pulando igual duas crianças em cima da cama e, por vezes, batiam no inglês e gritavam.
- Vocês vão quebrar a porra dessa cama! – gritou, ainda coçando os olhos.
- Acorda, cara! - Isco gritou e pulou ao seu lado um pouco mais forte. Os três só escutaram o barulho da cama que tinha ido ao chão. rolou para o lado e os dois sentaram na cama, rindo, só pararam quando a porta abriu quase num estrondo.
- Essa hora, sério? - perguntou, parada em frente à porta com as mãos na cintura. Ela estava com o cabelo preso em um rabo de cavalo, mas ainda bagunçado, vestia um short curto preto e um top da mesma cor. Seus machucados não eram mais visíveis. - Vocês já deram a notícia para ele?
- Por que você acha que viemos acordá-lo?
- Vocês vieram bagunçar. - fingiu uma irritação. – E, aliás, estão devendo uma cama nova para .
- Cadê ela, hein? - Isco perguntou, saindo da cama.
- Foi ensaiar, ela tem uma apresentação final do mês, lembra?
- Ah, é verdade. Preciso comprar um terno novo.
- Tá, tá bom. Agora vamos, por que diabos vocês me acordaram? Eu ‘tô morto. - reclamou e sorriu.
- Levanta, Graveto. - ele sentou na beirada da cama quebrada sem reclamar. sorriu e, como se ele ainda estivesse sonhando, disse: - Benítez caiu, . Sergio ligou para dar a notícia há uma hora, todos os jornais falam somente disso.
tinha acabado de dar a melhor notícia que podia receber nos últimos dias. Ela continuou sorrindo e ele estava sorrindo que nem um abobado ao mesmo tempo que encarava a menina como se ela estivesse delirando.
- Você a escutou, ? Benítez caiu, cara. Caiu. - Bale gritou e bateu em suas costas. Ele levantou da cama e abraçou , ela tinha dado aquela notícia maravilhosa. sorria igual a uma criança e, naquele momento, quis beijá-la. Mas só de tê-la em seus braços, o inglês já estava satisfeito.
- Ele caiu, cara. Você vai jogar! - Isco gritou e o puxou para a cama novamente. Escutou a risada de enquanto os dois faziam um montinho em cima dele.
- Ei, para o banho, vocês três. Vocês têm que ir para Valdebebas, lembram? Sérgio avisou.
- Como assim Sérgio avisou? Ele está aqui?
- Eu estava jogando Candy Crush no celular do Isco quando ele ligou.
- Ah, entendi. Mas a gente não tem roupa aqui esperta, e não vou te deixar sozinha.
- Bale já foi buscar, esperto. só não emprestou porque ela não tem mais nenhuma roupa do meu irmão, colocou tudo numa malinha quando acordou e provavelmente elas estão no lixo.
- Então eles se separaram mesmo? - Isco perguntou e todos podiam ver seus olhos brilharem.
- Sim, Francisco. Caminho livre para você, 22. - respondeu e ele sorriu, parecendo envergonhado.
- ? Isco? - escutaram a voz conhecida de gritar do andar de baixo.
- Aqui em cima. - gritou e Bale fingiu tampar os ouvidos. - Você é um chato, sabia?
- Você é escandalosa, sabia? - Gareth devolveu a provocação e rolou os olhos, lhe mostrando o dedo do meio.
- Ah, não. Puta merda, quem foi que quebrou minha cama? - perguntou assim que entrou no quarto, jogando sua bolsa no colo de .
- Foi o Isco. - falaram todos juntos e o espanhol os olhou como se fosse matar todos.
- Ahn, ...
- Ah, tudo bem. - disse rápido antes que ele pudesse inventar desculpas. - Relaxa, ok?
- Tudo bem? - repetiu e olhou para a amiga com uma expressão engraçada. - O que ele deu para você ontem à noite? Você não vai fazer nenhum escândalo por ele ter quebrado sua cama?
- , eu não sou mulher de baixarias. E é só uma cama.
- Obrigado, . - Isco passou o braço pelos ombros da melhor amiga de , sorrindo como se tivesse ganhado o prêmio Bola de Ouro.
- Foi que quebrou a cama, . - Bale mentiu e ela fechou a cara para o inglês.
- Você está me devendo uma cama nova. - falou de modo ameaçador. levantou da cama e eles riram.
- Você protege o Isco e não me protege? Sério, ?
- Vai tomar banho, . - ralhou e saiu do meio abraço de Isco. - Já é meio-dia. - chegou perto dela e bagunçou seus cabelos loiros. Ela virou rápido e deu um tapa forte nas costas dele. - Isso foi mais pela cama que pelo cabelo.
correu para o banheiro do quarto. era meio perturbada, mas o camisa 22 tinha pegado ela de jeito. estava caidinha por ele e eles ainda não tinham nem trocado beijos.
saiu do banheiro já vestido, ajeitou seu cabelo em frente ao espelho mais rápido que o normal, ele já tinha se acostumado com o novo corte e ele realmente caía muito melhor que o antigo, aquele cabeleireiro da Calvin sabia das coisas. Passou a mão pela pequena barba que já estava se formando em seu rosto, talvez ele desse uma chance e aderisse a barba rala.
- Vamos? - reconheceu a voz de Isco, o espanhol estava na porta do quarto, devidamente arrumado, com o cabelo alinhado, e ele tinha passado perfume.
- Uau, Margarida. - disse e ele sorriu. - Você não precisa de tudo isso, cara. já está na sua.
- Ha ha ha, você é tão engraçado. Nem vamos entrar no assunto de quem está na de quem, certo, Donzela?
- Ela só é minha melhor amiga, cale a boca.
- Você se entregou facinho, . Ninguém citou nomes por aqui. - olhou indignado para Bale. Aqueles dois iam acabar fodendo sua sanidade mental daquele jeito.
- Calem a boca, ok? Vamos logo. Assim vamos chegar atrasados.
- E, ah, meu pai era melhor amigo da minha mãe.
- Cala a boca, Bale. Pelo amor de Deus. - o inglês pediu e Isco riu do aparente desespero do loiro.
- Você está grandinho demais para ficar nessa fase de negação, . - Isco murmurou e os três saíram do quarto. Ele realmente era grande demais para aquilo, e já não era mais sua melhor amiga de infância. O loiro sentia alguma coisa a mais por ela, bastava ele entender o quê.
Desceram as escadas rapidamente e as duas, que estavam entretidas na televisão, olharam, parecendo satisfeitas. ficou de frente para Bale e e os encarou de forma estranha, parou e voltou sua atenção para dois pequenos frascos que estavam no sofá, quando voltou sua atenção para a dupla, começou a passar perfume como se estivesse arrumando seus dois filhos para irem ao primeiro dia no colégio.
- Agora sim. - deu um sorriso de satisfação.
- Então, vamos. - Isco disse, ela olhou em sua direção, foi até ele, e mexeu em seu cabelo negro. Francisco sorriu, abraçou a menina e sussurrou algo para ela que ninguém conseguiu entender, sorriu e deu um soquinho em seu braço direito. Isco riu, bagunçou a cabeleira loira da menina, lhe deu um beijo na bochecha e foi até . - vai cuidar de você, viu? Tente não querer matá-la nesse tempo que ficaremos fora.
- Pode deixar, bonitão. - bateu continência e ele riu. Bale se despediu de e foi até , bagunçou os cabelos da menor e foi vítima de vários tapas que ela deu em seus braços.
- Seu mal é que você me ama demais.
- Cale a boca, galês idiota. E boa sorte. - ele agradeceu dando um abraço nela. se despediu de e, quando chegou perto de , a puxou para um abraço. - Vai dar tudo certo, viu? Vou torcer para entrar um técnico maravilhoso que deixe você jogar.
- Obrigado, Formiga. Assim que eu souber, ligo para você, mesmo sabendo que você verá na televisão.
- Irei esperar. - sussurrou e ele lhe deu um beijo na testa. saiu com os meninos do apartamento de e, quando deu por si, já estavam a caminho do Santiago Bernabéu.
- Não vamos para Valdebebas?
- Sergio mandou mensagem que a coletiva irá ser no Santiago. - Bale respondeu, mexendo no celular enquanto Isco dirigia rumo ao estádio.

Eles chegaram no Bernabéu vinte minutos depois, conseguiram estacionar rápido, mesmo com os diversos carros que estavam ali. Saíram do estacionamento e foram direto por um caminho que já conhecia, ali tinha sido o lugar da sua apresentação aos jornalistas como jogador do Real Madrid. Onde ele havia dito que estava vindo para jogar no melhor time da Espanha e do mundo.
Os três entraram na sala e alguns fotógrafos viraram sua atenção para os jogadores. Passou seus olhos rapidamente pela sala e encontrou Sergio Ramos conversando animadamente com Javier Mallo, foram até eles e sentaram nas cadeiras que estavam ali.
- Cadê o resto do pessoal? - Bale perguntou.
- Eles não vem, só vocês. Queria que e Isco vissem logo quem vai treinar a gente. Eles merecem depois de terem ficado no banco no último jogo.
- E a gente pode estar aqui? - o loiro perguntou e Javier riu.
- Ninguém vai tirar vocês daqui não, a única pessoa que deveria sair, já saiu. - Mallo parecia muito feliz.
Eles pararam de conversar quando a porta abriu e Florentino Pérez caminhou até a grande mesa branca, que tinha o escudo do Real Madrid, e sentou no centro. Quando viu quem o seguia, sentiu seu queixo cair.
Seu ídolo de infância estava caminhando com sua família em direção à mesa branca enquanto os fotógrafos faziam a festa. Aquilo era surreal demais. Ele, a sua mulher e os quatro filhos, dois deles jogavam pela equipe B do Real, também sentaram na mesa ao lado direito do presidente, enquanto os outros integrantes da presidência sentaram ao lado esquerdo. A sala foi preenchida com o silêncio, mas logo Florentino Pérez começou a falar.
- Tomamos a difícil decisão, especialmente para mim, de dar fim ao contrato de Rafa Benítez como treinador. Estamos diante de um grande profissional e de uma magnífica pessoa, quero agradecer sua dedicação nestes meses. - Sergio riu fraco e o inglês escondeu uma risada, não iria aguentar rir sem chamar o mínimo de atenção. Benítez devia ter se dedicado em como ser um técnico ruim. - Mas o técnico do Real Madrid será Zinedine Zidane.
foi do inferno ao céu em minutos. Ele iria ter a honra de ser treinado por aquele homem, a lenda viva do Real Madrid. O cara que tinha ganhado vários títulos, entre eles uma Liga Espanhola, uma Liga dos Campeões, uma Supertaça Europeia, uma Taça Intercontinental e duas Supertaças de Espanha. Zidane foi considerado três vezes como o melhor jogador do mundo pelo FIFA e ainda tinha no currículo uma bola de ouro, que na época não era interligada a FIFA. lembrou que quando começou a jogar, se espelhava nele e desejava em seu íntimo querer ser, um dia, um terço do que ele tinha sido para o Real Madrid. só poderia estar sonhando.
- É, sem nenhuma dúvida, uma das maiores figuras da história do futebol. Sabe melhor do que ninguém o que é estar à frente do elenco do Real Madrid. Sabe o quão duro que é esse banco, conhece esses jogadores e foi com ele como auxiliar que ganharam a décima Liga dos Campeões. Ele tem toda a nossa confiança e apoio, o madridismo vai estar ao teu lado. Zinedine é um orgulho. Este é o seu estádio e o seu clube. Sei que a palavra impossível para Zidane não existe.
queria chorar e abraçar Florentino, ele terminou seu discurso e o microfone foi passado para Zizou. Ali iriam ser as primeiras palavras dele como técnico do Real Madrid.
- Em primeiro lugar, quero agradecer ao clube e ao presidente pela oportunidade de treinar esse time. Temos o melhor clube do mundo, a melhor torcida do mundo, e o que vou tentar fazer é o melhor possível para que esse time ganhe algo no fim da temporada. A única coisa que posso dizer é que farei o melhor possível e acho que vai sair tudo bem. O importante é estar amanhã com o time e trabalhar. Muito obrigado a todos, é um dia muito importante para mim. Estou um pouco emocionado, mais do que quando assinei contrato quando jogador, mas é normal. A partir de amanhã será outra coisa. Colocarei todo o coração que tenho neste clube. - disse Zizou, que foi aplaudido pelos dirigentes, presidente, sua família e todos que estavam na sala dentro do estádio.
poderia jurar que suas mãos iriam ficar doloridas de tanto que ele aplaudia aquele homem. Finalmente as coisas estavam começando a entrar nos eixos para o inglês.

**


desligou a ligação com a tempo de escutar Javier Mallo o chamar. Eles já tinham saído da sala de imprensa do Santiago e estavam em uma espécie de lobby que ficava em um dos andares do estádio.
foi até Javier e ele estava acompanhado de Zinedine Zidane, o inglês quase tropeçou nos próprios pés.
- Zizou, esse é o cara de quem te falei.
- Olá, , prazer em conhecer a jóia rara do Manchester United.
- O prazer é todo meu. - disse rápido e apertou a mão direita do francês. estava visivelmente emocionado com tudo aquilo.
- Fico contente que ainda não tenha desistido do Real Madrid, vi alguns de seus jogos pelo United e particularmente acho burrice deixar você no banco.
- É o que eu disse para Benítez desde que esse menino chegou no centro de treinamento. Ele é uma jóia rara, imagina o que ele pode fazer por nós.
estava sem reação, tudo aquilo era demais para ele. Mesmo com o reconhecimento que tinha no United, aquilo não chegava nem aos pés do que ele sentia quando estava na Inglaterra. Zidane era seu ídolo de infância, aquilo era um sonho.
- Eu concordo, Mallo. E me desculpe, , adoraria ter uma conversa mais longa e te contar os planos que tenho para você dentro do time, mas tenho que ir almoçar com minha família. Até amanhã, certo? Não se atrase.
- Eu estarei lá. - Zidane estendeu a mão novamente em sua direção, apertou e logo o francês deu as costas para eles. - Porra, Javier!
- Eu te avisei que tinha algo na manga, não avisei? - perguntou e o loiro riu de sua expressão. - Tempos bons nos aguardam, !
- Eu ainda estou tentando absorver tudo o que está acontecendo, sério. Zidane é meu ídolo de infância e agora ele me chama de joia rara? É demais para mim, Javier.
- Você merece, garoto. Não nos decepcione, certo?
- Não irei. - respondeu para ele e se despediram com um rápido abraço. Dentro da equipe técnica, Javier Mallo era quem passava mais confiança para . E Mallo tinha fé no inglês.
voltou para onde seus amigos estavam jogados num gigantesco sofá branco. Isco estava entretido no celular enquanto Bale e Ramos conversavam sobre algo, já que riam iguais duas crianças da quinta série.
- Namorando, Francisco? - perguntou ao sentar ao lado do espanhol.
- Você está muito engraçado hoje, .
- É porque ele dormiu muito bem, Alarcón.
- Cala a boca, Gareth.
- Conte-me mais, Bale. - Sergio disse e bateu na perna direita do galês.
- É verdade, Bale. Também ‘tô curioso. - Isco disse e guardou o celular no bolso.
- Você também dormiu muito bem, não é, Francisco?
- Não jogue a culpa para cima de mim, não. Bale estava falando de você.
- É o seguinte, Sergio. Estava eu dormindo no sofá da casa de .
- Quem é ?
- É a melhor amiga de . - explicou e Gareth concordou.
- Então, estava eu dormindo no sofá da casa dela e aí, acordei. Eu quase caio em cima de Isco e , eles estavam dormindo juntinhos no chão. Só que aí, eu fui atrás de uma cama para dormir, subi as escadas e a porta do primeiro quarto estava aberta. Meu amigo, estava dormindo abraçadinha no peito do Gafanhoto. - Bale contou, gesticulando mais que o necessário. Sergio riu, acompanhado de Isco, e só pôde balançar a cabeça negativamente e socar o braço esquerdo do galês. - Vocês pareciam um casal.
- Eles são um casal. Só não querem admitir ainda, não é, ?
- Não somos um casal, Sergio. Ela acabou de terminar com Enrique.
- O quê? - Sergio perguntou quase num grito. - O casal acabou? Merda, . - deu risadas, acompanhado de Bale. - Você veio da Inglaterra para mudar muitas coisas por aqui.
- Foi quem terminou com ele, não tive nada a ver com isso. - disse e os três o olharam com cara de deboche.
- O jogo contra esses merdas está chegando. - Sergio avisou ao digitar no celular.
- Quando é mesmo? - Isco perguntou, retirando o celular do bolso.
- Daqui a três semanas. Mas a gente tem um jogo daqui a dois dias contra o Valencia e temos que vencer.
- Temos mesmo, mal posso esperar para começar os treinos com Zidane. Espero sair do banco.
- Zidane não é louco de deixar você no banco. - Isco disse sem olhar para o inglês, mexia no celular e sorria igual a um idiota. - Aliás, vamos para o restaurante.
- Estava falando com sua namoradinha, Francisco?
- Ainda não é namoradinha.
- Ainda? - perguntei ao mesmo tempo que Bale e Sergio.
- Ainda - respondeu, guardou o celular e levantou do sofá em que estavam. - Vamos?
- Vamos mesmo, Rosalie já está lá e ela não gosta muito de esperar. - Ramos disse, ainda com o telefone em mãos. - Céus, ela está bem brava.
- Quem é Rosalie? - perguntou com a sobrancelha arqueada.
- É só a mulher que vai te defender se você fizer algo, ou for processado. Ainda não conheço um caso que ela perdeu.
- E o que Sérgio está fazendo com uma mulher dessa? - o loiro perguntou e Sergio lhe deu um tapa no pescoço.
- Ela é minha noiva.
- Até hoje a gente se pergunta isso para falar a verdade. - Bale disse e Ramos revirou os olhos.
- Vamos logo, não quero que ela me mate. - o capitão disse e os três riram. só esperava chegar o mais rápido possível no restaurante, não só porque já eram três horas da tarde e ele estava morrendo de fome, mas sim porque ele veria . A Formiga que ele tanto amava.

🎬🎬🎬🎬🎬


O Uber chegou no horário marcado, confirmou o endereço e em minutos o motorista já estava indo para a Steakhouse que adorava. Os meninos tinham acertado quando escolheram o Baby Beef Rubaiyat para almoçar; a carne que eles serviam ali, na opinião da mestiça, era a melhor de Madrid. O Baby Beef era um restaurante calmo e aconchegante, que misturava a culinária brasileira e argentina em seus pratos. E, para completar, o atendimento era uma maravilha.
O motorista parou em frente ao restaurante e reconheceu o carro de Bale, aquele Audi só podia ser do galês. pagou os 11 euros da corrida e elas desceram do carro, assim que passaram pela porta do restaurante, um rapaz alto e moreno as recebeu.
- Uma mesa para duas?
- Não, nossos amigos estão nos aguardando. - respondeu e ele sorriu, olhando para onde os quatro estavam. O restaurante não estava muito lotado e a maioria dos clientes já estavam comendo ou sentados em mesa para duas pessoas.
- Ah, os madristas. Podem me acompanhar, por favor. - disse e deu um sorriso. também adorava aquele restaurante pelo fato de ser point de alguns jogadores do time blanco.
O atendente as guiou por entre as mesas, até que elas pararam onde os jogadores estavam. sorriu e cutucou a amiga quando percebeu que uma mulher sussurrava algo para Sergio e o espanhol fazia carinho em seu braço direito. Aquela era a WAG que sempre quis conhecer, Rosalie Martinez. Ela estava com Ramos há cinco anos e adorava o fato da mulher ser independente e ainda saber lidar com o sucesso do noivo. Rosie era a advogada pessoal de alguns dos jogadores do Real Madrid e ela nunca tinha perdido um caso. a admirava bastante.
- Formiga! - cumprimentou assim que levantou. Ele lhe deu um beijo na testa e cumprimentou , bagunçando os cabelos dela.
- Qual o seu problema? - perguntou e o empurrou. - Ei, vocês são novos no grupinho.
- ! - ralhou e a loira revirou os olhos, sentando ao lado de Isco.
- Você não é...
- Não diga nada! - pediu ao sentar ao lado de Bale. - Aliás, boa tarde, gente!
- Oi, . Tudo bem? - o capitão espanhol perguntou e a morena concordou.
- Como você ainda não morreu por ele estar falando com você?
- Como assim? - Bale perguntou, se intrometendo.
- é louca por esses dois. Ela me enchia de mensagens quando tinha jogo do Real Madrid com coisas do tipo " ele fez gol", " olha que cara linda ele tem" ou nos piores casos ela ligava só para dizer que tinham te machucado. Céus, você arruma muita briga em campo e isso deixa louca.
- Você é uma péssima melhor amiga. - a inglesa sussurrou, mas logo pôde escutar a risada escandalosa de Bale se misturar com a de Sergio, Isco, e Rosie.
- E ela também adora você. Rosalie, não é? Ela só falta criar um fã clube para os dois.
- Sua casa caiu. - Bale disse, ainda rindo.
- Peça para ela mostrar o wallpaper do WhatsApp. - disse a única coisa que deixava a morena ainda mais envergonhada.
Os meninos riram ainda mais alto, se é que aquilo era possível. Mas Sergio, Isco, Bale e Rosie pararam de rir rapidamente e a mão de Francisco, que estava sob a mesa, se fechou. , que ainda tinha um ar de riso no rosto, seguiu o olhar deles e logo sua expressão também mudou. não precisou olhar para cima para saber o motivo do silêncio repentino, aquela maldita voz fez os pelos da nuca dela se arrepiarem e não era de uma maneira agradável.
- O que ele está fazendo aqui? - escutou Rosie sussurrar para Ramos. A espanhola já tinha encontrado ele em um tribunal e por pouco não perdeu. Rosalie achava Enrique Ávilla o cara mais sonso de todo aquele meio futebolístico, ela sabia que ele era uma má pessoa e ainda esperava conseguir explanar aquilo para toda a comunidade.
- Oi, amor. Como você não me avisou que estava almoçando com seus novos amigos? Eu poderia ter vindo antes.
- O que você está fazendo aqui? - perguntou ao encará-lo e arredou seu corpo para mais perto de Bale.
- É um dos seus restaurantes preferidos, amor. Você não vai me dar nem um beijo? - perguntou e segurou o rosto de com a mão direita. , que estava na ponta da mesa, afastou sua cadeira pronto para levantar, mas levantou primeiro. E ela já estava com suas duas mãos brancas e pequenas no peito do jogador.
- Não toque nela. - gritou e Bale, por impulso, puxou para si. A morena olhava toda a situação assustada e Rosalie segurou o braço de Sergio, impedindo o jogador de se levantar.
- Eu já estou cansado de você, . - Enrique disse e empurrou a loira e tudo começou a acontecer mais rápido que o normal.
Rosalie levantou da cadeira e estava com as mãos no rosto e era abraçada por Bale, enquanto Isco acertava um soco no rosto de Enrique. Ávilla cambaleou e o espanhol não desperdiçou a chance de acertá-lo de novo. Francisco Alarcón estava descontando todo o seu ódio naquele momento, o espanhol queria ver o catalão sangrar.
Enrique foi para cima do espanhol e antes que pudesse pará-lo, o catalão acertou um chute na coxa esquerda de Francisco fazendo com que ele caísse no chão. Naquele momento, descobriu que realmente odiava Enrique Ávilla. O inglês colocou a mão no peito do jogador e o empurrou para trás.
- O que você quer aqui, porra? - gritou e Ávilla passou a mão pelo maxilar.
- Vim buscar a minha mulher.
- Ela não é sua mulher. - disse, tentando equilibrar o tom de voz, mas era impossível. Ele ainda gritava, fazendo com que as pessoas do restaurante olhassem assustadas para a situação.
- Mesmo você comendo ela todos os dias, ela continua tendo um relacionamento comigo.
- Eu não tenho mais nada com você. - gritou e quando virou, a menor já estava ao seu lado.
- , venha para cá. - Rosie disse e a menor a olhou. - Por favor.
- Não se meta, advogada do diabo. E, , pare com isso, vamos para casa.
- Eu não vou a lugar algum com você, Enrique. Nunca mais.
- Pare de show, . - Ávilla puxou o braço da morena e Bale puxou pela cintura ao mesmo tempo que depositava toda sua força no empurrão que dava em Enrique. O catalão não caiu por pouco, teve que se apoiar nas cadeiras que estavam por perto; podia sentir o ódio que ele emanava.
- Ela não vai a lugar algum com você. - disse em um tom ameaçador. Ele sabia que alguém podia estar gravando toda a situação e que no dia seguinte tudo já estaria nos noticiários, ele sabia que aquilo era o que a imprensa queria para foder a vida dele em Madrid. Mas ele também sabia que tinha algo errado com Enrique e , e ele não iria deixar aquilo daquele jeito. Não mesmo.
- Se você tocar nessa menina novamente, eu processo você. - Rosie disse ao se aproximar de com Sergio ao seu lado.
- Você vai embora daqui agora. - Sergio disse, tentando manter a calma.
- Quem vocês pensam que são?
- Quem você pensa que é? Saia daqui. Você veio arrumar briga com pessoas que estavam em paz. Tirem ele daqui, por favor. - Sergio gritou e três seguranças correram para segurar Enrique.
- Me soltem, vocês sabem quem eu sou? - Ávilla gritava enquanto os seguranças do local o conduziam para fora do restaurante. - Isso não vai ficar assim. - foi a última coisa que eles conseguiram escutar.
Bale soltou e ela chorava muito, estava com Isco em seu colo, no chão e olhou para a melhor amiga. A mestiça a encarou e balançou a cabeça negativamente.
- ? - a chamou e ela não levantou a cabeça, continuou a chorar calada.
- Venha comigo. - Rosie disse de forma doce e a encarou. - Confie em mim, .
Rosie estava com a mão estendida para e a mestiça lhe deu a mão. Martinez a conduziu para o banheiro e, assim que entraram, Rosie trancou a porta.
- Eu não acredito nisso. - sussurrou por entre as lágrimas. - Céus, eu juro que não sabia que ele era tão ruim. Eu o enxergava como o homem da minha vida e agora eu só o vejo como um monstro. Por que as pessoas não veem isso nele?
- Eu vejo. - Rosie sussurrou e a menina a encarou. - Conheço Enrique desde antes de vocês terem um relacionamento. Ele agrediu um conhecido meu porque ele foi defender uma menina numa boate, na época, todos ficaram contra mim. Só consegui vencer o advogado dele no tribunal porque tinha vídeos.
- Eu nunca soube disso...
- Eu imagino, abafaram o caso depois que ele pagou uma multa. Me chamam de advogada do diabo até hoje. Dizem que só defendi o meu cliente por raiva, por ele ser do Barcelona. Eu odeio aquele time, mas eu odeio muito mais um agressor de mulheres. Quando vi que ele estava num relacionamento com você, eu tive medo. Tudo que é perfeito demais, você tem que desconfiar. Eu já conhecia você, .
- Eu tenho medo dele, medo do que ele pode fazer com . Céus, hoje ele agrediu e Isco.
- Muita gente viu, provavelmente vai dar uma coisa gigantesca. Ele não pode sair impune.
- Eu tenho vontade de denunciá-lo.
- Por que você não faz isso? - Rosie perguntou e a menina baixou a cabeça, limpando as lágrimas com as mãos. - , você é uma menina boa e não merece isso. Você não acha que Enrique deveria pagar por tudo que já fez?
- Todo mundo ama ele, Rosie.
- Todo mundo não. Você tem muita gente ao seu lado, sabia? Quem sabe que ele já agrediu você?
- e Isco.
- O primeiro passo é contar.
- Eu tenho vergonha, Rosie.
- Vergonha? , você foi vítima. A culpa nunca é da vítima, nunca mesmo. Você não pode se culpar por Enrique ser uma pessoa ruim. Você o amou e ele não soube aproveitar a menina maravilhosa que estava ao lado dele. Enrique não merece você, mas você, menina, você merece o mundo. - dito isso, Rosalie abraçou como se estivesse com uma irmã mais nova em seus braços. O único desejo de Rosie era proteger e Enrique não iria sair impune daquilo. Martinez soltou a menina quando seu telefone começou a tocar. - Oi, Corazón. Ah, certo, iremos para aí.
- Sergio? - perguntou assim que Rosie guardou o celular no bolso da calça.
- Sim, eles já estão em uma sala privativa.
- Acho que é hora de contar, não é?
- Só seja forte e lembre que você não precisa dele. Você disse que achava que ele era o homem da sua vida, mas apenas lembre que você só precisa ser a mulher da sua própria vida. Você se basta, . Você é maravilhosa demais para sofrer por alguém daquele jeito.
sorriu e abraçou a espanhola, ela sentiu verdades naquelas palavras e se sentiu mais forte. sentiu-se a mulher mais forte do mundo e, naquele momento, decidiu que Enrique não tinha mais espaço em sua vida.
Ela se bastava.

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Sergio conversou com o gerente do lugar e pediu para que mandasse a conta do estrago para ele. O gerente entendeu toda a situação e disse para o espanhol não se preocupar, e ainda encaminhou os jogadores para uma sala privativa que ficava no segundo andar do restaurante.
- Você já ligou para Rosie? - o inglês perguntou a Sergio. - Merda, eu juro que mato Enrique se ele fizer algo para . Eu o mato. - disse, e Isco se entreolharam, assustados. Uma hora ou outra iria saber da verdade e não ia ter uma reação boa. Não mesmo.
não conseguia parar quieto. Andava de um lado para o outro com o telefone em mãos, não adiantava muita coisa ligar para já que a bolsa dela tinha ficado na cadeira e, agora, estava com . E estava cuidando de Isco. O inglês parou de andar quando a porta abriu e revelou Rosie segurando a mão de . O coração de acalmou quando percebeu que a menina já não chorava.
- precisa compartilhar algo com vocês, eu só peço que vocês não a julguem e entendam o que ela passou. Saibam que ela tem o meu apoio e que eu vou ajudá-la nesse processo. - Rosie disse e foi até Sergio, esse que a abraçou por trás.
- Você...
- Vai ficar tudo bem, . - disse e Isco, que estava deitado, sentou ao lado de e passou o braço por seus ombros. - Então, eu já me sinto bastante próxima de vocês e Rosie me fez abrir os olhos. - a morena respirou fundo e continuou: - Enrique não fez esse escândalo à toa. Nós terminamos há alguns dias e, bom, eu não caí. - passou as mãos pelos cabelos loiros, ele já sabia o que vinha depois daquela frase. O inglês só não queria acreditar. - Enrique me agrediu naquele dia e não foi a primeira vez. Enrique Ávilla praticamente me espancou e eu tenho medo do que ele pode fazer.
Bale deixou os braços caírem e jogou a cabeça para trás, o galês se sentiu impotente ao escutar o que tinha dito. Ele esteve tão perto de Enrique e não pôde revidar tudo o que ele tinha feito para a menina. Sergio apertou Rosie e a advogada beijou as costas da sua mão, o único desejo do capitão naquele momento era proteger do monstro que era Enrique. Isco abraçou e, assim que eles levantaram do sofá, deu um passo para frente.
- ? - Isco o chamou.
- Não diga nada, você sabia de toda essa merda e acobertou aquele fodido. Eu poderia ter matado ele hoje. - gritou e andou em direção à mesa onde os pertences deles estavam. pegou a chave do carro de Bale e foi em direção da porta da sala, abriu e a fechou num estrondo.
- Puta que pariu. - Bale disse e passou as mãos pelos cabelos.
- Ele foi atrás de Enrique. Ele disse que ia matá-lo caso fizesse alguma coisa com você. - Sergio disse já com o telefone em mãos, o espanhol estava ligando para o inglês. não esperou Sergio completar a ligação, a mestiça saiu correndo da sala e, por sorte, ainda mexia no celular e não tinha entrado no carro de Gareth.
- ! - o chamou e tirou os olhos do celular para encará-la.
- Me deixe ir. Eu preciso encontrá-lo.
- , não. Vamos fazer isso de uma maneira que não prejudique você, certo?
- Me prejudicar? Merda, aquele homem agrediu você! Como ele pôde fazer isso? Eu quero achá-lo e quebrar cada osso daquele maldito.
- Fique comigo. Não vá atrás dele, por favor. - sussurrou ao chegar próximo do inglês. Ela fechou a porta do carro delicadamente e abraçou o loiro por trás. - Não estrague sua vida aqui por causa de mim.
- Eu não pensaria duas vezes antes de partir ele ao meio. Merda, . - disse e chutou o pneu do carro do galês. - Merda, por que você não me deixa ir?
- Eu já deixei você uma vez, lembra? – perguntou, fazendo referência ao tempo em que ela tinha 12 anos e teve que sair de Lavenham. - Não quero que você vá, por favor, fique.
- Eu odeio Enrique. Ele vai pagar pelo que fez com você. - disse e virou, puxando a menina para seu corpo. aninhou sua cabeça no peito dele e se permitiu chorar quando começou a fazer carícias em seus cabelos. - Eu estou aqui, Formiga.
- Eu tenho medo.
- Enquanto eu estiver aqui, ele não vai tocar um dedo em você.
- Você... Não está com raiva?
- De você? Não. Não tens culpa de nada, Formiga.
- Francisco...
- Estou puto, ele não me contou nada! Nem .
- Não fique! Sério, por favor. - disse rapidamente e encarou o inglês. - Ele queria contar, foi a primeira coisa que disse quando chegamos na casa dele. E ele ia, só que Enrique me ligou e, merda, ele te ameaçou.
- Ele me ameaçou?
- Ameaçou. Isco ficou puto e preocupado, tive que implorar para ele não te contar nada. Francisco só estava tentando te proteger, não fique com raiva dele. Por que você acha que hoje ele foi o primeiro a ir para cima de Enrique? Não foi só por causa de . O Isco estava guardando muita coisa dentro de si, hoje ele explodiu.
não disse nada, apenas puxou para si novamente. Ele se sentia melhor quando a morena estava em seus braços e adorava quando ele fazia aquilo, ela se sentia segura novamente.
- Eu amo você, Graveto. - disse e, naquele momento, sabia que era a mulher da sua vida.

Capítulo 12

🎬🎬🎬🎬🎬


passou a mão pelo vestido que usava numa tentativa de arrumá-lo, sendo que o mesmo já estava devidamente no lugar. A realidade era que ela estava nervosa. Dali a exatamente meia hora teria que estar na delegacia para encontrar Rosalie Martinez e ali iria finalmente denunciar Enrique Ávilla.
- Você tem certeza de que quer ir sozinha? Eu posso faltar um dia de ensaio. - disse ao entrar no quarto. ainda estava morando com a melhor amiga, pois enquanto Enrique estivesse solto, ela não pisaria em seu apartamento.
- Não estarei sozinha, Rosie estará comigo. Fique tranquila, cariño, vá ensaiar. Eu quero muito ver você arrasando em cima do palco daqui alguns dias.
- Está chegando, não é? - perguntou e esfregou as mãos uma na outra. - Então eu já irei, você ficará bem mesmo? - concordou com a cabeça. - Eu amo você, corazón. Fique tranquila.
- Obrigada, eu também amo você. - a morena disse e a abraçou forte. A loira sabia que a melhor amiga era mais forte do que aparentava ser e tinha a certeza de que ela iria dar a volta por cima daquela situação de uma forma esplêndida. era , ela iria conseguir.
saiu do quarto e respirou fundo. A morena pegou seu batom vermelho e pintou os lábios, naquele momento, ela se sentiu poderosa. Sorriu para o espelho e escutou seu telefone apitar. Era uma mensagem de Rosalie e isso significava que já era hora de ir.

*


chegou na delegacia no horário combinado. Desceu do táxi e, antes que pudesse entrar, viu Rosie lhe esperando na porta do lugar. A espanhola sorriu em sua direção e caminhou mais rápido ao seu encontro.
- Bom dia, querida! Você está bem?
- Como nunca estive. Vamos?
- Vamos. - Rosalie Martinez respondeu e estendeu a mão para que a inglesa pudesse segurar. As duas entraram na delegacia de mãos dadas e se sentiu segura, como se nada pudesse detê-la.
Rosie caminhou pelo local com ela e elas entraram em uma sala, onde estavam o delegado, o escrivão, e um policial. Elas sentaram-se de frente para o delegado e respirou fundo.
- Boa tarde, de novo. - Rosie cumprimentou o delegado, esse que sorriu amigavelmente para ela. - Essa é a minha cliente, a que eu falei mais cedo.
- Claro, então, senhorita , alguma coisa para me dizer?
- Eu quero fazer uma denúncia. - respondeu, firme. - Eu quero denunciar meu ex-namorado por agressão. Ele me violentou tanto fisicamente quanto psicologicamente. O nome dele é Enrique Castro Ávilla, mais conhecido como Rik Ávilla, camisa 10 e capitão do Barcelona. A estrela do futebol nada mais é que um agressor de mulheres.
- Eu tenho aqui as provas que comprovam que minha cliente foi agredida fisicamente. - Rosie disse e colocou uma pasta preta sob a mesa. - Aqui estão os laudos médicos que contam detalhadamente o que ela sofreu. - o delegado pegou a pasta e começou a ler documento por documento. Por vezes, balançava a cabeça negativamente e, outras, escrevia no computador à sua frente. - Também tenho testemunhas, ontem o ex-namorado da minha cliente tentou levá-la à força de um restaurante. Eu queria pedir uma medida...
- Não precisa nem pedir. - o delegado disse ao fechar a pasta. - Aqui já tenho provas suficientes para pedir uma medida protetiva para sua cliente. Erick... - chamou e o policial que estava na sala aproximou-se da mesa. - Prepare uma viatura, estamos indo para Barcelona.
Ao ouvir aquelas palavras, respirou, aliviada, e sentiu um peso gigantesco sair de suas costas. A morena permitiu-se chorar e foi abraçada por Rosie, o delegado estendeu a mão para ela e, meio sem jeito, ela apertou. ia ter justiça.
- Até à tarde, Enrique Ávilla estará aqui e eu não dou a mínima se ele é um jogador importante. A lei é a lei, senhorita.
sorriu, ainda com lágrimas espalhadas pela face, e Rosie a conduziu para fora da sala. As duas sentaram em uma pequena sala de espera e ficaram em silêncio. Rosalie passou as mãos pela costa da menor e pôde escutar rir.
- Eu vou poder vê-lo?
- Com a medida protetiva, ele vai ser obrigado a ficar longe de você, não sei quantos metros ao certo.
- Eu quero vê-lo cair. - disse e Rosie sorriu. Era o desejo da espanhola há muito tempo.
- Antes dele chegar, eu aviso. Você poderá assistir de camarote.
- Ele vai pagar por tudo que ele fez, não é?
- E como vai, o delegado vai abrir um inquérito e Ávilla terá que ficar preso durante ele. E se ele pagar fiança, terá que aguardar uma autorização judicial para ser solto e isso não sai tão rápido. Hoje é quinta-feira, , no mínimo uns quatro ou cinco dias ele ficará preso. E se o juiz liberar a fiança, Enrique terá que ficar no mínimo 150 metros de distância de você.
- Sério?
- Sério, as leis são rígidas por aqui. Se ele se aproximar, vai preso na hora. E mesmo se ele estiver solto, vai ter o julgamento. Ali o juiz vai decidir quanto tempo ele ficará preso.
- Ele ficará preso por muito tempo?
- Pelos meus cálculos, tempo o bastante para ele ser desligado do Barcelona. A lei prevê a prisão de seis meses a um ano pela violência física e mais seis meses a um ano pela psicológica. Só aí, dois anos, mas, dependendo da gravidade do caso, a pena é ainda maior. E alguns juízes aumentam a pena por se tratar de uma questão de gênero. Pela questão de gênero, entra praticamente mais um ano. Então, três anos. Se for a juíza que eu conheço por atender esses casos, ele ficará mais tempo.
- Ele vai pagar por tudo o que fez, não é?
- Vai. É a lei, . A lei pune quem faz o mal. E ele fez muito mal para você, querida. Você merece que a justiça seja feita.
sorriu e abraçou Rosie em uma forma de agradecimento, a espanhola fechou os olhos e retribuiu o abraço. Rosalie Martinez acreditava na justiça, assim como acreditava que merecia uma vida longe daquele passado horrível. Para Rosie, a menina merecia o mundo.

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estava nervoso como há tempos não ficava. Aquele estava sendo seu primeiro treino com seu ídolo no futebol, Zinedine Zidane, e o centro de treinamento do Real Madrid estava repleto de torcedores.
Quando subiu para o profissional do United, sua cabeça ficou bagunçada e ele cometeu erros. Muitos erros. Mas ele estava disposto a transformar o passado em aprendizado e construir uma história nova.
E Madrid era o lugar ideal para esquecer a época ruim no Manchester United. O Real Madrid era o seu novo lar.

*

26 de Outubro de 2015, Londres


Já passava das duas da manhã e, com toda a certeza, já passava da segunda rodada de bebida no pub que ficava no centro da cidade londrina. E ele tinha treino no dia seguinte.
não se importava muito com seus treinos. Ele era bom naquilo que fazia e todo mundo sabia, que se danasse para o inglês os campeonatos que o United estava participando, ele era o melhor em campo e iria trazer a vitória para eles.
, tropeçando em seus próprios pés, num segundo de consciência, deixou o dinheiro no balcão e se dirigiu para a saída do local com a intenção de pegar sua BMW e voltar para casa. Mas alguém esbarrou nele. praguejou e empurrou o homem que, também alcoolizado, xingou sua mãe. Foi o suficiente para a confusão começar.
A música parecia não ser alta o suficiente para abafar o grito dos dois, que trocavam socos, e muito menos os das pessoas que assistiam aquilo sem se importar em separar, elas se importavam somente em filmar o mais novo escândalo do garoto problema do Manchester United.
- Acabou o show. - reconheceu aquela voz e fechou os olhos, sabia que aquilo ia ser horrível. Ele foi tirado de cima do homem e nem ousou levantar a cabeça para encarar aquele que tinha lhe puxado. Ele estava realmente muito fodido. - Mande a conta para o e-mail dele. E do estrago do seu rosto também.
- Mas que mer...
- Cale a boca, . - respirou fundo e fechou os olhos. Mesmo bêbado, sentiu vergonha. - A chave do carro. - e o loiro entregou a chave da BMW sem pestanejar.
- Desculpe. - disse assim que Kalani acelerou com o carro, jogou a cabeça para trás quando não obteve resposta alguma do negro. odiava ser ignorado. - Eu pedi desculpas, você não escutou?
- Escutei. Do que adianta suas desculpas? Elas vão concertar todas as merdas que você andou fazendo? - ficou calado e assim ficou durante todo o percurso até seu apartamento. Kalani estacionou com perfeição na garagem reservada para o loiro e os dois saíram do carro. O trajeto do elevador pareceu demorar mais que o normal. Mas talvez fosse só a culpa consumindo o menor.
- Como está minha mãe? - tomou coragem e perguntou quando sentou-se no sofá. Kalani deu uma risada forçada e colocou-se na frente do loiro.
- Agora você está preocupado com sua mãe? Você não se perguntou como sua mãe estava quando começou a fazer todas essas burradas? Você não teve a decência de ligar para ela, . Você só se importa consigo mesmo. Só pensa em seus prazeres, em qual novo carro vai comprar, em qual boate ir. Quando foi que você virou egoísta? Quando foi que aquele menino que eu vi crescer, ensinei a jogar bola, aquele menino que era tremendamente apaixonado por , quando aquele menino morreu, ? Eu não reconheço mais você. Nem sua mãe. E sabe quem não vai te reconhecer? . Minha filha vai sentir nojo do cara que você se transformou. não vai querer olhar mais para você assim que eu contar toda essa merda para ela. - Kalani não gritava, mas sua voz era firme e perfurava o menino, o loiro parecia uma criança naquele sofá. Ele soluçava e escondia o rosto com as mãos enquanto o cabelo cobria praticamente tudo. - Merda, . O que você está fazendo com sua vida?
- Eu não sei. Eu estou com medo. Eu preciso de ajuda. - sussurrou e Kalani o abraçou forte. Naquele abraço, se permitiu desabar. Nem ele mesmo entendia o porquê de ter começado a se deixar ir para o fundo do poço. Tudo aconteceu rápido demais na sua vida. Dinheiro, fama, luxo. Ele entrou no profissional do United com 20 anos e, agora, com 22, via sua vida ir ladeira abaixo. Ele era uma criança assustada e ali, Kalani reconheceu o garoto que ajudou a criar. Ali, reconheceu o menino por quem ainda nutria um amor muito forte. Kai reconheceu o seu menino, . - Eu não quero que minha mãe tenha vergonha de mim.
- Ela te ama. Sue te ama acima de qualquer coisa desse mundo e é por isso que estou aqui. Amanhã cedo partiremos para Lavenham.
- Amanhã? Eu tenho treino e...
- Acabou United para você, . Acabou Londres. Você precisa se encontrar. O time já praticamente te colocou à venda, só estão esperando a janela de venda abrir.
- Malditos...
- Foram longos três anos, . Você tem muita sorte que ainda tem gente que quer lutar por você. - assentiu e passou a mão pelo rosto numa tentativa falha de enxugá-lo. - Vamos às seis da manhã. Eu irei te acordar e não quero reclamação.
- Obrigado, Kai. - foi a única coisa que conseguiu falar e para Kalani aquilo era suficiente.
Seu menino iria voltar para casa.


*


passou a mão pelo rosto ao escutar Zidane gritar com o jogador que estava à sua direita. correu, roubou a bola e conseguiu passar por Sergio Ramos, marcando seu primeiro gol no treino. O espanhol sorriu para o inglês e fez sinal de positivo, comemorou rapidamente com o time a tempo de ver Zinedine balançando a cabeça afirmativamente. Aquele era o incentivo que o loiro precisava.
O treino sucedeu tranquilo e quando Zidane apitou, indicando o final, respirou, aliviado. Ele sabia que tinha dado o seu melhor ali e que merecia ser titular.
- Bom treino, muito bem! Parece que eles também gostaram de ver vocês jogando. - Zidane disse e apontou discretamente para os torcedores que lotavam a parte reservada para eles em Valdebebas, o primeiro treino de Zizou estava sendo aberto ao público. - Eu já tenho a lista de titulares.
- É agora. - Isco sussurrou e concordou, esfregando as mãos, ansioso.
- Cristiano Ronaldo, Sergio Ramos, Gareth Bale, Keylor Navas, Casemiro, Isco Alarcón, Carvajal, Pepe, Kross, Modrić e . , você pegou seu lugar de origem. Quero você fazendo trio com Gareth e Cristiano.
- Santo cristo. - o loiro sussurrou e passou as mãos pelo rosto enquanto recebia tapinhas nas costas de Isco. - Obrigado, Zidane. Obrigado.
- Não me decepcione. Aliás, podem ir ao vestiário.
Os jogadores, antes que pudessem retornar ao vestiário, distribuíram camisas e algumas bolas autografadas para os torcedores que estavam ali. ficou extremamente feliz ao ver uma menininha morena, que estava acompanhada do pai, gritar seu nome e pedir sua blusa. Ela deveria ter uns seis anos no máximo. O loiro sorriu, tirou a blusa que usava e ela esticou as mãozinhas por entre as grades.
achou a cena a coisa mais bonita e conseguiu subir as proteções para que pudesse abraçá-la rapidamente e entregar a blusa. A menina chorava agarrada com a camisa enquanto o pai gritava "Obrigado, ! Obrigado!". sorriu e caminhou até ao vestiário, a menina o lembrava quando criança. O cabelo negro enrolado e o jeito de chorar por conta de futebol era o mesmo. achou a coincidência a coisa mais linda daquele dia e entrou no vestiário.
- Pessoal, pediram para que eu chamasse alguns jogadores. A equipe de relações públicas quer ter uma conversa antes que vocês possam ir para casa.
- Fodeu. - Isco disse - É sobre ontem, tenho certeza.
- Eles vão comer o nosso cu. - Gareth sussurrou e balançou a cabeça negativamente. O galês não tinha mais jeito.
- Isco, , Bale e Sergio. Não vão embora sem subir e conversar com eles, é bem importante.
- Tomamos no cu. - Bale disse quando o homem saiu do vestiário. - Eles vão comer nosso cu sem dó e nem piedade.
- Merda, eu disse a Valentina que ia ficar longe de problemas. - praguejou e pegou o telefone da mochila. Se arrependeu no momento em que viu 10 ligações perdidas da empresária e mais 10 da sua mãe. Era capaz de Sue e Kalani estarem em um avião rumo à Madrid naquele exato momento. O loiro respirou fundo e retornou para a empresária, que atendeu em segundos.
- Mas que diabos você andou aprontando?
- Eu posso explicar e tenho provas para me defender.
- Como você sai batendo em jogador de time rival? , a empresa espanhola está caindo matando em cima de vocês. Enrique Ávilla gravou um vídeo hoje pela manhã e praticamente disse que vocês se juntaram e o agrediram.
- Maldito. É mentira, é mentira desse filho da puta.
- Você tem que ter uma boa defesa...
- Eu tenho. Esse maldito vai pagar por isso, Sue. Me encontre à noite, certo? Eu juro que pago o jantar se atrasar. Vou te esclarecer tudo. Depois eu te ligo. - desligou o telefonema e, quando voltou sua atenção, estava sendo encarado por Sergio, Gareth e Isco.
- Rosie está chegando. - o espanhol disse, parecendo mais aliviado. - Ela não vai deixar eles foderem com a gente.
- Vamos logo falar com eles. Ficar adiando é pior. - Gareth disse e os quatro saíram do vestiário. - Eles vão comer o nosso cu.
- Já é a quarta vez que você diz isso hoje, Bale. Eu realmente acho que você quer que alguém coma seu cu.
- Cale a boca, Francisco. - Bale disse, fazendo com que os três rissem. - É aqui. - o galês apontou para a porta branca. - Eles vão...
- Comer o nosso cu. Já sabemos. - disse e Bale concordou com a cabeça. Os quatro entraram na sala e um casal, que jurou nunca ter visto na vida, os encarou.
- Ótimo que vocês chegaram rápido. Bom, vocês estão aqui por conta da confusão que as estrelas formaram ontem no restaurante. É, vocês foram filmados e, bom, o mundo todo já sabe.
- Enrique Ávilla já deu sua declaração e vocês saíram como os diabos da história. Ele praticamente transformou vocês em uma gangue. E como devem saber, a mídia baba ovo dele e acredita fielmente no que esse catalão diz. Mas, eu ainda tenho fé em vocês e acredito que ele não contou toda a verdade. Vocês querem se explicar?
- É...
- A gente...
- É que...
- Um de cada vez. , o senhor está muito calado. Quero escutar sua versão. - a loira disse e respirou fundo.
- Nós estávamos no restaurante comemorando a saída do Benítez... Contratação do Zidane. - se corrigiu quando foi lhe lançado um olhar não tão amigável - Junto de duas amigas e mais a noiva de Sergio. - e o loiro foi interrompido por três batidas na porta e logo a mesma se abriu, revelando Rosalie Martinez. A espanhola estava com sua roupa social, uma pasta e mais uma bolsa. Ela retirou os óculos escuros e deixou seu material em cima da mesa.
- Bendita Rosie, graças a Deus. - Bale sussurrou e eles respiraram, aliviados.
- Licença, Rosalie Martinez. Advogada dos quatro jogadores.
- Quando você... - começou a falar, mas se calou quando recebeu um chute por baixo da mesa.
- Enfim, vocês já me conhecem.
- Sim, claro! Como não iríamos...
- Pois então já deveriam saber que eles só podem ser escutados na minha presença... - a espanhola interrompeu. - Enfim. Eu estava no local onde aconteceu todo o problema e posso provar que Enrique Ávilla está mentindo para prejudicar meus clientes. O que sucedeu a confusão está muito além do futebol, é algo pessoal demais, principalmente para . Uma das amigas que estavam no restaurante, infelizmente é a ex-companheira de Ávilla, . A senhorita foi vítima de agressão durante e após seu relacionamento com o jogador do Barcelona. Ontem, ele tentou levá-la à força do estabelecimento e eles o impediram. Basicamente, é isso que vocês precisam saber agora.
- Então Enrique fez o vídeo pela manhã de má fé...
- Já era o esperado, Enrique Ávilla não é idiota. Mas ele não espera que hoje à tarde chegue um mandado de prisão para ele, no seu centro de treinamento. Enfim, enquanto a imagem dos meus clientes, eu aconselho que vocês façam uma pequena nota nas mídias do clube e marquem uma coletiva para amanhã à tarde. Deem um jeito de fazer esses jornalistas fazerem as perguntas certas para eles.
- Tudo bem, doutora. Nós nos vemos amanhã então?
- Sim. Meus clientes e eu estamos ansiosos para ver Enrique Ávilla cair. - Rosie deu um sorriso vitorioso. - Vamos, queridos?
Os quatro nem responderam, apenas arrastaram as cadeiras para trás e praticamente correram para fora da sala.
- Jesus, como você aprendeu a fazer isso? - Isco perguntou e Rosalie gargalhou.
- Obrigado por vir. - Sergio sussurrou e a espanhola beijou-lhe os lábios.
- Então, você é minha advogada?
- Desde ontem, eu me autocontratei. - disse, dando de ombros, fazendo com que soltasse uma risada. - , se eu fosse você, iria encontrar . As coisas vão ser complicadas a partir de hoje, certo? Estávamos na delegacia, ela resolveu denunciar Enrique e os policiais já foram para Barcelona. Eu queria que você estivesse com ela quando eu ligar avisando que ele chegou para prestar o depoimento.
- Eu não sei nem como agradecer, Rosie. Tudo o que você está fazendo para colocar Enrique na cadeia, ajudar ... Não sei como agradecer mesmo.
- Esteja com , dê força para ela. É assim que você irá me agradecer.
sorriu, abraçou Rosie, e se despediu de seus amigos. Ele praticamente correu ao voltar para o vestiário, depois que tomasse um bom banho, ele iria finalmente rever a sua Formiga.

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Graveto: Está na casa da ? Me diga onde está que irei encontrá-la. 🤙🏻
You sent a localization

respirou fundo e jogou a cabeça para trás, aquilo estava sendo mais difícil do que ela tinha planejado.
Mas ao mesmo tempo que era difícil, ela se sentia leve.
sentia-se livre. Livre do passado ruim com Enrique, livre de mentiras e dores. Sentia como se ainda fosse uma criança correndo pelas ruas estreitas de Lavenham ou quando seu pai a levava para passear pelas montanhas da cidade junto de Ives e .
sentia-se bem, como há tempos não sentia.

*

26 de Novembro de 2004, Lavenham


Senhor estava com a mochila térmica repleta de comida nas costas, com uma mão segurava o kit de acampamento e na outra os utensílios de primeiro-socorros. Enquanto as três crianças andavam e riam, segurando apenas seus cobertores e colchonetes amarrados nas costas.
era o único que, além do cobertor, levava algo na mão, era uma bola de futebol. A bola que tinha ganhado de Kalani no seu aniversário de dez anos. O pequeno odiava aniversários, mas adorava receber os presentes de Kalani. E Kalani adorava ver o menino feliz.
- Aqui está bom, crianças. - Kalani disse ao encontrar o local ideal para eles acamparem. - , você vai ficar bem sem sua mãe?
- Não é a primeira vez que durmo sem ela. - o garoto disse ao lembrar das outras vezes que tinha ido acampar na sala de estar de Kalani, com sua filha mais nova. O diferente era que eles estavam em uma pequena floresta, a 30 quilômetros da rua em que moravam.
- Vou arrumar as barracas, tentem não jogar a bola para tão longe. - Kalani disse e voltou sua atenção para a armação da barraca.
- Não quero brincar aqui, . É cheio de formigas. - a mais nova sussurrou para o loiro, esse que riu e deu de ombros.
- Essas são inofensivas e você está de tênis. Qual é, ? Elas até parecem com você, olha só. Elas são pequenas e correm de um lado para outro, igual você quando estamos brincando de futebol. - o loiro disse, debochado, e a morena cruzou os braços, mostrando-lhe a língua. - Vou chamar você só de Formiga.
- E eu... - tentou argumentar, mas parou quando a olhou com a sobrancelha arqueada. - De graveto. Você parece um graveto, é magricela igual um.
- Graveto não é um apelido legal, Formiga.
- Pois eu achei graveto melhor que Formiga, Graveto.
- Idiota. Vamos jogar logo.
- Ives, você vai querer jogar?
- Brinquem vocês, vou ajudar o papai. - o mais velho do trio disse e deu de ombros. Piscou para e ele chutou a bola em sua direção.
adorava jogar futebol com , mesmo não tendo a mínima noção de como aquilo funcionava. A menina só gostava de brincar com o loiro, aquilo lhe fazia bem. Era assim desde que a menor lembrava.
Sempre tinha sido ela e . e ela. Sempre juntos.


*


- Te achei, Formiga. - sussurrou ao sentar ao lado de , no banco da Plaza de Cibeles, que ficava muito próximo à Fonte de Cibeles, um dos cartões postais da grande Madrid. - Te trouxe um café.
- Ah, obrigada. - disse e pegou o copo da Starbucks das mãos de . - Obrigada por vir me encontrar.
- Te encontrar em um local que eu não conhecia e que é onde meu time comemora suas vitórias? - perguntou e a menina concordou, sorrindo.
- É meio simbólico, não é? O nosso time comemora suas vitórias aqui e eu estou esperando por uma que pode acontecer a qualquer momento. Hoje eu me libertei, Graveto. Rosie me levou na delegacia, eu denunciei Enrique, acho que eles estão voltando de Barcelona agora e eu estou me sentindo leve. Como se não existissem mais mentiras, sabe? É como se eu ainda tivesse 9, 10 anos e fosse uma menina feliz. Sabe o melhor disso tudo? - perguntou depois de beber um pouco mais do café e negou. - Você está aqui. Você ainda é o mesmo garoto que meu pai levava para acampar conosco. O mesmo que andava comigo no banco de passageiro daquele seu carro elétrico. Você lembra disso?
- Quem tem mania de esquecer as coisas aqui é você. - brincou e a menina lhe deu um leve um empurrão, rindo em seguida. - Eu acelerava o máximo que podia e você gritava feito louca. 'Graveto, vamos capotar! Vamos cair!' - imitou a voz de pânico de criança.
- Eu enchia seu braço de tapas depois.
- Eles ficavam vermelhos! Mas minutos depois já estávamos correndo pela nossa rua. - o loiro lembrou e eles riram. - Nós éramos os melhores em Lavenham.
- Agora podemos ser os melhores em Madrid. - sussurrou e sorriu, encarando como ainda não tinha feito durante todos aqueles dias.
O vento bagunçou um pouco mais o cabelo da morena e ele colocou as mechas rebeldes atrás de sua orelha, deixando sua mão próximo ao pescoço dela. A coisa que mais queria naquele mundo era beijá-la. E o fato de não parar de encarar suas írises azuis não estava ajudando o loiro a mudar seu pensamento.
Mas o celular dela tocou, fazendo com o que quer que estivesse acontecendo ali, fosse interrompido. Para a frustração de ambos.
deixou o copo de café no banco, passou as mãos pelo rosto e pegou o celular de dentro da bolsa. Assim que viu o nome que brilhava na tela, respirou fundo e mostrou rapidamente para , atendendo em seguida. O loiro passou seu braço pelos ombros da menina e a trouxe para mais perto.
- Rosie?
- Enrique está chegando na delegacia, estou aqui e tem muitos jornalistas na porta. Só tome cuidado, certo? Seja forte, você não está sozinha. - Rosie disse e encarou .
- Sei que não. - desligou a ligação e guardou o celular dentro da bolsa. - Enrique estará na delegacia para prestar depoimento a qualquer momento, preciso ir lá agora. Você vai comigo?
- Você não precisa nem perguntar. - levantou do banco e estendeu a mão para .
- Que Cibeles nos proteja. - sussurrou e sorriu. - Ela era conhecida como a Deusa da Terra. Deuses podem nos ajudar, não?
- Ajudam quem merece, e você, Formiga, merece o mundo. - disse ao segurar sua mão.
Naquele momento, se sentiu invencível.

*


Rosie não estava mentindo quando disse que tinha jornalistas na porta da delegacia. Tinham muitos deles ali e sentiu-se incomodada. Mas lhe passava coragem e segurança, ela sabia que no final do dia tudo estaria bem.
Eles entraram na delegacia de mãos dadas, por debaixo de pedidos de entrevistas e flashes. Assim que Rosie os viu, acenou para que eles viessem em sua direção.
- Como eles já estão aqui? - perguntou e Rosie sorriu.
- Notícias se espalham rápido. Depois que saí de Valdebebas, vim direto para cá e eles já estavam aqui. Você está bem, querida?
- Estou, foi me encontrar. - respondeu e o loiro sorriu em uma forma de agradecimento silencioso para Rosie.
- Ele vai chegar agora? - se manifestou pela primeira vez.
- Provavelmente. - a advogada respondeu e o inglês balançou a cabeça afirmativamente.
Os três sentaram-se nas cadeiras do que parecia ser uma sala de espera e nenhuma palavra foi dita por eles. Mas foi impossível não escutar o suspiro pesado de quando a gritaria na porta da delegacia começou. Aquilo indicava que Enrique Ávilla tinha chegado.
- Direto para a sala do delegado! - o policial que estava na frente avisou. Segundos depois, Enrique Ávilla entrou, algemado, com um policial ao seu lado e outros dois atrás, e Rosie não conseguiram esconder o sorriso, o encarava, vingada. Ver Enrique Ávilla entrando na delegacia algemado deixava o seu coração mais aliviado. A justiça estava sendo feita.
- Você me paga. - o espanhol disse quando encarou a inglesa.
- Cuidado, Enrique. Tudo o que disser pode ser usado contra você no tribunal. - respondeu e o catalão a olhou, repleto de ódio.
Enrique Ávilla estava só começando a pagar por todos os seus pecados.

Capítulo 13

🎤


O irmão mais velho da família saiu de mais uma entrevista totalmente estourado.
Ele amava o que fazia, mas sabia que aquilo estava sendo um pouco demais para sua cabeça e restante do corpo. Ives estava mais magro, não comia direito e não sabia mais o que era dormir. Sua aparência estava ficando diferente cada dia mais, se ele já não se parecia com seu pai e sua irmã; agora aquilo estava mais visível. Ives sempre detestou o fato de ter puxado para a família da mãe. A mãe que o tinha largado com cinco anos e quando tinha apenas um ano. só era uma garotinha e ela tinha a deixado sem pensar duas vezes.
E o fato de ter perdido também ajudava a tudo ficar pior.
era uma das partes boas que tinha na sua vida mas o mais velho estragou tudo. Tudo mesmo. Ele não a amava, o fogo da paixão tinha apagado quase que completamente, mas ele ainda nutria um carinho gigantesco pela bailarina. , nos últimos anos, era mais irmã de do que ele mesmo. era a família que sua irmã tinha escolhido e Ives estava arrependido de ter machucado ela daquela forma.
O cantor bagunçou seus cabelos no espelho do camarim e respirou fundo pela sexta vez naquele dia. Ele estava a um passo de entrar em exaustão e ele não podia deixar aquilo acontecer. De jeito nenhum.
Ives pegou seu celular da mochila e percebeu que tinha ligações perdidas de quatro dias. Tinham exatamente dez ligações perdidas de e cinco de seu pai. Alguma merda muito grande tinha acontecido e ele estava ausente de tudo.
O cantor estava ocupado demais para dar atenção para sua família. O mais velho bateu na própria testa, chamando a si mesmo de egoísta, e retornou para . Se fosse algo com sua irmã, ela iria ser a primeira a saber.
- Alô? - uma voz masculina atendeu, com o sotaque espanhol carregado. Ives não reconheceu aquela voz.
- Alô? Quem tá falando? A está?
- No banho. Quer deixar algum recado?
- Quem é você? - Ives perguntou. Ele já estava ficando com raiva daquela pequena situação, mesmo não tendo direito algum de sentir aquilo. Se já tivesse alguém, ele não deveria tentar estragar aquilo. Ele que a tinha deixado e machucado primeiro.
- Isco, Isco Alarcón. E você? Seu número não estava salvo aqui.
- Como assim meu...
- Quem é? É ? - o inglês reconheceu a voz inconfundível de ao fundo.
- Não, é um cara que não quer se identificar.
- Um cara? - a loira perguntou e Ives sabia que ela tinha franzido a testa. - Alô? Quem é?
- Oi, . Sou eu, Ives.
- Ah, oi. Você quer algo? - foi seca.
- É que tem dez ligações perdidas aqui. Eu fiquei preocupado.
- Preocupado? - escutou risadas. - Agora você se preocupa com os outros? Eu te liguei quatro dias atrás! Sua irmã precisava de você, mas, surpresa, eu estava com ela quando você foi embora. Ela tem pessoas que realmente se preocupam e lhe dão suporte necessário.
- , você não pode falar a respeito da minha relação com ...
- Posso, posso sim. - a loira o cortou. - Você só não se importa mais, tem coisas mais importantes para se preocupar, não é? Aliás, ela já está melhor depois da merda que o fodido do seu melhor amigo fez. Eu sempre avisei que ele não prestava e você não me ouviu. Você o trouxe para a vida dela e nem se importa com o que ele fez.
- O quê? Do que você está falando? ...
- Adianta alguma coisa? Você simplesmente não se importa mais, porque quem realmente se importa, procura. Quer saber? Tchau, Ives. Só tenta ser mais atencioso com sua irmã, ela não está em um dos melhores momentos. - e a ligação foi encerrada.
Mas que diabos tinha sido tudo aquilo? Ives se perguntou ao olhar para a tela do telefone. Enrique e não eram do tipo de casal que brigavam sempre, eles nem discutiam, pensou ao digitar o nome do amigo no Google. E aquilo foi como um soco no seu estômago.
"Estrela do Barcelona é preso por agredir sua ex-namorada". "Enrique Ávilla preso em Madrid por agredir atriz". "O melhor do mundo está preso na delegacia central de Madrid". " foi agredida pelo ex-namorado.".
Ives sentiu o corpo inteiro tremer de raiva, aquilo não era possível. Seu melhor amigo tinha violentado sua irmã. A coisa mais preciosa que tinha na vida. O inglês jogou tudo o que tinha em cima da bancada no chão e sentiu as lágrimas molharem sua face, como ele não percebeu que aquele relacionamento estava daquele jeito? Como ele não percebeu que sua pequena estava sofrendo?
Ives limpou o rosto com a palma da mão e colocou na discagem rápida, seu empresário iria ter que atender rápido antes que ele mesmo resolvesse as coisas.
- Ives!
- Preciso de uma passagem para Madrid e um carro para amanhã.
- Amanhã? Mas você está em Paris, você tem um show depois de amanhã...
- Eu não quero saber, Thomas. Eu preciso ir para Madrid amanhã, minha família precisa de mim. - disse e desligou a chamada. Se Thomas não resolvesse aquilo, ele resolveria sozinho.
Ives procurou na lista de chamadas pelo nome que sabia que iria lhe atender independente do horário. E ele respirou aliviado quando parou de chamar.
- Pai?
- Filho? - sentiu as lágrimas descerem quando escutou o tom de surpresa do pai. - Está tudo bem?
- Eu estou indo para Madrid amanhã.

🎬


era grata por toda a ajuda que estava recebendo, principalmente de Rosie, e , mas naquele momento ela só queria que alguém de fora de tudo aquilo a ouvisse.
Ela detestava chorar, mas estava fazendo aquilo com muita frequência. Toda aquela situação era demais para ela.
A mídia estava a pressionando por informações, pequenos detalhes, e ela estava a um passo de surtar. só precisava ficar um minuto sozinha, ou então, conversar com alguém que a entendesse.
limpou as lágrimas que ainda caíam e aumentou o som da televisão, Zayn Malik tocava e a deixava um pouco mais leve. A morena começou a cantarolar junto do seu cantor preferido e parou quando escutou seu telefone tocar. Deveria ser ligando, ela deveria ter visto a última foto da menina no Instagram. Mas sorriu quando viu o nome que brilhava na tela.
Ellie luv 👯💕
Ela atendeu quase imediatamente. amava Ellie com todo o seu coração.
e Ellie tinham se conhecido quando ainda eram adolescentes, estudaram juntas quando teve que fazer um intercâmbio de seis meses em uma escola de teatro em Londres. Desde então, mesmo com toda a distância e caminhos diferentes, elas nutriam um carinho muito forte uma pela outra. E ver o nome de Ellie brilhando na tela do celular significava muito para .
- Que bom que você atendeu. - Ellie disse antes mesmo de pronunciar alguma palavra.
- Que bom que você ligou. Céus, senti sua falta.
- Eu também senti! Faz bastante tempo desde a última vez que nós vimos, não é?
- Uhum. - a inglesa respondeu e deu um suspiro.
- Desabafe comigo, você sabe que pode fazer isso. - e ao escutar aquilo, desabou. Ellie escutou com o coração na mão a amiga chorar e disse palavras de conforto. E então contou tudo.
Contou como se sentia a respeito da violência de Enrique, de como o seu coração estava quebrado por conta de todos os acontecimentos e de como sentia falta do irmão. amava Ives de uma forma inexplicável, mas parecia que o mais velho queria se manter distante. E ela só queria entender o porquê.
- Eu sei que ele tem a vida dele, Ellie. Mas eu sinto que ele está me abandonando, sabe? Já basta a minha mãe. Eu nem lembro o rosto dela e, merda, eu nem consigo lembrar da última vez que meu irmão esteve comigo. Não consigo lembrar de como é sentir o abraço dele, nada. Ele está me abandonando. Eu sinto tanto a falta dele, mas parece que Ives só faz merda atrás de merda. Ele traiu e nem ao menos ligou depois de tudo o que aconteceu comigo. Eu só queria que ele se importasse um pouquinho mais, Ellie. Só queria isso.
- Você sabe que ele a ama, não é? Ele ainda é o seu irmão, ele ainda está lá. Talvez ele só precise tomar uma na cara para perceber que está se afastando das pessoas que o querem bem. Mas a vida vai se encarregar disso, você vai ver, . Seu irmão, de alguma forma, ainda está ali.
soluçou e concordou, a inglesa sabia que Ellie tinha razão. Ives ainda era Ives, mesmo com tudo o que estava acontecendo. E ele ainda era o seu irmão, sangue de seu sangue. desligou a ligação quando o sono começou a tomar conta de seu corpo, Ellie a guiou para tomar um remédio para dor de cabeça e assim ela o fez.
estava se sentindo muito melhor. A amiga a tinha ajudado de uma forma inexplicável.

*


acordou assustada, a campainha de seu apartamento tocava quase que desesperadamente. Ela rolou pela cama e pegou o celular, o relógio já batia às onze da manhã. tinha dormido praticamente o dia todo.
Levantou da cama preguiçosamente e abriu a porta. A menina teve que coçar os olhos repetidas vezes para ter certeza que ele realmente estava ali na sua frente. Só teve convicção quando escutou seu sotaque inconfundível e sentiu as lágrimas molharem seu rosto.
- Você não vai me convidar para entrar?
- Merda, Ives. Merda. - e o abraçou forte como há tempos não fazia. Ellie tinha razão, Ives ainda era Ives. - Eu senti tanto a sua falta.
- Eu também senti, céus, como você está diferente. - disse ainda com o corpo abraçado ao da irmã. - Não chore, . Eu estou aqui.
- Você ficou tanto tempo longe. Merda, como você me aparece assim? - perguntou ao afastar-se do irmão. - Por quê? - e lhe deu tapas em seu peito. - Por que você sumiu? Por que você fez aquilo? Por que você voltou?
- Eu soube do que aconteceu. - disse ao segurar as mãos da irmã para que ela não o batesse novamente, o encarou e voltou a chorar como uma criança. Ives a puxou e abraçou forte. - Me desculpe, querida. Me desculpe por ter colocado ele na sua vida. Eu amo você. Você e papai são tudo o que tenho, não brigue comigo.
- Eu amo você. - sussurrou e Ives sentiu seu coração ficar leve. Era aquilo que ele precisava escutar. Os irmãos ficaram abraçados por mais um longo tempo até que o convidou para entrar. O seu apartamento já não estava mais uma bagunça, Isco, e fizeram a surpresa de devolvê-lo todo arrumado.
Ives ficou em pé, admirando uma fotografia na parede, e o fotografou. Ela queria guardar memórias recentes dele caso ele sumisse de novo. Mas ele não iria sumir, seu lugar era com a sua irmã. Ives amava e era capaz de fazer qualquer coisa por ela.
- Eu vou ter que fazer uma coisa. - avisou depois que eles terminaram de comer a comida japonesa que pediram em um restaurante próximo.
- Você vai atrás de ?
- Não, precisa de um tempo e eu fiz mal a ela. Ela precisa respirar sozinha.
- Ela conheceu um cara novo.
- Isco Alarcón, jogador do Real Madrid, camisa 22. - disse e o olhou com a sobrancelha arqueada. Desde quando Ives entendia de futebol? Pensou. - História para depois. Eu realmente preciso ir, mas eu volto. Tem espaço para eu dormir?
- Sempre. - a mais nova respondeu e ele sorriu. Ives deu um beijo em sua testa e saiu.
Ele precisava resolver aquilo.

🎤


Ives entrou no carro que tinha alugado e seguiu pelas ruas até o endereço que o Google Maps mostrava. O cantor estacionou com maestria em frente à delegacia de Madrid e entrou no lugar. Ele só queria encontrar Enrique, nem que ele ficasse preso em uma cela em frente à dele.
Passou pela burocracia sem muita dor de cabeça, se identificou como melhor amigo do jogador e ficou ainda mais fácil. Ele foi encaminhado para uma pequena sala e ali esperou vinte minutos. Vinte minutos que pareciam horas. Ives esfregava as mãos umas nas outras para tentar aliviar a ansiedade, balançar as pernas já não estava mais adiantando.
Até que a porta se abriu e um policial entrou com Enrique Ávilla. Rik sentou na cadeira em frente ao cantor e abaixou a cabeça. Ele não estava arrependido por e sim por ter que enfrentar o homem que já tinha sido seu melhor amigo. O policial saiu da sala e Ives coçou a garganta, sua maior vontade era derrubar o catalão daquela cadeira e matá-lo à base de socos.
- Quanto tempo...
- Cala a porra dessa sua boca. Eu falo, você escuta. - gritou e socou a mesa, fazendo Enrique arredar seu corpo para trás. - Você agrediu a minha irmã. Que porra você tem nessa cabeça? Ela é sangue do meu sangue, a coisa mais preciosa que eu tenho. Em nenhum momento você pensou nas consequências dessas suas atitudes de merda? O que te levou a cogitar encostar um dedo nela? Cara, o mundo não gira ao teu redor. Você não tem e nem pode ter todas as pessoas do mundo na palma da sua mão. Eu te considerava praticamente um irmão, Enrique. Você me machucou como só uma pessoa me machucou na vida. E, merda, sabe o que me dói? Eu odeio você. Tudo o de bom que eu sentia a respeito de você morreu e a partir de hoje, você morreu para mim. Que se foda que você é o melhor do mundo, camisa 10 da porcaria de um time. Que se foda toda essa merda. Você nada mais é que um lixo humano. Você vai se foder muito na vida, Enrique.
- Ives... - o catalão tentou falar, mas foi interrompido novamente.
- Eu já mandei você calar a boca, porra. - apontou o dedo no rosto do jogador. - Você nem ouse chegar perto da minha irmã quando sair desse lugar, porque eu mesmo mato você. Saia da minha vida, saia da vida dela, saia da Espanha, de preferência, morra. Você gosta tanto de holofotes e atenção, mas, surpresa: você vai ser esquecido. Seu time terá vergonha de você, seus fãs vão te odiar. Você é um merda, Enrique, um lixo. A única coisa que me arrependo é ter percebido isso tarde demais. sempre esteve certa sobre você.
- Sua namoradinha está com outro...
- Eu mandei você calar a boca, porra! - gritou e acertou um soco no rosto do espanhol, Enrique caiu da cadeira e o policial adentrou a sala, colocando a mão diretamente em seu peito.
- Você...
- Desculpe. - interrompeu o policial. - Desculpe, senhor. Mas ela era minha irmã. A moça que ele agrediu era a minha irmã e eu não poderia deixar isso assim.
- Só saia daqui, nada disso aconteceu, certo? - o policial disse depois de alguns segundos e Ives concordou.
- Você vai pagar pelo que fez. - o inglês disse ao se agachar perto de Enrique, levantou rapidamente e saiu da sala antes que o policial mudasse de opinião.
Pelo menos o peso que tinha nas costas já não estava mais ali.

*


O inglês se sentia aliviado, de alguma forma, ele tinha vingado a irmã. Ele só ainda não entendia como Enrique tinha conseguido fingir por tanto tempo. Ives balançou a cabeça negativamente e sorriu quando o rádio do carro mostrou que alguém estava ligando para ele. Era Zayn Malik.
Ives tinha conhecido Zayn em uma premiação e, desde então, os dois ingleses formavam uma dupla quase que inseparável. Só eram separados por conta da agenda corrida de Ives e das gravações do primeiro CD solo do outro. apoiava Malik em todas as suas decisões e achava maravilhoso o jeito que o amigo estava lidando com as coisas. Zayn era incrível.
- Fala, cara. - disse quando atendeu.
- Oi, bicho. Você ainda está em Paris? Estou querendo passar um tempo por aí.
- Ah, não brinca. Cheguei hoje em Madrid.
- Madrid? O que diabos você está fazendo aí?
- Longa história. Mas, porra, você vai ficar muito tempo aí?
- Um mês, mais ou menos, preciso respirar, você sabe. E eu não tenho mais namorada então, tudo certo.
- Pronto para conhecer umas francesas? - Ives perguntou e escutou a risada do amigo como se ele estivesse concordando. - Quando eu voltar, aviso e vamos sair. Conheço as melhores boates francesas.
- Agora eu vi vantagem. Então, estou entrando agora no avião, depois te ligo?
- Irei aguardar, Malik. - Ives disse e imaginou o amigo sorrindo, ele realmente estava. Zayn desligou a ligação ao mesmo tempo em que Ives estacionou perfeitamente na garagem desperdiçada da irmã. Ela não tinha nenhum carro para ocupar a vaga.
Ele entrou no elevador e praguejou sozinho ao tatear o bolso, ele não tinha pedido uma chave para a irmã e provavelmente ela estaria no banho. Bufou e resolveu apertar a campainha, talvez teria alguma sorte.
E teve.
A porta foi aberta e Ives encarou .
O jogador tinha ido fazer sua visita de sempre depois do treino. Já tinha virado rotina ele passar na casa de para que pudessem conversar bobagens, escutarem músicas e até mesmo cozinharem. adorava fazer tudo isso, mas aquilo só ficava melhor porque era com .
- Você...
- Oi, Ives. Quanto tempo, cara.
- , uh?
- O mesmo. - disse e Ives estendeu a mão para ele.
- Céus, você voltou a ser vizinho dela?
- Não, eu moro bem longe daqui. - o loiro respondeu ao voltar para o sofá. - Sua irmã está no banho.
- Você mora bem longe daqui e por que está aqui? Assim, não estou te expulsando. É só um pouco estranho.
- Depois do treino, eu venho visitar sua irmã.
- Ah, certo. Hm, vocês dois estão...
- Não estamos juntos, somos só amigos.
- Ah, desculpe. É que quando eram crianças todo mundo dizia que vocês iriam casar algum dia.
- E você me detestava, é, eu lembro. - disse e os dois soltaram uma risada. - O que eu sinto pela sua irmã é complicado, cara. E isso não é bem uma novidade.
- Complicado? Se você gosta de verdade, não é complicado.
- O gostar não é complicado, o complicado é falar.
- Céus, você ainda tem doze anos? - Ives perguntou alto demais e olhou para os lados, assustado, como se pudesse aparecer ali a qualquer momento. - Não acredito, , por favor.
- Cara, sua irmã...
- Acabou de sair de um relacionamento com um bosta, acabei de voltar da delegacia, inclusive. Ele ficou com uma marca grande no rosto e o policial não parecia muito disposto a levantá-lo do chão. - respondeu e o encarou, surpreso, mas deu um sorriso em seguida. tinha realizado o seu desejo. – Mas, bicho, você não acha que precisa de uma pessoa legal? Você pode ser legal ou eu posso matar você.
- Você? Me matar?
- Uma possibilidade pequena, mas ainda é uma possibilidade. - Ives disse e riu. - Ok, hm. Só resolve esse seu medo de falar, merece saber que alguém gosta dela. E, assim, você foi o primeiro amor da minha irmã. Ela só esqueceu de você por um tempinho, mas eu acho que ela já se lembrou quase totalmente porque, bom, ela fica tuitando músicas românticas e o Instagram dela tem muita foto de vocês dois. Não quero me meter mais nisso, mas só resolve isso logo.
- Resolver o quê? - eles escutaram a voz da menina dominar o ambiente.
- Nada. - responderam juntos e rápido, fazendo com que os encarasse com as mãos na cintura.
- Não é nada demais. - disse e levantou do sofá. - E eu já vou, Formiga. Tenho treino amanhã cedo. - fez beicinho e beijou o topo de sua cabeça. - Foi bom te reencontrar, Ives. Obrigado.
- Estamos aqui para isso, cara. - Ives respondeu e bateu na mão de em uma espécie de high-five. andou com até a porta e saiu com ele, indo em direção ao elevador.
- Eu volto amanhã.
- Irei esperar. - respondeu e sorriu, beijando novamente sua testa. O elevador abriu e assim que o loiro entrou, ela voltou para seu apartamento e sentou-se ao lado do irmão.
- Vocês estavam conversando sobre o quê?
- Nada demais, contei a ele que fui para a delegacia ver Enrique...
- Você o quê? - gritou, surpresa.
- Fui ver Enrique, dei um soco nele, o policial me liberou e eu voltei para cá.
- Você é louco? - perguntou e soltou uma risada. - Obrigada.
- Sou seu irmão, é minha função. - o socou na barriga e logo o abraçou. – Mas, e aí, , uh?
- Ah, nem começa.
- Eu tava longe, mas via seus tweets, mocinha. E seu Instagram, vocês passam muito tempo juntos.
- Ele só é meu amigo...
- Certo, certo. Você quer dizer para mim que não sente nada além de amizade por ele, nadinha?
- Não disse isso.
- Se não disse, é porque sente. - Ives provocou e a menor voltou a lhe estapear. - Eu realmente acho que você precisa que alguém de fora de tudo isso lhe diga, você não acredita em ninguém.
- Céus, eu odeio você.
- É só dizer a verdade, bebê.
- Eu acho que gosto de . Só que tem tanta coisa acontecendo e isso bagunça minha cabeça. Madrid tá me sufocando ultimamente e eu não sei como agir perante isso.
- Você precisa respirar outros ares. Você ainda está de férias, não é?
- Ainda bem, tenho três meses até a estreia de Sem Saída.
- Ótimo.
- Por que ótimo?
- Você quer passar duas semanas comigo em Paris? Eu juro que pago tudo.
- Eu...
- Por favor, . Vai ser bom para você ficar distante de toda essa bagunça um pouco. E Thomas vai ficar feliz se eu não cancelar o show.
- Show?
- É, tenho um show amanhã à noite e eu meio que cancelei para poder vir ver você. Mas eu juro que se formos a Paris, eu vou ser todo seu depois do show.
- Só se você prometer que vai comprar roupas novas comigo.
- Isso significa o quê?
- Que nós vamos à Paris. - disse e Ives sorriu.
Eles iriam a Paris ainda naquela madrugada.

Capítulo 14

⚽️


O Santiago Bernabéu estava uma loucura.
Mesmo com a fase ruim do Real Madrid, todos estavam esperando o início de uma temporada magnífica de Zinedine Zidane. E, para , aquilo era um sonho realizado em dobro. Ele tinha como professor o seu ídolo de infância e ia entrar pela primeira vez como titular, jogando pelo time que era alucinado desde criança.
Seu sonho de criança estava se realizando. Ele só não estava mais feliz porque não estava ali, usando sua camisa com o número 16 nas costas, vibrando por ele. Mas ele sabia que ela estaria de alguma forma, mesmo estando na França.
se benzeu como de costume e apertou a mão da criança que estava ao seu lado. Ele se viu naquele pequeno garoto, o menor ainda era loiro.
- Você vai fazer um gol, não é?
- Você sabe quem eu sou? - perguntou, surpreso, e o menor concordou, corando.
- Você jogava no United, igual ao Ronaldo. Você era bom demais lá. - disse e se encheu de coragem.
- Você quer só um? - perguntou e o garoto o olhou com os olhinhos verdes brilhando.
- Quero dois.
- Então você terá. - prometeu e o garoto olhou para trás, como se estivesse tentando se comunicar com algum amigo.
escutou o locutor chamar o seu nome e pôde ouvir gritos da torcida chamando seu sobrenome. Era aquilo que ele precisava.
Aquele jogo, mesmo sendo pelo campeonato espanhol, era a sua volta aos campos. Sua volta depois de meses sem jogar. Sua volta depois de todos os problemas que já tinha passado. Era como se fosse sua ressurreição do futebol.
não ia deixar aquilo ser passado em vão. Ele iria ser lembrado.
Os jogadores começaram a entrar em campo e, quando deu por si, já estava na posição que antes era de Karim Benzema. O juiz apitou e ele recebeu uma bola magnífica de Bale.
A história ia começar a ser feita ali.
Mas nos primeiros minutos, o jogo já estava apertado, os jogadores do Valência iam para cima sem medo ou pena dos jogadores, aquilo estava deixando um pouco irritado e deixava , lá na França, preocupada. Ela sabia que pelas caras e bocas do loiro, ele não estava contente com o rumo daquele jogo.
López foi para cima de Ronaldo, esse que caiu e o juiz mostrou cartão imediatamente. Cristiano levantou-se e deu um olhar nada amigável para o adversário. Cristiano cobrou a falta, fazendo a bola parar nos pés de Bale, mas ele pegou muito embaixo e a mandou por cima do gol, iria zoar bastante com ele por aquilo mais tarde. E o galês sabia que outra pessoa iria encher sua cabeça por conta daquele lance, Alba, a dentista de sua sobrinha. O galês balançou a cabeça novamente e voltou a correr.
O jogo continuou com uma pressão enorme, Real dominava a posse de bola e o ritmo do jogo, mas não conseguia criar muitas chances claras de gol, parecia que eles não estavam conseguindo se soltar em campo. Até que discutiu rapidamente com o número 9 do Valencia por conta de uma falta proposital que tinha cometido em Isco. Francisco gritou para o inglês ficar calmo, ele bagunçou os cabelos e voltou a correr.
Real Madrid ganhou escanteio e uma jogada de Bale e Cristiano pela direita começou, o galês lançou na área para Ronaldo, mas a defesa do Valência conseguiu afastar, dando novamente escanteio para o Real. Modrić cobrou o escanteio dando o passe certo para Bale. O galês poderia arriscar passar para ou esperar o Ronaldo se aproximar mais e o gol ser certo.
Ele resolveu arriscar. Passou a bola para .
Enquanto o Santiago Bernabéu parecia explodir em comemoração, pulava na cama do hotel em que Ives se hospedou com ela, a morena gritou sem nem se importar com o irmão que estava ao seu lado. O primeiro gol do jogo tinha sido feito por . E era o primeiro gol dele pelo Real Madrid. O primeiro de muitos, pensou ao sentar na cama.
- O cara é bom mesmo, não é? - Ives perguntou e balançou a cabeça afirmativamente, sem tirar os olhos da televisão. O final do primeiro tempo iria acontecer em breve. - Será que ele faz mais um?
- Eu acredito que sim. – disse. - É o .

O segundo tempo começou com o Valência fazendo uma pressão enorme sobre o Real, mas os blancos não cediam. Modrić conseguiu arrancar com a bola e jogou na área para Ronaldo, só que dois marcadores estavam em cima dele e o derrubaram, o juiz estava de costas e não viu o lance.
O camisa 7 se levantou novamente com cara de poucos amigos, mas Bale ficou em sua frente, o impedindo de ir para cima do outro. O camisa 9 do Valência tentou uma jogada individual pela direita, mas ali estava o camisa 4 do Real. Sérgio Ramos foi para cima dele e lembrou que era o mesmo jogador que havia discutido no primeiro tempo.
Ramos chegou nele e o derrubou, juiz lhe deu cartão amarelo.
- Vai se foder! - pôde entender Sérgio gritar e chegou acompanhado de Bale e Cristiano. O juiz mandou eles se afastarem e o jogo continuou.
O mesmo cara continuou a marcar pesado os meninos, só que resolveu descontar em campo. O 16 roubou a bola e partiu para uma jogada individual, ele correu e não passou a bola para ninguém, mesmo com Ronaldo e Isco pela esquerda. correu, e antes mesmo de entrar na pequena área, o babaca do camisa 9 chegou por trás e o derrubou.
rolou no chão e a torcida começou a xingar o tal jogador; não sabia se xingava ou gritava, mesmo do quarto de hotel, para verem se o camisa 16 estava bem. Era a sua estreia e aquilo não era nem um pouco justo.
levantou e antes que pudesse ir em direção ao rival, Ronaldo, Bale, Sérgio e Isco foram para cima dele. A confusão estava armada e só queria estar em Madrid, invadir o campo e quebrar a cara do jogador rival.
- Filho da puta!
- Vem para cima então, caralho!
- Vai se foder, seu merda! - gritou, apontando o dedo para a cara dele, sem nem se importar com os outros cinco jogadores do Valência que tinham chegado. Eram quatro do Real Madrid.
- Afastem-se. - o juiz gritou em vão, a torcida gritava como se estivessem loucos para ver uma pequena briga. também estava louco para quebrar a cara daquele camisa 9.
Mas ele tinha mudado. Ele não iria perder a cabeça. iria descontar de outra forma.
- Filho de uma puta! - Bale gritou para o moreno que estava indo para cima dele.
- Vocês são uns merdas. Defendem um time de merda. - o tal 9 gritou e Cristiano o empurrou, Isco se meteu na frente dos dois, tentando separá-los.
- Merda é você. Vai tomar no cu, desgraçado.
A discussão iria continuar se não fosse pelo juiz levantar o cartão. Acabou que ele deu cartão amarelo para o camisa 9 e Cristiano. Avisou os outros que, se continuassem, iriam levar também. Eles se afastaram e o jogo recomeçou. A partida continuou tensa, mesmo com o domínio madrista, eles sofreram dois impedimentos, de Bale e Ronaldo, e mais uma bola fora, de Isco.
Os jogadores do Valência continuaram com a marcação pesada, principalmente em cima de Sérgio, e Ronaldo.
Até que foi derrubado novamente e levantou, puto. O juiz não tinha visto e o inglês não esperou a falta rolando no chão. correu e Isco roubou a bola, lhe passando em seguida. correu como nunca e chutou forte de fora da área.
Foi como uma bomba no canto da rede.
Era o segundo do Real Madrid. Era o segundo de .
Ele comemorou com os amigos e foi para a torcida, fazendo com que ela vibrasse ainda mais. Era aquilo que ele precisava.
estava em casa. Estar em Madrid nunca tinha parecido tão certo.
O jogo continuou e Zidane pediu para fazer mudanças no time. Sérgio Ramos saiu, mais pelo medo do técnico, não queria arriscar levar um vermelho. Zinedine sabia que o jogo estava sendo duro e que os jogadores do Valência estavam na maldade. Cinco minutos depois, saiu.
Para a surpresa de , e dele, todo o Santiago aplaudiu Graveto. levantou as mãos em forma de agradecimento e sentou no banco.
Era o sim que ele precisava. Ele tinha sido aceito de vez.
O jogo parecia interminável até que o espanhol recebeu na intermediária com muita força e bateu rasteiro. A bola foi bem no cantinho. O Santiago Bernabéu foi à loucura, Francisco Alarcón definiu o jogo para os merengues.
A vitória era madrista. A vitória tinha vindo depois de tantos jogos sem os três pontos.
Depois de intermináveis três minutos, o juiz apitou o final da partida e , no quarto do hotel, só conseguia escutar: “Hala Madrid! Hala Madrid! Hala Madrid!”. O grito madrista era ouvido até na França.
- Você estava certa. - Ives disse e ela sorriu. - Ele conseguiu.
ficou em silêncio, observando o narrador falar sobre a vitória brilhante do time blanco e o quanto já era perceptível o trabalho de Zinedine Zidane. E com tinha sido importante para a conquista dos três pontos.
não podia estar mais feliz. Assim como .

entrou no vestiário e cumprimentou cada um dos jogadores, até mesmo Danilo. O brasileiro ainda não ia com a cara do inglês, mas ele não tinha do que reclamar daquele momento.
- Você conseguiu, cara! Foram dois! - Bale disse e bateu nas costas do loiro.
- Porra. - sorriu igual a uma criança. - Eu consegui cumprir uma promessa para uma criança. Eu ‘tô feliz demais.
- Foi um bom jogo, mesmo com aqueles fodidos pegando pesado.
- Eles pagaram. Os três pontos são nossos. - Isco disse e deu três tapinhas nas costas do loiro. - deve estar feliz, não é?
- E muito. veio mesmo?
- Eu dei o ingresso, vou saber só depois. - o espanhol disse e sorriu sem jeito.
Ele tinha dado ingresso para a loira, mas não sabia se de fato ela tinha comparecido ao jogo. era totalmente o oposto de , ela não tinha nenhum vínculo com futebol. Francisco sabia daquilo e era o que a deixava mais interessante. estava pouco se ferrando para o fato dele ser um jogador de um time importante, ela gostava dele só por ele ser Francisco. Não Isco Alarcón.
Mas mal o espanhol sabia que a espanhola estava na área VIP e que ela vibrou cada vez que ele tocou na bola. E que no gol que ele fez, no finalzinho do jogo, ela gritou feito uma fã histérica, atraindo olhares feios das pessoas que tomavam champanhe em taças caras. estava pouco se ferrando para aquilo. Ela podia não entender nada sobre o que estava acontecendo, mas entendia que o gol era importante. Ainda mais sendo um gol dele.
- Ela está aí. - Isco sussurrou ao olhar o celular. Ele tinha recebido uma foto da loira com a camisa do Real Madrid, sorrindo. E uma outra da vista privilegiada do campo. Ela tinha ido por ele. - Eu vou encontrá-la. Até depois.
e Bale sorriram ao se encarar. Isco estava caidinho pela loira e nem conseguia esconder. Gareth bateu nas costas de e correu para pegar o seu chuveiro favorito. tirou a camisa e pegou seu celular, indo direto aos favoritos.
Não demorou nem dez segundos e a pessoa atendeu.
- Alô, mãe? Você viu o jogo? Eu consegui.
- Eu estou tão orgulhosa, Sunshine. - Sue disse e quis chorar.
Sua mãe estava feliz. Ele estava feliz. As coisas estavam começando a dar certo.
- Preciso ligar para ! Até depois, mãe. - se despediu rapidamente antes que a mãe começasse a chorar, fazendo com que ele chorasse ali no meio do vestiário. apertou o “Formiga” e logo começou a chamar.
- Graveto?
- Você viu?
- Até mesmo o pré-jogo. - respondeu e sorriu. - Parabéns! Foi maravilhoso, !
- Obrigado! Eu estou tão feliz, você sabia que tinha prometido para uma criança que faria dois gols? Eu cumpri a promessa.
- Você sempre cumpre. - ela disse ao lembrar do dia da chocolateria. Ele prometeu que eles iriam se reencontrar e cumpriu.
- Eu amo você, Formiga.
- Eu amo você, Graveto. - ela respondeu e o inglês sorriu como nunca.
Ele não tinha só ganhado o jogo. Não eram só os três pontos.
tinha ganhado um eu te amo da mulher que era apaixonado.
tinha ganhado tudo naquela noite.

Capítulo 15

🎬


estava adorando a França. Adorava ainda mais o fato que só tinha que se preocupar com as fotos que os paparazzis tiravam suas e do seu irmão nas ruas.
Seu novo número de telefone não recebia mais chamadas de jornalistas sedentos por uma exclusiva sobre o caso Enrique Ávilla. Seu celular agora era exclusivo para seus amigos mais próximos e seu empresário.
O empresário que estava sendo incansável ao tentar deixar fora da sujeira do mundo midiático. O empresário que estava sendo amigo e muito paciente com tudo o que estava acontecendo. sabia que precisava falar sobre o que aconteceu, mas ela ainda não estava pronta. E aqueles dias na França a estavam ajudando naquilo.
Assim que chegou ao país, foi direto a uma cidade pequena onde Ives faria um show. Desde aquele dia, o irmão estava sendo super presente, inclusive não tinha mais aceitado entrevistas muito longas. Ele queria aproveitar ao máximo o tempo que tinha com a menor e aproveitava para se dedicar ao próximo álbum.
Álbum novo que ele queria que tivesse uma participação, nem que fosse por segundos. E era naquilo que ele estava mexendo no computador havia horas, enquanto a mestiça estava vidrada em outra coisa.
passava incontáveis minutos na sacada do quarto, observando o ponto turístico, agradecendo pela visão privilegiada que tinha da Torre Eiffel. Ela agradecia também por tudo estar entrando novamente nos eixos e que quando voltasse para Madrid, não precisaria mais aguentar um relacionamento abusivo.
Ela era sortuda. Mesmo com tudo, ela teve a sorte que muitas mulheres no mundo não tinham. tinha apoio de pessoas que iriam lutar aquela batalha com ela e por ela.
Mas, naquele momento, queria esquecer um pouco do mundo. O MacBook de seu irmão estava em seu colo e ela assistia como se fosse a primeira vez seu filme preferido da Disney.
era apaixonada por filmes da Disney e seu sonho, além de conhecer todos os parques, era estrelar um filme de alguma princesa.
O que parecia praticamente impossível, nenhuma tinha o seu fenótipo, à exceção de uma.
Tiana.
se sentia representada pela personagem nativa de New Orleans. achava aquilo um máximo. Além de que todos eram musicais, e só cantava no chuveiro. Mesmo o irmão e a melhor amiga dizendo que não. Até achava que ela tinha uma voz encantadora.
- Já está vendo Princesa e o Sapo de novo?
- Sempre. - respondeu para o irmão, esse que sentou ao seu lado na cama.
- Você já pensou em estrelar algum filme da Disney? - perguntou e ela o encarou como se a resposta fosse óbvia. - Por que você não tenta?
- Por que eles produzem musicais e a maioria das princesas são brancas? - devolveu a pergunta. - Eu não canto e muito menos sou branca. Você é branco.
- Você canta sim! E eu não sou branco. - Ives disse e colocou seu braço por cima do dele. - Só um pouco.
- Você puxou para o lado da sua mãe, simples.
- Nossa mãe. Ela é sua mãe também, .
- Não, não é. - disse e fechou o aparelho que estava em seu colo. - Ela só me pariu. A mãe de é mais minha mãe que essa mulher. Ela nos abandonou. Ela ainda deixou você conhecê-la por cinco anos, mas eu? Eu nem ao menos lembro o rosto dela, não tenho nenhum tipo de memória. É como se ela nunca tivesse existido, a única coisa dela que tenho são essas malditas marcas. - apontou para a porção de sardas na área do nariz. As mesmas que escondia com maquiagem e não deixava ninguém ver.
- É o que nos une. - Ives disse e pegou nas dele. Por seu rosto ser branco, apareciam ainda mais.
- Nós temos papai. Ele importa, ela não. - disse e Ives preferiu terminar o assunto.
A irmã odiava quando ele tentava entrar naquele tipo de conversa, era uma dor que ela preferia fingir que não sentia. queria limpar de sua vida a mulher que lhe colocou no mundo.
Já Ives, não.
O mais velho, mesmo detestando ser fisicamente parecido, sempre teve vontade de reencontrar a mãe. Ele ainda tinha fortes lembranças dela e uma porção de fotografias, o que deixava a situação pior. Kalani nunca comentava sobre a ex-mulher e sempre repetia a mesma história: quando ele acordou, ela já tinha ido embora.
se esforçava para entender aquilo sempre que lembrava da mãe. Já Ives nunca tinha comprado toda aquela história. Ele não conseguia deixá-la para trás.
Ives não conseguia odiar a mãe, só queria entender seus motivos. Ela continuava sendo sua mãe e, mesmo tendo abandonado toda a família, ele ainda sentia algo por ela. Só não sabia dizer se era amor.
Amor ele sentia pelo pai. Amor era o que sentia pela irmã. Para o mais velho, ele talvez nunca conseguisse amar mais ninguém. A mãe o tinha tirado essa benção quando os abandonou sem ao menos se despedir.
- Você vai ao meu show, não vai? – perguntou, saindo totalmente do assunto proibido com a menor.
- Mas é claro! Eu só fui em quatro shows seus durante toda minha vida.
- Ótimo, tenho uma surpresa para você.
- Para mim? – perguntou, animada, e o mais velho levantou da cama, indo em direção ao violão que estava encostado na parede. Ives começou a tocar e cantar Pillow Talk. - Você vai cantar a música do meu cantor preferido no seu show em minha homenagem?
- Mais ou menos.
- Não existe mais ou menos, ou canta ou não canta.
- Eu vou cantar, mas a surpresa não é bem essa. É que Zayn é meu amigo e está por aqui, ele vai aparecer por lá.
- Zayn Malik é seu amigo? - gritou. - Como você só me avisa isso agora? Você sabe dos meus sentimentos por esse homem desde quando ele fazia parte de uma boyband.
- Você namorava aquele bosta, Enrique não me deixou contar para você.
- Vai se foder. - gritou e começou a jogar todos os travesseiros em cima do irmão. - Santo Cristo, Ives. É Zayn Malik, o pai dos meus filhos.
- Só tenta não surtar, certo? Você também é uma pessoa pública.
- Mas é Zayn Malik. Zayn. Céus, eu vou morrer antes mesmo de chegar lá.
- Se você morrer eu não vou poder te apresentar a ele.
- Você vai sim. E nós dois vamos casar e ter filhos.
- vai ficar com ciúmes. - Ives alfinetou e a mais nova pareceu congelar. o encarou com a testa franzida e o irmão riu de sua expressão.
- O quê? Não, lógico que não.
- Faça me o favor, não é? Ele é louco por você.
- Por mim? Ah, deixa de falar bobagens. Ele só é meu amigo.
- . - chamou o nome da menor e ela o encarou, assustada. - Eu percebi que é louco por você em menos de dez minutos de conversa, imagina quem está perto de vocês o tempo todo. Vocês não são mais crianças, por favor.
- Eu...
- Quer ver como eu tenho razão? Mande uma mensagem para ou Isco.
- Isco?
- Ele é um cara legal, não é? não ia estar com ele se ele fosse um escroto. - disse e completou a frase na sua cabeça, "como eu fui". concordou e prendeu seus cabelos. - Não vai mandar?
- Depois do show. Agora eu preciso conhecer Zayn Malik. - disse e sumiu pelo corredor do quarto, que ocupava metade do andar.

passou a mão pela blusa branca assim que apertou a campainha da casa de Francisco.
O espanhol a tinha convidado para jantar em sua casa e ela aceitou prontamente. Eles estavam ainda mais próximos desde o ocorrido com . Já era comum as trocas de mensagens até certa hora da noite e o bom dia ao acordar já tinha virado rotina.
adorava conhecer cada vez mais um pouco do jogador e aquilo era recíproco. Alarcón adorava passar incontáveis minutos tentando explicar uma simples regra de futebol e adorava também quando ela parecia uma criança em um parque da Disney ao explicar como funcionava o ballet. Eram mundos aparentemente opostos, mas que acabavam se encontrando.
Ela até tinha ido em um jogo do Real Madrid só para ver Isco como titular. E ele iria na sua apresentação quando chegasse o dia.
Os dois também tinham interesses que gostava de zoar sempre que podia. e Isco Alarcón adoravam Justin Bieber, chegavam a saber todas as músicas. Quando descobriu isso, ficou ainda mais fascinada pelo jogador. Ele entendia a sua playlist.
estava adorando aquilo tudo, mas não sabia o que Isco realmente queria. Ele nunca tinha tentado beijá-la, o que a deixava confusa.
O que mais queria era receber um beijo do espanhol, mas aquilo ainda não tinha acontecido. E para , era algo que não iria acontecer. Eles só eram amigos próximos demais. Francisco Alarcón adorava passar horas do seu dia em companhia de , mesmo que o contato fosse somente por Whatsapp ou FaceTime.
Ele adorava sair do treino e, sem querer, passar em frente ao estúdio de Ballet onde ela ensaiava, somente para dar uma carona para a espanhola. Uma coincidência que acontecia algumas vezes na semana. E o fato de não estar em Madrid, o deixava sem coragem para convidar para sair. Isco enchia a morena de mensagens e ela sempre respondia "Convide ela para jantar, ela vai adorar!", mas ele parecia um pré-adolescente nervoso e não fazia nada.
Mas naquela dia, fez.
estava no sofá da sua casa e os dois estavam somente escutando Justin Bieber enquanto o delivery de comida japonesa ainda não tinha chegado. Isco tinha convidado a espanhola para jantar japonês em sua casa e ela acabou chegando um pouquinho antes do combinado. E ele teve a brilhante ideia de colocar o primeiro CD do cantor favorito dos dois para tocar.
e Gareth Bale estariam decepcionados em algum lugar de Madrid e matariam Isco quando soubessem daquilo. Francisco estava parecendo um adolescente medroso.
Não que Isco não estivesse interessado na loira. Ele estava, e muito, só que não sabia como chegar nela. Para o jogador, a bailarina era boa demais para ele. E na sua cabeça, ela não iria querer se envolver com ninguém agora.
Ledo engano. De ambas as partes.
- Que estranho. - disse e Isco a encarou, curioso. - Acho que alguém pegou o celular de .
- Por quê?
- Ela me mandou uma mensagem sobre o nosso assunto proibido. - respondeu e Isco soltou uma risada, pegando o seu celular do bolso da bermuda que vibrava.
- é o assunto proibido de vocês? não merece tudo isso. - soltou uma risada e Isco a acompanhou. Francisco adorava o som da risada da loira.
- Ela me mandou "Cariño, você acha que eu deixo transparecer algo por ? Algo além de amizade?", e para você?
- "Francisquinho, querido. Não estranhe, e, bom, não conte ao que perguntei. Mas você acha que nós temos chance de ter algo? Ou sei lá, só curiosidade. Quer saber, esqueça. Estou com saudade."
- Ela mandou um estou com saudade para você e não mandou para mim? - perguntou, indignada, e Isco levantou as duas mãos em forma de deboche. - Ridícula. Vou ignorar totalmente essa mensagem.
- Não! - Francisco quase gritou. - Vamos responder coisas iguais.
- Tipo o quê?
- Escreve aí, "Só transem." - Isco disse e riu, mas digitou rapidamente no celular. Francisco fez o mesmo e logo guardou seu aparelho.
- precisa realmente que alguém além de nós a balance pelos ombros e diga, "Ei, louca, tem um cara apaixonado por você e você está apaixonada por ele também." - Isco riu da forma que imitou a voz de um desconhecido e ela acabou o acompanhando.
Mas Baby começou a tocar e os dois voltaram a se encarar como se fossem adolescentes flertando no colegial.
- Eu poderia...
- Por que você não me beija? - a loira perguntou e o espanhol a olhou, surpreso. Mas extremamente feliz. - Não que eu queira forçar algo, é só que... Sei lá.
- Você quer receber um beijo meu? - Francisco perguntou e ela riu como se fosse óbvio.
- Isco, eu quero que você queira me beijar sem você precisar perguntar.
- É que eu morria de medo de tentar algo. Você terminou um relacionamento recentemente, e ainda é tão linda. Eu fiquei receoso.
- Você me acha linda?
- Desde quando te vi naquele restaurante.
- Você me beijaria? - ela perguntou e o espanhol a encarou como se ela fosse doida.
- É óbvio que sim. - respondeu.
E então, se aproximou ainda mais de Francisco, colocou suas duas mãos em seu rosto e juntou seus lábios pela primeira vez.
Francisco correspondeu o beijo na mesma intensidade quase que imediatamente.
Em uma coisa, ele sempre esteve certo.
Quando duas pessoas têm de se encontrar, a cidade torna-se pequenina.
A menina do restaurante estava ali, beijando sua boca na sala de estar da sua casa enquanto o cantor preferido dos dois tocava. Parecia uma cena clichê de um filme adolescente água com açúcar, mas era só eles dois.
Os dois espanhóis que tinham de se encontrar e encontraram-se.

🎬


A cortina se fechou e ainda estava em êxtase, o show tinha terminado e os fãs ainda gritavam o nome de Ives. Aquilo era muito maravilhoso. E sem falar na presença de palco que o inglês tinha, era como se ele tivesse sido feito para estar ali. Encantando toda aquela multidão.
- Você foi demais! - ela disse quando o mais velho foi ao seu encontro, estava bem ao lado palco e tinha uma visão privilegiada.
- Você gostou mesmo?
- Eu adorei!
- Estou feliz por você estar aqui. - Ives disse e abraçou a irmã. - Agora vem, tenho uma pessoa para te apresentar.
Os dois caminharam de mãos dadas até o camarim. Além da equipe, reconheceu o cara que estava de costas roubando doces da mesa. Ela apertou a mão do irmão e Ives riu, levantando a mão livre e chamando o nome do amigo. Zayn Malik virou imediatamente e sorriu para ele, indo ao seu encontro.
- Grande . Que show foda, bicho. Quando eu começar minhas apresentações, quero fazer um terço do que você faz.
- Ah, vai se foder, Malik. Só a tua voz já faz um terço do que faço. - respondeu e Zayn riu, encarando em seguida. - Essa é minha irmã, cara.
- Oi, tudo bem? Gostou do show do seu irmão?
- Oi! - ela disse rápido e alto demais. - Desculpa, oi. E sim, tudo bem, e sim, o show dele é demais.
- É o que eu disse, você tem que confiar mais em mim, cara. Já conversamos sobre isso. E qual o seu nome? O mal educado do seu irmão não lhe apresentou direito.
- . Mas pode chamar de , meu nome é meio complicado.
- Complicado é o sobrenome de vocês, e prazer, , sou Zayn. Zayn Malik.
- Como se você precisasse se apresentar para alguém. Ela é sua fã, ridículo.
- Quê? Não brinca! - o inglês disse, surpreso e muito feliz. Zayn adorava conhecer pessoas que o admiravam por causa do seu trabalho.
concordou, ainda tímida. Mas eles logo engataram em uma conversa enquanto Ives tomava um banho e trocava de roupa. Além de tirar várias fotos, Zayn pediu para segui-la no Twitter, que era privado. O sonho de adolescente de estava se realizando.
- Você é mais legal que seu irmão. - Zayn disse na mesma hora em que Ives apareceu já vestido.
- Seu babaca! Ia até te convidar para uma festa, não vou mais.
- Sai fora, bicho. Vai sim.
- Festa?
- É, querida, se for igual às que íamos em Londres, vai ser bem legal. - Zayn respondeu.
- Onde fui me meter? - perguntou e os dois riram. Zayn passou seu braço pelos ombros da menina, eles saíram do camarim e a equipe os guiou em direção a uma pequena van.
O motorista os deixou no hotel em que Ives estava hospedado e minutos depois já estavam no quarto onde o mais velho estava morando. foi em direção ao banheiro, deixando sua irmã e o amigo a sós.
- Você quer algo para beber?
- Por agora, água. - o inglês pediu e, enquanto cantarolava, foi buscar o líquido no frigobar mais próximo. - O talento é de família então, uh?
- O quê? - perguntou e soltou uma risada. - Eu só sirvo para atuar.
- Você também canta, já se escutou? Tava cantando Arctic?
- É, eu tenho escutado bastante. - respondeu ao lhe entregar a garrafinha d'água. - Você gosta?
- Não sai da minha playlist.
sorriu e sentou ao lado do inglês. Eles engataram uma conversa sobre gostos musicais e, logo depois, filmes e séries. sentia-se como se tivesse conhecido Zayn há anos e Malik estava adorando conversar com a irmã do amigo, para ele, era surpreendente.
- Por favor, não roube minha irmã de mim. - Ives disse assim que viu os dois conversando na sala. revirou os olhos enquanto Zayn soltou uma risada.
- Já está pronto, bicho? - perguntou e Ives concordou. - Então vamos que a noite só está começando.
Eles saíram do quarto do hotel e o caminho até o carro de Ives foi rápido. Os três não demoraram muito para chegar no Le Cabaret, o trânsito naquela hora já estava sem engarrafamentos e, por sorte, pegaram todos os sinais verdes - e alguns amarelos que ignoraram.
O som já estava alto o suficiente e sorriu ao perceber que algum remix de The Weeknd tocava. Ela adorava o cantor e pediu internamente para que seu irmão fosse amigo do mesmo. sorriu com o pensamento e aceitou de bom grado a primeira rodada de drink que Ives ofereceu quando eles chegaram na parte da boate reservada para eles.
Sem nem perceber, os dois começaram a conversar e a beber, deixando um pouco de lado. Ainda mais quando o assunto foi futebol. Zayn torcia para o Barcelona e, para a tristeza da menor, Manchester City.
- Você não sabe escolher time, cara?
- Porra, Barcelona é o melhor time do mundo.
- Você realmente acompanha os jogos?
- Não acompanho fielmente, mas vejo quando posso. Por favor, a Champions do ano passado foi nossa.
- Vai se foder, cara. - disse e o inglês soltou uma risada. - Eu perdi totalmente a vontade de beijar você que um dia eu tive.
- Eu duvido! - ele provocou e ela riu, balançando a cabeça negativamente e bebeu outro drink em seguida. Ives sentiu que estava atrapalhando os dois e resolveu sair da mesa sem dizer uma palavra, ele já tinha visto na pista de dança alguém que o interessava.
- Você realmente perdeu a vontade de me beijar? - Zayn perguntou ao se aproximar mais de . A menina jogou a cabeça para trás e sorriu, bebeu o que restava do seu copo e quando viu, aceitou de bom grado o beijo do cantor.
Mas enquanto as mãos de Zayn percorriam suas costas, ela só conseguia pensar em uma coisa.
E ele estava a quilômetros de distância dali.
se xingou mentalmente, ela estava prestes a afastar o cara considerado um dos mais bonitos do mundo, seu cantor favorito e uma pessoa fantástica. Mas Zayn não era ele. Ela colocou as mãos no peito de Malik, o afastando.
- Eu fiz algo errado? - perguntou ao encará-la.
- Eu fiz. - ela respondeu e ele a encarou, sem entender. - Existe um cara.
- Oh, você tem namorado? Céus, desculpe...
- Não! - ela disse, o cortando. Zayn colocou a mão no peito, fingindo respirar aliviado, soltou uma risada e prosseguiu. - Eu gosto dele, bastante. Mas não sei se é recíproco.
- Não sabe se é recíproco? Você é uma garota incrível, bicho. E eu percebi isso nessas últimas horas em que passamos juntos. Ele seria um tolo se não percebesse.
- Você acha?
- Eu acho que se você parou de me beijar por causa dele, você deve contar como se sente. Você não vai saber nunca se não arriscar.
- O que eu tenho que fazer? Parece tão complicado.
- Chame ele para conversar, mande uma mensagem, só demonstre algo.
- Zayn... Isso tudo é tão complicado. Não quero passar por idiota, não de novo.
- Você sabe que não é complicado e sabe o que tem que fazer. E também sabe que seus futuros relacionamentos não tem culpa do anterior ter sido ruim. - Zayn disse como se fosse óbvio e concordou ao respirar fundo. - Pera, você já teve um namorado, não é?
Porque se não, meu conselho foi uma bosta.
- Já tive e foi bem ruim, mas é história para depois. - respondeu e Zayn concordou, percebendo que era um assunto delicado para a menina.
- Ei, você quer dançar? Juro que não beijo mais você. - convidou. - A não ser que você peça por mais um.
- Idiota. - respondeu e soltou uma risada. - Vamos dançar, só não pise no meu pé. - O cantor lhe deu a mão e a conduziu para a pista de dança. - Até que você aprendeu a dançar, não é?
- Eu fui praticando. - deu uma piscada. sabia que Zayn era um péssimo dançarino, mas, naquele momento, ele estava se saindo melhor que o esperado.
- Você quer sair amanhã? Talvez você possa me ajudar com o meu pequeno problema.
- Quero. - respondeu e a rodopiou. - E qual é o nome do seu pequeno problema? Talvez eu o conheça e arrume um encontro para vocês dois.
- .
- O jogador? Esse cara destruiu o meu time na Premier League. E, bicho, você não tem cara de quem gosta de jogadores. Tem cara de quem queria ser groupie. - Zayn brincou e riu.
- Ridículo. - respondeu ao lhe dar tapinhas no ombro.
Zayn a girou mais uma vez antes que eles acabassem de dançar. Os dois voltaram para a mesa e beberam mais uma rodada de drinks e, quando deu por si, sua música preferida tocava. O que The 1975 fazia nos auto falantes daquela boate?
- Eu amo essa música.
- Eu também. - Zayn disse e eles começaram a cantar o mais alto que podiam enquanto levantavam seus copos cheios de bebida. - Faça o que você tem de fazer, .
bebeu o que restava do copo, pegou o celular e seu dedo foi certo na conversa que não tinha aberto o dia todo.
Graveto.
digitou algumas palavras e fez algo que sabia que poderia se arrepender. Quando o aplicativo avisou que as mensagens tinham chegado para , o bloqueou. A morena guardou o celular e respirou fundo, sabia que se ele respondesse, ela iria despejar tudo.
não queria dizer o que sentia por mensagens. era importante demais para aquilo. Ela só precisava sumir e colocar a cabeça no lugar.
E assim ela fez.
"I think I'm falling, I'm falling for you. Maybe you'll change your mind."

Capítulo 16

⚽️


sentia falta de .
Ele sabia que tinha sido para o bem da saúde mental e física da mais nova a viagem para Paris, mas ele sentia falta dela.
Sentia falta de escutar as risadas altas da morena quando ele contava piadas, dela reclamando de quanto Bale conseguia ser chato e até mesmo quando ela ficava conversando por horas com Francisco sobre música ruim. Justin Bieber e Zayn Malik eram os cantores preferidos dos dois e, para , aquilo era música ruim.
E só achava que Zayn fazia música ruim porque ele tinha se aproximado demais da morena, o Instagram deixava aquilo bem evidente.
Ele estava morrendo de ciúmes, só não queria admitir para si mesmo.
O inglês também sentia falta de ter a menina em seu colo enquanto perdia a noção do tempo quando suas mãos estavam nos cabelos enrolados dela. Ele sentia falta de e aquilo, para o inglês, era uma merda.
Uma merda porque ela tinha praticamente sumido do WhatsApp e não o respondia no Instagram, sendo que respondia todas as amigas. Postou até uma foto perguntando se poderia ficar ali para sempre. E sabia que era só ele que não tinha notícias da menina, porque até mesmo Christian Pulisic era convidado para tomar café pelo Instagram. Maldito Azpilicueta, por ter amigos acessíveis, praguejou o loiro.
Ele estava incomodado com aquela situação. Todos eram respondidos, menos ele. E não sabia que merda tinha feito para ser ignorado.
A última mensagem que ela tinha passado era, "Ei, graveto? Precisamos conversar. Aconteceu algo, e, bom... Só precisamos conversar" e, desde então, tinha evaporado. Somente Ives o respondia, mas o irmão dela não estava servindo para muita coisa, ele não tinha a mínima ideia do que poderia querer conversar.
Nem Ives e muito menos Gareth Bale.
estava na sala de estar do jogador e os dois estavam esperando Isco chegar para que eles pudessem ir jantar com Sergio e Rosalie.
- Você prestou atenção em alguma palavra do que eu disse? - o galês perguntou e o encarou. - Seu escroto.
- Desculpa, cara, é que... - foi interrompido pela campainha. E em seguida, o grito de Bale avisando que a porta estava aberta.
- Você sabe que ela fica aberta, idiota.
- Desculpe se fui educado? - Isco resmungou e sentou ao seu lado no sofá. - Você quer me contar algo, Bale? Encheu meu telefone de mensagens.
- Quero. É, digamos, importante.
- Diga, querido amigo galês.
- Eu conheci uma garota nova e, bom, ela é incrível.
- Você está dizendo que uma garota é incrível? Bom, eu duvido muito. Você só escolhe umas estranhas e nunca dá certo com nenhuma.
- Mas essa é incrível. O nome é Alba.
- Auba? Aubameyang? Você trocou de time, Bale? - perguntou ao bloquear o celular. - De que porra você tá falando, ? - Bale perguntou e o loiro o olhou, confuso.
- Você que falou do Aubameyang. Seu escroto, o que diabos você vai fazer no Borússia Dortmound?
- Eu acho que as coisas sobre pessoas loiras não são só piadas. - Isco disse e o socou. - Você não estava prestando atenção em nada do que ele disse?
- Esse escroto está assim desde que chegou. O que está acontecendo?
- . - assumiu depois de um tempo. - Ela está viajando já faz uma semana e meia e não me mandou mais mensagens, a última foi que tínhamos que conversar. Mas ela sumiu.
- Sumiu? Ela conversa comigo todos os dias.
- Comigo também, para me zoar, é claro. Trocamos piadinhas sexuais também. - Bale disse e fez uma careta ao lhe encarar. - Tem algo estranho, ela não responde você?
- Não, e eu nem sei o que fiz. Parece que ela está me ignorando ou... - Ou ela está com medo.
- Medo? Medo de quê?
- Você é burro? - Isco perguntou e Bale riu. - Ela tem medo de contar que gosta de você por mensagem e por isso está te ignorando. Não é algo que se diga para uma pessoa por WhatsApp.
- Gostar de mim? Você é...
- Não comece com o drama. - Bale o interrompeu. - Quantos anos você tem mesmo? Eu não entendo muita coisa, mas acho que ela está apaixonada por você. Você realmente não usa Twitter?
- Não. Eu só uso para postar coisas do Real Madrid, acho que nem a sigo, o Twitter dela não é privado? - perguntou e Isco balançou a cabeça afirmativamente.
- Ela tem dois, na verdade. Um para trabalho e outro que usa normalmente. Enfim, adora o Twitter, além do Instagram, e, bom, ela posta coisas sobre um tal de @. E ela fez piadinhas sobre esse @ com Zayn Malik.
- Ela vive falando com esse cara agora. O que ele tem de demais, hein?
- Ele é bem bonito. - Bale disse e mostrou uma foto do cantor com para . - Até a sobrancelha desse filho da puta é bonita.
- Você não está ajudando.
- Eles parecem amigos, olhe só. - Isco disse e começou a mexer no telefone. - Zayn disse, "você já cantou para o seu @?" e ela respondeu "jamais", e ele respondeu assim “Aposto que depois do último vídeo que postou, o @ correria o Santiago Bernabeu 500 vezes se vc mandasse.", e por fim ela respondeu "ele comentou no Instagram!!! quis morrer"
- Eles estão falando do vídeo que ela postou no Instagram cantando uma das minhas músicas preferidas? A voz dela é tão maravilhosa.
- Só pode ser, não é, lindo? , é meio lógico que ela não estava falando de mim. - Bale disse e Isco riu, concordando. - Até poderia ser de Sergio, mas agora ela já é amiga dele e de Rosie e fica babando 24 horas por dia no Junior. Isco está trocando saliva com a melhor amiga dela e ela nem tem interesse algum nele. Só pode ser você.
- Mas...
- Você é burro? - Isco voltou a repetir. - Céus, não seja burro.
- Ela gosta de mim. - sussurrou como se tivesse acabado de descobrir a cura para alguma doença. - gosta de mim.
- Até que enfim, idiota. E ainda teve os lances da mensagem.
- Ah não, Bale. Puta que pariu. - Isco disse e Bale bateu na própria testa. - Merda, até sua sobrinha sabe guardar mais segredos que você.
- Que mensagens?
- mandou mensagens para e eu perguntando se era visível se ela sentia mais do que amizade por você. Respondemos "só transem" e ela meio que surtou. Foi
engraçado, é por isso que ela troca piadinhas sexuais com Bale. Eu contei para ele e, bom, esse boca frouxa não perdeu a chance de zoar.
- Você é um filho da puta. - apontou para Bale. - E você tem que parar de me esconder as coisas.
- E você tem que ir atrás de . Ela deve estar toda confusa, cara. Faça algo que a faça ficar surpresa e feliz, e não ficar mandando mensagens e comentando nas fotos dela no Instagram. Muito menos mandando emojis de raivinha nas fotos dela com o senhor perfeição, Zayn Malik. - Bale disse e fez careta ao falar sobre o cantor.
- Vocês estão dizendo para eu ir a Paris?
- Bom, hoje é sexta. Voltamos a treinar só segunda à tarde, você pode ir até Paris e dizer "Ei, , estou aqui. Vamos conversar."
- Ou, "Ei, , estou aqui. Vamos nos beijar e transar."
- Você é ridículo, Bale. Ridículo. - disse e o galês riu acompanhado do espanhol. Eles pararam de rir quando escutaram a buzina em frente à casa de Gareth. - Será que Rosie me ajuda com essas coisas de passagens?
- Esse é o meu garoto. - Gareth disse e bateu nas costas do loiro. - Ei! Por que você estava falando do Aubameyang?
- É Auba. Só Auba, e é uma garota espetacular que conheci tem uns dias. Mas isso é assunto para quando você chegar de Paris. - Bale disse e sorriu ao se imaginar indo atras de .
O inglês sentiu medo ao pensar que talvez fosse tudo um grande mal entendido e existisse um outro @. Mas, no fundo, ele sabia que era ele.
Também tinha a certeza do que sentia por . E era por aquilo que ele iria para Paris ainda naquela madrugada.

*


Assim que abriu a porta traseira do carro de Sergio, o loiro se deparou com uma criaturinha branca, de cabelos lisos e negros, dentinhos brancos e sorriso largo. Era um cruzamento perfeito de Rosalie e Sergio, mas ainda não o conhecia. E o pequeno continuava a encarar como se fosse uma coisa engraçada.
- Oi! Eu sou Sergio León Ramos Junior.
- Caralho, ele fala.
- . - escutou a voz de Rosie pela primeira vez na noite. A advogada frisou o nome do inglês, fazendo o filho rir e encarar novamente o loiro. Junior achava engraçado
quando a mãe falava daquele jeito, exceto quando ela o chamava pelo nome todo. Ele tinha três anos e alguns meses, mas sabia perfeitamente que, quando isso acontecia, ele tinha deixado os brinquedos fora da caixa. - Esse é o nosso único filho e palavrões são proibidos perto dele.
- Mas...
- Mamá, o que é caralho? - o pequeno perguntou, fazendo Sergio soltar uma risada e balançar a cabeça negativamente.
- Eu odeio você, . - Rosie sussurrou e virou para encarar a criança na cadeirinha. - É a palavra feia que mamá e papá não falam. Tio é malcriado, por isso falou.
- Tio ? - perguntou e voltou a encarar o loiro. - Oi, tio .
- Oi...
- Por que você ainda não entrou? Tá esperando convite seu pa...
- Gareth Bale... - Rosie pareceu rosnar. - Junior está no banco de trás, seja civilizado, por favor. - Rosalie abriu a janela antes que Bale soltasse seu vocabulário limpo. O galês concordou e entrou depois de , sendo seguido por Isco.
- Oi, cara! - cumprimentou o menor e a criança bateu em sua mão. - Nunca mais, não é? - Tava viajando com a vovó. Fomos para a Disney e eu vi o Mickey.
- E como é a Disney? - perguntou e Junior deu de ombros.
- É a Disney. - respondeu como se fosse autoexplicativo, fazendo todos no carro rirem.
nunca tinha sido próximo de crianças, mas ele sentia um grande carinho por elas. Tanto que seu maior sonho era ser pai. queria ser o pai que não teve. Ele queria colocar uma criança no mundo e cuidar dela para que ela não sentisse a dor que ele sentia. Um dia, talvez, ele conseguiria realizar seu sonho.
- Rosie, quer te pedir um favor. - Isco se pronunciou, tirando a atenção de , que estava brincando de guerra de polegares com o menor.
- Diga, boy.
- boy. - Bale repetiu e riu sozinho. - Você não tem uma fã que lhe chama de Golden Boy?
- Nárriman. Ela é dona do único fã clube que eu sigo no Instagram, ela me acompanha desde a base e ainda é brasileira. Ela é incrível. Mas sim, Rosie...
- Diga, Golden boy. - Rosalie o interrompeu, fazendo com que soltasse uma risada. - Eu queria uma passagem para Paris e você entende de todas essas coisas.
- Paris? - Sergio perguntou ao frear o carro por conta do sinal fechado. - Não é onde está?
- É...
- Você quer ir atrás dela?
- Ela precisa saber do que eu sinto por ela, Ramos. Não é justo ela me ignorar desse jeito. - Uou, vocês brigaram?
- Antes fosse, ela só sumiu. Não quer falar comigo e eu nem sei o porquê.
- Isso é estranho, porque responde as minhas mensagens e de Rosie... - Sergio não terminou de falar, pois recebeu um cutucão da noiva.
- Você não está ajudando o nosso Golden Boy. Mas sim, , resolvo isso para você.
- Obrigado. - agradeceu e Rosie começou a mexer no celular.
No momento em que Sergio estacionou em frente ao restaurante, Rosie sorriu para o aparelho celular e virou para trás.
- Uma da manhã, primeira classe. - disse a antes que eles saíssem do carro.
🎬


terminou de abotoar a calça jeans quando escutou o irmão gritar seu nome pela terceira vez naquele início de noite.
- Estou pronta. - a morena disse, pegando a bolsa que estava no sofá. – E, oi, Zayn. Como você aguenta esse garoto?
- É o amor. - Malik disse e a menina sorriu. adorava como as coisas estavam, mesmo depois do lance do beijo, ela e Zayn continuaram a conversar e eles tinham se tornado amigos. E agora os três estavam indo jantar em um restaurante no centro da cidade. O carro de Zayn já estava esperando por eles em frente ao hotel e em minutos eles já estavam próximos a um prédio gigantesco que tinha uma vista ainda mais privilegiada da Torre Eiffel.
- Não íamos para um restaurante?
- Ele fica aí, quase no último andar. Que horas são, Ives?
- Sete, acho que estamos atrasados.
- Atrasados para o quê?
- Zayn e eu temos que fazer um negócio, eu juro que é rápido. Você entra aí e diz seu nome, eles vão te dizer o andar certinho.
- Vocês dois vão me deixar sozinha aqui?
- Se você não entrar, vamos perder a reserva e aqui tem o melhor...
- Vinho da França. - Zayn disse rápido. - Eu juro que é rápido, . Você não confia em mim? - perguntou e fez a cara de cachorro sem dono que adorava.
- Não demorem. - ela disse e saiu do carro, Zayn e Ives sorriram um para o outro sem que ela percebesse.
foi até a recepção do lugar e perguntou sobre o restaurante, dando o seu nome em seguida. A atendente lhe deu algo que parecia com um cartão e disse que deveria ir para o vigésimo segundo andar. agradeceu e seguiu para o elevador, não demorou muito e as portas já se abriram, indicando o andar em que a menina deveria sair.
não saiu em um corredor como esperado, ela saiu diretamente em um quarto do hotel que mais parecia uma casa.
- Só pode ter alguma coisa errada. Eu vou matar aqueles dois. - disse para si mesma enquanto pegava o celular. Ela iria lotar Ives de mensagens com conteúdos não tão legais.
- Oi, Formiga.
Mas aquela voz era conhecida da menina, ela deixou o celular escapar de suas mãos e encarou .
O loiro a encarava com as mãos dentro do bolso da calça, seus cabelos estavam molhados, sua barba estava rala e a blusa que vestia estava perfeitamente passada.
- Você? - perguntou e quebrou o contato visual ao se abaixar para pegar o celular do chão. - O que você está fazendo aqui?
- Se não responde , vai até ela.
- O ditado não é bem esse. - ela disse e riu. - Ainda não acredito que você está aqui. - sorriu e se aproximou, encostou seu corpo no dele e sentiu-se feliz. Ela sentia falta do loiro, e ele estar ali significava muito.
- O seu jantar é aqui, comigo. Seu irmão e seu novo amigo me ajudaram com tudo.
- O nome dele é Zayn. - ela disse e o loiro deu de ombros. - Obrigada.
segurou a mão da menina e eles andaram pelo apartamento até a mesa que estava montada para os dois. E eles tinham a visão quase perfeita do ponto turístico da cidade por conta da parede completamente vidrada. Os dois jantaram em silêncio, beberam um pouco de vinho e voltou para o sofá, deixando a menina a sós na mesa. Aquele silêncio
todo incomodava . Eles não eram daquele jeito.
- Eu não sei o que você quer que eu diga. - disse ao sair da mesa e ir ao encontro de , na sala.
- Sabe. - respirou fundo como se estivesse juntando coragem. - Seu silêncio me machuca, . Você está me ignorando esse tempo todo e eu nem sei o que fiz. Você não é assim, . E se eu estou aqui, agora, é porque sinto algo por você além de amizade e não ter você por perto me deixa louco. Ao menos diga qualquer coisa, sabe? Nem que seja para me mandar embora e dizer que não me quer de outra forma além de amigo. Eu aceito qualquer coisa, Formiga. Eu só não consigo aceitar o seu silêncio, porque me dói.
não reparou, mas seus olhos estavam lacrimejando e soava quase desesperado. não reparou, mas tocava Latch baixinho, da playlist de músicas que mais gostava no Spotify e deixou tocando para dividir com ela - mesmo sem ter dito isso. não reparou, mas o vento lá fora já não era tão frio, era aconchegante e gostoso de sentir. Ela não reparou, mas, de alguma forma, a noite estava mais bonita e passava uma estrela cadente por ali. O único pensamento de era que ela precisava falar, sua Formiga não poderia ficar só o encarando, estática.

I think we're close enough


E seu pensamento, de alguma forma, se realizou.
não disse nada, apenas se aproximou de , colocou suas mãos em seu rosto branco e beijou o loiro quase desesperadamente. De alguma forma, seus lábios precisavam dos dele.
Aliviado, colocou as duas mãos na cintura da mestiça enquanto ela envolvia seus braços ao redor de seu pescoço. aprofundou o beijo e permitiu se perder ali.
Ela queria aquilo há tanto tempo.

Could I lock in your love, baby


- Desculpa por sumir. - sussurrou ao quebrar o beijo. - É só que se eu escutasse sua voz, eu iria despejar tudo, e você é importante demais para receber afeto só por mensagens.
I'm latching onto you, I don't want to let go


- Eu queria te contar tudo, mas eu precisava de tempo para ajeitar as coisas na minha cabeça. Tava tudo tão bagunçado, entende? - concordou, a puxou para perto e eles ficaram envolvidos em silêncio, num abraço. a soltou minutos depois somente para guiá-la até a sacada do quarto, onde os dois sentaram-se abraçados enquanto encaravam a Torre Eiffel. - Mas estar aqui com você, nesse lugar, agora, parece tão certo.
- Você faz com que tudo pareça certo, Formiga. - disse e beijou sua testa, a abraçando um pouco mais forte.
- Está tocando Kodaline? - perguntou ao reconhecer os últimos acordes da música. - Eu adoro essa banda.
- Eu tenho escutado ultimamente, essa chama Latch.
- Incrível, não é? - perguntou ao lembrar da letra. - Pode repetir?
- Claro! - disse e tirou o celular do bolso, fazendo com que a música anterior voltasse.
- Dance comigo, Graveto.
- Sempre, Formiga.
You lift my heart up, when the rest of me is down


- Isso é uma verdade.

You, you enchant me, even when you're not around


- Isso também é. - disse e a rodopiou só para trazê-la para mais perto, selando os lábios dos dois novamente.

If there are boundaries, I will try to knock them down.
I'm latching on, babe, now I know what I have found


Eles se sentiam infinitos.
E adorava a sensação de paz e liberdade que trazia. já adorava a forma que o fazia sentir incrível, como se seu passado ruim nunca tivesse existido.
Eles faziam cada um se sentir único e aquilo era libertador.

Now I've got you in my space
I won't let go of you
Got you shackled in my embrace
I'm latching onto you



Continua...



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