Última atualização: 12/06/2018

Capítulo Único

Domingo, 12 de Junho de 2016.

Ah, o dia dos namorados! Quer data mais linda? O mundo nesta data poderia ser colorido nas cores vermelho e rosa, todos os casais que estão distantes deveriam ficar juntos e os que já estão juntos, ficarem mais juntos ainda. Promoções, corações, emoções, todo um conjunto de doce, mel e chocolate. Declarações pessoalmente ou acompanhada de fotos em redes sociais, cartões, jantares, passeios, hotéis, motéis e mais uma dose de um dia repleto e completo de amor, carinho e dedicação apenas àquela pessoa amada.
A não ser que ela não exista.
A não ser que ela não seja recíproca.
A não ser que ela seja seu melhor amigo.
A não ser que seu único e verdadeiro amor, seja você mesmo.
Meus pais haviam viajado, minha irmã havia ido com eles e caso você pense que a minha não ida a essa viagem tenha sido algum namorado que eu tenha, desde já lhe digo que você está cometendo um medonho engano.
A verdade é que eu gostaria que esse fosse o motivo para eu passar o fim de semana sozinha em casa, ou que eu tenha simplesmente ficado em casa para dar uma festa em homenagem aos solteiros, mas a verdade é que meu amor nesse fim de semana seriam minhas matérias acumuladas da faculdade. As provas seriam na próxima semana, e como boa brasileira que sou, deixei para estudar tudo na última hora, rindo na cara do perigo, como se essas provas não tivessem o assunto de todo o semestre.
Desabilitei todas as minhas redes sociais, não só para poder me manter concentrada no que era necessário, mas também para não ver aquela enxurrada de casais melosos. Não me ache uma escrota mal amada por isso, parabéns a todos os casais que estão juntos e que se amam, mas quando você está há 20 anos solteira e tudo que você vivenciou até agora foi o total de 0 namoros, 1 beijo e 3 friendzones – juro, são essas minhas contas em toda a minha vida – você acaba se tornando uma pessoa um tanto amargurada e desistente do amor.
Minha primeira friendzone havia sido superada não há tanto tempo. Passei tempo demais o amando – ou achando que era amor – e no final ele se provou ser mais babaca do que eu achava possível que ele fosse. Me arrependia não só do tempo em que gastei toda a minha energia e sentimentos em relação a ele, como também me arrependia de ter dado meu primeiro e único beijo neste indivíduo que nem sequer desejo citar ou ouvir o nome – e digo isso porque já basta alguém dizê-lo e eu já tô “shh, cala a boquinha”; “tanto nome pra falar, vai falar logo esse? Por Deus”.
Minha segunda friendzone veio para, risos, dar uma pausa no que eu sentia pela minha primeira friendzone. Deixe eu lhe explicar esse sentido: eu gostava do que vamos chamar de X (não vou dizer o nome dele nem a pau!), aí conheci o , me apaixonei por ele até que o superei e voltei a me comunicar com o X cuzão, resultado: a trouxa aqui se apaixonou por ele, DE NOVO. Enfim. Conheci na escola enquanto terminava o segundo ano do ensino médio. Àquele famoso cara mais bonito da escola que estranhamente resolveu que eu deveria ser sua melhor amiga: a garota estranha de óculos e que ninguém tinha interesse. Mas, bem, ele não só se aproximou como até hoje me trata como uma irmã, naquela época não, mas hoje, o sentimento é muito mais do que recíproco. Não temos sequer pudores na hora de falar um com o outro – sério, já trocamos até foto quando o papel higiênico acabou no banheiro e não tinha ninguém em casa para ir buscar um novo rolo.
Minha terceira friendzone começou à primeira vista. Na verdade, eu me interessei por ele a partir do momento em que ele abriu a porta da sala de aula do curso técnico que, por um milagre, eu resolvi fazer. Lembro-me como se fosse hoje, ao mesmo tempo em que me lembro do meu rolar dos olhos ao perceber que nós dois jamais seríamos amigos e sequer conversaríamos. Oi, insegurança, tudo bem com você?
Sem muita história, conversa e enrolação, nós dois não nos dávamos bem no início. Não, nós não brigávamos como algum clichê que você vai ler por aí, somente mantínhamos os contatos cordiais, e tivemos o preconceito de imaginar que um não ia com a cara do outro, e ao invés de nos resolvermos, apenas falávamos “bom dia, boa tarde ou boa noite”.
Mas se tem uma coisa que eu acredito, essa coisa é o destino, e ele se encaminhou, no seu jeito totalmente torto, a nos fazermos amigos. e eu mantínhamos uma amizade há mais ou menos um ano, e por incrível que pareça, foi no mesmo dia em que eu resolvi acabar de vez com qualquer sentimento e ressentimento que havia atribuído na minha recaída com o elemento X – e com recaída leia: troca de mensagens e “vamos se vê” – que nós dois começamos a conversar. Conversa vai, conversa vem, fomos dormi quase cinco horas da manhã e eu que apenas tinha interesse, fui dormi com sorriso bobo e completamente encantada.
Ou seja, troquei seis por meia dúzia.
Saí de uma friendzone – babaca – para uma que todo mundo dizia que daria em alguma coisa, mas não deu em nada.
Sim, eu admito, até eu acreditava que em alguns momentos que todo o meu sentimento era recíproco, mas nananinanão, meus amigos, não era pra ser fácil, não comigo e o que me restou foi àquela frase de alguma pensadora contemporânea que não me lembro neste momento: somos mais que amigos, somos friends.
E por falar no Benedito, ele estava para vir aqui em casa hoje, me entregar uma coisa que eu o havia emprestado a ele algum tempo. Entretanto, pelo horário, imaginei que ele já havia esquecido o nosso cominado. Levando em consideração o meu desconhecimento do seu paradeiro, meu celular desligado em algum lugar pela casa e a chuva que estava para cair, decidi que continuaria ali mesmo, sentada no tapete da sala rodeada pelos meus papeis, caderno e notebook que estavam apoiados na mesa de centro, com meu cabelo preso em um coque frouxo, meus óculos já sujo e muito confortável utilizando um camisetão que eu havia ganhado de alguma distribuidora do meu trabalho. Mas antes.
Açaí.
Confesso que alguns meses atrás eu detestava àquilo, porém, graças a , minha cheirosa e cremosa amiga, que me fez tomar da maneira certa, eu acabei me viciando naquela coisa. Fui até a cozinha, peguei uma tigela e abri a geladeira, mas antes mesmo que eu pegasse o pote de açaí, ouvi batidas no portão de entrada da casa. Bendita campainha quebrada.
A chuva quase torrencial começara a cair e entre meu primeiro grito de “quem é?” e o quase inaudível – por conta da chuva – “sou eu”, peguei a chave de casa correndo para abrir a porta para que entrasse. Mal ligando pra os meus trajes ou me importando em abraçá-lo. Dei passagem para que ele entrasse e levasse sua bicicleta até a área coberta da garagem enquanto eu fechava a porta e corria para dentro de casa, ele entrou logo atrás de mim.
- Eu não acredito que você trouxe a chuva de novo! – Ri fazendo referência à última vez que ele veio aqui em casa, mas ao contrário de hoje, àquele dia a chuva estava fraca. Ele me acompanhou.
- Não tenho culpa de escolher os melhores momentos pra vir te vê.
- Senta aí, eu vou pegar uma toalha pra você se secar. – Ofereci o sofá e segui para meu quarto, voltando logo em seguida com duas toalhas. – Ignora a bagunça, eu pensei que você não vinha mais, então resolvi pôr a matéria em dia.
- Estudar quase pelada faz parte do teu hobbie também?
- Quê? – Ele arqueou a sobrancelha e olhei para minha roupa quase transparente. Revirei os olhos e peguei o short que estava em cima do sofá, vestindo-o em seguida. – Que demora pra você vir! Aliás, eu ia tomar açaí, você quer? – Segui para cozinha com ele em meu encalço.
- Eu sei, tive que resolver um pequeno problema antes de vir, e sim, eu aceito.
- Que problema? – Perguntei enquanto pegava outra tigela e finalmente o açaí.
- Ah, nada importante.
- Você demorou porque estava resolvendo um problema que não era importante? – O olhei confusa.
- Tanto faz, . Não faz pergunta difícil! – Revirei os olhos.
Ficamos em silêncio enquanto eu recheava o nosso açaí, entretanto, tal silêncio era preenchido pela música alta que meu vizinho resolvera que não só ele queria ouvir, como toda vizinhança. Ironicamente, estava tocando uma das músicas que eu mais me identificava em relação ao ser que me olhava fixamente enquanto eu estava concentrada em terminar meu trabalho. Cantarolei um pouco e arrisquei um pra lá e pra cá, vendo-o ri da minha babaquice.
- Não é assim que se dança, vem cá.
Ri quando o senti me puxar ao seu encontro, entrelaçando meus braços em volta do seu pescoço e suas mãos rodearam a minha cintura. Droga. Eu amava isso. Amava nós dois dançando, seu corpo junto ao meu, seu perfume embriagante e o quão bons éramos naquela tarefa, não que todos digam isso, mas sabe àquela coisa de “eu só sei dançar com você, amor”, então, era isso que acontecia. A gente se encaixava bem. Quando a música acabou, ele continuou com seus braços em minha volta, num abraço que não havia sido dado assim que nos vimos quando ele chegou.
- Estava com saudades.
- Me too, mas a gente precisa tomar o açaí antes que ele derreta.
Me afastei dele, peguei nossas tigelas, entregando uma a ele, e seguimos para a sala, sentando um ao lado do outro no tapete, logo depois que eu afastei a mesa de centro.
- Mas então, quais as novidades?
- Nada de útil. O curso tá na mesma, trabalho igual e eu dei um fora na Nice. – Falou como quem não quer nada, mas meu coração – imbecil – se encheu de esperanças.
- Por que deu um fora nela? – Olhava para meu açaí como se ele fosse a coisa mais interessante do mundo.
- Não é ela quem eu quero pra mim, achei melhor terminar o que tínhamos antes dela se encher de uma esperança vã.
- E quando foi que isso aconteceu?
- Ontem. – Arqueei uma sobrancelha em sua direção. – Ela provavelmente pensou que eu ia pedi-la em namoro, pela data e tal, mas tipo, não rola.
- Entendi, mas... Era pra eu sentir pena dela? Porque eu não sinto. – Ele riu, eu o acompanhei.
- Isso foi maldoso.
- Foi errado, porém, não ligo. – Dei língua para ele. Rimos, porém ele ficou sério de repente.
- Eu amo isso em você, sabia?
Olhei para ele de súbito. Seus olhos estavam fixos nos meus, de forma intensa e segura, como se ele tivesse de fato certeza de que estava falando. Era desconfortável e ao mesmo tempo bom, era um rebuliço e ao mesmo tempo tranquilo, era uma mistura de querer pôr tudo pra fora e querer àquele momento por mais alguns momentos.
- ...
- Tá sujo aqui.
Ele apontou para o canto da minha boca e se aproximou lentamente. Seus dedos seguiram para o local que ele indicava como sujo, encaminhando-se para o meu lábio inferior logo em seguida, percorrendo por toda a sua extensão. Eu mantinha os meus olhos grudados no seu rosto, reparando e querendo decorar cada sarda, enquanto os seus estavam atentos aos seus próprios movimentos. Ele encostou sua testa com a minha passou a roçar os nossos narizes como um beijo de esquimó, meu coração estava descompassado, minha mão em seu peito dizia que o dele estava a mesma coisa.
- O que você tá fazendo?
- Matando nosso desejo.
Seus lábios tocaram os meus com urgência, uma urgência que era compreensível dada ao desejo que nós dois sentíamos naquele momento e ao que aparentava, guardávamos há um bom tempo. Nosso beijo durou o bastante para que o fôlego se esvaísse e ele finalizasse com uma mordida no meu lábio inferior. Encostamos nossas testas novamente e eu permanecia com os olhos fechados, mordendo no lugar que ele antes o fez e me perguntando se aquilo era realmente real. Mesmo de olhos fechados, podia sentir que ele fazia o mesmo, entretanto, quando os outros sentidos me voltam e o mudo voltou a girar em tempo real, sentoi algo gelado e molhado ao meu lado, me fazendo sair do meu transe e olhar para o lado, constatando que todo o restante do meu açaí havia caído e feito uma linda lambança no tapete antes branco.
- A gente conversa sobre isso ou limpa isto? – Falei olhando a bagunça enquanto sentia sua respiração em minha bochecha. Ele ri nasalo.
- Eu opto por te beijar mais. – Ele me puxou para o seu colo em um movimento rápido, espalhando beijos por toda a extensão do meu rosto.
- Não, sério, que porra é essa? – Segurei seus cabelos, puxando-os para que ele pudesse parar e me olhar. – Faz sentido, por favor. – Ele suspirou e me acomodou melhor em cima de si, nos dando uma distância suficiente e não tentadora.
- Você sabe que eu sou péssimo para falar sobre o que eu sinto, demonstro muito mais em gestos do que escritas ou dizeres. – Confirmei atenta aos seus olhos e suas palavras. – E você é distraída o suficiente para não perceber que tudo que você sente por mim, é recíproco.
- Como assim “o que eu sinto por você”? Te enxerga, garoto! – Falei esganiçada.
- Vai querer mentir pra mim? – Ele me encarava sério, continuando antes mesmo que eu pudesse lhe responder. – Mesmo que você tenha me dito um ano atrás que seu ‘crush’ por mim tenha passado, cada dia mais eu vejo você demonstrando que é totalmente o contrário. Seus gestos, a forma que você me olha, o jeito que você se declara à nossa amizade, eu sempre soube que era muito mais do que amor de amigo o que você sente ou sentia por mim, eu só precisava de uma confirmação.
- Como assim? – Perguntei baixo, tentando fazer sentido tudo que ele me falava naquele momento.
- . Por isso que eu demorei a chegar, estava na casa dela conversando sobre você, se eu poderia confirmar todas as hipóteses que eu tinha em relação a isso.
- E o que ela disse?
- Me mandou tomar vergonha na cara e vir te agarrar de uma vez. – Rimos, era a cara dela fazer isso. – Por isso eu vim, além do que a gente já havia combinado, eu vim porque estava com saudade, pra te agarrar e pra matar minha vontade de você.
- E desde quando você tem vontade de mim?
- Sinceramente? Nem eu sei. Me encantei por você desde sempre, você sabe disso, o tempo que foi se encarregando de tudo mudar. A forma de te olhar, de sentir saudades sua, de te querer sempre por perto, sentir seu cheiro, ter seu jeito, teus toques, carinho... Eu só não sou bom em lidar com isso.
- E vai galinhando por aí. – Falei revirando os olhos e deixando meu ciúme explícito. Ele riu.
- Você fica muito bonitinha quando está com ciúme, sabia?
- Teu cu! – O empurrei e fui saindo de seu colo, mas ele me puxou de volta.
- Eu ainda não terminei de falar, fica aqui.
- Diga.
- Você aceita namorar comigo?

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Terça-feira, 12 de Junho de 2018

O buquê de rosas roxas em minha cama me faz sorri depois de um exaustivo de trabalho e faculdade. Sabia exatamente quem o havia mandado e suspirei indo de encontro ao mesmo, pegando o cartão e lendo-o em seguida.
“Quer tomar açaí comigo?
Passo aí às 21hrs, por favor,
por favor, esteja pronta.
Feliz dois anos.
Te amo.”

Ri da sua ênfase e revirei os olhos, ele sabia que eu me atrasaria, eu sempre me atraso, mas eu me esforçaria um pouco mais àquele dia para ficar pronta no horário. Esperei que saísse do banheiro para tomar o meu banho, o apartamento que agora dividíamos só tinha um banheiro, mas era o suficiente.
Coloquei uma calça jeans escura, uma camisa que ele havia me presenteado alguns meses atrás e botinhas curtas. Meu cabelo solto e maquiagem leve, nada de superprodução. Como era dia de semana, provavelmente seria uma comemoração simples, já que no outro dia tínhamos compromissos, sair para uma balada e tomar alguma bebida alcoólica seria deixado provavelmente para o fim de semana seguinte.
Às 21h30min eu estava pronta, ele estava deitado na minha cama, quase dormindo, selei seus lábios com um selinho, fazendo com que ele despertasse.
- Vamos? – Sorri para ele.
- Vamos!
Ele levantou-se, pegou sua carteira e saímos de mãos dadas para a lanchonete que não ficava tão longe da minha casa.
Desde que comecei a namorar , minhas vida mudou para melhor em vários sentidos. Havia saído de casa, estava terminando minha graduação, estava feliz e realizada no meu trabalho novo e tinha um namoro saudável para ambas as partes.
Me sentia amada como toda a vida, até então, achei que merecia e permanecia apaixonada por ele como sempre fui, a ponto de todas as borboletas em meu estômago fazerem festa só de ter menção dele ou vê-lo depois de dois ou três dias sem nos vemos, e o melhor de tudo, a recíproca era verdadeira.
Lógico que brigávamos como qualquer outro casal, mas sempre fazíamos as pazes antes de dormir, e com isso quero dizer que já passamos quase 48hrs acordados porque não conseguíamos dormir depois da briga que tivemos e não havíamos chegado a um bom senso. Seu cheiro ainda me conforta, seu beijo ainda era eletrizante, nosso sexo, nosso encontro, nossas danças. Eu era realmente feliz com o homem que estava ao meu lado.
Voltamos para minha casa cerca de uma hora depois, ficamos na sala assistindo algum filme meloso para àquele dia acompanhados de e seu namorado.
- Vamos pro quarto? – Ele sussurrou ao meu ouvido quando já estava na metade do filme.
- Vamos. – Falei me levantando do sofá e colocando a almofada de volta ao seu lugar. – Casal mais lindo da minha vida, estamos indo dormir!
- Mentira, vocês estão indo foder, só depois é que vão dormir. – Joguei a almofada na minha amiga enquanto nós quatro ríamos da brincadeira com, provavelmente, cem por cento de verdade.
- Até amanhã para vocês. – Soltei beijos no ar, enquanto me abraçava por trás e seguíamos andando juntos até o quarto.
- Não façam muito barulho! – Estiquei o dedo do meio em direção ao rapaz que havia fisgado o coração da minha amiga, sem nem olhar para trás.
mal esperou que eu fechasse a porta, me agarrando ali mesmo e me beijando com todo amor misturado com desejo que sentia, envolvendo-me numa intensidade que eu já bem conhecia. Separei nossos lábios assim que o fôlego nos faltou, enquanto ele direcionava beijos ao meu pescoço e colo.
- Calma, baby, tenho uma coisa pra você antes disso.
- Você não pode me dar depois que me dar? – Bati em seu ombro e o afastei, ele ria da minha cara enquanto eu revirava os olhos. Ele sentou na minha cama enquanto eu pega a pequena caixa que estava em meu guarda-roupa. – Feliz dois anos!
Sentei ao seu lado e o olhei em expectativa. Ele abriu a caixa retirando o envelope e em seguida, a pulseira de couro que era bem simples, mas que continha um detalhe especial cravado em seu interior: o emblema do , seu super-herói favorito. Ele riu com o detalhe e encheu meu rosto de beijos em seguida. Indiquei que ele abrisse o envelope e ele o fez, lendo em voz alta tudo que eu havia escrito ali.
“Oi, amor.
Dois anos. Nossa. Quem imaginou que chegaríamos a tanto? Na verdade, quem imaginou que um dia chegaríamos a ser esse algo a mais? Para mim, você ia ser só mais uma friendzone para minha coleção, e você sabendo da história de todas elas, iria ser parte da história também. Há dois anos levamos a bronca do século por termos derrubado açaí no tapete branco da sala e há dois anos fomos abraçados com lágrimas nos olhos por aquela que nos deu essa mesma bronca, ao saber que estávamos, finalmente, juntos. Sua sogra querida afirma que já sabia que isso um dia iria ocorrer, eu apenas digo que duvido dessa faceta até hoje, mesmo depois de estarmos juntos e firmes há tanto tempo.
Eu amo como você me olha, como você me cheira, como você me toca, como você me excita, como brigamos e principalmente fazemos as pazes – sabe o que dizem por aí, sexo de reconciliação é o melhor que existe. Eu amo você por inteiro, sou apaixonada por seus detalhes e aprendi a lidar com seus defeitos. Amo a liberdade que nosso relacionamentos nos dá, mesmo que haja ciúmes ou cobranças. Confio em você o suficiente para acreditar que sua pelada às quartas é apenas um futebol, assim como eu sei que você confia em mim para saber que os quatro dias de carnaval em todos os bloquinhos possíveis e impossíveis é apenas uma diversão minha com minhas amigas.
Ah, garoto, como eu te amo!
Obrigada por você existir em minha vida, por me transbordar ao invés de completar, por me fazer ser maior, mesmo que eu não chegue a 1,60M! (Eu sei que você vai ri e concordar nessa parte). Obrigada por me fazer uma mulher mais feliz e por estar ao meu lado em qualquer momento.
Feliz dois anos.
Feliz dia dos namorados.
Feliz nós dois.
Felizes somos nós dois.
P.S.: Provavelmente acabamos de tomar açaí, mas quero te informar que comprei um pote e está na geladeira para tomarmos mais tarde.
Ass: o amor da sua vida.”

terminou de ler com um sorriso nos lábios e eu poderia dizer que o mesmo era espelhado em meu rosto e em nossos olhos. Ele colocou a carta novamente no envelope e colocou a pulseira em seu pulso, colocando a caixa junto com o envelope na mesa de cabeceira.
- Vem cá.
Ele me puxou para o centro do meu quarto, prendendo meu corpo ao seu. Coloquei meus braços em torno do seu pescoço e fizemos uma coisa que já estávamos acostumados há tempos: dançar sem música. Na verdade, sabíamos que música compartilhávamos em nossas cabeças, e era a mesma que havíamos dançado há dois anos, quando ele me pediu em namoro e enquanto deixávamos o açaí derreter. Beijei seus lábios de forma delicada, aprofundando o beijo em seguida, como se tivesse reconhecendo o local, reconhecendo todas as sensações que aquele beijo me trazia, que nossos corpos juntos me trazia. Afastei-me dele com alguns selinhos, mirando seus olhos num ato de lembrança de algo que eu quase havia me esquecido.
- Esse não é o único presente que eu tenho pra você!
- Não? – Ele se afastou de mim um pouco com as sobrancelhas arqueadas.
- Não.
Sorri maliciosa enquanto o olhava de mesmo modo. Retirei a camisa que eu usava de forma devagar e sensual, deixando transparecer o sutiã rendado que eu havia comprado no dia anterior especialmente para aquela situação. A luxúria e a cobiça estavam em seus olhos fixos naquela pequena peça em meu corpo. Ele não precisava dizer nada sobre seu segundo presente, sabia o quanto ele havia gostado pela forma precisa em que me agarrou pela cintura e me suspendeu em seu quadril em seguida, consumando mais uma vez – mas que nunca era igual – o nosso amor.




Fim



Nota da autora: Oi, meninas! Então, o que acharam? Não tenho muito a dizer sobre Açaí, mas eu adorei escrever e o rumo que a fic tomou, então, acho que foi um bom resultado. Deixem seus comentários, leiam Quântico e relembrem Cuidem Bem Dela ashashashasha! Beijos com pão de queijo, até a próxima :)





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