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Finalizada em: 07/05/2021

Prólogo

Hogwarts, 24 de junho de 1995.

A banda tocava animada, os alunos de Hogwarts ainda conversavam empolgados, esperando o desfecho da prova, sabiam que estava entre Cedrico Diggory e Harry Potter, agora era apenas uma questão de tempo para descobrirem quem venceria: Lufa-Lufa ou Grifinória.
estava em pé na arquibancada, ao lado dos colegas lufanos, aguardava ansiosa o retorno de Cedrico, independente de vencer ou não o torneio, precisava falar com ele. Sabia que se o loiro voltasse com a Taça Tribruxo as coisas seriam mais difíceis, pois todos os amigos de Casa se juntariam para comemorar com ele, mas não se importava. Sabia que ele ficaria feliz em ganhar e, acima de tudo, aquilo era o que mais queria: ver Cedrico Diggory feliz.
Os minutos foram passando, após o retorno de Vitor Krum, todos achavam que em menos de dez minutos tudo teria terminado, mas já fazia quase uma hora que os professores apareceram com o búlgaro e, mesmo assim, nada de Diggory ou Potter. Por fim, quando já estavam todos começando a reclamar da demora, um estampido foi ouvido e os dois garotos caíram juntos no meio do campo. As arquibancadas explodiram em festa, comemorando a vitória de Hogwarts, afinal os dois voltaram juntos, era um empate entre os dois Campeões. olhava para a direção do gramado na qual os colegas estavam, notando Potter abaixado sobre Cedrico, o qual não se mexia. Preocupou-se de imediato, imaginando que Diggory talvez estivesse machucado, logo viu Dumbledore aproximar-se deles, segundos depois o grito angustiado de Fleur Delacour sobreveio toda a bagunça. Aos poucos, todos ficaram em silêncio, olhando confusos para a cena.
Amos Diggory correu até o filho, e seu grito desesperado pode ser escutado por todos. Os cochichos assustados começaram a passar de boca em boca até, pouco depois, chegaram em :

Cedrico Diggory estava morto.

Londres, 25 de junho de 1995, 05h30 am.

Amos Diggory passou horas junto de sua esposa, sentindo a perda de seu único filho, seu menino. Cedrico era tão novo, tinha um futuro inteiro pela frente.
Parecia um pesadelo do qual não conseguia acordar.
Não poderia aceitar que nunca mais veria seu filho, não poderia estar com ele.
Cedrico não poderia estar morto, não aceitaria aquilo.
De que adiantava ser um bruxo se nenhuma magia poderia trazê-lo de volta?
O homem bateu na porta de carvalho, decidido a resolver a situação de alguma forma, não importava qual, mas não perderia seu garoto, não daquele jeito.
Ouviu passos vindos do lado de dentro da casa e, pouco depois, a porta foi aberta.
O anfitrião o encarou confuso por um instante, não esperava receber alguém tão cedo, menos ainda um bruxo. Notou os olhos inchados e vermelhos do velho amigo, mas antes mesmo que pudesse perguntar o que estava errado, ouviu o pedido desesperado de Diggory;
— Preciso da sua ajuda, por favor. Você é o único que pode me ajudar, Carlisle.


Capítulo 1

Ministério da Magia, 29 de julho de 1996.

Dumbledore sorriu cordialmente para Rufo Scrimgeour quando o Ministro abriu a porta de sua sala. Sentou-se na cadeira em frente à mesa do bruxo, aceitando de bom grado a caidinha oferecida pelo moreno.
— Ao que devo sua visita inesperada, Alvo? Resolveu aceitar minha proposta? — Perguntou genuinamente curioso e interessado, recostando-se em sua cadeira e juntando as pontas dos dedos.
— Não é nada sobre o Ministério ou sobre Lorde Voldemort, não nesse momento. — O mais velho devolveu o olhar, de forma calma, os óculos de meia lua deslizando alguns centímetros por seu longo nariz torto, até que o diretor o ajeitou — Preciso pedir um favor, pois não tenho o poder de realizá-lo, não sem sua ajuda.
Rufo remexeu-se, ainda um tanto curioso, acenando com a cabeça para que prosseguisse.
— Deve lembrar-se de Cedrico Diggory…
— O garoto que morreu no torneio, sim, me lembro. Uma perda lastimável…
— De fato, Cedrico era um estudante dedicado, uma grande perda… — Concordou com a voz baixa, parecendo triste ao lembrar-se do acontecido.
— O que ele tem a ver com seu pedido?
— Cedrico tinha muitos amigos em Hogwarts, muitos ainda sofrem com sua morte, foi um choque para todos… — Começou a explicar de forma branda, tentando exemplificar o problema que tinha em mãos — Um desses alunos, é a Srta. Jones, era muito próxima dele e ficou muitíssimo abalada com sua morte.
O Ministro apenas concordou com a cabeça, sem saber como poderia ajudar em um caso como aquele, mas nada disse, esperando que Dumbledore concluísse seu raciocínio.
— Veja bem, Ministro, — Alvo inclinou-se alguns centímetros, respirando fundo antes de continuar, Rufo notou o quão cansado ele parecia — o problema é que, no caso da Srta. Jones, essa tristeza vem atrapalhando seu bom desempenho. Era uma boa aluna com notas muito boas, neste último ano letivo soube pelos professores que sua participação em sala de aula estava cada vez menor e suas notas caíram absurdamente. Pomona, diretora da Lufa-Lufa, me entregou essa semana o resultado dos NOM’S de , as notas não poderiam ser piores, o que é uma surpresa visto o quão inteligente a menina é.
— E você quer que eu dê um jeito para que suas notas passem despercebidas em seu currículo? — Arriscou incerto, o cenho franzido.
Alvo negou com um aceno, sorrindo triste;
— Conversei com os pais dela, é Nascida-Trouxa — explicou, vendo-o concordar —, um casal muito simpático, estavam muito felizes e empolgados por terem uma bruxa na família, mas, é claro, eles também notaram o desânimo e a tristeza da filha, com isso, — suspirou, passando a língua pelos lábios finos antes de terminar — me pediram para não voltar a Hogwarts no próximo ano letivo. Acham que seria melhor para ela se a garota se afastasse de tudo o que possa lembrar-lhe de Cedrico Diggory, pelo menos por algum tempo até que se recupere.
Rufo o encarou por alguns instantes, antes de arquear a sobrancelha grossa;
— Se você quiser abrir essa exceção ou não, é uma decisão apenas sua. O Ministério não vai intervir em Hogwarts, não de novo.
Alvo sorriu calmo, acenando com a cabeça;
— Eu já dei minha permissão e, se ela quiser retornar no próximo ano, sua vaga será mantida.
— Então para que precisa de mim?
— Os pais dela querem viajar, acham que seria uma boa ideia começar do zero em outra cidade, eles querem ir para a América, Estados Unidos, para ser mais preciso.
Rufo passou a mão pelos cabelos, finalmente entendendo qual era o favor que o diretor precisava.
— Por quanto tempo?
— Não faço ideia, imagino que pelo menos um ano.
— Vou pedir para o Departamento de Cooperação Internacional entrar em contato com a MACUSA e explicar a situação, pedir para que fiquem de olho no uso de magia.
— Eu agradeço imensamente, Ministro! — Alvo sorriu educado, levantando-se e estendendo a mão para um cumprimento antes de retirar-se — Imagino que esteja muito ocupado e não tomarei mais seu tempo.
— Alvo — Scrimgeour chamou antes que o homem saísse —, espero que você pense mais uma vez sobre minha proposta, como pode ver, estou cooperando para que os alunos em Hogwarts não sejam atingidos com tudo o que estamos passando, conto com sua colaboração para que o Ministério tenha a mesma ajuda de sua parte.
Alvo Dumbledore sorriu para o moreno, saindo da sala sem dizer mais nenhuma palavra.

Forks, 28 de agosto de 1996.

desceu do carro junto de seus pais, carregando a gaiola de sua coruja parda, olhando para o sobrado que morariam pelos próximos meses.
Respirou fundo e olhou ao redor, notando a quantidade de verde que tinha envolta da casa, assim como em boa parte da pequena cidade. Não era aquilo que tinha imaginado quando seus pais disseram que estariam se mudando para os Estados Unidos, de todas as cidades que poderiam ir, jamais pensou que terminariam em uma na qual a população era de, aproximadamente, 4 mil pessoas. A diferença com Bolton era enorme, não existiam prédios, shoppings ou mesmo cinema naquele lugar, e apenas uma escola. Como seus pais resolveram sair de um local com quase 200 mil habitantes para Forks ela talvez nunca entendesse, mas sabia que, de alguma forma, acharam que seria o melhor para ela, e por isso era grata por todo o apoio.
Sorriu pequeno na direção dos dois, que a esperavam próximos a entrada da casa, e seguiu com sua coruja até eles. Pelo menos a casa não era tão diferente da que tinham em Bolton, pensou por um momento, olhando ao redor.
Ao passar pela porta viu a sala de estar, pouco menor do que a da Inglaterra, porém espaçosa, talvez pela falta de móveis, não saberia dizer. No andar debaixo ainda tinha a cozinha que era separada da sala de jantar por uma bancada americana e também um banheiro. Faltavam muitos móveis, tendo apenas o básico até o momento, sua mãe estava encarregada de comprar o que faltava durante os próximos dias e deveria ajudá-la a decorar. No outro andar estavam os três quartos, sendo uma suíte na qual seus pais estavam e mais dois quartos de tamanho mediano, um deles serviria como escritório para sua mãe já que ela trabalhava de casa, mas pode escolher anteriormente qual dos dois preferia, optando por um que a vista dava para a floresta atrás da casa, ao invés da rua, além de ser o mais próximo do banheiro.
Entrou no cômodo e deixou sua coruja sobre a cama, escutando-a piar entediada, estava há horas demais presa e queria esticar as asas. suspirou, aproximando-se da janela e olhando ao redor; deveria ter cuidado com a magia, mas ninguém havia dito nada sobre manter sua ave trancada. Abriu a gaiola e deixou que ela saísse por algum tempo, o pássaro era esperto e poderia encontrar seu caminho de volta, afinal, para quem fazia viagens de Hogwarts até Bolton, Forks não deveria ser um problema. Voltou a descer as escadas para ajudar os pais a descarregarem o carro, pegando suas coisas e subindo de volta para seu quarto, começando a organizar o que podia. No momento só tinha sua cama e um armário, então só mexeu na sua mala com roupas, cansando-se poucos minutos depois de começar a atividade. Odiava desfazer as malas e aquilo era, sem dúvidas, uma das coisas que mais sentiria falta de usar magia, agora precisaria fazer tudo ela mesma, sem qualquer auxílio de sua varinha, a qual estava guardada no fundo de uma mala.
Desceu após terminar de organizar seu quarto e aproveitar para tomar um banho quente, chegando na cozinha e vendo seu pai sair pela porta, indo atrás de algo para jantarem enquanto as duas terminavam de limpar o cômodo.
— Não vejo a hora de ter tudo organizado, — Olivia dizia, tirando o pó de um dos armários — mas vamos precisar comprar quase tudo, vamos demorar dias para escolher!
— Vamos demorar dias para encontrar um lugar, isso sim — respondeu de seu canto, passando a mão pela testa após ter passado pano no chão da cozinha — ou você viu alguma loja nesta cidade?
A mulher gargalhou, concordando;
— Sinceramente? Forks não era o primeiro lugar da nossa lista, — virou-se para explicar à filha o motivo da escolha — mas meu editor também achou que seria uma boa ideia uma cidade pequena, disse que pode me ajudar com o bloqueio em que estou.
concordou com um aceno, dando de ombros;
— Talvez você só devesse mudar o roteiro, assim suas ideias voltam…
— Eu também gostaria — confessou, sorrindo pequeno —, mas preciso de mais um livro antes de mudar o gênero, infelizmente não é tão fácil quanto gostaríamos.
— Se você diz…
Voltaram a ficar em silêncio por alguns minutos, terminando a limpeza da cozinha e, por fim sentando-se no chão da sala, olhando o espaço que tinham para decorar. Olivia apontava para os cantos, dizendo o que achava que combinaria, , vez ou outra, discordava, dando outras sugestões. No fim, sua mãe fez uma lista com tudo o que precisavam de essencial, o restante poderiam olhar com mais calma.
Minutos depois Daniel entrou pela porta, carregando uma caixa de pizza e uma garrafa de refrigerante. Comeram no chão da sala mesmo, já que não tinham cadeiras ou mesa, conversando sobre a mudança e tudo o que precisavam fazer nos próximos dias.
Aos poucos, sentia que aquele poderia ser o recomeço que precisava para esquecer-se do que tinha acontecido com Cedrico Diggory ou, ao menos, diminuir a dor que sentia com sua perda. De qualquer forma, sabia que seus pais estariam ao seu lado em todos os momentos e, naquele momento, ela não poderia pedir nada melhor.


Capítulo 2

Forks High School, 02 de setembro de 1996.

— Vai dar tudo certo, tenho certeza! — A mulher disse, confiante ao ver a filha respirar fundo antes de descer do carro. fez uma careta, mas concordou com um aceno, despedindo-se com um meio sorriso.
Ajeitou a alça da mochila no ombro e olhou ao redor, muitos alunos andavam pelo local, vários chegando nos próprios carros ou no ônibus da escola. Respirou fundo mais uma vez e começou a andar em direção ao prédio de tijolos vermelhos, sem olhar para ninguém em particular, embora visse alguns olhares em sua direção.
Em uma cidade daquele tamanho não deveria ser uma surpresa que ela estivesse se destacando por ser a nova aluna, mas aquilo não facilitava as coisas.
Pediu ajuda para um rapaz ruivo, perguntando o caminho para a secretaria da escola, e então seguiu o caminho indicado para buscar seus horários.
As primeiras aulas do dia não tiveram nenhuma surpresa, fora o fato de precisar se apresentar em todas;
“Meu nome é e me mudei para cá com meus pais.
Eu morava em Bolton, uma cidade próxima a Manchester.
Estudei por alguns anos em um internato na Inglaterra.
Sim, Forks é bem diferente, mas ainda não tive tempo de ver muitas coisas.
Sim, estou gostando daqui.”

Os alunos, embora curiosos com a mudança para Forks, eram até bem simpáticos e prestativos, ajudando-a a encontrar o caminho para as aulas. Os professores também não eram ruins, mas, é claro, as aulas agora pareciam extremamente entediantes e sentiu falta de Hogwarts e de seus amigos.
Sentia falta do seu Salão Comunal e dos treinos de Quadribol. Até diria que sentia falta das aulas de Poções, mas então pensou que a saudades ainda não era tão grande.
Distraiu-se por alguns minutos da aula de história, pensando em como estariam as coisas na Escola agora que o Ministério assumia o retorno do Lorde das Trevas, porém, num instante depois decidiu que não pensaria mais em nada daquilo, pelo menos não por um tempo; Lembrar-se de Hogwarts e de tudo o que tinha lá também a fazia lembrar do que perdeu e não queria ficar triste de novo.
Sabia que seus pais estavam tentando de tudo para animá-la, e não queria desapontá-los.
Respirou fundo e tornou a olhar para o professor, tentando prestar atenção no que ele falava, mas descobriu que as aulas do Prof. Smith não eram assim tão diferentes das aulas de História da Magia do Prof. Binns, e logo se viu desenhando em seu caderno, garantindo a si mesma que leria aquele capítulo quando chegasse em casa.

Quando o sinal tocou, levantou-se junto com os outros colegas, acenando para um ou outro que olhava sorrindo em sua direção. Deixou suas coisas no armário, precisando de alguns instantes para conseguir abrí-lo, e depois seguiu para o refeitório.
Olhou em dúvida para as mesas cheias, sem saber se deveria simplesmente sentar-se com algum grupinho ou, talvez, sair para comer sozinha, até ver duas mãos acenando em sua direção, reconhecendo da aula de geografia uma das garotas que estava na mesa.
Andou até o pequeno grupo e sorriu em agradecimento, sentando-se ao lado da garota que havia acenado.
— Ei, novata! — A brincou, estendendo a mão — Eu sou Jéssica Stanley!
— E eu sou Angela Weber, muito prazer!
, igualmente — sorriu pequeno, cumprimentando-a com um aperto de mão.
— Então você morava na Inglaterra, é? — Jéssica questionou curiosa, olhando-a ansiosa — Como veio parar em Forks?
tomou um gole de seu suco antes de responder, pensando com calma do que diria;
— Bem, meus pais queriam mudar os ares e, hm, minhas notas não estavam as melhores na escola, então, para resumir, acabamos em Forks.
— Mas por quê Forks? — Jéssica insistiu — Quer dizer, vocês poderiam ir para outra cidade maior, não?
— Sim, sim, — concordou olhando de canto para a , notando que não talvez não tivesse sido a melhor das ideias sentar-se ali, pois Jéssica não parecia o tipo de pessoa que aceitava meias respostas — minha mãe é escritora e está tendo um problema com seu novo livro, como se passa em um lugar pequeno, o editor disse que seria uma boa ideia viver em uma cidade como a do livro, então, bem, aqui estamos.
— Nossa, sua mãe é escritora, que legal! — Angela sorriu — Algum livro que a gente já tenha lido?
The Sun Might Return e True Happiness…
— Acho que não conheço esses — disse sem graça, quase como se pedisse desculpas, abanou a mão, mostrando que estava tudo bem —, vou ver se encontro na livraria de Port Angeles na próxima vez que for à cidade!
— Não precisa — riu, agradecida por mudarem de assunto —, talvez não seja o tipo de leitura que você goste e…
— Como era no internato? — Jéssica tornou a perguntar, sem importar-se em interromper a conversa. — Era muito rígido?
— Bem, tinham várias regras, mas era bem legal, sim…
— E por quê suas notas baixaram?
— Jéssica! — Angela ralhou, acertando-lhe um tapa no braço pela indiscrição.
— Eu… Hm… Tive alguns problemas no último ano e acabei deixando de prestar atenção nas aulas, com isso minhas notas caíram… — Deu de ombros, virando-se para o lado para fugir do assunto, já pensando se seria o suficiente dizer que estava indo ao banheiro.
Notou então um grupo de alunos entrando no refeitório; todos tinham a pele extremamente branca e, embora não se parecessem muito fisicamente, os olhos eram todos no mesmo tom de dourado. Percebeu pelas risadas das duas garotas que deveria estar olhando há tempo demais aqueles quatro alunos, mas não conseguia evitar, eram todos lindos.
— Esses são os Cullen — Jéssica disse baixo, segurando a risada —, a de cabelos curtos é Alice, o que está com ela é Jasper. O moreno musculoso é o Emmett e a com ele é a Rosalie.
— Como podem todos serem tão bonitos? — perguntou sem conseguir se conter, olhando um tanto surpresa para as duas colegas, que riram ao concordar.
— Eles foram todos adotados pelo médico da cidade, o Dr. Carlisle, que, sinceramente, também é maravilhoso! — Jéssica continuou, atraindo mais uma vez a atenção da garota. — Mas eles estão todos juntos, juntos. Como casais! — Explicou ao ver a expressão confusa de , a qual pareceu surpresa por um instante. — Parece errado, não é?
— Mas eles não são irmãos de verdade — Angela contrapôs.
— É, mas moram todos juntos como irmãos, não é? De qualquer forma, não me importaria de ser adotada pelo Dr. Cullen, vai que ele me junta com o Edward? — Riu, negando com um aceno.
olhou para os outros quatro, em uma mesa mais ao fundo, conversando entre si, antes de voltar o olhar para Jéssica;
— Quem é Edward?
A esticou-se alguns centímetros, passando os olhos pelo local atrás do quinto Cullen, logo apontando com a cabeça para a entrada do refeitório, por onde ele vinha;
Aquele é Edward Cullen, como pode ver, o mais bonito de todos! — Apontou com a cabeça — Mas nem adianta ter esperanças, eles são todos muito fechados, aparentemente nenhuma garota de Forks é boa o bastante para ele! — Completou, mordaz.
virou-se na direção do último Cullen, o qual andava para próximo dos irmãos, não conseguiu dar uma boa olhada, pois ele estava de lado, com a cabeça meio baixa. Frustrou-se por um instante, voltando a virar para as colegas;
— Parece que não vai ser agora que eu vou descobrir se ele é tudo isso que você diz mesmo, — riu baixinho — ele está olhando para o outro lado!
— Acredite, você vai ter outras oportunidades — Angela sorriu —, ele está no nosso ano, você deve ter alguma aula com ele e…
— Vê se agora você consegue! — Jéssica cortou novamente, apontando com a cabeça ao ver que Edward havia sentado na cadeira que dava de frente para a mesa delas.
não conseguiu conter a curiosidade, virando-se no mesmo segundo para olhá-lo, mantendo o sorriso no rosto, principalmente por ter gostado de Jéssica ter mudado sua atenção para fofocas sobre os Cullen, ao invés de continuar o interrogatório sobre sua vida.
Foi quando seus olhos encontraram o do garoto que sentiu como se tivesse em uma partida de Quadribol e acabasse de levar um balaço no estômago.
Piscou repentinamente, sentindo o ar faltar em seus pulmões e a boca se abrir em total surpresa. Não poderia ser verdade, aquilo não era possível.
Não! Não! Não!” Gritava em sua mente, a respiração falha. “Pare de olhar! Você está louca!
Virou-se rapidamente para frente, encarando a bandeja com a comida intocada, sentia as mãos tremerem e o coração bater acelerado.
— O que foi? Você está bem? — Angela questionou preocupada.
— Parece que viu um fantasma! — Jéssica também perguntou, curiosa. — O que foi?
— Eu… Eu… — Balbuciou, fechando os olhos por um instante — Banheiro!
Disse, levantando-se apressada e quase correndo pelo refeitório em direção a saída, sem olhar para ninguém, esbarrou em um garoto ao passar pela porta, mas nem mesmo virou-se para se desculpar, precisava sair dali o mais rápido possível.
Fechou-se no banheiro, abrindo a torneira e juntando o máximo de água possível em suas mãos, antes de jogar no rosto.
Repetiu o gesto inúmeras vezes e então encarou seu reflexo no espelho; estava pálida, a expressão de pânico ainda presente em seus olhos.
Respirou fundo de olhos fechados, tentando acalmar-se, mas o coração continuava batendo acelerado, as mãos tremiam.
— Você está louca! — Disse para si mesma ao voltar a encarar seu reflexo — Está alucinando! É claro que não é ele. Cedrico está morto. Se controle!
Respirou fundo mais algumas vezes, jogando água em seu rosto uma última vez antes de secá-lo com a toalha de papel que tinha por ali.
Abriu e fechou os olhos, forçando um sorriso em seus lábios antes de virar-se para sair.
— O que aconteceu? — Foi a primeira coisa que ouviu ao passar pela porta, dando de cara com Angela e Jéssica do lado de fora.
— Eu só — pigarreou —, não sei, acho que minha pressão baixou um pouco. Mas já estou bem! — Sorriu pequeno.
Jéssica riu, negando com um aceno;
— Tudo bem que Edward é bonito mesmo, mas baixar a pressão?


Ao andar para a última aula do dia, já se sentia mais calma. Havia passado o quarto e quinto período todo pensando que estava doida, é claro que havia se confundido.
Edward talvez lembrasse um pouco Cedrico, mas não tanto quanto ela imaginou.
Tinha certeza que havia sido coisa de sua cabeça e, agora, sua preocupação era que a achassem louca.
— Grande primeiro dia! — Sussurrou para si mesma antes de entrar na aula de biologia.
Mais uma vez precisou se apresentar, dessa vez, porém, apenas para o professor, que teve o bom senso de imaginar que os outros colegas já a tinham visto pela escola.
— Muito bem, , — o professor Molina sorriu, levantando-se de sua cadeira e olhando ao redor — pode se sentar ali — apontou para o canto —, junto de Edward.
fechou os olhos por um instante, sentindo o corpo todo tremer antes de virar-se na direção de Cullen, o qual, ela notou, olhava com certa curiosidade em sua direção.
Provavelmente está pensando que você é louca. E nem deve ser o único.

Andou até seu lugar com a cabeça baixa, tentando manter a calma e, principalmente, evitar o contato direto com seus olhos.
É só não olhar pra ele e vai ficar tudo bem, são só alguns minutos.

O professor começou a explicar o conteúdo do dia e tentou manter seu foco totalmente nas imagens do livro a sua frente, ignorando as mãos trêmulas e o coração acelerado, vez ou outra olhando para o relógio preso à parede, contando os minutos para a aula acabar.
Edward manteve-se em silêncio ao seu lado, embora mantivesse um olhar levemente intrigado em sua direção, sem entender qual poderia ser o problema dela com ele.
Havia reparado mais cedo o desespero em seus olhos, ficando extremamente curioso com o nervosismo dela. E, é claro, não foi o único que reparou; Emmett até mesmo perguntou se ele tinha feito algo para a garota, mas ele nem mesmo a conhecia.
Por um instante sentiu o medo que, de alguma forma, ela soubesse o que ele era, mas aquilo era impossível. Deveria ter alguma outra explicação, qualquer que fosse.
E Edward descobriria, de uma forma ou de outra.
Quando o sinal para encerrar as aulas finalmente tocou, foi uma das primeiras a se levantar, saindo apressada da sala, sem importar-se com o que pensariam, só precisava ficar longe dele.
Andou até o estacionamento da escola, sentindo as gotas geladas de chuva caírem, mas não se importava com a chuva: Poderia ter um furacão em Forks naquele momento e, ainda assim, iria correndo, se necessário, para longe daquele lugar.
Respirou fundo ao ver o carro de sua mãe dobrando a esquina, não demorando a entrar no mesmo quando ela parou em sua frente, ao tempo que os outros alunos começavam a sair.
— Está tudo bem, querida? Como foi o primeiro dia?
mordeu o lábio inferior, olhando pela janela.
Não poderia dizer em voz alta que tinha um garoto em sua sala que era idêntico a Cedrico Diggory, seus pais achariam que ela estava louca. Ela mesma começava a achar aquilo.
Havia saído de Hogwarts para esquecer-se de Diggory e, mesmo naquele fim de mundo que era Forks, ela não só pensava nele como agora o via andando por sua escola.
— Foi tudo bem, só estou com um pouco de dor de cabeça, não é nada demais. — Virou-se para a mulher, forçando um sorriso em seu rosto — Conseguiu comprar os móveis?
— Comprei um sofá incrível! — Contou sorridente, antes de voltar a dirigir, olhando para a filha — Você e seu pai vão adorar, principalmente com a televisão enorme!
— Papai vai ficar feliz se a tv a cabo passar o campeonato inglês, isso sim — Brincou, escutando a risada da mulher quando a mesma deu partida no carro.
respirou fundo, olhando pela janela do carro os alunos espalhados pelo estacionamento, até seus olhos caírem sobre um Volvo prata, no qual Edward Cullen estava encostado, olhando em sua direção.


Capítulo 3

Edward estava deitado em sua cama, encarando o teto branco de seu quarto, os pensamentos agitados; Não conseguia entender o motivo daquela garota ter ficado tão nervosa ao encará-lo. Estava acostumado com os alunos virando-se para olhá-lo na escola, especialmente as garotas, ou mesmo cochichando sobre ele e sua família, mas nunca ninguém pareceu tão assustado ao vê-lo, geralmente pareciam felizes:
Achava aquilo um tanto bobo, contudo sabia o motivo dele e sua família parecerem tão atrativos, e era justamente por aquilo que jamais esperaria uma reação tão contrária. E, o pior de tudo, em sua opinião, era não conseguir entender o motivo.
Frustrou-se durante a aula de biologia ao perceber que ela não pensava na razão para querer evitá-lo, apenas que não deveria encará-lo e que Edward provavelmente a achava louca.
Bem, ela não estava de toda errada.
E, de fato, não era o único que tinha achado aquilo estranho, vários colegas estavam comentando sobre a reação dela no refeitório. Tentou até mesmo escutar o que Jéssica e Angela comentavam sobre a novata, mas as duas também não sabiam o motivo. E, se Jéssica Stanley não sabia de uma fofoca, ninguém mais saberia.
Ouviu uma batida na porta antes de Alice entrar em seu quarto, olhando-o divertida com os braços cruzados;
— Está preocupado.
Edward negou com um aceno;
— Estou frustrado. — Corrigiu, suspirando antes de olhá-la. — O que quer?
— Resolvi te ajudar — disse ao andar até sua cama, sentando-se ao seu lado —, Jasper também concordou.
— Como? — Arqueou a sobrancelha, levemente curioso.
Se ele não conseguia ouvir o que tinha de errado, não imaginava como os dois poderiam se sair melhor. A menos que Alice conseguisse ver qual era o problema. Mas achava que Jasper seria o que menos poderia ajudá-lo, o loiro apenas sentiria o que Edward já sabia: desespero, nervosismo e qualquer outro sentimento relativo.
— Te ensinando a se aproximar sem assustá-la! — Deu de ombros, sorrindo como se fosse a ideia mais brilhante que alguém poderia ter.
Edward riu nasalado, negando com um aceno ao sentar-se;
— Talvez não tenha reparado, mas ela saiu correndo quando me viu. A garota não quer olhar pra mim, como acha que eu poderia me aproximar?
— Ela não me parece o tipo de pessoa que seria mal educada, se você conversar com ela tenho certeza de que não vai sair correndo, mas se você continuar apenas a encarando de longe, desconfiado, é claro que só vai assustá-la mais ainda.
— Mas o ponto é justamente esse — resmungou, olhando para o lado —, como é que eu posso assustá-la sem nem ter feito nada? Acha que ela pode saber alguma coisa sobre nós? — Arriscou, olhando-a de canto.
Alice negou com um único aceno, não parecendo nenhum pouco preocupada com aquilo.
— Se fosse esse o caso, ela teria corrido quando nos viu, mas só ficou nervosa quando olhou pra você, então é pessoal. De qualquer forma, — deu uma risadinha, fazendo o mais novo franzir o cenho — tenho certeza que vocês ainda serão muito próximos. Eu já vi.
Edward travou a mandíbula, levantando-se da cama, encarando a floresta e a chuva pela janela.
— O que foi que você viu?
— Vocês dois conversando e rindo, nada demais — deu de ombros, mas ele notou em seu tom de voz que a mulher estava hesitante — Apenas se aproxime como se fosse um amigo, mas não pergunte muito, ela não é o tipo de pessoa que gosta de ser interrogada.
— Sei que não — concordou com um aceno, olhando-a sobre o ombro —, ela pareceu desesperada quando o professor de biologia começou a perguntar sobre sua vida na Inglaterra.
— Pois bem, você já tem uma vantagem sobre ela, não é? — Piscou, vendo-o concordar a contragosto. — Agora vamos, hora do jantar.

🦇🧹🦇

colocava algumas coisas em seu quarto, decorando e deixando-o mais do seu gosto pensando que, talvez assim, pudesse se sentir mais próxima de si mesma e de tudo o que a lembrava de coisas boas.
Pintou uma das paredes de preto, deixando todas as outras com a cor branca, e nessa mesma parede pendurou algumas fotos (apenas as tiradas com câmeras normais, para não correr nenhum risco de expor seu mundo), algumas junto com seus pais e com alguns colegas de Hogwarts. Pendurou também uma flâmula da Lufa-Lufa, afinal, uma bandeira com um texugo no meio não queria dizer muita coisa para os Trouxas.
Colou alguns pôsteres de sua banda e filmes favoritos e, por último pensou se deveria ou não colocar uma foto que tinha com o time de Quadribol, mas optou por deixar dentro de uma caixa em seu guarda-roupa, junto com várias outras fotos que tinha de seus anos em Hogwarts. Passou algum tempo olhando para aquelas imagens, principalmente a que tinha com Cedrico, da noite em que ele tinha sido escolhido Campeão do Torneio Tribruxo e fizeram uma festa no Salão Comunal. Os dois estavam abraçados, olhando sorridentes para a câmera, lembrava-se de como seu coração batia acelerado naquele dia, porque foi Diggory quem se aproximou dela para a foto, passando o braço por sua cintura.
Parecia que tinha sido ontem, lembrava de ter sentido o rosto esquentar e até mesmo ter escutado alguma piada sobre isso, mas, para sua sorte, achavam que ela apenas tinha bebido muita cerveja amanteigada.
Fechou os olhos por um momento, segurando a vontade de chorar ao lembrar-se de Cedrico. Deixou a foto junto com as outras e as guardou, virando-se para pegar sua mochila, talvez fosse bom para ela estudar e ignorar o restante dos problemas.

Ouviu um barulho no lado de fora da casa, levantando-se da cama e olhando pela janela. Encarou a floresta por alguns instantes, mas não viu nem ouviu mais nada, imaginando que talvez fosse apenas um gato ou algum outro bicho. Considerou se deveria fechar a janela para evitar que, fosse o que fosse, entrasse em seu quarto, mas sua coruja havia saído para caçar. Suspirou deixando a mesma entreaberta e voltando para sua cama. Já passava das onze horas, seus pais estavam dormindo e estava tudo quieto, mas ela não conseguia. Sua cabeça estava sempre agitada demais para aquilo.
Suspirou, virando-se para o lado e alcançando um frasco de remédio, tirando uma pílula de Zolpidem de dentro, engoliu-a e então esperou que o sono viesse. Pouco depois franziu o cenho, considerando se era ou não uma boa ideia continuar tomando aquele remédio, afinal, um dos sintomas era alucinações.
E se tivesse alucinado na escola? Aquilo explicaria tudo.
Fechou os olhos por um instante, respirando fundo antes de levantar-se mais uma vez, pegando o frasco de remédios e andando até o banheiro, logo jogando os comprimidos que restavam na privada e dando descarga pouco depois. Mordeu o lábio inferior, sem saber se havia, de fato, tomado a melhor decisão ao fazer aquilo, mas não poderia arriscar-se, estava em Forks para esquecer-se, não relembrar por meio de alucinações.
Voltou para seu quarto, cobrindo-se assim que deitou na cama, virando-se do lado e esperando o sono vir, sabendo que não deveria demorar mais do que alguns minutos.

Edward aguardou sentado no telhado até não ouvir mais nenhum barulho vindo do quarto da garota. Ficou quase cinquenta minutos parado na mesma posição, olhando a copa das árvores na floresta mais à frente, sentindo a brisa da noite bater em seu rosto, mexendo em seus cabelos curtos, antes de levantar-se. Pendurou-se no batente da janela, abrindo com cuidado o vidro, o suficiente para que pudesse entrar.
Viu a garota adormecida em sua cama, parecendo relaxada, e então tomou cuidado para não pisar em nada quando pendurou-se pela janela, segurando-se com facilidade para não cair ou fazer qualquer barulho.
Virou-se olhando ao redor, retirando uma pequena lanterna de seu bolso para examinar melhor o quarto; Emmett havia dito que a melhor forma de se aproximar de alguém era saber seus gostos, para ver o que poderiam ter em comum e assim puxar assunto, mas, Edward pensou, talvez o moreno não tivesse dizendo para ele invadir o quarto da garota durante à noite. Contudo, ele estava entediado e as horas não passavam rápido o suficiente.
Viu os livros e cadernos sobre a mesa de canto, em frente à janela, junto com um abajur. Ao lado, um poleiro e uma gaiola, o que ele estranhou ao notar que não havia nenhum pássaro, talvez o bicho estivesse morto ou ela tivesse a intenção de comprar um. Tinha uma estante com alguns livros ao lado, aproximou-se passando os olhos por eles para ver se tinha algum título conhecido, mas nada ali chamou realmente sua atenção, porém notou que a maioria deles eram biografias ou livros de suspense. Aparentemente, era fã de Stephen King, Agatha Christie e James Patterson. Talvez Edward devesse ler algum deles para puxar assunto, pensou ao olhar novamente alguns títulos.
Parou de frente com uma parede com fotos, vendo o que deveriam ser seus pais e algumas fotos na Inglaterra, até parar em algumas em que ela estava com amigos. Usava uma capa preta com detalhes em amarelo e um símbolo que ele não reconhecia, mas acreditou ser do internato em que a garota estudava, ela parecia feliz nas fotos. Em uma delas, estava com mais dois amigos de frente para um lago grande, que parecia congelado. Imaginou que o lugar deveria ser grande e bonito, e, então, pensou o que teria levado aquela família a morar em Forks.
Por que seus pais a tirariam de um internato para colocá-la em uma escola americana sem qualquer atrativo? Um internato daqueles não deveria ser barato, além da educação provavelmente ser uma das melhores. Não fazia muito sentido para ele uma mudança dessas.
Notou uma pequena bandeira presa a parede, também com as cores amarelo e preto, com o desenho de um texugo no meio;
Hufflepuff. — Leu em voz baixa, achando a palavra estranha e, ao mesmo tempo, engraçada.
Viu também alguns pôsteres colados: da banda Rolling Stones e dos filmes Jurassic Park e Tubarão. No canto tinha ainda um pequeno adesivo de um time de futebol de Bolton. Edward virou-se por sobre o ombro ao ouvir uma pequena movimentação, mas a garota só estava mudando de posição, virando-se para o outro lado.
Ouviu um bater de asas e uma coruja entrou voando pela janela.
O rapaz parou por um momento, olhando curioso para o animal, imaginando se a ave havia entrado por engano, mas pouco depois, a coruja parda ajeitou-se no poleiro, encarando-o com os olhos grandes e brilhantes. Edward não se mexeu, achando estranho alguém ter uma coruja de estimação, mas não teve tempo para pensar direito sobre o assunto, pois, ao reparar que o rapaz não era conhecido, a ave começou a piar; um som alto e estridente preencheu o quarto e, pouco depois, a garota se remexeu na cama. Cullen só teve tempo de abrir a porta de seu quarto e descer rapidamente as escadas, não conseguiria sair pela janela com a coruja bloqueando sua passagem.
Edward ouviu passos e uma porta ser aberta, logo pode escutar uma voz masculina perguntar o que estava acontecendo;
— Não sei, talvez tenha se assustado com alguma coisa… — Ouviu responder em voz baixa. Continuou parado próximo as escadas, esperando que voltassem a dormir para sair sem qualquer problema. Demorou alguns minutos para a coruja se acalmar e, mais alguns para os pais de voltarem para cama.
Edward ouviu passos pelo corredor e andou apressado até o canto da sala, agachando-se atrás do sofá para garantir que, mesmo se acendesse as luzes, não o veria.
A garota desceu as escadas em silêncio, mas Edward ouvia o quão agitada ela estava.
— Ótimo, agora nunca mais vou dormir — resmungou baixo, andando até a cozinha e pegando um copo com água. O rapaz esperava que a garota voltasse logo para seu quarto, assim poderia sair, já sabia que tinha sido uma péssima ideia ir até lá. Talvez se fosse rápido o suficiente ela nem mesmo o veria saindo, mas não queria arriscar-se sem ser necessário. E não era como se ele tivesse muitas atividades para depois que saísse; esperaria amanhecer para poder ir para a escola e aquilo era tudo.
Para seu completo desagrado, não pareceu muito interessada em voltar a dormir, andando até a sala e deitando-se no sofá, ligando a televisão pouco depois. Edward suspirou, fechando os olhos por um instante ao sentar-se no chão, encostando-se na parte de trás do sofá e esperando. Ouvia os barulhos vindos do aparelho, mesmo que em um volume baixo, e, vez ou outra, resmungava sobre a programação, até parar em um filme qualquer que estava passando.
Quase uma hora depois, o rapaz notou que ela não estava mais se mexendo e sua respiração estava baixa o suficiente para ele acreditar que ela, finalmente, havia adormecido. Mexeu-se o mais silenciosamente que pôde, levantando-se o suficiente para confirmar que a garota tinha dormido, toda torta, no sofá.
Pensou por um instante no que estava prestes a fazer, era arriscado e ela poderia acordar, vê-lo ali a qualquer momento. Suspirou mais uma vez antes de aproximar-se, nem mesmo entendia o que estava fazendo, mas desligou o aparelho e pegou-a no colo, sem qualquer dificuldade. Andou lentamente em direção a seu quarto, deitando-a na cama pouco depois, quando estava pronto para sair, abriu os olhos por alguns segundos e ele parou no mesmo lugar, sem saber o que fazer e torcendo para que a inglesa voltasse a dormir, com sorte pensaria que era apenas um sonho.
— Cedrico… — Sussurrou sonolenta, virando-se para o outro lado, voltando a fechar os olhos.
Edward a encarou, o cenho franzido. Por fim, deu as costas, olhando com certa raiva para a coruja adormecida ao canto, antes de escalar a janela, pulando para fora da casa segundos depois.

🦇🧹🦇

seguiu para as duas aulas de biologia já sentindo o nervosismo dominar-lhe, mas repetia a si mesma que não era nada demais, era apenas coisa da sua cabeça e estava sendo boba por ficar tão agitada.
Ao entrar na sala, alguns alunos já estavam por lá, dentre eles Edward Cullen, o qual abria seu livro, parecendo um tanto entediado.
Respirou fundo e caminhou até seu lugar, ao lado do rapaz, dando um sorriso mínimo quando ele olhou em sua direção, apenas para não parecer ainda mais mal-educada e doida do que no dia anterior. Sentou-se ao seu lado sem dizer nada, abrindo sua mochila e pegando seu material, tomando cuidado para não olhar em sua direção.
— Não consegui me apresentar ontem — ouviu a voz suave dele dizer —, você saiu rápido… — mordeu o lábio inferior, respirando fundo antes de virar-se para encará-lo — Sou Edward Cullen.
o encarou por alguns segundos, aproveitando para olhar bem suas feições. Seu rosto era idêntico ao de Cedrico e aquilo fez seu coração bater acelerado, porém haviam pequenas diferenças, sutis, mas que ela percebeu ao encará-lo; Os olhos dele não eram acinzentados, e sim de um tom dourado, sua pele era muito pálida e seus cabelos mais escuros. Seu rosto parecia quase moldado, sem qualquer imperfeição visível.
Não que Cedrico tivesse alguma marca, e mesmo se tivesse não se importaria, porque para ela Diggory era lindo de qualquer forma, mas Edward parecia estranhamente perfeito, no sentido literal da palavra.
— É agora que você me diz seu nome — ele soprou, rindo após alguns instantes, e então reparou que o encarava por tempo demais, sorrindo sem graça;
. — Respondeu em voz baixa, tornando a olhar para seu livro.
Edward concordou com um aceno, olhando-a de lado;
— Você é da Inglaterra, não?
— Sim, morava em Bolton, uma cidade próxima de Manchester… — Disse baixo, achando melhor não voltar a encará-lo, para evitar de parecer ainda mais estranha.
Edward abriu a boca para perguntar mais, mas o professor entrou na sala, e ele lembrou-se rapidamente que ela não parecia gostar de falar tanto sobre sua vida na Inglaterra, além, é claro, dele já saber de tudo o que ela tinha dito sobre o assunto.
Ficaram em silêncio, prestando atenção no Sr. Molina, vez ou outra Edward olhava na direção da que fazia um enorme esforço para concentrar-se na matéria e evitava olhá-lo de volta.
Ao final das duas aulas, recolheram suas coisas e caminharam para fora da sala, Edward logo atrás, ela reparou.
— Por que vocês mudaram para os Estados Unidos, ao invés de mudarem de cidade na Inglaterra? — Perguntou curioso, vendo-a suspirar antes de responder, dando de ombros.
— Meus pais quiseram vir pra cá, meu pai morou em Seattle por alguns anos…
— E Forks…? — Insistiu, ao seu lado, parando junto dela próximo ao armário, enquanto ela deixava seu material.
— Sinceramente, não faço ideia. Minha mãe quis vir pra uma cidade pequena, meu pai concordou, era fácil para ele arrumar emprego e aqui estamos.
O rapaz assentiu, pensativo;
— Com o que seu pai trabalha?
— Ele é contador, conseguiu emprego em Port Angeles.
Edward mais uma vez concordou, interessado;
— Você estudava em um internato, não? Por que não ficou lá?
ficou em silêncio, olhando para dentro do seu armário.
— Não precisa responder se você não quiser — apressou-se a dizer —, só fiquei curioso. — Sorriu pequeno em sua direção quando ela o encarou.
— Tive uns problemas na escola, foi parte do motivo de nos mudarmos.
— Você foi expulsa? — Perguntou surpreso, vendo-a rir baixo ao negar.
— Não, mas minhas notas caíram bastante… — Deu de ombros, voltando a andar com ele a seguindo. — E você? Jéssica disse que você e sua família se mudaram há pouco tempo pra cá…
Cullen a encarou por alguns instantes, sorrindo pequeno;
— Estavam falando sobre mim?
A garota ficou vermelha, negando rapidamente.
— Ela só estava me mostrando sobre a escola e falando de todo mundo — respondeu sem graça, escutando-o rir nasalado.
— Tudo bem, antes de você chegar o assunto era a minha família mesmo, agora parece que você pegou o posto de novata — piscou, vendo-a sorrir pequeno. — Meu pai é médico e conseguiu um cargo no hospital de Forks, acabamos todos vindo para não nos separarmos… — Deu de ombros.
— E vocês moravam aqui perto?
— No Canadá, acabamos nos mudando bastante devido ao trabalho do meu pai...
concordou andando até o refeitório, sendo seguida de perto por ele, ao passarem pelas portas, notou alguns olhares em sua direção e, então, percebeu que era devido seu acompanhante; Jéssica e Angela tinham dito que os Cullen não conversavam com ninguém, e, ao pensar nisso, achou estranho que Edward estivesse falando com ela.
— Vou conversar com meus irmãos, nos vemos depois — acenou educado, afastando-se. suspirou, pegando algo para comer antes de sentar-se à mesa com Angela e Jéssica, não demorando para ser bombardeada com perguntas sobre sua conversa com Edward Cullen. Garantiu que não era nada demais, assim como todo mundo, o rapaz só estava curioso na mudança para uma cidade pequena, e, após convencer Jéssica de que aquilo era tudo, começaram a conversar sobre outros assuntos.

🦇🧹🦇

O decorrer da semana não teve grandes novidades, fora o fato de precisar estudar um pouco mais para acompanhar a matéria, já que faziam alguns anos que não estudava nada daquilo. Sentava-se todos os dias com Jéssica e Angela, e, aos poucos, acostumava-se com o jeito curioso da . Conversou com mais alguns colegas durante algumas aulas e, vez ou outra, falou com Edward, notando que ele perguntava cada vez menos sobre como eram as coisas na Inglaterra e focava-se em perguntar se estava gostando de Forks e outras coisas que ela fazia em seu tempo livre.
Ainda achava estranho conversar com ele, mesmo que tentasse se convencer que Edward era uma pessoa completamente diferente, sempre que olhava em sua direção sentia o coração pesar e uma súbita vontade de chorar.
Obviamente aquilo não passou despercebido por Edward, e, embora estivesse curioso, o rapaz não perguntava nada sobre o assunto, preferindo seguir o conselho de Alice sobre aproximar-se primeiro antes de fazer perguntas pessoais.
rapidamente começou a se destacar nas aulas de Educação Física, afinal amava esportes em geral. Na aula de handebol marcou mais gols do que qualquer outra colega, sendo convidada para participar dos treinos do time, o que aceitou sem pensar duas vezes, seria bom se distrair com outras atividades.
No começo da terceira semana de aula, os alunos receberam trabalhos para fazerem com suas duplas, o que resultou em precisando encontrar Edward após as aulas.
A garota tentou adiar o máximo possível, pois, embora estivesse começando a acostumar-se com sua presença diária, não queria passar mais do que as horas necessárias ao seu lado. Porém, quanto mais adiasse, mais nervosa ficaria, resolvendo por terminar com tudo logo de uma vez e livrar-se daquele problema;
— Edward, você está livre na sexta-feira? — Perguntou ao encontrá-lo no término das aulas, acenando com a cabeça para seus irmãos que estavam juntos.
— Hm, sim… — Concordou, confuso por um instante.
— Podemos fazer o trabalho na minha casa depois das aulas, ok?
— Ah, sim. — Sorriu pequeno — Já estava achando que você queria que eu fizesse sozinho e colocasse seu nome! — Brincou, vendo-a rir sem graça.
— Certo, certo, aqui o meu endereço... — Entregou-lhe um pedaço de papel, despedindo-se com um aceno e caminhando apressada para o estacionamento, mas podendo ouvir a voz de Emmett enquanto saia;
— Por um momento achei que ela estava te chamando para um encontro!
— Ah, cala boca! — Edward respondeu, socando-lhe no ombro.


Na sexta-feira à tarde, encarava o relógio preso na parede da cozinha, sentada na bancada, roendo a unha com o nervosismo. Ao mesmo tempo que torcia para Edward não aparecer, esperava que ele chegasse logo, pois quanto antes chegasse, mais rápido iria embora.
— Se precisar de algo estarei no escritório — Olivia disse ao pegar uma garrafinha de água e algumas frutas —, tenho que terminar esse roteiro logo para entregar, — suspirou, passando a mão pelos cabelos longos — não aguento mais toda essa pressão!
— Pelo menos seu livro está saindo, não é? — sorriu, tentando animá-la.
— Ah, sim, o tanto de cenas que eu já apaguei durante essas semanas… — Respirou fundo, negando com a cabeça. — Mas vai dar tudo certo! Se você e seu amigo sentirem fome, tem chocolates e salgadinhos no armário! — Apontou, vendo-a concordar com a cabeça. — E, por favor, não destruam a casa!
rolou os olhos ao ver a mulher subir as escadas, dando risadinhas.
Às quatro horas em ponto a campainha tocou, sentiu seu estômago afundar, mas respirou fundo e levantou-se para atender a porta, tentando parecer o mais amigável possível.
— Olá! — Sorriu pequeno, dando espaço para que ele entrasse na casa. Edward a cumprimentou com um aceno, esperando que ela mostrasse o caminho para segui-la. — Prefere aqui ou no meu quarto? Acho que aqui tem um pouco mais de espaço… — Apontou para a bancada, vendo-o concordar, sentando-se em uma das banquetas e pegando o material de sua mochila. — Quer alguma coisa para beber ou para comer?
— Não, tudo bem, — sorriu pequeno — acabei de comer.
concordou, sentando no lado contrário dele, assim os dois teriam espaço para suas anotações e livros.
Separaram a matéria que cada um faria, vez ou outra comentando algo sobre o que poderiam acrescentar ou cortar do trabalho. manteve-se concentrada em sua atividade, apenas falando ou olhando para Edward quando necessário e, no fundo, torcendo para que terminassem logo.
Cullen, por outro lado, sempre que podia parava para perguntar alguma coisa, ou fazer algum comentário que ela se obrigava a responder, mesmo que fossem de coisas pequenas. Volta e meia parava de escrever e a encarava por algum tempo, como se esperasse que ela fosse devolver o olhar, mas estava focada em continuar olhando para os livros, resumindo como podia e já preparando alguns cartões para apresentarem o trabalho em alguns dias.
Edward se deu por vencido e continuou sua parte em silêncio, ainda um tanto pensativo em como poderia descobrir o que tinha de errado com a garota e por quê parecia que ela o odiava. No fundo nem sabia o motivo de se interessar na resposta, mas seguia curioso da mesma forma.
Terminaram perto das sete horas, tendo conversado apenas o necessário durante as horas que passaram juntos. ofereceu comida e bebida mais duas vezes durante aquele tempo, mas Edward negou, agradecendo.
Por fim, quando já estava ajeitando suas coisas para ir embora, a encarou por algum tempo, decidindo se deveria ou não fazer a pergunta que rondava sua cabeça há semanas.
— O que foi? — A questionou ao notar que ele a encarava de forma quase invasiva.
— Eu tenho uma pergunta — disse por fim, passando a língua pelos lábios —, mas não sei se você vai me responder.
— Pergunte e eu te digo se respondo ou não!
Edward sorriu de canto, inclinando-se sobre a bancada de granito, cruzando os braços e encarando-a de perto;
— Por que você não gosta de mim?
abriu e fechou a boca, negando com um aceno.
— Não sei do que está falando — respondeu baixo, voltando a fechar seu livro, sem tornar a olhá-lo.
— Você mal me olha quando eu falo com você. Eu te fiz alguma coisa? — Perguntou com a voz baixa, atento a suas reações e, principalmente, pensamentos.
— Não, é claro que não.
— Então por que você saiu correndo quando me viu no primeiro dia?
— Eu não saí correndo por sua causa! — Respondeu ao encará-lo, logo desviando o olhar.
— Ah, não foi? E por que está sempre nervosa quando eu estou perto? — Insistiu, mantendo o sorriso brincalhão em seus lábios finos.
suspirou, negando com um aceno.
— Eu prefiro não falar sobre isso, mas não significa que eu te odeie ou algo do tipo.
— Bem, amor e ódio são bem próximos, se você não me odeia, age assim por que me ama?
A garota o encarou com a boca aberta, totalmente desacreditada com o que escutava. Edward riu, negando com um aceno;
— Estou só brincando, mas gostaria de saber o motivo de tanta hostilidade! Se eu fiz alguma coisa, sinto muito.
— Não, você não fez nada — respirou fundo, fechando os olhos por um instante. Qual a pior coisa que pode acontecer se você contar? Ele não vai te achar mais doida do que agora, pensou ao morder o lábio inferior, olhando-o por alguns instantes antes de começar a responder. — Você me lembra alguém que eu conheço, que eu conhecia.
Edward franziu o cenho, mantendo-se em silêncio enquanto esperava que ela explicasse melhor, quando notou que não o faria, insistiu mais uma vez:
— E qual o problema?
sorriu triste, sentindo os olhos marejarem;
— O maior motivo de eu e minha família termos vindo para Forks foi para que eu pudesse esquecer essa pessoa, pode imaginar como é difícil estudar com você?
— Sou assim tão parecido com ele? — Indagou surpreso, vendo-a concordar com um aceno.
— São poucas as diferenças, a maior delas são seus olhos, mas sempre que eu olho pra você penso nele.
Edward concordou com um aceno, ficando em silêncio por alguns segundos antes de continuar;
— Ele morreu? — Questionou baixinho, vendo-a concordar com um aceno, passando a mão pelos olhos — Eu sinto muito.
— Está tudo bem — disse baixo —, sinto muito ter dado a impressão que eu te odeio ou qualquer outra coisa.
— Não se preocupe com isso agora — falou, movendo-se pouco depois na banqueta, parecendo incapaz de controlar sua curiosidade —, o que aconteceu com ele?
deu de ombros, respirando fundo antes de responder;
— Lugar errado, hora errada.
Cullen a encarou, concordando devagar, embora continuasse curioso, aquilo não era bem uma resposta.
— Ele era seu namorado? — Perguntou por fim, vendo-a rir nasalado, o rosto corado.
— Cedrico Diggory? Nunca. — Ela sorriu triste ao falar do rapaz, olhando para o nada — Nós éramos bons amigos, ele era o cara mais legal da minha escola, todo mundo gostava dele. Ele era incrível, sabe? A melhor pessoa que eu já conheci.
— E você gostava dele, não é? — Disse, mais como uma afirmação do que como uma pergunta, o encarou pouco depois — Não estaria sofrendo desse jeito se não gostasse dele.
mordeu o lábio inferior, concordando com um aceno lento;
— Eu iria contar pra ele, — confessou baixinho, era a primeira vez que dizia aquilo para alguém — já tinha decidido que precisava contar para Cedrico que gostava dele, mesmo sabendo que não era recíproco, eu sabia que ele gostava de outra garota, mas queria que ele soubesse do mesmo jeito...
Edward ficou em silêncio quando ela terminou de falar, sem saber realmente o que dizer, mas notando o quão triste ela havia ficado e, por um momento, se sentiu mal por ter iniciado a conversa.
— Quando foi que ele…? — Deixou a pergunta em aberto, olhando-a de canto.
— Junho do ano passado, no final do ano letivo…
— Na sua escola? — Surpreendeu-se, hesitou antes de responder, apenas concordando com um aceno, sem completar a informação. — Eu realmente sinto muito.
— É… Eu também…
— Você prefere que eu não fale mais com você? Posso mudar meu horário, assim não teremos aulas juntos. — Ofereceu tendo a certeza de que ela aceitaria, mas para sua surpresa, o encarou com o olhar triste, negando com um aceno.
— Não, tudo bem. Eu vim para Forks para deixar tudo isso para trás. E vou te encontrar na escola do mesmo jeito, é melhor pelo menos saber os lugares do que ser de surpresa! — Sorriu pequeno, vendo-o concordar com a cabeça.
— Bem, o dia que quiser brigar comigo para fingir que era seu namorado…
— Ele não era meu namorado!
— … Fico à disposição! — Concluiu, rindo baixo. — Acho melhor eu ir agora — avisou, terminando de pegar suas coisas e se levantando —, te vejo segunda-feira!
— Até segunda, Edward.


Capítulo 4

Com o passar do tempo, percebeu que ficava mais fácil conversar com Edward agora que ele entendia parte do motivo que havia levado-a para Forks. Ele podia não saber seu segredo, mas pelo menos entendia a dificuldade que ela tinha com relação a novas amizades e, principalmente, ficar tão perto dele.
gostava de tê-lo por perto, mesmo que ainda demorasse alguns segundos para desassociá-lo de Diggory, pelo menos no primeiro momento que o via na escola, pois Edward não fazia perguntas que pudessem lembrá-la da Inglaterra ou de Cedrico. Ele perguntava muito, mas sobre assuntos variados e, em geral, de coisas que ela gostava. A pequena proximidade dos dois não passava despercebida, é claro. Edward Cullen não falava com quase ninguém na escola, apenas quando necessário, mas parecia gostar de conversar com a novata. Pelo menos uma vez por semana, precisava garantir a Jéssica que não tinha nada entre os dois, estavam apenas conversando coisas banais e, não, eles não eram namorados. Não estavam nem perto de saírem juntos.
Após uma segunda vez que Edward visitou sua casa, garantindo que seria melhor os dois estudarem bem a matéria que deveriam apresentar em frente de toda a sala e garantiria boa parte da nota deles, sua presença começou a ficar mais frequente, independente de terem algo para estudarem ou não.
Primeiro começou com ele pedindo um livro emprestado e indo até sua casa para buscá-lo, logo ele já entrava para assistirem algum filme juntos. Coincidentemente, nas vezes que ele aparecia, sempre de surpresa, seus pais nunca estavam em casa, ou sua mãe estava trancada em seu escritório tentando escrever o livro que precisava. até preferia dessa forma, seus pais não chegaram a conhecer Cedrico, então não notariam a semelhança, mas os dois, embora fossem muito amigáveis, eram sempre estranhos quando a filha estava perto de algum garoto, e ela gostaria de evitar passar mais vergonha na frente do colega.

No começo de dezembro, em um sábado que Olivia e Daniel saíram para jantar em Port Angeles e resolveu ficar em casa, estava saindo do banho já vestindo seu pijama quando a campainha tocou e, pouco depois encontrou Edward parado do lado de fora, com um filme em mãos e um sorriso no rosto;
— Você disse que também não tinha planos para hoje — começou a explicar ao tempo que ela dava espaço para que ele entrasse —, achei que poderíamos ver um filme!
concordou, lendo o resumo do filme ao andarem juntos para a sala, Edward já sentando-se em um canto do sofá e esticando as pernas sobre a mesinha de centro, o que fez a garota arquear a sobrancelha ao notar o quão confortável ele já se sentia em sua casa, mas não comentou nada.
Já tinham assistido quase vinte minutos de Impacto Profundo, quando ouviram a campainha tocar uma segunda fez. Edward estreitou os olhos por um instante, relaxando pouco depois, enquanto caminhava apressada até a porta, pegando o dinheiro separado em cima da bancada para pagar a pizza que havia pedido antes do outro chegar.
O rapaz pausou o filme e ficou esperando, levantando-se quando o entregador foi embora e caminhando até a bancada que separava a sala de jantar da cozinha, sentando-se em uma das banquetas;
— Espero que goste de calabresa, não sabia que você vinha… — Avisou, retirando dois pratos do armário, Edward negou com um aceno.
— Infelizmente, não — a garota o encarou surpresa —, além do mais eu já comi antes de vir, obrigado.
— Quem é que não gosta de pizza de calabresa? — Negou com um aceno tirando um pedaço para ela mesma, já que Edward negou quando ela insistiu. Virou-se para pegar uma bebida na geladeira e esticou-se alguns centímetros para o armário, tentando alcançar um copo — Sabe, reparei que você nunca come quando vem aqui, não está achando que… Opa! — Apressou-se a tentar pegar o copo antes que o mesmo caísse no chão, mas ao bater na bancada ele quebrou, cortando-lhe a palma da mão esquerda — Droga! — Resmungou ao sentir o sangue começar a escorrer e o corte arder — Vou limpar isso e… Você está bem?
Edward estava de olhos fechados, ainda sentado na bancada, parecendo se contorcer. Por um momento ela achou que ele estava machucado, tamanha sua expressão de dor. deu um passo em sua direção, apoiando a mão esquerda sobre a direita, para evitar que o sangue caísse no chão da cozinha. Foi quando ela se aproximou que Edward abriu os olhos, os mesmos haviam mudado de cor, estavam escuros, quase pretos, e ele olhava diretamente para sua mão machucada, parecia tentar manter o controle, mas no segundo seguinte notou presas afiadas aparecerem em seus dentes, enquanto ele mexia-se tentando refrear seus instintos.
Sem pensar duas vezes, a garota correu em direção às escadas, subindo de dois em dois degraus sem nem mesmo olhar para trás. Já estava no corredor, próxima ao seu quarto, quando ouviu o barulho da banqueta caindo; Edward estava atrás dela.
Abriu apressada seu armário, puxando a caixa preta e derrubando-a no chão, no instante em que alcançou sua varinha, Edward entrou pela porta;
Estupefaça!
O rapaz bateu com força contra a parede do corredor, caindo desacordado.
sentiu o corpo todo tremer ao entender o que estava acontecendo em sua casa; Edward Cullen era um vampiro, como ela não havia percebido aquilo antes? Bem, talvez porque ela não estivesse acostumada com outros seres mágicos, o máximo que teve contato foi com Duendes em Gringotes e os Elfos Domésticos em Hogwarts, além do Prof. Lupin que era um lobisomem, embora nunca o tivesse visto transformado. Vampiros estavam longe do seu dia a dia, nem mesmo imaginava que um dia poderia esbarrar com um deles. E, menos ainda, que um deles seria idêntico a Cedrico Diggory!
Andou apressada até o banheiro para fazer um curativo na mão machucada enquanto tentava colocar os pensamentos em ordem.
Era óbvio que ele se lembraria do que viu quando acordasse, saberia que ela era uma bruxa e poderia expor ela e seu mundo. Bem, talvez ele soubesse sobre bruxos da mesma forma que ela sabia sobre vampiros, mas não poderia arriscar que ele contasse para alguém que ela era uma bruxa!
Mas se ele o fizesse ela contaria que ele e a família eram vampiros, ela teria aquela carta na manga contra ele! Porém… E se os Cullen resolvessem matá-la? E se resolvessem atacar seus pais que nem tinham nada a ver com aquilo?
Desesperou-se ao voltar para seu quarto, com uma pequena atadura ao redor da mão esquerda, pensando no que poderia fazer para sair daquela situação, andando de um lado para o outro;
É claro que o Ministério da Magia já sabia que ela tinha usado feitiço! ainda não tinha completado seus dezessete anos, era questão de minutos para receber uma coruja, talvez até a presença de alguém da MACUSA.
O único pedido de Alvo Dumbledore havia sido dela manter discrição e não usar magia, principalmente antes de completar a maioridade. O que o diretor diria se soubesse que ela havia quebrado aquela regra? Eles não poderiam mandá-la para Azkaban, ou qualquer prisão parecida que existisse nos Estados Unidos, ela estava apenas se defendendo; Edward iria matá-la!
Então encarou o vampiro desacordado no corredor; talvez devesse apagar sua memória, assim ele não saberia o que aconteceu.
Eles já sabem que eu usei um feitiço, estaria resolvendo o problema!, pensou, tornando a andar pelo quarto, segurando sua varinha com a mão direita, pensando na melhor saída para a situação. Assim não correria o risco de me expor, ele não saberia de nada, eu não precisaria me mudar com meus pais, tudo continuaria normal! Mordeu o lábio inferior, negando com um aceno. Mas eu nunca usei esse feitiço, e se der errado? E se eu apagar todas as memórias dele?
sentia o coração bater acelerado, o medo das consequências daquele simples feitiço pareciam assustá-la tanto quanto o quase ataque de minutos antes.
Você precisa se decidir, ! Se vai apagar as memórias dele, têm que ser agora!
— Não!
Virou-se ao ouvir a voz de Edward, que tentava levantar-se com certa dificuldade, as costelas e boa parte do corpo dolorido. esticou a mão com a varinha em sua direção, todo o nervosismo havia passado agora que sabia que ele poderia tentar atacá-la uma segunda vez. Manteve-se séria, pensando em vários feitiços que poderia usar se ele desse um passo em sua direção;
— Eu não — Edward dizia confuso, esticou as mãos, querendo mostrar que estava tudo bem, que ele não iria atacá-la —, eu sinto muito. Não consegui controlar! — Disse nervoso, passando a mão pelos cabelos — Eu não costumo atacar pessoas, mas às vezes não consigo controlar. Foi muito de repente! Eu sinto muito, não queria machucá-la!
— Se você der um passo… — Ameaçou, mantendo a varinha apontada em sua direção, Edward negou com um aceno.
— Eu não vou contar para ninguém sobre você e sua família, posso fingir que nada disso aconteceu se você não falar sobre nós! Não posso fazer todo mundo mudar de novo por um erro meu! Eu sou o mais novo, não quero fazer minha família toda sair de Forks tão cedo porque eu cometi um erro. Por favor, ! Eu juro que eu não vou contar para ninguém sobre você e seus pais, nem mesmo para minha família. Ninguém mais vai saber!
negou com um aceno, não conseguindo conter-se;
— Meus pais não tem nada a ver com isso — disse baixo, vendo-o franzir o cenho — eles são Trouxas...
— O que…?
— Pessoas que não tem magia, meus pais não são bruxos.
Edward pareceu ainda mais confuso e impressionado;
— Como você é se seus pais não são bruxos? Não sabia que isso era possível…
— Não vem ao caso agora — negou, ainda apontando a varinha em sua direção, pronta para petrificá-lo se necessário —, como posso confiar no que você está dizendo? Como saberei que você e sua família não vão nos matar?
— Você está brincando? — Edward riu nervoso, apontando com a cabeça para o pedaço de madeira que ela segurava — Você me nocauteou com isso aí, como eu saberei que você não vai tentar nos atacar? Ou contar para outros bruxos sobre nós?
o encarou com os olhos estreitos por alguns instantes, não tinha como saber se o que ele dizia era verdade… Se eu pelo menos tivesse um pouco de Polissuco comigo… Talvez eu deva apagar a memória dele, apenas para garantir…
— Não precisa! — Edward tornou a dizer, ansioso — Eu juro que não vou dizer nada, não precisa apagar minha memória, não!
franziu o cenho, confusa por um momento, logo entendendo o que acontecia;
— Você é um legilimens?
Edward a encarou por alguns segundos;
— Eu sou um... Vampiro…!?
rolou os olhos, baixando minimamente a mão com a varinha:
— Quer dizer que você lê mentes! Você pode fazer isso?
— Ah, — Edward sorriu pequeno, concordando com um aceno — você também consegue?
— É claro que não! — Arfou, sentindo-se ainda pior ao saber que ele conseguia ler seus pensamentos durante todo aquele tempo. — Como você consegue?
O rapaz deu de ombros, arriscando um passo em sua direção;
— Alguns de nós nascem com algum poder diferente, eu posso ler mentes, Emmett é extremamente forte, Alice pode ver o futuro e Jasper consegue sentir o que outras pessoas sentem e, se quiser, manipular os sentimentos também… — Contou, vendo-a encará-lo surpresa. — Mas eu não vou dizer nada, não precisa apagar minha mente, tenho tanto a perder quanto você, não é? — Insistiu, vendo-a menear a cabeça após algum tempo, concordando a contragosto — Será que você poderia abaixar isso agora? — Apontou para a varinha que ainda estava apontada para ele, vendo-a suspirar antes de baixar a mão, ainda um tanto hesitante. — Quem diria que Forks, com seus menos de quatro mil habitantes, teriam uma bruxa e sete vampiros em seu território? — Brincou, vendo-a rir por um segundo, negando com a cabeça.
— Quem diria qu… — Interrompeu-se ao ouvir um barulho em sua janela, respirando fundo antes de abri-la e deixar a coruja desconhecida entrar em seu quarto. Edward encarou a cena um tanto curioso. A ave deixou um cartão vermelho cair e, pouco depois, o mesmo se abriu sozinho, elevando-se alguns centímetros até ficar na altura de ;

"Cara Srta. , chegou ao conhecimento da MACUSA a utilização de um feitiço estuporante vindo do seu endereço às 22h23.
Sabemos que você é a única bruxa registrada na cidade de Forks e, mais ainda, que é menor de idade.
Estamos de olho em sua situação e na utilização de magia, principalmente se for na frente de algum No-maj.
Caso você torne a realizar um feitiço sendo menor de idade, será intimada a comparecer a um julgamento no Congresso Mágico dos Estados Unidos da América, podendo ser punida por suas ações e, inclusive, expulsa da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts.
Esperamos que esteja bem.

Atenciosamente,
Jason Dynne.
Chefe da Seção de Controle de Uso Indevido da Magia."

Segundos depois o cartão rasgou-se, pegando fogo em seguida.
— Uou. — Edward soltou de repente, ainda olhando as cinzas do cartão, caídas ao chão — Isso foi tão legal! Provavelmente não pra você — acrescentou ao ver a fazer uma careta —, mas foi legal!
suspirou, passando a mão pelos cabelos soltos antes de voltar a encará-lo;
— Não faz sentido… Eu usei na sua frente, como eles não mencionaram isso?
— O que quer dizer?
— Eles só mandaram um aviso por eu ter usado magia, não por ter feito na sua frente e…
— Na minha frente? — Edward ergueu as sobrancelhas — Você usou em mim!
— Porque você quis me matar! — Devolveu rápido, vendo-o sorrir sem graça, desculpando-se mais uma vez — De qualquer jeito, eles deveriam ter mencionado que eu fiz um feitiço na sua frente…
O rapaz a encarou por um instante, dando de ombros;
— Talvez eles não saibam que eu estou aqui, como eles controlam os humanos que você tem na frente? Talvez eles não possam ver vampiros!
— Faz sentido… — concordou devagar, ainda pensativa ao sentar-se no canto de sua cama.
Edward tentou ver se ela pensava em algo sobre ele, mas no momento ela parecia apenas nervosa com a carta que recebeu, pensando em tudo o que haviam dito.
— Bem, acho melhor eu ir pra casa… — Disse baixo, vendo-a encará-lo após alguns segundos, concordando com um aceno. — Então temos um acordo, não é? Eu não falo nada, nem você!
concordou com um aceno, embora ainda parecesse desconfiada.
— Tudo bem, não vou falar nada.
Edward aproximou-se da janela, abrindo-a e logo tratando de escalá-la;
— O que está fazendo? — A garota questionou surpresa — Pode usar a porta!
— Seus pais estão chegando — avisou, sorrindo de lado —, talvez não seja uma boa hora para me encontrarem aqui! Te vejo segunda, .
— Até… — Soprou, vendo-o pular do segundo andar.
Aproximou-se pouco depois para vê-lo sair, mas Edward já havia sumido e, ao olhar para o lado, reconheceu o carro dos seus pais se aproximando na rua escura.


Capítulo 5

Na segunda-feira pela manhã, terminou de pegar suas coisas e abriu a porta de casa, escutando sua mãe tagarelar sobre o que faria para o jantar. Assim que saiu viu um volvo prata estacionado na rua, e Edward sentado no banco do motorista, usando um óculos de sol escuro e acenando para ela;
— O que você faz aqui? — Perguntou ao aproximar-se alguns passos.
— Achei que você poderia querer uma carona… — Deu de ombros, acenando com a mão para a mulher de cabelos curtos que os olhava da porta, a qual sorriu ao dar um tchauzinho.
— E seus irmãos? — Tornou confusa, notando que os outros não estavam com ele.
— Eles foram com o carro do Emmett — deu de ombros, apontando para o lado do passageiro — vai entrar ou prefere que eu insista?
suspirou, concordando com um aceno e virando-se para sua mãe para despedir-se.
— Se comporte, ! — A mulher disse ao ver a filha entrando no carro, dando risadinhas. Edward sorriu de lado, vendo colocar o cinto.
— O que foi?
— Sua mãe acha que estamos saindo e está indo ligar para seu pai! — Contou, risonho. sentiu o rosto esquentar e olhou pela janela. — Não se preocupe, não é só sua mãe, Emmett acha o mesmo.
A garota virou-se assustada para ele quando Edward deu partida;
— Você disse algo para eles?
— Não, apenas que somos amigos porque temos bastante em comum — piscou, vendo-a rolar os olhos, sorrindo pequeno. — Mas isso é legal, não? — Arriscou, olhando em sua direção — Quer dizer, agora nós dois sabemos sobre o outro, não precisamos fingir.
— Pode ser… — Concordou com um pequeno aceno, estreitando os olhos pouco depois — Mas só para você saber, eu estou com minha varinha, e não me importo de passar por um julgamento com a MACUSA se precisar usá-la!
Edward gargalhou, concordando com um aceno:
— Eu sei que sim, você pensou nela antes de entrar no carro. Só entrou porque sabe que pode me atacar!
— Você precisa parar de fazer isso! — Resmungou, sentindo o rosto corar.
— Vou me esforçar! — Piscou, estacionando o carro.
olhou ao redor, confusa.
— A que velocidade você veio? São dez minutos da minha casa até aqui, não passaram nem cinco!
— É isso ou você se distraiu com a minha companhia e não viu o tempo passar! — Brincou, escutando-a xingá-lo antes de descer do carro.
Ao descerem e começarem a andar juntos, reparou nos olhares que estavam recebendo. Os colegas nem mesmo pareciam disfarçar ao virarem-se para encará-los. Sentiu o rosto todo esquentar e uma vontade enorme de sair correndo.
Edward sorriu ao seu lado, negando com a cabeça.
— O que foi? — Perguntou baixo, olhando-o de canto.
— Parece que tem mais gente achando que estamos saindo — contou, passando os olhos rapidamente ao redor e apontando discretamente para alguns alunos.
— Você também consegue ouvir o que eles estão falando? Mesmo com essa distância?
Cullen apenas confirmou com um aceno, vendo-a bufar irritada.
— Você é insuportável! — Resmungou, andando mais à frente e deixando-o rindo no estacionamento.


passou o dia ouvindo comentários sobre seu relacionamento com Edward Cullen, o qual ela negava todas as vezes que lhe perguntavam algo. Tentava ser enfática, mas ninguém parecia levar a sério sua resposta, por fim, mesmo contrariada, limitou-se a ficar em silêncio e fingir que não escutava.
No refeitório, como sempre, Edward ficou ao lado dos irmãos. reparou mais de uma vez, que eles pareciam revezar para olhar em sua direção, cuidando de cada passo que ela dava, o que a irritou profundamente, principalmente quando viu Emmett nem mesmo disfarçar quando olhou em sua direção.
Respirou fundo, levantando-se irritada e andando até os cinco, o que, mais uma vez, atraiu a atenção de boa parte dos colegas, além da curiosidade do quinteto.
— Preciso falar com você, agora. — Disse encarando Edward, que ergueu as sobrancelhas, seguindo-a para fora do refeitório.
— Ih, ela já está mandando nele! — Emmett disse baixo, apenas para os irmãos, mas Edward ouviu e lançou-lhe um olhar mal-humorado.
— O que foi? — Perguntou assim que se afastaram o suficiente.
— Você contou! — Acusou, apontando o dedo em sua direção.
— Contei o quê? — Tornou confuso, tentando descobrir o que passava em sua cabeça, mas os pensamentos dela eram uma confusão, parecia pensar em diferentes cenários para algo que ele não entendia muito bem.
— Sobre mim!
— O que? É claro que não! — Negou rápido, mas a garota não acreditou, rindo debochada em sua direção.
— Então, por qual motivo seus irmãos não param de me encarar? Emmett nem mesmo disfarça! É óbvio que você contou pra eles! Estou falando sério, Edward, se algo acontecer eu…
— Eu não contei nada! — Repetiu, puxando-a pelo braço mais ao lado, pois começava a falar mais alto e tinham alunos saindo do refeitório — Não é por isso que eles estão te olhando! Só estão curiosos.
— E por que mais estariam curiosos se você não tivesse aberto essa boca enorme? — Falou ao encará-lo enfurecida, Edward notou o perigo quando percebeu a garota colocando a mão dentro da jaqueta que usava, segurando-a apressado antes que ela alcançasse sua varinha.
— Não é nada disso, eu juro! — A olhou nos olhos, explicando em voz baixa — Eles estão curiosos porque eu estou falando com você, só isso. Não tem nada a ver com o que você é! Alice teve uma visão e falou pra todo mundo, agora estão querendo saber o que você tem de diferente pra eu ter me aproximado!
estreitou os olhos, desconfiada, mas relaxando após alguns segundos.
— Que visão?
Edward demorou um pouco para responder, parecendo sem graça;
— Que estávamos juntos lá em casa, com toda minha família, não era nada demais — apressou-se a dizer, não querendo ser interpretado errado —, mas agora ela espera que em algum momento você vá nos visitar. Os outros estão curiosos em saber como isso poderia acontecer sem eu contar o que nós somos. Isso é tudo!
virou-se para o lado, vendo alguns colegas passando pelo corredor.
— Acho bom que seja mesmo — falou sem olhá-lo —, se você contar sobre mim eu falo no mesmo instante sobre todos vocês!
Edward suspirou, passando a mão pelos cabelos ao vê-la se afastando pelo corredor.
— Que bruxinha difícil! — Resmungou, negando com um aceno antes de voltar para perto de seus irmãos.

🦇🧹🦇

Ao final das aulas seguiu para o estacionamento, imaginando que precisaria ir a pé para casa, pois duvidava que sua mãe fosse buscá-la, provavelmente imaginando que voltaria com Edward e, é claro, depois da pequena ameaça no corredor, duvidava que o rapaz fosse levá-la de volta pra casa. Por isso, assim que se despediu de Angela, seguiu andando pela rua, resmungando sobre o quanto detestava andar e como seria tudo mais fácil se pudesse simplesmente aparatar em sua casa, mas nem tinha passado no exame ainda. Já tinha andado quase três quadras, cantarolando baixinho uma música que gostava, quando ouviu uma buzina, virando-se em tempo de ver o Volvo prata de Edward parando ao seu lado;
— Não prefere uma carona? — Perguntou ao baixar o vidro do motorista, negou com um aceno, sentindo o rosto esquentar.
— Não, tudo bem, vou andando… — Apontou com a cabeça, voltando a dar mais alguns passos, Edward a seguiu no carro, mantendo um sorriso nos lábios ao ouvir qual era o problema.
— Vamos lá, já estou aqui mesmo — insistiu, passando a língua pelos lábios — e tenho uma proposta pra te fazer!
o encarou curiosa, mas Edward apontou para o lado do carona.
— Precisa entrar para descobrir!
— Você acha que eu sou idiota? — Arqueou a sobrancelha — Quem garante que você não está me enrolando para me matar?
O vampiro riu, negando com um aceno:
— Você tem que parar com isso, além do mais, você tem como se defender, não é? — Apontou com o dedo para seu bolso. — E, sinceramente, se eu quisesse te matar, já teria tido outras oportunidades.
— E você ainda quer que eu confie em você — rolou os olhos, mas deu a volta, aceitando a carona e, só por garantia, tirando sua varinha do bolso e mantendo-a firme em suas mãos.
Edward sorriu pequeno, antes de dar a volta e acelerar o carro, indo por um caminho desconhecido por ela.
— Com certeza agora que eu vou confiar em você — debochou minutos depois, quando o viu estacionar em frente a uma floresta fechada.
— Só pensei que seria melhor irmos para uma área que nenhum humano pudesse nos ver, assim garantimos que ninguém descubra sobre nós! — Avisou, descendo do carro e esperando que ela fizesse o mesmo. saiu um tanto hesitante, ainda segurando sua varinha, se ele tentasse qualquer coisa faria mais do que simplesmente estuporá-lo.
Caminharam lado a lado pela floresta, ouvindo apenas seus passos sobre as folhas secas e o barulho do vento nas árvores. Pouco depois chegaram em uma clareira e Edward sorriu ao sentar-se em uma pedra próxima, vendo-a encará-lo confusa.
— Sei que, se não for pra me atacar, você não pode usar magia — disse rindo, apontando para a varinha —, mas poderia me falar sobre seu mundo, não é? Fiquei curioso sobre esse Ministério e sua escola… Era uma escola de magia mesmo? O que você aprendia?
piscou duas vezes, ele havia a levado até lá para conversar? Poderiam ter ido para um lugar mais confortável que o meio de uma floresta, contudo, segundos depois, pensou em com quem estava, obviamente chamaria a atenção se fossem para um lugar público e, mais ainda, com o assunto que começavam. No final precisava admitir que aquela tinha sido uma boa ideia.
— Você pergunta demais — fez careta, olhando ao redor e então sentando-se sobre um tronco caído — e eu aprendia um pouco de tudo, como fazer feitiços, poções e transfigurar objetos, — contou, sorrindo pequeno ao lembrar-se das aulas — aprendi a ler as estrelas e como isso pode influenciar em alguma poção, também sei sobre runas antigas, como identificar os sinais e o que eles significam… Trato de criaturas mágicas e defesa contra artes das trevas, e, é claro, como voar em uma vassoura e jogar Quadribol!
— Não sabia que existia uma escola para bruxos — disse impressionado, mais curioso ainda sobre tudo —, tem muitos alunos? Digo, existem muitos bruxos?
concordou, começando a contar um pouco de tudo sobre Hogwarts e o Ministério, vendo-o cada vez mais impressionado. Achou engraçado contar aquilo para ele, talvez fosse por lembrá-la tanto de Cedrico, mesmo que apenas fisicamente, porque Edward era bem diferente em sua forma de falar e agir.
Cedrico sempre tinha sido mais reservado, embora fosse muito próximo dos amigos e conversasse de tudo com eles, mas sempre com seu jeito calmo e centrado. Edward, entretanto, era o oposto: é claro que ele também não gostava de chamar atenção, mas parecia muito mais insistente e extrovertido, pelo menos com ela.
Ficaram um bom tempo conversando, , aos poucos, foi se sentindo mais à vontade para compartilhar sobre seu mundo com Edward e ficou feliz ao fazê-lo, parecia tirar parte do peso que tinha em seu coração sempre que se lembrava de Hogwarts e dos amigos que deixou, momentaneamente, para trás. Cullen perguntou sobre tudo o que lhe veio à cabeça: sobre aulas, feitiços e até mesmo a comida. Perguntou sobre algumas criaturas mágicas também, desconhecendo a grande maioria que ela citava e, por fim, perguntou como foi que ela descobriu que era bruxa se sua família não era;
— Ah, foi quando eu completei onze anos, a vice-diretora foi nos visitar e nos explicou, primeiro achamos que era uma brincadeira, é claro — riu, lembrando-se do dia —, mas aí umas coisas que ela dizia faziam bem sentido e, por fim, recebi minha carta de Hogwarts e embarquei em setembro. Não existe nada melhor do que a primeira noite em Hogwarts, aquele lugar é fantástico!
Edward sorriu ao ouvir cada palavra, podendo ver em sua mente algumas das lembranças do que ela falava, achando tudo ainda mais maravilhoso. No fundo ficou com inveja por não existir um lugar como aquele para vampiros, e então negou com a cabeça ao pensar na possibilidade: o que ele aprenderia? A caçar um ser humano?
levantou o rosto quando sentiu uma gota de chuva cair em sua cabeça, não demorando para sentir mais algumas, o cheiro de terra molhada logo se fez presente e, naquele instante, se sentiu mais em paz do que já estivera em meses. Sorrindo sozinha ao pensar naquilo.
— Acho melhor irmos — Edward disse ao notar as gotas baterem contra sua pele, a concordou com um aceno e pouco depois os dois caminharam juntos de volta para o carro.
— Mas você não me contou sobre você e sua família — observou ao entrar no veículo, encarando-o com curiosidade.
— Quem sabe amanhã? — Piscou — Assim você passa mais um dia pensando se deve, ou não, confiar em mim.
— Eu posso confiar em você e mesmo assim estar pronta para me defender se for necessário! — Avisou, colocando o cinto e tornando a olhar pela janela, não notando o sorriso nos lábios bem desenhados de Edward.

Infelizmente, durante o restante da semana não pode ficar sozinha com Edward e descobrir mais sobre os Cullen, ele faltou por três dias e sua mãe tornou a levá-la para a escola, depois teve que ajudá-la com algumas coisas de casa e estudar para as provas de final de ano que se aproximavam e, no único dia que teve livre acabou optando por ir com Jéssica e Angela para Port Angeles assistir um filme no cinema. Nem por um momento se arrependeu daquela escolha: A tarde com as meninas tinha sido muito divertida, passearam pela cidade, assistiram ao filme e depois pararam para comer em um restaurante que, como as duas garantiram, tinha uma comida ótima.
Contudo, uma pontinha em seu peito não pareceu um tanto chateada com a ausência de Edward, o que pareceu surpreendê-la ao reparar.
No domingo, após o almoço, trancou-se em seu quarto para estudar para as provas que teria na próxima semana, revisando algumas matérias e fazendo pequenas anotações.
Estava concentrada em suas anotações sobre fórmulas de química quando ouviu um barulho e, ao olhar para frente, deu de cara com Edward pendurado em sua janela;
— Oi!
foi para trás com o susto, empurrando a cadeira e quase caindo no chão, o grito só não saiu estridente por sua garganta, porque por um instante pareceu perder o fôlego.
— Desculpe, não quis assustar — disse rápido, segurando o riso ao entrar, sentando-se no canto de sua cama.
— Se isso fosse verdade, teria usado a porta! — Rebateu mal humorada, colocando a mão sobre o peito para tentar acalmar-se.
— Seus pais estão na sala, achei que seria melhor evitarmos alguma conversa estranha, sua mãe ainda acha que estamos saindo, não é?
— Eu já disse que não estamos — apressou-se a dizer, sentindo o rosto corar.
— Não significa que ela tenha acreditado! — Piscou, segurando o riso ao vê-la sem graça.
— O que você quer? — Perguntou logo, tentando mudar o assunto, ao tempo que voltava a olhar para seu livro.
— Te chamar para dar uma volta, estava entediado e não te vi a semana toda.
— Você não estuda? — Virou-se para olhá-lo, apontando para os cadernos.
Edward riu, negando com um aceno.
— Não preciso, só faço para não ficar completamente entediado.
— Imagino que podendo ouvir os pensamentos das pessoas não precise mesmo — comentou, olhando-o de canto —, mas diferente de você, eu preciso.
Edward jogou-se em sua cama, colocando as mãos atrás da cabeça e encarando o teto.
— Tudo bem, eu espero você terminar.
virou-se para olhá-lo, encontrando-o com os olhos fechados, relaxando.
— Você vai dormir? — Perguntou sem conseguir se conter.
Ele riu, negando com um aceno;
— Vampiros não dormem.
— Não? — Surpreendeu-se, pensando rapidamente sobre o que sabia sobre eles, mas não tinha muitas informações, nunca tinha sido o foco de suas aulas de Defesas Contra as Artes das Trevas, e naquele momento perguntou-se o motivo para aquilo, talvez por não serem tão comuns aos bruxos quanto as outras criaturas mágicas.
— Não — repetiu, olhando-a com apenas um olho aberto —, mas finjo muito bem.
suspirou, voltando a prestar atenção na matéria e ignorando com certa facilidade a presença do outro. Talvez fosse por ele estar em silêncio, sem nem mesmo se mover na cama, ou porque a garota precisava mesmo entender aquelas fórmulas, mas após alguns minutos, esqueceu-se da presença de Edward em seu quarto e, uma hora depois, quando espreguiçou-se, pronta para levantar e pegar algo para comer, tornou a assustar-se ao vê-lo deitado em sua cama, ainda de olhos fechados, na mesma posição de antes.
Encarou-o com a sobrancelha arqueada, esperando que ele fizesse algo ao ver que ela já havia terminado, mas ele continuou na mesma posição.
— Achei que vampiros não dormissem — disse baixo, esperando que ele respondesse, mas nada aconteceu. Levantou-se saindo em silêncio do quarto, apenas por garantia, afinal Edward poderia estar brincando quando disse que eles não dormiam, desceu as escadas em direção a cozinha à procura de algo para comer. Pegou um pacote de bolacha e uma garrafinha de suco, acenando para seus pais, que estavam distraídos com um filme, logo voltando para seu quarto. Edward continuava do mesmo jeito.
comeu e deixou o restante de lado, tomando seu suco e olhando pela janela a chuva fraca que caía do lado de fora. Preocupou-se um pouco com sua coruja que ainda não havia voltado de seu passeio, mas sabia que ela estava bem e não demoraria para voltar para casa. Virou-se uma terceira vez para Edward, já um tanto incomodada com ele dormindo em sua cama, sem saber se ele realmente dormia ou não. Encarou-o por incontáveis minutos, pensando em diversas coisas aleatórias, em uma tentativa de fazê-lo se mexer, ou mesmo rir, mas ele continuava imóvel. O pior de tudo foi pensar que aquela posição era desconfortável, mas quem era ela para saber como um vampiro dormia? No fundo ainda achava que eles pudessem virar morcegos e dormir de cabeça para baixo, ou em um caixão num quarto escuro, protegendo-se do sol.
Após algum tempo o olhando e vendo que nada do que fazia adiantava, considerou que ele realmente estava dormindo, aproveitando para prestar atenção em suas feições e como era bonito. Edward talvez fosse o cara mais lindo que já tinha visto em toda sua vida, mas de uma forma que parecia perfeito demais para sequer ser real.
— Se eu pudesse, tenho certeza que estaria corado agora — falou baixinho, com um sorriso de cantos nos lábios. sentiu o corpo todo esquentar de vergonha, odiando-se por ter acreditado que ele estava dormindo e não poderia escutá-la.
— E você acha que eu vou confiar em você — respondeu rápido a primeira coisa que veio à mente —, não perde uma chance de me enganar!
— Estava só te dando liberdade — explicou, sentando-se na cama, ainda com o sorriso nos lábios finos —, achei que assim seria mais fácil pra você fazer suas coisas sem eu te atrapalhar. — apenas negou com a cabeça, suspirando — Agora que você já terminou tudo o que tinha pra fazer, o que acha de darmos uma volta?
— Mas está chovendo — choramingou, apontando com a mão para a janela.
— É só uma garoa, coloca uma blusa e pronto.
— Você pode viver pra sempre e não ficar doente, mas eu ainda posso pegar uma pneumonia! — Dramatizou.
— Não se preocupe, meu pai é médico. Se precisar consigo uma consulta para você! — Brincou, segurando a risada ao vê-la rolar os olhos e suspirar, pegando um moletom com toca em seu armário e vestindo-o.
— Cadê seu carro? — Perguntou ao olhar pela janela e não encontrar o Volvo na rua.
— Vim a pé — deu de ombros —, achei que seria suspeito meu carro na sua rua sendo que seus pais não sabem que eu estou aqui.
concordou, vendo-o escalar a janela.
— Espera! — Chamou antes que ele saísse — Então não vamos longe?
— Não — ele sorriu, apontando com a cabeça para a floresta —, ficaremos no quintal da sua casa!
— Que mania de gostar de ficar no meio do mato! — Resmungou, descendo as escadas para avisar aos pais que estaria indo andar um pouco.

🦇🧹🦇

Edward estava esperando-a do lado de fora, parado próximo à rua. aproximou-se colocando o capuz e, em seguida, as mãos no bolso do moletom, sentindo um arrepio devido à brisa fria. Achava uma péssima ideia sair de casa em uma tarde de domingo chuvosa, mas resolveu dar-lhe uma chance, principalmente porque ainda estava curiosa sobre os Cullen.
Caminharam em silêncio por alguns metros, Edward olhou ao redor antes de entrarem pela floresta, a garota olhando para baixo para tentar não tropeçar ou escorregar no chão molhado, fora seu medo de pisar em alguma cobra ou algo do tipo.
— Você conhece todas as árvores de Forks, é? — Perguntou após alguns minutos, vendo-o rir divertido, negando com um aceno.
— Normalmente eu fico perto de casa — explicou, e então lembrou que não sabia onde ele morava —, assim temos mais privacidade, só saímos mais distante para caçar.
— Quando você diz caçar…?
— Animais, normalmente cervos — contou, olhando-a de canto para ver sua reação —, não matamos humanos.
— Hm… — Concordou, ainda olhando por onde pisava — Mas vocês caçam com armas?
Edward gargalhou, negando. se sentiu boba por fazer aquela pergunta.
— Não precisamos de armas, somos rápidos o suficiente para caçá-los sem precisar de qualquer outra coisa que não seja nossas mãos e dentes!
Mais uma vez a garota acenou com a cabeça, seguindo-o pela floresta em silêncio.
— Reparei que você veio sem sua varinha — Edward comentou, sorrindo de canto. parou no mesmo segundo, olhando-o assustada. — Eu já disse que não quero te matar, lembra? — Apressou-se a dizer — Acabei de te dizer que não mato humanos, por que mataria uma bruxa?
— Não é isso — negou com um aceno —, imagino que se você quisesse já teria feito isso enquanto eu durmo ou algo assim, aparentemente é muito fácil para você invadir meu quarto!
Edward sorriu culpado, olhando-a sem graça;
— Então…?
— Me preocupei com a possibilidade de me machucar outra vez. — Explicou, olhando para trás e considerando se deveria voltar para buscar o objeto.
— Não se preocupe, posso me controlar, normalmente sou muito bom nisso. Só fui pego desprevenido pelo cheiro bom do seu sangue e… — Parou quando a viu encarando-o com uma careta, e então percebeu que estava falando mais do que deveria. — Enfim, vai ficar tudo bem! Além do mais, da última vez fiquei dolorido por dias, definitivamente vou me cuidar para não ser enfeitiçado de novo!
concordou com um aceno, segurando a risada, voltando a segui-lo por entre as árvores.
— Bom, você já sabe que eu posso fazer feitiços e aparatar…
— O que é isso mesmo? — Tornou a perguntar, não reconhecendo a palavra usada.
— Posso me transportar de um lugar para outro sem uma vassoura ou qualquer coisa do tipo…
— Ah, sim — sorriu —, isso é bem legal!
— Nem tanto — fez careta — a sensação é horrível.
— Mas você já consegue? Pensei que tinha que passar por aquele teste…?
— Oficialmente não posso, mas uma vez precisei aparatar para conseguir chegar na Copa Mundial de Quadribol, nunca fiquei tão enjoada! — Relembrou, vendo-o rir baixinho. — Mas, de qualquer jeito, o que você pode fazer? Além, é claro, de ler meus pensamentos?
— Não são só os seus e não faço de propósito, não consigo controlar — avisou, parando de andar e ficando de frente para a garota —, como eu disse, alguns de nós temos alguma habilidade, mas não todos. O que é comum é sermos muito ágeis e fortes, embora Emmett seja mais forte do que a média!
— Quer dizer que você é forte? — Questionou surpresa, vendo-o arquear a sobrancelha — Não me leve a mal, mas você não tem muito físico de quem é forte… É até bem magrelinho — Pontuou, vendo-o fazer uma careta.
Edward olhou ao redor, vendo uma pedra enorme mais ao canto, aproximando-se e levantando-a sem qualquer esforço. Sorriu sozinho ao ver a expressão chocada da .
— Eu também poderia levantar, e nem mesmo precisaria tocá-la!
— Só depois do seu aniversário — ele lembrou rindo junto dela.
— Certo, e o que mais? — Tornou curiosa, vendo-o tornar a deixar a pedra no mesmo lugar.
Edward sorriu largo e encarou-o desconfiada quando ele estendeu a mão em sua direção.
— Confia em mim o suficiente para isso?
encarou a mão do rapaz, suspirando antes de apertá-la.
— Eu provavelmente deveria dizer não…
— Apenas se você tiver medo de altura! — Piscou, rindo antes de puxá-la para suas costas.
assustou-se em um primeiro momento com o movimento repentino, mas logo segurou-se com mais força ao notar que Edward começava a correr, mas não era uma corrida normal, ele estava indo muito rápido. Pouco depois ele pulou de um canto para outro, começando a subir em uma árvore alta no fundo da floresta, segurou-se com ainda mais força, com medo de cair.
— Você está me enforcando — ele avisou com a voz fraca, sentindo os braços da garota apertando-o no pescoço.
— Como se isso fosse te matar — respondeu baixo, olhando assustada para a altura em que estavam.
Edward riu fraco, parando pouco depois no topo da árvore, esperando que ela descesse de suas costas. grudou-se no tronco ao lado, cuidando para não pisar fora dos galhos e arriscar uma queda de mais de trinta metros.
— Quando eu perguntei o que você poderia fazer — soprou baixo, normalizando a respiração —, não precisava me puxar para cima de uma árvore!
— Achei que seria mais fácil explicar na prática! — Riu, pendurando-se em um dos galhos ao lado e sentando-se, olhando ao redor. repetiu o gesto, ainda um tanto insegura por saber que não teria nada que pudesse fazer se caísse daquela altura, não sem sua varinha ou uma vassoura. Então manteve-se próxima ao tronco, segurando-se como podia ao sentar-se, tentando não se mexer muito, mas aproveitando a paisagem.
— Dá pra ver Forks toda daqui?! — Questionou surpresa, vendo-o concordar.
— Não que tenha muito para se ver — brincou, escutando-a rir baixo. — A escola é aquele prédio — apontou para um canto à direita. — E para lá fica a praia…
— La Push? — arriscou — Jéssica quer ir pra lá no próximo final de semana.
Edward a olhou de canto, passando a língua pelos lábios antes de perguntar baixinho:
— Você vai?
— Tá brincando? — A garota riu ao negar — Com esse clima maravilhoso? — Ironizou. Cullen sorriu de canto, concordando com um aceno, parecendo um tanto aliviado, embora não tivesse reparado. Edward considerou contar o que sabia, mas achou que, por hora, uma bruxa e sete vampiros eram o suficiente.
Passaram mais alguns minutos em silêncio, apenas sentindo o vento e as pequenas gotas de chuva baterem contra seus rostos, embora não chegasse a incomodar.
— Achei que você ficaria com medo da altura — Edward confessou baixo, vendo-a gargalhar.
— Eu te disse que jogava Quadribol, não foi? — Respondeu, inclinando-se alguns centímetros para conseguir olhá-lo sem o tronco da árvore atrapalhar.
— Disse, mas não me explicou o que é — lembrou.
— O melhor esporte do mundo! — Garantiu sorridente. — São sete jogadores em cada time, todos usando vassouras. Eu era artilheira, quem fazia os gols — explicou devagar, vendo-o concordar —, são três por time, temos também um goleiro, dois batedores e um apanhador — dizia, contando sobre cada posição e as regras. O rapaz sorriu da animação dela, considerando que, de fato, deveria ser um esporte divertido de jogar ou, pelo menos, assistir.
— Você trouxe sua vassoura? — Perguntou quando ela terminou, levantando-se para se aproximar, vendo-a concordar com um aceno.
— Como se eu fosse louca de me separar da minha Nimbus! Por que?
— Estava pensando, quem seria mais rápido: eu correndo ou você voando?
— Quer apostar qualquer dia?
— Agora foi você quem leu a minha mente! — Brincou, vendo-a rir.
— Bom, se você estiver pronto para perder para mim, é só dizer o dia e o horário! — Sorriu convencida, Edward era rápido, mas nem ele seria páreo para sua vassoura.
— Agora isso está ficando interessante! — Inclinou-se, segurando em um galho acima deles e agachando-se na sua frente — Quer apostar o que?
— Pode ser qualquer coisa, é você quem vai ter que pagar mesmo!
— Você é muito convencida, — riu, aproximando-se mais alguns centímetros e a encarando de perto — vou pensar em algo legal pra quando você perder!
— Talvez nos seus sonhos! — Respondeu da mesma forma, então notando a proximidade de seus rostos.
— É o que vamos ver, bruxinha! — Soprou baixo, antes de acabar com a distância entre os dois, juntando seus lábios por alguns segundos, em uma pressão mínima.
Edward afastou-se pouco depois, sem saber o que dizer e, menos ainda, o motivo de ter tomado tal atitude. Se encaram sem reação, sentiu um formigamento nos lábios e o coração bater acelerado, e, em um impulso que não soube de onde veio, juntou seus lábios aos dele mais uma vez.


Capítulo 6

entrou em casa de cabeça baixa, sentindo o rosto extremamente quente. Parou quando seus pais a chamaram, antes que pudesse subir as escadas, respondendo-os sem olhá-los, garantindo que não estava com fome para jantar aquele horário, mas que depois comeria alguma coisa. Subiu direto para seu quarto, pegando sua toalha e algumas roupas para ir para o banho.
Deixou a água quente cair sobre sua cabeça e corpo, pensando sobre o que tinha acontecido. Sobre o que tinha feito.
Nem mesmo sabia o motivo de tê-lo beijado. Edward era legal e, aos poucos, começava a realmente confiar nele, achava que era por eles serem diferentes. Não eram humanos comuns e, embora não imaginasse que fosse algo certo uma bruxa com um vampiro, ainda parecia mais fácil manter uma amizade com ele já que, em partes, ele a entendia melhor do que qualquer outra pessoa naquela cidade poderia. Mas nem aquilo deveria ser suficiente para beijá-lo.
Edward Cullen era lindo e, provavelmente, aquilo teria sido um fator importante para a atração momentânea, mas achava que boa parte do seu impulso foi por ele ainda lembrá-la de Cedrico, e aquilo era ainda mais errado!
Quando terminou seu banho, voltou para o quarto com a toalha enrolada em seus cabelos molhados, sentando-se em sua cama e olhando para o nada. Mordeu o lábio inferior ao pensar no beijo de minutos antes; havia sido bom e ela tinha gostado bastante, contudo, não sabia o que Edward havia achado. Ele tinha correspondido, é claro, até com bastante avidez, pensou, mas não significava que ele também tivesse gostado
Imaginou que Cullen também pudesse estar no mesmo dilema: Talvez tivesse a beijado por ela ser a primeira pessoa com quem falava, a única fora de sua família com quem ele poderia ser ele mesmo sem qualquer problema.
E se fosse isso mesmo, bem, então os dois tinham se beijado pelo motivo errado.
não podia querer sair com Edward pensando em Cedrico, e ele não poderia querer sair com ela porque era a única pessoa com quem ele falava.
Eles não se gostavam, não daquela forma.

Edward travou a mandíbula, o cenho franzido enquanto pensava no que havia escutado. Talvez ela tivesse razão, ele nem mesmo sabia o que havia passado em sua cabeça para tentar beijá-la e, menos ainda, para corresponder quando ela o fez.
Era tão irreal para ele quanto para ela.
Considerou que era “menos pior” ele estar interessado por ter, finalmente, alguém com quem conversar, do que ela querendo beijá-lo enquanto pensava em outro cara. talvez tivesse feito aquilo imaginando que era Cedrico quem beijava.
E, então, por uma razão que lhe parecia ainda desconhecida, sentiu uma raiva enorme do bruxo, mesmo sabendo que já estava morto. Esperou no telhado até não ouvir mais nenhum barulho vindo do quarto da garota, esperando-a dormir para, mais uma vez, entrar no cômodo.
Andou em silêncio, abrindo gavetas e depois o armário, encontrando o que procurava. Pegou a caixa na qual sabia que ela deixava suas coisas sobre o mundo bruxo e andou até a mesa na frente da janela, acendendo o abajur para olhar as fotos que estavam ali dentro. Primeiramente surpreendeu-se ao notar que as pessoas nas imagens se mexiam, parando admirado ao encarar uma de usando o uniforme da escola, rindo para a câmera, após alguns instantes, começou a olhar as outras. Pulou as que não via Cedrico, embora olhasse por alguns segundos a expressão da garota em cada foto.
Queria saber o quão parecido Diggory era com ele, não poderia ser tanto quanto afirmava, mas não demorou para ter sua resposta, logo encontrando as imagens em que ele aparecia e, não precisou de mais do que um segundo para saber que era ele quem procurava. Cedrico Diggory era idêntico a Edward, a maior diferença que podia ver era o corte de cabelo. Encarou a imagem por incontáveis minutos, analisando cada detalhe do bruxo, respirando fundo antes de continuar.
Na primeira, os dois estavam juntos com mais alguns alunos, usando vestes amarelas e segurando vassouras, estava de braços dados com Cedrico e uma outra colega, rindo para a foto, assim como os outros, embora Diggory olhasse dela para a câmera.
A segunda estavam só os dois, sentados lado a lado no que parecia ser um bar, a garota tomava sua bebida e o rapaz tinha o braço por cima de seus ombros, beijando-lhe a bochecha antes de rir para a câmera. Edward rolou os olhos, passando para a terceira; mais uma foto com os amigos, na qual Cedrico e estavam lado a lado, a garota olhava sorrindo para ele. Havia ainda uma em que os dois estavam arrumados, ela usava um vestido bonito e ele uma capa parecida com um smoking, de braços dados e sorridentes, como todas as outras imagens. A última que viu, mais uma vez estavam sozinhos, Cedrico estava sentando e estava em pé atrás dele, apertando as bochechas do rapaz enquanto fazia uma careta para a foto, Cedrico gargalhava.
Edward respirou fundo, jogando tudo dentro da caixa, menos a primeira foto em que estava sozinha, rindo e acenando para a câmera, antes de guardar tudo de volta no armário, saindo apressado de seu quarto quando ouviu passos vindos do cômodo ao lado.

🦇🧹🦇


estava terminando de se arrumar quando olhou para a janela de seu quarto, encontrando o volvo prata parado na rua. Respirou fundo, fechando os olhos por um instante, antes de descer e encarar Edward depois do dia anterior. Não sabia exatamente o que dizer, embora tivesse passado um bom tempo pensando a respeito, preferia evitar encontrá-lo por um tempo, mas não parecia que ele se importava com a situação constrangedora na qual ficaram. Será que ele estava pensando que continuariam a se beijar pelas florestas?
Despediu-se de sua mãe, a qual deu uma piscadela em sua direção ao ver o carro do rapaz, soltando risadinhas que a filha fez questão de ignorar naquele momento, embora sentisse o rosto esquentar.
— Você sabe que não precisa vir me buscar todo dia, não é? — Começou assim que entrou no carro, colocando o cinto de segurança.
— Bom dia pra você também! — Ironizou, acenando com a mão para a mulher que os espiava pela janela, antes de ligar o carro — E já te disse que não me importo.
A inglesa notou o bom humor presente na voz dele, mas nada comentou sobre o assunto, nem mesmo pensou. Apenas olhou pela janela, vendo as ruas molhadas pela chuva fraca que caía. Edward, ela reparou, parecia dirigir mais devagar naquela manhã e, ao perceber aquilo, sentiu o estômago revirar.
— Não vai falar comigo nunca mais? — Ele perguntou com a voz calma quando estavam a poucos metros da escola. concordou com um aceno, olhando-o de canto;
— Estou preocupada com as provas de hoje, só isso.
Cullen nada disse, mantendo-se em silêncio até pararem no estacionamento e, antes que a garota destravasse o carro para descer, segurou-a pela mão;
— Então, quando você já tiver feito suas provas conversamos melhor, ok?
o olhou hesitante, concordando em seguida, sentindo o coração bater acelerado. Saiu rapidamente do carro, sem olhar para trás. Edward bufou, passando a mão pelos cabelos, antes de pegar suas coisas e seguir para aula.


As horas pareceram passar devagar até a hora de biologia, na qual o rapaz foi para seu lugar rapidamente, sendo um dos primeiros a entrar na sala, esperando que chegasse antes do professor, mas é claro que ela se atrasou. Entrou quando o Sr. Molina já estava começando a entregar as provas, mal olhando para Edward quando se sentou ao seu lado.
Cullen não precisou de muito para terminar o teste, sabia boa parte da matéria e, o que não sabia, não tinha dificuldades em descobrir a resposta, aproveitando de sua habilidade com os colegas. Observou a ao seu lado, batucando na mesa enquanto pensava nas respostas, bufando sempre que tinha dificuldades para lembrar-se do conteúdo. Terminou quase no final da aula, revisando rapidamente e tentando pontuar o que tinha certeza e o que achava que estava errado. Entregou a prova quando o professor parou ao seu lado, respirando fundo ao guardar seu material;
— Você errou a 8 e a 12. — Ouviu Edward cochichar ao seu lado, virando-se para olhá-lo — A resposta da 12 era a c.
— Como você…? — Começou, mas então rolou os olhos, negando com um aceno — Eu deveria falar que você está colando!
— E como iria provar isso? — Questionou divertido, escutando-a xingá-lo baixinho quando o sinal tocou. Os dois seguiram juntos até o estacionamento sorrindo vez ou outra para algum colega ou, no caso de Edward, seus irmãos; estranhou quando Alice aproximou-se sorridente, abraçando-a por um instante, como se fossem velhas amigas. O Cullen mais novo pigarreou antes que a irmã falasse algo que não deveria, fazendo Emmett rir divertido. Rosalie e Jasper apenas acenaram com a cabeça para a garota, sorrindo minimamente.
— Então, Edward já te convidou para nos visitar? — Alice ignorou os olhares do irmão, mantendo o sorriso animado ao encarar a mais nova.
— Não, não convidei. tem muita coisa pra fazer, vamos indo! — A puxou rapidamente para o estacionamento, nem mesmo dando tempo da dizer qualquer coisa.
— Sinta-se convidada! — Foi a vez de Emmett dizer em voz alta, fazendo Edward grunhir frustrado.
esperou até estarem a alguns metros da escola para perguntar qual era o problema, notando quando o rapaz mexeu-se inquieto, olhando para a rua pouco movimentada.
Permaneceu em silêncio por quase dois minutos, até escutá-la bufar, irritada com a falta de resposta.
— Eles sabem sobre ontem. — Disse baixo, olhando-a de canto.
abriu a boca, completamente em choque:
— Você contou? — Perguntou descrente, vendo-o negar de imediato, logo parando o carro próximo a mesma floresta que tinham ido dias atrás, distante o suficiente para não serem vistos por ninguém da cidade.
— É claro que eu não contei — respondeu ao descer do veículo, sendo seguido pela garota.
— Então? — Insistiu enquanto Edward andava mais à frente.
— Ela viu. — Soltou, parando de supetão em sua frente, fazendo com que trombasse com ele quando virou-se para encará-la. — Alice teve uma de suas visões dias atrás e não me disse nada, ontem quando cheguei em casa ela veio falar comigo e o Emmett escutou, depois contou pra todo mundo.
A garota sentiu o rosto inteiro esquentar ao imaginar que todos os Cullen sabiam sobre o beijo do dia anterior, o beijo que eles mesmos nem tinham conversado sobre. — Por que você não desmentiu? — Tornou, olhando para baixo.
— Porque não adiantaria, além do mais, Jasper pode sentir a emoção dos outros, lembra?
franziu o cenho, encarando-o com a sobrancelha arqueada, curiosa;
— E o que ele sentiu?
Edward abriu e fechou a boca, olhando para o lado e negando com a cabeça, antes de voltar a andar, esperando que ela o acompanhasse.
— Cullen?
O rapaz sentou-se em um tronco de árvore caído, dando de ombros ao olhá-la hesitante;
— Que eu estava confuso e agitado.
concordou, passando a língua pelos lábios antes de sentar-se ao seu lado, sem olhá-lo. Permaneceram em silêncio por alguns instantes, sem saber o que dizer a seguir.
— Não é por que a gente se beijou que não podemos mais conversar, certo? — Edward foi o primeiro a dizer, olhando-a de canto — Quer dizer, não precisa ficar estranho de novo…
— Não, não precisa. — Concordou, suspirando antes de voltar o olhar para ele — Mas não é uma coisa que deveríamos repetir.
Manteram o olhar fixo um no outro, até que Cullen negou com um aceno;
— Não é porque você é apaixonada por seu ex-namorado que…
— Ele não era meu namorado! — Cortou, vendo-o rolar os olhos.
— O que eu quero dizer… — Recomeçou, passando a língua pelos lábios finos, um pouco hesitante antes de continuar — É que não me importo. Não ligo se for por causa dele que você quer sair comigo.
— Eu não disse que quero sair com você! — rebateu, Edward sorriu de canto.
— Eu sei que você estava pensando em mim enquanto falava com a Jessica e a Angela no intervalo.
— Você é insuportável, sabia disso? — Resmungou constrangida, desviando o olhar. O vampiro apenas riu.
— Eu também pensei em você — confessou segundos depois, atraindo novamente a atenção da . — Não me importo se é por causa dele.
negou com um aceno, parecendo incerta.
— Você só pode estar falando sério…
Cullen deu de ombros, repetindo baixo;
— Não me importo. Não é como se uma desilusão amorosa fosse me matar ou algo do tipo.
— Agora você está caidinho por mim, é? — Brincou, sentindo as bochechas esquentarem.
— Bem, não diria que estou apaixonado — confessou, franzindo o cenho por um instante —, mas acho que é o mais perto disso que já estive.
riu, negando com um aceno;
— Você só está impressionado porque eu sei o que você é.
— E eu sei sobre você — concordou, ainda encarando-a com cuidado — e acho que isso também me chamou atenção. Mas não é só por sermos diferentes dos outros. E eu sei que você também sente algo diferente, você pensou nisso algumas vezes desde ontem.
— Você agora está monitorando todos os meus pensamentos, é? — Questionou incomodada, Edward negou.
— Já disse que não controlo, você quem pensa nisso quando me vê pelos corredores. Não pode me culpar por escutar!
grunhiu contrariada, tornando a desviar o olhar e, inevitavelmente, pensando no assunto. Fechando os olhos e suspirando ao ouvi-lo rir ao seu lado.
— É uma pena que o Emmett já tenha a Rosalie, com certeza seria mais fácil lidar com ele.
Edward gargalhou alto. virou-se, mantendo um sorriso leve nos lábios ao ouvir o som de sua risada.
— Tenho certeza que a Rosalie também é mais fácil de lidar do que você, bruxinha! — Piscou, mantendo o tom risonho.
Os dois tornaram a se encarar, ainda sorrindo um para o outro, até Edward passar a língua pelos lábios, inclinando-se alguns centímetros na direção dela;
— Melhora se eu te contar quando estou pensando em você? — Perguntou, sentiu as famosas borboletas voarem por todo seu estômago, concordando com a voz fraca. — Ótimo, estou pensando que gostaria de te beijar nesse momento, posso?
E, sem nem mesmo esperar pela resposta da , juntou seus lábios aos dela mais uma vez, gostando ainda mais da sensação do que no dia anterior, ignorando por completo qualquer complicação que aquilo poderia gerar no futuro.
🦇🧹🦇

Com o passar das semanas, embora nenhum deles admitisse em voz alta, ambos estavam com um humor muito melhor e gostando cada vez mais de passar o tempo juntos.
, com o tempo, percebeu que pensava cada vez menos em Cedrico quando estava com Edward. E, embora soubesse que, ao menos no início, havia gostado de se aproximar dele por lembrá-la de Diggory, já não tinha mais tanta certeza se era aquele o motivo de continuar querendo vê-lo e, menos ainda, beijando-o.
Daniel e Olivia já sabiam sobre o “relacionamento”, mesmo com garantindo que Edward não era seu namorado. Os Cullen também sabiam e, embora a continuasse andando com suas amigas na escola, não era raro as vezes que algum dos irmãos do rapaz a paravam para conversar ou, no caso de Alice, para um abraço sem qualquer motivo específico, apenas porque ela teve vontade.
Jéssica, que agora estava saindo com Mike, sempre que podia a bombardeava de perguntas sobre Edward e os Cullen e, vez ou outra, questionava como a havia conseguido chamar a atenção do rapaz.
O vampiro, é claro, precisou contar para sua família que a garota já sabia sobre eles e, num primeiro momento, todos ficaram preocupados com aquilo; Tanto por Edward estar se envolvendo com uma humana, quanto pela possibilidade dela contar para outras pessoas. O loiro garantiu que ela não diria nada a ninguém, mas não comentou sobre ela mesma ter o mesmo medo de exposição que eles tinham.
Pouco menos de uma semana após o choque inicial ter passado por parte de Carlisle e Esme, os pais de Edward faziam questão de conhecerem a garota, mas Edward sempre dava uma desculpa diferente para evitar aquele encontro. E, da mesma forma, continuava a ignorar os pedidos de seus pais para conhecerem o mais novo dos Cullen formalmente. Os dois adolescentes não se sentiam prontos para aquilo; sabia que seria inevitável a família do rapaz descobrir sobre ela, e, mesmo sabendo que eles também não diriam nada, não achava estar pronta para revelar aquilo para tantas pessoas. Já Edward não tinha certeza de como os pais da garota reagiriam se descobrissem que ele era um vampiro, podiam ser bem “cabeça aberta” com a filha sendo uma bruxa, mas talvez não estivessem prontos para saber sobre uma família de vampiros na cidade.

No Natal, embora não tivessem passado juntos, trocaram presentes no dia 23, depois os Cullen saíram de Forks para caçar e retornaram apenas no dia 2 de janeiro.
E, junto com o ano novo, veio o aniversário de e, com seus 17 anos completos, a garota já tinha liberdade de usar sua varinha sempre que desejasse; Daniel e Olivia ficaram maravilhados ao finalmente verem-na realizando feitiços, não importava se era uma simples levitação de algum objeto ou limpar a casa com um aceno de varinha, gargalhavam animados sempre que aquilo acontecia.
A também estava feliz, parecia que estava mais próximo de seu mundo, mesmo com toda aquela distância de Hogwarts e a saudade que sentia dos amigos. Aproveitou que já poderia fazer feitiços sem desrespeitar as leis para treinar alguns novos do livro do sexto ano, o qual havia comprado no Beco Diagonal antes de viajarem para Forks, mesmo sabendo que não iria retornar para a escola naquele ano.
Edward pareceu tão maravilhado quanto os na primeira vez que a viu executar um feitiço, mais ainda por não ter sido direcionado a ele; executou um Patrono Corpóreo, apenas por ser seu feitiço favorito, e o loiro achou incrível ver um Corgi azulado correndo pela floresta. E, embora também não tenha gostado muito da sensação, achou muito prático aparatar de um canto para outro em questão de segundos.
Agora os dois estudavam uma forma de jogarem Quadribol juntos, adaptando algumas regras para que, ao invés de voar, Edward corresse pelo campo. Contudo, ambos sabiam que para poderem jogar, independentemente das regras, precisariam de mais pessoas e, então, só poderiam tentar quando a família dele soubesse sobre a garota.

🦇🧹🦇

O rapaz esperou até às 23h, horário que os pais de costumavam dormir, para bater duas vezes na janela de seu quarto, entrando poucos segundos depois pela mesma.
— Talvez esteja na hora de você ser apresentado para a porta! — A garota caçoou ao vê-lo, antes de Edward fazer um leve carinho em sua coruja, aproximando-se pouco depois e se sentando no canto da cama, enquanto a fechava o livro que lia, deixando-o sobre o criado-mudo.
— Não acho que seus pais gostariam de saber que eu frequento seu quarto — respondeu divertido —, mas, falando em apresentações, os meus querem te conhecer e já não aceitam mais as desculpas que eu inventei.
suspirou, concordando com um aceno;
— Meus pais ficarão desapontados se eu conhecer Carlisle e Esme antes dos meus pais te conhecerem. E lembre-se que é provável que meu pai queira te ameaçar!
Edward riu baixo, concordando com um aceno, enquanto tirava os sapatos.
— Meu problema com eles é se descobrirem o que eu sou, talvez não aceitem tão bem quanto aceitaram a filha sendo uma bruxa.
— Eu sei… Também pensei nisso.
— Sabe o que é o mais estranho disso tudo? — Questionou ao esparramar-se ao seu lado na cama — Meses atrás você não queria ficar perto de mim por lembrar do seu quase namoradinho — resmungou fazendo uma careta —, agora já estamos pensando em tudo o que pode dar errado quando conhecermos seus pais.
— Não tenho culpa se sou tão irresistível para você ter insistido tanto — devolveu com um sorriso debochado.
— Insistido? — Edward tornou com a sobrancelha arqueada — Foi você quem me agarrou aquele dia na árvore! Quase caímos porque você me atacou!
— Você quem me beijou primeiro!
— Por dois segundos — relembrou, sorrindo de canto —, nem sei se poderia ser considerado um beijo. Depois foi você quem veio pra cima de mim!
— Ah, cala a boca! — Virou-se para o lado, cruzando os braços, sentindo o rosto esquentar.
Edward deu uma risadinha, sussurrando próximo ao seu ouvido;
— Nunca disse que não gostei de ter sido correspondido.
rolou os olhos, sorrindo pequeno quando sentiu os lábios dele sobre seu pescoço, enquanto sua mão envolvia sua cintura, apertando-a gentilmente. Mordeu o lábio inferior ao senti-lo mordiscar levemente a região, soprando em voz baixa;
— Eu realmente gosto do seu perfume, sabia?
— Do perfume ou do meu sangue? Você já disse que me atacou por isso. — Virou-se para encará-lo, escutando-o rir nasalado;
— O que você quer que eu diga? Não tenho culpa se você é tão… Irresistível! — Respondeu, usando o mesmo adjetivo que ela, antes de curvar-se poucos centímetros, juntando seus lábios aos dela.

— Você já vai dormir? — Questionou ao vê-la puxar a coberta, aconchegando-se melhor na cama.
— Infelizmente nem todo mundo tem a habilidade de passar a vida toda acordado, sabe? — Respondeu baixo, já fechando os olhos — E você deveria agradecer por eu nem mesmo te expulsar do meu quarto. É estranhíssimo você ficar aqui quando eu estou dormindo.
Edward riu baixo, levantando-se para escolher um livro na estante para ler durante aquela noite;
— Não é como se eu ficasse te observando dormir ou algo do tipo…
— Era só o que faltava… — Abriu os olhos, sonolenta, encarando-o de costas.
— Só estranhei você estar conseguindo dormir melhor, achei que iria voltar a tomar o remédio, não foi por isso que comprou? — Perguntou, virando-se com um livro em mãos, ao voltar a aproximar-se. deu de ombros;
— Bom, como você não é exatamente uma alucinação, não teria problema eu tomá-lo de vez em quando, mas não tenho precisado. E como você sabe disso?
O rapaz sorriu culpado ao voltar a deitar-se ao seu lado;
— Posso, ou não, ter dado uma olhada ao redor enquanto você dormia. Mas foi no começo, não faço mais isso! — Respondeu rapidamente, antes que ela se irritasse.
— Você é inacreditável! — Resmungou, virando-se em direção a parede e tornando a fechar os olhos, nem mesmo se dando ao trabalho de reclamar.
— Não se preocupe, quando você for na minha casa pode vasculhar o que quiser, assim ficamos quites! — Brincou, ligando o abajur ao lado antes de começar a ler — Nem mesmo um beijo de boa noite? Que mal-educada.
— Shiu, estou tentando dormir!

Capítulo 7

No final da tarde de sábado, estava ajudando Daniel com o jantar, temperando a carne para os hambúrgueres caseiros, enquanto ele lavava e cortava alface, tomate e picles. Olivia cantarolava na sala, arrumando os lugares na mesa, enquanto pai e filha conversavam sobre o jogo de futebol de horas antes, no qual Bolton ganhou do Newcastle. Ouviram a campainha tocar e a mulher logo foi abrir a porta, ignorando os olhares curiosos dos outros dois;
— Tá esperando alguém? — perguntou ao mais velho, antes de começar a separar a carne, fazendo os hambúrgueres.
— Só se for o cara da antena, mas não acho que ele apareceria no final de semana...
Ouviram a voz de Olivia, cumprimentando alguém e, dois segundos depois, sentiu o coração parar ao reconhecer a voz de Edward, virando-se assustada, ao tempo que sua mãe o puxava para dentro da casa.
— O que você está fazendo aqui? — Foi a primeira coisa que disse quando seus olhares se encontraram, percebendo-o tão constrangido quanto ela própria.
— Isso são modos? — Daniel acertou-lhe de leve com o pano de pratos, secando as mãos e dando alguns passos na direção do rapaz, esticando o braço para um aperto de mãos — Daniel , é um prazer finalmente conhecê-lo.
— Edward Cullen, digo o mesmo, senhor. — Respondeu, sorrindo levemente para o homem.
— O que você ‘tá fazendo aqui? — repetiu a pergunta, olhando de Edward para Olivia.
— Eu o convidei, oras. Você estava demorando demais para trazê-lo!
— Como? — Tornou com a voz falha, encarando sua mãe com o cenho franzido. A mulher abanou a mão no ar;
— Tive que ir buscar a receita para os remédios do seu pai, não? Acabei encontrando com o pai de Edward no hospital, pedi para que passasse o recado, já que você mesma não fazia o convite. Inclusive — colocou as mãos na cintura, olhando da filha para o rapaz —, Carlisle me disse que você também anda fugindo desse encontro com os Cullen.
— Na minha época, vocês nem poderiam trocar olhares sem os pais estarem sabendo! — Daniel resmungou, negando com um aceno antes de voltar sua atenção para a comida.
— Não seja exagerado, querido — Liv riu, logo virando-se mais uma vez para o convidado — Sinta-se à vontade, querido. Gostaria de beber alguma coisa?
— Não, não, obrigado — sorriu educado, sentando-se na banqueta ao lado, trocando um olhar ansioso com .
— Você come quantos hambúrgueres, Edward? — Daniel perguntou, olhando por sobre o ombro para o rapaz — , a comida não se faz sozinha se você não se mexer!
— Edward não come carne! — A loira soltou rapidamente, logo atraindo a atenção dos três — Ele não pode comer hambúrguer, é vegetariano. Tá vendo mãe, o que acontece quando você convida as pessoas para jantar sem saber o que elas comem? Agora não temos nada para servir e ele não pode comer. — Disse tudo rapidamente, mal respirando entre as frases.
Olivia e Daniel viraram-se para o rapaz, parecendo um tanto desconcertados;
— Você é vegetariano mesmo ou só não come carne vermelha? Porque temos peixe… — Daniel comentou, pensativo, apontando para a geladeira — Podemos fazer assado se você quiser ou… — olhou para a esposa, sem saber quais opções poderiam ter se ele realmente não comesse carne e, naquele momento, concordou com a filha de que a mulher havia se apressado.
— Posso sair para comprar alguma coisa — Liv começou, pensando em todas as receitas rápidas que conhecia que não usava carne.
— Não, não — Edward disse sem graça, sorrindo nervoso — eu como carne sim, estava só brincando.
— Tem certeza? — O casal perguntou ao mesmo tempo, vendo-o confirmar com um aceno.
— Claro, não se preocupem. Hambúrguer parece ótimo!
Olivia então virou-se para a filha, com as mãos na cintura;
— Que brincadeira sem graça, ! Quer nos matar do coração?
— Mas o Ed…
— Um é suficiente, senhor — o rapaz cortou, antes que a loira inventasse outra desculpa —, acabei comendo há pouco tempo, meu pai só me avisou quando chegou em casa sobre o convite — explicou-se, sorrindo de canto.
— Muito bem, mas se você não voltar a fazer não teremos nada, vai lá, , impressione seu namorado! — Daniel brincou, vendo-a rolar os olhos, negando com a cabeça antes de voltar a mexer na carne.
— Posso ajudar em algo? — O rapaz ofereceu prestativo, logo vendo os três negarem.
— De forma alguma, você é o convidado, pelo menos hoje pode ficar sentado aí enquanto arrumamos tudo. Nas próximas visitas pedimos para você lavar a louça! — Liv disse brincalhona, antes de terminar de ajeitar a mesa na sala.
sentiu o rosto esquentar sempre que escutava seu pai e mãe fazerem alguma “brincadeira de pais”, no geral soltando alguma piadinha para constrangê-la, sabendo que conseguiam com maestria.
Poucos minutos depois, foram todos para os fundos da casa, e enquanto Daniel assava os hambúrgueres na churrasqueira, a conversa começou a fluir com tranquilidade, perguntavam bastante sobre o que ele gostava, se era bom em alguma matéria, se gostava de esportes e o que fazia no tempo livre. Edward respondia tudo com calma, sorrindo e fazendo ele mesmo alguma piada que achava oportuna. A garota pensou que ele pelo menos tinha alguma vantagem na situação, já que conseguia ler o pensamento dos dois.
Quando a comida estava finalmente pronta, o rapaz foi em direção a cozinha para ajudar a garota com as bebidas, aproveitando que os pais dela estavam no jardim;
— Não acredito que você veio para um jantar! — Ela disse apressada, olhando nervosa para ele.
— Não tinha como eu não vir sem me explicar!
— A gente inventava uma desculpa depois, dizia que você estava doente ou algo assim.
Edward negou, passando a mão pelos cabelos.
— Achei que seria pior não aparecer, meu pai disse que sua mãe estava animada com a ideia.
— É claro que estava! — A outra suspirou, logo voltando o olhar em sua direção, um tanto preocupada — O que acontece se você comer?
Edward deu de ombros;
— Vou acabar vomitando depois — respondeu, um tanto pensativo —, não sei direito, não é como se eu tivesse tentado comer nesses últimos dois anos. — Piscou, tentando brincar com a situação.
franziu o cenho, inclinando a cabeça para o lado;
— Nos últimos dois anos? Você tentou antes disso?
Foi a vez dele franzir o cenho, negando em seguida;
— Antes disso eu era um humano, comia como qualquer outro...
— O que? — Perguntou afobada, baixando o tom de voz quando ouviu seus pais conversando na sala — Faz dois anos que você é um vampiro?
— Eu não te contei isso?
— É claro que não, você nunca respondeu nenhuma das minhas perguntas. Achava que você tinha mudado pra cá nos últimos dois anos, não que havia sido transformado há dois anos!
— Eu…
— Está na mesa! Vamos logo antes que esfrie! — Liv chamou, Edward puxou a garrafa de refrigerante, enquanto carregava os guardanapos.
— Depois conversamos sobre isso.
— É o que você sempre diz! — Resmungou, seguindo-o para o outro cômodo.

Edward sentou-se de frente para , fingindo tomar um gole de sua bebida ao trocar um olhar ansioso com ela. Segurou desajeitado o sanduíche e, ao ver que era o único que ainda não estava comendo, deu uma mordida, mastigando devagar a comida. A garota o encarou apreensiva, esperando que ele saísse correndo pela casa, tentando cuspir o que havia acabado de ingerir, no entanto, para sua surpresa, Edward engoliu, sorrindo de lado antes de dizer;
— Está muito bom, nem acredito que foi você quem fez!
— Há-há.
— Eu te disse que era uma boa ideia aprender a cozinhar — Liv olhou para a filha, sentada ao seu lado — Conquistamos os homens pelo estômago! Foi assim com o seu pai.
— Realmente, — Daniel concordou após tomar um gole de Coca-Cola — foi só depois que eu descobri que não era o suficiente porque você tem manias demais...
— Daniel! — A mulher ralhou, escutando-o gargalhar.
— Ih, mas eu já sei que ela é chatinha desde já — Edward brincou, olhando de para o homem — devo fugir?
Daniel fingiu pensar, sorrindo de canto;
— Se você conseguir, corra bem rápido, e mesmo assim pode não ser o suficiente!
— Valeu, pai! — Fez joinha com a mão, olhando-o com um sorriso irônico.
— Está vendo o que eu aguento com seu pai? — Liv virou para a filha mais uma vez — Se prepare, porque você não deve conseguir algo muito melhor. Se não for Edward, vai ser outro. — Respondeu no mesmo tom, vendo-a concordar com um aceno enquanto os outros a olharam quase ofendidos com o que ouviram.
— Não entendi o que você quis dizer! — Daniel se pronunciou, arqueando a sobrancelha para a esposa.
— Como assim “se não for o Edward”? — O rapaz perguntou — Venho para um jantar e já estão falando sobre outros pretendentes? Logo quando eu achei que estava indo bem!
Daniel riu, dando um tapinha nos ombros dele;
— Nunca estará bem o suficiente, lembre-se sempre disso!

🦇🧹🦇


Era quase uma hora da manhã quando Edward entrou pela janela, após Daniel e Olivia terem, finalmente, dormido. Arqueou a sobrancelha ao ver enrolada nas cobertas, os olhos fechados e a respiração tranquila. Aproximou-se hesitante, sem saber se ela já estava dormindo ou apenas tentando.
— Demorou bastante, ein? — Escutou a voz baixa da garota, sorrindo de canto ao sentar-se ao seu lado, retirando os sapatos antes de deitar-se na cama.
— Seu pai estava acordado, não queria correr o risco dele me ver aqui, logo agora que ele gosta de mim!
— Como você sabe? Ele ainda não disse nada…
— Escutei ele conversando com a sua mãe — piscou, sorrindo largamente ao vê-la negar com um aceno.
— Que vontade de falar sobre você ser um vampiro, só para perder essa vantagem de ouvir o que todo mundo fala e pensa!
Edward riu baixo, ficando de frente com a garota;
— Eu já disse que posso te contar o que eu penso, não? E tenho feito isso sempre que você me pergunta! — Argumentou, vendo-a menear a cabeça, ainda parecendo sonolenta, puxando a coberta até próximo a sua cabeça. — Já vai dormir?
— Talvez… Ei, — abriu os olhos de repente — você passou mal depois de comer?
O rapaz fez uma careta, concordando com um aceno;
— Não foi ruim a parte de comer... senti o cheiro, mas não o gosto…
— Quer dizer que você mentiu quando falou que estava bom? — Arqueou a sobrancelha, vendo-o sorrir de lado.
— O cheiro estava muito bom — respondeu, apoiando a cabeça em seu braço cruzado embaixo do travesseiro —, só foi uma sensação estranha comer sem sentir o gosto. Mas só precisei vomitar, não é como se eu estivesse morrendo…
concordou com um aceno, aproveitando a proximidade para passar o braço pela cintura do namorado, ajeitando-se contra seu peito e respirando fundo, sentindo o perfume amadeirado dele, logo sentindo o braço de Edward ao redor de si.
Permaneceram em silêncio por alguns minutos, a respiração dela estava tão calma e ritmada que o vampiro acreditou que já estivesse dormindo, até mesmo surpreendendo-se quando ouviu sua voz, sonolenta, sussurrar;
— Você ainda não me falou sobre quando virou vampiro.
Cullen passou a língua pelos lábios finos, afastando-se poucos centímetros para encará-la;
— O que quer saber?
— Tudo! — Respondeu rápido, logo passando a mão sobre os olhos para que o sono passasse e pudesse prestar mais atenção no que ele diria. Edward sorriu pequeno.
— Não sei se posso te contar tudo, pelo menos não com muitos detalhes, não lembro de muita coisa…
— Como assim? — O encarou confusa, o cenho franzido.
Edward rolou na cama, encarando o teto e cruzando os braços atrás de sua cabeça.
— Só sei o que Carlisle me contou: sofri um acidente de carro há quase três anos, ele era médico no hospital em que me internaram, eu estava quase morrendo quando ele me encontrou. Não sei o motivo, ele disse que nem ele mesmo entendeu direito, mas resolveu me dar uma nova chance e, bem, quando acordei, já estava desse jeito.
sentou-se na cama, cruzando os braços e o encarando com cuidado.
— E seus pais? Sua família?
— Eles não sobreviveram. Parece que estávamos fazendo uma viagem e um caminhão bateu em nós, o carro capotou e meus pais morreram.
— Eu sinto muito… — Soprou baixinho, Edward deu um sorriso triste.
— Não é como se eu lembrasse deles, não é?
— Como você não se lembra de nada?
— Carlisle disse que bati forte a cabeça, por isso estava em coma. Se eu tivesse sobrevivido ao acidente, não lembraria de nada. E, bem, mesmo ele me transformando, não tinha como recuperar minhas memórias…
concordou com um aceno, querendo fazer várias perguntas, mas sem encontrar um jeito de fazê-las, Edward apenas riu fraco, escutando seus pensamentos.
— Não sei, — respondeu ao olhá-la, a garota arqueou as sobrancelhas por um instante — não sei se queria que ele tivesse me transformado e não foi fácil me adaptar. Foi tudo bem confuso nos primeiros dias, mas não lembro como aconteceu. Já acordei assim, Carlisle me falou sobre o acidente e meus pais e, junto com os outros, me ensinou tudo o que eu precisava. Depois de alguns meses nos mudamos para Forks e estamos aqui desde então.
A garota acenou mais uma vez, pensando em tudo o que escutava, sentindo-se triste por saber sobre a família de Edward e, mais ainda, por saber que ele nem mesmo teve uma escolha, contudo, ao mesmo tempo, estava feliz por tê-lo ali. Então outra pergunta veio à sua mente e, mesmo que não quisesse dizer em voz alta, sabia que ele já tinha escutado;
— Você já…? — Interrompeu-se, mordendo o lábio inferior.
— Se eu já matei? — Perguntou baixinho, vendo-a concordar. Edward demorou a responder, apenas acenando com a cabeça instantes depois. — Foi logo nos primeiros dias, Carlisle conseguiu algumas bolsas de sangue no hospital que trabalhava, de doações, sabe? Mas não foi o suficiente, um dia eu só… Fugi. — Calou-se pouco depois, não querendo recordar-se.
voltou a aproximar-se, deitando-se ao seu lado e passando um braço por sua cintura, sabendo o quanto aquilo deveria ser difícil para ele.
— Quando foi que aconteceu?
— Que eu morri?
— Você não morreu... — Replicou, fazendo uma careta ao pensar sobre a palavra.
— Tecnicamente, sim. — Explicou, virando-se para olhá-la — Nunca pensou sobre isso? Estou vivo como um vampiro, mas para isso acontecer eu precisei morrer.
— Que belo zumbi! — Brincou, sorrindo fraco, escutando-o rir nasalado.
— Dia 24 de junho. Daqui há pouco fazem três anos.
fez um barulho com a boca, tornando a afastar-se e encará-lo, sentindo o coração bater acelerado. Edward franziu o cenho, não conseguindo entender seus pensamentos agitados.
— O que foi?
— Vinte e quatro de junho de 95?
Cullen concordou com um aceno, fechou os olhos, respirando fundo enquanto tentava pensar com clareza, levantando-se da cama e andando pelo quarto, tentando acalmar-se para soar pelo menos um pouco coerente.
— O que foi?
— Eu sei o que você vai dizer, — começou, encarando-o pouco depois — mas é, no mínimo, coincidência demais.
— Do que está falando? — Questionou mais uma vez, sentando-se na cama.
— Edward… Cedrico Diggory morreu dia 24 de junho de 95.
O rapaz a olhou surpreso, as sobrancelhas levantadas e a boca ligeiramente aberta.
Se encararam por alguns instantes, até que ele negasse, segurando a risada;
— Você não está sugerindo…?
— Eu não sei o que eu estou sugerindo! — Respondeu ansiosa — Mas você não acha estranho? Cedrico morreu no dia em que você foi transformado! Vocês dois são idênticos! E você nem mesmo se lembra da sua vida antes de ser um vampiro?
Edward tornou a negar, embora concordasse que aquilo tudo era realmente ainda mais estranho do que a "coincidência" de ser parecido com o bruxo.
— Você disse que ele morreu, não foi? Morreu mesmo? — Começou, vendo-a parar de andar pelo quarto, concordando com um aceno. Edward se levantou, caminhando até ela e colocando as mãos sobre seus ombros — Tem certeza?
— Sim, todos vimos. — respondeu em voz baixa, desviando o olhar do dele — Cedrico foi morto na terceira prova. Harry Potter voltou com o corpo dele, foi uma cena horrível...
Cullen passou a língua pelos lábios, sorrindo minimamente;
— Sua teoria acaba aí: Não é possível transformar alguém depois que essa pessoa já está morta. Admito que é tudo muito estranho, mas se você realmente viu o corpo dele, não tem como sermos a mesma pessoa, .
respirou fundo, concordando com um aceno, mas não parecia realmente convencida. Tinha certeza que havia algo a mais naquela história, não podia ser só uma coincidência;
— E se ele fosse seu irmão? Uma coisa seria vocês dois serem parecidos, mas Edward, vocês dois são idênticos! — Exclamou nervosa, virando-se para mexer em suas coisas e retirando uma caixa preta do armário, o rapaz deu um passo para trás, sabendo o que ela faria; — Está vendo? — Mostrou-lhe a foto em que ela estava com Cedrico em um bar, sorrindo enquanto bebiam — Não é só uma semelhança, Edward!
— Eu tenho certeza que se eu tivesse um irmão, Carlisle teria mencionado! E Diggory tinha pais, não?
— Tinha… — Concordou, momentaneamente sem argumentos, olhando triste para a foto em suas mãos.
Edward sentiu uma pontada em seu peito ao ver a tristeza estampada em sua feição, travando a mandíbula.
— Eu sei que você queria que isso fosse diferente — começou baixo, estudando suas reações —, mas Diggory está morto, .
A garota o encarou por um instante;
— E você acha que eu não sei disso? — Exasperou-se, falando mais alto. — Acha que eu não sei? Eu vi o corpo dele, Edward.
Cullen deu um passo em sua direção, esticando o braço para alcançá-la;
— Eu sei, eu só…
— Você acha que eu gosto que vocês sejam idênticos? — Tornou, afastando-se irritada.
— Shiu, você vai acordar seus pais! — Avisou, olhando por sobre o ombro, prestando atenção em qualquer movimentação vinda do outro quarto.
— Eu acho melhor você ir embora agora. — Respondeu, cruzando os braços.
Edward a encarou descrente.
— Está falando sério? — Questionou, começando a irritar-se, vendo-a concordar com um aceno, ainda segurando a foto em suas mãos. Edward sentiu o ciúme irradiar de seu corpo, controlando-se para não gritar — Ótimo. Talvez você estivesse certa quando disse que isso não poderia funcionar — apontou de um para o outro —, é mesmo impossível você estar com outra pessoa quando até hoje não conseguiu superar seu ex-namoradinho. — Andou furioso em direção a janela, escalando-a pronto para sair, mas olhando-a debochado por sobre o ombro — Mas deveria lembrar que, como você mesma disse, mesmo quando ele estava vivo, Cedrico gostava de outra garota.
respirou fundo, segurando a vontade de xingá-lo ou de atacá-lo com sua varinha, andando até a janela e trancando-a, se dependesse dela, Edward nunca mais pisaria em sua casa, menos ainda em seu quarto.

Capítulo 8

Edward chegou em casa ainda tão irritado quanto quando saiu dos , não havia adiantado em nada ter ficado sozinho na chuva. Duas horas haviam se passado, mas ele não tinha se acalmado nem por um segundo. Lembrar que havia sido “expulso” por o incomodava, mas pensar que ela ainda ficava triste sempre que via ou falava de Cedrico Diggory, mesmo após todo aquele tempo, o fazia perder a paciência por completo. Era simplesmente irreal para ele que a ainda pensasse no outro, principalmente considerando que Diggory e nunca tiveram nada, pelo menos nada próximo do que ele tinha com ela.
— O que aconteceu com você? — Emmett perguntou ao ver o mais novo entrando agitado, enquanto estava esparramado no sofá da sala, jogando cartas com Jasper. — Brigou com a namorada? — Riu divertido, recebendo como resposta um olhar mortal do outro — Ih, foi sério assim? Ela te chutou?
— Meu deus, Emmett — Jasper rolou os olhos, virando-se para o mais novo, parado próximo às escadas. — Por que vocês brigaram?
— Quem disse que brigamos? — Tornou com a sobrancelha arqueada.
— Bem, a menos que você esteja assim porque ela recusou continuar beijando um vampiro — Emmett começou, coçando o queixo —, alguma coisa mais séria aconteceu. Mas, sinceramente, eu aposto mais no beijo — sorriu sacana, voltando seu olhar para as cartas em mãos — você tem cara de quem beija mal mesmo.
— Ah, cala boca! — Edward resmungou, acertando-lhe com uma almofada próxima. Emmett gargalhou;
— Então eu estava certo, ela te chutou por causa dos beijos... Sinto muito.
— Quem chutou o Ed? — Rosalie perguntou, descendo as escadas junto com Alice, segurando um livro em mãos.
— A namorada, terminou com ele porque o Edward não sabe beijar. — Emmett respondeu apressado. As duas mulheres olharam surpresas para Edward.
— Não foi nada disso — o loiro resmungou, jogando-se no sofá pouco depois —, Emmett está falando besteira, como sempre.
— Ah, é? Então por que ela terminou com você?
— Ela não terminou comigo. — Replicou enraivecido.
— Mas vocês brigaram. — Jasper disse simples, quando Alice sentou-se ao seu lado, olhando de canto para o mais novo.
— O que aconteceu? Pode contar pra gente! — A morena incentivou, jogando ela mesma uma almofada em Emmett quando o rapaz abriu a boca para fazer outra piada.
— Deve ser difícil para ela, não é? — Rosalie palpitou, atraindo a atenção de todos — Quer dizer, ela já sabe sobre nós. Deve ter sido difícil aceitar que você é um vampiro, talvez ela esteja repensando e…
— Não é nada disso. — Edward negou com um aceno, cruzando os braços e considerando se contava a história toda ou não.
— E então qual o problema? — Jasper tornou, interessado.
— Eu sempre disse que ela não podia ser muito certa da cabeça para aceitar sair com um vampiro como se não fosse nada… — Emmett lembrou, olhando de soslaio para o irmão mais novo, o qual rolou os olhos.
— É, eu também não entendi muito bem essa parte… Tudo bem que não é o seu caso, mas como ela namora um cara que poderia, literalmente, matá-la em um segundo? — Rosalie concordou com o moreno, embora sorrisse sem graça para Edward, quase como se pedisse desculpas.
O rapaz passou a mão pelos cabelos, antes de soltar;
é uma bruxa, por isso não se importou por sermos vampiros.
Os quatro permaneceram em silêncio, assimilando a frase. Emmett foi o primeiro a reagir, sua gargalhada podendo ser escutada por todos os cômodos da casa.
— E eu achando que você era igual o Jasper e tinha um péssimo senso de humor! — Disse aos risos. Os dois o encararam com a sobrancelha arqueada;
— É o que? — Jasper resmungou cruzando os braços.
— Só estou dizendo… — deu de ombros, ainda sorrindo.
— Isso é sério? — Alice perguntou, ignorando a pequena discussão.
Edward apenas concordou com um aceno.
— Uma bruxa? De verdade? Do tipo que que faz feitiços e poções? — Rosalie repetiu, ainda descrente.
— Como ela veio parar em Forks? — Jasper também questionou, curioso.
— É uma longa história…
— Do que estão falando? — Esme e Carlisle perguntaram ao entrar em casa, voltando de uma caça.
— Vocês sabiam que a ex-namorada do Eddy é uma bruxa? — Emmett perguntou apressado.
— Ela não é minha ex-namorada! A gente não terminou! — Edward resmungou irritado, sabia que o moreno estava apenas brincando, mas toda vez que ouvia aquilo sentia uma sensação ruim. Tinham brigado e ele estava com raiva, sabia que também deveria estar, mas esperava que não terminassem por aquilo. Era só o que faltava, terminar por causa de Cedrico Diggory.
— O que quer dizer com “bruxa”? — Esme perguntou chocada, aproximando-se e sentando-se ao lado do mais novo. Carlisle continuou parado na entrada da sala, sem dizer nada.
— Bruxa tipo… Uma bruxa mesmo. Que tem uma varinha e faz feitiços. — Explicou, passando a mão pelos cabelos mais uma vez, em um gesto automático.
— E por que não nos disse antes? — Alice questionou de imediato, parecendo chateada — Nossa, deve ser tão legal!
— E perigoso, — Rosalie lembrou, franzindo o cenho — bruxos e vampiros não são, exatamente, melhores amigos.
— Mas essa carinha bonita do Eddy conquistou a bruxinha, não foi? — Emmett brincou, apertando as próprias bochechas, olhando para o loiro.
Edward sorriu fraco, negando com um aceno.
— E como você descobriu? — Esme insistiu, confusa — É por isso que vocês brigaram?
— Não, eu já sei há meses — contou, encarando as mãos —, não contei porque ela pediu segredo por um tempo, os pais dela também não sabem sobre mim... E brigamos porque ela estava falando sobre um cara que ela gostava na escola…
— Aqui em Forks? — Alice surpreendeu-se — Quem?
— O que? Claro que não! — Negou apressado — Na escola de bruxos que ela estudava na Inglaterra...
Existe. Uma. Escola. De. Bruxos? — Emmett perguntou pausadamente, xingando segundos depois quando o outro confirmou. — Eu não acredito nisso! Como é que não tem uma escola de vampiros?
— E vão ensinar o que? — Jasper arqueou a sobrancelha, olhando-o debochado — “Como matar humanos e não ser descoberto pelas autoridades locais”?
— Ah, sei lá, cara, — deu de ombros, apoiando o queixo na mão fechada — mas seria legal.
— Ok, ok, foco! — Rosalie pediu, batendo as mãos — E o que tem esse cara? Ela por acaso está pensando em voltar pra lá pra ficar com ele?
— Nem que quisesse — resmungou, travando a mandíbula ao pensar se iria ou não escolhê-lo se o bruxo ainda estivesse vivo. — O cara morreu uns anos atrás, mas eles eram bem amigos e ela gostava dele.
Todos permaneceram em silêncio, Carlisle fechou os olhos, tentando manter-se calmo.
— Tá, mas se ele morreu qual o problema? — Alice perguntou com a voz baixa.
— Qual é o problema? — Edward exasperou-se — Ela fica falando dele, pior ainda, me comparando com ele. Diz que somos idênticos!
— Idênticos? — Esme perguntou confusa quando ele se levantou, andando pela sala.
— Idênticos, de verdade. — Respirou fundo, mesmo sem precisar, apenas para tentar acalmar-se — Esse cara… Nós somos muito parecidos, muito mesmo. É estranho demais. cogitou se nós não poderíamos ser irmãos, mas não faz qualquer sentido, porque eu não tinha irmãos! E meus pais morreram no acidente, não é, Carlisle? — Virou-se para o mais velho, perguntando retoricamente. O loiro, porém, permaneceu em silêncio, olhando para o chão amadeirado. — É tudo estranho demais, admito, mas não tem como aquele Cedrico ser meu irmão ou algo do tipo. E como eu teria um irmão bruxo? Carlisle, você saberia se eu tivesse um irmão na época, não?
O grupo virou-se para encará-lo, esperando que ele confirmasse que aquilo era tudo apenas uma estranha coincidência, mas a demora na resposta de Carlisle pareceu alertá-los. Jasper sentiu a mudança abrupta nas emoções do loiro, enquanto Edward ouviu algumas palavras desconexas em seus pensamentos.
— Carlisle? — Chamou com a voz baixa, dando um passo em sua direção.
O médico fechou os olhos por alguns instantes, sabendo que não tinha mais como esconder aquele segredo, por mais que tivesse prometido.
— Geralmente, bruxos e vampiros não se entendem, assim como humanos, eles são desconfiados. Embora tenham poderes, quando desavisados ou em menor número, eles podem ser atacados por vampiros. — Começou a contar, a voz pouco mais alta que um sussurro, finalmente encarando o mais novo — Há várias décadas era comum a briga entre vampiros e bruxos, mas nós nos afastamos. Sabemos quais os países em que eles estão em maior número, da mesma forma que eles evitam alguns locais em que sabem que somos um grupo maior, como Itália. — Explicou, passando a língua pelos lábios finos antes de continuar — Pouco mais de quinze anos atrás eu estava na Inglaterra e acabei arrumando problemas com alguns Aurores, eles são como se fossem os policiais bruxos... — Avisou quando viu Emmett abrir a boca — Eles me culparam por alguns ataques em Londres quando souberam que eu era um vampiro, mas antes que me atacassem ou me prendessem, um deles me ajudou. Amos, por algum motivo, acreditou em mim e os convenceu a me deixar ir embora. Aquele dia eu conheci a esposa e um garotinho que não deveria ter mais de quatro anos, o casal foi muito simpático e, em retribuição ao que Amos havia feito por mim, prometi que se algum dia ele precisasse de ajuda, poderia contar comigo e com a minha família.
Carlisle cruzou os braços, olhando pela janela a chuva que caia do lado de fora, enquanto os outros continuavam em silêncio, esperando o final da história. Logo notaram um sorriso triste aparecer no rosto do loiro;
— Eu precisei ir para Londres há alguns anos, para resolver um problema que nós havíamos causado — olhou de relance para Jasper, o qual deu uma risada sem graça ao lembrar do episódio; sem conseguir controlar-se, atacou um grupo de trabalhadores em uma doca, Carlisle foi responsabilizado pelo incidente e interviu para que o rapaz não acabasse morto. — Amos sabia que eu estava por lá, eu mesmo havia entrado em contato, marcando uma conversa após tantos anos. Aconteceu que, dois dias depois, ele veio desesperado até mim, pedindo por ajuda, cobrando o favor que havia me feito, sabendo que eu era o único que poderia resolver a situação sem julgá-lo por sua escolha.
Edward manteve-se parado, as mãos fechadas em punho, sentindo o corpo começar a tremer com o mix de emoções que sentia naquele instante, teve certeza de que, se tivesse um coração batendo em seu peito, o mesmo estaria a ponto de parar.
— Seu filho, o garotinho que eu havia conhecido anos antes, tinha sido morto na escola em que estudava há poucas horas. Era seu único filho, o maior orgulho dele, um ótimo rapaz, e tinha sido assassinado por outro bruxo.
— Mas se ele estava morto — Alice disse baixinho, concentrada na conversa —, como você pode…?
Carlisle olhou por um instante para a morena antes de voltar seu olhar para Edward;
— Eu disse aquilo para ele, que não poderia ajudar se o rapaz já estava morto, mas ele tinha a solução para aquilo também: Amos estava disposto a fazer qualquer coisa para saber que seu filho estava bem, que teria a vida que merecia, mesmo que de uma forma diferente, mesmo que fosse longe dos pais.
— Como? — Edward questionou, mal piscando enquanto seu cérebro processava aquelas informações.
— Amos usou magia das trevas, sabendo o custo que aquilo poderia causá-lo; Se descobrissem o que ele estava fazendo, poderia ter sido preso, ou morto. Nenhum bruxo deve usar feitiços e poções como aquelas, não é natural para eles trazer alguém de volta à vida. E, principalmente, isso é impossível. Mesmo com os feitiços e poções mais poderosas que existem no mundo deles, nenhuma é capaz de trazer uma pessoa de volta à vida, pelo menos não como era antes. — Contava com a voz calma, querendo que Edward entendesse todas as implicações na atitude do homem, para que ele não julgasse Amos de forma errada — Ele sabia que se usasse algum feitiço, Cedrico não voltaria como era, mas ele poderia usar uma poção para trazê-lo de volta tempo suficiente para que eu o transformasse em um de nós. E foi o que fizemos um dia depois, quando o Ministério da Magia e todos os outros bruxos o deixaram, Amos disse a todos que havia enterrado seu filho, mas havia o trazido até mim. Contudo, ainda tinham suas memórias, Amos tinha certeza que Cedrico não aceitaria bem aquilo, e foi por isso que, assim que eu o transformei, seu pai usou um feitiço da memória em você, para que não tivesse lembrança nenhuma de sua antiga vida para que pudesse construir uma nova, mesmo que fosse longe dele. E, assim, Cedrico Diggory morreu, dando lugar a Edward Cullen.
Edward fechou os olhos, a cabeça baixa, queria dizer várias coisas, mas sua voz não parecia sair, não achava que tinha forças para aquilo, não naquele momento.
— Quer dizer que Edward é um bruxo? — Emmett foi o primeiro a falar, parecendo finalmente assimilar e aceitar tudo o que acontecia, tão chocado quanto o mais novo. — Não bastava ler pensamento, não? Agora ele também faz feitiço?
— Não, Edward é um vampiro que pode ler pensamentos, mas não pode mais fazer feitiços. Essa parte dele morreu junto de Cedrico... — O médico explicou, esticando um braço e apertando o ombro do mais novo — Você está bem?
O rapaz negou com um aceno, encarando-o por alguns segundos;
— Preciso de um tempo. — Falou, afastando-se da família e saindo de casa.
— Aposto que isso nem a Alice podia prever: — Emmett retomou, ainda pensativo sobre todo o assunto — Eddy era um bruxo e, se não bastasse a namoradinha dele também ser uma bruxa, eles ainda se conheciam da outra vida dele. É isso que eu chamo de coincidência!
Alice negou com um aceno, antes de corrigir o moreno;
— É isso que eu chamo de destino!

🦇🧹🦇


A garota se encolheu no sofá, cobrindo o rosto com a almofada conforme os gritos vindos do televisor aumentavam;
— Por Merlin, pai, não podia escolher um filme melhor? — Resmungou, olhando de canto para o mais velho, sentado ao seu lado enquanto comia pipoca. Daniel riu;
— Um clássico é um clássico, ! Muito me admira uma bruxa com medo de um filminho de terror! — Brincou, jogando um punhado de pipocas em sua direção.
— Ao que me consta, não tem nenhuma criatura que invada meus sonhos para me matar no mundo bruxo, e se tem, eu ainda não estudei, então nada justifica sua escolha!
— Vou ter que concordar, você nunca mais vai escolher filme pra nós! — Liv soltou, fazendo uma careta ao ver todo o sangue espalhado no personagem.
— Se eu não dormir essa noite é tudo sua culpa — choramingou, arriscando um olhar para a TV.
Minutos depois a campainha tocou, deu um grito assustado e Liv derrubou parte das pipocas. Daniel segurou a gargalhada ao ver a reação exagerada das duas, levantando-se para atender à porta;
— Deixa que eu vou, qualquer coisa pra não precisar ver isso aí! — A levantou-se apressada, calçando as pantufas e andando até a entrada.
Abriu à porta, dando de cara com Edward parado no batente. O rapaz levantou o olhar do chão quando a viu, sorrindo pequeno;
— Podemos conversar?
— Não, não podemos. — Respondeu, fechando a porta, mas foi impedida pelo vampiro, que fez força contra a mesma.
— Por favor, , é importante.
A garota estava pronta para negar mais uma vez, mas ao olhar para a expressão no rosto dele considerou que, talvez, fosse algo realmente importante. Respirou fundo, concordando com um aceno;
— Só porque o filme é horrível. — Resmungou, dando uns passos para dentro da casa para falar com os pais.
Edward manteve o sorriso calmo nos lábios, esperando-a sair. Pode ouvir Daniel dizendo para chamá-lo para ver o filme com eles, mas a garota recusou. Menos de dois minutos depois, a garota colocava seu tênis que estava na entrada e uma jaqueta que estava no cabineiro ao lado.
Seguiram juntos para o carro do rapaz, parado na rua, e, pouco depois, Edward dirigia rapidamente pelas ruas quase desertas de Forks. Pararam no mesmo local de sempre, descendo do veículo e andando, ainda em silêncio, para o meio da floresta. ainda estava um tanto irritada, mas sua curiosidade era maior que a raiva. E, por mais que não quisesse admitir, estava um tanto preocupada com Edward.
Quando chegaram na clareira, pararam de andar e o rapaz virou-se para encará-la, com um sorriso sem graça nos lábios.
— Primeiro eu queria te pedir desculpas pelo o que eu disse, não foi justo.
— Não, não foi. — Concordou, cruzando os braços. — Você foi extremamente grosseiro.
— Eu sei que sim, — acenou com a cabeça, olhando para o lado e colocando as mãos nos bolsos da calça — mas não consegui evitar… Eu sei o que você sente por ele... — A encarou por alguns instantes, e então sentiu-se ainda mais estranho.
Havia passado horas sozinho, pensando sobre tudo o que Carlisle tinha dito e nada daquilo ficou mais fácil, ainda era tudo muito confuso e estranho. Contudo, uma parte de si pareceu tirar um peso de seus ombros, um peso que ele nem mesmo sabia carregar e, essa mesma parte, pensou em e em como ela já gostava dele, mesmo sem saber que eram a mesma pessoa. Porém, isso o lembrou que ela gostava de Cedrico Diggory, era por ele que era apaixonada, não Edward Cullen.
Estavam juntos há várias e várias semanas, estavam bem, e sabia que ela gostava dele, mas não achava que era da mesma forma que gostava do outro. E pensar naquilo o fazia se sentir ainda mais miserável, porque achava que se tivesse que escolher entre os dois, escolheria Cedrico.
E eles serem a mesma pessoa não tornava a situação mais fácil, pois ele não se lembrava de como as coisas eram antes e, pelo o que sabia, nem mesmo gostava dela.
Eram amigos, mas apenas isso.
E saber que Edward e Cedrico eram a mesma coisa pareceu formar um nó em sua cabeça; era apaixonada por Cedrico Diggory, mas era Edward Cullen que era apaixonado por ela.
Por mais que o vampiro e o bruxo fossem um só, ele achava que era uma pessoa completamente diferente, pelo pouco que sabia, considerava ser o completo oposto de Cedrico.
— Edward… — começou baixo, passando a mão pelos cabelos soltos — Uma coisa não tem nada a ver com a outra. Não estou saindo com você porque você parece com o Cedrico, estou porque gosto da sua companhia e gosto de ter você por perto, gosto de você — explicou, sentindo o rosto corar por dizer aquilo em voz alta. Cullen a encarou, sorrindo de lado — Continuo achando isso tudo muito estranho, mas eu ter gostado de Diggory não quer dizer nada sobre gostar ou não de você. E, como você mesmo lembrou algumas vezes, Cedrico está morto. Nem mesmo faz sentido você ter raiva dele.
— Eu sei, — concordou, pensando em uma forma de explicar-se, embora soubesse que nada daquilo tinha sentido, menos ainda agora que sabia a verdade — é só que eu fico pensando, e se ele não estivesse? Se você pudesse escolher entre um de nós… — Disse baixo, desviando o olhar — Acho que você escolheria ele, e é isso que me assusta — confessou, passando a língua pelos lábios — você gostar tanto de uma pessoa que não sou eu. E eu sei que é mais estranho por eu ser um vampiro, mas eu gosto de você e... — Edward fechou os olhos por um instante, completando em voz baixa — Eu não consigo imaginar mais minha eternidade sem você, ...
deu um passo em sua direção, segurando em seu braço;
— Não posso te dizer o que aconteceria se as coisas fossem diferentes, mas o que eu posso afirmar é: eu ter gostado de Cedrico não me faz gostar menos de você. — Assegurou, encarando-o nos olhos — Diggory foi um grande amigo que tive por anos ao meu lado, em algum momento durante esse tempo eu comecei a vê-lo como mais do que um amigo. — Contou, vendo-o travar a mandíbula — Com você as coisas foram mais rápidas, talvez tenhamos nos aproximado mais por sermos diferentes dos outros, e, sim, no começo era estranho olhar pra você e não pensar nele, mas as coisas são diferentes agora. Quando eu olho para você eu só vejo o Edward Cullen, e eu gosto que seja você quem está do meu lado, Edward.
O rapaz a encarou intensamente por um instante, antes de curvar-se alguns centímetros, junto seus lábios aos dela em um beijo ávido.

piscou algumas vezes, a boca aberta enquanto olhava para o chão, as palavras não pareciam se formar em seu cérebro, processando apenas o que havia acabado de escutar, mas não parecendo entender o significado de tudo aquilo, não de imediato.
Edward olhou pra cima, sentindo as pequenas gotas geladas caírem sobre seu rosto, esperando pela reação de . Conseguia ouvir parte de seus pensamentos, embora estivessem todos agitados e ela tentasse assimilar as informações; Cedrico, feitiços, Amos, poções, corpo, Carlisle e, por fim, Edward Cullen.
A fez um barulho com a boca, apontando um dedo em sua direção e dizendo tudo muito rápido;
— Eu te disse que era tudo muito estranho! Mas minha melhor teoria era vocês serem irmãos! Que raios de poção Amos fez? Nem mesmo conheço nenhuma que poderia te trazer de volta... Por Merlin! — Virou-se, olhando para o nada com o cenho franzido — Imagina o que ele passou para tomar uma decisão dessas? Preferir que você esteja em outro país, sem nem mesmo lembrar dele e da sua mãe…
— É, eu sei… — Concordou com um aceno, passando a mão pelos cabelos úmidos.
então virou-se para encará-lo, só então se dando conta de como aquilo deveria ser difícil para ele;
— Como você está se sentindo?
— Não sei — respondeu, dando de ombros —, não sei se consegui assimilar de verdade. É tudo muito irreal.
A garota suspirou, concordando com um aceno;
— É tão estranho, não acredito que te conheci como Cedrico e agora como Edward… — Comentou, tentando amenizar o clima — E quais eram as chances disso acontecer? Você veio parar numa cidadezinha no meio do nada, e eu também. Agora temos sete vampiros, uma bruxa e um ex-bruxo no lugar. Forks atrai essas coisas...
Edward riu fraco, esfregando o rosto com a mão pouco depois.
— Você poderia me ajudar com isso — começou após alguns minutos de silêncio, encarando-a de canto —, a lembrar do que eu esqueci. Você conhecia meus pais? Sabe como eles eram?
mordeu o lábio inferior, acenando lentamente;
— Não muito, os vi algumas vezes, mas não conversamos tanto… Sua mãe parece ser bem simpática, seu pai é legal, mas exagera na hora de falar de você — deu uma risadinha culpada —, está sempre falando o quão incrível era você ser Capitão do time de Quadribol e Monitor de Hogwarts. E que suas notas eram sempre altas, e, por Merlin, você ficou roxo quando ele apareceu para a última prova, contando coisas de quando você era mais novo — lembrou-se com um sorriso tranquilo.
O rapaz fez careta;
— Aposto que era algo vergonhoso.
— Um pouco, mas foi engraçado…
Nos minutos que se seguiram, contou boa parte do que sabia sobre Cedrico, sobre os pais, amigos e algumas situações que haviam passado juntos ao longo dos anos. Edward escutou tudo, escorado em uma pedra ao lado, pensando sobre cada coisa que ela dizia, e lamentando por não lembrar de nenhuma delas. Por fim, falou um pouco mais sobre o Torneio Tribruxo, como estavam naquele último ano dele em Hogwarts, e também sobre como todos reagiram após a última prova.
— E quem foi que me matou? — Perguntou curioso, respirou fundo, encolhendo-se minimamente e abraçando as pernas, apoiando o queixo sobre elas;
— Pouquíssimos bruxos dizem o nome dele, ele é um dos maiores bruxos das trevas que já existiram, talvez até mesmo maior que Grindelwald, um outro bruxo que atacou anos atrás… — Explicou ao vê-lo a encarar ainda mais confuso. Baixou o tom de voz, como se tivesse medo que alguém pudesse escutá-los — Voldemort. Todos achávamos que ele estava morto, mas ele voltou. E foi nesse dia que você morreu… — O olhou de lado, vendo-o concordar com um aceno, pensativo — Pelo o que eu entendi, não era para você estar lá, apenas Harry Potter, mas Você-Sabe-Quem não poupa ninguém...
Mais uma vez ficarem em silêncio, ambos perdidos nos próprios pensamentos. Edward pensando em tudo o que tinha perdido, em tudo o que seu pai havia feito e como era sua vida com os Cullen. Não era ruim, pensou, mas não era a vida que costumava ter. E, mesmo que não lembrasse de tudo, aquela vida parecia ser ainda melhor; ele tinha amigos, tinha uma escola diferente, um mundo todo de magia ao redor e gostava dele.
Olhou-a de canto, prestando atenção no que ela pensava, estava preocupada com os amigos que estavam na Inglaterra e com tudo o que poderia estar acontecendo agora que Voldemort estava de volta.
Passou a língua pelos lábios, sorrindo de canto ao pensar em algo que talvez a distraísse;
— Eu não poderia ser assim tão esperto — começou baixo, fazendo com que ela o encarasse segundos depois —, nem mesmo te convidei para aquele baile...
rolou os olhos;
— Foi com sua namoradinha da Corvinal — resmungou, e então deu de ombros —, mas eu gostei da minha companhia!
Edward a encarou com a sobrancelha arqueada;
— Arranjou um namorado no baile, ?
— Talvez — sorriu esperta. Edward fez careta.
— Achei que você fosse apaixonada por mim — soltou de repente, vendo-a avermelhar no mesmo instante.
— Ah, cala a boca! E é melhor voltarmos, está começando a chover mais forte — emendou, levantando-se rapidamente. Cullen sorriu de lado, seguindo-a pouco depois.
Quando já estavam de volta ao carro, Edward virou-se para encará-la, dizendo em voz alta o que estava em sua cabeça há várias horas;
— Você acha uma boa ideia eu tentar falar com Amos? Dizer que já sei o que aconteceu?
— Acho isso uma ideia incrível!


Capítulo 9


Dois longos meses se passaram desde que Carlisle contou tudo o que havia acontecido, para Edward, dois meses que para ele se assemelhavam há dois anos, pois ainda esperava a resposta de Amos a sua carta.
Durante aquele tempo, embora o rapaz continuasse um tanto perdido sem as respostas que precisava e só viriam junto com Amos, gostou da proximidade de sua família com . Agora que eles sabiam o que ela era, sempre que podiam passavam um tempo juntos, ela começou a frequentar a casa dos Cullen e, sempre que Emmett insistia muito, fazia alguns feitiços. O preferido do moreno foi quando ela o fez levitar. No momento, pensavam em um jeito de deixar o esporte bruxo acessível para que eles jogassem sem vassouras.
Na escola as coisas não mudaram muito, a única diferença era que teve alguns jogos de handebol naquele semestre contra outras escolas de cidades próximas, nada que chamasse muito atenção, porém a garota gostava de participar, mesmo que quisesse morrer com seus pais gritando da arquibancada em cada um dos jogos.
Com a aproximação do final do semestre, passaram mais tempo estudando para as provas de final de ano, não que o vampiro realmente precisasse, mas era uma boa desculpa para passar mais tempo com sem que Daniel e Olivia se incomodassem com sua presença constante.
E, com as visitas frequentes de Edward a casa dos , os pais de começaram a suspeitar por ele nunca comer e, sempre que notava, o rapaz colocava alguma coisa na boca, na tentativa de convencê-los que ele comia regularmente, eles só não prestavam atenção. começou a considerar contar a verdade para o casal, agora que conheciam Edward o suficiente, poderiam aceitar melhor a parte do “ei, meu namorado é um vampiro”, contudo, ele não estava assim tão confiante de que as coisas dariam certo, preferindo adiar aquela conversa o máximo possível.
Em julho a resposta que ele esperava finalmente chegou, mas não da forma que Cullen desejava;
Amos havia respondido sua carta, desculpando-se por não ter tido coragem de contá-lo desde o começo a verdade e, ao mesmo tempo que estava preocupado com sua reação, também estava feliz que ele agora soubesse de tudo. Também lamentava não poder visitá-lo tão cedo devido às coisas que estavam acontecendo na Inglaterra, pois os bruxos estavam com uma guerra pronta para estourar a qualquer momento e ele não poderia se ausentar.
Achou engraçado que estivesse por lá, mas não pareceu de todo surpreso que os dois tenham ficado amigos antes mesmo de saberem toda a verdade. E, para encerrar, disse que mal poderia esperar para revê-lo após todo aquele tempo, mas, infelizmente, não teria uma data marcada para aquele reencontro.
Quando terminou de ler, Edward virou-se para a caixa que Amos tinha mandado.
Sentado em sua cama, sozinho em seu quarto, a abriu um tanto ansioso, sem saber o que esperar de tudo aquilo.
Encontrou fotos dele junto de seus pais e outras com os amigos, em algumas estava com ao seu lado. Tinha também alguns objetos pessoais; sua varinha, a qual ele pegou por alguns minutos, sussurrando sozinho um dos feitiços que havia visto a namorada realizar anteriormente, mas, como esperado, nada aconteceu. Deixou-a de lado, um tanto mais desapontado do que admitiria. Viu ainda alguns livros e cartões que ele imaginou serem colecionáveis, com nomes de bruxos e algumas atribuições de cada um. Na caixa, encontrou também uma camiseta um tanto gasta, amarela e preta com a imagem de um texugo no canto e o número 7 junto a “Diggory” nas costas. Alguns recortes sobre jogos de Quadribol e um poster de um time “Puddlemere United”, no qual os sete jogadores voavam de um canto para outro do cartaz. Por fim, encontrou uma sacola com alguns doces e um bilhete dentro da mesma;
“Sei que você não poderá experimentá-los, mas talvez goste”.
Junto tinha também um jornal com o nome “Profeta Diário”, com algumas informações sobre o mundo bruxo. Edward o olhou por alguns instantes, deixando-o de lado para que pudesse ver depois, preferindo focar sua atenção nas cartas que estavam no fundo da caixa. Todas endereçadas para Amos e Rachel Diggory, enviadas por Cedrico em seu último ano em Hogwarts.
Passou a língua pelos lábios, encarando o primeiro envelope, antes de abri-lo e começar a ler o que havia escrito para seus pais;
Cedrico contava sobre as primeiras semanas de volta às aulas, Dumbledore havia anunciado que teriam o Torneio Tribruxo e outras duas escolas deveriam chegar no castelo no final do mês. Pelas regras, Cedrico poderia colocar seu nome para tentar participar do Torneio “o prêmio é de MIL GALEÕES!”. Havia escrito, e então Edward notou que não sabia quanto aquilo valeria, mas deveria ser bastante. No final, pedia para sua mãe enviar uma camiseta que tinha esquecido de levar.
A segunda carta não era muito diferente da primeira, contava algumas coisas sobre as últimas aulas e um tal de Moody. Mais no final Cedrico dizia que havia convidado Cho Chang para ir com ele ao Três Vassouras no próximo final de semana em Hogsmeade, e que ela havia aceito.
Edward negou com um aceno, sabendo que jamais mostraria aquela carta para , mesmo que não tivesse sido ele que tivesse convidado a colega, imaginava que a não ficaria muito feliz ao relembrar o momento.
Dentro do próximo envelope tinha uma carta e um bilhete pequeno, escrito com letras garrafais “EU CONSEGUI! FUI ESCOLHIDO PARA O TORNEIO TRIBRUXO!!! Ps: Harry Potter também foi selecionado.” Já na carta, Cedrico dava detalhes sobre a seleção do torneio e dizia que Potter garantia não ter se inscrito, mas que ele achava suspeito da mesma forma. Seus colegas da Lufa-Lufa fizeram uma festa para comemorar e ele havia bebido demais, embora ainda não soubesse como tinham conseguido levar bebidas para dentro da escola, achava que os gêmeos Weasley tinham algo a ver com aquilo. No final dizia que não parecia tão feliz por ele ter sido selecionado, mas que ela tinha lhe dito que só estava preocupada.
Edward sorriu pequeno ao ler aquela parte, antes de seguir para a próxima carta;
Contava sobre a primeira prova do torneio, a qual precisou enfrentar um dragão.
Cullen arqueou a sobrancelha ao ler aquilo, questionando por um momento qual era o problema com os bruxos para colocarem um dragão - animal que ele nem mesmo sabia que existia de verdade - em uma escola. Leu com atenção todos os detalhes sobre aquela prova, surpreso com seu próprio feito ao terminar. Na última linha, dizia ter um baile no dia 24 e por isso não voltaria pra casa para o Natal.
No próximo envelope, mais uma vez tinham duas cartas, embora com datas diferentes, e uma foto. Abriu a primeira, a qual falava que Cho havia aceitado seu convite para o baile, mas o ponto principal, ele percebeu, foi a menção “sutil” de que tinha sido convidada por um aluno da Durmstrang. Cedrico achou aquilo uma grande traição, já que Hogwarts estava competindo contra a outra escola, mas não pareceu se importar, inclusive ele tinha a visto conversando com o rapaz pelos corredores. “Mas quem sou eu para julgar com quem ela quer sair, não é mesmo?”
Encarou a foto que estava junto com a segunda carta, notando ser a mesma que tinha: os dois juntos durante o baile, sorridentes olhando para a câmera.
Cedrico mal mencionava Cho, embora tivesse ido com ela a festa. Havia dito que foi tudo muito divertido e dançaram bastante, mas que tinha sumido com seu par logo após o show d’As Esquisitonas. Talvez não fosse assim tão estranho, mas Diggory não confiava muito no búlgaro. Tinha algo no jeito dele falar que não lhe passava muita confiança, mas não deu ouvidos quando ele tentou alertá-la.
No último envelope, Cedrico começava sua carta dizendo que Amos estava totalmente doido. ? Sério, pai? É claro que não”, escreveu, gostava dela como uma amiga e apenas aquilo, não era ciúmes, era cuidado. Duas coisas diferentes. E nem estava mais saindo com o cara. Porém, Rogério Davies havia lhe perguntado sobre no dia anterior, pois estava considerando chamá-la para um encontro. “Não é CIÚMES” dizia na carta “eu conheço o Davies, é CLARO que ela não deveria sair com ele. Mas não é como se fosse me escutar se eu dissesse alguma coisa...”
Terminava falando que estava se preparando para a última prova que aconteceria em algumas semanas, a qual ainda não tinha ideia do que seria.
Edward terminou de ler, virando o pergaminho em busca de alguma continuação. Olhou as cartas ao lado, para ver se não tinha deixado algo passar, mas aquilo era tudo. Cullen abriu a boca, surpreso ao reler alguns trechos do que tinha escrito. Era óbvio para ele que Cedrico Diggory gostava de , mesmo que não quisesse admitir.
Na verdade, achava que havia sido muito burro por achar que aquilo não era ciúmes. Parecia tão evidente. Talvez porque não lembrasse de nada daquilo, então fosse mais fácil para ele entender o que “o outro” sentia ao ler sobre o assunto.
Levantou-se da cama, notando um pequeno bilhete caído no chão, abrindo-o apressado. Dentro só tinha escrito:
TALVEZ você esteja certo, pai. Talvez.
Ps: A prova é um labirinto, parece estranhamente fácil. Vou descobrir em duas semanas.

Edward negou com um aceno, sorrindo pequeno ao pegar a foto dele com a , encarando a si mesmo por algum tempo.
Aparentemente não era suficiente Edward ter se apaixonado por , ele também gostava dela quando era Cedrico, mesmo que, talvez, não fosse na mesma intensidade.
O rapaz juntou tudo e colocou de volta na caixa, deixando separado algumas coisas, antes de sair do quarto para a casa dos .



encarou o vampiro parado na porta, dando espaço para que ele entrasse;
— Por que será que não estou surpresa com você chegando justo quando meus pais saíram?
Edward sorriu de lado, negando com um aceno;
— Juro que dessa vez não foi premeditado, apenas uma coincidência.
— É claro que sim — debochou, andando junto dele em direção à sala, não demorando a notar a sacola que o loiro carregava. — Filme?
— Não, mas é para você. — Entregou ao sentar ao seu lado no sofá, olhando-a com certa expectativa. abriu curiosa, logo vendo algumas caixas de sapos de chocolate, acidinhas e feijões de todos os sabores, encarando-o com o cenho franzido, completamente confusa;
— Como foi que você conseguiu tudo isso?
— Amos me mandou — contou, sorrindo pequeno —, disse que sabia que eu não poderia comer, mas que talvez você gostasse.
— Eu sempre disse que gostava dos Diggory! — Sorriu, logo abrindo um dos pacotes de acidinhas e colocando algumas na boca — Caramba, que saudades que eu estava disso! Nem mesmo lembrava que vou querer morrer daqui uns cinco minutos…
— Por que? — Questionou rindo, e a garota entregou-lhe a caixinha vermelha. Edward pode ler o aviso “Ao comer muitas de uma única vez, talvez seja bom visitar o St. Mungus para não derreter o estômago”. — Isso é sério? — Perguntou surpreso, encarando-a com as sobrancelhas levantadas. riu, negando;
— Não que eu saiba, nunca comi muitas para saber se é verdade, mas não é à toa que o nome é “acidinhas”, Edward.
Cullen fez uma careta, deixando a caixa de lado.
— Mas não foi só pela comida que eu vim — começou pouco depois, olhando-a de soslaio.
— O que aconteceu? Amos disse alguma coisa?
— Sim, mas falamos disso depois — respondeu, abrindo a jaqueta que usava e tirando uma carta do bolso interno, junto com uma foto — ele também me mandou isso aqui.
pegou a carta e a foto com o cenho franzido, sorrindo ao ver a imagem dos dois no baile;
— Tenho uma dessas lá em cima — avisou, Edward segurou-se para não dizer que sabia, talvez ela não gostasse tanto assim de saber que ele já tinha vasculhado tanto assim em suas coisas.
— Certo, mas agora olha a carta — pediu, ansioso. a abriu, lendo rapidamente, logo arqueando a sobrancelha ao ver a parte que falava sobre si;
— Ah, quer dizer que eu não sabia escolher com quem sair? Só pode ser brincadeira.
Edward riu, negando com um aceno;
— Não é isso, garota, olha aqui — apontou para a parte que falava de Davies a convidar para sair —, não é óbvio para você?
— Não acredito que Rogério Davies queria me chamar para sair e você impediu! — Disse em voz alta, completamente chocada — Por Merlin, eu poderia te bater por isso, mas você nem mesmo se lembra!
Cullen fez careta, cruzando os braços ao escutar aquilo;
— Queria sair com ele, é?
— Querido, todas as garotas em Hogwarts gostariam de sair com o Rogério. — Pontuou, sorrindo de canto — Muito bem, fora a parte que você impediu um encontro meu com o Davies, qual o grande mistério?
Edward a encarou por alguns instantes, negando devagar;
— Caramba, isso explica muita coisa — respondeu baixo —, é por isso que você gostava do Cedrico, tão lenta quanto ele. Não percebeu?
— Percebi o que? — Tornou confusa, olhando para a carta em mãos.
— Diggory estava com ciúmes, .— Falou pausadamente — Cedrico gostava de você. Não percebeu? Eu gostava de você.
abriu a boca, lendo mais uma vez a carta, negando com um aceno.
— É claro que não, eu saberia se isso fosse verdade. Além do mais você convidou a Cho, não foi? Era com ela que você estava saindo.
— Mas não era dela que eu gostava, não de verdade. — Deu de ombros, sorrindo de canto — Acho que Cedrico só percebeu que gostava de você quando te viu com outro cara. Ou talvez não tenha percebido totalmente, eu já te disse que ele não me parecia tão esperto quando você diz.
deu uma risadinha, negando com um aceno.
— Você não pode estar falando sério… — respondeu, encarando a carta, relendo a parte que citava seu nome.
— Não sei por que você acha isso tão impossível — disse, passando a língua pelos lábios — se eu, sendo um vampiro, gosto de você, por que isso não poderia acontecer quando eu era um bruxo?
— Nós éramos amigos, se isso fosse verdade eu saberia.
— Bem, você não disse que gostava dele justamente por serem amigos, não foi? Talvez tenha acontecido o mesmo com ele… Comigo. — Deu de ombros — Olha isso aqui — Retirou o pequeno bilhete do bolso, entregando a ela. negou incerta, embora ele tivesse reparado as bochechas vermelhas dela — De qualquer jeito, isso até mesmo justifica um pouco mais as coisas.
— O que quer dizer?
— Nunca entendi porque estava tão interessado em você desde os primeiros dias, e se alguma parte do meu subconsciente ainda soubesse quem você era?
riu, negando;
— Edward, você teve sua memória apagada, não acho que isso possa acontecer!
— Ah, que seja — deu de ombros, não parecendo se importar muito —, você precisa lembrar que, teoricamente, eu sou novo nessa história de bruxos — piscou, vendo-a concordar — De qualquer forma, eu acho que Cedrico Diggory já gostava de você, mesmo que um pouco. — A encarou por alguns instantes, soprando baixinho — E, tenho certeza, Edward Cullen é completamente apaixonado por você, possivelmente desde os primeiros dias, mas como não acredito muito nessa coisa de amor à primeira vista, prefiro achar que foi consequência da nossa convivência!
A garota permaneceu em silêncio por alguns segundos, processando aquela pequena declaração, antes de desviar o olhar, sentindo o rosto esquentar e o coração acelerar.
— Eu sei o que você está pensando — Edward avisou —, mas também gostaria de ouvir você dizendo...
— Primeiro, vamos ter que fazer algo sobre você ficar ouvindo meus pensamentos, um pouco de privacidade seria bom — começou, encarando-o com a sobrancelha arqueada, fazendo-o rir. — Segundo, talvez eu e o Diggory sejamos mesmo um tanto lentos — deu de ombros —, mas parece que você é bem inteligente, então, imagino que já saiba o quanto eu gosto de você!
Cullen abriu um sorriso largo, o mais bonito que a garota já tinha visto em todos aqueles meses.
— É, eu sei, mas não é nada mal ouvir você falar isso em voz alta!
— Edward Cullen, — ela começou, pigarreando antes de continuar — eu sou apaixonada por um vampiro, e ele é você... Feliz?
O rapaz gargalhou, inclinando-se em sua direção e passando os braços por sua cintura;
— Muito. — Soprou, antes de beijá-la de forma intensa, sendo correspondido da mesma maneira.
Parecia estranho beijar Edward, em partes por sua pele ser tão gelada e, por vezes, arrepiá-la por completo sempre que seus dedos e lábios encostavam em seu pescoço ou por baixo de sua blusa, mas ao mesmo tempo parecia sempre uma sensação nova. Não importava se aquilo vinha acontecendo há semanas, meses. Sempre que se beijavam parecia momentaneamente estranho, antes de ficar extremamente bom. não sabia definir o gosto do beijo dele, era diferente de quando tinha beijado outros garotos, não tinha algo predominante, como o sabor de pasta de dente. Não sabia exatamente como aquilo era possível, talvez por ele não se alimentar de verdade, mas era algo único. O que ela sentia muito bem, era o cheiro que vinha dele, embora também fosse diferente de qualquer perfume que já tivesse sentido. Era tão único quanto seu beijo.
Para Edward, em partes, era o oposto: o toque quente dos dedos e lábios de faziam com que ele se arrepiasse, parecia queimar cada parte de seu corpo em que ela encostava. Sentia o cheiro de maçã que vinha de seus cabelos, o beijo, normalmente, tinha gosto de hortelã ou morango, pois estava sempre mascando um chiclete. Contudo, mesmo podendo definir cada cheiro e gosto, ainda era diferente de qualquer coisa que já tivesse experimentado. Não que ele tivesse beijado muitas garotas desde que havia virado um vampiro, era a primeira e, talvez, fosse por isso que era tudo tão bom, mas no fundo ele sabia que era único, porque eles eram diferentes e, ao mesmo tempo, iguais.



— E o que Amos disse na carta? Ele e sua mãe vem pra cá? — perguntou minutos depois, quando estavam deitados no sofá, de lados opostos, se encarando e, vez ou outra, olhando para o que passava na televisão ligada.
— Não por agora, e não acho que ela esteja sabendo do que aconteceu, ele não falou nada dela — comentou pensativo —, disse que sentia muito por ter escondido tudo, mas que achou que seria mais seguro desse jeito. Também falou que não pode vir agora pelas coisas que estão acontecendo na Inglaterra… — Deixou a voz morrer, fingindo se distrair com o filme, embora tivesse notado o olhar indagador da .
— O que está acontecendo?
Edward ficou em silêncio por uns instantes, mexendo-se pouco depois para pegar o jornal que havia deixado de lado, junto com a sacola de doces. Entregando-a pouco depois.
abriu o exemplar do Profeta Diário, encarando-o incrédula assim que leu a matéria de capa “O Enterro de Alvo Dumbledore”.
— Não pode ser — negou baixinho, encarando a foto, na qual se podia ver o caixão branco com o castelo de Hogwarts ao fundo. — Não o Dumbledore!
— Eu sinto muito...
não respondeu nada, sentando-se apressada e lendo rapidamente a matéria; haviam muitas suspeitas sobre a morte do diretor, a única coisa que estava clara era que Harry Potter esteve com ele na noite de sua morte e, para horror de , Comensais da Morte haviam invadido Hogwarts.
A garota sentiu como se levasse um soco no estômago, a verdade a atingido de uma só vez ao saber que as coisas estavam muito piores do que ela poderia imaginar. Claro que sabia que não estaria tudo bem com o retorno de Voldemort, mas nunca considerou a possibilidade da morte de Dumbledore, um dos maiores bruxos que já existiu.
Edward aproximou-se, passando um braço por seus ombros em consolo, sem saber exatamente o que dizer, mas ouvindo parte dos pensamentos dela, preocupada com os amigos.
— Vai ficar tudo bem — disse baixo, quando ela encostou a cabeça contra seu peito. respirou fundo, sem nada responder.

🦇🧹🦇


Edward despediu-se da garota quando ela disse que preferia passar um tempo sozinha, mesmo sabendo que ele havia ficado um tanto chateado com aquilo. Tomou um longo banho e foi direto para seu quarto, ficando embaixo das cobertas e pensando no que tinha feito ao deixar tudo para trás sem nem mesmo considerar o que poderia acontecer enquanto estivesse longe. Não que achasse que tinha poder para mudar alguma coisa, havia tido algum êxito durante as aulas de Harry pela Armada de Dumbledore, mas sabia que não era nem perto do suficiente para ajudar. De qualquer forma, sentiu-se extremamente egoísta por ter ido embora no meio de tudo aquilo, mal se despedindo dos amigos, agora nem sabia se todos estavam bem;
Comensais da Morte tinham entrado em Hogwarts, e se alguém tivesse se machucado? Dumbledore estava morto e, para muitos, o diretor era o maior símbolo de resistência contra Voldemort e seus seguidores. O que sua morte significava? Alguém ainda iria contra o Lorde das Trevas? O que aconteceria com seu mundo com o bruxo no poder? O que aconteceria com os Nascidos-Trouxas como ela? Sabia que o homem desprezava todos que não fossem Sangue-Puro. Como ela poderia continuar em Forks quando todos que faziam parte de seu mundo estavam em perigo?
Pensou em seus pais, eles não poderiam voltar para Inglaterra. não sabia como estavam as coisas após a morte de Dumbledore, imaginava os piores cenários possíveis. Não seria seguro tê-los no país enquanto Voldemort e seus Comensais estivessem soltos. Eles precisavam continuar em Forks, mas sabia que seria difícil convencê-los de que ela iria embora e os deixaria ali. Talvez a melhor saída fosse dizer que voltaria para a escola para terminar os estudos, eles não iriam dizer não para aquilo.
Então pensou em Edward e em todos os meses que haviam passado juntos. Ainda achava que tudo havia sido extremamente rápido entre eles, talvez porque parte de si pensasse em Cedrico, talvez pelos dois serem diferentes dos outros. Independente de qual fosse o motivo, sabia que gostava de Edward, mais até do que havia gostado de Cedrico, e sempre pensou que aquilo fosse impossível.
Saber que os dois eram a mesma pessoa ainda parecia dar um nó em sua cabeça e em seu coração, mas no fim amava os dois; Tinha se apaixonado por Cedrico e agora por Edward, mesmo com todas as diferenças de personalidade de um para o outro.
Sabia que já amava Cullen antes mesmo de saber que ele era o Diggory, e mesmo que o vampiro ainda pudesse duvidar que ela gostasse dele mais do que do bruxo, aquilo não importava, sabia o que sentia, mesmo que ele duvidasse.
Pensar em ficar longe dele doía, não queria abandoná-lo. Não queria se afastar, não de novo. Não agora que sabia que ele também gostava dela. Mas Edward não poderia ir para a Inglaterra, alguém descobriria o que Amos havia feito e aquilo só causaria mais dor a todos. Não queria se afastar, mas sabia que precisava.
Tinha que ajudar os bruxos, precisava dar um jeito de ajudar a salvar seu mundo e, para isso, era necessário voltar para a Inglaterra. Precisava voltar para Hogwarts.


Capítulo 10

conseguiu evitar Edward por dois dias, agradecendo imensamente quando o vampiro saiu para caçar junto de sua família, assim ganhando tempo para colocar os pensamentos em ordem e decidir o que faria e, principalmente, como faria.
Não queria mentir nem para seus pais, nem para o namorado, mas também considerava aquela a forma mais fácil: Se Daniel e Olivia soubessem que ela estava indo para Inglaterra para, futuramente, lutar numa guerra (porque havia sido aquilo que Amos tinha dado a entender na carta que mandou), eles jamais aceitariam deixá-la sozinha, mas se contasse que resolveu voltar para se formar em Hogwarts, bem, aquilo não deveria levantar suspeitas. Considerou que eles pudessem querer voltar para Bolton, mas seu pai gostava do emprego e sua mãe gostava de Forks, já havia criado todo um roteiro para seu próximo livro com base na cidade.
O maior problema era falar com Edward: até conseguiria enganá-lo, mas sabia que seria feito de uma forma cruel e, talvez, ele nunca a perdoasse por isso. Mas também achava que podia ser a maneira mais segura para garantir que ele não a seguisse. Se Amos Diggory preferiu que o filho nem mesmo se lembrasse dele a estar morto, como arriscaria sua segurança?
Contudo, também sabia que ele poderia suspeitar de suas intenções, por mais que dissesse que não gostava mais dele e sumisse de Forks, não precisaria de muito para Edward entender o que realmente estava acontecendo e, então, viajar para a Inglaterra da mesma forma. O melhor seria dizer a verdade e implorar para que ele confiasse nela.
Só não sabia se estaria pronta para se afastar dele e de seus pais, mesmo sabendo que era o certo a se fazer.

🦇🧹🦇


Daniel encarou a filha ao notar que ela ainda não havia tocado no pedaço de pizza em seu prato, mesmo sendo um de seus sabores favoritos.
— Você está bem? — Perguntou após alguns instantes, vendo-a dar um longo suspiro antes de responder;
— Sim e não. Não é nada que precisem se preocupar, mas… — Mordeu o lábio inferior antes de continuar, notando os dois pararam de comer para a olharem curiosos — Quero voltar para Hogwarts, sabe? É meu último ano, quero me formar.
— Mas você vai se formar aqui — Liv disse como se fosse o óbvio, mas a garota sorriu sem graça.
— Sei que posso, mas não seria a mesma coisa. Além do mais, se eu me formar em Hogwarts, posso conseguir um emprego em alguma área do Ministério da Magia, não é?
Os dois se entreolharam, permanecendo em silêncio.
— Edward já sabe sobre isso? Você contou pra ele?
A garota concordou com um aceno pequeno;
— Não disse ainda que pretendo voltar, mas ele sabe, sim.
— Achei que fosse proibido você dizer…? — Daniel franziu o cenho, vendo-a concordar sem graça.
— Ele acabou descobrindo sem querer — respondeu, dizendo a primeira coisa que veio à sua mente —, acabou chegando um dia de surpresa e me viu fazendo feitiços.
! — Liv ralhou, indignada — Você deveria ser mais cuidadosa!
— Eu sei, mas deu tudo certo…
— E ele aceitou numa boa? — O homem perguntou surpreso, dando um gole em sua cerveja pouco depois — Caramba, achei que ele correria o mais rápido possível se um dia descobrisse…
deu uma risadinha, sem nada responder.
— Bem, imagino que não seria de todo ruim voltarmos para Bolton… — Olivia comentou pensativa, mastigando seu pedaço de pizza.
— Não, mãe! Não precisa, vocês estão bem aqui, além do mais, é só por um tempo, eu termino a escola e volto. Nem faz sentido vocês voltarem para a Inglaterra, não é como se fossemos nos ver durante esse ano, não é? — Disse rápido, olhando de um para outro. Daniel meneou a cabeça, concordando com o argumento, embora Liv não parecesse tão convencida. — Pensa no seu livro, mãe, você disse que é com base em Forks, não? Como vai detalhar se sair daqui? É só por alguns meses, volto logo! — Garantiu.
O homem passou a mão pela barba, coçando-a por um momento antes de concordar.
— Se você acha que vale mais a pena se formar em Hogwarts…
— Logo agora que me acostumei a ter você por perto de novo… — Olivia suspirou, fazendo uma cara triste — Mas se é isso que você quer… Acho bom nos mandar cartas! Quero saber como estão as coisas!
— Mãe, acho que vai ser meio difícil, quanto tempo demoraria para uma coruja fazer essa viagem? — Pontuou. O casal fez caretas, sem ter considerado aquele empecilho.
— Não quero saber, pelo menos de vez em quando, para sabermos que está tudo bem! — Olivia pediu, vendo-a concordar com um aceno.
— Também vou sentir saudades de vocês!

🦇🧹🦇


Edward entrou pela janela, como fazia quase todas as noites, mas ainda estava no banho. Deitou-se na cama, esperando por ela enquanto olhava para uma foto dos dois, tirada há algumas semanas pelos pais dela, quando foram todos para um passeio em Port Angeles. Não muito depois ouviu a voz da garota, cantarolando pelo corredor antes de entrar em seu quarto, com uma toalha enrolada nos cabelos. Deu um passo para trás ao ver Edward parado mais ao canto, respirando fundo para não gritar com o susto.
— Desculpe, achei que já estaria aqui — disse em voz baixa, enquanto ela fechava a porta, terminando de secar os cabelos.
— Como foi? — Perguntou no mesmo tom, olhando-o pelo reflexo do espelho.
O rapaz deu de ombros, deixando a foto sob o criado-mudo.
— Nada demais, não posso dizer que é divertido, não é?
— Imagino que não — concordou, sorrindo pequeno antes de escovar os cabelos.
— Você está bem? — Tornou com o cenho franzido, estranhando não poder escutar nenhum de seus pensamentos, mesmo alguns aleatórios de alguma música que ela gostava.
— Sim, só um pouco cansada, ajudei meu pai com algumas coisas esse final de semana — explicou, aproximando-se pouco depois e sentando-se na cama. Edward foi mais para o lado, dando-lhe espaço, a cabeça apoiada no braço dobrado sobre o travesseiro.
— Eu deveria me preocupar por não saber o que você está pensando? — Perguntou após alguns segundos, vendo-a sorrir de lado;
— Bem vindo ao meu mundo. Nada mais justo, eu disse que queria um pouco de privacidade!
— Você está falando sério? — Tornou com as sobrancelhas levantadas — O que você fez?
— Bem, eu posso não ser uma legilimens como você, mas pelo menos sei usar um truquezinho chamado “oclumência”. — Piscou, explicando ao notar a expressão confusa dele — É um feitiço para bloquear nossos pensamentos. Estive treinando há algumas semanas, parece que finalmente deu resultado!
— Isso é tão estranho — fez careta, escutando-a rir baixinho —, não acredito que perdi minha única vantagem!
— Pois é, querido, agora vai viver sem conseguir me constranger!
— Ei, fazem dias que eu não falo nada — apontou um dedo em sua direção —, essa semana mesmo, eu poderia ter comentado sobre você pensando em me beijar quando meus irmãos estavam por perto, mas não disse nada, guardei pra mim...
fez careta, sentindo o rosto esquentar ligeiramente.
— Não se preocupe, — Edward acrescentou rindo, quando recebeu um tapa leve em seu braço — eu também queria te beijar, mas é impossível se livrar do Emmett!
— Eu sei — concordou suspirando — mas veja bem, — a começou, passando a língua pelos lábios e olhando ao redor — ele não está aqui agora!
Edward deu uma risadinha sacana, dando uma palmadinha no espaço ao seu lado;
— Pois é, e você ainda está aí, ao invés de estar aqui!
riu nasalado, negando com um aceno antes de aproximar-se, mas, ao invés de deitar-se ao lado do rapaz, esticou-se por cima dele, apoiando uma mão em seu peito, antes de inclinar-se o suficiente para beijá-lo. Edward sorriu ao sentir os cabelos úmidos dela contra seu rosto, antes de passar uma mão por sua cintura e outra em sua nuca, puxando-a para si e juntando seus corpos.
O beijo começou lento e casto, mas não demorou para Edward aprofundá-lo, apertando-a ainda mais contra si, a escutando suspirar contra seu ouvido quando passou a beijar seu pescoço. apertou-lhe o ombro e o braço, sentando-se em seu colo e puxando-o consigo. Mordeu o lábio inferior, os olhos fechados, antes de colocar as mãos em seu rosto, tornando a juntar seus lábios em um beijo urgente.
Edward apertou-lhe com mais força do que gostaria a cintura, escutando-a arfar por um momento, soltando-a pouco depois. Mas não pareceu se importar com aquilo, continuando a beijá-lo com avidez. O vampiro fechou os olhos quando a sentiu mordiscar seu pescoço, pensando na ironia daquele gesto, ao tempo que deslizava seus dedos gelados por baixo da camisa de pijama que ela usava.
Puxou o ar com força, mesmo sem necessidade, apenas para tentar colocar os pensamentos em ordem quando a garota voltou a beijar-lhe os lábios, aprofundando o beijo e puxando-lhe os cabelos curtos.
… — Soprou baixo, pausando o beijo por poucos segundos.
— Eu sei… — Respondeu no mesmo tom, antes de sorrir nervosa em sua direção, mordendo o lábio inferior por alguns segundos.
Edward a encarou, apertando-lhe a cintura, abrindo e fechando a boca algumas vezes, querendo ter certeza antes de continuar;
— Você quer…?
— Eu quero você.
O rapaz manteve o olhar fixo em seus olhos, antes de tornar a juntar suas bocas, deixando as mãos percorrerem a pele quente de , enquanto ela puxava a camiseta escura que ele usava, tirando-a poucos instantes depois.


🦇🧹🦇


— Você tem certeza de que está bem? — Edward perguntou, pelo o que lhe pareceu, a milésima vez.
— Eu já disse que sim, se você ficar sensível assim sempre que a gente fizer isso, talvez não seja uma boa ideia continuarmos…
— Não seja grosseira — retrucou emburrado, escutando-a rir contra seu peito —, você está com algumas marcas no corpo, só queria saber se te machuquei.
respirou fundo, afastando-se alguns centímetros e encarando-o com o semblante tranquilo;
— Nunca me senti melhor.
Edward deixou um sorriso escapar, desviando o olhar por um segundo antes da voltar a aconchegar-se contra seu peito. Queria dizer que aquela também havia sido a melhor coisa que já lhe aconteceu na vida, mas talvez não tivesse o mesmo efeito, já que ele não tinha lembranças dos anos anteriores.
Passaram alguns minutos em silêncio, nos quais Edward até achou que a garota tivesse caído no sono, surpreendendo-se quando a viu se mexer, coçando o nariz, antes de voltar a recostar-se contra seu peito.
— Gostava mais quando eu conseguia saber o que você estava pensando… — Comentou, fazendo-a rir baixinho. Cullen sorriu de canto, gostava tanto daquele som.
— Eu preciso conversar com você, mas não sei se esse é o melhor momento. — Ela começou pouco depois, passando a língua pelos lábios.
— Agora já me deixou curioso — mexeu-se, virando-se na cama para encará-la com o cenho franzido —, o que aconteceu?
respirou fundo, desviando o olhar e encarando o peito desnudo do rapaz, fazendo pequenos círculos pelo mesmo. Edward sentiu a expectativa crescer, xingando mentalmente por não conseguir escutar o que ela pensava.
não sabia como começar, menos ainda o que dizer. Tinha treinado durante os últimos dias, mas agora que chegou a hora de contar para ele que estava indo embora, sentiu seu coração apertar.
Resolveu dizer de uma vez, talvez fosse mais fácil, assim como arrancar um band-aid.
— Eu vou voltar para a Inglaterra.
Edward não respondeu de imediato, tentando entender o que ela havia dito.
— Seus pais querem voltar para Bolton? — Perguntou em voz baixa, a garota negou.
— Eles vão ficar — respondeu, encarando-o —, eu vou voltar para Forks, Edward, mas eu preciso ir embora agora.
Cullen fechou os olhos, imaginou que seu coração, se ainda o tivesse, estaria esmagado.
— Eu sabia que não deveria ter te mostrado aquele jornal — disse baixo, olhando para o teto.
— Se você não tivesse me mostrado seria pior, porque eu não te perdoaria por ter escondido de mim o que está acontecendo…
Edward tornou a encará-la, sem expressar nenhuma reação;
— Eu deveria me sentir melhor com isso?
negou com um aceno, sentindo as lágrimas atrapalharem sua visão.
— Eu não queria que isso acontecesse, mas eu não posso ficar aqui sem fazer nada, Edward, você sabe disso.
Ele se sentou na cama, deixando que a coberta escorregasse por seu tronco, permanecendo em silêncio por incontáveis minutos. não se mexeu, mantendo os olhos fechados enquanto sentia as lágrimas caírem, uma a uma.
— Eu vou com você, tenho certeza que minha família também vai querer ajudar e…
— Você não vai, — o cortou rapidamente quando ele voltou a olhar em sua direção, por cima do ombro — nenhum de vocês. Você não pode ser visto por outros bruxos, Edward. Acha que ninguém te reconheceria? Não estaria arriscando apenas a sua vida, mas de toda a sua família, tanto os Cullen quanto Amos estariam em perigo. Além do mais, se eu consegui te estuporar, imagina o que poderá acontecer com vocês se enfrentarem Comensais da Morte?
— O mesmo que com você, imagino. — Retrucou nervosamente — Não pode me pedir para ficar e te deixar ir sozinha, não quando sei que você talvez não volte.
— Você não faria o mesmo no meu lugar? Se tivesse uma guerra entre vampiros…?
Edward deu de ombros, concordando pouco depois;
— Eu iria, mas provavelmente te chamaria pra ir junto… Você e sua varinha poderiam ser muito úteis…
riu fraco, fazendo um leve carinho nas costas dele.
— Não é como se eu quisesse deixar você ou meus pais e ir lutar, mas não posso virar as costas, não agora.
O rapaz fechou os olhos, tornando a olhar pra frente. Sabia que não tinha nada que ele pudesse dizer para fazê-la mudar de ideia.
Soube assim que lhe entregou o jornal que aquilo poderia acontecer, não deixaria os amigos lutarem sozinhos, mas teve esperança de que ela talvez quisesse ficar ali com ele. Quando a teve aquela noite, imaginou que era um sinal de que ela havia o escolhido, que preferia permanecer ao seu lado, mas agora entendia que era justamente o contrário; Aquilo era um adeus.
— Você não pode me forçar a ficar.
— Eu poderia se quisesse, contudo, não seria diferente dos bruxos que estão usando maldições proibidas para conseguirem o que querem. — Respondeu, sentando-se ao seu lado, encostando o rosto em seu ombro — É um pedido meu, Edward, por favor. Já tem gente demais no meio disso tudo, não quero que você e sua família também se arrisquem.
— E eu devo deixar você ir sem fazer nada? — Tornou, encarando-a pouco depois.
— Você deve confiar em mim, — pediu, sorrindo pequeno — eu vou voltar para Forks e, se você ainda me quiser, volto pra você também.
Cullen negou com um aceno, fechando os olhos, sentindo uma angústia crescente. Virou-se pouco depois, passando os braços pelo corpo da garota, apertando-a contra si. o correspondeu no mesmo instante, deixando as lágrimas molharem o pescoço gelado de Edward.
— Como faço para saber se você está bem? — Perguntou depois de alguns minutos.
— Não sei como estão as coisas, talvez não possa me comunicar com você ou com meus pais...
— Quer que eu fique aqui, completamente no escuro, apenas torcendo para o bruxo que me matou não faça o mesmo com você? — Tornou com a voz rouca, ainda apertando-a em seus braços.
— Não acho que eu vá lutar diretamente com ele, Edward, apenas com alguns Comensais…
— O que não melhora em nada, pelo o que você me disse, eles são tão ruins quanto Vold…
— Eu sei… Mas tenho que fazer isso, não posso abandonar meu mundo desse jeito. Se teremos uma guerra, eu preciso lutar.
Edward concordou com um aceno, embora sua vontade fosse de negar, de prendê-la de alguma forma, impedi-la de ir ou, ao menos, acompanhá-la.
— Só me prometa que vai voltar, não importa o quanto demore. Eu só preciso saber que você vai voltar pra mim, não posso mais imaginar minha vida sem você e não posso te perder de novo.
— Tecnicamente, fui eu quem te perdi e te encontrei, então sou mais confiável! — Brincou, sorrindo pequeno em sua direção, Edward negou com um aceno, sem qualquer ânimo para piadas.
— Apenas prometa, . — Pediu mais uma vez, encarando-a com o semblante sério.
— Eu prometo. Vou voltar, nem vai dar tempo de sentir minha falta! — Piscou, vendo-o sorrir minimamente, encostando suas testas;
— Infelizmente, isso é impossível.
sorriu ao ouvir aquilo, embora ainda sentisse o coração pesar, tornando a abraçá-lo e juntando seus lábios mais uma vez.
— Seus pais sabem o que você está indo fazer? — Perguntou minutos depois, quando estavam mais uma vez deitados, mantendo-a em seus braços.
— Não, eles acham que vou voltar para completar meus estudos, não tive coragem de contar a verdade para eles… — Respondeu — Pensei em inventar alguma coisa pra você também, mas não achei que seria uma boa ideia, você é esperto demais pra isso… — Sorriu de lado, vendo-o rir fraco.
— É por isso que você não me deixa ouvir seus pensamentos, não é? — Indagou, vendo-a concordar com um aceno. — E para onde, exatamente, você está indo?
— Hogwarts, — suspirou — é o melhor lugar para descobrir o que está acontecendo.
— Imagino que não me resta muito, a não ser esperar que você cumpra sua promessa, não?
— Eu vou voltar, Edward, você não vai se livrar de mim tão fácil!
— Estou contando com isso, mas pelo menos agora já sei que existem alguns truques para te trazer de volta pra mim, de um jeito ou de outro.
riu, aproximando-se o suficiente para roçar suas bocas antes de responder;
— Em último caso, posso alterar meu sobrenome de para Cullen, hm? — Brincou, vendo-o rir roucamente, tornando a beijar-lhe e aproveitando o restante da noite que tinham juntos.



EPÍLOGO.




A ria para a câmera, usando seu uniforme preto e amarelo.
Sempre que olhava para aquela imagem, sentia como se ela estivesse ali, era como se pudesse ouvir sua risada ao seu lado.
Edward olhou para cima quando sentiu a primeira gota grossa de chuva cair em seu rosto, colocando a foto de volta no bolso da jaqueta e fechando os olhos. Não demorou mais do que dois minutos para seu cabelo e roupas estarem completamente molhados. Olhou uma última vez para a cidade de Forks, ainda sentado no topo da árvore, antes de voltar para casa.
Já faziam doze meses que tinha voltado para a Inglaterra.
Um ano todo sem vê-la ou ter qualquer notícia, nem mesmo sabia se a garota continuava viva, e aquilo parecia consumi-lo mais a cada dia.
Alice havia tido uma visão há quase quatro meses de que voltaria para Forks, mas Edward começava a duvidar que aquilo fosse verdade;
Algo dentro de si dizia que ele não deveria tê-la deixado ir sozinha, que ele deveria ter ido junto, mesmo que aquilo resultasse nos bruxos sabendo sobre ele, sobre sua família. Qualquer coisa era melhor do que toda aquela incerteza, do que todo aquele medo de nunca mais vê-la. Já havia pensado em vários cenários diferentes e, em nenhum deles fazia ideia do que seria dele se não voltasse como tinha prometido. Mas imaginava que aqueles meses eram uma pequena preview de como seria; uma angústia enorme, um buraco negro em seu peito que parecia crescer a cada dia que ela estava distante.
Conseguiu ouvir a risada de Emmett há vários metros, fechando os olhos mais uma vez, considerando dar meia volta e ficar em algum canto por mais algum tempo; não era justo não querer que o restante de sua família estivesse feliz, mas ao mesmo tempo aquilo tudo parecia muito injusto, todos estavam com quem amavam, estavam felizes, menos ele. Porque a pessoa que ele precisava para deixar seus dias melhores estava a vários quilômetros de distância. Um oceano todo os separava.
Continuou a andar, ainda cabisbaixo, quando algo chamou sua atenção.
Edward parou estático, sentiu o corpo todo tremer, talvez estivesse alucinando.
Fechou os olhos, ouvindo aquela risada mais uma vez, e então teve certeza.
Entrou apressado pela porta de vidro, não se importando em molhar todo o chão amadeirado, sentiu aquele cheiro tão característico e único para ele.
Tudo aconteceu em segundos, mas para ele o mundo estava em câmera lenta;
Suas mãos tremiam quando passou pela sala, vendo Emmett e Jasper em pé do outro lado do cômodo o olharem animados. Esme e Rosalie viraram-se assim que ele passou pela porta, esperando pela reação do mais novo. Alice piscou em sua direção, sorrindo convencida, e Edward teve certeza que aquela era a visão que ela havia tido meses antes.
Carlisle sorriu ao seu lado, empurrando-o de leve;
— Está esperando o que? — Sussurrou.
E, depois do que lhe pareceram horas, virou-se em sua direção, seus cabelos compridos presos em um rabo-de-cavalo alto, um sorriso largo apareceu em seus lábios quando seus olhos se encontraram.
Edward deu passos apressados até ela, abraçando-a apertado, com toda a saudade que tinha. Enterrou o rosto contra seu pescoço quando sentiu os braços dela envolta de si, sentindo o cheiro de maçã verde vindo de seus cabelos.
— De quanto tempo os pombinhos vão precisar? Já estou pronto pra ver se Quadribol é tão bom quanto me prometeram!
Edward ignorou o comentário do moreno, afastando-se apenas o suficiente para grudar seus lábios aos de e, naquele instante, sentiu-se completo de novo, pois a parte que faltava estava, mais uma vez, em seus braços.




FIM.



Nota da autora: TÔ SOFT DEMAIS PORQUE A FIC TERMINOU FOFINHA, E PORQUE PRECISEI APENAS DE 3 MESES PARA ESCREVÊ-LA, MI-LA-GRE!
Espero que você tenha gostado deste casalzinho e dessa mistura de universos! Deixa um comentário ali embaixo pra eu saber o que você achou!!
Até logo mais! Beijão!

PS: Deu erro na hora de comentar na fic? Clica AQUI.



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