Finalizada em: 23/05/2021
Music Video: Closer – The Chainsmokers ft. Halsey

Capítulo Único


Nova Jersey, 8 de maio de 2020.


Os olhos de passeavam pela cidade de Nova Jersey enquanto estava sentada no banco de trás de um táxi indo em direção à sua casa de infância. O estado dos jardins recebe turistas o ano inteiro que viajam de diversos lugares para conhecer os calçadões, píeres e eventos que agitavam a cidade, como o Polar Bear Plunge, um evento de mergulho em águas frias no inverno. A cidade continuava repleta de pessoas acolhedoras e sorridentes desde quando a garota se mudou para Califórnia, e era disso que sentia saudades, de pessoas verdadeiramente calorosas e, claro, do céu brilhante e azul do lugar. Há quatro anos deixou sua família e amigos para trás quando passou na faculdade de comunicação dos sonhos, Stanford, muito conhecida como a universidade dos empreendedores, que já atraiu mentes criativas o suficiente e que foram fundadores de empresas de tecnologia famosas como Google. Mas o que ninguém sabia é que era a universidade com o melhor departamento de comunicação dos Estados Unidos e por isso não pensou duas vezes quando recebeu a tão sonhada carta de admissão.
Bateu a porta do carro e iluminou seus olhos ao se deparar com o jardim gigantesco ao seu lado, a varanda em sua frente com a cerca branca destacando as pedras que revestiam toda a casa. Caminhou até a porta e tocou a campainha, esperando que alguém estivesse em casa, já que decidiu chegar de surpresa. A porta se abriu e seu irmão a abraçou, a tirando do chão.
— Eu achei que você não viria! MÃAAE, PAAAI! — girou-a e não soltou até que seus pais vieram.
— Você vai me sufocar, garoto!
— Não tô nem aí. — eles gargalharam e se separaram.
? Como isso é possível? — seu pai e sua mãe a abraçaram em cada lado.
— Eu quis fazer uma surpresa. Que saudades!
— Você tá bem, minha filha? Venha comer, seu pai estava fazendo o almoço.
— Coincidentemente o prato que você ama.
— Risoto de camarão. — e seu irmão Alex responderam.
Anthony e Alex pegaram a bagagem da garota e levaram para seu quarto de sempre. Enquanto Anna a enchia de perguntas sobre como tudo estava indo na sua vida, sua profissão e do porque estava na cidade sentaram à mesa, e ela sorria porque sentia falta de ser tão mimada, algo que Alex sempre odiou, mas mesmo não percebendo, mimava igualmente sua irmã. Sentia falta de uma mesa posta, das risadas que contaminavam a família em um churrasco de domingo e/ou em qualquer refeição em que estariam reunidos.
— Você quer vinho, ? — indagou seu irmão.
— Não, vou dirigir.
— Para onde você vai?
— Vai ter uma festa de reunião do pessoal do colégio em Nova Iorque e eu vou dirigindo.
— Não sabia que ia ter, quer companhia?
— Vou ligar para Nicole depois, mas se quiser ir também, vou adorar..
— Não consigo passar dois minutos no mesmo ambiente que ela. Aproveite! — resmungou e foi para cozinha.
— Não entendi, o que houve? — expressou confusão em seu rosto.
— Ele descobriu recentemente que ela começou a namorar. — Anna respondeu sentando à mesa.
— Aparentemente estou há muito tempo sem falar com ninguém, preciso descobrir muitas coisas.
— Sentimos sua falta, meu bem. — finalmente seu pai falou algo.
— Eu também. — o abraçou de lado, fechando seus olhos por finalmente poder matar a saudade. — Alex, tira essa cara emburrada e vem logo para a mesa, tenho uma novidade para contar.
— Estou indo, chata! — observou o garoto sentar em sua frente.
— Eu vou me mudar para Nova Iorque! — viu os sorrisos se alargarem ao finalmente dizer.
— Você vai estar mais perto de casa. Que bom minha filha. — falou a mãe.
— Mas como isso aconteceu? — seu pai perguntou.
— Bom, eu já me formei e continuei trabalhando na editora filial da Stanford e não tinha pretensão de sair de lá por enquanto. Mas uma professora enviou uma carta de recomendação para a Harper Collins Publishers e eles amaram meu trabalho e imediatamente me convidaram para uma reunião. Então, amanhã eu vou conhecer o ambiente e ver o que vai rolar, mas eu tenho certeza de que vou ficar.
— Maninha, você é do caralhooo! — bateram as mãos fazendo um high five.
— Olha o palavrão, Alex! — gritou a mãe.
— Você merece, meu amor. — o pai deu um beijo em sua testa.
Continuaram a refeição aproveitando para colocar todo o papo em dia, sobre as fofocas da cidade, relembrar momentos e sentirem o calor que só uma família unida proporciona.

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Após um cochilo, decidiu que seria um ótimo momento para passear pela cidade e passar um tempo com seu irmão, afinal, sempre foram muito unidos e sentia falta da proteção dele todo esse tempo. Alex fez questão de dirigir até Atlantic City para que eles pudessem tomar o sorvete que a irmã mais gostava: Ralph's Italian Ices, o gelato italiano mais gostoso da região. O famoso calçadão de Atlantic City era o lugar mais aglomerado da cidade, tudo que você poderia querer estava a uma curta distância, seja lojas, restaurantes ou até mesmo cassinos e grandes shows e não teria melhor maneira de passar um tempo se não aproveitando a brisa fresca do lugar e se deliciando com um sabor de infância.
Alex e sempre foram muito unidos e isso era algo que fazia falta em seu dia a dia na Califórnia. Antes de a garota mudar de estado, o irmão morava em Massachusetts e estava finalizando sua graduação em Direito em Harvard. Eles decidiram em comum acordo que quando mudasse para Califórnia, ele voltaria para Nova Jersey para conseguir ficar mais perto de seus pais, pois sabia o quanto eles iam sentir falta dela durante esse tempo. E não foi algo difícil de se fazer, Alex era apaixonado pela melhor amiga da irmã, Nicole Cooper, e eles tentaram por um tempo um relacionamento a distância que já era fadado ao término. Então, se ele voltasse para a cidade, eles ainda teriam uma chance e foi o que aconteceu. passava muito tempo sem conversar com sua família e não sabia tudo que se passava na vida do irmão, por isso estranhou ele não querer estar no mesmo ambiente que Nicole, e naquela tarde, sentados em frente ao mar, assistindo ao pôr do Sol, teria a oportunidade de estar mais perto e saber o que estava acontecendo.
— E aí, o que está rolando? — cutucou o braço dele com seu ombro
— Sobre o que quer saber? — direcionou seu olhar para ela
— Nicole. — disse prontamente.
— OK! — bufou em resposta. — Nicole sempre foi insegura e você mais do que ninguém sabe disso. — viu ela concordar em resposta. — Ela sentia muito ciúmes da minha secretária e eu juro por nossos pais, , que eu não dava corda para que ela se sentisse assim. Mas ela teimava que Ashley dava em cima de mim e eu que não enxergava. Em um jantar da empresa, deixei ela em casa porque já era tarde para ela ir de táxi sozinha. Algum filho da puta nessa cidade fez questão de dizer para Nicole e isso fez ela surtar e terminar tudo.
— Você tentou explicar o que aconteceu?
— Mas é claro que sim! Milhares de vezes, mas em determinado dia, eu fui à casa dela. Um tal de Ethan estava lá com ela e eu entendi que era minha deixa para finalmente desistir desse relacionamento. — viu o garoto derramar uma lágrima e o abraçou de lado.
— Você ainda a ama, não é?
— Claro que sim, mas eu cansei. Eu saí da porra de outro estado para ficar do lado dela, sabe?! — a garota assentiu, passando seu braço pela cintura e encaixando sua cabeça no ombro dele, fazendo com que ele a abraçasse de volta.
— Ela é muito imatura, mas eu sei que vocês foram destinados a ficarem juntos, Alex. — ele balançou a cabeça concordando.
A garota passou o olhar pelo ambiente e lembrou da sua última noite na cidade antes que pudesse finalmente ir para Califórnia.


5 ANOS ATRÁS
Nova Jersey, 10 de julho de 2015.


guardava aquele momento em cada espaço livre em seu coração. Decorava cada rosto e cada risada que podia enquanto estava ali pela última vez, pelo menos até as festas de final de ano. Principalmente da pessoa que estava à sua frente. . O garoto por quem tinha se apaixonado de uma maneira rápida, instantânea e surpreendente. Sabia que não poderia criar fantasias em sua cabeça de que aquilo iria para frente, até porque já fazia um bom tempo que estavam ficando e nunca, por hipótese alguma, havia falado sobre namoro, apenas se contentava em escutar de seus amigos que ela tinha um espaço importante na vida dele.
— No que você está pensando? — ouviu ele a tirar de seus devaneios.
— Que vou sentir falta disso tudo. — apontou para seus amigos à sua frente. Estava sentada na cerca, admirando o nascer do Sol à sua frente com garoto encaixado entre suas pernas.
— Eu quero que você seja muito feliz e tente não pensar nessa cidade. Viva tudo o que tem para viver lá. — alisou o rosto da garota, que assentiu.
— A gente vai se ver sempre nas férias. Promete? — passou os dedos por entre o cabelo do garoto.
— Prometo. — e por fim se beijaram.


A última vez em que esteve naquele lugar havia sido um momento e tanto, com promessas que não foram cumpridas, e ela ainda se sentia mal por isso.
— E você? — finalmente perguntou seu irmão.
— O que quer saber? — direcionou seu olhar para ele.
— Ninguém especial?
— Você sabe que não. Eu não consigo me apaixonar por ninguém mais, Alex.
Mantiveram o silêncio porque a verdade era que se sentia mais vazia do que nunca e não enxergava nenhum momento próximo em que aquele sentimento pudesse dar espaço para conhecer alguém. Se abrir para alguém era algo que ela não fazia com frequência hoje em dia. Na verdade, ela não fazia desde . Felizmente, ou infelizmente, tudo o que ela sentia era sobre ele, afinal, por um momento em sua vida, ele foi tudo o que ela mais queria, tudo o que ela amava ler em livros de romance juvenil, os livros que ela amava editar. Mas isso se esvaiu com o tempo e ninguém poderia substituir o sentimento que ela um dia sentiu. A verdade é que estava cansada de pessoas totalmente desinteressantes que só buscavam sexo e emoções passageiras, a garota só queria se sentir viva de novo como há cinco anos e não enxergava uma saída disso.
— Tem notícias dele? — falou interrompendo o silêncio. Alex sabia de quem ela estava falando.
— Ele tem estado melhor agora. — e com essa resposta ela tranquilizou seu coração.

🌹🌹🌹

Olhando-se no espelho pela milésima vez, vestia um cropped preto, calça de cós baixo e saltos para disfarçar sua altura como usualmente. Tinha seus lábios preenchidos pelo batom vermelho bordô e olhos bem marcados que destacavam seu olhar. Sabendo que o clima de Nova Iorque era frio ao anoitecer, não hesitou em jogar por cima dos ombros um blazer preto. Despediu-se de sua família e foi em direção ao carro. Respirou fundo quando finalmente pôs as mãos no volante, saudosa de dirigir pela cidade que conhecia dos pés à cabeça. Ligou o carro e foi em direção à casa de Nicole, que ficava a quatro minutos dali. A garota se deparou com a casa da porta vermelha mais visitada em toda sua adolescência e assim que desligou o carro, avistou a amiga à sua espera e saindo correndo para o encontro.
— Como você faz isso com minha saúde cardíaca, garota? — disse Nicole amassando mais a amiga num abraço.
— Você sabe que gosto de surpresas e surpreender. — olhou para ela e a abraçou novamente.
— Já podemos ir para não ficar tarde! — puxou-a em direção ao carro e seguiram logo viagem.
As amigas não paravam de falar nem por um segundo por tantas novidades que tinham acumuladas. e Nicole estavam há mais ou menos um ano sem se verem pessoalmente e com a distância é difícil ter a mesma magia de uma amizade onde viviam grudadas vinte e quatro horas por dia, mas o sentimento era sempre o mesmo quando se viam, parecia que nada tinha mudado. Elas não conseguiam segurar os tantos sorrisos pela felicidade que estavam sentindo e, claro, , não poderia deixar de dar uma de cupido e ao mesmo tempo saber o que estava se passando no coração da amiga, e não demorou em perguntar o que estava deixando-a ansiosa.
— E o coração? Como anda?
— Sabia que você ia perguntar... — ela revirou os olhos.
— Já pode desembuchando. Bora, bora!
— Seu irmão não tem peito para namorar comigo e FIM! — ouviu a amiga exaltar a voz.
— Nick, eu conheço o Alex desde que nasci. Me conte direito essa história. — ouviu a amiga bufar em resposta.
— Eu surtei, OK? Eu admito que eu tive mais uma crise de ciúmes, mas eu não consigo confiar na secretária dele. Amiga, por favor, me entende! — viu a amiga juntar as mãos em sinal de súplica e riu da mesma.
— E por isso você tinha que terminar e substituir o Alex logo de cara? Você precisa ser menos impulsiva, Nicole.
— Ethan estava lá quando eu chorei e não consegui dizer não quando ele me surpreendeu dizendo que gostava de mim. Você sabe como sou muito intensa.
— Vocês estão namorando?
— Não, claro que não. Eu ainda gosto... Amo o Alex !
— Então escute o que eu vou te falar! Primeiro e o principal de tudo: ele nunca te deu motivos nenhum, todas as brigas de vocês foram por paranoia da sua cabeça. Segundo: já está mais do que na hora de você parar de ser uma pessoa indecisa, pelo menos em relação aos seus sentimentos. Decide o que você quer logo e pronto. Vocês foram feitos um para o outro. PAREM DE BRIGAR, PORRA! — aconselhou e recebeu um abraço lateral da sua amiga.
— Onde você estava mesmo?
— Há uma ligação de distância. — sorriu.
Passados bons trinta minutos curtindo o som e cantando juntas, chegaram ao local da festa. Esse encontro entre os formandos de 2015 da Livingston High School acontecia de tempos em tempos, geralmente quando muitos deles estavam na cidade durante as férias de verão, mas, em específico, todos já estavam formados, alguns casados ou noivos, outros apenas seguindo com seu projeto profissional. encostou o carro e disse para Nick que precisava de um pouco de ar antes de entrar.
— Você tem certeza? — assentiu e a amiga seguiu para dentro.
permaneceu alguns minutos a mais no carro e aumentou o som, tentando afastar o peso de seus pensamentos respirando cada vez mais fundo antes que pudesse encarar novamente. Da última vez que tinham se encontrado, foi o ponto-final de tudo e desde então ele não tinha comparecido a nenhuma festa de reencontro da turma. Nessa em específico sabia que o encontraria, havia visto seu número no grupo do WhatsApp feito para a festa. Talvez o mais difícil era não saber como reagiria estando no mesmo ambiente que ele, ter que se adaptar novamente a ter sua presença, principalmente agora que decidira voltar para mais perto de casa e com certeza se esbarrariam uma hora ou outra. Então seria melhor arrancar de vez o band aid e encará-lo cara a cara. Talvez sua vida tenha finalmente entrado nos eixos e não deixaria mais ninguém desconfortável nessa festa como o garoto fazia antigamente.
Percebeu mais algumas pessoas chegando e decidiu se misturar com elas, saiu do carro rapidamente e caminhou até a casa.



Passei meus olhos por todo o ambiente, lembrando de cada detalhe da casa do Jake, que era onde todas as festas do ensino médio tinham acontecido, a piscina no fundo e as mesas cheias de copos de beer pong para entreter o pessoal.
— Ei, garota! Tá gata, viu? A Califórnia te fez bem. — escutei Jake atrás de mim. O abracei em resposta.
— Harvard não te fez tão mal assim também! Tá solteiro? — soltei uma risada.
— Se você continuar assim, a gente pode casar aqui e agora! — o senti apertar minha cintura e sorri em resposta. Ele não tinha mudado de jeito nenhum, o mesmo pegador da escola...
— Você viu a Nick? Ela entrou antes de mim. — passei mais uma vez meus olhos na sala.
— Acho que está na cozinha. Toma esse drink! — agradeci e segui para a cozinha, cumprimentando algumas pessoas no caminho. Avistei Nicole no meio dos garotos, como sempre, rindo escandalosamente. Meu coração se aqueceu, preenchendo cada espaço de saudade que eu tinha dessa amiga. Ela me viu e acenou para que eu fosse até a rodinha.
Abracei meus amigos quando cheguei perto e a sensação de déjà vu me enchia e preenchia o coração por todas as lembranças boas que vivi com essas pessoas, eram anos de convivência e numa época tão feliz da vida onde as emoções não passavam de uma montanha russa de tantos acontecimentos a cada segundo. E era disso que sentia falta nos meus dias na Califórnia. Claro que eu tinha feito amigos, mas nada se comparava a esses na minha frente.
— Então, você voltou para Nova Jersey? — ouvi Ryan.
— Na verdade, tenho uma proposta de emprego aqui em Nova Iorque mesmo. Mas estarei perto de casa...
— VOCÊ NÃO ME CONTOU. — gritou Nick.
— Desculpa, amiga. Me perdoa, você pode me matar depois. — a abracei com ela resmungando sobre o quão ingrata eu sou.
— E vai poder estar em nossas festas mais frequentemente. A gente sente falta das suas loucuras, ! — Louis continuou minha frase.
— Eu estava morta de saudade e definitivamente eu vou dar meu tudo na próxima festa.
— Que será no próximo final de semana! — gritou Nick com a fala enrolada.
— Você já tá bêbada, garota? — falei rindo.
— Claro, você demorou muito lá fora. Vira isso aqui, sua sobriedade está me dando nos nervos. — me entregou seu copo e engoli, sentindo o líquido queimar. Era vodca pura. Minha amiga ficava cada dia mais louca, se é que isso era possível.
A música alta preenchia todos os lugares daquela casa. As pessoas já estavam cheias de álcool no sangue, dançando muito loucas, pulando na piscina e se pegando em vários espaços vazios sem se importar com o público à volta. Meu nível de álcool estava baixando graças as minhas cortadas em Nicole, se eu fosse na onda dela, eu não voltaria para Nova Jersey hoje e perderia minha entrevista de emprego pela manhã. Depois de algumas horas, Jake tinha se unido à nossa rodinha e me empurrou mais um copo com vodca, e fiquei enrolando para bebê-lo enquanto nossa conversa fluía livremente.
Um sentimento estranho de que eu estava sendo observada não saía do meu pensamento, então analisei o ambiente até que meus olhos pararam nele. Meu corpo gelou na hora em que lhe vi, minha mente fazia de tudo para tentar encontrar uma rota de fuga daquele lugar, mas nada que eu fizesse me deixaria calma. “Aja naturalmente. Isso é passado, não é, ?”, eu perguntava para mim mesma. permanecia paralisado enquanto bebericava o copo vermelho em sua mão. “Com certeza é cerveja”, minha mente dizia, nunca esqueceria seu vício na bebida amarga que nos causou tantos problemas. Ele tinha algumas tatuagens a mais, com braços mais fortes que eu podia jurar que nunca mais sentiria em minha cintura. Seu cabelo estava impecável como sempre esteve. Nossos olhos permaneceram um no outro por mais tempo do que deveria, até que ele desviou seu olhar do meu e abriu um sorriso convencido — lindo para caralho, por sinal —, e como eu sentia falta daquele sorriso. Esse maldito sorriso! Insisti em olhá-lo pela última vez, conversando animadamente com o pessoal e algumas outras pessoas que chegavam para abraçá-lo e desejar as melhores coisas, o que me fez lembrar que dia era hoje e o porquê de tantas felicitações. Mesmo voltando para a conversa na minha rodinha, eu não conseguia parar de reviver o passado na minha cabeça. Nosso primeiro beijo. Nesse mesmo lugar.


6 ANOS ATRÁS
Nova Jersey, 14 de fevereiro de 2014.


Estava dançando no meio de toda aquela gente com uma música altíssima estourando nos ouvidos, mas nada me impedia de pular e vibrar com a melodia. Entre risos e gargalhadas, tirei minha visão, que estava nas minhas amigas reunidas à minha frente, e olhei para o lado. Me sentia observada por do outro lado do salão e sorri em resposta. Nós éramos amigos há um bom tempo, mas naquele momento não era um olhar de cumplicidade e eu talvez eu estivesse gostando disso. Me distanciei das meninas por um tempo e fui em direção a ele.
— O que está bebendo? — perguntei assim que estava de frente para ele.
— Cerveja, quer? — tomei seu copo e bebi um gole.
— Eu tento gostar disso, mas que negócio amargo! — fiz cara de nojo.
— Vou te fazer algo melhor. — disse e saiu para a cozinha voltando rápido com um copo vermelho com um líquido transparente.
— O que colocou aqui?
— Vodca e refrigerante, você é muito iniciante nisso! — coloquei o copo na boca revirando os olhos. — Hey! Espera, esqueci de algo. — ele roubou o copo e colocou seu dedo, mexendo o líquido.
— WHAT THE FUCK, ! Eu nem sei onde você enfiou esse dedo. — tomei o copo de sua mão.
— É o segredo do drink! — ri em resposta e finalmente engoli a bebida.
Em meio a conversas descontraídas e gargalhadas escandalosas, sentia meu nível de álcool subindo a cada momento mais com ele na minha frente. Meu corpo já estava totalmente entregue à bebida. Eu me considerava uma pessoa totalmente de humanas, mas amava biologia e sabia exatamente o que estava acontecendo comigo naquele momento. O etanol ingerido por mim já estava em um nível onde meu corpo estava inibindo a liberação de alguns hormônios que eu não iria me esforçar nem um pouco para lembrar agora, mas me deixavam extremamente lenta. Eu nunca tinha percebido o quão bonito era até agora e em anos de convivência eu nunca tinha parado para analisar o quão gente boa ele era. Eu tinha uma amizade com ele, mas nossos amigos acabaram ficando mais próximos apenas recentemente e isso nos deu a oportunidade de estar sempre nos encontrando em alguma social ou festa que seus amigos faziam, o que nos uniu mais do que eu esperava. Mas eu nunca poderia imaginar que eu estaria achando aquela boca tão chamativa quanto seus olhos verdes. Eu conseguia sentir a ocitocina se alastrando por todas as células do meu corpo e naquele momento mixava-se com o álcool no meu sangue, me deixando mais aberta, vulnerável e entregue. Estava bêbada, mas não o bastante para deixar de notar que o olhar dele para mim suplicava por algo que eu não conseguia entender.
— Eu me sujei? — disse, deixando o copo de lado e olhando para minha roupa, procurando algo que pudesse explicar.
— Não. — ele disse distraído, mas eu o sentia mais perto de mim, sua respiração pesada chegava perto da minha boca enquanto eu diminuía ainda mais nossa distância. Coloquei minhas mãos no seu rosto, tentando alcançar sua boca até que beijou meus lábios devagar, conhecendo aos poucos aquele território desconhecido.
Eu estava em sua frente, com os braços ao redor do seu pescoço. Incomodado com a nossa diferença de altura, ele me pegou pela cintura e me pôs em cima da bancada da cozinha. Não tirei meus olhos dele em nenhum momento e então encontrei sua boca novamente. Seus lábios tinham um gosto amargo pronunciado, indicando a quantidade de cerveja que ele havia ingerido naquele dia. Sua língua preenchia cada espaço vago na minha boca, liberando cada vez mais ocitocina, mantendo nossa conexão e desejo pelo outro. Suas mãos percorriam todo meu corpo, apertando ora minha cintura, ora minha coxa me fazendo arfar durante o beijo. “Fodeu”, foi o que pensei quando não consegui afastar meus lábios do dele. Chupei a sua língua e senti seu gemido preso na garganta enquanto ele lutava com sua boca para dominar a minha. Eu sabia que depois daquele beijo seria difícil achar outro tão bom quanto aquele.


— A bebida não está boa? — saí dos meus pensamentos, ouvindo a pergunta de Jake vendo meu copo cheio.
— Na verdade, eu tenho que ir. Tenho uma entrevista muito importante pela manhã e não posso beber muito. — entreguei meu copo para ele
— Não acredito! Você vai nos encontrar no final de semana que vem, não é?
— Claro que sim! Eu prometo me jogar muito mais. Obrigada pela recepção. — o abracei.
— Nick, você vem? — a puxei pelo braço, afastando-a da roda.
— Vou ficar mais um pouco, amiga. Tudo bem para você?
— Como você vai voltar?
— Eu peço para o Ethan me buscar.
— Tudo bem. Cuidado! — a abracei e me despedi do restante dos garotos, prometendo estar na próxima festa.
Caminhei até a porta e senti a brisa fria da noite arrepiar todos os meus poros ao caminhar para o carro. Coloquei o casaco pelos meus ombros e saí andando rapidamente. A verdade é que eu achei que fosse mais forte do que aparentei e não queria mais permanecer no mesmo ambiente que . Eu achei que estaria preparada para encará-lo novamente, mas pelo visto meu coração me traiu mais uma vez.
? — a voz da qual eu sentia tanta falta me gelou por dentro.
— Sim? — era tudo que eu conseguia dizer naquele momento.
Eu sentia cada batida do meu coração e implorava para que ele não estivesse escutando as aceleradas.
— Você está bem? — virei meu corpo, olhando em seus olhos pela segunda vez naquela noite e só conseguia ver súplica neles.
— Sim, eu tenho que ir. — pus minhas mãos tremendo dentro do casaco, retirando a chave do carro, dando as costas para ele.
? — e ao ouvir sua voz mais uma vez, não hesitei em olhá-lo novamente.
— Feliz aniversário, .
Vi seus olhos marejarem em resposta, destravei a porta, entrei o mais rápido que meu corpo conseguia responder e arranquei com o carro, observando pelo retrovisor a imagem dele desaparecendo dos meus olhos.

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Nova Iorque, 9 de maio de 2020

tinha guardado um terno rosa de alfaiataria para aquele dia, mas muitas coisas se passavam pela sua cabeça. Ela era capaz de conseguir aquela vaga de emprego? Estar em uma editora tão conhecida mundialmente não seria cedo demais para uma vivência profissional de apenas um ano? Apenas mais um dos seus surtos de autossabotamento que ela se encontrava em cada novo desafio na vida.
? — ouviu uma voz feminina a chamar.
— Sou eu. — disse prontamente.
— Sala no final do corredor, o diretor Christopher Collins espera por você. — a garota agradeceu e encaminhou-se até a sala indicada.
Observou o corredor repleto de premiações e obras que a editora tinha direitos sobre e muitos dos seus livros favoritos estavam naquelas paredes, o que retirou um sorriso sincero de seus lábios. Bateu na porta e foi recebida por um homem que desconfiava ter seus trinta anos, olhos azuis e cabelos loiros.
— Bom dia, Christopher. Sou . — estendeu a mão para o homem à sua frente.
— Seja muito bem-vinda, . Pode me chamar de Chris. — apertou a mão em cumprimento.
— Tudo bem, Chris. — sorriu e o homem continuou.
— Vou ser bem direto porque tenho que correr para outra reunião, tudo bem? — assentiu. — Bom, fiz questão de te chamar para essa reunião porque eu achei que seu portfólio é impressionante e a empresa precisa de alguém com olhos jovens para comandar a seção de livros infanto-juvenil e jovem adultos. O que você acha? — ele despejou a proposta enquanto o rosto da garota se iluminava.
— UAU! Quero dizer, com toda certeza. Não esperaria nunca. — tropeçou nas palavras pela surpresa.
— Você pode começar na segunda-feira? — indagou.
— Sim, vou precisar ir hoje buscar minha mudança na Califórnia e sem dúvidas estarei aqui na segunda.
— Ótimo! Você já tem um lugar para morar na região?
— Eu ainda não pensei em nada. Acredito que vá ficar na casa dos meus pais por enquanto, eles moram em Nova Jersey.
— Mas é muito longe, você vai ficar cansada. Eu prezo muito pela qualidade de vida dos meus funcionários. Eu tenho um amigo que está alugando um loft em Greenwich Village, eu posso conseguir um preço bom para você.
— Nossa, muito obrigada Chris, de verdade. Eu não estou conseguindo processar tudo. Parece surreal!
— Não se preocupe, eu faço isso quando vejo potencial em alguém. Sua professora rasgou elogios para você.
— Fico feliz de ouvir isso. Sempre coloquei minha vida nas minhas edições.
— Tenho certeza que sim. — o homem à sua frente sorriu e olhou para o relógio, demonstrando preocupação com o horário. — Bom, eu preciso ir. Seja muito bem-vinda, espero que possamos produzir trabalhos de sucesso. — a garota se levantou e apertou sua mão.
— Sem dúvidas, muito obrigada pela confiança. — sorriu e andou até a porta sob olhar do homem.
— Antes que eu esqueça, você terá uma sala, peça para Helena lhe mostrar. — ela virou seu corpo em direção a ele e assentiu, sorrindo em resposta.
A única coisa que ela faria dali em diante seria trabalhar e trabalhar muito para que nada saísse fora dos conformes. Sentia a responsabilidade crescer depois dessa reunião e ela precisava estar focada e nada poderia atrapalhar seus planos. Helena a guiou até a sala que seria dela e acompanhou cada detalhe daquele ambiente. As paredes brancas se destacavam nos móveis de coloração preta. A sala ainda estava vazia, mas com certeza seria repleta de objetos que deixariam mais a sua cara. A janela tinha uma vista para o City Hall Park e muitos arranha-céus como previsto em qualquer cenário em Nova Iorque.



Não havia pregado o olho desde que ouviu sua voz pela última vez. Nunca poderia imaginar que revê-la era algo que o deixaria em estado de alerta, revirando-se em sua cama. era a culpada por isso e saber que depois de anos em que não se viam, nem sequer se falavam, ela ainda lembrava de seu aniversário, aquilo não passou despercebido por ele. Apesar de tudo, ela ainda lembrava de qualquer mísero detalhe sobre aquele garoto e por isso ele sentia-se esperançoso. Precisou tomar vários tapas da vida para perceber que aquela era a garota por quem sempre fora apaixonado e ele sempre soube que ela insistia nas brigas porque se preocupava com ele, mas sua teimosia o impedia de enxergar além do seu próprio ego, o que infelizmente o fez perder tempo com más influências, garotas e outros vícios — algo que ele havia deixado de lado há pouco mais de um ano. Agora que estava em sã consciência, sabia que não existia outra como ela.
Ainda sentado em sua cama naquela manhã, lembrava da última vez que tinham estado juntos e de toda atmosfera caótica em que tinha se metido naquele dia.


Nova Jersey, 18 de maio de 2018

estava ao meu lado e ela nunca é de ficar tão calada e pensativa, o que era estranho, muito estranho. Levantei metade do meu tronco, olhando em sua direção, e alisei a sua perna enquanto ela continuava calada.
— No que está pensando? — seu rosto ainda estava virado para o lado oposto. Vi ela levantar o corpo e sentar na beira da cama. Pus meu rosto encaixado em seu ombro e a beijei.
— A gente vai ficar brincando de se relacionar até quando, ? — tomei um susto com aquela frase.
— OK. Não entendi isso do nada. — respondi prontamente, me colocando sentado ao seu lado.
— Eu não consigo mais lidar com o fato de que quando eu voltar para casa, tudo isso não vai passar de um momento para você. Você vai ter qualquer garota nessa merda de cidade, vai voltar para os seus vícios, suas bebidas, suas amizades que destroem tudo de bom que eu vivo com você porque eu sei que eles me odeiam por te fazer vulnerável.
— Mas esse sempre foi nosso acordo, . Você mesmo disse que estava tudo bem em sermos momentos...
— É, mas eu achei que você mudaria de opinião. Achei que os momentos se tornariam algo mais depois de tanto tempo.
— Por que está falando isso agora se você sempre soube de tudo? Você mora a 2.796 milhas daqui. Quando você vai embora, minha mente pira e eu recorro a tudo o que me afasta de você porque só assim eu consigo sobreviver a essa cidade sem você. — coloquei minhas mãos em seu rosto e vi sua expressão chorosa.
— Não venha me dizer que a culpa das suas besteiras é minha. Desde que te conheci você é assim. Mas acho que eu me iludia pensando que eu poderia mudar você. São três anos que vivo na esperança de você se curar de quaisquer que sejam seus traumas e eu tô cansada de esperar isso.
— Eu não sou e não posso ser o cara que você deseja que eu seja, . — a vi levantar da cama, chateada.
— Então, para mim, isso já deu, . Eu AMO você, mas você nem sequer sente metade da metade do que eu sinto. Eu preciso conhecer outras pessoas e você precisa me soltar.
— Eu não tenho o suficiente para te fazer feliz, . Mas eu não queria ter que me despedir de você assim. — passei minha mão em seu rosto e senti sua lágrima molhá-la. — Por que eu sinto que isso é uma despedida? Tipo, que eu nunca mais vou ver você como antes?
— Porque é. — ela se afastou de mim, recolheu todas suas coisas e saiu do quarto sem olhar para trás.


Me despertei dos meus pensamentos e saí do meu quarto, decidido a ir vê-la. Eu precisava falar o quanto mudei, precisava entender que eu não era mais esse cara cheio de dúvidas, traumas e influenciável do passado. Fui em direção à moto no estacionamento e vi um pouco mais longe minha mãe no quintal.
— Mãe, eu tô saindo! — gritei para ela. Ouvi um “cuidado” em resposta e segui o meu caminho.
Em minutos eu estava em frente à sua casa, prestes a tocar a campainha, até que ouvi uma voz de tom grave atrás de mim.
— Ela não está em casa. — me virei e vi Alex com algumas sacolas na mão.
— Hey, Alex! Ela já foi embora? — perguntei achando estranho.
— Ainda não, ela está em Nova Iorque, mas ela deve chegar mais tarde. — ele passou por mim, passando a chave na fechadura, abrindo a porta em seguida, me indicando para entrar.
— Obrigado. Você acha que ela vai querer falar comigo?
, eu não faço ideia, eu conversei muito pouco com ela ontem, mas ainda acho que ela está um pouco magoada com tudo.
— Alex, tem pouco mais de um ano que voltei da clínica de reabilitação e nesse tempo eu e você nos reaproximamos e você sabe que não estou totalmente livre de tudo, mas eu sei que você viu minha mudança e eu sei que vocês são irmãos muito unidos, então posso te pedir um favor? — vi ele apoiando os cotovelos nas pernas e abrindo as mãos em sinal afirmativo. — Não tenho certeza se ela gostaria de conversar comigo agora, mas você poderia falar bem de mim? — esperei por alguma reação dele.
— Tudo bem por mim, mas não prometo nada. — corri para abraçar ele e tentei levantá-lo. — Cara, me solta! — eu ri em resposta e dei um beijo na cabeça dele enquanto ele tentava se desvencilhar de mim
— EU TE AMO, IRMÃO!
— Tá, agora pode ir que ela deve estar chegando.
— OK, me liga qualquer coisa. — disse e fui em direção à porta, saindo por ela com um sorriso gigantesco junto com um pingo de esperança.



Chegando em casa a garota correu para contar o acontecido para sua família e encontrou apenas seu irmão no quarto, pulando na cama dele recebendo um resmungo em resposta.
— Você é pesada, garota! — ele passou os braços pelo ombro dela, a abraçando.
— Para com isso! — cutucou ele em resposta.
— Como foi a entrevista?
— Já tenho lugar para morar e eu sou a mais nova editora da seção de infanto-juvenil e jovem adultos. — disse com um sorrisão que não conseguia controlar desde que tinha saído da sala de reunião.
— VOCÊ É FODA, IRMÃ! — seu irmão apertou ela ainda mais, dando um beijo na cabeça.
— E por isso preciso fazer a mudança o mais rápido possível, porque segunda-feira já começo na nova empresa. Vou fazer minhas malas.
— Já? Eu ajudo você. — ela achou estranho, mas assentiu e não deixaria de aceitar ajuda.
Alex tentava encontrar uma brecha na conversa dos dois enquanto a ajudava arrumar as malas, mas só quando ela tocou no nome de Nicole, sentiu que aquela era a deixa que tinha para tentar sondar o que se passava de fato com seu coração em relação a .
, não vou mais atrás dela. Se ela te disse que ainda me ama, eu acredito, mas ela precisa demonstrar e eu já fiz o suficiente.
— OK, então não distancie ela de você quando ela começar a se aproximar de novo. — a garota virou para ir ao banheiro colocar algumas coisas na nécessaire.
— Falando em não se distanciar, você poderia fazer o mesmo em relação ao . — ela colocou a cabeça para fora, demonstrando uma expressão de surpresa.
— Desde quando você defende ele? O que rolou? — ela voltou para o quarto, sentando na cama e seu irmão sentou também.
— Desde quando a gente se reaproximou, mas eu nunca te falei sobre porque sabia que machucaria você.
— Eu não queria ouvir falar dele se fosse há tempos atrás, mas você poderia ter me falado. — fez um estalo com a boca em sinal de chateação.
— Você quer ouvir agora?
— Para você falar sobre ele do nada, acho que devo. Eu confio em você.
— Acho que muitas coisas só ele tem o direito de te falar e eu não posso invadir o espaço dele, mas saiba que deixou todos os vícios de lado, não por você, mas porque sabia que se ele continuasse naquela vida, te ter de volta seria impossível e você era a paz dele. Ele merece mostrar a pessoa que ele se tornou durante esse tempo e acho que agora você deveria ouvi-lo. — concluiu.
— Eu não sei o que dizer. — disse a garota, apreensiva e pensativa.
— Ele não merecia você naquela época e eu sempre te disse, mas eu vejo o quanto ele se permitiu mudar, e eu só quero te ver feliz e eu sei o quanto você sempre gostou dele.
Alex puxou outro assunto rapidamente, sabendo que sua irmã sempre precisava de um tempo para pensar depois de qualquer conversa séria. Se esconder nos seus sentimentos e depois encarar o problema. , sabendo que seu irmão nunca iria falar algo que não fosse para o seu bem, já imaginaria o que faria a partir dali, pelo menos antes do próximo encontro com . A garota sentiu seu celular vibrar e viu as mensagens melodramáticas da amiga.


Nick
Você vai embora sem se despedir de mim? 4:30 pm
VACA! 4:30 pm

Eu volto na segunda-feira, dramática! 4:31 pm
Vou precisar empacotar todas minhas tralhas. 4:31 pm
Vai na sexta para NY e temos nosso date de vinho e queijos. 4:31 pm

Nick

OK, perdoada! 4:32 pm
Eu te amo, volta logo :’( 4:32 pm

Também amo você. 4:33 pm


Depois de um jantar de despedida momentânea, se deparava com todas suas malas reunidas na sala. Em um clima menos tenso que das outras vezes, ela abraçava seus pais, sabendo que voltaria para mais perto de casa.
— Você vai conseguir fazer a mudança sozinha, meu amor? — a voz de sua mãe acompanhava enquanto ela colocava as malas no carro.
— A senhora pode me ajudar mãe... Sei que só queria um incentivo. — sorriu e abraçou a mãe de lado.
— Vou mesmo!
— Tudo bem, eu amo vocês. Espero vocês lá, tá? — deu um abraço nos pais e Alex se encaminhou para o banco do motorista. acenou para os seus pais e seguiu caminho para o aeroporto.
Como sempre que andava no banco do carona, observava a cidade e todas as suas luzes. Em meio a tantas novidades daquele lugar, a garota percebeu que alguns sentimentos só estavam adormecidos dentro dela. Eles reafloraram desde o momento que pôs seus olhos em novamente, e com uma ajuda a mais de Alex não sairia de Nova Jersey sem antes deixar claro para ele que eles poderiam sim conversar e que ela ainda se importava com ele. Pediu para seu irmão que parasse numa floricultura que ficava perto da casa do garoto, comprou duas rosas e pediu para que ele seguisse para casa de .
Quando viu o carro parar em frente à varanda onde tinha tantas lembranças de seus momentos a dois, abriu a porta e caminhou até a escada deixando as rosas ali em cima do último degrau. Observou mais uma vez o lugar ao redor dela, dando as costas com uma esperança que preenchia seu coração. Entrou no carro e deixou que aquele gesto pudesse ser o recomeço de algo que ela sempre quis, desejou por tantos anos. sempre fora apaixonada por , todos seus amigos falavam para ela o quanto a garota era especial para ele, mas, por muitos anos, eles viviam de momentos e ele nunca conseguia superar o simples fato de que ele podia sim ser vulnerável. Uma garota como nunca permaneceria em um lugar onde sabia que não seria valorizada do jeito que deveria, sabia disso, mas se deixou levar por levianismos. Porém, a partir do dia de hoje, tudo poderia mudar para eles.

🌹🌹🌹

Nova Iorque, 15 de maio de 2020

— Alex vai vim nos buscar. — soltou depois de alguns minutos de silêncio apreciando seu vinho.
— Eu sei, já estou nervosa o suficiente, . — riu com a revirada dos olhos da amiga à sua frente. — vai estar lá...
— QUE ÓDIO!
— Tudo que vai volta, vadia!
— Mas como tá você com o Ethan?
— Eu terminei tudo. Na verdade, nunca foi nada, apenas sexo. Mas ele já sabia e foi tranquilo.
Era final da tarde e ambas estavam deitadas no tapete felpudo branco enorme do novo flat de que se destacava em meio ao piso amadeirado marrom do lugar. As garotas passaram o dia arrumando boa parte do ambiente que ainda estava com algumas caixas espalhadas por toda a sala, mas passando os olhos por tudo, já se via cada centímetro quadrado tomar forma numa ambientação rústica com mistura clássica de preto e branco.
— O que vou fazer, hein? Você precisa me aconselhar, NICOLE! — ela deitou no colo da sua amiga.
— Eu não sei dar conselho, você que sempre sabe o que fazer.
— Ele mudou mesmo?
— A gente saiu algumas vezes com a galera e ele está bem diferente, acho que vale a pena conhecê-lo novamente, entende? Porque em questão de amizade ele nunca falhou comigo, mas com você ele falhou milhares de vezes.
— Eu irei, essa festa de hoje vai ser legal para isso. — a amiga acenou e ambas levantaram-se, concordando que deveriam começar a se arrumar antes que Alex chegasse para buscá-las.
e Nicole estavam do lado de fora esperando Alex, observando os dois lados da avenida, ambas com saias transparentes e biquínis laranja e rosa, perfeitamente vestidas para uma pool party nos Hamptons. Avistou o Mercedes Classe G de cor preta do irmão e atravessaram a rua enquanto ouvia uma oração vinda da amiga. Riu da situação e logo entrou no banco de trás para que eles pudessem ficar mais perto.
— E aí, garotas? — disse assim que elas entraram no carro.
Hello, brother. — com um som grave, respondeu.
— Nem vem com suas frases de vampiro. — Nick sorriu pela primeira vez desde que viu o carro do garoto.
— Você tá bem? — ele direcionou a pergunta para a amiga da irmã, sendo observado pela mesma.
— Sim. — a garota deu um meio sorriso e ele assentiu, finalmente dando partida no carro.
colocou seus fones, sabendo que não queria em nenhum momento ouvir a conversa dos dois que estavam no banco da frente, mas sempre que podia, tentava observá-los. Viu o momento que Alex pôs a mão direita na perna da garota, como sempre fizera quando namoravam, e viu o sorriso dele se abrir enquanto ele olhava para Nicole. Como poderia duas pessoas gostarem tanto uma da outra e sempre colocarem empecilhos bobos na relação?, era o que ela estava pensando, mas por fim sabia que eles superariam qualquer coisa. Pelo menos, um casal estaria feliz nos próximos dias, se amando. Já ela não conseguia nem processar o que falaria com daqui a algumas horas, mas sabia que eles iriam ser os mais sinceros possível a partir dali, e se fosse para voltar, ele estava pela primeira vez pronto para se mostrar como o bom homem que sempre reconheceu.
O clima praiano de maio dos Hamptons permanecia frio e ensolarado. A casa de Jake continuava a mesma de anos atrás quando era adolescente, apenas mais moderna e com cores novas. A cidade não estava tão lotada quanto outros meses mais quentes, mas ainda assim era um refúgio de final de semana para os moradores de Nova Iorque.
As luzes da festa piscavam alucinadamente, destacando as bolas penduradas pelo teto. entrou antes que seu casal de amigos e foi muito bem recebida pelo dono da casa, que estava com um copo de groselha com gin em sua mão.
— Obrigada, Jake! Tá incrível essa decoração, como teve tanta criatividade? — bebericou um pouco da bebida.
— Minha mãe deixou algumas coisas aqui do último aniversário da minha irmã. Mas vem cá, estamos precisando de alguém para o time do beer pong. — disse ele puxando a garota para a mesa.
seguiu seus passos e se deparou com a mesa cheia de seus amigos e no time adversário. Viu ele sorrir quando ela chegou mais perto, pegando a bolinha e acertando logo em seguida em um copo, o que foi acompanhado de muitos gritos de comemoração. A garota não conseguiu tirar os olhos dele em nenhum segundo, assim como ele, estendendo a troca de olhares até a rodada final.



Ver que ela ainda tinha a mesma energia de sempre fez meu coração palpitar de saudades enquanto eu a observava jogar no meio dos nossos amigos. Quando o jogo acabou, se dirigiu até a área da piscina enquanto procurava Nick, mas ela parou no meio do caminho, admirando com um sorriso escancarado vendo seu irmão finalmente tomar a iniciativa de beijá-la. Fui em direção a ela quando percebi que estava distraída.
— Eu sabia que eles iriam se acertar. — falei perto de seu ouvido, atrás dela. Observei ela virar o corpo para minha direção e a vi sorrir.
— Eles são muito bobos com toda essa situação, sabia que ia ficar tudo bem.
— Obrigada por ainda se importar comigo, eu sei que não merecia isso. — disparei depois de um tempo em silêncio.
— Como?
— “Ela me deixou rosas nas escadas. Surpresas me dizem que você ainda se importa comigo”. — citei nossa música favorita de anos atrás e a vi colocar uma expressão de surpresa em seu semblante.
— Você lembra? Eu deixei as rosas, mas com pouca esperança de que lembraria.
— Como poderia esquecer qualquer coisa que você me fez sentir, ? — ela desviou o olhar para o outro lado. — Desculpa, talvez não seja o melhor momento para a gente conversar. — fiz menção de me afastar.
— Por favor, não sai daqui. — ela pegou no meu braço e eu pude sentir seu toque frio que indicava o quão nervosa ela estava.
— OK. — respondi sem saber o que poderia continuar a falar com ela naquele momento.
— Eu aluguei um flat em Manhattan. — ela soltou casualmente, tentando preencher o vazio da conversa.
— Achei que voltaria a morar em Nova Jersey.
— Nos finais de semana, sempre estarei por lá, mas eu preciso ter meu cantinho.
— Você sempre gostou de liberdade, . Mas o que está se passando na sua vida hoje em dia?
— Se quer saber se estou com alguém, a resposta é não.
— Fico feliz em saber, mas não era sobre isso que eu estava perguntando.
— Eu recebi uma proposta de emprego em Nova Iorque e vou ter total liberdade para desenvolver a seção de livros infanto-juvenil e jovem adultos.
— Para a Harper Collins Publishers? — interrompi sua fala lembrando que era a editora na qual ela almejava trabalhar um dia.
— Você também lembra? — vi seu olhar brilhar, admirada.
— Você sempre teve pouca fé em mim, mas vou te afirmar novamente que eu não esqueci nada sobre você. — dei um gole na minha bebida.
— Cerveja? — balancei minha cabeça, negando. — Whisky? — ela tentou mais uma vez.
— Não, água com gás, groselha e limão. Quer?
— Como assim não é álcool?
— Eu mudei, baby. — disse num tom sexy.
— Então precisamos nos conhecer de novo. — ela me olhou e sorri em resposta.
Eu fiquei feliz por estar num clima totalmente ameno com , tendo a certeza de que seu irmão conseguiu conversar com ela e isso facilitou um pouco as coisas. Porque na semana passada eu sentia que ela não queria estar nem um segundo a mais no mesmo ambiente que eu. Mas talvez hoje não seria um bom dia para que ela ouvisse de mim tudo que havia acontecido durante esse tempo longe. Voltando do banheiro a observei de longe e pude perceber que ela estava alcoolizada o suficiente para estar pronta para ir para casa. A vi cambalear e corri para ajudá-la a não cair.
— OK! Hora de ir para casa, não acha? — a sustentei pela cintura e tirei o copo de bebida de sua mão.
— NÃO! Eu prometi que ia ficar até o final da festa, curtindo e bebendo com o pessoal. Né, galera? — ela gritou e os garotos acompanharam, fazendo o resto da festa vibrar.
— Qualquer coisa que você gritar eles vão gritar, , estão tão bêbados quanto você. — a arrastei para um lugar mais calmo e vi seu irmão fazer um sinal para ir até ele.
— Ela está bem? — pude ouvir sua voz quando cheguei mais perto.
— Eu estou ótima, Alex. virou um chato! — senti uma pontada em sua fala, mas eu sabia que era da boca para fora.
— Eu posso levar ela até em casa se você quiser passar mais um tempo aqui.
— Vocês estão falando como se eu não existisse mesmo? MEU DEUS, QUE ÓDIO!
, para de ser uma bêbada chata que não obedece a ninguém! Já deu por hoje. — seu irmão subiu a voz um pouco, o que fez ela se calar e encostar sua cabeça no meu ombro enquanto eu ainda a segurava pela cintura. — Você pode mesmo deixá-la em casa?
— Sim, você me passa o endereço? — perguntei recebendo um balançar de cabeça dele, assentindo.
Coloquei ela em meu colo e segui caminhando até o carro que estava estacionado na frente da casa. Abri a porta do carro com um pouco de dificuldade, mas consegui sentar no banco de carona, pus o cinto nela enquanto a ouvia resmungar e fechei a porta. Assumi o volante ao seu lado e enquanto dirigia até seu endereço, a observei dormir tranquilamente, e como eu sentia falta de poder vê-la de perto, admirar sua beleza e calmaria, aquilo que sempre me faltava e ela conseguia preencher.
Depois de longas duas horas dentro daquele carro, cheguei ao endereço indicado e pude ver ela se mexer um pouco, abrindo os olhos em seguida, me encarando.
— Não acredito que você me trouxe. — falou um pouco embolada enquanto se ajeitava no banco.
— Seu irmão ia demorar e você não estava nem um pouco bem. Você precisa de ajuda para subir? — perguntei com a esperança de que ela dissesse não para eu não ter que cair na tentação de entrar em sua casa.
— Eu acho que consigo subir sozinha. Obrigada pela carona. — ela me deu um beijo no rosto antes que eu pudesse responder e saiu do carro ainda cambaleando. Suspirei, sabendo que ela precisaria de ajuda para subir e segui ela, a ajudando. — Obrigada. — ouvi ela falar segurando no meu braço.
O caminho da porta do prédio até sua casa conseguia ser mais constrangedor que quando os pais dela me viram pelado com ela no sofá da casa deles. Eu sabia que ela queria falar algo, mas não era o momento e eu já estava entalado o suficiente para não conseguir formular nenhuma frase que pudesse deixar o clima mais leve. Ouvi o som do elevador indicar o andar de e a vi sair dele, olhando para trás, esperando que eu a seguisse, mas aquela não era uma boa ideia.
— Você não quer entrar? — observei seus olhos amendoados suplicarem para que eu aceitasse o convite, mas minha cabeça estava sã o suficiente para dizer não.
— Não acho uma boa ideia. — a porta do elevador quase se fechou e pus minhas mãos, impedindo que isso acontecesse.
— Está tarde, você pode dormir no sofá. Não vai me incomodar. — ela estava mais perto de mim e eu não conseguia olhar para outra coisa que não para sua boca ainda com resquícios de batom rosado.
— É melhor eu ir, . Boa noite, beba água antes de dormir. — a olhei mais uma vez e soltei a porta do elevador, então ele se fechou.
Apertei o botão do térreo e virei meu corpo para o vidro, observando meu reflexo. Mas antes que o elevador pudesse descer, eu vi a porta se abrir novamente e ela entrar no ambiente novamente, preenchendo o lugar com seu perfume adocicado. Eu sabia que a partir dali eu não conseguiria ir para casa e sua teimosia era algo que me tirava do sério, mas naquele momento eu agradeci pelo seu temperamento como nunca havia agradecido antes. Virei meu corpo, ficando frente a frente com ela e percebi sua respiração descompassada. Passei meus braços por sua cintura e a tomei para mim, tentando diminuir o espaço entre nós que ainda insistia em existir.
— Você vai se arrepender disso amanhã, . — disse antes beijá-la.
— Amanhã é outro dia, . — ela disse e finalmente eu a arrastei para fora do elevador.
Ela desesperadamente abriu a porta atrás de si e cambaleou para trás, quase nos deixando cair no chão, mas a segurei pela cintura ultrapassando a porta e fechando-a atrás de mim. Finalmente a beijei depois de tanto tempo desejando aquela boca novamente e seu sabor continuava o mesmo de sempre, mas com um toque mais doce pela groselha que havia ingerido. Nosso beijo era diferente de qualquer outra boca que eu havia beijado e eu nunca havia conseguido substituir ele. Me afastei um pouco para tirar minha camisa enquanto ela se livrava da sua bolsa e saia, deixando seu corpo apenas em um biquíni minúsculo. Por um momento ela me observou sem desviar nem por um segundo o olhar, mas permaneci nele, afastando o cabelo que cobria parte do seu rosto.
— Eu senti falta desse beijo.
se aproximou de mim e grudou nossas bocas novamente. Lentamente. Colocando seus braços nos meus ombros, abraçando meu pescoço. Senti um arrepio percorrer minha espinha quando senti seu carinho na minha nuca. Ela lembrava do ponto fraco, “Puta merda.”, era o que eu conseguia pensar. Andamos até seu quarto, não desgrudando nenhum momento do beijo, e a joguei na cama. Beijei toda a extensão da sua clavícula, subindo pelo pescoço, ouvindo sua respiração arfar devagar, e mordisquei cada pedaço de sua pele, chegando perto dos seus seios.
— Deixa que eu tiro. — eu disse quando ela levantou seu tronco.
Desfiz o laço do seu pescoço e soltei as alças, deixando seu colo à mostra. Seus seios ainda eram como eu lembrava, redondos, fartos e empinados. Os mamilos estavam apontando para mim, rígidos. E eu não conseguia dizer não para eles. Meti minha boca. Chupando. Mordendo. Acariciando o tanto que eles mereciam, e conseguia ouvir os gemidos dela preencherem o ambiente.
Antes que pudesse sentir finalmente seu gosto, subi meu rosto para o seu e lhe dei um beijo, que dessa vez estava com mais fogo que o anterior. Apertei sua cintura e desci beijando toda extensão do seu corpo, dando pequenas mordiscadas sentindo seu corpo responder a elas. Puxei sua calcinha para baixo rapidamente e beijei toda extensão interna da sua coxa antes que chegasse em sua vagina.
— Me chupa, . — ela disse meio a um gemido.
E eu não conseguia dizer não àquela mulher e fiz o que ela me pediu. Lambi seus lábios externos e internos antes que parasse no clitóris e demorasse ali com vontade e desejo. Senti suas mãos puxarem meu cabelo, respondendo lindamente que ela estava gostando da minha boca no meio de suas pernas. Enfiei meus dois dedos dentro dela, continuando a chupá-la e percebia seus espasmos tomarem conta de seu corpo. Ela estava louca, delirando, mas sabia que ela não aguentaria sem pedir para que eu fodesse ela de uma vez por todas, então eu parei de masturbá-la, ouvindo-a resmungar.
— O que você quer que eu faça? — perguntei com meu tronco ereto.
— Eu quero que você me foda, eu preciso que você me foda!
Sentia saudades desse seu olhar luxuoso quando ela estava totalmente entregue a mim. desabotoou minha bermuda, abaixando ela e levando junto a cueca que eu vestia, mostrando meu pau completamente duro. Ela se atirou para cima de mim, ficando no controle da situação, e me empurrou contra o colchão, me fazendo pulsar mais ainda de desejo por ela. Seu rebolado em cima da minha cintura me fez dar um tapa na bunda gostosa e redondinha, recebendo um grito em resposta. Posicionei seu quadril, forçando-o para baixo para que finalmente sentasse na minha ereção. Enquanto ela sentava-se devagar em mim, não consegui por nenhum minuto desviar de seu rosto. A forma como ele mudou quando ela se sentiu penetrada era tudo que eu necessitava, e nem sabia, para fazer meu coração palpitar rapidamente. Eu conseguia sentir toda a extensão da sua boceta se fechar no meu pau enquanto eu conduzia apertando seu bumbum, ela se mexia freneticamente e gemia enlouquecida de tesão. Pela forma como não conseguia me encarar, eu sabia que desde a nossa última transa, ninguém nunca a tinha feito gozar como eu conseguia, mas eu precisava que ela olhasse para mim quando isso acontecesse.
, mais forte. — ela disse pausadamente num gemido, me dando mais empolgação para fazê-la gemer mais e mais.
— Abre o olho, . Eu quero olhar para você enquanto eu te faço gozar. — então ela fixou seus olhos em mim.
Eu já sentia seus espasmos enquanto ela se amolecia em cima de mim, indicando que ela já estava próxima ao orgasmo. Mexi meu quadril mais rápido, ouvindo seu escândalo em forma de grito e eu conseguia me surpreender como ela estava quente.
— Eu vou gozar. — ela gritou.
Passei minha mão por cima do seu clitóris, a ajudando a atingir o ápice. Olhei em seus olhos castanhos que estavam mais claros que o normal, indicando que o tesão havia chegado. A abracei pela cintura e senti seu tremor no meu pau, onde eu conseguia sentir toda adrenalina do sexo. Meu coração, corpo e alma estavam presentes naquele momento, e pela primeira vez depois de muito tempo atingi um orgasmo junto ao dela.
— CARALHO. — foi o que ela disse ainda abraçada comigo.
Eu conseguia sentir sua respiração acelerada e seu coração palpitando, eu sabia que era pelo sexo que acabara de acontecer, mas eu tinha certeza que não era só por isso. Permaneci naquele abraço pelo tempo que ela quisesse, porque era isso que eu sentia falta, amanhã a gente poderia arranjar um jeito de fazer as coisas darem certo ou não darem, mas nós precisávamos daquilo hoje.

🌹🌹🌹



Deveria ser por volta das dez horas da manhã e minha cabeça girava quando decidi me levantar. Observei meu quarto e vi minhas roupas espalhadas pelo quarto, olhei para o meu corpo e vi que estava de pijama que claramente não havia sido eu que tinha vestido.
? — falei antes que pudesse chegar na sala, mas ela estava vazia.
Que maravilha, mas é claro que isso aconteceria. Ele fez o que tinha vontade e agora me deixou sozinha. Sentei na cozinha e me servi de um copo de água que estava por cima do balcão.
— Previsível. — eu resmunguei.
— O que é previsível? — ouvi sua voz atrás de mim e virei meu corpo para observar ele.
— Eu achei que...
— Eu tinha ido embora? — eu assenti com a cabeça e o vi se aproximar com algumas sacolas e suspirei aliviada por estar errada. — Eu trouxe um remédio para você e nosso café da manhã.
— Obrigada. — peguei o remédio da sua mão e tomei prontamente.
Ficamos em silêncio por uns bons minutos enquanto eu tentava processar tudo que havia acontecido na noite anterior. Coloquei um pedaço de croissant na boca e tentei mantê-la ocupada, evitando de falar qualquer besteira. Não era minha intenção que a gente se entregasse novamente assim de bandeja sem que antes eu pudesse conversar com ele sobre tudo, mas além de alcoolizada, nada que eu fizesse conseguia me tirar de perto dele.
— Acho que não dá para adiar mais, não é? — ele falou, parecendo que conseguia ler minha mente, mas eu tinha esquecido que ele conseguia me ler tão bem.
Nos sentamos no sofá e eu comecei:
— OK. Pode me contar tudo. O que mudou durante esses dois anos?
— Tá bem, vamos lá... No dia que você deu o ultimato, dois anos atrás, eu não via mais outra saída a não ser me enfiar nos meus vícios. Mas naquele final de semana eu nunca imaginaria que chegaria no fundo do poço. Eu cheguei ao fundo do poço, , e naquele final de semana tive uma overdose.
— Por que ninguém me disse? Eu voltaria para te ajudar. — disse desesperada, chegando mais perto dele no sofá, mas ele virou o rosto. Eu sabia que ele só não queria que eu visse seus olhos acumulando lágrimas.
— Eu pedi para que ninguém lhe contasse, você não merecia mais perder seu tempo comigo. Pelo menos não enquanto eu estivesse naquele estado, porque não era sua culpa. Você... — ele pausou e eu peguei seu rosto e o vi travar no choro. — Você não precisava carregar essa culpa, sabe? — ele passou a manga da camisa no seu rosto enxugando as lágrimas e continuou. — Naquele dia mesmo, eu decidi ir para uma festa que o pessoal estava dando e eu sabia que ia ter droga suficiente para que eu esquecesse do vazio que eu estava sentindo, mas nada que eu estava consumindo naquele dia aliviava aquela sensação, então eu injetei heroína no meu braço e eu não sentia mais dor, ansiedade, vazio. O prazer e o bem-estar que eu senti era surreal...
— Meu bem, o que você fez com você? — eu comecei a chorar e o abracei, tentando tirar o peso de tudo que ele havia sofrido desde que eu fui embora.
O senti desabar abraçando minha cintura e ele se deitou sobre mim enquanto eu o apertava. Eu nunca imaginaria que ele havia passado por isso, apenas achei que ele tinha se tocado dos amigos otários, se isolado, porque eu sabia que ele era uma pessoa controlada quando queria, mas as drogas... Essas ele não conseguia controlar e isso me deixava muito mal. Eu cansei de lembrar todas as vezes que eu o encontrava jogado no canto de alguma festa e tinha que resgatá-lo, ou quando me ligavam para socorrer ele de tão bêbado e drogado que estava. A mãe dele sabia que tinha alguns episódios de descontrole, mas nunca imaginava que era cocaína ou qualquer outra droga que ele achava pelo caminho. Então, eu tinha que buscá-lo e levar para minha casa para que sua mãe não visse o estrago que ele estava fazendo em sua vida.
— Me desculpa por tudo que eu já te fiz passar. Me desculpa por ser teimoso, eu não te merecia antes e ainda não te mereço. — eu o ouvi falar abafado no meu peito. Levantei meu tronco e pus minhas mãos em seu rosto quando estávamos sentados novamente.
— Não precisa me pedir desculpa, eu já te perdoei por tudo, meu bem. Mas você quer continuar a me falar? Não precisa ser agora.
— Eu preciso que você saiba de tudo de uma vez. — eu assenti e ele continuou. — Eu já tinha cheirado muita cocaína e bebido muito, então quando injetei a heroína a mistura não poderia ter feito outra coisa senão me matar. Eu tive algumas paradas cardíacas e respiratórias. Eu tinha certeza que eu ia morrer, . Não tinha como eu continuar vivo, mas por um milagre uma garota que estava comigo naquele dia conseguiu me levar ao hospital a tempo.
Me movi um pouco estranha quando ele citou a garota e eu não tinha como não perguntar sobre ela.
— Vocês namoraram? Ela era especial?
— Sim, mas não durou muito. Ela me ajudou durante uns seis meses, mas ela sempre soube da nossa história e não suportava que eu sempre tocasse em seu nome a cada minuto, mas eu sou muito grato a ela. — ele disse sério e eu conseguia ver sua sinceridade transbordar seus olhos.
— Então eu também sou grata por ela ter estado ao seu lado. — ele sorriu com a minha resposta e segurou minha mão.
— Minha mãe ficou devastada quando precisou me internar, ela ficou sozinha durante muito tempo em casa, mas sempre que tinha visita ela estava lá na clínica, tentando se sentir menos culpada. Ela sentia o peso de eu não ter uma figura paterna que me causou tantos traumas, mas eu tentei ao máximo dar tudo de mim na minha recuperação pela felicidade dela. Porque a culpa nunca foi dela, eu que fiz isso comigo e eu não merecia arrastar todo mundo ao meu redor para o fundo do poço comigo.
— Como ela está?
— Agora bem, ela tem um novo namorado que a trata muito bem, eu nunca tinha visto a senhora tão radiante.
— E você? Como está agora?
— Eu estou bem, consegui assumir o controle da minha vida, mas eu não posso largar a terapia, tem me feito muito bem. A empresa do meu pai voltou a dar lucros e minha mãe me deu todo o poder de comandar ela.
— NÃO BRINCA! Era seu sonho, amor. — eu o abracei pelo pescoço e sentei em seu colo.
— Eu consegui! E eu sou muito grato a tantas pessoas, inclusive ao seu irmão, ele me ajudou com os estudos e a me manter são até a sua volta, mas ele nunca me deixou vê-la quando você vinha de férias e eu conseguia entender. Não tirava sua razão, mas eu não conseguia mais ficar longe de você. — ele colocou um fio de cabelo que estava no meu olho atrás da minha orelha e eu me derreti com seu toque.
— Ele falou comigo semana passada, então acho que ele estava te testando esse tempo todo.
— Então, eu estou aqui, . Eu sou um novo homem e eu queria muito que você me desse a oportunidade de te mostrar quem eu sou. — ele sustentou suas mãos na minha cintura e eu sorri com o jeito meigo que nunca tinha visto antes nele.
— Depois de ontem você acha que eu ia negar algo para você? Só se eu fosse completamente maluca! — ele beijou meu pescoço e eu dei uma gargalhada pelas cócegas que me causou.
— Então, por hoje, você é toda minha. — me deu um selinho.
— Para sempre, não? — soltei num tom debochado.
— Está me pedindo em casamento? Você precisa de um anel para isso, garota. Minha mãe é muito conservadora. — ele disse levantando comigo em seu colo e me levando para o quarto, já sabendo onde aquilo nos levaria.
— Então, sexo só depois do casamento para você. — eu disse sorrindo.
E ele me jogou na cama novamente e eu conseguia ver nossas vidas através dos seus olhos, estavam brilhantes e eu tinha certeza de que os meus também. Tudo o que passamos até aqui nos fez pessoas melhores e nenhum trauma antigo, a partir de hoje, teria espaço para atrapalhar nossa relação. A coisa que eu mais esperei dele era a vulnerabilidade e a construiu da forma mais perigosa que conseguiu, mas estamos aqui, mais perto um do outro do que nunca.
— Eu amo você. — ele disse antes de me beijar novamente.



FIM



Nota da autora: Confesso que sou muito apegada nessa história comparada às outras, mas me digam o que acharam! Fico feliz quando ouço alguns surtos, sugestões e críticas hahaha BEIJOS!





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