Capítulo Único
Janeiro de 2012:
— Já pensaram no quão louco seria se a gente roubasse algo valioso? Ficaríamos ricos pra sempre. — Ela exclamou do nada, dando um sorriso animado ao revelar o que estava em sua mente esse tempo todo desde que havíamos chegado no terreno abandonado que sempre íamos após as aulas e chamávamos de nosso.
— Tá louca? Como faríamos isso? — O garoto ao meu lado questionou, se aproximando interessado. Eu fiz o mesmo, apenas a observando continuar essa ideia doida.
— Já pensei em tudo, eu só preciso que meus dois fiéis ajudantes e melhores amigos concordem. — Ela alternou seu olhar entre nós dois.
— Você tá falando sério? — Perguntei e ela afirmou animadamente com a cabeça.
— Pode contar comigo, não tenho nada pra fazer mesmo. — O garoto respondeu e olhou para mim em seguida, sendo acompanhado por ela.
— Eu to dentro.
— Só precisamos da oportunidade perfeita… daqui há alguns anos, quando sairmos daqui, voltamos a falar sobre isso, mas até lá eu explico tudo pra vocês.
E foi assim que nosso plano maluco de roubar o colar exposto no museu de arte da nossa cidade teve início.
Dias atuais:
POV
As portas douradas do elevador se abrem, revelando talvez um dos eventos mais incrivelmente elegantes que eu fui em minha vida. A nossa sorte era que havia encontrado as roupas ideais num bazar perto do lugar onde tínhamos nos hospedado. Nossos olhares se cruzam antes de adentrarmos o local e ela dá um sorriso reconfortante, entrelaçando seu braço ao meu e me guiando para fora daquele cubo claustrofóbico. Analiso o cômodo até encontrar conversando com algumas pessoas mais à frente, que sinaliza com a cabeça quando seu olhar se cruza com o meu, e aponto para que o veja, logo após voltando a minha atenção para o restante do evento. O nosso objetivo se encontra no meio do salão, juntamente com um aglomerado admirando-o, brilhando tanto quanto os olhos da garota ao meu lado ao avistá-lo. Decidimos nos enturmar com a multidão, nos aproximando do pequeno grupo em que estava e dando nossos nomes falsos.
— Eu acho que para obter o sucesso você tem que correr riscos. É uma frase bem clichê, mas desde muito novo eu sempre procurei me arriscar muito e olha onde eu tô agora. — Falo dando um riso pequeno durante a conversa, a qual não parecia estar muito interessada, pois, assim que começa a tocar música, ela me puxa para um canto mais afastado, dando a desculpa para o grupo de que era a sua favorita.
— Você gosta de mentir, né? — Ela pergunta rindo quando já estamos distantes dos outros, se aproximando de mim e me entregando sua mão, enquanto eu depositava a minha em sua cintura.
— De uma certa forma é verdade… se tudo der certo, o risco que a gente vai correr hoje vai valer a pena depois e vamos ter sucesso. — A viro de costas durante a dança e consigo sentir seu perfume, nossos corpos se movendo em sincronia.
— Obrigada por fazer essa loucura comigo. Você e o … mas você acha que vai dar certo?
— Olha pra mim. — Exijo, a virando de volta. — Claro que vai dar certo, não é à toa que planejamos isso há um tempão. Não tem como dar errado, acredita em mim. E se der, nós damos um jeito… sempre damos.
Continuamos dançando até eu sentir uma vibração vinda do meu bolso e ser forçado a me afastar da garota à minha frente para atender a ligação ao ver que era .
— Já tá na hora… ou vocês preferem continuar dançando agarradinhos e desistir do plano? — Ele resmunga do outro lado da linha e, após eu conseguir encontrá-lo em meio à multidão, levanta sua presilha nasal para mim. Eu respondo com o mesmo gesto e entrego uma outra presilha para , que se distancia de mim, indo para o outro lado do cômodo.
Consigo avistar o clorofórmio saindo da tubulação e imediatamente posiciono o pequeno objeto acima do nariz, sendo seguido pelos outros dois. Em questão de segundos o caos começa a tomar o local ao ter centenas de pessoas correndo de um lado para o outro. Eu tinha pena delas, mas o que podia fazer? Elas apenas estavam no lugar errado, na hora errada. Uma multidão corre em direção à coluna de mármore onde estava o colar incrustado de diamantes e consigo avistar junto a ela, que derruba o vidro de proteção do objeto, fazendo com que este caia junto. Era a deixa pra eu e irmos naquela direção, eu me jogando no chão à procura do colar, o que percebi ter sido uma péssima ideia ao ter recebido diversos pisões e chutes de pessoas desesperadas. Como se não bastasse, meu tempo sem respirar está acabando e não duraria mais do que eu esperava, mesmo com os diversos treinos de controle da respiração que tivemos durante semanas. Já estou começando a ficar sem ar, até que sinto uma mão puxar a gola da minha camisa para cima e, ao levantar a cabeça, vejo com o colar em suas mãos. Sinto minha visão ficar um pouco turva e faço o máximo para me equilibrar, mas a garota consegue me guiar para fora do local, onde já espera em um carro preto, e me empurrar para dentro do automóvel, no qual ele dá a partida assim que se põe ao meu lado e fecha a porta, retirando a presilha nasal do nariz e me ajudando a fazer o mesmo.
— Conseguiram? — questiona revezando o olhar entre a gente e a estrada, e , com um sorriso vitorioso, ergue o objeto brilhante com a mão, fazendo ele dar vários gritos de comemoração enquanto batia no volante alegremente.
— Cê tá bem? — Ela pergunta para mim assim que o nível de adrenalina em nossas veias começa a baixar e eu respondo com uma afirmação da cabeça. — Pra onde a gente vai agora?
— Aluguei quartos pra gente numa pousada perto da praia nesses últimos dias. Não falei nada, mas acho melhor a gente não passar pela fronteira por uns 4 dias, depois podemos ir. — Aviso enquanto pego a bolsa que havia deixado no carro há um tempo e analiso no mapa onde ficava o local.
— Não acham melhor trocarmos de roupa logo? — A garota ao meu lado pergunta e todos concordamos, fazendo com que pare o carro num acostamento deserto. Eu e ele nos trocamos e, após insistir para que saíssemos do carro, mesmo com a gente falando que fecharia os olhos, ela se troca igualmente. Não era minha intenção olhar. Eu não estava nem prestando atenção nisso, mas meus olhos acabam se direcionando sem querer ao espelho do retrovisor e parando na pele desnuda da garota dentro do automóvel, que usa apenas um sutiã preto. Seu olhar encontra o meu e ela dá um leve sorriso malicioso, dando o dedo do meio depois. Nunca havia sentido desejo por ela, não que eu me lembre, mas, desde que a avistei com o vestido da festa, percebi o quanto ela havia mudado desde que éramos crianças. Eu e sempre a defendíamos dos babacas de 15 anos que ameaçavam machucar o coração dela de alguma forma, apesar da garota sempre brigar com a gente por isso, porque ninguém parecia ser bom o bastante para ela. E, de fato, ninguém era.
Ao terminar de trocar de roupa, jogamos as usadas no evento no lixo e as incendiamos, entrando no carro e seguindo viagem logo após. Em menos de 4 horas conseguimos chegar na pousada, escondendo o colar na mala de antes de adentrar o local, que parecia ser extremamente aconchegante. Vamos para nossos respectivos quartos e aproveito para olhar as notícias mais recentes sobre o roubo, checar se havia alguma informação comprometedora, mas não tinha nada além de manchetes como 20 milhões perdidos em uma noite: joia rara some em meio ao desespero dos convidados da grande reinauguração do museu de arte, o que me fez finalmente aliviar e me jogar na cama, só então percebendo a dor tomar meu corpo nos locais em que levei as pisadas e chutes. Meus braços estão cheios de hematomas e alguns cortes, devido aos saltos das mulheres que bateram como facas afiadas contra eles, sem falar nos que estavam em menor quantidade ao redor do corpo, que eu não fazia ideia de como os havia conseguido. Após um longo banho, me deito na cama e durmo, só me permitindo acordar quando ouço batidas na minha porta.
— Bom dia, bela adormecida! — fala assim que eu abro a porta e faz uma careta ao ver os hematomas espalhados pelo meu corpo. — Melhor usar casaco e calça para ninguém ver isso…
— Que horas são? — Pergunto ao perceber o sol batendo na minha cara.
— Onze. A tá faminta e disse que precisamos comemorar. — Ele sorri e aponta para a paisagem. — Estamos ricos, mano!
Andamos pela areia até chegar em um local mais afastado da pousada e dos outros hóspedes e avistamos saindo do mar e vindo em nossa direção com um sorriso no rosto.
— Finalmente o conseguiu te acordar, passamos na sua porta umas três vezes. De casaco na praia? Que sem graça, … a gente tem que aproveitar esses últimos dias, e, com essa praia linda aqui só pra gente, fica melhor ainda. — Assim que ela termina a frase, põe a JBL para tocar e se aproxima dançando, chamando a gente para fazer o mesmo. Começo a me mover com uma certa dificuldade, sendo acompanhado por . Algum tempo depois, seu celular toca e ele se distancia, nos informando que iria para o quarto, pois se tratava do comprador do colar, e que depois nos encontraria no restaurante da pousada. Concordamos com a cabeça e bota uma música lenta em seu celular.
— Não terminamos a dança, senhor. — Ela oferece sua mão a mim e, com um sorriso, me aproximo.
— Com prazer. — Começamos com passos lentos e a garota aproveita para apoiar a cabeça no meu ombro.
Tento ao máximo ignorar a minha dor, mas é inevitável, e a cada movimento me esforço para não fazer uma careta. E, como um impulso, ela levanta o rosto, fazendo com que nossos narizes fiquem a centímetros de distância. Não sei o que estava acontecendo comigo, mas, se eu não estivesse preocupado demais em não me contrair de dor a cada passo, provavelmente já a teria beijado. Ela sorri de lado e começa a se aproximar mais do meu rosto, roçando seu nariz no meu e, consequentemente, fazendo com que nossas bocas se encostem minimamente. Eu aperto sua cintura e a aproximo mais, mirando meus olhos em sua boca, enquanto aproveito o momento, somente me permitindo soltá-la ao sentir um latejar no meu antebraço e, ao me virar para olhar, me deparar com uma pequena mancha de sangue, provavelmente causada por um dos diversos saltos que me apunhalaram no outro dia. acaba percebendo também e arregala os olhos, se afastando minimamente logo em seguida.
— , não é nada… — tento acalmá-la, mas sem sucesso, pois a garota já direciona sua mão á barra do meu casaco, a levantando e encontrando os hematomas que percorriam todo o meu tronco.
— , você disse que tava tudo bem! — fala com raiva e percebo que se segura para não me bater, até porque, quando ela fala meu nome, é algo realmente sério.
— Eu só prestei atenção depois que chegamos, desculpa vai. — Ela analisa cada parte do meu corpo que se encontra com algum hematoma e me olha preocupada, se dirigindo para o meu braço sangrando.
— Como você se descuida assim? Se te virem com essas manchas, vão desconfiar de algo… vem, vou ajeitar isso pra você. — Ela recolhe as coisas e me puxa até seu quarto, exigindo que eu tirasse as roupas para ela ‘ver o estrago’. Nunca ficaria envergonhado de ficar só de cueca na frente de , afinal, não seria a primeira vez que ela me veria sem camisa, mas, depois do momento íntimo que tivemos minutos atrás , hesito em tirar a calça, só o fazendo após a garota ameaçar tirar ela mesma a peça. — Dá pra tentar esconder com pó, e eu vou limpar esse seu corte, espera um pouco.
Após dar uma leve encarada nada discreta no volume na minha cueca, ela se afasta e vai em direção à sua mala, pegando alguns algodões e um frasco com antisséptico e se sentando ao meu lado na cama. O aviso de que ia arder não ajudou na minha preparação, pois, assim que a garota encosta o pequeno algodão no local, aperto o edredom com minha mão vaga, jogando minha cabeça para trás. A dor vai diminuindo enquanto ela pressiona o algodão contra a minha pele rasgada, me permitindo olhá-la por um segundo. ainda está de biquíni, mas com um quimono por cima, e tem areia em algumas áreas de seu corpo.
— Segunda vez que pego você me olhando, vai me dizer o motivo ou eu tenho que descobrir sozinha? — Ela pergunta com o mesmo sorriso do dia anterior enquanto busca o band-aid no amontoado de algodões na cama.
— Da primeira vez foi totalmente sem querer, mas agora… desculpa, .
— Para de pedir desculpa, quem disse que eu não gostei? — Seus olhos se encontram com os meus após posicionar o curativo no local, e ela umedece os lábios. Pelo visto ela queria aquilo tanto quanto eu. — Terminamos! Você foi um bom garoto, merece um prêmio. — se inclina na minha direção e deposita um beijo na minha bochecha, continuando próxima mesmo após o ato.
Dessa vez eu que aproximei nossos rostos, roçando minha boca na sua e depois beijando de leve o canto dela. finalmente encosta nossos lábios num beijo voraz, enquanto suas mãos vão parar no meu dorso e ela fica em cima de mim, fazendo que, como forma de impulso, minhas mãos parem em sua cintura, a ajudando a fazer o movimento certo para estimular ambos.
— … — falo ofegante ao sentir os movimentos se aprofundarem. Não sei como, mas por um momento consigo esquecer da dor no corpo e da ardência que os cortes causam, só me focando no quanto eu a quero. Com uma certa facilidade, ela se desfaz do quimono e eu a ajudo a tirar a parte de cima do biquíni, me deliciando com o leve gosto salgado do mar enquanto deposito diversos beijos ao redor do seu tronco, dando uma maior atenção aos seios da garota se movendo de acordo com o rebolar dela no meu colo, que, ao me sentir encostar na parte mais sensível, dá um gemido baixo, jogando a cabeça para trás. O contato ainda era insuficiente e ela se inclina para que eu a ajude a tirar sua calcinha.
— Tira logo isso. — exige entre os beijos, abaixando minha única peça e posicionando a mão no meu membro, que já clamava por aquele toque há um tempo, fazendo movimentos de vai e vem, enquanto a outra arranha minhas costas de leve, me causando um gemido rouco. Mais uma dor que eu provavelmente vou sentir no futuro. — Mais, . — Ela suspira ao sentir meus dedos adentrando sua intimidade e encontrando seu clítoris, não medindo esforços para estimular a região inchada.
— Caralho, . — A garota aumenta a intensidade dos movimentos e eu a puxo mais para perto, tentando diminuir ao máximo a distância que ainda resta entre nós.
— Eu quero, agora — ela implora para que eu a adentre por completo e inverto nossas posições, a botando deitada na cama e ficando em cima da mesma, encostando a ponta do meu membro na entrada de sua intimidade, provocando ainda sem dar o que ambos querem, e a observo morder os lábios em aprovação, tentando abafar um leve grunhido.
Começo com estocadas lentas enquanto move o quadril em sincronia, o que ocasiona em pequenos gemidos de ambas as partes, e, ao aumentar a velocidade delas, a garota guia minha mão até um de seus seios e me puxa mais para perto, selando nossos lábios.
— Porra, você é muito gostosa — falo pausadamente entre os beijos e sigo um trajeto até seus seios novamente, alternando entre os dois enquanto estimula sua intimidade com uma mão, e, com a outra, segue cravando as unhas no meu dorso. Estamos ambos atingindo o ápice, e, a cada momento que ficamos mais próximos de atingi-lo, aumentamos o volume dos gemidos. tem seu orgasmo primeiro e, relutantemente, tenho que tirar meu membro de dentro dela antes que o trabalho termine, mas a garota avança sua mão sobre mim e volta com os mesmos movimentos do começo, enquanto eu faço questão de a compensar acariciando seus seios. Não demora muito até que eu atinja o máximo de prazer, me permitindo finalmente cair em cima dela, deitando ao seu lado logo após.
— O não pode saber disso. — fala ainda ofegante e ri, me fazendo ter a mesma reação em resposta.
— Não mesmo.
— Meu Deus, preciso de um banho agora! — A garota exclama e me lança um olhar convidativo enquanto levanta. — Vem? — A acompanho até o chuveiro, dessa vez sem a mesma agilidade de antes, e a observo puxar a torneira, fechando os olhos ao receber a água morna em seu corpo. — Nossa, a água tá boa demais. — Ela puxa minha mão, me fazendo ir ao seu encontro, e olha fixamente para minha boca.
— Não só ela. — Sem conseguir manter o autocontrole, agarro pela cintura e a beijo, primeiramente em sua boca e depois descendo para o pescoço, sugando sua pele no local enquanto a garota crava suas unhas nas minhas costas. Ela deposita vários beijos ao redor do meu rosto e termina com um na minha boca, mordendo o lábio inferior e se direcionando para minha orelha.
— Você aguentaria um segundo round, ? — Ela sussurra no local, acariciando com o nariz em volta e eu me arrepio com o toque inesperado. Pela lógica eu deveria dizer que não, afinal não aguentaria muito tempo fazendo esforço em pé, mas olhando diretamente em seus olhos, só consigo pensar no quanto eu queria tê-la de várias formas diferentes.
— Com certeza. — Respondo, a prensando de costas no vidro do box, deslizando meus dedos sobre a sua pele molhada, enquanto ela encaixa as pernas em volta do meu corpo. — Sem preliminares dessa vez. — Aviso com uma voz rouca pouco tempo antes de a penetrar, recebendo um gemido baixo no meu ouvido quando o faço. Automaticamente, ela começa a mover seu quadril contra o meu, de forma que pudéssemos ter o máximo de contato. As gotas de água caindo fazem com que o processo fique muito mais gostoso, apesar da dificuldade de manter nossos corpos em contato parados.
— Desde quando? — Falo com a voz falha em seu ouvido ao diminuir a velocidade das estocadas.
— Não me faz ter que raciocinar, garoto. — Ela responde ofegante enquanto joga a cabeça para trás, com os olhos fechados. — Provavelmente na mesma época que você… , cê não consegue disfarçar bem. — continua a falar, dessa vez com um sorriso se formando em sua boca. Pelo visto, ela tinha percebido meu desejo antes mesmo de mim.
Quando sinto que estou prestes a atingir o ápice novamente, faço o mesmo gesto de antes, com a ajuda de , que estimula meu membro, fazendo movimentos circulares com as pontas dos dedos em torno da cabeça do mesmo, enquanto eu a seguro firme para que não caia, apertando possessivamente qualquer local que estivesse disponível. Ao terminarmos, a garota apoia a cabeça no meu ombro, respirando pesadamente enquanto eu faço todo o esforço possível para me manter de pé. A ajudo a se desvencilhar de mim e, após alguns outros momentos íntimos durante o banho, terminamos e ela passa maquiagem nos locais em que o roxo dos hematomas ficava mais predominante. Combinamos mais uma vez de não contar isso a , nos dirigindo para o restaurante da pousada logo depois, onde ele já nos espera. O garoto explicou o que iria acontecer assim que nos encontrássemos com o comprador e, depois disso, decidimos tomar os dias restantes para relaxar, eu e , sempre que conseguíamos ficar a sós, cessando o desejo dos nossos corpos.
— Porra, precisamos ir agora. — Falo para , que está com a cabeça deitada no meu peito após o sexo, ao perceber que já estávamos atrasados para a viagem, o que fez com que nos levantássemos às pressas e vestíssemos nossas roupas. — Vai chamar o . — Aviso antes de sair do quarto, dando um beijo rápido em sua boca, e me dirigindo ao meu logo em seguida.
Quando nos encontramos em frente ao carro, percebo o olhar distante de , como se estivesse pensando em algo. Associo que seria apenas uma preocupação repentina e volto a atenção para o carro, checando se tudo estava às ordens e me oferecendo para ser o primeiro a dirigir. Era tarde da noite e achamos que seria menos difícil sermos parados pela polícia a essa hora, então iríamos revezar o volante até chegarmos no outro país, o que provavelmente iria acontecer na tarde do outro dia, apenas se fizéssemos as paradas necessárias para usar o banheiro ou se quiséssemos comer algo. Boto a playlist do meu celular que havia feito um dia atrás e começo a dirigir pela estrada escura, sendo guiado apenas pelas luzes dos faróis. está adormecido no banco de trás, enquanto mantém o mesmo semblante sério desde que havia entrado no carro. Percebo que ela tira o colar da sua bolsa e o veste, afivelando o cinto logo em seguida. Antes mesmo que eu pudesse questionar o porquê dela estar assim, a garota põe as mãos no volante e o gira, fazendo com que o carro perca o controle. Vejo tudo girando a minha frente, me perguntando mentalmente o motivo dela ter feito isso, por que nos trairia a esse ponto, tanto pela nossa amizade de anos, quanto pelo que havíamos feito nesses últimos dias. Será que ela já planejava fazer isso desde quando falou pra gente sobre o plano, anos atrás? Todos os meus pensamentos se cessam quando o carro capota e tudo na minha frente fica embaçado, depois preto…
Abro os olhos lentamente, me rastejando em direção ao corpo desacordado ao meu lado, até perceber que é . Não consigo ver nada ao meu redor, somente as luzes fortes dos faróis, que apontavam para nossa direção. Começo a balançar seu corpo desesperadamente, tentando achar alguma reação do mesmo, até alguém encostar em meu ombro.
— Não adianta, ele tá morto. — Me viro e vejo com uma arma apontada para mim.
— , o que cê tá fazendo?
— Temos que sair daqui antes que alguém apareça. — A garota ignora a pergunta, me oferecendo a mão e nos levando para dentro de uma mata próxima de onde estávamos, eu ainda processando o corpo de morto no chão. Mesmo com o que tinha acabado de acontecer, não sei como, mas ainda conseguia confiar nela me guiando por entre as árvores. — Senta aí. — Ela exige, apontando com a arma para uma pedra grande no meio do caminho, onde já estavam encostadas algumas de nossas bolsas.
— Por que você fez isso? — Pergunto tentando obter uma resposta, mas ela começa a chorar desesperadamente e gira em círculos, tentando se controlar ao máximo.
— O …
— Você matou ele, ! Você podia ter me matado!
— Eu sei, eu sei…
— Então por que fez isso?
— Ele mentiu pra gente! — Ela grita, dessa vez sem conseguir conter o choro e os soluços. — Ele traiu a gente, .
— Como assim? Onde você conseguiu essa arma?
— Era do , ele tava planejando nos matar. Você… você ia me trair também? — Ela aponta a arma pra mim e eu levanto as mãos imediatamente.
— , confia em mim. Eu nunca faria isso com você, com ele. Com a gente. — Tento convencer e a garota relaxa mais os músculos, mas ainda apontando o objeto letal em minha direção. — Eu te amo, por favor acredita em mim.
— , eu to com medo. — Ela finalmente solta a arma e senta no chão, apoiando a cabeça nas mãos. Eu me aproximo lentamente e me abaixo na sua direção, a envolvendo em meus braços.
— Eu to aqui, a gente vai conseguir, te prometo.
— Quando você me pediu pra chamar ele, a porta do quarto tava aberta e, quando eu entrei, vi as conversas dele com o tal comprador no laptop… o cara fez uma proposta e o aceitou, ele concordou em se livrar da gente depois do roubo para ficar com a maior parte da grana. — Ela deu uma pausa enquanto eu associava tudo, finalmente entendendo o porquê da facilidade que havia conseguido os ingressos para o evento, e o acesso ao mapa do local. — Eu tive um impulso, não sabia se podia confiar em você também, mas graças a Deus você tá bem. Me desculpa, — ela fala entre soluços, me abraçando forte, só voltando a me encarar depois que sua respiração começa a normalizar. — Eu te amo.
A beijo antes de envolvê-la em meus braços novamente, não percebendo o tempo passar diante de nós. Eu só podia estar ficando louco, beijando uma garota que acabou de tentar me matar, mas eu correria o risco. Por ela eu correria.
— Mas você pensou no que ia fazer depois?
— Eu falei que foi um impulso, não faço a mínima ideia do que fazer, mas peguei tudo o que podia comprometer a gente na história do roubo.
— Vamos fazer o seguinte: ligamos para a polícia e falamos do acidente, não tem como a gente não estar associado a ele, porque vão ver que nos hospedamos juntos no mesmo lugar, mas vamos falar que fomos direto para o hospital. Nós saímos daqui com essas coisas e deixamos no meu apartamento, vamos para o hospital depois, e pode ter certeza que vai dar certo. — Finalizo minha ideia com minha frase clichê de sempre e a garota dá um sorriso pequeno, assentindo com a cabeça.
Pego sua mão e a ajudo a levantar, separando todas as coisas comprometedoras em uma mala e voltando para a pista. Para nossa sorte, um carro estava passando bem na hora e, ao ver o cenário caótico, o motorista estaciona, nos oferecendo ajuda. E, assim como nos meus planos, conseguimos falar com a polícia e o senhor amigável se oferece para nos levar até nossa casa. Durante o caminho, se aconchega no meu ombro, fechando os olhos, e eu me permito fazer o mesmo, sem me preocupar com o que quer que fosse, afinal, nós tínhamos dado um jeito. Sempre dávamos.
— Já pensaram no quão louco seria se a gente roubasse algo valioso? Ficaríamos ricos pra sempre. — Ela exclamou do nada, dando um sorriso animado ao revelar o que estava em sua mente esse tempo todo desde que havíamos chegado no terreno abandonado que sempre íamos após as aulas e chamávamos de nosso.
— Tá louca? Como faríamos isso? — O garoto ao meu lado questionou, se aproximando interessado. Eu fiz o mesmo, apenas a observando continuar essa ideia doida.
— Já pensei em tudo, eu só preciso que meus dois fiéis ajudantes e melhores amigos concordem. — Ela alternou seu olhar entre nós dois.
— Você tá falando sério? — Perguntei e ela afirmou animadamente com a cabeça.
— Pode contar comigo, não tenho nada pra fazer mesmo. — O garoto respondeu e olhou para mim em seguida, sendo acompanhado por ela.
— Eu to dentro.
— Só precisamos da oportunidade perfeita… daqui há alguns anos, quando sairmos daqui, voltamos a falar sobre isso, mas até lá eu explico tudo pra vocês.
E foi assim que nosso plano maluco de roubar o colar exposto no museu de arte da nossa cidade teve início.
Dias atuais:
POV
As portas douradas do elevador se abrem, revelando talvez um dos eventos mais incrivelmente elegantes que eu fui em minha vida. A nossa sorte era que havia encontrado as roupas ideais num bazar perto do lugar onde tínhamos nos hospedado. Nossos olhares se cruzam antes de adentrarmos o local e ela dá um sorriso reconfortante, entrelaçando seu braço ao meu e me guiando para fora daquele cubo claustrofóbico. Analiso o cômodo até encontrar conversando com algumas pessoas mais à frente, que sinaliza com a cabeça quando seu olhar se cruza com o meu, e aponto para que o veja, logo após voltando a minha atenção para o restante do evento. O nosso objetivo se encontra no meio do salão, juntamente com um aglomerado admirando-o, brilhando tanto quanto os olhos da garota ao meu lado ao avistá-lo. Decidimos nos enturmar com a multidão, nos aproximando do pequeno grupo em que estava e dando nossos nomes falsos.
— Eu acho que para obter o sucesso você tem que correr riscos. É uma frase bem clichê, mas desde muito novo eu sempre procurei me arriscar muito e olha onde eu tô agora. — Falo dando um riso pequeno durante a conversa, a qual não parecia estar muito interessada, pois, assim que começa a tocar música, ela me puxa para um canto mais afastado, dando a desculpa para o grupo de que era a sua favorita.
— Você gosta de mentir, né? — Ela pergunta rindo quando já estamos distantes dos outros, se aproximando de mim e me entregando sua mão, enquanto eu depositava a minha em sua cintura.
— De uma certa forma é verdade… se tudo der certo, o risco que a gente vai correr hoje vai valer a pena depois e vamos ter sucesso. — A viro de costas durante a dança e consigo sentir seu perfume, nossos corpos se movendo em sincronia.
— Obrigada por fazer essa loucura comigo. Você e o … mas você acha que vai dar certo?
— Olha pra mim. — Exijo, a virando de volta. — Claro que vai dar certo, não é à toa que planejamos isso há um tempão. Não tem como dar errado, acredita em mim. E se der, nós damos um jeito… sempre damos.
Continuamos dançando até eu sentir uma vibração vinda do meu bolso e ser forçado a me afastar da garota à minha frente para atender a ligação ao ver que era .
— Já tá na hora… ou vocês preferem continuar dançando agarradinhos e desistir do plano? — Ele resmunga do outro lado da linha e, após eu conseguir encontrá-lo em meio à multidão, levanta sua presilha nasal para mim. Eu respondo com o mesmo gesto e entrego uma outra presilha para , que se distancia de mim, indo para o outro lado do cômodo.
Consigo avistar o clorofórmio saindo da tubulação e imediatamente posiciono o pequeno objeto acima do nariz, sendo seguido pelos outros dois. Em questão de segundos o caos começa a tomar o local ao ter centenas de pessoas correndo de um lado para o outro. Eu tinha pena delas, mas o que podia fazer? Elas apenas estavam no lugar errado, na hora errada. Uma multidão corre em direção à coluna de mármore onde estava o colar incrustado de diamantes e consigo avistar junto a ela, que derruba o vidro de proteção do objeto, fazendo com que este caia junto. Era a deixa pra eu e irmos naquela direção, eu me jogando no chão à procura do colar, o que percebi ter sido uma péssima ideia ao ter recebido diversos pisões e chutes de pessoas desesperadas. Como se não bastasse, meu tempo sem respirar está acabando e não duraria mais do que eu esperava, mesmo com os diversos treinos de controle da respiração que tivemos durante semanas. Já estou começando a ficar sem ar, até que sinto uma mão puxar a gola da minha camisa para cima e, ao levantar a cabeça, vejo com o colar em suas mãos. Sinto minha visão ficar um pouco turva e faço o máximo para me equilibrar, mas a garota consegue me guiar para fora do local, onde já espera em um carro preto, e me empurrar para dentro do automóvel, no qual ele dá a partida assim que se põe ao meu lado e fecha a porta, retirando a presilha nasal do nariz e me ajudando a fazer o mesmo.
— Conseguiram? — questiona revezando o olhar entre a gente e a estrada, e , com um sorriso vitorioso, ergue o objeto brilhante com a mão, fazendo ele dar vários gritos de comemoração enquanto batia no volante alegremente.
— Cê tá bem? — Ela pergunta para mim assim que o nível de adrenalina em nossas veias começa a baixar e eu respondo com uma afirmação da cabeça. — Pra onde a gente vai agora?
— Aluguei quartos pra gente numa pousada perto da praia nesses últimos dias. Não falei nada, mas acho melhor a gente não passar pela fronteira por uns 4 dias, depois podemos ir. — Aviso enquanto pego a bolsa que havia deixado no carro há um tempo e analiso no mapa onde ficava o local.
— Não acham melhor trocarmos de roupa logo? — A garota ao meu lado pergunta e todos concordamos, fazendo com que pare o carro num acostamento deserto. Eu e ele nos trocamos e, após insistir para que saíssemos do carro, mesmo com a gente falando que fecharia os olhos, ela se troca igualmente. Não era minha intenção olhar. Eu não estava nem prestando atenção nisso, mas meus olhos acabam se direcionando sem querer ao espelho do retrovisor e parando na pele desnuda da garota dentro do automóvel, que usa apenas um sutiã preto. Seu olhar encontra o meu e ela dá um leve sorriso malicioso, dando o dedo do meio depois. Nunca havia sentido desejo por ela, não que eu me lembre, mas, desde que a avistei com o vestido da festa, percebi o quanto ela havia mudado desde que éramos crianças. Eu e sempre a defendíamos dos babacas de 15 anos que ameaçavam machucar o coração dela de alguma forma, apesar da garota sempre brigar com a gente por isso, porque ninguém parecia ser bom o bastante para ela. E, de fato, ninguém era.
Ao terminar de trocar de roupa, jogamos as usadas no evento no lixo e as incendiamos, entrando no carro e seguindo viagem logo após. Em menos de 4 horas conseguimos chegar na pousada, escondendo o colar na mala de antes de adentrar o local, que parecia ser extremamente aconchegante. Vamos para nossos respectivos quartos e aproveito para olhar as notícias mais recentes sobre o roubo, checar se havia alguma informação comprometedora, mas não tinha nada além de manchetes como 20 milhões perdidos em uma noite: joia rara some em meio ao desespero dos convidados da grande reinauguração do museu de arte, o que me fez finalmente aliviar e me jogar na cama, só então percebendo a dor tomar meu corpo nos locais em que levei as pisadas e chutes. Meus braços estão cheios de hematomas e alguns cortes, devido aos saltos das mulheres que bateram como facas afiadas contra eles, sem falar nos que estavam em menor quantidade ao redor do corpo, que eu não fazia ideia de como os havia conseguido. Após um longo banho, me deito na cama e durmo, só me permitindo acordar quando ouço batidas na minha porta.
— Bom dia, bela adormecida! — fala assim que eu abro a porta e faz uma careta ao ver os hematomas espalhados pelo meu corpo. — Melhor usar casaco e calça para ninguém ver isso…
— Que horas são? — Pergunto ao perceber o sol batendo na minha cara.
— Onze. A tá faminta e disse que precisamos comemorar. — Ele sorri e aponta para a paisagem. — Estamos ricos, mano!
Andamos pela areia até chegar em um local mais afastado da pousada e dos outros hóspedes e avistamos saindo do mar e vindo em nossa direção com um sorriso no rosto.
— Finalmente o conseguiu te acordar, passamos na sua porta umas três vezes. De casaco na praia? Que sem graça, … a gente tem que aproveitar esses últimos dias, e, com essa praia linda aqui só pra gente, fica melhor ainda. — Assim que ela termina a frase, põe a JBL para tocar e se aproxima dançando, chamando a gente para fazer o mesmo. Começo a me mover com uma certa dificuldade, sendo acompanhado por . Algum tempo depois, seu celular toca e ele se distancia, nos informando que iria para o quarto, pois se tratava do comprador do colar, e que depois nos encontraria no restaurante da pousada. Concordamos com a cabeça e bota uma música lenta em seu celular.
— Não terminamos a dança, senhor. — Ela oferece sua mão a mim e, com um sorriso, me aproximo.
— Com prazer. — Começamos com passos lentos e a garota aproveita para apoiar a cabeça no meu ombro.
Tento ao máximo ignorar a minha dor, mas é inevitável, e a cada movimento me esforço para não fazer uma careta. E, como um impulso, ela levanta o rosto, fazendo com que nossos narizes fiquem a centímetros de distância. Não sei o que estava acontecendo comigo, mas, se eu não estivesse preocupado demais em não me contrair de dor a cada passo, provavelmente já a teria beijado. Ela sorri de lado e começa a se aproximar mais do meu rosto, roçando seu nariz no meu e, consequentemente, fazendo com que nossas bocas se encostem minimamente. Eu aperto sua cintura e a aproximo mais, mirando meus olhos em sua boca, enquanto aproveito o momento, somente me permitindo soltá-la ao sentir um latejar no meu antebraço e, ao me virar para olhar, me deparar com uma pequena mancha de sangue, provavelmente causada por um dos diversos saltos que me apunhalaram no outro dia. acaba percebendo também e arregala os olhos, se afastando minimamente logo em seguida.
— , não é nada… — tento acalmá-la, mas sem sucesso, pois a garota já direciona sua mão á barra do meu casaco, a levantando e encontrando os hematomas que percorriam todo o meu tronco.
— , você disse que tava tudo bem! — fala com raiva e percebo que se segura para não me bater, até porque, quando ela fala meu nome, é algo realmente sério.
— Eu só prestei atenção depois que chegamos, desculpa vai. — Ela analisa cada parte do meu corpo que se encontra com algum hematoma e me olha preocupada, se dirigindo para o meu braço sangrando.
— Como você se descuida assim? Se te virem com essas manchas, vão desconfiar de algo… vem, vou ajeitar isso pra você. — Ela recolhe as coisas e me puxa até seu quarto, exigindo que eu tirasse as roupas para ela ‘ver o estrago’. Nunca ficaria envergonhado de ficar só de cueca na frente de , afinal, não seria a primeira vez que ela me veria sem camisa, mas, depois do momento íntimo que tivemos minutos atrás , hesito em tirar a calça, só o fazendo após a garota ameaçar tirar ela mesma a peça. — Dá pra tentar esconder com pó, e eu vou limpar esse seu corte, espera um pouco.
Após dar uma leve encarada nada discreta no volume na minha cueca, ela se afasta e vai em direção à sua mala, pegando alguns algodões e um frasco com antisséptico e se sentando ao meu lado na cama. O aviso de que ia arder não ajudou na minha preparação, pois, assim que a garota encosta o pequeno algodão no local, aperto o edredom com minha mão vaga, jogando minha cabeça para trás. A dor vai diminuindo enquanto ela pressiona o algodão contra a minha pele rasgada, me permitindo olhá-la por um segundo. ainda está de biquíni, mas com um quimono por cima, e tem areia em algumas áreas de seu corpo.
— Segunda vez que pego você me olhando, vai me dizer o motivo ou eu tenho que descobrir sozinha? — Ela pergunta com o mesmo sorriso do dia anterior enquanto busca o band-aid no amontoado de algodões na cama.
— Da primeira vez foi totalmente sem querer, mas agora… desculpa, .
— Para de pedir desculpa, quem disse que eu não gostei? — Seus olhos se encontram com os meus após posicionar o curativo no local, e ela umedece os lábios. Pelo visto ela queria aquilo tanto quanto eu. — Terminamos! Você foi um bom garoto, merece um prêmio. — se inclina na minha direção e deposita um beijo na minha bochecha, continuando próxima mesmo após o ato.
Dessa vez eu que aproximei nossos rostos, roçando minha boca na sua e depois beijando de leve o canto dela. finalmente encosta nossos lábios num beijo voraz, enquanto suas mãos vão parar no meu dorso e ela fica em cima de mim, fazendo que, como forma de impulso, minhas mãos parem em sua cintura, a ajudando a fazer o movimento certo para estimular ambos.
— … — falo ofegante ao sentir os movimentos se aprofundarem. Não sei como, mas por um momento consigo esquecer da dor no corpo e da ardência que os cortes causam, só me focando no quanto eu a quero. Com uma certa facilidade, ela se desfaz do quimono e eu a ajudo a tirar a parte de cima do biquíni, me deliciando com o leve gosto salgado do mar enquanto deposito diversos beijos ao redor do seu tronco, dando uma maior atenção aos seios da garota se movendo de acordo com o rebolar dela no meu colo, que, ao me sentir encostar na parte mais sensível, dá um gemido baixo, jogando a cabeça para trás. O contato ainda era insuficiente e ela se inclina para que eu a ajude a tirar sua calcinha.
— Tira logo isso. — exige entre os beijos, abaixando minha única peça e posicionando a mão no meu membro, que já clamava por aquele toque há um tempo, fazendo movimentos de vai e vem, enquanto a outra arranha minhas costas de leve, me causando um gemido rouco. Mais uma dor que eu provavelmente vou sentir no futuro. — Mais, . — Ela suspira ao sentir meus dedos adentrando sua intimidade e encontrando seu clítoris, não medindo esforços para estimular a região inchada.
— Caralho, . — A garota aumenta a intensidade dos movimentos e eu a puxo mais para perto, tentando diminuir ao máximo a distância que ainda resta entre nós.
— Eu quero, agora — ela implora para que eu a adentre por completo e inverto nossas posições, a botando deitada na cama e ficando em cima da mesma, encostando a ponta do meu membro na entrada de sua intimidade, provocando ainda sem dar o que ambos querem, e a observo morder os lábios em aprovação, tentando abafar um leve grunhido.
Começo com estocadas lentas enquanto move o quadril em sincronia, o que ocasiona em pequenos gemidos de ambas as partes, e, ao aumentar a velocidade delas, a garota guia minha mão até um de seus seios e me puxa mais para perto, selando nossos lábios.
— Porra, você é muito gostosa — falo pausadamente entre os beijos e sigo um trajeto até seus seios novamente, alternando entre os dois enquanto estimula sua intimidade com uma mão, e, com a outra, segue cravando as unhas no meu dorso. Estamos ambos atingindo o ápice, e, a cada momento que ficamos mais próximos de atingi-lo, aumentamos o volume dos gemidos. tem seu orgasmo primeiro e, relutantemente, tenho que tirar meu membro de dentro dela antes que o trabalho termine, mas a garota avança sua mão sobre mim e volta com os mesmos movimentos do começo, enquanto eu faço questão de a compensar acariciando seus seios. Não demora muito até que eu atinja o máximo de prazer, me permitindo finalmente cair em cima dela, deitando ao seu lado logo após.
— O não pode saber disso. — fala ainda ofegante e ri, me fazendo ter a mesma reação em resposta.
— Não mesmo.
— Meu Deus, preciso de um banho agora! — A garota exclama e me lança um olhar convidativo enquanto levanta. — Vem? — A acompanho até o chuveiro, dessa vez sem a mesma agilidade de antes, e a observo puxar a torneira, fechando os olhos ao receber a água morna em seu corpo. — Nossa, a água tá boa demais. — Ela puxa minha mão, me fazendo ir ao seu encontro, e olha fixamente para minha boca.
— Não só ela. — Sem conseguir manter o autocontrole, agarro pela cintura e a beijo, primeiramente em sua boca e depois descendo para o pescoço, sugando sua pele no local enquanto a garota crava suas unhas nas minhas costas. Ela deposita vários beijos ao redor do meu rosto e termina com um na minha boca, mordendo o lábio inferior e se direcionando para minha orelha.
— Você aguentaria um segundo round, ? — Ela sussurra no local, acariciando com o nariz em volta e eu me arrepio com o toque inesperado. Pela lógica eu deveria dizer que não, afinal não aguentaria muito tempo fazendo esforço em pé, mas olhando diretamente em seus olhos, só consigo pensar no quanto eu queria tê-la de várias formas diferentes.
— Com certeza. — Respondo, a prensando de costas no vidro do box, deslizando meus dedos sobre a sua pele molhada, enquanto ela encaixa as pernas em volta do meu corpo. — Sem preliminares dessa vez. — Aviso com uma voz rouca pouco tempo antes de a penetrar, recebendo um gemido baixo no meu ouvido quando o faço. Automaticamente, ela começa a mover seu quadril contra o meu, de forma que pudéssemos ter o máximo de contato. As gotas de água caindo fazem com que o processo fique muito mais gostoso, apesar da dificuldade de manter nossos corpos em contato parados.
— Desde quando? — Falo com a voz falha em seu ouvido ao diminuir a velocidade das estocadas.
— Não me faz ter que raciocinar, garoto. — Ela responde ofegante enquanto joga a cabeça para trás, com os olhos fechados. — Provavelmente na mesma época que você… , cê não consegue disfarçar bem. — continua a falar, dessa vez com um sorriso se formando em sua boca. Pelo visto, ela tinha percebido meu desejo antes mesmo de mim.
Quando sinto que estou prestes a atingir o ápice novamente, faço o mesmo gesto de antes, com a ajuda de , que estimula meu membro, fazendo movimentos circulares com as pontas dos dedos em torno da cabeça do mesmo, enquanto eu a seguro firme para que não caia, apertando possessivamente qualquer local que estivesse disponível. Ao terminarmos, a garota apoia a cabeça no meu ombro, respirando pesadamente enquanto eu faço todo o esforço possível para me manter de pé. A ajudo a se desvencilhar de mim e, após alguns outros momentos íntimos durante o banho, terminamos e ela passa maquiagem nos locais em que o roxo dos hematomas ficava mais predominante. Combinamos mais uma vez de não contar isso a , nos dirigindo para o restaurante da pousada logo depois, onde ele já nos espera. O garoto explicou o que iria acontecer assim que nos encontrássemos com o comprador e, depois disso, decidimos tomar os dias restantes para relaxar, eu e , sempre que conseguíamos ficar a sós, cessando o desejo dos nossos corpos.
— Porra, precisamos ir agora. — Falo para , que está com a cabeça deitada no meu peito após o sexo, ao perceber que já estávamos atrasados para a viagem, o que fez com que nos levantássemos às pressas e vestíssemos nossas roupas. — Vai chamar o . — Aviso antes de sair do quarto, dando um beijo rápido em sua boca, e me dirigindo ao meu logo em seguida.
Quando nos encontramos em frente ao carro, percebo o olhar distante de , como se estivesse pensando em algo. Associo que seria apenas uma preocupação repentina e volto a atenção para o carro, checando se tudo estava às ordens e me oferecendo para ser o primeiro a dirigir. Era tarde da noite e achamos que seria menos difícil sermos parados pela polícia a essa hora, então iríamos revezar o volante até chegarmos no outro país, o que provavelmente iria acontecer na tarde do outro dia, apenas se fizéssemos as paradas necessárias para usar o banheiro ou se quiséssemos comer algo. Boto a playlist do meu celular que havia feito um dia atrás e começo a dirigir pela estrada escura, sendo guiado apenas pelas luzes dos faróis. está adormecido no banco de trás, enquanto mantém o mesmo semblante sério desde que havia entrado no carro. Percebo que ela tira o colar da sua bolsa e o veste, afivelando o cinto logo em seguida. Antes mesmo que eu pudesse questionar o porquê dela estar assim, a garota põe as mãos no volante e o gira, fazendo com que o carro perca o controle. Vejo tudo girando a minha frente, me perguntando mentalmente o motivo dela ter feito isso, por que nos trairia a esse ponto, tanto pela nossa amizade de anos, quanto pelo que havíamos feito nesses últimos dias. Será que ela já planejava fazer isso desde quando falou pra gente sobre o plano, anos atrás? Todos os meus pensamentos se cessam quando o carro capota e tudo na minha frente fica embaçado, depois preto…
Abro os olhos lentamente, me rastejando em direção ao corpo desacordado ao meu lado, até perceber que é . Não consigo ver nada ao meu redor, somente as luzes fortes dos faróis, que apontavam para nossa direção. Começo a balançar seu corpo desesperadamente, tentando achar alguma reação do mesmo, até alguém encostar em meu ombro.
— Não adianta, ele tá morto. — Me viro e vejo com uma arma apontada para mim.
— , o que cê tá fazendo?
— Temos que sair daqui antes que alguém apareça. — A garota ignora a pergunta, me oferecendo a mão e nos levando para dentro de uma mata próxima de onde estávamos, eu ainda processando o corpo de morto no chão. Mesmo com o que tinha acabado de acontecer, não sei como, mas ainda conseguia confiar nela me guiando por entre as árvores. — Senta aí. — Ela exige, apontando com a arma para uma pedra grande no meio do caminho, onde já estavam encostadas algumas de nossas bolsas.
— Por que você fez isso? — Pergunto tentando obter uma resposta, mas ela começa a chorar desesperadamente e gira em círculos, tentando se controlar ao máximo.
— O …
— Você matou ele, ! Você podia ter me matado!
— Eu sei, eu sei…
— Então por que fez isso?
— Ele mentiu pra gente! — Ela grita, dessa vez sem conseguir conter o choro e os soluços. — Ele traiu a gente, .
— Como assim? Onde você conseguiu essa arma?
— Era do , ele tava planejando nos matar. Você… você ia me trair também? — Ela aponta a arma pra mim e eu levanto as mãos imediatamente.
— , confia em mim. Eu nunca faria isso com você, com ele. Com a gente. — Tento convencer e a garota relaxa mais os músculos, mas ainda apontando o objeto letal em minha direção. — Eu te amo, por favor acredita em mim.
— , eu to com medo. — Ela finalmente solta a arma e senta no chão, apoiando a cabeça nas mãos. Eu me aproximo lentamente e me abaixo na sua direção, a envolvendo em meus braços.
— Eu to aqui, a gente vai conseguir, te prometo.
— Quando você me pediu pra chamar ele, a porta do quarto tava aberta e, quando eu entrei, vi as conversas dele com o tal comprador no laptop… o cara fez uma proposta e o aceitou, ele concordou em se livrar da gente depois do roubo para ficar com a maior parte da grana. — Ela deu uma pausa enquanto eu associava tudo, finalmente entendendo o porquê da facilidade que havia conseguido os ingressos para o evento, e o acesso ao mapa do local. — Eu tive um impulso, não sabia se podia confiar em você também, mas graças a Deus você tá bem. Me desculpa, — ela fala entre soluços, me abraçando forte, só voltando a me encarar depois que sua respiração começa a normalizar. — Eu te amo.
A beijo antes de envolvê-la em meus braços novamente, não percebendo o tempo passar diante de nós. Eu só podia estar ficando louco, beijando uma garota que acabou de tentar me matar, mas eu correria o risco. Por ela eu correria.
— Mas você pensou no que ia fazer depois?
— Eu falei que foi um impulso, não faço a mínima ideia do que fazer, mas peguei tudo o que podia comprometer a gente na história do roubo.
— Vamos fazer o seguinte: ligamos para a polícia e falamos do acidente, não tem como a gente não estar associado a ele, porque vão ver que nos hospedamos juntos no mesmo lugar, mas vamos falar que fomos direto para o hospital. Nós saímos daqui com essas coisas e deixamos no meu apartamento, vamos para o hospital depois, e pode ter certeza que vai dar certo. — Finalizo minha ideia com minha frase clichê de sempre e a garota dá um sorriso pequeno, assentindo com a cabeça.
Pego sua mão e a ajudo a levantar, separando todas as coisas comprometedoras em uma mala e voltando para a pista. Para nossa sorte, um carro estava passando bem na hora e, ao ver o cenário caótico, o motorista estaciona, nos oferecendo ajuda. E, assim como nos meus planos, conseguimos falar com a polícia e o senhor amigável se oferece para nos levar até nossa casa. Durante o caminho, se aconchega no meu ombro, fechando os olhos, e eu me permito fazer o mesmo, sem me preocupar com o que quer que fosse, afinal, nós tínhamos dado um jeito. Sempre dávamos.
FIM
Nota da autora: Oiii, espero que tenham gostado desse roubo/romance, que veio acompanhado do meu primeiro hot!! Não acredito que vai ter que ser estilo “la casa de papel” e eu vou ser forçada a gostar dos ladrões de novo kkkkkkkkk
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Outras Fanfics:
Não Vá Morar Nos Estados Unidos Se...
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