Aceito o trato...
As noites de Veneza nunca eram as mesmas. O título de "terra da máfia" afastava os turistas bem intencionados, mas trazia o público perfeito para noites regadas de bebidas, jogos de azar e sexo. Como Lambert e eu costumávamos dizer, aprendizes de Pablo Escobar.
Enquanto eu trabalhava servindo drinks em um dos maiores hotéis da cidade, acabava conhecendo diversas histórias e pessoas. Mas minha maior aventura se chamava .
Algumas vezes por ano ela aparecia pelo hotel com seus vestidos caros e seus perfumes estonteantes. Não havia uma pessoa naquele lugar que não soubesse que no fim da noite, era eu quem acabava me dando bem, e não havia uma noite em que eu não esperava que ela passasse pela porta de entrada me procurando também.
Eu nunca sabia quando ia encontrá-la de novo. Não sabia de onde ela vinha, para onde ia, nem mesmo seu sobrenome. E ela também não conhecia além do , garoto que lhe servia um drink as dez e bebia de seu corpo as 2 da manhã. E acredito que essa falta de comprometimento era o que tornava nossa relação tão ardente e cheia de desejo.
A surpresa, no entanto, foi quando entrei pela porta do hotel naquela tarde. Antes mesmo que pudesse começar meu turno, eu a vi. Ela estava de costas mas eu reconheceria aquele corpo em qualquer ângulo possível.
E de todas as vezes que eu pensei que aquela mulher fosse partir o meu coração, essa era a forma mais dolorida. Sentir que eu não era homem o suficiente para fazer ela querer ficar comigo, doía e acabava com o resto de mim que ela havia deixado para trás. Mas ela era a mulher mais bonita que eu já havia visto, era certo que ela iria acabar com um bilionário, e não um garçom que acabava todo o mês com as mesmas poucas libras no bolso.
Era extremamente incomoda a cena em que sorria para o cara que passava as mãos por suas costas. Cruzei a entrada do hotel o mais rápido possível, evitando um possível encontro e a possível decepção que seria ver aquele sortudo subir com ela para o quarto quando devia ser eu.
- Você fica extremamente bonito com esses óculos escuros, já te disse isso? - Lambert, meu amigo, disse assim que adentrei a área dos funcionários para guardar minhas coisas. Sorri os tirando do meu rosto e guardando na caixa apropriada.
- Está flertando comigo? - Perguntei lhe dedicando meu melhor sorriso. Sua resposta no entanto foi apenas um sarcástico sorriso. - Se me elogia vestindo coisas, mal posso esperar pra quando me ver tirando... - Segui na brincadeira.
- Queria testar seu humor. - Ele riu, achando que eu não ia levar o papo adiante. - Viu quem está por aqui novamente? - Eu queria evitar tanto o assunto, que ele chegava até mim quando eu menos esperava. - Parece que hoje alguém não vai precisar de carona mais tarde.
- Se está falando da , pode desistir. Ela estava acompanhada dessa vez, amigo. E um de nós precisa respeitar os relacionamentos alheios. - O acusei.
- E esse alguém é você? - O deixei sem resposta, seguindo em direção ao balcão onde trabalhava. A cada minuto, meus olhos faziam uma nova varredura pelo lugar. Sempre havia sido assim, ela simplesmente surgia do nada e minhas noites se tornavam mais leves. E eu esperava que ela entrasse por ali, me fizesse sofrer com suas provocações por toda noite, e depois acabasse ao meu lado na cama. Eu era capaz de tudo por aquela mulher.
Aguardei por muitas horas naquela noite, antes de meus ouvidos serem monopolizados por um cara em especial. Juan. Já sabia que ele não era dali, era mais um daqueles encantados pela Itália e a cinematográfica vida de mafioso. Era o cara que eu cresci fantasiando ser, infelizmente. Juan olhava todo o salão assim como eu procurava . Havia cumprimentado várias mulheres que por alguma razão se afastavam.
- Mas e você, , o que faz você se divertir? - O tal me perguntou, ainda flertando discreto com cada dama que nos cercava.
- Esse meu emprego é bom. Recebo um bom salário, boas gorjetas e conheço pessoas de todo o mundo. Já ouvi mais problemas do que qualquer um nesse bar e já separei mais brigas do que uma guerra. Fora o fato de conhecer as mais belas mulheres. - Minha cabeça foi de encontro a .
- Se tem uma coisa que não consigo me livrar são das mulheres, admito. Eu viajo muito e frequento lugares onde elas se estapeiam por atenção. São um dos benefícios que essa vida nos trás. Sabe como é né cara, não há nada mais bonito que as mulheres. Mais de uma de preferência.br> - Mas ainda assim, a patroa tem vigiado - Ele vestia uma aliança enquanto se levantava para ir. - Ele riu.
- Eu quase esqueci. - E no meio daquela conversa, eu realmente não vi quando ela entrou. Mas meus olhos seguiram o cara da aliança até que ele parou onde três amigas conversavam. É claro que aquele homem iria atrás de uma mulher como aquela, era difícil de resistir. Ela sorriu quando ele lhe disse algo, mas quando ele saiu, seus olhos se encontraram com os meus com muito mais intensidade.
As duas amigas que lhe acompanhavam ainda observavam o homem sair e eu só me perguntava onde seu namorado deveria estar.
Certo de que ignorar era a melhor opção, mais uma vez me distraí com um dos clientes e suas vantagens obtidas com transações de drogas.
Quando meu turno acabou e eu já estava pronto para sair do hotel, fui invadido por um perfume que me fez parar imediatamente, e logo desejosos lábios se encontraram com os meus.
sabia que nunca iria precisar de permissão para me beijar. Assim como eu não tinha que pedir para descer minhas mãos até onde elas pudessem alcançar. E ela era minha perdição, irresistível. Eu sabia que não era o que devia fazer, mas meu corpo e coração agiam com mais intensidade que minha mente.
- Senti tanto a sua falta. - Ela disse e meu coração acelerou um pouco mais. Era a primeira vez que ela abaixava a guarda e demonstrava um sentimento além de luxúria. - Parece que fazem anos que não nos vemos.
- Sete meses. - Respondi me apoiando na parede do corredor dos funcionários ainda com aquela mulher em meus braços. Afinal, eu não tinha do que me esconder, e se ela estava ali, não parecia pensar em fazer o mesmo.
- Eu queria ter voltado antes. - Ela alisou meu rosto como costumava fazer. A maldita forma que me fazia sentir o homem mais apaixonado do mundo. Mas ao mesmo tempo doía. Me fazia sentir fraco. Ela voltou a me beijar, dessa vez com menos desejo. Ela sabia o poder que tinha sobre mim, e se não fosse por Lambert naquele momento, eu poderia começar nossa noite por ali mesmo.
- Bom cara, eu preciso ir. - Ele disse meio sem jeito. me abraçou com força naquele momento, mas eu precisava de mais do que sexo para subir ao quarto com ela. E ela sabia disso, e era uma escolha que ela devia ter. - Você vai querer carona? - Ele continuou e me olhou profundamente.
E eu juro que ia me despedir. Mas suas mãos seguraram as minhas com força. Sua voz não teve forças naquele momento, mas pude vê-la sussurrar "fica comigo". E foi o suficiente para que eu dispensasse Lambert e subisse com ela até o quarto. Ótimo, eu era oficialmente o homem mais imbecil do mundo.
Mas quando ela fechou a porta e se colocou em meu colo, nada daquilo importava mais. Nem o namorado, nem a dor que ela me fazia sentir toda vez que desaparecia. Pelo contrário, a saudade era maior. E eu queria me aproveitar daquilo, e não me importava de jogar minha dignidade no lixo mais uma vez.
O meu erro foi me deixar viciar. Não aprender a resistir sobre seus beijos que me arrepiavam toda a pele. Eu amava tocá-la, mas me sentia desejado quando ela fazia o mesmo.
- - Ela gemeu sob meu ouvido. Meus lábios foram acompanhando o caminho que eu mais gostava de percorrer pelo seu corpo, que me levava de sua boca até seu ventre. Eu a venerava quando se contorcia. E ela se arrepiava sentindo minha barba alisar sua pele macia.
Tratei de me livrar do uniforme com pressa, assim como ela fez com a unica peça que cobria seu corpo: o vestido. Tê-la nua era sempre como desembalar um doce que eu adorava provar. E minha mão corria até minha boxer, me tocando enquanto despertava seu corpo para o sexo com meus lábios.
Eu era apaixonado por seu corpo. Seu gosto. Seus gemidos, principalmente os que diziam meu nome, em sussurros.
Para poderia ser sexo. Mas para mim, cada uma daquelas madrugadas era o mais próximo que eu podia chamar de amor.
- Eu queria ter voltado antes. - Ela começou a dizer. Eu sabia que era mais um dos momentos em que ela agradecia pelo sexo e voltava a se despedir. Meus punhos se fecharam inconscientemente e eu tinha vontade de me socar. A sensação de ter sido usado voltando novamente. - Mas aconteceram umas coisas. E eu não posso ser a mulher que você merece .
- E quem era aquele cara com você? - Seus olhos se fecharam e ela puxou os lençois para se cobrir. Ótimo, era o suficiente para a humilhação. Ameacei levantar para pegar minhas coisas e ela me segurou pela cintura.
- O cara que você viu comigo, é o meu noivo. - Seus olhos não me encaravam, então desviei meu olhar para o teto do quarto. Mais alguns segundos se passaram antes que eu tivesse coragem de seguir com o papo.
- Você vai mesmo se casar com ele?
- Acho que em algum momento da vida, isso acontece com todo mundo, não? - Ela me encarou sem sorrir. Aliás era um dos poucos momentos em que eu não conseguia ler em seu corpo o que ela conseguia dizer.
- Deveria ter me contado isso antes. Ou seu noivo não se importa que outro cara ganhe o prêmio dele? - Eu já não me importava em escolher as melhores palavras. Estava farto. Aquilo precisava acabar naquela noite, e um precisava ferir o orgulho do outro pra que não voltassemos atrás.
- Faz diferença pra você? - Ela perguntou. - Você me viu chegando acompanhada, sendo meu noivo, namorado ou até se ja tivessemos nos casado, você teria aceitado meu convite da mesma forma. Você sabia que ele seria minimamente meu namorado e ainda assim está aqui. - Não tive resposta. Pra mim realmente não faria a menor diferença.
- Como se conheceram? - Perguntei desanimada.
- Ele é um amigo da família, . Nós meio que já estamos juntos a muito tempo. - Fomos tomados pelo silêncio. Haviam tantas perguntas que ela se atropelavam na minha cabeça. - Eu não tenho como te explicar isso agora.
- Não teve como me explicar isso nos ultimos três anos?
- Eu estava te protegendo. Eu jamais colocaria você em uma posição de risco. Você não conhece nada da minha vida, , e eu gosto de você. Acredite, eu gosto tanto que é a razão pela qual eu me afasto.
- E então você me usa, segue seu caminho, quando está entediada volta e faz o mesmo.
- Eu sei o que está passando pela sua cabeça, . - Ela disse tentando me abraçar enquanto eu já recuperava meu uniforme pelo quarto.
- Então tente controlar meu impulso de ir embora agora mesmo. - Respondi.
- Você sabe porque ano após ano é pra esse hotel que eu volto por uma razão, não? Eu teria milhares de outros hotéis mas escolho esse. Ja parou pra pensar porque?
- Parece que um lugar com drinks e garçons são algo que te excita. - Vesti minha cueca e logo a calça enquanto procurava com os olhos um ferro a vapor que me fizesse dar um jeito naquela camisa amassada.
- O que me excita é você, . - Ela puxou a camiseta de minhas mãos, vestindo-a em seguida, enquanto eu ainda estava de costas. Com razão, eu era um fraco e não prestaria atenção em nada que aquela mulher dissesse enquanto estivesse nua. - Ainda me lembro de quando nos conhecemos. Eu tinha acabado de fazer 18 anos, só queria viver, conhecer muitas pessoas, dormir com quantos caras eu pudesse. Mas logo apareceu você, com esse rostinho bonito e esse papo fácil. A gente se deu tão bem, mas eu ainda pensava em conhecer novas pessoas, por isso fugi logo pela manhã. E um ano depois, eu não queria fugir de novo mas precisei viajar, meu pai precisou de mim. No nosso terceiro encontro, eu não quis me despedir. E isso meio que virou nosso jogo, certo? Viramos a noite e eu fujo pela manhã. São três anos assim, . E esse é o único lugar no mundo onde eu sinto que devo estar. Mas você é muito melhor do que eu, o que eu trago de bagagem só te faria mal...
- Essa é uma escolha minha, não sua. - Respondi.
- Dessa vez eu vim me despedir, . E precisei trazer alguém comigo para que me desse forças. Preciso transferir essa coisa... Esse sentimento... Pra alguém que possa viver como eu. Alguém que não seja bom como você.
- Você resolveu então que essa é uma despedida? - Perguntei desacreditado.
- Eu vou me casar. E precisava disso. Eu não quero que você fique me esperando.
Olhei em seus olhos com intensidade antes de ela desviar o olhar. "Não quero que fique me esperando". Eram três anos que eu fazia isso. E ela achava que eu conseguiria me despedir em algumas horas.
Voltei seu olhar ao meu novamente. Gostaria de fazê-la entender que eu ficaria. Lutaria pelo que tínhamos e ainda mais pelo que nos permitiríamos ter. Se temia por eu não conhecê-la, se esquecia de que ela não me conhecia também, e desistir não era pra mim. Eu esperaria pelo tempo que fosse.
Ela que me abraçou nesse momento. E me fazia bem saber que em todo esse tempo, eu era sim correspondido. Não era algo da minha cabeça. Era mais que tesão. Havia sentimento.
- Você já está indo embora? - Perguntei quando ela se levantou. O sorriso que ela me devolveu foi fraco, mas forte o suficiente para acelerar meu coração.
- Ja te disse que eu só tinha uma razão para vir pra cá. - Ela respondeu ainda com pouca emoção. Aquele era o momento que eu tinha pra lutar, eu sabia.
- Se é por mim... - Resolvi pedir. Meu orgulho já estava sendo pisoteado a algum tempo mesmo. - Fique mais uns dias.
- E prolongar isso, ? Eu vou precisar mesmo dizer com todas as palavras que essa é nossa despedida? - Me apoiei na janela enquanto ela correu para o banheiro. E era essa a visão que eu não queria ter.
Madrid era uma cidade linda. Enorme. Mas encará-la frente a um dos quartos mais altos da cidade era solitário. O que fazia comigo, era tortura. E se nenhum dos dois aceitava a despedida, porque é que ela precisava acontecer? Não tinha sentido.
Quando me juntei a ela no banho, não precisava de palavras. Era pra mostrar em atitudes o quanto combinávamos, o quanto nosso corpo se encaixava e como mesmo após tanto tempo separados, um ainda conhecia os prazeres do outro. Porque é o que nos permitíamos. E se aquele sentimento se desenvolvesse, poderíamos ser uma grande dupla. Enfrentar o que viesse. E nós estávamos juntos, nossa sintonia era nítida.
- Ainda temos algum tempinho antes que eu precise voltar. - Ela disse quando voltamos a nos deitar. - E você desperdiçando nosso tempo pensando.
- Queria ter um cigarro. - Disse para dispensar os maus pensamentos.
- Queria ter outra coisa em minha boca. - Ela me provocou e eu virei em sua direção rindo.
- Me dê mais dois dias... - Voltei a pedir. Não iria aceitar deixá-la ir. - Amanhã é minha folga e no dia seguinte, só entro a noite.
- Vou pensar. - Ela respondeu antes de se aconchegar em meus braços. Mas não mentiu. Dessa vez ela não fugiu pela manhã e tivemos um dia juntos, como deveria ter sido desde o começo. Aproveitei o luxo da suíte para lavar minhas roupas enquanto almoçávamos, e a tarde nos permitiu até dividir a atenção em um filme. Eu sabia que ela não queria se despedir também. Então quando desci para mais uma noite de expediente, sabia que ela não fugiria da resposta dessa vez. E se ela topasse mais dois dias, eu a mostraria que seria pela vida inteira.
- Vai querer um martini? - Perguntei quando munha bela dama desceu até o bar. Ela vestia um vestido vinho, seu cabelo todo ondulado. O que fazia minha masculinidade ir as alturas, pois tinhamos nos despedido a duas horas, e se ela estava tão produzida, não tinha tido tempo de dar atenção ao tal namorado.
- Quero saber o que vamos fazer nesses dois dias. - Ela me respondeu e nem pude conter meu sorriso.
- Então você aceita? - Precisava da confirmação. Precisava ouvir dela.
- Quero saber até onde vamos com isso . - Ela disse em um tom de voz mais baixo. Eu não tinha pensado em nada especial, mas saber que ela estava disposta a repensar a decisão já era um terreno seguro. Ela não queria desistir de nós.
- , vi que já conheceu a mulher mais bonita do mundo. - Juan, o cara da primeira noite apareceu. E eu devolvi o olhar a com meu sorriso mais divertido. Claro que esse cara seria o tal namorado. O sentimento não vinha por parte de nenhum dos dois, e devia haver algo grande para que um casamento entre eles precisasse acontecer.
- Tive o prazer de conhecê-la. - Respondi ainda sustentando o olhar de . Era até incomodo ver como o homem não se dava conta do quanto sobrava naquele momento.
- Eu aceito. - Ela me respondeu e por um segundo perdi a fala. - O martini. - Ela completou sorrindo. Pegou a bebida e saiu com o tal ao seu lado. Quando seus olhos voltaram a se cruzar com os meus, ergui o cartão do nosso quarto, ao que ela confirmou erguendo seu copo em um brinde imaginário.
E aquilo não acabaria ali.
Enquanto eu trabalhava servindo drinks em um dos maiores hotéis da cidade, acabava conhecendo diversas histórias e pessoas. Mas minha maior aventura se chamava .
Algumas vezes por ano ela aparecia pelo hotel com seus vestidos caros e seus perfumes estonteantes. Não havia uma pessoa naquele lugar que não soubesse que no fim da noite, era eu quem acabava me dando bem, e não havia uma noite em que eu não esperava que ela passasse pela porta de entrada me procurando também.
Eu nunca sabia quando ia encontrá-la de novo. Não sabia de onde ela vinha, para onde ia, nem mesmo seu sobrenome. E ela também não conhecia além do , garoto que lhe servia um drink as dez e bebia de seu corpo as 2 da manhã. E acredito que essa falta de comprometimento era o que tornava nossa relação tão ardente e cheia de desejo.
A surpresa, no entanto, foi quando entrei pela porta do hotel naquela tarde. Antes mesmo que pudesse começar meu turno, eu a vi. Ela estava de costas mas eu reconheceria aquele corpo em qualquer ângulo possível.
E de todas as vezes que eu pensei que aquela mulher fosse partir o meu coração, essa era a forma mais dolorida. Sentir que eu não era homem o suficiente para fazer ela querer ficar comigo, doía e acabava com o resto de mim que ela havia deixado para trás. Mas ela era a mulher mais bonita que eu já havia visto, era certo que ela iria acabar com um bilionário, e não um garçom que acabava todo o mês com as mesmas poucas libras no bolso.
Era extremamente incomoda a cena em que sorria para o cara que passava as mãos por suas costas. Cruzei a entrada do hotel o mais rápido possível, evitando um possível encontro e a possível decepção que seria ver aquele sortudo subir com ela para o quarto quando devia ser eu.
- Você fica extremamente bonito com esses óculos escuros, já te disse isso? - Lambert, meu amigo, disse assim que adentrei a área dos funcionários para guardar minhas coisas. Sorri os tirando do meu rosto e guardando na caixa apropriada.
- Está flertando comigo? - Perguntei lhe dedicando meu melhor sorriso. Sua resposta no entanto foi apenas um sarcástico sorriso. - Se me elogia vestindo coisas, mal posso esperar pra quando me ver tirando... - Segui na brincadeira.
- Queria testar seu humor. - Ele riu, achando que eu não ia levar o papo adiante. - Viu quem está por aqui novamente? - Eu queria evitar tanto o assunto, que ele chegava até mim quando eu menos esperava. - Parece que hoje alguém não vai precisar de carona mais tarde.
- Se está falando da , pode desistir. Ela estava acompanhada dessa vez, amigo. E um de nós precisa respeitar os relacionamentos alheios. - O acusei.
- E esse alguém é você? - O deixei sem resposta, seguindo em direção ao balcão onde trabalhava. A cada minuto, meus olhos faziam uma nova varredura pelo lugar. Sempre havia sido assim, ela simplesmente surgia do nada e minhas noites se tornavam mais leves. E eu esperava que ela entrasse por ali, me fizesse sofrer com suas provocações por toda noite, e depois acabasse ao meu lado na cama. Eu era capaz de tudo por aquela mulher.
Aguardei por muitas horas naquela noite, antes de meus ouvidos serem monopolizados por um cara em especial. Juan. Já sabia que ele não era dali, era mais um daqueles encantados pela Itália e a cinematográfica vida de mafioso. Era o cara que eu cresci fantasiando ser, infelizmente. Juan olhava todo o salão assim como eu procurava . Havia cumprimentado várias mulheres que por alguma razão se afastavam.
- Mas e você, , o que faz você se divertir? - O tal me perguntou, ainda flertando discreto com cada dama que nos cercava.
- Esse meu emprego é bom. Recebo um bom salário, boas gorjetas e conheço pessoas de todo o mundo. Já ouvi mais problemas do que qualquer um nesse bar e já separei mais brigas do que uma guerra. Fora o fato de conhecer as mais belas mulheres. - Minha cabeça foi de encontro a .
- Se tem uma coisa que não consigo me livrar são das mulheres, admito. Eu viajo muito e frequento lugares onde elas se estapeiam por atenção. São um dos benefícios que essa vida nos trás. Sabe como é né cara, não há nada mais bonito que as mulheres. Mais de uma de preferência.br> - Mas ainda assim, a patroa tem vigiado - Ele vestia uma aliança enquanto se levantava para ir. - Ele riu.
- Eu quase esqueci. - E no meio daquela conversa, eu realmente não vi quando ela entrou. Mas meus olhos seguiram o cara da aliança até que ele parou onde três amigas conversavam. É claro que aquele homem iria atrás de uma mulher como aquela, era difícil de resistir. Ela sorriu quando ele lhe disse algo, mas quando ele saiu, seus olhos se encontraram com os meus com muito mais intensidade.
As duas amigas que lhe acompanhavam ainda observavam o homem sair e eu só me perguntava onde seu namorado deveria estar.
Certo de que ignorar era a melhor opção, mais uma vez me distraí com um dos clientes e suas vantagens obtidas com transações de drogas.
Quando meu turno acabou e eu já estava pronto para sair do hotel, fui invadido por um perfume que me fez parar imediatamente, e logo desejosos lábios se encontraram com os meus.
sabia que nunca iria precisar de permissão para me beijar. Assim como eu não tinha que pedir para descer minhas mãos até onde elas pudessem alcançar. E ela era minha perdição, irresistível. Eu sabia que não era o que devia fazer, mas meu corpo e coração agiam com mais intensidade que minha mente.
- Senti tanto a sua falta. - Ela disse e meu coração acelerou um pouco mais. Era a primeira vez que ela abaixava a guarda e demonstrava um sentimento além de luxúria. - Parece que fazem anos que não nos vemos.
- Sete meses. - Respondi me apoiando na parede do corredor dos funcionários ainda com aquela mulher em meus braços. Afinal, eu não tinha do que me esconder, e se ela estava ali, não parecia pensar em fazer o mesmo.
- Eu queria ter voltado antes. - Ela alisou meu rosto como costumava fazer. A maldita forma que me fazia sentir o homem mais apaixonado do mundo. Mas ao mesmo tempo doía. Me fazia sentir fraco. Ela voltou a me beijar, dessa vez com menos desejo. Ela sabia o poder que tinha sobre mim, e se não fosse por Lambert naquele momento, eu poderia começar nossa noite por ali mesmo.
- Bom cara, eu preciso ir. - Ele disse meio sem jeito. me abraçou com força naquele momento, mas eu precisava de mais do que sexo para subir ao quarto com ela. E ela sabia disso, e era uma escolha que ela devia ter. - Você vai querer carona? - Ele continuou e me olhou profundamente.
E eu juro que ia me despedir. Mas suas mãos seguraram as minhas com força. Sua voz não teve forças naquele momento, mas pude vê-la sussurrar "fica comigo". E foi o suficiente para que eu dispensasse Lambert e subisse com ela até o quarto. Ótimo, eu era oficialmente o homem mais imbecil do mundo.
Mas quando ela fechou a porta e se colocou em meu colo, nada daquilo importava mais. Nem o namorado, nem a dor que ela me fazia sentir toda vez que desaparecia. Pelo contrário, a saudade era maior. E eu queria me aproveitar daquilo, e não me importava de jogar minha dignidade no lixo mais uma vez.
O meu erro foi me deixar viciar. Não aprender a resistir sobre seus beijos que me arrepiavam toda a pele. Eu amava tocá-la, mas me sentia desejado quando ela fazia o mesmo.
- - Ela gemeu sob meu ouvido. Meus lábios foram acompanhando o caminho que eu mais gostava de percorrer pelo seu corpo, que me levava de sua boca até seu ventre. Eu a venerava quando se contorcia. E ela se arrepiava sentindo minha barba alisar sua pele macia.
Tratei de me livrar do uniforme com pressa, assim como ela fez com a unica peça que cobria seu corpo: o vestido. Tê-la nua era sempre como desembalar um doce que eu adorava provar. E minha mão corria até minha boxer, me tocando enquanto despertava seu corpo para o sexo com meus lábios.
Eu era apaixonado por seu corpo. Seu gosto. Seus gemidos, principalmente os que diziam meu nome, em sussurros.
Para poderia ser sexo. Mas para mim, cada uma daquelas madrugadas era o mais próximo que eu podia chamar de amor.
- Eu queria ter voltado antes. - Ela começou a dizer. Eu sabia que era mais um dos momentos em que ela agradecia pelo sexo e voltava a se despedir. Meus punhos se fecharam inconscientemente e eu tinha vontade de me socar. A sensação de ter sido usado voltando novamente. - Mas aconteceram umas coisas. E eu não posso ser a mulher que você merece .
- E quem era aquele cara com você? - Seus olhos se fecharam e ela puxou os lençois para se cobrir. Ótimo, era o suficiente para a humilhação. Ameacei levantar para pegar minhas coisas e ela me segurou pela cintura.
- O cara que você viu comigo, é o meu noivo. - Seus olhos não me encaravam, então desviei meu olhar para o teto do quarto. Mais alguns segundos se passaram antes que eu tivesse coragem de seguir com o papo.
- Você vai mesmo se casar com ele?
- Acho que em algum momento da vida, isso acontece com todo mundo, não? - Ela me encarou sem sorrir. Aliás era um dos poucos momentos em que eu não conseguia ler em seu corpo o que ela conseguia dizer.
- Deveria ter me contado isso antes. Ou seu noivo não se importa que outro cara ganhe o prêmio dele? - Eu já não me importava em escolher as melhores palavras. Estava farto. Aquilo precisava acabar naquela noite, e um precisava ferir o orgulho do outro pra que não voltassemos atrás.
- Faz diferença pra você? - Ela perguntou. - Você me viu chegando acompanhada, sendo meu noivo, namorado ou até se ja tivessemos nos casado, você teria aceitado meu convite da mesma forma. Você sabia que ele seria minimamente meu namorado e ainda assim está aqui. - Não tive resposta. Pra mim realmente não faria a menor diferença.
- Como se conheceram? - Perguntei desanimada.
- Ele é um amigo da família, . Nós meio que já estamos juntos a muito tempo. - Fomos tomados pelo silêncio. Haviam tantas perguntas que ela se atropelavam na minha cabeça. - Eu não tenho como te explicar isso agora.
- Não teve como me explicar isso nos ultimos três anos?
- Eu estava te protegendo. Eu jamais colocaria você em uma posição de risco. Você não conhece nada da minha vida, , e eu gosto de você. Acredite, eu gosto tanto que é a razão pela qual eu me afasto.
- E então você me usa, segue seu caminho, quando está entediada volta e faz o mesmo.
- Eu sei o que está passando pela sua cabeça, . - Ela disse tentando me abraçar enquanto eu já recuperava meu uniforme pelo quarto.
- Então tente controlar meu impulso de ir embora agora mesmo. - Respondi.
- Você sabe porque ano após ano é pra esse hotel que eu volto por uma razão, não? Eu teria milhares de outros hotéis mas escolho esse. Ja parou pra pensar porque?
- Parece que um lugar com drinks e garçons são algo que te excita. - Vesti minha cueca e logo a calça enquanto procurava com os olhos um ferro a vapor que me fizesse dar um jeito naquela camisa amassada.
- O que me excita é você, . - Ela puxou a camiseta de minhas mãos, vestindo-a em seguida, enquanto eu ainda estava de costas. Com razão, eu era um fraco e não prestaria atenção em nada que aquela mulher dissesse enquanto estivesse nua. - Ainda me lembro de quando nos conhecemos. Eu tinha acabado de fazer 18 anos, só queria viver, conhecer muitas pessoas, dormir com quantos caras eu pudesse. Mas logo apareceu você, com esse rostinho bonito e esse papo fácil. A gente se deu tão bem, mas eu ainda pensava em conhecer novas pessoas, por isso fugi logo pela manhã. E um ano depois, eu não queria fugir de novo mas precisei viajar, meu pai precisou de mim. No nosso terceiro encontro, eu não quis me despedir. E isso meio que virou nosso jogo, certo? Viramos a noite e eu fujo pela manhã. São três anos assim, . E esse é o único lugar no mundo onde eu sinto que devo estar. Mas você é muito melhor do que eu, o que eu trago de bagagem só te faria mal...
- Essa é uma escolha minha, não sua. - Respondi.
- Dessa vez eu vim me despedir, . E precisei trazer alguém comigo para que me desse forças. Preciso transferir essa coisa... Esse sentimento... Pra alguém que possa viver como eu. Alguém que não seja bom como você.
- Você resolveu então que essa é uma despedida? - Perguntei desacreditado.
- Eu vou me casar. E precisava disso. Eu não quero que você fique me esperando.
Olhei em seus olhos com intensidade antes de ela desviar o olhar. "Não quero que fique me esperando". Eram três anos que eu fazia isso. E ela achava que eu conseguiria me despedir em algumas horas.
Voltei seu olhar ao meu novamente. Gostaria de fazê-la entender que eu ficaria. Lutaria pelo que tínhamos e ainda mais pelo que nos permitiríamos ter. Se temia por eu não conhecê-la, se esquecia de que ela não me conhecia também, e desistir não era pra mim. Eu esperaria pelo tempo que fosse.
Ela que me abraçou nesse momento. E me fazia bem saber que em todo esse tempo, eu era sim correspondido. Não era algo da minha cabeça. Era mais que tesão. Havia sentimento.
- Você já está indo embora? - Perguntei quando ela se levantou. O sorriso que ela me devolveu foi fraco, mas forte o suficiente para acelerar meu coração.
- Ja te disse que eu só tinha uma razão para vir pra cá. - Ela respondeu ainda com pouca emoção. Aquele era o momento que eu tinha pra lutar, eu sabia.
- Se é por mim... - Resolvi pedir. Meu orgulho já estava sendo pisoteado a algum tempo mesmo. - Fique mais uns dias.
- E prolongar isso, ? Eu vou precisar mesmo dizer com todas as palavras que essa é nossa despedida? - Me apoiei na janela enquanto ela correu para o banheiro. E era essa a visão que eu não queria ter.
Madrid era uma cidade linda. Enorme. Mas encará-la frente a um dos quartos mais altos da cidade era solitário. O que fazia comigo, era tortura. E se nenhum dos dois aceitava a despedida, porque é que ela precisava acontecer? Não tinha sentido.
Quando me juntei a ela no banho, não precisava de palavras. Era pra mostrar em atitudes o quanto combinávamos, o quanto nosso corpo se encaixava e como mesmo após tanto tempo separados, um ainda conhecia os prazeres do outro. Porque é o que nos permitíamos. E se aquele sentimento se desenvolvesse, poderíamos ser uma grande dupla. Enfrentar o que viesse. E nós estávamos juntos, nossa sintonia era nítida.
- Ainda temos algum tempinho antes que eu precise voltar. - Ela disse quando voltamos a nos deitar. - E você desperdiçando nosso tempo pensando.
- Queria ter um cigarro. - Disse para dispensar os maus pensamentos.
- Queria ter outra coisa em minha boca. - Ela me provocou e eu virei em sua direção rindo.
- Me dê mais dois dias... - Voltei a pedir. Não iria aceitar deixá-la ir. - Amanhã é minha folga e no dia seguinte, só entro a noite.
- Vou pensar. - Ela respondeu antes de se aconchegar em meus braços. Mas não mentiu. Dessa vez ela não fugiu pela manhã e tivemos um dia juntos, como deveria ter sido desde o começo. Aproveitei o luxo da suíte para lavar minhas roupas enquanto almoçávamos, e a tarde nos permitiu até dividir a atenção em um filme. Eu sabia que ela não queria se despedir também. Então quando desci para mais uma noite de expediente, sabia que ela não fugiria da resposta dessa vez. E se ela topasse mais dois dias, eu a mostraria que seria pela vida inteira.
- Vai querer um martini? - Perguntei quando munha bela dama desceu até o bar. Ela vestia um vestido vinho, seu cabelo todo ondulado. O que fazia minha masculinidade ir as alturas, pois tinhamos nos despedido a duas horas, e se ela estava tão produzida, não tinha tido tempo de dar atenção ao tal namorado.
- Quero saber o que vamos fazer nesses dois dias. - Ela me respondeu e nem pude conter meu sorriso.
- Então você aceita? - Precisava da confirmação. Precisava ouvir dela.
- Quero saber até onde vamos com isso . - Ela disse em um tom de voz mais baixo. Eu não tinha pensado em nada especial, mas saber que ela estava disposta a repensar a decisão já era um terreno seguro. Ela não queria desistir de nós.
- , vi que já conheceu a mulher mais bonita do mundo. - Juan, o cara da primeira noite apareceu. E eu devolvi o olhar a com meu sorriso mais divertido. Claro que esse cara seria o tal namorado. O sentimento não vinha por parte de nenhum dos dois, e devia haver algo grande para que um casamento entre eles precisasse acontecer.
- Tive o prazer de conhecê-la. - Respondi ainda sustentando o olhar de . Era até incomodo ver como o homem não se dava conta do quanto sobrava naquele momento.
- Eu aceito. - Ela me respondeu e por um segundo perdi a fala. - O martini. - Ela completou sorrindo. Pegou a bebida e saiu com o tal ao seu lado. Quando seus olhos voltaram a se cruzar com os meus, ergui o cartão do nosso quarto, ao que ela confirmou erguendo seu copo em um brinde imaginário.
E aquilo não acabaria ali.
FIM
Nota da autora: Enfim, escrevi sobre um dos meus clipes favoritos. Sexy na medida certa, romântico como só Maluma consegue ser.
Por favor, aqueçam meu coraçãozinho com um comentario sobre? E claro, se puderem leiam minhas outras histórias também, o link da minha página de autora está logo aqui embaixo.
Me procurem pra batermos um papinho nas Redes Sociais que deixei aqui. No grupo do Facebook reuno as leitoras, no tumblr reúno tudinho das fics, no insta compartilho material com mais frequência e no twitter falo da vida.
Na Playlist do Spotify você pode conferir todas as histórias que escrevi baseada em canções.
OUTRAS FANFICS:
Em andamento
All Of The Lights [Bandas - One Direction - Em Andamento]
Tell Me About The Song [Bandas - One Direction - Em Andamento]
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