Última atualização: 09/03/2018

Capítulo Único


Inteligente, influente, rica, bonita e completamente inalcançável ao mesmo tempo que sabia como te fazer pensar que estava sempre na palma de sua mão. Era desse jeito que as pessoas costumam descrevê-la na maior parte das vezes, como alguém com uma lábia invejável, que sabia como manipular a todos ao seu redor, tornando-se aos poucos normal que a chamassem de Venus na empresa, tanto quando não estava perto tanto quanto estava também, já que a garota não parecia se importar.
A deusa Venus, considerada a deusa da beleza e do amor. Apesar de ser uma criatura bem-humorada e alegre normalmente, que podia até mesmo chegar a ser gentil e benevolente, tinha problemas em seus próprios relacionamentos, que sempre eram rodeados por crises e conflitos. Era assim como consideravam naquele local, com a única ressalva de que seus relacionamentos pessoais eram inexistentes. Nunca, nem uma vez, souberam se a garota havia tido algum namorado, fazendo até mesmo rumores sobre sua sexualidade começarem a correr entre os funcionários.
Mas ela nunca se importara, na verdade, aquela empresa nem mesmo era sua, apenas a visitava tempos em tempos a pedido de seus queridos pais, donos dela. Tudo bem que era a herdeira direta, uma vez que era filha única, mas o que podia fazer se gostava muito mais da vida de detetive policial do que a de CEO de uma empresa que nem mesmo sabia direito o que fazia? O que eles queriam dizer com maquinários? Isso podia ser tanta coisa.
Suspirou, empurrando a porta do carro para fechá-la, e então andando, enquanto ligava o alarme. Não era novidade que as pessoas que encontrava em seu caminho paravam para cumprimentar ou simplesmente ficar olhando, enquanto a garota simplesmente respondia com sorrisos e continuava seu caminho até a recepção. As portas se abriam automaticamente para si, inclusive a catraca de funcionários.
Porém, foi exatamente ali que começou o problema. Quando atravessava as duas placas de vidro que se abriram do lado da entrada, ele fazia o mesmo, porém para a saída. reparou que ele não segurava um crachá e nem mesmo se preocupou em olhar para o painel digital, tudo abriu automaticamente para ele, deixando-a um pouco chocada mesmo que tivesse fingido que não e continuado seu caminho até o elevador.
Porém, ao invés de descer no último andar onde ficava a sala de seus pais, resolveu descer no penúltimo, onde ficavam a sala das câmeras. Nunca havia ido até lá, e também nunca achara que ia precisar, mas sinceramente não era como se se importasse ou ofendesse com isso, apenas bateu na porta delicadamente duas vezes antes de abri-la e encontrar três seguranças observando diversos monitores que se dividiam por andares e ângulos.
― Com licença… ― ela pediu educadamente, sorrindo aos homens que, ao ouvirem, viraram para trás e, ao verem quem era, já até mesmo se levantavam para cumprimentá-la. ― Não, não precisam ser formais, podem relaxar. Eu só quero saber quem é uma pessoa que passou por mim quando eu entrei. Vocês podem descobrir para mim?
― C-Claro!
Não demorou muito, pois assim que colocaram os olhos naquela imagem, os homens o reconheceram, fazendo sua teoria de que ele era mais do que um simples funcionário fazer sentido.
. Era esse o nome dele.
Já era noite, e estava em casa quando pegou para analisar a ficha criminal que havia imprimido mais cedo entre uma ou outra vez que sentara no computador durante o expediente na delegacia. era mais velho que si poucos meses, e a ficha tão branca quanto a neve que cai do céu no inverno, fazendo-a suspirar, não sabia dizer se era de alívio ou descontentamento.
Ele era CEO da filial da empresa que ficava nos Estados Unidos e havia acabado de sair de uma reunião com seus pais na hora em que estava chegando. Rastreara seu celular com a ajuda da central, e ele estava em um apartamento que ficava a cinco minutos do prédio do escritório. Era meio assustador? Talvez, talvez fosse um pouco stalker e passara dos limites, mas… Ficou pelo menos uma hora e meia perguntando-se se devia pedir informações sobre ele para sua mãe, até que não resistiu mais e acabou ligando para ela.
Ironicamente, sua mãe não parecia saber muito mais do que si mesma sobre o rapaz, o que sinalizava que, ou havia procurado muito bem, ou sua mãe que era muito desinformada, porém ela disse algo que a deixou interessada: devia partir no outro dia de manhã para uma viagem de trem para o interior, o que a fez ter uma ideia louca que com certeza iria pôr em prática, fazendo-a sorrir largo. Daria um jeito de viajar naquele trem, só assim poderia saber se ele realmente está à sua altura.

* * *


Claro que não iria se arriscar e ir sozinha, até porque, caso fosse sozinha, não conseguiria ser discreta o suficiente se o encontrasse. Além disso, muito provavelmente ele sabia quem era por ser um funcionário importante de seus pais, mesmo que só por nome e tê-la visto em fotos que sua mãe adorava publicar, não podia arriscar. Por isso recrutara suas duas melhores policiais para aquele momento. era alguém a qual sabia que podia contar em missões como aquela: inteligente e discreta, ela com certeza seria eficiente quando precisasse descobrir alguma coisa, além de ser sua melhor amiga.
Enquanto isso, era completamente o oposto, sendo a policial mais extravagante e escandalosa que conhecera em toda a sua vida, porém extremamente útil quando era necessário desviar as atenções das pessoas, servindo normalmente como isca e agente secreta, já que ninguém imaginava que alguém como ela era policial. Não era como se fossem exatamente amigas, mas não podia subestimar as habilidades da mulher por mais doidinha que ela fosse.
As três estavam na cabine 1451, haviam acabado de embarcar e ainda não sabiam onde estava. A realidade é que as duas nem mesmo sabiam por que estavam ali, apenas atenderam ao chamado da líder do grupo de investigações, ainda crentes que era alguma coisa importante e a qual deviam ser discretas.
― Pode parecer que são umas férias, mas não são. Estamos em missão. ― anunciou assim que jogou a mala em cima da cama, colocando ambas as mãos na cintura.
― Quem nós estamos seguindo? ― perguntou, arqueando uma das sobrancelhas.
Não tiveram muito tempo de conversar no último dia, estava envolvido em um caso da Narcóticos, então não sabia bem os planos da amiga.
― O nome dele é , ele tem 27 anos. ― abriu o menor bolso da mala para pegar a ficha criminal que havia guardado ali mais cedo, erguendo-a na frente das duas.
― Woow, ele é um gato! ― o sangue de esquentou assim que ouviu dizer isso, um ciúme enorme como se já fossem namorados.
― Ele não tem antecedentes, do que está sendo acusado? ― questionou confusa ao encarar a folha, também já aproveitando para acabar com a torta de climão que ficou entre as duas.
― Ele está sendo acusado de roubar meu coração.

* * *


Tanto quanto só não ficaram muito bravas por aquilo ser uma missão pessoal de sua chefe, primeiro, porque eram suas amigas, e segundo porque precisavam mesmo dar um tempo nos casos pesados e ter um descanso para a mente. A realidade é que as duas já sabiam que não devia ser mau elemento, mas também sabiam que não sossegaria enquanto não encontrasse algum indício que ele não prestava apenas para poder refutar o fato de estar apaixonada.
Era engraçado como alguém com o apelido de Venus podia fugir tanto de relacionamentos como fugia. Em plenos vinte e seis anos, ela nem mesmo sabia direito o que um namoro representava na vida de uma pessoa adulta de tão concentrada que sempre esteve no trabalho, sem tempo algum para pensar em sua vida pessoal. E quando apareceria alguém querendo se aproximar, a mulher dava um jeito de afastá-lo rapidamente.
Assim como quando começava a se interessar em alguém, fazia um exame completo da vida da pessoa para arrumar qualquer motivo idiota que fosse, somente para a impedir de achá-lo um bom partido. Era exatamente isso que pretendia fazer com naquele dia, encontrar um motivo que o deixasse inapto a ser alguém que despertasse seu interesse e poder seguir com a sua vida normalmente, como se nada tivesse acontecido e sem o remorso de ter se arrependido.
, porém, queria que fosse ao contrário, e internamente torcia para que ele fosse alguém que despertasse um sentimento crescente na amiga e que, a cada vez que ela tentasse encontrar um defeito nele, encontrasse uma qualidade. Queria que a amiga conhecesse o amor na sua forma mais pura, assim poderia derrubar os muros que construíra durante todos aqueles anos, por isso apoiaria aquela investigação a , com fé de que ele era diferente.
Por causa disso, tanto ela quanto estavam há pelo menos uma hora e meia no vagão que era como uma cafeteria, esperando o garoto aparecer lá. Não era possível que ele não ia surgir uma hora ou outra, e houve uma pequena comoção mesmo assim quando o viram entrando no local e retirando o casaco longo azul royal, colocando-o na parte de trás da cadeira e então sentando.
conseguia manter a discrição normalmente, enquanto fingia estar tomando um cafezinho e lendo uma revista apenas para passar o tempo, enquanto, para , não fixar os olhos naquele homem era praticamente uma missão impossível. Sua chefe tinha bom gosto, e isso era inegável, mas se conformou que ele não era para seu bico, concentrando-se um pouco mais no trabalho e tentando ver qual jornal ele lia.
levou uma das mãos até o bolso da camisa azul de listras escuras, pegando uma caneta e começando a riscar o papel levemente nas partes que o prendiam mais a atenção. Era como se tivesse analisando o que estava escrito ali com uma atenção invejável para alguém tão naturalmente distraída como a policial. Com um pouco mais de sorte, conseguiria enxergar qual era a notícia que o prendia tanto, mas apenas conseguia chamar a atenção do homem mesmo que sem querer, fazendo-a tentar cobrir o rosto com um outro jornal desesperadamente, mas acabou ficando cada segundo mais em evidência por conta de sua hiperatividade.
levou a xícara de café até os lábios, o olhar da garota já pesava tanto sobre si que ele quase engasgou, tendo até mesmo que tossir algumas vezes para se recuperar e então erguendo a cabeça e os olhos para encará-la. Ao perceber o quão óbvia estava sendo, pegou um copo de vidro cheio de suco de uva que estava ali e virou o rosto, tomando-o como se nada tivesse acontecido. O homem apenas respirou fundo e guardou a caneta no bolso da camisa novamente, levantando-se e saindo.
As duas se entreolharam confusas, mas, assim que ele fechou a porta do vagão, levantaram-se, pegando a bolsa que estava em seu colo quando sentada e começando a tirar os aparelhos que as ajudariam na análise de lá, ao mesmo tempo que andava e até onde o rapaz estava sentado até agora, observando o jornal que ele largara ali.
, como você conseguiu esse emprego, mesmo? ― questionou, arqueando uma das sobrancelhas, e a outra começaria a rir, se não estivesse chocada e animada o suficiente enquanto segurava o casaco azul royal que o homem havia deixado ali.
― O que vamos fazer com isso?

* * *


estaria feliz e contente com suas amigas no vagão, se não tivesse sido tapada o suficiente para esquecer de validar seu ingresso e, por isso, estar tendo que procurar um comissário como uma doida para o fazer antes que as coisas pudessem ficar piores. Por sorte, lembrava-se bem de um que a havia ajudado a carregar suas malas, e como ele já a havia visto, não deveria ter problemas em a ajudar.
O problema maior era achá-lo em um trem daquele tamanho, e estava há praticamente duas horas andando pelos vagões para tentar encontrá-lo, o que a fez se sentir a pessoa mais burra da Terra quando o viu parado na frente da cabine 1504, batendo na porta do quarto pacientemente. Ele parecia ser tão fofo quanto era novo, e, apesar da beleza do funcionário ser estonteante, mal conseguia perceber isso, tamanha sua obsessão estava se tornando por .
Por sorte, não teve muitos problemas após chamar o rapaz assim que entrou no corredor e o viu concentrado na porta meio de lado, respirando até mesmo mais aliviada. era doce e simpático, ainda lembrava de si, então não demorou muito mais de um minuto para pressionar seu bilhete em seu marcador de ticket, pegando o comprovante de entrada e devolvendo a outra parte para si. Sorriu, simpática, agradecendo com uma pequena reverência e já se virando de costas.
― E-eh, se não for te incomodar muito… ― o menino a chamara novamente, fazendo-a virar o pescoço para trás para observá-lo, fazendo-o ficar mais sem graça ainda. ― A sua cabine é aqui perto, não é?
― É sim, mil quinhentos e um. Estou no começo do vagão. ― explicou, apontando para trás sinalizando onde estava.
― Se você ver alguém entrando nessa cabine, por favor, você pode me avisar? Só se não for te incomodar… ― ele parecia estar com um pouco de medo e assustado em falar consigo, e aquilo era tão adorável que não nem mesmo com toda sua distração conseguiu ignorar.
― Claro que sim, não se preocupe. ― sorriu também na direção de , tentando tranquilizá-lo e vendo as bochechas do garoto ficarem vermelhas.
― Obrigado! ― mesmo assim ele sorriu, curvando o tronco em agradecimento para começar a se afastar logo depois pedir licença.
manteve o sorriso até o comissário sair do vagão, suspirando logo depois, deixando sua atenção ir lentamente até a janela do trem que estava atravessando uma parte montanhosa naquele momento, com o horizonte tampado por tantos montes e um rio próximo. Mesmo ouvindo o barulho de porta abrindo-se, continuou encarando a paisagem, mas um arrepio subiu por sua espinha até sua nuca ao sentir aquele calor humano esquentando suas costas.
Podia não estar vendo, mas sabia exatamente quem era. Seu olhar foi para baixo e, ao mesmo tempo que queria reagir àquilo, não conseguia não ficar paralisada pela presença imponente do homem atrás de si e o cheiro agradável de seu perfume amadeirado que invadia suas narinas e a deixava completamente desnorteada.
Queria virar e mostrar para ele que não era manipulável, porém quando só conseguiu voltar a si, já estava longe o suficiente que conseguiu olhá-lo ir, o desgraçado fazendo questão de virar antes de entrar na cabine 1504 e a encarar por alguns segundos. Suas pernas tremiam levemente e não conseguia se conformar de ter sido tão facilmente dobrada, socando levemente o vidro da janela e mordendo seus próprios lábios, tão afetada com a cena que não percebeu de primeira o que estava acontecendo, apenas quando e chegaram no corredor.

* * *


assobiava calmamente uma melodia qualquer, enquanto ajeitava seu cabelo em frente ao espelho. Estava de manhã, havia praticamente passado a noite inteira no quarto 1504, porém havia valido a pena. Seu humor estava ótimo, mas não poderia mostrá-lo para o mundo tão cedo: tinha trabalho a fazer durante todo aquele dia, então o passaria no quarto.
Pegou arquivos dentro de sua pasta e a caneta, colocando os óculos de lente redonda e armação de arame preta no rosto. Aquela tecnologia sempre o surpreendia; mesmo que já a houvesse visto milhões de vezes, continuava adorando. Lia calmamente o perfil de , vendo sua idade, estatura, traços de personalidade, carreira e histórico.
Perdera as contas de quantas vezes fizera isso desde que entrara naquele trem, mas era só porque era divertido demais analisá-la e comparar os arquivos com como ela reagia a si. Com os óculos no rosto, analisou todo o seu plano espalhado pelo vagão de como deixá-la cada vez mais curiosa, só abrindo a porta uma vez para atender ao serviço de quarto, afinal precisava comer.
Não tinha planejado nada daquilo até a mãe de ligar para ele um dia antes de sua viagem, contando como ela ficara interessada em si quando o viu saindo da empresa, por isso aquilo se tornou bem mais que uma viagem de trem. Tornou-se um jogo de como ia fazer para mantê-la tão interessada por tanto tempo e tão profundamente que ela não poderia se desvencilhar jamais daquela paixão.
E tinha quase certeza de que havia conseguido pensar em um jeito de o fazer.
Perdera completamente a noção do tempo com seus próprios planos, e agora a noite já caíra e estava tão sonolento que não viu quando acabou deitando por cima dos arquivos que lia, tendo tempo apenas de colocar os óculos que usava em cima da pequena bolsa que repousava no banquinho ao lado de sua cama.

* * *


Estava ficando ansiosa, tanto que perdera o sono para os pensamentos e para aquele casaco azul pendurado em um gancho que ficava em sua parede. Ele tinha o mesmo cheiro que sentira no dia anterior, quando se encontraram no corredor, porém se controlava firmemente em não o buscar, apenas encarar o teto enquanto se lembrava da conversa que tivera com e mais cedo.
O plano era a segunda se aproximar do comissário dizendo que havia visto alguém entrando no quarto 1504, então seduzir o pobre garoto e conseguir assim a chave do quarto de para que entrasse, e, se bem conhecia a loira, ela devia estar dando um jeito nisso agora. Mas, por mais que tivesse tentando ficar bem quietinha em sua cama, a cada segundo ficava mais difícil de resistir, até que desistiu e acabou levantando-se, tocando levemente o casaco por cima do tecido grosso e deslizando os dedos até o primeiro bolso.
Estava vazio, assim como todos os outros que colocara a mão, com exceção do último que ficava na parte do peitoral. Tinha uma chave dourada e decorada naquele, com parte superior trabalhada com vazamentos que, olhando um pouco de longe, podia-se ver formarem uma flor. Estava perplexa pensando naquela chave, porém foi interrompida. Quando pensou que já estava dando um jeito na situação, não estava errada, pois agora a amiga batia na porta delicadamente algumas vezes, fazendo-a a abrir quase em desespero.
― Seja rápida, não quero que aquele fofinho se ferre por minha causa. ― pediu, enquanto segurava o cartão no ar, com um bico manhoso nos lábios de quem não havia beijado onde queria.
― Você ainda se esquece que nós somos policiais e eu posso simplesmente dizer que estamos em missão secreta? ― sussurrou desanimada com a lerdeza da mais nova. ― Como você conseguiu? Pelo seu humor sei que não foi como queria.
― Fingi que cai e esperei ele se abaixar para me ajudar, dei uma apalpada e consegui pegar. O que eu não faço por você, né? ― a mulher falou em um tom infantil, fazendo apenas revirar os olhos.
― Com certeza deve ter sido muito difícil para você apalpar o coitado.
― O que você está insinuando…? ― franziu o cenho em uma expressão chateada e infantil, mas recebeu apenas um murmúrio de um até amanhã sem muita empolgação e uma porta na sua cara.
Foi aí que entrou em conflito interno. Devia ir logo até lá e meter o louco mesmo sabendo que o rapaz estava provavelmente dormindo no quarto, já que eram dez e meia, ou simplesmente esperaria até de manhã para entrar no quarto quando não tivesse perigo algum de ser pega?
A resposta era óbvia, e logo ela espreitava pelos corredores, tomando cuidado para não ser pega ou vista por alguém, segurando firmemente o cartão em uma mão e o casaco azul em outra, passando o cartão chave de identificação na porta, que ficou com a luz verde no mesmo segundo, sinalizando a aprovação de sua entrada, além de ter ouvido em alto e bom som o barulho de destranca, fazendo seu coração acelerar mais ainda.
Respirou fundo. Não ia ser a primeira vez que fazia aquilo, mas era a primeira vez que fazia aquilo quando estava pessoalmente envolvida com o caso, e sentia um frio na barriga assustador, além de suas mãos estarem tremendo levemente, fazendo-a ficar completamente irritada por estar agindo como uma adolescente. Ignorou completamente seus sentimentos, entrando na cabine e encontrando-o adormecido na cama.
Mordeu seu lábio inferior com aquela cena, vendo-o completamente frágil e a mercê de sua vontade. É claro que não era assim exatamente e não iria fazer nada, mas… Era melhor voltar a se concentrar. Deixou o casaco azul no gancho da porta e então voltou ao trabalho, o que fez tendo de ficar na ponta dos pés para alcançar a mala do homem que estava em cima da grade do quarto.
Não encontrou nada em cima dela e não poderia a tirar dali, o que a fez suspirar frustrada, agachando para procurar embaixo da cama. Outra vez nada, a única coisa que encontrou foi a beleza daquele infeliz ao ficar de joelhos para se levantar. Não resistiu e ficou algum tempo encostada na quina da cama, observando-o dormir o sono dos justos completamente tranquilo.
Por alguns segundos, nem mesmo controlou sua mão que, sem permissão, subiu até os cabelos macios de , enrolando uma mecha em seu indicador e sorrindo para si mesma, mas quase enfartou quando ele respirou de forma pesada, trocando de posição e fazendo-a quase sair correndo. Deu um tempo para que ele retomasse ao sono e também para que conseguisse se acalmar, mas, ao se apoiar na cadeira, achou uns óculos.
Não tinha nada demais no acessório, apenas o achara bonito e tivera vontade de colocá-lo, então foi exatamente o que fez. Entretanto teve uma surpresa ao fazer: encontrou um plano completamente esquematizado. Um plano que ele sabia que encontraria, havia caído em uma armadilha perfeitamente e agora estava enrolada demais nela para dar para trás.

* * *


Depois daquilo que não conseguira dormir mesmo. A primeira coisa que fez foi sair pela porta e ir direto até a cabine de e depois na de , não se importando de acordá-las mesmo se já fossem três da manhã. Aproveitou para entregar o cartão que usara para abrir a porta do quarto de para , aquilo provavelmente daria uma desculpa para que ela puxasse assunto com , e devia ser uma boa amiga depois de tudo que tanto ela quanto estavam fazendo para a ajudar.
Sabia como chegar até onde tinha que ir, e estava com a chave em sua mão: era exatamente aquela que encontrara no casaco dele antes de ir até seu quarto. Mas antes, tinha que procurar uma peça que faltava no quebra-cabeças: um pen drive que nas paredes dizia ser uma das partes mais importantes para desvendar tudo. Por isso deixou a chave nas mãos de e saiu em busca do aparelho. Não fazia a mínima ideia de onde podia procurá-lo, mas acabou começando pelo óbvios: os locais onde sabia que havia passado, como o café, mas não encontrou nada.
Estava prestes a invadir o quarto do homem novamente quando deu de cara com e falando com alguém no rádio patrulha, batendo desesperadamente na porta do 1504, fazendo sua curiosidade se atiçar ainda mais ao pensar que as duas provavelmente já estavam lá dentro. Por sorte, o quarto do ficava um vagão depois daquele, então atravessou-o rapidamente para chegar logo ao seu destino, apenas sendo interrompida pelo esbarrão que teve no caminho.
segurara fortemente sua cintura para que não caísse, fazendo-a perder completamente o ar por segundos. O perfume novamente invadindo todo o espaço e ela não conseguia desviar os olhos dos olhos dele, apenas sentindo-o passar a mão por cima da sua própria, segurando-a para ajudá-la a levantar, e então simplesmente indo embora. Não soube quando nem como de tão perdida que ficara, mas agora havia um pen drive entre seus dedos.
E o pior é que nem era a única chocada: , que assistira à cena do fim do corredor, também estava resolvendo seguir , o que fora ótimo pra , já que ele fora na direção contrária de onde queria entrar. Foi então que se viu na porta da cabine 1504, tendo que pagar em um ritmo específico para que e abrissem a porta para si, e assim que fizeram isso, a puxou de forma desesperada para dentro, trancando a entrada logo depois.
― O que foi is-...
A própria policial se interrompeu ao olhar para frente e dar de cara com nada mais nada menos do que um jardim. Um enorme jardim bem mais do que só uma cabine, com as folhas tão verdes quanto as cultivadas do lado de fora, e as flores vermelhas tão vivas que até mesmo assustavam. Parecia que havia entrado em uma dimensão paralela e, não podia ignorar, linda.
― Nós o vimos entrando aqui dois segundos antes da gente, mas agora ele sumiu e não achamos nada mais que esse lugar… ― ainda parecia um pouco anestesiada e chocada com a situação.
― C-Como assim, eu o encontrei no corredor… Ele me deu isso. ― também estava tão confusa quanto a amiga com tudo o que estava acontecendo, mas então mostrou para as duas o pen drive azul que estava em sua mão, tirando a proteção que o revelava.
― Aqui, olha o que eu achei! ― as chamou, mostrando a maleta de maquiagem que estava em meio as flores, aberta com diversos acessórios dentro, porém com um encaixe de pen drive em um suporte bem de frente ao espelho cercado de três lâmpadas brancas de cada lado.
Claramente só estava curiando aquilo porque achara lindo, mas no fim foi útil.
tremia levemente quando encaixou o pen drive ali, as três juntando-se de frente ao espelho ao ver um quadrado azul cintilante de extremidades arredondadas formando-se na tela, e logo depois a chave que encontrara para abrir a porta apareceu brilhando na tela como um logo. Não demorou mais de um segundo para que tudo mudasse e então uma palavra fosse escrita rapidamente, depois apagada, e então outra fora escrita.
As duas policiais olharam para a investigadora que estava no meio, confusas, mas ao ler o “Hello? Venus” ela não conseguia pensar em nada que explicasse aquela situação, mais perdida do que as amigas, mesmo que fosse o alvo principal.

* * *


sorria, passando pelo corredor do trem, andando calmamente até seu quarto para pegar suas malas. Seu destino estava chegando e logo desceria. Sabia o que viria depois disso, e já tinha ideia de como iria reagir a tudo o que havia feito, mas antes calmamente discou um número no celular, sorrindo para si mesmo ao ser atendido.
― Olá, sogra. Você não precisa se preocupar, o plano foi perfeito. Sua filha não vai se esquecer de mim por um bom tempo… Ou melhor, ela não vai esquecer de mim nunca mais. Até que a morte nos separe.


Fim.



Nota da autora: E O EASTER EGG? QUEM PEGOU PEGOU, QUEM NÃO PEGOU NÃO PEGA MAIS AUHHAUHAUHA Gente o MV de Mysterious é puro luxo, riqueza e gente bonita - KANGJOON E EUNWOO, MISERICÓRDIA, DEMAIS PRA MIM - e eu sofri e não foi pouco pra me concentrar e pensar em uma história além dessas duas carinhas lindas e maravilhosas @_@ Mas enfim, apesar disso eu espero que vocês tenham gostado AUHAUHAUHA E se sim, me deixem saber! Obrigada por ter lido até aqui!
Se quiser falar comigo, é só me procurar no Twitter!
E caso tenha gostado e queira ler alguma outra coisa minha, eu estou com uma long fic em andamento sobre romance e distopia, originalmente escrita com o Monsta X!



Outras Fanfics:
Trespass

Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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