Autora do Mês - Março
Leitora do Mês - Março
Fanfic Obsession: Como você se sentiu quando descobriu que ganhou a votação de Autora do Mês do FFOBS?
Lah: Foi uma sensação muito boa a de ser reconhecida por algo que você adora tanto fazer, então eu fiquei muito, muito feliz e orgulhosa de nós duas.
Mah: Achei que não conseguiríamos porque outras autoras ganharam mais votos nas duas enquetes pra decidir quem ia para a final, mas, quando cheguei em casa no dia da votação final, vi que havíamos ganhado mais de 50 votos e fiquei chocada! Se fôssemos ganhar, nunca imaginei que seria com tantos votos!
FFOBS: Quando você começou a escrever? Lembra como foi sua primeira história?
Lah: Eu comecei a escrever quando tinha umais ou menos uns 12/13 anos, por volta de 2011. Estava passando pela minha primeira fase de fã de verdade (era fã da Restart. Sério.) e foi por meio disso que descobri o que eram fanfics, ainda no antigo "Nyah". Mas logo fiquei impaciente pelas histórias não seguirem o roteiro que eu gstaria que seguissem, e decidi que eu podia fazer aquilo sozinha, então fiz. Eu escrevia mal no início, mas fui melhorando gradativamente, foi natural. Eu fui descobrindo como escrever pode ser libertador, e descobri essa paixão. Não larguei mais desde então, e cada vez que vou escrever alguma coisa diferente descubro alguma coisa nova.
Mah: Quando uma prima minha vinha passar as férias na minha casa, costumávamos deitar no escuro e inventar histórias uma para a outra com atores bonitinhos. Eu acabei pegando o gosto por essa atividade e decidi escrever, chegando a me propor a escrever um livro sobre uma espécie de Apocalipse com anjos e demônios. Não vingou, mas foi uma experiência e tanto! Eu devia ter uns... 13 anos.
FFOBS: O que você procura passar para os seus leitores?
Lah: Sempre gosto de escrever histórias diferentes do que geralmente são, de pontos de vista diferentes, para mudar um pouco a perspectiva. Eu gosto de ser realista, mostrar a vida de um modo mais simples, como ela é, e de dar valor aos pequenos detalhes. Acho que por menor e mais bobinha que seja a história, sempre deve haver um jeito de conseguir tirar uma pequena lição dela (tanto escrevendo-a quanto lendo-a).
Mah: Eu gosto muito do gênero literário Realismo por mostrar o personagem numa situação inicial, geralmente numa má situação, e ele passa por uma mudança de mentalidade e/ou atitude ao longo da história. Esse ponto particularmente me agrada: mostrar às pessoas que todos somos humanos e no começo somos uma coisa, mas no final somos outra completamente diferente. E busco fazer com que essa mudança seja sempre para melhor.
FFOBS: Como você lida com críticas negativas e cobranças?
Lah: Vou ser bem sincera, quando é algo insensível eu não lido assim tão bem. Nos dedicamos muito, e por muito tempo, para deixar tudo o mais perfeito possível, então nunca é bom se deparar com alguma opinião dura e insatisfeita depois de tanto trabalho. Mas em relação a sugestões, eu adoro e inclusive sempre tento atender a todas as expectativas das leitoras, à medida do possível.
Mah: Eu sou uma pessoa extremamente desorganizada e muitas vezes relapsa nas minhas tarefas, por isso as cobranças, de um modo geral, fazem com que eu me atente a datas e períodos, porque se não eu nunca sento para escrever de verdade, apesar de amar fazer isso. Ter a Laís comigo nessa aventura é essencial porque toda vez que recebemos uma crítica negativa nós paramos para refletir sobre isso, se é pertinente e, se não for, porque não, etc. É bom poder avaliar as críticas e dizer “ok, isso é válido, eu vou mudar” ou “ok, válido, mas faz parte do propósito da história”.
FFOBS: A maioria das fics se passam fora do Brasil, por que você acha que isso acontece?
Lah: Honestamente? Essa pode ser uma opinião meio impopular atualmente, mas vou falar a verdade: eu prefiro escrever de uma perspectiva estrangeira porque, vamos ser honestas, de Brasil e de tragédia e dificuldades a nossa vida já tá cheia! Quando alguém vai ler uma fanfic, geralmente é pra fugir um pouco da realidade, dar risada, se imaginar em circunstâncias muito diferentes da vida real, e eu sinto o mesmo quando vou escrever. O quanto mais longe estiver da minha vida real e do ambiente ao meu redor, melhor!
Mah: Acho que porque muitos dos personagens principais são pessoas famosas que vemos constantemente. Não existem tantos programas “teen” para os adolescentes brasileiros feitos por brasileiros, por isso nos conectamos mais com os programas, artistas e histórias de outros países.
FFOBS: Quando você inicia uma nova fanfic, já sabe como ela terminará ou é um processo contínuo?
Lah: Eu sou péssima em organizar histórias. Tento ter em mente pelo menos um início, meio e fim, mas às vezes eu só tenho o fim, ou só o meio, ou até mesmo só o início, haha. Minha tática acaba sendo geralmente só empurrar com a barriga e ir dando um jeitinho (iso com fanfics longas, porque para ficstapes geralmente eu já tenho a ideia meio que montada).
Mah: É importante ter uma noção de onde você vai partir e até onde você vai chegar – pelo menos o plot da história tem que estar definido, acredito. No entanto, a forma como a história vai chegar até lá, como ela vai se encaminhando ao fim, isso sim é um processo contínuo, porque ideias maravilhosas surgem a qualquer momento e você quer escrever sobre e quer colocar na história.
FFOBS: Se você fosse convidada a escrever uma série de TV, um filme e um livro, mas só pudesse escolher um, qual seria? Por quê?
Lah: DEFINITIVAMENTE a série. Não só pelo fato de que eu sou a louca das séries, mas também porque a The A Team, por exemplo, é uma fanfic que segue todo um estilo de série de TV, as perspectivas, os pontos de vista, as divisões de histórias, tudo. Eu inclusive diria que um dos meus maiores sonhos seria ver a TAT virar série um dia, porque potencial, eu sei que ela tem. Seria a coisa mais linda do mundo poder ver meus personagens amados ganhando vida na atuação de alguém!
Mah: Apesar de amar a sétima arte, gosto muito mais de escrever livros/histórias em prosa. Eles oferecem uma liberdade tão grande, estimula a criatividade dos leitores ao complementarem os detalhes que não são oferecidos pelo autor, estimula o vocabulário, dizem que melhora até a caligrafia! Além disso, eu detesto ler e escrever coisas nos modelos de teatro/script.
FFOBS: Você tem algum autor ou história que considera uma inspiração pra você? Pode citar?
Lah: Eu gostaria de citar aqui, primeiramente, dois autores pelo mesmo motivo: J.K Rowling e G.R.R Martin pela capacidade espetacular que eles têm de criar todo um novo universo tão gigantesco e rico em detalhes, e em conseguir conectar cada ponto sem deixar quase nenhuma falha na história. E gostria, também, de citar a minha xodózinha Rainbow Rowell por motivos muito mais humanos: primeiramente, eu me vejo muito nela! Ela é uma mulher casada e mãe de família que ainda escreve fanfics e gosta de todas as coisas geek e nerds da cultura pop que eu também amo, e ela é capaz de escrever os romances reais, puros, inocentes e mais leves que eu já li. Anexos e Fangirl são apenas dois dos diversos livros dela que eu amo de paixão.
Mah: Não muito... bebo de várias fontes. Existem autores que eu admiro muito mesmo, mas que não chegam a ser inspiração para mim. Mas se tivesse que apontar alguém que eu olho e falo “caramba, tu é incrível!” seria a minha querida Jane Austen.
FFOBS: Se você tivesse oportunidade, hoje mesmo, de transformar uma história sua em livro, qual seria? Por quê?
Lah: Seria muito difícil transformar uma das minhas duas long fics em livro (a IBHBYS ou a TAT), porque ambas são gigantescas, mas se passam em um período relativamente curto de tempo para se tornarem sagas. Por isso, eu escolheria algum dos meus especiais. Tenho um carinho especial por Sober ou Take A Bow, como um romances leves e divertidos e Creep como uma coisa mais pesada mas, ao mesmo tempo, que traz aquela coisa de dar valor ao que a gente tem antes de perder.
Mah: Não acredito que eu tenha histórias escritas que dariam um livro... E a fanfic que escrevemos foge muito aos tipos de livros (dez personagens principais, dez pontos de vista).
FFOBS: E se não fosse uma fanfic já existente? Se fosse uma história totalmente original, que sinopse ela teria?
Lah: Eu tenho essa vontade de escrever sobre jovens da minha idade e suas lutas e dificuldades diárias em busca de um propósito. Eu tenho ideias, tenho esboços, mas nunca realmente comecei por falta de tempo para me dedicar inteiramente a isso, pois gostaria que fosse algo muito bem feito.
Mah: Tenho vontade de escrever histórias comuns sobre pessoas da minha religião. Acho que é um assunto que nunca ou quase nunca é abordado nas histórias. Não existem histórias sobre católicos tendo um romance legal com alguém de forma saudável, tranquila, com as tradições, sem o estigma do “santinho” ou com algum quê de hipocrisia por parte do religioso (cansei de ver restritas assim...). E digo o mesmo para as outras: evangélicos, judeus, candomblé, etc.
FFOBS: Alguma cena ou história é baseada em algum fato da vida real, algo que você ou alguém que conhece vivenciou?
Lah: Na TAT eu nunca fiz isso, mas na IBHBYS já fiz várias vezes. Duas cenas que eu lembro até hoje que foram baseadas em momentos reais foram (1) a tarde em que as meninas de IBHBYS tomam banho de mangueira no jardim e (2) a lembrança da Harry Girl de um final de tarde, no carro, em que a Niall Girl pegou no sono com a cabeça deitada no ombro dela, e ela estava desconfortável mas não se mexeu a viajem toda para não acordar a amiga, porque era bom sentir como se ela fosse o refúgio de alguém. Esses dois momentos aconteceram comigo e pareceram aquele tipo de momento que você registra, pra ficar eternizado.
Mah: Eu escrevia uma fic sobre realeza. Adoraria dizer que me identifico, porém...
FFOBS: De onde você tira inspiração para as características, manias e personalidade de suas personagens?
Lah: Acho que o meio nos influencia muito nessa questão (filmes, séries, videos, livros, músicas, etc).
Mah: No caso da The A Team, decidimos quem ia ser o quê (“o engraçado”, “a sabichona”, “a rebelde”, etc) e seguimos esse modelo, mas algumas coisas foram aparecendo e se encaixando e enriquecendo os personagens de forma tão natural que parecia que eles tinham vida própria e acabamos por ver um filme ou série e dizemos “nossa, isso é tão Fulano!”, mas temos algumas inspirações de personagens marcantes de outras histórias como a Effy de Skins, os milhares de bad boys espalhados por aí, etc.
FFOBS: Qual foi o lugar mais estranho que você já teve um vislumbre de cena/momento para a sua história?
Lah: Acontece SEMPRE no banho, durante a louça ou no ônibus. Às vezes tenho que levantar no meio da noite para anotar alguma história. Mas os momentos mais estranhos sempre são aqueles em que um POV de três páginas inteiras sai no meio da aula de direito internacional, haha.
Mah: Acho que em sala de aula e na igreja são sempre os mais bizarros para mim. Ambos porque eu deveria estar concentrada no que se passa ao meu redor e, às vezes, as ideias são espalhafatosas e eu não consigo controlar minhas expressões faciais, então pode ser meio estranho me ver tendo um insight.
FFOBS: Quais são os seus próximos projetos?
Lah: Eu tenho muitos projetos começados ou só na minha cabeça que adoraria por no papel, mas atualmente não tenho tempo para nada além da TAT. Posso garantir que meu próximo projeto é o ficstape da Lorde, que estou "comandando", e pretendo eventualmente terminar uma short fic de Harry Potter que comecei no início do ano.
Mah: Não há nada no horizonte além de escrever monografia e artigos para publicações acadêmicas, infelizmente.
FFOBS: A entrevista vai terminando por aqui, caso queira deixar algum recado final, fique à vontade!
Lah: Queria agradecer novamente a todas as meninas que votaram na gente como autoras do mês. Mais do que isso, quero agradecer a TODAS as meninas que indicam a fic, ou minhas outras fics, no grupo ou para amigas. Isso me deixa tão, mas tão feliz, que eu acho que nem tem como explicar. Além disso, quero agradecer a todas que comentam aqueles textões gigantescos lá na fic. Eu GANHO O DIA quando tem um daqueles comentários, então fica aqui o apelo para que cada detalhezinho que passe na cabeça de vocês durante a leitura, podem comentar!!!! EU AMO SABER! Obrigada a todas! A TAT é de todas nós <3
Mah: Obrigada por darem essa oportunidade de reconhecerem o trabalho das pessoas que escrevem para o FFOBS (todas as indicadas e as não indicadas), é fundamental que possamos criar essa rede de apoio e incentivo a algo tão bonito como a leitura e a escrita. Pode te ajudar a entrar numa faculdade, pode te ajudar a passar naquela matéria de redação, pode te ajudar a conseguir aquele emprego que tem redação no processo seletivo, pode vir a ser sua vida se virar um(a)escritor(a) profissional. Não importa para que fim: não parem de ler, não parem de escrever.