Finalizada em: 27/06/2015

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Capítulo 16: O veneno.

(N/A: Música do capítulo. Deixe carregando e dê play quando ver a notinha.)

Draco beijava o contorno de minha fênix deliciosamente enquanto eu estava de bruços tentando pegar a minha varinha. Havia queimado e renascido das cinzas tantas vezes em poucas horas, que as chamas não me machucavam mais.

- Para, Draco. – eu disse com a voz cortada e ele riu e eu recebi mais um beijo, mas desta vez perto do ombro. Ele passou a língua levemente pela região. – Eu preciso pegar minha varinha.
- Pra que, hein? – ele disse e deslizou suas mãos pela lateral do meu corpo. – Pra que precisa de varinha quando tem tudo o que precisa e quer aqui?
- Porque preciso pegar uma coisa. – eu disse séria. Ele riu e se inclinou e me beijou. – Draco... – eu disse entre o beijo e ele apenas sorriu, aquele sorrisinho malicioso.

E em segundos, lá estávamos nós, nos beijando loucamente e prontos para começar o segundo round, mas então eu me lembrei de que não podíamos ficar ali já havia dado o toque de recolher e eu precisava voltar para minha casa.

- Draco, nós temos que ir. Tá ficando tarde e já deu o toque de recolher. Vamos. – eu disse séria e ele concordou bravinho. – Não fica bravo. Você gostou?
- Preciso responder? – ele disse num tom brincalhão e me beijou de novo até que o beijo foi esquentando. Eu já estava no colo de Draco quando, sem querer, encostei em seu braço esquerdo e sentia o relevo ali. Marca Negra. Malfoy puxou o braço com força se esquivando e separando nossas bocas com pressa. Eu sabia que relar na marca doía demais – Desculpe, foi sem querer, eu não queria...
- Foi um acidente, – ele disse tentando sorrir, mas eu sabia que seu braço ainda doía. - , eu preciso que você saiba de uma coisa. – ele disse e eu assenti esperando que ele continuasse. – Não importa o que aconteça você vai se lembrar de tudo que nós vivemos de bom, tá?
- Tá, mas... – eu disse, mas ele me cortou.
- Eu não terminei, mocinha. Eu quero te pedir perdão. – Draco disse olhando em meus olhos.
- Mas por que eu tenho que te perdoar? – eu disse para ele enquanto passava as mãos pelos cabelos de sua nuca
- Por ter te jogado nessa história toda. – ele disse para mim olhando para baixo.
- Olha aqui. Eu já disse pra você parar com essas histórias. – eu disse um pouco brava, odiava quando Draco tinha esses momentos de culpa autoflagelação que sempre cortava qualquer clima que havia surgido antes – Vamos curtir o agora. Você e eu. Nada mais importa.
- Será que você não entende? – ele disse um pouco chateado – Eu tinha que ter te afastado, mas só o que eu fiz foi te trazer pra perto!
- Você vai começar de novo? – eu disse farta, mas não mudei meu tom de voz – Seja lá o que for acontecer você pode me contar. Você é meu namorado.
- Eu queria contar, eu juro que eu queria contar. – Ele disse nervoso e colocou as mãos no cabelo puxando os fios com força – Você não vai me perdoar, você não vai me perdoar...
- Você está me assustando, Draco – eu disse levantando da cama e coloquei minha calcinha e meu sutiã que estavam jogados pelo chão – De novo.
- Dá pra parar de tentar amenizar a minha dor? – ele disse exasperado e se levantou e colocou a cueca e a calça – Não faz isso, isso só me deixa pior. Eu mereço sofrer!
- Não, você não merece! – eu disse para ele enquanto colocava minha camisa e abotoava os botões – Você não fez nada!
- VOCÊ NÃO ENTENDE MESMO! NÃO É O QUE EU FIZ, MAS O QUE EU VOU FAZER! – Ele gritou comigo e eu me assustei dando alguns passos pra trás. Ele notou e baixou o tom de voz – Você jamais entenderia. Vem, vamos embora.

Eu fiquei estática por um tempo, mas depois recobrei os sentidos e coloquei minha capa e meus sapatos que daquela vez eram pesados coturnos pretos. Eu encarei Draco sentado na cama com a cabeça entre as mãos como se estivesse atordoado com algo.
Eu deveria estar fervilhando de raiva, querendo machucá-lo ou sei lá o que pessoas normais fariam, mas eu não sentia nada disso, apenas uma vontade aumentou em meu peito, comprimindo meus órgãos internos: A vontade de chegar mais perto.
Quando me disseram que amar é querer a pessoa bem independente do que aconteça, é se preocupar com o bem-estar de outra pessoa e lutar com todas as forças para deixa-la feliz , mesmo que isso custe a sua felicidade, eu achava besteira, mas agora eu vejo que tudo o que me disseram era a mais pura verdade. Eu faria qualquer coisa por Draco. Isso não era algo passageiro, eu estava certa do que eu sentia. Era amor. O mais puro e claro amor que um ser humano pode sentir pelo outro.
Por isso me sentei ao seu lado, coloquei minha mão em seu ombro e o olhei. Ele ainda estava naquela mesma posição.

- Ei – eu o chamei baixinho, mas ele não se mexeu – Draco, olha pra mim. - Ele levantou a cabeça e me olhou. – Vamos deixar o que você vai fazer no futuro? Eu não sei o que é, não faço a mínima ideia do que pode ser. Eu só sei de uma coisa: Eu não vou deixar de te amar por causa disso.
- Você vai... – ele disse ainda mais baixo
- Fica quieto. O que eu sinto por você não vai mudar pode ter certeza disso. Então, para! E se não for parar guarde seus pensamentos pra você! Não agoure nosso namoro, ok? – eu disse pausadamente para ele entender bem.
- Eu não sou criança, . Você não precisa falar pausadamente para eu entender. – ele disse e deu um sorriso tristonho.

Eu me aproximei e encerrei a distancia dos nossos lábios e o dei um longo selinho. Apertei a mão esquerda dele e a puxei para meus lábios depositando um beijinho ali.
- Temos que ir – eu disse para ele e comecei a andar, mas parei quando vi que Draco estava parado no mesmo lugar. – Vamos.
- Pode ir, depois eu vou. Pode dar muita pista pra alguém se nós sairmos juntos. – ele disse, mas eu pude detectar mentira na voz dele.
- Tudo bem então. – eu disse e me aproximei dele e o dei outro beijo – Boa noite e sonhe comigo.
- Sonhe comigo também – ele disse e deu um sorriso. Eu me virei para ir embora, mas ouvi Draco me chamando – !
- Sim?
- Eu te amo.
- Eu também te amo. – eu disse e saí da Sala o deixando sozinho.

Meu coração não conseguia bater de tanta felicidade, meu sorriso estava tão grande que se alguém me visse assim poderia jurar que ele não cabia em meu rosto. Era a segunda vez que ele dizia aquelas três palavras e cada vez eu sentiria algo diferente. Na primeira eu senti surpresa, mas naquela segunda vez eu senti certeza. Ele me amava e por mais louco que parecesse, eu sabia que era verdadeiro, eu tinha certeza.

Draco’s POV

Era isso. Eu a amava, mas eu não me senti bem com isso. E por quê? Porque em instantes eu ia fazer uma coisa que ela jamais iria me perdoar. Eu tinha que organizar tudo, por isso pedi a ela para ir embora antes de mim. A pressão que eu recebia era enorme, cartas e mais cartas chegavam para mim, a maioria dos meus pais dizendo que eu não podia fazer nada errado que isso custaria a vida de todos e lá estava eu com meu coração em mãos pronto para ignorá-lo e começar a agir. Era isso ou perder minha família. E eu não poderia arriscar. Pensei que queria outra sala e a Sala Precisa se transformou em um imenso salão abarrotado de coisas. Encarei o meu objeto de “desejo” e suspirei. Dali em diante não tinha mais volta, encarei-me no espelho e ela ainda estava ali. Impregnada através do seu cheiro em minha roupa, seu cheiro em meu corpo, o seu gosto em meus lábios, suas marcas em meu corpo, ela ainda estava comigo. Respirei fundo e tentei ignorar esses fatos e continuei a minha missão. Aquela seria uma longa e dolorosa noite.

/Draco’s POV

Cheguei cansada no Salão Comunal, disse a senha e entrei torcendo para não ter ninguém ali e me ver daquele jeito. Boca vermelha, marcas no pescoço e um sorriso que denunciaria qualquer um. Mas talvez para a minha sorte – ou azar- Gina e Hermione estavam sentadas conversando. Eu as encarei e elas me encararam de volta.

- Onde você estava? – Hermione perguntou exagerada – Você não foi jantar, !
- Que cara é essa? – Gina me perguntou e eu corei – O que aconteceu? Pode contar!
- Eu estava na biblioteca. – eu disse mentindo. – Estava estudando.
- Você? Conta outra, ! – Hermione disse – Eu vi que Draco também não estava no jantar. Vocês estavam juntos, não estavam?
- Sim. – eu disse para eles que ficaram mais calmas. – Fiz amor com ele.
- Você o que? – Hermione disse exasperada e Gina me olhou surpresa. – Você é louca? Em pleno Niem’s à frente e você fez amor com Draco! Eu não acredito nisso, !
- Calma, calma... – eu tentei acalmar Hermione que estava quase soltando fogo pelo nariz de tão nervosa.
- Como foi? – Gina me perguntou curiosa e nós já estávamos sentadas no chão do Salão Comunal.
- Como foi o que? – eu perguntei corando.
- Ah, , não se faça de tonta! – Gina disse para mim – Eu quero saber!
- Quer ouvir, Mione? – eu disse para ela.
- Isso foi muito errado! Você tinha que se concentrar nos deveres e nas provas! – Ela disse séria, mas depois deu uma risada – Mas eu quero saber, conta tudo!
- Doeu – eu disse e elas me olharam um pouco aflita – Mas depende de com quem você perde também.
- Você sangrou? – Gina perguntou.
- Um pouco, mas nada que me faça ter hemorragia – eu disse e elas riram – E também Draco não forçou muito.
- Não? – Hermione disse um pouco surpresa – Quero dizer, desculpa, , mas ele é mal. Não é o que se espera de alguém como o Draco.
- Isso é o que todo mundo pensa, Mione. – eu disse um pouco chateada – Isso é a imagem que ele passa para os outros, mas comigo – eu dei um sorriso sem mostrar os dentes – Ele é outra pessoa. Ele é ele mesmo.
- Eu nunca vou conseguir entender isso – ela disse – Como vocês tem a capacidade de terminar e voltar tantas vezes e ainda assim continuar a mesma coisa... Eu não entendo isso, parece que vocês tem a mesma sintonia...
- Mágica – eu brinquei e elas riram, mas elas mal sabiam que o que eu falava era verdade – Eu vou tomar um banho antes de dormir, podem ir subindo para o dormitório, eu vou demorar.

Pela manhã eu levantei ainda sonolenta e as lembranças do dia anterior me fizeram sorrir como nunca havia sorrido antes. As meninas ainda estavam dormindo e eu levantei coloquei minhas pantufas quentinhas e me dirigi ao banheiro. Eu ainda sentia um leve incômodo entre as pernas, meu corpo ainda estava se acostumando com as mudanças.
Depois de me trocar e fazer minha higiene pessoal, eu desci ao Salão Comunal e me sentei em uma das mesas e comecei a fazer meus deveres atrasados antes de ir para a Aparatação. Eu estava concentrada e Lilá já havia passado por mim e saído pelo buraco, um barulho chamou minha atenção.

- Eu amo a Romilda Vane! Ela é linda, Harry! Nós vamos vê-la, certo?

Uma voz disse e eu me virei e Harry descia com Rony em seu encalço. Rony estava com uma cara apaixonada e Harry segurava o riso.

- Bom dia, ! – Harry disse e eu o olhei intrigada. – Eu estou levando Rony para ver a Romilda no escritório do professor Slughorn. - Eu não entendi uma palavra daquilo, mas o olhar de Harry me fez perceber que era melhor sustentar a mentira.
- Você não é a Romilda! , onde está a Romilda? – Rony com um olhar desesperado
- Ela... – eu olhei para Harry que me fez uma cara suplicante – Está no escritório do Slughorn tendo aulas extras.
- Harry me disse isso também. Eu estou bonito? – ele ainda estava de pijama. – Acha que ela vai gostar de mim?
- Você está lindo, Ron! Ela vai gostar de você! – eu disse segurando o riso.
- Vamos, Rony! – Harry disse e antes de sair pelo buraco murmurou um obrigado.

Eu comecei a rir, mas parei quando ouvi uma voz afetada dizendo:

- Você está atrasado, Uon-Uon!

E desatei a rir ainda mais. Hermione chegou e eu contei a ela o acontecido, ela deu um risinho, mas logo a expressão preocupada tomou conta do seu rosto. Mione ainda se preocupava com ele.

- Calma, Mione... – eu disse a abraçando pelos ombros – Ele só tomou uma poção errada. Não vai acontecer nada!
- Eu sei, – ela disse e rapidamente sua expressão mudou para uma expressão decidida – Eu não estou preocupada, eu sei disso. Eu avisei ao Harry. Vamos.

E saiu marchando do Salão Comunal. Eu apenas a segui, sabia que não deveria dizer nada. Fomos andando para o Salão Principal tomar café e depois começar as aulas de Aparatação. Malfoy desceu com uma cara de sono, seguido por Crabbe e Goyle. Ele me olhou e deu um sorrisinho e eu retribui. Não sei o porquê, mas Pansy pulou na frente dele e o abraçou. Eu apenas observei, me controlando.
Draco me olhou e fez uma cara de nojo indicando Pansy com o olhar. Ela ainda estava na frente quando Draco desviou o caminho e se sentou a mesa entre Crabbe e Goyle. Eu apenas ri e eu continuei a conversar com Mione, Neville e Simas. Quando terminamos de tomar o café, as mesas se afastaram e os aros apareceram. Tivemos as aulas e eu tive progresso, consegui aparatar no aro. Hermione também conseguiu, mas Neville ainda estava com dificuldade.
Só me dei conta de que os meninos não haviam aparecido quando as aulas acabaram e eles não haviam descido. Os aros sumiram, Hermione foi para a biblioteca e eu fui falar com Draco. Quando ele me viu, mandou Crabbe e Goyle embora.

- Sabia que é feio tratar seus amigos assim? – eu disse para ele e ele apenas deu um sorriso triste. – O que foi?

Eu o analisei e passei minhas mãos em volta do seu pescoço e ele colocou as mãos em minha cintura. A pele estava ainda mais branca que o normal, seus cabelos não estavam com aquele brilho e as olheiras embaixo dos olhos estavam mais escuras, em um tom de cinza. Eu beijei os seus lábios e o abracei mais forte ainda.

- Não dormi direito, só isso – Ele disse e me deu um beijo breve.
- Eu já disse pra você não mentir pra mim. – eu disse com uma cara de brava.
- Sabia que eu amo essa sua carinha de brava? – ele disse e eu já havia me esquecido da minha pergunta, mas outra pairou em minha mente e aquele me deixava muito mais nervosa.
- Mas agora é sério. – eu disse para ele – Você gostou?
- De ontem? – ele disse para mim com uma carinha de sapeca e eu me segurei para não rir.
- É, né! – eu disse escondendo meu rosto em seu pescoço sentindo o seu cheiro enquanto ele me abraçava.
- Foi a melhor da minha vida. – ele disse no meu ouvido e eu levantei minha cabeça e o olhei e vi verdade em seus olhos. – E pra você?
- Pra mim também. – eu disse e Draco beijou meus lábios. – Você vai se esquecer de mim?
- E tem como? – ele disse e deu um sorriso singelo e a boca dele já estava em contato com a minha.
- Mas chega desse assunto meloso, não combina com a gente – eu disse brincando e ele riu. – O que a Pansy queria com você?
- Ela queria me perguntar por que eu cheguei tarde ontem. Patética, fica se preocupando comigo, não é nem minha mãe. Garota tonta. – ele disse irritado.
- Concordo. – eu disse e o abracei ainda mais forte. – Me dá um beijo.
- Nem precisa pedir, . – ele disse e me beijou.

No meio do corredor com alguns estudantes passando e nos encarando perplexos, Draco me beijou. As mãos deles passeavam pelas minhas costas e sua língua acariciava a minha. Ele finalizou o beijo puxando de leve meu lábio inferior.

- Você me ama mesmo? – eu perguntei para ele. Eu havia acreditado no que Draco tinha dito e perguntei só para ouvi-lo falar de novo.
- Eu amo muito, ás vezes nem eu chego acreditar. E você me ama? – ele disse ainda de olhos fechados.
- Muito. Ás vezes nem eu chego acreditar. – Eu o imitei e ele riu e me deu um longo selinho – Vamos. - Ele disse e passou a mão por meus ombros e saiu me arrastando.
- Pra onde? – eu perguntei e passei minhas mãos em volta de sua cintura.
- Não faço ideia, vamos andar. – ele disse para mim e saímos do corredor.

Estava um tempo estranho, nem frio, nem calor e por isso nos permitia ficar fora do Castelo então começamos a andar e nos beijar pelo caminho até que chegamos perto da casa do Hagrid. Ele estava do lado de fora mexendo na terra com um grande cachorro ao lado.

- Olá, Hagrid – eu disse para ele e ele me olhou acenou com a cabeça e depois ergueu o olhar assustado e disse:
- Você é... Você é...
- Sou. Mas tudo bem com o senhor?
- C-claro, quer entrar tomar um chá? Fico muito feliz de recebê-la em minha casa.

Draco me olhou com um olhar espantado e olhou para Hagrid com um olhar de nojo, eu revirei os olhos e tratei de ignorar.

- Não, Hagrid, muito obrigada pelo convite, mas nós não aceitamos – Draco soltou uma exclamação de espanto quando eu disse nós – Nós só estávamos passando por aqui.
- Oh, tudo bem! Mas quando quiser voltar, senhorita Dumbledore, pode voltar! – Eu o olhei com espanto e ele olhou para Draco assustado – Me desculpe, falei demais.

E entrou em casa seguido do cachorro imenso. Eu fiquei estática. Não conseguia pensar direito, respirar direito. Hagrid tinha contado o meu maior segredo para Draco que era comensal. Minha cabeça ficou tonta, tudo girava, eu estava com medo. Eu não queria que Draco soubesse porque eu era uma garota da Ordem e ele um Comensal e também eu não queria que isso interferisse no nosso namoro, assim como ele queria que os Comensais não interferissem.

- ... – Draco disse e meus olhos já se encheram de lágrimas – Eu já sabia.

Eu fiquei alguns segundos assimilando o que ele me dissera. A voz dele entrava pelos meus ouvidos, mas se recusava a penetrar em meu cérebro. Ele já sabia, ELE JÁ SABIA!

- COMO ASSIM VOCÊ SABIA? – Eu comecei a dar tapas nos braços dele – E VOCÊ NÃO CONTA NADA? E EU ACHANDO QUE ESTAVA GUARDANDO O MAIOR SEGREDO DE TODOS! VOCÊ SABIA!

Ele me olhou desapontado, mas segurava um riso enquanto tentava se esquivar dos meus tapas, eu estava brava, mas parecia que ele nem se importava com aquilo.

- Se acalma, tá legal! – Ele disse e segurou meus pulsos contra meu peito – Eu sou Comensal e a gente acaba sabendo dessas coisas.

Eu o encarei ainda sem acreditar e em segundos o pensamento que me assombrou um tempo atrás voltou: Eu era uma missão? Tentei procurar algum sinal em seus olhos, um vestígio de qualquer coisa, uma verdade, uma mísera verdade que pudesse me dizer que eu não era uma missão. Se eu fosse toda a minha tese de que ele era uma pessoa boa afinal, estaria acabada. Uma dor lancinante começou a crescer em meu peito e uma vontade de chorar me invadiu. Mas eu não poderia chorar em nenhum momento, eu estava prestes a descobrir uma coisa que poderia acabar com a minha vida em um piscar de olhos.

- Eu sou uma missão? – eu ouvi minha voz perguntar, era como se minha alma não estivesse no meu corpo apenas observando a cena de cima.
- , olha... – ele tentou enrolar
- Me responde com sim ou não. Eu não sou criança, pode ir direto ao assunto. Eu sou uma missão ou não?
- Não, você não é. – ele disse para mim – Eu sei que pode parecer em vários momentos que você poderia ser, mas eu juro pela minha vida que você não é. E se você fosse porque eu tentaria deixar você longe de mim como tantas vezes eu fiz?

Eu precisava me afastar um pouco e raciocinar, pensar em tudo aquilo sozinha, sem pressão nenhuma. Então, me virei e comecei a andar em direção ao Castelo sem olhar para trás.

- Aonde você vai? ! – Draco disse e veio em minha direção e segurou meu braço – Aonde você vai? Você não está achando que... – ele parou e me olhou horrorizado – Não pensa assim, você jamais seria uma missão.
- Eu preciso pensar. Sozinha. – eu disse e puxei meu braço e saí correndo para o Castelo.

Quando estava indo para o Salão Comunal, Hermione me parou chorando profundamente, eu me assustei e a abracei. Ela chorou no meu ombro por alguns minutos e depois me encarou. Eu enxuguei uma lágrima que estava em sua bochecha e perguntei:

- O que foi, Mione?
- Rony, ele foi, ele foi... Envenenado! – ela disse e tornou a chorar profundamente.

A ficha foi caindo aos poucos e meus olhos já começaram a arder. Veneno, o jeito mais triste, doloroso e lento de matar uma pessoa. O veneno acaba com a vítima aos poucos, paralisando tudo por onde passa. A queimação, a falta de ar, a dor... Parecido com o que eu sentia naquele momento. Matava-me aos poucos como um veneno, acabando com tudo por dentro.
Eu encarei Hermione e logo as lágrimas estavam nos meus olhos. Comecei a imaginar Rony se contorcer sem poder fazer nada em um chão frio, sem ar, ficando roxo e me apavorei ainda mais. Ele poderia estar morto agora e eu não tinha tempo de pensar essas coisas, eu tinha que agir. Eu tinha uma amiga pra confortar e não poderia ficar parada.

- Onde ele está, Hermione? – eu perguntei para ela que me olhou triste.
- Ele está na ala hospitalar, mas não nos deixam entrar! , se ele se for, eu... – E tornou a chorar ainda mais alto, quem passasse poderia confundi-la com a Murta Que Geme.
- Ele não vai embora, tá? Ele vai ficar com a gente, ok? Vamos para a ala hospitalar.

Eu a guiei até lá e quando chegamos estavam lá Harry impaciente em pé e Gina sentada com os olhos vermelhos encarando o nada. Quando Gina viu Hermione, veio correndo e a abraçou. Elas começaram a chorar e eu me virei para Harry, deixaria as duas chorarem juntas.

- Harry – eu o abracei forte – O que aconteceu?
- Nós estávamos na sala do professor Slughorn, ele tomou o antídoto da poção para voltar ao normal e depois disso, o professor abriu uma garrafa de Hidromel e nos serviu, mas Rony bebeu primeiro e foi envenenado.
- Então, o hidromel estava envenenado? – eu disse recapitulando os fatos em minha cabeça. – Era pra quem aquela garrafa?
- Professor Dumbledore. – Harry disse e eu comecei a ligar os fatos.

Primeiramente o colar amaldiçoado e agora o hidromel, alguém estava tentando atingir meu tio, alguém estava tentando matá-lo. Coisa de Comensal da Morte. E existiam apenas dois Comensais da Morte no Castelo: Snape e Malfoy. Um dos dois estava tentando matá-lo. Eu olhei para trás e Hermione vinha marchando para Harry.

- Me conte o que aconteceu! Eu exijo saber o que aconteceu Harry! – Ela disse tentando parecer brava. – Ele poderia estar morto!

Harry voltou a explicar a história para ela e eu fui conversar com Gina. Ela me abraçou.

- Sinto muito pelo Rony. – eu disse para ele que me olhou e me deu um sorriso melancólico.
- Eu estava conversando com Harry antes de vocês chegarem sobre o envenenamento. – Ela disse baixo – E havia muito veneno naquela garrafa para matar Dumbledore.
- Eu sei, Harry me contou. Quem fosse matá-lo queria uma morte dolorosa. Gina, isso é coisa de Comensal.
- Eu também cheguei a essa conclusão, mas não vamos pensar nisso agora, temos que pensar no Ron.
- Verdade.

Nós nos sentamos e ficamos em silêncio por um bom tempo até que Dumbledore e Minerva chegaram. Eles perguntaram a Harry toda a história e ele repetiu calmamente. Quando Harry terminou de contar, eu me virei para o Dumbledore.

- Professor, posso falar com o senhor um minuto?
- Claro, me acompanhe.

Nós fomos andando até um corredor solitário. Quando me certifiquei de que não tinha ninguém olhando eu disse:

- O senhor sabe que aquela garrafa de hidromel era para você, não é?
- Perfeitamente.
- Então, sabe que tem que tomar cuidado, certo?
- Certo. Não fique preocupada com isso.
- Como assim? Tio, era pra você! O senhor poderia estar morto agora! Por Merlin!
- Não preocupe o seu coração com isso, você precisa ajudar a senhorita Granger, ela está sofrendo com isso. E as devidas precauções já estão sendo tomadas, querida.
- Mas, tio, o senhor precisa tomar cuidado! Prometa que vai tomar cuidado?
- Me prometa também?
- Prometo e você?
- Prometo. Agora volte para lá, Hermione está precisando de você. – ele se virou para se afastar, mas então eu me lembrei e o chamei – Sim?
- Se cuida.

Ele sorriu e se virou e voltou a caminhar, fiquei um tempo o vendo ir embora. Tio Dumbledore era um enigma, eu nunca pude adivinhar o que se passava em sua cabeça e o quanto ele sabia das coisas. Comecei então a me virar para voltar para a Ala hospitalar quando ouvi alguém me chamando. Era Draco.

- O que houve? – ele perguntou quando me viu, eu deveria estar deplorável de tanto chorar – , o que aconteceu?
- Rony foi envenenado. – eu disse e rapidamente o fitei. Ele adquiriu uma expressão vazia, seus olhos perderam o brilho rapidamente.
- Nossa. – Ele disse simplesmente voltando ao normal. – Ainda está brava?
- Como você pode pensar em uma coisa dessa quando meu amigo está num lento de hospital? Que insensível, Malfoy.
- Ele é importante pra você e não para mim. Desculpa, mas essa é a realidade. – ele disse calmo, acho que ele reparou a minha expressão de espanto – Já sei, eu não deveria ter falado isso.
- Não deveria mesmo. Eu preciso voltar pra lá, meus amigos estão lá e... – ele me cortou.
- Mas pode, por favor, me dizer alguma coisa? Não vou conseguir dormir sabendo que eu estraguei tudo. De novo.

E agora vamos lá. Você tem um namorado que é frio, calculista e bipolar. Mesmo assim você o ama e muito. Você está brava com ele porque ele descobriu o maior segredo da sua vida. Você tenta ficar brava, mas ele solta a pérola: Mas pode, por favor, me dizer alguma coisa? Não vou conseguir dormir sabendo que eu estraguei tudo. De novo. Tem como ficar brava com um ser desses?
Eu o fitei e dei um sorrisinho, ele me olhava com um olhar angustiado que quando viu o meu sorriso, sumiu e o olhar aliviado tomou lugar. Ele sorriu e me puxou pela cintura e me abraçou. Foi um abraço estranho. Não era um abraço qualquer, tinha sentimento ali, um sentimento de culpa, remorso como se ela tivesse feito algo muito errado.

- Me desculpa – ele disse com o rosto nos meus cabelos – Não era pra ter sido desse jeito.
- Tudo bem, já passou. Eu só queria que você me contasse que sabia. Tem noção do quanto esse segredo estava me custando o sono? Não aguento mais mentir sobre quem eu sou – Eu estava com o rosto próximo do seu ouvido. Dei um beijinho em seu pescoço – Promete não contar? Pra ninguém?
- Prometo. E agora estamos quites. Você sabe um segredo meu e eu sei um seu. Você almoçou?
- Não – Só agora havia me lembrado de que eu havia perdido o almoço, já era a metade da tarde e faltava um tempo para o jantar. – Vou ao meu quarto comer alguns doces.
- Você sabe que não precisa ir até lá. Sala Precisa pode fazer uma ceia só para nós dois. Vamos.
- Mas, Draco, eu não posso...
- Para com isso, Potter está com a Granger e com a Weasley, estão bem. Vamos.

Antes que eu pudesse dizer alguma coisa, Draco já me puxava para subirmos ao sétimo andar. Demoramos em entrar já que a sala não queria dar um desconto, mas quando meu estômago roncou, a porta apareceu e entramos.
Já disse que essa sala me surpreende a cada vez que venho aqui?
As paredes estavam forradas com uma tapeçaria verde escuro, as janelas estavam cobertas por uma cortina que barrava a luz. Havia um lustre no teto que pendia até um pouco em cima da mesa que estava no centro da sala. O teto não era alto, o que deixava a sala um pouco mais quente. Havia uma lareira acessa o que deixava a sala ainda mais quente. A mesa era de madeira e havia uma toalha branca que podia chegar a ser transparente. Havia muita coisa para comer e hidromel em taças.
Eu estava olhando tudo até que Draco me puxou pela mão e me deu um beijo calmo e molhado. Eu não estava esperando, mas foi bom do mesmo jeito, ele partiu o beijo e me guiou até uma das cadeiras e a puxou para eu me sentar. Começamos a comer e eu percebi que durante o jantar, Draco tentava conversar sobre coisas que me distraíssem. Ele poderia ter os defeitos dele – que eram muitos – mas parece que cada qualidade foi escolhida a dedo e essa era uma delas.
Terminamos de comer e deitamos em um sofázinho que havia na sala perto da lareira. Ficamos deitados juntos sem dizer nada e minha cabeça vagou para o envenenamento de Rony. Haviam apenas dois comensais da escola. Um era agente duplo e trazia informações do lado de lá e meu tio confiava intensamente nele e o outro estava deitado ao meu lado, passando o dedo carinhosamente por minha costela. E se foi ele? E se foi ele que envenenou o hidromel para dar ao meu tio? E se tudo isso for parte de um plano ainda maior para fazer algo muito perverso? E se tudo isso fosse verdade por que ele estava comigo? Eu seria parte de uma missão? Encarei Draco que olhava para um ponto fixo e uma súbita vontade de chorar apareceu. Eu me agarrei ainda mais a ele e escondi meu rosto em seu pescoço. Ele pareceu acordar e me apertou ainda contra seu tórax. Ele levantou meu rosto e o encarou de um jeito intenso e viu meus olhos mareados. Decidiu não perguntar nada. Ele sabia o que eu estava pensando porque provavelmente estava pensando na mesma coisa. Tirou os cabelos de meus olhos e me deu um selinho longo e demorado. Ele aprofundou o beijo e me apertou ainda mais e com sua boca contra a minha disse:
- Eu te amo. Muito. Não se esqueça nunca disso.
- Eu te amo. – eu repeti e me apertei ainda mais a ele. E ali no peito dele, adormeci. (n/a: dê play)

Abri meus olhos e por incrível que pareça Draco ainda estava lá. Em baixo de mim com os olhos fechados dormindo também. Cocei meus olhos e bocejei, olhei a janela e estava escuro. Olhei para Draco e ele dormia tranquilamente. Dei um sorriso e deitei de novo no peito dele e apertei o braço dele de leve.
- ? – Draco disse e eu levantei a cabeça para olhá-lo. Ele piscou algumas vezes e finalmente me olhou. – Está acordada há quanto tempo?
- Muito pouco. – ele olhou a janela e disse um pouco desesperado – Tá escuro, a gente tem que ir.
- Verdade. Preciso saber como Ron está. – eu passei por cima dele e me sentei no chão, colocando meu coturno. Ele ficou me olhando enquanto eu colocava meus sapatos.
- Eles te deixam usar isso? – ele perguntou se levantando e indo até a mesa trazendo duas taças de hidromel e me entregando uma. Eu dei um gole e ele me puxou pela cintura.
- Ser sobrinha do diretor tem suas vantagens. – eu disse e lhe dei um selinho. – Eu não estou fazendo nada de errado, certo?
- Claro que não, só descaracterizando todo o uniforme. – ele disse e me puxou para um beijo muito intenso quando estávamos sem ar, ele finalizou com um selinho.

Eu fitei aqueles olhos azuis em busca de alguma coisa que eu não sabia o que era, bem, na verdade eu sabia, mas lutava contra essa ideia que surgia em minha cabeça e tomava cada espaço dentro de mim. Draco me olhava com um olhar estranho e como toda vez, eu nunca conseguia saber o que ele pensava, já ele sabia tudo sobre mim apenas com um gesto meu. Uma agonia preencheu meu peito e eu escondi meu rosto em seu pescoço e respirei fundo, ele fez um carinho em minha cintura.

- Ei, o que foi? – ele disse preocupado e eu levantei minha cabeça e o olhei.
- Vou te fazer uma pergunta estranha, ok? – eu disse e ele afirmou com a cabeça, eu abaixei a cabeça e me preparei para ele explodir – Foi você que estava tentando matar Dumbledore, não é?
- O que você disse? – ele se soltou de mim e recuou uns passos.
- Isso o que você ouviu – eu tentei controlar meu tom de voz – Foi você que colocou veneno naquela garrafa de hidromel, não foi?
- Por que você está dizendo isso? – ele perguntou começando a ficar vermelho.
- Porque tudo aponta a você, Draco – eu expliquei sentindo minha voz falhar – A garrafa era um presente para Dumbledore, alguém está tentando matá-lo, você é Comensal nessa escola e você tem uma missão que Você-Sabe-Quem te passou.
- E aí? – ele disse muito bravo – Já passou pela sua cabeça que talvez tenha sido outra pessoa? Pode haver um traidor na sua preciosa Ordem.
- Não há traidores na Ordem da Fênix – eu disse brava – Nós não somos como vocês, Comensais!
- Vocês são tão iguais como nós – e a discussão tinha sido levada há outro rumo – Talvez Snape seja o causador disso tudo e você está aqui me acusando sem nenhum fundamento!
- Sem nenhum fundamento? – eu ri incrédula – Draco, você ficou mais afetado com isso do que todo mundo talvez porque seus planos tenham dado errado!
- O que mais você vai me acusar? – ele perguntou começando a ficar vermelho de raiva – Porque tudo que acontece de errado nesse Castelo a culpa é minha!
- Você fala como se você fosse santo, né? – eu retruquei ainda mais brava – Eu e todo mundo desse lugar sabe que você não é!
- E você fala como se você e o seus amiguinhos idiotas fossem santos! – ele disse e eu fiquei com muita raiva – Se enxerga, , você não é melhor do que ninguém!
- E você é? – eu disse – Olha, Draco, nesse momento eu não consigo confiar em você – ele me olhou sério – Talvez eu seja parte de todo esse plano também, você mesmo me disse que nunca gostou de mim...
- Não começa com isso – ele disse me olhando sério – Eu já disse que aquilo tudo era mentira.
- Então, por que você disse? Pra me proteger? – eu cheguei mais perto dele – Me proteger do que?
- De tudo, será que você não entende? – ele disse gritando e chegando mais perto de mim – Tudo sempre foi pra te proteger!
- Estou vendo como você está me protegendo! – eu dei uma risada de escárnio – Tentar matar meu tio é um dos meios de me proteger, não é?
- Eu não quero discutir com você sobre isso – ele retrucou – Porque você é teimosa o bastante quando você coloca uma coisa na cabeça, ninguém consegue tirar, mesmo que eu fale, explique, você não vai tirar essa ideia da sua cabeça então vá em frente.
- Talvez agora você tenha o seu motivo para terminar comigo, então – eu disse farta e ele me olhou assustado - Você conseguiu porque agora eu estou tão brava que eu nem consigo olhar pra sua cara!

Eu me virei para ir embora, mas Draco segurou meu braço com uma urgência que beirava ao desespero e eu o olhei séria.

- Não faz isso, por favor – ele pediu baixinho – Tudo o que eu faço é porque eu não quero te machucar.
- Não quer me machucar, Draco? – eu disse dando uma risada triste e minha voz ficou embargada – Você me esconde as coisas, mente pra mim e ainda diz que é pra não me machucar?
- Eu te amo – ele disse novamente e dessa vez nada se agitou em mim, parecia que aquelas palavras já estavam ensaiadas – Não vai embora.
- Que tipo de amor é esse? – eu perguntei chorando – Esse amor que machuca tanto a ponto de me fazer querer desistir de você.
- Isso é tudo o que eu posso te dar agora – ele revelou com uma triste – Esse é o tipo de amor que você vai ter se continuar comigo e eu vou ser totalmente egoísta como eu sempre fui e sou, mas não desiste de mim. Porque por mais que esse amor te machuque, eu sei que te faz bem também – ele se aproximou de mim e me puxou pela cintura e beijou meu pescoço – Te aquece, te queima, te faz sentir viva e faz a mesma coisa comigo – ele beijava meu pescoço a cada palavra – Me dá a esperança de ainda ter alguma chance, eu preciso de você e você de mim. Por favor, não faz isso com a gente, . Não quebra essa ligação que nós temos, não acaba com tudo por uma simples insegurança.
- Simples insegurança? – eu retruquei, mas ao mesmo tempo apertando os braços dele com força depois de receber um beijo na clavícula – Você sabe o porque das minhas dúvidas.
- Eu sei – ele disse subindo os beijos para meu maxilar e depois mordeu o lóbulo da minha orelha – Mas você sabe que eu nunca faria nada pra te machucar. Eu não me importo com Potter, Dumbledore, Weasley ou com nenhum desses, mas você sabe que eu me importo com você, sabe que eu jamais te deixaria cair.
- Promete? – eu disse suplicando baixinho e buscando a boca dele com a minha e recebi um beijo no canto dos meus lábios.
- Prometo – ele respondeu, me beijando finalmente.

Nossas bocas brigavam entre si e nós dávamos passos trôpegos até chegar naquele sofá em que dormimos, eu empurrei Draco e ele caiu sentado, me sentei em cima dele, deixando minhas pernas ao lado de seu corpo e voltando a beijá-lo com a mesma intensidade de antes. Draco estava totalmente certo, nosso amor não era um amor comum e nunca seria, ele queimava ambas as partes, feria, mas curava, nos fazia sangrar, mas ao mesmo tempo estancava o sangramento. Porque nós éramos tremendamente masoquistas, gostávamos de sofrer, de lutar por causas perdidas e eu sabia que ele seria minha destruição futuramente, eu tinha plena consciência disso, mas eu sabia que ele também sairia machucado de tudo isso e talvez um dia, nós conseguíssemos remendar um ao outro. Soltei um gemido quando Draco beijou o espaço entre meus seios e eu finquei minhas unhas no tecido da camisa do uniforme. Eu o olhei sério.

- Nunca vamos ter uma trégua, não é? – eu respirei fundo – Vamos sempre machucar um ao outro.
- Mas essa é nossa zona de conforto, amor, o campo de batalha – ele disse e eu o beijei mais uma vez, me rendendo mais uma vez e sem estar arrependida.

“Sabemos que não importa quantas facas nós colocarmos nas costas um do outro,que nós ainda teremos as costas uns dos outros, porque nós somos muito sortudos.Juntos movemos montanhas, mas não vamos fazer de montanhas pequenos morros.Você me atinge duas vezes,mas quem está contando?Talvez eu tenha te atingido três vezes, eu estou começando a perder a conta. Mas juntos viveremos pra sempre, nós achamos a fonte da juventude,nosso amor é louco, somos loucos mas eu recuso conselhos[...] Com você eu estou com toda a razão, mas sem você eu a perco.”

(n/a: Trecho retirado da música do capítulo: Rihanna feat. Eminem - Love the way you lie part 2. Tudo a ver com a fic, né?)

Aquela conversa havia sido o que definiria o nosso relacionamento, ali tudo havia sido exposto, nada fora poupado e eu sabia que a partir daquele momento, tudo que acontecesse, eu teria que arcar as consequências sem poder jogar a culpa em Draco, afinal, ele me advertiu de que tudo o que ele poderia me dar era sofrimento, mas mesmo assim eu não desistiria dele porque quando os momentos ruins chegavam eles eram péssimos, mas todos os momentos bons compensavam tudo aquilo.
Eu tinha que ir até a Ala Hospitalar ver Rony, e Draco disse que ficaria por ali mesmo, resolvendo algumas coisas. Eu não era idiota e sabia que era algo relacionado a missão, porém não falei nada, não queria aprofundar mais o assunto nesse problema que tirava meu sono. O foco depois de tudo aquilo era saber como Rony estava.

Cheguei à ala hospitalar e pude ver Hermione quieta num canto, logo depois a figura de três cabeças cor de fogo e depois Harry. Eram Fred e George, eu me aproximei e Hermione me lançou um sorriso triste.

- Ele ainda não acordou? – eu perguntei e me sentei ao lado de Mione e apertei a mão dela. Harry fez que não com cabeça – Oi, meninos. – eu disse para os gêmeos e eles disseram “oi” juntos.
Fred puxou a cadeira e perguntou ao Harry:
- Como foi exatamente que isso aconteceu, Harry?
E Harry tornou a contar a historia que eu já ouvido muitas vezes. Nem dei atenção apenas me virei para Hermione e perguntei baixinho:
- Como você tá?
Ela não disse nada, apenas meneou com a cabeça e eu a abracei de lado. Ficamos em silêncio ouvindo a história de Harry.
—... Então, enfiei o bezoar na boca de Rony e a respiração dele melhorou um pouco, Slughorn correu para buscar ajuda, McGonagall e Madame Pomfrey apareceram e o trouxeram aqui para cima. Acham que vai se curar. Madame Pomfrey diz que terá de ficar aqui mais ou menos uma semana... Tomando Essência de Arruda.
— Caramba, foi sorte você ter se lembrado do bezoar – disse George baixinho e eu apenas observava tudo.
— Sorte que tivesse um na sala – disse Harry cansado e Hermione deu uma fungada baixa ao meu lado.
— Mamãe e papai sabem? – Fred perguntou a Gina que se pronunciou pela primeira vez desde que eu havia chegado.
— Eles já viram o Rony, chegaram há uma hora; estão no escritório de Dumbledore, agora, mas vão voltar logo...
— Então, o veneno estava na garrafa? – George perguntou.
— Estava – respondeu Harry rápido — Slughorn serviu o hidromel...
— Ele poderia ter posto alguma coisa na taça de Rony sem você ver?
— Provavelmente, mas por que Slughorn iria querer envenenar Rony?
— Não faço a menor idéia – disse Fred — Você acha que ele poderia ter trocado as taças por engano? Querendo envenenar você?
— Por que Slughorn iria querer envenenar Harry? – Gina disse e eu não conseguia entrar na conversa porque eu estava em outra sintonia. O rosto de Draco ainda estava em minha mente e logo depois Rony aparecia e minha imaginação não cooperava me fazendo ver Rony se contorcendo no chão.
— Não sei – disse Fred - Mas deve haver muita gente que gostaria de envenenar Harry, não? "O Eleito" e tudo o mais?
— Então, você acha que Slughorn é um Comensal da Morte? – disse Gina.
— Tudo é possível – Fred disse friamente.
- Acho que não é pra tanto – eu disse tentando me interar na conversa. – Slughorn não é esse tipo de pessoa.
— Ele poderia estar dominado pela Maldição Imperius – disse George.
— Ou poderia ser inocente – disse Gina - O veneno poderia estar na garrafa, caso em que provavelmente era destinado ao próprio Slughorn.
— Quem iria querer matar Slughorn?
— Dumbledore acha que Voldemort queria o apoio de Slughorn — disse Harry. — O professor esteve escondido durante um ano antes de vir para Hogwarts. E... — Harry deu uma pausa e encarou o nada - Talvez Voldemort queira tirar Slughorn do caminho, talvez ache que ele pode ser valioso para Dumbledore.
— Mas você disse que Slughorn tinha pensado em dar a garrafa a Dumbledore no Natal – Gina disse - Então, o envenenador poderia muito bem estar atrás do Dumbledore.
- A garrafa era para o Tio... quero dizer, o Professor Dumbledore. – eu disse me corrigindo e esse pensamento de deu calafrios.
- Então, o envenenador não conhecia Slughorn muito bem – Hermione disse pela primeira vez ao meu lado, com a voz nasalada - Qualquer um que conhecesse Slughorn saberia que havia grande probabilidade do professor guardar uma coisa gostosa daquela para si mesmo.

Todos ficaram em silêncio ao ponto de ouvir bem baixinho:
- Her-mi-o-ne - Rony disse balbuciando e todos o olharam apreensivos, mas foi por pouco tempo, Rony voltou a roncar.
E segundos depois, Hagrid entrou na enfermaria com o estrondo da porta sendo aberta.
- Passei o dia todo na Floresta! – ele disso ofegante - Aragogue piorou, estive lendo para ele... Só me levantei para jantar agora a pouco, e a professora Sprout me contou o que aconteceu ao Rony. Como é que ele está?
- Nada mal - disse Harry — Dizem que vai ficar bom.
- Somente seis visitas de cada vez! – Gritou Madame Pomfrey e eu me levantei rapidamente, já estava ficando tarde.
- Então, eu estou indo, pode ficar, Hagrid, eu fiquei aqui praticamente o dia todo. – eu disse e me levantei e fui dando tchau para todos com beijinho no rosto. Quando cheguei perto de Rony sussurrei em seu ouvido: - Acorda logo, Ron. Hermione precisa de você aqui. – e saí.

Quando estava na porta, Tio Arthur e Tia Molly entraram, mas nem me viram então, nem decidi incomodar e saí andando rumo a Salão Comunal. Minha cabeça estava uma bagunça e cada vez mais a ligação entre Draco e o envenenamento de Rony ficava mais forte em minha cabeça. Eu tinha quase certeza de que Draco tinha alguma coisa a ver com aquilo e cada vez mais que eu pensava, meu coração sangrava mais um pouco. Draco não me respondeu se havia sido ele que tinha mandado a garrafa a Dumbledore e isso cooperava ainda mais para minha cabeça trabalhar em suposições e mais suposições que me tirariam o sono. Estaria eu dormindo – literalmente – com o inimigo?


Capítulo 17: Felicidade Plena.

O envenenamento de Rony logo se espalhou pelos corredores, mas não foi tão impactante como de Catia Bell. Acho que as pessoas já estavam acostumadas com isso e eu estava inconformada como nada se resolvia em relação a isso. Tio Dumbledore não procurava saber quem estava tentando atingi-lo e isso me deixava nos nervos. Eu estava descendo para meu encontro com Draco antes do café da manhã, quando vi Harry debruçado em alguma coisa em cima da mesa.

- Harry? – eu disse e ele se assustou um pouco com a minha presença. – O que tem ai?
- Nada, era só um pedaço de pergaminho. Não vai tomar café? – ele me perguntou enquanto escondia o tal pergaminho no bolso.
- Vou me encontrar com Draco primeiro. – eu disse enquanto andávamos para fora do Salão Comunal. – Vamos ver Rony na hora do almoço?
- Claro, , mas eu queria dizer uma coisa. – Harry me disse e nós paramos no meio do caminho.
- Pode dizer, Harry.
- É que... – ele parou e encarou um ponto atrás de mim e eu virei para ver o que era e um sorriso surgiu em meus lábios. Draco me olhava com a sobrancelha levantada. – Deixa pra lá – Harry disse e saiu andando e passou por Malfoy, mas nem olhou para ele.

Eu não via Draco desde a briga na Sala Precisa e ele era uma bomba relógio pronta para explodir a qualquer momento e agora com minha cabeça o ligando ao envenamento de Rony, ficava ainda mais difícil. Eu o encarei e ignorei os avisos de “perigo” que minha cabeça me mandava e sorri.

- Oi – ele me disse e se aproximou de mim e me puxou pela cintura. – Bom dia.
- Bom dia – eu disse e o abracei. – Está mais calmo?
- Não lembra daquilo, por favor. – ele me deu um selinho longo. – Está com fome ou atacou seu estoque de doces?
- Bem, eu... – ele começou a rir. – Ataquei meu estoque. Preciso de mais doces, estão acabando. Vou pedir para meu avô mandar pra mim.
- Não vou poder te ver no horário do almoço hoje. Tenho que fazer uma coisa. – ele respondeu, tentando me beijar, mas eu virei o rosto e ele me olhou com uma cara um pouco brava que seria engraçada, se não tivesse me irritado.
- Você sempre tem que fazer alguma coisa, né? – eu retruquei com uma voz brava.
- , não complica o que já é complicado – ele disse um pouco cansado. – Vem, vamos logo.
- Só não fico mais brava porque eu também tenho um compromisso no horário do almoço.
- O que? – ele parou no corredor e me encarou com uma carinha brava.
- Tá com ciúmes? – eu disse e comecei a rir.
- Pode parar com isso, só estou cuidando do que é meu.
- Eu vou ver o Rony hoje.
- Entendi. Vamos. – ele entrelaçou nossos dedos e fomos tomar café.

Na hora do almoço, eu fui ver Rony. Eu ainda não tinha o visto desde do acidente.Quando cheguei, ele estava com uma cara de entediado, mas quando me viu abriu um sorriso.

- ! – ele disse feliz e eu o abracei. – O que veio fazer aqui?
- Vim te visitar, grandão! Como você está? Eu fiquei tão preocupada com você. – meus olhos marearam, mas eu contive as lágrimas.
- Obrigada pela preocupação, mas como estão as coisas? – ele me perguntou enquanto eu puxava uma cadeira para sentar perto dele.
- Você quer saber da Hermione? – eu perguntei e dei uma risada, mas ele ficou sério e corou – É sobre ela! Ela está bem, você conhece a Mione, está com a cara dos livros como sempre. Ela ficou muito triste com tudo o que aconteceu. Ela ainda não veio te ver?
- Veio, mas nós só conversamos como amigos, não chegamos no assunto da nossa briga. Por que vocês tem ser tão complicadas? – ele disse bravo e eu ri.
- Draco me pergunta a mesma coisa! – eu disse dando risada.
- Pelo jeito alguma coisa não mudou por aqui. – Rony reclamou e eu revirei os olhos.
- Eu gosto dele, Rony, eu estou feliz com ele. Fique feliz por mim, por favor.
- Tá bom, tá bom – ele disse um pouco chateado – Vai ao jogo?
- Acho que vou sim e você?
- Talvez, ainda tenho que convencer a Madame Pomfrey.
- E Lilá? Por que você ainda está com ela? Harry me disse que toda vez que ela vem te ver você finge que está dormindo. – nós começamos a rir juntos. – Você não gosta dela, né? Nunca gostou.
- Ela é muito grudenta. – ele disse e me olhou.
- Se não gosta dela, por que não termina?
- Sei lá, estou criando coragem. – ele disse um pouco sem graça.
- E a Hermione? – eu perguntei pra ele.
- O que tem?
- Quando você vai se declarar pra ela? – eu comecei a rir e ele tacou o travesseiro em mim.
- Quer parar de me encher? Eu não gosto dela!
- Me engana que eu gosto, Ronald Weasley – eu comecei a rir – Mas só não demora muito tempo pra perceber que ela é uma garota legal.
- Isso eu já sei. – ele disse baixo e eu sorri.

Ficamos conversando muito tempo até que eu tive que ir embora porque iria ter aulas, encontrei com Draco no caminho para a aula de D.C.A.D.T, Pansy estava perto e virou a cara quando me viu.

- Oi, amor. – Draco disse e entrelaçou nossas mãos, adorava quando ele tinha esses momentos de romantismo espontâneo – Foi ver o Weasley?
- Sim, ele está bem melhor, só esta entediado. – Draco puxou meu lábio inferior com os dentes, finalizando com um selinho e Pansy deu um gritinho afetado e saiu de perto. – Como essa garota é patética. Ela merecia um avada.
- Nossa, sendo má? Acordei num mundo diferente hoje. – ele brincou e eu dei risada.
- É meu convívio com você, me deixa assim. – eu disse e dei um soquinho no braço dele que me puxou pela cintura e me beijou. – Me solta, Malfoy.
- Uuui, ela ficou brava – ele disse e começamos a rir, Draco me abraçou por trás, deu um beijo no meu pescoço e sussurrou no meu ouvido: - Não sei o que seria de mim sem você.
Eu não disse nada, apenas sorri para ele e o beijei, mas ouvi um pigarro e Snape nos encarava.
- Podem parar, por favor? – ele disse e Draco deu um sorrisinho irônico. – Entrem.
- Tudo bem – eu disse e Draco foi para o lado dos sonserinos e eu me sentei com Hermione e Harry.

- Tenho novidades. – eu disse para Hermione, mas percebi que Harry estava ouvindo.
- O que? – Ela disse e eu sorri.
- Fui falar com o Rony hoje e o assunto principal foi você. – Harry riu e se virou para me olhar.
- Você não fez isso – ele disse e começou a rir, mas parou quando Snape o encarou feio.
- ! – Mione disse e me deu um tapa no braço e eu e Harry começamos a rir.
- Ele gosta de você, não é, Harry? – eu disse e olhei para o Harry.
- Eu não vou dizer nada – ele abaixou a cabeça e voltou a copiar o que estava escrito na lousa.
- Harry! – eu disse e bati nele que começou a rir comigo.
- , presta atenção – Mione virou meu rosto com a mão – Para de rir, Harry! Para você também.
- Parei. – ele disse e abaixou a cabeça.
- O que ele disse?
- Nós falamos da biscate da Lilá – Harry soltou uma gargalhada, mas parou totalmente porque Snape olhou para ele. – E eu disse que ele estava perdendo tempo com ela quando podia estar com você.
- E ele? – ela perguntou enquanto copiava a lição.
- Ele não disse nada, mas também não negou. – eu voltei a copiar a lição.

**********


Era o dia do jogo de Grifinória e Lufa-Lufa e eu estava toda empolgada, acordei e me vesti a caráter e fui tomar café junto com Hermione e eu ainda não tinha visto Draco.

- Preparada? – Hermione me perguntou e eu sorri.
- Mas é claro, vai dar Grifinória! – nós rimos e voltamos a comer.
- Vamos, estamos atrasadas! – Hermione me puxou e descemos junto com Gina para o campo.
Durante todo o caminho, eu fui procurando Draco, mas não o achei no mar de Sonserinos e resolvi deixar pra lá, afinal ele nunca ia aos jogos.
O jogo começou e Harry já estava voando, “E lá vai, Smith, da Lufa-Lufa, levando a goles" uma voz familiar disse e eu pude ver que Luna estava narrando. Já disse que adoro essa garota? "Da última vez, foi ele quem narrou o jogo, é claro, e Gina Weasley colidiu com o pódio, provavelmente de propósito: ou assim me pareceu. Smith foi muito grosseiro nos comentários sobre a Grifinória, imagino que esteja arrependido agora que tem de enfrentar a equipe da Casa... ah, olhem, ele perdeu a posse da goles, Gina roubou-a dele, gosto dela, é muito boa..." Ela disse e eu ri junto com Hermione, mas logo voltamos para o jogo.
"... mas agora aquele grandalhão da Lufa-Lufa tirou a goles de Gina, não estou conseguindo lembrar o nome dele, é alguma coisa parecida com Bibble... não, Buggins..."
- É Cadwallader! – disse a professora McGonagall ao lado de Luna, um pouco constrangida e a multidão toda riu.
Olhei para Harry e ele estava discutindo com McLaggen, olhei para os sonserinos em busca de Draco,mas nenhum sinal dele.
"E Harry Potter agora está discutindo com o seu goleiro, acho que isso não vai ajudá-lo a localizar o pomo, mas talvez seja um estratagema bem sacado..." Luna disse e eu voltei ao jogo. Cada vez mais, o time da Grifinória ficava confuso e McLaggen não parava de criticar os outros quando não viu um jogador da Lufa-Lufa vindo, um dos batedores, bateu na Goles e ela pegou em Harry. Harry ficou tonto e se desequilibrou e caiu da vassoura. Rapidamente, eu levantei e comecei a olhar, Hermione estava angustiada ao meu lado, mas mesmo assim o jogo continuou e Grifinória perdeu.
Harry foi retirado do campo desacordado e o jogo chegou ao seu fim. Sonserinos e lufanos comemoravam, mas grifinorianos não diziam nada. Eu estava preocupada com Harry, mas sabia que tinha que cuidar de outra pessoa quando chegasse ao Castelo.
Hermione foi para a Sala Comunal esperar Gina e eu fui andar pelo Castelo para ver se encontrava Draco, numa dessas andanças ele me encontrou.

- E ai? Como foi o jogo? – ele me perguntou enquanto me abraçava.
- Foi uma porcaria, Harry se machucou. Eu estou preocupado com ele.
- Tinha que ser “O Eleito” – ele disse com desprezo e eu o olhei. – Desculpa, eu sei que você não gosta que eu fale assim.
- Eu não falo mal dos seus amigos, então não fale mal dos meus. – eu disse brava e ele me deu um beijo na bochecha. – Por que não foi ao jogo, Malfoy?
- Tinha que resolver umas coisas. Você sabe. – ele disse um pouco envergonhado.
- Sua missão, não é? – ele apenas me olhou. – Eu tenho medo.
- Medo do que?
- De acontecer algo. – ele suspirou – Eu sei que é besteira, você não vai me machucar, mas eu tenho medo por você.
- Por mim? – ele disse um pouco surpreso.
- Não estou dizendo que você não sabe fazer as coisas, longe disso, mas e se der errado? O que vai acontecer com você? – eu disse sentindo minha garganta se fechar e as lágrimas brotarem. – Se Voldemort fizer alguma coisa com você... – algumas lágrimas caíram – Eu não sei o que eu faço com ele.
- Ei – ele disse baixinho e me abraçou, eu fiquei com a cabeça em seu peito. – Não vai acontecer nada. Eu sou forte e você também é. Eu acredito na sua capacidade.
- Eu tenho que te proteger dele – eu disse um pouco chorosa – E se ele fizer alguma coisa? Eu jamais me perdoaria...
- Para com isso, ! – ele puxou meu rosto com as mãos e deu um sorrisinho – Eu sei me cuidar e você sabe disso! Ele não vai fazer nada comigo.
- Promete? – eu disse para ele, mesmo sabendo que fazê-lo prometer isso era idiotice. Voldemort podia fazer tudo.Ele tinha o controle.
- Prometo. – ele deu um sorrisinho triste e me deu um beijo. – Agora chega de pensar nisso.

Ficamos juntos um pouco até que tivemos que ir para as nossas Casas, porque seria um longo dia.

**********


Chegou segunda-feira e todos estavam de volta as suas rotinas e quando eu estava descendo conversando com Mione sobre a briga de Gina e Dino, eu vi meus meninos parados conversando.
- Ursinhos! – eu dei um grito e pulei em cima deles que começaram a rir.
- Bom dia pra você também, – Rony disse e eu comecei a rir.
- Vocês estão bem? – eu perguntei dando um beijo na bochecha de cada um.
- Eu to bem – Rony disse.
- E aí, Harry? – eu disse para com um sorriso sacana. – Ficou sabendo das novidades?
- Que novidades? – ele disse desentendido e eu olhei para Mione que segurou o riso, só estávamos indo para o Salão Principal tomar café.
- Conta pra ele, Hermione – eu disse enquanto pegava um doce na minha bolsa. – Querem?
Eles negaram com a cabeça.
- Gina e Dino discutiram. – Mione disse e Harry ficou vermelho, mas Rony não percebeu.
- E qual foi o motivo da discussão? – Harry disse fingindo desinteresse enquanto entravamos num corredor deserto do sétimo andar que havia apenas uma garota olhando uma tapeçaria. Eu sabia que andar era aquele. Sorri minimamente com aquilo. Ela nos viu e se assustou e deixou cair à balança que estava carregando.
- Tudo bem! – disse Hermione gentilmente enquanto eu ria da menina - Veja... – E tocou a balança com a varinha dizendo Reparo.
A menina não agradeceu e continuou no chão com um semblante assustado enquanto passávamos. Eu olhei a tapeçaria e a encarei seriamente. Ela estava tentando entrar na Sala Precisa? Será que Malfoy estava lá dentro? Voltei a prestar atenção na conversa quando Harry perguntou:
- Por que foi que Gina e Dino brigaram, Hermione?
— Ah, Dino estava rindo de McLaggen ter acertado aquele balaço em você — disse Hermione e eu estava tentando ligar os fatos. Por que aquela menina estaria logo ali e naquela hora que era um dos momentos mais sossegados no Castelo?
- Deve ter sido engraçado – Rony disse e eu ri baixo. Realmente foi engraçado. E teria sido ainda mais engraçado se Harry não tivesse se machucado.
- Não foi nada engraçado! – Hermione disse um pouco indignada. - Foi horrível, e se Coote e Peakes não tivessem agarrado Harry ele poderia ter se machucado seriamente!
- É, bem, Gina e Dino não precisavam ter rompido o namoro por causa disso – Harry disse tentando parecer indiferente, mas eu percebi uma curiosidade em sua voz. Sorri timidamente. Ele estava perdidamente apaixonado por Gina. - Ou eles continuam juntos?
- Continuam... Mas por que você está tão interessado? – perguntou Hermione o encarando com um olhar penetrante.
- É, Harry – eu disse já abrindo um sorriso irônico e segurando o riso. Era hilário vero Potter envergonhado – Por que quer tanto saber?
- Não quero ver a equipe de quadribol bagunçada outra vez! - Harry disse apressado e eu dei um risinho.
- Sim, essa preocupação toda, só por causa da equipe. Entendo, entendo. – Hermione me deu uma cotovelada na costela de leve e eu arfei. – Outch!
Fomos interrompidos por alguém chamando Harry e quando viramos, Luna vinha correndo em nossa direção. Harry a olhou.
- Ah, oi, Luna.
- Fui procurar você na ala hospitalar - ela disse vasculhando a mochila. – Mas disseram que você já tinha saído...
Ela foi tirando coisas estranhas da sua mochila, como algo que parecia ser uma cebola verde, um grande chapéu-de-cobra e uma porção de algo que parecia argila e por fim, tirou um pergaminho um pouco sujo que entregou a Harry.
—... Mandaram lhe entregar isto.
Era um rolinho de pergaminho que eu logo identifiquei como uma carta de Dumbledore.
— Hoje à noite – Harry disse para mim, Rony e Hermione quando abriu o pergaminho.
— Legal a sua narração no último jogo! – Rony disse a Luna quando ela pegava seus pertences de volta. Ela deu um sorriso estranho que eu não consegui definir.
— Você está caçoando de mim, não é? Todo o mundo disse que foi péssima.
— Não, estou falando sério! – disse Rony com sinceridade e eu afirmei com a cabeça. - Não me lembro de ter gostado tanto de uma narração! A propósito, que é isso? - ele perguntou erguendo a suposta cebola.
- Foi muito boa a narração, Luna. – eu disse e sorri para ela. – Eu gostei bastante.
- Obrigada, . Ah, é raiz-de-cuia - ela disse guardando os seus outros pertences na bolsa. – Pode ficar com ela se quiser, tenho muito. É excelente para a gente se proteger das Dilátex Vorazes. Ela foi embora e eu e Rony nos encaramos e começamos a rir. Ela era extremamente engraçada.

- Sabe, ela acabou me conquistando, a Luna - ele disse quando voltamos a andar. - Sei que é maluca, mas é no bom...
Ele parou de falhar bruscamente. Lilá Brown estava parada no pé da escadaria com uma cara de poucos amigos.
- Biscate se aproximando – eu disse e meus amigos riram. Harry puxou eu e Hermione com ele para longe dos dois, mas antes de nos afastarmos ouvimos a voz de Lilá dizendo: Por que você não me avisou que estava saindo hoje? E por que ela estava com você?

Harry, Mione e eu descemos para tomar café. Quando cheguei dei uma rápida olhada na mesa dos sonserinos, mas não vi meu loiro nem os amigos/capangas dele. Péssimo sinal. Eu conversava com Hermione sobre assunto alheios e eu percebi o olhar de Harry para mim. Ele estava meio estranho comigo desde que nos vimos. Ele percebeu que eu tinha percebido e desviou o olhar. Eu estava com a impressão que ele sabia de alguma coisa e não queria me contar.
- O que foi, Harry? – eu perguntei para ele,dando um sorriso.
- Nada não. – ele disse e olhou para a porta do Salão Principal e viu Rony chegando. – Se prepara, gente, ele tá muito bravo.
Eu olhei para a porta e Rony entrou bravo no Salão e se sentou ao lado de Lilá. Eles não se falaram nenhuma vez, Hermione estava indiferente, embora eu tivesse notado várias vezes um pequeno sorriso de escárnio passando pelo seu rosto. Ela estava convivendo muito tempo comigo.

Fui para as minhas aulas e Hermione ficou bem-humorada o dia todo e eu percebi que ela estava gostando da situação. Até eu estava gostando, pra falar a verdade. O almoço foi meio estranho e eu não vi Malfoy ou Crabe ou Goyle o dia todo. E eu estava começando a me sentir aflita. Draco não era assim, mesmo que estivesse extremamente ocupado, ele teria arrumado um tempo para me ver.
À noite enquanto eu tentava fazer meu dever de herbologia, Draco não saia dos meus pensamentos. Estava acontecendo alguma coisa e Harry sabia de algo também, pois evitou me olhar o dia todo.
Depois de terminar de fazer meu dever, fiquei inventando suposições para o sumiço de Draco. “Talvez ele estivesse ocupado fazendo seus deveres atrasados.”, quem eu queria enganar. Esses deveres atrasados eram as últimas coisas que ele iria pensar.
Harry se despediu e foi para as aulas com Dumbledore e eu subi para o quarto a fim de que, com o sono, poderia esquecer minhas preocupações. Hermione entrou no quarto e eu a chamei.

- Mione – eu disse e ela me olhou – Preciso de um favor.
- O que é? – ela disse se aproximando
- Pesquisa pra mim o que são ligações mágicas? – eu perguntei e ela me olhou confusa.
- Claro, mas por quê? – ela perguntou.
- Pesquise primeiro e depois eu prometo que eu te conto – eu sorri e ela afirmou com a cabeça – Boa noite.
- Boa noite, .

No outro dia, quando acordei, minhas esperanças acordaram comigo e a agonia estava um pouco menor. Eu poderia ver Draco hoje, só dependia do destino. Arrumei-me e quando desci, Hermione, Rony e Harry já haviam descido. Ótimo, eu estava atrasada de novo. E mais uma peripécia do destino me impedia de ver Draco.
Nem tomei café da manhã e fui para minha aula que por sinal, não era com a Sonserina. Nenhuma aula era antes do almoço. E minha angústia aumentou significantemente. O almoço chegou e eu fiquei na porta do Salão Principal e foi quando meu coração deu um salto. Crabbe e Goyle desciam as escadas discutindo alguma coisa.
- Crabe! – eu gritei e ele me olhou um pouco assustado.
- O que foi? – ele disse um pouco nervoso e Goyle me encarava assustado.
- Onde está Draco? – eu perguntei tentando ser a mais educada possível.
- O Malfoy... Ele – eles se entreolharam.
- Ele? – eu perguntei ansiosa.
- Está bem aqui. – Draco apareceu encarando os dois com um olhar bravo. – Vão embora, depois eu falo com vocês.

Os dois não disseram nada e se afastaram. Draco os viu indo embora e olhou pra mim. Eu não sabia como agir e só disse:
- Você sumiu.
- Tive que resolver algumas coisas. – ele disse e nós estávamos constrangidos. – Tá bem estranho isso agora.
- Verdade. – ele estendeu a mão e eu rapidamente a peguei e me aninhei em seu peito. – Nunca mais faz isso, tá bem? Se você precisar se afastar me avisa. Você não sabe como eu fiquei aflita com tudo isso.
- Você se preocupa demais. – ele disse dando um beijo no topo da minha cabeça.
- Eu me preocupo com quem eu amo. – eu disse e o olhei. Ele estava com muitas olheiras e estava com a pele um pouco opaca. – Você dormiu? Comeu?
- ... – ele disse e eu fiz uma cara brava.
- Caramba, a gente se separa por um dia e você fica assim. – Eu dei um selinho longo nele e o abracei. – Você não vive sem mim.
- Não vivo mesmo. Ainda bem que sabe. – ele disse e me puxou para um beijo envolvente.

Ele deixou as mãos em meu rosto e eu deixei as minhas apoiadas em suas costas. Nossas línguas tinham a sincronia perfeita. Nós éramos o encaixe perfeito de um quebra-cabeça extremamente confuso. Ele finalizou o beijo puxando meu lábio inferior de leve. Eu sorri.
- Não deveria ser tão dependente de você – eu disse baixo enquanto ele entrelaçava nossas mãos. – Isso não é certo.
- E desde quando você faz o que é certo? – ele repetiu a frase que eu disse para ele no dia em que começamos a namorar. Eu dei um selinho nele. – Não é errado quando os dois se sentem do mesmo jeito.
Eu sorri e o abracei.

Ele poderia ser um Comensal da Morte, um Malfoy, ser de uma família que não gostava de nascidos-trouxas e não era o melhor cara pra eu namorar. Mas isso não significava absolutamente nada quando momentos como esse aconteciam. Eram raros, mas eram a minha confirmação de que resquícios de humanidade e amor ainda existia naquele coração frio que batia em seu peito e que só esquentava ao meu toque.

- Você não tem ideia do quanto eu te amo. – eu disse para ele – Você não tem ideia do quanto eu te admiro, do quanto eu te acho forte. Do quanto você me mostra a cada dia que vale a pena lutar por você.
- Eu tenho ideia sim. – ele disse de olhos fechados assim como eu. E os alunos que passavam ao nosso lado não importavam. Para nós, só o que importava era um ao outro. – Porque eu acho a mesma coisa de você. Eu te amo, e vou lutar por você até que não me reste mais escolha a não ser morrer. Vou lutar pela sua felicidade até o fim. Eu prometo.

Eu o fitei e ele tinha um sorriso tímido. Eu o beijei mais uma vez, só que dessa vez mais intensamente. Ele me abraçou e fomos andando juntos até o Salão Principal.
- Fica comigo hoje na mesa dos Sonserinos? – ele disse no meu ouvido.
- Não, tá louco! – eu disse um pouco exasperado. Eu não podia trair minha casa. – Grifinorianos não se misturam com Sonserinos, amor.
- Mas somos e Draco. Não uma grifinoriana ou um sonserino. Fica comigo. Faz tempo que a gente não tem esses momentos de casais normais.
Eu comecei a rir e ele riu comigo. Deixei que ele me guiasse para a mesa dos Sonserinos.
Eu estava um pouco tensa por causa disso, mas não deixei transparecer, apenas apertei a mão de Draco mais forte quando ele me indicou o lugar que era para eu sentar. O lugar de Pansy.
- Sai daí. – ele disse para ela rudemente. – Vai sentar em outro lugar.
- Meu lugar é ao seu lado, Draco! – ela disse me olhando furiosa soltando uma frase com um duplo sentido. Eu revirei os olhos e Draco apertou minha mão mais forte. Ele estava ficando irritado.
- O lugar dela não é aqui, Draco – Zabine disse e Draco o fitou com raiva. – Você pode ficar bravo comigo, mas essa é a verdade. A mesa da é aquela ali. – ele apontou para a mesa de Grifinória.
- Deixa, amor... – Pansy soltou um gemido inconformado ao ouvir o jeito que eu chamei Draco. – Tudo bem, eu vou pra minha mesa.
- Não. Você. Vai. Ficar. Aqui. Comigo. – ele disse pausadamente irritado e disse ainda mais bravo – Parem de se meter na minha vida! Eu garanto que todos vocês já quiseram ou querem alguém de outra Casa, mas não tem coragem pra admitir e ir atrás de quem vocês querem! Isso é ridículo! Vocês vão se arrepender disso... – ele começou a ficar vermelho e soltou minha mão e já estava com a mão no bolso pra puxar a varinha. Decidi que era hora de me meter.
- Ei, ei, ei – eu disse me colocando na frente dele e segurando seu rosto com minhas mãos. – Não precisa de tudo isso, okay? Já acabou, vem vamos pra outro lugar. – eu dei dois selinhos nele que quando sentiu meus lábios nos seus, ganhou uma expressão calma. Eu o puxei e o guiei para o sétimo andar. Sala Precisa, precisamos de você.

- Não liga pra isso, Draco – eu disse para ele depois que entramos na Sala Precisa – Eu ‘tô acostumada com isso.
- Você não tem que se acostumar com isso, ! – Ele disse nervoso e puxou os cabelos com força em um sinal claro de raiva . – Não gosto quando eles fazem isso com você. Isso não é justo.
- Já passou– eu o abracei, sentindo aquele cheirinho típico dele que eu amava. – Não liga pra eles. Nós temos um ao outro.
- Não gosto deles falando daquele jeito com você, . – ele me abraçou ainda mais. – Você é minha.
- E você é meu. – eu olhei pra ele e sorri. – Só meu.
- Só minha. – ele disse e me beijou carinhosamente.

*********************


Naquele momento, minha felicidade estava em seu ápice, minha vida era extremamente conturbada, então esses momentos eram raros e muito apreciados por mim quando aconteciam.
Desci para tomar café, radiante. No dia anterior, Draco e eu passamos quase a tarde inteira na Sala Precisa e fizemos amor pela terceira vez. Eu não o encontrei no café por isso me sentei com Harry, Hermione e Rony.
- Bom dia! – eu disse feliz e abracei Hermione, ela começou a rir.
- O que deu em você? Por que está tão feliz? – ela perguntou enquanto eu me servia.
- Nada. Só estou feliz. Está chegando o Teste de Aparatação, eu estou ansiosa. – eu disse e prestei atenção no Harry. – O que você está fazendo, Harry?
- Tentando descobrir o que Malfoy faz na sala precisa. – Hermione disse e Harry me olhou. Ele suspeitava que Draco era comensal (o que era verdade, mas somente Snape, Dumbledore e eu sabíamos disso).
- Mas isso é fácil. – eu me sentei e tentei mascarar as idas de Draco. Até por que eu não sabia o que ele fazia dentro da sala, só sabia o que acontecia quando eu estava com ele. – Na maioria do tempo ele passa comigo.
- Com você? – Harry perguntou com um sorriso no rosto – Então, você sabe o que a sala se transforma quando ele está lá dentro!
- Eu sei o que a sala se transforma quando eu e ele estamos lá dentro. – eu disse lembrando no que a sala havia se transformado ontem. Havia uma cama com lençóis na cor da Sonserina. Sorri com a lembrança – E acredite, não queira saber o que vira.
- Tá, tudo bem – ele voltou a prestar atenção na sua comida.
- , quer dizer que você e o Malfoy... – Rony disse me olhando com uma cara de indignação e eu ri.
- Não é nada disso que você está pensando. Fiferente de você e Lilá, Malfoy e eu nos gostamos, então não é maçante quando estamos juntos. Me passa o profeta? – eu perguntei pra ele que me passou o jornal
. Cassie chegou e havia uma carta pra mim. Era de Draco.

Vá para a Sala Precisa. Precisamos terminar o que começamos ontem.
Com amor,
Draco.


Sorri com a carta e enfiei em minha bolsa, tomei um gole de chá e me levantei alegando que ia ao banheiro. Subi para o sétimo andar e Malfoy estava parado em frente à parede encarando o chão. Eu me aproximei e ele levantou o olhar e deu o típico sorrisinho de lado. Ele me abraçou pela cintura e me deu um beijo caloroso.
Segurou minha cintura e grudou sua boca na minha. Eu deixei minhas mãos em seu pescoço. Eu comecei a passar minha mão direita por todo o seu tronco e ele apertou minha bunda de leve. Eu sorri e ele também. Pressionei de leve minha intimidade na dele e Malfoy enfiou a mão gelada por dentro da minha blusa. Eu senti um arrepio e arqueei minhas costas surpresa com o contato. Ele riu.
Ele me prensou contra a parede e eu gemi baixo. Ele segurou minha coxa e puxou minha perna para cima, de modo que eu enlacei minha perna esquerda em sua cintura. Apertou a parte de baixo de minha coxa e eu gemi mais uma vez, aquilo começou a esquentar ainda mais. Pressionei novamente minha intimidade contra dele, só que dessa vez senti certo volume. Acariciei sua intimidade por cima da calça e dei um sorriso sacana.

- Precisamos entrar rápido nessa sala – ele disse com a boca contra a minha. – Precisamos entrar, precisamos entrar, precisamos entrar.

A porta se abriu e nós entramos tropeçando em nossos pés e caímos no chão, um ao lado do outro. Eu comecei a rir e ele também.

- Isso foi engraçado – eu disse quando estávamos parando de rir.
- Verdade. – ele disse e me olhou. Ficamos nos encarando em silêncio por um longo tempo. – , você é a única coisa boa que eu tenho.
- Não fala isso e sua família? – eu disse passando meu dedo pela sua bochecha.
- Minha família se vendeu para o Voldemort e me colocou no meio. – ele disse um pouco bravo e fechou os olhos. – Eu odeio minha vida.
- Não fala isso. – eu me inclinei e lhe dei um selinho – Pensa positivo, se você não tivesse entrado nessa, você não teria me conhecido.
Ele sorriu e me puxou de encontro ao seu peito e eu me aconcheguei ali.

- Você foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida até agora – ele disse e beijou o topo da minha cabeça.
- Você também foi. – eu disse e beijei seu pescoço. – Eu te amo.
- Eu te amo – ele disse me puxou ainda pra mais perto.

Ouvimos um barulho lá fora e ficamos em silêncio total, parecia um grupo de pessoas passando apressadas. Eu ignorei e deitei em cima de Draco e comecei a beijá-lo lentamente.

- Você vai me matar algum dia, – ele disse sedutor e aumentou ainda mais a sedução ao dizer meu nome.
- Então, minha missão terá sido cumprida – eu disse e dei um sorriso sacana contra seus lábios. Ele apertou a parte de trás da minha coxa e eu soltei um suspiro. Ele sorriu.
- Acho que eu vou acabar te matando primeiro. – ele disse e inverteu as posições ficando por cima. Ele sorriu ainda mais sacana. – Mas não vou fazer isso agora, vou ter dar apenas uma pequena prévia.

Ele beijou minha boca com mais vontade ainda e passou suas mãos pela lateral do meu corpo. Senti um volume novamente no meio das pernas de Draco e sorri, levantei minimamente minha intimidade para encostar-se à dele e ele soltou um gemido. Eu coloquei minha mão dentro de sua calça e ele suspirou. Senti seu membro rígido e o acariciei por cima da cueca. Ele apertou um dos meus seios de leve e eu gemi. Colei minha boca na dele e o deixei fazer o que bem quisesse com meu corpo. Ele colocou as mãos por debaixo da minha saia e percebeu que o fundo de minha calcinha já estava molhada. Ele sorriu.

- Parece que você não vai poder se defender de mim dessa vez – ele disse sacana e minha cabeça deu um estalo. Defender, defesa, aula!
- Draco, para! – eu disse, mas ele começou a beijar meu pescoço – A aula!
- Verdade! – ele disse rápido e se levantou me puxando pelas mãos e me puxando pra cima – Você está linda assim – ele começou a rir enquanto abotoava sua calça. Me olhei no espelho e minha saia estava embolada na minha cintura e minha meia calça nos meus joelhos.
- Eu, pelo meno, te deixei parecido – ele deu risada,enquanto arrumava a camisa de novo. Arrumei meu cabelo e retoquei meu batom. – Vamos?
- Vamos e depois terminamos. – ele disse pegando minha mão e beijando meu pescoço. A porta se abriu e fomos para a aula de DCAT.

Chegamos atrasados, mas, estranhamente, Snape não descontou ponto nenhum de mim. Draco foi para o lado dele e eu fui para o meu. Me sentei ao lado de Hermione.

- Onde você estava? – Hermione perguntou.
- Com Draco – eu disse pegando meu livro e abrindo.
- Isso eu já sei, mas aonde? – ela perguntou e eu disse.
- Na Sala Precisa. – eu disse e percebi que Harry derrubou alguma coisa no chão. Ele estava lá em cima. Tinha certeza – Algum problema, Harry?
- Nenhum, – ele disse evitando me olhar, mas eu ignorei. Voltei a prestar atenção na aula e Snape discutia com Simas.

- Mas, senhor, ouvi comentários... – Simas disse e eu perguntei a Mione do que eles estavam falando. Ela me deu uma previa rápida.
- Se o senhor tivesse lido realmente a notícia em questão, Sr. Finnigan, saberia que o assim chamado Inferius não passava de um ladrãozinho infecto chamado Mundungo Fletcher. – Snape disse um pouco cansado.
- Pensei que Snape e Mundungo estivessem do mesmo lado, não? – Harry disse baixinho para mim e os outros. Eu sabia disso, já era da Ordem há muito tempo. - Ele não deveria estar aborrecido com a prisão de Mundungo...?
- Mas Potter parece ter muito a dizer sobre o assunto – Snape disse de repente,olhando para Harry. - Vamos perguntar a Potter como ele descreveria a diferença entre um morto-vivo e um fantasma.

Harry congelou e olhou para todos da sala. Eu sabia a resposta dessa. Inferius são mortos, mas controlados por um feitiço para servir e fazer o que o executor do feitiço mandasse. Não estão vivos, são uma espécie de zumbi. E fantasmas, bem, fantasmas são fantasmas!

- Ah... Bem... Fantasmas são transparentes... — Harry disse um pouco nervoso.
- Oh, muito bem – Snape o cortou - Sim, é fácil verificar que não desperdiçamos quase seis anos de estudos de magia com você, Potter. Fantasmas são transparentes.

Pansy deu uma risada, mas eu a encarei e ela fechou a cara e olhou para frente. Algumas pessoas riram e Draco olhou pra mim. Eu o olhei com uma cara de “nem pense rir”, ele apenas levantou as mãos em rendição e virou pra frente. Ele estava rindo.

— Sim, fantasmas são transparentes, mas Inferi são corpos sem vida, certo? Então, seriam sólidos... – Harry disse e eu percebi que ele se concentrava em não perder a cabeça.
— Uma criança de cinco anos poderia ter nos dito isso- Snape disse zombando de Harry e meu desprezo por esse homem aumentou ainda mais. — Um Inferius é um morto que foi reanimado por meio de um feitiço das Trevas. Não está vivo, é meramente usado como uma marionete para cumprir as ordens do bruxo. Um fantasma, como espero que a esta altura todos saibam, é uma impressão deixada por um morto na terra... E é claro, como diz Potter tão sabiamente, é transparente.
— Bem, o que Harry disse é muito útil para diferenciarmos os dois! – Rony disse trazendo a atenção para ele - Quando nos defrontarmos com uma aparição em um beco escuro, vamos olhar depressa para ver se é sólido, não é não vamos perguntar: "Com licença, o senhor é uma impressão deixada por uma alma que partiu?”.

Todos da sala riram, inclusive eu e Snape se virou para todos. Todos pararam de rir, menos eu que quando ele me olhou, ri ainda mais. Hermione me deu um cutucão.

- Outros dez pontos a menos para a Grifinória – Disse Snape e meu sangue ferveu - Eu não esperaria nada mais sofisticado do senhor, Ronald Weasley, um rapaz tão sólido que é incapaz de aparatar dois centímetros em uma sala.
- Quem é você pra falar de capacidade? – eu disse alto e ele se virou – Que só conseguiu ser professor de Defesa Contra As Artes das Trevas, depois do que, seis anos? – eu disse brava e já esperava pela detenção ou coisa parecida, mas Snape apenas me olhou e ignorou.
- Agora abram os livros na página duzentos e treze – Snape disse ainda sem me olhar. - E leiam os primeiros dois parágrafos sobre a Maldição Cruciatus...

A sineta tocou e eu subi com Hermione, mas durante toda a aula percebi que Rony havia ficado chateado.

- Você não se incomoda? – Hermione me perguntou enquanto estávamos sentadas nas escadas. Eu estava lendo um livro e ela também. Tínhamos esses momentos ás vezes.
- Com o que? – eu perguntei.
- Com ela. Lilá. – Hermione disse vagamente e decidi deixá-la falar. – Ela é extremamente irritante, eu estive lá, todo o tempo, . Todo o tempo! – ela disse um pouco brava.
- Mas você e ele voltaram a se falar, Mione – eu disse tentando fazê-la lembrar do lado bom.
- Eu sei, mas a presença dela me incomoda. Eles não combinam, – ela disse e eu a abracei.
- Eu sei disso, mas você vai ver, ele vai vir pra você mesmo que demore, vai vir pra você. Eu sinto isso. – eu dei um beijo na testa dela. – Você pesquisou o que eu te pedi?
- Sim e eu copiei – ela me deu um papel – Está aqui.

Ligações mágicas podem ocorrer com bruxos que possuem algum parentesco ou até com bruxos de diferentes famílias. Isso ocorre quando a compatibilidade mágica de dois bruxos é muito alta e isso interfere no relacionamento deles. A ligação geralmente ocorre com bruxos de sexo opostos e que não são da mesma família, podendo a ser um casal. Essas ligações são extremamente raras, de modo que só ocorrem quando há histórico na família ou em alguns casos raros sem explicações nenhuma. Não é necessariamente preciso que os dois tenham algum histórico de ligação na família.
Os bruxos que possuem ligações não são capazes de ferir um ao outro, por mais que tentem sua varinha não obedece e sempre conseguem ficar juntos, a ligação os puxa para ficar perto um do outro. Porém, com isso também vem consequências horríveis. A morte de um não ocasiona a morte do outro, mas o outro entra em um estado de solidão e tristeza tão grande que pode levar a morte.


Eu li aquilo e respirei fundo. Então, ligações podem, de fato, acontecer e eu e Draco tínhamos uma. Encarei Hermione e ela tinha entendido tudo.

- Você e Draco estão ligados, certo? – ela disse e eu afirmei com a cabeça – Eu sempre soube ou desconfiei. A forma que vocês se tratam e até o jeito em que se reconciliam superam qualquer explicação lógica. Por isso que quando você me pediu para pesquisar sobre isso assim que terminei de ler já sabia de quem se tratava.
- Exatamente, por isso ninguém pode saber, Mione – eu disse – Se isso chegar nos ouvidos de Você-Sabe-Quem, ele tentará usar isso para nos atingir.
- Pode deixar, seu segredo está a salvo comigo – ela sorriu – Você tem histórico na família?
- Meus pais – eu sorri – Eles são ligados por magia assim como os pais de Harry. Dumbledore me disse.
- E você pretende contar isso para o Harry? – ela perguntou.
- Não sei – eu disse pensativa – Eu não tenho nada a ver com isso, entende? Acho que quem tinha que contar era Dumbledore.
- Pode ser... – ela ia falar alguma coisa, mas olhou pra frente e eu segui o seu olhar. Draco estava parado no pé da escada. – Pode ir, . Eu vou até a biblioteca, preciso devolver esse livro.
- Tem certeza? – eu disse e olhei pra Draco, ele afirmou com a cabeça. – Eu posso ver Draco outra hora.
- Tudo bem, pode ir. – ela deu um sorriso e se levantou, eu dei um beijo na bochecha dela – Te vejo depois. – ela se levantou e foi embora.
- A Hermione... – ele disse e eu apenas levantei e o abracei. Senti as mãos dele me envolvendo. – O que foi?
- Nada, só não gosto de vê-la assim. – eu disse e o olhei. Ele me deu um beijo rápido – Vamos? Quero treinar um pouco.
- Treinar? – ele disse eu peguei sua mão e começamos a subir as escadas.
- Preciso atirar feitiços em alguém e imaginar que é o Snape – ele riu e me abraçou por trás.
- Ele não te puniu hoje. –ele disse e eu percebi que foi para ver a minha reação.
- Porque você disse para ele não fazer isso. – eu disse jogando verde.
- Eu? E por que eu faria isso? – ele não caiu. Droga.
- Porque sim. – eu disse ele riu alto. – Gosto de ver te ver assim.
- Assim como? – Chegamos ao sétimo andar e paramos em frente à Tapeçaria.
- Feliz. – eu disse e ele me fitou com mais intensidade – Draco, eu posso não ser daqui desde o primeiro ano, mas sei que você sempre foi odiado e sempre foi idiota, mas quando está comigo, parece que você é... Você.
- Obrigado pelo “idiota” – ele disse e me beijou. – Vem, vamos entrar.

Eu tentava controlar minha respiração ofegante e me apoiava em meus joelhos, levantei meu olhar e Draco me olhava do mesmo jeito que eu. Estávamos treinando feitiços fazia algumas horas e eu já estava cansada, mas não podia parar. Havia um boneco que atirava feitiços para todos os lados e eu e Draco estávamos atirando feitiços nele. Draco indicou com a cabeça uma madeira que tinha e eu me escondi atrás dela, assim como ele fez com uma madeira do outro lado da sala. Dei uma olhada pela madeira e o boneco atirou um feitiço em minha direção e eu me esquivei.

- Eu mandei você ficar escondida! – Draco ralhou comigo e o boneco começou atirar feitiços variados. Eu revirei os olhos – Não faça nada, me espera!
- Desculpe, querido – eu disse me levantando e respirando fundo.
- ! – Draco disse, mas já era tarde demais, corri para a frente e sem pensar duas vezes gritei.

- REDUCTO!

Uma luz saiu da minha varinha e acertou em cheio o boneco e ele ficou pequenininho e caiu no chão. Eu comecei a rir e tirei uns fios de cabelo que caiam em meu rosto, eu me virei e Draco me olhava com um olhar divertido e vinha até mim.

- Você é boa – ele disse parando ao meu lado, o boneco veio até mim e bateu no meu pé, eu me abaixei e o peguei na mão.
- Obrigada – eu disse sorrindo e soltei o boneco no chão novamente – Mais uma vez?
- Quando quiser – ele disse e eu soltei o boneco novamente e ele saiu andando e parou uns metros a nossa frente.
- Um... – eu disse apertando a varinha em minha mão, o boneco voltava ao seu tamanho original.
- Dois... – Draco disse e veio ao meu lado.
- TRÊS! – eu gritei e mirei a varinha no boneco.

Ficamos a tarde toda praticando feitiços e nos divertindo, depois a Sala Precisa nos preparou um banquete, jantamos e em seguida fomos para nossas Casas. Eu estava totalmente feliz, minha vida estava ótima, mas eu sabia que isso ia mudar, tinha certeza absoluta disso. Era sempre assim, essa felicidade não iria durar e eu já estava me preparando pra isso.

No final de semana seguinte, Rony, Hermione e eu teríamos que ir para Hogsmeade, para as aulas de Aparatação. Harry ficaria e tinha certeza de que tentaria entrar na Sala Precisa. Mas eu não quis avisar Draco, ele poderia ser o garoto que eu amava, mas mesmo assim, sabia que ele estava tramando algo e eu tinha certeza de que sairia ferida disso. De um jeito ou de outro.

No curso de Aparatação, Rony estava progredindo, um pouco devagar, mas ainda assim, estava. Hermione já conseguia aparatar perfeitamente, assim como eu, que já tinha conhecimento sobre esse assunto por causa de meus pais. No final do dia, Rony, Hermione e eu estávamos sentados no Três Vassouras, tomando cerveja amanteigada.

- E então – eu comecei a falar, precisava ter certeza de que Harry ficou para tentar entrar na Sala Precisa – Harry ficou pra entrar na Sala, certo?
- ... – Hermione disse e Rony ficou da cor de seus cabelos.
- Tudo bem, eu não tiro a razão dele e também fico tentando descobrir o que Draco faz lá dentro. Eu não sou idiota, sei que ele está tramando alguma coisa.
- Então, você acredita que ele seja um Comensal? – Rony disse.
- Quem não acredita? – eu desviei um pouco o assunto.
- E por que você está com ele ainda? – Rony disse bravo.
- Porque eu o amo. – eu disse um pouco baixo. – E eu, por enquanto, estou segura, Rony.
- Por enquanto! Ele pode te machucar!
- Mas ele não vai agora. Porque se eu cair, ele cai também – eu disse simplesmente já começando a bolar um plano em minha mente. – Vamos?
- Claro – Hermione disse me ouvindo confusa.

Quando chegamos, fomos almoçar já que a cerveja não nos alimentou. Quando estávamos no meio do almoço, Harry apareceu.
- Tudo bem, Harry? – eu disse um pouco enigmática– Conseguiu entrar?
- Do que você está falando? – ele perguntou se sentando.
- Eu sei que você está tentando entrar na Sala Precisa. – eu mastiguei uma vez e disse pausadamente. - Eu posso amar Draco, mas não sou idiota. Sei que ele está tramando alguma coisa. – eu disse um pouco chateada – E sei que ele não quer fazer isso.
- Como? – Rony perguntou com a boca cheia.
- Porque eu sei de coisas que vocês não sabem – eu mastiguei mais uma vez – Draco não é apenas isso que vocês pensam dele.
- Rony conseguiu aparatar – Hermione mudou de assunto.
- Consegui... Bem, mais ou menos! – Rony disse feliz. Eu apenas dei um sorriso - Eu tinha de aparatar até a porta do salão de chá de Madame Puddifoot e errei por pouco, fui parar próximo à Loja de Penas Escriba, mas pelo menos me desloquei!
- Legal – disse Harry também empolgado - E você, como foi, Hermione?
- Ah, ela foi perfeita, é óbvio – Rony disse, não deixando Hermione responder. Eu suprimi um sorriso e Hermione me olhou - Deliberação, Divinação e Desesperação, ou que nome tenham as cacas, perfeitas... Depois a turma foi tomar um drinque rápido no Três Vassouras, e você devia ouvir o que o Twycross disse dela... Vai ser uma surpresa se ele não fizer aquela pergunta logo, logo...
- E você, ? – Harry perguntou mostrando interesse.
- Eu fui bem, já tinha um pouco de prática. – eu disse simplesmente
- E você? – perguntou Hermione, ignorando Rony. Ela estava com vergonha - Ficou lá em cima na Sala Precisa esse tempão?
- Fiquei, e adivinhe quem eu encontrei lá? Tonks! – Ele disse.
— Tonks? – Eu, Rony e Hermione dissemos juntos. Eu a conhecia, ela era uma grande amiga de mamãe.
— É, ela disse que tinha vindo visitar Dumbledore...
- Se você quer saber a minha opinião – Rony disse depois de Harry ter contado o que havia acontecido lá em cima. - Ela está pirando. Perdeu a coragem depois do que aconteceu no Ministério.
- É meio estranho – Hermione disse mostrando preocupação - Ela devia estar guardando a escola, por que é que abandonou de repente o posto para vir ver Dumbledore se ele nem está aqui?
- Talvez ela tenha os seus motivos. – eu disse – Será que alguma coisa está acontecendo na Ordem?
- Não sei, – Harry disse pensativo - Pensei numa coisa. Você acha que ela talvez fosse... Sabe... Apaixonada pelo Sirius?
- De onde foi que você tirou essa ideia? – Hermione disse um tanto surpresa.
— Não sei – disse Harry sacudindo os ombros - Mas ela estava quase chorando quando mencionei o nome dele... E o Patrono dela agora é um quadrúpede... Fiquei pensando se não teria se transformado... Sabe... Nele.
- Faz sentido – eu disse pensativa – Patronos tem ligação com a parte emotiva das pessoas, ás vezes se transforma em algum animal que as lembram de algo. Pode ser, Harry.
- É uma ideia – Disse Hermione completando a minha ideia - Mas continuo sem saber por que ela adentraria o castelo de repente para ver Dumbledore, se este era realmente o motivo por que estava aqui...
- O que nos traz de volta ao que eu disse, não é? – Rony disse se revezando para encher sua boca com purê de batatas - Ela ficou esquisita. Se acovardou. Mulheres. Elas se perturbam à toa.
- Ainda assim – Hermione disse olhando para Rony - Duvido que você encontre uma mulher que fique meia hora emburrada porque Madame Rosmerta não riu da piada que ela contou sobre a bruxa, o curandeiro e a Mimbulus mimbletonia.

Rony emburrou a cara e eu ri. Eles estavam de volta.


Capítulo 18: Sectumsempra.

O verão estava prestes a começar e junto com ele, todas as esperanças de dias claros e muito tempo livre para passar tardes na piscina junto do meu namorado. Naquele dia em especial, que já demonstrava sinais de calor e as flores já estavam dando o ar de sua graça, Harry, Hermione, Ron e eu estávamos no pátio do Castelo. Hermione e Rony liam um panfleto sobre Aparatação e eu e Harry estávamos apenas ali, sem fazer absolutamente nada, somente aproveitando o tempo, já que eu não tinha visto Malfoy ainda e isso estava me preocupando.

- Pela última vez, esquece o Malfoy – Hermione disse alto e quando fui retrucar percebi que ela havia dito isso para o Harry. E eu sempre sendo atraída para qualquer assunto que envolvesse o amor da minha vida.

Rony se assustou quando viu uma menina entrar no pátio, mas Hermione o tranquilizou, ele estava absurdamente com medo de enfrentar Lilá e sempre acabava se escondendo em algum lugar quando ela passava. Absorta em pensamentos, eu nem percebi quando uma menina entregou uma carta ao Harry. Deveria ser Dumbledore e rapidamente comecei a prestar atenção na conversa.

- Dumbledore disse que não teríamos mais aulas até eu conseguir a lembrança! – Harry disse depois que a garota tinha ido embora.
- Talvez ele queira saber como você está indo? – Hermione disse para ele enquanto ele abria o papel e lia.
- Dá uma olhada nisso – Harry disse e entregou o papel a Hermione.
- Ah, pelo amor de Deus – ela disse brava passando o papel para Rony que ao ler ficou bravo.
- Ele é maluco! Aquela coisa mandou a turma dele nos devorar! Disse para se servirem! E agora Hagrid espera que a gente vá lá embaixo chorar por aquele defunto peludo! – Rony disse e passou a carta pra mim. Eu a peguei e comecei a rir.

Caros Harry, Rony e Hermione,
Aragogue morreu ontem à noite. Harry e Rony, vocês o conheceram e sabem como ele era especial. Hermione, eu sei que você teria gostado dele. Significaria muito para mim se vocês dessem uma passada aqui mais tarde para o enterro. Pretendo fazer isso ao crepúsculo, que era a hora do dia que ele mais gostava. Sei que é proibido saírem tão tarde, mas podem usar a Capa. Eu não pediria se pudesse enfrentar esse momento sozinho.
Hagrid

- Coitadinho, gente! A aranha de estimação dele morreu! Acho que deveriam ir... Só pra mostrar que se importam – eu caçoei e Hermione revirou os olhos.
- Você fala isso porque não foi você que quase foi comido por aquele bicho peludo! – Rony disse apavorado com a lembrança. Eu passei minhas unhas por sua bochecha e ele se apavorou e eu comecei a rir.
— E não é só isso — disse Hermione. — Ele está nos pedindo para sair do castelo à noite, sabendo que a segurança está mil vezes mais rigorosa e que nos meteríamos era uma baita encrenca se fôssemos apanhados.
— Já descemos para ver Hagrid à noite antes – Harry disse.
— Mas por um motivo desse? Já nos arriscamos muito para ajudar o Hagrid, afinal o Aragogue morreu. Se fosse uma questão de salvar a vida dele... – Hermione disse.
- Eu não vejo problema... Eu até iria, mas ele não me convidou... – eu disse e Harry deu uma risadinha – O que? Não é todo dia que você pode ir ao enterro de uma aranha gigante.
- Fica quieta, – Hermione disse e eu levantei minhas mãos em rendição.
- Eu teria ainda menos vontade de ir. Você não o conheceu, Hermione. Pode acreditar, morto ele deve estar bem melhor. – Rony disse apavorado. Harry guardou o bilhete no bolso.
- Harry, você não pode estar pensando em ir. Não tem o menor sentido pegar uma detenção por uma coisa dessas. – Hermione disse um pouco indignada. Eu não via problema nisso.
- É, sei disso. Presumo que o Hagrid vá ter de enterrar Aragogue sem a nossa presença. – Harry disse.
- Qual é, galera! – eu levantei – Harry, você pode usar a capa e dar uma passadinha lá. Hagrid vai ficar chateado com você. - Ele ficou quieto e Hermione me ignorou.
- Olhem, a aula de Poções vai estar quase vazia hoje à tarde, todos estaremos fazendo os testes... Aproveite para amaciar o Slughorn um pouco! – ela disse.
- Sorte na quinquagésima sétima vez, é isso? – Harry disse um pouco amargurado.
— Sorte. Harry, é isso aí: mude a sorte! – Rony disse exasperado e eu já entendi aonde ele queria chegar.
— Como assim?
— Use a sua poção da sorte!
— Rony, é isso... Isso aí! – Hermione disse espantada - Claro! Por que não pensei nisso antes?
- Felix Felicis? Não sei... Estava meio que guardando... – Harry disse ponderando.
— Para quê? – Rony disse incrédulo.
- Você só pode estar brincando, não é? – eu disse mais incrédula ainda.
— Que pode ser mais importante do que essa lembrança, Harry? — perguntou Hermione.

Harry ficou quieto e pareceu que ele ainda ponderava a decisão. Eu olhei para o colar em meu pescoço e meus pensamentos pairavam em Draco. Onde ele estaria o tempo todo? Provavelmente, fazendo alguma coisa em relação à missão. E a cada dia que passava, o aperto em meu peito aumentava. Eu sabia que isso não era coisa boa – ele era um Comensal. Nada seria coisa boa – e eu tinha certeza de que alguém sairia ferido disso. Pensando melhor, era melhor eu não vê-lo naquele dia.

- Bem, dizem que foi o Lobo Greyback — disse Hermione. Eu me lembrei do que eles estavam falando: O irmão mais novo das irmãs Montgomery havia sido atacado por um lobisomem e havia morrido. Triste.
- Eu sabia: o maníaco que gosta de atacar crianças, o Lupin me falou dele! – Harry disse indignado.
- Também já ouvi falar dele – eu me interei na conversa – Papai lutou com ele faz alguns anos. Ele disse que ele é realmente mal, não tem piedade nenhuma.
- Harry, você precisa obter aquela lembrança. Vai servir para paralisar o Voldemort, não é? Essas coisas horrendas que estão acontecendo são culpa dele... – Hermione disse, mas não conseguiu terminar a frase porque a sineta tocou e tínhamos que ir para o teste de Aparatação.
- Chegou a hora... – eu disse levantando e me espreguiçando. Isso seria moleza.
- Vocês vão se sair bem! – Harry disse enquanto andávamos para o Saguão – Boa Sorte!
- E pra você também! – Hermione gritou para ele.
- ... – Hermione me chamou – Você não está nervosa?
- Não – eu disse simplesmente – Pra falar a verdade, meus pais já estavam me ensinando sobre Aparatação antes de eu entrar em Hogwarts. Eles achavam que eu não iria entrar na escola e por isso não poderia fazer o curso.
- Seus pais são muito legais – Rony disse para mim enquanto andávamos.
- São mesmo. – e a saudade deles no meu peito aumentou.

O teste havia sido fácil. Eu e Hermione havíamos passado, mas por uma sobrancelha, Rony não passou. Ele estava bravo e enquanto voltávamos para o salão comunal eu percebi que Malfoy me aguardava no corredor. Rony o viu e revirou os olhos, como fazia toda vez.

- Tenho que ir... – eu disse para eles, correndo na direção de Malfoy.

Ele estava mais pálido naquele dia e seus olhos estavam sem o típico brilho. A missão não estava dando certo. Eu parei a poucos passos e o observei por inteiro.
- O que foi? – Draco perguntou rude e eu percebi que ele estava irritado.
- Só estou olhando o quanto você está péssimo. Pelo visto, o quer que esteja fazendo não está dando certo. – eu disse
- Você também? – Malfoy disse bravo colocando as mãos no bolso da calça. – Vai me criticar também?
- Não. Só estou falando o que eu vejo. – eu disse abaixando a cabeça. – Não precisava ser estúpido comigo.
- Tudo bem... – ele disse e eu senti seus braços me cercando. – Desculpa. - Tá tudo bem. – eu disse beijando seu pescoço. – Passei no teste de Aparatação.
- Parabéns – ele disse calmo sem mostrar nenhuma empolgação verdadeira – Sabia que iria conseguir.
- Obrigada, Malfoy – eu disse enquanto o abraçava mais forte – Você está comendo? Está dormindo direito? Você passou no teste também?
- Não precisa se preocupar comigo, eu estou bem, – ele disse e eu o encarei.
- Não, não está – eu disse mais séria – Não consigo ver você fazendo uma coisa que te destrói a cada dia.
- Não pensa nisso, tá? – ele disse roubando um beijo rápido e tentando me distrair, mas dessa vez ele não iria conseguir – É por pouco tempo, só até as coisas se ajeitarem.
- E quando as coisas se ajeitarem pra você, desmoronam pra mim. – eu disse séria e ele me olhou um pouco assustado – Eu não sou idiota, Draco. Eu sei que a sua missão envolve a Ordem.
- Eu não quero falar sobre isso. – ele disse sério se afastando de mim. Agora não tinha mais ninguém no corredor e ele não tinha como fugir das minhas perguntas.
- Você nunca quer falar sobre nada, não é? – eu disse irritada – Só você não enxerga que isso está fazendo mal a você! Olha bem pra você, Draco, você está morrendo aos poucos!
- Você não é ninguém pra falar da minha vida! – ele retrucou a altura – Você não sabe o que está acontecendo! Eu estou bem!
- Não mente pra mim e nem pra si mesmo! Você sabe que está fazendo a coisa errada por isso está desse jeito. – eu argumentei e percebi Malfoy revirar os olhos.
- Eu não posso simplesmente dar as costas! – ele falou mais alto – Você sabe que eu não posso. Eu não posso fugir disso, ! Dá pra entender?
- Eu não vou entender! – eu gritei com ele – Não posso suportar ver você afundando a cada dia. – E eu me esforçava pra segurar as lágrimas – Eu amo você e não é fácil te ver assim! Isso me machuca também, eu sei que você tem os seus motivos, mas o seu bem estar tinha que vir antes disso!
- E minha família? Fica como nisso tudo? Eu estou fazendo isso por eles. Isso você me entende! Eu sei que você faria tudo isso pela sua – ele veio até mim e me abraçou. Eu me deixei ser abraçada e puxei a boca dele em direção a minha. – Eu sinto muito, mas é minha família que está em jogo...
- Eu sei, Draco – eu o beijei mais uma vez numa tentativa de senti-lo perto de mim – Mas me dói ver você assim...
- Isso vai passar – ele disse me abraçando mais apertado.
- Promete? – eu perguntei ridiculamente, sabendo que ele não poderia cumprir isso. Agora a tendência era piorar.
- Prometo. – ele respondeu antes de atacar minha boca com a dele e me empurrar pra parede.

E toda discussão acabava assim: Com os lábios de Draco nos meus. O efeito que aquilo tinha em mim era poderoso. Eu sabia que acabaria me ferrando no final, mas não resistia a ele. Pra mim, apenas Malfoy importava. Somente ele. Toda a dor, toda a angústia ia embora quando eu sentia os lábios dele nos meus. Draco colocou as mãos em meu rosto enquanto me beijava e eu deixei minhas mãos em suas costas. Suguei sua língua de leve e ele desceu sua mão esquerda para minha cintura e deixou a direita em minha nuca. Puxou meu lábio inferior rompendo o beijo e desceu os lábios para o meu queixo dando pequenas mordidinhas no local e descendo o beijo para meu pescoço. Passou os lábios por ali, deixando uma fina camada de saliva, eu puxei sua cabeça pra cima e o beijei de novo dessa vez com mais voracidade. Precisava senti-lo, saber que Draco ainda estava lá. Ter essa certeza de que ele não era apenas um sonho ou uma lembrança. Ele apertou a lateral do meu corpo com as mãos e apertou meu seio esquerdo e em seguida colocou as mãos embaixo de minhas coxas e me puxou para cima para enlaçar minhas pernas em sua cintura. Sua intimidade encostou-se à minha sem intenção e seus lábios formaram um beijo muito mais intenso. Repeti o movimento e um gemido baixo escapou de seus lábios vermelhos que buscavam os meus com mais vontade. Comecei a beijar o pescoço de Malfoy e arranhei sua nuca, sentindo sua pele tremer embaixo dos meus dedos. Deixei minha mão em suas costas e ele apertou minha nádega direita por dentro da saia, eu gemi e senti seus dedos entrarem em minha calcinha já molhada.

- Draco... – eu o chamei abrindo os olhos e olhando o corredor – Alguém pode ver...
- Deixe que vejam – ele passou a mão em minha intimidade e eu respirei fundo.
- Draco, melhor não... – eu disse baixo, mas parei de falar quando senti seu dedo frio massagear meu clitóris. Soltei um gemido sôfrego e pude perceber que ele sorriu. – Para. – eu disse suplicante, mas sem querer que ele parasse.
- Tem certeza? – ele começou a massagear meu clitóris com mais rapidez e eu apertei seus ombros com força. – Eu posso parar...
- Cala a boca – eu disse colando meu corpo ainda mais no dele e dando um sorriso sacana. Arranhei sua nuca e o beijava enfurecidamente. Ele continuou o movimento e sem aviso prévio, me penetrou com seus dedos. Eu gemi um pouco mais alto.
- Não podemos chamar a atenção, – ele disse com a boca contra a minha.
- Vamos sair daqui... – eu disse suplicante. – Por favor, está me dando nervoso ver você com roupas ainda.
- É pra já... – Malfoy tirou os dedos de dentro de mim e pegou em minha mão, levando-me até um armário de vassouras.

Nem mal Draco fechou a porta, eu o empurrei contra a mesma e o beijei. Empurrei a capa dele para o chão e ele tirou a minha. Puxou minha camisa, fazendo os botões saírem pulando pelo chão. Ele tirou a própria camisa por cima e eu pude beijar aquele peitoral de marfim do jeito que eu queria. Minha fênix pegava fogo, mas ele não se importou quando me puxou pra ele e inverteu as posições, deixando-me com minhas costas em contato com seu peito nu e entrelaçando nossos dedos num abraço.

- Confia em mim? – ele disse abaixando minha saia junto com minhas meias.
- Confio. – eu disse completamente entregue a ele. Eu sabia o que ele iria fazer e eu queria também.

Eu estava em estado de êxtase e sentia meu corpo ter leves espasmos, assim como o de Draco, que tremia atrás de mim com os resquícios do orgasmo. Eu peguei os braços dele e o fiz me abraçar ainda mais forte. Ele beijou minha nuca, depois meu ombro e seguiu os beijos para meu braço. Eu sorri com o carinho. Eu me virei e o vi sorrindo. Adorava quando Draco sorria, ainda mais daquele jeito. Tirei os cabelos que estavam grudando de sua testa e fiquei na ponta do pé para deixar um beijinho ali. Ele sorriu com o carinho. Eu o abracei forte e senti suas mãos me abraçarem forte.

- Eu te amo, Draco. – eu disse baixinho no ouvido dele. Pude ouvi-lo suspirar.
- Eu te amo. – ele respondeu beijando a região abaixo de minha orelha. Eu o olhei e pude perceber que Malfoy estava com os olhos brilhando. O encarei por alguns segundos antes de sorrir. Ele era lindo. – Precisamos ir.
- Não quero. – eu disse e o abracei de novo. Comecei a beijar seu rosto diversas vezes. – Não quero me separar de você.
- Você não vai. – ele disse me puxando para mais um beijo. – E se um dia isso acontecer, a gente vai se achar de novo.
- Promete? – eu perguntei.
- Prometo. – ele disse sorrindo e eu o abracei de novo antes de nós começarmos a nos vestir.

Voltei para o salão comunal correndo. Estava com a camisa de Draco – já que a minha ele havia rasgado – e ele havia voltado com a capa fechada até o pescoço. Entrei correndo e subi as escadas. Os meninos já deveriam estar no jantar. Eu estava com o cheiro de Draco, mas guardei a camisa cuidadosamente em meu malão, não queria que o cheiro dele fosse embora. Coloquei uma outra camisa e desci a tempo de ver os meninos voltando. Disse a eles que iria comer alguma coisa e já subia de novo. Harry iria tomar a poção, queria estar lá. Comi rapidamente, mas não vi Malfoy no jantar. Ele deveria estar na Sala Precisa. Quando cheguei ao salão comunal, vi que eles não estavam em lugar nenhum. Subi para o dormitório dos meninos e os encontrei lá. Quando cheguei, Hermione examinava o frasquinho contra a luz e Harry sorria feito um retardado.

- O que foi? Harry tomou a poção? – eu entrei correndo no quarto.
- Tomou, mas tem alguma coisa errada – Rony disse me encarando. – Ele quer ir à cabana do Hagrid.
- Você está louco? – eu disse exasperada. – Você tem que descobrir a memória.
- Eu disse isso pra ele... – Hermione disse, mas Harry já pegava a capa e a vestia. Ele saiu do quarto, seguido de Hermione e Rony e quando eu estava fechando a porta, eu ouvi uma voz enfezada.

- Que é que você estava fazendo lá em cima com ela? – Lilá Brown apareceu e Rony começou a gaguejar.
- Nada...Lilá, na-na-nada – ele disse nervoso ficando da cor do cabelo.
- Ele estava comigo também. – eu disse mais alto aparecendo. – Sabe como é? A três é bem melhor... – eu passei a mão no braço de Rony bem devagar.
- O que? – ela disse indignada e Hermione segurou o riso.
- Estou brincando, Lilá – eu abracei Rony e ela me fuzilou com os olhos. – Estávamos apenas conversando, mas acho que quem precisa de conversa é você e o Ron. Vamos, Mione?
- Claro, ! – ela disse e Rony ficou ainda mais vermelho. Subimos para o quarto para conversar sobre qualquer coisa até dar o horário de dormir.

Em minha cama, ainda acordada depois de um dia cheio, não conseguia parar de pensar em Draco. Eu não imaginava minha vida sem ele, não entrava em minha cabeça um futuro próximo sem a presença dele. Malfoy já havia se tornado tudo pra mim e mais um pouco. Draco era o que eu sempre quis e eu estava disposta a enfrentar tudo por ele. E rapidamente minha cama pareceu extremamente vazia e fria sem tê-lo ali para me fazer dormir. Fechei meus olhos e com a visão do sorriso dele, adormeci.

Na aula de Feitiços do dia seguinte, Harry nos contou sobre a lembrança e sobre como conseguiu arrancá-la de Slughorn e eu estava impressionada com tudo, não tinha ideia do quão importante era aquilo tudo até Harry contar que a próxima missão para encontrar uma Horcrux, Dumbledore o levaria consigo.

— Uau — Rony disse quando Harry terminou de contar e ele estava com a varinha em direção ao teto sem prestar atenção no que estava fazendo. - Uau. Você vai realmente acompanhar Dumbledore... E tentar destruir... Uau.
— Rony, você está fazendo nevar – Hermione disse puxando o pulso de Rony e desviando a varinha do teto onde havia começado a nevar em cima de nós. Eu apenas observava tudo e limpei os flocos de neve que caíram em cima de mim. Lilá Brown olhava a cena com raiva e olhos vermelhos, e Hermione tirou o braço rapidamente de Rony.
— Ah, é —Rony disse surpreso — Desculpem... Parece que agora todos estamos com uma caspa horrível... – Ele tirou a neve dos ombros de Hermione e Lilá caiu no choro.
— Nós terminamos — Ele começou a dizer para Harry, mas alto o suficiente para eu e Hermione ouvir - Na noite passada. Quando me viu saindo do dormitório com a Hermione. Obviamente, ela não pôde ver você, então pensou que estávamos sozinhos. E ainda mais falando que com três é melhor...
— Ah — Harry disse e começou a rir. — Bem... Você não está ligando para isso, está?
— Não — Rony admitiu — Foi bem chato ouvir os gritos dela, mas pelo menos eu não precisei terminar.
— Covarde — disse Hermione mesmo parecendo que ela estivesse gostando disso - Bem, foi uma noite ruim para os namoros em geral. Gina e Dino também terminaram, Harry.
- Eu não! – eu disse e Hermione revirou os olhos
- Você estava mais ocupada em fazer outras coisas... – eu dei um tapa no braço dela e ela riu.
- Por quê? – Harry perguntou tentando parecer indiferente e eu segurei o riso.
— Ah, por uma coisa realmente boba... Gina falou que ele estava sempre querendo ajudar na hora de passar pelo buraco do retrato, como se ela não soubesse subir sozinha... Mas o namoro já estava balançando há um tempão.
- Isso é verdade – eu disse concordando – Eles não estavam bem – eu tentei fazer meu vinagre virar vinho, mas ele ainda não estava no ponto. Tentei mais uma vez e consegui. Olhei para o de Hermione – Consegui, Mione?
- Sim, só deixa eu arrumar um pouquinho – ela deu um agito na varinha e meu vinho agora estava da cor do dela.
- Claro que isto deixa você num dilema, não é? – Hermione disse.
— Como assim? — perguntou Harry imediatamente.
— A equipe de quadribol. Se Gina e Dino não estão se falando... – ela disse e eu segurei um riso.
— Ah... Ah, é — Harry disse concordando.
- Flitwick – Rony disse nos alertando e o pequeno professor caminhou em nossa direção para averiguar nossos balões de ensaio. Apenas eu e Hermione conseguimos transformar vinagre em vinho e o dos meninos ainda estavam péssimos.
— Vamos, vamos, rapazes – Flitwick disse com sua voz fininha - Menos conversa e um pouco mais de ação... Quero ver vocês experimentarem.
- Se ferraram, então... – eu disse e Hermione riu.

Os meninos ergueram as varinhas e se concentraram, mas não deu certo. O de Harry virou gelo e o de Rony explodiu. O professor Flitwick tirou os cacos de vidro do chapéu e disse:
- Então... Para casa, praticar!

Tivemos um período livre depois de feitiços e fomos para o salão comunal conversando. Rony, Hermione e eu conversávamos sobre qualquer coisa e Harry estava absorto em pensamentos. Passamos pelo buraco do retrato e tomamos um susto. Catia Bell estava no salão cercada de estudantes.

- Cátia! Você voltou! Você está o.k.? – Hermione disse e nós fomos até ela e a abraçamos.
— Estou realmente boa! - ela disse radiante— Eles me deram alta no St. Mungus na segunda-feira, passei uns dias em casa com meus pais e voltei para Hogwarts hoje de manhã. Liane acabou de me contar o que o McLaggen fez no último jogo, Harry...
— É, bem, agora que você já voltou e Rony está em forma, teremos uma chance decente de dar uma surra na Corvinal, o que significa que ainda poderíamos estar na disputa pela Copa. – Harry disse e deu um tempo, esperando alguns estudantes irem embora para a aula de Transfiguração - Escuta, Cátia, aquele colar... Você agora lembra quem lhe deu? – Meu estômago deu uma volta
-Não — disse Cátia, um pouco triste . — Todo o mundo está me perguntando, mas não faço a menor ideia. A última coisa de que me lembro é que entrei no banheiro feminino no Três Vassouras.
— Então, definitivamente, você entrou no banheiro? – perguntou Hermione.
— Bem, eu sei que abri a porta, então imagino que quem me lançou a Maldição Imperius estava parado ali atrás. Depois disso, minha memória apagou tudo até as duas últimas semanas no St. Mungus. Escutem, é melhor eu ir andando, a McGonagall é bem capaz de me passar uma frase de castigo, mesmo sendo o primeiro dia da minha volta...

Ela disse, pegou as coisas dela e saiu andando indo para a aula, e Hermione, os meninos e eu nos sentamos numa mesa perto da janela para, obviamente, conversar sobre o acidente de Cátia. E esse assunto sempre me deixava mal porque mesmo depois de tanto tempo, eu ainda acreditava que Draco pudesse estar envolvido.

— Então deve ter sido uma garota ou uma mulher quem deu o colar a Cátia - disse Hermione e eu agradeci por isso. — Para estar no banheiro feminino...
— Ou alguém com a aparência de uma garota ou de uma mulher. - disse Harry — Não esqueça que existe um caldeirão de Polissuco em Hogwarts. Sabemos que roubaram um pouco... Acho que vou tomar outra dose de Felix e fazer uma nova tentativa para entrar na Sala Precisa.
— Isto seria um completo desperdício de poção — Hermione disse para o meu alívio enquanto deixava na mesa um exemplar de Silabário de Spellman que acabara de tirar da mochila - A sorte só pode levar uma pessoa até certo ponto, Harry. A situação com Slughorn foi diferente; você sempre teve habilidade para convencer o professor, só precisou dar um empurrãozinho nas circunstâncias. Mas não basta sorte para você passar por um poderoso encantamento. Não gaste à toa o resto da sua poção! Vai precisar de toda a sorte que puder arranjar, se Dumbledore levar mesmo você com ele... — Ela sussurrou
— Será que não podíamos preparar mais um pouco? – Rony perguntou a Harry ignorando Hermione — Seria o máximo ter um estoque de poção... Dê uma olhada no livro...
- Caramba é a maior complicação – disse Harry passando os olhos pelo livro – e leva seis meses, é preciso deixar cozinhar em fogo lento...
- Mas pode ter sido uma mulher ainda – eu disse jogando alguma hipótese – Será que foi alguma Comensal?
- Eu duvido – Hermione disse – a região está protegida, não tem como ser alguém de fora.
- Isso vai demorar pra ser entendido... – eu disse encerrando o assunto e me levantando – Encontro vocês depois.

Procurei Draco pelo Castelo todo e o encontrei falando com Crabbe e Goyle baixo, parecia que algo havia acontecido de errado. Ele me viu e mandou os dois embora e caminhou até mim. Ao vê-lo caminhando em minha direção, minha mente desconfiada começou a trabalhar. Os acidentes da Cátia e do Rony deram errados porque ambos queriam atacar Dumbledore e se eu desconfiei de Draco quando soube do acidente de Dumbledore, com o da Cátia não seria diferente. Ele foi encostar em mim, mas eu já soltei a sentença.

- Me diz que não foi você que fez isso a Cátia Bell – eu disse arfando.
- O que? – ele disse surpreso – O que você está falando?
- O ataque a Catia Bell, o colar, o feitiço, por favor, me diz que você não fez aquilo...
- De onde você tirou isso? – ele disse um pouco bravo – Eu estava no Castelo fazendo minhas lições, você sabe disso.
- Mas quem me garante isso? – eu disse – Draco, isso é coisa de comensal da morte e o Snape não pode ser...
- Por que não? Por que não pode ser ele? – Draco disse bravo – Você não confia em mim?
- Eu confio, mas é que... – ele me cortou.
- Mas o que? Você me ofendeu agora, – ele disse bravo – Eu não faria isso.
- Talvez porque tenha dado errado – eu soltei sem querer e ele me olhou sério – Draco, eu juro por tudo o que você quiser, eu não vou contar pra ninguém, mas por favor me fala a verdade.
- Falar o que? Eu não fiz aquilo! – ele disse exasperado e totalmente nervoso.
- Não mente pra mim! – eu disse brava – Você era o único que poderia fazer uma coisa dessas, ainda mais usar um colar como aquele.
- MAS EU NÃO FIZ! – Ele gritou comigo – Eu estava fazendo as minhas lições, você sabe disso! E por que eu faria isso, ainda mais com a Catia Bell? Primeiro com o idiota do Weasley e agora com a Bell, tudo pra você é minha culpa, não é?
- Eu não sei, me responde você... - eu o encarei séria – Olha pra mim.
- Pra que? – ele disse bravo – Pra você me acusar de novo?
- Olha pra mim e jura que você não fez aquilo – eu o encarei suplicante – jura pra mim.
- Eu juro – ele me olhou nos olhos e eu tentei detectar algo em seu olhar, mas não consegui nada – Eu juro que eu não fiz aquilo.
- Tudo bem – eu disse e respirei fundo – Desculpa ter vindo desse jeito, mas é que eu vi a Catia e me bateu um aperto no coração e eu precisava saber que não havia sido você – eu sorri triste – Eu tinha que ter a certeza de que não havia sido você. Me desculpe, Draco...
- Tá tudo bem... – ele me puxou e me abraçou apertado – Eu te entendo...
- Eu... – eu não conseguia falar nada, tamanho era o alívio que inundava meu corpo – Me desculpe, tá?
- Não precisa se desculpar – ele disse e puxou meu rosto levemente colocando a mão em meu queixo – Eu te entendo, é normal você suspeitar. Ainda mais você que sempre quer saber de tudo... – ele deu um peteleco no meu nariz.
- Você não mentiria pra mim, não é? – eu soltei a frase e ele me olhou sério.
- Você sabe que eu preciso fazer isso, pra te proteger... – ele disse beijando minha testa – Se você souber de tudo...
- Eu sei, eu sei – eu o abracei ainda mais forte – Em relação ao seu “trabalho” – eu fiz aspas com os dedos no ar quando falei trabalho – eu não me importo, mas não minta pra mim em relação às outras pessoas. Isso é injusto.
- Tudo bem – ele me beijou calmamente, uma aluna do quarto ano passou e nos olhou estranho – Chega desse assunto.
- Tudo bem – eu sorri – Vamos fazer alguma coisa?
- Não dá, – ele me deu um sorriso triste – Sinto muito.
- Tudo bem – eu sorri – Pode ir.
- Nós nos encontramos amanhã, tudo bem? – ele me puxou pela cintura e me deu um selinho. – Até.

Eu disse e ele deu as costas pra mim, sumindo pelos corredores e me deixando parada ali. Respirei fundo e encarei o corredor vazio que me cercava. Draco Malfoy havia dito que não havia feito e só cabia a mim acreditar ou não. Porém, como eu não podia decidir, decidi jogar esse assunto para o fundo de minha mente e não dizer mais nada se fosse preciso para manter meu namorado perto. E eu faria qualquer coisa para que ele não fosse embora.

**********


Duas semanas haviam se passado desde que Cátia Bell havia voltado do hospital e tudo seguia num ritmo lento, mas melhorado. As coisas estavam normais, o time de quadribol estava finalmente em sua formação original e parecia que nada de ruim havia acontecido, as portas do final do campeonato e o jogo contra a Corvinal se aproximava cada vez mais. Cátia estava sendo a perfeita artilheira que era, Rony estava muito melhor na defesa, Harry estava radiante com os resultados e nem parecia que Gina havia passado por um término de relacionamento. Contudo, Draco estava piorando cada vez mais. Passava mais dias sumidos, a magreza pelos dias sem jantar já estava aparecendo e as olheiras estavam embaixo de seus olhos há tanto tempo que pareciam que jamais iriam sair de lá.

Em uma tentativa de fazer Malfoy ficar um pouco mais feliz e não deixar nossos laços afrouxarem, Draco e eu havíamos combinado de descer juntos para o jantar e lá estava eu na ponta da escada esperando o garoto loiro aparecer. Quando percebi que já estava no meio do jantar e Draco não havia aparecido fui até o banheiro do primeiro andar antes de descer para o jantar sozinha. Confesso que a raiva por ter sido deixada sozinha aos poucos tomava lugar dentro de mim, mas eu sabia que não deveria incomodar Malfoy com mais uma briga, tudo o que ele menos precisava era mais um problema para a sua lista. Terminei de usá-lo e quando estava lavando a mão, uma Murta-Que-Geme apareceu chorando alto e vindo até mim.

- O que aconteceu, Murta? – eu disse preocupada.
- Aconteceu algo no banheiro do sexto andar... – ela disse chorando.
- O que? Jogaram algum livro em você? – eu disse.
- Malfoy está machucado, Harry o acertou com um feitiço... – ela disse e eu entrei em pânico.

Rapidamente, fiz minhas pernas correrem e subi as escadas com pressa. Eu esbarrava em algumas pessoas que estavam subindo, elas reclamavam, mas eu não ligava, precisava chegar rápido até Draco. Eu tinha que chegar. Virei o corredor e vi a porta do banheiro escancarada. Respirei fundo e me preparei para o que viria a seguir.

O banheiro estava encharcado, havia água para todos os lados, eu entrei devagar e percebi a água recebendo uma coloração carmim. Sangue. Senti um gelo percorrer minha espinha e tomei um susto quando vi Draco caído no chão e Snape perto dele. Malfoy estava todo cortado e não conseguia respirar direito, a pele estava quase translúcida e os olhos estavam sem vida. Olhei ao redor e vi Harry parado olhando a cena horrorizado.

- Draco... – eu o chamei e os olhos azuis dele vieram em minha direção, eu corri até ele e me ajoelhei ao seu lado, colocando sua cabeça em meu colo. Eu me abaixei e beijei a testa dele – O que aconteceu aqui? Harry? - Harry não me disse nada, apenas abaixou a cabeça envergonhado. – O que você fez?
- ... – Draco disse e eu o olhei, meus olhos estavam cheios de lágrimas e uma delas caiu perto do olho de Draco.
- Estou aqui... – eu disse e olhei para Snape que murmurava uns encantamentos estranhos que eu não sabia entender – O que você está fazendo? – ele não me respondeu, fez isso uma terceira vez e Malfoy estava melhor, ele ajudou meu namorado a se levantar e me olhou.
- Me ajude aqui, – ele disse e eu passei um dos braços de Malfoy pelo meu ombro - Você precisa da ala hospitalar. Talvez fiquem muitas cicatrizes, mas, se tomar ditamno imediatamente, talvez possamos evitar até isso... Venha... – quando chegamos à porta, Snape disse numa voz fria - E você, Potter... Você espere por mim aqui.

Nós saímos e havia alguns estudantes passando por lá nos encarando assustados, Draco se apoiava em mim e quando viu um banco se sentou um pouco exausto.

- , leve o senhor Malfoy para a Ala Hospitalar, eu vou para lá assim que terminar aqui. – Snape disse e voltou para o banheiro. Eu não disse nada e encarei Draco sério.
- O que aconteceu? – eu perguntei preocupada e ele me olhou pálido.
- O idiota do Potter... – ele disse muito bravo – Ele me acertou com um feitiço das trevas.
- O Harry o que? – eu disse assustada – Um feitiço das trevas?
- Isso, , um feitiço das trevas – ele se olhou para ver os estragos e soltou um muxoxo de irritação – Eu vou matar o Potter...
- Depois você faz isso, nós vamos para a ala hospitalar agora, vem – eu disse e nós nos levantamos e fomos andando para a ala hospitalar.

Muitas pessoas nos olhavam, ainda mais por causa das nossas roupas molhadas e sujas de sangue e o trajeto até a ala hospitalar foi difícil. Draco tinha que parar algumas vezes e tentava ir sem a minha ajuda. Pansy Parkinson assim que nos viu correu até Draco.

- O que aconteceu com você? – ela disse preocupada – O que essa menina fez?
- Cala a boca e sai da minha frente – Draco disse e saiu me puxando.
- Ele foi acertado por um feitiço, Pansy – eu disse, mas Draco já puxava meu braço para voltarmos a andar.

Chegamos à ala hospitalar, Madame Pomfrey correu desesperada e veio até nós me ajudando a deixar Draco em uma das camas. Snape apareceu depois e explicou o que tinha acontecido e o que era preciso fazer, assim que ele saiu para falar com os professores, Madame Pomfrey começou a cuidar de Draco e passou o tal do ditamno nas cicatrizes, ela terminou, ditou algumas recomendações e se afastou. Eu olhei para Draco que apertou minha mão, eu não aguentei e comecei a chorar, ele foi um pouco para o lado da cama e eu me deitei ao seu lado.

- Não precisa chorar... – Draco disse baixo beijando o topo de minha cabeça – Eu estou bem...
- Eu fiquei tão preocupada... – eu disse entre soluços – Eu não sabia o que fazer, você estava sangrando...
- Eu sei, , mas está tudo bem agora – ele me abraçou ainda mais – Eu estou bem, não estou?
- Está... – eu disse e o olhei e ele beijou minha testa – Mas...
- Não tem, mas – ele disse me cortando – já passou, eu estou bem agora fica aqui comigo um pouco.

Eu me aconcheguei ainda mais nele e fiquei deitada ali em silêncio. Eu não sabia o que pensar de Harry naquele momento, só queria saber o que teria acontecido para ele ter que usar o feitiço em Draco. E por que Murta-Que-Geme foi desesperada me avisar.

- O que aconteceu para vocês brigarem? – eu perguntei baixinho.
- Não preciso de motivo para brigar com o Potter – ele disse e eu dei uma risada baixa – Não fala mais disso, por favor.
- Tudo bem – eu levantei um pouco minha cabeça e o beijei devagar – É melhor eu ir embora.
- Não, fica aqui – ele me abraçou mais forte e eu sorri – Só vai embora quando Madame Pomfrey vir.

Ficamos em silêncio e eu agora observava as cicatrizes no peito dele sumindo levemente. Senti Draco apertar minha cintura mais forte e eu respirei fundo. Então fomos interrompidos por uma Pansy nervosa. Ela entrou correndo e foi até o leito de Draco e quando me viu ficou furiosa.

- O que ela está fazendo aqui? – ela disse com um tom de nojo.
- Ela é minha namorada, você que não deveria estar aqui – Draco disse e eu me levantei da cama e fiquei em pé.
- Pansy – eu tentava ser educada com ela, mas meu sangue fervia ainda mais – vai embora, Draco está cansado e precisa descansar.
- Vai embora você! – Pansy disse gritando comigo e eu fechei os olhos com calma e os abri de novo, fui para perto de Draco e ele ficou fazendo um carinho na parte de trás da minha coxa e isso me acalmava. Pansy olhou aquele cena perplexa – Você não se encaixa na vida dele, eu sempre estive com ele!
- Mas ela é minha namorada e você não, agora vai embora – Draco disse rude e eu fiquei quieta.
- Mas, Draco... – ela disse perplexa e eu percebi seus olhos começaram a ficar encharcados.
- Já disse pra você ir embora. Quer saber o que aconteceu? Pergunta pra Madame Pomfrey.

Ela deu as costas, foi falar com Madame Pomfrey e depois foi embora, eu me sentei na cama perto de Draco e o olhei. Ele me encarou e pediu para eu fechar as cortinas ao lado da cama, eu fechei e me sentei de novo e respirei fundo. Ele levantou a parte de cima de seu corpo e me encarou chegando bem perto de mim, nossas bocas estavam quase perto uma da outra. Eu olhei para a boca dele e depois subi meu olhar para seus olhos e ele fazia a mesma coisa que eu. Draco encostou a boca dele na minha iniciando um beijo lento. Nossas línguas se acariciavam e o beijo ficou mais urgente, coloquei minhas mãos no pescoço de Draco e fui para mais perto dele, Malfoy colocou uma mão em minha cintura e com a outra segurava o peso do corpo. O beijo terminou e eu puxei o lábio de Draco para mim. Ele me puxou e nós deitamos de novo e ele me abraçou pela cintura. Eu respirei fundo e fechei os olhos.

- Você deve estar exausta... – ele disse – Pode dormir.
- Não posso ficar aqui – eu disse, mas senti uma moleza já que toda a adrenalina estava se dissipando e toda essa confusão foi perto do horário que eu geralmente dormia.
- Pode dormir e quando for pra você ir embora, eu te chamo – ele beijou o topo de minha cabeça e eu adormeci.

- ... – eu ouvi a voz de Draco e abri meus olhos – Você precisa ir agora, Madame Pomfrey apareceu aqui.
- Tá bom... – eu me sentei na cama e me espreguicei, Draco se levantou e beijou meu ombro – Amanhã eu venho.
- Sim, senhora – ele disse e eu sorri, ele beijou minha testa e eu me levantei – Obrigada por ter me ajudado.
- Não precisa agradecer, sei que você faria a mesma coisa por mim – eu sorri e ele correspondeu – Boa noite.
- Boa noite, .

Eu abri a cortina e fui andando para o salão comunal. Quando cheguei lá encontrei Hermione, Harry e Rony sentados nas poltronas. Eu não conseguia encarar Harry, não sabia o que tinha acontecido, por isso não podia julgá-lo facilmente, conhecia meu namorado o suficiente para saber que Malfoy não se comportou corretamente, mas mesmo assim, não podia evitar ficar decepcionado por Harry ter usado um feitiço tão perigoso. Tentei passar despercebida, mas não obtive sucesso.

- , espera! – Harry disse e veio até mim – Como Malfoy está?
- Ele está bem – eu disse simplesmente e me virei para ir embora, mas Potter segurou meu braço.
- Me desculpe, , eu não sabia o que era aquele feitiço... – ele tentou se explicar, mas eu o cortei.
- E você decidiu testar nele, não é? – eu disse chateada – Afinal, que se dane se ele se machucar, ele é o Draco mesmo.
- Eu não pensei isso... – ele disse, mas eu o cortei novamente.
- Por favor, Harry! Independente se fosse com o Draco ou não, é errado! É um feitiço de magia das trevas, não se deve usar com ninguém! Isso pode matar! – eu disse um pouco mais alto.
- Eu sei, , me desculpe! – ele suplicou mais uma vez.
- Eu não tenho que te desculpar de nada, Draco é que tem! – eu disse e me afastei – Eu preciso ir dormir.

Eu não falei com nenhum deles naquela noite e fui dormir exausta e totalmente preocupada. Harry havia conseguido aquilo no livro do príncipe, eu tinha certeza, mas não podia fazer nada para ajudar. Snape já deveria ter feito alguma coisa e por isso eu não iria interferir. Eu estava totalmente chateada com Harry por ele ter usado aquele feitiço, ainda mais em Draco e eu sabia que não conseguiria olhá-lo com os mesmo olhos depois daquilo.

O dia do jogo havia chegado, mas eu não estava com vontade nenhuma de ir por isso fui para a ala hospitalar ficar com Draco. Quando cheguei, ele havia acabado de terminar o café da manhã e deu um sorriso quando me viu.

- Bom dia! – eu disse e me sentei ao seu lado na cama e ele passou a mão em volta da minha cintura me dando um selinho.
- Bom dia! – ele disse me olhando – Não vai ao jogo?
- Eu não estou afim – eu disse roubando um gole do suco de abóbora que estava no copo dele. - Precisamos conversar.
- Estamos bem? – ele perguntou preocupado.
- Estamos, não é isso, tonto – eu disse tirando minha bolsa e colocando na cadeira – Mas eu preciso te perguntar uma coisa.
- Manda a ver – ele disse se acomodando melhor e eu me sentei e virei para ele.
- Harry não usou aquele feitiço à toa – eu disse – Você usou uma Maldição Imperdoável com ele, não é?
- ... – ele disse olhando para o lado.
- Eu não vou ficar brava, você já tentou usar comigo uma vez, eu só preciso saber. – eu expliquei.
- Usei. – ele disse me olhando sincero – Me desculpe, mas é que...
- Eu sei, eu sei – eu disse e sorri – Isso já passou, mas de qualquer forma, Snape já deu o castigo que Harry merece.
- O que? – ele perguntou enquanto eu me aconchegava nele.
- Está na detenção hoje, não vai poder jogar...
- Então, Grifinória pode perder o campeonato... – ele disse pensativo – Bom saber.
- Cala a boca – ele riu e me beijou.

Já era hora do almoço e Madame Pomfrey pediu para eu ir almoçar com os outros estudantes, eu me despedi de Draco e disse que voltaria a tarde. Olhei pela janela e o campo já estava vazio e eu subi para o salão comunal com certa ansiedade dentro de mim. Eu parei na frente do retrato da mulher gorda e respirei fundo. Disse a senha e ela abriu e automaticamente eu sorri quando olhei lá dentro. A sala estava um inferno, havia gritaria e muita comemoração. Grifinória havia ganhado. Olhei para o meio da multidão e Harry beijava Gina com vontade, eu comecei a rir e fui até eles. Encontrei Hermione e ela me abraçou com força, saí abraçando o pessoal e depois abracei Gina e Harry que me olhavam com um pouco de vergonha e saíram juntos para fora do salão.
Depois Rony e Hermione me contaram como foi o jogo e eu comemorei bastante, mas voltei para a ala hospitalar e quando cheguei Draco estava com uma cara de tédio.

- Ganhamos! – eu gritei e corri até ele e o abracei – Grifinória ganhou o campeonato!
- Ganhou? – ele disse um pouco decepcionado e eu ri – Ano que vem, vai ser Sonserina.
- Eu duvido... – eu desdenhei e ele riu. Eu levantei e fechei a cortina que tinha em volta da cama e fui até ele e me sentei na beirada da cama – Você está melhor? Está com cicatriz?
- Algumas, mas por que você fechou a cortina? – ele disse um pouco inocente e eu revirei os olhos e me inclinei para beijá-lo.

Eu engatinhei até ele e fiquei ao seu lado, o beijando bem devagar. Draco colocou as mãos na minha cintura e me virou ficando por cima de mim, me deitando ao lado dele. Nosso beijo era bem devagar e Draco colocou a mão em meu seio por cima da blusa, massageando-o devagar e eu respirei fundo.

- Draco... – eu o chamei enquanto ele beijava meu queixo – Aqui na enfermaria não, Madame Pomfrey está ali do lado.
- Isso não torna tudo mais excitante? – ele me beijou de novo e colocou a mão por dentro da minha blusa e fez um carinho na minha barriga e veio para cima de mim e eu prendi minhas pernas em sua cintura.
- Você tem que parar de ser tão tarado... – eu disse e ele riu em seguida beijou meu pescoço.
- Faz duas semanas desde a última vez... – ele disse e voltou a me beijar. – Duvido que você não queira...
- Eu quero, mas não aqui, um gemido a mais e madame Pomfrey vem aqui... – eu o beijei e ele riu – Tô falando sério.
- Tá bom, ta bom – ele disse e saiu de cima de mim e eu ri – Mas quando eu sair daqui...
- Eu sei – eu disse e ele riu – Sala Precisa.
- Ou outro lugar – ele disse entrelaçando nossas mãos – Quando isso acabar, você pode ir na minha casa, conhecer meus pais... – ele disse olhando para baixo e eu percebi que Malfoy estava com vergonha. Ele sempre ficava quando expressava seus pensamentos – Eu já conheci os seus, você precisa conhecer os meus também. Bem, você conheceu minha mãe, mas foi muito rápido e eu juro que ela é mais simpática do que demonstrou.
- Eu adoraria – eu sorri e o beijei mais uma vez naquele dia.

Draco teve alta naquele mesmo dia e nós saímos da enfermaria de mãos dadas. O único som ouvido eram dos nossos pés em contato com o chão de pedra dos corredores. Olhei para nossas mãos juntas e sorri, ele me viu sorrindo e logo tratou de perguntar:

- Por que você está sorrindo?
- Eu jamais poderia imaginar que eu passaria por tanta coisa desde que cheguei aqui – eu olhei nossas mãos de novo – E nem que eu namoraria alguém.
- Por que não? – ele perguntou nos parando e abraçando minha cintura.
- Porque eu sou diferente. – eu o olhei e coloquei meus dedos em seu queixo – Ninguém gosta do diferente.
- Eu gosto – ele me deu um sorriso – E, bem, mesmo se nós tivéssemos tentado, não poderíamos ficar separados, lembra?
- A ligação mágica... – eu disse e o abracei sentindo o cheiro que emanava da pele do pescoço dele – Você me aceitou do jeito que eu sou.
- E você me aceitou do jeito que eu sou – ele disse me olhando e me dando um selinho – Mas chega dessa enrolação, eu preciso ir.
- Pra onde? – eu perguntei roubando um selinho dele.
- Pra onde... Pra Sonserina, oras – ele disse como algo óbvio – E você precisa ir pra Grifinória
- Eu sei, mas é que o dia foi tão bom hoje e eu queria ficar mais tempo com você – eu sorri envergonhada.
- Eu também queria. – ele disse sincero e me dando um sorriso triste – Eu queria muito. – ele abaixou a cabeça – Eu te amo.
- Eu te amo também. – eu disse e o beijei devagar – Até amanhã.
- Até. – nós nos separamos e fomos para direções opostas, eu olhei para trás e Draco ainda estava parado no mesmo lugar.
- O que foi? – eu perguntei e ele veio correndo até mim e me beijou com força.

Não havia ninguém no corredor a não ser eu e ele. O céu já estava adquirindo um tom alaranjado e o sol já estava indo embora. Nenhum sinal de Pirraça, professores ou alunos. E, novamente, éramos apenas nós dois. Draco agarrou minha cintura com força e eu estava um pouco surpresa com a reação dele e depois de alguns segundos, caí em mim e coloquei minhas mãos em seus ombros, ele tirou as mãos da minha cintura e colocou no meu pescoço e continuou a me beijar, minhas mãos foram para a cintura dele e quando não tínhamos mais fôlego, Draco finalizou o beijo com um selinho. Beijou todo o meu rosto e me deu um último selinho longo. Nossas testas ficaram encostadas uma na outra.

- Promete que vai se cuidar... – ele disse baixinho e eu percebi sua voz um pouco embargada – Promete, por favor...
- Eu prometo – eu afirmei – Mas amor, o que houve?
- Só me promete que vai se cuidar, que você vai ser forte – ele sentenciava tudo e eu comecei a me assustar – E nunca se esqueça que eu te amo muito, ok?
- Ok – eu abri meus olhos e ele abriu também, nossas mãos se entrelaçaram e nossos olhos estavam conectados. Eu não conseguia parar de encará-lo. – Me promete que você vai se cuidar?
- Eu prometo – ele disse e depois me soltou – Agora vai pra sua Casa.
- Tá – eu disse meio confusa, ele fez essa cena toda e depois encerrou o assunto sem dar nenhuma explicação.

Eu dei um último sorriso pra ele e voltei a andar, eu olhei para trás e Draco ainda estava parado me olhando. Tentei detectar alguma coisa em seu olhar, mas não consegui. Ele sempre fora um mistério pra mim, eu o encarei uma última vez antes de virar o corredor e voltar para a minha Casa. Olhei o pôr-do-sol e senti dentro de mim uma sensação estranha, uma sensação como se algo estivesse acabando, busquei o sorriso de Draco em meus pensamentos e senti a sensação novamente. Algo em mim sabia que algo aconteceria naquela noite e o que iria acontecer mudaria drasticamente o rumo de minha vida.


Capítulo 19: Is someone getting the best the best of you?

(música 1 música 2 música 3)

Voltei para o Salão Comunal ainda mais confusa e com aquela maldita sensação dentro de mim. Quando cheguei encontrei Rony, Hermione, Harry e Gina sentados juntos. Hermione me encarou e eu me sentei ao seu lado.

- Você está bem? – ela perguntou e eu olhei para as outras três pessoas ao meu lado, que me olhavam preocupados.
- Sim – eu disse sorrindo – Vocês estão falando de que?
- Sobre as tatuagens do Harry – Gina disse e eu sorri.
- Tatuagens? – eu disse – Garanto que não é igual a minha...
- Saí daqui, – Gina disse e eu ri.
- O que? É apenas uma fênix... – eu disse.
- Uma fênix gigante, você quer dizer – Hermione disse.
- Eu nunca vi – Rony disse.
- E nem daria – eu disse – Mas olha só a cauda.

Eu fiquei em pé e levantei minha blusa um pouco, de modo que deu para ver apenas um pedaço pequeno, eu abaixei minha blusa e me sentei.

- Uau – Rony disse – é muito grande...
- Pega minhas costas inteiras, eu fiz faz um ano – eu disse – É pra cobrir umas cicatrizes.
- Cicatriz? – Rony disse.
- Sim, lembra que eu contei que Comensais me atacaram? Belatrix Lestrange ateou fogo em mim e ficaram algumas cicatrizes.
- Uau – Rony disse de novo e eu ri – Harry, você ainda tem uma detenção com Snape nesse sábado?
- Tenho, e no sábado seguinte e no sábado depois do sábado seguinte – respondeu Harry – E agora ele anda insinuando que, se eu não terminar todas as caixas até o fim do trimestre, continuaremos no próximo ano.
- Triste por você – eu disse – A única detenção que eu peguei esse ano foi de limpar troféus.
- E se deu bem, não é? – Gina disse e eu ri. Ia revidar, mas Jaquito Peakes apareceu no meio da conversa e entregou um rolinho de pergaminho para Harry.
- Obrigado, Jaquito... Ei, é do Dumbledore! – disse Harry empolgado e abrindo o pergaminho — Ele quer que eu vá ao escritório dele o mais rápido que puder! - Então vai logo! – eu disse.
- Caramba – Rony disse baixinho . — Você supõe que... Será que ele achou...?
— É melhor ir ver, não é? — disse Harry saindo correndo e passando pelo buraco do retrato.
- E lá vai ele de novo... – eu disse – Será que dessa vez eles conseguem?
- Acho que sim – Hermione disse – Dumbledore é muito bom nessas coisas, tenho certeza de que ele sabe o que está fazendo.
- Eu sei, confio nele, mas ainda bate a dúvida – eu completei – Estamos falando de Você-Sabe-Quem, certo? Ele é imprevisível...
- E totalmente mal – Rony disse – Onde você estava?
- Com Draco – eu disse e vi a cara que Rony fez – Ele recebeu alta hoje.
- Ele foi para a Sonserina? – Hermione perguntou
- Disse que foi, mas eu dúvido – eu senti aquela agonia de novo – Ele estava estranho.
- Estranho como? – Rony perguntou.
- Falou umas coisas estranhas – e eu revivi os momentos anteriores novamente – Mas deixa pra lá.
- Gente, eu preciso ir – Gina se levantou – Falo com vocês depois.
- O que acha que vai acontecer? – eu perguntei para eles, descansando minha cabeça em meus braços na mesa.
- Em relação ao que? – Hermione perguntou.
- Se Dumbledore e Harry acharem o que eles estão procurando. – eu disse explicando.
- Vai ser um passo a menos para acabar com Você-Sabe-Quem – Rony disse meio óbvio – E depois...
- Exatamente, nós não sabemos o depois – eu disse agoniada – E se algo der errado?
- Para de pensar nisso, – Hermione disse – Nós temos que contar que vai dar certo.
- Temos que ser realistas, Mione – eu disse – Saber o que pode acontecer se algo não sair como planejado.
- Mas nós não temos como prever o futuro – Mione disse – Pare de sofrer por antecipação.
- Eu só estou nervosa – eu disse – Não gostei do que Draco falou pra mim, sei lá, foi muito estranho.
- Isso é paranoia da sua cabeça – Mione disse – Agora senta aí, relaxa e me explica sobre as Ligações Mágicas.
- Ligações Mágicas? – Rony se manifestou – O que são isso?
- São ligações que ocorrem entre duas pessoas por meio da magia – eu expliquei – Podem ocorrer com qualquer pessoa, mas a chance é maior se alguém da família tiver. E meus pais são ligados e, bem, Draco e eu também.
- Como assim? – Rony disse ainda confuso.
- A minha compatibilidade mágica com Draco é muito grande – eu dei uma pausa – Ou seja, ele não é capaz de me machucar, a varinha dele não obedece. E, bem, nem a minha. Isso faz com que a magia fique mais forte, se agirmos juntos nosso poder, nosso nível de magia é muito maior.
- Nossa, eu nunca tinha ouvido falar disso – Rony disse – Mas como você descobriu?
- Dumbledore me contou, ele me explicou depois de Snape entrar em minha mente e vasculhar cada lembrança minha.
- Quando ocorreu isso? – Hermione disse horrorizada – E por que você não nos contou?
- Eu esqueci – eu disse a primeira coisa que me veio à cabeça. Na verdade, não sabia se poderia contar e como o ano estava acabando, achei que não teria problema – Eu acabei esquecendo, mas agora vocês sabem.
- E você permitiu? – Hermione disse – Isso é desumano, isso é uma coisa totalmente particular!
- Eu sei, Mione, mas se caso ele nunca tivesse feito isso, eu não saberia que estou ligado a Draco – eu disse – Mas isso já foi, eu nem me importo mais.
- Mas deveria! – ela disse e eu revirei os olhos – Isso é total invasão de privacidade!
- Tudo bem, Hermione! – eu disse – Isso já passou, fica calma.
- Não sei como você consegue... – ela disse um pouco perplexa e Rony riu.

Fomos cortados por um Harry entrando correndo no salão comunal.

- Que é que o Dumbledore quer? – Hermione perguntou quando ele chegou perto — Harry, você está o.k.?
— Estou ótimo – ele respondeu, mas subiu correndo e não explicou muito. Rony, Hermione e eu nos levantamos e fomos segui-lo, mas ele já havia descido e nos parou ainda mais afobado.

— Não tenho muito tempo — disse Harry — Dumbledore acha que estou só apanhando a Capa da Invisibilidade, escutem... – ele explicou brevemente o que iria acontecer e onde ele estava indo. Hermione ficou um pouco horrorizada, mas ele não parou de falar um segundo - ... Estão entendendo o que isto significa? Dumbledore não estará aqui hoje à noite, portanto Malfoy estará livre para tentar o que quer que esteja tramando. Não, me escutem! – eu abaixei a cabeça e Hermione e Rony tentaram falar alguma coisa, mas ele os cortou - Sei que era o Malfoy comemorando na Sala Precisa. Tomem... – minhas suspeitas estavam certas e uma vontade de chorar invadiu meu ser. Ele entregou um pergaminho velho para Hermione - Vocês têm de vigiá-lo e têm de vigiar Snape também. Usem quem puderem reunir da AD. Hermione, aqueles galeões de contato ainda estão funcionando, certo? Dumbledore diz que instalou proteção adicional na escola, mas, se Snape estiver envolvido, ele saberá qual foi a proteção e como evitá-la... Mas ele não estará esperando que vocês estejam de guarda, não é?
- Harry... – Hermione tentou falar alguma coisa, mas foi cortada novamente.
- Não tenho tempo para discutir – Harry a cortou - Tome isto também... — Ele empurrou um par de meias nas mãos de Rony.
— Obrigado — disse Rony. — Ah... Para que preciso de meias?
— Precisa do que está embrulhado nelas, é a Felix Felicis. Dividam entre vocês e a Gina também. Se despeçam dela por mim. É melhor eu ir, Dumbledore está me esperando...
— Não! – Hermione disse, assim que Rony desembrulhou o frasquinho das meias - Não queremos a poção, leve com você, quem sabe o que irá enfrentar.
- Estarei bem, estarei com o Dumbledore — disse Harry. — Quero ter certeza de que vocês estejam o.k... Não me olhe assim, Hermione, vejo vocês mais tarde...

E como chegou, ele foi embora: com pressa. Nós nos encaramos ainda muito perplexos para falar alguma coisa. Assim que o estado de pânico passou, resolvemos nos mexer.

- Tá legal – Hermione começou – Vou reunir as meninas da AD e chamar a Gina, Rony chame os meninos que encontrar e vigie Malfoy e Snape no Mapa, eu e voltamos já.

Hermione me puxou e subimos para os dormitórios e encontramos Gina fazendo uns deveres. Hermione contou brevemente o que havia acontecido e pediu para mim e Gina procurar as meninas pela escola. Depois de um tempo, apenas Hermione, Gina, Rony, Neville e eu estávamos reunidos.

- Apenas isso da AD? – eu perguntei, eles haviam me contado sobre o grupo. Neville meneou com a cabeça.
- Nós não achamos Malfoy – Rony disse e rapidamente todos olharam para mim.
- Eu sei onde ele está – eu disse mandando meu coração para o inferno – Sala Precisa.
- Vamos tomar a Felix antes – Hermione disse e abriu o frasco, deu um gole e passou pra mim, eu dei um gole e assim foi Gina, Rony e Neville – Sentiram alguma coisa?
- Eu preciso ir para a Sala Precisa – eu disse saindo andando – O procurem pelo resto do castelo só para ter certeza e assim que terminarem subam para o sétimo andar, ouviram?
- Ouvimos.– Rony disse e puxou Gina e Neville – Hermione procure a Luna!
- Pode deixar, nós vamos para o escritório do Snape! – ela disse e nós sairmos correndo. (n/a:coloque a música 1 para tocar)

Eu não sentia minhas pernas direito e já estava ofegante mas, por algum motivo, eu não parava de subir as escadas rumo ao sétimo andar. A poção me fazia querer agir, mas a sensação de medo e receio ainda estava lá. Ela me daria sorte para eu sobreviver, mas controlar minhas emoções... Era impossível. Eu já sentia a facada que eu iria levar em minhas costas e nada me impediria disso.
Talvez o erro tivesse sido completamente meu, eu jamais deveria ter deixado Draco entrar em minha vida, jamais deveria ter o amado tanto, mas naquele momento, enquanto eu corria e algumas lágrimas já queriam sair dos meus olhos, era tarde demais para me lamentar ou querer mudar o passado.
Talvez o erro tenha sido eu o amar demais, sem medir as consequências, ter ignorado os avisos de perigo, ter me jogado de cabeça em algo que no fundo eu sabia que eu iria sair machucada. Era como pular de um penhasco enorme, a beira de um mar turbulento. A queda é perfeita, o vento batendo no rosto, a sensação de liberdade, mas só lembramo-nos das pedras que existem no fundo quando estamos prestes a bater nelas.
E cada vez mais, minhas memórias me torturavam, esfregando na minha cara cada momento que eu já havia passado com ele. E o pior era ver que eu era a culpada de tudo aquilo. Eu era a responsável por toda a dor que eu estava sentindo e nada poderia aliviar esse fardo.
Eu tentei de todas as formas fazê-lo mudar de ideia, mas fracassei e agora eu me sentia dez vezes mais culpada.
Um nó na boca do estômago me indicava de que eu estava prestes a chorar, mas eu tentava com toda a força que eu possuía dentro do meu ser não deixá-las cair, mas quando elas eram demais, de modo que eu não enxergava um palmo a minha frente, eu as liberei e elas caíram como cachoeiras pelos meus olhos.
Com muita dificuldade, cheguei ao sétimo andar e ele estava completamente vazio. O silêncio pairava ali e a única coisa que eu ouvia era meu coração pulsando nos meus ouvidos. Enxuguei as lágrimas com as costas da mão e passei a observar o lugar onde a porta se materializava.
Respirei fundo umas centenas de vezes e me sentei escondida atrás de uma armadura e fiquei ali parada com as pernas encolhidas, cabeça baixa e ali finalmente eu chorei.
Chorei por saber que aquilo seria o fim e talvez uma das coisas mais preciosas fosse arrancada de mim sem pudor nenhum. Repassei a despedida no corredor e agora eu podia detectar que ele estava falando a verdade. Ele me fez prometer que eu seria forte e que eu iria me cuidar porque tudo isso já estava premeditado e ele havia feito a escolha dele. Voldemort havia ganhado, ele finalmente havia ganhado.
Comecei a soluçar alto e não me importava se alguém chegasse ali ou se eu morresse, a dor que eu sentia era insuportável e devido a minha condição “excepcional” eu sentia isso, três vezes mais forte do que um ser humano normal. Tentei puxar o ar normalmente, mas não consegui. As lágrimas já haviam lavado meu rosto e pescoço e eu não enxergava nada em minha frente.
Olhei novamente para a parede e me lembrei de tudo o que havia acontecido entre Draco e eu. O colar ainda estava em meu pescoço e agora pesava feito chumbo, mirei na parede e a imagem animada apareceu. Draco e eu sorrindo um do lado do outro na Sala Precisa, no dia em que eu achei a máquina. Sorri com a lembrança e automaticamente comecei a chorar, porque aquilo era terrível demais, agonizante demais. Agora, cada momento bom, ficaria no passado apenas como uma lembrança de algo que estava completamente arruinado, algo que eu sabia dentro de mim que não teria volta. Continuei apertando o colar seguidamente e tentava apagar a marca que Malfoy havia deixado em mim. Porque eu também estava marcada, agora mais do que nunca.
Eu tentava odiá-lo, tentava lembrar o rosto dele e me fazer sentir dor, mas eu não conseguia, cada memória boa que eu tinha dele fazia questão em queimar em minha mente e eu não conseguia odiá-lo. E nem poderia, o amor que eu sentia por ele era tão grande que eu poderia tocar, era intenso demais, queimava demais, crescia arrasando tudo dentro de mim e eu não poderia lutar contra isso. Era como ele havia dito e eu havia chegado a essa conclusão: Amor que queimava ao ponto de machucar e como sempre eu saía machucada, mutilada, queimada.
Eu havia sido a parte que Draco não escolheu, a parte que ele abdicou para seguir ordens e ele não estava arrependido disso. Malfoy havia feito a escolha dele e era hora de eu fazer a minha.
Eu iria lutar, mesmo sem forças nenhuma, eu iria até o inferno para defender os que me restavam, se o amor havia sido arrancado de mim, ao menos as amizades eu teria que manter. Eu não deixaria que nenhum Comensal de merda machucassem meus amigos.

Ouvi passos e levantei minha varinha e saí de trás da estátua e respirei fundo. Encostei-me à parede no corredor e assim que a figura virou a esquina, eu abaixei a varinha. Era Neville.

- Neville – eu suspirei aliviada – Quase te acertei com um feitiço.
- Desculpe, – ele disse – Eu vim correndo para cá, não achei Malfoy em lugar nenhum.
- Ele está aqui dentro – eu apontei para a parede – Eu sei que ele está. Ele estava construindo aquele armário novamente. Harry disse que ele havia terminado – eu tentava a todo custo segurar as lágrimas ao falar o nome dele – Ele está aí dentro.
- Vamos esperar – Neville disse e foi para a outra ponta do corredor – Nós nunca conversamos muito, não é?
- Verdade – eu dei um sorriso triste – Nunca tivemos oportunidades, mas agora temos uma.
- Pois é – ele disse – Você acha que vai dar tudo certo? Quero dizer, nós tomamos a poção, mas... E se der errado?
- Ao menos nós tentamos, Neville – eu dei um sorriso triste – Agora vamos parar de falar porque eles podem ouvir de dentro da sala.
- Tudo bem – ele disse e ficou em silêncio.

Ouvimos passos e preparamos nossas varinhas, olhei para o corredor central e Gina e Rony vinham correndo. Eu sinalizei para Neville abaixar a varinha e ele assim o fez. Gina e Rony vieram em nossa direção.

- Não o achamos – Gina disse – Ele está aí dentro.
- Eu sei – eu disse – Só precisamos esperar.
- , você está bem? – ouvi Gina perguntar e a olhei – Você pode ir embora se você quiser...
- Eu estou bem, Gina – eu disse secamente – E eu não vou deixar vocês.
- , eu estou falando sério – Gina repetiu – Não quero que você seja forçada a passar por isso.
- Já disse que estou bem – eu disse ainda mais friamente, sentindo meu coração se endurecer a cada segundo que passava.

O silêncio predominou, as vozes cessaram e meus soluços estavam contido em minha garganta, mas lágrimas molhavam meu rosto e eu, como uma idiota que sou, torcia para ser um engano, torcia para que Draco não estivesse fazendo nada. Nós nos sentamos no chão e nos pusemos a esperar. Depois de um tempo que eu não contei, a porta começou a se formar novamente e eu empunhei minha varinha e mirei para a porta. Respirei fundo e a porta se abriu e Draco apareceu.
Ele me olhou e paralisou no lugar onde estava, uma lágrima caiu do meu olho e seguida de outra e mais outra e ele ainda estava me olhando. Olhei para os lados e percebi vários Comensais, Draco pareceu acordar, me olhou mais uma vez e liberou alguma coisa no ar.
Rapidamente tudo ficou escuro e o ar ficou cheio de um pó, eu não conseguia enxergar nada, tentei procurar Gina ou os meninos, mas não vi nada. Olhei Draco e ele vinha em minha direção e iluminando a frente com uma luz que saía de seu braço, era a Sua Mão da Glória, ele saiu, veio em minha direção e me empurrou para o lado com força me fazendo cair e então eu senti vultos passando perto de mim, não me mexi ou fiz barulho algum. Não poderia usar minha varinha porque corria o risco de acertar um dos meus, mas a adrenalina estava fazendo minha mão coçar para fazer isso. Levantei e comecei a tatear para sair daquela penumbra, percebi alguém gritando Lumus, mas nada adiantou, saí correndo as cegas e assim que saí e pude ver a luz das tochas de novo caí no chão exausta de tanto procurar. Gina apareceu logo em seguida e depois Rony e por último Neville.

- Estão todos bem? – eu perguntei e eles afirmaram – Vamos!

Eu gritei e começamos a correr, viramos um corredor e encontramos Lupin, Tonks e Gui em um corredor.

- O que aconteceu? – Lupin perguntou afobado – Onde vocês estavam?
- Comensais aqui no castelo – eu disse tentando normalizar minha respiração – Eles estão aqui e...

Eu fui cortada por Lupin que se lançou em minha frente e eu vi uma luz laranja passar por cima de minha cabeça. Olhei para trás e Comensais viam em nossa direção, olhei para eles e gritei:

- Everte Statum!

O feitiço atingiu um Comensal e ele saiu girando, a luta começou e fagulhas de diferentes cores saíam das varinhas. Belatrix me olhou e deu aquele sorriso de escárnio e eu mirei nela:

- Estupefaça!

Ela usou o Protego e o feitiço ricocheteou e acertou uma das paredes. A luta era violenta e os Comensais se dispersaram, um deles saiu correndo e pegou o caminho para a Torre de Astronomia. Comecei a lançar todo o feitiço que me lembrava. Mirei um deles e gritei:

- REDUCTO!

Mas eles desviaram e eu percebi que estávamos em desvantagem, todos continuavam a atacar, quando aquele Comensal que havia ido embora voltou e lançou uma maldição fatal em Lupin, mas ele desviou. Gina duelava com um Comensal e então tudo aconteceu muito rápido. Greyback,o lobo, atacou Gui na face e ele caiu no chão banhado em sangue, percebi que alguns Comensais estavam indo embora e me dispôs a segui-los, assim que passei, um deles lançou um feitiço na passagem, eles saíram subindo as escadarias da torre e eu esperei, Neville tentou vir comigo, mas ele bateu na barreira e voltou caindo no chão, Gina tomou um feitiço de um Comensal grandão e caiu no chão ficando desacordada. Saí correndo e os ouvi subindo as escadas para a torre e fiquei atrás em silêncio, todos eles subiram e eu me escondi atrás de algumas caixas que haviam lá e me abaixei. Murmurei Abbafiato e agora eles não podiam ouvir qualquer barulho que eu fizesse, os comensais então desceram e deixaram Draco sozinho. Olhei para o teto acima de mim e era o chão da parte de cima da Torre e pude perceber Harry e Dumbledore parados falando alguma coisa. Olhei para baixo e Draco subia as escadas sorrateiramente. Um barulho estranho surgiu e eu tentei ouvir melhor, controlando o pânico dentro de mim. Um chiados e uma luz forte e quente vinham da escada e Draco praguejava. Levantei meu olhar e Fawkes fazia o que eu não tive coragem de fazer: Atacar Draco.
Eu queria gritar que ele estava subindo, meus olhos arderam e eu comecei a chorar, mas eu fiquei sem voz e entrei em pânico. Eu estava paralisada no lugar, sem voz e não podia fazer nada. Dumbledore olhou para baixo e pareceu que ele sabia que eu estava ali, pois ele olhou justamente em minha direção e no exato momento eu me senti paralisada, como se algo estivesse me bloqueando. Dumbledore não só sabia que eu estava ali como também lançou um feitiço paralisante em mim assim como fez com Harry. Jogou a capa em cima do menino e assim que o fez, Draco já havia subido e gritado:

- Expelliarmus!

Dumbledore foi desarmado e agora eu e Harry éramos apenas testemunhas do que iria acontecer e eu tinha quase certeza de que não seria uma coisa boa.

- Boa noite, Draco. – Dumbledore disse sendo cortês e Draco olhou para os lados para verificar se estava sozinho.
- Quem mais está aqui? – Draco perguntou um pouco paranoico
- Uma pergunta que eu poderia fazer a você. Ou está agindo sozinho? – Dumbledore perguntou calmamente.
- Não – respondeu Draco - Tenho apoio. Há Comensais da Morte em sua escola esta noite.
— Bom, bom – Dumbledore comentou com uma calma e simplicidade de cotidiano - De fato muito bom. Você encontrou um meio de trazê-los para dentro, foi?
- Foi – Respondeu Draco um pouco ofegante - Bem debaixo do seu nariz, e o senhor nem percebeu!
- Engenhoso. Contudo... Me perdoe... Onde estão eles? Você parece indefeso.
- Eles encontraram uma parte de sua guarda. Estão lutando lá embaixo. Não vão demorar... Eu vim na frente. Tenho... Tenho uma tarefa a fazer.
- Bem, então, não deve se deter, faça-a, meu caro rapaz – Dumbledore respondeu baixinho.

E eu respirei fundo, torcendo para que Draco não fizesse o que eu estava pensando que ele iria fazer. Então, toda a missão era essa, trazer os Comensais para dentro do castelo e matar Dumbledore. E eu estava certa desde o começo, todas as minhas suspeitas, que por meses eu ignorei, agora eram confirmadas e cada vez mais a culpa me dominava. Eu poderia tê-lo parado, eu tinha todas as cartas em minhas mãos para fazer a jogada perfeita, mas preferi ignorar tudo e me apegar a palavras bonitinhas, que naquele momento, eu duvidava de que eram verdades.(n/a:dê play na música 2 e repita até essa parte acabar.)

- Draco, Draco, você não é um assassino. – Dumbledore disse sorrindo.
- Como é que o senhor sabe? – Draco respondeu rapidamente, mas de um jeito infantil. - O senhor não sabe do que sou capaz – Draco replicou com mais firmeza - O senhor não sabe o que eu fiz!
- Ah, sei, sim – Dumbledore respondeu - Você quase matou Cátia Bell e Rony Weasley. Você tem tentado, com crescente desespero, me matar o ano todo. Perdoe-me, Draco, mas suas tentativas têm sido ineficazes... Tão ineficazes, para ser sincero, que me pergunto se, no fundo, você realmente queria...
E então um grito de dor foi ouvido por todos ali em cima. Draco se enrijeceu e olhou por cima do ombro. Eu senti um gelo percorrer por minha espinha.

- Alguém está resistindo com valentia – disse Dumbledore com simplicidade - Mas você ia dizendo... Sim, que conseguiu introduzir Comensais da Morte em minha escola, o que, admito, pensei que fosse impossível. Como fez isso?

Draco não respondeu, parecia que estava tentando ouvir o que acontecia nos andares debaixo.

- Talvez você devesse continuar a tarefa sozinho - sugeriu Dumbledore - E se o seu apoio tiver sido rechaçado pela minha guarda? Como você talvez tenha percebido, há membros da Ordem da Fênix aqui hoje à noite. está lutando também – Ao ouvir isso, Draco o encarou com veemência - E, afinal, você não precisa realmente de ajuda... Não tenho varinha no momento... Não posso me defender. – Draco não disse nada e parecia que ainda tentava ouvir o que acontecia lá embaixo. – Entendo. Você tem medo de agir até que eles cheguem.
- Não tenho medo! – Draco retrucou - O senhor é quem deveria estar com medo!
- Mas por quê? Acho que você não vai me matar, Draco. Matar não é tão fácil quanto creem os inocentes... Portanto, enquanto esperamos por seus amigos, me conte... Como foi que você os trouxe clandestinamente para dentro? Parece que levou muito tempo para descobrir um meio de fazer isso.

Eles começaram a conversar sobre como Draco conseguiu passar os Comensais através do Armário Sumidouro que ele consertou durante todo o tempo, como ele havia comandado Madame Rosmerta com a Maldição Imperius e como ele havia copiado a ideia de Hermione (a sangue-ruim como ele a chamou) sobre as moedas comunicáveis e o veneno na garrafa. Eu ouvia tudo atentamente e me matava cada vez mais saber que eu não poderia fazer nada para impedir.

- Agora, quanto a esta noite - continuou Dumbledore - Estou um pouco intrigado como tudo aconteceu... Você sabia que eu tinha saído da escola? Mas, é claro, Rosmerta me viu saindo, avisou-o usando suas engenhosas moedas, com certeza...
- Isto mesmo. Ela me disse que o senhor ia beber alguma coisa, que voltaria...
- Bem, sem dúvida eu bebi alguma coisa... E de certa maneira... Voltei... – disse Dumbledore - Então, você decidiu montar uma armadilha para mim?
- Decidimos colocar a Marca Negra sobre a Torre e fazer o senhor voltar correndo para cá, para ver quem tinha sido morto. E deu certo!
- Bem... Sim e não... Mas eu devo entender, então, que ninguém foi morto?
- Alguém morreu – respondeu Draco, mas eu detectei algo diferente em sua voz - Um dos seus... Não sei quem, estava escuro... Passei por cima do corpo... Eu devia estar esperando aqui em cima quando o senhor voltasse, só que aquela sua Fênix se meteu no caminho...
- Elas fazem isso – Dumbledore confirmou e então a conversa parou.

Ouvimos mais gritos e barulhos mais altos do que antes e parecia que as pessoas estavam lutando na escada de acesso a Torre onde nós estávamos. Ninguém havia morrido que eu me lembrei, mas ele passou por cima de Gui no caminho para vir para cá.

- De qualquer maneira, temos pouco tempo - disse Dumbledore - Então vamos discutir as suas opções, Draco.
- Minhas opções! - disse Malfoy alto - Estou aqui com uma varinha... Prestes a matar o senhor...
- Meu caro rapaz, vamos parar de fingir. Se você fosse me matar, teria feito isso quando me desarmou, não teria parado para conversarmos amenamente sobre meios e modos.
- Não tenho opções! – Draco disse com uma voz de angústia e meu coração tomou outra pontada - Tenho de fazer isto. Ele me matará! Ele matará minha família toda!
- Eu avalio a dificuldade de sua posição. Por que pensa que não o confrontei antes? Porque eu sabia que você seria morto se Lord Voldemort percebesse que eu suspeitava de você. Não me atrevi a falar antes sobre a missão que lhe fora confiada, prevendo que ele talvez usasse a Legilimência contra você — continuou Dumbledore — Agora, finalmente, podemos falar às claras... Não houve mal algum, você não feriu ninguém, embora tenha tido muita sorte que suas vítimas impremeditadas sobrevivessem... Posso ajudá-lo, Draco.
- Não, não pode. – Olhei para o alto e Draco tremia muito. - Ninguém pode. Ele me mandou fazer isso ou me matará. Não tenho escolha.
- Venha para o lado certo, Draco, e podemos escondê-lo mais completamente do que pode imaginar. E, mais, posso mandar membros da Ordem à sua mãe hoje à noite, e escondê-la também. Seu pai no momento está seguro em Azkaban... Quando chegar a hora posso protegê-lo também... Venha para o lado certo, conta com isso, ela quer o teu bem, você a faria feliz fazendo isso. Você não a ama? Draco... Você não é assassino...
- Não fale dela! – Draco disse e eu percebi relutância em sua voz – Eu não quero ouvir! – Meus olhos arderam novamente – Eu cheguei até aqui, não? Acharam que eu morreria na tentativa, mas estou aqui... E o senhor está em meu poder... Sou eu que empunho a varinha... Sua vida depende da minha piedade...
- Não, Draco – respondeu Dumbledore - É a minha piedade e não a sua, que importa agora...

E então um barulho rompeu e quatro pessoas de vestes pretas subiram as escadas, passando por mim, mas sem me ver, olhei para cima e eles estavam lá com Draco. Eu comecei a chorar porque sabia o que viria a seguir. Dumbledore iria morrer bem em frente aos meus olhos.

- Dumbledore encurralado! – Um Comensal grandão disse e se virou para uma mulher ao seu lado - Dumbledore sem varinha, Dumbledore sozinho! Parabéns, Draco, parabéns!
- Boa noite, Amico – Dumbledore o cumprimentou com calma - E trouxe Aleto também... Que gentileza...
- Então acha que suas gracinhas vão ajudá-lo no leito de morte? – A tal mulher zombou de Dumbledore e meu sangue ferveu.
- Gracinhas? Não, não, são boas maneiras — respondeu Dumbledore.
- Liquide logo – uma voz disse parecendo um latido e eu logo constatei quem era.
- É você, Lobo? — perguntou Dumbledore fazendo a pergunta por mim.
- Acertou — respondeu o outro - Feliz em me ver, Dumbledore?
- Não, não posso dizer que esteja... – Dumbledore respondeu e eu dei uma risada muda, Dumbledore até nos momentos mais triste mantendo a calma.
- Você sabe como gosto de criancinhas, Dumbledore. – Greyback respondeu.
- Devo entender que você agora anda atacando, mesmo fora da lua cheia? Que insólito... Você criou um gosto por carne humana que não pode ser satisfeito uma vez por mês?
- Acertou - disse Greyback - Choca você isto, não, Dumbledore? Assusta você?
- Bem, não posso fingir que não me desgoste um pouco. E, sim, estou um pouco chocado que o Draco, aqui, convidasse logo você a vir a uma escola onde seus amigos e namorada vivem...
- Não convidei – Draco respondeu sussurrando com voz de criança - Eu não sabia que ele vinha...
- Eu não iria querer perder uma viagem a Hogwarts, Dumbledore — respondeu o lobisomem - Não quando há gargantas a estraçalhar... Uma delícia, uma delícia... Eu poderia estraçalhar você de sobremesa...
- Não – interrompeu o quarto Comensal que ainda não havia se pronunciado - Temos as nossas ordens. Draco é quem tem de fazer isso. Agora, Draco, e rápido.

Eu olhei para cima e pude perceber Draco relutar e desejei que ele relutasse bastante e desistisse dessa ideia. Era o meu tio avô ali e ele sabia muito bem.
- Ah, menor resistência, reflexos mais lentos, Amico - respondeu Dumbledore - Em suma, velhice... Um dia, talvez, lhe aconteça o mesmo... Se você tiver sorte...
- Que está querendo dizer, que está querendo dizer? – berrou Amico - Sempre o mesmo, não é, Dumby? Fala, fala e não faz nada. Nem sei por que o Lorde das Trevas está se preocupando em matar você! Vamos, Draco, mate de uma vez!

Então um barulho veio de lá de baixo e meu coração encheu de esperança. Eles ainda estavam lutando lá embaixo.
- Eles bloquearam a escada... Reducto! REDUCTO!
- Agora, Draco, rápido! – falou o quarto Comensal

Draco relutava cada vez mais e eu olhava a cena apreensiva, ele não faria isso. Eu torcia para ele não fazer.

- Eu farei isso – disse Greyback indo para cima de Dumbledore com os dentes à mostra.
- Eu disse não! – berrou o quarto Comensal e o lobisomem se afastou com violência e saiu cambaleando.

Eu não respirava mais e suprimia os meus impulsos de subir lá e chegar matando todos, a ideia de perder Dumbledore não entrava em minha cabeça, era inaceitável e isso ficava rondando minha mente diversas vezes. Dumbledore morto era uma coisa impossível para eu assimilar. Olhei para frente e Snape subia as escadas correndo.

- Draco, mate-o ou se afaste, para um de nós... – Aleto disse, mas dessa vez Snape apareceu a cortando,ele olhou a cena com apreensão.
- Temos um problema, Snape — disse Amico, - O menino não parece capaz...

Mas, então, Dumbledore resolveu se manifestar e eu percebi o fim daquilo tudo. Tentei me mexer, mas não conseguia sair do meio daquelas caixas, não conseguia gritar ou fazer nada.

- Severo...

Snape se adiantou e empurrou Draco o fazendo cair no chão bem em cima de onde eu estava. Nós nos encaramos e pareceu que tudo havia parado. Algumas lágrimas caíram dos meus olhos e ele engoliu em seco e logo depois começou a chorar. Ele abaixou a cabeça e depois me olhou novamente e seus olhos pareciam gelo. Ele então, em um golpe de extrema frieza virou a cara e se levantou.

— Severo... Por favor...

Dumbledore suplicou uma última vez e eu sabia o que viria a seguir, prendi a respiração e aguardei as palavras que eu sabia que acabariam com a minha vida para sempre.

- Avada Kedavra!

Um jato de luz verde apareceu e eu fechei meus olhos e lágrimas saiam sem cessar de meus olhos, tampei meus ouvidos e mordi meu lábio com força para não deixar o grito de horror sair de meus lábios. Parecia que o ar havia parado e o silêncio reinou. Ninguém disse nada em cima de mim, apenas a lua era testemunha de tudo o que havia acontecido. Eu estava lá e não pude fazer nada. Eu fui obrigada a assistir Alvo Dumbledore morrer.

Eu fiquei imóvel e um grito estava contido em minha garganta, meus olhos estavam totalmente banhados de lágrimas e eu senti o gosto de sangue em minha boca devido a força em que mordi meus lábios para não gritar, olhei para o alto e Snape empurrou Draco para irem embora, Snape passou por mim, sendo seguido por Draco e os outros comensais. Quando o último comensal passou e Harry o atacou com o Petrificus Totalus, eu deixei as lágrimas saírem com um grito de horror, o feitiço havia sido retirado no exato momento em que Dumbledore caíra da torre.

- ? – Harry disse ao ouvir meu choro e desceu até onde eu estava, empurrou as caixas que estavam em minha frente e me puxou pela mão me abraçando logo depois – Você viu tudo?
- Sim... – eu disse o olhando e Harry me puxou para sairmos correndo – Precisamos pegá-los.
- Eu sei, vamos! – Harry disse e passamos a correr. (n/a:coloque a música 3 e deixe até o POV do Draco acabar.)

Quando chegamos ao corredor, uma batalha ainda continuava, o teto estava caído e muita gente lutava. Olhei para a ponta do corredor, Snape e Draco saiam correndo, Snape gritou algo para Draco e eles passaram pela batalha, eu comecei a segui-los desenfreadamente. Meu choro começou a ficar pior e eu não enxergava nada. Pisquei e as lágrimas caíram. Olhei para o lado e Harry estava ao meu lado correndo como se não houvesse amanhã. A raiva era tanta que não percebi que o Lobo Greyback, tentou me derrubar, mas acertou Harry, eu derrapei e caí no chão. Alguém tentou me acertar com um feitiço, mas eu desviei, olhei para ver quem era e Aleto tentou me acertar.

- ESTUPEFAÇA! – eu gritei e ela saiu voando e bateu na parede, Aleto se levantou e olhou para mim, eu levantei e saí correndo e um feitiço que ela me lançou pegou no meu braço e me fez bater na parede. Ela caminhou até mim e me ergueu no ar, me segurando pelo pescoço.
- Vamos ver o que você pode fazer agora... – ela disse e eu não conseguia respirar, segurei minha varinha e mirei na barriga de Aleto e pensei: Reducto! Ela tomou um solavanco e me largou e bateu com força na outra parede, eu caí no chão sem ar e senti meu pescoço arder. Olhei para os lados e Harry já saia correndo de novo, juntei minhas forças e passei a correr o seguindo. Viramos um corredor e Gina lutava contra Amico, Harry gritou Impedimenta e ele foi arremessado para a parede oposta. Aleto saiu correndo e começou a lutar contra a Profª McGonagall. Minerva a acertou e ela saiu correndo com Amico em seu encalço. Harry e eu voltamos a correr e cada vez mais eu queria alcançar Draco e Snape. Harry foi parado por um Neville caído e eu continuei a corrida, seguindo Aleto, Amico e outro comensal que Harry havia acertado. Virei um corredor e pisei numa poça de sangue e derrapei sentindo minhas roupas ficaram empapadas com o líquido. Levantei rapidamente e voltei a correr feito uma louca, Snape e Draco já estavam bem na frente.
Alguns feitiços ricocheteavam em cima de mim e eu tentava revidar como podia, mas me concentrando em correr. Olhei para trás e não vi Harry em lugar nenhum, ignorei a preocupação com ele e saí correndo, vendo as portas de Carvalho e Snape e Draco indo para os jardins. As portas estavam arrombadas e havia sangue no chão e alguns estudantes estavam encolhidos pelos cantos. Aquela visão embrulhou meu estômago e a vontade de chorar aumentou ainda mais. Algumas lágrimas caíram de meus olhos e eu as limpei com minhas mãos sujas de poeira. Saí correndo e os jardins estavam negros por causa da noite que banhava tudo.
Olhei para o lado e Hagrid tentava deter os Comensais que estavam quase chegando ao portão, olhei para trás e Harry passou por mim e foi até Snape. Draco ia se afastando e eu senti meus pulmões se comprimindo e a falta de ar inundando meu corpo e por isso arfei.

- DRACO! DRACO! - Gritei o nome dele diversas vezes, mas parecia que ele não me ouvia. O choro agora estava maior à medida que eu chegava mais perto. O mundo acabava ao meu redor, mas eu não me importava. Fiz minhas pernas cansadas de toda aquela corrida, correrem novamente. Eu precisava alcançá-lo, tinha que alcançá-lo. Cheguei a tempo e puxei seu braço conseguindo fazê-lo me olhar. – Por que fez isso? - eu disse já deixando as lágrimas caírem - Por que está fazendo isso?
- Eu disse pra você que isso iria acontecer - E o ser frio e calculista que eu havia conhecido no começo do ano, aparecera em minha frente.
- Você não pode, não pode fazer isso - eu balbuciava como uma criança - Você prometeu não me machucar! - eu gritei para ele com o pouco de fôlego que eu tinha, já sentindo meu corpo ser consumido pela raiva.
- Promessas ás vezes não são cumpridas - ele disse friamente e eu fechei os olhos.
- Por favor… - eu implorei uma última vez - Não faz isso, não depois de tudo que a gente viveu… - ele pegou minha mão que apertava seu braço e a tirou dali. Meu coração recebeu uma pontada.
- Eu já fiz. - Ele disse friamente e pude olhá-lo uma última vez, se afastando de mim. Ele me olhou com aqueles olhos azuis que agora estavam feito gelo. Ele começou a correr e eu tentei segui-lo, mas fui parada. Senti uma dor aguda na lateral do meu corpo e logo em seguida já estava no chão. Eu estava cega pelas lágrimas, mas pude ver alguém chutando e quebrando minha mão. Olhei para o lado e havia fogo em todo o lugar, Hogwarts queimava e eu podia ouvir gritos e mais gritos, alguns vultos passavam ao meu lado, indo para a saída do castelo, mas eu não conseguia identificar nada. Senti um torpor e a dor em minha mão sumir gradativamente. O barulho foi diminuindo, minha visão embaçou e meus olhos se fecharam devagar. Senti um frio aparecer dentro de mim e parecia que minha vitalidade havia ido embora quando ele foi. E nada importava mais, nada seria a mesma coisa, minha vida estava acabada. Memórias e mais memórias invadiram minha mente naquele momento e tudo ficava ainda pior. Ele havia me deixado, levando consigo metade de mim. A metade que eu precisava para sobreviver.

Draco’s POV

Não olhei para trás depois de deixá-la, mas assim que passei pelo portão, eu olhei e vi caída no chão, alguém havia a acertado. Tentei dar as costas e voltar para pegá-la, eu levaria comigo, me arrependi no momento em que a deixei, mas alguém me segurou. Olhei para trás e Snape me segurava.

- Deixe-a – ele disse friamente.
- Eu não vou – eu disse entre dentes, mas ele segurou meu braço com mais força.
- Ela tem que ficar, não pode vir conosco – Snape disse e meus olhos arderam – Draco, acabou.
- NÃO ACABOU, ELA É MINHA! – Eu gritei e tentei passar, mas alguém a mais me segurou. Amico me segurava com força – Me solta!
- Draco, para! – Snape gritou e me puxou para olhá-lo – Você sabia que isso iria acontecer, agora não tente reverter as coisas. Nós vencemos.
- Não, não, não... – eu me recusava a acreditar e não me importei em chorar na frente de todos – Ela nunca vai me perdoar...
- Isso foi um risco que você teve que correr, agora pare de drama e vamos embora. O Lord das Trevas nos espera em sua casa.

Amico me soltou e aparatou, eu olhei mais uma última vez para trás e a vi ainda caída no chão e uma lágrima caiu dos meus olhos. Ela jamais iria me perdoar, eu sabia disso, ela deveria estar me odiando agora. Eu tinha feito tudo certo, Dumbledore estava morto, Hogwarts queimando e minha missão havia sido completada, mas a coisa mais importante eu não havia feito. Lembrei-me do que Dumbledore havia falado e chorei feito uma garotinha. E naquele momento vendo- a estirada no chão, com a vida dela se esvaindo diante de meus olhos, eu cogitei a hipótese de ter escolhido-a, ter ficado e lutado por ela e com ela. Mas era tarde demais. Eu jamais a teria de volta ou poderia voltar no tempo.

- É tarde demais para pensar em mudar de ideia, Draco – Snape disse e eu revirei os olhos – Você fez a sua escolha, vamos embora.

Peguei no braço de Snape e aparatamos indo embora daquele lugar. O rosto de molhado e sujo de sangue, era o que estava preso em minha mente e eu sabia que não iria embora tão cedo. Eu havia perdido-a. Talvez para sempre.

Is someone getting the best
The best, the best, the best of you?
Is someone getting the best
The best, the best, the best of you?


Capítulo 20: And everything is gone ... Maybe forever…

Música 1 | Música 2

Abri meus olhos com dificuldade e tudo estava quieto, apurei meus ouvidos e pude ouvir algumas conversas, olhei para fora e o céu estava escuro. Me sentei na cama e pude reconhecer algumas pessoas: Hermione, Rony, Gina, Harry, Lupin e Tonks. Alguém estava deitado em uma maca, mas eu não consegui saber quem era. Eles conversavam e parecera não me notar. Então uma música começou a soar e eu me concentrei. Um canto de tristeza começou e algo dentro de mim se fechou ainda mais. Olhei para fora de novo e Fawkes cantava tristemente. A fênix não iria renascer daquela vez. O canto de tristeza fez todos da ala hospitalar se calarem para ouvir. Eu comecei a chorar quando ao ouvir o canto de Fawkes, as lembranças daquela noite inundaram minha mente. Olhei para fora e a ave estava indo embora. Ela estava partindo para nunca mais voltar.
Assim que ela parou de cantar, McGonagall entrou na sala e anunciou que Molly e Arthur estavam vindo para Hogwarts. Eu me levantei, mas caí no chão sem forças e a atenção foi voltada para mim.

- ! – Hermione disse e ela e Rony correram até mim e me ajudaram a levantar – Está sentindo dor?
- Eu estou bem – eu disse e eles me ajudaram a sentar. Eu olhei para mim mesma e minha camisa estava vermelha de sangue velho e minha boca estava toda cortada, além de minha mão direita enfaixada. Passei a mão pelo rosto e uma cicatriz perto do meu cabelo estava fechando. – O que aconteceu? Quem está deitado ali?
- Gui – Rony disse – Ele foi atacado pelo Greyback.
- Como ele está? – eu disse.
- Está desacordado – Rony disse triste – Nós estamos conversando ali, quer se juntar a nós?
- Eu quero ficar sozinha – eu disse a verdade – Perdi muito mais do que um namorado hoje.
- Tudo bem – Hermione disse e ela e Rony voltaram para onde eles estavam e começaram a conversar sobre o ataque.

Eu não conseguia me inteirar na conversa, era impossível pensar sobre a traição de Snape quando eu tentava constatar que meu tio estava morto. A informação se recusava a ser aceita e quando percebi, eu já estava banhada em lágrimas. Olhei fixamente para a janela em cima de minha cama e olhei Hogwarts destruída lá embaixo. Meu coração estava pior. As portas se romperam novamente e meus pais entraram junto com Molly e Arthur.
Minha mãe me olhou e ela já sabia o que estava acontecendo. Eu era como uma bomba pronta para explodir e dessa vez era preciso que isso ocorresse. Ela foi correndo até mim, me abraçou forte e eu chorei ainda mais.

- Foi minha culpa, mãe – eu disse deitando em seu peito e percebi que todos nos olhavam – FOI MINHA CULPA!
- Querida, não foi... – ela passava as mãos em meus cabelos – Você não teve culpa de nada...
- Eu o vi morrer e não fiz nada! Eu não consegui impedir, tio Alvo está morto por minha causa! – eu não conseguia falar, os soluços se embolavam com as palavras – É MINHA CULPA!
- , não é! – Minha mãe puxou meu rosto e me fez olhá-la – Não é sua culpa, querida! Isso aconteceu e o único culpado é Snape.
- Não importa! Eu deixei isso acontecer! – eu disse e me soltei dela e senti que iria explodir – Eu não fiz nada para impedir, eu apenas fiquei lá olhando – eu me levantei e quase caí no chão. Agora todos olhavam para mim, mas eu não me importava – Eu vou matar o Snape com as minhas mãos!
- , pare! – Minha mãe me segurou e as luzes da ala hospitalar começaram a tremeluzir – Olha o que você está fazendo!
- Me solta – eu disse com a voz grossa – Eu não vou hesitar em te machucar...
- Eu sou sua mãe! – Minha mãe gritou – Você vai me machucar?

Eu olhei ao redor e todos me olhavam abismados e sem entender nada. Minha mãe me olhava com os olhos cheios de lágrimas e meu coração tomou mais um golpe. Eu caí no chão sem forças e com as mãos no rosto. Chorei alto sem me importar com todos que estavam vendo meu desespero.

- Me desculpa, mamãe... – eu disse e senti os braços dela me abraçar – Eu perdi o controle...
- Eu sei, querida – ela disse me apertando ainda mais – Mas está tudo bem agora.
- Não está – eu a olhei – Draco e Dumbledore se foram. Eu... – eu solucei e a abracei novamente.
- Não fala nada... – ela disse e me abraçou – Toma isso aqui.
- O que é? – eu disse quando ela me entregou uma poção numa ampola.
- Vai fazer você dormir. – ela disse e me deu um sorriso de mãe, eu peguei a ampola e virei num gole só. – Agora fica calma, deite aqui e quando você acordar, nós conversamos sobre isso.
- Mas, mãe... – eu disse já sentindo uma moleza repentina, era a poção do sono. – Draco...
- Nós conversamos depois. – ela disse me cobrindo com o cobertor da cama da ala hospitalar e dando um beijo em minha testa, eu a olhei uma última vez e ela me deu um sorriso.

Acordei e meus pais estavam ao meu lado, sentados em duas cadeiras. Eu me sentei e percebi que já estava claro.

- Que horas são? – eu perguntei e eles me olharam. Mamãe tinha os olhos vermelhos e inchados e papai estava quieto, apenas seus olhos se moviam.
- Hora do café da manhã – minha mãe disse e me entregou uma bandeja – Como você está?
- Parecendo que uma carruagem passou em cima de mim – eu disse e comecei a comer – Como estão os outros?
- Neville está ali – minha mãe apontou e Neville nos olhava com um olhar triste. Eu retribui o olhar – Gui está ali com Fleur. – eu os olhei e eles estavam num momento de casal e meu estômago afundou.
- Nós precisamos falar com você – minha mãe disse.
- Eu sei – eu respondi, me lembrando do surto que eu havia tido antes de dormir – Eu tenho a consciência de tudo o que aconteceu.
- Então você sabe que Draco te largou – meu pai disse direto e eu abaixei a cabeça.
- Sei. – eu respondi simplesmente – Era isso que vocês queriam falar? Esfregar na minha cara o quanto eu sempre estive errada ou do quanto eu fui idiota? Só quero lembrar pra vocês: Eu já sei!
- Não é isso, ! – Minha mãe disse – Nós estamos aqui para saber como você está em relação a isso.
- Isso vocês não vão saber – eu respondi – Preciso ir para a Grifinória – eu tirei as cobertas e percebi que ainda estava com meu uniforme sujo de sangue.
- , pare. – Meu pai disse autoritário – Nos ouça. – eu me virei – O velório de Dumbledore será em alguns dias. Nós vamos ficar em Hogsmeade. Quer ir conosco?
- Vou ficar aqui no castelo – eu respondi – Meus amigos estão aqui.
- Tem certeza? – minha mãe disse.
- Eu tenho. – eu respondi me controlando para não chorar. – Vou tomar um banho e me trocar, vocês vão estar aonde?
- No Salão Principal com Lupin e Tonks. – meus pais disseram – Querida...
- Sim? – eu respondi me virando.
- Mantenha o controle – meu pai disse e eu apenas assenti.

Tomei um banho, troquei de roupa e guardei o uniforme sujo no meu malão para levar para a casa depois. Encontrei Harry, Hermione, Rony e Gina juntos conversando sobre algo e eles me contaram que Simas havia ficado na escola para o velório de Dumbledore. Eu me despedi e rumei para o sétimo andar, tentei passar despercebida e consegui. O corredor estava vazio – como sempre ficava – e a parede estava em minha frente.
Fechei os olhos e desejei com todo o meu coração que a Sala Precisa aparecesse e quando abri meus olhos, a grande porta estava ali. (N/A: Coloque a música 1 para tocar.)

Empurrei e abri porta e entrei num lugar amontoado de objetos e lembranças. Paredes de objetos se levantavam e meus olhos se encheram de lágrimas, mas as prendi e decidi, ao menos dessa vez, ser forte. Olhei tudo ao meu redor e o Armário Sumidouro me encarava como sinal de fracasso e minha raiva aumentou de modo que fui até ele e o derrubei no chão e ele caiu com um estrondo. Mais lágrimas caíram dos meus olhos, mas eu decidi continuar a andar, eu sabia o que eu estava procurando. O colar que Draco havia me dado estava em meu bolso e eu iria escondê-lo ali dentro. Eu sabia que eu não iria achá-lo, talvez nunca mais e estava pronta para isso.
Teria que aprender a lidar com a falta de Draco. Iria mandar essa ligação e todo o resto para o inferno e iria continuar sozinha. Ele havia me deixado, não havia me escolhido e eu teria que aceitar isso. E pra começar, me desfaria de um dos grandes marcos do nosso relacionamento.

Aquilo estava sendo difícil, mas eu sabia que era preciso. Ele havia me traído de uma forma que ninguém poderia fazer pior, me machucou ao nível máximo que alguém pode machucar outra pessoa e eu tinha que saber lidar com isso. Achei uma caixa de madeira escura e havia um coração entalhado na tampa. Era perfeita. Coloquei a caixa em cima de uma mesa e a abri, peguei do meu bolso o colar e o olhei. O mirei em uma parede e, pela última vez, o apertei.
A foto de Draco e eu felizes apareceu, e eu me sentia como se aquilo tivesse acontecido há muito tempo ou como se nunca tivesse acontecido. Aquilo parecia parte de um sonho totalmente irreal, em que uma garota diferente foi amada por um garoto diferente e que o amor deles havia sido real, mas depois da noite anterior, aos poucos a ficha ia caindo de que nunca havia existido amor ou não havia existido amor suficiente. Apenas eu amei ali, apenas eu me doei, eu corri atrás, eu lutei. Draco havia aceitado a condição que lhe fora imposta e ele não relutou, ele aceitou tudo quieto e não lutou por mim ou por nós. A vontade de Lord Voldemort havia sido maior do que o nosso “amor”. A animação acabou e eu coloquei o colar dentro da caixa e a fechei. A deixei em cima da mesa e respirei fundo buscando a certeza que tinha quando entrei naquela sala.

Alguns raios de sol entraram pela janela e refletiram em alguma coisa atrás daquela mesa, eu caminhei até lá e percebi um pano em cima de um espelho. Puxei o pano e uma grande quantidade de poeira subiu e irritou meu nariz. Eu encarei o espelho e li a parte de cima. “Espelho de Ojesed.” Olhei para o reflexo e percebi que não estava sozinha. Olhei para trás para verificar e, sim, eu estava. Olhei para o reflexo e Draco estava parado ao meu lado. Ele me dava um sorriso terno e passava a mão em minha cintura me puxando para ele, eu olhei para baixo e não havia nada em minha cintura. Meus olhos lacrimejaram e eu encarei o nome do espelho novamente. Ojesed... Li de trás pra frente e percebi que era Desejo. Dei uma risada e revirei os olhos, Draco riu comigo no reflexo e eu revirei os olhos novamente. Coloquei a mão no espelho e Draco fez o mesmo e nossas mãos ficaram juntas. Dei uma risada e meus olhos se encheram de ainda mais lágrimas, Malfoy apenas deu um sorriso triste.

- Realmente esse espelho está certo – eu disse para o “Draco” em minha frente – Eu queria que você estivesse aqui agora. – Draco deu outro sorriso triste – Mas agora é tarde demais, você fez a sua escolha, eu fiz a minha. – eu tirei minha mão do espelho e fechei os olhos, quando os abri Draco ainda estava lá. Eu me sentei no chão em frente ao espelho e me pus a olhá-lo, ele fez a mesma coisa e se sentou no chão e ficou me encarando também. Sorrimos um para o outro e depois caímos na risada, eu deitei no chão e a risada foi passando, dando lugar ao choro e depois eu comecei a chorar alto e amaldiçoei meu descontrole. Eu me levantei e encarei o reflexo – Por que você fez isso, Draco? Por quê? Por que logo eu? Por que você ajudou a matar meu tio? POR QUE VOCÊ FEZ ISSO COMIGO? – Eu chorava ainda mais – O que eu te fiz? – eu perdi o controle – O que eu fiz? Eu não te amei o suficiente, eu fiz algo de errado? Só me responde! – O Draco no espelho me olhava tristemente e eu ri da minha própria miséria – Você é apenas um reflexo, não vai me responder. – Eu peguei o pano e antes de estender, olhei para Draco novamente – Adeus. – Cobri o espelho e saí da Sala Precisa sem olhar para trás.

Fiquei o resto do dia com meus pais, precisávamos ter aquele momento em família. Eles nada falaram sobre a falta do meu colar, embora mamãe tenha percebido quando eu cheguei perto deles e estava sem. À noite, eu fui para o salão comunal e encontrei meus amigos. Eles me olharam com um olhar de pena e eu detestei isso.

- Do que vocês estão falando? – eu me sentei perto deles.
- Bem... – Hermione olhou para todos – Sobre a horcrux que Harry e Dumbledore conseguiram...
- Posso saber? – eu olhei para Harry e ele afirmou.

Harry fez um resumo do que havia acontecido com ele e com Dumbledore e eu senti mais orgulho ainda de tio Alvo. Ele lutou até o fim. Também me contaram sobre o livro do Príncipe Mestiço e a história de Snape e meu ódio por ele aumentou mais do que eu sabia que era capaz de sentir. Conversamos sobre várias coisas, Harry perguntou sobre minha conversa com Draco antes dele ir embora e eu senti que poderia cair no choro a qualquer instante.

- Ele apenas foi embora... – eu disse e funguei sentindo meu nariz coçar – Só isso.
- Entendi – Gina disse pondo fim ao assunto.
- Na verdade, nós queremos perguntar para você outra coisa – Hermione disse – Na ala hospitalar, você fez a luz piscar e nenhum de nós faz isso ou já fez.
- Eu sei – eu dei um sorriso torto – É uma coisa diferente que quase nunca acontece.

E eu expliquei toda a história para eles sobre meu descontrole, sobre a relação disso com minha ligação mágica com Draco e como começou.

- Então, você não tem controle de você mesma? – Rony disse abismado – Uau.
- Pois é – eu disse – E isso não é legal, meu ponto de controle me abandonou e eu não tenho a mínima ideia de como vai ser a partir de agora.
- Eu sinto muito, – Hermione disse – Eu realmente sinto muito.
- Tudo bem – eu disse mesmo sabendo que nada estava bem – Bem, eu preciso ir dormir, amanhã é o velório de Dumbledore. Boa noite, gente.
- Boa noite – eles disseram em uníssono e eu subi para o dormitório.

Coloquei o anel em meu dedo e arrumei os brincos. Encaixei meus pés nos sapatos pretos de salto e me olhei no espelho. Dei um suspiro alto e tentei conter as lágrimas que agora vinham sem cessar e eu me questionava quando elas iriam parar de cair, quando eu teria um tempo para respirar, para poder me acalmar e voltar a viver. A realidade ainda custava em ser aceita, eu ainda teimava em aceitá-la. Eu ainda tinha esperanças de Dumbledore entrar por aquelas portas de carvalho e dizer que aquilo era um mal entendido, era somente uma armação para tirá-lo de perto, tinha esperanças de que ele ainda estava vivo e de que apareceria para nos salvar do perigo eminente e do caos que o mundo da magia iria se transformar, porque com Dumbledore morto, Voldemort finalmente conseguiria colocar suas mãos sujas no mundo da magia. Um barulho veio da porta, Hermione entrou no quarto,se sentou em minha cama e me encarou séria.

- O que foi? – eu perguntei a olhando curiosa.
- Não estranhe o que eu vou dizer, ok? – ela disse um pouco cautelosa. – Você tem algum parentesco com Dumbledore, certo?

Eu pensei diversas vezes se responderia essa pergunta ou não, afinal os tempos iriam piorar, mas os olhos de Hermione que estavam repletos de preocupação me motivaram a contar. Ela, junto com os outros, eram tudo o que havia sobrado de importante pra mim.

- Sim, ele é meu tio-avô – eu respondi me sentando em sua frente na cama – Meu avô, irmão de Dumbledore se casou e teve uma única filha, minha mãe – eu dei um sorriso triste – Eu sou uma Dumbledore.
- Eu sabia – ela me deu um sorriso – Na verdade, eu desconfiava desde o ínicio, você chegou à escola cheia de segredos e eu logo percebi que tinha muito mais por trás disso. E todas as vezes que você ia até a sala de Dumbledore, ele te passou alguma missão?
- Não, Dumbledore sempre fez tudo para me proteger – eu dei um sorriso ainda mais triste e meus olhos arderam – Eu não tenho Dumbledore no sobrenome porque quando eu nasci, Voldemort estava a todo o vapor e eu poderia estar em perigo. Tio Alvo achou melhor eu não ter o nome da família dele. – eu dei uma pausa – Me prometa que você não vai falar a ninguém, isso é totalmente sério.
- Eu prometo – Hermione disse – Fique tranquila, você pode confiar em mim.
- Obrigada – eu a abracei forte – Mas precisamos descer para o café.
- Tudo bem – ela disse – Mas não hesite em me chamar se precisar de ajuda, ok?
- Ok – eu dei um sorriso e saí pela porta sendo seguida por ela.

O Salão Principal estava totalmente quieto naquela manhã. Crabbe e Goyle me olharam estranhos assim que eu cheguei, afinal, eles sabiam de tudo. A cadeira de Dumbledore estava vazia, em um sinal de respeito, porém a cadeira de Snape estava ocupada pelo ministro da magia, Rufo Scrimgeour. A maioria me olhava estranho afinal, todos sabiam o que havia acontecido, então olhares de pena eram direcionados a mim e o ódio crescia dentro do meu peito.
Ódio dos olhares, ódio de mim mesma por ter deixado tudo acontecer e chegar ao ponto que chegou e mais ainda, ódio de Draco por ter me feito de brinquedo, de palhaça perante a escola toda. Sentei-me e comecei a comer meu café da manhã com o nariz empinado, eu não iria deixar que me vissem como uma vítima de tudo. Por mais que eu fosse, eu era a fênix, renasceria das cinzas e começaria tudo de novo. McGonagall se levantou e os murmúrios tristes que vinham do Salão cessaram.

— Está quase na hora — começou ela. — Por favor, acompanhem os diretores de suas Casas até os jardins. Alunos da Grifinória venham comigo.

Saímos do Castelo e fomos em direção ao lago. O dia estava totalmente lindo, daqueles que são feitos para ficar horas e horas sentado na grama tomando sol e o sentindo aquecer sua pele. Tio Alvo gostava de dias assim. Perto do lago, haviam fileiras de cadeiras, uma mesa de mármore no centro e uma passagem entre as cadeiras.
Várias pessoas estavam por lá, algumas eu nunca tinha visto em minha vida, mas eu reconheci alguns membros da Ordem: Kingsley Shacklebolt, Olho-Tonto Moody, Tonks e Lupin que estavam de mãos dadas, o Sr. e a Sra. Weasley, Gui amparado por Fleur e seguido por Fred e George, usando paletós pretos de pele de dragão. Meus pais estavam sentados na primeira fileira perto da mesa e havia uma cadeira entre eles. Fui caminhando calmamente até o lugar e me sentei no meio deles, minha mãe me abraçou.

- Como você está? – ela perguntou me olhando com um olhar doce.
- Eu não sei – eu disse sincera – Ainda não sei, minha ficha não caiu ainda.
- Eu sei, querida – ela disse dando um sorriso triste e seus olhos se encheram de lágrimas – Mas nós temos que ser forte, tudo bem? Tio Alvo iria querer isso.

Deitei a cabeça no ombro dela, apertei a mão de meu pai e fiquei ali com eles, em um dos poucos momentos que tivemos em família. Precisávamos disso, do conforto que só a família poderia proporcionar, da segurança que só emanava daquele lugar quando eu estava bem acolhida nos braços de meus pais. Olhei para o lado e meu avô estava sentado lá em silêncio, apertei a perna dele num carinho e ele me olhou com seus olhos duros, eu apenas dei um sorriso para ele e voltei a me aconchegar em minha mãe.

- O dia está bonito... – meu pai comentou.
- Está mesmo, tio Alvo estaria gostando desse dia – eu comentei já sentindo meus olhos arderem.
- Gostaria mesmo – minha mãe disse, mas foi cortada por uma música alta e sonora que vinha de algum lugar, eu tentei procurar e minha mãe indicou de onde vinha o som – Dentro do lago.

Sereianos se mostraram ao mundo terrestre cantando uma canção triste, uma canção sobre perda. Era uma música calma, uma música que deixava os corações mais machucados ainda.

(N/A: dê play na música 2 e deixe carregando até o capítulo acabar.)

Os sereianos pararam e então pelo corredor entre as cadeiras, Hagrid vinha caminhando lentamente, seus passos eram pesados e grossas lágrimas deixavam seu rosto molhado. Sua expressão demonstrava verdadeiro pesar e em seus braços, um manto de veludo com estrelas douradas protegia o corpo de Dumbledore.

E foi naquele momento que eu me dei conta de que Dumbledore não iria voltar. Ele tinha partido para sempre. Havia deixado essa vida de um jeito cruel. Eu sempre tive a ideia de que Dumbledore nunca iria morrer porque afinal, ele era Dumbledore! Porém, foi naquele momento em que me dei conta de que até um dos maiores bruxos de todos os tempos, também era feito de carne, era ser humano como todos ali e assim como eu, estava fadado a morrer.
Meus olhos lacrimejaram e eu não aguentei e comecei a chorar, a cada passo de Hagrid meu coração sangrava mais, ao perceber que Dumbledore não ia de fato voltar. Tudo havia ido embora, talvez para sempre.
Hagrid depositou o corpo em cima da mesa e mármore e assoou o nariz alto e arrancou uma expressão de choque no rosto de alguns, mas Dumbledore não teria se importado com isso. Hagrid foi até o fundo das cadeiras e eu por curiosidade o segui com o olhar e percebi ele se sentando ao lado de um gigante, deveria ser o tal do Grope, meio-irmão dele.

Encarei a mesa de mármore e suspirei diversas vezes. Uma agonia se alastrava dentro de mim e parecia criar raízes fortíssimas porque eu sabia que não iria passar, eu sempre viveria com esse peso em meu peito, essa sensação de perda. Dumbledore sempre fora minha bússola, sempre me dizendo o que fazer, me ajudando a resolver meus problemas e me ensinando a me aceitar do jeito que eu era e agora ele não estava mais lá. Eu não teria mais seus olhos calmos me fitando e dizendo-me que tudo ficaria bem, não teria suas palavras que acalmavam o coração de qualquer um, não teria alguém que realmente não me julgasse como um monstro e mais importante: Não teria ninguém para cuidar de mim do jeito que Tio Alvo fazia.
Um homem baixinho foi até a frente e começou a falar aquelas palavras bonitas que todos falam, mas eu sabia que Dumbledore não precisaria de adjetivos estupendos, nada de nobreza de espírito, contribuição intelectual, mas eu sabia que amigo, confidente, corajoso, esperançoso e leal se encaixariam perfeitamente nele.

O sol passou as nuvens e veio diretamente em cima de mim e minha fênix queimou em minhas costas acolhendo o sol que a esquentava, fechei os olhos sentindo o sol em cima de mim, e olhei para o céu tentando me convencer de que Dumbledore não havia morrido em vão, que tudo aquilo tinha valido a pena e que ele estaria em um lugar melhor. Tio Alvo merecia todas as honras que pudesse receber, porque mais do que ninguém, ele nunca parou de lutar, nunca desistiu de fazer o bem vencer e agora eu tinha que lutar por isso.

O homem grisalho parou de falar e então a mesa de mármore começou a pegar fogo e em volta dela uma fumaça branca apareceu tampando tudo, algumas faíscas saíam de encontro ao céu e algumas pessoas gritaram. Então tudo parou e no lugar da mesa, um túmulo branco estava ali guardando o lugar. Para deixar tudo ainda mais bonito, uma chuva de flechas apareceu no ar e eu olhei de onde elas vinham e vários centauros prestavam sua homenagem a Tio Alvo e eu sabia que ele merecia tudo. O túmulo branco significava o que a maioria das pessoas não queria aceitar: Dumbledore estava morto.

Ali sentada naquelas cadeiras encarando o túmulo, eu percebi que tudo havia mudado, o caminho seria totalmente difícil e eu tinha certeza que muitas coisas iriam me fazer desistir, mas por Dumbledore eu iria lutar, iria fazer de tudo para reagir e ajudar a concretizar o que ele queria, o sonho de Dumbledore, que o bem finalmente prevalecesse. As pessoas começaram a conversar e um burburinho se alastrou pelo lugar, eu levantei o olhar e procurei meus amigos e os encontrei sentados no fundo.

- Já volto, vou falar com meus amigos – eu disse.
- Vá rápido, nós vamos embora – minha mãe alertou – Greg, vamos falar com Lupin.

Eu me levantei e caminhei até eles, mas Harry se levantou e saiu andando, então eu me sentei em seu lugar e Gina me abraçou com os olhos úmidos. Meu descontrole emocional fez tudo piorar ainda mais e agora eu chorava feito um bebê. Hermione apertou minha mão e Rony me olhou triste.

- E agora? O que vai acontecer? – Rony perguntou baixinho ainda abraçado com Hermione.
- Eu não sei, Ron – eu disse limpando as lágrimas do meu rosto – Eu vou voltar pra casa e me preparar para o que virá.
- Acha que damos conta? – Hermione perguntou ainda mais baixo – Dumbledore se foi e...
- Nós vamos conseguir, Mione – eu tentei sorrir, mas tenho certeza de que saiu como uma careta – Dumbledore não morreu em vão.

Levantamos-nos e seguimos Harry até uma árvore, Scrimgeour passou por mim e me olhou fixamente com os seus olhos amarelos de serpente. Um frio atravessou minha espinha e eu me arrepiei com aquela sensação ruim que aumentou ainda mais em meu peito.

- Que é que Scrimgeour queria? – perguntou Hermione.
— O mesmo que queria no Natal - respondeu Harry — Queria que eu desse informações confidenciais sobre Dumbledore e virasse o novo garoto propaganda do Ministério.
— Olha, me deixa voltar para dar um murro no Percy - Rony olhou para o lado e disse com uma voz brava.
— Não – Hermione disse com firmeza, segurando o braço dele.
— Mas eu vou me sentir melhor! – ele rebateu bravo. Nós rimos com a fala dele, mas o riso durou rápido.
— Não consigo suportar a ideia de que talvez nunca voltemos — disse ela baixinho. — Como é que Hogwarts pode fechar?
— Talvez não feche — falou Rony. — Não corremos maior perigo aqui do que em casa, não é? Está igual em toda parte. Eu diria até que Hogwarts está mais segura, há mais bruxos para defender o lugar. Que é que você acha, Harry?
— Não vou voltar nem que reabra. – ele respondeu.
— Eu sabia que você ia dizer isso. Mas, então, o que vai fazer? – Hermione perguntou.
— Vou voltar mais uma vez à casa dos Dursley, porque era o que Dumbledore queria. Mas será uma visita breve, e então partirei para sempre. – ele respondeu.
— Mas aonde é que você vai, se não voltar para a escola? – Mione perguntou confusa.
— Pensei talvez em voltar para Godric's Hollow – disse Harry um pouco baixo - Para mim, tudo começou ali. Tenho a sensação de que preciso ir até lá. E posso visitar os túmulos dos meus pais, gostaria de fazer isso.
— E depois? — perguntou Rony.
— Depois tenho de rastrear as outras Horcruxes, não é? — respondeu Harry — É o que ele queria que eu fizesse, por isso é que me contou tudo que sabia sobre elas. Se Dumbledore estiver certo, e tenho certeza de que está, ainda há quatro Horcruxes por aí. Preciso encontrar todas e destruí-las, e depois correr atrás da sétima porção da alma de Voldemort, a que ainda habita o corpo dele, e sou eu quem vai matá-lo. E se eu encontrar Severo Snape pelo caminho, tanto melhor para mim, tanto pior para ele.
- E você, ? – Hermione perguntou.
- Vou voltar para Hogwarts e fazer o possível para que a memório de meu tio seha preservada – eu dei um sorriso – Tenho que honrar a vida de Dumbledore aqui dentro, ainda mais agora que ele se foi.

Um silêncio reinou no lugar e eu abaixei a cabeça e meus olhos se inundaram, mas eu segurei as lágrimas.

— Estaremos lá, Harry — disse Rony de supetão.
— Quê? – Harry disse confuso.
— Na casa dos seus tios — respondeu Rony. — Então acompanharemos você, aonde for.
— Não. – Harry disse rapidamente.
- Harry, nós estaremos com você. – eu disse dando um sorriso triste – Hermione e Rony em busca das Horcruxes e eu aqui no Castelo fazendo de tudo para deixar o espírito de Dumbledore vivo.
— Você já nos disse uma vez — disse Hermione — Que havia tempo para desistir, se a gente quisesse. Tivemos tempo, não é mesmo?
— Estamos com você para o que der e vier — afirmou Rony. — Mas, cara, você vai ter de passar na casa dos meus pais antes de qualquer outra coisa, até mesmo de Godrics Hollow.
— Por quê? – Harry perguntou confuso
— O casamento de Gui e Fleur, lembra? – Rony respondeu e eu dei um sorriso.
— Ah é, não devemos perder esta festa por nada — disse ele por fim.

O sol deixava tudo de um jeito dourado e eu sabia que dias como aqueles, momentos como aqueles que Hermione, Harry, Rony e eu compartilhamos não aconteceriam tão cedo e agora, mais do que nunca, era preciso se agarrar a eles. Meus pais me olharam de longe eu sabia que era hora de ir.

- Preciso contar uma coisa pra vocês – eu me levantei – Sinto que tenho a obrigação e eu só peço que vocês guardem meu segredo, nas férias eu explico essa história melhor.
- O que é? – Rony perguntou.
- Dumbledore é meu tio-avô – eu respondi e Rony e Harry me olharam surpresos – Por isso eu estava sentada ali na frente, no lugar da família.
- Por que não nos disse antes? – Harry perguntou.
- Não podia, tio Alvo me fez prometer que não iria contar para ninguém, mas agora a situação é diferente – eu dei um sorriso triste – Até o casamento e, Harry!
- Sim? – ele perguntou me olhando.
- Nós vamos conseguir – eu disse para ele, mas também afirmando para mim mesma.

Voltei a caminhar olhando o lago e sentindo um peso se instaurar em minhas costas, um peso que jamais sairia porque a culpa ainda estava ali, eu havia visto Dumbledore morrer e não havia feito nada.
Meu pensamento foi para aquela noite e também para o garoto de cabelos loiros e meus olhos arderam novamente. Eu ainda sentia dentro de mim, um amor machucado, um ego ferido e uma esperança acabada. Draco estava por aí, talvez sofrendo consequências por não ter completado, de fato, a missão, talvez estava com honras por ter infiltrado os Comensais no Castelo, mas eu sabia que dentro dele, nada de bom havia restado. E por causa dele, nada de bom havia restado em mim também. Eu era apenas uma concha vazia, uma carcaça que abrigava sentimentos dispersos, quebrados e incompletos e sabia que eu jamais voltaria a ser quem eu era. Aquela garota havia morrido junto com Dumbledore e ela nunca mais voltaria porque agora não haveria mais momentos felizes para ela aparecer, não haveriam portos seguros ou calmaria, apenas sofrimento, lutas e mais perdas. Caminhei até meus pais e minha mãe me abraçou de lado e beijou minha cabeça.

- Se despediu dos seus amigos? – ela perguntou e eu olhei para trás e logo depois, olhei o Castelo mais uma vez e uma última lágrima caiu do meu olho.
- Não só dos meus amigos – eu disse simplesmente voltando a andar e dando adeus àquela calmaria e dando adeus a toda a minha vida antiga.


Epílogo: A ascensão da serpente.

Olhos de um azul acinzentado que pareciam gelo esquadrinhavam a vista da janela. O dia estava particularmente ensolarado, mas Draco não se importava com isso, ele não se importava com nada. A Marca em seu braço estava mais escura do que nunca e, com sua pele alva, fazia um contraste que ele julgava fantasmagórico. Olhou novamente o portão, viu cada vez mais pessoas chegando e um gelo se propagou pela sua espinha, ele sabia o que significava aquilo. Mais uma das reuniões que o Lord das Trevas fazia em sua casa, que nem mais casa poderia ser chamada. Sua mãe havia lhe dito que seu pai estaria voltando, Draco se animou um pouco, mas não o bastante e preferiu ficar em seu quarto trancado.
Saiu da janela e se jogou na cama, olhando para o dossel verde musgo, seus pensamentos vagavam para um lugar bem longe, especificamente para uma garota que possuía uma fênix nas costas e que cada vez mais ele sentia falta.
Draco sabia que jamais iria perdoá-lo e que talvez ele jamais a tivesse de volta. Ele sabia que ela estaria certa em não perdoá-lo, afinal, ele havia a traído da pior maneira possível, ajudado a matar alguém de sua família. Olhou para seu braço esquerdo novamente e cada vez mais se arrependia por ter aquilo marcando sua pele. Dumbledore estava morto, a missão havia sido completada, mas ele não estava feliz, a coisa mais importante de sua vida havia ido embora e a culpa era toda a sua.
Ouviu batidas na porta e se sentou na cama, vendo sua mãe entrar calmamente e fechar a porta. Ela caminhou até ele e se sentou em sua frente. Passou as mãos pelo rosto do filho e deu um sorriso triste.

- Você não me parece feliz – ela disse baixinho – Seu pai vai voltar, Draco.
- Eu estou feliz por isso – Draco explicou – Mas apenas por isso.
- Draco, não vale a pena ficar triste por causa daquela garota – Narcisa disse e Draco levantou o olhar, a olhando com um olhar triste – Infelizmente isso foi uma consequência, mas você completou sua missão.
- Eu não completei – Draco revelou – Snape matou o velho, eu... – ele parou, juntava coragem para revelar – Eu não tive coragem de fazer.
- Você o quê? – Narcisa disse exasperada – Você não o matou? Draco, o que deu em você?
- Eu não consegui, tá legal – ele se levantou da cama, pegando a camisa preta que estava abandonada numa poltrona e a vestindo – Eu não pude fazer isso, mamãe.
- Não vai me dizer que você não fez por causa daquela garota – Narcisa disse com um ódio em cada palavra – Ela não vale o chão que pisa!
- Não fale dela! – Draco explodiu – Ela não é isso!
- Nunca pensei que você ia se rebaixar a tanto – Narcisa disse perplexa – Eu sempre achei que você não a levava a sério, passou tanto anos não levando Pansy a sério.
- Ela não é igual à Pansy – Draco disse sério – Nem compare as duas.
- Você realmente gosta dela – Narcisa disse entendendo e sentindo pena do filho e Draco afirmou com a cabeça.
- E eu a perdi para sempre. – Ele disse triste.
- Ah, meu filho – Narcisa o abraçou forte e Draco a abraçou de volta com muita força – Eu sinto muito...
- Eu também sinto, mãe – Draco disse e sentiu seus olhos arderem, ele logo se desvencilhou da mãe e a encarou – Eu a amo.
- Eu vejo em seus olhos isso – a mãe deu um sorriso – Nunca te vi desse jeito com ninguém.
- Mas agora é tarde demais – Draco disse, colocando o terno e se olhando no espelho – Vamos descer e acabar logo com isso.
- Tudo bem – Narcisa caminhou até a porta e esperou o filho – Seja forte.

Eles desceram as escadas da Mansão Malfoy e foram até a sala de estar. Voldemort estava sentado e ao seu lado, a cobra Nagini olhava todos da sala com seu olhar mortal. Draco chegou até lá e todos o olhavam com receio. Voldemort colocou seus olhos nele e deu uma risada.

- Por que está tão longe, Draco? – Ele disse – Se aproxime. – Draco deu alguns passos para frente, mas Voldemort não gostou, puxou a varinha do terno preto que usava e apontou para o menino – Eu disse para se aproximar. – E o puxou para mais perto, para o meio de todos, o menino se assustou, mas tentou não demonstrar - Muito bem. Está sabendo, Draco querido? Seu pai será solto de Azkaban, logo logo.
- Fico feliz, milorde – Draco disse com sua voz falhando.
- Mas é claro que ficou – Voldemort proferiu – Mas nós não vamos falar sobre isso... Aleto?
- Sim, milorde – Aleto disse se aproximando com cautela.
- A missão dada a Draco Malfoy foi completa? – Voldemort falou olhando para Draco e Draco soava em bicas de nervoso. Ele seria punido. - Sim, milorde – Aleto disse com sua voz baixa, mas com um sorriso perverso nos lábios, ela sabia qual seria a próxima pergunta.
- Draco fez a sua parte? – Voldemort perguntou e Draco abaixou a cabeça.
- Não, milorde – Aleto respondeu sorrindo perversamente – Snape matou Dumbledore.
- Milorde – Bellatrix disse urgente – Draco nos infiltrou no Castelo, Draco trouxe Dumbledore até a torre...
- Calada, Bella! – Voldemort gritou e Bellatrix abaixou a cabeça – Eu não pedi sua opinião.
- Sim, milorde – Bellatrix disse envergonhada.
- Sua missão era matar Dumbledore e você não o fez – Voldemort disse se levantando e caminhando até Draco – Snape teve que concluir porque você não teve coragem. – Draco se manteve quieto – Mas por que não teve coragem? Era uma coisa fácil, matar alguém que não contava em nada e você não teve coragem. Será que certa garota tem a ver com isso? – Draco levantou a cabeça assustado – Creio que sim.
- Não, milorde – Draco disse com um desespero aparente em cada palavra – Não tem nada a ver com nenhuma garota. Eu não tive coragem.
- Está tentando encobrir alguém? – Voldemort pegou a varinha e Draco deu uns passos para trás – Que tal sabermos quem é...
- Milorde, por favor – Draco pediu – Não há ninguém, eu não consegui por incompetência minha!
- Não acho que seja apenas sua culpa, Draco – Voldemort o olhou com um olhar maligno.
- Milorde – Agora Snape se aproximou dos dois – Draco infiltrou os Comensais em Hogwarts e derrubamos a escola graças a isso.
- Eu aprecio isso e com louvor – Voldemort respondeu – Mas contudo, sua missão não era essa.
- Milorde, por favor – Draco disse indo para trás assustado. Ele não podia saber sobre , não podia...
- Legilimens! – Voldemort gritou de supetão e mirou em Draco, uma luz, um corpo acertado e memórias invadidas.

Draco fazia de tudo para ficar em pé, mas já estava perdendo as forças. Sua cabeça doía cada vez mais e ele levou as mãos à cabeça sentindo-a queimar. Voldemort vasculhava e usurpava cada momento relacionados a . A primeira vez que Draco colocou os olhos naquela garota que andava de preto, o quanto a achou bonita e diferente. O primeiro beijo deles na sala de troféus, todas as vezes em que eles se beijavam, o sentimento que Draco sentia por ela, todos os momentos que eles viveram, avaliados e anotados. Voldemort não iria esquecer de nenhum detalhe.
Draco não aguentou e se ajoelhou no chão, respirando ofegante, levantou o olhar e Voldemort o olhava com um prazer maligno, como se estivesse gostando do que via ou pensando em que poderia usar tudo isso que estava sabendo.
Sua mente era uma confusão e Draco se sentia totalmente invadido, agora sabia como sua garota havia se sentido quando Snape invadira a mente dela.
Voldemort passeava por cada lembrança, às vezes em que Draco e ficavam na Sala Precisa em silêncio, somente um ao lado do outro, em busca de um mísero conforto. A primeira vez deles, e Draco se sentiu constrangido por Voldemort estar vendo aquilo, afinal, havia sido um momento importante para ele e ninguém tinha o direito de saber como ele havia se sentido. Então, a lembrança que Draco mais temia ser vista foi revelada.

Draco acompanhava a lembrança assim como Voldemort que se prendia aos mínimos detalhes, querendo descobrir algo sobre a tal garota que havia atrapalhado seus planos.

- Ligação? – Draco disse confuso – Eu e temos uma ligação?
- Isso mesmo, Draco – Snape disse – Ela é um tipo diferente de bruxo, a magia que corre nas veias dela é diferente.
- Isso eu sei – Draco disse falando o óbvio – Ela também não controla as emoções...
- E isso me leva a você – Snape disse e Draco e Voldemort prestavam atenção em cada pedaço da conversa – Eu sei que você a ama. Termine com ela.
- O que? – Voldemort sorriu perversamente ao ouvir as palavras de Snape.
- Você sabe que se o Lord das Trevas colocar as mãos dela, é o fim. – ele deu uma pausa, Voldemort agora ria como se estivesse vendo algo engraçado – Para os dois lados. E se o Lord das Trevas colocar as mãos dela...
- Ela vai morrer – Draco se viu respondendo,ao mesmo tempo em que tentava tirar Voldemort de sua cabeça.– Ele vai querer usá-la.
- Exatamente – Snape disse – E também ela está atrapalhando a missão.
- Já disse que ela não está – Draco tentava com todas as forças fazer Voldemort ir embora, ele não permitiria que Voldemort encostasse em um fio de cabelo de – E eu não vou fazer isso...
- Você quer que ela morra? – Snape perdeu a paciência – Você quer? Responde, Draco...
- Eu não quero! – Draco percebeu a memória se esvaindo aos poucos – Eu não quero que ela morra... – Ele se ouviu dizer – Mas se ela virar Comensal...
- Você acha mesmo que ela vai aceitar? – Snape disse – Você tem que terminar com essa garota. Ela está te atrasando.
- Isso quem decide não é você – Draco disse bravo e Voldemort percebeu o pânico que pairava ao redor do menino. Aquilo seria divertido. – Vai embora, eu preciso pensar.
- Termine com ela, é a melhor coisa que você faça. – ele disse saindo da sala de aula – Ao menos essa vez não pense no melhor pra você. Mas o melhor pra ela.


Voldemort saiu da cabeça de Draco com um sorriso nos lábios .A sala estava em um completo silêncio, todos esperavam a conclusão de Voldemort. Draco respirava ofegante jogado no chão da sala, depois de tanto se debater de dor porque aquilo causava não apenas uma dor psicológica, mas uma dor física. Sua cabeça ardia, mas Draco não iria dar esse gosto ao Lord das Trevas. Com uma força que não tinha, se levantou do chão e respirou fundo diversas vezes ficando em pé. Encarou Voldemort com toda a raiva que podia, naquele momento, ele não teria medo de enfrentá-lo, havia perdido muitas coisas por causa dele e o seu orgulho, Voldemort não conseguiria usurpar tão cedo.

- ... – Voldemort disse com um desdém na voz – Seria a ? – Draco não respondeu, Voldemort deu um agito em sua varinha e algo começou a sufocar Draco – Eu perguntei se seria a .
- Sim – Draco disse quase sem voz e Voldemort soltou seu pescoço.
- Vocês se amam? – Lord das Trevas proferiu com certo nojo na voz, afinal, ele não acreditava no amor.
- Sim – Draco respondeu.
- Draco, querido – Voldemort disse – Vocês, jovens, tem que entender que amor só enfraquece o ser humano – Ele se aproximava cada vez mais – Ele não te dá poder, apenas tira tudo de você, te faz ficar sem ação, muitos morreram por causa disso, perderam o poder que poderiam obter por causa de uma coisa que não existe – Draco ficou quieto – Entretanto, admiro sua coragem de apostar em algo que te fez falhar na missão. A sua sorte é que Dumbledore está morto e a missão foi completa. – Voldemort olhou todos da sala – Saiam todos, só quero que fique Aleto, Amico e Severus. – Draco levantou a cabeça assustado – Obrigada pela sua contribuição, Draco. Contudo – Voldemort disse – Eu não esqueci que você não cumpriu sua parte no trato e haverá consequência para isso.
- Consequências? – Draco disse preocupado – Se milorde quiser punir a alguém, puna somente a mim.
- Isso não é da sua conta, agora saia. Só fiquem Aleto, Amico e Severus. Agora.

Todos os Comensais saíram e Draco fez suas pernas andarem para sair da sala, o medo fluindo dentro do seu corpo, Voldemort tentaria alguma coisa contra , ele tinha certeza disso.
Assim que todos os Comensais saíram, Voldemort fechou a porta com um feitiço e encarou os três Comensais da Morte que o encaravam com receio.

- Como sabem, tenho planos para Hogwarts – Voldemort começou a falar – Severus será diretor e vocês dois, professores. Nós conseguimos tomar aquele lugar e em breve será o Ministério da Magia. – Ele deu uma pausa – A missão foi completada com êxito, porém Draco não cumpriu a parte dele.
- Milorde, Draco infiltrou os Comensais no Castelo – Snape disse com calma – Isso ajudou ao cumprimento da missão.
- Mas essa missão não era a dele – Voldemort – A missão dele era matar Dumbledore e ele não o fez. E como vocês sabem, quem não cumpre o que Lord Voldemort pede, é punido. – Voldemort deu um sorriso maligno – A punição de Draco será diferente.
- Diferente como? – Snape perguntou, imaginando o que Voldemort pretendia fazer.
- Ele diz que ama e o que pessoas que se ama fazem? – Voldemort perguntou irônico – Elas sentem o que a outra pessoa sente, se importam, então que punição melhor do que atacar a preciosa de Draco? – Aleto abriu um sorriso grande.
- Eu concordo plenamente, milorde – Aleto disse.
- Então, assim que começar o ano letivo, eu dou minha autorização para fazerem a vida da menina um inferno, não quero que a matem, pois isso seria leve demais para Draco – Voldemort disse – Eu quero que ele saiba que ela está sofrendo por causa dele e eu quero que isso fique bem claro para os dois. Vocês estão me entendendo?
- Sim, milorde – Aleto e Amico concordaram.
- Alguma objeção, Severus? – Voldemort perguntou.
- Não, milorde – Snape respondeu.
- Muito bem – Voldemort disse – Vamos provar a teoria do amor – ele riu – Estão dispensados.

Os três Comensais saíram da sala e Voldemort ficou sozinho com sua cobra Nagini, fez um carinho no bicho e sorriu com seus dentes podres.

- Isso será interessante, vamos ver o quanto a menina Dumbledore e o menino Malfoy aguentam tudo isso... Temos mais uma ligação para quebrar, Nagini.


FIM

Para ler a 2ª temporada, clique aqui


Nota da autora: 27.06.2015) Pois é... A Hopeless Place acabou.
Eu ainda não sei como começar essa última n/a, não sei o que dizer.
Eu só sei que passaram-se quase quatro anos desde que a primeira ideia apareceu até eu estar finalizando a última atualização. Sim, eu comecei a escrever quando tinha quatorze anos e termino com dezoito. Eu era tão insegura com essa história que só fui postar depois de dois anos que eu já tinha começado a escrever porque não sabia se vocês iriam gostar, já que haviam tantas outras histórias maravilhosas com o Draco nesse site. Depois de muito pensar, revisar, eu finalmente postei e a recepção foi muito boa, mas vários problemas vieram ao longo desses outros dois anos. A primeira beta teve que sair por causa da faculdade, a outra desapareceu com as atualizações, o site saiu do ar várias vezes e eu muitas vezes não dava a atenção que essa história merecia.
Eu sei que muitas pessoas acharam que eu tinha abandonado, mas eu jamais poderia abandonar A Hopeless Place. Ela é meu amorzinho, minha filha preferida e meu maior orgulho. Eu amo essa história tanto quanto vocês e se fiquei meses desaparecida foi por causa de problemas externos e não porque eu não queria mais escrever. Contudo, eu peço desculpas por toda essa demora, por não ter corrido tanto atrás para resolver todos esses "pepinos" , por ter muitas vezes deixado pra lá e focado em outras coisas, MAS entre trancos e barrancos, A Hopeless Place renasceu constantemente das cinzas e finalmente chegou ao seu fim. Somente para renascer de novo porque a segunda parte está chegando.
Esse não é o final definitivo de A Hopeless Place, a segunda parte, que irá se passar em As Relíquias da Morte, está chegando mais poderosa do que nunca e repleta de problemas para Draco e Serena (Sim, esse é o nome da principal, embora eu tenha cíumes e escreva com meu nome). Lord Voldemort não vai facilitar para os dois e assim como o último livro da saga, a segunda parte será muito mais sombria, mas como disse o mentor de nossa principal, Alvo Dumbledore: A felicidade pode ser encontrada mesmo nas horas mais difíceis, se você lembrar de acender a luz.
Eu fiz um grupo no Facebook para reunir minhas leitoras, então provavelmente, enquanto não sai a segunda parte, eu vou postar vários spoilers, músicas, dicas da segunda parte. Eu vou deixar o link ali embaixo para quem quiser saber das coisas antes, participe lá!
E eu quero deixar um MUITO OBRIGADA gigantesco para a Bah, essa linda que aceitou betar AHP, que surta comigo quando tem jogo da Seleção, é Geezer que nem eu (Vamos dividir o David, né Bah?) e que já estava comigo antes mesmo de betar sendo leitora. Bah, muito obrigada! Já sabe, né? Segunda parte é tu que vai betar. Okay? Okay.
Acho que já posso me despedir, não é? Bem, então... ESPERA!
Mal feito, feito! Nox!
Agora sim, senão qualquer um pode ler, não é?
Beijos e até a segunda parte!





Outras Fanfics:
Adrift (McFly/Finalizadas);
Heart On Fire (Outros/Finalizadas);
Running For My Life (One Direction/Em Andamento);
0.3 U.N.I (Ficstape Ed Sheran: +/Finalizada).

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