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Última atualização: 29/08/2018

Capítulo Único

It’s gonna be electric
触れないギリギリで


O cheiro do mar já surgia nesta parte da estrada, o que significava que estávamos nos aproximando da praia de Maya Bay, na ilha de Ko Phi Phi Lee. Por ser uma das praias mais famosas do mundo e a ilha mais bonita da Tailândia, o fluxo de movimentação é alto entre os habitantes e turistas. As fileiras de pessoas seguindo rumo em direção ao oceano criavam um trânsito tranquilo à medida que a tarde ia terminando e as pessoas se apressavam para chegar a seus destinos.
Os agressivos raios de sol perfuraram o caminho entre a semi-aberta janela do automóvel e penetraram nos poros do meu rosto, ardendo intensamente a parte exposta da pele que o chapéu não conseguiu proteger. Tombei a lateral da cabeça sob o lado oposto do carro e deixei que o sol queimasse a extensão do meu pescoço, sentindo o calor aquecer meu corpo e causar um gostoso ardor.
O sol contracenava com as nuvens que parcialmente lhe encobria pela extensão do céu azul brilhante. É verão, a estação mais quente do ano, com dias mais duradouros que a noite, uma época que era a minha preferida mesmo com a temperatura na ilha estando um pouco instável. Estávamos em setembro, no mês mais chuvoso da temporada, então a possibilidade de haver uma tempestade era grande, mas não o suficiente para nos fazer ficar em Seul.
— Por favor, dá para diminuir a velocidade? Eu não quero ser obrigada a estragar o couro importado desse carro de idol mundial. — Kathleen pediu após repousar a cabeça na janela do carro. Ela odiava viajar em alta velocidade na estrada, pois sempre acabava passando mal. E, é claro, eu era a felizarda que sentava ao seu lado em todas as vezes.
— Engole esse vômito, Kathleen. A última vez precisei ficar quatro dias sem o meu bebê. — lançou um olhar repreensivo pelo espelho e soltei um riso nasalado. Kathleen me fuzilou com o olhar e fingiu que iria vomitar no meu colo. Empurrei sua cabeça de volta para a janela.
— Ai, ogra! — Ela choramingou. — Custava ser mais delicada?
— Eu já perdi um vestido por causa da sua frescura estomacal. Me livre de mais um! — Ela rolou os olhos e voltou a olhar para a costa ignorando os risos que sobressaíram à música do rádio.
O pôr do sol logo iria surgir e eu estava ansiosa para poder passear pela orla da praia e conhecer o famoso luau tailandês. Por sorte, havia comentado que estávamos em uns daqueles dias em que a Lua aparece no céu juntamente com o Sol, mesclando seu brilho ímpar com a vermelhidão do pôr do sol. Ele me contava sobre os últimos luaus que presenciou enquanto reduzia a velocidade para adentrar na portaria do condomínio onde a família do possuía uma casa. A casa que era de seus avôs passou para seus pais e agora a tradição está nas mãos dos filhos. estava feliz, fazia certo tempo que não conseguia vir até aqui e relaxar. O último álbum havia consumido todo o tempo que eles tinham, inclusive as férias que tiravam durante as gravações. Foi um período difícil, já que os garotos se ausentaram completamente e o único contato que tínhamos era entre as brechas de intervalos minúsculos que eles faziam antes e após as refeições. Depois de muita paciência e espera, conseguimos uma chance de arrastá-los até um lugar afastado de Seul.
O condomínio parecia uma cidade dentro de outra, rodeado de árvores imensas, muita vegetação e montanhas. Logo que o carro passou pela portaria, a extensão do condomínio me transmitiu uma singela e aconchegante calma, daquelas que você só alcança quando está muito leve consigo mesma. Inalei o ar limpo, deixando meus pulmões se habituarem a esse novo tipo de sensação saudável e apoiei o queixo na borda da janela. A natureza, ainda mais a da Tailândia, tirava meu fôlego.
Corri meus olhos pelo ambiente e tive a certeza de que aquele lugar era realmente o segundo lar da família . A atmosfera combinava demais com uma das minhas famílias de consideração — era assim que as famílias dos garotos pediam que nós nos referirmos a eles. As casas eram típicas de praia; coloridas, grandes e com uma aparência despojada e acolhedora.
estacionou o carro e depois de alguns minutos anunciou sua chegada com buzinas e gritos de comemoração. Saltei para fora feliz em finalmente poder pisar em terra firme. Estiquei-me e comecei a analisar a enorme casa que iríamos passar o resto das férias. Era grande como as outras, mas diferente das demais possuía duas fileiras de palmeiras distribuídas perfeitamente em direção à entrada da casa com um jardim colorido em volta. Alguns bancos se destacavam entre as flores em frente a uma fonte razoavelmente chamativa.
A garagem, que ficava ao lado da casa, abria caminho para o quintal, aos fundos, através de um longo corredor e uma piscina toda esculpida em porcelanato indiano atraía os olhos — e os corpos — de quem passasse por ali, mas, sem dúvidas, o que mais atraía era o que essa área tinha como paisagem bem ao fundo.
A praia e o seu infinito oceano. A combinação perfeita.
Como fã do aroma que só a natureza proporciona, senti-me imensamente encantada com a atmosfera que aquele lugar continha.
— Aqui é lindo. — abriu um sorriso para mim e passou o braço pelo meu pescoço, me conduzindo até a entrada da casa. Ajudei-o a carregar as mochilas que faltavam e antes mesmo de chegarmos à sala a discussão sobre quem iria dormir em qual quarto repercutia em qualquer canto da casa.
— Eu quero a suíte com vista para a praia! — berrou ao pé da escada e correu em zig zag pelo andar disparando para o quarto.
E, automaticamente, todos correram até o andar para escolherem os quartos. Quando me dei conta, restava apenas eu na sala.
— Go away, vaza daqui, ¡vete!, allez-vous-en, ! Vá dormir com a Hyorin! —
gritou fechando a porta na cara de . Ele saiu relutante, indo em direção ao quarto que dormiria, sendo de novo rejeitado.
— Acho importante lembrar que essa é a minha casa e o que vocês estão fazendo é uma puta falta de educação! — arrastou os pés pela escada, talvez com muita vergonha de ir para o seu futuro quarto. Sabia que dormir com Sophie era o que mais queria, mas sua vergonha incansável nunca deixava que ele conseguisse admitir. Passou ao meu lado com cara de cachorrinho pidão e se jogou no sofá, soltando um suspiro — exageradamente — alto.
— Sobramos eu e você, linda.
— Nem venha com o seu charme coreano para cima de mim. — Me esquivei de seus carinhos e não consegui esconder o riso quando fechou a cara em uma careta manhosa. — Não nasci para ser travesseiro da Hyorin, esse legado é seu.
— Para de fazer cena, . — surgiu de lugar nenhum com seu timbre irônico e inconfundível. — Todo mundo sabe que você sonhou com esse dia desde a última viagem. — bateu na cabeça do e foi em direção à escada murmurando alguma coisa. Acompanhei pelo olhar meu amigo ir enfrentar sua deusa indomável e não deixei de sorrir em pensar como eles faziam um belo casal.
— Por que suas malas ainda estão aqui? — Só naquele momento eu reparei que ainda não tinha ido procurar meu quarto. Estava tão ocupada adiando essa situação que tinha esquecido que precisaria lidar com ela eventualmente. Engoli o nó que se formou na minha garganta e olhei para os olhos que me fitavam sem nenhum ânimo.
— Preguiça. — Dei de ombros e bebi o chá que havia me oferecido como pretexto para não continuar falando. permaneceu me fitando dando a entender que não estava a fim de me deixar passar com essa resposta. Levantei e puxei minhas malas, indo em direção à escada, esperando ficar longe de sua presença por alguns minutos, mas antes fui interrompida por uns de seus típicos comentários infelizes.
— Terceira porta à direita. É onde nós vamos dormir. — Não era preciso fazer contato visual para saber que ele esbanjava um sorriso irritante no rosto.


✽✽✽


A subida até o segundo andar pareceu durar uma eternidade. Cada degrau que eu subia era uma lamentação diferente se passando na minha mente; eu precisava de um novo grupo de amigos que não tendesse a formar casais entre eles. Era um inferno ter que dividir o quarto toda maldita vez com , o ser humano que mais perturbava a minha paz espiritual.
Joguei-me na outra cama e percebi que seria mais uma viagem exaustivamente difícil. De repente eu não estava animada para ir ao luau. Quis ficar mofando nessa cama maravilhosa, assistindo qualquer filme tosco que estivesse passando na TV e ignorando todo ser humano que existisse em um raio de cem quilômetros.
— Vamos, vamos, brasileirinha! No Brasil vocês têm a garota de Ipanema e, para orgulharmos o poder da América Latina, agora vai surgir uma nova versão: Eu mesma, a “garota de Maya Bay.” — Hyorin entrou no quarto acompanhada de Kathleen e Anthea. As três resolveram se unir na tarefa de me retirar da cama e sem paciência levantei e segui o caminho até a sala, ignorando as suposições de quanto tempo esse quarto continuaria intacto comigo e dormindo juntos.
— Vocês poderiam, por obséquio, conceder a dádiva de calar as suas respectivas e benditas bocas? — Ataquei ouvindo que Hyorin murmurou um insulto e logo depois Kathleen atingiu minha orelha com suas pontudas unhas. Rebati seu carinho e Hyorin entrou no meio da cena, empurrando com as mãos meu corpo e com os quadris de Tuíra, para que nos separássemos e ficássemos distantes por uma metragem segura.
— Vocês estão sentindo esse cheiro? — Kathleen perguntou.
— Cheiro do quê? — Anthea aproximou seu nariz de onde Kathleen estava e tentou entender do que a inglesa falava. A árabe levou um tapa rasteiro de Kathleen, resmungando acanhada.
— De frustração sexual. A está exalando frustração sexual! — Ela gargalhou e, se eu não estivesse uma pilha de nervos por causa das provocações anteriores envolvendo a única coisa que estragava o meu humor, poderia ter gargalhado junto. Poderia, porque naquele momento eu só lhe xinguei e bufei entediada. Acelerei os passos até descer toda a escada e ainda ouvir Kathleen rebater os pedidos que Hyorin fazia para me deixarem em paz.
— Vamos fingir que você não está saltitando internamente por poder dividir o quarto com o segundo homem mais sexy da indústria de K-Pop. — Anthea sussurrou no meu ouvido e eu me poupei de respondê-la com algo além de um olhar maligno. Ela forçou falsa surpresa e evitei me frustrar ainda mais.
— Até que enfim! Pensei que só iríamos ao luau do ano que vem. — Anthea fez um sinal para que poupasse suas piadas e ele assentiu de imediato.
E lá estava o famoso destruidor de humores, parado na porta, me encarando como se minha existência fosse a coisa mais entediante do universo. Retribui o olhar demonstrando meu desgosto recíproco. Ele pareceu não se importar.
Virei de costas, fugindo do atrito de seu olhar, esperando que o pessoal terminasse de se arrumar e tentei lembrar o porquê eu ainda perdia tempo tentando ser amigável com . A questão é que ninguém sabe como é possível estarmos nos alfinetando em um momento e no próximo estarmos ignorando completamente a existência do outro. Ao mesmo tempo em que não me importo se ele vai estar no mesmo ambiente que eu, uma raiva sem explicação surge quando descubro que ele se nega a ir a algum lugar porque estou lá. É como se eu estivesse presa no manicômio oficial do meu descontrole, num looping que me levava diretamente para o deboche do ser humano mais insuportável que conheci nos meus míseros anos de existência.
— Tira a cara de morte do rosto e aproveita essa paisagem linda, mulher. — se aproximou me puxando para um quase abraço. Sorri largo e risonha. A mesma habilidade que tinha de estragar o meu humor em segundos, tinha de melhorá-lo. Ele só precisava estar presente para que eu me sentisse tranquila.
— O que você não me pede com esse jeito manhoso que eu não faço sorrindo? — Ele respondeu com o seu famoso sorriso capaz de fazer a raça humana cogitar a existência de deuses mitológicos e eu lhe abracei de volta. Kathleen se aproximou por trás e nos deu um abraço grupal fazendo com que quase caíssemos no meio da rua. Ela fingiu estar decepcionada por eu não ter perdido o equilíbrio e lhe puxei pelo pescoço para se juntar ao abraço.
— Não precisa sentir ciúmes, eu divido ele com você. — Vi Kathleen bufar debochada e gargalhei enquanto alimentava o seu ego.
— Eu te amo, mas às vezes te odeio. — Kathleen se esquivou da minha tentativa de trazê-la para dentro do nosso abraço e passou a personificar uma atriz hollywoodiana merecedora do Oscar por “melhor cena de drama”.
— É a consequência de conviver com a . — respondeu dando beliscões na minha bochecha. Grunhi e lhe empurrei para longe. — Para de negar o meu amor!
— Se isso é o que você chama de amor, eu prefiro viver mal amada. — Ele arfou indignado e puxou Kathleen pela mão, marchando apressadamente para longe, parecendo um garotinho de seis anos fazendo manha. Era em momentos como esse que a ideia de vê-lo como um ícone sexual me assustava. Como diabos encarar esse projeto de bebê da forma que a população mundial lhe via?
— Percebe, chérie, a petulância da afilhada do Diabo? — Da mesma forma que ele surgiu, se afastou protestando o riso alto de Kathleen, me deixando para trás com o meu próprio senso de humor.
Caminhei entre as pessoas, procurando algum rosto conhecido, até que bati a lateral do meu corpo de frente com as costas de um rapaz. Ele estava distraído rindo de algo que um de seus amigos falava e levou alguns segundos para colocar seus olhos em mim. Quando o fez, sua risada foi diminuindo e um sorriso singelo assumiu o lugar. Endireitei minhas costas e suspirei pela brecha de meus lábios, começando a sentir meus músculos se remexerem e meus olhos seguirem o percurso que o rapaz traçava em mim. Rezei para que eu não estivesse com expressão de uma adolescente abobalhada, bajulada e encantada, sorrindo atônita com a sua atenção intensa.
— Desculpe! Você se machucou? — Ah, céus, que voz. Rouca e forte, fez com que meus hormônios despertassem.
— Tudo bem, não foi nada. — Respondi ainda encarando seus olhos castanhos tabaco. Ele virou por completo seu corpo, agora com a atenção unicamente direcionada para mim.
— Sou Khalan. — Ele fez menção de me cumprimentar e eu, fazendo jus ao costume brasileiro, beijei espontaneamente sua bochecha. Quando percebi seu olhar surpreso, quis soltar um palavrão em alto e bom som.
— Desculpe minha inconveniência. — O pouco de bom senso que me restava enchia minhas cordas vocais de um riso tímido. — É costume brasileiro. Meio... Espontâneo. — Seus olhos se iluminaram em divertimento retribuindo a gargalhada e eu sorri pedindo a Deus ou qualquer figura divina que me tirasse daquela situação embaraçosa.
— Brasileiros e sua educação calorosa… Existe maneira de não se encantar? — Fingi não me atentar ao movimento sutil de seu corpo e deixei que ele se aproximasse. Concordei com um sorriso elaborado e pude perceber seu interesse surgir. Ah, homens e seus fetiches explícitos por estrangeiras! O quão mais clichê poderia se tornar?
Eu teria continuado dialogando sobre qualquer assunto com Khalan, mas a imagem de conversando aos sussurros com uma loira tirou o meu foco. Ele estava risonho, passando a mão pelas costas da mulher que parecia estar no Paraíso, e mordia seus lábios da forma que fazia quando queria forjar uma naturalidade que parecia ter sido patenteada por ele. Seu jeito habilidoso de fazer as mulheres se derreterem era o que mais me deixava transtornada. Era até injusto.
Sem nenhuma repreensão por minha parte eu os encarava com uma estranha vontade de sair de perto. Khalan continuava falando sobre como gostava do clima de verão ou algo do tipo e eu concordava em acenos, alguns sorrisos, alguns comentários aleatórios, mas nunca sem tirar os olhos daquele teatrinho protagonizado a alguns metros de distância.
Como se o seu sensor de percepção estivesse ajustado para o momento mais inconveniente, notou a minha secada sem rodeios e se divertiu puxando a mulher para mais perto e lhe vendo se contorcer de nervosismo.
Eu só achava aquilo tudo patético.
E por achar tão patético que não consegui desgrudar meus olhos de sua patética expressão de patético embaixador da beleza exótica.
Só parei de observar quando Khalan se aproximou, agora mantendo uma distância não tão amigável. Eu não fazia ideia de quanto tempo estava ali parada o ouvindo, mas naquele momento me desliguei dos fatos. Meus olhos foram parar na sua boca, vermelha e visivelmente macia, parecendo veludo prestes a acariciar minha pele da nuca. Uma vontade súbita de beijar aquele par de lábios charmosos me fez esquecer o que eu antes pensava. Khalan levou sua mão até a minha cintura e automaticamente passei meus braços pelo seu pescoço. Começou a simular uma dança lenta e sorriu quando não aguentei e gargalhei. A música que tocava na orla não era lenta, pelo contrário, era um eletrônico que eu desconhecia. Deixei-me levar pelos seus passos perfeitamente coordenados e nossos narizes se tocaram por um breve segundo. Nossas bocas se embrenharam superficialmente aumentando minha vontade de descobrir se ele é tão bom beijando como é dançando.
— A Anthea está te procurando. — A voz de me fez abrir os olhos e ver que Khalan lhe lançava um olhar reprovador e um tanto surpreso. Virei em sua direção, ainda com os braços em volta do pescoço de Khalan, com um sorriso que narrava minhas intenções.
— Obrigada pelo aviso, mas ela pode me esperar mais um pouco. — Khalan moveu meu quadril para mais próximo de si e deu alguns passos em minha direção, prestes a afastar Khalan com os ombros, estabelecendo uma linha de contato visual apenas comigo, quase me fazendo esquecer da presença do outro homem. Quando lançou um olhar desafiador e Khalan não recuou como ele esperava, ouvi meu coração acelerar em um ritmo ridículo de tão afobado.
Soltei um riso de escárnio e me pus no meio dos dois, chocando meu peito no peitoral de , percebendo só com aquele movimento que ele estava ofegante. Khalan deslizou sua mão pela lateral da minha cintura e em uma breve fração de segundos mirou seus olhos na mão de Khalan e voltou a fuzilá-lo com um leve tom de ofensa. Seu sorriso debochado surgiu e eu não entendia mais como diabos aquela situação tinha começado. O contato físico com Khalan passou a me incomodar, por alguma razão, e eu queria afastá-lo. Ele fez menção de que iria segurar em meu braço quando notou meu movimento e barrou qualquer que fosse sua intenção.
— Deixe ela ir, parceiro. — Bufei quase arrastando à força. Khalan riu extasiado, cruzou os braços e curvou seu corpo em direção ao .
— Você deveria ter me dito que usa uma “coleira”, . Escondido é mais excitante. — Segurei no pulso de e lhe empurrei para trás. Khalan parecia zangado pela minha atitude e eu persisti em olhá-lo sem humor.
— Nem cachorros deveriam ser tratados de forma a usar coleiras, Khalan, mas obrigada por ter feito esse comentário! Foi ótimo você ter se mostrado o babaca que é antes que eu tivesse enfiado minha língua na sua boca. Passar bem. — Khalan me encarou achando que eu estava fazendo algum tipo de piada. Quando notou que não havia nada além de irritação no meu rosto, ele saiu empurrando algumas pessoas pelo caminho e sumiu do cenário. Suspirei fundo, dando tempo para o meu coração se aquietar e voltar aos meus sentidos. Senti os dedos de roçarem em minha mão e com aquele gesto me dei conta que ainda estava segurando o seu pulso. Enquanto eu tentava fugir meus olhos de seu olhar, desprendi com rapidez nossas mãos e me afastei.
— Não me encha o saco pelo resto da noite, .
Quando dei meia volta e marchava em direção ao píer a procura de Anthea, arquitetando uma desculpa que não fosse tão esdrúxula, querendo esquecer os últimos minutos, entrou no meu campo de visão caminhando em uma rapidez espantosa. Por meio segundo desejei que ele tropeçasse e caísse de cara na areia para somar mais um tombo na sua coleção de micos. O ridículo idol mundial sem equilíbrio nas pernas estava me alcançando e naquele momento, por mais sem paciência que eu me encontrava, não fiz nada para impedi-lo.
— Você é inacreditável, . Só estava sendo educado e te ajudando! — É claro, como sempre o Mister Perfeição estava apenas demonstrando ao mundo o porquê é o favorito de toda a humanidade. Como eu pude achar que iria, por um único momento, deixar de esfregar na minha cara o quão maravilhoso ele é?
— Obrigada, Ministro da Educação! O que eu faria sem o seu incomparável senso de bons modos? — Bravejei a centímetros de sua cara. Suas cordas vocais pulsavam visivelmente como se ele estivesse fazendo muita força para evitar que uma cena lamentável acontecesse naquele momento.
Cruzei os braços em espera por qualquer outra reação.
— Você... — Ele riu sem ânimo e recuou. Deslizou as mãos impacientemente pelos cabelos e apontou para mim parecendo estar pronto para soltar um palavrão, mas fechou os olhos e suspirou — dramaticamente — alto demais. — Você é uma perda de tempo, .
— Então por que diabos você veio atrás de mim, ? Sempre que eu tento extravasar e viver a minha vida, você surge no meu caminho fazendo questão de estragar tudo ou querer me lembrar de que sempre será você quem vai azucrinar toda a minha paz! — As palavras desenrolavam sem pudores da minha boca e eu não media esforços para me repreender. Ele apoiou a mão na cintura e olhou para o céu sussurrando alguma neurose típica. Vamos lá, , achei que você não fosse tão religioso assim. — Merda, ! Me diz, por que você não consegue simplesmente ficar longe de mim? Por que é sempre você quem faz isso, ?
— Desisto de tentar manter um diálogo civilizado com você. Nunca daríamos certo de qualquer maneira, que seja. É como se em quarenta segundos você se tornasse alguém que eu não conheço, para quê insistir então? — Ele levantou as mãos para o alto e me olhou cedendo à discussão. Sorriu sem ânimo e eu acreditei que ainda havia mais algo pairando em seu semblante, mas desviei o olhar para soltar um suspiro disfarçado e lhe encarei por mais poucos segundos. Odiei vê-lo me olhar como se já esperasse o pior de mim.
Odiei lhe dar a satisfação de ter provas de que, de fato, eu conseguia me tornar pior cada vez que ele me lançava um de seus olhares enigmáticos.
Odiei, na verdade, saber que eu não era capaz de dizer com exatidão o porquê eu agia desta maneira. Com o jeito que me encarava e virava as costas, eu aceitei, mais uma vez, que estávamos apenas brincando com o coração um do outro e não haveria uma forma de dizer o que havia para ser dito.
— Você está fazendo um favor para nós dois. — E, sem me importar com qualquer coisa que sairia daquela boca, me infiltrei pela vigésima vez na multidão, finalmente conseguindo respirar como um ser humano normal.
— Ei, para quê tanta pressa? — me parou e eu apenas levantei a mão fazendo sinal de que aquele não era um momento bom. — Ei, , volta aqui. — tinha um vestígio de mágoa no olhar. Só naquele momento notei que estava o ignorando desde que chegamos à praia. Uma pontada de remorso atingiu o meu ponto fraco. — Tudo bem se você não quiser conversar comigo agora, mas não fique irritada. Você sabe como o gosta de te provocar.
— Me desculpa, . — Abracei meu melhor amigo, deixando que mais um de meus suspiros criasse vida. — Eu odeio agir descontrolada, mas você sabe como as coisas funcionam... É o efeito complicando tudo. — Ele riu me apertando entre seus braços. A ira rapidamente se desfez. — Vale à pena.
— O quê?
— Aguentar o por vocês. — Ele gemeu de um jeito comovido e me encheu de beijos pelo rosto. Quando achei que já tinha sido amada o suficiente, Kathleen aparece entrando — novamente — no abraço.
— Ai, que momento lindo, especial, incrível! Eu amo vocês, sabiam? Porque caso não, agora estão sabendo! Amo assim, ó — Ela esticou os braços tentando demonstrar, mas logo após caiu na risada. Eu e nos encaramos sem entender. — Meus braços são muito pequenos para exemplificar. Fica para a próxima, gente. — E antes que a gente pudesse dizer algo, Tuíra saiu saltitante em direção ao fogo.
— Já falei para o maneirar nas bebidas alcoólicas que ele dá para ela. — balançou a cabeça em negativa. — Aquele moleque.


✽✽✽


Depois de mais duas horas perambulando pela praia eu não via a hora de chegar em casa, tomar um banho e capotar na cama, mas, instantaneamente, a figura dele invadiu meus pensamentos. E se ele tivesse ido para lá? Com a loira? E se eu me deparasse com uma cena traumatizante?
Bufei.
Não. Não, eu não poderia deixar que ele estabelecesse meus critérios de conduta. Se eu quisesse ir até lá, eu iria. Se presenciasse algo, dane-se. Ele teria mais motivos para estar desconfortável do que eu. Respirei fundo, prestes a pegar força nas pernas e caminhar até o condomínio do , já que não tinha encontrado mais ninguém por perto, até esbarrar meu olhar com uma figura peculiar atrás de um estabelecimento encarando o movimento na praia. Preguei meus olhos nesta pessoa interessada em descobrir o que diabos estava fazendo ali. Talvez fosse um assaltante. Ou alguém se escondendo de outra pessoa. Qualquer uma das hipóteses não me parecia atraente no momento, então preferi continuar andando em direção a calçada, onde havia um fluxo de pessoas. Seria melhor me manter próxima apenas por precaução.
Soltei um riso ao perceber que, infelizmente, o carma brasileiro me persegue aonde quer que eu vá.
Abri a porta da casa de e adentrei, não ouvindo nada além dos meus próprios passos. Olhei de soslaio para o relógio e vi no exato momento que o ponteiro batia 02h45. O pessoal provavelmente estaria voltando em breve e se eu não quisesse encarar uma fila de pessoas desesperadas para ocuparem todos os banheiros da casa, me apressei em ir até ao quarto preparar a banheira para um banho. Antes, enviei uma mensagem para o nosso grupo de conversa.
Não encontrei nenhum de vocês, então voltei para casa. Venham logo!
Enviada às 02h46

Mergulhei na banheira e senti a corrente fervorosa da água se chocar contra minha pele, causando um arrepio prazeroso. A essência de pétalas que trouxe exalava um aroma forte e penetrante pelo banheiro inteiro e presumi a reação de quando fosse sua vez de usar. Iria me detestar, imagino.
Não sei por quanto tempo fiquei submersa na banheira, apenas me dei conta quando os dedos da minha mão já estavam enrugados. Peguei a toalha, me enrolei secando toda a extensão do meu corpo e procurei pelo meu pijama.
Merda.
Esqueci na mala.
Abri a porta na espreita vendo se alguém estava por ali. Quando conclui que não, corri até a mala e tirei meu pijama de lá, pronta para continuar o trajeto de volta para o banheiro. Quase me encostando à porta, ouvi o barulho do alarme anunciando que alguém havia entrado em casa. Suspirei aliviada. Eles voltaram.
Vesti rapidamente meu pijama e esperei no primeiro degrau que algum deles surgisse por ali. O engraçado é que as luzes principais, da sala e do hall de entrada, estavam apagadas. Provavelmente eles estavam com muita preguiça de acender a luz.
— Alguém traz um pouco de chá para mim? — Falei alto esperando que alguma das meninas respondesse com uma tirada irônica. O silêncio foi a minha única resposta. Por longos minutos esperei algum dos meninos surgir pelo corredor. Eu não queria pensar nesta hipótese, mas, sem raciocinar direito, procurei com o olhar algum objeto que pudesse usar como defesa. E, logo após, me martirizei pela minha intuição nunca falhar no segundo em que ouvi algo esbarrar em uma das cadeiras que ficam postas no balcão da cozinha. O som não foi alarmante, mas o suficiente para me fazer segurar com mais firmeza a torre Eiffel de metal que servia de enfeite na estante do hall. Não era o melhor acessório para ajudar na defesa pessoal, caso eu realmente precisasse me defender e, por favor, Deus, que eu não precise, mas poderia me proporcionar alguns minutos de vantagem.
Não procurei chamar por alguém novamente, se fosse um deles iria me responder prontamente. Continuei caminhando pelo cômodo em passos leves e baixos vasculhando algum indício de arrombamento. Nada. Tudo estava intacto.
Ao chegar à passagem para a cozinha meus olhos foram diretos para a luz acesa do corredor que leva até a garagem. Meu cérebro começou a duvidar de que, de fato, fosse algum dos garotos por ali. Seria sem sentido entrarem pela garagem, não tinha coerência. O caminho era mais longo e com muitas portas para se abrir e fechar.
Lembrei que o alarme acionado era o da entrada, tornando aquela luz acesa ainda mais inexplicável. Falha no disjuntor? Na caixa de energia? Não importava. Ela continua acesa como se fosse um lembrete de que algo estava errado.
Em momentos como esse meu corpo reage da pior forma possível. É como uma corrente de sensações péssimas que me deixam apavorada; meus ossos tremem descontroladamente, meu estômago se revira e sinto uma avassaladora vontade de vomitar. Tentei me manter sã e afastar as teorias mirabolantes que meu cérebro já processava.
Quase em um súbito a figura estranha que encontrei mais cedo na praia preencheu minha mente como se aquela fosse a resposta para tudo.
É isso. Ele tinha me seguido até aqui.
Ele, realmente, estava atrás de alguém. De uma vítima. E esta felizarda, para variar, seria eu.
Que irônica minha vida é.
Aproximei-me da porta do corredor e vi que estava semi-aberta — alguém passou por aqui. O corredor era longo e a iluminação não era perfeita até certo ponto para me proporcionar uma visão periférica de onde eu estava. Evitei pensar no que poderia estar na parte distante do corredor, na parte escura, e tranquei a porta com rapidez, controlando a tremedeira que já invadia minhas mãos. Quem quer que passou por aqui não voltará para dentro.
Se é que continuou lá fora.
Corri de volta para a sala e me deparei com a TV ligada. Esse foi o estopim para o meu delírio.
Meu cérebro pensou em diversas alternativas e nenhuma me parecia favorável, visto que meu corpo estava imóvel. Eu não conseguia mover um músculo sequer, estava apavorada demais para isso. Continuei encarando a TV reproduzir um seriado americano e deixei o pânico emergir dos pontos mais profundos do meu ser.
Quando finalmente peguei firmeza fiz menção de sair correndo, pronta para atravessar a porta e pedir ajuda para quem eu cruzasse. No momento em que me virei para pegar a chave da casa, trombei com alguém.
Foi aí que eu gritei a todos os pulmões. Era o fim. Se a última coisa que me restaria, então, seria gritar, que todo o condomínio ouvisse meu último suplício. Minha visão embaçou e eu não sabia se era pela adrenalina, se eu tinha esquecido de pingar o colírio, se estava chorando ou meu cérebro sofreu um apagão e meus olhos não estavam mais respondendo ao meu sistema nervoso. Eu nem quis entender o que estava acontecendo, só gritei e corri. Não nessa ordem, mas com o mesmo empenho.
Por um infortúnio comprovei o que todo mundo diz: a sua língua de emoção é a sua língua nativa. Naquela hora as palavras só se reproduziam em português. Umas séries de palavrões, de desabafos e de pedidos de perdão rasgavam minha garganta. Meus ouvidos pareciam apenas ouvir minha voz, e talvez seja por isso que não notei o outro ser humano gritando para que eu calasse a boca.
— Mas que diabos está acontecendo com você?! — gritava espantado lançando uma dúzia de petelecos nos meus braços. Eu nem tinha percebido que ele conseguiu me alcançar.
— Mas... O quê... Você... — Minha mente tentou puxar os fatos e não consegui assimilar completamente nada. Como poderia ser o ? — Mas que merda, ! — Grunhi me afastando dele. — Você não me ouviu perguntando se tinha alguém em casa? Qual é a graça de me assustar desta maneira? — Eu espumava de raiva. Ele poderia ser baixo, mas essa foi sorrateira demais.
me encarou incrédulo e confuso por um momento, ponderando o que falar.
— O que? Acabei de chegar. — Ele disse simplesmente, estendendo com a mão as chaves. — Eu entrei e quando fui procurar por alguém, te vi parada estática encarando a TV. Achei estranho, mas pensei que você estava sendo você. Estranha. — Ele enfatizou e por incrível que pareça não me senti insultada. — Mas aí você simplesmente trombou em mim quando eu estava prestes a tocar o seu ombro e surtou falando uma porrada de coisas que nunca ouvi na vida.
— Então... — Sentei no degrau da escada e bloqueei minha boca com as mãos. — Alguém estava aqui. — Sussurrei para mim mesma, sentindo todo o meu corpo se arrepiar em um colapso nervoso. sentou-se ao meu lado ainda me encarando como se eu fosse o ET de varginha. Ficou em silêncio, apenas me vendo murmurar uma série de coisas ilógicas e se assustou quando dei um tranco para frente. — , precisamos chamar a polícia. — Sussurrei olhando para todos os cantos do cômodo. — Ele talvez ainda esteja aqui.
, do que você está falando? Só tem eu e você aqui. — Ele disse em um tom infantilizado como se eu fosse um bebê achando que tinha visto o bicho papão. Poupei de retribuir com uma grosseria. — Você está um pouco quente, tem certeza que não está delirando?
— Alguém estava aqui. Eu achei que era algum de vocês. Desci e nenhuma luz estava acesa. Achei estranho, por que vocês chegariam e não acenderiam? Por que andar no escuro? Foi aí que eu vi que a porta do corredor da cozinha estava aberta e com a luz acesa. Mais uma coisa sem sentido. Como eu teria ouvido o alarme se ele toca só quando a porta principal abre? — Despejava as palavras enquanto tentava me manter em pé. — Então eu fui fechá-la e já me preparava para pedir ajuda para alguém, quando voltei para a sala e vi a TV ligada. Eu não liguei a TV. Eu nem ao menos cheguei perto dela! — Seus olhos rapidamente se arregalaram. Por um momento achei que ele estava acreditando nas minhas palavras, mas sua expressão de surpreso passou para risonha.
— Tá legal, , essa foi boa. — Ele bateu palmas. —Você conseguiu me enganar por alguns minutos.
— Mas que droga, ! Estou dizendo a verdade! — Puxei os ombros para cima e meus lábios desabaram em um bico emburrado. Minha cabeça começou a latejar na parte das têmporas e senti vontade de chorar — por estar com dor de cabeça e por ter batido o pé na quina do sofá. A ideia de estar delirando, levemente, não era tão impossível; quando estava voltando para o condomínio jurei que havia um degrau na minha frente e, quase caindo de cara no chão, vi que era apenas o reflexo do degrau iluminado da casa do vizinho. Abanei a cabeça, expulsando o tremor anterior, e tentei voltar aos meus sentidos com a ajuda de alguns tapinhas na bochecha. mirou seus olhos investigativos pelo meu rosto e, com os segundos, um sorriso passou a brotar pelo seu rosto, que antes estava sério, me deixando cada vez mais desconfortável com a maneira que o seu rosto estava tranquilo e o meu coração saltou sem aviso prévio. — Pare de me olhar assim, sei bem o que você está pensando.
— E o que eu estou pensando, Akinator? — Rolei os olhos e cruzei os braços, ignorando o seu riso humorado tirando sarro da minha cara. — Você consegue ler os meus pensamentos, ? — Quis, genuinamente, não ceder à vontade de olhá-lo, mas eu era fraca demais para não fazer a única coisa que eu estava tão habituada. — O que estou pensando?
Nossos olhos se envolveram em uma busca incansável por respostas que talvez ambos tinham, mas nenhum estava determinado o bastante para pronunciar. Mesmo que meu cérebro estivesse funcionando em velocidade lenta, ainda sim consegui captar a mudança de humor em sua feição e o quão perigoso aquilo seria.
— Que eu sou a pessoa que você mais odeia em toda a existência humana. — Eu respondi. — Talvez até na existência de qualquer tipo de ser vivo que existe em toda a galáxia.
riu nasalado, se remexendo em negativa, e jogando a cabeça para trás, no sofá, fechando os olhos por um momento. Um sorriso preguiçoso preenchia cada traço de seu rosto e eu suspirei anestesiada pela sensação de estar olhando para ele da forma que eu sempre quis olhá-lo: sem receios e pestanejos. Ali estava ele, , podendo ser contemplado como o ridículo deus grego que o planeta Terra o enxergava. Não era à toa que cada maldita pessoa que cruzava o caminho com ele se apaixonava e considerava ele uma criatura fantástica — tirando todo o caos que éramos como indivíduos, eu não tinha como negar que era, de longe, uma das melhores pessoas que já conheci.
O nosso problema, na verdade, era algo que nenhum de nós poderia calcular ou frear. Isso, então, tornou o caos ainda maior — se fosse possível medir em proporções, é claro.
— Eu não te odeio. — O timbre rouco de soou como um tambor em minha mente e parecia que a qualquer momento ele estava prestes a expandir um par de asas fluorescentes e desfilar pela sala, como um perfeito anjo, debochando da minha expressão de profundo encantamento. — Como seria possível eu te odiar?
— Não sei, eu ando te dando alguns belos motivos para isso. — A gargalhada de preencheu o recinto e eu estava cada vez mais convicta de que, a qualquer momento, meu coração explodiria com uma simplória batida cardíaca. Minha vista sofreu um borrão e, cambaleando levemente, não a ponto de ser prejudicial, eu apoiei o peso do meu corpo no braço do sofá e cruzei as pernas, forjando o ar mais natural que poderia ostentar naquela situação. tombou a cabeça para o lado, me sondando, e sorrindo ainda mais sereno. Algo estava acontecendo, com certeza, mas eu não compreendia. Céus, eu nunca conseguiria compreender aquele homem. — Vai, pode assumir. Nem um pouquinho? De 1 a 10, quanto você me detesta na maior parte do tempo?
— Talvez dois, mas só quando você não aceita que eu sou infinitamente melhor que você no boliche. — Arfei indignada e bati as mãos nas pernas, fazendo um barulho alto e dolorido. riu, aproximando-se, e vendo se eu havia me machucado. Meu rosto pelou, tanto pelos seus olhos estarem perigosamente avaliando as minhas coxas, quanto pela forma extravagante de reagir às suas provocações.
— Eu poderia te apresentar um PowerPoint com cem slides, com provas reais, explicando o porquê eu acabo com a sua raça no boliche! — Ele arqueou as sobrancelhas e riu provocativo, divertindo-se com o meu descontentamento. — Tirando isso, fico feliz que a minha nota seja só dois.
— E a minha nota, qual é?
Ponderei um pouco qual seria o nível de ódio que eu poderia nutrir por aquele homem. Que a verdade fosse dita: por mais que eu tentasse detestá-lo e ativar, nas profundezas do meu ser, o sentimento mais raivoso e repulsivo, no final do dia daria um jeito de me fazer não odiá-lo.
E talvez seja por isso que é tão difícil conviver com alguém que constantemente causa um turbilhão de emoções confusas e conturbadas na montanha-russa que o meu coração é.
Eu sentia coisas inexplicáveis pelo . Tudo era tão estranho e instigante que eu não queria ao menos me poupar de sentir aquele infinito de sentimentos. Cada vez mais eu me afundava naquela situação e esperava não ter para onde fugir. Se eu precisasse fugir, significaria que eu teria que me afastar dele.
— Zero. — Respondi por fim. — Sempre foi zero.
Não pude assimilar o que aconteceu após aquela frase — em um segundo estava sentado, à minha frente, aparentando uma preguiça vexatória e, no outro, ele estava tão próximo de mim que sua pele, macia e quente, chocou-se com a minha, gelada e trêmula. Ele estava disperso com o olhar fixo no meu rosto, revestindo cada poro de minha pele de uma respiração aquecida, doce e prazerosa, me deixando angustiada por descobrir que até mesmo a sua capacidade mínima de ser humano conseguia tirar o meu equilíbrio emocional e me deixar plantada com uma feição de quem estava a um passo de se jogar num abismo.
A parte traseira da minha nuca latejou distribuindo velozes solavancos pela extensão do meu pescoço. Senti minha cabeça pesar com a momentânea ardência na lateral da nuca, como se eu tivesse acabado de receber um choque, mas eram só os dedos de conhecendo esta parte desconhecida, para ele, do meu corpo. Ele suspirou uma vez, depois outra e, no fim, mais algumas, me fazendo perder a conta. Eu estava vulnerável em sua mão, deixando que ele tocasse cada fio de meus cabelos e não querendo que ele se poupasse no momento em que meu corpo despencou centímetros mais próximos do seu.
Quando achei que estava prestes a trazer os seus lábios em direção aos meus, ele fechou os olhos, murmurando certa maldição que eu não compreendi, e empurrou o peso de suas costas de volta ao estofado do sofá. Fiquei reclusa no meu próprio abraço, o que não foi a coisa mais coerente de se fazer, já que meus braços ainda se remexiam em alvoroço pela proximidade que magicamente se estendeu entre nós.
A ficha, por fim, caiu.
Nós iríamos nos beijar.
Dentro de poucos segundos um estrago seria feito. Uma atitude impensada que poderia custar muito, incluindo tudo o que nos tornou quem somos, um para o outro, hoje.
Um simples beijo.
Minhas bochechas ruborizaram e eu senti a vergonha dominar cada movimento físico que eu fazia. Não sei de onde tirei energias para me levantar e sair dali — o espanto era tanto que petrifiquei no exato segundo que mirou os olhos de volta a mim e pareceu debater internamente a mesma conclusão que tive.
Iríamos nos beijar.
Céus.
, espera... — Apressei os meus braços pela sala e contornei até alcançar a escada. Suguei o ar que conseguia e implorei para que as minhas contrações ventriculares prematuras não causassem um estrago no meu coração, pelo menos precisaria chegar ilesa até o fim desta noite. — , por favor. — Me permiti parar para ouvi-lo. Olhei baixo para , na altura de onde ele estava no pé da escada, e aguardei para que o cara que eu quase beijei decretasse o erro que quase cometemos. — Você está um pouco bêbada, eu estou um pouco bêbado. Consegue entender? É errado. Deus, é muito errado e imoral! Por que essas coisas têm de acontecer em momentos assim?
— Você está certo, . — Respondi de imediato. — Foi o álcool. Vamos esquecer que isso aconteceu, tudo bem? — Voltei a subir. Minha cabeça não conseguia mais processar suas palavras, algo dentro de mim implorava para que eu apenas seguisse em direção ao quarto e me recluísse. suspirou derrotado e, antes de eu cruzar o andar, ainda tive tempo de ouvir o seu último fragmento de pensamento.
— Talvez um dia, . Talvez. — Aquilo foi a gota d'água para que eu tivesse uma única certeza e a ficha, outra vez, caísse.
Eu queria que me beijasse um dia.
E por mais que eu estivesse me torturando naquele momento, uma pontada de esperança chicoteou o meu ventre, trazendo consigo outro fator que perfeitamente justificava a razão pelo qual aquele desejo recém descoberto existia.
Eu, finalmente, descobri que estava apaixonada por .


✽✽✽


Parecia que um caminhão havia passado pelo meu corpo. Tudo doía. A cabeça latejava; talvez fosse o remédio que não fez efeito por muito tempo. Não me importei em questionar o porquê estava dolorida, deveria ser resultado da minha péssima noite. Olhei para a cama mais ao fundo e encontrei dormindo como um magistral Deus. Sem roupa, apenas de cueca, preso nas cobertas da cama, recebendo uma breve brisa de ar pelos cabelos, deixando que meu coração amolecesse e se sentisse culpado por tantas coisas.
Desviei o olhar tentando não me deixar levar pelas memórias que surgiram no meu subconsciente. Aquela noite anterior estava destinada a ser esquecida e encará-lo dormindo não seria a melhor forma de conseguir concluir minha missão impossível.
Buscando me libertar daquela cela, andei preguiçosamente até a cozinha, dando de cara com um remexendo fervorosamente as gavetas.
— Ah, bom dia! Te acordei? — Ele se aproximou e me segurou em seus braços. Seu olhar minucioso examinava cada traço do meu rosto e logo o lancei um olhar duvidoso. — Fiquei preocupado quando me disse que você já tinha ido dormir quando chegamos. Ele disse algo sobre você ter bebido um pouco. A bebida nunca bate bem no seu estômago.
— Não quero falar sobre isso, oppa. — Dei de ombros e continuei procurando pelo cereal. — Exagerei na medida e resultou nesse lamentável cenário de ressaca torturante. — derrubou a colher de madeira na pia e apoiou o peso do corpo na bancada, encarando-me com uma curiosidade aparente. — Estou com uma dor de cabeça dos infernos, mas não se preocupe, em breve estarei melhor.
— Tem certeza que está tudo bem? — Ele se endireitou na bancada até que nossos olhos se encontrassem. — parecia um tanto desnorteado quando cheguei. Ele não quis conversar muito, estava encarando a janela como um cachorrinho abandonado. Fui zoar com a cara dele, mas ele não estava nem humorado o bastante para rir e entrar na brincadeira. Você sabe que isso é bizarro, né? Logo o , o inventor do senso de humor?
— Ele estava acordado durante todo aquele tempo? — Eu questionei. Ele só assentiu, voltando a falar de como ficou perturbado quando o ignorou suas tentativas de conversar e subiu para o quarto em silêncio e em um profundo ar melancólico. disse que queria ir até o quarto para ver se eu estava bem, mas achou melhor não interromper o meu sono porque a minha dor de cabeça tendia a piorar e eu precisava descansar.
— Vocês realmente me deixaram nervoso. — Sorri tentando lhe confortar enquanto massageava suas mãos. — Não que eu já não esteja acostumado com a estranheza que ronda os dois, mas achei que tinham brigado sério. Nunca vi ficar daquela maneira, parecia que ele estava... Sofrendo, magoado, triste? — me olhou em um confronto de perguntas, não sabendo definir como aparentava estar. — Não sei dizer.
— Estou bem, puppy. — Ele sorriu afetuoso. — Não aconteceu nada entre eu e o . — A mentira escorregou pelos meus lábios e não havia um vestígio que fizesse duvidar daquilo; eu era tão expert em mentir sobre aquele assunto em específico que, às vezes, soava mais natural do que eu pretendia. — E ele deve ter bebido um pouco além da conta. Você sabe como o fica profundo e cheio de filosofias de vida quando o álcool bate. — riu fraco e eu sorri sem humor. — Deixe isso para lá.
— Acordei mais cedo para fazer o seu café da manhã preferido, quem sabe isso melhore a dor? — Levantei da cadeira e corri abraçá-lo. Ah, como eu amava esse ser humano. Seu jeito protetor e prestativo era uma das inúmeras coisas que eu mais admirava e valorizava.
— Obrigada. Você é o melhor do mundo. Já te falei o quanto eu te amo?
— Obrigado por me lembrar. — Sorriu malicioso quando ouviu alguns passos atrás de nós. — Bom dia, Bela Adormecida. — Encontrei uma Hyorin com os cabelos despenteados e olhos borrados de rímel nos encarando com cara de quem poderia facilmente passar nas audições para o papel de noiva do Chuck. — Cuidado, ela está um porre hoje. — sussurrou no meu ouvido antes de ir até a geladeira.
— O que aconteceu ontem? Quero uma resposta plausível para justificar o inferno que minha cabeça se encontra. — Sentou ao meu lado e apoiou a cabeça no meu ombro, puxando a força a colher de cereais que eu estava prestes a comer. Protestei, mas foi inútil.
— Deve ter sido o saquê que você fez questão de beber. Eu te falei que não era uma boa idéia. — Hyorin fez uma carranca irônica, imitando a feição que o faz sempre que está certo.
— Parabéns, , mais uma vez na vida você está certo. Receba seu troféu joinha com muito orgulho! — se revirou em minha direção e arqueou a sobrancelha, dizendo um “Não te avisei?” implícito. — Sabe, , o saquê pode ter afetado meu estômago, mas não meus olhos.
— Que pena que não afetou a sua língua.
— Vocês dois são insuportáveis. Como conseguem se aguentar? — Provoquei adorando aquele encontro matinal. Sabia que na frente de todos e Hyorin adoravam se alfinetar e rebater cada vírgula que o outro falava, mas a sós eram a prova mais verdadeira que o amor existia — até para os opostos.
— Você própria pode responder essa, . — A coreana me encarou sugestiva. — Me diga, como consegue aguentar ?
— Faço o meu melhor para que ela não consiga, Hyorin. — Aquela maldita voz se intrometeu na conversa e fiz questão de levantar da cadeira e me retirar do local, ignorando totalmente sua presença e fingindo estar interessada em assistir a programação matinal.
Faria o possível para agir como se a sua existência não causasse nenhum impacto em mim e torci para que o fim das férias chegasse mais rápido. Só assim eu poderia voltar à Seul tendo a certeza de que passaria um longo tempo longe dele e podendo recuperar os danos que aquela noite gerou no meu coração.


✽✽✽


fez questão de arrastar todos nós para fazermos aulas de surf. Mesmo relutante, ele me obrigou a subir na prancha, sabendo que eu iria ter um surto de pânico segundos depois.
— Eu, , não sei nadar. — Reforcei o fato, dizendo cada palavra pausadamente e em modo lento. — Quantas vezes preciso te lembrar desse fato imensamente importante?
— Você precisa superar seus medos. Quem melhor do que eu para te ajudar a fazer isso, o invencível ?
— Não sei, talvez Jesus, mas, oh, espera! Esse não é você. — Sorri debochada. Avistei Loren conversando com o instrutor de surf e acenando exageradamente para mim. Usei aquilo como minha deixa.
ficou para trás reclamando de como eu era chata e mergulhou até encontrar os meninos. O quarteto estava mais distante do limite recomendável de mergulho, o que me deixou apreensiva. Eles pareciam não ter um senso de coerência, viviam testando a paciência da natureza, esperando que tudo fosse a mil maravilhas como o habitual. Permaneci ao lado de Anthea, não dando atenção para a sua conversa com o homem e mantendo meus olhos presos neles, atenta a qualquer movimento perigoso.
Parei para pensar em tudo o que eu daria para que os outros garotos não estivessem ocupados com as suas agendas profissionais e conseguissem passar esses primeiros dias das férias conosco. Eu sentia tanta saudade de todos eles, juntos, que às vezes meu peito doía e me sentia pronta a chorar. Não havia palavras que pudessem explicar o quão importante e essenciais eles se tornaram em minha vida.
— Amiga, que cara é essa? — Anthea me julgou com seus olhos amigáveis. — Parece que não dorme há dias.
— Obrigada pelo adendo, Anthea. De repente não tenho mais acnes, minha pele está hidratada e meus dentes clareados. Seus comentários fazem milagres!
— O que aconteceu com a humanidade hoje? Todo mundo foi possuído pelo espírito da ignorância? Pour l'amour de Dieu! — Sorri risonha e procurei encontrar algum vestígio de Kathleen e Hyorin. As duas evaporaram há mais de uma hora. Ia perguntar para Anthea a razão do sumiço, mas o instrutor estava de volta com mais alguma tentativa chula de persuadir Anthea a fechar um curso de aulas de surf. Como eu não queria ter de driblar mais alguém me forçando a conhecer o tenebroso oceano, procurei sair de mansinho em busca de algo para me entreter.
Homens jogando vôlei.
Ótimo.
Sentei na areia, observando aqueles lindos, musculosos, esbeltos, radiantes, atraentes e suados corpos se movimentarem com a velocidade dos raios solares em um perfeito sincronismo. A cada toque na bola meus hormônios se agitavam mais. Não tinha o talento de conseguir deixar clara minhas intenções nada puras aos homens, mas naquelas circunstâncias até os pelos dos meus braços me denunciavam. Homens plus vôlei é a dupla fatal para me deixar louca.
— Tenta demonstrar um pouco mais, amiga. Acho que eles ainda não notaram a explosão de tesão que você está tendo no momento. — Kathleen e suas alfinetadas chegaram e, a contragosto, desviei meu olhar para seu rosto coberto por um óculo imenso e um chapéu que permitia que sua pele continuasse sem um bronze.
— Estava apenas distraindo a cabeça. — Comentei. — Hoje não estou muito animada.
— Está perturbada por causa de ontem? — Ela me ofereceu um ombro e eu aceitei, apoiando meu peso sobre o dela. — O me contou que viu você e envolvidos em uma discussão que parecia uma briguinha sobre ciúme. — Gargalhamos com a miragem de um bancando o fofoqueiro de plantão e Kathleen me lançou um sorriso sugestivo. — Quando é que vocês vão cair na real? Todo dia eu me pergunto como vocês ainda não notaram que estão presos nesse joguinho de “diz que me odeia, mas age como se me amasse” há anos, desde que você pôs os pés na Coréia e caiu como meteoro em um fansign deles. Lembra como o agiu naquele dia? Ele estava profundamente encantado por você! — Rolei os olhos e neguei com a cabeça. — É sério! Nunca irei esquecer-me da forma que ele murmurou “linda” quando você sorriu para ele e estendeu o seu álbum. Foi incrível, pena que depois vocês se tornaram dois projetos de capetas.
— Não tem motivo para eu “cair na real”, Kath. — Dei de ombros. — vai ser dessa forma comigo para sempre, não há o que fazer. Eu não colaboro para a situação melhorar, ele não se esforça para diminuir as provocações, então, pelo jeito, a única coisa em que posso acreditar é que seremos assim. — Sorri sem ânimo. — E naquele dia eu era apenas uma fã aos seus olhos, é claro que ele iria me encarar com carinho e gratidão, você conhece quem é. Ele sempre foi grato por todos os fãs e os ama incondicionalmente, não foi nada surpreendente ele me tratar daquela maneira quando ainda não me conhecia. Depois daquilo, muita coisa aconteceu, não dá para justificar todo o resto só por causa de um momento. — Afastei os pensamentos da minha mente voltando a assistir ao jogo. Kathleen assentiu, sem dizer nada e por saber que não precisava dizer nada a mais, me abraçando de lado.
— Foi O Momento, , onde tudo começou, mas eu respeito a sua perspectiva. Sei que tudo é complicado quando se envolve um idol, uma anônima e um sentimento perigoso, mas espero que, em algum momento, vocês se permitam a afrouxar os receios e a enxergar o que há além das inseguranças. Está tudo claro como este céu aberto. — Kathleen apontou para cima. — Tudo será fácil se vocês compreenderem que está tudo bem sentir.
— Ei, achei vocês! — surgiu apoiando-se nos próprios joelhos e com a respiração ofegante. — Acho que vamos precisar de uma ajudinha. — Olhei receosa para ele, levando meu foco de volta para o oceano. esfregou impacientemente as mãos pelos cabelos e depois nos encarou com um teor preocupado nos olhos. — teve um pequeno incidente.

.


! — não atingia esse tom de voz nem mesmo quando estava fazendo um high note nos shows. Assustei-me, esquivando de seu tapa que acertaria — com muita força, vale dizer — minha orelha em cheio. Ele se desequilibrou, mas mesmo assim não deixou de tentar acertar um tapa em qualquer parte do meu rosto. — O que você fez, seu maldito?
— Eu não sei muito bem. — Sibilei ainda me afastando. Suas mãos faziam questão de agarrar com força meus ombros e, mesmo lutando contra essa repentina explosão de afeto, quis urgentemente jogar meu corpo em alguma poltrona o mais rápido possível. Eu estava um lixo.
— Como assim você não sabe? — Foi a vez de me atacar. Evitei dar alguma tirada sarcástica, naquele momento o máximo que eu poderia fazer era apenas ouvir e consentir. — Você desaparece no meio do oceano e depois de deixar todo mundo borrando nas calças, magicamente aparece aqui como se nada tivesse acontecido! Moleque, você perdeu a noção do perigo? Ou da consideração com o coração alheio? Eu poderia ter tido um infarto.
— Sinceramente, agora não é hora para vocês me metralharem de amor. — Encarei-os sem ânimo, só querendo uma aspirina. Minha cabeça explodia e as vozes continuavam ecoando pela minha mente. — Desculpem por qualquer possível infarto, ataque de pânico ou qualquer cueca da Calvin Klein que ficou borrada, mas eu estou tão perdido quanto vocês. Eu simplesmente não me lembro bem, só me recordo de estar surfando.
— Senhor ... — Um dos outros paramédicos me chamou e eu o olhei automaticamente. Ele me cumprimentou e não fez sinal para que eu levantasse. Pelo menos alguém havia notado que eu não estava nos meus melhores momentos. — Está tudo bem agora. Fique calmo e tente lembrar-se do que aconteceu.
Levei uns segundos para descobrir o que eu iria dizer. A verdade é que nem eu mesmo sabia.
Relatei todos os movimentos que fiz durante o meu momento triunfante como surfista e meus amigos me encaravam perplexos. Os paramédicos se mantinham neutros, provavelmente acostumados com esse tipo de situação ou não vendo nada emocionante sobre mais um desastrado levando um baque de prancha na nuca e desmaiando de susto. Depois que terminei, começaram a despejar dezenas de repreensões sobre o meu ato imprudente e nenhuma delas fazia sentido agora, o estrago já tinha acontecido. As vozes se misturavam num contraste variado, alto e desregular, e depois de alguns minutos eu não entendia mais o que cada um dizia. Encostei minha cabeça no estofado do sofá e fechei os olhos, querendo me desligar da Terra e dormir por uma semana inteira.
— Isso vai te fazer se sentir melhor. — A conhecida voz me fez abrir os olhos. estava abaixada na altura do meu rosto e se eu não a conhecesse bem demais poderia dizer que estava preocupada comigo. Ela me oferecia uma aspirina e uma xícara com chá de erva doce. Não estava sendo ríspida, anti-social ou mal-educada. Estava sendo atenciosa. estava fazendo uma gentileza para mim. Mais alguma dúvida de que esse dia está sendo o mais sem sentido dos últimos tempos?
— Obrigado. — Aceitei cedendo por um momento. Não que eu quisesse estabelecer uma trégua ao nosso enigmático relacionamento, mas eu realmente precisava de uma aspirina. E eu amo chá de erva doce. Não me preocupei em questioná-la sobre o remédio ou o chá porque eu já estava cansado de conseguir decifrar tão facilmente minhas expressões. Às vezes eu me sentia meio, digamos, vulnerável demais, mas grato. Ela parecia saber exatamente o que fazer, na hora que eu precisava, sem eu precisar dizer. Mesmo não dizendo nada para ela ou para outra pessoa, entendia qualquer sinal vindo de mim como um comunicado direto para si. No começo, quando ela esticava sutilmente o pote de maionese na minha frente enquanto me via o procurando com o olhar pela mesa, eu achava que era apenas óbvio e previsível, afinal, quem não gosta de comer batata frita com maionese? Mas cada vez que ela aparecia com um compressor de dor muscular, uma aspirina, uma garrafa de café e uma toalha molhada na água gelada, eu sabia que ela tinha um talento inexplicável em entender minhas expressões nos palcos e do que eu precisaria para melhorar. Com os anos eu percebi que o talento não se limitava ao que eu transparecia nos palcos. Ela acenou brevemente e sentou-se no braço do sofá ao meu lado, esticando as pernas até baterem nos meus pés. Ficou com o olhar preso em meu corpo, analisando cada centímetro de pele. Escondi um sorriso atrás da xícara. — Não foi um machucado grave. — Ela apenas assentiu ainda sem olhar para mim. Relaxou a musculatura, apoiando as costas na lateral do sofá e mordendo o lábio inferior incansavelmente; era uma das coisas que mais fazia.
— Posso ver o seu pescoço? — Nem tinha me dado conta que ela estava atrás de mim. Senti seus dedos retirarem os meus com uma gentileza que não parecia ser dela — ou uma gentileza que eu nunca conheci — e sua respiração batia contra meu pescoço, aquecendo-me de um frio que subitamente e inexplicavelmente corria pelo meu corpo. — Está um pouco inchado e tem um pequeno corte, mas não parece que vai deixar cicatriz. — Ela comentou, não parecendo estar falando comigo. Continuou passando a mão pela extensão da minha cabeça.
Aquela sensação estava sendo mais prazerosa do que deveria ser. Não estava acostumado com seus dedos tocando alguma parte do meu corpo, pelo contrário, quando tocavam sempre se fazia de forma bruta e insignificante. Naquele momento, me tocava com cuidado e atenção e sem nem perceber eu estava sendo submisso dessa atitude.
Remexi-me na cadeira impaciente com meus próprios pensamentos. se afastou e eu suspirei percebendo que estava realmente apreciando aquele contato físico inusitado.
— Você está bem. — murmurou quase inaudível. — Céus, , seu idiota! Sabe o susto que me deu?
— Você está querendo dizer que se preocupou comigo? — Ah, como eu poderia me esquecer que por trás daqueles olhos existia uma criatura que iria me dar um tabefe na testa só por uma simples provocação?
pareceu se dar conta do que havia dito e endureceu a feição, mantendo o nível mais alto do humor apático e afastou-se subitamente.
— Me preocupei com a trágica hipótese de não conseguir escolher um vestido de enterro que ficasse bonito na capa de uma revista que cobriria o seu funeral. — Ela rebateu.
— Que pena que não pude satisfazer seu sonho, .
— Ainda há tempo. Quer descobrir qual é a sensação de pular daquela janela? — Ela bufou, dramaticamente, jogando uma almofada direto na minha cara.
— Pô, ! Eu quase morri! Você está ciente dessa informação, não é? — Resmunguei. — Quanta agressividade.
— Relaxa, , não é hoje que o seu grupo ficará sem o integrante mais sexy. — Joguei a cabeça para o lado, sorrindo como um retardado, ao ouvir seu comentário. Ela falou sem dar nenhuma importância, como se não fosse nada muito surpreendente de se dizer, mas continuei a encarando, esperando que ela retribuísse o olhar, mas ela estava envolvida demais em olhar para o pessoal no fundo.
— Então quer dizer que você me acha o mais sexy do EXO? — Cruzei os braços ao me aproximar consideravelmente do seu rosto. Ela se virou para mim e não deixou de esconder surpresa ao perceber a minúscula distância entre nós.
— É o que a internet diz, . Eu só estou repassando a suposição. — Num passe de mágica, retomei os meus sensos e entendi o que estava fazendo. Foi por causa disso que me afastei dela e tentei relaxar a musculatura, vendo-a despencar os ombros instantaneamente. Tentei me convencer de que aquilo foi apenas viagem da minha cabeça. Precisei me convencer.
— Ouviu, ? — Hyorin estralou os dedos à minha frente e eu encontrei onze pares de olhos me fitando intensamente.
— Perdão? — Ela arqueou a sobrancelha claramente sem entender o porquê eu estava agindo como um drogado.
— A paramédica lhe aconselhou a ficar mais esperto na próxima vez que resolver ser um protótipo de Gabriel Medina. — deu um tapinha na minha testa e riu.
— Ei, não compare o meu compatriota com o ! O Medina pelo menos já é campeão mundial de surf, o é só campeão em passar vergonha. — fez todos na sala, incluindo os paramédicos, rirem. Rolei os olhos para ela e me arreganhei para demonstrar que não havia achado a sua piadinha engraçada e ela deu de ombro piscando provocativa.
— Acho que você está cansado e precisa descansar. Amanhã decidimos sobre qual vai ser o seu castigo. — Kathleen indicou as escadas e eu assenti, muito exausto para não aceitar qualquer argumento. Ela me empurrava carinhosamente pelas costas, ajudando-me a ir até o quarto. Deitei na cama e ela me cobriu com o cobertor. Sussurrou um “boa noite” e em seguida saiu. Encarei a noite através da janela e pensei que o melhor que eu poderia fazer seria encarar aquele dia que não iria mudar, muito menos aquele machucado que ficaria lindo no dia seguinte — eu deveria apenas esquecer. E foi o que eu fiz pelas próximas horas.
Apesar de que, desde a noite anterior, a única que eu conseguia pensar era na vaga sensação dos lábios de se encostando brevemente nos meus e em como eu daria tudo para senti-lo novamente.
Droga.
Mil vezes droga.


✽✽✽


.


— É sempre a mesma coisa, . Você me vê com um cara e, do nada, vira o macho alfa que quer bancar o defensor de donzelas em perigo. Acontece que, meu bem, eu não sou uma donzela em perigo que precisa da sua maldita proteção! — Minhas pesadas repercutiam pelo corredor enquanto vinha logo atrás marchando como um soldado pronto para partir à guerra. Parei no meio do corredor, endireitando as costas e arfando o peito, encarando-o com raiva, vendo os seus olhos se arregalarem com ira.
e chegaram na parte da manhã, após terem terminado as gravações de novos doramas que entrariam no começo do próximo inverno. estava colaborando com um projeto solo de um novo idol da empresa, enquanto que participava das finais do programa de trainees que ele atuava como treinador. Já havia acabado de retornar do casamento de seu primo. Ele esbanjava alegria ao mostrar o vídeo que gravaram de sua apresentação, em homenagem aos noivos, cantando “A Thousand Years”.
Então teve a brilhante idéia de dar uma festa para comemorar a chegada do resto do grupo e dar o pontapé para as nossas férias. Agora que todos nós estávamos reunidos, iríamos embarcar para as Filipinas e, em seguida, Malásia. Depois das três semanas de férias que tiraríamos, eles retornariam para a divulgação do novo comeback, programado para ser o número um em todas as paradas coreanas, inclusive mundiais. Hora ou outra cada um deles recebia uma ligação, ou mensagem, para falar das tratativas finais do projeto e, embora eles amassem a sensação de estarem envolvidos com o trabalho e a música, era possível ver o quanto precisavam tirar uma folga de qualquer coisa que girasse em torno da vida de um pop star mundial.
Foi por causa disso que eu apoiei o movimento e organizei, junto à e Anthea, a festa de despedida à casa de e ao início da nova viagem. Alguns amigos próximos dos garotos, que estavam no país, tiveram a oportunidade de revê-los, incluindo todos aqueles que em algum momento os conheceram — o EXO era um grupo imensamente poderoso na Ásia e tinham uma legião de conhecidos pelo país, deixando-me um pouco perdida para memorizar todos os rostos e nomes que cruzavam o meu caminho.
Até aí tudo seguia nos conformes e não havia nada que estivesse me impedindo de aproveitar a noite que parecia ser a única coisa que eu precisava depois de meses. Era apenas eu, a pista de dança e a música. O trio perfeito.
Teria sido perfeito até resolver estragar o começo da minha diversão.
— Você não tem moral alguma para falar sobre mim, . Quem é que derrubou uma bebida na minha blusa só para eu ter que ir trocá-la e perder de vista a mulher que estava dançando comigo? — Ele arqueou a sobrancelha.
— Pela milésima vez, foi um acidente! — Ele cruzou os braços e gargalhou alto fingindo divertimento. Dobrou a perna direita e apoiou o pé na parede, ainda me encarando com uma expressão de quem sabia muito bem o que eu estava pensando.
— Tudo bem. E nas outras incontáveis vezes? Também foram meros acidentes?
— Você quer se vingar só porque eu derrubei uma bebida em você? Fala sério, , não é como se você tivesse perdido a oportunidade da sua vida. A sua futura amada em breve irá aparecer no seu caminho, não se preocupe. — Me arreganhei com desdém.
— Quem disse que isso é sobre ela? — Ele sorriu de lado. — E por que você está mudando de assunto tão drasticamente?
— E por que você se importa com quem me convida para um encontro, ? — Extasiei a voz em alto e bom tom para que ele se privasse de continuar despejando ridicularidades pela boca. — Eu estava perfeitamente bem, dançando com aquele tailandês que o nome é muito complicado para eu sequer me lembrar agora de como se pronuncia, até você aparecer, com esse seu conjunto de pernas fantásticas, rebolando a sua bunda malhadinha e olhando pra mim como se eu estivesse prestes a ser indiciada por cometer um crime hediondo! — Gesticulei as mãos freneticamente até recuar e apenas me encarar com feição de quem não compreendia de onde tudo aquilo surgiu. — Já parou para pensar se você não fez tudo àquilo porque queria estar no lugar dele, ? Queria que fosse você quem estivesse dançando comigo? Sussurrando no meu ouvido? Me convidando pra um passeio afrodisíaco nesse país que foi criado por alguma divindade? Já pensou, , na mínima hipótese de identificar esse sentimento que te faz agir assim?
Um riso ácido e atravessado soou dos meus lábios e à medida que ele se estendia pelo cômodo apertado, dilatava suas pupilas, quase num sincronismo ensaiado, achando que minha reação era, no mínimo, desproporcional ou inapropriada.
— A verdade é que você simplesmente só está fodido de ciúmes, . Você sempre esteve.
Bem no momento em que as palavras tinham deixado completamente os meus lábios, impulsionou o seu corpo contra o meu, com toda a força que os seus bíceps ridiculamente brutos e fortes tinham, pressionando-me diretamente em contato com o toque gélido e sólido da parede. Ele me cercou com tamanha agilidade e rapidez que, no impacto, soltei um grito falho e inconsistente contra o seu ouvido, fazendo com que ele batucasse a palma de sua mão na direção dos meus lábios e não deixasse que nenhum outro som saísse.
O contato visual que se perdurou no próximo minuto foi a mesma coisa que estar diante do meu predador favorito.
Ele sabia que eu tentaria fugir e, como bom caçador que era, também sabia exatamente como me fazer perder.
Ele inclinou a cabeça até que alcançasse o ângulo perfeito para devorar a extensão do meu pescoço com uma sensualidade que era traiçoeira demais até mesmo para ele. Era suplicante, como se chupar cada centímetro de minha pele fosse o necessário para mantê-lo sobrevivendo, mas também era vangloriante numa carga energética que poderia eclodir cada tijolo daquele lugar. Contorci-me entre os seus braços e amoleci a musculatura, perdendo o empenho em resistir aos suspiros que travavam uma luta árdua com a minha consciência, e deixei meu maxilar cair alguns níveis ao ar entrar pela minha boca até o pulmão, já que respirar, da maneira casual, parecia uma missão praticamente impossível naquele segundo.
Deslizei minha mão pelo seu pescoço, tentando buscar por ainda mais fricção de seu corpo contra o meu que, agora, fraquejava mais e mais a cada chupada vagarosa que ele dava, mas de repente parou quando notou o que eu pretendia fazer dali em diante.
Ele me lançou um olhar carregado com toneladas de luxúria e almejo oscilando entre os nuances castanhos apelativos de seus olhos, brevemente insinuando um sorriso triunfante e certeiro nas margens da sua boca, enquanto roçava os lábios pela parte sensível da minha orelha e movimentava em um vai e vem que poderia ter sido mortal se eu não soubesse que não estávamos nem mesmo perto de começarmos.
Não me toque ainda. Não enquanto eu não tenho guardado para você. — Ele sussurrou sem fôlego no pé do meu ouvido e prendeu seus dedos em torno dos meus pulsos, levando-os de encontro à parede, deixando-me à mercê de seu poder, pressionando seu corpo ainda mais contra o meu e permitindo que eu sentisse a sua ereção se encaixar entre a brecha de minhas pernas. Um gemido piedoso e descrente fez com que ele sorrisse com a plena certeza de que o jogo estava entregue em suas mãos. Os meus lábios estavam cerrados, pertos o suficiente dos seus para que eles não se tocassem. — Eu quero te dar o pior beijo até que você fique brava e sinta o que você faz comigo.
E ele agora esfregou todo o seu pênis, ainda coberto pela calça jeans, entre a parte despida pelo meu vestido, mais traiçoeiro, tirando o resto de fôlego que eu poderia manter conservado. A sua longa língua explorou, como se nunca havia sido bem recebida antes, todos os percursos de meus lados, deslizando de um canto para o outro, acendendo e provocando a ira mais depravada que pude nutrir nos últimos minutos.
Meu coração pulsava ardentemente e por um segundo acreditei que minha alma estava prestes a deixar o mísero amontoado de células que me compunham. Quando voltou a chocar-se contra mim e envolver os seus braços em torno da minha cintura, eu senti o seu coração recepcionar o meu e encontrá-lo da mesma forma que costumavam fazer quando as nossas peles pareciam finas demais para aguentarem o toque pelante que os nossos corpos transmitiam — somos uma pura energia tomada de lascívia e excitamento e, no meio daquele vão semi-escuro nos fundos da casa, o estrago estava decretado.
Eu não tinha idéia de quanto tempo mais eu teria a sanidade de manter-me quieta e retraída naquele corredor, podendo ficar facilmente exposta em segundos. Talvez fosse pelo medo e a repreensão, poupando-me de derrubá-lo naquele chão e trabalhar com a tomada de desejo, que estivesse me impedindo de enfiar a mão por dentro de sua calça e fazê-lo suplicar por misericórdia.
Não que isso fosse um empecilho para ele, porque lá estava , de novo, fazendo questão de chocar o seu pênis contra a minha genitália, tirando sarro da minha momentânea falta de reação.
Ele afastou-se minimamente e o suficiente para me ajudar a recuperar a respiração que andava precisando desde que os seus lábios começaram a brincar com os meus hormônios.
escorregou a sua mão esquerda pela minha nuca, agarrando todo e qualquer fio de cabelo que se enroscava em seus dedos e puxou alguns para trás, levando consigo a minha cabeça para mais próximo da parede e da luz fraca que oscilava como as batidas do meu coração, até que ele pudesse contemplar o suor desprender de minha pele e meus olhos faiscarem um clamor familiar.
— É claro que estou com ciúme. — Ele sussurrou rouco e baixo contra os meus lábios, gemendo quase insonoro quando minhas mãos encontraram a entrada do seu zíper. — E vou te mostrar o quão fodido de ciúme eu estou.
E ele sorriu, me deixando rapidamente coberta pela intoxicação que a sensação de seus lábios febris tem quando atacam a minha clavícula. Seus dedos lutavam para desprender a tranca atrás de nós e lhe persuadi a continuar cuidando de incendiar a minha pele com os seus toques calculados e traçantes. A sua língua perversa dançou ao longo do meu peito e alcançou a área sensível dos meus seios, não me deixando outra saída a não ser gemer alto as maldições que se destacavam com o pouco raciocínio que eu ainda tinha questão de manter.
Suas mãos errantes desceram pelos lados do meu corpo até que elas começaram a brincar na bainha do meu vestido que, agora, aparentava ser um mísero resto de pano. Senti a escavação macia e deleitável de seus dedos quando pressionou as unhas grossas na minha coxa. Um murmúrio ofegante deixou minha boca na picada prazerosa dos dentes de brincando com os pelos arrepiados do meu pescoço e ouvi a sua maldita risada vitoriosa.
— Você pode se salvar dessa provocação se apenas me dizer aquelas palavrinhas mágicas. — Ele se afastou do meu pescoço permitindo que eu inspirasse um gigantesco suspiro de ar. Mal tive tempo de processar alguma resposta e suas mãos brincaram certeiramente com a fenda do meu vestido, virando-me de costas para o seu perfil e derrubando a vestimenta diretamente no assoalho do local que naquele instante parecia ainda mais minúsculo e quente.
“Eu amo você”? — Só percebi o que estava falando quando terminei de verbalizar a última nota. As palavras se desprenderam tão facilmente, como se já fosse previsível e familiar dizê-las a ele, que eu não pude nem me restringir e controlar. Senti-me estúpida, no primeiro segundo, quando passei a pensar que talvez não fosse isso que insinuou. Estava prestes a rir e fazê-lo esquecer aquilo, mas ao contrário do que eu esperava ser sua reação, ele me olhou por longos segundos. Fiquei com expressão de, novamente, completa idiota, esperando ouvir qualquer coisa que me fizesse ter vontade de sair correndo.
— O quê você disse?
Deve ter sido adrenalina ou os vinte segundos de coragem insana que me acertaram naquele momento e me fizeram sorrir, desengonçada, rindo baixo.
— Que eu amo você.
Eu mordi os lábios à espera de sua resposta. Ele ficou momentaneamente calado, movimentando a boca lentamente, parecendo que não encontrava as palavras certas. Meu coração começou a rasgar o peito e eu pensei que poderia ter estragado tudo.
tocou o meu rosto com os seus dedos e circulou as ondas dos meus lábios, sorrindo com um rastro que, se eu não o conhecesse bem, não saberia que era emoção.
— Droga, , eu estava pretendendo ser o primeiro a falar isso.
Encarei incrédula, chocada, surpresa e anestesiada. Eu deveria estar o olhando da forma mais boba do século, porque eu me sentia subindo a escada para o Paraíso ao ter ouvido isso.
Foi assim que eu descobri estar pronta para entrar em um colapso.
E foi assim que eu também descobri que era a minha versão favorita de delírio.
— Eu te amo. Meu Deus, eu te amo completamente. — Ele finalmente disse. As três benditas palavrinhas soaram como doce aos meus lábios, música aos meus ouvidos, um choque no meu coração e um arrepio em cada extensão da minha pele. — Mas acho que já não é nenhuma novidade.
Quando afaguei meu corpo contra o seu e beijei a sua orelha, não perdeu tempo e envolveu a borda da minha calcinha de renda pelos seus dedos e puxou quase a rompendo, deixando alguns tapas e apertos pelas nádegas. Ele subiu as mãos e, ainda por baixo da minha peça íntima, encontrou os meus seios e lhes acariciou de forma terna e firme.
Ele continuava brincando com os meus seios, rodando os seus dedos pelas minhas aréolas. Quando eu achei que ele estava satisfeito em tentar me persuadir a ficar completamente nua, me rodou até que o meu rosto voltasse a ficar frente a frente com o seu. Sem aviso prévio ou qualquer insinuação que me antecipasse o que estava a vir, ele escorregou em seus joelhos, me fuzilando de forma descarada, firmando suas duas mãos nas laterais da minha cintura e trombando a sua boca na frente da minha genitália.
Ele murmurou alguma coisa e eu estava prestes a perguntá-lo o que seria, mas o atrito de seus lábios reencontrando a minha virilha fez um choramingo duro escapar e lhe olhei zangada, empurrando ainda mais a sua cabeça para o caminho adentro. A boca dele abriu amplamente enquanto eu sentia a pressão de sua língua trabalhar através do material da minha calcinha. As suas mãos envolveram as partes de trás de minhas coxas e subiu, lentamente, até alcançar e agarrar a minha bunda, arranhando cada pedaço de pele com as suas unhas.
— O quê... — Ele começou a falar, mas parou quando me viu cair de joelhos de frente a ele, rapidamente desfazendo o seu cinto e movimentando o seu quadril com brutalidade. Olhei para furtivamente e ri diabólica.
— Você demora demais, . — Coloquei força para abaixar o seu jeans e ele bateu a cabeça na parede, preparando-se para o próximo passo.
— Sim, bem, acho que depois de tanta espera, eu posso ao menos me divertir um pouco antes de te comer de vez, não acha? — Eu sorri, torcendo a barra de sua cueca box e deixando exposto o seu membro. Um riso incrédulo saltou das minhas cordas vocais e eu subi o olhar, anestesiada, contemplando as suas jabuticabas. — Surpresa, huh?
— Devo admitir que sim. — Murmurei. — Você é ainda mais bem dotado do que eu imaginei. — Lambi os meus lábios e saltitei, nos próprios joelhos, me aproximando ainda mais daquele monumento que me encarava apelativo. Firmei meus dedos pela extensão larga, grossa e deliciosamente grande que pulsava na minha mão, distribuindo leves beijos na ponta da cabeça, sentindo o membro enrijecer rapidamente e ganhar cor. — Oh, , eu tenho tantas coisas sujas em mente para fazer com você. — Olhei para ele novamente e mostrei-lhe um sorriso vencedor, acompanhando o seu aceno simplesmente derrotado consentir. Ele brilhava, se é que poderia ser possível, uma energia torturante de tão soberba. — Eu te desejei tanto, tudo o que eu pensei nos últimos anos era em como deve ser a sensação de me entregar a você e, céus, estou louca para descobrir.
Eu gargalhei, abobalhada com a sensação de estar embarcando, na primeira classe, para a Ilha mágica da excitação.
— Eu prometo que você não vai rir mais tarde. — Ele disse pausadamente, ofegando um pouco mais alto do que ele provavelmente queria transparecer. Agarrei com mais força o seu membro e lhe dei uma bofetada de leve com a mão livre. — Quando eu te fizer gemer amando a sensação de me assistir gozar um oceano por causa do seu corpo fodidamente delirante. — Minha boca abriu com as suas palavras imundas, mas não consegui disfarçar o choque elétrico de tesão que foi enviado diretamente a minha genitália só com a ilustração mental que criei ao ouvi-lo falar aquilo.
Rapidamente continuei apertando o seu pênis, envolvendo a minha língua por ele, observando os olhos de se moverem para cima e para baixo, num sincronismo descompassado e excitado, pressionando cada vez mais sua cabeça contra a parede e mordendo as juntas dos dedos para não gemer alto. As mãos dele despencaram e encontraram num encaixe perfeito o caminho para o meu cabelo. A reação o agradou, então ele começou a massagear o meu couro cabeludo, dando alguns puxões desregulares nos fios, acompanhando o ritmo do movimento da minha cabeça. O seu comprimento é quase possível de alcançar a minha garganta e, mesmo me sentindo afobada pela sensação nova, recuei por um momento, deixando que voltasse a respirar.
— Não pare. — Ele rosnou, fazendo-me gemer de contentamento quando comecei a balançar o seu membro pelas mãos. Voltei a deslizar a língua contra a parte inferior de seu pênis, afugentando a minha boca no membro até sentir o tremor de suas coxas ajudarem com que a sua ereção dançasse um pouco dentro da minha boca. Eu ri, e sorri, dando um beliscão farto nas suas nádegas.
— O que foi, ? Está sendo demais para você? — Um corrimento de saliva escorreu pela minha boca e eu passeei com os dedos pelos lábios, ainda encarando . Ele grunhiu vidrado, levantando o dedo pedindo um pouco de compaixão. Voltei a me erguer e quando nossos olhos se encontraram na mesma altura, joguei meus braços ao redor de seu pescoço e não esperou para colar nossas bocas, beijando fervorosamente os meus lábios inchados. Desci as mãos por dentro de sua camisa, apreciando a musculatura de suas costas, me rendendo ao beijo.
— Quarto, agora, eu e você. — Ele respirou pesado e instantaneamente começou a me puxar pelo corredor em direção ao quarto. Senti a parte de trás dos joelhos baterem na cama e me joguei na cama de costas e apoiei o peso do corpo nos cotovelos, lutando com as forças paranormais que dificultavam ainda mais a minha missão de praticamente rasgar a sua camisa e atravessá-la pela sua cabeça. Quando estava devidamente despido de vez, recuei com o corpo para trás, deitando completamente, permitindo que ele me vislumbrasse com luxúria.
— Então, finalmente, isso está acontecendo. — sorriu absorto. — Você ainda tem tempo para se arrepender.
Escorreguei para abaixo dele e o ouvi soltar um suspiro exasperado. Observei ele se sentar de joelhos, com as mãos presas nas bordas da minha calcinha quase pendurada nas nádegas, mergulhando dois de seus dedos para dentro do tecido, distribuindo seu calor encharcado pela minha genitália. Montei um pouco mais em seu colo e lhe empurrei para o colchão, gargalhando quando ele abriu o sorriso mais honesto que já lhe vi oferecer.
— Você, , a essa altura do momento, já deveria ter notado que a única coisa pela qual eu me arrependo é de ter demorado para te beijar. — Ele manteve a boca fechada, mas os seus olhos se comunicavam comigo de forma reveladora. Minhas coxas começaram a tremer e meus dedos se enrolaram nos lençóis, bem quando comecei a sentir que estava prestes a assumir o controle — mas, de repente, eu não senti nada. Meus olhos se estreitaram e eles encontraram as mãos de manuseando o meu clitóris com um talento impressionante. Um edifício de pressão ardente se construiu dentro de mim e, na mesma rapidez, despencou, explodindo em clamor, gemido e força para incentivá-lo a continuar.
Ele sorriu e, antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, me virou rapidamente de bruços, ajeitando as suas pernas em torno do meu corpo. Ele nivelou o meu quadril de encontro com a sua virilha e uma excitação atravessou o meu corpo, atingindo diretamente o seu, quando ele ralou o seu membro em mim. As minhas palmas da mão cavaram o colchão, perfuraram as molas, atingiram o ponto mais baixo de urgência e no exato momento em que ouvi rasgar a embalagem de camisinha e enfiá-la no seu pênis, meu quadril se empinou para ele, esperando o grande momento. Ele percorreu as mãos pelas minhas nádegas, acariciando cada centímetro, ganhando um pouco mais de fricção entre nós e, após eu acreditar que já estava atingindo o ápice, penetrou o seu pênis na minha extremidade. Eu estava prestes a lançar uma série de maldições, mas senti o comprimento grosso de seu membro preencher até que minha voz perdesse tonalidade.
— Mais forte, ? — Ele rosnou com um leve golpe na minha bunda, praticamente cuspindo confiança pela voz. Tentei enterrar o rosto nos lençóis e interromper os arfos tomados de prazer que se exalavam pelas minhas margens irreprimíveis e percorreu o seu braço em torno da minha cintura para que eu ganhasse firmeza novamente. — Não te ouvi.
— Mais forte, . — Sussurrei sem força. sorriu contra a minha orelha.
— Como você quiser, amor. — Ele sorriu mais ainda e apertou a minha cintura, deixando-me de quatro, acariciando a sua mão pelas minhas costas. — Tudo para você. — Ele disse, mas soou como se houvesse cantarolado à medida que meu quadril se levantava e abaixava. Minha respiração falhou, me avisando o quão perto eu estava de atingir o ápice dos ápices. Minha mente borrou com a agitação de euforia e instabilidade, embriagando-me com o cheiro de suor, perfume e sensualidade que derramava sobre o meu corpo.
Ele arfou, não aguentando muito mais que aquilo, desabando ao meu lado quando eu fechei os olhos e travei uma luta incansável em busca de ar. Nossas respirações pesadas encheram o quarto e a minha mente não foi capaz de assimilar nenhum ponto coerente, só a mão de procurando abrigo na minha coxa.
Um suspiro entorpecido e apaixonado criou vida no ambiente.
Olhei para , vendo que um sorriso inexplicável de tão esplêndido tirou a minha atenção.
— Eu adoraria que você tivesse algumas outras crises de ciúme periodicamente. — Eu lhe provoquei, virando-me para encará-lo completamente. Afastei alguns dos fios molhados e emaranhados em seu rosto, visualizando as suas bochechas pelarem e se expandirem. — Tipo todo dia da semana.
Ele sorriu, procurando a minha mão pela cama e, quando a encontrou, entrelaçou os nossos dedos, levando ambas para cima de seu peito. O seu coração poderia facilmente alcançar as pontas dos meus dedos se continuasse naquele ritmo.
— Provei o bastante para você, ?
Um sorriso ultrapassou os meus lábios e eu aproximei o seu corpo, enredando as minhas mãos em seu peitoral antes de me ajeitar nas cobertas e sussurrar contra seus lábios. Colei a minha boca em seu ouvido e gentilmente respondi, acariciando a extensão de seu pescoço.
— Acho que ainda preciso de um pouco mais para dar o meu veredito final, .
— Pelo menos serviu para você concordar que eu realmente sou o mais sexy do EXO?

.


rodou para o lado quando fiz menção de tocá-la. O lençol se enrolou pelo seu corpo e acompanhei o bolo de gostosura e panos que aquela cena me proporcionava. Contemplei o monumento divino que estava ao meu lado e sorri bobo, quase sem controle da minha euforia, querendo tocá-la ainda mais, senti-la, fazê-la ter a certeza de que eu poderia ser o homem que ela merecia.
Ela sorriu travessa e tampou o rosto com a coberta, arrastando a mão por baixo do pano e encontrando a lateral da minha cintura. Apertou a gordura lateral e depois me acariciou, voltando a se aproximar de mim. Observei o seu deslizar pelo colchão e rezei para que não demorasse muito mais para ela voltar a deslizar por cima de mim.
Como se estivesse lendo a minha mente, jogou a perna direita para o alto e a firmou do outro lado do meu corpo, sentando bem em cima do meu pênis e dando alguns pulinhos provocantes na minha cintura. Ao me ouvir suspirar, ela sorriu largo, esfregando a sua genitália pelo meu corpo, sentindo o despertar do meu membro atiçar o portão para o paraíso que tinha no meio de suas pernas.
Ela afundou o seu corpo no meu e deitou o rosto em cima do meu peitoral, embaixo de suas mãos, olhando para mim com graça e um brilho no olhar que poderia ser facilmente confundido com uma constelação inteira.
Sua bunda se empinou na altura dos meus braços e lhe abracei pelas nádegas, ajeitando o seu corpo. levou as mãos para o meu cabelo e brincou com os fios, sorrindo alheia ao mundo, respirando quente contra a pele do meu rosto.
— Quando aquela prancha atingiu a minha cabeça e eu caí no mar, perdendo a consciência e sentindo que iria me afogar… — Comecei a falar baixo, acompanhando o ritual de seus olhos enfeitiçando os meus. — Eu pensei em várias coisas, mas todas elas tinham a ver com você. Pensei nas oportunidades que perdi para me declarar, pensei no que você me fazia sentir, pensei no dia em que tive a certeza absoluta de que você é a mulher da minha vida e pensei que talvez eu nunca tivesse a oportunidade de construir uma vida e uma família ao seu lado. — Acariciei o seu rosto. — Meu mundo pareceu acabar não porque eu poderia morrer, mas sim porque eu não teria mais tempo para tirar coragem de algum lugar e lutar por você.
— Por que você achou que precisaria lutar por mim?
Beijei demoradamente os seus lábios e encostei a minha testa na sua. se aproximou ainda mais, prendendo os braços pelo meu pescoço, dando vários selinhos carinhosos.
— Eu não te mereço, . Você é muito mais do que um dia eu vou ser digno de ter. — sorriu balançando a cabeça em negativa. — É verdade. O quê de bom eu fiz para merecer uma mulher como você?
— Você é amor para mim, . Você é todo o amor que pode existir em mim. — Ela sussurrou contra os meus lábios. — O que você fez de bom foi me ensinar a amar. Nunca precisei de muitos motivos para te amar porque você é o único motivo. Ser você é o que me faz te amar. É só você, idiota. Apenas você.
— Me desculpa por ter sido lento. — Eu confessei. — Tive medo de que você realmente me odiasse e não compreendesse o que eu sentia. Tive tanto medo que perdi todo esse tempo. É que você me amedronta, . Só de pensar que eu posso não me tornar tudo o que você merece e tudo o que você deseja, me sinto aflito e prestes a enlouquecer. Eu busco tanto a sua aprovação que não ser alguém que você gosta é quase como um tiro no meio do meu peito. O mundo pode explodir, todo mundo pode criar um clubinho de ódio contra mim, mas se eu tiver você, céus, a minha vida está mais do que completa.
Uma lágrima solitária se desprendeu do seu olho e eu tratei de secá-la, sentindo todo o meu peito se contrair e explodir quando ela fechou os olhos e beijou a ponta do meu dedo. Ela tombou a cabeça na palma da minha mão e se afagou nela, ficando momentaneamente quieta, apenas aproveitando o carinho que eu distribuía em seu rosto.
— As coisas aconteceram da forma que deveriam, . Tudo foi assim para que eu me apaixonasse perdidamente por você, desejasse estar ao seu lado, quisesse te matar por ser tão burro e não notar que no meu mundo só existe você, torcesse a cada minuto para que você gastasse saliva me provocando com qualquer merda só para eu saber que você ainda se importava. O nosso caos existiu para que nós encontrássemos o amor no imprevisível mais óbvio do mundo. Te odiar por te amar tanto fez parte do percurso que percorri para me descobrir somente sua.
Ela é a mulher da minha vida, sem dúvidas. O amor da minha vida, a pessoa da minha vida, a razão pela qual eu abriria mão de tantas coisas, por quem eu cruzaria a galáxia, lutaria numa guerra, por quem eu morreria, por todos os maus que eu enfrentaria para tê-la ao meu lado. Era tantas coisas que seria difícil defini-la. Antes de tudo, era ; a mulher que poderia ter escolhido qualquer outro homem para amar, que poderia ter desistido de quem éramos e seguido em frente, esquecendo da minha existência e dando oportunidade para todos os caras ótimos que cruzaram o seu caminho e estavam determinados a conquistá-la. tinha todas as opções do mundo para se manter longe de mim, mas por algum motivo, ela continuou aqui. Continuou me dando chances, dezenas delas, de fazê-la surtar de ódio, provocá-la, irritá-la e, pelo o que descobri agora, de fazer com que me amasse.
Durante todo esse tempo eu nunca duvidei do quê significava na minha vida. Não sabia ao certo como interpretar e entender a avalanche de sentimentos que esta mulher me causava, mas sabia que tudo aquilo era unicamente por sua causa. Sabia que eu nunca seria forte para lutar contra, nunca seria capaz de não amá-la e muito menos deixá-la partir.
— Você promete que amanhã de manhã ainda seremos nós, nesta cama, sem barreiras, restrições e receios? Você promete que isso tudo é real? — Ela me abraçou e suspirou fundo. Rolei minhas mãos pela sua cintura e protegi tudo de mais precioso que eu tenho na vida dentro dos meus braços. — Você promete me dar à chance de te oferecer tudo o que tenho? Tudo o que farei o impossível para te oferecer?
— Eu prometo que amanhã de manhã ainda seremos eu e você, um nós que sempre existiu e sempre existirá. — Ela respondeu. — Prometo que você terá todas as chances do mundo, porque na verdade você não precisa me oferecer nada mais. Eu te amo simplesmente. Não preciso de mais para ter certeza disso.
— Mesmo que eu tenha te escondido um segredo?
levantou a cabeça e arqueou a sobrancelha enquanto observava os contrastes do meu rosto.
— A menos que você pare de fazer esse suspense e me conte o que você aprontou, eu ainda prometo.
— Sabe aquele dia do luau, quando você jurou ter achado que alguém estava brincando com a sua cara? — Ela concordou receosa. — É porque realmente tinha alguém brincando com a sua cara. Era eu.
arfou descrente, saltando em cima de mim e pulando pela cama, quase me derrubando para o chão. Começou a tacar os travesseiros na minha cara e a socar por cima deles, gritando um monte de palavras desconexas. Segurei seus calcanhares e ela se jogou para baixo, montando novamente em cima de mim e distribuindo tapas nada amáveis.
— Eu sabia, seu cretino!


Yelling out love’s words, swallowed up by all the noise, I want to reach the peak of your love.




Fim.



Nota da autora: [CHANYEOL’S VOICE] AYO, WASSUP?
E vocês acharam que eu não iria me jogar em mais um ficstape do EXO, logo eu, a fundadora do desequilíbrio emocional quando o assunto é esses coreaninhos?
Seriously, não tenho nem palavras para dizer o quanto me enche de emoção e honra estar participando de mais uma etapa do meu grupo utt nesse site tão imensamente importante. Quero começar agradecendo às donas do site, as betas, capistas, helpers e todas as pessoas que estão por trás para manter esse time em pé e trazer o melhor nível de entretenimento e, de certa forma, refúgio para milhares de pessoas. É aqui que as diversas autoras se sentem confiantes o bastante para colocarem os seus trabalhos à público e não dá nem para definir a magnitude da beleza que esse site tem. Obrigada, FFOBS, por nos disponibilizar essa oportunidade mágica! <3
Obrigada, também, para quem me acompanha em todo novo projeto. Cada palavra de carinho e apoio que já recebi é o que me condiciona a continuar tentando trazer o meu possível para essas linhas de estórias que significam vários universos particulares dentro de mim. Cada uma delas tem um amor singular e um significado para mim. A honra de compartilhar com vocês é uma coisa que eu só consigo sentir. Faço o que faço por paixão, mas especialmente em dedicação a every single person que colaborou para que eu chegasse até aqui. Cheeeeers!
Esse daqui é mais um dos meus casais amor e ódio, bem do tipo que eu sou apaixonada. Vai ano, vem ano e a gente continua atolada nessa vibe, ne non? #assumo.
Espero que essa fic tenha proporcionado uma leitura prazerosa para quem chegou ao fim! Foi uma delícia escrever essa estória, ainda mais por ter sido “extraída” de uma fic que originalmente tinha tudo para ser diferente do que foi, mas acabou sendo ideal para o que eu tinha em mente para essa música. Torço do fundo do meu coração que eu não tenha decepcionado ninguém e que, quem ler, feche esse link e volte um pouco mais feliz e satisfeito para a sua respectiva rotina. Fico infinitamente grata por você ter chegado até aqui!
Nos vemos na próxima música, no próximo ficstape, no próximo projeto e em qualquer ‘corredor’ do site. Se cuidem!
We are one! ♥





Outras Fanfics:
08. Hurt
Unbreakable Destiny
The Chairwoman
04. Lightsaber
05. Tactix

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