Última atualização: 31/12/2020

Parte I
O passado

Some legends are told;
Some turn to dust or to gold;
But you will remember me for centuries...


ㅤ📍 Em algum lugar da Escandinávia - 845:

O sangue da skjaldmö escorria por sua testa, enquanto ela tentava normalizar sua respiração. A mão ferida segurando a espada não trazia firmeza. Seu corpo pesava e a visão estava turva. Ela passou o suado por sua testa, sentido a pontada dolorida do ferimento profundo que as garras do monstro haviam deixado em sua pele.
Mordeu seu próprio lábio, encarando os olhos frios da figura negra que a observava. A boca com dentes grandes e afiados, salivando como se estivesse pronta para abocanhar a guerreira sem hesitar. Mas a mulher não sentia medo. Ela apenas sentia ira.
— Primo, você deveria se envergonhar de tentar abocanhar seus relativos, huh? — Ela debochou, deixando um sorriso ladino brincar em seus lábios.
Eu vou destruir o mundo que você tanto ama da mesma forma que fiz com o seu esposo. — O monstro sussurrou as palavras na cabeça da mulher, fazendo-a apertar com mais força o cabo de sua espada.
A guerreira trincou o maxilar, correndo em direção à fera como se não houvesse nada a perder. E realmente não havia. Sua vida havia sido um poço de decepções desde a primeira vez que havia pisado na terra. Um homem que clamava estar ao seu lado desde o começo dos tempos. Apaixonar-se estando destinada a outro. Sua existência havia sido baseada em um destino que ela ao menos sabia se era capaz de cumprir e, agora, todo o destino do mundo girava em torno da mulher conseguir ou não derrotar o lobo que mostrava seus dentes pontudos, ameaçando-a.
A mulher parou ereta, guardando a dor latente em seu corpo em algum lugar profundo de sua cabeça para que pudesse cumprir seu destino. Puxou a corrente que jazia em sua armadura, meticulosamente escondida entre os tecidos molhados e correu em direção à fera, usando a baixa estatura como uma vantagem pela rapidez de seus movimentos. A lâmina de Excalibur cortando o ar em um som metálico contra as garras do monstro, que tentava sem sucesso atingi-la. Quando finalmente conseguiu finalizar seu plano, a besta estava pronta para destruir o que restava de seu espírito. E então ela sorriu, permitindo-se sentir a dor excruciante das garras do lobo contra sua carne maltratada, antes de cravar a espada contra o pescoço de Fenrir.
O sangue se misturando com a água negra do lago, que havia marcado sua última luta e seu último suspiro.
Eu não deveria intervir, a sua alma não pertence ao Helheim. — Um conjunto de vozes chamaram a atenção de Brenna. — Você não teve uma morte tranquila, morreu como uma heroína e deveria garantir seu lugar em Valhalla, mas, aparentemente, existem outros planos para você, criança.
Brenna finalmente se permitiu encarar a figura que flutuava à sua frente, encarando-a com a superioridade de uma deusa. O rosto dividido entre a metade em decomposição e a metade como uma bela mulher, cobertos por um manto preto, não deixavam dúvidas de quem era a figura que a encarava.
Hel sorriu de canto.
— Olá, criança. — Ela sorriu, mostrando o contraste entre os dentes perfeitamente alinhados e pútridos. — Você fez um bom trabalho, apesar de apenas conseguir atrasar Fenrir, ele não irá desistir tão cedo.
— Eu tentei o melhor que pude. — Murmurou, encarando as paredes pintadas por rostos sofridos do palácio de Hel.
— Sim, mas ainda será necessário um novo ciclo. — Hel suspirou. — E é por isso que você está aqui, criança. — A deusa encostou na bochecha de Brenna com a mão em decomposição. — Você vai reencarnar e, até lá, espada estará perdida. E permanecerá perdida até que o momento em que seu retorno seja necessário.
— Como saberei? — Indagou, fechando os olhos ao sentir o toque gelado da deusa.
— Eu me certificarei que saiba, é o seu destino e você não pode mudá-lo. — Hel estendeu a mão em decomposição para a guerreira, que assentiu em agradecimento e a pegou, depositando um beijo terno na pele esquelética da deusa.
Brenna encarou os olhos vazios da deusa da morte, permitindo-se deixar levar para fora do palácio através do caminho à beira do Rio Nastronol. Encarou a deusa uma última vez, deixando-se levar pela luz cegante que tomou conta de sua visão.



Parte II
O presente

Until you die for me, as long as there’s a light, my shadow’s over you;
‘Cause I’m the opposite of amnesia...


ㅤ📍 Universidade de Middlesex - Atualmente:

— Rei Arthur e os cavaleiros da távola redonda.
A caligrafia caprichada de preencheu um pedaço da lousa de giz um tanto quanto antiquada. Deixou o giz descansando em sua mesa e bateu suas mãos, tirando a poeira branca em um ato natural. Era uma de suas manias desde que se conhecia por gente: sempre batendo suas mãos, sempre tirando uma poeira inexistente entre seus dedos.
Ela encostou-se contra sua mesa, observando o rosto dos alunos. Alguns desinteressados, outros quase caindo no sono. No segundo caso, ela ao menos os julgava. Terminar uma sexta-feira com uma aula de literatura medieval inglesa não era seu sonho quando estava fazendo sua graduação.
— Começaremos a aula de hoje fazendo um pequeno apanhado sobre a história do Rei Arthur, alguém poderia começar? — Algumas mãos se levantaram e ela apontou. — Ok... Oliver? Eu acertei? — Franziu o cenho, esperando não ter errado o nome do aluno.
Em pouco mais de um mês de aula, ela havia errado os nomes de seus alunos mais vezes do que gostaria e algo a dizia que isso estava começando a fazer com que ela parecesse não se importar eles.
— Sim, Senhora Hansen. — O rapaz sorriu, algumas covinhas aparecendo em suas bochechas. — Hum... — Ele respirou fundo e ela encarou suas mãos, que tremiam levemente contra a mesa. Medo de falar em público, talvez? não sabia ao certo.
— Não se preocupe, eu não vou tirar pontos semestrais caso vocês não saibam a cor da cueca que ele estava usando quando achou Excalibur, ok? — Levantou suas mãos em rendição, sorrindo quando pequenas risadinhas irromperam pela sala. — Certo, fique à vontade, Oliver.
— Certo... — ele sorriu fraco em direção à professora, pigarreando antes de começar: — Rei Arthur foi um marco na literatura medieval, ele foi um príncipe que viveu entre os plebeus por muito tempo, escapando de um golpe de estado em Camelot, após seus pais serem mortos.
— É uma forma de enxergar, de fato. — Ela sorriu. — Nesse caso, estamos indo para o lado cinematográfico com o Charlie Hunnam seguindo um alinhamento do bom caótico, mas agora em cima de um cavalo, ao invés de uma Harley. Sim, eu sou jogadora assídua de RPG para os curiosos. — A mulher voltou sua atenção para a lousa, escrevendo as informações dadas por seu aluno momentos antes. — Obrigado, Oliver. Alguém mais?
— Eu, professora. — Um homem levantou sua mão à distância e ela reconheceu seu tom debochado antes mesmo que pudesse virar para encará-lo.
Claro que seu corpo responderia aos estímulos sem muito esforço.
— Lance, fico feliz que tenha resolvido participar da aula. — Sorriu em sua direção, rolando seus olhos internamente.
Era um ótimo dia para ser professora de uma turma de especialização, onde o atual de sua ex-namorada era um dos alunos.
— Fique à vontade.
— Eu gostaria de citar o triângulo amoroso de Camelot...
Mas é claro que você gostaria, pensou ela.
— Já que ele foi um dos principais responsáveis para a sua queda.
— Ótimo ponto, Lance. — puxou mais uma seta na lousa, escrevendo os nomes Lancellot e Genevere. — Isso não foi algo abordado na adaptação mais recente, mas de fato o romance entre Lancellot e Genevere, foi um grande agravante para o declínio de Camelot. Lancellot e Arthur eram melhores amigos, Genevere era a esposa de Arthur. Lancellot e Gen tiveram um caso que destruiu as esperanças de Arthur, levando à destruição e morte de Camelot. — Explicou.
— Homens, certo? — Uma garota comentou, tirando uma risada. — Quero dizer, empasses que seriam facilmente resolvidos, se eles tivessem resolvido adotar um relacionamento a três. — identificou-a como sendo Lizzie Jordan, uma das alunas da formadas em história.
— Seria um sonho para Lancellot, não? — Lance indagou. — O melhor dos dois mundos.
— É, certo.
A professora balançou a cabeça, apenas tentando se distrair do ódio que tomava conta de seu corpo sempre que Lance abria a boca para fazer algum comentário desagradável.
Lance Hughes costumava ser seu melhor amigo. Ele, e Gwen, sua namorada até meses antes, formavam o trio que seu pai costumava chamar de “Os Meninos Desordeiros”. Amigos desde a adolescência, quando se mudou para Londres, vinda da Noruega, após sua mãe decidir aproveitar os anos de vida que restavam para a sua avó.
Ela nunca havia reclamado. Meses após sua mudança, os três já não se desgrudavam mais e tudo o que faziam, faziam juntos. Desde trabalhos escolares até pequenas maratonas pelas ruas do subúrbio de Londres, seguindo a fixação por uma vida saudável que tanto gostava.
Tudo caminhou bem até o último ano do colegial, onde e Gwen se apaixonaram. Elas ficaram juntas por três anos e acabaram quando Hansen flagrou sua namorada transando com Lance em uma festa. Ela ficou destruída. Chorou por semanas, quase não se alimentava e ao menos era capaz de encará-los. Agradeceu mentalmente quando eles finalmente deixaram de procurá-la, mas isso não significava que todos haviam aprendido a lidar com a situação. Enquanto Gwen optou pela distância, Lance optou por causar toda e qualquer dor que pudesse em .
Ela deixou o giz cair novamente no apoio da lousa, batendo as mãos novamente, antes de se virar para a turma.
— Bom, como uma forma de termos um contato mais íntimo com a literatura, a proposta que eu tenho é que vocês façam pesquisas sobre Rei Arthur. Esse ano, eu vou aceitar tanto obras literárias, quanto cinematográficas, sim? — Sentou-se na mesa de madeira ao centro da sala. — Eu sei que a aula é de literatura, mas eu quero que vocês tenham a liberdade de discutir as diferentes faces da história. Mas não se deixem levar, a leitura do livro também é obrigatória.
— É um trabalho individual ou podemos fazer com nossos colegas? — Uma das alunas, cujo não tinha ideia do nome, chamou sua atenção.
Qual é, pessoal?! — Tombou a cabeça, encarando-os como se a indagação fosse inacreditável. — Vocês estão na especialização, precisam mesmo perguntar? — Esperou por uma resposta e quando ela não chegou, continuou: — Se fizerem em grupo, os critérios de avaliação serão mais rígidos. Vocês escolhem, ok?
Eles assentiram.
— E o prazo de entrega? — Oliver levantou-se, seguindo o fluxo dos outros alunos que faziam o mesmo.
— Como eu sei que muitos de vocês têm outras coisas, eu deixo para um mês contando a partir da próxima segunda. — Sorriu, arrumando seus livros e cadernos em cima da mesa para colocá-los em sua bolsa.
— Tenha um bom final de semana, senhora Hansen. — Cassidy, uma aluna com cabelos rosa neon, acenou, saindo da sala.
— Tenham um bom final de semana também, vejo vocês na próxima aula.
observou os alunos saindo um por um de sua sala e se levantou, andando até a lousa e apagando cada uma das palavras que havia escrito em sua lousa anteriormente. Deixou o apagador descansando em cima do apoio e se virou em direção à mesa, no exato momento em que uma onda de enxaqueca turvou sua visão. Encostou-se na cadeira, puxando-a com dificuldade, antes de jogar seu corpo contra ela. A dor na lateral de sua cabeça era quase como se a lateral de sua cabeça tivesse sido golpeada com um taco de baseball.
A mulher se curvou para frente, apoiando sua cabeça entre as mãos, quando imagens começaram a passar por sua cabeça.

Uma espada, um homem acariciando sua bochecha com um sorriso ladino, antes de depositar um beijo terno em sua testa.

, está tudo bem? — A professora escutou uma voz chamando-a e levantou seu olhar em direção à figura que a encarava.
Massageou suas têmporas e fechou os olhos, sorrindo em direção ao homem.
— Tudo sim, Reznik, só uma enxaqueca repentina. — Balançou sua mão, como se dissesse que ele não precisava se preocupar.
Ela pegou sua garrafa de água, abrindo-a e tomando uma golada generosa do líquido.
— O que você precisa?
— Eu estava pensando se você poderia me dar uma carona hoje, meu carro está no mecânico.
Oh. — Ela franziu o cenho. — Eu não consigo, eu não vou para casa hoje. — Ela colocou a garrafa de água no bolso de sua mochila, colocando a alça em seu ombro, antes de se levantar. — Me desculpe.
— Você... não vai? — Ele sorriu em sua direção. — Posso saber onde você vai?
— Não. — Sorriu, andando em direção à porta com o homem ao seu encalço.
— Sabe, uma hora você vai ter que aceitar meus convites, . — Reznik encostou-se na parede, encarando-a.
— Olha, Reznik. — respirou fundo, juntando todo a educação que seus pais haviam veemente dado nos últimos anos para encará-lo. — Olha, sem ofensas, mas eu não estou interessada. Eu já te disse e ficar insistindo não vai fazer com que eu queira.
Reznik a encarou por algum tempo, procurando qualquer sinal de brincadeira nas palavras da mulher à sua frente. Quando viu que ele não diria nada, Hansen deu de costas para ele e começou a marchar em direção à saída. Não conseguiu finalizar dois passos, antes de sentir um apertão em seu pulso.
— O que... — virou-se, encarando olhos queimando de fúria. — Me solta.
— Olha, , eu estou tentando ser uma pessoa agradável e você está tornando isso muito, muito difícil. — Ele sorriu e a professora encarou a mão dele em seu pulso como se pudesse queimá-la com o olhar, antes de voltar a encará-lo.
— Eu vou pedir gentilmente: solta o meu braço. — A norueguesa sorriu, puxando seu braço mais uma vez.
Passou seu olhar rapidamente pelo corredor, certificando-se que ninguém estaria olhando-a caso fosse obrigada a tomar medidas extremas.
— Você é ousada, eu gosto disso.
— Senhora Hansen? Está tudo bem? — Escutou Oliver chamando-a em algum lugar atrás dela e o aperto de Reznik se afrouxou em seu pulso, permitindo que ela se afastasse com violência dele.
— Oliver! — Reznik cumprimentou. — Está tudo bem, só estávamos em uma conversa amigável.
— Certo. — Oliver murmurou, encarando o olhar apreensivo da professora. — Senhora Hansen, você ainda vai me ajudar com a orientação do projeto?
— Claro. — andou em direção ao rapaz, ao menos se importando em se despedir do homem que segurava seu braço momentos antes.
? — Rez gritou, fazendo-a encará-lo. — Pense na proposta, sim?
A norueguesa engoliu em seco, apenas ignorando a fala do homem, antes de se virar para o garoto de cabelos longos ao seu lado. Oliver não era muito mais novo que ela, algo a dizia que suas idades eram bastante próximas. Talvez ele também estivesse próximo da casa dos trinta, apesar de parecer um pouco adolescente com as camisetas de herói, calças skinny e cabelos repicados.
— Obrigada, Oliver. — Ela murmurou, segurando a alça de sua bolsa.
— Você deveria denunciá-lo para a reitoria, isso é assédio e acabou de se tornar físico. — Ele suspirou, acompanhando-a pelos corredores em direção ao estacionamento. — Sério, . — Ele a encarou apreensivo.
— Eu consigo resolver isso sozinha, não se preocupe. — Sorriu em direção ao rapaz, tirando as chaves do carro do bolso de seu sobretudo. — Se preocupe com a sua nota na minha disciplina.
— Quando foi que eu tirei uma nota baixa? — Franziu o cenho, encarando-a, e ela deu uma risadinha. — Eu estou falando sério, eu provavelmente devo ter o melhor histórico escolar que essa universidade já teve.
— O segundo melhor. — Pontuou a mulher. — O primeiro é o meu.
— Certo, nerd. — O garoto sorriu, balançando a cabeça.
— Você é meu aluno, um pouco de respeito, por favor.
— Fora da sala você é somente uma mortal como o resto de nós. — Ele a encarou, acompanhando-a até seu Aston Martin fosco. — Se cuide, ok?
— Obrigado mais uma vez. — Ela balançou a cabeça, desativando o alarme e abriu a porta do carro, colocando sua bolsa no banco de trás, antes de finalmente se sentar no banco do motorista.
— Tchau, Senhora Hansen. — Oliver acenou.
A norueguesa balançou sua cabeça positivamente em um aceno. Fechou a porta ao seu lado e travou pelo lado de dentro, como uma medida extra, caso Reznik tivesse resolvido segui-los. Colocou sua chave na ignição, dando partida antes de refazer seu caminho.

⚔️ ⚔️ ⚔️

— Você consegue acreditar nisso? — Marchou em direção à mulher à sua frente, realizando um movimento rápido com a espada para tentar acertar seu tronco, recuando quando não obteve sucesso.
— Lance é um imbecil e o seu colega de trabalho deveria ganhar uma ordem restritiva de presente. — Nessa murmurou, indo afundo com um ataque ao dobrar sua perna direita, grunhindo quando acertou a ponta de sua espada. — Trapaceira.
— Você quem vacilou. — Defendeu-se, movimentando-se rapidamente em um ataque que acertou a costela coberta pela veste branca de sua melhor amiga. — O que te preocupa? Você parece distante. — A professora baixou a espada, retirando a máscara de seu rosto, soltando os cabelos em seguida.
— Eu estou preocupada com toda essa situação, você não deveria estar passando por isso no seu ambiente de trabalho. — A outra mulher tirou sua máscara, deixando a espada no chão, antes de se sentar na escada que levava até a plataforma e pegar sua garrafa de água. — É uma droga.
— Eu me acostumei com isso, a sorte dele foi que Oliver apareceu antes que eu pudesse reagir.
— Esse homem iria se arrepender de ter se aproximado de você, em primeiro lugar. — Deu de ombros, encarando os outros pequenos alunos treinando nas outras plataformas. — Como estão suas dores de cabeça?
— Eu tive uma hoje mais cedo, foi um inferno. — Estalou sua língua.
— Como foi dessa vez?
— Dor extrema, uma espada, um homem beijando a minha testa. — Coçou a própria cabeça, fazendo uma careta.
— Cenário?
— O mesmo de sempre. — Respirou fundo.
— Olha, a gente precisa sair. — A melhor amiga suspirou. — Existe um amigo que quero te apresentar tem algum tempo e você está tornando meu trabalho difícil, será que podemos resolver isso?
— Eu já disse, Wanessa, eu...
— “Tenho coisas da faculdade para corrigir e assuntos do doutorado para terminar.” — Nessa a imitou. — Nós duas sabemos que você disse isso mais vezes do que posso contar. Você precisa viver a sua vida enquanto ainda pode, além do mais, existem mais coisas que valem a pena o seu tempo, além do seu trabalho.
— Certo, certo. — Rolou os olhos. — Quando?
— Graças a Deus você está no seu juízo mental. — A loira grunhiu, levantando-se da plataforma e pulando para o chão, estendendo sua mão para a melhor amiga. — Você vai adorar o .
— Vou, é?
— Claro, ele é bem o seu tipo de homem.
— E esse tipo seria? — riu, passando seus braços ao redor de Nessa, enquanto elas andavam em direção ao vestuário para tirar seus uniformes.
— Hughie Campbell e Frenchie de The Boys, talvez alguns personagens do Charlie Hunnam. — Pontou, encarando a melhor amiga, enquanto ela deixava as peças de roupa no banco e andavam em direção ao chuveiro do vestiário.
— O Hughie tem uma personalidade fofinha, o Frenchie tem um sotaque gostosinho e o Charlie Hunnam é um homem cuja crush eu nunca irei superar. Nunca! — Pontou, entrando embaixo da ducha quentinha e começando a lavar os cabelos com o shampoo que havia levado.
— Já pensou como seria se você estivesse no mundo de rei Arthur? — Ness provocou, entrando na cabine ao lado.
— Eu sonho com isso todas as noites, não é tão divertido quanto parece. — Riu fraco, fechando os olhos para enxergar as imagens que viviam gratuitamente em sua mente pelos últimos dias. — Mas, ao menos eu sou gostosa usando uma armadura de pele.
— Claro, eu acredito em você. — Sua melhor amiga indagou. — Mas, falando sério, como você acha que seria se você realmente fosse... você sabe?
— O rei Arthur em todo o seu esplendor de gostoso que luta pelo seu reino? — Ela começou a passar o condicionador em seus cabelos. — Deve ser meio doido poder fazer algo assim, acho que eu não teria preparo o suficiente, eu morreria antes de sequer tentar.
— Credo, .
— O que foi? — Ela riu, enxaguando os cabelos e ensaboando seu corpo. — É a verdade, é por isso que eu sou apenas uma professora e não uma lutadora olímpica.
— Vai se ferrar. — Wanessa xingou, tirando uma gargalhada gostosa de em troca.
A norueguesa balançou sua cabeça negativamente, preocupando-se em terminar o seu banho mais do que qualquer possível assunto viajado de Nessa. A realidade era que ela se pegava pensando na possibilidade com frequência. Como uma devota às divindades do panteão nórdico, ela com frequência via a si mesma tendo sonhos relacionados à cultura dos deuses, o que incluía uma certa visão da deusa em que ela era devota: Hel, a deusa do submundo.
sonhava com a deusa quase que diariamente, era como se elas tivessem uma conexão que não poderia ser explicada em voz alta. Lembrava-se de como foi quando a figura dividida apareceu em seus sonhos pela primeira vez: encarando-a entre um cenário gélido e enevoado, Hel estendeu sua mão esquelética para a professora em um sinal de respeito. não hesitou em beijá-la. Sua fidelidade havia sido jurada à deusa desde então. Hel nunca respondia suas perguntas, mas, de certa forma, ela se sentia como se estivesse sendo protegida pela deusa por boa parte do tempo.
? — Nessie chamou sua atenção e a mocinha a encarou, penteando os cabelos com delicadeza. — Você ficou encarando a parede por um tempo.
— Eu estava pensando, nada demais. — Balançou sua mão.
Pegou as peças extras de roupa, que sempre carregava em sua bolsa sempre que ia até a aula de esgrima, e agradeceu por ter escolhido a composição clássica de jeans, camisa branca e tênis de cano médio. Vestiu as peças e parou em frente ao espelho, deixando soltos, enquanto procurava seu kit de emergência para saídas inesperadas. Fez uma maquiagem simples com os itens e voltou a jogá-los dentro de sua bolsa, voltando a encarar Nessa.
— Odeio como você não me dá a chance de me divertir com o fato de você ser despreparada para as coisas.
— Obrigado? — Riu fraco.
— Não foi um elogio. — Nessie rolou os olhos, levantando-se e pegando sua própria bolsa. — vai nos encontrar no SoHo em vinte, vamos lá.
puxou sua própria bolsa, colocando-a em seus ombros, antes de sair atrás de Wanessa pela academia. Não tardaram para voltar para o clima frio do ambiente — frio o suficiente para pedir o uso de um sobretudo, calor o suficiente para permitir que elas saíssem com seus cabelos molhados sem acabar com os fios congelados no meio do processo. O clima perfeito, segundo .
Ela abriu o porta-malas de seu carro, colocando a sua bolsa e a de Wanessa lado a lado. Fechou a porta e andou até o lado do motorista, desligando o alarme e adentrando o carro, colocando suas chaves na ignição, afivelando o cinto e dando partida. Sua melhor amiga mexeu no rádio, colocando uma de suas playlists preferidas para que elas cantassem e dançassem durante o caminho até o SoHo Bar.

Pelo tempo que havia levado para chegar até o bar, elas já haviam cantado uma boa parte das suas músicas preferidas de Ariana Grande e Panic! At The Disco, então ela já estava um pouco menos rabugenta, se comparado à quando Nessie resolveu a arrastar de um lado a outro de Londres até o pequeno bar.
Ambas desceram do carro e a norueguesa ativou o alarme de seu carro logo após fecharem a porta, atravessando a rua para adentrar o bar que estava ligeiramente cheio devido ao fato de ser uma sexta à noite. O bar estava quente e uma música instrumental tocava nos alto-falantes ao redor. Sentiu a mão de Nessa se enrolar na sua, guiando-a entre as pessoas até algum ponto no bar.
Quanto mais elas se aproximavam, mais o formigamento típico de suas enxaquecas começava a dar as caras na parte traseira. Ela parou abruptamente, buscando por qualquer lugar onde ela pudesse se sentar. Sentou-se no primeiro banco que estava em sua frente, fechando os olhos com força, quando a dor atingiu-lhe como uma paulada na lateral de sua cabeça. trincou o maxilar, sentindo a visão escurecer, até que ela não pudesse enxergar absolutamente nada que não fossem as imagens repassando por sua cabeça. Os olhos esverdeados a encarando, os cabelos escuros caindo contra a testa, o maxilar marcado e o sorriso antes de depositar um beijo em seus lábios.
! ! ! — Escutou uma voz chamando-a de longe, mas ela apenas não conseguia diferenciar o que era realidade e o que era algo de sua cabeça.
Sentiu uma mão segurando seu ombro e a dor finalmente se dissipou, permitindo que ela finalmente pudesse encarar algo além do looping de imagens.
— Dor de novo?
— Sim. — Pigarreou, olhando em direção ao barman. — Ei, poderia me dar uma água, por favor? — Pediu, o rapaz apenas assentiu e pegou um copo, colocando água com alguns cubos de gelo, antes de entregar para ela. — Obrigada. — Ela bebeu um gole generoso.
— Eu vou pedir para que o venha até aqui, me recuso a fazer com que você tenha que andar até sabe-se lá onde desse jeito. — A mulher pegou seu celular, preparando-se para digitar algo em seu celular, quando uma voz invadiu os ouvidos de , mesmo diante do barulho.

— Brenna de Laufey, eu sou Sven Adamsen. — O homem encarou o rosto sujo da mulher, os olhos pintados de preto, misturados com gotas de sangue devido à presença dela na última guerra. — É um prazer.
— Olá, Sven Adamsen. — Ela encarou os olhos esverdeados do rapaz, voltando sua atenção para a afiação de uma de suas facas.

— Você não precisa, eu te encontraria em qualquer lugar. — Brincou a voz, causando um embrulho no estômago de .
Nessie o abraçou.
, essa é , a garota que eu venho te falado. — Ela apontou em direção à amiga, que finalmente levantou seu olhar para o rosto do desconhecido.

— Sven?
— Brenna?

Indagaram em uníssono, encarando um ao outro à medida em que entravam em seus próprios loopings. engoliu em seco, observando cada pequeno detalhe do rosto conhecido à sua frente. Ela não tinha ideia de como, mas seu coração retumbava em seus ouvidos com a simples possibilidade de estar em frente a ele. Com seus cabelos cortados pelas laterais e fios castanhos caindo por seu rosto, o maxilar marcado e os olhos inquisitivos.
A norueguesa notou Nessie dando uma discreta cotovelada nas costelas do rapaz, fazendo com que ele saísse de seu próprio looping.
— Oi, eu, hum... Sou , Clarke. — Ele estendeu sua mão em direção à da mulher, que apertou-a sentindo uma pequena corrente de eletricidade percorrer por seu corpo com o toque.
— Eu sou... Hansen. — Ela riu fraco com sua própria confusão. — É um prazer conhecê-lo, Nessie me falou bastante sobre você.
— Acho que temos isso em comum então, devo dizer que ela falou bastante sobre você também. — Ele sorriu, fazendo com que o coração da mulher pulasse uma batida. — Então, Nessie me disse que você é professora de literatura medieval? — puxou um banquinho, sentando-se entre Nessa e , encarando-a com intensidade o suficiente para que ela se sentisse despida.
Não que ela fosse reclamar de ser despida por ele, nem em um milhão de anos.
— Sim. — Ela passou seu polegar pelo topo do copo de água. — Sou professora de escrita criativa e literatura medieval, na realidade, mas eu atuo mais com a literatura do que qualquer outra coisa.
— Você é uma professora de Tristão e Isolda ou Beowulf?
— Nenhum dos dois. — Riu fraco, encarando o homem. — Eu sou uma professora de A Demanda do Santo Graal. — Deu um gole em sua água.
— Uau. — Ele riu, encarando Nessa. — Como nós nunca nos trombamos pelos corredores?
— Você estuda na Universidade?
— Sim, eu curso a especialização em estudos linguísticos, mas acredito que meu irmão tenha aulas com você. O nome dele é Oliver, um garoto magrinho com cabelos longos e repicados.
— Eu o conheço, ele é um ótimo aluno, inclusive.
— Eu imagino, ele está sempre enfurnado no quarto estudando algo sobre a sua matéria.
— Ele é o melhor aluno da turma, extremamente esforçado.
. — Nessa murmurou, chamando a atenção do homem, que virou em sua direção. — Hora de irmos. — Apontou com o queixo para o fundo do bar, onde dois homens encapuzados encaravam o trio com atenção. — Leva ela.
— Nessie? Tá tudo bem? — franziu o cenho, encarando a amiga quando ela se levantou em um pulo e segurou sua mão, quase derrubando-a da cadeira. — Nessie!
— Confia em mim, você não quer ficar aqui. — Nessa murmurou, empurrando as pessoas entre reclamações e olhadas feias vindas dos outros líderes em sua direção.
sentiu uma mão se enlaçando na sua e encarou a pessoa que havia realizado o ato, encontrando encarando algum lugar à sua frente com um olhar preocupado. Ela engoliu em saco, sendo golpeada pelo vento frio do lado de fora do bar quando finalmente saíram.
— Eu preciso da chave do seu carro, rápido. — Nessa a encarou e estendeu as chaves, entrando no carro no momento seguinte em que sua amiga abriu a porta.
— O que está acontecendo? — Indagou. — Alguém pode me dizer o que está acontecendo?
— Agora não, linda. — entrou dentro do carro, olhando para o lado de trás, onde os dois homens encapuzados os encaravam. — Nessa, se você puder fazer suas mágicas, agora é o momento.
A melhor amiga assentiu, procurando algo em sua bolsa, enquanto o homem se preparava para girar a chave na ignição. Nessa murmurou algo para um conjunto de pedrinhas em suas mãos, jogando-os em direção aos indivíduos, quando uma luz cegante saiu delas.
AGORA, ! — Ness gritou, segurando com força seu banco, quando o homem saiu arrancando com o carro pela Old Compton Street.
— Nós ainda temos dois dias, o que foi isso?
— O que você acha? Eles não querem dar a chance para que ela consiga achar Excalibur, Ness. Eles nunca quiseram, agora só está mais claro.
— Mas ela ao menos entende o que está acontecendo, é cedo demais. Não é a hora, .
— Não existe muito o que podemos fazer agora, além de esperar que ela lide com isso. — Ele engoliu em seco, prestando atenção na rua vazia.
— Se vocês não me explicarem o que está acontecendo, eu juro me jogo desse carro. — Chamou a atenção dos dois no banco da frente, fazendo com que olhos verdes a encarassem pelo retrovisor.
— Poderia esperar até chegarmos em casa? Acho que ficaria tudo mais claro assim. — Ele respirou fundo, encarando a rua.
— E como eu vou saber que vocês não vão me matar?
— Acredite em mim, se quiséssemos você morta, teríamos te deixado naquela droga de bar. — Nessa bufou, encarando a noite estrelada. — Nós estamos tentando de salvar, Arthur.
— O quê?
— Exatamente como você ouviu. — Vanessa fechou os olhos, permanecendo em silêncio pelo resto da viagem.



Parte III
Colisão

I could scream forever;
We are the poisoned youth...


ㅤ📍 Em algum lugar do subúrbio de Londres - Atualmente:

estava apreensiva. Encarava o topo de seus sapatos como se eles fossem trazer respostas concisas quanto à maluquice que as três pessoas da sala haviam lhe dito momentos antes.
À primeira vista, ela achou que sua melhor amiga estivesse maluca. Que os dias sem dormir por culpa de um trabalho de conclusão de curso haviam torrado totalmente os neurônios dela. Depois, ela começou a rir como se tudo aquilo fosse uma grande piada e que havia uma pegadinha no meio da história. E então, eles disseram algo que havia feito com que tudo se encaixasse perfeitamente, de modo em que ninguém teria uma cabeça tão doentia a ponto de trazer isso à tona... Seus sonhos.
Os sonhos que ela havia apresentado desde a infância. Os sonhos em que ela lutava até a sua morte com um lobo gigante, que havia destruído tudo o que ela amava. Os sonhos que não eram sonhos e sim memórias de sua vida passada. As visitas de Hel, que escapavam de qualquer relato que ela havia visto de outras pessoas.
Agora ela estava apenas desligada de tudo e focando apenas em não surtar.
— Ei, ... — murmurou, sentando-se ao seu lado para encará-la. — Eu sei que é muita informação.
— É, sim. — Engoliu em seco. — Quero dizer, eu sendo a portadora da espada do rei Arthur? E que eu vou usá-la para matar um monstro nórdico? Realmente, é muita informação. — Respirou fundo, fechando seus olhos e massageando as têmporas. — Existe algum lugar onde eu possa dormir? Eu posso lidar com tudo isso quando eu acordar, por favor.
— Claro, tem o quarto do . — Oliver propôs, apontando para as escadarias.
assentiu, desenhando seu caminho em direção ao quarto do homem com Nessa ao seu encalço. Nessa, uma fada cuja missão era proteger a espada até que ela fosse entregue para o seu portador. Nessa, uma imortal que havia acompanhado desde que ela apenas um recém-nascido. A pessoa que ela havia sentido uma conexão paranormal desde o começo.
respirou fundo, abrindo a porta do quarto de e se jogando na enorme cama de casal ao centro dele. Ela não se importou em tirar suas roupas, muito menos em se livrar da maquiagem. Estava tão cansada, que apenas se deixou levar pela atmosfera sonolenta do cansaço.

— Olá, criança. — A voz invadiu seus ouvidos, colocando-a em seu estado de alerta. — Eu lhe disse que quando a hora chegasse, você saberia.
— Olá, mamãe. — murmurou, encarando a figura mortificada que sorria em sua direção. — É bom vê-la novamente sem estar morta.
— Detalhes, criança, não temos tempo para eles. — A deusa sussurrou, passando a mão pelos fios escuros dos cabelos da semideusa. — Você deverá ir até o lago e retirar a espada antes que libertem o lobo. Deverá derrotar o seu maior inimigo, antes que ele cumpra seu destino.
— Como saberei disso?
— É só buscar pelos sinais. — A deusa segurou o pulso da mulher, fazendo com que ela sentisse a pele queimar. — Busque por sinais.
E então a deusa desapareceu.

⚔️ ⚔️ ⚔️

Uma luz forte entrou em contato com seus olhos, tirando-a do estado sonolento em que ela estava deixando-a ainda mais cansada do que quando se deitou na cama. Levantou-se, coçando os olhos e encarando Nessa jogada em uma poltrona no canto do quarto, como se tivesse caído no sono durante seu horário de vigia.
suspirou, andando até a melhor amiga, empurrando levemente seu braço e chamando-a:
— Nessie, acorda.
— Bom dia para você também, rainha.
rolou os olhos, dando com o dedo do meio em direção à melhor amiga. A fada se levantou, desamassando suas roupas com as mãos, antes de sair de dentro do quarto ao lado da semideusa. O cheiro inebriante de café tomava conta do ar da casa, quando elas chegaram ao primeiro andar e encontraram os dois rapazes na cozinha.
— Bom dia. — murmurou, levando um pequeno de bolo até a boca.
— Bom dia. — indagou, puxando uma banqueta e sentando-se. — Nós precisamos ir até Ruislip Woods. A espada está lá.
— Impossível.
— Seria, mas é como o destino funciona. — A guerreira explicou. — O meu destino gira em torno do que deve acontecer e, como consequência, as coisas mudam de cenário. Eu mudei para Londres e aqui estão vocês, assim como Lance e Gwen. Elas estão se adaptando de acordo com as minhas vivências, a prisão de Fenrir e a Espada vão estar aqui, da mesma forma que da última vez. Por isso nós temos que ir. Agora.
— Merda. — Oliver engoliu em seco, levantando-se da cadeira e puxando o as chaves com ele.
— Obrigada. — agradeceu, seguindo o homem porta a fora da residência dos Clarke em direção ao seu carro.
Pegou a chave no ar, quando Oliver a atirou em sua direção, entrando no carro do motorista e colocando as chaves na ignição. Ness e Oliver se sentaram no banco de trás, enquanto se sentou no banco do carona.
estava trêmula, seus pés afundando no acelerador denunciavam o quão desesperada ela estava. Claro que ela não poderia ser uma pessoa normal de vinte e poucos anos, ela tinha que estar enfiada em uma história digna de um roteiro de Hollywood e ela não era uma das maiores fãs disso.
Segurou o volante com força, como se isso fosse o suficiente para tirar todo o nervosismo que tomava conta de seu corpo, enquanto dirigia pela A40. Tomou o desvio em direção à praia de Ruisp Lido, estacionando seu carro entre as árvores.
Correu em direção à praia, procurando por qualquer resquício mínimo de que alguém havia parado por ali e respirou fundo, tentando descobrir seus próximos passos até ali. Engoliu em seco, aproximando-se cada vez mais da água da praia. Sentiu algo fluir próximo de seu corpo e se concentrou, lembrando-se da memória distante onde a espada lhe pertencia e não era somente um item perdido diante de tantos outros.
Fechou seus olhos com força, invocando-a com toda a vontade que lhe restava.
Enxergou algo tremeluzir entre a água da praia e estendeu mais a sua mão, fechando-a ao redor da superfície gelada do couro, quando a majestosa espada entrou em contato com suas mãos.
Vejo que conseguiu encontrá-la. — A voz do lobo invadiu sua mente, fazendo-a encarar a figura escura que andava contra a areia esbranquiçada. — Finalmente me vingarei pelo tempo em que você me fez passar encarcerado.
engoliu em seco, levando seu olhar rapidamente para as três pessoas que encaravam o lobo de forma assustada. Ela havia chego tarde demais.
Oh, sim, você realmente chegou tarde demais. O seu colega, William Reznik, serviu como um ótimo alimento, é sempre melhor quando eles são manipulados.
— Vocês três, vão. — Empunhou a espada sem ao menos tirar sua atenção do lobo gigante. — Eu vou cuidar dele.
, você vai morrer! — Nessie gritou.
VOCÊS TRÊS, AGORA! — Ela gritou, a voz soando como a guerreira viking que liderava exércitos, assim como Nessa se lembrava séculos antes.
— Tudo bem. — A fada sorriu, retirando um saquinho de seu bolso e chamando a atenção de . — , pega! — E lançou em direção à guerreira, que pegou o saquinho no ar e guardou no bolso de seu casaco, agradecendo com um aceno de cabeça, antes que os três voltassem a correr em direção ao carro.
— Então, aqui estamos nós de novo, me parece um cenário familiar.
Exceto que agora eu já não tenho mais amarras. — O lobo de pouco mais de seis metros sibilou.
— Você ainda vai acabar morto.
Fenrir uivou, finalmente se permitindo dar o primeiro ataque contra a guerreira, jogou-se contra o chão em um desvio rápido, antes de movimentar a espada em um corte diagonal, acertando a lateral do lobo, que uivou tamanha a dor do golpe. ao menos teve tempo de contar sua vitória, pois as garras de Fenrir arranharam a carne de suas costas, deixando um ferimento grave o suficiente para que ela ficasse com pontos pretos em sua visão. Ela mordeu seu lábio, tomando distância e mexendo no bolso, onde havia guardado o saquinho de Ness, rezando para que os deuses a ajudassem com a escolha das pedrinhas.
Puxou a runa I e agradeceu mentalmente aos deuses, quando se lembrou do significado dela. Sussurrou algumas palavras conta a runa, lançando-a contra o lobo por tempo o suficiente para que braços e pernas zumbis agarrassem suas patas de modo a deixá-lo parcialmente imóvel. A guerreira ignorou a dor que dominava suas costas e correu, golpeando de todas as formas possíveis o corpo do lobo, mas não sem antes receber uma mordida em sua cintura — grande o suficiente para matá-la, mas planejada carinhosamente para que sua morte fosse tão lenta quanto dolorosa.
Ela riu, tomando distância mais uma vez, enquanto procurava por qualquer runa que pudesse curar minimamente seus ferimentos. Pegou a runa Eu e sussurrou as palavras novamente, esperando que ela funcionasse ao menos para diminuir a dor que tomava conta de sua consciência. Por isso, ela ao menos foi capaz de notar quando o monstro se soltou de suas amarrar e correu em direção a ela, acertando-a com sua pata com força o suficiente para que ela caísse no chão e clamasse por ar violentamente. Mas a besta não apresentava piedade.
Eu adoro o cheiro de medo. — Sussurrou em sua cabeça, colocando uma das patas em cima do corpo da guerreira para que ela não pudesse reagir. — Os seus truques não funcionam mais.
encarou os olhos frios do lobo, observando-o abrir sua boca para abocanhá-la, quando um uivo de dor tomou conta de seus ouvidos. Ela abriu os olhos, encarando a flecha alojada na orelha do monstro.
— TIRE ESSAS PATAS SUJAS DE CIMA DA MINHA MELHOR AMIGA, SEU VIRA-LATA SARNENTO! — A voz de Vanessa invadiu os ouvidos de como se fossem música e mais uma flecha foi vista voando em direção ao rosto do lobo.
A guerreira sorriu, rolando na areia e se arrastando até sua espada. Empunhou-a novamente e se preparou para a atacar. Respirou fundo e tomou toda a coragem que poderia, antes de sair correndo em direção às costas do lobo e pular contra o pelo negro.
Arrastou-se contra tufos de pelo, subido com dificuldade no corpo alto do licantropo. A espada em mãos não era realmente uma facilitadora do processo, mas ela estava conseguindo dar conta.
Chegou até o meio das costas do lobo e desviou de uma ou duas flechas que foram acidentalmente em sua direção, procurando pelas runas thorne W e sigel S. Sorriu quando as encontrou, ativando ambas e colocando a sigel em seu próprio bolso e mantendo thorne em uma de suas mãos. Moveu-se mais uma vez contra os pelos da fera, finalmente chegando perto de sua cabeça e gritando.
EI, PRIMINHO. — Gritou, chamando a atenção do monstro, que parou de lutar contra as flechas. — ISSO AQUI É PELAS MORTES QUE VOCÊ ME FEZ PASSAR. levantou-se contra o corpo do lobo, usando-o de impulso para cravar a espada em seu crânio, o que fez com que ele caísse violentamente contra a areia esbranquiçada, manchando-a com o sangue avermelhado. — E isso, é por ter me feito passar por aquela merda de reencarnação, seu saco de bosta inútil. — Ela jogou o runa thorne dentro da boca de Fenrir, correndo rápido o suficiente para que a explosão da runa de ataque não a levasse junto.
Os pedaços do lobo voaram pelos ares, tornando tudo uma grande chuva de sangue, pele e pelos. fechou os olhos, estendendo sua mão para que a espada voltasse para ela. Segurou o cabo com força, fazendo uma careta antes de limpar o sangue de seus olhos.
Ela encarou as três figuras que seguravam arcos, sorrindo quando eles largaram suas armas a correram em sua direção, em um abraço carinhoso e aliviado. A norueguesa fechou os olhos, sentindo seu coração bater mais rápido que gostaria ao encarar a fada e o rapaz. O seu prometido. Ela não pôde deixar de rir com a ideia e, antes mesmo que pudesse pensar no que estava fazendo, moveu seu corpo em direção à Nessa, depositando um selinho demorado em seus lábios e depois fazendo o mesmo com .
Eles a encararam incrédulos e Oliver soltou uma risadinha divertida à distância.
— Eu acho que você levou toda a situação com a Cassidy um pouco sério demais.
— Eu não sei, acho que a atual situação me fez repensar algumas coisas.
O feiticeiro balançou a cabeça negativamente, puxando os outros três jovens entre seus braços e os arrastando pela areia da praia, em meio a piadas desagradáveis e reclamações de como eles estavam destinados a cruzar seus caminhos até o fim da eternidade.



Fim!



Nota da autora: Sem nota.



Outras Fanfics:
A Song About You (Longfic – Em Andamento)
The Heir (Longfic – Em Andamento)
The Roadie (Longfic – Em Andamento)

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