Capítulo Único
Barry Allen era um herói. Ele era o homem mais rápido do mundo, o próprio Flash! Ele conseguia realizar atos míticos em segundos e salvar mais pessoas do que acreditavam ser possível para alguém feito apenas de carne e osso — e uma quantidade alarmante de matéria escura. Então, sem dúvidas, ele tinha um nível considerável de autoconfiança. Porque, qual é, ele era o protetor de Central City! Que tipo de vilão vai levar a sério um cara que corre pra lá e pra cá, tropeçando nas próprias inseguranças? Não, obrigado. Quando o uniforme vermelho escapava do seu anel, Barry sabia que teria o peso do mundo em suas costas e seu ego seria tão grande quanto este. Pelo menos, sua força era tão intensa quanto um raio.
E, cá entre nós, isso nunca se mostrou como um problema de fato. Tornou-se bem simples adquirir confiança quando estava por trás de uma máscara. As pessoas não sabiam quem você era ou o que você podia fazer. Como um globo espelhado, você podia decidir qual parte iluminava o que na sala.
Barry vibrava as suas cordas vocais e sua voz saía mais grossa, ele tinha um capuz vermelho que só mostrava sua boca, moldada com um sorriso arrogante para criminosos e gentil para os civis, e seus olhos sempre brilhantes com um toque de animação inocente, como se salvar vidas fosse tão divertido e eletrizante quanto uma montanha-russa para uma criança.
O que era bem parecido com a sensação de correr. Ele sempre tinha essa opção, apenas ir.
Ultimamente, no entrando, ele tinha descoberto mais e mais que ele não estava correndo de algo, mas, sim, para alguém.
Era uma sensação peculiar, como um nômade que decide ter uma casa ou um oceano que pegou fogo. Passar toda a sua vida correndo, parecendo estar fugindo de algo, e, de repente, ver que estava seguindo uma direção para o seu lar, como se tivesse um mapa através de todo o caminho e que só seus instintos sabiam como ler. E, no final de cada corrida, ele sabia quem estaria na linha de chegada.
.
Isso só fazia ele querer acelerar, ir mais rápido e mais rápido.
Mesmo que eles tivessem prometido ir devagar, o que era tão não a cara dele. Nem dela — era uma força imparável, a repórter que mais conseguiu entrevistas exclusivas para o Picture News e a que mais se arriscava também. Apenas semana passada, ele teve que impedir que ela fosse arremessada de dois prédios diferentes no mesmo dia!
Sério, era 2021. Por que os vilões ainda jogavam garotas de prédios? Eles tinham que aprender a variar um pouco mais. Bom, na segunda vez, o “cara mal” era uma “garota má” jogando de um prédio. Era uma mudança. Porém, esse não é o ponto.
Os pensamentos de Barry só eram piadas intencionais, um pouco rápidos demais às vezes. Era fácil se dispersar quando seus neurônios funcionavam na velocidade da luz. Ou quando ele estava pensando em . Ou nos dois.
De qualquer maneira, sempre ia atrás do que ele queria. Exatamente assim que ela conseguiu retirar informação dele na primeira vez que se conheceram, quando ela entrou pela porta do seu laboratório e começou a bombardear ele com perguntas sobre decomposição de corpos e fraturas cranianas.
Ela também o chamou de nerd adorável naquele dia.
Meses depois, algumas grandes complicações depois também, eles ainda estavam no limbo entre o céu e o inferno, como humanos normalmente estão. Viver na corda bamba era exaustivo, ele só queria descer dali, tirar do trapézio e parar de entreter a plateia de dois — ou mais, porque o seu pai parecia tentar fazer ele chamar para sair toda semana, assim como August. E, se ele se permitisse pensar sobre isso, Linda Park, a colega de trabalho de , parecia sempre dar um sorriso malicioso e ter uma desculpa embaixo da manga para deixá-los sozinhos. Tudo parecia empurrar eles para estarem juntos, exceto eles dois. Talvez eles fossem as famílias rivais e não Romeu e Julieta nessa história, ou eles eram os policiais e não Bonnie e Clyde.
Barry tinha que admitir que sua vida dupla era um motivo de orgulho, todavia, também trazia solidão. Por muito tempo, ele estava bem com isso. Crescer sem a sua mãe e visitando seu pai inocente na prisão sempre deixou o Allen mais novo com muito tempo livre, que normalmente era preenchidos com estudos, sejam eles sobre suas matérias curriculares ou sobre o caso de Nora Allen.
Apesar disso, algo tinha mudado… não, essa não era a palavra. Algo tinha acendido dentro dele quando a repórter entrou na sua vida. Como quem desperta algo adormecido por vinte vidas. Ele só não queria mais estar sozinho.
Henry tinha dito que já havia passado da hora dele viver algo invés de sobreviver. Ele apostava que sua mãe também iria concordaria com seu pai sobre isso.
Assim, ele finalmente chamou para um encontro. Oficial. Como, Barry Allen e . Não , a repórter, tentando fazer Barry Allen, o CSI, dizer algo sobre um caso em andamento. Ou quando ela o ajudava com esse tipo de trabalho. Nem como Barry Allen, o Flash, e , a repórter, que tinham mais trabalhos em equipe do que ele pensou ser possível… aliás, ele devia ligar para Clark e pedir algumas dicas sobre como manter uma repórter corajosa longe da beira de um abismo por mais de um dia.
Claro que nem o Superman iria saber disso. Lois compartilhava a mesma bravura e sede de justiça de . A diferença é que ela sabia que seu namorado era um super-herói que voava por Metrópolis. E não sabia.
O que o traz ao dilema do momento, realmente.
Ele tinha confiança, certo? Ele tinha. Barry Allen e seu alter ego. Com isso estabelecido, ele não pôde encontrar outra pessoa para culpar, além dos seus melhores medos pelo que estava em suas mãos. Ele se colocou nessa situação.
Ainda assim, ele sorriu.
O Flash sentiu suas bochechas avermelhadas, mas a máscara felizmente cobriu essa parte da sua feição. Ele estava no telhado do CC Jitters, a cafeteria preferida de e que se tornou a sua pelo número de vezes que eles vieram aqui. E a sua repórter predileta estava ali, na frente dele, segurando um sorriso brincalhão nos lábios, mesmo após quase morrer pelas mãos do Capitão Frio, um dos membros dos Rogues.
Sua recente obsessão por estava passando dos limites, se você perguntasse ao herói. Mas, agora ela estava bem. Uma temperatura corpórea normal, sem qualquer arranhão, com o cabelo castanho bagunçado e tirando um gravador da bolsa. Porque, é claro, ela ia querer uma entrevista.
E ele queria beijá-la.
Ele queria beijar ela desde que eles se conheceram, desde que ele tocou pela primeira vez como Barry Allen para tirar documentos confidenciais das suas mãos, desde que ele a resgatou pela primeira vez de um prédio em chamas, desde que ela o salvou pela primeira vez de si mesmo.
Entretanto, ele não pôde. Porque ela estava saindo com Barry Allen e, apesar do seu coração estar batendo mais rápido do que o de um beija-flor por ela ter estado tão perto de deixá-lo para sempre alguns segundos atrás, aqui ele era o Flash. Só ver ela segura era o suficiente.
— Salva pelo gongo. — brincou e ele piscou, sem saber como responder ao quão tranquila ela parecia com sua morte quase certa.
A repórter clicou no seu gravador, suas mãos ainda tremendo, quando ela agarrou um bloco de notas e uma caneta.
— Tenho algumas teorias, mas quer me dizer por que aquele maluco queria me transformar em um sorvete?
— Eu te avisei que escrever sobre mim seria perigoso. — Ele respondeu, sua voz soando como uma vibração.
Eles estavam perto, mais perto do que deveriam. Quem poderia culpá-lo? Ela quase morreu em seus braços, ele quase não foi rápido o suficiente.
parecia alheia à gravidade da situação, balançando a cabeça, enquanto continuava a dizer.
— Eu não acho que seja isso. Tem milhares de repórteres que escrevem sobre O Flash e seu feitos maravilhosos.
Ele arqueou uma sobrancelha.
— Feitos maravilhosos?
— O Central City Gazette até chamou você de “pessoa ilustre”. — A repórter explicou, uma expressão contente em seu rosto quando ele se moveu desconfortavelmente no lugar.
aproveitou a ocasião para dizer algo que seu editor havia pedido para ela informar ao vigilante mascarado:
— E você está entre os candidatos para “Homem do Ano” em todos os jornais da cidade.
— Eu só ajudo as pessoas que precisam de ajuda. — O Flash respondeu de prontidão, certeza pingando a cada palavra.
Os dois se mantiveram em silêncio, suas respirações, antes ofegantes pelo combate com as chamas, apaziguadas pela brisa gélida de Central City. Naquele horário, a maior parte da cidade estava adormecida.
— Conheço um cara assim. Na verdade, estamos namorando.
— Namorando? — Ele perguntou, mais confuso pelo rótulo do que pela notícia.
Eles estavam namorando, então? Isso era ótimo!
Barry tentou conter o sorriso atrás do capuz escarlate.
— Mais ou menos. — explicou, parecendo nervosa.
Essa impressão sumiu tão rápido quanto apareceu, Allen duvidou que teria sido capaz de captar sua hesitação se não fosse um velocista.
— Não é algo sério. Estamos indo devagar.
— Ele é um cara de sorte.
— É… — ela assentiu quando eles caíram em um silêncio surpreendente confortável de novo, porém, não durou muito. — Mas você não vai devagar, não é, Flash?
— O quê? — Barry engasgou, encarando sua namorada alarmado. — O que quer dizer, ?
Tanto para o jogo de cintura do Flash.
— Quero dizer que nós dois sabemos que eu tenho um alvo nas costas, mas não é só por causa do meu trabalho…
— É um excelente trabalho jornalístico. — Ele pontuou.
— Obrigada, mas não é só por causa disso. — Os lábios de se curvaram em um sorriso, o mesmo tipo de sorriso que ela dava quando sabia que alguém estava mentindo. — É porque você tem uma quedinha por mim.
— Eu… Quem… Como? Quer dizer-
— Desculpa, erro meu. Uma enorme queda. Normalmente eu não me importo com as manchetes sensacionalistas do CC News, mas não posso negar um padrão quando vejo um.
Ele não sabia o que dizer. Barry tinha certeza que se tentasse se explicar ou se esquivar, ele acabaria gaguejando novamente e iria atacar ele com um milhão de perguntas. Ele tentou alcançar aquela confiança que O Flash sempre tinha, se apenas ela não vacilasse quando o assunto era .
— , e o seu, hm, namorado? — O velocista escarlate conseguiu articular a pergunta.
Apesar de ter sido um truque para despistar a repórter e se recompor, ele não cogitou a resposta que poderia dar.
— Ele não é meu namorado. Estamos indo devagar, não se lembra? — Ela piscou para ele e Barry podia dizer que ele se sentia exatamente como um navio afundando nas ondas, completamente destruído antes mesmo de ela acabar, quando ela continou com um sorriso malicioso e se aproximando dele: — Mas o Flash é sempre rápido.
Ela estava linda como sempre e o desejo de beijar e tocar reacendeu dentro dele. Especialmente quando ela colocou as mãos em seu rosto e o puxou para um beijo; um beijo faminto e cheio de necessidade, até de saudade. Embora ele soubesse que isso não era possível por parte dela… não sabia quem ele era. Como ela iria sentir falta de alguém que não conhecia?
Ainda assim, ele a beijou de volta com a mesma intensidade, suas mãos enluvadas agarrando sua cintura e a puxando para mais perto, a eletricidade em suas veias correndo mais rápido que nunca.
Seu corpo, assim como sua mente, sempre estiveram viciados em . Ele nunca poderia dizer “não”. Mesmo em um telhado e vestido como outro homem. era seu para-raios. Quem se importava com ir devagar? Ela era tudo em sua mente.
Mas, em quem ela estava pensando enquanto o beijava? Porque estava beijando o Flash, não Barry Allen. Em sua cabeça, ela não estava beijando Barry, pelo menos. Mesmo quando ela o puxava para mais perto e gemia levemente contra os seus lábios.
Ele sabia que gostava dele, dava para notar no seu olhar quando ela ia para seu laboratório ou quando ele aparecia de surpresa no seu trabalho. Mas só gostar não era o suficiente.
Seus próprios pensamentos contraditórios se opunham a isso. Uma avalanche de emoções e ideias passou por ele em um piscar de olhos e Barry sabia que mais iriam vir. Ele precisava desacelerar e respirar.
— Eu tenho que ir! — Ele se foi em um flash, apenas o vento no cabelo de sendo a prova de que ele esteve lá em algum momento.
Isso, e o flash de uma câmera.
Agora, apenas algumas horas depois do encontro no telhado, o CC Gossip tinha publicado sobre o caso clandestina do Flash com a repórter chamada . Claro, o CC Gossip não era conhecido pelas matérias verídicas, mas eles tinham uma imagem. O que chamou a atenção dos jornais maiores. Isso tudo trouxe ele a esse exato momento: sentado em frente a uma tela de computador com diversas manchetes sobre como estava namorando o Flash.
Embora a maioria não citasse Barry Allen, algumas o faziam de maneira nada gentil. É claro que ele havia visitado no trabalho como o CSI Allen, é claro que algum funcionário tinha dado a informação de que ela estava vendo alguém.
— Cara, você contou para ela? — Hal Jordan, seu melhor amigo, comemorou com um suspiro exagerado e um tapinha nas costas, após ver a imagem do beijo entre e O Flash estampando um jornal. — Estava na hora.
Barry acenou a cabeça negativamente.
— Eu não contei para ela.
— Então, como…
— A gente se beijou depois do incêndio ontem. Alguém deve ter visto. — O CSI deu de ombros, nenhum resquício de animação em suas palavras.
O paradoxo do dia anterior ainda martelava em sua mente.
Barry estava tentando ser otimista, mas era difícil quando todos os jornalistas da cidade decidem que sua namorada estava apaixonada pelo seu alter ego, enquanto não sabiam que era ele.
Difícil e complicado.
Para o melhor ou para o pior, Hal o tirou de seus devaneios com uma observação que só podia ter vindo dele:
— E agora você está com fama de corno. Mas o outro cara é… você.
— Esse não é o problema, Hal. — Barry suspirou, levantando-se da cadeira.
— Sério? Tem um site de fofoca comparando você e o Flash. — O Lanterna Verde se inclinou para ler a matéria. — Ponto negativo: provavelmente deve ter ejaculação precoce. — Ele virou a cabeça para seu amigo com curiosidade amedrontada. — Você tem?
— Hal, tá de brincadeira comigo? — O velocista bufou, desacreditado no rumo que aquela conversa tinha tomado.
— Desculpa, desculpa. Modo de melhor amigo ativado. — Hal fechou o laptop e se virou para o outro. — Daqui para amanhã aparece uma nova notícia. Você salva um gato de uma árvore ou eu beijo a prefeita, e os bons e velhos tabloides vão se esquecer desse casal. Mas o que você vai fazer sobre isso?
— Eu não sei. — Barry gemeu em frustração, andando pelo laboratório sem um rumo. — Quer dizer, não sabia que eu era o Flash quando ela me beijou. E ela ainda não sabe que eu sou ele. Então, ela basicamente me traiu.
— Sim e não. Não tem como ela te trair com você mesmo, Barry. — Hal franziu o cenho.
Até o espaço e os aliens tinham uma rotina menos estranha do que a de Barry.
— Qual é?
— Eu sei. Mas e se ela-
— Eu já vi a e você juntos. Ela se importa contigo. — Ele interrompeu seu melhor amigo, tentando assegurar ele de algo que parecia tão claro para todos.
— Mas só gostar não é o suficiente. — O CSI lamentou, um sorriso triste em seus lábios. — Não para o que eu sinto por ela.
Será que era realmente apaixonada pelo Flash ou ela apenas não gostava dele e estava com ele apenas até alguém melhor aparecer? Ela costumava reclamar dos seus atrasos sempre até pouco tempo atrás. Ela também hesitava em deixar ele sair no meio de um almoço juntos ou algo assim, embora ele sempre conseguisse para resolver assuntos do Flash. Agora, ela sempre estava deixando ele ir sem esforço e com um sorriso.
Será que ela tinha se perdido ou se encontrado sem ele? Algum cara bonito da televisão como o Flash? Ou algum amor passado? Será que ela conseguia convencer ela sobre ele? E isso era culpa dele também, não era? Ele que sempre flertava com como o Flash.
— Olha, eu sei que não sou a melhor pessoa para dar conselhos amorosos... — Hal começou, repousando a mão no ombro de Barry de uma maneira reconfortante. — Mas acho que vale a pena tentar. Só diz a verdade para ela e vê o que ela estava pensando ontem.
Ele estava certo. A única maneira de acalmar sua mente barulhenta era conversar com sobre o que havia acontecido. De novo, ela era a única maneira dele desacelerar. Era mais simples dizer do que fazer, mas era o único jeito. Barry ia ter que conseguir.
— Você está certo, Hal. Obrigado.
O homem do espaço assentiu e encostou-se na parede.
— E pare de ter ciúmes de você mesmo, isso é estranho. — A careta no rosto de Jordan se espalhou em Barry.
— Vendo por esse lado….
— Se um clone seu tivesse transa-
O lanterna verde foi interrompido pela melodia de saltos batendo contra o chão e a voz da mulher que assombrava os pensamentos do Flash.
— Barry, eu posso... Oi, Hal. — Ela acenou para o moreno, que retribuiu com um sorriso.
— E aí, ?
— Camisa legal.
— Verde é a minha cor. — Hal piscou para ele, apenas ele e Barry conscientes da piada.
— Como vai a Carol? Ela não comentou que você iria passar por aqui.
— Ela meio que não sabe. — Ele coçou a nuca, começando a andar até a porta. Esse era um assunto para outra missão. — Mas eu vou deixar vocês dois pombinhos sozinhos. E, Barry, se você precisar de ajuda com aquele probleminha, eu conheço um médico que pode ajudar.
Apesar da situação, Barry não pôde evitar as bochechas avermelhadas, enquanto ele encarava a porta que seu melhor amigo usou para escapar com incredulidade.
— Do que ele estava falando?
— Nada! De nada. — Barry balançou a cabeça, deixando ainda mais confusa.
Ambos caíram em um silêncio incômodo, até decidiram falar ao mesmo tempo.
— Eu preciso falar com você.
— Temos que conversar.
Dois risos singelos preencheram o recinto, antes de Barry acenar para continuar.
— Você pode ir primeiro.
Ela assentiu, respirando fundo antes de dizer sem qualquer remorso:
— Estou apaixonada pelo Flash. Nós conversamos e decidimos tentar.
Barry piscou algumas vezes. Tanto pela nova informação, quanto pelo evento citado que nunca tinha acontecido. Eles não tinham conversado desde ontem.
— Espera, o quê?
— Achei que era bem óbvio desde o início. — deu de ombros.
Apesar do descaso em sua feição, algo em seus olhos denunciava o quão atenta ela estava.
— ...
— E imaginei que você já sabia. Todo mundo parecia saber.
— Eu sabia? — Ele arqueou as sobrancelhas, indeciso entre se sentir mal ou tentar juntas as peças.
— Mas você sempre foi um pouco lento nesse quesito, Barry Allen.
— , eu não estou entendendo…
A repórter se esgueirou até ele, colocando os braços em seu peitoral e ficando de ponta de pés para pressionar um beijo em seus lábios. O velocista nem pensou antes de retribuir, todavia, ele se afastou em segundos.
— , ! O que está acontecendo?
— Qual sabor do meu batom, Barry?
— Mel. — Ele respondeu prontamente, apesar do cenho franzido.
— Eu te beijei ontem, antes da notificação do incêndio e de eu ter que ir lá cobrir a matéria. — explicou, sem se afastou dele.
— Sim? — Ele arqueou uma sobrancelha, não entendendo onde ela queria chegar.
— E quando eu beijei o Flash, tinha o mesmo gosto de mel do meu batom.
Existiam um milhão de palavras e centenas de maneiras dele responder a essa revelação. Então ela sabia? Desde quando?
Mas tudo que ele conseguiu dizer:
— Eu… .
— Eu sei que você é o Flash. Sabia antes de te beijar. Esqueceu que eu sou uma repórter?
— Por que você não me disse?
— Queria que você me contasse... — encolheu os ombros, inclinando a cabeça para encará-lo com aqueles olhos estrelados. — Eu sei há alguns meses. E você meio que confirmou isso semana passada.
— Como assim?
— Você fala enquanto dorme. Devia ligar para as suas ex-namoradas só para ter certeza de que não disse sua identidade secreta para mais alguma. — Ela brincou, mas ele sabia que estava magoada.
Que ela entendia, porque compreensão sempre esteve nos ossos dela, mas que ela estava machucada por ele ter escondido algo assim. Barry não podia culpá-la.
De alguma maneira, essa era a única coisa que doía tanto quanto pensar que iria perdê-la: ser quem estava causando dor a .
— , eu sinto muito. Eu queria te dizer, todo dia eu queria te dizer. Mas alguma coisa sempre aparecia. E eu não sabia se você ainda ia gostar de mim quando soubesse.
— Não sabia se eu ainda ia gostar de você, quando eu soubesse que você é um herói dentro e fora do laboratório?
— Acha que eu sou um herói? — Ele questionou, não acostumado a alguém dizer que Barry era algo assim. O Flash sempre foi a sua parte heroica.
— Eu sei que você é, Barry. Não só pela capa e os poderes, mas pelo seu trabalho aqui, como um CSI. Você sempre esteve ajudando as pessoas, tornando o mundo um lugar melhor. — enrolou os braços ao redor do seu pescoço e Barry suspirou aliviado, puxando-a para mais perto pela cintura.
— Eu não uso uma capa. — Ele brincou, causando a revirar os olhos e bater em seu ombro de brincadeira.
— Cala a boca, Allen. Você entendeu.
— Imaginei que você ia gostar mais do Flash do que do Barry Allen. — Ele admitiu. — Principalmente depois de ontem à noite. Não iria te culpar por isso, eu só estava com medo. Medo de você ir embora ou até de você se machucar por estar próxima a mim.
— Isso explica por que você demorou tanto. Mas você está namorando uma melhor capaz de proteger a si mesma.
— Eu sei, . Mas nós dois sabemos que estar comigo coloca um alvo nas suas costas. Não dá para negar isso. Eu sei que você é inteligente, capaz, forte e destemida, mas, ainda assim, é um perigo eminente.
— Você esqueceu “independente”. — Ela adicionou e levou sua mão para a bochecha dele, acariciando suavemente. — Eu sei dos riscos, Barry. E ainda estou aqui, quero estar aqui. Aliás, não me perguntou por que eu decidi te dar esse empurrãozinho.
— O quê?
— Eu ia esperar mais um pouco, mas como alguém vazou uma imagem nossa, tive que te dizer tudo agora. — Seu olhar acusatório rendeu um breve beijo de Barry. — Enfim... Você dorme lá em casa quase todas as noites.
— Eu gosto de tomar meu tempo. Sabe como é, ir bem devagar. — Seu tom malicioso não passou despercebido, enquanto ele se inclinou para pressionar os lábios atrás da orelha dela.
— Você é impossível. — Ela suspirou alegremente.
— Tecnicamente, eu sou o impossível.
não pôde evitar uma risada. Apenas Barry Allen se tornaria um nerd ainda maior ao ser descoberto como o Flash.
— Eu estive pensando em te chamar para morar comigo. — Ela admitiu.
— Mesmo? — Barry perguntou com um sorriso bobo no rosto.
Meio para ter certeza do que tinha escutado, meio para ouvir de novo. O rosto pintado em embaraçamento de era um bônus. Não era comum ver tímida.
— Se você quiser...
— Com certeza. — Ele respondeu prontamente.
A repórter sorriu para ele.
— Ainda estamos indo devagar, não é?
— Totalmente. — Barry assentiu, não podendo se importar menos com ir devagar.
Os últimos meses tinham sido alguns dos melhores da sua vida por causa de . Agora que ela sabia do seu segredo e aceitava, ele só queria tudo que pudesse ter.
— O Flash vai ir bem devagar com você hoje à noite.
Uma risada alta e algumas folhas de papel voando foram a única pista de que e Barry até mesmo estiveram ali pelo resto do dia. Ou e o Flash. Ou melhor: , Barry e o Flash.
Realmente, isso tinha ido melhor do que esperado.
FIM!
Outras Fanfics:
• Inimigos com Benefícios
• MV: Willow
• Sóbria
• Minha Flor Preciosa
Então, caso você queira deixar a autora feliz com um comentário, é só clicar AQUI.