FFOBS - 03. Lie to Me, por Lígia Coelho

Finalizada em: 29/09/2019

Capítulo Único

I saw you looking brand new overnight
I caught you looking too, but you didn’t look twice
You look happy, you look happy


Era sexta-feira à noite, e não podia nem comemorar o fato de o fim de semana ter chego... Era um idol, ele trabalhava aos fins de semana.
Sentado no canto do balcão, do seu bar preferido em Seul, ele tinha um copo de bebida em suas mãos, enquanto trocava meias palavras com o bartender que o servia. A garrafa verde de soju à sua frente já estava completamente seca, e a cor âmbar do líquido que estava em seu copo indicava que ele tinha optado por algo mais forte que o destilado à base de cevada e batata doce.
Aquele programa era normal para ele. Saía de um show, quando estava em Seul, ia para seu bar preferido, tomava alguns drinks, de vez em quando conhecia algumas garotas diferentes, e estendia a noite em seu apartamento no luxuoso bairro de Cheongdam-dong.
Era uma ação simplesmente racional e carnal, sem emoções ou qualquer tipo de carinho. Lee não tinha nada a perder. Tudo o que ele poderia perder em algum momento da vida, já havia perdido alguns anos antes.
A música alta estourava em seus tímpanos enquanto conversava com as pessoas ao seu redor. Alguns de seus melhores amigos o acompanhavam naquele drink e os olhares eram multiplicados. Não eram todos, mas várias pessoas daquele lugar sabiam quem ele era, e muitas delas queriam ao menos trocar algumas palavras com ele. Ele não era mais uma pessoa tão seletiva a ponto de escolher as mulheres com quem conversava. Bastava algum líquido bem forte descendo à sua garganta para expandir seus horizontes.
A noite caía, seus companheiros iam embora aos poucos. Ou o grau alcoólico os levava embora, ou a racionalidade em lembrar que o dia começaria cedo na manhã seguinte, apesar do trabalho ser apenas no período noturno. O rapaz que tinha os cabelos descoloridos se mantinha por lá, alternando suas bebidas e ignorando a ressaca que com certeza iria atingi-lo no momento que abrisse os olhos ao acordar.
Então um borrão de cabelos castanhos passou pelo seu olhar. Do outro lado do bar, quase na saída do mesmo. Ele franziu os olhos, como se aquela ação fosse passar o efeito do álcool na sua visão e torná-la mais nítida. FAquela ação foi em vão, e a baixa iluminação do local não o ajudou muito.
Ele então se levantou e encontrou o mesmo tufo de cabelos castanhos, que caminhava de um jeito particular, e que ele nunca iria esquecer. Estava diferente do que ele se lembrava. Mas ele devia estar enganado. Não era ela. Ela era loira, e a textura do cabelo era extremamente liso, como o dele. Definitivamente, não era ela.
Mas como se tivesse hipnotizado, não conseguia desviar o olhar. Era como se uma força superior a ele segurasse seu pescoço naquela direção e não o permitisse olhar para outro local.
Ela então jogou a cabeça para trás e riu de alguma coisa que lhe foi dita e parecia ser muito engraçada. O coração de parou naquele instante. Ela poderia ter mudado a cor de seu cabelo, mudado a textura dele, mas ele sabia pelo jeito de andar, e então, pela gargalhada, que era ela. Aquela que ele perdeu, e depois daquilo, tinha certeza que não importaria o que ele perdesse pelo meio do caminho, nada seria tão difícil de superar quanto a dor de se reerguer e pegar seus cacos do chão, ao saber que não a teria mais ela em sua vida.
Ele sabia que ela estava feliz e, mesmo depois de tudo o que ela fez com ele, não conseguia não estar feliz por ela, independente do motivo. Fosse uma conquista pessoal, ou apenas uma noite de sexta-feira com amigos.
Ela então colocou a mão pelo meio dos cabelos longos, e virou o pescoço, ajeitando-os. Três segundos. Aquele foi o tempo que durou a troca de olhares entre o antigo casal, e foi o suficiente para ela desviar, fingindo que não havia o visto.
então encostou novamente no balcão e se sentou, com a sensação de que seu peito iria explodir a qualquer instante. Ele tomou mais um gole de seu copo, esvaziando-o, respirou fundo e olhou novamente.
Ela não estava mais lá.

Flashing back to New York City
Changing flights so you’d stay with me
Remember thinking that I got this right


já havia perdido as contas de quantas vezes tinha ido para Nova Iorque. Fosse a passeio, fosse a trabalho, ao menos uma vez ao ano era certeza que ele colocaria os pés na cidade que era conhecida como a capital do mundo.
Naquela tarde, ele estava mais animado que o normal e não se cansava em desbloquear a tela do celular de cinco em cinco minutos, para conferir o horário.
- Repetir esse gesto a cada minuto não vai fazer com que um voo de 14h dure menos – um de seus amigos de grupo disse ao vê-lo repetir aquela ação, provavelmente, pela décima vez nos últimos quinze minutos – Logo ela chega.
- Eu estou ansioso – disse com um sorriso bobo nos lábios. – É a primeira vez que ela vem aos Estados Unidos, e nós finalmente vamos poder passar um tempo juntos, sem fãs, sem fotógrafos, nem ninguém no nosso pé... No meu pé – completou.
Seus amigos sabiam exatamente sobre o que ele estava falando. Estar na Coréia, algumas vezes em qualquer lugar da própria Ásia, significava uma legião de câmeras a cada passo que davam. Com quem estavam, o que faziam, e como aquela pequena ação que era fotografada, poderia prejudicar sua carreira para sempre.
aproveitou que aquela viagem a trabalho seria seguida de alguns dias de folga, para alterar os voos. Estendeu sua volta para alguns dias depois do último compromisso dele lá, e comprou passagens para que sua namorada fosse visitáa-lo.
Ele se tornou o homem mais feliz em toda Nova Iorque, quando viu aqueles cabelos loiros, com franja que cobria toda a testa, descendo do táxi e entrando no saguão daquele luxuoso hotel em frente ao Central Park. Pela primeira vez em três anos de relacionamento, ele pôde fazer algo que sempre teve vontade.
correu até a loira, e a abraçou, depositando um longo beijo nos lábios rosados que ela tinha. Era nítido o cansaço dela, que na primeira oportunidade, se encostou no ombro do namorado. Não era qualquer um que conseguia encarar tantas horas de voosono e se manter resistente, ainda mais com os inúmeros fusos horários que distanciavam o ponto de origem ao destino final.
Após uma excelente noite de sono, e o fim do último compromisso de com seu grupo em Nova Iorque, o casal passeava dias e noites. Frequentavam os melhores restaurantes, foram a diversos musicais, visitavam as incontáveis lojas que a cidade que nunca dorme poderia oferecer.
E então no último dia do casal na cidade, eles voltaram à Times Square, e sentados na famosa escadaria vermelha na esquina da Broadway, o sul-coreano se ajoelhou e tirou do bolso um anel que deveria custar uma pequena fortuna. Ninguém prestava atenção neles. Os nova-iorquinos estavam mais interessados em viver suas vidas corridas de um lado para o outro, e os turistas, em registrar suas inúmeras fotos para virar curtidas em redes sociais.
A loira não conseguiu não abrir um sorriso com aquela cena, o namorado de três anos ajoelhado à sua frente, em um silencioso pedido de casamento. Ela concordou e logo um anel estava depositado em sua mão esquerda, seguido de um beijo carinhoso do rapaz.
era apaixonado por ela, e tinha certeza que queria passar o resto dos seus dias ao lado da namorada que o apoiava, acompanhava quando dava e principalmente, estava lá para dividir suas conquistas e piores momentos.

Now I wish we’d never met
‘Cause you are too hard to forget
While I’m cleaning up your mess
I know he’s taking off your dress


Era unânime. Para e o restante dos membros do seu grupo, ir a aeroportos, mesmo que isso significasse embarcar ao menos em classe executiva, era completamente exaustivo. Os fãs sempre descobriam seus voos e lotavam o saguão do aeroporto, acompanhando cada passo que eles davam, apenas por uma foto ou um pequeno gesto.
Voos também podiamem ser imprevisíveis, e um pequeno botão solto em um avião poderia mudar todo o rumo de um voo, inclusive cancelá-lo.
Apenas pensar em sair daquela sala de embarque e atravessar todo o saguão do aeroporto de volta ao carro, para voltar para sua casa e tentar embarcar no mesmo voo no dia seguinte, era exaustivo, mas após algumas horas esperando a manutenção na aeronave, e o anúncio do cancelamento oficial, eles voltaram a seus carros e foram em direção de suas casas.
não esperava estar de volta em seu apartamento tão cedo, e abriu a porta com cuidado para não acordar a namorada. O rapaz deixou a mala no canto da sala e seguiu para o quarto na ponta dos pés.
Ele chegou ao quarto escuro e estranhou o fato da porta estar aberta. e a namorada, como casal, nunca dormiam com a porta do quarto aberta, mesmo estando apenas os dois em casa. O homem deu alguns passos até a porta e esperou que seus olhos se acostumassem com a falta de luz. A cama de repente pareceu pequena demais para apenas uma pessoa estar dormindo nela.
deu uma risada incrédula e silenciosa, enquanto balançava a cabeça negativamente. Ele tinha quase certeza que era o cansaço de horas no aeroporto acumulado com o sono que estava sentindo. De repente o lençol nao lado que ele estava acostumado a dormir na cama se mexeu.
Não era cansaço. Não era sono. Ele não podia acreditar naquilo.
- Eu não acredito no que estou vendo!
Sua boca foi mais rápida que seu pensamento e quando o coreano percebeu, já tinha proferido aquelas palavras em alto e bom tom. Ele levou a mão até o interruptor de luz e com força, bateu no mesmo, transformando o quarto escuro, em claro como o sol do meio dia.
- Só pode ser brincadeira – ele balançava a cabeça de um lado para o outro, negando aquilo que estava vendo. Ele ameaçava sair do quarto, mas acabava voltando para a mesma posição – Você só pode achar que eu sou idiota, .
O homem que estava ao lado da noiva de apenas olhou para a mulher, que estava enrolada no lençol com a feição assustada. Aquelas horas era para o homem em pé à sua frente estar quase na metade de um voo para a metade do mundo.
Ela fez menção de abrir a boca, mas o homem traído levantou o dedo e o levou perpendicular à boca, fazendo com que ela se calasse. Naquela atitude, a expressão de espanto e chocada da mulher se desfez. Em seu lugar, apareceu um olhar dissimulado, inssonso e com zero rancor.
Era um olhar que em anos de relacionamento, nunca havia visto no rosto dela.
- Eu sempre te achei um idiota – ela confessou, dando um sorriso pálido – Desde o começo. Era para ser só sexo, uma brincadeira, uma noite qualquer, mas você se apaixonou, e eu o vi como uma escalada social. Começou com uns eventos bacanas, umas viagens até que legais aqui por perto, até que você moveu o mundo para me levar para Nova Iorque e colocou uma pedra no meu dedo... Eu não sou idiota. Estava com a vida feita.
fechou a mão em punho enquanto sentia o sangue ferver. Era absurdo como ela conseguia ser fria e não sentir um pingo de remorso nas palavras que dizia. O homem ao lado dela se levantou da cama e vestiu sua camisa, que estava jogada no chão.
- Sai da minha casa – o homem falou, desviando o olhar do casal de amantes à sua frente – Sai os dois agora.
- Para onde eu vou? – perguntou, crendo que terminariam aquela discussão juntos.
- Problema é seu – ele foi frio e olhou para o homem – Pergunta pra ele.
Ele saiu do quarto e foi para a sala, enquanto os dois se vestiam. urrava de ódio, de raiva e sentia que seu coração estava sendo picotado com uma tesoura e os pedaços sendo deixados pelo chão, e que mais tarde, ele seria a única pessoa que iria pegá-los, para tentar seguir a vida.
sentia como se tivesse recebido a notícia da morte de alguém muito próximo, e que sua vida tivesse acabado por causa daquilo.

And I know that you don’t
But if I ask you if you love me
I hope you lie to me


e seu amante saíram do quarto e foram até a porta do apartamento. O homem saiu, enquanto ela deixava o anel de noivado na mesa de centro da sala. A mulher olhou pela última vez para o ex-noivo, que estava visivelmente abatido. As olheiras embaixo dos olhos dele estavam úmidas e brilhavam.
- Foi bom estar com você, – ela falou, transformando aquilo na última troca de palavra dos dois, naquele relacionamento, e foi em direção à porta.
- ... – ele chamou e ela virou para trás. Ele respirou fundo – Alguma vez você me amou?
Ela olhou para ele de cima a baixo, fitando cada detalhe do homem, como se quisesse guardar aquela última visão. Sofrimento estampado no rosto dele.
- Não, ... Eu nunca te amei.
E saiu, batendo a porta atrás dela.

It’s 3AM and the moonlight’s testing me
If I can make it ‘til dawn then it won’t be hard to see
That I ain’t happy, I ain’t too happy


saiu do bar decidido a ir para casa. Estava tarde, o dia seguinte seria igualmente puxado como aquele, e ele sentia seu corpo suplicar para que fosse para a cama. Ele estava na calçada do bar em que passou boa parte da noite com seus amigos e mexia no celular, na esperança de chamar um carro por aplicativo.
- ...
Uma voz que ele conhecia muito bem, mas não ouvia há certo tempo o fez desviar o olhar do aparelho telefônico e levantou a cabeça.
Ela estava diferente. Os cabelos continuavam longos, mas eles estavamela estava com os cabelos bem escuros e eles tinham volume. Ela estava linda, como sempre foi quando estavam juntos, mas parecia que um brilho diferente no olhar, a tornava a mulher mais bonita de toda a Ásia, se não, do planeta.
- – ele falou sem expressão em sua voz.
Podia ser porque estava bêbado, podia ser porque ela o machucou tanto, que ele não queria vê-la. Podia ser porque ele ainda era extremamente apaixonado por ela, e não queria que sua voz o denunciasse.
- Como você... Como você está? – ela perguntou.
Ele se conhecia, e sabia muito bem dizer o rumo que aquela conversa estava tomando, e qual seria sua atitude em relação a ela. Tinha que parar antes que fosse tarde demais para voltar atrás em qualquer atitude que fosse.
- Eu preciso ir para casa, – ele falou, tentando se desvencilhar dela, ao ver o carro que ele chamou estacionar próximo ao meio fio.
- Espera... – ela segurou no braço dele e sorriu, quando ele se virou e olhou para a mão dela, tocando no corpo dele. deu um sorriso sem graça – Eu... Sinto sua falta. E sinto muito por ter te machucado.
Ouvir aquilo, com a quantidade de álcool que ele já havia ingerido no corpo naquela noite, era simplesmente torturante. Ele balançou a cabeça, querendo ignorar aquelas palavrasaquilo, com medo de suas próprias atitudes.
- , eu...
O carro então buzinou, chamando a atenção dos dois, e aquilo soou como um congo para ele, que só queria sair dali.
- Seu telefone continua o mesmo? – ela perguntou com súplicasuplica no olhar – Eu queria poder compensar aquilo que eu fiz, com ao menos um jantar... Ou café. Um café.
soltou o braço da mão dela, antes que o motorista fosse embora, e foi em direção ao carro, entrando nele. Pelo vidro, ele conseguia ver a mulher que um dia foi sua noiva, sem expressão, mordendo o próprio lábio. Ele então abaixou o vidro.
- Se eu quiser, eu te acho.
O motorista então arrancou, e o carro sumiu pela noite gelada de Seul.

Flashing back to New York City
Changing flights so you’d stay with me
Problem was I thought I had this right


O sol ainda tímido nascia bem longe, no rio Hudson. HyukjaeEle já havia perdido as contas de quantas vezes esteve naquela cidade, naquele hotel e assistia àquele nascer do sol. Aos seus pés, a vida em Nova Iorque se iniciava, com empresários e executivos indo e vindo em alta velocidade para todos os lados da cidade, entrando em estações de metrô, ou estendendo o braço chamando um táxi.
Ele olhava para o horizonte e sentia seu coração bater acelerado. se sentia fraco, estúpido. Tentou fortemente fugir daquilo, daquele sentimento, daquela recaída, mas acabou no mesmo lugar. Mas ao mesmo tempo que seu cérebro pregava peças nele, o coração estava feliz, estava animado... Estava se sentindo em casa, mesmo estando há quilômetros de distância dela.
desviou o olhar. Ela parecia minúscula naquela cama imensa, e em volta de tantas cobertas e edredons. Os cabelos escuros completamente bagunçados se moviam na cama, na mesma velocidade que a preguiça dela. Aquela cena mais parecia um déjàdeja-vu para ele.
- Está cedo... – a voz dela estava manhosa, e ainda com sono – Volta para a cama.
Ele então apoiou os cotovelos sob as próprias pernas enquanto observava cada ação dela. A espreguiçada, o movimento de se fechar em um casulo na cama, a mão de dedos longos e unhas coloridas puxando a coberta...
Era coincidência demais, os dois a trabalho ao mesmo tempo na mesma cidade. Uma foto que ele viu na rede social dela, e fez aquilo que um dia prometeu em Seul... A achou.
O homem se levantou do parapeito da janela, e fechou a cortina, caminhando logo em seguida de volta para a cama. Ele a abraçou, colocando um novo casulo em volta daquele que ela mesma criou para si, ajeitou a coberta sobre os dois, e beijou a bochecha dela.
Estava em paz, estava em casa.

And I know that you don’t
But if I ask you if you love me
I hope you lie to me



Fim



Nota da autora: Olá pessoal, tudo bem? Se você está lendo essa nota, quer dizer que chegou até o fim da história. Primeiramente, obrigada a todos que deram uma chance e leram. Segundo, espero que eu não tenha decepcionado os fãs da banda e/ou do 5SOS com a história. Tive uma ajuda imensa da minha abiga Fernanda, que me ajudou a construir o plot aos 45 minutos do segundo tempo, para poder entregar a tempo. Espero do fundo do coração que vocês tenham gostado da história e confesso que até espero que seu coração esteja partido com o nosso PP. Hehe. Novamente, muito obrigada. Não esqueçam do comentário. Um beijo grande, Liih. (Nota escrita em 29 de Setembro de 2019)





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