07. Seaside
Do you want to go to the seaside?
Atualmente.
Mexi nas conchinhas que estavam perto dos meus pés. Abracei minhas pernas, sentindo as lágrimas descerem por meus olhos. Respirei fundo tentando me acalmar.
Meus músculos doíam e meu estômago revirava.
Não sei por quanto tempo fiquei ali, apenas olhando o mar, sem saber exatamente o que fazer.
Ouvi passos se aproximando, as conchinhas estralando cada vez que o pé encostava no chão.
- Hey, está tudo bem? - Ergui meus olhos e percebi que era . Eu devia estar péssima, provavelmente com os olhos inchados e nariz vermelho.
- Na verdade não. - Respondi suspirando.
- Está a fim de conversar? - Ele sorriu absolutamente gentil.
Respirei fundo, ainda mexendo nas conchinhas aos meus pés. entenderia, mas eu não queria ficar enchendo-o com os meus problemas. Estava na hora de crescer, mas tinha que ser bem agora? Acho que meu crescimento podia esperar.
Fiz sinal para ele se sentar ao meu lado. Coloquei meus cabelos para trás da orelha.
- Mark terminou comigo. - Falei. Ele abriu a boca para falar algo, mas interrompi. - Estou grávida.
- Caralho, , como você deixou isso acontecer? - Ele não perguntou de maneira grosseira, perguntou decepcionado. Que foi cinco mil vezes pior.
- Eu não sei, mas aconteceu. - Suspirei derrotada.
- Ele terminou antes ou depois de saber disso?
- Depois, mas pelas nossas brigas poderia ter sido antes. Foi só o timing de eu contar para ele que foi atrasado.
- Entendi... - começou a separar as conchinhas e colocá-las em ordem no chão. - E o que você pretende fazer?
- Além de chorar até desidratar? - Perguntei meio sorrindo. Ele riu. tinha belos dentes.
- É. Além disso. - Ele disse como se fosse óbvio.
- Não faço ideia, provavelmente vou voltar a morar com a minha mãe. Talvez tenha que trancar a faculdade e arranjar um emprego... Mas vai dar tudo certo. É tanta gente que consegue, certo?
- Você vai conseguir, . Você é forte como um touro. - Ele sorriu novamente. - E você sabe que qualquer decisão que você tomar, eu estarei aqui do seu lado, ok?
- Eu sei sim. Você sempre esteve.
- E sempre vou estar. - Ele disse, jogando uma conchinha em mim.
- Você quer ser padrinho? - Perguntei, sem nem querer pensar direito... Afinal, sempre esteve comigo nos piores e nos melhores momentos da minha vida.
15 anos antes.
Eu estava em uma excursão da escola, estávamos estudando sobre a vida marítima e caçando conchas estranhas para a feira de ciências. Na verdade, minha turma parecia estar fazendo isso, eu estava sentada em uma pedra, escrevendo em meu diário como Mark era lindo e o quanto eu queria que fôssemos namorados.
- Ei! Me devolve isso! É particular. - Gritei, vendo um garoto de cabelos bagunçados correr com meu diário nas mãos.
- Vem pegar! - Ele gritou de volta, correndo feito doido no meio dos alunos. Corri o máximo que pude, mas não consegui alcançá-lo. O que seria de mim se ele lesse as coisas que eu escrevia naquele diário? Minhas bochechas queimaram só de imaginar. Continuei correndo atrás dele, mesmo sabendo que não o alcançaria. Quem sabe quando ele parasse, eu o agarraria feito um quarterback.
Não era dele que eu falava no diário, era do colega dele, e se ele lesse o que estava escrito, minha vida estaria arruinada. Já senti o desespero subindo em meu peito quando o vi parando de correr perto de Mark, minha paixonite.
- Eiii! - Chamei outra vez, já sem fôlego, antes de me jogar contra ele, exatamente como um quarterback que foi pego. Nós dois rolamos no chão e, por incrível que pareça, ele ainda está segurando meu diário.
- VOCÊ É LOUCA?? - Ele pergunta indignado, enquanto eu caio na gargalhada, junto com os outros meninos que estavam na rodinha que ele estava tentando chegar com meu diário.
- Você é louco de tentar roubar meu diário. - Falei arrancando o mesmo da sua mão. Me levantei, tirei a sujeira da minha roupa antes de sair dali batendo o pé.
- Quem é ela? - Ouvi alguém perguntar, mas não me dei ao trabalho de me virar para ver quem era.
- Ei! - Ouvi passos atrás de mim. Ele me alcançou. - Me desculpa por ter roubado seu diário. A gente tava brincando de Verdade ou Consequência. Eu já tinha pedido “verdade” duas vezes, não podia pedir mais. - Ele se explicou, ainda respirando ofegante de tanto correr.
- Você poderia ter me pedido, se prometesse que não iria ler. - Inventei qualquer coisa, só para mostrar que estava brava.
- Você não me daria, tenho certeza.
- Você não me conhece pra saber se tem certeza. - Disparei.
- Não, mas vi que você quase me nocauteou para pegar o diário de volta, então... - Deu de ombros.
- Eu estava no meio de uma frase, não queria perder a linha de raciocínio. - Inventei.
- Duvido muito que isso seja verdade. - Ele disse, parando na minha frente, para me fazer parar. Agarrei meu diário com força, antes que aquilo fosse um truque para cumprir a tarefa de roubá-lo novamente.
- Sou , aliás. E você?
- . - Respondi impaciente. - O que você quer?
- Nada, só gostei dos seus olhos e achei que você poderia ser legal. - Ele deu de ombros.
- E o que tem nos meus olhos? - Uni as sobrancelhas, com os nós dos dedos brancos de tão forte que segurava meu diário.
- Não sei. Só achei legais. Olhos de uma pessoa legal.
Eu não confiava nele. Mas tentei me convencer de que ele era um garoto legal.
Não demorei muito para descobrir que era.
I fell in love at the seaside
Atualmente.
- Quer pipoca? - Ouvi a voz de de fundo, enquanto eu ainda olhava o mar da poltrona que estava sentada. Eu estava na sua casa de praia, ele me convidou para passar o fim de semana ali, enquanto Mark ia tocar com sua banda na cidade vizinha. Porém ele terminou comigo por celular... Nem preciso explicar mais nada, certo?
- Quero sorvete de chocolate, tem?
- Tem. Caralho, eu sou muito prevenido, não sou? - Ele perguntou lá da cozinha. E cinco minutos depois apareceu com duas colheres e o pote de sorvete.
- Você é o melhor, . O melhor! - Falei agarrando-me ao pote. - O que seria de mim sem você?
Ele sorriu e olhou em meus olhos.
- Não sei. Realmente não sei.
era o tipo de cara que levantaria um caminhão se você estivesse embaixo. O cara que vinha com uma ambulância se soubesse que você estava engasgado. O tipo de cara que você simplesmente se acostuma a amar sem medo, pois sabe que dali só vem o bem.
Ele trouxe um cobertor e colocou sobre os meus ombros.
- Você precisa de alguma coisa de grávida? - Perguntou enchendo a boca de sorvete. - Tipo, calças de elástico ou sei lá?
Eu desatei a rir.
- , eu to grávida de duas semanas. - Falei entre o riso. - O bebê é um grãozinho de arroz.
Ele riu junto comigo.
Rimos de idiotices de grávida até a barriga doer e o sorvete acabar.
me ajudou muito no fim de semana, não me deixando sozinha e não tocando no assunto “Mark”. Acabei me acostumando com sua presença calorosa e senti-me sozinha quando a segunda-feira chegou e eu tive que voltar à realidade.
2 anos depois.
- Pelo amor de Deus, Santana, sossega! - Falei, lutando para colocar ela no carrinho para poder entrar no shopping. - Até parece que você não gosta de shopping, sua pentelha.
A pequena riu, como se soubesse que estava me tirando do sério. Consegui colocá-la no carrinho, passei seus bracinhos pelo cinto de segurança, enchi seu rostinho de protetor solar e seguimos para a praia. Criar Santana sozinha foi a melhor coisa que me aconteceu, aprendi a dar valor às pequenas coisas e às pessoas que realmente interessam e somam na minha vida.
Foi difícil no começo aceitar que eu teria que criá-la sozinha, enquanto o seu pai estava fazendo shows por todos os cantos, fingindo que não tinha filha. Mas quando me acostumei com a ideia e com o dia-a-dia, percebi que nossa vida era melhor sem ele.
Levei Santana até a praia, que estava bem vazia, e parei embaixo de uma árvore enorme que fazia uma grande sombra. Coloquei nela um chapéu verde-limão e tirei-a do carrinho, para que brincasse na areia. Seus pézinhos gorduchos fazendo uma bagunça descomunal na areia.
Tirei meu vestido e estiquei uma canga no chão, e aproveitei o ventinho gostoso com a minha gorducha.
- ?
Virei-me para ver de onde vinha a voz e dei de cara com , sem camisa, um short de banho preto e cabelos molhados.
- !! - Levantei-me sorrindo, vendo o seu sorriso também e abracei-o. Seu abraço era aconchegante e no momento estava gelado.
- Olha só quem está aqui! - Disse ele, indo na direção de Santana, que já abriu um sorrisão só de vê-lo.
- Como você está, minha bochechuda preferida? - Agarrou-a com força e começou a morder seu pescoço. Ela caiu na gargalhada.
Não querendo me gabar com este papo de mãe, mas minha filha é linda. Tem a pele morena como a minha e cabelos muito cacheados, como os meus também. Os olhos eram negros e grandes.
- Como você tá, ? - Perguntou ele, enchendo minha filha de beijos.
- Estou bem, vim curtir um dia de praia com essa fedorenta. - Brinquei e ele riu.
- Ela não é fedorenta, né, Santana? - Ele disse, segurando-a nos braços. - Ela é muuuuito cheirosa. - E enfiou o nariz na barriguinha dela, que gargalhou novamente.
- Está a fim de ficar lá com a gente? Estou com uns amigos ali, nada de mais. Só pra você não ficar sozinha... - Ele disse.
- Não vou atrapalhar?
- Claro que não, sua tonga. - Ele disse, já juntando o chapéu da Santana que havia caído. - Vamos lá!
I handled my charm with time and slight of hand
Sentei-me na areia, num grupinho de três pessoas. Uma garota chamada Karen, seu namorado Kevin e .
Assim que Karen viu Santana, foi amor à primeira vista.
- Oh meu Deus, que bebê lindo! - Ela fez sinal com as mãos, para ver se Santana queria ir com ela. - É sua filha?
- É sim. - Respondi meio sem graça de estar me enfiando no seu grupinho.
- Gente, essa é a e essa coisa mais linda aqui é minha afilhada, Santana. - Ele disse extremamente orgulhoso.
Cumprimentei eles e logo Santana estava no colo de Karen, brincando com seus brincos e seus cabelos. Karen e Kevin eram muito legais, e nos identificamos logo de cara.
- Por que Santana? - Perguntou Kevin, enquanto bebia um gole de sua cerveja.
- Ah, Santana é o nome dado aos ventos fortes que dão na California. E esse bebê foi uma ventania em minha vida, virando tudo de cabeça para baixo desde o dia em que eu descobri que estava grávida. - Respondi.
- Uau, eu não sabia disso. - disse, bebendo sua cerveja também. - Quero dizer, sei que foi uma mudança e tanto na tua vida, mas não sabia que o nome dela tinha algo a ver.
- Tem sim. Ela é minha ventania. - Mandei um beijinho no ar para ela, que sorriu mesmo sem entender.
- Tá a fim de ir um pouco na água? - Perguntou e eu olhei para Santana, que se distraía com uns brinquedinhos no colo de Karen.
- Vai lá, guria, ela tá tranquila aqui. - Karen disse sorrindo.
Senti um nózinho no pescoço em deixar minha filha ali com dois estranhos, mas se achava que eram confiáveis, eu acreditava nele. Peguei sua mão para levantar da areia e vi Karen e Kevin se entreolhando como se fosse alguma piada interna dos dois.
Seguimos para a praia.
- Como estão as coisas? A Laura? - Perguntei na inocência sobre sua namorada e apenas recebi um olhar de reprovação.
Ele olhava para a areia.
- Ela não era a pessoa certa. – Disse apenas, nossos pés entraram na água.
Senti os pelinhos do meu braço se arrepiarem com a temperatura da água, fitei-o sorrir sem graça do assunto. Me prontifiquei a falar de outra coisa.
- Posso ficar tranquila com minha filha com aqueles estranhos?
- Claro, relaxa quanto a isso. Eles são os melhores, eu confiaria minha vida na mão deles. - Disse. - E eles estão pensando em ter um bebê. Vamos ver se a Santana vai ajudá-los na decisão ou assustá-los ainda mais. - Ele riu.
- Eles vão sair correndo quando ela perceber que não estou por perto. - Eu ri junto com ele.
- Provavelmente. Mas vamos aproveitar enquanto isso. - Falou, chutando água em mim.
- Ei! - Respondi. Chutando água nele. Começamos a brincar disso e logo estávamos completamente molhados sem necessariamente entrar na água.
Já estávamos com água na cintura quando finalmente decidimos que era melhor parar. Mergulhei para arrumar meus cabelos.
- Que água maravilhosa. - Falei, olhando o horizonte. Quase não vinham ondas, então dava pra curtir a água sem precisar se preocupar tanto.
- É, a água... - Ouvi falar mais para si do que para nós. - ?
- Oi?
- Vou te perguntar uma coisa, não quero que me leve a mal. Ok?
- Claro. - Falei, vendo ele ficar sem graça, mas ao mesmo tempo me encarando.
- Tem certeza que a Santana saiu de você? Tipo, caralho, eu acompanhei tua gravidez, mas não parece que você teve um filho. Você está linda. - Ele parou um pouco para pensar. - Isso não soou muito bem, né? Não estou dizendo que quem tem filho é feia, é só que você não mudou do que era antes.
- Então eu era linda antes de ter a Santana? - Perguntei rindo dele.
- Sim. Sempre te achei linda. - Ele disse, olhando para a água que batia na linha do seu umbigo e um pouco acima do meu.
- Você também não é de se jogar fora, . - Falei, dando um leve empurrão em seu ombro.
Ele sorriu. Tirei meus pés do chão e fiquei boiando na água, enquanto era a vez dele de mergulhar para arrumar os cabelos.
- Vou nadar um pouco, já venho. - Falou, mergulhando rapidamente, enquanto eu olhava as pessoas em volta. Não tinha muita gente. Era uma praia bem isolada e eu podia ver de onde eu estava que Santana estava sentada de frente para o casal, brincando com o baldinho de areia. Ri sozinha vendo aquele pedacinho de gente, muito parecida comigo por sinal, lá longe brincando no seu mundinho de criança. Ela era a calmaria da minha ventania. Meu tudo.
- Você está há um tempão olhando ela, sabia? - disse ao meu lado, passando seu braço por meu ombro.
- Sabia. - Admiti. - Por que você não avisou que já tinha voltado?
- Porque não me achei no direito de te interromper. Você estava toda concentrada.
Cutuquei suas costelas, fazendo-o rir e o empurrei para a água, enquanto corria em câmera lenta por causa da mesma. Ele levantou-se e correu em minha direção.
Brincamos como duas crianças durante muito tempo, até que os nossos dedos começaram a murchar, então voltamos para a areia, para dar um tempo para Kevin e Karen. Que prontamente foram para a água se divertir um pouquinho.
Dei uma mamadeira de água para Santana beber, enquanto retocava seu protetor solar. olhava atentamente. Depois peguei uma maçã na sua mala e cortei-a no meio e ofereci a ele, que aceitou.
Peguei uma colher e raspei a polpa para dar à Santana, enquanto ele comia em silêncio.
- Caralho, tô cansado. - Esticou-se na toalha que havia colocado no chão.
- Sim, eu também. - Respondi.
- Tá a fim de ficar lá em casa? Pra não ter que dirigir até a cidade. - Falou ele, descontraído.
- Ah, acho que a Santana vai estranhar.
A quem eu estava enganando?
Eu adorava passar tempo com , ele era meu melhor amigo desde que roubou meu diário.
Não precisava procurar desculpas para ficar em sua casa, ele sempre me tratou muito bem e sempre gostou da minha companhia tanto quanto eu gostava da dele.
Não havia motivos para eu não ir lá.
Mas por que então eu estava com esse sentimento estranho dentro de mim?
But I'm just trying to love you, in any kind of way
Ponto de vista de .
Abri a porta de casa e dei espaço para entrar com Santana.
- Nem preciso falar para vocês se sentirem em casa, certo?
ainda usava a parte de cima do biquíni e um short vermelho. Seus cabelos estavam brilhantes e volumosos por causa da água da praia. Ela estava linda, e eu precisava começar a disfarçar minha queda por ela.
A verdade é que eu sempre amei ela.
Desde o dia em que os garotos me pediram para roubar o seu diário, desde o dia em que eu vi que ela preferia Mark ao invés de mim. E na verdade não me importei, desde que eu estivesse perto dela, fazendo-a feliz com o que eu podia.
Ela era, de longe, a mulher mais legal que eu conhecia, e como se já não fosse suficiente, ainda criou um pedacinho miniatura dela que era mais perfeita ainda. Como eu amava aquele bebê.
Eu tinha que admitir para mim mesmo que eu era perdidamente apaixonado pela , e precisava principalmente entender que ela não me via como nada mais do que um amigo, porque a vida nos colocou desse jeito.
- Eu posso dar um banho nela? Daqui a pouco vai começar a ficar assada com essa areia toda. - Perguntou ela, com Santana praticamente fechando os olhinhos de cansaço.
- Claro, vai rápido antes que ela durma.
- Sim. Vou ter que dar banho nela em pé no seu chuveiro, não posso deixá-la dormir assim.
- Quer ajuda? - Perguntei, vendo-a seguir para o banheiro.
- Por favor! - Ela disse lá de dentro. - Pega a toalha azul dela dentro dessa bolsa que você está carregando, e tem também uma necessaire com xampu e sabonete.
Peguei o que ela pediu e dei de cara com de biquíni, já dentro do box, molhando os cabelos de Santana com o chuveirinho.
Entreguei o xampu e o sabonete a ela, e fiquei observando-as do lado de fora.
- Quer mais alguma coisa?
- Acho que não, , obrigada. - Falou ela e eu fui até a cozinha para tomar água.
Eu não devia ter a convidado.
É muita tortura para mim.
Vê-la com os cabelos soltos e cheirosos, um short curto e uma camisa minha... Aquilo vai ser uma prova de fogo.
Fui até meu quarto separar uma roupa para , enquanto ela tomava banho. Santana já estava desmaiada na cama de casal de hóspedes, rodeada por travesseiros.
Peguei uma blusa do Metallica e uma samba canção xadrez para ela. Não demorou muito para eu ouvir o chuveiro ser desligado. E não pude preparar meu psicológico para recebê-la enrolada em uma toalha vermelha. E foi exatamente assim que ela apareceu.
- Conseguiu alguma coisa para mim? - Perguntou ela, enrolada na toalha, com os cabelos molhados. Por mais que ela tivesse usado o meu xampu e o meu sabonete, o cheiro que emanava dela era indescritível. Levei alguns segundos para assimilar a pergunta.
- Consegui sim. - Entreguei as roupas a ela. - Vou pedir uma pizza, tá com fome?
- Simmm! Por favor. - Ela disse voltando ao banheiro para se trocar.
- Calabresa e marguerita? - Perguntei novamente.
- Com certeza. - Respondeu.
Pedi a pizza e fui tomar banho, deixando na sala escolhendo um filme para assistirmos.
Esfriei a cabeça debaixo do chuveiro.
Se eu tentasse algo, ela acharia estranho? Provavelmente.
Se eu não tentasse algo, iria me arrepender? Provavelmente.
Eu não podia ficar o resto da minha vida no “E se?”, vendo a garota que eu gosto com outros caras e não poder fazer nada. Ou pior, vendo a garota que eu gosto vivendo sua vida sozinha porque ninguém deu valor àquela mulher incrível que ela era.
Estava decidido. Eu iria conversar com ela.
Saí do banho e notei que a pizza já havia chego, estava sentada no sofá com as pernas encolhidas, na TV a Netflix estava aberta, com o filme Django Livre esperando para ser iniciado.
Meu filme favorito e ela sabia disso.
Peguei a caixa de pizza na mesinha de centro e coloquei ao meu lado. Ela se esticou por cima de mim para pegar um pedaço com as mãos, senti o seu cabelo roçando no meu rosto e fechei os olhos para não fazer nenhuma bobagem.
Dei play no filme e peguei um pedaço de pizza. Aquele filme seria longo.
But I find it hard to love you girl, when you're far away
Comemos a pizza quase inteira, vimos o filme quase inteiro e conversamos um bocado.
- Tá bom, . - Ela virou-se para mim. Me encarando. Seus cabelos estavam quase completamente secos, minha blusa do Metallica ficava mil vezes melhor nela do que em mim. - O que você tem? - Perguntou ela, unindo as sobrancelhas.
- Como assim?
- Você está estranho. Parece que está nervoso. - Disse ela, ainda de sobrancelhas unidas.
Eu estava nervoso! Meu coração parecia a bateria do Lars Ulrich.
- Eu estou bem nervoso, na realidade. - Falei lambendo meus lábios e coçando minha nuca.
- Tem algum motivo pra isso? - Perguntou , colocando uma mecha do seu cabelo para trás da orelha.
- Na verdade, sim. - Admiti. - , se eu tentar algo, você promete que não vai ficar brava?
- Não sei. O que é?
Engoli a seco.
Levei uma mão minha até a sua nuca e aproximei meu rosto do dela, a este ponto ela já sabia o que viria depois disso. Sua sobrancelha relaxou, seus olhos saíram dos meus e seguiram para meus lábios. Aceitei isso como um sim.
Colei nossas bocas com delicadeza, não queria assustá-la com todos os anos da paixão reprimida que eu tinha. Surpreendi-me com sua mão pousando em meu ombro e também com sua língua entrando em minha boca, se misturando com a minha. Senti os pelinhos do meu braço se arrepiar, e não conseguia ouvir mais nada além dos meus batimentos cardíacos, levei minha mão até a sua cintura e puxei-a mais para perto, intensificando um pouco o beijo, que foi partido logo depois por ela.
Ficamos nos olhando, recuperando o fôlego.
- Eu não sei o que dizer. - Ela disse.
- Nem eu. Mas podemos repetir isso? - Perguntei rindo e ela riu também.
- Acho que sim. - Falou rindo e puxando meu rosto para mais um beijo. Nossos lábios se conectaram com mais facilidade desta vez, nossas línguas se sincronizaram rapidamente e nossas mãos procuravam lugares diferentes. Percebi que os pelinhos de seu braço estavam tão arrepiados quanto os meus, e aquilo me deixou com um fio de esperança na cabeça.
Não demorou muito para ouvirmos o choro de Santana no quarto.
- Um segundo. - Ela disse, levantando-se.
Alguns minutos se passaram e Santana parou de chorar.
Segui até o quarto, por pura curiosidade. estava deitada na cama, ao lado de Santana, dando leves tapinhas na sua bundinha. Ela me olhou e sorriu, como se pedisse desculpas. Apenas dei de ombros e deitei no outro lado de Santana.
- ? - Perguntei.
- Hum?
- Eu gosto de ti. - Não falei “Eu te amo”, pois não queria que ela confundisse com amor de amizade.
- Você acha que isso pode dar certo? - Perguntou ela, mordendo o lábio. Se ela soubesse como aquilo me matava...
- Só saberemos se tentarmos. - Falei olhando Santana com os olhinhos quase se fechando, o bico se movendo em uma boquinha. - Você quer tentar?
- Quero. - Ela disse. - Eu quero muito.
But I fell in love on the seaside.
Fim.
Nota da autora: Oi pessoas! Fic feita absolutamente a jato. Mas eu não podia deixar um chuchuzinho como Seaside de fora do Ficstape: The Kooks. Quis fazer uma fic leve e simples como a música, algo bem limpo. Espero que fielmente que tenha agradado! Obrigada a todos que leram e comentem! Beijocas.
Leiam minhas outras fics <3
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