Capítulo Único
— Like a true nature's child. We were born, born to be wild. We can climb so high I never wanna die… — cantarolava enquanto penteava seu cabelo.
A mulher pulava alegremente, dançando para o espelho, vestindo somente sua roupa íntima e uma blusa larga de seu companheiro de apartamento. Vulgo seu melhor amigo, . Curvou-se com o pente em sua mão como se fosse um microfone e berrou com gosto:
— BOOOORN TO BE WIIIIILD!
E, quando foi repetir o refrão que sempre tinha o poder de deixá-la arrepiada, pulou ao ver o reflexo de observando-a. O homem estava recostado no batente da porta de braços cruzados com um sorriso bobo.
— Continua, , por favor! Só espera eu pegar meu celular para registrar esse momento. — disse ele, enquanto a mulher retirava seus fones de ouvido e o celular de dentro de seu sutiã para depositá-lo ao lado da pia.
— Cala a boca, . — replicou com um biquinho, socando o braço do menino e voltando para seu quarto.
— O quê?! — indagou falsamente ofendido, seguindo-a. — Eu estava curtindo o show! — completou se jogando na cama da amiga.
levantou o braço para defender-se do ataque de , que começou a jogar roupas em cima dele.
— Ei, qual é?!
— Sai daí, então, chatinho. — bufou, revirando os olhos para o muxoxo magoado do garoto. — Tá, sente-se na poltrona, então! Eu preciso encontrar uma roupa para amanhã. — disse, suspirando.
estranhou o tom subitamente estressado da amiga.
Estava acostumado com as mudanças bruscas de humor dela, suas manias esquisitas, e as loucuras que inventava, sempre o carregando junto. Porém, o nervosismo não era um traço comum da personalidade da mulher. Ela era a pessoa mais divertida, extrovertida e bem-humorada que ele já conhecera. E isso o irritara um pouco no começo, até se apaixonar pelo que ela mesma chamava de sua “personalidade cativante”. , que não estava passando pelo melhor momento de sua vida quando se mudou para o apartamento de , não sabia onde estava se metendo. Mas hoje ele sabia que fora o melhor que lhe poderia ter acontecido.
— Você vai escolher uma roupa pra usar? — perguntou o homem, verdadeiramente chocado. — Que dia é hoje? Primeiro de abril? Halloween? Fim dos tempos?
Normalmente a mulher gargalharia, socaria seu braço, ou até embarcaria na brincadeira. Não naquela noite.
— Pode parar de zombar de mim por uns segundos e me ajudar, por favor? — suplicou, séria.
— Tudo bem. — respondeu, com uma sobrancelha erguida, aproximando-se de onde ela encarava seu armário. — O que precisa? Algo mais esporte fino, um visual mais casual, clássico,...
lançou uma olhadela de canto para seu amigo, que fechou a cara para ela ao adivinhar o que estava pensando.
— Minha irmã vivia enchendo minha cabeça com essas coisas, tá bom?
— Eu não disse nada! — se defendeu com as mãos erguidas.
Ele a encarou por mais uns segundos até que ela começasse a rir incontrolavelmente.
— Vem aqui, senhorita risonha! — falou o homem, com um tom brincalhão, avançando para a mulher, que recuou até bater com as costas na parede. — Te peguei!
Os olhos de então escureceram com segundas intenções.
— Me pegou, foi? — perguntou, sarcástica.
sorriu em resposta, aproximando-se da mulher para beijar sua testa. E depois sua bochecha direita. A ponta de seu nariz. E então a esquerda. Por fim, seus lábios se encontraram ternamente em um beijo que transmitia a dimensão do carinho que tinham um pelo outro. Mas, claro, recheado de pitadas de luxúria e desejo.
Sua amizade não era convencional. Ambos se amavam o bastante para respeitar o espaço um do outro. Nenhum deles estava interessado em perseguir um relacionamento sério, ao menos no início. Cada um a ovelha negra de suas respectivas famílias, nenhum deles estava muito ansioso para construir suas próprias. Era como Gregory House, de House M.D. sempre dissera: seguir seu coração é fácil, mas seguir seu cérebro é extremamente difícil, por isso que todos os pais estragam todas as crianças.
Concordaram em ter um relacionamento completamente sincero e sem amarras. A única coisa que haviam se prometido era sempre serem cem por cento sinceros um com o outro e colocarem sua amizade acima de qualquer outra coisa. Fosse o que fosse, sua espécie de amizade colorida, muito julgada por seus amigos a princípio, acabara sendo muito mais saudável do que a série de namoros desastrosos que estes tiveram.
Robin se envolvera com um homem de seu trabalho, mas ele vivia sutilmente desfazendo de suas opiniões, taxando-a de louca sempre que dizia algo que ele não concordava, envolvendo-a em uma teia de mentiras que, assim que ela mesma se deu conta do lixo humano que ele era, caiu o fora. Já Ted vivia buscando uma espécie de amor avassalador, nunca valorizando as paixões efêmeras que se apresentavam. Ele tinha uma fé fervorosa na ideia de destino. Que algum dia A Garota de Seus Sonhos fosse passar por ele e ele fosse simplesmente saber. Não era que algum deles estivesse fazendo algo errado. Somente não tinham porquê julgar a forma de amor que seus amigos quisessem ter.
E eram muito felizes em sua bolha de prazer.
grudou no peito do menino, aprofundando o beijo e arranhando suas costas fortemente por cima da blusa fina que usava. Suas línguas deslizaram uma na outra, atracando-se até deixar a ambos ofegantes. Ao quebrarem o beijo, o menino lançou a ela um olhar sugestivo, fazendo um biquinho quando esta balançou a cabeça em negativa.
— Hoje eu não posso, . A maldita da cólica está atacando de novo. Tô quase sentindo meu endométrio descamando aqui.
Ambos riram, ela com um pouco de tristeza, e ele levemente frustrado.
— Tudo bem, . Qual o doce da vez? — perguntou, agarrando suas pernas para ficarem em volta da cintura dele, enquanto a carregava para o sofá da sala de estar.
— Uh... — ronronou pensativa, repousando a lateral de sua face no ombro do menino para poder encará-lo. — Brigadeiro!
— Ótima escolha. — piscou, depositando-a no sofá e depositando um último beijo em seus lábios, rindo com a pequena resistência que ela fez para largar seu pescoço.
— Qual filme? — berrou, para que lhe escutasse da cozinha.
— Pode escolher, .
A mulher esticou-se preguiçosamente na chaise longue do sofá, passando os olhos pelos filmes de sua lista no Netflix. Ao ouvir os estalos de pipoca sendo feita, ela pensou que poderia matar seu companheiro de quarto de tanto beijo por conhecê-la tão bem. Após escolher o filme, ela voltou para a televisão aberta, enquanto ele não retornava com seu lanche/jantar. Ajeitou-se e aumentou o volume ao perceber do que se tratava a reportagem que passava no Jornal.
— E ele ataca novamente! Beast Charmichaels, o autor anônimo dos livros de terror mais vendidos da atualidade, lançou neste sábado o penúltimo volume de sua saga “Mistérios em Richmond Hall”.
quase derrubou toda a pipoca e a panela com brigadeiro ao chegar à sala e ouvir o chamado da reportagem. Sentou-se a seu lado, colocando os alimentos de qualquer jeito na mesinha de centro de madeira.
— Não acredito! Olha lá, ! — disse, apontando para a televisão como se a menina não estivesse enxergando.
— Estou vendo, . — riu. — Agora vamos assistir o filme?
— Espera! — berrou ele, fazendo um movimento brusco para alcançar o controle do outro lado da mulher.
— Nossa, , até parece que é você na reportagem. — brincou, revirando os olhos.
— Eu não... Mas eu... Ah, coloca logo o tal filme!
No dia seguinte, acordou em um rompante, tateando no escuro em busca de seu celular. Em vez de encontrar o aparelho eletrônico metálico, sua mão acabou encontrando a face de .
— AI, ! — berrou ele ao receber uma dedada em seu olho.
A mulher começou a rir, mas se refreou lembrando-se do que teria que fazer naquele dia.
— Bom dia, bobão. O que está fazendo na minha cama?
— Bom, é questão de lógica, . — disse, sentando e esfregando os olhos.
— Ah, é? — perguntou, curiosa.
— Sim, seu colchão é muito mais macio, sua cama é grande e você é pequena. Sobra muito espaço aqui, viu.
— Só por isso?
— O quê? Você acha que eu gosto de dormir perto dos seus roncos e seus chutes? É só pelo colchão mesmo.
— Então, da próxima vez que estiver excitado, pode lançar seu olhar sexy pra cama pra ver se ela transa com você.
— Maldosa. — replicou ele com uma careta.
— Vai se arrumar, .
— Mas hoje é domingo!
— Exatamente. E, como você foi um total inútil ontem em me ajudar a encontrar uma roupa, vou te levar comigo.
— Tá bem. Posso ao menos saber para onde?
— O brunch da minha mãe.
— Achava que não falava mais com seus pais.
— Não falo. — replicou, espreguiçando-se e caminhando para o banheiro.
— Espera... Qual a relação entre escolher uma roupa e me levar?
A menina simplesmente deu de ombros e lhe lançou um meio sorriso.
— Vai logo.
Pegaram o metrô na direção da Zona Leste da cidade, encontrando-o vazio. O fluxo para aquelas bandas não era lá muito comum. Os meros mortais como e não tinham o hábito, nem razão para se deslocar até tão tão distante para o bairro dos endinheirados. Ao menos até aquele dia.
Faraway era mais um bairro residencial do que qualquer outra coisa. Mas a infraestrutura que tinha dentro dos enormes condomínios de luxo fazia com que não parecessem um bairro, mas sim uma cidade separada por completo.
— É por que sua mãe é daquelas que sempre quis que você namorasse?
— Não.
— É por que você quer esfregar minha beleza na cara da sociedade?
— Você já se olhou no espelho? — perguntou ela, segurando o riso e balançando a cabeça para ele.
O homem então fez cócegas em sua barriga, apreciando o som das risadas desesperadas da mulher. Os outros passageiros olharam para eles com o nariz empinado. Uma senhora até revirou os olhos, trocando de lugar para algum bem distante, levando junto seu livro, a edição mais nova do mistério de Beast Charmichaels.
Sim, já deviam estar perto. A paisagem ia ficando cada vez mais bela, porém de uma forma muito artificial. Aquilo nunca agradou a . Crescer em meio a pessoas que não toleravam mudança. Que a consideravam uma esquisita de marca maior.
— Agora entendeu porquê eu estou te levando?
— Por que eu te faço rir? — perguntou ele, se acomodando novamente no assento.
— Não. — replicou ela, já irritada. — Eu estava desesperada ontem para achar um traje que fosse enlouquecer minha mãe. Mostrar que, mesmo eu comparecendo, não é por ela, nem pelo papai.
— Então por que está indo? — perguntou o garoto.
— Porque Christopher pediu. Não há muito que meu irmão mais novo me peça que eu não vá correndo ajudar.
— Hmm... Ei, espera aí mocinha! Então está me levando para chocar seus pais?! Por que pensaria isso?!
A mulher não precisou fazer muito. Um olhar para o jeans desbotado e meio rasgado do homem, a extensão das tatuagens que subiam por seus braços até penetrarem sua camisa branca, sua barba mal feita e a expressão displicente já diziam tudo.
— , eu te amo, mas você é o pesadelo de minha mãe.
— Estou profundamente ofendido pelo comentário, mas eu também te amo, sua irritante. — replicou, puxando-a para mais perto e beijando o topo de sua cabeça. — Deus nos ajude. — completou, suspirando.
— Deus nos ajude! — repetiu , meia hora depois quando entraram na casa de infância de .
Casa era pouco. Estava mais para um pequeno palácio de inverno, com direito a um jardim digno de filme. também não viera de uma família pobre. Era da classe média, tinha conforto, mas nunca chegara à opulência daquele lugar. Caminharam uns bons dez minutos até alcançarem o grupo de aproximadamente trinta pessoas que comiam nas diversas mesas espalhadas pelo gramado impecavelmente capinado.
— ! — ouviram alguém berrar de uma delas. — Aqui! — acenou um homem alto e nos seus vinte e cinco anos.
— Christian Woolf! — exclamou , correndo para abraçar seu irmão.
observou a cena com um sorriso largo, tentando ignorar a sensação inquietante de estar sendo fuzilado pelo o olhar daqueles engravatados. Pelo visto não ligava muito para aquilo, ou já se acostumara com toda a reprovação que lhe era dirigida. Mesmo estando até que em um traje conservador em relação ao que costumava vestir, ainda sim, ele a admirava por manter-se fiel a si mesma com tantas pessoas tentando impedí-la de fazê-lo.
— E quem é este? — perguntou Chris, após quase sufocar sua irmã em um abraço de urso.
— . — respondeu , já estendendo sua mão, antes mesmo que ela pudesse apresentá-lo.
— Prazer em conhecê-lo, . Você é que tem sido responsável por alimentar essa criaturinha?
abriu a boca, surpreso com a informalidade do sujeito que estava tão arrumado que parecia ter saído da capa de alguma revista. Engomadinho, se o visse passando na rua, provavelmente brincaria algo do tipo para .
— É uma luta diária, viu? Quase que eu devolvi, mas a pessoa que deixou essa aqui na minha porta não deixou endereço de retorno. Sabe-se lá o porquê.
Ambos riram com a brincadeira, mas ao mesmo tempo lançaram um olhar de desculpas para a menina que agora fazia um biquinho corando.
— Vocês parecem muito bem familiarizados, estarei perto dos canapés.
— Cuidado, maninha, assim vai explodir.
— Vai se foder, Christian. — replicou em toda sua classe, começando a se afastar e mostrando o dedo do meio para o irmão.
Após ser rodado de um lado para o outro por um muito efusivo Christian, entendeu três coisas sobre sua melhor amiga. A mais óbvia era que aquela animação toda devia vir de algum gene daquela família, pois não era possível. Seu irmão era igualzinho nesse quesito. A segunda também não precisou de muita reflexão. Os olhares que tinham para sua aparência, sempre que ele era apresentado pelo filho da anfitriã, os narizes torcidos e olhares de desgosto... Ao que tudo indicava, sua amiga devia ter tido uma infância muito complicada.
não era do tipo que usava roupas para ficar bonita ou por vaidade. Era rigorosa somente com sua higiene básica e sua saúde. Porém, quando se tratava de apresentação, a mulher usava o que lhe fosse mais confortável ou até mesmo uma roupa que achasse bonita.
Era ela mesma que se fazia brilhar. Seus olhos castanhos que sempre pareciam estar escondendo algum segredo. Sua pele dourada que parecia refletir o sol. Seu cabelo ondulado que descia até a metade de suas costas. Woolf era tudo, menos engomadinha. Ela tinha algo de autêntico, que aí sim, se expressava no que escolhia vestir, naquele dia, a blusa listrada, uma sandália simples e seu casaco amarelo gema. O modo que agia também tinha algo de natural que não combinava com toda a pomposidade do mundo em que nascera.
— Oh, não. — exclamou Chris, puxando-lhe até onde sua irmã e sua mãe conversavam.
Para alguém que não as conhecesse, pareceria que estavam tendo uma conversa amistosa, e não uma discussão acalorada. Mas aquele era só o jeitinho Woolf. Use sarcasmo. Se não funcionar, recorra ao tom de falsidade. Se ainda sim não der certo, seja exageradamente gentil.
— Ah, mãe, muito obrigada. Eu também acho que meu cabelo está estupendo hoje. — falou .
Christian suspirou aliviado que ainda estivessem na fase do sarcasmo. Talvez aquilo ainda houvesse volta antes de uns traumas permanentes.
— O que você está fazendo aqui mesmo, ? Se odeia tanto nossos costumes, zomba de nossa forma de agir, então por que está aqui entre os que odeia?
— Eu não te odeio, mãe.
— Meninas... — tentou Christopher, inutilmente.
— Ah, não? Achei que isso estivesse bem explícito.
— Você e o papai nunca me apoiaram em perseguir meus sonhos, em ser quem eu sempre quis ser, mãe.
— Nós te alimentamos, demos conforto, uma educação de primeira, o que faltou, ?
— Amor. Um pouquinho de afeto, e eu nunca teria saído de casa. Não importa o quanto vocês sempre tentassem me transformar em algo que eu não sou. Fiquei por tempo demais, somente para que Christian não terminasse como eu.
— Filha, eu sempre te amei. Só queria que tivesse um futuro. Tudo isso que você faz... Morar em alguma espelunca ficando longe de sua família a troco de quê? Fazer uma tatuagem, usar essa haste esquisita de metal no seu umbigo e esses trajes desleixados?
— Eu sei que é difícil de acreditar. Mas eu tenho uma vida que não envolve você, o papai, ou nada que tenham me dado. Eu construí. Eu que conquistei o que você chama de espelunca. Tenho um emprego dos sonhos, e um relacionamento aberto com uma das pessoas que mais confio no mundo. Pode criticar o que quiser, Giselle. Mas nunca desfaça do que eu trabalhei tanto para conseguir, minha liberdade.
— Que seja feliz, então. Boa sorte com essa sua vidinha medíocre. Eu desisto de tentar ajudá-la.
— Estou muito bem sem sua “ajuda”, mãe. Mas, se é assim que prefere, tudo bem. Eu não julgo você por suas escolhas, mesmo que tenham me ferido tanto no passado. Só não se esqueça de que é você que está jogando nossa relação no lixo.
Os homens, que observavam o bate e rebate apreensivos, se dividiram para cada um ir perseguir sua mulher Woolf. foi atrás de sua amiga e Christian, tentar apaziguar sua mãe.
— , espere!
A mulher parou de andar, mas não se virou, dando uma dica ao homem do que estava acontecendo em seu interior. Por isso que correu até ela, puxando-a até estarem longe dos olhares curiosos, e fora da residência. Parou-a assim que viraram sua rua e abraçou-a apertado, sentindo suas lágrimas molharem sua camisa. Ficaram daquela forma por um tempo até que ela se acalmasse.
— Está bem, ?
— S-Sim. Estou b-bem.
— Fatos curiosos sobre Woolf: quando ela chora, seu nariz fica vermelhinho de uma forma tão fofa que me dá vontade de apertá-la.
— Fatos curiosos sobre — começou ela, sorrindo e apertando a mão de seu parceiro, retomando a caminhada até o metrô. —: ele não é tão chocante quanto eu pensava. Minha mãe nem te notou.
— Olha só, que atrevida! A senhorita não pense que essa carinha fofa vai me impedir de ficar chateado, hein?!
A mulher fez uma expressão equivalente à do gatinho do Shrek e revirou os olhos, empurrando seu ombro para depois puxá-la de volta em um abraço lateral.
— Ok, risca essa última frase.
— Eu te tenho na palma de minha mão, . — riu, maldosa.
— E acha que eu não percebi isso?! — comentou, com um tom afetado.
— Quero uma massagem quando a gente chegar. Prometo que vou te recompensar mais tarde.
— Uh... Isso está ficando interessante. — replicou ele maliciosamente.
— Vou retirar o que eu disse em três... dois...
— Ei! — cortou com um muxoxo brincalhão. — Vem, ursinha, vou te levar para casa.
Mais tarde naquele mesmo dia, estava em seu quarto trabalhando, até ouvir um toque em sua porta.
— Oi. — sorriu para o menino, girando sua cadeira para encará-lo, ficando de costas para seu laptop.
— Hey... Vamos sair para jantar hoje? Depois de tanto foies-gras e escargot, eu estou morrendo por uma pizza no Lenny’s.
— Vamos, sim, só vou terminar aqui.
— Ok. — disse ele, virando-se para sair, mas detendo-se no batente da porta.
— Pergunta logo, . — falou ela, enquanto digitava, prevendo o que o menino iria fazer.
— Estava pensando no que você falou... Mais cedo, sabe.
— Eu disse muitas coisas...
— Sim, bem. Você deve saber ao que estou me referindo.
— Eu te amo, , pensei que estivesse claro que eu confio em você muito mais do que em qualquer outra pessoa. — disse, virando e levantando para olhar nos olhos do garoto. — E, se tivermos que ser para sempre isso que somos, eu serei a pessoa mais feliz do mundo.
— Eu... Eu não me sinto da mesma forma, . — disse ele, com um olhar triste. — Quer dizer, eu te amo, sim! — completou rapidamente, ao perceber o duplo sentido de suas palavras. — Mas não sei se seria feliz dividindo-a com o resto do mundo. Eu não quero dizer que seria um daqueles caras hiper-ciumentos nem nada do tipo, mas já passou muito tempo desde que eu sequer tenha pensado em ficar com qualquer uma que não fosse você e, se estivesse de acordo, quando estiver pronta, eu gostaria de dar uma chance para deixar que nossa relação evolua.
permaneceu calada por um tempo, com um olhar enigmático para o garoto e deu-lhe um selinho antes de responder.
— Finalmente, . Estou pronta para tentar algo a mais desde o ano passado.
— O quê?! — perguntou ele com descrença. — Por que não me falou antes?
— Você ainda não estava pronto, do que isso iria adiantar?
— Mas e se eu já estivesse e achasse que você não estava?
— Eu também poderia estar achando que você estava e não ter falado por não estar, porque não queria parecer que estava.
Os dois continuaram no trava-línguas por um tempo, como as crianças que eram perto um do outro, até que a mulher lhe desse uma resposta séria.
— Só não disse nada, porque sei que você é o emocional da nossa dupla. Não iria aguentar guardar isso dentro de si por muito tempo.
— ... — o homem até abriu a boca para objetar, mas era como dizia o ditado... Contra fatos, não há argumentos.
— Preciso te contar algo, contudo.
— Um segredo? Não sabia que fazíamos isso de ter segredos. — disse ele, estranhando o tom de seriedade da menina, que o fez sentar na cadeira que antes ocupava.
Ela cobriu os olhos dele com as duas mãos e o fez girar a cadeira para encarar seu notebook.
— Então, , lembra quando eu te expliquei sobre meu trabalho à distância?
— Sim, algo sobre matemática e auxílio de planejamento financeiro, não é?!
— É... Bem, eu menti. Não surta, mas... — e retirou as mãos dos olhos dele ao mesmo tempo que completou. — Eu sou a Beast Charmichael. A tal autora anônima que todos supõem ser um homem, o que é irritantemente machista para falar a verdade. Quer dizer, alô-ou, só porque eu não escrevo romance, não quer dizer que eu seja um homem e vice-versa. Esses padrões da sociedade...
encarou a tela do notebook com algumas páginas escritas e um título... O último livro da saga mais vendida da atualidade.
— Espera... Então você é...
— Sim.
— Você escreveu...
— Sim.
— Mas esse tempo todo...
— Sim.
— Sabe o que isso significa, ? — perguntou ele com um olhar admirado.
— O quê? — perguntou, curiosa.
— Você paga a pizza hoje.
— Nem fodendo, , é a sua vez. — replicou ela, divertida.
— Tá beeem. — bufou ele com um muxoxo. — Mas amanhã eu quero um banquete em compensação, senhorita Charmichaels!
A mulher revirou os olhos e beijou o homem que amava. Como poderia ter alguma dúvida de que ele era seu par perfeito se, assim como ela, o homem não conseguia passar cinco minutos sem falar de comida?
— Eu acho que te amo, . — suspirou, encostando a testa na dele quando quebraram o beijo.
— Eu também me amo. Já sobre você, eu ainda estou me decidindo. — replicou, recebendo uma mordida em seu lábio.
— Não estraga o clima, seu bobo.
— Tá bem, vai de novo.
— Eu acho que te amo, . — repetiu, afetadamente, como se estivessem em algum tipo de novela mexicana.
— Que bom, Woolf, porque eu tenho a mais absoluta certeza de que estou apaixonado por você.
— Agora sim. — respondeu, sorrindo.
— Eu mereço um Oscar, né?
— Cala a boca, . Vamos logo comer essa pizza que você prometeu que eu estou com fome.
— Cuidado que assim eu me apaixono ainda mais, princesa. — piscou, abrindo seu meio sorriso malicioso.
Fim.
Nota da autora: Olá pessoal! Espero que tenham gostado da fic! A faixa Belle me trouxe muitas ideias, mas acredito que essa versão que escolhi, foi a que mais conseguiu trazer esse lado da Belle de ligada ao mundo fictício, meio louquinha, dotada de uma beleza interior muito grande e que enxerga igualmente os atributos dos outros. Amo demais essa princesa, rainha da cocada preta! Não se esqueçam de comentar, me dizendo o que acharam! No mais, quem quiser, será super bem-vindo no grupo do Face ou do Whats!
Para entrar para nossa família no face.
Grupo do WhatsApp.
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Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.
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