– Posso te oferecer uma bebida? – Uma voz soava perto do meu ouvido, grave e máscula, fazendo com que todos os fios se arrepiassem. Não havia visto o rosto do ser que a possuía, mas a julgar por sua voz ele deveria ser maravilhoso.
– Bem, eu já tenho uma, mas não vou negar se quiser me oferecer na próxima. – Sorri de lado, olhando meu próprio copo.
Pelo canto do olho consegui observar quando ele se movimentou, sentando ao meu lado no balcão. Talvez fosse apenas coisa da minha cabeça, afinal, ele iria beber de qualquer forma, mas algo em mim gostaria de acreditar que ele realmente queria chamar minha atenção. Isso fazia de mim uma pessoa egoísta?
Bem, eu não ligava.
De qualquer forma, continuei quieta na minha até que o meu copo ficasse vazio. Lancei um olhar na direção de , que há algum tempo havia se afastado com aquela garota. Eu tinha minhas dúvidas de que ele conseguiria seguir nosso acordo, mas já estava feliz por ele ter aceitado somente para que eu me sentisse melhor. Ele era, de fato, um grande amigo e eu o apreciava muito.
– Acho que agora já posso te oferecer a próxima bebida. – Aquela voz já conhecida e inegavelmente sexy soou próxima até demais de mim, arrepiando todos os pelos de meu corpo mais uma vez.
– Pode sim, mas apenas depois de me mostrar se sabe realmente dançar. – Lancei-lhe um sorriso e estendi algumas notas de dólar para o cara do balcão, pagando pelo que havia consumido até então.
Não dando muitas indicações sobre o fato de que querer ou não companhia, eu me levantei e, com a bolsa a tiracolo, saí do bar, seguindo em direção à pista. O DJ tocava uma das minhas músicas favoritas e, nem se quisesse eu permaneceria sentada e conversando com aquele homem a noite toda, independente de quão gato e sexy ele fosse.
O fato que tornava tudo mais engraçado era o de que eu havia apostado contra que ele não aguentaria a noite toda sem ficar com alguém enquanto eu estava livre, mas estava ocorrendo justamente o contrário: havia me largado sozinha há muito tempo para ficar com uma garota que acabara de conhecer – nada novo, aliás – enquanto eu permanecia parada no bar.
Definitivamente eu precisava mudar aquela condição o quanto antes.
Passei as mãos pelas laterais do meu corpo, começando na altura dos seios, e as desci em direção ao quadril, aproveitando para dar uma rebolada bem provocativa. Esperava que fizesse efeito e que ele viesse até mim, mas não esperava que fosse tão imediato. Assustei-me quando senti suas mãos em minha cintura, puxando meu corpo para trás em direção ao seu, o que permitiu que houvesse contato de sua intimidade com minha bunda, bagunçando meus sentidos por alguns segundos.
Tão logo os recobrei a sanidade, decidi retomar o controle daquela situação, pois eu quem o provocaria, e não o contrário. Senti a batida da música tão conhecida soar pelo local e logo parecia que meu corpo criara vida própria, se movendo de maneira ritmada com a batida. Aproveitei para movimentar meu quadril de encontro ao dele, provocando o mesmo.
Senti suas mãos passeando pelas minhas coxas, aproveitando para depositar apertos nelas e, em um movimento rápido, ele a virou de frente para si, com o olhar fixo em seus lábios convidativos. Ela não pôde de reparar nos dele também, passando a língua pelos seus em busca de alívio para o calor que insistia em crescer por seu corpo, sem permissão.
Apoiei minhas mãos em seus ombros, ficando levemente na ponta dos pés e me inclinando na direção do seu ouvido. Esperava que ele me ouvisse por cima do som extremamente alto e animado que tocava.
– Como se sente? – Soltei em forma de sussurro, justamente para que ele se excitasse. Pareceu surtir um bom efeito sobre ele.
– Bem, mas estou com um calor repentino, sabe? Meu coração chega a bater mais forte e causar um excesso de calor em meu corpo.
– Talvez devêssemos nos afastar um pouco. – Olhei-o, mas nem tive tempo de pensar a respeito, já que ele segurou seu pulso com delicadeza, puxando-me rumo aos banheiros, local onde estranhamente o movimento era bem menor.
– O que pretende fazer comigo aqui, Sr.? – o vi fazer careta com o apelido que lhe foi dado.
– Apenas as piores, meu bem. – Senti o material gelado da parede em contato com minha pele, causando-me arrepios pelo corpo. Em um instante estávamos dançando e, no outro, eu me encontrava prensada entre ele e a parede próxima aos banheiros.
O que era aquele homem? Minha perdição?
– Ótimo, porque eu até prefiro. – Utilizei uma das mãos para agarrar a frente de sua camisa, sem me importar se aquilo iria amassá-la, e o puxei de encontro à minha boca, sedenta.
Os lábios se chocaram em um misto desejo e confusão, mas não demorou muito para que descobríssemos nosso ritmo, seus lábios eram macios e os meus pareciam deslizar neles de forma que chegava a ser sedutora. Não me dava conta do que acontecia ao redor, estava tão alheia àquele beijo que nem ao menos percebi sua mão direita subindo por toda a extensão de minha perna até chegar à coxa, onde deslizou para dentro do vestido que usava. Tão logo seus dedos roçaram em minha intimidade, precisei separar o beijo para soltar um gemido leve de surpresa, o que pareceu instigá-lo a prosseguir.
De olhos fechados, senti minha calcinha sendo colocada um pouco de lado, deixando minha intimidade exposta e, antes que pudesse sequer raciocinar, o senti acariciar a região com dois dedos, o que me fez soltar um gemido abafado através de uma mordida no lábio inferior.
Ele sabia o que estava fazendo.
Em questão de segundos seus lábios encontraram a pele de meu pescoço, depositando beijos e mordidas leves na região, o que só funcionava para me excitar cada vez mais. Levei minhas mãos até suas costas, apertando o tecido da blusa que ele usava, sem nenhum pudor. Aquele homem definitivamente estava me provocando e eu sentia como se ele fosse penetrar seus dedos em mim, mas um barulho repentino e muito próximo fez com que nos assustássemos.
Arrumei o vestido e a calcinha de volta ao seu lugar enquanto ele arrumava sua blusa. A porta do banheiro feminino se abriu, revelando uma mulher que saía do mesmo sem nos dar atenção, quase como se não existíssemos. Precisei respirar diversas vezes para recobrar a consciência, passando a mão no rosto para recuperar o pouco de dignidade que ainda me restava.
Ele me olhou, também cheio de adrenalina e suando frio por quase termos sido descobertos há pouco. Não queria e não conseguia olhá-lo nos olhos por muito tempo, precisava achar e sair daquele lugar o quanto antes a fim de evitar perder o pouco de dignidade que ainda me restava, então rapidamente saí de perto dele e fui passando pela multidão, procurando por ele. Claramente não o encontrei por diversos motivos, a luz poderia ter o feito passar batido por mim, poderia ter ido ao banheiro ou até mesmo ido embora acabar com nosso trato ao foder com aquela garota. Eu só queria estrangulá-lo com minhas próprias mãos.
– , seu filho da puta.
Praticamente rosnando de tanta raiva, me dirigi até a saída daquele local, torcendo para que ainda tivesse algum táxi rodando, se não estaria seriamente fodida. Cumprimentei o segurança assim que passei pelo mesmo e me abracei para proteger do vento que atingiu seu corpo logo que entrou em contato com o ar noturno da cidade. Minha cabeça estava a mil, as cenas de minutos atrás em que eu estava com aquele desconhecido aos beijos vinha à mente, sua parte mais íntima sendo tocada de tal maneira que a levou às alturas como há muito não acontecia.
Sim, há muito tempo Justin não me tocava daquele modo. Não era como se não fizéssemos sexo – porque realmente fazíamos –, mas com o tempo parecia que ele servia apenas como uma válvula de escape: uma maneira de relaxar depois de um dia cheio, uma forma de fugir de assuntos que não queríamos discutir. Caíra na mesmice, sem novidades e com o mínimo de prazer, sem inovações.
Eu me sentia culpada porque acabara de sair de um relacionamento – literalmente, pois o término havia acontecido há menos de 24 horas – e quase no mesmo instante já estava com outro, como se nada houvesse acontecido. Não que eu não pudesse, mas era mais complicado que isso. Não se esquece tão rápido algo que durou tantos anos.
Estava tão perdida em meus próprios pensamentos que nem notei uma aproximação próxima a mim, somente quando senti uma mão tocar meu ombro desnudo, fazendo com que eu desse um pulo no lugar, assustada. Virei-me, pronta para atacar quem quer que estivesse perto de mim, mas travei no local ao observar que se trata do homem que estava comigo lá dentro. Imediatamente virei de costas para ele, a fim de evitar maiores constrangimentos.
– Você está bem?
– Estou sim.
– Tem certeza?
– Uhum. – Estava com receio de dizer algo a mais que me denunciasse ou acabasse de vez com minha dignidade.
– E eu fiz algo errado? Porque até um pouco atrás estávamos super bem e agora está fugindo de mim.
Abri a boca como se estivesse me sentindo insultada e me virei em sua direção, olhando nos olhos, com os braços na frente do corpo tanto pelo vento gelado quanto por estar irritada. Ele me olhava com uma das sobrancelhas arqueadas.
– Eu não estou fugindo de você. Por que faria isso?
– Isso é o que eu quero descobrir.
– Vá se foder, seu idiota. – Revirei os olhos, irritada.
Ele apenas deu uma risada gostosa que meu faria sorrir junto, mas estava tão brava com ele que tudo que fiz foi fazer uma careta de descontentamento, o que não passou despercebido por ele.
– Topa dar uma volta comigo? Prometo não tentar nada e depois te levo para sua casa. Não vai encontrar táxis há essa hora mesmo. – Erguer as mãos no ar, como se estivesse se rendendo, logo depois que lhe lancei um olhar feio. Soltei um suspiro, derrotada.
Não poderia ser tão ruim, certo?
– Tudo bem, mas sem gracinhas e depois você me deixa em casa.
– Combinado. – O sorriso voltou a brincar em seu rosto.
A boate em que eles estavam era próxima da praia, de forma que a garota atravessou a rua e seguiu rumo à ela, tirando os saltos que usava. Não queria passar vergonha andando com eles e os saltos se cravando na areia a cada dois segundos, então os segurou na mão esquerda. Não demorou muito para que ele chegasse ao lado dela.
– Então, agora vai me dizer por que estava fugindo de mim? E nem adianta dizer que não estava, pois ambos sabemos que não é verdade. – Ele mantinha as mãos nos bolsos da calça, me olhando de lado, com a cabeça levemente inclinada. Não pude evitar morder o lábio inferior de leve.
– É uma história complicada.
– Felizmente, acho que tenho tempo e disposição para ouvir. – Um sorriso brincou em seu rosto. Dessa vez o sorriso surgiu com facilidade e eu não o impedi.
– Sendo extremamente sincera eu nem sei porque vim aqui. Meu namorado terminou comigo depois de vários anos juntos e eu meio que surtei por causa disso, afinal, foi como se eu tivesse minha vida desperdiçada com alguém que não merecia e, se parar para analisar, até é verdade.
– E por que vocês terminaram exatamente?
– Eu diria que está mais para "ele terminou", mas não sei o motivo. Ele não me disse, apenas levou suas coisas e me deixou um bilhete, porque nem coragem de me dizer pessoalmente ele teve.
– Então suponho que não vão voltar.
– Não mesmo! Se eu soubesse que ele seria babaca a esse ponto eu não teria nem começado ele. Para que desperdiçar tanto tempo se não ia dar em nada, sabe? Nem que ele se pinte em ouro e me peça desculpas ajoelhado no meio da rua eu volto com ele, prefiro que um carro passe por cima.
– Uau, que vingativa! – Eu poderia voltar a implicar com ele, mas o sorriso em seu rosto e o tom de voz denunciava que não passava de uma brincadeira de sua parte, então o acompanhei em uma risada.
Ao longe, no céu, já era possível observar o Sol dando indícios de que logo surgiria, um pequeno ponto claro no céu escuro. Estava grata por saber que no dia seguinte era fim de semana e não precisaria ir trabalhar com sono, olheiras e uma puta ressaca. Olhei para o lado, percebendo que ele estava me olhando como se me analisasse e esperasse que eu continuasse com minha história, então mordi o lábio involuntariamente.
– Mas o ponto é que... – retomei a conversa depois de alguns segundos, notando que tinha toda a sua atenção voltada para mim e não pude controlar um arrepio que percorreu meu corpo, mas não por conta do frio – Eu fui até aquela boate porque queria beber muito e ficar com a primeira pessoa que visse pela frente. Pode parecer meio insensível de minha parte, mas se considerar que agora estou solteira e que o babaca foi meu ex-namorado, então não fiz nada de errado. Só lamento não ter conseguido fazer tudo que planejei.
– Eu não acho isso e nem pareceu insensível da sua parte. – Ele me olhava e eu não pude evitar erguer uma das sobrancelhas, como se pedindo para que continuasse falando, o que ele prontamente atendeu. – Estive te olhando durante a noite toda. Da maneira saudável, claro, porque não sou um stalker. – Sorrimos praticamente ao mesmo tempo. – Mas o que eu quero realmente dizer é que eu te vi beber, do meu lado inclusive. Quanto à parte da ficada, você quis dizer que não ficou com ninguém, mas minha boca e dedos dizem exatamente o oposto. – Um sorriso sacana brincava em seus lábios, causando sensações indescritíveis em mim.
– Você é um ridículo. – Fiz careta e saí andando na frente, me afastando dele. Estava irritada mais uma vez e preferi me afastar para evitar maiores discussões.
Por que mesmo eu havia decidido contar tudo para ele?
– Fugindo de novo? Deveria ir ao médico para investigar isso, vai que é um problema sério.
– E você deveria ir investigar porque é tão irritante. Já pensou se é algo sério? – Devolvi no mesmo tom de voz que o seu, cruzando os braços na frente do corpo.
Esperava que ele se sentisse ofendido e discutisse comigo ou saísse correndo, deixando-me sozinha e sem carona, mas ao invés disso, fez justamente o oposto. Ele seguiu reto em minha direção, o que foi suficiente para me deixar ao mesmo tempo encabulada e assustada sobre o que faria a seguir. Dei uns poucos passos para trás em uma tentativa de sair do caminho, mas não foi o suficiente e logo as mãos do rapaz estavam em minha cintura, aquecendo a pele no local em que tocavam. Abri a boca para protestar ou mesmo soltar um insulto, mas acabou não saindo nada. Ele apenas continuou se aproximando, fazendo com que nossos narizes se tocassem de maneira íntima. Ele estava tão perto...
Me beija, seu idiota.
Arrependi-me imediatamente ao pensar naquilo. Eu nem sabia quem ele era, nem mesmo seu nome havia perguntado. Como podia estar tão atraída dessa forma? Eu só podia ser alguma louca e sádica que gostava daquilo.
– Qual seu nome mesmo? – sussurrei, olhando em seus olhos. Nunca havia reparado que eles eram daquele tom de azul até estarem tão próximos ao ponto de se beijarem. E como ela queria aquilo! Percebeu um sorriso se formando no rosto dele e se perguntou mentalmente qual seria o motivo.
– , mas você pode me chamar de .
– Bem, , provavelmente vai achar que eu sou uma louca, mas no fundo nós dois estamos cientes do quanto eu estou a fim de te pegar. No fundo, acho que eu faço seu tipo e você sabe disso, porque está aqui comigo ao invés de transando com alguma mulher, eu sou completamente confusa e perdida, mas isso te fez rir durante boa parte da noite. – Como se minhas palavras tivessem poder sobre ele, imediatamente um sorriso despontou em seu rosto. – Não sou hipócrita, eu sei que nós temos faíscas voando entre nós, senti isso enquanto dançávamos na pista e principalmente quando nos pegamos perto do banheiro. Só que eu não acho que provei o bastante, quero mais. Por isso, quero saber de uma coisa: se eu dissesse que quero o seu corpo agora, você usaria isso contra mim? – falei de maneira sussurrada, baixa. Continuei olhando-o, esperando por alguma risada, piadinha ou coisa do tipo, mas ele estava muito quieto.
– Claro que não. Usaria a meu favor. – O sorriso de antes logo deu lugar a outro, cheio de malícia e também desejo, o azul das orbes ficando mais intenso por conta do desejo que tomava conta dele.
– Ótimo, porque eu estou vivendo no inferno e você parece o paraíso, então acho que preciso de um pouco de férias ao menos por essa noite.
Nem tive tempo de sorrir ou de fazer algo do tipo, porque logo senti seus lábios sob os meus em um beijo inesperado, mas extremamente cheio de desejo. E então, me entreguei. Entreguei-me para aquele desconhecido – ou , como eu preferia – e também para seu beijo, que era apenas uma demonstração do que teríamos naquela noite.

Nota da autora: Oi, gente! Eu não escrevi 3 fics pra esse ficstape não, né? hahaha
Enfim, espero que tenham gostado do que eu fiz e só tenho uma coisa a dizer: a continuação vem no Ficstapes Perdidos #3 🤭
Eu amo esses dois assim como amo Nate e a Demi e sou muito cadelinha de ambos. Não to pronta para dar adeus ainda!
De qualquer forma, obrigada por terem lido até aqui e, se não for pedir muito, espero que deixem um comentário. Obrigada por tudo! ❤





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Finalizadas
Um Amor Impossível [Especial de Pagode: Originais]
Depois Daquele Beijo [Especial de Pagode: Restritas - Originais] - Spin-off de "Um Amor Impossível".