Enviada em Março de 2021

Capítulo Único

— Nem acredito que você está realmente aqui! — Camille me agarrou, fazendo com que minhas malas caíssem graças ao seu abraço de urso.
— Vai me matar sufocada... — fingi estar sem ar, gargalhando enquanto ela me soltava rindo também. Estava feliz por finalmente reencontrar minha melhor amiga. — Não perderia por nada esse momento, Cammi!
— Não permitiria não ter Deveraux no dia do meu casamento — sorrimos juntas. Ela sonhava com esse dia desde os sete anos e eu sempre fui a sua parceira para decidir todos os detalhes; agora eu era a sua madrinha e a fotógrafa do dia mais incrível e especial da vida dela. — Vamos! Dylan está esperando a gente no hotel.
— Espero que o sem noção do Dylan tenha uma bela desculpa para não vir me buscar no aeroporto junto com você — Cammi sorriu culpada, mas não disse nada, pegando duas malas minhas e começando a arrastar pelo local. Arqueei uma sobrancelha, desconfiada; sabia quando Camille tentava esconder algo de mim. — Cammi? — a morena caminhava despretenciosamente enquanto tentava desconversar, falando sobre o clima agradável da primavera californiana. — Camille Schwartz!
— O que foi? — resmungou, colocando minha bagagem no porta-malas do carro. — Você não deixou de ser mandona, hein? Droga! Bem que o Dy avisou: "A vai nos matar quando chegar aqui!"
— Não me diga o que eu acho que você vai dizer, Camille Molly Schwartz...
— Está bem... eu não digo! — Cammi deu de ombros e correu para dentro do carro, me fazendo grunhir e segui-la.
— Eu vou matar vocês! — gritei, batendo a porta e cruzando os braços.
— Ele é o melhor amigo do Dylan, você sabe disso — ela suspirou, pegando na minha mão. Sim, no fundo eu sabia que ele viria. — E já faz quatro anos, ... está na hora de superar aquele cabeçudo!
— Já superei, Camille. Eu só não quero lembrar! — revirei os olhos, ligando o rádio. Fiz uma careta ao escutar a maldita música do homem que eu queria esquecer, de fato. Minha melhor amiga começou a rir da minha cara enquanto aumentava o som e dava a partida. — É isso... estarei pagando todos os meus pecados nesse final de semana.

Enquanto Camille dirigia, me atualizava pessoalmente sobre a sua vida em Los Angeles: ela e Dylan se mudaram para lá graças ao trabalho dos dois; Cammi era uma advogada renomada e Dylan estava dirigindo uma série. Sentia falta deles. Minha profissão não me permitia ficar muito tempo no mesmo lugar, ainda mais por eu ser constantemente contratada junto com a minha equipe, mas eu amava fotografar. Minha melhor amiga nunca pareceu tão feliz e isso era o que bastava para mim. Dei um sorriso, me lembrando do dia em que ela conheceu Dylan, há quatro anos; naquele dia eu soube que eles iriam se casar, foi um encontro de almas na minha frente.

Há quatro anos.


— Como eu estou? — Cammi me fez encará-la pela décima vez em cinco minutos.
— Como da última vez, Camille... linda! — falei sem muito ânimo, fazendo ela rir balançando a cabeça. Cammi havia marcado um encontro com um rapaz que havia conhecido no Tinder e como sempre me arrastou para ficar de olho, afinal, se ele fosse um maluco, eu a protegeria com meu spray de pimenta e a minha vaquinha rosa.

Estávamos em um bar perto da faculdade que era muito movimentado e não demorou muito para que minha melhor amiga fingisse que estava sozinha em uma mesa quando o seu parceiro entrou no local; Dylan era lindo como nas fotos. Não deixei de reparar no olhar profundo que os dois trocaram. Dy sorriu e foi abraça-la e naquele instante soube que a noite seria incrível para ela. Corri para o banheiro para não ser descoberta e me sentei numa poltrona que havia lá; enrolaria mais um tempo antes de ir embora por completo, já que nosso acordo era "termos certeza de que estava tudo bem antes de eu sair".

— Merda! — resmunguei ao sentir minha bunda bater com tudo no chão assim que saí do banheiro e dei um "encontrão" em alguém. Olhei para cima pronta para xingar o apressadinho que veio com tudo na minha direção, mas ele ofereceu suas mãos gentilmente enquanto me ajudava a levantar.
— Sinto muito! Você está bem? — ele me analisava de cima a baixo vendo se estava tudo bem, até que seus olhos verdes cravaram nos meus. Prendi o ar por alguns segundos; se ele quisesse esbarrar em mim mais algumas vezes, estaria tudo bem para mim.
— Está com pressa? — perguntei fazendo uma careta enquanto limpava minha saia. Ele sorriu balançando a cabeça. — Está tudo bem.
— Confesso que trombar em você até me fez esquecer o que eu tinha de importante para fazer... — ri do garoto que era encantador e muito bonito. Um assovio pairou um pouco longe da onde estávamos e ele suspirou antes de gritar "estou indo!" — Acho que me lembrei.

E saiu com tanta pressa que achei que tivesse sido apenas um momento imaginário que acabara de acontecer. Quando voltei para a realidade, fui diretamente averiguar de longe como Cammi e Dylan estavam se saindo e sorri ao ver que ambos se divertiam. Caminhei até o balcão do bar e me sentei, pedindo um copo de rum para que pudesse beber e curtir a minha própria companhia enquanto olhava para a TV onde passava um jogo de basquete dos Lakers contra os Knicks; como uma boa californiana, eu era uma bela torcedora dos Lakers, mesmo morando em Nova Iorque graças à faculdade.
Depois de quase meia hora assistindo o jogo, decidi que estava na hora de ir para a casa.

— Rum? — escutei a voz de mais cedo se sentando ao meu lado. Não precisei encará-lo para saber que era o apressadinho. — Bebida forte, não acha?
— É por isso que eu gosto — sorri ao virar o copo de uma vez.
— Posso te acompanhar? — arqueei uma sobrancelha para ele; seus olhos verdes eram hipnotizantes, mas seu sorriso era encantador de maneiras que eu não poderia descrever. — Eu pago essa rodada — dei de ombros e logo em seguida ele pediu mais dois copos para nós. O barman sorriu para nós e pareceu conhecer o garoto. — Os Lakers são péssimos — quase me engasguei com o líquido que bebia.
— Desculpe, mas não são eles que estão perdendo feio — o desconhecido simpático sorriu sem mostrar os dentes.
— Touché — sorri com aquilo — Aposto que os Knicks vão virar o jogo.
— Feito! — concordei rindo enquanto comia uma porção de batatas.

Nós conversamos por um tempo, parecia que nos conhecíamos há anos. Em alguns momentos, eu olhava para a mesa de Cammi e via que ela me encarava de um jeito ansioso, provavelmente querendo saber quem era o rapaz que conversava comigo, mas permanecia em seu lugar para não dedurar meu disfarce. Eu e o moreno ao meu lado ríamos de alguma piada quando o barman sussurrou algo no ouvido dele e ele concordou com a cabeça, terminando de beber seu copo de rum.

— Ouvi dizer que o cantor de hoje é incrível! — ele comentou segundos depois.

Encarei o palco, algumas pessoas arrumavam os instrumentos e as luzes acendiam para dar um melhor aspecto para o show.

— Jura? — perguntei. — Não costumo vir aqui... nem sabia que teria show ao vivo.
— Nunca confie em cantores, nenhum presta! — o barman se intrometeu, nos fazendo gargalhar. Parecia que ambos eram amigos. — Ainda mais esse de hoje.
— Quem é esse cantor? — perguntei com curiosidade. — Aliás, como é o seu nome? — perguntei para o meu parceiro de copo que sorriu ladino antes de responder. Um microfone fora ligado e logo nos calamos ao ver um homem subindo ao palco e chamando a atenção.
— Boa noite, meus queridos! Comos vocês estão? — as pessoas presentes responderam com animação. — A noite de hoje está incrível e preparamos algo especial para vocês! — sorri com o entusiasmo das pessoas próximas do palco. — Quero chamar a nossa maior aposta para subir nesse palco hoje... — o holofote quase me cegou, as luzes foram diretamente em nossa direção. — Ele está ali com aquela bela garota, pode vir Griffin!

me encarou e riu com a minha cara de espanto. Sussurrou em meu ouvido um "Te vejo depois!" antes de correr até o palco e ser recebido com o triplo de animação. Eu estava sem entender o que de fato acontecia, até porque, estava esse tempo todo com um cantor prestes a explodir pelo mundo.
O primeiro acorde de uma música conhecida começou a ser tocado, encarei minha melhor amiga que estava olhando para o palco ao lado de Dylan que sorria e gritava para o cantor. Cammi fez um sinal para que eu olhasse o celular e fiz imediatamente:
" Griffin é o melhor amigo do Dylan! Você está bebendo com o garoto famoso pelas músicas no youtube!"...

Dias atuais.


Quando chegamos ao hotel, fiquei surpresa sobre como Camille e Dylan se programaram para fazer algo grande; metade do melhor e maior hotel de Malibu foi preparado apenas para a família e amigo dos dois. Ao menos era grande o suficiente para eu não precisar encontrar com Griffin até quando fosse necessário. Não menti para Cammi quando disse que havia superado o melhor amigo do noivo dela; a maior parte de mim acreditava e confiava naquilo com todas as forças e eu fazia o mesmo. Griffin não me merecia.
Fiz o check-in rapidamente e respirei fundo, ao menos Dylan havia se desculpado pelo reencontro forçado me dando uma suíte com vista para a praia. Cammile me deixou sozinha por alguns minutos para eu me acomodar e ela resolver alguns assuntos do casamento e, assim que entrei em meu quarto, ri ao ver que em cima da minha cama tinha uma rosa vermelha e um papel que falava sobre o cronograma do fim de semana. Tudo perfeitamente planejado.
Camille e sua mania louca de controle em tudo o que fazia; lembraria de lhe dar uns tapas. Por sorte, tinha muito tempo para descansar até minha melhor amiga aparecer igual uma doida querendo fazer alguma coisa. Quis chorar ao ver que na cabeceira da cama tinha uma caixinha de presente e quando eu a abri, até perdi o chão: eram várias fotos importantes para mim. Cammi sabia como me deixar nostálgica.
A primeira foto foi no nosso apartamento em Nova Iorque. Era ação de graças e nós não fomos para a casa graças à uma grande chuva que impediu que os aviões circulassem; a segunda era uma minha com Dylan onde estávamos abraçadinhos; a terceira era uma de nós quatro juntos, no segundo encontro de Dylan e Cammi onde juntaram eu e de forma forçada. Ri lembrando da intoxicação alimentar que nós duas estávamos. As outras variavam de inúmeras formas, até mesmo uma com os nossos pais. Cammi e eu compartilhávamos o fardo de termos perdido a mãe, ela quando criança e eu há três anos; minha mãe era como se fosse a segunda mãe dela e nós sentimos juntas a mesma dor. O casamento era dela, mas quem estava recebendo presentes era eu.
Escutei duas batidas na porta e assim que olhei, vi Dylan.

— O homem da vez! — comentei, sorrindo. Dylan correu até mim para um abraço apertado, ele era como um irmão mais velho. — Senti sua falta, Dy.
— Estava esperando que você fosse... — dei vários tapas em seu braço, fazendo com que ele gargalhasse tentando fugir de mim para o outro lado da cama — ... surtar!
— Quero te matar, Leswell! — rosnei, vendo-o sorrir e se jogar no colchão.
— Vocês dois tem que superar isso, céus! — Dylan estava com barba e parecia mais maduro, mais bonito do que antes, como se fosse possível. — Sou amigo dos dois, não tinha como eu evitar isso.
— Você é rico! — me joguei ao lado dele, fazendo bico — Fizesse dois casamentos, oras!
— Ele me disse a mesma coisa... — joguei uma almofada nele, mas decidi não surtar mais por isso, afinal, não me levaria à lugar algum. — Quem sabe agora vocês não se resolvem? É algo bom! E vocês terão de conviver esse final de semana.
— Vocês são os piores amigos do mundo, Dylan Leswell! — resmunguei. — Espero que no mínimo eu entre e dance com o primo gato da Camille — meu amigo traidor pegou um copo de água e bebeu tudo em um gole só e começou a mudar o assunto, exatamente como sua noiva sempre faz quando quer se safar de situações como aquela. — Não, Dylan! Que droga — choraminguei escutando-o rir pelo nariz. — EU SEI O QUE VOCÊS ESTÃO TENTANDO FAZER, PARE JÁ COM ISSO!
— É pela noiva! — fiz uma careta. É uma tradição fazer tudo pela noiva, no caso de Camille, ou a gente fazia o que ela queria, ou ela nos agrediria até conseguir o que quer. Eu iria matá-los. — Escreveu os seus votos?
— Será que se eu pular dessa sacada eu quebro ossos o suficiente para não ir ao casamento?
— Camille faria você ir mesmo se fosse um cadáver...

Com toda certeza ela faria algo desse tipo, não perderia a chance de me ter em seu casamento e muito menos de tentar me juntar com a celebridade Griffin. Fiquei mais alguns minutos com Dylan em meu quarto até ele receber uma mensagem da própria noiva dizendo que os pais dele estavam na recepção esperando ele e novamente pude ficar sozinha. Minha maior vontade era de dormir até o dia seguinte; essa viagem que fiz para Califórnia me deixou mais cansada do que eu imaginava. Viver na estrada era tudo o que eu sempre sonhei, mas sentia falta de ter um lugar que eu pudesse chamar de casa.
Fui para o banheiro tomar um banho relaxante na banheira. Tinha que pensar no maldito discurso que eu faria para minha melhor amiga; eles mereciam algo épico, mas como eu faria isso?

~*~


Acordei com meu celular apitando, ainda estava dentro da banheira; tinha que rever o meu sono. Dei de cara com uma mensagem bem curta e grossa da minha melhor amiga: "Me encontre no bar do hotel, você tem vinte minutos.". Por algum motivo fiquei animada para encontrá-la, relembrar algo que há tempos não fazíamos: beber e nos divertir. Fazia calor em Malibu, então optei por usar um short jeans e um cropped preto; sabia que Camille poderia me levar para qualquer lugar daquela cidade, iria preparada. Peguei meu tênis e uma jaqueta, passei uma maquiagem leve e prendi o cabelo em um coque bagunçado proposital.
Saí de meu quarto e encontrei vários familiares da minha melhor amiga e do seu noivo, eles haviam fechado praticamente um hotel só pra eles. Minha equipe chegaria no sábado e eu estava ansiosa para vê-los, éramos uma família. Encontrei o bar do hotel e fiquei surpresa ao ver que o local era maior e muito mais bonito do que eu imaginava; tínhamos a vista para o mar e muita música, várias pessoas. Procurei pela maluca que eu chamava de melhor amiga e fiquei surpresa por não encontra-la, alguém havia se atrasado.

Há quatro anos.


— Atende a porta! — Cammi gritava do banheiro; ela iria sair com o quase namorado dela e estava atrasada. A campainha tocava loucamente e eu queria matar o Dylan por ser tão desesperado. — !
— Você nunca se atrasa, o que está acontecendo? — resmunguei enquanto levantava do sofá para finalmente abrir a maldita porta. — Se você tocar mais uma vez essa campainha, eu vou quebrar o seu ded... — falei assim que abri a porta, mas não consegui terminar a frase. Fiquei surpresa por ver parado logo à minha frente e Dylan logo atrás. O primeiro parecia tão surpreso quanto eu.

Não tive oportunidade de falar com ele depois do show que fez, o garoto nem sabia o meu nome, então simplesmente sumi da vista dele.

— Eu preciso dos meus dedos... — comentou, com um sorriso ladino enfeitando o seu rosto. Maldito sotaque britânico.
— Céus... — dei o meu melhor sorriso forçado, mas ambos riram daquilo. — Podem entrar...
— Sou Dylan, a propósito... — o moreno deu uma piscadinha enquanto entrava no nosso apartamento. — Deveraux, certo?
— Que bom que nos conhecemos — me joguei no sofá, tentando esconder o pijama ridículo de ursinhos que eu usava. acompanhava cada movimento meu, o que me deixava visivelmente nervosa. — Não tem nenhum show para hoje?
— Precisava de uma folga... — ele sorriu, se sentando ao meu lado. — E Dylan me prometeu uma noite inesquecível.
— Uma noite sendo a vela? — caçoei, Dylan gargalhou fazendo o amigo revirar os olhos exageradamente. — Camille! — a chamei.

Seu quase namorado bateu na porta do banheiro até que minha melhor amiga saiu de lá com uma cara enjoada.

— O que aconteceu com você? — perguntou com uma careta. Parece que os dois se conheciam, já que ela se jogou ao lado dele e começou a choramingar
— Acho que é intoxicação alimentar... maldito hambúrguer da sétima avenida — ela disse e fiz uma careta ao vê-la quase verde, apesar de todo o desconforto, ainda estava linda. Dylan foi até a cozinha e trouxe água para ela, que aceitou apenas por educação. — Prepare-se para o pior, Deveraux! — arregalei os olhos ao me lembrar que comi aquele hambúrguer junto com ela.
— Aquele lugar tem que ser demolido! — Dylan falou colocando a mão na testa de Cammi e depois na minha testa. — Lembra quando a gente comeu a pizza de lá? — perguntou para o amigo, que agora andava tranquilamente pelo nosso apartamento e ia diretamente para a nossa geladeira, procurando por alguma coisa.
— Nunca vou me esquecer daquele dia! — abriu os armários. — Tive que ir para o hospital só para tomar soro na veia — Cammi correu para o banheiro novamente e eu comecei a ficar desesperada, com medo do que estava por vir. — Vocês não têm nada nessa casa? Coisas saudáveis?
— Estou prestes a vomitar nos seus pés, isso responde a sua pergunta sobre ser saudável... — fui até a cozinha e vi que ele tinha encontrado o liquidificador e começado a jogar todas as coisas verdes que encontrou na geladeira. — Você está fazendo o que?
— Um Cura-Griffin! — Dylan gargalhou indo até nós dois. Antes mesmo de eu perguntar o que diabos era aquilo, tratou de explicar:
— Ah, o Cura-Griffin... — me apoiei na parede, sentindo meu estômago revirar. Estava começando. — Cura absolutamente tudo, acredite em mim.
— Dylan, eu sinto muito! — Camille falou choramingando ao sair do banheiro. — Acho que não conseguirei sair de casa hoje — e eu nos apoiamos na bancada da cozinha para encarar os dois. — Podemos marcar outro dia...
— Não vou a lugar algum, Cammi — não consegui esconder um sorriso ao ouvir aquilo. — e eu vamos ficar aqui até termos certeza de que vocês duas estão bem! — eu e minha amiga nos encaramos um pouco receosas.
— Ele te prometeu uma noite inesquecível, não foi? — sussurrei para o menino ao meu lado, que gargalhou e me encarou sorrindo.
— Já está sendo, — fiquei alguns segundos encarando aqueles olhos verdes hipnotizantes, até ter que correr para o banheiro e vomitar tudo o que tinha dentro de mim. Fiz isso umas cinco vezes até sair do banheiro com a cara verde igual à da minha melhor amiga. t e Dylan estavam sem saber o que fazer com nós duas revezando o único banheiro do apartamento. — O Cura-Griffin está pronto!
— Não vou conseguir beber isso! — Cammi choramingou enquanto cheirava o copo verde meio marrom. Dylan insistiu para que ela tomasse. — Que merda é essa, ? Parece água de esgoto!
— Você vai se sentir melhor, eu prometo — falou pacientemente e então me encarou levantando o outro copo. — Sua vez, Deveraux.
— Parece que isso vai me deixar pior — encarei aquela coisa horrível, mas bebi para agradar o pobre menino que quis ser gentil e cuidar de nós duas. — Santo Deus, que horror!
— Daqui uma hora você já se sentirá outra pessoa! — se sentou ao meu lado.

De fato, era verdade; não tive tempo para me sentir mal, e Dylan nos serviam o tempo inteiro e eu ria a cada cinco minutos dos dois tentando cuidar da gente. Cammi estava mais feliz do que nunca, mesmo se sentindo mal pela intoxicação. e eu conversávamos como no dia do bar, eu observava ele preparar uma maldita sopa para nós enquanto tagarelava sobre como éramos irresponsáveis por vivermos de fast-food, além de ter ido pedir ingredientes para nossa vizinha; uma senhora muito boazinha que até deu dicas para o garoto de como fazer a maldita sopa.
Dylan e Cammi estavam deitados no sofá assistindo um episódio de How i met your mother enquanto eu estava com um balde ao meu lado para caso venha a ter mais um momento de vomito. cantarolava e mexia na panela como se fizesse isso há anos e fiquei me perguntando se ele fazia isso com outras pessoas também.

— Você sumiu àquele dia — falou do nada, me fazendo sorrir culpada. — Te procurei depois do show.
— Vim pra casa quando senti várias garotas me fuzilando depois que você saiu do meu lado — dei de ombros e ele suspirou, se sentando ao meu lado na bancada. — Mas você tem razão, aquele cantor é realmente incrível... — cutuquei, vendo-o sorrir com as bochechas coradas. — E agora posso dizer que Griffin está fazendo sopa para mim e ainda me apresentou o Cura-Griffin!
— Tem noção que eu te procurei naquele lugar igual um maluco? Nem sabia o seu nome! — ele riu balançando a cabeça. — Nunca vi você no bar, imagine meu desespero por não te ver mais? — naquele instante, quem corou fui eu. — Hoje o Dy me convidou para um encontro duplo, confesso que não queria vir, Dylan força um pouco a barra; depois que conheci a Cammi, eu entendi que os dois eram o tipo de casal "cúpido", então imagine o meu receio, certo?
— Vendo o meu estado, você pode imaginar que eu fui pega desprevenida tanto quanto você... — respondi, rindo. Ainda estava de pijama e com um rabo de cavalo.
— Mas dessa vez Dylan acertou! — sorriu balançando a cabeça olhando para o casal. — Ele sabia que eu queria descobrir quem era a menina do bar... Cammi ajudou e aqui estou eu, fazendo uma sopa de agradecimento e de quebra, cuidando de você.
— Obrigada por isso, — apertei a sua mão. Estava realmente grata por aquilo. — Mas você não precisa ficar aqui, sei que você estava esperando uma noite mais... animada.
— Você não entendeu, não é? Lerda... — ele sorriu balançando a cabeça. — Eu estava esperando você! Acha mesmo que vou desperdiçar essa oportunidade que o universo está me dando?

Dias atuais.

Me sentei no balcão do bar e pedi uma cerveja. Me perdi naqueles pensamentos e lembranças, de modo que cheguei até a dar um sorrisinho por recordar de um momento bom; foi realmente um dia inesquecível. Esperei Cammi por quase quinze minutos, até tentei ligar, mas a garota não me atendia. Desgraçada. Resolvi ir até o banheiro, já que a cerveja abria brechas para um caminho sem volta: bexiga desenfreada e quando cheguei, recebi uma mensagem da desmiolada da minha melhor amiga dizendo que já estava me esperando no bar.
Quando saí do banheiro, estava pronta para voar no pescoço daquela morena perversa e com a maior pressa do mundo. Olhei para todos os lados tentando encontrá-la, estava tão distraída que nem me atentei no poste de gente vindo na minha direção, além do garçom segurando uma bandeja com copos de cerveja; tão distraído quanto. Senti uma mão grudando na minha cintura antes de girar e cair com tudo, com um peso enorme em cima de mim.

— Merda! — a pessoa resmungou. Fiz o mesmo, afinal, minha bunda doía por cair naquele chão duro. Estava com os olhos fechados e com a minha jaqueta no meu rosto, sentindo o impacto. — Você está bem?
— Acho que sim — abri os olhos, meio zonza e tirando o tecido da minha cara. Quase engasguei com a própria saliva quando vi quem de fato estava em cima de mim. Ele também. — ?
— Está com pressa? — ele perguntou, com um sorrisinho depois de alguns segundos analisando cada parte do meu rosto; foi um choque para nós termos nos encontrado dessa maneira.
— Estava procurando a Cammi — tentei não gaguejar e nem ser grossa, afinal, teria de ser simpática e profissional. — Ela me deu um chá de cadeira impressionante.
— Ela me mandou vir aqui para encontra-la também — ele estava tão sem graça quanto eu.

estava mais bonito do que nunca, com a aparência mais madura; mas os olhos verdes continuavam os mesmos. Malditos olhos verdes.

— Você sabe o que ela está tentando fazer, certo? — perguntei, vendo-o rir baixinho e encarar meus olhos novamente.
— Vai funcionar? — prendi a respiração sem ter uma resposta certa para isso.
— Ah, aí estão vocês! — escutei a voz de Camille ao fundo. Ergui meus olhos para encará-la e depois encarei , que balançou a cabeça antes de se levantar e me oferecer a mão para que eu levantasse. — Vejo que já se encontraram...
— A gente estava procurando você — falou por mim. Bastou o meu olhar para Cammi para ela entender que eu queria matá-la. — Estamos aqui.
— Dylan e eu programamos uma noite calma e bacana para nós aqui no bar... — ela respondeu, ignorando as duas pessoas tentando matá-la. — Lá do lado de fora, inclusive.
— Eu estou aqui há mais de vinte minutos, Camille! — controlei minha voz para não sair como um grito, mas riu atrás de mim, ele sabia que eu iria surtar.
— Então vamos lá pra fora! — ela deu de ombros caminhando despretenciosamente para o lado de fora do bar. Encarei que tinha uma sobrancelha arqueada para nossa amiga dissimulada.

Fui até o barman para pagar as cervejas que eu tomei e ele deu a minha conta e a de , não deixando de reparar que ele havia pedido rum. Depois de tantos anos ele ainda bebia aquilo, mesmo dizendo que não gostava na época que estávamos juntos.

— Qual é a forma de pagamento? — o garçom perguntou, encarando o computador. Olhei na direção da minha melhor amiga, que sorria maliciosamente para nós. A fuzilei e encarei o garçom tirando a minha carteira da bolsa.
— Dinheiro — respondeu — As duas contas, por favor.
— Coloca na conta da noiva! — me encarou com a sobrancelha arqueada, ele já estava tirando o dinheiro da carteira para pagar. E eu nem estava bebendo com ele. — As duas contas.
— Mas...
— Somos os padrinhos, eles estão nos esperando lá fora! — apontei para Cammi que acenava para nós. O garçom não acreditou muito até encarar bem o homem que estava ao meu lado e ver que ele era famoso e rico.
— Coloque na conta dos noivos! — concordou com a minha brincadeirinha. Ele sabia que era uma vingança do que eles fariam com a gente o fim de semana todo. Depois que o garçom concordou com aquilo, fomos em direção aos nossos amigos.
— Finalmente nosso reencontro! — Dylan se levantou e nos abraçou. De fato, era algo importante para nós.
— Eu estou um pouco emocionada — Cammi secou uma lágrima, me fazendo rir e abraçar aquela sem noção. — Vamos fazer um brinde! — ela chamou o garçom e pediu taças com champagne.

Nos sentamos na mesa com a vista para o mar; a lua e as estrelas estavam lindas, chamando a atenção para uma noite maravilhosa. Estar ao lado de Dylan e Cammi era algo único e muito acolhedor, ter ali era nostálgico. Não podia negar meu desconforto, ficar ao lado dele também machucava; agir como se nossos três anos juntos não fosse nada era mais difícil do que eu imaginava. Ao menos ele estava agindo como se não tivesse acontecido.

— Finalmente encontrei os noivos! — aquela voz conhecida falou enquanto contava sobre sua última turnê. Gregory, o primo de Cammi, estava ainda mais bonito: o cabelo loiro bagunçado e a barba por fazer tinham um belo contraste, o sorriso perfeitinho colaborava com aquela escultura viva. fez uma careta ao ve-lo, ambos não se gostavam.
— Greg! — Cammi gritou com muita animação, ele era como irmão mais velho para ela. — Achei que você iria chegar só amanhã!
— Consegui uma licença no hospital, uma vantagem por ser o médico com algumas horas extras disponíveis — ele sorriu, soltando a prima. — Bom ver você, Dylan! — abraçou o meu amigo, que estava sorridente também. — ! — nunca foi uma pessoa que conseguia esconder o que estava sentindo e a cara dele para Greg foi constrangedora até mesmo para mim. — Vejo que deu uma pausa na sua vida artística para os amigos.
— Sempre tenho tempo para os meus amigos, Gregory — respondeu com o maior sorriso falso que podia. Greg deu de ombros e se virou para mim
! Você está mais linda do que nunca, como isso é possível? — me levantei para abraça-lo, gostava dele. — O fim de semana vai ser ainda melhor na sua companhia! — ele me admirava de cima a baixo, me fazendo corar. Sem querer, meu olhar encontrou com o de , que estava com a sobrancelha arqueada fazendo uma careta para o nosso mais novo companheiro de copo.
— E você continua um gentleman! — ri enquanto me sentava com ele ao meu lado.

Há três anos.


— Você tem noção que esse é o seu primeiro show? Digo, um show só seu. Lotado com essa gente toda que veio aqui só pra te ver? — Dylan falava animado dentro do camarim de . Nós estávamos mais animados do que ele próprio.
! Em um ano você estourou como nunca — Cammi abraçou o garoto, que sorria. Fazia um ano que o conhecíamos e ele deixara de apenas abrir shows importantes; agora estava prestes a fazer o próprio show. — Você já cantou com o Liam Payne! Céus, eu estou tão orgulhosa de você.
— Vocês só estão me deixando mais nervoso — se levantou sorrindo enquanto eu permanecia encostada no batente da porta. Cammi recebeu uma mensagem e ficou animada pelo primo ter chego no local, arrastando Dylan junto com ela para ir buscá-lo.
— Não tem uma bebida de verdade nesse camarim? — perguntei, brincando enquanto segurava uma garrafa de água. se aproximou de mim sorrindo e me abraçou por trás; não era nada oficial, mas não nos desgrudamos desde o segundo encontro de Dylan e Cammi.
— Eu escondi a garrafa de rum para você — gargalhei, me virando para dar um selinho nele. — Estou feliz por estar aqui, sei que aquele trabalho para cobrir aquele desfile era importante pra você.
— Não perderia esse dia por nada, — sorri sem mostrar os dentes, enquanto acariciava seu cabelo. — E eu fui contratada pelo cantor de hoje para fotografar o show, acredita?
— Bem que me falaram que esse garoto era incrível! — se gabou, me fazendo lhe dar um tapinha e me desvencilhar dos seus braços. — Obrigado por estar fazendo esse dia ser inesquecível!
— Obrigada por me dar a honra disso — depositei um selinho em seus lábios.

Fomos interrompidos pelo pigarro de alguém e, quando olhei na direção da pessoa, me deparei com a produtora e empresária de , Samanta Forbes. Uma loira, alta, bonita e incrivelmente jovem para o cargo; ela me deu um sorriso amarelo e logo entrou no camarim.

— Vim te avisar sobre o horário, daqui dez minutos você entra! — sorriu animado com a informação. Samanta foi até ele e ajeitou o blazer que usava e limpou com os dedos uma marquinha do meu batom em sua boca. — Você precisa se concentrar agora.
— Vou... vou tirar algumas fotos — falei um pouco sem graça diante à situação. Ele percebeu aquilo e também ficou sem graça, mas a sua produtora não se importou.
... — o encarei com a sobrancelha arqueada e peguei meus equipamentos e caminhei em direção a porta.
— Boa sorte, .
— Ainda acho que deveríamos ter contratado uma equipe, essa garota não dará conta! — escutei ela dizer, respirei fundo enquanto me concentrava em não voar no pescoço dela por duvidar da minha capacidade.
é a melhor, Samanta e você sabe muito bem disso! — falou secamente, ao menos ele me defendia, mesmo eu não precisando disso.

Saí em direção ao palco para tirar algumas fotos de lá e aproveitar para fotografar as fãs; tinha um monte e já do corredor eu escutava elas gritando por ele. Fiz o que eu fui contratada para fazer, meu amigo teria as melhores fotos e vídeos para recordar desse dia único e eu faria de tudo para isso. Suas fãs tinham um monte de cartazes e faixas e sorri olhando para elas; Griffin merecia tudo aquilo e muito mais. Sua vida explodiu em um ano, seus vídeos no Youtube foram tendo inúmeras visualizações e eu acompanhei sua carreira crescendo, que decolou quando ele foi convidado para cantar com alguns famosos renomados como Liam Payne, Little Mix, 5 seconds of summer, entre outros. Agora ele tinha o próprio palco com o próprio pessoal.
Nossa relação nunca foi oficializada, mesmo nós dois nunca termos tocado no assunto de algo mais sério; não beijávamos outras pessoas, mas não era namoro. Não nos cobrávamos isso, afinal, éramos ocupados; eu com a minha profissão e ele com a carreira dele. Além de não nos importarmos com rótulos, a nossa parceria era mútua e eu sempre me senti segura com ... até agora.

Deveraux! — me virei para a pessoa que me chamava e sorri, era Gregory.
— Greg! — corri para abraçá-lo. — Você arrumou um tempo da faculdade?
— Só vim porque Cammi insistiu muito e ela disse que você viria... pensei em te ajudar nas fotos, como antigamente — dei risada ao lembrar dele me ajudando na época de escola, sempre junto comigo nas gambiarras.
— Vou amar relembrar os velhos tempos — abracei ele de lado e ri de algo que Cammi dizia junto ao Dylan. Estávamos no corredor, esperando dar o tempo do entrar no palco. — E lembrar de como você era ruim como assistente!
— Ah, é? — ele perguntou rindo, enquanto cutucava minha cintura, me fazendo rir.

Não demorou muito para eu ver saindo do camarim ao lado da sua produtora e percebi que seu sorriso ficará amarelo quando me viu nos braços de Greg. Cammi e Dylan aplaudiram o garoto, felizes pelo momento, indo até ele e o abraçando. Me soltei de Greg e os segui, encarando sorrindo. Ele suspirou e retribuiu, me abraçando junto também.

— Boa sorte, cabeçudo! — Cammi falou. A produtora estava inquieta ao nosso lado, Camile tratou logo de retribuir a careta. — Esse é Greg, a propósito!
— Prazer e bom show — Greg sorriu sem mostrar os dentes e apertou a mão do outro. — Quer ajuda agora, ?
— Você pode tirar uma foto nossa? — perguntei entregando a câmera para ele. Cammi e Dylan agarraram de um lado e eu o abracei do outro. Senti suas mãos na minha cintura e sorri colocando minha cabeça em seu ombro. Escutava os cliques no fundo, mas não me importei em sussurrar em seu ouvido: — Estou orgulhosa de você. Eu te amo.
— Ama? — ele se virou com os olhos arregalados, surpreso por aquilo. Sorri concordando com a cabeça; sorriu mais ainda depois disso e não hesitou ao me dar um belo de um beijo na frente de todos. — Eu te amo também, .
— Vamos, , está na hora! — Sam fez uma careta e apressou o garoto.
— Vai, boa sorte!


Dias atuais.


Já eram quase onze horas da noite e ainda estávamos no bar, bebendo e rindo. Eu estava desconfortável entre e Greg, com os dois se cutucando ou trocando farpas; queria socá-los. Ao menos Dylan e Cammi estavam se divertindo com aquilo, ainda mais por eu estar no meio disso. Avisei que estava querendo ir para o quarto, afinal, acordar cedo era horrível, mas acordar cedo e ter que dançar era ainda pior. Meus amigos insistiram para que eu ficasse, mas assim que fui pega desprevenida pela chegada de uma pessoa, quase gritei de tanto ódio.

— Ah, finalmente achei você! — a voz irritante de Samanta entrou em meu ouvido com tudo e encarei Cammi, que estava tão surpresa quanto eu. Ela beijou que ficou desconfortável com aquilo. Nossos olhares se encontraram e ele viu como aquilo havia me afetado. — Quanto tempo, não? — ela perguntou indo abraçar minha amiga, que recebeu um cutucão do noivo para retribuir gentilmente. Dylan foi mais simpático; Greg também. Quando ela chegou em mim, deu um sorriso forçado e veio para me abraçar, mas eu me levantei me esquivando daquilo. Tudo tinha um limite.
— Bom, já estou indo — ela arqueou uma sobrancelha, assim como todos da roda. — Boa noite, até amanhã.
— Espere, vamos com você, ! — Cammi virou o copo e se levantou.
— Nós vamos? — Dylan perguntou, confuso e recebeu um cutucão da noiva. — É, nós vamos. Foi bom te rever, Samanta.
— Mas eu acabei de chegar e vocês já vão?
— Amanhã temos que acordar cedo, coisas de noivos! — Cammi falou, sorrindo. Me virei para ir em direção ao bar para pagar a minha parte, amaldiçoando Griffin por ter feito isso.

Não percebi que ele também tinha se levantado e ido até o bar atrás de mim. O homem do bar viu que a minha cara não estava das melhores e tratou logo de pegar a conta para nós.

— A gente precisa conversar! — ele sussurrou me fazendo virar para ele com raiva.
— De todas as pessoas do universo, você tinha que trazer justo essa? — meus olhos estavam vermelhos, sempre odiei o jeito calmo dele. — Você me odeia nesse nível?
— Nós não trabalhamos mais juntos, . Acabou acontecendo e...
— NADA justifica você trazer uma pessoa que todo mundo odeia pro casamento dos nossos melhores amigos! — quase gritei, vendo-o arquear uma sobrancelha. — Está tão desesperado assim? Se envolver com uma mulher interesseira daquelas?
— Desde quando você se importa comigo? — aquilo me atingiu como um soco. — Foi você que me deixou, !
— Por causa de que? — ele se calou. Ótimo. — Vejo que eu não estava tão louca, afinal.

Virei para o garçom e paguei, olhando para antes de sair batendo os pés.
Aquilo me magoava ainda e ele sabia disso.

Há três anos.


Estava na cama do hotel em Londres pensando longe. Faziam dois meses que não via desde que ele começou a sua turnê. dormia tranquilamente ao meu lado, nem parecia que daqui a algumas horas ele teria que se apresentar novamente. Por sorte, eu havia tido um tempo do meu curso e aquele fim de semana calhou de eu ficar livre, então ele me mandou uma passagem, assim como mandou para Cammi e Dylan; aparentemente seria um final de semana inesquecível.
Levantei da cama e abri a janela, estava nevando naquele dia. Deveríamos estar turistando, mas e eu não conseguimos sair da cama o dia inteiro; nossos corpos imploravam pelo contato depois de tantos dias longe.

— Deveria ser crime uma obra prima dessa estar fora de um museu — resmungou da cama enquanto eu me apoiava na janela, observando a paisagem. Eu estava só com o roupão. — Vem já pra cá!
— Você tem um show daqui a pouco, — ri, voltando para a cama e subindo em cima dele. — Precisa acordar e ir para o banho!
— É um pouco difícil com você ao meu lado... e eu não quero tomar banho — senti suas mãos passando pela minha coxa e sorri, lhe dando um selinho. — Sinto sua falta.
— Também sinto — suspirei, sentindo o cheiro de seu pescoço. — Vamos aproveitar esse fim de semana.
— Já sei a desculpa pra sairmos da festa mais cedo, depois do show — ri olhando para ele, que sorria sapeca. — " está com intoxicação alimentar!"
— Por que eu?
— Você sempre está passando mal! — gargalhei. Era verdade, uma mentira completamente aceitável. Me soltei dos seus braços confortáveis e saí de cima dele, indo em direção ao banheiro. — Aonde você vai? — arqueei uma sobrancelha parando na porta, desamarrei o laço do meu roupão calmamente enquanto via ele de boca aberta.
— Vou tomar um banho, uma pena você não querer tomar também... — comentei, tirando o roupão e o deixando no chão. Entrei debaixo do chuveiro e ri ao sentir atrás de mim com suas mãos puxando meu quadril para si. Senti sua língua passando gentilmente em meu lóbulo, me arrepiando com aquilo. — Achei que não quisesse tomar banho, porquinho — falei sorrindo. me virou para ele e o mesmo tinha um sorriso ladino nos lábios.
— Você deixou as coisas mais interessantes — suas mãos passearam pelo meu corpo todo, seus lábios se colaram nos meus em um beijo calmo que logo se tornou mais intenso, fazendo com que eu grudasse na parede gelada e enlaçasse minhas pernas em seu quadril. — Achei mais um motivo para sairmos mais cedo daquela festa — ele disse, um pouco sem folego depois que paramos de nos beijar, enquanto minhas mãos arranhavam suas costas e eu brincava com seu lóbulo direito. Parei para encara-lo. — Nós temos algumas pendências...
— Temos mesmo — ri enquanto descia do seu colo e o colocava contra a parede, onde eu estava antes. — A não ser que você queira que eu fique te mandando sextings enquanto você conversa com aquele monte de gente chique...
Deveraux, você está tentando me desvirtuar!? — não sabia se era uma pergunta, mas ri da piada dele. havia me desvirtuado fazia tempo. — Ah, eu vou amar ver você fazendo isso, mas com certeza vai ser muito melhor ficarmos aqui nesse quarto.
— Concordo, Griffin — lhe dei um selinho antes de me virar para pegar o shampoo e tomar o banho de fato, mas me puxou para ele e sussurrou no meu ouvido:
— Eu amo você, — me arrepiei com aquelas palavras repentinas, não poupei esforços para beija-lo.

Tudo estava incrível!

~*~


Em um dos intervalos do show — onde ele escolhia um cantor que postava músicas no Youtube, assim como ele antigamente, para se apresentar e ter um pouco de sorte, como ele teve — estávamos no camarim, assistindo juntos a apresentação da garota tímida e talentosa.

— Está cada vez mais difícil ser amiga de Griffin! — Cammi resmungou enquanto lia uma fofoca em que dizia que ela estava traindo Dylan com o cantor famoso apenas por estar sozinha com ele na lanchonete.
— Já falei pra você cobrar no mínimo cem dólares por fofoca, amor! — Dylan sussurrou, fazendo com que a gente risse daquilo.
— Desculpe por isso, Cammi — parecia realmente abalado com aquilo, ele sofria com as fakenews e era atacado constantemente por elas. Um dia nós brigamos por ter saído uma notícia de que ele estava com uma modelo, mas Dylan fez minha cabeça e eu concordei que jamais me magoaria.
— Sorte sua que eu te amo, caso contrário já teria te batido! — ela abraçou . Depois de um minuto ela pediu para que eu a acompanhasse até o banheiro que ficava fora dos camarins. Foi o suficiente para eu esperá-la do lado de fora numa fila grande.

Não demorou muito para eu perceber que estava sem minha bolsa e que precisava do meu celular, tentei avisá-la que estava indo e que já voltava, mas ela havia sumido na multidão. Voltei para o camarim, mas parei antes de entrar lá:

— Quero fazer uma surpresa pra ela! — falava, animado.
— Ela vai amar e vai querer te matar — Dylan falou rindo.
— Péssima ideia, ! — revirei os olhos ao ouvir a voz de Samanta. — Você quer acabar com a sua carreira?
— Como isso acabaria com a minha carreira?
— Ele canta com a voz dele, não com a da ... se fosse com a dela, aí sim eu entenderia o lance de estragar a carreira — fiquei levemente ofendida com o que o meu amigo falou; Dylan tentava ajudar, mas piorava.
— Seu público é oitenta porcento feminino, Griffin! Imagina quantas meninas você vai magoar se decidir pedir aquela garota em namoro no meio de um show! — Sam estava irritada, parecia que iria explodir. — Você não vai fazer essa palhaçada ao vivo! Até ontem você estava com aquela modelo, permaneça com as fofocas viradas para ela.
— Eu não estava com aquela modelo e você sabe disso — retrucou. — Eu quero que todos saibam que eu amo aquela mulher e que ela é a única.
— Se a te ama mesmo, vai entender e querer que sua carreira decole com ou sem ela ao seu lado! Seu romancezinho está afetando o seu desempenho aqui.
— Nada vai impedir que eu oficialize o que eu tenho com ela, Samanta.
— Eu vou — ela respondeu. — Pense na sua carreira.

~*~


Estávamos na tal festa depois do show. quase não tinha tempo para nós, sorte que Dylan e Cammi estavam ali; ambos se divertiam, afinal, estávamos cercados de famosos. Fingir costume perto da Halsey era muito difícil.
Não sabia como me sentia depois do que Samanta falou; estava feliz por querer mostrar para o mundo que eu existia, não que eu me importasse com isso, já que eu vivia saindo ao lado dele em algumas notícias, não dava a mínima para essa fama toda, gostava de ficar por trás das câmeras. Literalmente. Aquela víbora tinha razão, será que eu estava atrapalhando a carreira dele?

— Quer ir embora? — perguntou, me pegando desprevenida.
— Você não conversou com metade do povo que está aqui! — falei, sorrindo sem mostrar os dentes. — É importante para a sua carreira.
— Já fiz o suficiente, — ele se aproximou de mim, mas eu me esquivei. achou estranho aquilo. — Certo, vamos embora.
— Fica aí, — falei séria. Me levantei da cadeira e peguei minha bolsa. — Eu vou para o hotel, tenho que falar com a minha mãe pelo facetime, ela precisa de mim agora — pensar na minha mãe doía um pouco. — Pense na sua carreira — aquilo não foi para alfinetar, foi uma coisa séria e verdadeira. — Te vejo mais tarde, depois que você acabar aqui.

Dei um beijo na bochecha dele; ele não teve muita reação, tentou ir atrás de mim, mas Cammi o impediu. Ela sabia o que estava acontecendo comigo e quando se tratava da minha mãe, eu precisava ficar sozinha.

Dias atuais.


— É uma valsa tradicional; vocês estarão ao redor dos noivos e eles no centro. Quando a música lenta acabar, vocês vão começar com os passos animados, para comemorar essa união — encarava a nossa instrutora com uma cara assustada: não conseguia me ver fazendo tudo aquilo que ela queria que eu fizesse, me sentia na valsa de uma festa de quinze anos. — Camile, poderia me dizer os pares?
— Claro! — ela sorriu indo para o centro do local. Tinha alguns primos de Cammi e Dylan ali, incluindo eu e ; os únicos amigos. — Greg ficará com a Stacey — a morena sorriu para o garoto. Ambos pareciam decepcionados, a maioria das meninas queriam ficar com e eu queria ficar com Greg. Camille só me decepcionava. — ...por fim, nossos melhores amigos ficarão juntos — encarei , sorrindo amarelo. Samanta estava presente e cruzou os braços, irritada. — Algum problema, querida?
— Só um pouco de calor, não me lembrava como a Califórnia é.... quente.
— Ótimo! Vamos começar — seguimos o vídeo que a coreógrafa passava junto com seu parceiro. O começo era leve, romântico e tranquilo, me incomodaria quando fosse a nossa vez e eu tivesse que sentir as mãos de na minha cintura e seu nariz em meu pescoço. Dylan era o responsável por essa boiolice, tinha certeza disso. — Agora é a vez de vocês. Em posições!

Fiquei do lado direito de , nossos braços se cruzaram e demos alguns passos antes da música começar. Depois disso, ficamos cara a cara um com o outro e eu fiz o máximo para evitar o contato visual. Ele não poupava as encaradas nada discretas, afinal, sabia que eu tinha problema com isso e uma hora falaria com ele. Nossas mãos não se tocavam naquela parte da dança.

— Vocês precisam olhar para os olhos do seu parceiro! — fiz uma careta para a mulher que falava aquilo. Ela veio até nós dois sorrindo. — Não seja tímida, . Griffin não morde! — sorriu debochado com a sobrancelha arqueada. Sabíamos que aquilo tinha um duplo sentido que me fez ficar arrepiada, mas não me permitiria ter esses lapsos. — E não fique tímida por ele ser famoso.
— Deve ser nervosismo dela por estar ao meu lado, mas iremos nos entender até o dia do casamento. Prometo — torci o nariz ao escutar tamanha afronta. A mulher riu e saiu de perto de nós.
— Você se acha muito, não é? — falei pela primeira vez, irritada com o garoto. — Sabe muito bem que eu só não quero falar com você, olhar pra você, respirar perto de você!
— Ela não precisa saber disso, meu bem. Você tem dificuldades de ficar próxima de mim, deveria controlar isso — respirei fundo, controlando meu nervosismo. Soltei o ar dos meus pulmões e dei o meu melhor sorriso, encarando os olhos dele. — O que você está fazendo?
— Não queria ter que usar os seus pontos fracos contra você, Griffin, mas só assim você vai parar de me encher o saco — segui a coreografia, colocando a mão em seu ombro, mas próximo o suficiente de seu pescoço, onde ele sentia arrepios. Permaneci encarando seus olhos verdes, ficando suficientemente próxima.
— Acha mesmo que depois de um ano você tem algum tipo de controle sobre mi... — antes de ele terminar a frase comecei a roçar meus lábios em seu lóbulo. A coreografia nos obrigava a ficar próximos o suficiente do parceiro para que eu conseguisse fazer aquilo sem que ninguém percebesse.
— A primeira parte da coreografia está completa, vocês fizeram direitinho! — a instrutora comentou, animada. — Foi fácil, né? Amanhã vem a parte complicada. Vamos ensaiar novamente essa parte para fazermos a próxima depois.
— Respondendo a sua quase pergunta... — comentei, me virando para o cantor, que estava duro ao meu lado. — Sim, . Eu tenho certeza de que tenho.
— Cuidado — ele alertou, antes de eu ir em direção à minha bolsa para beber água. — Esse é um jogo onde dois podem jogar, Deveraux.
— Então eu já ganhei.

Há dois anos.


? — entrou no quarto do hotel em Boston enquanto eu estava em chamada com a minha mãe ainda. Fiz sinal para que ele viesse falar com ela. — Sra. Deveraux, como sempre está linda!
, querido! — ela falou sorrindo. Senti um aperto no peito novamente. — Estou muito orgulhosa de você, está se tornando um homem incrível.
— Não vejo a hora de te trazer para um show! — ele falou animado, se deitando ao meu lado. — Que cidade a senhora gosta? Te levo para qualquer uma que quiser.
— Você é muito gentil — ela riu. Estava controlando as minhas lágrimas. — Eu amo Nova Iorque, mas acredito que não poderei viajar tão cedo... — ela se referia ao câncer. Ao contrário de mim, não pareceu se abalar
— Não seja por isso, depois que você ficar melhor eu te levarei para conhecer todas as cidades e países que eu for... você será a minha mãe de turnê, já ouviu falar sobre isso? — rimos juntas; era um palhaço. — Você vai ser minha mãe contratada, que lute.
— Vou adorar, .
— Tenho um show aí em Newport daqui três meses, farei questão de te levar comigo — o encarei, sorrindo sem mostrar os dentes. Não sabíamos se minha mãe teria todo esse tempo.
— Aguardo ansiosamente para isso, meu querido — ela começou a tossir. Troquei olhares com o meu companheiro. — Bom, vou ter que desligar, aqui no hospital temos horários para dormir... — me encarou, ele não sabia que ela havia voltado para lá. — Eu amo vocês, entenderam? Até amanhã.
— Te amo, mamãe — falei sorrindo mandando beijo para ela. Quando a tela desligou, eu senti todo o peso vindo com tudo para cima de mim: coloquei as mãos no rosto e comecei a chorar. Senti me abraçando, mas nem isso me acalmou dessa vez. Minha mãe estava internada novamente. — Ela foi ontem de manhã para a quimioterapia e os médicos não deixaram ela sair... ela passou mal e vomitou sangue — expliquei para ele depois de um tempo. me mantinha debaixo de seus braços. Seus olhos estavam vermelhos e aquilo me machucou também; ele odiava me ver mal e não poder fazer nada. — Descobriram que a quimioterapia não está fazendo efeito... é questão de alguns meses agora.
— Merda — ele xingou, beijando o topo da minha cabeça. — Sinto muito, .
— Eu não sei o que vou fazer sem ela, — falei com toda a sinceridade que tinha em mim.

Dias atuais.


Depois da guerra instalada por mim e , fui diretamente almoçar em meu quarto sozinha, mas não demorou muito para eu ter a companhia de Cammi para o nosso compromisso do dia: ver os vestidos. Me sentia mal por estar de mau humor, mas era culpa dela por estar me submetendo à essa tortura. Fingi o meu melhor humor, afinal, Camille iria se casar. Os garotos iriam ver os ternos e afins, ao menos eles também passariam pela tortura maldita.

— Vamos logo! — Cammi apressou eu e suas primas. Stacey e Marlee eram muito meigas e fofas, mais novas do que eu me lembrava e ficar ao lado das duas garotas de vinte anos me fazia sentir velha.
— Ei! Não esqueçam de mim! — não precisei olhar pra trás para ver quem era: Samanta. Arregalei os olhos querendo matar a minha melhor amiga que sorriu culpada. — avisou que vocês estavam indo e me ofereci para vir junto.
— Que ótimo! — sorri sem mostrar os dentes, entrando no carro de Camile e batendo a porta com força.
— Ah, ... não sei se você se lembra, mas eu tenho problemas para andar no banco de trás, tem como me deixar ir na frente? — abri a janela do carro, colocando meus óculos escuros e dando o meu melhor sorriso para a cobra.
— Por sorte, você pode se sentar na janela do lado de trás... e adivinhe só? — apertei em um botão que fazia o carro abrir o teto — Estamos em um conversível! Demais, né?

Ela sorriu forçadamente, me fazendo estalar os lábios e me virar para frente, ligando o rádio no som mais alto possível; aquilo a irritaria o suficiente para entender que eu não a queria ali. Aquela garota fez a minha vida um inferno por puro prazer, nunca mais ela teria nada de bom vindo de mim. Agir como uma adulta era difícil àquela altura.

~*~


— Eu odeio ela! Com todas as forças! — falei assim que entrei em meu quarto. Cammi vinha logo atrás. — Ela não tinha nem que ter ido na prova dos vestidos! — joguei minha bolsa longe. — Aquela ridícula falou que eu fiquei gorda naquele vestido, você ouviu? Que ódio! Eu vou matar o Griffin, você não tem noção do que eu vou fazer com aquele corno!
— Um — ela começou a falar. — Você não está gorda, aliás, está em ótima forma.
— Obrigada.
— Dois: ela só foi pra te atazanar, é isso que ela quer! — Cammi se jogou na minha cama — E outra, ela só foi porque se acha o suficiente para querer acabar com você no meu casamento... Sam conseguiu o homem... por enquanto!
— Ela que fique com aquele Drácula, eles se merecem mesmo, quero mais é que ele se fod...
! — ela repreendeu. — Você sabe muito bem que escolheu não estar mais com ele e eu te dou o total apoio! Só que você tem o poder de ter ele de volta a qualquer instante. Ainda existe sentimento aí!
— Existe sim... o ódio! — gritei batendo a porta com tudo.

~*~


— Estamos aqui para fazer o jantar de ensaio desse casal maravilhoso! — um senhor, muito simpático falou. Devia ser o cerimônialista. Estava sentada do lado da Cammi e ao meu lado estava Greg; ao lado de Dylan estava , consequentemente na minha frente. — Estamos muito felizes em poder acolher vocês aqui! Bom, que bom que vocês já estão nos devidos lugares, domingo as mesas estarão divididas pelo local com os nomes de todos... vou explicar como vai funcionar tudo!

Sabia o que ele iria dizer, eu havia montado o cronograma aos onze anos junto com Cammi. Estávamos todos vestidos de gala, não era a roupa oficial, mas era chique. Meu vestido tinha um longo decote em V em meu busto que ia até o começo da saia longa com uma fenda do lado esquerdo. Era vermelho escarlate. Virei a taça de champagne em um gole só. Encontrei o olhar de em mim e arqueei a sobrancelha, esperando que o garoto se tocasse e parasse com aquilo.

— Vamos começar então... as entradas, por favor!

A noite rodou com os garçons lotando a gente de comida, ao menos eu estava me lotando de boas refeições e bebida. Greg sussurrava algo que eu não entendia, mas ria por educação. e Sam fingiam estar felizes, mas estava na cara dele que ele não estava feliz: bem feito. Não tirava os olhos de mim e sua namoradinha havia notado.

— Agora, teremos a dança dos noivos! — encarei Camile que se levantou animada. — Sei que vocês não sabem a coreografia certinho, mas é só um ensaio.

Me levantei forçando um sorriso. Caminhei até a pista, ficando ao lado do que não devia ser mencionado. Arrumei a postura e fiquei em posição esperando que a música começasse.

— Algum problema? — perguntei, vendo que o garoto encarava meu decote. Ele nem pareceu se abalar, já que sorriu ladino e arrumou sua postura
— Você está muito bonita — torci o nariz e dei de ombros, fazendo os primeiros passos da dança e me virar de frente para ele. — Essa roupa está de tirar o fôlego de qualquer um...
— Sim, eu fico muito gostosa usando isso — sorri enquanto encarava os olhos do rapaz, que arqueou uma sobrancelha, gostando do atrevimento. Coloquei minhas mãos em seu pescoço, vendo-o arrepiar.
— Não faça isso, — ele sussurrou em meu ouvido, dessa vez quem ficou desconcertada fui eu. — Eu também sei jogar esse jogo e eu era muito bom nele — fechei os olhos, sentindo seu nariz roçando no meu pescoço, por conta dos passos da dança, que exigia que as mulheres se inclinassem para trás e os homens encostasse no pescoço delas. — A única diferença aqui, é que você está fingindo fazer isso para me punir; eu deixo claro que estou fazendo isso porque quero você de volta.

~*~


Estávamos voltando para o hotel depois do ensaio da dança, não consegui olhar para depois da noite passada e do seu discursinho, ele estava gostando daquilo; até sorria do jeitinho que eu odiava. O resto do jantar foi totalmente constrangedor, estava bêbada e se Greg falasse mais uma vez no meu ouvido, eu iria agarra-lo ali mesmo apenas para ver que não iria acontecer nada entre nós. Nunca mais. Apesar disso, não o fiz. Fiquei recebendo olhares fuzilantes da Barbie chernobyl enquanto o resto do ensaio acontecia.
A agenda de Cammi estava mais corrida do que eu imaginava, ela estava seguindo tudo com cautela, por sorte eu teria a tarde livre até a despedida de solteira; pegaria o carro da minha amiga para dar um pulinho em Newport. Criei coragem para ir vê-la. Avisei Cammi o que pretendia fazer, ela negou a princípio, queria ir comigo, mas eu não permiti; precisava fazer sozinha. Por fim, ela entendeu que era um momento que eu precisava ter, não tinha me permitido passar pela fase mais difícil: encarar de fato.
Durante o percurso de uma hora, eu tinha muito tempo pra pensar, pensar de maneiras como conversar com ela. Como eu pediria desculpas por nunca ter ido visitá-la? Por ter ignorado tudo? Por ter sido uma filha horrível?

Há dois anos.


— Vocês não vão acreditar! — entrei no meu apartamento, falando sem parar. Dylan não saía mais de casa e ele estava na sala junto com Cammi. Tirei meu casaco e tagarelava ao mesmo tempo. Encarei os dois rindo, mas meu sorriso se desfez quando vi que os dois estavam sérios, Cammi estava com os olhos vermelhos. — O que aconteceu?
, é melhor você se sentar — Dylan se levantou e foi até mim, se sentando ao meu lado. Camile se levantou também, mas não conseguiu ficar na sala, saiu de lá e me largou com o seu namorado.
— Dylan, fala logo o que aconteceu! — falei desesperada. Ele suspirou, me entregando meu celular.
— Você esqueceu o celular hoje... — ele começou. — Ele não parava de tocar, acabei atendendo porque achei que era importante — meu coração começou a disparar, senti meus olhos enchendo de lágrimas. — Era o hospital, — prendi a respiração por alguns segundos, não conseguia falar nada. — Sua mãe voltou pra lá. Está internada, eles entubaram ela desta vez... — senti a mão dele segurando a minha. — O dr. Caryl pediu para que você fosse para Newport o quanto antes, sua mãe pediu antes deles fazerem... você sabe — ele suspirou. — Jack precisa de você também, .
— Não... eu... — nem conseguia formar uma frase concreta. Estava tão abalada que nem conseguia falar. Meu corpo tremia e eu nem conseguia chorar. Dylan me abraçou, mas eu fiquei estática.
— Tomei a liberdade para comprar uma passagem pra você. Só tinha dois lugares no voo de hoje, pegarei o próximo amanhã cedo e encontro vocês assim que eu puder, — concordei com a cabeça, não consegui agradecer, mas bastou um olhar para que ele entendesse. Não demorou muito para que Camile aparecesse com duas malas, ela havia arrumado as minhas coisas. Minha amiga veio até mim e me abraçou, segurando o choro, mas eu sabia que sua atuação doía. — O voo saí daqui duas horas.
— Vocês não precisam ir — falei quase em um sussurro. Dylan suspirou me abraçando de um lado, enquanto Cammi me abraçava do outro.
— Não vou deixar você sozinha, Deveraux!
— Você é minha família agora, .

~*~


O voo não foi nada fácil. Atravessar o país pensando que minha mãe poderia não estar mais aqui quando eu chegasse no maldito hospital me deixava maluca. Só queria sentir suas mãos gordinhas e quentinhas acariciando meu rosto novamente. Quando pousamos — depois de quase seis horas de viagem —, não sabia o que fazer; ligar para o Jack — meu padrasto —? Alugar um carro? Pegar um táxi? Los Angeles era perto, mas ainda sim; uma hora era muito tempo.
Meu coração ficou aliviado ao ver um rosto conhecido parado no meio do salão. Meus olhos marejaram e eu corri para abraça-lo.

— Jack! — ele sorriu, triste, mas me abraçou imediatamente, aliviado; assim como eu. — Como sabia que eu chegaria?
— Eu avisei — Cammi sorriu. Ela abraçou meu padrasto em seguida. Jack era meu pai, praticamente, afinal, fez esse papel a minha vida inteira. — Bom te ver, tio.
— Ainda bem que você veio, Cammi... Precisaremos de reforços e, a Rebecah vai adorar te ver — concordei com a cabeça. Jack pegou as nossas malas e fomos em direção ao carro.

Jack nunca foi quieto, mas ele estava. Tentava fazer piadas, só que era em vão; não conseguia. Eu sabia que tudo estava perdido ali mesmo. Cammi permanecia no papel de tentar nos animar, não ficava calada e continuava fingindo que estava bem; mas aquilo a abalava muito mais do que ela podia contar, era como a perda da sua mãe novamente.
Não fomos para o hospital, Jack nos deixou na minha antiga casa. Fui engolida por inúmeras lembranças ali. Nos acomodamos e esperamos que ele voltasse para irmos visitar a minha mãe.

— Falou com o ? — perguntei, mexendo no meu celular e tentando pela milésima vez contato com ele.
— Não consegui, mas avisei o que está acontecendo — Cammi respondeu, saindo do banheiro. — Acredito que ele esteja ocupado com a turnê.
— Ele nunca ficou tanto tempo sem dar notícias... — comentei, dando de ombros. — Estranho!

~*~


! Bom te ver — Dr. Caryl falou assim que me viu. — Sua mãe está conseguindo respirar sem os aparelhos.
— Ela melhorou? — perguntei, chocada e animada. Ele trocou olhares com Cammi, mas eu não me importei. Corri em direção ao quarto dela. Senti um alívio imenso ao vê-la sentada na cama enquanto comia um pudim e assistia novela. Quando ela me encarou, deu o sorriso que eu tanto amava. Não me importei e simplesmente me joguei em seus braços.
— Minha filha! — respirei profundamente quando escutei aquilo. Encarei ela por quase cinco minutos, decorando cada parte do seu rosto e querendo que aquilo nunca acabasse. — Não acredito que você largou o seu emprego apenas para vir aqui. Eu estou bem, foi um alarme falso!
— Não vou te deixar sozinha, mãe.
— Que bom que está aqui! — Cammi estava na porta, com os olhos cheios de lágrimas. — Até você? Venha aqui, garota! Minha filhinha!
— Ah, tia Rebecah! Você nos deu um susto! — Camile pulou em cima da minha mãe, que riu ao ter duas adultas em seu colo. — Nunca mais faça isso!
— É muito bom ver vocês duas juntas! Espero que essa amizade nunca acabe, porque vocês têm algo único: a amizade verdadeira — encarei Cammi e segurei sua mão, sorrindo. — Nunca deixem isso acabar.
— Não deixaremos — Cammi respondeu, sorrindo. — Amanhã o Dylan chega aqui, ele está morrendo de saudade!
— Ah, aquele garoto é de ouro, Camile! Ele tem a sorte grande por ter te conquistado... vocês são para sempre — ri olhando para Cammi, que se assustou com aquelas palavras, afinal, ela fugia desse tipo de coisa; amava Dylan, mas se assustava com o futuro. — E ?
— Não consegui falar com ele ainda — suspirei, mas a abracei em seguida. — Não importa, estou com você agora. Só isso basta.
é um bom garoto, querida. E ele te ama.

~*~


Estava deitada ao lado da minha mãe, Cammi havia saído para ir trocar de roupa e falar com Dylan. Minha mãe terminava de escrever alguma coisa enquanto assistíamos juntas um episódio de How i met your mother. Fazíamos isso sempre quando eu era criança.
A tarde com ela foi incrível e nem parecia que ela estava mal, parecia que estava normal; Rebecah Deveraux sem câncer.

— Querida? — ela se deitou ao meu lado depois de fechar o caderno e colocá-lo de lado. — Você é feliz?
— Que pergunta é essa? — me virei para ela, rindo.
— Quero saber se é feliz — ela falou novamente. — Se eu fiz meu papel de mãe direito.
— Ah, dona Rebecah... você fez muito mais que isso! — ri começando a listar tudo. — Você é minha amiga, minha confidente, minha advogada, minha companheira, meu pai, minha irmã, minha parceira de vida! As vezes pode ser minha filha e eu tenho que agir como sua mãe, mas nada que eu possa reclamar...
— Sou muito orgulhosa da mulher que você se tornou, — ela sorriu me dando um beijo na testa.
— Sou tudo isso graças a você — sorri lhe dando um beijo na bochecha. — Obrigada por ser a melhor pessoa do mundo.
— Saber que você é feliz de verdade me deixa muito mais tranquila — a abracei novamente. — Eu tive uma vida épica e desejo apenas isso para você. Não aceito menos!
— Você vai me acompanhar, mãe — falei rindo, tentando me convencer daquilo. — Eu te amo.
— Eu te amo, meu bebê — ficamos em silêncio, apenas escutando a televisão. Enfim senti uma paz que há muito tempo eu não sentia. — Sabe o que eu estava pensando?
— Em fazer aquela mistura de pudim de chocolate com as bolinhas coloridas de M&M? — perguntei gargalhando. E ela concordou com a cabeça, rindo. — Vou buscar o M&M naquela máquina aqui do corredor e pegar o pudim com as enfermeiras.
— Estarei te esperando — me levantei e fui até a porta. Ela sorriu antes de eu sair.

Fui em direção a máquina e resgatei dois pacotinhos de M&M, em seguida foi até a lanchonete do hospital e peguei uma bandeja com dois potes de pudim e dois copos de suco de laranja.
Enquanto eu esperava ficar tudo pronto, peguei meu celular e resolvi saber sobre , já que estava preocupada o bastante pelo sumiço repentino do meu parceiro. Como o esperado: sem mensagens ou ligações. Tentei ligar novamente, mas deu caixa postal:

— Hey, desculpe estar lotando a sua caixa postal, é que eu estou preocupada... — comecei a falar, sem jeito. — Estou em Newport, minha mãe piorou e do nada melhorou... Jack disse que é milagre e eu estou quase acreditando! — ri daquela situação. — Sei que você não pode estar aqui, mas queria ao menos ouvir sua voz, estou com saudade e preciso de você. Enfim... beijos. Amo você.

Desliguei antes de escutar o “Pi”. Dei uma passada no Instagram e vi que tinha algumas marcações em meu perfil, normalmente o público do fazia isso, pois achavam que éramos só amigos; mesmo sempre sairmos em alguma manchete ou outra juntos.
Respirei fundo ao ver que as marcações se tratavam de vídeos que flagravam Griffin em um bar “sensual” com vários amigos; os quais ele fez recentemente. estava claramente alterado por bebida e rodeado de mulheres, rindo. Entendi o sumiço agora. Enfiei o celular no bolso, com raiva dele. Peguei a bandeja e fui em direção ao quarto da minha mãe.
Me assustei ao ver uma luz vermelha piscando e uma voz no fundo dizendo “Parada cardíaca”, vários enfermeiros corriam de um lado para o outro, com os aparelhos necessários. Algo em mim me fazia ficar um pouco desesperada e eu não sabia o motivo. Assim que entrei no corredor do quarto da minha mãe eu entendi. A movimentação era no quarto dela. Não demorei para correr até lá. A cena que eu vi foi cruel. Dr. Caryl tentava reanimá-la, ela não reagia. Estava paralisava olhando a cena. Senti o mundo parar aos poucos quando Caryl me encarou depois de alguns minutos. A bandeja caiu no chão e eu caí de joelhos em seguida, não queria acreditar no que havia acontecido.

— Hora da morte, nove e quarenta e sete da noite — uma enfermeira falou ao fundo. Caryl balançou a cabeça e eu senti o meu mundo cair.


Dias atuais.


O buquê de girassol na minha mão mostrava claramente que eu havia pulado dentro de uma plantação no meio do percurso até Newport para roubá-los. Quando eu era criança, sempre invadia qualquer plantação para roubar flores e dar para minha mãe, por sorte, nunca fui pega. Entrei no carro e fui em direção ao lugar mais temido do mundo para mim: o cemitério.
O túmulo dela tinha muitas flores ainda, ela sempre foi muito querida. Respirei fundo antes de colocar o buquê ali e me sentar ao lado dela. Não falei nada, só fiquei curtindo o clima gostoso de Newport. Sentia falta disso.
“Amada mãe, amiga, esposa e professora”. Sorri ao ler aquilo, era a mais pura verdade. Depois de quase uma hora em silêncio, eu resolvi falar.

— Não sou boa com palavras, você sabe disso... desculpe ter ficado tanto tempo longe — suspirei. — Fiz o que você mandou antes de morrer: ser feliz e curtir a vida. Não está sendo fácil, mas eu tento — ri secando uma lágrima. — Sinto sua falta todos os dias. O Jack me manda fotos todos dias, ele está viajando o mundo como te prometeu, pensa em um homem insuportável? Ele tá um nojo! — me lembrei da última foto dele, no Brasil, tomando caipirinha e jogando truco. — Camile vai se casar amanhã, você acredita? Estou tão feliz por eles. Ela queria que você tivesse aqui, eu também queria — suspirei, olhei para o túmulo dela e sorri — Não vim aqui para te preocupar, só passei pra contar como as coisas estão. Eu estou bem e estou feliz. Você estaria orgulhosa — me levantei, secando as últimas lágrimas. — Tenho que ir, a despedida de solteira da Cammi é daqui a pouco e você sabe como ela é maluca... Eu te amo e sinto a sua falta.

Há dois anos.


O velório foi mais difícil do que eu imaginava. Ver ela sendo enterrada nunca doeu tanto. Receber o carinho das pessoas que amavam ela, era crucial para me dar uma pitada de ânimo para não desabar ali mesmo na frente de todos. Cammi estava ao meu lado o tempo todo, era a minha âncora; Dylan cuidava de nós duas. Meu amigo tinha cumprido sua promessa e foi para Newport. Jack estava triste, mas bem. Ele sabia que isso iria acontecer, estava preparado. A melhora da morte, como eles chamavam, foi crucial para que todos temessem pelo pior; no fundo eu também sabia.
Na madrugada passada recebi um stories anônimo de dançando agarradinho com uma mulher loira — Samanta —, ambos pareciam muito felizes. Pela manhã, havia fotos dele dormindo com ela. Não sabia o que tinha acontecido, mas não precisava passar por isso. Não hoje. Ele me ligava e eu rejeitava, não tinha condições para falar com ele, sabia quais seriam as desculpas de sempre; mas eu estava magoada e ele quebrou a única coisa que me fazia continuar com ele: a minha confiança.

— Quer comer alguma coisa? — Dylan foi até meu quarto e perguntou, mexendo no meu cabelo. Neguei com a cabeça. — foi um babaca, mas tem uma explicação para isso, .
é o menor dos meus problemas, Dy — falei baixinho. — Quando eu voltar pra Nova York eu me resolvo com ele, no momento, eu quero paz... — no mesmo instante, meu celular começou a tocar. Joguei para ele sem nem mesmo olhar quem era. — Avise-o. Diga que quero um tempo e que não preciso disso agora — meu amigo concordou com a cabeça e saiu.

Me deixando sozinha com meus próprios fantasmas.

~*~


— Você bebeu? — ele me perguntou. Fazia uma semana desde a morte da minha mãe. Uma semana que minha vida virou de cabeça para baixo. havia tido uma folga da turnê e conseguiu voltar para Nova York e decidiu ficar comigo. Não costumava ficar bêbada, mas era algo rotineiro agora. Não tínhamos conversado desde então. Vê-lo não foi tão emocionante como eu imaginava.
— Um pouco — dei de ombros, pegando a garrafa de rum e virando mais um gole. Me joguei no sofá, Cammi e Dylan estavam com a gente, mas ambos não sabiam como lidar comigo. Cammi estava tão abalada quanto eu.
— Chega — tirou a garrafa de mim, recebendo um resmungo. Tentei pega-la de volta, mas foi em vão. — , já chega!
— Me deixe em paz! — grunhi. Me levantei indo até a geladeira para pegar qualquer bebida que fosse, mas me impediu. — Você não tem coisa de artista pra fazer? Uma festa? Uma apresentação? Pousar para marcas importantes? Ir pra um puteiro com seus amiguinhos? Ou dançar agarradinho com a sua produtora no meio de uma boate? Quem sabe até ir parar na cama dela por engano? Sim, eu ouvi as suas mensagens.
— Eu já pedi desculpas, . Aquilo não foi nada demais e...
— A minha mãe morreu, — gritei. Assustei Cammi com aquilo, vi que ela se encolheu nos braços de Dylan. Era difícil para ela me ver daquele jeito, quem sempre surtava era ela e agora eu estava naquela posição. — Eu tenho direito de beber o quanto eu quiser.
— Você não precisa disso, eu estou aqui com você! — seus olhos brilhavam. Ele estava desesperado.
— Onde você estava semana passada quando ela morreu, Griffin? — perguntei, secamente.
— Eu estou aqui agora.
— Eu precisava de você semana passada — sequei uma lágrima teimosa que caía.
— Não vou te deixar sozinha agora — ele me puxou para um abraço forçado, eu tentava sair, mas não conseguia, sentia que iria chorar, mas as lágrimas não vieram. Seu telefone tocou bem na hora. Ele tirou do bolso e vi que era Sam ligando. me encarou, pedindo desculpas por ter que atender, afinal, podia ser importante. Ri sem humor algum enquanto me soltava dele.
— Achei que minha noite não tinha como ficar pior, mas pelo visto tem — falei antes dele atender. Peguei a garrafa de rum de volta e caminhei até o meu quarto, batendo a porta com força e trancando ela. Não queria ninguém perto de mim.


Dias atuais.


— FELIZ DESPEDIDA DE SOLTEIRA! — gritamos todas juntas quando ela entrou no bar do hotel, fechado exclusivamente para nós. Só tinha mulher ali.
— EU JÁ DISSE QUE AMO VOCÊS? — Cammi gritou, animada, abraçando todas nós. Ri daquilo, ela era uma boba.
— Sente-se, meu bem! — falei, subindo em cima do balcão do bar. — Agora você terá o privilégio de ter a melhor despedida de surpresa de todos os tempos! — fiz um sinal, para todas as meninas tirarem o roupão. Estávamos de lingeries. Cammi gargalhou daquilo.
— Eu acho todas vocês gostosas, mas eu não quero ver vocês tirando a roupa! — ri e joguei meu roupão na cara dela.
— Eles disseram que essa era a condição de virem... — comentei, vendo ela abrir a boca chocada.
— Não! Céus... não! Você conseguiu trazer eles? — apontei para a porta. Ela gargalhou e deu um pulo subindo no balcão ao meu lado. — São os gigolôs mais caros de Los Angeles!
— Sorte sua que eu tenho muitos contatos.
— Eu te amo!
— Quem é a noivinha? — um dos rapazes falou. Todas apontamos para Cammi, que corou pela primeira vez. — Vamos fazer você ter uma noite inesquecível.

Nós bebemos muito, Camile se divertiu como nunca. Fazia muito tempo em que não nos divertíamos juntas dessa forma. Só a gente. Sem garotos. Me senti na época de faculdade antes do Dylan, mas confesso que sentia falta do garoto. Tirei muitas fotos das garotas e principalmente da Cammi. Algo histórico.

— Certo, não quero nem imaginar o que Dylan deve estar fazendo agora! — Cammi se sentou ao meu lado, rindo. Sua roupa estava rasgada.
— Em um bar de stripers, junto com os garotos... — havia esquecido que Sam continuava ali. — Não recebi um convite para a festa.
— É que é só pra convidados — a maldita bebida havia subido de uma forma impressionante. Cammi arregalou os olhos e Sam arqueou a sobrancelha. — E claramente você não é uma convidada.
— Estou cansada de você, Deveraux! Mesmo depois de tantos anos, ainda não superou que ele me quer?
— Jura? — perguntei, sorrindo. — é muito burro mesmo, hein? Você deixou claro de inúmeras formas que é uma interesseira e mesmo assim, ele caiu no golpe.
— Você também é uma — ela se aproximou de mim. Sam era muito mais alta que eu, mas nunca me intimidei com a altura dos outros. — Ele me escolheu antes e ele me escolheu agora.
— Não, Samanta. Ele só está com você agora, porque eu não quis ficar com ele antes... acha mesmo que tem alguma chance se eu resolver voltar para a vida dele? — ela fechou a cara. Sorri com aquilo
— Você fala de mim, mas só está onde está hoje, por causa dele! — ótimo, ela tinha que falar da minha carreira.
— Sou muito grata ao pelas oportunidades que eu tive graças a ele — comecei a falar, controlando a minha voz. — Mas só estou na minha posição hoje, graças ao meu esforço.
— Que posição? — ela riu alto. — A de quatro? — minha mão bateu com tudo em seu rosto. Ela se assustou com aquilo, eu também; todos pararam para ver a cena.
— Ao contrário de você, não preciso disso pra crescer — falei entredentes, segurando o rosto dela. — Não preciso passar por cima de ninguém, para chegar aonde eu quero — ela me encarava com ódio. Cammi normalmente interviria, mas aquela altura, ela estava amando. — Você me odeia porque eu tenho tudo que você não tem: amigos de verdade, amor de verdade, uma carreira e o . Ele nunca deixou de me amar e ele nunca vai te olhar como olha para mim — soltei o seu rosto com força. Saí de perto dela e abri os braços, antes de beber mais um gole da garrafa de rum. — Você. Não. É. Deveraux — cantarolei pausadamente.

Ela saiu a passos duros de lá, quando a porta se fechou, soltei os ombros. Estava tão nervosa que nem conseguia respirar. Cammi liderou as palmas, comecei a rir, afinal, ela esperou por isso há muito tempo.

Há dois anos.


? — perguntou assim que notou que eu estava na porta do seu camarim. Ele estava fazendo um show em Nova York e graças ao Dylan, consegui entrar. — Não estava esperando por você, estou feliz por você ter vindo... como você esta?
— Eu... a gente precisa conversar — falei de uma vez, me sentei na cadeira ao lado dele e me virei para encara-lo.
— Eu quero muito conversar com você, , mas o show vai começar daqui a pouco, não quero que nada seja dito na correria e...
— Não vou demorar, — ele arrumou a postura, claramente incomodado com o que estava por vir. — Eu te amo, você sabe disso. Esses anos ao seu lado foram inesquecíveis, nunca me senti tão viva e feliz!
— Por que parece que você vai terminar comigo? — ele perguntou, rindo de nervosismo.
— Não vou terminar com você, afinal, não temos nada oficializado — aquilo o atingiu como um soco. — Sou só alguém que você gosta, mas não sou o suficiente pra ser assumida.
— Desde quando você se importa com títulos? — os olhos dele estavam vermelhos, estava assustado.
— Não me importo — dei de ombros. — Confiava em você e no que você sentia, contudo, descobri uma parte insegura que existe em mim e eu nunca fui insegura — ele fez uma cara de dúvida. — Há um ano, no seu primeiro show, eu escutei sua conversa com Sam e Dylan, você queria me pedir em namoro só que ela não deixou... não liguei, concordo que sua carreira é importante! Só que a Samanta sempre fez de tudo pra prejudicar a gente, a gente, você sabe disso — não respondeu. Abaixou a cabeça e eu segurei suas mãos. — Quando minha mãe morreu, eu só queria você e você estava na cama dela, com ela! Não sou uma brincadeira, . É até egoísta da minha parte sofrer por sua causa enquanto tenho problemas maiores!
— Você sabe dos meus sentimentos por você. Nunca faria nada para te magoar. Não quis te machucar! Me perdoa.
— Eu sei. Eu te perdoo, mas nunca teria feito isso com você. Essa é a nossa diferença — suspirei, secando uma lágrima. — Achei que o pior dia da minha vida tinha acontecido no dia do velório, mas o pior momento foi quando eu precisei de um conselho dela, pegar o telefone e lembrar que ela não estava ali comigo!
— Eu sinto muito, . Eu estou aqui, não sou ela, mas te amo tanto quanto!
— Ela não me deixou sozinha — ri tirando do bolso o meu passaporte junto com alguns panfletos. — Recebi uma proposta de trabalhar por um ano na África. A Hannah, a mulher que me convidou, disse que graças a ela que fez o convite para mim. Minha mãe mandou os meus trabalhos há alguns meses e eu fui cotada.
— Meu Deus, isso é incrível! — ele me abraçou, muito feliz e animado com isso. Só que parou de sorrir quando se deu conta. — Um ano?
— Eu aceitei, — o rapaz ficou abalado. — Vou pra Los Angeles amanhã para um treinamento e daqui uma semana vou para a África.
— E nós? — ele sussurrou.
— Preciso me redescobrir, preciso melhorar... não consigo mais ficar nesse lugar — soltei suas mãos e lhe dei um selinho
— Você esta fugindo?
— Estou escolhendo a mim. Só o meu amor por você não basta... e eu não vou pedir para você mudar, .


Dias atuais.


— Vou para o quarto, acho que estou bêbada — falei meio enrolada. Cammi estava em cima do bar, dançando como se não houvesse amanhã. Os gigolôs haviam ido embora aquela altura da noite. — Tenho quase certeza de que seu casamento é daqui doze horas, acho que você também deveria!
— Me deixe ficar mais um pouquinho — ela fez biquinho.
— Eu levo ela pro quarto daqui a pouco, ... vá descansar — Stacey falou sorrindo. Fiquei receosa, mas a jovem era mais responsável que eu e Camile juntas, então fui em direção a saída.

Enquanto caminhava pelos corredores do hotel gigante, fiquei impressionada com a minha capacidade de parecer sóbria. Estava do outro lado do hotel só pra pegar um maldito elevador já que o principal estava ocupado com duas convidadas de Cammi vomitando e passando mal.
Estava aliviada por ter colocado Sam no devido lugar depois de tanto tempo aguardando aquilo. Ela foi responsável pelos piores momentos de , por eu ter sido insegura o suficiente para não ficar com ele e por piorar a morte da minha mãe. Ao menos tinha feito com que ela provasse o próprio veneno. Senti uma mão segurando meu braço. Me virei assustada e comecei a rir ao notar que era alguém inofensivo.

— Que susto, achei que era alguém perigoso.
— O que você falou pra Sam? — ele perguntou, um pouco bravo. Também estava bêbado.
— A verdade, oras! — dei de ombros, apertando o botão do elevador. — Ela me provocou.
— Ela acabou de ir embora, claramente muito brava e abalada — fingi uma cara de tristeza. Entrei no elevador assim que ele chegou.
— Queria fingir que estou triste, mas não consigo — ele entrou em seguida. O elevador fechou.
— Você... — ele falou, claramente desconcertado ao notar que eu estava de roupão. — Não entendo... você não me quis e agora destruiu meu novo relacionamento!
— Não destruí nada! Já estava fadado ao limbo — dei de ombros. — Fiz um favor a você ainda por cima.
— O que você falou pra ela? — ele repetiu a pergunta, me prendendo contra a parede.
— Tenho certeza que ela te contou tudo — sorri. — E você concorda com todas as coisas que eu disse.
— Não posso mentir porque você saberia. E isso é irritante — meu sorriso desapareceu. — Você fica agindo como se me odiasse, mas fala pra garota que eu estou coisas pesadas e deixa claro que ainda gosta de mim. Por que você continua com esse jogo, ?
— Eu falei o que você deixou claro ontem: você ainda me quer! — falei, tentando sair, em vão. — Ótimo, agora passamos do meu andar!
— É claro que eu quero! Nossa diferença é que eu deixo claro o que eu sinto e você foge. Como sempre — ele apertou o botão para o elevador parar. Arregalei os olhos vendo a máquina parar bruscamente.
— Desculpe, mas não fui eu que trouxe a pivô da destruição em massa. Quem aqui está sendo ridículo? — ele riu, balançando a cabeça.
— Eu errei, de novo. Foi um lapso! Era isso que você queria ouvir? — dei de ombros, gritando. Ainda estava bêbada para achar aquilo excitante.
— Melhorou, Griffin. Aliás, evolua o seu gosto para mulheres também, inclusive — consegui achar um jeito de me desvencilhar dele, o suficiente para apertar o botão pro elevador andar novamente. puxou o cordão que amarrava meu roupão, sem querer. O que fez com que ele abrisse e mostrasse a lingerie preta que eu usava.
— A despedida de solteira... é claro — ele falou mais pra si do que para mim.
— Gosta do que vê, Griffin? — perguntei, me apoiando ao lado dos botões, dando uma boa visão para o meu corpo descoberto.
— Você ainda usa o presente que eu te dei... — fiz uma careta, fechando o roupão. Ele lembrava daquilo ainda. que me deu aquela lingerie antes de tudo acontecer. — Fico feliz por ver novamente essa cena depois de tanto tempo.
— Não tive tempo de comprar outra, tive que usar essa mesmo — dei de ombros. se aproximou devagar de mim. Com medo de eu fugir. Não tinha intenção de sair dali, ainda mais pelo fato de estar com mais fogo do que eu gostaria de admitir. — O que você está fazendo?
— Provando a você que não sou o único aqui com desejo dos velhos tempos — respirei fundo ao sentir suas mãos tirando o meu cabelo do rosto e a outra desamarrando novamente o meu roupão, dessa vez de propósito. — Admite que ainda tem história aqui.
— Droga, — resmunguei, sentindo seus lábios passearem pelo meu pescoço. Quando nossos olhares se cruzaram, senti minhas pupilas dilatarem. Não pensei muito antes de fazer aquilo, mas eu cedi.

Meus lábios grudaram nos lábios dele sem muita calma. Éramos rápidos e desesperados, minhas mãos grudaram nos fios dele enquanto as mãos dele passeavam pela minha cintura e a outra puxava delicadamente o meu cabelo. Quando paramos de nos beijar, grudei os dentes em seu lóbulo, escutando ele arfar; sua vingança não foi diferente, ele começou a distribuir beijos pelo meu pescoço e busto. Não poupei esforços para apertar o botão para o elevador parar. me encarou surpreso com um sorrisinho safado nos lábios.

— Ainda tem história aqui. — falei quase em um sussurro, sentindo ele puxar meu corpo para o seu.

Dei um impulso só e cruzei as pernas em sua cintura, ao mesmo tempo em que minhas costas eram pressionadas na parede com força. Já nem ligava mais se tinha uma câmera escondida em algum canto daquele cubículo, tudo o que eu queria era acabar com aquela pressão forte que sentia no meio das pernas que a bebida só intensificou mais ainda.
Quando percebemos que apenas nos encarar não bastava mais, chocamos nossos lábios com precisão e urgência novamente, iniciando um beijo rápido e completamente descontrolado. Podia jurar que já estava queimando de calor.
Nossas línguas se chocavam como se não houvesse o amanhã; nossas mãos passeavam por todo e qualquer lugar acessível e, quando eu comecei a sentir algo duro crescendo contra a minha bunda, suspirei alto entre o beijo. Com certeza eu me arrependeria amanhã, mas já que eu podia culpar a bebida depois, por quê não?
me prensou com força no espelho do elevador, fazendo minhas costas doerem momentaneamente mesmo que eu nem ligasse para isso enquanto separava nossas bocas, dando rápidos selinhos estralados. Me descolou minimamente da superfície fria para que pudesse passar o roupão já aberto pelos braços e dar a ele um destino mais digno: o chão, no caso.
No momento em que minha pele quente entrou em contato com a parede, arqueei meu corpo automaticamente pelo choque térmico, sentindo meus pelos se arrepiarem ao mesmo que soltava um murmúrio de impaciência. O que foi entendido logo após; captou meu lábio inferior com os dentes fortemente, agressivo, como quem tinha raiva, como quem tinha saudade, e rapidamente tirou meu sutiã, deixando à mostra meus mamilos já endurecidos pelo prazer.

... — falei num gemido arrastado, tentando me esfregar um pouco em sua ereção ja evidente.
— Você sempre foi apressada, uh? — direcionou sua boca à minha orelha novamente. — Sua sorte é que hoje não temos muito tempo!

Dito isso, abocanhou um de meus seios vorazmente, fazendo um choque de arrepio percorrer cada parte de pele do meu corpo enquanto gemia mais alto, nem aí se alguém pudesse ouvir. Eu não morava aqui mesmo. Ainda sem fôlego para ter alguma reação mais digna, comecei a desabotoar sua camisa social — perdendo um ou dois botões no caminho, eu realmente não ligava — para logo após dar a ela o mesmo rumo de meu roupão.
tirou sua mão direita, que auxiliava a esquerda para me manter firme em seu colo, e afastou minha calcinha um pouco para o lado, tocando meu clitóris minimamente e fazendo outra onda de arrepios atravessar o meu corpo. Redirecionou seus lábios novamente à minha boca, roçando-os devagar enquanto descruzava minhas pernas e me colocava em pé novamente, só para depois me virar de costas para si e passar a última peça de meu corpo pelas minhas pernas, tocando com as pontas dos dedos toda a extensão da mesma. Eu já estava suando de calor e ansiedade.
Meu pescoço fora captado novamente e meu cabelo puxado com agressividade para dá-lo um acesso melhor à minha pele, fazendo minhas pernas fraquejarem levemente.

— Por favor... — tentei mais uma vez.

Senti-o tateando os bolsos da calça que ainda usava, parecendo procurar por algo e, quando achou, foi questão de apenas um minuto até ele tirar a peça junto da boxer, me fazendo arfar quando senti seu membro duro e molhado pelo pré-gozo bater contra a minha bunda. Arrisquei dar uma olhada para trás, afim de apreciar um pouco a cena de seu corpo nu, e ele se aproveitou do movimento para me beijar desajeitadamente — por eu ainda estar de costas — e, sem aviso prévio, me penetrou logo após colocar a camisinha.
Meu primeiro instinto foi gemer alto e arrastado, de surpresa e agradecimento por não aguentar mais tamanha lerdeza; o segundo foi empinar mais o quadril, para ter um contato melhor e mais preciso de seu membro dentro de mim. Tenho certeza que à essa altura do campeonato as pessoas já podiam me ouvir, eu quase gritava. enrolou uma das mãos em meu cabelo, o puxando fortemente enquanto estocava rápido e forte e, com a outra, passou a beliscar e puxar meus mamilos descobertos.
Se não fosse a barra de ferro para segurar do elevador, eu já tinha despencado no chão tamanha a fraqueja e descontrole que eu estava. Quando aparentei me cansar dessa posição, me virou e me colocou pendurada em seu quadril novamente, beijando meus lábios assim que foi possível e me penetrando mais uma vez com urgência. Sua boca fazia um ótimo trabalho ao abafar meus gemidos, mas foi quando sua mão gelada tocou novamente meu clitóris que eu gritei descontrolada, tentando me contrair de algum jeito mesmo presa entre ele e o espelho.
Assim que meu corpo começou a dar leves espasmos, eu soube que estava chegando ao meu limite e pareceu perceber o mesmo, aumentando a velocidade dos movimentos tanto da mão, quanto do quadril. E quando eu separei minha boca da sua e praticamente urrei de prazer, senti seu corpo dar mais algumas poucas estocadas antes de amolecer completamente, me apoiando na barra de metal para evitar nossa queda.
Seu rosto estava escondido entre meu pescoço enquanto tentávamos normalizar a respiração e o tremor, sem coragem de dizer nada.

~*~


— Você aceita se casar com Camile Molly Schwartz? — o padre perguntou, Dylan sorria emocionado para a minha melhor amiga, que estava do mesmo jeito.

— Aceito — ele colocou a aliança no dedo da garota.
— E você, Camile? Aceita de casar com Dylan Morgan Leswell?
— É claro que aceito! — ela falou, fazendo todos nós rirmos. Cammi colocou a aliança no dedo dele.
— Eu vos declaro, marido e mulher. Podem se beijar! — não consegui evitar uma lágrima de felicidade. Meus melhores amigos se casaram.

No meio da bagunça, quando os recém-casados saíram pelo corredor de flores juntos, fui na frente para tirar algumas fotos; minha equipe estava cobrindo tudo, mas eu não conseguia evitar. Meus olhos encararam os de . Não consegui manter o olhar, estava envergonhada pela noite de ontem; a bebida fez com que eu ficasse fora de mim. Não me arrependia, mas poderia ter evitado.
Meus melhores amigos fizeram uma cerimônia linda com direito ao pôr-do-sol praiano no fundo. A festa seria ao ar livre também, com um belo evento: a lua cheia. Tudo muito bem programado e perfeito, como eles mereciam. Ver o sorriso da minha melhor amiga era único e eu não pediria por mais nada.
Quando a bagunça acabou, fomos em direção ao local da festa, as mesas estavam decorando o local, logo os convidados ocuparam os devidos lugares e eu fiquei ao lado do casal, junto com e Greg — esse havia se envolvido com uma das primas de Dylan, não deixei de tirar sarro do garoto que estava o próprio cachorrinho atrás da moça —. Seguimos o cronograma como no ensaio, até que chegou a hora da valsa. Encarei , que sorriu e me acompanhou de braços dados até a pista. Não consegui falar nada, aquilo mexia com a minha cabeça: ainda existia uma história.
A música começou a tocar e nós fizemos os primeiros passos da dança. Quando eu fiquei de frente para o meu parceiro, não consegui encará-lo, mas ele era insistente o suficiente para erguer delicadamente o meu rosto para ele:

— Arrependida?
— Não — sorri envergonhada. Ele sorriu também.
— Me evitando? — ele arqueou uma sobrancelha.
— Sim — sorri culpada. riu balançando a cabeça. — Não me leve a mal, não estava esperando um momento daquele...
— Ainda tem história, ainda tem sentimento — ele suspirou, coloquei minhas mãos em volta do pescoço dele. — As questões que impediam a gente de ficar junto também foram encerradas — olhei para Cammi e Dylan, que se olhavam apaixonados. — Ficar esse tempo longe foi muito difícil.
— Não parece — dei de ombros. A música estava quase acabando. Resolvi ficar em silêncio. Sentir o nariz dele roçando em meu pescoço era ainda mais difícil do que eu imaginava, quando retornarmos a ficar cara a cara, agradeci aos céus pela música ter se encerrado; estava prestes a agarra-lo. — Hora do brinde — falei um pouco sem ar, indo até o microfone. — Boa noite! Ah, finalmente esses dois se casaram... — comecei a dizer, tirando risada de todos. — Camile é a melhor pessoa que eu tenho na minha vida, está comigo desde pequena, em todos os momentos... bons ou ruins — encarei ela, que sorriu. — Sempre nos apoiamos uma na outra e vai ser pra sempre assim. Sempre juntas! — ela secou uma lágrima. Eu também estava emocionada e não queria me estender. — Dylan entrou na minha vida como uma bomba! Eu conheci ele, mas ele não me conheceu... — rimos juntos nos lembrando do primeiro encontro deles. — Naquele dia eu soube que eles eram pra sempre. Desde então, ele trouxe coisas boas para Cammi e para mim — meu olhar encontrou o de . — Obrigada por cuidar de mim como se eu fosse sua família. Quer dizer... nós somos uma família, vocês me provaram isso. Agora eu estou aqui, feliz por ver vocês montando a própria família. O dia que uma mini Cammi estiver desfilando por aí, eu estarei atrás! — novamente, todos riram. — Obrigada por me mostrarem que o amor é algo simples e leve, tudo fica bem no final. Obrigada por serem tão incríveis e os melhores amigos que eu poderia ter ou pedir. Um brinde ao casal! — levantei minha taça, sendo acompanhada por todos. Fui até eles e os abracei. O microfone foi pego logo depois, mas vinha de um local diferente; o palco.
— Boa noite, como vocês estão? — perguntou, sorrindo. Sempre um popstar. — Dylan é meu melhor amigo desde os sete anos, gosto de chamá-lo de irmão. Sempre me apoiando e me ajudando em tudo! Vê-lo se casando hoje é emocionante, afinal, ele encontrou a mulher dos sonhos dele e merece ser feliz. Cammi me mostrou que é a dupla perfeita para esse belo tonto! — nós rimos juntos. Cammi encarava Dy que estava emocionado ao lado dela. — Também me apresentou uma pessoa muito incrível — nossos olhares se encontraram e eu parei de respirar. — Ganhei uma irmã e uma bela amiga, Dylan tem sorte por ter você, cabeçuda! — ela gritou um “eu te amo”. — Aprendi com vocês que devemos lutar por quem amamos. O amor é leve, nós é que complicamos. Espero estar aqui pra ver a vida de vocês daqui dez anos! Amo vocês dois — Dy levantou a taça dele na direção de . — Fiz uma música há um tempo, mas nunca mostrei pra ninguém... queria dedicar a uma pessoa agora, além de dar uma palinha exclusiva no casamento desses ícones...
— Exclusivos! — Cammi se gabou, cantarolando. — Já estava na hora, Griffin! Pegue logo a garota — encarei os dois, sem entender.
— Essa música eu fiz durante um término muito doloroso, nunca tinha terminado ela, mas consegui hoje — ele me encarou. — Espero que você entenda como eu me sinto agora.

(Coloque pra tocar)

Didn't wanna be a ghost. But you pushed me over and over. (Não pretendia ser um fantasma, mas você me afastou cada vez mais) — a banda começou a dedilhar as notas da música, começou a cantar, me deixando sem reação. — Never thought I'd have a vice. Other than you, over and over. (Nunca pensei que teria um vício além de você, mais e mais) — nossos olhos se encontraram. Ele não sorriu, mas eu sabia que ele estava adorando aquilo. — Left you in the sky with the fire below. Thought I had it right but I'm still. (Te deixei no céu com o fogo por baixo. Pensei que estava certo, mas eu ainda estou) — Cammi e Dylan se levantaram, já que a música calma ficou levemente mais animada. Levantei por um impulso dela, que me obrigou. Ainda estava chocada com o que escutava.
Lost in the light. And I don't know what night it is. You're somewhere else I'm drinking not to guess. (Perdido na claridade. E eu não sei em que noite estamos. Você está em outro lugar e eu estou bebendo pra não adivinhar onde seria) era bem conhecido, isso fazia qualquer coisa virar um espetáculo. Não foi diferente com a música nova. — Blurry bodies but you're on my mind. We let it go now I'm full of rum and regre. (silhuetas estão embaçadas, mas você está em minha mente. Nós desistimos, agora estou cheio de rum e arrependimentos.) — ele arqueou a sobrancelha, me fazendo rir por desespero. Aquilo nos descrevia. — I go out just so I can reforget... I go out, go out. (Eu saio e só assim posso esquecer de novo) suspirou, mantendo o olhar. Não sustentei por muito tempo.
— I never thought a sunrise. Could burn more than a midnight without you. (eu nunca pensei que um nascer do sol pudesse queimar mais do que uma meia-noite sem você) Already paying for tonight. Head spins like carousel, over and over (já pagando o preço por essa noite, minha cabeça gira como um carrossel, mais e mais.) Left you in the sky with the fire below. Thought I had it right but I'm still — Cammi estava tão animada que nem conseguia ficar parada, dava vários pulinhos.
Lost in the light
And I don't know what night it is
You're somewhere else I'm drinking not to guess
Blurry bodies but you're on my mind
We let it go now I'm full of rum and regret
I go out just so I can reforget
I go out, go out — ele caminhou até mim. Eu dei alguns passos para trás, mas Dylan estava atrás de mim como uma parede.
Two more footsteps on the wood floor (mais dois passos no piso de madeira)
But it ain't you (mas não é você)
I'm faded so I bring someone home (Estou esgotado e então trago alguém para casa)
Over and over, I do this and I'm still (de novo e de novo, eu faço isso e ainda estou) — as mãos dele encostaram em meu rosto. Poda sentir os flashes me cegando. Meu coração parecia que ia explodir e eu não sabia como deveria me sentir. Ter essa visão dos sentimentos dele, me mostrou que não fui a única que sofri.
Lost in the light
And I don't know what night it is
You're somewhere else I'm drinking not to guess
Blurry bodies but you're on my mind
We let it go now I'm full of rum and regret
I go out just so I can reforget
I go out just so I can reforget
I go out just so I can reforget
I go out just so I can reforget
I go out just so I can reforget
I go out, go out — ele encerrou se ajoelhando. Todos em volta ficaram surpresos e sussurrando. Cammi deu mais pulinhos ainda, chocada pelo que via. Eu arregalei os olhos, assustada.

— O que você está fazendo? — perguntei em um sussurro.
— É assim que eu me senti, . Tentando esquecer algo inesquecível — ainda encarava aquela situação confusa. — Eu ainda te amo e eu quero você. Prometo fazer tudo diferente, prometo ser melhor. Nada no mundo vai conseguir abalar o que a gente tem. Nunca mais.
— Você ficou maluco? — sussurrei, agachando na frente dele, segurando seu rosto. — Tem noção do que está fazendo? Isso aqui vai aparecer em todos os lugares amanhã!
— Então diga sim para eu não pagar de rejeitado para o mundo todo — ele brincou, rindo. — Casa comigo, Deveraux! — Não foi uma pergunta. Arregalei os olhos novamente e fiquei com a boca aberta. — Fica comigo! Me dê uma chance!
— Seria muito engraçado se eu disser “Não” — falei, rindo. Balancei a cabeça e passei a mão em seu rosto. — Você é maluco, Griffin. Não acredito que amanhã eu estarei com o rosto estampado em todos os lugares.
— Isso é um sim? — ele perguntou, receoso.
— Sim — falei baixinho. Ele sorriu e me beijou. Dessa vez na frente de todo mundo. Dessa vez, ignorou qualquer pessoa. Dessa vez ele pensou em apenas em nós.
— Você não tem noção do quanto eu amo você — falou, rindo.
— Posso ter uma ideia... — comentei, sorrindo. — Eu te amo também.
— EU NEM ACREDITO NISSO, PARECE UM SONHO! — Cammi falava, animada. — ME TRAGAM CHAMPAGNE! EU QUERO COMEMORAR O DIA MAIS FELIZ DA MINHA VIDA!
— Finalmente você fez uma coisa certa, — Dylan abraçou o meu namorado. — Finalmente você deixou de ser cabeça dura — ele me abraçou, me fazendo rir. — Já era hora!
— Eu peguei a garota — me encarou, sorrindo. — E não vou mais soltar.




Fim.



Nota da autora: Meu primeiro ficstape!!! Nem sei o que dizer, amei fazer parte desse projeto. Escrevo longfic e é muito difícil escrever uma short (“short” HAHAHA), essa história daria uma bela long, aaaaaaah, pode ser que algumas coisas tenham parecido “corrido” demais, mas é só porque não tenho controle dos meus dedos e uma short tem limites de páginas! Espero que vocês gostem da história desse casal. Eles são especiais. Agradeço a Ilary, por ter me dado a oportunidade de escrever sobre essa música, a Lala que deu a opinião enquanto lia essa história, a Mari Rufino, minha parceira que corrige todos os meus erros e de quebra, escreve as minhas cenas hots! Obrigada meninas <3
Quem quiser, estarei disponibilizando os links das minhas histórias e também do meu grupo no facebook, vocês podem entrar. Ah, não esqueçam de clicar no “recomendar” ali nos comentários, me ajudam muito. Obrigada por lerem.





Outras Fanfics:
Todas de realeza, apenas TCQ envolve magia e um mundo completamente novo, muito incrível!
The Cursed Queen
Avallon
Avallon - The Decision

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