Finalizada em: 31/07/2018

Prólogo

suspirou fundo, aquele dia tinha sido extremamente cansativo. Depois de enfrentar o estágio de fisioterapia pela manhã no hospital, foi até o campus para verificar algumas pendências financeiras e ainda correu para o trabalho remunerado. Jornada dupla não era nada fácil. Agora ela estava dentro do metrô a caminho de casa. Faltava apenas uma estação e chegaria ao destino.
Direcionou seu olhar a janela viu pelo letreiro da estação que estava no Carrão. Olhou além da estação e pode avistar um local, no qual visualizou vários garotos vestidos de branco com faixas coloridas na cintura, era a Academia Melles.
Esboçou um sorriso, sempre que passava ali tinha vontade de desembarcar e conhecer a academia que era em frente à estação de metrô. O que mais lhe deixava intrigada era que não havia nenhuma garota treinando, somente homens. Parecia uma luta bastante interessante, queria ela ter a coragem de ir até lá e ser a primeira garota a treinar com aqueles rapazes, mas sua timidez sempre lhe atrapalhou. O metrô apitou sinalizando que em breve começaria a andar, e a despertou de seus pensamentos.
Em poucos minutos o veículo chegou à estação Penha, a qual era o seu destino, e ela desceu em passos rápidos. Finalmente ela estava chegando em casa. Tudo o que ela mais queria era um banho e a cama, estava sem condições até para comer alguma coisa que a mãe tivesse preparado. Andava com pressa, já se passava das 20 horas e não havia muitas pessoas na rua, e aquilo a assustava. Ela deu uma rápida olhada para trás quando ouviu um barulho de moto, começou a correr, mas já era tarde demais o homem acabou por lhe alcançar.
– Eu quero o celular – ele lhe abordou.
Ela sentiu uma raiva crescendo dentro de si, já era o terceiro celular no prazo de oito meses que era levado por bandidos. Ela olhou para a mão do rapaz e viu que ele nem armado estava, se soubesse se defender... Suspirou fundo e entregou o aparelho nas mãos dele, sem pestanejar.
Ele partiu sem olhar para trás, ela revirou os olhos, cansada. Daquele dia em diante, prometeu a si mesma que nunca mais se sentiria impotente e indefesa perante a ninguém!



Capítulo Único

Algumas semanas se passaram após o acontecido com . Ela sabia que havia passado por uma situação traumática, agora precisava lidar com essa condição do seu jeito.
Estava no metrô, mas diferente das outras vezes, ela desceu na estação Carrão. Com passos vacilantes, ela saiu, atravessou a rua e entrou no local. Olhou de soslaio, tímida e pode avistar a recepcionista da academia. Ela, agora, tinha a determinação como motivação para entrar naquele lugar que tanto admirou por meses.
– Olá, como posso te ajudar? – a moça perguntou sorridente, trazendo a atenção de para ela.
– Oi, eu queria saber como funcionam as aulas dessa luta? – ela apontou com as mãos o local onde havia um tatame montado.
– Uau – ela a olhava espantada – Nossa, achei que tivesse interessada na musculação ou nas aulas de zumba. – sorriu sem graça – Não quero lhe constranger, me desculpe. Essa luta é chamada de taekwondo, é uma luta coreana. – ela pegou o panfleto e entregou a moça – O mestre está há dois anos aqui na academia, possui grande experiência na área. Ele é faixa preta há dez anos.
– Nossa, que bacana. Eu gostei muito – a escutava, enquanto olhava o panfleto – Eu poderia assistir a uma aula?
– Claro que sim. Qual é o seu nome?
– as duas apertaram levemente as mãos.
– Muito prazer, , meu nome é Maite. Venha – a moça liberou a catraca para que pudesse entrar.
Ela puxou a mão da garota, elas adentraram ao tatame, chamando a atenção do mestre que olhava os alunos correrem em círculo. Quando olhou o rapaz, ficou surpresa, era extremamente jovem e ainda era muito bonito. Acabou suspirando fundo.
– Com licença, , essa é , veio assistir a uma aula experimental.
– Oh, claro – a boca do homem se curvou num sorriso – Muito prazer, , meu nome é . Espero que goste da aula e se interesse em praticar a luta. Como você pôde perceber, não temos muitas mulheres – ele apontou para trás, fazendo com que a mulher não visualizasse nenhuma, ela já havia reparado isso há muito tempo.
– É, eu vi – os olhos dela brilharam – Muito obrigada – ela deu um meio sorriso tímido.
– Que isso. Sente-se aqui, por favor – o rapaz apontou uma cadeira que ficava afastada do tatame, mas que deixava a visão do local bem privilegiada – Com licença. – ele voltou aos alunos – Parou, galera – ele gritou para os oito rapazes – Braços para frente, braços pra trás em movimentos circulares. – Eles rapidamente o obedeceram.
Um rapaz entrou esbaforido no lugar, chamando a atenção do grupo.
– Licença, mestre – o garoto abaixou a cabeça, envergonhado.
– Dezesseis minutos de atraso? Vai pro canto do tatame, cinquenta polichinelos – arregalou os olhos para atitude do mestre, percebera que o homem era rígido a horários. O rapaz prontamente obedeceu.
– Thiago? – um rapaz com uma faixa vermelha na cintura direcionou seu olhar ao professor. – Segure o escudo, por favor – o rapaz segurou – Duas sequências de ap tchagui – sabendo que tinha a moça assistindo rapidamente explicou o que era – Chute frontal dobrando o joelho. Perna direita, perna esquerda. Vejam.
Ele chutou o escudo e a cada chute ele soltou um grito. olhou a cena com estranheza. Por que era necessário gritar?
– Depois dessa sequência, mais duas com a perna direita e perna esquerda de Mirô tchagui, chute empurrando.
Novamente, ele fez a demonstração aos alunos e gritou a cada sequência desferida no escudo.
– ‘Bora, galera – ele gritou com os alunos, e eles responderam com um que provavelmente deveria significar um sim. – Deu os cinquenta polichinelos?
– Sim, mestre.
– Com os outros. Tio gá (corre) o rapaz rapidamente correu junto com os outros garotos.
Um rapaz foi chutar o escudo e não gritou, mestre franziu o cenho irritado.
– Alysson, cadê o grito? – o rapaz abaixou a cabeça – Faz de novo com grito, se não trinta polichinelos – o rapaz prontamente chutou o escudo com grito, conforme ordenado – Isso, bem melhor!
Apesar da jovialidade e beleza que mestre possuía, ele era um homem extremamente rígido e firme com seus alunos. sabia que se entrasse para aquela arte marcial teria que lidar com o jeito mandão dele. Ela só queria tornar-se forte e se tivesse que passar por isso, ela então passaria.
– Ei, – o professor a despertou dos seus pensamentos – Quer tentar? – o homem apontou para o escudo.
– Eu? – ela mordeu os lábios, receosa.
– Venha – ele a incentivou mais uma vez, ela balançou a cabeça ainda negando, tinha vergonha – Ninguém morde aqui, – ela suspirou, e levantou-se e foi em direção a eles. – Rapazes, essa é a , veio assistir a uma aula experimental. – os rapazes a cumprimentaram com sorrisos fechados.
O mestre pegou outro escudo e direcionou o olhar a , a incentivando.
Mirô tchagui, chute empurrando com o peito do pé, coloca toda a sua força no pé – ela assentiu, dando o chute, mas fora fraco demais. – Eu sei que você pode mais, – ela colocou maior força no chute e dessa vez o professor de uma leve mexida nos dois braços – Mais força – ele a desafiou.
Ela suspirou fundo, voltando a chutar mais duas vezes no escudo e fazendo o homem cambalear pra trás.
– E agora? Tá bom pra você? – ela arqueou a sobrancelha, nervosa. Ele havia a tirado do sério.
– Por hora está bom – ele sorriu – Olha, como você pode visualizar, eu sou bem rígido, vou até o limite de cada aluno meu, não é à toa que somos os melhores da região. Se ficar você vai ficar forte, creio que o que esteja procurando é isso, não? – ele piscou marotamente.
Maite percebendo que o final da aula se aproximava, apareceu na entrada do tatame, despertando a atenção de .
– Sim, é o que eu mais quero. – ela sorriu minimamente – Bom, preciso dar uma resposta a Maite – ela apontou a cabeça pra moça – Agradeço muito pela aula experimental.
– De nada, espero ver você na sexta. – ele a incentivou. Com um aperto de mãos eles se despediram.
– Claro, ah, mestre? – ela virou-se totalmente pra ele. – Por que é necessário gritar enquanto disfere algum golpe? – ela perguntou curiosa. O rapaz sorriu com a pergunta.
– O termo correto para o grito é Kihap. Segundo os ensinamentos do Taekwondo, você consegue potencializar a força do golpe, – Ele fez uma breve pausa – Outro ponto, ele serve para controlar a respiração, afinal, se não respirar direito, durante um combate, você acaba se cansado mais rápido e portanto, está fadado a derrota.
– Nossa, eu não imaginava – ela o olhou espantada – Bom, muito obrigada pela explicação. – deu um aceno de cabeça e acabou se despedindo do homem.
– Até sexta – ele sorriu, e voltou a olhar o treino dos rapazes.
– E então? Gostou da aula? – Maite perguntou, animada.
– Onde eu assino? – elas riram e foram até o balcão para que Maite redigisse o contrato de prestações de serviços.

****

– Oi, mestre – entrou esbaforida pela porta – Me desculpe o atraso, é que... – ele a interrompeu.
– Cinquenta polichinelos! – ele ordenou que ela fizesse.
– Mas, mestre, eu...
– Sessenta! Se reclamar aumento pra oitenta! – ela arregalou os olhos, em choque. Acabou se direcionando para o canto do tatame pra fazer os exercícios.
Era a segunda semana de treinos de , e não havia aliviado pra ela, pegando sempre no pé, dizendo que nunca estava bom os chutes. Maldita hora que havia assinado aquele contrato... E o pior é que o homem não havia a enganado, desde a aula experimental ele mostrou ser rígido, mas ela gostava de um desafio, agora estava pagando as consequências.
Suada e ofegante ela terminou os polichinelos e se juntou aos rapazes. Sentou-se mais para trás, para ver o duelo de dois garotos de faixa verde ponta azul. Parecia uma dança de tão bem sincronizados que ambos estavam, tudo o que queria era chegar ao nível deles.
! – o professor a chamou, lhe trazendo a realidade. Ela assentiu para que ele continuasse a falar – De pé! – ela rapidamente lhe obedeceu, se pondo na frente de seus colegas – Rapazes, luta corpo a corpo. Lado direito se defende, lado esquerdo ataca! Foco! – eles se posicionaram da forma como o professor ordenará – Venha, – ele a trouxe para o canto do tatame.
, professor – ela o olhava confusa, o que ele queria, afinal?
– Andei pensado essa semana, como você é a única garota aqui, os rapazes podem te machucar em um combate direto! Eles não têm muita noção, e você está na faixa branca ainda, pode se machucar gravemente – ela concordou – Por isso, seus treinos serão comigo. Quero te dar total atenção, mudaremos o horário das aulas para uma hora mais tarde. Assim que eu te sentir segura a gente volta ao horário antigo, tudo bem por você?
– Tudo bem, mestre, como ficar melhor – ela assentiu.
– Estou te dispensado agora, na próxima aula uma hora depois – ela olhou pra baixo engolindo a vontade de revirar os olhos para o homem. Se ele sabia que ia a dispensar por que a mandou fazer os polichinelos?
– Ok – ela rosnou e saiu a passos duros ao vestiário da academia. Aquele homem...

****

chegou quinze minutos antes para a aula, ela queria evitar atrasos ou falações desnecessárias. Vestiu a roupa adequada da academia, e esperou até que o professor aparecesse ali. Ele entrou na academia e suspirou, nunca havia o visto sem o dobok*, ele ainda conseguia ficar mais bonito.
– Só um minuto, , eu vou só me trocar e já venho. Pode ir se aquecendo, por favor – ela assentiu, e engoliu em seco quando ele passou por ela. Mesmo depois do treino com os meninos ele ainda por cima estava extremamente cheiroso.
O professor demorou alguns bons minutos para que enfim entrasse no tatame e pode ver a aluna se aquecendo conforme ele havia pedido. Passou mais uma série de rápidos exercícios para que enfim ela pudesse estar com o preparo adequado para lutar. pode reparar que o professor estava com os equipamentos para proteção.
– Parou! – ela terminou a seleção, ofegante. – Coloca isso aqui – ela viu que ele lhe esticava o protetor de peito, ela rapidamente o pegou, sabendo o que aquilo significava, eles teriam uma luta.
– ela colocou o protetor, mas obviamente devido as amarras na parte detrás, ela não conseguiu fechar.
Ele vendo aquilo se aproximou, jogou o rabo de cabelo da garota para frente, deixando a região das costas livre para que começasse a amarrar o protetor na região torácica da mulher. Ele segurou a cintura dela com a mão esquerda, ajeitando o objeto no local, e amarrou com força, para que a proteção ficasse bem colocada.
– Tá bom assim? – ele perguntou próximo ao ouvido dela, inevitavelmente ela se arrepiou com a voz rouca dele tão perto dela. Ele acabou reparando, e guardou um sorriso para si.
– S–sim – ela gaguejou e quis se bater por isso. Agora o que ela precisava era que seu mestre soubesse que ela tinha uma leve quedinha por ele. – Pronto! – ele finalmente saiu detrás dela, e se colocou a sua frente. Ele não pode deixar de sorrir, era uma mulher muito bonita, seria tolo se não tivesse reparado nisso. – Você vai me atacar com o miro tchagui (Chute empurrando) e em seguida me desferirá dois chutes do lado esquerdo e direito Ap tchaoligui (Chute frontal com a perna esticada). Ok?
– ele fez sinal com as mãos para que ela viesse lhe atacar. se pestanejar deu a primeira sequência que lhe foi ordenada.
– Muito fraco, mais forte, – ele a advertiu e novamente a garota chutou, mas não foi com a força que ele queria. – Chuta que nem mulher, cadê a raiva, ? Seja por qual motivo você tiver aqui, se ficar chutando sem vontade assim jamais atingirá seu objetivo – ela mordeu o lábio inferior, nervosa. E então ela foi com toda a força que possuía e desferiu os três chutes, inclusive, a cada golpe aplicado ela gritava. Ela foi fazendo a sequência várias vezes e devido a força aplicada fez com que o mestre desequilibrasse, ele acabou segurando o pé dela no reflexo fazendo com que ela caísse com ele no chão. Ambos lado a lado, ofegantes.
– É disso que eu tô falando! Você é forte, eu posso ver isso. Por isso pego tanto no seu pé – ele virou o rosto na direção dela, que tinha um largo sorriso.
– Eu percebo – ele acabou rindo com o comentário dela - Muito obrigada, mestre! – ela não pode deixar de ficar contente, sinal que estava no caminho certo. O mestre deu um tapa no chão e rapidamente estava de pé, deu a mão a garota que a segurou e também o imitou.
– Agora, vamos lá me ataque com tudo o que já aprendeu, – ele começou a dar pulinhos no tatame, enquanto aguardava que a garota lhe atacasse.

Três meses depois...

estava amando praticar a luta, sentia-se livre, leve... Era maravilhoso. A cada dia ficava mais forte, e menos indefesa. Parecia que a luta sempre lhe pertenceu. Para , aprendia as coisas com facilidade, tinha manejo com os pés e acima de tudo era muito aplicada. Não sabia o que a motivou a procurar a luta, mas seja o que fosse a garota era muito forte, por isso, não se arrependia de ter feito o que fez.
– Mestre , queria que falássemos depois do treino – ela abaixou a cabeça, lhe saudando.
– Pedi para que esperasse porque quero lhe comunicar algo. – ela levantou uma sobrancelha, em dúvida.
– Que seria?
– Te inscrevi no campeonato municipal – a moça sentiu a cor da face sumir.
– Você o quê? – ela sussurrou.
– Desde o primeiro dia na aula experimental, a forma como você chuta, o jeito que você treina, me mostra que depois desse tempo você está completamente preparada. Você nasceu para isso.
– Você não tinha o direito de me inscrever sem me comunicar previamente, eu... Eu... – ela grunhia de raiva.
– Sou eu quem decido se o aluno está bem para lutar ou não, não achei que isso fosse problema pra você – ele não entendia a reação da garota.
– Mas foi! – ela passou as mãos no cabelo, nervosa. – Eu não me sinto segura ainda, eu vou apanhar muito.
– Olha, , em primeiro lugar ninguém vai te machucar desse jeito, eu não vou deixar! – ela sentiu a veracidade das palavras dele, e piscou os olhos aturdida – Por favor, acalme-se, eu tenho muitos anos nesse esporte e se eu te inscrevi com menos de quatro meses é porque eu acredito no seu potencial. Por Deus, você é faixa branca, jamais enfrentaria alguém, por exemplo de faixa vermelha.
– Eu não sei o que dizer... – ela balançou a cabeça negando – É muita informação pra processar. Eu preciso ir pra casa.
– Por favor, pense com carinho, você é promissora, não jogue essa oportunidade fora, ok? – ela mordeu os lábios enquanto o encarava. Ela realmente tinha uma relação estranha com aquele homem, ele a instigava tanto. Era impossível não se sentir nem um pouco atraída por ele, ainda mais com aquele olhar que ele direcionava a ela, por fim, nem percebeu quando as palavras pularam de sua boca.
– Eu vou pensar, eu prometo – ela recolheu suas coisas e se foi dali, deixando o homem com um frio na barriga, temendo que a decisão da mulher fosse uma negativa.

***

Ela respirava com certa dificuldade, enquanto assistia Matheus, seu colega de academia levar vários golpes no protetor, obviamente ela sabia que ele estava perdendo, e vê-lo ali dando tudo de si e não conseguindo vencer lhe deixava muito nervosa.
se levantou as pressas, ela não lutaria de jeito nenhum. Tinha muito medo de não atingir as expectativas que o mestre havia colocado nela, então ela sem olhar para trás, começou a andar depressa. Mas em poucos segundos sentiu uma mão a puxar para um local desconhecido por ela. Suspirou fundo quando percebeu quem era a pessoa que a levava.
– Onde pensa que vai? – ela revirou os olhos, tudo o que ela queria era ir embora dali.
– Eu vou embora? Eu nunca vou conseguir ganhar – ela sorriu forçado.
, não é porque Matheus, Lucas e Kauan perderam que o seu destino será igual. Tenha um pouco de fé em si mesma. Você não quer ser forte? – ele suspirou fundo.
– Nunca lhe contei porque escolhi entrar na academia, né? – ela concluiu, não esperando que ele falasse algo, ela continuou – Eu escolhi porque eu queria saber me defender caso fosse assaltada de novo... Mas praticando a arte marcial eu descobri que é tudo o que eu sempre quis. Eu me apaixonei por ela.
– Então não caia no primeiro percalço que apareça – ele colocou uma mecha de cabelo que caiu do rosto dela para trás – O medo sempre está com a gente, você mais do que ninguém sabe disso. E nunca diga nunca, você é capaz, e eu estou aqui, acreditando em você – ele abaixou a mão. sem muito pensar abraçou o rapaz apertado.
– Obrigada, muito obrigada – ela fechou os olhos, enquanto ainda o abraçava. Separou-se daquele homem cheiroso sem vontade, queria ficar ali o quanto pudesse.
– Agora vamos voltar que você vai arrebentar aquela garota – ele passou o braço pelo ombro dela enquanto a conduzia até o lugar, lhe dando força. tinha um frio na barriga, mas acabou se deixando levar.
Depois de assistir há mais duas lutas, finalmente viu seu nome no telão. Suspirou fundo, sentia que teria um infarto há qualquer momento já que tinha o coração disparado. Com passos lentos ela se dirigiu até o meio do tatame, e suspirou fundo olhando sua oponente. A mulher era bem forte, mas era faixa branca como ela, aquilo lhe acalentou. Cumprimentaram-se brevemente e ao sinal do juiz, começou a luta. Sem pensar muito sua oponente começou a chutar tentando lhe acertar, tudo o que ela conseguia fazer era se defender, a mulher era muito rápida. assistia a luta apreensivo, parecia ter medo, tudo o que fazia era se defender, não havia atacado nenhuma vez.
– Vamos, ! Você consegue! – ele não conseguiu controlar as palavras, queria que ela vencesse mais do que tudo. – O que eu te disse, hein? Você é forte, vamos lá.
não pôde deixar de sorrir com o incentivo dele, se esquivou de mais um golpe. Aproveitou a brecha da defesa da garota, e lhe deu um Yop tchagui (chute lateral) e a oponente foi um pouco para o lado devido a força aplicada no golpe, aproveitando o momento, desferiu mais dois chutes na cintura da mulher, e pra finalizar deu um miro tchagui (chute empurrando) e a mulher foi ao chão. Antes que ela pudesse levantar o juiz sinalizou o fim da luta, devido à queda da oponente. Ele levantou o braço direito, apontando para o lado de , sinalizando que ela era campeã. Ela sentiu que lágrimas escorriam de sua face, ela jamais pensou que pudesse ganhar. Viu se aproximar, e sem muito pensar, se jogou no braços do homem, que a pegou no colo rapidamente, vibrando muito com ela. Sem pensar muito ele aproximou o rosto do dela, para lhe beijar a bochecha, mas acidentalmente o beijo pegou na boca. Eles ficaram se encarando por um tempo em choque, até que se aproximou e o beijou agora com vontade. O beijo começou com o ritmo lento, tímido, mas logo se intensificou, devido a euforia por ela ter vencido. Não pensaram que tinha uma plateia ali que os assistia, só curtiram o momento. Eles se separaram com sorrisos confusos, desceu do colo dele, sentindo um rubor subir por sua face. Ambos não disseram nada depois daquele momento, nada precisava ser dito. Naquela tarde de outono havia sido a primeira luta dela, e o primeiro beijo deles, ainda havia muitas lutas e muitos beijos por ai.



Epílogo

! ! – a moça podia ouvir os gritos do lado de fora. Era o seu estado todo torcendo por ela, participar daquele campeonato regional era tudo o que sempre sonhou. Como ela amava aquilo tudo.
Ela começou a andar de um lado para o outro, nervosa, em seu camarim, quem diria que um dia, devido a um incidente desagradável ela estaria ali em uma luta profissional. Olhou as fotos que tinha espalhadas pelo espelho, sua mãe, sua irmã e ele.
A vida gostava mesmo de brincar, ela nunca achou que pudesse ter algo com aquele rapaz durão, chato, exigente... Suspirou fundo, enquanto agora tinha seu olhar direcionado para o grande relógio pendurado na parede. Onde ele poderia estar? Ela precisava mais do que tudo dele, principalmente naquele momento tão importante pra ela, e ele nunca deixou de participar de sequer uma luta, imagina essa que tinha um teor maior ainda.
Passou a mão sobre os cabelos, e se sentou no sofá. Permitiu que seus pensamentos voassem para outro lugar, voassem para onde tudo começou, de repente era melhor relembrar de algumas coisas para que pudesse se acalmar, ao menos um pouco... Como se conheceram, o primeiro beijo, o primeiro carinho, cuidado, era seu amuleto da sorte. Ela nunca achou que era forte o suficiente, mas vinha ele com palavras fortes lhe provando que ela estava errada.
Assustou-se quando entrou esbaforido pelo cômodo, sorriu aliviada, se jogando em seus braços.
– Minha campeã – ele a abraçou ternamente.
– Você não tem noção do quão é bom te ter aqui comigo – ela abriu um lindo sorriso, dando um beijo casto no namorado. – Mas você demorou, achei que teria que entrar naquele tatame sem meu mestre.
– Eu sei, e peço desculpas pelo atraso, peguei um trânsito que nossa! – ele lhe deu mais um selinho. – Como está por aqui? – ele colocou a mão em seu coração, pode ver que batia muito forte.
– Ai, , estou tão nervosa... – ela respirou fundo, tinha as mãos trêmulas – E se eu não conseguir? Se eu perder?
– Para com isso, você é forte, determinada, focada. Dedicação deveria ser seu sobrenome, amor – ela sorriu com as palavras dele – Você vai subir naquele tatame e derrubar aquela mulher.
– Eu não sei... Eu tenho tanto medo de nunca conseguir – ela murchou os ombros.
! Eu acredito em você. Entenda, você pode, e você vai conseguir. Tira essa palavra nunca do seu vocabulário – ele lhe abraçou fortemente – Se lembra quando te inscrevi pro primeiro campeonato?
– Sim, eu me lembro.
– Você não acreditava em si mesma, mas eu acreditei e ali naquele tatame você venceu sua primeira luta. Você já lutou tanto desde aquilo ali, você evoluiu tanto, merece a faixa preta que está na sua cintura.
– Venci minha primeira luta, e ganhei o coração do homem mais maravilhoso do mundo – ela passou os braços pelo pescoço dele – Te amo. Obrigada por sempre saber o que dizer pra derrubar meu pessimismo. Não sei o que faria sem você na minha vida.
– Continue lutando e alcançando muitos patamares que eu já fico muito feliz – ele sorriu, segurando o rosto dela e lhe dando um beijo rápido – Boa sorte.
Juntos os dois caminharam em direção ao tatame e logo encontraram uma multidão grande, toda a torcida de estava ali para apoiá-la na Copa Brasil de Taekwondo. Ela deu alguns pulinhos, cumprimentou a oponente e suspirou fundo, escutou mais alguns gritos de incentivos, mas sem dúvidas seu foco era os de . Como amava aquele homem.

***

Logo o juiz liberou o combate e começou atacando a oponente, já que havia visto brechas na defesa dela, ela foi dando vários chutes na lateral do protetor da oponente, até que por fim um chute entrou com força fazendo com que a mulher abrisse mais a defesa, e foi o momento perfeito para que desferisse vários Ap tchagui (chute frontal dobrando o joelho), por fim fazendo com que ela já não conseguisse mais segurar a defesa, a abrindo totalmente. aproveitou e usou o Timio Yop tchagui (Ap Tchagui saltando, ou seja chute frontal dobrando o joelho com salto) fazendo com que a oponente fosse ao chão com força. O juiz paralisou a luta, devido a quantidade de pontos que adquiriu com o golpe e lhe consagrou campeã daquela luta. Mais uma vez entrou no tatame e se jogou nos braços dele.
– Minha campeã – ambos se beijaram apaixonadamente, enquanto a girava pelo tatame, não quebrando o beijo.

Pick it up, pick it up, pick it up Pick it up, up, up And never say never Here we go!






Fim!



Nota da autora: Quando eu peguei essa música no ficstape eu só conseguia pensar em fazer alguma coisa com relação a artes marciais ou algo assim porque eu amo Karatê Kid hahah e a música é tema do filme
Então resolvi criar uma pp bem forte, determinada mesmo com o pessimismo e inseguranças dela, e colocar em uma arte marcial que eu amo e pratico: o Taekwondo! Eu confesso que ando meio afastada devido a faculdade, mas assim que eu terminar vou focar de novo haahah! Enfim, espero que tenham gostado e se puderem pratiquem alguma luta, é maravilhoso! Beijos! <3
Ps: Vocês devem estranhar eu não ter colocado rounds e tal, não o fiz porque senão a fanfic ficaria muito longa e passaria dos limites do ficstape hahaah





Outras Fanfics:
Longs:

I Won't Forget You
Outros/Em Andamento
Good Enough
Cantores/Em Andamento
Our Love
Atores/Em Andamento

Ficstapes:

02. Os Anjos Cantam
Ficstape #090 - Jorge e Mateus/Finalizada
03. Sk8er Boi
Ficstape #069 - Avril Lavigne/Finalizada
05. She Moves In Her Own Way
Ficstape #094 - The Kooks/Finalizada
06. Don't Forget
Ficstape #099 - Demi Lovato/Finalizada
08. Rock Wiyh You
Ficstape #100 - Michael Jackson/Finalizada


Nota da beta: Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


comments powered by Disqus