Eu acho que todos temos momentos dos quais nos enganamos na vida, eu sinto como se tudo passasse em flashes rápidos, como eu filme completamente fora de ordem, mas eu acho que é isso que acontece quando nos deixamos levar, quando pulamos de cabeça em algo, sendo que a outra pessoa só está disposta a receber gotas desse sentimento, a sensação de estranheza ficou muito nítida para mim, porque até então eu me lembro disso tudo muito bem, pelo menos era o que eu pensava, porque agora a realidade me faz pensar que minhas lembras são de algo distorcido, não do que eu acreditava ser você.

And I left my scarf there at your sister's house,
And you've still got it in your drawer, even now…

Eu sentia a leve brisa que entrava pela janela do carro bagunçar meus cabelos, eu não estava me importando muito com isso, porque o sentimento de relaxamento que aquilo me proporcionava era muito melhor, e eu estava precisando daquilo no momento.
Sempre fui o tipo de pessoa que se importa muito com rituais simples do cotidiano, eu diria que causava uma sensação de ansiedade e euforia mais intensa do que nas outras pessoas, e conhecer a família do namorado com certeza estaria no topo, se eu fizesse uma lista sobre.
O relacionamento já durava cerca de cinco meses, e as coisas iam ótimas, por isso decidíamos dar esse passo e pelas coisas que eu sempre escutava do meu namorado sobre sua família, eu estava mais nervosa que o normal naquela semana. Não que as coisas que ele me disse fossem ruins, pelo contrário, talvez isso se pendura-se dentro de mim exatamente por querer superar expectativas, essas que eu nem sabia qual, e talvez ele tenha percebido algo, porque resolveu me apresentar somente para a sua irmã, primeiramente. Talvez seus pais fossem um nível de dificuldade maior.
— Amor, está tudo bem?
Prestei atenção na mão dele repousada não minha coxa, somente quando ele falou.
— Está sim, por que?
— Você parece estar fora de órbita.
Ele riu logo em seguida e eu o acompanhei.
— Só estava pensando sobre o nosso relacionamento.
— Aé? E devo me preocupar.
esboçou uma expressão que se eu não o conhecesse acreditaria que estava realmente com medo de algo.
— Não, bestinha! Pensando em conhecer sua família.
— Aaah fica tranquila , minha irmã vai te adorar eu tenho certeza.
— Se você diz…
Não demorou mais do que vinte minutos até ele começar a estacionar o carro, eu encarei a bela mulher sair da casa e vir direto me cumprimentar, sequei a palma da mão na minha calça, para tentar disfarçar o suor, dei-lhe um aperto de mão.
— Me desculpe se a comida não lhe agradar , ele me avisou de última hora sobre você vir comer aqui.
— Magina, eu tenho certeza que vou amar.
Ela sorriu e fez um gesto indicando que devíamos entrar.
A casa era linda, tinha um estilo rústico, mas seu toque era especial.
— , você pode deixar seu cachecol ali, eu adorei a cor dele, vermelho é diferente.
Ela apontou para o móvel de madeira com cabides atrás de mim, eu o tirei e pendurei, agradeci pelo elogio e segui para onde a mesa já estava montada para almoçarmos.
A tarde foi bem mais agradável do que eu esperava, a verdade é que aquele clima do qual eu tinha tanto receio não existisse, como se eu fosse uma velha amiga, eles fizeram questão de deixar as coisas tranquilas, me tratando com naturalidade.
— Então, o que achou?
parecia empolgado, esperou para fazer essa pergunta quando já tínhamos voltado para o carro, seguindo o caminho de volta para a casa.
— Eu adorei eles, acho que foi recíproco.
— Foi sim, ual! Eu estou bem surpreso.
— Devo ficar ofendida?
— Não, não amor, perdão! Só quis dizer que eu achei que ia demorar mais um pouco até vocês ficarem íntimos.
— Tudo bem, eu só acho… Aaaa droga!
— O que foi?
Passava minhas mãos pelo pescoço sentindo a falta ali.
— Esqueci meu cachecol lá.
— Quer voltar para buscar?
— Não, não precisa, a gente pega outro dia.
— Sim, quando voltarmos lá, você pega, isso não vai demorar mesmo.
Sorri para ele, me esticando o suficiente para conseguir alcançar sua bochecha, lhe deixando um beijo rápido, para não atrapalhar sua atividade de dirigir.
Eu me lembrava dessa frase muito bem, a verdade é que ele estava mentindo, a gente nunca voltou lá.

I remember it all too well…

A verdade é que visitando todos esses pensamentos de memórias ultrapassadas, eu me lembro muito bem de tudo, e isso me ajudou a perceber que você não me mencionou como namorada em nenhum momento no dia que esqueci o cachecol vermelho na casa de sua irmã, quando fizemos aquela viagem eu esperei ansiosamente pela palavra amor sair pelos seus lábios, mas a verdade é que me agarrei a pequenas coisas para acreditar nisso, porque no final você nunca chamou aquilo pelo o que era, quando você me puxou para dançar a luz do nosso refrigerador eu pensei que era uma reconstruções daquelas cenas românicas de filme, mas era uma distração para o que estava acontecendo no seu aparelho telefônico, quando sua mãe tentou me contar histórias, eu achei que você estivesse envergonhado, mas você só queria me tirar dali o mais rápido possível, talvez porque soubesse que eu não precisava saber do seu passado, já que você não nos planejava um futuro? Eu me lembro de tudo muito bem, em duas versões diferentes, mas me lembro de tudo muito bem. Talvez para ela, a outra enganada dessa história também estivesse, afinal ela pensava que eu era outra coisa, outro cargo na sua vida, mas nos compartilhávamos o mesmo de amor, ou pelo menos era isso que eu pensava, mas no fundo talvez só compartilhássemos o sentimento de lembrar de tudo muito bem.

Nota da autora:
Oiii meus amores!! Tudo bem?
Nossa eu nem sei explicar para vocês como eu me sinto em relação a Taylor, eu acho que é um sentimento de identificação, que compartilhamento mesmo que a gente não se conheça, escrever essa música tem um significado mais especial por isso e eu acho que mesmo que eu atingisse o limite de 40 páginas eu não ia conseguir transmitir isso, mas eu espero que vocês tenham gostado do escrevi aqui <3 Queria agradecer de coração para quem leu ❤️

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