Capítulo Único
A última bagagem é posta no porta-malas e finalmente posso suspirar aliviada. Passeio os olhos pelo bagageiro, conferindo cada item: Mala com roupas de emergência, sapatos, maleta de maquiagem, nécessaire de higiene pessoal, secador, babyliss e todos os produtos pra cabelos e, finalmente, o vestido no banco traseiro — o qual deu um trabalho do caralho para colocar sem amassar.
Eu não estava conseguindo acreditar que depois de seis meses de muito estresse, planejamento, ligações, dietas e provas de roupa, o tão esperado dia havia chegado: O casamento do meu irmão.
— Tá tudo aí? — pergunta e eu balanço a cabeça, concordando. — Tem certeza, ? Porque depois que partimos não tem volta.
— Tenho, piá*! — respondo, irritada, e ele levanta as mãos como se estivesse se rendendo.
— Você foi no banheiro? — ele questiona, fazendo-me olhá-lo com a sobrancelha arqueada. — São quase nove horas de viagem, é melhor ir logo.
— Me lembra de novo quem foi o lazarento que teve a ideia de viajar de Curitiba até Gramado de carro se existe uma coisa chamada avião?
— A culpa é do seu irmão, eu só estou seguindo ordens — dá de ombros.
— Tinha que ser! Piá lazarento do djanho*! — exclamo e ele ri da minha irritação.
— Vamos logo para não atrasar.
Concordo e dou a volta no carro até o banco do passageiro enquanto fecha o porta-malas, e em seguida ocupa o banco do motorista. Ele dá partida no carro e seguimos o caminho em silêncio.
— Você não deveria ficar com raiva do seu irmão, ele pensou que seria melhor você ir de carro por causa do vestido, que é mais fácil de carregar, daí como eu moro no bairro ao lado do seu, ele me pediu para te buscar.
Então ele estava morando perto de mim todo esse tempo e nunca me procurou? Guri lazarento!
— Só assim pra dar as caras, hein? Porra, desde que você entrou pros bombeiros nunca mais te vi, piá!
— A vida anda corrida, mal tenho tempo de dormir, guria, só vou nesse casamento porque conheço teu irmão desde piázinho.
Concordo com a cabeça porque, pra ser sincera, se dependesse só de mim, eu também não iria. Só de pensar em ouvir parentes distantes que só aparecem para comer e reclamar perguntando dos estudos e dos namoradinhos já me deixava exausta.
— Dá pra acreditar que o Chris e a Mari vão se casar? Lembro como se fosse ontem a gente jogando videogame e correndo na rua, cara.
— Em pensar que já faz quase dez anos que essas coisas aconteceram, me sinto velho pra caralho — ele diz e eu solto uma risada, concordando.
Não consigo pensar em como continuar a conversa, então fico em silêncio e também, tornando a situação um tanto constrangedora, então utilizo a tática infalível de ligar o rádio, o que não ajudou muito, pois começou a tocar um daqueles hip-hop do começo dos anos 2000, o que era uma perfeita lembrança da infância e o sufoco de baixar músicas em sites clandestinos cheios de vírus, demorando horas por causa da internet discada, e por em um mp3 que mal cabem vinte faixas em seus míseros 200MB.
Me retraio no banco ao lembrar que nem todas as músicas da época me traziam boas memórias, como as incontáveis noites que passei ouvindo You Belong With Me, chorando e alimentando as minhas fantasias adolescentes de algum dia ter um romance digno de filme americano com o melhor amigo do meu irmão. Abraço minhas pernas encolhidas, apoiando o queixo sobre o joelho, e mordo o lábio inferior, ainda incerta sobre o que eu iria falar, porém sabendo que era necessário ou eu seria assombrada por aquilo pelo resto da vida:
— Eu sempre me perguntei o motivo de você nunca ter ficado comigo. Quer dizer, você beijou praticamente todas as minhas amigas, mas por que eu não?
me encara por alguns instantes, parecendo totalmente surpreso com a pergunta, e suspira.
— ...
— Eu sei que nunca fui um exemplo de beleza e sempre fui acima do peso, mas não foi só por isso, foi? — ele abre a boca para responder, porém volta a fechá-la e balança a cabeça negativamente. — Pode me contar a verdade, , acho que já tô bem grandinha pra aguentar o que quer que seja.
Ele aperta as mãos no volante e em seguida passeia-as pelo cabelo, em sinal de nervosismo. Alguns minutos se passam e apenas a música em volume ambiente que sai pelo rádio impede que um silêncio constrangedor se instale entre nós.
— Parte do motivo foi porque meus amigos sempre me zoavam por nós dois passarmos muito tempo juntos, e toda vez que te perguntavam se você gostava de mim, você ficava vermelha e aí começava aquela chuva de zoação e apelidinhos. Não tinha nada a ver com a sua aparência, você é e sempre foi linda pra mim, mas naquela época eu me importava demais com o que os meus amigos pensavam, sabe? Eu era muito novo, era um...
— Piá de prédio*! — completo e ele me olha um tanto indignado e depois sorri.
— Essa doeu, mas, tudo bem, eu mereci.
Emito uma risada e concordo com a cabeça. Mais alguns minutos de silêncio se passam enquanto eu repasso mentalmente toda a conversa que acabamos de ter, no entanto, uma coisa que ele disse me deixa intrigada, então resolvo perguntar:
— Qual era a outra parte?
— Outra parte do que, guria? — ele franze o cenho.
— Você disse que parte do motivo de você não ter ficado comigo foram os seus amigos, então isso quer dizer que não foi o único motivo...
volta a atenção à estrada e vejo seu pomo de Adão subir e descer e, por mais que ele tente disfarçar, seu rosto começa a ficar ruborizado.
Ele está... Com vergonha? Deve ser um motivo bem pessoal, então.
— A outra parte era que... — Ele coça atrás da cabeça. — Eu tinha medo de te perder.
Eu não sou o que se pode classificar como uma pessoa alta, tenho estatura mediana, por volta dos um metro e sessenta e alguma coisa, porém, no momento em que aquelas palavras saíram da boca dele, dou um pulo tão alto no banco que minha cabeça bate no teto do carro.
— O quê!? — praticamente grito.
— Quero dizer, perder sua amizade. A gente se aproximou muito e você virou minha melhor amiga, às vezes você me entendia melhor do que o seu irmão — ele diz e nós dois rimos. — Eu não queria estragar tudo por causa de um beijo ou uma coisa que só duraria uma noite. Você sempre foi importante demais pra mim, , não me perdoaria se eu te magoasse.
Sua mão toca a minha que está abraçando minhas pernas junto ao peito e sinto um arrepio percorrer todo o meu corpo. Odeio o fato dele ainda ter tanto poder sobre mim.
— E seu irmão quebraria a minha cara se eu fizesse alguma coisa com você.
— Meu irmão? Mas ele nunca ligou pra isso, sempre zoou a gente — digo, franzindo o cenho.
— Isso é o que você pensa, , por que acha que nenhum dos piás do nosso bairro chegavam em você? Seu irmão ameaçou bater em qualquer um que encostasse em você, inclusive eu.
Abro a boca em indignação e em seguida cerro os punhos devido a raiva. Ah, mas a Mariana vai ficar viúva antes mesmo da lua de mel, porque eu vou matar aquele lazarento do Chris!
— Então quer dizer que por todos esses anos eu pensei que todos os garotos me odiassem, mas era tudo culpa do Chris? — grito, furiosa, e ele ergue os ombros. — Filho da puta lazarento!
volta a atenção para a estrada e ficamos em silêncio, porém não chega a ser algo constrangedor. I Gotta Feeling do Black Eyed Peas começa a tocar no rádio, mudando totalmente o clima dentro do carro para algo mais descontraído e nostálgico. Começo a canta a música enquanto me observa de canto de olho, com um sorriso desenhando seus lábios. Faço gestos para ele me acompanhar e, apesar de um pouco de resistência, ele se arrisca no refrão, e assim seguimos o caminho. para em um sinal e aproveito para olhar pela janela, percebendo alguns pingos de chuva atingirem o vidro.
— Nossa, tá chovendo. Olhei a meteorologia mais cedo e disse que o tempo ficaria limpo durante todo o fim de semana.
— Estamos passando por Joinville, aqui chove mais do que em Curitiba — diz.
— Espero que isso não nos atrapalhe — comento, mordendo o lábio, apreensiva.
Tento me manter distraída e com pensamento positivo durante o resto do caminho, contudo, quanto mais avançamos, mais a chuva aumenta de intensidade, até chegar ao ponto de tornar quase impossível de enxergar qualquer coisa do lado de fora.
— Não consigo ver um palmo na minha frente e com essa chuva e é muito perigoso ficar na estrada, precisamos arrumar um lugar pra ficar.
— Meu celular tá fora de área, mas acho que tô vendo uma placa de Hotel ali na frente. — aponto com o dedo em direção ao letreiro.
continua seguindo com o carro até o lugar indicado, que realmente é um Hotel. Vários veículos e estão espalhados pelo estacionamento e calçada, o que torna um pouco difícil de achar uma vaga, e a única encontrada é um tanto distante da porta de entrada do Hotel.
— Trouxe guarda-chuva? — pergunta e eu balanço a cabeça, negando. — Então coloca a japona* porque vamos ter que correr.
— Também não trouxe minha japona, não esperava essa chuva.
suspira e pega sua jaqueta no banco traseiro, dando-a em minhas mãos, e eu o encaro, confusa.
— Mas e você? Vai ficar na chuva?
— Não se preocupe comigo, já passei por coisas bem piores. Quando eu destrancar a porta, você abre e corre o mais rápido que puder até a entrada coberta do Hotel, ok?
Balanço a cabeça em concordância, ele destranca a porta e eu começo a correr. Corro como se minha vida dependesse disso e um assassino estivesse correndo atrás de mim, no entanto, aparentemente sou sedentária demais para manter um bom ritmo, então não demoro a sentir a mão de sobre a minha. Um arrepio circula todo o meu corpo, não sei se pelo toque dele ou o frio devido às fortes gotas de chuva que me atingiam, porém me sinto em um daqueles filmes clichês adolescentes. Ele me conduz até alcançarmos a área coberta e em seguida me solta, apoio as mãos sobre os joelhos, respirando rapidamente na esperança de recuperar o fôlego. parece perfeitamente normal e apenas dá uma longa respirada e começa a espremer sua camisa. Eu definitivamente precisa voltar pra academia.
Entramos no Hall do Hotel e está tudo uma completa bagunça: Têm pessoas espalhadas para todo canto, crianças chorando, idosos reclamando e clientes insatisfeitos gritando. Leva aproximadamente meia hora até enfim sermos atendidos, a recepcionista nos olha com cara de poucos amigos e murmura um “Boa noite, em que posso ajudar?” totalmente sem vontade.
— Dois quartos de solteiros, por favor — responde.
— Não temos mais quartos de solteiros disponíveis, na verdade, o único quarto sobrando é uma suíte.
me encara e apenas dou de ombros, ele confirma com a atendente e ela escreve alguma coisa no computador antes de nos dar a chave do quarto e indicar que é terceira porta no quinto andar.
Caminhamos até o elevador em silêncio e fecho os olhos ao sentir o solavanco do equipamento ao subir. Desde criancinha sempre tive pavor de elevadores e sempre imaginava que ele cairia no fosso ou a energia acabaria e eu ficaria presa ali dentro por horas, e ainda que eu esteja morando no mesmo prédio há mais de três anos, essa sensação nunca me deixa.
Finalmente chegamos ao nosso andar e toma a frente, abrindo a porta e largando sua mochila sobre a cama.
— É isso que eles chamam de suíte? Parece mais o meu quarto em final de período. — Passeio os dedos pelo criado mudo e observo a poeira que ficou grudada neles.
— É só por uma noite, guria, não se preocupe porque amanhã você vai tá muito bem acomodada no Hotel luxuoso que seu irmão alugou.
Solto uma risada e sento na cadeira ao canto do quarto, já que não podia me sentar na cama devido às roupas molhadas, e suspiro.
— Vai parecer loucura dizer isso depois daquele toró que a gente acabou de enfrentar, mas eu tô louca por um banho. — Levanto-me novamente e olho em volta, percebendo que havia esquecido uma coisa. — Djanho*! Todas as minhas roupas ficaram no carro!
— Pode pegar uma roupa minha aí na mochila, se você quiser — diz enquanto desamarra os sapatos.
Caminho até a cama e abro a mochila, tirando de lá uma camisa e uma cueca boxer, e sigo para o banheiro. A decoração parece tão antiga e mal cuidada quanto o quarto, mas pelo menos tem uma banheira. Tampo o ralo da banheira e quando tento abrir a torneira para colocá-la para encher, nada sai de dentro do cano. Estranho e tento abrir mais um pouco, no entanto, continuo sem resultado.
— ! Vem aqui, piá! — grito e em poucos instantes abre a porta.
— O que foi, ?
No momento em que meus olhos encontram o corpo dele, perco completamente a fala. Ele está sem camisa, o peito ainda molhado pela chuva brilha em contraste com a luz. Se eu não tivesse plena consciência de que estou acordada, juraria que estava em um sonho erótico.
— ? — chama e eu acabo me assustando por estar submersa em pensamento.
Quando me dou conta de que ele provavelmente percebeu a minha cara de idiota babando em cima dele, sinto meu rosto esquentar e limpo a garganta.
— Não tem água.
— Capaz*! Como assim não tem água, guria?
— Não tem, eu já abri a torneira no máximo e não caiu uma gota.
se aproxima e debruça na banheira, procurando o que há de errado. Ele toca o cano atrás da torneira e faz uma careta pensativa.
— Esses canos estão cheios de mofo, devem ser mais velhos que a vó — ele comenta.
Mais uma vez não consigo pronunciar sequer uma palavra, porque estou hipnotizada pelo visão do corpo dele: Os músculos dos braços tencionados devido ao esforço para manter o equilíbrio, o abdômen encurvado, deixando em evidência os gominhos ali presente, e o sorriso, o maldito sorriso que desenha seus lábios quando ele finalmente encontra o problema e faz a água jorrar...
Sinto um calor subir pelo meu corpo, obrigando-me a comprimir uma coxa na outra — Pode-se dizer que não é só a banheira que está ficando molhada neste momento.
— O registro de água tava fechado — ele explica e eu apenas balanço a cabeça em concordância, não dando muita atenção, e assisto-o caminhar para fora do banheiro.
Assim que me recupero do baque, vou até a pia e encho as mãos com água gelada, jogando-a no rosto e pescoço e encaro meu reflexo no espelho.
Que porra foi essa que acabou de acontecer?
Como eu pude deixar meus sentimentos de adolescente me dominarem daquela maneira?
— Você não vai se apaixonar ou sentir qualquer coisa por ele de novo — digo, apontando para o espelho. — Você tem vinte e dois anos, é uma adulta agora, então aja como uma.
Sorrio orgulhosa e vou até a banheira, que já está parcialmente cheia, e jogo os sais de banho. Tiro a roupa e entro na banheira, a água morna entra em contato com a minha pele e envia arrepios por todo o meu copo. Deito-me dentro do recipiente oval, apoiando a cabeça na beirada, e suspiro. Um banho quente é tudo que eu preciso para relaxar, penso.
Fecho os olhos, porém abro-os de novo segundos depois, assustada porque a primeira coisa que vejo atrás das minhas pálpebras é a imagem do abdômen de . Isso não pode estar acontecendo, esses malditos sentimentos adolescentes não podem voltar assim do nada.
Relaxa, , é só relaxar. Pensa em outra coisa, pensa no lindo casamento que você vai assistir amanhã.
Fecho os olhos mais uma vez e começo a idealizar o casamento: O Saint Andrews coberto pela decoração branca e dourada que eu havia ajudado Mari a escolher, meu irmão feliz beijando sua futura esposa, os convidados batendo palmas, assobiando para o casal e jogando pétalas de rosa branca, meus pais sorrindo orgulhosos, e... . com um smoking azul marinho que realça a cor de seus olhos. com aquele sorriso de canto que só ele sabe dá. , , .
Abro os olhos, sentindo meu coração bater a mil por hora no peito e um lugarzinho em particular do meu corpo latejar. Não adianta o quanto eu tente evitar, meus pensamentos sempre me levam de volta a ele.
Talvez se eu me aliviar rapidinho...
Não, , isso é errado, ele está no quarto bem aqui do seu lado. E se ele tiver uma namorada?
Mas se vamos ter que dormir na mesma cama, não posso continuar assim ou vou fazer besteira. Vou ser cautelosa, prometo.
Meu lado diabinha parece convencer a minha consciência, porque no minuto seguinte estou subindo uma mão pela coxa, rumo ao centro das minhas pernas. Cerro as pálpebras, imaginando as mãos de no lugar das minhas, massageando minha virilha. Separo meus grandes lábios e começo uma leve carícia entre eles, depois desço até o clitóris e início um movimento circular, desejando ser os longos e habilidosos dedos dele ali. Tento controlar os gemidos mordendo o lábio inferior, mas é quase impossível quando tenho a imagem tão vívidas das mãos dele passeando tão livremente pelo meu corpo e o fazendo tremer.
No entanto, quando falta tão pouco para eu chegar ao orgasmo, ouço uma batida na porta que serve como um ter um balde de água fria jogada sobre mim, me assuntando e acabando com toda a minha ilusão.
— ? — a voz abafada de vem do outro lado da porta.
— O-oi — respondo, ainda um tanto zonza.
— Você quer comer alguma coisa? Eu posso pedir.
Bufo e me levanto da banheira, já que não tinha mais clima para continuar.
— Não precisa, obrigada.
Não volto a ouvir a voz dele, então constato que ele já havia saído de trás da porta. Me seco, coloco a peça de roupa emprestada pelo — o que não melhorou muito a minha situação, pois a camisa estava impregnada com o perfume dele — e saio do banheiro.
Ao atravessar a porta, dou de cara com esticando os lençóis no chão.
— O que tá fazendo, ? — pergunto, chamando a atenção dele.
— Arrumando um lugar pra eu dormir — ele responde como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. Cruzo os braços sob o peito, encarando-o indignada.
— Ficou doido, piá? Esse chão tá uma pedra de gelo, você quer pegar uma gripe ou pneumonia, sei lá? A cama é enorme, tem lugar suficiente pra nós dois.
me fita boquiaberto e olhos arregalados, parecendo completamente surpreso com a minha reação.
— Eu pensei que você não fosse querer que eu durma junto com você. Espero que seu irmão não me mate por isso.
— Meu irmão não tem nada a ver com quem eu durmo ou deixo de dormir — respondo, jogando o corpo sobre a cama, que faz um rangido. Olho para e ele me observa com um sorriso ladino, só então percebo o que acabei de dizer. — Tá, isso soou mal, mas serve pros dois sentidos.
Dou de ombros e ele ri, concordando com a cabeça.
— Já que você insiste tanto, eu durmo na cama com você, .
me lança uma piscadela e eu reviro os olhos, ele sorri e em seguida pega sua roupa e segue para o banheiro.
Para distrair a minha mente dos pensamentos impuros sobre nu no cômodo ao lado do meu, resolvo checar as redes sociais. Infelizmente não encontro nada de interessante, apenas memes sobre a Copa no Twitter; tias enviando mensagens de boa noite no Whatsapp; mensagem do piá de prédio que fiquei na balada e quero me livrar tem mais de um mês, mas ele sempre aparece com um “Oi, sumida” e mensagem no grupo da turma perguntando qual é o texto pra próxima aula.
Bufo, abro o Spotify e coloco a minha playlist de músicas favoritas pra tocar — pelo menos música deve me ajudar a relaxar. A primeira música que toca é A Little Death do The Neighbourhood, o que me fez rir pela ironia do momento. Há alguns dias, descobri o verdadeiro significado de “a little death”, que é uma referência a expressão francesa “La petite mort” atribuída ao momento após o orgasmo. Tudo que eu queria sentir agora, queria ter a minha “pequena morte” bem aqui nessa cama.
Não sei quanto tempo fico perdida em pensamento, mas aparentemente é o suficiente para terminar o banho, pois ouço a voz dele me chamar ao fundo, obrigando-me a tirar os fones de ouvido e me sentar.
— Me chamou? Desculpa, tava com fone.
— Tem um frigobar aqui, você viu? — ele diz, apontando para a pequena geladeira e eu nego com a cabeça.
abre o frigobar e começa a examinar as garrafas.
— Tesão*! Tem tudo quanto é bebida aqui!
— Você sabe que se pegar qualquer coisa daí vai ter que pagar, né? — rebato e ergue os ombros.
— Já que vamos ter que pagar por esse quarto caindo aos pedaços, pelo menos vamos aproveitar o que tem de bom nele.
se vira para mim, sorrindo, e com duas garrafas médias nas mãos — Uma de vodka e outra de Sprite — e eu automaticamente soube o que ele queria.
— Sério, ? Tubão*? Eu não tomo isso desde adolescente.
— Eu também não, mas estar aqui contigo me faz ter boas memórias.
Não respondo mais nada, porque as palavras que ele disse me fazem perder o ar. pega um copo em cima do frigobar e o enche com a mistura das duas bebidas, logo em seguida fazendo o mesmo com outro copo. Ele caminha em minha direção, o sorriso desenhando seu rosto e os olhos tão intensos que não consigo desviar. se senta ao meu lado e me entrega o copo, brindamos e ambos tomamos um longo gole da bebida, em silêncio. Faço uma pequena careta devido a acidez do líquido e ele ri.
— Você é muito fraca pra bebida, .
— A última vez que tomei isso fiquei tão cozida* que falei coisas que não deveria — digo, lembrando do dia em que me declarei para ele.
— Eu lembro disso! Foi no Ano Novo, né? — ele pergunta e eu balanço a cabeça. — Você disse que eu não era homem o suficiente pra te beijar. Seu irmão me zoou o resto do ano inteiro. — Eu solto uma risada e bebo mais um pouco. — Naquela época eu realmente não era homem o suficiente pra isso, uma pena eu nunca ter tido a chance de me redimir e provar o contrário.
E então que o segundo maior ato de coragem sob influência de álcool da minha vida se apossa de mim e digo a frase sem pensar duas vezes:
— Bom, nada te impede de fazer isso agora.
sorri e se aproxima, tira o copo das minhas mãos e o deposita junto ao dele sobre o criado mudo. Uma de suas mãos agarra a minha cintura, puxando-me para perto, e a outra ele leva até o meu pescoço, embrenhando os dedos entre os fios na minha nuca, e com o polegar ele faz uma carícia em bochecha. Todos os movimentos dele parecem em câmera lenta, e quero acompanhar cada milímetro de distância que se desfaz entre nós, mas estou tão entorpecida pelo seu cheiro, seu toque, seu calor, que me obrigo a fechar os olhos para aproveitar melhor cada sentido que ele apura em mim. Quando nossos lábios se chocam, sinto como se um raio tivesse caído bem ali no meio do quarto, eletrizando todo o meu corpo. Sinto o gosto da bebida em sua língua, o que, de alguma forma bem louca, parece mais saboroso quando vem diretamente dele.
empurra meu tronco para trás com seu próprio, até ambos estarmos deitados, com ele por cima de mim. Passeio as mãos pelos seus ombros, subindo até os cabelos e afundando os dedos entre seus fios macios, enquanto ele se encaixa entre as minhas pernas. Seus lábios se arrastam pelo meu rosto, descendo até o pescoço, onde ele começa um trabalho muito mais gostoso do que o que antes fazia em minha boca. Adentro as mãos em sua camisa e uso as unhas para aranhar suas costas e descontar ali todo o prazer que eu estava sentindo, fazendo-o gemer contra a minha pele.
Subitamente, uma batida vem da porta, me assustando, porém não parece afetar de forma alguma, pois ele não se distância de mim.
— ... — murmuro. — Tem alguém... Na porta.
Ele resmunga e afasta os lábios da minha pele apenas para dizer:
— Deixe que batam, esperei anos por isso e não vou parar agora.
Ouvir aquelas palavras saírem da boca dele me incendeia por inteira, então levo novamente aos mãos aos cabelos dele, puxando seu rosto para cima, de encontro com o meu, e beijo-o com impetuosidade.
Sinto seus dedos passearem pela minha barriga, brincando com a barra da cueca que eu vestia, e se afasta de mim, fazendo-me resmungar.
— Sabe, , quando eu fui te chamar no banheiro, eu ouvi você chamar meu nome. Mas não foi um simples chamado, foi mais como... Um gemido. — Um enorme sorriso surge em seus lábios. — Então eu deduzi que você estava se tocando pensando em mim. — Uma de suas mãos sobe pela minha coxa, parando exatamente onde eu imaginei. — Então, me diz, , onde você quer que eu te toque?
Emito um gemido quando sinto os dedos dele se fecharem contra a minha virilha. O sorriso de aumenta e ele repete o movimento.
— Aqui? — Sua mão adentra a minha roupa e as pontas dos seus dedos passeiam levemente entre meus grandes lábios. — Ou aqui? — Ele afunda mais os dedos, fazendo pressão sobre meu clitóris e me fazendo arfar. — Me responde, , ou vou ser obrigado a parar.
— A-aí. Eu quero que me toque aí — respondo de imediato.
sorri satisfeito e afasta as mãos de mim apenas para arrancar o pedaço de pano do meu corpo, mas logo seus dedos voltam a massagear o meu clitóris. Ele começa a revezar entre os movimentos circulares sobre o clitóris e penetrar dois de seus dedos em mim, e eu queria poder parar o tempo bem ali, porque nem um milhão de anos os meus sonhos se comparariam com a real sensação de ter suas mãos em mim, contemplando o meu corpo e me dando prazer.
aproxima o rosto do meu ouvido, o que me faz os pelos da minha nuca se arrepiarem, e questiona:
— E a minha língua, ? Você também imaginou ela em você? — Balanço a cabeça em concordância. — Que bom, porque eu tô louco pra provar o seu gosto.
se posiciona entre minhas pernas e não hesita em lamber com vontade toda a minha boceta, fazendo-me contorcer. Ele continua a me lamber e chupar, vibrando a língua sobre o clitóris, e a temperatura do meu corpo aumentava mais a cada segundo. Se ter seus dedos em mim era uma realidade boa demais, sua língua era algo que me deixava totalmente fora de órbita, e por isso não demorou muito até que eu chegasse ao ápice.
Sorrio, satisfeita e ofegante, enquanto ele me observa de longe, parecendo tão feliz quanto eu. Quando consigo finalmente me recuperar, me ajoelho sobre a cama e puxo para um beijo, sentindo meu gosto em sua boca. Inverto nossas posições, prensando-o contra a cabeceira da cama, e ele me encara confuso.
— Agora é minha vez de retribuir — digo, sorrindo travessa.
Retiro a camisa de seu corpo, contemplando o abdômen perfeito que eu ansiava tocar, e desço as unhas pelo seu tronco, fazendo-o gemer. Aperto o pau dele ainda coberto pela calça e sinto sua rigidez sob a palma da minha mão, imaginando como deve tê-lo dentro de mim.
Finalmente livro-o da cueca e a calça de moletom, seguro seu pênis e começo um movimento lento de sobe e desce, que o faz resmungar.
— Me fala, , é assim que você quer que eu te toque? — provoco.
— Mais... Rápido... — ele pede.
Então obedeço, aumento a velocidade das minhas investidas, fazendo urrar. Abaixo-me e dou uma longa chupada na cabeça de seu pau, e ele parece gostar, porque agarra em meus cabelos e me impulsiona contra seu quadril, e eu continuo, chupando-o com afinco, enquanto geme meu nome. Quando sinto-o começar a pulsar, percebo ser a hora de parar ou ele iria gozar antes da hora.
— Você tem camisinha aí? — pergunto.
— E-estão no carro.
Confesso que o pensamento de que ele nem cogitou algo acontecer entre nós essa noite me deixou um tanto decepcionada, porém, não deixo que ele perceba e me estico até o criado-mudo para procurar alguma perdida dentro da gaveta. Felizmente, encontro uma e não hesito em rasgar o plástico e vesti-lo com o preservativo. Seguro em ambos os ombros dele e desço lentamente sobre seu pau, sentindo cada centímetro dele me preencher. leva suas mãos até minha cintura e eu agarro a cabeceira atrás dele, movimentando meu quadril de encontro ao dele. Começo a aumentar o ritmo das minhas investidas, fazendo os rangidos da cama se tornarem cada vez mais intensos, porém não dou a mínima para o barulho que estamos fazendo, estou quase chegando ao orgasmo e nada vai me parar agora.
— Caralho, , você quer me deixar louco? — murmura quando rebolo em seu colo.
Em poucos minutos atinjo o orgasmo, porém sabia que ainda não tinha chegado ao dele, no entanto, quando tento levantar de seu colo para ajudá-lo, ele me impede.
— Por que não tirou a camisa? — ele pergunta apontando para mim e dou de ombros. — Tá com vergonha de mim?
A verdade é que não tenho vergonha dele, tenho vergonha de mim, do meu corpo. Eu nunca consegui ser magra como as minhas amigas, e apesar de ter emagrecido bastante desde a adolescência, eu nunca cheguei perto do padrão. A minha barriga não é chapada, tenho estrias e celulites espalhadas por todos os lugares possíveis do meu corpo, não tenho cintura fina e muito menos bunda e peitos durinhos. Eu nunca chamei a atenção dos homens, me relacionei com poucos durante toda a minha vida e só consegui perder a virgindade aos vinte anos, então a minha autoestima nunca foi alta, ainda mais quando se referia a ele.
— Ei, olha pra mim — ele pede e eu ignoro. — Olha pra mim, guria! — segura meu queixo e levanta meu rosto na altura do dele. — Você é linda, , e eu vou te provar isso.
Ele segura a barra da camisa e a tira do meu corpo sem hesitar, depois me abraça e me deita sobre a cama, mantendo uma distância para me encarar. me observa atentamente, consigo perceber seus olhos passearem por cada centímetro do meu corpo e o brilho contido neles é algo único, algo semelhante a admiração.
— Você é linda, , tão linda que sinto que poderia morrer só olhando pra você.
volta a cobrir meu corpo com o dele e quando ele me penetra, sinto como se eu fosse morrer porque, pela primeira vez na vida, eu me sento realmente linda e desejada. Envolvo seu corpo com braços e pernas, como se minha vida dependesse disso e, devido a posição, atinge um lugar dentro de mim que me faz explodir em prazer. Ele dá apenas algumas estocadas até atingir o seu êxtase e eu também atinjo o meu, o terceiro da noite, porém o mais vivo e real, porque esse, sim, foi a minha pequena morte.
Após se livrar da camisinha, me aninha aos seus e nos protege do frio com o cobertor, e assim ficamos, em silêncio, enquanto eu ainda tento digerir e acreditar em tudo que acabou de acontecer.
— ? — ele chama e apenas faço um som com a boca, indicando que estou ouvindo. — Você não tem namorado, né?
Afasto-me um pouco para encará-lo e ver se ele estava brincando, porém sua feição parece séria.
— Tá falando sério? Você acha que eu iria transar com você se tivesse namorado, piá? — digo em tom ofendido e logo em seguida meus olhos se arregalam ao constatar que a pergunta também seria pra ele. — Meu Deus, você tem namorada, ?
— Claro que não, guria! Eu só perguntei por quê... — Ele coça a nuca. — O que nós somos agora?
A pergunta paira no ar junto ao silêncio, abro a boca para responder, no entanto, volto a fechá-la porque não tenho a resposta. Eu ainda não tinha parado pra pensar nisso. O que nós somos agora?
— Não sei, mas não quero ser só mais uma na sua lista — digo e me olha indignado.
— Eu nunca faria isso com você, já disse que você é especial demais pra mim pra ser um caso de uma noite. Eu realmente gosto muito de você, . — Ele faz um leve carinho no meu rosto, que faz meu coração pular no peito.
— Então somos namorados agora?
— Se você quiser, sim. Só acho melhor a gente não contar antes do casamento. Não vai ser legal o seu irmão socar a minha cara na frente de todas aquelas pessoas — ele diz e eu solto uma risada, dando um tapa em seu peito.
— Vamos dormir porque amanhã precisamos acordar cedo — digo e concorda, me dando um selinho. — Boa noite, .
— Boa noite, namorada.
Solto uma risada, me aninho ao peito dele e fecho os olhos, deixando a inconsciência lentamente tomar o meu corpo, dando fim à melhor noite da minha vida, a noite que eu nunca iria esquecer.
Eu não estava conseguindo acreditar que depois de seis meses de muito estresse, planejamento, ligações, dietas e provas de roupa, o tão esperado dia havia chegado: O casamento do meu irmão.
— Tá tudo aí? — pergunta e eu balanço a cabeça, concordando. — Tem certeza, ? Porque depois que partimos não tem volta.
— Tenho, piá*! — respondo, irritada, e ele levanta as mãos como se estivesse se rendendo.
— Você foi no banheiro? — ele questiona, fazendo-me olhá-lo com a sobrancelha arqueada. — São quase nove horas de viagem, é melhor ir logo.
— Me lembra de novo quem foi o lazarento que teve a ideia de viajar de Curitiba até Gramado de carro se existe uma coisa chamada avião?
— A culpa é do seu irmão, eu só estou seguindo ordens — dá de ombros.
— Tinha que ser! Piá lazarento do djanho*! — exclamo e ele ri da minha irritação.
— Vamos logo para não atrasar.
Concordo e dou a volta no carro até o banco do passageiro enquanto fecha o porta-malas, e em seguida ocupa o banco do motorista. Ele dá partida no carro e seguimos o caminho em silêncio.
— Você não deveria ficar com raiva do seu irmão, ele pensou que seria melhor você ir de carro por causa do vestido, que é mais fácil de carregar, daí como eu moro no bairro ao lado do seu, ele me pediu para te buscar.
Então ele estava morando perto de mim todo esse tempo e nunca me procurou? Guri lazarento!
— Só assim pra dar as caras, hein? Porra, desde que você entrou pros bombeiros nunca mais te vi, piá!
— A vida anda corrida, mal tenho tempo de dormir, guria, só vou nesse casamento porque conheço teu irmão desde piázinho.
Concordo com a cabeça porque, pra ser sincera, se dependesse só de mim, eu também não iria. Só de pensar em ouvir parentes distantes que só aparecem para comer e reclamar perguntando dos estudos e dos namoradinhos já me deixava exausta.
— Dá pra acreditar que o Chris e a Mari vão se casar? Lembro como se fosse ontem a gente jogando videogame e correndo na rua, cara.
— Em pensar que já faz quase dez anos que essas coisas aconteceram, me sinto velho pra caralho — ele diz e eu solto uma risada, concordando.
Não consigo pensar em como continuar a conversa, então fico em silêncio e também, tornando a situação um tanto constrangedora, então utilizo a tática infalível de ligar o rádio, o que não ajudou muito, pois começou a tocar um daqueles hip-hop do começo dos anos 2000, o que era uma perfeita lembrança da infância e o sufoco de baixar músicas em sites clandestinos cheios de vírus, demorando horas por causa da internet discada, e por em um mp3 que mal cabem vinte faixas em seus míseros 200MB.
Me retraio no banco ao lembrar que nem todas as músicas da época me traziam boas memórias, como as incontáveis noites que passei ouvindo You Belong With Me, chorando e alimentando as minhas fantasias adolescentes de algum dia ter um romance digno de filme americano com o melhor amigo do meu irmão. Abraço minhas pernas encolhidas, apoiando o queixo sobre o joelho, e mordo o lábio inferior, ainda incerta sobre o que eu iria falar, porém sabendo que era necessário ou eu seria assombrada por aquilo pelo resto da vida:
— Eu sempre me perguntei o motivo de você nunca ter ficado comigo. Quer dizer, você beijou praticamente todas as minhas amigas, mas por que eu não?
me encara por alguns instantes, parecendo totalmente surpreso com a pergunta, e suspira.
— ...
— Eu sei que nunca fui um exemplo de beleza e sempre fui acima do peso, mas não foi só por isso, foi? — ele abre a boca para responder, porém volta a fechá-la e balança a cabeça negativamente. — Pode me contar a verdade, , acho que já tô bem grandinha pra aguentar o que quer que seja.
Ele aperta as mãos no volante e em seguida passeia-as pelo cabelo, em sinal de nervosismo. Alguns minutos se passam e apenas a música em volume ambiente que sai pelo rádio impede que um silêncio constrangedor se instale entre nós.
— Parte do motivo foi porque meus amigos sempre me zoavam por nós dois passarmos muito tempo juntos, e toda vez que te perguntavam se você gostava de mim, você ficava vermelha e aí começava aquela chuva de zoação e apelidinhos. Não tinha nada a ver com a sua aparência, você é e sempre foi linda pra mim, mas naquela época eu me importava demais com o que os meus amigos pensavam, sabe? Eu era muito novo, era um...
— Piá de prédio*! — completo e ele me olha um tanto indignado e depois sorri.
— Essa doeu, mas, tudo bem, eu mereci.
Emito uma risada e concordo com a cabeça. Mais alguns minutos de silêncio se passam enquanto eu repasso mentalmente toda a conversa que acabamos de ter, no entanto, uma coisa que ele disse me deixa intrigada, então resolvo perguntar:
— Qual era a outra parte?
— Outra parte do que, guria? — ele franze o cenho.
— Você disse que parte do motivo de você não ter ficado comigo foram os seus amigos, então isso quer dizer que não foi o único motivo...
volta a atenção à estrada e vejo seu pomo de Adão subir e descer e, por mais que ele tente disfarçar, seu rosto começa a ficar ruborizado.
Ele está... Com vergonha? Deve ser um motivo bem pessoal, então.
— A outra parte era que... — Ele coça atrás da cabeça. — Eu tinha medo de te perder.
Eu não sou o que se pode classificar como uma pessoa alta, tenho estatura mediana, por volta dos um metro e sessenta e alguma coisa, porém, no momento em que aquelas palavras saíram da boca dele, dou um pulo tão alto no banco que minha cabeça bate no teto do carro.
— O quê!? — praticamente grito.
— Quero dizer, perder sua amizade. A gente se aproximou muito e você virou minha melhor amiga, às vezes você me entendia melhor do que o seu irmão — ele diz e nós dois rimos. — Eu não queria estragar tudo por causa de um beijo ou uma coisa que só duraria uma noite. Você sempre foi importante demais pra mim, , não me perdoaria se eu te magoasse.
Sua mão toca a minha que está abraçando minhas pernas junto ao peito e sinto um arrepio percorrer todo o meu corpo. Odeio o fato dele ainda ter tanto poder sobre mim.
— E seu irmão quebraria a minha cara se eu fizesse alguma coisa com você.
— Meu irmão? Mas ele nunca ligou pra isso, sempre zoou a gente — digo, franzindo o cenho.
— Isso é o que você pensa, , por que acha que nenhum dos piás do nosso bairro chegavam em você? Seu irmão ameaçou bater em qualquer um que encostasse em você, inclusive eu.
Abro a boca em indignação e em seguida cerro os punhos devido a raiva. Ah, mas a Mariana vai ficar viúva antes mesmo da lua de mel, porque eu vou matar aquele lazarento do Chris!
— Então quer dizer que por todos esses anos eu pensei que todos os garotos me odiassem, mas era tudo culpa do Chris? — grito, furiosa, e ele ergue os ombros. — Filho da puta lazarento!
volta a atenção para a estrada e ficamos em silêncio, porém não chega a ser algo constrangedor. I Gotta Feeling do Black Eyed Peas começa a tocar no rádio, mudando totalmente o clima dentro do carro para algo mais descontraído e nostálgico. Começo a canta a música enquanto me observa de canto de olho, com um sorriso desenhando seus lábios. Faço gestos para ele me acompanhar e, apesar de um pouco de resistência, ele se arrisca no refrão, e assim seguimos o caminho. para em um sinal e aproveito para olhar pela janela, percebendo alguns pingos de chuva atingirem o vidro.
— Nossa, tá chovendo. Olhei a meteorologia mais cedo e disse que o tempo ficaria limpo durante todo o fim de semana.
— Estamos passando por Joinville, aqui chove mais do que em Curitiba — diz.
— Espero que isso não nos atrapalhe — comento, mordendo o lábio, apreensiva.
Tento me manter distraída e com pensamento positivo durante o resto do caminho, contudo, quanto mais avançamos, mais a chuva aumenta de intensidade, até chegar ao ponto de tornar quase impossível de enxergar qualquer coisa do lado de fora.
— Não consigo ver um palmo na minha frente e com essa chuva e é muito perigoso ficar na estrada, precisamos arrumar um lugar pra ficar.
— Meu celular tá fora de área, mas acho que tô vendo uma placa de Hotel ali na frente. — aponto com o dedo em direção ao letreiro.
continua seguindo com o carro até o lugar indicado, que realmente é um Hotel. Vários veículos e estão espalhados pelo estacionamento e calçada, o que torna um pouco difícil de achar uma vaga, e a única encontrada é um tanto distante da porta de entrada do Hotel.
— Trouxe guarda-chuva? — pergunta e eu balanço a cabeça, negando. — Então coloca a japona* porque vamos ter que correr.
— Também não trouxe minha japona, não esperava essa chuva.
suspira e pega sua jaqueta no banco traseiro, dando-a em minhas mãos, e eu o encaro, confusa.
— Mas e você? Vai ficar na chuva?
— Não se preocupe comigo, já passei por coisas bem piores. Quando eu destrancar a porta, você abre e corre o mais rápido que puder até a entrada coberta do Hotel, ok?
Balanço a cabeça em concordância, ele destranca a porta e eu começo a correr. Corro como se minha vida dependesse disso e um assassino estivesse correndo atrás de mim, no entanto, aparentemente sou sedentária demais para manter um bom ritmo, então não demoro a sentir a mão de sobre a minha. Um arrepio circula todo o meu corpo, não sei se pelo toque dele ou o frio devido às fortes gotas de chuva que me atingiam, porém me sinto em um daqueles filmes clichês adolescentes. Ele me conduz até alcançarmos a área coberta e em seguida me solta, apoio as mãos sobre os joelhos, respirando rapidamente na esperança de recuperar o fôlego. parece perfeitamente normal e apenas dá uma longa respirada e começa a espremer sua camisa. Eu definitivamente precisa voltar pra academia.
Entramos no Hall do Hotel e está tudo uma completa bagunça: Têm pessoas espalhadas para todo canto, crianças chorando, idosos reclamando e clientes insatisfeitos gritando. Leva aproximadamente meia hora até enfim sermos atendidos, a recepcionista nos olha com cara de poucos amigos e murmura um “Boa noite, em que posso ajudar?” totalmente sem vontade.
— Dois quartos de solteiros, por favor — responde.
— Não temos mais quartos de solteiros disponíveis, na verdade, o único quarto sobrando é uma suíte.
me encara e apenas dou de ombros, ele confirma com a atendente e ela escreve alguma coisa no computador antes de nos dar a chave do quarto e indicar que é terceira porta no quinto andar.
Caminhamos até o elevador em silêncio e fecho os olhos ao sentir o solavanco do equipamento ao subir. Desde criancinha sempre tive pavor de elevadores e sempre imaginava que ele cairia no fosso ou a energia acabaria e eu ficaria presa ali dentro por horas, e ainda que eu esteja morando no mesmo prédio há mais de três anos, essa sensação nunca me deixa.
Finalmente chegamos ao nosso andar e toma a frente, abrindo a porta e largando sua mochila sobre a cama.
— É isso que eles chamam de suíte? Parece mais o meu quarto em final de período. — Passeio os dedos pelo criado mudo e observo a poeira que ficou grudada neles.
— É só por uma noite, guria, não se preocupe porque amanhã você vai tá muito bem acomodada no Hotel luxuoso que seu irmão alugou.
Solto uma risada e sento na cadeira ao canto do quarto, já que não podia me sentar na cama devido às roupas molhadas, e suspiro.
— Vai parecer loucura dizer isso depois daquele toró que a gente acabou de enfrentar, mas eu tô louca por um banho. — Levanto-me novamente e olho em volta, percebendo que havia esquecido uma coisa. — Djanho*! Todas as minhas roupas ficaram no carro!
— Pode pegar uma roupa minha aí na mochila, se você quiser — diz enquanto desamarra os sapatos.
Caminho até a cama e abro a mochila, tirando de lá uma camisa e uma cueca boxer, e sigo para o banheiro. A decoração parece tão antiga e mal cuidada quanto o quarto, mas pelo menos tem uma banheira. Tampo o ralo da banheira e quando tento abrir a torneira para colocá-la para encher, nada sai de dentro do cano. Estranho e tento abrir mais um pouco, no entanto, continuo sem resultado.
— ! Vem aqui, piá! — grito e em poucos instantes abre a porta.
— O que foi, ?
No momento em que meus olhos encontram o corpo dele, perco completamente a fala. Ele está sem camisa, o peito ainda molhado pela chuva brilha em contraste com a luz. Se eu não tivesse plena consciência de que estou acordada, juraria que estava em um sonho erótico.
— ? — chama e eu acabo me assustando por estar submersa em pensamento.
Quando me dou conta de que ele provavelmente percebeu a minha cara de idiota babando em cima dele, sinto meu rosto esquentar e limpo a garganta.
— Não tem água.
— Capaz*! Como assim não tem água, guria?
— Não tem, eu já abri a torneira no máximo e não caiu uma gota.
se aproxima e debruça na banheira, procurando o que há de errado. Ele toca o cano atrás da torneira e faz uma careta pensativa.
— Esses canos estão cheios de mofo, devem ser mais velhos que a vó — ele comenta.
Mais uma vez não consigo pronunciar sequer uma palavra, porque estou hipnotizada pelo visão do corpo dele: Os músculos dos braços tencionados devido ao esforço para manter o equilíbrio, o abdômen encurvado, deixando em evidência os gominhos ali presente, e o sorriso, o maldito sorriso que desenha seus lábios quando ele finalmente encontra o problema e faz a água jorrar...
Sinto um calor subir pelo meu corpo, obrigando-me a comprimir uma coxa na outra — Pode-se dizer que não é só a banheira que está ficando molhada neste momento.
— O registro de água tava fechado — ele explica e eu apenas balanço a cabeça em concordância, não dando muita atenção, e assisto-o caminhar para fora do banheiro.
Assim que me recupero do baque, vou até a pia e encho as mãos com água gelada, jogando-a no rosto e pescoço e encaro meu reflexo no espelho.
Que porra foi essa que acabou de acontecer?
Como eu pude deixar meus sentimentos de adolescente me dominarem daquela maneira?
— Você não vai se apaixonar ou sentir qualquer coisa por ele de novo — digo, apontando para o espelho. — Você tem vinte e dois anos, é uma adulta agora, então aja como uma.
Sorrio orgulhosa e vou até a banheira, que já está parcialmente cheia, e jogo os sais de banho. Tiro a roupa e entro na banheira, a água morna entra em contato com a minha pele e envia arrepios por todo o meu copo. Deito-me dentro do recipiente oval, apoiando a cabeça na beirada, e suspiro. Um banho quente é tudo que eu preciso para relaxar, penso.
Fecho os olhos, porém abro-os de novo segundos depois, assustada porque a primeira coisa que vejo atrás das minhas pálpebras é a imagem do abdômen de . Isso não pode estar acontecendo, esses malditos sentimentos adolescentes não podem voltar assim do nada.
Relaxa, , é só relaxar. Pensa em outra coisa, pensa no lindo casamento que você vai assistir amanhã.
Fecho os olhos mais uma vez e começo a idealizar o casamento: O Saint Andrews coberto pela decoração branca e dourada que eu havia ajudado Mari a escolher, meu irmão feliz beijando sua futura esposa, os convidados batendo palmas, assobiando para o casal e jogando pétalas de rosa branca, meus pais sorrindo orgulhosos, e... . com um smoking azul marinho que realça a cor de seus olhos. com aquele sorriso de canto que só ele sabe dá. , , .
Abro os olhos, sentindo meu coração bater a mil por hora no peito e um lugarzinho em particular do meu corpo latejar. Não adianta o quanto eu tente evitar, meus pensamentos sempre me levam de volta a ele.
Talvez se eu me aliviar rapidinho...
Não, , isso é errado, ele está no quarto bem aqui do seu lado. E se ele tiver uma namorada?
Mas se vamos ter que dormir na mesma cama, não posso continuar assim ou vou fazer besteira. Vou ser cautelosa, prometo.
Meu lado diabinha parece convencer a minha consciência, porque no minuto seguinte estou subindo uma mão pela coxa, rumo ao centro das minhas pernas. Cerro as pálpebras, imaginando as mãos de no lugar das minhas, massageando minha virilha. Separo meus grandes lábios e começo uma leve carícia entre eles, depois desço até o clitóris e início um movimento circular, desejando ser os longos e habilidosos dedos dele ali. Tento controlar os gemidos mordendo o lábio inferior, mas é quase impossível quando tenho a imagem tão vívidas das mãos dele passeando tão livremente pelo meu corpo e o fazendo tremer.
No entanto, quando falta tão pouco para eu chegar ao orgasmo, ouço uma batida na porta que serve como um ter um balde de água fria jogada sobre mim, me assuntando e acabando com toda a minha ilusão.
— ? — a voz abafada de vem do outro lado da porta.
— O-oi — respondo, ainda um tanto zonza.
— Você quer comer alguma coisa? Eu posso pedir.
Bufo e me levanto da banheira, já que não tinha mais clima para continuar.
— Não precisa, obrigada.
Não volto a ouvir a voz dele, então constato que ele já havia saído de trás da porta. Me seco, coloco a peça de roupa emprestada pelo — o que não melhorou muito a minha situação, pois a camisa estava impregnada com o perfume dele — e saio do banheiro.
Ao atravessar a porta, dou de cara com esticando os lençóis no chão.
— O que tá fazendo, ? — pergunto, chamando a atenção dele.
— Arrumando um lugar pra eu dormir — ele responde como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. Cruzo os braços sob o peito, encarando-o indignada.
— Ficou doido, piá? Esse chão tá uma pedra de gelo, você quer pegar uma gripe ou pneumonia, sei lá? A cama é enorme, tem lugar suficiente pra nós dois.
me fita boquiaberto e olhos arregalados, parecendo completamente surpreso com a minha reação.
— Eu pensei que você não fosse querer que eu durma junto com você. Espero que seu irmão não me mate por isso.
— Meu irmão não tem nada a ver com quem eu durmo ou deixo de dormir — respondo, jogando o corpo sobre a cama, que faz um rangido. Olho para e ele me observa com um sorriso ladino, só então percebo o que acabei de dizer. — Tá, isso soou mal, mas serve pros dois sentidos.
Dou de ombros e ele ri, concordando com a cabeça.
— Já que você insiste tanto, eu durmo na cama com você, .
me lança uma piscadela e eu reviro os olhos, ele sorri e em seguida pega sua roupa e segue para o banheiro.
Para distrair a minha mente dos pensamentos impuros sobre nu no cômodo ao lado do meu, resolvo checar as redes sociais. Infelizmente não encontro nada de interessante, apenas memes sobre a Copa no Twitter; tias enviando mensagens de boa noite no Whatsapp; mensagem do piá de prédio que fiquei na balada e quero me livrar tem mais de um mês, mas ele sempre aparece com um “Oi, sumida” e mensagem no grupo da turma perguntando qual é o texto pra próxima aula.
Bufo, abro o Spotify e coloco a minha playlist de músicas favoritas pra tocar — pelo menos música deve me ajudar a relaxar. A primeira música que toca é A Little Death do The Neighbourhood, o que me fez rir pela ironia do momento. Há alguns dias, descobri o verdadeiro significado de “a little death”, que é uma referência a expressão francesa “La petite mort” atribuída ao momento após o orgasmo. Tudo que eu queria sentir agora, queria ter a minha “pequena morte” bem aqui nessa cama.
Não sei quanto tempo fico perdida em pensamento, mas aparentemente é o suficiente para terminar o banho, pois ouço a voz dele me chamar ao fundo, obrigando-me a tirar os fones de ouvido e me sentar.
— Me chamou? Desculpa, tava com fone.
— Tem um frigobar aqui, você viu? — ele diz, apontando para a pequena geladeira e eu nego com a cabeça.
abre o frigobar e começa a examinar as garrafas.
— Tesão*! Tem tudo quanto é bebida aqui!
— Você sabe que se pegar qualquer coisa daí vai ter que pagar, né? — rebato e ergue os ombros.
— Já que vamos ter que pagar por esse quarto caindo aos pedaços, pelo menos vamos aproveitar o que tem de bom nele.
se vira para mim, sorrindo, e com duas garrafas médias nas mãos — Uma de vodka e outra de Sprite — e eu automaticamente soube o que ele queria.
— Sério, ? Tubão*? Eu não tomo isso desde adolescente.
— Eu também não, mas estar aqui contigo me faz ter boas memórias.
Não respondo mais nada, porque as palavras que ele disse me fazem perder o ar. pega um copo em cima do frigobar e o enche com a mistura das duas bebidas, logo em seguida fazendo o mesmo com outro copo. Ele caminha em minha direção, o sorriso desenhando seu rosto e os olhos tão intensos que não consigo desviar. se senta ao meu lado e me entrega o copo, brindamos e ambos tomamos um longo gole da bebida, em silêncio. Faço uma pequena careta devido a acidez do líquido e ele ri.
— Você é muito fraca pra bebida, .
— A última vez que tomei isso fiquei tão cozida* que falei coisas que não deveria — digo, lembrando do dia em que me declarei para ele.
— Eu lembro disso! Foi no Ano Novo, né? — ele pergunta e eu balanço a cabeça. — Você disse que eu não era homem o suficiente pra te beijar. Seu irmão me zoou o resto do ano inteiro. — Eu solto uma risada e bebo mais um pouco. — Naquela época eu realmente não era homem o suficiente pra isso, uma pena eu nunca ter tido a chance de me redimir e provar o contrário.
E então que o segundo maior ato de coragem sob influência de álcool da minha vida se apossa de mim e digo a frase sem pensar duas vezes:
— Bom, nada te impede de fazer isso agora.
sorri e se aproxima, tira o copo das minhas mãos e o deposita junto ao dele sobre o criado mudo. Uma de suas mãos agarra a minha cintura, puxando-me para perto, e a outra ele leva até o meu pescoço, embrenhando os dedos entre os fios na minha nuca, e com o polegar ele faz uma carícia em bochecha. Todos os movimentos dele parecem em câmera lenta, e quero acompanhar cada milímetro de distância que se desfaz entre nós, mas estou tão entorpecida pelo seu cheiro, seu toque, seu calor, que me obrigo a fechar os olhos para aproveitar melhor cada sentido que ele apura em mim. Quando nossos lábios se chocam, sinto como se um raio tivesse caído bem ali no meio do quarto, eletrizando todo o meu corpo. Sinto o gosto da bebida em sua língua, o que, de alguma forma bem louca, parece mais saboroso quando vem diretamente dele.
empurra meu tronco para trás com seu próprio, até ambos estarmos deitados, com ele por cima de mim. Passeio as mãos pelos seus ombros, subindo até os cabelos e afundando os dedos entre seus fios macios, enquanto ele se encaixa entre as minhas pernas. Seus lábios se arrastam pelo meu rosto, descendo até o pescoço, onde ele começa um trabalho muito mais gostoso do que o que antes fazia em minha boca. Adentro as mãos em sua camisa e uso as unhas para aranhar suas costas e descontar ali todo o prazer que eu estava sentindo, fazendo-o gemer contra a minha pele.
Subitamente, uma batida vem da porta, me assustando, porém não parece afetar de forma alguma, pois ele não se distância de mim.
— ... — murmuro. — Tem alguém... Na porta.
Ele resmunga e afasta os lábios da minha pele apenas para dizer:
— Deixe que batam, esperei anos por isso e não vou parar agora.
Ouvir aquelas palavras saírem da boca dele me incendeia por inteira, então levo novamente aos mãos aos cabelos dele, puxando seu rosto para cima, de encontro com o meu, e beijo-o com impetuosidade.
Sinto seus dedos passearem pela minha barriga, brincando com a barra da cueca que eu vestia, e se afasta de mim, fazendo-me resmungar.
— Sabe, , quando eu fui te chamar no banheiro, eu ouvi você chamar meu nome. Mas não foi um simples chamado, foi mais como... Um gemido. — Um enorme sorriso surge em seus lábios. — Então eu deduzi que você estava se tocando pensando em mim. — Uma de suas mãos sobe pela minha coxa, parando exatamente onde eu imaginei. — Então, me diz, , onde você quer que eu te toque?
Emito um gemido quando sinto os dedos dele se fecharem contra a minha virilha. O sorriso de aumenta e ele repete o movimento.
— Aqui? — Sua mão adentra a minha roupa e as pontas dos seus dedos passeiam levemente entre meus grandes lábios. — Ou aqui? — Ele afunda mais os dedos, fazendo pressão sobre meu clitóris e me fazendo arfar. — Me responde, , ou vou ser obrigado a parar.
— A-aí. Eu quero que me toque aí — respondo de imediato.
sorri satisfeito e afasta as mãos de mim apenas para arrancar o pedaço de pano do meu corpo, mas logo seus dedos voltam a massagear o meu clitóris. Ele começa a revezar entre os movimentos circulares sobre o clitóris e penetrar dois de seus dedos em mim, e eu queria poder parar o tempo bem ali, porque nem um milhão de anos os meus sonhos se comparariam com a real sensação de ter suas mãos em mim, contemplando o meu corpo e me dando prazer.
aproxima o rosto do meu ouvido, o que me faz os pelos da minha nuca se arrepiarem, e questiona:
— E a minha língua, ? Você também imaginou ela em você? — Balanço a cabeça em concordância. — Que bom, porque eu tô louco pra provar o seu gosto.
se posiciona entre minhas pernas e não hesita em lamber com vontade toda a minha boceta, fazendo-me contorcer. Ele continua a me lamber e chupar, vibrando a língua sobre o clitóris, e a temperatura do meu corpo aumentava mais a cada segundo. Se ter seus dedos em mim era uma realidade boa demais, sua língua era algo que me deixava totalmente fora de órbita, e por isso não demorou muito até que eu chegasse ao ápice.
Sorrio, satisfeita e ofegante, enquanto ele me observa de longe, parecendo tão feliz quanto eu. Quando consigo finalmente me recuperar, me ajoelho sobre a cama e puxo para um beijo, sentindo meu gosto em sua boca. Inverto nossas posições, prensando-o contra a cabeceira da cama, e ele me encara confuso.
— Agora é minha vez de retribuir — digo, sorrindo travessa.
Retiro a camisa de seu corpo, contemplando o abdômen perfeito que eu ansiava tocar, e desço as unhas pelo seu tronco, fazendo-o gemer. Aperto o pau dele ainda coberto pela calça e sinto sua rigidez sob a palma da minha mão, imaginando como deve tê-lo dentro de mim.
Finalmente livro-o da cueca e a calça de moletom, seguro seu pênis e começo um movimento lento de sobe e desce, que o faz resmungar.
— Me fala, , é assim que você quer que eu te toque? — provoco.
— Mais... Rápido... — ele pede.
Então obedeço, aumento a velocidade das minhas investidas, fazendo urrar. Abaixo-me e dou uma longa chupada na cabeça de seu pau, e ele parece gostar, porque agarra em meus cabelos e me impulsiona contra seu quadril, e eu continuo, chupando-o com afinco, enquanto geme meu nome. Quando sinto-o começar a pulsar, percebo ser a hora de parar ou ele iria gozar antes da hora.
— Você tem camisinha aí? — pergunto.
— E-estão no carro.
Confesso que o pensamento de que ele nem cogitou algo acontecer entre nós essa noite me deixou um tanto decepcionada, porém, não deixo que ele perceba e me estico até o criado-mudo para procurar alguma perdida dentro da gaveta. Felizmente, encontro uma e não hesito em rasgar o plástico e vesti-lo com o preservativo. Seguro em ambos os ombros dele e desço lentamente sobre seu pau, sentindo cada centímetro dele me preencher. leva suas mãos até minha cintura e eu agarro a cabeceira atrás dele, movimentando meu quadril de encontro ao dele. Começo a aumentar o ritmo das minhas investidas, fazendo os rangidos da cama se tornarem cada vez mais intensos, porém não dou a mínima para o barulho que estamos fazendo, estou quase chegando ao orgasmo e nada vai me parar agora.
— Caralho, , você quer me deixar louco? — murmura quando rebolo em seu colo.
Em poucos minutos atinjo o orgasmo, porém sabia que ainda não tinha chegado ao dele, no entanto, quando tento levantar de seu colo para ajudá-lo, ele me impede.
— Por que não tirou a camisa? — ele pergunta apontando para mim e dou de ombros. — Tá com vergonha de mim?
A verdade é que não tenho vergonha dele, tenho vergonha de mim, do meu corpo. Eu nunca consegui ser magra como as minhas amigas, e apesar de ter emagrecido bastante desde a adolescência, eu nunca cheguei perto do padrão. A minha barriga não é chapada, tenho estrias e celulites espalhadas por todos os lugares possíveis do meu corpo, não tenho cintura fina e muito menos bunda e peitos durinhos. Eu nunca chamei a atenção dos homens, me relacionei com poucos durante toda a minha vida e só consegui perder a virgindade aos vinte anos, então a minha autoestima nunca foi alta, ainda mais quando se referia a ele.
— Ei, olha pra mim — ele pede e eu ignoro. — Olha pra mim, guria! — segura meu queixo e levanta meu rosto na altura do dele. — Você é linda, , e eu vou te provar isso.
Ele segura a barra da camisa e a tira do meu corpo sem hesitar, depois me abraça e me deita sobre a cama, mantendo uma distância para me encarar. me observa atentamente, consigo perceber seus olhos passearem por cada centímetro do meu corpo e o brilho contido neles é algo único, algo semelhante a admiração.
— Você é linda, , tão linda que sinto que poderia morrer só olhando pra você.
volta a cobrir meu corpo com o dele e quando ele me penetra, sinto como se eu fosse morrer porque, pela primeira vez na vida, eu me sento realmente linda e desejada. Envolvo seu corpo com braços e pernas, como se minha vida dependesse disso e, devido a posição, atinge um lugar dentro de mim que me faz explodir em prazer. Ele dá apenas algumas estocadas até atingir o seu êxtase e eu também atinjo o meu, o terceiro da noite, porém o mais vivo e real, porque esse, sim, foi a minha pequena morte.
Após se livrar da camisinha, me aninha aos seus e nos protege do frio com o cobertor, e assim ficamos, em silêncio, enquanto eu ainda tento digerir e acreditar em tudo que acabou de acontecer.
— ? — ele chama e apenas faço um som com a boca, indicando que estou ouvindo. — Você não tem namorado, né?
Afasto-me um pouco para encará-lo e ver se ele estava brincando, porém sua feição parece séria.
— Tá falando sério? Você acha que eu iria transar com você se tivesse namorado, piá? — digo em tom ofendido e logo em seguida meus olhos se arregalam ao constatar que a pergunta também seria pra ele. — Meu Deus, você tem namorada, ?
— Claro que não, guria! Eu só perguntei por quê... — Ele coça a nuca. — O que nós somos agora?
A pergunta paira no ar junto ao silêncio, abro a boca para responder, no entanto, volto a fechá-la porque não tenho a resposta. Eu ainda não tinha parado pra pensar nisso. O que nós somos agora?
— Não sei, mas não quero ser só mais uma na sua lista — digo e me olha indignado.
— Eu nunca faria isso com você, já disse que você é especial demais pra mim pra ser um caso de uma noite. Eu realmente gosto muito de você, . — Ele faz um leve carinho no meu rosto, que faz meu coração pular no peito.
— Então somos namorados agora?
— Se você quiser, sim. Só acho melhor a gente não contar antes do casamento. Não vai ser legal o seu irmão socar a minha cara na frente de todas aquelas pessoas — ele diz e eu solto uma risada, dando um tapa em seu peito.
— Vamos dormir porque amanhã precisamos acordar cedo — digo e concorda, me dando um selinho. — Boa noite, .
— Boa noite, namorada.
Solto uma risada, me aninho ao peito dele e fecho os olhos, deixando a inconsciência lentamente tomar o meu corpo, dando fim à melhor noite da minha vida, a noite que eu nunca iria esquecer.
GLOSSÁRIO:
*Capaz: Expressão usada para dizer “não acredito!”
*Cozida: Bêbada
*Djanho/do djanho: Merda/inferno/do diabo
*Lazarento: idiota/insuportável/desagradável
*Piá: menino/garoto/rapaz
*Piá de prédio: Playboy/mimado
*Japona: jaqueta acolchoada
*Tesão: Expressão usada quando acha algo muito legal
*Tubão: Bebida típica curitibana feita com mistura de refrigerante e álcool ou bebidas alcóolicas diferentes.
FIM.
Nota da autora: QUE TESÃO! hahahaha Escrevi essa essa ficzinha especial se passando no lugar maisfrio do Brasil (porém há controversias). Queria agradecer demaaaais a minha curitibana guria mais linda @danitesfayes por ter me ensinado as gírias tudo <3 (um dia a gente ainda vai tomar Tubão juntas hahaha). Enfim, essa história é um tantinho pessoal, então espero que tenham gostado e que não tenha ficado confuso por causa das gírias e etc. Não se esqueçam de comentar o que acharam e conferir minhas outras histórias <3
Outras Fanfics:
05.3am (Ficstape #036 Meghan Trainor - Title)
07.Power (Ficstape #046 Little Mix - Glory Days)
02. Hold Me Down (Ficstape #054 Halsey - Badlands)
04. Heaven In Hiding (Ficstape #073 Halsey - Hopeless Fountain Kingdom)
16. Save Myself (Ficstape #055 Ed Sheeran - Devide)
06. Time to Go (Ficstape #057 The Maine - Can't Stop Won't Stop)
MV: Sleepover (Music Video #003)
The F Word (Outros, Restritas, Finalizada)
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