Capítulo 1
"Amor sempre foi uma palavra forte para mim, algo que eu sabia que talvez nunca fosse encontrar. Meu histórico de relacionamentos fracassados deixava isso bem claro. Eu já tinha até me conformado com a ideia de nunca ser amada da mesma forma que eu amava, até que eu o conheci… E ele chegou como um furacão, revirou toda a minha vida e me fez questionar tudo o que um dia acreditei. Quando menos esperava, eu o amava — e, felizmente, ele também me amava.
Essa é a história que não só mudou a minha vida e minhas convicções, mas que, acima de tudo, me fez a mulher mais feliz do mundo… Enquanto durou."
Abril de 2020.
Os olhos vermelhos e inchados indicavam que ela havia chorado, talvez a noite toda. Vê-la daquele jeito quebrava o coração dele em mil pedaços, mas isso não o faria mudar de ideia. Ele sabia que poderia se arrepender de deixá-la, mas, naquele momento, sentia que era a coisa certa a fazer. Melhor ir embora enquanto ainda a amava, do que partir quando já não sentisse mais nada.
– Você tem certeza? – A voz dela saiu frágil, quase inaudível.
Ele tinha certeza? Claro que não, mas nada no mundo o faria voltar atrás naquele instante.
– Eu sinto muito.
Seus olhos se encheram de lágrimas ao vê-la desabar na sua frente, tomada por uma dor que ele havia causado. A relação que ela jurara que duraria para sempre estava sendo destruída diante dos seus olhos.
– … – Ele tentou se aproximar, mas ela levantou a mão num gesto silencioso, pedindo que ele ficasse onde estava. – Me desculpa.
– Você já pode ir. – Ela falou entre soluços, sentando-se na ponta da cama, afundando o rosto nas mãos.
Ele não conseguiu se mover, continuou ali, observando-a, o peito apertado de culpa. Eu sou o motivo do sofrimento dela, pensou, sentindo o peso da culpa esmagá-lo.
– Eu sinto muito, – a voz dele falhou. Lágrimas escorreram por seu rosto, e ele precisou se segurar para não correr até ela, abraçá-la e dizer que havia mudado de ideia. – Eu...
– Tudo bem, Harry. – ela disse, com a voz abafada pelas mãos que ainda cobriam o rosto. – Só vai embora, por favor.
– Eu espero que um dia você me perdoe.
Setembro de 2022.
Harry revirava a mala com pressa, jogando roupas para todos os lados em busca de um item específico. O quarto de hotel, antes impecável, agora parecia um caos, com camisas e calças espalhadas pelo chão. O desespero estava estampado em seu rosto, e suas mãos tremiam progressivamente enquanto verificava cada compartimento.
— O que você está procurando? — Sylvie Mason, sua assessora e melhor amiga, perguntou, encostada na porta, com uma sobrancelha arqueada. Ela estava acostumada com os momentos de tensão de Harry, mas algo parecia mais intenso do que o normal.
— Um livro. — Ele mal olhou para ela, a voz carregando um tom de urgência.
— Aquele livro? — Sylvie arqueou ambas as sobrancelhas, sabendo exatamente de que ele estava falando. Ela nunca entendeu a obsessão de Harry por aquele livro em particular. — Se é tão importante, posso ir até uma livraria e comprar outro pra você.
Harry parou por um momento e olhou para ela, claramente irritado. Seu peito subia e descia rápido, não só pela ansiedade de não encontrar o que procurava, mas pelas palavras de Sylvie.
— Você não entende. — Sua voz soava tensa, quase exasperada. — Não é sobre a história. Não é só um livro.
Sylvie estreitou os olhos, sentindo a frustração dele. Ela sempre teve curiosidade sobre o que aquele livro representava, mas sabia que tinha algo a ver com . Afinal, era ela quem o havia escrito. Mas nunca ousou perguntar diretamente, respeitando os limites de Harry.
— Então o que é? — ela arriscou, tentando ser mais cuidadosa dessa vez. — O que aquele livro significa pra você?
Harry suspirou, soltando o ar de forma pesada. Seus ombros relaxaram por um segundo, como se finalmente tivesse decidido falar. Ele sabia que Sylvie merecia uma explicação, afinal, sempre esteve ao seu lado, até nos momentos mais difíceis.
— Foi a última coisa que ela me deu. — Sua voz agora estava mais baixa, quase um sussurro. — autografou pra mim, antes de tudo... antes de acabarmos. É a última lembrança física que tenho dela, do que a gente foi.
Sylvie olhou com um misto de surpresa e compreensão. O livro, que ela pensou ser apenas um objeto qualquer, era, na verdade, um pedaço do passado de Harry, algo que ele segurava como uma angústia.
— Harry... — Sylvie começou, mas não sabia exatamente o que dizer.
— Eu sei, parece loucura. — Ele passou as mãos pelos cabelos, agora mais calmo. — Mas é a única coisa que ainda me conecta a ela, de verdade. Não posso perder isso. Sylvie deu um passo em sua direção, uma expressão suave.
— Não é loucura. — Sua voz era firme, mas gentil. — Se isso significa tanto pra você, então vamos encontrar esse livro.
Harry soltou um suspiro, aliviado por ter finalmente compartilhado o que guardava para si há tanto tempo. Sylvie sempre esteve ali, e agora, mais do que nunca, ele sentiu que poderia confiar nela.
— Obrigado. — Ele disse, com um sorriso cansado, mas genuíno.
Janeiro de 2015.
estava sentada numa cadeira de couro, com as mãos entrelaçadas no colo, tentando esconder o nervosismo que crescia dentro dela. A sala de reuniões da gravadora era ampla, com janelas de vidro do chão ao teto que ofereciam uma vista da cidade. Ela olhava para fora, como se aquilo pudesse distraí-la do fato de que, em poucos minutos, conheceria a maior boyband do mundo.
O projeto que a trouxe até ali era algo além dos seus sonhos mais loucos: ela, uma jovem escritora brasileira de fanfics, contratada para escrever um livro oficial sobre a banda One Direction. Ainda parecia surreal.
A porta se abriu, e a agente da banda, acompanhada de um homem alto e vestido de terno, entrou na sala. Mas mal teve tempo de registrar os dois antes de ouvir vozes e risadas vindas do corredor. Seu coração disparou, e ela instintivamente ajeitou o cabelo. Eles estavam chegando.
Um a um, os membros da One Direction começaram a entrar. Primeiro, Louis, seguido por Liam e Niall, todos sorrindo e cumprimentando as pessoas na sala. Logo atrás deles, Zayn entrou, um pouco mais reservado, mas lançando um leve sorriso em sua direção.
E então, ele entrou.
Harry Styles. O nome parecia carregar um peso diferente para ela, não porque ele era o membro mais popular da banda, mas pela aura que ele trazia consigo. Seus olhos esverdeados varreram a sala até pararem nela, e, por um breve segundo, achou que o tempo tivesse desacelerado. Ele sorriu de lado, com um ar despreocupado, e se sentou ao lado de Louis, o último lugar vazio na mesa.
— Então você é a famosa escritora de fanfics? — Perguntou Louis, lançando um sorriso divertido. Ele não estava sendo maldoso, apenas curioso, mas a pergunta fez corar.
— É... Acho que sim. — Ela riu nervosa, tentando aliviar a tensão que sentia. — Nunca pensei que acabaria escrevendo um livro sobre vocês.
— Bem, aqui estamos — disse Liam, simpático. — Estamos empolgados com isso. assentiu, grata pela recepção amigável, mas não pôde evitar lançar um olhar furtivo para Harry, que a observava em silêncio. Ele não parecia tão à vontade quanto os outros, mas também não estava fechado. Havia algo em seu olhar... curiosidade, talvez?
— Então, vamos ao que interessa, certo? — a agente da banda começou, batendo de leve uma pasta sobre a mesa. — Este livro será diferente de qualquer outra biografia. Queremos algo que capture a essência da banda, mas também traga uma narrativa envolvente. Algo que as fãs adorariam ler. , você pode contar mais sobre suas ideias?
pigarreou e tentou afastar o nervosismo. Já havia preparado uma apresentação mentalmente, mas com cinco pares de olhos — e especialmente os de Harry — focados nela, parecia mais difícil do que esperava.
— Bom, a ideia é criar uma ficção que tenha um toque pessoal de cada um de vocês — começou, falando devagar, tentando controlar sua respiração. — Eu quero que o livro seja algo autêntico, que mostre como são de verdade, mas que também crie uma história com a qual as fãs possam se identificar. Não só uma história de fama, mas de amizade, desafios, crescimento... E talvez um pouco de romance.
— Romance? — Niall levantou as sobrancelhas, claramente interessado. — E quem vai se apaixonar?
A sala explodiu em risadas, menos Harry, que manteve o olhar fixo nela, esperando uma resposta.
— Nada clichê, eu prometo — respondeu com um sorriso. — A ideia é mostrar um lado mais vulnerável, mais humano. Eu já tenho algumas ideias, mas vou precisar passar mais tempo com vocês, entender melhor como são nos bastidores. O livro tem que ser verdadeiro, ou então não vai funcionar.
— Faz sentido — Liam assentiu, parecendo pensativo. — Queremos algo que realmente nos represente.
relaxou um pouco ao perceber que eles estavam a bordo da ideia. Sua confiança começou a crescer, e ela sorriu mais abertamente.
Mas Harry continuava em silêncio.
— E o que você acha, Harry? — A agente virou-se para ele, percebendo que ele ainda não tinha falado nada.
Todos na sala o olharam, e sentiu uma pressão crescente no peito. Ela também queria saber o que ele pensava. O silêncio dele até então a deixava inquieta.
Harry se mexeu na cadeira, cruzando os braços e finalmente falando:
— Acho que precisamos confiar na visão dela — disse, seus olhos verdes agora diretamente sobre os dela. — Ela tem um jeito diferente de ver as coisas. Talvez seja isso que precisamos. Algo... novo.
Havia uma profundidade na voz dele, algo que fez o estômago de dar um nó. Ela não sabia se ele estava sendo sincero ou apenas cortês, mas o olhar dele transmitia mais do que ele estava dizendo.
— Obrigada. — murmurou, sem saber exatamente como responder à intensidade daquele olhar.
O resto da reunião foi mais técnica, discutindo prazos e como acompanharia a banda na turnê para coletar material para o livro. Mas, durante todo o tempo, ela sentiu a presença de Harry, mesmo quando ele não dizia nada. Quando a reunião terminou, os outros rapazes se levantaram, conversando entre si e se preparando para sair.
— Você fez um bom trabalho hoje. — disse Zayn, acenando com a cabeça para ela ao sair. Niall e Liam sorriram e se despediram calorosamente, mas Harry foi o último a sair da sala. Quando passou por , parou por um segundo, inclinando a cabeça levemente.
— Nos vemos por aí, escritora. — ele disse, com um sorriso enigmático, antes de sair pela porta.
soltou o ar que nem percebeu que estava prendendo. Seu coração ainda batia acelerado, e ela sabia, naquele momento, que esse trabalho seria muito mais complicado — e intenso — do que esperava.
"Eu me lembro do jeito que ele me olhou naquele dia, como se estivesse enxergando algo além das minhas palavras. Harry tinha essa estranha habilidade de fazer com que o silêncio entre nós dissesse mais do que qualquer conversa."