PARTE I
So baby commit to me.
I'll pick you up girl And there'll never be another…
Imma make ya mine by the end of the summer.
Minhas mãos suavam enquanto eu estava sentada na cadeira de plástico do aeroporto e me sentia a maior idiota do Mundo.
Qual é, ? Não é como se você nunca tivesse o visto pessoalmente.
Eu sabia. Mas… Depois de quase oito meses fora, vê-lo de novo traria à tona toda a saudade que eu estava sentindo de seu toque, seu beijo e até mesmo seu cheiro.
Quando o anúncio que meu voo estaria partindo em breve soou pelos autofalantes do aeroporto eu me levantei rindo de mim mesma. Quem diria, hein ? Voltando para encontrar o amor de verão.
Verão de 2016 — Venice Beach.
Eu sempre vivi aqui em Venice Beach. Sempre tive a praia como meu quintal, a pele bronzeada pelo sol que nunca dava descanso e sempre tive o desejo desesperado de sair daqui o mais rápido possível.
Quer dizer, não me entenda mal, eu amava Venice Beach, de verdade, mas eu sempre fui uma pessoa muito sonhadora. Os pés no chão? Acho que nunca tive, e sempre achei que eu era muito grande para aquela pequena cidade praiana.
O meu grande sonho desde sempre? Nova Iorque. Broadway! Minha imagem em telas de cinema, minhas fotos enquanto desfilava pelos tapetes vermelhos do Oscar. Ser uma atriz renomada era meu grande sonho, assim como atuar era minha paixão e tudo o que eu sabia fazer.
E agora, depois de me inscrever para uma bolsa integral em uma boa faculdade de artes cênicas em Nova Iorque, o meu sonho de ser uma garota na cidade grande estava cada vez mais perto. Eu até podia sentir o meu sonho tocando na ponta de meus dedos. Estava tudo tão perto de dar incrivelmente certo para mim. Eu só teria que aguentar esse último verão em Venice Beach e Hello, New York!
Mas eu mal sabia o quanto minha vida viraria uma completa confusão nesse último verão.
Pois eu conheci ele. E depois disso, eu desejava internamente para que aquele verão durasse para sempre.
Ah, estrupício! Ele tirou todas as certezas que eu tinha em minha vida.
Venice Beach; Parque Central.
Andava ainda sonolenta enquanto me puxava pelo pulso animadamente pelo gramado do parque.
Era a primeira semana de verão, e céus, eram quase seis da manhã. Eu sinceramente não sabia o porquê eu tinha concordado com a ideia de de vir aqui a essa hora só para ver a porra de um nascer do sol.
— Vamos, . — ela disse animada.
Eu caminhava com os óculos escuros escondendo meus olhos fechados enquanto ela ainda me guiava. Eu sabia que assim que sentássemos na grama, eu iria capotar de novo.
— Não deveria ter concordado com essa ideia. — murmurei. — Eu ainda estou inconformada que você acordou a essa hora só para fazer a vontade de um garoto que você conheceu, a o quê? Quatro dias? Aliás, da onde ele saiu?
— Eu gosto de . — ela deu de ombros. — Nos conhecemos no luau de começo de verão, aquele que você deveria ter ido ao invés de ter ficado trancada no quarto vendo filmes antigos. — eu fiz questão de revirar os olhos mesmo sabendo que ela não os veria. — Ele está no segundo semestre da faculdade, sabia? — ela contava empolgada. — E eu não perderia a oportunidade de vê-lo hoje tocando alguma música romântica para mim enquanto apreciamos o nascer do sol.
— Ele é hippie ou algo do tipo? Só hippies que acordam antes do sol nascer para o saudar.
Paramos bruscamente e ouvimos vozes. Abri os olhos ainda com certa dificuldade e vi pessoas sentadas no chão.
Vi andando para perto de um rapaz que usava uma camisa de mangas ¾ e lhe dando um selinho demorado.
— . — ela voltou a me puxar para mais perto das pessoas que me olhavam curiosas. — Esse é o . — disse enquanto um sorriso travesso brincava em seus lábios.
— Ouvi bastante sobre você. — o tal se pronunciou.
— E eu de você. — ele riu.
— E esses são: , Jesy, , e Heather. Uma garota com longos cabelos brancos e que usava um gorro vermelho sorriu pra mim, supus ser Jesy, e ela estava com a cabeça apoiada no ombro do que foi me apresentado por .
O tal de estava sentado em cima de uma canga estampada e me mandou um aceno com a mão.
Heather, a outra garota de cabelos pretos presos em duas tranças sorriu, enquanto tinha o braço do último garoto em cima de seus ombros.
O último garoto era .
Acho que demorei tempo demais o encarando, quer dizer, fiquei algum tempo perdida em seus olhos cintilantes e depois algum tempo me perguntando se ele não estava morrendo de calor usando aquela regata preta e a calça jeans da mesma cor com rasgos no joelho.
Agradeci aos céus por estar de óculos escuros, senão iria me achar uma completa tarada por estar o encarando desse jeito.
— Senta aí, . — sorriu lateralmente para mim e indicou o lugar vago ao seu lado em cima da canga.
Eu sorri e me sentei.
pegou um violão e eu o ouvi cantar Wonderwall junto dos outros.
Eu sorria e me balançava no ritmo da música quando senti um par de olhos encarando meu perfil. Me virei delicadamente dando de cara com um que sustentava um sorriso galanteador nos lábios. Ele empurrou Heather um pouco para o lado e colocou sua bunda ao lado da minha.
— Oi.
— Oi.
Ele passou seu braço por cima dos meus ombros e eu arqueei as sobrancelhas em sua direção. Mas ele não deu a mínima, olhando para o horizonte com um sorriso quase que infantil.
— Ãhn… — eu pigarreei. — Você poderia tirar…
— Shh. — ele me cortou sem tirar os olhos do céu. — Apenas curta o momento, .
Engoli em seco.
A música acabou e todos aplaudiram com o violão.
— ! — exclamou, fazendo com que os olhos a encarassem. — Seu estrupício! É só nós virarmos as costas por um minuto e você está aí, todo de gracinha para cima da minha amiga?
riu e deu de ombros, voltando a me encarar.
— Parece que a sua amiga está gostando do estrupício aqui.
Eu deveria estar muito bêbada de sono para ter o deixado sem uma resposta à altura. Vamos lá, primeiro que eu nunca o deixaria passar os braços por cima de mim daquele jeito e me falar esse tipo de coisa se eu estivesse realmente acordada.
— Ah, calado. — eu resmunguei e me afastei dele emburrada enquanto me enfiava no meio de e .
Agora e cantarolavam Two Fingers do Jake Bugg, e dessa vez eu me juntei a eles e cantei.
Tá, talvez eu estava realmente acordada agora. Tirei os óculos dos olhos e os apoiei no topo da minha cabeça.
Decidi que ficaria naquele lugar e não iria olhar para o lado para conferir as expressões de .
riu baixinho ao meu lado e eu tomei um susto quando vi um par de Vans pretos de cada lado do meu corpo. Duas mãos grandes puxaram meus ombros para trás.
— Oi. — eu não precisava me virar para saber quem era.
— Mas o que você quer agora, estrupício? — murmurei cansada.
— Aqui. — ele me estendeu uma florzinha branca. — Pra você.
A peguei e me virei para encará-lo. Ele não poderia estar falando sério, né?
continuava com um sorriso infantil no rosto, e antes que eu pudesse abrir a minha boca para questioná-lo, ele apontou para o horizonte e disse:
— Não estrague o momento de novo, . O sol está nascendo. — ele disse me fazendo olhar o horizonte.
E lá estava ele, o sol. Surgindo por entre as árvores do horizonte e clareando toda a paisagem.
Senti os braços de enlaçarem meu corpo e não questionei dessa vez, estava muito ocupada admirando o nascer do sol como uma verdadeira hippie, mas, talvez e só talvez, eu apenas não tenha reclamado porque tinha gostado do gesto. Mas admitir isso? Nunca.
— Vocês estão parecendo um casal. — foi Heather que disse, me fazendo rolar os olhos e querer me afastar de mais uma vez.
— Você é muito abusado, . — eu disse.
— Continue com o estrupício, ficava muito mais sexy na sua voz. — ele riu da minha careta. — Mas não, , eu não sou abusado. Sou apenas charmoso demais para você resistir.
— E humilde. — ri irônica.
— Com certeza. — ele disse rindo. — Não duvide do meu charme, senhorita. Eu consigo conquistar todas.
Foi ali que eu soube o quão galanteador, convencido, metido e ugh! irritantemente charmoso poderia ser.
Mas se ele achava que eu iria cair no papinho dele assim ele estava muito enganado.
PARTE II
Venice Beach; Casa da .
Três dias haviam se passado desde o dia que conheci e todos os outros amigos dele no parque vendo o nascer do sol.
Três dias desde que conheci ele.
E é claro que eu não consegui me conter e em uma madrugada, me vi com o notebook embaixo das cobertas procurando por em todas as redes sociais existentes.
Acabei por ficar pelo o que pareceram horas rolando o seu feed no Instagram. Vi fotos de cachorros – que supus serem dele –, fotos da praia, fotos dele com , fotos dele com , fotos dele com , fotos com Jesy e Heather e fotos de todo o grupo junto. E uma última e única foto dele sozinho.
Era uma foto na praia, ele sentado na areia, sem camisa e de costas para a foto, com um calção preto e um boné cinza com a aba virada para trás, suas costas definidas e bronzeadas chamavam muito a atenção. Na legenda podia se ler “Esperando pelo melhor momento da minha vida… O verão” e mais alguns emojis.
Dei um grito de pânico quando vi o coraçãozinho branco se tornar vermelho quando dei dois cliques em cima da foto sem querer.
— Fodeu!
Tentei desclicar o mais rápido possível. Se tivesse recebido uma notificação disso eu estaria mais do que morta de vergonha. Oh Deus, eu não sirvo nem para ser uma boa stalker.
Fechei o computador rapidamente e passei as mãos pelo cabelo tentando regularizar minha respiração quando ouvi o barulho de uma notificação.
”@: me stalkeando então?”
E em seguida mais uma.
” (@) pediu para te seguir.”
Enfiei meu rosto no travesseiro para abafar o grito desesperador que eu dei.
Patética. Era isso que eu era.
Um estrupício. Era isso que ele era.
Venice Beach; Praia da Âncora
Mais dois dias se passaram e quando eu percebi, o conversível vermelho de estava estacionado perto da praia da âncora.
Eu, Jesy e estávamos sentados no banco de trás usando roupas de banho, enquanto estava ao lado de na frente.
— Vamos? — disse. — disse que ele e já estavam por aqui.
Meu coração começou a bater mais rápido ao ouvir seu nome. Com que cara eu iria encará-lo?
Jesy usava um biquíni vermelho e um chapéu de palha na cabeça, vestia um maiô estampado com uma canga em volta da cintura enquanto eu, apenas um biquíni verde e meu shorts jeans cobrindo a parte debaixo.
e Jesy tentavam manter uma conversa comigo, mas eu realmente estava alheia a todos os comentários que eles estavam fazendo, em minha cabeça só se passava o momento em que apareceria e falaria algo como ”E aí, stalker? Quer um autógrafo?”
— Ei, ! — acenou para o garoto que estava embaixo de um guarda sol amarelo.
— Ei.
— Onde estão e Heather? — foi que perguntou.
— Heather não pôde vir. está no mar, como sempre. — respondeu.
Me sentei ao lado de na canga e comecei a passar protetor em meus braços, tentando parecer o mais plena possível enquanto na verdade, estava tendo um faniquito interno.
— Olha o garotão aí. — Jesy riu.
tinha os cabelos molhados jogados para trás e caminhava em nossa direção de um jeito tão sexy que achei que fosse alguma cena do S.O.S Malibu.
— Cuidado para não babar, . — sussurrou para mim.
— Cala a boca. — resmunguei.
— Saca só. — ela disse em um tom brincalhão.
deu sorriso largo quando me viu e desatento, acabou tropeçando na perna que havia colocado em sua frente. Ele acabou caindo na areia de cara.
Não pude não gargalhar, assim como todos os outros ali.
— Porra, ! — ele resmungou se levantando.
O corpo inteiramente cheio de areia me lembrava um filé à parmigiana antes de frito e eu não conseguia parar de rir.
— Rindo de mim, ? — arqueou as sobrancelhas.
— AH!
Gritei quando se jogou em cima de mim e me encheu de areia também.
— Não está gargalhando agora, não é?
— ! Seu… Seu… — grunho irritada.
— Seu gato? Gostoso? Irresistível?
— Estrupício! — gritou.
Vi toda aquela areia grudada em minha pele que havia acabado de receber uma camada grossa de protetor solar. Eu resmungava irritada enquanto via o sorriso travesso de intacto.
Eu não queria ter que entrar no mar, só Deus sabe o quanto meu cabelo fica horrível depois com toda aquela água salgada.
— Vem, vamos nos lavar. — disse, me pegando como se estivesse pegando um saco de batatas e eu comecei a gritar.
— QUER ME LARGAR?
— Você está tendo uma visão privilegiada da minha bunda, querida. Se eu fosse você, não reclamava.
— , você é um homem morto.
Ele me colocou no chão em seguida e antes que eu pudesse dizer algo, lá estava eu, sendo carregada mais uma vez por , só que dessa vez, com suas mãos segurando minhas pernas e costas. Ele corria para o mar e eu gritava.
— Eu vou te matar! Sabia disso? — ralhei furiosa. — Se você não me soltar, eu…
— Você quer mesmo que eu te solte? — me lançou um olhar sugestivo e percebi que ele já estava com a água até seus joelhos, a próxima onda que iria me molhar completamente.
— Ai, não. — agarrei-me em seu pescoço.
— Prenda a respiração, . Em três, dois, u…
mergulhou comigo em seus braços por alguns instantes e emergiu novamente, com os cabelos em seus olhos.
Eu ri e fiz o favor de puxá-los para trás, me deparando com seus olhos quase que irresistíveis.
— Obrigada.
Ele continuou comigo em seus braços e continuamos nos encarando como se não houvesse mais nada de interessante para se fazer.
Aposto que essa cena seria perfeita para um beijo apaixonante, que faria os outros banhistas olharem admirados e tudo mais. Mas não foi o que aconteceu, aliás, sabia muito bem como quebrar um clima. Quer dizer, não que estivesse rolando um clima entre nós, mas é, dá pra entender…
— Amanhã. Eu. Você. Hollywood Side. — disse simplesmente.
— O quê?
— Amanhã… — ele ia repetir quando o cortei.
— Eu ouvi da primeira vez. Mas… o que significa isso?
— Estou te chamando para sair, . — respondeu como se fosse óbvio. — Você deveria ficar feliz por isso.
Eu dei uma gargalhada sarcástica.
— Por Deus, você é muito convencido, . — eu continuei rindo. — Não, muito obrigada.
— Eu passo para te pegar na sua casa, então. — ele disse calmo como se eu não tivesse acabado de recusar seu convite, me colocou no chão, fazendo com que meus pés se chocassem com a água gélida do mar. — E eu te farei minha até o final do verão.
Três dias haviam se passado desde o dia que conheci e todos os outros amigos dele no parque vendo o nascer do sol.
Três dias desde que conheci ele.
E é claro que eu não consegui me conter e em uma madrugada, me vi com o notebook embaixo das cobertas procurando por em todas as redes sociais existentes.
Acabei por ficar pelo o que pareceram horas rolando o seu feed no Instagram. Vi fotos de cachorros – que supus serem dele –, fotos da praia, fotos dele com , fotos dele com , fotos dele com , fotos com Jesy e Heather e fotos de todo o grupo junto. E uma última e única foto dele sozinho.
Era uma foto na praia, ele sentado na areia, sem camisa e de costas para a foto, com um calção preto e um boné cinza com a aba virada para trás, suas costas definidas e bronzeadas chamavam muito a atenção. Na legenda podia se ler “Esperando pelo melhor momento da minha vida… O verão” e mais alguns emojis.
Dei um grito de pânico quando vi o coraçãozinho branco se tornar vermelho quando dei dois cliques em cima da foto sem querer.
— Fodeu!
Tentei desclicar o mais rápido possível. Se tivesse recebido uma notificação disso eu estaria mais do que morta de vergonha. Oh Deus, eu não sirvo nem para ser uma boa stalker.
Fechei o computador rapidamente e passei as mãos pelo cabelo tentando regularizar minha respiração quando ouvi o barulho de uma notificação.
E em seguida mais uma.
Enfiei meu rosto no travesseiro para abafar o grito desesperador que eu dei.
Patética. Era isso que eu era.
Um estrupício. Era isso que ele era.
Venice Beach; Praia da Âncora
Mais dois dias se passaram e quando eu percebi, o conversível vermelho de estava estacionado perto da praia da âncora.
Eu, Jesy e estávamos sentados no banco de trás usando roupas de banho, enquanto estava ao lado de na frente.
— Vamos? — disse. — disse que ele e já estavam por aqui.
Meu coração começou a bater mais rápido ao ouvir seu nome. Com que cara eu iria encará-lo?
Jesy usava um biquíni vermelho e um chapéu de palha na cabeça, vestia um maiô estampado com uma canga em volta da cintura enquanto eu, apenas um biquíni verde e meu shorts jeans cobrindo a parte debaixo.
e Jesy tentavam manter uma conversa comigo, mas eu realmente estava alheia a todos os comentários que eles estavam fazendo, em minha cabeça só se passava o momento em que apareceria e falaria algo como ”E aí, stalker? Quer um autógrafo?”
— Ei, ! — acenou para o garoto que estava embaixo de um guarda sol amarelo.
— Ei.
— Onde estão e Heather? — foi que perguntou.
— Heather não pôde vir. está no mar, como sempre. — respondeu.
Me sentei ao lado de na canga e comecei a passar protetor em meus braços, tentando parecer o mais plena possível enquanto na verdade, estava tendo um faniquito interno.
— Olha o garotão aí. — Jesy riu.
tinha os cabelos molhados jogados para trás e caminhava em nossa direção de um jeito tão sexy que achei que fosse alguma cena do S.O.S Malibu.
— Cuidado para não babar, . — sussurrou para mim.
— Cala a boca. — resmunguei.
— Saca só. — ela disse em um tom brincalhão.
deu sorriso largo quando me viu e desatento, acabou tropeçando na perna que havia colocado em sua frente. Ele acabou caindo na areia de cara.
Não pude não gargalhar, assim como todos os outros ali.
— Porra, ! — ele resmungou se levantando.
O corpo inteiramente cheio de areia me lembrava um filé à parmigiana antes de frito e eu não conseguia parar de rir.
— Rindo de mim, ? — arqueou as sobrancelhas.
— AH!
Gritei quando se jogou em cima de mim e me encheu de areia também.
— Não está gargalhando agora, não é?
— ! Seu… Seu… — grunho irritada.
— Seu gato? Gostoso? Irresistível?
— Estrupício! — gritou.
Vi toda aquela areia grudada em minha pele que havia acabado de receber uma camada grossa de protetor solar. Eu resmungava irritada enquanto via o sorriso travesso de intacto.
Eu não queria ter que entrar no mar, só Deus sabe o quanto meu cabelo fica horrível depois com toda aquela água salgada.
— Vem, vamos nos lavar. — disse, me pegando como se estivesse pegando um saco de batatas e eu comecei a gritar.
— QUER ME LARGAR?
— Você está tendo uma visão privilegiada da minha bunda, querida. Se eu fosse você, não reclamava.
— , você é um homem morto.
Ele me colocou no chão em seguida e antes que eu pudesse dizer algo, lá estava eu, sendo carregada mais uma vez por , só que dessa vez, com suas mãos segurando minhas pernas e costas. Ele corria para o mar e eu gritava.
— Eu vou te matar! Sabia disso? — ralhei furiosa. — Se você não me soltar, eu…
— Você quer mesmo que eu te solte? — me lançou um olhar sugestivo e percebi que ele já estava com a água até seus joelhos, a próxima onda que iria me molhar completamente.
— Ai, não. — agarrei-me em seu pescoço.
— Prenda a respiração, . Em três, dois, u…
mergulhou comigo em seus braços por alguns instantes e emergiu novamente, com os cabelos em seus olhos.
Eu ri e fiz o favor de puxá-los para trás, me deparando com seus olhos quase que irresistíveis.
— Obrigada.
Ele continuou comigo em seus braços e continuamos nos encarando como se não houvesse mais nada de interessante para se fazer.
Aposto que essa cena seria perfeita para um beijo apaixonante, que faria os outros banhistas olharem admirados e tudo mais. Mas não foi o que aconteceu, aliás, sabia muito bem como quebrar um clima. Quer dizer, não que estivesse rolando um clima entre nós, mas é, dá pra entender…
— Amanhã. Eu. Você. Hollywood Side. — disse simplesmente.
— O quê?
— Amanhã… — ele ia repetir quando o cortei.
— Eu ouvi da primeira vez. Mas… o que significa isso?
— Estou te chamando para sair, . — respondeu como se fosse óbvio. — Você deveria ficar feliz por isso.
Eu dei uma gargalhada sarcástica.
— Por Deus, você é muito convencido, . — eu continuei rindo. — Não, muito obrigada.
— Eu passo para te pegar na sua casa, então. — ele disse calmo como se eu não tivesse acabado de recusar seu convite, me colocou no chão, fazendo com que meus pés se chocassem com a água gélida do mar. — E eu te farei minha até o final do verão.
PARTE III
Venice Beach; Casa da .
Era uma sexta-feira à tarde. Eu estava jogada na minha cama falando com por telefone e contando sobre minha conversa com do dia anterior no mar.
— Meu Deus! — ela exclamou. — E o que você respondeu?
— Nada. Aliás, eu dei muita risada. Quem esse garoto pensa que é?
— Ah, . Não me diga que não ficou nem um pouco balançada em ter aqueles olhos te observando durante toda a tarde na praia. — riu. — Até eu ficaria.
— Cala a boca. — resmunguei. — Ele é… muito convencido pro meu gosto.
— Ele pode. Qual é? Já olhou para ele? é lindo como deuses do Olimpo e quente como o inferno.
— Vou me lembrar disso para falar pro qualquer dia desses… — brinquei.
— Ei! Mas não é porque estou apaixonada pelo que eu estou cega e não sei apreciar um gatinho quando vejo um. — sabia que ela estava dando de ombros agora.
— Espera… Você disse que está apaixonada?
— Ah, cala a boca. — ela riu envergonhada. — É assim que você vai se sentir quando te beijar pela primeira vez.
— Você diz como se eu realmente fosse beijá-lo. — eu ri. — , isso não vai acontecer nunca.
— Nunca diga nunca, . — ela cantarolou. — Tudo bem que me contou que pode ser o cara mais galinha e galanteador que ele já conheceu na vida, mas não é como se você estivesse procurando o amor da sua vida. Ele pode ser apenas o seu… passatempo de verão, uh?
— Tá maluca? Eu não quero nada que envolva eu e e beijos. — fiz uma careta enquanto encarava na tela do meu celular seu pedido para me seguir, que eu ainda não tinha decidido se iria aceitar ou não.
— Bom, tenho certeza que você vai mudar de ideia depois desse encontro. — disse. — E eu quero que você me ligue assim que voltar…
— , eu não vou sair com e…
— E já que vão ao Hollywood Side, peça a Maryl Streep ou o Jared Leto. — continuou. — E não me mate, mas eu dei seu endereço pra ele! Deve estar chegando a qualquer momento. Arrasa, amiga, beijo e tchau.
desligou na minha cara logo em seguida, e eu tive que ficar algum tempo parada processando todas as suas últimas palavras que foram ditas tão rápidas.
ELA TINHA FEITO O QUÊ?
Me desesperei e comecei a andar de um lado para o outro dentro do meu quarto.
Eu não iria sair para um encontro com , não mesmo. Nem vem.
Uma buzina fez com que eu entrasse em pânico e assim que olhei pela janela, vi com o celular em mãos.
Desci as escadas desesperada antes que meus pais o vissem ali e eu tivesse que dar explicações.
— Uh, olá. — ele sorriu galanteador quando me viu e guardou o celular em sua calça. — Você está deslumbrante.
Olhei para baixo e vi o vestido vermelho listrado de branco que eu usava, era apenas uma roupa de ficar em casa.
— O que você está fazendo aqui, seu estrupício?— perguntei incrédula que ele realmente estava ali. — Eu disse que não iria com você a nenhum lugar.
— E eu disse que iria te fazer minha até o fim do verão. — ele abriu a porta do carro. — E que viria te buscar.
— Eu vou matar a ! — murmurei nervosa.
— Não pode fazer isso, . Quem seria o par de madrinha do em nosso casamento?
Fiz uma cara de choque. Esse garoto não poderia estar falando sério.
Ele continuou com a porta do carro aberta e fazendo sinal com as sobrancelhas para que eu entrasse. Dei então, uma boa olhada em seu carro, não era luxuoso, aliás estava bem longe disso. Era um carro vermelho bem dos velhos.
Um Honda de duas portas, o insulfilm dos vidros de trás descascando, um amassado na parte lateral e havia um chaveiro de espantalho preso no espelho.
— Por que eu deveria ir? — cruzei os braços.
— Porque eu sei que você está louca para descobrir por que esse garoto maravilhoso e talvez um pouco convencido quer tanto te levar para comer um hambúrguer do outro lado da cidade. — ele disse. — E também porque você não quer que eu faça um escândalo em frente à sua casa e encha seu saco pelo resto do verão, não é?
Bufei e vi o sorriso vitorioso se formar em seus lábios quando eu adentrei em seu carro.
Na rádio tocava alguma música do U2 bem baixinho e eu dei uma risada discreta quando teve dificuldade para ligar o carro, que não ligou de primeira.
— O que você queria? — ele olhou para mim. — É um Honda ‘97.
— Seria mais fácil irmos a pé. — debochei.
— Não fale mal do meu bebê, . — resmungou se fingindo de ofendido. — Aposto que não vá xingá-lo quando ver que o banco de trás dele é ótimo para uns bons amassos.
— O quê? — eu ri surpresa. — Só nos seus sonhos, .
Venice Beach; Hollywood Side Restaurant.
Chegamos na hamburgueria cerca de vinte minutos depois, e eu dei graças a Deus. O carro de , além de ser uma lata velha de 1997, não tinha ar condicionado e era mais quente que uma sauna.
— Acho que se eu viesse a pé eu passaria menos calor. — comentei.
— Ah, calada. — ele me puxou para mais perto e eu fiz uma careta tentando me afastar, sem sucesso, pois óbvio que seria mais forte que eu.
Sentamos numa mesa distante de todas as outras e ficamos frente à frente, apenas nos encarando até que nossos pedidos chegassem. Eu acabei pegando o Jared Leto, como tinha me convencido e pegou o Leo DiCaprio, que também parecia estar com uma cara muito boa.
— Então, — começou —, temos que nos conhecer, certo? Eu quero saber mais sobre você.
— E eu certamente não quero saber mais nada sobre você e todo seu egocentrismo. — respondi o fazendo rir.
— Ok. — ele disse limpando a boca suja de ketchup em um guardanapo. — Meu nome é , eu tenho 20 recém completos anos. Estudo cinema na faculdade, por isso a escolha do restaurante. — ele sorriu e eu tentei não demonstrar surpresa. — Conheço , e desde a oitava série. Tenho dois cachorros que eu adotei há três anos, seus nomes são Leia e Han Solo. Mas eu sei que você sabe. — ele piscou para mim. — Sua stalker. — eu senti meu rosto ficar mais quente. — Continuando… Nascido e crescido em Venice Beach, me pergunto incessantemente nos últimos dias como nunca te encontrei por aí. Pretendo ser o próximo Christopher Nolan. Sempre achei a ideia de de ver o nascer do sol todo o começo de verão uma coisa muito hippie. — não consegui segurar o riso. — Adoro fazer as pessoas rirem. Perdi a virgindade no banco de trás do meu carro aos dezesseis. Sei que posso soar um pouco convencido às vezes, mas o que eu posso fazer? Minha autoestima é alta. Eu nunca me apaixonei por ninguém, mas não me importaria de você ser a primeira…
Congelei. Ele riu.
— Sua vez.
Tá, durante essa tarde eu devo ter me surpreendido com umas duzentas vezes. E depois de algum tempo, ele não parecia mais tão egocêntrico e irritantemente insuportável. Eu estava realmente gostando.
No final das contas, eu tinha contado um pouco sobre como eu sou apaixonada por artes cênicas e ele disse que quando ele for um diretor de cinema famoso, ele me faria a musa de todos os seus filmes.
Argh, não queria admitir, mas eu estava gostando… Gostando daquela tarde. Gostando da companhia de e gostando de receber seus sorrisos calorosos a cada minuto. E estava certa enquanto aos olhos, eu estava mais que balançada, eu estava hipnotizada por aqueles olhos tão .
De volta ao Honda ‘97, que eu apelidei de sauna particular do , eu sorria enquanto sentia o vento entrar pela janela e mexia no chaveiro do espelho enquanto ouvia os dedos de batucarem na lataria exterior do carro no ritmo da música desconhecia que tocava na rádio.
— Espero que tenha gostado. — ele falou.
— Digamos que eu me surpreendi bastante com você hoje. — sorri de um modo brincalhão.
— Espero que positivamente.
— Bom, eu não vou dizer que sim. Senão vou inflar mais ainda seu ego, que já é do tamanho de Venice Beach inteira. — ele gargalhou do meu comentário.
— Quer dizer que agora você vai aceitar meu convite para um segundo encontro sem eu ter que fazer chantagem? — ele arqueou as sobrancelhas.
Segundo encontro? Engoli em seco. Esse garoto era rápido…
— Ahm… Eu… — me enrolei com as palavras e ele sorriu ao estacionar o carro em frente à minha casa. — Minha casa. Tenho que entrar.
— Eu sei. — ele coçou a cabeça, parecendo meio sem graça. — Você podia me dar seu número, né?
— Não sei se você merece ainda…
— Qual é, ! — ele riu me vendo descer do carro e ir parar do seu lado do carro. — Como vamos marcar o segundo encontro?
— Eu sei lá. — dei de ombros. — Você já deu seu jeito hoje, pode dar esse mesmo jeito outra vez.
Dei um último sorriso antes de entrar correndo em casa.
Encostei na porta de entrada assim que a fechei atrás de mim e espiei pela fresta da janela que não estava coberta pela cortina o carro de se afastar.
E a primeira coisa que eu fiz assim que me joguei novamente na cama foi dar um longo suspiro enquanto discava o número de .
— COMO FOI? — ela gritou do outro lado da linha, ansiosa.
— , eu juro que vou te bater por ter feito isso, mas…
Venice Beach; Casa da .
Tinha ficado com na ligação até a hora do jantar e tive que ficar aguentando todo o tipo de piadinhas imagináveis e inimagináveis que envolviam eu e romanticamente.
Depois de jantar, fui tomar um banho relaxante para ver se eu conseguia tirar esse sorriso bobo do meu rosto, que eu carregava desde que tinha chegado do Hollywood Side.
Merda!
Enrolava meu cabelo molhado numa toalha quando ouvi meu celular apitar, anunciando uma nova mensagem.
”Você estava certa. Eu sempre dou meu jeito de conseguir o que eu quero. E com você não vai ser diferente, .
Domingo de manhã no parque, às onze da manhã. Vá de tênis.
x”
Era uma sexta-feira à tarde. Eu estava jogada na minha cama falando com por telefone e contando sobre minha conversa com do dia anterior no mar.
— Meu Deus! — ela exclamou. — E o que você respondeu?
— Nada. Aliás, eu dei muita risada. Quem esse garoto pensa que é?
— Ah, . Não me diga que não ficou nem um pouco balançada em ter aqueles olhos te observando durante toda a tarde na praia. — riu. — Até eu ficaria.
— Cala a boca. — resmunguei. — Ele é… muito convencido pro meu gosto.
— Ele pode. Qual é? Já olhou para ele? é lindo como deuses do Olimpo e quente como o inferno.
— Vou me lembrar disso para falar pro qualquer dia desses… — brinquei.
— Ei! Mas não é porque estou apaixonada pelo que eu estou cega e não sei apreciar um gatinho quando vejo um. — sabia que ela estava dando de ombros agora.
— Espera… Você disse que está apaixonada?
— Ah, cala a boca. — ela riu envergonhada. — É assim que você vai se sentir quando te beijar pela primeira vez.
— Você diz como se eu realmente fosse beijá-lo. — eu ri. — , isso não vai acontecer nunca.
— Nunca diga nunca, . — ela cantarolou. — Tudo bem que me contou que pode ser o cara mais galinha e galanteador que ele já conheceu na vida, mas não é como se você estivesse procurando o amor da sua vida. Ele pode ser apenas o seu… passatempo de verão, uh?
— Tá maluca? Eu não quero nada que envolva eu e e beijos. — fiz uma careta enquanto encarava na tela do meu celular seu pedido para me seguir, que eu ainda não tinha decidido se iria aceitar ou não.
— Bom, tenho certeza que você vai mudar de ideia depois desse encontro. — disse. — E eu quero que você me ligue assim que voltar…
— , eu não vou sair com e…
— E já que vão ao Hollywood Side, peça a Maryl Streep ou o Jared Leto. — continuou. — E não me mate, mas eu dei seu endereço pra ele! Deve estar chegando a qualquer momento. Arrasa, amiga, beijo e tchau.
desligou na minha cara logo em seguida, e eu tive que ficar algum tempo parada processando todas as suas últimas palavras que foram ditas tão rápidas.
ELA TINHA FEITO O QUÊ?
Me desesperei e comecei a andar de um lado para o outro dentro do meu quarto.
Eu não iria sair para um encontro com , não mesmo. Nem vem.
Uma buzina fez com que eu entrasse em pânico e assim que olhei pela janela, vi com o celular em mãos.
Desci as escadas desesperada antes que meus pais o vissem ali e eu tivesse que dar explicações.
— Uh, olá. — ele sorriu galanteador quando me viu e guardou o celular em sua calça. — Você está deslumbrante.
Olhei para baixo e vi o vestido vermelho listrado de branco que eu usava, era apenas uma roupa de ficar em casa.
— O que você está fazendo aqui, seu estrupício?— perguntei incrédula que ele realmente estava ali. — Eu disse que não iria com você a nenhum lugar.
— E eu disse que iria te fazer minha até o fim do verão. — ele abriu a porta do carro. — E que viria te buscar.
— Eu vou matar a ! — murmurei nervosa.
— Não pode fazer isso, . Quem seria o par de madrinha do em nosso casamento?
Fiz uma cara de choque. Esse garoto não poderia estar falando sério.
Ele continuou com a porta do carro aberta e fazendo sinal com as sobrancelhas para que eu entrasse. Dei então, uma boa olhada em seu carro, não era luxuoso, aliás estava bem longe disso. Era um carro vermelho bem dos velhos.
Um Honda de duas portas, o insulfilm dos vidros de trás descascando, um amassado na parte lateral e havia um chaveiro de espantalho preso no espelho.
— Por que eu deveria ir? — cruzei os braços.
— Porque eu sei que você está louca para descobrir por que esse garoto maravilhoso e talvez um pouco convencido quer tanto te levar para comer um hambúrguer do outro lado da cidade. — ele disse. — E também porque você não quer que eu faça um escândalo em frente à sua casa e encha seu saco pelo resto do verão, não é?
Bufei e vi o sorriso vitorioso se formar em seus lábios quando eu adentrei em seu carro.
Na rádio tocava alguma música do U2 bem baixinho e eu dei uma risada discreta quando teve dificuldade para ligar o carro, que não ligou de primeira.
— O que você queria? — ele olhou para mim. — É um Honda ‘97.
— Seria mais fácil irmos a pé. — debochei.
— Não fale mal do meu bebê, . — resmungou se fingindo de ofendido. — Aposto que não vá xingá-lo quando ver que o banco de trás dele é ótimo para uns bons amassos.
— O quê? — eu ri surpresa. — Só nos seus sonhos, .
Venice Beach; Hollywood Side Restaurant.
Chegamos na hamburgueria cerca de vinte minutos depois, e eu dei graças a Deus. O carro de , além de ser uma lata velha de 1997, não tinha ar condicionado e era mais quente que uma sauna.
— Acho que se eu viesse a pé eu passaria menos calor. — comentei.
— Ah, calada. — ele me puxou para mais perto e eu fiz uma careta tentando me afastar, sem sucesso, pois óbvio que seria mais forte que eu.
Sentamos numa mesa distante de todas as outras e ficamos frente à frente, apenas nos encarando até que nossos pedidos chegassem. Eu acabei pegando o Jared Leto, como tinha me convencido e pegou o Leo DiCaprio, que também parecia estar com uma cara muito boa.
— Então, — começou —, temos que nos conhecer, certo? Eu quero saber mais sobre você.
— E eu certamente não quero saber mais nada sobre você e todo seu egocentrismo. — respondi o fazendo rir.
— Ok. — ele disse limpando a boca suja de ketchup em um guardanapo. — Meu nome é , eu tenho 20 recém completos anos. Estudo cinema na faculdade, por isso a escolha do restaurante. — ele sorriu e eu tentei não demonstrar surpresa. — Conheço , e desde a oitava série. Tenho dois cachorros que eu adotei há três anos, seus nomes são Leia e Han Solo. Mas eu sei que você sabe. — ele piscou para mim. — Sua stalker. — eu senti meu rosto ficar mais quente. — Continuando… Nascido e crescido em Venice Beach, me pergunto incessantemente nos últimos dias como nunca te encontrei por aí. Pretendo ser o próximo Christopher Nolan. Sempre achei a ideia de de ver o nascer do sol todo o começo de verão uma coisa muito hippie. — não consegui segurar o riso. — Adoro fazer as pessoas rirem. Perdi a virgindade no banco de trás do meu carro aos dezesseis. Sei que posso soar um pouco convencido às vezes, mas o que eu posso fazer? Minha autoestima é alta. Eu nunca me apaixonei por ninguém, mas não me importaria de você ser a primeira…
Congelei. Ele riu.
— Sua vez.
Tá, durante essa tarde eu devo ter me surpreendido com umas duzentas vezes. E depois de algum tempo, ele não parecia mais tão egocêntrico e irritantemente insuportável. Eu estava realmente gostando.
No final das contas, eu tinha contado um pouco sobre como eu sou apaixonada por artes cênicas e ele disse que quando ele for um diretor de cinema famoso, ele me faria a musa de todos os seus filmes.
Argh, não queria admitir, mas eu estava gostando… Gostando daquela tarde. Gostando da companhia de e gostando de receber seus sorrisos calorosos a cada minuto. E estava certa enquanto aos olhos, eu estava mais que balançada, eu estava hipnotizada por aqueles olhos tão .
De volta ao Honda ‘97, que eu apelidei de sauna particular do , eu sorria enquanto sentia o vento entrar pela janela e mexia no chaveiro do espelho enquanto ouvia os dedos de batucarem na lataria exterior do carro no ritmo da música desconhecia que tocava na rádio.
— Espero que tenha gostado. — ele falou.
— Digamos que eu me surpreendi bastante com você hoje. — sorri de um modo brincalhão.
— Espero que positivamente.
— Bom, eu não vou dizer que sim. Senão vou inflar mais ainda seu ego, que já é do tamanho de Venice Beach inteira. — ele gargalhou do meu comentário.
— Quer dizer que agora você vai aceitar meu convite para um segundo encontro sem eu ter que fazer chantagem? — ele arqueou as sobrancelhas.
Segundo encontro? Engoli em seco. Esse garoto era rápido…
— Ahm… Eu… — me enrolei com as palavras e ele sorriu ao estacionar o carro em frente à minha casa. — Minha casa. Tenho que entrar.
— Eu sei. — ele coçou a cabeça, parecendo meio sem graça. — Você podia me dar seu número, né?
— Não sei se você merece ainda…
— Qual é, ! — ele riu me vendo descer do carro e ir parar do seu lado do carro. — Como vamos marcar o segundo encontro?
— Eu sei lá. — dei de ombros. — Você já deu seu jeito hoje, pode dar esse mesmo jeito outra vez.
Dei um último sorriso antes de entrar correndo em casa.
Encostei na porta de entrada assim que a fechei atrás de mim e espiei pela fresta da janela que não estava coberta pela cortina o carro de se afastar.
E a primeira coisa que eu fiz assim que me joguei novamente na cama foi dar um longo suspiro enquanto discava o número de .
— COMO FOI? — ela gritou do outro lado da linha, ansiosa.
— , eu juro que vou te bater por ter feito isso, mas…
Venice Beach; Casa da .
Tinha ficado com na ligação até a hora do jantar e tive que ficar aguentando todo o tipo de piadinhas imagináveis e inimagináveis que envolviam eu e romanticamente.
Depois de jantar, fui tomar um banho relaxante para ver se eu conseguia tirar esse sorriso bobo do meu rosto, que eu carregava desde que tinha chegado do Hollywood Side.
Merda!
Enrolava meu cabelo molhado numa toalha quando ouvi meu celular apitar, anunciando uma nova mensagem.
”Você estava certa. Eu sempre dou meu jeito de conseguir o que eu quero. E com você não vai ser diferente, .
Domingo de manhã no parque, às onze da manhã. Vá de tênis.
x”
PARTE IV
Venice Beach; Casa da .
No domingo de manhã, eu estava na casa de , sentada na cama junto de enquanto minha amiga corria de um lado para o outro atrás da “roupa perfeita”.
Pois é, depois da primeira mensagem de eu liguei para , só para confirmar que tinha sido ela quem havia passado meu número para . E acabou que nosso segundo encontro no parque se estendeu para todos do grupo, que incluía , , , Jesy, Heather e .
Se dissesse que estava um tanto quanto que decepcionada pelos outros amigos irem também soaria patético, não é? Ok. Então não vou dizer.
— , você está linda! — resmungou tão cansado quanto eu. — Não precisa se arrumar mais, só vamos logo!
vestia um macacão jeans claro e uma blusa amarela por baixo com uma tiara prendendo sua franja para trás.
Já eu, estava com um short jeans, regata branca, Vans vermelhos nos pés e uma bandana da mesma cor nos cabelos.
: está fazendo um drama com as roupas.
: Apressem logo essa menina. Se perdemos a grande surpresa por conta dela, ela vai ser afogada no mar.
: KKKKKKKKK que cruel.
: Peça pro prometer uma transa se ela acabar de se arrumar em menos de cinco minutos.
Eu gargalhei alto da última mensagem.
— Muitos amigos, uh? — disse me olhando com aquele olhar malicioso e eu revirei os olhos.
— Ele disse pra você prometer pra uma transa se ela acabar de se arrumar em cinco minutos. — eu comentei e riu também. — Tá pronta ?
— Vocês são muito apressados, Jesus. — ela apareceu na porta do quarto com um sorriso enorme no rosto.
— A está ansiosa para ver o . — falou naturalmente e eu fiz cara de indignação.
— Óbvio que ela está. — rolou os olhos. — Vamos logo encontrar seu Romeu, Júlia.
— É Julieta! — corrigi. — Por Deus! William Shakespeare, ! Cultura, please!
— Que se dane.
Venice Beach; Parque Central.
Cheguei no parque e sorri involuntariamente quando vi com Heather nos ombros correndo feito maluco pelo gramado. Heather ria escandalosamente, o que me fez rir junto.
— Vocês chegaram. — nos cumprimentou com um sorriso.
— Mais um pouco e vocês chegariam junto com a noite. — zombou deixando Heather no chão e correndo até a mim. — Olá, .
— Hm, oi. — disse meio acanhada. — Quero saber, qual é a surpresa?
— Vamos andar de bicicleta! — disse animado. — Estou ansioso.
Eu dei risada.
— Então você fez esse escarcéu todo pra gente só andar de bicicleta? — fiz uma careta enquanto cruzava os braços.
— Como assim só andar de bicicleta? — ele exclamou indignado. — Porra, ! Andar de bicicleta é mágico, uma das melhores coisas para se fazer no verão.
— Eu não gosto tanto assim de andar de bike.
— O QUÊ? — ele parecia muito indignado, o que me fez rir. — Eu não aceito isso, . Vamos mudar seu conceito agora mesmo.
Ele me puxou pelo pulso para mais perto da barraca do parque onde as pessoas alugam as bicicletas.
— Vejo que vocês já estão se dando bem. — olhou sugestivo para mim. — O que aconteceu? Há uma semana atrás você queria matar o .
— Hm, meus conceitos sobre seu amigo estão mudando aos poucos.
— É muito bom ouvir isso. — disse com as mãos no bolso de sua bermuda cinza enquanto observava um extremamente ansioso pagando pelo aluguel das bicicletas mais à frente. — Ele te falou algo sobre te conquistar até o fim do verão? — concordei com a cabeça e ele riu. — só está falando disso nos últimos dias. Ele está realmente empenhado, .
— O que quer dizer com isso, ?
— Que ele está realmente empenhado em te conquistar. — ele disse e me fez rolar os olhos. — Você é a primeira a não cair no papinho furado dele logo de cara.
— A primeira? — eu ri debochada. — Qual é o QI das outras meninas com quem ele flerta? Como podem cair de quatro por um cara que fala tantas asneiras?
— Bom, me diga você! — riu. — Assim que o primeiro beijo acontecer.
Ele deu uma piscadela pra mim e ouvimos nos chamar para mais perto.
— Animada para andar de bicicleta? — ele perguntou.
— Nem um pouquinho.
— Bom, pelo menos você sabe andar. — riu. — Eu vou ter de levar na garupa porque ela não quer andar em uma bicicleta sem rodinha. — fez uma careta.
— ! — gritou e trouxe uma bicicleta verde para mais perto de mim. — Pra você. Verde, a cor que você gosta.
— Como sabe que verde é a cor que eu gosto? — arqueei a sobrancelha desconfiada para ele.
— Pela cor do seu biquíni naquele dia. — ele piscou para mim e subiu em sua bicicleta prateada. — Vamos!
Bufei mas segui seus passos e quando me dei conta, já estava gargalhando enquanto apostava corrida com Jesy e Heather.
e sempre ficavam para trás e eu sempre dava risada quando o ouvi xingá-la dizendo coisas como “, você é muito pesada.”, “Se não tivesse que carregar a madame não estaríamos tão distantes dos outros.”. Eles eram um casal engraçado e bonito, e .
Vi andando com a bicicleta muito à frente dos outros, ele estava muito rápido, com certeza a mais que 30 km por hora, que era o permitido na ciclovia do parque.
Ele tinha um sorriso largo no rosto enquanto o vento fazia com que seus cabelos esvoaçassem para trás, eu sorri com a cena, parecia uma criança de 8 anos que acabara de aprender a andar de bicicleta sem as rodinhas traseiras.
Ele virou-se para trás e me viu parada com a bicicleta enquanto ele ainda pedalava a sua, nossos olhos se encontraram por alguns segundos e eu sorri involuntariamente.
era uma gracinha.
— ! — ele gritou e na fração de segundo seguinte, ele tinha sumido de vista. — AI!
Ouvi as risadas de e Heather ao meu lado e percebi que havia caído.
E ao invés de rir, como eu certamente deveria ter feito, eu apenas soltei minha bicicleta e corri o mais rápido que pude para ver se estava ok.
— , seu idiota. — eu disse me agachando ao seu lado na grama. — Você se machucou?
— Nah. — ele mostrou o joelho ralado que sangrava sem parar. — Pelo menos rasgos no joelho são moda hoje em dia.
Eu ri fechando os olhos. Esse garoto...
— Você deveria ir lavar isso.
— Você poderia me ajudar, não é? — ele fez bico. — Está tão dolorido.
— Mas quando eu perguntei se você tinha se machucado você negou. — respondi com um sorrisinho lateral.
— Oh, não! — ele pôs a mão na testa. — Me ajude, ! Sinto que minha perna vai cair a qualquer momento! Se você não me ajudar eu terei que amputá-la e perderei todo o meu charme.
— Você seria um ótimo ator de novela mexicana, . — eu respondi me levantando e pegando sua bicicleta. — Vem, sobe aí. Eu vou te levar até o banheiro e você lava isso.
— Você é um anjo, sabia disso? — ele sorriu para mim e eu suspirei cansada enquanto começava a pedalar.
— Você tá bem, ? — perguntou enquanto passávamos por ele na bicicleta.
— Estou. — respondeu. — Tive sorte de ser salvo por essa bela dama tão atraente.
gargalhou da cara sensual que fez.
— Vamos logo, . — ele resmungou na garupa.
— Se você não fosse tão gordo eu não estaria demorando tanto. — cantarolei a resposta.
— Vejo que o estrupício se machucou de novo. — gargalhou quando nos viu. — Sempre se metendo em confusão, hein ?
— O que ela quer dizer com isso? — perguntei curiosa e deu de ombros.
— É esse maldito apelido que me deu no ensino médio. — respondeu com um ar de tédio. — Desde que soube o porquê do apelido, ela não para de encher o saco.
— E por que te chama assim?
— Um dia eu te conto. — piscou para mim.
Parei a bicicleta em frente ao banheiro masculino e o indiquei com a cabeça para .
— Você tem que ir comigo.
— Tá maluco? — exclamei. — Não posso entrar no banheiro masculino! Se você não percebeu, eu sou uma garota. Tenho uma vagina, sabe?
— Sério? — fingiu surpresa. — Não acredito! Deixe-me ver.
Eu bufei irritada e empurrei seu ombro de leve.
— Babaca.
— Você gosta. — ele sussurrou perto do meu ouvido enquanto eu o ajudava a andar até o banheiro masculino. — Vai, entra comigo. — ele fez uma voz manhosa.
— Já disse que não posso entrar no banheiro masculino. Eu não sou um garoto.
— Graças a Deus que não é. — ele gargalhou. — Um garoto não teria toda essa bunda…
— ! — eu lhe dei um tapa no peito. — Mais respeito, por favor.
— O quê? — ele gargalhou da minha cara feia. — Tá, tá, tá. Então, para ser mais romântico eu vou dizer: se você fosse um garoto, eu viraria gay por você.
Não pude conter o riso. era inacreditável. Em todos os sentidos da palavra.
Ele se sentou na pia do banheiro e eu abri a torneira, pegando um pedaço de papel e molhando-o.
— Vai arder?
— É só água, . — disse enquanto puxava o rasgo de sua calça jeans um pouco mais para o lado para passar o papel molhado em cima do ralado. Ele gemeu. — Relaxa, é só pra não sangrar mais e não infeccionar depois.
— Você deveria trabalhar em Grey’s Anatomy. Você leva jeito para cuidar das pessoas. — ele resmungou.
— Concordo. — eu ri. — E quando eu ganhar um Emmy pela atuação, eu irei agradecer a por ter machucado o joelho e ter me dado essa ideia.
Ele sorriu e eu o acompanhei.
segurou a minha mão que repousava em cima de seu joelho e me puxou para mais perto. Perto demais.
Os olhos tentavam penetrar em minha alma e eu respirava com dificuldade ao tê-lo tão perto assim.
Uma de suas mãos segurou meu rosto e seu polegar fez carinho em minha bochecha. O que eu estava fazendo, afinal de contas? Ele me puxou delicadamente para mais perto ainda e eu fechei os olhos, sabendo que não iria conseguir resistir estando tão próxima assim.
E então aconteceu, ali, no banheiro masculino do parque de Venice Beach, o nosso primeiro beijo.
Eu deveria ter sentido as famosas borboletas no estômago assim que senti seus lábios encontraram os meus, mas o que eu senti foi diferente, as borboletas nem chegavam aos pés de todos aqueles fogos de artifícios que explodiam sem parar dentro de meu corpo.
Era bom, e tudo ali parecia certo. Certo o jeito que ele segurava em minha nuca e como eu puxava levemente seus cabelos. Certo o modo como sua língua deslizava por minha boca com facilidade. Certo o modo que às vezes parávamos o beijo para recuperar o ar e eu sentia um sorriso se formar em meus lábios e nos dele também. E apesar de nosso primeiro beijo não ter sido no lugar mais convencional de todos, tudo ali parecia certo.
parecia certo.
No domingo de manhã, eu estava na casa de , sentada na cama junto de enquanto minha amiga corria de um lado para o outro atrás da “roupa perfeita”.
Pois é, depois da primeira mensagem de eu liguei para , só para confirmar que tinha sido ela quem havia passado meu número para . E acabou que nosso segundo encontro no parque se estendeu para todos do grupo, que incluía , , , Jesy, Heather e .
Se dissesse que estava um tanto quanto que decepcionada pelos outros amigos irem também soaria patético, não é? Ok. Então não vou dizer.
— , você está linda! — resmungou tão cansado quanto eu. — Não precisa se arrumar mais, só vamos logo!
vestia um macacão jeans claro e uma blusa amarela por baixo com uma tiara prendendo sua franja para trás.
Já eu, estava com um short jeans, regata branca, Vans vermelhos nos pés e uma bandana da mesma cor nos cabelos.
: está fazendo um drama com as roupas.
: Apressem logo essa menina. Se perdemos a grande surpresa por conta dela, ela vai ser afogada no mar.
: KKKKKKKKK que cruel.
: Peça pro prometer uma transa se ela acabar de se arrumar em menos de cinco minutos.
Eu gargalhei alto da última mensagem.
— Muitos amigos, uh? — disse me olhando com aquele olhar malicioso e eu revirei os olhos.
— Ele disse pra você prometer pra uma transa se ela acabar de se arrumar em cinco minutos. — eu comentei e riu também. — Tá pronta ?
— Vocês são muito apressados, Jesus. — ela apareceu na porta do quarto com um sorriso enorme no rosto.
— A está ansiosa para ver o . — falou naturalmente e eu fiz cara de indignação.
— Óbvio que ela está. — rolou os olhos. — Vamos logo encontrar seu Romeu, Júlia.
— É Julieta! — corrigi. — Por Deus! William Shakespeare, ! Cultura, please!
— Que se dane.
Venice Beach; Parque Central.
Cheguei no parque e sorri involuntariamente quando vi com Heather nos ombros correndo feito maluco pelo gramado. Heather ria escandalosamente, o que me fez rir junto.
— Vocês chegaram. — nos cumprimentou com um sorriso.
— Mais um pouco e vocês chegariam junto com a noite. — zombou deixando Heather no chão e correndo até a mim. — Olá, .
— Hm, oi. — disse meio acanhada. — Quero saber, qual é a surpresa?
— Vamos andar de bicicleta! — disse animado. — Estou ansioso.
Eu dei risada.
— Então você fez esse escarcéu todo pra gente só andar de bicicleta? — fiz uma careta enquanto cruzava os braços.
— Como assim só andar de bicicleta? — ele exclamou indignado. — Porra, ! Andar de bicicleta é mágico, uma das melhores coisas para se fazer no verão.
— Eu não gosto tanto assim de andar de bike.
— O QUÊ? — ele parecia muito indignado, o que me fez rir. — Eu não aceito isso, . Vamos mudar seu conceito agora mesmo.
Ele me puxou pelo pulso para mais perto da barraca do parque onde as pessoas alugam as bicicletas.
— Vejo que vocês já estão se dando bem. — olhou sugestivo para mim. — O que aconteceu? Há uma semana atrás você queria matar o .
— Hm, meus conceitos sobre seu amigo estão mudando aos poucos.
— É muito bom ouvir isso. — disse com as mãos no bolso de sua bermuda cinza enquanto observava um extremamente ansioso pagando pelo aluguel das bicicletas mais à frente. — Ele te falou algo sobre te conquistar até o fim do verão? — concordei com a cabeça e ele riu. — só está falando disso nos últimos dias. Ele está realmente empenhado, .
— O que quer dizer com isso, ?
— Que ele está realmente empenhado em te conquistar. — ele disse e me fez rolar os olhos. — Você é a primeira a não cair no papinho furado dele logo de cara.
— A primeira? — eu ri debochada. — Qual é o QI das outras meninas com quem ele flerta? Como podem cair de quatro por um cara que fala tantas asneiras?
— Bom, me diga você! — riu. — Assim que o primeiro beijo acontecer.
Ele deu uma piscadela pra mim e ouvimos nos chamar para mais perto.
— Animada para andar de bicicleta? — ele perguntou.
— Nem um pouquinho.
— Bom, pelo menos você sabe andar. — riu. — Eu vou ter de levar na garupa porque ela não quer andar em uma bicicleta sem rodinha. — fez uma careta.
— ! — gritou e trouxe uma bicicleta verde para mais perto de mim. — Pra você. Verde, a cor que você gosta.
— Como sabe que verde é a cor que eu gosto? — arqueei a sobrancelha desconfiada para ele.
— Pela cor do seu biquíni naquele dia. — ele piscou para mim e subiu em sua bicicleta prateada. — Vamos!
Bufei mas segui seus passos e quando me dei conta, já estava gargalhando enquanto apostava corrida com Jesy e Heather.
e sempre ficavam para trás e eu sempre dava risada quando o ouvi xingá-la dizendo coisas como “, você é muito pesada.”, “Se não tivesse que carregar a madame não estaríamos tão distantes dos outros.”. Eles eram um casal engraçado e bonito, e .
Vi andando com a bicicleta muito à frente dos outros, ele estava muito rápido, com certeza a mais que 30 km por hora, que era o permitido na ciclovia do parque.
Ele tinha um sorriso largo no rosto enquanto o vento fazia com que seus cabelos esvoaçassem para trás, eu sorri com a cena, parecia uma criança de 8 anos que acabara de aprender a andar de bicicleta sem as rodinhas traseiras.
Ele virou-se para trás e me viu parada com a bicicleta enquanto ele ainda pedalava a sua, nossos olhos se encontraram por alguns segundos e eu sorri involuntariamente.
era uma gracinha.
— ! — ele gritou e na fração de segundo seguinte, ele tinha sumido de vista. — AI!
Ouvi as risadas de e Heather ao meu lado e percebi que havia caído.
E ao invés de rir, como eu certamente deveria ter feito, eu apenas soltei minha bicicleta e corri o mais rápido que pude para ver se estava ok.
— , seu idiota. — eu disse me agachando ao seu lado na grama. — Você se machucou?
— Nah. — ele mostrou o joelho ralado que sangrava sem parar. — Pelo menos rasgos no joelho são moda hoje em dia.
Eu ri fechando os olhos. Esse garoto...
— Você deveria ir lavar isso.
— Você poderia me ajudar, não é? — ele fez bico. — Está tão dolorido.
— Mas quando eu perguntei se você tinha se machucado você negou. — respondi com um sorrisinho lateral.
— Oh, não! — ele pôs a mão na testa. — Me ajude, ! Sinto que minha perna vai cair a qualquer momento! Se você não me ajudar eu terei que amputá-la e perderei todo o meu charme.
— Você seria um ótimo ator de novela mexicana, . — eu respondi me levantando e pegando sua bicicleta. — Vem, sobe aí. Eu vou te levar até o banheiro e você lava isso.
— Você é um anjo, sabia disso? — ele sorriu para mim e eu suspirei cansada enquanto começava a pedalar.
— Você tá bem, ? — perguntou enquanto passávamos por ele na bicicleta.
— Estou. — respondeu. — Tive sorte de ser salvo por essa bela dama tão atraente.
gargalhou da cara sensual que fez.
— Vamos logo, . — ele resmungou na garupa.
— Se você não fosse tão gordo eu não estaria demorando tanto. — cantarolei a resposta.
— Vejo que o estrupício se machucou de novo. — gargalhou quando nos viu. — Sempre se metendo em confusão, hein ?
— O que ela quer dizer com isso? — perguntei curiosa e deu de ombros.
— É esse maldito apelido que me deu no ensino médio. — respondeu com um ar de tédio. — Desde que soube o porquê do apelido, ela não para de encher o saco.
— E por que te chama assim?
— Um dia eu te conto. — piscou para mim.
Parei a bicicleta em frente ao banheiro masculino e o indiquei com a cabeça para .
— Você tem que ir comigo.
— Tá maluco? — exclamei. — Não posso entrar no banheiro masculino! Se você não percebeu, eu sou uma garota. Tenho uma vagina, sabe?
— Sério? — fingiu surpresa. — Não acredito! Deixe-me ver.
Eu bufei irritada e empurrei seu ombro de leve.
— Babaca.
— Você gosta. — ele sussurrou perto do meu ouvido enquanto eu o ajudava a andar até o banheiro masculino. — Vai, entra comigo. — ele fez uma voz manhosa.
— Já disse que não posso entrar no banheiro masculino. Eu não sou um garoto.
— Graças a Deus que não é. — ele gargalhou. — Um garoto não teria toda essa bunda…
— ! — eu lhe dei um tapa no peito. — Mais respeito, por favor.
— O quê? — ele gargalhou da minha cara feia. — Tá, tá, tá. Então, para ser mais romântico eu vou dizer: se você fosse um garoto, eu viraria gay por você.
Não pude conter o riso. era inacreditável. Em todos os sentidos da palavra.
Ele se sentou na pia do banheiro e eu abri a torneira, pegando um pedaço de papel e molhando-o.
— Vai arder?
— É só água, . — disse enquanto puxava o rasgo de sua calça jeans um pouco mais para o lado para passar o papel molhado em cima do ralado. Ele gemeu. — Relaxa, é só pra não sangrar mais e não infeccionar depois.
— Você deveria trabalhar em Grey’s Anatomy. Você leva jeito para cuidar das pessoas. — ele resmungou.
— Concordo. — eu ri. — E quando eu ganhar um Emmy pela atuação, eu irei agradecer a por ter machucado o joelho e ter me dado essa ideia.
Ele sorriu e eu o acompanhei.
segurou a minha mão que repousava em cima de seu joelho e me puxou para mais perto. Perto demais.
Os olhos tentavam penetrar em minha alma e eu respirava com dificuldade ao tê-lo tão perto assim.
Uma de suas mãos segurou meu rosto e seu polegar fez carinho em minha bochecha. O que eu estava fazendo, afinal de contas? Ele me puxou delicadamente para mais perto ainda e eu fechei os olhos, sabendo que não iria conseguir resistir estando tão próxima assim.
E então aconteceu, ali, no banheiro masculino do parque de Venice Beach, o nosso primeiro beijo.
Eu deveria ter sentido as famosas borboletas no estômago assim que senti seus lábios encontraram os meus, mas o que eu senti foi diferente, as borboletas nem chegavam aos pés de todos aqueles fogos de artifícios que explodiam sem parar dentro de meu corpo.
Era bom, e tudo ali parecia certo. Certo o jeito que ele segurava em minha nuca e como eu puxava levemente seus cabelos. Certo o modo como sua língua deslizava por minha boca com facilidade. Certo o modo que às vezes parávamos o beijo para recuperar o ar e eu sentia um sorriso se formar em meus lábios e nos dele também. E apesar de nosso primeiro beijo não ter sido no lugar mais convencional de todos, tudo ali parecia certo.
parecia certo.
PARTE V
Venice Beach; Casa da .
Era madrugada, todas as luzes da minha casa estavam apagadas e todos dormiam, mas meus olhos continuavam bem abertos enquanto teclava com por debaixo das cobertas.
: Você vai vir aqui em casa terça, né?
: Sim, sim.
: O que você tá fazendo?
: Falando com você.
: E você?
: Pensando quando vou te beijar de novo.
: …
: É sério.
: Aposto que você também está contando os minutos pra eu te beijar de novo.
: Eu beijo muito bem, eu sei.
: Você é surreal, garoto.
: Esse é um novo jeito de dizer que está apaixonado por mim?
: Boa noite, .
: Boa noite, . Tenha bons sonhos.
: Comigo, é claro.
Bloqueei o celular e fiquei com um sorriso bobo no rosto por algum tempo.
A verdade era que sim, eu estava mesmo contando os minutos para beijá-lo novamente, e não só apenas beijá-lo. Mas para tê-lo junto de mim novamente, os seus braços ao redor do meu corpo, o cheiro amadeirado de seu perfume impregnado em suas roupas que eu inspiro toda vez que ele me abraça, do seu sorriso caloroso e até mesmo de suas tentativas – que agora não são tão falhas, como eram antes – de me conquistar, usando aquelas piadinhas e cantadas.
Desde o nosso beijo de ontem e de todos os amassos que demos no banheiro masculino, parecia que eu era outra pessoa. Uma pessoa mais leve, relaxada e mais bem-humorada, com certeza.
Bem, pelo menos foi isso que meus pais disseram no jantar de ontem, quando nos juntamos a mesa para comer macarronada e eu ria das piadas estranhas que meu pai contava e sorria feito uma idiota para as coisas entediantes que meu irmão menor contava.
Eu não tinha contado a sobre o beijo e talvez eu esteja me arrependendo aos poucos, porque uma hora ela vai saber e vai querer cortar minha cabeça fora por não ter lhe contado no minuto seguinte.
Eu ri de mim mesma. Quem diria, uh?
Caidinha de amores por .
NÃO! Quer dizer, não caidinha de amores... Ahm, vamos reformular a frase, então.
Eu ri de mim mesma. Quem diria, uh?
Querendo beijar de novo.
Venice Beach; Casa do .
Peguei carona com e dessa vez, achei melhor do que ter aguentar a melação de e durante todo o trajeto.
Paramos na frente de uma casa gigantesca, que estava mais para mansão.
— mora aqui? — perguntei ainda um pouco chocada.
— Uhum. — confirmou. — Mora com os pais e os irmãos gêmeos mais novos.
— Relaxa, os pais e os irmãos estão passando as férias em Orlando. — deu de ombros enquanto tirava as chaves do bolso e abria a porta da casa. — Eu, e temos a chave da casa porque você sabe, somos da família.
Eu assenti e me senti meio acanhada ao entrar na casa, que por dentro conseguia ser mais linda e luxuosa do que por fora.
Ouvi a música alta do lado de fora e vi já tirando a regata branca que usava e correndo para o jardim dos fundos.
— POOL PARTY! — ele gritou e eu ouvi um splash.
Segui e fomos juntos para o jardim dos fundos, que meu Deus, era simplesmente magnífico.
O jardim era cheio de florzinhas coloridas, uma churrasqueira no canto, uma geladeira encostada nela e mais ao lado, algumas espreguiçadeiras, uma mesa e um guarda-sol em frente a uma enorme piscina.
A única coisa que passava na minha cabeça era PORRA! Tô pegando um cara rico?
Deus, eu realmente não poderia estar tendo esse tipo de pensamento.
— Bom dia, flor do dia. — zombou enquanto passava os braços por cima dos ombros de e , que estavam perto da churrasqueira. — Já podem sair daí e deixar o rei das carnes vai lhes presentear com o melhor churrasco que vocês já comeram na vida.
— Você fala isso todas as vezes que fazemos churrasco, ! — Jesy gritou enquanto relaxava dentro da piscina. — Eu já não fico mais tão maravilhada assim com sua carne.
— Você é uma puta amiga ingrata, Jesy Carrington! — exclamou ofendido. — Vá fritar ovos pra comer então, porque da minha carne você não sente o cheiro.
Eu gargalhei e decidi me sentar ao lado de na espreguiçadeira.
— E aí, ?
— E aí, ? — ela disse levantando os óculos escuros que usava. — Não acredito que você acordou antes da hora do almoço nas férias. Isso são duas vezes no mesmo verão, podemos comemorar esse recorde? — ela zombou.
— Hahaha. — ri sem humor nenhum.
— Tudo pelo , eu suponho. — ela deu uma risadinha.
— Ah, cala a boca. — resmunguei e me virei para frente, ainda ouvindo sua risada.
— EI, ! — Jesy gritou enquanto carregava como se fosse um grande bebê dentro d’água. — ENTRA AQUI.
— Quem sabe depois, Jesy. — sorri em sua direção.
— Ei, fofo! — chamou . — Vamos lá comigo pegar mais cerveja na cozinha?
deu um sorriso malicioso enquanto ajudava a se levantar da espreguiçadeira e eu os acompanhei com os olhos até eles entrarem na casa novamente e sumirem de vista.
— Pronta pra me beijar de novo?
Levei um susto gigantesco ao ouvir o sussurro de , que agora ocupava o lugar de , tão perto de meu ouvido. E fez com todos os pêlos do meu corpo se arrepiassem.
— Que susto, estrupício. — coloquei a mão no coração. — Quer me matar?
— Só se for de prazer. — e deu mais um daqueles sorrisos de cafajeste galanteador.
— Por Deus! Gostava mais quando suas cantadas não tinham essa conotação sexual tão explícita. — disse cruzando os braços e o fazendo rir.
— Bom, você ainda não respondeu a minha pergunta.
Dei de ombros como se fosse indiferente e me pus de pé ao lado da espreguiçadeira de plástico branca.
Tirei delicadamente e lentamente meu shorts branco para revelar a parte debaixo preta do meu biquíni, e em seguida, a minha regata.
Dei um sorriso satisfeita quando vi que acompanhou todos os meus movimentos sem piscar e de boca aberta. A verdade era que eu não sabia sensualizar, mas eu estava me esforçando ao máximo para tentar deixar com algumas dessas reações que ele demonstrava agora.
— Vem, ! Tá uma delícia. — sorriu pra mim quando me viu ir para a beira da piscina.
Deixei meus chinelos ali no canto e mergulhei, emergindo logo em seguida e arrumando meus cabelos inteiramente molhados.
Heather dormia em cima de uma boia no formato de rodela de limão, e me chamou silenciosamente para mais perto da garota.
Ele indicou com a sobrancelha o que tinha em mente e eu concordei, me esforçando ao máximo para não dar uma risada e acordar a garota.
Vi quando sua boca se mexeu em um contagem muda de “um, dois, três”, e no três, eu peguei de um lado da boia e da outra, virando-a completamente e fazendo com que Heather caísse na água e acordasse no desespero.
veio até mim e fizemos um high five ainda gargalhando da cara furiosa que Heather fez assim que subiu para a superfície.
— Vou entrar aí também. — disse , já tirando os chinelos.
— Antes, você poderia me emprestar uma toalha? — eu perguntei, nadando em direção às escada da piscina.
— Não vai ficar mais? — perguntou.
— Eu não. — ri. — Vai que a Heather me afoga por vingança… Depois eu entro de novo.
— Pensando por esse lado… — fez uma cara de assustado e tratou de sair da piscina imediatamente, correndo para perto de que tirava uma carne do fogo.
— Vem, ! — me chamou para entrar em casa. — A toalha, esqueceu?
— Ah, não. Eu tô toda molhada, vou sujar sua casa…
— Nah, bobagem. — ele puxou meu pulso delicadamente. — Pelo menos a empregada vai ter o que fazer quando vier amanhã de manhã.
Eu ri enquanto ele me guiava pela grande escadaria de mármore que havia perto da porta da cozinha.
— Sabe — ele colocou um fio de cabelo meu molhado no lugar e sorriu. —, não via a hora de estar sozinho com você de novo.
— E por quê? — perguntei fingindo inocência.
— Porque eu queria fazer isso de novo.
me puxou pela cintura e colou nossos corpos frações de segundos antes de invadir minha boca com sua língua deliciosa.
E lá estava eu de novo, me deixando levar pelas reações e sentimentos bobos que me causava.
Fomos subindo a escada bem devagar e ainda assim, sem nos desgrudarmos por um instante.
Andamos pelo extenso corredor quando ele agarrou minhas coxas e me deu impulso para para entrelaçar minhas pernas em sua cintura enquanto meus braços estavam em seu pescoço.
Senti quando suas costas bateram em uma da porta, e ele, com a mão que não estava repousada em minha bunda, girou a maçaneta para que pudéssemos adentrar no cômodo.
A sequência de gritos que veio depois foi ensurdecedoramente alto.
Eu ainda estava no colo de enquanto encarava e deitamos na cama de solteiro. O calção azul que ele usava já estava para baixo do joelho e a visão da bunda branca de talvez nunca mais saísse da minha memória.
estava totalmente descabelada e com um chupão bem roxo perto dos seios, que graças a Deus, ainda estavam cobertos pela parte branca de seu biquíni.
— !
— , MERDA!
— ? MAS… O QUÊ?
— QUE NOJO!
— QUE PORRA É ESSA!
— !
— NO QUARTO DO MEU IRMÃO MAIS NOVO, ! EW!
— VOCÊ TAMBÉM IA TRANSAR AQUI SE JÁ NÃO ESTIVESSE OCUPADO.
— VOCÊ IA TRANSAR COM O , ?
— !
— Com licença. — saiu do quarto e fechou a porta, finalmente me colocando no chão e encarando os próprios pés. — Que… cena.
— Vou ter pesadelos pelo resto do verão. — eu ri sem graça.
Ficamos cada um encostado em um das paredes do corredor sem trocar uma palavra, sem nem ao menos nos olharmos.
E olhamos para a porta do quarto atentos quando saiu de lá.
— , foi mal. — riu sem graça coçando a nuca.
saiu logo em seguida toda afobada e veio em minha direção, distribuindo tapas em todas as partes do meu corpo que ela conseguia.
— Sua louca! — eu ri me protegendo dos tapas inutilmente. — O que cê tá fazendo?
— Você é uma idiota, ! — exclamou. — Você tá pegando mesmo o ?
— Para de me bater. — segurei seus pulsos. — Você que tava enchendo meu saco pra eu ficar com ele, lembra?
— Eu sei! Mas achei que você fosse melhor que isso. Qual é? Ele pega todo mundo sempre usando as mesmas cantadas…
— Eu estou aqui ainda, tá ? — a voz de chamou a nossa atenção.
— Não dirigi a palavra a você, estrupício. — respondeu grosseira e se voltou para mim novamente. — Mas estou feliz! Você estava mesmo precisando tirar o pó e as teias de aranha do meio das p..
— ! — exclamou rindo. — Vamos lá pra fora, vem. — puxou sua mão e entrelaçou seus dedos. — Eu quero comer o que o está preparando.
— Hoje à noite. — ela indicou o dedo em meu rosto. — Vou te ligar e vamos conversar sério.
a puxou com mais força e ela se deu por vencida, descendo as escadas atrás do pseudo namorado.
Encarei novamente mordendo o lábio inferior e ele sorriu pra mim.
— Vem. — ele me puxou pela mão e eu o segui, pela primeira vez, sem contestar.
Ele abriu a porta de um outro cômodo e deu passagem para que eu entrasse.
Era um quarto grande e nada organizado.
Tinha uma cama de casal com um edredom de alguns heróis da Marvel embolado em um canto. O guarda-roupa com as portas abertas. O espelho que ficava ao lado de uma outra porta, que provavelmente seria o banheiro. Havia uma TV gigante pendurada na parede, algumas estantes cheias de DVDs de filmes famosos, alguns bonecos de heróis de figure action, e um ukulele em cima de uma mesa de madeira que havia embaixo da TV.
Sem contar no número de roupas espalhadas pelo chão e papéis jogados pela mesa e pela cama.
— Esse é meu quarto. — ele disse. — Acho que você percebeu.
— Desconfiei depois de notar o tamanho dessa bagunça. — eu ri dando uma voltinha pelo quarto e achando uma embalagem vazia de Cheetos. — Ew, !
— Não me julgue. Eu sou bagunceiro, mas eu me acho na minha bagunça. — se defendeu.
— Você toca ukulele? — perguntei admirada enquanto pegava o pequeno violão em mãos.
— Toco. — ele deu de ombros enquanto mexia em alguma coisa dentro do guarda-roupa. — Quero te mostrar uma coisa.
Eu comecei a dedilhar distraidamente pelas cordas do ukulele e mesmo sem saber tocar, sorri com o som que o objeto emitia. E depois de empurrar algumas roupas mais para o lado, sentei em sua cama, o esperando.
— Achei! — ele sorriu para mim enquanto me entregava uma foto.
Peguei e analisei-a melhor.
Haviam quatro meninos baixinhos, três bem magricelas e um gordinho, com cabelos jogados para o lado e presumi que aquela foto havia sido tirado na época que o Justin Bieber em One Time fazia sucesso, pois os cabelos dos quatros eram iguais ao do JB.
Todos seguravam um papel que se lia certificado em dourado. Eu não sabia sobre o que era o certificado. Três deles sorriam enquanto o mais gordinho deles fazia uma cara de dor. E então eu percebi, os dois joelhos rasgando, a blusa branca cheia de barro e alguns arranhões no braço.
Sorri involuntariamente ao perceber que o garoto gordinho e todo estrupiado era .
— Vire.
Virei a foto e li em uma caligrafia infantil as seguintes frases:
Certificado de conclusão do curso de futebol! todo machucado porque ele é um estrupício! Não foi à toa que todos na arquibancada gritavam o apelido.
Sorry , mas pegou HAHA.
— Meu Deus, vocês eram muito fofinhos! — disse sorridente enquanto apertando as bochechas de , que se inclinou para frente e me deu um selinho rápido.
— O apelido de estrupício nasceu aí. — ele explicou. — Último dia do nosso cursinho de futebol da escola. O jogo que todos da escola estavam na arquibancada, e eu acabei esbarrando em um outro garoto e acabei me estabacando no chão. — ele riu sozinho. — E depois, de novo e de novo. Enfim, eu passei o jogo mais caído no chão do que jogando bola em si. E aí, gritou “Tá louco, ! Só se estrupica. Seu estrupício”, e quando eu me dei conta até o treinador Hall estava me chamando de estrupício.
Eu sorri.
Realmente adorável.
Eu não pensei duas vezes antes de deixar a foto de lado, segurar seu rosto entre minhas mãos e o beijar.
era adorável. Em todos os sentidos da palavra. Assim como eu havia dito que ele era inacreditável. Em todos os sentidos da palavra.
Ele me puxou para sentar em seu colo e ficamos ali. Dando uns amassos no seu quarto bagunçado enquanto o resto dos nossos amigos devorava o churrasco que havia preparado.
E tive coragem de admitir para mim mesma que eu estava gostando cada vez mais de e desse seu jeito cara de pau e galanteador e ao mesmo tempo, fofo demais para eu poder aguentar.
Era madrugada, todas as luzes da minha casa estavam apagadas e todos dormiam, mas meus olhos continuavam bem abertos enquanto teclava com por debaixo das cobertas.
: Você vai vir aqui em casa terça, né?
: Sim, sim.
: O que você tá fazendo?
: Falando com você.
: E você?
: Pensando quando vou te beijar de novo.
: …
: É sério.
: Aposto que você também está contando os minutos pra eu te beijar de novo.
: Eu beijo muito bem, eu sei.
: Você é surreal, garoto.
: Esse é um novo jeito de dizer que está apaixonado por mim?
: Boa noite, .
: Boa noite, . Tenha bons sonhos.
: Comigo, é claro.
Bloqueei o celular e fiquei com um sorriso bobo no rosto por algum tempo.
A verdade era que sim, eu estava mesmo contando os minutos para beijá-lo novamente, e não só apenas beijá-lo. Mas para tê-lo junto de mim novamente, os seus braços ao redor do meu corpo, o cheiro amadeirado de seu perfume impregnado em suas roupas que eu inspiro toda vez que ele me abraça, do seu sorriso caloroso e até mesmo de suas tentativas – que agora não são tão falhas, como eram antes – de me conquistar, usando aquelas piadinhas e cantadas.
Desde o nosso beijo de ontem e de todos os amassos que demos no banheiro masculino, parecia que eu era outra pessoa. Uma pessoa mais leve, relaxada e mais bem-humorada, com certeza.
Bem, pelo menos foi isso que meus pais disseram no jantar de ontem, quando nos juntamos a mesa para comer macarronada e eu ria das piadas estranhas que meu pai contava e sorria feito uma idiota para as coisas entediantes que meu irmão menor contava.
Eu não tinha contado a sobre o beijo e talvez eu esteja me arrependendo aos poucos, porque uma hora ela vai saber e vai querer cortar minha cabeça fora por não ter lhe contado no minuto seguinte.
Eu ri de mim mesma. Quem diria, uh?
Caidinha de amores por .
NÃO! Quer dizer, não caidinha de amores... Ahm, vamos reformular a frase, então.
Eu ri de mim mesma. Quem diria, uh?
Querendo beijar de novo.
Venice Beach; Casa do .
Peguei carona com e dessa vez, achei melhor do que ter aguentar a melação de e durante todo o trajeto.
Paramos na frente de uma casa gigantesca, que estava mais para mansão.
— mora aqui? — perguntei ainda um pouco chocada.
— Uhum. — confirmou. — Mora com os pais e os irmãos gêmeos mais novos.
— Relaxa, os pais e os irmãos estão passando as férias em Orlando. — deu de ombros enquanto tirava as chaves do bolso e abria a porta da casa. — Eu, e temos a chave da casa porque você sabe, somos da família.
Eu assenti e me senti meio acanhada ao entrar na casa, que por dentro conseguia ser mais linda e luxuosa do que por fora.
Ouvi a música alta do lado de fora e vi já tirando a regata branca que usava e correndo para o jardim dos fundos.
— POOL PARTY! — ele gritou e eu ouvi um splash.
Segui e fomos juntos para o jardim dos fundos, que meu Deus, era simplesmente magnífico.
O jardim era cheio de florzinhas coloridas, uma churrasqueira no canto, uma geladeira encostada nela e mais ao lado, algumas espreguiçadeiras, uma mesa e um guarda-sol em frente a uma enorme piscina.
A única coisa que passava na minha cabeça era PORRA! Tô pegando um cara rico?
Deus, eu realmente não poderia estar tendo esse tipo de pensamento.
— Bom dia, flor do dia. — zombou enquanto passava os braços por cima dos ombros de e , que estavam perto da churrasqueira. — Já podem sair daí e deixar o rei das carnes vai lhes presentear com o melhor churrasco que vocês já comeram na vida.
— Você fala isso todas as vezes que fazemos churrasco, ! — Jesy gritou enquanto relaxava dentro da piscina. — Eu já não fico mais tão maravilhada assim com sua carne.
— Você é uma puta amiga ingrata, Jesy Carrington! — exclamou ofendido. — Vá fritar ovos pra comer então, porque da minha carne você não sente o cheiro.
Eu gargalhei e decidi me sentar ao lado de na espreguiçadeira.
— E aí, ?
— E aí, ? — ela disse levantando os óculos escuros que usava. — Não acredito que você acordou antes da hora do almoço nas férias. Isso são duas vezes no mesmo verão, podemos comemorar esse recorde? — ela zombou.
— Hahaha. — ri sem humor nenhum.
— Tudo pelo , eu suponho. — ela deu uma risadinha.
— Ah, cala a boca. — resmunguei e me virei para frente, ainda ouvindo sua risada.
— EI, ! — Jesy gritou enquanto carregava como se fosse um grande bebê dentro d’água. — ENTRA AQUI.
— Quem sabe depois, Jesy. — sorri em sua direção.
— Ei, fofo! — chamou . — Vamos lá comigo pegar mais cerveja na cozinha?
deu um sorriso malicioso enquanto ajudava a se levantar da espreguiçadeira e eu os acompanhei com os olhos até eles entrarem na casa novamente e sumirem de vista.
— Pronta pra me beijar de novo?
Levei um susto gigantesco ao ouvir o sussurro de , que agora ocupava o lugar de , tão perto de meu ouvido. E fez com todos os pêlos do meu corpo se arrepiassem.
— Que susto, estrupício. — coloquei a mão no coração. — Quer me matar?
— Só se for de prazer. — e deu mais um daqueles sorrisos de cafajeste galanteador.
— Por Deus! Gostava mais quando suas cantadas não tinham essa conotação sexual tão explícita. — disse cruzando os braços e o fazendo rir.
— Bom, você ainda não respondeu a minha pergunta.
Dei de ombros como se fosse indiferente e me pus de pé ao lado da espreguiçadeira de plástico branca.
Tirei delicadamente e lentamente meu shorts branco para revelar a parte debaixo preta do meu biquíni, e em seguida, a minha regata.
Dei um sorriso satisfeita quando vi que acompanhou todos os meus movimentos sem piscar e de boca aberta. A verdade era que eu não sabia sensualizar, mas eu estava me esforçando ao máximo para tentar deixar com algumas dessas reações que ele demonstrava agora.
— Vem, ! Tá uma delícia. — sorriu pra mim quando me viu ir para a beira da piscina.
Deixei meus chinelos ali no canto e mergulhei, emergindo logo em seguida e arrumando meus cabelos inteiramente molhados.
Heather dormia em cima de uma boia no formato de rodela de limão, e me chamou silenciosamente para mais perto da garota.
Ele indicou com a sobrancelha o que tinha em mente e eu concordei, me esforçando ao máximo para não dar uma risada e acordar a garota.
Vi quando sua boca se mexeu em um contagem muda de “um, dois, três”, e no três, eu peguei de um lado da boia e da outra, virando-a completamente e fazendo com que Heather caísse na água e acordasse no desespero.
veio até mim e fizemos um high five ainda gargalhando da cara furiosa que Heather fez assim que subiu para a superfície.
— Vou entrar aí também. — disse , já tirando os chinelos.
— Antes, você poderia me emprestar uma toalha? — eu perguntei, nadando em direção às escada da piscina.
— Não vai ficar mais? — perguntou.
— Eu não. — ri. — Vai que a Heather me afoga por vingança… Depois eu entro de novo.
— Pensando por esse lado… — fez uma cara de assustado e tratou de sair da piscina imediatamente, correndo para perto de que tirava uma carne do fogo.
— Vem, ! — me chamou para entrar em casa. — A toalha, esqueceu?
— Ah, não. Eu tô toda molhada, vou sujar sua casa…
— Nah, bobagem. — ele puxou meu pulso delicadamente. — Pelo menos a empregada vai ter o que fazer quando vier amanhã de manhã.
Eu ri enquanto ele me guiava pela grande escadaria de mármore que havia perto da porta da cozinha.
— Sabe — ele colocou um fio de cabelo meu molhado no lugar e sorriu. —, não via a hora de estar sozinho com você de novo.
— E por quê? — perguntei fingindo inocência.
— Porque eu queria fazer isso de novo.
me puxou pela cintura e colou nossos corpos frações de segundos antes de invadir minha boca com sua língua deliciosa.
E lá estava eu de novo, me deixando levar pelas reações e sentimentos bobos que me causava.
Fomos subindo a escada bem devagar e ainda assim, sem nos desgrudarmos por um instante.
Andamos pelo extenso corredor quando ele agarrou minhas coxas e me deu impulso para para entrelaçar minhas pernas em sua cintura enquanto meus braços estavam em seu pescoço.
Senti quando suas costas bateram em uma da porta, e ele, com a mão que não estava repousada em minha bunda, girou a maçaneta para que pudéssemos adentrar no cômodo.
A sequência de gritos que veio depois foi ensurdecedoramente alto.
Eu ainda estava no colo de enquanto encarava e deitamos na cama de solteiro. O calção azul que ele usava já estava para baixo do joelho e a visão da bunda branca de talvez nunca mais saísse da minha memória.
estava totalmente descabelada e com um chupão bem roxo perto dos seios, que graças a Deus, ainda estavam cobertos pela parte branca de seu biquíni.
— !
— , MERDA!
— ? MAS… O QUÊ?
— QUE NOJO!
— QUE PORRA É ESSA!
— !
— NO QUARTO DO MEU IRMÃO MAIS NOVO, ! EW!
— VOCÊ TAMBÉM IA TRANSAR AQUI SE JÁ NÃO ESTIVESSE OCUPADO.
— VOCÊ IA TRANSAR COM O , ?
— !
— Com licença. — saiu do quarto e fechou a porta, finalmente me colocando no chão e encarando os próprios pés. — Que… cena.
— Vou ter pesadelos pelo resto do verão. — eu ri sem graça.
Ficamos cada um encostado em um das paredes do corredor sem trocar uma palavra, sem nem ao menos nos olharmos.
E olhamos para a porta do quarto atentos quando saiu de lá.
— , foi mal. — riu sem graça coçando a nuca.
saiu logo em seguida toda afobada e veio em minha direção, distribuindo tapas em todas as partes do meu corpo que ela conseguia.
— Sua louca! — eu ri me protegendo dos tapas inutilmente. — O que cê tá fazendo?
— Você é uma idiota, ! — exclamou. — Você tá pegando mesmo o ?
— Para de me bater. — segurei seus pulsos. — Você que tava enchendo meu saco pra eu ficar com ele, lembra?
— Eu sei! Mas achei que você fosse melhor que isso. Qual é? Ele pega todo mundo sempre usando as mesmas cantadas…
— Eu estou aqui ainda, tá ? — a voz de chamou a nossa atenção.
— Não dirigi a palavra a você, estrupício. — respondeu grosseira e se voltou para mim novamente. — Mas estou feliz! Você estava mesmo precisando tirar o pó e as teias de aranha do meio das p..
— ! — exclamou rindo. — Vamos lá pra fora, vem. — puxou sua mão e entrelaçou seus dedos. — Eu quero comer o que o está preparando.
— Hoje à noite. — ela indicou o dedo em meu rosto. — Vou te ligar e vamos conversar sério.
a puxou com mais força e ela se deu por vencida, descendo as escadas atrás do pseudo namorado.
Encarei novamente mordendo o lábio inferior e ele sorriu pra mim.
— Vem. — ele me puxou pela mão e eu o segui, pela primeira vez, sem contestar.
Ele abriu a porta de um outro cômodo e deu passagem para que eu entrasse.
Era um quarto grande e nada organizado.
Tinha uma cama de casal com um edredom de alguns heróis da Marvel embolado em um canto. O guarda-roupa com as portas abertas. O espelho que ficava ao lado de uma outra porta, que provavelmente seria o banheiro. Havia uma TV gigante pendurada na parede, algumas estantes cheias de DVDs de filmes famosos, alguns bonecos de heróis de figure action, e um ukulele em cima de uma mesa de madeira que havia embaixo da TV.
Sem contar no número de roupas espalhadas pelo chão e papéis jogados pela mesa e pela cama.
— Esse é meu quarto. — ele disse. — Acho que você percebeu.
— Desconfiei depois de notar o tamanho dessa bagunça. — eu ri dando uma voltinha pelo quarto e achando uma embalagem vazia de Cheetos. — Ew, !
— Não me julgue. Eu sou bagunceiro, mas eu me acho na minha bagunça. — se defendeu.
— Você toca ukulele? — perguntei admirada enquanto pegava o pequeno violão em mãos.
— Toco. — ele deu de ombros enquanto mexia em alguma coisa dentro do guarda-roupa. — Quero te mostrar uma coisa.
Eu comecei a dedilhar distraidamente pelas cordas do ukulele e mesmo sem saber tocar, sorri com o som que o objeto emitia. E depois de empurrar algumas roupas mais para o lado, sentei em sua cama, o esperando.
— Achei! — ele sorriu para mim enquanto me entregava uma foto.
Peguei e analisei-a melhor.
Haviam quatro meninos baixinhos, três bem magricelas e um gordinho, com cabelos jogados para o lado e presumi que aquela foto havia sido tirado na época que o Justin Bieber em One Time fazia sucesso, pois os cabelos dos quatros eram iguais ao do JB.
Todos seguravam um papel que se lia certificado em dourado. Eu não sabia sobre o que era o certificado. Três deles sorriam enquanto o mais gordinho deles fazia uma cara de dor. E então eu percebi, os dois joelhos rasgando, a blusa branca cheia de barro e alguns arranhões no braço.
Sorri involuntariamente ao perceber que o garoto gordinho e todo estrupiado era .
— Vire.
Virei a foto e li em uma caligrafia infantil as seguintes frases:
Sorry , mas pegou HAHA.
// e (2008)
— O apelido de estrupício nasceu aí. — ele explicou. — Último dia do nosso cursinho de futebol da escola. O jogo que todos da escola estavam na arquibancada, e eu acabei esbarrando em um outro garoto e acabei me estabacando no chão. — ele riu sozinho. — E depois, de novo e de novo. Enfim, eu passei o jogo mais caído no chão do que jogando bola em si. E aí, gritou “Tá louco, ! Só se estrupica. Seu estrupício”, e quando eu me dei conta até o treinador Hall estava me chamando de estrupício.
Eu sorri.
Realmente adorável.
Eu não pensei duas vezes antes de deixar a foto de lado, segurar seu rosto entre minhas mãos e o beijar.
era adorável. Em todos os sentidos da palavra. Assim como eu havia dito que ele era inacreditável. Em todos os sentidos da palavra.
Ele me puxou para sentar em seu colo e ficamos ali. Dando uns amassos no seu quarto bagunçado enquanto o resto dos nossos amigos devorava o churrasco que havia preparado.
E tive coragem de admitir para mim mesma que eu estava gostando cada vez mais de e desse seu jeito cara de pau e galanteador e ao mesmo tempo, fofo demais para eu poder aguentar.
PARTE VI
Venice Beach; Pista da Skate.
Estávamos todos na pista de skate que ficava em frente à praia da Âncora.
e não paravam de andar com os skates pra lá e pra cá enquanto eu, e estávamos sentados com os pés dentro do piscinão vazio onde passava com o skate e fazia careta para nós toda vez que fazia gracinhas.
Já fazia quase duas semanas que estávamos nessa, digo, eu e . Não sabíamos o que estávamos tendo, mas nem queríamos ter de classificar nosso relacionamento em algo. Era apenas uma coisa que estava acontecendo gradativamente e estava sendo ótimo, uma das coisas mais felizes que me aconteceu.
Em toda a minha vida eu nunca me envolvi com alguém da maneira como eu estou com . Alguns beijos ali, e uns pequenos encontros aqui, mas nada demais, nada que valesse ter uma continuidade ou coisa do tipo.
Mas com era diferente.
Apesar de toda a prepotência, o ego maior do que Venice Beach e o sorriso cafajeste que ele dava toda vez que sabia que estava me conquistando aos poucos, eu adorava estar com ele, me fazia bem, muito bem, aliás. E por hora, eu não conseguia me ver longe dele e daqueles seus lábios macios, e bem, eu nem queria estar longe.
— Voltei! — gritou chamando minha atenção e a dos outros. — Trouxe meu ukulele.
— Grande . — riu fazendo um high five com ele. — Vamos cantar enquanto aqueles dois ralam os joelhos no asfalto quente.
— Por que você não anda de skate também, ? — foi que perguntou.
— Eu não tenho equilíbrio nem parado em solo firme, quem dirá em cima de uma prancha com quatro rodas. — ele deu de ombros.
— E você, ? — perguntei.
— O que você acha? — ele levantou as sobrancelhas ironicamente. — Se não tem equilíbrio pra isso, imagina eu.
— Não é à toa que seu apelido é estrupício. — brincou e mostrou a língua.
— Qual a definição de estrupício mesmo?
— Hmm… — pensou um pouco antes de procurar no celular. — estrupício é um problema de grandes proporções, segundo o Google.
— Oh. — eu gargalhei. — Então estava mais do que certo quando te deu esse apelido, ! Pois você é realmente um problema de grandes proporções.
— Vou levar isso como um elogio. — ele piscou pra mim antes de se aproximar e me dar um selinho. — , vem comigo.
pegou o ukulele e começou a dedilhar, até que a introdução da música começou a fazer sentido em minha cabeça.
Eu sorri enquanto balançava as pernas e via fazendo manobras com o skate do outro lado da pista, e então, a voz suave de ao meu lado me chamou a atenção.
It must have been a picture that you send me last night
(Devo ter sido a foto que você me mandou noite passada)
It must have when you got in my imagination racing
(Deve ter sido enquanto você corria em minha imaginação)
Stuck in my head when I turn off the light
(Presa na minha cabeça quando eu desligar as luzes)
It must be a sign that I really want you baby
(Deve ser um sinal de que eu realmente te quero, baby)
deu um sorrisinho lateral pra mim quando acabou o primeiro verso da música e eu revirei os olhos sorrindo, entendendo a mensagem escondida ali.
decidiu que iria continuar o próximo verso e cruzou as pernas.
I don't know why
(Eu não sei o porquê)
You got me up so high
(Você me deixou tão alto)
All day and all night
(O dia inteiro e a noite inteira)
It's on my mind
(Está na minha mente)
Então voltou a cantar enquanto se aproximava de nós com o skate.
I see you naked
(Eu te vejo nua)
I see your face in my head
(Eu vejo seu rosto em minha cabeça)
I can't escape it
(Não consigo escapar)
Wish you woke up in my bed
(Gostaria que você acordasse na minha cama)
I see you naked in my dreams
(Eu te vejo nua em meus sonhos)
And I don't wanna wake up
(E eu não quero acordar)
I see you naked
(Eu te vejo nua)
You know it's making me wanna fall…
(Você sabe que está me fazendo querer cair)
de juntou a ele nesse outro verso, e sorria enquanto cantava olhando diretamente nos meus olhos.
La la la la la falling in love
(la la la la la me apaixonar)
Gonna make me fall
(Está fazendo cair)
La la la la la falling in love
(la la la la la me apaixonar)
se sentou ao lado de com o skate em cima do colo e começou a cantar sozinho o último verso.
Oh what'd you do what'd you do if I said
(Oh, o que você faria, o que você faria se eu dissesse)
Come into my bed come into my bed
(Venha para a minha cama, venha para minha cama)
Oh what'd you do what'd you do if I said
(Oh, o que você faria, o que você faria se eu dissesse)
Come into my bed come into my bed
(Venha para minha cama, venha para a minha cama)
Show me your fantasy
(Mostre-me sua fantasia)
Hold on tight I'll make you scream
(Segure-se, eu farei você gritar)
Come on let's make it seem
(Vamos, vamos fazer com que)
Make this dream reality
(Fazer esse sonho de tornar realidade)
E então, todos cantavam juntos, até mesmo eu e tentamos acompanhar a letra.
La la la la la falling in love
(la la la la la me apaixonar)
Gonna make me fall
(Está me fazendo)
La la la la la falling in love
(la la la la la me apaixonar)
I see you naked in my dreams
(Eu te vejo nua em meus sonhos)
And I don't wanna wake up
(E eu não quero acordar)
I see you naked
(Eu te vejo nua)
You know it's making me wanna fall...
(Você sabe que está me fazendo querer cair…)
Algumas pessoas ao redor até bateram palmas quando a música acabou e eu ria de como se curvava para frente de um jeito cordial para agradecer pelas palmas.
sentou em cima do skate de e me puxou para que eu ficasse entre suas pernas, enlaçando meu corpo com seus braços e depositando um beijo suave em meu pescoço.
Enquanto isso, observávamos que andava de skate.
Ele de repente, parou no meio do piscinão e se ajoelhou no chão.
— O que ele está fazendo? — sussurrei para que deu de ombros sem saber também.
— ! — ele gritou tirando uma caixinha azul de veludo do bolso da calça jeans.
— Você tá brincando com a minha cara… — comentou ao meu lado com o maior sorriso do mundo estampado em sua cara.
Ela se levantou e cobriu a boca com as duas mãos.
— NAMORA COMIGO, VAI!
deu um sorriso de lado quando viu pular e soltar gritinhos de emoção.
ajudou ela a pular para dentro do piscinão e eu sorria ao ver pular no colo de no momento que se encontraram ali no meio e se beijaram intensamente.
Mais aplausos foram ouvidos de todos que estavam na pista de skate, inclusive os meus e os dos três meninos ao meu lado.
Venice Beach; Praia da Âncora.
Eram quase sete da noite e estava quase escurecendo.
Eu, e os quatro garotos estávamos sentados na areia bem perto do mar, cada um com uma long neck da Heineken na mão enquanto conversávamos dos assuntos mais variados possíveis e dávamos risadas de todas as besteiras que nos contava. Inclusive de algumas histórias de colégio onde sempre acabava se dando mal.
— … Foi engraçado demais, ! — dizia entre risadas. — Você deveria estar lá pra ver como e ficaram após receber a carta de admissão para a faculdade de Cinema.
— Eu e fomos de madrugada para praia sem roupas e dançamos One More Time da Britney Spears na areia. — comentou rindo. — Esse era o combinado caso passássemos pra faculdade.
— A única coisa que fez quando passou na faculdade de biomedicina foi nos mandar uma foto da carta de admissão junto do Toyota azul que os pais deram pra ele. — falou com um tom de desdém falso.
— Rico. — cantarolou enquanto dava um gole em sua cerveja e jogava seu braço sobre meus ombros.
— E você, ? — perguntei. — Não vai pra faculdade, não?
fez uma careta e eu ri.
— Quem sabe no próximo semestre. Por enquanto eu tô bem só trabalhando com meu pai na oficina. — deu de ombros. — Mas e vocês duas, uh?
— É, e vocês duas? — disse me olhando de lado. — Recém-formadas no colégio, já sabem o que querem fazer de faculdade?
— Ai, já me inscrevi para uma bolsa de pedagogia na faculdade de Venice. Estou ansiosa para o resultado! — bateu palminhas.
— Ah, não! — resmungou. — Vou ter que aguentar e 24/7 de pegação?
Eu gargalhei quando deu um tapa em sua cabeça de leve.
— E você, ?
— Eu… Hm… — mordi o lábio inferior e dei de ombros. — Não sei ainda.
Não iria falar para sobre a minha inscrição para a faculdade em Nova Iorque, talvez as coisas ficassem desconfortáveis entre nós se eu resolvesse falar que talvez eu saísse de Venice Beach para ir para Nova Iorque e nunca mais voltar.
Ok, nunca mais voltar é talvez ser dramática demais, mas é quase isso.
— Não esquenta, . — falou sorrindo para mim. — Ainda temos muito tempo.
— É.
Sorri sem mostrar os dentes e abracei meus próprios joelhos, encarando as ondas quebrando ao longe e sentindo um bolo se formar no meu estômago.
É claro que tinha a chance da faculdade de Nova Iorque não me aceitar e eu ter que desistir do sonho de cursar artes cênicas e acabar na faculdade de Venice cursando qualquer outra coisa, aliás, havia quase 90% de chance disso acontecer, mas… Eu acreditava veemente nesses 10% que sobrava, que era que daqui a uma semana eu iria receber a carta falando que fui aceita e iria morar na cidade dos meus sonhos cursando o que eu sonho em fazer.
Só que agora era diferente.
Antes, eu não via a hora desse verão acabar para eu finalmente me ver livre de Venice Beach, só que agora, conheci pessoas legais demais, conheci amigos de verdade e conheci . Talvez deixar Venice Beach para trás fosse mais difícil.
— Tá tudo okay, ? — perguntou baixinho em meu ouvido.
Concordei com a cabeça lhe lançando um sorriso mínimo e voltei a encarar o mar.
— Você tá muito pra baixo, . — ele voltou a dizer. — Acho que sei o que fazer pra você melhorar seu ânimo.
sorriu como uma criança de 5 anos sorria quando estava prestes a aprontar alguma coisa mirabolante.
Dei um grito agudo quando senti seus braços me levantarem do chão. Meu celular escorregou do meu bolso e caiu na areia.
— ! O QUE CARALHOS VOCÊ ESTÁ FAZENDO? — perguntei aos berros olhando para trás e vendo nossos amigos rindo ficando cada vez mais distantes.
— Vamos dar um mergulho. — disse simplesmente e começou a andar mais rápido para o mar.
— Você tem problema na cabeça? Já está de noite, . E a água deve estar fria! E AINDA ESTAMOS DE ROUPA.
— Uh, essa é a melhor parte. — ele arqueou as sobrancelhas. — Ver essa regata branca molhada e colada no seu corpo.
Dei um tapa ardido em seu braço.
E segundos depois, já estávamos os dois ensopados pela água, que como eu previa, estava gelada.
— AH, QUE GELO! — gritei enquanto passava minhas mãos pelo pescoço dele e ajeitava seus cabelos para que não ficassem em seus olhos, aqueles olhos que eu amava ver de pertinho. — Você é louco, !
— Só se for por você, .
Eu ri enquanto puxava sua nuca para selar nossos lábios enquanto as ondas quebravam em nossas costas.
E foi assim que o bolo no estômago sumiu, e todas as preocupações da faculdade e Nova Iorque também.
tinha esse efeito sobre mim.
Ele conseguia me fazer a garota mais feliz do mundo apenas com um beijo, e fazer com que eu esquecesse de todos os meus problemas apenas de passar seus braços sobre meus ombros ou beijar a minha testa com um beijo estalado.
estava fazendo com que a minha ideia de sair de Venice Beach ficasse cada vez mais complicada.
Estávamos todos na pista de skate que ficava em frente à praia da Âncora.
e não paravam de andar com os skates pra lá e pra cá enquanto eu, e estávamos sentados com os pés dentro do piscinão vazio onde passava com o skate e fazia careta para nós toda vez que fazia gracinhas.
Já fazia quase duas semanas que estávamos nessa, digo, eu e . Não sabíamos o que estávamos tendo, mas nem queríamos ter de classificar nosso relacionamento em algo. Era apenas uma coisa que estava acontecendo gradativamente e estava sendo ótimo, uma das coisas mais felizes que me aconteceu.
Em toda a minha vida eu nunca me envolvi com alguém da maneira como eu estou com . Alguns beijos ali, e uns pequenos encontros aqui, mas nada demais, nada que valesse ter uma continuidade ou coisa do tipo.
Mas com era diferente.
Apesar de toda a prepotência, o ego maior do que Venice Beach e o sorriso cafajeste que ele dava toda vez que sabia que estava me conquistando aos poucos, eu adorava estar com ele, me fazia bem, muito bem, aliás. E por hora, eu não conseguia me ver longe dele e daqueles seus lábios macios, e bem, eu nem queria estar longe.
— Voltei! — gritou chamando minha atenção e a dos outros. — Trouxe meu ukulele.
— Grande . — riu fazendo um high five com ele. — Vamos cantar enquanto aqueles dois ralam os joelhos no asfalto quente.
— Por que você não anda de skate também, ? — foi que perguntou.
— Eu não tenho equilíbrio nem parado em solo firme, quem dirá em cima de uma prancha com quatro rodas. — ele deu de ombros.
— E você, ? — perguntei.
— O que você acha? — ele levantou as sobrancelhas ironicamente. — Se não tem equilíbrio pra isso, imagina eu.
— Não é à toa que seu apelido é estrupício. — brincou e mostrou a língua.
— Qual a definição de estrupício mesmo?
— Hmm… — pensou um pouco antes de procurar no celular. — estrupício é um problema de grandes proporções, segundo o Google.
— Oh. — eu gargalhei. — Então estava mais do que certo quando te deu esse apelido, ! Pois você é realmente um problema de grandes proporções.
— Vou levar isso como um elogio. — ele piscou pra mim antes de se aproximar e me dar um selinho. — , vem comigo.
pegou o ukulele e começou a dedilhar, até que a introdução da música começou a fazer sentido em minha cabeça.
Eu sorri enquanto balançava as pernas e via fazendo manobras com o skate do outro lado da pista, e então, a voz suave de ao meu lado me chamou a atenção.
It must have been a picture that you send me last night
(Devo ter sido a foto que você me mandou noite passada)
It must have when you got in my imagination racing
(Deve ter sido enquanto você corria em minha imaginação)
Stuck in my head when I turn off the light
(Presa na minha cabeça quando eu desligar as luzes)
It must be a sign that I really want you baby
(Deve ser um sinal de que eu realmente te quero, baby)
deu um sorrisinho lateral pra mim quando acabou o primeiro verso da música e eu revirei os olhos sorrindo, entendendo a mensagem escondida ali.
decidiu que iria continuar o próximo verso e cruzou as pernas.
I don't know why
(Eu não sei o porquê)
You got me up so high
(Você me deixou tão alto)
All day and all night
(O dia inteiro e a noite inteira)
It's on my mind
(Está na minha mente)
Então voltou a cantar enquanto se aproximava de nós com o skate.
I see you naked
(Eu te vejo nua)
I see your face in my head
(Eu vejo seu rosto em minha cabeça)
I can't escape it
(Não consigo escapar)
Wish you woke up in my bed
(Gostaria que você acordasse na minha cama)
I see you naked in my dreams
(Eu te vejo nua em meus sonhos)
And I don't wanna wake up
(E eu não quero acordar)
I see you naked
(Eu te vejo nua)
You know it's making me wanna fall…
(Você sabe que está me fazendo querer cair)
de juntou a ele nesse outro verso, e sorria enquanto cantava olhando diretamente nos meus olhos.
La la la la la falling in love
(la la la la la me apaixonar)
Gonna make me fall
(Está fazendo cair)
La la la la la falling in love
(la la la la la me apaixonar)
se sentou ao lado de com o skate em cima do colo e começou a cantar sozinho o último verso.
Oh what'd you do what'd you do if I said
(Oh, o que você faria, o que você faria se eu dissesse)
Come into my bed come into my bed
(Venha para a minha cama, venha para minha cama)
Oh what'd you do what'd you do if I said
(Oh, o que você faria, o que você faria se eu dissesse)
Come into my bed come into my bed
(Venha para minha cama, venha para a minha cama)
Show me your fantasy
(Mostre-me sua fantasia)
Hold on tight I'll make you scream
(Segure-se, eu farei você gritar)
Come on let's make it seem
(Vamos, vamos fazer com que)
Make this dream reality
(Fazer esse sonho de tornar realidade)
E então, todos cantavam juntos, até mesmo eu e tentamos acompanhar a letra.
La la la la la falling in love
(la la la la la me apaixonar)
Gonna make me fall
(Está me fazendo)
La la la la la falling in love
(la la la la la me apaixonar)
I see you naked in my dreams
(Eu te vejo nua em meus sonhos)
And I don't wanna wake up
(E eu não quero acordar)
I see you naked
(Eu te vejo nua)
You know it's making me wanna fall...
(Você sabe que está me fazendo querer cair…)
Algumas pessoas ao redor até bateram palmas quando a música acabou e eu ria de como se curvava para frente de um jeito cordial para agradecer pelas palmas.
sentou em cima do skate de e me puxou para que eu ficasse entre suas pernas, enlaçando meu corpo com seus braços e depositando um beijo suave em meu pescoço.
Enquanto isso, observávamos que andava de skate.
Ele de repente, parou no meio do piscinão e se ajoelhou no chão.
— O que ele está fazendo? — sussurrei para que deu de ombros sem saber também.
— ! — ele gritou tirando uma caixinha azul de veludo do bolso da calça jeans.
— Você tá brincando com a minha cara… — comentou ao meu lado com o maior sorriso do mundo estampado em sua cara.
Ela se levantou e cobriu a boca com as duas mãos.
— NAMORA COMIGO, VAI!
deu um sorriso de lado quando viu pular e soltar gritinhos de emoção.
ajudou ela a pular para dentro do piscinão e eu sorria ao ver pular no colo de no momento que se encontraram ali no meio e se beijaram intensamente.
Mais aplausos foram ouvidos de todos que estavam na pista de skate, inclusive os meus e os dos três meninos ao meu lado.
Venice Beach; Praia da Âncora.
Eram quase sete da noite e estava quase escurecendo.
Eu, e os quatro garotos estávamos sentados na areia bem perto do mar, cada um com uma long neck da Heineken na mão enquanto conversávamos dos assuntos mais variados possíveis e dávamos risadas de todas as besteiras que nos contava. Inclusive de algumas histórias de colégio onde sempre acabava se dando mal.
— … Foi engraçado demais, ! — dizia entre risadas. — Você deveria estar lá pra ver como e ficaram após receber a carta de admissão para a faculdade de Cinema.
— Eu e fomos de madrugada para praia sem roupas e dançamos One More Time da Britney Spears na areia. — comentou rindo. — Esse era o combinado caso passássemos pra faculdade.
— A única coisa que fez quando passou na faculdade de biomedicina foi nos mandar uma foto da carta de admissão junto do Toyota azul que os pais deram pra ele. — falou com um tom de desdém falso.
— Rico. — cantarolou enquanto dava um gole em sua cerveja e jogava seu braço sobre meus ombros.
— E você, ? — perguntei. — Não vai pra faculdade, não?
fez uma careta e eu ri.
— Quem sabe no próximo semestre. Por enquanto eu tô bem só trabalhando com meu pai na oficina. — deu de ombros. — Mas e vocês duas, uh?
— É, e vocês duas? — disse me olhando de lado. — Recém-formadas no colégio, já sabem o que querem fazer de faculdade?
— Ai, já me inscrevi para uma bolsa de pedagogia na faculdade de Venice. Estou ansiosa para o resultado! — bateu palminhas.
— Ah, não! — resmungou. — Vou ter que aguentar e 24/7 de pegação?
Eu gargalhei quando deu um tapa em sua cabeça de leve.
— E você, ?
— Eu… Hm… — mordi o lábio inferior e dei de ombros. — Não sei ainda.
Não iria falar para sobre a minha inscrição para a faculdade em Nova Iorque, talvez as coisas ficassem desconfortáveis entre nós se eu resolvesse falar que talvez eu saísse de Venice Beach para ir para Nova Iorque e nunca mais voltar.
Ok, nunca mais voltar é talvez ser dramática demais, mas é quase isso.
— Não esquenta, . — falou sorrindo para mim. — Ainda temos muito tempo.
— É.
Sorri sem mostrar os dentes e abracei meus próprios joelhos, encarando as ondas quebrando ao longe e sentindo um bolo se formar no meu estômago.
É claro que tinha a chance da faculdade de Nova Iorque não me aceitar e eu ter que desistir do sonho de cursar artes cênicas e acabar na faculdade de Venice cursando qualquer outra coisa, aliás, havia quase 90% de chance disso acontecer, mas… Eu acreditava veemente nesses 10% que sobrava, que era que daqui a uma semana eu iria receber a carta falando que fui aceita e iria morar na cidade dos meus sonhos cursando o que eu sonho em fazer.
Só que agora era diferente.
Antes, eu não via a hora desse verão acabar para eu finalmente me ver livre de Venice Beach, só que agora, conheci pessoas legais demais, conheci amigos de verdade e conheci . Talvez deixar Venice Beach para trás fosse mais difícil.
— Tá tudo okay, ? — perguntou baixinho em meu ouvido.
Concordei com a cabeça lhe lançando um sorriso mínimo e voltei a encarar o mar.
— Você tá muito pra baixo, . — ele voltou a dizer. — Acho que sei o que fazer pra você melhorar seu ânimo.
sorriu como uma criança de 5 anos sorria quando estava prestes a aprontar alguma coisa mirabolante.
Dei um grito agudo quando senti seus braços me levantarem do chão. Meu celular escorregou do meu bolso e caiu na areia.
— ! O QUE CARALHOS VOCÊ ESTÁ FAZENDO? — perguntei aos berros olhando para trás e vendo nossos amigos rindo ficando cada vez mais distantes.
— Vamos dar um mergulho. — disse simplesmente e começou a andar mais rápido para o mar.
— Você tem problema na cabeça? Já está de noite, . E a água deve estar fria! E AINDA ESTAMOS DE ROUPA.
— Uh, essa é a melhor parte. — ele arqueou as sobrancelhas. — Ver essa regata branca molhada e colada no seu corpo.
Dei um tapa ardido em seu braço.
E segundos depois, já estávamos os dois ensopados pela água, que como eu previa, estava gelada.
— AH, QUE GELO! — gritei enquanto passava minhas mãos pelo pescoço dele e ajeitava seus cabelos para que não ficassem em seus olhos, aqueles olhos que eu amava ver de pertinho. — Você é louco, !
— Só se for por você, .
Eu ri enquanto puxava sua nuca para selar nossos lábios enquanto as ondas quebravam em nossas costas.
E foi assim que o bolo no estômago sumiu, e todas as preocupações da faculdade e Nova Iorque também.
tinha esse efeito sobre mim.
Ele conseguia me fazer a garota mais feliz do mundo apenas com um beijo, e fazer com que eu esquecesse de todos os meus problemas apenas de passar seus braços sobre meus ombros ou beijar a minha testa com um beijo estalado.
estava fazendo com que a minha ideia de sair de Venice Beach ficasse cada vez mais complicada.
PARTE VII
Venice Beach; Pizza Hut.
Era quase oito da noite de uma quinta-feira, eu estava com em uma das filiais da Pizza Hut que ficava perto da minha antiga escola.
Sentados lado a lado, às vezes trocando alguns beijos e carícias, eu conversava com sobre tudo ao mesmo tempo e eu me sentia muito bem ao seu lado. , apesar da casca de garanhão com cantadas baratas na ponta da língua, era um dos caras mais engraçados, sensíveis e – pasmem – românticos que eu já conheci. E os momentos que passávamos juntos, só nós dois, eram inesquecíveis.
Assim como estava sendo este momento, onde ele me contava coisas pitorescas que seus irmãos faziam.
— Você deveria conhecê-los, qualquer dia desses. — comentou enquanto dava mais uma mordida em sua grande fatia de pizza.
— Uhum. — sibilei rapidamente e peguei o canudinho do meu copo de Coca-Cola e o sugando rapidamente.
Eu havia ficado envergonhada. Espero que não esteja com as bochechas coradas por isso.
Conhecer seus irmãos mais novos? Isso significava que as coisas estavam avançando rápido entre a gente, certo? Oh Deus, talvez essa possibilidade tenha me deixado mais nervosa do que eu gostaria.
— Ou não tão cedo. — ele soltou uma risadinha. — Já que parece que você ficou apavorada com a ideia.
— Não é isso. — foi minha vez de rir. — Mas eu não achei que você fosse um cara que apresentava suas conquistas para a família. — eu levantei as sobrancelhas sugestivamente enquanto terminava meu refrigerante.
— Ah, … — riu nasalado maneando a cabeça, como se tivesse ouvido uma piada. — Você já passou de ser apenas uma conquista faz tempo.
Arregalei os olhos e travei meu maxilar. Tá, por essa resposta eu não esperava.
Sorri minimamente pra ele e voltei a encarar a pizza no meu prato, tentando criar coragem para poder encará-lo depois do que ele disse.
Você já passou de ser apenas uma conquista faz tempo.
— Te assustei?
— Hm? — levantei o olhar e o encarei.
— , por que você ficou assim? — ele perguntou em um tom de voz sério. — Você acha que eu estou brincando? Porque eu não estou. Você realmente já passou de apenas uma conquista. Quer dizer, você nunca foi. — ele sorriu lateralmente. — Quando eu disse que eu te faria minha até o final do verão eu não estava brincando. Desde o momento que te vi, com aquele cabelo bagunçado e óculos escuros no parque, eu fiquei mais que interessado em sua pessoa. — ele riu sozinho. — Eu sei que eu não sou a pessoa mais confiável do mundo quando digo essas coisas, a já deve ter te contado vários podres meu, de como eu conquistava as garotas, ficava com elas, ia para os finalmentes e depois bye bye. Mas você foi totalmente ao contrário. Você, , tinha aquela pose de fodona que não ia se abalar facilmente com todas as coisas fofinhas que eu diria e eu fiquei intrigado, ou em outras palavras, fiquei bastante interessado em você e em toda sua marra. — foi a minha vez de sorrir. — E desde que a gente ficou, eu nunca pensei em só ficar com você depois bye bye.
— … — eu sussurrei maravilhada com todas as palavras que saíram de sua boca.
— Desculpa. — ele coçou a cabeça, sem graça. — Não deveria ter falado tudo isso, mas é que…
Antes de ele falar mais alguma coisa, eu o calei com um beijo. Daqueles intensos e apaixonantes.
E ele riu ainda de olhos fechados quando nos separamos lentamente.
— Porra, … — ele sussurrou e eu lhe dei mais um selinho. — Vem!
Saímos do Pizza Hut depois de pagarmos e fomos até onde a sauna particular do estava estacionado.
Ele ligou o rádio e a música do Simple Plan, Summer Paradise começou a tocar.
Eu balançava a cabeça no ritmo da música enquanto a cantava, com uma voz engraçada.
— But somedayyyy, I will find my way back to where your name is written in the saaaand.
A vida não poderia estar melhor. Tudo lindo e colorido, as mil maravilhas. Unicórnios cavalgavam ao nosso lado e milhões de arco-íris apareciam no céu. Ah, isso estava bom demais para ser verdade.
De repente, o maldito Honda ‘97 de solta um barulho estranho, como se alguma coisa estivesse se quebrando dentro dele e decide parar de andar, ali, no meio daquela estradinha deserta. A sauna particular do havia nos deixado na mão. E eu estava em pânico.
— Merda. — ele resmungou enquanto batia as mãos em cima do volante.
— O que aconteceu? O que vamos fazer?
deu de ombros e ficou algum tempo olhando pro nada enquanto eu estava o olhando aflita.
— Nós vamos voltar a pé pra casa? Vamos deixar o carro aqui? Vamos chamar um guincho? Vamos ligar pros seus pais? Vamos pedir ajuda do ? ? ? — eu fazia perguntas sem parar, eu estava nervosa.
— Relaxa, . — ele riu pegando o celular e o colocando na orelha. — Vou ligar pro guincho e pro , para trazer meu carro.
Franzi o cenho confusa. Seu carro? Então, de quem era esse carro?
— O quê? — perguntei, mas ele não respondeu, já falando com no celular.
— Hey, . — dizia no celular. — Sou eu, . É, é, é… Tô precisando da sua ajuda agora. O Honda parou, preciso que pegue meu carro lá em casa e traga aqui…
Eu parei de prestar atenção na conversa dos dois e olhei pela janela do carro para as estrelas que brilhavam no céu, tão bonitas. Abri a porta e saí de lá, ainda admirada como as estrelas brilhavam tão intensamente naquela noite.
— ?
Ouvi me chamando de dentro do carro, mas não respondi, a minha atenção toda estava voltada naquele céu estrelado.
— . — ouvi meu nome novamente e a porta do carro também. Em seguida, senti seu corpo parar ao meu lado, encostado na lataria vermelha. — Você me ouviu te chamar da primeira vez?
— Oi? — finalmente me virei para ele e encontrei seus olhos , hoje, particularmente, eles estavam mais brilhantes do que o normal.
Estavam tão brilhantes quanto às estrelas do céu.
— Tá tudo bem, né? Sei que você tem hora pra voltar pra casa, mas… — ele pulou em cima do capô do carro e estendeu a mão para mim. — Venha!
— O que você está fazendo? — perguntei rindo enquanto aceitava sua ajuda para subir.
Em seguida, ele foi para a parte de cima do carro e se deitou, batendo na lataria ao seu lado para que eu me deitasse junto dele.
— , o que estamos fazendo?
— Vi que não tirou os olhos do céu enquanto eu falava com . — respondeu-me. — Então agora podemos admirá-las juntos.
Eu sorri e me aninhei mais em seu peito.
O que eu estava fazendo, afinal? Será que todo meu corpo foi tomado pelo desejo de estar ao lado desse garoto a todo momento? Com certeza meu cérebro já tinha parado de funcionar e a única coisa que estava me fazendo continuar eram essas sensações que me causava. Talvez eu tenha perdido a razão no momento que o deixei me beijar, naquele banheiro masculino sujo do parque, ou talvez tenha sido no dia da praia onde ele proferiu aquela frase, a mesma que não saía da minha cabeça. Eu te farei minha até o final do verão.
Sim, era certeza que eu havia perdido a razão em algum momento, e o mais louco de tudo isso é que eu não dava a mínima, enquanto eu estivesse ao lado de , enquanto ele estivesse me proporcionando todas essas emoções e sentimentos, pra mim, estava tudo bem.
— Posso fazer uma pergunta? — eu quebrei o silêncio, e ele sem tirar os olhos do céu, assentiu. — De quem é este carro?
— É meu, oras.
— Você é rico ao ponto de ter dois carros? — eu ri sozinha. — Uau!
— Não é bem assim… — começou mas eu o interrompi.
— Espera, espera… Você é rico! Por que você me faz andar nesse Honda ‘97 sem ar-condicionado caindo aos pedaços?
— Ei! — ele exclamou ofendido. — Não fale mal do meu carro, pra começo de conversa. Eu tenho outro carro, é um Ford preto 2014, lindo. — comentou. — Mas esse Honda ‘97 tem história, …
— História? — perguntei curiosa. — Que tipo de história um carro velho pode ter?
— Meu pai comprou esse carro no dia que eu nasci. — ele explicou. — Foi com este carro que ele chegou ao hospital para me ver, foi com este carro que ele me buscou e me levou pela primeira vez pra casa, a primeira vez pra escola… Esse carro definitivamente tem história, . Mas não é qualquer história, é a minha história. — vi de canto de olho que sorria. — Uns cinco anos depois, papai quis comprar um carro mais atual e mamãe ficou triste porque gostava muito do Honda ‘97, então eu pedi para que guardasse, para quando eu fizesse dezesseis anos, eu pudesse dirigi-lo… Acabou que ele ficou empoeirado na garagem durante anos até eu completar meus tão esperados dezesseis e tirar a carta de motorista.
— E então, você começou a andar com esse carro pra lá e pra cá?
— Não exatamente. — riu. — Eu tive que fazer o teste cinco vezes antes de finalmente passar. Mas sim, depois disso, o Honda foi meu melhor amigo e eu andava com ele pra cima e pra baixo. Já mencionei que foi no banco de trás desse guerreiro que eu perdi minha virgindade? — riu mais uma vez e eu fiz uma careta. — O Ford chegou junto com os meus dezoito, mas ele está parado na garagem desde então, eu só ando com o Honda.
— Uau. — comentei quando ele terminou sua história sobre o carro. — Você anda com um carro aos pedaços porque ele tem história e deixa um novinho na garagem por emergências?
— Tipo isso. — ele sorriu se sentando de perna de índio em cima do teto do carro.
— , você é surreal. — eu sorri em sua direção.
— Esse é um novo jeito de dizer que está apaixonada por mim? — ele arqueou as sobrancelhas com um sorriso lateral um tanto quanto malicioso.
Eu ri fraco me lembrando que já tivemos essa conversa por mensagem dias atrás.
— Talvez seja, talvez não… — sussurrei perto de sua boca antes de passar meus braços por seu pescoço e juntar nossos lábios.
Apaixonada.
Talvez sim, talvez não.
Eu estava falando a verdade, não estava falando isso só para deixá-lo louco e com a pulga atrás da orelha, eu realmente não sabia o que eu sentia por .
Eu nunca me apaixonei, como já dito antes, eu nunca tive alguém como eu tinha agora.
Todos esses sentimentos e sensações eram novos pra mim. Eu não conseguia distingui-los de só gostar ou de realmente estar apaixonada.
Era uma coisa que eu ainda iria descobrir com o tempo. Isso se eu tivesse ele.
— Olá meu casal favorito.
Fomos interrompidos pela voz de e por uma buzina estranha. Ele dirigia o carro preto de , o outro carro de . E o guincho logo atrás.
— Oi, ! — cumprimentei descendo do carro, ou pelo menos tentando.
— Oi, . — ele riu descendo do carro e jogando as chaves para , que já havia descido de cima do carro. — Uma ajudinha aí?
— Obrigada. — eu ri apoiando minhas mãos em seu ombro e descendo dali rapidamente. — Achei que estivesse com a .
— E estava. Mas eu faço tudo por um amigo apaixonado como o nosso pequeno . — riu e eu sorri sem mostrar os dentes.
— E lá vamos nós de novo… — rolei os olhos.
Há dias , e os outros viviam me irritando falando coisas como “ está tão apaixonado”, “Ele vai te pedir em namoro logo!” e perguntas inoportunas também, aquelas famosas: “Você também está apaixonada por ele né?”, “O que você vai dizer quando ele te pedir em namoro?”
Deus! Eu não sabia as respostas para nenhuma dessas perguntas, e confesso que talvez estivesse até que com um pouquinho de medo de descobrir essas respostas.
Era quase oito da noite de uma quinta-feira, eu estava com em uma das filiais da Pizza Hut que ficava perto da minha antiga escola.
Sentados lado a lado, às vezes trocando alguns beijos e carícias, eu conversava com sobre tudo ao mesmo tempo e eu me sentia muito bem ao seu lado. , apesar da casca de garanhão com cantadas baratas na ponta da língua, era um dos caras mais engraçados, sensíveis e – pasmem – românticos que eu já conheci. E os momentos que passávamos juntos, só nós dois, eram inesquecíveis.
Assim como estava sendo este momento, onde ele me contava coisas pitorescas que seus irmãos faziam.
— Você deveria conhecê-los, qualquer dia desses. — comentou enquanto dava mais uma mordida em sua grande fatia de pizza.
— Uhum. — sibilei rapidamente e peguei o canudinho do meu copo de Coca-Cola e o sugando rapidamente.
Eu havia ficado envergonhada. Espero que não esteja com as bochechas coradas por isso.
Conhecer seus irmãos mais novos? Isso significava que as coisas estavam avançando rápido entre a gente, certo? Oh Deus, talvez essa possibilidade tenha me deixado mais nervosa do que eu gostaria.
— Ou não tão cedo. — ele soltou uma risadinha. — Já que parece que você ficou apavorada com a ideia.
— Não é isso. — foi minha vez de rir. — Mas eu não achei que você fosse um cara que apresentava suas conquistas para a família. — eu levantei as sobrancelhas sugestivamente enquanto terminava meu refrigerante.
— Ah, … — riu nasalado maneando a cabeça, como se tivesse ouvido uma piada. — Você já passou de ser apenas uma conquista faz tempo.
Arregalei os olhos e travei meu maxilar. Tá, por essa resposta eu não esperava.
Sorri minimamente pra ele e voltei a encarar a pizza no meu prato, tentando criar coragem para poder encará-lo depois do que ele disse.
Você já passou de ser apenas uma conquista faz tempo.
— Te assustei?
— Hm? — levantei o olhar e o encarei.
— , por que você ficou assim? — ele perguntou em um tom de voz sério. — Você acha que eu estou brincando? Porque eu não estou. Você realmente já passou de apenas uma conquista. Quer dizer, você nunca foi. — ele sorriu lateralmente. — Quando eu disse que eu te faria minha até o final do verão eu não estava brincando. Desde o momento que te vi, com aquele cabelo bagunçado e óculos escuros no parque, eu fiquei mais que interessado em sua pessoa. — ele riu sozinho. — Eu sei que eu não sou a pessoa mais confiável do mundo quando digo essas coisas, a já deve ter te contado vários podres meu, de como eu conquistava as garotas, ficava com elas, ia para os finalmentes e depois bye bye. Mas você foi totalmente ao contrário. Você, , tinha aquela pose de fodona que não ia se abalar facilmente com todas as coisas fofinhas que eu diria e eu fiquei intrigado, ou em outras palavras, fiquei bastante interessado em você e em toda sua marra. — foi a minha vez de sorrir. — E desde que a gente ficou, eu nunca pensei em só ficar com você depois bye bye.
— … — eu sussurrei maravilhada com todas as palavras que saíram de sua boca.
— Desculpa. — ele coçou a cabeça, sem graça. — Não deveria ter falado tudo isso, mas é que…
Antes de ele falar mais alguma coisa, eu o calei com um beijo. Daqueles intensos e apaixonantes.
E ele riu ainda de olhos fechados quando nos separamos lentamente.
— Porra, … — ele sussurrou e eu lhe dei mais um selinho. — Vem!
Saímos do Pizza Hut depois de pagarmos e fomos até onde a sauna particular do estava estacionado.
Ele ligou o rádio e a música do Simple Plan, Summer Paradise começou a tocar.
Eu balançava a cabeça no ritmo da música enquanto a cantava, com uma voz engraçada.
— But somedayyyy, I will find my way back to where your name is written in the saaaand.
A vida não poderia estar melhor. Tudo lindo e colorido, as mil maravilhas. Unicórnios cavalgavam ao nosso lado e milhões de arco-íris apareciam no céu. Ah, isso estava bom demais para ser verdade.
De repente, o maldito Honda ‘97 de solta um barulho estranho, como se alguma coisa estivesse se quebrando dentro dele e decide parar de andar, ali, no meio daquela estradinha deserta. A sauna particular do havia nos deixado na mão. E eu estava em pânico.
— Merda. — ele resmungou enquanto batia as mãos em cima do volante.
— O que aconteceu? O que vamos fazer?
deu de ombros e ficou algum tempo olhando pro nada enquanto eu estava o olhando aflita.
— Nós vamos voltar a pé pra casa? Vamos deixar o carro aqui? Vamos chamar um guincho? Vamos ligar pros seus pais? Vamos pedir ajuda do ? ? ? — eu fazia perguntas sem parar, eu estava nervosa.
— Relaxa, . — ele riu pegando o celular e o colocando na orelha. — Vou ligar pro guincho e pro , para trazer meu carro.
Franzi o cenho confusa. Seu carro? Então, de quem era esse carro?
— O quê? — perguntei, mas ele não respondeu, já falando com no celular.
— Hey, . — dizia no celular. — Sou eu, . É, é, é… Tô precisando da sua ajuda agora. O Honda parou, preciso que pegue meu carro lá em casa e traga aqui…
Eu parei de prestar atenção na conversa dos dois e olhei pela janela do carro para as estrelas que brilhavam no céu, tão bonitas. Abri a porta e saí de lá, ainda admirada como as estrelas brilhavam tão intensamente naquela noite.
— ?
Ouvi me chamando de dentro do carro, mas não respondi, a minha atenção toda estava voltada naquele céu estrelado.
— . — ouvi meu nome novamente e a porta do carro também. Em seguida, senti seu corpo parar ao meu lado, encostado na lataria vermelha. — Você me ouviu te chamar da primeira vez?
— Oi? — finalmente me virei para ele e encontrei seus olhos , hoje, particularmente, eles estavam mais brilhantes do que o normal.
Estavam tão brilhantes quanto às estrelas do céu.
— Tá tudo bem, né? Sei que você tem hora pra voltar pra casa, mas… — ele pulou em cima do capô do carro e estendeu a mão para mim. — Venha!
— O que você está fazendo? — perguntei rindo enquanto aceitava sua ajuda para subir.
Em seguida, ele foi para a parte de cima do carro e se deitou, batendo na lataria ao seu lado para que eu me deitasse junto dele.
— , o que estamos fazendo?
— Vi que não tirou os olhos do céu enquanto eu falava com . — respondeu-me. — Então agora podemos admirá-las juntos.
Eu sorri e me aninhei mais em seu peito.
O que eu estava fazendo, afinal? Será que todo meu corpo foi tomado pelo desejo de estar ao lado desse garoto a todo momento? Com certeza meu cérebro já tinha parado de funcionar e a única coisa que estava me fazendo continuar eram essas sensações que me causava. Talvez eu tenha perdido a razão no momento que o deixei me beijar, naquele banheiro masculino sujo do parque, ou talvez tenha sido no dia da praia onde ele proferiu aquela frase, a mesma que não saía da minha cabeça. Eu te farei minha até o final do verão.
Sim, era certeza que eu havia perdido a razão em algum momento, e o mais louco de tudo isso é que eu não dava a mínima, enquanto eu estivesse ao lado de , enquanto ele estivesse me proporcionando todas essas emoções e sentimentos, pra mim, estava tudo bem.
— Posso fazer uma pergunta? — eu quebrei o silêncio, e ele sem tirar os olhos do céu, assentiu. — De quem é este carro?
— É meu, oras.
— Você é rico ao ponto de ter dois carros? — eu ri sozinha. — Uau!
— Não é bem assim… — começou mas eu o interrompi.
— Espera, espera… Você é rico! Por que você me faz andar nesse Honda ‘97 sem ar-condicionado caindo aos pedaços?
— Ei! — ele exclamou ofendido. — Não fale mal do meu carro, pra começo de conversa. Eu tenho outro carro, é um Ford preto 2014, lindo. — comentou. — Mas esse Honda ‘97 tem história, …
— História? — perguntei curiosa. — Que tipo de história um carro velho pode ter?
— Meu pai comprou esse carro no dia que eu nasci. — ele explicou. — Foi com este carro que ele chegou ao hospital para me ver, foi com este carro que ele me buscou e me levou pela primeira vez pra casa, a primeira vez pra escola… Esse carro definitivamente tem história, . Mas não é qualquer história, é a minha história. — vi de canto de olho que sorria. — Uns cinco anos depois, papai quis comprar um carro mais atual e mamãe ficou triste porque gostava muito do Honda ‘97, então eu pedi para que guardasse, para quando eu fizesse dezesseis anos, eu pudesse dirigi-lo… Acabou que ele ficou empoeirado na garagem durante anos até eu completar meus tão esperados dezesseis e tirar a carta de motorista.
— E então, você começou a andar com esse carro pra lá e pra cá?
— Não exatamente. — riu. — Eu tive que fazer o teste cinco vezes antes de finalmente passar. Mas sim, depois disso, o Honda foi meu melhor amigo e eu andava com ele pra cima e pra baixo. Já mencionei que foi no banco de trás desse guerreiro que eu perdi minha virgindade? — riu mais uma vez e eu fiz uma careta. — O Ford chegou junto com os meus dezoito, mas ele está parado na garagem desde então, eu só ando com o Honda.
— Uau. — comentei quando ele terminou sua história sobre o carro. — Você anda com um carro aos pedaços porque ele tem história e deixa um novinho na garagem por emergências?
— Tipo isso. — ele sorriu se sentando de perna de índio em cima do teto do carro.
— , você é surreal. — eu sorri em sua direção.
— Esse é um novo jeito de dizer que está apaixonada por mim? — ele arqueou as sobrancelhas com um sorriso lateral um tanto quanto malicioso.
Eu ri fraco me lembrando que já tivemos essa conversa por mensagem dias atrás.
— Talvez seja, talvez não… — sussurrei perto de sua boca antes de passar meus braços por seu pescoço e juntar nossos lábios.
Apaixonada.
Talvez sim, talvez não.
Eu estava falando a verdade, não estava falando isso só para deixá-lo louco e com a pulga atrás da orelha, eu realmente não sabia o que eu sentia por .
Eu nunca me apaixonei, como já dito antes, eu nunca tive alguém como eu tinha agora.
Todos esses sentimentos e sensações eram novos pra mim. Eu não conseguia distingui-los de só gostar ou de realmente estar apaixonada.
Era uma coisa que eu ainda iria descobrir com o tempo. Isso se eu tivesse ele.
— Olá meu casal favorito.
Fomos interrompidos pela voz de e por uma buzina estranha. Ele dirigia o carro preto de , o outro carro de . E o guincho logo atrás.
— Oi, ! — cumprimentei descendo do carro, ou pelo menos tentando.
— Oi, . — ele riu descendo do carro e jogando as chaves para , que já havia descido de cima do carro. — Uma ajudinha aí?
— Obrigada. — eu ri apoiando minhas mãos em seu ombro e descendo dali rapidamente. — Achei que estivesse com a .
— E estava. Mas eu faço tudo por um amigo apaixonado como o nosso pequeno . — riu e eu sorri sem mostrar os dentes.
— E lá vamos nós de novo… — rolei os olhos.
Há dias , e os outros viviam me irritando falando coisas como “ está tão apaixonado”, “Ele vai te pedir em namoro logo!” e perguntas inoportunas também, aquelas famosas: “Você também está apaixonada por ele né?”, “O que você vai dizer quando ele te pedir em namoro?”
Deus! Eu não sabia as respostas para nenhuma dessas perguntas, e confesso que talvez estivesse até que com um pouquinho de medo de descobrir essas respostas.
PARTE VIII
Venice Beach; Casa da .
Estávamos no meu quarto, eu e . Era de noite e ela tinha passado o dia inteiro comigo aqui em casa. Sem . Sem . Precisávamos de um dia só das garotas faz tempo, não tivemos um desde o começo do verão e eu estava necessitando conversar com a minha melhor amiga sobre algumas coisas que eu não contava para mais ninguém, a não ser ela.
— Então, como as coisas estão entre você e ?
— Ah, . — ela suspirou entanto rodava da cadeira de rodinhas que havia em frente à minha escrivaninha. — Está tudo às mil maravilhas. é… Fantástico.
— Você está realmente apaixonada. — constatei com um sorriso brincalhão no rosto. — E quando é o casamento?
— Dia 6 de Novembro de 2029.
— Quê? — eu gargalhei. — , você é louca! — e joguei uma almofada nela. — Estou feliz por você, amiga.
— Obrigada. — ela sorriu. — Estou feliz por você também, sabe? Tipo, o lance com .
Ela me jogou a almofada azul de volta e eu a abracei, mostrando um mínimo sorriso.
— Obrigada, acho.
— Isso vai pra frente, não é? — perguntou. — Esse lance. Você quer que vá, certo?
— Acho que sim. Não sei! — passei as mãos pelos cabelos. — Nem ao menos sei o que eu sinto por ele.
— Para com isso, . — riu se levantando e vindo para mais perto de mim. — É claro que você sabe, só tem medo de admitir.
— Não é isso, . Quem dera fosse! Eu só não sei o que essas coisas que talvez eu esteja sentindo significam. — confessei, suspirando pesadamente.
— Vamos fazer o seguinte. — ela disse olhando nos meus olhos. — Vou te fazer umas perguntas e você vai ter que me responder com a maior sinceridade do mundo, certo?
— Certo. — respondi quase que em um sussurro.
Cruzei meus próprios dedos e suspirei, com um pouco de medo de quais seriam as perguntas que iria me fazer.
— Primeira pergunta — fez uma pausa dramática me fazendo revirar os olhos. — Como se sentiu quando beijou pela primeira vez?
— Foi estranho. — ri meio sem graça. — Eu já meio que esperava, mas quando aconteceu eu fui pega totalmente de surpresa. Mas… foi bom.
— Você sentiu as borboletas no estômago?
— Não. Nenhuma borboleta. Apenas fogos de artifício, tipo, muitos mesmo. Parecia que era Ano Novo dentro de mim. — respondi sendo sincera, como ela havia pedido.
nada me disse, apenas continuou com as perguntas.
— E como você se sente ao lado dele?
— Como a garota mais idiota do mundo. — eu gargalhei da cara de confusão da . — Quer dizer, eu fui estúpida o suficiente para cair na lábia dele?
— Tá. — ela se deu por vencida e riu. — Mas as sensações! Me diga as sensações, .
— Hmm… — pensei um pouco. — Ele faz todos os pelos do meu corpo se arrepiaram quando ele sussurra algo muito perto do meu ouvido. Minhas bochechas doem de tanto que eu sorrio ao seu lado. Ele sempre me faz rir das coisas mais idiotas, e eu gosto de rir. — sorri abobalhada ao lembrar de certas lembranças. — Eu gosto como a minha mão se encaixa na dele e do modo como eu inspiro o perfume amadeirado enquanto enterro meu rosto no seu pescoço.
— O que você mais gosta em ?
— Os olhos, sem sombra de dúvida. — respondi prontamente. — São . Os olhos mais lindos que já tive o prazer de observar de perto, eles são tão brilhantes…
— E o que você pensa quando eu falo ? Quem é pra você?
— É o cara mais convencido que eu já conheci em toda a minha vida. Tem o dom de me tirar do sério mas… Como já disse, tem os olhos mais brilhantes do mundo, e é em seus braços que eu me sinto a garota mais idiota do mundo, mas, a mais protegida também. É o cara por quem eu estou apaixonada.
Por fim, acabei confessando e senti como um peso saísse de minhas costas. deu um sorriso esperto pra mim antes de me abraçar e gargalhar.
— Eu disse, não disse? — ela sussurrou pra mim.
— Você sempre tem razão, .
•••
foi embora quase à meia-noite.
Depois daquele jogo de perguntas que me fez confessar aquilo que eu estava com medo de falar em voz alta, eu e ficamos vendo filmes água com açúcar e ouvindo músicas melosas até meu pai entrar no quarto e gritar JÁ DEU!
E quando ela se foi, me joguei em minha cama e recebi uma mensagem de .
Nem preciso comentar que meu coração deu pulos dentro de meu peito para depois se confortar ao ler aquelas palavras doces.
: Boa noite, . Sonhe comigo, pois eu sempre vou estar sonhando com você.
: Boa noite, .
Bloqueei meu celular e coloquei embaixo do travesseiro, com um sorriso no rosto, virei de lado para tentar dormir.
Não fiquei cinco minutos de olhos fechados quando senti meu celular vibrar debaixo do travesseiro.
Chamada de , era o que brilhava na tela.
— O que foi? Não conseguiu dormir? — perguntei brincalhona assim que atendi a chamada.
— Pior que não. — ele riu. — Então, como não conseguia dormir, peguei meu carro e vim te buscar.
— Quê? — gritei em um sussurro, se é que isso existia. — ! Você só pode estar brincando comigo.
— Vá até a janela então, .
Levantei da cama apressada e vi pela fresta da cortina o Honda ‘97 vermelho parado do outro lado da calçada.
— ! Volta pra casa! — ordenei. — São quase três da manhã, merda!
— Vem, vamos dar uma volta.
— Não vamos dar volta nenhuma. — falei nervosa. — Meu Deus, ! Você só pode ter retardo mental.
— Eu gostava mais quando você dizia que eu era louco e aí eu respondia com a típica frase ‘louco só se for por você’. — grunhi irritada e ele riu. — Vem, ponha um biquíni e vamos para a praia.
— Não! Volta pra casa, eu vou ir dormir.
— Ah, … Não acredito que voltamos para a estaca zero onde eu tinha que te chantagear pra sair comigo. — ele disse do outro lado da linha.
— …
— Vem logo! — insistiu. — Senão, em cinco minutos vou estar buzinando tão alto que Venice Beach inteira terá acordado.
— Você não seria capaz…
— Vamos, ! Já estou contando...
— UGH! Você é insuportável. — eu resmunguei e ouvi sua risada. — Não faça nada! Estou descendo em cinco minutos.
Desliguei o celular e fui cautelosamente sem fazer nenhum barulho para me trocar. Tirei o pijama, coloquei aquele mesmo biquíni verde de antes e um vestidinho amarelo por cima, não me importei em calçar tênis e fui de chinelo mesmo.
Abri a janela e subi em cima do telhado do primeiro andar da casa, andando devagar para não escorregar ou fazer qualquer tipo de barulho que pudesse acordar alguém de casa.
No fim, segurei no cano que fazia o escorrimento da água da chuva e cheguei ao chão, correndo rapidamente para o outro lado da rua e encontrando um bastante sorridente dentro do Honda.
— Olá, bela dama.
— Você é surreal, garoto. — disse adentrando no banco do passageiro.
— Eu sei que você gosta. — ele deu uma piscadela e deu ignição no carro.
Eu estava louca. Completamente pirada. Eu deveria estar no décimo sono, na minha cama quentinha e não no carro de indo em direção à praia às três da manhã.
Tinha certeza que minha mãe iria querer esfolar minha cara no asfalto quente se soubesse que fugi de casa no meio da noite para sair com .
Meu Deus! Quando eu me tornei tão irresponsável? Ah, eu sei. Quando eu o conheci, é claro.
estacionou o carro, descendo dele e vindo em minha direção para abrir a porta, como se fosse um cavalheiro – coisa que ele não era –.
— O que vamos fazer aqui? — sussurrei enquanto sentia meus chinelos afundarem na areia fofa da praia.
— Curtir a praia, não é óbvio?
— Está muito escuro. Se alguém nos pegar aqui estaremos…
— Relaxa, ! — ele me cortou e deu um sorriso travesso. — Ninguém vem aqui a essa hora da madrugada.
— Só . — resmunguei.
— A praia de noite é simplesmente perfeita. — ele deu de ombros tirando a regata preta que usava e a deixando junto de seus chinelos na areia. — Assim como você, . Agora, vem! Vamos entrar na água, deve estar uma delícia.
— Eu não vou entrar. — cruzei os braços negando com a cabeça. — Essa água deve estar muito gelada e eu não sei você, mas eu não quero morrer de hipotermia ou pegar alguma gripe.
— Você reclama demais, .
revirou os olhos e ignorou todos os meus protestos, me puxando pelo braço com uma certa força que eu não conseguia me soltar.
Paramos na beirada do mar e uma onda cobriu meus pés, e eu pulei para trás, assustada.
— Está fria.
— Está na temperatura ideal. — respondeu-me.
— Está na temperatura ideal para quê?
— Pra isso. — deu um sorriso malicioso e me pegou no colo.
Rodeei sua cintura com minhas pernas e passei minhas mãos ao redor de seu pescoço quando ele puxou minha cintura e colou nossos corpos em um beijo intenso. Sentia se locomovendo durante o beijo e dei um grito agudo quando senti a água batendo em minha cintura.
Ele não disse nada, apenas continuou me beijando e passando as mãos por toda a extensão do meu corpo, e eu também não quis falar mais nada, afinal, estava muito concentrada em sentir sua língua navegando pela minha boca tão docilmente.
As coisas começaram a ficar um tanto quanto mais intensas e eu já não sentia mais a água gelada me incomodando, aliás, ela tinha deixado de estar gelada há algum tempo. Talvez tenha sido nossos corpos que a tenha esquentado, quem sabe…
Parei o beijo ofegante procurando o ar que me faltava e colou nossas testas, ele respirava com tanta dificuldade quanto eu e esboçou um sorriso.
— Vamos sair daqui.
Ainda em seu colo, ele me levou de volta a areia e eu finalmente encostei os pés no chão, mas sem desgrudar nossos lábios.
— Vamos… — eu disse o puxando pelos ombros e andando de costas. — Pro carro.
— Sabia que uma hora você ia se render ao banco de trás do velho Honda ‘97. — ele parou o beijo para dar um sorrisinho esperto e me ver revirar os olhos.
— Só vamos, .
A porta de trás do carro se escancarou e ele me jogou no banco, retirando meu vestidinho amarelo completamente ensopado e jogando no chão do carro.
Eu passava as mãos freneticamente por seus cabelos molhados que pingavam sobre meu corpo.
Porra! Eu estava tão apaixonada que iria transar no banco de trás do seu carro velho?
Ah, sim eu iria.
— . — ele parou, jogando os cabelos para trás e me olhando com aqueles olhos irresistíveis. Estava sério. — Não podemos continuar antes de eu s…
— Eu também estou apaixonada por você, . — o respondi, tendo a certeza de que ele iria me perguntar isso.
E ele sorriu abertamente antes de voltar a fazer o que estava fazendo antes.
Venice Beach; Carro do .
Me mexi totalmente desconfortável com a posição que dormia e a cada movimento que fazia, me sentia cada vez mais desconfortável.
Até que finalmente abri os olhos e vi onde eu estava.
No banco de trás do maldito Honda ‘97.
Estava deitada sobre o corpo de , que dormia angelicalmente numa posição horrível que com certeza lhe daria dores depois. Eu me perguntava mentalmente como ele poderia dormir numa posição tão desconfortável.
Peguei seu pulso e vi que em seu relógio marcava quase seis da manhã. Eu precisava voltar pra casa.
A praia da Âncora não era muito longe da minha casa, mas eu não queria ir andando e também não queria ter de acordar , que parecia ainda mais bonito de olhos fechados e com a boca entreaberta enquanto soltava suspiros.
Mas eu preferia acordá-lo do que ter de ir pra casa andando.
Arrumei a parte de cima do meu biquíni e achei a parte debaixo jogada no chão do carro junto com meu vestido amarelo que agora não estava mais tão ensopado.
— … — balancei deus ombros. — Vamos, … Precisa acordar.
Soltou uns resmungos inaudíveis e voltou a dormir.
— , ACORDA!
Ele se levantou num pulo enquanto tinha uma expressão assustada no rosto.
— Mas que droga, . O que foi? — ele finalmente desperta e se situa do lugar onde estamos. Dá um sorriso malicioso em seguida. — Sabia que você não ia resistir ao banco de trás do velho Honda ‘97.
Revirei os olhos enquanto dava um tapa ardido em seu ombro e abria a porta traseira do carro.
— Você tem que me levar pra casa antes que meus pais acordem. — digo me sentando rapidamente no banco do passageiro.
resmunga alguma coisa mas em seguida está ao meu lado, com as mãos no volante, os cabelos bagunçados de um jeito nada sexy e sem a camiseta, que ainda estava jogada no banco de trás.
O trajeto foi curto e o silêncio que se instalou durante ele foi de matar.
Eu mordia meu lábio inferior com força enquanto olhava para as minhas unhas como se elas fossem as coisas mais interessantes do mundo, e o flashback do que aconteceu na praia e acabou no banco traseiro passava como um filme dentro de minha cabeça. Inclusive a parte onde eu admitia que estava apaixonada por .
Patética, eu sei.
O carro foi estacionado do outro lado da rua da minha casa e se virou para mim com um sorriso lateral e um tanto quanto fofo, ele colocou uma mecha de meu cabelo atrás da minha orelha e piscou os olhos lentamente, como se estivesse gravando meu rosto em sua memória.
Coloquei a mão na maçaneta da porta fazendo menção de sair, mas antes que eu realmente fizesse, sinto suas duas mãos de cada lado do meu rosto, me puxando para um beijo. Pode soar clichê, mas aquele beijo foi diferente de todos os outros, era intenso mas ao mesmo tempo doce e gentil e expressava muito mais do carinho e tesão. Expressava amor.
— Eu também te amo. — sussurra perto de minha boca.
Dou um sorriso meigo sem mostrar os dentes e saio do carro o mais rápido que posso. Sem olhar para trás, entro pela porta de entrada – que nunca está trancada – cautelosamente, e subo ao meu quarto tomando cuidado com o barulho que meu chinelo pode fazer no piso de madeira.
Assim que encosto a porta do meu quarto e jogo o vestido amarelo longe, suspiro pesadamente me sentindo um pouco menos atônita do que eu estava quando ouvi aquelas palavras saírem da boca de .
Aquelas benditas palavras.
Oh Deus, eu estava tão ferrada…
Estávamos no meu quarto, eu e . Era de noite e ela tinha passado o dia inteiro comigo aqui em casa. Sem . Sem . Precisávamos de um dia só das garotas faz tempo, não tivemos um desde o começo do verão e eu estava necessitando conversar com a minha melhor amiga sobre algumas coisas que eu não contava para mais ninguém, a não ser ela.
— Então, como as coisas estão entre você e ?
— Ah, . — ela suspirou entanto rodava da cadeira de rodinhas que havia em frente à minha escrivaninha. — Está tudo às mil maravilhas. é… Fantástico.
— Você está realmente apaixonada. — constatei com um sorriso brincalhão no rosto. — E quando é o casamento?
— Dia 6 de Novembro de 2029.
— Quê? — eu gargalhei. — , você é louca! — e joguei uma almofada nela. — Estou feliz por você, amiga.
— Obrigada. — ela sorriu. — Estou feliz por você também, sabe? Tipo, o lance com .
Ela me jogou a almofada azul de volta e eu a abracei, mostrando um mínimo sorriso.
— Obrigada, acho.
— Isso vai pra frente, não é? — perguntou. — Esse lance. Você quer que vá, certo?
— Acho que sim. Não sei! — passei as mãos pelos cabelos. — Nem ao menos sei o que eu sinto por ele.
— Para com isso, . — riu se levantando e vindo para mais perto de mim. — É claro que você sabe, só tem medo de admitir.
— Não é isso, . Quem dera fosse! Eu só não sei o que essas coisas que talvez eu esteja sentindo significam. — confessei, suspirando pesadamente.
— Vamos fazer o seguinte. — ela disse olhando nos meus olhos. — Vou te fazer umas perguntas e você vai ter que me responder com a maior sinceridade do mundo, certo?
— Certo. — respondi quase que em um sussurro.
Cruzei meus próprios dedos e suspirei, com um pouco de medo de quais seriam as perguntas que iria me fazer.
— Primeira pergunta — fez uma pausa dramática me fazendo revirar os olhos. — Como se sentiu quando beijou pela primeira vez?
— Foi estranho. — ri meio sem graça. — Eu já meio que esperava, mas quando aconteceu eu fui pega totalmente de surpresa. Mas… foi bom.
— Você sentiu as borboletas no estômago?
— Não. Nenhuma borboleta. Apenas fogos de artifício, tipo, muitos mesmo. Parecia que era Ano Novo dentro de mim. — respondi sendo sincera, como ela havia pedido.
nada me disse, apenas continuou com as perguntas.
— E como você se sente ao lado dele?
— Como a garota mais idiota do mundo. — eu gargalhei da cara de confusão da . — Quer dizer, eu fui estúpida o suficiente para cair na lábia dele?
— Tá. — ela se deu por vencida e riu. — Mas as sensações! Me diga as sensações, .
— Hmm… — pensei um pouco. — Ele faz todos os pelos do meu corpo se arrepiaram quando ele sussurra algo muito perto do meu ouvido. Minhas bochechas doem de tanto que eu sorrio ao seu lado. Ele sempre me faz rir das coisas mais idiotas, e eu gosto de rir. — sorri abobalhada ao lembrar de certas lembranças. — Eu gosto como a minha mão se encaixa na dele e do modo como eu inspiro o perfume amadeirado enquanto enterro meu rosto no seu pescoço.
— O que você mais gosta em ?
— Os olhos, sem sombra de dúvida. — respondi prontamente. — São . Os olhos mais lindos que já tive o prazer de observar de perto, eles são tão brilhantes…
— E o que você pensa quando eu falo ? Quem é pra você?
— É o cara mais convencido que eu já conheci em toda a minha vida. Tem o dom de me tirar do sério mas… Como já disse, tem os olhos mais brilhantes do mundo, e é em seus braços que eu me sinto a garota mais idiota do mundo, mas, a mais protegida também. É o cara por quem eu estou apaixonada.
Por fim, acabei confessando e senti como um peso saísse de minhas costas. deu um sorriso esperto pra mim antes de me abraçar e gargalhar.
— Eu disse, não disse? — ela sussurrou pra mim.
— Você sempre tem razão, .
foi embora quase à meia-noite.
Depois daquele jogo de perguntas que me fez confessar aquilo que eu estava com medo de falar em voz alta, eu e ficamos vendo filmes água com açúcar e ouvindo músicas melosas até meu pai entrar no quarto e gritar JÁ DEU!
E quando ela se foi, me joguei em minha cama e recebi uma mensagem de .
Nem preciso comentar que meu coração deu pulos dentro de meu peito para depois se confortar ao ler aquelas palavras doces.
: Boa noite, . Sonhe comigo, pois eu sempre vou estar sonhando com você.
: Boa noite, .
Bloqueei meu celular e coloquei embaixo do travesseiro, com um sorriso no rosto, virei de lado para tentar dormir.
Não fiquei cinco minutos de olhos fechados quando senti meu celular vibrar debaixo do travesseiro.
Chamada de , era o que brilhava na tela.
— O que foi? Não conseguiu dormir? — perguntei brincalhona assim que atendi a chamada.
— Pior que não. — ele riu. — Então, como não conseguia dormir, peguei meu carro e vim te buscar.
— Quê? — gritei em um sussurro, se é que isso existia. — ! Você só pode estar brincando comigo.
— Vá até a janela então, .
Levantei da cama apressada e vi pela fresta da cortina o Honda ‘97 vermelho parado do outro lado da calçada.
— ! Volta pra casa! — ordenei. — São quase três da manhã, merda!
— Vem, vamos dar uma volta.
— Não vamos dar volta nenhuma. — falei nervosa. — Meu Deus, ! Você só pode ter retardo mental.
— Eu gostava mais quando você dizia que eu era louco e aí eu respondia com a típica frase ‘louco só se for por você’. — grunhi irritada e ele riu. — Vem, ponha um biquíni e vamos para a praia.
— Não! Volta pra casa, eu vou ir dormir.
— Ah, … Não acredito que voltamos para a estaca zero onde eu tinha que te chantagear pra sair comigo. — ele disse do outro lado da linha.
— …
— Vem logo! — insistiu. — Senão, em cinco minutos vou estar buzinando tão alto que Venice Beach inteira terá acordado.
— Você não seria capaz…
— Vamos, ! Já estou contando...
— UGH! Você é insuportável. — eu resmunguei e ouvi sua risada. — Não faça nada! Estou descendo em cinco minutos.
Desliguei o celular e fui cautelosamente sem fazer nenhum barulho para me trocar. Tirei o pijama, coloquei aquele mesmo biquíni verde de antes e um vestidinho amarelo por cima, não me importei em calçar tênis e fui de chinelo mesmo.
Abri a janela e subi em cima do telhado do primeiro andar da casa, andando devagar para não escorregar ou fazer qualquer tipo de barulho que pudesse acordar alguém de casa.
No fim, segurei no cano que fazia o escorrimento da água da chuva e cheguei ao chão, correndo rapidamente para o outro lado da rua e encontrando um bastante sorridente dentro do Honda.
— Olá, bela dama.
— Você é surreal, garoto. — disse adentrando no banco do passageiro.
— Eu sei que você gosta. — ele deu uma piscadela e deu ignição no carro.
Eu estava louca. Completamente pirada. Eu deveria estar no décimo sono, na minha cama quentinha e não no carro de indo em direção à praia às três da manhã.
Tinha certeza que minha mãe iria querer esfolar minha cara no asfalto quente se soubesse que fugi de casa no meio da noite para sair com .
Meu Deus! Quando eu me tornei tão irresponsável? Ah, eu sei. Quando eu o conheci, é claro.
estacionou o carro, descendo dele e vindo em minha direção para abrir a porta, como se fosse um cavalheiro – coisa que ele não era –.
— O que vamos fazer aqui? — sussurrei enquanto sentia meus chinelos afundarem na areia fofa da praia.
— Curtir a praia, não é óbvio?
— Está muito escuro. Se alguém nos pegar aqui estaremos…
— Relaxa, ! — ele me cortou e deu um sorriso travesso. — Ninguém vem aqui a essa hora da madrugada.
— Só . — resmunguei.
— A praia de noite é simplesmente perfeita. — ele deu de ombros tirando a regata preta que usava e a deixando junto de seus chinelos na areia. — Assim como você, . Agora, vem! Vamos entrar na água, deve estar uma delícia.
— Eu não vou entrar. — cruzei os braços negando com a cabeça. — Essa água deve estar muito gelada e eu não sei você, mas eu não quero morrer de hipotermia ou pegar alguma gripe.
— Você reclama demais, .
revirou os olhos e ignorou todos os meus protestos, me puxando pelo braço com uma certa força que eu não conseguia me soltar.
Paramos na beirada do mar e uma onda cobriu meus pés, e eu pulei para trás, assustada.
— Está fria.
— Está na temperatura ideal. — respondeu-me.
— Está na temperatura ideal para quê?
— Pra isso. — deu um sorriso malicioso e me pegou no colo.
Rodeei sua cintura com minhas pernas e passei minhas mãos ao redor de seu pescoço quando ele puxou minha cintura e colou nossos corpos em um beijo intenso. Sentia se locomovendo durante o beijo e dei um grito agudo quando senti a água batendo em minha cintura.
Ele não disse nada, apenas continuou me beijando e passando as mãos por toda a extensão do meu corpo, e eu também não quis falar mais nada, afinal, estava muito concentrada em sentir sua língua navegando pela minha boca tão docilmente.
As coisas começaram a ficar um tanto quanto mais intensas e eu já não sentia mais a água gelada me incomodando, aliás, ela tinha deixado de estar gelada há algum tempo. Talvez tenha sido nossos corpos que a tenha esquentado, quem sabe…
Parei o beijo ofegante procurando o ar que me faltava e colou nossas testas, ele respirava com tanta dificuldade quanto eu e esboçou um sorriso.
— Vamos sair daqui.
Ainda em seu colo, ele me levou de volta a areia e eu finalmente encostei os pés no chão, mas sem desgrudar nossos lábios.
— Vamos… — eu disse o puxando pelos ombros e andando de costas. — Pro carro.
— Sabia que uma hora você ia se render ao banco de trás do velho Honda ‘97. — ele parou o beijo para dar um sorrisinho esperto e me ver revirar os olhos.
— Só vamos, .
A porta de trás do carro se escancarou e ele me jogou no banco, retirando meu vestidinho amarelo completamente ensopado e jogando no chão do carro.
Eu passava as mãos freneticamente por seus cabelos molhados que pingavam sobre meu corpo.
Porra! Eu estava tão apaixonada que iria transar no banco de trás do seu carro velho?
Ah, sim eu iria.
— . — ele parou, jogando os cabelos para trás e me olhando com aqueles olhos irresistíveis. Estava sério. — Não podemos continuar antes de eu s…
— Eu também estou apaixonada por você, . — o respondi, tendo a certeza de que ele iria me perguntar isso.
E ele sorriu abertamente antes de voltar a fazer o que estava fazendo antes.
Venice Beach; Carro do .
Me mexi totalmente desconfortável com a posição que dormia e a cada movimento que fazia, me sentia cada vez mais desconfortável.
Até que finalmente abri os olhos e vi onde eu estava.
No banco de trás do maldito Honda ‘97.
Estava deitada sobre o corpo de , que dormia angelicalmente numa posição horrível que com certeza lhe daria dores depois. Eu me perguntava mentalmente como ele poderia dormir numa posição tão desconfortável.
Peguei seu pulso e vi que em seu relógio marcava quase seis da manhã. Eu precisava voltar pra casa.
A praia da Âncora não era muito longe da minha casa, mas eu não queria ir andando e também não queria ter de acordar , que parecia ainda mais bonito de olhos fechados e com a boca entreaberta enquanto soltava suspiros.
Mas eu preferia acordá-lo do que ter de ir pra casa andando.
Arrumei a parte de cima do meu biquíni e achei a parte debaixo jogada no chão do carro junto com meu vestido amarelo que agora não estava mais tão ensopado.
— … — balancei deus ombros. — Vamos, … Precisa acordar.
Soltou uns resmungos inaudíveis e voltou a dormir.
— , ACORDA!
Ele se levantou num pulo enquanto tinha uma expressão assustada no rosto.
— Mas que droga, . O que foi? — ele finalmente desperta e se situa do lugar onde estamos. Dá um sorriso malicioso em seguida. — Sabia que você não ia resistir ao banco de trás do velho Honda ‘97.
Revirei os olhos enquanto dava um tapa ardido em seu ombro e abria a porta traseira do carro.
— Você tem que me levar pra casa antes que meus pais acordem. — digo me sentando rapidamente no banco do passageiro.
resmunga alguma coisa mas em seguida está ao meu lado, com as mãos no volante, os cabelos bagunçados de um jeito nada sexy e sem a camiseta, que ainda estava jogada no banco de trás.
O trajeto foi curto e o silêncio que se instalou durante ele foi de matar.
Eu mordia meu lábio inferior com força enquanto olhava para as minhas unhas como se elas fossem as coisas mais interessantes do mundo, e o flashback do que aconteceu na praia e acabou no banco traseiro passava como um filme dentro de minha cabeça. Inclusive a parte onde eu admitia que estava apaixonada por .
Patética, eu sei.
O carro foi estacionado do outro lado da rua da minha casa e se virou para mim com um sorriso lateral e um tanto quanto fofo, ele colocou uma mecha de meu cabelo atrás da minha orelha e piscou os olhos lentamente, como se estivesse gravando meu rosto em sua memória.
Coloquei a mão na maçaneta da porta fazendo menção de sair, mas antes que eu realmente fizesse, sinto suas duas mãos de cada lado do meu rosto, me puxando para um beijo. Pode soar clichê, mas aquele beijo foi diferente de todos os outros, era intenso mas ao mesmo tempo doce e gentil e expressava muito mais do carinho e tesão. Expressava amor.
— Eu também te amo. — sussurra perto de minha boca.
Dou um sorriso meigo sem mostrar os dentes e saio do carro o mais rápido que posso. Sem olhar para trás, entro pela porta de entrada – que nunca está trancada – cautelosamente, e subo ao meu quarto tomando cuidado com o barulho que meu chinelo pode fazer no piso de madeira.
Assim que encosto a porta do meu quarto e jogo o vestido amarelo longe, suspiro pesadamente me sentindo um pouco menos atônita do que eu estava quando ouvi aquelas palavras saírem da boca de .
Aquelas benditas palavras.
Oh Deus, eu estava tão ferrada…
PARTE IX
Venice Beach; Casa da .
Meu celular vibrava sem parar embaixo de meu travesseiro, e mesmo o ouvindo, não mexi nenhum músculo, continuei deitada na cama me forçando a voltar a dormir.
Sabia que as mensagens eram provavelmente da minha melhor amiga , já que hoje à noite iríamos fazer uma fogueira e assistir alguns filmes na casa de , mas mesmo que fosse o senhor presidente eu não iria me levantar. Além de não ter dormido nada à noite por motivos de eu não queria ter de conversar com agora que ela sabia explicitamente sobre todos os meus sentimentos. Sobre eu estar apaixonada por .
Deus, como eu poderia estar apaixonada por ele? chegou tão do nada, tão sorrateiramente, jogando todo aquele charme junto das cantadas e sorrisos galanteadores, sem contar do quanto ele me irritava quando se achava a última bolacha do pacote… Mas apesar de tudo isso, eu estava apaixonada por ele e por seus belos olhos que pareciam penetrar em minha alma toda vez que pairavam sobre mim.
Ugh! Estava tudo uma confusão. Nada disso podia estar acontecendo, eu não poderia ter me envolvido com ele desse jeito e muito menos estar sentindo o que estou sentindo agora, porque ainda que sejam mínimas, eu tenho a chance de conseguir a bolsa em Nova Iorque e ter que deixar essa vida em Venice Beach para trás.
Para você ver como a vida é engraçada e adora nos pregar peças… Passei quase minha vida inteira ansiando pelo momento que iria fazer as minhas malas e me ver longe daqui e agora, sonho acordado com e penso na possibilidade de ficar aqui pra sempre ao seu lado. Patético, eu sei.
Acabei me rendendo e me conformando que não iria conseguir pegar no sono de novo com essa vibração insuportável.
22 Ligações perdidas de .
3 Ligações perdidas de .
97 Mensagens não lidas de .
3 Mensagens não lidas de .
te adicionou no grupo “Fogueira”.
120 Mensagens não lidas do grupo “Fogueira”.
Grunhi manhosa vendo que já se passavam das quatro da tarde.
Ok, talvez eu tenha dormido além da conta, mas nossa, como eu estava precisando.
Me levantei da cama e prendi meu cabelo em um coque firme no topo da cabeça e fui para o banheiro fazer minhas necessidades e higienes matinais.
Ouço passos apressados e logo em seguida os gritos animados de minha mãe chamando meu nome.
— ! — ela começa a bater na porta do banheiro, ansiosa.
— Já vou. — respondi enquanto secava o rosto na toalha.
— ! — chamou de novo.
— Já vou. — voltei a dizer.
— !
— O que foi, mãe? — eu abri a porta do banheiro impaciente e dei de cara com minha mãe com o sorriso mais largo que eu já tinha visto em toda minha vida no rosto, ela segurava um papel em minha frente.
— Chegou! — ela comemorou animada e eu franzi as sobrancelhas e li o papel branco.
“Para a Srta. .
Faculdade de Artes Cênicas, NY.”
Minha carta de resposta sobre a bolsa na faculdade de Nova Iorque tinha chegado.
Fiquei estática, não conseguia me mover, tive dificuldades até para conseguir piscar os olhos novamente. A carta havia chegado. E junto com ela o rumo que minha vida tomaria daqui a quinze dias, quando o verão acabaria.
Tomei o papel da mão dela que me olhava ansiosa.
— Não vai abrir? — perguntou.
— Não agora.
Me dirigi novamente ao meu quarto e tranquei a porta, não queria minha mãe entrando de cinco em cinco minutos para perguntar se eu tinha sido ou não aceita.
Joguei a carta em cima da escrivaninha e sentei na cadeira, me girando sem parar, até ficar levemente tonta.
O que eu faria agora?
Estava com muito medo de abrir aquela carta e ver que não havia sido aceita e ter de deixar todos os sonhos com que sonhei a vida inteira para trás, e estava com mais medo ainda de ter sido aceita e ter que deixar , e os meninos para trás. Principalmente .
Fiquei encarando a carta em minha frente por longos minutos sem coragem nenhuma de abrí-la. Eu definitivamente não estava pronta para saber qual seria meu futuro.
As horas foram se passando e eu continuava girando na cadeira, a TV estacionada em um canal onde passava apenas vídeo clipes de música e tocava uma qualquer do Maroon 5 e me fazia sacudir a cabeça, uma maneira falha de me fazer esquecer o papel que estava sobre a minha escrivaninha.
Eram quase sete quando me mandou uma mensagem perguntando se eu queria carona para ir ao ou se eu iria com .
Mordi o lábio inferior em dúvida e decidi não respondê-la.
Eu definitivamente não estava disposta para ir a casa de hoje assar marshmallows na fogueira ou assistir filmes trash de terror. Hoje não era um bom dia.
Não teria coragem de encarar o rosto de cada um deles pensando na possibilidade de nunca mais os vê-lo. Não teria coragem de olhar nos olhos de hoje à noite e não sentir uma pontada no coração só de imaginar que a chance de eu nunca mais poder admirar seus belos olhos de perto estava em cima da minha escrivaninha, no meu quarto.
Logo em seguida, vejo que estava me ligando, e eu decidi não atender.
Desliguei meu celular para não ter de receber mais ligações ou mensagens dele e de . Simplesmente não estava com cabeça pra isso. Aliás, não estava com cabeça para nada.
Decidi ir para a cozinha pegar os últimos pedaços de pizza que eu sabia que havia sobrado da noite passada para comer enquanto me tranco no meu quarto e tento fazer qualquer coisa para me distrair da maldita carta.
— Abriu a carta? — minha mãe estava sentada na bancada da cozinha quando me viu abrir a geladeira.
— Não.
— Achei que você iria sair com os seus amigos hoje. — ela me olhava um tanto quanto preocupada.
— Mudança de planos. — dei de ombros. — Vou ficar no meu quarto quietinha.
Guardei a caixa de pizza de volta na geladeira e coloquei duas fatias de Mussarela no prato.
— Está com medo de abrir aquela carta, não é? — ela deu uma risada sem humor. — Está com medo de não passar?
— Estou com medo de passar. — soltei um longo suspiro enquanto pegava o prato e marchava de volta para meu quarto, deixando minha mãe na cozinha com um provável ponto de interrogação na cabeça.
Eram quase onze da noite e eu estava deitada na minha cama, debaixo das cobertas assistindo a maratona de American Horror Story: Freak Show que a FOX estava televisionando quando ouço a campainha no andar de baixo e o grito de minha mãe ao abrir a porta.
— , A ESTÁ SUBINDO.
Engulo em seco e coloco a TV no mudo só para conseguir ouvir os passos de minha amiga pelo meu piso de madeira.
— ? — bate na porta e eu fico mais alguns segundos na cama. — , me deixa entrar.
Suspirei pesadamente antes de me levantar e abrir a porta vagarosamente, com medo de encarar .
— Oi.
— Atender o telefone é bom, sabia? — ela disse colocando as duas mãos na cintura. — Por que não foi pro ? estava louco e ninguém conseguia falar com você… Ele queria vir pra cá, mas eu disse que eu vinha e levava você junto comigo pra lá.
Sentei-me na cama de perna de índio e mordi o lábio inferior, encarando a cara de confusão de . Ficamos assim por alguns minutos, ela me encarando e eu encarando ela.
— A carta chegou. — eu disse simplesmente em um tom de voz bem baixo.
— O quê? Que carta? — ela franziu o cenho, mas levantou as sobrancelhas em seguida já entendendo o que eu queria dizer. — Ah…
— Pois é. — me limitei a dizer.
— Você… Não passou? — ela perguntou receosa e eu dei de ombros.
— Eu não sei ainda. Eu não a abri. — apontei com os olhos para a carta ainda fechada em cima da mesa. — Não tive coragem.
— — se sentou ao meu lado na cama e pegou minhas mãos com as suas. —, o que vai acontecer se você passar? Digo, com você e ?
— Eu não faço a mínima ideia.
— E sei que eu e você não mudaria nada. — ela comentou com um sorriso doce no rosto. — Mesmo que estejamos separadas por um oceano, nossa amizade vai sempre continuar a mesma, porque eu te amo incondicionalmente e todas essas coisas melosas que eu já te disse e não preciso ficar repetindo. — eu ri fraco concordando com a cabeça. — Mas eu acho que precisamos abrir essa carta o mais rápido possível. Afinal, dependendo do que estiver dentro dela, você vai precisar de um bom tempo para decidir o que realmente quer fazer.
se levantou e pegou a carta em cima da escrivaninha, sentou-se ao meu lado da cama e me entregou.
Apertei o papel em minhas mãos lembrando que todo meu futuro estava escrito ali, e uma onda de aflição e medo tomou meu corpo.
— Não consigo. — joguei a carta no chão.
— Vamos lá, . — me incentivou, mas eu apenas não conseguia. — Quer que eu abra?
Assenti com a cabeça e a vi pegando a carta do chão e correndo para minha escrivaninha, atrás de algo que pudesse ajudá-la a abrir a carta.
Fechei os olhos com força quando vi que já rasgava o papel com ajuda de uma caneta.
É agora! eu pensava.
O pânico já dominava meu corpo, as mãos já estavam suando e minha respiração estava completamente descompassada.
É agora.
— …
me chamou mansa e eu apenas abri um olho, ainda com medo de encarar sua expressão e saber ali se o conteúdo da carta era bom ou ruim.
Meu celular vibrava sem parar embaixo de meu travesseiro, e mesmo o ouvindo, não mexi nenhum músculo, continuei deitada na cama me forçando a voltar a dormir.
Sabia que as mensagens eram provavelmente da minha melhor amiga , já que hoje à noite iríamos fazer uma fogueira e assistir alguns filmes na casa de , mas mesmo que fosse o senhor presidente eu não iria me levantar. Além de não ter dormido nada à noite por motivos de eu não queria ter de conversar com agora que ela sabia explicitamente sobre todos os meus sentimentos. Sobre eu estar apaixonada por .
Deus, como eu poderia estar apaixonada por ele? chegou tão do nada, tão sorrateiramente, jogando todo aquele charme junto das cantadas e sorrisos galanteadores, sem contar do quanto ele me irritava quando se achava a última bolacha do pacote… Mas apesar de tudo isso, eu estava apaixonada por ele e por seus belos olhos que pareciam penetrar em minha alma toda vez que pairavam sobre mim.
Ugh! Estava tudo uma confusão. Nada disso podia estar acontecendo, eu não poderia ter me envolvido com ele desse jeito e muito menos estar sentindo o que estou sentindo agora, porque ainda que sejam mínimas, eu tenho a chance de conseguir a bolsa em Nova Iorque e ter que deixar essa vida em Venice Beach para trás.
Para você ver como a vida é engraçada e adora nos pregar peças… Passei quase minha vida inteira ansiando pelo momento que iria fazer as minhas malas e me ver longe daqui e agora, sonho acordado com e penso na possibilidade de ficar aqui pra sempre ao seu lado. Patético, eu sei.
Acabei me rendendo e me conformando que não iria conseguir pegar no sono de novo com essa vibração insuportável.
22 Ligações perdidas de .
3 Ligações perdidas de .
97 Mensagens não lidas de .
3 Mensagens não lidas de .
te adicionou no grupo “Fogueira”.
120 Mensagens não lidas do grupo “Fogueira”.
Grunhi manhosa vendo que já se passavam das quatro da tarde.
Ok, talvez eu tenha dormido além da conta, mas nossa, como eu estava precisando.
Me levantei da cama e prendi meu cabelo em um coque firme no topo da cabeça e fui para o banheiro fazer minhas necessidades e higienes matinais.
Ouço passos apressados e logo em seguida os gritos animados de minha mãe chamando meu nome.
— ! — ela começa a bater na porta do banheiro, ansiosa.
— Já vou. — respondi enquanto secava o rosto na toalha.
— ! — chamou de novo.
— Já vou. — voltei a dizer.
— !
— O que foi, mãe? — eu abri a porta do banheiro impaciente e dei de cara com minha mãe com o sorriso mais largo que eu já tinha visto em toda minha vida no rosto, ela segurava um papel em minha frente.
— Chegou! — ela comemorou animada e eu franzi as sobrancelhas e li o papel branco.
“Para a Srta. .
Faculdade de Artes Cênicas, NY.”
Minha carta de resposta sobre a bolsa na faculdade de Nova Iorque tinha chegado.
Fiquei estática, não conseguia me mover, tive dificuldades até para conseguir piscar os olhos novamente. A carta havia chegado. E junto com ela o rumo que minha vida tomaria daqui a quinze dias, quando o verão acabaria.
Tomei o papel da mão dela que me olhava ansiosa.
— Não vai abrir? — perguntou.
— Não agora.
Me dirigi novamente ao meu quarto e tranquei a porta, não queria minha mãe entrando de cinco em cinco minutos para perguntar se eu tinha sido ou não aceita.
Joguei a carta em cima da escrivaninha e sentei na cadeira, me girando sem parar, até ficar levemente tonta.
O que eu faria agora?
Estava com muito medo de abrir aquela carta e ver que não havia sido aceita e ter de deixar todos os sonhos com que sonhei a vida inteira para trás, e estava com mais medo ainda de ter sido aceita e ter que deixar , e os meninos para trás. Principalmente .
Fiquei encarando a carta em minha frente por longos minutos sem coragem nenhuma de abrí-la. Eu definitivamente não estava pronta para saber qual seria meu futuro.
As horas foram se passando e eu continuava girando na cadeira, a TV estacionada em um canal onde passava apenas vídeo clipes de música e tocava uma qualquer do Maroon 5 e me fazia sacudir a cabeça, uma maneira falha de me fazer esquecer o papel que estava sobre a minha escrivaninha.
Eram quase sete quando me mandou uma mensagem perguntando se eu queria carona para ir ao ou se eu iria com .
Mordi o lábio inferior em dúvida e decidi não respondê-la.
Eu definitivamente não estava disposta para ir a casa de hoje assar marshmallows na fogueira ou assistir filmes trash de terror. Hoje não era um bom dia.
Não teria coragem de encarar o rosto de cada um deles pensando na possibilidade de nunca mais os vê-lo. Não teria coragem de olhar nos olhos de hoje à noite e não sentir uma pontada no coração só de imaginar que a chance de eu nunca mais poder admirar seus belos olhos de perto estava em cima da minha escrivaninha, no meu quarto.
Logo em seguida, vejo que estava me ligando, e eu decidi não atender.
Desliguei meu celular para não ter de receber mais ligações ou mensagens dele e de . Simplesmente não estava com cabeça pra isso. Aliás, não estava com cabeça para nada.
Decidi ir para a cozinha pegar os últimos pedaços de pizza que eu sabia que havia sobrado da noite passada para comer enquanto me tranco no meu quarto e tento fazer qualquer coisa para me distrair da maldita carta.
— Abriu a carta? — minha mãe estava sentada na bancada da cozinha quando me viu abrir a geladeira.
— Não.
— Achei que você iria sair com os seus amigos hoje. — ela me olhava um tanto quanto preocupada.
— Mudança de planos. — dei de ombros. — Vou ficar no meu quarto quietinha.
Guardei a caixa de pizza de volta na geladeira e coloquei duas fatias de Mussarela no prato.
— Está com medo de abrir aquela carta, não é? — ela deu uma risada sem humor. — Está com medo de não passar?
— Estou com medo de passar. — soltei um longo suspiro enquanto pegava o prato e marchava de volta para meu quarto, deixando minha mãe na cozinha com um provável ponto de interrogação na cabeça.
Eram quase onze da noite e eu estava deitada na minha cama, debaixo das cobertas assistindo a maratona de American Horror Story: Freak Show que a FOX estava televisionando quando ouço a campainha no andar de baixo e o grito de minha mãe ao abrir a porta.
— , A ESTÁ SUBINDO.
Engulo em seco e coloco a TV no mudo só para conseguir ouvir os passos de minha amiga pelo meu piso de madeira.
— ? — bate na porta e eu fico mais alguns segundos na cama. — , me deixa entrar.
Suspirei pesadamente antes de me levantar e abrir a porta vagarosamente, com medo de encarar .
— Oi.
— Atender o telefone é bom, sabia? — ela disse colocando as duas mãos na cintura. — Por que não foi pro ? estava louco e ninguém conseguia falar com você… Ele queria vir pra cá, mas eu disse que eu vinha e levava você junto comigo pra lá.
Sentei-me na cama de perna de índio e mordi o lábio inferior, encarando a cara de confusão de . Ficamos assim por alguns minutos, ela me encarando e eu encarando ela.
— A carta chegou. — eu disse simplesmente em um tom de voz bem baixo.
— O quê? Que carta? — ela franziu o cenho, mas levantou as sobrancelhas em seguida já entendendo o que eu queria dizer. — Ah…
— Pois é. — me limitei a dizer.
— Você… Não passou? — ela perguntou receosa e eu dei de ombros.
— Eu não sei ainda. Eu não a abri. — apontei com os olhos para a carta ainda fechada em cima da mesa. — Não tive coragem.
— — se sentou ao meu lado na cama e pegou minhas mãos com as suas. —, o que vai acontecer se você passar? Digo, com você e ?
— Eu não faço a mínima ideia.
— E sei que eu e você não mudaria nada. — ela comentou com um sorriso doce no rosto. — Mesmo que estejamos separadas por um oceano, nossa amizade vai sempre continuar a mesma, porque eu te amo incondicionalmente e todas essas coisas melosas que eu já te disse e não preciso ficar repetindo. — eu ri fraco concordando com a cabeça. — Mas eu acho que precisamos abrir essa carta o mais rápido possível. Afinal, dependendo do que estiver dentro dela, você vai precisar de um bom tempo para decidir o que realmente quer fazer.
se levantou e pegou a carta em cima da escrivaninha, sentou-se ao meu lado da cama e me entregou.
Apertei o papel em minhas mãos lembrando que todo meu futuro estava escrito ali, e uma onda de aflição e medo tomou meu corpo.
— Não consigo. — joguei a carta no chão.
— Vamos lá, . — me incentivou, mas eu apenas não conseguia. — Quer que eu abra?
Assenti com a cabeça e a vi pegando a carta do chão e correndo para minha escrivaninha, atrás de algo que pudesse ajudá-la a abrir a carta.
Fechei os olhos com força quando vi que já rasgava o papel com ajuda de uma caneta.
É agora! eu pensava.
O pânico já dominava meu corpo, as mãos já estavam suando e minha respiração estava completamente descompassada.
É agora.
— …
me chamou mansa e eu apenas abri um olho, ainda com medo de encarar sua expressão e saber ali se o conteúdo da carta era bom ou ruim.
PARTE X
Venice Beach; Casa da .
Essa era a primeira vez em uma semana que eu saía de casa para me encontrar com , e os outros.
Desde o dia da chegada da carta, onde foi até lá em casa e a abriu pra mim, eu falei para o pessoal que havia pegado uma gripe forte e ficaria de cama por alguns dias, uma semana, para ser mais específica.
Na verdade, isso foi ideia da , era para eu ter uma semana para pensar tudo que eu faria a seguir, agora que já sabia os dizeres da carta.
Eu tinha sido aprovada, a bolsa de estudos na melhor faculdade de artes cênicas dos Estados Unidos era minha. Eu iria para Nova Iorque daqui a quinze dias. Quer dizer, ou não.
Eu tive uma semana para repensar toda a minha vida e mesmo assim não consegui me decidir. Ir ou não ir. Deixar para trás ou não.
Hoje era sexta-feira, quase sete da noite e eu estava na casa de esperando a mesma acabar de se arrumar.
insistiu para que fôssemos a uma balada eletrônica chamada Eletrix, e eu acabei aceitando, já que o prazo que havia me dado expirou e eu não podia continuar ignorando e os outros pelos próximos quinze dias de verão.
— vai vir nos buscar? — perguntei para enquanto a via parada em frente ao espelho, se maquiando.
— Uhum. Os outros vão nos encontrar lá. — disse após passar uma camada de rímel nos cílios. — Está falando com o , não é? Eu achei que você fosse com ele.
— Estou, mas disso pra ele que queria ir com você.
— Você não está estranha com ele, né?
— Não. — respondi. — Continua tudo as mil maravilhas no nosso… Ahm, lance? — disse com incerteza. — Enfim, está tudo bem entre nós.
— Quando você vai contar pra ele? — se virou pra mim e eu suspirei. — Você sabe que quanto mais esperar, pior vai ser.
— Podemos não falar sobre isso agora? — me levantei de sua cama e dei uma última olhada no meu look no espelho. — Quero me divertir com meus amigos hoje à noite sem ter que me preocupar com isso, pelo menos não por hoje.
— Como quiser. — deu de ombros. — Como estou?
— Gatíssima. — sorri enquanto ela dava uma voltinha e fazia o vestido roxo escuro rodar.
estava linda, com os cabelos presos em uma trança lateral, o vestido tomara que caia roxo escuro que era bem acinturado e rodado nas pontas, lindos brincos de argola e uma sandália preta de salto nos pés.
Eu estava com uma saia verde clara rodada e um cropped preto que mostrava boa parte da minha barriga, os lábios bem rosados e uma meia pata preta nos pés.
Nós duas estávamos lindas.
— já está aí. Vamos!
guardou o celular na pequena bolsa e me puxou pelo pulso.
Venice Beach; Eletrix Pub.
Entrei na boate atrás de e e logo fiz uma careta ao sentir a música tão alta e o contato físico com aquele tanto de pessoas bêbadas e suadas. Eu nunca fui a maior fã de boates, pra falar a verdade.
Encontramos acenando para nós mais à frente sentado em uma mesa perto do bar com Heather, Jesy, e . Nos aproximamos dele e eu parei ao lado de , que estava sentado em uma das banquetas e sorri.
— Oi. — ele sorriu antes de colar nossos lábios. — Está melhor? Ou eu posso ter pegado o vírus da gripe neste exato momento?
— Estou bem. — eu ri enquanto ele passava o braço pela minha cintura.
— Espero que você tenha melhorado, . — chamou minha atenção. — Porque hoje nós vamos curtir como se hoje fosse nossa última noite vivos!
levantou o pequeno copo de tequila que tinha em mãos, comemorando com Heather e o virou logo em seguida.
— Alguém está bem animado. — sussurrei para que riu, concordando.
— VAMOS DANÇAR! — se levantou e correu para a pista de dança seguido de Jesy e .
— Acho que eu preciso ficar um pouco mais bêbada para ir dançar. — Heather comentou enquanto bebericava sua bebida azul.
— Tô com você. — sentou no banco que antes era ocupado por e se sentou ao seu lado. — As aulas na faculdade voltam daqui a vinte dias e eu já estou sofrendo.
— Não pense assim, amor. — sorriu para ele. — Pelo menos agora você terá minha presença todos os dias na faculdade.
— E eu serei vela todos os dias, uhul. — fingiu animação e riu.
— Um brinde a isso. — levantou o seu copo de cerveja e os três brindaram.
— Ei. — chamou minha atenção. — Você está muito calada pro meu gosto, . O que aconteceu?
— Nada. — dei de ombros. — Só ainda não estou 100% curada, digamos que eu estou 95%. Mas os outros 5% ainda me incomodam.
— Quer ir pra casa? Eu posso cuidar de você…
— Nah. — eu sorri passando as mãos pelos cabelos dele, os bagunçando um pouquinho. — Viemos aqui aproveitar, então é isso que vamos fazer.
— Você vai beber alguma coisa ou eu já posso te puxar comigo para a pista de dança? — ele sorriu lateralmente pra mim e antes que eu pudesse responder, já tinha se levantando e me guiava delicadamente por entre as pessoas da boate para a pista de dança, onde encontramos e rebolando até o chão ao som de uma música do Capital Cities.
I could show you love
(Eu poderia mostrar-lhe o amor)
In a tidal wave of mystery
(Em uma onda gigantesca de mistério)
You'll still be standing next to me
(Você ainda estará de pé ao meu lado)
me puxou pela cintura e colou nossos corpos enquanto nos movíamos no ritmo contagiante da música. Eu sorria abertamente para ele, e ele sorria para mim. Minhas mãos em seus cabelos. Suas mãos em minha cintura.
You could be my luck
(Você poderia ser minha sorte)
Even if we're six feet underground
(Mesmo que estejamos a seis pés de profundidade)
I know that we'll be safe and sound
(Eu sei que vamos estar são e salvos)
We're safe and sound
(Nós estamos são e salvos)
Nossos corpos se mexiam juntos e eu não poderia estar mais feliz de ver ao meu lado rindo de qualquer coisa pois estava muito bêbado e eu sorri antes de puxar Michal pela nuca e selei nossos lábios. Meu Deus, como eu amava esse rapaz.
I could lift you up
(Eu poderia te levitar)
I could show you what you wanna see
(Eu poderia mostrar-lhe o que quer ver)
And take you where you wanna be
(E levá-la aonde você quer estar)
You could be my luck
(Você pode ser minha sorte)
Even if the sky is falling down
(Mesmo se o céu estiver caindo)
I know that we'll be safe and sound
(Eu sei que vamos estar são e salvos)
— … — ele sussurrou no meu ouvido enquanto arrumava meus cabelos meio molhados por conta do suor de estar dançando naquele lugar cheio de gente. — Porra, eu te amo.
— … — eu sussurrei.
E algo dentro de mim se quebrou.
Safe and sound
(São e salvos)
Safe and sound
(São e salvos)
Hold your ground
(Mantenha-se firme)
Safe and sound
(São e salvos)
We’re safe and sound
(Estamos são e salvos)
Eu o amava e iria deixá-lo.
Meus braços escorregaram de seu pescoço e foram parar colados ao meu corpo novamente. me olhou com uma careta e eu me desprendi de suas mãos, saindo da pista de dança e dando as costas para sem falar nada.
— ! — Heather gritou quando me viu parada ao seu lado no bar.
Eu soltei um sorriso amarelo em sua direção e olhei para o barman que se aproximava.
— A coisa mais forte que você tiver por aqui. — resmunguei e ele assentiu, colocando um copo em minha frente e indo procurar uma garrafa.
— Wow! — Heather riu enquanto tinha uma bebida vermelha, desta vez, nas mãos. — Vai pegar pesado?
— Estou precisando. — levantei o copo que havia sido enchido há pouco tempo pelo barman em sua direção e ela riu.
Virei o copo de uma vez e chamei o barman novamente para enchê-lo. Minha garganta queimava e eu fingia não me importar quando já virava o segundo copo.
— Ei. — puxou meu braço e me encarou com uma expressão confusa. — O que aconteceu? Você saiu do nada da pista de dança e veio beber?
— É. — dei de ombros.
continuava me encarando e tudo que eu queria era pedir para que parasse de me olhar com aqueles olhos, aqueles benditos olhos , como eu seria capaz de deixá-los para trás? UGH!
— Não deveria beber se ainda está tomando os medicamentos para a febre, sabia? — dei de ombros batendo o copo no bar. — O que aconteceu?
— Perdi a vontade de estar aqui.
— Por quê? — me perguntou, e eu via sua preocupação estampado em sua face.
Suspirei e o abracei o mais forte possível, e senti o seu perfume amadeirado que tanto amava e senti meus olhos marejados. Ele se assustou com meu ato no começo, mas segundos depois, também envolvia meu corpo com seus grandes braços e colocava seu queixo sobre minha cabeça, fazendo carinho em meus cabelos.
A música tocava alto no fundo e mesmo que fôssemos empurrados por algumas pessoas, não nos desgrudamos nem por um momento.
Eu não queria deixá-lo.
Mas minha mãe até que estava certa quando disse que relacionamentos vêm e vão e eu não poderia abrir mão de meu futuro por um relacionamento que eu mal sabia se iria para frente ou não. Como queria que ela não estivesse…
— ? — ele me chamou, mas eu não tirei meu rosto de seu peito. — ?
— Não quero te deixar. — sussurrei tão baixinho que achei que ele não fosse ouvir por conta da música alta.
— Nem eu quero te deixar, meu amor. — ele riu fraco beijando o topo de minha cabeça.
Levantei meu olhar e o encarei. Um sorriso mínimo começou a nascer em meus lábios e meu coração começou a bater mais forte ao ouvir que ele tinha me chamado de meu amor.
Porra, !
— V-você me chamou do quê?
riu meio envergonhado e passou as mãos delicadamente pelos meus cabelos antes de depositar um beijinho rápido na minha testa.
— Ah, qual é, . — firmou as duas mãos na minha cintura. — Não me faça falar de novo.
— Eu não acredito no que estou vendo… — ri baixinho. — envergonhado.
— Fica quietinha, vai. — sussurrou.
Levantei as sobrancelhas e fiz uma cara de ofendida, mas antes de poder exclamar alguma coisa ele puxou meu rosto rapidamente e selou nossos lábios de um jeito delicado.
E mais uma vez, a única coisa que se passava em minha cabeça enquanto tinha a doce língua de em minha boca era: Porra, !
Esse não era o melhor momento para lhe contar sobre a faculdade. Mas era tão ruim ter de esconder uma coisa tão importante como essa dele.
Eu nunca achei que seguir meus sonhos seria tão doloroso, no final das contas.
Essa era a primeira vez em uma semana que eu saía de casa para me encontrar com , e os outros.
Desde o dia da chegada da carta, onde foi até lá em casa e a abriu pra mim, eu falei para o pessoal que havia pegado uma gripe forte e ficaria de cama por alguns dias, uma semana, para ser mais específica.
Na verdade, isso foi ideia da , era para eu ter uma semana para pensar tudo que eu faria a seguir, agora que já sabia os dizeres da carta.
Eu tinha sido aprovada, a bolsa de estudos na melhor faculdade de artes cênicas dos Estados Unidos era minha. Eu iria para Nova Iorque daqui a quinze dias. Quer dizer, ou não.
Eu tive uma semana para repensar toda a minha vida e mesmo assim não consegui me decidir. Ir ou não ir. Deixar para trás ou não.
Hoje era sexta-feira, quase sete da noite e eu estava na casa de esperando a mesma acabar de se arrumar.
insistiu para que fôssemos a uma balada eletrônica chamada Eletrix, e eu acabei aceitando, já que o prazo que havia me dado expirou e eu não podia continuar ignorando e os outros pelos próximos quinze dias de verão.
— vai vir nos buscar? — perguntei para enquanto a via parada em frente ao espelho, se maquiando.
— Uhum. Os outros vão nos encontrar lá. — disse após passar uma camada de rímel nos cílios. — Está falando com o , não é? Eu achei que você fosse com ele.
— Estou, mas disso pra ele que queria ir com você.
— Você não está estranha com ele, né?
— Não. — respondi. — Continua tudo as mil maravilhas no nosso… Ahm, lance? — disse com incerteza. — Enfim, está tudo bem entre nós.
— Quando você vai contar pra ele? — se virou pra mim e eu suspirei. — Você sabe que quanto mais esperar, pior vai ser.
— Podemos não falar sobre isso agora? — me levantei de sua cama e dei uma última olhada no meu look no espelho. — Quero me divertir com meus amigos hoje à noite sem ter que me preocupar com isso, pelo menos não por hoje.
— Como quiser. — deu de ombros. — Como estou?
— Gatíssima. — sorri enquanto ela dava uma voltinha e fazia o vestido roxo escuro rodar.
estava linda, com os cabelos presos em uma trança lateral, o vestido tomara que caia roxo escuro que era bem acinturado e rodado nas pontas, lindos brincos de argola e uma sandália preta de salto nos pés.
Eu estava com uma saia verde clara rodada e um cropped preto que mostrava boa parte da minha barriga, os lábios bem rosados e uma meia pata preta nos pés.
Nós duas estávamos lindas.
— já está aí. Vamos!
guardou o celular na pequena bolsa e me puxou pelo pulso.
Venice Beach; Eletrix Pub.
Entrei na boate atrás de e e logo fiz uma careta ao sentir a música tão alta e o contato físico com aquele tanto de pessoas bêbadas e suadas. Eu nunca fui a maior fã de boates, pra falar a verdade.
Encontramos acenando para nós mais à frente sentado em uma mesa perto do bar com Heather, Jesy, e . Nos aproximamos dele e eu parei ao lado de , que estava sentado em uma das banquetas e sorri.
— Oi. — ele sorriu antes de colar nossos lábios. — Está melhor? Ou eu posso ter pegado o vírus da gripe neste exato momento?
— Estou bem. — eu ri enquanto ele passava o braço pela minha cintura.
— Espero que você tenha melhorado, . — chamou minha atenção. — Porque hoje nós vamos curtir como se hoje fosse nossa última noite vivos!
levantou o pequeno copo de tequila que tinha em mãos, comemorando com Heather e o virou logo em seguida.
— Alguém está bem animado. — sussurrei para que riu, concordando.
— VAMOS DANÇAR! — se levantou e correu para a pista de dança seguido de Jesy e .
— Acho que eu preciso ficar um pouco mais bêbada para ir dançar. — Heather comentou enquanto bebericava sua bebida azul.
— Tô com você. — sentou no banco que antes era ocupado por e se sentou ao seu lado. — As aulas na faculdade voltam daqui a vinte dias e eu já estou sofrendo.
— Não pense assim, amor. — sorriu para ele. — Pelo menos agora você terá minha presença todos os dias na faculdade.
— E eu serei vela todos os dias, uhul. — fingiu animação e riu.
— Um brinde a isso. — levantou o seu copo de cerveja e os três brindaram.
— Ei. — chamou minha atenção. — Você está muito calada pro meu gosto, . O que aconteceu?
— Nada. — dei de ombros. — Só ainda não estou 100% curada, digamos que eu estou 95%. Mas os outros 5% ainda me incomodam.
— Quer ir pra casa? Eu posso cuidar de você…
— Nah. — eu sorri passando as mãos pelos cabelos dele, os bagunçando um pouquinho. — Viemos aqui aproveitar, então é isso que vamos fazer.
— Você vai beber alguma coisa ou eu já posso te puxar comigo para a pista de dança? — ele sorriu lateralmente pra mim e antes que eu pudesse responder, já tinha se levantando e me guiava delicadamente por entre as pessoas da boate para a pista de dança, onde encontramos e rebolando até o chão ao som de uma música do Capital Cities.
I could show you love
(Eu poderia mostrar-lhe o amor)
In a tidal wave of mystery
(Em uma onda gigantesca de mistério)
You'll still be standing next to me
(Você ainda estará de pé ao meu lado)
me puxou pela cintura e colou nossos corpos enquanto nos movíamos no ritmo contagiante da música. Eu sorria abertamente para ele, e ele sorria para mim. Minhas mãos em seus cabelos. Suas mãos em minha cintura.
You could be my luck
(Você poderia ser minha sorte)
Even if we're six feet underground
(Mesmo que estejamos a seis pés de profundidade)
I know that we'll be safe and sound
(Eu sei que vamos estar são e salvos)
We're safe and sound
(Nós estamos são e salvos)
Nossos corpos se mexiam juntos e eu não poderia estar mais feliz de ver ao meu lado rindo de qualquer coisa pois estava muito bêbado e eu sorri antes de puxar Michal pela nuca e selei nossos lábios. Meu Deus, como eu amava esse rapaz.
I could lift you up
(Eu poderia te levitar)
I could show you what you wanna see
(Eu poderia mostrar-lhe o que quer ver)
And take you where you wanna be
(E levá-la aonde você quer estar)
You could be my luck
(Você pode ser minha sorte)
Even if the sky is falling down
(Mesmo se o céu estiver caindo)
I know that we'll be safe and sound
(Eu sei que vamos estar são e salvos)
— … — ele sussurrou no meu ouvido enquanto arrumava meus cabelos meio molhados por conta do suor de estar dançando naquele lugar cheio de gente. — Porra, eu te amo.
— … — eu sussurrei.
E algo dentro de mim se quebrou.
Safe and sound
(São e salvos)
Safe and sound
(São e salvos)
Hold your ground
(Mantenha-se firme)
Safe and sound
(São e salvos)
We’re safe and sound
(Estamos são e salvos)
Eu o amava e iria deixá-lo.
Meus braços escorregaram de seu pescoço e foram parar colados ao meu corpo novamente. me olhou com uma careta e eu me desprendi de suas mãos, saindo da pista de dança e dando as costas para sem falar nada.
— ! — Heather gritou quando me viu parada ao seu lado no bar.
Eu soltei um sorriso amarelo em sua direção e olhei para o barman que se aproximava.
— A coisa mais forte que você tiver por aqui. — resmunguei e ele assentiu, colocando um copo em minha frente e indo procurar uma garrafa.
— Wow! — Heather riu enquanto tinha uma bebida vermelha, desta vez, nas mãos. — Vai pegar pesado?
— Estou precisando. — levantei o copo que havia sido enchido há pouco tempo pelo barman em sua direção e ela riu.
Virei o copo de uma vez e chamei o barman novamente para enchê-lo. Minha garganta queimava e eu fingia não me importar quando já virava o segundo copo.
— Ei. — puxou meu braço e me encarou com uma expressão confusa. — O que aconteceu? Você saiu do nada da pista de dança e veio beber?
— É. — dei de ombros.
continuava me encarando e tudo que eu queria era pedir para que parasse de me olhar com aqueles olhos, aqueles benditos olhos , como eu seria capaz de deixá-los para trás? UGH!
— Não deveria beber se ainda está tomando os medicamentos para a febre, sabia? — dei de ombros batendo o copo no bar. — O que aconteceu?
— Perdi a vontade de estar aqui.
— Por quê? — me perguntou, e eu via sua preocupação estampado em sua face.
Suspirei e o abracei o mais forte possível, e senti o seu perfume amadeirado que tanto amava e senti meus olhos marejados. Ele se assustou com meu ato no começo, mas segundos depois, também envolvia meu corpo com seus grandes braços e colocava seu queixo sobre minha cabeça, fazendo carinho em meus cabelos.
A música tocava alto no fundo e mesmo que fôssemos empurrados por algumas pessoas, não nos desgrudamos nem por um momento.
Eu não queria deixá-lo.
Mas minha mãe até que estava certa quando disse que relacionamentos vêm e vão e eu não poderia abrir mão de meu futuro por um relacionamento que eu mal sabia se iria para frente ou não. Como queria que ela não estivesse…
— ? — ele me chamou, mas eu não tirei meu rosto de seu peito. — ?
— Não quero te deixar. — sussurrei tão baixinho que achei que ele não fosse ouvir por conta da música alta.
— Nem eu quero te deixar, meu amor. — ele riu fraco beijando o topo de minha cabeça.
Levantei meu olhar e o encarei. Um sorriso mínimo começou a nascer em meus lábios e meu coração começou a bater mais forte ao ouvir que ele tinha me chamado de meu amor.
Porra, !
— V-você me chamou do quê?
riu meio envergonhado e passou as mãos delicadamente pelos meus cabelos antes de depositar um beijinho rápido na minha testa.
— Ah, qual é, . — firmou as duas mãos na minha cintura. — Não me faça falar de novo.
— Eu não acredito no que estou vendo… — ri baixinho. — envergonhado.
— Fica quietinha, vai. — sussurrou.
Levantei as sobrancelhas e fiz uma cara de ofendida, mas antes de poder exclamar alguma coisa ele puxou meu rosto rapidamente e selou nossos lábios de um jeito delicado.
E mais uma vez, a única coisa que se passava em minha cabeça enquanto tinha a doce língua de em minha boca era: Porra, !
Esse não era o melhor momento para lhe contar sobre a faculdade. Mas era tão ruim ter de esconder uma coisa tão importante como essa dele.
Eu nunca achei que seguir meus sonhos seria tão doloroso, no final das contas.
PARTE XI
Venice Beach; Casa da .
Era o último domingo de verão, estava quase na hora do almoço quando minha mãe invadiu meu quarto, abrindo as cortinas e fazendo o maior barulho para que eu acordasse e me juntasse a família na mesa.
— Anda logo, ! — ela disse.
— Mãe… — resmunguei manhosa.
— O último almoço de domingo em família que teremos sua ilustre presença. — ela sorriu em minha direção. — Mal posso acreditar que você estará indo para Nova Iorque em menos de uma semana.
— Nem eu. — continuei emburrada e ela revirou os olhos, se sentando na ponta da minha cama.
— Como está os preparativos? — perguntou. — Sei que já resolveu as coisa do seu dormitório por lá, mas… Você já resolveu as coisas por aqui?
— E com isso você quer dizer se eu já disse para os meus amigos?
— Um em especial. — ela arqueou as sobrancelhas e bufou com a falta de resposta. — … Achei que já tinha contado.
— Não é fácil, okay?
E não era mesmo.
Sexta-feira, na Eletrix, estava tão animado e Heather me fez virar tantos outros shots de tequila que eu acabei deixando todo aquele medo de lado e voltei a curtir como se nada estivesse acontecendo na minha vida, como se minha única preocupação fosse estar com e os meus amigos numa boate curtindo muito. Como eu queria não ter que me preocupar com mais nada além disso…
Mas assim que estacionou o Honda 97’ na porta da minha casa muito depois da meia-noite e nosso beijo de despedida demorou mais do que deveria, eu voltei a sentir aquela coisa estranha dentro do peito e que remoí durante a noite inteira por mais uma vez ter deixado a chance de lhe contar tudo escapar.
A verdade é que eu não estava pronta para descobrir a reação de sobre tudo isso. Eu não estaria pronta para deixá-lo.
Meu celular vibrou e juntamente de mim, minha mãe olhou para a tela onde o nome de piscava.
Chamada de .
Suspirei passando as mãos pelos longos cabelos e fechei os olhos.
— Olá, .
Os abri em desespero logo em seguida vendo minha mãe com o telefone na orelha falando com .
— Mãe, o que você está fazendo?
— Está sim. — ela riu. — Acabou de acordar… Aham… Eu sei, né? — silêncio.— Também acho. Ei, o que você acha de vir pra cá depois do almoço? Acho que a tem uma coisa pra te contar.
Meus olhos se arregalaram em pânico e senti minha boca secar totalmente. O QUE ELA ESTAVA FAZENDO?
— Ótimo. — sorriu. — Igualmente, . Até mais ver.
— O que você fez? — perguntei incrédula e com uma voz esganiçada enquanto a via desligando o telefone com um sorriso no rosto.
— Se eu não fizesse, você também nunca faria. — disse simplesmente.
•••
Sentada na minha cama eu roía minhas próprias unhas, repassando na cabeça tudo que eu falaria para assim que ele chegasse aqui em casa. Ou pelo menos, tudo que eu queria falar. Também tinha a grande possibilidade de eu não conseguir dizer nada e acabar chorando no seu colo pelo resto da noite.
Grunhi frustrada enfiando meu rosto no travesseiro e senti um nó na garganta e a grande vontade de chorar chegou.
Amaldiçoei o destino por estar fazendo isso comigo, pois, em toda a minha vida entediante e pacata aqui em Venice Beach, sempre fomos eu e em todas as ocasiões, nunca teve ninguém especial para ela como e nunca teve ninguém especial para mim como o , eu nunca tive muitos motivos para querer ficar nesta cidade praiana bonitinha, nada me prendia aqui e então POW, no último verão em Venice Beach, quando eu já estava contando os dias para ir para Nova Iorque, aparece e me faz mudar todos os meus conceitos, porra! Eu me apaixonei e agora eu estava em um dilema dentro de mim mesma ir ou não ir?
A campainha tocou no andar debaixo e meu coração parou por alguns segundos. Ele havia chegado.
— ! — minha mãe gritou do andar debaixo. — ESTÁ SUBINDO!
Se meu coração havia parado segundos atrás, agora ele batia com tanta força que meu peito até doía, e eu tinha certeza que até que estava no corredor podia ouvir meu coração batendo.
— . — ouvi a voz dele do outro lado da porta e fui a passos lentos para abri-la. — Hey.
sorriu abertamente ao me ver e a vontade de chorar feito um bebê nunca se fez tão presente como naquele momento.
Ele passou seus braços pela minha cintura e depositou um beijo na minha bochecha, bem perto da minha boca.
— … — eu o chamei quase em um sussurro. — Precisamos conversar.
Ele me olhou com o cenho franzido e eu vi que em seus olhos havia um misto de confusão e medo.
— O que houve, ?
Sorri lateralmente me sentando na cama e pedi silenciosamente para que ele fizesse o mesmo. Suspirei pesadamente enquanto ele envolvia minhas mãos com as dele e me olhava de um jeito preocupado.
— …
Silêncio.
— Por Deus, ! — ele riu, mesmo que sem humor. — Esse silêncio está me matando.
Retirei a carta debaixo do travesseiro e lhe entreguei, ele parecia curioso quando pegou a carta em suas mãos e eu finquei meu olhar nos meus próprios pés já que eu não teria coragem de olhá-lo nos olhos. Pelo menos não agora.
— Uau! — ele disse, eu ainda não encarava. — Meu Deus, ! Parabéns.
Eu finalmente tive coragem de levantar meu rosto e encará-lo. tinha um sorriso no rosto, o que eu achei estranho.
— Obrigada, eu acho.
Ele me puxou e colou nossos lábios em um selinho demorado, e quando nos afastamos, ele passou o polegar pela minha bochecha, ainda sorrindo.
— … — eu segurei sua mão que ainda repousava em eu rosto. — Você sabe o que isso significa, não é?
— Que você vai realizar seu sonho de ser uma grande atriz, ! — ele ainda disse com animação na voz. — Eu estou muito feliz por você…
— Eu vou pra Nova Iorque, . — eu suspirei, achando que ele ainda não havia entendido.
— Eu sei. — ele concordou com a cabeça. — Não era tudo o que você mais queria? Fiquei feliz, ! Você conseguiu!
Eu levantei da cama com uma expressão confusa e o olhei ainda sentado na minha cama. O que ele estava dizendo? Eu ia embora, por que ele não está chorando ou me pedindo pra ficar?
— , eu vou embora daqui uma semana. — eu falei. — Eu não vou mais morar em Venice Beach. Eu não vou mais poder te ver todos os dias, nem você, nem , nem , nem , nem e nem as meninas… Eu vou embora e não vou voltar.
Achei que essas palavras impactantes o fariam entender a real situação, mas ao invés disso, ele continuou com o sorriso no rosto e meneou a cabeça como se estivesse entendendo.
Então eu chorei.
As lágrimas caíam rapidamente e molhavam todo o meu rosto, eu estava despedaçada.
— Ei… — se levantou e correu até a mim, me dando um abraço de urso.
Eu me encolhi em seus braços e continuei chorando, não me importando de estar molhando toda a sua camiseta azul com minhas lágrimas.
Quem visse a cena, acharia que quem estaria partindo era , e não eu.
Ficamos nessa posição por mais alguns longos segundos, até eu dar um grande suspiro e me afastar, para olhar em seus olhos brilhantes que agora estavam marejados.
— Agora que você vai chorar? — brinquei e ele revirou os olhos.
— Eu não posso te ver chorar, porque eu choro também. — ele disse. — Parece que você não está feliz de ir para Nova Iorque.
— Eu estou… Quer dizer, esse sempre foi meu sonho, né? — eu funguei. — Mas eu não estou feliz de deixar pessoas com quem eu me importo para trás. Pessoas como a , os meninos e bem… Você. — vi seu sorriso se abrir, mesmo que minimamente. — Eu já não sei mais se quero ir.
— Tá brincando, né? — disse incrédulo. — Você não pode desistir do seu sonho assim, ! É o seu sonho, aqui! Finalmente realizado! Você não pode abrir mão dele.
— Mas eu posso abrir mão de você?
— Eu não sou nada comparado a uma bolsa integral no curso que você sempre quis numa das melhores faculdades do país na cidade dos sonhos. — riu sem humor. — Você não pode desistir de tudo isso por mim, eu não valho a pena.
— É claro que você vale, . — respondi um pouco ofendida.
— Mas não tanto quanto a porra dos seus sonhos. — ele disse como se fosse óbvio.
Eu suspirei limpando as lágrimas do meu rosto e tentei dar um sorriso sem mostrar os dentes.
— Não faça isso ser mais difícil do que já é. — sussurrei e ele riu, beijando o topo de minha cabeça.
— O que você vai fazer agora de noite? — perguntou-me.
— Nada. — dei de ombros. — O plano era chorar feito um bebê na minha cama até eu pegar no sono.
— Estou cancelando esses seus planos. — ele riu bagunçando meus cabelos. — Vamos sair. Eu, você, e os garotos.
Arqueei a sobrancelha com um sorriso mínimo no rosto.
— Sair pra onde? Pra quê? — perguntei.
— Você merece uma bela despedida de Venice Beach junto de seus amigos e do cara mais lindo do mundo, que no caso sou eu.
Eu gargalhei e puxei pela nuca para um beijo calmo.
E eu achando que ele iria ficar louco de raiva com essa notícia. Eu realmente não merecia alguém tão sensacional como .
Era o último domingo de verão, estava quase na hora do almoço quando minha mãe invadiu meu quarto, abrindo as cortinas e fazendo o maior barulho para que eu acordasse e me juntasse a família na mesa.
— Anda logo, ! — ela disse.
— Mãe… — resmunguei manhosa.
— O último almoço de domingo em família que teremos sua ilustre presença. — ela sorriu em minha direção. — Mal posso acreditar que você estará indo para Nova Iorque em menos de uma semana.
— Nem eu. — continuei emburrada e ela revirou os olhos, se sentando na ponta da minha cama.
— Como está os preparativos? — perguntou. — Sei que já resolveu as coisa do seu dormitório por lá, mas… Você já resolveu as coisas por aqui?
— E com isso você quer dizer se eu já disse para os meus amigos?
— Um em especial. — ela arqueou as sobrancelhas e bufou com a falta de resposta. — … Achei que já tinha contado.
— Não é fácil, okay?
E não era mesmo.
Sexta-feira, na Eletrix, estava tão animado e Heather me fez virar tantos outros shots de tequila que eu acabei deixando todo aquele medo de lado e voltei a curtir como se nada estivesse acontecendo na minha vida, como se minha única preocupação fosse estar com e os meus amigos numa boate curtindo muito. Como eu queria não ter que me preocupar com mais nada além disso…
Mas assim que estacionou o Honda 97’ na porta da minha casa muito depois da meia-noite e nosso beijo de despedida demorou mais do que deveria, eu voltei a sentir aquela coisa estranha dentro do peito e que remoí durante a noite inteira por mais uma vez ter deixado a chance de lhe contar tudo escapar.
A verdade é que eu não estava pronta para descobrir a reação de sobre tudo isso. Eu não estaria pronta para deixá-lo.
Meu celular vibrou e juntamente de mim, minha mãe olhou para a tela onde o nome de piscava.
Chamada de .
Suspirei passando as mãos pelos longos cabelos e fechei os olhos.
— Olá, .
Os abri em desespero logo em seguida vendo minha mãe com o telefone na orelha falando com .
— Mãe, o que você está fazendo?
— Está sim. — ela riu. — Acabou de acordar… Aham… Eu sei, né? — silêncio.— Também acho. Ei, o que você acha de vir pra cá depois do almoço? Acho que a tem uma coisa pra te contar.
Meus olhos se arregalaram em pânico e senti minha boca secar totalmente. O QUE ELA ESTAVA FAZENDO?
— Ótimo. — sorriu. — Igualmente, . Até mais ver.
— O que você fez? — perguntei incrédula e com uma voz esganiçada enquanto a via desligando o telefone com um sorriso no rosto.
— Se eu não fizesse, você também nunca faria. — disse simplesmente.
Sentada na minha cama eu roía minhas próprias unhas, repassando na cabeça tudo que eu falaria para assim que ele chegasse aqui em casa. Ou pelo menos, tudo que eu queria falar. Também tinha a grande possibilidade de eu não conseguir dizer nada e acabar chorando no seu colo pelo resto da noite.
Grunhi frustrada enfiando meu rosto no travesseiro e senti um nó na garganta e a grande vontade de chorar chegou.
Amaldiçoei o destino por estar fazendo isso comigo, pois, em toda a minha vida entediante e pacata aqui em Venice Beach, sempre fomos eu e em todas as ocasiões, nunca teve ninguém especial para ela como e nunca teve ninguém especial para mim como o , eu nunca tive muitos motivos para querer ficar nesta cidade praiana bonitinha, nada me prendia aqui e então POW, no último verão em Venice Beach, quando eu já estava contando os dias para ir para Nova Iorque, aparece e me faz mudar todos os meus conceitos, porra! Eu me apaixonei e agora eu estava em um dilema dentro de mim mesma ir ou não ir?
A campainha tocou no andar debaixo e meu coração parou por alguns segundos. Ele havia chegado.
— ! — minha mãe gritou do andar debaixo. — ESTÁ SUBINDO!
Se meu coração havia parado segundos atrás, agora ele batia com tanta força que meu peito até doía, e eu tinha certeza que até que estava no corredor podia ouvir meu coração batendo.
— . — ouvi a voz dele do outro lado da porta e fui a passos lentos para abri-la. — Hey.
sorriu abertamente ao me ver e a vontade de chorar feito um bebê nunca se fez tão presente como naquele momento.
Ele passou seus braços pela minha cintura e depositou um beijo na minha bochecha, bem perto da minha boca.
— … — eu o chamei quase em um sussurro. — Precisamos conversar.
Ele me olhou com o cenho franzido e eu vi que em seus olhos havia um misto de confusão e medo.
— O que houve, ?
Sorri lateralmente me sentando na cama e pedi silenciosamente para que ele fizesse o mesmo. Suspirei pesadamente enquanto ele envolvia minhas mãos com as dele e me olhava de um jeito preocupado.
— …
Silêncio.
— Por Deus, ! — ele riu, mesmo que sem humor. — Esse silêncio está me matando.
Retirei a carta debaixo do travesseiro e lhe entreguei, ele parecia curioso quando pegou a carta em suas mãos e eu finquei meu olhar nos meus próprios pés já que eu não teria coragem de olhá-lo nos olhos. Pelo menos não agora.
— Uau! — ele disse, eu ainda não encarava. — Meu Deus, ! Parabéns.
Eu finalmente tive coragem de levantar meu rosto e encará-lo. tinha um sorriso no rosto, o que eu achei estranho.
— Obrigada, eu acho.
Ele me puxou e colou nossos lábios em um selinho demorado, e quando nos afastamos, ele passou o polegar pela minha bochecha, ainda sorrindo.
— … — eu segurei sua mão que ainda repousava em eu rosto. — Você sabe o que isso significa, não é?
— Que você vai realizar seu sonho de ser uma grande atriz, ! — ele ainda disse com animação na voz. — Eu estou muito feliz por você…
— Eu vou pra Nova Iorque, . — eu suspirei, achando que ele ainda não havia entendido.
— Eu sei. — ele concordou com a cabeça. — Não era tudo o que você mais queria? Fiquei feliz, ! Você conseguiu!
Eu levantei da cama com uma expressão confusa e o olhei ainda sentado na minha cama. O que ele estava dizendo? Eu ia embora, por que ele não está chorando ou me pedindo pra ficar?
— , eu vou embora daqui uma semana. — eu falei. — Eu não vou mais morar em Venice Beach. Eu não vou mais poder te ver todos os dias, nem você, nem , nem , nem , nem e nem as meninas… Eu vou embora e não vou voltar.
Achei que essas palavras impactantes o fariam entender a real situação, mas ao invés disso, ele continuou com o sorriso no rosto e meneou a cabeça como se estivesse entendendo.
Então eu chorei.
As lágrimas caíam rapidamente e molhavam todo o meu rosto, eu estava despedaçada.
— Ei… — se levantou e correu até a mim, me dando um abraço de urso.
Eu me encolhi em seus braços e continuei chorando, não me importando de estar molhando toda a sua camiseta azul com minhas lágrimas.
Quem visse a cena, acharia que quem estaria partindo era , e não eu.
Ficamos nessa posição por mais alguns longos segundos, até eu dar um grande suspiro e me afastar, para olhar em seus olhos brilhantes que agora estavam marejados.
— Agora que você vai chorar? — brinquei e ele revirou os olhos.
— Eu não posso te ver chorar, porque eu choro também. — ele disse. — Parece que você não está feliz de ir para Nova Iorque.
— Eu estou… Quer dizer, esse sempre foi meu sonho, né? — eu funguei. — Mas eu não estou feliz de deixar pessoas com quem eu me importo para trás. Pessoas como a , os meninos e bem… Você. — vi seu sorriso se abrir, mesmo que minimamente. — Eu já não sei mais se quero ir.
— Tá brincando, né? — disse incrédulo. — Você não pode desistir do seu sonho assim, ! É o seu sonho, aqui! Finalmente realizado! Você não pode abrir mão dele.
— Mas eu posso abrir mão de você?
— Eu não sou nada comparado a uma bolsa integral no curso que você sempre quis numa das melhores faculdades do país na cidade dos sonhos. — riu sem humor. — Você não pode desistir de tudo isso por mim, eu não valho a pena.
— É claro que você vale, . — respondi um pouco ofendida.
— Mas não tanto quanto a porra dos seus sonhos. — ele disse como se fosse óbvio.
Eu suspirei limpando as lágrimas do meu rosto e tentei dar um sorriso sem mostrar os dentes.
— Não faça isso ser mais difícil do que já é. — sussurrei e ele riu, beijando o topo de minha cabeça.
— O que você vai fazer agora de noite? — perguntou-me.
— Nada. — dei de ombros. — O plano era chorar feito um bebê na minha cama até eu pegar no sono.
— Estou cancelando esses seus planos. — ele riu bagunçando meus cabelos. — Vamos sair. Eu, você, e os garotos.
Arqueei a sobrancelha com um sorriso mínimo no rosto.
— Sair pra onde? Pra quê? — perguntei.
— Você merece uma bela despedida de Venice Beach junto de seus amigos e do cara mais lindo do mundo, que no caso sou eu.
Eu gargalhei e puxei pela nuca para um beijo calmo.
E eu achando que ele iria ficar louco de raiva com essa notícia. Eu realmente não merecia alguém tão sensacional como .
PARTE XII
Venice Beach; Milkway Shake Shop.
Sentados em uma mesa ao ar livre estávamos todos nós. Eu, , , , , Heather, Jesy e .
Nos reunimos no Milkway Shake para fazer uma despedida para mim, como mesmo havia falado. E apesar disso, estavam todos muito animados enquanto tomavam seus milkshakes dos mais variados sabores.
Eu estava alheia aos assuntos que se desenvolviam na mesa e só olhava para cada rosto que estava ali, admirada. E sentindo uma pontada no coração de ter que deixá-los para trás.
— ? — me chamou e eu voltei a minha realidade. — Você quer dizer alguma coisa?
— É! — concordou. — Tipo um pequeno discurso de despedida antes da gente ficar muito bêbado pra lembrar das suas palavras.
Eu ri junto com o resto da mesa e mordi o lábio inferior pensando no caso. É que eu não era a melhor pessoa para fazer discursos, ainda mais em situações como essa.
— Ahm, eu não sei muito bem como fazer esse tipo de coisa…
— VAI, ! DISCURSO! — Jesy gritou batendo palminhas e fazendo com que todos da mesa continuassem com o coro.
Fiquei muito tímida por um instante.
— Tá bom. — eu cedi e eles gritaram em comemoração. — Mas eu não sei fazer isso direito...
— Vamos lá, ! — me incentivou. — Você consegue!
— Ahm, eu não sei o porquê vocês querem que eu faça um discurso, mas vamos lá. — dei de ombros. — Gostaria de começar esse discurso xingando a todos vocês, por terem aparecido na minha vida e ter feito toda a diferença nela agora, nos últimos momentos que eu tenho em Venice Beach.
— Se a gente tivesse se conhecido anos atrás tenho certeza que tudo isso aqui teria sido diferente. — comentou lançando um olhar malicioso na minha direção e depois se voltando para , que abraçou de lado.
— Com certeza. — concordei rindo fraco. — Eu queria agradecer, por terem sido ótimos amigos durante esses três meses de verão. Eu tenho certeza que esse foi o melhor verão da minha vida e serei eternamente grata a todos vocês por terem feito parte dele. — eu sorri na direção de . — Vou sentir muita falta de todos vocês, e por muitos momentos até já considerei ficar, mas eu vou para Nova Iorque realizar meu sonho e conto com o apoio de vocês daqui, em Venice Beach. Muito obrigada por todas as risadas e momentos bons que passamos juntos, tenho certeza que irei voltar algum dia para cá e vamos poder fazer a famosa reunião dos melhores amigos do mundo. — eu sorri tentando controlar a vontade de chorar. — Eu só tenho que agradecer. E não é como se hoje fosse a última vez que nos vemos, eu ainda tenho uma semana, e muita coisa legal pode acontecer em sete dias.
Olhei pra abraçada com e vi lágrimas brotarem em seus olhos, eu desviei o mais rápido possível porque sabia que eu seria a próxima a chorar se continuasse a encarar minha melhor amiga.
me pegou pelos ombros e me deu um abraço meio desajeitado enquanto piscava aquele seus belos olhos para mim.
— Estou orgulhoso de você. — ele sussurrou para mim. — Porra, Nova Iorque.
— Obrigada. — sorri lateralmente e ele me deu um beijo estalado na bochecha.
— Você merece o mundo, .
•••
A noite passou voando, aliás, ela sempre passa quando estou cercada das pessoas que amo e que me fazem feliz.
Nos despedimos de todos no Milkway Shake e combinamos que daqui a quatro dias todos nós iriamos nos encontrar no famoso luau de final de verão. E esse sim seria minha última festa em Venice Beach com meus amigos, minha última festa ao lado de , pelo menos um por bom tempo.
E confesso que não estava sabendo lidar.
estacionou o Honda ‘97 rente a calçada da minha casa e ficou me fitando por longos segundos em silêncio.
— O que foi? — perguntei confusa.
— Temos que acabar agora. — disse simplesmente, na maior calma do mundo.
— Como assim?
— Temos que acabar agora antes que tudo isso vire uma confusão maior. — explicou e eu senti um pesar em suas palavras. — Veja, , eu gosto de você. Tá, quem eu estou querendo enganar? Eu sou completamente apaixonado por você, . E eu sou a pessoa mais feliz do mundo por ter visto você conseguir realizar um sonho como esse, mas ainda assim… Não podemos continuar com isso agora que você vai pra Nova Iorque. Eu não quero te prender a Venice Beach, essa pequena cidade praiana, não quero te prender a mim, um cara egocêntrico que anda num carro caindo aos pedaços, chora assistindo Star Wars e tem o incrível hábito de se machucar em tudo que se propõe a fazer. — riu sem humor. — Porra, você vai pra Nova Iorque, a cidade que nunca dorme! É claro que lá você vai achar alguém muito melhor do que eu, alguém que realmente te mereça e eu não quero que você fique presa a mim sendo que você pôde encontrar o amor da sua vida por lá, em qualquer esquina. — ele suspirou pesadamente enquanto passava as mãos lentamente pelos cabelos. — Precisamos terminar esse pseudo relacionamento que nem sabemos categorizar.
Eu me mantinha calada. Processando todas as palavras que havia acabado de dizer. Uma lágrima solitária escorreu pela minha bochecha. não podia estar me falando todas essas coisas, não agora.
— Quer dizer que você não acha que você me mereça? Que você não possa ser o amor da minha vida? — perguntei com a voz embargada.
— É óbvio! — ele riu sem humor e me deu um sorriso sarcástico. — Você é muito boa pra mim, . Aliás, você é muito boa para qualquer cafajeste de Venice Beach. Eu não sou nada comparado as pessoas extraordinários e certamente mais bonitas que eu que você irá encontrar por Nova Iorque.
— Eu não acredito que você está falando isso, . — respondi incrédula. — Depois de tudo…
— Não foi tanta coisa assim. — ele rebateu, indiferente. — Me escuta, vai ser melhor assim, sabe? O que nós tivemos foi ótimo, e eu não me arrependo de nada, mas agora você vai se mudar e eu vou te dar a chance de escolher o que você realmente vai querer para sua vida.
— Já parou pra pensar que talvez o que eu queira para minha vida é você?, seu idiota?! — disse em um tom de voz mais áspero e já não conseguia conter as lágrimas de meus olhos.
— Você pode muito mais que isso, eu tenho certeza. Não se contente com o pouco, .
— , você é muito burro, sinceramente. — foi a minha vez de rir sarcasticamente. — Eu amo você! E quero você!
sorriu sem mostrar os dentes e passou a mão pelo meu rosto delicadamente enquanto me olhava atentamente com os olhos brilhando. Colocou uma mão de cada lado do meu rosto e me puxou, me dando um beijo demorado na testa.
— Eu te amo, . E espero que você realize todos os seus sonhos.
Não disse mais nada, abri a porta do carro e saí dali sem olhar para trás, entrando em casa com rapidez.
Acho que minha mãe tinha me chamado, mas não dei atenção alguma, eu estava irritada. Não, eu estava furiosa! era um idiota, eu devia saber desde o começo. Ele não podia fazer isso comigo justo agora. Não podia escolher por mim o que era ou não melhor pra minha vida. Não podia ter acabado com tudo desse jeito.
Apenas não podia.
Me joguei na cama e vi que meus dedos tremiam enquanto eu tentava discar o número de no celular.
— Hmm… … — estreitei os olhos quando ouvi atender o telefone com uma voz um tanto diferente.
— , eu preciso de você urgente!
— Ah! Eu… Ah! — Deus do céu, ela estava gemendo.
ELA REALMENTE ESTAVA FALANDO COMIGO ENQUANTO TRANSAVA COM ?
— Não é uma boa hora... Hmmm.
— terminou comigo. — disse na lata. — Quer dizer, terminou essa coisa que tínhamos.
O outro lado da linha ficou em silêncio por alguns segundos e eu até tinha achado que ela havia se esquecido de mim ali e ficado entretida com outras coisas, se é que me entende.
— Tô indo pra sua casa! Calma que eu tô chegando em dez minutos.
Sentados em uma mesa ao ar livre estávamos todos nós. Eu, , , , , Heather, Jesy e .
Nos reunimos no Milkway Shake para fazer uma despedida para mim, como mesmo havia falado. E apesar disso, estavam todos muito animados enquanto tomavam seus milkshakes dos mais variados sabores.
Eu estava alheia aos assuntos que se desenvolviam na mesa e só olhava para cada rosto que estava ali, admirada. E sentindo uma pontada no coração de ter que deixá-los para trás.
— ? — me chamou e eu voltei a minha realidade. — Você quer dizer alguma coisa?
— É! — concordou. — Tipo um pequeno discurso de despedida antes da gente ficar muito bêbado pra lembrar das suas palavras.
Eu ri junto com o resto da mesa e mordi o lábio inferior pensando no caso. É que eu não era a melhor pessoa para fazer discursos, ainda mais em situações como essa.
— Ahm, eu não sei muito bem como fazer esse tipo de coisa…
— VAI, ! DISCURSO! — Jesy gritou batendo palminhas e fazendo com que todos da mesa continuassem com o coro.
Fiquei muito tímida por um instante.
— Tá bom. — eu cedi e eles gritaram em comemoração. — Mas eu não sei fazer isso direito...
— Vamos lá, ! — me incentivou. — Você consegue!
— Ahm, eu não sei o porquê vocês querem que eu faça um discurso, mas vamos lá. — dei de ombros. — Gostaria de começar esse discurso xingando a todos vocês, por terem aparecido na minha vida e ter feito toda a diferença nela agora, nos últimos momentos que eu tenho em Venice Beach.
— Se a gente tivesse se conhecido anos atrás tenho certeza que tudo isso aqui teria sido diferente. — comentou lançando um olhar malicioso na minha direção e depois se voltando para , que abraçou de lado.
— Com certeza. — concordei rindo fraco. — Eu queria agradecer, por terem sido ótimos amigos durante esses três meses de verão. Eu tenho certeza que esse foi o melhor verão da minha vida e serei eternamente grata a todos vocês por terem feito parte dele. — eu sorri na direção de . — Vou sentir muita falta de todos vocês, e por muitos momentos até já considerei ficar, mas eu vou para Nova Iorque realizar meu sonho e conto com o apoio de vocês daqui, em Venice Beach. Muito obrigada por todas as risadas e momentos bons que passamos juntos, tenho certeza que irei voltar algum dia para cá e vamos poder fazer a famosa reunião dos melhores amigos do mundo. — eu sorri tentando controlar a vontade de chorar. — Eu só tenho que agradecer. E não é como se hoje fosse a última vez que nos vemos, eu ainda tenho uma semana, e muita coisa legal pode acontecer em sete dias.
Olhei pra abraçada com e vi lágrimas brotarem em seus olhos, eu desviei o mais rápido possível porque sabia que eu seria a próxima a chorar se continuasse a encarar minha melhor amiga.
me pegou pelos ombros e me deu um abraço meio desajeitado enquanto piscava aquele seus belos olhos para mim.
— Estou orgulhoso de você. — ele sussurrou para mim. — Porra, Nova Iorque.
— Obrigada. — sorri lateralmente e ele me deu um beijo estalado na bochecha.
— Você merece o mundo, .
A noite passou voando, aliás, ela sempre passa quando estou cercada das pessoas que amo e que me fazem feliz.
Nos despedimos de todos no Milkway Shake e combinamos que daqui a quatro dias todos nós iriamos nos encontrar no famoso luau de final de verão. E esse sim seria minha última festa em Venice Beach com meus amigos, minha última festa ao lado de , pelo menos um por bom tempo.
E confesso que não estava sabendo lidar.
estacionou o Honda ‘97 rente a calçada da minha casa e ficou me fitando por longos segundos em silêncio.
— O que foi? — perguntei confusa.
— Temos que acabar agora. — disse simplesmente, na maior calma do mundo.
— Como assim?
— Temos que acabar agora antes que tudo isso vire uma confusão maior. — explicou e eu senti um pesar em suas palavras. — Veja, , eu gosto de você. Tá, quem eu estou querendo enganar? Eu sou completamente apaixonado por você, . E eu sou a pessoa mais feliz do mundo por ter visto você conseguir realizar um sonho como esse, mas ainda assim… Não podemos continuar com isso agora que você vai pra Nova Iorque. Eu não quero te prender a Venice Beach, essa pequena cidade praiana, não quero te prender a mim, um cara egocêntrico que anda num carro caindo aos pedaços, chora assistindo Star Wars e tem o incrível hábito de se machucar em tudo que se propõe a fazer. — riu sem humor. — Porra, você vai pra Nova Iorque, a cidade que nunca dorme! É claro que lá você vai achar alguém muito melhor do que eu, alguém que realmente te mereça e eu não quero que você fique presa a mim sendo que você pôde encontrar o amor da sua vida por lá, em qualquer esquina. — ele suspirou pesadamente enquanto passava as mãos lentamente pelos cabelos. — Precisamos terminar esse pseudo relacionamento que nem sabemos categorizar.
Eu me mantinha calada. Processando todas as palavras que havia acabado de dizer. Uma lágrima solitária escorreu pela minha bochecha. não podia estar me falando todas essas coisas, não agora.
— Quer dizer que você não acha que você me mereça? Que você não possa ser o amor da minha vida? — perguntei com a voz embargada.
— É óbvio! — ele riu sem humor e me deu um sorriso sarcástico. — Você é muito boa pra mim, . Aliás, você é muito boa para qualquer cafajeste de Venice Beach. Eu não sou nada comparado as pessoas extraordinários e certamente mais bonitas que eu que você irá encontrar por Nova Iorque.
— Eu não acredito que você está falando isso, . — respondi incrédula. — Depois de tudo…
— Não foi tanta coisa assim. — ele rebateu, indiferente. — Me escuta, vai ser melhor assim, sabe? O que nós tivemos foi ótimo, e eu não me arrependo de nada, mas agora você vai se mudar e eu vou te dar a chance de escolher o que você realmente vai querer para sua vida.
— Já parou pra pensar que talvez o que eu queira para minha vida é você?, seu idiota?! — disse em um tom de voz mais áspero e já não conseguia conter as lágrimas de meus olhos.
— Você pode muito mais que isso, eu tenho certeza. Não se contente com o pouco, .
— , você é muito burro, sinceramente. — foi a minha vez de rir sarcasticamente. — Eu amo você! E quero você!
sorriu sem mostrar os dentes e passou a mão pelo meu rosto delicadamente enquanto me olhava atentamente com os olhos brilhando. Colocou uma mão de cada lado do meu rosto e me puxou, me dando um beijo demorado na testa.
— Eu te amo, . E espero que você realize todos os seus sonhos.
Não disse mais nada, abri a porta do carro e saí dali sem olhar para trás, entrando em casa com rapidez.
Acho que minha mãe tinha me chamado, mas não dei atenção alguma, eu estava irritada. Não, eu estava furiosa! era um idiota, eu devia saber desde o começo. Ele não podia fazer isso comigo justo agora. Não podia escolher por mim o que era ou não melhor pra minha vida. Não podia ter acabado com tudo desse jeito.
Apenas não podia.
Me joguei na cama e vi que meus dedos tremiam enquanto eu tentava discar o número de no celular.
— Hmm… … — estreitei os olhos quando ouvi atender o telefone com uma voz um tanto diferente.
— , eu preciso de você urgente!
— Ah! Eu… Ah! — Deus do céu, ela estava gemendo.
ELA REALMENTE ESTAVA FALANDO COMIGO ENQUANTO TRANSAVA COM ?
— Não é uma boa hora... Hmmm.
— terminou comigo. — disse na lata. — Quer dizer, terminou essa coisa que tínhamos.
O outro lado da linha ficou em silêncio por alguns segundos e eu até tinha achado que ela havia se esquecido de mim ali e ficado entretida com outras coisas, se é que me entende.
— Tô indo pra sua casa! Calma que eu tô chegando em dez minutos.
PARTE XIII
Venice Beach; Calçadão.
[]: Eu e estamos indo pro Luau. Quer carona?
[]: vai te buscar?
[]: Aí não! Merda! Desculpa!!!
[]: Foi o que digitou.
[]: Você vai pro Luau, não é?
[]: ?
[]: Por que você está visualizando e não tá me respondendo?
[]: …
Bloqueei meu celular decidida que não iria para esse luau. Eu estava meio irritada e completamente chateada com e não queria vê-lo tão cedo, ou quem sabe nunca mais, já que daqui alguns dias – para ser mais específica, daqui a quatro dias – eu não estarei mais em Venice Beach.
Coloquei o celular no bolso traseiro da minha saia jeans e continuando andando pelas ruas escuras da minha pequena cidade praiana. Tinha dito para mamãe que iria para o luau com e os meninos quando na verdade eu apenas estava andando pela cidade sem rumo, apenas tirando um tempo pra mim mesma, para pensar em tudo que estava acontecendo na minha vida e todas as coisas estranhas e confusas que estavam se passando na minha cabeça.
Sorri quando meus olhos foram ao encontro do letreiro colorido e iluminado da Jin’s Ice Cream, a sorveteria mais deliciosa da cidade, e não pensei duas vezes antes de entrar no estabelecimento e indo direto para a fila.
Sim, eu precisa de um doce agora. Talvez isso fizesse com que todas essas preocupações saíssem da minha cabeça. E além do mais, eu não conseguiria ir embora de Venice Beach sem fazer uma última visita ao Jin’s, o lugar onde eu passei a vida inteira comendo sorvete dos mais diversos sabores.
— Uma banana split com cobertura de caramelo e bastante chantilly, por favor. — sorri para a atendente que anotava meu pedido e pegava meu dinheiro.
Fiquei algum tempo esperando e assim que pus meus olhos na sobremesa, abri um sorriso gigantesco e caminhei até uma mesa vazia. Por que eu não havia pensado nisso antes? Era tão óbvio, sorvete é sempre a solução para todos os nossos problemas.
— ?
Senti uma mão tocar meu ombro e o meu nome ser chamado por uma voz conhecida. Conhecida até demais…
Virei-me e dei de cara com , que estava com uma touca verde musgo na cabeça e seu típico sorriso que mostrava todos seus dentes branquinhos. Mas o que diabos ele estava fazendo aqui? Não deveria estar no luau de final de verão com todos os outros?
— . — era perceptível a surpresa em minha voz.
— Posso me sentar?
Assenti e o vi puxar a cadeira colorida para se sentar à minha frente na pequena mesa onde eu me encontrava.
— O… O que está fazendo aqui? E o luau? — perguntei curiosa, afinal, não fazia sentido ele estar aqui com o luau acontecendo na praia.
— Decidi não ir no luau. — deu de ombros. — Precisava de um tempinho só pra mim. E você?
— Acho que estamos na mesma.
— me contou o que ele fez. — tocou naquele assunto que eu estava rezando para que ele não tocasse. Merda!
— É. — me limitei a dizer enquanto remexia meu sorvete de creme com a colher de plástico colorida.
Ficamos num silêncio constrangedor, eu não me atrevia a levantar meus olhos para encarar e continuava olhando para minha sobremesa como se ela fosse a coisa mais interessante do mundo, e eu podia sentir seu olhar queimando sobre mim.
— Eu não quero mais ficar apenas na oficina com meu pai. — voltou a falar e eu finalmente levantei meu olhar. — Mas faz anos que eu tento passar na prova da faculdade e não consigo…
Deixei a colher dentro do sorvete e continuei encarando a face sôfrega que me lançava.
— Eu não sabia…
— Ninguém sabia. — deu de ombros. — Mas é foda! A cada ano que passa que eu não entro na faculdade eu me sinto mais como um incompetente. Por isso não fui no luau, porque o verão está praticamente no fim e eu estou morrendo de medo de não ter passado na prova para entrar na faculdade. Mas, se bem que, se eu não passasse já não seria mais uma surpresa.
— … — minha fala saiu quase como um sussurro. — Você não pode se colocar pra baixo desse jeito, você tem que acreditar que consegue senão nunca irá sair da oficina do seu pai e vai passar o resto de sua vida se achando um incompetente, coisa que todos nós sabemos que você não é.
me deu um sorriso sincero e pegou a colher do meu sorvete, a enchendo e colocando na boca. Eu soltei um ruído fazendo uma cara de indignação por ele ter “roubado” meu doce e ele acabou por soltar uma gargalhada gostosa que me fez rir junto.
— Está preparada para ir embora?
— Nem um pouquinho. — respondi. — Mas eu não posso deixar a oportunidade da minha vida passar.
— Tem razão. — concordou. — Eu sei que não quer falar sobre , mas quero deixar claro que ele gosta muito de você, . De verdade. Eu o conheço há anos e essa foi a única vez que eu o vi realmente amarradão em alguém. — não consegui conter o sorriso que surgiu em meus lábios. — E ele está sofrendo com a sua partida. Tanto quanto está. Aliás, eu também estou.
Sorri e me levantei da mesa, correndo de volta para o balcão e pedindo uma segunda colher para o vendedor.
— Toma.
Voltei para o meu lugar e entreguei a colher nas mãos de , empurrando o pote de plástico onde estava minha banana split mais para o meio da mesa a fim de dividi-la com ele. O garoto sorriu e pegou um pouco da banana junto do sorvete de creme e voltamos a conversar, agora sobre coisas aleatórias que fazia com que eu esquecesse todos os meus problemas.
Venice Beach; Aeroporto – Terminal 5.
Eu caminhava pelo terminal do aeroporto com presa em um dos meus braços e papai e mamãe logo atrás, levando minhas malas.
Hoje era o dia. O dia que eu sairia de Venice Beach, a cidade onde nasci e cresci para finalmente realizar meu sonho de ser uma garota na cidade grande.
Hoje era o dia que eu dava adeus aos meus pais e a minha melhor amiga para ir viver meus sonhos em Nova Iorque.
— Eu não vou conseguir sobreviver na faculdade sem você, amiga. — choramingou ao meu lado.
— Mas é claro que você vai. — eu sorri em sua direção. — Você tem ao seu lado, também. As meninas…
— Você sabe que nenhum deles vai me entender como você, nenhum deles vai te substituir.
— ! — repreendi em um tom de voz sério. — Você pare de dizer essas coisas porque eu não quero sair daqui chorando, ouviu?
fungou, mas riu enquanto colocava uma mecha de seu cabelo claro e ondulado para trás. Ela me abraçou em seguida e quando estava com o queixo apoiado em seu ombro e sentindo suas lágrimas quentes pingarem na jaqueta jeans clara que usava um grande bolo se formou no meu estômago. Eu realmente não estava pronta para deixar minha melhor amiga para trás.
— disse que queria vir, mas… Ele teve um compromisso de última hora.
— Tudo bem.
— Mas ele disse que seremos os primeiros a te visitar em Nova Iorque. — ela bateu palmas, animada. — Espero que possamos ir quando estiver nevando. A neve me parece tão maravilhosa…
ficou por mais alguns minutos divagando sozinha sobre como ela adoraria conhecer a neve e que não há lugar melhor no mundo do que Nova Iorque enquanto eu olhava ao redor do terminal e observava todas aquelas pessoas apressadas carregando malas e falando nos celulares, olhando cada uma delas esperando achar qualquer rosto conhecido no meio da multidão.
Ah, quem eu estava querendo enganar? Não era qualquer rosto que eu gostaria de achar. Era o rosto dele. Era ele.
Era que eu queria encontrar no meio de todas aquelas pessoas, usando suas roupas pretas e correndo até mim com aquele sorriso maravilhoso que aquecia minha alma. Era ele que eu queria que estivesse aqui, me abraçando e fazendo com que eu sentisse seu perfume amadeirado que tanto amo. Meneei a cabeça quando senti meus olhos lacrimejarem e ri sozinha ao notar o quão patética eu estava sendo por estar com esperanças de que ele apareceria por ali. Ele, o cara que terminou comigo para que eu pudesse seguir meus sonhos. Eu deveria me sentir agradecida? Pois tudo que eu sinto é uma imensa mágoa de como ele havia sido egoísta em não ter pensando nos meus sentimentos no dia que parou seu Honda ‘97 em frente à minha casa e fez todo aquele discurso sem pé nem cabeça apenas para dizer que o que tínhamos não iria dar mais certo se eu fosse para Nova Iorque.
— Promete que virá para Venice Beach no próximo verão? — perguntou me trazendo de volta à realidade.
— Mas é claro que eu prometo. — sorri. — Nenhum verão é tão bom quanto o verão de Venice Beach.
Vi várias lágrimas começarem a escorrer pelo rosto da minha melhor amiga e a puxei para um abraço apertado. Afaguei seus cabelos enquanto tentava segurar minhas próprias lágrimas. Como eu iria sentir saudade dessa garota maluca…
Mamãe foi a próxima a começar a chorar como um bebê no meio do aeroporto, com direito a lencinhos de papel para assoar o nariz e tudo mais. Papai apenas me puxou para um abraço, me dando um susto quando ele me levantou do chão como fazia quando eu era uma garotinha de seus lá oito anos de idade e me dando um beijo na testa.
— Estou orgulhoso de você, filha. E eu sentirei muitas saudades suas. Todos os dias. — se limitou a dizer.
Eu ri e dei um beijo demorado em sua bochecha coberta pela barba já grisalha.
Meu pai era um homem de poucas palavras, mas de um coração imenso, eu também sentiria sua falta todos os dias.
Mamãe nos puxou para um abraço em família – e isso incluía – e ficamos assim por alguns minutos até ouvirmos pelo alto-falante do aeroporto que o embarque para o voo com destino a Nova Iorque iria acontecer no portão 3.
— Irei despachar suas malas. — papai avisou e eu assenti com a cabeça.
Fiquei mais alguns minutos ouvindo dizer como as coisas aqui seriam chatas sem mim e nem todas as noites de sexo com a fariam se sentir melhor sabendo que ela não poderia correr para minha casa no dia seguinte para contar sobre todos os detalhes sórdidos.
— !
Meu nome ecoou por todo o terminal e eu levei um susto ao olhar pra trás e ver ninguém mais, ninguém menos que correndo em minha direção com um sorriso no rosto.
— ? — perguntei surpresa.
Parece que ele gostava de aparecer em lugares inesperados.
Quando chegou mais perto, ele estava ofegante, mas não tirava o sorriso do rosto, e antes de poder dizer alguma coisa, ele me puxou para um abraço apertado.
— Eu passei. — ele sussurrou em meu ouvido enquanto continuávamos abraçados. — Passei para a faculdade.
— Que maravilha! — exclamei contente e o apertei ainda mais. — Estou tão feliz por você, ! De verdade.
— Obrigado. — depositou um beijo na minha bochecha. — Pelo incentivo no dia da sorveteria.
— Não foi nada.
— E depois disso — bagunçou meus cabelos. —, eu não poderia te deixar partir sem dar um adeus apropriado.
Eu sorri e o abracei mais uma vez.
— Não diga adeus, ! Isso aqui é apenas um até breve.
•••
Foi apenas quando eu me acomodei na poltrona do avião que ficava rente à janela que eu senti o baque que era realmente estar indo embora.
E agora eu já não conseguia mais conter as lágrimas, elas deslizavam pelo meu rosto sem parar e mesmo assim, eu ainda mantinha um sorriso no rosto. Aquele típico sorriso triste.
Seria mentira dizer que eu fiquei esperando aparecer no terminal enquanto estive por lá com , e meus pais. Seria mentira dizer que eu ainda tinha esperanças de vê-lo uma última vez e ouvi-lo dizer que sentia muito por ter terminado o que tínhamos e que me amava mais que tudo. Eu realmente esperei que ele viesse ao meu encontro no aeroporto e até mesmo atrasei cinco minutos antes de realmente embarcar no avião pensando que ele ainda poderia estar a caminho. Mas não. Ele realmente não tinha vindo e obviamente não tinha se arrependido.
Agora já não tinha mais volta. Estava deixando e tudo o que vivemos para trás em Venice Beach e partindo para a nova fase de minha vida, bem longe dele e de todos os outros.
[]: Eu e estamos indo pro Luau. Quer carona?
[]: vai te buscar?
[]: Aí não! Merda! Desculpa!!!
[]: Foi o que digitou.
[]: Você vai pro Luau, não é?
[]: ?
[]: Por que você está visualizando e não tá me respondendo?
[]: …
Bloqueei meu celular decidida que não iria para esse luau. Eu estava meio irritada e completamente chateada com e não queria vê-lo tão cedo, ou quem sabe nunca mais, já que daqui alguns dias – para ser mais específica, daqui a quatro dias – eu não estarei mais em Venice Beach.
Coloquei o celular no bolso traseiro da minha saia jeans e continuando andando pelas ruas escuras da minha pequena cidade praiana. Tinha dito para mamãe que iria para o luau com e os meninos quando na verdade eu apenas estava andando pela cidade sem rumo, apenas tirando um tempo pra mim mesma, para pensar em tudo que estava acontecendo na minha vida e todas as coisas estranhas e confusas que estavam se passando na minha cabeça.
Sorri quando meus olhos foram ao encontro do letreiro colorido e iluminado da Jin’s Ice Cream, a sorveteria mais deliciosa da cidade, e não pensei duas vezes antes de entrar no estabelecimento e indo direto para a fila.
Sim, eu precisa de um doce agora. Talvez isso fizesse com que todas essas preocupações saíssem da minha cabeça. E além do mais, eu não conseguiria ir embora de Venice Beach sem fazer uma última visita ao Jin’s, o lugar onde eu passei a vida inteira comendo sorvete dos mais diversos sabores.
— Uma banana split com cobertura de caramelo e bastante chantilly, por favor. — sorri para a atendente que anotava meu pedido e pegava meu dinheiro.
Fiquei algum tempo esperando e assim que pus meus olhos na sobremesa, abri um sorriso gigantesco e caminhei até uma mesa vazia. Por que eu não havia pensado nisso antes? Era tão óbvio, sorvete é sempre a solução para todos os nossos problemas.
— ?
Senti uma mão tocar meu ombro e o meu nome ser chamado por uma voz conhecida. Conhecida até demais…
Virei-me e dei de cara com , que estava com uma touca verde musgo na cabeça e seu típico sorriso que mostrava todos seus dentes branquinhos. Mas o que diabos ele estava fazendo aqui? Não deveria estar no luau de final de verão com todos os outros?
— . — era perceptível a surpresa em minha voz.
— Posso me sentar?
Assenti e o vi puxar a cadeira colorida para se sentar à minha frente na pequena mesa onde eu me encontrava.
— O… O que está fazendo aqui? E o luau? — perguntei curiosa, afinal, não fazia sentido ele estar aqui com o luau acontecendo na praia.
— Decidi não ir no luau. — deu de ombros. — Precisava de um tempinho só pra mim. E você?
— Acho que estamos na mesma.
— me contou o que ele fez. — tocou naquele assunto que eu estava rezando para que ele não tocasse. Merda!
— É. — me limitei a dizer enquanto remexia meu sorvete de creme com a colher de plástico colorida.
Ficamos num silêncio constrangedor, eu não me atrevia a levantar meus olhos para encarar e continuava olhando para minha sobremesa como se ela fosse a coisa mais interessante do mundo, e eu podia sentir seu olhar queimando sobre mim.
— Eu não quero mais ficar apenas na oficina com meu pai. — voltou a falar e eu finalmente levantei meu olhar. — Mas faz anos que eu tento passar na prova da faculdade e não consigo…
Deixei a colher dentro do sorvete e continuei encarando a face sôfrega que me lançava.
— Eu não sabia…
— Ninguém sabia. — deu de ombros. — Mas é foda! A cada ano que passa que eu não entro na faculdade eu me sinto mais como um incompetente. Por isso não fui no luau, porque o verão está praticamente no fim e eu estou morrendo de medo de não ter passado na prova para entrar na faculdade. Mas, se bem que, se eu não passasse já não seria mais uma surpresa.
— … — minha fala saiu quase como um sussurro. — Você não pode se colocar pra baixo desse jeito, você tem que acreditar que consegue senão nunca irá sair da oficina do seu pai e vai passar o resto de sua vida se achando um incompetente, coisa que todos nós sabemos que você não é.
me deu um sorriso sincero e pegou a colher do meu sorvete, a enchendo e colocando na boca. Eu soltei um ruído fazendo uma cara de indignação por ele ter “roubado” meu doce e ele acabou por soltar uma gargalhada gostosa que me fez rir junto.
— Está preparada para ir embora?
— Nem um pouquinho. — respondi. — Mas eu não posso deixar a oportunidade da minha vida passar.
— Tem razão. — concordou. — Eu sei que não quer falar sobre , mas quero deixar claro que ele gosta muito de você, . De verdade. Eu o conheço há anos e essa foi a única vez que eu o vi realmente amarradão em alguém. — não consegui conter o sorriso que surgiu em meus lábios. — E ele está sofrendo com a sua partida. Tanto quanto está. Aliás, eu também estou.
Sorri e me levantei da mesa, correndo de volta para o balcão e pedindo uma segunda colher para o vendedor.
— Toma.
Voltei para o meu lugar e entreguei a colher nas mãos de , empurrando o pote de plástico onde estava minha banana split mais para o meio da mesa a fim de dividi-la com ele. O garoto sorriu e pegou um pouco da banana junto do sorvete de creme e voltamos a conversar, agora sobre coisas aleatórias que fazia com que eu esquecesse todos os meus problemas.
Venice Beach; Aeroporto – Terminal 5.
Eu caminhava pelo terminal do aeroporto com presa em um dos meus braços e papai e mamãe logo atrás, levando minhas malas.
Hoje era o dia. O dia que eu sairia de Venice Beach, a cidade onde nasci e cresci para finalmente realizar meu sonho de ser uma garota na cidade grande.
Hoje era o dia que eu dava adeus aos meus pais e a minha melhor amiga para ir viver meus sonhos em Nova Iorque.
— Eu não vou conseguir sobreviver na faculdade sem você, amiga. — choramingou ao meu lado.
— Mas é claro que você vai. — eu sorri em sua direção. — Você tem ao seu lado, também. As meninas…
— Você sabe que nenhum deles vai me entender como você, nenhum deles vai te substituir.
— ! — repreendi em um tom de voz sério. — Você pare de dizer essas coisas porque eu não quero sair daqui chorando, ouviu?
fungou, mas riu enquanto colocava uma mecha de seu cabelo claro e ondulado para trás. Ela me abraçou em seguida e quando estava com o queixo apoiado em seu ombro e sentindo suas lágrimas quentes pingarem na jaqueta jeans clara que usava um grande bolo se formou no meu estômago. Eu realmente não estava pronta para deixar minha melhor amiga para trás.
— disse que queria vir, mas… Ele teve um compromisso de última hora.
— Tudo bem.
— Mas ele disse que seremos os primeiros a te visitar em Nova Iorque. — ela bateu palmas, animada. — Espero que possamos ir quando estiver nevando. A neve me parece tão maravilhosa…
ficou por mais alguns minutos divagando sozinha sobre como ela adoraria conhecer a neve e que não há lugar melhor no mundo do que Nova Iorque enquanto eu olhava ao redor do terminal e observava todas aquelas pessoas apressadas carregando malas e falando nos celulares, olhando cada uma delas esperando achar qualquer rosto conhecido no meio da multidão.
Ah, quem eu estava querendo enganar? Não era qualquer rosto que eu gostaria de achar. Era o rosto dele. Era ele.
Era que eu queria encontrar no meio de todas aquelas pessoas, usando suas roupas pretas e correndo até mim com aquele sorriso maravilhoso que aquecia minha alma. Era ele que eu queria que estivesse aqui, me abraçando e fazendo com que eu sentisse seu perfume amadeirado que tanto amo. Meneei a cabeça quando senti meus olhos lacrimejarem e ri sozinha ao notar o quão patética eu estava sendo por estar com esperanças de que ele apareceria por ali. Ele, o cara que terminou comigo para que eu pudesse seguir meus sonhos. Eu deveria me sentir agradecida? Pois tudo que eu sinto é uma imensa mágoa de como ele havia sido egoísta em não ter pensando nos meus sentimentos no dia que parou seu Honda ‘97 em frente à minha casa e fez todo aquele discurso sem pé nem cabeça apenas para dizer que o que tínhamos não iria dar mais certo se eu fosse para Nova Iorque.
— Promete que virá para Venice Beach no próximo verão? — perguntou me trazendo de volta à realidade.
— Mas é claro que eu prometo. — sorri. — Nenhum verão é tão bom quanto o verão de Venice Beach.
Vi várias lágrimas começarem a escorrer pelo rosto da minha melhor amiga e a puxei para um abraço apertado. Afaguei seus cabelos enquanto tentava segurar minhas próprias lágrimas. Como eu iria sentir saudade dessa garota maluca…
Mamãe foi a próxima a começar a chorar como um bebê no meio do aeroporto, com direito a lencinhos de papel para assoar o nariz e tudo mais. Papai apenas me puxou para um abraço, me dando um susto quando ele me levantou do chão como fazia quando eu era uma garotinha de seus lá oito anos de idade e me dando um beijo na testa.
— Estou orgulhoso de você, filha. E eu sentirei muitas saudades suas. Todos os dias. — se limitou a dizer.
Eu ri e dei um beijo demorado em sua bochecha coberta pela barba já grisalha.
Meu pai era um homem de poucas palavras, mas de um coração imenso, eu também sentiria sua falta todos os dias.
Mamãe nos puxou para um abraço em família – e isso incluía – e ficamos assim por alguns minutos até ouvirmos pelo alto-falante do aeroporto que o embarque para o voo com destino a Nova Iorque iria acontecer no portão 3.
— Irei despachar suas malas. — papai avisou e eu assenti com a cabeça.
Fiquei mais alguns minutos ouvindo dizer como as coisas aqui seriam chatas sem mim e nem todas as noites de sexo com a fariam se sentir melhor sabendo que ela não poderia correr para minha casa no dia seguinte para contar sobre todos os detalhes sórdidos.
— !
Meu nome ecoou por todo o terminal e eu levei um susto ao olhar pra trás e ver ninguém mais, ninguém menos que correndo em minha direção com um sorriso no rosto.
— ? — perguntei surpresa.
Parece que ele gostava de aparecer em lugares inesperados.
Quando chegou mais perto, ele estava ofegante, mas não tirava o sorriso do rosto, e antes de poder dizer alguma coisa, ele me puxou para um abraço apertado.
— Eu passei. — ele sussurrou em meu ouvido enquanto continuávamos abraçados. — Passei para a faculdade.
— Que maravilha! — exclamei contente e o apertei ainda mais. — Estou tão feliz por você, ! De verdade.
— Obrigado. — depositou um beijo na minha bochecha. — Pelo incentivo no dia da sorveteria.
— Não foi nada.
— E depois disso — bagunçou meus cabelos. —, eu não poderia te deixar partir sem dar um adeus apropriado.
Eu sorri e o abracei mais uma vez.
— Não diga adeus, ! Isso aqui é apenas um até breve.
Foi apenas quando eu me acomodei na poltrona do avião que ficava rente à janela que eu senti o baque que era realmente estar indo embora.
E agora eu já não conseguia mais conter as lágrimas, elas deslizavam pelo meu rosto sem parar e mesmo assim, eu ainda mantinha um sorriso no rosto. Aquele típico sorriso triste.
Seria mentira dizer que eu fiquei esperando aparecer no terminal enquanto estive por lá com , e meus pais. Seria mentira dizer que eu ainda tinha esperanças de vê-lo uma última vez e ouvi-lo dizer que sentia muito por ter terminado o que tínhamos e que me amava mais que tudo. Eu realmente esperei que ele viesse ao meu encontro no aeroporto e até mesmo atrasei cinco minutos antes de realmente embarcar no avião pensando que ele ainda poderia estar a caminho. Mas não. Ele realmente não tinha vindo e obviamente não tinha se arrependido.
Agora já não tinha mais volta. Estava deixando e tudo o que vivemos para trás em Venice Beach e partindo para a nova fase de minha vida, bem longe dele e de todos os outros.
PARTE XIV
’s Point Of View.
Venice Beach; Casa do .
— Você é um bosta, ! — resmungou.
— Eu sei. — respondi com a voz baixa.
— Um completo babaca. — foi a vez de .
— Eu sei.
— Eu não acredito que você foi estúpido o suficiente para fazer isso com a , uma garota tão legal…
— EU SEI, ! EU SEI! — gritei nervoso.
e estavam comigo em casa, hoje era o dia em que meus pais e meus irmãos mais novos chegariam de viagem, e também o dia que partiria para Nova Iorque. Por isso não era um bom dia.
Olhei no relógio, suspirei totalmente frustrado quando vi que provavelmente já havia partido de Venice Beach enquanto eu me xingava mentalmente de todos os nomes feios imagináveis; porque meus amigos estavam certos no final das contas. Eu era o ser humano mais egoísta do mundo. Havia terminado aquele lance com uma menina extraordinária, uma das poucas por quem eu realmente senti um sentimento puro e genuíno só porque eu tinha muito medo, quer dizer, tenho muito medo de não conseguir ser o suficiente para ela, de não ser o bastante, porque, vamos concordar, o que um cara como eu que ainda mora com os pais, estuda numa área em que as chances de ter um futuro promissor são baixíssimas e vive em Venice Beach, a cidade praiana mais sem emoção do mundo enquanto já está lá, em Nova Iorque onde tem um mundo novo de oportunidades e várias pessoas muito mais bonitas interessantes e merecedoras de seu amor do que eu.
Merda! Por que eu tive que me apaixonar nesse verão? Justo nesse.
— Cara, você sabe que eu te amo. — disse calmo. — Mas você foi egoísta e fez burrada.
— E agora você não pode fazer mais nada. — completou. — E eu vou te martirizar por ter deixado a garota da sua vida escapar todos os dias até que nos tornemos velhinhos gagás.
— É, tá bom. — fiz pouco caso. — Que seja, vamos seguir com nossas vidas como se esse verão nunca tivesse acontecido.
— Pare de tentar se fazer de machão, . — disse dando um sorriso mínimo em minha direção e senti um nó na garganta quando o olhei nos olhos. — Sabemos que está triste, não precisa esconder dos seus melhores amigos, poxa.
— Merda… — sussurrei. — Eu não deveria ter feito isso.
— Palmas! — começou a bater as mãos e gritar. — Descobriu isso sozinho ou precisou da ajuda do Google? — ironizou.
— … — , o sensato, repreendeu-o enquanto eu apenas revirava os olhos.
Sabia que era ele que estava com a razão, mas não precisava ficar esfregando meus erros na minha cara, né?
Na verdade precisava sim, se não fosse por ele eu nem ao menos teria admitido para mim mesmo o quanto eu errei em ter deixado daquela maneira. Do quão frio e estúpido eu tinha sido com ela na hora de terminar tudo. Ainda sentia uma pontada incômoda no peito toda vez que me lembrava daquela cena no carro, daqueles belos olhos cheios de lágrimas, do semblante de tristeza, tudo isso causado por mim.
— Ash mandou mensagem. — anunciou com o celular em mãos. — Disse que está com a voltando do aeroporto. se foi mesmo.
se foi mesmo.
se foi mesmo.
se foi mesmo.
Raios e trovões eram o que tinham dentro de minha cabeça, tempestade e tsunamis aconteciam dentro de minha barriga, eu engolia em seco a cada segundo e mordia meu lábio inferior com força na tentativa falha de segurar as lágrimas que já se faziam presente em meus olhos. Meus dois amigos já conversavam sobre outra coisa qualquer, mas em minha cabeça as palavras de ainda ecoavam repetidamente. se foi mesmo.
Ouvi o barulho de carro estacionar muito próximo a janela do meu quarto e notei que meus pais e meus irmãos mais novos haviam chegado de viagem. Ótimo! Era o que eu precisava no momento, pais intrometidos e irmãos irritantes que adoram me tirar a paciência enquanto a única coisa que eu queria fazer no momento era gritar, mas gritar muito, até perder a voz.
— Seus pais chegaram. — disse fazendo uma careta. Tanto ele quanto eu não gostamos nadinha dos meus irmãos mais novos.
— E nós estamos indo. — levantou-se da minha cama e se espreguiçou. — Vamos deixar você matar saudades dos seus pais.
Queria pedir para que eles não fossem pois não queria descer, botar um falso sorriso no rosto e começar uma conversa estúpida com meus pais sobre como foi o verão deles na Disneyland e nem ter que ouvir as histórias entediantes dos meus irmãos contando sobre como foi legal ter ido em todos aqueles brinquedos enquanto almoçávamos em família; mas apenas assenti com a cabeça em sinal de despedida quando vi os dois saírem pela porta branca do meu quarto. Queria ficar sozinho no meu canto e botar minhas ideias no lugar novamente, queria tirar todo aquele sentimento angustiante de dentro de mim e queria conseguir pensar em qualquer outra coisa que não fosse e a dor de não tê-la mais por perto.
Tranquei a porta do meu quarto quando ouvi minha mãe no andar debaixo cantarolando que haviam finalmente chegado no lar doce lar e joguei-me na cama por debaixo das cobertas. Coloquei meu celular no modo avião assim ninguém encheria meu saco com ligações e mensagens que eu não quero responder e me cobri até a cabeça, precisava tirar todos esses pensamentos que se resumiam em da minha cabeça se não iria enlouquecer.
•••
Acordei com o susto de um barulho estrondoso. Alguém sem paciência e com muita força na mão batia em minha porta desesperadamente.
Levantei-me em um pulo com o coração batendo a mil pensando que minha casa estava sendo assaltada ou coisa do tipo e fui correndo destrancar a porta.
— Finalmente, !
Era . Era apenas a praga do que certamente veio encher meu saco por conta de .
— O que você quer? — perguntei mal humorado.
— Uma mochila e algumas roupas suas, já!
— Do que está falando? — franzi o cenho e fiquei de braços cruzados enquanto via o meu amigo adentrar em meu quarto já correndo para o closet. — Será que dá pra você me explicar o que diabos está fazendo?
— Estou arrumando uma pequena mala pra você, meu querido amigo. — o garoto respondeu de dentro do closet. — Não precisa me agradecer agora.
— , que merda…?
Caminhei até dentro do closet e o vi abaixado ali, com minha mochila vermelha na mão enquanto tinha um touca preta na outra e enfiava dentro do maior compartimento sem cerimônia alguma.
— Você é um babaca, . — começou a dizer sem me olhar e sem parar o que estava fazendo enquanto eu o acompanhava em silêncio. — Mas acho que você já sabe disso.
— É, eu sei.
— Mas eu não sou um babaca, muito pelo contrário, eu sou um ótimo amigo que não iria deixar você ser um babaca e se foder pro resto da vida porque foi egoísta e orgulhoso o suficiente para deixar a garota dos seus sonhos, a mulher da sua vida ir embora assim tão fácil. — ele se levantou, fechou a mochila e a jogou no meu colo. — Então você está com um assento reservado no próximo voo com destino a Nova Iorque que sai hoje mesmo às seis da tarde.
— O quê?
— Eu já disse que não precisa me agradecer. — ele sorriu. — Acho que estou fazendo mais pela do que por você…
— , você…
Deixei a frase morrer no ar e fiquei longos segundos de boca aberta, estático sem saber o que fazer, pensar ou falar. Ele realmente estava fazendo isso por mim? Meu melhor amigo era o melhor amigo do mundo! Ele estava me dando a chance de consertar grande burrada que eu havia feito de ter deixado a garota por quem eu sou perdidamente apaixonado ir embora tão facilmente.
Por que caralhos eu não tinha pensado nisso antes? ERA ISSO! Eu iria até Nova Iorque, iria atrás de , diria pra ela o quão estúpido eu havia sido de ter feito ela passar por tudo isso, por ter sido egoísta e por ter a descartado como se ela fosse qualquer uma porque ela não era; era a mulher da minha vida, a garota com quem eu quero namorar e me casar, a garota que eu quero ao meu lado pra sempre. Porque todos os dias ao lado dela seriam como um eterno verão, e, todos sabem que minha estação favorita é o verão.
— Como conseguiu uma passagem aérea tão rápido? — perguntei.
— Isso não é hora para perguntas, . — fez uma careta engraçada enquanto empurrava minhas costas para fora do closet. — Eu sempre dou meu jeito para ajudar meus amigos e eu sabia que se eu não fizesse isso você jamais faria.
— Obrigado Ash, você é sensacional! — sorri abertamente antes de puxá-lo para um abraço apertado.
— Já disse para me agradecer depois! — voltou a me empurrar. — Temos um avião para pegar e você tem uma garota para reconquistar!
Venice Beach; Casa do .
— Você é um bosta, ! — resmungou.
— Eu sei. — respondi com a voz baixa.
— Um completo babaca. — foi a vez de .
— Eu sei.
— Eu não acredito que você foi estúpido o suficiente para fazer isso com a , uma garota tão legal…
— EU SEI, ! EU SEI! — gritei nervoso.
e estavam comigo em casa, hoje era o dia em que meus pais e meus irmãos mais novos chegariam de viagem, e também o dia que partiria para Nova Iorque. Por isso não era um bom dia.
Olhei no relógio, suspirei totalmente frustrado quando vi que provavelmente já havia partido de Venice Beach enquanto eu me xingava mentalmente de todos os nomes feios imagináveis; porque meus amigos estavam certos no final das contas. Eu era o ser humano mais egoísta do mundo. Havia terminado aquele lance com uma menina extraordinária, uma das poucas por quem eu realmente senti um sentimento puro e genuíno só porque eu tinha muito medo, quer dizer, tenho muito medo de não conseguir ser o suficiente para ela, de não ser o bastante, porque, vamos concordar, o que um cara como eu que ainda mora com os pais, estuda numa área em que as chances de ter um futuro promissor são baixíssimas e vive em Venice Beach, a cidade praiana mais sem emoção do mundo enquanto já está lá, em Nova Iorque onde tem um mundo novo de oportunidades e várias pessoas muito mais bonitas interessantes e merecedoras de seu amor do que eu.
Merda! Por que eu tive que me apaixonar nesse verão? Justo nesse.
— Cara, você sabe que eu te amo. — disse calmo. — Mas você foi egoísta e fez burrada.
— E agora você não pode fazer mais nada. — completou. — E eu vou te martirizar por ter deixado a garota da sua vida escapar todos os dias até que nos tornemos velhinhos gagás.
— É, tá bom. — fiz pouco caso. — Que seja, vamos seguir com nossas vidas como se esse verão nunca tivesse acontecido.
— Pare de tentar se fazer de machão, . — disse dando um sorriso mínimo em minha direção e senti um nó na garganta quando o olhei nos olhos. — Sabemos que está triste, não precisa esconder dos seus melhores amigos, poxa.
— Merda… — sussurrei. — Eu não deveria ter feito isso.
— Palmas! — começou a bater as mãos e gritar. — Descobriu isso sozinho ou precisou da ajuda do Google? — ironizou.
— … — , o sensato, repreendeu-o enquanto eu apenas revirava os olhos.
Sabia que era ele que estava com a razão, mas não precisava ficar esfregando meus erros na minha cara, né?
Na verdade precisava sim, se não fosse por ele eu nem ao menos teria admitido para mim mesmo o quanto eu errei em ter deixado daquela maneira. Do quão frio e estúpido eu tinha sido com ela na hora de terminar tudo. Ainda sentia uma pontada incômoda no peito toda vez que me lembrava daquela cena no carro, daqueles belos olhos cheios de lágrimas, do semblante de tristeza, tudo isso causado por mim.
— Ash mandou mensagem. — anunciou com o celular em mãos. — Disse que está com a voltando do aeroporto. se foi mesmo.
se foi mesmo.
se foi mesmo.
se foi mesmo.
Raios e trovões eram o que tinham dentro de minha cabeça, tempestade e tsunamis aconteciam dentro de minha barriga, eu engolia em seco a cada segundo e mordia meu lábio inferior com força na tentativa falha de segurar as lágrimas que já se faziam presente em meus olhos. Meus dois amigos já conversavam sobre outra coisa qualquer, mas em minha cabeça as palavras de ainda ecoavam repetidamente. se foi mesmo.
Ouvi o barulho de carro estacionar muito próximo a janela do meu quarto e notei que meus pais e meus irmãos mais novos haviam chegado de viagem. Ótimo! Era o que eu precisava no momento, pais intrometidos e irmãos irritantes que adoram me tirar a paciência enquanto a única coisa que eu queria fazer no momento era gritar, mas gritar muito, até perder a voz.
— Seus pais chegaram. — disse fazendo uma careta. Tanto ele quanto eu não gostamos nadinha dos meus irmãos mais novos.
— E nós estamos indo. — levantou-se da minha cama e se espreguiçou. — Vamos deixar você matar saudades dos seus pais.
Queria pedir para que eles não fossem pois não queria descer, botar um falso sorriso no rosto e começar uma conversa estúpida com meus pais sobre como foi o verão deles na Disneyland e nem ter que ouvir as histórias entediantes dos meus irmãos contando sobre como foi legal ter ido em todos aqueles brinquedos enquanto almoçávamos em família; mas apenas assenti com a cabeça em sinal de despedida quando vi os dois saírem pela porta branca do meu quarto. Queria ficar sozinho no meu canto e botar minhas ideias no lugar novamente, queria tirar todo aquele sentimento angustiante de dentro de mim e queria conseguir pensar em qualquer outra coisa que não fosse e a dor de não tê-la mais por perto.
Tranquei a porta do meu quarto quando ouvi minha mãe no andar debaixo cantarolando que haviam finalmente chegado no lar doce lar e joguei-me na cama por debaixo das cobertas. Coloquei meu celular no modo avião assim ninguém encheria meu saco com ligações e mensagens que eu não quero responder e me cobri até a cabeça, precisava tirar todos esses pensamentos que se resumiam em da minha cabeça se não iria enlouquecer.
Acordei com o susto de um barulho estrondoso. Alguém sem paciência e com muita força na mão batia em minha porta desesperadamente.
Levantei-me em um pulo com o coração batendo a mil pensando que minha casa estava sendo assaltada ou coisa do tipo e fui correndo destrancar a porta.
— Finalmente, !
Era . Era apenas a praga do que certamente veio encher meu saco por conta de .
— O que você quer? — perguntei mal humorado.
— Uma mochila e algumas roupas suas, já!
— Do que está falando? — franzi o cenho e fiquei de braços cruzados enquanto via o meu amigo adentrar em meu quarto já correndo para o closet. — Será que dá pra você me explicar o que diabos está fazendo?
— Estou arrumando uma pequena mala pra você, meu querido amigo. — o garoto respondeu de dentro do closet. — Não precisa me agradecer agora.
— , que merda…?
Caminhei até dentro do closet e o vi abaixado ali, com minha mochila vermelha na mão enquanto tinha um touca preta na outra e enfiava dentro do maior compartimento sem cerimônia alguma.
— Você é um babaca, . — começou a dizer sem me olhar e sem parar o que estava fazendo enquanto eu o acompanhava em silêncio. — Mas acho que você já sabe disso.
— É, eu sei.
— Mas eu não sou um babaca, muito pelo contrário, eu sou um ótimo amigo que não iria deixar você ser um babaca e se foder pro resto da vida porque foi egoísta e orgulhoso o suficiente para deixar a garota dos seus sonhos, a mulher da sua vida ir embora assim tão fácil. — ele se levantou, fechou a mochila e a jogou no meu colo. — Então você está com um assento reservado no próximo voo com destino a Nova Iorque que sai hoje mesmo às seis da tarde.
— O quê?
— Eu já disse que não precisa me agradecer. — ele sorriu. — Acho que estou fazendo mais pela do que por você…
— , você…
Deixei a frase morrer no ar e fiquei longos segundos de boca aberta, estático sem saber o que fazer, pensar ou falar. Ele realmente estava fazendo isso por mim? Meu melhor amigo era o melhor amigo do mundo! Ele estava me dando a chance de consertar grande burrada que eu havia feito de ter deixado a garota por quem eu sou perdidamente apaixonado ir embora tão facilmente.
Por que caralhos eu não tinha pensado nisso antes? ERA ISSO! Eu iria até Nova Iorque, iria atrás de , diria pra ela o quão estúpido eu havia sido de ter feito ela passar por tudo isso, por ter sido egoísta e por ter a descartado como se ela fosse qualquer uma porque ela não era; era a mulher da minha vida, a garota com quem eu quero namorar e me casar, a garota que eu quero ao meu lado pra sempre. Porque todos os dias ao lado dela seriam como um eterno verão, e, todos sabem que minha estação favorita é o verão.
— Como conseguiu uma passagem aérea tão rápido? — perguntei.
— Isso não é hora para perguntas, . — fez uma careta engraçada enquanto empurrava minhas costas para fora do closet. — Eu sempre dou meu jeito para ajudar meus amigos e eu sabia que se eu não fizesse isso você jamais faria.
— Obrigado Ash, você é sensacional! — sorri abertamente antes de puxá-lo para um abraço apertado.
— Já disse para me agradecer depois! — voltou a me empurrar. — Temos um avião para pegar e você tem uma garota para reconquistar!
PARTE XV
’s Point Of View.
Nova Iorque; Dormitório da .
Estava quase escurecendo quando eu terminei de arrumar minhas coisas no pequeno cubículo que eu chamaria de lar pelos próximos quatro anos – ou mais, nunca de sabe – quando recebi aquela vídeo chamada de .
Ri, já me sentindo totalmente nostálgica e percebendo o quão difícil seria viver aqui sem ter minha melhor amiga por perto.
As coisas aqui na universidade pareciam muito mais interessantes e bonitas do que em qualquer outro lugar. As pessoas com quem havia esbarrado pelos corredores eram lindas e sorridentes e até mesmo o vento gélido que fazia com que as cortinas carameladas do meu dormitório voassem pareciam diferentes. Ao meu ver, tudo na grande Nova Iorque parecia maior e melhor.
Suspirei, jogando meu corpo sobre a cama de solteiro e de colchão fino que havia encostado em uma das paredes e senti o famoso aperto no coração por estar num lugar totalmente novo e completamente sozinha. Sem meus pais, sem meu irmão, sem , sem os meninos… Sem .
Seria loucura pensar que eu iria esquecê-lo tão rápido e esperanças de que ele venha ao meu encontro dizer que ele estava errado esse tempo todo, que ele me amava e me queria de volta ainda surgiam em minha mente, mesmo sabendo que isso era impossível de acontecer.
Fechei a janela e observei a paisagem já escura. A noite de Nova Iorque cheia de carros e luzes brilhantes… Exatamente como eu sempre sonhei.
— Ugh! Por que estou tão cabisbaixa? Eu realizei meu sonho… — murmurei para mim mesma. — , você é totalmente patética.
Ainda presa em meu próprio mundo, levei um baita susto quando meu celular começou a tocar alto e o nome piscava na tela. Franzi o cenho confusa pois receber uma ligação de era a última coisa que eu achava que podia acontecer.
— Ahm… Alô? — atendi ainda meio incerta.
— Oi, ! Sou eu . E aí, chegou bem? — ele parecia bastante animado e sem fôlego. Me pergunto o que ele estaria fazendo de tão divertido lá em Venice Beach para estar nesse estado.
Ah, Venice Beach…
— Cheguei sim. — respondi. — Como você tá?
— Uh… Ótimo! — ele riu. — Tá ocupada? Onde você está?
— Eu tô no meu dormitório, oras. E não, não estou ocupada. — isso estava muito estranho. — Onde você está?
— Você vai achar loucura, mas… — parou para recuperar o fôlego e logo em seguida deu uma gargalhada. Do celular eu podia ouvir as rajadas de vento maltratando meu amigo. — Eu estou em Nova Iorque.
— O QUÊ?
— É sério. — riu novamente. — Acho que eu tô perto do Central Park, eu nem sei… Meu guia turístico é realmente um merda e... Ai! Ele acabou de me bater.
— . — chamei calmamente mesmo estando ao ponto de ter um treco. — Por que você está aqui em Nova Iorque? Você é louco? me disse que as aulas na faculdade de Venice começam amanhã e você não vai querer faltar no seu primeiro dia como universitário, não é?
— Será que dá pra você vir até aqui? — o garoto simplesmente ignorou todas as minhas outras perguntas. — Eu juro que é rapidinho! Eu não estaria aqui se não fosse importante e… Se tudo der certo, amanhã de manhã estarei desfilando pelos corredores da faculdade, não se preocupe comigo, .
— Isso aqui tá tudo muito estranho. — murmurei. — Não me diga que tudo isso não passa de uma pegadinha da …
— Nah… É muito melhor que isso. — respondeu alegre. — Mas venha logo! Esse frio tá me matando e acho que estou mais ansioso que você. — dessa vez eu ri. — Estou te mandando minha localização por mensagem. Até daqui a pouco, .
A ligação foi finalizada e um muxoxo preguiçoso escapou por meus lábios. era louco. Isso só podia ser uma brincadeira, né? É óbvio que ele não estaria aqui em Nova Iorque sabe-se lá Deus por quê…
Eu realmente não estava cogitando a possibilidade de sair do dormitório da faculdade ir para perto do Central Park como pediu só para ficar com cara de tacho quando perceber que sim, aquilo tudo era apenas uma brincadeira infantil, mas antes mesmo de poder me deitar na cama novamente, meu celular vibrou e os dizeres:
[]: Abrir localização.
Fizeram meu coração disparar. CARALHO! Ele estava realmente aqui. E aposto que não só ele, e provavelmente estariam aqui também. O sorriso que brotou em meus lábios era quase tão grande quanto meu rosto inteiro e, sem pensar duas vezes, vesti um moletom cinza e grosso, peguei minha bolsa tira-colo e saí a passos largos e rápidos do dormitório. Esbarrei em algumas pessoas no caminho que fizeram questão de me xingar, mas nem respondi, eu estava muito ocupada pensando que eu tinha os melhores amigos do mundo que vieram para outra cidade só pra me fazer feliz.
É, eu era uma menina sortuda.
Não chamei um táxi nem nada, estava tão eufórica que fui a pé mesmo, correndo pelas calçadas e desviando das milhares de pessoas que também andavam apressadas por elas. Meus amigos eram realmente loucos! Não fazia nem um dia que eu havia me mudado e já estavam com saudades e me fazendo visitas? Sensacional! E como caralhos eles conseguiram chegar aqui tão rápido? Tudo já estava planejado há tempos? Será que tinha a mísera possibilidade de estar aqui também? Ugh! Não queria pensar nele, mas minha cabeça continuava se enchendo de perguntas e possibilidades malucas e o nome dele sempre surgia entre elas.
Caminhei por cerca de vinte minutos até chegar no local onde havia me dito que estava. Ainda sorria feito uma boba quando olhei ao redor e me senti patética ao não enxergar nenhum de meus amigos.
— Não, não, não, não. — murmurei baixinho para mim mesma já me sentindo uma completa idiota.
— EI, !
Virei-me no mesmo instante e sorri aliviada ao ver, não tão distante de mim, um sorridente que usava uma touca vermelha e um sobretudo preto.
— ! — lhe dei um abraço apertado assim que cheguei mais perto e ainda fui enchida de beijinhos calorosos. — Não acredito que já estava com saudades de mim. Cadê a ?
— Como assim, “cadê a ?” — riu bagunçando meus cabelos. — A não veio, . Desculpe te decepcionar.
— Como assim? — e lá estava eu, confusa novamente. — Você veio sozinho?
— Claro que não, eu vim como acompanhante na verdade.
— Acompanhante de quem?
não me respondeu, apenas lançou um sorriso ladino na direção de alguma coisa atrás de mim e apontou. Assim que girei meu corpo e foquei meus olhos no que o rapaz estava apontando, minha boca secou e eu subitamente prendi o fôlego.
Caralho, era ele!
. Ali. Usando um moletom verde militar gigantesco que fazia contraste com sua calça jeans preta meio rasgada e por cima do moletom, uma simplória jaqueta jeans. Ele estava ali. Com as mãos no bolso da jaqueta e sorrindo abertamente em minha direção. Parado ao lado da barraquinha de maçã do amor e de duas bicicletas.
— Mas o que está acontecendo aqui? — virei-me novamente para .
— Como se você não soubesse… — riu soprado. — Só vá até ele… Acho que ele tem muito a lhe dizer.
Mordi o lábio inferior com força e fiquei numa batalha interna sobre o que fazer naquele momento.
— Não pense muito, só vá! — o garoto me empurrou e fui obrigada a dar alguns passos para frente.
Encarei novamente e ele continuava com a mesma expressão tranquila de antes. Meu coração começou a bater muito mais rápido do que eu achava que era possível e as borboletinhas no estômago finalmente deram sinal de vida. Vendo-o ali parecia que eu estava em Venice Beach novamente, parecia que eu ainda teria mais trezentos dias de verão. Merda! Eu amava .
E com quinze segundos de coragem insana, eu sussurrei um “foda-se” quase não audível para mim mesma e corri em sua direção, corri para seu abraço quentinho onde eu iria me aconchegar e sentir o meu perfume favorito de todos os tempos.
Quando abriu os braços e nossos corpos se chocaram, fiz questão de enfiar meu nariz na curvatura quando ele me apertou com força e depositou um beijo singelo e demorado sobre seus cabelos. Eu não sabia que havia sentido tanta falta dele até este exato momento, e ali percebi que o meu lugar favorito no mundo não era Nova Iorque, muito menos Venice Beach, o meu lugar favorito era quando eu estava nos braços de .
— Eu tenho tanto pra lhe falar… — foi a primeira coisa que disse assim que nos distanciamos. Seus olhos pareciam muito mais brilhantes desta vez. — Mas eu quero começar pedindo desculpas; Minhas sinceras desculpas por ter sido um puta babaca egoísta no dia do Milkway Shake, e por achar que eu iria conseguir seguir em frente sem você ao meu lado. A verdade é que eu nunca tinha me apaixonado por ninguém e eu não sei muito bem como lidar com esse turbilhão de sentimentos que avassalam meu coração toda vez que você está por perto e eu achei que terminando com você daquela forma eu não teria que lidar com um coração partido na hora que você fosse embora de Venice Beach, mas… Não consegui! Simplesmente não consegui parar de pensar em você desde que te deixei em casa naquele fatídico dia. Porque é você, , eu juro que é. Caso contrário eu não teria vindo para Nova Iorque um dia antes das aulas começarem… Eu te amo, . Você é meu raio de sol, minha onda perfeita e meu verão inteirinho. E eu…
— Cala a boca, .
Ele arregalou os olhos meio surpreso e eu sorri antes de o puxar pela gola do moletom e juntar nossos lábios num ato quase que desesperado, afinal, eu estava sedenta de seus lábios macios há dias.
Segundos depois, enlaçou minha cintura e me apertou mais junto de seu corpo, e lá estávamos nós.
— ALELUIA!
— MEU DEUS, EU AMO UM CASAL!
— ISSO AÍ ! CONQUISTOU A GAROTA!
Vozes bastante conhecidas ecoaram a nossa volta e pela surpresa, eu me separei de . Atrás de nós estava sorrindo feito uma criança de cinco anos e em suas mãos havia seu celular, onde podíamos ver claramente , e sorrindo e comemorando como se o time preferido de basquete deles tivesse acabado de ganhar a NBA.
— Meu Deus, ! — ri envergonhada. — Não acredito que você fez um FaceTime com eles.
— É óbvio que ele fez, minha filha! — foi que respondeu. — Acha mesmo que perderíamos o reencontro e acerto do casal mais lindo de toda Venice Beach depois de e ?
— Vocês são fodas. — foi a vez de gargalhar.
— Também te amamos. — sorriu do outro lado da tela. — Agora desliga isso, , e deixa eles voltarem a se pegar.
gargalhou e bloqueou o celular.
— Vou ir pegar um cachorro-quente ali. — apontou para a barraquinha. — Vocês fiquem aí… Fazendo… Ahm, façam o que quiserem, mas com pudor, por favor.
Ele deu as costas e eu ri. apertou suas mãos na minha cintura e se inclinou para perto novamente.
— Onde foi que paramos?
Verão de 2017 — Nova Iorque
Minhas mãos suavam enquanto eu estava sentada na cadeira de plástico do aeroporto e eu me sentia a maior idiota do mundo.
Qual é, ? Não é como se você nunca tivesse o visto pessoalmente.
Eu sabia. Mas… depois de quase dez meses fora, vê-lo de novo traria à tona toda a saudade que eu estava de seu toque, seu beijo e até mesmo seu cheiro.
Quando o anúncio que meu voo estaria partindo em breve soou pelos alto-falantes eu me levantei rindo de mim mesma. Quem diria, hein ? Voltando para encontrar o amor de verão.
Venice Beach; Aeroporto — Terminal 5.
Minha mão direita apertava a alça da minha mala com força cada vez que eu me aproximava mais do portão de desembarque e o sorriso abobalhado não saia de meu rosto nem por um segundo sequer.
Eu estava em casa!
Tudo bem que ao final dos três meses de verão eu teria que voltar para Nova Iorque e sobreviver mais dois anos, mas isso não era importante agora. Tudo que se passava em minha cabeça era ir logo para a área de desembarque, abraçar meus pais, pular junto de e… Beijar como se não nos víssemos há mais de dez meses. E olha só! Nós realmente não nos víamos há mais de dez meses.
Depois do dia da reconciliação ao lado do Central Park lá em Nova Iorque, eu e decidimos que não seria uma mera distância que faria com que nosso amor acabasse. Ele queria estar comigo, ele queria ser meu. Até mesmo pediu para que eu fosse sua namorada segundos antes de embarcar de volta para Venice Beach aquele dia… E surpreendentemente, tudo estava dando certo. O maldito estrupício galanteador que eu havia conhecido enquanto cantava e saudava o primeiro Sol do verão era mesmo o amor da minha vida e eu não poderia estar mais feliz com isso.
Assim que atravessei a porta de vidro, larguei a mala no chão e corri para abraçar meus pais com força. Minha mãe estava toda chorosa enquanto meu pai me enchia de beijos e até recebi um abraço desajeitado do meu irmão mais novo.
Ouvi os gritinhos histéricos de assim que meu pai me soltou e fui parar no chão sujo do aeroporto enquanto abraçava e gargalhava com minha melhor amiga, aquela louca.
— Meu Deus, ! — exclamou. — Você não sabe o quanto você fez falta, de verdade.
— Eu também senti saudades das suas maluquices no meu dia-a-dia, .
— Levantem do chão. — pediu. — Vocês estão nos fazendo passar vergonha!
Abracei , e forte antes de abrir o meu maior e melhor sorriso na direção dele.
usava uma camisa xadrez vermelha e boné preto, os olhos cintilantes mais lindos do mundo e o sorriso ladino me fizeram suspirar apaixonada antes de pular em seu colo e tascar-lhe um beijo digno de cinema.
— Oi. — foi tudo o que ele disse quando nos separamos. — Senti sua falta.
— Eu sei. — sorri. — Também senti a sua. Muito.
Ficamos nos encarando por mais alguns segundos; eu passando as mãos por seu belo rosto e sentindo alguns pêlinhos de uma barba mal feita em seu rosto. E a cada toque eu tinha mais certeza que era ele o cara ideal pra mim.
— Vamos casal! — gritou.
— Vamos aonde? — perguntei.
— Vamos ver o primeiro pôr do Sol do verão, ué. — resmungou como se fosse óbvio enquanto já caminhava pelo terminal ao lado de , que levava minha mala nas mãos.
Entrelacei meus dedos com os de e começamos a andar pelo terminal, assim como nossos amigos á frente.
— E então… Como foi seu primeiro dia de verão sem mim? — perguntei brincalhona.
— O meu verão começou só agora. — ele sorriu. — Achei que já tinha te dito , mas você é o meu verão inteirinho.
Eu ri.
— Merda, ! — exclamei. — Você realmente conseguiu me fazer sua até o final daquele verão. Aliás, você me fez sua por mais tempo que apenas um verão.
Nova Iorque; Dormitório da .
Estava quase escurecendo quando eu terminei de arrumar minhas coisas no pequeno cubículo que eu chamaria de lar pelos próximos quatro anos – ou mais, nunca de sabe – quando recebi aquela vídeo chamada de .
Ri, já me sentindo totalmente nostálgica e percebendo o quão difícil seria viver aqui sem ter minha melhor amiga por perto.
As coisas aqui na universidade pareciam muito mais interessantes e bonitas do que em qualquer outro lugar. As pessoas com quem havia esbarrado pelos corredores eram lindas e sorridentes e até mesmo o vento gélido que fazia com que as cortinas carameladas do meu dormitório voassem pareciam diferentes. Ao meu ver, tudo na grande Nova Iorque parecia maior e melhor.
Suspirei, jogando meu corpo sobre a cama de solteiro e de colchão fino que havia encostado em uma das paredes e senti o famoso aperto no coração por estar num lugar totalmente novo e completamente sozinha. Sem meus pais, sem meu irmão, sem , sem os meninos… Sem .
Seria loucura pensar que eu iria esquecê-lo tão rápido e esperanças de que ele venha ao meu encontro dizer que ele estava errado esse tempo todo, que ele me amava e me queria de volta ainda surgiam em minha mente, mesmo sabendo que isso era impossível de acontecer.
Fechei a janela e observei a paisagem já escura. A noite de Nova Iorque cheia de carros e luzes brilhantes… Exatamente como eu sempre sonhei.
— Ugh! Por que estou tão cabisbaixa? Eu realizei meu sonho… — murmurei para mim mesma. — , você é totalmente patética.
Ainda presa em meu próprio mundo, levei um baita susto quando meu celular começou a tocar alto e o nome piscava na tela. Franzi o cenho confusa pois receber uma ligação de era a última coisa que eu achava que podia acontecer.
— Ahm… Alô? — atendi ainda meio incerta.
— Oi, ! Sou eu . E aí, chegou bem? — ele parecia bastante animado e sem fôlego. Me pergunto o que ele estaria fazendo de tão divertido lá em Venice Beach para estar nesse estado.
Ah, Venice Beach…
— Cheguei sim. — respondi. — Como você tá?
— Uh… Ótimo! — ele riu. — Tá ocupada? Onde você está?
— Eu tô no meu dormitório, oras. E não, não estou ocupada. — isso estava muito estranho. — Onde você está?
— Você vai achar loucura, mas… — parou para recuperar o fôlego e logo em seguida deu uma gargalhada. Do celular eu podia ouvir as rajadas de vento maltratando meu amigo. — Eu estou em Nova Iorque.
— O QUÊ?
— É sério. — riu novamente. — Acho que eu tô perto do Central Park, eu nem sei… Meu guia turístico é realmente um merda e... Ai! Ele acabou de me bater.
— . — chamei calmamente mesmo estando ao ponto de ter um treco. — Por que você está aqui em Nova Iorque? Você é louco? me disse que as aulas na faculdade de Venice começam amanhã e você não vai querer faltar no seu primeiro dia como universitário, não é?
— Será que dá pra você vir até aqui? — o garoto simplesmente ignorou todas as minhas outras perguntas. — Eu juro que é rapidinho! Eu não estaria aqui se não fosse importante e… Se tudo der certo, amanhã de manhã estarei desfilando pelos corredores da faculdade, não se preocupe comigo, .
— Isso aqui tá tudo muito estranho. — murmurei. — Não me diga que tudo isso não passa de uma pegadinha da …
— Nah… É muito melhor que isso. — respondeu alegre. — Mas venha logo! Esse frio tá me matando e acho que estou mais ansioso que você. — dessa vez eu ri. — Estou te mandando minha localização por mensagem. Até daqui a pouco, .
A ligação foi finalizada e um muxoxo preguiçoso escapou por meus lábios. era louco. Isso só podia ser uma brincadeira, né? É óbvio que ele não estaria aqui em Nova Iorque sabe-se lá Deus por quê…
Eu realmente não estava cogitando a possibilidade de sair do dormitório da faculdade ir para perto do Central Park como pediu só para ficar com cara de tacho quando perceber que sim, aquilo tudo era apenas uma brincadeira infantil, mas antes mesmo de poder me deitar na cama novamente, meu celular vibrou e os dizeres:
[]: Abrir localização.
Fizeram meu coração disparar. CARALHO! Ele estava realmente aqui. E aposto que não só ele, e provavelmente estariam aqui também. O sorriso que brotou em meus lábios era quase tão grande quanto meu rosto inteiro e, sem pensar duas vezes, vesti um moletom cinza e grosso, peguei minha bolsa tira-colo e saí a passos largos e rápidos do dormitório. Esbarrei em algumas pessoas no caminho que fizeram questão de me xingar, mas nem respondi, eu estava muito ocupada pensando que eu tinha os melhores amigos do mundo que vieram para outra cidade só pra me fazer feliz.
É, eu era uma menina sortuda.
Não chamei um táxi nem nada, estava tão eufórica que fui a pé mesmo, correndo pelas calçadas e desviando das milhares de pessoas que também andavam apressadas por elas. Meus amigos eram realmente loucos! Não fazia nem um dia que eu havia me mudado e já estavam com saudades e me fazendo visitas? Sensacional! E como caralhos eles conseguiram chegar aqui tão rápido? Tudo já estava planejado há tempos? Será que tinha a mísera possibilidade de estar aqui também? Ugh! Não queria pensar nele, mas minha cabeça continuava se enchendo de perguntas e possibilidades malucas e o nome dele sempre surgia entre elas.
Caminhei por cerca de vinte minutos até chegar no local onde havia me dito que estava. Ainda sorria feito uma boba quando olhei ao redor e me senti patética ao não enxergar nenhum de meus amigos.
— Não, não, não, não. — murmurei baixinho para mim mesma já me sentindo uma completa idiota.
— EI, !
Virei-me no mesmo instante e sorri aliviada ao ver, não tão distante de mim, um sorridente que usava uma touca vermelha e um sobretudo preto.
— ! — lhe dei um abraço apertado assim que cheguei mais perto e ainda fui enchida de beijinhos calorosos. — Não acredito que já estava com saudades de mim. Cadê a ?
— Como assim, “cadê a ?” — riu bagunçando meus cabelos. — A não veio, . Desculpe te decepcionar.
— Como assim? — e lá estava eu, confusa novamente. — Você veio sozinho?
— Claro que não, eu vim como acompanhante na verdade.
— Acompanhante de quem?
não me respondeu, apenas lançou um sorriso ladino na direção de alguma coisa atrás de mim e apontou. Assim que girei meu corpo e foquei meus olhos no que o rapaz estava apontando, minha boca secou e eu subitamente prendi o fôlego.
Caralho, era ele!
. Ali. Usando um moletom verde militar gigantesco que fazia contraste com sua calça jeans preta meio rasgada e por cima do moletom, uma simplória jaqueta jeans. Ele estava ali. Com as mãos no bolso da jaqueta e sorrindo abertamente em minha direção. Parado ao lado da barraquinha de maçã do amor e de duas bicicletas.
— Mas o que está acontecendo aqui? — virei-me novamente para .
— Como se você não soubesse… — riu soprado. — Só vá até ele… Acho que ele tem muito a lhe dizer.
Mordi o lábio inferior com força e fiquei numa batalha interna sobre o que fazer naquele momento.
— Não pense muito, só vá! — o garoto me empurrou e fui obrigada a dar alguns passos para frente.
Encarei novamente e ele continuava com a mesma expressão tranquila de antes. Meu coração começou a bater muito mais rápido do que eu achava que era possível e as borboletinhas no estômago finalmente deram sinal de vida. Vendo-o ali parecia que eu estava em Venice Beach novamente, parecia que eu ainda teria mais trezentos dias de verão. Merda! Eu amava .
E com quinze segundos de coragem insana, eu sussurrei um “foda-se” quase não audível para mim mesma e corri em sua direção, corri para seu abraço quentinho onde eu iria me aconchegar e sentir o meu perfume favorito de todos os tempos.
Quando abriu os braços e nossos corpos se chocaram, fiz questão de enfiar meu nariz na curvatura quando ele me apertou com força e depositou um beijo singelo e demorado sobre seus cabelos. Eu não sabia que havia sentido tanta falta dele até este exato momento, e ali percebi que o meu lugar favorito no mundo não era Nova Iorque, muito menos Venice Beach, o meu lugar favorito era quando eu estava nos braços de .
— Eu tenho tanto pra lhe falar… — foi a primeira coisa que disse assim que nos distanciamos. Seus olhos pareciam muito mais brilhantes desta vez. — Mas eu quero começar pedindo desculpas; Minhas sinceras desculpas por ter sido um puta babaca egoísta no dia do Milkway Shake, e por achar que eu iria conseguir seguir em frente sem você ao meu lado. A verdade é que eu nunca tinha me apaixonado por ninguém e eu não sei muito bem como lidar com esse turbilhão de sentimentos que avassalam meu coração toda vez que você está por perto e eu achei que terminando com você daquela forma eu não teria que lidar com um coração partido na hora que você fosse embora de Venice Beach, mas… Não consegui! Simplesmente não consegui parar de pensar em você desde que te deixei em casa naquele fatídico dia. Porque é você, , eu juro que é. Caso contrário eu não teria vindo para Nova Iorque um dia antes das aulas começarem… Eu te amo, . Você é meu raio de sol, minha onda perfeita e meu verão inteirinho. E eu…
— Cala a boca, .
Ele arregalou os olhos meio surpreso e eu sorri antes de o puxar pela gola do moletom e juntar nossos lábios num ato quase que desesperado, afinal, eu estava sedenta de seus lábios macios há dias.
Segundos depois, enlaçou minha cintura e me apertou mais junto de seu corpo, e lá estávamos nós.
— ALELUIA!
— MEU DEUS, EU AMO UM CASAL!
— ISSO AÍ ! CONQUISTOU A GAROTA!
Vozes bastante conhecidas ecoaram a nossa volta e pela surpresa, eu me separei de . Atrás de nós estava sorrindo feito uma criança de cinco anos e em suas mãos havia seu celular, onde podíamos ver claramente , e sorrindo e comemorando como se o time preferido de basquete deles tivesse acabado de ganhar a NBA.
— Meu Deus, ! — ri envergonhada. — Não acredito que você fez um FaceTime com eles.
— É óbvio que ele fez, minha filha! — foi que respondeu. — Acha mesmo que perderíamos o reencontro e acerto do casal mais lindo de toda Venice Beach depois de e ?
— Vocês são fodas. — foi a vez de gargalhar.
— Também te amamos. — sorriu do outro lado da tela. — Agora desliga isso, , e deixa eles voltarem a se pegar.
gargalhou e bloqueou o celular.
— Vou ir pegar um cachorro-quente ali. — apontou para a barraquinha. — Vocês fiquem aí… Fazendo… Ahm, façam o que quiserem, mas com pudor, por favor.
Ele deu as costas e eu ri. apertou suas mãos na minha cintura e se inclinou para perto novamente.
— Onde foi que paramos?
Verão de 2017 — Nova Iorque
Minhas mãos suavam enquanto eu estava sentada na cadeira de plástico do aeroporto e eu me sentia a maior idiota do mundo.
Qual é, ? Não é como se você nunca tivesse o visto pessoalmente.
Eu sabia. Mas… depois de quase dez meses fora, vê-lo de novo traria à tona toda a saudade que eu estava de seu toque, seu beijo e até mesmo seu cheiro.
Quando o anúncio que meu voo estaria partindo em breve soou pelos alto-falantes eu me levantei rindo de mim mesma. Quem diria, hein ? Voltando para encontrar o amor de verão.
Venice Beach; Aeroporto — Terminal 5.
Minha mão direita apertava a alça da minha mala com força cada vez que eu me aproximava mais do portão de desembarque e o sorriso abobalhado não saia de meu rosto nem por um segundo sequer.
Eu estava em casa!
Tudo bem que ao final dos três meses de verão eu teria que voltar para Nova Iorque e sobreviver mais dois anos, mas isso não era importante agora. Tudo que se passava em minha cabeça era ir logo para a área de desembarque, abraçar meus pais, pular junto de e… Beijar como se não nos víssemos há mais de dez meses. E olha só! Nós realmente não nos víamos há mais de dez meses.
Depois do dia da reconciliação ao lado do Central Park lá em Nova Iorque, eu e decidimos que não seria uma mera distância que faria com que nosso amor acabasse. Ele queria estar comigo, ele queria ser meu. Até mesmo pediu para que eu fosse sua namorada segundos antes de embarcar de volta para Venice Beach aquele dia… E surpreendentemente, tudo estava dando certo. O maldito estrupício galanteador que eu havia conhecido enquanto cantava e saudava o primeiro Sol do verão era mesmo o amor da minha vida e eu não poderia estar mais feliz com isso.
Assim que atravessei a porta de vidro, larguei a mala no chão e corri para abraçar meus pais com força. Minha mãe estava toda chorosa enquanto meu pai me enchia de beijos e até recebi um abraço desajeitado do meu irmão mais novo.
Ouvi os gritinhos histéricos de assim que meu pai me soltou e fui parar no chão sujo do aeroporto enquanto abraçava e gargalhava com minha melhor amiga, aquela louca.
— Meu Deus, ! — exclamou. — Você não sabe o quanto você fez falta, de verdade.
— Eu também senti saudades das suas maluquices no meu dia-a-dia, .
— Levantem do chão. — pediu. — Vocês estão nos fazendo passar vergonha!
Abracei , e forte antes de abrir o meu maior e melhor sorriso na direção dele.
usava uma camisa xadrez vermelha e boné preto, os olhos cintilantes mais lindos do mundo e o sorriso ladino me fizeram suspirar apaixonada antes de pular em seu colo e tascar-lhe um beijo digno de cinema.
— Oi. — foi tudo o que ele disse quando nos separamos. — Senti sua falta.
— Eu sei. — sorri. — Também senti a sua. Muito.
Ficamos nos encarando por mais alguns segundos; eu passando as mãos por seu belo rosto e sentindo alguns pêlinhos de uma barba mal feita em seu rosto. E a cada toque eu tinha mais certeza que era ele o cara ideal pra mim.
— Vamos casal! — gritou.
— Vamos aonde? — perguntei.
— Vamos ver o primeiro pôr do Sol do verão, ué. — resmungou como se fosse óbvio enquanto já caminhava pelo terminal ao lado de , que levava minha mala nas mãos.
Entrelacei meus dedos com os de e começamos a andar pelo terminal, assim como nossos amigos á frente.
— E então… Como foi seu primeiro dia de verão sem mim? — perguntei brincalhona.
— O meu verão começou só agora. — ele sorriu. — Achei que já tinha te dito , mas você é o meu verão inteirinho.
Eu ri.
— Merda, ! — exclamei. — Você realmente conseguiu me fazer sua até o final daquele verão. Aliás, você me fez sua por mais tempo que apenas um verão.
Fim.
Nota da autora: Nem acredito que estou finalizando essa história! Mas aqui está, o último capítulo!! E eu estou muito emocionada; Obrigada a todos que acompanharam até aqui e espero que esse final tenha sido do agrado de todos.
Não tenho muito a dizer, só muitíssimo obrigada e nos vemos numa próxima.
Grande beijo,
xIsa.
Outras fics:
Girl at Home [5SOS/Shortfic]
Just Let Me Know [5SOS/Shortfic]
Lembrando que qualquer erro nessa atualização e reclamações somente no e-mail.
Não tenho muito a dizer, só muitíssimo obrigada e nos vemos numa próxima.
Grande beijo,
xIsa.
Outras fics:
Girl at Home [5SOS/Shortfic]
Just Let Me Know [5SOS/Shortfic]