Finalizada em: 18/05/2019

Capítulo Único

- Cheguei! – Falei, empurrando a porta do quarto que estávamos na casa de Jessica, vendo Lacey deitada na cama com Andrew de quase quatro anos fazendo bagunça com os vários ursos de pelúcia à sua volta.
- Ei! – Ela se levantou, sem tirar os olhos do loiro sapeca.
- Olha o que chegou! – Ergui o notebook e a loira ficou surpresa.
- Finalmente, hein?! Jack demorou um pouquinho nisso! – Me sentei na cama, abrindo o notebook.
- Ele usou o prazo completo, quero ver se consigo entregar em bem menos tempo que isso. – Suspirei, vendo o arquivo aberto.
- E você já pensou que parte da sua vida você vai focar? – Lacey perguntou e Andrew se arrastou até ficar ao meu lado e olhar para a tela.
- Ainda não. Eu não tive uma vida difícil igual ao Jack e a Emily para contar detalhes dramáticos, sabe? Eu sempre fui muito privilegiado. – Suspirei. – A parte mais empolgante do meu passado é você. – Ela abriu um sorriso, segurando minha mão. – E o Mack engravidar a Lilah, mas isso eu vou deixar para ele contar! – Rimos fraco.
- O que é isso, pai? – Andrew perguntou e eu o abracei de lado.
- Lembra que a tia escreveu um livro sobre nossa história? – Olhei para seus olhos azuis.
- Sim!
- Então, como ela contou nossa história a partir de 2004, ela pediu para eu, Emily e os meninos escrever como foi nossas vidas antes da banda.
- Legal, e você vai escrever o quê? – Ele perguntou curioso e eu suspirei, olhando para Lacey.
- Acho que sobre eu e sua mãe. – Virei para Andrew. – Tivemos uma bonita história de amor lá atrás, sabia?
- E ainda temos! – Ela falou e eu arregalei os olhos ao ver o arquivo.
- Porra, o Jack escreveu quase 30 páginas? Como eu vou bater isso? – Lacey revirou os olhos.
- Não precisa bater nada, escreva sua história, conte detalhes sobre como começou sua vida musical, o apoio que você deu ao Mack na época da gravidez, nossa história de amor e agradeça por não ter sofrido como Jack sofreu.
- Desculpe, me expressei mal! – Fechei o notebook. – Eu só não sei o que fazer.
- Por que você não começa, então? Vou dar uma volta com Andrew para te dar privacidade.
- Parquinho! – Andrew falou animado e nós rimos.
- Ok, obrigado! – Ela se levantou e pegou Andrew no colo, dando um beijo em meus lábios antes de sair. – Agora vamos ver! – Suspirei.
Larguei os sapatos no chão e me ajeitei no centro da cama, abrindo o notebook novamente e comecei um novo arquivo, padronizando o título da mesma forma que Jack fez e bufei uma vez, depois outra, pensando como eu começaria isso.

“Oi, gente! Chegou a minha vez! Franzi a testa. Já vou começar falando que eu não sou escritor e que espero que isso passe por um revisor muito bom, porque meu inglês não é exatamente do mais formal, mas vamos lá, certo?
Acho que isso não vai ficar bom de nenhuma forma! Então, vamos começar pelo básico.
Fala aí, galera, eu sou Mike Derrick, o gêmeo mais legal dessa banda! Sim, o mais legal. Mack tem todas aquelas tatuagens loucas que eu não sei o significado de metade, o cabelo totalmente gorduroso, mas eu sou o mais legal, o mais bonito e o mais simpático. Além de não ter mal humor pela manhã, nem bafo!
Bom, apresentações feitas, imagino que vocês tenham ficado meio bolado com a história do Jack, mas para vocês verem: todos temos nossos demônios e todos sofremos por alguma coisa antes de entrar na The Fucking Stone, mas eu tenho que confessar que ainda me surpreendo por ele ser uma das melhores pessoas que eu conheci na vida. Ele e sua mãe. Passaram por tanta coisa e nunca perderam a felicidade.
Mas, apesar de tudo, eu não tenho uma história similar a de Jack. Eu dou graças a Deus por ter tido uma vida privilegiada por muito tempo da minha vida. Não éramos ricos igual Jack, mas nunca nos faltou nada.
Como sabem, eu sou de Baraboo, uma cidade com pouco mais de 12 mil habitantes no estado de Wisconsin, a mais ou menos 70 quilômetros da capital Madison. Sou irmão gêmeo do baixista dessa banda e vamos deixar claro que eu nasci primeiro. E desde muito cedo começamos a mostrar características bem diferentes um do outro.
Voltando um pouco, meus pais são Amy e Nathan Derrick, um casal de corretores de imóveis na cidade, que inicialmente eram rivais, até que se apaixonaram e montaram a corretora A & N, o qual foi responsável por todo meu sustento até meus 16 anos. Já pode perceber que minha vida sempre fui muito normal, não é?
Pois é! Mas o que realmente me tirou dessa mesmice de cidade pequena foi a Lacey. Hoje vocês a conhecem como minha esposa, mas até ela se tornar minha namorada, isso demorou muito! E eu não estou exagerando. Sei que enrolei bons anos para pedi-la em casamento, mas a vida também me enrolou por 12 anos até que ela se tornasse minha namorada.”

“Eu a conheci no primeiro dia de aula do maternal. Sim, estamos falando de um Mike com seus três aninhos. Eu sempre fui um pouco mais contido em todas as coisas que eu fazia, então cheguei de fininho, agarrado nas pernas da minha mãe. Não pense que eu me lembro disso, são falsas memórias formadas por vídeos que meu pai tem guardado nosso. Já Mack estava mais interessado em abrir sua lancheira antes da hora.
Depois que toda aquele berreiro de ir para escola pela primeira vez, eu a vi! Ela tinha os mesmos cabelos loiros escuros e olhos azuis de hoje. Seus cabelos estavam presos em duas tranças laterais e sua pele era clarinha, quase como a Branca de Neve.
A sala era dividida em mesas de quatro lugares, então a professora logo nos separou, além de me separar de Mack. Na época éramos iguaizinhos, ainda mais que a escola tinha uniforme. Eu fui logo para a mesa de Lacey, feliz e contente por poder ficar perto daquela menina bonita. Naquela época era tudo mais fácil, então acabamos virando amigos rápido demais.
- Oi, eu sou Lacey! – Ela sorriu e eu retribuí.
- Michael, mas pode me chamar de Mike!
- Você é gêmeo?
- Sou sim! – Rimos juntos.
- Como vou diferenciar vocês dois? – Ela perguntou e eu sorri.
- Com o tempo você descobre! – Falei rindo.
Claro que foi muito fácil, se Mack é um demônio até hoje, imagina naquela época da escola, o que foi piorando ao longo do tempo, mas vou deixá-lo contar essa parte da minha vida.”

“A partir desse dia, nós começamos a fazer tudo juntos: brincar, lanchar, enfim, coisas que crianças de três anos fazem, mas nos tornamos amigos muito rápidos. Eu já gostava dela, mas o que uma criança sabe sobre relacionamentos? Eu andava de mão dada com ela e entregava flores do jardim da escola, e ela ficava feliz, para mim eu já estava casado com ela, mas ela não pensava da mesma forma e eu fui descobrir isso ao passar dos anos.
Quando chegamos na quinta série, nós começamos a frequentar a escola da cidade vizinha, Baraboo tinha poucos habitantes, então as escolas eram muito pequenas ou muito ruins. Naquela época, meus hormônios estavam a flor da pele e, com mais garotos olhando, para a garota linda que Lacey era, meu ciúme começou a ficar muito louco. E ela começou a notar, acho que todo mundo começou a notar.
- Oi, tia Amy! – Ouvi sua voz ao entrar pela sala e ergui o rosto, desviando da lição de casa.
- Oi, querida! – Minha mãe a cumprimentou e ela veio em minha direção, colocando sua mochila na mesa.
- Oi, Mike! – Ela se sentou.
- Oi! – Sorri. – Como você está?
- Tudo certo. Você conseguiu fazer o exercício três? – Ela tirou seu caderno da mochila e foi folheando as páginas.
- Terminei agora, deu 27. – Ela franziu a testa.
- Mesmo? O meu deu 435! – Suspiramos juntos.
- Ah, esses exercícios estão cada vez piores. – Falei.
- Enfim, não foi para isso que eu vim, o pessoal tá combinando de lanchar no Hot Heat sexta à noite, você topa?
- Quem é o “pessoal”? – Perguntei, olhando para ela.
- Ah, a turma de sempre: Luna, Mila, Vanessa, Daniel, Bryce, Adam...
- Adam? Aquele idiota que gosta de você? – Não consegui ficar quieto.
- O que tem? Ele é bonitinho e me trata bem.
- Uhum, tá! – Ri ironicamente.
- Ah, Mike, para de ser chato, vai! Não entendo sua implicância sobre ele.
- Eu entendo! – Mack passou com a boca cheia e sumiu rapidamente pelo corredor.
- O que ele está falando? – Lacey perguntou.
- Nada com nada, para variar. – Suspirei. – Eu não vou.
- Ah, Mike, vamos, vai ser divertido! – Ri fracamente.
- Não, Lacey, sério! Não quero ouvir esse Adam idiota dando em cima de você, ele é um babaca e você ainda vai enxergar. A gente pode sair no sábado, eu e você.
- Ah, você é chato demais! – Ela se levantou, juntando suas coisas. – A gente se vê amanhã! – Ela disse e logo depois ouvi a porta ser batida.
- Por que você tratou Lacey assim? – Minha mãe falou se levantando do sofá e vindo em minha direção.
- Ela quer sair com aquele idiota do Adam, ela não vê que eu estou aqui? – Bufei.
- Agindo assim ela nunca vai perceber, querido. – Ela se sentou na cadeira que Lacey estava antes.
- Mas eu gosto dela desde que eu tinha três anos, mãe. Ela deve saber. – Ela riu fracamente.
- Agindo desse jeito ela deve achar que você está afastando ela, se você realmente quer ficar com ela, indico que comece a se aproximar mais dela e pegar umas dicas com seu irmão de como conquistar garotas. – Olhei para ela.
- Mãe, o Mack e a Delilah vivem em pé de guerra, você realmente acha que aquilo foi uma conquista? Me poupe, né?!
- Bom, ele, pelo menos, saiu do zero a zero. – Suspirei, vendo-a se levantar.
- Talvez! – Suspirei. – Eu preciso terminar aqui, depois eu penso nisso. – Ela assentiu com a cabeça.
- Se precisar de ajuda, me avisa.”

“Eu realmente acabei pensando, mas eu era muito ruim nisso! Acho que se a Lacey me largasse em algum momento de nossas vidas ou tivesse negado meu pedido de casamento, eu morreria sozinho, porque já foi difícil conquistá-la, hoje eu acho que as coisas estão mais difíceis, então sinto que o desafio seria maior.
Nesse meio tempo entre minhas brigas constantes com Lacey e tentativas frustradas em tentar fazer com que ela gostasse de mim de outro jeito, meu pai acabou chegando com a notícia que me introduziu ao mundo o qual eu trabalho hoje em dia. Ele já tocava um pouco de violão desde a época da faculdade, Mack entrou para as aulas de violão aos seis anos, acabou mudando para bateria, mas se encontrou no baixo. Naquela época ele tocava baixo há uns seis meses só.
- Fala aí, Mike! – Meu pai entrou no quarto que eu dividia com Mack, mas que estavam bem longe no momento.
- E aí, pai? – Larguei o videogame que eu estava jogando e me levantei do chão, encarando-o.
- Estava falando com a sua mãe e ela me disse que você e Lacey estão com problemas em se entender? – Suspirei.
- Eu gosto dela, pai, mas não sei como dizer isso. – Ele se sentou em minha cama.
- Eu não posso te ajudar nisso, porque eu também sou muito ruim. Sua mãe que me beijou primeiro, o resto é história! – Rimos juntos. – Mas mulheres gostam muito de homens que tocam violão, sabia? – Franzi a testa.
- E o que isso tem a ver? – Suspirei.
- Eu ganhei um curso de violão de graça lá no conservatório, por que você não vai fazer? Além de sair de casa um pouco. Você está muito trancado aqui.
- Ah, pai, não sei. Nunca fui muito interessado em tocar violão.
- Eu sei, filho, eu sei! Mas é de graça. – Ele falou e eu ri fracamente. – Além de que pode te ajudar a conquistar Lacey. – Ele deu de ombros e eu sorri.
- Valeu, pai. Eu dou uma passada lá amanhã após a escola.
O resto vocês já sabem como aconteceu. Eu acabei me viciando legal no violão e menos de um ano depois eu já intercalava com guitarras, só querendo falar sobre música, comprar artigos de música e tudo mais.
Isso veio até a calhar na época da escola, porque eu acabei criando certa popularidade entre as garotas, o que causou ciúmes da parte de Lacey, mas não foi nessa época que as coisas deram certo, foi aí que começamos a brigar por causa de ciúmes e acabamos nos afastando um pouco.”

“A partir da sexta série começamos a ter educação física na parte da tarde. Como meus pais não conseguiam levar a gente de novo para a escola às três horas, eu e Mack ficávamos direto, almoçávamos na escola e enrolávamos até a hora da aula começar. Então, eu levava meu violão e ficava dedilhando algumas coisas antes da aula começar.
Foi nessa época que eu descobri que cantava bem. O que foi bem engraçado por sinal, Mack acabou ficando louco de empolgação também, afinal, se éramos gêmeos, nascidos da mesma placenta e tudo mais, algumas coisas precisavam ser próximas.
- And if you said this life ain’t good enough, I would give my world to lift you up I could change my life to better suit your mood, because you're so smooth. – Cantava baixo, tocando rapidamente o violão com a música de Santana. - And it's just like the ocean under the moon. Oh, it's the same as the emotion that I get from you, you got the kind of lovin' that can be so smooth, yeah. Give me your heart, make it real or else forget about it... – As meninas que estavam em volta sorriam animadas e Mack ria ao meu lado.
- Meu irmão virou galanteador, rá! Essa é boa! – Mack zoou escorado na parede e eu revirei os olhos.
- Toca mais uma para gente, Mike! – Uma das meninas falou e eu sorri.
- Melhor amiga passando! – Lacey falou, movimentando as mãos como se chispasse as pessoas dali e as meninas começaram a sair.
- “Melhor amiga”? Você não fala comigo faz três semanas. – Comentei, colocando o violão de volta no case e fechando-o.
- É porque eu não gosto de te ver com essas garotas e elas estão parecendo urubus em cima de você! – Ri fracamente.
- Engraçado! Quando eu falei que não gostava do Adam em cima de você, eu fui totalmente ignorado. – Me levantei, pegando o violão e ela segurou meu ombro.
- Me desculpe, agora eu percebo que ele é um idiota. – Ela fez uma cara que deu dó, mas eu estava cansado de ser feito de tonto.
- Eu disse isso, você não confiou em mim. – Suspirei. - Achei que amigos eram para essas coisas.
- Me desculpe, Mike. – Ela engoliu em seco. – Podemos ser amigos de novo?
- Eu gosto de você, Lacey. E não como amigos. – Suspirei e ela mordeu seu lábio inferior.
- Eu não gosto de você desse jeito, Mike. – Ela disse e mesmo após ter acabado de ser esfaqueado, eu tentei me manter forte.
- Então, é melhor que a gente se afaste. – Dei de ombros, suspirando. – A gente se vê por aí. – Me afastei, seguindo Mack.
- Mike! – Ela gritou e eu virei rapidamente. – Por favor... – Dei de ombros.
- Eu gosto de você desde nosso primeiro dia de aula, eu não consigo mais! – Dei um meio sorriso e me afastei.
- Pesado, cara! – Mack disse, me puxando pelos ombros.
- Eu não consigo mais, Mack! – Falei choroso. – Eu a amo demais, mas não consigo mais ficar perto dela só como amigo.
- Ah, meu irmão! Preciso te ensinar como ser esnobado. – Ele falou.
- Você e a Delilah ficam de bem semana sim, semana não! – Ele riu.
- Ah, eu e a Delilah somos outra história! Eu gosto dela, mas eu não gosto dela, sabe? Enfim! – Rimos juntos. – Na pior das hipóteses, podemos montar uma dupla, você tá cantando bem, irmãozinho!
- Ah, claro! – Fui irônico.
- Estou falando sério! Tu canta bem.
- Não estou falando disso, você acha que daria certo nós trabalhando juntos? Eu e você? Como uma dupla? – Ele riu fracamente.
- Bom, não, mas quem sabe? Se isso desse dinheiro, poderia valer à pena. – Rimos juntos.
- Idiota! – Dei um soco em seu ombro.
- Agora vamos! Depois vamos na sorveteria para você afogar as lágrimas. – Ele comentou e rimos, descendo as arquibancadas quando o professor chegou na quadra.
Bom, é isso mesmo que você leu. Eu coloquei um ponto final na minha história com Lacey. Eram nove anos de amor platônico e quando eu finalmente disse o que sentia, ela não retribuiu, então, para que chover no molhado?
Eu posso agir como durão agora, mas eu sofri bastante nessa época, foram dias e dias chorando e realmente indo à sorveteria me matando de comer sorvete! Eu até ganhei uns quilos a mais.
Depois que as coisas esfriaram, tipo, coisas de seis meses depois, eu realmente voltei a viver minha vida, ainda sentia ciúmes dela com o pessoal, principalmente por ela ser linda e popular, e ter muitas pessoas interessadas nela, mas eu não sentia mais vontade em tentar algo. Aquela garota sempre teria meu coração, mas eu não conseguia ter o dela.”

“Pelo menos eu achava isso!
Na entrada do ensino médio, entre meus 14 anos, ela acabou voltando para mim.
Eu me tornei popular por causa da música, entrei com Mack na banda da escola e a gente era realmente bom. Mack estava mais interessado em ser um rockstar, mas eu já curtia das aulas da banda, era bem legal! Agora Lacey tinha entrado para as líderes de torcida e tinha um monte de meninas e jogadores de futebol ao redor dela, então nós mal nos víamos.
Só em jogos que a banda participava para animar, que eu acabava vendo-a com aquele uniforme azul e amarelo que realçava seus cabelos loiros e olhos azuis. Antes de seguir com os acontecimentos de um dos jogos em si, gostaria de dizer que eu não estava com ninguém na época. Tinha várias garotas em cima de mim também, mas sabe quando aquilo não fazia sentido? Além de que eu precisava ir bem na escola, inicialmente eu pensava em cursar alguma faculdade de música para dar aula e tudo mais.
Em um dos jogos, algo aconteceu com Lacey que fez com que ela literalmente caísse do topo do mundo de volta para mim, pena que ela teve que ser muito humilhada para isso. Era um jogo de futebol, na nossa escola, me lembro perfeitamente disso até hoje porque foi um dia antes do meu aniversário e de Mack. Nosso time estava perdendo, o que não é novidade nenhuma, mas Lacey e as líderes de torcida eram um show à parte.
Então, nos preparamos na frente das líderes de torcida, nas arquibancadas, tocando a música selecionada para a rotina delas. Era daquele filme As Apimentadas, então imagina o ânimo de metade da banda naquele dia.
Enfim, Lacey era muito alta para fazer pirâmide no geral, então normalmente ela fazia parte da coreografia no chão. Deus, é difícil contar isso, fiquei com tanta dó dela na época, seu ensino médio acabou aí.
Bom, enquanto as meninas montavam a pirâmide na parte de trás, Lacey e outras três meninas faziam uma sequência que consistia em: ergueu uma das pernas no alto, se abraçarem lateralmente, abaixar o bumbum para o público como se fosse o can can e descer em abertura. O que aconteceu com Lacey foi que ao abrir a perna para o alto, sua calcinha rasgou e ela não percebeu. Então, quando se ela se virou, causou um alvoroço meio exagerado em todos que estavam presentes no jogo.
- Oh! – Ouvi a reação da galera e arregalei os olhos ao ver seu bumbum à mostra para todo mundo.
Imediatamente as pessoas começaram a rir e a apontar, o que parou a sequência das líderes de torcida na hora. Lacey logo percebeu que o problema era com ela, pelos seus atos, ela até tentou pedir ajuda de suas amigas, mas elas também só sabiam rir. Então, ela colocou sua mão abaixando a saia do vestido e saiu correndo para bem longe dali.
Eu não lembrei que a gente tinha brigado, que ela tinha me rejeitado, eu só lembrei que eu fui amigo por ela durante nove anos e mesmo a gente não se falando pelos últimos dois, três, ela precisava de mim. Então, larguei meu violão de lado, desci a arquibancada e saí correndo em sua direção.
- Lacey! – Chamei-a quando já estávamos longe dos holofotes da quadra. – Lacey!
- O quê? – Ela gritou olhando para mim. – Ah, é você! – Ela falou desanimada e eu tirei meu moletom, estendendo para ela.
- Aqui! – Ela o pegou e amarrou em sua cintura rapidamente.
- Por que você está fazendo isso? – Ela perguntou cruzando os braços.
- Porque ninguém mais vai fazer. – Falei movimentando os braços, notando que ninguém mais estava ali. – Ninguém mais se importa. – Me afastei alguns passos de costas e dei de ombros, me virando.
- Mike! – Ela gritou e eu virei novamente, vendo-a se aproximar. - Obrigada! – Ela disse. – Eu sinto sua falta. – Suspirei.
- Eu também sinto. – Dei um meio sorriso.
- Podemos ser amigos de novo? – Ela perguntou. – Agora eu percebo que só você é meu amigo de verdade.
- Eu já disse, Lacey! Eu gosto de você e você me afastou. Eu não consigo fingir que isso não aconteceu. – Dei de ombros.
- E eu não consigo viver sem você, Mike! – Ela se aproximou de mim. – Posso só fazer um negócio?
- O quê? – Perguntei confuso, mas no segundo seguinte ela me beijou.
Ela passou os braços pelo meu pescoço, colando os lábios nos meus e eu levei minhas mãos para sua cintura. Era meu primeiro beijo, então eu realmente não sabia o que fazer, mas meu coração me dizia que eu ainda amava Lacey e muito. Nos afastamos após alguns segundos.
- Uau! – Ela falou me olhando enquanto mordia o lábio inferior.
- O quê? – Perguntei, ainda segurando-a pela cintura.
- Eu gostei! – Ela falou e eu ri fracamente. – Por que a gente nunca fez isso antes?
- Porque você nunca quis. – Sorri. – Eu sempre quis! – Falei.
- E po rque você nunca me beijou? – Ela perguntou.
- Porque eu sempre respeitei nossa amizade. – Disse e ela colou os lábios nos meus rapidamente novamente.
- Não, amizade não. Amor! – Ela sorriu e eu ri fracamente.
- Demorou 12 anos para você dizer isso. – Ela suspirou.
- Agora podemos ficar juntos para sempre. – Sorri.
- Me deixou esperando por tanto tempo e agora quer ficar junto para sempre?
- Eu sou contraditória, eu sei! – Ela riu fracamente.
- Vamos para casa? – Perguntei.
- Você me leva?
- Eu estou de bicicleta. – Falei e ela riu.
- Vai ser engraçado!
- E suas coisas? – Perguntei.
- Mack vai perceber que algo aconteceu depois que a gente não voltar. – Rimos juntos.
- Vamos, então! – Ela segurou minha mão e sorriu.
Lacey morava um pouco longe da escola, mas eu morava a somente há alguns quarteirões, então, como estava à noite, eu a levei para minha casa, para que ela pudesse ligar para seus pais a pegarem lá e não na escola. Achamos que nossos pais ficariam de boa com isso, afinal, a gente se conhecia a vida inteira! Mas foi uma surpresa lá em casa, afinal, foi muito inesperado, nem eu imaginava que nesse dia em especial ficaríamos juntos.
- Mãe, pai, cheguei! – Falei entrando em casa, de mãos dadas com Lacey.
- Chegou cedo! - Meu pai colocou a cabeça para fora da cozinha, mordendo um lanche.
- É, deu um pouco de problemas lá no jogo hoje. – Falei seguindo para a cozinha.
- É a Lacey que está contigo? – Meu pai perguntou e entramos na cozinha.
- Oi, gente! – Ela acenou a mão livre com um sorriso no rosto.
- Oi, Lacey. Bom te ver. – Minha mãe falou. – Voltaram a se falar?
- Mais que isso. – Ergui nossas mãos e minha mãe arregalou os olhos.
- Vocês dois? – Ela perguntou surpresa e eu assenti com a cabeça.
- Vocês estão juntos? – Meu pai perguntou um tanto assustado.
- Sim, pai! – Falei e ele travou, me fazendo rir.
- Como? Até ontem vocês não estavam nem mais se falando. – Minha mãe falou e eu e Lacey rimos.
- Destino, talvez! – Lacey falou sorrindo para mim e eu ri fracamente.
- Ah, meu Deus! Precisamos comemorar isso! – Meu pai me destravou.
- Podemos fazer isso depois? Realmente rolou um problema no jogo hoje. – Falei e Lacey afirmou com a cabeça.
- É algo que eu possa ajudar ou... – Minha mãe perguntou.
- Não, tá tudo certo! – Falei. – Vamos ligar para seus pais, eu te empresto um shorts. – Ela assentiu com a cabeça e seguimos de volta para sala.
Daquele dia em diante, eu comecei a ser o cara mais feliz desse mundo. E atualmente já faz 20 anos. E quase 30 que a gente se conhece. Se Lacey não estava destinada a fazer parte da minha vida, eu não consigo dizer quem seria. Ela é literalmente minha metade da laranja, a tampa da minha panela e todas as definições clichês que existem do mundo. Eu e Lacey somos um clichê ambulante, até hoje!
No dia seguinte, quando fomos para a escola, todo mundo ainda comentava sobre o pequeno acidente de Lacey, mas quando nos viram juntos, o assunto foi totalmente esquecido, viramos o novo casal mais cobiçado da escola, ironicamente por um erro bobo e o poder de uma grande amizade.”

- Essa parte ficou bem bosta! – Mack falou e eu o empurrei com o ombro.
- Sai daqui! Quando chegar sua vez você escreve as besteiras que quiser vai! – Falei e ele riu, sentando ao meu lado.
- Vai, continua! – Ele disse e eu suspirei.

“Bom, daí você pode imaginar que passou três anos, eu encontrei e hoje somos tudo o que você conhece, certo? Não, com certeza não! Tivemos ainda várias surpresas. Quem diria que Baraboo era tão empolgante assim, não é mesmo?
E uma dessas surpresas veio de Mack! É, você já deve estar imaginando de quem eu estou falando: Melanie! Olha, eu me considero uma pessoa forte, aguento bem sangue, filmes de terror e tudo mais, mas o dia em que Mack me contou que ele engravidou Lilah, meu Deus! Eu caí bonito no chão!
Era um daqueles dias perfeitos, sabe? Eu estava em casa tocando um pouco de violão, caía uma chuva torrencial lá fora e eu esperava dar quatro e meia para Lacey chegar e a gente fazer vários nadas juntos. Quando Mack chegou desesperado!
- Mike! – Ele gritou, batendo a porta com força, todo molhado e mais branco igual um papel.
- Meu Deus, Mack! O que aconteceu? Parece que alguém morreu! – Deixei o violão do lado e me levantei, procurando por uma toalha no armário e jogando para ele.
- Não, mas se demorar mais um pouco quem vai morrer sou eu! – Ele falou respirando fundo.
- Você está me assustando! – Cruzei os braços, encarando-o.
- Aconteceu um negócio e eu não sei o que fazer, não sei como contar para a mãe, eu estou ferrado! – Franzi a testa, acho que eu nunca vi meu irmão daquela forma. Repito, nunca! Nem quando o convidei para a banda.
- Não me diga que você matou alguém ou roubou alguma coisa. – Coloquei a mão na testa. – Você não pode usar essa rebeldia sem causa para fazer o que quiser! – Gritei com ele.
- Não grita! – Ele segurou meu braço. – E acredite se quiser, eu estaria bem melhor se uma dessas suposições tivessem acontecido.
- Primeiro: só tem a gente em casa, segundo: você está me assustando! – Falei firme.
- Não quer se sentar? Eu acho melhor.
- Não, eu não vou me sentar. E acho melhor você desembuchar logo, se não eu vou contar sim para mamãe. – Ele suspirou.
- Acredite, não dá para esconder.
- Fala logo, criatura! – Falei firme e ele respirou fundo, soltando o ar algumas vezes.
- Não me mate, ok?!
- Vou te matar se você não falar logo! – Fui firme.
- Então, é que... – Ele olhou para o céu, como se não soubesse como falar. – Me ajuda, ok? – Ele disse para o teto e nunca vi meu irmão pedir ajuda a Deus. – A Delilah está grávida, Mike! – Arregalei os olhos. – E o filho é meu!
Minha pressão caiu muito rápido e eu só senti meu corpo cair no chão e bater a cabeça com força no chão.
Muito legal, não é mesmo? Assim, eu ainda era virgem e meu irmão já seria pai, tudo isso aos 15 anos! Não era algo que eu conseguia encaixar na minha cabeça. Como assim? Eu acho que eu ainda não consigo encaixar na minha cabeça como isso aconteceu! Mackenzie seria pai aos 15 anos! Vai, gente, todo mundo junto: Mackenzie seria pai aos 15 anos!
PORRA!”

- Minha reputação está no chão. – Ele comentou ao meu lado e eu dei uma cotovelada em sua barriga, ouvindo-o gemer.
- Você já não tem reputação desde essa época! – Falei firme, respirando fundo.

“Eu acordei algumas horas depois, bem confortável na minha cama, com Mike me encarando desesperadamente, como se alguma coisa bem trágica tivesse acontecido comigo.
- Ah, graças a Deus! – Ele falou respirando fundo. - Eu pensei que você tinha morrido! – Ele falou e eu franzi a testa.
- E você me deixaria morrer no quarto? – Senti a dor na cabeça. – Ah, minha cabeça!
- É, você bateu com a cabeça feio no chão.
- E eu repito: e você não me levou para o hospital? – Comentei, me sentando na cama. – Que porra tá acontecendo? – Respirei fundo.
- Você desmaiou quando eu te contei...
- Ah, meu Deus! Então, é verdade, você realmente engravidou...
- Xí! – Ele reclamou e a porta foi aberta.
- Ah, Mike, finalmente o Mack conseguiu te acordar, é?! – Minha mãe falou. – Jantar está na mesa, venham comer! – Ela disse e puxou a porta novamente.
- Você não contou para ela? – Falei em um sussurro forte, dando vários tapas em seu braço, corpo, rosto, aonde quer que eu acertava. – E você ainda me colocou na cama e falou que eu estava dormindo? – Continuei batendo. – Você é mesmo um idiota, Mackenzie! – Respirei fundo.
- Dá para você me xingar e me bater depois? Você ouviu o que eu falei? Delilah vai ter um filho meu, Mike! Eu vou ser pai e eu só tenho 15 anos.
- Transou com ela porque quis. – Falei firme. – Quando se transa essas coisas podem acontecer! – Falávamos sussurrado.
- A gente usou proteção! – Respirei fundo, colocando as mãos nas têmporas.
- A camisinha não é 100 por cento garantia, seu idiota! Você é muito novo para ser pai! – Respirei fundo.
- E você acha que eu não sei? – Respirei fundo.
- E o que você fez quando ela te contou?
- Eu travei, igual você, a diferença é que eu não caí igual um...
- Mackenzie! – Falei firme.
- Eu travei e ela foi embora, disse para eu ligar para ela se tivesse algum interesse em ajudar com essa criança!
- Ah, mas você é um idiota! – Dei mais alguns tapas nele. – Ela também está assustada, seu idiota, pior que ela não vai poder esconder isso, porque vai estar escondido embaixo da blusa dela! – Dei um tapa forte em seu rosto, vendo-o se assustar.
- Você não está ajudando! – Ele falou.
- Eu não ligo, Mack! Queira ou não queira, você não vai deixar a Delilah sozinha nessa! – Falei firme. – Vocês brigam mais que gato e sapato e agora vão encarar essa juntos, o filho também é teu! – Ele respirou fundo. – Você vai contar para nossos pais isso, ouvir todos os xingamentos possíveis na boa, aceitar os castigos e encontrar Delilah o mais rápido possível para dizer que ela não está sozinha nessa, me entendeu? – Ele afirmou com a cabeça. – Depois você vai sair pela cidade e procurar um emprego para começar a juntar dinheiro para bancar essa criança. Esqueça faculdade, esqueça festas, esqueça qualquer plano que você tenha, Delilah e essa criança dependem de você. – Ele respirou fundo, soltando o ar pela boca.
- Ok! – Ele disse. – Eu vou fazer tudo isso, eu vou apoiá-la, eu vou ser presente, eu e ela vamos aguentar essa barra juntos. – Assenti com a cabeça, dando alguns tapinhas em seus ombros.
- Agora vamos, vamos contar para mamãe. – Me levantei com a cabeça pesando uma tonelada.
- Precisa ser hoje? – Ele perguntou.
- Precisa! – Falei firme e ele respirou fundo.
Saímos do quarto e seguimos para a cozinha, aonde uma travessa de lasanha borbulhava em cima da mesa, eu e Mack nos sentamos lado a lado e eu o encarei, assentindo com a cabeça, dando a deixa que era para ele falar.
- Mãe, pai, preciso contar um negócio para vocês! – Ele falou enquanto eu me servia.
- O que aconteceu, filho? – Meu pai perguntou e ambos olharam para Mack que travou.
- Vai, cara! Força! – Falei, também olhando para ele.
- Eu não vou enrolar, vou falar tudo de cara.
- Isso é enrolar, querido! – Minha mãe falou e eu sorri.
- Eu engravidei a Delilah! – Ele falou e meus pais travaram, me fazendo respirar fundo.
- Eu vou deixar vocês três conversarem! – Peguei meu prato e talheres e saí dali.
Me sentei no sofá da sala e só ouvia os gritos e brigas vindo lá da cozinha. Mack estava travado, eu sabia que ele não havia feito intencional, mas era algo sério, uma menina de 17 anos estava grávida e ele teria que lidar com isso agora. Se eu soubesse na época que a criança que viria seria Melanie, eu teria ficado muito mais tranquilo, ela é a pessoa mais responsável que eu conheço na vida, mas, mesmo assim, o baque foi feio.
Depois que a briga cessou, Mack e minha mãe choraram, os três pegaram o carro e foram direto para casa de Delilah. Afinal, as coisas precisavam ser resolvidas, mas o que realmente foi resolvido vocês vão ter que ler no conto do Mack.”

“Nove meses depois a linda Melanie nasceu. Ela não deu nenhum trabalho para nascer, tirando surpresa de todos os membros do hospital pela idade dos pais. E eu e Lacey fomos os primeiros a conhecê-la.
Claro que eu simplesmente pulei esses nove meses, porque não é minha parte da história, apesar de eu ser o melhor gêmeo, minha história é bem mais calma que a dele, mas saibam que foi muito regada a gritos, brigas constantes e muita dor de cabeça!
Mack começou a trabalhar em uma loja de materiais de construção após a aula e começou a juntar o dinheiro para ajudar Delilah com os gastos, desde os gastos médicos, até com as coisas do bebê. Delilah começou a trabalhar na sorveteria, mas só até os sete meses, que foi quando as coisas começaram a ficar mais críticas. Eles decidiram não morar juntos e nem se casar por agora, afinal, se eles já se matavam sozinhos, imagina com um bebê por perto? Causaria a terceira guerra mundial! E naquela época, eu não sabia que eles se gostavam realmente, achava que era só paixão.
Depois do susto, foi só felicidade e piadas, afinal, Mack ainda era uma criança e cuidar de uma criança não era exatamente fácil. Eu e Lacey estávamos muito animados, afinal seríamos tios babões, além de poder ajudar a brincar com esse pacotinho de gente que estava a caminho.
Melanie chegou no dia com mais neve que Baraboo já viu, próximo a hora do almoço. Imagina a correria naquela escola por causa de um bebê de um aluno do primeiro ano do ensino médio? Ah, foi uma loucura.
- Com licença, professora! – A coordenadora bateu à porta e a professora parou de falar de ligações covalentes.
- Claro! – Ela deu espaço.
- Mackenzie Derrick? – Mack ergueu a cabeça de qualquer desenho que ele estava fazendo na carteira e olhou para a coordenadora.
- Sim? – Ele reagiu.
- Sua mãe acabou de ligar, sua filha está nascendo agora. – Arregalei os olhos.
- O quê? – Ele gritou e eu levantei junto.
- Vocês estão liberados para ir. – Ela disse e eu e Mack começamos a organizar nossas coisas correndo, enfiando materiais e cadernos dentro da mochila.
- Vai lá, Mack! – Os garotos da sala começaram a gritar. Todo mundo sabia da gravidez, além de que depois dos quatro meses foi difícil de Lilah esconder embaixo da roupa. Ela ainda era dois anos mais velha que a gente, então as coisas correram soltas rapidinho.
- Posso ir também? – Lacey perguntou. – Eu sou a tia. – Rimos juntos.
- Vai, vai! – A professora falou rindo. – Deem notícias!
- Valeu! – Mack disse e eu o empurrei para fora, pelos corredores da escola.
- Como que a gente vai até lá? – Lacey perguntou.
- Bicicletas, é só o que a gente tem! – Falei e nos entreolhamos, correndo para os arames em que as bicicletas estavam e tiramos os cadeados.
Mack foi correndo na frente e Lacey foi em pé atrás de mim, segurando firme em meus ombros. Chegamos ao hospital em cerca de 20 minutos e vivos, a ladeira que dava para o hospital podia ser mortal, mas soubemos lidar com ela há alguns anos. Largamos as bicicletas na entrada do hospital e Mack logo chegou gritando querendo saber sobre Delilah.
- Filho! – Meu pai estava na sala de espera. – Venha! Estavam esperando você! – Ele o segurou pelos ombros.
- Eu não sei se aguento, pai.
- Aguenta sim, por Delilah! Por tudo que passaram esses meses. – Ele sacudiu os ombros de Mack. – Vai, sua mãe está lá dentro com a de Delilah. – Mack assentiu com a cabeça um tanto travado e entrou.
- E nós? – Perguntei, vendo meu pai se sentar novamente.
- A gente espera! – Me sentei no sofá vago ao seu lado e respirei fundo, vendo Lacey se sentar ao meu lado e segurar minha mão.
- Vai dar tudo certo! – Ela sussurrou e eu assenti com a cabeça.
Esperamos uma, duas, três horas, até que Mack aparecesse correndo pelo corredor como se, de repente, aquela fosse a maior felicidade do mundo e ele não estivesse louco surtando pelos últimos meses.
- Nasceu! – Ouvi um grito ecoando pelo longo corredor do hospital, distraindo a mim e a outras pessoas na sala de espera, me fazendo levantar. – Nasceu! – Vi seus cabelos escondidos embaixo da touca do hospital e ele pular em meu colo, gritando. – Nasceu, maninho! – Ele voltou para o chão, me fazendo rir.
- Como ela é? – Perguntei.
- Ela é linda, tão gordinha! – Rimos juntos. – Tão pequena, parece uma bonequinha!
- Parabéns, filho! – Meu pai falou. – Agora faça a coisa certa!
- Parabéns, cunhado! – Lacey disse, abraçando-o rapidinho.
- Eu preciso voltar, já chamo para vocês verem ela! – Ele falou e saiu correndo de novo.
- Ah, graças a Deus! – Meu pai falou e eu abracei Lacey de lado, com um sorriso no rosto.
- Não acredito que eu já sou tio. – Comentei e ela sorriu.
- Imagina que ele, com a mesma idade que a gente, já é pai. – Suspiramos.
- Nem fala! – Meu pai falou e rimos juntos.
Demorou mais uma hora mais ou menos para que eu e Lacey pudéssemos conhecer minha sobrinha. Meu pai foi chamado primeiro para vê-la junto de minha mãe e a mãe de Delilah que estavam lá dentro, depois os pais saíram e nós pudemos entrar.
- Oi! – Empurrei a porta devagar, vendo Mack e Delilah observando o pequeno pacote rosa em seus braços.
- Entra, gente! – Mack se levantou, dando espaço para nós dois e foi muito estranho olhar para aqueles três, eles eram muito novos na época.
- Viemos conhecer a Melanie! – Lacey falou e eu fechei a porta atrás da gente.
- Venham, venham! – Delilah disse e me aproximei dela, vendo o bebê cabeludo em seus braços dormindo. – Segura ela!
- Eu não sei se...
- Não precisa ter medo, Mike! – Lilah disse e eu ri, pegando o bebê em seus braços devagar e ajeitando-a em meu braço. Eu não tinha experiência nenhuma com bebês, tirando a irmã de oito anos de Lacey.
- Ela é linda demais! – Lacey comentou e eu sorri, vendo os lábios da bebê se movimentar lentamente, como se ela estivesse acordando.
- Apesar de tudo, parabéns, gente! – Falei e eles sorriram, dando as mãos.
- Como vocês farão agora? – Lacey perguntou.
- Vamos continuar da mesma forma, vamos devagar. – Delilah respondeu e eu assenti com a cabeça, colocando Melanie no colo de Lacey.
- Nós gostaríamos de perguntar algo para vocês! – Mack falou e eu desviei o olhar do bebê para eles.
- O quê? – Perguntei.
- Como sabem, eu não tenho irmãos, e sabemos que agora que vocês estão juntos, ficarão pelo resto da vida. – Eu e Lacey rimos juntos. – Então, gostaríamos de convidar vocês de serem os padrinhos de Melanie! – Abri os lábios, sentindo meus olhos encherem de lágrimas.
- Ah, gente! – Falei com a voz afinada e Mack riu.
- Mas é claro que sim! – Lacey se adiantou, me fazendo rir.
- Nós vamos cuidar bem da sua pequena. – Eles sorriram e olhei novamente para Melanie, vendo seus olhos escuros abertos, ainda sonolentos.”

“Bem, até o fim do primeiro ano, as coisas não mudaram muito. Acho que o nascimento de Melanie foi a maior emoção que Baraboo teve durante muito tempo. Depois do susto, ela foi bem recebida, todos nossos amigos gostavam dela, brincavam com ela e faziam questão de tê-la em toda reunião que tinha. Foi legal, mas Mack e Delilah ainda brigavam como cão e gato, algo que não mudou até hoje, então isso era meio aleatório.
Agora voltamos para o que importa: minha vida. No começo do segundo ano, meu professor de violão veio com uma sugestão que eu não podia negar, mas que ia ao contrário do que eu tinha planejado inicialmente.
- Pode ficar mais alguns minutos, Michael? – O professor perguntou e eu terminei de guardar o violão no case e me levantei novamente, colocando o case em uma das cadeiras da sala.
- Claro! – Fiquei ao seu lado e ele me estendeu um papel.
- O estado de Wisconsin vai fazer uma competição de música em Madison. Dança e música, gostaríamos de te convidar para participar.
- Uau! – Falei empolgado. – Isso é demais. Claro que eu aceito! O que eu preciso fazer?
- Bom, como você é menor de idade, você precisa de autorização dos seus pais, depois a gente conversa sobre o resto, mas a prefeitura vai arcar com todos os custos de transporte e hospedagem. – Assenti com a cabeça.
- Eu posso ganhar alguma coisa nisso? - Perguntei.
- Tem vários prêmios, dinheiro, contrato com gravadora, apoio para turnês no país, enfim, são vários prêmios, para diversas categorias, mas eu pessoalmente acho um grande aprendizado, principalmente para você que começou faz poucos anos.
- Isso é muito legal, eu nunca participei de nada antes. – Rimos juntos.
- Ao longo das próximas aulas, vamos preparar algumas apresentações para você. Serão três fases, então precisamos ter músicas preparadas para todas elas, caso você passe por todas.
- Combinado! – Falei animado.
- Se quiser procurar por músicas que você queira, traga para a próxima aula.
- Combinado, senhor Jones! Vai ser legal! – Sorrimos juntos e ele assentiu com a cabeça. – Até a próxima aula.
- Até mais! – Ele falou sorrindo.”

“Bom, vamos dar uma acelerada na história e já falar de cara que eu não passei nem pela primeira fase da competição. Pelo contrário, foi muito legal, conheci várias pessoas sensacionais, fiquei quatro dias só focado na música, pareceu muito os acampamentos que eu ia quando criança. Naquela competição eu percebi que queria fazer carreira na música, mas inicialmente eu nem pensava em fazer parte de uma banda no calibre de Stone. Aquilo era ainda muito distante para mim.
Mas um cara começou a fazer com que esse sonho realmente se tornasse real.
- Senhor Derrick? – Ele perguntou e eu o olhei.
- Sim? – Perguntei.
- Eu sou Ryan Harris, responsável pela franquia de pubs “Two pour Two”. – Assenti com a cabeça.
- Ah, já ouvi falar. – Falei animado. – Eles são responsáveis pelas músicas na franquia do Hard Rock Café, não?
- Sim, exatamente. – Ele sorriu. – Nós cuidamos dos palcos do Hard Rock.
- Legal! – Sorri.
- Bom, senhor Derrick, eu gostei muito da sua apresentação, acho que combina muito com a vibe do Hard Rock, então se você tiver interesse, gostaríamos de fechar um contrato para você cantar em nossos bares pelo país. – Arregalei os olhos. – Você vai receber por cada apresentação e podemos te ajudar com viagem e hospedagem, quem sabe não dá certo para uma carreira no futuro?
- Nossa, obrigado! – Sorri. – Eu posso te dar um retorno? Eu vou encontrar meus pais e converso sobre isso com eles.
- Claro! – Ele me estendeu um cartão. – Espero notícias suas em breve! – Sorri, vendo seus contatos e respirando fundo.
Aquela foi a minha primeira oportunidade real na vida, eu estava muito empolgado. Mas claro que eu tinha algumas pendências pelo caminho, primeiro que eu só tinha 16 anos. Depois que tinha Lacey na jogada, além de ser tudo muito novo e complexo para mim.”

“Minha família aceitou de boa, a única preocupação da minha mãe era sobre eu finalizar meus estudos, mas vamos ser honestos que eu não estava pensando nisso naquele momento. Agora com Lacey a reação foi um pouco melhor que o esperado.
- Eu acho que você tem que ir, Mike! – Ela falou e eu arregalei os olhos.
- Fácil assim? – Ela riu fracamente, segurando minhas mãos.
- A gente ficou um bom tempo separados, mas você acabou se encontrando na música, então eu não posso pedir para você desistir disso. – Ela suspirou. – Você não comenta, mas eu sei que quer seguir carreira nisso, e não do jeito convencional. – Rimos juntos.
- Mas e a gente? – Ela sorriu, colando seus lábios nos meus rapidamente.
- Nós continuaremos sendo Lacey e Mike. – Ela deu de ombros. – Eu estarei aqui quando você voltar e tentarei te encontrar em algumas apresentações. – Assenti com a cabeça, apertando-a fortemente em meus braços. – A gente vai fazer dar certo. – Confirmei, distribuindo vários beijos pelo seu rosto.
- Eu te amo muito, Lacey! Muito e muito! – Ela ria com cada beijo que eu dava em seu rosto.
- Eu também, Mike. Eu também! – Apertei-a em meus braços, sorrindo.
Eu vou me manter sutil como e Jack e só passar rapidamente falando que naquela noite eu e Lacey tivemos nossa primeira vez. é mais da que beija e conta, eu prefiro ficar mais na minha.”

- Isso é beijar e contar, Michael! – falou e eu empurrei-a com os ombros, fazendo-a rir.
- Xí! Continua! – Ela revirou os olhos e voltou a ler.

“Minha primeira vez com Lacey e ela me liberar para fazer essa pequena turnê, foi a comprovação que ela era minha garota perfeita. O amor da minha vida e tudo mais que poderia vir por aí. Ela era perfeita e ninguém a tiraria de mim. Claro que eu esperava que isso incluísse o destino, mas ela era muito boa para mim.
Primeiro eu achava que daria para conciliar a escola e a turnê, tivemos aquelas duas semanas de recesso no fim do ano, mas eu estava redondamente enganado. Eu ficava uma semana tocando em cada Hard Rock, de terça a domingo, então eu mal tinha tempo para fazer minhas coisas. Ocasionalmente eu acabei largando a escola, eu até conseguia estudar a tarde, mas em um momento eu percebi que não queria mais aquilo para mim, então, para que insistir?
Isso aconteceu quase durante os seis meses que faltaram para eu me formar, não estava nos meus planos voltar, principalmente porque eu já estava em Utha na minha turnê, mais duas semanas e eu chegava na Califórnia, mas meu irmão me fez um apelo.
- Fala aí, mano! – Ele falou alto e eu ri, colocando a mão no ouvido.
- Ei! Como você está? E Melanie? Lilah? Mãe? Pai? Lacey? – Falei rapidamente e ele gargalhou.
- Calma, garoto! Relaxa! – Rimos juntos. - Aonde você está? - Ele perguntou.
- Estou em Salt Lake City, meu show começa em uns 30 minutos.
- Ah, que bom, irmão! E tá se divertindo?
- Ah, é demais, né?! – Rimos juntos. – Qual o motivo da ligação a essa hora?
- Então, é sobre Lacey... – Franzi a testa.
- Aconteceu alguma coisa? – Perguntei rapidamente.
- Hoje entregaram os convites da formatura, cara. Ela não falou nada quando veio jantar aqui hoje, mas ela está sentida que você não vai com ela. – Respirei fundo.
- Eu falei com ela hoje e ela não me disse nada.
- Ela não quer que você se sinta obrigado em voltar. – Suspirei, me sentando na bancada do bar.
- Mas o que eu faço, Mack? Não posso deixar ela ir sozinha.
- Você não consegue uma folga? Vai ser num sábado, daqui duas semanas!
- Daqui duas semanas é meu show em Los Angeles, espero conseguir alguma coisa lá. – Mack suspirou.
- Mano, eu sei que você realmente quer seguir carreira nesse mundo, mas é a Lacey, cara. É a sua menina, ela deixou você ir, e eu sei que mesmo se tudo der errado, ela ainda vai estar aqui para te apoiar. – Suspirei.
- Eu sei! – Respirei fundo. – Eu vou falar com o senhor Harris e te dou um retorno, pode ser?
- Claro! Tomara que dê certo, podemos preparar uma surpresa para ela.
- Pode deixar, maninho! Vou ver o que dá para fazer. – Suspirei.”

“E não é que deu certo? Senhor Harris achou até surpreendente por eu pedir somente um dia de folga para ir atrás de minha namorada. Como seriam duas semanas em Los Angeles e o contrato da turnê terminaria ali, ele deixou eu fugir para Wisconsin de novo para surpreender minha namorada em sua formatura, mas eu tive que pagar a passagem e não foi exatamente barato, mas ok, eu estava com uma graninha boa dos shows, valeria à pena.
- Você está atrasado! – Mack pulou a murada da formatura e o olhei com seu terno.
- Tá bonito, hein?! – O zoei e ele riu, revirando os olhos.
- Tu não podia ter pelo menos trocado de roupa? – Observei minha jaqueta de couro e camiseta do Aerosmith.
- Eu acabei de chegar! – Quis pegá-lo pelo pescoço. – Não deu tempo de eu tomar banho, Mackenzie.
- Ok, vamos lá. Está quase na hora de coroar o rei e a rainha do baile.
- Ela está concorrendo?
- Depois da bunda para o vento no primeiro ano? Mas é claro que sim, né?! – Franzi a testa. – Mas não importa, vamos logo. – Ele me puxou pela gola da jaqueta e entramos na escola, ouvindo o barulho alto da banda que tocava. – Ela está de azul. – Ele cochichou e entramos na quadra da escola, onde acontecia o baile.
Engoli em seco ao olhar todas os casais dançando na pista alguma música lenta. Era Take My Breath Away do Berlin. Os casais se formavam aos poucos e os solteiros se afastavam da pista de dança, sentando nas arquibancadas.
- Ali! – Ele apontou para a minha loira e eu abri um largo sorriso.
Ela estava com um curto vestido azul, os cabelos presos em um rabo de cavalo com alguns fios soltos na testa e um pequeno salto, com esse pouco ela já deveria ficar mais alta do que eu. A vi conversar com algumas amigas próximo à arquibancada do lado direito e me aproximei dela, dando uma ajeitada na jaqueta e soltando os braços, fazia mais de seis meses que eu não a via.
- Lacey! – Falei um pouco mais alto que a música e ela se virou para mim.
- Mike? – Ela soltou um grito e pulou em meus braços, me fazendo-a apertar fortemente.
- Ah, como eu senti sua falta! – Suspirei, sentindo-a me apertar fortemente.
- Você está aqui! Você está aqui! – Ela falava repetidamente, dando vários beijos em meu rosto, me fazendo gargalhar.
- Surpresa? – Brinquei e ela riu, colocando os pés no chão novamente e ajeitando o vestido.
- Uma bela surpresa! – Ela sorriu. – O que você está fazendo aqui? – Ela gritou em meu ouvido e eu ri.
- Eu precisava ver minha garota. – Falei acariciando seu rosto devagar e ela colou os lábios nos meus fortemente, me fazendo suspirar.
- Eu te amo, eu te amo! – Ela cochichou contra meus lábios e eu a abracei fortemente, sentindo-a suspirar contra meu pescoço.
- Through the hourglass I saw you in time you slipped away. When the mirror crashed I called you and turned to hear you say. If only for today, I am unafraid. Take my breath away, take my breath away. – Comecei a cochichar a música em seu ouvido, começando a girar com ela lentamente pelo salão. - Watching every motion in this foolish lover's game. Haunted by the notion somewhere there's a love in flames. Turning and returning to some secret place inside. Watching in slow motion as you turn my way and say...
- Você só tem shows na Califórnia agora, não é? – Ergui o rosto com a sua voz.
- Sim, só mais duas semanas. – Falei para ela.
- E o que você vai fazer depois disso? – Franzi os lábios.
- Eu não sei, acho que eu vou voltar para cá.
- Por quê? – Ela perguntou. – Você estará na Califórnia, em Los Angeles, você pode tentar alguma coisa lá.
- Você acha?
- Ué, você já tem um contrato com o cara do Hard Rock Café, por que não continuar? Eu sei que você gosta disso, vai atrás. Além de que apresentações no Hard Rock pode ser algo bem bacana para o seu currículo. – Assenti com a cabeça.
- Eu vou atrás, prometo! – Dei um rápido selinho em seus lábios. – Eu te amo, ok?!
- Eu também te amo, Michael! – Sorri. – Para sempre.”

“E foi isso que eu fiz, gravei várias demos e saí distribuindo igual louco por todas as gravadoras de Los Angeles durante aquelas duas semanas que eu estava lá. Bem, eu acho que se Lacey mandasse eu pular da ponte, eu o faria. Aquela mulher sabe o que é importante da minha vida e eu devo cada acontecimento da minha vida e da minha carreira a ela.
Enfim, em uma das minhas entregas de demo, a assistente não só pegou o CD e sumiu por aí, ela realmente poderia me oferecer alguma coisa.
- Teremos um teste para guitarristas e bateristas para uma nova banda que a Virgin está montando na sexta-feira, você teria interesse em participar? – Arregalei os olhos.
- Nossa, sim! Claro! – Falei animado e ela me entregou um formulário para preencher.
- Os testes começam às sete horas, certifique-se que você terá o dia inteiro livre, não posso falar que horas você será atendido. – Assenti com a cabeça, preenchendo os espaços.
- Até que horas você acha que vai mais ou menos? - Perguntei.
- Normalmente vão até umas oito da noite. – Assenti com a cabeça, devolvendo o formulário.
- Ok, obrigado! – Daria certinho para eu fazer o show no Hard Rock mais tarde.
Assim que eu cheguei no hotel, a primeira coisa que eu fiz ligar para Lacey. Podia não dar em nada, mas era uma oportunidade com uma das maiores gravadoras do mundo: Virgin Records. Eu só precisava escolher uma música sensacional, treinar bastante que poderia dar em alguma coisa. Era só torcer.
- Mas isso é ótimo, Mike! – Ela falou animada. – Ah, vai dar tudo certo, você vai ver.
- Ah, Deus te ouça, Lacey, eu estou muito nervoso, confesso! – Ela riu fracamente.
- Não precisa se preocupar, meu amor. Você vai arrasar. – Suspirei.
- Por que você não vem me ver? Posso te levar para conhecer Los Angeles e você já aproveita suas férias antes da faculdade.
- Quando que vai ser? Uma passagem de avião agora é muito caro.
- Vai ser sexta-feira, se você quiser, dá para vir de ônibus, sei que são alguns dias de viagem, mas sai mais barato. – Ela riu fracamente.
- Eu vou ver sim, desligando aqui eu vou para a rodoviária ver passagens, vamos fazer dar certo, amor!
- Ok, eu te ligo amanhã pela manhã para ver o que você decidiu, pode ser?
- Combinado! – Ela disse. – Boa noite, amo você. Bom show hoje!
- Obrigado! Amo você também! – Falei e desliguei a ligação. “

“Lacey chegou quinta-feira à noite e me acompanhou no teste na sexta-feira de manhã. Eu tentei me arrumar muito bem, jeans, blusa social de meia manga e sapatênis nos pés. Como o teste começava as oito, optei por chegar pouco depois das seis para ver se eu adiantava um pouco a fila, e eu consegui. Eu era o décimo primeiro da fila. Ficou eu e Lacey sentados na rua, pouco antes do elevador da gravadora, esperando a gravadora abrir.
Quando deu oito horas, a gravadora abriu e a fila começou a ser feita lá em cima. Eu e os outros candidatos, homens e mulheres de todas as idades, dedilhávamos em nossos instrumentos ou batucávamos no chão com suas baquetas. Uma equipe de dois produtores começou a chamar um por um e a fila atrás de mim só aumentava.
- Michael Derrick. – Me chamaram lá pelas dez da manhã.
- Boa sorte! – Lacey disse e eu me levantei com meu violão, seguindo para dentro da sala.
- Por favor! – O mais gordo indicou um banco no centro da sala e eu me sentei com ele.
- Olá, senhor Derrick, eu sou Brent, esse é Brandon, somos produtores aqui da gravadora e estamos buscando novas caras para o novo banco de dados e para uma nova banda que está em formação.
- Legal! – Falei sorrindo.
- Vejo na sua ficha que você toca violão e canta também, certo?
- Sim! – Sorri.
- Você colocou que está fazendo turnê por Hard Rocks Café ao redor do país, certo?
- Sim, já faz uns oito meses. – Eles assentiram com a cabeça.
- Bom, o espaço é seu, fique à vontade. – Brent falou e eu respirei fundo, começando a dedilhar uma das músicas que eu tocava no meu show nos bares do Hard Rock Café.
- It's all the same, only the names will change. Everyday, it seems we're wastin' away. – Comecei devagar no violão. - Another place where the faces are so cold, I drive all night just to get back home. – Respirei devagar. - I'm a cowboy, on a steel horse I ride, I'm wanted dead or alive. Wanted dead or alive. – Não me atrevia a ver a feição dos produtores, tentei me ater à música. - Sometimes I sleep, sometimes it's not for days. The people I meet always go their separate ways. Sometimes you tell the day by the bottle that you drink, and times when you're all alone all you do is think. – Suspirei. - I'm a cowboy, on a steel horse I ride, I'm wanted dead or alive, wanted dead or alive...
- Ótimo! – Brandon falou aplaudindo. – Você tem uma voz cativante, garoto. E tem muita técnica para tocar. – Assenti com a cabeça.
- Obrigado! – Sorri, e eles se viraram entre si.
- Creio que gostará dele. – O mais magro falou e eu engoli em seco.
- Podemos mostrá-lo para Jessica antes. – O outro falou e eles assentiram com a cabeça.
- Senhor Derrick, você pode ficar para um segundo teste mais tarde? Para fazer uma apresentação para uma das empresárias da gravadora e ela dará o aval final.
- Claro! Sem problemas! – Sorri.
- Será lá pela hora do almoço, tudo bem?
- Claro, sem problemas! – Sorri e eles assentiram com a cabeça, peguei meu violão e saí da sala novamente, encontrando Lacey ali.
- E aí, como foi?
- Eles querem que eu faça outro teste para a empresária da gravadora.
- Ah, aí sim! – Ela me abraçou apertado. – Força, meu amor, vai dar certo.
- Tomara! – Suspirei.”

“Mais tarde, naquele mesmo dia foi quando meu destino foi traçado. Um tanto dramático dizer, mas se pensar de onde viemos e onde estamos hoje, cara, muita coisa mudou e eu devo tudo à , cada show, cada música, cada prêmio, cada lembrança, até a pedir minha esposa em casamento e meu filho, tudo eu devo àquela garota espoleta e confiante que eu conheci naquele dia.
- Senhor Michael Derrick? – Uma loira me perguntou quase duas da tarde.
- Sou eu! – Me levantei rapidamente e Lacey só me deu aquele olhar de confiança e eu entrei na sala novamente, encontrando Brandon, Brent e agora essa nova mulher.
- Pode se sentar! – Ela falou se sentando no centro dos dois. – Eu sou Jessica Stone, senhor Derrick. Eu sou uma das diversas empresárias aqui da Virgin Records. – Assenti com a cabeça. – Então, você veio para essa audição separada, pois nosso pessoal realmente gostou de você e porque também estamos procurando para uma banda que será anunciada em algumas semanas e estamos meio atrasados com isso. – Jessica falou e assenti com a cabeça. – E queremos ver se você é qualificado para fazer parte dessa banda.
- Tudo bem. – Falei, abrindo um largo sorriso.
- Vamos do começo, então. – Brandon falou. – Se apresente, por favor.
- Meu nome é Michael Derrick, gosto que me chamem de Mike. Eu tenho 18 anos, sou de uma pequena cidade chamada Baraboo, do estado de Winsconsin. Aprendi a tocar violão e guitarra com meu pai, quando eu tinha 11 anos e realmente gostei disso e vi que eu era bom no que fazia. – Apoiei a mão no violão. – Com o tempo eu comecei a cantar também, mas meu foco sempre foi o violão. – Vi que a loira afirmou com a cabeça. – Eu ando o país tocando em alguns barzinhos.
- Vida pessoal? – Brandon perguntou.
- Minha mãe chama Amy, meu pai Nathan, tenho um irmão que chama Mackenzie. – Falei. – E namoro há três anos. – Assenti com a cabeça.
- Vamos ouvir você tocar, então. – Ouvi a voz de Brent e respirei fundo.
- Vou tocar Here Without You do 3 Doors Down. – Falei e soltei a respiração devagar.
- Quando quiser. – Jessica falou e comecei a dedilhar a música no violão e dando uma pigarreada antes de começar.
- A hundred days have made me older, since the last time that I saw your pretty face. – Deixei minha voz fluir devagar. – A thousand lies have made me colder. – Forçava a última palavra. – And I don’t think I can look at this the same. – Olhava para as cordas se mexendo em meus dedos. – But all the miles that separate. – Suspirei. – They disappear now when I’m dreaming of your face. – Abri um pequeno sorriso, me lembrando de Lacey nesse momento. – I’m here without you baby, but you’re still on my lonely mind. – Parei as cordas por um momento. – I think about you baby, and I dream about you all the time. – Observei de canto de olho outra pessoa entrar na sala. – I’m here without you baby, but you’re still with me in my dreams. – Suspirei, voltando a olhar para o violão. – And tonight, it’s only you and me, yeah. – Finalizei, continuando a passar os dedos na corda.
- Sim! – Ouvi, erguendo o rosto para a figura mais ou menos da minha idade que entrou na sala mais tarde. – Ele está dentro. – Arregalei os olhos.
- Mesmo? – Perguntei junto do produtor mais magro.
- Tem certeza, ? – Jessica perguntou e percebi que essa era a que falaram no primeiro teste. Ela era bonita, uma beleza comum, nada muito extraordinário, mas, com certeza, ela era mais alta que eu e Lacey.
- Com toda certeza! – Ela disse animada. – Ele é demais!
- Você ouviu sua chefe, Mike. – Jessica se virou para mim que deveria ter um sorriso bobo no rosto. – Essa é , Mike, a cantora principal da banda. – Me levantei, abaixando o violão.
- Oh, meu Deus, muito obrigado! – Falei, esticando a mão para mim e eu a cumprimentei, rindo sozinha. – Você não vai se arrepender.
- Eu sei que não! – Ela disse sorrindo.
- Minha namorada não vai acreditar nisso. – Falei um tanto por impulso.
- Ela está aqui? – perguntou e afirmei com a cabeça.
- Sim, ela ficou lá fora. – Falei rapidamente.
- Vamos conhecê-la, então. Eles têm que preparar seu contrato ainda. – Abri um sorriso mais largo ainda e percebi que todos sorriam para ela enquanto saíamos da sala.
- Lacey! – Gritei, encontrando Lacey me esperando em pé no centro da sala. – Eu consegui! – Falei e ela abriu um largo sorriso surpresa e eu soltei uma risada animada, vendo que todos riam de mim.
- Mesmo? – Ela perguntou e se aproximou de nós.
- Sim, eu estou na banda dela! – Falei, apontando para . – Vai ser lançada em breve.
- Obrigada por dar uma chance a ele, ele quer isso faz tempo. – Ela falou e apertou sua mão rindo.
- Por favor, gente, não me tratem como se eu fosse grande coisa, eu tenho a idade de vocês. – Ela falou e nós rimos.
- Desculpa, mas isso é incrível. – Falei e riu.
- Bem, eu não sei se tenho mais compromissos para hoje, mas caso não, eu vou ligar para Jack, ele é um dos meus backing vocal. – Ela falou. – A gente marca de jantar juntos, que tal? Vocês aproveitam e se conhecem. – Afirmei com a cabeça.
- Vai ser legal! – Sorri, abraçando Lacey de lado.
- ! – Viramos o rosto, vendo Brandon na porta de uma sala. – Venham aqui, os dois, vamos resolver isso! – Ele falou baixo e fez um movimento com a cabeça nos chamando e eu a segui de mãos dadas com Lacey.
Bom, depois daí você pode imaginar mais ou menos como aconteceu, nada muito diferente do que houve com . Me sugeriram um contrato bem parecido com o de , com algumas diferenças, já que inicialmente seríamos somente sua banda de apoio, mais para frente que acabamos virando mais uma banda do que uma cantora solo. Me deram o contato de Jeffrey White para eu conferir com ele alguns trâmites do contrato e no começo da próxima semana eu já era um contratado da Virgin Records.
- Bom, Mike, eu vou te levar para conhecer seu novo apartamento. – Jessica falou e eu arregalei os olhos.
- Apartamento?
- Você é um contratado da Virgin agora. – sorriu e eu ri fracamente. - Eu tenho alguns compromissos agora, a gente se vê mais tarde? – Ela perguntou.
- Claro! – Eu e Lacey sorrimos.
- Prazer conhecer vocês! – Ela falou e seguiu com Brandon para dentro de uma sala.”

“- Não posso acreditar que você conseguiu, meu amor! – Lacey segurou meu rosto com as mãos e eu ri fracamente, sentindo-a beijar meus lábios diversas vezes.
- Não é uma carreira solo, mas essa parece ser legal, tomara que dê certo. Já é um começo.
- Claro que é, meu amor! – Sorrimos. – É a Virgin Records, é a maior gravadora do mundo. – Assenti com a cabeça. – Imagina ela fazendo sucesso daqui alguns anos? Com uma banda completa? E você no meio? Além de que você é supertalentoso, eu já vi seus esboços no seu caderno, dá músicas maravilhosas. – Fiquei vermelho.
- Você viu, é?! – Ela riu fracamente.
- Sim, investe! Vai que suas músicas ficam famosas? – Ri fracamente.
- Vamos devagar, Lacey. Tem muita coisa pelo caminho ainda. Mas é um começo.
- É um começo. – Ela sorriu e eu suspirei.
- Fica comigo! – Falei. – Podemos morar juntos aqui em L.A. e você estudar aqui. – Ela riu fracamente.
- Não, meu amor. Eu vou para Madison mesmo, fazer recursos humanos, mas eu vou te acompanhar em cada show, cada momento, tudo o que você conquistar. – Suspirei.
- Por quê? – Perguntei.
- Porque eu confio em você. – Ela deu de ombros. – Além de que você precisa viver sua vida e eu preciso viver a minha. – Ela sorriu. – Nos encontraremos no meio do caminho. – Rimos fracamente.
- Eu te amo muito, Lacey Marks. Muito! – Ri fracamente.
- Eu também, senhor Derrick. Muito! – Sorrimos juntos e ela colou os lábios nos meus novamente.
- Michael, vamos lá? – Jessica perguntou e eu assenti com a cabeça, dando as mãos para Lacey e seguimos junto de Jessica para o elevador, sentindo Lacey apertar meu braço quando as portas se fecharam. “

- Ah, que coisa mais lindinha, senhor Derrick! – falou quando chegou ao final e eu ri fracamente, apoiando os braços na poltrona.
- O que você achou?
- Eu acho que você e Lacey são o casal mais fofo desse mundo.
- Comparado com você e ? – Ri fracamente.
- Ei, não demorou uns 10 anos para me pedir em casamento.
- Mas demorou logo 13 só para começar a namorar. – Ela revirou os olhos.
- Isso eu conto na minha história, você cuida da sua. – Rimos juntos.
- Está ótimo, Mike. Realmente dá para perceber que Lacey e a música sempre foram sua vida. – Sorri, assentindo com a cabeça. – Além de que essa história explica um pouco como você consegue ser tão romântico nas músicas.
- Obrigado, muito obrigado! – Rimos juntos e ela me abraçou pela cintura.
- Bom trabalho, Michael. E agradeço por entregar isso em um tempo bem menor que Jack. – Rimos juntos.
- Quando tempo demorou? – Perguntei.
- Nem 10 dias. – Dei de ombros. - Não é como se tivéssemos muito o que fazer. – Ela deu um sorriso fraco e eu apertei seus ombros.
- Só mais alguns dias, , e você estará no topo do mundo novamente. – Ela negou com a cabeça.
- Eu nunca quis estar no topo do mundo, Mike, eu só quero nosso lugar de novo. – Assenti com a cabeça, dando um beijo em sua bochecha.
- Força! Está quase pronto. – Ela sorriu, assentindo com a cabeça.
- Entrega para Louis agora, por favor? – Ela perguntou e eu assenti com a cabeça.
- Sabe onde ele está?
- A última vez que eu o vi estava com Linda lá no parquinho.
- Vamos lá, então! – Respirei fundo e fechei o notebook, pegando-o novamente.
- Não é como se tivesse como fugir daqui, não é mesmo? - brincou e eu fiz uma careta.
- Essa quarentena está me deixando louco. – Comentei e riu.
- Vai logo! Quanto mais rápido vocês terminarem, mais rápido saímos daqui! – Sorri e abanei a mão, saindo do quarto em que estava e fiz uma careta para Ella que brincava com alguns brinquedos em cima da cama.
- Tchau, tio Mike! – Ella disse e eu fiz uma careta para ela, saindo.
- Vamos tomar um banho, minha linda? – Ouvi dizer e sorri, seguindo escadas abaixo da mansão de Jessica.
- Acabou, é? – Emily comentou subindo as escadas e eu ri.
- Sim! E está chegando sua vez, se prepara! – Falei e ela riu.
- Eu tenho muita história, Mike, isso vai ser fichinha para mim.
- Pergunta para Jack se o dele foi fácil. – Ela assentiu com a cabeça e segui pelo meu caminho, indo para o parquinho que tinha nos jardins de Jessica.
- Mais alto, papai! – Ouvi a voz de Linda e abri um sorriso ao vê-lo empurrando-a no balanço.
- Calma, papai cansou. – Ele se sentou e eu ri.
- Tá velho, hein?! – Brinquei e ele negou com a cabeça.
- Nem fala isso! – Sorrimos e entreguei o notebook para ele.
- Boa sorte!
- Foi rápido. – Ele falou e eu ponderei com a cabeça.
- É só falar da minha história com Lacey que tudo fica fácil. – Assenti com a cabeça.
- 30 dias? – Ele perguntou.
- 30 dias! – Confirmei.
- Ah, me deseje sorte, não faço a mínima ideia sobre o que escrever ou por onde começar.
- Boa sorte. – Comentei e ri fracamente. – Depois é com a Emily. – Ele acenou com a mão e eu voltei para dentro de casa, subindo as escadas e encontrando Lacey na cama, lendo alguma revista.
- E aí, o que ela achou?
- Ah, você conhece a , ela vai me zoar pelas próximas cinco gerações! – Rimos juntos e peguei o violão ao lado da cama.
- Vai tocar agora? – Ela me perguntou, deixando a revista de lado.
- Compor. – Respondi. – Escrever uma história sobre nossa vida me deixou com vontade de escrever uma música sobre nós. – Ela sorriu e eu ajeitei o violão em meu colo.
- E como começa? – Ela perguntou e eu dedilhei algumas notas rapidamente.
- I found a love for me. Darling just dive right in and follow my lead... – Ela sorriu, colando os lábios em minha bochecha rapidamente.




Continua em Uma História para Louis Saint-Claire.



Nota da autora: Ah que delícia ver essa short finalmente postada! <3 Eu venho pensando sobre esse projeto de Total Stranger há cerca de um ou dois anos, mais ou menos. Apesar de TS ser uma história muito grande, ela tem vários personagens, então era normal que surgissem outros enredos em minha cabeça!
A história do Jack é um tanto triste demais, mas é só um pouco do que se passa na casa de diversas famílias da atualidade que não aceitam o simples fato de seu filho ser gay.
Espero que tenham gostado e não se esqueçam de comentar e compartilhar experiências.
Beijos. ♥



Outras Fanfics:
  • Total Stranger
  • Total Stranger - Uma História de Jack Bolzan


    Nota da beta: Que neném a história do Mike, supeer amei a forma que foi abordado o romance dos dois! Parabéns! <3

    Lembrando que qualquer erro nessa atualização e reclamações somente no e-mail.

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