Finalizada em: 28/09/2018
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Prólogo

- Eu não acredito que você apareceu lá! – Falei, empurrando a porta da sua casa, encontrando-o jogado na frente da TV.
- Por quê? Eu só queria te ver! – Ele se levantou, jogando o controle no sofá.
- Liam, você sabe que eu não quis aceitar seu dinheiro porque eu queria que aquilo tudo feito do meu jeito. É o meu negócio, não nosso, você não entende?
- Eu só queria te dar um apoio. Ver se você precisa de alguma coisa, a construção está atrasada. Te ajudar, sei lá. – Ele balançou a cabeça.
- Não! – Gritei para ele, jogando minha bolsa no sofá. – Você precisa parar de ser controlador em tudo que você faz e me apoiar de outras formas.
- Você que não entende! Eu estou te apoiando, querendo te ajudar, eu só queria passar um tempo com você que não seja envolta daquela poeira toda! – Ele gritou também.
- Mas não dessa forma, Liam. – Suspirei, colocando as mãos na cabeça. – Aquilo é meu, ok?! Meu nome está no contrato, minha mãe entrou de fiadora, o nome que está colocado na porta é meu, ok?! – Respirei fundo. – Por favor, eu só quero ter algo meu.
- Mas me deixa ajudar. – Ele falou, se aproximando de mim. – De qualquer maneira.
- Mas você quer ajudar com dinheiro, Liam, eu não quero seu dinheiro. – Respirei fundo. – Eu quero quebrar a cara de vez em quando, porque no futuro, eu posso não ter você. – Balancei a cabeça.
- Por que você diz isso? – Ele perguntou e eu respirei fundo, virando de costas. – O que você está pensando, ? – Respirei fundo, engolindo em seco.
- Eu me sinto entre a cruz e a espada, Liam. – Respirei fundo. – É dividir o meu futuro profissional com a sua profissão. E eu não digo sobre as fãs ou as loucas que querem te beijar ou te agarrar, eu falo da forma que você lida com isso. – Fechei os olhos por alguns segundos, voltando a ficar de frente para ele. – Aqui não é “Quase Famosos”, não é sexo, drogas e Rock ‘n’ Roll, Liam. Pelo menos não comigo. – Respirei fundo.
- Isso é injusto. – Ele falou.
- Injusto? – Falei mais alto. – Injusto é eu ficar o dia inteiro andando pela cidade à procura dos meus primeiros clientes pela primeira vez na vida e ter você mandando mil mensagens querendo me ver, e o pior, quando eu posso te ver, você está em alguma festa onde o cheiro da maconha é mais forte do que seu perfume. – Balancei a cabeça.
- Você não sabe o que está dizendo. – Ele falou calmo.
- Então, por que você não me diz? – Perguntei. – Me diga que eu estou mentindo ou que eu estou exagerando, me diga que isso é loucura da minha cabeça. – Cruzei os braços, respirando fundo. – Eu te amo, Liam, mas você não é mais o mesmo Liam que eu conheci.
- Você também não! E eu nunca reclamei disso. – Respirei fundo.
- A diferença é que eu mudei para melhor, você não! – Gritei a última parte, me arrependendo imediatamente do que tinha dito e fechei os olhos, me afastando de costas e sentando no banco de madeira na beirada da sua mesa.
O silêncio reinou por algum tempo. Parece que eu havia, finalmente, conseguido falar tudo que estava entalado. Nós estávamos juntos há mais de um ano já, tudo estava lindo, até a gente voltar para nossas realidades. A gente tinha se afastado e aquilo estava muito claro para nós dois, parece que a gente simplesmente não fazia questão de achar um tempo para ficar juntos. E quando ficávamos juntos, era briga, atrás de briga, pressão atrás de pressão.
Depois do fim de Jogos Vorazes, Liam fez alguns trabalhos meio estranhos, eu não ia com a cara do pessoal que ele conviveu, então não fazia questão de aparecer nos lançamentos e gravações para não magoá-lo mesmo, mas foi durante a divulgação de Independence Day que as coisas se afastaram mais ainda. Eu fui na premiere do filme porque Angélica havia me mandado o convite, mas só também, não fui convidada para nenhum outro evento, nem para fazer companhia na divulgação, nem nada do tipo, e eu estava desempregada. Liam usava a desculpa que a produção não havia dado mais ingresso para ele ou que o elenco era muito grande e não tinha espaço.
Besteira, mas eu deixei passar, deixei que o tempo desse uma resposta para mim. Quando eu consegui uma graninha extra e decidi fazer um investimento para mim, aí ele veio atrás, cobrando tudo que eu tentei não cobrar dele na época das divulgações. Apesar de tudo, eu sou a favor de direitos iguais. Se ele quer poder sair para fazer a carreira dele e farrear longe de mim, eu também vou poder.
- ...
- Liam... – Falamos juntos e eu ergui o rosto para ele, respirando fundo.
- Pode falar! – Falamos juntos novamente e eu me levantei, cruzando os braços.
- Vamos falar juntos. – Disse, olhando em seus olhos azuis.
- Ok! – Ele disse. – No três. – Assenti com a cabeça.
- Um, dois, três... – Falamos juntos.
- Precisamos resolver isso... – Falei.
- Talvez devêssemos terminar. – Ele disse e eu arregalei os olhos.
- ...Colocar as cartas na mesa... – Parei no meio da frase, respirando fundo e engolindo em seco. – Ok! – Respirei fundo.
- , eu... – Ergui o dedo.
- Não! – Engoli em seco. – Pelo visto você já se decidiu. – Passei a mão no rosto.
- Você disse...
- Não! – Gritei novamente. – Não, não e não! – Balancei a cabeça. – Você fez essa decisão. E eu não aguento mais brigar. – Respirei fundo. – Talvez seja uma boa. – Balancei a cabeça. – Eu preciso de um pouco de espaço mesmo. – Caminhei até o sofá, desviando dele quando tentou me tocar.
- , por favor, vamos conversar! – Ele virou para mim.
- Agora você quer conversar? – Perguntei, dando uma risada sarcástica. – Agora quem não quer sou eu. – Puxei minha bolsa de qualquer jeito do sofá, pendurando-a em meu ombro.
- ...
- E não sei se ficou claro, mas só para ter certeza: eu nunca mais quero olhar para você. – Respirei fundo, balançando a cabeça. – Adeus, Liam! – Balancei a cabeça, dando meia volta em sua casa e saindo pela porta.
- ... – Ele correu em minha direção, me puxando pelo braço e eu dei um tapa em sua mão.
- Eu pensei que a gente pudesse dar certo, Liam. Dois mundos, duas realidade diferentes, duas criações diferentes, mas a gente não consegue nem conversar, nem entrar em um consenso. – Respirei fundo. – Isso já devia ter terminado há muito tempo, não sei como eu não vi. – Ele segurou meu rosto com as mãos.
- Vamos conversar. – Ele falou baixo e eu balancei a cabeça. – Por favor.
- Talvez seja isso o que a gente precisa. – Respirei fundo. – Um tempo para ver o que a gente realmente quer. – Respirei fundo, passando a mão em meu rosto. – O que for para ser, será, Liam! – Abaixei suas mãos de meu rosto. – Deixa a vida dizer. – Assenti com a cabeça, respirando fundo. - Tchau! – Falei, continuando meu caminho para fora de sua casa e bati o portão com força quando passei pelo mesmo, entrando no meu carro e jogando a bolsa no banco do carona, sentindo o choro finalmente subir pela garganta.



Capítulo 1

Coloquei meus dedos para funcionar e terminei o release que eu já devia ter disparado às três da tarde, mas quem disse que eu havia conseguido focar e fazer todas as coisas ao mesmo tempo? Ouvi a porta do pequeno escritório se abrir e vi Maggie entrando novamente, com diversas coisas em seus braços.
- Oi, Maggie! – Falei, empurrando a cadeira de rodinhas e vendo-a espalhar as coisas na cômoda da lateral.
- Cheguei! – Ela respirou fundo, colocando sua bolsa na sua mesa.
- E aí, o que você conseguiu fazer? – Ela respirou fundo, balançando a cabeça.
- Desculpa, tô cansada! – Ri fraco, balançando a cabeça. – Bem, eu fui falar com a produtora do filme do Jacob e ela já me passou as informações de voos, hotéis, compromissos, etc, tá tudo aqui. – Assenti com a cabeça.
- Beleza! – Falei. – Eu consegui falar com a equipe da Julia e do Owen e só vai o Jacob e a Izabela mesmo. – Maggie assentiu com a cabeça.
- O evento vai ser menor, pelo menos. – Ri fraco.
- Maggie, eu agencio o Jacob, cara. Mil assessorias tentam tirar ele de mim e ele aceitou ser assessorado por mim! – Falei animada! – Tipo, em que mundo isso acontece?
- Bem, você trabalhou um tempo com a Angélica do Creative Arts Agency, você tem uma bagagem boa. – Ponderei com a cabeça.
- Verdade! Mas mesmo assim, nós mal temos dinheiro sobrando no caixa, Maggie. A produtora que deu as passagens. – Sentei na minha mesa novamente e ela riu.
- Bem, é trabalho deles mesmo, afinal, mas calma, você abriu há um ano e meio e já contratou uma funcionária. – Ela sorriu.
- Estagiária, eu não poderia pagar o salário completo de jornalista. – Ela riu fraco. – Espero conseguir mais clientes para poder te efetivar daqui um ano.
- Uma coisa de cada vez, como você diz. – Ela seguiu para as coisas que havia trazido.
- Mas vamos às coisas boas. – Ela suspirou. – Falei com algumas estilistas e você tem aquela história do seu passado, e...
- Liam! – Falei e ela franziu a testa.
- Apesar de tudo, você já é meio que figurinha carimbada, então eu consegui alguns presentinhos para gente. – Ela falou animada.
- Hum, vamos ver! – Falei e ela sorriu.
- Presentinhos, eu quero dizer, possíveis parcerias e contratos novos. – Assenti com a cabeça.
- Entrando dinheiro ou economizando dinheiro, eu estou aceitando. – Encostei a cintura na cômoda na lateral da sala e ela riu fraco.
- Bem, eu consegui cinco reuniões com patrocinadores, incluindo algumas marcas de roupa e empresas de transporte, uma de avião! – Levei às mãos para o céu.
- Graças a Deus! – Respirei fundo e ela riu. – E diga que uma dessas marcas de roupa é do Rupert Van Sanders... – Ela franziu a testa.
- Não é, mas eu passei na About Pastries e peguei alguns doces para a gente! – Ri fraco, vendo-a tirar a caixa com o logo de uma das sacolas.
- Ok, já serve! – Peguei a caixa da sua mão, abrindo a mesma e dando de cara com alguns sonhos. – O que mais?
- As informações sobre a première no Brasil. – Ela me mandou. – A Lions Gate disse que se tiver alguma mudança nos avisa. – Assenti com a cabeça. – E a Walden Media também, mas eles são produtora secundária, não sei o que eles podem mandar para gente.
- Perfeito! – Falei, assentindo com a cabeça. – Ok, o que mais?
- Como você avisou que não gostaria de ser atrapalhada hoje, a mãe do Jacob me ligou, querendo saber informações sobre tudo isso. – Assenti com a cabeça.
- Beleza, eu vou ligar para eles daqui a pouco. – Respirei fundo. – Mais alguma coisa?
- Eu aproveitei e passei na sua casa para dar uma organizada nas suas coisas para a viagem e abasteci o carro da empresa. – Ela puxou o cartão corporativo da empresa de seu bolso e me entregou, junto do comprovante.
- Você é prestativa até demais, Maggie, não te mereço. – Ela riu fraco.
- Obrigada, . – Sorri.
- Bem, Maggie, você ainda tem alguns minutos aqui, você pode tirar um extrato da conta da empresa e da minha conta pessoal? Depois você pode ir. – Perguntei e ela assentiu com a cabeça.
- Com certeza, senhora. – Ri fraco.
- Eu sou três anos mais velha que você, Maggie, não começa! – Ela riu fraco e cada uma de nós seguiu para um lado da sala.
Observei o logo da HELP Assessoria na parede atrás da minha mesa e eu não evitei um suspiro. Eu me orgulhava muito de ter conseguido abrir minha empresa, o dinheiro foi contado, tudo que era feito era calculado minuciosamente, a contratação de Maggie foi feita há somente três meses, mas tudo estava indo relativamente bem.
Quando eu abri, eu queria simplesmente assessorar famosos, não tinha especificado nada ainda, mas três meses depois de abrir, eu havia recebido uma dica que atores mirins estavam em alta, principalmente depois de Stranger Things lançar. Então, eu mudei rapidamente meu foco para atores mirins. Graças a uma indicação, a atriz McKenna Grace havia sido minha primeira cliente, e é até hoje. Com ela eu tive o prazer de conhecer alguns atores, como Chris Evans e Octavia Spencer, que ela trabalhou em Gifted esse ano. Eu tenho uma ideia que Liam pode ter indicado ela para mim, afinal, eles fizeram Independence Day juntos, mas eu não podia confirmar, havíamos terminado há um tempo e não é como se tivéssemos terminado em bons termos.
O segundo cliente da minha lista foi Sunny Pawar, o ator indiano conhecido por fazer o filme Lion, junto de Dev Patel. Obrigada Sunny, com ele eu também havia conhecido grandes astros e estrelas. Sunny era novo ainda, não fazia muitos filmes aqui nos Estados Unidos, mas, com ele, eu havia tido a oportunidade de conhecer a Índia, tipo... Quantas pessoas podem falar que haviam conhecido a Índia?
E meu terceiro cliente e atual interesse é o ator Jacob Tremblay, o lindinho que faz O Quarto de Jack junto de Brie Larson. Ele havia vindo para mim por coincidência, acho que foi Chris Evans que falou da minha empresa para Brie Larson que falou para ele, não sei, é o caminho que eu encontro. Aparentemente a mãe dele não estava satisfeita com a antiga assessoria e quis mudar... Assim, ela ainda arranja encrenca comigo, mas não sei se é porque eu sou nova que eu a encaro de frente, mas ainda temos nossas divergências, mas eu preciso me garantir agora com a divulgação de Extraordinário no Brasil para chegar bem para a première de Los Angeles. Mas ok, um passo de cada vez.
Sua irmã, Emma Tremblay, também era atriz, então eu estava tentando fazer de tudo para agradar, para que ela também viesse para minha cartela de clientes.
A ideia da HELP veio depois que eu trabalhei na prefeitura de Los Angeles e ajudei Angélica – assessora do Liam – depois que eu fui mandada embora por me formar em 2015. Eu amo assessoria, acho que é a área do jornalismo que eu mais me dava bem. Uma das minhas avós havia morrido lá no Brasil e deixou sua casa de herança para as netas, minha irmã mais velha disse que não queria entrar na divisão, ela e minha avó haviam brigado durante a vida e nunca mais se falaram e minha irmãzinha mais nova tinha só oito anos, então peguei o dinheiro total – falando que pagaria para minha irmãzinha – e minha mãe ajudou com uma parte, e comprei esse prédio meio velho e estranho em Los Feliz, aqui em Los Angeles, é quase fora de Los Angeles, perto do observatório Griffith, mas serviu.
Fiz um espaço comercial no andar de baixo, onde eu recebo pagamento do aluguel de uma pizzaria e aqui em cima tem uma sala, até que grande, com um banheiro e uma mini copa. Para quem está começando, até que serve, sabe? Se eu contratar mais alguma pessoa, aqui já fica pequeno, mas por enquanto está servindo. Eu fico feliz quando chego aqui e vejo meu cantinho montado.
Falta muita coisa ainda, eu às vezes me esqueço de comprar tinta para impressora, café ou papel higiênico, mas tudo vai se ajeitando aos poucos. Tanto que há três meses eu tinha conseguido contratar a Maggie, registrada e tudo mais, é estagiária e trabalhava só 6 horas por dia, mas ela conseguia adiantar muitas coisas na rua para mim, evitando com que eu perdesse tempo que poderia ser usado trabalhando. Às vezes eu saía daqui depois das onze da noite ou até dormia aqui. Mas começar era assim mesmo e, apesar de tudo, estava sendo prazeroso.
Mas e o Liam, você me pergunta. Eu e o Liam havíamos terminado no meio de 2016, fazia quase um ano e meio disso tudo, ele tentou me ligar algumas vezes ainda, mas eu me mantive forte. Não que fosse, mas enquanto o prédio subia e era reformado, eu sentia que ele meio que me puxava para baixo, não sei se eu já estava enjoada ou se realmente precisávamos de um tempo, eu achei que dar um tempo seria a melhor situação, mas ele preferiu terminar de vez, então... Não lutaria contra algo sozinha, só me desgastaria. Então, eu decidi deixar que ele corresse atrás de mim agora, mas ele desistiu depois de duas ligações e, na época, eu não conseguiria dar a atenção necessária para ele.
Apesar de eu gostar bastante dele, a gente se afastou. Quando a empresa já estava ok e funcionando eu pensei em falar com ele, mas aí descobri que ele havia voltado com a ex-famosa dele. Aquilo tinha partido meu coração duramente, não fazia nem quatro meses que a gente tinha terminado. Então, com isso, eu foquei no meu profissional.
Peguei o telefone ao lado da mesa e disquei o número rápido de Christina, mãe de Jacob, ela era de boa, mas era do tipo questionadora, então fazia questão de me entupir de perguntas, apesar de eu saber que deveria ser só para ela ter a certeza que fez a coisa certa.
- Alô? – Ela atendeu ao telefone e eu respirei fundo.
- Olá senhora Tremblay, aqui é , assessora do Jacob.
- Olá, , tudo bem? – Ela perguntou.
- Tudo bem sim. – Falei. – Estou ligando para passar as informações da divulgação de Extraordinário no Brasil.
- Ah sim, claro!
- Posso passar para você ou prefere que eu fale com Jacob? – Perguntei.
- Pode ser comigo mesmo. – Assenti com a cabeça, observando os papéis.
- Bom, vamos lá. – Observei os papéis. – O voo sairá do LAX no domingo à noite e chegará ao Rio de Janeiro no dia seguinte, fazendo uma escala em Nova York.
- Uhum. – Ela confirmou.
- A companhia aérea é a Delta. – Suspirei. – Ficaremos lá até sexta-feira, retornando pelo mesmo caminho, com a mesma companhia aérea.
- Perfeito! Quantas horas de voo?
- Com escala e tudo, darão quase 17 horas de voo.
- Beleza, vou repassar para ele. – Assenti com a cabeça.
- Além da roupa para a première, eu indico levar roupas leves, estamos no fim do ano e o calor do Rio pode ser bem traiçoeiro.
- Beleza. – Ela deu um longo suspiro. – , eu sei que não nos damos muito bem e não gostaria que visse essa pergunta de forma duvidosa, mas eu preciso fazer.
- Diga! – Respirei fundo e fechei os olhos, esperando pela bomba.
- Eu dei uma pesquisada sobre o Rio de Janeiro e eu vi que está tendo muita violência lá...
- Sim, e está mesmo, Christina. Mas eu estou entrando em contato com dois seguranças para cuidar do Jacob lá. – Estalei os dedos para Maggie e já a vi se levantar correndo e pegar algumas informações e ir para o outro telefone. – Tentarei ao mínimo sair do nosso cronograma, e sempre que ele sair do hotel, eu estarei junto. – Folhei as páginas da pasta, vendo que eu tinha três passagens de avião.
- Ah, perfeito também. – Ela suspirou, mas posso jurar que era fingido.
- Mas também, senhora Tremblay, eu tenho uma passagem sobrando, caso à senhora queira nos acompanhar.
- Mesmo? – Ela perguntou.
- Sim, a produtora enviou três passagens, se a senhora quiser ir também.
- Nossa, claro! – Ela falou animada. – Sim, por favor!
- Perfeito. – Franzi a testa. – Colocarei seu nome na outra passagem. – Fechei a pasta. – O voo sai às 23:35 de sexta-feira do LAX, encontro vocês lá? – Perguntei.
- Claro, sem problemas. – Assenti com a cabeça. – Até sexta-feira, então, caso vocês tenham alguma dúvida, podem ligar ou aparecer aqui.
- Beleza, pode deixar. – Sorri.
- Tchau! – Falei, desligando o telefone.
- Seguranças, ahm? – Maggie perguntou e eu franzi a testa.
- Eu esqueci disso, o Rio está uma zona de guerra, praticamente. – Respirei fundo. – Se Jacob inventar de visitar o Cristo, ele vai ter que ir com segurança.
- Eu liguei para o hotel, eles vão mandar o telefone de algumas empresas que fazem segurança para eles. – Maggie falou e eu assenti com a cabeça.
- Tirou os extratos que eu pedi? – Perguntei.
- Tirei sim! – Ela falou, se levantando e entregando as duas folhas para mim.
- Vamos ver quanto que eu vou gastar nisso. – Ela riu fraco. – Pelo menos estamos no fim do mês e dia primeiro tem pagamento dos clientes na conta de novo.
- Vamos lá, , você consegue! – Ri fraco, respirando fundo, observando meu caixa baixo no extrato.
- Deus pai! – Falei baixo, colocando a mão na cabeça e Maggie riu.

- Você sabe, Maggie, qualquer coisa, me liga. – Falei, respirando fundo. – Eu deixei uma chave reserva aqui para o pessoal da pizzaria em caso de alguma emergência, mas você me manda mensagem, WhatsApp, sinal de fumaça. – Balancei a cabeça. – Qualquer coisa.
- Pode deixar, , eu entro no meu horário de sempre, saio no meu horário de sempre e seu carro vai ficar comigo caso tenha que resolver algumas coisas na rua. – Assenti com a cabeça.
- Perfeito. – Suspirei. – E se aparecer algum novo cliente, fala que eu estou em uma reunião e me passa o telefone dessa pessoa na hora, nem que eu tenha que ligar pelo WhatsApp. – Ela gargalhou.
- Vai dar certo, , relaxa! – Assenti com a cabeça, respirando fundo.
- Ok! – Balancei a cabeça. – Tenha uma boa semana, Maggie! – Abracei-a rapidamente, meio torta por causa do volante do carro e saí do mesmo.
- Você também! – Ela acenou. – Divirta-se! – Respirei fundo, me vendo em frente ao LAX e balancei a cabeça, entrando no mesmo.
Eu sempre chegava antes nos compromissos, acho que pelo menos pontualidade eu deveria ter. Aproveitei que não tinha nada em casa e decidi jantar, acabei seguindo para o básico: fast food, acho que era por isso que eu tinha voltado a engordar. Liam me ajudou tanto a perder peso na época em que namorávamos, e agora eu estava jogando tudo aquilo no lixo.
Ignorei esse pensamento louco e prometi que quando voltasse do Rio, eu seguiria na dieta. Era meio difícil você seguir em dieta enquanto está viajando, mas eu teria que tirar meu domingo para fazer marmitinhas mais saudáveis ou pelo menos ir para casa almoçar, ao invés de pedir a primeira coisa que viesse à minha mente. Eu era cliente número um da pizzaria embaixo do escritório. Pelo menos as janelas impediam que o cheiro subisse para o andar de cima quando começava a anoitecer.
Dei uma passada rápida para trocar de roupa, dar aquela renovada no desodorante, escovar os dentes e dar uma nova conferida no cronograma do dia seguinte, eu não poderia errar nessa semana, muito menos me distrair. Eu tinha que agradar a mãe de Jacob em mil por cento para que ela pudesse me dar à conta de Emma também.
- Ei, vocês chegaram! – Encontrei os dois no balcão do check-in.
- Ei, ! – Jacob falou e eu me abaixei para que ele me abraçasse.
- Como você está, moleque? – Ele riu e eu estalei um beijo em sua bochecha.
- Tudo certo! – Ele sorriu. – Animado.
- Que bom. – Sorri. – Olá, Christina. – Estiquei minha mão, cumprimentando-a.
- Olá, , tudo bem?
- Tudo certo! – Sorri.
- Você tá empolgada, ? – Jacob perguntou.
- Você não tem ideia. – Ri fraco.
- Eu vi que você é brasileira, não é?! – Ele perguntou.
- Sou sim, Jake, por isso mesmo. – Suspirei. – Minha família disse que quer me ver, faz meses que eu não os vejo.
- Ah que legal, ! – Ele sorriu. – Tô feliz por ti! – Baguncei seus cabelos, abraçando-o de lado, vendo alguns paparazzi se aproximar.
- Vamos andando, então? – Perguntei e eles assentiram com a cabeça.
Seguimos lado a lado para a sala de embarque e Jacob foi à nossa frente, eu tratava meus clientes como se eu fosse uma mãe para eles, ou um gavião, guardando eles de perto. Distribuí as passagens para cada um deles e passamos pela moça do portão, recebendo um ‘boa viagem’ simpático da mesma.
O salão de embarque do LAX até que estava ok, estávamos no meio de novembro, então as coisas já estavam meio corridas. Nos ajeitamos próximo ao portão para Nova York e esperamos. Eu acabei gastando o que não devia e comprando uma revista para passar o tempo e Mentos, que acabaram pouco antes de nos chamarem para o voo.
Algumas fãs, jovens e adultos se aproximaram e pediram para tirar foto com Jacob, ele era sempre um fofinho, então foi fácil. Ele sorriu, elas sorriram, tirei a foto, eles acenaram e cada um voltou para o seu lado. Ah, como eu adorava esse garoto, pena que sua mãe parecia um tigre pronta para atacar a minha jugular e me matar... Ok, exagerei. Mas mesmo assim era medonho.
Eu só conseguia imaginar coisas como: que essa viagem consiga agradar ela um pouco, que não sejamos assaltados ou sequestrados e, principalmente, que nada. Repito, NADA, aparecesse de surpresa para destruir todos meus planos e integridade. Eu estava preparada a fãs loucos, problemas com segurança, desastres naturais e ao fuso horário. Nada podia dar errado.
- Senhora ? – Desviei o olhar da revista e olhei para cima, encontrando uma comissária. – Podemos acomodar vocês. – Ela falou e eu olhei para Jacob que se levantou rapidamente, pegando sua mochila e seu iPod.
Ajeitei minha mochila nas costas e apoiei as mãos nos ombros de Jacob e sua mãe veio ao nosso lado, acompanhando pelo salão de embarque. Atravessamos a fila de pessoas que esperavam para entrar e passamos pelo finger, entrando pela frente do avião, sendo os primeiros.
- Boa noite, senhores! – O comandante falou, cumprimentando Jacob e eu sorri. – Sejam bem-vindos, espero que façam uma boa viagem.
- Obrigado! – Jake falou e seguimos para o avião.
Era um voo doméstico, então o avião era pequeno, não mais que 100 passageiros. Nos ajustamos em nossas poltronas, os comissários de bordo vieram oferecer algo para beber, mas eu neguei. Os outros passageiros entraram, todos se organizaram e às 22:35, pontualmente, o avião correu pista.
Quatro horas até Nova York era um tempo até que longo para um voo, mas eu não me atrevi a pregar os olhos. Jacob colocou seu iPod na orelha, mas dormiu nos primeiros 30 minutos. Sua mãe ficou vendo algum filme ou série na televisão em sua frente.
Eu me coloquei a elaborar e-mails para clientes em potencial. Toda semana eu recebia uma lista de novos contratantes de diversas empresas de cinema e televisão. Normalmente vinham em formato de casting, tal filme ou série era encomendado, eu recebia a lista do elenco e fazia aquela básica pesquisa sobre agência que esse cliente fazia parte, falava com meus contatos do Creative Arts Agency para pegar informações e elaborava os e-mails, cartas e roteiro de telefonema para ver se eles gostariam de vir para a HELP.
O trabalho era cansativo? Em partes, mas eu simplesmente adorava tudo aquilo, cada cliente novo era uma comemoração incrível, com muita cerveja barata e pizza do andar de baixo. Mas começar, estar ali com a cara e a coragem, com uma empresa só minha? Ah, era uma delícia, era aquilo que fazia com que eu acordasse no dia seguinte.
Chegamos à Nova York com um pouco de atraso. Estava muito chuvoso aquela madrugada e o avião não conseguia pousar. Saímos correndo para pegar a conexão. Faltava só com que nós estivéssemos lá dentro para o avião decolar, tanto que fomos passados na frente na Polícia Federal e no embarque.
No voo para o Rio estávamos de primeira classe, então a viagem foi muito mais confortável. Eu acabei finalizando algumas coisas rapidamente e salvei tudo em meu pen drive e fiz backup em meu HD, não poderia perder o trabalho de quatro horas. Depois guardei meu notebook de volta na mochila e estiquei a poltrona, ficando quase completamente deitada e suspirei. Como era bom viver como a outra metade vive sem precisar depender dos outros, muito menos de um namorado egoísta. Era bom viver assim porque eu podia.
Olhei para Jake e ele estava alerta, animado com algum filme na sua pequena televisão. Estiquei a mão e toquei seus ombros, vendo-o virar o rosto com o fone de ouvido maior que suas orelhas.
- Está tudo bem? – Cochichei, agora que todas as janelas estavam fechadas e o avião estava escuro, e ele assentiu com a cabeça.
- Uhum, vai ser legal! – Ele sorriu. – E você?
- Tudo bem, contanto que não tenhamos nenhuma surpresa. – Ele riu fraco, dando de ombros.
- O que mais poderia ter além de sombra e água fresca? Você que diz que é a cidade mais bonita do mundo, não é?! – Ri fraco, suspirando.
- Eu já viajei por cidades dos Estados Unidos, Austrália, Japão, Índia, Inglaterra, França, África do Sul, mas o Rio de Janeiro é a cidade mais bonita do mundo, você vai ver. – Cochichei e ele sorriu.
- Vamos ver o Cristo? – Ele perguntou e eu assenti com a cabeça.
- O que você quiser, querido! – Ele segurou minha mão e apertou.
- Eu quero, tenho certeza que vou adorar. – Ele falou e eu sorri.
- Eu também. – Suspirei. – Vai ser bom voltar! – Ele sorriu. – Eu vou dormir, ok?! Espero que você consiga também.
- Depois eu vou, descobri que tem videogame aqui! – Ri fraco, escorregando o corpo pela poltrona e soltando a mão dele.
- Boa noite! – Cochichei e puxei a coberta para cima do meu corpo, checando se o cinto estava bem afivelado e suspirei.
Eu não dormi rápido, com certeza. O avião teve um pouco de turbulência e eu estava meio agitada ainda, além da luz que vinha da tela do Jacob me cegar um pouco, mas quando eu comecei a embalar, aí foi tudo certo.
Fechei os olhos, ajeitando minha cabeça no pequeno travesseiro que eles deram e acabei fazendo um apelo silencioso para o meu Deus. Que dê tudo certo. Era só o que eu precisava. E com esse pensamento em mente, eu dormi. Não foi um dos sonos mais confortáveis da minha vida, mas foi o mais relaxante em muito tempo, principalmente pelo fato que meu celular e e-mails não podiam me acordar de madrugada, estando há mais de 10 mil metros do chão.


Capítulo 2

Senti alguém me mexendo rapidamente e franzi o rosto, balançando a cabeça para os lados e provavelmente resmungando alguma coisa. Sacudi a mão rapidamente e suspirei, sentindo alguém me mexendo novamente e eu até reviraria os olhos se estivesse de olhos abertos, mas não foi preciso, pois um chacoalhar em maiores proporções me fez abrir o olho, me assustando.
- Boa tarde! – Olhei para Jacob que tinha um sorriso no rosto e sentei na poltrona, sentindo o avião chacoalhar um pouco.
- Oi, Jake, tudo bem? – Falei, rindo fraco, passando a mão no rosto.
- Tudo certo! – Ele sorriu. – Estamos chegando. – Ele falou.
- Que horas são? – Perguntei.
- Não sei. – Ele deu de ombros. – Mas olha essa vista! – Ele falou, apontando para a janela e eu corri me debruçar sobre ele, olhando para a janela lá fora.
O suspirar foi inevitável. Além da grande extensão de praias que era possível ver da altura que estávamos, não dava para ver muita coisa chegando ao aeroporto do Galeão, mas só de saber que eu estava em cima de solo brasileiro novamente, pude sentir a emoção subir e coloquei a mão no peito, respirando fundo. Me ajustei de volta a minha posição anterior e suspirei.
- Mãe, voltei! – Falei, sorrindo.
- Bem-vinda ao lar, . – Jacob falou para mim e eu segurei sua mão na poltrona.
- Não, Jake, bem-vindo você ao Brasil! – Sacudi os ombros dele e ele soltou uma risada gostosa.
Olhei para sua mãe na poltrona do meio e ela somente deu um pequeno sorriso para mim e eu assenti com a cabeça. Olhei em volta e vi que eu tinha feito uma zona no meio do voo. Havia dormido algumas horas e devo ter ficado umas três ou quatro acordada, aproveitei para dar mais uma geral nos contratos, e-mails, pedidos de parceria, entre outras coisas, quando chegasse ao hotel eu teria uns mil e-mails para disparar, mas se eu tivesse uma resposta, já valeria à pena.
Eu havia pegado no sono, então o notebook ainda estava aberto na mesa em cima de mim, meu celular/calculadora estava jogado no canto da poltrona e meu fone de ouvido estava preso no decote da minha blusa.
Fechei o notebook, colocando-o de volta na minha mochila, junto com as outras coisas e coloquei a mesma embaixo da poltrona na hora do pouso. Ajustei minha poltrona na posição vertical e me arrependi de não ter acordado alguns minutos antes para escovar os dentes.
No que o avião tocou o solo, eu liguei meu celular, enviando rapidamente uma mensagem para minha mãe, avisando que eu havia chegado. Apesar de eu morar sozinha e ter minha própria empresa, era bom manter a mãe informada sobre meus passos, principalmente no exterior.
Devido à separação de classes, acabamos sendo um dos primeiros a sair do avião. Eu ajeitei minha mochila nas costas e estendi a mão para Jacob que segurou firmemente, eu tentava fingir que sua mãe não estava lá e agir da forma que eu agia sempre que eu viajava com meus clientes.
- Pronto, querido? – Perguntei para ele antes de sair do avião e ele sorriu, assentindo com a cabeça.
- Vamos lá! – Ele respirou fundo, fazendo aquela carinha de corajoso que ele fazia quando podia dar de cara com muitos fãs.
Apertei as alças da mochila em meus ombros e afirmei minha mão na de Jacob. Acenei rapidamente para a equipe de bordo e saímos do avião pelo finger, Christina seguia atrás de nós em silêncio.
Saímos do finger e tudo se manteve em silêncio enquanto seguíamos as placas de saída e eu não me atrevia a soltar a mão de Jacob, ele se assustava facilmente com muitos fãs atrás dele, ele era bem tímido, então tinha alguns problemas em se enturmar. E eu tinha certo medo pelo fato dos fãs brasileiros serem bem calorosos quando se envolvia famosos... E não posso dizer calorosos de uma forma boa.
- Aqui, garoto! – Puxei uma caneta permanente do canto da mochila e entreguei para ele.
- Será que tem gente? – Ele me perguntou e eu sorri.
- Não sei, mas aproveita se tiver, ok?! – Ele abriu um pequeno sorriso, confirmando com a cabeça.
Nos separamos pouco antes de passar pela Polícia Federal, eu tinha que ir na fila de brasileiros e Jacob na de estrangeiros, pelo menos Christina estava junto para não deixá-lo sozinho. Entreguei meu passaporte e documentos e esperei suas perguntas.
- Voltando para casa? – Ele perguntou.
- Estou a trabalho. – Falei. – Volto para Los Angeles na sexta-feira. – Ele assentiu com a cabeça.
- Tem residência fixa lá?
- Sim! – Falei. Ele assentiu com a cabeça e carimbou meu passaporte, me fazendo sorrir com o barulho do carimbo no papel.
- Seja bem-vinda de volta, senhorita . – Sorri, pegando meus documentos novamente e saí guardando dentro da mochila e segui para o outro lado da faixa.
Encontrei novamente com Jacob e Christina e antes de passar pela saída de voos internacionais, dois seguranças vieram em nossa direção.
- Olá! – Falei em português.
- Olá, senhorita! – Ambos me cumprimentaram. – Maggie nos contratou.
- Ah sim! – Sorri. – Muito obrigada por nos encontrar aqui! – Assenti com a cabeça. – Precisamos chegar ao Sheraton, tem um carro nos esperando.
- Têm alguns fãs na porta, nada exagerado, vocês querem passar direto ou vão parar? – Virei para Jacob que não deveria estar entendendo nada.
- Vamos parar um pouco, vai ser bom para ele! – Eles assentiram com a cabeça.
- Quando quiserem. – Assenti com a cabeça.
- Quais seus nomes? – Perguntei.
- Bernardo e Michel. – Confirmei.
- Perfeito, eu sou ! Chegando ao hotel conversamos melhor, pode ser?
- Beleza, vamos tirar esse garotinho daqui! – Virei para Jake que sorria para mim.
- Vamos lá! – Falei em inglês para que ele entendesse e ele assentiu com a cabeça.
Demos mais alguns passos até a porta automática e quando ela se abriu, além de várias pessoas esperando seus parentes, um grupo pequeno de fãs começou a gritar por Jacob. Apertei firme seus ombros e segui junto dos seguranças para que ele pudesse falar com o pessoal.
Jake se aproximou do pequeno grupo de fãs que o esperavam e as adolescentes e adultas se abaixaram ao seu lado para tirar foto, me fazendo sorrir. Ele era o menino mais fofo do mundo! Sua mãe seguiu um pouco à frente e eu me mantive plantada ao lado dele. Mas estava calmo. Apesar dos fãs brasileiros serem um pouco afoitos, não tinha mais que dez pessoas ali. Havia sido anunciado que teria essa première no Brasil, mas não tinham feito muito alarde sobre isso.
- Obrigado! – Jake falou, acenando para elas e eu segurei em seus ombros novamente, voltando a andar.
- Tem um carro da produtora esperando por nós. – Falei para um dos seguranças. – Vocês nos seguem atrás, beleza?
- Sim! – Eles falaram juntos.
- Nos encontramos no Sheraton.
- Combinado!
Segui com Jake, Christina e os seguranças atrás de nós, até a parte de fora do aeroporto, vendo que ele estava até que calmo. Era cedo, o dia tinha acabado de amanhecer, só os voos internacionais estavam chegando.
Observei a fileira de carros escuros e um dos motoristas estava segurando uma placa escrito HELP – , me aproximei do mesmo.
- Olá! – Falei para o motorista. – Sou .
- Olá, senhorita . – Ele estendeu a mão e eu o cumprimentei. – Estou aqui em nome da produtora para levar vocês onde for necessário. – Assenti com a cabeça.
- Obrigada! Qual seu nome? – Perguntei.
- Paulo, senhorita. – Assenti com a cabeça.
- Perfeito, Paulo. Precisamos ir para o Hotel Sheraton. – Falei e ele assentiu com a cabeça.
- Entrem, por favor. – Acenei para Jake e Christina e entrei no banco da frente do carro com Paulo, colocando minha mochila nos pés e passando o cinto de segurança.
Enquanto atravessamos a cidade do Rio de Janeiro, observei Jacob abobalhado pela cidade. Ele olhava pela janela do carro e tirava várias fotos com seu celular. Aproveitei esse tempo para relaxar um pouco no carro, relembrando alguns cantinhos do meu país.
Quando o carro deu à volta pelo cantinho escondido que ficava no hotel Sheraton, eu suspirei. Quantas vezes eu já tinha vindo para a porta desse hotel para procurar alguns famosos? Eu realmente não conseguia me lembrar.
Agradeci ao motorista, pegando seu telefone para quando precisássemos de novo e saí do carro, olhando para a entrada do Sheraton e soltei um suspiro. Jake saiu animado do carro e sua mãe nos seguiu.
Soltei um suspiro ao sentir o sol quente em meu rosto e andei lado a lado dos dois até ver o porteiro abrir a porta para nós e eu sorri, acenando com a cabeça. Suspirei ao ver o lobby maravilhoso do hotel e senti orgulho.
Me aproximei do balcão e fiz o check in, notando a diferença no atendimento e me sentindo realmente confortável naquele lugar. Mal via a hora da atendente entregar as chaves em minha mão, me jogar em uma daquelas suítes maravilhosas e repor o sono.
Claro que eu tinha trabalho a fazer. Pelo menos eu esperava que tinha, precisava mandar todos os e-mails que eu havia escrito na noite anterior e rezar para que eu tivesse alguma resposta de algum cliente. Mas eu merecia um pouco de descanso, havia trabalhado no dia anterior inteiro.
Peguei as chaves e subimos nós três, junto de um mordomo, para o nosso andar. Nossos quartos eram um de frente para o outro. Caso a mãe de Jake não tivesse vindo, eu dividiria o quarto com ele, mas com ela aqui, ela ficaria com ele.
- Descanse, ok? – Falei para Jake, ajeitando seus cabelos. – Qualquer coisa eu estou aqui na frente. – Falei.
- Pode deixar! – Ele sorriu. – A gente vai passear? – Ri fraco.
- Hoje não, querido. Vou dar uma olhada na nossa agenda e arranjar um espacinho para te levar para conhecer a cidade, ok?! – Ele assentiu com a cabeça.
- Ok. – Ele falou sorrindo.
- Tente dormir um pouco, descansar. – Olhei para sua mãe. – Eu farei o mesmo. – Eles assentiram com a cabeça. – Qualquer coisa só me chamar, beleza?
- Beleza! – Eles assentiram com a cabeça.
- E Jake, caso estejamos dispostos, vamos treinar algumas perguntas mais tarde, ok?! – Falei e ele assentiu com a cabeça.
- Beleza! – Ele falou e eu sorri, me virando para a porta do meu quarto e coloquei a chave, ouvindo a porta destravar e entrei no mesmo.
Fechei a porta e soltei um longo suspiro ao notar o grande quarto do hotel. Soltei minha mochila na poltrona ao lado da mesa de café e andei devagar pelo local que era maior que meu apartamento inteiro.
Me aproximei da cama e passei a mão pelas cobertas e edredons amontoados em cima da mesma e tirei meus sapatos, largando-os em frente a cama. Subi no banco que atravessava em frente à cama inteira e me larguei no meio da cama.
Senti o colchão fofo afundar comigo e suspirei. Arqueei as costas, desabotoando o sutiã e puxei suas alças pelos braços, e finalmente o tirei por baixo e joguei para o lado. Achei o controle remoto do ar condicionado na mesa de cabeceira e o liguei. Em seguida puxei o edredom até a cabeça e fechei os olhos, dormindo quase instantaneamente.

Abri os olhos um pouco perdida. Ergui o corpo na cama e soltei um suspiro ao notar onde eu realmente estava. Joguei as cobertas para o lado, sentindo a temperatura do quarto trincar. Me aproximei da janela do quarto e abri as cortinas, soltando um longo suspiro ao ver o oceano lá embaixo. O hotel ficava na praia do Leblon e tinha até uma praia privativa para hóspedes do hotel.
Segui em direção à outra janela e também abri as cortinas, deixando que o local ficasse bem iluminado. Peguei meu sutiã jogado ao lado da cama e coloquei na mesma, indo em direção a minha mochila e a abri.
Primeiro eu tirei meu computador e já o liguei. Meu celular eu também já puxei da minha bolsa e o conectei no wi-fi, precisava ver se tinha alguma novidade. Ele começou a vibrar loucamente em cima da cama e eu o deixei assim por alguns minutos. Esperando que tudo que era importante chegasse.
Puxei uma troca de roupa e meu biquíni da bolsa, mas dei uma olhada rápida no relógio. Passava das três da tarde. Pediria alguma coisa para comer e chamaria Jake para trabalharmos um pouco. Depois desceria para a praia.
Me sentei na cama para ver as notificações no celular e no computador. Limpei as conversas dos grupos do WhatsApp de cara, não estava com tempo nem vontade de responder todos. Foquei nas mensagens importantes. Uma de Maggie e outra era da minha mãe.
Maggie pedia para eu olhar no e-mail que tínhamos um cliente em potencial. Minha mãe queria saber como eu estava, se eu tinha chegado ao hotel, etc... Respondi ambas e mandei uma mensagem para Jacob me encontrar aqui se tivesse acordado.
Andei até a mesa que tinha no centro do quarto e peguei o cardápio, vendo se teria algo para comer que coubesse no meu salário. Optei por uma mini pizza de abobrinha com queijo. O preço estava ok.
Ouvi um toque na porta e segui até lá, vendo Jacob na mesma, com sua mãe me encarando do outro lado do corredor.
- Ei, você está acordado! – Falei, abraçando-o rapidamente. – Vamos trabalhar um pouco?
- Vamos! – Ele falou. – Podemos ir para a praia depois? – Ele perguntou e eu assenti com a cabeça.
- Podemos! – Falei. – Eu também quero ir! – Disse e ergui o rosto para sua mãe. – Daqui a pouco eu o libero. – Ela assentiu com a cabeça e eu dei espaço para que Jake entrasse e eu fechei a porta da mesma.
- Você não gosta da minha mãe, né? – Ele perguntou e eu ri, indicando a mesa no meio do quarto para que ele se sentasse e trouxe meu notebook para perto.
- Eu entendo o lado dela, sabe? Eu sou nova, um pouco estabanada, ela acha que eu não tenho experiência e por aí vai. Mas se ela ficar grudada como se fosse um chiclete, eu não vou conseguir fazer meu trabalho direito. – Ele assentiu com a cabeça.
- Isso você tem razão! – Ele riu, subindo na cadeira. – Mas a gente acabou não muito bem com a outra empresa.
- Sim, bem sei! – Me sentei a sua frente e procurei pela pasta de Jake nos meus documentos, abrindo um arquivo com perguntas de Extraordinário. – Mas você gosta de mim, não gosta?
- Gosto sim! – Ele sorriu. – Você parece minha irmã mais velha, cuida de mim ao invés de só me mandar fazer isso e aquilo. – Dei um pequeno sorriso. – E sai comigo também.
- Eu sou paga para fazer um serviço, mas eu estou lidando com crianças, elas merecem cuidados e atenção especial. – Ele assentiu com a cabeça. – Vamos fazer um pequeno jogo de perguntas e respostas? – Perguntei.
- Vamos lá. – Ele sorriu.
- Espera só um minuto que minha assistente pediu para eu olhar meu e-mail. – Falei e ele riu.
- Ê, . – Ri fraco.
- Já vai! Já vai! – Ele gargalhou e eu conectei no wi-fi do hotel rapidamente e abri o navegador, clicando no meu e-mail na aba de favoritos.
- Ainda em busca de clientes? – Ele perguntou e eu ri.
- Eu tenho só três clientes, Jake. Para eu manter minha empresa em pé sem faltar nada e ainda comer bem, eu preciso de pelo menos o dobro. – Suspirei.
- Mas você tem a Maggie.
- Se eu tivesse mais clientes poderia pagar um salário melhor para ela. Não aquela merreca de estagiário. – Ele riu.
- Mas ela é estagiária.
- Você já viu o quanto que ela trabalha? – Perguntei e ele riu.
Olhei rapidamente meu e-mail e vi que tinha resposta de alguns clientes em potenciais. A maioria era o básico ‘obrigada pelo seu contato, mas no momento não estamos interessados’, mas tinha um escrito ‘vamos marcar uma reunião’. Corri para ver de quem era o e-mail e vi que era de Nikki Hahn.
- Conhece alguma Nikki Hahn? – Perguntei para Jake, digitando o nome dela rapidamente no Google.
- Não. – Ele falou e eu olhei para os resultados.
- Hum, parece que ela fez alguns filmes do Disney Channel. – Falei. – 15 anos. – Olhei para Jake por cima do computador. – Quer marcar uma reunião.
- Isso! – Ele falou animado e eu ri.
- E tem uma Leilah de Meza. – Procurei rapidamente. – Fez menos filmes, talvez esteja precisando de divulgação. – Falei sorrindo.
- Vai dar certo, ! Você faz com que as pessoas queiram trabalhar contigo. – Ri fraco, mudando as páginas, abrindo no arquivo de Jacob novamente.
- Obrigada! – Falei. – Depois eu os respondo. – Suspirei. – Vamos lá. Estamos aqui com Jacob Trembley, astro de Extraordinário. – Falei e ele sorriu em minha frente. – Então, Jacob, o que te fez aceitar fazer o papel do Auggie?
- Eu aceitei porque é uma forma de combater o bullying. Mostra como crianças da minha idade sofrem bullying independente da sua aparência. – Assenti com a cabeça. – Além do Auggie ter todos os problemas dele, problemas na família, ele tem que viver como um garoto normal.
- Boa, Jake! – Falei. – Você não precisa ficar tão tenso na cadeira, pode relaxar os braços. – Ele assentiu com a cabeça, colocando os braços na poltrona. – Para você, qual é a principal mensagem do filme?
- Que não importa as aparências das pessoas, todos temos nossas dificuldades, nossos problemas e nosso carisma. – Ele sorri. – Auggie é um garoto que muitos gostariam de ter como amigo. Só que elas não querem conhecê-lo só por sua aparência. – Dei um pequeno sorriso, ouvindo uma batida na porta.
- Meu almoço! – Falei, me levantando na pressa. – Como você se sentiu em contracenar com atores tão famosos como Julia Roberts e Owen Wilson? – Continuei perguntando e abri a porta, sorrindo para o garçom. – Pode trazer o carrinho aqui no canto, estou usando a mesa. – Falei para ele em português e ele assentiu com a cabeça. – Obrigada. – Ele deixou o carrinho na lateral da porta e eu a fechei novamente, abrindo a tampa e vendo minha pizza cheirosa. – Quer comer? – Perguntei para Jake e ele negou com a cabeça.
- Já comi! – Ele riu.
- E a pergunta? – Virei para ele.
- Ah, qual era mesmo? – Me aproximei dele.
- Normalmente eles emendam duas, três perguntas de uma vez só, você precisa estar preparado.
- Eu sei! – Ele suspirou. – Como foi trabalhar com a Julia e o Owen? É isso, não é?
- Esse é meu garoto! – Falei, esticando a mão para ele que bateu. – E como foi? – Perguntei, vendo-o sorrir.

- Jake, você vem? – Falei quando sua mãe abriu a porta do quarto e ele veio correndo de bermuda e um boné na cabeça.
- Vamos lá! – Falei e ele riu.
- Cuidado, hein?! – Christina falou.
- Não quer vir? Conhecer um pouco do Rio.
- Não, querida. Eu só estou de acompanhante. – Assenti com a cabeça. – Mais tarde eu desço um pouco.
- Beleza! – Falei. – Vamos, Jake, vamos antes que o sol se ponha!
- Partiu! – Ele falou e eu ri.
Apoiei a mão em seu ombro e aguardamos o elevador por pouco tempo. Eu tinha colocado um biquíni e uma blusa de meia manga por cima. Queria ver se eu arranjava alguma prancha para surfar um pouco em terras brasileiras.
Eu e Jake atravessamos as piscinas do hotel e toda a parte de resort e saímos por trás. Senti meus pés tocarem na areia da praia privativa do hotel e suspirei. Olhei para frente e vi poucos guarda-sóis espalhados no mesmo e não mais que três pessoas andando pela areia da praia.
- Boa tarde, senhores. – Uma moça do hotel apareceu. – Vão aproveitar a praia?
- Um pouco. – Falei, sorrindo.
- Querem que eu os acomode em algum lugar?
- Nós nos viramos, obrigada! – Falei sorrindo. – Mas tenho uma coisa que talvez você possa me ajudar. – Falei.
- Pode falar. – Ela disse.
- Tem como você conseguir uma prancha de surfe para mim? – Perguntei dando um pequeno sorriso e ela assentiu com a cabeça.
- Claro! Um segundo! – Ele falou e me aproximei de um dos guarda-sóis, colocando minha bolsa em cima da espreguiçadeira e tirei a canga que estava presa na minha cintura. Jake tirou sua bermuda, ficando só de sunga.
- Não saia da minha visão e não vá para o fundo. Me entendeu? – Falei para Jake que confirmou com a cabeça.
- Pode deixar! – Ele falou, se aproximando do mar.
- Ah, e a água é gelada! – Gritei e ele ergueu o polegar para cima.
Comecei a me alongar aos poucos, vendo Jake entrar devagar no mar, mas a água deveria estar bem gelada já que ele não conseguia entrar mais fundo que as canelas. Soltei uma risada fraca, me sentindo a maior mãezona e tirei meu celular da bolsa, dando um rápido zoom e tirando uma foto dele de costas.
- Aqui, senhorita! – A atendente do hotel voltou com uma prancha de surfe e eu a peguei dela, ficando-a de pé na areia.
- Obrigada! – Falei. – Onde eu devolvo depois?
- Pode devolver para mim mesma ou para o outro atendente. – Assenti com a cabeça.
- Beleza! – Sorri, vendo-a se afastar.
Guardei minhas coisas rapidamente na bolsa e terminei de me alongar, vendo a dificuldade de Jake com a água, me fazendo rir. Ele saiu da mesma emburrado e seguiu em minha direção novamente.
- Não dá! – Ele falou, se sentando na espreguiçadeira. – Você realmente vai surfar? Tá muito gelada! – Ri, balançando seus cabelos.
- Surfista tem que estar acostumado com a água gelada, bonitinho! – Ele riu. – Não saia daí, daqui a pouco estou de volta.
- Eu posso tirar fotos? – Ele perguntou e eu ri.
- Pode! – Falei.
Prendi meu cabelo em um coque apertado, tirei meus chinelos, peguei a prancha e corri em direção ao mar. Uma das coisas que eu ainda fazia mesmo após o Liam era surfar. Havia criado muito gosto por esse esporte e havia aprendido. Sempre que dava eu corria para Santa Monica para pegar umas ondas.
Senti o gelo da água entrar em contato com meu corpo e fui entrando, tentando ignorar o frio. Coloquei a prancha para boiar na água e subi nela, nadando um pouco para o fundo. Essa praia não tinha ondas muito radicais, mas daria para eu brincar um pouco.
Cheguei numa profundidade ideal e virei de frente novamente para o hotel, vendo Jake como um pontinho ao fundo. Me ajeitei, prendendo a fita em meu pé e vi uma onda boa se aproximar e me coloquei a nadar, vendo-a se aproximar cada vez mais rápido e nadei com a mesma velocidade, fincando os pés na prancha e ficando em pé na mesma.
A onda era pequena, então só deu para me levar para a areia da praia, mas a brincadeira não tinha acabado ainda. Voltei novamente para o fundo e peguei uma onda boa, fazendo com que a água formasse um túnel para que eu passasse, me derrubando da prancha quando ela se fechou a minha frente.

Ergui a cabeça na água depois de ser derrubada da prancha e balancei a cabeça, respirando fundo. Olhei para a areia da praia e vi que o local estava um pouco mais movimentado. Ergui a cabeça para o céu e vi que o sol já tinha se posto. Era melhor entrar e não deixar Jake sozinho.
Saí do mar puxando a prancha comigo e desprendi a fivela do pé e segui em direção ao meu cliente que estava tremendo de frio sentado na espreguiçadeira. Finquei a prancha novamente na areia, ao lado do guarda-sol e virei para ele.
- Vamos entrar? – Perguntei. – Tomar um banho quente, comer alguma coisa gostosa e repor o sono? – Ele assentiu com a cabeça, enrolado na toalha e eu acenei para um dos atendentes do hotel que estava ali em volta. – Isso é emprestado, poderia devolver, por favor? – Falei.
- Claro, senhorita! – Ele sorriu.
- Se tiver algum acréscimo, pode acrescentar à conta do quarto de .
- Não tem, senhorita. – Assenti com a cabeça.
- Obrigada! – Sorri, vendo-o tirar a prancha da areia e se afastar.
- Vamos? – Peguei minha bolsa com uma mão e estiquei a outra para Jacob, vendo-o segurar com a mão gelada.
Segui para a entrada do hotel novamente e coloquei Jake na frente, subindo as escadas que davam de volta para a piscina. Algumas pessoas estavam lá e uma música ao vivo gostosa podia ser ouvida. Seria o local ideal em ficar, tomar um copo de suco, um lanche. Mas eu precisava responder aqueles e-mails, conferir a lista de compra e de lucros que Maggie havia me enviado e eu ainda gostaria de ver um pouco de Netflix.
- ! – Virei para baixo, achando que Jake tinha me chamado, mas ele andava na minha frente quieto. – ! – Ouvi passos rápidos e virei o rosto em direção à piscina, quase desmaiando com quem corria em minha direção.
- Merda! – Foi o que eu falei e respirei fundo, vendo Liam Hemsworth a alguns passos de mim.
- Ei, ! Que surpresa te ver aqui! – Ele falou e eu ainda estava um pouco atônita. Ele estava no Brasil, no Rio de Janeiro, no mesmo hotel que eu.
- Eu sou daqui. – Falei rispidamente. – O que você está fazendo aqui? – Ele tentou responder, mas eu estava chocada demais para ouvir, então continuei falando. – Eu evitei você por um ano e meio morando na mesma cidade que você e eu te encontro no Brasil? – Coloquei as mãos na cabeça. – Isso é piada.
- , por favor... – Liam falou e eu balancei a cabeça.
- O que você está fazendo aqui? – Perguntei novamente.
- Chris veio divulgar Thor 3 e eu vim com ele. – Ele falou devagar, como se tentasse manter alguma distância.
- Na mesma época que eu viria? No mesmo hotel? – Suspirei, balançando a cabeça. – Carma é uma vadia! – Falei e ele arregalou os olhos.
- Ei, também não é assim tão mal. – Ele falou. – O que você está fazendo aqui? – Ele perguntou e eu olhei para baixo, vendo que Jacob estava a alguns passos de nós.
- Vim acompanhar o Jacob Trembley na divulgação de Extraordinário. – Falei.
- Ele é seu cliente? – Assenti com a cabeça. – Nossa! Meus parabéns! Os negócios devem estar indo bem. – Suspirei.
- Estão indo. – Falei, soltando um suspiro em seguida.
- Eu estava te vendo surfar. – Ele coçou a cabeça. – Você está muito bem. – Ele deu um pequeno sorriso. – Tanto fisicamente, quanto no surfe. – Ele falou. – Você está muito bo...
- Oh não! – O cortei. – Não tente me cantar. – Falei. – Eu não vou permitir. – Balancei a cabeça. – Não, não! – Suspirei. – Isso não vai colar comigo.
- Eu só quero conversar contigo. Eu tentei te ligar...
- Eu sei. – Falei. – E eu não tentei atender. – Suspirei.
- Nós terminamos de uma forma tão brusca, eu queria ver como você estava...
- Você ainda não tem noção do quanto você me machucou, não é? – Perguntei, encarando seus olhos azuis. – Você me colocou na parede, você me pressionou. – Balancei a cabeça. – Por algo meu, por algo que eu sempre quis. – Suspirei. – Eu não poderia simplesmente deixar isso para lá, Liam. – Senti as lágrimas quererem começar a sair do meu rosto, mas respirei fundo. – Eu só precisava do seu apoio, que você entendesse, e você não quis. – Suspirei.
- Hoje eu sei que eu errei...
- E errou muito! – Suspirei. – Eu pensei que você me amasse. Que você ficaria ao meu lado não importasse o quê. – Balancei a cabeça. – Mas você fez totalmente o oposto. – Suspirei.
- , eu... – Ergui o dedo, passando as mãos no rosto.
- E já que estamos falando a verdade. Você sabe o que realmente doeu? O que realmente fez com que eu fugisse de você em qualquer oportunidade que eu tive? – Balancei a cabeça. – Você voltar com a sua ex. – Respirei fundo. – Não tinha dado nem um mês! – Falei um pouco mais alto. – Você voltou rastejando para ela. Voltaram como se nada tivesse acontecido. Recolocaram alianças nos dedos e já começaram a organizar a porcaria do casamento com Olívia Weddburgh. – Falei mais alto, notando que estava quase gritando. – Foi isso que me machucou mais. Foi isso que tirou meu sono. – Respirei fundo. – Porque me fez acreditar que a gente não tinha significado nada. – Puxei o ar, balançando a cabeça. – Se você me amava, você deveria ter pensado nisso.
- Não foi nada disso. – Ele balançou a cabeça. – Eu me senti pressionado.
- Pressionado? – Balancei a cabeça. – Você deveria tentar fazer o que tem vontade, para variar. – Falei, jogando os cabelos para trás. – Vamos, Jacob. – Virei para o lado, vendo Jake bem quieto ao meu lado. – Vamos lá para cima.
- , por favor. – Ele segurou meu braço e eu o puxei com força.
- Por favor, digo eu. – Balancei a cabeça. – Não faça isso. – Falei, segurando os ombros de Jake e começando a andar com ele novamente. Desviando das espreguiçadeiras e entrando no hotel.
- Você está bem, ? – Jake perguntou e eu respirei fundo.
- Não, Jake. Eu não esperava por isso. – Falei, suspirando em seguida e ele segurou minha mão firme.
- Vai ficar tudo bem. – Ele me abraçou pela cintura e eu fiz um carinho em seus cabelos.
- Obrigada! – Suspirei.
- ! – Me assustei ao ver Chris na minha frente e fiz uma careta.
- Ah, não! – Gemi baixo. – Oi, Chris, tudo bem? – Respirei fundo. – Podemos conversar depois? Acabei de encontrar seu irmão e eu não estou bem. – Balancei a cabeça. – Parabéns pelo filme!
- Claro! – Foi só o que ele conseguiu falar, pois Jake já havia me puxado para o elevador e eu só vi as portas se fecharem.
- Obrigada! – Suspirei.
- Temos que nos manter unidos, certo? – Ele perguntou e eu o abracei de lado, me abaixando para dar um beijo em sua cabeça. – Quer que eu fique contigo? – Ele perguntou e eu ri fraco.
- Não, Jake, eu preciso trabalhar e você precisa dormir. – Falei, vendo a porta do elevador se abrir novamente e seguimos pelo corredor do nosso andar. – Nos vemos amanhã, ok? – Ele bateu na porta do seu quarto e assentiu com a cabeça.
- Boa noite, ! – Ele falou, me abraçando e eu suspirei.
- Boa noite, querido. – Falei sorrindo.
Christina abriu a porta do quarto e eu acenei para eles, antes de entrar no meu. Eu precisava urgentemente de um banho, ver o que tinha pendente da empresa, ver Netflix e dormir. Mas depois desse encontro com Liam, minha estabilidade emocional tinha ido de 100 a zero em poucos minutos. E essa viagem não podia dar nada errado e muito menos me distrair.
Fechei a porta do quarto e entrei direto no banho. Eu estava travada, eu realmente não tinha noção do que tinha acabado de acontecer. Tinha que pensar no agora. Eu tinha muito que fazer, mas a única coisa que eu realmente consegui fazer foi chorar e entrar em desespero até que o sono me ganhasse e eu acabasse dormindo na cama com o notebook no colo.


Capítulo 3

Abri os olhos e olhei para o teto, sentindo uma dor de cabeça bater rapidamente. Soltei um suspiro e me sentei. Levantei e segui direto para o banheiro. Notei que eu estava suada por não ter ligado o ar na noite passada e tirei a roupa, largando-a em cima da pia, e entrei de cabeça e tudo no chuveiro.
Deixei que a água quente levasse embora as preocupações do dia anterior. Saí enrolada na toalha e andei até minha mochila novamente, procurando por um short e uma camiseta, enrolando a toalha na minha cabeça novamente.
Peguei meu celular jogado no meio da cama de casal e o conectei na tomada, vendo que ele ainda estava com bateria. Vi algumas notificações no topo, mas me assustei em ver que eram sete horas da manhã ainda. Liguei o notebook que estava em cima da mesa e também o coloquei na tomada.
Procurei pela minha agenda na bolsa e abri na semana seguinte da viagem, precisava marcar as reuniões com os clientes em potencial que eu havia recebido domingo e segunda. Mas como eram duas horas da manhã em Los Angeles, me atrevi a mandar mensagem para Maggie, quem sabe ela estava acordada.
Fala aí, chefia. Como está o Brasil?” Foi o que ela me respondeu prontamente e eu senti um alívio.
Posso te ligar agora?” Enviei e aguardei sua mensagem.
É para já” Ela respondeu e eu fiz a ligação rapidamente pelo WhatsApp.
- Fala, chefia! – Ela falou e eu sorri.
- E aí, Maggie? Tudo certo? – Perguntei. – Desculpa a hora.
- Ah, sem problemas! – Ela falou. – Eu estava estudando um pouco. Mas que horas é aí no Brasil?
- São sete. – Falei. – Acordei agora. Ontem o dia foi meio conturbado.
- Ah é? – Ela riu. – Por quê? Muito trabalho? – Suspirei.
- Quem dera! – Balancei a cabeça, me sentando na cadeira. – Eu encontrei Liam aqui, Maggie.
- O quê? – Ela falou alto. – Aí?
- Eu também não acreditei quando vi. Mas ele estava realmente na minha frente. – Suspirei.
- Até sentei depois dessa. – Ela falou atônita. - O que ele está fazendo aí? – Ela perguntou.
- Aparentemente ele veio acompanhar o irmão na estreia de Thor 3. Mas que coincidência, não?! – Suspirei. – É um carma do caramba.
- Mas vai ficar tudo bem. – Suspirei.
- Eu sei que vai, mas isso me desestabilizou total, Maggie. – Suspirei. – Eu preciso mostrar para Christina que eu mereço a conta do Jacob, entende? – Balancei a cabeça. – E vê-lo novamente... Eu não sei.
- Você ainda gosta dele? – Dei de ombros.
- Eu não o vi por um ano e meio, Maggie. Achei que estava ok. – Suspirei. – Mas não posso esquecer que namoramos por dois anos e terminamos por que estávamos cansados de brigar. – Balancei a cabeça. – Foi ridículo.
- Eu não sei como posso te ajudar, . Principalmente porque talvez ele vá querer ir atrás de você.
- Eu sei, Maggie. Só queria dividir isso com alguém. – Suspirei. – Liguei para saber como estão as coisas, sem tem alguma novidade.
- Recebemos alguns e-mails de clientes em potencial. – Assenti com a cabeça.
- Sim, isso eu vi! Vou pegar para responder agora.
- E tem alguns projetos em vista para McKenna, Sunny e até para Jake. Foram repassados dos agentes deles.
- É algo urgente? – Perguntei.
- Não, nada. – Ela falou. – Tudo para depois de abril.
- Então deixa que eu vejo quando voltar. – Falei. – Uma coisa de cada vez.
- Beleza.
- Eu queria te pedir o briefing com as entrevistas de hoje e o contato com os jornalistas. Caso alguém não apareça ou atrase. – Falei.
- Beleza! Vou te mandar no seu e-mail agora.
- Obrigada. Acho que é isso! – Falei.
- Beleza! – Ela riu.
- E Maggie... – Falei.
- Sim...
- Vai dormir! – Mandei. – Se você não estudou, agora não é a hora. – Falei. – Esteja descansada para sua prova.
- Pode deixar. Tô vendo tudo confuso já. – Ela falou e eu ri.
- Boa noite para você. Bom dia para mim. A gente se fala mais tarde. – Falei e ela riu.
- Bom dia, chefia! – Ela falou e eu sorri.
- Boa noite, Maggie. Qualquer coisa me avisa. Beijos! – Falei e desliguei o celular, colocando-o ao lado da mesa e abri o notebook.
Me fiz de útil nas próximas duas horas e meia. Respondi todos os e-mails, os de possíveis clientes e os negando a oportunidade, que eu acabava enviando o arquivo de apresentação da empresa. Se a pessoa tivesse interesse, pelo menos ela dava uma olhada. Conferi o briefing de entrevistas para Jake hoje e reconheci alguns nomes famosos no Brasil.
Também aproveitei para começar um release sobre a première de Extraordinário no Brasil, depois eu só adicionaria algumas fotos e dispararia para a imprensa americana e brasileira. E atualizei minha lista de contato com os dos jornalistas brasileiros.
Aproveitei que estava no pique e ainda conferi minhas notificações do Facebook e do Instagram e fiz uma publicação na página da empresa com a foto de Jacob ontem, falando da viagem de divulgação de Extraordinário.
Enquanto mexia no Instagram, não me contive e digitei o nome de Liam na busca. Depois que terminamos eu tinha deixado de segui-lo de todas as redes sociais. Olhei para as fotos rapidamente e cliquei na primeira. Reconhecendo claramente a vista do hotel que estávamos. A legenda era curta, mas também deixaria na cara isso. “Vamos conhecer o país que se parece com a Austrália, mas não é a Austrália”.
Balancei a cabeça e respirei fundo. Agora era tarde. Mesmo que eu não poderia simplesmente mudar a première do filme do Jake só porque meu ex-namorado magicamente decidiu me dar ouvidos e visitar meu país. Mas pena que não tinha sido comigo ou tinha sido quando eu estava aqui. Ainda estava em dúvidas do que me irritava mais.
Ouvi minha barriga roncar a passei a mão na mesma. Cliquei no celular, vendo-o acender e olhei que já passava das nove e meia. Acho que estava na hora de tomar café. Dei uma melhorada em meu rosto, passando um lápis no olho e troquei de roupa, colocando uma calça jeans skinny, uma blusa social e um sapato de salto alto. Eu não podia esquecer que estava em um dos hotéis mais ricos do Rio de Janeiro, onde famosos e celebridades se hospedavam. E que eu tinha que estar muito bem apresentada.
Puxei meu celular da tomada, guardei-o no bolso e saí do quarto, batendo a porta.

Bati levemente na porta da frente da minha, mas ninguém me atendeu. Supus que eles ainda estivessem dormindo ou que já desceram para o café da manhã. Apertei o botão do elevador e esperei-o. Entrei no mesmo e cliquei no botão do térreo, esperando com que ele descesse sem parar em nenhum outro andar.
Desci no lobby e segui em direção ao restaurante, acenando para alguns empregados do hotel. Passei pelas portas de madeira e olhei receosa para quem estivesse lá dentro, batendo rapidamente o olho para os Hemsworths que estavam em um canto do mesmo e engoli em seco.
- Bom dia, senhorita! – Um atendente me tirou do transe.
- Olá! – Falei sorrindo.
- Vai tomar café conosco? – Ele perguntou.
- Sim! Por favor. – Falei.
- Mesa somente para um? – Assenti com a cabeça.
- Sim!
- Me acompanhe, por favor. – Ele falou e eu o segui. Por sorte fui levada para o lado contrário da mesa dos Hemsworth e suspirei ao me sentar à mesa. – Você pode se servir no buffet ou escolher algo de nosso cardápio. – Assenti com a cabeça.
- Obrigada! – Falei e ele se retirou.
Coloquei o celular em cima na mesa e puxei as notificações, vendo se não tinha nada de novo. Sabia que isso era difícil em menos de dois minutos e balancei a cabeça com isso. Me levantei da mesa e segui para o buffet.
Acabei seguindo pelo básico: ovos mexidos, pães e frios. E uma xícara de café para acompanhar. Voltei para a mesa e comecei a comer devagar, dividindo meu tempo em responder mensagens dos meus amigos e dos grupos que eu frequentava.
- Ei! – Ergui o rosto, vendo Liam em minha frente e soltei um longo suspiro. – Eu não vim brigar.
- O que você quer, então? – Perguntei, suspirando.
- Conversar. – Ele falou. – Como pessoas civilizadas. – Ri fraco e estendi a mão para a cadeira vazia em minha frente.
- Fique à vontade. – Falei, pegando meu pão francês com a mão e dando uma mordida no mesmo.
- Como está a HELP? – Ele perguntou.
- Você realmente quer saber?
- Sim! – Ele falou, se sentando na minha frente.
- Está indo. – Falei.
- Deve estar indo bem, você assessora o Jacob Trembley. – Ri fraco.
- Foi sorte! – Suspirei. – Mas não está perfeito. Cuidar de uma empresa no início não é fácil. – Ele assentiu com a cabeça.
- Você está com McKenna também...
- Sim, estou! – Ergui os olhos para ele. – Isso é obra sua? – Perguntei. – Seja honesto comigo. Você trabalhou com ela em Independence Day que eu sei. – Ele não respondeu nada, só deu de ombros. – Por que me indicou? Você não gostava da HELP.
- Eu nunca disse isso, . – Ele falou.
- Pelo que eu me lembre, terminamos por causa disso.
- Eu nem lembro mais porque a gente terminou. – Ele falou.
- Você desistiu! – Dei de ombros. – Não quis lutar mais, e eu não lutaria sozinha. – Falei. – Foi por isso. – Dei um pequeno sorriso. – Você não quis esperar com que eu arrumasse a HELP até tarde, não quis nos dar uma chance, não quis dividir esse sonho comigo. – Dei de ombros. – Você fez sua escolha e eu decidi não lutar contra porque eu não desistiria da HELP por sua causa. Principalmente quando eu sabia que poderia ter os dois. Era só questão de paciência.
- Eu me arrependo de tudo isso. – Ele falou e eu arregalei os olhos.
- Liam Hemsworth assumindo que errou? – Falei. – Essa é nova para mim.
- Eu sei que eu não fui justo com a gente. – Ele continuou. – Mas eu te amei muito. – Ele suspirou. – Ainda amo. – Ri fraco. – Eu nunca tive com outra pessoa o que eu tive contigo.
- Então por que não lutou por mim? – Perguntei. – Não que você deva, mas eu também te amo. – Suspirei. – Poderíamos ter arrumado isso juntos.
- Eu não sei... – Ele falou. – Eu acho que precisava de um tempo também... – O cortei.
- Você poderia ter esse tempo. – Falei. – Mas você voltou com ela. – Dei um pequeno sorriso. – Foi isso que me fez desistir. Ver você novamente com ela, voltando de onde tinha parado. Noivado, casamento... Sei lá. – Suspirei.
- Você não me atendeu, ...
- E você precisava ter voltado com ela? – Notei que falei um pouco mais alto e relaxei o corpo na cadeira novamente. – Eu estava brava contigo, chateada. Eu merecia esse tempo.
- Eu estava também. – Ele falou. – Ela foi atrás de mim e uma coisa levou a outra.
- E você não tirou dois minutos para pensar em como isso me afetaria? – Ele ficou quieto. – Eu foquei na HELP e faço isso todos os dias. Conseguir mais clientes, melhorar, manter, pagar meu almoço, manter o caixa no positivo... – Suspirei. – Nem sempre eu consigo, mas eu tenho uma funcionária já, tenho três clientes, outros em potencial... É assim que começa! – Falei.
- E você está indo muito bem. Ouço algumas pessoas falando. Angélica fala que você está indo muito bem. – Assenti.
- Tomamos café de vez em quando. – Falei suspirando.
- Ela fala sobre mim? – Ele perguntou e eu neguei com a cabeça.
- Não! – Falei. – Eu peço que não. – Suspirei. – Mas já faz um ano e meio, certo? – Dei um pequeno sorriso. – Temos que seguir em frente, Liam. E nos responsabilizar pelas nossas escolhas. – Suspirei. – Eu me responsabilizei pelas minhas. E você? – Ele assentiu com a cabeça.
- ! – Virei para o lado, vendo Jake correndo em minha direção e abri os braços, vendo-o se colocar entre elas.
- Aí está meu garoto! – Dei um beijo em sua bochecha. – Deixa eu ver você. – Segurei sua mão, afastando-o de mim. Ele estava com calça, blusa e sapato social. – Você está muito lindo, sabia? – Falei e ele riu.
- Obrigado! – Ele sorriu. – Você também.
- Obrigada! Você conhece o Liam, não conhece? – Ele assentiu com a cabeça.
- Você não vai deixar a triste de novo, vai? – Ele perguntou e eu não aguentei em rir.
- Não, querido. Só estamos conversando. – Falei, fazendo um carinho em sua cabeça.
- Então, oi! – Ele estendeu a mão para Liam e eu ri fraco, vendo Liam cumprimentá-lo.
- Prazer em te conhecer. – Liam falou, cumprimentando Jake.
- Já tomou seu café? – Perguntei.
- Uhum, mamãe pediu no quarto, estava treinando minhas respostas. – Ri fraco.
- Não precisa decorá-las, Jake. Só saber o que dizer.
- Eu sei! – Ele falou.
- Bem, Liam. Eu tenho que trabalhar um pouco. – Me levantei e ele se levantou junto. – A gente se vê.
- Você está linda! – Ele falou e eu suspirei.
- Ela é linda! – Jake falou, me abraçando pela cintura e eu ri.
- Esse é meu novo namorado, conhece? – Brinquei e Liam riu.
- Até mais! – Falei para Liam, assentindo com a cabeça.
- ! – Ele me chamou novamente e eu virei o rosto. – Eu sei que não estamos juntos, mas um dia você me prometeu mostrar o seu país... Talvez essa seja nossa única oportunidade. – Assenti com a cabeça.
- Oh, verdade, ! – Jake falou. – Você poderia nos levar para mostrar o Rio, que tal? – Ri fraco, soltando um longo suspiro.
- É, eu acho que posso fazer isso. – Falei olhando para Liam. – Nós temos entrevistas até meio dia. Nos encontre no lobby à uma da tarde. – Falei e ele assentiu com a cabeça.
- Isso! – Jake comemorou ao meu lado.
- Vamos, Jake! – Falei, empurrando-o e saímos juntos do restaurante.

- Estou cansado. – Jake sussurrou ao meu lado e eu fiz um carinho em sua cabeça.
- Eu sei, querido. Só falta mais um, ok?! Depois você pode descansar um pouco. – Ele assentiu com a cabeça e eu olhei para a minha prancheta.
- Não quero descansar, vamos andar pelo Rio, certo? – Ri fraco e assenti com a cabeça.
- Eu não sei se devo, querido. – Balancei a cabeça. – É o Liam, sabe?
- Eu sei, mas eu vou te proteger! – Assenti com a cabeça. – E quem sabe vocês não voltem? Vocês formam um casal bonito. – Soltei uma risada.
- Quem dera fosse fácil assim, querido. – Falei e vi o próximo jornalista passar pela porta da sala separada para nós e me afastei de Jake. – Olá, bom dia! – Falei para o jornalista. – Eu sou , assessora de Jacob.
- Olá, . Sou Márcio! – Ele falou, apertando minha mão. – Você fala português muito bem.
- Sou daqui! – Falei e ele sorriu.
- Legal! – Ele sorriu.
- Então, Márcio. Seu roteiro seguirá o que me foi enviado?
- Sim, será isso mesmo! – Ele falou e eu assenti com a cabeça.
- Então, vamos lá! – Segui em direção para Jacob, vendo-o parecer tão pequeno na poltrona. – Jacob, esse é Márcio; Márcio, esse é Jacob Tremblay. – Voltei para o inglês e o jornalista sorriu.
- É um prazer conhecê-lo. – Márcio se sentou na cadeira à frente de Jacob e eu me mantive em pé na lateral de Jacob, fora da visão das câmeras. – Como está se sentindo, Jacob?
- Bem, obrigado! – Ele sorriu.
- O que está achando do Rio de Janeiro?
- Não consegui conhecer ainda, chegamos ontem. – Ele segurou uma mão na outra, escondendo no meio das pernas, ele estava com vergonha. – Vamos dar uma volta hoje. – Ele sorriu. – Mas a água do mar é gelada. – Sorri com o jornalista.
- E me diga sobre o filme, Jacob. Ele é simplesmente inspirador. O que te fez aceitar esse projeto?
- Eu gostei muito de fazer esse filme por conta da mensagem que ele passa. – Ele colocou as mãos nos braços da poltrona. – Mostra um pouco do amor que está faltando no mundo. – Sorri.
- E o Auggie realmente existe, certo? – Jake concordou com a cabeça. – Foi difícil para você fazer alguém que realmente existe?
- Eu fiquei nervoso porque eu queria fazer com muita realidade, mas sem cair no deboche. – Ele falou. – Auggie é um garoto muito legal e sua história merece ser mostrada para fazer com que outras pessoas com essa mesma síndrome sejam entendidos e recebidos. – Às vezes eu me surpreendia com a maturidade desse garoto.
- Como foi trabalhar com atores como Julia e Owen que possuem uma experiência incrível e com tantos filmes?
- Eles são demais! – Ele sorriu. – Eu aprendi muito com eles. E eles me mostraram muitas coisas para melhorar.
- Para um garoto da sua idade, você é bem prematuro. Como você começou?
- Eu comecei a fazer aula de teatro com três anos e fiz algumas peças de teatro e na escola, até que tive meu primeiro papel real com seis anos para o filme The Great Sambini & Booger the Magic Ferret, aí as coisas foram andando até O Quarto de Jack e agora Extraordinário.
- Voltando para Extraordinário, qual foi a parte mais difícil? – Perguntei.
- A maquiagem. – Ele falou. – Ela coçava, pinicava e era pesada. – Sorri. – E demorava umas três horas para colocar tudo certinho. E isso precisava ser feito todo dia. – O jornalista riu.
- Para terminar, Jacob. Deixe um recado para os fãs brasileiros.
- Obrigado, Brasil. Estou adorando estar aqui! Espero que vocês gostem e apoiem ao filme Extraordinário. – Ele falou. – Quinta-feira nos cinemas! – Ele sorriu, acenando para a câmera.
- Obrigado, Jacob! – O jornalista levantou e Jacob também.
- Obrigado! – Falei, cumprimentando-o. – Estarei aguardando o link da publicação, tudo bem?
- Claro! – Márcio assentiu com a cabeça. – Obrigado pela atenção! – Ele falou e assentiu com a cabeça, se retirando da sala.
- Acabamos, galera! – Falei para a pequena equipe que tinham montado ali.
- Vamos passear? – Jake falou animado e eu ri.
- Ei, quero almoçar antes! – Falei e ele riu.
- Ok, podemos almoçar antes. – Ele riu e eu baguncei seus cabelos.

Fiquei nervosa se realmente levaria esse passeio adiante. Eu havia prometido à Jacob, então teria que sair de qualquer forma. E era quase uma da tarde, eu não conseguiria sair com ele e os seguranças sem que Liam e Chris me vissem. Chris não tinha nenhuma culpa nisso e eu até que estava querendo ficar com Liam mais um pouco.
- Não! – Falei para o meu cérebro. – Você não quer! Isso é cilada! – Suspirei, voltando para o banheiro e fiz um rabo de cavalo apertado e me emplastrei de protetor solar.
Voltei para o quarto, coloquei meu tênis e me encarei no espelho. Short jeans, camiseta solta, tênis e óculos escuros. Acho que eu estava bem para andar pelo Rio de Janeiro em pleno novembro com o sol próximo aos 40 graus.
Ajeitei somente meu celular e minha carteira na bolsa, deixando-a o mais leve possível, por ter consciência de onde eu estava, ainda mais com três atores famosos junto. Passei um batom na boca e suspirei, ainda indecisa se deveria ir ou não.
- Vamos, ! – Ouvi a voz de Jake no corredor e suspirei, contando até dez. – Você não vai fugir dessa! – Respirei fundo e me levantei da cama novamente e segui até a porta.
- Você não é o problema, Jake. Você sabe disso! – Ele riu embaixo do seu boné.
- Eu sei! Mas você que aceitou isso.
- Fiz besteira, não fiz? – Perguntei e ele deu de ombros.
- Isso você que vai ter que descobrir, . – Ele sorriu, colocando as mãos na cintura. – Eu te protejo.
- Ah, meu pequeno! – Me abaixei e o abracei apertado. – Obrigada, viu?! Mas eu estou bem. Já sou grandinha demais, posso cuidar de mim.
- Não é porque você é grandinha que não deve permitir que os outros te ajudem. – Ri fraco, confirmando com a cabeça.
- Você está certo! – Suspirei.
- Pronto! – Christina apareceu pronta e eu sorri.
- Vai sair do ninho um pouco? – Brinquei e ela riu.
- Eu não podia perder a oportunidade. – Ela sorriu. – E eu sou católica e o Cristo é bem famoso.
- Vocês vão gostar. É maravilhoso! – Sorri. – Pelo menos o dia parece estar claro. Não deve ter nuvens encobrindo-o.
- Que bom! – Jake falou. – E como vamos?
- Pedi uma van aqui no hotel mesmo. Assim cabe todo mundo, incluindo os seguranças.
- Ah que bom! Christina falou.
- Bem, vamos? – Jake perguntou. – Seu namorado deve estar esperando por mim.
- Essa brincadeirinha não tem graça, senhor Tremblay. – Ele riu. – Vamos, vai! – Ele correu até o elevador, apertando o botão.
- Jake disse que seu ex está aqui. – Suspirei.
- Para você ver o carma. – Ri fraco. – Queria fazer a viagem perfeita, sem preocupações, e acabo encontrando ele no único país que eu nunca pensei que o encontraria. – Ela riu fraco.
- É um dos Hemsworths, não é? – Ela perguntou.
- O mais novo. – Suspirei. – Namoramos por dois anos, terminamos por um motivo bobo, ele voltou para a ex-famosa e bem sucedida dele e eu fiquei chupando o dedo... – Ela riu fraco. - Desculpa, não deveria estar dividindo isso com você. – Ela sorriu.
- Você é uma moça de 24 anos. Confesso que estou surpresa pelo seu profissionalismo, sua idade jovem e ainda lidar com um namoro conturbado, além dessa viagem que eu sei que você está fazendo de tudo para me agradar. – Ri fraco. – Você está me ganhando, . – Ela sorriu e entramos no elevador juntas.
Descemos para o lobby em silêncio e eu tentei contar bem devagar e puxar e soltar o ar diversas vezes, para ver se eu conseguia manter minha sanidade intacta. Quando as portas do elevador se abriram, eu soltei um longo suspiro, após vê-lo apoiado no balcão do hotel com uma blusa regata, bermuda, tênis e óculos escuros.
- Vai dar tudo certo! – Christina cochichou em meu ouvido e eu achei até engraçado, mas gostei de saber que tinha algum apoio.
- Oi, galera! – Falei para Liam e Chris e ambos sorriram.
- Posso te cumprimentar como gente agora? – Chris perguntou e eu ri, abrindo os braços para ele. – Que saudades que eu tava de você! – Ele me ergueu no ar e eu apertei meus braços pelo seu pescoço. – Você está linda como sempre.
- Obrigada, Chris! – Sorri. – Como você esta? Elsa? Luke? Sam? As crianças?
- Estão todos bem! – Assenti com a cabeça. – E você? Fiquei sabendo da sua empresa. Assessorando Jacob Tremblay. E aí, garoto talentoso? – Chris esticou a mão, batendo na de Jake. – Aonde você vai nos levar? - Ele perguntou.
- Quando vocês chegaram? – Perguntei.
- Domingo à noite. – Ele falou. – Vamos embora sexta de manhã.
- Nós vamos no fim do dia! – Falei e ele sorriu. – Estou empolgada pelo seu filme, sabia?
- Espero que você goste! – Ele me abraçou de lado. – E agora? Aonde vai nos levar? – Ri fraco.
- O que acham de ir ao Cristo Redentor e no bondinho do Pão de Açúcar? – Virei para os quatro.
- Oh, isso é legal! – Jake falou animado.
- Eu chamei uma van para nós. – Falei. – Vocês estão sozinhos? – Perguntei mais para Chris do que para Liam.
- Temos dois seguranças.
- Nós também! – Falei e me aproximei do balcão.
- Olá, no que posso te ajudar?
- Eu reservei uma van para um tour pelo Rio.
- Senhorita , certo? – Assenti com a cabeça. – Eles já estão te esperando na entrada. – Assenti com a cabeça.
- Obrigada! – Falei. – Vamos então. – Segurei a mão de Jake e segui para a porta do hotel, vendo Bernardo e Miguel seguirem em nossa direção. – Olá! – Falei para o motorista. – Sou .
- É a senhorita que eu estava esperando. – Ele falou. – Vão ser vocês nove?
- Isso! – Falei, vendo os seguranças de Liam e Chris se aproximarem também.
- Para onde primeiro? – Pensei um pouco.
- Pão de Açúcar, depois para o Corcovado. – Ele assentiu com a cabeça.
- Vamos, então! – Ele sorriu, abrindo a porta da van.
- Entrem! – Falei parada na porta, vendo os quatro seguranças seguir para o fundo, Liam e Chris entrarem depois, Christina e Jacob e eu fui a última, fechando a porta.
- O que é o Pão de Açúcar que você fala? – Liam perguntou atrás de mim.
- É o morro, na verdade. Nós embarcamos na praia vermelha, a primeira parada é no morro da Urca, depois no morro do Pão de Açúcar.
- É aquele bondinho legal, não é? – Jake perguntou animado e eu sorri.
- Lá mesmo – Falei. – Já avisando, tudo no Rio é longe, então vai demorar um pouco para chegar. – Falei e virei de frente quando o motorista saiu com a van.
Eu fiquei quieta o caminho inteiro. O resto do pessoal até conversava, mas eu não estava me sentindo confortável. Liam estava atrás de mim e parecia que eu podia sentir sua respiração em meu pescoço.
A primeira parada foi na Praia Vermelha, a van parou bem na beirada da praia, o que fez com que o pessoal seguisse direto para a areia da praia, incluindo os irmãos Hemsworth e eu fiquei na parte de cima da mureta, não muito a fim de encher meu tênis de areia. Liam sorriu para mim lá de baixo e eu virei o rosto, fazendo muito esforço para não retribuir.
- Vamos! – Falei. – Temos que chegar ao Cristo antes do pôr do sol! – Falei, andando em direção à estação do bondinho do Pão de Açúcar, vendo Jake se prontificar rapidamente para ficar ao meu lado e eu segurei sua mão.
Chegando ao Pão de Açúcar, não estava tão cheio, afinal era terça-feira e novembro, não tinha muitos turistas na cidade, então nem precisamos pagar o tíquete mais caro para furar fila. Não que dinheiro fosse problema para o pessoal que estava comigo. Talvez eu chorasse um pouco quando olhasse minha conta bancária, mas depois eu me resolveria com ela quando voltasse a Los Angeles. Já tive que pagar ingresso para mais dois seguranças com o cartão corporativo, então...
Quando chegou nossa vez, nós nove entramos na cabine, junto de uma dúzia de pessoas, deixando o bondinho bem leve até, cogitando que cabia 65 pessoas ali dentro. Jake se aproximou com sua mãe da frente do bondinho, vendo-o subir devagar até o morro da Urca. Eu fiquei atrás, vendo o bondinho subir e deixando a estação para trás.
Eu fiquei lá sozinha por quase toda subida, sentindo o balanço de leve do bonde, me fazendo firmar as mãos no apoio. Não que eu tivesse medo de altura, mas não gostava do negócio balançando também. Pouco antes de chegar ao primeiro morro, Liam se colocou ao meu lado, mas não falou e nem fez nada, somente apoiou as mãos no corrimão e ficou lá.
Quando o bonde chegou ao primeiro morro, saímos lado a lado em silêncio e Jake seguiu espoleta ao meu lado, falando o quão legal era, mas que ele estava com medo porque era muito alto, me fazendo rir e balançar a cabeça.
Mudamos de bonde e dessa vez seguiríamos direto até o Pão de Açúcar. Liam tirou algumas fotos da paisagem e dessa vez seu irmão parou ao meu lado, se apoiando no corrimão que tinha na volta inteira do bonde.
- Eu deveria tentar defender meu irmão, sabia? – Ele falou baixo e eu ri em seguida. – Mas eu realmente não sei se deveria. – Virei para o lado, apoiando a mão em seu ombro.
- Nem eu sei, Chris. – Suspirei. – Eu não acho que ele mereça.
- Eu gostava tanto de vocês dois juntos. – Ele suspirou. – Você era tudo o que ele precisava e mais um pouco.
- Eu sei. – Falei e ele riu ao meu lado. – Ele se tornou uma pessoa diferente aos meus olhos. – Dei de ombros. – E depois voltou ao que era quando nos conhecemos. – Apoiei minhas mãos no corrimão, vendo o Rio de Janeiro lá embaixo.
- O que aconteceu, exatamente? Ele nunca me disse. – Ele me perguntou e eu virei para trás para ver se Liam não estava prestando atenção. Ele estava num canto do bonde, quieto, mas olhando em nossa direção, o que me fez respirar fundo e ele desviar o olhar.
- Talvez ele tivesse vergonha. – Suspirei, virando de costas para o vidro e ele fez o mesmo. – Foi uma briga boba. – Suspirei. - Eu estava cuidando da reforma do prédio da assessoria. Ele foi lá pela milésima vez ver se eu precisava de ajuda. – Suspirei. – Eu já tinha dito que não queria o dinheiro dele. – Falei mais baixo. – Uma coisa levou a outra, eu falei coisas que não devia, ele falou coisas que não devia. – Suspirei. – Ele propôs terminar. – Virei para a vista novamente. – Eu fiquei muito puta por ele oferecer isso e fui embora. – Dei um sorriso fraco.
- E você não o viu mais? – Neguei com a cabeça.
- Até ontem. – Suspirei. – O que vocês vieram fazer aqui? Por que não me disse? – Ele riu fraco.
- Desculpa, . Eu não tive a intenção de trazer memórias para você. Mas eu não achei que fôssemos nos encontrar aqui. – Ele deu de ombros. – Achei que você estava em LA ainda.
- Estou. – Ri fraco. – Mas, apesar de tudo, Chris, eu estou com a cabeça limpa. – Suspirei. – Foi escolha dele. – Ele assentiu com a cabeça. – Eu ainda estou solteira, sabe? – Ele gargalhou e passou o braço pelos meus ombros.
- Ah, menina! – Ele riu. – Que saudades que eu tava de você. – Ri fraco, balançando a cabeça. – E o trabalho parece que vai bem, não? – Suspirei. – Jake é um dos mais procurados em Hollywood.
- Eu gosto, sabe? – Sorri. – Tem dias que eu não durmo, emendo trabalho, não tenho dinheiro para pagar meu almoço... – Balancei a cabeça. – Mas vai bem, as pessoas estão conhecendo a HELP, me conhecendo... Está indo tudo conforme o esperado.
- Se um dia algum dos meus filhos ficar famoso, prometo que os levo para vocês! – Sorri.
- Aquela India vai te atazanar muito ainda. – Falei. – Pode esperar. – Ele riu.
- Ela sente sua falta, sabia? – Suspirei. – Todos eles.
- Não faça isso, Chris. – Balancei a cabeça. – Por favor.
- Ok! – Ele assentiu com a cabeça. – Parei. – Ele deu um beijo em minha testa. – Mas vai ficar tudo bem.
- Tudo bem para mim ou para ele?
- Para os dois. – Assenti com a cabeça.
- ! – Jake me chamou. – Isso é demais! – Ele se virou para mim e eu me afastei de Chris.
- Está gostando? – Perguntei e ele assentiu com a cabeça.
- Vamos descer um pouco e tirar umas fotos! – Falei, bagunçando sua cabeça.

- O que você prefere mais? – Liam me perguntou quando estávamos no elevador, subindo até o Cristo. – O Cristo ou o Pão de Açúcar? – Ele me perguntou.
- Aqui, com certeza! – Sorri. – É a vista mais bonita do mundo, além de você poder ter um contato especial com o seu deus. – Ele assentiu com a cabeça. – Espero que vocês gostem. – Olhei para Christina. – É de tirar o fôlego. – Falei e ela abriu um largo sorriso.
- É de tirar o fôlego como mergulhar numa piscina funda ou ver o amor da sua vida? – Christina perguntou e eu ri fraco.
- Ver o amor da sua vida, mesmo. – Falei, vendo o elevador se abrir e sairmos dele.
- Como foi a primeira vez que você veio? – Christina perguntou e eu suspirei.
- Nossa! – Ri fraco. – Eu tinha cinco anos. – Balancei a cabeça. – Não tinha escadas rolantes ou elevadores na época.
- E como vocês subiam? – Jake perguntou.
- Escadas. – Falei. – 222 degraus para ser mais exata. – Ele arregalou os olhos.
- Você se lembra? – Ri fraco.
- É algo muito marcante. – Sorri. – Queria subir de escada novamente, mas não temos muito tempo. – Eles riram. – Vem!
Saíamos do elevador faltando um pequeno lance de escadas ou de escada rolante para chegar ao mirante do Cristo Redentor no Corcovado. Lá de baixo, em meio às arvores, já era possível ver partes da estátua. Segui na frente subindo os poucos degraus até o último patamar e vi o céu do Rio de Janeiro se abrir para mim, de costas para o Cristo.
Andei com os seguranças próximos a nós até ficar de frente para o Cristo e abri um largo sorriso, me sentindo em casa novamente. Christina abriu um largo sorriso e se ajoelhou no chão. Jake estava atônito, talvez com o tamanho ou com a beleza da cidade. Chris e Liam tinham travado alguns passos atrás de mim.
Fiz um sinal da cruz e uma reza silenciosa para o meu Deus e me aproximei da vista, apoiando minhas mãos na murada e suspirando.
- Isso é demais! – Vi Liam se debruçar na murada ao meu lado e eu virei de costas para a vista, erguendo os olhos para a cabeça do Cristo, me fazendo franzir os olhos.
- Confessa! – Virei para ele. – Melhor que a baía de Sydney. – Ele abriu um largo sorriso, gargalhando.
- Eu não posso fazer isso. – Abri um largo sorriso.
- Eu não conto para ninguém. – Falei e ele riu. – Deixa eu só ligar meu gravador.
- Ah não! – Ele riu, segurando minha mão que entrava na bolsa. – Eu estou em baixa atualmente, não quero ficar mais ainda.
- Isso é verdade! – Voltei a me apoiar na murada, como ele. – Cadê seus filmes novos? – Ele riu.
- Em pós-produção. – Ele falou e eu assenti com a cabeça.
- Saudades de você no cinema. – Falei.
- Só no cinema? – Olhei para ele e balancei a cabeça.
- Não faça isso! – Falei, franzindo os lábios. – Não vamos fazer isso conosco e nem aqui. Esse é meu lugar feliz. – Senti o vento bater em meu rosto. – Não estrague meu lugar feliz.
- Não vou, prometo! – Ele sorriu e eu assenti com a cabeça. Observei Jake com os braços abertos enquanto Christina tirava foto dele e vi Chris do outro lado fazendo o mesmo.
- Vem! – Falei para Liam, pegando meu celular da bolsa. – Vamos tirar uma foto. – Falei e ele se levantou.
- Tem certeza? – Ele perguntou.
- Como você disse, não saberemos quando estaremos no Brasil juntos novamente. – Ele assentiu com a cabeça. – Chris! – Gritei para o mesmo que parou de tirar selfies. – Tira uma foto nossa?
- De vocês? – Ele perguntou.
- Não pergunte. – Falei e ele se aproximou.
- Vem! – Falei, descendo alguns degraus da frente do Cristo com os irmãos e parei alguns acima e vi Liam se colocar ao meu lado.
Liam passou um braço na minha cintura, fazendo com que eu puxasse a barriga para dentro, sentindo um arrepio passar pelo meu corpo e soltei o ar devagar pela boca. Respirei fundo, dando um rápido sorriso para a foto e Chris tirou algumas.
- Não mostre essa foto para ninguém. – Falei baixo para ele.
- Me envia? – Ele perguntou e eu virei para ele.
- Eu não tenho mais seu telefone. – Peguei meu celular com Chris novamente e esse me abraçou.
- Vai, uma selfie! – Ele ergueu seu celular. – Jacob, Christina! – Ele falou, me apertando pelos ombros e vi Liam surgir acima da minha cabeça, Christina e Jacob nas laterais. – Brasil, sil, sil!
- Sil, sil, sil! – Jake o copiou e eu ri, começando a gargalhar descontroladamente.
- A hiena está de volta. – Chris falou e eu dei uma cotovelada em sua barriga.
- Prontos para ir para casa? – Perguntei.
- Não! – Os quatro falaram e eu fiquei quieta.
- Ok! – Falei, rindo em seguida.

Saí novamente do quarto naquele dia, de banho bem tomado, mas de biquíni e uma saída de praia que se assemelhava a um lindo vestido e rasteirinha nos pés. Saí em silêncio, tentando fazer o menor barulho possível. Eu queria ficar sozinha um pouco, eu precisava ficar sozinha um pouco, principalmente depois daquele dia, mas queria algo um pouco mais forte do que champanhe para isso. E queria fazer isso sem me preocupar com a conta que viria depois.
Entrei no elevador e deixei que ele me levasse até o lobby novamente e caminhei até a área do resort, onde a piscina estava com as luzes acesas, pessoas conversavam nas mesas que beiravam a areia da praia e uma gostosa música era tocada por um moço em um violão.
- Boa noite! – Falei para o barman do bar da piscina e me sentei sobre a mesa, olhando para o céu azul escuro do fim de dia.
- Posso lhe servir alguma coisa? – Ele perguntou.
- Um shot de José Cuervo ouro e uma caipirinha de limão com pinga. – Falei, apoiando meu celular e minha carteira no bar.
- É para já! – Ele falou, começando a trabalhar na minha frente.
Apoiei a mão na cabeça, jogando os cabelos para trás e vi o barman colocar a dose de tequila na minha frente e eu a peguei rapidamente, virando-a em minha boca. Senti a mesma descer queimando pela minha garganta e apoiei o copo novamente no balcão, vendo o barman trocar pela caipirinha.
- O que você está bebendo? – Virei para o lado, batendo a mão na cabeça ao ver Liam alguns bancos ao meu lado.
- Ah não! – Respirei fundo. – Eu vim aqui para fugir de você. Não beber juntos.
- Eu cheguei antes! – Ele disse e eu revirei os olhos.
- Ah, tchau! – Peguei minha caipirinha e me levantei do balcão.
- Ah, , qual é! – Ele correu em minha direção.
- Não me entenda mal, Liam, mas ficamos juntos o dia inteiro. Isso é mais do que suficiente para uma vida toda. – Respirei fundo.
- Mas você não precisa me evitar.
- Mas eu quero te evitar! – Falei rindo, apoiando o copo na mesa mais próxima. – Eu não quero ficar perto de você, Liam.
- Por quê? – Ele falou, se aproximando e eu dei um passo para trás. – Você ainda gosta de mim?
- O que você acha? – Balancei a cabeça. – Eu te amei, Liam. Eu não digo essas palavras para qualquer um que aparece na minha frente. – Balancei a cabeça. – Eu não sou que nem você. – Suspirei. – Aqui dentro do meu peito bate um coração. Um coração que demorou para se abrir, mas se abriu para você! – Empurrei seu peito. – O mesmo coração que ficou trancado em casa por três semanas seguidas porque não se conformava em ter te perdido. – Falei. – O mesmo coração que pediu colo para mãe quando você voltou com aquela depois de um mês? – Balancei a cabeça. – Seis semanas?
- Nós não vamos voltar nisso. Eu já te falei.
- Sim, que você foi pressionado. – Respirei fundo. – Pressionado por o quê? – Gritei. – Eu não a conheço, mas duvido que ela tenha colocado uma arma na sua cabeça e falado para você ficar com ela.
- Não, ela não fez isso! – Ele falou. – Eu achei que fosse uma maneira de te esquecer mais rápido. – Ele falou, me fazendo engolir em seco. – Uma maneira de curar meu coração mais rápido. – Ele balançou a cabeça. – Você não vê? Eu sempre vou te amar, . – Balancei a cabeça, sentindo algumas lágrimas começar a escorrer de meu rosto. – Você foi algo diferente na minha vida. Até minha família fala que eu melhorei contigo. Você foi especial.
- E você precisava se esquecer tudo que aconteceu conosco e simplesmente voltar a ser o que era? – Ergui as mãos. – Você não é meu Liam mais. – Dei um sorriso de lado. – Eu não sei quem você é.
- Eu sou! – Ele falou, se aproximando mais um pouco e apoiando as mãos em meus ombros. – Eu sou seu Liam. – Ele deu um sorriso de lado. – Eu sempre vou ser. – Respirei fundo, balançando a cabeça.
- Não mais. – Ergui uma mão para seu rosto, fazendo um carinho em sua bochecha. – Meu Liam se preocupava comigo, garantia minha felicidade acima de outros, corria atrás de mim...
- O que você acha que eu estou fazendo agora? – Ele falou. – Eu te amo, . Eu sempre vou correr atrás de você.
Eu não tive tempo de raciocinar. Suas mãos desceram dos meus ombros para minha cintura e seus lábios colaram nos meus e eu não consegui resistir. Minhas mãos subiram para seu pescoço e eu o aproximei de mim. Eu saí de foco por alguns segundos. Tempo suficiente para que eu me sentisse confortável em seus braços novamente e tivesse várias lembranças do que fomos dois anos atrás.
Me sintonizei novamente e abri meus olhos com pressa, espalmando minhas mãos em seu peito e empurrando-o para longe de mim. Ele se balanceou um pouco e eu passei as mãos em minha boca, tentando assimilar o que tinha acontecido.
- ...
- Não diga! – Falei, respirando fundo e dando voltas ao redor do meu próprio corpo.
- ...
- Não! – Falei, erguendo um dedo e soltando o ar pela boca diversas vezes. – Você não tem noção do que você acabou de fazer? – Perguntei. – Eu não fico com caras comprometidos.
- Percebi! – Ele falou.
- Você acha isso engraçado? Isso é errado, Liam! – Falei.
- Eu ainda gosto...
- Notei! – Falei, interrompendo-o. – Você sabe o que teria acontecido contigo se um dia eu tivesse descoberto que você me traiu? – Perguntei, erguendo as mãos, inconformada. – Nós não teríamos tido nenhuma dessas conversas. A gente não teria tido uma tarde confortável. Eu não olharia nem na sua cara! – Falei. – Eu não gostaria mais de você. – Respirei fundo. – Você talvez nem estivesse vivo. – Respirei fundo, quase espumando de raiva. – E eu tenho certeza que sua atual namorada não aceitaria estar sendo chifrada pela ex. – Respirei fundo, começando a rir sozinha. – Apesar de que ela já aceitou uma vez, não foi?! – Dei um sorriso irônico para ele. – Foi o que você fez com a January Jones, não foi?
- Você está jogando baixo, ... – Ri fraco.
- Eu não estou jogando jogo nenhum, Liam. Eu estou entrando no seu! – Falei, apontando em direção ao seu peito novamente. – Eu não quero e não vou ser a outra, Liam.
- Se você quiser que eu termine com ela agora para ficar com você, eu termino. – Ele falou e eu balancei a cabeça, respirando fundo.
- Não é assim que funciona, querido. – Ergui uma mão para seu rosto, acariciando levemente. – Se você realmente quiser terminar com ela, termine. – Falei. – Mas não faça isso por mim. Você tem que saber o que você quer da sua vida antes de decidir ser quer alguma coisa comigo. – Respirei fundo. – Como eu disse um dia: no futuro eu posso não ter você. – Ele segurou minha mão, apoiando a cabeça em meu braço. – Isso é uma decisão que você tem que fazer. – Suspirei, dando um rápido beijo em sua bochecha. – Mas se você quer saber se eu ainda te amo. Sim, eu amo. – Balancei a cabeça. – Não imagino um dia que não amarei. – Dei um pequeno sorriso. – Pense, ok?! – Respirei fundo. – Aproveita que eu ainda estou aqui. – Abaixei minha mão, sentindo-o soltar devagar.
Me contive em encarar seus olhos azuis e me fiz de forte naquele dia e me afastei dele. Peguei a caipirinha em cima da mesa atrás de Liam e segui para dentro do hotel de cabeça erguida. Sentindo que tinha cumprido meu trabalho.


Capítulo 4

Acordei sozinha naquele dia. Não que eu tivesse dormido muito, fiquei matutando o que eu disse para Liam a noite enquanto assistia Friends no Netflix, pensando se eu tinha feito certo ou não. Mas também fiquei pensando sobre o beijo... Pareceu como se ainda fôssemos o casal de 18 meses atrás.
Suas mãos na dobra da minha cintura, escorregando cada vez mais para baixo. Meus braços em volta de seu pescoço, levemente na ponta dos pés, seu corpo colado no meu... Era perfeito. As lágrimas começaram a cair dos meus olhos, mas só por alguns segundos. Eu precisava me manter forte, como eu fazia por todo esse tempo.
Mas eu sabia que não deixaria de amar esse homem tão cedo em minha vida, então para que lutar? Para que ter esperanças? Principalmente depois de ter colocado toda possível decisão na mão dele. Agora eu precisaria que ele desse o próximo passo para que eu pudesse agir novamente. Era quase uma dança, um jogo de xadrez.
Coloquei meu biquíni, um short e uma camiseta e desci para a praia naquele dia. Era o meu dia! Tinha que dar tudo certo! Tinha que ser perfeito! Eu teria que terminar essa noite com o dia impecável. Era quase sete horas quando meus dedos tocaram a areia branca da praia, então, o sol estava surgindo no horizonte de forma magnífica. O dia seria maravilhoso.
A atendente do hotel apareceu com uma prancha de surfe sem que eu perguntasse. Larguei os shorts em uma das espreguiçadeiras, prendi a corda em meu pé e caí na água, sentindo-a bater em meu corpo gelado, a ponta dos dedos passando pela água, o corpo sendo engolido pelo túnel que se formava.
Por um momento, fiquei somente apreciando o nascer do sol, enquanto algumas ondas pequenas se quebravam embaixo de mim. Senti que estava sendo observada e virei o rosto em direção à área da piscina do hotel, que ficava alguns metros acima do nível da areia e vi Liam me observando, com os braços apoiados na murada. Pelo menos parecia que era ele, pois no momento em que eu o notei, ele se mexeu, saindo dali, me fazendo soltar um longo suspiro.
Saí do mar e devolvi a prancha. Voltei para o hotel com areia até os joelhos e parei na ducha para tirar o resquício de sal do corpo. Tirei minha blusa molhada do corpo e amarrei a toalha na cintura. Apertei bem meu cabelo e fiz um coque, prendendo com o próprio. Voltei para dentro do hotel, sentindo algumas gotas de água descer pelas minhas costas e passei pela porta do restaurante, me aproximando da atendente que estava no mesmo.
- Bom dia! – Ela falou. – Vai se juntar a nós? – Ri fraco.
- Não desse jeito, moça! – Ela riu. – Poderia pedir para me mandar um café completo para o meu quarto? – Perguntei. – É o quarto de .
- Para uma pessoa?
- Na teoria! – Falei. – Na prática pode ser para umas duas ou três. – Ela riu.
- Pedirei para que enviem, senhorita. – Ela falou e eu sorri.
- Obrigada! – Sorri.
Olhei rapidamente para dentro do restaurante, à procura de Liam, mas não o vi. Segui novamente para o elevador e apertei o botão, esperando-o abrir em minha frente. Quando ele o fez, olhei para os dois australianos em minha frente e só pude pensar como carma era infeliz.
- Bom dia, ! – Chris falou e eu dei um pequeno sorriso. – Acordou cedo, foi?
- Bom dia, garotos! – Respirei fundo, trocando de lugar com eles e entrando no elevador. – Fui surfar um pouco.
- Uau! – Chris falou. – Não sabia que tinha pegado gosto pela coisa. – Dei de ombros, olhando para Liam.
- Vocês me ensinaram bem! – Falei e apertei o botão do meu andar, vendo a porta se fechar em minha frente, deixando os dois para fora. Notei os olhos de Liam descendo devagar pelo meu corpo enquanto a porta se fechava. Assim que as portas do elevador se abriram novamente, vi Jake e Christina esperando por ele.
- Ei! Bom dia! – Falei e o mais novo me abraçou. – Tô molhada, Jake.
- Acordou cedo, foi? – Christina perguntou e eu ri.
- Espairecer um pouco antes. – Sorri.
- Quer nos acompanhar para o café?
- Hoje não, gente! Vou adiantar algumas coisas aqui que hoje é um dia especial! – Olhei para Jake que abriu um largo sorriso. – Nos vemos mais tarde para prova de roupa. – Falei e ele assentiu com a cabeça.
- Tá legal! – Ele falou e eu coloquei a chave no meu quarto, empurrando a porta do mesmo.
Aproveitei que estava com o corpo molhado e fui direto para o banho, passando bastante hidratante no cabelo para tirar a secura causada pela água do mar. Tive que interromper o mesmo para atender a porta do hotel para o garçom que veio trazer meu café da manhã.
- Só ignora! – Falei com o corpo encharcado enrolado na toalha.
- Tenha um bom dia, senhorita! – Ele falou e eu fechei a porta, voltando correndo para o banheiro, agradecendo pelo chão ser de carpete.
Voltei para o banho para tirar o condicionador do cabelo e saí do banheiro enrolada na toalha novamente. Vesti uma calcinha e me esbaldei no café da manhã. Ovos, pães, queijos, embutidos e muito café para aguentar aquele dia inteiro em pé.
Segui até minha mala e puxei meu vestido da première ali, vendo o pano azul drapeado me fazer suspirar. Passei a mão pelo mesmo, feliz pelo tecido não ter amassado tanto. O pendurei no boxe do banheiro e fechei a porta. O vapor do banheiro poderia ajudar com os poucos amassados. Não queria mandar para a lavanderia do hotel, já tinha abusado bastante do gasto monetário.
Me joguei na cama com o computador e liguei o mesmo, abrindo o e-mail e fiquei feliz por ver alguns clientes em potencial ali e soltei um suspiro aliviado. Por causa da divulgação de Extraordinário, a HELP finalmente estava começando a decolar.
Olhei as informações que Maggie havia me mandado, li seu release, fiz algumas rápidas correções e enviei novamente, liberando a publicação. Olhei alguma postagem que meu designer freelancer fez em nossas redes sociais e anotei na minha agenda o número de seguidores e de curtidas. Talvez precisasse voltar a pagar Google AdWords. Anotei isso também na minha agenda para quando voltasse para o Brasil e respirei fundo.
Vi um e-mail da produtora do filme, falando que teria uma première atrasada em Pequim no começo de 2018 e respirei fundo, anotando também na minha agenda. Partiu outro lado do mundo! Adorava quando isso acontecia!
Salvei as agendas de McKenna Grace e de Sunny Pawar e enviei e-mail para ambos que analisaria as propostas junto do novo orçamento pelo trabalho e mandaria para eles até segunda-feira que vem. Minha pasta de valores não estava comigo e não gostava de deixar isso na mão de Maggie.
Um dos e-mails era da mãe da atriz Dafne Keen, que fez Logan, ela queria saber mais informações sobre a empresa. Me empolguei rapidamente e agradeci por pagar pacote de roaming internacional e disquei o rapidamente o número dela, mas desliguei no primeiro toque. Eram dez horas no Brasil, cinco da manhã em Los Angeles. Deixei para fazer isso depois, num horário mais normal. Respondi o e-mail que quando ela tivesse disponível, mandar uma mensagem no meu telefone que eu ligaria o mais rápido possível.
Nesse meio tempo em que eu fiquei pensando o que fazer, meu celular tocou em minha mão e eu vi o nome de minha mãe e o atendi rapidamente.
- Filha? – Ela falou.
- Oi, mãe! Onde você está? – Perguntei.
- Na porta do hotel. – Ela falou e eu arregalei os olhos.
- Meu Deus! – Falei animada. – Estou descendo!
Coloquei uma sapatilha rapidamente, peguei minha carteira e saí do quarto rapidamente, ouvindo um baque alto até demais da porta. Bati o pé em frente à porta do elevador, esperando que ela abrisse. Pulei dentro do mesmo e tive que aguentar com que ele parasse em outros quatro andares para pegar homens e mulheres que estavam muito melhores vestidos do que eu. Mas o que eu estou falando? Estávamos no mesmo hotel. E eu estava em um andar mais alto que o deles, então meu quarto era melhor.
Ri com esse pensamento e vi que as portas se abriram. Observei todo o pessoal sair e deixar minha visão livre para minha mãe e Ana, minha irmã mais nova. Coloquei minhas pernas em movimento e saí correndo em direção e elas, vendo minha irmã pegar a deixa e sair correndo em minha direção. Segurei-a nos braços e girei em meu colo, ouvindo-a rir escandalosamente.
- Ah, que saudades que eu estava de você! – Falei, enchendo minha irmã de beijos que não parava de rir.
- Ai, , para! – Ela falou e eu ri, vendo minha mãe se aproximar com lágrimas nos olhos.
- Ah, meu amor! – Minha mãe falou e eu senti as lágrimas caírem de meus olhos e coloquei Ana no chão, para que eu apertasse minha mãe forte com os dois braços. – Você está linda! – Ela falou. – Agora minha menina é uma empresária poderosa? – Ri fraco.
- Estamos no caminho, mãe! – Suspirei. – Mas eu só tenho 24 anos. Estar à frente de muitas pessoas da minha idade já me deixa feliz.
- E cadê o seu cliente mais especial? – Balancei a cabeça.
- Todos são especiais, mas cada um tem uma prioridade. – Ela assentiu com a cabeça. – Não sei, honestamente. Eu fui surfar um pouco cedo, ele estava indo tomar café com a mãe, mas isso já faz umas três horas. – Ela riu.
- Bem, vamos encontrá-lo na première mais tarde. – Ela sorriu. Olhei para o lado rapidamente, notando Chris e Liam na recepção falando com alguém e respirei fundo.
- Você não acredita quem está aqui. – Falei.
- Liam, certo? – Ela falou. – Maria me disse que você mandou mensagem para ela. – Fiz uma careta. – Como está indo?
- Brigas, brigas, brigas, choros, muitas lágrimas, tentativas de retorno. – Suspirei, balançando a cabeça. – Isso não é hora para falar. – Ela sorriu. – Cadê Maria, falando nisso? – Me referi a minha irmã mais velha. – Meus sobrinhos?
- Você conhece Maria, consegue ser mais viciada em trabalho que você. – Ri fraco.
- Acho que isso é de família, viu? – Suspirei.
- Mas cadê Liam? Quero cumprimentá-lo. – Ela falou e eu segurei seus braços.
- Mãe! – A repreendi.
- Que foi? – Ela perguntou. – Eu gostava dele. Ele foi seu melhor namorado. – Suspirei.
- Meu único namorado, mãe. – Ela abafou as mãos.
- Mas ficaram juntos por dois anos. Isso é importante. Daria até um noivado. – Revirei os olhos.
- Não fale em noivado. – Suspirei.
- Ah, ele está ali! – Ela falou, tocando meu braço e seguindo em direção à recepção. – Liam!
- Ela quer me enlouquecer! – Falei para Ana que riu.
- É a mãe, ! Ela só quer te ver feliz. – Ri, bagunçando os cabelos dela como fazia com Jake.
- Mas é complicado, Ana! Você vai entender quando chegar à minha idade. – Ela sorriu.
- Estou bem, obrigada! – Suspirei e olhei minha mãe e Liam se cumprimentarem animadamente e ele olhar em minha direção. Soltei um suspiro alto e notei Liam me encarando.
- Mãe! – Falei para ela que me olhou e se despediu de Liam rapidamente. – Podemos...?
- Claro, querida! O que quer fazer? Sair para almoçar? Está cedo ainda, certo! – Abracei-a de lado.
- Eu tenho que terminar algumas coisas ainda, dar uma olhada em Jake, repassar algumas informações da première. – Ponderei com a cabeça. – Podemos nos encontrar para almoçar?
- Vamos à Churrascaria Palace? – Suspirei quando ela falou isso.
- Eu queria muito, mãe, mas meu orçamento mal me deixou subir no Cristo de novo. – Ela riu e piscou com um olho.
- Eu pago para você! – Abri um sorriso.
- Então, não vou negar. Mas sei que o rodízio está passando dos 120. Tem certeza? – Falei e ela assentiu com a cabeça.
- Não é todo dia que eu vejo minha pequena, certo? – Assenti com a cabeça.
- Podemos nos encontrar ao meio dia e pegamos um Uber? – Perguntei.
- Perfeito! – Ela falou. – Eu vou fazer check-in.
- Vocês reservaram um quarto aqui? Falei para ficar comigo.
- Você tem que trabalhar, filha! Relaxa, se preocupa não. – Ela falou e eu balancei a cabeça.
- Espero que saiba o que está fazendo.
- Mamãe ganhou cinco mil reais na quadra. – Ana falou e eu abri a boca.
- Então, está explicado! – Falei e ela riu. – Mas cinco mil vão embora voando.
- Falei que ia gastar nessa viagem para te ver. – Minha mãe falou. – Para de ser chata! – Balancei a cabeça. – Será que os meninos querem ir com a gente?
- Não querem e não vão. – Falei. – Por favor, mãe!
- Ok, ok. – Ela abanou as mãos. – Vai trabalhar, nos falamos mais tarde. – Dei um forte abraço nela e estalei um beijo no rosto de Ana e acenei para elas, voltando para o elevador.

Esperei o elevador me levar de volta para o andar e bati na porta do quarto de Jacob, vendo Christina abrir a porta rapidamente.
- Olá! – Falei. – Como está, Jake?
- Entra! – Ela falou e eu entrei no seu quarto. – Ele está experimentando o terno.
- Adoro esse menino! – Falei e ela sorriu.
- Bati no seu quarto agora pouco, você não estava lá?
- Não! – Virei para ela. – Minha mãe chegou! Ela veio me visitar, já que eu apareci por aqui.
- Ah, sério? Que bom que ela pode vir! Depois me apresente a ela, por favor.
- Pode deixar! – Sorri. – Ela e minha irmãzinha vão conosco na première.
- Ah, que bom! – Ela sorriu.
- O que acham? – Virei para Jake que saía do banheiro com um terno preto com risca de giz cinza.
- Ah, como esse menino é lindo, gente! – Falei, abraçando-o fortemente na altura da sua cabeça. – Você está muito lindo, Jake! – Falei, afastando-o de mim e peguei as duas pontas da sua gravata, dando um nó na mesma. – Queria que você fosse mais velho para ser meu namorado. – Ele e Christina riram.
- Quem sabe um dia? – Ele falou e eu ri, estalando um beijo em sua testa.
- Não, filho! já é comprometida. – Virei para Christina com a testa franzida. – Pelo menos seu coração está! – Ela falou e eu suspirei, dando de ombros.
- Vamos mudar de assunto, certo? – Assenti com a cabeça com a minha própria pergunta. – Você está pronto, Jake? Acha que precisamos repassar algumas perguntas ou você está confiante? – Perguntei.
- Eu estou confiante! – Ele falou. – Já passamos por tantas premières e entrevistas que eu já decorei.
- Vai ter mais uma em janeiro, ok?! – Falei. – A produtora me passou as informações ontem.
- Aonde que vai ser? – Ele perguntou.
- Em Pequim! – Falei.
- Legal!
- Também gostei! – Falei e ele riu. – Nunca fui para Pequim!
- Eu também não! – Ele falou e eu bati minha mão na dele.
- Então, acho que é isso! Só esperar mais tarde para a première. – Falei e ele concordou com a cabeça. – Eu tenho uma ligação para fazer, mas depois vocês gostariam de almoçar comigo e com a minha família?
- Claro! – Jake foi o primeiro a falar.
- Sim! Aonde vocês vão? – Christina perguntou.
- Chama Churrascaria Palace, fica ao lado do Hotel Copacabana Palace, ficaríamos lá se não fosse a produtora. É a melhor churrascaria do Rio de Janeiro. – Falei e ele sorriu.
- Hum, eu quero! – Jake falou.
- Perfeito! – Falei e puxei meu celular rapidamente, vendo a resposta da mãe de Dafne em meio às notificações do meu e-mail. – Eu tenho uma ligação para fazer, nos encontramos no lobby meio dia, pode ser?
- Pode! – Christina falou.
- Até mais, gente! – Falei, seguindo em direção à porta. – Tá gato, Jake! – Falei, saindo.

- Vamos lá! – Falei e suspirei, discando o número internacional de Maria, mãe de Dafne Keen. Respirei fundo, ouvindo o telefone tocar e me sentei na cama, encostando minhas costas na cabeceira.
- Alô? – Ouvi um forte sotaque espanhol.
- Olá, falo com Maria Fernandez? – Perguntei.
- Sim, quem gostaria?
- Sou , assessora chefe da HELP, empresa de assessoria de atores mirins.
- Ah, sim, sim! – Ela falou animada. – Olá, , tudo bem?
- Tudo bem e contigo, senhora Fernandez?
- Tudo bem também! Obrigada por ligar! – Ela falou.
- Então, Maria, você nos enviou e-mail pedindo mais informações sobre a HELP, certo?
- Sim! – Ela falou. – Dafne teve grande recepção ao fazer Logan, mas depois disso só tivermos uma proposta para outro papel, acho que precisamos de ajuda na divulgação.
- Claro! – Falei. – Como foi feito a divulgação de Logan?
- Eu sou atriz de teatro, então tenho um conhecido que fazia as divulgações do teatro e ele me deu algumas dicas, mas foi o suficiente para aquela época. Talvez tenham outros filmes de X-Men à caminho, ela quer continuar nessa área... – Ela suspirou. – Precisamos de ajuda.
- Bom, senhora Fernandez, meu trabalho é bem simples, na verdade. Caso vocês topem por fechar comigo, eu fico responsável por toda divulgação e organização da agenda profissional da sua filha. Então, eu elaboro releases de divulgação, acompanho em campanhas e eventos com enfoque profissional, oriento sua filha em entrevistas e reuniões, faço a divulgação no site e redes sociais da minha própria empresa, fico responsável pelas redes sociais da sua filha, analisando o que é relevante ou não, incluindo boatos que possam sair para serem desmentidos ou confirmados. Além de cuidar de toda agenda dela que me é enviada diretamente pelo produtor ou equipe de filmes ou séries que ela pode vir a gravar ou divulgar.
- Então, é o trabalho completo mesmo? – Ela riu.
- Sim, senhora! – Falei. – Além de que eu acabo sendo uma mãe para os seus filhos em viagens. – Suspirei. – Raramente eles permitem que mais uma pessoa, além do assessor, acompanhe os filhos na viagem. Então, como são crianças. Eu preciso ter cuidado com o bem estar do seu filho também.
- Ah, muito bom saber disso! – Ela falou. – E deixa eu te perguntar, , algumas pessoas falaram sobre você, Hugh Jackman comentou sobre sua empresa, mas ele não sabia detalhes. – Arregalei os olhos feliz e suspirei. – Há quanto tempo você está no ramo?
- Estou há um ano e meio. – Falei. – Eu sou brasileira, mas me formei em jornalismo pela UCLA há três anos, estagiei na prefeitura de Los Angeles por quase um ano e meio, depois entrei de aprendiz na Creative Artists Agency e decidi montar minha própria assessoria com esse foco. Pois sei que trabalhar com adultos e crianças requer uma atenção e responsabilidade totalmente diferente.
- Ah, legal! – Ela falou. – Que bom! Eu ouvi várias pessoas falando sobre você, na verdade. Aparentemente, não é muito comum assessorias só de crianças.
- Não, senhora! – Falei. – É difícil eu pensar em alguma, na verdade.
- E quem são seus clientes? Você já tem alguns?
- Eu possuo três, na minha carta atualmente. McKenna Grace, Sunny Pawar e Jacob Trembley, que está em divulgação comigo aqui no Brasil. – Falei.
- Ah, nossa! Que demais! – Ela falou. – Tem alguns nomes de peso.
- Sim, senhora!
- Bem, . Você está viajando, então podemos marcar uma reunião para quando você voltar para que eu te conheça? Conheça seu escritório e tudo mais?
- Claro que sim! Chego sábado, podemos deixar para a semana que vem?
- Sim, com certeza! – Ela falou.
- Me envie por e-mail seus horários disponíveis para que eu possa olhar na minha agenda.
- Perfeito! – Ela falou.
- Ah, e senhora Fernandez, não sei se chegou a ver, mas eu mandei um press kit no seu e-mail mais cedo com algumas informações da minha empresa que eu possa não ter falado pelo telefone.
- Ah, perfeito! Vou dar uma olhada e marcamos.
- Perfeito! – Sorri. – Estou ansiosa para conhecer você e Dafne.
- Muito obrigada pela sua atenção, . Tenha um bom dia!
- Você também, senhora Fernandez! – Falei e desliguei o telefone, respirando fundo. – Agora vamos torcer!
Abri rapidamente o WhatsApp e olhei a conversa de Maggie, vendo que ela tinha respondido alguma coisa para mim sobre compras e contas, e só mandei um sorriso, agradecendo. Apertei novamente o botão do áudio e falei.
- Maggie, é o seguinte, acabei de falar com Maria Fernandez, ela é mãe da atriz Dafne Keen que fez Logan. – Respirei. – Ela pareceu até que interessada, se surgir qualquer e-mail dela, me ligue, mande sinal de fumaça, é um cliente em potencial e não podemos perder. – Respirei novamente. – Quero marcar uma reunião com ela na semana que vem, aproveite e peça para a faxineira ir ao escritório na segunda e se ela tiver tempo, no meu apartamento também, vai estar horrível quando eu chegar. – Falei. – E aí, alguma novidade? – Respirei fundo, largando o botão do áudio.
Olhei o horário no telefone e vi que eu podia me arrumar com calma e descer para o lobby sem precisar sair correndo.

- Picanha no alho? – O garçom perguntou e eu só apontei para o meu prato.
- Pode descer, moço! – Falei e ele riu. – Eu vou precisar dormir a tarde inteira para ficar disposta para noite.
- Eu já estou satisfeito. – Jake falou, relaxando na cadeira.
- Eu também! – Ana falou também e eu sorri, achando até surpreendente minha irmãzinha de oito anos falar inglês tão bem quanto eu que moro nos Estados Unidos há quatro anos. Essas crianças são prematuras demais.
- Como que cabe tanta comida assim? – Jake perguntou olhando meu prato e eu gargalhei.
- Quando você descobrir, me avisa, por favor! – Ele gargalhou. – Mas quando você tiver minha idade vai comer assim também.
- Vamos ver! – Ele falou, rindo em seguida.
- Espero que eu veja mesmo, Jake! – Sorri. – Quando você tiver minha idade, eu já terei 36. – Falei e eu arregalei os olhos em seguida. – Pelo amor de Deus! Para! Vamos voltar a esse momento. – Falei e ele sorriu.
- Vamos lá! – Christina falou, apoiando os cotovelos à mesa. – Por que você foi para os Estados Unidos e por que você decidiu abrir uma empresa para assessorar atores mirins? – Ela perguntou e eu suspirei.
- Bem, eu ganhei uma bolsa para fazer meus últimos dois anos na UCLA, esse foi o motivo de eu ir para os Estados Unidos. Depois eu comecei a namorar Liam e aí eu não queria ir embora por esse motivo. Me formei na faculdade, as coisas se passaram, eu consegui um emprego até bom na CAA, mas eu não estava feliz, sabe? Era mais assistente do que assessora mesmo. Aí minha avó faleceu, deixou uma herança boa para gente e eu decidi abrir a HELP. – Suspirei. – Inicialmente era uma assessoria com uma cara mais animada e jovial. Depois, por obra do destino, eu consegui focar em atores mirins.
- Acho que não tem nenhuma assessoria de atores mirins, tem? – Minha mãe perguntou.
- Eu fiz uma pesquisa de campo antes de abrir e não achei nada. Tem assessorias que também assessoram crianças, mas nada focado. – Falei.
- Você vai ver, o povo vai descobrir bastante. Só divulgar! – Ela falou.
- Eu mando releases para empresas, produtoras, empresas cinematográficas, assessorias maiores que possam ter interesse em parceria, mas começar é naturalmente difícil! – Dei de ombros. – Eu estou tentando fazer sobrar um pouco ao final de cada mês para fazermos uma campanha publicitária, mas ainda não está dando. – Dei de ombros.
- Vai dar sim, querida! – Minha mãe falou. – As coisas vão se ajeitando aos poucos.
- Ah, isso com toda certeza! – Encostei-me a cadeira. – Eu estou lidando bem, meus clientes estão gostando do trabalho, eu estou fazendo o que eu gosto, me divertindo bastante, conhecendo lugares. – Sorri. – As coisas se apertam um pouco, mas tenho pessoas que confiam em mim. – Olhei para Jake que assentiu com a cabeça.
- Confio bastante! – Jake sorriu.
- E seu filme? É legal? – Ana perguntou e eu abracei minha irmã de lado.
- É demais, Ana! Você vai ver! – Falei e Jake sorriu.
- Você sabe se vai ser em português ou inglês o filme, ? – Christina perguntou.
- Normalmente é no áudio original com legendas. – Dei de ombros. – Mas se for em português, vai ter legendas em inglês.
- Bom, eu já sei as falas de cor, então está fácil! – Jake falou e a mesa inteira gargalhou.
- Esse é meu garoto! – Ele sorriu. – Bem, acho que chega! – Suspirei, apoiando os talheres no prato.
- Tem certeza? – Minha mãe brincou e eu fiz uma careta, rindo em seguida.
- Eu quero sobremesa agora! – Jake falou e eu gargalhei.
- Acho que hoje a gente merece. – Falei, erguendo meu copo. – Ao filme Extraordinário. – Falei. – E ao extraordinário Jacob pelo seu excelente trabalho. – Ele sorriu, erguendo seu corpo também.
- Obrigado. – Ele falou e eu sorri.

Acabamos voltando tarde do restaurante. Cheguei ao hotel quase quatro horas da tarde. Separei de minha mãe e de minha irmãzinha e subi com Jacob até nosso andar. Indiquei que ele descansasse que a noite seria puxada. Não sei se ele me ouviu, mas eu me ouvi. Cheguei, tomei um banho bem demorado e deitei na cama, programando meu celular para as 18:45. O evento era 20:45, teria que sair umas oito para chegar à tempo.
Acordei com o despertador e com a cara amassada. Peguei minha chapinha na bolsa e segui para o banheiro, conectando o fio na tomada, me sentando na beirada da banheira e comecei a trabalhar nas minhas mechas devagar. Acabei conectando um pendrive de músicas na televisão e deixei com que minhas músicas de diversas partes do mundo me animassem.
Quando terminei de alisar meu cabelo, eu fiz uma trança com as laterais e prendi atrás da minha cabeça com uma fivela de strass. Peguei minha maquiagem e fiz a mais completa possível, com base, corretivo, contorno e tudo que eu tinha direito. Fiz os olhos mais delicados e passei um batom vermelho nos lábios.
Segui para o quarto novamente e procurei por algumas joias que eu havia trazido, colocando brincos, colar, pulseira e meu anel de formatura. Tirei o vestido do cabide e mexi nos detalhes de baixo dele que pareciam escamas de peixe. O vesti devagar e puxei o zíper com dificuldade. Instintivamente pensei na falta que Liam fazia para fechar isso para mim. Balancei a cabeça e coloquei meus sapatos pretos de bico fino. Me olhei no espelho e suspirei, feliz com o resultado.
Dei uma checada no relógio e vi que faltava uns 10 minutos para eu tocar à porta de Jacob. Mandei mensagem para minha mãe e para os seguranças para confirmar se eles estavam prontas e a resposta foi positiva. Separei meus documentos e perdi alguns minutos vendo as mensagens e notificações do meu celular. O e-mail da empresa estava cheio, mas nenhuma das coisas eu podia resolver naquele momento. E metade deveria ser atualização de status dos meus clientes ou novos projetos. Provavelmente nada que eu não poderia deixar para resolver segunda-feira.
Respondi meus amigos do Brasil e de Los Angeles e peguei uma bolsa de festa que eu havia trazido e guardei tudo lá dentro. Procurei minha chave pelo quarto, desliguei todas as luzes e conferi se a chapinha estava fora da tomada e saí do meu quarto, ouvindo a porta à minha frente ser aberta também.
- Uau! – Jacob falou quando me viu e eu abri um sorrio. – Você está demais, ! – Ele falou e eu sorri.
- Gostou? – Dei uma voltinha e ele sorriu.
- Está demais! – Ele falou e eu assenti com a cabeça.
- Pronto? – Perguntei.
- Pronto! – Ele assentiu com a cabeça e eu vi Christina aparecer atrás de nós com um tubinho preto longo.
- Vamos, então! – Falei, estendendo a mão para Jacob e seguimos até o elevador.
Chegamos lá embaixo rapidamente. Minha mãe e minha irmã estavam no lobby nos esperando já e Bernardo e Miguel na porta. Olhei rapidamente para os lados à procura de Liam e me decepcionei em não vê-lo ali. Queria que ele visse como eu estava bonita.
- Como você está linda! – Ana falou e eu sorri.
- Vocês estão maravilhosos. – Minha mãe falou e eu assenti com a cabeça.
- Vocês também. Muito elegantes! – Falei e ela assentiu com a cabeça. – Bem, vamos? Temos horário! – Jake assentiu com a cabeça e segurou minha mão novamente.
Bernardo e Miguel nos esperavam na frente do hotel perto da van que nos levaria para a première. Era muita gente, então não tinha como ser um carro chique. Nem tinha como alugar um carro chique.
Fomos o tempo inteiro em silêncio. Jake não dizia, mas eu sabia que ele estava nervoso. Ele era um pouco tímido, então ele gostava de ter seu momento sozinho enquanto seguíamos viagem.
A première seria no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, no centro da cidade. Demoraria cerca de 30 minutos para chegar. Se nada nos atrapalhasse, chegaríamos com 15 minutos de antecedência e ainda tinha um tempinho para Jake falar com a imprensa.
No que a van parou, já pude ver um pequeno movimento na frente do teatro. A larga frente do teatro foi reduzida e eles fizeram um tapete vermelho bem na entrada central, fechando as laterais com balizas.
Saí primeiro que Jake, me surpreendendo pela magnitude do local. Acho que mesmo se eu tivesse passado ali na frente, eu nunca tinha notado sua imensidão. Dos dois lados das balizas uma pequena multidão se aglomerava. Pequenas mesmo, nada como as de Los Angeles, Nova York ou Londres, mas eram fãs brasileiros, então era preocupante qualquer meia dúzia de fãs juntos.
Cobrindo toda a extensão das duas janelas, pôsteres do filme estavam dispostos com Jacob caracterizado como Auggie. Tirei um marcador permanente da minha bolsa e entreguei a ele que agradeceu sorrindo.
- Bernardo, Miguel, acompanhem-no, por favor! – Falei e ambos seguiram colados à Jake enquanto ele cumprimentava alguns fãs.
- Nos vemos lá dentro! – Minha mãe falou e ela e Ana seguiram em frente pelo tapete.
- Não demore muito, ok?! – Cochichei para Jake que confirmou com a cabeça.
Os fãs se aproximaram mais da grade quando a estrela do filme começou a passar pelo meio deles e eu seguia ao lado de Miguel, enquanto Bernardo cobria a frente. Ele assinou quase todos os cadernos e pôsteres, mas tirou poucas selfies, tínhamos que chegar à frente do teatro logo.
Lá na frente, tinha uma longa passagem para a direita com o banner do filme no fundo e alguns repórteres brasileiros e sul-americanos a postos para perguntas. Não foi nada diferente do que nas entrevistas no dia anterior. Era mais para preencher vazio.
Uma pergunta que realmente me interessou foi quando um jornalista da Globo perguntou para Jake como ele tinha chegado ali e ele acabou falando de mim e da HELP, me dando maior felicidade por ele mencionar meu trabalho.
- Vir ao Brasil foi muito legal! – Ele falou animado. – Principalmente porque minha assessora é brasileira! – Ele apontou para mim. – Então, ela me levou no Cristo, no Pão de Açúcar, numa churrascaria deliciosa... – Ele riu.
- E como você a escolheu para te assessorar? – Dei um pequeno sorriso. Ele teria que se virar.
- Foi minha mãe que escolheu, na verdade. – Ele falou. – Mas eu gostei. A tem uma empresa de assessoria para atores mirins então o foco dela é realmente esse, ela sabe o que ela está fazendo e isso é muito legal! Além de que ela cuida de mim como se fosse uma mãe. – Ele sorriu para mim e eu segurei sua mão por alguns segundos.
- Qual o nome da agência? – O repórter perguntou olhando para mim.
- HELP Young Actors. – Falei e ele anotou atentamente em um bloco de anotações.
- Qual seu nome? – Ele perguntou.
- . – Me lembrei do meu cartão de visita na bolsa e tirei um, entregando a ele.
- Legal! Bom saber! – Ele falou e eu sorri. Fiz um movimento de cabeça para Jake e ele entendeu que era para irmos.
Seguimos para dentro do teatro e eu e Jake olhamos abismados pelo local. Um anfitrião estava nos esperando na porta com um largo sorriso no rosto.
- Sejam bem-vindos ao Teatro Municipal do Rio de Janeiro. – Ele sorriu. – Posso levá-los aos seus lugares?
- Por favor! – Falei no mesmo inglês que ele e olhei para Christina na lateral com minha família e ela assentiu com a cabeça.
Subi o primeiro lance de escadas com Jacob, segurando em sua mão e a outra segurando a barra do vestido. Fomos levados para o primeiro nível do teatro que era o lugar reservado para os camarotes mais caros.
Notei dentro do teatro todas as belezas do mesmo e uma tela de cinema improvisada à frente de onde fica o palco.
- Aqui, por favor! – O anfitrião falou e Jake se sentou em uma poltrona e eu sentei ao seu lado, com um sorriso no rosto.
O local se encheu rápido, reconheci algumas estrelas do cinema e da TV brasileira, mas eu e Jake ficamos acomodados em nosso lugar. Ninguém vinha falar conosco e nós não falávamos com ninguém. Pontualmente 20:45, as luzes se apagaram e uma moça igualmente arrumada apareceu na ponta que sobrou do palco e empunhou um microfone.
- Olá, boa noite! – Ela falou em português e eu traduzi baixo para Jacob. – Bem-vindos à première brasileira de Extraordinário. – As pessoas aplaudiram e eu e Jake fizemos o mesmo. – Eu sou Estela e sou a representante da produtora Lions Gate Entertainment aqui no Brasil. – Ela sorriu. – Gostaria de aproveitar esse momento para agradecer todos que compareceram aqui hoje, especialmente para o ator principal Jacob Tremblay que está ali nos camarotes. – Ela apontou em nossa direção e uma luz surgiu em cima de Jake.
- Levanta! – Falei baixo e ele me obedeceu, fazendo uma rápida reverência, sendo aplaudido pelo pessoal à nossa volta e se sentou novamente.
- Espero que aproveitem o filme! – Ela falou e as pessoas o aplaudiram novamente.
- Pipoca? – Um garçom apareceu perto de nós com dois baldes de pipoca e eu e Jake nos entreolhamos, cada um pegando um.
O filme correu sem novidades. Era exatamente o filme que vimos em Los Angeles, Londres e Nova York. Jake me surpreendia em todos os momentos, mostrando quão profissional e talentoso esse menino de 11 anos era.
No fim do filme, Jake foi aplaudido novamente. Saímos de nossos lugares e descemos para o salão principal do teatro novamente, sendo recebidos com um rápido coquetel. Rápido mesmo, alguns salgadinhos e bebidas, Jake logo começou a dar pequenos bocejos e eu achei que estava na hora de sair dali. Era meia noite quando a van saiu novamente com todo mundo.
Chegamos ao hotel por volta de meia noite e meia, minha mãe deu um rápido beijo em minha bochecha e subiu com Ana que já dormia em seu colo.
- Vamos também? – Christina perguntou.
- Você se importa se eu falar com Jake rapidinho? – Perguntei e Jake olhou curioso para mim. – Já o levo para cima.
- Claro! – Ela falou e observei ela subir pelo elevador também.
- O que foi? – Ele perguntou.
- Nada, querido! Tenho nada para falar! – Ele riu. – Eu quero te fazer relaxar um pouco pelo ótimo trabalho hoje. – Estiquei minha mão para ele que a segurou e andei para a parte de fora do hotel, ouvindo uma música agitada tocando nas piscinas.
Atravessamos o pátio e segui com ele até a areia da praia. Tirei meus sapatos antes de pisar na areia e subi a barra do vestido. Ele fez o mesmo, mas subiu a barra da calça.
- É lindo, não é? – Falei para ele, olhando para frente e vendo o mar à noite, as ondas se quebrando contra as rochas, o céu estrelado e o vento batendo no rosto.
- É sim! – Ele falou suspirando. – Obrigado, ! – Ele falou e eu o abracei de lado, passando minha mão em seus cabelos.
- Estamos juntos nessa, pequeno. Fizemos um bom trabalho. – Suspirei e ele sorriu, assentindo com a cabeça. Observei mais um pouco da paisagem e comecei a sentir meu corpo arrepiar. – Agora vamos embora porque eu estou ficando com frio. – Falei e ele gargalhou ao meu lado. – Preciso te colocar no berço também.
- Rá, rá, rá! – Ele debochou e eu baguncei seus cabelos com gel, os vendo espetar.
Subi as escadas de volta para o hotel e soltei a barra do vestido, ficando levemente arrepiada por ele provavelmente estar cheio de terra, mas não importava, era o fim do dia e tudo tinha acabado bem. Dei alguns passos em direção ao lobby do hotel novamente e notei Chris e Liam em uma mesa olhando para mim. Parei por um segundo e dei um pequeno sorriso, acenando para ambos e Chris fez o mesmo gesto. Liam tinha os olhos mais hipnotizados para mim.
- Você está linda! – Ele falou contra o som que abafava sua voz e eu mordi meu lábio inferior.
- Obrigada! – Falei em um rápido movimento dos lábios e desviei meu olhar do seu e vi Jake já dentro do lobby. – Boa noite, meninos! – Falei e ergui a barra do vestido novamente e segui para dentro do hotel.
- Quando você vai admitir? – Jake perguntou e eu apertei o botão do elevador.
- O quê? – Perguntei.
- Que você gosta dele ainda. – Ri fraco.
- Eu já admiti, Jake. Falta ele! – Suspirei. – E ele namora.
- Oh! Eu não sabia! – Balancei a cabeça.
- Ah, é uma longa história. – Entrei no elevador ao seu lado. – Mas eu estou confiante que um dia possamos ficar juntos novamente. – Suspirei. – Eu amei e amo ele demais.
- Deus escreve certo por linhas tortas. – Ele falou e eu ri.
- Espero que pare de dar tremedeira na mão de Deus porque minha vida está muito conturbada já. – Ele riu e a porta do elevador se abriu novamente.
- Tá nada, ! Estamos aqui, muito bem! – Ri fraco, ouvindo-o bater na porta de seu quarto.
- Quero ver minha conta quando eu voltar! – Ele riu. – Apesar de que eu vi que meus clientes pagaram. – Falei e ele riu.
- Isso é! – Ele falou sorrindo e Christina abriu a porta.
- Bom, gente! Boa noite! – Falei. – Você foi demais, Jake! – Falei e ele sorriu, assentindo com a cabeça.
- Posso falar um segundo contigo, ? – Christina perguntou e eu assenti com a cabeça.
- Claro! – Falei e vi Jake se aproximar.
- Boa noite, ! – Ele me abraçou e eu o apertei, estalando um beijo em sua bochecha.
- Boa noite, pequeno! – Falei e ele entrou no quarto.
- O que foi? – Perguntei.
- Parabéns pelo seu trabalho hoje. – Ela suspirou. – Confesso que eu estava um pouco desconfiada sobre tudo isso. Sua idade, a empresa recente, mas você tem feito tudo com muita maestria, além de amar meu filho como se fosse seu. – Assenti com a cabeça.
- Eu que agradeço pela confiança, Christina. – Ela sorriu.
- É por confiar em você que eu quero passar a conta da Emma para você também. – Dei um largo sorriso, respirando fundo.
- Vai ser uma honra, senhora Tremblay. – Falei e ela sorriu.
- Voltamos a falar na segunda? – Ela perguntou e eu assenti com a cabeça.
- Com certeza! - Apertamos nossas mãos e eu sorri, vendo-a entrar em seu quarto e fiz o mesmo, batendo a porta com força e começando a pular igual uma tonta no quarto.
Cacei meu celular na bolsa correndo e procurei pela conversa de Maggie, vendo que ela tinha mandado alguma mensagem que eu lidaria com isso amanhã.
- É nosso, porra! – Falei, segurando o botão do áudio. – A partir de hoje, a conta da Emma é nossa! – Falei animada e desliguei o áudio, colocando meus dedos para funcionar. “Vou pegar uma garrafa de champanhe e beber sozinha... Mentira! Vou dormir. Dia foi longo. Amanhã te respondo”.
Enviei e respirei fundo, me sentando à beirada da cama e me deitando na mesma com o corpo até mais aliviado.


Capítulo 5

Senti algo vibrando embaixo de mim e rolei na cama, soltando um alto suspiro. O negócio continuou vibrando. Passei a mão embaixo do travesseiro e achei o objeto vibratório. Ergui o mesmo e abri o olho esquerdo, vendo a iluminação do celular me cegar por alguns segundos. Deslizei o dedo pela tela e o apoiei novamente na cama, colocando a orelha em cima do mesmo.
- Alô? – Falei com a voz de sono.
- Filha? – Ouvi a voz da minha mãe. – Te acordei?
- Acho que sim! – Bocejei algo, coçando os olhos. – Que horas são? – Perguntei.
- Mais de dez horas, querida, estamos fazendo check-out, temos que ir embora. São oito horas até nossa cidade ainda. – Suspirei e ergui o corpo devagar.
- Ah, eu perdi noção da hora. – Suspirei, puxando o celular comigo. – Eu vou descer para me despedir, deixa eu só me trocar.
- Ok, querida. Estaremos tomando café, sua irmã está com fome.
- Ok, me dá uns 15 minutinhos. – Suspirei e desliguei o telefone em minha mão.
Balancei a cabeça e respirei fundo, um tanto perdida ainda sobre o que estava acontecendo. Levantei da cama e segui para o banheiro, lavando meu rosto com bastante água gelada, fiz as necessidades básicas, escovei os dentes e saí do mesmo tirando a roupa.
Coloquei um short, uma camiseta e uma rasteirinha e abri minha carteira, tirando dinheiro, cartão, carteira de motorista e colocando tudo no bolso do short. Peguei meu chinelo e o calcei. Não estava no pique de me arrumar só pelo hotel ser chique.
Cacei a chave pelo quarto e saí do mesmo, puxando a porta. Dentro do elevador, conferi algumas notificações. Tinha uma mensagem de Christina dizendo que ela, Jake e os dois seguranças tinham ido dar uma volta em Copacabana. Respondi confirmando e só pedindo para eles me manterem avisados caso mudassem de lugar, mas se eles estavam com dois seguranças daqui do Rio mesmo, eles estavam seguros... Pelo menos era o que eu esperava.
Saí do elevador e segui para o restaurante, conversando rapidamente com a atendente e ela logo me indicou onde minha família estava. Dei uma rápida olhada em volta, por que não? E segui até a mesa delas que estavam comendo.
- Oi! – Falei, me colocando no meio das duas e dando um rápido beijo na bochecha de cada.
- Alguém dormiu bastante! – Ana falou e eu ri, me sentando na frente delas.
- Pois é, querida! – Ela riu. – Já vimos Jake e Christina, já demos uma volta na praia e você dormindo. – Ri fraco.
- Eu acho que eu estava nervosa com essa vinda, a mãe do Jacob junto, acho que agora que acabou, eu pude finalmente relaxar. – Elas sorriram.
- Ah, que bom, querida! Mas ainda bem que deu certo! – Ela sorriu.
- Vocês realmente já tem que ir embora?
- São oito horas até nossa cidade, querida. Chegaremos muito tarde. Sinto por não ficar mais tempo com você. – Assenti com a cabeça.
- Queria poder pedir para vocês ficarem mais, mal deu para aproveitar. – Minha mãe segurou minha mão por cima da mesa.
- Terão outras oportunidades, querida! – Ela sorriu. – Vamos te visitar no Natal.
- Espero mesmo! – Apertei sua mão. – Quero mostrar a HELP para vocês.
- Vamos conhecer seu negócio. – Assenti com a cabeça. – Bem, acho que devemos ir, pronta, Ana?
- Vou dar um pulo no banheiro. – Ela falou e se levantou.
- A gente se encontra no lobby! – Minha mãe falou e Ana saiu correndo.
- Eu te acompanho. – Falei, me levantando.
- Toma seu café, querida! – Ela falou e eu balancei a cabeça.
- Depois eu como alguma coisa. – Ela assentiu com a cabeça e se levantou.
- Já comprou as passagens para o Natal? – Perguntei.
- Já sim! – Ela sorriu. – Maria vai junto.
- Sério? Que bom! – Falei animada. – Estou com saudades dela!
- Ela quer ver você, seu negócio, conhecer a cidade, ela quer ver tudo! – Ela falou e eu ri fraco, seguindo até a porta do hotel.
- Me avisa que eu busco vocês. – Ela assentiu com a cabeça.
- Pode deixar! – Ela abriu os braços e eu entrei no espaço, sentindo-a me apertar fortemente. – Se cuida, ok?! – Ela falou e eu assenti com a cabeça.
- Vocês também. Me avisem quando chegar. – Ela assentiu.
- Sei que você não quer que eu fale isso, querida. Mas você e o Liam nunca vão se superar. – Dei de ombros. – Vocês se amam. Situações assim não se resolvem com o tempo. – Ela acariciou meu rosto. – Dê uma chance!
- Eu dei, mãe, por mim a gente voltava, mas eu estou solteira, eu não tenho assuntos inacabados para resolver. Ele tem. – Ela assentiu com a cabeça, estalando um beijo em minha testa.
- Pensando assim, você tem razão. – Assenti com a cabeça. – Só fique bem, ok?! Não deixe isso te abalar. – Assenti com a cabeça.
- Não mesmo! – Ela sorriu e me abraçou apertado. – Foi muito bom te ver.
- Você também! – Sorri.
- Voltei! – Ana falou e eu peguei a mesma no colo, abraçando-a fortemente.
- Vou sentir sua falta, pequena.
- Eu também! – Ela sorriu. – Não some, tá?
- Nos vemos mês que vem. – Falei, ela assentiu com a cabeça e eu a devolvi para o chão.
- Pode deixar! – Ela sorriu e eu olhei para ambas e seguimos para a porta do hotel.
O carro da minha mãe já estava lá, sendo trazido por um funcionário do hotel. Elas ajeitaram as poucas malas no porta-malas do carro e eu dei um abraço apertado em cada uma delas novamente e vi o carro sair pela rua e fiz um sinal da cruz no peito, esperando que elas chegassem com segurança em nossa cidade.

Conferi rapidamente as mil notificações em meu celular e não me dei ao trabalho de me importar com nenhuma. Girei meus calcanhares de volta para o hotel e acenei novamente para o porteiro. Conferi rapidamente o horário em meu relógio e vi que havia perdido o horário do café da manhã.
Pensei com meus botões rapidamente e lembrei que na piscina serviam comida 24 horas por dia. Atravessei novamente o lobby do hotel e saí para a área das piscinas. Notei algumas crianças pulando nas piscinas e me aproximei do balcão que tinha vista para a praia. Acenei para um garçom e esperei que ele viesse em minha direção.
- Me vê um cardápio, por favor? – Pedi e ele assentiu com a cabeça, se retirando com sua bandeja. Esperei com que ele retornasse e acenei com a cabeça.
Olhei as opções rapidamente e acabei decidindo por aproveitar e almoçar também. Me arrependi de não ter decido com meu computador. O sol estava escondido atrás das nuvens, tinha um ventinho e o cheiro de mar me acalmava.
- Eu gostaria de um americano de presunto e um suco de laranja grande, por favor. – Falei. – Quarto de . – Ele assentiu com a cabeça e se retirou.
Olhei para frente e observei uma figura alta e musculosa, de bermuda, blusa regata e chinelos, se aproximando em minha direção. Franzi os olhos para ter certeza de quem era e nesse momento Liam ergueu o rosto em minha direção, parando bruscamente. Dei um pequeno sorriso de lado e esperei sua reação. Mas ele virou o rosto e girou o corpo para o outro lado.
- Liam! – Gritei e ele virou o corpo novamente. – Está fugindo de mim? – Perguntei e notei seus ombros caírem em um suspiro.
- Eu não estou com cabeça para brigar. – Ele falou.
- Nem eu! – Falei. – Mas me lembro de que éramos amigos antes de tudo. – Ele assentiu com a cabeça. – Senta comigo. – Falei e ele andou até a mesa e se sentou na cadeira em frente à minha. – Está andando sozinho hoje? – Perguntei.
- Chris está fazendo entrevistas para Thor, achamos melhor eu ficar longe um pouco. - Assenti com a cabeça.
- Seria um prato cheio para a imprensa. – Falei e ele riu.
- Não estou muito no pique em lidar com eles agora. – Concordei com a cabeça.
- E o que você está fazendo? No que você está trabalhando? – Perguntei. – Faz tempo que não ouço falar sobre você.
- Eu tenho dois filmes programados para 2018 e mais um para 2019.
- E esse ano? Não lançou nada?
- Não, foi um ano meio conturbado... – Assenti com a cabeça, preferindo não perguntar sobre.
- E você? – Ele perguntou e eu ponderei com a cabeça.
- Ah, sabe como é. Um dia de cada vez, uma coisa de cada vez. – Dei de ombros. – As coisas vão andando devagar.
- Eu acredito em você, . – Ele falou. – Eu acredito no seu trabalho. – Ele falou baixo.
- Obrigada! – Assenti com a cabeça.
- Você provavelmente vai querer parar de falar comigo novamente e provavelmente vamos brigar porque você é cabeça dura, eu sou cabeça dura e você sabe como somos...
- Liam! – O interrompi. – O que é?
- Eu gostaria de investir na sua empresa. – Ele falou e eu ergui meus olhos arregalados para ele.
- Pronto! – Ele falou, empurrando a cadeira novamente. – Obrigado pelo papo. – Coloquei minha mão firme em cima da sua.
- Senta! Agora! – Falei e ele que arregalou os olhos dessa vez. – Não me ouviu? – Falei e ele se sentou rapidamente.
- Não vai dizer que vai considerar minha oferta? – Ponderei com a cabeça.
- Nós não temos mais relação nenhuma, certo? – Falei. – Você poderia ser meu sócio, fazemos um contrato formal. – Ele assentiu com a cabeça.
- Acho que é exatamente por isso que não vai dar certo. – Ele falou.
- Por que diz isso? – Perguntei.
- Porque éramos demais, . – Ele falou. – Nós éramos o casal mais parecido possível, tínhamos uma ligação especial, uma conexão só nossa, que só a gente entendia.
- Suponho que seja por isso que demos tanto errado. – Suspirei. – Éramos muito iguais.
- Você diz dois anos de relacionamento como algo errado? – Ele falou.
- Podíamos ter ficado a vida inteira juntos, não? – Dei de ombros.
- São só alguns tropeços pelo meio do caminho. – Balancei a cabeça.
- Você se esquece dos planos que faz com outra mulher.
- Não a coloque no meio disso. – Dei de ombros.
- Eu também não quero. Mas não me esqueço de um elefante no meio da sala. – Ele assentiu com a cabeça.
- Só me diga uma coisa: você ainda me ama? – Ele perguntou e eu me senti ofendida pela pergunta.
- Depois dessa semana você ainda duvida? – Falei um pouco mais alto e me calei quando o garçom se aproximou e colocou um prato e um copo na minha frente, além de talheres e uma cesta com diversos molhos. – Assenti com a cabeça e o vi se retirar.
- Eu não perguntei isso. – Ele falou. – Eu só preciso saber: você ainda me ama? – Ele perguntou e eu respirei fundo.
- Não imagino o dia que não amarei. – Falei e tomei um susto quando Chris se jogou na cadeira ao meu lado.
- Ah que bom que você está aqui ! – Ele falou, me abraçando de lado, me puxando em sua direção, fazendo que minha cadeira se levantasse um pouco, e deu um beijo em minha cabeça.
- Ei! – Falei, sentindo-o me devolver ao meu lugar, me fazendo rir. Peguei meus talheres e comecei a cortar meu lanche devagar.
- Já está almoçando? – Chris perguntou.
- Perdi o café, decidi adiantar as coisas. – Falei e ele riu.
- Justo!
- Como foram suas entrevistas? – Perguntei.
- Tudo certo. A mesma coisa de sempre, você sabe como funciona. – Ri fraco.
- Sei bem. – Ri fraco e ele balançou a cabeça.
- Cadê o pequeno? – Ele perguntou.
- Foi passear com a mãe. Acabei ganhando um dia de folga. – Falei e ele riu.
- Deve dar trabalho. – Liam comentou.
- Acredite, vocês me dariam mais trabalho. – Sorri. – Eu acabo virando mãe dessas crianças, elas confiam em mim, eu sou mais nova do que a maioria desses assessores, então eles acabam me vendo como uma irmã mais velha. Então, a gente trabalha, mas se diverte bastante. – Eles riram.
- E por que você acha que a gente daria mais trabalho? – Chris perguntou.
- Festas, drogas, bebidas, mulheres. – Virei para ele. – E mais um pouco. – Ele riu.
- Não precisa generalizar.
- Não sou eu que generalizo, é a mídia! – Falei, dando um sorriso irônico em seguida e eles riram. – Com crianças é demais porque normalmente elas estão com sono às nove horas, então eu chego no hotel, coloco elas na cama, dou um beijo de boa noite, aviso a mãe que estão bem e é isso aí.
- É, eu consigo ver pela sua relação com o Jacob que você gosta bastante dele. – Assenti com a cabeça.
- Gosto mesmo! – Suspirei. – Ele me lembra de Ana. – Suspirei.
- Elas já foram? Eu a vi aqui ontem. – Chris falou e eu assenti com a cabeça, com a boca cheia e engoli antes de falar.
- Foram sim, vieram só para me ver mesmo, foi rapidinho. – Falei.
- Ah, que pena! – Chris falou.
- Elas vão para o Natal. – Falei. – Bem, não que vocês vão vê-las, mas...
- Ei! Podemos te visitar, ok?! – Chris falou e eu ri, balançando a cabeça.
- Quem sabe. – Falei e Liam suspirou.
- Bem, eu acho que eu vou subir, preciso trabalhar um pouco. – Falei, virando o copo de suco em seguida.
- Ah, espera! – Chris me segurou. – O que você vai fazer hoje à noite? – Ele perguntou.
- Assistir Netflix? – Falei em tom de pergunta.
- É a première de Thor hoje, por que você não vai? – Ele falou. – Leve Jacob. Prometo que o filme é legal! – Ri fraco, balançando a cabeça.
- Eu não sei... – Falei. Eu gostaria de ir ao filme, estava louca para ver o filme, mas não queria passar a noite na mesma sala escura de Liam.
- Por mim, vai! – Chris fez uma cara de cachorro sem dono. – Pensa em mim, não naquele tonto. – Suspirei.
- Você não pode fazer chantagem assim, Chris. – Falei e ele riu.
- Então...? – Ele perguntou e eu suspirei.
- Ok. – Falei, soltando um longo suspiro. – Que horas vocês vão? – Perguntei.
- Às oito. – Chris falou e eu concordei com a cabeça.
- Ok, às oito eu estarei aqui embaixo. – Falei e ambos confirmaram com a cabeça. – Agora se me dão licença, eu também estou aqui a trabalho. – Falei, batendo a mão no ombro de Chris e segui de volta para dentro do hotel.

Ok, eu menti sobre precisar trabalhar. Bem, em partes. Na teoria eu tinha muito trabalho para fazer, mas não conseguia fazer isso com a cabeça cheia de viagem, Jake e Liam, principalmente. Mas eu só queria sair dali. Encarar Liam sozinha já era difícil, agora com a pressão de Chris sobre nós, era pior ainda. Ele sempre foi o apoiador número um de nós dois. Me lembro de quantas ligações dele eu precisei rejeitar para evitar falar que a culpa havia sido do irmão dele. Ou de quantas vezes eu atendi e o ouvi falando se as coisas não deveriam ser consertadas, se a gente não podia parar de ser cabeça dura.
Bem, sabemos que nenhuma das situações deu certo, não é?
Eu acabei voltando para o quarto e pedindo uma torta holandesa. Eu tinha o costume de comer doces sempre, ainda mais quando eu ficava nervosa que iria a uma première com Liam novamente depois de anos. Falando nisso eu precisaria procurar outro vestido. Até poderia repetir o azul, mas Liam já tinha me visto com ele antes e sim, eu gostaria de deixá-lo babando por mim.
A torta chegou logo em seguida, fazendo com que eu me deliciasse com ela a cada pedaço daquela divindade brasileira. Sim, caso não esteja informado, torta holandesa é um doce brasileiro. Até lambi o potinho para que atrasasse o fim dela e coloquei de lado.
Peguei meu notebook e sentei no divã que ficava ao lado da janela e apoiei o computador no apoio da janela, para que eu pudesse olhar a tela e também o azul do mar lá embaixo. Liguei no Netflix e coloquei Friends. Deveria ter uma lista enorme de filmes e séries para eu ver, mas eu saberia que dormiria no segundo ou terceiro episódio.
E foi o que aconteceu. Eu fui deitando meu corpo no divã cada vez mais enquanto ria do falso francês do Joey, até abraçar a ponta da almofada que estava em minha cabeça e quando vi, despertei novamente em um susto com meu telefone tocando, quase fazendo com que eu caísse de costas do divã. Ergui correndo, me livrando do fio do notebook e peguei meu celular no meio da cama, vendo o nome de Maggie no mesmo.
- Oi, Maggie! – Falei.
- Oi, chefia, tudo certo? – Ela falou e eu me sentei na cama, coçando os olhos.
- Tudo certo e contigo.
- Te acordei? – Ela perguntou. – Que horas são aí?
- Não tenho a mínima ideia, mas dormi de novo sim. O dia começou faz um tempinho. – Suspirei. – Mas o que aconteceu?
- Achei que seria legal falar pessoalmente que a People, a Entertainment Tonight e o Los Angeles Times falaram sobre a première de Extraordinário ontem aí no Rio de Janeiro e todas fizeram um parágrafo sobre a HELP.
- Ah, jura? – Falei animada e ela riu do outro lado da linha.
- Sim! Estou fazendo clippagem agora e está sensacional.
- Clippagem, Maggie? Você não deveria estar na faculdade?
- Eu estou! – Ela falou e eu ri. – Mas o professor não veio, então estou adiantando algumas coisas.
- Você precisa ter vida pessoal, Maggie, já não basta eu! – Ela riu.
- Mas é por isso mesmo, eu faço agora que à noite eu tenho um aniversário.
- Ah, então tudo certo! – Falei rindo.
- Como está tudo aí?
- Tudo certo! Agora que passou os compromissos eu fico mais relaxada.
- E Liam? – Ela perguntou e eu soltei um longo suspiro.
- Estamos andando na corda bamba, hoje ele disse que queria ser meu sócio, falei que talvez desse certo porque não temos mais nada e ele me prensou na parede perguntando se eu o amava.
- E aí? – Ela perguntou.
- Eu falei que sim e, por sorte do destino, Chris chegou. – Suspirei e ela riu.
- Será que rola algo? – Suspirei.
- Eu não sei. – Balancei a cabeça. – Uma parte de mim fala que eu o quero, mas a outra parte fala que ele tem namorada e que ele me traiu com a namorada dele.
- Oi? – Ela perguntou e eu ri.
- Ele me beijou. – Suspirei. – Terça-feira, acho. – Suspirei.
- E aí? Como foi?
- Parecia nosso primeiro beijo de novo, borboletas no estômago, rosto pegando fogo. – Dei de ombros. – Só que todos aqueles sentimentos loucos por dentro.
- Ah, , você ainda gosta dele.
- Já passei da fase de gostar lá atrás. - Suspirei. – Eu o amo. – Deitei meu corpo na cama. – Eu só sei que vou precisar de outra desintoxicação de Liam.
- Eu não sei se eu indico você a ficar perto dele ou longe, mas eu seguiria atrás dos meus desejos.
- Eu já segui, Maggie, está nas mãos dele. Ele que é o complexo, falou que até terminava com a outra se eu quisesse.
- Ele também te ama.
- Eu sei, mas ele não termina com ela, e eu já estou me sentindo culpada demais por beijá-lo...
- Vai ver ele está esperando encontrar com ela de novo para terminar...
- Não quero pensar nisso! – Falei – Não quero ficar empolgada com algo que pode não rolar. E ainda tem hoje à noite. Quero ficar bonita para ele e tudo mais...
- O que tem hoje à noite?
- Ah, eu vou na première de Thor, Chris me chamou.
- Hum, achei bem interessante, viu?! – Ri fraco.
- Não fica muito confortável, Maggie, eu ainda sou sua chefe.
- Eu sei! E é por termos essa confiança toda entre nós que eu adoro trabalhar para você. – Sorri.
- Obrigada!
- E você vai com que roupa? Aquele azul que levou para a première?
- Estou pensando em comprar outro. Ele acabou me vendo ontem, queria fazer uma surpresa.
- Você não sabe o que quer, mas fica judiando o moço, hein?! – Ela falou e eu ri.
- I’m not even sorry! – Falei e ela gargalhou. – Não é minha culpa, acabo fazendo instintivamente.
- Bem, eu te desejo muita sorte.
- Falando nisso, Maggie, como estão nossas contas? A da empresa e a minha. Eu não vi nada desde domingo. – Ela suspirou.
- Bem, virou o mês, então os clientes pagaram, eu estou mandando o extrato dos gastos aí no Rio para a produtora, então até que estamos indo bem. O hotel é por conta deles também.
- Eles estão repassando o dinheiro? – Perguntei.
- Sim, estou falando com Andrea, da Lions Gate, ela é um amor. Faz o depósito quase na hora. – Assenti com a cabeça. – Além que você está separando bem os gastos, da empresa só tem gasto da empresa mesmo, não vi nada seu.
- O medo é no meu mesmo. – Suspirei. – Você já fez a separação de contas e despesas?
- As de despesas sim, o maior gasto é aí no Rio e a produtora vai bancar hotel, transporte, refeições, etc, mas não achei justo eu pagar meu próprio salário. – Ela falou e eu ri.
- Eu vou pagar seu salário agora, depois chegando aí em Los Angeles eu tiro o meu salário e o lucro e vejo se consigo bancar os meus gastos da viagem com isso. – Suspirei. – Ainda bem que o real tá desvalorizado – Falei e ela riu.
- Pelo menos isso. – Suspirei. – Bem, chefia, a outra aula vai começar, a gente se fala.
- Espera aí, que horas são aí?
- Dez horas. – Ela falou e eu arregalei os olhos.
- Meu Deus! Já são três horas, eu preciso correr atrás do vestido.
- Até mais. – Ela falou. – Mande fotos.
- Tchau, boa aula! – Falei e desliguei o telefone.
Antes que eu me esquecesse, abri o aplicativo do banco e entrei na conta jurídica da empresa e fiz o pagamento de Maggie e dei uma rápida olhada na conta. Mesmo após pagamento de Maggie, o saldo estava positivo. Eu ainda precisaria tirar o meu pagamento e o lucro da empresa. Enviei mensagem para Jacob falando da première e esperava que eu topasse.
Lembrei-me das lojas que tinham no hotel e gemi só de lembrar-me de todas as marcas que tinham ali, mas me mantive firme e forte, valeria à pena, apesar de eu estar chorando por dentro. Cogitei sair do hotel e comprar fora, mas isso com certeza levaria muito mais tempo e, apesar de ter morado aqui quando mais nova, eu realmente não lembrava de que shopping poderia estar perto, além da minha preguiça.
Calcei um slipper e passei um batom para dar uma melhorada na cara. Soltei meus cabelos para ver se me deixaria com cara de cliente rica que pudesse comprar em uma loja de marca, apesar de já ter usado várias marcas por causa do meu trabalho, sabia como era ser julgada em uma loja que é um nível a mais do que sua aparência permite.
Peguei minha bolsa, a chave e saí do quarto, batendo a porta.

Olhei as lojas de roupas ali e todas de marcas. Soltei um suspiro e fechei os olhos, passando os olhos por quais marcas eu gastaria meu suado dinheirinho. Só tinha Dior, Michael Kors, Prada Gucci e Valentino. Eu não tenho capacidade de pagar nenhum desses. Suspirei e me lembrei do filme Encontro de Amor, onde aparecia diversas vezes as costureiras do hotel... Quem sabe?
- Com licença? – Me aproximei de um segurança. – Por acaso aqui tem costureiras?
- Sim, senhora, quer que eu leve alguma coisa para você?
- Não, não, gostaria de falar com elas. Se possível! – Ele assentiu com a cabeça.
- Suba essas escadas, é no final do corredor. Terá uma placa. – Assenti com a cabeça.
- Obrigada! – Falei e segui para onde ele havia me dito.
Passei por outras lojas de grife, rezando para ver 50% OFF no vidro de alguma delas, mas não aconteceu. Segui até a última porta e vi escrito no vidro “Sala da Costureira” e toquei duas vezes na mesma, vendo uma das mulheres lá de dentro acenar com a mão.
- Oi! – Falei, empurrando a porta, vendo dois salões, com cinco senhoras em mesas largas e máquinas de costuras.
- Olá! – A mais perto da porta falou. – Podemos te ajudar? – Olhei rapidamente em volta, vendo algumas araras com alguns vestidos.
- Talvez. – Suspirei. – Talvez eu esteja sendo muito cara de pau em vir aqui, mas eu preciso de um vestido meio urgente e, apesar de estar hospedada no hotel, eu não posso comprar um vestido na Dior ou na Gucci ou em qualquer uma das opções lá de baixo. – Fiz uma careta e uma senhora sorriu para mim e deu uma leve risada.
- O que você precisa, minha criança? – Ela perguntou e eu suspirei.
- Ah... – Ponderei um pouco em como falar aquilo e puxei uma cadeira ali perto, me sentando na mesma. – Eu sou assessora do Jacob Tremblay, aquele garotinho famoso...
- Ah sim! – Elas falaram.
- Ontem foi a première do filme e eu usei um vestido azul maravilhoso. Mas aí meu ex-namorado está na cidade, ele também é ator, e ele me viu usando esse vestido. Então, o irmão dele, que quer que fiquemos juntos novamente, por isso me chamou para ir à première do filme dele. Mas eu queria ir com um vestido diferente, porque como eu quero que voltemos a ficar juntos, eu queria um vestido poderoso para deixar ele de queixo caído. – Falei rápido e suspirei após o fim da última palavra, deixando as mulheres meio boquiabertas.
- Ok, acho que entendi o que está acontecendo aqui! – Uma mulher um pouco mais nova saiu lá do fundo, se aproximando de nós. - Você quer deixar seu ex-namorado babando por você em uma festa de arromba? – Ri com a palavra.
- É tipo isso. – Suspirei. – A diferença é que meu ex é o Liam Hemsworth, um dos atores jovens de Hollywood mais gatos do momento. – Mordi meu lábio inferior.
- Você também é bonita, querida. – Outra mulher falou.
- Acho que temos alguns trapos aqui. – Uma delas falou se levantando e eu ri.
- As famosas vivem trazendo coisas para arrumar, mas como elas têm tantas opções, algumas coisas acabam ficando por aqui. – A primeira senhora falou, se levantando e seguindo para uma arara do fundo. – Não podemos te dar...
- Nem quero, senhora, eu pretendo pagar. – Ela ergueu um dedo.
- Não podemos te dar, mas podemos te emprestar. Talvez até meia-noite? – Abri um largo sorriso.
- Será mais que o suficiente, senhora. Vocês seriam minhas fadas madrinhas. – Elas sorriram.
- Mas tem uma condição. – A mais nova falou. – Você tem que deixar seu ex com a boca no chão. – Ri fraco.
- Depende! O que vocês têm para me oferecer?
- Qual o tamanho do seu sutiã, querida? – Ela perguntou e eu franzi a testa por alguns segundos.
- 44 ou 46, depende da forma. – Duas senhoras sumiram por dentro das araras e imaginei que tivesse mais coisas lá para dentro.
- Se vai ser para o seu ex babar... – Elas voltaram. – Acho que nada mais justo do que vermelho! – Elas ergueram um vestido vermelho tomara-que-caia maravilhoso. Ele era de chiffon, tinha detalhes cruzados e pedras incrustadas no tórax e era solto da cintura para baixo.
- É maravilhoso! – Falei, me aproximando do mesmo e tocando o tecido fino. – É demais! – Suspirei.
- Serve, não serve? – A que segurava perguntou.
- Acho que sim! – Suspirei e elas esticaram o tecido em minha frente, vendo se ele dava na lateral do meu corpo.
- Dá sim! Qualquer coisa damos uma apertadinha rápida em você.
- Mas quanto isso vai me custar, gente? – Perguntei, suspirando. – Ele é demais, mas parece caríssimo.
- Nos veja como suas fadas madrinhas e devolva o vestido amanhã. – Suspirei.
- Eu não posso aceitar, gente! – Falei, quase gemendo ao falar isso.
- Talvez não devesse. Mas você quer, então, aceite! – Elas falaram.
- Mas isso não vai dar problemas para vocês? – Peguei o vestido, me olhando na frente do espelho.
- Não! – Elas falaram juntas.
- É sério! Esses vestidos supostamente têm donos, mas a maioria deles são de fora e não retornam aqui há anos. – Suspirei, balançando a cabeça.
- Muito obrigada! – Falei, suspirando. – Vocês são demais! - Apertei o tecido em minhas mãos e elas sorriram.
- Bem, agora vamos vestir e ver se precisa fazer algum ajuste. – A mais velha falou e me indicou para ir para o provador.

Saí de lá tarde novamente. Acabei me divertindo com as mulheres da sala de costura. Voltei para o quarto e tomei meu banho. Enquanto esperava o cabelo secar, peguei para responder os e-mails pendentes da HELP. Não queria ter que virar madrugadas acordada para respondê-los, ainda mais que eu havia finalmente ajeitado meu sono.
Quando finalizei, comecei a me arrumar. Alisei meu cabelo novamente, mas dessa vez deixei-o solto, dividindo na lateral e joguei o cabelo para o lado. Fiz uma maquiagem básica nos olhos e passei bastante batom vermelho. E corri colocar aquele vestido maravilhoso.
Vesti o mesmo e fiquei me encarando no espelho, suspirando com a beleza que eu vi. Eu estava me sentindo muito poderosa e aquilo fez com que um largo sorriso aparecesse em meu rosto. Calcei os mesmos saltos de ontem à noite, arrumei minha bolsa novamente e quando faltavam cinco minutos para as oito, eu saí do quarto.
Não precisei tocar na da frente igual o dia anterior, Jake saiu todo mocinho com outro terno e eu pisquei para ele, vendo-o sorrir para mim.
- Você está linda! – Ele falou e eu sorri.
- Obrigada! – Sorri. - Não vai nos acompanhar hoje, Christina? – Perguntei.
- Hoje não, vão se divertir! – Assenti com a cabeça e segurei sua mão.
Descemos o elevador em silêncio e eu dei uma longa respirada antes das portas se abrirem. Jake saiu na frente e eu fui logo atrás, sentindo o vestido flutuar por entre minhas pernas. Ergui o rosto e vi que meu plano havia dado certo. Liam me olhava boquiaberto e com os olhos focados.
Dei um pequeno sorriso e notei que ele estava de smoking, com os cabelos arrepiados para cima. Mordi meu lábio inferior e me aproximei de Chris que também se virou no balcão e teve a mesma reação que o irmão.
- Uau, ! – Ele falou. – Você está um arraso.
- Eu falei! – Jake falou e eu ri.
- Bem, vamos ver se esse filme é bom mesmo? – Falei e eles riram. – Fecha a boca ou vai entrar mosca. – Falei baixo para Liam e segui em direção à porta do hotel.
A premières de Thor 3 foi igual a de Extraordinário no dia anterior. No mesmo lugar, com os mesmos repórteres e provavelmente os mesmos fãs. A diferença é que eu não precisei trabalhar e pude aproveitar o filme sem preocupações.
Jake acabou passando pelo tapete vermelho junto de Chris e Liam só pelo fato dele ser uma celebridade, mas não deu entrevistas. Na hora do filme, que é simplesmente sensacional e muito divertido, nos sentamos alguns assentos abaixo e demos gargalhada o filme inteiro.
Eu não deveria, mas eu fiquei olhando para trás em diversos momentos do filme, pois sentia que tinha alguém me encarando. E tinha. Durante o filme inteiro, Liam encarou meu pescoço e toda vez que eu virava para observá-lo lá em cima, eu dava uma piscadela e voltava minha atenção ao filme.
No carro, durante nossa volta, voltamos em silêncio. Todo mundo estava meio cansado. Eu estava duplamente pelas festas em dois dias seguidos. Meus pés estavam me matando. Tentei me permanecer bem fina durante todo o filme, escondendo os pés descalços por baixo da saia do vestido, mas assim que entramos no carro, eu os larguei no chão e cruzei as pernas em cima do assento da van.
Chegamos de volta no hotel e todos descemos, incluindo nossos seguranças e os seguranças deles. Jake estava com sono ao meu lado, ele se apoiava em meu corpo, mas dormiu durante a viagem e eu o segurei no colo. Nos despedimos dos nossos seguranças e entramos os quatro no mesmo elevador. Fomos em silêncio até o andar dos meninos e eu sentia Liam encarando meu pescoço novamente.
- Bem, obrigada pela noite, Chris! O filme é demais! – Falei sorrindo e ele assentiu com a cabeça.
- Fiquei muito feliz com você lá. – Assenti com a cabeça.
- Também fiquei! – Sorri. – Boa noite. – Falei.
- Boa noite! – Chris falou.
- Eu vou subir com ela. – Liam falou e eu não tive tempo de protestar, pois a porta se fechou em minha frente.
- Você não precisava! – Falei e ele assentiu com a cabeça.
- Alguém tem que colocar Jake na cama.
- Eu o aguento. – Falei. – Ele pesa menos do que eu puxo na academia. – Falei rindo e ele sorriu.
- Sério? – Ele perguntou e eu ri, fazendo um carinho na cabeça de Jake que quase caía de sono.
- Sério! – Falei e as portas se abriram, fazendo com que nós três saíssemos do elevador. Toquei rapidamente na porta de Jake e Christina abriu rapidamente de pijama.
- Ele está morrendo de sono! – Falei e ela pegou Jake facilmente no colo.
- Obrigada, . – Assenti com a cabeça. - Boa noite para vocês.
- Boa noite. – Sorri, me aproximando da minha porta e me apoiando na mesma. – Boa noite, Liam. – Ele falou.
- Eu queria continuar falando sobre mais cedo. Chris interrompeu e eu não consegui terminar. – Suspirei, negando com a cabeça.
- Não acho que seja a melhor hora para conversarmos.
- Por quê? – Ele perguntou. – Você acabou de me mostrar que é a mulher da minha vida.
- Por que estou chique assim? – Perguntei, apoiando as mãos na barriga.
- Não só por isso. Por tudo. – Ele sorriu, colocando as mãos no bolso da calça. – Você sempre vai ser a mulher da minha vida.
- Pensei que fosse a outra. – Falei, suspirando.
- Ela foi! – Ele suspirou. – Mas a vida me mostrou que as coisas mudam.
- Por favor, Liam, está tarde, eu estou cansada. Não vamos falar disso agora. Eu não quero dormir com dor de cabeça de novo. – Suspirei.
- Se você não quiser, não precisa, mas dessa vez eu vou lutar pela gente.
- Mas não é simples assim, Liam. As coisas não simplesmente acontecem porque você quer, na hora que você quer. – Suspirei. – Às vezes a gente só precisa de tempo.
- Acho que já tivemos tempo demais. – Ele deu um pequeno sorriso. – Você me ama, eu te amo. Por favor... – Neguei com a cabeça.
- Não é assim. – Suspirei. – Não podemos.
- Se eu te beijar agora, você vai me bater? – Fechei os olhos.
- Liam! – Gemi nervosa.
- Vou levar isso como um não! – Ele falou e puxou minha cintura para perto de seu corpo e colou seus lábios nos meus.
Eu não sei se eu fiquei com isso na cabeça ou se foi instintivo, mas no momento que ele me puxou pelo pescoço e colou os lábios nos meus, minha mão direita subiu rapidamente e acertou em cheio sua orelha e a lateral do seu rosto, fazendo com que ele se afastasse assustado.
- Ei! – Ele reclamou e eu respirei fundo, sentindo meu peito subir e descer rapidamente.
Minha mente passou muito rápido naquele momento, eu olhei a feição assustada de Liam e senti seu gosto em meus lábios. Minha boca estava entreaberta e senti o suor começando a descer pela lateral do meu rosto.
- Foda-se! – Falei baixo e coloquei minhas mãos nas laterais da cintura de Liam e o puxei em minha direção, colando meus lábios nos dele.
Sua mão subiu rapidamente para meu pescoço e ele me empurrou em direção à porta, me escorando na mesma. Ele mordeu meus lábios algumas vezes e uma de suas mãos segurou a minha e a ergueu sobre a minha cabeça. Soltei o ar pesadamente e senti-o descer os lábios para o meu pescoço, permitindo que eu pegasse fôlego, sentindo meu peito subir e crescer.
Ele subiu o olhar novamente para o meu e eu vi seus olhos azuis brilharem para mim e não escondi o sorriso que se formou em meu rosto. Ergui minha mão para seu pescoço e colei nossos lábios novamente, mas devagar dessa vez. Ele entrelaçou os dedos nos meus e segurou minha cintura levemente, me forçando contra a parede.
- Quer entrar? – Perguntei quando ele se afastou alguns centímetros para respirar.
- Pensei que não fosse perguntar! – Ele se afastou um pouco, ajeitando o paletó e eu olhei em volta, procurando pela minha bolsa que havia caído aos meus pés.
Abri a mesma e peguei o cartão-chave e conectei na porta, ouvindo seu clique. Enquanto fiz isso, Liam distribuiu beijos em meu pescoço, fazendo com que meu corpo arrepiasse.
Empurrei a porta e entrei primeiro, ouvindo Liam fechar a porta e dei alguns passos para dentro do quarto, colocando minha bolsa na mesa do notebook. Olhei rapidamente meu quarto e notei que ele estava até que arrumadinho.
Virei de frente para Liam novamente e ele mantinha as mãos atrás do corpo e um sorriso tímido nos lábios. Ele deu alguns passos em minha direção e eu dei um largo sorriso, acenando com a cabeça. Ergui minhas mãos para seu rosto e fiz um carinho em sua bochecha, sentindo sua barba rala coçar minha mão.
Desci as mãos pelos seus ombros e as coloquei embaixo de seu paletó, empurrando levemente o mesmo para trás. Vendo que Liam me ajudou a tirá-lo. Em seguida fui para sua gravata longa, puxando a mesma para baixo e tirando-a de sua cabeça. Ele deu um pequeno sorriso e eu ri baixo, eu estava no controle.
Prestei atenção nos primeiros botões da sua camisa, tirando os mesmos das casinhas um a um. Aproximei minha boca de seu peito quando vi sua pele e o apertei contra meu corpo novamente. Ele passou as mãos ao redor da minha cintura e me ergueu, permitindo que eu passasse minhas pernas pela sua cintura, deixando meus sapatos no chão, e ficasse na mesma altura que ele.
Ele me sentou na beirada da cama e, enquanto ele tirava os sapatos, eu finalizei com os botões, vendo-o jogar a blusa para trás e suspirei. Eu estava com saudades desse corpo. Me coloquei mais para trás e ele engatinhou na cama até se colocar sobre meu corpo.
Coloquei as mãos em suas costas, mantendo seu corpo colado no meu e ele juntou nossos lábios novamente, voltando a apressar o beijo. Suas mãos se movimentavam sobre meu corpo e passavam em minhas pernas por cima e por baixo do meu vestido.
Empurrei seu corpo para colocá-lo em cima da cama agora e me coloquei em cima dele, procurando o zíper do vestido na lateral do meu corpo e o abaixei devagar, vendo Liam morder seus lábios e seu peito subir repetidamente.
Ele me ajudou a puxar o vestido para cima e o jogou na lateral da cama. Ele observou meu corpo por alguns segundos, pressionando a ponta dos dedos em minha cintura e eu inclinei o corpo para frente, colocando o cabelo atrás da orelha e encostei meus lábios nos dele novamente, sentindo-o subir a mão pelas minhas costas, fazendo meu corpo arquear um pouco.
Ele trocou de lugar, se colocando em cima de mim novamente e se ajoelhou na cama. Me coloquei da mesma forma na sua frente e levei minhas mãos para seu cinto, ajudando-o a tirar o mesmo e abrir sua calça.
Depois que sua calça chegou ao chão novamente, ele colocou as duas mãos em meu rosto e encarou meus olhos. Mordi meu lábio inferior apoiando minhas mãos na lateral do seu corpo e engoli em seco.
- Só passamos daqui se você quiser. – Ouvi sua voz baixa e eu assenti com a cabeça.
- Eu sempre vou querer você. Eu te amo, Liam. – Falei e ele deu um largo sorriso.
- Eu também te amo, ! – Ele falou e colou os lábios nos meus novamente, me abraçando pelas pernas e me deitando novamente na cama.
Abracei-o pelo pescoço, senti sua mão descer pela minha barriga e chegar à minha calcinha. Permiti que ele a tirasse e fiz o mesmo com sua última peça de roupa, apertando minhas mãos em seus ombros e suspirei com seu próximo movimento.
Nada havia mudado.


Capítulo 6

Senti uma pressão em minha bexiga e me mexi desconfortável sobre a superfície. Abri um dos olhos e encarei a mesa de cabeceira e soltei um suspiro, pensando por dois segundos que tudo tinha sido um sonho, até que ouvi um ronco vindo ao meu lado e virei o rosto para o lado contrário, dando de cara com Liam dormindo.
Voltei o rosto à posição anterior novamente e me sentei na cama, ligando o abajur. Passei os olhos rapidamente pelo local e procurei minha calcinha jogada no pé da cama. Vesti a mesma e segui em direção ao banheiro, fazendo xixi e lavando meu rosto com bastante água gelada.
Voltei para o quarto na ponta dos pés e observei a janela aberta que dava para fora. A lua estava começando a descer e refletia no mar, iluminando um pouco do quarto. Puxei as cortinas, evitando que eu fosse acordada pelo sol do Rio de Janeiro às seis horas da manhã.
Voltei novamente para a cama e desliguei o abajur antes de me deitar. Joguei novamente o fino lençol por cima de meu corpo e virei meu rosto em direção a Liam. Ergui o rosto e toquei levemente sua bochecha abrindo um largo sorriso.
Eu poderia ficar me remoendo com o que tinha acontecido, mas eu não estava me sentindo nada culpada. Aquilo tinha sido a prova perfeita que ainda fazíamos parte um do outro. Que ainda tínhamos nossa sincronia, nossa conexão especial, mesmo que parecêssemos tão diferentes em algumas situações.
Passei rapidamente o diálogo de nossa conversa quando terminamos e suspirei. Parecia um borrão em minha cabeça. Eu não lembrava mais se a culpa havia sido dele ou eu que também tinha desistido de tentar. Balancei a cabeça novamente e deitei a cabeça no travesseiro, me aproximando ao máximo que pude de Liam.
Ele se mexeu devagar, ficando com a barriga para cima e apoiando a mão em cima da mesma. Colei minha barriga nua na lateral de seu corpo e mandei outro foda-se naquele dia e coloquei minha mão por cima da sua, encostando minha cabeça em seu peito, fechando os olhos e esperando que eu conseguisse embalar no sono novamente.

Abri os olhos novamente e minha mão foi imediatamente para o lado contrário na cama, e eu o encontrei vazio, soltando um longo suspiro, decepcionada. Virei o rosto para meu lado novamente e encontrei Liam sentado na beirada da cama, olhando para mim.
- Eu ainda estou aqui! – Ele falou, se debruçando sobre meu corpo e dando um curto beijo em minha testa, me fazendo sorrir.
Me sentei na cama, coçando os olhos e notei que ele já estava vestido e não era com o terno da noite passada. Já era com uma calça jeans, camiseta e tênis. Roupas de viagem. Me enrolei no lençol e suspirei.
- Já vai embora? – Perguntei.
- O voo é meio-dia. – Ele falou e eu assenti com a cabeça, me sentando ao seu lado, com os pés para fora.
- Que horas são? – Perguntei.
- Quase dez. – Ele falou. – Preciso encontrar Chris no lobby e logo.
- Já arrumou suas coisas e tudo mais? – Perguntei e vi uma mochila perto da porta.
- Eu fui no meu quarto enquanto você estava dormindo. Vim me despedir. – Suspirei, assentindo com a cabeça.
- Foi muito bom! – Balancei a cabeça. – É uma pena que foi só isso. – Ele pegou minha mão em cima da coxa e entrelaçou nossas mãos.
- Me desculpe, . – Ele falou, erguendo o rosto para mim. – Me desculpe por não ter te valorizado, por não ter te apoiado da forma que você precisou e por ter desistido de nós. – Ele balançou a cabeça. – A culpa foi minha. Eu desisti de nós dois. – Ergui minha mão livre para tocar seu rosto.
- Não pegue toda a culpa para si. – Suspirei. – Não foi só sua, foi de nós dois. – Falei acariciando sua boca levemente. – Passou! – Sorri.
- Não, não passou. – Ele virou o corpo para mim. – Eu não sei viver sem você para controlar minha vida. Sem você para brigar comigo pela forma que eu me visto ou como eu uso meu cabelo. Eu preciso de você! – Ele falou. – Eu não estou inteiro quando estou sem você. – Dei um pequeno sorriso, assentindo com a cabeça, aproximando nossos corpos e abraçando-o fortemente.
- Eu também, Liam! – Suspirei. – Você é a melhor e mais desleixada parte de mim. – Ele apertou meu corpo contra o seu, acariciando minhas costas e nos separamos relutantes. – Eu tenho que perguntar: como vai ser daqui em diante? – Perguntei.
- Eu tenho algumas coisas para resolver quando voltar em L.A., mas eu volto a falar contigo, ok?! – Assenti com a cabeça.
- Não sei o que você vai fazer, mas faça com carinho, ok?! Ela também te ama. – Ele assentiu com a cabeça.
- Eu sei! – Ele suspirou. – Mas dessa vez o erro foi meu e eu tenho que consertar isso de uma forma ou de outra. – Assenti com a cabeça.
- Boa sorte! – Falei e ele se levantou. – Vai dar tudo certo.
- Não se esqueça de que eu te amo, ok?! – Ele falou e eu me levantei, me colocando em sua frente.
- Não! – Falei sorrindo. – Você já me provou isso tantas vezes, eu só não via. – Ele se aproximou de mim e passou as mãos em meu rosto, aproximando nossos lábios novamente.
Ele tocou os mesmos delicadamente em um beijo leve e acariciou minha nuca. Soltei um suspiro quando ele se afastou e segurei suas mãos, assentindo com a cabeça. Ele sorriu para mim e colocou sua mochila nas costas.
- Boa viagem! – Falei e ele assentiu com a cabeça, depositando mais um beijo em minha testa e seguiu para a porta.
Ele abriu a mesma, deu uma rápida olhada em mim, sorriu e saiu, fechando a porta novamente. Me sentei novamente na cama, soltando um suspiro e senti um aperto em meu peito e algumas lágrimas rolaram de meu rosto.
Eu estava esperançosa de que pudéssemos voltar a ser ao que era antes ou melhor do que fomos. Mas eu não podia garantir que isso fosse acontecer. Ele estava voltando para Los Angeles, para ela. E talvez não o veria por muito tempo.
Balancei a cabeça e passei a mão no lençol e abri um largo sorriso. Não importa. Apesar de todas as intrigas e picuinhas, essa semana tinha sido sensacional. Ainda mais que foi no meu país, no meu cantinho onde eu podia ser quem eu era até na minha forma de falar.
Olhei meu vestido esticado em cima do divã e me aproximei do mesmo, conferindo se estava tudo ok e franzi o rosto ao ver um rasgo na barra do vestido e ri sozinha. Dobrei o mesmo delicadamente e o coloquei de volta na sacola que elas tinham colocado e deixei de lado.
Conferi o horário em meu celular e vi as diversas notificações desde noite passada e ignorei-as por um tempo. Daria tempo de tomar café da manhã, depois tomaria banho e organizaria meu quarto. Só espero que a produtora tenha reservado meia diária para hoje, porque eu realmente não queria sair correndo do quarto ao meio-dia.
Coloquei o short e a blusa que eu tinha usado no dia anterior e uma rasteirinha nos pés. Penteei rapidamente meu cabelo e escovei os dentes. Cacei a chave novamente pelo quarto e saí do mesmo, batendo a porta.
Desci pelo elevador e segui pelo lobby em direção ao restaurante. Parei rapidamente no meio do mesmo, vendo Liam e Chris parados na porta do hotel. Chris virou para trás e empurrou seu irmão para que me olhasse também. Ergui a mão, acenando rapidamente e ambos repetiram o gesto, sorrindo.
Mordi meu lábio inferior, suspirando e virei para a direita, em direção ao restaurante, sendo parada pela funcionária do hotel com aquele típico sorriso no rosto. Retribuí e, antes de entrar no mesmo, dei uma rápida olhada para trás, vendo que Liam ainda acompanhava meus passos e virei para frente novamente, focando no meu café da manhã.

Bati na porta da sala das costureiras e a mesma senhora de ontem acenou com a mão para que eu entrasse. Empurrei a porta e vi que todas abriram largos sorrisos quando me viram, me fazendo retribuir.
- E aí, garota? – A mais velha falou. – Como foi?
- Foi fantástico! – Suspirei, apoiando a sacola na mesa dela.
- E o menino? Ficou babando por você? – Ela perguntou e eu ri.
- Vamos dizer que ele fez muito mais do que babar em mim! – Falei, mordendo meu lábio inferior.
- Como assim? – Elas perguntaram quase em sincronia.
- Bem, a gente conversou, depois a gente brigou, depois eu bati nele e aí uma coisa levou a outra... – Deixei aberto e elas gritaram animadas.
- Ah, querida! – A mais nova falou. – Tomara que dê tudo certo entre vocês dois. – Ri fraco.
- Vamos ver! – Dei de ombros. – Vamos pensar em outra coisa, porque ele acabou de ir embora e só Deus sabe o que ele pretende fazer. Um voo para Los Angeles é muito tempo para pensar. Ele pode mudar de ideia. – Suspirei.
- Ah, querida! Duvido! – Outra falou. – Vocês têm bastante história para acabar dessa forma.
- Ele também tem história com a outra...
- Estamos falando de você agora! – Ri, balançando a cabeça. – Não pensa nisso, querida! Deixa a vida acontecer. – Ela sorriu. – Sei que é difícil com a história de vocês dois, mas se for para ser, será. – Ela segurou minha mão. – E se não for, terão muitos homens gatos esperando por você. – Ri, balançando a cabeça. – Além de que você tem um trabalho para se preocupar.
- Sim, com certeza! – Puxei o celular do bolso de trás. – Eu tenho um milhão de mensagens novamente.
- Vai trabalhar, querida! – A mais velha falou, se levantando.
- Quer dar uma olhada no vestido? Talvez tenha que fazer um pequeno conserto. – Fiz uma careta e a mais próxima tirou o vestido rapidamente da sacola. – Na barra. – Falei e ela virou o vestido o avesso para achar o pequeno rasgo na mesma.
- Ah, isso é fácil! – Ela falou, se virando para mim. – Perderemos três centímetros de barra, mas consertamos isso de olhos fechados. Ninguém nem vai notar. – Ri, balançando a cabeça.
- Obrigada, meninas. – Falei. – Vocês me ajudaram bastante. – Suspirei. – Devo alguma coisa para vocês?
- Que isso, querida! Só te de ver feliz, já foi suficiente. – Sorri.
- Pelo menos pela barra? – Perguntei.
- Nada! – Elas falaram em conjunto e eu sorri.
- Obrigada mesmo, viu?! Quem sabe nos encontramos em outra situação?
- Com certeza, querida! – A mais velha sorriu. – E você se prepara, ainda terá muitas surpresas na sua vida. – Ri, mexendo os ombros.
- Espero que boas surpresas. – Suspirei. – Estou precisando.
- Serão! – Ela sorriu.
- Bom, deixa eu ir que vou embora hoje ainda, preciso organizar minhas coisas, trabalhar e fazer checkout. – Falei, acenando para elas. – Obrigada por tudo e desejo muitas felicidades para vocês. Vocês são verdadeiras fadas madrinhas.
- Nós que agradecemos! – A mais velha falou.
- Seja feliz! – Outra falou e eu assenti com a cabeça, acenando para elas e mandando beijos passei pela porta, suspirando. Realmente desejando tudo de bom para elas.

Voltei para o quarto e procurei a chave em meu bolso e abri a porta. Ouvi a porta atrás de mim se abrir e virei o rosto, vendo Jake na mesma, com um largo sorriso no rosto.
- Você perdeu o café! – Ele falou e eu ri.
- Perdi não, Jake. Só fui mais tarde! – Falei e ele sorriu.
- Você e o Liam ficaram noite passada? – Ele perguntou e eu achei muito fofinho isso.
- Ficamos, Jake. – Sorri e ele riu.
- Vocês vão voltar a namorar? – Ele perguntou e eu suspirei.
- Não sei ainda, querido. Mas eu gostaria! – Ele assentiu com a cabeça.
- Vai dar certo! Ele gosta de você! – Ele falou e eu sorri.
- Eu sei! – Suspirei. – Isso eu sei! Ele foi embora. Vamos ver o que vai acontecer quando eu voltar para Los Angeles. – Ele sorriu, se aproximou de mim e me abraçou fortemente.
- Se por acaso ele não te quiser, eu fico contigo! – Gargalhei, mexendo nos cabelos dele e balancei a cabeça.
- Quem sabe quando você for mais velho? – Falei e ele riu.
- É. Talvez! – Ele deu de ombros.
- Já arrumou suas coisas? – Perguntei.
- Sim! Falta só a roupa que eu vou trocar para ir embora e colocar essa na mala. E você?
- Ainda não. – Suspirei. – Quer me ajudar?
- Legal! Não tenho nada para fazer mesmo! – O puxei para dentro do meu quarto e fechei a porta.
Jake se ajeitou na cama e eu comecei a juntar minhas coisas. Ele acabou querendo saber sobre meu relacionamento com Liam. Contei todos os detalhes para ele, começando lá atrás quando eu ainda estudava na UCLA, passei pela nossa viagem para a Austrália, pela minha formatura, empregos, brigas e discussões e finalizei há um ano e meio atrás quando demos por finalizados.
- E depois vocês nunca mais se viram ou se falaram?
- Só essa semana quando eu vi que ele estava aqui! – Suspirei, mordendo o lanche que havíamos pedido para almoço.
- E como você se sentiu? – Ri.
- Você parece minha melhor amiga, sabia? – Falei e ele riu. – Enfim, voltou tudo à tona. Não foi fácil, mas eu também não esperava vê-lo aqui, né?! – Ele gargalhou.
- Mas ele já tinha vindo para cá, não tinha? – Ele perguntou.
- Ainda não. A gente estava combinando de vir para cá, enquanto namorávamos, mas depois terminamos e tudo desandou. – Dei de ombros. – Fomos para caminhos diferentes e eu nunca, em sonhos, esperava encontrá-lo aqui. – Balancei a cabeça. – E eu parei de seguir suas redes sociais há muito tempo e vice-versa para que ele pudesse vir atrás de mim.
- Isso é destino, ! – Ele falou e eu ri.
- Você acha? – Perguntei.
- Você acha que não? Deus ou qualquer criatura superior fez com que vocês dois se encontrassem aqui no Brasil, o lugar mais improvável para vocês dois, juntos, na mesma semana! – Ele virou para mim. – Você sabe que coincidência é essa? – Ri.
- Provavelmente a mesma que colocou seu filme e do Chris Hemsworth para lançar na mesma semana. – Falei, colocando uma batata na boca.
- São produtoras diferentes, não foi planejado. – Ele falou e eu ri, gargalhando sozinha na cama.
- Eu não sei o dia de amanhã, honestamente eu não quero nem me perguntar sobre o que vai acontecer no dia de amanhã. – Suspirei. – Mas eu quero voltar para casa, abrir uma garrafa do vinho mais barato que tiver em casa e responder aqueles milhões de e-mails que podem trazer mais clientes para mim. – Ele riu. – Depois tomar um banho e dormir por alguns dias, sabendo que eu dormirei por poucas horas. – Ele sorriu.
- Vai dar tudo certo, ! – Ele falou e eu assenti com a cabeça.
- Eu sei! Tenho você, meu amigo! – Falei e ele sorriu.
- Vai comer essas batatas?
- Ei! – Peguei meu prato e o ergui. – Não divido comida! – Ele gargalhou e eu coloquei algumas batatas na boca, fazendo careta para ele de boca cheia.

Dei uma olhada rápida no banheiro e puxei a porta, fiz o mesmo no quarto, olhando embaixo da cama e dentro dos armários e vi que estava tudo organizado, tirando a cama malfeita por mim mais cedo.
Atravessei a bolsa no corpo, a mochila nas costas e peguei o protetor de vestido, erguendo-o acima da minha cabeça. Peguei a chave em cima da mesa e saí do quarto, puxando a porta em seguida.
Desci pelo elevador e antes de seguir para o balcão, dei uma última passada na praia. Apoiei meus braços na marquise do hotel que dava para uma vista mais alta da areia e do mar ali embaixo e suspirei. Me arrependendo de não ter surfado mais uma vez. Me despedi silenciosamente e olhei em meu relógio que já passava das oito da noite. Entrei novamente no hotel, seguindo para o balcão da entrada e apoiei meus braços na mesa.
- Quarto de , por favor. – Falei, colocando minha chave no balcão.
- Um segundo! – A atendente fez algo rapidamente no computador e imprimiu uma folha e me entregou, junto de uma caneta.
Respirei até aliviada por ver que os gastos não tinham sido tão grandes assim, apesar de estar quase próximo a quatro dígitos, mas podia ser pior, considerando que eu estava em um dos hotéis mais luxuosos de uma das cidades mais turísticas do Brasil. Assinei a minha cópia e tirei meu cartão corporativo da carteira, entregando para a mulher.
- Débito, por favor. – Falei, pegando a minha cópia do extrato e depois faria a separação do que era da empresa ou meu. Mas do hotel, tudo era da empresa, pois gastos com comida entravam tudo em despesas da viagem. Digitei a senha rapidamente e vi Christina aparecer ao meu lado.
- Olá! – Ela falou e eu sorri.
- Olá! – Disse. – Obrigada. – Agradeci a atendente e me afastei um pouco.
- Christina Tremblay, por favor. – Ela falou para a atendente e me afastei do balcão.
- Acho que é isso, meninos. – Falei para Bernardo e Miguel. – Obrigada por tudo, viu?!
- Foi um prazer! – Um deles falou e eu sorri. – Quando precisar novamente, só nos chamar.
- Eu agradeço! – Sorri. – Eu acerto com vocês agora ou depois?
- A empresa vai te mandar o valor total do serviço pelo e-mail e a conta para depósito.
- Ah, perfeito! – Sorri. – Consigo me organizar, então. – Eles sorriram e eu estendi a mão para apertar as deles. – Muito obrigada! – Sorri.
- Quer que acompanhe até o aeroporto? – O outro perguntou.
- Não precisa. – Balancei a cabeça. – Vamos direto para lá. Posso deixar vocês descansarem agora.
- Obrigada, senhora , foi um prazer. – Sorri.
- Tchau, garotinho! – Eles falaram em inglês com Jake que abraçou e acenou para eles enquanto eles seguiram para a porta do hotel.
Esperei Christina quitar sua conta e seguimos de Uber até o aeroporto. Foi mais confortável que a chegada. Não tinha fãs esperando para falar com Jake, afinal, era para ele ter ido embora logo depois da première, mas abusamos um pouco mais desse país maravilhoso. Mas algumas pessoas ainda vieram falar com ele, tirar uma foto, pedir um autógrafo, nada preocupante.
Seguimos para o guichê da companhia aérea e dessa vez iríamos até Atlanta e de lá pegaríamos um voo para Los Angeles. Despachamos nossas malas e paramos na praça de alimentação para comer alguma coisa. Não queria que ficássemos dando muita sopa no aeroporto com um garoto superfamoso de 11 anos de um metro e 40 de altura.
Passamos pela imigração e sentamos em assentos próximos à sala de embarque e vi que faltava cerca de meia hora para o nosso voo, daqui a pouco nos chamariam. Estiquei as pernas na cadeira da minha frente e fechei os olhos, suspirando. Minha felicidade acabou quando meu celular começou a vibrar dentro do meu bolso e eu o puxei, vendo o nome de Maggie na tela e coloquei o mesmo na minha orelha.
- Oi, Mag...
- , o que você fez? – Franzi a testa, me sentando direito na cadeira.
- Quê?
- O que você fez? – Ela perguntou de novo.
- O que houve, Maggie? Eu não estou entendendo, é algum problema monetário? Algo com a conta?
- Não! Nada disso! – Ela falou e eu senti meu coração mais leve. – Faz uma hora que não para de chegar e-mails na nossa caixa de entrada! – Ela falou. – Falando que ouviram falar da HELP que querem marcar uma reunião, conhecer nosso plano de negócios, serviços e muito mais.
- Como assim? Quantos e-mails?
- De possíveis clientes eu contei 60. Tem desde atores que acabaram de aparecer até gente de Stranger Things aí.
- Jura? – Gritei animada.
- Te juro! – Ela falou. – O que você fez aí no Brasil para isso acontecer?
- Eu não sei, Maggie. Eu não fiz nada. – Suspirei, parando um pouco e tudo ficou claro para mim rapidamente. – Ah sim! – Falei, balançando a cabeça.
- O quê? – Ela perguntou.
- Liam. – Falei, suspirando.
- Será que foi ele? – Ela perguntou.
- É a única explicação! – Falei. – Aconteceu algumas coisas aqui ontem, depois te conto.
- O quê? – Ela gritou na minha orelha e eu ri fraco.
- Eu estou com uma criança ao meu lado, falo quando chegar em L.A.
- Ah, meu Deus! Agora vou ficar curiosa. – Ela riu e eu dei um pequeno sorriso. – O que eu faço?
- Responde com aquele texto convencional, manda a apresentação da empresa, tanto em slide quanto em PDF com nossos serviços e projetos, sem preços. E pergunta quando a pessoa está disposta para marcar uma reunião. Eu estou no aeroporto agora, chego aí amanhã pela manhã.
- Beleza! – Ela falou. – Meu Deus, tem tenta coisa aqui! Estou até doida!
- Mas não se esquece de responder todos, ok?! – Falei. – Temos que passar bom exemplo. – Ela concordou.
- Pode deixar! Eu vou zelar pela imagem da HELP. – Ela riu. – Ai se você ver.
- O que você vai fazer hoje? – Perguntei.
- Ficar respondendo e-mails e vendo Netflix. – Assenti com a cabeça.
- Sei que não deveria te pedir isso, Maggie, mas posso te encontrar amanhã cedo no escritório? Preciso repassar os gastos e novidades da empresa.
- Sem problemas, chefia! – Ela falou. – Eu mal tive serviço sem você aqui e quero saber onde isso vai dar. – Gargalhei.
- Vai dar no nosso sucesso, se Deus quiser! – Falei e ela deu um gritinho animado.
- Vou lá, chefia! Bom voo! – Ela falou. - Quer que eu te pegue no aeroporto? – Ela perguntou.
- Você está com meu carro ainda?
- Não, eu deixei na sua casa.
- Ah, então eu vou de Uber, me encontra no escritório mesmo. Meu voo deve chegar umas 10 da manhã, horário daí.
- Beleza, me manda o número do voo aqui que eu vou rastreando.
- Obrigada, Maggie. – Falei.
- Eu que agradeço, chefa! Boa viagem!
- Boa noite! – Respondi e desliguei o celular.
- O que houve, ? – Jake perguntou ao meu lado.
- A HELP está finalmente decolando, meu querido. – Abri um largo sorriso. – Seremos famosos. – Virei para ele. – Bom, você já é! – Ele gargalhou e olhei para Christina que tinha um largo sorriso no rosto.
- Viu?! Você é capaz! – Ela falou e eu assenti com a cabeça, relaxando meu corpo na poltrona.
Abri meu WhatsApp e mandei o número do voo para Maggie para que ela pudesse rastrear no site da companhia aérea. Pensei por alguns segundos e digitei o nome de Liam na pesquisa. Droga! Eu tinha deletado seu número. Passei rapidamente pela cabeça e quando vi digitei um número que surgiu na minha cabeça e salvei o mesmo, abrindo no aplicativo e vendo a foto zoada de Liam na imagem.
Escrevi um simples ‘obrigada’ na mensagem e enviei, vendo o primeiro tique da mensagem se formar e suspirei. Conferi a hora e vi que era meia-noite cravado. Suspirei e bloqueei o celular, me sentindo feliz.
- Atenção, passageiros para o voo de Los Angeles com escala em Atlanta. Embarque no Portão K. – A atendente falou e eu me levantei, pegando minhas coisas e virei para Jake que fez igual a mim.
Dei a mão para ele e segui para o portão, vendo a fila se formar. Entramos na fila da primeira classe e entreguei meu passaporte e passagem para a moça que sorriu e me devolveu ambos.
- Tenha uma boa viagem! – Ela falou e eu sorri, assentindo com a cabeça.
Passei pelo finger, parando no meio dele quando tive a vista do aeroporto e suspirei. Olhando um pouco a vista do meu país e sorri. Jake veio logo atrás e esticou a mão para mim. Sorri, passando a mão livre no rosto e segui com ele para dentro do avião, recebendo um sorriso da aeromoça.


Epílogo

- Eu sei, Paolo. Muito obrigada por ser tão compreensivo, viu?! – Ele riu do outro lado da linha.
- Que isso, senhora . É um prazer ver sua empresa crescendo. – Sorri.
- Prometo que continuarei pedindo suas pizzas, ok?! Só não vá para o outro lado da cidade, por favor. – Ele riu.
- Estamos vendo o prédio aqui da esquina, talvez possamos ser vizinhos ainda. – Ri.
- Vou gostar disso. – Suspirei. – Quando você consegue passar aqui para assinar a rescisão do contrato?
- Consigo passar mais tarde, quando eu for para a pizzaria. Vamos começar a desmontar as coisas e livrar o prédio para você.
- Beleza, Paolo. Estaremos aqui até mais tarde. Tenho algumas reuniões hoje.
- Beleza, ! Eu bato aí!
- Beleza e traz pizza! – Falei, antes de desligar o telefone, gargalhando sozinha.
- E aí? – Maggie perguntou.
- Ele foi bem compreensivo na verdade, está feliz pelo nosso negócio estar crescendo e por precisarmos do andar de baixo também.
- Vai ficar bem legal depois da reforma. – Ri, balançando a cabeça. - Não consigo acreditar como a gente cresceu tanto nesses dois meses. – Suspirei.
- Ai, nem fala. Precisamos ver logo o novo funcionário porque eu vou para Pequim daqui uns dias com Jacob de novo. Não quero mais a mesma correria.
- Sem problemas! Marquei com os três que você gostou do currículo para quinta-feira à tarde. Vão ser duas, três e meia e cinco horas.
- Perfeito! Dá para conversar à vontade e não deixar eles inseguros com o outro concorrente da vaga. – Ela assentiu com a cabeça. - O que mais você tem para me passar? – Perguntei.
- Bom, a revista Forbes quer fazer uma matéria contigo sobre a empresa, quer saber quando você está disponível e se eles podem vir fazer algumas fotos. – Abri um sorriso.
- Ah que demais, gente! – Sorri! – Pergunta para quando eles querem que eu vejo se dá para deixar tudo pronto, incluindo lá embaixo.
- Beleza! – Maggie escreveu na sua lista.
- O que mais?
- Temos três reuniões amanhã. – Ela falou.
- Quem? É alguma coisa para fechar?
- Talvez. – Ela falou. – Eles se interessaram em marcar reunião, certo?
- Quem são? – Perguntei.
- Brooklyn Prince, daquele filme Projeto Flórida.
- Ah, ela é boa, ela ganhou um Critics Choice Awards esse ano. – Falei.
- Ela mesma! – Ela falou. – Bem, rufem os tambores. – Ela falou e eu bati na mesa aos poucos.
- Fala logo! – Suspirei.
- Os pais de Brooklyn Beckham marcaram de falar contigo.
- Eu tenho uma reunião com David e Victoria Beckham amanhã? – Gritei animada.
- Tem! – Ela bateu palmas. – Brooklyn tem 19 anos. Está quase na nossa faixa etária máxima, mas quem sabe?
- Claro! – Falei.
- E por último, temos a queridinha de Stranger Things que finalmente mandou mensagem.
- Brooklyn Beckham e Milly Bobby Brown no mesmo dia? – Perguntei com a boca aberta e ela assentiu com a cabeça. - Acabou o expediente, eu vou comprar um vinho barato e beber até dormir! – Ela gargalhou.
- Não podemos, chefe! Temos muito coisa para fazer. – Suspirei.
- Eu sei! – Respirei fundo. – Vou continuar aqui a analisar o currículo das outras pessoas. Quero ver de contratar duas, pelo menos. – Ela assentiu com a cabeça.
- Beleza, vou continuar a fazer clippagem! – Ela falou e seguiu para sua mesa.
Abri meu notebook e observei com um sorriso discreto no rosto a notícia do Perez Hilton: “Liam e Miley dão por finalizados novamente”. Respirei fundo, ignorando a matéria que fazia apostas de quanto tempo eles ficariam separados dessa vez e abri meu e-mail, vendo os diversos não lidos para vaga de assessor, me fazendo suspirar.
Senti meu celular vibrar na mesa e puxei as notificações, vendo o rosto de Liam no mesmo e abri o mesmo animada, mas discreta, para que Maggie não ficasse tão empolgada quanto eu e vi somente algumas palavras escritas no mesmo.
Quer sair comigo, brazilian girl?” - Dizia a mesma. - “É sério agora. Sem besteiras e bem bobagem de adolescente. Só eu e você, duas pessoas adultas e maduras para lidar com a vida”. - Ri fraco com a mensagem e peguei o celular, escrevendo algumas palavras.
Sim, senhor maduro e responsável. Me pega as oito?” - Mandei e respirei fundo, esperando a resposta atentamente.
Na HELP?” - Ele perguntou e eu sorri, digitando uma única palavra.
Sim”. Enviei e bloqueei o celular, voltando a olhar para a tela do computador novamente, mas com um largo sorriso no rosto dessa vez.




FIM



Nota da autora: E assim acaba nossa continuação lindinha! <3 Nossos pps juntos e a pp sendo foda como sempre e não surpreendendo ninguém!
Será que agora esse casal engrena? Ou vão continuar nessa montanha russa que já dura quatro anos, hein?! 
Espero que para os amantes de 5 DNA essa continuação tenha valido à pena e enchido o coração de vocês de esperança.
Caso vocês tenham chegado aqui só pela parte dois, conheça a parte um, 5 Dias na Austrália e veja como esse casal começou há anos atrás (literalmente).
Caso queiram saber novidades dessa fic e de outras, entre no meu grupo de fanfics ou visite minha página de autora.
E para minha beta Nataly, nem preciso dizer que é sempre um prazer te mandar minhas histórias porque além de você fazer seu trabalho de formiguinha, ainda lê, comenta, surta e gosta, me deixando mais feliz ainda! <3 
É isso! Beijos e até mais! <3 




Outras fanfics:
  • 5 Dias na Austrália (primeira parte)


    Nota da beta: Ahhh, que amorzinho essa história! Deu uma pontinha de esperança, espero agora que esses dois se acertem e tenham “seu feliz para sempre”, eles merecem, né? Linda demais! Amei, ameeei! <3
    Fico muito feliz de ter embarcado com você nessa maravilhosa história, primeira fanfic (de muitas hahaha) em andamento que finalizamos, uhuuul! Eu que tenho que agradecer por ter me escolhido com beta, foi uma honra betar essa bebê <3

    Lembrando que qualquer erro nessa atualização e reclamações somente no e-mail.
    Para saber quando essa fic vai atualizar, acompanhe aqui.

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