Última atualização: 25/05/2020
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Capítulo 11

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Tudo já estava pronto para a festa que Ashley queria dar em comemoração ao contrato assinado pela Pathetic Aesthetic. A festa seria em Avalon Hollywood, um dos lugares mais requisitados de Los Angeles, Ashley havia fechado o local, lá teria apenas convidados, estariam presentes todo mundo da Grand LA Records e mais algumas pessoas influentes no ramo da música, era realmente uma festa enorme, algo que Ashley nunca tinha feito, eles realmente apostavam na Pathetic Aesthetic, acreditavam que seria o maior sucesso da gravadora.
Além do local que era sensacional, Ashley também tinha contratado grandes nomes para tocar, nada menos do que Abel Tesfaye, conhecido como The Weeknd, e o DJ Calvin Harris, eles eram sensacionais, não tinha como negar.
Eu sabia que Ashley estava usando o contrato da Pathetic Aesthetic para dar aquela festa, mas algo muito maior estava por trás, ela nem sonhava que eu sabia que o seu aniversário estava chegando. Ashley era igual a mim, odiava comemorar aniversários, mas ela sempre amou fazer festas e como nunca quis usar a sua data como pretexto, sempre achava outro para fazer as suas melhores festas, e era exatamente isso que ela estava fazendo.
Eu havia acabado de passar pelos grandes portões do lugar, estava acompanhada de , eu estava vestido com um vestido estilo blazer preto curto que tinham algumas franjas com brilho, nada chamativo e fora do meu comum, apesar de ser uma festa, eu ainda deveria manter um pouco o ar profissional, e estava mais ele do que nunca, calça jeans, camiseta branca e um blazer creme. Andamos por toda parte de baixo cumprimentando nossos colegas da gravadora que tinham por ali, depois seguimos para o bar para pegar alguma coisa e então subir para o andar de cima, que era onde a Ashley havia destinado para a banda e os membros da equipe deles.

- O que você vai querer? - disse bem próximo ao meu ouvido fazendo com que um arrepio percorresse meu corpo todo.

Acabei mordendo os lábios quando senti aquilo.
pareceu ter notado também o que tinha me causado, pois deu um beijo bem leve no meu pescoço fazendo com que o arrepio se prolongasse.

- Adoro te ver assim - disse rindo ainda na minha orelha.

Acabei o empurrando para longe e rindo dele, a gente estava em público, não poderíamos demonstrar assim tão facilmente.

- Se acalma, quem sabe mais tarde - disse ainda rindo. - E eu quero um martini - respondi a primeira pergunta que havia me feito.

gargalhou alto chegando até a jogar a cabeça para trás.

- Estarei aguardando ansioso! - respondeu sorrindo, em seguida deu um beijo na minha bochecha e seguiu até o bar pegar as nossas bebidas.

Quando olhei para o andar de cima, onde estava a banda, pude notar Ellora olhando diretamente para mim rindo com uma cara suspeita, ela certamente tinha visto. Não que ela não soubesse de mim e , ela sabia, mas eu nunca tinha sido muito clara sobre o que sentia por ele ou como era nosso relacionamento.
Ellora e Noah já estavam em Los Angeles há alguns dias, juntamente com a minha sweet Peach, que hoje tinha ficado com uma babá. Eles não aceitaram ficar no meu apartamento, ao qual já tinham um quarto para eles e Peach, eles estavam ficando em uma casa alugava em Bel-Air até conseguir comprar a casa que queriam por ali.

- Aqui está - chegou entregando minha bebida, o martini.
- Obrigada! - agradeci já dando um gole e sentindo o liquido descer rasgando pela minha garganta.

tinha em sua mão um copo de whisky com gelo, algo típico dele.

- Vamos subir? - perguntou apontando com a cabeça para o andar de cima.
- Vamos! - respondi animada.

Nos dois então pegamos o rumo da escada que nos levaria ao andar de cima, o camarote.
Assim que chegamos lá, pude notar que o lugar era mais escuro que a parte de baixo, era enorme, tinha seu próprio bar, vários lounges montados por ali com mesas, sofás e cadeiras, tudo extremamente bonito e chique. Na verdade tinham exatamente três lounges montados, o da ponta esquerda estava Ashley com algumas pessoas importantes que eu já havia visto em algumas revistas por aí, no do meio estava o pessoal da banda, Ellora, Noah, Ned, Íris, Jesse e Ísis e e no da outra ponta estava Dominic com alguns produtores amigos dele e de .
assim que viu a mesa de Domi, foi até eles, enquanto eu segui em direção a Ashley para a cumprimentar, que por sinal estava incrível em um vestido preto brilhoso de comprimento midi com uma grande fenda. Assim que Ashley me viu abriu um dos melhores sorrisos e veio em minha direção.

- Você está incrível! - disse olhando Ash de cima a baixo.

Minha chefe fez uma pose se sentindo, o que ela podia fazer, ela era um das mulheres mais bonitas que eu já havia conhecido.

- Obrigada! - Ash agradeceu. - E aí, gostou de tudo?
- Sim - respondi animada. - Está tudo incrível, sério!!!!!
- É isso que eu queria! - Ash respondeu. - Agora vai aproveitar sua banda e seus amigos, você precisa relaxar, !

Acabei sorrindo em agradecimento. Ashley tinha se tornado uma grande amiga, algo que nunca havia imaginado quando ela me contratou.

- Vou até lá então - disse enquanto lhe lançava um beijinho.

Ashley apenas piscou para mim e voltou para o lugar que estava antes, já eu, segui para o lounge onde estavam Ellora e Íris. Era maravilhoso ter Íris ali também, eu sentia muita falta da minha outra amiga, e mesmo ela vindo à Los Angeles algumas vezes, não era a mesma coisa de antes, sentia falta de sempre estar nós três juntas.

- - ouvi Íris dizer vindo em minha direção toda animada.

Minha amiga então me abraçou devagar para não ocorrer nenhum acidente com nossos copos de bebida.

- Que saudade! - Íris disse ainda me abraçando.
- Também senti sua falta - disse me soltando da minha amiga. - Como andam as coisas? Finalmente você e Ned tomaram vergonha na cara e se assumiram?

Íris soltou um risinho envergonhado e deu um gole em sua bebida.

- Sim! - ela respondeu depois de engolir o que havia bebido.
- É isso ai! - respondi levando a minha mão em um high-five que Íris bateu em comemoração. - E preciso admitir que amei ver Jesse com sua irmã, que puta casal!
- Eles são incríveis juntos! - Íris respondeu. - Tá todo mundo de casal, só falta você e o Z…
- Não, nem pense! - disse antes mesmo que Íris terminasse a frase.

Minha amiga me olhou brava.

- Por quê? - Íris questionou.
- Até parece que você não conhece a cabeça dura desses dois - escutei Ellora constatar antes mesmo que eu pudesse responder.

Els surgiu atrás de Íris, nenhuma de nós tinha notado a aproximação dela.
Olhei para ela com uma cara nada amigável, Ellora sabia melhor do que ninguém o que tinha acontecido.

- Eu ainda estou do seu lado - Ellora disse parecendo que tinha lido meus pensamentos. - Só acho que vocês ao menos poderiam ser amigos!
- Quem sabe um dia - respondi.

Dei um longo gole no copo que estava em minhas mãos, que tinha até passado despercebido depois que cheguei aquele andar.

- Tudo vai dar certo! - Íris respondeu dando um sorriso amigável em minha direção.
- Já deu - respondi rindo.
- E como deu - Ellora complementou.

Eu e Íris a olhamos confusa, o que ela estava falando agora. Tinha bebido demais será?

- Do que está falando Ellora, bebeu demais? - perguntei o que estava na minha cabeça.

Minha amiga deu uma gargalhada e depois apontou com a cabeça na direção de , agora eu tinha entendido. Senti minhas bochechas arderem de vergonha e isso raramente acontecia.

- Ahhhh - Íris disse rindo após entender o que Els dizia. - E , que homem! - Íris completou.
- Xiuuuuuu - disse para que ela falasse baixo. - Nós só somos amigos que transam às vezes, nada demais.
- Às vezes, sei - Ellora disse rindo. - Já que é um frouxo, pelo menos alguém tem que pegar esse mulherão de jeito.

Ellora definitivamente já tinha bebido demais.

- Els, não acha que bebeu demais não? - encarei minha amiga.

Ellora balançou a cabeça em negação e depois levantou as mãos em rendição. Antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa para a minha amiga, as luzes do local foram apagadas e apenas uma no centro do palco foi acesa, todas nós fomos para a parte da frente do camarote, onde tínhamos uma visão privilegiada de tudo. O primeiro show iria começar.
Uma batida começou a ser ouvida, a batida de uma música que andava sendo top 1 nas minhas playlists, e andava sendo muito tocada por Los Angeles, Blinding Lights.

- Espero que gostem do show, L.A - foi possível escutar a voz The Weeknd enquanto a batida ainda começava.

Enquanto a intro tocava, senti um corpo atrás de mim e então um braço passou pelo meu pescoço.

- Acho que chegou o momento da gente dançar a nossa música - escutei a voz do dizer bem próxima ao meu ouvido.

O arrepio estava de volta.
Eu e tínhamos pegado essa música como nossa, em todas as baladas que andávamos indo sempre tocava essa música e a gente sempre dançava ela como se não houvesse amanhã. Eu não tinha como negar isso a ele. Mesmo que fosse uma festa da gravadora, aquela não era a hora de me importar com isso, só queria me divertir e faria isso, faria isso com a pessoa que merecia, .

- Agora mesmo! - respondi me virando de frente para ele.

apenas sorriu, se distanciou de mim e começou a cantar a música juntamente com a primeira estrofe.

- -


estava ali, incrivelmente linda nas suas famosas roupas pretas. Ela estava mais elegante, mais sexy, mais mulher, eu não podia negar nada disso, apesar de tudo o que a gente tinha passado, eu ainda sentia muita coisa por essa mulher. Ela estava ali, toda animada conversando com Ellora e Íris e bebendo um martini, o que tornava a cena ainda mais incrível na minha cabeça.

- Quando você vai tomar vergonha nessa cara para tomar alguma atitude? - Noah perguntou enquanto se sentava ao meu lado, mesmo assim eu não desviava o olhar dela.
- Porque eu tomaria alguma atitude? - perguntei sem olhar para o meu primo, permanecendo vidrado em .

Escutei Noah gargalhar ao meu lado, tirei os olhos de e olhei para ele confuso, assim que fiz isso notei que Jesse e Ned também estavam perto e prestando atenção na nossa conversa.

- , , você só está se enganando! - Noah respondeu em meio às gargalhadas.
- Está mesmo! - Ned concordou com meu primo em meio às risadas.

Permaneci os olhando confuso, não tinha entendido.

- Parece que estou tendo um deja vú de alguns anos atrás - Noah disse assim que as gargalhadas cessaram. - Você babando por ela sem tomar alguma atitude, uma boate, só falta um cara chegar para dançar com ela.

Enquanto Noah dizia tudo aquilo a imagem perfeita do que ele se remetia veio a minha mente, quase quatros anos atrás havia acontecido algo parecido, a festa em Liverpool, eu ainda estava com Kristen e tinha dançado e beijado Jesse naquela festa.

- São situações diferentes! - respondi olhando diretamente para ele.
- Não são não - Jesse disse fazendo meu olhar desviar para ele. - Ela estava solteira querendo aproveitar, você olhando de longe babando igual um retardado, eu lembro bem daquela noite.

Encarei Jesse com uma cara de poucos amigos e lhe lancei o dedo do meio.

- Eu só disse a verdade - Jesse levantou os braços em sinal de rendição.
- São realmente situações diferentes, é passado - completei.

Ned e Jesse soltaram altas gargalhadas enquanto Noah apenas me olhou com uma cara de tanto faz, voltei a olhar para onde estava, mas as luzes do local foram apagadas, provavelmente indicando o começo do primeiro show da noite.

- Recomendo colocar para tocar Blinding Lights do The Weeknd -


Uma batidinha gostosa começou a ser ouvida, fiquei em pé para me aproximar mais da parte da frente do camarote para poder acompanhar o show, mas antes que fizesse isso, notei que o cara que conhecemos no elevador da gravadora na nossa primeira reunião com Ashley se aproximou de , ele ficou atrás dela, passou o braço por seu pescoço e falou algo em seu ouvido. Vi Ellora e Íris darem risadinhas uma para outras. Um nó se formou na minha garganta e voltei a sentar no sofá.
se virou para o cara da gravadora rindo e então ele começou a cantar a música para ela.

I've been tryna call / Eu tenho tentado ligar
Você pode me excitar com apenas um toque, amor
I've been on my own for long enough / Eu estou sozinho há tempo demais
Maybe you can show me how to love, maybe / Talvez você possa me mostrar como amar, talvez
I'm going through withdrawals / Estou passando por abstinências
You don't even have to do too much / Você nem precisa fazer muito
You can turn me on with just a touch, baby / Você pode me excitar com apenas um toque, amor


Os dois começaram a cantar juntos e dançarem juntos um olhando diretamente para o outro, juntamente com os demais ao redor, mas eu não conseguia prestar a atenção em mais nada, só em e naquele cara.

I look around and / Eu olho ao redor e
Sin city's cold and empty (oh) / A cidade do pecado está fria e vazia (oh)
No one's around to judge me (oh) / Não há ninguém por perto pra me julgar (oh)
I can't see clearly when you're gone / Eu não consigo ver direito quando você vai embora


então se virou de costas e o cara da gravadora colou seu corpo no dela, a abraçando pela cintura. Engoli em seco vendo aquela cena, era realmente um deva jú de anos atrás.

I said, ooh, I'm blinded by the lights / Eu disse, ooh, as luzes me cegaram
No, I can't sleep until I feel your touch / Não, eu não posso dormir até sentir seu toque
I said, ooh, I'm drowning in the night / Eu disse, ooh, estou me afogando na noite
Oh, when I'm like this, you're the one I trust
Hey, hey, hey / Oh, quando eu estou assim, você é a única em quem confio
Ei, ei, ei


ficou de olhos fechando enquanto cantava o refrão, dançando agarrada com aquele cara e sentindo cada palavra daquela música. E a música era boa, fazia até sentido ao que eu estava sentindo, mas eu não consiga prestar atenção em mais nada, a não ser naqueles dois.
Era nítido que ela não queria me provocar, até porque ela não tinha nem me notado ali, eu era invisível para ela, estava apenas se divertindo, como deveria ser, e eu queria a ver assim, mas não conseguia esconder para mim mesmo o quanto eu desejava ser aquele cara.
Enquanto a batida entre a segunda parte da música tocava, vi aquele cara se aproximar do pescoço dela e dar um beijo, mais um nó na garganta, riu e depois se afastou, se virou para ele colocando a mão em seu peito e balançando a cabeça negativamente ainda rindo, depois voltou a cantar a música.

I'm running out of time / Estou ficando sem tempo
'Cause I can see the Sun light up the sky / Porque eu já posso ver o Sol iluminar o céu
So I hit the road in overdrive, baby, oh / Então eu peguei a estrada em alta velocidade, amor, oh

Sin city's cold and empty (oh) / A cidade do pecado está fria e vazia (oh)
No one's around to judge me (oh) / Não há ninguém por perto pra me julgar (oh)
I can't see clearly when you're gone / Eu não consigo ver direito quando você vai embora


Eles permaneceram um de frente para o outro, cantando um para o outro de forma extremamente animada, mas nada de contato físico, o que me deixava menos agitado, mas ainda assim fixado neles.

I said, ooh, I'm blinded by the lights / Eu disse, ooh, as luzes me cegaram
No, I can't sleep until I feel your touch / Não, eu não posso dormir até sentir seu toque
I said, ooh, I'm drowning in the night / Eu disse, ooh, estou me afogando na noite
Oh, when I'm like this, you're the one I trust / Oh, quando eu estou assim, você é a única em quem confio


Não sei se sentiu meus olhares para eles, ou algo do tipo, mas logo que a próxima parte da música começou ela acabou olhando para mim.

I'm just walking by to let you know (by to let you know) / Eu só estou passando pra te avisar (passando pra te avisar)
I can never say it on the phone (say it on the phone) / Eu nunca consigo dizer isso por telefone (dizer isso por telefone)
Will never let you go this time (ooh) / Eu não te deixarei partir desta vez (ooh) /


E assim que a última frase acabou, ela voltou a dançar com o cara da gravadora como se nada tivesse acontecido.
O pior é que um nó sem tamanho surgiu na minha garganta, a frase fazia tanto, mas tanto sentido a tudo que a gente tinha vivido, que era até irônico.

I said, ooh, I'm blinded by the lights / Eu disse, ooh, as luzes me cegaram
No, I can't sleep until I feel your touch / Não, eu não posso dormir até sentir seu toque


A música então finalizou e foi possível ouvir gritaria por todo lado do local, mas meus olhos ainda permaneciam vidrados em . Ela e o cara se abraçaram ao final da música e depois ambos seguiram na direção do banheiro. Eu não sei ao certo o que me deu, só sei que imediatamente me levantei do sofá e segui atrás dela. Notei que o cara foi para a direção do banheiro masculino, enquanto seguiu para a área dos fumantes, continuei atrás dela. A vi pegar um maço na pequena bolsa, tirar um cigarro e acender em seguida, ela tragou então uma vez e soltou a fumaça pelos lábios, me deixando hipnotizado.

- Me seguindo, ? - disse enquanto a fumaça ainda sabia pela sua boca.

Ela não olhava diretamente para mim, olhava em direção a rua. A sensação de deja vú tomava conta de mim mais uma vez.

- É, é - tentei dizer algo, mas acabei engasgando.

Cocei então a nuca, eu realmente não sabia por que tinha ido ali. não havia mudado nada. Falar com ela me trazia sensações, estranhas, mas boas. Era como se uma parte do passado tivesse voltado para mim, a melhor parte do meu passado e quando conversávamos, parecia que nunca havíamos nos distanciado.
se virou para mim e deu um riso sem mostrar os dentes.

- Não vai me atacar hoje? - perguntou, em seguida voltou a colocar o cigarro entre os lábios e começou a me analisar de cima a baixo.
- Não - respondi ainda coçando a nuca. - Na verdade, nem sei porque estou aqui.

me olhou com uma cara confusa enquanto soltava a fumaça pelos lábios.

- Você está aqui para curtir a festa do seu contrato, para pegar muita mulher, para...
- Isso eu sei - disse a interrompendo. - Estou dizendo em ter vindo atrás de ti, estou com uma sensação de deja vú a noite toda, me lembrando daquela festa em Liverpool.

pareceu pensar em algo e assim que se lembrou começou a gargalhar.

- Ela só não vai acabar do mesmo jeito - disse por fim, provavelmente se referindo ao beijo no banheiro, teoricamente o nosso primeiro beijo. Logo a saudade e as lembranças daquela noite vieram em minha mente.
- Eu sei – respondi. - Acho que não ando sendo muito legal com você, né?!

apenas concordou com a cabeça enquanto tragava mais uma vez seu cigarro.

- Mas isso é passado, é só seguir em frente, já te disse isso - constatou enquanto soltava a fumaça pela boca.

Eu amava ver aquela cena, e eu nem sabia a falta que me fazia até a ver fazendo aquilo novamente.

- Você parece feliz - constatei, sem nem ao menos pensar antes de dizer.

deu uma risadinha sem graça em minha direção.

- Eu estou, , muito feliz, sou tudo o que queria ser, o que mais poderia querer? - respondeu ainda com um sorrisinho na face.
- É bom te ver assim! - disse falando a verdade, aquilo era uma coisa que realmente amava ver nela, a sua felicidade.
- Obrigada! - respondeu.

Abri a boca para conversar mais com ela, mas não tive tempo, pois o cara que antes estava dançando com ela chegou ao lugar que estávamos.

- Atrapalho algo? - ele perguntou com um risinho na cara.

Revirei os olhos assim que percebi aquilo.
- Hey ! - o chamou para perto.

Assim que ele se aproximou, ela lhe entregou o maço de cigarros, ele retirou um cigarro para ele e o acendeu.

- Quer um? - , que agora eu lembrava o nome, me ofereceu.
- Não, obrigado – Agradeci. - Vou deixar vocês aproveitarem a noite de vocês!

apenas fez um sim com a cabeça e sorriu para mim. Virei as costas e saí do local voltando para junto da banda. Sentei no sofá que estava antes, peguei o meu copo de whisky e dei um grande gole. Era incrível o quanto eu tinha mudado, e o quanto estava feliz por tudo o tinha se tornando, também era bom ver a minha reação sobre , porque se fosse a alguns anos atrás, eu teria certeza que teria surtado ao ver tudo aquilo, mas agora eu só agia normal, porque eu sabia, sabia que tinha perdido a mulher da minha vida, e a culpa era toda minha, e agora só me restava aceitar.

- -


Eu não podia reclamar em como esse final de semana havia sido fantástico. A festa tinha sido ótima, fazia muito e muito tempo que não dançava e me divertia tanto assim, aproveitei Ellora, aproveitei Íris e aproveitei , inclusive, ele havia ficado o final de semana todo comigo, acabamos passando o domingo todo vendo nossa mais nova série favorita e comendo algumas bobagens, algo que não fazíamos há um certo tempo. A nossa rotina mudaria muito depois da reunião que teríamos hoje na Grand LA com a Pathetic Aesthetic, então tinha sido magnífico aproveitar esse tempo juntos, esse final de semana.
E sobre a festa e as pessoas que estavam nela, aconteceu tudo bem, conversou pouco comigo e de forma tranquila, ficou a noite toda bebendo junto com os demais da banda e não ficou com nenhuma mulher, o que me causou uma certa estranheza, já que as últimas notícias que havia lido dele sempre eram sobre ele estar saindo de festas acompanhado de uma mulher diferente por noite. Mas eu também não tinha nada a ver com isso mais, passado.
Noah e Ellora aproveitavam o vale night deles, dançaram e beberam muito, de vez em quando ele sumiam, provavelmente para se pegar ferozmente em algum canto daquela balada. E era muito bom finalmente ver Íris e Ned juntos, esses dois sempre enrolaram para se entregar de vez um ao outro, mas depois de anos finalmente assumiram e eu não poderia estar mais feliz. Jesse seguia sua vida com Ísis, irmã de Íris, era bom ver todos os meus amigos felizes e amando e sendo amados, já eu, eu estava com , meu melhor amigo, meu companheiro, não era um relacionamento propriamente dito, mas era algo bom, algo que me fazia bem.

- ? - escutei me chamando enquanto estalava o dedo em frente ao meu rosto.
- O que? - perguntei focando a minha visão nele.
- Você estava dando um sorriso meio louco! - disse soltando uma risadinha.

Apenas peguei o guardanapo que estava no meu colo e lancei nele.

- Idiota - disse rindo.

Eu e Mak estávamos tomando café da manhã juntos no meu apartamento antes de irmos para a gravadora, estávamos finalizando aquele final de semana e começando a nova semana com chave de ouro.

- Espero que esteja pensando em mim - disse presunçoso.
- Não vou conseguir mentir, estava mesmo! - confessei dando uma leve piscadinha para ele.

riu, da forma mais gostosa do mundo, daquele jeito dele. Ele então colocou os cotovelos sobre a mesa e apoiou o rosto sobre as mãos.

- E sobre o que era? - perguntou me olhando.

Mas antes que eu pudesse contar algo para ele, meu celular que estava sobre a mesa começou a tocar, direcionei meus olhos até ele e vi o nome de Ashley no visor, assustei quando vi isso, raramente ela me ligava aquele horário, rapidamente apertei o botão verde a atendendo.

- Hey Ash - atendi.
- Rose, a reunião com a Pathetic Aesthetic foi adiantada, você precisa estar aqui em 30 minutos - Ashley disse rápido, praticamente sem respirar direito.
- O que? Como que mudam a reunião e não me avisam? - perguntei um pouco irritada, Ashley sabia que isso nunca deveria acontecer, ela sempre deu essa autonomia para que eu decidisse.
- Foi um erro meu, Rose, desculpe - Ashley começou. - Confundi o nome das bandas e acabei mudando a sua reunião para a de agora de manhã, Dominic já até avisou todo mundo da banda.
- Tudo bem, estou indo agora mesmo, tchau - respondi me despedindo enquanto já me levantava apressadamente da cadeira e encerrava a ligação.
- O que aconteceu? - perguntou confuso.
- Adiantaram a reunião com a Pathetic Aesthetic, temos que sair agora mesmo! - disse apressando .

Não sei se bateu a mão ou acabou colocando o copo de suco de mal jeito sobre na mesa, foi muito rápido, e em questões de segundo a camiseta branca de estava toda vermelha de suco. Ele levantou num pulo, mas já era tarde demais, ele estava todo sujo.

- Porra - exclamou.
- Troca rápido, precisamos sair em dois minutos, só vou escovar os dentes - o apressei.
- Eu não sei agir sobre pressão - disse passando o pano pela camiseta. - E eu não tenho mais nenhuma roupa limpa aqui, preciso passar em casa.
- Não temos tempo, - respondi.
- Não vou trabalhar assim - constatou enquanto apontava para a camiseta suja.

Revirei meus olhos quando ele disse aquilo, não é possível isso estar acontecendo agora, justamente agora que estamos atrasados.
retirou a camiseta e rumou para o banheiro, e quando o vi ali sem camiseta, acabei lembrando que eu tinha uma camiseta masculina guardada no fundo de uma das minhas gavetas, uma camiseta que eu guardava a sete chaves, uma camiseta que tinha um desenho especial e que estava marcado na minha pele e na de outra pessoa, era a camiseta que ganhei de alguns anos atrás.
Fui até o meu armário, abri a última gaveta o máximo que pude, levei a minha mão até o fundo dela e puxei a camiseta preta, ela estava perfeitamente dobrada. Apesar de todos esses anos, aquela camiseta eu nunca tinha tido cogitado a ideia de deixar para trás, tinha vindo de Londres comigo, e estava naquela gaveta desde então.

- Será? - perguntei para mim mesma enquanto passava os dedos pela estampa, a estampa de rosa.

Vendo aquela camiseta ali percebi que não estava sendo coerente com o que andava falando, eu dizia aos quatros ventos que estava seguindo em frente, e ter aquela camiseta ali me provava o contrário, só mostrava que eu ainda estava presa a , poderia ser pouco, mas ainda estava.

- - chamei meu amigo que rapidamente saiu do banheiro e parou do outro lado da cama.

Virei para ele e o arremessei a camiseta.

- Tinha isso aqui, pode vestir - disse.

a pegou em mãos, abriu a camiseta e notou o desenho. Ele tinha entendido de quem era.

- Tem certeza? Faz parte da sua histó… - começou a dizer, mas o cortei no meio da frase.
- Fazia, não faz mais, passado! - respondi.

me olhou triste, mas concordou com a cabeça vestindo a camiseta.

- Depois eu te devolvo - avisou.
- Pode ficar, ela fica melhor em você! - disse exatamente as mesmas palavras que havia me dito quando me deu aquela camiseta. Eu lembrava perfeitamente.

apenas sorriu sem graça.
O silêncio tomou conta do meu apartamento depois disso, escovei meus dentes rápido e depois já tomamos o caminho da saída casa para irmos para gravadora. No carro no caminho para a mesma notei que realmente aquela camiseta tinha ficado bem em . Aquela camiseta que era o último resquício de que eu ainda tinha guardado entre as minhas coisas, uma última lembrança e que agora eu tinha dado para , mas eu não me arrependia, só queria seguir em frente e estava fazendo isso.

- -


Eu havia acabado de chegar na Grand LA Records, hoje seria a primeira reunião oficial que teríamos com ou Rose, ainda não sabia exatamente como deveria a chamar, ela apresentaria toda a equipe que seria responsável para produção do álbum. E eu estava ansioso em relação aos palcos, poder finalmente gravar tudo o que eu havia feito esse tempo todo. Alguns artistas tinham gravados músicas minhas, mas as melhores, essas eu tinha guardado para mim mesmo a sete chaves.
Eu estava sozinho, precisava vir sozinho, pois antes de falar com precisava falar com Ashley, marquei uma reunião com ela extremamente cedo, e ela aceitou me atender. Eu já estava sentado no hall de entrada entre a sala dela e a sala de , só esperando ser autorizado entrar.

- , certo? - a secretária disse me chamando.
- Isso! - respondi me levantando e indo até sua mesa.
- Ashley vai te receber - a secretária respondeu indicando a porta com a mão.
- Obrigado! - agradeci.

Ela deu um sorriso concordando, segui em direção à porta e depois dei leves batidas.

- Pode entrar - escutei Ashley dizer do outro lado da porta.

Abri a porta, passei por ela e fechei em seguida.

- Bom dia, - Ashley se levantou de sua mesa e veio até mim me cumprimentando. - Que surpresa você aqui.
- Bom dia para você também Ashley - respondi.

Ela voltou para a sua cadeira atrás da sua grande mesa e estendeu a mão para a cadeira em sua frente, para que eu me sentasse.

- O que te traz aqui, ? - Ashley perguntou curiosa.

Cocei a nuca envergonhado, mas eu precisava pedir isso a ela, mais ninguém poderia me ajudar nesse quesito.

- Gostaria de te fazer um pedido na verdade - confessei.

Ashley me olhou confusa, mas em seguida me lançou um olhar para que eu continuasse.

- Eu escrevi uma música alguns anos atrás e gostaria de tirar ela de circulação, esquecer que ela existiu, sabe?! - disse de uma vez.

Ashley fez uma cara surpresa, se encostou na cadeira e me analisou ferozmente com o olhar.

- É uma música sobre a , suponho eu - Ashley disse me pegando de surpresa.
- Então você sabe que… - comecei dizendo, mas Ashley me cortou.
- Óbvio , todo mundo que trabalha diretamente com a sabe - Ashley me contou. - Na verdade, os amigos dela, eu, e Dominic, nós somos os únicos que sabíamos quem ela era verdadeiramente.

Eu estava surpreso, já tinha percebido que algumas pessoas comentando, mas não achava que Ashley saberia, não a dona de tudo.

- Eu e somos grandes amigas, compartilhamos muitas coisas - Ashley contou parecendo ler meus pensamentos. - Eu entendo ela mais do que qualquer outra pessoa - Ashley disse.

Senti uma alfinetada no coração, mas precisava ficar quietinho, então apenas dei um sorriso em agradecimento.

- Você acha que consegue isso? - perguntei voltando ao assunto inicial.

Ashley deu um sorrisinho amigável.

- Estão para inventar o que eu não sou capaz de fazer, - Ashley disse rindo. - Fica tranquilo, a música estará fora de todas as plataformas ainda essa semana.
- Obrigado - agradeci.
- Mas preciso saber de uma coisa importante antes - Ashley me perguntou séria, o que será que eu tinha feito agora? - E qual seria a música?

Ambos caímos na gargalhada, afinal, eu não tinha falado qual música seria.

- Entertainer – respondi. - É essa a música, é essa que quero esquecer que escrevi.
- Já ouvi - Ashley confessou. - Realmente é uma música pesada.
- Eu estava numa fase ruim, hoje entendo o quão babaca fui escrevendo essa letra - disse a ela.

E realmente era, a única intenção dessa música era fazer sofrer, hoje eu vejo que nunca quis isso, mas tinha acontecido e eu queria reparar esse erro, mais um dos tantos que eu já cometi.

- Tudo bem - Ashley disse - a banda toda está de acordo?
- Sim! - respondi.
- Vou começar a tomar minhas providencias então! - Ashley deu um sorriso amigável para mim.
- Obrigado - agradeci mais uma vez.
- Imagina! - Ashley respondeu. - Agora você tem uma reunião com a sua nova empresária, certo? - concordei com a cabeça. - Melhor ir para não se atrasar, grandes novidades vem por ai - Ashley disse animada.

Me levantei da minha cadeira, estendi a mão em agradecimento para Ashley e segui em direção a porta para ir para a outra reunião.

- ? - Ashley me chamou antes mesmo de eu abrir a porta.

Me virei para ela e concordei com a cabeça de que estava escutando para que assim ela prosseguisse o que ia falar.

- Por que tirar a música agora? - Ashley me perguntou.

Aquela era fácil de responder.

- Porque é a coisa certa a se fazer - disse sorrindo.

Ashley apenas concordou com a cabeça sorrindo.
Então segui meu caminho, abri a porta e saí por ela, assim que estava do lado de fora da sala de Ashley, pude ver Noah conversando com Dominic próximo a uma sala do outro lado daquela andar, a sala de .

- Noah - o chamei.

Meu primo virou para mim e fez sinal com a mão para que eu me aproximasse. Fui até onde ele estava com Dominic.

- Perdeu a hora? - Noah perguntou assim que cheguei perto.
- Não, vim antes falar com a Ashley - contei a ele.

Noah apenas concordou com a cabeça, ele sabia bem do que eu estava falando.

- Vamos entrar nessa sala? Rose está chegando! - Dominic disse apontando para uma grande porta próxima aquela que estávamos parados.

Fomos em direção à sala que ele tinha apontado, assim que entramos por ela, notei que era uma sala de reuniões parecida com aquela ao lado da sala de Ashley, mas essa tinha um ar diferente, tinha mais flores, mais cores, era parecida com .
Todos nós nos acomodamos nas cadeiras, incluindo Dominic e poucos segundos depois de fazermos isso, a porta da sala foi aberta, quem passou por ela foi acompanhada por . Assim que vi ele passar por aquela porta, reconheci imediatamente a camiseta que ele vestia, era a minha camiseta, a camiseta que eu tinha dado para anos atrás, a camiseta que tinha uma rosa vermelha estampada, o nosso símbolo. O ver com aquela camiseta causou um nó na minha garganta e levou meu cérebro exatamente para aquela lembrança.

“- Um beijo pelos seus pensamentos - escutei perguntar me fazendo sair daquele transe em que estava.

A olhei, ela estava maravilhosa, sorri vendo aquela cena.

- Logo você saberá – respondi. - E se arrume quando eu sair daqui, em uma hora e meia eu volto.

A convidei para algo que nem sabia o que seria ainda.

- Me arrumar como? E por quê? - questionou.

Não aguentava a ver tão linda daquele jeito, ela estava com a minha camiseta. Então fui até , me abaixei e dei um selinho demorado.

- Seja você, seja - disse me afastando e dando uma piscadinha.
- E a camiseta? - perguntou passando a mão pela barra da mesma.
- Pode ficar com ela, fica melhor em você! - confessei.

E realmente ficava, certamente aquela seria uma das minhas cenas favoritas para lembrar para o resto da vida”


- ? - escutei Noah passar a mão em frente ao mesmo rosto, me fazendo voltar à realidade. - Em que mundo você estava?

Balancei a cabeça voltando as ideias para o lugar.

- Desculpa – disse. - Só acabei lembrando de uma coisa.

Assim que disse isso intercalou os olhares entre mim e a camiseta que estava em , depois fez uma cara pensativa e abaixou os olhos para uma pasta que estava em mãos.

- Como eu ia dizendo - ela começou balançando a cabeça levemente provavelmente para se focar na reunião. - Começaremos a preparação para o álbum daqui um mês, ainda estamos decidindo como fazer isso exatamente.

Prestava atenção em cada palavra que ela dizia, mas era inevitável não ficar pensando nela e , ele aparecendo com a minha camiseta só me mostrava que eles realmente estavam juntos, tão juntos que usava a camiseta que eu tinha dado para ela.

- E será o produtor do álbum de vocês - disse fazendo minha atenção voltar para suas palavras. - Ele irá com a gente para todo lugar e posso garantir que ele é um dos melhores produtores que temos aqui.

Todos na sala bateram palmas animados, inclusive eu, era o meu álbum, precisava estar feliz por aquilo.
sorriu para ela de forma cúmplice e retribuiu fazendo meu coração doer um pouco.
E aquela era a confirmação de tudo, de que eu realmente era passado, um passado bonito, mas ao mesmo tempo doloroso. E agora estava seguindo em frente, e eu estava feliz por isso, de verdade, mas a pergunta a se fazer é, quando eu conseguiria fazer o mesmo?


Capítulo 12

- -


Percebi o quanto havia ficado pensativo assim que entrou com a camiseta, e não era pra menos, a camiseta era dele, era inevitável que ele não sentisse algo vendo aquilo, eu sentiria. O que me chamou atenção é que ele tinha ficado na dele, não tinha dito uma palavra sobre o assunto, não tinha sido grosseiro ou nada disso, o que era novidade para mim, ele realmente tinha mudado? Fiquei intercalando a minha visão entre ele e a camiseta até notar que tinha que voltar a minha atenção para a reunião, e não para esse tipo de problema, que na verdade nem era um problema, era uma solução.

- Como eu ia dizendo - voltei a dizer a todos. - Começaremos a preparação para o álbum daqui um mês, ainda estamos decidindo como fazer isso exatamente.

E realmente estávamos, não sabia ao certo se faríamos um esquema no estúdio, ou uma viagem para algo do tipo, eu, e Dominic ainda estávamos vendo qual seria a melhor estratégia, era preciso fazer isso em grupo, porque não poderia deixar minhas outras bandas na mão por causa da Pathetic Aesthetic, tudo tinha que ser milimetricamente planejado, além de que queríamos tirar o melhor da Pathetic Aesthetic, as melhores músicas.

- E será o produtor do álbum de vocês - continuei contando a eles. - Ele irá com a gente para todo lugar e posso garantir que ele é um dos melhores produtores que temos aqui.

Todos na sala bateram palmas animados, incluindo , o que acabou me causando um certo sorrisinho.
sorriu para mim de forma cúmplice e eu retribui. Tudo estava dando extremamente certo, tudo na maior paz e tranquilidade.
A reunião seguiu por mais alguns minutos e mais algumas explicações, nada demais, aquela era mais para a apresentação de e integração entre todos da equipe.

- Alguma dúvida? - perguntei assim que acabei de passar todas as informações.

Todo mundo balançou a cabeça de forma negativa.

- Então encerro a reunião por hoje - disse quando percebi que ninguém tinha dúvida. - Ainda essa semana nós vamos marcar outra para passar como vamos fazer o processo criativo do álbum, okay? Aviso vocês!
- Perfeito! - Noah disse se levantando de sua cadeira e vindo em minha direção.

Acabei sorrindo para ele, adorava essa amizade que tínhamos voltado a restabelecer ao decorrer dos anos.

- Você estará ocupada hoje à noite? - Noah perguntou chegando próximo a mim.
- Não, por quê? - respondi rapidamente.
- Ellora te convidou para ir jantar em casa, quer ir? - Noah me convidou com um sorriso no rosto. - Seremos eu, você, Els e Peach.

Assim que Noah disse aquilo, ele virou o rosto e olhou para dando uma risadinha sem graça, fez uma cara de tudo bem para o primo, eu imaginava o quanto Peach era importante para ele, e sabia principalmente que ter que separar os padrinhos para não ter um choque entre eles não era algo agradável, por isso achava que deveria ir, deveríamos agir como adultos e seguir nossas vidas, pelo bem da nossa afilhada.

- Noah - o chamei, fazendo com que ele voltasse a atenção para mim. - pode ir, eu não me importo - disse sorrindo. - Acho que será bom pra nossa sweet Peach.

Imediatamente e Noah me olharam e ambos sorriram.

- Certo! - Noah disse por fim. - Você então também está convidado, !
- Obrigado! - agradeceu ao Noah e depois a mim.
- Espero vocês dois às 19h, okay? - Noah avisou.

Eu e apenas confirmamos com a cabeça. Noah veio mais perto de mim e me deu um abraço.

- Obrigado, de verdade, por tudo - Noah agradeceu falando em meu ouvido.

Noah então me soltou, deu uma piscadinha e tomou o rumo da porta para sair, mas antes de fazer isso, olhou para e fez o movimento com a cabeça para irem embora.

- Pode ir, Noah - disse. - Gostaria de falar com a .

Aquilo fez meus olhos se arregalarem, o que ele queria falar comigo?

- Pode falar, , estou ouvindo - disse me virando e falando diretamente para ele.
- Poderia ser em particular? - perguntou coçando a nuca, demonstrando que estava claramente envergonhado.

Olhei para a sala, Noah, Dominic e ainda estava ali. Respirei fundo e mordi os lábios pensando no que fazer. me olhava ansioso.

- Tudo bem – concordei. - Minha sala é aqui ao lado, pode ir até lá me esperar? Vou só encerrar algumas coisas com e Dominic e logo vou.

apenas concordou com a cabeça, se levantou e seguiu em direção a porta saindo pela mesma com Noah que sorria de orelha a orelha.
também me olhava com um sorrisinho travesso na cara.

- Pode parar - disse o censurando.
- Mas eu não fiz nada - disse rindo enquanto levantava as mãos em rendição.
- Eu sei o que você tá pensando - respondi rindo também.
- Virou Jean Grey e lê meus pensamentos agora? - me questionou ainda rindo. - Eu acho que não.

Apenas revirei os olhos para ele.

- Escuta o que ele tem a dizer, pelo amor de Deus, para de ser orgulhosa, - disse chamando minha atenção.

O fuzilei com os olhos. sabia de tudo o que tinha passado, mas ainda assim sempre torcia para o , sempre me dizia para perdoá-lo, não que estivesse errado em dizer aquilo, mas às vezes isso me irritava.

- Vai logo, chefe - Dominic disse chamando minha atenção para ele. - Você só vai saber o que ele tem para falar a hora que estiver lá.

Dominic tinha razão, realmente tinha razão.

- Você tirou tudo o que te pedi da minha sala? - perguntei a Dominic.

Domi confirmou com a cabeça.
Pedi para Dominic retirar tudo e qualquer vestígio que me ligasse à prisão de Nolan, Raul e companhia, tinha muito orgulho do que tinha conseguido fazer e de ter livrado várias e várias bandas daquela maldita gravadora, mas não queria que ou qualquer pessoa ligada a Pathetic Aesthetic soubesse, ninguém! Por isso quando soube que eles teriam a primeira reunião aqui, providenciei a retirada de tudo da minha sala, todos os quadros com as reportagens, absolutamente tudo que me ligasse ou remetesse a minha ligação com aquilo.

- Vai dar tudo certo! - disse me fazendo voltar a realidade.

então veio até mim e deu um beijo no meu rosto e logo se distanciou.
Aquilo me fez sorrir, depois respirei fundo colocando meus pensamentos no lugar, me virei em direção à saída e comecei a andar, mas antes que pudesse sair por aquela porta, voltei para e Dominic que estavam atrás de mim e os encarei bem.

- Nada de ouvir atrás da porta - disse rindo.

Ambos bateram continência para mim, o que me fez rir mais.

- Assim que sair da sala precisamos conversar sobre os ajustes finais do que fazer no processo criativo do álbum da Pathetic Aesthetic, okay? - disse em tom mandão.

Eles novamente bateram continência, me fazendo cair na gargalhada. Voltei o meu caminho para saída, segui pelo pequeno corredor e parei em frente a minha porta, assim que cheguei nela respirei fundo novamente, uma, duas, três vezes, precisava estar centrada, precisava ser firme, precisava ser e Rose Vocci ao mesmo tempo, porque eu não sabia o que me aguardava ali dentro.
Respirei fundo pela última vez, levei a mão até a maçaneta gigante e a empurrei de uma vez.
Assim que abri a porta notei vendo todos os detalhes na minha sala, e ele estava vidrado com os olhos sobre uma caixinha de vidro em cima da minha mesa, a caixinha que tinha todos os passes de shows da Pathetic Aesthetic. O que era parte da nossa história, parte de nós.

- -


pediu para que eu a esperasse em sua sala. Ela tinha aceitado falar comigo, tinha aceitado me ouvir e não podia ter sensação melhor dentro de mim, aquele era o momento, finalmente havia chegado o momento.
Quando passei pela porta de sua sala, encostei a mesma a fechando e comecei a observar os detalhes do lugar, a sala dela era enorme, do mesmo tamanho da de Ashley, mas só o tamanho que se igualava, o restante era demais, era claro que tudo aquilo pertencia a ela. Um canto era cheio de prateleiras com discos e mais discos juntamente com um pequeno lounge que tinham dois sofás e uma pequena mesa central, um canto aconchegante, a cara dela. Havia ali também uma parede cheia de fotos, fotos de com o pessoal da gravadora, algumas dela com Peach, com Els, Noah, mas uma em especial me chamou a atenção, era uma foto que me incluía, uma foto em que tinha todos da Pathetic Aesthetic com do meu lado sorrindo, uma foto que foi tirava dentro do camarim sem que ninguém esperasse, uma foto espontânea, com todo mundo conversando, uma foto demonstrando exatamente como foi nossa relação um dia, feliz e leve.
Acabei sorrindo depois de ver aquilo, era bom saber que apesar de tudo, ela ainda guardava as coisas boas. Segui olhando todo seu escritório, até que meus olhos pararam sobre a sua mesa, ali tinham mais algumas fotos, mas o que realmente me chamou atenção é que em um canto da mesa havia uma caixinha de vidro, uma caixinha de vidro com os passes de backstage da tour da Pathetic Aesthetic, porque ela guardava aquilo? E porque justamente aqueles passes? Ela tinha ido em mais shows antes do nossos. Aquilo tinha me deixado intrigado.
Escutei a porta ser aberta, fazendo com que desviasse a minha atenção da caixinha de vidro e voltasse para a porta, estava ali, ela tinha chegado, o momento tinha chegado. Quando ela notou o que eu estava olhando acabou soltando um risinho, abaixou a cabeça olhando para o chão e veio andando em minha direção, passou por mim, deu a volta na mesa e sentou na sua grande cadeira, bem na minha frente. Observei todos os seus movimentos, estava vidrado, droga. Mesmo depois de todos esses anos ela ainda mexia comigo, e mexia muito.

- E então? Sobre o que quer conversar? - perguntou fazendo com que eu voltasse para a realidade.

Cocei a nuca, estava envergonhado.

- Posso me sentar? - perguntei puxando a cadeira ao meu lado.
- Claro! - respondeu simpática.

Respirei fundo assim que notei que tinha que falar, aquele era o momento, tinha que acontecer.

- Me desculpa! - disse de uma vez.

Percebi que imediatamente arregalou os olhos e fez uma cara de confusa.

- Exatamente pelo quê? - perguntou ainda com cara de confusa.

Dei um leve sorriso quando ela disse aquilo, era tanta coisa, tantos acontecimentos em que fui um tremendo babaca.

- Pelo dia que assinei o contrato - comecei e vi se remexer na cadeira um pouco nervosa.
- , fica tranquilo… - começou a dizer, mas a interrompi.
- Tem mais, só me deixa pôr pra fora o que me atormenta há quase quatro anos todos os dias - disse dando um sorriso constrangido.

apenas concordou com a cabeça dando sua completa atenção a mim.

- Me desculpe pelas vezes que queria muito te ligar, mas não tive coragem – continuei. - Me desculpe por ter escrito músicas que eu sabia que iriam te machucar mais do que qualquer coisa no mundo. Me desculpe por ter sido extremamente louco, abusivo e tóxico achando que você era propriedade minha, mas você não era, nunca foi e nunca será. Me desculpe por ter surtado em Paris. Me desculpe por não ter ido atrás de você para entender seus motivos, já que eu achava que só os meus importavam e estava completamente errado. Me desculpe por absolutamente todo sofrimento e dor que te fiz passar nos últimos anos. Enfim, me desculpe por tudo e por ser mais um rockstar babaca na sua lista que não fez nada certo com a mulher da vida dele - olhei para as minhas mãos, estava cutucando meus anéis sem parar, o que era um nítido sinal de nervosismo.
- ... - disse com a voz um pouco trêmula e os olhos marejados.
- - olhei bem profundamente nos olhos dela. - Eu preciso fazer isso e me desculpar por todas as merdas que eu já fiz com você. Eu nunca vou conseguir seguir aqui na gravadora e te ver todo dia se eu não fizer isso! Tenho que crescer e mudar, pois olho para trás e vejo que só errei todos esses anos, mas com você foram os piores erros que já cometi.

se encostou na sua cadeira e também olhava profundamente em meus olhos dando o sinal para que eu continuasse.

- Eu soube que eu tinha errado alguns anos atrás depois de muitas conversas com Noah, Ellora e todo mundo, inclusive minha família. E tive que levar várias rasteiras da vida para aprender isso; primeiro perdi você, depois a gravadora, a banda e aí eu me vi sem nada, sem rumo, mas ainda permanecia covarde, orgulhoso. Eu não conseguia ligar para você, não conseguia pedir desculpas e assumir meus erros, não conseguia! Mas agora sei que posso, e quero isso, quero ser uma pessoa melhor, ser melhor para minha banda, para minha carreira, para Noah, para a minha família, e principalmente para Peach, eu cansei de errar, cansei de só fazer as coisas erradas.

me analisava muito, percebi que ela respirou fundo, soltou o ar devagar, se ajeitou na cadeira e depois deu um leve sorriso para mim.

- Não vou mentir para você - começou. - Eu esperei esse momento por anos!

permanecia sorrindo.

- Eu sei! - constatei.
- Mas eu te perdoo, - voltou a dizer. - Mas também quero te pedir desculpas, acho que uma carta explicando meus motivos não foram o suficientes, né?!

Aquelas palavras me atingiram, ela não tinha que me pedir desculpas por nada, absolutamente nada.

- , você não me deve desculpas, você fez tudo certo, absolutamente tudo certo, eu não soube ver isso antes! - disse o que tinha acabado de passar pela minha cabeça. - Você nunca quis me machucar, nunca me tratou como posse sua, nunca fez nada de errado, pare de pensar nisso, por favor, você fez o certo, o tempo todo!
- Mas…
- Por favor – supliquei. - Você é incrível!

não disse mais nada, apenas sorriu para mim, aquele sorriso, aquele sorriso que dizia todas as verdades do mundo, aquele sorriso que eu sentia tanta falta, aquele sorriso que eu esperei anos para ver novamente.

- Obrigada! - disse por fim. - Mas por que só agora, exatamente?

Olhei para ela e sorri.

- Depois daquele dia que saí da sala um pouco confuso, irritado e agindo como um babaca com você, eu me toquei que não queria ser mais assim, eu não deveria ser mais assim, e para mudar isso eu precisava começar te pedindo desculpas – contei. - A hora de seguir em frente finalmente chegou, e eu quero fazer isso da forma certa!
- Eu nem sei o que dizer - confessou. - Você foi muito importante para mim, , muito mesmo, mas a dor que eu senti por todas as coisas que você fez, eu nunca havia sentido antes e não quero sentir de novo.
- E não vai, tenho certeza disso! - as imagens dela e juntos passaram pela minha cabeça, e era muito diferente de mim, e eu sabia que ele a faria feliz sem sofrer, coisa que eu nunca consegui.
- Obrigada! - agradeceu mais uma vez.
- Eu que deveria te agradecer por ter me ouvido e por ter mudado a minha vida! - disse por fim.

soltou mais uma vez aquele sorriso que tanto amava.

- Então agora temos uma trégua, sem brigas? - me perguntou rindo com um ar brincalhão.
- Sem brigas! - respondi sorrindo também.

Aquilo era o que mais queria, viver em paz com ela.

- E mais uma coisa - disse chamando a atenção dela. - Retirei Entertainer de circulação. Na verdade, pedi para retirar hoje, em uma semana não estará mais em lugar algum...

engoliu em seco e fez uma cara um pouco confusa.

- Por quê? - perguntou.
- Fiz ela só com uma intuição, te machucar! – confessei. - E não quero mais isso, quero esquecer que ela existiu, eu era um babaca…
- Mas é a sua música - constatou.
- Uma música que não me orgulho! - completei por fim. - Me orgulho de Rumors, Common, Angel, mas Entertainer não.

apenas concordou com a cabeça aceitando o que eu tinha dito.
Nós dois ficamos por alguns segundos encarando um ao outro e acabamos rindo quando ambos notaram isso.
então levantou de sua cadeira e veio até próximo a mim, ficando em pé ao meu lado, e eu acabei fazendo o mesmo, ficando bem de frente para ela.

- Obrigada mais uma vez, e eu te perdoo, de verdade, eu te disse que deveríamos seguir em frente - constatou.
- Sim, como eu disse, você sempre esteve certa! - disse rindo para ela.

riu também, colocando o cabelo para trás da orelha.

- Amigos? - perguntei enquanto estendia a mão em direção a .

olhou para a minha mão estendida, sorriu e estendeu a dela pegando na minha e dando um apertão forte.

- Amigos! - confirmou ainda apertando a minha mãos.

Nós dois acabamos gargalhando quando a soltamos.

- Agora preciso trabalhar, porque senão minha chefe vai chamar minha atenção! - disse ainda em meio a gargalhadas.
- Isso mesmo, não faça ela te dar uma bronca! - respondeu rindo também.

Me afastei de e fui em direção a porta, tomando o rumo da saída.

- Até a noite, , na casa do Noah - Me despedi.
- Até, e, mais uma vez, obrigada. Suas desculpas realmente significam muito para mim - disse.
- Eu que tenho que te agradecer, por tudo! - confessei.

apenas riu.
E então segui o meu caminho saindo daquela sala sabendo que eu finalmente tinha feito uma coisa certa, tinha pedido desculpas, tinha sido perdoado, tinha reconhecido todos os meus erros, e finalmente viveria em paz com , ela vivendo a vida dela e eu a minha, ambos seguindo em frente, eu feliz do meu jeito e ela do dela, e estava tudo bem, a felicidade dela era a que importava, seja com quem fosse, e se ela estava feliz, eu também estaria.
É... eu, , finalmente havia crescido e não tinha sensação melhor que essa.

- -


Eu ainda repassava a cena que tinha acontecido hoje a tarde na minha cabeça milhares e milhares de vezes, tinha me pedido desculpas, tinha assumido seus erros, o que deixava meu coração mais leve, não tinha como negar, era um sinal de mudança, de que realmente tinha amadurecido, e mesmo não tendo pretensão alguma de ter algo com ele, aquilo me deixava extremamente feliz, não podia negar.
Eu ainda não havia comentado nada com ninguém sobre aquela conversa, quando saiu da sala, e Dominic logo entraram mas não quis contar, apesar da insistência de ambos, queria guardar aquele momento para mim, pelo menos por um tempo, somente para mim, mas eu sentia que Ellora deveria saber e seria a primeira coisa que eu contaria assim que chegasse na nova casa dela.
Estava dirigindo para casa dela nesse exato momento, tinha tido tempo passar em casa tomar um banho depois do trabalho, mas já estava atrasada.
A família James estava residindo em Bel-Air no momento, o local onde todas as grandes estrelas tinham casas, com Noah e Ellora não seria diferente já que era exatamente assim que acontecia em Londres. Eles ainda não tinham comprado a casa deles, ainda estavam averiguando qual seria a melhor, então estavam alugando uma casa, na verdade uma mansão, não igual a deles em Londres, mas para mim, ainda era uma mansão.
Assim que adentrei no condomínio, vi que meu celular começou a tocar, estava conectado ao multimídia do carro, então poderia atender tranquilamente sem precisar tirar a atenção da direção, no próprio volante tinha um botão para o atender.

- Oi, Els - falei assim que apertei o botão verde.
- Oi, tia , é a Peach. Você já tá chegando? - escutei minha sweet Peach falar.
- Oi, meu amor. Sim, acabei de entrar no condomínio de vocês, já até estou vendo sua casa - respondi.
- Com quem você está falando, princesa? - escutei a voz de falar ao fundo.
- Com a tia ! - Peach respondeu para ele - Tia, vou falar para mamãe abrir o portão para você, tá bom?!
- Okay, meu amor! - respondi escutando Peach dar uma risadinha e depois encerrar a ligação.

já estava lá e certamente Noah já saberia da conversa que tinha rolado entre nós, se ele já contou para Noah, Ellora também já deveria saber, e eu estaria ferrada, minha amiga odiava que eu fosse a última a contar as coisas para ela.
Assim que virei a esquina, vi os portões da nova casa dos James aberto, segui pela estrada já adentrando o portão e seguindo em direção ao estacionamento da casa para pôr meu carro. A casa que eles alugaram agora não se diferenciava muito da de Londres, tinha um enorme jardim, com fontes, flores, balanço e tudo o que se tinha direito, coisas de Ellora.
Desci do carro, fechei a porta e peguei o caminho para a porta de entrada, mas antes que chegasse nela, a porta foi escancarada e minha sweet Peach saiu dela correndo vindo em minha direção, me agachei ficando a altura dela esperando ela chegar para me abraçar.

- Tia , você chegou! - Peach disse se jogando nos meus braços.
- Sim, meu amor, eu falei que estava chegando! - avisei.

Peach saiu dos meus braços e me estendeu a pequena mão para que eu pegasse, assim o fiz e então seguimos em direção à entrada da casa. Assim que passamos pela mesma, estava parado ali olhando seu celular, provavelmente ele que tinha abrido o portão e estava cuidando de Peach.

- Tio , vem! - Peach disse estendendo a outra mão para ele.

olhou para mim, olhou para ela, depois riu sem graça e então deu a mão para Peach. Eu de um lado, Peach no meio e do outro, tudo em perfeita harmonia, era até engraçado pensar que em semanas atrás isso não aconteceria.

- Titia e Titio aqui, tô tão feliz! - Peach disse sorridente.

Isso acabou arrancando um sorriso meu e de , essa criança era fantástica.
Peach nos guiou até a sala de jantar, onde Noah e Ellora já estavam sentados juntos, Ellora bebendo seu vinho e Noah seu suco.

- Olha mamãe e papai quem chegou, tio e tia - Peach disse chamando a atenção dos pais.

Ellora praticamente cuspiu o seu vinho quando viu a cena, e Noah caiu na gargalhada, realmente era inacreditável e cômico ao mesmo tempo.

- Oh - Peach fez uma cara engraçada de que parecia ter esquecido de algo, o que era muito fofo. - Esqueci de apresentar vocês um ao outro.

Isso acabou arrancando outra risada alta de Noah, ele ria da nossa cara. Eu e também acabamos rindo porque aquilo era realmente engraçado, a nossa afilhada nem sonhava que a gente já se conhecia e ela estava fazendo de tudo para que nos conhecêssemos, mal sabia ela.

- Tia esse é meu Titio - Peach disse apontando para mim.

então estendeu a mão em minha direção seguindo o que ela estava dizendo, ele continuava rindo. Peach observava tudo atentamente, e assim que soltamos nossas mãos ela voltou a falar.

- E tio essa é minha tia . Agora todo mundo devidamente apresentado - Peach disse e depois saiu saltitante para sentar ao lado da mãe na mesa.

Eu e ainda ríamos e seguimos para perto dos nossos amigos, eu sentei ao lado de Els, Peach estava entre Noah e Ellora, e sentou ao lado de Noah. A mesa deles era redonda, para mais ou menos 8 pessoas, então ainda sobravam três lugares entre mim e . E o lance de Ellora e Noah com a mesa redonda é que eles não gostavam que ninguém se sentasse a ponta da mesa, não gostavam que tivesse alguém superior ali, todos eram iguais, todos estavam no mesmo nível. E a mesma redonda proporciona isso, o que era mais acolhedor e familiar.

- E então, quando isso aconteceu? - Ellora disse bem próximo do meu ouvido enquanto apontava para mim e .
- Aconteceu o que? - me fiz de desentendida.

Ellora apenas me olhou com aquela cara de eu sabia do que ela estava falando.

- me pediu desculpas hoje, estamos tentando o lance de ser amigos - contei baixinho, não queria que ele ouvisse.
- Sério? - Ellora perguntou.

Apenas confirmei com a cabeça enquanto dava um gole no suco que Noah já havia me servido, estava dirigindo, então nada de álcool.

- Vai ser amiga igual é do ? - Ellora perguntou rindo me fazendo engasgar com o suco.

Fuzilei minha amiga com os olhos o que a fez rir.

- Você sabe que não – constatei. - O que tivemos ficou no passado e vai permanecer nele.
- Vamos ver até quando - Ellora disse.

Apenas revirei os olhos e não dei mais trela para Ellora.
O papo durante o jantar foi sobre todas as coisas possíveis, e tudo fluiu da melhor forma possível acompanhado de um belo e perfeito jantar Tailandês. Peach amava experimentar várias comidas, mesmo sendo tão nova, ela já sabia o bom da vida.

- Tia , você percebeu que o tio tem o mesmo desenho de florzinha que você? - Peach disse chamando a atenção de todos e fazendo com que cuspisse sem querer o vinho que estava bebendo.
- Ah, é coincidência, meu amor! - respondi para ela que estava toda entretida analisando e eu.
- Já que vocês tem a florzinha e elas combinam, vocês poderiam namorar, né? - Peach disse fazendo com que eu engasgasse dessa vez.

Noah e Ellora gargalharem alto da situação constrangedora que eu e estávamos vivendo proporcionado pela nossa afilhada.

- Não é assim, minha princesa, cada um tem sua vida - foi quem respondeu dessa vez.
- Isso mesmo, meu amor, as coisas não funcionam assim - endossei o que havia dito.

Vi Peach formar um bico triste.

- Tudo bem - minha afilhada disse baixinho.
- Filha, está na hora de ir para cama! - Ellora disse ainda em meio algumas risadas.
- Já? - Peach perguntou com seus grandes olhos castanhos.
- Sim! - Noah respondeu.
- Tia e tio podem me pôr para dormir hoje? - Peach perguntou olhando para mim e para com seu olhos pidões.

Eu olhei para que também estava olhando para mim e acabamos concordamos um para o outro com a cabeça.

- Sim, meu amor, vamos! - respondi já levantando da cadeira.

Peach fez o mesmo e depois . Ela fez a mesma coisa do que na hora que chegamos, estendeu uma mão para cada um de nós.
Seguimos assim pelos corredores da casa até chegar ao quarto de Peach. ajudou ela a se trocar e eu a escovar os dentes, alguns minutos depois ela estava ali deitadinha na sua grande cama. cobriu ela, entregou Aslam, que ainda estava em perfeito estado e deu um beijo em sua testa.

- Boa noite, minha princesa - disse depois de a cobrir.

Peach soltou um longo bocejo e depois deu um beijo no rosto do padrinho.

- Boa noite, tio - respondeu Peach.

Agora era a minha vez, sentei ao lado da minha sweet Peach na cama e dei um beijo em seu rosto.

- Boa noite, meu amor, sonhe com os anjos - disse.

Peach sorriu e passou a mão pelo meu rosto.

- Vou sonhar que sou a Elsa e farei vários castelos de gelo! - Peach contou. - E tia ? - Peach me chamou com o dedinho para mais próxima dela - Peach então veio até meu ouvido e começou a falar baixinho. - Hoje é o dia mais feliz da minha vida, porque você e o tio estão aqui e juntos, eu sempre quis isso - Peach disse.

Aquilo acabou arrancando um sorriso de mim.
Peach então me deu outro beijo no rosto e voltou para o seu lugar na cama, em seguida a ajeitei certinho para dormir, e me distanciei. A pequena mandou beijinhos para mim e para e então saímos de seu quarto para que ela dormisse.
Nos dois percorremos o grande corredor dos quartos em um silêncio confortável.

- Ela é muito esperta, né?! - disse quebrando o silêncio.
- Demais! - respondi rindo.
- Mais uma vez obrigado por ter me ouvido hoje e por estar tentando ser minha amiga, é realmente importante para mim - disse tocando no assunto de hoje de manhã.
- Eu quem agradeço – respondi. - É bom ver que finalmente amadureceu, e isso é realmente importante tanto de ponto de vista de empresária como do ponto de vista de amizade.

soltou um sorriso cúmplice.
Era realmente bom estar tudo se alinhando, nós dois amigos, eu com a carreira estabelecida e ajudando ele a restabelecer a dele, pedidos de desculpas feitos, perdões aceitos, nós dois estávamos seguindo em frente e isso era a melhor coisa que poderia existir. Para o meu bem, para o bem dele, para o bem dos nossos amigos e para o bem da nossa sweet Peach.

- -


Depois da conversa que eu e tivemos, tudo começou a fluir perfeitamente, o jantar na casa de Ellora e Noah foi em paz, os dias na gravadora estavam agradáveis, tudo estava indo perfeitamente bem. Eu não podia negar que meu coração acelerava toda vez que eu a via, ainda sentia coisas pela , coisas que nunca sentirei por mais ninguém, mas era uma opção dela que permanecessem apenas amigos e assim seria, afinal, hoje ela também era minha chefe, a pessoa que está com a minha carreira nas mãos, não posso errar com isso.
Inclusive nesse momento eu e Noah estamos estacionando o carro em frente à gravadora, mais uma reunião viria por aí e agora, finalmente, falaremos sobre como seria o processo criativo de composição e gravação do álbum.

- Animado? - Noah perguntou enquanto fechava a porta do carro.
- Demais! – respondi. - Como você acha que será?
- Não sei, mas tenho certeza que pensou no melhor para nós - Noah constatou.
- Sim - disse rindo.

Minha cabeça imediatamente foi para aquele dia em que conversamos, na verdade, aquele dia não saia mais da minha mente.

- Pensando nela, né? - Noah disse fazendo com que saísse dos meus pensamentos sobre .
- Na mosca! - respondi ainda rindo.
- Um passo de cada vez, , um passo de cada vez - Noah me alertou.

Eu sabia bem do que ele falava, tinha se tornado uma pessoa mais forte, mais decidida, se eu demonstrasse qualquer outra coisa, era bem capaz de todo o nosso progresso até agora ir por água abaixo.

- Eu sei - concordei.
- É o melhor, eu torço muito para vocês dois, mas ela precisa do tempo dela e pode ser que… - Noah começou a dizer, mas não terminou.

Ele não terminar a frase acabou me intrigando.

- Pode ser o que? - perguntei.
- Deixa pra lá - Noah disse querendo sair daquele assunto.
- Não, não, eu quero saber!

Noah apenas me olhou e fez uma cara de tudo bem.

- Pode ser que ela nunca volte ser a de antes, e isso inclui não te querer mais, ela tá muito focada em seguir em frente, - Noah disse por fim.

E ele realmente tinha razão, nada era garantido, apenas afirmei com a cabeça, não queria mais pensar nisso.
Noah e eu passamos pela entrada da gravadora, cumprimentamos a recepcionista dali que imediatamente nos avisou que a reunião seria no último andar, na sala de reuniões de , a mesma que estava sendo todas as nossas reuniões após a assinatura do contrato.
Seguimos para o elevador já apertando o botão do respectivo andar, assim que as portas se fecharam, Noah foi até o bolso de sua calça e começou a mexer em seu celular.

- Peach está bem? - perguntei querendo conversar.
- Sim, está amando tudo aqui - Noah disse todo sorridente.

Era maravilhoso ver isso, pena que logo Ellora e ela voltariam para Londres e isso cortaria meu coração.

- Sentirei tanta falta dela quando for embora - constatei.

Noah me olhou estranho, como se eu tivesse dito alguma bobagem, depois ele pareceu pensar e fez uma cara de que parecia ter lembrado de algo.

- , Els e Peach…. - Noah começou a dizer, mas não conseguiu terminar, pois o elevador abriu e Dominic estava na porta esperando ansioso.
- Graças a Deus vocês chegaram, só faltam vocês - Dominic disse nos apressando.
- Todo mundo já chegou? - Noah perguntou para ele.

Dominic só confirmou com a cabeça enquanto andávamos pelo grande hall daquele andar e íamos em direção à sala de reuniões.

- Até a ? - Noah perguntou novamente.
- Sim! - Dominic afirmou.

Permanecemos em silêncio até chegarmos à sala, assim que chegamos Dominic abriu a porta. Pude ver que realmente todos estavam ali, , Ned, Jesse e , todos riam, inclusive.

- Desculpe o atraso! - Noah disse diretamente para .
- Fica tranquilo, eu e chegamos não faz nem cinco minutos - respondeu Noah com um sorriso calmo.

Ai, aquele sorriso.

- Tudo bem com você, ? - me perguntou.
- Sim e com você? - perguntei, realmente queria saber.

Esse clima de paz entre nós dois era o que eu mais amava nos meus dias atuais.

- Tudo também - respondeu sorridente.

Logo em seguida ela desviou o olhar de mim e começou a conversar algo inaudível com . Já eu e Noah tomamos nossos devidos lugares na mesa. Enquanto estava ali sentado eu tomava nota de cada movimento de , ela ainda conversava com que lhe entregou algumas pastas, abriu, leu alguma coisa, assinou e depois devolveu para ele. deu um sorriso em agradecimento e acabou fazendo o mesmo para ele. Depois disso ela voltou à atenção para todos que estavam sentados na mesa, olhando cada um de nós sorrindo.

- Já está todo mundo aqui, certo?! - perguntou de forma retórica. - Podemos começar então!

Todo mundo confirmou com a cabeça.

- Ótimo! - disse sorrindo.

Depois ela pegou a pasta que estava a sua frente, a analisou e então voltou a olhar para todos nós, provavelmente ali teriam todos os tópicos da reunião.

- Como já venho falando para vocês hoje a reunião é focada sobre as decisões que nós - apontou para , Dominic e para si mesma - tomamos para vocês sobre o processo criativo do álbum.

Todo mundo estava num perfeito silêncio ouvindo cada palavra que falava.

- Acredito que vocês devam ter algumas músicas prontas, mas precisamos focar em produzir novas músicas também, porque só assim poderemos fazer um álbum redondinho e que conversa todo em entre si, um álbum pensado, o melhor álbum de vocês, aquele que finalmente trará um Grammy para a Pathetic Aesthetic - disse toda animada.

E aquilo acabou contagiando todo mundo, pois todos os meninos, incluindo eu, acabamos aplaudindo o que ela tinha acabado de dizer, era animador, era um Grammy, o ápice da carreira de todo músico. sorriu animada vendo a empolgação de todo mundo, e Dominic também aplaudiram o que ela acabara de dizer.

- que irá ajudar vocês nisso - voltou a dizer. - Vocês vão sentar com ele, explicar a ideia que cada um tem sobre o disco e depois de definido, aí vocês começam a trabalhar em sonoridade, melodia e letra.

Todo mundo permanecia em silêncio prestando atenção.

- Para fazer isso da melhor forma e aproveitar todo mundo, nós vamos nos isolar, todos nós, por um mês - contou.

Aquilo havia me deixado confuso, como assim nos isolar?

- Como assim nos isolar? - perguntei o que se passava na minha cabeça.
- Já vou explicar, - me respondeu. - Pensamos que o melhor para todos seria ficarmos reclusos por um mês, sem celular, sem contato com outras pessoas, fechados de tudo e todos.

Eu não tinha gostado nada disso, nada mesmo. Para onde nós iríamos, e minha casa, minha família e, principalmente, Peach, como ficaria um mês sem ver ela?

- Eu não concordo! - disse antes que explicasse mais alguma coisa.

Todo mundo da sala me encarou confuso, mas essa realmente era a minha opinião, eu não achava que me isolar era a solução para se fazer um álbum.

- , todos nós vamos! - respondeu calma.
- Mas eu não concordo, eu não vou ficar longe das coisas que gosto, principalmente de Peach, é a minha afilhada, eu não vou ficar um mês longe dela, o Noah não vai ficar um mês longe dela.

apenas encarou Noah como se perguntasse algo para ele pelo olhar, Noah apenas negou com a cabeça como resposta.

- - voltou a dizer e a calma parecia ter sumido dela, ela já aparentava estar um pouco irritada. - Nós vamos acampar aqui em Los Angeles, vamos levar um mini estúdio com a gente, tem uma floresta fantástica por aqui, ar fresco, natureza, com certeza isso renderá altas inspirações para….
- Eu ainda não concordo! - disse irritado a cortando. - Não vou para o meio do mato buscar inspiração sendo que a minha está bem na minha frente.

Assim que disse aquelas palavras me fuzilou com toda a raiva existente no mundo, suas bochechas até ficaram vermelhas de raiva.

- , chega! - disse com os dentes cerrados.
- Eu não vou mudar o que…. - estava dizendo, mas fui cortado na hora por que se levantou da cadeira e ficou em pé me encarando.
- Para minha sala agora mesmo! - falou um tom mais alto.

saiu de seu lugar e começou a andar em direção a saída da sala, eu apenas a acompanhei, mas antes que ela saísse pela porta, Noah a segurou pelo braço.

- Deixa que eu falo com ele - Noah disse baixo para ela, mas eu pude ouvir.

Então ele concordava com tudo aqui?

- Não Noah, ele vai me ouvir e vai me ouvir muito! - disse para o meu primo ainda extremamente irritada.
- Eu vou ouvir o que? Que estou certo? - perguntou debochado deixando ainda mais irritada.

Noah imediatamente a soltou, olhou para a minha cara e revirou os olhos.

apenas me encarou e apontou a sala dela com o dedo, em seguida ela voltou a andar saindo da sala de reuniões, eu segui atrás dela. abriu a porta do seu escritório com toda a força, seguiu até a frente de sua mesa e se encostou na frente dela de braços cruzados enquanto me fuzilava extremamente com o olhar. Aquilo até me causou certo medo, será que eu estaria ferrado?

- Eu não te entendo - começou a dizer extremamente brava. - Numa semana está aqui me pedindo desculpas querendo ser meu amigo e na outra está agindo exatamente da forma que disse que não agiria mais.
- O que? - perguntei irritado enquanto ainda fechava a porta. Ela não estava me comparando com o que já fui.

Aquilo fez meu sangue ferver. Analisei de cima a baixo naquela posição, ela estava com um ar de superioridade que me irritava mais do que qualquer coisa no mundo.

- Agora eu não posso discordar do que você pensa? Desde quando? - disse bufando de raiva e me aproximando dela.
- Desde que eu me tornei sua empresária, desde que eu sei exatamente o que é bom pra sua banda - respondeu brava.

Eu fui chegando mais perto ficando de frente para , apenas alguns passos nos distanciaram.

- Não acho que se isolar do mundo seja a melhor forma de me inspirar - confessei olhando bem para seus olhos, os meus cheios de raiva e os dela também.
- Ah é, ? E como seria? Bebendo e fumando por aí? Comendo qualquer uma? - perguntou com desdém.

Eu já estava irritado, mas aquele desdém e aquelas palavras tinham sido o ápice para mim, me aproximei mais dela, olhando bem nos seus olhos.

- Você não tem o direito de falar isso de mim, não mais! - disse entre os dentes.

apenas gargalhou na minha cara, a raiva subia pelas minhas veias, mas eu precisava me manter centrado, precisava dizer o porque não concordava.

- Eu não concordo porque não quero ficar longe da Peach, ela e Els voltam logo para Londres, um mês… - comecei a me explicar, mas me cortou.
- Peach e Els não vão embora, estão de mudança pra cá - disse com o mesmo ar de superioridade de sempre. - Eu estou ajudando, Noah já sabe de tudo e concordou com isso!
- O que? - perguntei confuso.

então se desencostou da mesa ficando em pé na minha frente, ficando extremamente perto de mim, extremamente, apenas um palmo nos distanciavam para ser mais exato.

- Ninguém me falou nada! - retruquei olhando diretamente para ela.
- Por que será né, ?! - falou com desdém mais uma vez enquanto me encarava.

Eu não tinha entendido essa insinuação toda.

- Por quê? - perguntei a encarando de volta.

deu uma bufada irritada.

- Será que seria por causa desse seu jeito estourado e sempre dono da razão? - perguntou retoricamente.

Meu sangue chegava a doer em minhas veias, de tanta raiva que eu sentia.

- É melhor você parar de falar assim comigo! - avisei ela entredentes, bem pausadamente para entender.

apenas soltou uma gargalhada sarcástica depois chegou mais perto de mim, muito perto e me encarou profundamente, ela podia ver a minha alma se quisesse depois daquele olhar.

- Ou o que, ? O que você vai fazer comigo? - questionou irritada.

Mesmo com muita raiva, aquela proximidade toda havia me causado um sentimento que até então estava adormecido, meu coração começou a palpitar forte contra o peito. estava tão perto, sua boca estava tão perto que pareceu que o mundo todo se desligou e só ela estava ali, só ela existia, nada mais importava, nada mais, só , a minha .
Ela continuou falando alguma coisa, provavelmente me provocando, mas não conseguia discernir as palavras que ela falava, só prestava atenção no movimento dos seus lábios, que estavam incrivelmente perto dos meus e convidativos. ainda estava brava, bufando de raiva na verdade, mas nada mais daquilo importava, nada mais, era só a boca dela que eu via a minha frente, sua boca incrivelmente carnuda, sua boca que sentia tanta falta de sentir na minha, eu precisava dela agora, agora mesmo, aquela boca na minha, era isso que desejava.
E num momento de impulso cheguei mais perto dela, agarrei a sua cintura com força a trazendo para perto de mim e colando nossos corpos. Encarei que imediatamente parou de falar, ela também me encarou com um ar de confusão no começo, mas depois seus olhos foram desviados para a minha boca, o que mudou completamente a sua feição. Encaramos um a boca do outro, vi umedecer seus lábios, eu não aguentava mais, eu precisava dela.

- Recomendo colocar ...Fuck do Johnny Rain para tocar -


Ataquei sua boca num beijo selvagem, pareceu levar um susto no começo, mas depois acabou que correspondendo. Pedi passagem com a língua que foi cedida imediatamente, me agarrou com força, trazendo mais intensidade ainda para aquele beijo, aquele beijo que ouriçou cada pelo presente no meu corpo, aquele beijo que eu sentia tanta falta e que, definitivamente, era o meu preferido no mundo. Nossas línguas estavam extremamente sincronizadas, extremamente envolvidas uma na outra como se nunca tivessem sido separadas. Nós estávamos tão envolvidos que nossos corpos pareciam que se fundiriam a qualquer momento, eu podia sentir o coração de bater descontroladamente sobre a minha caixa torácica, da mesma forma que possivelmente ela sentia o meu. Meu peito doía tamanha era a força que meu coração batia no peito.
Meu beijo e de não tinha nenhum pouco de cuidado, era tão selvagem que eu sentia meus lábios doíam, mas era espetacular, era quente, e estava cheio de saudade.
Quando o ar faltou nos acabamos separando nossos lábios. Ambos abriram os olhos quando aquilo aconteceu e olhamos um para o outro. tinham os lábios extremamente vermelhos e respirava muito fundo, seus olhos brilhavam luxúria, assim como os meus, era uma das minhas cenas favoritas a ver assim.
acabou atacando meus lábios dessa vez e nos envolvendo em mais um beijo forte e selvagem. Durante o beijo agarrei pela cintura e a coloquei sentada sobre a sua mesa, me encaixando perfeitamente sobre a suas pernas, o que a fez soltar um leve gemido entre nossos lábios. passava a sua mão pela minhas costas e nuca, ficando as unhas de vez em quando por ali, me fazendo ficar mais arrepiado, mais excitado, e tendo ainda mais desejo por ela. Eu já sentia meu membro latejar dentro da calça jeans e da cueca.
Saí dos lábios de seguindo em direção ao seu pescoço dando beijos e leve mordidas, o que fez com que ela gemesse mais, aquilo também havia causado arrepio nela, que vi tomar todo seu corpo. até jogou a cabeça um pouco para trás para que eu tivesse um pouco mais de área para continuar distribuindo beijos e mordidas. gemia baixinho e continuadamente, aquilo era a minha perdição, eu amava ver essa mulher gemer. Segui dando os beijos em seu pescoço e comecei a descer pelo seu colo, indo diretamente até o decote de blazer que era extremamente profundo, parecia que ela adivinhava os dias que ia me deixar louco.
levou uma de suas mãos até meu queixo e o puxou para cima, me deixando de frente para ela novamente. então atacou os meus lábios mais uma vez, enquanto ainda estávamos presos naquele beijos, ela desceu as mãos pela minha camiseta arranhando todo meu abdômen por cima da camiseta, ela foi descendo assim até chegar ao cós da minha calça. Depois ela desceu as mãos até chegar em meu membro e apertou por fora da calça mesmo, o que me fez gemer, ela sabia que eu não resistia aos seus toques. Em seguida voltou a mãos para o cós da calça onde a abriu delicadamente e então a puxou de uma vez para baixo levando minha cueca junto deixando meu membro completamente exposto para ela. Eu já estava pronto, completamente excitado e duro para ela.
Nos separei do beijo nesse momento e encarei , ela tinha um sorriso safado nos lábios, meu Deus, essa mulher me deixava louco. então levou uma de suas mãos até o meu membro e começou movimentos de vai e vem me masturbando, ela estava sentindo bem ele em suas mãos, de vez em quando dedicava um certo tempo na glande, o que me fazia gemer ainda mais, e ela fazia isso me encarando profundamente e mordendo seu lábio inferior de uma forma que me deixava mais louco do que qualquer coisa.

- Eu quero você - disse entre os gemidos.

me encarou com um sorriso safado nos rosto e me puxou pela camisa para mais perto, me fazendo encaixar perfeitamente nela. voltou a juntar nossos lábios novamente. Levei minha mão até a sua coxa, a apertei com firmeza, fazendo com que sugasse e mordesse um dos meus lábios com força, sendo possível até sentir um leve gosto de sangue na minha boca. Empurrei a sua saia delicadamente para cima, fazendo que ela ficasse na altura de sua cintura. Levei a minha mão até a sua calcinha e passei o dedo por cima de sua abertura, gemeu mais uma vez, um gemido sôfrego, um gemido que fez meu membro se latejar de vontade de estar dentro dela. estava extremamente molhada, pronta para mim. Cheguei mais perto dela e levei meu membro até a sua abertura, o passando por cima da calcinha, a deixando ainda mais louca, ainda mais necessitada.

- - gemeu meu nome e fincou as unhas em meu ombro - meu Deus, como ouvir meu nome saindo da boca dela era a coisa mais excitante da face da terra, e como eu tinha sentido falta daquilo tudo. - Anda logo com isso! - disse em tom mandão.

Fazendo com que eu desse uma pequena gargalhada.
Ela me fuzilou com os olhos brava, típica ansiedade de .

- Se você não andar logo, eu vou… - disse me ameaçando.

Mas não a deixei terminar a frase, voltei a juntar nossos lábios em mais um beijo. voltou a pegar no meu membro e o levou até a sua abertura novamente, só que dessa vez não tinha mais calcinha ali, ela havia a empurrado para o lado, deixando somente meu membro e suas partes íntimas em contato, nada mais nos separava, nos finalmente poderíamos ser um só.
Num impulso acabei a penetrando, foi de forma forte e prazerosa. gemeu, um gemido contido, mas gemeu e aquilo só me incentivou a continuar, eu queria a ouvir gritar meu nome para todo mundo ouvir que ela era minha novamente.
Voltei a dar estocadas de forma lenta e profunda, estava de olhos fechados aproveitando tudo da melhor forma. Ela mordia os lábios para que nada saísse dos seus lábios, era maravilhoso ver aquela cena, era mais maravilhoso ainda saber que eu estava causando todo esse prazer nela.

- Você não imagina a saudade que eu senti de fuder essa boceta - disse em meio aos gemidos.

apenas levou um dos dedos sobre os meus lábios, fazendo o sinal para que eu ficasse quieto, depois o olhou e os atacou com os seus novamente. Um beijo cheiro de luxúria, quente, e com mil gemidos entre ele.

Permanecemos naquele ritmo por alguns minutos, gemendo baixo, nos beijando e aproveitando aquele momento todo juntos, o nosso momento, o momento em que tudo voltaria ao normal, o momento em que tanto esperei.
Senti a respiração de começar a mudar, ela já estava respirando mais fundo e gemendo de forma sofrida, eu já sabia o que vinha por ali, e eu não estava tão longe também. Aumentei as estocadas as deixando mais rápidas e fortes, poucos segundos depois senti abraçar meu membro perfeitamente com a sua intimidade e um líquido quente descer por ele, ela fincou as unhas no meu braço e gemeu um pouco mais alto, sentir aquilo fez com que meu ápice chegasse e pouco tempo depois era a minha vez de estar me derramando dentro dela, nós dois tínhamos gozado praticamente juntos, o que era perfeito, nós éramos perfeitos um para o outro.
Encostei minha testa na dela enquanto respirava fundo, aquele definitivamente tinha se tornado um dos melhores dias da minha vida, ter de volta em meus braços era algo que eu havia esperado por anos. Eu sei que tínhamos prometidos que seriamo apenas amigos, mas era inevitável que isso aconteceria um dia, eu finalmente estava com a minha de novo, e mesmo depois de todos esse anos parecia que nada tinha mudado. O sexo que eu fazia com ela ainda era o mais incrível e prazeroso que existia, ela ainda fazia meu coração bater ferozmente, ela ainda era o grande amor da minha vida.
Assim que consegui recuperar a minha respiração, desencostei minha testa da de e abri meus olhos, mas assim que os abri o rosto de não tinha a melhor das expressões, ela me olhava com uma cara confusa e vi uma lágrima escorrer traiçoeiramente de um dos seus olhos. me empurrou com uma das mãos, fazendo com que saísse de dentro dela e que sensação de vazio tomasse conta de mim. desceu da mesa, arrumou sua calcinha e depois puxou sua saia para baixo, ajeitou toda a sua roupa e depois virou de costas para mim, andou até a grande janela que tinha ali e começou a olhar para rua, tudo da forma mais silenciosa do mundo. Aquela reação, aquela indiferença tinha me deixado confuso.
Subi a minha cueca e depois minha calça a fechando em seguida, arrumei minha blusa sobre o corpo e passei a mão pelos meus cabelos para retirar um pouco o excesso de suor. ainda permanecia na janela, no maior silêncio, sem dizer absolutamente nada. Assim que estava arrumado comecei a andar em sua direção, mas antes que eu pudesse chegar perto dela se virou e estendeu o braço me barrando.

- O que? - perguntei confuso enquanto a olhava.
- Isso foi um erro! - disse de forma dura, fazendo com que meu coração doesse.
- Um erro? - disse com a voz um pouco embargada.
- Sim , um erro, não deveria ter acontecido! - confessou com a expressão séria.

Aquela frase tinha causado um nó na minha garganta.

- Como um erro? - disse com a voz levemente balançada. - Como que numa hora estamos fazendo o melhor sexo das nossas vidas e em outro você diz que foi um erro? Como ?

Ela permanecia com a mão no meu peito me barrado.
respirou fundo, fechou os olhos por alguns segundo e depois os abriu olhando diretamente para os meus.

- Saia da minha sala, , por favor! - me pediu firme.
- Não faz isso com a gente, , de novo não - disse sentindo meus olhos arderem.
- , por favor, saía! - disse de forma pausada sem mostrar nenhuma expressão em seu rosto.

Eu não disse mais nada, apenas fiz sinal de rendição com as mãos e me afastei dela indo em direção a porta de saída. Antes de abrir dei uma olhada para trás e permanecia com a cara séria.

- Saia, - repetiu dura.

Apenas concordei com a cabeça e abri a porta, saindo por ela em seguida.
O que tinha acontecido? O que era aquilo? Como é que todo aquele momento tinha virado do melhor para o pior da minha vida? Como? Eu só sei que agora doía e parecia que uma adaga tinha sido enfiada no meu coração. As palavras delas ressoavam na minha cabeça e doíam, como doíam, como nunca tinham doído antes.


Capítulo 13

- -


A minha respiração estava pesada e meu coração acelerado, estava com a testa encostada na minha, com os olhos fechados e respirava fundo também, e foi quando eu abri meus olhos e vi sua expressão serena com um ar de satisfação e um sorriso nos lábios que me dei conta do erro que havia cometido, o maior dos erros. Fazia pouco tempo que havia me pedido desculpas, fazia pouco tempo que o lance de ser amigos tinha começado, agora eu era a chefe dele, eu não poderia me deixar levar dessa forma, isso não deveria ter acontecido, além do mais, errou muito anos atrás e apesar do pedido de desculpas, hoje tinha ficado claro que aquele velho ainda estava dentro dele, pois na primeira oportunidade, ele só pensou no que era bom pra si mesmo, e não no coletivo, não na banda dele, não na minha opinião sobre todo o processo criativo para a produção do álbum. Por fim, o maior dos erros, era a capacidade que eu ainda tinha de ceder para ele, e isso me deixa completamente destruída, ele não deveria ter esse poder sobre mim, ele não pode apagar tudo de ruim que se passou entre nós durante uma transa, uma transa que foi gerada de uma briga, tudo isso estava errado, tudo, por isso esse era o maior erro. Meu peito doía de angústia, como eu pude ter sido tão burra e vulnerável a ele? Como?
Senti meus olhos começarem a arder e uma lágrima traiçoeira escapar por um de meus olhos. Nesse mesmo momento, separou nossas testas e abriu seus olhos, acredito que era nítido em meu rosto toda a confusão que se passava dentro de mim, pois me encarou parecendo querer entender o que se passava por eu estar daquela forma.
Não disse nada a ele, apenas levei uma de minhas mãos até seu peito e o empurrei para longe tirando o de mim e o afastando. Desci da mesa, ajeitei minha calcinha e depois minha saia, passei a mão pela minha roupa e me distanciei mais, eu precisava daquela distância, precisava voltar a ser eu. Então fui até a grande janela da minha sala, aquela janela que me dava uma vista incrível de Los Angeles, a vista que sempre me ajudou a pensar.
Tudo se passava pela minha cabeça, absolutamente tudo, a época que eu ia para show, o breve relacionamento que tive com , os momentos bons e tristes, os surtos de raiva e ciúmes dele, minha vinda para Los Angeles, a minha atual profissão, minha relação com , que apesar de ser uma amizade envolvia outras coisas, era tanta coisa se passando que uma leve tontura chegou a se apoderar de mim. Fechei os olhos para que ela passasse e quando fiz isso consegui escutar o passos de se aproximando de mim. Imediatamente me virei e estendi o braço entre nós, o impedindo de chegar mais próximo.

- O que? - perguntou com uma cara confusa.
- Isso foi um erro! - disse de forma dura e demonstrando que realmente queria dizer aquilo, realmente tinha sido um erro.
- Um erro? - me questionou com a voz um pouco falha.
- Sim , um erro, não deveria ter acontecido! - confessei.

Eu não conseguia pensar em outra coisa a não ser nisso, em como eu tinha sido tão burra de deixar isso acontecer.

- Como um erro? - me perguntou mais uma vez, era possível ver o quanto ele estava magoado com as palavras que eu havia dito, mas não podia ser de outra forma, tinha que ser assim, e realmente era um erro. - Como que numa hora estamos fazendo o melhor sexo das nossas vidas e em outro você diz que foi um erro? Como ?

Aquele questionamento dele fez minha cabeça rodar mais uma vez, respirei fundo e fechei meus olhos, eu sentia seu coração acelerado embaixo da minha mão, a minha mão que ainda permanecia em seu peito.

- Saia da minha sala, , por favor! - Pedi firme, eu precisava pensar sozinha.
- Não faz isso com a gente, , de novo não - me pediu com a voz embargada.
- , por favor, saía! - disse de forma pausada, para que ele entendesse que eu precisava desse tempo para mim.

Eu precisava organizar tudo o que tinha acabado de acontecer na minha cabeça, precisava organizar meus sentimentos, precisava voltar a ser Rose Vocci e deixar a para lá, precisava voltar a ser a chefe dele e nada além disso.
apenas acenou um sim com a cabeça e seguiu em direção a porta, mas antes de a abrir, ele voltou a olhar para mim, de uma forma que só ele olhava, de uma forma que se fossem há três anos atrás, eu teria corrido até ele e o agarrado, mas agora tudo estava diferente e isso não aconteceria, a minha cabeça só pensava em erro, erro e mais erro.

- Saia, - repeti firme.

E assim abaixou a cabeça e saiu por aquela porta sem olhar para trás, o que me fez respirar aliviada.
Saí de onde estava e andei a até a minha mesa, me sentei em minha cadeira e minha visão foi levada para o exato lugar que eu havia sentando e tinha transado com , mesmo a mesa sendo grande, era impossível não pensar naquilo. Eu precisava mandar limpar toda a minha sala, eu precisava me limpar, eu precisava sair daquele lugar. Rapidamente me levantei de onde estava, fui até minha bolsa, coloquei minhas coisas ali e segui em direção à saída, mas antes que eu pudesse chegar perto da porta, ela acabou sendo aberta e passou por ela com uma cara confusa.

- Você está bem? - perguntou assim que me viu.

Apenas neguei com a cabeça e senti meus olhos arderem. Eu não sei o que me deu, mas ver ali e preocupado comigo foi o suficiente para que eu desabasse. Eu havia segurado o choro enquanto estava com , mas agora não era mais possível.
então veio rápido até mim e me envolveu em seus braços num abraço apertado, e isso fez com que eu chorasse mais

- Pode chorar, que assim que você estiver pronta a gente conversa! - disse enquanto ainda me abraçava forte e fazia carinho no meu cabelo.

As palavras dele inevitavelmente me fizeram sorrir, fazendo com que meu coração se acalmasse. Me soltei dos braços de , me afastei, respirei fundo, passei as mãos pelo meu rosto tirando os resíduos de lágrimas dali e então sorri para ele.

- Obrigada por sempre estar aqui para mim! - agradeci.

E realmente era verdade, era um grande amigo, meu melhor amigo, na verdade.

- O que você quer fazer? - me perguntou. - Conversar, beber algo, sair por aí?

Aquilo me fez rir mais uma vez, nunca me pressionava a nada, ele sabia que no momento certo eu falaria o porquê de estar assim, então ele sempre pensava em outras formas de me deixar bem.

- Vou falar de uma vez porque me livro disso logo - anunciei.
- Você que sabe - disse.
- Só fecha a porta, por favor, com a chave! - pedi.

apenas balançou a cabeça em afirmação, foi até a porta e a trancou, enquanto isso eu segui em direção a um canto do meu escritório, onde tinha os sofás com minhas estantes de discos. Quando viu onde eu estava, ele me encarou confuso, dando uma olhada de lado para a minha mesa, que era onde a gente sempre conversava.

- Você já vai saber - confessei.

fez uma cara animada e veio rapidamente sentar ao meu lado.

- Tem certeza que quer contar? - perguntou enquanto pegava em uma das minhas mãos e fazia um carinho gostoso.
- Transei com o ! - disse de uma vez.
- Agora? Aqui? - perguntou surpreso.

Ele então olhou para a mesa e arregalou os olhos.

- Na mesa? Por isso a gente tá aqui nos sofás? - perguntou por fim.

Apenas confirmei com a cabeça.

- E você estava chorando por isso? - falou um pouco confuso.
- Foi um erro, , não era para acontecer! – confessei. - Eu estou me odiando, me sentindo péssima por isso, porque eu ainda tenho certa vulnerabilidade a ele sabe, não era para acontecer.

apenas me olhou e pareceu pensar em algo, depois acabou soltando um riso e então trouxe uma de suas mãos ao meu rosto e fez um carinho.

- , você não tem culpa de nada, vocês dois se amam e foram feitos um para o outro, você sabe disso, uma hora isso ia acontecer… - começou a dizer, mas o interrompi.
- A gente se AMAVA, , amava, passado – comecei. - A gente transou depois de uma briga, você tem noção do quanto isso me lembra tudo de ruim que já passei por causa dele?

E eu realmente tive essa sensação e era ela que me fazia tão mal, me fazia reviver tudo o que eu já havia vivido.

- Certo! - disse, depois respirou fundo e pareceu pensar mais um pouco.
- Você sabe tudo o que passei, isso realmente foi um erro, além do mais, eu sou a chefe dele, , A CHEFE! - continuei falando.
- Você tem razão - disse por fim. - Mas não se culpe por nada, só tente esquecer, só tente viver daqui para frente como se o dia de hoje não tivesse acontecido, okay? Eu sempre estarei do seu lado, sempre, se você acha que isso foi um erro, eu irei te apoiar, afinal, foi você que passou por tudo com ele, não eu, não Noah, ninguém, foi você, exclusivamente você, então a razão é sua, não minha!

Sorri depois daquelas palavras, realmente era incrível.

- Obrigada! - agradeci - Você sempre está do meu lado, sempre, nem sei o que fiz para ter alguém como você na minha vida!

veio até mim e voltou a me abraçar.

- Você merece tudo de melhor no mundo, , você é incrível, não se esqueça disso! - disse.

Em seguida deu um beijo no topo da minha cabeça e então me soltou, voltando ao seu lugar anterior.

- E então, o que quer fazer agora? Vamos beber alguma coisa? - perguntou animado.
- Por favor! - disse já mais animada. - O que tiver mais álcool, por favor!
- Já sei aonde iremos - disse se levantando do sofá e estendendo a mão para mim. - Vamos?

Ri daquela cena, sempre estava ali para me animar, para me escutar, para me entender.

- Vamos! - estendi a minha pegando a dele.

Nos dois então seguimos em direção a saída do meu escritório deixando ele para trás, deixando aquele dia para trás, aquelas lembranças, aquela transa, e , aquele dia nunca existiu e não se repetiria nunca mais se dependesse de mim.

- -


Alguns dias tinham se passado desde o dia que eu e tínhamos transado, aquele dia que eu havia pensado que tudo voltaria ao normal, mas que na verdade foi um balde de água fria, na verdade tudo aquilo só havia nos distanciado mais. Nossos encontros na gravadora eram na educação mesmo, nada além disso, e isso tudo me destruía por dentro, essa distância toda.
Eu havia ficado longe de por três anos, três longos anos e quando acho que tudo vai se acertar, na verdade acaba acontecendo o contrário, eu entendo o lado dela, agora eu entendo perfeitamente o porque que ela havia dito que tudo aquilo era um erro. agora era a minha chefe, ela vivia outra vida, era outra pessoa, eu não deveria pensar que tudo voltaria ao normal, porque nem ela e muito menos eu somos mais a mesmas pessoas. Eu ainda a amava, disso eu não nunca duvidaria, e acredito que amarei para o resto da vida, mas essa distância depois da nossa reaproximação me machucava, essa distância não deveria existir apesar de tudo. E é por isso que nesse exato momento estou dirigindo até a sua casa para tentarmos conversar, tentarmos nos resolver, tentar ao menos voltar a ser amigos.
Já tinha conversado com Noah sobre o que tinha acontecido, havia contado para ele tudo, inclusive a parte que ela tinha me mandado sair daquela sala de forma fria, e por incrível que pareça, Noah tinha me apoiado a ir falar com ela, tinha me incentivado e também era quem tinha me dado o endereço dela.
e eu morávamos perto, eu não morava em Los Angeles, na verdade estava ficando no Hotel Bel Air enquanto morava em West Hollywood, em uma cobertura, pelo menos foi o que Noah havia me dito. E eu sabia que ela estaria em casa, pois já eram quase 8 horas da noite e antes de ir havia pedido para Noah ligar para certificando de que ela ficaria em casa, a gente precisava conversar, realmente precisava. Meu coração sentia isso, minha alma sentia isso.
Assim que virei a rua do seu apartamento, um arrepio subiu por todo meu corpo, não sei se era exatamente medo ou excitação por estar ali, continuei dirigindo até encontrar um local para estacionar e assim que encontrei, o fiz. Desliguei meu carro, coloquei meu celular no bolso e desci do mesmo o trancando em seguida. Fora do carro olhei para aquele enorme prédio que ela morava agora, era bom ver o quanto ela tinha crescido profissionalmente nesse tempo, eu realmente sentia um enorme orgulho dela. E olhando aquele prédio respirei fundo tomando toda a coragem que precisava, porque eu e poderíamos no acertar, mas também poderíamos ter uma das nossas brigas feias, e eu não queria isso, nunca mais. Com a coragem correndo pelas minhas veias caminhei até a portaria do prédio, entrei no hall do mesmo e me direcionei ao porteiro.

- Boa noite - disse chamando a atenção dele para mim.
- Boa noite senhor, em que posso ajudar? - o porteiro me perguntou enquanto me media de cima a baixo.
- Vim no apartamento da senhorita - avisei.
- Quem? - o porteiro me olhou com uma cara confusa.

Será que Noah havia me passado o endereço errado?

- , ela mora na cobertura! - respondi.

Ele continuou a olhar confuso e então a minha ficha caiu, em Los Angeles não existia, quem existia era Rose Vocci.

- Desculpe senhor, Rose Vocci - o informei.

O rosto do porteiro suavizou no mesmo momento.

- A senhorita Rose, vou interfonar para ela - ele respondeu pegando o telefone em mãos, mas antes de discar o número do apartamento voltou a sua atenção para mim. - Qual seu nome? - o porteiro me perguntou.
- , ! - respondi.

Ele apenas fez sim com a cabeça e apertou o número do apartamento.

- Boa noite senhorita Rose, o senhor Zaini está aqui - ouvi ele dizer a ela, inclusive dizer meu nome errado. Acabei dando um risinho com aquilo. - Isso , isso senhorita! Ah, okay, vou o avisar! Boa noite!

O porteiro então desligou o telefone e voltou a sua visão para mim.

- A senhorita Rose está descendo, pediu para o senhor a esperar aqui embaixo!
- Ahhh - disse um pouco decepcionado, achei que ela me deixaria subir. - Tudo bem, posso me sentar no sofá ali? - apontei com o dedo para uma sala de espera que tinha no hall.
- Claro! - o porteiro respondeu.
- Boa noite e muito obrigado! - o agradeci.
- Imagina senhor!

Dei um sorriso para ele e então tomei o caminho até o sofá para me sentar, mal havia me sentando quando escutei as portas do elevador abrirem, rapidamente direcionei minha visão para ele. saiu de dentro do elevador com uma cara confusa, procurou com os olhos pelo hall até me encontrar e então vir em minha direção. Ela estava linda, sem maquiagem alguma, com os cabelos molhados e penteados para trás, uma camiseta branca, uma calça jeans e um tênis branco, de todas as formas do mundo ela era linda, não tinha como negar. Enquanto ela caminhava em minha direção pude sentir de longe o seu perfume, que incendiou o hall inteiro, aquele cheiro doce dela, como eu sentia falta daquele cheiro, que era o melhor do mundo, na minha opinião.

- ? - escutei dizer já parada a minha frente, fazendo com que eu voltasse para a realidade.
- Oi - a respondi me levantando.
- Tá tudo bem? Aconteceu alguma coisa? A Peach está bem? - me bombardeou de perguntas.
- Calma! - disse me aproximando e passando a mão pelo seu braço. - Não aconteceu nada, nada mesmo!

respirou aliviada. Retirei a minha mão de seu braço e coloquei nos bolsos da frente de minha calça e dei um passo para trás, para a admirar frente a frente.

- Você me assustou! - disse por fim já com uma expressão mais descontraída. - Mas o que veio fazer aqui então?

Acabei soltando um risinho após essa pergunta, será que ela brigaria comigo mais uma vez assim que soubesse?

- Eu vim para a gente conversar - disse por fim.

me olhou com uma cara surpresa, ela realmente não esperava por aquilo.

- Ah… Conversar sobre o que exatamente? - perguntou.
- Sobre o que aconteceu alguns dias atrás, o que nós distanciou… - comecei a explicar, mas me cortou.
- Olha , o que eu disse aquele dia é o que eu realmente penso, foi um erro, por vários e vários motivos - disse.
- Eu sei, agora eu entendo, mas ainda assim quero ouvir seus motivos e quero voltar a ser seu amigo, a gente estava indo tão bem! - respondi.

me analisou com seus braços cruzados sobre o peito mostrando sua pose de durona, ela me analisava buscando se eu estava dizendo verdade nas minhas palavras, e eu realmente estava. Depois de me analisar bem, respirou fundo e soltou os braços.

- Tudo bem, vamos conversar! - disse se dando por vencida.

Dei um sorriso animado para ela.

- A gente poderia comer em algum lugar, estou morrendo de fome - confessei.

Assim que disse isso vi a expressão de mudar, ela tava com uma cara de que não queria nada disso.

- , eu estou cansada, quero que isso seja rápido, tenho muito trabalho amanhã! - disse um pouco sem paciência. - Além do mais estou sem carro!
- Por favor – implorei. - Prometo que será rápido, você escolhe o lugar e te trago de volta logo depois.
- Eu não sei - disse mostrando suas dúvidas sobre realmente fazer aquilo.
- É só uma conversa, entre amigos - disse sorrindo para ela, mostrando realmente a verdade naquilo.
- Tudo bem! - disse. - Só vou buscar minha bolsa no apartamento e já desço!
- Okay, te espero aqui - respondi animado.

Vi virar as costas e seguir em direção ao elevador para ir ao seu apartamento. Apesar de querer estar em outro patamar com ela, eu sabia que recuperar essa amizade era o suficiente para o momento. era importante para mim e ter ela perto de mim, sendo minha ou não, já bastava, por enquanto.

- -


havia ido em minha casa hoje com o intuito de se reaproximar de mim, de voltarmos a como estávamos antes do fatídico dia em meu escritório. Eu estava relutante no começo, óbvio, mas eu tinha que dar o braço a torcer e fazer isso dar certo, pela minha carreira, pela carreira dele, pela banda, por tudo e todos que aquilo envolvia. Eu não era mais uma simples groupie, agora eu gerenciava bandas, gerenciava a carreira de , tinha uma carreira renomada, não podia estragar isso de forma alguma, ainda mais por uma transa.
Por indicação minha, estávamos no Ivory on Sunset, um restaurante que ficava dentro do Mondrian LA Hotel em West Hollywood, há poucos quarteirões do meu apartamento. O Ivory é um dos meus favoritos por ali e eles tinham uma comida maravilhosa. Assim que chegamos já pedimos nossos pratos e enquanto comíamos engatamos num papo tranquilo sobre a banda, realmente parecendo dois amigos que não se viam há tempos. Era um momento agradável, um momento de descontração que eu não tinha há muito tempo e que na verdade nunca imaginei ter com , não dessa forma.
Quando eu era groupie e fui acompanhar a turnê da banda, o único sentimento que batia dentro de mim era o de fã, o sentimento de querer transar com aquele cara que eu admirava tanto e que exalava uma sexualidade que eu não tinha visto antes, era algo carnal, sexual, sem sentimentos, mas depois que nos envolvemos os sentimentos foram mudando, éramos companheiros, tinha amor, mas ainda assim era extremamente carnal, nós não tínhamos uma amizade, não tínhamos uma conversa sem segundas intenções, e era exatamente isso que estava acontecendo agora, o oposto de tudo o que tínhamos vivido, e eu não podia negar que eu amava essa parte, ter ele por perto mas sem dor e sofrimento, sem nada além de amizade.

- Então já temos data para ir acampar? - perguntou fazendo meus pensamentos voltarem a ele.

Já estávamos na sobremesa, nós dois estávamos tomando sorvete, Los Angeles andava vivendo uma onda de calor insuportável ultimamente.

- É daqui duas semanas, vou avisar todos essa semana mesmo! - respondi enquanto colocava a última colher de sorvete na boca.
- Vai ser em barracas mesmo? Camping real? - perguntou curioso.
- Exato, nada de hotel, nada de festas, nada de nada mesmo - comecei a contar. - Seremos só a equipe da banda trabalhando e respirando ar fresco!

E realmente tanto eu como todos os outros precisávamos de um tempo longe de toda essa loucura que era a cidade grande, ainda mais Los Angeles, respirar ar fresco seria essencial.

- E pra onde exatamente vamos? - ainda permanecia curioso.
- Para Floresta Nacional de Los Angeles! - respondi animada.
- Uma Floresta? Você vai enfiar a gente em uma floresta ? - perguntou rindo.
- E porque você está rindo? - perguntei confusa.

Não tinha entendido porque ele estava rindo.

- Estou rindo de nervoso, nunca pensei que você enfiaria a gente numa floresta de verdade! - confessou.

Acabei caindo na gargalhada assim que ele disse aquilo, estava com medo?

- Tá com medo ? - perguntei ainda rindo.
- Eu não! - respondeu rindo.

Realmente aquele resto de noite estava extremamente agradável.
Enquanto ainda ríamos sobre aquela conversa, levantou a mão para o garçom solicitando a conta.

- Eu pago a minha parte, okay?! - disse rapidamente antes mesmo da conta chegar.
- O que? Não, eu te convidei - respondeu.
- …. - disse seu nome em forma de repreensão.
- Okay, Okay, a gente divide em parte iguais - se deu por vencido.

Sorri com aquela vitória.
O garçom rapidamente nos trouxe a conta, dividimos em parte iguais, pagamos e saímos do local indo em direção ao carro de para que então eu pudesse retornar para casa.
Assim que entramos no carro e nos acomodamos, ligou o som do mesmo e por ironia do destino ou não reconheci de imediato o que estava tocando nele, Beautiful War, do Kings of Leon, uma das minhas músicas favoritas. Acabei rindo quando lembrei disso, não era possível.

- O que foi? - perguntou enquanto dirigia pelas ruas de Los Angeles.
- A música! - disse sem mais explicações.
- Você não gosta dessa música? Eu posso trocar! - disse já levando uma das mãos ao som, mas antes que ele pudesse trocar segurei na mão dele o impedindo.
- Pelo contrário, eu amo demais, é uma das minhas favoritas! - disse por fim.
- Eu sei, Kings of Leon! - respondeu dando um sorrisinho em seguida.

Depois ele olhou levemente para as nossas mãos que ainda permaneciam uma em cima da outra e deu um sorriso ainda maior. Quando notei, rapidamente tirei a minha mão dali criando um clima desconfortável entre a gente.
O resto do caminho até a minha casa se permaneceu em silêncio, nenhuma palavra foi dita, apenas o som com as músicas do Kings of Leon ressoavam pelo lugar e foi assim até estacionar o carro em frente ao meu prédio.
Quando ele parou o carro, já tirei meu cinto e ia abrindo a porta do carro quando senti a mão de segurar a minha mão fazendo com que minha atenção se voltasse para ele.

- O que? - perguntei confusa.
- Fica mais um pouco - disse praticamente suplicando. - A gente ainda não conversou sobre o que realmente eu vim para conversar.

Respirei fundo olhando para ele, e resolvi dar mais essa chance, então voltei a me acomodar no banco do carona.

- O que você quer saber? - perguntei de uma vez. – Por que disse que era um erro?
- Primeiro eu quero te pedir desculpas - começou. - Confesso que exagerei um pouco naquele dia. Você já tinha resolvido tudo com Noah e Ellora sobre Peach e eu agi como um idiota que sou. A Peach é como se fosse uma filha e ficar longe dela é muito difícil para mim.

Eu escutava tudo e enxergava a verdade em cada de uma de suas palavras.

- E desculpas também se eu forcei um pouco a barra na hora que estávamos transando. Eu realmente não queria que algo mudasse entre nós ou que você se sentisse da forma que sentiu. Realmente desculpas, - continuou. - Mas ainda quero saber os seus motivos. Por que foi um erro para você?

Mais uma vez naquele dia respirei fundo, colocando todos os meus pensamentos no lugar, tentando dar a melhor resposta ser o machucar.

- Eu aceito as suas desculpas, na verdade acho que você nem deveria ter pedido dessa vez, confesso que também agi de forma grosseira aquele dia, além disso, eu também quis, o que aconteceu também foi por minha causa - confessei.

apenas concordou com a cabeça ouvindo tudo o que eu tinha para falar.

- Sobre eu achar que foi um erro - comecei a explicar a ele. - Eu realmente ainda acho, eu sou chefe agora , não mais a groupie que rastejava atrás de ti, sou eu quem dita toda sua carreira e quem é a responsável por ela, agora eu tenho a minha carreira e ter algo com um agenciado não é algo bem visto, fora que, eu prometi para mim mesma que qualquer sentimento amoroso que eu sentia por você iria permanecer no passado, apenas passado.

Quando acabei de falar tudo aquilo vi abaixar a cabeça e fechar os olhos, ele parecia pensar em algo.

- Mas você sentiu algo naquele dia? Por isso ficou tão brava? - me questionou ainda de olhos fechados.

E que bom que ele estava de olhos fechados, pois aquela pergunta havia me pegado de surpresa.

- Não vou ser hipócrita e dizer que não, porque senti, mas depois percebi o erro – confessei. - É muita coisa envolvida, , pessoas envolvidas.

Assim que ouviu aquilo ele abriu os olhos e olhou diretamente para mim, olhou profundamente para dentro dos meus olhos, e eu inevitavelmente me perdi nos deles também, comecei a observar cada detalhe de seus olhos, incluindo a pequena pintinha que ele tinha em uma das íris. começou a se aproximar, até que levou uma de suas mãos até o meu cabelo e colocou uma mecha atrás da orelha, depois passou a mão delicadamente pelo meu rosto fazendo com que um arrepio preenchesse todo o meu corpo.

- Mas você não sente falta de tudo o que a gente fazia e era junto? - questionou enquanto ainda passava a mão delicadamente pelo meu rosto. - Não sente falta do meu toque, dos meus beijos, das nossas noites juntos?

Enquanto dizia isso ele permanecia o carinho pelo meu rosto até que levou a sua mão para mais próxima da minha boca e passou o polegar por ela. Tentei responder algo, mas não conseguia, apenas afirmei com a cabeça, eu estava completamente perdida no quanto o toque dele ainda me fazia sentir coisas, meu corpo ainda permanecia completamente arrepiado.

- Eu esperei tanto por esse dia, , tanto - voltou a dizer enquanto se aproximava mais de mim. - Cada dia longe de você dói, me machuca - então juntou as nossas testas e roçou nossos lábios um no outro. - Isso não acontece com você?

Não tive tempo de responder mais nada, pois atacou meus lábios, num beijo necessitado, mas calmo e amoroso, um beijo carregado de saudade onde nossas línguas estavam em perfeita sincronia e nossos lábios se encaixavam perfeitamente, como sempre foi. Nós ainda permanecíamos perfeitos um para o outro. E, infelizmente, mais uma vez eu estava ali, cedendo ao toque dele e a algo que eu jurei que não iria mais, mas aquilo era só um beijo e eu poderia contornar a situação. Comecei a finalizar o beijo com selinhos até conseguir desgrudar meus lábios do de . Levei a minha mão até a sua que ainda permanecia no meu rosto a tirando dali. Assim que fiz isso abriu os olhos e me encarou um pouco confuso.

- Eu não mudei o que eu penso - comecei a dizer olhando para ele. - Isso tudo ainda é um erro que eu não quero cometer mais, .

respirou fundo e se afastou, voltando ao seu lugar inicial.

- Esse foi nosso beijo de despedida - continuei a dizer. - Se você quiser continuar sendo meu amigo e viver momentos igual ao que vivemos hoje no restaurante, eu estarei sempre aqui, para ouvir os seus problemas ou o que for, eu não me importo, mas um romance, outra transa ou outros beijos, nunca mais, como eu disse, são várias coisas e pessoas no meio disso, não posso errar, realmente não posso!

passou a mão pelo lábio inferior, algo que ele sempre fazia quando estava nervoso com algo.

- Você tem certeza disso? - perguntou olhando diretamente para mim. - Realmente é algo que não quer mais cometer?
- Certeza, ! - respondi confiante.

mesmo apresentando a cara mais decepciona do mundo apenas concordou com a cabeça.

- Amigos? - perguntei por fim.
- Amigos! - respondeu.

Finalmente eu sentia que poderíamos seguir nossos rumos, sendo felizes, sendo amigos, rumos separados, mas interligados por algumas coisas, como a carreira, a banda e Peach.

- Obrigada por hoje, foi realmente legal! - agradeci.
- Eu quem agradeço, - disse. - De verdade, foi bom te ouvir!

Apenas dei um pequeno sorriso para ele, e então abri a porta do carro para finalmente ir para casa.

- Boa noite, ! - me despedi enquanto saía carro.
- Boa noite! - respondeu. - Ah, ?! parece ser um cara legal.

O olhei um pouco confusa e pareceu entender.

- Eu andei percebendo algumas coisas como as danças na boate, a cumplicidade que vocês têm um com o outro, a camiseta…

Engoli em seco quando ele disse aquilo, mas permaneci em silêncio, era melhor ele pensar que eu e realmente tínhamos algo e assim poderíamos manter distância um do outro. Apenas acenei um sim com a cabeça e fechei a porta do carro, dei um leve tchau para ele e segui em direção ao meu apartamento, finalmente eu não sentia mais o sentimento de culpa por ter me rendido a ele, agora tudo estava explicado e nós seguiríamos nossos caminhos, era só isso que eu queria, continuar a viver em paz.

- -


Minha cabeça rodava com mil e um pensamentos sobre o que tinha acabado de acontecer, realmente esse seria o meu fim e de ? A gente nunca mais teria nada? Nada mesmo? Porque ela me dizia uma coisa e sentia outra? Será que o que ela e tinham era maior do que nós um dia tivemos? Eu senti aquele dia na sala que ela me queria, eu sentia agora com nosso beijo, mas ela estava relutante, estava lutando por algo que eu sei que ela quer, eu tenho certeza que ela quer, porque exatamente ela estava fazendo tudo isso?
Dirigi rápido até o hotel, pensando em tudo isso, pensando nela comigo, pensando nela com , pensando demais. Assim que adentrei o hotel com o carro, fui direto para o subsolo para o estacionar e assim o fiz, depois desci dele e segui para o elevador para ir em direção ao andar do meu quarto, mas assim que olhei aquele painel o botão do andar do bar me chamou a atenção e foi ali que apertei, eu precisava beber algo, eu precisava cessar esses pensamentos, eu precisava parar de pensar em todos os erros que já havia cometido. Apertei o botão com a letra T, sabendo exatamente onde ele me levaria. O elevador então subiu e poucos segundos depois já parou indicando que havia chegado, saí do mesmo e me guiei até o bar do hotel, que por ventura era um dos melhores bares de Los Angeles.
Adentrei o lugar e já me dirigi diretamente para a bancada onde o barman fazia as bebidas, me sentando ali.

- Um whisky duplo, por favor! - pedi ao homem atrás do balcão assim que me acomodei.
- Agora mesmo! - disse ele virando de costas para mim.

Poucos segundos depois ele colocou o copo na minha frente com alguns cubos de gelo e então trouxe a garrafa e a virou sobre o copo despejando o conteúdo de cor marrom que se misturou rapidamente com o gelo. Quando as duas doses estavam prontas ele retirou a garrafa dali e aproximou o copo perto de mim.

- Querendo beber para esquecer alguém? - o barman perguntou enquanto eu pegava o copo em mãos e admirava a cor daquela bebida, a minha favorita.
- Praticamente – confessei. - Mas é algo meio impossível, já que ela está marcada para sempre em mim, inclusive em minha pele.
- Boa sorte, dude! - o barman respondeu.
- Obrigado! - respondi.

Finalmente levei o meu copo até a boca e dei um gole considerável, o líquido desceu queimando pela minha garganta, eu amava essa sensação. Parecia que toda vez que eu bebia whisky, algo dentro de mim se transformava, ou era deixado para trás, e era exatamente o que eu queria fazer, então dei mais um longo gole, porém enquanto aquele segundo gole de whisky descia pela minha garganta, uma leve melodia começou a ressoar na minha cabeça, uma melodia que poderia ser tocada no piano. Dei mais um gole e então foi a vez uma frase surgir.

- She knows I need her loving, she knows I need her touching - cantarolei baixo para mim mesmo.
- Você falou algo, dude? - o barman perguntou fazendo minha atenção voltar para ele.
- Não não, só pensei alto - respondi levando mais uma vez o copo para a boca.

Apesar dele ter me tirado do que havia acabado de falar, a minha cabeça ainda ressoava com a melodia, ela estava muito presente ali, eu precisava de algum lugar para por aquilo tudo para fora.

- Na verdade - disse chamando a atenção do barman. - Você sabe se o hotel tem alguma sala de música ou algum piano?

O barman então pareceu pensar e pouco tempo depois lembrou de algo.

- Tem sim! - ele respondeu animado. - É no salão de festas, que inclusive não está sendo usado hoje.
- Sabe para quem eu posso pedir para usar? - perguntei animado.

Escrever músicas era sempre algo que me fazia bem, mesmo sendo sobre .
O barman me olhou e então deu uma risadinha, ele saiu dali rapidinho, mas logo voltou com uma chave em mãos.

- Toma! - ele disse me estendendo a chave. - Você parece alguém inspirado, então é só usar, mas se lembre de trancar assim que entrar e quando sair me traga a chave de volta!

Olhei aquilo admirado, era realmente importante para mim isso.

- Obrigado, eu nem sei como agradecer - agradeci.
- Só faça o que você faz de melhor! - o barman respondeu.

Apenas o olhei confuso, será que ele sabia quem eu era.

- Você sabe quem eu sou? - perguntei um pouco envergonhado.
- É claro! - o barman respondeu animado. - Quem não conhece e a Pathetic Aesthetic?!

Aquilo fez um grande sorriso brotar em meu rosto, era isso que eu amava, as pessoas reconhecendo meu trabalho.

- Eu cheguei a ir em uns shows de vocês, vocês eram muito bons, espero que voltem logo! - o barman disse por fim.
- Voltaremos! – respondi. - E obrigado mais uma vez, de verdade!
- Não precisa agradecer! - o barman respondeu - Agora vá logo!

Apenas dei mais uma risada, coloquei o dinheiro da bebida no balcão juntamente com uma gorjeta bem gorda para ele e saí pela porta indo em direção ao mapa do hotel que tinha por ali para saber exatamente onde ficava o salão. Depois de olhar tudo, percebi que o salão de festas ficava no último andar do hotel, o que tornava tudo melhor para mim, eu amava estar nas alturas.
Corri em direção ao elevador e logo apertei o botão que me levaria ao salão, eu não poderia perder a inspiração daquela música, e enquanto subia para o lugar, mais algumas frases acabaram surgindo na minha cabeça.

- I need somebody to love, love me blue - disse em voz alta.

Era assim que eu sempre conseguia guardar as coisas em minha cabeça.
O elevador anunciou a sua chegada ao andar, saí rapidamente dele e me guiei até a porta que indicava o salão de festas, peguei a chave e coloquei na maçaneta a abrindo. O salão era enorme, suas paredes eram enormes janelas de vidro que davam uma visão panorâmica e incrível de toda Los Angeles à noite, as luzes pareciam estrelas, estava exatamente do jeito que eu gostava. O salão também tinha um pequeno palco central que era onde estava o piano, um piano de cauda branco, igual ao que eu tinha em casa em Londres, tudo facilitando para que mais uma música saísse, acabei sorrindo vendo aquele lugar.
Fechei a porta atrás de mim e me dirigi até o palco onde tinha o piano, sentei no banco em sua frente, tirei meu celular do bolso e coloquei sobre o piano, e então levei minhas mãos até as teclas, dedilhando delicadamente cada uma delas, tocando suavemente cada uma das notas, sem dúvida alguma o piano era um dos meus instrumentos favoritos. Eu dedilhava aquela melodia que estava na minha cabeça desde a hora que havia chegado ao bar, aquela melodia doce que ao mesmo tempo era triste, e enquanto fazia isso outras palavras surgiam na minha cabeça, eu sabia sobre quem aquela possível música séria, e exatamente sobre o que.
Parei de tocar a música e peguei meu celular em mãos, o desbloqueei e procurei o aplicativo de gravação de som, eu precisava gravar absolutamente tudo o que faria ali de agora em diante. Apertei o botão gravar e coloquei o aparelho novamente no lugar que ele estava.

- Los Angeles, onze e quarenta e cinco da noite, Hotel Bel-Air - disse para identificar sobre o que aquele áudio se tratava.

E então voltei a minha atenção ao piano.

- Recomendo colocar para tocar Blue do Zayn -


Comecei a dedilhar a melodia da minha cabeça no piano, tecla por tecla, e então comecei a cantar o que se passava por ela também, os meus pensamentos.

- In the clouds where the angels sing, In your eyes, where I wanna be and her smile is all I see / Nas nuvens, onde os anjos cantam, nos olhos dela, onde eu quero estar e onde seu sorriso é tudo que vejo - comecei.

Imagens de passaram pela minha cabeça naquele momento, fechei os olhos para que eu pudesse sentir mais e cantar com a alma.

She knows I need her loving / Ela sabe que eu preciso de seu amor
She knows I need her touching / Ela sabe que eu preciso de seu toque
She plays with my heart and emotion / Ela brinca com o meu coração e minhas emoções
I give her my love and devotion / Eu a dou meu amor e minha devoção
She gave me her thought and a notion / Ela pensa um pouco e tem ideias
I need her body / Eu preciso do corpo dela
It needs me too / Ele também precisa de mim
I need somebody to / Eu preciso de alguém
Love me blue / Para me amar mesmo se estiver triste


As palavras saiam de forma espontâneas, mas se encaixam perfeitamente com tudo o que eu estava tocando, com tudo o que eu estava vivendo, com tudo o que eu estava sentindo.

I've been doing it wrong for too long / Eu estive fazendo errado por muito tempo
I said I've been at it wrong for too long / Eu disse que estive fazendo errado por muito tempo
I've been doing it wrong for too long / Eu estive fazendo errado por muito tempo


Dei uma respirada fundo para absorver tudo o que tinha acabado de cantar e tocar e então continuei, estava colocando verdadeiramente todos os meus sentimentos para fora.

In the clouds where the angels sing / Nas nuvens, onde os anjos cantam
It's her smile, yeah it's so glassy / É o sorriso dela, é, é tudo que eu vejo
In her eyes, where I wanna be / Nos olhos dela, onde eu quero estar


Eu já tinha composto músicas rápidas, mas não como aquela, não saindo da forma que estava saindo, não tão carregada de emoção dessa forma.

She knows I need her loving Ela sabe que eu preciso de seu amor
She knows I need her touching / Ela sabe que eu preciso de seu toque
She plays with my heart and emotion / Ela brinca com o meu coração e minhas emoções
I give her my love and devotion /Eu a dou meu amor e minha devoção
She gave me her thought and a notion / Ela me disse que pensaria
I need her body, She needs me too / Eu preciso do corpo dela, ele também precisa de mim

I need somebody to love / Eu preciso de alguém para amar
Love me blue / Para me amar mesmo se estiver triste
Love me blue / Para me amar mesmo se estiver triste
Love me blue / Para me amar mesmo se estiver triste
Love me blue / Para me amar mesmo se estiver triste


Não sei se foi o efeito do whisky ou a carga emocional que aquela música tinha acabado de me trazer, mas quando acabei, senti meus olhos arderem e então uma lágrima escorreu por um deles. Era muita intensidade, era realmente um sentimento verdadeiro que tinha passado ali.
Balancei minha cabeça colocando os pensamentos no lugar, respirei fundo e passei a mão pelo rosto tirando aquela lágrima dali. Levei então a minha mão até o celular para assim encerrar a gravação. Fiquei alguns segundos olhando aquela gravação salva, e então senti que deveria ligar para Noah para contar sobre ela.
Disquei o numero do meu primo de forma rápida e apertei o botão verde para ligar, em poucas chamadas Noah atendeu.

- ? Tá tudo bem? - Noah disse com uma voz preocupada assim que atendeu a ligação.
- Sim, está sim! – respondi. - Só liguei para avisar que você realmente tinha razão quando disse anos atrás que eu perderia o amor da minha vida. Hoje eu tive certeza que eu realmente perdi a .
- O que? O que aconteceu, ? Você tá chorando? - Noah perguntou confuso do outro lado da linha.
- Eu fiz mais uma música para a ... Mais uma música que ela pode chamar de sua e agora sei que eu nunca mais poderei chamá-la de minha - respondi.

Aquela era uma das músicas mais emocionantes e verdadeiras que eu já havia feito e que mais uma vez era para .

- , que merda é essa que você está falando? Onde você está? Você fumou ou bebeu demais? - Noah disse alarmado.
- Eu tô no hotel. Desculpa te ligar, só precisava falar com alguém. Amanhã a gente se fala - disse logo desligando a ligação e em seguida meu celular. Noah ficaria louco, mas sei que Ellora conseguiria acalmá-lo.

A noite de hoje serviu para concretizar o que eu já sabia desde daquela noite em Paris há quase quatro anos: nunca mais seria minha e eu teria que me contentar em apenas ser seu agenciado e amigo que escreve músicas para ela.

- -


Finalmente havia chegado o dia em que iríamos acampar e começar a preparação para ao novo álbum da Pathetic Aesthetic. O lugar escolhido era a Floresta Nacional de Los Angeles, que ficava mais ou menos 1 hora e meia da cidade em si. Apesar de não ser um lugar muito longe do nosso dia a dia, era um lugar com ar mais puro, um lugar que a gente poderia se desligar de tudo e todos e um lugar que a banda finalmente poderia produzir. Na verdade, nós já tínhamos chegado ao local que iríamos acampar há duas horas, tudo já estava pronto para quando chegássemos. A gravadora havia providenciado todas as barracas e pertences, como colchão, comidas, e tudo mais, na verdade, além das barracas, nós tínhamos um trailer à disposição, que tinha uma cozinha toda equipada, um pequeno escritório para mim, meu quarto e três banheiros, um exclusivo para mim e dois para que os demais dividissem. Lá fora nós ainda tínhamos quatro barracas, grandes barracas luxuosas, que dava um ar maior de conforto ao lugar. Noah e ficariam em uma barraca, Jesse e Ned em outra e e Dominic em mais uma, a que sobrou era a que estava montado um pequeno estúdio para gravar as inspirações que eles tivessem por ali. Tudo exatamente do jeito que eu havia imaginado.
Nesse momento eu estava no trailer, ajeitando os últimos detalhes da nossa estadia por ali, estava fazendo um cronograma para mais tarde passar tudo para a banda, estava concentrada nas planilhas no meu notebook, quando escutei algumas leves batidas na porta do trailer.

- Ocupada? - escutei a voz de Noah dizer.

Sorri quando olhei para porta e o vi ali encostado e me olhando de braços cruzados.

- Não, pode entrar - respondi, fazendo sinal para que ele se aproximasse. - Só finalizando alguns tópicos que vamos conversar daqui a pouco, mas nada demais, por quê? Está precisando de algo?

Noah então se aproximou e sentou em uma cadeira que tinha por ali.

- Não, só queria saber mesmo, estou te achando um pouco distante, triste esses dias - Noah disse como quem não queria nada, mas eu sabia que ele tinha um propósito ali e esse propósito pertencia a família dele, mais especificamente o primo dele, .
- Eu estou bem, Noah, só trabalhando demais mesmo - respondi voltando a atenção para o meu notebook em seguida.
- E porque eu acho que você está mentindo? - Noah me questionou.

Retirei novamente a atenção do computador e olhei para Noah que tinha um sorrisinho presunçoso nos lábios.

- O que você está querendo saber Noah? Porque eu e seu primo estamos afastados? É isso? - questionei Noah com uma leve irritação na voz.

Noah gargalhou e depois levantou as mãos em sinal de rendição. Acabei bufando irritada com aquilo.

- Só queria saber - Noah começou a dizer. - Numa hora vocês estão bem e na outra não se olham, eu não entendo essa relação que vocês têm agora, é estranha, saudade da pegação de vocês nos hotéis por ai.

Apenas fuzilei Noah com os olhos.

- O que? Eu só disse a verdade! - Noah disse dando seu sorrisinho presunçoso novamente.

Realmente eu e estávamos mais distante, mesmo depois daquele dia no restaurante, o dia que decidimos ser amigos, acho que para ele era mais difícil do que para mim, e eu não poderia o julgar por se sentir assim. Não mesmo.

- A gente decidiu ser amigos, Noah, e estamos agindo como tal! - respondi por fim.

Noah negou com a cabeça e se levantou indo em direção à porta.

- Vocês só estão se enganando! - Noah disse antes de sair pela porta.

Respirei fundo colocando meus pensamentos no lugar depois daquilo, eu tinha uma reunião agora e precisava estar centrada, precisa agir certo para a banda que estava agenciando.
Me levantei da cadeira, peguei um bloco de notas que tinha por ali e uma caneta e saí do trailer para poder conversar com todos. Assim que olhei pela aquela imensidão da floresta, pude ver e Noah conversando enquanto olhavam uma grande árvore que tinha ali, já Jesse, Ned e Dominic estavam sentados em uma cadeira em volta da fogueira que tinha no centro do acampamento, ela ainda estava apagada, e parecia não estar por ali.

- Cadê o , Domi? - perguntei para Dominic indo em direção a ele, Jesse e Ned.
- No estúdio! - Dominic respondeu rapidamente.
- Vou chamar o para vir se juntar a nós, você pode chamar o e Noah, por favor? - perguntei enquanto já me virava e dava uns passos em direção ao estúdio.
- Pode deixar - Dominic respondeu já se levantando e indo na direção que e Noah estavam.

A barraca a qual o estúdio estava alocado era a que estava ao lado do meu trailer, andei até a mesma a já adentrei vendo dar uma leves dedilhadas no violão.

- Não consegue ficar longe, né? - disse rindo fazendo a atenção de se voltar para mim.
- Isso é minha vida, música é minha vida! - respondeu animado.

Em seguida ele se levantou da cadeira e colocou o violão no lugar que ele antes estava sentado.

- Vamos conversar com a banda? - perguntei enquanto vinha em minha direção.
- Vamos sim! - respondeu.

parou frente a frente comigo e então me analisou de baixo a cima, e depois deu um sorrisinho.

- O que? - perguntei sem entender.
- Você fica linda quando tá assim - então apontou para mim. - Simples!

Acabei gargalhando quando ele disse aquilo e dei um tapa em seu ombro.

- Estamos trabalhando, , se controla! - disse ainda rindo.

se aproximou mais de mim e foi até ao meu ouvido.

- À noite a gente vai trabalhar de outro jeito naquele trailer! - sussurrou no meu ouvido.

Aquele sussurro fez meu corpo todo arrepiar.

- Rose - Dominic apareceu de surpresa na barraca me chamando fazendo eu e nos distanciar. - Atrapalhei algo?

acabou caindo na gargalhada e então passou por mim e Dominic saindo da barraca em seguida.

- Não Domi, vamos para a nossa reunião - disse também tomando o rumo para fora da barraca.

Quando saí vi todos já sentados em suas cadeiras próximo a fogueira, igual Jesse e Ned estavam antes, eu e Dominic então nos aproximamos e sentamos nas cadeiras que sobraram.

- Estão gostando daqui? - perguntei a todos enquanto me sentava.
- Eu achei incrível, realmente acho que tudo isso vai nos ajudar! - Jesse respondeu animado.
- Eu também acho - Ned concordou.
- Fico feliz em ouvir isso - disse com sinceridade. - Realmente quero o melhor para vocês conseguirem produzir o melhor álbum da vida de vocês!

Noah olhou para mim com um sorriso animado, também demonstrou um semblante mais animado mas nada perto dos outros, ele estava mais na dele, mais recluso.

- Vou passar alguns horários que estipulei para vocês, okay?! - os informei.

Todo mundo apenas acenou um sim com a cabeça.

- Vamos todos acordar por volta das 9:30 da manhã e tomar o café da manhã que a gravadora irá mandar todo dia de manhã – comecei. - Depois todos vocês irão sentar com o e passar as ideias que tem sobre o álbum, sonoridade, exatamente o que vocês querem.

Todos ainda prestavam a atenção em mim, me analisava de forma mais calma agora, parecia ter quebrados os muros que até alguns minutos atrás pareciam levantados.

- Depois tem o almoço que a gravadora irá trazer, então depois vocês voltam a ficar com o , os intervalos para descanso, caminhada, exercício físico e essas coisas todas, cada um faz o seu, vocês são bem grandinhos para eu controlar todos os passos - acabei rindo depois disso.
- Com certeza! - Noah disse em meio as risadas também.
- E no fim da noite todos sentamos aqui e fazemos um apanhado do dia, pode ser? - disse por fim.
- Sim! - Jesse foi o primeiro a confirmar.
- Eu acho ótimo! - Foi a vez de Ned falar.
- Acho incrível também - Noah disse.
- Está perfeito, - e então ouvi a voz de .

inclusive estava incrivelmente quieto hoje, mas não podia pensar nisso agora, tinha que focar na banda toda, na música, no álbum.

- Aproveitando que estamos todos juntos - voltei a dizer. - Vocês chegaram a escrever algo nesse tempo parados?

Todos fizeram caras pensativas.

- Eu cheguei a fazer, mas nada relevante, a maioria eu vendi para outros artistas - confessou.
- Tudo bem, - respondi dando um sorrisinho sem mostrar os dentes.

apenas fez sim com a cabeça e também soltou um sorrisinho, passei meu olhar por todos os demais e Noah estava com uma cara de intrigado, olhava para mim e para e voltava a pensar. Eu tinha certeza que algo vinha por aí.

- Na verdade - Noah começou a dizer.

Eu sabia, sabia que algo vinha por aí, e com certeza esse algo era sobre mim.

- -


Já estávamos todos no acampamento que havia programado para nós, e mesmo relutante no começo, hoje eu enxergava que o lugar era incrível, super preparado e que nos faria super bem, faria bem para toda a banda.
Todos nós estávamos sentados em volta da fogueira em reunião com , ela dava instruções sobre como seria nossa rotina e tudo ali.
O clima entre a gente estava bom, mas estávamos distantes, eu senti que precisava disso, precisava me afastar um pouco para conseguir seguir, afinal, eu ainda sentia cada veia e músculo pulsar por aquela mulher e aparentemente ela sentia o mesmo por mim, mas não assumia, então o melhor era me distanciar para não cometer algum erro que faria ela sumir da minha vida, ter por perto era o que importava, fosse sendo minha ou não.

- Aproveitando que estamos todos juntos - voltou a dizer. - Vocês chegaram a escrever algo nesse tempo parados?

Se ela ao menos sonhasse que todas as músicas que fiz foram sobre ela, as inúmeras músicas, inúmeras mesmo, mas aquele ainda não era o momento de ela saber sobre elas, ela não lidaria de uma forma boa, ainda mais ali, tenho certeza, em outro momento ela ouviria, só eu e ela, ninguém mais.

- Eu cheguei a fazer, mas nada relevante, a maioria eu vendi para outros artistas - menti.
- Tudo bem, - respondeu com um sorrisinho nos lábios.

Apenas afirmei com a cabeça e dei um sorriso em troca.
Permaneci olhando para que começou a passar os olhos por todos nós, e parou em Noah, também virei minha atenção para ele e vi Noah com aquela cara de que iria aprontar alguma. Ele falaria de alguma música, tenho certeza.

- Na verdade - Noah começou a dizer para . - tem várias músicas que compôs e não vendeu e a maioria delas são muito boas e bem relevantes na minha opinião.

Fuzilei Noah com meus olhos e depois balancei a cabeça em negação.

- Eu não vou tocar - disse para ele entredentes.
- Vai sim, ! - Noah disse desdenhando.

Bufei irritado e passei as mãos pelo meu cabelo, eu não queria que ouvisse nenhuma delas naquele momento, não queria.

- Noah, não! - Falei baixo para ele.
- A música chama Too Much, escreveu a letra dela uns anos atrás e eu finalizei a melodia, a música tá prontinha - Noah disse dando a facada final.

Droga, eu não queria tocar nenhuma das minhas músicas nesse momento, ainda mais essa, ainda mais essa que eu escrevi no exato momento em que me dei conta de todos os meus erros e me arrependi de tudo, essa não era a música ideal para esse momento.
Olhei para em forma de súplica para que ela pudesse intervir e entendesse que eu não queria cantar aquela música naquele momento, e ela me olhava da mesma forma, como um pedido para que eu não cantasse, ela sabia que era sobre ela.

- Ótimo, acho incrível isso, porque daí já entendo o que vocês querem para o álbum - disse animado fazendo nós dois o olhar.
- Não sei se é uma boa ideia isso agora - disse demonstrando que tinha entendido os meus olhares.
- Esse é o momento ideal, - Noah constatou.

me olhou e então sussurrou um “desculpa”, o que me fez ficar confuso, porque com certeza seria eu quem teria que pedir desculpas depois.

- Toca para gente, , por favor! - disse em um tom de que tinha se dado por vencida.
- Yeaaaaaaaaaaaaaah - Noah disse animado batendo palmas.

Eu queria matar meu primo, nem conseguia olhar para ele.
Vi se levantar de sua cadeira e ir até o estúdio, rapidamente ele voltou com um violão em mãos e entregou para Noah que ria animado.
estava com o olhar baixo, olhava profundamente para a fogueira no chão, parecia pensar em algo.

- Vamos começar? - perguntou.
- Estou ansiosa por essa - Ned disse em meio algumas risadinhas com Jesse.

O fuzilei com os olhos.
Ned continuou rindo e levantou as mãos em sinal de rendição, como se não tivesse dito nada demais.

- Recomendo colocar para tocar Too Much do Zayn -


Noah começou a tocar a baladinha rápida que seria aquela música e mesmo contrariado comecei a cantar.

- Looking right and the time flies, I took a deal just a while back, think we fucked in the flashback, only my mind kinda sidetracked. Found good, but now I feel bad like I know I can't take it back, no, there's nothin' I can say / Acho que nos conhecemos e o tempo voou, eu peguei suas digitais um tempo atrás, eu acho que fodemos no flashback, isso não sai da minha cabeça, meio desviada. Foi bom, mas agora me sinto mal, acho que sei que não posso voltar atrás, não, não há nada que eu possa dizer - comecei a cantar rápido.

E logo que comecei a cantar vi que engoliu em seco enquanto ouvia.

- I wanted it all, didn't expect it to fall, must be an affliction I wanted to call, but I didn't call, Now it's keeping me up night 'n day, keeping me up night 'n day, must be an addiction, now there's nothing I can say but / Deve ser um vício, eu queria tudo, não esperava que caísse, deve ser uma aflição. Eu queria ligar, mas não liguei, agora está me mantendo acordado dia e noite, mantendo-me acordado dia e noite, deve ser um vício, não há nada que eu possa dizer, mas - Foi a vez de Noah cantar, já que nós dois dividimos os vocais dessa música.
E então era a minha vez de novo.

I guess I want too much (too much) / Eu acho que quero muito
I just want love and lust / Eu só quero amar afinal
You just can't love me enough (yeah) / Você não pode amar o suficiente
That's why I need a touch / É por isso que preciso do seu toque
That's why I need a touch (yeah) / É por isso que preciso do seu toque
That's why I need a touch / É por isso que preciso do seu toque
That's why I need a touch (yeah) / É por isso que preciso do seu toque
That's why I need a touch / É por isso que preciso do seu toque


Fechei os olhos dessa parte, não queria mais ver como reagiria, era uma música que praticamente implorava para que eu a tivesse de volta.

I never meant to but I did though / Eu não quis isso, mas eu fiz mesmo assim

I gotta keep it on the d-low / Eu preciso manter um amor querido
Then again, what the fuck do I know? / Mas de novo, que droga que eu sei
You're always on my mind, so / Você está sempre na minha mente, então

Found good, but now I feel bad / Foi bom, mas agora me sinto mal
Like I know I can't take it back / Como sei que não posso voltar atrás
No, there's nothin' I can say / Não, não há nada que eu possa dizer


E então Noah voltou a cantar a parte dele.

Must be an addiction / Deve ser um vício
I wanted it all, didn't expect it to fall / Eu quis tudo, não esperava perder
Must be an affliction / Deve ser um distúrbio
I wanted to call, but I didn't call /
Now it's keeping me up night 'n day / Agora está me deixando acordado noite e dia
Keeping me up night 'n day / Me deixando acordado noite e dia
Must be an addiction / Deve ser um vício
Now there's nothing I can say but / Não há nada que eu possa dizer, mas


Enquanto Noah cantava voltei a abrir meus olhos e a olhar, não tinha uma expressão nada amigável.

I guess I want too much (too much) / Eu acho que quero muito
I just want love and lust / Eu só quero amar afinal
You just can't love me enough (yeah) / Você não pode amar o suficiente
That's why I need a touch / É por isso que preciso do seu toque
That's why I need a touch (yeah) / É por isso que preciso do seu toque
That's why I need a touch / É por isso que preciso do seu toque
That's why I need a touch (yeah) / É por isso que preciso do seu toque
That's why I need a touch / É por isso que preciso do seu toque


Rodei os olhos pelos demais ali, escutava animado e batia palmas no ritmo da música, Jesse e Ned faziam o mesmo. Voltei meu olhar para , ela mordia o lábio inferior de forma nervosa.

When the room becomes a game we play / Quando um quarto vira um jogo que jogamos
When lights, they seem to turn to snakes / Onde as luzes parecem se tornar cobras
I guess I'll turn your back / Acho que vou te virar
Say white lights, between your face / Dizer mentiras inofensivas na sua cara
You know I love my place / Você sabe que estou no meu território

Nothing I can say / Nada que eu possa dizer
Nothing I can say (nothing I can say) / Nada que eu possa dizer, Nada que eu possa dizer


E antes que eu terminasse o último refrão da música, se levantou da sua cadeira e saiu andando por entre as árvores que tinham ali, ficando fora de vista de todos nós. Noah imediatamente parou de tocar e me olhou preocupado, levantei para ir atrás dela, mas acabou sendo mais rápido e saiu pelo mesmo caminho que .

- Eu te disse que esse não era o momento para tocar alguma coisa - disse bravo para Noah.
- Eu ia adivinhar que ela não ia gostar - Noah respondeu se defendendo. - Na verdade nem sei se ela não gostou, ela só pode ter sentido algo a mais e não quis demonstrar na sua frente.

Revirei os olhos após Noah dizer isso.

- Noah, ela deixou bem claro que não quer mais nada, somos só amigos! - disse de forma pausada para que fosse claro.
- Eu ainda tenho minhas dúvidas - Noah confessou. - Se fossem, ela não teria saído dessa forma daqui, não tinha nada demais na música, era só sobre você estar arrependido e querer ela de volta, não era para ela ter essa reação, entende?!

Por esse lado tinha razão.

- Acha bom eu ir atrás dela? - perguntei um pouco confuso, realmente não sabia se deveria.
- Você já deveria ter ido - Noah respondeu de uma vez.

Respirei fundo tomando coragem, me levantei e fui em direção ao lugar que ela tinha ido. Depois de alguns passos pude notar que ela estava perto de um riacho em pé com ao seu lado e os dois conversando. Fui chegando mais perto para poder falar com ela depois dele, até que consegui ouvir o que ele falavam.

- Eu só não sei lidar, , eu não sei, não acho saudável, já deixei claro que tinha outras coisas e outras pessoas envolvidas - escutei dizer.
- Isso é passado, , você tem que viver o agora, ele compôs isso há um tempo atrás, como você disse agora tem outras pessoas, você tem a mim! - disse olhando diretamente para .

Aquilo fez um nó na minha garganta se formar.

- Eu sempre vou ter você e sou tão grata por isso, você foi a minha escolha certeira, sabe - vi sorrir enquanto dizia aquilo.

então chegou mais perto dela e a envolveu num abraço, esse gesto fez meu estômago se embrulhar, eles realmente estavam juntos? Ela realmente tinha preferido estar com ele do que comigo?

- Eu que sempre vou ter você, my golden girl - disse e em seguida deu um beijo na testa de que afundou ainda mais seu rosto no peito dele.

Eu não aguentava mais ver aquilo, não aguentava saber que eu realmente tinha a perdido e que ela tinha feito a escolha dela, e essa escolha não havia sido eu.
Pensar em com era uma coisa aceitável para o meu cérebro, era aceitar que ela estava feliz e seguir em frente, mas ver os dois juntos era outros quinhentos, era algo doloroso, uma dor que eu nunca imaginei sentir, na verdade era como levar um tapa na minha cara, e esse tapa demonstrava que eu realmente tinha perdido a pessoa que eu mais havia amado na vida, e não havia música, não havia gesto, não havia amadurecimento suficiente para voltar atrás e a ter de volta, nada mudaria isso, eu realmente tinha a perdido.


Capítulo 14

- Ellora -


Morar em Los Angeles. Seria uma mentira minha se eu dissesse que morar nessa cidade não era um sonho; apesar de todo o sangue britânico correndo pelas minhas veias e preferir chá a café, é nessa cidade onde tudo acontece que eu finalmente estou podendo viver o verdadeiro sonho americano. O clima é perfeito, na maioria das vezes está calor e o céu é extremamente azul, com o sol sempre brilhando; eu não poderia querer outra coisa, ainda mais para Peach. Peach era a minha pérola rara e preciosa. Os últimos três anos foram os melhores e de maior aprendizado que tive na vida, afinal, eu virei responsável por uma vida que nem sonhava que teria algum dia. Minha garotinha completou a minha vida e eu agradeço todos os dias por ter tomado a decisão de ir atrás da Pathetic Aesthetic naquela turnê e conhecido meu amor, Noah, pois sem ele nada disso seria possível.
Desde que Peach nasceu, eu sempre prezei muito que a minha filha tivesse mais tempo ao ar re e contato com os animais e Los Angeles me proporciona isso e Londres não, já que lá normalmente o tempo é frio e chuvoso. Mesmo ela tendo sido criada inicialmente em Londres, quando Noah apareceu com a proposta de nos mudarmos, eu não pensei duas vezes; eu sabia que seria melhor e que minha pequena Peach iria adorar, já que estava acostumada a vir para cá por causa de .
Nós ainda estávamos vivendo em uma casa alugada em Bel-Air enquanto a nossa que havíamos acabado de comprar estava em reforma. Ela ficaria exatamente do jeito que Noah e eu queríamos para nossa pequena ser de luz. Teremos um jardim enorme com muito verde, flores, árvores e até um lago, será perfeito. Eu queria que Peach continuasse a vivenciar o que essa casa nos proporcionava e, por isso que nesse momento eu e minha bebê estávamos no jardim; Peach corria alegremente pelo lugar me mostrando as flores e as borboletas que tinham por ali, a minha filha era tudo de mais precioso na minha vida e eu não tinha como negar.
Manter Peach ocupada nesses dias era a minha obrigação já que Noah, e , ainda estavam acampando para a produção do álbum há duas semanas. Minha pequena nunca tinha ficado tanto tempo sem nenhum deles e isso me deixava preocupada, já que Peach sempre foi apegada aos três, principalmente com o pai. As primeiras noites foram as mais difíceis, pois Peach sempre chorava de saudades e mesmo eu ligando para os três toda noite para ela falar com eles, não era a mesma coisa, mas eu sabia que tudo aquilo tinha um motivo e ver a minha banda favorita de volta à ativa valia todo e qualquer esforço.

- Mamãe, mamãe! - escutei Peach me chamar animada fazendo minha atenção voltar imediatamente para ela.
- Oi, meu amor! - levantei o olhar e Peach vinha cantarolando e pulando em minha direção. Aquilo fez um sorriso imenso brotar no meu rosto, pois eu amava ver Peach toda feliz daquela forma.

Ela então se aproximou e se sentou ao meu lado na toalha estendida sobre a grama a qual tinha algumas frutas para ela.

- Olha essa florzinha, que linda! - Peach disse me entregando uma rosa vermelha bem pequenininha.
- Que linda, minha princesa! - sorri a pegando em mãos.

Peach riu me vendo pegar a pequena rosa. Minha filha então se ajeitou para perto de mim, colocou a cabeça no meu colo e em seguida me estendeu a mão pedindo a rosinha de volta.

- Mamãe, essa florzinha parece a que a titia e o tio tem desenhado neles - Peach disse enquanto analisava a rosinha e aquilo me deixou um pouco admirada em como ela conseguia prestar atenção nos mínimos detalhes.

Peach sempre foi uma criança muito inteligente, sempre esteve à frente de todos de todas as suas turmas, sendo aqui ou em Londres, mas esse poder de observar as coisas entre e era demais para mim. Ao meu ver, parecia que ela sentia que eles um dia estiveram juntos e se amaram de verdade, na verdade ainda se amam, porém só não admite isso, ainda.

- Parece mesmo, filha - respondi a ela, que ainda admirava a florzinha em mãos.
- Mamãe - Peach me chamou novamente e agora havia parado de olhar para a flor e me encarava com uma cara bem intrigada. - Por que o tio e tia não ficam juntos igual a você e o papai? Eu ia gostar tanto disso...
- Porque não é assim que a vida acontece, minha filha, infelizmente - e realmente era infelizmente, porque eu sabia o quanto esses dois ainda se amavam e só estavam se enganando.

Peach se levantou do meu colo e voltou a se sentar do meu lado ainda com uma cara intrigada.

- Eles têm a florzinha igual, os dois são meus titios… - Peach então fez uma pausa e pareceu pensar mais um pouco, o que acabou me fazendo rir, pois parecia que eu estava vendo uma mini versão de Noah naquele momento. Essa minha filha era de outro mundo, não era possível tamanha inteligência. - Eles não são nem amigos? - Peach voltou a dizer me questionando.
- Eles já foram amigos, meu amor, mas a vida fez eles se separarem e irem para caminhos diferentes - respondi.
- E por que não são mais? Eles não podem ser nem se eu pedir? - Peach me bombardeou de perguntas ainda com cara de intrigada.

Mais uma vez acabei rindo da genialidade da minha filha, e naquele momento em que ela me encheu de perguntas tive uma ideia que também poderia fazer com que e se entendessem.

- Sabe, meu amor, porque nós não ligamos para sua tia agora mesmo e a questionamos disso, o que acha? - perguntei para Peach.

Minha filha no mesmo momento bateu palmas animada e esticou o braço para pegar o meu celular que estava jogado sobre a mesma toalha que estávamos sentadas.

- Liga, mamãe, liga! - Peach pediu animada.
- Melhor, vamos fazer uma chamada de vídeo, porque eu quero muito ver a cara da sua tia na hora que você perguntar! - disse enquanto pegava o celular da mão de Peach e já indo em direção ao contato de .

Eu realmente queria ver a reação da minha amiga, porque ela poderia enganar e Noah sobre não sentir mais nada, mas a mim, essa história era apenas papo furado. Ela nunca me enganaria, pois eu conhecia muito mais do que qualquer um deles e a conhecia como a palma da minha mão.

- -


Já estávamos acampando há exatamente duas semanas e o clima no lugar estava bom. Apesar de ter rolado no primeiro dia uma cena não muito agradável com cantando mais uma de suas músicas para mim, agora tudo estava na maior paz: agíamos como amigos, conversávamos tranquilamente e estávamos em harmonia, tudo saindo como eu sempre quis que fosse.
A nossa rotina no acampamento era exaustiva, não tinha como negar, era o dia todo vivendo e respirando música, anotando ideias, reuniões comigo e . Eles estavam dando realmente o melhor de si, pois eu nunca tinha visto uma banda produzir tanta coisa com tanta qualidade como a Pathetic Aesthetic e, com a ajuda de , as coisas ficavam ainda melhores. Eles já tinham finalizado ao menos nove músicas e também já tinham gravado as demos das mesmas em nosso estúdio improvisado, para que quando voltássemos para Los Angeles para a gravação do álbum, tudo já estaria bem encaminhado e definido. Essa sempre foi a minha parte favorita de trabalhar com bandas: poder vê-las produzindo era algo que me causava um sentimento de paz mesmo e sempre foi algo incrível viver parte disso, porque num segundo eles podem estar zuando entre si e no outro estão tendo uma ideia de frase que se encaixa perfeitamente em alguma música. Nunca me cansaria de trabalhar nesse meio da música, nunca.
E enquanto eles trabalhavam muito nas músicas com , eu continuava no meu escritório improvisado dentro do trailer vendo o andamento das minhas outras bandas. Apesar da Pathetic Aesthetic ser a minha prioridade no momento, eu ainda agenciava outras bandas e precisava ser responsável com isso, inclusive, nesse mesmo momento estava avaliando as vendas do álbum da Big Snake, que para minha surpresa, haviam sido significativamente melhor do que o álbum anterior. Sorri animada com aquilo, pois era incrível o rumo do sucesso que todas as minhas bandas estavam seguindo.
Meu celular começou a tocar na mesa tirando a minha atenção do notebook e levando para ele, e assim que o peguei em mãos, pude ver que era uma chamada de vídeo de Ellora, com certeza a minha afilhada queria falar comigo. Atendi rapidamente e assim que aceitei pude ver a imagem de Els e Peach no jardim da casa delas em Los Angeles.

- Tia ! - Peach disse animada. - Como você tá?

Imediatamente abri um dos meus maiores sorrisos, já que aquela criança era tudo na minha vida.

- Oi, sweet Peach! - respondi para a minha afilhada. - Eu estou ótima, só trabalhando muito!
- Eu disse para ela - Ellora disse me cortando.
- Eu tô com uma saudade grandona, titia! Meu coraçãozinho às vezes até dói um pouco - Peach disse com uma voz manhosa e com uma carinha triste.

Aquilo cortou meu coração, eu precisava ver minha afilhada.

- Você quer vir até o acampamento ver o papai e a titia? - perguntei animada, iria ligar para alguém da gravadora ir buscá-las.
- SIM, SIM! - Peach respondeu dando vários pulinhos animada enquanto Ellora ria da animação da filha.
- Vou ver o tio também, né?! - Peach perguntou ainda dando pulinhos.
- Sim, meu amor, todo mundo! – respondi. - Tudo bem por você vir para cá, Els? - perguntei para a minha amiga que só observava eu e minha afilhada conversarmos.
- Claro! - Els disse.
- Então vou desligar e pedir para alguém da gravadora ir buscar vocês? O que acham?
- Ótimo! - Peach respondeu batendo palmas e sorri com aquilo, pois eu amava ver a animação da minha afilhada e ela era tudo para mim e sempre seria.
- ? - Els me chamou. - Posso conversar com você um pouquinho antes de você desligar? - minha amiga estava com um tom um pouco sério na voz e eu nunca gostava quando isso acontecia.
- Claro! - respondi.
- Só um momento que vou levar Peach para Charlotte arrumá-la para irmos ao acampamento - Els disse se levantando do lugar que estava e seguindo em direção provavelmente para o quarto de Peach.

Enquanto Els fazia isso, rapidamente mandei uma mensagem para Dominic pedindo para ele comparecer a minha sala e segundos depois, ele já estava entrando pela mesma.

- Chamou? - Dominic disse assim que passou pela porta.
- Sim! – respondi. - Liga para gravadora e pede para um carro ir até a casa do Noah buscar Els e Peach, por favor!

Dominic assentiu com a cabeça e já tomou o rumo para sair do meu trailer, mas antes de fazer isso o chamei.

- Domi, só não comenta nada que te pedi isso, pois quero fazer uma surpresa para o Noah e para o Za… - parei antes de dizer o último nome.
- Para o - Dominic completou. - Boss, comece a aceitar que você faz as coisas por ele também.

Apenas abaixei a cabeça pensando sobre aquilo.

- Enfim - continuei a falar. - Segredo!

Dominic apenas confirmou com a cabeça e então saiu pela porta.

- Dominic tem razão - escutei a voz de Els vindo do celular me fazendo levar um pequeno susto. Cheguei a levar a mão ao coração que acelerou.
- Quer me matar, Ellora? Tava o maior silêncio e do nada você aparece! - disse olhando para a minha amiga que aparecia no visor do celular, caindo na gargalhada.
- Isso não tem graça! - disse a repreendendo.
- Tem sim! - Ellora constatou. - Sabe o que mais tem graça?

Apenas neguei com a cabeça.

- Você tentando mostrar que não sente nada pelo sabendo que sente, é cômico! - Ellora disse rindo.

Aquilo tinha me pegado de surpresa, de onde Ellora tinha tirado aqui?

- Você só deve estar lou… - comecei a dizer, mas Els me cortou.
- Eu devo estar louca? Será? - Ellora fez uma cara pensativa. - Acho que não, já que a sua própria afilhada de quase 4 anos me questionou hoje sobre você e o .
- PEACH FEZ O QUÊ? - perguntei assustada. O que a ela tinha percebido e havia perguntado para Ellora? O que eu tinha deixado passar?

Ellora caiu na gargalhada assim que notou a minha cara.

- Hoje, na verdade agora pouco, a sua afilhada me questionou o porquê de você e o não serem amigos, já que para ela parece que vocês sempre se conheceram e que compartilham a mesma tatuagem - Ellora disse de uma vez e eu engoli em seco quando acabei de escutar aquilo, não era possível.
- A Peach te perguntou isso? - perguntei a minha amiga.
- Sim - Els respondeu. - Você precisava ver a cara dela ligando os pontos e pensando sobre. Eu não sei por quanto tempo você e vão conseguir esconder isso dela.

Eu ficava admirada o quanto a minha sweet Peach podia ser inteligente, mas uma coisa que eu não queria que ela soubesse era sobre e mim e , pois acho que a encheria demais de esperanças e eu sei que é quase impossível que eu e tenhamos algo além de amizade de agora para frente.

- ? - Els me chamou fazendo sair dos meus pensamentos.
- Desculpa – disse. - Só estava pensando no quão esperta ela é.
- Sim, e ela deduziu isso tudo porque achou uma rosinha no jardim - Els contou.

Sorri imediatamente assim que Els disse aquilo. Era incrível imaginar Peach fazendo aquilo porque era muito a cara dela.

- Mas não era sobre isso que queria falar com você em particular - Els começou dizendo e apenas fiz que sim com a cabeça para que ela continuasse.
- Quando você pretende contar para a banda que foi você a responsável por colocar Nolan e companhia na cadeia? - Ellora me perguntou de forma direta.

Engoli seco com aquela pergunta, havia pensado em nunca contar para eles sobre isso.

- Nunca, Els - fui sincera. - Não quero influenciar em nada nesse momento e ainda mais agora que tudo está indo super bem. Deixa essa história enterrada, é o melhor.
- Mas se eles descobrirem de outra forma não vai ser pior? - Ellora me questionou.
- Eles não vão saber e não tem como! Só você, , Domi e Ash que sabem disso tudo e ninguém mais - contei e escutei Els respirar fundo parecendo pensar em algo.
- Você sabe que Noah desconfia, né?! - Els me questionou.
- Sim! – respondi. - Mas se ninguém mais tocar nesse assunto, ele sumirá e vamos fingir que eu não tive nada a ver com isso.

Vi Els revirar os olhos.

- Você tinha que ser menos cabeça dura, isso sim! - Els começou. - Claramente ainda sente muita coisa pelo e fica se enganando e agora mais essa de não querer contar a ninguém da banda que foi você a responsável por os erguer de novo, não só eles, como várias bandas!
- Els... - a chamei a repreendendo, mas Ellora continuou.
- Me deixa continuar - Ellora disse um pouco irritada. - Até a sua afilhada sabe que você e o pertencem um ao outro e só você não aceita isso! Poxa, , até quando você vai continuar se enganando com o ? É visível para todos que o amadureceu, eu vejo isso mais do que ninguém, Noah vê isso, você vê isso e o que te impede de seguir em frente?
- Mas é exatamente o que estou fazendo,Els! Eu estou em seguindo em frente! - respondi.
- Não, você está se enganando! - Ellora disse firme. - Quando fez besteira eu o repreendi, disse poucas e boas para ele porque ele estava errado, mas agora é a sua vez, porque quem tá fazendo besteira é você - Ellora mais uma vez respirou fundo. - Para e pensa um pouco, . Você só está se enganando e sendo cabeça dura! Você vai esperar ser tarde demais para fazer algo? - disse por fim.

Não consegui falar nada para a minha amiga, pois na sua grande maioria ela estava certa, mas eu sentia que deveria continuar da forma que estava. era passado e era lá que ele deveria permanecer.

- Eu vou pensar no que fazer - disse para a minha amiga, mas eu sabia que era mentira, eu já estava mais do que decidida.
- Eu sei que não vai - Ellora disse. - Você não sabe mentir, , não para mim.
- Els, eu só não acho a melhor solução, sabe?! Eu sou chefe dele agora, nós não temos um histórico bom... - fui sincera.
- Eu sei e sei bem, mas já se passaram quatro anos, vocês dois estão diferentes e então porque agora não poderia acontecer só as coisas boas? - Ellora me questionou.
- Estou bem da forma que está - respondi.

Ellora fez sinal negativo com a cabeça e respirou fundo.

- Não adianta falar com você, me dou por vencida - Ellora disse. - E vou parar por aqui para me arrumar e logo estar aí no acampamento.
- Mamãe, mamãe, estou pronta! - escutei Peach falar longe para Ellora.
- Até daqui a pouco, - Els disse se despedindo.
- Até, Els.

E então a chamada foi encerrada.
Eu sabia que Els estava decepcionada e chateada comigo. Ela era a pessoa mais justa que eu conhecia, que sempre apontaria meus acertos e também meus erros, mas dessa vez eu tinha que seguir e entender tudo sozinha, e eu sabia que viver um romance com não era a melhor opção, não nesse momento.

- -


Mais um dia de acampamento estava chegando ao fim e tudo tinha corrido da forma mais incrível possível. Havíamos conseguido finalizar mais uma música: , Noah e eu. Já imaginava o quanto era talentoso, mas ele havia demonstrado que era mais ainda nessas semanas, já que estava fazendo nosso álbum ter a nossa cara, que tudo conversasse entre si e se encaixasse perfeitamente.
Agora estávamos todos sentados em volta da fogueira que ainda estava apagada, pois o sol ainda brilhava no céu. Seria a última reunião do dia com como fazíamos todos os dias.
Aqueles dias com estavam tranquilos; mesmo depois que cantei Too Much, tudo pareceu ficar bem entre a gente e o clima de amizade permaneceu. Era bom ficar em paz com ela e a ter por perto, embora fosse um pouco difícil ainda a ver com , mas eu não podia reclamar. Além do mais, era maravilhoso ver mais solta e brincalhona, sendo ela mesma.
saiu de dentro de seu trailer escrevendo no celular e rindo sobre algo, então olhou para frente, viu que todos estavam ali e então se sentou ao lado de Noah.

- Como estão as coisas? - perguntou olhando para cada um de nós.
- Produtivo! - Ned respondeu animado. - Acho que nunca trabalhamos tanto, mas nunca fizemos algo tão bem feito dessa forma também.

sorriu para Ned orgulhosa.

- Eu sabia que tirar vocês do agito da cidade grande ajudaria! - respondeu.

E realmente sabia. Eu tinha que admitir que ela sempre esteve certa sobre isso e que eu nunca deveria ter ficado bravo quando essa sugestão foi proposta, mas uma coisa eu ainda tinha certeza e acho que isso nunca mudaria: ela ainda era a única inspiração para as minhas músicas.

- Fico feliz de estar colaborando com tanto - escutei dizer fazendo com que eu voltasse para a realidade.
- E como colabora! - foi a vez de Noah falar algo.

Vi dar uma risada sem graça depois daquela frase de Noah, pois ela sabia bem qual era intenção que ele tinha dito, a intenção de deixar claro que ela era inspiração.

- Estava até pensando que todos nós merecemos um saída hoje à noite - continuou a falar mudando o assunto. - Ir num restaurante, sair para beber, ou algo assim. O que acham?
- Super topo! - respondi rápido.
- Eu também! - Noah falou. - Podemos chamar a Els? Eu estou morrendo de saudade da minha pimentinha.

fez sim com a cabeça enquanto ria.

- Íris me falou que ela está em Los Angeles, podemos chamá-la também? - perguntou Ned.
- Claro! Jesse, fale com a Ísis para nos encontrar também - disse animada para Jesse.
- Perfeito para mim então! - Jesse disse animado.
- Dominic, ? - perguntou para os companheiro de gravadora e pareceu pensar em algo.
- Eu vou para Los Angeles, mas não vou poder sair com vocês. Preciso resolver umas coisas da gravadora, já que Ash me mandou mensagem hoje pedindo ajuda com uma banda agenciada pelo Ryan, então vou escutar uma demos e já respondê-la - disse.

apenas concordou com a cabeça.

- Domi? - perguntou ao assistente.
- Não posso, vou aproveitar que voltaremos para a cidade para adiantar algumas coisas da faculdade atrasadas por causa do acampamento. Desculpe, boss - Dominic respondeu para ela.
- Tudo bem, eu entendo - respondeu, em seguida virou na direção de Noah. - Depois resolvemos para onde ir então, mas agora tenho uma surpresa para Noah e .

Fiz uma cara de surpreso, ela tinha uma surpresa para mim?
Assim que ela acabou de dizer aquilo, vi um carro chegar por trás do trailer e estacionar por ali e logo uma porta então foi aberta e em seguida Peach e Ellora saíram por ela. Imediatamente ri de felicidade.

- Papai, papai! - Peach saiu correndo em direção a Noah.

Meu primo ajoelhou e esperou minha afilhada que se jogou nos braços do pai quando se aproximou dele.

- Oi, minha estrelinha! Que saudades de você! - Noah disse um pouco emocionado e então se levantou com a filha ainda no colo. Eu sabia que estar distante esse tempo todo de Peach era muito difícil para ele, pois eles eram extremamente apegados um ao outro.
- Tia ! - Peach disse estendendo os braços para que estava do lado de Noah.

então abraçou a nossa afilhada que ainda permanecia nos braços de Noah e assim que elas se soltaram Peach começou a passar o olhos pelo lugar até me achar.

- Tio ! - Peach disse animada assim que me viu.

Noah então a colocou no chão, me ajoelhei para ficar da sua altura e Peach veio correndo até mim e se jogou nos meus braços.

- Tava com saudades, my little princess! - disse para ela enquanto a abraçava.
- Eu também titio ! Muita! - Peach respondeu.

Olhei para os demais e observei conversar com Noah e Ellora que estavam abraçados, sabia o quanto ficar longe de Ellora para Noah era difícil, eles realmente se completavam e eram perfeitos um para o outro e quando estavam distantes, parecia que sempre algo estava faltando.

- Titio, hoje eu estava brincando no jardim e vi uma florzinha igual essa que você tem na cabeça e que a tia tem no braço - Peach começou a conversar comigo. - Até perguntei para mamãe por que você e a tia não ficavam juntos que nem ela e o papai, já que tinham o mesmo desenho.

Aquilo havia me pegado de surpresa e me fez cair na gargalhada.

- O que ela disse de engraçado? - Noah perguntou curioso assim que me viu gargalhando.
- Conta para ele, Peach - disse para a minha afilhada.

Eu queria muito ver a cara de quando Peach falasse isso.

- Só perguntei o porquê do titio e da titia não serem namorados, já que tem a mesma florzinha desenhada neles - Peach disse na maior inocência do mundo.

Vi todo mundo gargalhar, até mesmo , que estava um pouco sem graça, mas ainda assim dava risada.
então se aproximou de nós dois e pegou a mãos de Peach.

- Minha sweet Peach, já te disse que não é assim que as coisas funcionam - disse para ela da forma mais delicada do mundo. Era até algo bonito de se ver.
- Pra mim é bem fácil - Peach respondeu. - É só vocês darem beijinhos igual aos que a mamãe e papai dão e pronto, seremos todos felizes para sempre como nos filmes das princesas!

mais uma vez riu sem graça.

- Não tem como falar que essa Peach não é filha de vocês - disse olhando para Noah e Els que ainda gargalhavam juntos.
- Um dia você vai entender, meu amor - foi a minha vez de dizer.

Minha afilhada apenas fez uma cara de tanto faz, o que levou todos a gargalhadas mais uma vez. Ela era muito inteligente e isso me deixava bobo.

- Mas agora vamos conhecer o acampamento? - disse tentando desviar o assunto.
- VAMOS! - Peach disse animada e batendo palmas.

Olhei para que me olhava com um olhar de gratidão e que depois disse um “obrigada” inaudível.
Apenas ri para ela e lhe lancei uma piscadinha. acabou sorrindo de volta.
Antes de conhecer o acampamento, Peach queria falar com todos os seus “titios” como ela mesma disse e isso incluía e Dominic, o que estranhei de primeira, mas me lembrei que ela já os conhecia porque vinha desde pequena para Los Angeles para ver . Deixamos os demais conversando e fomos conhecer o acampamento, e a cada segundo que eu passava com aquela criança, mais apaixonado e encantado eu ficava com a sua inteligência e sua capacidade de sentir as coisas. Peach sentia que eu e deveríamos ficar juntos da mesma forma que eu e sentíamos, mas a única diferença é que ainda não aceitava os seus sentimentos, infelizmente.

- -


Depois da visita de Els e Peach todos nós pegamos o rumo para Los Angeles, onde cada um tomou banho em sua respectiva casa ou quarto de hotel e seguimos para o nosso destino da noite. Ainda no acampamento, decidimos que iríamos para um karaokê, já que trabalhávamos com música, vivíamos de música e mesmo assim todo mundo concordou em ir num lugar para cantar e passar vergonha. Tudo estava acontecendo como nos velhos tempos e isso fez até meu coração palpitar um pouco, porque, quando percebi, estávamos todos como casais, Ned e Íris, Jesse e Ísis, Ellora e Noah, Peach havia ficado com a babá já que era a noite dos adultos, e então só sobrava eu e , já que e Dominic não tinham vindo. Por um lado eu estava feliz, porque sabia que nada iria acontecer ali com nós dois, mas a insegurança sempre batia.
O karaokê que tínhamos escolhido se chamava Pharaoh Karaokê Lounge. O lugar era incrível: tinha vários jogos de mesas enormes em formato de U que cabia todo mundo, bem parecido com aquelas lanchonetes dos anos 80, e eu achava isso incrível, toda essa ambientação e tudo mais. Assim que chegamos, cada um pediu um hambúrguer e logo o devoramos, já que estávamos todos famintos. Depois do hambúrguer, foi a vez de todo mundo se jogar nas bebidas; era whisky, gin, vodka, cerveja, refrigerante... tudo o que se podia imaginar tinha naquela mesa. Era realmente todo mundo voltando aos velhos tempos e eu estava achando o máximo, pois fazia muito tempo que não me sentia assim, tão viva, tão solta, não se importando com compromissos, com o que os outros iam pensar ou algo assim. Era apenas eu e os meus amigos, nada mais. Até eu e estávamos num clima amigável, conversando e realmente sendo amigos, nada além disso.

- O microfone está aberto para as competições da noite - um senhor, provavelmente o dono do karaokê, anunciou.

Todo mundo bateu palmas, assobiou e fez vários barulhos. O lugar todo tinha uma energia incrível.

- Vocês podem cantar sozinhos ou em duplas - o senhor no palco voltou a falar.

Ellora batia palma extremamente animada e eu sabia que a minha amiga provavelmente já tinha passado da conta na bebida, mas estávamos ali para nos divertir e era um máximo a ver feliz daquela forma. Ela precisava de um tempo só com os amigos e Noah, já que vivia em função da nossa Peach e acabava não aproveitando a vida dela da forma que deveria.
Assim que o senhor saiu de cima de palco, vi Ísis se levantar da mesa puxando Jesse pelo braço que se recusava a levantar da cadeira.

- Dude, só vai! - Noah disse rindo. - Amanhã ninguém vai lembrar disso, tenho certeza! Ninguém neste local está sóbrio, a não ser… - Noah fez uma cara pensativa e depois apontou para si. - Ah não, eu estou sóbrio, então vou filmar tudo para vocês se lembrarem amanhã! - e então Noah caiu na gargalhada, típico dele.
- Certeza que estaremos estampando o TMZ devido a algum vídeo enviado por alguém daqui - Noah disse em meio às gargalhadas. - Mas foda-se, eu quero ver vocês passando vergonha mesmo!
- Vai, Jesse, queremos ouvir essa bela voz! - agora era que endossava o coro para o amigo passar vergonha.
- Vai, Jesse! - disse para ele rindo. - Se você for, quem sabe eu também não vou depois?!

caiu na gargalhada assim que ouviu aquilo.

- cantando? Essa eu pago para ver! - disse me lançando um olhar desafiador.
- Não precisa gastar seu dinheiro, . Pode ter certeza que eu cantarei - respondi o encarando.
- Uhhhhh... Sinto uma tensão no ar! - Ned disse provocando nós dois.
- Anda logo, Jesse! - Noah voltou a dizer. - Quero ver esses dois se desafiando - Noah apontou para mim e para .

Pisquei para Noah e voltei a beber o meu gin, desta vez um pouco mais rápido, pois precisava estar mais bêbada para encarar aquele palco.
Jesse então riu e se levantou da mesa, indo em direção ao palco com Ísis e todo mundo começou a gritar enquanto eles escolhiam a música. Ok, já sabiam que a Pathetic Aesthetic estava no recinto, então que comece o show. Segundos depois, a batida de Touch Me do The Doors começou a incendiar o lugar, um rock clássico, seria fantástico.
Jesse começou cantando e escutar a voz dele deixou todo mundo abismado; ele tinha uma voz rouca sensacional, não mais que a do , claro, mas que ainda assim era sensacional. Todos nessa banda eram extremamente talentosos?!
Logo depois, Ísis entrou e aquela música se tornou um dueto perfeito que estava animando todo mundo: era possível ver várias pessoas dançando, cantando junto e admirando. Aquele lugar que havíamos escolhido era realmente incrível, estava fazendo bem para todo mundo e era o que mais importava. Estávamos tendo semanas exaustivas de trabalho e parar para dar uma respirada no meio disso tudo era fundamental.
Quando Jesse e Ísis acabaram de cantar, uma salva de palmas calorosa tomou o lugar, eles realmente tinham cantado de forma extraordinária.

- Vocês arrasaram! - Ellora disse assim que os dois se sentaram na mesa. - Serei a próxima junto com Íris - Els disse já puxando nossa amiga pelo braço.
- O que? - Íris perguntou com os olhos arregalados.
- Vamos Íris, por favor! - Ellora pediu com uma cara que só ela sabia fazer, que se ela tivesse pedido para mim, eu também teria aceitado.
- Tá bom, tá bom! - Íris respondeu se levantando.

Minhas amigas seguiram para o palco e Ellora estava extremamente animada, certeza que era o efeito do álcool, já que fazia um tempo que a minha amiga não bebia daquela maneira.
Segundos depois, Girls Just Wanna Have Fun da Cyndi Lauper começou a ressoar pelo lugar e em seguida, Els e Íris começaram a cantar juntas, porém as minhas amigas não apresentavam a mesma habilidade vocal de Jesse e Ísis; as duas eram muito desafinadas e os tímpanos doíam.

- Eu preciso gravar isso para rir da cara dela depois! - Ned disse se levantando gargalhando e indo filmar a namorada e Els.

Noah gargalhava sem parar na mesa, na verdade todos nós, era torturante.
Quando a música acabou, todo mundo agradeceu porque não aguentávamos mais, porém Ellora ainda estava extremamente animada e parecia que ela não tinha ouvido a mesma coisa que a gente.

- E então? Desistiu? - perguntou fazendo com que a minha atenção voltasse para ele.
- E desde quando eu desisto do que eu falo, ? - respondi rápido.
- Estamos te esperando, - respondeu enquanto me encarava e dava um longo gole no seu whisky.
- Quer saber, eu vou agora mesmo! - disse me levantando.

Todos mundo da mesa comemorou fazendo barulho e batendo palmas.

- Essa é minha ! - Noah disse piscando para mim.

Dei um gole final no meu gin, que desceu rasgando pela minha garganta, para tomar coragem e em seguida, segui em direção ao palco indo até a pasta onde tinham as escolhas das músicas. Inicialmente, eu queria uma música animada, pois queria extravasar, mas assim que vi uma música em especial, decidi que seria ela que eu deveria cantar. Ela dizia muito sobre mim e também tudo o que eu andava passando com no momento e acho que a bebida ajudou para que eu a cantasse naquele momento.

- Recomendo colocar para tocar Hard Place da H.E.R. -


Uma batidinha leve no violão começou e apesar de estar muito feliz naquele momento com meus amigos, outro sentimento tomou meu coração: o sentimento que eu nutria por , e ao qual eu estava tentando evitar ao máximo.

- Wanna believe what you say, but I hate you on most days, you've been testing my faith and my patience, yeah / Quero acreditar no que você diz, mas eu te odeio na maioria dos dias, você tem testado minha fé e minha paciência, sim - comecei cantar e assim que olhei para a mesa onde estavam meus amigos, mais precisamente para , ele me olhava vidrado, praticamente sem piscar. - And you know that I be head strong, but you know that you be dead wrong, telling me to relax when I'm reacting / E você sabe que eu sou teimosa, mas você sabe que está completamente errado, me dizendo para relaxar quando estou reagindo.



Fechei meus olhos para continuar cantando. Eu não aguentaria cantar olhando para ele, mas mesmo de olhos fechados eu sentia que ele me olhava, já que sentia minha pele queimar.

But I, I'd rather fight / Mas eu prefiro brigar
Than lose sleep at night / Do que perder o sono à noite
At least you're all mine / Pelo menos, você é todo meu
And if I have to choose / E se eu tiver que escolher
My heart or you / Meu coração ou o seu
I'm gonna lose, yeah / Eu vou perder, sim

What if nothing ever will change? / E se nada nunca mudar?
Oh, I'm caught between your love and a hard place / Oh, estou presa entre o seu amor e um lugar difícil
Oh, I wish there was a right way / Oh, eu gostaria que houvesse um jeito certo
I'm caught between your love and a hard place, oh / Estou presa entre o seu amor e um lugar difícil, oh

Woah, oh oh woah, oh oh woah, oh oh woah


Assim que acabei o primeiro refrão, abri novamente meus olhos e voltei a olhar para , que ainda me olhava e mordia o canto dos lábios, às vezes parecia pensar e então ria logo depois, provavelmente lembrando de algo entre a gente.

Do I even have a choice when / Será que eu ao menos tenho uma escolha
I'm gonna have to pick my poison / Quando eu tiver que escolher meu veneno?
Yeah, you hurt me so good, it's so good / Como você me machucou bem, é tão bom
And even when you cause tears / E mesmo quando você causa lágrimas
You're the one who wiped them away / Você é o único que as enxuga
Maybe that's the reason I stay, I stay / Talvez esta seja a razão pela qual eu permaneço, permaneço

But I, I'd rather fight / Mas eu prefiro brigar
Than lose sleep at night / Do que perder o sono à noite
At least you're all mine / Pelo menos, você é todo meu
And if I have to choose / E se eu tiver que escolher
My heart or you / Meu coração ou o seu
I'm gonna lose, yeah / Eu vou perder, sim

What if nothing ever will change? / E se nada nunca mudar?
Oh, I'm caught between your love and a hard place / Oh, estou presa entre o seu amor e um lugar difícil
Oh, I wish there was a right way / Oh, eu gostaria que houvesse um jeito certo
I'm caught between your love and a hard place, oh / Estou presa entre o seu amor e um lugar difícil, oh

Woah, oh oh woah, oh oh woah, oh oh woah


Aquela música era perfeita para absolutamente tudo o que eu andava vivendo e sabia disso. Ele estava entendendo perfeitamente o que eu estava cantando.

What if nothing ever will change? / E se nada nunca mudar?
Oh, I'm caught between your love and a hard place / Oh, estou presa entre o seu amor e um lugar difícil
Oh, I wish there was a right way / Oh, eu gostaria que houvesse um jeito certo
I'm caught between your love and a hard place, oh / Estou presa entre o seu amor e um lugar difícil, oh
Woah, oh oh woah, oh oh woah, oh oh woah

Oh, I'm caught between your love and a hard place / Oh, estou presa entre o seu amor e um lugar difícil
Woah, oh oh woah, oh oh woah, oh oh woah
Oh, I wish there was a right way / Oh, eu gostaria que houvesse um jeito certo
Woah, oh oh woah, oh oh woah, oh oh woah
Oh, I'm caught between your love and a hard place / Oh, estou presa entre o seu amor e um lugar difícil
Woah, oh oh woah, oh oh woah, oh oh woah


Naquele momento eu nem sabia se estava cantando super bem ou desafinando, eu só queria me expressar com aquela música.

I'm caught between your love and a hard place / Estou presa entre o seu amor e um lugar difícil
What if nothing will ever change? / E se nada nunca mudar?
I'm caught between your love and a hard place / Estou presa entre o seu amor e um lugar difícil


Assim que a música finalizou, uma salva de palmas estrondosa tomou conta do lugar, fazendo eu abrir meus olhos e ver que todo mundo estava de pé me aplaudindo. Imediatamente, meu rosto começou a ficar vermelho de vergonha e olhei para a minha mesa e meus amigos estavam iguais a todos os outros, me aplaudindo de pé, incluindo .

- Obrigada! - agradeci e depois desci do palco indo em direção à mesa.
- Quando foi que você aprendeu a cantar desse jeito? - Ellora me questionou assim que me sentei.
- Não é pra tanto! - respondi envergonhada.
- Não é pra tanto, ? Por favor, você foi incrível! - foi a vez de Íris dizer.

Enquanto Íris ainda falava, senti um par de mãos parar sobre os meus ombros, um toque que eu conhecia bem: era .
Assim que minhas amigas notaram, elas pararam imediatamente de falar e deram a sua atenção para os demais da mesa deixando que nós dois conversássemos sozinhos.
se abaixou atrás de mim para provavelmente falar mais próximo ao meu ouvido.

- Você foi incrível - me elogiou. - Nunca mais duvido de você!
- Eu te disse - respondi toda cheia de si.

Na frente dos meus amigos eu estava envergonhada, mas na frente de eu nunca demonstraria isso; eu sempre seria a pessoa mais confiante do mundo, foi assim durante a turnê anos atrás, era assim agora e continuaria sendo para sempre.

- Agora é a minha vez. Espero que goste - disse bem mais próximo ao meu ouvido praticamente sussurrando, fazendo meu corpo todo se arrepiar.

então seguiu em direção ao palco e começou a olhar as músicas do catálogo.

- vai cantar agora? - escutei Noah questionar.

Apenas virei para ele e fiz sim com a cabeça. Noah caiu na gargalhada mais uma vez naquele dia.

- Esse dia está demais! - Noah disse por fim ainda rindo.

Voltei a prestar a atenção no palco, já estava no centro dele, segurando o pedestal e dando um risinho superior do palco para mim. Segundos depois, uma batida muito conhecida por mim começou a tocar.

- Recomendo colocar para tocar Do I Wanna Know? do Arctic Monkeys -


acompanhava as batidas da música com o pé e me encarava ferozmente, algo que ele só fazia durante as turnês; era um olhar penetrante que me desmontava inteira.

- Have you got colour in your cheeks? / Suas bochechas estão coradas? - começou a cantar ainda me encarando. - Do you ever get that fear that you can't shift the type, that sticks around like summat in your teeth? Are there some aces up your sleeve? / Você já ficou com medo de não conseguir esquecer o tipo que gruda na sua cabeça como algo em seus dentes? Você tem alguma carta na manga?

Parecia que todo o mundo não existia mais, apenas eu e .

Have you no idea that you're in deep? / Você não tem ideia de que é minha obsessão?
I've dreamt about you nearly every night this week / Sonhei com você quase todas as noites esta semana
How many secrets can you keep? / Quantos segredos você consegue guardar?
'Cause there's this tune I found / Porque esta melodia que encontrei
That makes me think of you somehow an' I play it on repeat / Me faz pensar em você de alguma forma e a toco repetidamente
Until I fall asleep, spillin' drinks on my settee / Até cair no sono, derramando bebidas no meu sofá


Aquela música já era uma música que naturalmente mexia comigo, mas devido todas as circunstâncias vividas e ainda mais por a cantar, parecia que a cada palavra uma adaga entrava no meu peito, será que eu estava agindo tão errado com ele não lhe dando uma segunda chance?

(Do I wanna know?) If this feelin' flows both ways? / (Eu quero saber?) Se esse sentimento é recíproco

(Sad to see you go) Was sorta hopin' that you’d stay / (Triste ver você partir) Meio que esperava que você ficasse (Baby, we both know) That the nights were mainly made / (Amor, nós dois sabemos) Que as noites foram feitas especialmente
For sayin' things that you can't say tomorrow day / para dizer coisas que não podem serem ditas no dia seguinte

Crawlin' back to you / Estou me arrastando de volta para você
Ever thought of callin' when you've had a few? / Pensou em ligar depois de beber algumas?
'Cause I always do / Porque eu sempre penso
Maybe I'm too busy bein' yours / Talvez eu esteja muito ocupado sendo seu
To fall for somebody new / Para me apaixonar por outro alguém
Now, I've thought it through / Agora, eu pensei melhor
Crawlin' back to you / Estou me arrastando de volta para você


E mais uma vez uma música falava por ele, absolutamente tudo. não conseguia desviar o olhar de mim por um segundo; ele estava cantando para mim e queria que eu sentisse o peso de cada uma daquelas palavras.

So have you got the guts? / Então, você criou coragem?
Been wonderin' if your heart's still open / Fico pensando se seu coração ainda está aberto
And if so, I wanna know what time it shuts / E se estiver, quero saber que horas fecha
Simmer down an' pucker up, I'm sorry to interrupt / Acalme-se e prepare seus lábios, Desculpe-me interromper
It's just I'm constantly on the cusp of tryin' to kiss you / É que estou constantemente quase tentando beijá-la
I don't know if you feel the same as I do / Não sei se você sente o mesmo que eu
But we could be together if you wanted to / Mas poderíamos ficar juntos se você quisesse


Engoli em seco assim que ele acabou esse verso, pois a música se encaixava tão bem em tudo o que estávamos vivendo, no que ele sentia e no que eu sentia… Fora a música que eu havia cantado e agora a que ele estava cantando. Seríamos para sempre assim?

(Do I wanna know?) If this feelin' flows both ways? / (Eu quero saber?) Se esse sentimento é recíproco
(Sad to see you go) Was sorta hopin' that you’d stay / (Triste ver você partir) Meio que esperava que você ficasse
(Baby, we both know) That the nights were mainly made / (Amor, nós dois sabemos) Que as noites foram feitas especialmente
For sayin' things that you can't say tomorrow day / para dizer coisas que não podem serem ditas no dia seguinte

Crawlin' back to you (Crawlin' back to you) / Estou me arrastando de volta para você (Estou me arrastando de volta para você)
Ever thought of callin' when you've had a few? (Had a few) / Pensou em ligar depois de beber algumas? (beber algumas?)
'Cause I always do ('Cause I always do) / Porque eu sempre penso (Porque eu sempre penso)
Maybe I'm too (Maybe I’m too busy) / Talvez eu também (Talvez eu esteja também muito ocupado)
Busy bein' yours (Bein' yours) / Muito ocupado sendo seu (Sendo seu)
To fall for somebody new / Para me apaixonar por outro alguém
Now, I've thought it through / Agora, eu pensei melhor
Crawlin' back to you / Estou me arrastando de volta para você

(Do I wanna know?) If this feelin' flows both ways? / (Eu quero saber?) Se esse sentimento é recíproco
(Sad to see you go) Was sorta hopin' that you’d stay / (Triste ver você partir) Meio que esperava que você ficasse
(Baby, we both know) That the nights were mainly made / (Amor, nós dois sabemos) Que as noites foram feitas especialmente
For sayin' things that you can't say tomorrow day / para dizer coisas que não podem serem ditas no dia seguinte
(Do I wanna know?) Too busy bein' yours to fall / (Eu quero saber?) Muito ocupado sendo seu para me apaixonar
(Sad to see you go) Ever thought of callin', darlin'? / (Triste ver você partir) Pensou em ligar, querida?
(Do I wanna know?) Do you want me crawlin' back to you? / Você quer que eu me arraste de volta para você?


Na última frase da música, me olhou profundamente nos olhos e levantou uma sobrancelha, parecendo realmente me questionar.
A música então foi finalizada e o lugar mais uma vez naquela noite explodiu em palmas, pois não era todo o dia que o rockstar cantava em um karaokê. Porém, as palmas vindas dos meus amigos eram diferentes; eles pareciam ansiosos para algo que poderia se desenrolar a seguir entre nós dois.
então saiu do palco e veio em nossa direção.

- Vocês estão numa “briguinha” para ver quem expressa melhor os sentimentos com a música? - Noah questionou , mas eu também ouvi.
- Noah… - disse o repreendendo, enquanto apenas deu de ombros, bebendo de uma vez o seu copo com whisky ainda olhando fixamente para mim.
- Quer saber? Essa cantoria toda me cansou. Vamos para casa, pimentinha? - Noah perguntou para Ellora. Eu sabia o que ele queria com aquilo: eu e sozinhos.
- Nós vamos para o acampamento, Noah - o avisei.
- É verdade - Noah disse parecendo um pouco decepcionado e assim que vi aquela expressão, meu coração apertou um pouco, pois eles mereciam um pouco de paz.
- Tá bom! - disse voltando atrás. - Vocês podem ir para suas respectivas casas hoje, mas amanhã às 14h quero todo mundo no acampamento de volta, okay?

Todo mundo comemorou animado.

- Vou chamar um uber e ir para casa então - avisei já me levantando da mesa.
- Até amanhã, boss - Ned disse abraçado a Íris.
- Até e se comportem, por favor! Não quero ninguém estampando site de fofoca amanhã! - disse rindo, já indo em direção à saída do lugar e abrindo o aplicativo do Uber no meu celular.

Assim que cheguei do lado de fora, senti uma mão segurar o meu braço e novamente o mesmo toque que eu conhecia tão bem.

- Posso ir com você? - perguntou enquanto me virava para ele.
- Eu não s... - comecei a dizer, mas me interrompeu.
- Vou me comportar, prometo - disse dando uma piscadinha em seguida.

Um calor subiu pelo meu corpo com aquelas palavras e com a piscadinha, mas eu sabia com toda certeza que era o efeito do álcool no meu sangue.

- Como amigos, certo? - disse mais para mim mesma do que para ele e apenas confirmou com a cabeça.

Segundos depois, o carro chegou, nós dois entramos no banco de trás e o motorista então começou a andar nos levando para nossos respectivos lugares com um silêncio confortável se propagando pelo lugar.

- Não sabia que você cantava tão bem - disse quebrando o silêncio que se instaurou entre a gente.
- Eu não acho que eu cante bem assim - respondi olhando diretamente para ele. - Mas a música que você cantou é maravilhosa.

deu um sorriso e depois passou uma das mãos pela boca, algo que sempre me hipnotizava.

- Ela diz muito sobre o que estou sentindo, exatamente como a sua - disse me fazendo voltar à realidade e parasse de olhar seus lábios.
- Sim! - respondi e quando percebi, já estava perto demais e encarava meus lábios ferozmente, então eu acabei fazendo o mesmo e cheguei mais perto dele também.
- Arctic Monkeys é maravilhoso e combina muito com você - disse praticamente roçando nossos lábios já de olhos fechados.
- - me chamou de uma forma firme, fazendo com que eu abrisse os olhos. - Eu prometi que ia me comportar.

Aquilo me pegou de surpresa e fez com que eu me distanciasse imediatamente envergonhada.

- Me desculpe, eu não sei o que me… - comecei a me explicar, mas me interrompeu.
- Hey, não se desculpe - começou a dizer. - Eu queria muito te beijar, mas eu sei que se isso acontecer, amanhã você vai se arrepender e vai se distanciar mais uma vez de mim e não é o que eu quero.

realmente estava certo e ver o quanto ele estava me respeitando naquele momento era incrível, afinal, o álcool se apoderava de praticamente 90% dos meus pensamentos já.

- Obrigada! - agradeci encostando a cabeça em seu ombro e me aconchegando ali.
- Não precisa agradecer - disse. - Eu só quero fazer o que é certo daqui pra frente com você.

Sorri para e então comecei a olhar para a rua vendo os prédios e as luzes de Los Angeles passar pela janela.
Essa noite havia sido incrivelmente perfeita; poder ver que tinha mudado e estava me respeitando era maravilhoso. Finalmente ele estava aceitando que deveríamos ser só amigos, porém a questão agora era meu coração aceitar isso também.


Capítulo 15

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O acampamento havia sido finalizado poucos dias atrás, já tínhamos voltado para Los Angeles e estávamos começando a gravar as versões finais das músicas para então decidir quais entrariam no álbum e quais seriam guardadas para os próximos ou vendidas para outros artistas. Aquele acampamento havia nos rendido muitas músicas, pois nunca tinha ficado tão inspirado dessa forma como estive lá, mais uma vez tinha razão. Falando em , nós dois estávamos num clima bem amigável: eu estava aprendendo a aceitar o que ela queria e, como sempre digo, é melhor ter ela por perto de algum jeito do que longe.
sempre foi aquela pessoa que fazia tudo ter sentido para mim. Com ela, meus dias ficam mais felizes, me sinto vivo e sua presença sempre me trazia luz, calor e paixão. Mesmo a tendo por pouco tempo comigo, ela realmente me fazia sentir tudo isso e quando ela foi embora e se afastou por quatro anos, eu sentia falta de tudo o que ela trazia para a minha vida e a ter de volta, mesmo não sendo da forma que eu quero ou espero, é o suficiente, porque de forma alguma eu saberia lidar com a distância dela. E eu sabia que se eu tivesse aceitado o seu beijo naquele dia depois do karaokê, as coisas entre nós estariam estranhas agora, por mais que eu quisesse e desejasse ela com toda a minha alma, aquilo foi o certo a se fazer, por ela e por mim.
Nesse momento eu estava no estúdio esperando para finalizamos mais algumas músicas, todas elas escritas para e sobre ela. Mesmo com várias músicas escritas no acampamento, a minha cabeça não parava de produzir e a música que se formava em minha mente naquele exato momento era sobre a relação de e , sobre ele ter a conquistado e ela ter escolhido a ele e não a mim.
Estava deitado no sofá que tinha em frente à mesa de regulagem de som quando mais uma frase apareceu na minha cabeça, então rapidamente me levantei, peguei meu celular e anotei no bloco de notas.

- Talkin' don't want me, cause I want you, been thinkin' it over, but I prove / Falando que não me quer, porque eu te quero, estive pensando sobre isso, mas eu posso provar - repeti em voz alta enquanto anotava.

Então uma batida forte surgiu na minha mente que fazia sentido com a letra, depois surgiram imagens de e juntos, o que me fez engolir em seco, e então mais pensamentos surgiram, coisas que eu sempre quis pôr para fora, mas não conseguia.

- If we can never go back, thought you'd like to know that / Já que não podemos voltar atrás, pensei que você gostaria de saber que - disse mais uma frase em voz alta anotando no celular - He won't touch you like I do, he won't love you like I would, he don't know your body, he don't do you right, he won't love you like I would, love you like I would, like I would / Ele não vai te tocar como eu tocaria, ele não vai te amar como eu amaria, ele não conhece seu corpo, ele não faz direito, ele não vai te amar como eu amaria, te amar como eu amaria, como eu amaria - cantei finalizando aquela parte e sorri animado quando vi que as partes que eu tinha anotado dariam um belo refrão para mais uma música que estava saindo.
- Só espero que esse ele não seja eu - disse me assustando.

Olhei rapidamente para a porta quando ouvi sua voz e estava ali encostado de braços cruzados com um violão nas costas apenas me observando. Cocei a nuca sem graça, não tinha o que dizer sobre.

- Mas a letra tá bem legal, invista nessa música - disse se desencostando da porta e vindo em minha direção.

Ele então colocou o violão encostado sobre a mesa de regulagem de som e depois se sentou numa cadeira que tinha ali e se virou para mim.

- Antes de começarmos, podemos conversar sobre uma coisa rapidinho, ? - me perguntou enquanto se arrumava na cadeira e ficava confortável.
- Claro! - respondi.
- É sobre - disse de uma vez e engoli em seco quando ouvi o nome dela. O que ele iria querer falar comigo? Que tinha conquistado ela e eu tinha perdido? Que era pra eu me distanciar? Que eu era passado na vida dela e era para eu me afastar?
- Você sabe que a gente não tem nada, né?! - disse fazendo a minha atenção se voltar para ele.
- O que? - perguntei confuso. - Como assim não tem nada? Vejo vocês sempre juntos e a me disse…
- Nós somos amigos, - me cortou. - Não vou negar que a gente nunca transou ou não se pega de vez em quando, claro que isso acontece, somos humanos e temos necessidades, mas nada com um envolvimento amoroso de verdade. Nós somos amigos coloridos e nada mais que isso.

Aquilo tinha me pegado de surpresa, isso era sério?

- Isso é sério? - perguntei o que estava passando pela minha cabeça, pois era impossível acreditar naquilo.
- Sim, - confirmou. - Na verdade, eu sou o maior encorajador para que vocês fiquem juntos.

Olhei para confuso com tudo o que ele estava dizendo; eu tentava achar algum sinal de mentira ou brincadeira vindo dele, mas não achava nada. parecia estar dizendo somente a verdade.

- Eu sei tudo o que ela passou com você, depois de você e agora - começou a contar. - Sei o quanto ela sofreu e deu a volta por cima aqui em Los Angeles, não vou mentir que no começo eu queria socar a sua cara por tudo o que você fez com ela, mas com o passar dos anos, eu percebi que você era o amor da vida da e mesmo se ela quisesse te esquecer, ela não conseguiria.

Eu prestava atenção em cada palavra que falava e estava incrédulo.

- A gente conversou diversas e diversas vezes, ela me contou todos os detalhes do relacionamento de vocês, o plano dela pra te conquistar durante a turnê, como vocês se apaixonaram, a viagem para Capri, a tatuagem, o jantar e toda confusão de Paris, seu comportamento com os exs dela, tudo. Eu tentei fazer com que ela te ligasse, que fosse para Londres para vocês conversarem e se perdoassem, mas a é cabeça dura e nunca aceitou, nem mesmo quando você finalmente começou a trabalhar com a gente.

Só concordava com a cabeça ouvindo tudo o que dizia, eu queria ouvir mais e eu sabia que ele tinha mais para falar.

- Eu não quero que você pense que eu sou o motivo da não querer estar com você ou algo assim, porque não sou - continuou. - Nós só temos um carinho muito grande um pelo outro e nada além disso, fora que depois que vocês transaram na sala dela, a gente nunca teve mais nada, só amizade mesmo.
- Espera - o interrompi. - Ela te contou sobre o que aconteceu na sala dela?
- Sim - confirmou. - Como eu disse, , nós somos grandes amigos, nada além disso. De verdade, eu sou uma das pessoas que mais torce para que vocês voltem a ser um casal, porque eu sei que o coração daquele ser teimoso bate unicamente por você.
- Eu nem sei o que dizer - disse incrédulo. - Obrigado por isso, de verdade.
- Não precisa agradecer - disse. - Eu só queria que você soubesse que eu não sou o empecilho na relação de vocês dois, na verdade, o empecilho é você mesmo, .

Encarei confuso. Como assim eu era o empecilho?

- Vou te explicar - disse após perceber a minha cara. - Você errou, , errou muito e precisa demonstrar para a que mudou, que não irá cometer os mesmos erros de novo, que não vai surtar e nem sair batendo em todo mundo e a culpar por isso. Ela nunca teve culpa, já que o único culpado por tudo o que aconteceu foi você.
- Eu sei - concordei abaixando a cabeça e pensando em tudo o que já tinha feito.
- Reconhecer os erros já é um começo, perceber o quanto você foi abusivo e ruim para ela é outro - continuou. - Eu sei que vocês conversaram e que ela te perdoou, mas você precisa mostrar mais. Eu sei que o coração dela está amolecendo e já percebi o quanto a já está diferente, logo você consegue - disse por fim dando um risinho assim que acabou a frase. Era tanta coisa passando pela minha cabeça que eu nem sabia o que dizer, agradecer, ou seja, o que fosse.
- Obrigado mais uma vez – agradeci. - Eu realmente estava com a visão de que ela não me queria mais porque estava com você - confessei.

riu mais uma vez e negou com a cabeça.

- Ela tenta mostrar para você que é algo assim, mas não é. é teimosa, você sabe, eu sei - disse.
- E como sei - completei .- Sei também que errei muito e já reconheci meus erros, mas se for preciso mudar mais por ela, eu mudarei. Eu faço de tudo para ter essa mulher de novo.
- É exatamente isso que eu queria ouvir! - disse animado.
- Obrigado mesmo - agradeci .
- Só faça a sua parte, . Estou torcendo para que vocês fiquem juntos logo e eu seja o padrinho desse casamento - disse rindo e eu gargalhei na hora, mas eu também queria aquilo, ter para sempre comigo era uma das minhas maiores metas de vida.
- Agora vamos voltar ao trabalho, por que daqui a pouco nossa chefe chega aqui e se não tiver nada pronto, você já viu - disse enquanto virava a sua cadeira para a mesa de som.
- E como eu sei! - respondi.

Aquela conversa com tinha feito com que as minhas esperanças se renovassem para lutar mais uma vez por , afinal, ela era a mulher da minha vida e eu lutaria até meus últimos dias para a ter em meus braços novamente, sendo somente minha.

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A produção em estúdio para o álbum havia se iniciado e eu sabia que a Pathetic Aesthetic estava produzindo muito e o quanto o acampamento tinha rendido. Já havia escutado algumas músicas, principalmente aquelas que se tratavam sobre mim, mas outras ainda não, então por isso estava indo até o estúdio sentar com e com mais alguém da banda que tivesse por lá para ouvir.
Eu realmente estava impressionada com toda a capacidade da banda de produzir material bom. Eu já sabia da qualidade da Pathetic Aesthetic, afinal, eu era fã deles, já os havia seguido por semanas, tinha tido um breve relacionamento com o vocalista e um deles era um dos meus melhores amigos e vivia sua vida com a minha melhor amiga. Eu tratava essa banda como parte da minha família e apesar da distância que tivemos por um tempo, eu nunca havia pensado que o processo criativo deles era tão bom, tão forte, rápido e apaixonante.
Estacionei meu carro em frente ao estúdio e assim que desci dele, notei que o carro de também estava por ali, certamente ele e estavam gravando as partes dele nas músicas e editando mais algumas. Entrei no hall da gravadora, cumprimentei Alice, que estava na recepção, segui para a sala de gravação e antes mesmo de chegar perto da sala que eles estavam, pude escutar uma música com a voz de ressoar pelo lugar.

- Am I a fool waitin' for you? What if you never come back? / Eu sou um tolo esperando por você? E se você nunca voltar? - a voz dele era acompanhada de uma batida no fundo. - What if you never come back? There's nothin' new. I made another hit, I made another two, what if we never know. Why hearts deceive us? The night calls the dreamers. / E se você nunca voltar? Não tem nada de novo, eu fiz outro sucesso, fiz mais dois. E se nunca soubermos o motivo de os corações nos enganarem? A noite chama os sonhadores - quando notei a letra acabei rindo, pois lá estava mais uma música inspirada em mim.

A música então foi finalizada e outra começou a tocar em seguida. Era uma mais leve e com uma melodia triste num violão, totalmente diferente do som da banda.

- Woke up alone in this hotel room played with myself, where were you? Fell back to sleep, I got drunk by noon. I've never felt less cool / Acordei sozinho neste quarto de hotel, brinquei comigo mesmo, onde você estava? Caí de volta no sono, eu fiquei bêbado ao meio-dia. Eu nunca me senti menos legal - a voz de era calma e acompanhada da melodia do violão.

Cheguei na sala de gravação e me encostei na porta observando que estava sentado de frente a um computador onde colocava as músicas na sua voz para tocar; ele estava deitado na cadeira com a cabeça jogada para trás, provavelmente curtindo a música.

- I saw your friend that you know from work, he said you feel just fine. I see you gave him my old t-shirt, more of what was once mine / Eu vi seu amigo que você conheceu no trabalho, ele disse que você está bem, eu vejo que deu à ele minha antiga camiseta, mais do que uma vez foi minha - aquela parte tinha me tocado, pois eu sabia exatamente do que aquilo falava e não fazia tanto tempo assim. O que nem imaginava era que me devolveu a camiseta dois dias depois alegando que aquilo me pertencia e que só havia uma pessoa além de mim que aquela camiseta poderia ficar bem: .

Ri lembrando daquilo.

- Essas já estão escolhidas? - perguntei enquanto a música ainda tocava pelo estúdio.

se assustou, pois deu um pulo da cadeira que me fez cair na gargalhada.

- Porra, ! - disse levando a mão até o peito tentando se acalmar.

Me desencostei da porta e segui até perto de onde ele estava, me encostando na mesa de ajustes de som enquanto permanecia na cadeira. Ele então chegou perto do computador e fez com que a música parasse de tocar.

- O que você disse na hora que entrou? Não entendi direito - perguntou enquanto mexia no computador a sua frente.
- Se essas músicas que estavam tocando já estão escolhidas para o álbum - respondi o que ele perguntou.

Vi ficar um pouco envergonhado e levar a mão até a nuca, algo nele que não havia mudado e, eu não podia negar que adorava isso nele, era um certo charme ver sem graça.

- Quais você ouviu? - perguntou ainda com a mão na nuca.
- Essa que tava tocando e a anterior - disse.
- Ah, elas são descartes - começou. - Na verdade, estava pensando no que fazer com elas. Não sei se guardo para outra ocasião, se vendo para outro artista, não sei. Vou decidir com sobre o que fazer depois.
- Por que descartes? São muito boas - constatei.
- Não está muito na vibe do álbum, só isso - ele respondeu.

parou de olhar para o computador, voltou a se encostar na cadeira e então me encarou de cima a baixo me vendo encostada na mesa de som.

- Caprichou hoje - ele disse passando a mão pelos lábios enquanto ainda me observava e imediatamente ri quando ele disse aquilo, porque para mim realmente não era nada demais. Estava com um vestido de seda creme que se ajustava perfeitamente no meu corpo e vinha até a metade das minhas coxas e um tênis branco, nada demais. Como não iria para o escritório da gravadora e vim direto de casa, vesti o mais confortável possível.
- Nada demais, - respondi o que tinha pensado.
- Eu não acho - respondeu levantando uma das sobrancelhas. - Inclusive - ele continuou a falar, se levantando e ficando de frente para mim. - Tenho algumas coisas para te perguntar e quero somente a sua verdade e sinceridade.

Concordei com a cabeça e fiz sinal para que continuasse, ele sorriu quando percebeu que eu estava disposta a responder.

- O que você acha que mudou em mim? - perguntou direto. - O que eu amadureci, cresci, essas coisas…

O olhei confusa sem entender o que ele queria com aquilo.

- A verdade, por favor - reforçou e comecei a pensar em todas as coisas que tinha feito nesse meio tempo que nos aproximamos.
- Você amadureceu muito no seu comportamento explosivo, isso eu senti de verdade e mesmo a gente tendo discutido um pouco, foi algo mais leve – constatei. - Você era sempre o dono da razão e agora admite e demonstra não ser mais.

pareceu pensar e depois balançou a cabeça concordando com o que eu tinha dito.

- E se você acha que eu mudei tanto e amadureci tanto durante esses anos por que não me dá mais uma chance? - me questionou e esse questionamento em especial me causou certa surpresa, pois em que momento essa conversa tinha chegado nisso?

Respirei fundo para responder o que ele tanto queria.

- Primeiramente, eu sou sua chefe agora – comecei. - Muita coisa aconteceu com a gente, muitas pessoas passaram por nossas vidas e mesmo com o nosso amadurecimento, ainda tivemos muito sofrimento. Quase não lembro mais dele, mas ainda assim foi difícil, porém, isso é passado e seguir em frente é o que importa.

fez uma cara pensativa e depois voltou a olhar para mim.

- E você, o que você acha que mudou, amadureceu? - me perguntou me pegando totalmente de surpresa.

Soltei uma risadinha quando as coisas começaram a passar pela minha cabeça.

- Muita coisa mudou, mas ainda sou a apaixonada por música – respondi. - E o lado groupie sumiu completamente.

então se aproximou mais de mim olhando bem profundamente em meus olhos.

- O lado groupie sumiu? Você tem certeza disso? - me questionou e o encarei confusa.
- Sim! Sumiu absolutamente! - disse firme e continuava a me encarar com um sorrisinho safado no rosto.
- Eu não entendo porquê de você tenta fugir tanto, - disse se aproximando mais, ficando cara a cara comigo, com nossos corpos quase colados um no outro. - Eu sei que você sente o mesmo que eu, que sente falta do que a gente era e sei que você fica mexida quando estou por perto.

Soltei uma leve gargalhada na cara dele.

- Eu acho que não, - respondi sarcástica.

então mordeu o seu lábio inferior, levantou a sua mão direita foi até o meu ombro e começou a descer delicadamente pelo meu braço que acabou fazendo com que um arrepio preenchesse todo meu corpo e todos os meus pelos se eriçarem.

- Tem certeza que você não reage ao meu toque? - disse assim que me viu arrepiada.

Apenas neguei com a cabeça, não conseguia falar, porque eu sabia que sempre sentia o toque dele, meu corpo sempre responderia a ele, independente da situação.
chegou mais perto de mim, levou a mão que antes estava passando pelo braço e a outra até a minha cintura, a apertando forte em seguida, o que acabou me fazendo gemer.
Num impulso, ele me colocou sentada sobre a mesa de som, separou as minhas pernas e se encaixou entre elas.

- Tem certeza que não sente nada quando eu faço isso em você? - fincou as mãos em ambas as minhas coxas, que com certeza amanhã estariam com sinais de seus dedos. Aquele aperto fez a minha calcinha se molhar por completo e mais um gemido escapou da minha boca.

tirou uma das mãos da minha coxa e foi até o meu cabelo colocando atrás da minha orelha e deixando meu pescoço totalmente à mostra.

- Tem certeza que você não sente falta dos meus beijos? Que não reage a eles? - disse praticamente sussurrando aquilo na minha orelha.

Em seguida, ele sugou o lóbulo da minha orelha e desceu uma trilha de beijos pelo meu pescoço que fez com que eu soltasse um gemido sôfrego. Pude sentir sorrir entre os beijos quando percebeu isso.
Eu não podia negar que ele mexia comigo e era tanto que eu sentia minha intimidade completamente úmida latejar por ele. tinha o poder de me fazer querer ele a hora que fosse e isso me irritava porque eu não conseguia lutar contra aquilo; por mais que eu tentasse, nunca dava certo.

- Eu sei que a groupie está aí dentro - falou entre os beijos. - E eu sei também que ela me quer…

Eu poderia me arrepender do que eu iria fazer agora, mas eu precisava de e de tudo aquilo que só ele podia me proporcionar.
Levei minha mão até a cabeça de , grudei meus dedos no pouco cabelo que ele tinha e tirei a sua cabeça do meu pescoço, o puxando para trás fazendo com que ele me encarasse.

- O lado groupie nunca foi embora, - comecei a dizer olhando bem para ele. - Ela só estava adormecida e esperando a pessoa certa para poder voltar.

colocou seus braços em volta da minha cintura e me puxou para mais perto dele, fazendo com que nossos corpos se colassem, praticamente se fundindo.

- Você sabe o quanto me deixa louco, né? - disse com a respiração um pouco falha.
- Eu nasci para te deixar exatamente assim - disse mordendo meu lábio.

prestou muita atenção naquele movimento, pois ele não tirava os olhos dos meus lábios. Então, sem que ele percebesse, saí de cima da mesa de som e comecei a andar com ele em direção ao sofá que tinha ali no estúdio e quando vi que estava perto o suficiente, coloquei minhas mãos em seu peito e o empurrei fazendo com que ele sentasse no sofá. soltou uma gargalhada gostosa, que fez com que ele levasse a cabeça para trás, mas rapidamente ele trouxe o seu olhar para mim novamente, olhando de cima a baixo, um olhar selvagem e cheio de luxúria que me desejava mais do que qualquer outra coisa na face da terra, um olhar que eu sentia imensa saudade de ter sobre mim.
Andei rapidamente até a porta da sala de gravação e a tranquei, observava atentamente cada movimento meu.

- O que você está fazendo? - ele perguntou enquanto eu ainda estava perto da porta.
- Estava trancando a porta - comentei enquanto caminhava em direção a ele. - Você não queria a groupie de volta? É exatamente o que você vai ter.

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Assim que disse aquilo, senti meu membro apertar mais uma vez na calça. Eu sei que tinha começado com a provocação, mas agora era ela quem tinha tomado às rédeas da situação como sempre foi. sempre me deixava louco e pronto para tê-la. Ela voltou a andar em minha direção tirando o par de tênis, as meias e depois o vestido, ficando apenas de lingerie na minha frente. E apesar de conhecer aquele corpo como a palma da minha mão, eu nunca deixava de o admirar e o desejar com toda a minha alma. Ela era perfeita e eu fui estúpido em acreditar que eu acharia alguém igual a ela para me ajudar a superá-la.

- Recomendo colocar para tocar Escape From LA do The Weeknd -


continuou a andar e parecia que ela vinha em câmera lenta, até que chegou mais perto de mim, colocou uma perna de cada lado do meu corpo e se sentou sobre meu colo, exatamente sobre a minha ereção. Quando ela sentiu que eu já estava completamente duro por ela e que estava sofrendo com a presença da calça jeans, deu uma leve rebolada sobre mim fazendo com que eu gemesse e respirasse fundo.

- Era isso que você queria de volta, ? - disse me encarando profundamente e da forma mais sensual que eu já tinha visto aquela mulher ser.

Eu não tinha reação alguma, só sabia encarar e desejar aquela mulher. Não precisei responder mais nada, pois chegou mais perto de mim e então atacou meus lábios com força e sem o menor cuidado. Rapidamente, ela pediu espaço com a língua e aprofundamos mais nosso beijo cheio de luxúria e extremamente necessitado; era um beijo típico de e de anos atrás. Nossa línguas pareciam ímãs que se conectavam e dançavam sincronizadas, como sempre fomos.
Enquanto ainda nos beijávamos, levou as mãos até a barra da minha blusa, a trazendo para cima e só interrompemos o beijo para que ela a passasse pela minha cabeça, mas logo em seguida voltamos a unir nossos lábios e só o paramos novamente quando nos faltou fôlego. Assim que desgrudei meus lábios dos de , segui dando uma trilha de beijos até o seu pescoço seguindo em direção ao vale entre os seus seios. Levei uma de minhas mãos até um dos seus seios e apertei, enchendo a minha mão. Era incrível como tudo em se encaixava perfeitamente em mim. Enquanto ainda apertava seu seio, levei a outra mão para o fecho atrás e abri o sutiã que ainda me impedia de tocar diretamente a sua pele daquela parte, o tirei devagar passando meus dedos pelos seus ombros e vendo o corpo dela se arrepiar mais uma vez naquela noite.
mordeu os lábios quando me viu encarar seus seios e eu nunca iria me saciar dela e de como ela me deixava louco, cada vez mais meu membro doía dentro da calça, era torturador e eu necessitava estar dentro dela, mas ao mesmo tempo queria aproveitar cada parte daquela mulher, cada pedacinho era precioso e prazeroso para mim. Voltei a dar beijos por seu colo até abocanhar um dos seus seios e assim que fiz isso, senti gemer alto e jogar a cabeça para trás para poder aproveitar mais, brinquei com seu mamilo com a língua, passando de forma lenta e fazendo com que ela suspirasse alto e gemesse da forma mais gostosa e linda.

- Z… - gemeu meu apelido roucamente e retirei minha boca de seu peito e a encarei.

voltou a olhar profundamente para mim e eu via tudo através de suas íris negras tão profundas, via o tesão que ela estava sentindo, que era o mesmo que o meu, via o desejo, a paixão de antes, via a minha de volta. Ao perceber que eu a encarava sem pudor algum, sorriu, saiu de cima de mim e retirou a calcinha ficando completamente nua na minha frente. Sorri vendo aquela cena, pois havia esperado tanto tempo para tê-la exatamente desse jeito, me querendo e sendo minha, como sempre foi.

levou suas mãos diretamente para o fecho da minha calça, o abrindo e começou a puxar minha calça para baixo juntamente com a cueca, deixando ambos nos meus pés. Assim que ela voltou o olhar para mim, viu meu membro extremamente rígido e pulsante por ela, então levou a sua mão até ele e começou a fazer movimentos de vai e vem, dando um leve beijo na cabeça que fez com que eu gemesse audivelmente.

- Cadê a camisinha? - perguntou enquanto ainda dava leve beijos por todo meu membro.
- Na carteira - respondi ofegante. - No bolso de trás da calça.

Ela então se afastou do meu membro e vasculhou no chão pela carteira e, segundos depois, ela apareceu com o pacote de camisinha entre os dentes e voltou a fazer os mesmos movimentos de antes.

- - me chamou pelo apelido que ela só chamava nesses momentos e que eu não ouvia há muito tempo. - Eu quero você e quero agora.

Ouvir aquilo dela era como estar no céu e só eu sei o que eu esperei por isso, nós estávamos de volta.

- Eu estou aqui. Venha pegar o que sempre te pertenceu, Angel - disse roucamente por causa do tesão.

Senti a musculatura do meu membro ficar mais rígida ainda e também pareceu perceber, pois logo o abocanhou por completo dando apenas uma chupada. Depois, se levantou, abriu a camisinha e vestiu meu membro com ela e assim que acabou, ela voltou a ficar em pé na minha frente, mas logo em seguida se sentou novamente no meu colo, em cima do meu membro, mas ainda sem a penetrar.
passou uma das mãos pelo meu cabelo, veio até meus lábios, colocou o inferior entre os dentes e puxou para si.

- Esperando muito por isso, ? - disse assim que soltou meus lábios.
- Você não imagina o quanto - respondi encarando seus lábios carnudos que estavam extremamente vermelhos, inchados e convidativos.

deu um sorriso safado e uma leve levantada do meu colo e então sentou sobre meu membro de forma devagar até ter ele todo dentro de si. Ela fechou os olhos durante esse processo e manteve a boca aberta soltando gemidos baixos e aquela definitivamente sempre seria a minha cena favorita da vida.
Em seguida, começou a rebolar sobre meu membro fazendo com que eu gemesse alto. Ela sabia exatamente o que fazer com o meu corpo, os movimentos certos na velocidade certa e com a força certa; era a e ninguém era como ela. cavalgava com vontade sobre mim, era um misto de prazer, gemidos, suor, tudo o que eu mais amava em fazer com ela. Eu sentia o suor descer por suas costas e chegar até as minhas mãos que apertavam cada uma de suas nádegas com força, fazendo com que ela tivesse mais vontade de continuar cavalgando e ela continuava, insaciavelmente.

- Fuder com você é tudo o que mais quero nessa vida - disse em meio aos gemidos.

então veio até meus lábios e os atacou enquanto ainda cavalgava.

- Fuder com você é o que mais amo fazer nessa vida - respondeu assim que separou nossos lábios voltando a se concentrar nas cavalgadas.

Ela começou a dar indícios de que estava próxima ao ápice quando seu corpo todo começou a se arrepiar e no mesmo momento o meu corpo também reagiu. Segundos depois, senti sua intimidade abraçar meu membro de forma perfeita e então ela se derramou sobre ele e assim que senti meu membro ficar mais quente, eu cheguei ao ápice, me derramando dentro dela, praticamente juntos. então foi diminuindo os movimentos até parar; nós dois estávamos extremamente ofegantes e com o coração acelerado, eu podia sentir o dela. Levei uma das minhas mãos até seu rosto tirando os cabelos grudados nele pelo suor e juntei nossos lábios num beijo delicado e apaixonado.

- Eu não tenho nem palavras sobre você porque nenhuma seria o suficiente - disse assim que separei nossos lábios.
- Não precisa dizer nada, Z. Eu sei o que você sente, pois me sinto da mesma forma - respondeu dando um risinho.

Ela então saiu de cima de mim tirando meu membro de dentro dela e se jogou ao meu lado no sofá, se deitando.

- Deita aqui - pediu batendo a mão no sofá ao lado dela.

Assim como havia pedido, deitei ao lado dela. então se deitou sobre meu peito e começou a traçar minhas tatuagens com os dedos como sempre fazia.
Eu tinha vivido um sonho? Aquilo era mesmo real? Eu não iria acordar, iria? Ela não ia sair correndo pela porta falando que aquilo tudo era um erro? Eu tinha conseguido minha de volta? O que aconteceria daqui pra frente com nós dois?

- … - a chamei e ela levantou o olhar me analisando.
- , só curte o momento e não pergunta nada agora, por favor - disse antes que eu dissesse mais alguma coisa e voltou a se deitar sobre meu peito e traçar as minhas tatuagens. Ela tinha razão, eu deveria curtir aquele momento que estava incrivelmente perfeito.

Me aproximei do seu ouvido, retirei o excesso de cabelo que tinha ali e sussurrei cantarolando.

- When I hold you in my arms, there ain't nothin' common 'bout us.

então sorriu.

- Nothin’ common ‘bout us - repetiu e em seguida, levantou a cabeça e me deu um selinho carinhoso.

Tudo estava em seu devido lugar novamente depois de tantos anos.

- -


Faziam alguns dias que eu e havíamos transado no estúdio em que ele estava gravando para o novo álbum da banda e foi nesse mesmo dia que eu senti todos os meus sentimentos por ele voltarem com toda força; eu tinha deixado a antiga voltar pelo e não me arrependia disso. Dessa vez, eu não saí correndo e nem disse que era um erro, mas deixei claro para ele que nada tinha mudado entre a gente e que ainda deveríamos ser amigos. Pode ser que daqui uns dias eu mude essa decisão ou pode ser que ela demore anos como também pode ser que nunca mude. Eu sabia exatamente o que eu sentia por ele, o que cada toque dele causava em mim e o quão bom era estar com de uma forma mais madura e responsável, mas ainda tinham empecilhos entre nós, então preferi deixar a vida seguir e depois ver no que daria. Era o melhor a se fazer e concordou, então desde aquele dia agimos como se nada tivesse acontecido. Nós éramos grandes amigos e nada além disso e prometemos um ao outro que mais ninguém dos nossos amigos deveria saber do que fizemos. Aquilo estaria e permaneceria guardado à sete chaves entre nós.
Falando no nosso grupo de amigos, nesse exato momento estava estacionando meu carro em frente ao Nobu. Em comemoração ao fim do acampamento e ao início da gravação do álbum da Pathetic Aesthetic decidimos fazer um luau e tínhamos fechado o Nobu para usar a parte da praia deles que era maravilhosa, além de que eles iriam preparar os drinks e a comidas. Então, desci do meu carro, segui em direção ao restaurante e passei pela porta ao qual a recepcionista já me encaminhou para a parte da praia.

- Finalmente você chegou! Achei que tinha acontecido alguma coisa, já que você nunca atrasa - Ellora disse animada vindo em minha direção já com um copo na mão.
- Me atrasei na gravadora – expliquei. - Tive reunião com uma nova banda que está interessada em ser agenciada por mim, depois fui pra casa para tomar um banho e me trocar. Desculpe.

Ellora só deu uma risada e veio me abraçar, depois de me soltar ficou do meu lado e apontou para a praia.
Assim que olhei para a areia, vi um caminho de tochas que levavam a uma fogueira rodeada de bancos almofadados. Noah e cantavam algo em volta da fogueira enquanto os demais batiam palmas acompanhando. Sorri de orelha a orelha com aquilo, pois era maravilhoso ter meus melhores amigos juntos comigo e aproveitando a vida novamente. Estava todo mundo ali: , Domi, Noah, Jesse, Ned, Íris, ísis, Ashley e . Eu não poderia querer outra coisa.

- Todo mundo já está aqui, só faltava você - Els disse animada. - A peça mais importante por estarmos todos de volta!

Sorri com cumplicidade para a minha amiga, era realmente maravilhoso tudo aquilo.
Andamos em direção aos demais e assim que pisei na areia, retirei meus sapatos e pisei descalça na areia, já que eu adorava essa sensação.

- Ual! - escutei dizer assim que me aproximei da fogueira.
- Não é pra tanto, - respondi um pouco envergonhada. E realmente não era, eu não tinha passado um pingo de maquiagem, apenas tinha vestido um conjunto branco de saia e cropped com algumas flores, nada demais.
- Gosto de te deixar sem graça - respondeu rindo ao lado de Ashley.
- Conversou com a banda nova?- Ashley me questionou.
- Sim, Ash – respondi. - Mas acho que precisamos marcar uma audição com eles também, entender como eles são ao vi…
- Agora não é hora de falar de trabalho, ! Estamos aqui para comemorar e nos divertir - Noah me cortou se levantando e vindo em minha direção com uma taça de champanhe nas mãos. Ele não bebia nada desde a reabilitação, então eu sabia que ele estava trazendo aquela taça para mim.
- Okay, okay! - respondi rindo e pegando a taça de sua mão e dando um gole em seguida.
- Hey, ! - escutei me chamar para demonstrar que estava ali.
- Oi, ! - respondi rindo e dando uma piscadinha de leve para ele.

deu uma risadinha e desviou o olhar de mim.
Depois disso, sentei perto de Ellora e Íris, que nem ao menos tinha notado a minha presença direito, já que estava concentrada vendo algo no celular com Ned.

- Oi pra você também, Íris - disse chamando a atenção da minha amiga.

Íris imediatamente olhou para mim assustada, ela realmente não tinha percebido que eu havia chegado.

- Oh, , não tinha visto que você tinha chegado! Eu e Ned estávamos procurando uma música para ser cantada agora - Íris respondeu dando um leve abraço em mim.
- Acho que vocês não precisam procurar música - Noah começou a dizer. - compôs uma música esses dias e eu finalizei a melodia mais precisamente essa semana. Ela tem tudo a ver com esse clima que estamos hoje.

Engoli em seco quando ouvi aquilo. Não poderia ser mais uma música sobre mim, poderia?

- Vocês não param de trabalhar nunca? - questionou.
- A minha inspiração é muito presente, então não é difícil escrever - respondeu olhando fixamente para mim enquanto passava uma das mãos pelos lábios.
- Podemos tocar? - Noah perguntou voltando a atenção para si.
- SIM! - alguns de nós respondeu em uníssono.

- Recomendo colocar para tocar In Your Atmosphere do John Mayer -


Noah então começou a dedilhar uma melodia gostosa no violão que realmente se encaixa naquele momento. O céu alaranjado de Los Angeles com o sol quase todo coberto no horizonte, o mar acompanhando as cores do céu, uma fogueira e meus melhores amigos, aquilo era a coisa que eu mais amava no mundo e não tinha como ter algo melhor.

- I don't think I'm gonna go to LA anymore, I don't think I'm gonna go to LA anymore, I don't know what it's like to land and not race to your door, I don't think I'm gonna go to LA anymore / Eu acho que não vou mais para Los Angeles, eu acho que não vou mais para Los Angeles. Eu não sei como é pisar lá e não correr para sua porta, eu acho que não vou mais para Los Angeles - começou a cantar.

Ele olhava fixamente para mim e já estava claro que tudo o que ele cantaria seria sobre nós dois e o que estávamos vivendo.
Noah fez um pequeno solo perfeito no violão.

- I don't think I'm gonna go to LA anymore, I'm not sure that I really ever could, hold on to a hotel key in a bedroom neighborhood and go sleep-walking in Hollywood / Eu acho que não vou mais para Los Angeles, eu não estou certo de que poderia me contentar com uma chave de hotel estando tão perto de seu bairro, nós somos sonâmbulos em Hollywood - cantou mais uma parte da música que se encaixava perfeitamente em tudo o que estávamos vivendo; ele no hotel e vindo até a minha casa a noite para conversarmos, nossa ida até o restaurante, nossas ligações de madrugada antes de dormir, tudo.

I'm gonna steer clear / Eu vou ficar longe
Burn up in your atmosphere / Desaparecer da sua atmosfera
I'm gonna steer clear / Eu vou ficar longe
'Cause I'd die if I saw you / Porque eu morreria se te visse
I'd die if I didn't see you there / Morreria se não te visse lá
So I don't think I'm gonna go to LA anymore / Então eu acho que não vou mais para Los Angeles


E a cada verso cantado por , a cada palavra, a cada verdade, porque tudo o que ele dizia naquela música era verdade, eu sentia meu coração bater acelerado lembrando das nossas cenas no estúdio depois da transa, nós dois abraçados no sofá como se o tempo nunca tivesse separado a gente, como se nossas atitudes nunca tivessem machucado ninguém. Era só a gente, e contra o mundo e nada mais importava.

I don't think I'm gonna go to LA anymore / Então eu acho que não vou mais para lá
I get lost on the boulevard at night / Eu me perderia no Boulevard a noite
Without your voice to tell me I love you, take a right / Sem a sua voz para me dizer "eu te amo", pegue uma carona
The ten and the two is a lonely sight / O cruzamento da 10 com a 2 é uma visão solitária


cantou essa parte extremamente fixado em mim, olhando tão profundamente em meus olhos que ele poderia enxergar tudo o que eu estava sentindo e ele com certeza veria que meu coração ainda pertencia a ele e ainda queria ele, só que era teimoso. Naquela parte também ficou claro a conversa que tivemos sobre ser amigos depois que jantamos, pois ela aconteceu na rua do meu apartamento e a última frase do verso era meu endereço; tudo se encaixava perfeitamente como uma luva.

I'm gonna steer clear / Eu vou ficar longe
Burn up in your atmosphere / Desaparecer da sua atmosfera
I'm gonna steer clear / Eu vou ficar longe
'Cause I'd die if I saw you / Porque eu morreria se te visse
I'd die if I didn't see you there / Morreria se não te visse lá


E a cada parte cantada, dava o melhor de si e cantava com mais força, mais vontade e mais amor. Da mesma forma que era possível ver todos os meus sentimentos nos meus olhos, também era possível ver nos dele.
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I'm gonna steer clear / Eu vou ficar longe
Burn up in your atmosphere / Desaparecer da sua atmosfera
I'm gonna steer clear / Eu vou ficar longe
'Cause I'd die if I saw you / Porque eu morreria se te visse
I'd die if I didn't see you there / Morreria se não te visse lá

I think I'm gonna stay gonna stay gonna stay in the gray / Acho que vou ficar, vou ficar, vou ficar na tristeza
All the street lights say “never mind, never mind” / Todos as luzes das ruas dizem: Deixe pra lá, deixe pra lá
And the canyon lines say “never mind” / As linhas do Canyon dizem: Deixe pra lá
Sunset says we see this all the time, never mind, never mind / O pôr do Sol diz: Nós vemos isso o tempo todo, deixe pra lá


, assim que acabou de cantar, respirou fundo ainda olhando para mim, deu uma leve risadinha e mordeu seu lábio inferior e aquela cena havia me desmontado. Uma pequena salva de palmas foi batida por todos na roda, inclusive por mim, mas poucos segundos depois, Noah voltou a tocar o violão para a surpresa de todo mundo e então voltou a cantar.

Wherever I go whatever I do / Aonde quer que eu vá, o que quer que eu faça
I wonder where I am in my relationship to you / Eu me pergunto onde estou na minha relação com você
Wherever you go whatever you are / Aonde quer que você vá, onde quer que você esteja
I watch your life play out and take pictures from a far / Eu assisto a sua vida passar em fotografias à distância


Aquele verso em especial havia me tocado de uma forma que eu não imaginava. Era se questionando sobre o que tínhamos e como estávamos. Ele então cantou aquela mesma parte novamente só que com mais força e mais emoção.

Wherever I go whatever I do / Aonde quer que eu vá, o que quer que eu faça
I wonder where I am in my relationship to you / Eu me pergunto onde estou na minha relação com você
Wherever you go whatever you are / Aonde quer que você vá, onde quer que você esteja
I watch that pretty life play out in pictures from afar / Eu assisto àquela vida linda passar em fotografias à distância


E assim que a música foi finalizada, eu consegui perceber que não adiantava mais fugir daquele sentimento: eu sempre amaria e vê-lo fazer músicas para mim, ainda mais músicas como aquela que tinha tocado a minha alma e mostrado o que ele sentia em cada parte. Eu olhava boba para ele e percebeu isso, tanto que deu uma leve piscada para mim, fazendo meu coração derreter de vez.

- O que vocês aprontaram? - escutei Ellora me questionar me tirando daquela imersão de sentimentos e pensamentos que estavam na minha cabeça.
- O que? - perguntei me fazendo de desentendida.
- Claramente alguma coisa rolou entre vocês dois que você não me contou - Els constatou.
- Você está louca, Ellora – menti. - Nós somos apenas amigos e estamos fazendo essa amizade dar certo.

Ellora riu da minha cara.

- Quando você vai aprender que não consegue mentir para mim, ? - Els disse ainda em meio a risada.

Revirei os olhos me dando por vencida e me aproximei da minha amiga para conseguir falar baixo sem que ninguém escutasse.

- Eu e transamos esses dias no estúdio da gravadora – contei. - Mas não foi nada demais. Ainda continuamos amigos e nada além disso.
- Eu sabia! Vocês estão agindo igualzinho a primeira vez que transaram durante a turnê! - Ellora disse animada.
- Shiu! - alertei minha amiga que ria de orelha a orelha com a informação para falar baixo.
- E preciso confessar que essa música mexeu com meus sentimentos - continuei falando baixo para minha amiga. - Mas não quero pensar nisso agora, só quero curtir.
- Sei a forma que você vai curtir depois, - Ellora falou de uma forma safada e ri da minha amiga.

A noite mal tinha começado e eu já tinha sentindo um turbilhão de sentimentos e emoções, porém mal sabia eu que aquela noite estava apenas começando e que presenciaria uma das cenas mais bonitas que já imaginei presenciar.

- Noah -


Ellora sempre foi tudo o que eu queria em uma mulher e hoje vejo que ter aquela troca de olhares com ela no nosso primeiro dia da turnê europeia foi a melhor coisa que fiz na minha vida. Às vezes me pegava a observando e me questionava como chegamos ali e como consegui conquistar o sorriso daquela bela ruiva, a coisa mais linda que eu tinha conquistado. Seu jeito, defeitos, amor, carinho, modo de provocar, sua pele tão macia, seu sorriso ao acordar, o estilo de se vestir, a forma que cuidava e amava nossa Peach, a expressão que faz quando está pensando, tudo o que eu fazia, desejava ou pensava durante todo o dia era na minha Pimentinha. É por isso que eu não podia mais adiar algo que eu vinha planejando desde que chegamos em Los Angeles, e quando passei pela porta da joalheria Tiffany’s mês passado, a preferida dela, aquilo me atingiu como um raio.
Eu amo a Els, sei que ela é a mulher da minha vida. Nós já estávamos juntos há algum tempo, construindo uma vida juntos, criando uma filha, a vida não poderia ser mais perfeita, mas eu queria que nós fôssemos completamente oficiais, completamente ligados um ao outro, porque eu nos via desse jeito. Nós sempre pensamos nisso, mas nunca colocamos em prática. A equação era simples: eu queria casar com Ellora Karavelle, mãe da nossa filha e amor da minha vida, e agora seria o momento perfeito, pois estávamos rodeados dos nossos melhores amigos e das pessoas que mais nos conheciam e apoiaram nosso relacionamento desde o início. Eu já tinha guardado esse segredo há muito tempo de todos e precisava revelá-lo agora, principalmente para minha garota.
Após terminar de cantar mais uma de suas músicas inspiradas em , percebi o clima que ficou entre os dois e com toda certeza tinha acontecido algo ali que iria cobrar explicações para meu primo mais tarde. andava muito alegre e de bom humor e só tinha visto isso acontecer logo depois que ele e transaram pela primeira vez. Mas isso ficaria para mais tarde, porque agora eu daria um passo importante na minha vida e eu tinha que falar para todos.
Soltei uma tosse falsa na intenção de chamar a atenção para mim e logo obtive.

- Pessoal, queria a atenção de todos, porque agora é minha vez de cantar - disse

já sentindo minha respiração mais pesada e minhas mãos suando. Eu tinha treinado em casa, por que agora parecia tão difícil?
Todos me olhavam atentos e a curiosidade estava estampada nos rostos à minha frente.

- Babe, você pode vir até aqui? - perguntei para Els e a mesma logo se levantou e veio para perto de mim.
- Noah, que suspense é esse? - Ellora me questionou curiosa como sempre.
- Eu tenho um presente pra você - disse atraindo a atenção da minha namorada.
- Outro? Você já me deu tantos hoje! Não é justo, Nols! - ela me interrompeu.
- É minha vez de falar, ou melhor, cantar - sorri e os olhos dela me encaravam confusos.

Passei os meus dedos em seu rosto contemplando sua face, e em seguida recebi um sorriso dela.

- Recomendo colocar para tocar If I Ain't Got You (cover) do James Bay -


Respirei fundo novamente e comecei a tocar uma melodia suave no violão. Eu ia demonstrar meus sentimentos através do que eu fazia de melhor: escrever e tocar músicas.

Some people live for the fortune / Algumas pessoas vivem pela fortuna
Some people live just for the fame / Algumas pessoas vivem pela fama
Some people live for the power, yeah / Algumas pessoas vivem pelo poder, sim
Some people live just to play the game / Algumas pessoas vivem só para jogar o jogo
Some people think that the physical things / Algumas pessoas pensam que as coisas materiais
Define what's within / Define o que elas são por dentro
I've been there before / Eu já me senti assim antes
But that life's a bore / Mas a vida é sem graça
So full of the superficial / Tão cheia de coisas superficiais


Antes de Ellora, eu me sentia exatamente assim: todo o dinheiro que eu ganhava com a banda eu gastava com coisas supérfluas, bebidas, mulheres e principalmente drogas. E hoje vejo que a vida era extremamente chata e sem graça porque não havia sentimento.

Some people want it all / Algumas pessoas querem tudo
But I don't want nothing at all / Mas eu não quero nada
If it ain't you, baby / Se não for você, querida
If I ain't got you, baby / Se não for você, querida
Some people want diamond rings / Algumas pessoas querem anéis de diamante
Some just want everything / Algumas apenas querem tudo
But everything means nothing / Mas tudo significa nada
If I ain't got you / Se eu não tiver você


Era assim que eu me sentia: nada mais importava se eu não tivesse Ellora em minha vida.

Some people search for a fountain / Algumas pessoas procuram por fontes
That promises forever young / Promessas para ser sempre jovem
Some people need three dozen roses / Algumas pessoas precisam de três dúzias de flores
And that's the only way to prove you love them / Para provar seu amor
Hand me the world on a silver platter / E em um mundo de prato de prata
And what good would it be / Eu me pergunto o que isso importa
With no-one to share with, no-one who truly cares for me / Ninguém para dividir e ninguém que realmente se importa comigo


Eu cantava com todo meu amor e minha força. Queria que Ellora sentisse tudo o que eu estava sentindo e que entendesse o que a música significava para mim, pois era minha declaração de amor para ela.

Some people want it all / Algumas pessoas querem tudo
But I don't want nothing at all / Mas eu não quero nada
If it ain't you, baby / Se não for você, querida
If I ain't got you, baby / Se não for você, querida
Some people want diamond rings / Algumas pessoas querem anéis de diamante
Some just want everything / Algumas apenas querem tudo
But everything means nothing / Mas tudo significa nada
If I ain't got you / Se eu não tiver você


Mantinha meus olhos fechados, pois se eu visse as reações da minha Pimentinha, com toda certeza, não ia conseguir continuar, mas o final da minha música estava chegando e eu precisava cantar a última frase e olhar em seus olhos. Abri então meus olhos e vi a cena mais linda que durante quatro anos imaginei em minha cabeça: Ellora emocionada tentando conter o choro com um lindo pôr-do-sol atrás dela. Ela tinha entendido o que eu queria dizer na música e eu não poderia estar mais feliz. Respirei fundo e olhei em seus olhos para cantar a última frase que faltava da música.

If I ain't got you with me, baby / Se eu não tenho você, baby
Nothing in this whole wide world don't mean a thing / Nada nesse mundo tem significado
If I ain't got you with me, baby / Se eu não tenho você comigo, baby


Cantei com a voz já rouca de emoção a parte mais significativa da música para mim, pois meu relacionamento com Els se resumia a isso: se ela não estivesse comigo, então nada nesse mundo tinha significado algum para mim. Ela e Peach eram os melhores presentes que eu poderia receber nesta vida e eu agradecia todos os dias por minha garota ter me dado uma segunda chance e ter ficado do meu lado durante o período mais difícil da minha vida. Eu precisei passar por dias obscuros com Ellora para no final recebermos a nossa Peach Zahara, minha joia rara em forma de luz.
Olhei para todos à nossa volta, que estavam visivelmente emocionados e felizes, e peguei nas mãos de Ellora, pois seria agora ou nunca.

- Els - comecei a falar. - eu sei que você mentaliza cada traço meu para toda vez que sente saudade, pensar em mim para amenizar ela e eu também faço isso. Eu sei também que independente do tempo, nós seremos os mesmos amigos, amantes e companheiros que sempre fomos. Estamos juntos há quatro anos e isso é o suficiente para eu ter certeza que seremos sempre um do outro, que sempre vamos completar um ao outro, que podemos ser quem nós quisermos juntos. Apesar de já nos chamarmos de marido e mulher, você merece ter esse momento e, Pimentinha, eu sei que nós começamos tudo ao ‘‘contrário’’: primeiro veio nossa Peach e logo em seguida minha internação e tudo o que passamos naqueles meses me fez perceber realmente que você é a mulher da minha vida e que me deu o presente mais lindo desse mundo. Quando você me olhou pela primeira vez no bar daquele hotel em Londres eu sabia que eu seria seu para sempre. A nossa história é totalmente fora do padrão, mas me orgulho muito dela e tudo isso me faz acreditar que existe destino e que tudo tem uma razão para acontecer.
- Noah, o que você está tentando fazer? – ela me perguntava com os olhos brilhando e as lágrimas escorrendo.
- Há quatro anos eu não preciso mais aceitar migalhas de sentimentos, há quatro anos eu não preciso correr atrás de ninguém pra me satisfazer ou só para ter alguém a quem entregar meu coração. Há quatro anos eu o entreguei em suas mãos e tudo o que eu sempre desejei foi ser feliz com alguém que me queira como eu sou, com cada defeito ou qualidade, alguém que me mostre também seus pontos fracos. Eu cansei de afters, confusões, groupies e tudo o que o backstage me proporcionava há muito tempo, Ellora.
- Méritos meus, eu sei... – ela brincou rindo nervosa.

Estava ansiosa, eu sabia disso.

- Todos seus... – disse sorrindo enquanto colocava o violão na areia. - Eu amo você, Els. Amo tanto. Eu me sinto extremamente sortudo por ter você na minha vida e por nós dois termos feito uma filha tão linda juntos. Vocês duas são a minha vida toda e sem vocês eu sei que não seria nada. Agora eu só quero você, Ellora. Há muito tempo e para o resto da vida. Eu tenho que fazer isso, e é porque você é o meu mundo todo que eu não posso mais esperar, Els.
- Noah...?

Respirei fundo e me afastei, tirando a caixinha do bolso e me ajoelhando na frente dela, que engasgou quando me viu abrindo a caixa e revelando o anel que continha um diamante quadrado no centro e duas fileiras de pequenos diamantes envoltos em prata que davam forma ao anel e enfim pronunciei a tão ensaiada frase.

- Ellora Karavelle, casa comigo?

Ela me encarou e piscou repetidamente, aquilo era surreal e ao mesmo tempo maravilhoso. Naquele momento, para mim, só havia nós dois naquela imensa praia.

- Sim! - Els deixou escapar um soluço que a estava sufocando desde que me viu ajoelhado, com os olhos marejados.

Ela sorriu, seus olhos brilhando lindamente com o reflexo da luz em suas lágrimas.
Respirei fundo depois de ter ficado alguns segundos segurando a respiração, ansioso pela resposta e esperando que ela aceitasse. E quando ela exclamou o “Sim!” eu me levantei sorrindo e coloquei o anel em seu dedo, antes de pegá-la no colo e rodá-la no ar distribuindo beijos pelo seu rosto, secando todas as lágrimas que haviam caído.

- Eu te amo, Noah!
- Eu também te amo, Els!
- Nós vamos nos casar? É sério isso?
- Sim, pimentinha, nós vamos. Eu não sei por que nunca fiz isso antes, mas quando chegamos em Los Angeles, minha cabeça e meu coração me disseram que esse era o momento certo porque o que mais importa é o sentimento que tenho por você. E o momento perfeito é quando você sente que é perfeito, não quando você planeja todos os detalhes. Te perguntar se você aceita ser a Sra. James num luau com os nossos melhores amigos, me parece o momento perfeito.
- É perfeito! É claro que é perfeito! Você é perfeito pra mim! Nós estamos aqui... Chegamos tão longe, temos uma filha e uma vida juntos e agora parece certo começar a planejar o resto das nossas vidas. Eu te amo, Noah e eu mal posso esperar pra ser sua esposa.
- Mal posso esperar pra te dar meu sobrenome, amor – E então nós começamos um beijo apaixonado, totalmente diferente dos outros até agora, o desejo pulsando em cada célula do nosso corpo. Eu a apertei mais em meus braços, sentindo suas mãos pequenas acariciando a minha nuca e a frieza da prata em seu dedo batendo no meu pescoço e me deixando arrepiado.

Podia escutar os gritos, aplausos e risadas dos nossos amigos atrás de nós, mas nada importava para mim nesse momento: eu só queria beijar minha noiva e mais nada.
Assim como nós não éramos convencionais, por mais que eu tenha tentado fazer um pedido convencional, não foi o que aconteceu. E não importava. A nossa originalidade era o que eu mais amava.


Capítulo 16

- -


O pedido de casamento de Noah para Ellora durante o luau definitivamente tinha pegado todos de surpresa, afinal todos nós sempre soubemos o quanto Noah e Ellora eram um casal que estava destinado a ficar junto desde o primeiro dia em que se encontraram naquele hotel em Londres anos atrás, mas o casamento tinha ficado de lado. Obviamente que Ellora já tinha incorporado o James para o seu nome, eles já tinham Peach juntos e viviam como um casal, o melhor casal que eu conhecia nessa vida. Mas a vida foi deixando o título oficial para trás e eu achei que nunca seria uma grande questão entre eles até que Noah me aparece cantando e arrancando lágrimas de felicidades de todo mundo durante o luau; não existia momento melhor no mundo do que aquele e o detalhe que tinha permanecido tanto tempo despercebido, agora brilhava na forma de um grande diamante no dedo anelar da mão direta de Ellora.
Depois do pedido, os dois já entraram numa vibe de organização para uma festa de noivado, pois eles ainda queriam comemorar esse marco para depois começar a organizar o casamento, que segundo Ellora, seria o maior casamento que eu veria na vida e eu não duvidaria disso nunca. Minha amiga sempre foi a que mais gostava de festa e glamour de todas nós, ou seja, eu não conseguia nem imaginar o quanto esse casamento seria grande. Mas voltando para o noivado, toda a preparação foi feita em apenas uma semana que me causou muita dor de cabeça, já que Ellora fez questão que eu ajudasse nos mínimos detalhes, pois eu tinha sido nomeada a dama de honra dela, então meu papel já começava a ser exercido desde a festa de noivado. O pior de tudo nem era a organização do noivado que consistia em contratar buffet, decoração e músicos, e sim que tanto Ellora quanto Noah, queriam que tudo acontecesse em Londres; eles queriam um noivado planejado em uma semana do outro lado do oceano, já que todos nós estávamos vivendo em Los Angeles.
Para que tudo acontecesse como o planejado, acabei voando para Londres dois dias após o pedido juntamente com Els e minha sweet Peach e tive que pedir uns dias de folga da gravadora, que foi aceito sem nenhuma objeção, pois eu estava trabalhando tanto e de forma tão emendada que eles entenderam perfeitamente eu me ausentar esses dias para ajudar minha amiga. E como a Pathetic Aesthetic estava no processo de gravação do álbum ainda, eu não precisava necessariamente estar com eles o tempo todo e os únicos que precisavam, estavam lá, que eram e Dominic, por isso nenhum deles conseguiria vir para o noivado, nem mesmo Ashley, o que era uma pena, mas necessário, infelizmente. Então esses dias além de ajudar Ellora serviram para que eu conseguisse descansar e também para que me mantivesse longe de todo drama que trabalhar com essa banda em especial gerava, um drama que atendia pelo nome de .
Me manter longe de era o foco no momento: nós não tínhamos conversado de fato sobre o que tinha acontecido no estúdio alguns dias atrás e nem sobre a declaração nítida através de uma música no luau que mexeu comigo, não posso negar. E era exatamente por isso que eu precisava adiar ao máximo qualquer conversa que envolvesse nós dois, porque eu sabia que eu teria que quebrar seu coração mais uma vez; ainda não era a nossa hora e nem sei se em algum momento seria.

- Como estou? - ouvi Ellora dizer fazendo com que eu despertasse dos meus pensamentos.

Ellora estava parada na minha frente com um dos sorrisos mais lindos que eu já havia visto em seu rosto. Ela vestia um vestido longo feito sob medida para ela da Prada, todo de paetê prata, clássico de Ellora, mas por cima possuía um tule rosa-bebê que dava toda a elegância necessária para aquele momento. Seu cabelo longo e ruivo estava solto e descia com leves ondas nas pontas, além da sua maquiagem clara e perfeita que completava todo o combo. Eu não tinha palavras para descrever o quanto ela estava bonita e radiante; claramente era o dia de celebrar o amor, o dia de Ellora e Noah.

- Estou sem palavras! - confessei a olhando e dando um sorriso cúmplice.

Ellora caiu na risada.

- Olha para você, ! - Els disse apontando em minha direção e me virei pro espelho.
- Hoje é o seu dia – respondi. - Tenho que passar despercebida.

E realmente não tinha nada demais no que eu vestia: era apenas um vestido azul-royal brilhoso que ia até minha panturrilha, justo ao corpo e com um grande laço na parte dos seios, nada demais realmente.

- É hoje que não larga do seu pé! - Ellora constatou em meio aos risos.

Acabei engolindo em seco assim que ouvi aquilo e voltando a olhá-la.
Ellora já sabia de tudo o que tinha acontecido com a gente e o quanto eu estava fugindo de qualquer conversa com relacionada a nós. Eu não queria deixar algo ruim entre a gente, porque eu sabia bem lá no fundo da minha alma que aquele ainda não era o momento de nada voltar a ser como era antes, pelo menos não em questões amorosas.

- Por favor, Els - pedi suplicante.

Não queria pensar nisso naquele momento, pois era o dia da minha melhor amiga e de um rockstar que era o grande amor da sua vida, um cara que a nossa fase groupie trouxe para ela quebrando todos os paradigmas dessa vida e era a última coisa que eu queria pensar nesse momento, apesar de ele fazer parte de tudo isso. Hoje eu só queria pensar em Ellora e Noah.

- , vocês precisam conversar - Ellora constatou.
- Eu sei, mas não quero fazer isso agora, não no meio do seu momento - me justifiquei.
- Na verdade, acho que esse seria o momento ideal para tudo isso - Ellora começou. - Vocês estão numa fase boa e esse ambiente todo transborda amor! Eu sinto que é nesse lugar que vocês vão se reconectar e entender que precisam ficar juntos.

Apenas abaixei a cabeça olhando para as minhas mãos pensativa; ainda não era o momento, não para a gente.

- Els... - comecei a dizer, mas Ellora me cortou.
- Eu sei o que você vai dizer - Ellora começou a dizer. - Que ainda não é hora, que ainda sente as dores do passado e tudo mais e eu te entendo como ninguém, mas se você não abrir esse coração, essas dores nunca serão esquecidas. Elas sempre estarão martelando o seu coração e você vai perder o grande amor da sua vida, porque eu sei e como sei, que o é único que sempre vai estar dentro desse coração, que vai o domar por inteiro e ninguém nunca vai ocupar 1% do que ele tem aí dentro mesmo que você tente.
- Eu só não estou pronta e não acho que é o momento certo ainda - disse por fim.
- Mas enquanto você busca esse momento certo, o tempo vai passando e pode ser que quando você estiver pronta, não esteja mais - Ellora dizia cada palavra olhando profundamente dentro dos meus olhos.

Eu sabia que ela estava certa e sentia isso. Cada palavra da minha amiga tomava parte de mim, mas eu só sentia que não era o momento e se fosse necessário deixar ir para sempre, eu deixaria.

- Mas vamos mudar de assunto - Ellora disse desviando do que dizíamos antes notando meu desconforto. - Sabe onde está Peach?
- Com sua mãe. Ela iria arrumá-la - respondi.

Ellora se analisou no espelho, depois voltou o olhar para mim e então veio em minha direção para me abraçar.

- Obrigada por tudo, ! Por esse momento, por toda ajuda e tudo o que você é na minha vida sempre - Els começou agradecer enquanto me abraçava forte. - Se não fosse você ter apresentado a Pathetic Aesthetic para mim e Íris quando estava na Brit Records, nós nunca teríamos embarcado naquela turnê pela Europa e eu nunca teria conhecido o grande amor da minha vida.

Meus olhos começaram a se encher de lágrimas com cada palavra que Ellora dizia, pois era realmente verdade. Tudo o que passamos anos atrás fez com que chegássemos nesse exato momento onde Ellora estava finalmente noiva do seu rockstar favorito.
Minha amiga então me soltou, passou uma das mãos pelos olhos tirando qualquer resquício de lágrima e acabei fazendo a mesma coisa. Nós duas nos entreolhamos e então sorrimos vendo o sonho da minha melhor amiga se realizar.

- Você pode buscar Peach para mim? - Ellora perguntou respirando fundo e abanando o rosto para não voltar a chorar. - Queria falar com ela.
- Claro! - respondi rindo - Logo ela estará aqui.

Me dirigi para fora do quarto em que Ellora estava se arrumando e fui para o quarto da minha afilhada, mas o mesmo estava vazio, então desci para 1o andar a fim de encontrar onde a mãe de Els estava com a nossa sweet Peach. O noivado estava ocorrendo na própria mansão de Ellora e Noah em Londres; ela estava à venda, mas minha amiga fez questão de comemorar esse momento lá e eu a entendia. Agora seria uma nova jornada para essa família e nada melhor do que se despedir do lugar em que eles viveram tantas coisas boas e fortaleceu a união deles ao longo desses anos.
Assim que cheguei à sala de estar, vi Peach sentada no sofá pronta assistindo um desenho abraçada a Aslam. Ela estava com uma coroa de pequenas flores na cabeça e com um vestido creme que a deixava a criança mais adorável do mundo.

- Tia ! - Peach disse sorrindo assim que me viu.
- Oi meu amor, sua mamãe quer falar com você - disse chegando perto dela e me sentando ao seu lado no sofá - Você está linda!
- Obrigada, titia! - Peach agradeceu - O que a mamãe quer? - perguntou curiosa.
- Não sei, P. Vamos lá? - perguntei enquanto já me colocava de pé e estendia a mão para Peach.

Minha pequena então se levantou do sofá dando um pulinho fofo e pegou na minha mão, o que me fez sorrir. Dei então uma conferida na sala e notei que Peach estava sozinha.

- Cadê a sua vovó? - perguntei, já que ela estava sozinha na sala.
- A vovó foi pegar água para mim - Peach respondeu.
- Little Peach, aqui está sua água, minha bonequinha! - escutei a voz da mãe de Ellora dizer.

Celine Karavelle era bem parecida com Ellora, exceto pelos cabelos e a cor dos olhos. Enquanto Els era ruiva e com olhos castanhos iguais ao do pai, Celine era loira de olhos azuis. Ela era completamente elegante e com uma pose de artista de cinema dos 70, porém quando estava com Peach ela agia igual à qualquer outra avó babona; nada no mundo importava mais do que aquela pequena para ela.

- Ah! Oi, , aconteceu algo? - Celine perguntou enquanto vinha em nossa direção.

Em seguida, entregou o copo com água para nossa pequena que começou a beber imediatamente.

- Não, só vim buscar a Peach porque a Els pediu. Ela quer falar com nossa menininha - avisei.
- Obrigada, vovó - Peach agradeceu entregando o copo para Celine assim que acabou de beber água.

Celine pegou o copo em mãos e sorriu para Peach.

- Vou levá-la para Els - avisei enquanto já andava em direção às escadas de mãos dadas com Peach.

Porém não deu tempo de Celine responder alguma coisa, ou se ela respondeu não cheguei a ouvir, porque imediatamente me desconectei do mundo quando senti um cheiro extremamente familiar tomar conta do sala; um dos meus cheiros favoritos no mundo.

- - escutei aquela voz familiar me chamar, a voz de . - Nós podemos conversar?
- Preciso levar Peach para Els - disse de forma rápida enquanto recuperava os sentidos.

Ainda permanecia olhando para as escadas, porque sabia que se olhasse para , teria que me render ao que ele queria. Precisava permanecer sendo firme, já que eu estava certa de todas as minhas decisões e aquele ainda não era o melhor momento para conversar com .

- A vovó me leva, titia - Peach disse com toda a inocência de sempre interrompendo meus pensamentos. - Não é, vovó?
- Mas... - tentei argumentar, mas Celine foi mais rápida respondendo.
- Sim, meu amor - Celine disse deixando o copo em cima de uma das mesinhas que tinha ali e dando a mão para Peach.

Assim que Peach pegou a mão da avó acabou olhando para trás na direção de lhe dando um sorriso travesso, e então soltou a minha mão para começar a subir as escadas com a avó. Quando vi que ambas atingiram o topo da escada, finalmente me virei para olhar . E ele estava ali, parado, com as mãos nos bolsos da calça social que vestia juntamente com o paletó e gravata, todos em tons pretos. Acabei engolindo em seco ao ver aquela cena; era extremamente bonito, charmoso, sexy e sempre foi na verdade, principalmente em suas jaquetas de couro e calças jeans rasgadas, mas agora ali, na minha frente de terno e gravata, aquele tinha sido o ápice de todos. exalava algo diferente naquele momento.

- Uma foto faz durar mais - ele disse rindo fazendo com que meus pensamentos voltassem para a realidade.

Acabei rindo quando ele disse essa frase, porque foi a mesma que eu disse quando a gente se conheceu anos atrás no hotel aqui em Londres quando fui ao seu quarto.

- Mas voltando ao assunto - começou a dizer. - A gente pode conversar?
- Se eu falar que não vai resolver alguma coisa? - perguntei retoricamente.

apenas deu um sorriso acanhado e depois retirou uma das mãos do bolso e passou pelos lábios.

- Pode ser lá fora? - perguntou enquanto ainda passava a mão pelo lábio.
- Claro! - respondi um pouco nervosa.

Por mais que eu não quisesse que esse assunto acontecesse agora, sabia que tinha que ser feito e precisava ser sincera com ele.
Nós dois então saímos da sala de estar da mansão e seguimos em direção ao jardim onde seria o jantar em comemoração ao noivado. Todo o lugar já estava pronto: flores em tons creme estavam espalhadas por todo lado, em cima das mesas de madeira escura quase preta, em longos arranjos e em um arco ao qual dava passagem para a grande tenda onde estava montada toda a estrutura do jantar e um pequeno palco para os músicos. A iluminação era feita por grandes candelabros, correntes de luz e velas. Era algo estupidamente lindo.

- Eles capricharam - ouvi comentar sobre a decoração da festa.
- Sim, não tem como negar que tudo isso está lindo - disse dando um sorriso.

e eu então paramos de andar quando finalmente encontramos um banco próximo à tenda e ali nos sentamos.

- Sobre o que exatamente você quer conversar, ? - perguntei de forma direta, pois queria sair logo daquela situação que eu tanto estava evitando.
- A gente não conversou direito depois do que aconteceu conosco nos últimos dias e eu só queria entender a nossa situação - disse enquanto olhava para sua mão e mexia em seus anéis.

Ele claramente estava nervoso da mesma forma que eu, pois nunca era fácil conversar com ele sobre nós.

- Entender exatamente o quê, ? - comecei a dizer. - Você sabe que a gente...

Não consegui terminar a frase, pois acabou me interrompendo.

- Que a gente não vai voltar a ficar junto? - disse isso enquanto levantava a cabeça e fixando seus olhos nos meus. - Você anda deixando bem claro isso, . Sempre quando a gente tem uma aproximação você some depois.

Era nítida a mágoa em seu olhar.

- É só que... - quis me justificar, mas levantou a mão pedindo para que o deixasse continuar a falar.
- Eu só não entendo - continuou a falar ainda olhando para mim. - É tão claro que você ainda sente algo por mim, que reage ao meu toque e que se sente bem comigo. Eu pude ver a forma que mexo com você há poucos minutos atrás ou acha mesmo que é normal você me olhar da forma que olhou na hora em que te chamei na sala? Eu só queria entender o porquê você se afasta e por que simplesmente não podemos tentar mais uma vez.
- Porque você me machucou, ! - respondi firme de uma vez, fazendo até com que desse uma leve arregalada nos olhos. - Eu não vou negar que não sinto nada por você. Eu sinto e sinto até demais, mas eu ainda não consigo deixar esse sentimento passar por cima do que aconteceu no passado porque eu ainda lembro das palavras que você me disse e dos socos que você deu no Shawn e no Daniel! Isso é normal para você? Porque para mim não é! Eu não quero viver um relacionamento onde eu tenha que lidar com uma bomba relógio...
- Quando é que você vai perceber que eu mudei, ? Pelo amor de Deus! - me interrompeu mais uma vez enquanto passava a mão pelos cabelos curtos de forma nervosa.
- Eu sei que mudou, eu só... - comecei a me defender sem conseguir terminar a frase.

então levantou a cabeça novamente, me encarando com o olhar.

- Eu só o que, ? - me questionou.
- Eu só não acho que seja o momento certo - disse por fim olhando para ele.

balançou a cabeça de forma negativa e mordeu os lábios. Ele então se aproximou ficando cara a cara comigo.

- - me chamou de forma calma olhando fixamente para mim. - Você não precisa esquecer o passado e nem deve porque eu sei o grande babaca que eu fui e me arrependo amargamente todo santo dia disso. Me arrependo também de não ter tentando entender seus motivos e enxergado tudo isso antes, mas você precisa aprender a seguir em frente e colocar as coisas boas acima das outras, aprender a amar novamente e curtir o momento. Se você não fizer isso, vai ficar perdendo seu tempo com pessoas erradas e essas pessoas podem te fazer bem por um momento, mas nunca serão a pessoa certa que irá te preencher por completo. Digo isso por experiência própria, porque eu tentei com que outras pessoas ocupassem seu lugar, mas elas nunca chegaram a 1% do que você foi.
- Z... - comecei a dizer, mas trouxe sua mão até meus lábios pedindo para que eu não falasse nada.
- E de verdade, eu não falo isso por mim - continuou. - Falo por você, porque me importo e quero o seu bem.

Ele então se aproximou mais ainda de mim, levantou a sua cabeça, deu um beijo suave em minha testa e se afastou em seguida.

- Todo mundo merece uma segunda chance, pense nisso - disse enquanto se levantava do banco.

Ele deu uma última olhada para mim com um leve sorriso no rosto e saiu dali sem dizer mais nada e nem escutar o que eu tinha para dizer. Na verdade, eu nem tinha como refutar tudo aquilo que ele me disse, mas eu ainda não estava pronta para assumir meus sentimentos por ele. Já nem doía mais, porém eu só não estava pronta; isso era errado?

- -


A festa de noivado de Ellora e Noah já estava acontecendo e tudo estava perfeito; era amor para cada lado em que você olhasse. Não tinha uma pessoa que não estivesse celebrando aqueles dois juntos e nem tinha como não fazer isso; Ellora e Noah haviam nascido um para o outro e ninguém nunca duvidou disso. A maior prova desse encontro de almas era minha afilhada Peach; ela tinha sido a incumbida de levar as alianças no começo da festa para os pais e não tinha como ser outra pessoa, pois a pequena era a junção perfeita dos dois: tinha toda a beleza de Ellora e o jeito doce, mas possuía todo o resto de Noah, a sagacidade, a inteligência, sempre sabia o que fazer e pegava as coisas no ar que muitos adultos não pegavam. E foi exatamente o que ela fez comigo e hoje; ela sabia que eu queria conversar com e fez do jeito dela que isso acontecesse.
Falando em , nós havíamos conversado, não da forma que eu gostaria, mas da forma que eu já imaginava. ainda estava irredutível sobre as coisas do passado e não conseguia me perdoar por todos os erros que eu havia cometido. Eu acreditei que algo poderia ter mudado depois da nossa transa no estúdio e a música na praia, mas grande erro meu, como sempre.

- Agora é a hora da primeira dança do casal! - escutei o pai de Ellora dizer no microfone em cima do palco.

Uma salva de palmas e gritos tomou conta da festa. Dei uma olhada em volta e observei que aviam mesas para todo lado do jardim separadas de acordo com quem Noah e Ellora queriam que estivessem nelas. Na mesa do casal estava: Jesse com Isis, Ned com Íris, eu como padrinho e como dama de honra. A mesa ao nosso lado era a da família e estavam nela: os pais de Ellora, Frank e Celine, os meus pais, Yaser e Patricia, e meus tios, Daphne e Charlie, pais de Noah, além de Peach que estava aos cuidados de Celine naquele dia.

- Vai logo, Noah! E tente deixar a noiva com seus pés no final! - escutei o provocar do outro lado da mesma. Sim, estávamos em lados opostos, mas um de frente para o outro.

Noah riu, se levantou estendendo a mão para que Ellora o acompanhasse e a mesma pousou a sua mão sobre a dele e ambos andaram em direção à pequena pista de dança que tinha montada ali. Porém, antes de chegarem lá de fato, pararam na mesa dos pais deles e Noah cochichou algo no ouvido de Celine enquanto apontava para e depois para mim fazendo Celine rir e concordar com a cabeça. Noah então se virou e deu uma olhada para mim piscando em seguida e depois finalmente seguiram ao centro da pista, fazendo com que aquela cena toda me deixasse confuso. O que ele estava aprontando?
Assim que Noah e Ellora chegaram ao centro da pista, uma melodia no piano bastante conhecida por mim começou a tocar pelo lugar; uma melodia que já havia tocado em um momento meu com e era uma pena que aquilo tudo era apenas uma lembrança e não aconteceria mais, não tão em breve.
Noah e Ellora começaram a dançar juntos e era bonito a forma como ambos estavam olhando profundamente um para o outro, como se nada mais no mundoimportasse, apenas eles. Inevitavelmente, passei meus olhos pelo lugar e acabei parando minha visão em que olhava para os dois admirada com o melhor dos sorrisos no rosto.
Acredito que ela acabou sentindo meu olhar sobre ela, pois logo tirou sua visão do casal e olhou para mim. Quando ela notou que eu também a olhava, tentou disfarçar, pois provavelmente também tinha se lembrado do que aquela música remetia a nós dois.

- - senti uma mão repousar em meu ombro e me virei para ver Celine parada ao meu lado.
- Oi, Celine. Aconteceu algo? - perguntei confuso por tê-la ali.

Celine então soltou uma risadinha sem graça e se abaixou para falar comigo.

- Não, Noah só pediu para que você e a dama de honra fossem até lá dançar também - Celine avisou.
- Noah quer o quê? - perguntei com os olhos arregalados.

Eu sabia que aquela música não estava tocando à toa. Eu já deveria imaginar que Noah estava aprontando alguma.

- É apenas um pedido dele - Celine disse apenas já se afastando e voltando para a sua mesa.

Voltei a olhar para a que cantava a música baixinho, pois via seus lábios se mexendo. Respirei fundo vendo aquela cena e então me levantei indo em direção à mesma; se era algo que Noah queria, eu poderia arriscar. Assim que cheguei e me coloquei de pé ao seu lado, a estendi a mão e trouxe seu olhar até mim me olhando sem entender.

- É um pedido dos noivos - disse enquanto ainda intercalava o olhar entre mim e a minha mão.
- Você só pode estar brincando comigo?! - disse enquanto levantava uma das sobrancelhas.

Ela então desviou o olhar de mim e olhou para Noah e Ellora que agora nos encaravam rindo da pista de dança, a música até já tinha cessado. Noah soltou a mão de Ellora e foi até o microfone.

- Gostaria de chamar o meu padrinho e a dama de honra para nos acompanhar na dança, pois nosso relacionamento e essa bela comemoração não seria possível sem eles - Noah disse tentando segurar a risada, mas era inevitável.

Todos os olhares da festa estavam sobre mim e naquele momento. Eu ainda permanecia em pé ao seu lado com a mão estendida.
voltou a me encarar rindo. Não tinha como ela recusar, não com todo mundo nos olhando.

- Eu vou matar o Noah! - ela disse enquanto se colocava de pé e dava sua mão à mim para que fossemos até o centro da pista.
- Por favor - Noah voltou a falar no microfone para o DJ. - Toca a mesma música de antes?

Vi Ellora cair na gargalhada enquanto olhava para a gente.

- Se você não matar o Noah, eu mato! - disse baixinho para que acabou soltando uma gargalhada gostosa.

Nós dois então chegamos ao centro da pista ao lado de Ellora ao mesmo tempo em que Noah se juntava a nós. Em seguida, os acordes da mesma música de antes começaram a tocar e All of Me do John Legend já podia ser ouvida; a mesma música que e eu dançamos no topo da Torre Eiffel em Paris anos atrás. Levei minhas mãos até a cintura de e a mesma trouxe suas mãos até meu pescoço, fazendo com que nós dois ficássemos cara a cara e sentíssemos o característico arrepio quando nossos corpos se tocavam.

- Cause all of me loves all of you - sussurrou essa parte da música olhando diretamente para mim. Depois, ela baixou a cabeça evitando me olhar como se não quisesse que eu entendesse o porquê dela estar cantando aquela parte.
- Não há chance de isso ter sido sem querer - disse mais para mim mesmo, mas acabou escutando já que voltou a olhar para mim.
- Noah sabia da música? - perguntou querendo saber.
- Sabia - respondi ainda perdido em lembranças.

Enquanto ainda dançávamos, notei que começou a fazer um carinho em minha nuca e sentiu algo, pois começou a apalpar a correntinha no meu pescoço para então me encarar confusa; eu já sabia o que estava se passando pela cabeça dela.

- É exatamente o que você pensa que seja - respondi antes mesmo dela perguntar.

E ali estava a mesma correntinha com o pingente de microfone que havia me dado em Paris. O pingente que era tão especial para tudo o que havíamos sido e que tinham as coordenadas da primeira vez que declaramos nosso amor um ao outro.

- Você ainda usa? - perguntou surpresa me encarando.
- Nunca tirei - confessei - Nem nos meus piores momentos porque sempre soube o quanto esse cordão significa todas as coisas boas que vivemos juntos e também era uma forma de sempre ter você perto de mim.

apenas me deu um sorriso cúmplice enquanto ainda me encarava e voltou a desviar o olhar de mim.

- Obrigada por isso - agradeceu.

Quando a música foi encerrada, parou de dançar e começou à se distanciar de mim, porém o fotógrafo que estava registrando o evento se aproximou de nós.

- Preciso de uma foto do padrinho e da dama de honra - pediu ele.

me encarou com uma cara desconfortável, respirou fundo e voltou a se aproximar para que a foto fosse tirada. Levei uma das minhas mãos até a sua cintura a trazendo para mais perto, enquanto ela colocava uma de suas mãos sobre meu peito. A foto então rapidamente foi tirada e, sem dizer mais nada, voltou à se distanciar de mim indo para a mesa junto com nossos amigos. Respirei fundo e logo outra música começou a tocar quando comecei a andar em direção à mesa, mas senti algo puxar meu paletó. Olhei para ver o que era e minha pequena Peach que estava ali.

- Tio , você dança comigo agora? - Peach perguntou da forma mais doce do mundo.

Soltei o maior dos sorrisos naquele momento; meu dia poderia estar o pior de todos, mas Peach sabia como me animar. Me abaixei para a pegar no colo enquanto uma música animada começava a tocar.

- Claro, meu amor! - respondi já começando a me mexer com Peach nos braços fazendo a mesma gargalhar de felicidade.

Acabei dançando com a pequena durante algumas músicas e ela ria em todas elas fazendo tudo ali valer à pena. Assim que a terceira música se encerrou, Peach disse que estava com sede e pediu para descer do meu colo; eu coloquei minha princesinha no chão que logo correu para a mesa dos avós enquanto eu segui para a minha junto com meus amigos.

- Peach te deu canseira? - Ellora perguntou assim que me sentei ao lado de Noah.
- E como! - respondi pegando um guardanapo de papel e passando suavemente pelo rosto retirando algumas gotículas de suor que tinham formado.

Ellora riu assim que me ouviu dizer aquilo.
Realmente tinha ficado cansado; Peach era tudo na minha vida e sempre faria o que ela quisesse, mas minha pequena estava crescendo e ficando levemente pesada para se dançar com ela nos braços por três músicas.

- Tem dias que ela tá animada, então haja pique! - Noah disse entrando na conversa e todos nós acabamos caindo na risada.

Após esse momento, acabei olhando novamente para , que conversava animadamente com Íris e Ísis. Ela estava tão bonita e com um sorriso tão estonteante que quem a visse poderia pensar que aquele grande dia era dela, e não de sua melhor amiga que iria se casar. Desde que começou o evento, a observei passar pelas pessoas com o mais belo sorriso que já havia visto cumprimentando a todos e agradecendo pela presença.
Eu tinha que me controlar, mas estava chocado demais para parar de olhar a mulher que habita meus sonhos desde o primeiro olhar.

- Ela está linda, né? - Noah me perguntou baixo enquanto levava a taça de mojito sem álcool até a boca.
- Com a mais absoluta certeza! - respondi ainda sem tirar os olhos da minha garota que já não era mais tão minha assim.
- Noah, por acaso tem um babador da Peach por aí? Porque nosso amigo aqui está precisando! - escutei Ned dizer e depois cair na gargalhada. Mostrei o dedo do meio para ele e tomei mais um gole do meu whisky. Talvez eu realmente precisasse.
- , ... Por que vocês não se resolvem logo de uma vez? - Ned perguntou depois de cessar as gargalhadas.
- Não depende só de mim, infelizmente - respondi com sinceridade, pois era a maior verdade. Por mim, já tínhamos voltado desde que transamos no escritório dela, mas por algum motivo ainda não se sentia preparada e continuava se enganando com o lance de que ainda não era o momento.
- Agora está na hora dos brindes! - minha tia Daphne falou ao microfone me tirando dos meus pensamentos sobre a dama de honra. - Convido a todos para brindar o amor desses dois e de todos que os ronda!

Realmente a hora dos brindes era a hora de desejar tudo de mais maravilhoso para aqueles dois, pois eles mereciam.
O primeiro brinde começou com a minha própria tia que torcia por esse relacionamento mais do que qualquer pessoa no mundo. Depois da overdose de Noah, ela sempre sentia medo de que ele tivesse uma recaída, mas o que a mantinha com os pés no chão era o relacionamento dele com Ellora; ela sempre acreditou no amor de Ellora por Noah e no dele por ela, então ela sabia, na verdade todos sabiam, que não havia pessoa melhor para ele do que aquela ruiva. Depois da minha tia foi a vez do meu tio Charlie que também só desejou amor, amor e mais amor. Se tinham duas pessoas que torciam por Noah e Ellora além de nós, seus amigos, eram os meus tios; era incrível de ver a relação que ele tinham com Ellora, porque eles sabiam que nada no mundo seria melhor para o filho deles do que ela e Peach.
Por fim, foi a vez de Celine e Frank fazerem seus brindes; os pais de Ellora sempre foram mais fechados, mas ali naquele momento pude ver a felicidade deles exalar por todos os lados. Ambos desejaram as coisas mais lindas e amorosas do mundo para o casal ao meu lado que estava com os olhos cheios de lágrimas.

- E agora para encerrar esse momento nada melhor do que aquela pessoa que sempre conviveu com esse casal e que foi parte fundamental nesse relacionamento – meu tio voltou a falar só para me anunciar - Vem para cá, meu sobrinho, !

Palmas se alastraram pelo lugar enquanto eu levantava com minha taça na mão e meu tio me entregava o microfone. Dei uma limpada na garganta antes de começar a falar, porque além de coisas boas para aqueles dois, eu também tinha confissões a fazer.

- Nem sei por onde começar a falar desses dois, porque Ellora e Noah são aquele tipo de casal que você sabe que nasceu pra ficar junto, já que desde o primeiro momento em que eles se olharam dava para sentir o amor rondando pelo ar - comecei enquanto olhava para os dois. - Encontrar as melhores palavras para as melhores pessoas pode parecer algo fácil, mas só parece, é mais que uma honra, é uma grande responsabilidade falar em nome da amizade e do amor, para um casal tão especial. Não sabemos ao certo o que nos leva a encontrar o “grande amor” e as “grandes amizades” da vida, alguns acreditam que seja simples obra do acaso, uma espécie de sorte, que brilha para alguns e se apaga para outros, para mim, essa visão é simplista demais, o acaso tem lá sua importância, mas são nossas atitudes que fazem a vida acontecer, a vida só é acaso para quem se recusa a viver, para quem se nega a colocar um sorriso no rosto, para quem não busca o que de melhor a vida tem a oferecer - os olhos de Ellora já começavam a lacrimejar novamente assim como os de Noah.
- O primeiro encontro de vocês há quase quatro anos atrás, literalmente foi a junção do amor de vocês em um ser que eu tenho o orgulho de chamar de minha afilhada e não foi por acaso, era para acontecer, assim como esta celebração de familiares e amigos, vocês dois juntos, os meses difíceis que passamos com o Noah, a família que já construíram... Nada disso é por acaso - respirei fundo e bebi um gole do meu champagne para continuar odiscurso e ignorar a emoção que eu estava sentindo.
- Acho que não preciso desejar coisas boas para vocês - falei olhando para o casal. - Vocês são a personificação de um casal que se completa, se respeita, que sempre está junto independente de qualquer dificuldade que apareça e que principalmente luta para estar junto, não desistindo e se fortalecendo mais a cada momento que passam juntos. Vocês nasceram um para o outro e, já que me escolheram como padrinho, tem a minha bênção. Contem comigo para tudo nessa vida, serei amizade, serei família, serei o que vocês precisarem, para sempre, amo vocês.

Noah e Ellora agora me encaravam sorrindo, sabendo que cada palavra que eu dizia era verdade. Meu primo me mandou um “eu te amo” inaudível, mas que consegui ler seu lábios e sorri pronto para continuar.

- Agora falo para todos os presentes daqui, principalmente para aqueles que estãobem busca de um relacionamento igual ao de Noah e Ellora - olhei para todo lugar e foquei minha visão em específico para quem eu queria que entendesse a mensagem: . - Escolher a pessoa com quem você quer dividir a sua vida é uma das decisões mais importantes que você tomará então pensem bem antes de fazerem algo que possa magoar ou machucar alguém principalmente aquela pessoa que você ama, porque atitudes erradas podem ser a gota d’água para colocar tudo a perder e fazer você perder o amor da sua vida.

Notei que me encarava fixamente também e que engolia em seco a cada palavra que eu dizia e não pude deixar de notar que seus olhos começaram a marejar, provavelmente impactada com tudo o que eu estava dizendo que era nada além do que a mais pura verdade.
E ainda olhando para ela eu voltei a falar.

- Porque às vezes você não consegue ver que a melhor coisa que lhe aconteceu estava ali bem embaixo do seu nariz e que a deixou escapar.

então abaixou a cabeça tirando seu olhar de mim e passou mão na região dos olhos provavelmente secando alguma lágrima traiçoeira.
O silêncio tomava conta do lugar, alguns provavelmente nem entendiam o que eu estava falando, mas era preciso falar e eu sentia isso.

- Enfim - voltei a falar para quebrar aquele silêncio todo. - Um brinde ao amor e felicidades à Noah e Ellora!

Todos ergueram as suas taças e proferiram a palavra amor e então uma salva de palmas finalmente voltou a tomar conta do lugar assim como as conversas e a música.
Voltei a me sentar na cadeira e então olhei para que me encarava fazendo não com a cabeça. Em seguida, ela se levantou e sumiu na imensidão do jardim da casa de Noah e Els e no mesmo instante me levantei para ir atrás dela, mas senti uma mão puxar meu braço fazendo com que eu ficasse ali.

- Ela precisa de espaço e respirar um pouco - era Noah que segurava meu braço.
- Mas... - tentei contestar.
- , ela precisa disso. Olha tudo o que vocês viveram antes e estão vivendo agora! - Noah disse. - A cabeça dela deve estar uma confusão porque a minha estaria.

Apenas acenei sim com a cabeça aceitando tudo que ele estava dizendo e voltei a me sentar bebendo um grande gole do meu whisky. Realmente, todos esses últimos dias haviam sido um turbilhão de coisas: nós tínhamos transado, eu tinha feito mais uma música me declarando, ela havia me rejeitado mais uma vez, tínhamos conversado e deixado os sentimentos falar demais para mim, tínhamos dançado juntos uma das músicas que embalou nossa história, ela havia descoberto que eu ainda usava o colar que era importante para nós e tinha falado mais algumas coisas fortes durante o brinde. realmente precisava pensar e eu esperava do fundo do meu coração que fosse relacionado em me dar uma segunda chance, porque não havia mais nada no mundo que eu queria a não ser estar com ela novamente.

- -


Não tinha como não sentir cada uma das palavras que havia dito durante aquele brinde. Minha cabeça rodava com todos os acontecimentos daquela noite, que não eram poucos, a nossa conversa, a dança e depois o brinde... Era tanta coisa na minha cabeça e no meu coração que eu não conseguia segurar as lágrimas que se formavam em meus olhos. Eu lutei muito para isso não acontecer, mas neste momento não tinha como segurar, eu não conseguia.
Eu amava com todo o meu coração, não tinha como negar e nunca teria. Ele ainda era o grande amor da minha vida, aquele que tinha abalado todas as minhas estruturas, que eu havia amado mais intensamente, mas ainda havia dor que não tinha como esquecer. Eu sabia que ele tinha mudado e estava presenciando tudo isso, mas sempre tinha algo que me dizia para ir devagar, para não tentar essa história de novo e esse algo era sempre eu mesma. Eu era o empecilho de ser feliz novamente e de não dar uma segunda chance, nada além do que eu mesma.
Acabei me sentando naquele mesmo banco que havia conversado com mais cedo, pois ali eu tinha uma visão completa da tenda da festa, mas de forma distante.
Conseguia vê-lo conversando com Noah e rolar o olho pelo jardim provavelmente a minha procura e pelo jeito que Noah segurava seu braço, ele estava o impedindo de vir atrás de mim, o que eu agradecia muito. Eu só queria um momento para mim mesma, para pôr a cabeça no lugar, pensar no que eu estava fazendo, no que tinha para vir, em tudo.
Levei a minha mão até os olhos para enxugar as lágrimas que insistiam em cair com toda aquela confusão. Na verdade, elas me ajudavam a aliviar a angústia, a mágoa, o amor e a confusão.

- Tia ? - escutei a voz de Peach me chamar fazendo com que eu a buscasse com os olhos.

Quando notei Peach estava praticamente na minha frente, ela deveria ter me seguido e acabei não notando.

- Oi, minha princesa! O que você está fazendo aqui? - perguntei enquanto enxugava meu rosto e respirando fundo.

Peach se aproximou mais de mim e se sentou ao meu lado no banco.

- Porque você está chorando? - Peach me questionou com a maior cara inocente do mundo.
- Só me emocionei com o que todo mundo falou lá dentro, minha sweet Peach - respondi mentindo para a minha afilhada.

Peach continuava me encarando até que trouxe a sua pequena mão até a minha e fez um carinho ali.

- Titia, eu posso ser criança, mas já sei diferenciar um choro feliz de um triste e o seu não era feliz - Peach disse me causando surpresa.

Ela era tão inteligente, não tinha como negar.

- Não é nada demais, meu amor - disse querendo desviar daquele assunto, minha afilhada não precisava lidar com todo aquele drama que envolvia seus padrinhos.

Peach soltou a minha mão e me deu um dos seus sorrisos encantadores.

- Posso sentar no seu colo, tia ? - Peach pediu se aproximando mais de mim.
- Claro - respondi já me arrumando para que ela tomasse seu lugar no meu colo.

Minha sweet Peach então se levantou do banco e se sentou sobre as minhas pernas, ela acabou colocando as pernas em cima do banco e ficando de lado para poder conversar comigo.

- Melhor? - perguntei a ela assim que ela estava sentada.

- Sim! - Peach respondeu enquanto se encostava sobre meu peito ficando mais confortável. - Titia, posso te fazer uma pergunta? - Peach perguntou de forma calma aconchegada em mim.

Fiz que sim com a cabeça para que Peach continuasse.

- Esse choro triste era por causa do tio ? - Peach perguntou de forma direta.

Imediatamente arregalei os olhos com aquela pergunta, ela era inteligente e esperta, mas não a esse ponto, seria?

- De onde você tirou isso, Peach? - a questionou enquanto a olhava.

Peach deu uma risada sapeca quando perguntei, acabei rindo também da cara que ela fez.

- É porque eu vejo que você olha para o tio da mesma forma que mamãe olha para o papai, e o tio Zazá olha para você do mesmo jeito que o papai olha a mamãe - Peach se defendeu ainda rindo. - E quando o titio tava falando da mamãe e do papai lá dentro, ele ficou te olhando e você começou a chorar.

Aquilo tinha pegado meu coração de vez, estava tão na cara assim o tanto que nós dois ainda éramos atraídos um pelo outro? Estava tão na cara para uma criança que possuía toda a inocência do mundo perceber?

- Eu só não sei por que vocês não ficam juntos que nem o príncipe e a princesa do desenho - Peach disse suspirando fundo.

A minha pequena era muito esperta, muito mesmo.

- Coisas aconteceram, meu amor, várias coisas - disse para Peach - Eu e o tio tivemos uma história igual a do papai e da mamãe, só que não deu certo e algumas coisas ficaram mal resolvidas.
- Mas essas coisas não podem ser resolvidas agora? - Peach me perguntou.

Acabei mordendo os lábios e rindo quando Peach disse aquilo, com certeza poderiam, só dependia de mim.
Mas antes que eu pudesse responder qualquer coisa para a minha pequena acabamos ouvindo um barulho que tirou nossa atenção da conversa.

- Peach? - escutei a voz de Celine a chamar.
- Oi, vovó! - Peach respondeu ainda no meu colo.
- Não suma mais sem avisar, bunny! A vovó fica preocupada! - Celine disse chegando mais perto da gente e vendo que Peach estava comigo.
- Ela estava comigo, Celine - avisei dando um sorriso carinhoso.

Celine retribuiu o sorriso e sussurrou um obrigada inaudível.

- Serviram os docinhos, você não quer, Peach? - Celine perguntou para a neta que imediatamente se levantou do lugar e foi em direção à avó.

Mas antes de sair dali, Peach deu uma olhada para mim e me estendeu a mão.

- Você vem, tia ? - Peach perguntou ainda estendendo a mão.

Aquilo me causou mais um sorriso e um alívio na alma que só aquela pequena me proporcionava.

- Claro, sweet Peach - respondi já me levantando e dando a mão para ela.

Enquanto seguíamos de volta à tenda, olhei para aquela pequena de mãos dadas comigo, ela sempre sabia o que dizer e como me deixar bem sem nem fazer ideia do que acontecia. Depois olhei em direção à mesa que antes estava, vi beber seu whisky da mesma forma que sempre fazia e Noah falou algo em seu ouvido, o que ocasionou aquela gargalhada que eu amava tanto. Peach tinha razão: ela tinha me feito pensar mais uma vez, tinha me feito enxergar que a futura relação que eu teria com só dependia de mim e de mais ninguém, que as coisas podiam ser resolvidas e a única pessoa que barrava tudo isso era apenas eu, porque já tinha demonstrado mudança, só restava eu aceitar ela, nada mais.

- Ellora -


Todo o noivado tinha sido perfeito, nem nos meus sonhos eu imaginava algo tão maravilhoso da forma que foi, todo mundo havia aproveitado, dançado, comido, tinha sido realmente a realização de algo bom, que era o meu amor por Noah e o dele por mim.
Os convidados já haviam ido embora e agora na nossa casa só restavam, eu, Noah e nossa Peach, a qual estava nos braços de Noah de pijama preparada para dormir. Noah entrou com Peach para dentro do quarto dela e a aconchegou em sua cama, a cobrindo e dando um beijo em sua testa em seguida.

- Boa noite, minha estrelinha, durma bem! - Noah disse sentado na beirada da cama de Peach acariciando seu pequeno rosto.
- Boa noite, papai! Hoje você não precisa cantar pra mim porque deu um show na festa! - Peach respondeu rindo. E Noah realmente tinha dado: a Pathetic Aesthetic fez uma pequena apresentação para os convidados e nem preciso dizer que todos foram à loucura.
- Ah, é? Você está recusando meu show particular de toda noite pra você, garotinha? - Noah começou a fazer cócegas em nossa filha que se contorcia toda na cama.
- Para, papai, para! A mamãe vai ler uma história pra mim! - Peach disse entre gargalhadas provocadas pelo pai.

Eu amava a relação dos dois e sabia que eles eram a minha escolha certa.

- Ok, ok! Por hoje eu deixo passar, mas amanhã vou cantar duas músicas então, combinado? - Noah disse enquanto beijava nossa filha, que apenas acenou com a cabeça.

Meu amor então se levantou, veio em minha direção e me deu um selinho leve.

- Vou tomar um banho, baby. Te espero no nosso quarto - Noah disse para mim dando uma piscadinha safada em seguida.
- Só vou contar uma história para Peach dormir e já estou indo, meu amor – respondi para ele.

Noah saiu pela porta sumindo no corredor. Fui em direção a Peach sentando na beirada de sua cama, no mesmo lugar que Noah estava antes.

- O que você quer ouvir hoje, P? - Perguntei para a minha filha que estava com uma cara pensativa.

- Mamãe, antes da historinha eu posso pedir uma coisa? - Peach pediu com aquela carinha que era impossível se recusar, algo grande vinha por aí.

Apenas fiz que sim com a cabeça para que ela continuasse.

- Você sabe que eu amo Frozen, né?! - Peach começou. - Como meu aniversário está chegando, eu gostaria de ganhar de presente uma viagem para ver a neve! O vovô

Frank disse que tem um lugar que se chama terra do Papai Noel e que eu vou poder encontrar o Olaf, a Ana e a Elsa lá!

- Você quer ir para Finlândia? - Perguntei confusa com aquele pedido.
- SIM! - Peach disse animada. - Também quero ver pinguins, aquelas luzinhas no céu, tudo!

Ri com toda a animação da minha filha e com pedido.

- Vou ver com seu pai e resolvemos isso, okay? – avisei. - Mas agora é hora de dormir, minha pequena.
- Mamãe, eu tenho outro pedido - Peach disse fazendo uma cara de sapeca.

Ela tava pensando em algo.

- Quero que o tio Zazá e a tia também vão, e eles tem que estar juntos – Peach disse por fim.

Aquele pedido tinha me pegado de surpresa, porque Peach queria e lá também, ainda mais juntos, o que ela queria dizer com juntos?

- Como assim juntos, filha? - perguntei curiosa.

Peach fez uma cara como se eu estivesse perguntando o óbvio para ela.

- Tia e tio se gostam, eu sei disso! - Peach confessou. - E eu quero ajudar para que isso aconteça logo! A gente precisa ser a fada madrinha deles, mamãe!

Peach disse ainda mais animada do que na hora do pedido, a minha filha era demais. E eu tinha que concordar com ela, realmente tinha, e já deveriam estar juntos há tempos, e eu sei que todos os acontecimentos de hoje haviam mexido com ambos, a música, o discurso, tudo estava se encaminhando, restava a mim, Peach e Noah agilizar esse processo.

- Você está certa, meu amor, vamos fazer isso acontecer - disse sorrindo para minha filha que bateu palmas animada.

e nem imaginavam o que ainda estava por vir.




Continua...



Nota da autora: Olá minhas rainhas, tudo bem? Espero que sim...
Esse capítulo veio para mexer com as estruturas de todo mundo, foi muito emocionante escrever cada pedacinho dele, além do mais, acabei me dando conta que QOMH está chegando na reta final, faltam apenas 9 capítulos para o fim, de acordo com o roteiro que montei.
Enfim, me digam nos comentários o que acharam, por favor, ando precisando de muito incentivo ultimamente, muitas coisas acontecerem nesses meses e até achei que esse capítulo nunca sairia, mas saiu, só me digam o que acharam, por favor, é importante pra mim.

Lembrem-se que estão todas convidadas a integrar os meus grupinhos.

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Logo estou de volta,

Love, Kels.

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Nota de beta: Eu tô achando que eu tive um treco depois de ler essa att, perfeita demais, em todos os sentidos. O que é essa Liv fugindo do Zayn desse jeito, hein?? Tá na cara que ela tá louca de vontade de voltar pra ele, estou encucada com essa"tortura" que estão fazendo um no outro. Zayn, amor, não desiste,não fica muito em cima pra não pressionar demais, mas não desiste.
Eu morro de amores por essa Peach toda vez que ela aparece, mas dessa vez ela se superou muito, de olho em tudo que tá acontecendo ao redor, tentando juntar os dois cabeças dura...
Esse noivado foi amor demais, demais, demais, imagina só quando chegarmos ao casamento.
Eu adorei o pov da Ellora e essa conversa madura com a Peach, gente, quero essa criança pra mim, quero ver só o que ela vai aprontar nessa viagem...
Amei o capítulo, Kels! Ansiosa por mais.

Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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