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Chapter Nine

piscou ainda incrédulo com a pergunta que tinha acabado de ouvir. O homem respirou fundo, sentindo a vista desfocar com a pergunta. Mesmo que ele fosse bem aberto com o filho e conversasse sobre tudo que precisava ser conversado, era totalmente diferente quando o pai era o foco da conversa. Já não bastava o moleque estar empatando suas noites de sexo com a esposa, mais do que quando era um bebê. Ele ainda perguntava se tinha rolado? Era muita audácia.
- O que é isso, Eliot? – o pai esganiçou a única frase que conseguiu formular no momento, ainda vendo o garoto com os olhos grandes e curiosos.
- Uma pergunta. – o rapaz respondeu de forma inocente e ainda confuso com o ataque do pai. Não era mais fácil dizer sim ou não?
- Que pergunta, moleque! – ele tentou desviar, soltando uma risada morta. pai, ainda sem olhar pro rapaz, chamou o cachorro na intenção de desviar do assunto e logo sentiu uma lambida em sua mão. – Tudo certo, amigão? – o homem reclamou rindo, brincando com o Golden Retriever de 10 anos.
O cachorro estava naquela família há tanto tempo, que era tratado como um filho, principalmente quando tinha crescido junto com os meninos e só não dentro de casa, pelas alergias de .
- Você tá dormindo aqui na última semana. – o rapaz se escorou ainda mais na borda pra brincar com o bicho de estimação. Ainda insistindo na pergunta e não dando importância as desviadas do pai. sabia bem que o mais velho ouvia com atenção qualquer coisa que ele dissesse, mesmo que não parecesse. – Mas nada se compara com ontem, pai. Vocês estavam num grude só e hoje de manhã então. Você sabe que eu sei o que isso quer dizer.
O homem suspirou e coçou a nuca.
- Quer dizer que eu amo sua mãe. – ele abriu um sorriso liso demais e o garoto riu alto. Mas negou com um aceno de cabeça.
- Papai? – a pergunta saiu como se o menino tivesse cinco anos de idade e já esperou a merda que ia sair da boca dele. Eliot era conhecido pelo seu alto poder de constranger qualquer um e ainda parecer uma criança ranhenta.
- Hm. – o pai desviou a atenção pra ele, ainda brincando com o cachorro.
- Tem um chupão enorme no seu pescoço. – a carinha de anjo era o contraste perfeito para a informação que tinha saído de sua boca. O que fez pai tampar de uma vez o hematoma, sentindo o sangue fugir do rosto. O que droga tinha feito noite passada?
- Porra, anjo. – o homem resmungou de forma quase inaudível, baixo ao ponto de parecer um resmungo de dor. – Você não deveria nem saber o que é um chupão, ! – o Mr. Ralhou de forma séria, ainda na intenção de desviar do assunto e viu o Hulk ir brincar com Leonor do outro lado da piscina. O mais novo arqueou a sobrancelha bem desacreditado da conversa do pai. Ninguém era criança ali.
- Jura, pai?
- Juro. – a voz saiu firme. Porém mais amedrontada do que qualquer outra coisa.
- Eu não deveria saber o que era um chupão? Até Leonor sabe. – o garoto rolou levemente os olhos e mais uma vez, viu o pai empalidecer como se estivesse prestes a vomitar.
- O QUÊ? – o grito fino saiu rasgando a garganta do cantor e o homem precisou pigarrear. – A LEONOR?
Não, não! Não era possível, Len era apenas a sua menininha!
- Você acha mesmo que Leonor é menos esclarecida que eu? – o rapaz soltou uma risada anasalada, ainda vendo o desespero do pai e suspendeu o corpo na borda da piscina, sentando por lá. – No fim do ano passado, a maman colocou nós dois sentadinhos no sofá do escritório e destrinchou o assunto sem qualquer vestígio de vergonha. – filho movimentou as mãos, mostrando que estava saturado só em lembrar o teor da conversa e viu o pai piscar atordoado.
- A mãe de vocês é louca! – ele sacudiu a cabeça, tentando esquecer do que tinha acabado de saber, ouvindo o filho mais velho gargalhar. Embora tivesse consciência que era a melhor maneira de explicar certas coisas aos filhos. – Não fala que eu disse isso, mas é! – o homem apontou e riu junto.
- E mesmo assim você a ama. – o moleque abriu um sorriso meigo, embora soubesse que aquilo não ia demorar muito tempo.
- Amo mais por esse motivo. – o homem sorriu encantado.
- Aposto que foi ela quem te explicou muita coisa. – o deboche na voz do garoto fez o homem estreitar os olhos e lhe dar um tapa ardido na perna, fazendo o rapaz se encolher e rir com a mesma cara de pau do pai. – Ai! Sem bater!
- Então para de falar bobagem! – riu baixo e sacudiu de leve a cabeça, desviando a atenção dos olhos para o quintal enorme.
- Não é bobagem! – o rapaz falou com um timbre diferente. – Ela é mais aberta para falar de muita coisa. – ele mordeu a boca e ouviu uma risada morta do pai.
- Eu só não gosto desse assunto com vocês... – o homem fez uma careta. – Deixo pra .
- Ela passa do limite, às vezes! – filho soltou uma gargalhada estrondosa, o pai riu do mesmo jeito. era louca! – Mas você não respondeu minha pergunta! – mais um sorriso meigo tinha surgido no rosto do rapaz.
- E nem vou responder! – o homem abriu exatamente o mesmo sorriso. Um sorriso cara de pau e meigo ao mesmo tempo, uma coisa que só aqueles dois conseguiam.
- E no que isso vai dar? – uma das perguntas mais temidas por ele, foi proferida.
- Olha, , eu não sei. Mas eu espero que resulte no que eu e você queremos. – ele bagunçou o cabelo do filho, ganhando um sorriso compreensivo em resposta.
O homem se escorou um pouco mais nos braços e sorriu encantado ao ver a filha indo na direção dos dois, enquanto brincava com o Hulk.
- Do que vocês estão falando? – a garota riu com as lambidas do cachorro e sentou ao lado do pai na borda da piscina.
- Basquete! – a palavra escapou de uma vez da boca do mais velho, fazendo o garoto quase juntar a sobrancelha ao cabelo de tanto arqueá-la. Sério que ele iria esconder toda a conversa e o teor dela pra Leonor?
- Dessa marca horrorosa no pescoço dele! – o filho esganiçou meio indignado e ganhou um olhar fuzilante, seguido de um tapa na cabeça. – AI! – o grito saiu acompanhado de uma risada estrondosa.
- Que marca? – a garota fez uma careta tentando enxergar e arregalou os olhos ao ver o chupão, deixando o homem pálido, porém com as bochechas rubras de tanta vergonha. Que merda! Era só o que faltava. – Pai! Que coisa feia! – a menina tentou um tom de repreensão que o estava deixando ainda mais constrangido.
- Leonor! – pai tentou ralhar, sentindo as bochechas esquentarem e tapou, mais uma vez, a mancha roxa com a mão. Ele iria dar o troco em . Ah se ia!
- Eu vou falar com a mamãe, porque é sem condições! – a garota fingiu estar saturada e decepcionada. – Que negócio mais feio, Sr. ! – Leonor abriu o berreiro a rir junto com o irmão, assim que os dois viram o bico emburrado do pai. Piorando pra um apavorado quando o homem viu a moça levantar, insinuando ir na direção da cozinha.
- Você vai falar com ninguém, Leonor! Volta aqui! – o homem pendeu o corpo pro lado, tentando segurar a garota pela mão, mas só conseguiu se escorar nos próprios braços, ouvindo-a rir alto.
- OH DONA , VEM CÁ! – a garota gritou, vendo o pai quase perder os olhos da cara.
- LEN? – o gritou só fez o mais velho arregalar os olhos.
- Eu disse! Eu disse, pai! – o rapaz riu alto, se esquivando de qualquer pedala que atingisse sua cabeça.
Não era possível que aqueles dois demônios estavam tirando com a cara do pai. E o respeito, onde estava?
- Vocês não têm nada melhor pra fazer não? – o pai bufou como se não passasse dos 13 anos de idade e ouviu os dois tentarem prender a risada. E por fim o suspiro frustrado, chegando a ser até curioso por parte dos filhos.
- Você voltou de vez? – Leonor saltou com a primeira pergunta, primeira de uma série, na qual não saberia responder. Ele respirou fundo e sem olhar pra garota, mexeu os pés na água, pedindo a todos os anjos que a garota entendesse o recado.
- É que eu não sei, Len. – a frase saiu uma das mais sinceras possíveis. – Eu espero muito que aconteça!
- Ok, paciência! – a moça levantou as mãos em rendição, como se repreendesse os dois pais lentos, por aquilo. – Vocês estão fazendo tudo errado! – a mais nova ralhou como se fosse super entendida no quesito relacionamento e o pai suspirou impaciente.
- Leonor... – o homem esfregou o rosto com uma das mãos. Já estava cheio do mesmo assunto, principalmente quando a única resposta plausível para os dois filhos era “eu não sei”. – Vai dar certo! Eu prometo pra vocês. Isso é tudo que eu posso dar certeza por agora, tudo bem? – beijou a cabeça dos dois e os viu sorrirem satisfeitos. Ao menos aquilo ele tinha conseguido um entendimento.
- Esperamos o anúncio oficial! – a moça piscou como se o encorajasse. – Tipo Line Up. – os três gargalharam.
- Eu espero que seja com um irmão! – o Jr. deu uma esganiçada que fez o pai gargalhar contente.
- Convençam a mãe de vocês, eu topo na hora! – o sorriso meigo e abusado se fez presente mais uma vez, quase fechando os olhos com as bochechas tão enormes.
Aquela realmente era uma ótima ideia. grávida de novo? Mais um bebê pra cuidar? Que os anjos dissessem amém! Era uma forma de voltar pra casa com chave de ouro. Eles já tinham transado mesmo e continuariam transando, fazer o bebê era o de menos.
- Claro que topa. O chupão no seu pescoço não tá dizendo muito o contrário! – a garota trouxe novamente o assunto à tona, ouvindo o irmão gritar rindo e vendo o pai abrir a boca bem indignado.
- Criança, você não me deixa escolha! – e dito isso, deu um leve tapa na cabeça da filha. Bem leve só pra fazê-la rir alto. Era perdido, ele não tinha qualquer voz com Leonor. – Mas quem sabe? Vai que vocês sobem de nível no patamar da fraternidade. – o homem deu de ombros rindo e ouviu a risada dos dois.
negou de leve com a cabeça e se escorou ainda mais nos cotovelos. Ah, como era gostoso sentir o sol batendo no corpo, o vento fresco, a água gelada na piscina, uma lambida do cachorro nas costas...
- HULK! – o grito tentou parecer indignado, mas ele só conseguia rir das risadas dos filhos e bagunçar o pelo do cachorro.
- Sentem no colo do papai pra mamãe tirar uma foto! – a voz de ressoou no quintal, enquanto ela estava encantada com o jeito que brincava com os filhos. Aquela sim era a melhor coisa de tê-lo de volta. – Igual àquela do primeiro fim de semana na piscina! – a voz da mulher estava mais do que eufórica.
- Vamos! Vocês ouviram a mamãe, sorriam para a foto! – o homem abraçou os dois filhos de lado, sabendo que não tinha como colocá-los no colo outra vez, ou passaria duas semanas travado.
abriu um sorriso imenso ao tirar uma foto tão linda e acenou pra que eles saíssem da pose. beijou a cabeça dos filhos. Primeiro o primogênito que carregava seu nome, depois a princesinha que mais tarde lhe deixaria com os cabelos mais brancos.
- Posta a foto, anjo! – o homem pediu com um sorriso imenso, vendo o casal de filhos se dispersarem pela piscina.
- Claro! – sorriu enquanto postava a foto em sua conta no instagram. – Querido, liguei para os meninos. Chamei pra virem almoçar por aqui hoje.
- Oh coisa boa! Eu adoro o movimento! – o cantor disse feliz e escorou nos cotovelos, ainda sentado na borda da piscina.
- Que horas eles chegam? – o filho perguntou ao emergir na piscina e jogou água na irmã.
- Para com isso! – Leonor riu alto, revidando a gracinha. – Quem vem, mamãe?
- Acho que só não o Chuck, meu bem. Ele voltou pra Los Angeles semana passada. – a enfermeira explicou e os dois filhos afirmaram. – Postei, amor. – ela avisou ao marido sobre a foto que tinha ficado tão linda.
- Dad, a gente pode abrir o Instagram? – o moleque perguntou interessado, voltando a um assunto no qual ele já tinha resposta.
Aquela era uma das únicas coisas que tinha voz com aqueles dois. A privacidade da família, mesmo que pouca, era algo que o homem tentava preservar ao máximo, junto da esposa e sempre tinha sido daquele jeito. Por mais que e Leonor tivessem crescido praticamente junto com a banda e os próprios integrantes dela, os adolescentes não eram tão expostos como o pai ou o London. Era uma escolha de cada família e a dos foi aquela.
- , eu acho melhor você continuar com ele privado. – o mais velho se posicionou no assunto.
- Por que, dada? – a outra que adorava as redes sociais, perguntou fazendo careta.
- Porque eu não quero expor vocês, princesa. Essa é uma forma de proteção. – ele suspirou um tanto frustrado. – E vocês dois sabem como exposição demais é complicado. Eu tenho quase 40 anos e não consigo relevar certas coisas, eu não quero vocês metidos nisso. Então eu prefiro manter assim. Com as contas privadas eu tenho controle do que está acontecendo. Tudo bem? – ele sorriu fechado e o casal de filhos olhou pra .
- Isso não é comigo. O pai de vocês quem manda. – ela levantou as mãos em rendição. – E eu concordo com ele, nada de conta aberta. É mais fácil ter acesso ao que chega a vocês. – ela piscou e ganhou um sorriso imenso e grato do marido.
- Não vai entrar, anjo? – ele apontou pra piscina com o queixo, desviando completamente do assunto privacidade antes que os meninos voltassem a insistir. – A água está ótima!
olhou pra piscina, depois para o marido e realmente considerando a possibilidade de entrar ali, a mulher desabotoou o short jeans. Que mesmo sem ter a intenção, prendeu a atenção do cantor de uma forma fora do comum. Não era como se ele não tivesse presenciado aquela cena inúmeras vezes nos últimos 20 anos, mas depois de tanto tempo longe e das aventuras da noite passada, considerar ver a enfermeira se despindo, mesmo que fosse ficar de biquíni, era algo que ele não iria perder. mordeu a boca discretamente, vendo a esposa rir com os filhos como se eles ainda fossem crianças pequenas. Já não bastava ser um mulherão, ainda tinha que ser uma mãezona.
O homem se escorou um pouco mais aos cotovelos, aproveitando o show inconsciente e prendeu um suspiro ao ver o biquíni bordô que contrastava lindamente com a pele dela. O jeans curto mal chegou aos joelhos e ela precisou vesti-lo novamente pelo toque da campainha, deixando o homem frustrado com as visitas. Quem em sã consciência aparecia uma hora daquela? Eles não podiam esperar ela tirar o short todo e aí aparecer?
- Chegaram! – o gritinho da mulher saiu eufórico e assim que ela abotoou o short mais uma vez, escorregou dentro da piscina como se estivesse derretendo em frustração, ouvindo uma gargalhada estrondosa do primogênito. Que droga, o pivete tinha percebido.
Os amigos foram levados ao quintal, onde toda a magia daquele dia aconteceria. O Deck já estava pronto como se esperasse ansiosamente para recebê-los depois de uns bons meses, aquela era a primeira vez que os davam uma festinha depois da desastrosa separação. Os domingos tinham ficado completos novamente, era como se, finalmente, uma peça tivesse se encaixado dentro daquele ano que não tinha começado dos melhores. acomodou seus convidados que já eram da família, pelo enorme alpendre que contornava o Deck, enquanto cumprimentava os amigos, deixando-os confortáveis entre o casal, como há tempos não acontecia.
olhou bem da irmã pro cunhado e o contrário também era válido, estranhando todo aquele amorzinho gratuito. Será que tinha acontecido algo a mais do que alguns amassos? Ali tinha coisa. Ela abraçou o homem e logo depois cumprimentou os sobrinhos, vendo os dois, bem radiantes. Era maravilhoso ver duas crianças tão genuinamente felizes pela boa convivência dos pais. Era sinal que sim, as coisas estavam andando e nada a deixava mais feliz.
Os donos da casa repetiram os cumprimentos a , Jeff e Michelle, assim como as duas meninas do casal e ao pequeno boxeador mais amado daquela família. Alex era o tipo de criança que ganhava o coração de qualquer pessoa, era simpático, meigo e muito carismático, algo que deixava boba sempre que tinha contato com o menininho. As crianças foram se direcionando pelo quintal, procurando com o que brincar ou se divertir, dividindo-se entre a piscina e a rampa no fim do quintal, deferentemente de Alex que estava preso aos braços da madrinha.
- Eu estava com saudade de você, dinda. – o rapazinho beijou-a na bochecha, fazendo babar com tamanha demonstração de carinho.
- Sério? Saudade de mim? – a mulher perguntou com um sorriso imenso e viu o menino de cinco anos afirmar com a cabeça. – Eu também estava, você não veio mais me visitar. – ela fez um bico fingido o fazendo rir.
- Mas eu moro aí do lado. – Alexander apontou rindo e ganhou um beijo de surpresa na bochecha. – Amanhã eu venho te ver de novo, tia. Prometo! – a criança fechou os olhinhos pra dar ênfase, deixando-a derretida com tanto amor.
- Você deveria era vir morar comigo! – ela declarou apertando o menino no abraço e o ouvir rir de forma espontânea.
- E deixar minha mamãe e meu papai, sozinhos? Claro que não, tia. – ele fez uma careta esquisita que arrancou uma risada encantada dela.
Era incrível a forma que era apegada a Alex. Talvez fosse pelos tempos difíceis logo após o acidente de , quando a mais nova cuidou do garotinho durante uns bons meses, ou pela forma que as duas famílias criavam os filhos. Mas a enfermeira se sentia como uma segunda mãe para o sobrinho, assim como tinha certeza que a irmã, também se sentia mãe dos seus. Além de que, lá no fundo, Alex despertava nela uma maternidade adormecida e que vagarosamente vinha querendo tomar espaço nos últimos meses.
- E aí, campeão. Tudo certo? – chegou interrompendo a bolha em que os dois estavam, encantado com o jeito que a sua mulher tinha com a criança. Mais do que nunca, ele queria mais um filho.
- Oi, dindo! – Alex acenou animado e completou o high five suspenso.
- Ele disse que estava com saudade de mim. – disse brilhando tanto quanto o sol aquele dia.
- Sei como é o sentimento, Alex. – o homem riu e bagunçou o cabelo do sobrinho, beijando a bochecha da esposa e ouvindo uma risada estrondosa de volta.
- Você mora aqui né, tio? – o garoto fez uma pergunta retórica como se duvidasse da saudade de e os três findaram por rir, quando o casal beijou a bochecha do loirinho ao mesmo tempo. Um de cada lado, fazendo o molequinho ficar com um biquinho de peixe. – Deixa eu ir pra rampa! – ele pediu com a voz engraçada pelo bico e o casal riu.
- Só não esquece o capacete e a joelheira, beleza? – pegou o afilhado do colo de e colocou o garotinho no chão, fechando a promessa com um soquinho com a criança.
- Beleza! – o gritinho da criança saiu firme e logo Alex correu para onde os pais estavam, na intenção de se aparatar todo e ir brincar na rampa com Leonor e Maya.
riu encantado com o filho dos e bagunçou os cabelos úmidos, ele suspirou ao lembrar de quando seus meninos eram daquele tamanho e sentiu a nostalgia lhe atingir bem na cara. Se não tinha um filho pequeno pra suprir, os não se importaria de emprestar um pouco o Alex. Se importariam? O homem se escorou nos joelhos já gastos pelos anos de pulo em cima do palco e fez uma careta bem fingida sobre eles doerem a qualquer movimento brusco, ouvindo uma risada de .
- Estou velho, anjo! – ele manteve a careta de dor fingida, simulando esfregar um dos joelhos, enquanto endireitava a postura pra olhá-la e os dois riram.
- Percebe-se! – o deboche saiu na maior cara de pau, fazendo abrir a boca mais do que indignado. Ah, então era assim? Ele ia mostrar que estava em perfeita forma física.
- É assim que vai ser? Ok, então. – ele continuou com sua pose indignada, fingindo acreditar no pseudo xingamento enquanto a mulher ria.
O cantor balançou a cabeça, estreitando os olhos e em um ato mais impensado do que rápido, abaixou a postura, forçando o ombro contra o corpo de e com ajuda das mãos a colocou pendurada em seu ombro como se fosse uma criança teimosa. Logo ele ouviu um gritinho de susto, sentindo alguns tapas em suas costas, causando as risadas de quem estava por ali.
- Quem é o velho agora?
- , me põe no chão! – gritou apavorada.
Não por medo de cair, não por medo de qualquer coisa que a fizesse sair com algum machucado. A mulher confiava demais em , de olhos vendados até, mas o pavor se construía no susto de ter sido pega de surpresa.
- Eu não! – ele usou da cara mais lavada que tinha. – , Leonor! Cadê as fotos? – o cantor perguntou abrindo um dos braços, quanto o outro segurava as pernas da esposa.
- Vocês não façam isso! – a mulher soltou um grito esganiçado, fazendo a irmã rir alto.
- Já tá sendo feito! – a Mrs. riu mirando a câmera do celular nos dois. – Vira ela, . Ou vai aparecer só a bunda. – a mulher riu e prontamente o cunhado virou de lado, dando pra ver a cara de tédio de .
- Um bundão lindo desses, bicho! – o elogio saiu envolvido a um tom bem malicioso.
- Vai te catar! – riu alto e deu um tapa de leve na bunda dele, como se o repreendesse pela declaração com o alto teor sexual.
- Sério, vocês me dão ânsia. – filho fez uma careta, representando a única “criança” que estava ali, já que os outros tinham ido brincar na rampa.
- Shiu, bolinha! – o pai meneou a mão, ouvindo as risadas dos amigos. – Vai, . A foto! – o cantor flexionou o braço como se mostrasse seus bíceps, abrindo um sorriso bem convencido enquanto a cara de tédio de completava todo o conjunto conceitual da foto. – Anjo? Acho melhor você segurar o fôlego. – tirou o celular do bolso traseiro do short dela e jogou pro filho.
- Não, não, não! , não! – o gritinho esperneado o fez gargalhar e em seguida pular na piscina junto com ela, soltando a mulher apenas quando estava dentro da água.
nadou até encontrar o corpo dela novamente e ao emergir, sacudiu a cabeça como se aquilo tirasse o excesso de água em seu cabelo, parecendo o cachorro da família e fazendo rir, enquanto se encolhia por ter respingado água nela. Ele passou as mãos pelos fios quase todos grisalhos dos seus próprios cabelos, andando até chegar mais perto de onde a esposa estava. abriu um sorriso divertido que se transformou em um bico pidão, fazendo com que a mulher soubesse exatamente o que ele queria. Ela riu com o jeito fofo que as bochechas rosadas dele se portavam na presença do bico e em seguida, enlaçou os braços ao redor do pescoço do homem, correspondendo o pedido do cantor e lhe dando um beijinho mais demorado.

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Após os ânimos terem se acalmado e até alguns petiscos, saído da cozinha. As famílias conversavam amenidades sobre qualquer planejamento que estava por vir, algumas viagens que pretendiam fazer pra aproveitar o tempo em família ou até mesmo conversas paralelas sobre a vida familiar, como os próximos shows que pretendiam levar a família junto. Tudo era assunto quando eles se encontravam.
E aproveitando o bom humor repentino, ou nem tão repentino assim, da mãe. filho ainda sorrateiro, cutucou de leve o braço dela, na intenção de convencer a mulher a chamar Madeline pra festa do domingo. Óbvio que ele estava ansioso e animado pra apresentar a garota pra todo mundo e aquela era a hora. virou com um sorriso no rosto e se desprendeu da conversa, afagando o braço do filho.
- Oi, príncipe! – ela virou sorridente, abraçando o filho de lado e ganhou um beijo na bochecha. – Que houve? – estendeu o copo com uma mistura de Whisky e Sprite pra ele, oferecendo ao garoto e o vendo fazer uma careta horrenda, ao negar, só a mãe pra gostar de beber aquilo. Mas ok, tudo estava sob controle.
- Queria saber se posso chamar a Mad. – ele mordeu a boca. – Sabe? Pra vir pra cá. – tentou explicar, vendo um sorriso encantado surgir nos lábios da mãe, já provavelmente meio alterada pela bebida.
- Claro que pode, meu bem! Quer que eu ligue? – a pergunta veio solícita, ao mesmo tempo em que ela rapidamente olhou pro lado, na intenção de entender a crise de riso alheia.
- Eu queria ir buscá-la, maman. – filho abriu um sorriso de criança inocente, mesmo sabendo que estava de castigo pelas próximas semanas. Sem mesada e sem carro, isso se não pisasse mais na bola.
- Oi? – voltou a atenção pra ele, confusa por não ter escutado o pedido anterior do filho.
- Se eu posso ir buscar ela. – o rapaz mordeu a boca.
- Claro que pode, anjinho. – ela abriu um típico sorriso de mãe, o fazendo entender que não ia ser tão fácil como parecia. Dona estava aprontando alguma.
- De carro?
- Carro? A pé, ué? – dito e feito, a resposta da mulher o fez rir morto. – Não contou a ela do castigo? Coragem, rapaz! – a mulher ironizou a atitude do filho um pouco alto demais e ouviu as risadas serem direcionadas aquele ponto da conversa.
- O bebezão tá de castigo? O que ele fez? – Jeff soltou a pergunta que era curiosa pra boa parte da turma que estava ali.
- Segura. – entregou o copo ao marido e virou o filho de lado, expondo bem a garça da discórdia que até a manhã daquele dia, ela não tinha a mínima coragem de olhar de perto. Talvez o Whisky fosse um bom aliado pra ajudar a enfrentar os problemas e as inseguranças.
- Essa presepada. – levantou o braço do filho, mostrando a tatuagem enorme que deveria ter custado, no mínimo, uns três dias pra fazer. – Esse pivete mentiu pra mim e pro pai e fez essa presepada mês passado, quando estava de férias em Encinitas com o . – ela terminou de dizer e o rapaz deu um sorriso de anjo mais falso existente, exatamente igual ao pai.
- Porra, moleque! – bateu na própria testa, rindo por ter finalmente entendido o chilique do afilhado outro dia. – Mentir logo pra quem. – o rapaz abriu um sorriso trincado. – Você tem que entender que elas descobrem tudo, as mulheres são quase agentes da CIA! – o padrinho do garoto voltou a declarar, ouvindo as moças presentes rirem alto.
- Eu sei, dindo! – Eliot arregalou os olhos, ganhando um pedala da mãe. – Ai! – ele se encolheu, mas continuou: – Agora eu sei por que o meu pai não mente pra ela. – o sorriso maldoso e de deboche surgiu, fazendo e Jeff caírem na gargalhada.
- Cala a boca, pentelho! – o interessado soltou a ralhada, mesmo que risse e revidou a provocação. – Você não tá muito diferente na situação, Eliot. Vocês já sabem que o sabichão aqui tá muito bem amarrado? Namorando uma garota mais velha. – pai abriu um sorriso tão malvado quanto o do filho, ouvindo o coro de “Hm” que deixou o moleque de bochechas ainda vermelhas.
- Era ela quem você queria trazer? – Michelle riu divertida, vendo um sorriso gigante tomar o rosto do rapaz apaixonado.
- Sim. Minha namorada! – o sorriso do rapaz foi quase nas orelhas, despertando no grupo de adultos que mais pareciam crianças, um coro sonoro e constrangedor de “HHM” mais uma vez. Será possível que eles nunca tinham tido 16? Já tinham nascido velhos e casados? – Posso ir ligar pra ela? – ele perguntou a mãe, rindo da brincadeira e a mulher afirmou com um aceno.
- Vai, pode ir! – riu e deu uma palmada brincalhona no garoto quando o viu praticamente correr pra dentro de casa.
- Vish, tá velha! – zoou e a mulher fez um bico fingido de choro.
- Virou sogra já, ? – Jeff também entrou na brincadeira, vendo a mulher aumentar ainda mais o bico e rir. beijou-a na lateral da cabeça e a abraçou de lado, apertando o corpo da esposa contra o seu.
- É, virei sogra. Mas a Mad é maravilhosa, vocês vão ver. – a enfermeira abriu um sorriso orgulhoso do filho, recebendo seu corpo com Whisky dissolvido em Sprite. – Ao menos ela tem juízo. – ela riu levemente.
- E Leo? – a pergunta proibida surgiu fazendo o Daddy simular um arrepio de pavor só em cogitar a ideia.
- Leonor é uma criança! – o homem ressaltou muito bem ressaltado, ouvindo os amigos rirem, lhe fazendo de chacota. Que fosse, mas que Leonor era uma criança, ela era e enquanto ele pudesse, iria protegê-la de toda essa história de namorados sem futuro.
A mulher rolou os olhos e depois de ouvir um grito do filho, dizendo que estavam batendo na porta, caminhou pra ver quem era, esperando ansiosamente que fosse David. O baixista vinha bastante abatido nos últimos meses e era uma vitória que ele tivesse ido a bagunça na casa dos , era quase como um “ainda estou firme, mas talvez precise de ajuda”. A Mrs. deu uma corridinha dentro de casa e em questão de segundos, abriu a porta, dando de cara com quem tanto estava fazendo falta por ali.
- DAVID! – o grito animado da mulher saiu espontâneo ao ver o amigo de longa data. O homem abriu os braços e ganhou um abraço apertado da enfermeira.
- ! – ele a abraçou com força de volta e os dois riram.
- A gente estava só te esperando! – sorriu e o beijou na bochecha. – Achei que você não vinha. – ela o puxou pra dentro, vendo um sorriso fechado surgir nos lábios dele, tirando suas próprias conclusões sobre ser um esforço grande estar ali. – Você tá melhor? – a Mrs. perguntou o abraçando de lado e ouviu apenas um resmungo.
- O que o bocão do seu marido já foi te contar, mulher? – a pergunta saiu um pouco ácida, quando era pra ter saído divertida.
- Tudo? – fez a maior cara de ops e o homem riu, apertando-a mais um pouco no abraço. – O bocudo do meu marido me conta várias coisas, David.
- Completamente desnecessário. – ele rolou os olhos.
- Você sabe que pode conversar comigo, não sabe? – a pergunta saiu sincera, cheia de compadecimento e engajada para mudar alguma coisa. – Sério, David. Eu não quero invadir a sua vida, ou qualquer espaço, mas eu estou aqui pra o que você precisar, prometo!
- Eu sei, . Obrigado! – ele abriu um sorriso encantador e a beijou na cabeça, de uma das formas mais gratas. – Cadê meus filhos, barriga de aluguel? Quero ver meus meninos. Tá cuidando direitinho do e da Leonor? – uma das sobrancelhas foi arqueada, a fazendo rir alto pela brincadeira.
- Claro que eu estou, cara de pau. – a enfermeira pôs a mão no peito, fazendo a linha indignada. – E seus filhos estão no quintal, estavam loucos pra ver a mamãe! – a dupla gargalhou mais uma vez e seguiram na direção de onde a bagunça daquele dia acontecia.
Eles caminharam os poucos metros que separava a porta da frente da porta dos fundos, e ao chegarem no quintal, ainda mantidos no abraço frouxo, tomou fôlego pra anunciar a chegada do atrasado.
- CHEGOU QUEM FALTAVA! – o grito estridente saiu ressoando pelo deck um pouco mais distante e até Leonor, Maya e Alex que brincavam na rampa de skate, pararam pra ver o que era.
O homem gargalhou com o escândalo dela e fingindo que estava com vergonha da postura da enfermeira, a soltou do abraço, fingindo que nem conhecia. Sendo questão de segundos até sentir um par de bracinhos abraçar suas pernas. Alex era, sem a menor sombra de dúvidas, a criança mais carinhosa dali. O garotinho foi colocado no colo e abraçado com força pelo tio, que logo havia virado sanduíche de simple kids. Era um amor sincero e que de alguma forma, o fazia entender que era sim amado por aquela enorme família.
- Vocês comeram fermento? – a pergunta saiu esganiçada, fazendo os cinco rirem alto. – O que houve com vocês? – ele direcionou a pergunta aos adolescentes .
- Você que sumiu, tio! – Leonor beijou a bochecha do baixista, o fazendo rir e abraçá-la de lado, beijando-a na cabeça. – Aí a gente cresceu. – a menina deu de ombros. David colocou o pequeno no chão e após bagunçar o cabelo dele, cumprimentou as meninas Stinco da mesma forma e logo depois o Simple Baby mais velho, enquanto andavam para o Deck onde o resto da família estava.
- Esticaram vocês numa prensa, não é possível. – ele fez uma careta engraçada que os fez rirem.
- E você não sabe da última! – saltou com a frase, o vendo arregalar os olhos mais curioso, depois beijá-la na cabeça e lhe abraçar com força.
- Me conta que eu fico sabendo! – o homem riu, cumprimentando o resto da família.
- O primogênito da família tá de namoradinha. – a mulher soltou um gritinho, de certa forma bem orgulhosa do sobrinho e afilhado.
- filho com namorada? – a careta saiu distorcida. – Nossa, , se ele for que nem vocês dois... – David arqueou uma das sobrancelhas, apontando para o casal anfitrião da vez, enquanto sentava perto da Mrs. , colocando o braço sob as costas da cadeira. – Ela é bonita, ?
- Vai te catar! – a acusada riu alto.
- Claro que é, tio! – o moleque soltou um grito animado. – Inclusive, você libera a moto pra eu ir buscar ela?
- Claro que não, teu pai é outro, pirralho! – a ralhada saiu divertida, causando mais algumas risadas e embalando uma nova conversa, dessa vez com a presença de todos.
Logo a namorada de filho, também havia chegado e foi apresentada a grande família Simple Plan, mesmo que ainda incompleta, ou que os já conhecessem a nora dos . E entre as piadinhas sobre o garoto ser feio demais pra uma moça tão bonita e as respostas vingativas e venenosas do rapaz, afirmando que os homens da família tinham a sorte de apaixonar por mulheres bonitas, Madeline se sentiu em casa. Mesmo de uma forma bem estranha, ela sabia que estava sendo bem recebida e aquele almoço seria um dos mais divertidos, principalmente pelas promessas de que aquela seria a tarde pra envergonhar o rapaz que levava o nome do pai.
- Conta a história da sunga! – se manifestou, fazendo todo mundo gargalhar e o rapaz se afundar em uma das cadeiras que estavam no Deck. Era oficial, aquele ia ser o seu declínio oficial perto da namorada.
- Ai, meu Deus, a história da sunguinha! – soltou um gritinho animado e até eufórico, talvez resultado do Whisky, fazendo gargalhar e o moleque querer se enfiar embaixo do chão.
- Que história? nunca me disse nada. – Madeline arregalou de leve os olhos, encostando os cotovelos nos joelhos e vendo o sogro tomar fôlego.
- Então, Mad. – o homem olhou pro filho que já começava ficar com a cara inteira vermelha. – O tinha 3 aninhos, a gente tinha combinado de viajar. Nessa época a morava na Inglaterra e tinha vindo passar férias aqui, aí nós combinamos de viajar pra Califórnia. – o homem começou explicar o contexto da história, vendo a moça bem atenta. – Bom, aí eu comprei um maiô pra Len e uma sunga de cadarço pro . Era toda cheia de desenhos, não era, anjo? – ele perguntou rindo e afirmou. – Aí essas duas. – apontou da esposa pra cunhada. – Decidiram vestir a sunga no moleque pra ver como ficava, tirar foto e não sei o que mais... coisa de mãe e madrinha babona. O cadarço ficou pra dentro da sunga de banho, puxou pra amarrar do lado de fora. – umedeceu a boca, vendo o filho tentar sumir, ainda enfiado no acolchoado da cadeira, enquanto Jeff, e David, gargalhavam só de esperar o que vinha a seguir na história. – O começou ficar incomodado, colocando as mãozinhas entre as pernas e quando as duas tiraram a sunga, viram que o cadarço tinha laçado no pintinho. - o homem fez um bico com o lábio inferior como se sentisse pena da passada criança e a única coisa que ouviu, foram as gargalhadas da francesa. Madeline ria como se aquela fosse a sua última risada, carregando mais um punhado de gargalhadas consigo, de todos que tinham ido almoçar nos naquele dia. Enquanto o namorado da garota, parecia querer sumir.
- Se o negócio não funcionar, é culpa da sua sogra! – a frase maldosa surgiu por parte de um dos “tios” e o rapaz abriu a boca em um perfeito O, ficando retinha na cadeira.
- Tio David! – filho esganiçou ao ponto de mudar de voz, ouvindo as gargalhadas estridentes. – Tá tudo sob controle, eu garanto! – o rapaz soltou um pouco indignado e ganhou um beijo na bochecha da namorada. A garota estava vermelha de tanto rir. Definitivamente, seus sogros eram os melhores.
- Credo, garoto. Você é um nojo! – Leonor fez uma careta, ainda que risse e o irmão ganhou um leve tapa na cabeça, de .
- Ai, mãe! – ele reclamou pelo costume. – Eu sei, olha a boca. – se auto repreendeu e sentiu o pai afagar seu joelho como se tentasse se desculpar pelas histórias, mas avisando que aquilo ia se repetir sempre que tivesse a oportunidade.
- Meu bem, você vai ter que acostumar com essa família. É de praxe. – tentou confortar o jovem casal e Madeline afirmou ainda rindo.
- É como dizem, né? A gente ganha uma namorada, mas o preço pra ter ela é alto. – ele entrou na brincadeira, percebendo que se irritar com aquilo só ia deixá-lo ainda mais irritado, pois se conhecia bem o pai, sabia que o homem ia ser o primeiro a lhe encher a paciência até ele chorar.

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entrou na sala da frente da casa e viu deitado no sofá, com os braços atrás da cabeça e vendo algum programa na TV, bem aleatório pra ela. A mulher riu levemente, admirando-o tão sereno e concentrado, depois andou até onde ele estava, na intenção de sentar perto pra ver o programa junto. Mas ao chegar no campo de visão dele, o homem lhe abriu os braços, chamando-a pra deitar ali com ele depois do domingo cansativo no quintal.
A enfermeira sorriu e deitou no peito do marido se aconchegando ao corpo dele, ganhando um cafuné gostoso e vagaroso na cabeça. O homem sorriu ao vê-la de olhos fechados, ao ponto de mexer a cabeça contra a mão dele, exatamente como um gato fazia e aumentou a intensidade da massagem, fazendo-a suspirar.
A mulher sentiu uma das mãos dele segurar seu queixo e com delicadeza, levantá-lo de leve ao encontro do próprio rosto. Ela sentiu o perfume gostoso, amadeirado e que lhe dava nocaute sempre que adentrava suas narinas, tomar conta do seu cérebro deixando-a completamente entorpecida, senão viciada naquele cheiro tão bom. Logo os lábios quentes e macios do homem tomaram os seus em um selinho carinhoso, mas que logo se tornou mais ativo, tendo a total pretensão de virar um beijo propriamente dito. sentiu a língua dela tomar sua boca e sem mais qualquer espera, devolveu o gesto a agarrando com um pouco mais de força em um beijo calmo e apaixonado. Céus, há quanto tempo eles não se beijavam daquele jeito? E por que droga tinham parado se era tão bom? O homem fez carinho na coxa dela que estava repousada no fim do seu abdome, sentindo o mesmo carinho ser retribuído em seu braço e ombro, à medida que o beijo só ficava melhor. Ele sugou de leve a língua dela e por fim lhe deu um beijo casto na ponta dos lábios, fazendo-a sorrir e morder o lábio inferior, ainda de olhos fechados. repousou a mão sob o peito do marido, suspirando contente por tê-lo tão perto novamente.
- É tão bom namorar. – ela disse baixinho e sentiu a risada dele vibrar contra sua cabeça, sendo depositado um beijo entre seus cabelos em seguida.
- Como se a gente fosse adolescente de novo? – perguntou baixo, complementando o cafuné a um carinho de leve no braço dela com o polegar. afirmou resmungando. – Antes dos seus 17? – o ar divertido rondava a pergunta.
- Definitivamente! – a mulher riu baixo. – Foi só quando deu tempo de namorar, embora nós dois estivéssemos mais apressados pra outra coisa.
- Agora é diferente. – ele soprou baixinho. – As prioridades mudam e sexo é muito bom, mas é consequência. – a reflexão veio em cheio para os dois que suspiraram ao mesmo tempo.
- Sabe? De uns tempos pra cá, eu entendi por que mamãe sempre dizia a gente que o namoro não pode faltar no casamento. – a mulher beijou de leve o peito dele e foi abraçada com força. Os dois riram baixo.
- É... Existem coisas que a gente só vai entender depois. – fez carinho entre os cabelos dela. – Depois que perde ou acaba... – ele respirou fundo e sentiu seu corpo ser abraçado com força, como um conforto.
puxou um pouco o corpo dela sob o seu e deu mais um beijinho na mulher. deslizou a mão pelo rosto dele, deixando-a rente a mandíbula, sentindo a pele lisa que ele havia barbeado pela manhã, mas que logo tornaria a crescer. O homem apoiou uma das mãos na cintura dela, grudando-a um pouco mais a seu corpo, enquanto dessa vez deu a partida pra um beijo mais intenso tomando a boca dela com a língua. Eles se agarraram um pouco mais ainda no sofá e em um movimento confortável, o cantor puxou o copo dela pra cima do seu, deixando a esposa acomodada sob seu tronco e no meio de suas pernas. Dando continuidade a outro beijo calmo, cheio do desfrutar e do carinho, que não foi interrompido nem mesmo por uma voz mais do que conhecida naquela casa.
- Mãe? – Leonor chamou procurando a mulher pela casa e o casal riu baixo entre o beijo, se encolhendo no sofá como se aquilo pudesse esconder os dois.
- Shii. – sussurrou, pressionando de leve o indicador nos lábios da esposa.
- Pai? – a voz do rapaz foi ouvida. Dessa vez um pouco mais perto do sofá em que os dois tinham voltado a se beijar, não escutando qualquer chamado.
- Papai? – Leonor chamou mais uma vez, fazendo bufar e rolar os olhos, fazendo a mulher rir.
- O que é, Leonor? – o grito saiu meio irritado.
- Cadê vocês? – ela voltou a querer saber.
- Na sala, pirralha. Namorando com sua mãe. Então acho bom dar meia volta se estiver aqui. – ele respondeu meio saturado e arrancou uma gargalhada da mulher. – Por quê?
- A gente quer saber o que tem pra comer. – filho disse rindo e o homem rolou os olhos, fazendo rir mais e beijá-lo repetidamente na bochecha.
- Água e língua, . Se virem aí. – o homem respondeu fazendo a esposa e os filhos caírem na gargalhada, consequentemente o fazendo rir também. – Porque eu tô muito bem servido. – o sorriso malicioso surgiu nos lábios do mais velho, à medida que o sussurro foi dado vibrante nos lábios da mulher.
- Eu amo esse idiota. – ela sussurrou também e o beijou mais uma vez, sendo puxada num supetão pra cima do marido e abraçada com força.
- 1. Kids 0. – o homem comemorou com uma careta engraçada e sem pensar muito beijou a esposa de novo.
suspirou mais uma vez, sentindo o corpo relaxar completamente com tanto carinho e ainda de olhos fechados, passou de leve a mão pelo ombro nu do marido. Era bom demais sentir o calor que o corpo dele emanava, mesmo que ainda fosse do sol na cabeça durante todo o dia na piscina, mas era como se a revigorasse de qualquer forma. Havia sido tanto tempo longe dele, longe de toda aquela atmosfera gostosa que a fazia se sentir mais viva do que nunca.
beijou-a na cabeça, respirando fundo e assim expandindo toda a sua caixa torácica e mais uma vez apoiou a mão no rosto da esposa, beijando-a de novo. Se existia coisa melhor naquele mundo do que namorar e ganhar carinho, ele ainda não tinha conhecido. O homem sorriu ao vê-la abrir os olhos claros brilhantes e levantou a mão esquerda, abrindo-a como se chamasse a de para se juntar a sua.
O contraste de texturas em pele se fez presente quando a mão dela completou o gesto do marido. O macio delicado que completava o aspecto mais áspero e grosso da mão dele, fazendo os dois rirem ao ver a diferença gritante de tamanho.
- Sua mão é muito pequenininha. – o cantor abriu um sorriso encantado, não prestando atenção que a mulher o olhava com mais encanto ainda.
- A sua que é grande! – revidou rindo e lhe deu um beijo na mandíbula.
- Elas são o encaixe perfeito uma da outra. – o homem virou de leve a mão, fazendo a dela ir junto e sorriu mostrando todos os seus dentes claros. – E esse anel, anjo? – ele se referiu ao anel que tinha uma única pedra verde no topo.
- Com a esmeralda? – ela se aconchegou ainda mais ao corpo dele e ouviu um resmungo de afirmação. – Você me deu quando eu formei, a gente não fez baile... Você tinha acabado de fechar negócio na casa e ia ficar bem pesado, aí me deu esse anel, que eu aposto que custou bem mais que um baile. Tem meu nome e a data que eu formei gravado na parte interna.
- Nossa sim! – abriu um sorriso lindo e nostálgico. – Eu lembro disso, mas faz tanto tempo! – os dois riram. – Uns 12 anos, não é?
- Exatamente, 12 anos. – ela disse com um ar divertido. – Passa tão rápido.
- E meu amor por você só cresce. – ele enlaçou os dedos dos dois, sentindo o rosto dela se afundar ainda mais em seu pescoço e tendo a certeza que nunca em 20 anos, ele tinha tomado decisão mais certa do que voltar.

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se espreguiçou esticando as pernas por baixo da mesa e tomou um gole do café quente que tinha feito àquela manhã, enquanto se dividia entre comprar algumas cerâmicas para a esposa pela internet e vê-la preparar o almoço cantarolando algo animado. Ele apostava como se tratava de Good Charlotte, era incrível como depois de conhecer a banda e ainda cultivar uma amizade com eles, ainda tinha admiração de fã. Era algo que deixava encantado, o fato de mesmo depois dos 36 e de inúmeros problemas ao longo da vida, a mulher não deixar sua essência de lado.
Ela era a mesma desde que eles tinham se conhecido com 10 anos de idade, claro que não a mesma criança imatura, mas a alma ainda era jovem, clara e linda. mesmo sendo esposa, ainda era sua melhor amiga, sua confidente, a pessoa que compartilhava das melhores conquistas, a mulher que ria das suas piadas sem graça e que tinha voltado a não ter vergonha dele. Era um trabalho diário desde o acidente, mas era algo que só aproximava ainda mais os dois, que sempre tinham sido melhores amigos na vida.
A mulher bateu a ponta da colher de pau na mão e levou a boca, provando o tempero do almoço daquele dia.
- Amor, já fez o pedido do Philip? – tomou um gole do café e suspirou, achando tão bom o silêncio da manhã sozinho em casa com a esposa.
- Já. Ontem! – virou o corpo levemente, lançando um sorriso bonito para o marido, o vendo sorrir da mesma forma em resposta. – Acabei nem te dizendo.
- Então hoje é a da Mrs. do fim do quarteirão e dos Dill, certo? – o homem se referia aos próximos projetos de designe que a mãe do seu filho desenvolveria, enquanto a ajudava fazendo e buscando as compras.
- Certíssimo, ! – ela riu encantada com o persistente compromisso do marido em ajudá-la sempre que podia. Aquela sim era uma das melhores coisas de estar casada, ter sendo seu de todas as maneiras. – Para o quintal da família Dill, pede mais um saco das pedras de sal, essa semana eu vi que os que eu tinha pedido não iam ser suficientes.
- Pedido sendo feito! – ele piscou esperto, fazendo a esposa rir encantada. – Tá vendo? Já pode me arranjar um emprego. – foi astuto, ouvindo a gargalhada divertida da esposa que preparava uma massa vegetariana. – Ah, amor, mandaram uma coleção nova de pisos para o seu e-mail.
- Ai, meu Deus! Nova? – a mulher soltou um gritinho animado sobre os ladrilhos, o fazendo sorri com a animação dela. Aquela era uma das coisas mais lindas que ele achava, a esposa animada com o que mais gostava de fazer. – Já olho! E você, querendo largar a vida de Rockstar, é?
- Fazer meio período! – o homem empinou o nariz como se aquela fosse a ideia para resolver todos os problemas do mundo e os dois riram.
- É justamente o que você está fazendo, meu bem! – levou a cadeira até a beira da pia e lavou as mãos por lá, ouvindo o marido afirmar de forma divertida.
- Vem cá, ! Olha o que eu encontrei. – o homem chamou com uma animação fora do normal, apressando a esposa.
Ela riu ansiosa com o chamado e logo direcionou a cadeira que usava em casa pra agilizar as atividades diárias, até ele. Era maravilhoso morar em lugar que cabia perfeitamente dentro das suas necessidades, poder se sentir livre e independente dentro da sua própria casa, era o que fazia de uma das mulheres mais fortes e empoderadas, fora dela.
- Me mostra! – ela pediu animada, parando ao lado dele e ganhou um beijo carinhoso na bochecha.
- Você tá cheirando a tempero. – fez uma cara de nojo bem fingida e ganhou um empurrão de lado da mulher, que fazia bem a linha indignada.
- Eu estava cozinhando! – ela colocou a mão no peito meio indignada, mas foi abraçada com força por ele, ganhando um beijo na cabeça.
- Continua com cheiro de tempero. – o homem insistiu com a pirraça e ganhou uma tapa no ombro, o fazendo rir alto. – Mas olha, olha o que eu achei aqui! – trocou a aba em que trabalhava, mostrando uma foto linda da época em que a esposa estava grávida do filho.
Era um ensaio que eles tinham feito pela gravidez, se sentia a pessoa mais feliz e sortuda do mundo na época do acontecido. Eles tinham acabado de casar e ela estava grávida, grávida de um bebezinho que iria encher a família de amor, completando ainda mais a felicidade de que não sabia se poderia ser mais completo. Já não bastava estar casado com a sua melhor amiga da vida, que tinha se tornado seu amor, eles iriam ter um filho. Se tinha felicidade maior do que aquela, ele não conhecia. Sentimentos que eram bem expostos na fotografia, o homem ajoelhado beijando a barriga nua de sete meses, enquanto ela sorria grandemente.
- Você grávida do Alex! – ele abriu seu sorriso mais apaixonado, olhando para a esposa e em resposta, ganhou o mesmo olhar.
Como se os dois ainda fossem adolescentes, a aproximação não tardou a chegar e com um carinho gostoso na bochecha, foi beijada tão apaixonadamente quanto o sorriso. Ela apoiou a mão no braço dele, aproveitando o gesto de amor ao qual desempenhavam tão relaxadamente sem crianças em casa, ou alguém pra atrapalhar. lhe mordeu de leve o lábio inferior e os dois riram baixo, como se precisassem esconder um pequeno segredo.
- Vou confessar que já tinha esquecido da existência desse ensaio. – os dois riram quando encostou a cabeça no ombro do marido. sorriu e beijou-a na cabeça.
- Eu lembro que você ficou tão animada com o ensaio, tão eufórica.
- Eu estava me sentindo a própria modelo! – a mulher fez uma pose, combinada a um bico engraçado que fez o marido rir e agarrar o rosto da esposa, beijando-a de novo.
- Você estava deslumbrante. – ele brilhava ao acariciar a bochecha da mulher. – Mas nada se compara a agora, você só fica mais bonita a cada dia que passa. – o elogio sincero ainda a fazia sentir as bochechas queimarem. Os dois riram baixo.
- E você não para com os elogios. Eu já disse pra parar com isso! – arregalou de leve os olhos escuros, fazendo o marido sorrir largamente como se dissesse que não ia parar nunca com aquilo e a beijou na testa.
- Sabe... – ele se escorou ao encosto da cadeira que fazia par com a mesa da cozinha, repousando o braço sobre os ombros da esposa. – Eu sinto saudade dessa época.
- Eu também... – o suspiro saiu cheio de saudade, enquanto relembrava todos os momentos ótimos da gravidez. riu baixo e a abraçou pelos ombros, beijando a cabeça da mulher em um ato de puro carinho.
- Você não acha o Alex sozinho? – a pergunta veio culpada, receosa talvez e até um pouco ansiosa. Não era segredo que o homem queria sim mais um filho, embora respeitasse todo o tempo e os medos da esposa em relação a isso, afinal não era fácil.
- Sozinho, amor? – ela mordeu a boca, sabendo exatamente onde ele queria chegar com aquilo. – Ele é , criança mais sociável e cheia de amigos não existe! – os dois riram. Sim, Alex era uma das crianças mais comunicativas que o casal já tinha visto.
- Eu sei! – o homem arregalou os grandes olhos claros. – Ele tem mais conhecidos que nós dois juntos. Mas eu ainda sinto falta de certas coisas. – ele tentou fazer com que ela entendesse nas entrelinhas e não era boba nem nada.
- Falta de um bebezinho nessa casa? Pois é, eu sei. Também sinto. – a resposta saiu direta e reta, enquanto ela prendia uma risada, só esperando o grito de surpresa dele.
- Você também? – o grito animado do homem a fez gargalhar em resposta, acenando freneticamente que sim. – Não acha que tá na hora de a gente ter outro? – ele arregalou de leve os olhos, não parando quieto na cadeira e mesmo sem a intenção, fez a esposa prender a respiração.
De uma forma ou de outra, pensar em engravidar naquelas condições ainda assustava. Claro que não era um bicho de sete cabeças, mas era algo que a deixava com medo. Medo de tudo que pudesse dar errado dali pra frente, até porque ela tinha muito a perder.
- Sabe, não precisa ser agora na loucura. Mas eu digo pensar bem, estudar a possibilidade, planejar essa criança. Nós dois nos cuidarmos pra ela nascer com saúde e que você tenha uma gravidez mais que saudável também. – o pedido saiu sério e cheio de fundamento, para que entendesse que ela não estava sozinha se decidisse o caminho de tentar engravidar.
- Eu tenho medo, . – a sinceridade em saiu mais do que séria, fazendo o marido abraçá-la com força, beijando-a carinhosamente na testa.
- Eu também tenho. – ele passou o polegar pela bochecha da esposa, admirando cada traço do rosto dela. – Não quero perder você, mas de verdade, acho que a gente poderia pensar na possibilidade. Pesquisar, estudar, buscar aconselhamento. – deu de ombros, querendo mostrar que aquela só iria ser uma fase mais do que incrível para os dois. – Seu terapeuta, a fisioterapeuta, a , sua ginecologista... Eles foram essenciais quando começamos nossa vida de novo. – ela sabia bem sobre ao que o marido se referia e afirmou, soltando um suspiro pesado.
- Eu vou conversar sim, você vem comigo, né? – apertou os lábios em uma linha fina, vendo um sorriso encorajador surgir nos lábios dele.
- Eu falo até com ela, se você quiser! – o homem beijou-a na testa, passando toda a segurança do mundo e os dois se abraçaram com força. Um abraço que revigorava um ao outro.
Ela soltou a respiração de uma vez, mandando pra fora todos os sentimentos e pensamentos ruins que rondavam sua cabeça e abrindo um sorriso sapeca, o sorriso que trazia as maiores novidades que esperava na vida, continuou:
- Tudo bem, vamos tentar! – a resposta animada foi embalada por um grito escandaloso por parte dele, o que a fez gargalhar. Seu marido era um louco!
- EU A CONVENCI! – arregalava mais os olhos à medida que gritava, fazendo entrar ainda mais na crise de riso
- Não grita! – a ralhada surgiu mais divertida do que brigona, enquanto ele não parecia dar a mínima para a reclamação.
- Nós vamos realmente pensar na possibilidade de outro filho! – ele tentou explicar, ainda com a voz umas oitavas mais altas que o normal. – Toma na cara, ! – o xingamento para o amigo ausente veio cheio de petulância, fazendo arquear as sobrancelhas.
- Ah, então é competição? – a voz indignada fingida saiu fazendo o homem rir meio desesperado, mal esperando que ela fosse entrar na brincadeira. – Sinto te informar, amor, mas ele tá ganhando. Os têm dois filhos faz tempo! – os dois riram alto.
- Mas eu vou ser pai de um bebezinho de novo e ele não! – empinou o nariz, abraçando a mulher de lado e com força. – Não é competição. – o deu de ombros. – Mas eu estou bem feliz! – o sorriso gigante se fez presente, nascendo em a vontade de esmagá-lo em um abraço gostoso e assim ela fez.
- Será que o Alex vai gostar de ser irmão mais velho? – a mulher mordeu a boca, ansiosa em pensar como seria a reação do filho quando eles realmente decidissem dar um irmão a ele.
- Ele vai ficar louco, vai querer carregar a criança pra baixo e pra cima. – os dois riram, concordando que sim, aquela seria a reação do moleque mais amado que aquele bairro conhecia.
- Mostrar a todos os amiguinhos! – a mulher pontou bem, fazendo os dois sorrirem de imaginar o quão feliz o pequeno Alex ficaria e não ser mais filho único. E bem lá no fundo, os dois eram quem estavam mais felizes em decidir tentar mais uma criança, mais um desafio que seria cumprido por eles, não por acharem que o filho era sozinho. Aquela se tratava da mais nova realização pessoal na vida dos dois, eles só precisavam descobrir que sim.

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Já era meia tarde quando chegou a casa da irmã, usando da desculpa que aquele era o dia para a avaliação completa a cada três meses, quando a mulher queria mesmo era contar o que tinha acontecido nos últimos dias. Não que não tivesse percebido o quão radiante a mais nova estava e todo o tratamento cheio de amor para com . Era certo, eles tinham transado! Nunca na vida de um ano na seca, a enfermeira estava com um humor tão meigo e blindado para o estresse, a mulher parecia não se enraivar com nada. O mundo poderia cair ao lado dela que a antiga e otimista , aparecia para ver o melhor da situação.
Se aquilo era culpa de , que Deus o abençoasse.
- Você é chata! Que mania de querer ver minha bunda. – reclamou, mesmo que prendesse uma gargalhada entre os lábios e logo ouviu a estrondosa da irmã.
- Olha, olhar pra sua é necessidade. Gostar mesmo, eu gosto de ver é a do meu marido. – a outra declarou astuta, ouvindo a irmã rir com ela. – Você não anda usando a almofada, não é dona ? – a pergunta veio repreensiva ao identificar um ponto de pressão avermelhado em uma das nádegas da irmã, logo onde ficava uma das proeminências ósseas sacrais.
- Eu esqueci ontem, . E só. – a mulher rolou os olhos, segurando o peso do corpo com os braços, ainda de bruços na cama. – Apareceu alguma coisa?
- Tem um pontinho bem vermelho aqui, é categoria um. – a enfermeira estreitou os olhos por dentro dos óculos, tocando no local com a mão enluvada. – Mas provavelmente vai abrir na hora do banho. Você continua com o Hidrocoloide até fechar e não esquece da almofada, de mudar de lugar, de colocar a bunda pra um lado e a bunda pro outro enquanto estiver na cadeira...
- Você é chata, . – a mamãe do Alex rolou os olhos.
- Mas sou necessária! – ela usou de toda a sua pose convencida e as duas riram. – Vou colocar uma plaquinha bem pequena de hidrocoloide, até porque a lesão é minúscula e espero que não abra. Depois eu vou mandar o plastificar tua bunda toda pra ver se você larga de ser teimosa!
- Vai à merda! – xingou, gargalhando e fazendo a irmã ir pelo mesmo caminho, colocando a plaquinha pequena na lesão e cobrindo-a com filme transparente.
- Tudo certo, Mrs. – a mais nova anunciou o fim do procedimento e baixou o vestido solto da irmã, deixando que ela virasse de frente na cama e ficasse sentada.
- Ah, soeur... comprei uma blusa pra mim semana passada, mas não gostei quando vesti. Olha se você gosta! – apontou na direção do closet e viu dar um pulinho animado, como se fosse uma criança ganhando algo novo. Aquela essência das duas, era algo que nunca se perdia, desde a adolescência elas dividiam algumas roupas, fora o longo histórico da mais velha em comprar roupas para a irmã.
- Eu já gostei da cor! – saiu do closet com a blusa de cor escura em mãos, colocou a peça de roupa na cama da irmã e tirou a que usava na intenção de vestir a nova. Foi quando fez uma careta horrenda ao identificar uma marca roxa no colo da irmã, se impedindo de gritar que aquilo era um chupão muito bem dado.
- , o que foi isso? – a pergunta saiu curiosa apenas para que ela tivesse a confirmação necessária e no involuntário, a mulher cobriu a marca. – Ai, meu Deus, isso é um chupão! – a boca de foi ao chão, vendo as bochechas de enrubescerem.
- Cala a boca! – a enfermeira arregalou os olhos, parecendo ser a mesma adolescente de 17 anos que dava uns amassos escondidos com o namorado. As duas riram.
- , olha a que ponto vocês chegaram! – a mais velha gargalhou, jogando o corpo pra trás na cama. – Ontem o chupão no pescoço do gritava: “Eu transei loucamente com a minha mulher”. E hoje você aparece com esse treco perto do sutiã. – fez uma careta de nojo fingida e recebeu o dedo do meio da irmã. – Tenha modos!
- Sobre o dele, dava pra ver? – ela fez uma careta ao ajeitar a blusa no corpo. A mulher se virou para o grande espelho do quarto e sorriu satisfeita com o resultado da roupa.
- Claro que dava, ! Você fez aquilo no pescoço do cara, tem nem como esconder. Você deu sorte que os marmanjos mais moleques fingiram não ver, ou ia enchimento de saco na sua cabeça. – a Mrs. arqueou a sobrancelha para o reflexo da irmã no espelho e viu morder a boca prendendo um riso, olhando-a também pelo espelho com a expressão sapeca de quem queria contar simplesmente tudo que tinha acontecido. – ME CONTA! – o gritinho da mais velha rompeu todo o selo que impedia qualquer conversa e a mais nova virou de uma vez, quase se jogando na cama.
- É TÃO BOM SE SENTIR AMADA! – o grito foi estrondoso fazendo a designe de interiores se animar ainda mais.
- Vocês conversaram? Me conta o que aconteceu, mulher!
fez uma careta como se tivesse uma grande interrogação na cara. Conversar? Ela estava cheias de marcas no corpo após um fim de semana maravilhoso e vinha perguntar se eles tinham conversado?
- Conversamos? – ela soltou uma risada morta. – Sobre o quê? – a pergunta saiu confusa, desfazendo a expressão eufórica na mamãe do Alex dar lugar a uma incrivelmente confusa e incrédula.
- Vocês transaram sem antes resolver as coisas? – parecia bem indignada com a postura da irmã mais nova, a vendo abrir o maior sorriso culpado. Será que ela não tinha aprendido nada com o tempo? – Eu não sei porque eu ainda pergunto. Claro que foi isso! – ela apertou a junção as têmporas e soltou uma risada culpada. – Eliot é a prova viva de que foi isso!
- Touché! – apontou pra ela. – Mas eu estou com medo de tentar pôr os pingos nos is e foder tudo de novo. – a enfermeira mordeu a boca um tanto frustrada. – De verdade, eu estou com medo de saber por que ele foi embora, medo de ter sido a razão pro meu casamento ter desandado assim! – a mulher passou a mão pelo rosto, frustrada consigo.
- ? – chamou preocupada com a recusa da irmã em saber como tudo tinha chegado aquele ponto.
- Hm?
- Eu sei que você tá com medo. Eu sei! Enfrentar certas coisas não é fácil, sabe? – quem mais tinha experiência em enfrentar um tsunami de coisas ao mesmo tempo, tentou confortar a irmã. – Mas não tem jeito, uma hora vai acontecer.
- Não entrar nesse assunto, era um jeito. – suspirou, mordendo a boca em seguida. Por que era tão complicado assumir que sim, ela precisava encarar os fatos?
- Não entrar no assunto é se esconder e vocês não têm mais 17 anos. – a frase saiu baixa por parte da designe. – Se vocês não conversarem, se não colocarem na mesa tudo que aconteceu e por que aconteceu, não vai dar certo. Vocês nunca vão realmente voltar, se não acertarem esses problemas. – ela mordeu a boca, vendo a enfermeira fazer mais uma careta.
- Era mais fácil ter 17. – ela suspirou.
- Não era. Foi um temporal os seus 17! – as duas suspiraram. – Mas infelizmente vocês precisam conversar.
- Nós vamos brigar de novo e briga nunca dá em coisa boa. – a mais nova coçou a cabeça.
- Talvez briguem sim, mas isso só vai acontecer se for necessário. Vai ficar mais fácil depois, vai por mim, soeur. – apertou a mão da irmã, ouvindo-a suspirar e afirmar.
Aquela era uma das melhores fases da vida dos , simplesmente por estarem em uma quase lua de mel tardia que era regada a muito carinho e safadeza.
- Eu só estou com medo de perder o pouco que eu recuperei do meu marido. Ele está tão ele, todo carinhoso e cheio de amor, fazendo de tudo pra me conquistar de novo, mesmo que eu não precise realmente ser reconquistada.
- Vem cá, ! – abriu os braços pra irmã, recebendo a mais nova como se ela fosse o Alex e lhe beijou a cabeça. – Tá vendo? É o , o seu marido! E do medo de perder eu entendo bem. Você lembra de quando meu casamento foi abaixo pós acidente, de como o lutou sozinho por várias e várias vezes. E mesmo depois de ele ter conseguido me acordar daquele transe horrível, quase um ano depois ainda tinha momentos que eu achava que a gente ia se separar, sabia?
- Isso você não me disse. – a mãe de dois adolescentes fez uma careta de repreensão.
- Não tinha importância! – as duas riram e foi ainda mais esmagada pela irmã. – Mas sério, só de ele estar sendo completamente o novamente, todo trabalhado na pagação de pau. Eu tenho certeza: vocês não se separam mais.
- Se aquele homem sorrir, eu me derreto! – debochou de si e as duas gargalharam.
- OLHA ESSA MULHER APAIXONADA, PRODUÇÃO! – o gritinho da outra fez as duas rirem ainda mais, dessa vez soltando do abraço. – Sério, tabuleiro de xadrez. – brincou sobre a marca roxa no corpo dela.
- Vai à merda! – gritou rindo e sentou na cama, checando a hora no celular.
- Vai por mim. Conversem, falem tudo que vocês tiverem que falar um pro outro, mesmo que seja difícil. Depois que vocês fizerem isso, irmãzinha, você vai sentir a diferença. A relação muda completamente, de verdade, vocês vão ficar bem mais parceiros e nada mais separa vocês. Foi o que aconteceu com a sua irmãzinha! – o conselho foi dado com maestria e sabedoria. Se tinha uma coisa que tinha, era sabedoria naquele assunto.
- Obrigada, ! – a enfermeira se jogou na irmã, a abraçando com força. – Eu prometo a você, que vamos conversar e resolver o inacabado! – ela esmagou a outra entre os braços como se fossem bichos de pelúcia.
- Exatamente assim que eu gosto! – sorriu e beijou a bochecha da irmã. – Agora me ajuda aqui, preciso ir dar banho no Alex e você tem uma penca de visitas agora a tarde! – ela esticou as mãos, sendo ajudada por , enquanto as duas riam como duas crianças.
- Tenho que ir na Dª Margot, agorinha! – a enfermeira arregalou os olhos claros e segurou a cadeira de rodas pra irmã fazer a transição. – Obrigada pela blusa nova, já vou usando porque amei. – beijou a cabeça de a fazendo sorrir animada e grata.
- De nada! – as duas se abraçaram e logo a mais velha afivelou o cinto da cadeira. – Ah, ! – ela chamou antes que a irmã saísse do quarto. – Fala pro pegar leve da próxima vez e não te deixar cheia de marcas, chupão não é nada bonito! – a mulher piscou fazendo a outra abrir a boca indignada.
- Vai te catar! – o grito saiu esganiçado e a dupla gargalhou, se despedindo com acenos e beijos alados.

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- Pronto, Srta. Margot. Tudo certo por aqui! – a enfermeira sorriu ao fechar o curativo da mulher que tinha uma úlcera neuropática relacionada ao Diabetes Mellitus, vulgarmente conhecido como Pé Diabético. – São as mesmas recomendações de sempre: nada de fazer pressão em cima da ferida, não deixe de tomar seus medicamentos, aumentar a ingesta de água e sem exagerar nas massas, doces e gorduras, tudo bem? – tentou mais uma vez, orientar uma das suas pacientes mais teimosas e em troca, ganhou um sorriso travesso da senhora de cinquenta e poucos anos.
- Não posso prometer nada, . – ela riu de forma aberta, fazendo a enfermeira estreitar os olhos como se fosse a repreender.
- Mas a senhora precisa! – o esganiço da mais nova saiu fazendo a mulher rir. – A senhora sabe que o equilíbrio corporal é de extrema importância pra cicatrização. E que a nossa alimentação é essencial, então eu peço que, por favor, a senhora siga minhas recomendações. – tentou ralhar, mas as duas riram.
- É o que eu sempre digo a ela, . – a filha da mulher reforçou, fazendo a enfermeira apontar pra ela.
- Tá vendo? Escuta sua filha. – a estomaterapeuta riu, à medida, que recolhia todos os materiais que haviam sido utilizados para fazer o curativo, assim como descartava o lixo infectante no saco de lixo branco.
- Querida, como você descarta tudo isso? – Margot perguntou um tanto curiosa com a organização da mulher, que recolhia a lâmina de bisturi em uma caixinha inox.
- Eu levo pra casa e lá a empresa recolhe. – ela soltou um riso divertido, checou todos os materiais e por fim tirou as luvas sujas. – Antes eu levava na clínica, mas como está em reforma, estou organizando tudo em casa.
- E quando a sua clínica fica pronta? – a senhora perguntou curiosa, vendo um sorriso satisfeito surgir no rosto da mais nova.
- Se tudo der certo, próxima semana estamos fechando toda a reforma e logo ela vai estar perfeitinha pra atender vocês! – a enfermeira explicou rindo se despediu da cliente com um meio abraço, pegando suas enormes bolsas em seguida.
- Isso é maravilhoso! – a mulher lançou um sorriso grato. – Quando nos vemos de novo?
- Em dois dias eu venho ver como seu pezinho está. Nada de molhá-lo, tudo bem? – lançou a ordem como se a cliente fosse uma criança e as duas riram.
A enfermeira foi direcionada até a porta da frente da casa, pela filha da sua paciente. As duas se despediram com acenos e logo a Mrs. destravou as portas do carro, vendo o porta-malas abrir de forma automática a sua frente. guardou seus equipamentos, os colocando de forma organizada no espaço para que nada fosse danificado e depois de baixar a porta, sentiu o celular vibrar na bolsa. Ela abriu a porta do motorista, se acomodou no banco e só aí atendeu a ligação, confusa em saber porque Leonor lhe ligava aquela manhã já que estava no colégio.
- O que houve? – a pergunta saiu esganiçada.
- Mãe, dá pra você vir buscar eu e a Ashley no colégio? – a garota parecia eufórica, deixando preocupada com aquilo.
- Leonor, o que aconteceu? – a mãe voltou a insistir na pergunta, ouvindo um burburinho de várias vozes ao fundo da ligação e seu filho mandando alguém se afastar. – Leonor Anne, o que droga está acontecendo nesse colégio?
- Descobriram que a Ash é uma princesa! – o esganiço da moça foi algo de outro mundo, fazendo arregalar os olhos. – Tá uma bagunça aqui no corredor perto do armário dela, o e o Andrew estão com a gente, mas eu acho melhor ela ir pra casa!
- Cadê os pais dela, Leonor? Cadê a diretora desse colégio? – parecia apavorada, dando na partida do Jeep branco.
Ela sabia que mais cedo ou mais tarde, o fato de Ashley, o irmão e a mãe serem de uma família real africana viria à tona naquele colégio, causando uma bagunça sem tamanho pra cabeça da pobre garota. Assim como também tinha plena sabedoria da história de Ashia e Matthew, desde quando a princesa havia chegado ao Canadá pra estudar medicina e conhecido o futuro marido durante a faculdade. Os dois haviam passado por maus bocados com a recusa da família, até ela abdicar do título pra se casar com o canadense e construir a tão sonhada família. Mesmo que anos depois, Ashia tivesse recuperado o reconhecimento monarca da família, ainda que fora da linha de sucessão.
- Leonor, vocês ligaram pra Ashia? – a mulher perguntou apavorada, transferindo a ligação para o sistema de Bluetooth do carro, enquanto se ajeitava pra sair dali imediatamente.
- Eu tentei! Mas ela e o tio Matt estão em cirurgia. – a mais nova dos soltou um esganiço apavorado, deixando a mãe ainda mais nervosa com a história. – A diretora tá chegando aqui!
- Graças a Deus. – a mulher suspirou aliviada, seguindo pra fora daquele bairro o mais rápido que conseguia. – Liga pro seu pai, ele tá em casa. Liga e ele vai levar vocês pra casa até os Dill saírem do centro cirúrgico.
- Maman, nós vamos resolver com a diretora, depois eu ligo pro papou. – Leonor mandou um beijo estalado e fez o mesmo, desligando a chamada em seguida.
A mulher suspirou ao parar em um semáforo e mordeu a boca. Ela mesma ia ligar pra , não ia esperar que os dois fizessem aquilo ou a situação se agravaria. mordeu a boca e ainda dentro do limite vermelho do sinal de trânsito, discou o número do marido na agenda de emergências.

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sorriu para o cachorro que ocupava um dos espaços do sofá do estúdio e cantou mais um pedaço da música que tocava no violão, como se o Hulk fosse sua plateia àquele dia. O homem riu quando o Golden bocejou, e fez carinho na cabeça de um dos mais antigos membros da família.
- Eita, garoto, o celular! – ele colocou o violão no suporte e levantou de uma vez da cadeira, procurando o telefone com a vista. – Você viu? – a pergunta saiu como se fosse haver uma resposta, enquanto o cachorro olhava pra ele sem qualquer vontade de procurar o celular. afastou várias folhas soltas de um caderno por ali e achou o telefone que recebia uma ligação da esposa. – Oi, anjo!
- Oi, amor! – ele fez uma careta percebendo claramente o tom de voz preocupado dela e esperou o resto. – Tá em casa?
- Trabalhando aqui no estúdio. O que aconteceu? – cruzou um dos braços, ainda de sobrancelha vincada, esperando a bronca que estava por vir. O que tinha acontecido daquela vez?
- Leonor já te ligou? – ele fez uma careta, ao mesmo tempo que tirou o celular de perto do ouvido no susto pelo grito indignado dela. – DÁ SINAL QUANDO FOR PASSAR, CACETE!
- Leonor? Não, por quê? O que aconteceu com a Len, ? – o sentiu o coração palpitar com aquela conversa e logo procurou a carteira em cima da mesinha.
- Com ela, nada! Mas descobriram sobre os Dill! – a mulher suspirou ainda mais preocupada com os amigos de longa data. – Eu estou do outro lado da cidade e pelo que a Leo me disse, estão fazendo o maior burburinho no pé da Ashley, papi. soltou todo o ar dos pulmões e passou a mão pelos cabelos, meio nervoso. Ele sabia bem o que era querer proteger os filhos o quanto pudesse e nem gostava de imaginar se acontecesse algo daquele tipo com os seus. – e Leo estavam tentando ajudar ela quando Leonor me ligou.
- Ai merda! – ele xingou a situação, enquanto tentava pôr o estúdio em ordem antes de sair de casa e o Hulk latiu. – Como descobriram? Quem descobriu? Onde eles tão e o que eu faço? – guardou os papéis que estavam espalhados e calçou os tênis, perigando cair no meio do anexo.
- Não sei e não sei. Eu sei que parece que eles estavam no corredor do colégio e mandando o pessoal ficar longe, até a diretora aparecer. – ela disse um tanto apavorada pelo mesmo motivo que o marido. – Por isso eu pedi pra Leo te ligar. Você pode ir buscá-los no colégio?
- Claro! – o homem respondeu de prontidão, deixando seu local de trabalho impecável como sua mania por limpeza mandava. – Eu vou ligar pra Len e avisar que eu tô indo buscar eles todos. Vou trazer todo mundo pra cá e aí a gente vê melhor o que faz. Tentar falar com a Ashia e o Matthew e não se preocupa, que eu resolvo aqui. Tudo bem? – o cantor fez carinho na cabeça do bicho de estimação.
- Tudo bem, anjo. Te amo! – ela se despediu mais aliviada e mesmo sem ver, arrancou um sorriso imenso dele.
- Te amo também, anjo! – ele devolveu a declaração sorrindo ao ponto de mostrar todos os dentes superiores e enrugar os olhos. – Eu vou lá no colégio, depois te aviso. – os dois fizeram barulho de beijo e desligaram a chamada, colocou o celular no bolso traseiro da calça e agachou perto do Golden. – Vamos pra casinha, amigão? – o homem fez mais carinho no cachorro, vendo o animal responder a sua brincadeira. – Vem, Hulk, eu preciso sair, garoto! – a risada saiu divertida, enquanto os dois saíam do estúdio.



Chapter Ten

respirou fundo, passou a mão pelos cabelos mais uma vez e olhou para os três adolescentes sentados em seu sofá. Ashley parecia que iria entrar em um ataque de nervos a qualquer momento, enquanto Leonor permanecia com os olhos grandes pronta pra socorrer a melhor amiga. sabia que tinha sido um belo baque pra moça que mal sabia o que era exposição à mídia daquele jeito, bem menos que seus meninos até. Óbvio que nem de longe, seus dois filhos sabiam o que era a verdadeira exposição que o marido experimentava sempre que precisava respirar em um lugar diferente, mas eles tinham uma ideia bem construída do que era ter pais bem conhecidos.
O homem suspirou meio desesperado de imaginar o que a filha dos amigos sentia e passou a mão pelos cabelos, andando de um lado pro outro na sala, deixando para a esposa, a missão de tentar acalmar a garota que os dois tinham visto crescer. Era fato que Matthew e Ashia precisavam tomar um posicionamento perante ao colégio.
- Você está bem, querida? – a mulher sentou de forma delicada na mesinha de centro e com uma voz mansa, passou segurança a quem deveria.
- Um pouco assustada, tia. – Ashley respirou fundo ainda meio encolhida no grande sofá claro e ganhou um abraço do conforto da mais velha. – Eu não achei que fosse ser aquela bagunça toda se descobrissem algum dia.
- Calma, tudo bem? Não precisa ficar assustada. – a enfermeira lançou um sorriso bonito para a moça e a viu afirmar. – Foi só hoje, não vai acontecer novamente.
- Não vai, Ash. – pai assegurou, ainda que tivesse com as mãos enfiadas no bolso, evidenciando seu estado de nervosismo. – A Mrs. Barbier me garantiu que não vai se repetir e eu garanto que seus pais não vão deixar acontecer de novo, nem os meninos. – ele apontou para os filhos e os dois sorriram para a amiga.
- Eu sei, Sr. , muito obrigada! – a moça negra sorriu imensamente grata ao tio e foi abraçada com força por Leonor, quase sendo feita de urso de pelúcia pela melhor amiga e transformando o momento em risadas.
- Vocês podem me dizer como tudo isso aconteceu? – mordeu a boca ainda um pouco receosa e com a visão periférica, viu o marido sustentar o peso do corpo em uma perna só.
- Foi rápido, maman. Do nada todo mundo começou a ficar no pé da Ash, falando um monte de coisas bem nada a ver... – Leonor sacudiu de leve os braços, atropelando as próprias palavras por falar tão rápido e arqueou de leve as sobrancelhas em um pedido silencioso pra que ela respirasse e continuasse. A garota respirou fundo e continuou: – Eu acho que alguém do colégio deve ter visto na ficha escolar e saiu espalhando. Alguém da rádio disse nos interfones e foi aí que começou o burburinho.
- Eu tomei partido e logo o Andrew chegou junto pra ajudar. – filho saltou na conversa, atraindo a atenção da mãe. –Nós tentamos passar despercebido, mas não deu, logo tudo tinha virado uma bagunça até a Leo ligar pra você, a diretora chegar colocando todo mundo pra sala de aula e depois o papai aparecer lá. – o garoto tomou fôlego e mordeu a boca. – E nem era pra acontecer isso no colégio, lá estuda tanta gente conhecida e que os pais são como vocês, como os pais da Ash. Nem era pra ter dado tudo isso.
- Eu concordo com você, . – lançou um sorriso pro filho. – Mas você sabe bem que, as vezes, sai do nosso controle. – ele suspirou e bagunçou o cabelo do moleque como uma forma de carinho.
- Infelizmente. – pai passou a mão nos cabelos e sentou na mesinha de centro, dividindo o móvel com a mulher. – Quando seus pais chegarem, eu te levo em casa e converso com eles, Ashley. Tudo bem?
- Tudo bem, tio. Obrigada! – a moça sorriu agradecida mais uma vez e finalmente respirou aliviada naquele dia que havia sido assustador.
- Vão, os três pro banho! Vão, vão, vão! – falou mais do que rápido e levantou da mesinha de centro, fazendo os quatro rirem. – Subam agora mesmo, porque o tio vai fazer o melhor lanche das Américas. – a mulher saiu puxando os filhos e a garota do sofá como se eles fossem crianças e os três levantaram a pulso. Rindo e reclamando da ordem velada.
- Eu vou fazer? Você não me disse isso! – colocou a mão no peito, fingindo estar indignado e ganhou um cutucão brincalhão da esposa.
- Shii, pai! – o casal de filhos debochou rindo, enquanto Ashley ria se sentindo da família como sempre havia se sentido. A garota foi puxada pela melhor amiga e logo o trio subiu as escadas fazendo o maior barulho.
- TOMEM BANHO DIREITO. EU VOU JÁ VER SE ESFREGARAM AS ORELHAS! – a mulher gritou como se eles fossem crianças pequenas e ouviu as risadas, sabendo que ao menos estava tudo bem.
A enfermeira sacudiu de leve a cabeça e suspirou, olhando para o marido apavorado e ainda sentado na mesinha de centro, compartilhando da mesma angústia que ele. Era difícil ter filhos adolescentes, principalmente quando eles estavam na fase de redes sociais e tinham um pai mundialmente conhecido. Querendo ou não, seus filhos haviam sido criados em meio aos holofotes, mesmo que em épocas, os dois haviam preferido esconder de todo o mundo.
- . – a arregalada de olhos foi suficiente pra ela entender que estava apavorado com aquela história toda.
- Eu estou tão apavorada quanto você. – ela esganiçou baixo e passou a mão no rosto, sendo puxada delicadamente pelo marido e sentando em sua perna.
- Eu não sei o que fazer. – ele manteve os olhos levemente arregalados, enquanto fazia um leve carinho inconsciente na perna da mulher.
- Nem eu, mas a gente vai dar um jeito. – piscou, o vendo soltar uma risada anasalada como se aquela pequena frase fosse a solução de todos os seus problemas.

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já tinha saído pra ir deixar Ashley em casa e conversar com os pais da garota sobre o acontecido no colégio, ansiando que a situação fosse resolvida logo e sem mais constrangimentos pra adolescente. aproveitou o tempinho que iria ter enquanto ele estivesse fora e se reuniu com os dois filhos no enorme quarto do casal, sentada no chão em frente a cama com o rapaz, o ajudando a escolher uma ideia para o pré-projeto que o faria concorrer a uma vaga no Instituto de Tecnologia de Massachusetts. Não era segredo que o rapazote da família era muito bom em tudo que envolvia física, cálculos e afins.
Leonor suspirou trocando todos os canais da TV, procurando algo que lhe agradasse a assistir e não encontrando nada melhor, decidiu entrar num assunto que já lhe incomodava há bastante tempo.
- Mãe? – a garota chamou baixo.
- Oi, princesa. – ela inclinou a cabeça de leve pra trás, vendo a garota jogada em sua cama e com o controle da TV na mão.
- A gente queria te perguntar uma coisa. - a menina mordeu a boca, fazendo entender que iria se iniciar um assunto um tanto constrangedor, principalmente quando Leonor começava incluindo os dois irmãos.
- Que seria? – ela manteve a atenção nos dois, disposta a tirar qualquer dúvida que aparecesse e viu o filho deixar o notebook de lado.
- Eu sei que vocês separaram por algo sério que causava todas aquelas brigas. – ela mordeu a boca. – A gente nunca viu briga, mas sabíamos da briga pela cara de vocês. Era péssimo chegar do colégio e ver você em um canto com cara de choro tentando rir e o papai no outro, agindo como se a gente fosse uma família linda e feliz. – Leonor suspirou e sentiu o coração pesar. Desde quando ela sabia analisar tão bem as situações?
- O meu pai te traiu? Por isso vocês brigavam tanto? – O rapaz que carregava o nome do pai, perguntou receoso e com medo da resposta, vendo a mãe arregalar os olhos.
- QUÊ? Não, não, não! Pelo amor de Deus, não! nunca fez isso, calma! – parecia mais apavorada que eles em defender a fidelidade do marido.
- Então explica pra gente. Acho que já somos grandes o bastante pra entender o que aconteceu com vocês. - Eliot pediu um tanto suplicante em entender toda a aquela situação, que pelos últimos acontecidos, tinha sido superada.
- Ok, vamos lá. – respirou fundo e prendeu sua atenção nas duas “crianças”. – , uma pergunta pra você que namora. O que é necessário pra um relacionamento existir?
- Eu gostar da pessoa e ela gostar de mim? – o garoto deu de ombros, com uma grande interrogação na cara e a mulher afirmou com um aceno.
- Certo, mas e pra ele durar? – a pergunta foi direcionada aos dois adolescentes. e Leonor abriram a boca na intenção de responder, fechando-a logo em seguida sem a devida resposta. – Só o amor não basta pra um relacionamento durar. Sim, ele é muito importante, mas não é tudo que segura um relacionamento, principalmente um casamento. E como vocês sabem, eu e estamos juntos desde os meus 15 anos, a gente namorava durante o colégio. Depois...
- Eu apareci. – Eliot completou a frase da mãe, fazendo as duas girls rirem. – E aí veio a Leo. – o rapaz apontou pra irmã.
- Exatamente! Apareceram os nossos maiores presentes. – abriu um sorriso encantado, mandando um beijo pra mais nova e beijando a cabeça do rapaz a sua frente. – Mas como eu ia dizendo, para um relacionamento andar é preciso liberdade, confiança, respeito e compreensão. – a mulher enumerou nos dedos. – Nós dois não tínhamos maturidade pra entender isso como algo necessário e depois de passar por bastante coisa com o início da carreira do seu pai e o da minha, nosso desgaste emocional só veio estourar uns anos depois. Não foi apenas uma coisa que causou a separação, não é como nos filmes ou livros, meus anjos. Virou uma bola de neve. De repente a rotina estava chata, a convivência não era mais a mesma, nós dois não estávamos fazendo muito empenho de tentar melhorar o relacionamento. E a gente precisa disso, precisa querer melhorar sempre, entender o outro, abrir mão de algumas coisas, confiar principalmente.
- Vocês não confiavam um no outro? – Leonor perguntou um tanto confusa e a mãe suspirou.
- Claro que confiávamos, Leo. – a mulher mordeu a boca. – Mas depois que o Dimitri apareceu, a coisa só tendeu a piorar. começou a sentir um ciúme exagerado de mim, nós dois estávamos brigando porque ele não parava mais em casa. Ele já era ausente em algumas épocas do ano pelas turnês, os shows, as viagens... só que o Dimitri o induzia a querer sair praticamente a semana toda pra beber em Pubs e quando eu comecei a me incomodar com isso, nós começamos a brigar feio e desgastar ainda mais um relacionamento que não estava tão forte como no início.
- Então tudo isso foi culpa do Dimitri? – o filho fez uma careta desgostosa, ouvindo uma risada leve da mãe.
- Não exatamente, . Confesso que ele foi um belo agravante, mas a culpa foi minha e do seu pai que deixamos o relacionamento chegar a esse ponto. Vocês entendem?
- Eu acho que sim, não sei. – Leonor fez uma careta mais que confusa, fazendo a mãe e o irmão rirem. – Você tá dizendo que meu pai fez o casamento acabar?
- Não, Leonor! – soltou um gritinho esganiçado. – Eu estou dizendo que a falta de empenho mútua, fez com que nós dois nos afastássemos. Ele tinha entrado em uma vibe de querer festas cinco dias na semana e eu não acompanhei, seu pai queria me levar junto nessa aventura, mas eu não fui. Eu não queria deixar vocês dois pra ir viver o que a gente não tinha vivido quando mais novo. Então foi culpa dos dois, novos, imaturos e cheios de ressentimento. Deu no que deu. – ela deu de ombros, vendo o casal de filhos afirmarem. – Se a gente não tivesse dado esse tempo, o casamento não tinha se salvado.
- Por isso ele foi embora? – o rapaz perguntou baixo, vendo a mãe morder a boca sem saber exatamente como explicar aquilo.
- Meu anjo, ele ter ido embora é algo que eu não sei se vocês vão entender por agora.
- Mas se você ama uma pessoa, você quer ficar com ela. – Leonor soltou um esganiço e riu. – Não?
- Não exatamente, Leo. Óbvio que deveria ser assim, mas amar, é dar liberdade pra pessoa fazer o que ela quiser e foi isso que o seu pai tentou fazer. Até ele entender que não, nenhum de nós dois queria isso e o certo era tentar reconstruir um relacionamento tão bonito.
- E está dando certo?
- Claro que sim! – soltou um gritinho animado que fez os dois filhos rirem, uma risada aliviada que trazia toda a leveza daquela família a tona. – Não se preocupem, tá tudo dando certo sim. Nós somos velhos demais pra estar com certas picuinhas.
- Ok, entendi. – filho acenou com a cabeça e tomou fôlego. – Eu sei que vocês dois estão nesse namoro de novo e que o pai tá praticamente morando aqui. Mas eu sei que ele não voltou pra casa. Quando vocês vão voltar?
abriu a boca algumas vezes antes de responder o filho e passou a mão pelos cabelos presos em um rabo de cavalo cheio. Aquilo era ruim de ouvir, de encarar e principalmente de não ter uma resposta concreta a dar. Ela até poderia explicar a situação atual, mas não queria frustrar ainda mais os dois filhos. Talvez aquele fosse o momento de acertar as coisas com .
- Você não sabe responder também? – Leonor perguntou um tanto receosa e a mãe desviou o olhar, firmando com um aceno.
- Nós estamos indo devagar, meu anjo. É algo que nós dois estamos entendendo e vamos resolver da melhor maneira possível. Eu posso garantir que nada vai ser como no último ano, tudo bem? – a mulher lançou um sorriso aos dois, mesmo sabendo que estava mentindo descaradamente sobre ir devagar e recebeu dois sorrisos gigantes com a garantia de que tudo só tenderia a melhorar. – Vamos, ! – a mulher bateu pequenas palmas como se encorajasse o filho e ouviu risadas. – Bota esse cabeção pra funcionar e vamos trabalhar! Leo, toda ajuda é bem-vinda! Pensa em alguma coisa pro teu irmão entrar no MIT.
A enfermeira cutucou os dois, o filho na costela, fazendo o rapaz se encolher e a filha no pé, onde ela sabia que a menina era mais sensível, ouvindo a dupla rir meio desesperada pelas cócegas.
pai ouviu a movimentação animada e abriu um sorriso gigante ao entrar no quarto, encontrando os três amores da sua vida. Suas garotas e seu garoto rindo e lhe causando uma nostalgia tão grande que esquentava o peito.
- Qual a piada tão boa? – a pergunta veio acompanhada de um brilho encantador nos olhos castanhos.
- Maman tá fazendo cócegas na gente. – o rapaz recuou o corpo ainda rindo e voltou o notebook pro colo.
O homem riu encantado e chegou perto da cama pra cumprimentar os três. Se apoiou na cama, dando um leve beijinho nos lábios de e ganhou um sorriso imenso em troca. pai beijou e bagunçou os cabelos do primogênito, fazendo um toque de mão com o rapaz e logo se jogou na cama ao lado de Leonor, abraçando a menina como se ela ainda fosse seu bebezinho.
- Já conseguiu a ideia para o pré-projeto, ? – o cantor perguntou interessado e viu o garoto negar meio desgostoso.
- Ainda não. Achei que ia ser mais fácil. – uma careta que deixava as bochechas do rapaz ainda maiores foi esboçada e mordeu a boca pra não gritar com a fofura do filho.
O cantor mordeu de leve a boca e beijou a testa de Leonor, soltando do abraço. Ele se apoiou na cama e projetou todo o corpo para o lado da cama que o garoto estava, colocou a cabeça perto dele e olhou sério para o filho, vendo o garoto ficar ainda mais confuso.
- Eu acho que você já deve ter escutado isso, mas toda vitória por cima do sacrifício é mais gostosa de vivenciar. Você é capaz, , e sempre foi! Você vai encontrar a sua ideia genial e vai passar no seu curso tão sonhado, sabe por quê? – pai disse com um sorriso crescente a cada palavra e viu o rapaz negar com um aceno. – Porque você é filho da mulher mais inteligente que eu conheci em toda a minha vida e de quebra, herdou o raciocínio dela. Cara, você faz coisas que eu morro e não consigo entender como se faz. Mexer com eletricidade? É choque na minha cara. Física? Sei nem pra onde vai. Como eu disse, você é capaz, Little Genius II: O retorno. – ele abraçou o filho pelo pescoço e encheu a cabeça do garoto de beijos o fazendo sorrir imensamente satisfeito com as palavras.
Talvez bem lá no fundo, o pai tivesse razão.
- Mas pedir ajuda também não mata. – o homem riu baixo, sendo acompanhado pelo rapaz. – Seu padrinho tem uma afinidade enorme com esse tipo de coisa, com certeza ele vai saber te ajudar bem melhor que eu.
- Você tá ajudando muito, papou. Obrigado, de verdade! – o garoto o abraçou por cima dos braços do pai e ganhou mais um beijo na cabeça.

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levantou de leve o tecido da camisola preta e colocou o pé apoiado na cama, despejou um pouco de hidratante nas mãos e começou espalhar pela coxa, descendo com elas até toda a extensão da perna, gesto que fez o marido encarar boquiaberto, todos os movimentos. estava dividido entre olhar a perna nua sendo massageada, ou o decote que pulava a cada movimento. Ele respirou fundo e passou a mão pelos cabelos, coçando a nuca em seguida.
- Nós precisamos conversar, amor. – ela disse baixo, tentando seguir os conselhos da irmã, mesmo que de uma forma inconsciente, despertasse o desejo mais profundo e libertino do marido.
- Sobre? – o cantor inclinou a cabeça para o lado, tentando melhorar a visão e suspirou. Como droga ela queria conversar quando usava uma camisola daquela e ainda massageava as pernas daquele jeito?
- Sobre o que aconteceu. – suspirou frustrada, tirando dele apenas um aceno de cabeça. Um aceno bem inconsciente para não deixar a esposa sem resposta.
projetou o corpo pra frente bem vagarosamente, como se fosse engatinhar em cima da cama e aproveitando a perna dela apoiada no colchão, beijou o dorso do pé da mulher com quem era casado há mais de uma década. A careta confusa se fez presente por parte dela e ele abriu um sorriso de canto, quase como se admitisse que estava aos seus pés.
- Vai falando... eu vou ouvindo. – a voz saiu baixa e vibrante no tornozelo da mulher, intencionada a fazê-la sentir um arrepio gostoso. Ela respirou fundo e sacudiu de leve a cabeça. realmente estava bem disposto.
- É sério, . – a enfermeira tentou argumentar mais uma vez e os dois riram baixo, quando ela mais queria que ele subisse com os beijinhos por ali. O homem umedeceu os lábios e deu mais um leve beijinho no tornozelo da esposa, subindo a trilha carinhosa pela canela dela, enquanto usava o nariz como um aliado para sentir o cheiro tão gostoso do hidratante e fazê-la arrepiar por completo.
- Nossa, anjo, você tá cheirosa demais pra gente pensar em conversar coisa séria agora. – ao fim da frase, apoiou o queixo no joelho dela, vendo-a estreitar os olhos. – Hm? Aproveitar que não tem mais ninguém acordado... – os beijos barulhentos e estalados partiram do joelho, seguindo um caminho imaginário que passava pela coxa e a enlouquecia a cada encostada de lábios por ali. – Só um pouquinho... Matar a saudade louca que eu estou de você... Hm? E aposto que você de mim. – ele continuou com os beijos sinuosos, combinados as mãos sorrateiras que tomavam posse das pernas da mulher sem qualquer cerimonia ou limites. Fazendo perceber que já não tinha mais volta quando sentiu os dentes dele puxar de leve o cós da sua calcinha, o soltando em seguida e causando um estalo abafado.
- Você joga baixo. – ela mordeu o lábio inferior e enfiou os dedos entre os cabelos curtos do marido, vendo-o olhá-la com um sorriso divertido que tomava seus olhos, os enchendo de ruguinhas.
- Vem cá. – passou de leve as pontas dos dedos nas pernas da mãe de seus filhos, em um cuidado e delicadeza que transbordava pelo peito da mulher. – Um pouquinho e a gente conversa, prometo. – as palavras foram proferidas com uma segurança absurda e mesmo que soubesse que não ia ter qualquer conversa aquele dia, ela cedeu.
A mulher soltou um leve suspiro que condenava toda a sua postura de desistência e segurou as mãos dele, se entregando completamente. abriu um sorriso imenso e sem precisar de muito, guiou a esposa para sentar em seu colo, sendo abraçado carinhosamente por , que lhe deu um beijinho casto. Na ponta do lábio inferior, entre o queixo e a boca, entre a segurança e o desejo. Logo os beijinhos mais sugados se tornaram frequentes, abusados e com a presença de pequenos elementos que deixavam a atmosfera mais quente, mesmo que não perdesse a ternura. Um beijo lento que acendia qualquer desejo, foi iniciado sem pressa, sem fome, mas com paixão, à medida que as mãos dele tomavam rumo no corpo dela. O toque carinhoso que parecia dedilhar cada curva por baixo da camisola, era semelhante ao que ela fazia entre os ombros que as costas dele. Um desfrutar de tato que acendia ainda mais o beijo calmo que era dado.
O cantor inclinou o corpo pra trás na cama, deitando vagarosamente e levando o corpo dela junto. Gesto que fez a mulher rir baixo, ainda com os lábios colados aos dele. sugou alguns beijos como se sentisse o gosto da boca do marido, o fazendo arrepiar inteiro por aquilo. Só aquela mulher era capaz de excitá-lo apenas com um olhar, imagina com beijos tão gostosos. colocou uma mecha do cabelo cacheado dela atrás da orelha, fazendo o rosto da sua esposa ficar exposto no ângulo perfeito pra que ele fosse ainda mais convicto em suas conclusões. Ela era perfeita, mesmo com todas as imperfeições que juntas deixavam-na a mulher mais linda do mundo. O homem segurou o rosto dela com a mesma mão e a beijou novamente, sentindo os dedos sorrateiros da enfermeira brincarem em seu peito como se fizessem desenhos aleatórios, até sentir ela lhe apertar como reflexo da mordida no lábio. virou o corpo por cima, na cama, fazendo rir levemente mais uma vez e o abraçá-lo com as pernas.
- Você é tão linda, sabia? – a pergunta do saiu baixa, enquanto ele contornava o lábio inferior da mulher com o polegar, vendo-a abrir um sorriso largo e encantado.
- É a idade. – piscou, o fazendo rir alto com o que ela tinha dito e lhe beijar de forma casta. – A idade me fez bem.
- Um bem tão grande, que você não tem noção. – voltou aos círculos de elogio e a beijou na clavícula, contornando com a língua. A mulher suspirou, elevando quase o peito todo pra isso.
A enfermeira enfiou os dedos nos cabelos do esposo, sentindo aqueles beijos tão gostosos seguirem em um caminho fogoso para a alça trabalhada da sua camisola. a desceu por um dos ombros com dos dentes, e com a mão, fez o mesmo trajeto do outro lado.
- Não prefere que eu tire? – a pergunta saiu baixa e divertida, o fazendo rir baixinho só na intenção de vibrar contra a pele dela.
- Não. Eu gosto de te despir aos poucos. – ele continuou a tirar a camisola devagar. – Admirar cada parte do seu corpo e tentar entender como eu sou tão apaixonado por você, por mais que eu só me apaixone mais toda vez que eu faça isso. – umedeceu os lábios, olhando atentamente para cada traço do corpo da mulher que era descoberto por ele.
- Eu também sou louca por você, papi. – dessa vez o apelido saiu com uma entonação diferente. Era carinhoso, era safado, era um misto de sentidos que ele nunca ia conseguir decifrar como ela fazia aquilo.
O cantor sorriu grandemente, a vendo sorrir exatamente igual e voltou a beijá-la pelo corpo. A medida que tirava tão delicadamente a camisola da mulher, a fazendo ficar tão excitada como acontecia quando ele partia pra baixaria. Aquele era um dos inúmeros poderes e feitos que tinha sobre ela. Ele a tinha da forma mais completa que um homem poderia querer uma mulher, mesmo que a deixasse livre pra seguir.
arqueou de leve o corpo, quando sentiu seu busto ser descoberto e respirou fundo, sentindo a respiração falhar, misturando-se a um gemido sofrido, quando a língua do marido entrou em contrato com um dos seus mamilos. Quente e sinuosa, a fazendo sentir toda aquela sensação gostosa de ansiedade, que começava bem no meio das pernas e subia aquecendo o corpo todo.
Ele continuou a distribuir os beijos entre os seios dela, a medida que as mãos contornavam cada curva das pernas de , dedilhando como se aquilo fosse ficar gravado em sua pele pra sempre. Era uma das formas mais despudoradas de lê-la e que o homem havia aprendido bem demais. segurou a barra da camisola com cuidado, enrolando-a aos poucos nos dedos, enquanto ainda dava leves selinhos pelos montes fartos, a fazendo remexer na cama quase em agonia. Logo as mãos vagarosas do cantor haviam deslizado coxa acima e encontrado o cós da calcinha de renda que fazia um belo par com a camisola que ele pretendia tirar. O homem enganchou os dedos com delicadeza e com a ajuda dela, passou a pequena peça pelas pernas, tirando-a fora do corpo. Ele olhou abismado com o tamanho da lingerie em sua mão, mesmo que fosse a mais pura zoeira e em um ato de graça, rodou a calcinha no ar, ouvindo a gargalhada da esposa.
- Você é tão ridículo! – gargalhou largamente, ouvindo o marido rir junto e enquanto o homem estava de joelhos na cama, sentado em cima das próprias pernas, a mulher aproveitou o momento e sentou junto puxando a camisola embolada do corpo.
- E você me adora! – jogou a calcinha em qualquer canto, assim como a camisola dela tomou rumo o fazendo suspirar à medida que se perdia no corpo nu da esposa.
- Vou amar ainda mais quando você tirar esse samba canção. – foi questão de segundos até o corpo dela ser jogado por cima do dele, enquanto as mãos da mulher dedilhavam os músculos contraídos da coxa do marido que ainda estava de joelhos.
- Hm, ela decidiu que vai fazer o que quer? – o sorriso safado e de canto surgiu nos lábios do homem quando sentiu ela apertar suas coxas ao mesmo tempo que vislumbrava o jeito completamente erótico que lhe olhava. Aquela mulher lhe matava quando decidia virar uma leoa pronta pro ataque.
- Sempre fiz, querido. – piscou sinuosa, passando a língua por entre os lábios.
Subiu ainda mais as mãos pelas coxas dele e quando chegou perto do volume turgido escondido pelo tecido fino e levemente acetinado, passou a mão por cima acariciando e o ouviu soltar um grunhido. Não estando satisfeita com o sofrimento alheio, a mulher dedilhou o cós da cueca com uma das suas expressões mais curiosas.
- Você me excita ainda mais com essa carinha de quem não sabe o que tem aí dentro. – o tom veio ainda mais safado do que o próprio clima do quarto.
mordeu a boca e sem pensar muito, agarrou o rosto da esposa beijando-a fortemente, deixando tudo mais intenso quando sentiu a língua dele tomar a sua boca em uma surpresa tão gostosa que ela já ansiava. Ter o contato da língua dele com a sua, era uma das sensações que ela nunca iria conseguir descrever, era reconfortante, gostoso, safado. Eles beijavam com uma intimidade tão imensa que tudo se misturava mesmo após anos. Sensação parecida com o que tomou o meio das pernas dele ao receber os carinhos da mão quente dela lhe envolvendo por inteiro. As carícias mais despudoradas feitas com as pontas dos dedos, que iam de um lado a outro como um esfregado leve, o fez mover o quadril contra a mão dela e enfiar a mão dentro da própria roupa como se induzisse a esposa a resolver aliviar a ereção com as próprias mãos. Gesto que fez a mulher esfregar de leve as coxas uma na outra pelo momento proibido que a deixava ainda mais excitada. Ao ver que não faria diferença em ter a mão dela ali se ela não quisesse lhe ajudar, foi jogada na cama ao ouvir um gemido incompreendido, mas que arrepiava até o último fio de cabelo.
O homem distribuiu algumas mordidas pelo corpo dela, à medida que tirava a samba canção, se deleitando com a imagem de ver sua mulher gemendo com a ansiedade antecedente do prazer. A intensidade que os beijos aconteciam, as provocações, os gemidos e as preliminares,deixavam a atmosfera do quarto em completo erotismo.
se esticou um pouco a procura do preservativo na sua gaveta da cômoda e rasgou o pacotinho preto fosco com a habilidade que tinha adquirido com o tempo. Colocou a camisinha com maior habilidade ainda, observando a esposa que lhe esperava quase em agonia, enquanto também era observado por entre aqueles longos cílios e uma mordida safada nos lábios, traduzindo toda a vontade da mulher ao encarar o membro túrgido do marido. Que a transa fosse incrível e que eles transassem pra caramba!
O homem se pôs sobre ela, com a testa quase colada e a beijou demoradamente, mudando por completo o clima mais despudorado e safado presente no cômodo. O poder de mudar completamente as situações apenas com um beijo, era algo que o casal nunca entenderia de fato. Ele sentiu as unhas curtas de cravarem em seus braços e prosseguiu com as declarações:
- Eu te amo. – foi o que ele disse antes de penetrá-la de uma vez, abafando o gemido com um beijo mais carinhoso. Afinal, ele tinha plena consciência de que barulho demais acabaria com sua noite.
- Eu também te amo! – ela respondeu entre uma estocada e outra, sentindo o corpo dele deslizar sobre o seu de forma firme e vagarosa, gemendo baixo.
deslizou a mão sobre a dela enlaçando os dedos dos dois em seguida, em um ato de amor que de alguma forma exalava carinho no meio do ato. Ele apertou ainda mais os dedos dos dois e ao sentir a respiração descompassar a cada estocada que dava, ouvia gemidos baixos, sôfregos e satisfeitos no ouvido, que o deixavam ainda mais aceso. O homem mordeu a própria boca, se impedindo de gemer alto demais quando o corpo dela contraiu voluntariamente em torno do seu e deu graças aos céus pelo tal pompoarismo*que a esposa tanto mencionava. Os dois se agarraram ainda mais em meio ao deslizar de corpos, a mistura dos sons que mostravam o prazer mútuo e ao desespero pra sanar logo aquela vontade crescente.
Ele deu uma mordida tarada no queixo da mulher, vendo-a de olhos fechados à medida que o corpo deslizava embaixo do seu e logo viu a esposa morder o lábio inferior. cravou as unhas nos ombros dele, sentindo a sensação gostosa se aproximar e crescer exponencialmente abaixo do umbigo. Sabia que gemer em alto e bom som aquela hora iria incomodar os filhos e a ela também, posteriormente.
O homem aumentou a velocidade dos movimentos, ainda se deleitando com a situação e a ardência das unhas dela cravadas em seus ombros. Unhas que dali a pôr o desceriam se arrastando pelos enormes braços, deixando-os marcados. arqueou o corpo, apertando ainda mais as pernas ao redor dele e os dois gemeram na manha, sabendo que orgasmo estava perto de vir. A mulher sentiu toda sua musculatura contrair, dessa vez involuntariamente, ouvindo o marido gemer em agonia em seu pescoço. aumentou a intensidade dos movimentos, sentindo o orgasmo vir e junto, as pernas dela se agarrarem mais a sua cintura, como se pedisse suplicante pra que ele não parasse até que ela gozasse. O cantor mordeu a boca e enfiou o rosto no pescoço da esposa, tentando abafar um gemido grosso que indicava seu limite. O homem respirou fundo e para não deixar esperando muito tempo, tentou voltar ao ritmo forte e rápido das estocadas, antes que o momento broxasse.
- Amor... – ela chamou com a respiração cansada, sentindo os lábios dele se arrastarem em sua clavícula, assim como a mão que procurava o meio das pernas dela. Tentando ir e vir com as estocadas firmes, porém cansadas.
mordeu de leve a pele que cobria o ombro dela e ouviu-a gemer sem tanto pudor assim quando encontrou com os dedos, o que mais procurava ali. Ele levou a boca aos seios dela novamente e sugou com força, ao estocar uma última vez, massageando com a mão o ponto mais intenso de prazer na esposa.
se contorceu na cama, quase enfiando as unhas nos ombros do marido e tentou morder a boca pra esconder o gemido, sendo beijada com força enquanto contorcia os próprios pés pela imensa e gostosa sensação de prazer. A mulher sentiu o corpo esmorecer na cama e sem demora, sair de cima dela pra descartar a camisinha.
A enfermeira se deixou largar ainda mais no colchão confortável, esquecendo que tinha qualquer problema na vida e suspirou ainda de olhos fechados. Ela nunca ia entender como os dois tinham ficado tão bons naquilo. Definitivamente, se a intenção fosse engravidar, daquele sexo sairia uma criança perfeita. Merda! O sexo era espetacular, a química inigualável e o amor... Ah, o amor era foda!
- Dormiu? – a pergunta veio acompanhada de uma risada baixa no pescoço dela quando ele se pôs sobre o corpo da mulher.
- Estou quase. – riu também, o abraçando pelo pescoço. – Preciso de um banho... – ela respirou fundo, sentindo os beijinhos se arrastarem por seu pescoço e junto a risada sacana do marido. – Sozinha! – os dois riram.
- Não vai dormir pelada? – beijou-a na bochecha e saiu de cima da esposa, vendo-a respirar fundo pra tomar coragem.
- Eu odeio dormir nua. – ela roubou um beijo do marido e sentou na cama. – Você sabe. – se espreguiçou e levantou da cama, prendendo o cabelo.
- Pra minha infelicidade. – riu, colocando os braços atrás da cabeça e recebeu um beijo alado. – Eu troco a roupa de cama!
- Não demoro no banho! – a mulher declarou divertida e entrou no banheiro da suíte.

* O pompoarismo consiste em exercícios que fortalecem a musculatura do assoalho pélvico, através da contração e relaxamento muscular. Combatendo a incontinência urinária, promovendo a saúde da região íntima e melhorando o desempenho sexual.

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- Merda! O que aconteceu aí, Lewis? – perguntou a um de seus empreiteiros que trabalhava na clínica de , quando viu uma enorme mancha escura na parede. Aquilo sem sombra de dúvidas, era uma infiltração. E das grandes.
- Uma infiltração, Mrs. . – o homem barbudo de pouco mais de trinta anos, coçou a cabeça ao olhar para a patroa. – Eu sinceramente, não sei de onde veio, mas apareceu de ontem pra hoje e muito provavelmente precisaremos derrubar e refazer essa parede.
respirou fundo com a péssima notícia que teria que dar a irmã, principalmente sobre a questão de precisar remarcar o coquetel de reinauguração da clínica. A mulher passou a mão pelo rosto, encarando o problema e tentando procurar qualquer alternativa que não fosse derrubar a parede. Já havia sido um imenso gasto pra reformar a clínica inteira, o orçamento já tinha passado do teto com aquele Upgrade e derrubar mais uma parede que, muito provavelmente, mexeria com a sustentação do lugar só iria deixar mais caro.
- Sem querer interromper, eu sei que a senhora está pensando na melhor alternativa... – o homem tentou interromper os devaneios da mulher, a fazendo olhar pra ele. – Mas por todo esse tempo de trabalho, eu acredito que a melhor alternativa seja refazer a parede. – Lewis continuava apreensivo esperando a resposta da patroa.
em contra partida, suspirou mais uma vez sentindo sua cabeça querer explodir com mais aquele imprevisto. Óbvio que derrubar e reconstruir era a melhor alternativa, aquele era um dos lugares que a irmã mais nova mais gostava no mundo e além de segurança, ela precisava de conforto, mas a mamãe do Alex precisava urgentemente consultá-la antes de dar o aval final.
- Tem algum perigo de danificar a estrutura se ela ficar assim até amanhã? – a pergunta curiosa surgiu em meio ao caos e o homem riu baixo, negando com um aceno.
- Não, Mrs. . Nenhum problema.
- Obrigado, Lewis. Eu não quero decidir isso sem falar com a antes, mas prometo que ainda hoje te retorno sobre o decidido. – a mulher deu um sorriso contido.
- Fico no aguardo, mas enfatize para a Mrs. que é a melhor solução. – o homem botou o boné escuro na cabeça e após um aceno, saiu do cômodo onde seria o consultório da estomaterapeuta.
A designe controlou o joystick da cadeira motorizada que usava a maioria das vezes quando precisava trabalhar e saiu de lá antes que sua cabeça pipocasse em preocupação. Ela respirou fundo um pouco frustrada com o acontecido de última hora, mas se recompôs antes de encontrar a irmã mais nova na recepção da clínica. As caixas que ela conferia no começo da manhã estavam de lado, assim como a prancheta e se despedia de um homem muito bonito, mas sério na mesma proporção e que pelo modo de se vestir, parecia alguém bem importante. Principalmente na comunidade acadêmica. viu a irmã acenar com simpatia para o tal cara bonitão e logo ele se sair da clínica.
- Nossa! Quem era? – a Mrs. perguntou sem esperar que chegasse até ela.
- Pró-reitor da McGill. – ela respondeu com o mesmo tom que a irmã e as duas olharam mais uma vez para a porta da clínica como se desse pra ver o homem. – Bonito, né? – a pergunta mais esperada se exteriorizou e as duas se olharam, caindo na gargalhada. Céus, uma era pior que a outra.
- Puta merda, demais. – a designe soltou um suspiro completamente exausto que só fez as duas rirem mais um pouco. – O que ele queria?
- Muitas coisas! – riu baixo e soltou um suspiro pesado, sentando em uma das caixas com materiais de construção que tinha por lá. – Veio me oferecer um emprego... – ela mordeu de leve a boca e vincou as sobrancelhas um pouco confusa. – De ser professora universitária na McGill. Curso de enfermagem. – a Mrs. mordeu o lábio inferior mais uma vez e a irmã arregalou de leve os olhos com a proposta. Era boa! Ótima, na verdade! – Confesso que nem cogitei em pensar sobre isso, antes que a minha vida declinasse eu recusei. Principalmente agora que as coisas estão se ajeitando, o que eu menos quero é passar mais tempo fora de casa. – tentou explicar sua recusa, mesmo que tentasse apenas se convencer daquilo e afirmou em concordância. – Ele também mencionou uma proposta para meu doutorado, abrir a clínica para convênio com estágios curriculares e insistiu mais uma vez sobre a docência... – as duas riram. – Algumas eu achei bem interessantes.
- , você vai fazer o doutorado! – a mamãe do Alex impôs, ouvindo a irmã gargalhar e as duas se abraçaram com força, à medida que passava o conforto necessário para que a irmã mais nova soubesse que ela não precisava se culpar por aquilo, ela estava certa em querer ter tempo para a família, para o trabalho dela na clínica e principalmente para ela. – Parabéns! Tá vendo? Tudo isso é seu incrível trabalho sendo recompensado. Quando eu digo que você é a melhor estomaterapeuta do mundo, você não acredita em mim! – ela riu extremamente feliz e beijou a bochecha da irmã, vendo-a com os olhos quase cheios por palavras tão lindas. – Mas quem você indicou para o corpo docente?
- O Andrew! – soltou um gritinho e a irmã fez o mesmo. – O moleque é foda demais e tá precisando de impulso, principalmente agora, recém terminado o mestrado. – a mulher comentou sobre um grande amigo que ela havia tido a imensa sorte de ajudar e co-orientar no mestrado, vendo a irmã concordar veemente.
- Concordo plenamente! Ele vai construir um legado naquele lugar. – sorriu grande. – Mas e o pró-reitor? Terminou por aí?
- Na verdade, não. Ele foi incrivelmente simpático e ainda trouxe maravilhosas propostas pra mim, então o convidei pra reinauguração da ’s Care. Depois marcamos de conversar melhor sobre isso. – a enfermeira abriu um sorriso esperto e astuto.
- Assim que se fala! – as duas comemoraram rindo com um high five. – Mas sobre a reinauguração... – mordeu um sorriso culpado, mesmo que não tivesse qualquer culpa ou influência sobre a infiltração.
- Ai merda! – cobriu o rosto com uma das mãos já esperando o baque. – Mais problemas?
- Uma infiltração enorme na parede do seu consultório.
As duas suspiraram e a Designe começou explicar como seria a melhor forma de resolver aquele problema.

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entrou no quarto na ponta dos pés, riu levemente com o marido capotado na cama como se fosse um urso pardo hibernando e mordeu a boca, tentada a acordá-lo. Ela checou o horário no delicado relógio de pulso que carregava no braço, confirmando que era hora de tirá-lo daquele sono que parecia tão gostoso. A mulher sentou perto do marido na borda da cama e fez carinho nas costas mais largas e lindas que ela conhecia. Um sorriso apaixonado foi mordido levemente, quando o carinho se alastrou por toda a extensão definida. Aquela sim era uma das partes do corpo de que ela mais amava, a imensidão larga que fazia par com belos e definidos ombros, sem falar nos inúmeros sinaizinhos espalhados pela pele.
- Acorda, amor. – ela beijou levemente a pele dele, não surtindo qualquer efeito quando continuava ressoando de bruços na cama, apenas com metade do corpo enrolado e parcialmente o começo da bunda de fora. – Acorda, príncipe da minha vida. – ela tentou mais uma vez, fazendo carinho nos cabelos dele e ouviu um mínimo resmungo de quem não ia sair tão cedo da cama se ela continuasse a fazer carinho. Céus, que homem manhoso! – Já é mais de dez e você aí hibernando. A gente tem uma penca de coisa pra fazer hoje. – distribuiu mais alguns beijos pelos ombros e casualmente a nuca, o fazendo sorrir bobo ainda de olhos fechados. – ... Deixa de manha.
- Eu tenho uma ideia melhor. – a voz rouca de quem tinha acabado de acordar se fez presente.
- YAY! Ele acordou! – a enfermeira soltou um gritinho animado, o ouvindo rir baixo.
- Deita aqui comigo e a gente fica até dar vontade de levantar. – disse ainda contra o travesseiro e em um movimento lento, tentou passar despercebido com a mão para puxá-la contra a cama.
- Sai, ! – ela deu um pulo que o fez rir alto. – Você precisa comer, depois volta a dormir. E infelizmente, não. Já estou mais do que acordada, estou elétrica. Já fiz visita domiciliar, fui ver a clínica, voltei pelo centro. – a matraca soltou-se a falar, enumerando nos dedos enquanto ele abria um imenso sorriso contra o travesseiro. – Estou elétrica!
- Ótimo! Então vem cá, vamos usar essa energia pra outra coisa. – o tom malicioso saiu bem claro, fazendo a mulher rir alto e dar um passo pra trás.
- Limpar a garagem? Concordo demais. – ela levou a conversa a um outro nível, fazendo o marido rir dessa vez.
- Não é bem isso que eu tenho em mente. – riu e sentou na cama ao esfregar o rosto, sentindo o lençol claro sair do seu corpo nu.
- Eu não vou transar com você, não. Com esse bafo de leão? Nem pensar! – fez uma careta de deboche e os dois riram alto, enquanto se espreguiçava jogando os braços pra cima. – Amor, você prometeu ao que ia limpar a garagem pra ele ter um lugar limpo e organizado e poder trabalhar no projeto do MIT.
- Eu escovo! – o cantor tentou contestar sobre o bafo de leão e suspirou fingindo desapontamento: – O que um pai não faz por um filho?
- Você não cansa de sexo? – ela perguntou rindo e viu a carinha de pau do marido aparecer sem demora.
- Com você? Jamais! – o sorriso meigo varou as bochechas avermelhadas quando se apoiou nos joelhos pra levantar da cama. negou com um aceno leve de cabeça e o incentivou a levantar com um gesto.
- Vai, levanta. Toma um banho e desce pra comer alguma coisa. – a mulher passou a mão no braço dele, ganhando um sorriso em resposta. – Você tá há mais de dez horas sem comer, não pode ser assim. – ela soou preocupada, conseguindo arrancar um sorriso iluminado do marido.
- Tudo bem, enfermeira da minha vida. – ele roubou um beijo no canto da boca, fazendo a esposa lhe dar um tapa de leve na coxa, enquanto se decidia se aproveitava que ele estava pelado, ou o enxotava de vez pro banheiro.
- Eu vou trocar de roupa. Quando voltar, acho bom que você esteja no banho. – piscou.
- Só porque eu gosto de mulher mandona! – se espreguiçou na intenção de que ela passasse os olhos por todo o seu corpo. Dito e feito, a mulher tinha se perdido entre as saliências definidas que desciam sinuosamente até seu paraíso particular.
- A única mulher que você tem que gostar, sou eu. – ela umedeceu os lábios e antes de olhá-lo nos olhos, sentiu a voz soprar em seu ouvido.
- A proposta ainda tá de pé! – o tom saiu malicioso demais. Ela riu e passou de leve as mãos abertas pelos ombros dele.
- Quem sabe depois de limpar a garagem. – a mordida na boca ganhou uma atenção mais do que especial. – Ah, e você precisa voltar a dormir vestido, amor.
- Ontem não tinha a mínima condição de eu colocar uma roupa, mulher. – arqueou a sobrancelha e a viu prender uma risada que, com certeza, ele adoraria ouvir. – E você sempre gostou, nem vem.
- Não é questão de me agradar, papi. – ela fez um bico desgostoso. – É por motivos de: vai que acontece qualquer emergência na madrugada e você sai do quarto pelado. Isso não é bom! – alertou e o viu rir com uma expressão culpada que deixava suas bochechas mais salientes. – Você sabe que aconteceu uma vez, mas os meninos eram bem pequenos e eu percebi antes de virar uma catástrofe.
A enfermeira sacudiu de leve a cabeça, não querendo nem imaginar o que tinha acontecido se os filhos vissem e os dois riram.
- Eu nem lembrava mais disso! – o homem passou a mão pelos cabelos, soltando uma risada anasalada. – Mas você tem razão, eu preciso cuidar com isso. Então para sua tristeza, a partir de hoje, eu durmo vestido. – fez um bico fingido e direcionado a e a mulher rolou os olhos, o fazendo rir.
- Eu passo a mão em você na madrugada, não tem problema! – ela empinou o nariz e correu alguns leves passos dentro do quarto, evitando que tomasse uma palmada na bunda, do marido incrédulo e plantado perto da cama.
- Agora ela corre! – a incredulidade só ficou maior quando o homem cruzou os braços na altura do peito. – Maldade, anjo, maldade! – o grito desesperado se fez presente e os dois riram alto, enquanto se direcionava ao banheiro e ao closet do casal.
- Ah, te ligaram assim que eu cheguei. Era a moça da Idobi Radio, eu disse que você ligava depois. – ela explicou sobre uma possível entrevista que daria ao telefone e ouviu um resmungo de afirmação.
- Tudo bem, obrigado! – ele alteou mais a voz. – MAS NÃO VOU MENTIR QUE QUERO!
- QUER O QUÊ? – gritou em resposta e ouviu a risada sacana, entendendo na hora que se tratava da proposta indecente há pouco.
- VOCÊ SABE! – o grito veio junto com o barulho do chuveiro. – TUDO QUE EU TENHO DIREITO! – a frase foi suficiente pra que ela gargalhasse e desistisse de se trocar, tirando a roupa que tinha saído e ficando apenas de calcinha e sutiã.
- PODE DEIXAR, EU PASSO! – ela respondeu do closet, organizando o que estava em suas vistas, antes que desse chilique por sua indigesta mania de limpeza.
- EU VOU TOMAR BANHO. A PORTA VAI FICAR ABERTA! VOCÊ É SEMPRE BEM-VINDA!
Foi o preciso para que a mulher abrisse um sorriso satisfeito e se enfiasse no banheiro sem mais interrogações, obstáculos ou negações.
- Sonhou comigo que acordou na vontade foi? – perguntou com um sorriso lascivo ao ver a água escorrer no corpo do marido, através do box todo feito em vidro. Ah sim, era muita sorte poder deslizar naquele corpo sem dó.
- Exatamente! – abriu a porta transparente e a chamou com um aceno de mão, vendo a mulher caminhar na sua direção enquanto desabotoava o sutiã e tirava a calcinha.
Ela entrou no box sentindo as mãos do marido tomarem vagarosamente sua cintura e logo a boca dele procurar um beijo gostoso. enfiou as mãos nos cabelos do marido, enquanto o desespero para que aquele beijo acendesse tudo e mais um pouco fez os dois se agarrarem ainda mais, principalmente após o baque surdo das costas dele no azulejo molhado. no reflexo apertou a bunda dela com as duas mãos e enfiou ainda mais a língua na boca da mulher, a beijando com mais força, o que muito provavelmente deixaria os lábios avermelhados depois e em troca recebeu unhas curtas cravadas em seus braços. Os dois se esfregaram mais um pouco naquele desespero de aumentar o atrito das intimidades latejantes de desejo, e quando sua esposa flexionou uma das pernas em seu quadril, o cantor procurou com os dedos sorrateiros, o meio delas. os passou vagarosamente, utilizando de um carinho mais safado e a ouviu gemer manhosa contra sua boca, o deixando tão excitado quanto.
desceu os beijos para o peito do marido, assim como as mãos que já acariciavam perigosamente a região baixa do abdome, o deixando ainda mais ereto contra ela. A mulher soltou um sorriso sacana com a tortura que fazia e sentiu todo o seu tesão ganhar ainda mais vida, quando um gemido indignado saiu da sua boca após criar expectativas demais quanto o marido lhe penetrar com os dedos e ele apenas continuar passando-os por lá, a induzindo que mexesse o quadril contra o dele. Foi o que fez e o ouviu gemer junto com o atrito e a ansiedade gostosa que um causava no outro.
- Vai anjo, rebola gostoso. – o homem cravou uma das mãos na bunda dela, sentindo o desespero delicioso de tê-la rebolando contra seu pênis como se o masturbasse. finalmente a penetrou com dois dedos, sentindo uma mordida no peito pelo repentino movimento.
Sabendo que dali a pouco daria para penetrá-la sem que ouvisse reclamações que transar na água era seco. gemeu contra o peito dele, ainda continuando com os movimentos que ajudavam os dois na estimulação e respirou fundo. Ao olhar pro marido, o viu de boca aberta e olhos apertadinhos. Ah não! Mas ele não ia fazer aquilo.
- Eu não acredito que você vai gozar assim. – a reclamação saiu manhosa.
- Você não tá ajudando, gostosa. – soltou um suspiro pesado e com a mão que estava cravada na bunda dela, subiu rapidamente, segurando com força a cabeça da mulher para que ele pudesse beijá-la sem pudor e com um imenso desejo, sentindo o peito rígido dela esfregar ao seu. Ele beijou o pescoço da esposa, deixando uma chupada firme que a fez tremer e gemer contra seu ouvido.
soltou um grunhido manhoso de protesto e desespero por ter escutado um gemido tão incrível, não demorando muito para que ele a suspendesse para seu colo. Os dois gemeram com o roçar das intimidades pelas pernas enlaçadas e logo a mulher foi encostada na parede gelada, enquanto a água fria do chuveiro caía entre os dois. se apoiou nos ombros do marido sentindo o corpo ser abraçado com firmeza e rapidamente ser penetrada com o desconforto da água não ajudar em nada.
- Desliga o chuveiro! – ela reclamou sentindo as estocadas travarem e puxou os cabelos do marido quando sentiu a esfregada gostosa de uma das palmas dele contra seu peito. – Tá travando, Charles, desliga a porra do chuveiro! – a indignação veio junto ao desespero do quadril dos dois, que mesmo com a dificuldade, continuavam a tentar deslizar um no outro.
O homem bateu a mão no registro o desligando e prensou ainda mais a esposa na parede aumentando o ritmo das estocadas, assim como ela aumentava das reboladas se segurando mais nele e gemendo a cada entrada com força que o homem dava. Ela sentiu apertar sua cintura com força e o ajudou contraindo a musculatura pélvica para que os dois gozassem mais rápido.
- Você é tão deliciosa quando faz isso. – o homem grunhiu fechando os olhos com a intensidade do acontecido e sentiu os dedos dela apertarem sua boca em um bico. Malvada, era malvada!
- O quê? – a mulher perguntou mergulhada no cinismo e repetiu a contração dos músculos vaginais o ouvindo gemer por ter, indiscutivelmente, gostado daquilo. – Vai com força. – ela pediu se agarrando mais a ele e os dois passaram a fazer movimentos mais intensos e desesperados, acompanhados de algumas puxadas de cabelo, apertadas e beijos despudorados, que fizeram a mulher chegar primeiro ao orgasmo, soltando um suspiro longo, barulhento e cansado.
- Tá indo, !– anunciou que em pouco tempo seria a vez dele e enfiou o rosto no pescoço dela, enquanto a mulher ainda deslizava sobre ele.
- Não, não! Espera, vai fora! – ela pediu desencaixando do marido e mesmo assim sentiu quando ele ejaculou dentro, como se o pedido tivesse sido tarde demais.
O homem suspirou satisfeito, ainda enterrado no pescoço da esposa e a abraçou com mais força, ouvindo a mulher resmungar. Ele beijou de leve o pescoço dela, ainda prendendo a vontade de rir pela reclamação que, com certeza, aconteceria a seguir. Algo que não apenas aconteceu, como veio acompanhada de um leve tapa na nuca.
Os dois riram.
- Eu mandei fora!
- Eu sei! – o cantor esganiçou rindo e sentiu as pernas dela desenlaçarem do seu corpo, logo se pondo de pé no chão. – Mas quando você mandou já estava vindo, não deu pra segurar. – ele esboçou a maior cara lisa que tinha e ela rolou os olhos, sendo beijada de surpresa assim que o chuveiro foi ligado em cima dos dois.

-x-

fechou o chuveiro e saiu do box enlaçando a toalha na cintura, vendo a esposa secar o cabelo cacheado com outra toalha, já de frente para o enorme espelho em cima do lavabo. Ele sorriu satisfeito e ao dar um meio abraço na mulher por trás, enquanto segurava a própria toalha com uma das mãos e beijou-a de leve na ponta do ombro, ganhando um sorriso iluminado.
- Se eu disser algo, você me entende? – o homem perguntou direcionando os selinhos ao pescoço dela e a fez rir baixo. sabia que tinha feito algo de errado e precisava se retificar quanto a conduta. Sinceramente? Aquela era uma das melhores coisas no casamento dos dois, poder ouvir e ser ouvido. Aconselhar e ser aconselhado. Era a cumplicidade.
- Qual foi a merda que eu fiz? – a mulher soltou o ar dos pulmões, movimentando o pescoço pra que ele pudesse beijar mais. beijou-a uma última vez e soltou um suspiro pra lá de frustrado.
- Você não achou o castigo meio exagerado? –a pergunta saiu piedosa, o fazendo entender que ela achava o mesmo quando viu a esposa desviar o olhar do seu, mesmo que pelo reflexo do espelho. –Eu sei que o errou em mentir. Mas poxa, ele é um bom menino!
suspirou completamente perdida na situação.
- Não sei, eu estava virada com a mentira. – ela suspirou bem culpada com a situação. Odiava ter que ser tão dura com os filhos. – Eu não gosto de mentira, você sabe.
- Eu sei, anjo. Nesse ponto eu entendo e concordo. – suspirou e beijou-a na cabeça, um beijo forte e seguro. A enfermeira sorriu em resposta e encostou o corpo ao dele, sentindo a boca do marido pressionar mais a sua cabeça.
- Às vezes, eu acho que ele é maduro demais pra ter 16. – ela disse pensativa, sentindo e vendo o marido lhe abraçar com força pela cintura, quase enfiando o rosto em seu pescoço.
- Ele é mais responsável que a gente era. – os dois riram alto, embora soubessem bem que era verdade. – E quem nunca fez merda aos 16? É parte de ser adolescente!
- Infelizmente, nesse ponto, eu preciso concordar. é muito mais responsável que nós dois juntos. – respirou fundo e inclinou um pouco mais a cabeça, esperando que ele continuasse a beijar. – tem 16, nunca passou a noite fora de casa sem avisar, nunca bebeu pra porre, nunca tomou uma multa, nem no seu carro, nem no meu. – a mulher suspirou frustrada. – Ele não tem uma nota abaixo da média.
- Exatamente e a Leonor só tava encobrindo o irmão. – simplificou tudo que tinha acontecido, vendo a esposa fazer uma careta frente ao espelho. – E nisso, mocinha, você tem uma vasta experiência! – o homem segurou o rosto dela e lhe deu um beijo forte na bochecha.
- Em minha defesa, eu ia bem pra caramba no colégio! – a mulher tentou justificar as merdas da adolescência e os dois riram. – Mas é papel nosso, punir.
- Valeu a tentativa de justificar, littlegenius. – os dois riram pelo apelido antigo e sentiu mais um beijo carinhoso entre os cabelos. – E o papel de punir é seu. Eu nunca soube fazer isso.
- Nem falar grosso você sabe, . – a risada dela saiu anasalada.
- Hm, tem certeza? – a frase saiu acompanhada de uma leve mordida na orelha dela, que a fez gargalhar abertamente, sendo acompanhada por ele.
- Eu digo com os meninos! – a mulher ressaltou muito bem. – Mas o que você sugere que eu faça?
- Libera eles do castigo...
- Assim não, . Liberar total não. – ela o interrompeu antes que a fizesse ceder com todos aqueles beijos sedentos no pescoço. Céus, transar com aquele homem estava virando um vício nos últimos dias.
Um longo suspiro foi dado por parte dele, até se convencer que não seria tão fácil liberar os pirralhos do castigo.
- A viagem e o carro? – a sugestão saiu em um completo tom de dúvida, fazendo ponderar bem a alternativa. Talvez fosse sim uma ótima escolha.
- Pode ser, mas a viagem só pra Leonor. fica comigo. – a enfermeira declarou como última alternativa e o viu soltar um suspiro derrotado. Aquela guerra já estava ganha de toda forma.
- E por que raios o castigo virou contra mim? – esganiçou ao ponto de mudar completamente o timbre da sua voz. Só poderia ser brincadeira de , como eles tinham a oportunidade de viajar pra Inglaterra, ver a banda que Leonor tanto gostava e de quebra, namorar um pouco no clima da cidade. E a mulher não ia? – Você não vai, ?
- Eu não posso deixar o sozinho em casa enquanto a gente viaja! É cruel demais fazer isso. E se eu disse que ele não vai pra Inglaterra, ele não vai. – ela tentou se impor antes que o marido começasse mais uma vez o seu monólogo e mais uma vez, ele suspirou rendido.
- Tá, tá bom. Eu levo a Len e você libera o carro pro moleque. Beleza? – perguntou ao dar um beijinho no pescoço dela.
- Assim que se fala, papi! – piscou rindo e o viu abrir um sorriso maroto pelo reflexo do espelho.

-x-x-x-

Os dois estavam na garagem esvaziando os materiais que não serviam mais e guardando alguns tantos em caixas, cumprindo uma promessa sobre conseguir um lugar limpo e calmo para que filho pudesse desenvolver seus projetos para o MIT. pai estava carregando algumas caixas mais pesadas e as empilhando de forma organizada para que o galpão coubesse dois carros e ainda o “escritório” de criação do rapaz, enquanto o ajudava na organização do espaço. Ela mordeu a boca um pouco confusa quando viu o marido fazer força pra pegar uma caixa de ferramentas no chão, e fez uma leve careta ao ver a aliança grossa do anelar esquerdo dele. Sim, ela sempre estivera ali depois que ele havia voltado, mas será que permanecera naquele mesmo dedo durante o último ano?
- Você ainda usa aliança? – a dúvida se exteriorizou da forma errada e o homem olhou pra ela com uma enorme interrogação na cara.
apoiou a caixa na perna ainda sem entender a pergunta sem sentido, mordeu a boca supostamente pelo peso das ferramentas, gesto que causou na mulher a mesma reação. A de morder a boca. E ao perceber o olhar lascivo da sobre si, apertou ainda mais a mordida com os dentes, ao ponto de deixar o lábio esbranquiçado, sabendo que ia despertar nela os pensamentos mais insanos. Como se não bastasse toda aquela demonstração gratuita e de certa forma, discreta de obscenidades, o homem forçou os braços mais do que necessário, consequentemente os deixando mais definidos no tronco livre de camisas.
- Digo, usou no último ano? – a enfermeira piscou um pouco atarantada e sacudiu de leve a gola da camiseta cavada dele que ela usava. Talvez melhorasse um pouco aquela quentura.
- Usei, anjo. – riu um tanto debochado por vê-la afetada com as provocações dele e de quebra, inflou o peito ao colocar a caixa em uma das prateleiras. – Não vi necessidade de tirar. – ele deu de ombros, batendo as mãos uma na outra pra tirar a suposta poeira e logo na bermuda jeans.
- Não viu a necessidade de tirar? – arqueou uma das sobrancelhas, assumindo uma postura bem duvidosa assim que apoiou a mão na cintura, fazendo também, sua aliança reluzir quase como ouro.
- Não, . – ele suspirou meio risonho, depois a encarou passando a mão pelos cabelos. – Eu nunca vi necessidade de tirar. Na verdade eu nunca quis tirar. – explicou bem a situação e ouviu um suspiro de confirmação vindo dela, que não estava em qualquer posição de questioná-lo sobre aquilo. – Até por que, parece que alguém também não tirou. – a piscada debochada veio acompanhada de um sorriso filho da puta no canto dos lábios.
- Tinha uma marca horrorosa no lugar dela. – a mulher usou do mesmo deboche e os dois gargalharam no meio da garagem.
- Claro, marca. Muito tempo usando, né? – o homem deu um sorriso sacana, mordeu a boca e balançou a cabeça negativamente.
- Sim, mais de quatorze anos usando. Deixa marca. – deu de ombros como se fosse nada demais e passou por ele, carregando o olhar safado do marido. – Sem falar que era uma forma de manter a encrenca longe de mim, . – a mulher o olhou por cima do ombro e abriu um sorriso sacana, sabendo que o faria começar a se emputar com aquilo. Talvez provocá-lo, valesse o seu dia.
- E acho bom mesmo manter a encrenca longe da minha mulher. – disse sério, sabendo que não deveria se incomodar com algo tão pequeno. Mas quem iria obrigar o coração dele?
- Embora alguns tipos de encrenca não entendam o recado. – ela mordeu a boca prendendo a risada estrondosa que queria sair e tirar com a cara dele. O homem se limitou a arquear as sobrancelhas como se a desafiasse, mesmo que sentisse o estômago embrulhar. Do que caralhos ela estava falando?
- Oi? – a pequena entonação veio cheia de ciúme e quem sabe até irritação, fazendo a mulher soltar a risada presa. Aquela era uma das vantagens de ter um marido ciumento, provocá-lo sabendo que ele não ia dar o braço a torcer. – Como é?
- Algumas encrencas não entendem o recado, ué.– ela deu de ombros, ainda o olhando por cima do ombro e viu ficar com as bochechas ainda mais vermelhas, por certo, de raiva. Além de ter inflado o peito, é claro!
- Pois sinto informar, mas essas encrencas têm que entender que você é minha. Só minha! – mordeu um sorriso completamente sem vergonha e beliscou de leve a bunda dela.
- Amor! – arregalou os olhos, reclamando com uma manha sem tamanho pela reação dele.
- O quê? – o cantor perguntou com um cinismo sem tamanho e soltou a risada, abraçando a mulher em seguida. – Assim, só por curiosidade mesmo. Quem foi o desocupado?
- Por Deus, ! – a gargalhada dela saiu estrondosa. – Eu estou tirando com a sua cara, não percebeu ainda?
- Como é? – o homem soltou-a pra fazer uma das suas poses mais indignadas e aproveitou pra entrar logo na cozinha, rolando os olhos com a crise sem sentido.
- Brincando com você. – ela foi óbvia, ainda não dando tanta importância pra indignação dele e passou pela porta da cozinha junto com ele. Sabia que tinha o pavio curto e era engraçado vê-lo irritado. – Quer alguma coisa? – a mulher se direcionou pra pia da cozinha na intenção de lavar as mãos.
- Além de aproveitar que os meninos estão fora? – ele abriu um sorriso travesso, a fazendo rir alto. – Querer mesmo, eu queria era dar uma brincada. – voltou a jogar suas propostas quentes, assim como os cotovelos contra a ilha e viu a esposa abrir a boca com certa indignação, enquanto cerrava os olhos. – Mas na impossibilidade... Tem bolo? – o sorriso de criança deu contraste a todo o clima pesado na cozinha.
- Bolo? – soltou uma gargalhada estrondosa pela mudança repentina de assunto e se apoiou na ilha, de frente pra ele, com as mãos.
- É... – mordeu a boca, escondendo um sorriso bonito e deslizou as mãos sobre as dela. – Só você faz aquele bolo. – o homem piscou e respirou fundo, como se sentisse tanta saudade da comida ao ponto de sentir o gosto na boca, só de imaginar. – Faz pra mim? – ele arrastou a mão da esposa delicadamente e beijou-a bem em cima da aliança, fazendo suspirar e abrir um sorriso imenso pra ele.
- Claro que eu faço! – ela respondeu bem boba e o beijou carinhosamente nos lábios.
se movimentou rapidamente dentro do cômodo, selecionando tudo que precisaria para fazer o bolo de chocolate e ao colocar em cima da bancada, percebia o olhar encantado do marido sobre si. Era como se eles tivessem voltado uma boa porção de anos no tempo, ainda parecendo dois jovens adultos que mais brincavam dentro de casa. Ela dispensou a batedeira àquela vez e começou fazer a mistura manualmente, voltando realmente aos incríveis e bons anos que os dois já haviam passado naquela casa.
- E a clínica, ? – o mordeu a boca de leve, curioso em saber como andava o grande sonho da mulher. – Quando você marcou o coquetel de reinauguração?
- Em duas semanas, logo quando você voltar com a Leo. – a mulher abriu um sorriso imenso por saber que ele levava seu trabalho tão a sério quanto ela. – Foram os três meses mais torturantes pra mim, não poder usar minha clínica. – ela disse rindo e passou o dorso da mão no rosto para livrar um pequeno incomodo.
- Eu acredito, anjo, você sempre foi louca por ela. A WOCNSociety* vem? – abriu ainda mais o sorriso que varava suas bochechas e suspirou contente, ao vê-la com uma das bochechas sujas de farinha e tomando fôlego pra começar tagarelar sobre o que a mulher tanto gostava e tinha a vocação.
- Alguns representantes da sociedade confirmaram a presença sim. – a enfermeira umedeceu os lábios, sem conseguir conter o sorriso e sentiu a mão dele limpar sua bochecha com delicadeza.
-Tinha farinha. – os dois riram feito crianças.
segurou o rosto dela com firmeza e roubou um beijo sugado, fazendo as pernas da esposa amolecerem. segurou a bacia com mais força, sem entender como aquele homem ainda conseguia aquele tipo de coisa depois de tantos anos e o ouviu rir alto, quando quase derrubou a tigela com a massa do bolo, no chão. O homem piscou ainda rindo e a mulher lhe deu um tapa leve no ombro, o deixando sujo de farinha.
- O bolo, papi! – a reclamação da enfermeira veio sem demora, fazendo com que ele virasse uma criança ranhenta e enfiasse o indicador na massa de chocolate.
O ar na cozinha mudou completamente quando levou o dedo a boca para lamber a massa crua em uma das demonstrações mais obscenas, enquanto a encarava. Ele fechou os olhos vagarosamente e os abriu, subindo o olhar por todo o corpo de , ainda que arrastasse a língua avermelhada pela extremidade do dedo, usando de movimentos muito bem pensados e que a mulher conhecia bem. Conhecia tão bem que ansiava aquele estrago em seu corpo, todo santo dia. Não era complicado de entender que ele queria fazer exatamente aquilo com a língua se ela deixasse.
- Qual o seu problema? – a pergunta saiu indignada e saturada, com uma ponta de nervosismo, talvez. Fazendo o homem gargalhar. – Vai te catar, ! – ela gargalhou junto.
- Eu estou comendo a massa crua. – a resposta veio óbvia e cínica ao ponto de parecer que nada demais tinha acontecido há pouco. Ela estreitou os olhos e ganhou um sorriso meigo. – Lembra quando os meninos eram crianças? A folia que a gente fazia com o bolo? – o cantor mudou totalmente o centro do assunto e viu a esposa abrir um dos seus sorrisos mais encantadores.
- Lembro! – a mulher quase soltou um grito ao ver que ele estava preso na mesma lembrança que ela. – sujava a Leo e depois saía correndo, daí ela te sujava e virava um ciclo vicioso. – os dois gargalharam imersos no momento. – Depois tinha três crianças sujas pra eu dar banho. – soltou um riso anasalado. – Céus, lembra quando o enfiou a tigela suja de massa de bolo na cabeça?
- Claro que eu lembro! Você queria me matar por não ter impedido. – a gargalhada esganiçada saiu desafinada, fazendo a mulher rir junto com ele. – Eu era um moleque com duas crianças lindas pra brincar, anjo. – abriu um sorriso imenso e sendo acompanhado por ela, beijou-a na bochecha. – Só podia dar em bagunça.
- Você nunca, nunca deixou de ser moleque. – ela sorriu e o viu se esticar por cima da bancada em busca de um beijo. Os dois beijaram levemente, apenas no sentido de sentir os lábios um do outro. – Por isso os meninos são loucos por você.
- Sabe de uma coisa? – o homem pressionou os lábios em uma linha e passou uma das mãos pelos cabelos, sabendo que daria um pulo com a informação. – Eu tenho saudade de ser pai.
- Você é pai, amor. – ela riu com a frase que ainda não estava fazendo sentido. – Tem dois filhos adolescentes dando trabalho aí.
- Não, anjo! – ele riu, tentando disfarçar o desespero. – De ser pai mesmo, toda a história de uma gravidez. Correr atrás de um capetinha o dia todo pela casa, levar ao colégio, ensinar as coisas. Você sabe. – deu de ombros, enumerando nos dedos e levantou a vista pra ver o sorriso de gases no rosto da esposa.
A mulher piscou sem entender exatamente porque ele estava tocando naquele assunto, sem saber se ria da brincadeira, ou teoricamente chorava de desespero. estava louco?
- Você tá velho, , não aguenta mais correr atrás de criança. – levou na brincadeira, rezando pra que ele começasse a rir e esquecesse essa história de mais uma criança naquela casa. Em contra partida, ele parecia ofendido com a acusação.
- Eu vou a academia, surfo e jogo hockey. – o cantor enumerou nos dedos, exemplificando que aguentava bem o tranco com um bebê. – Sem falar que nós estamos bem ativos ultimamente. Então acho que posso muito bem cuidar de um filho. E nós estamos novos ainda.
piscou algumas vezes, olhando bem pra cara do marido. Ele não poderia estar falando sério. Falar de filho àquela altura do campeonato, principalmente quando os dois estavam ainda se resolvendo quanto a situação de casados? era louco!
- Eu sempre quis família grande e você sabe. Dois é pouco! – desviou a vista do olhar incisivo da esposa, tendo a certeza que ela lhe comeria vivo.
- Você enlouqueceu, . Você simplesmente pirou, não tem outra explicação. – ainda parecia incrédula com o pedido e o viu bufar com um bico de irritação.
- Eu não enlouqueci, eu quero ser pai de novo e isso não é pedir muito! – o homem rolou os olhos, se impedindo de ver o queixo dela quase encostar no chão. Em contra partida, a mulher soltou uma gargalhada estrondosa. De certo, só poderia estar de sacanagem com a sua cara.
- Você bebeu? – a pergunta saiu em meio a risada, o deixando ainda mais puto por não estar sendo levado a sério.
- Mulher zoeira é foda, viu? – o homem respirou fundo e passou a mão pelos cabelos curtos.
- É sério, eu não acredito que você tá pedindo filho na exata situação da nossa vida. – ela sacudiu a cabeça e pegou o spray pra untar a forma circular do bolo.
- Eu não bebi, . Eu estou completamente lúcido e seguro do que eu estou falando.
- Eu disse que massa crua não era bom, amor. – a mulher abriu uma risada espontânea ao ver que ele estava todo irritadinho em não estar sendo levado à sério. E na verdade, nem tinha cabimento levar aquilo a sério.
- Você tá levando na esportiva. – soltou uma risada morta.
- Não dá pra não levar, amor. – riu junto com ele, por mais que soubesse que o desejo de ser pai era mais do que real em . Sim, ele sempre quisera uma família enorme, uma casa grande e um cachorro. Os dois últimos itens da lista ele tinha, só faltava completar o primeiro.
- Os meninos querem um irmão, você sabe! – ele recorreu ao também desejo dos filhos, enquanto a esposa despejava a massa de chocolate na forma.
- Infelizmente, querer não é poder. – a Mrs. mandou um beijo, colocando a forma no forno, logo em seguida.
- Continuo querendo. – suspirou ao observar o corpo da esposa vestindo uma das suas camisetas cavadas.
Aquilo era algo que ele nunca iria entender, como ela ficava tão linda até em uma camiseta imensamente maior, ou o fato de os dois serem ainda mais opostos e mesmo assim se darem tão bem. O homem soltou uma risada leve ao olhar para os próprios pés calçados em um tênis e depois os dela descalços no meio da cozinha. tinha uma horrorosa mania de não usar qualquer chinelo em casa, ela dizia que assim era mais livre.
- Você é teimoso! – a enfermeira acusou, voltando a sua postura normal e o homem riu abraçando-a por trás, dando tempo apenas pra que ela batesse as costas em seu peito nu.
- E você gosta. – o sussurro saiu grave bem ao pé do ouvido, o que fez arregalar de leve os olhos e rir alto ao sentir a mão dele entrando pela lateral da camisa cavada.
- Você é tão convencido! – ela jogou de leve a cabeça pra trás, ainda rindo com as péssimas intenções dele.
- Prefiro realista. – a frase saiu baixa novamente, a medida que a mão dele passeava por dentro da camisa cavada, mais especificamente no abdome.
- Continuo com convencido. – a mulher apoiou a nuca ao ombro do marido, esperando que a mão subisse mais um pouco e brincasse com ela. Ou talvez descesse, era uma ótima alternativa.
Ele riu baixo e deslizou de vez o braço pelo abdome dela, abraçando a mulher com força em um carinho inigualável. soltou um suspiro contente e deu um beijinho estalado no pescoço da esposa.
- Só pensa, ok? – o pedido saiu descarado, fazendo sair do abraço e lhe empurrar a vasilha suja com massa de bolo, o fazendo rir alto com a indignação dela.
- Come sua massa crua, vai? – ela rolou os olhos com o pedido feito há pouco. Mas era muita falta de juízo num homem só.
- Poxa, anjo. – o bico nos lábios dele era imenso.
- Sem anjo pra cima de mim! – a mulher rolou os olhos e ouviu mais uma vez a gargalhada do marido. Ela segurou os lábios em uma linha fina na intenção de não gargalhar e sem esperar, sentiu a colher de pau encostar em sua bochecha deixando um rastro de massa crua por lá.– Amor! – o protesto veio em meio a um riso divertido, que o fez rir junto ainda que parecesse uma criança sapeca lambendo a colher suja. limpou a bochecha e o empurrou de leve com o quadril, sentindo o marido lhe sujar mais uma vez. – Poxa, eu estou limpinha!
- Nossa, coitadinha. – o homem fez um bico debochado e beijou a bochecha limpa.
- Eu vou precisar de outro banho e a culpa é toda sua. – ela também fez um bico, passou o dedo na tigela suja e melou o nariz do marido. riu baixo e dispensou a panela que estava na mão, abraçando a mulher pela cintura logo em seguida.
- Sempre feliz em ajudar, . – ele piscou, usando de um tom bem malicioso ao tentar beijar a enfermeira que estava presa em seus braços.
- Eu não vou tomar banho com você, de novo! – arregalou os olhos de leve, usando a maior obviedade na voz. – Credo, não!
- Eu estava há um ano sem sexo, mulher. Tenha piedade de mim! Agora eu quero aproveitar o tempo perdido. – ele acochou-a ainda mais no abraço, sentindo os braços da mulher deslizar ao redor do seu pescoço.
- Passou um ano se acabando na mão, igual colher de pedreiro? – o deboche na voz da mulher o atingiu em cheio, fazendo estreitar os olhos e se dividir entre ficar ofendido e rir alto.
- Sinceramente, eu não deveria nem rir dessa sua piada. – ele repreendeu, mesmo que começasse a rir com o comentário infame. Se ele tinha se acabado na mão como disse ela, ela também tinha. – Na verdade, eu não queria nem falar, mas a sua situação foi bem parecida. – o homem riu malvado, se encolhendo e sabia que ia tomar um tapa no ombro. – Boatos que tava quase saindo da carreira de enfermeira e desbancando o Avicii.
- Vai te catar, ! – soltou um grito esganiçado, mas que foi misturado a uma dupla crise de risos. – Eu nem sei porque eu ainda insinuo essas coisas na sua frente, sinceramente. – ela rolou os olhos ainda imersa na crise de risos e sentiu os lábios dele lhe roubar um beijo.
- Porque você me ama. – roubou mais um beijo da esposa. – Porque nós dois não temos filtro. – mais outro beijo que fez a mulher rir de olhos fechados. – E porque nos sentimos confortáveis falando qualquer merda perto um do outro. O que me faz voltar a primeira suposição, nos amamos demais e temos uma intimidade do caralho.
- E sua boca é muito suja! – o deboche veio imperioso e em um movimento rápido, deitou-a suspensa no ar, ouvindo um gritinho de susto da esposa.
Os dois riram com o ar divertido e leve que pairava a cozinha e logo sentiu seus lábios serem beijados por ele, à medida que seu corpo era trazido de volta para a postura normal. Ela o abraçou ainda mais pelo pescoço, sentindo seu corpo ser abraçado pela cintura. O se escorou a bancada da cozinha, sentindo o corpo dela se encaixar ainda mais ao seu. Os dedos entre os cabelos, o gosto familiar, o cheiro mais ainda e o sensacional momento sem filhos gritando que queriam comer ou qualquer outra coisa do tipo. Ele riu sacana e após um beijinho sugado, puxou o lábio inferior dela entre os dentes em uma mordida que a fez suspirar satisfeita.
segurou a cabeça do marido com as mãos subindo pela nuca e sorrateiramente passou os dentes pelo queixo do homem. suspirou sofrido e mordeu a própria boca, tentando controlar o corpo e suas reações, mesmo que fosse difícil quando aquela mulher encapetada arrastava a língua por seu queixo e as minúsculas unhas por sua nuca. Ela enfiou ainda mais os dedos entre os cabelos dele e puxou a cabeça do marido pra trás em um supetão, ouvindo a gargalhada larga e satisfeita dele. Se tinha uma coisa que não reclamava, era de ser dominado por sua mulher.
O homem sentiu o corpo entrar em colapso e perder totalmente o controle quando ela arrastou os dedos por trás da sua orelha. Céus, sabia bem como lhe deixar louco! A mulher sentiu seu corpo ser apertado com força em consequência a provocação e um quase grunhido manhoso sair da boca do marido, a fazendo abrir um sorriso malvado e lascivo. Foda-se que era meia tarde, os meninos estavam no colégio mesmo. O cantor esgueirou as mãos pela fenda lateral da camisa cavada dele, que ela estava usando e cobria parcialmente o jeans curto, fazendo a mulher arrepiar inteira e lhe beijar com tesão. As mãos que faziam carinho nos pontos atrás das orelhas dele estavam tão bem intencionadas quantos as que já haviam apertado a bunda dela, mas seguiam determinadas a entrar pelo short na parte interna da coxa.
O cantor baixou levemente a postura e após apertar as grossas coxas da esposa por trás com uma força que a deixava ainda mais excitada, flexionou os joelhos de leve e em um impulso, suspendeu a mulher fazendo a questão de esfregar o quadril dos dois. Talvez assim o livrasse mais do desespero. o abraçou com as pernas, firme o bastante pra que ele apenas lhe ajudasse no apoio e respirou fundo ao sentir os beijos famintos perto da sua orelha.
Um resmungo de súplica foi solto quando o marido lhe mordeu o lóbulo da orelha e ela enfiou ainda mais os dedos entre os cabelos dele. A mulher jogou a cabeça pra trás quando sentiu um dos seios ser apertado e o roçar do quadril dos dois. Mas viu todo seu tesão diminuir consideravelmente assim que percebeu a cozinha repleta de fumaça, além do cheio horroroso de bolo queimado.
- Merda! Merda! Merda! – ela arregalou os olhos, mirando o forno embutido.
- O que foi? – perguntou assustado ao procurar dentro da cozinha alguma de suas crianças, sem saber como ia explicar o amasso que os dois estavam dando.
- O BOLO! – a enfermeira soltou um grito esganiçado, se mexendo pra ser solta e logo pôs os pés no chão.
- Merda, botamos fogo na cozinha! – o trocadilho infame de fez a mulher lhe olhar indignada após desligar o forno.
percebeu que a esposa tinha entendido o teor da piada desgraçada e imediatamente soltou uma gargalhada estrondosa. Aquela situação era no mínimo, ridícula por estar acontecendo. Quantos anos eles tinham? 20 e não podiam se encostar? Céus, que fogo! mordeu os lábios, tentando prender a risada e não dar moral a ele, mas foi inútil ao ver o cara com quem era casada há mais de 15 anos rir como se não houvesse amanhã e se engasgar com a fumaça que tomava a cozinha mais fortemente. A enfermeira abriu de vez o forno, sentindo as lágrimas pela crise de riso descerem pelas bochechas, tossindo igualmente a ele, pela fumaça.
O cantor viu o divertimento ir embora quando a tarefa de respirar estava ficando difícil com todo aquele cheiro de queimado. Ele vincou as sobrancelhas tapando o nariz e a boca com o dorso de uma das mãos e rapidamente, agarrou a mão de , levando-a pra fora daquela cozinha antes que as coisas ferrassem pros dois.
- Olha o que você fez! – a mulher tentou xingar ainda que parasse de tossir e o ouviu rir alto.
- Eu? Era você quem estava no meu colo rebolando esse bundão maravilhoso! – o homem tentou se explicar e mais uma vez, beliscou de leve a bunda da esposa. abriu a boca indignada com o afronte e distribuiu alguns tapas na mão dele, impedindo que o marido safado continuasse com aquilo.– Aproveitou o movimento e esqueceu do bolo. – esfregou de leve o quadril no corpo dela, insinuando leves estocadas e a mulher caiu na gargalhada.
- Vai te catar, ! – ela deu um tapa ardido no ombro dele, ainda que concordasse e estivesse incrivelmente acesa com o amasso na cozinha. O cantor suspirou um pouco frustrado e beijou levemente o ombro da mulher.
- O que diabos vocês fizeram com a casa? – a pergunta assustada saltou da boca de Leonor fazendo os pais saírem do transe safado de supetão, tão rápido ao ponto de abraçar pela cintura e a mulher cruzar os braços, afastando um pouco mais pra frente dele na intenção de cobrir um certo ponto. Era uma bela imagem de um casal lindo, puro e feliz.
- Caramba! Vocês queimaram a casa? – o rapaz que entrou em casa por último, abanava o rosto com uma das mãos e falava em um dos tons mais divertidos, fazendo o casal rir alto mais uma vez.
- Nós precisávamos de efeito especial pra dar um mega anúncio! – a enfermeira arregalou os olhos e abriu os braços, fazendo maior teatro que conseguia.– Na verdade, eu queimei o bolo, mas enfim! – a justificativa veio fazendo os garotos rirem.
-Qual é a boa?
- Vocês estão livres do castigo! – o grito da mãe ali veio estrondoso, trazendo as melhores notícias, fazendo o casal de filhos arregalarem ainda mais os olhos, incrédulos com aquilo. – Quase... – ela pontuou bem. – volta a ter o carro e Leonor vai pra viagem! E o papai construiu uma oficina de criação pra você ter um lugar calmo e trabalhar no MIT, querido!
O grito ensurdecedor dos irmãos após a notícia foi animador, os dois pulavam abraçados em uma reação que e não esperavam, mas que gostaram de uma forma que nunca iriam explicar. O cantor sorriu e deu um beijo na cabeça da esposa, feliz em ver os dois felizes com algo tão simples como ser tirado de um castigo, ou ter um lugar calmo pra trabalhar nos projetos.
A mulher suspirou e ao cruzar os braços, sentiu uma quantidade relativamente grande de água jorrar sobre si. Ela olhou desesperada pro teto, percebendo que o alarme de incêndio da casa tinha sido ativado na parte térrea pela fumaça que saia do forno.
- Ai merda! Eu tinha esquecido dessa praga! – o grito possesso deu lugar a meiguice.
- Eu vou desligar o registro. – pai declarou antes de correr para que a casa não alagasse ou seus meninos pegassem um resfriado.

*Wound, Ostomy e Continence Nurses Society, basicamente, Sociedade de Enfermagem em Estomaterapia.



Chapter Eleven

- Ai, eu estou morta. – reclamou ao se apoiar na cama pra deitar e respirou fundo ao sentir o corpo bater contra o colchão. – Os meninos estavam espirrando, dei complexo vitamínico C. Enchi os dois de água, sucos e líquidos e ai... - ela reclamou enfiando os dedos entre os cabelos, ouvindo uma risada anasalada do marido que prestava atenção em tudo que ela falava.
- Você tomou? – coçou os olhos por baixo do óculos de grau que estava muito bem guardado e escondido na rotina. Ele colocou o notebook no qual reservava o hotel pra ficar com Leonor durante a viagem, em cima do criado mudo, depois sentou na cama.
- Não, eu não preciso disso. Meu sistema imunológico é bom. – a mulher sentiu o corpo praticamente derreter na cama e aquela dorzinha nas costas não estava tão chata durante o dia.
- Uhum, você é de ferro, mulher maravilha. – riu com a cara irônica dela e beijou a bochecha da mulher.
- Você tá usando óculos? – a enfermeira fez uma careta divertida e o viu dar de ombros.
- Me deu uma leve dor de cabeça, suspeitei que fosse a vista e resgatei ele da gaveta. – circundou-a com um dos braços e se apoiou por cima da esposa, roubando um beijo em seguida.
- Deve ser, você mal usa. – a mulher suspirou levantando os braços e os colocando em volta do pescoço do cantor, lhe fazendo um carinho na nuca e recebendo um sorriso maroto. – Eu uso direto.
- E fica extremamente sexy. – um sorriso de canto foi puxado, assim que a mão dele se arrastou na lateral do corpo dela, levantando o tecido da blusa e tocando a pele macia da mulher.
fechou os olhos controlando, ou ao menos, tentando controlar o reflexo do espirro, concentrando para não precisar fazer aquilo na cara dele. Ninguém merecia levar um jato de espirro na cara, a mulher prendeu a respiração na vã intenção de absorver o reflexo, mesmo sabendo que só iria deixá-lo maior e percebeu seu esforço ser frustrado, assim que baixou o rosto pra beijar a sua clavícula. Três espirros seguidos e escandalosos foram dados, fazendo o homem rir alto, parte em desespero por ter conseguido desviar, parte por ser engraçado estando doente, mesmo sem achar que estava.
- Merda! – a mulher reclamou ao esfregar o nariz e deu um tapa no ombro dele. – Não ri! – ela riu junto.
- Você tá parecendo o Hulk espirrando! – gargalhou com a expressão imensamente tediosa da esposa e sem que os dois pudessem controlar, mais um espirro se fez presente, dessa vez na cara dele.
A enfermeira arregalou os olhos, incrédula com os reflexos do próprio corpo, embora ainda estivesse com uma tremenda vontade de rir em ver seu marido de olhos fechados com uma das impressões mais indefinidas que poderiam existir, mas parecendo ter nojo da própria cara. Ela não o culpava por aquilo, mas não era recomendado ficar tão perto de uma mulher com rinite atacada.
- Eu vou buscar o complexo vitamínico C. – anunciou ainda de olhos fechados sem acreditar que tinha virado alvo de um espirro e se apoiou melhor no colchão, conseguiu colocar o pé no chão pra levantar e perdeu de ver a expressão mais do que culpada da esposa pelo espirro.
- Amor, desculpa! – ela soltou em meio a uma risada nervosa, cobrindo a boca com a mão e ele meneou a dele mostrando que não tinha problema, contanto que ela não voltasse muitas vezes no assunto.
- Eu vou buscar um remédio pra você. – respirou fundo e sacudiu de leve a cabeça ao ver a esposa encolhida entre os travesseiros com o maior sorriso amarelo e culpado. – Você poderia ter avisado, . – o homem revidou indignado, vendo-a prender os lábios em uma mordida culpada pra não rir na cara dele.
O cantor respirou fundo mais uma vez e após passar a mão pelo rosto, entrou no banheiro da suíte em busca do complexo vitamínico, não demorando muito pra ouvir a gargalhada estrondosa e descontrolada dela. O rolou os olhos, mas se deu por vencido caindo em uma crise de risos enquanto procurava o tal remédio.

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fechou a porta do quarto que dividia com com o maior cuidado pra não acordar a mulher, ela mal tinha conseguido dormir à noite pelos espirros ininterruptos e quando finalmente ela caiu no sono, ele não ia acordá-la. O cantor se espreguiçou já estando no corredor e ali se sentiu realmente em casa, nada como uma manhã agitada para fazê-lo entrar de vez no clima papai de família.
A porta do quarto de Leonor foi aberta, enquanto a garota estava largada na cama como se não tivesse o controle do corpo durante o sono, os cabelos mais ondulados do que realmente cacheados espalhados pelo colchão grande demais pra uma pessoa só e a boca entreaberta, enquanto praticamente babava encantado na sua criança. Ele riu, logo adentrando o quarto da menina, beijou-a de leve na cabeça.
- Bom dia, princesa! – ele resmungou sacudindo a filha de leve, vendo a moça se espreguiçar com a maior falta de coragem existente. – Sem corpo mole, vocês têm colégio. – o homem beijou a testa da menina e a viu sorrir em resposta com os olhinhos quase fechados pelas bochechas.
- Cadê a mamãe? – Leonor se espreguiçou mais uma vez, esticando todo o corpo e virando de lado na cama.
- Espirrou a noite toda. Deixei ela dormir. – o homem riu baixo, vendo a garota de bochechas vermelhas afirmar com um aceno preguiçoso. – Rinite. – os dois falaram em coro e riu baixo antes de beijar a testa de Leonor, saindo do quarto dela para poder acordar o filho.
Ele encostou a porta apenas para dar privacidade a filha e se dirigiu para o quarto do mais velho, sabendo que a resistência do rapaz pra se pôr de pé iria ser bem maior do que a de Leonor. Nisso filho era exatamente igual a mãe, tinha todo um ritual e tempo pra sair da cama. Os dois não poderiam acordar em cima da hora, ou se atrasariam mais do que o esperado. O pai abriu a porta, encontrando o filho todo encolhido, vestindo só a calça do pijama e o cabelo todo bagunçado, o homem riu baixo e sacudiu a cabeça ainda que aliviado por ver que sua criança mais velha não precisaria mais esconder a tatuagem fruto de uma mentira. Não que ele defendesse o menino, mesmo que sim, mas não queria imaginar como teria sido o último mês para o rapaz, vivendo clandestinamente dentro da própria casa.
- Ei, campeão. – passou a mão pelos cabelos do moleque que já estava mais alto que ele, o vendo se encolher mais. Só podia ser filho de mesmo. – , já é quase sete, você precisa acordar. Tem aula às oito. – ele repetiu o discurso motivacional e beijou a cabeça do filho quando o viu abrir os olhos vagarosamente.
- Eu tenho que ir hoje? – o rapaz virou se espreguiçando e o pai prendeu a risada ao lembrar que a mulher chamava o garoto de tripa seca.
- Se você quer o MIT, tem que ir sim. – o cantor bagunçou o cabelo do filho. – Espero vocês lá embaixo e a Len está avisada para passar aqui, se você se atrasar. – os dois riram quando o homem sacudiu de leve a cabeça, voltando a porta do quarto.
- Já vou, prometo! – Eliot respirou fundo. – Não que eu esteja reclamando da sua presença de manhã cedo. – ele abriu um sorriso grato por ter o pai de volta na rotina. – Mas cadê minha mãezinha?
- A passou a noite espirrando, conseguiu dormir só agora de manhã. – riu baixo e bateu de leve na porta aberta do quarto, vendo o filho afirmar com um aceno. – Decidi deixar ela dormir. Espero vocês pro café. Não demora. – ele piscou recebendo um sorriso e saiu de vez do quarto.
Precisava ligar pra Anne e pedir que ela remarcasse ou remanejasse os atendimentos de daquele dia. Por mais que sua esposa fosse fazer uma briga por não poder trabalhar, doente ela não poderia mesmo. Era loucura mexer com lâmina na ferida de alguém quando se estava espirrando sem parar. Ele aguentaria a fúria da Maria Furacão.

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O usou a espátula de silicone para despregar de leve as bordas da omelete que fazia toda a cozinha cheirar tão bem, mesmo que não conseguisse sentir o cheiro de nada com o nariz congestionado. Ele salpicou um pouco de pimenta em pó para dar gosto ao café reforçado da esposa doente e a ouviu fungar mais uma vez aquela manhã. O cantor virou de leve para olhar a figura quase debruçada à ilha com a maior cara de criança emburrada que ele já tinha visto na vida e riu levemente.
- Eu odeio coriza! – o resmungo dela saiu mais do que indignado com a própria alergia, enquanto via o café fumegante na caneca ajudar de leve na sua congestão nasal. – Meu nariz está completamente entupido. Ai que ódio! – a mulher rolou os olhos o ouvindo rir da situação.
- Calma, anjo! Você tomou remédio, vai aliviar! – virou a omelete na caçarola, trazendo um prato de porcelana pra perto e sabendo que faria comer nem que fosse a força.
- Não ri! – ela reclamou meio odiada por estar caída. – Eu odeio estar doente, na verdade. – o suspiro saiu desolado e o homem negou de leve com a cabeça, sabendo que só daquele jeito a esposa descansaria da rotina.
- E além do mais... – aspirou o cheiro bom da comida, quase lamentando que não conseguiria sentir nem o gosto. – Eu tentei te ajudar com a congestão nasal hoje de manhã. – um sorriso safado foi puxado no canto da boca, causando nela a maior expressão indignada que ele já tinha visto naquela mulher, caindo na gargalhada. – Eu sei, anjo! Nada de sexo enquanto você estiver doente. Ri um pouco, mulher!
- Não dá pra rir! Eu vou derreter em secreção e você quer que eu ria? – soltou um grunhido frustrado, esfregando o nariz ao ponto de quase arrancar.
- A dramática da família é a sua irmã! – ele voltou a protestar, ainda rindo da postura da esposa e a viu rolar os olhos, sibilando que ele era um idiota. – Linda! Mesmo com esse narizinho vermelho. – colocou o prato com a omelete perto da mulher, dando uma piscadinha marota que a fez com as bochechas queimando. Como ele ainda conseguia após tantos anos? Era um mistério.
- Você me ama demais, sem condições! – ela esfregou as bochechas na intenção de espalhar o sangue acumulado por lá e torceu o nariz ao ver a omelete perto. Ela não ia comer.
- Descobriu agora? – ele arqueou uma das sobrancelhas como se mostrasse indignado com a dúvida dela.
- Não! – ela riu um pouco fanha, tomando um gole do café ainda olhando esquisito para o prato com omelete, que foi empurrado um pouco pra mais perto, por ele. – Também te amo, preciosidade da minha vida! – sorriu genuinamente, com os olhos brilhantes e um amor sem tamanho, deixando o homem com cara de bobo. Mas um bobo que havia projetado o corpo pra frente em busca de um beijo, mesmo que casto. – SAI DAQUI! – o grito da mulher saiu esganiçado.
- Saio nada, quero beijo! – ele protestou, voltando a fazer o bico.
- Sai daqui, demônio! – a mulher soltou uma gargalhada gigante tentando o empurrar pelo peito, enquanto o marido ria feliz em vê-la mais animada de alguma forma.
- Você espirrou em mim, se é pra estar doente eu já estou! – tentou argumentar mais uma vez pra conseguir o beijo, ainda que frustrado pela distância que a esposa tomava da boca dele.
- Não passa na cara! – reclamou sobre a história do espirro. – E eu não vou te beijar, meu nariz está escorrendo! – os olhos se arregalaram mais uma vez, enquanto a mulher forçava as mãos contra o peito do marido, fazendo com que ele mantivesse distância.
- E daí que tá escorrendo? Me beija! – o ultimato foi dado assim que o Mr. agarrou os pulsos dela, os afastando do seu peito e pegando a mulher de surpresa com um beijo. Bem mais casto, sem língua, mas era um beijo que fez a enfermeira esboçar uma careta horrenda.
- !
- Não agarra a enferma, ! – a voz de surgiu na porta de vidro da cozinha, atraindo o olhar dos dois, animados e alegres pela visita mais do que frequente.
- Seu cunhado é tarado! – deu um tapa no ombro do marido que riu baixo e lhe roubou mais um beijo.
- Por você? Sou mesmo. – ele deu uma piscadinha completamente sem vergonha, fazendo sua mulher rir um pouco nervosa pela presença da irmã na dita cena.
- Ew! – a designe fez uma careta horrenda chegando perto da ilha da casa dos com a cadeira. – Pelo amor de Deus, me poupem! Eu não sou obrigada! – a mulher reclamou um pouco enjoada com tamanha demonstração de afeto, ainda que fosse declaradamente fingida. Se tinha uma coisa que gostava, era de ver a irmã e o cunhado voltando a se dar tão bem, ou até melhor que antes.
- Oi, sis! – a enferma da situação acenou para a irmã mais velha, sorrindo como cumprimento e ganhou um sorriso igual de volta. – Quer café? O tá fazendo.
- Oi, sis! – acenou em resposta, abrindo um sorriso bonito para a irmã e ganhando um beijo na cabeça do cunhado, como saudação. – E sim, eu quero café. – as duas riram.
Era fato que as duas não tinham tantas características em comum assim, mas tinham um sorriso bem semelhante, assim como o formato dos olhos e os maridos músicos. De resto, e eram completamente opostas, uma tinha o cabelo liso e a outra, cacheado, uma era das artes, a outra da saúde. Era como se as duas se completassem dentro da relação fortíssima de fraternidade existente, além de irmãs, elas eram amicíssimas.
- Bota café pra ela, amor. – pediu quando já se encarregava daquilo e com a atenção ainda voltada para a irmã, perguntou: – Visita tão cedo?
suspirou com o questionamento e por mais que soubesse que era brincadeira, ela não conseguia brincar quando a situação da clínica exigia uma decisão imediata.
- Eu queria conversar com você. – a mulher tomou um gole do café quente, deixando o clima ainda mais sério e confuso.
- Que houve? – fez uma careta já esperando ser algo relacionado a infiltração, ainda sem solução.
- Sobre o problema da clínica. – ela mordeu a boca um pouco receosa e só aumentou mais a expressão ao ver a confusão no rosto do cunhado. – Quero saber se você pensou numa solução. – a frase saiu baixa quando a mais nova afundou o rosto nas mãos.
- Problema? Que problema? – interrompeu o assunto que pairava na bolha das irmãs, olhando de uma pra outra, bem incisivo e mesmo assim não recebeu a atenção devida para aquilo.
- Problema na reforma. – se limitou àquilo para não morrer pelas mãos da irmã ou deixar o cunhado sem resposta. Mas fez uma careta horrenda ao ouvir o choramingado fingido de . – Eu sei, soeur! Mas não dá pra esperar mais, infelizmente. – ela suspirou frustrada.
- Mas eu não consegui pensar nisso! – a enfermeira levantou a vista ao ponto de ver apenas a irmã mais velha, desviando com sucesso do marido confuso e que estava começando a se irritar com estar sendo ignorado.
- Quer ajuda? – o suspiro da Mrs. veio com pesar. – , sem querer pressionar, mas não é pequeno, nós precisamos de uma solução logo. – ela mordeu a boca preocupada com a irmã que tinha se fundido a superfície de mármore claro da ilha.
- Que problema, ? não me disse nada, eu quero saber. – o homem usou do seu tom mais sério e duro, enrijecendo com olhar fixado na esposa ainda de cabeça baixa.
- Eu sou apenas a Designe! – ela levantou as mãos em rendição.
- Merda! – xingou enfiando ainda mais os dedos entre os cabelos. – Eu não tenho orçamento pra isso. Infelizmente extrapolou o meu planejado! – a enfermeira continuava dirigindo a palavra a irmã e deixando o marido ainda mais irritado com aquilo.
- E eu não tenho de onde tirar da reforma. – a outra fez uma careta horrenda.
- Por que eu não estou sabendo disso, ? – a voz dura voltou a ser direcionada exclusivamente a ela. É, não tinha mais jeito.
- Porque não tem necessidade! – ela arregalou os olhos ao movimentar os braços em um esganiço.
- Claro que tem necessidade. Você sabe que eu sou seu sócio lá e eu preciso saber o que está acontecendo pra ajudar! – sacudiu os braços como se aquele fosse o fim do mundo, ouvindo um grunhido frustrado de . Ela não queria entrar no assunto e isso ele tinha certeza, mas não dependia dela.
- Infiltração, . Uma infiltração gigante na sala dela. – revelou o mistério, já destravando as rodas da cadeira pra correr dali o mais rápido possível.
- VOCÊ FICA! – se adiantou antes que ela realmente fosse. – Começou a confusão, agora fica!
- Eu não comecei confusão nenhuma! – a mulher protestou meio indignada com aquilo. – Eu só não sei como resolver. E preciso de uma solução!
- Eu estou doente, você não vai brigar comigo, eu estando doente! – a mais nova fez um bico para o marido como se aquilo fosse convencê-lo.
- Não vai funcionar dessa vez. Me fala. O quão ruim é? – a pergunta foi direcionada as duas mulheres ali, se uma não dissesse, a outra iria dizer. – Se não for uma, vai ser a outra. Mas alguém vai me falar. – o cantor inquiriu novamente.
suspirou fundo, olhando do marido para a irmã tentando achar uma saída que não fosse contar a ele a real gravidade da situação. E embora soubesse que uma hora iria descobrir o que estava acontecendo, ela só não queria contar e parecer dependente diante daquela situação.
- Nós precisamos de uma solução hoje. – deu um sorriso amarelo.
- Quanto é? – o homem foi direto ao ponto, já pegando o celular para entrar no aplicativo do banco, mas foi impedido por uma das mãos da esposa segurando seu pulso.
- EI, EI, EI! – ela soltou um grito meio esganiçado. – Para aí, moneyboy. Nós vamos conversar e resolver isso, eu e você. – a enfermeira tentou mais uma vez, vendo a carinha de deboche do marido se formar.
- Você não escutou que precisa de uma solução hoje? – o homem arqueou a sobrancelha escura, causando em a reação de prender a risada.
- Hoje tem o resto do dia ainda. É quase fim da manhã eu vou resolver isso daqui pra mais tarde. – tentou contra-argumentar, mesmo sabendo que seria frustrado quando ele tinha razão e sabia disso. – Sendo que você gastou quase 20 pila com um carro, sem a mínima necessidade. Eu não esqueci disso!
- Era pros nossos filhos! – o homem soltou um esganiço meio afetado, enquanto observava a discussão besta com uma vontade imensa de rir. – E pra quê ir até o fim do dia se eu posso resolver agora?
- Eu não vou deixar você bancar mais isso! – a mais nova esganiçou e sacudiu os braços.
- O que mais eu banquei, ? Nada! – ele usou do mesmo tom. – Se eu posso pagar, eu vou pagar!
- Inferno! – xingou indignada por saber que ele estava certo e pior ainda, saber que precisava mesmo da ajuda dele.
- Quanto é, ? Eu estou esperando. Se você não me falar, a vai. – o cantor a encarou e ela suspirou frustrada com a situação, voltando a encostar a testa na bancada gelada. Só poderia ter jogado pedra na cruz pra ter que passar por aquilo. – Eu estou esperando. – ele voltou a falar, ouvindo um resmungo irônico pra ocasião. Ela não podia estar brincando. – , é sério.
- Eu não vou falar. – ela resmungou ainda enfiada nos próprios braços. – Se a quiser, ela fala, mas eu não vou tratar de dinheiro com o meu marido.
- Eu não quero tratar de dinheiro com meu cunhado! – a Mrs. esganiçou com a proposta de resolver a situação.
- Você é a Designe! – rebateu.
- E você é a dona! – contra atacou.
- Ele também é dono! – a enfermeira voltou a apontar para o marido.
- E eu sou seu sócio na clínica. – reforçou seu posicionamento frente ao bate boca das duas. – Lá ou não sou seu marido.
- Meu bem, bote uma coisa na sua cabeça, você é meu marido em qualquer lugar! – ela piscou ao mandar um beijo alado, deixando o homem bobo, ainda que rolasse os olhos com a insistência. – Embora me estresse maioria das vezes.
- Também te amo. – ele deu uma piscadinha bem safada que a fez rolar os olhos e rir junto com a irmã.
- Só me dá um motivo pra essa confusão toda. – o suspiro dela veio exausto de tentar contra-argumentar tanto.
- Dou vários! – abriu um sorriso vitorioso e antes que a esposa mais teimosa que ele começasse falar, continuou: – Porque você é uma incrível estomaterapeuta que ama o que faz. O brilho nos seus olhos quando fala do trabalho é o mesmo de quando você fala dos meninos. E eu amo isso, assim como eu amo você. – ele disse ternamente, segurando a mão dela com força, mostrando total sinceridade em tudo que falava. – E o que eu puder fazer pra você não perder isso, eu vou! Não importa o que seja. – o homem beijou-a na mão, ouvindo-a soltar um grito frustrado que deixava claro que ele tinha conseguido.
arregalou de leve os olhos com o poder de persuasão nas declarações do cunhado e em seguida interrogou a irmã com um olhar, se podia contar sobre os valores da reforma.
- Pode, sis. – a enfermeira suspirou.
- 10 mil, Pie. A gente tem que trocar tudo, por isso vai sair caro. – a mulher mordeu a boca, vendo apenas o cunhado confirmar com um aceno concentrado. – Mas vocês podem ajudar. Aí diminui os custos! – ela riu.
- Quero longe de mofo e poeira. Eles viajam em menos de um mês. – fez uma careta com a possibilidade do marido ficar doente e os três riram.
- Não vai rolar minha ajuda, cunhada. Mas eu pago! – ele roubou um beijo da bochecha de e logo tratou de fazer a transferência da quantia para a conta da cunhada, sorrindo assim que finalizou a transação.
- Tudo certo! Solução encontrada! – a Designe sorriu mais do que feliz com a resolução de um problema que atormentaria a todos, caso não fosse resolvido.
- Você ferrou sua irmã. – a enfermeira resmungou sobre a outra ter dado com a língua nos dentes e as duas riram.
- Às vezes, precisamos tomar medidas drásticas. – piscou ao destravar a cadeira. – Mas preciso ir, tenho muito trabalho a fazer. – ela anunciou para o casal. – Você repousa, . E você cuida dela, . – ela apontou de um para o outro os vendo rir e afirmar.
A mulher se despediu do casal com abraços apertados e logo saiu da cozinha da irmã. Precisava o mais rápido possível avisar ao Lewis sobre as notícias da reforma. passou as mãos pelos cabelos e ao olhar para a esposa teimosa, a viu com os braços abertos pedindo um abraço que foi dado sem a menor hesitação.
- Te amo. – ela disse baixinho vibrando contra o peito dele e sentiu um beijo carinhoso entre os cabelos, assim como a mão do cantor levando seu rosto pra cima.
- Também te amo! – ele deu um sorriso fechado e sincero ao encarar a boca avermelhada dela, beijando-a em seguida sem qualquer medo de reclamações quanto ao estado de saúde da esposa.
agarrou o tronco do marido, o trazendo para mais perto entre suas pernas e sentiu a mão dele apertar ainda mais seus fios cacheados na nuca, enquanto a abraçava com força na intenção de não soltá-la tão cedo. A enfermeira suspirou sentindo o lábio ser puxado de leve pelo marido e riu, enfiando o rosto no pescoço cheio de sinais.
- Eu não vou transar com você. – a mulher o apertou um pouco mais no abraço, deixando bem claro seu posicionamento.
- Ah vai. – ele apertou os dedos entre os cabelos dela, puxando de leve a cabeça pra trás e vendo a mulher abrir um sorriso safado e malandro. – Talvez não agora, mas vai. – piscou e roubou mais um beijo a fazendo rir e voltar a comer a omelete que estava quase toda ainda no prato.
O barulho da porta da frente abrindo causou um pouco de confusão no casal que esperou pra ver de quem se tratava aquela hora da manhã.
- ? – a mulher ouviu um chamado bem conhecido e largou o garfo no prato que ainda restava um pedaço pequeno da omelete.
- O resto, . – incorporou o pai reclamão apontando para o prato e a mulher rolou os olhos.
- Tem gente me chamando, . – ela fez menção de levantar do banco, sendo impedida por uma das mãos dele sob a sua. – Tem gente na porta!
- Seja quem for, é de casa. Vai entrar. – ele insistiu mais uma vez. Sinceramente, sua mulher doente ficava cinco vezes mais teimosa. – Você tá doente e não comeu nada que preste hoje, vai terminar a omelete antes de sair daí. – a voz mandona se fez presente e a mulher rolou os olhos mais uma vez com a postura dele.
- ? – Madeleine chamou mais uma vez entrando cuidadosa na casa por não saber o que ia encontrar por ali. – Você tá em casa?
- Na cozinha, Madeline! – respondeu pela mulher, vendo o olhar fuzilante dela em si. Muito provavelmente daquele dia ele não passaria, embora ela soubesse que só podia matá-lo se comesse a omelete.
- Ah, hey! Bon jour! – a garota de rosto fino e alvo disse sorridente, carregando algumas pastas e ao que parecia um iPad debaixo do braço.
- Bon jour, ma chère amie. abriu um sorriso bonito para a moça e a garota abriu um igual.
- Bon jour, Mad! acenou para a moça assim que a garota sentou ao lado da sogra em um dos bancos que fazia par com a bancada, colocando tudo que carregava nos braços, ali em cima.
- Qual a honra da sua visita? – a mulher perguntou animada, vendo-a parecer brilhar e tomar fôlego.
- O Eliot me disse que você estava doente, aproveitei pra vir te visitar e mostrar o que já tenho da coleção pra reinauguração da 's Care.
- É só uma alergia! – a mulher riu, meneando a mão de leve. – Eles dois são exagerados. Mas me mostre o que você já tem.
fez uma careta confusa com a conversa e se escorou na bancada, atento a conversa das duas. Coleção? Será que Madeline fazia faculdade na área da saúde e esta ajudando sua esposa a desenvolver algum produto novo? Quem sabe uma tecnologia nova para curativos infantis ou bolsas de colostomia.
- Coleção de quê? Bolsas de colostomia novas pro mercado? – perguntou na inocência sobre o assunto e ouviu as duas soltarem risadas altas.
- Eu faço faculdade de designe de moda, Mr. . – a garota tentou controlar suas risadas, enquanto já estava mais do que fanha, rindo.
- , querida. Apenas . – ele riu junto com elas e cutucou pra que ela parasse.
- . – a garota confirmou. – Eu faço faculdade de moda aqui em Montreal e a me pediu pra confeccionar as roupas pra vocês usarem na reinauguração da clínica. – a moça deu um sorriso brilhante.
- Nossa! Sério? Que legal, o não tinha me contado que você fazia faculdade de moda. – ele riu animado ainda mais escorado na bancada, ganhando um beijo na bochecha da esposa. – Quando você termina?
- Acredito que daqui a uns meses. – a garota riu tímida. – Meu intercâmbio está um pouco mais perto de acabar a cada dia que passa, mas a gente procura viver tudo muito bem vivido. – ela se mostrou tão madura quanto a sua idade, deixando o casal mais velho sorridente com o tipo de garota que seu filho namorava. Talvez assim ele se espelhasse nela e continuasse tão maduro quanto já era.
- E você vai voltar pra França quando acabar o curso? – cruzou os braços ainda apoiado na ilha e viu uma careta no semblante da garota.
- Assim, eu queria continuar morando aqui em Montreal, pra ser sincera. – a moça riu um pouco tímida. – Mas no quesito moda, a França tem uma abertura bem maior para o meu trabalho. Então eu prefiro não pensar no quão doloroso isso será agora. – ela findou ganhando acenos positivos em resposta.
- Como você namora um moleque de 16 anos? – o esganiço de pai veio alto demais, fazendo escorar o rosto na mão e negar com um aceno de reprovação, enquanto a garota gargalhava a plenos pulmões. Céus, ele não ia fazer aquilo com pobre criança.
- Porque eu gosto dele, . Eu gosto do Eliot pra caramba! – Madeline respirou fundo ao tentar parar de rir e ainda olhava incrédula para o marido.
- O quê?! – o homem perguntou na defensiva ao olhar pra esposa.
- Nada. – ela suspirou e rolou os olhos. – Vamos, Mad. Nos mostre os modelos que você bolou para a reinauguração! - a mulher soltou um gritinho eufórico e logo a garota foi mostrar o que tinha planejado para a família.
usaria um vestido bordô todo colado no corpo e com uma fenda na lateral, o que faria um perfeito par com o corpo bonito da mulher. Leonor ficaria linda com o macaquinho de alfaiataria desenhado especialmente para a ocasião e por fim, pai usaria um blazer incrível risca de giz. Deixando a roupa do filho em completa surpresa quando a garota não revelava o que o rapaz tinha escolhido, usando da desculpa que ele preferia manter a surpresa.

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- Tá melhor? – perguntou baixo, sentindo a esposa respirar pesadamente em seu peito enquanto os dois viam qualquer filme na TV da sala.
- Muito melhor, sem comparação. – ela riu sentindo o corpo melhor e mais recuperado da crise alérgica, assim como um beijo no topo da cabeça. – Você é meu remédio, você sabe. – a mulher se declarou e ouviu uma risada satisfeita dele.
- Opa, sério? – a pergunta saiu divertida. – Acho que isso aí foi desculpa pra ficar em casa comigo hoje então.
- Quem sabe? – ela piscou rindo e deu de ombros, vendo o marido sorrir encantado.
- Topa um encontro comigo? – mordeu de leve a própria boca, fazendo carinho na bochecha dela com o dorso da mão e viu a mulher sorrir ansiosa. – Cineminha amanhã. – ele deu um sorriso de canto, mas logo fez uma careta. – Melhor, amanhã eu tenho o início do campeonato pra ir com o Pie. – os dois riram. – Mas depois de manhã, topa sair comigo?
- Hm... – ela mordeu a boca em uma expressão bem pensativa, o vendo rir apaixonado. – Acho que posso pensar na possibilidade, você sabe. É um encontro!
- O melhor da sua vida. – a piscadinha galante surgiu no meio da conversa de sussurros e os dois riram divertidos. – Eu tenho uma banda, sabia? – o homem arqueou a sobrancelha como se aquilo fosse interferir na decisão dela.
- E eu, uma clínica, bonitinho! – a mulher riu, fazendo exatamente o que ele tinha feito e beijou o marido de leve nos lábios. – Mas vou pensar no seu pedido. – piscou.
- Eu não vou dormir de ansiedade em saber que sim. – o cantor colocou o cabelo dela atrás da orelha, com um dos seus sorrisos mais largos e os dois se beijaram novamente, exalando carinho e cuidado.
- OPA! Leonor, fecha os olhos, tem cena indecente na sala! – o filho mais velho do casal gritou ao ver os pais imersos em um carinho tão bonito e logo a gargalhada de pai preencheu o cômodo.
- Vai procurar o que fazer, ! – a garota disse rindo e junto com o rapaz, se dirigiu até onde os pais estavam, pendendo por cima do sofá felizes em ver os dois tão melosinhos.
- Já voltaram? – o pai levantou o braço na intenção de puxar os dois pra um beijo na cabeça, primeiro o rapaz e depois a moça, trocando a dupla e aí poderia fazer o mesmo.
- Sim, as aulas terminaram mais cedo hoje. – a garota disse rindo ainda debruçada nas costas do estofado. – E o esqueceu o uniforme de Lacrosse.
- Nada de treino hoje, capitão? – o homem perguntou rindo leve e o rapaz negou com um aceno.
- Nada de treino hoje, frontman. – o rapaz rebateu e os dois riram. – Por que você tá calada, mãe?
- Realmente, por que você tá caladinha, dona ? O gato comeu sua língua? – Leonor perguntou com um sorriso bonito e a mulher negou com um aceno de cabeça, ainda que abrigasse um sorriso gigante nos lábios.
- Nada não, estou vendo a beleza dos meninos que eu pari. Vocês cresceram rápido demais. – mandou beijo para os dois, recebendo os mais sinceros sorrisos. – É emocionante saber que vocês saíram de mim.
- Ah, meu Deus, que fofinha ela! – Leonor disse com os olhos brilhantes ao ver o pai beijar a mãe na cabeça e o irmão se livrar da mochila.
- Espera, agora eu vou abraçar essa mulher, assim não dá. – o rapaz disse meio esganiçado e se apoiou nas costas do sofá, na intenção de pular em cima dos pais.
O homem entendeu a vontade do filho e arregalou os olhos já se preparando pra reclamar, mas antes que pudesse abrir a boca, o rapaz já tinha caído com o corpo sobre o seu e abraçava a mãe como se a mulher fosse um urso de pelúcia, a fazendo rir enquanto pai sentia o abdome doer pelo impacto.
- Porra, ! – ele reclamou dando um pedala no garoto, que só gargalhou com a cara de tapado do pai. – Você é pesado, moleque!
- Você machucou seu pai! – disse rindo com a cena e bateu de leve no braço do filho. Um bico se formou nos lábios do garoto.
- Eu pulei devagar, poxa! E eu nem sou pesado, eu tenho o mesmo peso que a minha mãe. – ele fez um bico zoeiro e o homem rolou os olhos. Nem ali, nem na China aquela tripa seca tinha o mesmo peso que sua esposa.
- Ah não! Assim eu também quero! – Leonor reclamou por estar de fora da bagunça.
- Len, não! – o homem soltou um grito desesperado por imaginar o peso dos dois e o impacto ainda maior em cima do seu corpo.
Embora fosse tarde demais pra parar a adolescente de 14 anos que já havia tomado impulso pulando em cima do irmão. Logo o enorme estrondo do sofá quebrando foi misturado ao resmungo de dor de pai, fazendo gargalhar com a situação. Aqueles dois não cresciam mesmo, pareciam duas criancinhas de bochechas rosadas e deitadas no peito do pai, um pai que estava quase perdendo o fôlego de tanto peso lhe soterrando.
- Vocês tão comendo chumbo? – o grito do homem veio indignado, fazendo finalmente a família entrar em uma crise de riso.
Eram aqueles momentos que valiam a pena, mais do que tudo no mundo. Era aquele tipo de coisa que faziam daquela família ainda mais forte, mesmo que em um momento de reconstrução, reconciliação e perdão. Eram aquelas pequenas coisas que faziam a diferença em qualquer lugar e mereciam ser mostradas para o mundo, principalmente se o Mr. tivesse uma conta no instagram incrivelmente movimentada.

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escorou os cotovelos no chão ainda sentado na borda da piscina e suspirou ao balançar as pernas na água. Ele precisava encontrar uma saída para que estava por vir, principalmente se a ausência de David, ainda incerta, fosse afetar os shows da banda na América Latina e pior ainda, se aquela ausência seria devido a saúde mental dele. Não era segredo que o amigo estava mais retraído nos últimos tempos e dando vários sinais de que nada ali estava bem, principalmente seu estado de espírito e por mais que várias pessoas pregasse o genuíno apoio nesses casos, ele sabia que as coisas tendiam a ser mais complicadas na prática. Porque se tinha uma coisa que David tinha dentro daquela enorme família, era apoio e nem por isso ele estava completamente são. O homem suspirou mais uma vez inconformado com tudo que estava acontecendo e balançou mais um pouco os pés dentro da água, vendo-a se movimentar e contrastar com as pequenas luzes espalhadas em toda a lateral da piscina.
- Te achei! – o gritinho baixo de o fez acordar dos devaneios e olhar imediatamente pra ela, um pouco assustado até pela mulher estar ali àquela hora da noite, apenas de pijama e se abraçando pelo vento fresco que rondava a cidade naquela época do ano, anunciando que seria questão de dias até o outono chegar com força. A verdade é que aquele dia tinha sido uma exceção entre os outros e o clima mais ameno ainda deixava que as poucas roupas dominassem aquele quintal. – Posso sentar?
O sorriso dele se exteriorizou imenso em vê-la ali procurando por sua companhia, e assim bateu de leve ao seu lado pra que ela se acomodasse. A mulher sorriu em resposta e ainda um pouco abraçada no próprio corpo, sentou em posição de índio na borda da piscina, ganhando um braço carinhoso e aconchegante dele. Devolvendo o carinho com um beijo na bochecha do marido.
- Tudo certo, capitão? – ela abriu um sorriso bonito, sentindo a cabeça dele repousar em seu ombro. – Por que acordou e desceu? – a mulher o abraçou pelas costas, iniciando um carinho que o fez sorrir bobo.
- Insônia. – o suspiro veio acompanhado da palavra baixa, ao mesmo tempo que ele ganhou um beijinho na ponta do ombro desnudo.
- Por que, amor? – ela o beijou mais uma vez no ombro, recebendo um sorriso bonito e fechado. Aquilo significava problemas.
- Preocupação de trabalho. Nada demais. – o homem umedeceu os lábios e deitou a cabeça no ombro dela como se procurasse carinho, recebendo um cafuné calmante nos cabelos. – Levantei pra não te acordar. Acordei?
- A cama estava vazia, acordou. – os dois riram baixo. – Algo que eu possa ajudar? – a mulher se referiu ao problema, ainda sentindo o vento frio chocar com a sua pele.
- Infelizmente não. – ele suspirou frustrado com toda a história. – Mas acredito que não seja grave, só é chato. – mordeu a boca e enfiou o nariz no pescoço dela, em busca de conforto no perfume da esposa. – E precisa ser resolvido.
- Vai ser resolvido logo, confia em mim. Eu sei das coisas. – passou as unhas com mais força pelo couro cabeludo dele, ouvindo o homem suspirar satisfeito. – Você vem procurar resposta na água, peixinho! – ela descruzou as pernas e ainda receosa, colocou-as devagar dentro da piscina enorme, sentindo a água morna se adaptar a sua pele. tinha com certeza ligado o sistema térmico.
- A água tem um efeito em mim que eu não sei explicar. – um sorriso veio bonito, acompanhando de um beijo na bochecha. – E eu confio. Confio cegamente em você.
Ela abriu um sorriso imenso e ao escorregar a mão pelo pescoço dele, juntou a testa dos dois em um dos gestos mais apaixonados que já havia acontecido. Um beijinho leve e sem mais intenções foi roubado, assim como um sorriso que mostrava todos os dentes claros e a gratidão de quem sabia que não estava sozinho, principalmente com aquela mulher na sua vida. fez um carinho com o nariz no dele, abrindo um sorriso semelhante por tê-lo de volta.
- Eu acho lindo a sua conexão com a água. – ela riu baixo umedecendo os lábios. – Gosto de observar quando você tá concentrado nela. Parece até um bichinho aquático, ou filho de Poseidon. – a mulher riu ao se reportar a uma das grandes referências que enchia a perna direita dele em uma tatuagem imensa e muito bonita, uma das mais lindas que ela já tinha visto.
O homem voltou a se encostar nos cotovelos, encantado com o jeito que a mulher contornava um pedaço da tatuagem na sua coxa com a ponta dos dedos, como se aquele leve movimento desse vida a todas as imagens mostradas ali, além de lhe arrepiar a pele. Ela puxou de leve a samba canção pra cima e riu meio desesperada ao se deparar com a figura da “Deusa” que mais parecia com ela do que alguma criatura mística.
- Ainda não me conformo que você fez isso. – a enfermeira se apoiou na coxa dele e projetou o corpo pra frente na intenção de ganhar um beijo que foi muito bem retribuído. colocou a mão por cima da dela e apertou na própria perna, insinuando que ela continuasse com aquilo, mas recebeu uma risada travessa vibrando contra seus lábios.
- Eu precisava te gravar na minha pele, já que você roubou meu coração. – ele piscou com a cantada brega e os dois riram alto, voltando para mais um beijo que ganhou a perna dela por cima das suas enquanto a mão da mulher tomava a nuca dele em um carinho enlouquecedor que tremia o meio das pernas.
- Me admira que você não tenha entrado na piscina ainda. – ela recolheu as pernas na borda e ainda fazendo carinho na bochecha dele com o nariz, ouviu uma risada larga do marido.
- Quer entrar comigo? – ele abraçou-a pela cintura com um dos braços, colando ainda mais o corpo dos dois e de forma consciente, a fazendo colocar a perna dobrada por cima das suas mais uma vez.
- Não, obrigada. – uma risada divertida veio acompanhada do desgrudar dos corpos dos dois, fazendo o homem bufar.
- Tem certeza? – ele se apoiou nos braços puxando o próprio corpo pra trás na intenção de ficar em pé na borda.
- Absoluta. Não quero me molhar nesse relento. – ela fez uma careta pelo vento frio que começava a cortar a cidade naquela época do ano e o que a enfermeira menos precisava, era de uma gripe pós crise alérgica. – E esse pijama não faz muito efeito na água. – a mulher olhou para o próprio corpo volumoso dentro da peça de roupa de seda vinho. Com certeza o mini short e a blusa de alça iam pregar em seu corpo como se ela fosse esculpida na pedra.
- Oh faz. E como faz, ele faz o efeito desejado. – deu uma piscada safada a deixando imersa em risadas espontâneas.
Os dois ficaram em pé na borda da piscina.
- Grudar no corpo? Não, obrigada. Estou exausta pra ser sex symbol, hoje! – riu ao apertar os braços contra o corpo pelo frio.
- É uma pena. – o bico que se formou nos lábios dele tinha um grande quê de deboche ao mesmo que um igual surgia nos dela, quando a imagem do homem era uma das mais engraçadas. Ele só de samba canção, cheio de marcas pelo reflexo da piscina e uma das mãos no quadril como se fosse uma velha com dor nas costas.
- Você vê quando quer. Tem mais nem graça! – riu e olhou para o movimento hipnotizante da água.
- Nem sempre que eu quero. – ele revidou rindo. – Como agora, eu quero, mas não estou vendo. Principalmente porque tem graça sim, oh se tem. – o homem a olhou praticamente despindo-a com os olhos e ouviu a risada dela, sabendo que a esposa tinha percebido a secada descarada sem nem mesmo olhá-lo nos olhos.
- Você não ia pular na água? – apontou ao desviar do assunto anterior e o viu levantar a samba canção pelo elástico como se ajeitasse na cintura.
- Ah sim, claro. Nós vamos.
- Não, eu não vou. – ela riu ao dar um passo pra trás e viu um sorriso travesso se puxar nos lábios dele.
- Vai. – ele verbalizou e agarrou-a pela cintura antes que a mulher pudesse correr pelo quintal. Os dois riram feito dois adolescentes e deu um beijo leve no ombro dela, descoberto. – Eu falei que nós vamos pra água. – o homem apertou-a ainda mais contra o corpo em uma das intenções mais safadas, vendo a pele dela arrepiar por inteira, começando do pescoço e espalhando pelos ombros.
- Meu Deus do céu, onde eu fui amarrar meu burro? – ela soltou um esganiço até certo ponto manhoso com aquilo, o ouvindo rir bem em seu ouvido. Seu marido era um filho da puta maravilhoso.
- Em um lugar muito bom! – riu das lamentações dela enquanto andava pra um pouco mais perto da borda e a arrastava.
- Amor, meu cabelo! – a última tentativa manhosa o fez rir.
- Existe secador! – ele apresentou a solução astutamente, beijando-a na bochecha. Os dois riram. – Pronta? – a pergunta veio animada e até eufórica por parte do garoto preso no corpo de um homem de quase 40 anos.
- Não! – ela soltou um gritinho desesperado que arrancou dele apenas uma gargalhada espontânea.
- Pois nós vamos do mesmo jeito. – ele anunciou ainda mais animado e rapidamente pulou no lado profundo da grande piscina, levando o corpo da esposa junto enquanto ela gritava meio desesperada sem se importar se acordaria os filhos ou cachorro.
Os dois acabaram se separando já dentro da piscina após o impacto e logo emergiram com um imenso sorriso estampado no rosto, depois de algumas tossidas e caretas por ter entrado água até no cérebro pelo nariz. Eles não aguentaram segurar suas gargalhadas e riram sacudindo a cabeça de forma negativa ao se encararem, realmente lembrando do quanto aquilo tinha sido rotina na vida dos dois.
- Você que me ensinou a nadar quando eu tinha 15 anos. – a mulher sacudiu o cabelo cacheado e os dois nadaram pra mais perto um do outro.
- Eu lembro! – riu de forma nostálgica com a lembrança dela com medo de se afogar. – Você morria de medo nas primeiras vezes. – ela concordou com um aceno divertido. – Depois ganhei sua confiança. Até demais. – arregalou de leve os olhos.
- Ganhou tanto que as duas estão dormindo lá em cima! – ela riu e se apoiou nos ombros dele ao chegar perto, sentindo o marido lhe abraçar pela cintura em uma proximidade que dava pra os dois nadarem e se manterem com o pescoço fora d’água. suspirou por um momento, ganhando um beijo na bochecha e riu baixo ao lembrar de quantas noites eles já haviam passado naquela piscina logo quando haviam comprado a casa.
- Pensando em quê? – ele beijou-a novamente na bochecha e a viu rir divertida.
- Olha a cara de quem sabe até quando eu estou pensando. – a mulher passou de leve a mão no rosto dele, vendo o marido dar de ombros. – Lembrando de quando a gente virava altas madrugadas nessa piscina. Nós tomávamos banho pelados aqui. Que desastre! – o esganiço veio acompanhado de uma mão no rosto, enquanto os dois riram e migravam para a parte rasa da piscina.
- Melhores madrugadas da vida! – o grito escapou do peito do cantor, rasgado, feliz e genuíno enquanto o homem abria os braços a fazendo rir. – Vamos ficar pelados de novo? – a pergunta veio como se ela fosse a melhor ideia do mundo.
- Claro que não! – esganiçou com a proposta e os dois riram. – Os meninos podem descer e imagina o trauma ver os pais pelados. CREDO! – ela sacudiu a cabeça como se visse a cena e o homem repetiu o gesto.
- É, melhor não. Nem terapia resolveria. – declarou rindo e a ouviu rir junto.
- A gente soltava o Hulk, ele pulava na água e ficávamos podres. – ela fez uma careta horrenda enrugando o nariz.
- Isso pode! – o grito veio acompanhado do arregalar de olhos empolgado, dele, que ao mesmo tempo nadava pra borda da piscina. – Cadê o monstrengo? HULK! – tentou subir na borda da piscina, mas foi puxado pela cintura, por o que fez os dois rirem como crianças.
- Você não vai acordar o doguinho e nem os meninos! – a mulher tentou segurá-lo dentro da piscina, mas quase encochava o cantor pelo aperto. – E eu prefiro tirar a roupa do que jogar o cachorro aqui dentro!
- Então tira a roupa! – a frase veio junto com um sorriso travesso e logo um tapa ardido no ombro dele foi dado. – Au!
- Eu não vou ficar pelada sozinha! – ela esganiçou como se reclamasse do pedido e o homem riu alto, ouvindo os latidos escandalosos do membro caçula daquela família. Se o Hulk tinha acordado, o Hulk iria para a piscina brincar também, nada mais justo!
- HULK, VEM CÁ! – o homem subiu de vez na borda da piscina, animado em soltar animal que já era da família.
- Você acordou o mensageiro do apocalipse! – ela fingiu estar saturada com aquilo e os dois acabaram rindo quando corria pela grama segurando a samba canção e sentindo o vento frio bater no corpo.
Assim que abriu o protão da casinha que era bem grande, o homem sentiu seu corpo ser alvo de uma enorme bola de pelos. O Golden pulava no dono como se ele tivesse passado anos fora de casa, além de distribuir lambidas que faziam o cantor gargalhar com tamanho afeto. Se diziam que o cão era o melhor amigo do homem, estavam certos, aquele sim era um dos amores mais puros que aquela família tinha experimentado desde muito tempo, principalmente quando tinham criado o molecão desde novinho.
- Oi, garoto! – a alegria de era semelhante a do cachorro, enquanto os dois brincavam na grama.
- O Hulk ganhou um vale night com você, amor? – a mulher perguntou rindo encantada com a cena.
- Não tenho interesse! – riu alto com a proposta e conseguiu levantar do chão, ainda que o cachorro pulasse em si. – Hulk, para quieto! – o cantor ralhou fraco e o cachorro começou a correr pelo quintal, pulando como se chamasse o dono pra brincar junto.
- Olha que eu acho que tem! – contestou ao rir e viu o marido fazer uma careta engraçada.
- Desculpa, amigão, mas eu prefiro sua mãe. – o homem brincou em relação a esposa e a ouviu rir, enquanto o cachorro continuava brincando com o vento que batia nele. – Vem, Hulk, vamos pra piscina! – chamou com um estalo de mão e logo os dois correram, caindo na piscina como duas bombas que espirravam água para todo lugar.
O Golden emergiu e nadou até onde estava de braços abertos, esperando pelo pet.
- Oi, lindão da mamãe! – a mulher falou como se falasse com uma criança pequena e fez carinho no monstro que seus filhos tinham desde os cinco anos de idade. – Você secou metade da piscina com a baleia que é seu pai, foi, meu amor? – ela perguntou mais uma vez ao cachorro, o ouvindo latir e o marido gargalhar.
nadou até onde os dois estavam, quase na escadinha da piscina e ouviu a risada divertida da esposa quando tentou segurar a cueca no corpo, dentro d’água.
- Milagre essa coisa folgada não ter fugido com o pulo. – ela soltou ainda brincando com o cachorro e pela visão periférica viu um sorriso malicioso surgir nos lábios do marido.
- Se cair você não reclama! – piscou com um sorriso de canto e a viu dar de ombros, gesto que o fez puxá-la pela cintura, agarrando a mulher que ria abertamente com a brincadeira de adolescente enquanto o cachorro voltava a brincar na piscina como se aquele fosse o dia mais feliz da sua vida.
- Nunca disse que ia. – ela empinou o nariz de leve ao ser virada pra ele e o homem riu satisfeito, aproximando o rosto dos dois.
- Receio que precisemos sair. – esboçou uma careta pelo cheiro de cachorro molhado que vinha do marido. – E se lavar no chuveiro! – os dois riram.
- Não. Fica! – ele acochou um pouco mais os braços ao redor dela e quando percebeu que a mulher iria lhe beijar, soltou um grito esganiçado em protesto. – Não me beija! – o som chegou a sair desafinado com o desespero. – O Hulk lambeu minha cara!
- Credo! Você foi lambido pelo cachorro, me solta! – a mulher se sacudiu com cara de nojo.
- Não solto! – a pirraça em o fazia parecer ter 16 anos de novo e ser um moleque remelento.
- Você foi lambido pelo cachorro! Me solta! – a enfermeira soltou um gritinho escandaloso.
- Você tá parecendo uma adolescente fresca de uns 16 anos. – o homem acusou a postura dela, vendo a mulher por quem era apaixonado, abrir a boca em um perfeito O, ficando ainda mais fiel a figura que ele havia a comparado.
- Quer saber? Tchau! – empinou o nariz e ao conseguir se soltar dos braços do marido, subiu na borda da piscina em uma rapidez fora do comum, soltando mais um gritinho fino ao perceber que tinha feito o mesmo e estava pronto pra correr atrás dela naquele enorme quintal. – Você não me pega! – ela balançou a bunda em uma dancinha bem infantil e logo saiu correndo pela grama como se tivessem lhe dado corda.
gargalhou com a frase a postura dela, negando com a cabeça, antes de verbalizar a resposta perfeita para aquilo.
- Mas sabe, eu pego sim. Pego muito! – um sorriso ladinho surgiu junto com uma piscadinha filha da puta quando ele começou correr atrás dela, ouvindo os gritos divertidos da mulher pelo imenso terreno. decidiu que gritaria junto e logo os dois pareciam dois loucos no quintal de casa, fazendo barulho capaz de acordar os vizinhos e serem presos por perturbação alheia.
fugiu na direção da rampa na qual tinha no quintal e os meninos usavam pra brincar com o skate, rindo ao ouvir os resmungos do marido sobre correr demais e deixá-lo sem fôlego. Ela tomou impulso na parte baixa do brinquedo e após algumas passadas largas na madeira escura, conseguiu se segurar no topo de apoio, suspendendo o corpo pra sentar em cima e logo ficar de pé.
- I’M THE QUEEN! – ela gritou com os braços pra cima, respirando com dificuldade pelo esforço e viu o marido rir, em pé na grama e incrédulo com a agilidade dela.
- Como você subiu aí, mulher? – o grito veio curioso, recebendo um nariz empinado em troca que o fez rir.
- Tenho meus segredos! – ela gritou de volta e logo o olhar de mãe veio à tona ao encontrar tanta coisa espalhada na rampa, principalmente naquela época fria e que começava a ser chuvosa. Ia acabar com a madeira do skate que estava ali e por mais que o seu filho mais velho tivesse outros, ele precisava cuidar direito do que tinha. – deixou o skate aqui, esse moleque é desatento demais. – ela rolou os olhos ao resmungar e sentiu um par de braços fortes lhe abraçarem por trás.
- E você também! – a voz de soou rente ao seu ouvido, quase fazendo a mulher enfartar de tão forte que seu coração batia.
- AMOR! – o grito de susto se fez presente e os dois riram. – Como você subiu aqui? – ela repetiu a pergunta feita minutos antes por ele, ganhando um beijo de leve no ombro.
- Do mesmo jeito que você, oras. – ele beijou-a apertado na bochecha, a fazendo se encolher no abraço frio que começava a ficar quentinho.
- Me solta, eu vou descer! – o pedido veio eufórico, muito mal pensado e mergulhado na impulsividade. – Preciso ver se ainda sei ficar em pé em um skate!
- Ui, ela vai descer no skate! – disse em um tom um tanto debochado e soltou-a do abraço.
- Não bota muita expectativa. – ela mordeu a boca tentando controlar o nervosismo. – Vai que eu caio e me quebro toda. – puxou o brinquedo do filho com o pé e lembrando dos inúmeros anos de experiência nas pistas de Trois-Rivières quando era apenas uma garota, colocou o skate no ponto de descer na rampa, esperando apenas o peso do seu corpo. – Mas sabe, me deu uma imensa vontade de descer nessa rampa. – um sorriso nostálgico escapou com maestria, o fazendo sorrir exatamente do mesmo jeito. – Só que faz anos que eu não boto meu pé num skate, uns dez, no mínimo! – ela respirou fundo ao olhar a altura.
- É como andar de bicicleta, a gente não esquece. Vai por mim! – ele disse com um sorriso bonito e a beijou na bochecha. – Vai lá, é toda sua. – ele soprou perto do ouvido dela e após uma palmadinha encorajadora, deu um passo pra trás, vendo a esposa descer plenamente bem, como se ela não tivesse deixado de fazer aquilo nunca.
O vento frio batendo no corpo, o cabelo voando e a sensação de liberdade dominavam a mulher que era dona de casa, mãe e esposa, além de ser uma enfermeira empreendedora. Aquelas pequenas coisas eram as que faziam mais falta em sua vida, e talvez não tivesse sido tão ruim assim mais uma das suas crises de rinite, ali ela havia percebido que precisava de mais tempo pra viver uma vida que estava parada no último ano. Ela não iria deixar de ser esposa, nem mãe, muito menos dona de casa e a estomaterapeuta, mas ela iria continuar sendo a .
Ela voltou com um sorriso imenso, o vento espalhando o cabelo cacheado que estava molhado e sacudido, enquanto pregava no rosto dela a fazendo parecer que tinha 17 anos novamente. parou no topo da rampa, encontrando o marido com o sorriso mais orgulhoso, ansioso e feliz que já tinha existido. A mulher o abraçou com força, quase atropelando as próprias palavras de tão eufórica.
- Meu Deus, fazia tempo que eu não sentia tudo isso! É adrenalina demais! – os olhos arregalados exteriorizavam ainda mais a alegria de não ter esquecido algo tão básico, mas que fazia um bem maravilhoso.
- Tá vendo por que eu nunca parei? – o homem perguntou rindo e ainda encantado com a alegria dela, a tirou do chão em um abraço apertado pela cintura.
- Fazia muito tempo que eu não sentia essa sensação tão gostosa de liberdade! – soltou um gritinho, o abraçando com força pelo pescoço. – Eu lembro que a gente vivia nas rampas de Trois-Rivières, eu grávida de quatro meses e a gente descendo feito louco lá. – ela soltou uma risada animada e o viu fazer uma careta de desgosto.
- Dois loucos! Como eu te deixava fazer isso? – pai soltou uma risada morta, sacudindo de leve a cabeça em finalmente calcular o perigo daquilo. – Nossa, a gente saía escondido da Lenna pra não ouvir reclamação, sendo que ela tinha completa razão em tudo isso.
- Nós éramos duas crianças, amor! – a enfermeira segurou o rosto dele com as duas mãos, como se aquilo fosse fazê-lo entender que já tinha passado e não aconteceria de novo. – Não dava pra calcular o risco benefício disso. Pensa pelo lado positivo, ao menos o moleque nasceu saudável.
- Você tem razão. – ele se permitiu respirar mais aliviado com aquilo, recebendo um sorriso bonito em troca.
- Claro que eu tenho! – abriu um riso divertido e roubou um beijo sugado do marido, arregalando bem os olhos claros. – Eu vou de novo. Vou descer de novo!
- VAI, VAI, VAI! – ele se animou na mesma proporção, mas pareceu se agoniar com algo. – Espera, deixa eu ir buscar o celular. Quero filmar sua volta as pistas! – avisou já se preparando pra descer da rampa e ouviu um esganiço de protesto.
- Com esse pijama fino e pregado no meu corpo? Nem pensar! – a Mrs. soltou um gritinho indignado, o ouvindo rir enquanto corria para a cozinha da casa na intenção de pegar o aparelho de telefone que estava na bancada da cozinha, largado desde a noite passada.
- Eu não vou mostrar pra ninguém! – ele gritou ao sair de casa, mirando a câmera do celular na esposa que estava a postos em cima da rampa. – Vai, mulher. Desce, eu estou gravando! – a ordem foi dada e em menos de poucos segundos, estava novamente deslizando sobre a rampa de madeira escura, ouvindo os gritos encorajadores do maior fanboy que ela tinha desde sempre.
Ela esperou chegar a ponta da rampa e logo pisou com força na extremidade da borda de madeira do brinquedo e ao empurrá-lo pra frente com a mesma habilidade, conseguiu um belo salto, mais conhecido como Ollie. Ganhando a vibração louca do marido, o que a fez rir alto, afinal, era algo tão simples para tanta comemoração.
Assim que conseguiu filmar a “volta as pistas” da esposa, viu um corpo volumoso correr de encontro ao seu com toda a felicidade que poderia habitar alguém, recebendo-a de braços e peito aberto. pulou no colo dele como se ainda fossem adolescentes e os dois riram, rodando no quintal grande em meio a um beijo apaixonado e feliz.
- Toda atleta, minha menina. – o homem abriu um imenso sorriso que a fez quase explodir em tanta felicidade.
- Doidinha! – ela sentiu as bochechas tomarem os olhos. – Mas eu realmente acho que a gente deveria ir tomar banho e depois dormir. – a mulher roubou mais um beijo do marido. – Até o Hulk tá cansado, tadinho. – desceu do colo dele e ao apontar para o Golden brincando na borda da piscina, percebeu como o tempo tinha passado rápido. – Seu pai é malvado, não é, meu amor? – o chamado foi feito para o cachorro que não demorou muito para ir até os donos sem perder a alegria de sempre.
- Vamos, garoto. Eu vou te colocar na casinha. – agachou para fazer carinho no animal e recebeu carinho em troca.
- Tá frio aqui fora, amor, e nós três estamos molhados. – ela se encolheu de leve pelo frio. – Acho que tá na hora de colocar esse menino pra ficar dentro de casa já, os meninos arrumaram o cantinho dele hoje à tarde, lá em cima.
- Ok, amigão. Então a gente vai te secar e deixar você dormir em paz.
- Finalmente. – os dois riram. – Leonor marcou o veterinário na semana que vem pra evitar de ele gripar. – fez carinho no cachorro e ganhou uma lambida em troca.
- Ele vai ficar bem. Não vai, garoto? – riu encantado com a alegria do animal de estimação ao receber cafuné no pescoço.
- Claro que vai, ele é o nosso meninão! – usou um tom de voz como se falasse com um bebê, ganhando um beijo na bochecha do marido. – Vamos dormir no quentinho, meu amor.
Os dois riram com a animação do cachorro e rapidamente o guiaram para dentro da grande casa clara, onde estava quentinho e pronto pra aconchegar qualquer um. secou o pelo do Hulk, com um secador que tinha especialmente para ele na área de serviço e aumentou a temperatura da casa, checando se estava confortável para o animal. Quando subiu pra finalmente tomar um banho e dormir, encontrou a esposa já no quinto sono, completamente enrolada nas cobertas e parecendo serena, bem diferente do furacão que preenchia sua vida. Ele riu baixo e beijou-a na cabeça, seguindo direto para o chuveiro, na intenção de tomar banho e conseguir, finalmente, dormir tão sereno quanto ela.

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-Por que eu não posso ir junto? – Leonor perguntou indignada com a postura do irmão em tentar lhe fazer inveja porque iria sair com o pai.
- Porque é momento de meninos, Leonor. Você não é um garoto! – o mais velho rolou os olhos enquanto procurava a faixa que tinha do Canadiens no quarto e ouviu a irmã bufar irritada.
- Você sabe que isso é machismo, não sabe? – o tom indignado voltar a reinar na garota baixinha e logo o rapaz virou vagarosamente pra ela, incrédulo com o que a pequena manipuladora tinha acabado de falar.
- Retira o que você disse, Leonor! Agora!
- Eu não vou retirar! Você sabe que é machismo*! – ela devolveu a indignação dele com maior tom de protesto ainda.
- Eu fui muito bem criado e você sabe que eu não sou machista, Leonor Anne. Me respeite, você está atingindo o limite da pirraça. – o garoto desafinou até o tom de voz ao reclamar com a postura dela. – Você sabe muito bem que eu sou contra qualquer coisa desse tipo e você nem gosta tanto assim de Hockey, pare de ser chorona! Se é machismo eu ir assistir a um jogo com o papai, quando você não vai, é femismo* você ir pra Inglaterra com o papai ver o McFLY, quando eu não vou!
- Não me ofenda! – ela gritou possessa com o que ele tinha dito. – Eu não estou de femismo, seu idiota! Você não vai ver o McFLY porque mentiu pra mamãe sobre a tatuagem, e eu não te dedurei, Eliot!
- Idiota é você, sua chata! – ele bufou com a menção do castigo e da mentira outra vez, mas já sentindo o rosto queimar com a insistência da irmã mais nova em lhe encher o saco. Ela não iria estragar o momento que ele iria ter com o pai, principalmente em um jogo tão esperado. – Quando foi que eu te dedurei um dia, Leonor? – filho cruzou os braços indignado com a alegação dela. – O mínimo que você poderia fazer era me acobertar.
- EU NÃO SOU CHATA! – a garota gritou contra atacando e rapidamente pode ouvir um grito que vinha da parte térrea da casa.
- QUE PUTARIA É ESSA AÍ EM CIMA, HEIN? – rasgou a reclamação enquanto subia as escadas, vendo o casal de filhos se atropelarem ao mesmo tempo para culpar um ao outro como se ainda fossem crianças pequenas. – Calados, os dois! Será possível que eu não tenho um minuto de sossego nessa casa? Vocês dois são chatos quando tiram pra brigar e não são mais crianças pequenas, pelo amor de Deus. Será possível que eu não vou ter sossego? Vocês têm quase a mesma idade pra tá nesse pé de guerra infeliz. – a mulher continuou a reclamar e os dois tentaram mais uma vez, tomar fôlego para culpar o irmão. – Eu não quero saber quem começou isso! Já deu, já. Então parou, eu não aguento mais tanto grito. Leonor, vai procurar o que fazer lá embaixo e , termina de se arrumar, porque eu vou chamar seu pai.
Os dois adolescentes fizeram uma careta um pro outro e após o pequeno gesto de desgosto, cada um seguiu seu rumo. suspirou com aquela briga mais sem sentido da face da Terra e entrou no quarto do casal, estranhando não ver já arrumado pra sair com o filho. Ela fez uma careta confusa e andou até o closet para ver a quantas ele andava na arrumação, encontrando uma das cenas mais engraçadas que ela já tinha visto naqueles incríveis 18 anos com ele.
- Por que você está segurando meu coletor menstrual? – ela soltou a pergunta de uma vez, na intenção de ver o homem tomar o maior susto da América. Dito e feito.
- Ai, mulher! – o grito dele foi a resposta perfeita ao susto, mas a cara de nojo ao se dar conta do que tinha pego, foi o que fez rir de verdade. – Coletor menstrual? – o gritinho de foi esganiçado e o homem simulou um arrepio de pavor, jogando o copinho azulado onde estava. – Ai , credo! – ele esfregava as mãos como se aquilo fossem limpá-las e a mulher riu mais ainda.
- Tá limpo! Escaldado! – a enfermeira gritou rindo, escorada ao batente da porta, enquanto via o marido só de toalha, se encolher bem enojado.
- O que aconteceu com o velho O.B.? – ele fez uma careta ao olhar mais uma vez para o coletor na pequena bancada.
- Incomoda pra caramba depois que absorve e incha. E o copinho é mais saudável pra região íntima. – deu de ombros como se aquilo fosse a coisa mais óbvia do mundo e o viu fazer uma careta pior, mas uma careta em apoio ao incomodo que o O.B. provavelmente causava.
- Eu achei que era uma camisinha nova! Tava imaginando como encaixava. – deu de ombros e os dois gargalharam com a imagem que a suposição causava. – Ah, anjo, qual é? A gente já usou tanta coisa que eu sei lá o que eu achei, menos que era um coletor menstrual.
- Eu estou usando o anel vaginal. – ela negou com um aceno de cabeça divertido e o viu fazer uma careta confusa. – O que a gente menos vem usando nos últimos dias, é camisinha.
- Que seria? – vincou as sobrancelhas sem entender a função do tal anel vaginal.
- Anticoncepcional, amor. É um anelzinho hormonal que dá pra pôr no colo do útero. – explicou com um sorriso calmo.
- E por que ainda estamos tão presos a camisinha? – o cantor fez a maior cara de perdido e a viu rolar os olhos. – Anjo, você sabe que transar sem nada é mais gostoso. – ele esganiçou com o próprio argumento. Não sabia se estava mais incrédulo com o fato de ela estar usando anticoncepcional e ele não perceber, ou o fato de que, mais uma vez, estava anos luz a frente da sua capacidade.
- Como também sei que nós dois engravidamos de Leonor usando camisinha. Então, enquanto eu puder usar, nós vamos! – ela deixou muito bem pontuado e o viu bufar com aquilo. Não era como se o uso da camisinha fosse regular e frequente, mas dar tanta sopa pro azar era demais. – Mas vê se agiliza aí, teus filhos estavam quase se pegando no tapa ali no corredor.
- Pelo amor de Deus, esses dois não dão trégua. – o homem suspirou meio cansado de já ter presenciado um bate-boca sem noção dos dois durante a manhã, ainda mais quando Leonor tinha começado com aquilo por nada.
- Pois é, não dão. Não sei o que foi dessa vez, nem procurei saber, só mandei se calar e procurarem o que fazer. – ela meneou a mão tentando explicar e ganhou um beijo alado. – Mas não demora ou vocês vão findar perdendo o jogo.
soprou um beijo pra ele e o homem piscou agradecido, pegando uma cueca na gaveta que pertencia a ele.

* Machismo é a ideologia que prega a superioridade do gênero masculino sobre o feminino
* Femismo é a ideologia que prega a superioridade do gênero feminino sobre o masculino




Chapter Twelve

O barulho que as torcidas organizadas faziam em frente ao imenso estádio onde aconteceria o início do campeonato de Hockey, encantava o rapaz de um jeito que ele já mais conseguiria explicar, principalmente quando Eliot praticava aquele esporte há mais de dez anos e já tinha participado de campeonatos juniores junto com sua equipe. Aquele dia realmente não poderia estar melhor, principalmente porque pai havia esquecido o que era dirigir, carregando o filho metrô abaixo, mostrando a ele o que era um verdadeiro passeio pela rua, mesmo que parasse ao ser abordado por algumas pessoas. Mas nada, nada se comparava ao ver o estacionamento do Centre Bell entumecido de gente gritando por todos os lados, com as faixas, bandeiras e artigos que identificassem lindamente as torcidas ali agrupadas.
- Caralho, eu não acredito que a gente tá aqui! – o moleque soltou a frase sem filtrar o palavrão e ao invés de ganhar um tapa na cabeça, ouviu uma gargalhada do pai.
- Olha a boca, moleque! – ralhou apenas na intenção de não deixar aquilo barato e o abraçou com força de lado.
pai estava encantado em ver a alegria em que seu menino estava imerso. Era como se ele não acreditasse em nada do que estava vendo e a cada segundo apontasse pra algo diferente, não parecendo ter mais de cinco anos.
- O Alex já deve ter chegado com o , a gente ficou de se encontrar lá dentro junto com o Pat e o Ben. – o homem começou a explicar enquanto guiava o filho pelo estacionamento, levando o garoto animado que acenava pra todo mundo. – Quer beber alguma coisa? – perguntou rindo e o moleque olhou pra ele sem conter o sorriso gigante.
- A gente pode comprar lá dentro? – o rapaz perguntou com um brilho imenso nos olhos e viu um sorriso largo do pai, que o abraçou pelo pescoço como se não fossem mais do que dois velhos amigos, logo arrastando Eliot para dentro do estádio.
Após passar as catracas e receber uma pulseira de papel que indicava em qual lugar das arquibancadas eles ficariam, os dois seguiram para onde era o bar do lugar. Aquele era o dia de se encher com qualquer troço que vendesse nesses estádios e se inserir completamente no espírito dos campeonatos. Os dois já tinham ido a inúmeros jogos juntos, desde que Eliot havia se entendido por gostar tanto de hockey. Aquele era mesmo o esporte dos canadenses e ai de quem dissesse que não.
- Pai, eu posso beber cerveja? - o garoto perguntou com uma esperança maior do que ele, vendo o homem fazer uma careta meio frustrada. - Não, né?
- Infelizmente. - pai deu um tapinha de conforto nas costas do filho. - Você não tem idade legal pra beber ainda e isso pode gerar um problemão pra gente. Incluindo delegacia e sua mãe furiosa.
- Não queremos a delegacia e muito menos a mamãe furiosa! - ele disse rindo com uma felicidade sem tamanho só em estar ali. - Me contento com uma coca bem gelada.
Os dois riram e seguiram para o balcão onde estava um tumulto grande de várias pessoas querendo comprar o que beber ou comer. A casa dos Canadiens estava cheia, todos que estavam ali e torciam para o time canadense, ansiavam a vitória do time por cima do adversário, até porque claro, seria um maravilhoso presságio já no início do campeonato. Com Eliot não era diferente, ele estava extasiado com a oportunidade de comparecer mais um ano aos campeonatos do seu esporte do coração.
Os dois sentaram bem na primeira fila, rente ao local onde o time reserva ficaria e logo ao lado do corredor de onde a equipe completa do Canadiens sairia. Junto aos dois garotos , estavam e Alex, Patrick e Benjamin, as crianças mais empolgadas do que os pais até e depois de vários cumprimentos, abraços calorosos e algumas brincadeiras, os seis sentaram concentradinhos para ver o começo do show que precedia o tão esperado jogo.
Alex não parava quieto, mexendo as perninhas e balançando-as no alto do banco, segurando um copo enorme de refrigerante que era até maior que ele, o boné colocado pra trás dava o ar mais fofo do mundo ao menininho tão simpático.
- Você também tá ansioso, ? – Alexander perguntou ao primo mais velho, se ajeitando na cadeira de plástico, junto com Ben que estava igual na cadeira do lado. Eliot sorriu para o primo que era quase como um irmão e baixou um pouco a própria postura para ouvir direitinho o que a duplinha dizia.
- Claro que sim! Eu estava super ansioso pra ver o jogo. Vocês estavam? – o rapaz voltou a pergunta, vendo o menino abrir um sorriso enorme que era exatamente igual ao do pai.
- Sim e não! – Alex respondeu ao tomar um grande gole do refrigerante. – Eu não sabia que ia começar hoje, mas aí o papai me disse e quando ele me disse nós fizemos a maior festa.
- Eu estava bastante! – o pequeno Langlois saltou animado. – Só que o meu pai já tinha me prometido há dias e dias.
- Eu sei! Comigo foi assim também! – Eliot riu tão animado quanto e ao perceber que o primo olhava com os olhos grandes pra seu copo, perguntou: – Você quer um gole? Também é coca, mas vai que o gosto é diferente! – o rapaz deu de ombros ao ver o pequeno afirmar veemente.
- Não é refrigerante de adulto? – a pergunta receosa surgiu junto aos olhos azuis brilhantes do menor.
- Eu não sou adulto, bobo! – filho riu baixo, ajudando o menino de cinco anos a beber do seu refrigerante. – E aí?
- É O MESMO GOSTO DO MEU! – o gritinho esganiçado fez os seis rirem alto, assim que o barulho do Zambini* limpando o ringue indicava que logo, logo, o show de abertura começaria.
Daquela vez era um incrível show de hologramas onde um dos jogadores de Hockey, também fruto da tecnologia em 3D, tentava sobreviver a várias aventuras no gigante ringue retangular. O gelo se partia como se estivesse sendo quebrado e flutuando na água, tudo com o jogador vencendo todas aquelas loucuras. Um dragão apareceu fazendo todos gritarem, inclusive Alex e Ben que jogaram as mãozinhas pra cima, incrivelmente animados e impressionados em como aquilo tudo parecia real. As imagens apareciam em uma sequência encantadora de cores e realidade, deixando todos dentro daquele estádio, imersos na magia de um bom jogo de hockey. Assim que o enorme telão acendeu por completo bem no meio do estádio, gritos embaralhados foram soltos indicando que aquela era a hora, hora dos times entrarem e a batalha começar.

*Carrinho que faz a limpeza no gelo.

-x-

Os e os , pais e filhos, saíram do estádio mais de uma hora após o encerramento do jogo, o qual o time de coração deles havia vencido, em direção a lanchonete que era ponto de referência para os torcedores da equipe de hockey local. Era praticamente impossível dizer qual estava mais animado, principalmente entre os mais novos. quase tinha luz própria de tanto brilhar, com certeza poderia ser capaz de cegar um, enquanto Alex, que estava de mãos dadas com o pai, tinha encarnado o próprio canguru.
- ISSO É TÃO LEGAL! – O mais novo dos exclamou, dando mais um pulinho animado, que fazia os outros três quererem o esmagar completamente nos braços. O pai e o tio eram baba pura!
- SIM, NÉ! – filho concordou inteiramente com as palavras do primo. Com uma animação sem igual e contagiante, que deixava o pai, andando ao seu lado, praticamente explodindo de felicidade. - Nossa, eu tô morrendo de fome! – Ainda que estivesse brilhando mais do que tudo no mundo, Eliot era , então a fome era algo sempre bem presente.
- Eu queria ter vindo de metrô também! É legal andar de metrô! – Alex se pronunciou, lembrando que o tio e o primo tinham usado aquele tipo de transporte para chegar ao Centre Bell. Ele tinha andado poucas vezes, mas tinha gostado muito de todas elas! Imagina em um jogo? Devia ser incrível!! bagunçou a cabeça do filho, fazendo a promessa de que no próximo jogo que fossem, iriam de metrô, e recebendo um grito animado do pequeno em resposta. Seria muito divertido!!!!!
- O que vocês vão querer pra comer? Precisa ser algo grande, vocês têm muita coisa pra contar. – pai perguntou para a dupla dos mais novos, sorrindo feliz. O filho e o afilhado tinham entrado no vestiário do time para autógrafos e fotos, saindo mais empolgados do que criança pequena em dia de Natal.
- Um hambúrguer bem grandão e cheio de batata, não é, Alex? – Eliot se dirigiu ao primo, que ficou ainda mais animado, se aquilo era mesmo possível, soltando um grito feliz.
- SIIIIM! Com muita coca! – O loirinho gritou, levando os mais velhos aos risos. nem conseguia acreditar como entrava mais coisa em um corpinho tão pequeno, mas realmente não importava muito. Se o filho estava feliz, era o que contava para ele.
- É essa a lanchonete? - Jr apontou para o local todo enfeitado com as cores do time de hockey de Montréal, que em dias normais era apenas uma lanchonete como todas as outras, mas em dias de jogo, o lugar se transformava.
- ISSO MESMO! A lanchonete oficial dos torcedores do Canadiens! – O mais velho dos mostrou o lugar, todo feliz. Ele, e Patrick já tinham estado naquele lugar tantas vezes que ele nem saberia dizer, mas, com certeza, era um dos ambientes mais legais para assistir um bom jogo, além de, claro, o estádio. E agora poder levar os filhos para os lugares em que eles tinham passados alguns dos melhores momentos, era muito gratificante para os integrantes do Simple Plan.
- MEU DEUS! – O primogênito dos desafinou tanto, como se ainda fosse o pré adolescente sofrendo da mudança de voz. Ele mal podia esperar para contar aos amigos as aventuras daquele dia, que poderia muito bem ser classificado como um dos melhores de toda sua vida - Os caras do time não vão acreditar que eu tirei foto com o Domi! Eu vou, também, pregar a foto na parede do dormitório no MIT! Essa e a minha com o Alex e a nossa na arquibancada!
- Super apoiado! – O vocalista concordou, erguendo a mão para high five, que foi prontamente completado pelo filho, seguido de um abraço forte. Logo, o padrinho também entrou na roda. Era um sonho realizado para o adolescente, e não teria sido possível sem a ajuda dos mais velhos.
- Vocês são fo.... – Eliot se impediu de continuar a frase, por ser composta de um palavrão, coisa que ele procurava não falar na frente do priminho. – Incríveis demais! Sério, mesmo!
- Eu tô tão feliz de te ver assim animado! – , mais conhecido como manteiga derretida , se emocionou, com um sorriso gigante no rosto.
- Eu também quero uma foto no papel pra colar no meu quarto! Você me dá uma, ? – O garotinho perguntou com os olhos azuis arregalados e mergulhados na mais alta expectativa. Ele já imaginava as fotos daquela grande aventura, coladas na parede do seu quarto, onde ele poderia contar todas as coisas mais divertidas que aconteceram para quem quisesse ouvir.
- Claro!!! Quantas você quiser! – esganiçou mais uma vez, mostrando a maior verdade em suas palavras. Assim que ele fosse revelar as fotos, já providenciaria junto as do primo.
- YEY! – O mini boxeador, como vinha sendo carinhosamente chamado pela família, desde o acidente na escola, pulou mais uma vez, enquanto seguia o pai, o primo e o tio para dentro do estabelecimento.
O clima de festa na parte externa, se repetia de forma bem clara e intensa no lado de dentro da lanchonete. O local estava simplesmente L-O-TA-D-O de torcedores do Canadiens, vestidos com camisetas e os mais variados acessórios que faziam alusão ao time.
- Nossa, a maman nem vai acreditar em tudo isso! – O mais novo estava simplesmente maravilhado com tudo que estava vendo e ouvindo. Seria seu assunto preferido nos próximos dias.
- A minha também vai ficar bem feliz e vai me chamar de menino grande! Não é, dada? – O pequeno olhou para o pai com os olhos azuis mais brilhantes do mundo. O homem deu um sorriso gigante para o filho, ao passo que queria o esmagar em seus braços, enquanto eles caminhavam para uma mesa, em um canto mais reservado da lanchonete. Os mais velhos estavam brincando de anônimos naquele dia, mas era sempre bom não contar muito com a sorte.
- Isso mesmo, Alex!! Ela vai te chamar de menino grande! – concordou, com os braços meio em volta do filho, para que não acontecesse algum acidente. O menor tinha cismado que era grande o suficiente para subir na cadeira estofada sem ajuda. O que não poderia fazer o pai mais orgulhoso. Seu menininho estava crescendo! tirou o próprio casaco, ajudando o filho a fazer o mesmo, e sentou em frente a Alex, assim como os , que também haviam retirado as peças mais grossas antes de sentar. Eliot ficou ainda com o cachecol do Canadiens, que fazia par com um boné.
- O que vocês vão querer? - pai direcionou a pergunta para os mais novos.
- Muita batata! – Alex soltou um gritinho fino e animado para o lanche. Era oficial, ele explodiria. E mataria o marido.
- Eu posso beber? Já que o tio vai dirigindo direto pra casa? – O mais velho entre as crias fez uma quase súplica, combinada a um sorriso falsamente angelical, que ele esperava que convencesse o pai.
- ... – O mais velho começou a sua tentativa de ralhada, que foi cortada pelo filho.
- Eu sei que você disse não no estádio! Mas só uma! – O demônio persuasivo mirim fez um bico gigante, que certamente poderia ser indicado para entrar no Guiness Book.
- Ele quer refrigerante de adulto? - Alex sussurrou, como se fosse um segredo, puxando a manga da camisa do pai. Quando teve a resposta afirmativa, o pequeno boxeador colocou a mãozinha na boca, chocado, e se virou na direção do quase irmão mais velho para soltar a ralhada que quase levou os outros três ocupantes da mesa, às gargalhadas.
- , você não é adulto! Você é uma criança que cresceu demais!
- Você que só pode tomar refrigerante de criança. – debochou, mostrando a língua para o mais novo, como se tivesse cinco anos de idade também.
- É muito mais gostoso do que o de adulto! Eu tenho um canudo legal e você não tem! Lero lero! – O loirinho deu corda para o deboche do primo.
- Eu posso pegar o seu canudo. – O adolescente piscou, cínico. Óbvio que ele não faria aquilo, tomar cerveja com canudo era horrível, segundo o pai e o tio. Mas era divertido brincar com Alex.
- Não pode, não! – O menininho mexeu as mãos nas orelhas, fazendo o gesto de que Eliot estava doidinho, e fazendo os mais velhos rirem. decidiu acabar com aquela pseudo briga sem cabimento.
- Uma, Eliot! Uma cerveja. – Ergueu um dedo e depois o apontou para o filho, como se quisesse reforçar que seria aquilo e nada mais. O mais novo soltou um grito grosso e levantou de uma vez e abraçou o pai, que apenas ria alto, bem forte e beijou a bochecha do homem. - Você é o melhor pai do mundo, sem mais! O melhor dia do mundo inteiro! – A voz de Eliot chegava a estar vergonhosamente desafinada. Alexander concordou com a última frase do primo sobre ser o melhor dia do mundo inteiro, ainda que não completamente por todos os mesmos motivos. Ele balançava as pernas gordinhas, que ainda eram um pouco curtas para alcançar o chão, mas a criança classificava aquilo como uma brincadeira divertida.
- Foi a melhor aventura do mundo! Nós gritamos tanto no estádio e a coca do tinha o gosto da minha e o Ben também gritou! - A metralhadora giratória começou a contar todos os melhores momentos daquele dia tão divertido, e virou de uma vez para o pai. Ele tinha tido uma grande ideia! - Pai, eu quero jogar hockey!
- Foi divertido, né? – Alex acenou freneticamente com a cabeça. Ele estava muito feliz, o alegrava o pai. Se ele queria ser jogador de hockey, que fosse, teria o maior apoio! Assim como em tudo que desejasse fazer. - Meu filho, jogador de hockey? QUERO!
- ISSO! – O mais novo dos quase entrou em curto com a possibilidade. - Ai eu vou marcar muitos pontos no ringue! E eu e o vamos ser do mesmo time!
- O tio e eu vamos ir ver toooooodos os jogos! – O dad L se animou, vendo o cunhado afirmar com toda a sinceridade do mundo. Ele estaria lá toda semana. - O que você acha de amanhã a gente procurar uma escola de hockey pra você? – perguntou para o filho, que tinha os olhos mais brilhantes em expectativa a cada segundo, enquanto fazia os pedidos dos lanches.
- Na minha tem os estágios iniciais, tio! Você podia levar o Alex lá, ia ser super legal! – O rapazote sugeriu, feliz. Seria legal ajudar o primo nisso.
- O que você acha, Alex? Quer ir na escola do seu primo? – quase não conseguiu terminar de falar, já ouvindo a agitação do filho, em concordância.
- QUERO! QUERO, QUERO!
- Então a gente vai lá amanhã. – O pai piscou, e dessa vez, Eliot se juntou aos gritos de Alex. Gritos que logo tomaram a lanchonete inteira, junto ao começo do hino da equipe de hockey, com os torcedores achando que a comemoração era por causa da vitória do time local. Tudo isso em meio ao anúncio do original de que as bebidas tinham chegado.

-x-x-x-

O jantar já tinha passado há algumas horas e mesmo depois de ter aquele momento apenas com a filha, já que os meninos tinham ido ver os grandes ídolos de filho, o tempo com Leonor havia sido bom, muito bom. Elas tiveram abertura pra conversar certas coisas que a garota não tinha coragem na frente do pai e, mesmo com toda a insistência de pra saber, a filha negara de pés juntos a possibilidade de qualquer crush no colégio, ao menos ainda. A mulher havia mesmo gostado de ver seus dois s animados como não via há algum tempo. O rapaz parecia ligado na tomada de tão animado, mesmo depois voltar do Centre Bell, cheio de souvenires que gritavam o fanatismo dele pelo hockey. Além de um presente discreto para a irmã briguenta.
As luzes da cozinha estavam apagadas e o cômodo estava claro apenas pela meia luz que iluminava as bancadas e ficava bem abaixo dos armários, dando um charme aconchegante a um dos lugares onde aquela família mais passava seu tempo livre. Sim, aquilo havia sido previsto desde a compra da casa, por isso era enorme e bem equipada, capaz de fazer qualquer um daqueles quatro, bem felizes.
- Oi, anjo! – a voz levemente rouca, por certamente ter gritado até não poder mais com o filho, soou na cozinha silenciosa que presenciava apenas o tilintar da louça sendo guardada por ela.
- Hey! – a mulher respondeu um pouco baixo e ganhou um beijo carinhoso na bochecha.
Ficando ainda mais confusa com o rumo que seu relacionamento estava tomando, principalmente quando os dois não tinham colocado os pingos nos is, ela respirou fundo tomando fôlego e coragem para entrar de vez naquele assunto, ali era o momento perfeito. Sem crianças, sem desculpas e sem qualquer outra coisa que atrapalhasse a conversa do casal, era ele e ela para resolver algo simples.
- Precisa de ajuda? – o homem perguntou, desgrudando o corpo do dela e tratou de procurar um pano de prato para ajudar , assim ela terminaria mais rápido.
- Não, já estou terminando aqui. – ela soltou uma risada leve e esticou um pouco o rosto em busca de um beijinho, prontamente dado por ele.
- Certeza? Tá bem tarde já, passou das 11pm. – o cantor protestou mais uma vez ao ataque dona de casa dela e fez uma careta.
- Eu achei que você já estivesse na cama. – a enfermeira guardou o último prato, passando a mão pela camisola azul marinho.
- Fiquei esperando você. – o homem piscou cheio da ousadia e conseguiu arrancar uma risada murcha dela. – Não apareceu e eu vim ver o que tinha de tão bom nessa cozinha.
- Eu só não consigo dormir quando a cabeça tá barulhenta. – deu de ombros com a simplicidade de algo que ele conhecia tão bem e o viu afirmar com um sorriso fechado, escorando a bancada fixada na parede.
- E qual o motivo de tanto barulho nessa cabecinha de gênio? – a pergunta veio baixa e carinhosa, fazendo a mulher se praguejar eternamente por entender que aquele era o momento perfeito para destruir o clima, falando em uma possível DR.
- Nós precisamos conversar! – a frase foi cuspida da boca com a mesma intensidade com que o homem empalideceu ao ouvir aquilo. Conversar sobre o quê? Ultimamente se os dois tentavam conversar, era briga sem sombra de dúvidas. Ao menos tinha sido assim no último ano. – Sobre o que aconteceu, ! – deixou ainda mais clara, as intenções da conversa.
- Quê? – ele se apoiou na bancada com as duas mãos, sabendo que o estômago dela revirava igual ao seu. – Não, não. A gente não precisa conversar sobre isso. É passado. – o esganiço surgiu um tanto desesperado, acompanhado do sacudir de mãos.
- A gente precisa conversar sim, ! Tudo deu errado por falta de conversa. – ela apontou sentindo a garganta travar em pavor. – Eu não quero que isso aconteça novamente. Eu preciso entender porque nosso casamento deu errado. O que aconteceu pra você ter ido embora, pra você ter voltado! – o desespero na voz de só ficava cada vez mais presente, toda vez que ela via o marido querer desviar do assunto.
- Não precisa, anjo! – em contrapartida, o desespero nele crescia em imaginar onde aquela conversa poderia dar. Poderia dar certo? Claro! Mas também poderia dar muito errado, como já tinha acontecido inúmeras vezes no último ano e ferrar de vez algo tão gostoso que os dois haviam construído nos últimos dois meses. – Vou dormir, tá? Te espero no quarto!
- Não, . Você não vai! – a mulher tomou fôlego ao esticar a mão, mesmo ainda vendo-o caminhar devagar pela cozinha. – Se você fizer isso, pode ir pro apartamento. Aqui você não fica mais. – o ultimato foi dado com mais dor do que ela esperava, o vendo estacar completamente no meio da cozinha e voltar com o rabo entre as pernas até a bancada. Deixando-a em um alívio imenso por entender que mesmo daquele jeito, ele não queria mais ir embora.
respirou fundo, se debruçando contra a bancada pra tomar coragem em iniciar aquilo, sabendo que não diria nada caso não fosse instigado. Talvez 20 anos de convivência a fizesse ter um pouco de conhecimento sobre o marido. passou a mão pelos cabelos, impaciente com o clima tenso que se formava no meio daquela cozinha.
- A gente precisa colocar os pingos nos is. Ou a coisa não vai andar. – ela soltou o ar pela boca e coçou o nariz na intenção de não chorar tão logo.
- Já tá andando, anjo. – o homem soltou meio desesperado. – Tá ótimo assim, vamos esquecer o pesadelo que passou. A gente é adulto o bastante pra passar uma borracha no inferno que foi nos últimos oito meses e seguir bem daqui pra frente. Eu não quero outra bola de neve atolando a nossa vida!
- Eu estou tão assustada quanto você. Por mim eu continuava do jeito que tá, mas o risco de te perder é alto demais, mais uma vez. – ela passou a mão pelos cabelos, ainda na impaciência da situação mais do que incomoda. – A gente tá junto desde o colégio e de repente nosso casamento começou a afundar. Eu quero entender o que merda aconteceu!
Ele suspirou desesperado, enfiando os dedos entre os cabelos, enquanto sentia a garganta começar a doer pelo nó que se formava. Não duraria muito até que os dois estivessem chorando.
- Não vai, você não vai me perder de novo, meu amor! Eu prometo! – engoliu o próprio choro em ver que a esposa estava tentando controlar um bico de choro. – E aconteceu que eu sou o maior idiota da face da Terra! Eu me deixei levar por um estilo de vida que não era pra mim se você não tá junto, nunca tinha sido. Me deixei influenciar pelas merdas que o Dimitri disse sobre você, sobre nosso casamento. Sobre tudo! Eu sou um idiota e me perdi em achar que tinha algum tempo perdido da minha vida pra recuperar.
- Mas por que, ? Por quê? Por que raios você queria agir como solteiro, quando você era casado? – ela cruzou os braços, ainda meio indignada em estar revivendo aquilo novamente. – Eu preciso entender se o problema fui eu. Se fui eu quem te afastei.
- Não! Não foi você, nunca foi você! – o homem saltou com sua justificativa mais do que convicta para fazê-la entender que em nada daquilo tinha culpa. Ele passou a mão pelos cabelos e riu morto. – Fui eu! Eu sou o grande idiota dessa história toda.
- E por que diabos você foi embora? O nosso casamento tava em crise, os meninos vendo grande parte das coisas e você achou mesmo que a melhor coisa era ir embora? – passou a mão no rosto, já até irritada demais com a conversa. Ela não acreditava no que estava ouvindo e principalmente não acreditava que algo simples, tinha demorado tanto tempo pra se resolver. – De repente um cara que você conhecia há dois anos tinha mais influência sob você do que eu. – a mulher respirou fundo, batendo a mão no peito.
- Eu fui um idiota, . Eu já admiti isso mil vezes nos últimos minutos! – o esganiço de saiu tão assustado e culpado quanto antes, em um dos momentos que ele não sabia mais o que fazer pra fugir do inferno que aquela conversa estava revivendo. E como se fosse um adolescente, ele só queria chorar agarrado aos joelhos.
- E você acha que admitir que foi um idiota vai resolver a situação? – o grito veio amedrontado e choroso, fazendo os dois sentirem os olhos transbordarem.
- Eu não sei mais o que fazer, anjo! Eu quero você pra mim, eu só quero que a gente seja feliz de novo! – fungou ao passar as mãos pelos olhos e a viu olhar pro teto, tentando não desabar com aquela bagunça na cozinha. – Você quer saber mesmo o porquê eu fui embora? Quer saber mesmo por que droga eu fui embora? – encarou bem a esposa ainda esperando uma reação afirmativa dela.
- É óbvio que eu quero, ! – tomou fôlego ao sentir as lágrimas escorrerem sem qualquer aviso, vendo que ele chorava tanto quanto ela, ainda que tentasse de forma bem frustrada, enxugar o rosto.
- Por você, anjo! E por mim! – pressionou a mão no peito, sentindo o rosto molhar a medida em que chorava. – A gente já tava separado, mas continuava brigando sempre que se via, não tinha conversa ou ao menos um sorriso. Eu não podia ser egoísta ao ponto de fazer da sua vida uma merda, porque era mais confortável pra mim ficar perto de você, mesmo que a gente brigasse. Eu precisava te deixar seguir a vida, eu não podia ficar aqui empatando tudo. Só que eu não ia aguentar ficar aqui vendo você seguindo sua vida, quando eu mais precisava de você pra seguir a minha! – o bico tremeu, fazendo a voz do homem vacilar e ela morder a própria boca pra tentar controlar o choro. – Eu precisava e preciso de você pra tudo! Eu não sei viver e muito menos ser feliz sem você, . Eu não aprendi como fazer isso, e se um dia eu já soube, esqueci há mais de 20 anos como é.
- E você acha que eu sabia? – a voz saiu embargada, assim como o punhado de lágrimas que insistiam em escorrer pelas bochechas, fazendo a garganta dele doer ainda mais. – Você acha mesmo que eu sabia ser feliz sem você? , a gente passou a vida inteira juntos e de repente eu me vi sozinha com os dois meninos, sem saber resolver nada sozinha, sem saber fazer nada. Porque eu sempre fui dependente emocionalmente da gente, sempre foi assim e do dia pra noite tudo mudou. Acha que eu estava feliz longe de você? Eu vim saber o que era felicidade agora, naquele maravilhoso dia que eu te vi na porta aqui de casa, cansado da viagem, mas com um sorriso imenso por estar aqui de novo. Eu nunca quis que você fosse, eu nunca quis você longe de mim. – enxugou o rosto com as costas da mão, tomando ar pra continuar: – Eu preferia mil vezes que você tivesse sido egoísta e ficado perto de mim, do que ter tomado decisões precipitadas, como se eu fosse conseguir seguir a minha vida sem meu copiloto.
O soluço em veio tão intenso ao ponto de fazê-lo sacudir os ombros com força, à medida que o choro saía do sussurro e ganhava corpo na voz rouca do homem. cobriu o rosto com uma das mãos ao sentir o peito aliviar e só ouviu o fungado dela tentando controlar o próprio choro nada discreto. tinha certeza que enquanto não se controlasse, ele não pararia de chorar, era uma reação em cadeia. Caso ela fizesse um bico, não demoraria minutos até que o marido também estivesse chorando.
- Vem cá! – a mulher abriu os braços disposta a tê-lo ali novamente pelo resto da vida, sentindo bem a emoção quando o corpo do cantor agarrou o seu com força, tirando-a do chão.
Era um aconchego tão gostoso, trazendo lembranças tão boas de momentos complicados, era o companheirismo de saber que tudo ficaria bem se ele estivesse ali com ela. acomodou o rosto no pescoço da mulher e mesmo chorando, a apertou com mais força no abraço, sentindo os dedos delicados lhe fazerem um carinho no couro cabeludo.
- Eu só queria saber por que você voltou, . – a pergunta saiu baixa, enquanto ela afagava as costas nuas dele, ganhando o mesmo carinho.
- Saudades da minha identidade. Do verdadeiro . – o homem fechou os olhos com força, esmagando a esposa no abraço e sentiu um beijo carinhoso na bochecha.
- Ele voltou, calma. Ele voltou. – ela sentiu o peito aliviar ao pronunciar aquelas palavras, entendendo que sim, seu marido estava ali e tinha voltado de vez. Não o cara público, o compositor, mas seu marido. O homem com quem ela tinha vivido mais de 17 anos da sua vida. – Quando ele começou a lutar por um espacinho nesse coração mole? – soltou um risinho baixo, sendo abraçada ainda mais forte.
- Quando absolutamente tudo perdeu a graça e a cor. – aconchegou o rosto no pescoço da esposa, sentindo que tudo finalmente estava encaixando naquele quebra-cabeça. O perfume dela era seu calmante preferido. – Eu passei e odiar estar no palco, odiar a Califórnia, o mar, surfar, TUDO! Aquilo estava me separando de vocês, da minha família. Da minha vida! – ele suspirou ao beijar o pescoço dela e sentiu as costas serem afagadas.
- Ah mas isso era mole, a gente pedia os lápis de cor da Leo! – abriu um sorriso imenso ao sentir que seu marido estava ali por completo e disposto a consertar tudo junto com ela. Era maravilhoso ter seu porto seguro novamente dentro daqueles braços. – Mas eu não gostei nada de saber que você tava deprimido assim! – a mulher fez um bico desgosto que ganhou um beijo rápido, fazendo os dois rirem com um brilho lindo e imenso nos olhos.
- Os meninos iam me visitar, e claro que isso aliviava um pouco, mas faltava você. Faltava uma parte de mim, a minha companheira dessa vida e, se tiver outras, quero que seja das próximas. – ele distribuiu mais uma das suas declarações que faziam o coração da mulher bater igual a um tambor.
- Era só ligar e pedir que eu arrumava uma desculpa pra aparecer lá. – ela disse de uma forma tão simples que o fez rir e beijá-la novamente. – Eu te amo, muito mesmo!
- Eu te amo bem mais! – o homem sorriu ao tirá-la novamente do chão. – Mas eu não podia arriscar ganhar uma tijolada na cabeça
A gargalhada contagiante da enfermeira preencheu a cozinha de uma forma encantadora.
- Não ri de mim, mulher! O medo era real. – colocou-a mais uma vez no chão e ganhou um beijinho casto na ponta dos lábios.
Ela mordeu a boca ainda com uma expressão divertida e logo inclinou a cabeça pro lado. Mesmo com toda a conversa, ainda tinha uma grande interrogação ali, enorme pra falar a verdade. Ainda tinha uma parte da história oculta e sendo bem sincera, uma das que ela mais estava ansiosa pra ouvir. Ouvir e passar na cara dele que estava certa sobre o embuste americano.
- E o embuste? – a pergunta seca fez o homem esboçar uma carranca mais do que irritada. – Que fim levou aquele filho de uma puta?
- Espero que tenha morrido. – rolou os olhos ao mirar o olhar em qualquer ponto da cozinha que não fosse a esposa detetive.
- Me conta, ! – ela inquiriu sabendo que tinha coisa naquela conversa sobre desejo de morte.
- Não quero, . – o homem parecia uma criança emburrada ganhando uma arqueada de sobrancelhas da mãe raivosa. Ele suspirou desgostoso e escorou a ilha, tomando fôlego pra começar a contar o belo tapa na cara que havia tomado. – Uma noite, a gente foi para um bar, um pub. – ele coçou os cabelos grisalhos. – Eu não tava no clima, então decidi não beber. – umedeceu os lábios ao cruzar os braços e viu a esposa fazer o mesmo. – Mas ele bebeu demais, ficou altamente embriagado e se passou. Confessou o filho da puta que ele é! Acredita em mim, ele fodeu o nosso casamento com o único propósito de tomar o que é meu! – o cantor soltou incrivelmente indignado e esganiçado em lembrar de cada barbaridade imunda que ele tinha falado sobre .
- Ele fez essa merda toda por causa de dinheiro? – o grito da mulher saiu indignado com a conversa.
- NÃO, ! – o homem soltou um desafino tão forte que mais parecia estar trocando a voz. – Ele queria você! VOCÊ! Queria tomar a nossa família, os nossos meninos. Queria arrancar a minha família de mim! – a ofensa na voz de , mergulhado em um desespero horrendo fez a mulher amassar os lábios com força pra não rir na cara dele, embora estivesse sendo complicado manter a crise de riso. Ela soltou a gargalhada sem acreditar nem um pingo naquela história. Até porque se o tal Dimitri tinha aquele grude todo com seu marido, era mais fácil ele ser apaixonado por .
- COMO É?
- Você tá rindo? – ele parecia desacreditado da reação da esposa, que tampava a boca sentindo os olhos transbordarem nas gargalhadas. – Eu vou quase preso por uma agressão e você tá rindo. – sacudiu a cabeça meio saturado. – Ótimo! – o homem rolou os olhos, vendo-a prender os lábios entre os dentes para tentar prender as risadas. Espera! tinha batido nele?
- MENTIRA! AMOR, você bateu nele? – o gritinho esganiçado da mulher, finalmente o fez rir. Ah, ele estava gostando daquilo, mesmo! tinha se animado com a notícia?
- Ah, bati. – o homem se inflou com um sorriso vitorioso. – Cada merda que ele falou sobre você, eu não podia ficar só assistindo!
- Amor... Eu não aguento você! – suspirou contente, acariciando de leve o braço de e sendo pega totalmente de surpresa assim que ele segurou sua cintura puxando-a pra si. Os corpos colados, a respiração baixa e um sorriso vitorioso preenchiam o momento.
- Eu sei que você jamais ficaria com ele, eu sei! Mas só de pensar que isso podia acontecer com outra pessoa, subiu uma raiva que não dava pra controlar, anjo! Era raiva misturada com pânico. Pavor em perder você! – o suspiro veio frustrado e aliviado ao mesmo tempo, principalmente quando ele sabia que finalmente as cartas haviam sido colocadas em cima da mesa.
- Você tá pirando? – a mulher riu mais uma vez. – Em que mundo eu ia dar qualquer moral pro Dimitri? Eco! – ela torceu o nariz mostrando o asco presente em si.
- Pra ele não, mas tá cheio de cara que te quer! – bufou todo cheio do ciúme, rolando os olhos. – Tem fila e eu dei mancada. Me mata, !
Outra gargalhada ressoou pela cozinha, enquanto a mulher afastava o corpo do marido frustrado.
- A vontade é essa mesmo. A de te matar, demônio. Te encher de bolacha! – ela respondeu, mas continuou rindo pela tal fila que ele havia mencionado.
- Qual a da risada? – o homem bufou.
- Tem uma fila enorme aí na porta, não viu? – a ironia transbordante dançava nos lábios rosados dela, fazendo o marido rolar os olhos, meio debochado até.
- Coitadinhos, , coitadinhos. – ele fez a maior careta de adolescente desgostosa, ouvindo-a rir ainda mais.
- Eu vou dormir, porque, sinceramente? Eu ganho mais. – ela soltou mais uma risada debochada, se sentindo vitoriosa com aquela história toda. Não tinha algo mais incrível do que saber que ela tinha razão dentro daquela bagunça.
- Tudo bem, eu vou pro apartamento. – ele rolou os olhos com o deboche dela, esperando que a mulher contestasse aquilo. Embora ele soubesse que o último lugar que dormiria aquela noite, seria o apartamento.
- Eu vou subir, .
A mulher mandou um beijo alado cheio das mais insanas intenções como quem queria dizer que esperaria acordada, vendo o homem suspirar meio sofrido e sacudir a cabeça fazendo os dois riram. Ela respirou aliviada e ao sair do cômodo, encontrou o filho mais velho com uma expressão de dor... Ou era cansaço?
- Oi amor. O que foi? – ela estreitou os olhos ao segurar o rosto do primogênito, lhe beijando a bochecha.
- Nada! – a voz do rapaz saiu ruim na garganta seca. – Estou com sede. – ele tentou sorrir fechado e beijou a bochecha da mãe, vendo-a afirmar com uma careta e sair do cômodo.
- Boa noite, ! – pai gritou em resposta a falta de sensibilidade dela e ouviu a mulher rir alto, porém irônica.
Embora não tenha percebido a expressão do filho se tencionar ainda mais em um bico de pavor, o garoto sentia a garganta travar e a vontade de chorar lhe assolar. O que droga tinha sido aquilo? O pai dele ia embora pro apartamento? Só poderia ser, principalmente depois dos murmúrios altos dentro da cozinha que o fizeram descer na ponta dos pés, conseguindo ouvir somente o momento da despedida mais formal do mundo.
- Pai? – a voz embargada do moleque saiu um pouco controlada e ele ganhou apenas um murmúrio em afirmação, enquanto o pai parecia comer algo. – Você vai embora? – o timbre saiu ainda pior.
O homem fez uma careta desgostosa ao analisar a situação e ponderou com um aceno de cabeça, ainda que estivesse tentando zoar com o filho. Ir embora? Em que mundo ele iria embora daquela casa outra vez? Nunca mais.
- Vocês estavam brigando, não era? – o choro do rapaz saiu esganiçado e desesperado, fazendo quem tinha acabado de conseguir se controlar, arregalar os olhos amedrontado com a postura do filho. – Não vai embora, não! Dá mais uma chance, tenta de novo com a mamãe! Por favor. Não vai embora de novo!
- Não, não! Filho, vem cá. – o cantor soltou desesperado, abrindo os braços ao ver o estado do filho e logo abraçou o garoto, confortando-o contra o peito. – A gente só tava conversando, . Não teve briga. Quando eu falei sobre ir embora, eu tava falando sobre o apartamento e ainda era brincadeira. Não tem porquê eu ir embora. – fez um chiado como se consolasse um bebê enquanto acalantava o moleque que estava bem maior que ele. – Não sobre Montreal, nunca. Eu não vou mais embora. Eu prometo!
- Você chamou minha mãe pelo nome e vocês falaram no Dimitri. Eu ouvi vocês brigando! – a voz embolada do garoto saía em um desespero fora do comum, deixando o pai ainda mais sem fôlego em tentar conter aquilo.
- ! – o homem segurou o rosto do filho, o fazendo lhe encarar e entender de verdade a situação. – , respira, não faz assim. Eu fico nervoso de te ver desse jeito! Calma, eu vou te explicar, mas eu preciso que você sente e respire. – ele falou com os olhos mais sérios e a voz tão sincera quanto as intenções.
Pegou um copo de água para o rapaz, ainda tentando parar de tremer tanto com o desespero do filho e se escorou a bancada em frente a ele.
- Bebe um pouco e se acalma. – o homem pediu manso, vendo o rapaz enxugar as bochechas com as costas da mão e afirmar com a cabeça, mostrando que estava pronto para entender a situação. – Não houve briga ou discussão, a gente conversou, . Apenas isso. Existiam coisas que precisávamos resolver e enrolamos demais pra chegar até aqui.
- Foi sobre você ter ido embora, não foi?
- Foi, foi sim. Nós não tínhamos conversado sobre isso ainda, exposto nossos motivos, causas... Essas coisas.
- Mas deu certo? Vocês se desculparam?
- Sim, . Deu. – o homem riu baixo com a dúvida do garoto e esticou o corpo, abraçando-o com força, tentando passar toda a segurança do mundo e mostrar que aquele tipo de coisa nunca mais aconteceria. Nunca mais.
- Desculpa? Vocês me assustaram. Você diz que vai pro apartamento, minha mãe diz que vai dormir e você ainda chama de . Eu morri. – o rapaz soltou meio nervoso com a situação que não parecia em nada com o que realmente era e fez o pai rir divertido. O homem beijou a bochecha dele e bagunçou o cabelo do rapaz.
- Se você prometer não fazer mais uma coisa dessas e não contar pra sua mãe, eu desculpo. – pai soltou uma risada baixa e viu um sorriso sincero surgir no filho.
O homem chamou o filho com um aceno de mão e logo o abraçou pelos ombros, levando o garoto para o andar de cima, onde se certificaria de que ele iria dormir serenamente e sem mais sustos.

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A penumbra do quarto escuro escondia as expressões mais despudoradas que surgiam após o friccionar dos corpos, as mãos trêmulas de fincadas na cintura da esposa, enquanto ela rebolava vagarosa nos movimentos de sobe e desce mais torturantes da sua vida. Ele queria rapidez pra que sua cabeça pudesse explodir logo, ao mesmo tempo em que aproveitava a sensação gostosa de punição. Quando se deixava preencher por inteiro e se encaixava em seu colo, mesmo que ele estivesse deitado e esticado na cama, passando as mãos nos seios e nas coxas dela.
Em contrapartida, ela amava saber que o fazia render-se em qualquer das situações, era excitante demais poder ditar as regras em certo momento do sexo, principalmente quando ele decidia assumir a situação de repente, como em um efeito rebote que ela esperava ansiosamente. Sempre! A mulher olhou-o com os olhos mais pidões do mundo, como se pedisse uma ação que a fizesse sentir o bom do sexo e o fazia mover o próprio quadril de forma mais rápida contra ela. Sentindo o impacto do quadris lhe trazer uma sensação de satisfação imensa, quando o prazer de sentir os dedos dele lhe ameaçando um carinho só excitava ainda mais. A mulher prendeu um gemido de satisfação na intenção de desafiá-lo a fazê-la gemer e ouviu a risada espontânea do marido ao apertar sua bunda com força.
- Saber que eu vou passar uma semana longe de você é foda. – ele tomou fôlego quando a respiração já começava discretamente a ficar cansada. – Principalmente agora que... – o homem revirou os olhos e soltou um grunhido ao sentir o corpo dela se contrair em volta dele, enquanto a mulher mexia o quadril com uma habilidade incrível, o fazendo ficar ainda mais excitado e cheio de tesão, como se o seu estado não fosse o suficiente. – Porra, !
- Pra você não esquecer de mim. – ela mordeu um sorriso maroto e soltou uma piscadinha ao baixar lentamente a postura, se apoiando no colchão para deixar o rosto dos dois rentes um com o outro, ainda movimentando o quadril.
- Oh, anjo. É impossível esquecer você. – a respiração pesada do cantor era o maior indício de que ele sempre estava rendido a ela, fosse no amor, fosse no sexo.
Ela abriu um sorriso vitorioso com a frase, ainda que soubesse de tudo aquilo e amasse ouvi-lo repetir sempre que possível.
- E com certeza, também será torturante pra mim. Sempre é péssimo passar dias longe de você, principalmente agora que as coisas estão mudando... Ficando melhores do que já foram algum dia. – os dois sorriram contentes em vivenciar plenamente aquela fase e não demorou muito para que a enfermeira passasse as pequenas unhas pelo braço do marido, ainda repetindo os movimentos de vai e vem com o próprio corpo, vendo-o prender os lábios entre os dentes e logo abrir um sorriso sacana.
Ela passou os braços pelo pescoço dele, o abraçando ainda que estivessem minimamente encaixados na posição e percebeu que aquele sorriso safado indicava alguma coisa, ah se indicava. Dito o feito, se encolheu por inteira com o peso da mão grande dele estalada em sua bunda, causando sensações que ela nem esperava, ao sentir o corpo vibrar em volta do dele, fazendo os dois rirem. massageou o local levemente enquanto sentia a língua dela brincar com seu queixo e distribuiu outra palmada, fazendo-a prender a respiração e morder seu queixo para abafar um gemido despudorado.
Encostou os lábios aos dele, sugando o lábio do marido com o desejo de transformar aquela transa em um simbolismo que traria uma sensação ainda mais gostosa pros dois. As mãos do cantor subiram a partir da bunda da esposa, ao passo que ele dedilhava seu violão favorito, sentindo a pele dela se eriçar com o toque delicado e que assim como a analogia, tirava-lhe os melhores sons. Era exatamente daquilo que ela sentia falta, era a mistura do delicado com o sacana, dos toques dele que levavam-na a loucura à mínima menção e sempre fariam aquilo, sempre!
Os movimentos combinados aos beijos estavam deixando os dois mais acesos que o planejado, sendo questão de segundos até o que homem puxasse-a pra cima rente ao seu corpo, entre o beijo faminto, desencaixando o corpo dos dois para desagrado geral. Ele virou-a de uma vez na cama, ouvindo a risada gostosa de quem estava adorando aquela inversão de papéis e não deixou de rir junto ao ver a expressão de ansiedade da esposa, esperando que ele fizesse bem mais do que apenas lhe olhar com aquele desejo todo. queria ação e, com certeza, iria dar o que ela queria.
- Cansei de brincar, ! – a reclamação veio em um tom sério demais, seguido da inclinação sobre o corpo dela, fazendo-a quase delirar de ansiedade.
As mãos foram presas no colchão pelas dele acima da cabeça da mulher, à medida que ela abria um sorriso incrivelmente ladino como se pedisse por mais. Mais dominação, mais determinação e mais prazer. sacudiu a cabeça quase explodindo com a petulância dela e ao segurar firme o quadril de com uma das mãos, penetrou-a com força, ouvindo o gemido safado reverberar pelo quarto assim que ela arqueou o corpo, roçando os seios contra o peito dele. O homem baixou a postura o máximo que pode e à medida que a preenchia com a determinação de vê-la gemendo seu nome, sorveu um dos mamilos beliscando-o entre os dentes, ainda que fizesse questão de esfregar a pélvis dos dois em um dos maiores pontos de prazer na esposa.
Era sexo intenso que ela queria? Era sexo intenso que ela teria.
A mulher sentiu a cabeça querer explodir ao passo que as sensações mais insanas se misturavam dentro dela. A boca de em seu peito, a mão fincada na bunda e a firmeza com que ele estocava, estavam deixando-a louca sem conseguir entender o que sentia primeiro, restando retribuir apenas com sons que reverberavam pelo quarto e ficavam por ali mesmo pela boa acústica das paredes. O corpo em chamas trazia o desespero para a busca do prazer e assim que sentiu os punhos serem soltos pelo marido, soube que ele se apoiaria na cama para melhor resolver o problema dos dois. agarrou os cabelos de entre as mãos, vendo-o se apoiar em um dos braços e lamber os nós dos próprios dedos, concentrado em começar a massageá-la.
Gemidos manhosos encheram os ouvidos do homem que estava adorando se deleitar com a demonstração de prazer que partia dela, massageando ainda mais o clitóris da esposa com os nós dos dedos, enquanto também sentia seus cabelos serem quase arrancados pelas puxadas que ela dava. As estocadas continuaram firmes ao ponto de fazê-la revirar os olhos quando o quadril dele se chocava com o seu, ouvindo os gemidos abafados do marido. Merda! Ela ficaria dolorida depois daquilo. Mas nada iria superar o poder de um maravilhoso orgasmo, que já estava bem próximo no fim das contas. sentiu o corpo tencionar inteiro, passou as unhas curtas pelo couro cabeludo do marido, que já estava suado e sentiu seu corpo clamar por mais qualquer estimulo que fosse.
- Só mais uma, papi! – o pedido manhoso surgiu em meio aos gemidos desesperados e logo o homem aumentou o ritmo, a ouviu soltar um grunhido feliz e espontâneo, meio grotesco até. Mas que ele sabia que ela tinha chegado ao orgasmo, principalmente por conhecer os principais trejeitos da esposa, o nariz enrugado e as bochechas vermelhas quando aquilo acontecia.
segurou a cintura dela com as duas mãos e ao desencaixar os corpos, virou-a na cama com uma habilidade imensa, deixando-a de bruços ao mesmo tempo que ouvia uma gargalhada safada e cansada. Ele riu junto com a mesma intenção e após uma palmada que a fez reclamar com um gemido manhoso, penetrou-a continuando com o ritmo rápido das estocadas, intencionado a acabar logo com aquele desespero que lhe dominava. O homem mordeu a boca tentando não fazer tanto barulho e se apoiou na cama com as duas mãos, enquanto os joelhos estavam apoiados ao redor do corpo da esposa e a bunda dela empinada, sendo questão de pouco mais de alguns segundos, até sentir o alívio lhe tomar sem quaisquer precedentes, soltando o gemido grosso que havia prendido na garganta.
Ele apertou a cintura dela como se tentasse manter a força e o equilíbrio do corpo, ouvindo a mulher soltar uma risada safada.
- Que homem gostoso do caralho! – ela jogou o tronco na cama rindo e ouviu a risada satisfeita do marido que havia desencaixado e baixado a postura pra lhe dar um beijo carinhoso no ombro.
- E é todo seu, todinho seu. – o sussurro apareceu junto a uma mordida carinhosa no ombro dela, vendo um sorriso imenso, contente e feliz surgir nos lábios da esposa que apoiava o rosto de lado nos braços. – Vou pro banho. – a risada baixa e espontânea só fez a enfermeira relaxar ainda mais o corpo, fechando os olhos pra sentir o momento de transe e satisfação, sorrindo grandemente ao sentir um selinho casto no fim da coluna, arrepiando toda a sua pele e um selinho apertado na nádega direita. – Gostosa!
Os dois riram e antes que pudesse voltar do banheiro, ela tinha adormecido serenamente na cama.

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Os dias estavam passando como o vento forte e ligeiro do outono. Leonor estava mais do que eufórica com a viagem que aconteceria dali a 24 horas, surtando e deixando quem estivesse perto em surto conjunto. A garota já tinha arrumado todas as malas, preparado tudo que queria e precisaria levar para ver o McFLY tocar em uma das turnês que mais trazia medo aos fãs, principalmente por parecer algo como uma despedida. Isso estava deixando a garota mais pilhada ainda, já não bastava a idade que trazia mais inseguranças do que a vida inteira, ainda tinha o sentimento de ansiedade para um dos dias que ela acreditava que iria ser um dos melhores da sua vida.
O quarto claro e mediano estava impecável como sempre, as paredes desenhadas pela própria garota davam um ar mais aconchegante ao cômodo. Os móveis brancos e mais modernos misturados as cores variadas da decoração deixavam o local ainda mais a cara da moça, lindo e prático! Os lápis de cor haviam ganhado uma estante especial na parede perto da escrivaninha, separados por cores em vários potes, cores essas que só Leonor e saberiam identificar, definir e conversar por horas sobre elas. E por fim, algumas fotos das pessoas mais importantes para ela, estampavam a maior parede do cômodo.
fechou a última mala da filha, após checar direitinho todos os pertences e mirou a mochila preta cheia de girassóis que tinha o nome da garota bordado no bolso da frente. A enfermeira conferiu novamente o interior da bolsa e acalmou o coração quando viu todos os documentos ali certinhos, depois faltaria apenas ajudar com a dele. Ela mordeu o canto da unha e fez uma careta ao se tocar que não tinha visto a bolsinha de peças íntimas de Leonor dentro da mala de viagem.
- Leo? Por que suas calcinhas e sutiãs não estão aqui? – a mulher alteou a voz para a garota que estava no banheiro, com certeza secando o cabelo para que os cachinhos leves ficassem definidos e ouviu a resposta bem logo.
- Eu coloquei na bolsinha amarela cheia de florzinha que você comprou pra mim. – procurou a tal bolsa e viu em cima da cômoda toda arrumadinha, faltava apenas pôr na mala.
- Achei! Já separou tudo direitinho, né? – ela sentou na cama pra esperar Leonor sair do banheiro e ter mais uma vez, a conversa sobre a menstruação estar mais perto de vir, principalmente com uma viagem daquelas bem na cara. Era possível que a primeira menstruação da garota descesse e não teria colhão pra falar um A sobre aquilo.
- Mãe, eu acho que meu corpo não é normal. – a garota falou com uma grande interrogação na cara, saindo mais apavorada ainda do banheiro e riu. – É sério! – Leonor esganiçou, ainda enrolada no roupão, que se dependesse dela, continuaria ali pro resto da vida.
- Por que, meu bem? – a mulher mordeu a boca prendendo a risada anterior. Aquele era o momento que ela virava mãe e não uma moleca. – O que tem de errado no seu corpinho lindo?
- Eu tenho um peito maior que o outro. – a adolescente arregalou os olhos, esganiçando a voz ao ponto de parecer um sussurro e apertou os braços por cima do roupão.
- Ai, meu amor. É normal! – também arregalou os olhos dela, apoiando as mãos na cama e projetando o corpo pra frente. – Eu também tenho um maior que o outro, só que é algo que só a gente percebe. Se ficar de pilha, o juízo enlouquece. – a enfermeira lançou um sorriso maternal pra filha e a garota fez uma cara nauseada.
A mãe dela ter um peito maior do que o outro? Nunca! Dona era dona do maior par de seios que a garota já tinha visto na vida e aparentemente eles não tinham nada de desiguais.
- Você não tem um maior do que o outro. – a menina sentou na cadeira giratória da mesinha e ainda se apertando dentro do roupão claro, olhou na direção do busto da mãe, desviando os olhos logo em seguida. – Eles são... Iguais.
- Leo, não são do mesmo tamanho. – a mulher riu baixo, de alguma forma encantada com a confusão da filha. – Eles só são um pouco... – olhou pro decote. – Grandes.
- Mãe, eles são enormes! – Leonor foi óbvia em suas conclusões, arregalando até um pouco os olhos na situação. Fazendo as duas gargalharem e destruir o clima “eu falo e você escuta” presente no quarto.
- Ok. – respirou fundo tentando controlar as risadas e passou a mão no rosto, ao cruzar as pernas. – Mas como eu te disse, só eu percebo a diferença de tamanho. É normal, é fisiológico. Só que a nossa cabeça fica pensando mil e uma coisas e procurando defeitos onde não existem. Não são apenas mudanças físicas nessa época da puberdade, o nosso psicológico também muda, beleza?
- Beleza, mãe. – a garota suspirou aliviada com a conversa, sentindo só ombros baixarem, ficando ainda meio encolhida na cadeira. Embora fosse muito grata em poder conversar, perguntar e falar sobre qualquer coisa com a mãe. Era maravilhoso saber que as duas também eram amigas, além de mãe e filha.
- Querida, e sua menarca*? – a enfermeira escorou um dos cotovelos no joelho, achando brecha no assunto pra se apropriar de como andava a puberdade da filha mais nova. – A menstruação já desceu?
- Não. – Leonor balançou a cabeça, dando um impacto jornalístico à resposta e as duas riram. – Mas eu acho que não vai demorar, eu ando sentindo umas coisas esquisitas. Dores, principalmente.
- Esquisitas como? – mordeu a boca, bem atenta a garota a sua frente. – E dor onde?
- Eu ando meio brava e me irritando por qualquer coisa, eu fui uma chata com o àquele dia. – a menina mordeu a boca bem triste com a própria postura. – E eu estava no colégio hoje e senti uma dor meio esquisita perto da lombar, mas aí a Ash disse que podia ser cólica. Ela disse que com ela era assim bem no começo, depois que mudou e ficou mais bem embaixo na barriga. Como você chama mesmo? – a pergunta saiu debochada pelos termos médicos que a mãe usava e a mulher abriu a boca em um O perfeito.
- Baixo ventre, pirralha! – um bicho de pelúcia voou e Leonor desviou, rindo alto com a indignação da mãe. – E sim, essas cólicas iniciais são bem difusas mesmo. Mas o nome desse sentimento demoníaco que faz a gente se embravecer com tudo é Tensão Pré-Menstrual, o que significa que sim, o fim está próximo. – fez a maior cara de morte, arrancando a melhor e mais espontânea gargalhada na filha. – Pode acontecer de os peitos incharem, ou a barriga, enjoo, dores e mais umas coisas bem desagradáveis, por causa da oscilação hormonal. Então você pode chorar por nada, matar um por nada, rir por tudo. Depende muito. – a mulher deu um sorriso trincado ao ver a cara transtornada da filha e soltou mais uma risada espontânea. – Você tá levando o absorvente pro colégio? Vai levar pra viagem? É como eu te disse, não dá pra prever quando vai descer, precisamos estar preparadas. Ok?
- Ok, tá tudo na bolsa, dona ! – Leonor bateu continência, fazendo a mãe sorrir largamente e mandar um beijo pra ela.
A garota respirou fundo e mordeu a boca, fazendo um desenho aleatório no joelho com a ponta do dedo, deixando confusa e preocupada. Se ela conhecia bem a filha, a moça queria dizer alguma coisa, ou até perguntar e ela ia esperar pela pergunta. Talvez fosse algum crush no colégio, alguém que ela gostava e estava querendo saber como prosseguir, como também poderia ser só mais um pedido pra que o irmão viajasse junto.
- Mãe? Lembra quando você disse que eu podia te contar tudo? – a pergunta saiu no tom completamente diferente, fazendo o coração de bater errado. Aquilo não tinha nada de problemas adolescentes, parecia algo bem maior.
A enfermeira engoliu a frustração, o medo do que estava por vir e mandou seu instinto materno calar a boca, aquilo não ia ser nada demais. No máximo Leonor estava com alguma dúvida sobre qualquer coisa que tivessem falado no colégio.
- Claro que eu lembro! – ela tentou não soar tão desesperada. – E você pode me contar tudo, sempre que quiser. Eu sou sua mãe, Leo, e acima de tudo, sua amiga. O que houve?
- Hoje nós ficamos sabendo que uma colega de sala está grávida... – a moça mordeu a boca e engoliu em seco, sabendo o quanto a garota iria ter que ralar e se virar dali pra frente. Ainda que os pais a apoiassem. – E a professora falou sobre gravidez na adolescência, tudo que você disse pra mim e pro aquele dia. Sobre como evitar e essas coisas. – Leonor amassou os dedos das mãos, assim como os lábios em uma linha fina.
- Sim, querida. – a mãe deu abertura pra que ela continuasse.
- E quando ela tocou no assunto de gravidez na adolescência...
- Automaticamente o assunto virou pra mim, eu sei. – a enfermeira riu baixo, sorrindo e mostrando que aquilo não tinha nada demais. Afinal, não era segredo pra ninguém que tinha sido mãe tão cedo.
- Também, só que aí ela disse que estudos apontam que filhos de pais, que foram pais na adolescência tendem a ser pais tão cedo quanto. – Leonor tentou explicar, achando que tinha ficado confuso quando viu a careta horrenda da mãe. – E aí ela me chamou depois da aula e me deu isso. – a garota levantou da cadeira da escrivaninha e puxou a mochila do colégio no chão, tirando três pacotes de preservativos de lá.
Leonor mordeu a boca e estendeu as camisinhas pra mãe, vendo as expressões de ficarem ainda mais intensas. Piores do que quando ficaram depois de ter descoberto toda a mentira que Eliot tinha contado sobre a tatuagem.
- Ela fez o quê, Leonor? – sentiu a fúria subir a sua cabeça e se instalar por lá, assim como a quentura que subia mais e mais no pescoço.
Como raios uma professora de ensino médio fazia uma merda daquela, só por supor que seria um risco Leonor ser filha de pais que haviam sido pais na adolescência? Onde infernos aquela mulher tinha se formado? Era muita audácia.
- Onde raios ela fez isso, Leonor? – a fúria na voz da mãe se externou sem qualquer suavização, deixando a mulher tão inquieta ao ponto de levantar da cama, ou enfartaria de ódio.
- Ela me chamou na enfermaria, conversou sobre tudo que você já tinha conversado e me deu. – a garota rolou os olhos, mostrando que aquilo tinha sido o cúmulo. – Sinceramente, eu quase xinguei ela por causa disso, não é como se você fosse deixar a gente sem saber de nada. Qual é?!
A Mrs. respirou fundo ao passar os dedos pelos cabelos e soltou um grunhido frustrado, assustando levemente a filha. Ela sabia, sabia que em algum momento, um dos dois iria sofrer com a merda do preconceito em relação a sua gravidez na adolescência. só não esperava que fosse daquela forma e ainda mais expondo Leonor dentro de sala de aula com aquele cacete de conversa torta.
- Eu vou resolver isso, Leonor. – as expressões divertidas na mulher tinham sumido completamente, quando ela pegou os três pacotes na mão da filha, ainda de forma delicada. – Eu vou resolver isso amanhã mesmo no colégio. Você sabe o que foi isso?
- Uma extrema falta de respeito. – a garota respondeu astuta como sempre. – E eu recorri a Mrs. Barbier e ela me disse que iria tomar as providências, também pediu desculpas pelo acontecido.
- Isso foi uma atitude preconceituosa, Leo. Extremamente preconceituosa. – a mulher bufou ao tentar controlar a raiva e descansou a mão no peito, olhando com ainda mais ira para os pacotes de camisinha. – Se vista, tudo bem? Eu vou chamar seu pai pra irmos comer em qualquer lugar. Avisa ao . – deu um sorriso fechado e beijou a testa da filha antes de sair do quarto.
As pisadas duras quase afundavam a madeira que revestia o piso do corredor de cima da grande casa, enquanto a mulher só sentia a raiva subir ainda mais a cabeça, o pescoço ficar quente e a vontade de matar um, se apossar fortemente do seu peito. Ela abriu a porta do próprio quarto como em um estampido e sem pensar muito, jogou os três pacotes de camisinha em cima do marido que praticava alguma melodia bem concentrado ao violão. fez uma careta gigante ao sentir o pacotinho leve, mas que logo se transformou em um sorriso safado ao se dar conta de que eram camisinhas.
- Vamos usar todas essas hoje, anjo? – o violão foi deixado de lado quando o homem decidiu brincar até entender porque estava tão puta da cara.
A mulher bufou sem paciência para as piadinhas e passou as mãos pelos cabelos, andando de um lado pro outro dentro do quarto. Ele riu baixo e pegou os pacotes em cima da cama, não entendendo muito que marca era aquela já que os dois nunca tinham usado.
- Que marca é essa? É nova?
- É isso que a professora da tua filha anda entregando a ela! – gritou ainda mais possessa por ter que repassar toda a conversa anterior na cabeça, ainda sacudindo as mãos pra não surtar de vez na frente do marido confuso.
- Anjo, já entregaram pro . – tentou soar meio óbvio, ainda que analisasse o pacote. – Só realmente não conheço a marca... Será que é boa?
- Eu não quero saber se essa merda é boa ou o caralho a quatro, . – ela soltou imensamente indignada com a postura dele. Será possível que não entendia a gravidade da situação? Prontamente ele levantou as mãos em rendição, mas ainda prendendo uma risada nos lábios. – Nem me vem com proposta de merda porque eu não vou transar com você usando isso! Eu estou puta demais! – a mulher suspirou ainda mais pesado pra começar o pior assunto dali. – E não, eles não entregaram ao usando do pressuposto ridículo de que os pais dele foram pais na adolescência. ELA CONSTRANGEU MINHA FILHA, !
O berro esganiçado fez o cantor arregalar os olhos no susto, colocando o violão de lado pra tentar entender, ou argumentar com aquilo.
- Quê? Calma, como assim a gente entrou na história? Me explica o que aconteceu, anjo.
- Acontece que essa professorinha de merda. – arregalou bem os olhos, baixando levemente a postura pra mostrar toda a sua raiva acumulada. – Foi falar com a turma sobre gravidez na adolescência, porque uma colega da Leonor tá grávida. Tudo bem, até aí ok, eles precisam ser francos com os alunos e tentar ao máximo prevenir qualquer prática arriscada. Mas como SEMPRE, a história cai pro nosso lado. – a mulher apontou para o próprio peito com os dois polegares. – Eu estou acostumada com isso já e nem me importo.
- Então por que você tá assim? – perguntou com um ar de riso. Por que ela ficava tão linda toda brava? – Ela disse algo com a Len?
- Ela veio com uma conversa que filhos de pais adolescentes tendem a ser pais durante a adolescência. Que era comprovado cientificamente. – o semblante de asco se fez presente na enfermeira. – VOCÊ ACHA QUE EU NÃO SEI DISSO? SÉRIO? EU? Ela disse tudo isso a Leonor e entregou preservativo a minha filha de 14 anos e apenas ela, em uma atitude bem preconceituosa sobre nós dois termos sido pais na adolescência! EU SOU ENFERMEIRA, . EU SEI MUITO BEM ESCLARECER E ORIENTAR MEUS FILHOS! – a mulher disse batendo no peito e se mostrando incrivelmente ofendida com aquilo.
- Eu sei, anjo! Você já até falou com eles sobre isso que eu sei. Calma! Você é incrível como mãe e ninguém pode negar. – o homem tentou apaziguar a situação, mesmo sabendo que seria complicado pelo nível de raiva da mulher. – Eu tenho certeza que não é o que eles acham, . – sorriu encantado.
- Mas foi o que ela fez!!!! Ela deu camisinha apenas a Leonor. APENAS A LEONOR! VOCÊ TEM NOÇÃO DISSO?
- Você é linda quando fica bravinha, sabia? Tão linda! – ele abriu um sorriso apaixonado, sabendo que o comentário iria deixá-la ainda mais irritada, mas posteriormente faria um bico imenso e pediria por colo.
- Como é, ? – a fúria se carregou em uma frase simples, deixando-a estrondosa.
- Nada. Prossiga, meu amor. – ele abriu um sorriso preguiçoso.
- Você tá deboche com a minha cara? – carregou um tom incrédulo.
- Claro que não, ! – a voz saiu firme e sincera, embora o homem mantivesse um sorriso apaixonado nos lábios.
- Então para de dizer que eu fico bonita quando estou puta! – ela bufou irritada, vendo-o passar um zíper imaginário na boca.
- Eu concordo com você que foi errado. Mas não adianta ficar assim! – ele esticou os braços e puxou-a de leve pela cintura, na intenção de conter tantos surtos.
- Foi preconceituoso! – o esganiço da enfermeira saiu bem ofendido, fazendo o marido rir e beijá-la de leve na barriga, onde havia uma brecha entre a camiseta e o cós do moletom. – Eu estou ofendida!
- Anjo, nós fomos pais na adolescência, o preconceito é algo que sempre vai estar presente. – ele deu mais um beijo casto na cintura dela, ouvindo a mulher suspirar.
- Ninguém pagou o leite deles, foi você. Então ninguém tem direito de ta enfiando o nariz na criação dos nossos filhos! Imagina se vira hobby daquelas cheerleaders, importunar a Leonor porque a mãe dela engravidou aos 17. – a metralhadora giratória, mais conhecida como , havia desatado a falar tudo de uma vez, desencadeando em a maior vontade de rir, contida pelos beijos que ele dava vagarosamente na barriga dela. – Ah, meu bem, eu me matriculo nesse colégio pra resolver isso! – ela bufou ainda irritada e ganhou mais um beijo divertido, que fez seu corpo inteiro arrepiar. – Eu estou com raiva! Você não entende? – a manha na mulher já estava vencendo toda a ira. – E eu não vou dar pra você!
piscou fingindo incredulidade com o afronte dela e levantou a cabeça, encarando bem a esposa que já tinha melhorado bastante do quesito raiva e ira.
- E eu só te faço carinho quando quero transar? – soltou meio indignado e finalmente ouviu a gargalhada mais espontânea da esposa, enquanto ela negava com um aceno de cabeça. – Então vem cá. – o homem abriu os braços pra ela, incentivando-a a sentar em seu colo.
- Por quê?
- Porque eu estou pedindo. Eu quero um abraço! – manteve os braços abertos e sentiu seu corpo ser esmagado por um abraço de urso, um daqueles que pedia por socorro e veio acompanhado por um punhado de lágrimas teimosas que desceram silenciosas nas bochechas de . – Hey, hey, anjo, não. – ele passou os polegares pelas bochechas dela, sabendo que aquilo era uma mistura de raiva, frustração e até medo. – Você tá assim por causa da Leonor ou por sua causa?
- Por causa dela, claro! – fungou ao controlar as lágrimas teimosas, ainda que sua voz estivesse chorosa.
- Certeza que foi por ela? – o homem suspirou, beijando a esposa na lateral da cabeça e em resposta, recebeu um aceno negativo.
- Não quero ser motivo para os meus filhos sofrerem essas coisas. – a mulher continuou com a palavra firme, mesmo que soubesse que nada daquilo estava relacionado apenas a Leonor. – Então eu estou assim por mim, não por ela. – um suspiro pesado fez seu marido lhe abraçar com força.
- Sabia! , presta atenção em mim, tá? – o cantor pediu ao segurar de leve o rosto dela com uma das mãos. – Os nossos filhos nos conhecem. Eles sabem a nossa história, tudo que aconteceu e como a gente passou por tudo da melhor maneira que conseguimos. A gente sempre foi tão aberto com eles, que eu acho que isso preparou os dois pra lidar com essas situações e você não vai ser o motivo de eles passarem por isso, são as pessoas que não entendem que não devem se meter na vida dos outros. Porque, infelizmente, não tem como blindar eles de qualquer coisa. E você sabe que, se tivesse como, eu faria isso. – um sorriso bonito escapou entre os lábios dele, fazendo-a suspirar em concordância.
- Eu sei que você faria de tudo pra blindar os meninos disso. – verbalizou e abraçou o marido com força, escondendo o rosto no pescoço dele. Ganhando um abraço tão maravilhoso quanto em troca.
- Você é incrível, não esquece disso. – o Mr. piscou ao tocar a ponta do nariz dela com uma delicadeza sem tamanho. – Como mulher, como profissional e especialmente como mãe, todo mundo que te conhece, sabe disso. E a Len tá seguindo o seu exemplo, por mais que seja duro e eu não queira admitir, a Leonor tá se tornando uma mulher incrível por seu exemplo. – abriu um sorriso orgulhoso e logo sentiu quando os lábios macios dela chocaram-se aos seus em um beijo carinhoso.
- Eu te amo, sabia? – ela sorriu contente, fazendo carinho no rosto dele com uma das mãos, à medida que analisava cada pintinha e ruga que havia aparecido por ali.
- Não mais do que eu te amo. – sorriu de forma semelhante, passando o polegar pela bochecha avermelhada da esposa. – Demais! - ele umedeceu os lábios, beijando-a mais uma vez com a maior ternura que poderia existir entre os dois.
- A gente deveria ir comer em algum lugar. – a enfermeira disse ainda de olhos fechados, mordendo os próprios lábios pela sensação gostosa que os lábios dele tinham deixado nos seus e sentindo enfiar o rosto em seu pescoço pra abafar uma gargalhada espontânea e gostosa pelo pedido.

-x-x-x-

Após três horas de uma das viagens mais divertidas e instantâneas que aquela família já tinha feito, os quatro haviam chegado em um simpático restaurante situado na saída de Trois-Rivières e que havia trabalhado durante bons tempos na adolescência e antes que a banda fosse um sucesso mundial. O design do lugar era inspirado nos maiores restaurantes dos anos 80, com um grande balcão varando a entrada da cozinha, algumas mesinhas quadradas espalhadas pelo salão e várias cabines acopladas na parede. Leonor com certeza diria que aquele lugar era o próprio Pop’s, afinal, se uma parte de Riverdale tinha sido gravada no Canadá, o Rob’s poderia realmente ser o Pop’s.
Eles estavam divididos por bancos, e abraçados como velhos namorados em um dos lados da cabine, enquanto os filhos estavam do outro, entretidos mexendo no celular do pai enquanto o poutini esfriava em cima da mesa. O som que rodava no ambiente era uns dos mais atuais, Ed Sheeran era uma escolha e tanto para acalmar os corações ali e à medida que cantarolava a letra de Thinking out loud, apreciava a voz doce da esposa, de olhos fechados.
- Eu adoro esse lugar! – ela interrompeu a própria cantoria, olhando pra tudo a sua volta.
- Só faltava você vir toda com roupa de bolinha! – Eliot zoou a mãe na maior cara de pau, ouvindo as gargalhadas escandalosas da irmã ressoar dentro da lanchonete que estava quase fechada. O homem arregalou os olhos ao imaginar a esposa praticamente como uma garçonete e ao tentar prender a risada, engasgou com o refrigerante, sentindo a ardência que ele causava ao sair espirrando pelas narinas.
- Sem morrer! – gritou rindo na mesma intensidade e deu um tapa nas costas do cantor, mas logo se afastou por nojo de todo a coca saindo pelo nariz.
- Tá escorrendo pelo nariz! – Leonor gritou enquanto mirava a câmera do celular, com certeza a pequena demônia estava filmando aquilo para alguma rede social.
- Vem cá! Me beija! – pediu a ao se recuperar do engasgo, jogando a postura toda pra cima dela, vendo a careta de nojo da mulher se engrandecer.
- Sai daqui! – ela riu alto mais uma vez. – Os meninos estão vendo! – a enfermeira apontou na intenção de que ele parasse com aquilo.
- A gente tá filmando! – filho riu ao se apoiar do lado da irmã, capturando melhor a tela do celular com os olhos.
- Está tudo no seu Instagram! – Leonor completou a frase com um sorriso malvado, enquanto o pai ainda tentava beijar , sendo frustrado pela cara de nojo da mulher. Era óbvio que ela não ia beijar ele todo melecado daquele jeito, sem chance!
- Leonor! – tentou ralhar, mas saiu esganiçado demais ao passo que olhava pra seu celular, sentindo o rosto ser puxado com delicadeza pela esposa.
- Eles tão filmando, deixa eu te limpar! – ela sorriu com ternura, usando um dos lenços de papel, para limpar o nariz dele. Seu marido parecia uma criança de, no máximo, cinco anos quando o assunto era brincar com os filhos.
- Me beeeeeeeeeija! – gritou mais uma vez, agarrando a mulher de uma vez só pra fazer pirraça e ouviu o grito exagerado dela no susto. Ele estava ficando doido? NÃO SE AGARRAVA NINGUÉM DAQUELE JEITO NA FRENTE DOS FILHOS!
- SAI, CAPETA! – ela gritou de volta rindo e ouviu as gargalhadas serem geral na mesa em que estavam, ainda que desse graças a Deus pelo casal de filhos terem largado o celular. O homem sorriu com a gentileza da esposa e a beijou carinhosamente, apenas um selinho nos lábios pra não perder o costume, mas em troca, ouviu reclamações de nojo por parte dos seus dois adolescentes zoeiros.
- EW!
- Calados! – a mulher reclamou e enfiou uma garfada gigante de poutini na boca, parecendo uma criança pequena.
- Vocês acreditam em cegonha, por acaso? – o cantor rolou os olhos em um tédio mais do que fingido, vendo os filhos cara de pau darem de ombros.
- Eu preferia acreditar! – Eliot soltou um berro estridente dentro do pequeno restaurante, fazendo os pais e a irmã rirem tão alto quanto. – Que ela errou o endereço e foi parar na casa da vovó!
- É... Não foi bem assim. – pai deu uma grande mordida no sanduíche, enchendo a boca pra dar aquele assunto por encerrado, ou seriam horas de zoação!
- Mudando de assunto! – instigou rindo e apontou pra sua garotinha que estava tão crescida ao ponto de receber camisinhas no colégio. – Vamos comer e falar da Inglaterra!
- Sem chance do ir junto? – a mocinha voltou a insistir contra o castigo do irmão, fazendo um dos seus maiores bicos pidões. Ela era mesmo filha de , não tinha condições!
- Próxima pergunta! – o Mr. riu.
- Sem chance, Leo! Mas me diz o que você vai falar pro McFLY! – Eliot concordou com o castigo merecido e escorou o cotovelo na mesa, vendo a irmã mais nova brilhar como uma estrela.
- Na verdade, ainda não. Eu estou meio nervosa porque é tanta coisa ao mesmo tempo, acho que o inglês vai fugir e eu vou me embolar toda! – a menina soltou uma risada meio nervosa só de pensar na vergonha grande e ouviu os pais rirem um tanto encantados com ela. Óbvio que presenciava aquele tipo de confusão de idiomas de forma frequente, mas era tão novo estar por trás dos bastidores.
- Provavelmente você vai paralisar quando ver o Danny, ou é Dougie? – abriu um sorriso animado e compreensivo, vendo a filha rir meio nervosa. – É sempre assim, mas eles são sempre uns amores com os fãs. Qualquer banda que se preze, vai tratar os fãs com respeito! – a mulher piscou em uma tentativa de conforto.
- Danny! – a garota confirmou quem era seu fave na banda.
- Somos mesmo! – o vocalista do Simple Plan piscou para a esposa como se ela direcionasse a frase apenas a ele.
- Eu falo dos ingleses! – a enfermeira piscou de forma afrontosa, ouvindo os três rirem divertidos. – Vai ser lindo, Leo. Você vai ver! – a mulher lançou um sorriso orgulhoso pra ela, beijando a bochecha do marido em seguida. – Uma foto? – fez um bico de súplica.
- Vocês ouviram a mama. – o mais velho avisou as suas crias, vendo-os se juntarem nos bancos. Ele abraçou a esposa pelos ombros como se os dois não passassem de dois namorados e os quatro fizeram caretas engraçadas para o momento registrado por Eliot.



Chapter Thirteen

London, England. 10 am.

A garota sentia o coração quase sair pela boca sempre que pensava que em alguns minutos, talvez uma hora, estaria conhecendo seus maiores ídolos e não podia aguentar o tanto que seu coração batia rápido, as mãos suavam e o estômago embrulhava só em pensar em comida, mesmo sabendo que seu pai tentaria enfiar meio restaurante goela abaixo. Seu e seus exageros. Ela respirou fundo ao olhar no espelho a camiseta que gritava a banda e, por segundos, se perguntou se algum dia sentiria aquilo tudo por um garoto, embora ansiasse que não, já que o McFLY tinha alcançado níveis altíssimos em sua vida.
Será que as garotas também ficavam daquele jeito para ver o pai dela? Leonor fez uma careta só de imaginar que sim, sabendo que não gostava muito daquilo, principalmente porque a única que deveria morrer de amores por seu pai, era a sua mãe.
- Len? - o chamado do pai a fez acordar dos devaneios. - Já acabou, querida? Nós precisamos descer para comer, avisar a sua mãe que chegamos bem e andar um pouco por aí! - o homem declarou o motivo de estar tão apressado, ouvindo a garota rir baixo.
- Já terminei sim! - ela respirou fundo. - Estava só arrumando o cabelo. - Leonor sacudiu os cachos abertos e abriu a porta do banheiro com o maior sorriso trincado que conseguia. – Pai, a gente vai comprar a tinta em gel, né? Deixa, deixa, deixa!
- Tinta em gel, Len? - o homem soltou uma risada alta ao pegar a carteira na mesinha. - Você já não tem tanta coisa lá em casa? Sua mãe me disse que sua última mesada foi toda na papelaria.
- Para o cabelo! - a garota esganiçou com os grandes olhos claros arregalados, vendo o pai quase engasgar com aquela história de pintar o cabelo.
- Pintar o cabelo? O quê? - sentiu a nuca suar só em pensar na possibilidade. Leonor estava doida, só poderia.
Ela era nova demais para fazer certas merdas na aparência das quais iria se arrepender depois, embora a garota o olhasse com maior expressão de obviedade possível em uma adolescente. Onde já se viu? Pintar o cabelo com alguém que não fosse da confiança de sua mãe era a mais pura tolice.
- Dad, sai com água. - ela piscou os olhos meio incrédula com a cara de pânico de . - É só para eu fazer mechas nos cabelos. Sabe… a música... 5 colours. Da garota que tinha cinco cores no cabelo e depois raspou tudo. - Leonor arregalou de leve os olhos querendo mostrar que a intenção era apenas figurar algo importante para ela e a banda, assim como várias garotas faziam pelo Simple Plan, permitindo que o homem suspirasse aliviado. – Referências... Você sabe! As pessoas também fazem isso quando vão ver o Simple Plan, pedem até que vocês escrevam alguma coisa para elas tatuarem.
- Eu sei, Len. Eu sei! - suspirou se dando por vencido e até um pouco derrotado com o pedido. Ele sabia que não tinha nada demais em a filha se apegar a uma banda, mesmo que não fosse a dele. - Vem, vamos comer e depois a gente vai comprar sua tinta! - o homem sorriu estendendo a mão para adolescente de quase 15 anos e viu sua garotinha se agitar em animação, o abraçando com força pela cintura.
Aquele sim era o melhor sentimento que poderia esperar, ver sua filha animada, eufórica e emocionada em poder ir a um show que tanto queria. Era como estar do outro lado de toda aquela loucura que movia a sua vida, ele não era mais o foco dali, agora ele era o pai que precisaria aprender a conter as próprias emoções e instintos protetores para com a mocinha que estava mais independente do que ele queria acreditar que estaria. beijou a cabeça de Leonor e abraçados os dois saíram do quarto, enquanto a menina já levava várias sacolas com presentes para os seus ídolos.
Para Leonor era a realização do seu maior sonho atual, ela nem poderia acreditar que tinha mesmo conseguido a oportunidade de ir a um show do McFLY depois de tanto tempo com a banda parada e em projetos paralelos. Tudo bem que eles não trariam músicas novas, mas só em poder ouvir todos os álbuns ao vivo, a fazia ficar mais viva do que nunca. Era a ansiedade gostosa de saber que iria poder cantar suas músicas preferidas junto com os caras que tinham escrito e se ela desse sorte, talvez conseguisse até uma foto. Sem depender do pai, óbvio! Aquele era o dia em que ela iria ser fangirl e não queria qualquer privilégio que a fizesse parecer diferente dos fãs que estavam ali do mesmo jeito que ela. Por mais que metade do mundo conhecesse seu pai, ela sabia que ele não ia atrapalhar seu momento de ser uma adolescente normal conhecendo várias pessoas, que também gostavam das mesmas coisas que ela. Mesmo sabendo que o Mr. não ia ser fácil no início, mas nada que sua mãe não resolvesse.
O restaurante do hotel servia várias coisas incrivelmente diferentes para o café da manhã, tudo que a garota já tinha pesquisado e posto em seu itinerário de viagem mais completo do mundo. O caderninho vermelho escuro estava sempre com Leonor, mostrando que ela iria aproveitar aqueles quatro dias o máximo que pudesse, principalmente com os shows que estavam por vir.
- O que você vai querer, princesa? - perguntou enquanto olhava o cardápio e percebeu a garota inquieta para acomodar tudo perto. - Quer ajuda?
- Não, não! Deu certo aqui! - a mocinha sorriu e puxou a cadeira, sentando em seguida. - E eu quero um tradicional english breakfast. - ela carregou no sotaque, fazendo o pai babão rir alto.
- Tem certeza, Len? Você já viu o tamanho do café inglês e o que vem nele? - o homem duvidou como se a garota fosse apenas uma criança movida pelo impulso.
- Claro que eu tenho certeza, pai. - ela soltou uma risada anasalada. - Eu sei bem o que vem no pedido, feijão, ovo, torradas, linguiça e mais uma porção de coisas incomuns. Só que eu quero viver a visita em Londres até o último minuto, quero fazer tudo que eu já tive vontade e pesquisei. - a garota abriu um sorriso bonito, mostrando ao pai que ela tinha completa convicção do que queria.
- Sendo assim, eu vou te acompanhar! - o homem largou o cardápio, sorrindo orgulhoso para sua menina que nem era mais uma menina, vendo que a garçonete se aproximava para registrar os pedidos.
- Bom dia! Quais serão os pedidos? - o sotaque inglês característico ressoou da boca da loira, fazendo Leonor sorrir imensamente animada por entender cada palavrinha que a mulher tinha perguntado. A moça tomou fôlego para responder e o pai, ao ver aquilo, deixou que ela tomasse as rédeas da situação.
- Two english breakfast, please! - a moça sorriu ao perceber que não tinha sido tão complicado sair da sua zona de conforto.
Diferentemente do que todos pensavam, a família não era muito adepta a usar o idioma inglês quando estavam em casa, principalmente quando a língua mãe de sua província Natal era o francês, deixando-os imersos no idioma. E justamente por isso, Leonor e o irmão não utilizavam tanto o idioma inglês, deixando a moça um pouco nervosa quando precisava colocá-lo em prática.
A garçonete afirmou com um sorriso e logo se aproximou do balcão.
- E esse inglês? - a pergunta de pai veio divertida e orgulhosa ao mesmo tempo, fazendo a moça inflar o peito.
- Tenho várias cartas na manga, papai! - Leonor riu e piscou, ganhando um beijo apertado na mão. - Só tenho medo de ele travar se eu conseguir ver os meninos! - ela arregalou de leve os olhos, pronta para exteriorizar toda a sua ansiedade acumulada. - Eu não quero passar vergonha e travar, sabe? Sem falar que as vezes nem eu entendo quando eu começo falar rápido!
O homem soltou uma risada divertida, vendo uma fangirl nervosa no lugar da filha. Quando sua menininha tinha crescido tanto? Quando ela tinha começado a se apegar tanto a pessoas com a vida pública igual a sua?
- Não ri de mim! – a garota arregalou ainda mais os olhos. – É isso que você faz com as suas fãs?
- Claro que não, Len! – riu ainda um pouco esganiçado. – A gente tenta consolar, ou não dá para entender nada!
- Pois então! – ela sacudiu a cabeça da forma mais óbvia. – Me apoie! Eu estou nervosa, porque eu não sei exatamente se vou conseguir encontrar os quatro fora do O2 Forum Kentish Town, já que eles moram nos arredores daqui e provavelmente só vão direto para o local do show. – Leonor mordeu a boca até meio frustrada com as informações que não estavam lhe dando muita esperança. – Eu preciso entregar os presentes!
- Você trouxe presentes? – a expressão do pai estava mais para um quase queixo no chão, principalmente ao ver o balançado de cabeça óbvio da filha.
- Claro que sim, papa. Na verdade, eu fiz! Fiz quatro desenhos sobre os quatro e eu espero muito que eles gostem, porque definitivamente, foi o meu melhor trabalho nesses anos desenhando. Então, eu estou bem ansiosa para conhecê-los, falar tudo que eu tenho para falar e tirar várias fotos. Meu Deus! Imagina se eu também consigo ver os filhinhos deles? Pai, eu vou surtar! Uma moça brasileira estava hospedada em Glasgow e ficou no mesmo hotel que eles, conseguiu conversar bastante e ainda brincou um pouco com a Lola!
- Leonor, calma! – o homem arregalou os olhos com a metralhadora giratória que a filha tinha virado, atropelando todas as palavras em francês. Os dois riram. – Vamos por partes! – ele levantou as mãos em rendição, ainda que a ponta de ciúmes ficasse ainda maior com toda aquela atenção que a menina dava aos ídolos. Não fazia mal se ela pagasse pau pro Simple Plan, fazia? – Primeiro, eu posso ver os tais presentes? – a voz de se carregou em ciúmes, por mais que ele quisesse disfarçar.
- Não! – ela suspirou e sorriu ao ver a garçonete se aproximar com a bandeja, soltando um sonoro “merci beaucoup” ao ter o prato colocado em sua frente. arqueou de leve a sobrancelha e a garota impactou um pouco na expressão. – Desculpa, obrigada! – Leonor riu com a confusão de idiomas, arrancando um sorriso divertido da moça que servia. agradeceu com um sorriso fechado e logo foi deixado a sós novamente com a filha.
- Por que eu não posso ver? – o assunto se voltou novamente ao McFLY.
- Porque tá tudo embrulhado e eu quero que os quatro abram. – Leonor falou meio despercebida, sem saber que tinha quase enfiado uma adaga no peito do pai. – Nossa o cheiro está incrível, preciso postar nos stories! – o gritinho dela fez o homem rir e também pegar o celular, desencadeando no mais velho o mesmo reflexo, mas de fotografá-la e espalhar em suas redes sociais. – Você tirou foto minha? – o gritinho veio acompanhado de uma risada.
- Minha menininha estava tão entretida que não resisti! – o Mr. disse rindo e mostrando a foto. – Posso postar? – o respeito se fez presente com uma pergunta tão simples, mas que significava muito dentro daquela família.
- Pode sim! – a moça sorriu agitada e logo começou a comer, ouvindo as recomendações do pai sobre não colocar os filhos de Tom e Harry no colo, ou tirar foto com as crianças, ou brincar como se elas fossem o Alex, sem pedir permissão antes. Ele entendia bem a proteção e o respeito que o rondava quando se colocava em jogo os fãs e a família, não querendo que Leonor ultrapassasse qualquer limite daqueles.

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Montreal, Canadá. 1 pm.

entrou no corredor vazio do Green Park High School, pisando firme a cada passada e pronta para tirar toda aquela história que havia constrangido Leonor a limpo. Desde o dia anterior, a mulher tinha marcado uma hora com os tais professores de biologia, ansiando profundamente que a tal professorinha não fosse com aquela história preconceituosa para cima dela, pois ela seria colocada no seu lugar. De onde já se viu? Um educador tinha o papel de orientar seus alunos, não segregá-los pela configuração familiar.
Ela suspirou um pouco frustrada com aquela bagunça toda e educadamente bateu na porta da sala dos professores, sendo recepcionada por um homem simpático que não parecia ser mais velho do que ela.
- Bom dia, eu sou a mãe de e Leonor e gostaria de falar com a Srtª. Tatuine. - a estomaterapeuta se apresentou calmamente.
- Bom dia, Mrs. . Eu me chamo Peter Benoit e também sou professor de biologia dos seus filhos. - ele se apresentou com um sorriso de conforto, convidando-a para entrar na sala e assim, tentar conversar com mais calma sobre o acontecido. - Sente, por favor.
O homem mostrou o sofá escuro da pequena sala. sorriu agradecida e fez o que ele pedia, ainda que soubesse que ela não daria uma palavra com a professora, principalmente quando o colégio queria preservar ao máximo os ânimos e com certeza, já tinha advertido da melhor forma.
- Aceita um café? - a pergunta veio educada, fazendo-a afirmar com um aceno.
- Obrigada! - a mulher sorriu mais calma, até, agradecendo pelo pouco de conforto que seria transmitido no café.
Peter sorriu e sentou no outro sofá, lateral ao que ela estava sentada, pronto para conversar sobre o ocorrido e pedir as mais sinceras desculpas, já que ele era coordenador da matéria de Biologia e consequentemente, respondia por todos os professores que lecionassem os conteúdos pertinentes.

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fez uma leve careta pelo sol fechado que rondava a cidade naquele belo dia frio e respirou fundo, sentindo sua vida valer mais um pouco a pena só por estar livre de carros aquele dia. Tinha resolvido de vez o problema sobre as camisinhas, em que o Mr. Benoit havia prometido nao acontecer mais de forma segregada, ainda convidando-a para conversar sobre com os alunos. Se era enfermeira, iria dar um show de conhecimento com as turmas do High school.
Além de ter conseguido sequestrar o filho das aulas de meio dia para almoçar com ela, fazia tempo que a mulher não tinha tido um tempo como aquele para conversar sobre qualquer coisa e tentar puxar algumas informações sobre a vida do Eliot. Não que ele fosse fechado com a mãe, mas o fato de ser um rapaz, lhe deixava meio constrangido com certos assuntos, o que era completamente diferente quando Leonor entrava em cena, a moça era extremamente aberta e conseguia envergonhar até o babão do pai.
Ela suspirou contente ao balançar a pequena bolsa na mão, decidiu mandar uma mensagem para .
: preciso comprar um sofá novo. Me ajuda?
Mrs. : Claro que ajudo! Mas o que diabos vocês fizeram com o sofá, ?
: Os meninos pularam em cima da gente! Credo, !
Mrs. : Não sei se acredito nessa mentira, mas posso tentar! Me manda sua localização que chego em alguns minutos!
riu com o afronte em forma de mensagem e após mandar alguns emojis com beijinhos, enviou a localização para a irmã, sabendo que as duas teriam um bom pedaço da tarde para jogar conversa fora e fazer algumas compras até que a enfermeira precisasse ir fazer uma visita domiciliar a um paciente colostomizado. Ela mordeu levemente a boca e ao perceber que o fuso horário na Inglaterra era de uma diferença de cinco horas, decidiu ligar para o marido na intenção de saber como estavam sendo as experiências de Leonor, além das milhões de fotos que já tinha recebido aquele dia.
- Boa tarde, fanboy! – a voz zoeira da enfermeira ressoou até animada ao ouvir a respiração do marido e logo uma gargalhada estrondosa.
- Oi, anjo! – a voz empolgada a vez sorrir como boba no meio das ruas geladas de Montreal, enquanto o baque seco do salto da bota ressoava junto aos sons dos carros.
- E aí? Como estão? Já comeram? – ela disparou as perguntas mais maternais, ouvindo o marido rir largamente. – Já estou morrendo de saudade!
- OLHA A MAMÃE DEDICADA! – o gritinho esganiçado de a fez rir abertamente, enquanto se acomodava perto de um dos pontos de fogueira protegida da cidade. Se ela ia ficar de papo no telefone, que fosse ao menos perto de um ponto quente. – E nós chegamos bem, mas era madrugada aí e não quis te acordar. – o homem soltou uma risada breve. – No mais, deu tudo certo, Len dormiu a viagem toda, então nós largamos as coisas todas no hotel, comemos um famoso café inglês e agora estamos na O2 Forum.
soltou uma risada divertida com a menção do café inglês, só em lembrar o quanto Leonor estava ansiosa para curtir tudo aquilo, lhe dando uma certa invejinha branca de não poder estar compartilhando daquele momento com o marido.
- Eu acabei de almoçar com o ! Sequestrei ele da aula e fomos ao Fritatta. Talvez você encontre fotos minhas com um rapaz bonito por aí! – brincou, ainda que um sorriso de saudade brincasse em seus lábios.
- É só eu dar um passo e já tem desocupado em cima? – a voz fracamente embravecida de a fez rir alto, sabendo que ele tinha entrado gloriosamente na brincadeira.
- Ele parece com você! Não resisti! - fez um bico fingido, ouvindo o marido bufar. - Mas espera! VOCÊS JÁ ENTRARAM? Por que você não me mandou foto da Leo conhecendo os meninos? Eu te pedi isso, pedi que você filmasse! - a mulher soltou bem frustrada com o que tinha entendido.
- Ela ainda não conheceu! – o homem soltou um esganiço desafinado para tentar parar o desespero de . – A gente tá atrás da O2 Forum Kentish Town, do lado de fora, esperando...
- Quem te viu, quem te vê, ! – a mulher soltou uma risada encantadinha por o marido estar no lugar de muitos pais que já haviam passado por aquilo pelos filhos. – Me conta! Como ela está? Nervosa? Ansiosa? Já fez amizades? Não ficaram no seu pé, né? Me diz que minha filha ainda é uma anônima!
- Sua filha é uma anônima surtada. soltou um suspiro meio enciumado com aquele surto todo. –É sério, amor, essa menina vai ter uma síncope até o fim da viagem! Capaz de pedir que eu poste tudo no Instagram!
- E você vai! Quero muitos stories, eu vi o de vocês comendo e ela pintando o cabelo no meio da rua. – a mulher soltou um gritinho, mostrando o quão a filha parecia com ela na loucura de fangirl. – Ela estava mega ansiosa para fazer referência a música e eu achei genial a pintura no cabelo, espero que eles também liguem a isso e não frustrem minha filha. – a careta dos dois foi quase sincronizada em pensar que sim, aquilo poderia acontecer.
- Eu mato, se fizerem isso. – a frase do papai protetor atingiu a mulher da forma mais engraçada, fazendo-a gargalhar com aquela história. Jura mesmo que o cantor relapso iria virar um papai protetor e ciumento? lhe matava de rir.
- Bem menos! Maior parte do tempo, você não é um pai protetor, você é o vocalista desligado. Cadê ela? – o riso frouxo surgiu junto ao grunhido de reclamação dele.
- É... Ela tá conversando com um grupo de Galaxy Defenders, é isso? – a risada veio divertida sobre o nome do fandom, ouvindo a esposa afirmar. – Já fez umas dez amizades, marcaram de sair amanhã de manhã e ir ao Madame Tussauds e ainda descobriu que parte do grupo tá hospedado no hotel que estamos. declarou exatamente animado pela facilidade de comunicação da filha, ouvindo um gritinho orgulhoso do outro lado da linha.
- O que é ótimo. Me deixa imensamente feliz! Mas o boné te escondeu bem? – o questionamento arrancou mais uma baforada desgostosa de ar e se conhecia bem o marido, sabia que ele estava extremamente desgostoso por uma possível e mais do que provável, falta de atenção para com ele. Embora ela estivesse ainda mais feliz e encantada com o fato de Leonor estar se misturando como uma adolescente normal e anônima.
- Escondeu, escondeu. Ninguém tá nem aí para mim. Literalmente ninguém!
Ai, meu Deus, ele estava com ciúme??
- Você não é um McGuy, ! – ela tentou manter a voz normal, mesmo querendo rir com a cena que ele fazia. – E se serve de consolo, eu estou totalmente aí para você, vocalista pulador!
- Mas eu sou um SPGuy! – a frase em tom de ofensa a fez soltar a gargalhada que estava presa, tendo a mais plena certeza que estava rolando os olhos mais que tudo do outro lado da linha. – E você é minha mulher, é obrigação sua surtar por mim!
- Claro que não! Eu posso ser fangirl de quem eu quiser! – outro resmungo de desgosto foi ouvindo ao fim da frase. – Amor? – perguntou enquanto prendia uma gargalhada com a provável cara de bunda que ele estava.
- Hm?
- Você tá com ciúme?
- Eu? Não, claro que não!
O tom defensivo demais a fez rir ainda mais alto, tirando suas próprias conclusões que sim! Ele estava mortinho de ciúme.
- Você tá se mordendo de ciúme. Você tá com ciúme porque a Leo só fala do McFLY!
- Isso é desnecessário, ! – ele tentou contornar a situação e manter o porte de homem sério, mesmo sabendo que estava tudo perdido naquela vida.
- O seu ciúme? Concordo! – ela se manifestou lindamente com o deboche. – Ela te mostrou os presentes?
- Ela só me disse que fez uns presentes, mas não posso ver. Tem cabimento isso? Ela nunca reagiu assim pela gente, anjo. Ela tem presentes. Presentes secretos! suspirou. – Que eu estou segurando, inclusive, porque ela jogou em minhas mãos e não pediu de volta.
- Tá embrulhado! Ela quer que eles abram os presentes, é uma emoção muito gostosa de vivenciar. Você abre vários presentes, ganha abraços e beijos! – o tom usado pela enfermeira foi de completa obviedade, enquanto ela se aproximava ainda mais da fogueira protegida no centro de Montreal.
- Não da Len! – o esganiço a fez rir ainda mais.
- Porque ela é sua filha! – soou até meio indignada com aquela conversa. só poderia estar muito chapado para estar tão carente de atenção. – Ela te dá presente em datas comemorativas. Não dá para ela ser fangirl do pai, é completamente sem cabimento. Ela tem um crush imenso no McFLY, seria imensamente esquisito se fosse com vocês! – a mulher decidiu ser dura e cortar logo aquela manha pela raiz, antes que atrapalhasse o show da menina. – Você é o pai dela, não é o cara que ela prega pôsteres na parede e sonha em conhecer!
- Um tiro doeria menos, ! – a voz do homem voltou a ficar firme e ela sorriu vitoriosa em conseguir o efeito desejado. A enfermeira conhecia o marido bem demais para saber quando ele precisava de uma prensa, e aquela era uma delas.
- Amor, ela não tem mais quatro anos! Você ainda é o herói dela, o ídolo. Só que de um jeito diferente! – o homem bufou com o que havia escutado e sabia exatamente onde ela queria chegar.
Por que raios, precisava ser tão realista com ele? Dar-lhe uma tapa na cara era bem mais fácil do que precisar ouvir que sua menininha estava crescendo e nutria sentimentos por outras bandas. O mundo era cruel e àquele ponto, até sua mulher estava sendo!
- Você lembra do Timberlake?
A pequena pergunta fez o homem soltar um grunhido indignado com aquela história. De novo, diga-se de passagem. não já tinha superado a tal boyband? E o pior, quando ele decidiu pintar o cabelo igual ao do tal Timberlake, ganhou um “ridículo” na cara. Sério mesmo que ela ia entrar no assunto?
- Ah não! Me recuso a comparar os dois, , me recuso!
- O primeiro crush a gente nunca esquece! – ela só poderia estar de brincadeira com aquela sacanagem. – É isso, ela tem uma queda pelo Danny. E veja pelo lado bom, ao menos ele é bonito pra caramba.
- Você paga pau para mim, shiu! – os dois riram alto com o afronte.
- Pago uma serraria inteira, mas temos que admitir que o cara é bonito e o crush da sua filha!
não estava vendo, mas tinha certeza que um sorriso superior dançava nos lábios da esposa. Afinal, ela perdia o marido, mas não perdia a piada. Mulher zoeira era foda.
- Ele não é o crush dela! – o esganiço que o homem soltou saiu até desafinado com aquela droga de história. – Leonor é uma criança para ter crush em um marmanjo, !
- Você é um marmanjo que alimenta crushs de várias crianças, !
- Por que eu nunca ganho uma discussão com você? – a pergunta veio exausta, embora mostrasse que sim, ele concordava com ela que estava na hora de controlar tanto ciúme sem sentido ou iria estragar a viagem da filha. E a última coisa que ele queria, era acabar com aquele encanto que já tinha visto inúmeras vezes nos olhos de outras garotas, mas nunca nos da filha.
- Porque eu sou sua mulher! – a resposta veio astuta, o fazendo rir espontaneamente. – Já decidiram onde ficar na hora do show? – ela perguntou controlando a risada e finalmente ouviu um suspiro feliz.
- Na grade, ao menos isso tá dando certo! – ele disse contente.
- Graças a Deus! – a mulher suspirou aliviada, mas tomando fôlego para dar certas instruções a ele. – Não prende ela, não prende! Solta a Leo, é o primeiro show grande da vida dela que não é o pai quem está cantando, ela precisa de espaço, porque ela vai chorar e não é pouco! Ela vai gritar, vai chorar e vai ser uma garota surtando por quatro carinhas. Por favor, não infarta! – o grunhido de dor veio como resposta. – Yeeey, papai entendeu o que é ser pai de uma fangirl! Você vai pedir foto com os meninos do McFLY, né?
- Já não basta a Len? – o homem soltou uma risada com a empolgação dela, sabendo que a diplomacia não ficaria de lado. Afinal, era sempre muito bom encontrar outras bandas, ouvir outros estilos, músicas e viver a emoção de um show diferente dos seus, aquilo inspirava a níveis altíssimos. – Ela vai ter dezenas!
- Não, porque a gente gosta da diplomacia. – foi curta e grossa, fantasiando uma possível foto do marido com a banda. – Cinco homens lindos quebrando o Instagram! Vai ser icônico!
- Se a nossa filha largá-los, eu viro diplomata! riu da imaginação da esposa, ao mesmo tempo em que via uma enorme van estacionar em frente a porta e se ele lembrava bem, ali dentro estariam os astros da noite. – Anjo? Eu preciso ir, eles chegaram!
- Ai, meu Deus! Filma tudo, tudinho e me manda! Manda um beijo para Leo! Amo vocês!
- Quando ela parar de gritar, eu mando o beijo! – os dois riram alto, à medida que já acompanhava a movimentação de Leonor com os olhos, prestes a desligar o telefone e não perder a filha de vista. – Amo vocês também, manda um beijo para minha cópia! – os dois finalizaram a conversa com barulho de beijo e rapidamente, enfiou o telefone no bolso traseiro da calça.
O homem correu rapidamente para onde a filha estava com o grupo dos amigos recém-feitos e sem demora, entregou as sacolas a Leonor. A última coisa que ele queria era interromper o momento da filha e ainda nessa perspectiva, se afastou um pouco de onde ela estava, assim que os caras do McFLY começavam a se aproximar para falar com o grupo de fãs e começar com a interação que causava gritinhos, abraços e gargalhadas.
Leonor sentiu as pernas cederem ainda mais e o estômago afundar ao ver que Harry Judd sorria tão lindamente para o grupinho que estava ali ao seu lado, enquanto os outros três se revezavam em cumprimentar todo mundo com alguns sorrisos mais tímidos. As vozes de Tom e Dougie se misturavam em sua cabeça, à medida que o guitarrista e o baixista respondiam a inúmeras perguntas feitas de forma mais solta e até mais amigável. Será que eles já conheciam todos os fãs que estavam ali? Será que já tinham acompanhado a turnê desde o começo e os meninos haviam reconhecido a fisionomia? Por Deus, quando ela chegaria aquele patamar na vida de uma banda? Ela não sabia, mas tinha certeza que poderia vomitar a qualquer momento o bolo que travava a sua garganta, principalmente quando a gargalhada escandalosa e inconfundível de Danny Jones preencheu seus ouvidos, fazendo-a se perder ainda mais naquele sentimento não compreendido. Os olhos encheram em não conseguir respirar direito e a garota agradeceu quando seu pai havia prometido ficar longe, ou era certeza que agoniado como ele era, já tinha feito ela passar vergonha, ou chamar o socorro por suas expressões de pavor e felicidade ao mesmo tempo.
Ela sentiu um sacolejar meio violento em seu braço, por uma das moças que a garota mais tinha se identificado naquelas horas de conversa e finalmente acordou do transe paralisante.
- Seu nome! – Joana repetiu quase querendo sacudir Leonor mais uma vez, principalmente quando o Judd estava concentrado em se comunicar com a menina pálida.
- LEO! – Leonor soltou um grito fino de empolgação. – Meu nome é Leo! – ela arregalou os imensos olhos claros ao perceber que de uma forma bem surreal, o inglês tinha saído bem claro e fluente da sua boca. O homem riu com um divertimento reconfortante ao esperar que ela fizesse mais qualquer coisa, como já era de costume sempre que eles decidiam tocar em algum lugar. – Eu posso tirar uma foto com você, Harry? – a pergunta pulou da boca dela como um jato e o fez sorrir lindamente.
- Claro, Leo! – Harry Judd tinha mesmo repetido seu nome? Sério? De verdade? ELA IRIA MORRER, DEFINITIVAMENTE MORRER!
- Eu posso te abraçar? – Leonor soltou mais uma pergunta que causou uma porção de risadas e um par de braços abertos na sua direção.
A garota não contou conversa e tratou de abraçar o baterista mais fofo da face da Terra com todo o seu amor de fã, recebendo um abraço tão gostoso quanto em troca, ainda mais quando Harry a sacudiu de leve no abraço como se a mocinha fosse alguém do seu convívio, ou até da sua família. Gesto que a fez rir de forma mais espontânea e relaxada, depois de tanta emoção guardada e acumulada.
- A Izzy vem com a Lola? – a pergunta de uma das amigas da garota fez o baterista rir levemente e se preparar para responder, ainda com Leonor com a orelha quase pregada em seu peito.
- Sim, sim, acredito que daqui algumas horas elas vêm. Você é brasileira, não é, Joana? – ele perguntou rindo ao ver a bandeira no ombro da moça com quem já havia falado. – Trouxe paçoca para mim? – o homem respondeu rindo e soltou do abraço junto com a garota. – Me dá o celular, deixa eu te ajudar com a foto? – ele pediu ao ver que ela tremia feito vara verde, recebendo prontamente o aparelho de telefone. A garota sorriu como se aquele fosse o dia mais incrivel da sua vida e logo a imagem foi gravada com esplendor e beleza.
- Claro que sim! – a moça de nacionalidade brasileira riu parecendo mais familiarizada com o ídolo e estendeu o potinho que fez o homem vibrar e agarrá-lo, como se protegesse a filha.
- Ai, meu Deus, obrigada! – ela se pronunciou novamente, já sentindo o pavor acalmar em seu peito, pelo menos por enquanto. – Eu trouxe um presente para vocês! – o inglês saiu com um sotaque francês tão rápido, que o homem precisou de uns segundos para digerir, enquanto ela se praguejava por estar tão nervosa. – Presente, eu trouxe um presente para vocês quatro. – Leonor esticou a sacolinha de papel que continha um quadrinho e seria destinada a ele. O baterista recebeu com a maior gratidão existente.
HARRY JUDD ERA UM ANJO, SEM MAIS.
- É lindo, Leo! – Harry arregalou os olhos ao ver o desenho que se encaixava como um retrato seu e da Izzy de uma forma mais puxada para caricatura, mas era sim incrível de conseguir capturar as essências, enquanto a vontade de vomitar em Leonor, voltava com todo o fervor. – CARAS! EU GANHEI PRESENTES! – o Judd levantou o quadrinho junto com o pote de paçoca como se fizesse inveja aos três amigos que estavam a poucos passos de distância.
À medida que os três homens se aproximavam ainda mais de Leonor, ela sentia a respiração sumir, assim como a vontade de viver. NÃO ERA POSSÍVEL QUE O MCFLY ESTIVESSE EM PESO NA SUA FRENTE! Tudo bem que ela já tinha superado toda a presença de Harry Judd, mas ver seu crush de dentes brancos, olhos azuis redondos e dono de uma risada mais do que escandalosa a fazia querer chorar agarrada nos joelhos. Danny Jones não poderia ter um sorriso menos bonito?
-Eu também quero! – junto com a voz rouca aveludada, veio a vontade de vomitar crescente em Leonor. – Deixa eu ver, mush. – Jones implicou com o baterista.
- Who thehell is she? – Fletcher, o exato criador daquela maravilha de música, havia pegado a referência assim que viu a mocinha que parecia estacada e pálida, ainda que parecesse um arco-íris de tantas cores. Leonor respirou fundo e não deixou de sorrir com o reconhecimento, mesmo que seu ar começasse a faltar pela briguinha sem sentido de Danny e Harry pelo quadro.
- The weirdo with fivecolours in herhair? – a pergunta incrivelmente cheia de sotaque que Danny soltou para o amigo, como se aquilo fosse a coisa mais óbvia, deixou a garota ao ponto de precisar de um salvamento para afogamento seco. Ele tinha mesmo feito aquela careta de quem não estava entendendo nada?
- Não, Danny, a garota. Dick! – Dougie soltou o palavrão e uma gargalhada da cara do amigo, deixando Leonor de olhos arregalados e a vontade imensa de rir, não conseguindo contê-la. Mas logo as atenções se concentraram nela, mesmo que por uma pequena fração de segundos.
- Que legal, seu cabelo! – Jones soltou como se tivesse entendido a referência naquele exato momento, desencadeando na menina, o reflexo de fala mais estranho que ela já tinha visto na vida. Era uma chance única, Leonor, deixe para morrer depois, sua tapada!
- Leo! Meu nome é Leonor. – ela engoliu o medo e com ele, o inglês que estava parecendo fluido demais nas últimas horas, despejando em cima da banda uma frase até meio desconexa em francês.
- Leo, você está tagarelando em francês. – a recém amiga cutucou-a mais uma vez, tentando ajudá-la naquele momento de tensão e recebeu um par de olhos arregalados da moça, em troca ela fez um gesto com a mão mandando que ela respirasse.
- Leonor é o meu nome! – o inglês saiu de forma mais clara, recebendo acenos de cabeça em entendimento. – Eu achei o máximo que vocês reconheceram as cores do meu cabelo e esse é o meu primeiro show e eu estou bem nervosa e ansiosa. – a metralhadora giratória mais nova dos soltou como se não fizesse ideia da rapidez com que falava. – Eu trouxe presente para todo mundo, não precisa brigar! – ela soltou uma risadinha de deboche que fez os ídolos rirem junto.
Não esperando muito para distribuir as sacolinhas de papel, a garota entregou uma de cada vez, recebendo um abraço de lado e aproveitando para tirar uma selfie. Tom foi o segundo a receber, fazendo a maior expressão de surpresa ao ver o quanto a garota desenhava bem e realmente feliz por ter ganhado algo tão bonito, deixando-a com um pouco mais de vontade de chorar assim que foi elogiada. Se ela continuasse guardando aquilo, Sr. iria morrer de um infarto quando a visse se debulhando em lágrimas. A garota olhou de leve para trás, vendo o pai com um sorriso imenso ao vê-la realizando o sonho e acenou de leve para garota, ganhando um sorriso ansioso em troca de quem agradecia pela distância segura, ainda que aquilo partisse em pedacinhos o coração do papai babão.
- Olhem, dudes, eu e a Gi! – Thomas mostrou o quadrinho com as bordas brancas e o mesmo fez Harry, mostrando o dele, deixando os outros com mais vontade ainda de ganhar o seu, à medida que ela caminhava para o corredor da morte ao ver que o sorriso Jones esperava pelo seu.
O coração batia como um tambor na garganta, fazendo-a sentir uma sensação de reviramento bem esquisita no estômago, mas sabia que precisava entregar logo a sacolinha, ou empalharia o tempo dos homens, se é que já não estava fazendo aquilo. Ela respirou fundo visivelmente e a expectativa só aumentou, assim que entregou a sacolinha ao crush da banda, o homem deu um sorriso bonito que enrugava os olhos e coração da pobre menina quase virou sua bateria.
- Posso te abraçar? – o café da manhã da moça quase voltou mais uma vez naquela manhã, o que já estava virando folia dentro da sua barriga.
- Claro que sim. – o homem foi simpático com o receio dela e logo sentiu um abraço apertado lhe passando as melhores energias. Ele abraçou-a de volta e Leonor quase teve a certeza de que Danny poderia sentir seu coração vibrando dentro do peito, principalmente quando ela prendia um gritinho escandaloso por estar abraçando-o depois de tantos anos acompanhando a banda.
Os dois se ajeitaram para tirar a foto, quando a garota parecia brilhar com o que tinha acabado de acontecer. Era surreal estar tão perto de uma das suas bandas de referência, depois da banda do pai e que ele não soubesse, ou explodiria de convencimento. Mais uma selfie foi tirada com magia e dois belos sorrisos mostrando os dentes, enquanto Leonor tentava não apertá-lo demais no abraço de lado, afinal nem todo mundo era tão adepto a abraços acochados como seu pai e o Harry. Além de que Daniel já tinha baixado um pouco a postura para que ela não ficasse tão baixinha e ainda descansava a mão em seu braço. Controle-se, Leonor, você não pode apertar as pessoas sem mais nem menos. O que era inevitável ao estar praticamente grudada a Danny Jones! Céus, ele era tão cheiroso.
Umas duas outras fotos foram tiradas em meio a tremelica de quem estava nervosa e logo ela o soltou, esperando a reação pelo quadro.
- Oh, obrigado! É muito bonito! – a frase carregada no sotaque surgiu a fazendo encher os olhinhos claros de lagrimas. Ele tinha mesmo gostado? Meu Deus, será que a Geórgia também iria gostar? Ela esperava muito, muito, muito que sim! – Eu também tenho, mushes! – Danny agiu que nem uma criança na frente dos amigos, restando a garota, rir animada e meio nervosa até.
Por último, Dougie recebeu o presente dele, também com um sorriso animado, despertando na garota a maior vontade de apertá-lo no abraço, simplesmente porque ele nem parecia tão pequeninho pessoalmente, muito pelo contrário, o Poynter regulava bem com os outros postes do McFLY e nem sua voz era tão aguda. Talvez fosse a diferença de cantar e falar, que nem acontecia com seu pai e mais uma porção de cantores. O homem sorriu agradecido pelo presente, surgindo até ruguinhas no canto dos olhos que o deixava ainda mais fofinho e assim como Harry, ajudou-a a tirar a foto com o celular.
- Obrigado, Leonor! – o baixista agradeceu mais do que animado, quase enfiando a cara na sacola onde estava o seu quadrinho. E após o agradecimento, os quatro acenaram para todo mundo que estava na área externa da O2 Forum, sabendo que não deixaram de atender qualquer pessoa ali e entraram rapidamente dentro do prédio.
- AI, MEU DEUS! – o gritinho da garota foi ensurdecedor, assim como o do grupinho de amigos que estavam sentindo a mesma emoção que ela, alguns até já conheciam os meninos do McFLY de outros carnavais, mas era sempre tão maravilhoso conseguir encontrá-los.
olhava de longe o burburinho e mesmo com o coração apertado, sabia que tinha feito a coisa certa em se manter resguardado naquele momento. Era incrível estar do outro lado da moeda, aprender a entender todo aquele sentimento de fã que a filha sentia e muito provavelmente continuaria por uns bons anos a fio e ainda melhor, era saber que tudo tinha dado certo, ou Leonor não estaria surtando. Ele riu baixo e decidiu se aproximar para entender e saber tudo que tinha acontecido, sendo recebido por um abraço mais do que apertado da filha, que estava com os olhos marejados e um sorriso lindo de felicidade.
- Obrigada, papai! – o idioma mãe veio acompanhado de um abraço esmagador de ossos quando a moça agarrou o pai pelo tronco, sentido o mesmo abraço ser retribuído ainda mais feliz que o dela. O homem beijou-a na cabeça enquanto afagava suas costas e sentia os soluços escaparem em meio a respiração da filha.
- Calma, princesa. Não precisa chorar! – ele disse ainda baixinho, com a boca encostada nos cabelos coloridos da menina, não se importando se a tinta pintaria sua cara ou não.
- Papa, eu consegui tirar foto com os quatro e eles ainda viram meu cabelo! – o esganiço embolado surgiu o fazendo respirar fundo e contente. – O Tom até citou uma frase da música e o Danny brincou com a música também. – Leonor disse às pressas, ouvindo uma risada encantada do pai, enquanto tentava lhe consolar abraçando-a com muita força e vendo os novos amigos da filha, rirem com a cena fofa.
- Ela conseguiu ao menos falar, ou ficou chorando? – o homem direcionou a pergunta ao grupo, tentando fazer do momento mais divertido.
- Quase explodiu quando chegou perto do Danny. – Joana riu junto. – Falou em francês.
- Ah não, Len! – sacudiu a filha e a garota soltou uma gargalhada estrondosa. – Não acredito que você passou essa vergonha, pirralha!
- A gente precisou sacudir ela bem! – Deborah, outra moça que havia feito amizade com a mais nova dos , disse rindo. O homem riu junto e encheu a filha mais nova de beijos, sabendo que ia envergonhá-la na frente dos amigos, mas ao menos ela iria tentar voltar ao normal. Dito e feito, a garota se afastou como se ele desse choque, causando risadas em quem estava ali.
- Você não queria gastar a mesada inteira na Merch, Leonor Anne? – o cantor perguntou com a sobrancelha arqueada quando tirou o boné da cabeça e ajeitou o cabelo.
- Claro que sim! – a moça pegou a mochila que o pai segurava e a colocou nas costas. – Será que já abriu? – ela perguntou as moças com quem já havia combinado inúmeras coisas para os próximos dias.
- Eu acho que sim, já vi bastante gente vindo de lá. – Deborah respondeu e as três seguiram para a lojinha com as camisas e lembrancinhas personalizadas do McFLY, enquanto apressava o passo para acompanhar o grupo.
De alguma forma, por mais que ele tivesse enchido os ouvidos da esposa, o homem havia gostado de ser tratado apenas como o pai de Leonor, depois de algumas fotos concedidas. Afinal, era o que ele era por ali, apenas o pai babão dela.

Montreal, Canadá. 3pm.

- filho, sai desse banheiro! – a mulher gritou na porta do quarto, se dividindo entre reclamar do tempo do banho do filho, ou correr para abrir a porta, onde alguém apertava a campainha de forma incessante.
- Já vou, mãe! – o rapaz respondeu até meio emburrado com a cobrança dela, principalmente quando ele tinha desmontado o sofá quebrado e carregado tudo para garagem, sozinho.
- Espero que saia logo mesmo! – gritou mais uma vez e deixou a porta do quarto, descendo as escadas mais rapidamente para atender a porta.
Ela bufou ao passar pela sala vazia e espaçosa demais sem o sofá, fazendo uma careta pela estética do lugar, mesmo sabendo que em alguns dias o novo chegaria, provavelmente até no dia seguinte. A enfermeira ajeitou o óculos de grau no rosto e abriu a porta de casa, dando de cara com um velho amigo e pupilo. Andrew Jones!
- Andrew! – o gritinho animado dela, fez o rapaz abrir os braços a convidando para um abraço que foi prontamente dado. – Faz um tempão que eu não te vejo. Tudo bem? – ela perguntou rindo pelo abraço apertado do amigo e viu o rapaz sorrir grandemente.
- Tá tudo ótimo! – o enfermeiro soltou-a do abraço, portando um sorriso imenso nos lábios. – E o ? E os meninos, como estão? Eu vim agradecer a indicação de docência.
- Estamos todos ótimos! – ela sorriu da mesma forma. – Vem, entra! – o convite surgiu animado, não demorando muito para que o estomaterapeuta aceitasse. – viajou com Leonor para ver o McFLY e o tá tomando banho. – a mulher disse animada e o viu rir, com certeza, por estar presenciando um dos seus maiores pesadelos como pai: a filha surtando por outras bandas. – E sobre a indicação, você era a pessoa perfeita para o cargo, nem inventa de agradecer!
- O que aconteceu com seu sofá? – a careta do homem surgiu ao passar pela sala vazia.
- Os meninos quebraram na semana passada. – ela meneou a mão mostrando que aquilo era mais recorrente do que ela gostaria. – Vem, vamos conversar na cozinha! Já o desce e você vai ver como ele tá enorme e a cara do pai.
- Ele sempre foi a cópia do . – Andrew disse rindo e sentou em um dos bancos da bancada. – Leonor quem parece com você. Ela deve estar surtando, né? Na Inglaterra? – Jones perguntou rindo e ouviu a gargalhada espontânea da amiga.
- Completamente. O me mandou algumas fotos e um vídeo dela conhecendo o McFLY, ela me mandou um áudio surtando porque eles tinham sido uns amores e até repararam no cabelo colorido dela. – a enfermeira abriu um sorriso encantado com os últimos acontecimentos e aproveitou para servir suco de melancia para o amigo.
- Obrigado! – Andrew agradeceu com um sorriso fechado. – Sabe o que eu acho? Se eles não tivessem sido legais, o tinha comido o fígado de um por um.
- Ele estava era todo emburrado, porque ninguém fez conta dele. – os dois riram e arregalou de leve os olhos, ansiosa em saber como tinha sido todo o contato com a universidade que ele ensinaria dali para frente. – Mas não foge do assunto, Andy! Me conta. Já começou a dar aula? Os alunos foram calorosos contigo?
O estomaterapeuta tomou fôlego de forma teatral e se escorou a bancada da ilha, ansioso em contar como as coisas estavam acontecendo, principalmente quando a universidade havia lhe recebido bem demais, o salário era ótimo e a experiência melhor ainda.
- Foi incrível! – o homem soltou um gritinho esganiçado. – Eu já conheci todas as turmas que eu vou dar aula e eles foram muito receptivos, possivelmente já vou pegar três orientandos de monografia e o pró-reitor me deu carta branca sobre querer implementar algum projeto. – Andrew tomou mais um gole do suco de melancia e umedeceu os lábios, pronto para responder o que os olhos atentos e expressivos de perguntavam. Ela queria saber se tinha alguém puxado para prodígio e, felizmente, ele já tinha uma aluna em mente. – Sim, eu já consegui localizar alguém que brilhou só na minha menção sobre estomaterapia, ela me contou que deu um problema com o projeto dela de TCC inicial, mas ela pretende construir uma cartilha para prevenção de lesão por pressão, . Tudo isso! – o esganiço do homem a fez soltar uma risada satisfeita. – Eu vi você todinha naquela menina.
- Então carrega ela para gente! – a declaração animada fez os dois baterem high five, com certeza eles tinham algo em mente para impulsionar a tal moça.
- HEY, ANDREW! – o grito eufórico de filho ressoou por toda a cozinha, assim que o garoto abraçou de lado o amigo da mãe.
- Moleque, você tá enorme! – o homem arregalou os olhos ao ver a altura do filho de e a semelhança que ele tinha com o pai. Pareciam realmente ser o mesmo cara, só que em um universo paralelo que juntava o passado e o futuro. – Anda comendo fermento? – Andrew abraçou com força e ouviu a risada satisfeita dele.
- Eu estou mais alto que meu pai! – o garoto respondeu mais do que inflado, orgulhoso de ser o mais alto daquela família.
- Eu estou vendo. O vocalista tá sendo deixado para trás. – a risada do mais velho foi espontânea. – E o MIT?
- Trabalhando duro para conseguir entrar! – Eliot soou um pouco eufórico, arrancando um sorriso encantado e orgulhoso da mãe. – Ainda estou trabalhando no projeto, decidi tentar construir algo que ajude vocês a trabalhar, sabe?
- Ow! Que maravilha, hein? Quero ser o primeiro a testar isso aí... – o homem fez um toque de mão com o garoto, que sorriu.
- Pode deixar! – filho piscou e em seguida, beijou a cabeça da mãe, pegou uma banana e saiu pela porta da cozinha, inspirado a descobrir de vez como construiria sua tecnologia para o MIT.
- Esse moleque vai longe! – Andrew elogiou.
- E você acha que eu não sei? – alargou ainda mais seu sorriso orgulhoso, continuando a conversa sobre as turmas que o amigo assumiria na McGill.

London, England. 8 pm.

Leonor segurou mais uma vez na grade de proteção, quase se pendurando, como se aquilo fosse fazer a banda entrar mais rápido, não conseguindo ouvir nada com clareza só pelo nervosismo, enquanto seu pai conversava com algumas pessoas que estavam perto dos dois, explicando o porquê de estar tão longe do Canadá e em um show do McFLY. O palco não era alto e nem muito longe de onde ela estava, se desse sorte conseguiria até uma palheta de algum dos meninos. Os instrumentos já estavam todos montados lá em cima e um gigante banner com a logo do McFLY e as duas barrinhas laranjas, fixado a parede do fundo, denunciavam qual banda tocaria ali, não que fosse necessário, simplesmente porque toda aquela energia e atmosfera dentro da O2 Forum era o McFLY. A moça já tinha ido, participado e presenciado inúmeros shows do pai, e mesmo que não conseguisse explicar, ela sentia o quão diferente era a energia de um fandom para outro. Intensos igualmente, porém diferentes.
O pessoal da produção passava para lá e para cá, organizando tudo para que o show fosse a despedida perfeita daquela turnê tão bem recebida e acolhida pelos fãs exigentes, afinal eles sabiam que ter a banda na ativa novamente era melhor do que nada. Leonor umedeceu os lábios a procura de alguém que ela supostamente conhecesse, um deles, algum familiar nas laterais e até o Fletch, quem sabe, reconhecendo de cara o simpático Tommy, gerente de turnê da banda.
- Pai! Olha, o Tommy! – a garota puxou de leve a mão do pai, trazendo ele junto para grade. Pai e filha tinham conseguido um lugar entre o meio e o canto esquerdo, tendo uma visão privilegiada do palco e o que aconteceria nele.
- Quem é, Len? – o homem fez uma leve careta por não conhecer mais do que os integrantes da banda.
- Ele é tipo o Vance! – Leonor arregalou os olhos levemente e quase sentiu o coração parar ao ver que o senhor de cabelos brancos andava na direção dela e do pai. Céus, o que será que ele queria?
- Gerente de turnê? - rio baixo e beijou a cabeça da filha, após ela afirmar. - Será que ele vem falar com a gente? - a pergunta saiu em completa confusão pela movimentação suspeita do homem.
- Eu acho que sim, mas ele tá olhando para você. - Leonor inclinou um pouco a cabeça, até nervosa com a possibilidade de terem dado na presença de seu pai ali, o mais provável dentro das possibilidades. Ela só não queria que aquele reconhecimento, acabasse com os melhores lugares do show.
- Para mim? - foi o que conseguiu perguntar, antes de perceber e entender que a atenção era realmente voltada a ele.
Tommy cumprimentou o cantor de forma contida e com alguns acenos de cabeça e uma conversa baixa, fez Leonor se roer de curiosidade em saber o que os dois tanto cochichavam. Qual é? Aquele momento era dela, que já ate tinha trocado algumas palavras com o Smith pelo Twitter, não do seu pai que mal conhecia as pessoas por ali. Os dois sorriram mais uma vez e com um aperto de mão, findaram o assunto tão misterioso.
- O que era? - a pergunta curiosa de Leonor foi interrompida pela movimentação a sua frente, fazendo-a perceber que aquela era a hora do show. Os quatro já entravam no palco acenando para todo mundo ali, com os maiores sorrisos do mundo, sendo recebidos com calorosos gritos.
- Depois eu te conto! - disse no ouvido da filha, ainda suspeitando se a garota tinha sequer prestado atenção, principalmente quando os gritos ensurdecedores anunciavam a entrada da banda no palco simpático.
- GOOD NIGHT, LONDON! WE ARE MCFLY! – a saudação mais do que característica de Danny com os braços abertos, mostrando que era o verdadeiro King of the North, fez Leonor e as milhares de pessoas ali, entrarem em curto mais uma vez naquele dia.
Não dava mesmo para acreditar que ela estava ali vivenciando tudo aquilo da forma mais incrível e maravilhosa possível. Cara, era a sua banda preferida tocando todas as músicas já gravadas e que ela escutava desde os 11 anos de idade. Aquele dia, definitivamente, não poderia ficar melhor. Afinal, ele já estava perfeito!
A sequência no setlist começou com 5 colours in her hair e entre uma parte e outra da letra, se dividia entre filmar a filha dançando e brincar ao responder que ela era a garota esquisita de cinco cores no cabelo, deixando a menina extremamente feliz pela referência. O show seguia na ordem do primeiro álbum da banda inglesa, Room on the 3rd floor, e logo Obviously começou tocar, causando mais uma onda de gritos ensurdecedores quando nenhuma pessoa dali deixou que eles cantassem sem um reforço, gesto que arrancou uma risada do Tom. A garota estava encantada em presenciar algo tão intenso e gostoso de sentir, ver a banda como ela era exatamente em todos os vídeos que ela via na TV, os trejeitos de cada um, as piadinhas e brincadeiras, as dancinhas esquisitas, os diálogos entre as músicas e as maiores referências que só o fandom conseguia entender com maestria. Era como se tudo ganhasse ainda mais vida com as vozes misturadas e sincronizadas.
Os minutos passavam rápido e devagar demais, em uma sensação incrível para quem estava no primeiro show de uma banda alheia, deixando o bobo ao lado, mais encantado do que nunca. E mesmo que ele lembrasse de todas as palavras da esposa, se perguntava quando Leonor começaria a chorar por estar ali, afinal, já tinha passado pelo estado de choque e permanecia no estado de surto. Mas uma melodia até familiar por já estar acostumado a ouvir com a filha, ressoou na casa de shows, causando gritos dos fãs e um reboliço nada bom no peito do vocalista do Simple Plan. Por que She left me tinha que lembrar tanto a separação com ? Até o ritmo melódico que remetia a algo meio década de oitenta lembrava a mulher e a letra não deixava a desejar.
Enquanto Leonor cantava com as mãos para cima, balançando-as de um lado pro outro, ele aproveitou a deixa para mandar uma mensagem para quem estava ocupando a sua mente naquele exato momento, principalmente quando os versos cantados exibiam exatamente o que ele tinha feito.

I tried calling her up on her phone No one's there I've left messages after the tone Really, mush? Yeah mush loads I didn't know, what I did wrong But now I just can't move on Yeah, yeah, yeah

Pierre: Je t’aime. Tu me manques. *

Ele respirou fundo e riu com as péssimas lembranças, percebendo que Leonor não tinha sequer prestado atenção em seu momento drama. Era melhor assim, principalmente quando um conjunto mais animado e com uma letra mais chiclete tomou a casa de show, fazendo quem estava ali pular e balançar as cabeças. Mas nada, nada se comparava a ver Leonor tão feliz e animada, aquilo o fazia perceber que tinha zerado a vida de pai, definitivamente.
A garota gritava a letra da música e mesmo sabendo que ao fim da viagem estaria completamente sem voz, aquela chance era única para viver o momento galaxy defender num show! Seu coração batia no ritmo da bateria do Harry e ela não estava nem aí para se estava sendo prensada a grade ou não, a moça estava mesmo concentrada em se entregar ao momento e filmar algumas coisas para mostrar a mãe e as amigas.
- Danny Jones, eu acho que você vai introduzir essa música. – Dougie disse entre uma risada anasalada que deixava sua voz engraçada, assim que uma das pausas para certas conversas começou.
- Introduzir “essa música” qual? – o frontman do McFLY respondeu com um tom duvidoso e até amedrontado, soltando uma negação de lamento quando Harry começou com os batuques característicos.
- AI, MEU DEUS! EU AMO ESSA MÚSICA, PAI, É A MINHA PREFERIDA! – Leonor arregalou os olhos para , quase pulando no colo dele em um abraço apertado e viu o homem se animar exatamente igual a ela com a melodia. Se ela estava animada, ele também estaria.
- E ELA SE CHAMA, SURFEEER BAAAABE! – o grito de Danny Jones foi logo seguido da letra cantada por ele, Tom e Dougie.
Leonor puxou o braço das amigas recém-feitas e logo as três, junto com , dançavam a música animada que colocava qualquer pessoa para cima. Era algo leve, gostoso de cantar, de ouvir e que traduzia uma sensação de praia gigantesca que rendeu inúmeros áudios para com a seguinte frase: “You don't think you're my type. But you are, but you are, but you are, but you are”
O resto do show passou como um piscar de olhos e assim que as ultimas músicas começaram a ser tocadas, sendo mais certo de identificar por não pertencerem ao primeiro álbum da banda e aquilo fazia o coração da garota apertar. Primeiro veio Love is on the radio que fez o público inteiro cantar junto e a plenos pulmões, logo Love is easy e seu ukulele rosa tomaram mais uma vez a galera, seguidas de No worries e Silence is a scary sound, mostrando o incrivel espetáculo que o McFLY era capaz de fazer. Mas estava faltando alguma coisa ali, faltava o hino da banda, aquela que sempre se reafirmava nos momentos mais difíceis e assim, The heart never lies foi recebida com um punhado de lágrimas parte de Leonor e metade das pessoas que estavam ali. Não dava para explicar a emoção de ouvir ao vivo a famosa frase “Another year is over and we’re still together it’s not always easy, but McFLY’s here forever”.

-x-x-x-

Os ânimos já tinham se acalmado e as pessoas saiam da O2 Forum Kentish Town de forma devagar e calma, boa parte ali estava cansado pela enxurrada de emoções vividas naquele dia, mas ainda mais ansioso pelo que viria nos próximos e não era diferente com a filha mais nova dos . A moça ainda continuava elétrica e brilhava tanto quanto uma estrela que tinha luz própria, deixando pai imensamente encantado com a pureza e felicidade presente nela.
O homem se escorou um pouco mais na grande, percebendo o conforto de um lugar mais vazio e sentiu a mão ser puxada pela filha.
- A gente não vai? – ela perguntou confusa, fazendo uma caretinha fofa e ele negou com um aceno contido de cabeça. – Tá com saudade dos palcos, dada?
- Também. – o homem riu a puxando de uma vez para dentro do seu abraço apertado. – Só não é isso. – ele piscou prendendo a filha enquanto a sacudia. – Achei que você quisesse saber o que o Tommy conversou comigo.
- E eu quero! – o esganiço dela tomou vida só em lembrar da conversa misteriosa. – Eu já tinha até esquecido! O que ele te disse? Eu fiquei muito curiosa.
- Então, pequena Len... Ele veio conversar comigo porque o Fletch tinha dito aos caras do McFLY que eu viria para o show com a minha filha, embora eu acho que eles acharam... – o homem fez uma careta pela repetição das palavras e ouviu a gargalhada alta da moça, rindo junto com ela. – Que você era uma criancinha, mas é o seguinte: os quatro pediram que nós dois esperássemos até depois do show, porque queriam nos cumprimentar e aí, eu pensei que os poderiam convidar o McFLY para um almoço amanhã. O que você acha? – falou sem qualquer emoção na voz e até certa simplicidade, ouvindo um gritinho ensurdecedor da garota que pulava, mesmo estando presa no abraço.
- EU TE AMO, PAI!

*Te amo. Sinto sua falta!


Chapter Fourteen

London, England. 10pm. Day 1.

As mãos da garota estavam mais geladas do que quando ela estava esperando a banda nos fundos da casa de shows, a respiração meio descompassada e a cada mínimo barulho perto do palco, Leonor olhava na ansiedade que a banda aparecesse novamente. Óbvio que ela já tinha realizado o seu grande sonho de conhecer os caras, tirar foto, entregar os presentes, mas parecia que o fato de tê-los conhecido só a deixava ainda mais ávida a manter contato.
- Será que vai demorar muito, dada? – a pergunta da moça saiu tão ansiosa que transbordava no tom de voz. – Eu quero muito ver a cara deles ao te ver. Vocês já se conheciam antes? Nunca se encontraram em um evento desses de gente famosa?
riu alto com a quantidade de perguntas jogadas em cima dele e abraçou a garota com força de lado.
- A gente não se conhece pessoalmente, Len. De uma forma bem estranha, nosso público acaba não sendo o mesmo, ainda que boa parte seja, acabamos não frequentando os mesmos eventos. – ele deu de ombros mostrando que não entendia exatamente o porquê daquilo e a garota respirou fundo. – Mas posso te contar um segredo? – sorriu misterioso para filha, vendo-a afirmar freneticamente. – Eu gostei pra caramba do show, eles fazem um som muito bom e isso serve até de inspiração! – o homem piscou com um sorriso bonito, sendo esmagado prontamente pela filha, embora tivesse plena consciência de que ela não era mais um bebê.
- Que incrível, papa! – Leonor soltou um gritinho animado.
- Vamos? – a voz de Tommy sobressaiu os surtos da menina de 14 anos, enquanto chamava os dois para cumprimentar os moços do McFLY. – Peço desculpas pela demora! – o senhor sorriu simpático e Leonor soltou um gritinho eufórico, não perdendo a oportunidade de pedir uma foto com ele e elogiá-lo sobre o belo trabalho que fazia.
Logo que a foto foi tirada por um que prendia a risada alta pelas reações da menina, os dois andaram rapidamente pelos corredores e portas do backstage, deixando nos um sentimento nostálgico maravilhoso. Afinal, os dois que estavam ali, adoravam tudo que se referia a palco, fossem os preparativos ou o show em si. Mal da família, como cansava de deixar claro.
Na porta do camarim, um singelo papel identificava que ali estava a banda tão esperada da noite, quem sabe até dos últimos anos. A menina sorriu ao encorajar o pai e sentiu a mão ser apertada por ele no mesmo sentido, assim que a porta foi aberta e os dois recebidos de forma calorosa.
Mais uma porção de abraços e cumprimentos foram adicionados àquele dia, ainda mais quando o camarim estava repleto de crianças e as famílias. Os quatro homens receberam pai e filha bem demais e entre comentários em saber o que os levavam ao show, a honra de receber uma visita tão legal e atenderem mais uma vez aos abraços da garota, dessa vez um pouco mais calorosos do que nos fundos da casa de show.
- Hey! A gente te viu lá fora, não viu? - Judd fez uma careta engraçada ao ter certeza que já tinha visto aquele cabelo colorido aquele dia e a garota soltou uma gargalhada estrondosa.
- Sim, sim! Eu encontrei vocês antes do show. Leo! - ela repetiu o nome bem sorridente, dessa vez um pouco menos nervosa e abraçou o baterista mais uma vez, ganhando uma sacudida de leve que fez rir.
- Você não estava com seu pai, estava? - Danny fez uma careta confusa ao olhar de um para o outro, lembrando realmente do cabelo colorido de Leonor.
- Na verdade, eu estava de longe. Decidi não interferir no momento fangirl da Len, ou a esposa me degolava! - o vocalista do Simple Plan arregalou de leve os olhos e ouviu as risadas generalizadas.
- Ela é a sua filha? - Tom fez uma careta engraçada que arrancou mais umas boas risadas. - Pelo que o Fletch falou, parecia ser uma menininha.
Leonor tentou prender a risada, mas a gargalhada saiu completamente estrondosa da boca dela, assustando o loiro de uma cova solitária na bochecha e ainda sendo acompanhada por Danny que tinha a risada mais contagiante daquele mundo. Em poucos segundos o camarim em peso ria sem saber exatamente porquê, apenas pela risada de um certo guitarrista sardento.
- Toca aqui, Leo! - Jones levantou a mão para High five com ela, puxando a adolescente para um abraço apertado em seguida e deixando ela em curto interno.
- Eu e a começamos bem cedo. – o riu ao tentar explicar o porquê de ter uma filha adolescente quando ele não tinha inteirado nem os 40 anos ainda e ouviu mais uma porção de risadas, dessa vez um pouco mais maliciosas, fazendo Leonor prender a vontade soltar uma piadinha o chamando de coelho. Não queria destruir a inocência do pai ao abrir a boca, por mais que o Mr. não fosse o único coelho ali... Fletcher, se apresente, querido. – Temos mais um rapaz de 16, além da Len!
Dougie soltou uma risadinha pior do que a anterior e ao invés de deixar o vocalista sem jeito, arrancou mais algumas risadas junto. Logo os cumprimentos se estenderam aos integrantes da família McFLY que estavam logo atrás e Leonor sentia que podia desmaiar a qualquer momento ao ver as McWives e os McBabies tão pertinho dela, eles eram realmente muito mais lindos ao vivo do que por todas as fotos do Instagram e o melhor de tudo, eram reais! A família McFLY inteira era real, meu Deus!
Giovanna parecia bem entretida brincando com Buzz, o garotinho usava um fone gigantesco e verde, bem parecido com os que Leonor já tinha usado em vários anos da sua vida. Izzy brincava com Lola no colo e a garotinha parecia ainda mais perfeita ao vivo, principalmente os cachinhos dourados presos por também um fone e por fim, Geórgia foi a maior surpresa que a moça de 14 anos poderia encontrar, ela conversava rindo, animada e tão solta com as amigas, que por um momento, lembrou bem a sua mãe. Seria por coincidência dos signos?
Os cumprimentaram as mulheres e crianças com sorrisos muito bonitos e breves abraços, enquanto a garota fazia caretas engraçadas ao se deparar com os bebês mais fofos da Terra, depois do Alex, obviamente. O momento não foi desperdiçado apenas com conversas, alguns convites simples e bem importantes foram feitos, convidou a banda para almoçar junto com ele e a filha no outro dia, enquanto Tom encabeçou o outro lado dos convites, chamando pai e filha para se juntarem a eles na passagem de som do segundo dia de shows. Depois de mais uma sessão de fotos, a tão sonhada foto da diplomacia que tanto havia ressaltado e que havia ficado linda demais com os cinco homens levemente abraçados e sorrindo, além de uma outra com Leonor junto e com a maior carinha de palerma da Terra. Qual é? Era o maior sonho dela sendo realizado.

London, England. 11am. Day 2.

O homem suspirou mais uma vez pela demora da menina, que provavelmente sairia do banheiro repleta de referências de alguma música do McFLY e se largou mais um pouco na poltrona do quarto. Ele batucou de leve os dedos na coxa, se animando exponencialmente ao ver o celular vibrar em várias mensagens de . Imediatamente entrou no aplicativo de mensagens, ansioso em saber o que ela tinha mandado, principalmente quando no Canadá era quase seis horas da manhã. Por que raios a mulher tinha madrugado?
Claro! Ansiedade em receber os livros que chegariam todos naquele dia, o deixando mergulhado em uma frustração sem tamanho por não poder estar junto da esposa em um momento tão importante.

Ange:Mornin' my love. Chorei horrores ao ouvir os áudios e ver as fotos de vocês. Leo estava tão feliz, né? Isso me deixa mergulhada em um sentimento maravilhoso de amor e alegria.
Ange:📷
Ele sorriu com os olhos cheios e brilhantes ao ler exatamente o que tinha sentido na noite passada. Ele riu ao ver a primeira foto da esposa com os cabelos cacheados lindos espalhados na cama, o sorriso largo, os olhinhos apertados da noite de sono, ainda percebendo um pedaço do ombro e da cabeça do filho. Tendo ainda mais certeza de como odiava dormir sozinha.
:Mornin' my angel. Senti exatamente a mesma coisa ontem, foi bem como você me disse que seria.
: LINDA DEMAIS. PUTA MERDA!
: Essa foto me faz ter vontade de nunca ter viajado. Acordar ao seu lado é melhor do que um café bem quente!
Ange: Acordei feito uma pilha por causa dos livros KKKKK eu odeio ser tão ansiosa
: Se eu tivesse em casa, vc já tinha me acordado feito um furacão
: Já pensou em tomar um banho quente? As vezes ajuda
Ange: preferia um frio com vc

suspirou só de imaginar o bico gigante nos lábios dela.

: Isso mesmo, . Machuca, judia de mim, me mata
: malvada 😫
Ange:📷

suspirou pesado ao receber mais uma foto, ansioso em saber o que seria. Talvez mais uma selfie linda para animar seu dia que seria longo atrás de Leonor, de cima para baixo e de baixo para cima onde quer que ela quisesse ir. Não demorou muito para a foto carregasse e a boca de fosse ao chão. já estava com os cabelos presos no topo da cabeça, parecendo um abacaxi como a mulher sempre costumava ressaltar e não teria nada demais na selfie, senão o reflexo da bunda dela bem atrás no espelho. A imagem pegava desde o colo superior da mulher e o rosto com uma careta engraçada, mas, com certeza, ela estava no banheiro dos dois e o espelho do lavabo condenava totalmente, quando refletia a bunda redonda dela.

:vc tá nua???? PORRA, , ASSIM NÃO DÁ
Ange: eu vou para o banho, não dá para ir com roupa KKKKKKKKKKK
Ange: Não é como se você nunca tivesse me visto nua
: tô duro
Ange: 🎥 ué, esperei que fosse ficar agora

O homem soltou uma risada ainda mais desesperada do que a anterior ao dar de cara com um claro nude da esposa. Sim, tinha sido bem proposital o vídeo, ou gif, não conseguia pensar direito e raciocinar qual a droga do tipo daquela mídia, a única coisa que ele estava processando era o fato de que a mãe dos seus filhos estava despida em frente ao espelho e se mexia mostrando ora a tatuagem na lateral da perna que pegava de leve a bunda, ora mostrava o corpo incrivelmente lindo de frente, que por mais que ela achasse pequenos defeitos em todos os lugares, era o único corpo que acendia o vocalista do Simple Plan, literalmente.

Ange: Babe?

A mensagem dela surgiu na barrinha superior da tela, sendo prontamente ignorada por que estava bem mais entretido em analisar o gif e cruzar as pernas, tentando segurar ou esconder a reação da saudade.

Ange: Posso fazer uma vídeo chamada? Queria te ver, tô com saudade

A barrinha de mensagens desceu novamente, revelando um pedido desesperado que deixou o homem daquele mesmo jeito. Que merda! Ele não poderia aceitar a chamada perigando Leonor aparecer e ver tudo aquilo.
Um suspiro sofrido foi dado por , à medida em que ele inclinava de leve a cabeça, apertando o play da mídia várias vezes só para aproveitar muito bem o pequeno vídeo, embora não entendesse como ela estava tão mais gostosa. Talvez fosse a saudade, ou até a ousadia de mandar certas fotos depois de tanto tempo de casamento, ou ainda um sorriso safado e superior que brincava bem sem vergonha nos lábios da mulher que tinha 34 anos, dois filhos adolescentes, um par de seios muito bonitos e ainda dava de 10 a zero em qualquer garota mais nova.
Indiscutivelmente, ela era o amor da vida dele.
- PAI! – Leonor chamou firmemente ao ver que o pai se torcia na poltrona, como se estivesse perdendo as forças do corpo e se ela não tivesse tão preocupada com a cena grotesca, teria filmado.
tomou um susto com o grito autoritário da garota, quase parecendo a criança que era pega no flagra por um dos pais, enquanto fazia coisa errada. Em reação ao susto, o celular preto parecia um sabonete molhado na mão de alguém que estava todo ensaboado e os segundos que ele passou pulando de mão em mão até cair no colo do homem, parecerem longos minutos de desespero. Ele arregalou os olhos meio agoniado e apertou ainda mais as pernas cruzadas, uma por cima da outra, virou a tela do aparelho para perna e encostou o queixo na mão como se aquela fosse sua maneira de agir naturalmente.
- Oi, amor. – um sorriso de dor foi esboçado pelo vocalista safado, vendo uma interrogação gigantesca na testa da filha que parecia uma árvore de Natal com tanta estrela na roupa. – O que foi? Você tá a própria Star Girl! – ele comemorou internamente por ter lembrado a referência e viu um sorriso animado surgir em Leonor.
- A gente precisa ir, ou vai atrasar para ir ao Madame Tussauds e consequentemente vamos atrasar para o almoço com o McFLY. Lembre-se da pontualidade inglesa, Dad! – a garota despejou as informações em cima do pai que estava com o foco lindamente desviado para as mensagens que tinha recebido.
- Sim, claro, claro. – ele coçou a cabeça meio agoniado, pensando em algo que pudesse tirar logo a menina do quarto antes que ele passasse vergonha. – Quer ir descendo para encontrar suas amigas? Eu vou só pegar a carteira, o carregador portátil e mandar uma mensagem para sua mãe.
- Mr. , Mr. . – a garota condenou a tal mensagem sem saber que a putaria já tinha acontecido.
- Desce logo, garota, senão eu vendo teus ingressos! – o homem ralhou apontando para porta do quarto e ouviu a gargalhada debochada da filha, que sacudiu de leve a cabeça e mandou um beijo para ele, batendo a porta do quarto na rapidez para encontrar logo as amigas.

: Vou precisar sair com a Len agora, mas minha cabeça tá em você
: Assim você me fode, anjo
Ange: Não como nós dois queríamos. Inferno
Ange: Boa saída, mandem fotos! Mais tarde eu faço chamada de vídeo para ver vocês. Tô indo para o banho
: Pode deixar, eu vou mandando para vocês assim que a gente for vendo os lugares legais. E sobre o banho, não faça nada que eu não faria
Ange: Preferia bem mais você aqui fazendo 😘😘
: 😘😘😘

-x-x-x-

Montreal, Canadá. 1pm.

saiu do banho revigorada em coragem e animação, após uma longa manhã de trabalho e respondeu algumas mensagens de reclamando de estar tão longe, embora estivesse animado por estar mais uma vez à espera do segundo show da banda preferida de Leonor, sabendo que, de alguma forma, aquilo era uma inspiração gigantesca para ele, principalmente as letras diferentes da sua área de conforto. A mulher riu com a quantidade de fotos e vídeos da filha agindo espontaneamente perto dos quatro caras do McFLY, devido ao encontro que tinha acontecido mais cedo e ficou sabendo que a moça tinha até tocado junto com eles na passagem de som. Era certo que a garota falaria daquilo pelo resto do ano.
E segundo os gritos de Leonor, até tinha arranhado a letra de All About You com Tom, Danny, Dougie e Harry em um vídeo que tinha sido oferecido especialmente para ela. era uma mulher de sorte. A garota também estava mais do que animada, principalmente com os gritos dizendo que tinha ganhado um par de baquetas de Harry Judd. Era certeza que Leonor as colocaria em um quadro de vidro para ninguém pegar.
A enfermeira dançou pela cozinha ao som da música ambiente, enquanto pegava frutas frescas para fazer uma vitamina reforçada para o rapaz que não saía mais da garagem. Certamente uma vitamina bem feita e um sanduíche bem recheado o faria ter ainda mais euforia para trabalhar no projeto, fome não ajudava a ninguém, no fim das contas. Ela arrumou tudo em uma bandeja grande, dois sanduíches bem recheados com carne defumada e mostarda, o famoso Montreal-style Smoked Meat, e copos enormes de uma vitamina feita com banana, morangos e framboesas.
Um sorriso imenso foi esboçado assim que ela chegou a porta da garagem, encontrando dois jovens incrivelmente lindos, sorridentes e que pareciam bem empolgados. e Matthew Dill, filho mais velhos dos Dill e irmão de Ashley, eram amigos há uma boa porção de anos, desde que os tinham mudado para aquele bairro. Os dois garotos, embora com idades diferentes, sempre tiveram o apreço por coisas bem parecidas e até o curso da faculdade seguia naquela linha, enquanto o príncipe já estava estudando no Instituto de Tecnologia de Massachusetts há seis meses.
- Incomodo os engenheiros? – perguntou com um sorriso maternal, vendo dois olhares engradecidos serem direcionados a ela, junto a sorrisos espontâneos.
- Imagina, mãe! O Matthew tá me ajudando. – Eliot respondeu animado, assim que o amigo levantou para cumprimentar a tia de longa data. A enfermeira colocou a bandeja em cima da pequena mesa que tinha algumas ferramentas e um laptop aberto, abraçando o garoto que era quase como um segundo filho, em seguida.
- Oi, ! – o príncipe do Reino Zulu sorriu lindamente e apertou-a em um abraço carinhoso.
- Querido! Tudo bem? Você tá enorme! – o espanto na voz da Mrs. fez o rapaz negro rir alto. – Aliás, você e a Ashley são gigantescos. Faz um tempão que eu te vi, menino! Veio ver seus pais?
- Eu estou ótimo, tia! E você? – o rapaz riu com a conversa de velha dela. – Eu consegui duas semanas de folga e aí vim matar a saudade dos velhos e da pirralha.
- Que coisa ótima! A Ashia estava morrendo de saudade de você, se lamentou bastante esses dias. – riu ao bagunçar o cabelo de mais uma criança, na visão dela e aproveitou a proximidade com o Eliot para abraçá-lo, bagunçando o cabelo dele logo após um beijo estalado na cabeça. – Depois responde as mensagens do seu pai.
- Mas ele ainda tá mandando? – Eliot fez a maior cara de sofrimento fingida.
- 24 horas por dia e você ignora, ingrato! – ela ralhou meio esganiçada, dando um tapa fraco na cabeça do moleque.
- Onde tá o ? – Matt perguntou curioso com a conversa dos dois, principalmente por não ter encontrado nem pai e nem Leonor naquela casa em um sábado.
- Foi para Inglaterra com a Leo! Foram ver o show do McFLY. - riu levemente, cruzando os braços. - Só que o bonito do seu amigo, tatuou metade do corpo sem minha permissão. Já falou dessa presepada? - a mulher apontou para o filho mais velho, mostrando o quanto reprovava a atitude do garoto e ouviu o outro rapaz soltar uma gargalhada estridente.
- Essa informação ele esqueceu de falar! – o príncipe disse rindo e deu um pedala no amigo, vendo o filho mais velho dos lhe mandar o dedo. – Mas aposto que você colocou o moleque no lugar dele, certo?
- Até demais, Matthew! – Eliot riu da própria desgraça.
- TOUCHDOWN! – ergueu os braços como se o rapaz tivesse marcado o maior dos pontos e as risadas preencheram a enorme garagem. – Ficou de castigo por duas semanas e ainda sem a viagem para o show! – ela bateu high five com o filho dos Dill. – Te amo, criancinha! – a enfermeira mandou um beijo alado para o filho mais velho, recebendo outro em troca, juntamente com um sorriso que era exatamente igual ao do pai.
- Acho bem empregado! - Matthew revidou ao provocar o amigo.
- E a faculdade, querido? Como anda o projeto do Drone meteorológico? – ela sorriu curiosa ao cruzar os braços.
- Tá tudo indo muito bem, tia! Bem certo, a gente até quer levar para algumas feiras como protótipo, inclusive. – rapaz de pele negra abriu um sorriso largo e até orgulhoso do trabalho que estava fazendo, era mesmo muito incrível poder trabalhar com algo que ele sempre tinha sonhado. – Vamos ver se dá certo!
- Vai ser um sucesso, pode acreditar! – soltou um gritinho empolgado, vendo o filho da amiga sorrir ainda mais. – E essas feiras são maravilhosas, é uma troca de conhecimento e experiência sem igual. Eu até libero o para ir ver!
- Opa! Vai apresentar comigo, aí já vai aprendendo. O que você acha, ? – o convite surgiu casual, mas que atingiu o amigo de uma forma mais intensa do que ele esperava. Só poderia ser brincadeira!
- MENTIRA! – o gritinho esganiçado do mais velho saiu até desafinado pela surpresa e animação. – Eu vou, é CLARO QUE EU VOU! Vai ser incrível, muito, muito incrível! Eu quero levar o meu também e a gente pode até ir dirigindo para Boston, nem é tão longe assim! – o rapaz disse tudo de uma vez, ganhando um beijo da mãe bem apertado na bochecha.
- Deu curto? – Matthew perguntou pela euforia do mais novo, embora estivesse tão animado quanto ele. Iria ser incrível inserir no mundo do MIT!
- Eu estou ansioso, Matthew! Seja sensível, príncipe do Reino Zulu. – Eliot usou um tom de deboche com o amigo e o rapaz riu, levando tudo na maturidade, ainda que fosse apenas dois anos mais velho que o primogênito dos .
- Você tem que se acostumar com o MIT, dude. Com esse projeto, tá com os dois pés lá dentro. – Matthew piscou encorajador, sabendo que não demoraria muito para que o amigo entrasse em curto mais uma vez. Aquilo era extremamente engraçado no rapaz, ele era tão agoniado do juízo como .
- Você tem certeza, né? – filho soltou uma risada meio desesperada. – O MIT é minha maior meta de vida!
- Absoluta!
- Concordo com o Matt, mas sentem e comam. – a mulher abanou as mãos como se os induzisse a sentar por ali e comer. – Engenheiro vazio não para em pé, tudo bem? Eu fiz um lanche reforçado com Smoothie e sanduíches. – os dois rapazes acenaram animados com a comida e prontamente se escoraram perto da bandeja. – Vou deixar vocês trabalhando e ir ver a , prometi de ajudar ela a fechar a reforma da clínica. Juízo!!
- Eu cuido do pirralho, pode deixar! – Matthew soltou a zoeira e desviou do pedala, ouvindo a mãe do amigo rir. – Manda um abraço para , tia!
- Mando sim! Confio em você, Matt. Beijo, meninos! – a enfermeira mandou um beijo alado para os dois e deixou a garagem de casa.

-x-x-x-

- Não, não, eu consegui resolver com o , não se preocupa. – riu do suspiro aliviado do marido do outro lado da linha. Realmente era péssimo estar do outro lado do mundo quando os problemas e pepinos surgiam, sem falar na saudade imensa de casa e outra viagem em vias de acontecer, dessa vez, com ele sendo o rosckstar.
- E seus livros, anjo? – o homem perguntou mostrando toda a sua atenção e cuidado para com a carreira da esposa, assim como ela tinha com a sua.
tomou fôlego para soltar toda a sua euforia nervosa em uma enxurrada de palavras que provavelmente teriam que ser repetidas posteriormente, mas arregalou os olhos ao ver uma figura característica inglesa bem atrás do marido.
- ESSA É A RAINHA ELIZABETH? – o grito da estomaterapeuta assustou o cantor de um modo que o fez estourar em risadas quando percebeu que estava bem em frente à estátua de cera da mulher.
- É a estátua de cera dela, mulher! disse enquanto tentava prender as risadas no meio do museu, ainda que sem jeito pelo berro que tinha dado. – Eu estou fazendo sua filha passar vergonha no meio do Madame Tussauds e a culpa é toda sua! – ele não conseguia parar de rir e ouviu alguns xingamentos da esposa, que também ria alto.
- Gente, eu jurei que era ela. Não me julga, safado! – a enfermeira sacudiu a cabeça e continuou esperta para ver se conhecia mais alguém por ali. – Cadê a Leo? – os olhos da mamãe brilharam em uma curiosidade imensa.
- A Len tá tirando foto com a One Direction, junto com as amizades que ela fez ontem. – o homem sorriu orgulhoso da grande facilidade de comunicação da filha e antes que a esposa pedisse, sabendo bem que ela iria pedir, trocou a câmera do celular focando em Leonor que estava solta e animada com as outras moças, fazendo brincadeiras enquanto tiravam fotos com as mais diversas celebridades.
- Que coisa mais linda de se ver. – a mulher soltou um gritinho esganiçado, podendo ser ouvido apenas por por causa dos fones. – Isso me deixa tão orgulhosa, que você nem imagina!
- Imagino, porque é o que eu estou sentindo! – ele riu tão encantado quanto ela e os dois suspiraram satisfeitos, ao mesmo tempo, soltando uma risadinha cúmplice depois.
- Meu Deus, é o Madame Tussauds? – o esganiço de filho assustou os dois que estavam concentrados em Leonor, fazendo o homem mudar a tela imediatamente para ver o filho, alguém que ele também estava morrendo de saudade depois de tanto tempo.
- ? – a pergunta do vocalista saiu meio desesperada ao ver sua cópia com a cara enfiada no celular da mãe. – Meu Deus, moleque, eu estou morrendo de saudade! – ele soltou meio desesperado ao ver o sorriso bonito do filho adolescente e não poder abraçá-lo. – Como estão as coisas? A garagem deu certo? E o projeto? Você não me liga, mal responde as mensagens que eu te mando, pivete!
- Ele se enfiou na garagem e não sai mais de lá! - riu divertida, puxou a cabeça do filho, beijando a bochecha dele bem apertado e deixando o rapaz meio vermelho de vergonha.
- É, pai! Eu acho que finalmente decidi meu projeto, conversei com o tio ontem e ele me deu a maior força. – o garoto disse com a voz vibrante em alegria, deixando o pai tão eufórico quanto ele, por suas escolhas. – Decidi fazer algo que vai ajudar a mamãe a tratar melhor os pacientes dela!
- Que coisa mais incrível, ! – o homem sorriu ao ponto de enrugar o canto dos olhos. – Isso me deixa tão orgulhoso de você, amigão! – o elogio saiu em tempo hábil, deixando o rapaz de pouca idade completamente inflado e com o peito estufado. Era realmente muito bom ouvir algo daquele tipo, principalmente de quem era sua maior referência como homem, seu pai.
- Obrigado, pai! Mesmo, muito obrigado. Eu estou muito ansioso para continuar o trabalho, acordei bem cedo hoje mal comi direito, fui direto para garagem! – Eliot disse um tanto eufórico e ouviu a risada dos pais, ambos sabiam que ele era tão imediatista quanto pai quando queria muito alguma coisa. Se poderia ser feito hoje, por que raios seria deixada para outro dia?
- Respira, moleque! Você precisa comer, estudar e tirar boas notas no colégio ainda, antes de ir para o MIT. - os dois da família riram.
sorriu imensamente feliz pôr as atuais circunstâncias e suspirou animada em ver que eles continuavam reunidos, mesmo metade da família estando bem longe do Canadá. Não demorou muito para que Leonor se juntasse a videoconferência, soltando os gritos mais finos e animados que ela já tinha visto em 14 anos.
- Oi ,mãe! Oi, ! Tá sendo tudo tão legal! Você viu as minhas fotos com os meninos do McFLY? A gente gritou tanto no show, pulamos, depois gritamos mais uma vez, eu chorei bastante e também fiz váaarias amigas. – a garota soltava tudo de uma vez, enquanto via a mãe e o irmão tão empolgados quanto ela em saber tudo que estava acontecendo. – Aí depois o Tommy veio falar com o papai, sabe o Tommy? – ela riu e viu os dois afirmarem eufóricos. – Ele disse que a gente ia cumprimentar o McFLY no camarim, quando eu cheguei lá, eles foram ainda mais incríveis e conversaram horrores com a gente, nós ainda conhecemos a Giovanna, a Georgia e a Izzy. Vocês têm noção? Os filhinhos são a perfeição na Terra! – a moça disse contendo mais gritos e viu a mãe sorrir com os olhos mais brilhantes que o dela até. – Até que a gente tirou uma foto bem linda ontem, o papai até postou no Instagram dele, fazendo a tal diplomacia. – o deboche saiu sem demora, fazendo a família rir alto. – E nós convidamos a banda para almoçar hoje e também fomos convidados para ver o soundchek.
- MENTIRA, LEONOR! – o gritinho de fazia parecer que a mulher tinha exatamente a idade da filha, deixando-a ainda mais animada do outro lado da linha, à medida que afirmava freneticamente e quase tomava toda a visão do pai, tirando o celular da mão dele. – Eu acho que ia surtar junto com você, que momento mais lindo, minha filha! A mamãe tá com o coração explodindo em felicidade por você. – o sorriso maternal surgiu a fazendo retornar a pose de mãe.
- Eu juro que vou pensar duas vezes, na próxima tentativa de tatuagem! Assim dá para viajar tranquilo. – o garoto riu alto e sentindo o coração ficar mais feliz por matar, nem que fosse um pouquinho, a saudade da irmã, continuou: – Pirralha, você nasceu com a bunda na lua! – ele gritou e os dois riram alto, enquanto ela fazia uma pose no meio do museu de cera. – Eu estou morrendo de saudade, sua ingrata, mereço um presente muito bom!
-Sem chance! Já gastei toda a minha mesada com tinta e camiseta, sorry! – Leonor fez um bico zoeiro e o irmão mostrou a língua.
- Sem desculpas, estoura o cartão do pai, ué! Para que serve o cartão dele?
- Eliot! – o homem esganiçou bem fingido para situação, ouvindo o filho mais velho rir e mandar um beijo zoeiro.
- Mas e o seu projeto, ? Dando certo? – Leonor abriu um sorriso cúmplice de quem já sabia exatamente o que o irmão estava planejando e despertou nos pais um sentimento meio indignado. Como assim aquele moleque continuava fazendo mistério para eles?
- Firme e forte! – o rapaz piscou com o mesmo sentimento cúmplice e os dois riram.
- E os livros, anjo? tomou a vez na conversa, vendo-a tomar fôlego para despejar uma gama de informações na conversa, mas antes que pudesse virar a filha em estado de euforia, a campainha da casa tocou.
- AI, MEU DEUS! ACHO QUE SÃO OS LIVROS! – ela direcionou sua euforia a possível chegada e praticamente jogou o celular nas mãos do filho mais velho, ouvindo os dois rirem alto. Embora não ligasse para estar virando chacota daquela família, a enfermeira queria mesmo era ver seu mais novo produto chegando e prontinho do jeito que ela havia encomendado tudo.
- Quem trouxe? pai perguntou ainda rindo e viu o filho negar a pergunta, mostrando que não fazia a mínima ideia, por a mãe não ter aberto a porta ainda. – Vira a câmera, ! Nós não queremos perder esse momento! – em tempo apenas de o cantor conhecer o sogro sorridente ao ver a caçulinha dele. – Seu avô? – a pergunta veio acompanhada de uma gargalhada.
- Eu também não sei porque ele trouxe os livros. – o filho ria tão perdido quanto o pai. – Eu achei que o Andrew fosse trazer, ele e a mãe ficaram até tarde ontem tagarelando sobre isso. OI, VÔ! – o rapaz gritou ao mesmo tempo que ia de encontro ao pai da sua mãe, ansiando abraçá-lo tão forte quanto seria abraçado.
- PIERRE! – Charlie gritou ainda abraçado a filha, quase sacudindo-a como se a estomaterapeuta tivesse a idade de Leonor.
- CADÊ O VOVÔ? – Leonor soltou um gritinho fino que poderia ser ouvido de toda a Inglaterra.
Os abraços se estenderam até o rapaz que ainda segurava o celular na mão, o fazendo entender que não importava o quanto ele crescesse, ainda seriam uma criança. Se sua mãe que já era mãe de dois, nunca deixaria de ser criança para o pai dela, imagina ele que era a criança da criança.
- Como você tá? E o vestibular? - o senhor de mais de 60 anos perguntou bem concentrado no neto. Vendo o rapaz sorrir largamente.
- Eu estou bem, vô. O tio tá me ajudando com o projeto da faculdade. Eu vou passar! - ele respondeu animado e ganhou um beijo na cabeça.
- Claro que vai! Quem foi o louco que duvidou disso? - o homem sorriu encorajador ao sacudir mais uma vez o rapaz. – Cadê a Leonor? Eu ouvi a voz dela!
- Aqui, vovô! – a moça voltou a tagarelar do outro lado da tela, vendo Charlie espremer um pouco os olhos para enxergá-la e finalmente rir, ajeitando os óculos no rosto. – Você vai ficar aí até quando?
- Onde você tá, menina? – o homem mais velho perguntou rindo e logo cumprimentou o genro. – ! Tudo bem?
- Hey, Charlie! Tudo bem sim, e com vocês? Nunca mais apareceram!
- Estamos bem! Eu vim resolver umas coisas em Montreal e passei para ver minhas meninas. – o homem sorriu e ainda que considerasse duas filhas já adultas como crianças, era completamente entendido por naquele quesito.
- Eu estou na Inglaterra, vô! – Leonor soltou um gritinho animado. – Vim ver um show do McFLY com o meu pai! Está sendo tão incrível.
- Mc... O quê? Esses moleques de hoje em dia. – o senhor soltou meio saturado pela falta de criatividade com o nome da banda e ouviu a risada estrondosa do genro e da filha.
- Pai, eles são quase da nossa idade! – a enfermeira abraçou o pai de lado, recebendo um beijo carinhoso na cabeça.
- Como eu disse, moleques! – o homem voltou a afirmar. – O outro tem uma banda chamada Simple Plan, vê se pode. – ele pirraçou com o genro e arrancou mais algumas risadas, inclusive do vocalista em questão que sempre se esvaía em risadas quando o assunto vinha à tona.
- Você adora a banda, Charlie, nem vem! – o Mr. riu em poder rebater a brincadeira.
- Não quando dois integrantes dela tiraram minhas duas filhas de mim. – o choramingo veio como uma ralhada, mas interrompido por um toque irritante no interfone.
Com certeza era Andrew! Só poderia ser ele, junto com o carregamento de livros que procurava retratar bem a convivência com o paciente estomizado, a busca por uma vida normal e todos os cuidados necessários para que a pequena estomia não se tornasse um imenso problema. Aquele livro estava sendo um dos mais esperados, não só para a enfermeira estomaterapeuta, mas por um grande público que a acompanhava há longos anos e já tinha garantido o exemplar na pré-venda pela internet. Uma oportunidade perfeita era lançá-lo na reinauguração da clínica e mostrar o lindo produto que aquele trabalho duro estava resultando, além de algumas coberturas patenteadas e um modelo de prótese sintética para que os futuros pacientes estomizados pudessem aprender a ver o corpo novamente.
A porta foi aberta revelando um rapaz sorridente e tão eufórico quanto a Mrs. , eles dois sabiam bem o trabalho que tinha dado construir todo aquele material.
- CHEGARAM? – a mulher arrancou uma das caixas das mãos dele, ouvindo o amigo soltar um gritinho semelhante ao dela. – MEU DEUS, MEU DEUS, EU PRECISO ABRIR E VER A CAPA! – encostou a caixa que estava em mãos, perto das caixas do sofá novo, que estava esperando para ser montado e sem mais demoras, rasgou a fita adesiva que selavam os lados do papelão enquanto Eliot e Charlie ajudavam Andrew a pegar o resto.
O celular da mulher foi colocado pertinho dela no chão e à medida que ela abria a caixa e tirava os livros, ia mostrando a pai e a Leonor, ouvindo exclamações tão animadas quanto a dela, principalmente as de um marido que estava imensamente orgulhoso e feliz por participar de um momento tão importante quanto aquele. sabia bem o quanto a esposa vinha dando duro para escrever e publicar o livro, ainda que estivesse de longe com todos os problemas que envolvia a separação mais desastrosa.

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ouviu a campainha da casa tocar e colocou o laptop em cima da mesinha de centro, pendurou o fone de ouvido na tela e calçou os chinelos confortáveis que gostava de usar em casa, para ir atender a porta. Capaz de ser com o carregamento de batatinhas e vinho para noite que os três haviam combinado. Como em todos os outros anos, era daquele jeito que eles comemoravam a nova vida de , às vezes com mais gente, às vezes com apenas o trio e outras vezes, só com as duas mulheres e algumas crianças no tapete. O homem sabia que a esposa iria ter uma surpresa bem bonita aquele dia com a presença do pai dela nas comemorações, principalmente quando ela tinha passado o dia para cima e para baixo resolvendo todos os problemas relacionados aos seus projetos de emprego.
- Boa noite, família! – o Mr. sorriu ao dar de cara com um trio da pesada assim que abriu a porta, a cunhada, o afilhado e o sogro pareciam ansiosos para festa particular. O primeiro a ganhar um abraço apertado foi Charlie, sentindo a felicidade de abraçar o genro que havia se tornado filho depois de tantos anos. – Que bom te ver de novo, Charlie! A Mrs. tá dando banho no Alex, já ela desce e causa aqueles gritos.
- Estou louco para ver minha filha! – o mais velho sorriu da forma mais paternal.
- Ela vai adorar saber quem veio para noite especial! – o marido apaixonado disse sorrindo e soltou um suspiro mais discreto, embora condenasse o quanto ele era arriado pela esposa.
E como um cavalheiro, Charlie deu espaço para que a filha mais nova e o neto mais velho entrassem na casa dos , cumprimentando com leves abraços.
- E aí, tripa seca, tudo certo com o projeto? – a pergunta do guitarrista mais geek de todos os tempos veio para zoar o afilhado, vendo o garoto rolar os olhos e rir depois.
- Sim, dindo. Já consegui trabalhar bastante nele, obrigado pela ajuda. Amanhã você pode ir lá em casa, né? Ver como tá o andamento, o vovô adorou a ideia!
- E ninguém me conta do que se trata! – ralhou um tanto indignada com aquilo, recebendo um trio de cínicos sorrindo em sua direção. – Garotos! – ela rolou os olhos e aproveitou a familiaridade com a casa espaçosa para colocar os mantimentos em cima da bancada. – Posso ir botando as batatas no forno, ?
- À vontade, ! – o homem meneou a mão e sentou ao sofá, acompanhado do sogro e do sobrinho. – Já contou para o seu avô que você tá namorando? – a pergunta do atingiu em cheio a cara do garoto.
- Como assim você tá namorando? – Charlie perguntou dividido entre estar animado e preocupado com a informação. – Você tem idade para isso? – o deboche surgiu em cheio, fazendo e rirem alto. Os dois sabiam bem que o pai das gênias da família Cousseau já tinha a pele calejada de tanto pepino.
- Óbvio que tenho, vô! Eu tenho 16! – Eliot disse meio ofendido com a pergunta mais sem noção. – Minha mãe tinha 15 quando começou namorar com meu pai!
- E te teve aos 17, não é exemplo!
- Pai! – ela reclamou fazendo a ofendida, ouvindo toda a conversa de onde estava. – Eu tive o aos 18!
- Continua não sendo exemplo!
- Sabe que eu concordo plenamente! – o barulho do motor da cadeira motorizada, junto a voz de se fizeram presente na sala de estar conjugada a cozinha e o homem olhou-a de uma vez, imerso em saudade e felicidade. – PAPAI!
- VOVÔ! – o grito de um Alexander com o cabelo molhado foi mais alto do que a voz da mãe, dando corda a um garotinho que não precisava de muito para correr como se tivesse em uma maratona e sem esperar mais, ele se agarrou nas pernas do avô, sendo colocado no colo em seguida. – Eu estava morrendo de saudade!
- Campeão! – Charlie levantou a criança no ar e jogou-a de leve para cima, arrancando uma gargalhada mais do que espontânea do menino. – Eu também estava morrendo de saudade do meu skatista preferido! Tudo bem? E a escola? – o senhor beijou a bochecha do neto, fazendo a criança se inflar para despejar todas as respostas de uma vez.
- Tudo bem sim! O senhor sabe que hoje é o aniversário da mamãe, né? Mas é o segundo aniversário dela. E na escolinha eu só tiro A+, sou bem inteligente! – o convencimento do moleque gerou algumas risadas encantadas e mais um abraço apertado no pequeno.
- Você é um supergênio que nem seu primo! – o Mr. Cousseau piscou orgulhoso e viu um aceno frenético do molequinho esperto.
- Eu vou para o TIM que nem o . – Alex fechou os olhos mostrando o quanto estava convencido daquilo.
- É MIT, pirralho! – Eliot corrigiu o primo, mas achando uma fofura da parte dele lhe usar como espelho.
- Isso mesmo! – Alexander se saracoteou para sair do colo do avô e prontamente foi colocado no chão, ganhando um beijo carinhoso na cabeça.
Charlie levantou a vista e sorriu imensamente ao ver uma das suas menininhas, que já não era mais qualquer moça. era uma mulher muito bem resolvida, mas era como diziam os mais velhos, os filhos nunca deixariam de ser pequenos aos olhos do pai. Ele sorriu ao abraçar ainda mais a filha mais velha, enquanto a mulher quase se pendurava ao pescoço do pai, imersa em tanta felicidade por tê-lo ali em sua casa. Um beijo carinhoso foi dado na bochecha de como se a designe fosse uma criancinha de sete anos apenas e os dois riram mergulhados em uma emoção bem bonita de se ver.
- Eu estava morrendo de saudade, papai! – ela verbalizou com uma emoção sem tamanho, ganhando mais um abraço apertado e cheio de amor.
- Imagina a gente que mora tão longe! - Charlie agachou em frente a cadeira, sorrindo largamente ao ver que sua menina estava tão bem. - Como vocês estão? Como você se sente por hoje? Eu sei que é um dia difícil.
- Estamos muito bem, pai! - apertou a mão dele com força, passando total segurança. – Eu me sinto melhor a cada ano, é difícil sim pensar em como minha vida mudou tanto depois do acidente, mas eu tenho vocês! – a mulher o abraçou mais uma vez com força, principalmente quando sabia que toda a família lembrava daquele dia como um segundo aniversário dela. – E todo dia eu aprendo uma coisa nova, eu aprendo como driblar mais coisas e também consigo ensinar o melhor de tudo ao Alex.
- E você sempre vai ter a nós todos, somos sua família! É tão bom saber que você só aprende mais a cada ano, meu anjo! – Charlie abriu um sorriso bonito, que entre uma fungada e outra, ficava ainda maior. Ele ouviu a risada divertida da filha mais velha, à medida que a Designe passava os polegares em suas bochechas para conter o começo do choro. – Sua mãe está morrendo de saudade, choramingou bastante em não poder vir, mas disse que logo a gente vem, todo mundo!
- Sim!!! Em algumas semanas os meninos vão tocar aqui em Montreal e a gente quer todo mundo aqui para o grande show! – o sorriso surgiu com a pureza de um sorriso infantil e alegre, fazendo Charlie apertar ainda mais as mãos dela, beijando o dorso em seguida. – Senta aqui e me conta como estão os negócios na padaria. – ela riu divertida e deu um tapinha no sofá que estava ao seu lado, ouvindo uma risada divertida do pai.
- Uma loucura! – o homem sentou no sofá e encheu o peito para falar. – Essa semana sua mãe inventou que a gente tem que expandir ainda mais e quer comprar mais um imóvel para franquia! – os dois riram por saber que Elena era um pouco agoniada.
- Eu nem sei como ela não me ligou ainda, sendo bem sincera! – a mulher sacudiu de leve a cabeça. – Ela sempre quer que eu faça os projetos da padaria. Mas sempre fica tão aconchegante, né?
- Sim! Eu adorei o jeito que vocês organizaram a nossa maior, todo mundo elogia tanto quando vai por lá e nós sempre enchemos a boca para dizer que foi nossa filha! – o pai sorriu largamente, mostrando todo o seu orgulho.
- Melhor recompensa do mundo! – o gritinho de o fez rir, enquanto ela travava as rodas da cadeira para fazer a transição para o sofá.
- Deixa eu te ajudar! – Charlie levantou prontamente e ainda sob protestos desgarrados, tirou a filha mais velha da cadeira de rodas, colocando-a sentada no sofá grande e escuro da casa. – Tá confortável? – o homem perguntou arrumando algumas almofadas ao redor dela. – Quer colocar os pés em cima de alguma coisa?
- Tá ótimo assim, pai! – arregalou de leve os olhos, tentando fazê-lo parar com tanto paparico e fez o senhor de cabelos grisalhos soltar uma risada espontânea. – Assim vai ficar com ciúme!
- VOU MESMO, HEIN! – o grito de deboche ressoou da cozinha. – Que paparico é esse? – a enfermeira fingiu indignação.
- Eu passei o dia te ajudando para cima e para baixo, garota! Não reclama! – o Mr. Cousseau reclamou parecendo quando reclamava dos ciúmes exagerados de Leonor e as irmãs riram, à medida que a que estava mais perto abraçava o pai com força.
- Vovô, vamos brincar de bola de gude? – Alex cutucou o joelho de Charlie, fazendo um brilho gigantesco tomar os olhos do homem. – Eu, o senhor e o no tapete! – a criança arregalou os olhos azuis extremamente claros, da cor dos olhos do pai, segurando um saquinho gigantesco com inúmeras bolas de gude que haviam sido compradas em várias partes do mundo.
- Claro que eu quero brincar de bola de gude! – o homem se animou como se tivesse cinco anos de idade, despertando um sorriso imenso e bonito na filha, que já ajudava e a acomodar as coisas na mesinha de centro, enquanto segurava algumas bacias.
Os três sentaram no tapete sem mais cerimônias e logo o menino derramou todas as bolinhas de dentro do saquinho, despertando o instinto mais infantil de quem estava brincando com ele. Era realmente maravilhoso poder brincar com qualquer pessoa e mesmo que ele não tivesse irmãos, tinha vários amigos, grandes ou pequenos. O trio entrou em uma bolha divertida e cheia de risadas pelas bolinhas de gude coloridas e que rolavam com a maior rapidez do mundo pelo tapete, transformando o homem e o projeto de um, em dois meninos de cinco anos assim como Alexander.
, e , se acomodaram no sofá escuro e logo trataram de ligar a TV em qualquer serviço de streaming, colocando o mais idiota dos filmes para rodar. Ao menos renderia boas risadas àquela noite, que junto aos petiscos maravilhosos e várias conversas paralelas, seriam a melhor forma de comemorar o aniversário torto de . Cinco anos de um acidente que tinha mudado e para melhor, a vida de todo mundo!

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London, England. 6pm. Day 3.

- Charles? Hey, cara! – cumprimentou o melhor amigo de eras, dividido entre ficar para prestar atenção em Leonor, ou se afastar um pouco pela ligação. Achando a segunda opção mais propícia.
- Oi! Tudo certo? – Chuck cumprimentou. – Eu liguei para combinar os próximos ensaios, já que a gente vai fazer show em Montreal em algumas semanas. O Frank disponibilizou o espaço do estúdio, então acho que a gente vai conseguir ensaiar muito bem.
- Sim, sim, tudo certo! Ótimo, na verdade. Eu ainda estou com a Leo aqui em Londres. – respondeu e fez uma careta pelo som que atrapalhava um pouco a ligação, mas ouviu o amigo rir. Não sabia se dele, ou se em solidariedade por entender que a afilhada estava crescendo rápido demais. – Mas podemos começar o quanto antes sim, é bom que aí não me come vivo por causa da voz.
- Como sempre! – os dois riram pelas atitudes duras da mulher, principalmente quando a disciplina do marido em relação a voz, estava envolvida. – Mas me diz... Vocês conseguiram resolver essa bagunça toda? – Comeau perguntou um pouco preocupado com a situação do casal de amigos, principalmente sabendo o quanto a situação afetava .
O soltou um suspiro tão aliviado e animado que despertou uma curiosidade ainda maior no amigo, ao menos uma curiosidade boa, principalmente quando tudo vinha a indicar que sim.
- Sim, cara. – riu da forma mais idiota ao lembrar da esposa. – A gente conversou antes de eu viajar com a Len. Nossa, se eu soubesse que ia ser fácil, a gente já tinha conversado bem antes. Acho que acabamos amadurecendo nesse inferno de ano que passou.
- Era de se esperar, ! Porque sinceramente, depois de tanto sofrimento que vocês dois fizeram os meninos passarem, se não tivesse resolvido. Era melhor pedir o divórcio! – Chuck foi um pouco duro nas palavras e ouviu um resmungo desgostoso. – Tem certeza que deu certo, não tem, ?
- Óbvio que eu tenho, Comeau! – rolou os olhos com tanta insistência, ainda que o medo batesse fundo no peito.
- Dá última vez que você me disse que estava tudo dando certo, a porra de uma bomba explodiu nas mãos de todo mundo com você mudando para cá sem a e os meninos, então eu espero muito que dessa vez seja verdade.
- Você acha que se tivesse fodido de novo, eu já não tinha voltado para aí? – o tom de saiu até meio irritado com a insistência do melhor amigo, por mais que soubesse que no fundo, ele tinha razão.
- Eu sinceramente, não sei. Por favor, faz a coisa andar agora, não dá uma de moleque mimado e inconsequente. Você não tem nem mais idade para isso!
- Eu sei, Chuck! Pelo amor de Deus, eu não sou criança. Não é a minha vida que tá em jogo, é a vida dos meus filhos, é a vida da minha esposa. Dá para confiar em mim, ao menos uma vez na vida? Como você mesmo disse, eu nem tenho idade para agir feito um moleque idiota, portanto, não vou!
- Assim espero, ! Assim espero! – Comeau alertou como se fosse pai do amigo e ouviu um baixo “vai à merda”, fazendo-o rir alto com o xingamento tão infantil. – Vai você, idiota! – os dois riram como se não tivessem mais que 18 anos. – Vai lá curtir com a Leo e manda um beijo para ela, diz que o dindo tá com saudade. Assim que chegar em Montreal, eu, a Jackie e o London vamos lá!
- Estamos ansiosos com a visita! – passou a mão pelos cabelos escuros. – Até depois, Chuck!
- Até, ! – os dois se despediram e o Mr. desligou o telefone com uma dúvida gigantesca pairando sua cabeça.
Será que a conversa tinha mesmo resolvido a situação dos dois, ou só apaziguado o problema? Óbvio que os dois já estavam envolvidos a um nível extremamente íntimo e carnal, mas sexo entre o casal nunca tinha sido sinal de reconciliação, não apenas, na verdade. Ele ponderou ligar para ela mais uma vez naquele dia, mas sabia que não era a melhor maneira de resolver qualquer mal entendido. Pessoalmente. Era pessoalmente que bateria o martelo sobre voltar mesmo para casa!



Chapter Fifteen

- Eles disseram a hora que o voo chegava? – Eliot perguntou impaciente com a demora da chegada, enquanto via a mãe mais do que tranquila sentada em um dos bancos e parecendo resolver algo da clínica por telefone.
- Leo só me avisou a hora que eles tinham saído de lá, meu anjo. – levantou a vista e percebeu que o rapaz parecia um pouco desconfortável com alguns olhares em cima dele.
A mulher prendeu a risada entre os lábios e bateu de leve na cadeira ao lado dela, sabendo bem o quanto incomodava ao garoto ser tão parecido com o pai, maioria das vezes. Um parecia realmente a versão mais nova do outro e isso atraía vários olhares quando os dois, ou apenas um estava em público, sendo um pouco constrangedor pro mais novo. Principalmente quando pai se vestia igual a um garoto de no máximo, vinte anos, ou seja, igual a filho.
- Você tá desconfortável com tanta gente te olhando, não é? – ela perguntou ao soltar uma risada anasalada, o rapaz bufou se dando por vencido e logo sentou ao lado da mãe, como se derretesse na cadeira de ferro desconfortável
- Eu fui no banheiro e uma moça me parou. – apontou na direção do corredor. – Viu que eu não era meu pai e pediu desculpas.
mordeu a boca, tentando mais uma vez não rir do garoto, embora fosse frustrado com um bico gigantesco que nem o do filho. Ela abriu o berreiro a rir, vendo o adolescente rolar os olhos e se afundar ainda mais na cadeira, sabendo que estavam chamando ainda mais atenção pela risada da mãe.
- É que você é tão lindo quanto seu pai, meu coração! – ela se recompôs e passou a mão no coque, amassando os cachos. – Vem cá! – a enfermeira inclinou o corpo, tirando o boné e os óculos escuro do rapaz, que era bem parecido com o do pai. – Pronto! Agora você tá meu filho, seu pai só anda de boné e óculos por aí, o pessoal confunde mesmo. Pode respirar! – piscou e beijou a bochecha do rapaz, sabendo que aquilo o deixaria mais seguro, embora não resolvesse nadinha. Ele era mesmo a cara do original e nem ela distinguia tanta semelhança, às vezes.
- Você não se incomoda com tanta gente olhando para gente? – filho fez uma careta ao bagunçar o cabelo.
- , desde que eu tinha uns vinte e poucos anos, que eu vivo isso. Me incomodava bastante, mas é algo comum para mim agora, com o tempo você acostuma. – ela guardou o celular na bolsa pequena e ajeitou os óculos de grau no rosto. – Quando vê, tá até acenando para as pessoas e sorrindo. Eu já nem sei mais quem me conhece por ser a e quem me conhece por ser a esposa do .
- Será que algum dia alguém vai me conhecer por ser o Eliot e não mais o filho do vocalista do Simple Plan? – o garoto mordeu a boca bem duvidoso da sua pergunta, vendo a mãe abrir um sorriso largo.
- Não tenho a menor dúvida que sim! – ela beliscou a ponta do nariz dele. – Um dia desses o Charles vai ser conhecido como “o pai do Eliot!”
O rapaz riu todo fofo com a declaração da mãe e se sentindo como alguém anônimo, ficou mais confortável com a situação. Os dois passaram alguns minutos observando o aeroporto enorme, que nunca parava e trazia as melhores notícias para alguns, assim como a que mãe e filho esperavam há cerca de 30 minutos naquele dia. O monitor fixado às colunas grossas mostrava os horários, atrasos, companhias trabalhando e moviam todo aquele lugar de um lado para o outro. Os guichês não paravam um minuto para atender as filas intermináveis, assim como a esteira que carregava todas as malas.
- Acho que chegaram, ! - disse ao estreitar os olhos para o monitor e reconhecer o número de voo em que o marido e a filha estavam.
Os dois levantaram dos bancos de ferro e logo andaram para um dos portões de embarque e desembarque mais perto da área que eles estavam, ansiosos e cheios de saudade para receber e Leonor, depois de uma semana fora de casa. Após uns bons minutos, várias pessoas começavam a sair pela grande porta de vidro, até que os dois avistaram a dupla dinâmica, onde Leonor parecia a personificação do McFLY pela camisa temática que usava e o homem a derrota em pessoa, com um semblante incrivelmente cansado de quem só queria colo depois de horas dentro de um avião.
O abraço não tardou a chegar e enquanto a ponta mais nova daquela família parecia uma matraquinha tagarela contando sobre todas as camisas legais que tinha trazido pro irmão, a ponta mais velha pedia socorro com apenas um olhar pelo desgaste. Ele não estava mais tão novo quanto costumava pensar. e filho ajudaram a arrastar as malas e entre abraços e risadas, os quatro iam saindo do aeroporto imenso daquele lugar.
- Eu vou dormir doze horas seguidas depois do banho. – o homem disse com a boca contra a cabeça da esposa, sentindo o acocho do abraço aumentar.
- Exausto? – ela perguntou baixinho ao enfiar o rosto na bochecha dele e ganhou um beijo rápido nos lábios.
- Pra caramba. Eu odeio jet lag. – os dois riram com o trocadilho nada intencional e mais um beijinho rolou em meio ao abraço apertado do casal.
- Em casa a gente liga a hidro! – ela piscou sabendo que aquela era uma ideia maravilhosa e ouviu o suspiro contente dele sobre a banheira de hidromassagem para aliviar o cansaço de uma viagem longa.
- Só eu sei como eu te amo, mulher! – o suspiro de escapou cansado da boca dele e mesmo que soubesse de todas as intenções da esposa em querer ligar a hidromassagem, ia manter a palavra e segurar a vontade até que as coisas estivessem mais do que esclarecidas.

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- Ai que essa semana me deixou morrendo de saudade de você! - saiu do closet se insinuando claramente pro marido largado na cama.
- Eu também, anjo! - ele riu baixo, evitando de levantar a vista e sentir toda sua decisão em não transar até resolver tudo, ir por água abaixo. - Ficar longe de casa é ruim de todo jeito. - o vocalista do Simple Plan largou um livro qualquer de lado e desligou a luz do abajur, ainda que soubesse que aquilo não pararia .
- E você acha que eu não sei, só não foi tão ruim porque aproveitei para me atolar com o trabalho. - a risada baixa surgiu na penumbra quando ela se apoiava na cama insinuando que passaria por cima dele para deitar do outro lado. - Você queria conversar o quê? - a pergunta veio acompanhada das mãos dela apoiadas no abdome definido e contraído do marido. rebaixou a postura e sem vergonha alguma sentou no colo dele, recebendo um olhar desesperado e até apavorado do homem.
desejava sumir diante de tal situação. A merda de uma camisola branca que tinha uma fenda desde o ponto entre os seios, fartos à propósito, e separava todo o tecido, mostrando a minúscula calcinha praticamente transparente. Se não bastasse a visão mais do que instigadora dela sentada em seu colo com um sorriso ladino, os cabelos cacheados rebeldes em um volume incrivelmente lindo e que já era a identidade de , as unhas já um pouco maiores começavam passear por ali causando os piores reboliços que o homem já tinha imaginado. Ela mordeu o lábio inferior em um sorriso bem safado ao sentir que ele já ficava ereto só com carinho que as unhas faziam subindo no abdome, ouvindo uma risada desesperada por parte do marido.
Ela estava de unha grande? nunca usava unha grande! Por que a unha dela estava grande?
- Anjo, anjo. A gente precisa conversar uma coisinha. - ele soltou mais uma risada desesperada ao sentir as unhas dela irem subindo pro seu peito, à medida que a mulher se inclinava e a ereção se encaixava tão bem entre as pernas dela.
- Cama não é lugar para conversas... - ela se encaixou ainda mais no colo dele, sentindo as mãos de agarrarem suas pernas como em um protesto, ou como alguém que não fazia a mínima ideia do que fazer.
- Anjo, eu não vou transar enquanto a gente não resolver isso. - o homem verbalizou o que nem imaginava que fosse verbalizar e ouviu a risada provocativa dela. Aquela velha risadinha de quem não estava nem aí, ela ia conseguir o que quisesse. - Anjo... Sabe quando você fala não? - a pergunta veio acompanhada de uma risada esmorecida.
Ele não estava fazendo e nem falando aquilo, só poderia ser brincadeira.
- Eu estou falando não.
piscou repetidamente, sem entender exatamente o que raios ele estava falando. Desde quando recusava um bom sexo? Desde quando ele olhava para cara dela e falava não? A incredulidade na mulher a fez ficar estática e confusa com aquilo, entrando em situação pior ao perceber quando ele segurou suas mãos com delicadeza e tirou-as de seu peito.
- Conversar antes...
- Eu não vou conversar merda nenhuma com você! - a mulher furiosa pulou fora do colo dele, acendendo a luz do abajur para que suas expressões de ira ficassem bem claras. - Você disse não, então é não! - o sorriso cínico apareceu marcado nos lábios dela e o homem se jogou para trás no colchão.
- Sem ser assim cabeça dura, . Por favor! - sentou novamente na cama, passando as mãos impaciente entre os cabelos, principalmente quando a outra cabeça implorava por um contato nem que fosse pequeno. Ela arqueou a sobrancelha e olhou pro meio das pernas do marido como se o condenasse por aquilo. - Você está seminua, gostosa para caramba e estava sentada no meu colo. Queria o quê? - o esganiço chegou a mudar a voz do cantor, o fazendo pigarrear depois e tomar a frente dela, na resposta. - Foi retórico, mulher!
- Foda-se! Você é um belo de um filho da puta. - ela xingou possessa com postura omissa dele e deu meia volta para sair do quarto, carregando o robe de moletom e cor de papa de aveia junto, mas que escondia bem demais o pecado que aquela camisola era.
O baque forte da porta batendo não conseguiu se confundir ao grunhido desesperado que preencheu o espaço do quarto, mostrando o quanto queria se matar por causa daquilo. Será possível que depois de quase 20 anos ele não sabia introduzir uma conversa adulta com a própria mulher? Não era tão difícil assim chegar para ela e tirar logo a limpo toda a história, saber que estava em casa, encher o armário outra vez e ser feliz com a família que ele tinha. Mas não, o idiota do homem em questão tinha preferido passar o dia na base do paparico e resolver conversar a noite, logo na hora em que os dois mais precisavam daquele sexo. Ela tinha completa razão, ele era sim um belo filho da puta!
A porta do quarto abriu no mesmo supetão que tinha sido fechada e a mulher furiosa caminhava com o peito inflado de ódio na direção da cama, tirou o robe mamãezinha e depois de jogá-lo na poltrona que estava perto, continuou sem dar uma mísera palavra que fosse. desabotoou a camisola sabendo que tinha um espectador na penumbra, que pela cara de culpado queria dizer algo que o tirasse daquela espiral ruim, embora sabendo que apanharia na cara se desse um pio. A mulher sacudiu o cabelo cacheado e jogou a peça branca na cara do marido intencionalmente, deitando apenas de calcinha na cama gigantesca. A posição lateralizada e com a bunda empinada era para ferrar com o juízo de quem quer que fosse, principalmente o marido que estava do lado e lhe negando bons gemidos.
suspirou cansado, frustrado e meio desesperado pela situação, jogou a camisola dela na poltrona junto com o robe cor de papa e ergueu a postura na direção da mulher deitada de costas para ele. Circundou-a com um dos braços, deixando a imensa expectativa de misericórdia no ar, principalmente por estar com a boca quase encostada no ombro dela. A outra ponta do lençol foi agarrada e em uma rapidez imensa, o homem cobriu o corpo despido que estava lhe matando.
- Boa noite, anjo. Te amo! - o sopro na orelha veio acompanhado de um beijinho casto.
- Vai à merda. - ela revidou a declaração, ouvindo a gargalhada estridente do vocalista e rolou os olhos, focada em dormir, antes que o amarrasse na cama e transasse mesmo sem ele querer.

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Depois que Leonor saiu distribuindo todos os presentes comprados na Inglaterra, incluindo quase uma coleção nova de camisas pro irmão, algumas lembrancinhas para Ashley, mais algumas amigas de colégio e outras pro Alex, a moça desembestou a tagarelar sobre toda a viagem e o quão mágico havia sido conhecer os caras da banda preferida, deixando a mãe imersa em uma emoção tão mágica. Algo que deixava mais do que feliz, principalmente em saber que Harry, o baterista da banda, era um dos maiores responsáveis por fazer sua filhar voltar a dar foco para bateria, ainda mais depois que ela ganhou um par de baquetas autografadas.
Na escola não tinha sido diferente, o sucesso da viagem se espalhava a cada conversa entre o pessoal e embora ela tivesse ingressado no high school há pouco tempo, já era uma das pessoas mais conhecidas daquele lugar, apostando claramente que tudo aquilo era por estar na equipe de torcida, onde consequentemente estavam as “populares”. e Leonor não eram os mais ligados naquele tipo de coisa, os irmãos eram até despercebidos demais em relação àquilo e não estavam tão preocupados assim se eram famosos, idolatrados ou não.
Fora os burburinhos sobre o McFLY e todas as conversas exageradas que vinham junto, o Green Park High School estava imerso nos preparativos para o início da temporada de Hockey, onde o time do colégio jogaria contra os outros colégios da cidade e assim disputariam os títulos até ir pras regionais, almejando as nacionais. Faixas já tinham sido espalhadas em todos os lugares, coreografias ensaiadas e os garotos do time estavam mais focados do que nunca, assim como acontecia quando começava a temporada do basquete, do lacrosse e assim sucessivamente.
- Como se sente, ? – filho perguntou ao jogar o braço nos ombros da irmã, assim que acompanhou-a no corredor e os dois riram.
- Invadida! – a garota arregalou de leve os olhos. – Já me perguntaram três vezes se eu estava em uma after party superdoidona! – ela olhou pro irmão com uma interrogação gigantesca na cara, ouvindo gargalhar com aquela história.
- Esse pessoal é pirado! – o rapaz beijou a cabeça da irmã e apertou-a mais no abraço. – Mas e sobre sua primeira apresentação com as líderes de torcida?
- Um pouco nervosa. – Leonor deu de ombros não se importando muito com aquilo. – Estou mais preocupada em recuperar o que perdi de conteúdo nessa semana que passei fora. Ash tentou me passar tudo ontem, mas era coisa pra caramba e já tem teste do Mr. Benoit na semana que vem.
- Eu fiz teste dele semana passada, não me pareceu tão complicado! – Eliot deu de ombros e a garota fez uma careta de oposição.
- Você é inteligente, criança!
- Falou a gêniazinha dos ! - ele rebateu e os dois riram. - Não tá mesmo empolgada com essa coisa toda de líder de torcida? Catherine tá capaz de parir umas 15 crianças porque eu disse a ela que não vou dançar.
- Você dançando? - Leonor soltou uma gargalhada estrondosa, ouvindo o irmão rir junto com ela. - Você deveria, vai ser legal. Mas eu sinceramente, estou bem mais preocupada em ter médias satisfatórias. O que vier de resto é lucro, até porque esse colégio não é barato!
- Eu vi os boletos. - o garoto riu um pouco nervoso, mesmo sabendo que os pais fariam de tudo para que os dois tivessem a melhor educação do mundo.
- Oi, irmãos ! - Ashley acompanhou os três, sendo abraçada por , assim como ele abraçava a irmã.
- Oi, Dill! - os dois responderam ao mesmo tempo e com um sorriso exatamente igual. - Ansiosa pelo jogo? - repetiu a pergunta e os três cumprimentaram um conhecido enquanto passavam pelo corredor do colégio.
- Mais ou menos! - a garota riu. - O Matt tá mais ansioso do que eu, ele disse que vai assistir!
- O Matt tá aí? - Leonor fez uma careta, que logo se transformou em sorriso por ver a camisa que a amiga usava. Uma exclusiva da turnê que tinha ganhado, com a cara do Jones nela, parecendo gêmea da mocinha dos .
- Sim! Vai passar uns dias aqui por causa do aniversário do pai! – a moça negra deu um sorriso largo. – Acho que a mãe já falou com a tia.
- Já sim, ela foi lá em casa tem uns dias. – confirmou e sorriu.
- A gente deveria ir na lanchonete da esquina mais tarde, aí você aproveitava e me explicava o conteúdo de biologia da prova. – Leonor ofereceu a ideia a melhor amiga e a garota fez uma careta de derrota.
- Ai, Leo, o Matt vem buscar no colégio para gente ir na casa da vó. Você acha ruim se for à noite? Qualquer coisa eu durmo na sua casa, ou você dorme na minha. – a moça suspirou um pouco frustrada em precisar furar e em troca, ganhou um sorriso compreensivo.
- À noite, então!

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- Meninas! Meninas! – Catherine chamava a atenção das colegas, à medida que saracoteava pelo ginásio durante o último treino antes das competições de hockey e iria preceder as competições das torcidas. – Atenção aqui, por favor! – a loira pedia vendo todas as garotas do time prenderem a atenção nela. – Eu espero que vocês levem a sério o nosso campeonato, porque ele é muito importante para mim, até mais do que a carta da faculdade se vocês querem saber. O campeonato é tudo que temos no momento e por isso espero que ele também seja para vocês, garotas! É o nosso título! – a garota ergueu o punho. – Portanto, não perdoarei atrasos para os próximos treinos, não importa se você foi a Inglaterra ou não, não importa se tem prova ou não, eu quero pontualidade! – ela alfinetou propositalmente Leonor que estava bem sentada na arquibancada, sem acreditar na cara de pau da outra.
Sério? Aquilo tudo era inveja? Ela negou com um aceno saturado de cabeça, esperando o que mais sairia da boca da aluna do último ano, já não estava com muita vontade de continuar no time mesmo. Logo aparecia a brecha para ela largar tudo em grande estilo.
- Sabem onde a minha mãe estava aos 17 anos? Ela estava concorrendo ao título regional das cheerleaders, é um legado que passa em nossa família, assim como sei que também vai passar na família de vocês. – a loira disse sorridente fazendo alguns gritinhos serem dados.
- Minha mãe ganhou as regionais durante três anos seguidos e espero que a gente também consiga essa proeza. – Amber disse com um sorriso largo e claro demais, enquanto a filha mais nova dos suspirou com a maior cara de pavor existente. Elas só poderiam estar de sacanagem.
Elas achavam que aquilo era motivo de orgulho? Ela ia mostrar o que era motivo de orgulho.
- Minha mãe nunca foi líder de torcida. – Leonor levantou de onde estava sentada na arquibancada e encarou a loira que fazia careta para ela. – Aos 17 anos minha mãe tinha passado nas duas melhores universidades da saúde dentro do Canadá e uma nos Estados Unidos e ainda estava grávida do meu irmão mais velho. Ela não estava eufórica porque tinha que ganhar qualquer campeonato idiota, ela estava preocupada sem saber o que fazer, porque tinha acabado de entrar na universidade, ia ter um bebê e meu pai era cozinheiro de um restaurante pequeno. – a garota soltou uma risada meio desesperada, depois sacudiu a cabeça. – Mas sabe o que ela fez? Ela renunciou muita coisa, assim como ele, para que ela pudesse estudar, se graduar e ser uma das melhores enfermeiras estomaterapeuta da região. E nem foi tão fácil assim, meu pai tinha uma banda em início de carreira que muita gente duvidava que fosse continuar, que fosse, no mínimo, até a cidade vizinha fazendo show e hoje eles são conhecidos mundialmente pela música foda que fazem. Então, Catherine, legado para mim tem um significado completamente diferente do que você acha que realmente é. Ir para faculdade e me formar em seja lá o que for, é muito mais importante do que um campeonato regional, meus estudos são.
- Fora, Leonor! – a garota gritou histérica pela interrupção, ganhando apenas um par de sobrancelhas arqueadas da mais nova. – Se não vai levar a sério o nosso esforço. FORA! Eu quero você fora do time!
- Com todo o prazer, Catherine! – Leonor fez uma reverência exagerada que provavelmente deixaria a capitã das líderes de torcida bufando de ira e pegou a mochila no chão, colocando no ombro com um movimento. – Quem quer sair desse circo sou eu! – ela revidou deixando algumas boquiabertas e outras prendendo a risada por Leonor ter desafiado quem achava ser inatingível.
- Já vai tarde! Fracassada! – a garota gritou fazendo o maior escândalo por a mais nova dos não estar nem aí pros xingamentos, usando ainda do gesto rudimentar de representar um L na testa com a mão e ouviu apenas uma gargalhada acompanhada de um:
- Here’s to the rest of us, to the all the ones that never felt they were good enough. I wanna hear it for the chased and confused, the freaks and the losers, let’s point them up*. – Leonor recitou o verso da canção do pai e piscou com certo deboche para colega de escola, sabendo que tinha travado a maior briga com a garota. – Eu vou colocá-los para cima! No mais, bom campeonato para vocês, espero mesmo que ganhem junto com os meninos!
A moça sacudiu a cabeça dando graças aos céus por ter se livrado da criatura mais controladora que conhecia e deixou o ginásio com um baque na porta. Liberdade, era a palavra certa para resumir aquele momento tão bom, embora Leonor quisesse entrar em mais alguma atividade extracurricular, algo que tivesse bem mais a ver com ela. E foi assim que entre os anúncios do mural, ela viu algo que era realmente a sua cara e ainda de quebra, confrontaria a capitã das líderes de torcida.
Como diria sua mãe: “ela dava um braço para não entrar em uma briga, mas dava o corpo inteiro para não sair”.

*Trecho de The Rest Of Us

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coçou a cabeça ao se deparar com a enorme casa vazia, apenas o cachorro da família fazendo barulho no lugarzinho que a cama dele estava. Com certeza já tinha derrubado tudo ao redor e sacudia algum brinquedo que filho tinha comprado. Ele sacudiu a cabeça com a rotina tão comum, mas que amava tanto, principalmente por estar em casa, na sua casa.
O homem se espreguiçou no meio da cozinha ao colocar o boné na cabeça com a aba virada para trás e tirou do armário uma das cafeteiras mais antigas que o casal já tinham comprado. O artefato funcionava como um antigo coador, tendo uma haste dobrável cor ouro velho e logo em cima um suporte para o filtro de papel que deixaria o café cair na xícara ou no bule pequeno. Os dois filhos do casal costumavam zoar que aquele negócio era do século passado, mas e sabiam bem que dali saía o melhor café. O preparo de uma caneca bem cheia não demorou para acontecer, enquanto ele fazia algumas torradas e via as últimas notícias da província em um site confiável do lugar. E segundo os estudiosos, aquele ano teria um dos invernos mais rigorosos dos últimos anos, deixando imerso na nota mental de aquecer ainda mais a cama do Golden, ou ele invadiria a cama dos meninos.
Depois do café reforçado e nostálgico, o vocalista sacou mais uma vez o celular do bolso e percebendo que não teria muito o que fazer, decidiu se comunicar com o mundo exterior.
- Oi, pessoal, bom dia! É... Acordei tarde, tem ninguém em casa. Os meninos no colégio e acho que a esposa foi trabalhar. Estou sozinho! – ele disse segurando o celular com a câmera frontal ligada, enquanto gravava um vídeo para postar no stories do Instagram. – Ontem eu cheguei de viagem com a Len, depois de uma semana acompanhando os shows da banda preferida dela. Hm... E me sinto velho, eu estou velho. Minha filha já tem 14 anos, quase 15, na verdade. E já quer ir para shows que não são meus. Ser pai de fangirl não é fácil.
Ele soltou uma risada anasalada e baixou a postura para falar com o cachorro que estava em seus pés.
- Oi, amigão! Dá um oi pro pessoal! – o homem usou de uma entonação como se tivesse falando com uma criança e após encher o cachorro de carinho, voltou a caminhar pela casa. – Então, nós chegamos ontem de Londres e os shows foram realmente muito incríveis, os caras do McFLY tem canções maravilhosas que me lembraram até a Mrs. e também é inspirador escutar o som de outras pessoas, outros estilos, ouvir o que outras cabeças barulhentas têm a dizer. – ele deu de ombros dividido entre a câmera e andar pela casa acompanhado do cachorro. – Queria também agradecer, mais uma vez, a ótima recepção que foi nos dada. Tom, Danny, Harry e Dougie, muito obrigado mesmo, Leonor não calou a boca na viagem inteira de volta, então eu confirmo que ela gostou pra caramba do show!
deu joinha pro vídeo e continuou sua saga pela casa vazia, procurando qualquer coisa por ali que tomasse logo seu tempo antes que ele enlouquecesse por estar sozinho.
- Ah, pessoal! Em algumas semanas a gente vai fazer show aqui em Montréal e conto com a presença de vocês, viu? Os ingressos já estão à venda... Vai ter soundcheck, Pizza party, vai ter Mershan, vai ter tudo. – o homem enumerou com os dedos todas as vantagens daquele show em terras natais. – Estamos esperando vocês por lá, mesmo. Não faltem. Vai ser maravilhosooooo!
Ele enviou o vídeo para o stories da conta no Instagram, suspirou olhando pro cachorro, como se pedisse uma solução para tamanha ociosidade e viu o Golden pular mostrando que queria brincar. O homem riu e abraçou o animal que pesava em média uns 35kg, tentando levantá-lo e vendo que ele estava tão pesado quanto os próprios filhos, ninguém ali era mais criança e sofria com aquilo. Será que também? Ela lidava tão bem com a situação que provavelmente não.
Um suspiro escapou pela péssima situação da noite anterior e o vocalista decidiu que montaria o sofá novo, assim ganharia pontos com a esposa, nem que fosse na testa.
- Okay! Vamos montar o sofá novo, Hulk. Mas você vai me prometer que não vai pular em cima quando estiver sujo, ok? – o homem apontou com o dedo indicador como se o Golden fosse uma criança.
Tirou o celular do bolso novamente e em uma estranha vontade de não se sentir sozinho, começou gravar mais um tempo de vídeo. A tecnologia era mesmo uma faca de dois gumes!
- Semana passada, a família peso pesado quebrou o sofá dessa casa. Tudo culpa do que pulou em cima da gente e depois Leonor. – ele dizia enquanto filmava as caixas dispostas no chão. – Agora o papai vai tentar montar e tentar ganhar pontos com a , nem que seja na testa. Te amo! – o homem mandou beijo para câmera e postou a série de vídeos.
Ele pegou a caixinha de ferramentas na garagem da casa, tentando decifrar o que era dele e o que era do filho mais velho, que pela bagunça da mesa, estava realmente focado no projeto do MIT, consequentemente enchendo o pai de orgulho. postou a caixinha na mesinha de centro e com um estilete, começou rasgar as caixas que guardavam as partes do estofado, percebendo que não conseguiria montar aquilo sozinho nem que tivesse no auge dos seus 30 anos, imagina quando já beirava os 40.

: O clã dos maridos desocupados pede ajuda. Não consigo montar o sofá sozinho
: Essa coisa é grande demais. não tem limites
: 📷
: Ocupado
Jeff: Eu tbm
David: sou marido de ngm
Chuck: 😬
- Tudo bem, eu me viro. – a baforada de ar frustrada saiu sem demora.

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A mesa do jantar estava lindamente posta na sala que a família mal usava naquela casa, apenas para datas comemorativas ou quando estava inspirada e julgando bem sobre as datas, aquela fatídica noite era apenas um acesso de inspiração da mulher caprichosa. Ela estava lindamente arrumada com um vestido de lã, que possuía uma fenda enorme na perna esquerda quase mostrando o início da tatuagem e ao mesmo tempo que exalava sensualidade apenas para o marido, passava o ar de esposa e mãe dedicada, encarnando muito bem uma postura mista que só ela sabia como fazer.
O homem comia calmamente, já tendo secado uma taça de vinho quando a esposa já estava na terceira, o deixando realmente preocupado com o resultado daquilo. E os filhos não pareciam dar a mínima, já que praticamente engoliam a comida para poder sair logo em algum encontrinho que os adolescentes tinham marcado com os amigos do bairro. Algo já bem recorrente para aquela família, deixando e felizes em saber que os filhos tinham uma juventude mais saudável do que a que eles tiveram.
- A gente tá indo, tá? – filho pulou da cadeira ainda engolindo o resto da comida e esperando uma bronca da mãe por não mastigar direito, se surpreendeu quando ganhou apenas uma meneada de mão.
- Cheguem antes da meia-noite, amanhã tem colégio! – se limitou a uma advertência sobre a hora e ganhou dois sorrisos, acompanhados de beijos na cabeça.
também foi cumprimentado da mesma forma e após beijar a bochecha do casal de filhos, recomendou coisas básicas como “não bebam”, “não fumem”, “nada de aceitar coisa de quem não conhece” e mais uma porção de outras coisas que poderiam ser postas em uma grande lista. O olhar de tédio da esposa caiu sobre ele e finalmente, o homem deixou que os filhos saíssem de casa na maior agonia.
- Tudo bem, boa noite! – o homem finalmente se deu por vencido, deixando que os filhos saíssem de casa para curtir um pouco com os amigos.
O baque da porta fechando foi ouvido e sem mais demoras, a postura da mulher mudou completamente ao deixar o clima da sala imerso em sensualidade. Um sorriso puxado no canto dos lábios, o busto mais inflado pro lado do marido quase pulando fora do decote, que parecia ter ficado maior. Sem falar na mão nervosa que cada vez mais se aproximava da mão dele, enquanto a outra balançava levemente o resto de vinho na taça. Era hora, ele precisava ter aquela conversa com ela, os meninos tinham finalmente deixado os dois em paz e não tinha mais desculpas!
- Tá gostando? – o sorriso de se abriu ainda mais.
- Sim! Tá muito boa, anjo. Caprichou! – ele piscou de boca cheia, sentindo a vontade de rir aparecer com tudo, só pelo nervosismo de ter uma leoa pronta pro ataque ao seu lado. Céus, desde quando ele ficava nervoso por causa de ?
- É muito bom saber que você tá gostando! – ela mordeu levemente os lábios carnudos e subiu ainda a mais a mão pelo braço do marido, tentando ser sutil em suas intenções, por mais que quisesse pular no colo dele.
- Sempre gosto! – piscou e puxou a mão inquieta dela, dando um beijo casto e calmo no dorso. Talvez entendesse que os dois precisavam conversar antes. Ou talvez não.
- Eu fiz com tanto carinho... – ela mordeu a boca mais uma vez, enquanto a mão subia vagarosamente no braço tatuado, contornando os desenhos expostos pela manga arregaçada da camisa e ouvindo a risada meio nervosa dele. Yey! Ela tinha conseguido. – Você nem quis nada ontem e acabou montando o sofá hoje, merece ser recompensado, Mr.
soltou uma risada anasalada que condenava completamente o seu estado de nervosismo e umedeceu a boca, pronto para tentar, mesmo que soubesse o quão frustrado seria, colocar o assunto em pauta. Complicado ao nível em que ele estava prestes a entrar em combustão por estar na seca há mais de uma semana, mas ainda conseguia ser orgulhoso ao ponto de não querer ceder sem conversar com ela.
- Ainda vai comer mais? – a enfermeira levantou da cadeira, fazendo a maior questão de expor a perna aparente na fenda e como um carinho, passou a mão pelos cabelos quase grisalhos do marido. Logo esgueirando os dedos por trás de uma das orelhas do homem, mostrando bem que a intenção dela ali era acendê-lo eficazmente.
- Não, obrigado. – o sorriso do cantor se limitou em ser apenas grato, ele sabia que se soltasse qualquer piadinha pornográfica os dois perderiam o controle. – Estou satisfeito! – uma piscada acompanhou a resposta, à medida que ele já se apressava para levantar daquela cadeira quando foi surpreendido por uma puxada de supetão para longe da mesa.
Onde diabos tinha conseguido aquela força?
- Que bom, porque tenho mais planos para quando os meninos tiverem fora. – ela mordeu a boca mostrando ainda mais erotismo nas expressões corporais e pelo jeito que se movia, encantava o marido como se fosse uma feiticeira ou qualquer ser místico do tipo, levando o olhar e toda atenção dele para as pernas e o busto quase de fora. tinha plena consciência do poder que possuía, só não contava com a reação rápida de ao levantar da cadeira, assim que ela fez menção de sentar em seu colo.
- Ah é? – a pergunta saiu tão nervosa ao ponto de ele querer bater a própria cabeça na parede para deixar de ser idiota. – Que bom, noite perfeita!!! – piscou e sem mais demoras, ocupou-se em retirar a mesa do jantar.
- E nem começou ainda! – ela abriu um sorriso malandro e tentou, mais uma vez, prender o marido entre os braços, o vendo escapar gloriosamente para limpar a bagunça que estava na mesa. Tudo bem que era maníaco por limpeza, mas uma loucinha qualquer poderia esperar. – Deixa isso aí! – um tapa de repreensão foi dado na mão grande do vocalista e em um movimento rápido, a enfermeira conseguiu virar o marido de frente para ela, à medida que o puxava pelo tecido elástico da camisa.
- Não! Tem bastante coisa, não vou te deixar limpando isso sozinha! – tomou fôlego como se tivesse emergindo de uma piscina, ainda que sua sanidade começasse a reclamar com aquela resistência toda dele.
Se a esposa queria transar, o que custava jogá-la de bruços na mesa e resolver o problema dos dois? Ele sacudiu a cabeça com força e respirou fundo mais uma vez, imaginar inúmeras situações não estava ajudando em nada!
- ... – soltou uma risada incrédula com a postura dele ao mesmo tempo em que subia as mãos por dentro da camisa escura. Se ela queria, ela ia conseguir, nem que fosse na base da briga. – Eu não sei se você percebeu, mas eu não quero limpar cozinha nenhuma. – a mulher mordeu os lábios grossos, percebendo o quanto ele estava perdido em observar e sentir tudo. – Quero que você me dê um beijo!
O homem abriu a boca, mas ao não conseguir dizer nada, beijou de leve os lábios chamativos da esposa sentindo ela lhe apertar por baixo da camisa, além de esfregar o corpo no seu, tentando conseguir um beijo mais safado.
- Deixar para amanhã é pior, anjo. Eu quero te ajudar! – ele disse ao tentar desviar das mãos sorrateiras dela dentro da sua camisa e viu um sorriso sacana dançar nos lábios dela, levando o sentido da frase a um nível completamente diferente.
- Eu quero um beijo decente. – ela movimentou exageradamente os lábios vermelhos, o fazendo piscar várias vezes seguidas.
- Tá falando que meu beijo é indecente? – a pergunta divertida surgiu como uma brincadeira apenas, embora tivesse feito arquear as sobrancelhas, ainda que continuasse seu trabalho de provocação ao subir a mão dentro da camisa dele.
- Eu queria um beijo indecente, mas você não facilita. – a estomaterapeuta fez um bico desgostoso e sem contar com a reação do marido, ficou perdida ao ver que ele tinha se afastado sem mais nem menos, deixando um rebate afrontoso no ar que se construía em “Nem você!”.
Ela demorou alguns minutos para digerir toda a situação, tempo suficiente para que ele se esquivasse de toda aquela loucura erótica que invadia seu corpo e levava as louças para pia, tentando de uma vez por todas fugir de tanto fogo em uma mulher tão pequena, ou seria seu fim
- Você tá recusando sexo? – a pergunta indignada de veio arrebatadora para o marido cara de pau que pairava na cozinha como se nada estivesse acontecendo.
- Eu não colocaria dessa forma... – parou por um minuto, parecendo ponderar o que ela tinha dito e riu levemente ao se recostar na bancada da pia, tanto uma visão completa da sua pequena e furiosa esposa. – Eu não recuso, mas é que...
- Você está fugindo de mim, ! – o grito furioso cortou a frase dele ao meio, fazendo o homem se encolher só por entender que tinha irritado a fera. É, tinha fodido! – O que foi, tem outra? – a pergunta veio cheia de deboche, embora o medo de era que ele ficasse pálido e condenasse o que a cabeça bêbada dela insistia em teorizar.
- Oi? – a gargalhada de foi estridente dentro daquela cozinha. estava bêbada? Ele com outra mulher? Nem em sonho!
- Homem quando recusa sexo... – ela bufou possessa ao passar a mão pelos cabelos, estava com raiva do afronte dele em rir na sua cara. – Você passou uma semana fora, ontem você não encostou um dedo em mim e hoje tá se esquivando, Charles. Qual o seu problema? – a mulher furiosa e frustrada gritou no meio da cozinha, vendo que ele ria ainda mais e de certa forma, aquilo confortava seu coração de que sim, seu marido falava a verdade. – Eu não estou vendo graça!
- Não, eu não tenho outra mulher, anjo! – caminhou na direção dela com os braços abertos como se a chamasse para um abraço e mostrasse o quão tola era aquela desconfiança. – Pra que eu ia querer outra se existe você? A dona da minha vida todinha! – ele sorriu divertido com o bico imenso que tinha se formado nos lábios dela e deu um beijinho apertado, pensado exatamente para provocar. Ninguém prestava naquela relação, afinal de contas.
- Você não quer transar comigo! – o esganiço desesperado veio junto ao ato de puxar o marido contra o próprio corpo.
- Quem disse que não? – usou o mesmo tom dela, ainda mantendo as mãos longe de qualquer área que fizesse dar o bote e deixá-lo sem qualquer alternativa. Um tapa ardido foi desferido no braço dele e o homem fez uma careta engraçada, rindo em seguida, disposto a abraçar a esposa com carinho apenas. – Ai! Não me bate! – o cantor protestou como se fosse uma criança e ganhou mais um tapa, que logo se transformou em um par de mãos apertando seus ombros.
Não demorou muito para que os dedos dela descessem pelos braços do marido e mesmo por cima do tecido grosso do suéter, carregasse uma labareda de fogo por todo o corpo dele. jogava baixo? Com certeza, mas para a infelicidade do cantor, ele sabia que ela nem tinha começado o jogo ainda.
- Sua mulher tá morrendo de saudade. – o sussurro dela bem no ouvido o fez respirar fundo, enquanto os lábios de procuravam a pele do pescoço tão vagarosamente e o corpo dela roçava no do cantor de forma nada delicada.
olhou pro teto da cozinha como se tomasse fôlego após emergir no mar e pensando em qualquer coisa que não fosse tão excitante quanto a esposa querendo sexo, enfiou as mãos nos próprios cabelos sem saber exatamente como reagir. Tendo como única certeza o propósito de não encostar em , ou a ainda esperançosa conversa não ia rolar.
- Muita saudade. – ela puxou a orelha dele em uma mordida. – Só lembrar da sacanagem que a gente já fez nessa cozinha.
A frase foi o estopim para que ele se afastasse num pulo, embora bem mais delicado e com medo de morrer pelas mãos da esposa que ficaria para lá de irada depois daquilo.
- Eu não vou ceder! – sacudiu o indicador e cerrou o punho, falando mais para si do que para e passou as mãos nos cabelos mais uma vez, completamente impaciente com a droga da situação que tinha se metido. Era certo que depois de usar, ela iria capar ele.
- O que você quer que eu faça? Tire a roupa? – ela abriu os braços indignada com a situação.
- Sendo bem sincero, sincero mesmo? – o homem fez uma caretinha ao fechar apenas um olho. – Sim. Mas não! – ele soltou o ar pela boca e deu uma leve corrida para perto da bancada.
- , você não brinca comigo!
- Eu não estou! – o vocalista arregalou levemente os olhos. – Só que não, a gente não transa enquanto eu não voltar para casa! – o ultimato foi dado, com mais medo do que ele esperava que saísse. Algo que só aumentou assim que viu as expressões indignadas em , se transformar em ira.
- CRETINO! – ela apoiou bem as mãos no quadril, deixando a postura de leoa brava bem mais forte. – Ah, filho de uma puta!
- O quê? – se desmanchou em uma risada alta com os xingamentos da esposa. – É uma troca justa! – o sorriso cínico se fez presente, à medida que ela negava lentamente com a cabeça.
- Pelo amor de Deus, homem, o que você quer mais? Você tá em casa, você voltou para casa! – ela soltou um esganiço, afastando o corpo do marido para olhar bem na cara de pau dele.
- Eu não ouvi nenhum pedido para voltar. – sorriu cínico, vendo a exata hora em que arqueou uma das sobrancelhas.
- E eu não ouvi nenhum pedido de desculpas. – ela cruzou os braços com um sorriso ainda mais cínico, embora mascarado meigo e o viu abrir a boca mais de uma vez, sem ter o que dizer.
O homem respirou fundo, entendendo que o errado ali era ele mesmo e continuaria sendo até que desse o primeiro passo naquela situação. Não era segredo para ninguém que era orgulhoso e por mais que o cantor tentasse mudar certas atitudes ao longo do tempo, o orgulho era uma das mais complicadas. Ele respirou fundo para verbalizar uma das desculpas mais fáceis que já tinha pedido em sua vida.
- É uma troca justa, amor. – ela incendiou mais uma vez a conversa com a postura mais cínica que conseguia.
- Beleza. Quer que eu peça desculpas? Eu peço, não tem problema. – o Mr. tomou fôlego e após um resmungo dela em dizer que estava esperando, ele continuou: – Me desculpa por ter tomado a decisão mais errada de toda a minha vida, que resultou no pior ano das nossas vidas. Eu realmente fiz cagada das grandes. E fico feliz pra caralho que deu para consertar!
abriu a boca várias vezes sem saber exatamente o que dizer ou como conduzir tal situação. Ele estava sendo mais do que sincero, tinha deixado o orgulho de lado e em uma das poucas vezes que já tinha feito aquilo, estava lhe pedindo desculpas mais do que sinceras. A mulher respirou fundo e abriu um abraço imenso, que combinado a um sorriso genuinamente feliz, fazia daquele, o paraíso particular de .
- Volta para casa, amor! De vez, sem mais qualquer empecilho idiota, só volta! – a mulher declarou claramente o fazendo sorrir aliviado e finalmente eliminar a distância entre os dois sem a menor culpa.
O abraço confortável, seguro e gostoso não tardou a se completar enquanto se enfiava ainda mais no peito dele, sentindo beijar repetidamente o topo da sua cabeça em um gesto que dizia como ele estava feliz em estarem completos novamente.
- Volto! – ele intercalou palavras e beijos entre os cabelos cacheados da esposa, sentindo seu corpo ser acochado ainda mais naquele abraço de urso, à medida que também apertava o dela.
- Eu senti muito a sua falta! – levantou a cabeça com um sorriso leve e calmamente beijou o queixo com a barba por fazer.
- Eu nem sei explicar o quanto. – os dois riram cúmplices e ao aproveitar os olhos dele fechados, ela encostou os lábios quentes dos dois.
O selinho apertado não demorou muito, inclinou a cabeça pro lado acomodando bem a boca da esposa e logo as línguas tomaram espaço na boca do outro, assim como as mãos que procuravam apoio e conforto nas curvas, montes e superfícies. segurou firme a cintura do marido como se aquilo a ajudasse a ficar em pé, à medida que sentia as mãos grandes dele segurarem seu rosto com uma delicadeza angelical, até o firme segurar dos dedos dele em sua nuca pareciam divinos aquela altura do campeonato. Ela suspirou quando sentiu os cabelos serem repuxados levemente perto do pescoço e perdeu totalmente a noção do tempo e da vida, assim que a mão inteira dele se enfiou em seus cachos volumosos, deixando-a ainda mais mole, rendida e excitada.
As unhas curtas da enfermeira cravaram-se brevemente na bunda bem pequena de e o homem acabou por interrompendo o beijo para rir com aquela libertinagem.
- Precisa de tanta força? - ele soltou com um leve deboche e ao aproveitar a posição de dominador, puxou devagar a cabeça dela para trás, começando a beijar o pescoço cheiroso da esposa.
- Para entender que eu quero que você faça exatamente isso comigo. - ela disse de olhos fechados ao deixar a cabeça ainda mais para trás, aproveitando o jeito maravilhoso que o cantor explorava seu pescoço com a língua. Aquele era o céu? Se não fosse, estava bem perto do paraíso!
O cantor não perdeu tempo para descer uma das mãos pelo corpo dela e espalmá-la fortemente na bunda da esposa, fazendo os dois ouvirem o estalo, deixando-a imersa em um clima tão erótico. soltou um grunhido manhoso e aproveitou para abrir um sorriso imensamente sacana, por mais que o marido não pudesse ver por estar com o rosto enfiado em seu pescoço. apertou a bunda dela com força e movimentou a perna da mulher para cima, encaixando-a ainda mais no seu quadril.
A língua dele se arrastou por todo o pescoço dela e quando o marido mordeu sua orelha puxando vagarosamente, a mulher sentiu o mundo dar um supetão com tanta tremelica junta. O suspiro satisfeito se fez presente, enquanto seus instintos mais selvagens a mandava aproveitar todas as armas que tinha, logo as unhas curtas começaram se arrastar nas costas dele, bem na altura do cós da cueca e à medida que sentia a pele dele se arrepiar contra suas poupas digitais e o sorriso sacana vibrar na pele do pescoço. sabia perfeitamente o poder que aquele toque tinha, ainda mais quando chegasse abaixo do umbigo dele, deixando seu marido completamente armado e sem qualquer controle.
- Quer que eu faça isso em você também? – ele perguntou enquanto ainda lambia a clavícula dela e ouviu a risada gostosa preencher seus ouvidos.
- Ah, eu quero, mas só se for com a língua! – a mulher mal fechou a boca e sentiu uma chupada mais forte, se rendendo ao suspiro desesperado de quem queria bem mais que apenas amassos.
Em um impulso mútuo, ela enlaçou as pernas no quadril dele e rapidamente fez o marido enfiar o rosto no decote que abrigava o par de seios fartos. enfiou as mãos entre os cabelos dele, segurando a cabeça do homem em uma ordem silenciosa que ele deveria ficar ali, beijando, lambendo, chupando e mordendo como sabia fazer bem demais. Ele lambeu todo o vale entre os seios e ouvindo a mulher gemer, parou bem no fim do queixo dela, dando uma mordidinha para fechar o pacote. Imensamente satisfeito em ver que ela tinha gostado.
- Quer testar a qualidade do sofá? – a pergunta do cantor se fez ansiosa, à medida que os dois arregalavam de leve os olhos com a ideia.
Qual é? Uma loucura vez ou outra era sempre muito bem-vinda.
Em segundos a mulher estava posta no chão, enquanto os dois tropeçavam nos próprios pés na corrida para o sofá novo. quase não conseguia ver nada no desespero de tirar o suéter como se os dois tivessem algum tempo limite para transarem ali e não ser pegos no flagra. ria mergulhada no sentimento de nervoso profundo em estar resgatando tantas práticas antigas. Aqueles dois já tinham feito tanta coisa fora do comum que não parecia nada demais pensar em fazer sexo no sofá!
A mulher se encarregou de se jogar no sofá de costas e se ajeitou no assento cor de café com leite, esperando o marido ganhar a luta contra o tecido elástico da camisa. O homem parecia um adolescente tentando tirar as mãos das mangas do suéter, à medida que sacudia violentamente as duas como se fosse fazer a camisa sair mais rápido, ouvindo as risadas divertidas.
- Quer ajuda? – virou a postura para frente e puxou a roupa, o ajudando a se livrar daquela agonia. – Eu tropecei no vestido. – ela jogou a roupa dele no chão e ouviu a risadinha maldosa do marido.
O sorriso animado não demorou a aparecer, muito menos a atitude dele em se jogar em cima dela, deitando a mulher no sofá mais do que confortável e causando uma crise espontânea de risadas pelo momento. o abraçou pelo pescoço, enquanto o marido se acomodava entre as pernas dela, deixando vir à tona as mais insanas e idiotas lembranças sobre as inúmeras vezes que os dois já tinham se agarrado no sofá da casa dos pais dele e algumas vezes, ido até um pouco mais além quando não tinha ninguém em casa.
Os beijos continuaram molhados no pescoço dela, assim como as mãos quentes de seguiam bem atrevidas por entre a brecha das pernas da esposa que estavam enlaçados ao seu redor. Ele contornou levemente o elástico da calcinha entre as pernas e ouviu o suspiro desesperado que escapou dos pulmões dela. E se tinha algo que os dois entendiam era que não importava o quanto os dois se satisfizessem de forma solitária, nada seria igual ao jeito que um conhecia os gostos do outro, nada seria como um satisfazer os tesões do outro. sentiu a calcinha ser puxada até metade das coxas e teve a privilegiada visão do marido lambendo dois dos próprios dedos, deixando nela o reflexo de abrir ainda mais as pernas.
Ele mordeu um sorriso safado e deslizou os dedos na intimidade da mulher, começando a massageá-la vagarosamente. A Mrs. soltou uma baforada de ar bem satisfeita e ainda na intenção de se mostrar grata, segurou o queixo dele com força para morder o lábio do marido.
- Eu vou arrancar o pedaço. - os dois riram com a selvageria dela, que logo enrugou o nariz ao sentir que as coisas estavam começando a funcionar lá embaixo. - Um pouco mais rápido. - ela mordeu a boca ao sentir que estava tudo vindo ao mesmo tempo.
- Quer me ensinar? - perguntou ao observar as expressões de prazer na esposa de olhos fechados e estar imensamente satisfeito com aquilo. Ele deslizou os dedos um pouco mais para baixo, enquanto a via pronta para reclamar.
- Eu conheço meu corpo melhor do que você… - tomou fôlego e arqueou o corpo assim que sentiu os dois dedos que lhe massageavam, lhe penetrar gloriosamente. - Oh, Papi! - o corpo dela vibrou com o contato que parecia o melhor do mundo, ainda mais quando ele continuava a massagem, só que com o polegar.
- Eu também conheço seu corpo, mami. - o cantor tentou revidar o apelido e ouviu uma risada dela em protesto, por mais que o riso tenho virado um gemido no fim, bem necessitado, por sinal.
- Mami é sacanagem! Não me chama assim! - ela debochou do apelido recém dado, já sentindo o corpo reagir positivamente a tanto esfrega-esfrega. A mulher levantou um pouco mais o quadril, levemente desesperada pelo contato.
fez uma careta ao tentar processar porque droga tinha parado com tudo e tirado todo o contato que ela precisava. O que porra aquele homem tinha? Ele estava emburrado? Ele não poderia estar. Era no mínimo infantil da parte dele. Ela se preparou para o protesto e sentiu a calcinha quase ser arrancada de suas pernas na rapidez com que o marido tinha tirado. ELE IA BEIJAR? Ah, mas ela queria que sim, que beijasse, lambesse e chupasse como só ele sabia fazer!
Restando a , apenas a visão do marido já muito bem acomodado entre suas pernas assim que ela abriu os olhos. O beijo aconteceu sem mais cerimônias ou provocações. Sinceramente? Uma língua daquelas deveria ganhar o Grammy, o Oscar. O Nobel da paz, principalmente porque alguém vítima de um oral bem feito não queria guerra com ninguém. Credo, , que pensamento horrível!
Ela fechou os olhos com força, assim que sentiu o corpo começar com a cadeia de contrações involuntárias e se deu por vencida ao gemer satisfeita, enquanto enfiava a mão nos cabelos do marido.
- Eu também conheço o seu corpo. - abriu um sorriso presunçoso, recebendo apenas um suspiro contente da mulher. Não adiantava contestar com alguém que era mais mula teimosa do que ela, por mais que soubesse que tinha o ensinado grande parte sobre seu corpo.
Ela soltou um sorriso construído em "não tanto quanto eu" e sem mais demoras, induziu o marido a deitar no chão, quase como se o derrubasse do sofá. As risadas espontâneas pelo movimento desajeitado preencheram o momento de intimidade assim que se acomodou no tapete como se ele fosse um ninho confortável. sentou nas pernas dele e ria da cara de pateta do marido, à medida que via o peito largo sacudir descontrolado pelas gargalhadas mais idiotas que os dois já tinham dado na vida.
- Eu achei que a gente ia transar no sofá! - ele soltou até meio indignado pela mudança de posição repentina.
- E arriscar quebrar o novo? Não mesmo! - ela defendeu seu ponto de vista e sem perder mais um minuto, alcançou o fecho do cinto que usava. - Você é mão de vaca, não vai me dar um sofá novo! - a enfermeira disse já abrindo a roupa dele na agonia.
- Eita! E você é mão boba. - o homem arregalou levemente os olhos sem acreditar na rapidez da esposa em tirar sua roupa.
Não que ele tivesse reclamando, mas quando percebeu, já estava com tudo de fora e a bermuda quase no meio da bunda. Era mais prático tirar o resto ou transar daquele jeito? não teve muito tempo para pensar ou sugerir qualquer coisa, principalmente quando sentiu ela lhe segurar com tanta delicadeza, começando o deslizar de dedos e mãos que fariam ele explodir em pouco tempo se relaxasse demais.
- Maldade. - a tremelica na voz saiu em meio a uma risada desesperada que poderia ser facilmente confundida com sofrimento.
Ela mordeu um sorriso sacana ao passar o polegar na glande, ouvindo o marido soltar um grunhido indefinido, além de mais uma baforada de ar. Ah, então estava gostando? arrastou as unhas curtas de uma das mãos pelo abdome dele e escutou um alto e sonoro "WOW!", claramente como sentiu as mãos dele agarrando suas coxas já descobertas pelo vestido ainda no corpo. A mulher baixou de leve a postura e passou a língua bem perto do umbigo dele, começando a ficar preocupada com a respiração ofegante do marido, por mais que tenho entendido bem demais assim que ele enfiou as mãos em seus cabelos.
- Não adianta não! - ela soltou uma risada provocativa ao falar bem rente a barriga dele, sabendo bem o que o marido queria.
- Oh se adianta, você vai me ch… - o gemido sofrido cortou a frase dele assim que mulher lhe mordeu a porção de pele bem abaixo do umbigo, ainda esfregando as mãos na ereção dele.
-Vou porra nenhuma! - riu ao encará-lo do outro extremo e não demorou segundos até que o homem levantasse a cabeça para encarar ela com uma expressão que poderia ser facilmente traduzida em "Qual foi? Direitos iguais".
Ela mordeu a boca e passou levemente os dedos por todo o caminho que ia do umbigo ao peito do homem, à medida que o encarava como se fosse uma leoa louca para estraçalhar a presa. Ou talvez um gato pronto para brincar com a comida. Os dois acompanharam com o olhar, o movimento que o indicador dela fazia ao tatear o corpo dele em um silêncio quase perturbador se não fossem as respirações ansiosas. A pele arrepiada, o abdome contraído e a atenção do homem em ver tudo aquilo, fez com que não percebesse o momento em que teve o queixo capturado pela boca dela, soltando uma risada satisfeita. O beijo faminto não tardou a acontecer assim que os dois se agarraram mais uma vez no meio daquela sala, enquanto o homem se apoiava no cotovelo para conseguir sentar no chão. enfiou os dedos entre os cabelos da nuca dele e sentiu as mãos grandes do marido subirem por suas coxas contornando as flores desenhadas na perna esquerda dela, enquanto a ereção dava sinal de que ainda queria diversão entre os dois. Ela meteu a mão no bolso da bermuda que ainda estava empacada nos joelhos de e como já previa, achou o pacotinho mais animador das Américas.
- Camisinha não. - protestou ao puxar ainda mais o corpo dela para cima do corpo dele.
- Se não quisesse, não estava na bermuda! - riu com as lambidas em seu pescoço.
suspirou em sofrimento ao vê-la abrindo o pacotinho com tanta ansiedade e logo após colocar a proteção, sentiu a mulher se encaixar tão vagarosamente em si. Ele apertou mais uma vez as coxas dela, distribuindo uma palmada ao escutar o gemidinho baixo quase contra seu rosto. Merda! Era certeza que lhe mataria de um infarto. O homem enfiou o rosto no pescoço da esposa, mordendo e lambendo aquela extensão de pele, ao mesmo tempo em que subia as mãos pela única peça de roupa ainda remanescente naquele corpo, o vestido de lã com uma enorme fenda e que nem de longe era sucesso em esconder os mamilos eriçados. Logo o cantor cobriu os seios dela com as mãos, por mais que não conseguisse abarcar todo, ouvindo mais um gemido manhoso enquanto a esposa subia e descia devagar.
mordeu a boca, encarando a expressão mais do que safada dele ao agarrar seus seios e passou a mão pelo colo, levando-as em direção as alças grossas. Ela soltou o lábio carnudo ao perceber que tinha conseguido a atenção devida e ao enlaçar as pontas dos dedos no tecido, puxou o vestido para baixo, liberando o par farto que o fez suspirar em contentamento e enfiar a cara por ali, beijando um deles enquanto o outro e alvo da mão malvada que lhe beliscava, fazendo o mundo querer sacudir.
Rapidamente foi empurrado na direção do chão pelas duas mãos espalmadas em seu peito e não teve escolha, a não ser se render as vontades dela. Ela inclinou um pouco o corpo e ao apoiar as mãos no peito de , aumentou a intensidade das sentadas, quase matando o marido do coração. O cantor segurou o quadril dela com força, enquanto a guiava nos movimentos e não deixou de dar algumas palmadas na lateral da bunda, enquanto a esposa subia e descia majestosamente.
arrastou as unhas pelo peito e contraiu o corpo inteiro propositalmente ao sentir mais um tapa na bunda. Os dois gemeram quando já sentia o orgasmo próximo. Ela mordeu a boca, enquanto ainda praticamente cavalgava no marido e sentia os joelhos arrastarem no carpete da sala. Com certeza aquilo não ficaria bonito depois. Mais um tapa foi dado na bunda dela, induzindo que o ato ficasse ainda mais intenso, principalmente quando segurava forte o corpo da mulher, como se precisasse daquilo ou o seu desmoronaria a qualquer momento.
O homem fechou os olhos com força ao sentir que já estava explodindo e logo gemeu em alívio, sentindo o corpo esporrar tudo de uma vez. abriu uma risada divertida e baixou a postura para roubar um beijo sugado no homem jogado no chão.
- Eu não tenho mais idade para isso! - riu entre uma recuperada de fôlego e outra, vendo a esposa se sacudir da crise de riso, ainda sentada em cima dele. - É sério! - ele a acompanhou no momento mais do que simples e íntimo.
- Fazia anos que a gente não ia pro chão. - ela passou as mãos no rosto e sentiu um beijinho leve no ombro, entendendo que ele também tinha sentado.
- E nem vamos mais. Eu nem tenho mais coluna para isso! - abafou a risada no pescoço da esposa e sentiu o pescoço ser abraçado com delicadeza depois que a mulher tinha desencaixado os dois.
- Vai amanhecer travado! - os dois riram com o comentário zoeiro. - Eu queimei os joelhos no carpete, preciso de uma desculpa boa. - ela compartilhou o problema e soltou mais uma risada de alívio.
- Vai começar o inverno, já é uma ótima desculpa para usar roupa abaixo do joelho. - o homem beijou de levinho a clavícula dela, sentindo a pele de arrepiar sob seus lábios.
Os dois nunca iriam entender como tinham perdido tanto tempo com besteira e brigas sem sentido, só que algo ainda mais sem explicação era como a intimidade tinha perdurado depois de tanta pancada da vida. Às vezes, os dois últimos anos pareciam apenas um pesadelo que havia durado tempo demais.
- Tá doendo mesmo? - a caretinha enrugando o nariz parecia bem preocupada e ele ponderou com um balançar de cabeça, deixando subentendido que não estava doendo, mas sentiria depois. negou com um aceno contido e mordeu a boca ao fazer carinho no peito com marca das unhas.
- Caprichou, hein? – o tom de deboche ao olhar o próprio peito a fez rir alto, preparando bem o contra argumento.
- Você não maneirou a mão na minha bunda. – ela deu de ombros mostrando que nada ali ficava sem troco.
-Te machucou? – a expressão de pavor tomou conta de e ela soltou uma risada alta, o abraçando com força pelo pescoço e o fazendo quase enfiar a cara entre seus seios.
- Você acha que eu estaria gemendo se tivesse me machucado? – ela inclinou de leve a cabeça e os dois riram concordando que o sexo só tinha sido um pouco mais intenso do que de costume.
- Muito bem pontuado. – ele sorriu da forma mais serena, com os dentes aparecendo, as bochechas rosadas e os olhos quase fechados pela felicidade completa pelos inúmeros selinhos que eram distribuídos em seu rosto pela mulher carinhosa. – Esse tapete tá espinhando minha bunda. – reclamou com uma careta de desgosto e parou de beijá-lo para soltar uma gargalhada estrondosa.
- Vem! – ela levantou do colo dele, estendendo a mão para ajudar o marido a levantar. – Tomar um banho e ver alguma comédia no Netflix!
- Vai nessa! – o homem riu ao aceitar a ajuda. – Estou com saudade demais para Netflix hoje! – ele piscou e os dois começaram se vestir, evitando perder a dignidade se alguém batesse na porta.
Ele tirou o preservativo, fazendo uma careta em não ter papel por perto e deu um nó no látex, evitando de sujar o tapete. riu do nojinho com os próprios fluidos e subiu a cueca juntamente com a bermuda, abotoando-a em seguida.
A mulher levantou o busto do vestido para cobrir mais ou menos o corpo e depois de ajeitá-lo no quadril, recolheu o resto das roupas no chão, a camisa do marido e sua calcinha, vendo o marido rindo ao lembrar de possivelmente qualquer coisa parecida que os dois já tinham feito alguma vez na vida, principalmente quando se tratava dos backstages dos shows.

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Eliot saiu do quarto deixando a porta entreaberta e bocejou enquanto se esticava para tentar acordar melhor naquela manhã de quarta, um dia que seria cheio inclusive. Colégio, treino de hockey durante a tarde, depois curso de idioma e talvez ele conseguisse namorar um pouco quando finalmente voltasse para casa e a Mad tivesse desocupada com os conteúdos da faculdade. A garota parecia estar à beira do desespero com tanta coisa para dar de conta, sem falar nas roupas que tinha encomendado para inauguração da clínica.
Ele bateu de leve na porta do quarto da irmã e abraçou a garota de lado assim que ela saiu com uma cara de sono tão grande quanto a dele.
-Bonjour. – ele resmungou e viu o bocejo dela.
-Bonjour. – Leonor devolveu o cumprimento do irmão com um sorriso fechado e preguiçoso.
O rapaz beijou a cabeça dela e os dois desceram as escadas ainda abraçados, com sono e famintos, esperando ver ao menos um dos pais como geralmente estava acontecendo nos últimos dias. Os dois nunca pareciam estar realmente juntos e aquilo incomodava pra caramba.
Os irmãos adentraram a sala da casa rindo por um bocejo coletivo e quase caíram duros no chão ao avistar uma cena fofa na cozinha. Era sério mesmo que aquilo estava acontecendo? Não era brincadeira, né? e estavam sentados a bancada, repleta dos mais variados alimentos que compunham o café da manha e mais pareciam Eliot e Madeleine quando saiam sozinhos para algum lugar.
pai rindo de algo que a mãe dos dois pivetes tinha dito e fazendo carinho na mão dela com o polegar, interessadíssimo no assunto que a esposa há mais de 16 anos dizia e ria junto. parecia tão radiante em ter toda aquela atenção novamente, com um sorriso imenso e sem toda aquela carga de maquiagem, cabelo arrumado ou roupas para trabalho. Eles estavam realmente simples e pareciam mais felizes do que qualquer outro casal naquele mundo, o que deixou filho e Leonor bem confusos.
A garota olhou pro irmão com a maior das interrogações na cara e o rapaz deu de ombros, mostrando que estava tão perdido na situação quanto ela, principalmente quando ver os dois naquele amor todo era algo que estava ficando frequente nas últimas semanas, mas não com tanta intensidade ou como se nada tivesse acontecido. Leonor riu baixo e depois de sacudir a cabeça, abriu um sorriso gigantesco puxando o irmão para dentro da cozinha.
- Bonjour, famille! – a mais nova daquela família gritou animada ainda carregando o irmão confuso pela mão.
- Bom dia, meus amores! – sorriu ao ponto das bochechas fecharem os próprios olhos e ganhou um beijo apertado no rosto do marido.
- Bom dia, filhotes! – pai sorriu igualmente e chamou os dois com um aceno.
- Se sentem, vamos tomar café! – ela chamou com um aceno como se eles ainda fossem duas crianças de seis e oito anos, beijando a bochecha dos dois assim como o pai deles tinha feito.
- Eu juro que não entendi ainda. – Eliot fez uma careta depois que puxou a cadeira que fazia par com a ilha. Leonor rolou os olhos e enfiou a cara na mão. O irmão era burro ou o quê? – O quê, Leonor?
- O papai voltou para casa! – ela apontou com o semblante mais óbvio do mundo, deixando os pais com cara de paisagem ao prender a risada. – Não é tão complicado assim de entender!
e soltaram o riso com o tom que a frase da garota de pouca idade foi dita e logo o homem bagunçou ainda mais o cabelo do garoto, querendo passar o conforto de que a irmã dele estava mais do que certa.
- Finalmente eu voltei sim para casa, . – ele abriu um sorriso imenso que marcava as bochechas. – Hoje eu e sua mãe vamos buscar o resto das coisas no apartamento.
- Sem mais pegadinhas? Voltou mesmo? – o rapaz arregalou os olhos, olhando do pai para a mãe e esperando a confirmação vir dos dois.
- Pela graça divina! – piscou e pode ver o clima alegre e radiante se espalhar na mesa da cozinha. Era simplesmente maravilhoso ver que seus meninos, sua vida e seu relacionamento estava completo mais uma vez.
- Isso é muito bom, mesmo! – Eliot sorriu de boca cheia e balançou a cabeça empolgado com a notícia. – No fim da semana vão começar os campeonatos de inverno intercolegiais! – o rapaz arregalou os olhos, desencadeando a mesma reação na irmã.
- Sim! E vai ser uma mega abertura lá no colégio, todas as equipes extracurriculares vão fazer uma apresentação! – a garota se mostrou tão animada quanto o irmão, embora sentisse a necessidade de fazer a surpresa sobre ter largado das líderes de torcida. – Vocês vão, né?
- Claro que sim! – saltou encantada com a integração dos dois no colégio. – Estaremos lá como vocês sem falta!
- Não vou perder de ver minhas duas estrelas brilhando! Mas quero os dois em meu show, hein? – pai piscou pros dois filhos e ouviu a gargalhada feliz das duas crianças. – é o melhor defensor do time e eu tenho certeza que a Len é a melhor líder de torcida. – ele sorriu imensamente orgulhoso.
Os adolescentes se olharam com a menção da equipe de torcida e trocaram risinhos cúmplices sobre saber bem o que Leonor estava aprontando, mas se limitaram a concordar com os pais e continuar com as conversas, expondo os planos para aquele dia da semana. parecia uma pilha de nervos com as responsabilidades da reabertura da clínica e as consultas domiciliares, ganhando uma equipe de ajuda bem treinada quando o marido ficou de assumir as responsabilidades burocráticas e os filhos a de entregar os convites por Montreal, logo depois do colégio.

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Leonor fechou a porta do quarto com um leve empurrão e tomou fôlego para equilibrar tudo nos braços, a garota carregava todo o material de papelaria pelo corredor dos quartos, pretendendo espalhar tudo na mesinha de centro da sala de TV e começar sua vingança contra a capitã das líderes de torcida do colégio. Desde o dia da expulsão do time, a mais nova dos tinha se engajado em algo que era bem mais a cara dela e com certeza, seria uma surpresa imensa até para os pais, que não sabiam de nada sobre a confusão. No fim daquela semana iria ter o começo dos jogos e com isso, o fato de Eliot ser o principal defensor do time de hockey e ela teoricamente da equipe de torcida, e pareciam bem mais animados do que os próprios filhos para o fatídico momento. Bom, e pela presença dos pais no jogo, Leonor queria fazer uma surpresa imensa, não só para eles, mas também para todos os que haviam zoado com a cara dela nesse curto espaço de tempo, principalmente Catherine.
A garota segurou ainda mais firme os materiais nos braços, rezando que eles não caíssem na escada, ou seriam três horas de choro pelo estrago, sentindo apenas quando seu corpo bateu de frente com outro. Ela bufou pronta para xingar o irmão pelo desastre, mas foi pega de surpresa por uma voz não muito conhecida.
- Desculpa, Leo! – Matthew segurou o estojo dela que teria como destino o chão e sorriu para melhor amiga da irmã, um pouco culpado pela desatenção, afinal, ele poderia ter derrubado a garota.
- Matt! – o sobressalto na voz pegou-a de surpresa, enquanto a garota estava trancando a respiração sem saber exatamente o porquê. Mas, céus, aquele era o Matthew? Por que ele estava tão diferente? – Oi! – ela soltou a respiração audivelmente e quis se matar por aquilo. – Obrigada! – a moça agradeceu ao pegar o estojo com os inúmeros grafites e o viu sorrir largo, um belo sorriso, ela tinha notado.
- Garota, faz um tempão que eu te vi! – o rapaz verbalizou em meio a uma risada divertida, vendo o quanto Leonor tinha mudado em questão de meses, até mais alta a garota estava. Ela e Ashley estavam crescendo e mudando de forma desgovernada, algo que assustava não apenas a Matthew, mas a filho também. – Tudo bem? Eu soube que você estava viajando com o coroa. – os dois riram alto com o apelido pejorativo dado a pai.
- Sim sim, tudo ótimo! Faz um tempão mesmo. – ela apertou um pouco mais os cadernos contra o peito, como se aquilo fosse impedir seu ridículo coração de bater tão rápido. Será que ela estava com a arritmia e precisava de um médico? Por que estava batendo tão rápido ao ponto de lhe dar náuseas? – Eu fui com meu pai para Inglaterra! – Leonor abriu um sorriso imenso. – Fomos ao show do McFLY e foi realmente incrível!!!
- O me disse! – o príncipe africano sorriu largamente. – Sua mãe estava tão animada que não parava de falar em tudo que você tinha mandado para ela da viagem!
- Pois é! – Leonor deu de ombros como se não fosse nada demais, ainda que estivesse maravilhada por toda atenção dele.
- Você tá bem diferente, Leo! – Matthew sorriu realmente impressionado em como a garota tinha mudado. – Cresceu bastante!
- Que nada! Estou a mesma coisa, Matt!
- Tá linda! – o rapaz piscou de forma divertida, intencionado apenas em elogiar a moça, nada mais que aquilo, mas ainda sim desencadeou um par de bochechas rubras. – Você é muito bonita, Leonor. Teu irmão que nasceu feio demais! – Matt riu e se recolheu ao perceber que ela estava com vergonha.
- Obrigada! – Leonor desviou o olhar para qualquer lugar no corredor que não fosse ele. – Eu sou a mesma pessoa, você sabe que meu irmão exagera. – a garota passou a mão no cabelo e tomou fôlego.
- É verdade! – Matthew disse rindo em concordar que sim, ela estava bonita e tinha mudado bastante.
- Eu mudei o cabelo desde a última vez que você me viu. – a moça mordeu a boca se praguejando por não saber exatamente o motivo de ter dito aquilo e viu um sorriso bonito do rapaz.
- Eu percebi, ficou bem mais bonito! Tá muito parecida com a ! – o filho mais velho dos Dill piscou e a fez sorrir imensamente com o elogio, principalmente quando Leonor ficava encantada com a beleza da mãe. Se tinha uma mulher no mundo que ela achava bonita, essa mulher era .
- Você também mudou bastante! – Leonor mordeu a boca meio receosa em perguntar porque raios o rapaz estava careca, mas não se conteve. – Raspou a cabeça?
A gargalhada estrondosa de Matthew tomou o corredor da casa dos , levando a garota a rir junto com ele, ainda que tentasse se controlar.
- Estou bonitão, né? – o rapaz fez a maior pose zoeira, que sem intenção deixou Leonor com as bochechas vermelhas de vergonha. – É um lance sobre representatividade negra. – ele sorriu orgulhoso de toda a sua origem africana, inclusive quando envolvia toda a família monarca da mãe. – A Ash tá querendo fazer o mesmo, só que eu entendo que é mais difícil de ela desapegar de um cabelo tão lindo.
- Sim, é bem difícil! Mas eu achei que super combinou com você!
- Obrigado! – o garoto sorriu largamente e tomou a liberdade de dar um beijo estalado na bochecha de Leonor, abraçando-a desajeitadamente em seguida.
A cria mais nova dos respirou fundo no meio do abraço por não entender o que raios era aquilo tudo e depois de se despedir em um gaguejo, desceu as escadas na carreira ao tentar lembrar o que raios ela iria pedir a sua mãe. Droga. Matthew, por que você tinha que ter ficado tão bonito e gentil?
Leonor desceu as escadas sentindo o coração bater nos ouvidos de tão alto e sem conseguir respirar direito, como se tivesse emergindo de uma enorme piscina. Ela agarrou um pouco mais as coisas contra o peito, querendo não pensar no quanto o Matt estava tão bonito, ou gentil, alto ou por que diabos sua barriga tinha revirado tanto ao ver o garoto novamente. E que história era aquela de ele achá-la bonita? Comparar com a mãe dela? Meu Deus, a garota não ia aguentar tudo aquilo! Ela tomou fôlego para colocar as ideias no lugar e lembrou sobre a produção de mídia para o Instagram pessoal.
Ela respirou fundo mais uma vez e entrou no escritório quase derretendo pela porta.
- Mãe?
- Oi, querida. - respondeu sem olhar para filha, ainda dando atenção a imensa papelada em cima da mesa de madeira, onde metade estava a lista e os convites da reinauguração e a outra, as contas do mês.
- Eu... Queria te pedir uma coisa. - a moça deu graças aos céus que a mãe não tinha olhado para ela e nem percebido nada. Porque se tinha uma coisa que dona era, isso era perceptiva e observadora. Só um bom mentiroso conseguia tapear aquela mulher e filho tinha se encaixado bem na categoria, em relação a tatuagem.
- Claro, meu amor. Se eu puder, te dou. - ela levantou a cabeça rapidamente para um sorriso, voltando a mexer nos papéis.
- Então, eu gravei vááários vídeos durante a viagem. Praticamente fiz um vlog igual ao Tom, sabe? - Leonor mordeu a boca e ouviu um resmungo para que ela continuasse. - São vídeos bem legais, papai até aparece em vários e aí eu pensei que poderia editar e pôr no Instagram... - ela mordeu a boca, esperando a resposta que provavelmente seria positiva.
parou o que fazia por um momento e olhou para garota que estava quase fundida a porta do escritório. Pensou por um momento no pedido que a filha tinha feito e depois de ponderar todas as exigências de em relação a imagem dos filhos, chegou a uma conclusão.
- Leo, eu acho que não tem problema ser no Instagram. - a enfermeira fez uma careta. - Mas eu acho melhor conversar com seu pai sobre isso.
- Okay! - a garota suspirou não muito contente, mas afirmou vendo a mulher voltar para os papéis. - Cadê o papou?
- Foi na consulta periódica com a fonoaudióloga. - sorriu em saber que finalmente o marido estava levando toda a problemática com as cordas vocais a sério e assim, prevenindo qualquer dano que machucasse seu grande sonho. - Logo eles vão começar os ensaios. Você sabe... E depois de lá, vai na academia para fazer nossa matrícula na yoga. - ela sorriu meiga para criança.
- Ah sim. - a menina suspirou e concordou. - E um canal no YouTube? Eu posso? - mais nova e mais esperta dos soltou a pergunta ainda mais rápido, rezando para que sua mãe dissesse sim sem pensar.
- Não, Leonor. - ela nem ao menos tinha pensado, aquela resposta era o carro chefe negativo daquela casa e não precisava de muito tempo pensando para que ela fosse dada. - Você não pode fazer um canal no YouTube. Não adianta me questionar o porquê, você sabe muito bem o porquê.
- Nem para tutorial de desenho? - a garota mordeu a boca na maior expectativa, esperando que ao menos aquela vez, a mãe ponderasse antes de negar. - Eu prometo que não vai aparecer meu rosto, só minha mão.
- Meu amor... - coçou a cabeça e suspirou com a insistência da filha. - Por mim, não teria problema, mas eu não sou o seu pai. Então quem decide é ele! Okay?
Um suspiro frustrado saiu por entre as narinas de Leonor e a garota afirmou com um imenso desgosto. Por que todas as suas colegas tinham um canal no YouTube e ela não poderia ter? Aquilo era muito injusto com ela. Era injusto de verdade!
- Tá bom. - o muxoxo da garota saiu baixo e logo em seguida ela saiu do escritório, não entendendo porque tanta proteção para com ela.
Ela não era mais uma criança boba, todo mundo conhecia ela e o irmão por causa dos pais. Os dois sempre postavam fotos e vídeos dos filhos, por que ela não poderia ingressar nessa vibe sozinha? A garota mordeu a boca ao espalhar as coisas na mesinha de centro e lembrou bem da mãe dizendo que por ela não teria problema. Uma já tinha sido vencida, agora era só passar pelo Sr. e não seria tão complicado assim, já que ela sempre conseguia o que queria com o pai.

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O Green Park High School estava completamente lotado naquela tarde de sábado, era o início dos campeonatos intercolegiais de inverno e todos os torcedores de hockey, pais, alunos e agregados estavam animadíssimos para ver a abertura, por mais que o frio tivesse começado com força aquele ano. Todo ano era em um colégio diferente e os organizadores levavam realmente a sério o evento, paralelo ao campeonato nacional de Hockey. O ringue tinha sido montado no campo aberto do colégio, junto às arquibancadas e mais alguns aparatos para acomodar todas as equipes. As famílias esperavam ansiosas para ver e torcer pelos filhos que estavam ali para dar o seu melhor em qualquer posição que jogassem, esporte ou equipe que fizessem parte, principalmente quando as atividades extracurriculares naquele colégio eram muito encorajadas pelos educadores e familiares.
Os e os haviam sentado na primeira fila das arquibancadas, enquanto Alex parecia um dos jogadores do time por estar todo paramentado com o uniforme do Hockey. Conhecer aquele esporte estava sendo uma das coisas mais incríveis para o pequeno e possivelmente, ele estava sonhando em jogar na primeira divisão quando fosse maior. e eram só orgulho com a criança esperta e mesmo que fora de contexto, madura, que tinham, Alexander tinha sido o maior presente em todos aqueles anos de casamento. Logo ao lado, Madeleine estava ansiosa para ver o namorado e a cunhada em ação, a moça vestia o casaco do time - que Eliot carregava com orgulho o número sete nas costas -, enquanto causava ciúmes e inveja em boa parte das moças que estudavam ali.
O único que parecia estar sem companhia era o vocalista do Simple Plan, que não entendia por que raios estava demorando tanto para trazer os chocolates quentes, já que nem parecia ter tanta fila por ali. Era um campeonato de colégio, era impossível ter uma fila imensa!
- Cheguei! – a mulher anunciou eufórica e saiu entregando todas as bebidas quentes que estavam na bandejinha, uma para cada um de seus familiares que estavam ali. Ela sorriu pro marido. – O chocolate, não quer? Tá uma delícia, do jeitinho que você gosta! – ela sorriu e só entregou após receber um selinho apertado.
- Quero. – o homem fez careta, ainda confuso com a demora e a abraçou pela cintura, assim que a enfermeira sentou coladinha nele.
- Tinha muita fila? – olhou para esposa, vendo perfeitamente o momento que a boca dela se torceu em um bico de quem não queria falar o porquê da demora.
- Toma um gole, vai valer a demora! – ela empurrou o copo na tentativa de desviar do assunto, mas recebeu um olhar de repreensão.
- ! – o ralho que saiu da boca dele foi completamente incrédulo. Não era sério que ela tinha dado uma de mãe coruja, era? – Você foi no vestiário, não foi?
Ela abriu a boca tentando procurar uma desculpa convincente e não encontrando, deu o sorriso mais sem vergonha que conseguia.
- Sim! – a mulher esticou o indicador. – Mas antes que você brigue, eu fui desejar boa sorte aos nossos meninos. Só que não achei a Leo!
- Anjo! – o cantor soltou um esganiço bastante incrédulo. Ela nunca tinha sido adolescente na vida? Não ia demorar muito para que o menino fosse ridicularizado pelos colegas, isso se já não estivesse sendo.
- Esse esporte é violento demais! Ele é meu filho, vai continuar tendo cinco anos para mim! – deixou o seu posicionamento bem claro e ouviu o marido bufar em resposta. – E essa praga de moleque ainda joga na defesa. Você tem noção? – ela parecia bem indignada com a posição do filho e ganhou um beijo apertado na bochecha, à medida que ria ao lembrar de tantas reclamações quando ele estava na posição de defesa.
- O moleque tá sendo zoado pelos amigos nesse momento, você sabe, né? – ele abraçou-a com força por todo aquele cuidado que exalava e ela fez um bico inconformado.
- Os garotos são civilizados! – ela meneou a mão e ganhou um par de sobrancelhas arqueadas e duvidosas. Jogadores civilizados? Em que mundo vivia? – Eu não quero juntar os cacos do meu filho depois dos jogos! Ele foi gentil e ainda me abraçou na frente dos amiguinhos.
- São meninos, não lutadores de sumô! – ele soltou uma risada alta com o argumento falho da esposa e recebeu um cutucão na costela, se encolhendo. – Me promete que você não falou amiguinhos. – a careta de dor era bem mais pelo diminutivo vergonhoso da palavra.
- Eu não sou tão sem noção assim! – ela rolou os olhos, ouvindo o marido suspirar aliviado. – E são meninos que se trombam com você, tu se desmonta inteiro. Já viu o tamanho do time? Amor, os moleques são enormes! – arregalou de leve os olhos pela ideia de grandeza.
- Hey! Eu joguei hockey no colégio e jogo até hoje. – a falsa indignação apareceu a fazendo rir alto e logo roubar um beijinho de consolação. – Metade desse tamanho é provavelmente o uniforme, engana bem. – os dois riram.
- Espero que sim. – a enfermeira suspirou ao se escorar ainda mais no abraço do marido. – Mas ele não demonstrou vergonha, na verdade!
- Óbvio que o ia te tratar bem, amor! Nosso menino foi bem criado!
- Gentil igual ao papa dele. – ela abriu um sorriso imenso, apertando levemente a ponta do nariz do marido.
- E lindo igual a mama! – piscou galante, vendo um par de bochechas corarem bem levemente.
- Você não perde a mania. – ela mordeu o sorriso apaixonado, ganhando um beijinho na ponta do nariz gelado.
- O que eu não perco é a oportunidade! – o homem piscou mais uma vez, abraçando-a com um pouco mais de força. – Você viu a Len também? – a pergunta curiosa surgiu até um pouco amedrontada, principalmente sabendo do histórico de humilhação da classe das líderes de torcida na qual Leonor pertencia.
- Na verdade, não. – enrugou o nariz. – Acho que deveria ter ido ao banheiro, não sei.
ponderou com um aceno indeciso e os dois se ajeitaram para ver a entrada do primeiro grupo, a fanfarra do colégio iria abrir o campeonato e com certeza, a equipe tinha preparado um espetáculo e tanto. O esquadrão entrou arrastando gritos dos espectadores e junto com ele, uma base móvel com uma bateria transparente em cima, fazendo o casal entender que sim, iria ser uma mega apresentação de música. A mulher tomou mais um gole do chocolate quente, estreitando um pouco os olhos para ver se reconhecia alguns dos colegas dos meninos na banda e quase cuspiu tudo no chão ao ver os cabelos cacheados de uma certa moça de gênio forte.
- Ai, meu Deus, ali é Leonor?
- As cheers não entraram ainda, amor. – beijou a cabeça dela e continuou a vagar o olhar pelo campo, sem prestar muita atenção em quem estava por lá.
- Leonor vai comandar a fanfarra, . Minha filha vai comandar a banda do colégio! – o grito imensamente orgulhoso de saiu da garganta dela, fazendo o marido finalmente focar a visão onde importava.



Continua...




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