Capítulo 01 - The mirro’s imagine

...it tells me It’s home time, but I’m not finished cause your not by my side…

O garçom deslizou outra dose na frente de que murmurou um agradecimento que foi acompanhado por um sorriso torto. Ela estava no bar há quase duas horas, já havia tomado mais doses do que podia lembrar e continuava esperando por que não parecia ter pressa em aparecer, levando em consideração que haviam combinado de saírem juntas hoje.
se orgulhava pelo que era. Jornalista bem sucedida, tinha uma porção de amigos ótimos, morava em um apartamento maravilhoso em um dos melhores lugares da cidade e tinha pais incríveis, mas hoje não estava se sentindo em seu melhor. Ela poderia culpar o estresse do dia, mas sabia que era tudo culpa da data de hoje. Para completar, ainda tinha sido esquecida pela melhor amiga.
Quase que como prevendo que a amiga estava pensando nela, o telefone de tocou e o nome de brilhou na tela junto a uma foto onde ela estava com a cara toda suja de glacê de bolo. Pegando o aparelho, deslizou o dedo pela tela para atender a ligação.
– Onde você está? – disparou assim que atendeu a chamada.
– Desculpa! O queria conversar, eu não, mas aí ele me obrigou e eu tive que ir porque ele me jogou no ombro e me carregou até o apartamento dele e –
– E não precisa falar mais nada, posso juntar as peças sozinha. – riu, intervindo antes que a amiga falasse demais.
– Desculpa mesmo.
– De boas, . – falou sinceramente. – Para falar a verdade prefiro você ter me dado um bolo para se acertar com ele. é meu amigo de bebedeira, você é minha amiga Bombril. Não gosto de escolher um dos dois por noite.
– Nossa, tá tomando o que para ter ficado tão compreensiva? – desdenhou, causando o riso da outra.
– Você é bem engraçada, né, ? – ironizou.
– Sou sim. – brincou. – Mas e você, arrumou alguém para passar à noite?
– Sim, sim! – respondeu rapidamente. – O nome dele é José, sobrenome Cuervo.
– Não é para ficar bêbada, ridícula! – repreendeu, mas acabou gargalhando. – Lembra que amanhã precisamos ir para o Säbener Strasse para a coletiva.
– Eu sei, mamãe. – revirou os olhos. – Minha tolerância a álcool é imensa, até parece que não sabe.
– Isso não quer dizer que você precise testar seus limites.
– Tchau, .
Soltando um beijo estalado para a amiga, desligou a chamada e voltou a deixar o celular no balcão. Uma mensagem fez a tela acender. O nome de quem havia mando a mensagem fez com que ela segurasse a respiração por alguns segundos.
, também conhecido como seu ex–namorado.
Decidida a não dar brechas para que ele se esgueirasse até ela novamente, apagou a mensagem antes mesmo de ler o conteúdo e imediatamente levou outra dose aos lábios, engolindo de vez todo o líquido. A bebida queimou em sua garganta e ela fechou os olhos para saborear a ardência.
não era um assunto fácil e desde que soube que ele estava de volta à cidade, procurou se manter distante de tudo que a levasse a ele, mas é claro que era meio impossível. Levando em conta que ambos eram jornalistas, era inevitável que os caminhos se cruzassem por aí. Ele havia até conseguido o novo número dela. Mas não é como se ainda o amasse, apenas não havia o superado.
– Noite difícil, princesa?
Voltando seu olhar para o lado de onde havia escutado a voz, quase revirou os olhos quando viu quem era o autor da pergunta.
– Agora mais difícil ainda. – respondeu acidamente, sinalizando para o barman trazer outra dose.
– Eu até chego a achar que você realmente pensa assim, . – o homem retrucou com um quê de malicia que foi acompanhado por um sorriso.
, vou ter que te aturar logo hoje? – perguntou impaciente. – Não estou no meu melhor humor.
– E quando você está?
apenas o fuzilou com o olhar em resposta.
– Mas para falar a verdade, sim, você vai me aturar. – falou, ignorando o olhar dela e sentando–se no banco ao lado. – me mandou.
– O resto do time estava ocupado? – arqueou as sobrancelhas.
– É o dia da festa de vermelho. O que você acha?
Ele deu de ombros.
– Você não deveria estar com seu namorado? – ele questionou, curioso.
– Não tenho namorado.
– Da última vez que chequei, tinha.
– E agora não tenho mais. Divertido como a vida funciona, né? – falou sarcástica. – Podemos não falar da minha vida amorosa?
– Tudo bem. – ergueu as mãos em sinal de redenção. – Longe de mim querer cutucar a ferida.
O barman voltou trazendo a nova dose para a mulher, ainda no dilema se deveria entregar ou não. Ela havia pedido muitas doses e apesar de parecer bem, nunca se sabe. Mas decidindo confiar nela, entregou a dose. aproveitou a presença do barman para fazer seu próprio pedido, escolhendo o típico, mas sempre na moda, whisky. Assim que o barman saiu, o silêncio caiu sobre os outros dois, incomodando ambos. Apesar de não se gostarem muito, era desconfortável estarem tão calados.
– E você? – ela se manifestou por fim.
olhou para ela.
– Eu o quê?
– Não deveria estar com a namorada? – girou o copo na mão, vendo o liquido balançar e ameaçar derramar.
– Não tenho tal importuno. – respondeu honestamente.
– Importuno?
– Sim.
– Por que importuno? – ficou curiosa.
– Me diga as vantagens de se ter uma namorada.
– Eu não teria que te aguentar hoje se você tivesse namorada. – retrucou, causando um sorriso no homem.
– O azar é seu, mas não entendo como isso me beneficia. Você sabe que eu adoro sua companhia, princesa. – disse, frisando a última palavra que sabia que iria aborrecer a mulher.
– E é por isso que eu não te suporto. – soltou um longo suspiro, olhando para sua pequena dose, ainda ponderando se deveria ou não tomar mais outra.
– Por que eu te chamo de princesa?
– Porque você é um Don Juan barato. – replicou. – Você me provoca o pior tipo de sentimento.
– Sabe o que dizem, né? Amor e ódio andam juntos em uma linha tênue. – provocou, abrindo um sorriso ao ver o semblante impaciente dela.
– Idiota.
– Você já me chamou de coisa pior.
Ela revirou os olhos.
– Não preciso de companhia, .
– Se você não precisa, eu sim. Não gosto de ficar sozinho.
– Compra um cachorro, um gato, uma boneca inflável... – deu as sugestões. – Apenas me deixa em paz.
– Eu tenho um cachorro. – admitiu.
– Tem? – ficou desconfiada.
– Por que a surpresa? – virou o corpo na direção dela.
– Bom, não achei que você gostasse de outro ser humano que não fosse você.
– Quem colocou essas ideias na sua cabeça? – estava com certeza se divertindo com aquela conversa.
– Você mesmo.
– Eu te induzi a me odiar? – franziu o cenho.
– Você é um arrogante, irresponsável, metido e Don Juan de quinta, . – ela revirou os olhos. – O que espera que eu ache de você?
– Que me conheça antes de sair me odiando pelo que vê. – sorriu, dando outro gole na bebida.
– Acho que conheço bastante. – forçou um sorriso cínico.
– Se é assim, vamos combinar que você é chata, ignorante e controladora.
– Ser controladora é uma qualidade. – se defendeu.
– Não é não. Pelo menos não é legal quando sou eu quem leva as ordens.
– Você só tem medo de responsabilidades, isso é um dos motivos de odiar quando alguém tenta mandar em você. – virou-se para ele, decidida a fazê-lo se ver como ela o via.
– E você tem medo que as coisas saíam do seu controle por isso é tão previsível e mandona.
– E qual o problema em querer tudo certo?
– Não vou entrar em uma discussão sobre isso, . – suspirou, voltando a pegar o copo e bebendo o resto do liquido âmbar que ainda restava.
– Ótimo. – ela concordou, fazendo o mesmo que ele e engolindo o resto da bebida que faltava em seu copo.
– Você aceitou uma ideia alheia, isso é surpreendente. – tentou irrita-la, mas acabou foi provocando um sorriso na garota.
– Eu acho que vou precisar de mais algumas doses para aguentar você, . – ela riu, sinalizando para o barman novamente. – O prejuízo vai ser seu.
– Quantas dessas você já tomou? – apontou para o copo vazio dela.
– Perdi a conta depois da quinta. – confessou.
Ele sorriu.
– Preciso de mais algumas para te acompanhar. – piscou para ela, sinalizando para o barman, ainda com os olhos fixos em .
– Quanto mais, melhor.
E foi assim que eles passaram à noite. Conversando, bebendo, mas principalmente se provocando. A única coisa que parecia impedi-los de se estapearem era a quantidade de álcool que havia sido ingerida por ambos, mas quando o barman resolveu que o casal já estava alto demais, as tequilas foram trocadas por águas e logo em seguida a conta, que fez com que pagasse, alegando que era o mínimo que ele poderia fazer por ela ter conseguido tolera–lo por tanto tempo.
– Onde está seu carro? – perguntou prestativo, abrindo a porta do bar para que ela passasse.
– Vim de táxi. – respondeu, olhando para os lados da rua a procura de um táxi, mas a está hora, tudo estava deserto.
– Te deixo em casa. – ele falou, indo até o estacionamento ao lado do local.
– Claro que não! Você vai acabar nos matando. – ela riu, mas o seguiu até o terreno onde havia apenas dois carros estacionados.
– Eu estou bem, . – garantiu. – A única bêbada é você.
– Que exagero! Eu estou ótima, olha só. – indo até o pequeno muro de tijolos que estava sendo erguido ao lado do estacionamento, sentou no mesmo e logo tomou impulso para ficar em pé. A garota bambeou antes de conseguir se manter em pé.
– Você vai cair, desce daí. Não preciso terminar minha noite no hospital, sem mencionar que a Lari iria me matar. – riu, aproximando-se dela.
– Vou te mostrar como estou sóbria, espera. – olhando para frente, começou a andar lentamente pelo muro, pendendo para um lado, depois para outro. – Viu só? Eu conse–
Antes que pudesse completar a frase, ela tropeçou nos próprios pés e se viu caindo no chão, mas antes que pudesse sentir o impacto, os braços de a seguraram, impedindo que ela se machucasse. Assim que viu que ela estava mais estável, o homem voltou a colocá–la em pé, porém continuou segurando–se nele pois suas pernas estavam fracas pelo susto.
– Obrigada. – murmurou, abrindo um sorriso singelo.
– Isso foi um sorriso sem desdém ou ironia? – sorriu malicioso.
– Você me salvou de uma concussão e um braço quebrado então mereceu isso. – ela riu, cutucando a barriga dele.
– Só isso? – provocou, umedecendo os lábios.
A pouca parte sã do seu cérebro lhe dizia para não entrar nessa, mas a parte alcoolizada, que era a maior parte, lhe dizia para seguir seus instintos em relação ao fim da noite, então estava presa em um dilema. Fazendo um “mamãe mandou eu escolher” mental, ela decidiu–se.
– E o que mais você espera ganhar, Don Juan? – entrou no jogo, semicerrando os olhos.
– Não sei. – aproximou o rosto do dela, querendo testar até onde ela iria. não se afastou. – O que você acharia apropriado?
Com um sorriso inebriado, o empurrou contra a parede do estacionamento e ficando na ponta dos pés, alcançou os lábios dele com os seus, o beijando intensamente. Ele por sua vez, enroscou um braço na cintura dela enquanto sua outra mão se embrenhou nos cabelos castanhos da morena. Um ofego escapou durante o beijo, mas não foi identificado qual dos dois havia soltado. Estavam preocupados demais em como aquele contato estava sendo estranhamente bom.
Invertendo as posições, pressionou as costas da jornalista contra a parede, segurando os pulsos dela até que estivessem acima da cabeça da morena. Descendo os lábios para o pescoço de , ele teve certeza que encontrara um novo vício. A pele sensível e perfumada da mulher havia aflorado os sentidos do jogador. Assim que a língua dele se arrastou pelo seu pescoço, pendeu a cabeça para trás, deixando um gemido baixo escapar por entre seus lábios.
– Minha casa ou a sua? – ela murmurou, mantendo os olhos fechados enquanto apreciava a sensação da boca dele em seu pescoço.
– A mais próxima. – ele rosnou, voltando a beija-la.
Ainda embolados, os dois foram até o carro e dirigiu o mais rápido que pôde, usando uma mão para provocar outros lugares do corpo da morena já que não podia beija-la. Não deixaria tempo e oportunidade para que ela pensasse demais ou essa noite poderia acabar frustrada para os dois.
Assim que chegaram ao complexo de apartamentos, os dois voltaram se agarrar já nos elevadores e cambalearam aos beijos até a casa dela. Abrir a porta foi um problema já que nenhum dos dois parecia querer abrir mão dos lábios um dos outros, mas logo que a porta se fechou atrás deles, tudo virou um borrão. Roupas para um lado, beijos fervorosos, mãos experientes deslizando pelos corpos, gemidos enlouquecidos de prazer e logo tudo virou um frenesi completo.


A cabeça de latejava dolorosamente. A boca estava seca, o corpo todo estava dolorido com os efeitos da noite passada, entretanto nada doía mais que a sua consciência. Apesar de tanto álcool que foi ingerido, ela infelizmente lembrava de tudo. Os beijos, a sensação das mãos dele percorrendo seu corpo, o formigamento, como foi bom... Ela lembrava e isso a estava matando.
Abriu um dos olhos, desconfiada, olhando para se certificar que ele havia ido embora. No quarto ele não estava, ela notou. Sentou-se na cama e enrolando-se no lençol, andou lentamente até o banheiro da suíte, vendo que lá também estava vazio. Saindo para encarar lá fora, viu que a sala e a cozinha também estavam desinfetadas de , então só assim se permitiu respirar.
Não precisaria passar por aqueles momentos constrangedores que eram comuns nas manhãs seguintes.
Calmamente, retornou para o quarto e voltou a jogar-se na cama, enfiando o rosto no travesseiro. Franziu o cenho ao perceber que o cheiro que estava na fronha não era o dela e sim o do homem que havia passado a noite.
– Vou ter que mandar queimar isso. – fez careta, arremessando o travesseiro do outro lado do quarto, que acertou o celular que estava na escrivaninha, o que o fez cair. – Droga!
Foi até o celular e verificou se o mesmo estava intacto, percebendo agora que havia deixado desligado. Assim que ligou o celular e o aparelho deu o ar da graça, ela quase o deixou cair novamente. A hora. Estava extremamente atrasada para fazer a cobertura do primeiro treino do nessa temporada.
– Tô morta! – gritou, correndo pelo quarto até o banheiro.
Tomando o banho mais rápido da história da sua vida, se virou nos trinta enquanto arrumava o cabelo ao mesmo tempo em que preparava o café e arrumava as coisas que precisaria levar. Saiu de casa com um par de sapatilhas trocadas então teve que dar meia volta e procurar pelo par certo. Para completar, nenhum táxi parecia querer aparecer e quando conseguiu, acabou ficando presa no congestionamento.
Quase uma hora depois foi quando ela conseguiu chegar.
Saiu desembestada correndo pelo lugar, tentando achar . Sabia que a amiga iria matá-la, e pensando bem, provavelmente deixaria. Ela ainda estava se odiando pela noite de ontem. Claro que o sexo havia sido bom e tudo, mas convenhamos, era o ! Claro que estava feliz por ele ter saído antes que ela acordasse, mas para a infelicidade dela, havia deixado seu rastro que podia ser visto no pescoço, boca e outros lugares do corpo da garota.
!
O grito de ecoou pelo salão, fazendo virar para olha-la. A loira com certeza não parecia nenhum pouco feliz. Apressando o passo, logo chegou até a amiga e entrelaçando o braço no dela, a arrastou até a área onde o treino estava prestes a começar.
– Desculpa o atraso, sério mesmo.
– Sorte sua que o treino atrasou! – suspirou, jogando-se em um dos bancos perto do campo de treino. – Por que demorou?
– Para falar a verdade é tudo culpa sua! – fuzilou a loira com os olhos, dando um tapa no braço de .
– Culpa minha? – franziu a testa, alisando o braço onde havia recebido o tapa.
– Que mané de história é essa de mandar o ontem, hein? – parou em frente a amiga, colocando as mãos na cintura.
– Juntei o inútil ao desagradável. Você estava chata, ele também. Dois bêbados chatos juntos dá match. – respondeu, abrindo um sorriso zombeteiro-
– Dá alguma coisa, mas match não. – suspirou, irritada.
– Anima aí, o pior dia do ano já passou. – riu, puxando ela para sentar ao seu lado. – Mas você ainda não disse o porquê de eu ter sido a causa do seu atraso.
– Transei com o ontem. – confessou, sentindo-se totalmente humilhada.
Se ela tivesse transado com o Mr. Catra teria sido mais digno do que ter dormido com o .
– Você transou com o ? – gritou, pondo-se de pé imediatamente, ainda chocada.
– Cala a boca! – a morena arregalou os olhos, voltando a puxar a amiga para sentar, tentando dissipar os olhares curiosos que haviam se voltado para elas.
– Você dormiu com o ?
– Tá surda, ? – revirou os olhos. – É, eu transei, obrigada por destruir meu ego e o resto da minha dignidade.
– Que dignidade? – provocou, rindo com a cara da outra jornalista. – E você tava precisando de um pouco de endorfina.
– Enfim, o fato é que eu me atrasei por causa dele e consequentemente por causa de você.
– Miga, não é por nada não, mas não fui eu que te empurrei de pernas abertas para cima dele. – riu mais ainda.
Antes que a conversa conseguisse prosseguir, um ser humano loiro e com um sorriso de moleque nos lábios, chegou por trás de , a abraçando pela cintura e beijando seu pescoço.
– E não é que vocês vieram? – sorriu, soltando-se da namorada e indo até , depositando um beijo na cabeça da morena.
– A quase não chega. – zombou.
– Se deu bem ontem, baixinha? – o homem se interessou.
– Minha vida sexual não é da conta da sua conta, . – retrucou, soltando um beijo estalado para o loiro.
– Então eu vou cuidar da minha própria vida sexual, com licença. – para irritar a amiga, puxou pela cintura, beijando-a intensamente.
– Odeio vocês! – levantou e deu as costas para o casal, andando sem rumo certo.
Como era dia de treino público, o lugar estava enchendo rapidamente. Alguns fotógrafos estavam se posicionando e a bancada para a coletiva já estava sendo arrumada. O técnico já falava com alguns repórteres, mas não se incomodou em ir até lá. Conhecia o time, conhecia Pep, o técnico, e sabia que ele daria uma entrevista exclusiva se ela pedisse, mas estava ali apenas para a coletiva hoje.
– Procurando por mim?
Fechou os olhos, reconhecendo a voz que vinha da pessoa atrás dela. Não querendo parecer afetada, virou-se para trás e abriu um sorriso inexpressível quando deu de cara com . Os cabelos dele estavam desgrenhados e o uniforme vermelho de treino o caía quase tão bem quanto qualquer outra coisa.
– Claro que estou. Ainda não se deu conta que minha meta de vida é procurar por você? – ironizou.
– Bom saber. – piscou para ela, direcionando-a um sorriso singelo.
– Se é só isso, com licença... – a mulher fez menção de se afastar, mas voltou a parar na frente dela, bloqueando o caminho.
– Não tão cedo, . – escorou-se na pequena cerca que rodeava o gramado, ainda olhando para ela.
– Eu estou tentando voltar ao trabalho, . – bufou, desviando o olhar dele.
– Não vou te segurar aqui por muito tempo, só preciso perguntar uma coisa. – encostou a ponta da língua entre os lábios, os umedecendo. – Dormiu bem?
fechou a cara, o que fez o sorriso do homem aumentar.
– As últimas doze horas não aconteceram, okay? – rosnou entredentes para ele, olhando para os lados para se certificar que ninguém estava ouvindo. – Eu não te vi, você não me viu.
– Será que é mesmo essa história que você quer contar? – aproximando-se dela, roçou os lábios no ouvido da mulher, enquanto deslizava a ponta dos dedos por um dos braços desnudos dela, fazendo-a arrepiar.
– Sim! – impulsionada pelo desejo de não se deixar abalar, ela o afastou e levou menos de um segundo para voltar a se recompor devidamente.
– Então assim será. – deu de ombros.
– Ótimo.
– Até mais, .
– Adeus, .
Dando-lhe as costas, seguiu seu caminho sem rumo até algum lugar que preferivelmente a mantivesse ocupada e longe de um certo par de olhos azuis.




Capítulo 02 - All I know

Três meses depois...
observou atentamente o que segurava em suas mãos, sentindo seu coração desenfreado no peito. Como? Quando? Por quê? Ela se perguntava. As respostas para esses questionamentos eram óbvias, mas ela ainda estava levando seu tempo para conseguir raciocinar as novas informações, então ficou apenas observando para os objetos.
- Eu preciso fazer xixi, então se você não sair daí, juro que invado! – reclamou, mexendo na maçaneta da porta.
- Já vou! – gritou de volta, jogando-se contra a porta para impedir que a mesma se abrisse.
- !
arremessou as três coisinhas dentro da bolsa e fechou o zíper. Olhou ao redor para se certificar que não havia deixado prova nenhuma, então só assim abriu a porta e permitiu que entrasse.
- Liberada. – falou, abrindo um sorriso para a amiga.
- Até que enfim! – ficou aliviada, logo entrando no banheiro. – Ah, termina de arrumar suas coisas, o já está esperando para gente ir para a Allianz Arena.
- Okay.
Com um suspiro de pesar e um aperto no peito e no estômago – já que não havia tido tempo de comer hoje –, voltou para a sua mesa e recolheu suas coisas, enfiando o necessário na bolsa, mas quando tentou fechar o zíper, percebeu que estava frouxo.
- Só o que me faltava. – fechou os olhos, respirando fundo para se impedir de arremessar a bolsa do outro lado do escritório. Bateu os olhos pela mesa, a procura de algo que pudesse ajudá-la a disfarçar o estrago. – Grampeador!
Alcançou o grampeador e puxou as duas pontas da bolsa. Com algumas grampeadas e alguns clipes de papel, conseguiu melhorar o estado da bolsa, mas ela não resistiria muito. Jogou a bolsa no ombro e desceu pelo elevador até o térreo, onde encontrou flertando com uma garota desavisada.
- ! – saudou a mulher assim que a viu sair do elevador, deixando de lado a garota com quem estava.
- Você não sossega, né? – balançou a cabeça em descrença.
- Já falei que quando sossegar vai ser por você. – piscou, galanteador.
- Você não presta, . – riu, puxando o amigo para um abraço.
- O que foi? – o homem ficou preocupado. nunca o abraçava assim sem motivo.
- Sono. – murmurou, escondendo o rosto no pescoço de , que envolveu-a em seus braços.
Não era a verdade, mas também não era mentira.
- Em três horinhas juro que te levo para cama. – disse, sorrindo de forma maliciosa pela ambiguidade implícita na frase.
- parece um adolescente constantemente excitado que sai atirando para todo lado. – disse, aparecendo ao lado dos amigos.
- E você bem queria que eu também atirasse para você, né, ? – provocou, cutucando a cintura da recém-chegada.
- Idiota. – Alieen riu, dando um tapa de leve na cabeça dele.
- Deixem as demonstrações de afeto para mais tarde, nós estamos atrasados. – interviu, interrompendo os dois.
Os três saíram do prédio, indo direto até o carro que os levariam até a Allianz Arena onde aconteceria o primeiro jogo da nova temporada da bundesliga entre Borussia Dortmund e . não estava muito ansiosa para cobrir o jogo, mas como era jornalista da sessão de esportes do jornal, seria profissional.
- Por que eu acho que todos os caminhos me levam a uma única coisa? – olhou com pesar para a Allianz Arena que hoje brilhava em vermelho, o que significava que o time da casa estava jogando lá.
- Porque você decidiu ficar na parte de esporte do jornal. Você fez seu próprio caminho. – riu, pegando a mochila e as credenciais que estavam no bolso.
- Vamos logo. – levantou bruscamente, se arrependo logo em seguida. Sua visão ficou turva, seu estômago revirou. Ela teve que se segurar para se manter firme.
- Você tá bem? – a amiga ficou preocupada.
- Fome. – respirou fundo, tentando voltar ao normal. – Não tive tempo de comer direito hoje. Estou me aguentando o dia todo com café e maçã.
- Se você desmaiar a gente não pode te levar no hospital não, ok? Isso implicaria em perder a partida e consequentemente perder nossas cabeças, ou pior, nosso emprego. Cuida de comer alguma coisa. – discursou, soprando um beijo para a amiga antes de sair do carro.
- Fico comovida com a sua preocupação, . – debochou, saindo do carro logo depois de .
- Esse é meu jeito de dizer que eu te amo, tá? Não pense o contrário. – piscou para a morena, dando-lhe um sorriso singelo.
O trio seguiu até a entrada preferencial que estava guardada para os jogadores e a imprensa. Mostrando as credenciais que alegava que os três eram jornalistas da Morgen München, entraram na arena. Parando para cumprimentar algumas pessoas, os três levaram um pouco mais de tempo até chegarem no estádio. Se dirigiram até a área da imprensa e logo começou a se organizar.
- A entrevista com o Pep já foi confirmada? – perguntou.
- Sim, falei com ele ontem. – respondeu.
- Mas nós deveríamos ir conferir, certo? Ele deve estar no vestiário. – falou rapidamente.
- E isso não tem nada a ver com o fato de você querer ver o ? – provocou, recebendo um olhar matador de .
- Eu sou profissional, . – a outra jornalista se defendeu. – fica se arrumando aí e nós já voltamos.
Antes que o homem respondesse, puxou pela mão e juntas seguiram pela escada que as levavam até a plataforma inferior ao campo. estava ansiosa e a perspectiva de ver um par de olhos azuis que pertenciam a um certo jogador também não a ajudava muito. Ao chegarem aos seguranças, com o charme de sempre, as duas conseguiram fazer seu caminho até o interior.
Lá dentro não estava mais calmo que as arquibancadas lá fora. Membros das duas equipes estavam para lá e para cá, alguns conversando entre si, outros dando entrevistas. Alguns jogadores do Borussia estavam cumprimentando os conhecidos do Bayern. Suas diferenças eram guardadas para o campo de futebol.
- O tá ali, tenho certeza que ele vai saber onde o Pep tá. – falou, largando a amiga e correndo até o namorado.
- Com certeza. – balançou a cabeça, olhando para o lado oposto onde Pep, o técnico do Bayern, estava.
Fazendo o caminho contrário ao de , foi até Guardiola, entrelaçando o braço no do técnico e sorrindo com a expressão surpresa dele.
- ? Que ótimo vê-la. – Pep sorriu, puxando a jornalista para um abraço.
- Não quero atrapalhar nada, por isso vou ser breve. – deu um beijo estalado na bochecha do técnico e soltou-se do abraço, parando em frente a ele. – A entrevista tá confirmada, certo?
- Sim, claro. Sua amiga passou quase dois agendar. Obviamente eu me fiz de difícil. – piscou para ela, fazendo uma careta cúmplice. – Vou mandar organizarem uma das salas de conferência.
- Ótimo então. – a jornalista riu, se dando por satisfeita. – Vou deixar de te irritar.
- , já troquei suas fraldas, querida. Se você não me irritou naquele tempo, não é agora que vai conseguir.
riu novamente. Às vezes esquecia-se que seu pai era melhor amigo do técnico. Também era fácil esquecer quem Pep era, já que o considerava quase como um tio. Como haviam combinado assim que a jornalista entrou para essa vida, ele não iria facilitar para ela e ele não facilitava mesmo. Ela gostava de ter que passar por sufocos para conseguir as entrevistas. Fazia dela o que ela era.
- Ainda sim. – sorriu. – Preciso tirar a do pescoço do antes que ele se desconcentre.
- Isso é uma boa ideia. – Pep gargalhou, concordando com ela.
Com um aceno de despedida, refez o seu caminho a procura da amiga. Com o início do jogo se aproximando, a movimentação havia aumentado. parou para cumprimentar alguns jogadores conhecidos do Borussia e após um abraço ou dois, voltou-se para o time de vermelho, que era onde deveria estar. Foi interrompida por alguns abraços no seu caminho, já que conhecia praticamente o time inteiro.
- Vocês viram a ? – perguntou para os jogadores.
- Acho que eu a vi indo para o vestiário. – Alaba respondeu, mas o riso implícito na voz e o brilho arteiro no olhar, levaram a duvidar.
- Vestiário? Certeza? – a jornalista colocou as mãos no quadril.
- Absoluta. – Müller confirmou, parecendo mais verdadeiro que o outro jogador.
- Eu difamo vocês se ela não estiver lá. Vocês sabem que eu posso. – ameaçou, recebendo risos incrédulos dos jogadores.
Seguindo as instruções dos dois, seguiu até o vestiário, mas assim que abriu a porta, ficou claro que lá não era onde estava, pois a única pessoa que estava lá, era . Ao ouvir o som da porta abrindo, o goleiro virou-se para ver quem havia entrado e não conseguiu conter o sorriso ao constatar quem era.
- Ora, ora. Veio me desejar boa sorte, ? – perguntou, levantando-se do banco.
- Exatamente o oposto, . Torço para o Borussia, então... – deu de ombros, mostrando seu melhor sorriso de escárnio para o jogador. – Para falar a verdade eu estou à procura da .
- Ela não passou por aqui hoje.
- Eu sabia que eles estavam mentindo. – murmurou para si mesma, irritada por ter caído na dos dois.
- Quem estava mentindo? – ergueu as sobrancelhas.
- Thomas e David. Me falaram que a tava aqui. – falou acidamente, virando-se para a porta, pronta para sair. – Mas já que ela não está, eu vou indo.
- Por que a pressa? – correu para impedir a saída, puxando levemente o braço dela.
- Porque eu estou a trabalho e mesmo se não estivesse, não estou aqui por você, . – olhou nos olhos do goleiro, sentindo uma certa angústia tomar conta dela. – Pode me soltar?
- Para falar a verdade, ainda tenho alguns minutos antes do jogo. Vou adorar sua companhia. – continuou segurando o braço dela, mas com delicadeza. Não queria machuca-la.
- Eu preciso trabalhar! – a jornalista insistiu.
- Então trabalhe. – sorriu displicente. – Me entreviste.
revirou os olhos.
- Não!
- Vai perder uma entrevista só porque não gosta de mim? – achou graça, mantendo o sorriso no rosto apenas para irrita-la.
- Tenho outras prioridades hoje, então... – puxou o braço com força, mas assim que o fez, a bolsa que segurava caiu no chão, e como os grampos e os clipes não eram páreo para segurar o peso, se abriu, espalhando tudo que estava lá dentro. – Tá vendo? Tudo culpa sua! Eu quero uma bolsa nova.
- Culpa minha? O destrambelho em pessoa é você, . – retrucou, abaixando para recolher as coisas que haviam caído.
- Você me segurou!
- Sim, mas você puxou o braço. – revirou os olhos, juntando o bloco de notas e a carteira da jornalista.
- Sim, mas se n... – se interrompeu no meio da frase, sentindo o sangue se esvair do seu rosto assim que notou os três tubinhos com um certo resultado positivo que estavam espalhados no chão. – , pode deixar que eu apanho o resto!
Se jogou no chão, pegando os primeiros testes que conseguiu, mas antes que pudesse chegar ao terceiro, o pegou primeiro. Os olhos do goleiro avaliaram o objeto ante de se voltar para a jornalista que ainda estava pálida de nervoso.
- Isso é um teste de gravidez? – perguntou retoricamente. – Positivo? O que o +3 significa?
continuou muda, se preocupando em enfiar na bolsa o resto das coisas que ainda estavam pelo chão.
- Você vai me responder? – insistiu. Seus nervos estavam ficando alterados e sua imaginação um pouco fértil, estava trabalhando em teorias para o +3. Três meses? Mais de três semanas? – !
Assim que acabou de recolher suas coisas, ainda sem manter contato visual, pegou o teste que segurava e o enfiou na bolsa.
- Não é da sua conta, . – com um sorriso frio no rosto, voltou a andar para a porta, mas o goleiro correu para se colocar na frente da escapatória dela.
- É da minha conta se eu for o pai! – agora ele definitivamente estava nervoso. – O que o +3 significa?
- Mais de três semanas! Satisfeito? – revirou os olhos. – Posso sair?
- Quem é o pai? – continuou mantendo o caminho bloqueado.
- A única coisa que me interessa é a mãe, e ela eu tenho certeza quem é. – continuou empertigada, querendo sair de lá o mais rápido possível.
- Existe a remota chance de ser meu? – fez a pergunta que estava rondando sua cabeça. Achava que não era seu, mas levando em consideração as vagas, mas detalhadas lembranças daquela noite há quase três meses, ele recordava que nenhum dos dois se preocupou muito em qualquer outra coisa que não fosse o atrito entre os corpos.
- , menos de cinco minutos, vamos! – apareceu na porta, puxando o outro jogador pelo braço. nunca amou tanto o amigo, quanto amava agora.
- Eu tenho que terminar de esclarecer algo aqui, . Já vou. – continuou com os olhos azuis fixos na jornalista, que evitava a todo custo encontrar o rosto dele.
- Não, nós não temos tempo. – insistiu, voltando seu olhar para . – Baixinha, acho melhor você ir também. acabou de ir.
- Ótima ideia, ! – falou afobada. Passou correndo por baixo do braço de , que ainda bloqueava a saída.
- Nós ainda não terminamos, ! – gritou.
Não ligando para outra coisa, correu escada abaixo, não ouvindo e nem vendo ninguém na sua frente. O coração estava desenfreado e a falta de comida estava começando a fazer efeito. Assim que voltou ao lugar reservado para a imprensa, tomou seu lugar ao lado de , que quase a fuzilou com o olhar.
- Por que a demora? E por que parece que você vai desmaiar a qualquer hora? – os olhos de se arregalaram assim que percebeu a palidez da amiga. – , eu sei que falei que não te levaria para o hospital, mas eu levo sim! Você tá bem?
- Tô ótima. – colocou um sorriso no rosto. – Preciso de água.
- Você precisa comer. – se ajoelhou em frente a . – O que você comeu hoje?
- Acho que comi uma maçã quando saí de casa e tomei alguns bons copos de café. – respondeu. – O dia não foi exatamente calmo hoje.
- Eu vou pegar alguma coisa para você comer. – disse, levantando-se. Como filho de médico, o rapaz era extremamente cuidadoso e preocupado quando se tratava de coisas assim.
- Não, agora você vai sentar aí e fazer o seu trabalho! – puxou-o pelo braço, forçando-o a se sentar na cadeira.
- Tenho maçã e água, toma aí. No intervalo a gente vai te arranjar comida. – tirou da bolsa uma garrafinha d’água e uma maçã. – A maçã tá aí faz alguns dias, mas acho que ainda é comestível.
analisou a maçã, mas logo se decidiu por ficar apenas com a água.
- Eu tô bem assim, mas obrigada. A gente come alguma coisa depois.
Ignorando a insistência dos amigos, a jornalista tentou se manter com a mente no jogo, mas não conseguia. Ela sabia que cedo ou tarde teria que falar com , mas como planejara assim que fez os testes mais cedo, seria tarde, porém, agora ela teria que o enfrentar assim que o primeiro tempo acabasse e ela com certeza não estava pronta para isso.

Até agora não sabia ao certo como havia conseguido passar pelo primeiro tempo sem ceder nenhum gol. Havia ficado atordoado após ter encontrado os testes com . Claro que ele não sabia se o bebê era dele, mas ainda sim podia ser. Esperava que não fosse.
- Onde tá a sua cabeça, ? – Pep chegou até ele. O primeiro tempo havia acabado de terminar e todos estavam voltando para o vestiário.
- Sinto muito, Pep. – passou as mãos pelos cabelos, voltando sua atenção para o treinador.
- Vamos conversar mais lá dentro. – o técnico passou na frente, dando um tapinha nas costas do goleiro.
Após pegar uma garrafa d’água e ouvir os comentários de Pep, correu atrás da jornalista, mas ao chegar na área da imprensa, ela não estava lá. Procurou por ela em todos os lugares possíveis, mas não a encontrou. Quando viu, o segundo tempo estava prestes a começar. O time já estava ganhando de 3-0, então Pep apenas os incitou a continuarem a dar o melhor que podiam, dando um incentivo a mais para que o goleiro focasse a cabeça no jogo.
O time voltou ao gramado e enquanto fazia seu caminho até o seu posto, viu quando voltou ao seu lugar junto com e o outro jornalista que ele não conhecia. Tentou tirar da cabeça a recente descoberta sobre a mulher e se deixar focar somente no jogo. Assim que soou o apitou e a bola voltou a rolar, foi que ele conseguiu se manter com a cabeça na partida.

O árbitro apitou o final do jogo e os torcedores do comemoram devidamente a festa. Primeira partida do campeonato, primeira vitória. Ganhando de 5-1, o time mostrava como queria prosseguir esse ano.
não estava em suas melhores condições. Até tentou comer algo no intervalo do jogo, porém a fila do restaurante havia se tornado longa demais e antes mesmo que conseguisse pagar a comida, o jogo já se reiniciava então teve que sair de estômago vazio, o que não parecia ter prejudicado em nada enquanto ela estava sentada, mas agora que tudo havia se tornado um caos e ela corria junto com e , já não se sentia tão bem.
- Onde o Pep disse que iria nos encontrar? – perguntou, olhando para a amiga.
- Em alguma sala de conferência. – respondeu roboticamente, se sentindo desnorteada no meio da multidão.
- Temos que ter essa entrevista antes que ele vá para a coletiva. – comentou, olhando a hora no relógio de pulso.
- Vou procurar por ele. – engoliu em seco, respirando fundo. Precisava de ar.
- Estamos esperando aqui! – gritou antes que a morena se afastasse.
Se aventurando no meio de toda a multidão, desceu as escadas que levavam até o campo, pronta para arrastar Guardiola consigo. Mas antes que chegasse ao segundo degrau, uma figura se projetou em sua frente, bloqueando a passagem.
.
- Vamos conversar agora? – apesar de ter sido uma pergunta, sabia que aquilo não era um pedido.
- , agora não, por favor. – o tom da jornalista era quase uma súplica, o que surpreendeu o homem. – Eu tenho que achar o Pep.
- Eu passei o jogo inteiro com essa merda na cabeça! Você só precisa me dizer se eu sou ou não o pai do bebê! – se irritou. – Nós vamos conversar agora.
- Eu estou trabalhando! – rosnou, sentindo uma tontura especialmente mais forte que as anteriores, mas não deixando demonstrar a fraqueza, se manteve de queixo erguido e tom firme. – Você aguentou por mais de noventa minutos, pode aguentar mais uma horinha.
Não dando tempo para protestos, rapidamente desviou do jogador e voltou a descer a escada, porém mal deu o primeiro passo e sentiu as pernas fraquejarem. Os sons ficaram distorcidos até que tudo que escutava eram ecos. A visão virou um borrão colorido até que tudo começou a girar e ela teve que fechar os olhos para amenizar a tontura, então foi à vez das suas pernas falharem de vez.

A forte claridade incomodou os olhos de quando ela finalmente os abriu. A cabeça e o corpo doíam. Assim que conseguiu clarear a visão, olhou ao redor, tentando se situar sobre onde estava. Paredes imaculadas e brancas, luz florescente forte, cheiro de álcool em gel. Ela estava no hospital. Olhou para a mão, onde uma IV a ligava até uma bolsa de soro, e suspirou. Odiava hospitais.
- ?
Olhou para o lado, vendo que estava sentada em uma cadeira no canto do quarto, mas que logo se pôs de pé ao ver que a amiga havia definitivamente acordado.
- O que diabos eu to fazendo aqui, ? – perguntou, fazendo certo esforço para sentar na cama.
- Não, não, não. Fica aí deitadinha, não move um centímetro. Vou chamar o médico. – falou, correndo para fora do quarto, gritando pelo médico.
Aborrecida e inválida, a única coisa que podia fazer era permanecer deitada e esperar, então foi o que ela fez. Não se passou muito tempo e alguém entrou no quarto, mas no lugar do médico, quem vinha era a última pessoa que precisava ver agora.
.
- Você tá bem? – o goleiro perguntou, aproximando-se da cama.
- Péssima! – revirou os olhos. – Você tem noção do quanto eu odeio hospital?
O homem esboçou o traço de um sorriso. Se ela já estava reclamando, de certeza já se sentia melhor.
- Pelo visto você está melhor. – provocou, parando ao lado dela na cama.
- O que aconteceu para que eu viesse parar aqui? – olhou para o loiro, aguardando a explicação.
- Você acabou desmaiando e caindo da escada. – explicou. – Te trouxemos para o hospital correndo.
- Caí? Ai não! Quebrei alguma coisa? Concussão? Hemorragia interna? – arregalou os olhos ao lembrar de um pequeno detalhe que crescia na barriga dela. – E o bebê?
- O médico está chegando com o resultado dos exames, mas ele fez um ultrassom. O bebê parecia bem e não, você não quebrou nada, não teve nenhuma concussão e nenhuma hemorragia. – respondeu, respirando fundo e tomando coragem para trazer o assunto de volta. – , você precisa responder o que eu perguntei antes.
O olhar de foi de encontro ao de e ela não precisou falar nada. Os seus olhos castanhos responderam à pergunta. O bebê era dele. iria surtar. Precisava surtar, mas não iria fazer aquilo agora, pelo menos não no hospital. Tinha uma garrafa de Jack Daniel’s especialmente guardada para momentos como esse.
- Olha, só para você não me achar uma maria-chuteira que engravidou só para ganhar seu dinheiro, acredite em mim quando eu digo que um bebê não era nem de longe o que eu queria para mim agora. Muito menos um bebê seu! Tanto jogador por aí e eu ia me amarrar logo a você? Nops. Nein. Never. Mai. Nunca. Sem mencionar que em estado sóbrio eu não teria ido para cama com você, muito menos sem camisinha. – tratou logo de se justificar, causando o riso do alemão. Ela o olhou incrédula. – Você tá rindo?
- , você é a última pessoa que eu espero que tente me dar o golpe da barriga. – garantiu, sentindo a tensão que ainda dominava seu corpo. Ele ainda seria pai. Ele ainda tinha vários campeonatos para ganhar no time regional e no nacional. Não sabia como funcionaria, mas naquele momento, por mais desconcertante que a notícia fosse, ele só queria rir. Era sua primeira reação quando ficava nervoso.
- Eu falo que eu tô grávida de um bebê seu e sua reação é rir? – arregalou os olhos, indignada. – , eu não sei ser mãe! Eu posso ser a tia legal, a prima legal, mas mãe? Eu mal consigo manter um peixe vivo por mais de dois meses. Eu nem sei se eu processei a informação ainda. E você como pai? Por favor, né.
- Rir é o meu jeito de lidar com a apreensão da situação. – se explicou, passando a mão pela barba por fazer. – Não disse que estava morrendo de felicidade, muito menos que sei lidar com a situação.
- É um bebê. Uma coisinha que vai depender de mim até no mínimo os dezoito anos. Ai meu Deus, ! Se você não assumir, juro que te processo. Não fiz sozinha, apesar de me parecer melhor do que ter feito com você. – começou a falar desembestada, sentindo o coração acelerar. A máquina que estava ligada aos batimentos dela também acelerou. – O que eu vou fazer? Meus pais vão me matar! Meu pai ainda acha que eu sou virgem, mas eu tirei o anel de castidade há uns bons anos. Minha mãe? Ai meu Deus, eu não quero nem ouvir o discurso sobre preservar a florzinha. Vão me deserdar!
- , você pode não ter o melhor conceito sobre mim, mas achar que eu vou te largar grávida de um filho meu? – revirou os olhos. – Tive uma boa educação sobre como tratar mulheres.
O médico irrompeu pela porta, interrompendo a conversa dos dois, foi diretamente até . e seguiam o homem de jaleco e se juntaram a ao lado da cama.
- Srta. ? – o médico olhou a ficha, então voltou a olhar para a paciente. – Como se sente?
- Dolorida e com fome. – respondeu objetivamente, semicerrando os olhos para conseguir ver o crachá com o nome do médico. Dr. Walt.
- Bom, , você teve uma crise de hipoglicemia. Seus amigos informaram que você não comeu nada o dia inteiro. – havia repreensão no olhar do médico.
- Não tive tempo. – a jornalista se defendeu. – Mal consegui respirar hoje.
- E isso colocou você e o bebê em perigo. A queda poderia ter causado sérios danos. – Dr. Walt continuou.
- Falando em bebê, como ele tá? – perguntou, se sentindo extremamente acanhada por fazer tal questionamento. Ela nunca pensou que teria que fazer essa pergunta, pelo menos não tão cedo.
- Srta. , o bebê me parece bem, mas houve um pequeno sangramento então sugiro que pelos próximos meses de gestação, você não esteja sozinha, especialmente já que seu histórico médico apresenta labirintite, que costuma ficar mais afetada durante a gravidez. O pai do bebê mora com você? – o médico olhou de para e de para , esperando que algum dos dois se manifestasse como o pai. olhava tudo ainda meio embasbacada.
- Não, eu moro sozinha. – respondeu rapidamente, não dando tempo para o pai do bebê se manifestar.
- Isso tem que mudar. – Dr. Walt fez algumas anotações na prancheta que segurava, logo voltando a olhar para a jornalista. – Não é recomendado morar sozinha.
- Nós vamos cuidar para que ela não fique sozinha. Mais alguma recomendação? – falou, impedindo que a morena pudesse retrucar mais alguma coisa.
- Vou apenas fazer algumas recomendações para a dieta da mãe, agendar o pré-natal, algumas vitaminas... – o médico começou a listar enquanto rabiscava no papel as recomendações.
- E quando ela vai ter alta? – perguntou, se aproximando da cama.
- Assim que o novo soro acabar. – o médico apontou para a bolsa de soro que não parecia nem perto do fim. – Qualquer coisa, podem me chamar.
Assim que o médico saiu do quarto, o silêncio se instalou entre os quatro indivíduos que estavam lá.
- Ok, o é o pai? – quebrou o silêncio. – Hein? E você dona , sabia que tava grávida e nem para contar para sua melhor amiga?
- Eu descobri hoje, ! Eu ainda estava processando tudo. – se defendeu.
- O é o pai? – sorriu malandro. – Para quem disse que não suportava ele, vocês parecem ter se dado certo demais, hein, ?
lançou o melhor olhar mortífero para o melhor amigo, que logo desmanchou o sorriso.
- O é o pai! e vão ter um bebê! Meu Deus, Meu Deus, MEU DEUS! – olhou de um para outro, parecendo estar em choque.
- Acho que quem deveria estar assim era eu. – murmurou, olhando o ataque de . E eu vou estar assim logo que chegar em casa, acrescentou mentalmente.
- Você não tá me ajudando, ! – repreendeu a amiga, que após algumas respirações fundas, tentou se acalmar. – Melhor? Ótimo. Então, vou morar com quem? ou ?
- Com nenhum, nem outro. – cruzou os braços, olhando para a mulher que estava na cama. – Vai morar comigo.
gargalhou.
- Não vou nada! – disse, ainda em meio a risos. – ou são minhas opções, você não.
- Você vai morar comigo! – continuou firme. – Eu não queria um bebê agora, muito menos que você fosse a mãe. Te aturar até o fim da vida? Não era uma opção, mas se vou ter um filho, não quero ele sozinho nas suas mãos.
- O que você quer dizer com isso? – se irritou, se esforçando para sentar na cama.
- Quero dizer exatamente isso! – revirou os olhos, empurrando os ombros da jornalista até que ela voltasse a deitar na cama. – Fica quieta!
- Vocês não podem me deixar para morar com isso. – olhou em súplica para os amigos, apontando para . – Eu vou enlouquecer.
- , eu praticamente moro com o . – mordeu o lábio, olhando receosa para a amiga. – Não vou ser de muita ajuda se você morar comigo.
- E eu já divido apartamento com dois marmanjos. – deu um beijo na testa de , abrindo um meio sorriso. – Sinto muito, mas não dá.
- Do que adianta ter amigos se vocês não me servem quando eu preciso? Eu não posso morar com meus pais. – soltou um longo e exasperado suspiro, desviando o olhar dos amigos e voltando a olhar para . – Nós vamos morar na minha casa.
- Na minha casa. – afirmou.
- Eu já vou ser obrigada a morar com você então vai ser na minha casa! – insistiu.
- Vai ser na minha casa! – continuou afirmando.
- Na minha!
- Parem com isso, meu Deus. – interviu. – Vocês vão ter um bebê, mas quem parece com bebês são vocês dois.
- Tirem ímpar ou par. – sugeriu. – Quem perder se muda para casa do outro.
e se olharam, considerando a sugestão.
- Pode ser. – disse.
- Sou par. – avisou.
- é ímpar. – sorriu para os olhos. – Vamos lá. Ímpar ou par, um, dois, três, virar... JÁ!
O casal mostrou o dedos e começou a contar.
- É PAR, EU GANHEI! – comemorou.
- 15 é ímpar, . O ganhou. – gargalhou. – Bem que você disse que nunca foi de exatas.
- Não, não, não. Teve fraude, pode fazer de novo. – a morena cruzou os braços, não acreditando no azar que tinha.
- Você vem morar comigo, . Aceita. – decretou.
se perguntou o que mais faltava para esse se tornar o pior dia do ano.
No fim daquela noite, quando recebeu alta e todos voltaram para suas respectivas casas – menos , que ficou de babá para a amiga –, apesar de se sentir exausta, não conseguia relaxar, apenas pensando em como tudo seria. Para não foi mais fácil. O goleiro havia chegado em casa e apesar de uns convites para comemorar a vitória da partida, sua companhia foi a garrafa de Jack Daniel’s e os milhares de pensamentos bons e ruins que rondavam sua cabeça sobre a novidade inesperada.
Nem , nem conseguiram dormir naquela noite, porém isso poderia contar para a pequena lista de coisas em comum que os tinham.




Capítulo 03 - I Don't Wanna

...Admit but we're not gonna fit.

- Você só trouxe isso? – perguntou, tirando a última bagagem de dentro do porta-malas do carro.
- Você realmente queria que eu trouxesse tudo? – colocou as mãos na cintura, olhando para o homem.
- Se isso for te ajudar a tirar essa sua cara feia, fique à vontade para trazer a casa inteira. - pegou as malas, equilibrando uma entre o braço e arrastando as outras duas.
- Onde eu vou dormir? – perguntou, acionando o alarme do carro assim que fechou o porta-malas.
- Eu iria sugerir a minha cama, mas não acho que é uma opção para você. – fez pouco caso, sorrindo enviesado.
- Eu preferiria dormir no chão do banheiro a dormir novamente em uma cama com você. – retrucou.
- Você diz isso agora. – provocou, rindo da carranca que se formou no rosto da morena.
Sem ser muito chegada a cerimônias, abriu a porta assim que chegaram em frente à casa, que por sinal era bem maior do que esperava. Adentrou o hall, olhando ao redor, analisando o lugar. Tudo estava limpo, arrumado e devidamente em seu lugar, o que era estranho para um homem solteiro.
- A Sra. Sattler que arruma tudo. – falou, lendo os pensamentos da mulher.
- Você é que eu não esperava que arrumasse. – ironizou, virando-se para ele. – Quer ajuda?
- Agora que você oferece? – achou graça.
- Você ainda vai levar lá para cima. – apontou para as escadas, no canto extremo do hall. – Aproveita que não é sempre que vou oferecer ajuda.
- Eu acho que consigo levar lá para cima, mas obrigado pela intenção. – o tom de sarcasmo era óbvio em sua voz. – Acho que não preciso te mandar se sentir em casa, certo?
- Eu quero ver meu quarto antes de decretar se eu vou ou não me sentir em casa. – acompanhou-o até a escada, esperando que ele liderasse o caminho.
Saindo na frente dela, subiu as escadas até o corredor do primeiro andar, sendo seguido por .
- Seu quarto é esse, mas, se não gostar, tem mais outro, se quiser escolher. – falou, largando as malas no chão para abrir a última porta do corredor.
Assim que o jogador abriu a porta, adentrou no cômodo, o analisando. Era grande e bastante espaçoso, mas antes de bater o martelo, ela precisava verificar o closet e o banheiro. O closet se mostrou bastante promissor e, apesar de não admitir em voz alta, era maior que o que tinha em casa, então caberia perfeitamente todos os entulhos dela. O banheiro também não ficava atrás. A morena já estava se vendo deitada na banheira de hidromassagem no fim de semana.
- Esse quarto vai servir. – avisou, saindo do banheiro. – Óbvio que eu vou querer fazer algumas mudanças. Se ele vai ser meu pelos próximos meses, ao menos o quarto tem que se parecer comigo.
- O quarto vai ser seu, pode fazer o que quiser. – deu de ombros, saindo do quarto e voltando com as malas que havia deixado no corredor. Deixou as bagagens ao lado da cama e virou-se para ela. – Quer um tour pela casa?
- Se eu vou morar aqui, é sempre bom conhecer o lugar, certo?
a levou pelo primeiro andar, mostrando os cômodos que ocupavam o corredor e indicando o quarto dele, que ficava em frente ao dela. Aproveitando que já estavam na parte superior da casa, subiram mais um lance de escadas até o terraço. já fez questão de abdicar aquele como seu lugar favorito da casa.
Continuaram o tour pela casa, dessa vez no andar térreo, que era composto pelos espaços essenciais de uma casa. O jardim era enorme e a jornalista notou assim que deu o primeiro passo. Uma piscina ocupava boa parte do espaço, que ganhava ainda mais vida pelas árvores e flores coloridas e bem cuidadas, mas não foi isso que chamou a atenção de .
- O que é aquilo? – perguntou, estreitando os olhos para enxergar melhor o vulto peludo e dourado que se aproximava correndo a toda. – É um cachorro?
Antes mesmo que chegasse a responder, já analisava suas opções de fuga. A porta que levava para dentro parecia longe demais e ela sabia que ele facilmente escalaria a mesa de piquenique, então, não vendo outra escolha, correu para trás do homem e apoiando as mãos em seus ombros, tomou um impulso, envolvendo as pernas ao redor dele e agarrando seus ombros com força para se manter firme.
- Você tá louca? – olhou surpreso para ela, que parecia aterrorizada ao ver o cão se aproximar cada vez mais.
- Você tem um cachorro! – apontou o óbvio.
- E daí?
- É um cachorro! – ressaltou, se apertando mais firmemente no homem.
- Sim, labrador, quatro anos, macho. Ainda não entendi o problema. – revirou os olhos, estendendo a mão para acariciar os pelos dourados do cachorro quando o animal se aproximou. – Ele é inofensivo, .
- A Paçoca também era inofensiva, mas certo dia ela resolveu correr atrás de mim por três ruas. TRÊS! E eu ainda ganhei uma mordida. Tenho marca até hoje. – desabafou, soltando um grito quando o cão ficou em pé, apoiando as patas nas nádegas dela. – !
- Juro que ele não vai te fazer mal, . – insistiu, fazendo menção de colocá-la no chão, mas isso fez com que a jornalista apenas se agarrasse mais a ele.
- Não me solta! – gritou, o repreendendo.
- Vou começar a achar que você tá começando a gostar demais de se agarrar a mim.
- Você bem que queria. – revirou os olhos, fazendo uma careta quando o cachorro lambeu a parte exposta do seu tornozelo. – Me leva lá para dentro!
- Só se você sair de cima de mim.
- Não!
- , ele não vai te matar. – continuou afirmando. – É bom você ir se acostumando com o Zagueiro.
A jornalista continuou olhando receosa para o animal, que estava alegremente pulando ao seu redor, com a língua enorme de fora. Ele parecia totalmente inofensivo e dócil. Lentamente, colocou uma perna no chão, depois a outra, finalmente saindo de cima do goleiro, mas ainda ficando atrás dele.
- Eu vou te fazer assinar um documento que te faça me pagar uma indenização por danos psicológicos e possivelmente físicos causados pelo tempo da minha estadia aqui. – murmurou, olhando para o cachorro, que voltava correndo em sua direção.
- Pode acertar com meu advogado. – falou, achando graça na intimação.
- Agora que já conheço tudo, vou entrando. – deu meia-volta, pronta para voltar para casa, quando o cachorro entrou em sua frente, bloqueando o caminho e obviamente esperando por alguma reação por parte da mulher, que ficou estática. - !
- , ele é inofensivo. – repetiu, observando de longe. – E ele só vai sair daí se você fizer algum carinho.
- Eu não vou fazer carinho nele. – se afastou quando o cão pulou em cima dela. - !
- Faz carinho nele, . – riu, vendo o olhar de desespero no rosto dela. – É o jeito dele de te avaliar. Prometo que ele não vai te morder.
Ainda receosa, estendeu a mão para o cachorro, que se aproximou mais, encostando a cabeça na mão dela. A jornalista acariciou os pelos dourados do labrador, que sentou nas patas traseiras para aproveitar o carinho.
- Tá vendo? Ele não arrancou nenhum pedaço. – aproximou-se dela, abrindo um sorriso malicioso. – Te fiz enfrentar um dos seus medos. De nada.
- Não me faça querer arrancar um pedaço seu, .
- Essa frase me pareceu muito promissora. – provocou, tendo que segurar o riso ao ver a expressão de desgosto que se formou no rosto da mulher.
- Idiota. – revirou os olhos, fazendo seu caminho de volta até a casa, sendo seguida de perto pelo cachorro, que tentava lamber sua mão. – Por que ele tá me seguindo?
- Acho que gostou de você. – respondeu, acompanhando a mulher e o cachorro.
- Bom, eu não gosto dele. – falou, se esquivando do cão, que continuou a segui-la.
- Tenta explicar isso para ele, princesa. – achou graça, passando na frente dela e entrando na casa.
- Para de me chamar de princesa! – andou rapidamente, fechando as portas francesas da cozinha assim que passou, impedindo que o cachorro entrasse também.
- Tá bom, princesa.
Com a irritação fulminando-a, passou rapidamente por , ignorando o riso que ouviu. Assim que chegou à sala, jogou-se no sofá com as pernas para cima, logo tirando o celular do bolso e digitando uma mensagem furiosa para .
- Então, quando vamos conversar de verdade? – perguntou, aparecendo na entrada da sala de estar.
- E não estamos conversando? – terminou de enviar a mensagem e fechou os olhos, cruzando os braços atrás da cabeça.
- Não sobre o que devíamos realmente falar.
- O que mais temos para falar? – suspirou, abrindo um dos olhos ao sentir o sofá afundar ao seu lado quando sentou. – Eu estou grávida. Em seis meses uma coisinha vai nascer, depois disso eu vou ficar solteira para sempre. Talvez não renda mais tanto na carreira porque eu só vou pensar no bebê e em como ele me fez ficar acordada e também vai ter coco, um monte. Então meus pais só vão voltar a falar comigo quando descobrirem que fiquei desempregada e estou com câncer. Você vai ter que cuidar da coisinha e juro que se você arrumar uma madrasta má, eu volto para puxar o seu pé.
- Parece que você já tem tudo planejado. – ironizou, abrindo um meio sorriso. – Isso é sua meta de dez anos?
- Minha meta de dez anos era ser a jornalista mais bem paga que já existiu, ter meu próprio jornal, talvez casar e bem depois talvez ter um filho. Adotado, obviamente, e tem que ter mais de cinco anos. – falou, idealizando sua vida perfeita. – Mas agora eu não sei nem o que eu espero de amanhã. Tenho que organizar minha vida agora com um bebê.
- Por que sempre controlar tudo? – quis saber, virando-se para ela.
- Porque é bem melhor assim. Com tudo planejado, as chances de algo dar errado diminuem para quase zero. Não sou uma pessoa que lida bem com imprevistos, então você deve estar se perguntando como eu estou lidando com isso e a resposta curta é que eu não estou lidando. Tem três dias que eu só fico deitada e não penso em nada. Em momentos assim eu recorreria à tequila, mas agora eu não posso, então estou me afogando em Nutella, o que também não é uma boa, porque não preciso que o meu bebê nasça com tendências diabéticas. – desembestou a falar rapidamente, só tomando fôlego por último. – Sem mencionar que minha família ainda não sabe. To pensando em não falar. Acho que vou ficar longe pelos próximos meses e, quando a coisinha nascer, posso dizer que deixaram em um cesto na minha porta ou eu achei no lixo.
- Você não faria isso. – afirmou, esperando uma resposta ácida vinda de .
- Não, eu não faria. – respondeu, acabando com as expectativas do jogador. – Mas tá, quer falar sobre o que especificamente?
- O que nós vamos fazer quando o bebê nascer?
- Não me faça perguntas para as quais não tenho resposta. – choramingou, apertando os olhos com força. – É uma tortura! Como já falei, estou perdida aqui, então não, não vamos falar sobre isso agora. Cadê meu reforço?
- Que reforço? – estreitou os olhos, temendo o pior.
Como na hora perfeita, a campainha tocou. quase deu uma cambalhota no sofá para poder sair da posição que estava e correr pela casa. Assim que abriu a porta, soltou um suspiro de alívio ao ver os melhores amigos com caixas de comida e todo tipo de doce e filme.
- É por esses momentos que ocasionalmente vocês merecem meu amor. – pegou a primeira barra de chocolate que estava a vista e começou logo a abri-la. – Podem entrar.
- Tá atendendo até a porta. Já tá se sentindo em casa mesmo, né? – fez questão de provocar, recebendo o revirar de olhos da amiga.
- Você sabe que não pode ficar comendo isso, certo? – apareceu para ver quem eram os visitantes, olhando meio assustado para a quantidade de doces que haviam trago.
- Eu vou começar minha dieta na segunda. Do que adianta começar na quarta? – se explicou, mordendo um pedaço do saboroso chocolate amargo que parecia estar clamando por ela.
- Então, como vai a vida de casal? – zombou.
- Muito bem até agora, obrigado. Ela só não gostou muito de conhecer o novo membro da família, né? – abraçou pelos ombros, fazendo questão de irritá-la.
- Não, não gostei. Ter você como um animal já basta, não preciso de dois. – retrucou, abrindo seu melhor sorriso falso. – Se bem que entre você e o cachorro, prefiro ele, que não fala.
- Os próximos meses vão ser divertidos. – notou, se divertindo com a cena.
- Podemos voltar para o nosso plano original que não envolve o ? – se voltou para os amigos. – Nós vamos assistir comédias românticas e comer doce. Você não quer vir, quer? – voltou a olhar para .
- Olha, normalmente eu não aceitaria, mas por você eu faço isso. – continuou com o sorriso dissimulado fincado nos lábios. – Preciso fazer um esforço pela mãe do meu filho, certo?
- Eu estava sendo educada! Você deveria ter recusado. – falou, contrariada.
- Também estou apenas sendo educado. – falou, antes de abaixar o rosto até que seus lábios roçarem no ouvido dela. – Você me conhece, . Não deveria ter convidado.
- Opa, quem quer pipoca? Para assistir esse espetáculo, eu preciso de muita. – alardeou, rindo com gosto.
- Eu odeio vocês. Todos os três. – declarou, passando na frente deles em direção a sala.



Capítulo 04 - Do You Wanna Play With Magic?

...Boy you should know what you falling for.
(Dark Horse – Katy Perry)

- Girls night hoje à noite? – perguntou, se sentindo realmente empolgada.
Depois de uma semana morando com – o que para ela era uma eternidade –, hoje ela finalmente teria a paz e o sossego de uma noite sozinha, ou pelo menos ela esperava. Levando em consideração que no fim da tarde aconteceria o jogo entre e Wolfsburg, que coincidira com a inauguração de uma boate fundada por um amigo de alguns rapazes do time. tinha esperança que resolvesse sair para comemorar longe de casa.
- O que você acha de uma girl's night parcial? – sugeriu. – Eu posso ficar até o fim do jogo, mas vou para a inauguração da Zwölf com o .
- Enquanto eu fico em casa... – suspirou, recostando-se na cadeira.
- O provavelmente vai para a boate, você vai ter a noite pra você. – a loira tentou apontar os lados positivos.
- Não é suficiente. Ele vai estar se divertindo enquanto eu vou me empanturrar de comida e provavelmente dormir antes das dez. – cruzou os braços. – Ele vai ganhar.
- Não é uma competição. – ressaltou.
- Claro que é!
- Você tá grávida! Vai ter um bebê lindo, então você também ganha.
- Ele é o pai, então também ganha.
- Deixa de coisa, ! – levantou, colocando as mãos nos quadris. – Vamos para sua casa, pedimos pizza e você me ajuda a me arrumar para sair, pode ser?
- Eu ainda não estou impossibilitada de me divertir, certo? – estreitou os olhos, abrindo um sorriso para a amiga.
- Você vai? – levantou as sobrancelhas, surpresa.
- Eu estou grávida, não inválida. – deu de ombros, colocando a mão na barriga. – Não vou beber, só quero me divertir, então a coisinha vai ficar bem. Depois de uma semana morando com o , uma semana de diversão é o mínimo que mereço.
- O não vai gostar muito da notícia. – falou, imaginando a reação superprotetora do amigo.
- Por ele, eu seria uma Bela Adormecida por toda a gravidez. – revirou os olhos. – Então a opinião dele não conta. O corpo é meu, o bebê também, então eu ganho de dois a um.
- Se você tá dizendo... – soltou uma risada.
- Mas eu preciso fazer compras, porque minhas roupas decentes já não entram mais. – levantando-se da cadeira, pegou a bolsa no canto e puxou pelo braço.
- Nós vamos agora? – perguntou, conseguindo pegar a bolsa antes de ser arrastada pela amiga.
- Sim, ué. Anne vai cuidar de tudo. Não tem muita coisa para hoje, já que ontem ficamos até tarde, e o vai com o Matt cobrir o jogo de hoje. – explicou, pegando o celular no bolso. Uma careta se formou no rosto dela assim que abriu a mensagem nova.
- Que cara é essa? – pegou o celular de , revirando os olhos ao terminar de ler a mensagem. – , você precisa falar para eles.
- E eles vão saber assim que eu arrumar uma forma de contar. – encolheu os ombros, pegando o celular de volta.
- Adiar só vai piorar... – apertou o botão para chamar o elevador, parando ao lado de .
- vai ser um homem morto caso meu pai e meus irmãos descubram. Quatro bravos? Não quero que o meu filho nasça sem um pai, por pior que ele seja. – falou, cogitando a ideia de deixar para os homens da família.
- Quanta consideração da sua parte, . – ironizou, entrando no elevador assim que as portas se abriram.
- Não é? – riu, apertando o botão do térreo.

olhou-se no espelho, girando ao seu redor para conseguir se olhar em todos ângulos possíveis. Depois da tarde de compras, o humor da jornalista havia alcançado proporções altíssimas.
- Nós vamos nos virar por enquanto. – sorriu, constatando que a sua barriga não estava tão visível.
- Falando sozinha?
Pulou, assustada, virando-se para frente e tropeçando nos próprios pés, quase levando o espelho junto na queda.
- ! – gritou, irritada, olhando indignada para o homem parado na porta.
- Te assustar não foi minha intenção. – falou, mas não fez questão de se desculpar.
- Claro que não. – bufou, se apoiando na cama para se levantar. – Então, perderam de quanto?
pareceu achar graça.
- Se você se refere ao outro time, eles perderam de 4 a 0. – sorriu vitorioso, entrando no quarto e jogando-se na cama dela.
- Seu quarto é do outro lado. – apontou para a porta.
- Eu conheço minha casa, mas obrigado. – continuou com o sorriso no rosto. – Eu vou para a inauguração da Zwölf, tá?
- Tá pedindo permissão? – arqueou as sobrancelhas, desdenhosa.
- Mas é claro. Uma autorização por escrito também seria bom, talvez eles peçam na entrada. – retrucou, colocando os braços atrás da cabeça.
- Bom, já que estamos indo para o mesmo lugar, talvez você possa me dar carona.
- Você o quê? – franziu o cenho.
- Estou indo para inauguração. – respondeu, indo em direção ao banheiro e fechando a porta ao passar.
Se sentindo vitoriosa, prendeu o cabelo em um coque e tirou a blusa. Estava prestes a tirar o short, quando a porta do banheiro se abriu e apareceu, não aparentando estar muito feliz.
- Você não pode ir! – ele disse firmemente.
- Claro que posso. O médico não mencionou nada sobre prisão domiciliar. – respondeu, cruzando os braços para cobrir os seios. – Agora pode sair daqui.
- Não é nada que eu não tenha visto, Princesa. – fez questão de lembrar, abrindo um sorriso malicioso. – Aliás, eles estão maiores.
- Vai se ferrar, ! – virou de costas para ele. – Sai logo daqui.
- Você não vai para a boate.
- Se eu não for, você também não vai.
- E por que eu não iria?
- Pelo mesmo motivo que eu não vou. Porque você é louco! Louco, louco!
- Quem tá agindo como louca é você. – olhou estranho para ela.
- , entende uma coisa. Eu não vou me embebedar, subir em cima do balcão e sair beijando todo mundo. Essa fui eu aos dezoito anos em Ibiza. Como você bem deve ter percebido, mudei muito de lá para cá. – começou a bater o pé de forma impaciente. – E não é você que vai me manter trancada.
- Você não deveria me dar ideias, . – ameaçou, se mantendo firme.
- Eu vou.
- Então tá, mas você não vai sair do meu lado.
- Fico pronta em quarenta minutos. – avisou. – Agora pode sair e se manter longe do meu quarto pelos próximos minutos.
- Você quem sabe, , mas se precisar de ajuda para ensaboar as costas, sabe que eu estou no quarto vizinho.
- Eu consigo me virar.
- Tem certeza?
- Sai logo!
- Última chan...
Antes que ele conseguisse terminar a frase, pegou a primeira coisa que viu - o que por acaso era uma escova de cabelo - e arremessou nele, que conseguiu se desviar por pouco.
- Sai logo! – repetiu.
- Só porque você pediu com jeitinho, Princesa. – piscou para ela, saindo as gargalhadas do banheiro.
- Idiota!
Assim que se certificou que ele saiu do quarto, correu para trancar a porta e então retornou para o banho. Após o banho relaxante e de se enfiar no tubinho azul marinho que havia comprado, se preocupou com todo o resto do visual para a noite, sendo ocasionalmente interrompida pela impaciência de , mas como o marcado, em quarenta minutos ficou pronta.
- Podemos ir. – anunciou, descendo as escadas.
- Finalmente! – comemorou, levantando do sofá.
- O apressado é você. Eu fiz meu melhor para não demorar.
- Acho que a demora valeu a pena. – olhou-a dos pés a cabeça, umedecendo os lábios.
- , eu não estou mais bebendo, então você não vai me levar para cama nunca mais. – revirou os olhos, passando na frente dele em direção à porta.
- A esperança é a última que morre, certo? - sorriu dissimulado, correndo para acompanhá-la.
- Não no seu caso. – sorriu.
- Você não deveria me recusar tanto. Se já quis uma vez, sempre pode querer de novo.
Ignorando-o, se apressou até o carro, entrando no mesmo assim que o destravou. O caminho foi silencioso, exceto pela música que preenchia o carro. O silêncio era desconfortável, mas nenhum dos dois fez menção de interrompê-lo, pelo menos não até chegarem em frente a boate. Como era inauguração, fotógrafos e até alguns papparazzi marcavam presença para registrar o momento.
- Acho melhor não chegarmos juntos. – se pronunciou.
- Por quê? – olhou-a de soslaio.
- Vão pensar que estamos juntos!
- E o que é que tem?
- Tem muita coisa. – insistiu. – Sou jornalista, sei do que eu estou falando.
- E eu não me importo. – relaxou os ombros, estacionando o carro no meio-fio. – Vamos?
- Se meu nome ficar publicamente associado ao seu, juro que te mato. – saiu do carro, apertando a jaqueta ao redor do corpo.
- Você sabe que falando essas coisas só me incita a querer te apresentar como minha namorada, certo? – zombou, acompanhando-a em direção a fila lotada.
- Eu enfio meu salto no seu orifício anal, então não tenta porque não quero estragar meu Channel. – ameaçou.
- Alguém já falou que você é um doce?
- Meu médico quando disse que minha glicose tava alta. – respondeu, abrindo um sorriso contragosto.
Ao chegarem aos seguranças, deram os nomes e, logo que localizados na lista de convidados, entraram. O casal posou para algumas fotos onde saiu risonha pelas gracinhas feitas pelo jogador ao seu lado, que adorou ver ela relutante nas risadas. Os dois foram direcionados até a área VIP onde a metade do time se encontrava já fazendo baderna.
- Chegaram! – Lukas, um dos companheiros de time de , falou, erguendo o copo em direção aos recém-chegados.
- Não graças a , que demorou meio século para ficar pronta. – entregou, piscando para a morena que o acompanhava.
- Se você não tivesse me atrapalhado tanto, talvez eu tivesse terminado de me arrumar mais cedo. – reclamou, se aproximando de Lukas e dando um beijo na bochecha do rapaz. – Oi, Luk.
- Oi, . – Lukas abraçou a jornalista, dando um beijo na testa dela. – O tá te tratando direitinho?
- Melhor impossível. – respondeu ironicamente, passando o braço em volta dos ombros de .
- Ele gosta de pensar que me trata bem para conseguir dormir sem peso à noite. – provocou, olhando para homem em questão.
- Na verdade para dormir sem peso eu procuro dormir sem nada, sabe? Sem boxer, sem short, sem camisa. Apenas um edredom e o conforto da nudez. Acho que você sabe bem como é essa sensação, né?
- Claro que sei. Durmo assim sempre. – retrucou. – Já volto.
Saindo o mais rápido que conseguiu, se jogou no banco ao lado do de , que estava com e Liza, uma amiga da faculdade que agora trabalhava para uma revista de fofoca e a qual nunca confiara nada.
- , você veio! – sorriu, se inclinando para dar um beijo na testa dela.
- Não graças ao seu amigo, já que por ele eu nem vinha. – deu de ombros, passando os olhos pelas bebidas na mesa. – Alguma chance de alguma coisa dessas ser água ou suco?
- Nops, então se mantenha longe. – alertou.
- Por quê? Não tá bebendo? – Liza perguntou, atraindo a atenção de .
- Fígado tá detonado, então o médico mandou pegar leve. – inventou uma desculpa, voltando seu olhar para os amigos.
- O não queria te deixar vir por quê? – Liza quis saber.
- Ela que não queria aceitar carona e falei para ela que só iria sair de lá comigo. – respondeu, aparecendo ao lado do grupo.
- Fez bem, . – se intrometeu, ajudando a amiga a fugir do interrogatório.
- , vamos pegar água para você, vem! – pulou do banco, puxando consigo.
- Outch, ! – reclamou, acompanhando aos tropeços.
- Só continua andando. – ordenou, arrastando a morena para chegarem até ao bar.
- Por que você trouxe a Liza? – perguntou, se espremendo em meio ao abarrotado de gente.
- Sei lá, ela apareceu na minha porta com aquela cara de cachorro atropelado e eu fiquei com dó. – deu de ombros, escorando-se no balcão do bar assim que chegou.
- Ela vai tirar a noite para conseguir informações. – falou, acenando para o barman, que estava ocupado preparando drinks.
- É só você e o se manterem de boca calada. – ressaltou.
- Pretendo não ter tempo nem para pensar nisso. – sorriu, fazendo uma dancinha rápida.
- Ótimo. – riu, imitando a amiga na dancinha.
- O que posso trazer? – o barman perguntou, aparecendo na frente das duas e mantendo seus olhos não no rosto, mas no decote de .
- Primeiramente eu gostaria de pedir para você ter vergonha na cara. Meu rosto não está entre meus seios, então tente pelo menos saber disfarçar. – falou calmamente, abrindo um sorriso de escárnio quando o rosto do barman ficou vermelho. – Ótimo, agora eu vou querer uma água com gás, por favor.
- Você é horrível, . – gargalhou, vendo o barman correr pra providenciar a água.
- Uai, não falei nada demais. – deu de ombros.
- Aqui está a água. – o homem, ainda mortificado, voltou com a garrafa d'água.
- Obrigada. – agradeceu, pegando a água.
As duas refizeram seu caminho pela multidão até voltarem para a mesa onde os outros se encontravam.
- Nós devíamos ir dançar. – falou, sentando no lugar de antes.
- Eu sou melhor olhando do que dançando, você sabe, amor. – declarou, dando um beijo na bochecha da namorada.
- Eu concordo que devemos ir dançar. – assentiu, se mantendo em pé.
- Quer mesmo? – arqueou uma sobrancelha, olhando para .
- Ah, dá um tempo, ! – revirou os olhos.
- Então vamos dançar. – ele levantou e não dando tempo para que ela falasse algo, puxou pela cintura, a guiando para a pista de dança.
- Ei! Eu queria dançar com minha amiga. – reclamou, tentando se afastar dele.
- Você não especificou.
- Estou especificando agora.
- Agora já é tarde. – decretou.
- Você não pode me obrigar a dançar com você. – desafiou, cruzando os braços.
- Você sabe que sou bastante persuasivo, né? – se aproximou dela, abrindo um sorriso matreiro.
- E eu não muito influenciável. – alertou.
- Ah, deixa de chatice, Princesa. Gosto mais de você bêbada. – puxou-a pela mão, aproximando seus corpos.
- Claro que gosta. Bêbada, eu te tolero. – sorriu para ele.
- Vou te fazer gostar de mim, escreve o que eu digo, . – garantiu, começando a dançar com ela.
- Essa eu quero ver. – gargalhou, acompanhando-o na dança.
- Você me subestima, Princesa, mas não percebe que já te fiz dançar comigo. Já é um começo.
- Isso não significa que te amo.
- Mas significa que já não me odeia.
- Se não se calar, vou voltar a odiar rapidinho.
Então ele se calou e eles dançaram. , , Liza e – que chegou depois – também se juntaram a eles, mas Liza acabou se dispersando do grupo. De vez em quando, e ainda soltavam alguma provocação que era respondida com outra provocação e até risadas, mas conseguiram não se matar pela quase uma hora que ficaram na pista de dança.
- Preciso ir ao banheiro. – avisou.
- Vou com você.
- Você sabe que não vou morrer se for sozinha ao banheiro, né? – balançou a cabeça, seguindo na frente.
- Estou sendo cavalheiro. – se justificou, colocando a mão na base da coluna dela.
- Claro que está. – ironizou.
A conversa foi interrompida quando os dois começaram a se espremer no meio das pessoas para conseguir atravessar a boate em direção ao banheiro.
- Já falei que minha missão de vida é fazer você gostar de mim, . E começando com o cavalheirismo, um dos meus muitos atributos. – falou, retomando a conversa quando chegaram na fila.
- Começa se mantendo longe de mim. Vou agradecer por isso. – desdenhou, escorando-se na parede.
- , temos os próximos seis meses morando juntos e o resto da vida. Uma hora você vai ceder. – deu de ombros, sorrindo como quem sabe de algo.
- Não é porque vamos ter um bebê que eu preciso gostar de você. – retrucou.
- Não, não precisa, mas tudo seria mais fácil. Se bem que é bastante divertido implicar com você. – disse, olhando para ela. – Acho que o mini vai preferir que os pais dele não se odeiem.
- Mini ? Pode ser uma menina, tá? Tenho quase certeza que é. – falou, confiante.
- , os genes masculinos dos são fortes. Os primogênitos da minha família sempre são homens. – retrucou.
- Quer apostar? – sorriu, enviesada, estendendo a mão para ele.
- Tá. – apertou a mão dela. – Se for menino, você me deixa escolher o nome.
- Claro que não! – negou com a cabeça.
- Não se confia? – umedeceu os lábios, sorrindo em deboche.
- Claro que sim, mas só no caso de você mandar o cromossomo errado, não quero ter que te deixar escolher o nome do meu filho sozinho.
- É isso ou nada, Princesa.
- Se for menina, eu escolho o nome.
- Feito.
- Dá para vocês andarem, por favor?
A outra voz chamou a atenção de , que olhou para trás. Sentiu seu coração sair pela boca quando viu quem era.
- Parabéns pelo bebê de vocês. – Liza sorriu, maliciosa.
E então soube que no dia seguinte, ela e seriam a matéria de capa da revista.



Capítulo 05 - Hey Baby

...I think I wanna marry you.

- Bom dia, flor do dia.
Ignorando , foi direto até a mesa e puxou o prato de waffles dele, que a olhou, indignado.
- Agora sim, bom dia. - falou, comendo um pedaço do waffle.
- Você não deveria estar no jornal? - suspirou, se contentando com a xícara de café.
- Se você não viu, nós saímos naquela revista mixuruca onde a Liza trabalha e eu não estou pronta para o bombardeio que vai ser lá no jornal. - suspirou, enfiando outro pedaço de waffle na boca.
- Uma hora você vai ter que enfrentar a reação dos outros, . - sorriu, pegando uma torrada.
- Mas não precisa ser agora. - revirou os olhos. - Por acaso você já enfrentou a reação dos outros, hein? Já falou para seus pais? Para os seus amigos?
- Já. - respondeu naturalmente, para a surpresa da jornalista. - Meus pais querem te conhecer, a propósito.
- Você já contou? - arregalou os olhos, deixando o pedaço de waffle cair do garfo.
- Não vejo problema nisso, Princesa. A neurótica é você. - sorriu, roubando o pedaço que ela havia deixado cair.
- Eu não sou neurótica. - se defendeu. - Só gosto de evitar desastres. Você não conhece minha família, mas tenho certeza que vai agradecer por eu estar adiando. Como já disse para a , você não está na lista das minhas pessoas favoritas, mas não quero meu bebê órfão de pai. Alguém tem que pagar pensão, né?
- Você não me querer morto já é um avanço. - levantou da mesa, indo até o lado de e então deu um beijo na testa dela. - Tenha um bom dia, querida.
- Argh, qual a necessidade disso, ? - contorceu o rosto em uma careta de desgosto enquanto limpava a testa.
- A expressão no seu rosto é impagável! - gargalhou, abrindo as portas duplas da cozinha que levavam até o jardim.
- Fecha isso, aquele monstro vai vir para cá. - choramingou, encolhendo as pernas em cima da cadeira.
O cachorro entrou desembestado, correndo até o jogador e, assim que recebeu carinho, foi até a morena em busca de mais.
- O Zagueiro te adora, não sei qual é o seu problema com ele, Princesa. - falou, cruzando os braços para observar a cena.
- Eu não gosto dele! Cachorros são sensitivos, por que ele não sente que não gosto dele? - olhou em pesar para o cachorro, que estava olhando para ela com sua melhor expressão de pidão.
- Porque ele sabe que no fundo você gosta!
- Tão fundo que nem eu sinto.
- Você vai ter que aprender a conviver com ele. - foi até o cachorro, o afastando de , que suspirou em alívio.
- Ele ficar me pressionando não vai ajudar em nada. - retrucou, sentindo o corpo relaxar quando o cachorro se afastou.
A campainha tocou e, antes mesmo que o primeiro toque cessasse, voltou a tocar e continuou tocando insistentemente.
- Quem será? - franziu a testa, olhando em direção a porta.
- Uma hora dessa? - conferiu o relógio, se certificando que era tão cedo quando achava. - Deve ser o em busca de café da manhã. Vou lá ver.
- Não, não, não, o cachorr...
Mas era tarde. Antes que ela conseguisse terminar a frase, já havia ido em direção à entrada e largado o cachorro, que fez questão de correr para cima de .
- Não adianta me olhar assim. A única fera que eu gosto é a da Bela e a Fera, tá? Outro da sua raça já me traumatizou. - falou para o cachorro, que pareceu ter encarado a fala como um incentivo, então pulou com as patas no colo dela. - SAI, SAI, SAI!
Ignorando totalmente as reclamações da mulher, o cachorro empolgado lambeu o rosto dela enquanto abanava o rabo sem parar, feliz por ter finalmente conseguido uma brecha.
- ENTÃO FOI VOCÊ QUEM ENGRAVIDOU NOSSA IRMÃ!

Ocorreu a , enquanto era arremessado na parede por dois pares de mãos em volta de seu pescoço, que tinha razão sobre ele agradecer por ela ter adiado a notícia para a família.
Assim como um dos irmãos dela havia sabiamente falado, deveria evitar sair por aí engravidando moças de família, especialmente quando elas tinham três irmãos mais velhos altamente protetores para com a caçula, e única mulher nascida na família nas últimas quatro gerações de e . Ou seja, por ser a única mulher da família inteira de tios e primos, estava mais ferrado do que imaginara.
- O que diabos vocês estão fazendo aqui? - gritou, aparecendo na entrada da sala.
- Estamos aqui para limpar sua honra! - um dos irmãos esbravejou, apertando a mão na garganta de , que a essa altura já não sabia como ainda respirava.
- Vocês estão loucos? - a jornalista arregalou os olhos. - Louis, solta ele!
O pedido da mulher apenas pareceu incitar o irmão, que no caso se chamava Louis, a empurrar contra a parede, tanto que os pés do jogador quase saíram do chão.
- Baden, manda ele parar! - apelou para o outro irmão, que apenas a olhou com repreensão no olhar.
- Não! - Baden respondeu simplesmente, e para provar um ponto, chutou a barriga de , que urrou em dor.
- Vocês estão loucos! Christopher! - tentou o último irmão, mas este apenas abriu um sorriso de escárnio.
- Ora, supostamente é o que se deve fazer, não é? Deixe que o matem! - Christopher respondeu, recostando-se no pilar.
- Idiotas! - pulou nas costas de Louis e começou a bater no mesmo, que gemeu de dor quando a irmã puxou seu cabelo.
- Saí de cima de mim, ! - Louis liberou a mão do pescoço de para tentar se defender da caçula, que continuava a batê-lo.
- Manda o Baden largar o ! AGORA! - gritou, continuando a bater nos irmãos. - Não! - Louis se manteve firme, girando o corpo enquanto tentava fazê-la largá-lo.
- Louis, eu aprendi a autodefesa com você, não me faça ter que usar o que sei! - a mulher continuou firme, puxando os cabelos do irmão.
- Aposto trinta na ! - Christopher gritou, obviamente se divertindo.
- Vocês querem matar o pai do meu bebê? Vou ser mãe solteira, sem dinheiro o suficiente para cuidar de uma criança. É isso que vocês querem? Hein? Hein? Hein? - apelou para o lado responsável dos três.
Isso pareceu ter efeito e Baden, de forma nada gentil, largou , que caiu no chão, arfando em busca de ar.
amaldiçoava o dia que resolveu em não acreditar em quando ela se mostrava receosa em contar para a família. Agora ele a entendia muito bem, para falar a verdade.
- Vocês são loucos! Ele tá roxo. - largando Louis, foi correndo até . - O que vocês fizeram com ele?
- O que ele fez com você, seria mais adequado de se perguntar. - Baden rosnou entredentes.
fez questão de ignorar o irmão.
- Nós viemos tirar satisfação! - Louis falou.
- Adivinha? Eu não devo satisfação da minha vida a nenhum de vocês, seus idiotas. - retrucou, irritada.
- Claro que deve! Você é nossa irmã mais nova. - Baden acrescentou.
- Vocês por acaso vão sair atrás de todos os caras que eu já transei e bater neles também? - desafiou. - Posso fazer uma lista de alguns deles que bem merecem!
teve vontade de rir, mas não riria nem se sua mandíbula dolorida permitisse. Quando ele havia levado um soco? Não havia nem sentido até agora.
- Adélia ! - Louis repreendeu.
- Me poupa do seu ultraje, Louis. - revirou os olhos. - Não fico batendo em todo mundo que você transa e com certeza os irmãos da Lauren não te bateram quando você engravidou ela antes mesmo de noivarem, o que você bem mereceu.
- E por acaso você está noiva, irmãzinha? - Christopher, o único irmão que não havia batido em e decididamente o que ele mais gostava, se pronunciou. - Quer dizer, você falou que quando o Louis engravidou a Lauren, eles não eram nem noivos. Isso quer dizer que vocês são?
Três pares de olhos, incluindo o de , se voltaram para a jornalista, esperando para o que ela tinha a dizer.
- Estou! - respondeu convicta, para a surpresa geral.
Dois pares de olhos se voltaram para , que continuava olhando horrorizado para , que, com o olhar, o incentivou a entrar na história.
- Está! - concordou rapidamente.
- Ora, por que não disseram antes? - com um sorriso enorme, Louis estendeu a mão para , que aceitou de bom grado a ajuda.
- Você não os deu muita escolha, Louis. - Christopher sorriu.
- Bem-vindo a família, . - Baden, também sorridente, deu um tapinha nas costas do jogador, que gemeu em dor. - Opa, desculpa por isso.
- Vou viver. - garantiu, abrindo o melhor sorriso que conseguiu.
Se aproximando da irmã, Christopher envolveu os ombros dela em um abraço e sussurrou em seu ouvido:
- De nada, maninha.
- Eu te odeio, Chris. - murmurou em resposta, recebendo a risada do mais velho em resposta.

Depois de uma conversa e uma boa enrolada nos irmãos, havia praticamente virado o novo melhor amigo dos três, para o desgosto de . Eles não precisavam se gostar, precisavam somente não se matarem.
- E agora ficou combinado que eu e o vamos jantar na casa dos meus pais hoje à noite para darmos a notícia. - suspirou, contando as novidades para a melhor amiga, que estava no viva voz do celular.
- Por que quando essas coisas acontecem eu nunca tô por perto? - reclamou. - Realmente preciso seguir seus passos pelos próximos meses.
- Te odeio, rídicula.
riu.
- Que nada. Então, pronta para contar para mamãe e papai que eles vão virar avós?
- Para a minha mãe, sim, para o meu pai? Não, não, não! - enfiou o rosto no travesseiro.
- E para dizer que ficou noiva, tá pronta? - desdenhou.
- Para de piorar a situação, !
- Parei, parei. - continuou rindo. - Mas e então, o que o tá achando dessa história?
- Não muito feliz. Ele tá com um olho roxo, o que é bastante divertido de se ver. - não conseguiu conter o sorriso. - E também não pode reclamar que não avisei.
- E você avisou que tem três irmãos e que das últimas gerações você é a única mulher nascida na família?
- Não falei tudo, mas isso é detalhe!
- Claro que é. - ironizou.
- Você tá me atrapalhando mais do que ajudando, vou desligar.
- Me liga quando voltar do jantar, quero saber todas as reações. Ah, se a tia Layla fizer torta de cereja, quero meu pedaço.
- Você não quer nada! Tchau. - soltando um beijo estalado, encerrou a chamada.
Ficou de costas na cama, encarando o teto, ensaiando mentalmente como contaria para os pais sobre a gravidez e o "noivado". havia saído há quase quatro horas e o jantar era menos de duas horas. Se eles se atrasassem, era possível que os irmãos viessem arrastá-los. não se surpreenderia se tivesse pego um voo para Washington e mudado o nome para Thor, filho de Odin.
- Você não tá pensando que eu fugi, não é?
olhou para a porta, encontrando parado na mesma.
- Leu minha mente.
- Você não tem tanta sorte assim, Princesa. - foi até a cama, se jogando ao lado de .
- Já falei para não me chamar de princesa. - revirou os olhos.
- Tudo bem, Princesa. - sorriu malicioso, recebendo um travesseiro na cara. - Ei!
- Eu deveria ter deixado meus irmãos acabarem com você, não devia? - pensou no assunto. - Será que é tarde demais?
- Sim, tenho certeza que agora é definitivo. - enfiou a mão no bolso e tirou uma caixinha de veludo vermelho. - Um presente para você.
Desconfiada e incrédula, abriu a caixinha vermelha, ficando de boca aberta ao ver o diamante que reluzia no anel.
- Você sabe que nós não vamos nos casar de verdade, certo? - olhou para ele. - Não precisava de anel.
- Tem que ser convincente, . Se estamos noivos, precisamos de anel. - explicou, ajoelhando-se na cama e puxando ela para fazer o mesmo.
- Não podia ter sido um anel do humor ou qualquer coisa falsa? Eu vou andar por aí com quatro quilates no dedo? - balançou a cabeça, ainda atordoada.
- É só por hoje, Princesa. Pode tirar quando chegarmos e guardar de volta na caixinha. Não comprei, é herança de família. Peguei emprestado. - deu de ombros.
- Herança de família? - arregalou os olhos. - Isso é pior que comprar! É herança de família, tem significado. Estou me sentindo suja por usar isso, .
- É só hoje, . - tirou o anel da caixa e puxou a mão dela.
- Ai, meu Deus, isso é errado. É feio!
- Fica quieta, . - riu, olhando com divertimento o desespero dela.
- Você só precisa colocar o anel no dedo, nada de gracinha. - antecipou, prevendo o que ele queria fazer.
- Temos que fazer isso direito, Princesa. - disse, mantendo um sorriso malicioso fincado nos lábios.
- Eu te bato, aviso logo.
- , você aceita se casar comigo? Se tornar a Sra. ? - deslizou o anel pela ponta do dedo dela, esperando pela resposta dela antes de colocar definitivamente.
- Não! - respondeu simplesmente.
- Isso vai bastar. - soltando outra risada, finalmente colocou o anel do dedo dela. - Deveríamos oficializar com um beijo?
Com um olhar de reprovação, deu um tapa na testa dele.
- Tá oficializado. - decretou, abrindo um sorriso e voltando a sua atenção para o diamante em seu dedo.
- Você sabe estragar o momento, .
- Sou a melhor nisso. - riu, voltando a se deitar na cama.
- Melhor começarmos a nos arrumar, ou melhor, você deveria.
- Daqui a pouco eu vou. - falou, ainda focada no anel.
- Então... - rolando na cama, aproveitou a distração dela e deu um selinho na jornalista, que ficou estática no primeiro segundo. - Até daqui a pouco, Princesa.
- Aaargh, idiota! - gritou, atirando um travesseiro nele, que apenas se desvencilhou, levantando da cama.
Ainda gargalhando, saiu do quarto.



Capítulo 6 – We Could Be Married

... Like Mrs. and Mr. We'll have a son and we'll give him a sister.
(Love is on the radio – Mcfly)

parecia estar prestes a desmaiar de tão nervosa que estava enquanto esperava um dos pais vir atender a campainha, enquanto que , para alguém que estava com um olho roxo, parecia estar se divertindo bastante com a situação.
– Você tá bem? – perguntou.
– Claro! – tentou soar como se fosse óbvio, mas sua voz estava trêmula. – Por que a pergunta? Você quem está com olho roxo. Se eu ligasse, eu que deveria perguntar se você está bem.
– Bom, não sou eu que estou esmagando a sua mão – retrucou.
O olhar de caiu até sua mão e de fato, involuntariamente, havia segurado a mão de . Ela fez questão de soltar imediatamente.
– Desculpa... – murmurou.
A porta da frente se abriu e uma mulher baixinha de cabelos negros e um par de olhos castanhos acolhedor apareceu exibindo seu maior sorriso. não teve dúvidas quanto a quem era aquela mulher. O sorriso tão familiar era igual ao de e, como já havia visto em fotos, soube que aquela era Layla, mãe da sua noiva.
! – Layla gritou, puxando a filha para um abraço apertado.
– Oi, mãe – tão feliz quanto a mãe, retribuiu o abraço, visivelmente aconchegada no embalo materno.
– E esse deve ser o rapaz sobre o qual seus irmãos me falaram... – soltando-se do abraço, Layla virou para .
. É um prazer conhecê-la, Sra. abriu seu melhor sorriso, e quando sua pseudossogra sorriu de volta, ele soube que a havia conquistado.
– É um prazer conhecê-lo, querido. Pode me chamar de Layla – sem cerimônias, puxou para o um abraço apertado.
– Você não deveria deixar o tão à vontade, mamãe. Ele se acostuma fácil – falou em tom de brincadeira, entrando em casa.
– Ora, seu pai já vai cuidar para deixá-lo desconfortável, querida. – Layla gargalhou, passando na frente do casal para liderar o caminho. – A família está reunida no jardim, vamos lá.
– Devo ficar com medo? – ironizou e aproveitando o momento, passou um braço ao redor da cintura de , que teve que segurar o impulso de bater na mão dele.
– Um pouco de medo faz bem para o seu ego, querido – falou, cravando as unhas na pele exposta da mão do jogador, que apesar da careta de dor, não fez menção de afastar um dedo se quer.
! – Layla olhou para trás, repreendendo a filha com o olhar.
– Esse é o charme dela, Sra. . Não me incomodo com os surtos de agressividade – disse.
– Imagino que sim. Apesar de encrenqueira, desde sempre derreteu o coração dos homens da família – Layla comentou. – Claro que o fato de ela ter sido a única menina nascida da família nas últimas quatro gerações influenciaram nisso.
– Única menina das últimas gerações? – olhou para , questionando-a com o olhar, mas a jornalista manteve o olhar fixo na frente.
– Ah, sim. Vinte e cinco primos homens, nove tios. Alguns dos meninos resolveram seguir a carreira do avô e se alistaram no exército. Meu marido era fuzileiro naval – Layla falou, orgulhosa.
A coragem de pareceu enfraquecer mais depois dessa declaração.
– Ainda se sente tão confiante, ? – com desdém, sorriu para o homem ao seu lado, que de súbito recobrou todo seu ego.
– Sempre, princesa.
Saindo para o jardim dos fundos, teve vontade de voltar correndo para o carro e dirigir de volta para longe, de preferência para o passado. Louis, Baden, Christopher, suas esposas/namoradas, avós, tios, primos e seus filhos, todos estavam à espera do casal. Praticamente toda a parte da família estava naquele jardim e só pensava em fuzilar cada um dos irmãos, especialmente Christopher, que foi quem a fez se colocar naquela situação.
– Chegaram, pessoal! – Layla anunciou, obtendo a atenção geral.
Todos cuidaram logo em levantar e correram até os recém-chegados, os bombardeando de perguntas. Enquanto os tios e os primos se encarregaram em cercar , que não pareceu se incomodar de modo algum com as intimidações, foi capturada pela avó, a mãe e as esposas dos seus tios, irmãos e primos que estavam ansiosas para detalhes da relação. Quando o casal achou ter se livrado dos questionamentos, ouviu uma voz familiar atrás de si.
– Então esse é o tal .
Virando-se para trás, o casal deu de cara com o pai de , Leonard, que estava acompanhado do avô da garota, Conrad . , que havia escutado um resumo de meia hora sobre os dois, ficou apreensivo ao ver a dupla. Ex-fuzileiros navais, tendo o avô de trabalhado na Interpol. Com instinto bastante protetor, nenhum deles parecia estar muito feliz em ver ao lado da “menininha da família”.
– Pai, vovô! – sorrindo para os dois, partiu para cima deles em um abraço forte.
– Olá, querida – Leonard beijou a bochecha da filha. – Faz um bom tempo.
– Desculpa, mas estive sem tempo para visitá-los – se justificou, soltando-se do pai e indo dar um beijo no avô.
– Mas parece ter tido tempo o bastante para arrumar um namorado... Ou melhor, noivo – o avô resmungou, provocando o riso da jornalista.
– Ah, vovô... – deu um beijo estalado na bochecha do avô e se soltou dele, voltando para o lado de . – Acho que devo apresentar o , então. Papai, vovô... Esse é o , meu noivo.
– É um prazer conhecê-los – abrindo seu melhor sorriso, estendeu a mão.
Em resposta, os dois mais velhos apenas fitaram a mão que havia estendido.
– Há quanto tempo se conhecem? – Conrad perguntou.
Os dois se entreolharam, apreensivos. Não haviam determinado data.
– Há anos.
– Há alguns meses.
Foi o que os dois responderam ao mesmo tempo.
– Bom, nos conhecemos há anos, mas só começamos a sair faz alguns meses – explicou.
– Quanto tempo para ser exato? – Conrad insistiu.
– Seis meses – respondeu.
– E por que não fomos apresentados antes? – dessa vez a pergunta partiu de Leonard.
– Depois do , fiquei meio receosa com os meus relacionamentos, papai. Queria me certificar de que o era a pessoa certa. Até agora ele vem se mostrando o par perfeito. – falou, abraçando pela cintura.
– E quando ficaram noivos? – Conrad quis saber.
– Faz pouco mais de um mês – disse.
– Podemos conversar a sós, Sr. ? – Leonard virou-se para , que ficou subitamente tenso.
– Claro – concordou.
– Vocês não vão induzir ele a me deixar, né? – revirou os olhos.
– Longe de nós fazer isso, querida – Conrad riu, abraçando a neta pelos ombros. – Já, já o trazemos de volta.
– Se é assim... – se aproximando de , fez de conta que ia dar um beijo na bochecha dele e aproveitou para falar: – Boa sorte, .
– Você me paga, .
Rindo, se afastou dele.
– A gente se vê daqui a pouco, amor.

, você pode ir abrir a porta, por favor? – Layla perguntou, ocupada pondo os pratos na mesa.
– Claro! Posso sim – praticamente correu em direção à porta, louca para se livrar das perguntas nada convenientes que as esposas de Louis e Baden estavam fazendo.
Assim que abriu a porta, desejou não ter feito.
– Oi, !
– Liza? – arregalou os olhos, olhando indignada para a mulher que estava na sua frente. – Tá fazendo o que aqui? A casa dos meus pais não é fazenda para receber vaca.
Liza soltou uma gargalhada alta.
– Christopher não mencionou? Nós estamos saindo, cunhada.
– Se o Chris pode ter melhor, por que diabos escolheria você? – continuou bloqueando a porta, não querendo dar brechas para Liza.
– Ah, pelo amor de Deus, – bufou, irritada. – Sai da frente.
Com um sorriso maldoso, disse:
– Fique à vontade, Liz.
Desconfiada, Liza entrou, mas antes que pudesse avançar mais um passo, puxou o cabelo dela e enrolando-o na mão, fez com que Liza tivesse que recuar.
– Só para ficar claro, minha vida, por mais interessante que pareça, não merece ser exposta em uma revista tão fútil e mixuruca igual à que você trabalha, então se você continuar escrevendo matérias sobre mim, considere sua carreira arruinada – falou calmamente, abrindo um sorriso no final. – Estamos entendidas?
- Você tá louca? – gemeu em dor, tentando se soltar.
– Entendidas sim ou não? – puxou mais ainda.
– Sim! – rosnou, irritada.
– Ótimo! – soltou a mulher, fazendo de conta que tudo estava normal. – O Chris está no jardim, fique à vontade para se juntar a ele.
Passando na frente dela, voltou para a cozinha onde a mãe havia acabado de arrumar a mesa do jantar. Logo chamou a família para comer. estava começando a achar que o pai e o avô haviam assassinado , mas para sua felicidade – ou não – ele apareceu inteiro e rindo ao lado dos outros dois.
– Vocês parecem ter se dado bem – estranhou, comentando com quando ele se aproximou.
– O começo não foi muito agradável, mas depois de uma ameaça e outra nos entendemos – falou.
– Sobre o que vocês conversaram? – ficou curiosa.
– O que se fala com um , fica com os provocou, usando o maldito ditado que os homens da família do pai adoravam falar.
– Babaca – resmungou.
– O que a Liza está fazendo aqui? – olhando para onde a mulher estava falando com a mãe de , perguntou.
– Aparentemente ela está namorando o meu irmão – bufou, olhando para a mulher em questão. – Mas ela não vai entrar no meu caminho de novo. Deixei um recado bem dado.
, , sentem-se! – Layla gritou, chamando a atenção dos dois.
Durante o jantar, a atenção toda se voltou para os supostos noivos e a conversa durou até a hora da sobremesa. e sabiam que era a hora de anunciar a gravidez – que só os irmãos sabiam. Se oferecendo para retirar os pratos, os dois seguiram apressados até a cozinha e após se prepararem com o pequeno discurso que haviam planejado, voltaram para a sala de jantar.
– Você está grávida? – Leonard levantou da cadeira, olhando para a filha.
– Vocês prometeram que iam me deixar dar a notícia, seus idiotas! – , furiosa, ralhou com os irmãos.
– Não foi eles que falaram, . Pensei que a família já sabia, afinal a notícia está espalhada por um monte de revistas – Liza se pronunciou, abrindo um sorriso que deveria ser culpado.
– Bom, era o que nós pretendíamos anunciar agora, mas já que a nossa queridíssima Liza já informou, sim, eu estou grávida! – com um sorriso amargo, fuzilou a namorada do irmão.
Então outra vez o casal foi bombardeado com a empolgação da família e a expectativa sobre a criança ser uma menina.

Apesar de tentar o seu melhor, não conseguiu dormir de jeito nenhum. Estava rolando na cama desde que deitara há quase duas horas, mas tudo que conseguiu foi ficar levemente tonta de tanto rolar. Ao ouvir o barulho de alguém pulando na piscina, levantou e foi até a varanda do quarto que dava de frente para o jardim, vendo começar a nadar relaxadamente.
– Qual é o problema dele? – balançou a cabeça e voltou para a cama.
Fingiu estar dormindo por mais cinco minutos, desistindo por fim. Calçou as pantufas de Nemo que havia ganhado no aniversário de quinze anos e que por sorte ainda cabiam, então desceu até a sala e da sala foi até as portas que levavam até o jardim. Aproximando-se da piscina, esperou até que voltasse à superfície.
– O que você tá fazendo aí? – disparou assim que ele colocou a cabeça para fora da água. – A temperatura está de 6 graus!
– Procurando o Nemo – desdenhou, olhando para as pantufas dela.
– Que engraçado – resmungou, cruzando os braços.
– A piscina é aquecida, princesa – respondeu, abrindo um sorriso.
– Eu não estou com sono – admitiu.
– Então somos dois.
– Estou com saudade de como as coisas eram mais simples quando meu maior problema era as tempestades. Eu ainda podia me enfiar na cama dos meus pais ou forçar o Louis, o Baden e o Chris a irem dormir comigo até passar – confessou de súbito, sentando-se em uma das espreguiçadeiras.
– Você tem medo de tempestades? – arqueou as sobrancelhas, surpreso. Para alguém que não parecia temer muita coisa, ter medo de tempestades era quase inacreditável.
– Eu nasci no meio de uma tempestade horrenda. Ventos super fortes, a chuva não parava há quase um dia inteiro. Faltou luz e tudo. Minha mãe acha que é daí que vem meu medo – riu. Sempre achara aquilo improvável.
Adélia , Nascida da Tormenta – brincou, fazendo a jornalista gargalhar.
– Não sou Daenerys Targaryen, apesar de ela ser uma inspiração para mim – confessou.
– Não consigo imaginar o porquê – ironizou. – Quer saber? Tenho a solução perfeita para a sua insônia.
– E o que seria?
– Maratona Game Of Thrones!
– Pode ser. Vou adorar sonhar com o Jon Snow – com um sorrisinho feliz, falou.
– Você faz a pipoca, eu vou tomar um banho e colocar alguma roupa.
Os dois voltaram para dentro e, enquanto corria para tomar banho, se ocupou com a pipoca, que só precisou ser colocada no micro–ondas. Sentindo a súbita vontade de chocolate, resolveu fazer chocolate quente para acompanhar e ainda foi em busca de marshmallow e morango para os toques finais.
– Tá fazendo chocolate? – perguntou ao sentir o cheiro quando entrou na cozinha.
perdeu o foco por alguns instantes ao ver que ele usava apenas um short que mais parecia uma boxer. Ela podia odiá-lo o quanto quisesse, mas negar que ele tinha um físico agradável aos olhos seria hipocrisia.
– Sim – respondeu, dando as costas para ele e voltando a focar em picar os morangos. – Tira a pipoca do micro–ondas, por favor.
– Por favor? Estamos evoluindo aqui.
– É o meu meio super indireto de agradecer por ter me ajudado com a minha família. Como você bem viu, eles são meio arcaicos, então eu seria desonrada da família se tivesse aparecido solteira lá – revirou os olhos, despejando os pedaços de morango na xícara de chocolate.
– Acho que eu estou aqui para o que precisar, né? – meio sem graça pela gentileza dela, apenas deu de ombros.
– Então tá. Momento ternura passou – colocou os marshmallows também nos chocolates e então se voltou para . – Pronto?
– Sempre!
Os dois foram para a sala e jogaram-se no sofá. colocou a primeira temporada e logo voltou para sentar ao lado de .
– Quer apostar quem dorme primeiro? – perguntou, olhando de soslaio para .
– Eu não estou com um pingo de sono, .
– Então vai apostar?
– O quê? – ainda olhando para a televisão, perguntou.
– Se você dormir primeiro, me deixa te levar para algum lugar que eu escolher – propôs.
– Então tá... – deu de ombros. – Se eu ganhar, passamos duas semanas no meu apartamento. O Zagueiro fica aqui e você dorme no meu sofá.
Soltando uma risada, ele assentiu.
– Feito.
Os dois permaneceram em silêncio durante os quatro episódios que aguentou assistir. Quando notou que a mulher havia adormecido, abriu um sorriso divertido ao ouvi-la ronronar ao se agarrar com uma das almofadas do sofá.
– Parece que eu ganhei, princesa.
desligou a televisão e depois de levar a tigela de pipoca e as xícaras vazias para a cozinha, voltou até a sala e pegou no colo. Subiu as escadas com cuidado para não bater nenhuma parte do corpo dela em algum lugar. Ao chegarem à porta do quarto, teve que empurrar a porta com o pé para conseguir entrar e por fim colocá-la na cama, cobrindo-a com o edredom que estava amarrotado no pé da cama. Aproveitou a chance para tirar uma foto dela apenas para provar que ela tinha dormido primeiro.
– Boa noite, encrenca – murmurou, deslizando o polegar pela bochecha dela.



Capítulo 7 – You just too good

... To be true, I can’t take my eyes off of you.
(Can’t take my eyes off of you – Frankie Valli)

– Claro que eu não perdi aposta nenhuma! Você deve estar sonhando, disse firmemente, se negando a aceitar a derrota.
– Eu tirei uma foto para provar, quer ver? – tirando o celular do bolso, mostrou o papel de parede do celular, que agora era a foto onde estava dormindo de modo amarrotado no sofá.
– Por que minha foto está no seu papel de parede? – ficou inconformada. – E você está blefando, deve ter conseguido essa foto com os meus irmãos.
– Mostrei essa foto para o Zagueiro quando ele não quis correr na caminhada de manhã. Foi eficaz – sorriu malicioso, voltando a guardar o celular. – E não, não peguei com os seus irmãos.
– Eu me nego a ter que sair com você.
– Trato é trato, .
– Não tem essa não, não sou obrigada a nada – empinou o nariz, mas tinha uma expressão divertida no rosto.
– Sra. – a enfermeira chamou, olhando ao redor.
– Eu não acredito que você deu meu nome como – fuzilando-o com o olhar, levantou da cadeira e seguiu pelo corredor em direção a enfermeira.
– Nós estamos noivos, esqueceu, princesa? – para provocar, fez questão de passar o braço em volta da cintura dela.
– Você percebe que estamos em um hospital, né? Tem bisturis, uma porção de remédios e injeções que podem facilmente te matar se eu achar. Tem consciência disso? Porque eu acho que não – sorriu maliciosa, passando na frente.
– Adoro quando você fala em me matar, . Sou meio masoquista, então quando você fala sobre me machucar, apenas me incita.
– Eu sou – ignorando o comentário de , se dirigiu a enfermeira.
– Sala 02 à direita, Sra. – a simpática enfermeira sorriu para .
– Obrigada.
Os dois foram até a sala informada e, após uma batida na porta para se anunciarem, entraram. O médico que os aguardava fez uma série de perguntas para antes de enfim levá-la até a maca. Já deitada e como o médico instruiu, levantou a blusa o suficiente para que o médico pudesse trabalhar. Logo após o gel, o médico estava pronto para começar a ultrassom, quando a porta foi aberta abruptamente.
– Não comecem ainda, esperem! – entrou gritando na sala, trazendo consigo balões cor de rosa e azul. Seguindo ela, mais dois apareceram.
– Não achou que perderíamos, né? – sorriu, entrando com mais balões.
– Muita falta de consideração de vocês dois não terem esperado por nós – reclamou, deixando os ursinhos na cadeira.
– O que significa isso? – irritado com a súbita invasão, Dr. Warren olhou para os três.
– O que diabos vocês estão fazendo aqui? Não lembro de ter convidado ninguém – reclamou.
– Te conheço desde sempre, não preciso de convites. Sou madrinha desse bebê antes mesmo de vocês saberem da existência dele, então calem a boca – correndo para o lado de , sorriu. – Podem prosseguir.
– Eu não acredito nisso – riu, apesar de ter revirado os olhos. – Podemos prosseguir?
Murmurando algo incoerente, Dr. Warren prosseguiu. Começou a deslizar o transdutor ultrassonográfico pela barriga de e logo a parte preta da tela do computador ganhou borrões cinzas até mostrar o que parecia um pêssego.
– Vocês fizeram uma pessoinha – murmurou, olhando para tela e depois para e , que não conseguiam parar de olhar para a imagem.
– Dimensões do bebê estão normais para dezesseis semanas, movimentos também. – Dr. Warren falava, ainda analisando a tela. – Vamos checar os batimentos.
O som de batidas preencheu o quarto e foi a hora que todos pararam de respirar, se concentrando apenas em ouvir o coração do bebê que estava se formando. e nunca haviam escutado algo tão lindo e tão aterrorizante ao mesmo tempo.
– Batimentos fortes e sinais vitais bons. Ao que tudo indica o bebê está ótimo – Dr. Warren concluiu. – Querem saber o sexo?
– Sim! – respondeu rapidamente.
– A posição é favorável então está muito claro. – Dr. Warren falou. – É um menino.
– Eu falei! – gargalhou, erguendo as mãos no ar em vitória. – Outra aposta perdida, .
– Você não vai escolher o nome do meu filho sozinho e ponto final. Não é culpa minha você ter mandado o cromossomo errado – falou, rindo. Não conseguia ficar irritada agora.
– Vão querer fotos do bebê? – o médico perguntou.
– Sim – respondeu, abrindo um sorriso para , que por mais surpreendente que pareça, foi correspondido com o mesmo entusiasmo.
– Essa foto vai ser o meu cartão de natal esse ano e não quero nem saber, tá?! – anunciou. – O bebê é de vocês, mas como disse, também é meu.
– Pelo que eu vi até agora, ele tem a altura da mãe – zoou, recebendo o olhar de reprovação vindo de .
– Você não vai ser mais o padrinho, riu.
– Claro que vou!
– Não, não vai.
– Vou!
– Não vai.
– Você está blefando, .
– Estou?!

– Ah, já sabia. O mandou mensagem.
– Mentira, né, pai? Vou matar ele! – reclamou.
– Ah, querida. só está tentando conquistar a família. Ainda estou sendo difícil – Leonard riu. – Mal sabe ele que ganhou minha aprovação após contar sobre o pedido de casamento. Ele ainda não sabe que nós dos somos românticos incuráveis.
– Ele falou sobre o pedido de casamento, foi? – agora ela estava curiosa.
– Ah, sim. Muito bonito.
– Pois é né... – deu uma risada sem graça. – Pai, preciso desligar.
– Até mais, querida.
– Tchau, pai.
Assim que encerrou a chamada, saiu correndo pela casa em direção ao jardim onde sabia que estava com os amigos. Ao chegar ao jardim, viu na piscina com e enquanto estava sentado em uma espreguiçadeira, mexendo no celular.
!
– Meu sobrenome... – murmurou, mantendo a atenção no celular.
– Você falou para o meus pais que o bebê é um menino.
– Falei – inclinou-se para frente, olhando para ela. – E aí?
– Eu que deveria falar.
– Mas não falou.
– Mas iria.
– Mas não falou.
– A família é minha!
– E eu sou seu noivo, princesa – abriu um sorriso preguiçoso, que apenas aumentou a irritação da jornalista. – Sou da família.
– Eu te odeio, .
– E eu não acredito nisso – manteve o sorriso.
– A propósito, o que você falou para o meu pai sobre o pedido de casamento? Ele ficou impressionado – colocou as mãos na cintura. – Fiquei curiosa.
– Não vou te contar – falou simplesmente.
– Claro que vai! Se eles perguntarem alguma coisa e eu não souber responder ou falar algo errado? – insistiu.
– Eu te conto se você concordar em cumprir a aposta.
– Não vou sair com você. Já te aturo aqui e ainda preciso sair? – arqueou as sobrancelhas, batendo o pé em impaciência. – Não.
– Então não vai saber – deu de ombros, voltando a se recostar na espreguiçadeira.
– Você é insuportável, sabe disso, né? – reclamou, jogando-se em outra cadeira.
– É você quem diz. Quem sou eu para negar?
, vem aprender a nadar com a gente! – gritou, acenando para a amiga.
– Fica para próxima, ! – gritou de volta, soltando um beijo para a loira quando essa fez um bico de desgosto.
– Você não sabe nadar? – ficou surpreso.
– Aparentemente não.
– Eu posso te ensinar, sou ótimo nadador.
– Não confio em você nem com os pés no chão, muito menos para me levar para dentro de uma piscina – achou graça.
– Você tá grávida do Tristan. Não te mataria agora. Talvez quando ele nascer – brincou, sorrindo arteiro para ela.
– Meu filho não vai se chamar Tristan! – fez careta.
– Esqueceu que sou eu que escolho? – cruzou os braços em um desafio.
– Você não vai escolher sem mim, já falei.
– Você é uma perdedora horrível, princesa! – riu. – Se recusa a sair comigo, se recusa a aceitar que eu vou escolher o nome do nosso filho.
– Não sou uma perdedora horrível, só não quero perder para você – admitiu.
– Vamos fazer um acordo então – virou-se para ela, apoiando os cotovelos no joelho. – Sai comigo e então nós dois escolhemos o nome do bebê.
– Vou ter minha opinião no nome do meu filho de qualquer jeito! – alegou.
– Não, não vai. Quando eu ganho uma coisa, eu ganho e eu quero meu prêmio – se manteve com a opinião firme. – Te conto sobre o pedido de casamento se você sair comigo.
– Por que a insistência? – suspirou.
– Porque vai ser divertido.
– Só para você me deixar em paz – bufou, ainda contrariada.

– Para onde você me trouxe, ?
– A curiosidade matou o gato – ainda segurando a mão dela, a guiou pelo corredor vazio.
, que estava vendada desde que saíram de casa, estava impaciente para ver o que ele havia planejado. , como o bom cara dramático que era, conseguiu arrumar tudo em uma tarde e estava ansioso para ver a reação dela. Fosse irritação ou divertimento, ele com certeza adoraria qualquer uma de suas emoções.
– Vamos subir escadas agora, deixa eu facilitar, princesa – antes que pudesse se quer falar algo, a pegou no colo e começou a subir os degraus.
, me segura direito! – gritou, segurando a saia do vestido.
– Você adora falar meu nome, não adora? – abriu um sorrisinho irônico.
– Assim como adoro você.
– Pronto, tá em terra firme – colocando-a no chão, segurou a mão dela e a guiou pelo gramado.
– Posso tirar a venda? – perguntou.
– Agora pode.
Ansiosa, tratou de desatar o nó da venda e, assim que tirou, ficou surpresa por onde estava e o que via. No meio do gramado de um enorme estádio de futebol, que ela reconheceu como sendo a Allianz Arena, havia uma mesa para dois com velas acesas, um buquê de rosas, uma garrafa no gelo e dois pratos com tampas.
– O que é isso tudo? – olhou desconfiada para .
– Vamos descobrir – estendeu o braço para ela.
Receosa, aceitou o braço que ele havia estendido e foram até a mesa. fez questão de puxar a cadeira para ela sentar e contornou a mesa para sentar na cadeira a sua frente. Tirou a garrafa do gelo e pôde ver que se tratava de suco de uva. Encheu as duas taças e ergueu a dele, esperando que ela fizesse o mesmo.
– Qual é o seu jogo, ?
– Eu sigo as ordens do técnico, . – sorriu, esperando que ela brindasse. – Vamos lá, Princesa. Meu braço está cansando.
ergueu sua taça e brindou com a dele. Os dois deram um gole e então apertou um botão em um controle que estava em cima da mesa. Nesse momento todos os holofotes do campo acenderam e os telões dos dois lados também. A música can‘t take my eyes off you começou a tocar e se pôs de pé, aproveitando o momento de distração da mulher, então parou ao lado dela e ajoelhou-se.
, você é a pessoa mais irritante da face da terra e eu adoro tanto sua irritação que você não faz nem ideia. Nessas últimas semanas não pude me impedir e sim, eu te amo. Nós vamos ter um filho e eu não poderia ter escolhido uma mulher melhor para encontrar casualmente num bar. Eu sei que quero passar o resto da vida sendo infernizado por você. Quer casar comigo? – segurando a mão dela, abriu a caixinha de veludo vermelho onde estava o anel que ela havia usado há uma semana no encontro com a família.
estava de olhos esbugalhados olhando para , sem saber o que falar porque não sabia o que estava acontecendo, mas logo que começou a rir e levantou, puxando-a consigo, ela soube sobre o que aquilo era.
– Você me pediu para te falar como seria o pedido de casamento – falou. – Seria assim, exceto pela parte de você travar na hora de responder ao meu pedido. Você diria sim, nós nos beijaríamos e seria uma coisa bem Disney.
Por estranho que pareça, começou a rir.
– Você é um ótimo ator, teve que admitir. – Quase me fez fingir um desmaio para não ter que te responder.
– Fiz curso de teatro antes de me decidir sobre o futebol – piscou para ela, ainda sorrindo.
– Precisava realmente de tudo isso para me contar sobre o pedido?
– Eu sou do tipo exagerado, princesa – gargalhou, abrindo os braços. – Tinha que ser em grande estilo.
– Ah, é? Bom, eu estou no meio do campo de futebol vazio e tem um goleiro mixuruca na minha frente que acabou de me pedir em casamento. Sabe o que eu quero fazer? – mordendo o lábio, levantou, segurou na gola da camisa dele, o puxando para perto.
– O que você quer? – estreitando os olhos, segurou-a pela cintura.
– Primeiramente eu quero fazer gol, depois eu quero comer porque o cheiro dessa comida está me matando – murmurou no ouvido dele, rindo do muxoxo de desapontamento que ele soltou.
– Você é cruel, !
– Você quase me fez ter um ataque cardíaco ao me pedir em casamento. Não acho mais que justo – riu. – Vai lá e pega a bola, vou ver se você é bom mesmo.
foi até uma das traves e esperou por , que havia ido buscar as bolas. Não demorou muito e ele apareceu com um saco de bolas.
– Você sabe que só precisaríamos de uma, né? – arqueou as sobrancelhas.
– Não vamos nos limitar, .
– Tá, vamos ver se você consegue agarrar minha bola – sorrindo, tirou os saltos e pegou uma das bolas no saco. – Pronto?
Se postando no meio do gol, abriu um sorriso confiando e disse:
– Manda ver, Princesa.
Como já havia visto muitas vezes, colocou a bola no chão e se afastou, tomando certo impulso para correr. Olhando nos olhos de , correu até a bola e chutou com força e firmeza. A bola foi para um lado, o goleiro para o outro.
– GOOOOOOL! – gritou vitoriosa, fazendo uma dançinha que fez gargalhar.
– Sorte de principiante, alegou, dando uma piscada para ela.
– Aceita, .
– Foi sorte de principiante, – continuou afirmando.
– Então tá, vamos mais outra.
– Pode vir.
E das próximas nove bolas, ainda conseguiu fazer um gol.



Capítulo 08 – I’M HALF

...A heart without you.
(Half a heart – One Direction)

se arrependeu de descer as escadas assim que ouviu o som de uma voz familiar. Não que não estivesse feliz em ver a mãe, apenas não estava pronto para encará-la agora. Tentou dar meia volta, mas foi denunciado pelo latido de Zagueiro, que correu até ele.
– Você é um traidor, amigo – suspirando, alisou a cabeça do cão.
Peter !
– Dona Kristen , é sempre bom vê-la – se aproximando da mãe, abraçou-a e deu-lhe um beijo na bochecha.
– Não me venha com seu charme, ! Então, cadê a minha nora e quando você pretendia apresentá-la a família? – Kristen colocou as mãos na cintura, mantendo a pose severa.
Ele até riria se não achasse que iria levar uma tapa.
– A está no trabalho, mãe. Ela é jornalista e não é do tipo que gosta de ficar em casa – explicou, passando pela mãe e a levando consigo até a cozinha.
– Bom, se essa senhorita vai ter nosso sobrenome e logo em breve o meu neto, exijo conhecê-la. Por que não a leva para o aniversário da vovó May? – a mãe sorriu, aprovando sua própria ideia. – Vai ser na chácara da família.
– Dúvido que a vá ter tempo de ir, mãe – coçou a nuca, receoso quanto à questão de levá-la para um encontro de família.
Uma coisa era ele conhecendo a família dela, outra totalmente diferente era ela conhecendo a dele.
– Ora, então por que não pergunta? Simples assim. A vovó May vem tão esperançosa quanto a conhecer a mãe do bisneto dela – Kristen apelou para chantagem emocional, sabendo que a avó era o ponto fraco do filho.
– Eu vou perguntar, mas não garanto nada – suspirou, finalmente se rendendo.
– Todos nós queremos conhecer quem finalmente fez meu bebê sossegar. Se for como a última... – a mais velha revirou os olhos. Não gostava de pensar na antiga nora.
– Eu garanto que a não é nada parecida com a Angelina – garantiu, limpando a garganta. – Quer sair para tomar café?
– Ah, não. Vamos à procura de coisas de bebê para agradar sua noiva. Quero fazer uma surpresa! – a mãe estava tão empolgada que dizer não, não era uma opção.
– É realmente necessário? É meu dia de folga, mãe.
– Claro que é necessário, ! Você espera que o bebê durma onde? Na casinha do Zagueiro? Ora, bolas. Isso é pergunta que se faça? – discutiu, indignada.
– Não vou discutir, Dona Kristen – se deu por derrotado. – Posso ao menos me trocar?
– De cueca é que não vou te deixar sair de casa, !

– A mãe do tá querendo me apresentar para família. O que eu faço? – virou-se para , que estava distraída com o pacote de jujubas.
– Vai, né? Afinal o foi para o encontro com os . Se ele aguentou todos os homens da família, você aguenta uma noite com os pais dele.
– É bem mais fácil quando eu não sou o alvo da atenção – mordeu o lábio, tamborilando os dedos nos teclados do notebook.
– Nas últimas duas semanas, você tem sido o alvo de muita atenção, . Primeiro engravidou do , depois supostamente noivou – falou, voltando os olhos para a amiga. – Você consegue enfrentar a família dele.
– Eu me sinto tão mal por ter que enganar todo mundo! – colocou o rosto entre as mãos, soltando um longo suspiro. – Tudo culpa dos meus irmãos idiotas.
– Ninguém te mandou mentir!
– Você conhece os homens da minha família? – revirou os olhos. – A maioria deles é militar. Um dos meus avôs trabalhou na Interpol. Queria mesmo que eu chegasse grávida em casa e dissesse que o pai do bebê não era nada meu? O estaria morto em segundos e acho que seria bem mais simples para mim.
!
– É verdade, ué – deu de ombros.
– Você vai para o jantar com os pais dele.
– Acho que eu preciso – deu de ombros, derrotada.
– Daria tudo para te ver pagando de noiva apaixonada – gargalhou, imaginando a cena. – Dói tanto quanto eu acho?
– Muito mais.
– Mas você tá começando a ter uma afeição por ele que eu sei – provocou.
– Até parece... – desdenhou. – Tenho que terminar de escrever a matéria de amanhã, então cala a boca ou então sai da minha sala.
– Como você é educada, – ironizou, jogando uma jujuba na morena. – Ingrata.
– Para de jogar jujuba em mim – pegou uma das borrachas que estavam em cima da mesa e arremessou contra , que conseguiu se desviar a tempo.
– Eu, hein, vou procurar o , ele é muito mais agradável que você – levantou-se da cadeira e correu até a porta. – Ah, quase esqueci. O Dan mandou os convites do leilão beneficente que fomos convidadas.
– Tá, depois eu pego com você.
– Boa sorte impressionando a família do , futura Sra. – e com uma piscada conspiratória, saiu da sala.
Após responder as mensagens de e certificá-lo de que iria para o tal jantar, voltou a tentar focar na matéria que estava escrevendo e após muito esforço, conseguiu terminar. Se certificou de organizar tudo antes de sair e passou na sala de , onde ele estava com , para se despedir dos dois e acabou recebendo provocações em resposta.

estacionou o carro na parte de trás da imensa casa de campo, que não parecia nada com a que ele definira.
– Acho que você foi bem eufêmico ao descrever essa casa, comentou, saindo do carro.
– Na verdade não fui – ele deu-lhe um sorriso singelo, abrindo a porta de trás do carro para pegar as bolsas. – Do lado de fora parece realmente imponente, mas era de dentro que eu estava falando. Você vai ver.
Antes que o casal chegasse perto da soleira, a porta já estava sendo aberta e Kristen saiu correndo em direção aos dois. A mãe de parou em frente à , segurando-a pelos ombro. Após analisá-la dos pés a cabeça, puxou a suposta nora para um abraço apertado que fez perder o ar.
– Mãe, acho que você tá matando minha noiva – com um tom brincalhão, falou.
– Oh, desculpe – Kristen riu, soltando-se de , mas mantendo um braço ao redor dos ombros dela. – Só estou muito feliz por finalmente conhecê-la.
– Eu adoro abraços, ainda mais os apertados assim – sendo sincera, riu. – E é realmente um prazer conhecê-la, Sra. .
– Por que você mencionou gostar de abraços? – arregalou os olhos, parecendo desesperado. – Agora minha mãe não vai te largar. Não gosto de dividir.
, eu deveria te dar um puxão de orelha na frente da por cada comentário inoportuno que você faz – após dar um olhar de repreensão para o filho, que foi recebido por uma gargalhada, virou-se para . – Ora, me chame de Kristen ou Kriss, Krist. Senhora parece termo para pessoas mais velhas e considerando que já vou ser avó de novo, não preciso de mais incentivos para me sentir ainda mais idosa.
– Então tá, Kriss me parece bom – sorriu.
– Ótimo! – ainda animada, Kristen se virou para . – Querido, vocês vão ficar no seu antigo quarto, pode levar as coisas para lá.
Tentando não transparecer a apreensão sobre dormir no mesmo cômodo que , engoliu em seco.
– Vamos dormir no mesmo quarto? – perguntou, soando descontraída.
– Ah, claro que sim. Vocês estão noivos e você está grávida, . Não se tem mais nada para evitar – Kristen riu. – Vamos entrando, aqui está congelando.
E de fato estava congelando. A temperatura havia caído muito desde manhã e estava apreensiva sobre as chances de nevar. A meteorologista não havia descartado a possibilidade apesar de as chances não serem muitas.
– A só estava preocupada, mãe. Ela não consegue não dormir de conchinha – abrindo um sorriso arteiro, passou na frente das duas.
– Então não terá que se preocupar com isso, – com um tom risonho, Kristen garantiu.
fuzilou com o olhar, recebendo uma piscada em resposta. Entrando em casa, os três foram até a sala de estar onde a família estava. A primeira coisa que notou é que a família de não era nem de longe tão grande e espalhafatosa como a dela. Pelo que se via, os únicos que estavam lá eram o irmão dele, que conhecia como Marcel, a esposa dele, Lauren, e um casal de gêmeos que não aparentavam ter mais de quatro anos. Os gêmeos brincavam no pé de um casal de idosos. Aqueles, supôs, deveriam ser os avós.
– E aqui está ela, pessoal! Senhorita Amélia fez questão de apresentar, se postando ao lado da suposta noiva e passando o braço ao redor da cintura dela por pura diversão. – , esses são meus avós maternos, May e Duncan. Meu irmão Marcel e a esposa Lauren. Meus sobrinhos Lou e Carter, e meu pai Joshua – falou, indicando cada uma a medida que falava.
– Tio ! – as crianças pularam, correndo até o tio ao escutarem a voz dele.
– Mas vocês dois estão enormes! – fingiu ultraje enquanto se agachava para receber o abraço das crianças.
– É um prazer conhecê-los – falou educadamente, sorrindo para todos.
– Essa é a famosa . É bom associar o nome a um rosto – Joshua, o pai de , abraçou .
– Digo o mesmo sobre vocês. Quer dizer, já havia visto fotos, mas pessoalmente é outra coisa – disse .
– Até porque não podemos conhecê-la apenas em um retrato – o avô de falou, abrindo um sorriso gentil.
– Uma moça tão bonita – May elogiou, olhando atentamente para . – Muito bonita. Um pouco magrinha, mas nada que uma torta de cereja não ajude. E é simpática ainda mais! Bem melhor do que a outra que você nos apresentou, garoto.
– Eu sei disso, vó. – sorriu para a avó, ainda ocupado com os sobrinhos. – Foi por isso que sempre foi ela.
estreitou os olhos, percebendo o escárnio implícito do olhar devoto que dirigia para ela, mas antes que pudesse falar algo para ele, sua atenção foi tomada por Lauren, que iniciou uma conversa que depois foi interrompida pelo casal de gêmeos que estavam particularmente curiosos com a nova agregada.
– Você gosta da Cinderela? – Lou perguntou, acanhada.
– Você acredita que eu gosto mais da Bela? – se acocorando, ficou quase na mesma altura do rosto da menina.
– A mamãe gosta da Branca e a vovó da Ariel. A gente vai brincar mais tarde, tá? – os olhos verdes da menina brilharam e, mesmo se quisesse, não teria dito não para ela.
– Combinado então – sorriu, confirmando.
– A gosta do Nemo, Car. Você devia mostrar para ela a sua coleção de pelúcia – sugeriu, fazendo o garoto se animar.
– Sim! Vem ver – Carter estendeu a mãozinha gorducha para , que foi rapidamente com ele até o outro lado da sala, onde estavam os brinquedos. – Essa é a Dory.
Enquanto brincava com as crianças, não pode deixar de se imaginar fazendo aquilo futuramente com o próprio filho. Pelo olhar de para os dois, ficou claro que ele estava tendo o mesmo pensamento.

– Coma mais um pedaço, . – May insistiu, se apressando em cortar outro pedaço de torta de cereja para a mulher.
– May, eu já comi tanto que perdi a conta – reclamou, mas aceitou de bom grado o outro pedaço.
– Meu bisneto precisa de sustância – Duncan falou, conspirando com a esposa.
– Vocês ainda não falaram como se conheceram – Marcel disse, olhando para o casal. – E então?
Essa era a história que eles não haviam ensaiado. Os dois se olharam, questionando-se com o olhar.
– Vou deixar a contar essa. Ela adora. – escapou, jogando o peso nos ombros da jornalista.
– Adoro – forçou um sorriso, pensando seriamente como seria a sensação de esmagar o lindo e esguio pescoço de . – Bom, como sou jornalista, nós nos conhecemos em uma coletiva de imprensa. Eu que deveria fazer as perguntas, mas o parecia nunca ter visto uma mulher na vida e estava bastante afobado. Então ele que começou a fazer as perguntas para mim. Ele parecia meio obcecado no primeiro momento e eu não dei meu número apesar das insistentes tentativas dele de conseguir. Sabiam que ele até ligou para a revista para tentar conseguir? Claro que ninguém estava autorizado a dar.
estreitou os olhos, sabendo para que direção aquela conversa iria seguir, então resolveu intervir.
– Mas logo que eu parei de procurá-la, foi a vez da de correr atrás – retomou. – Ela disse quando nós tivemos o primeiro encontro que ela só gostava de quem não parecia interessado. Um desafio.
– Coisas que vem fácil, vão fácil, por isso que sempre tento fazer as coisas os mais difíceis possíveis – falou, não deixando de notar o olhar e a pontada de riso nas íris azuis de .
– E depois disso o jogo virou. ficou tentando me contatar até que eu por fim cedi e nós marcamos de nos encontrar – completou a história.
– E cá estamos nós – concluiu.
– É uma história engraçada então – Lauren sorriu, satisfeita com o casal.
– Bom, falta a foto do beijo para encerrar essa noite – Joshua disse, tratando de pegar a câmera fotográfica um pouco antiga demais. Ainda era com filme.
– Beijo? – tentou não surtar.
– Sim. Tradição da família – May explicou. – Quando eu e Duc noivamos, tivemos que pousar para a foto na apresentação em família. Kristen e Joshua também, assim como Marcel e Lauren. Agora é a vez de vocês. Deem um beijo para orgulhar a matrona da família.
– A é tímida, vó – tentou intervir, mas de nada adiantou.
– Estamos em família – Joshua incentivou. – Beijem-se.
se aproximou de , que parecia prestes a sair correndo como o Papa-Léguas.
– Tudo bem? – ele murmurou para ela.
– Apenas beija logo, – sussurrou.
Uma mão foi de encontro a cintura dela e com a outra, afastou o cabelo para trás da orelha. Roçou a ponta dos dedos no rosto dela e com muita calma e nenhuma pressa, a beijou. embrenhou uma das mãos no cabelo dele enquanto a outra estava apoiada no ombro.
Dessa vez eles conseguiam sentir tudo. Não estavam entorpecidos pelo álcool. Os lábios dele eram macios, percebeu, assim como também percebeu que o toque dela era delicado e gentil. O corpo dos dois se moldou perfeitamente e com os hormônios descontrolados, sentiu certa agitação em algumas partes do seu corpo, especialmente o estômago.
– A foto ficou linda – Marcel anunciou.
Os lábios se desgrudaram imediatamente e o coração de bateu tão rápido que ela pensou estar morrendo. A noite acabou após isso. Todos se despediram com um “boa noite” e então seguiram para lados diferentes. foi na frente, guiando o caminho até o segundo andar, onde era o quarto deles.
– Sinto muito pelo beijo – murmurou para ela, tentando evitar um sorriso.
– Não, não sente.
– Não, não sinto – afirmou.
– Você é idiota.
– E eu já falei que adoro ouvir você falando isso?
– Não sei por que ainda tento te ofender.
abriu a porta de um dos quartos e entrou, esperando fazer o mesmo. Assim que entrou, a porta se fechou atrás dela.
– Então, vai dormir no sofá ou no chão? – perguntou, fazendo questão de começar a tirar as sapatilhas.
– Que tal na cama? Evita uma bela dor na manhã seguinte – deixou as bolsas na cadeira próxima a cama.
– Não.
– Ah, qual é, . Não vou pular em cima de você no meio da noite, a não ser que você queira – garantiu. – Ou você que tem medo de pular em cima de mim?
– Você bem queria – achou graça.
– Eu não te agarro, você não me agarra e dormimos na mesma cama, pronto?
Revirando os olhos, pegou sua bolsa e partiu para dentro do banheiro. Provavelmente teria deixado ele dormir no chão, mas como a noite estava especialmente fria hoje, não quis ser tão horrível.
Após trocar o jeans e o suéter pela camisa velha do Borussia Dortmund que pertencera a Christopher, voltou para o quarto e partiu para cama, mas não estava por lá, porém não demorou muito até que ele voltasse. Parecendo não notar que ela ainda estava acordada, tirou a camiseta e caminhou pelo quarto até a janela, dando a a vista privilegiada das suas costas definidas.
tentou desviar o olhar, especialmente quando ele fez menção de tirar a calça, mas não conseguiu. Os hormônios estavam brincado com ela, então tentou não se levar muito a sério.
Mesmo ao apagar as luzes, a fresta de lua que brilhava pela cortina foi suficiente para ver o par de olhos azuis de enquanto ele se arrumava ao lado de . A respiração dela ficou mais pesada e os batimentos acelerados quando sentiu o calor do braço de encostado no dela.
– Boa noite, princesa.
– Vai se ferrar, .
Ele riu.



Capítulo 09 - I Know You


...I walked with you once upon a dream

(Once upon a dream – Lana Del Rey)


estava revirando na cama desde quando decidira dormir. Não havia conseguido fazer muito mais do que fechar e abrir os olhos, resmungar e rolar para lá e para cá. A respiração de no seu pescoço a incomodava e a proximidade que estavam, também.
– Por que você não para de se mexer? – a voz rouca de soou pelo quarto.
– Porque eu não consigo dormir – socou o travesseiro, tentando aprumá-lo.
– Por quê?
Soltando um longo suspiro, virou-se para ele.
– Porque eu não sei o que sinto por você – confessou, fechando os olhos, desejando poder retirar o que disse.
Um momento de silêncio reinou no quarto.
– Como é?
– Eu não sei se te beijo ou te bato, . Você já fez muita merda pública, tá? Você já apareceu em milhares de revistas com um monte de modelo diferente cada noite, teve o escândalo com a Angelina e mais um monte de merda e ainda tem a manhã seguinte de como nos conhecemos! Eu te odeio por tudo isso e agora cá estamos, dividindo uma cama, eu grávida de um filho seu e, para completar, ainda estou querendo te beijar! Onde pode uma coisa dessa, hein? – sentou-se na cama, indignada. – Não pode não, é loucura e eu não quer...
Cansado de escutar as asneiras, sentou-se na cama e puxou-a para um beijo, fazendo com que ela se interrompesse em seu discurso. A princípio ela se manteve tensa e quase o empurrou para longe, mas a parte menos lúcida da sua mente impediu e logo se rendeu ao beijo do jogador, que a apertou o máximo que pode. As mãos da morena se embrenharam nos cabelos dourados de e ele logo a puxou para deitar em cima dele, aproveitando para deslizar as mãos por dentro da gasta camiseta do Borussia.
– Isso é loucura... – conseguiu falar, tomando fôlego entre o beijo.
– Isso é amor, .
– Ai, meu Deus!
acordou assustada e por pouco não caiu da cama. Sua respiração estava descompassada, seu corpo coberto por uma fina camada de suor. Que tipo de sonho havia sido aquele? Ela jurava que ainda conseguia sentir o formigamento da pele onde havia sido tocada. Olhou para o lado da cama onde deveria estar, mas o homem não estava lá.
– Sonho ruim, princesa?
Olhando para o lado, deu de cara com sentado na poltrona próxima a janela. Um fone pendia de um dos lados do seu ouvido, os cabelos estavam uma bagunça e ele tinha um sorriso brincalhão nos lábios como se soubesse de algo.
– Um pesadelo, para ser mais enfática – resmungou, mal achando voz para falar com ele.
– Quer falar sobre o te perturba? – inclinou-se para frente, apoiando os cotovelos nos joelhos.
– Nunca mais eu quero pensar nisso – balançou a cabeça, tentando afastar as lembranças. – Por que você tá acordado?
– Porque você é inquieta quando dorme. Pensei que talvez precisasse de algum espaço.
– Ahn... – murmurou, sem saber o que falar. Ele estava sendo gentil?! – Obrigada, eu acho. Pode voltar a dormir, vou tentar ficar quieta.
– Acho que quem não consegue mais dormir sou eu – sorriu, passando a mão pelos cabelos.
– Por quê?
– Acho que estou pensando de mais – deu de ombros, levantando da poltrona e indo até a cama.
– Eu sei que eu vou me arrepender por perguntar e nem quero realmente saber, mas já que não consigo voltar a dormir e obviamente nós não vamos fazer alguma coisa... Em que você está pensando, ? – sentou na cama, puxando o lençol ao redor de si, mantendo-se firmemente enrolada.
– Meus pais gostaram de você – falou, deitando na cama, deixando o iPod repousando na barriga. – E os meus sobrinhos também. Isso vai ser um problema.
– Eu também gostei deles. Qual é o problema? – franziu a testa, perguntando-se qual era o ponto.
– O problema é que nós somos uma mentira, – olhou para ela, umedecendo os lábios. – E não vamos poder fingir para sempre. Nós começamos isso pelos seus pais, mas já está na mídia e todos estão esperando pelo casamento de um casal feliz e...
– E nós não somos um casal – completou. – Eu sei. Eu me sinto horrível por ter começado com tudo isso.
– Essa é uma conversa muito complexa para se estar tendo no meio da noite – comentou, olhando a hora.
– Isso é verdade. Quer saber? Minha mãe me ensinou o melhor truque para insônia. Vem comigo... – levantou-se da cama e correu até a bolsa de viagem, tirando um casaco.
– E que truque seria esse?
Sem dizer nada, saiu do quarto, fazendo sinal para ir junto. O homem não tardou a segui-la e, após um lance de escadas e dois corredores errados, finalmente chegaram até a cozinha.
– A gente podia ter se perdido menos se você tivesse me falado para onde queria ir – falou, divertido.
– Eu não seria eu se te deixasse me guiar, – abriu um sorriso divertido.
– Isso é verdade.
rodou pela cozinha e parou em frente a geladeira, vasculhando o conteúdo com os olhos. Achando o que queria, foi até os armários e retirou uma panela. se escorou na mesa, observando enquanto despejava o leite na panela, logo colocando no fogo. Feito isso, a morena se virou para ele.
– Leite quente com canela e mel. Não tem coisa mais eficaz para insônia – revelou, indo para o lado dele.
– Você está gentil de mais – estranhou. – Não que eu esteja reclamando, mas o que mudou?
– Meus hormônios – revirou os olhos. – Eles me deixam parecendo uma louca.
– Isso eu posso ver – sorriu, olhando para ela.
pareceu notar agora que estava assim tão próximo e sem camisa. Logo imagens distorcidas do seu pesadelo voltaram a encher sua mente, mas ao invés de uma cama, ela podia se ver perfeitamente confortável mesmo contra a mesa de mármore da cozinha. Limpando a garganta, se afastou de , esperando também se livrar dos pensamentos impróprios.
– Tô realmente ficando louca... – murmurou para si mesma.
– O que você disse?
– Nada! – falou rapidamente. – O que você tá escutando?
Estranhando, olhou para os fones que pediam em uma de suas mãos e desbloqueou a tela do iPod para mostrar para ela.
– Quem diria que você era um cara de Ed Sheeran? Especialmente quando a música é thinking out loud.
- Você gosta?
- Sim.
- Sério? – pareceu surpreso.
- O que me impediria de ouvir Ed Sheeran? – retrucou.
- Você não parece humana o suficiente para isso.
teve que levar as mãos a boca para reprimir o riso.
- Eu até ficaria ofendida se não estivesse tão lisonjeada – ironizou. – Parei de escutar o Ed quando fui abandonada sozinha na pista de dança em uma festa do dia dos namorados.
– E qual a música que estava tocando? – cruzou os braços, interessado.
– A pior possível – choramingou. – Give me love. Tenho trauma até hoje.
– Você não pode deixar uma coisa estragar uma música dessas, princesa – fez uma careta, voltando sua atenção para o celular. – Vamos mudar isso.
– Como? – arqueou as sobrancelhas.
Com um sorriso arteiro, colocou um dos fones no ouvido de e o outro no dele, deixando o celular deslizar para dentro do bolso da calça de moletom depois dele ter colocado give me love para tocar. Envolveu a cintura da jornalista com um braço e pegou a mão dela com sua outra mão, aproximando-se ainda mais.
– Vamos recriar sua memória dessa música.
– O quê? Você vai piorar, – riu, tentando se afastar dele.
– Vou, é? Você tá rindo! Você pode não gostar muito de mim, mas tem que confessar que eu sou ótimo quando o assunto é te fazer dar risada. – falou, convencido.
– Você é idiota, isso sim! – afirmou, se mexendo com ele no ritmo da música.
– Um idiota muito bacana, por sinal – sorriu, girando-a pela cozinha. – E um ótimo dançarino, você tem que admitir.
– Ótimo dançarino? – fez um bico. – Acho que já senti você pisando nos meus pés umas duas vezes.
Aproximou os lábios do ouvido dela e sussurrou:
– Mentirosa.
sentiu cócegas quando ele aproximou os lábios de seu ouvido e um arrepio percorreu sua espinha quando a respiração quente dele roçou em seu pescoço, mas não deixou transparecer, ou pelo menos achou que não.
– Convencido!
– Ah, para de falar e dança direito, – segurou-a pela mão e a fez girar antes de puxá-la para si novamente.
Os dois que estavam rindo, absortos a qualquer outra coisa, não notaram quando a mãe do jogador apareceu na entrada da cozinha e, ao ver a cena, se escondeu na escuridão, abrindo um sorriso satisfeito. Eles pareciam felizes e depois disso todos os receios que Kristen tinha sobre o relacionamento dos dois não existiam mais.

sentiu um peso em cima dele assim que começou a acordar. Entreabriu os olhos e piscou algumas vezes para focalizar e por fim ver o que o estava prendendo fortemente ao colchão, ou melhor, quem. estava completamente adormecida e tinha uma perna jogada na cintura dele enquanto a cabeça repousava em seu peito. Com um sorriso arteiro fincado nos lábios, se esforçou para pegar o celular que estava no criado-mudo e, assim que pegou o objeto, acionou a câmera. Mantendo o sorriso desdenhoso, tirou uma foto. Mal esperava para mostrar para a suposta noiva. Ele sentia que ela iria chorar.
Os dois haviam dançado pela cozinha mais umas duas músicas após give me love e só pararam quando o leite derramou e os acordou para a vida. Depois voltaram para o quarto e cada um virou para o lado, não se demorando a dormir.
A porta do quarto abriu e duas coisinhas pequenas entraram correndo, sendo seguidas por Kristen. fez um sinal para não fazerem barulho e o casal de gêmeos parou na metade do caminho até a cama, vendo que havia se mexido, agarrando-se ainda mais a , que tentava não rir muito. Kristen abriu um sorriso discreto e foi deixar a bandeja de café da manhã ao lado da cama.
– Tá nevando! – Lola gritou, correndo até a janela do quarto.
– Não grita, Lou – Kristien choramingou, indo atrás da neta.
– Tá! – Carter, encorajado pela irmã, também correu até a janela.
voltou a se mexer na cama até por fim abrir os olhos. O sorriso divertido ainda estava grudado nos lábios de e a jornalista levou certo tempo para se situar e por fim se afastar rapidamente, especialmente ao ver Kristen e as crianças.
– Bom dia, querida. Desculpe por acordá-la – Kristen se desculpou.
– Bom dia, Kriss – sorriu, sentando na cama. – Que nada, já estava acordada.
abafou o riso.
– Tá nevando, tia – Lola contou, apontando para a janela.
– E num é que tá mesmo? – sorriu para a menina, que dava pulinhos animados. – Você gosta da neve?
– Ela adora se jogar na neve – revirou os olhos. – É irritante o quanto ela gosta. Cogitamos mudar o nome dela para Winter ou Snow, mas ela não se acostumou.
– Vamo construir o Olaf, Lola! – Carter puxou a irmã pela mão, correndo com ela pelo quarto.
– Não desçam as escadas! – Kristen gritou, indo atrás dos gêmeos. – Bom café da manhã, amores.
– Apenas uma típica manhã nos brincou, nostálgico.
– Você parece sentir falta dessas manhãs.
– A casa é muito mais animada com eles – confessou, abrindo um sorriso. – Mas, então, dormiu bem? Sei que acordou muito bem.
– Eu me mexo demais – resmungou. – Não foi proposital.
– Nunca achei que tivesse sido.
– Ai, meu Deus! – exclamou, os olhos se arregalaram.
– Que foi? – ficou preocupado.
– O bebê não para de mexer – sorriu, colocando a mão na barriga. – Ele deve achar que sou uma espécie de escorrega.
– Não se tem muito para fazer aí dentro, Princesa – riu, olhando para a barriga dela. – Posso sentir?
– Pode, ué. Nesses momentos eu deixo você encostar em mim – brincou, puxando a mão dele e colocando em sua barriga.
– Ele realmente mexe muito – falou, animado. – Talvez tenha puxado a mãe.
– Isso é um fato – riu.
Os dois trocaram mais piadas sobre o bebê parecer com , não deixando-a esquecer de que no tamanho ele também havia puxado a ela, porém depois de levar uma almofada na cara, ele parou. Tomaram café rapidamente, se arrumaram e desceram para a varanda onde todos observavam Lola e Carter brincarem na neve. Como havia dito, Lou só sabia se jogar e gargalhar.
- Olha o que eu trouxe para você, meu amor – sorriu ao se aproximar de , lhe entregando uma xícara fumegante de chocolate quente.
- Que goleirozinho mais prestativo – o olhou como se estivesse emocionada e apertou as bochechas do jogador.
- Tudo pela noiva mais lindo do mundo! – ele envolveu a cintura dela com os braços, puxando a jornalista para perto e estalando um beijo extremamente apertado e demorado na bochecha dela.
tentou reprimir a careta com o sorriso mais falso da face da terra, mas a família dele estava rindo tanto que nem pareceram ver.
- Quem topa patinar? – Marcel perguntou, olhando para os familiares. – Acho que o lago está bastante resistente para aguentar o peso.
- Nós topamos! – falou, se referindo a ele e .
- Eu não disse que topava – ela arregalou os olhos. – Eu não quero, não.
- Tem medo, meu amor? – o suposto noivo provocou.
- Nunca aprendi a patinar – teve que confessar. – Meu equilíbrio não é dos melhores.
- O nosso menino é maravilhoso patinador. Tenho certeza que lhe ensinará – Duncan falou.
- É, Princesa. Não será incômodo nenhum. – atiçou, escorando o queixo no topo da cabeça dela.
E ficou decretado que a família inteira iria patinar. Após pegar os patins, todos começaram a colocar. estava bastante insegura, mas não iria recusar a provocação de . Quando todos começaram a caminhar até o lago, ela foi a que mais demorou.
- Pronta? – sorriu quando ela finalmente chegou.
- Se você me deixar cair, eu te mato – mordiscou o lábio, incerta.
- Não vou te deixar cair, garanto – ele estendeu a mão para ela.
Respirando fundo, segurou nele e foi. Assim que colocou os pés no gelo, ela escorregou, mas como disse, já estava a segurando.
- Deixa seus pés firmes, coloca força no centro das botas – instruiu, ainda segurando-a pela cintura.
- É melhor eu ficar quieta na minha – ela choramingou, apertando as mãos nos antebraços de .
- Não é desistindo que se consegue, Princesa – sorriu confiante. – Vamos tentar dar mais um passo.
Ela fechou os olhos e movimentou um pé, depois o outro. Ainda estava sem equilíbrio, mas dessa vez não tinha ameaçado cair.
- Tá vendo? Nada mal... – andou para trás, fazendo com que pudesse dar mais passos.
- Eu sinto que vou cair a qualquer hora... – reclamou, olhando para .
- Já te disse que não vou te deixar cair!
- Se eu cair, você também cai, apertou os lábios em um sorriso. – Isso é loucura!
- Isso é amor, – ele murmurou no ouvido dela, fazendo os olhos da mulher se arregalarem.
- Hein? – gritou, se afastando de em um movimento súbito. – Ai, meu Deus!
se viu caindo de costas no chão, mas foi mais rápido e a segurou, mas se desequilibrou no processo quando o peso dela caiu contra o dele, o fazendo cair para trás e de costas no chão. apertou os olhos esperando sentir dor, mas havia amortecido sua queda.
- Tava tentando impressionar sua garota, filho? – o pai de gritou.
O jogador ainda estava sem ar pela queda e apenas levantou o dedão em um sinal de positivo.
- Você tá bem? – perguntou.
assentiu, respirando com dificuldade pelo susto, mas susto maior ainda foi perceber que ainda estava em cima e com as pernas entrelaçadas nas de . A jornalista rapidamente rolou para o lado, sentindo o choque do gelo passar por sua calça jeans.
- Foi você que levou a maior queda, – ela puxou ele pelo braço para ajudá-lo a se levantar. – Quebrou alguma coisa?
- Só meu ego – ele riu, erguendo o tronco. – Mas preciso sair um pouco.
Os dois se levantaram com bastante esforço e saíram do lago, indo até a varanda da casa. sentou-se no banco de balanço ao lado de .
- Isso é amor? O que droga foi aquilo? – inquiriu, olhando para .
Ele abriu um sorriso arteiro.
- Como eu disse: Você é inquieta quando dorme. Não parava de falar – revelou, adorando a expressão da mulher.
- E o que eu disse?
- Disse tudo que eu escutei – levantou da cadeira, indo em direção a dentro de casa. – Já volto.
- !
Mas ele já estava correndo, ainda morrendo de rir.

entrou no escritório na manhã de segunda, ansiosa para o dia de hoje. O final de semana com a família de havia trago seu ânimo e até o próprio havia colaborado. Ainda não podia dizer que gostava dele, mas não o odiava por completo.
– Bom dia, Rose – cumprimentou a secretária, sorrindo para ela.
– Bom dia, – Rose sorriu.
– A já chegou? – perguntou.
– Aquilo responde sua pergunta? – com um ar risonho, Rose apontou para os elevadores, onde vinha correndo na direção das duas.
– Responde, sim – riu, piscando para a secretária. – O que deu em você uma hora dessa, ?
– Vamos no Starbucks, corre! – falou, afobada.
– Não posso tomar café. Por que me tentar, ? – suspirou, puxando a amiga pela braço. – Vamos subir.
– Você não pode subir lá, – mordeu o lábio, receosa.
– Por quê?
não respondeu, então insistiu:
– Por quê, ?
voltou a trabalhar aqui.



Capítulo 10 – And No One

... Knows what, what tomorrow brings.
(Find my way back – Eric Arjes)

Apesar de ter passado quase uma semana conseguindo se esconder de , sabia que na reunião de hoje não poderia fugir, então havia feito questão de usar o anel de noivado e colocar o seu melhor sorriso no rosto enquanto caminhava até a sala.
– Seu sorriso tá esquisito – notou. – Tá parecendo o do Coringa.
– Tá mesmo, . Tira isso. O vai pensar que você virou uma psicopata – acrescentou. – Além do mais, ele ainda não chegou.
Soltando um suspiro, olhou para os dois.
– Por que o Davis tinha que trazer ele, hein?
– Porque é a vida e o é um ótimo jornalista – foi sincero, recebendo olhares de reprovação vindo das duas mulheres. – Ué, não vou mentir.
– Não atrapalha se não vai ajudar, deu um tapa na nuca do fotógrafo.
– Então tá, agora você pode abrir seu sorriso maníaco – falou, passando um braço ao redor dos ombros da grávida. – O chegou.
O coração de voltou a desenfrear e ela sentiu suas pernas enfraquecerem. O relacionamento podia ter acabado há um bom tempo, mas ela ainda sentia como se fosse ontem que havia a beijado pela primeira vez.
– Você tá branca, ! – a loira franziu a testa. – Ele deve ser bom de cama mesmo para provocar essa reação.
teve que rir, agradecendo ao comentário inoportuno da amiga.
– Você é horrível, – revirou os olhos, tentando manter os olhos longes do antigo amor que se aproximava.
– Ele tá se aproximando, vamos embora, – puxando a loira pela mão, deixou a grávida lá fora e entrou rindo na sala de reunião.
– Que bastardo! – revoltada, estava prestes a ir atrás deles quando sentiu uma mão envolvendo seu pulso.
.
O estômago dela gelou ao ouvir o som da tão familiar voz. podia jurar que até o bebê sabia quem estava ali, pois até ele havia parado de se mexer. Lentamente, a jornalista virou-se para e abriu o melhor sorriso que conseguiu oferecer.
.
O moreno sorriu de volta.
– É bom te ver depois de tanto tempo, não tardou a puxá-la para um abraço.
, que pensou que sentiria muito mais, ficou surpresa com sua reação. A agitação no estômago cessou, o gelo também, sem mencionar que o aperto dos braços dele a deixaram desconfortável. Tudo isso havia sido pela perspectiva de vê-lo, mas não sentia nada, pelo menos não como antes.
– Bom te ver também, .
Ele a soltou, ainda sorrindo. Os brilhos nos olhos dele fizeram a pele dela arrepiar. Bom, ainda não totalmente imune, pensou.
– Você tá grávida! – ele falou, parecendo notar agora.
– Ele já tá se mostrando, né? – abriu um sorriso, passando a mão na barriga.
– Vi que você havia ficado noiva, mas não que estava grávida – engoliu em seco, o sorriso se desmanchando agora.
– Foi uma surpresa para nós também – deu um riso irônico, embora não tenha entendido o motivo.
apenas deu um sorriso.
– Nós devíamos ir tomar um café um dia desses e botar o papo em dia – sugeriu. – Claramente temos muito para atualizar.
– Isso seria ótimo – concordou, pensando exatamente o contrário.
Vai ser péssimo!
– Podemos ir depois da reunião se não for ruim para você.
– Claro!
Sem conseguir resistir, puxou-a novamente para um abraço, o que foi uma surpresa para , que não esperava por essa.
– Realmente senti sua falta, – murmurou contra os cabelos da morena.
?
Soltando-se do abraço ao ouvir o som familiar da voz de , as bochechas dela esquentaram. Não queria que ele a visse em um momento de nostalgia, especialmente com o único homem que ela amara.
– Oi, amor – se recompondo, foi até e deu um selinho no pseudomarido antes de sussurrar no ouvido dele. – Aquele é o meu ex, finge que estamos loucamente apaixonados.
– Esse beijo não convence ninguém, – puxando-a mais para perto, roçou os lábios no dela. – Esse sim.
Sem dar tempo para ela pensar, a beijou. Os olhos de se fecharam de imediato e o corpo dela ficou tenso antes de relaxar nos braços do jogador. A jornalista teve que se agarrar aos ombros de para se firmar pois suas pernas haviam fraquejado. Que merda é essa, ? Ela pensou. Com partes do corpo formigando em expectativa, o afastou com delicadeza, se esforçando para não empurrá-lo da janela. Uma queda de dez andares não iria fazer mal.
– É bom te ver, amor – sorriu afetada, ainda abraçada a .
– Você esqueceu sua agenda no meu carro hoje de manhã. Vim trazer – ergueu uma das mãos, mostrando o caderno preto que era praticamente a vida de .
– Não havia notado. Obrigada, você salvou minha vida – realmente agradecida, suspirou. Toda a sua apresentação de hoje estava planejada naquela agenda.
Uma tosse fez com o casal olhasse para trás.
– Ah, desculpa – soltou um riso nervoso. – , esse é o , meu noivo. , esse é , um amigo.
– E também um ex-namorado – fez questão de ressaltar, estendendo a mão.
pareceu achar graça.
– Então o noivo conhece o ex-namorado – fez questão de frisar a palavra “noivo” ao apertar a mão dele. – Eu deveria me sentir intimidado, mas para falar a verdade eu sou o noivo e você o ex, então eu obviamente fiz alguma coisa mais certa que você.
e , que observavam a cena de longe, se seguraram para não rir.
– Claro que sim – abriu um sorriso amarelo. – Eu vou entrando. Bom te conhecer, .
– Igualmente.
Assim que entrou na sala, se soltou de .
– Eu nunca pensei que te diria isso, mas obrigada – sorriu.
– Minha vida é te salvar, princesa – piscou, abrindo um sorriso. – Então esse é o que seu pai falou.
– Meu pai falou dele? – arregalou os olhos.
– Claro que falou. Sou seu futuro marido. Seu pai tinha que me avisar sobre possíveis ameaças. Ele falou que você e o namoraram uns seis anos – explicou. – Disse que você ficou arrasada quando terminaram e que ainda podia sentir alguma coisa por ele.
– O meu pai fala de mais – bufou, cruzando os braços. – O que passou, passou. não é mais que uma lembrança que já não é nem tão boa.
– Não me pareceu só uma lembrança – retrucou.
– Tá com ciúmes, ? – arqueou as sobrancelhas, abrindo um sorriso desdenhoso. – Nunca pensei.
– Você é minha noiva publicamente. Não quero aparecer com um par de pontas publicamente – brincou. – Além do mais, você consegue melhor. Esse cara parece com algum bicho que não lembro o nome.
– O bichinho do ciúme? – continuou provocando.
– Esse mesmo, amor – com um olhar sedutor, se aproximou de até que ela tivesse que recuar e consequentemente bater contra a parede. Por pura maldade, aproximou os lábios do pescoço dela e abriu um sorriso. – Sou louco por você.
, que não estava nada boa em controlar os hormônios, conseguiu reprimir um suspiro quando a barba mal feita roçou em seu pescoço.
– Eu preciso ir para minha reunião – ela conseguiu pronunciar, se afastando dele.
– Boa sorte, princesa – erguendo o queixo dela com uma das mãos, roubou um beijo. – Esse foi pelo esforço que eu fiz.
– Idiota – deu tapa na mão dele e se afastou, não sabendo se sentia irritada ou o quê.
– Tenha um bom dia, querida – gritou, gargalhando enquanto se afastava.
entrou batendo o pé dentro da sala de reunião e a agarrou pelo braço assim que a viu.
– E esse beijo com o ? Senti a tensão sexual se esvaindo ou aumentando, não sei ainda – riu. – Vocês deviam transar.
– A última vez que a gente transou resultou nisso – apontou para a barriga voluptuosa. – Não quero nem pensar no que aconteceria.
– Você claramente precisa relaxar, baby – falou. – A namorada do Tony, um dos meus colegas de apartamento, precisou de muito sexo enquanto tava grávida.
– Eu estou bem! – a morena insistiu. – E se eu precisar, não é o que vai me ajudar. Eu arrumo algum desconhecido.
– Tá bom, Srta. Confiante. – debochou.

– Acorda, .
olhou para o lado, encontrando .
– Quem tá parecendo um morto é você – retrucou, terminando de amarrar as chuteiras.
me ligou e disse que você beijou a – um sorriso malicioso se espalhou no rosto do loiro. – Tá gostando mesmo de brincar de casinha, né?
– Cala a boca, riu, levantando do banco do vestiário.
– E ainda fica todo afetadinho quando a gente menciona – caçoou.
– Não tem nada acontecendo comigo e com a , – revirou os olhos. – Ela mora comigo há menos de dois meses.
– E tempo define alguma coisa quando? – deu de ombros. – Você devia tentar.
– Eu não quero tentar, .
– Então precisa sair sozinho para conhecer gente. Tá quase parecendo um homem de família.
– Vou fazer isso mesmo – concordou. – Aproveitar que essa semana nós vamos jogar na seleção nacional e vamos para Berlim. Lá eu posso sair.
– Eu ouvi sair? – Thomas se aproximou deles, jogando os braços ao redor do pescoço dos dois.
vai dar uma fugida quando estivermos na capital – explicou.
– Eu pensei que você tava sério com a sobrinha do Pep – Thomas franziu a testa. – Se o treinador sonha, corta suas bolas e frita para comer.
gargalhou.
– Eu e a somos só fachada para os pais dela. O bebê é nosso, mas o relacionamento não. Estou solteiro – deu de ombros.
– Ótimo então, te acompanho – Thomas sorriu animado. – Com você e o amarrados fica até difícil sair.
– Agora não fica mais – afirmou.
– Esse é o meu garoto – riu, bagunçando o cabelo do loiro.

– Eu não vou para Berlim! – gritou para . – O Sr. Davis tá muito enganado.
– Supostamente você tá noiva do , não seria um problema para você ir cobrir o jogo – retrucou. – Seria até mais simples.
– Mas eu não quero! – choramingou, deixando-se cair na cadeira.
– Foi você mesma que sugeriu viagens!
– É, mas não para ficar no mesmo quarto de hotel do ! Já basta o que eu passei com os pais dele.
– Você não tem muita escolha. Você vai cobrir esse jogo e eu não vou, então fica de olho nas assanhadas em cima do falou.
– Esse dia só melhora e melhora – ironizou, girando na cadeira.
Uma batida na porta fez as duas pararem.
– Pode entrar! – gritou.
A porta abriu e apareceu com um sorriso de tirar o fôlego.
– Interrompo? – o homem perguntou.
– Que nada, fica à vontade aí, . Eu já estou saindo – levantou em um pulo. – , te ligo mais tarde.
– Mas... – antes que conseguisse completar a frase, já havia saído. Ela então virou-se para e sorriu. – Então?
– Será que aquele café rola agora?
– Claro! – com um sorriso amarelo, levantou, pegando a bolsa e o casaco. – Starbucks aqui embaixo?
– Pode ser.
Os dois desceram juntos e em silêncio. Ainda era confortável estar com ele, apesar de ao mesmo tempo ser desconfortável. não sabia o que pensar. Ao chegarem ao lado de fora, prontamente ajudou-a a vestir o casaco e caminhou ao lado dela com um braço envolto em sua cintura. Parecia quase natural.
A fila do Starbucks estava pequena e, após pegarem as bebidas, foram sentar em uma mesa ao lado da janela.
– O que te fez voltar? – perguntou, bebericando o chá.
– O Sr. Davis pareceu bem convincente – deu de ombros.
– Ele também me pareceu bastante convincente quando te pediu para não ir.
suspirou.
– O mesmo motivo que me fez ir, me fez voltar, .
– O quê?
– Você.
abriu e fechou a boca algumas vezes antes de conseguir articular uma resposta.
– Eu te fiz ir? Eu te implorei para ficar, !
– Eu estava confuso, . Nós já namorávamos há uns seis anos e eu te amava tanto que me assustava. Eu queria ter certeza de que você era a única, . Não é desculpa, mas foi por isso – puxou a mão dela que estava em cima da mesa e a segurou. – E quando eu vi que você estava noiva, eu descobri que não poderia te perder, então vim para cá.
– É tarde. Como você disse, eu estou noiva, .
– Mas não casada. Eu vou lutar por você, .



Capítulo 11 – You and I

...Go hard at each other like we're going to war.
(One more night – Maroon 5)

O avião havia pousado em Berlim há mais de cinco horas e eles não haviam tido tempo de descansar por mais de uma hora antes de irem para o treino onde estavam até agora. Obviamente, estava entediada. Já havia feito cobertura de metade do treino e agora estava sem ter o que fazer.
– Quando isso acaba mesmo? – perguntou pela milésima vez.
O impaciente homem que estava ao lado dela, suspirou.
– Não sei.
– Isso aqui tá chato – bateu o pé, se escorando na grade.
– Sorte sua que eu cheguei.
Ao ouvir uma voz conhecida atrás de si, virou-se, dando de cara com Louise.
– Lou!
As duas correram para se abraçar, ambas rindo do nada.
– Você tá grávida, ! – colocou as mãos na cintura da amiga, olhando a barriga dela.
– E você nem imagina quem é o pai.
– Se nem você conseguiu descobrir, quem sou eu para adivinhar? – brincou, rindo.
– Antes fosse de um desconhecido – revirou os olhos. – Mas enfim, o que você tá fazendo aqui?
– Sério que você pensou que viria para Berlim sem que eu te descobrisse? – a outra pareceu achar graça. – Me poupa, . Nós precisamos fazer alguma coisa. Faz tempo demais que estivemos juntas.
– Eu estava esperando que não – entrelaçou o braço no de Louise. – Então, o que vamos fazer?
– Eu iria sugerir o nosso passatempo favorito na faculdade, mas você não pode – colocou a mão na barriga estufada de .
– Você duvida que eu consiga subir em mesas de bar com essa barriga? – arqueou as sobrancelhas, fingindo ultraje.
– Eu aprendi a não duvidar de você, .
– E não deveria mesmo – outra voz entrou na conversa, fazendo-as olhar para o lado.
apareceu ao lado delas, abrindo os braços para Lou.
– Vem cá, baixinha.
– Nem vem, . Você tá fedendo – o rosto de Louise se contorceu em uma careta.
– Isso nunca impediu a provocou, olhando para a grávida.
gargalhou.
– Cuidado, Lou. Você não quer entrar em contato com ele – fez caso, se afastando de . – É tóxico.
– Você sabe que vai ser pior para você, piscou para ela, soando tão ameaçador quanto podia.
– E você sabe que já passei da fase de ter medo de você, . Afinal, você já me engravidou.
– E agora sente o quê? Afeição, desejo, paixão ardente... – arqueou as sobrancelhas, abrindo um sorriso digno de Don Juan. – Amor?
– Tente desprezo – retrucou, fazendo a outra mulher rir.
– Vocês dois continuam se odiando? Eu pensei que estavam noivos – Lou pegou a mão de , indicando o diamante que reluzia em seu dedo.
– É fachada. Meus pais não podem saber que engravidei solteira – a jornalista falou.
– E aparentemente também estamos de fachada para o ex dela – completou.
– O ? – os olhos de Louise se arregalaram.
– Sim – soltou um longo suspiro. – E ele também veio para cá.
– Veio? – ficou surpreso ao saber.
– É um grande jogo. tem ligações com o time da França, vai conseguir entrevista exclusiva com os jogadores – explicou.
– Bom, mas o que nós vamos fazer enquanto isso? Vocês têm muito para me atualizar sobre essa vida e também sobre o meu afilhado. Vai ser menino ou menina? – Lou entrelaçou o braço no de e no de , começando a arrastá-los consigo.
– É menino. Vai se chamar Junior – falou.
Junior é o caramba! Meu filho não vai se chamar assim – disse, indignada.
– Você não tem escolha, nós apostamos insistiu. – Se fosse menino, eu ia escolher.
– Vocês apostaram quanto ao sexo do bebê? – Lou gargalhou. – Que tipo de pais vocês vão ser?
– Ela tava duvidando dos meus genes fortes – o jogador deu de ombros.
– Você faz tudo errado, não é culpa minha se mandou o Y no lugar do X – mostrou a língua, fazendo os outros dois rirem com tamanha infantilidade. – Não que eu não goste do meu coisinha. Eu gosto muito, só não gostei de ver o ganhar.
– Seu coisinha? – Lou estreitou os olhos. – Tá chamando seu filho de coisinha?
– É para ser um apelido carinhoso – se defendeu.
– Eu desisto de vocês – a outra decretou. – O que vamos fazer depois do jogo? Alguém topa uma balada?
– Sim, desesperadamente! – concordou.
– Então vamos combinar com o pessoal e vamos – Lou sorriu.

Após o jogo, no qual a Alemanha saiu vitoriosa por 2x0, todos voltaram para o hotel para se arrumarem para o jantar e logo depois para a festa que Louise havia conseguido colocá-los na lista.
– Você tá aí dentro faz um século, reclamou.
– E vou ficar por mais um século se você não calar a boca e me deixar terminar de me arrumar.
– Eu juro que entro aí e te tiro a força!
– Vai no quarto dos meninos.
– Não!
– Então senta e espera.
– Você sabe que te faço pagar por isso mais tarde, não sabe?
– Pode tentar, mas também sei revidar.
Impaciente, abriu a porta do banheiro. Esperava encontrar quase pronta, mas a jornalista ainda estava paciente e calma dentro da banheira de espumas, folheando uma revista.
– Eu não acredito nisso, – respirou fundo, tentando reprimir o seu desejo homicida.
– Sai daqui! – arremessou a revista nele.
– Não – com um sorriso malicioso, puxou a camiseta que vestia e a jogou no chão do banheiro. – Eu falei que faria você pagar por isso.
– O que você pensa que está fazendo? – murmurou, vendo ele começar a tirar a calça. – Eu já estou terminando, sai daqui!
– Um banho de banheira me pareceu bastante promissor agora, . – jogou a calça longe e sem demoras, tirou a boxer, que era a última peça de roupa.
! – cobriu os olhos com as mãos.
Ignorando o grito dela, caminhou lentamente até a banheira e entrou na mesma, sentando no lado oposto ao de .
– A água está ótima, você não acha, ? – perguntou, agindo naturalmente.
– Eu vou te matar – ela estava furiosa. – Vai? – se inclinando em direção a ela, apoiou as mãos na cerâmica da banheira, pairando sobre .
– O que você pensa que está fazendo? – falou lentamente, olhando para os olhos azuis que faiscavam. Não sabia se de raiva ou outra coisa.
– Exatamente o que estou fazendo – abriu um sorriso de escárnio, aproximando os lábios do ouvido dela. – O que você acha que eu estou fazendo?
– Alguma coisa que certamente não deveria – fez um esforço para a voz não sair trêmula. a estava provocando e ela sabia, por isso não cederia.
– Será que eu não deveria? – deslizou os lábios pelo pescoço dela, deixando uma das mãos escorregar para a coxa dela.
apertou as coxas, se impedindo de também fechar os olhos ao sentir os lábios de em seu pescoço. O jogador, sentindo o gostinho por vê-la lutando para não ceder, resolveu brincar mais. Sem delongas, usou as próprias pernas para abrir as dela e se encaixou no meio, ficando o mais próximo que podia.
– Eu deveria ou não deveria, princesa? – beijou o ombro dela e logo deslizou a boca pelo pescoço, dando beijos leves na intenção de atiçá-la.
– N-não... – ela conseguiu falar, ignorando ao máximo a mão dele que agora havia encontrado sua parte mais íntima e desenhava círculos por aquela área.
– Absoluta? – roçou os lábios no dela, dando uma leve mordida no lábio inferior.
Batidas na porta e gritos animados fizeram acordar para vida. Subitamente lúcida, empurrou e levantou correndo. Se enrolou no roupão mais próximo e correu para a suíte. Pegou as coisas que havia deixado em cima da cama e abriu a porta, encontrando Louise.
– Ei, que foi? – Lou estranhou o desespero da amiga.
– Minha consciência dando olá. Agora vem logo – puxou a outra pelo braço.
, me explica o que foi!
– O ! Eu quase dormi com ele de novo – choramingou. – Obrigada por aparecer na hora certa. Mais dois segundos e eu não iria deixar ele parar.
– Ai, meu Deus, vocês quase transaram?! – Louise gargalhou.
– Isso não tem graça – fez careta.
– Isso é hilário. Nós precisamos falar com a – Lou falou, retirando o celular do bolso.
– Se você falar para ela, ela vai me encher pelo resto da vida – choramingou.
– Você se resolve com ela, mas eu preciso comentar – riu, buscando o nome da amiga no FaceTime.
– Eu tô de roupão no corredor, anda mais rápido! – empurrou Lou, que continuava procurando o número de .
– Achei! – gritou, apertando em ligar. – Agora vem. – puxando-a pela mão, correu até a última porta do corredor.
As duas entraram no quarto e se jogou na cama, se sentindo derrotada.
– Eu to me sentindo suja.
– Por ter gostado? – sentou ao lado dela.
– Eu não gostei! – retrucou.
– Claro que gostou. Quem não gosta não fica toda afetada.
– Quem ficou afetada? – a terceira voz chamou atenção das duas e elas olharam para baixo, onde o rosto de aparecia na tela do celular.
! – Lou gritou, erguendo o celular. – A quase transou de novo com o e gostou.
– Eu sabia que ia acontecer – a loira gargalhou.
– Cala a boca, bufou. – Isso não é digno.
– Eu já te falei para transar com ele. Vocês tem muita tensão sexual reprimida. Nunca vi nada igual – comentou, divertida.
– Isso é pura verdade – Louise concordou.
– Eu odeio vocês – a morena revirou os olhos. – Me recuso a ter essa conversa.
, você pode não gostar dele, mas também não pode negar que ele é um tanto quanto gostoso. É normal sentir atração. – falou. – Isso não te torna uma ninfomaníaca.
– Muito menos me torna uma pessoa decente – murmurou.
– Vocês precisam dar uns pegas, isso sim – Lou foi direta. – Assim que passa. Ficar nessa não ajuda em nada.
– Eu não sei vocês, mas preciso me arrumar para a festa. A gente se vê quando eu chegar em casa, – a jornalista soltou um beijo para a amiga do outro lado da dela e correu para o banheiro.
Fechou a porta e se escorou na mesma, respirando fundo.
iria matá-la de uma forma ou de outra, mas ela preferia morrer com a dignidade parcialmente intacta por isso não cederia.

estava na quinta dose quando viu chegar.
Mais cedo, ele esperava apenas deixá-la atordoada para poder se vingar, mas quando avançou, quem ficou atordoado foi ele. Quando ela saiu correndo do quarto, ele precisou de um longo banho gelado para conseguir voltar ao normal.
– Você está péssimo – falou.
– Obrigado – ironizou, bebendo o resto do líquido do copo.
– E a parte onde hoje nós iríamos em busca de mulheres? – Thomas perguntou, se aproximando da dupla.
– Pelo visto ele já achou uma – brincou, seguindo o olhar do goleiro que ia até a mesa onde estava com Louise.
– Quem diria, vocês dois? – Thomas fez graça. – se apaixona por . História melhor que Romeu e Julieta.
– Não estou apaixonado, não sinto nada por ela. Nós não temos nada e eu não quero nada – revirou os olhos. – é complicada demais para qualquer pessoa que tenha um juízo bom. Não quero me meter com ela. Vamos ter um filho e é isso.
- Para alguém que não quer nada, você dá muitas explicações. Você não precisa mentir para gente, . Somos seus amigos – Thomas jogou um abraço ao redor do pescoço do amigo. – Você tá de quatro pela .
– Não, não estou – se manteve firme. – É desejo.
– Antes não sentia nada, agora é desejo. Se cutucarmos mais um pouco, você se declara – riu.
– Eu estou a tempo demais sem alguém. Deixei me levar pela , mas isso acaba hoje. – levantou do banco e arrumou a jaqueta – Vou procurar alguém.
– Esse é o meu garoto – Thomas bateu nas costas de , ainda rindo. – Vem. Encontrei umas amigas que vão adorar te conhecer.

observava discretamente, ou pelo menos achava que estava sendo discreta, enquanto e Thomas iam em direção a uma mesa de garotas. Ele não havia falado com ela desde o ocorrido no banheiro e ela estava realmente grata por isso. Ainda não se sentia completamente recuperada para bater de frente com o jogador.
– Você tá secando o – Lou falou no ouvido de . – Tá estranho.
– Só estava olhando ao redor – se defendeu. – Você tá paranoica.
– E você não?
– Eu estou com sede, só isso. Vou pegar alguma coisa para beber.
correu de lá, indo direto até o bar.
– Uma água, por favor – pediu para o barman.
– Por que tá aqui sozinha?
Ela olhou para o lado, encontrando .
– Eu consigo vir pegar uma água sozinha, – sorriu, olhando para ele. – Não sabia que você vinha para cá.
– E eu não vinha até saber que você também vinha.
– Nós já falamos sobre isso, .
– O seu noivo tá ali flertando com outras enquanto você tá aqui. Eu vi vocês hoje, vocês pareciam estar brigando o tempo todo. Não acredito que vocês estão realmente juntos – cruzou os braços, se aproximando dela.
– Isso não te prova nada? – ergueu a mão, mostrando o anel.
– Para falar a verdade, não, não prova.
– Para mim sim. Com licença, – pegou a água que o barman havia trago e voltou a se embrenhar no meio das pessoas.
, espera! – correu atrás dela.
cruzou no corredor ao lado para ir ao banheiro e parou assim que viu a cena.
estava aos beijos e agarros com uma loira, praticamente a comendo ali mesmo.
– Tem certeza que prova? – murmurou atrás dela.
Fúria era tudo o que sentia.
- Você quer dançar, ? – murmurou, olhando na direção de .

Depois de mais algumas doses, havia conseguido se render aos encantos de Melissa. Os dois já estavam aos beijos fazia algum tempo e ele estava gostando muito até, mas sua mente ainda estava confusa pelo que tinha rolado com e por um minuto ele quase imaginou que fosse ela no lugar da loira com quem estava. Suas mãos se apertaram ainda mais na cintura de Melissa e ela arquejou quando sentiu os lábios do goleiro na pele exposta do seu pescoço.
Uma pena que o momento se quebrou tão rápido. entreabriu os olhos e piscou algumas vezes para assimilar o que tinha visto. Uma morena muito parecida com saía as pressas do corredor, seguida de um cara que tinha as mãos em sua cintura. Ele quis se certificar de que a mulher não era a jornalista que o enlouquecia tanto, mas quando Melissa voltou a beijá-lo, ele esqueceu do que tinha visto.



Capítulo 12 - You're Like

...The drug that's killing me.
(Animals – Maroon 5)


estava ansioso, andando de um lado para o outro. Louise e achavam que ele estava prestes a cavar um buraco pelo chão.
– Para, ! Você tá me agoniando – Louise reclamou.
– Ela não atende o celular – bufou, rediscando o número.
– Ainda não entendi porque ela fugiu... – , com a maior cara de sono de quem não havia pregado os olhos, falou.
– Pergunta para o – Louise replicou, calmamente.
– E o que eu tenho a ver com as loucuras da sua amiga? – virou-se para Louise, esperando a resposta.
– Quem sou eu para te responder isso? – a mulher deu de ombros.
– Tenho certeza que a sabe se cuidar. Por que estamos morrendo aqui? – perguntou.
– Porque ela não sabe se cuidar e está esperando meu filho – falou como se fosse óbvio.
– E como você pretende encontrar ela? Me diz, – divertida, Louise olhou para ele. – Porque rodar Berlim a procura dela não me parece boa ideia.
- E ela não parece nada disposta a atender suas chamadas – falou.
– Vou fazer o mais sensato – deu de ombros. – Rastrear o celular dela.

abriu os olhos, receosa sobre o que encontraria. Não lembrava realmente o que havia acontecido depois de ter presenciado a cena entre e a peituda, mas com a fúria tomando conta de seus sentidos, fez a coisa mais sensata a fazer no momento.
Procurou alguém para devolver na mesma moeda.
Não que estivesse com ciúmes. Longe disso para falar a verdade, porém, não saíria por cima. Se os dois estavam "noivos", ele não ficaria com ninguém a menos que ela também ficasse, então para manter a balança em equilíbrio, havia resolvido ficar com alguém e esse alguém havia sido o pediatra que estava solitário no balcão do bar.
– Bom dia.
olhou para o lado, vendo o homem parado na porta do banheiro. Cabelos úmidos, toalha enrolada na cintura e um sorriso estampado nos lábios. Os olhos verdes estavam com certo brilho.
– Bom dia, Stev – cumprimentou, puxando o cobertor ao redor de si quando sentou na cama.
– Dormiu bem? – o médico perguntou, indo até o closet na extremidade do quarto.
– Melhor do que achava que poderia – foi sincera. – E você?
– Ótimo – falou, ainda sorrindo. – Você pode ir tomar café, se quiser. Mandei preparar alguma coisa para você comer.
– Que bom, eu tô morta de fome – suspirou em felicidade, levantando da cama, ainda enrolada no lençol.
– Imaginei que estaria.
– Isso me pareceu presunçoso – brincou.
– Não foi minha intenção – tratou de se explicar, parecendo nervoso ao achar que a ofendeu.
Foi uma brincadeira, Stev. pensou.
– Tudo bem – com um sorriso amarelo, foi até a cadeira onde estava a camiseta que ele havia deixado para ela usar.
Deixou o lençol cair no chão do quarto e, após vestir a camiseta, saiu do quarto, andando pela casa. O lugar era enorme e tão organizado que ela se sentia sufocada. As coisas da jornalista viviam entulhadas, mas eram confortáveis. Chegou até a cozinha onde um balcão de café da manhã estava cheio de comida e logo sentou-se para comer. Não demorou muito e Steven sentou ao seu lado.
– Então, quando vou poder te ver de novo? – o médico perguntou, pegando uma torrada.
– Depende.
– Depende do quê?
– De quando eu vou voltar para Berlim ou de quando você vai visitar Munique – respondeu, abrindo um sorriso.
– Acho que irei o mais rápido que puder – sorriu de volta, se aproximando da morena e a puxando para a ponta da cadeira.
– Vou adorar – murmurou, envolvendo os braços no pescoço de Steven.
A campainha tocou uma vez, depois outra e mais outra e então começou a tocar repetidamente. Os dois se olharam em pesar e com um suspiro, Steven se afastou.
– Já vai – gritou, desanimado.
revirou os olhos, voltando a se ajeitar no banco e pegar a torrada.
!
– Mas que porra... AI!
Ao ouvir o som da voz familiar de , foi correndo até a porta da casa onde Steven estava com o nariz sangrando e contra a parede.
, tá fazendo o quê? – gritou, irritada.
– Eu? Você tá grávida de um filho meu e resolve sair sem dar satisfação! Eu fiquei preocupado, porra – se aproximou dela, apertando os punhos para não sacudi-la até que ela mostrasse bom senso.
– Você não parecia nada preocupado quando tava enfiando a língua na boca daquela loira. – retrucou, calmamente. – E como você tá vendo, estou inteira e não te devo satisfação alguma.
– Tô vendo. Inteiramente despida – fuzilou o médico com o olhar, antes de voltar a olhar para as pernas descobertas de . – Não que eu não goste de você assim.
– Vai se danar, – bufou, atirando uma almofada nele. – Cadê a sua loira, hein?
– Loira? Tá sonhando, ? – umedeceu os lábios, pronto para provocá-la. – A Melissa era ruiva.
– O que tá acontecendo aqui? – confuso, Steven perguntou.
– Eu estou levando a minha noiva para casa – sorriu, puxando pela mão.
– Noiva? – o médico arregalou os olhos.
– Não sou noiva dele – falou.
– Seus pais acham que sim, então para todos os efeitos nós somos noivos – puxo ela pela cintura. – Vamos, .
– Não, não somos – empurrou o peito dele, afastando-se.
– Sim, nós somos – ignorando os protestos, passou os braços por trás de seus joelhos e a ergueu nos braços.
! – se agarrou ao pescoço do jogador, temendo a queda.
– Eu não posso te deixar levar ela assim – Steven, parecendo meio desnorteado por conta do soco que havia levado, tentou intervir.
– Dr. Chupeta, eu aconselharia você a não se meter – falou, achando graça na valentia do médico.
, me larga – se contorceu nos braços do homem, mas ele apenas a segurou mais forte.
– Não!
Andando até a porta, se manteve calmo enquanto continuava a amaldiçoar e a espernear. Os que viviam no prédio olhavam com certo receio para o casal, em dúvida se deveriam ajudar a moça ou apenas deixá-la nos braços de .
– Eu vou cortar cada membro do seu corpo por estar me tratando assim, ! – ameaçou, finalmente se dando por vencida.
– Ainda não entendi o motivo do seu drama, bufou, continuando o caminho até o elevador.
– Por que você pode enfiar a língua pela faringe de alguém e eu não posso passar uma noite divertida com um cara legal?
– Porque não! Você tá grávida.
– Já falei umas mil vezes que estou grávida, não inválida. E, a propósito, você vai ter que me comprar uma bolsa da Prada, o vestido Valentino e um par de Louboutins – listou, erguendo um dedo para cada item.
– Só isso? – debochou.
– Ninguém acharia a pior coisa do mundo caso você comprasse, sei lá, veneno e tomasse porque achou que fosse suco de laranja – rosnou, respirando fundo e controlando sua ira. – Fica a dica.
Com uma risada, a colocou no chão quando parou em frente ao elevador e, sem nem precisar apertar o botão, as portas se abriram.
– Você fala isso agora, princesa.
– Para de me chamar de princesa – esbravejou, caminhando duramente para dentro do elevador.
– Eu gosto, princesa.
– Não sou sua princesa.
– Nunca disse que era minha – sorriu, se aproximando dela.
– Não importa! – revirou os olhos, flexionando os punhos.
– Tá nervosa, princesa? – estreitou os olhos, se aproximando mais ainda.
Furiosa, confusa e, ainda sim, totalmente perdida, não sabia o que pensar ou fazer. Nada naquele momento estava fazendo sentido. Como eles haviam passado de "O que você fez noite passada" para "Eu não gosto de princesa"?
– Ah, vai se danar, ! – disse por fim.
Ele riu.
– Mas, então, por que tá toda irritada por causa da Melissa? Não vem me dizer que foi porque começou a gostar de mim – se escorou na parede do elevador, olhando para ela.
– Porque se eu não posso pegar ninguém, você também não. Bem simples – cruzou os braços, de cara feia.
– Eu estava precisando ficar com alguém – colocou a mão na boca na tentativa de reprimir um bocejo. – Preferia que fosse você?
abriu e fechou a boca algumas vezes, tentando encontrar a resposta, mas quando se viu sem palavras, foi a vez de sorrir.
– Preferia, ? – se aproximou da mulher.
– Preferia não ter que ouvir tal absurdo tão cedo, – sem se afetar, falou.
– Não fui eu que fiquei com ciúmes depois de te ver com outra pessoa.
– Não fiquei com ciúmes!
– Ah, não?
Com raiva, o empurrou na parede do elevador, apertando os ombros do homem.
– Não foi ciúmes! Não sinto ciúmes! Foi porque o meu ex, pelo qual ainda sinto um pingo de coisa, viu você se esfregando com aquela loira quando eu e você supostamente estávamos noivos – gritou, despejando sua raiva.
O elevador abriu e sem mais uma palavra, saiu de lá, se apressando em sair do prédio. correu atrás dela, puxando-a pelo braço até um carro que estava esperando pelos dois.
– Vim de motorista, anda logo – foi até o carro e entrou no mesmo, puxando junto.
– Ei! – reclamou ao cair no colo dele.
– Sabe o que eu acho desse seu ataque? – foi direto, pegando um controle pequeno que estava no banco do carro e fazendo um painel de vidro fumê aparecer entre os bancos da frente e os de trás, impedindo do motorista poder ver algo lá atrás.
– O quê? – grunhiu, impaciente.
Com um sorriso malicioso, falou:
– Ciúmes.
E a beijou.
tentou empurrá-lo, mas começou a ficar sem força quando ele apertou suas coxas, arrumando-as de cada lado do corpo dele. As mãos do goleiro se moviam com experiência e rapídez por dentro da camiseta que usava, passando as mãos pelas suas costas, fazendo o corpo da mulher se arrepiar com esse contato.
Os lábios estavam frenéticos e se não o odiasse até poderia dizer que ele era tão hábil com as mãos quanto era com a boca. Deixando um ofêgo escapar durante o beijo, a puxou mais para perto e tão rápido, deitou no banco do carro da melhor forma que conseguiu, pairando sobre ela.
– Você vai para o inferno, murmurou entre o beijo, aproveitando para mordiscar o lábio do jogador.
– Você já é meu inferno particular, princesa – desceu os beijos para o pescoço liso da jornalista, fazendo questão de sugar tão forte que amanhã ela teria uma marca para lembrá-la desse começo de dia.
, por sua vez, nada lúcida, puxou a camisa de e envolveu as pernas na cintura do homem, puxando-o para baixo, o mais perto que conseguiu. soltou um gemido baixo ao sentir as unhas afiadas de deslizando por suas costas e inspirado, trilhou uma de suas mãos até a parte mais íntima dela.
A jornalista apertou as unhas nos ombros de , que abriu um sorriso ao ouvi-la reprimir um gemido. desenhou círculos com os dedos pelo clitóris de , que agora arfava em prazer. Os dois voltaram a se beijar na tentativa de abafar os gemidos da jornalista, que se tornavam contínuos a medida que continuava a provocá-la.
com certeza não sabia o que sentir. Raiva, desprezo, prazer ou desejo? Porque todos estavam misturados dentro dela e nesse momento não estava apta para fazer alguma coisa além de continuar sendo beijada por .
, ... – mordeu o lóbulo da orelha dela, fazendo-a se contorcer embaixo dele.
penetrou um dedo dentro de , fazendo com que a morena se agarrasse ainda mais a ele.
... – gemeu o nome dele e isso foi o bastante para revelar o lado primitivo dentro do jogador.
estava tão extasiado quanto ela, mesmo que não estivesse tendo o mesmo "cuidado" que ela. Saber que ele era a fonte do prazer dela já bastava. Foi quando arregalou os olhos e amoleceu em seus braços que ele soube que havia conseguido.
Ela estava cedendo, era tudo que ele sabia.
– Desculpe, Sr. , mas nós chegamos – a voz do motorista soou envergonhada e abafada quando ele falou.
Então voltou ao estado são. O carro havia parado e ela estava com cara de quem havia tido um orgasmo arrebatador, por isso voltou a odiar . E também voltou ao juízo perfeito, saindo rapidamente de cima dela. Tentaram se arrumar o máximo que conseguiram, mas tinha um problema que não se resolveria assim tão fácil e outro pior ainda, pois o resquício da sua dignidade havia ido parar nas profundezas do Tártaro.

– Pizza de chocolate ou queijo? – perguntou.
Eles haviam voltado para Munique há pouco mais de três horas e, sem tardar, havia ido direto para o próprio apartamento. Se sentia humilhada e furiosa demais para conseguir olhar para agora, por isso havia ligado para a amiga e pegado o primeiro táxi que conseguiu.
– Chocolate, óbvio, você sabe que eu não como queijo – revirou os olhos, tomando outro gole do Milk Shake.
– Você já tá tomando Milk Shake de chocolate. Não enjoa, não? – a loira fez uma careta.
– Nops.
– Então tá, vou pedir – voltou para a cozinha para telefonar.
Outro trovão explodiu, fazendo se encolher no sofá. Não estava chovendo, mas a tempestade era iminente e, como iria embora daqui a pouco, não queria nem pensar em como dormiria sozinha.
!
A jornalista estreitou os olhos, tentando ouvir de onde a chamavam.
AMÉLIA !
Olho ao redor, mas não tinha ninguém e a voz masculina não parecia em nada com a voz fina de .
– PRINCESA, CORRE AQUI!
Vinha da varanda e era quem menos gostaria de ver.
– Quem tá gritando? – apareceu na sala, confusa.
– Aparentemente o – revirou os olhos, levantando para ir olhar o que ele queria.
– Essa eu quero ver – gargalhou, correndo apressada para a varanda.
chegou à varanda e encontrou parado lá embaixo.
– O que você quer, ? – perguntou.
– Que você venha para casa, ué! Não vou te deixar sozinha. Nunca se sabe quando você vai querer fugir com um cara e o meu filho – gritou, olhando para cima.
– Eu estou em casa! – retrucou.
– Não na minha!
– Não vou para sua casa. Você pode tentar me estuprar de novo.
– Como é? – arregalou os olhos.
– Estupro? – ficou indignado e até ofendido por ela ter insinuado isso. – Você bem tava gostando, né? Não te vi reclamar quando tava gemendo meu nome.
– Filho de uma... – se interrompeu antes que terminasse a frase. A mãe dele era gente boa demais para levar uma dessa por causa do filho, pensou.
– O que vocês estavam fazendo? – a amiga perguntou, olhando de um para outro.
– Nada! – interviu.
– Ela tava com ciúmes e depois eu beijei ela – gritou.
– Eu não tava com ciúmes!
– Tava!
Irritada, olhou ao redor a procura de algo que pudesse jogar nele e o que encontrou foi o regador. Sem delongas, pegou o regador e despejou a água em cima do jogador que não teve tempo nem de se esquivar.
– Porra, ! – xingou, sentindo seu corpo gelar de frio.
– Vai embora, bateu a mãos, sorrindo vitoriosa.
– Uma droga que eu saio daqui sem você! – se manteve firme, mesmo que agora sentisse seu corpo congelando.
– Então fica aí – deu de ombros e calmamente voltou para a sala.
! – correu atrás da amiga. – O vai congelar lá embaixo! Vai chover daqui a pouco.
– Pouco me importa – bebricou o milk shake, voltando sua atenção para a televisão.
– Eu me importo. Não quero meu sobrinho sem pai – falou e foi até a varanda. – , EU VOU MANDAR O PORTEIRO TE LIBERAR, VAI ENTRANDO.
! – engasgou com o milk shake e tratou de levantar correndo para impedir a amiga de chegar até o interfone.
– Sai daqui, – a loira riu, pegando o interfone que ficava na sala. – Sr. Cooper? Olha, o noivo da tá subindo, ele tá todo molhado, mas deixa ele entrar, tá? Tá. Obrigada.
, eu deveria te matar – deu um tapa na testa da amiga.
– Eu só sei que agora estou indo – riu, soltando um beijo para . – A gente se vê amanhã.
! – correu até a porta, mas correu até o elevador antes que a morena conseguisse chegar até ela.
fechou a porta e se escorou na mesma, esperando chegar. Não demorou muito e ouviu batidas na porta.
, eu juro que não vim para brigar – a voz do jogador soava cansada.
– Então vai embora!
– Não, não vou – suspirou. – Não tenho muito o que fazer para o bebê enquanto ele estiver dentro de você, . O mínimo que eu posso é tentar manter vocês dois seguros e não consigo fazer isso com você estando aqui e eu lá.
– Então pede desculpa.
– Não vou pedir desculpa pelo que eu fiz no carro, não me arrependo de nada. Mas fui um ridículo escroto quando invadi o apartamento do Doutor Chupeta e te tirei de lá daquele jeito, por isso eu peço desculpa – se escorou na porta, fechando os olhos. – Vai, . Tô aqui congelando, poxa.
Com um suspiro pesaroso, o deixou entrar.



Capítulo 13 - Everything is blue

...His pills, his hands, his jeans, and now I'm covered in the colors.
(Colors – Halsey)

- Sai daqui, Zagueiro! – gritou para o cão, que parecia ainda mais empolgado.
O cachorro estava parado em frente a porta do banheiro, segurando entre os dentes o que deveria ser a toalha de , enquanto a mesma se escondia atrás da porta.
- ! – gritou, desejando pela primeira vez que o homem aparecesse. – !
Não demorou muito e um desesperado chegou até o quarto, olhando para todos os lados a procura de .
- , o que foi? O bebê tá bem? – olhou meio desnorteado para a mulher.
- O bebê tá ótimo, mas o Zagueiro não me deixa sair daqui – abriu um sorriso receoso para ele. – Tira ele daqui.
revirou os olhos. Havia corrido escada acima, preocupado, pensando que por conta dos gritos estivesse passando mal ou coisa do tipo, mas após esse pedido, sua vontade era de colocar o cachorro dentro do banheiro.
- E quais são as palavrinhas mágicas? – cruzou os braços, reprimindo o sorriso.
- Logo!
- Errou. Mais duas chances ou já era – manteve a pose, se divertindo com a expressão raivosa de .
- Vai logo, ! – insistiu, batendo o pé no chão.
- Errou de novo. Tá difícil, hein?
o fuzilou com o olhar.
- Neuer, não estou brincando!
- Opa, essa foi a última chance. Tente novamente em 48 horas – piscou, caminhando em direção a porta.
- Tira ele daqui, por favor – gritou, dessa vez desesperada.
Um sorriso se espalhou pelos lábios do jogador.
- Arrancou pedaço falar “por favor"? – voltou até o cão e fazendo um sinal com as mãos, atraiu a atenção do cachorro que correu animado até o dono. – Vamos lá, Zagueiro. A sua madrasta não é a mais gentil dos seres humanos.
- Madrasta uma ova – retrucou, causando a gargalhada do homem.
- E parece que acordou de mal humor hoje – comentou para o cachorro, saindo com ele do quarto.
Ao ver que a barra estava livre, voltou a colocar os pés no quarto. Pescou uma toalha limpa dentro do closet e após se secar, vestiu a roupa confortável que havia separado para o dia. Iria precisar dela. Vestiu-se rapidamente e desceu para a sala, pronta para esperar sua entrega.
Como em um timing perfeito, a campainha tocou.
Ansiosa, correu até a porta e, ao abrir, deu de cara com um homem carregando dois galões de tinta.
- Senhorita ? – o homem perguntou, se certificando que era o lugar certo.
- Eu mesma – sorrio. – Pode colocar aqui mesmo.
O homem entrou, deixando os dois galões de tinta no hall da casa e, após isso, entregou a prancheta que estava presa em seu braço para assinar.
- Obrigada – agradeceu, entregando a prancheta com sua assinatura no final da folha.
- É um prazer – abriu um sorriso amigável, fazendo um aceno com a cabeça.
fechou a porta assim que o homem saiu, correu para as latas de tinta, se ajoelhando em frente a elas. Verificou se o tom estava certo e quando se certificou, se levantou animada. Havia uma semana que estava com um sentimento ruim com as cores do seu quarto e então resolvera pintar em um azul Tiffany. Naturalmente, ainda não sabia sobre a mudança.
- O que é isso?
Pensando no diabo, falou mentalmente.
- Tinta. Nunca viu? – arqueou as sobrancelhas.
- Sou familiarizado com o produto – respondeu. – Por que precisa disso?
- Resolvi pintar o meu quarto. A cor dessas paredes está me deprimindo – explicou. – Vai me ajudar a levar isso lá para cima?
- Sério, você precisa melhorar esse humor, princesa - se abaixou para pegar uma das latas e passou na frente de até as escadas.
- Meu humor está ótimo, a companhia não – retrucou.
- Você já me desculpou, – bufou, olhando por cima do ombro até a direção da morena.
- Isso não significa que já simpatizei por você – deu de ombros, seguindo atrás dele.
- E você pretende pintar sozinha? – perguntou, virando no corredor em direção ao quarto dela. - Eu posso não gostar muito de você, mas adoraria uma ajuda. Estou esperando um filho seu, você precisa me ajudar, querendo ou não. Não quer que eu me canse, certo? – chantageou, recebendo um olhar nada amistoso do jogador.
- Você é uma chantagista da pior categoria, .
- Você não é o mais honesto, .
entrou no quarto e soltou o latão de tinta no chão, logo descendo para pegar o novo. começou a afastar os móveis e cobri-los com jornais e lençóis velhos que conseguiu encontrar. voltou com a outra lata e de brinde, dois pincéis.
- Para sua sorte, achei isso na dispensa – falou, se referindo aos pincéis.
- Eu começo de um lado e você do outro – avisou, pegando um dos pincéis que estava com .
- Você não poderia ter contratado alguém para fazer isso? – bufou.
- Poderia, mas onde está a diversão? – sorriu para ele, arrastando uma das latas até a parede da janela.
- Então mãos à obra.
Os dois começaram a pintar, obviamente com as gracinhas de interferindo entre uma pincelada ou outra, mas diferente do que imaginou, estava sendo bom. A sensação era estranha, afinal, desde quando apreciava passar tempo com o jogador?
- Ai!
O grito de dor fez desviar o olhar para o lado, encontrando com a mão ensanguentada.
- Como você conseguiu se cortar, ? – balançou a cabeça, sem entender. Qual era o perigo e subir e descer com um pincel?
- Tentando abrir a outra lata – resmungou, apertando a palma da mão na tentativa de estancar o sangue.
- Você não vai fazer parar de sangrar assim – revirou os olhos e, jogando o pincel em cima de uma folha de jornal, foi até , o puxando para o banheiro.
Sem argumentos, se deixou ser arrastado e sentou na borda da banheira quando empurrou seus ombros. A morena foi até o armário embaixo da pia e vasculhou até encontrar o kit de primeiros socorros que estava lá. Pegou uma toalha molhada e voltou até .
- Como alguém se corta abrindo a tampa de uma tinta, hein? Para um goleiro, você não parece ter muita habilidade com as mãos – fez questão de provocar, não deixando o seu sorriso se alargar.
- Eu estava tentando puxar do lado errado – falou, umedeceu os lábios, com a resposta na ponta da língua para o último comentário dela. – E você sabe que minhas mãos são bastantes habilidosas.
Sem querer, corou, mas para descontar; fez questão de apertar com mais força o corte na mão do jogador.
- Porra, ! – fez careta, puxando a mão para longe.
- Ops, escapuliu – deu de ombros, inocentemente – Vai me deixar fazer alguma coisa na sua mão ou não?
De má vontade, estendeu a mão para ela. se deu por satisfeita quando viu que o sangue havia se dissipado, então pegou o remédio que estava na caixinha e passou por cima do corte, que a propósito havia sido bem grande.
- Vai arder, mas não vem choramingar, tá? – avisou logo, passando o pincel cheio de remédio por cima da mão do homem.
fez uma careta, provocando o revirar de olhos da jornalista.
- Fraco.
- Eu estava te ajudando e é isso que recebo?
- É o máximo que vai conseguir – sorriu para ele enquanto começava a enrolar um pedaço de gaze na mão do jogador.
- Você deveria ser mais agradecida, .
- Não força a barra, – terminou o curativo, finalizando com um pedaço de esparadrapo. - Pront... Ai!
A mão da morena se voltou para a barriga e os olhos de se arregalaram em terror.
- Eu sabia que não era uma boa ideia pintar as paredes! – levantou, pronto para pegá-la no colo e sair em disparada para o hospital.
- Eu estou bem – murmurou, abrindo um sorrisinho.
- E o que foi esse grito? – franziu a testa.
- O bebê chutou, olhou para ele, abrindo um sorriso. – Ele não mexeu, ele chutou, tá chutando! Ai, meu Deus.
Um sorriso bobo também se fincou nos lábios do jogador e antes que pudesse perguntar, já colocava as mãos dele na própria barriga. Demorou uns instantes, mas outro chute foi sentido. O coração de parou e depois voltou a bater tão rápido quanto o sorriso que cresceu em seus lábios. Era uma emoção diferente de qualquer coisa que ele já sentiu.
- Ele vai seguir a carreira do pai! – se empolgou, soltando um riso besta.
- Ou talvez só chute como a mamãe – sugeriu, olhando com fascínio para sua barriga.
- Vamos ficar com a minha teoria.
- Você bem que queria, .
Os dois se olharam e perceberam que compartilhavam do mesmo sorriso. Sabiam que a partir daí, alguma coisa havia mudado, só não sabiam o quê.



Capítulo 14 - Kiss me

...Like you wanna be loved.
(Kiss me – Ed Sheeran)

estava em frente a um espelho, rodando de um lado para o outro. estava entediada, assim como . Ambos já haviam dado o alvará sobre o vestido, mas a grávida insistia que ficava muito gorda nele.
- Você tá grávida, ! Esperava o quê? Estar com a cintura da Cinderela? – revirou os olhos.
- Só estava esperando me sentir menos melancia e mais, sei lá, um melão? – deu de ombros, virando-se para os amigos. – Será que eu devo ir?
- Sim, você deve.
Uma quarta voz fez os três se direcionarem para a entrada do provador onde estava encostado na parede. O jogador sorriu, sem tirar os olhos de .
- O vestido ficou lindo, . Você tá linda. E, além do mais, como minha noiva, precisa ir comigo nesses eventos – falou, enfiando as mãos no bolso da calça e se aproximando de onde ela estava.
- Bem, azul é mesmo a minha cor – um indício de sorriso despontou dos lábios da jornalista.
e se inclinaram, observando com interesse a cena.
- Ela tá concordando com ele? – sussurrou para , achando que foi discreta o suficiente para não ser notada.
- É o que tudo indica – sussurrou de volta.
revirou os olhos para eles.
- Apenas me olhei no espelho e percebi isso por mim mesma. Desde quando o interfere nas minhas decisões? – colocou as mãos na cintura, olhando para os amigos.
- Ninguém falou nada! – ergueu os braços em sinal de inocência. – E , tá fazendo o que aqui?
- Saí do treino mais cedo e o falou que eu ia encontrar vocês aqui – deu de ombros. Nem ele mesmo sabia o motivo de ter ido.
- Estamos aqui a uma hora e a continua no mesmo vestido – , entediado, murmurou.
- Eu já terminei! – bateu o pé, irritada. – Eu estou grávida, posso fazer o que eu quiser e ainda vai ser normal.
apenas a olhou de forma indignada.
- Ok, deixem de coisa. escolheu o vestido, vamos poder comer, estaremos todos bem felizes! – interviu, empurrando para dentro da cabine do provador.
- Preciso de ajuda com o zíper – colocou a cabeça para fora. - Me ajuda, .
entrou no provador com , que parecia ansiosa.
- Não falei nada antes porque estava brava com o , mas o meio que me convidou para ir com ele para esse baile e eu meio que aceitei – mordiscou o lábio.
- Oh, oh. O não vai gostar de saber. Ele não suporta o .
- Eu sei!
- Fala que você e o se recuperaram e que como ele é seu noivo, a preferência é dele – sugeriu. – Ou fala para o que, como você já foi apaixonada pelo , a preferência é dele.
- Eu vou acabar indo com o ! Como ele é meu melhor amigo, a preferência é dele.
- Resolvido! Agora tira logo esse vestido e vamos comer, estou faminta!

Quando a noite caiu, e voltaram para casa. Ela havia passado o dia no jornal, enquanto havia ido resolver coisas da surpresa que ele e a mãe andavam tramando. Passava das onze da noite quando uma fina chuva começou a cair, mas logo se transformou em uma tempestade de raios, trovões e ventos furiosos. Os latidos amedrontados de Zagueiro fizeram com que o colocasse para dentro e , por sua vez, simpatizou com o cachorro pela primeira vez, achando o ponto em comum.
Ela também estava morrendo de medo da tempestade.
A mulher estava tentando se manter ocupada, todas as luzes do quarto estavam acesas e o notebook aberto. Para se distrair, ela havia começado a procurar nome de bebês, mas todo nome que olhava não parecia bom o suficiente, já que parecia que todos lembravam tempestade. Era estranho que ela tivesse tanto medo desses temporais já que nasceu em uma noite similar a essa, mas tinha.
Uma batida na porta fez se sobressaltar, mas quando a porta abriu, foi que colocou a cabeça para dentro do quarto.
- Vou dormir. Você tá bem? – perguntou.
- Ótima. Por que a pergunta? – forçou um sorriso, conseguindo, por um milagre, manter-se inexpressível.
- Você mencionou não gostar de tempestades.
- Obviamente exagerei.
- Se você diz... – deu de ombros. – Estarei na porta da frente qualquer coisa.
Dito isso, ele fechou a porta, mas assim que fez isso, as luzes apagaram. A respiração de acelerou e ela apertou os dedos no forro da cama. A garganta fechou e o corpo gelou quando um raio clareou o quarto, antecedendo o trovão que estrondou pelas paredes.
- ! ! !
A porta voltou a abrir e entrou desesperado.
- O que foi agora?
- V-você tem velas? – perguntou, a voz trêmula.
- Acho que sim, mas você vai precisar? – franziu a testa. - Sem luz não da para fazer muita coisa. – apontou para o notebook aberto.
- Quero a-arrumar umas coisas. – gaguejou.
- Vou procurar, então – fez menção de sair do quarto, mas antes que saísse, já estava ao lado dele.
- Vou com você.
Estranhando um pouco, resolveu ficar quieto. Desceram até a cozinha, onde Zagueiro estava encolhido na almofada em que dormia embaixo da mesa, escondido pela toalha da mesa. Clareando a despensa com a lanterna do celular, vasculhou o lugar em busca de velas, encontrando apenas umas seis velas pequenas, usadas na maioria das vezes para enfeite.
- Isso foi o máximo que eu achei, princesa – mostrou a caixa.
- Vai servir – concordou. Não estava em uma posição de escolher muito.
pegou a caixa de fósforos perto do fogão e voltaram a subir para os respectivos quartos, porém quando estavam no meio das escadas, as paredes panorâmicas iluminaram o casal quando outro relâmpago acendeu no céu. não conseguiu mais se conter e apertou a mão de .
- Ei, que foi? – o jogador olhou para , percebendo que ela estava aterrorizada.
Toda a marra que definia a jornalista havia se dissipado.
- Eu não quero ficar sozinha, ... – murmurou, mantendo os olhos no chão.
odiava ser vista assim. Parecia deixá-la vulnerável a tudo.
- Não vai ficar – envolvendo o braço ao redor dos ombros de , retomou o caminho até chegarem em seu quarto. – Então, o que você achou do jogo de ontem?
- Hertha Berlin contra o Borussia Dortmund? – olhou para .
- Sim.
- Ah, por favor. O Borussia tá matando nessa temporada! O que você esperava que eles fizessem com o Hertha? – retrucou, parecendo achar graça na pergunta tola.
- O Hertha não é um dos mais fracos. Digo por experiência própria – sorriu, sentando na cama e puxando para sentar ao seu lado.
- Não acho. O pode estar na liderança, mas por pouco tempo.
- Não enquanto eu for goleiro titular.
- Convencido!
- Realista!
Os dois engajaram em uma conversa banal sobre os jogos do campeonato alemão e depois disso seguiram para Eurocopa e Champions League. Um trovão estourou, fazendo com que tivesse que recorrer aos braços de , que sem pestanejar, a abraçou o mais forte que conseguiu. Ficaram calados por uns instantes enquanto a jornalista se acalmava, mas aos poucos, tentou retomar a conversa na tentativa de distraí-la. Meio sem querer, começaram a falar sobre eles e acabaram no momento chave do relacionamento dos dois: O dia do bar.
- Por que você estava lá para começo de história? – perguntou.
- Bom, era o dia da festa de vermelho e também iria fazer dois anos que o tinha ido embora. Achei certo me embebedar – deu de ombros.
- E pelo que vi, não era costume seu fazer isso. Afinal, se embebedou com duas doses – zombou, sorrindo malicioso.
- Eu já tinha bebido antes de você chegar, tá? – revirou os olhos.
- Tinha nada – provocou.
- E você? Só foi porque a mandou?
- A ideia foi minha – confessou, apoiando o queixo no alto da cabeça dela.
- Como é? – semicerrou os olhos.
- Liguei para o e quem atendeu foi a . Ela disse que tinha te dado o bolo e que você deveria estar furiosa. Você sabe que te ver com raiva é o maior prazer da minha vida, então... – deu de ombros, sorrindo arteiro.
tentou parecer irritada, indignada, ou algo do gênero, mas não conseguiu. Se ele tivesse dito isso meses antes, ela o teria matado, mas ao olhar para a barriga que crescia, ela só conseguiu sorrir.
- Idiota – murmurou.
Os dois conversaram sobre mais um monte de coisa. insistindo para que o nome do bebê fosse Junior, negando eternamente se quer pensar nisso. Aos poucos a chuva foi diminuindo e perto das duas manhã, cessou.
- Acho que eu já posso ir... – falou, mesmo sem querer sair de lá.
- Acho que sim – respondeu, sem fazer menção de soltá-la.
virou-se para e, pela primeira vez, olhou naqueles olhos e sentiu mais que raiva ou algo similar. Ali, encolhida no abraço dele, sentindo o cheiro quente do seu pescoço, se sentiu protegida. Seu estômago se agitou, e não, não era o bebê. Eram as familiares borboletas que sempre estavam nos piores momentos de sua vida.
No momento que você descobre que está a um passo de se apaixonar.
E para , esse passo era grande demais. Não confiava em o suficiente para se entregar desse jeito, ainda mais quando estava esperando um filho dele. Se convenceu de que eram os hormônios mexendo com sua cabeça, mas preferiu não arriscar a gostar muito dos braços do jogador, por isso se soltou, tratando de levantar.
- Sim, eu vou indo – falou, procurando não olhar para os olhos azuis que a fitavam. – Boa noite, .
levantou da cama, estranhando sua reação. A pouco menos de um minuto ela ainda estava encolhida e assustada.
- Certeza? – franziu a testa, puxando a mão dela.
- Absoluta – abriu um sorriso que não chegou aos olhos.
- Então nesse caso... – puxou-a pela cintura, colando seus corpos. – Boa noite.
E a beijou.
não se sentia apta o suficiente para empurrá-lo e, apesar de negar se perguntassem, também nem queria. Deixou ser envolvida pelos braços fortes enquanto ela mesma envolveu os braços ao redor do pescoço de .
Um gemido quase animalesco saiu da boca de enquanto ele envolvia a nuca de com uma das mãos. Ele não sabia o que havia lhe dado para simplesmente beijá-la, apenas sentiu uma urgência em não a deixar ir assim, especialmente por ela ter estado assustada. Quando viu, já estava empurrando a jornalista em direção a cama e, após apoiar o braço no colchão para não cair em cima dela, deitou em cima de .
O coração dela batia desenfreado, ainda mais que antes, pelo menos. Enquanto os lábios de se ocupavam com seu pescoço, deixou escapar um gemido baixo de prazer. Estava tão lúcida naquele momento, mas parecia tão inebriada que se sentia fraca.
estava descarregando tudo nela. Todas as verdades que havia se dado conta pouco tempo atrás. Quando viu na casa de outro quando foram a Berlim, ele quase sentiu algo quebrando. Não era só ciúme, era mágoa, mesmo sabendo que ele mesmo havia provocado aquilo. E o lembrou as origens daquelas emoções.
Ciúme, mágoa, fervor... Ele sabia, só nunca quis admitir até agora.
Havia se apaixonado por .
não perdeu tempo pensando demais ou então desistiria agora, ao invés disso, passou as mãos por dentro da camiseta de , sentindo sua pele quente. ergueu os braços quando insinuou que tiraria a camisa dele, ajudando-a nisso. Como a jornalista só vestia um moletom velho, logo se viu usando nada mais que suas peças íntimas.
explorou todo o corpo dela com as mãos, não deixando nenhuma parte esquecida. Depois refez o caminho usando os lábios e nessa parte, aproveitou para tirar o resto das peças que a impediam de estar nua. ofegava, se contorcia, ansiando por mais toques, por mais de . Ele levou a boca até os seus seios, segurando um deles com a mão e enterrando o rosto no outro. provocou com a língua, lambeu delicadamente, sugou o mamilo até ele enrijecer.
arqueou as costas, soltando um gemido alto.
Sem parar de beijá-la, serpenteou uma das mãos pela barriga inchada até encontrar a intimidade dela. abriu as pernas para facilitar e fechou os olhos ao simples toque dos dedos de . Ele a tocou, provocando-a até que ela estremecesse com os espasmos de prazer.
estava quase louco. Estavam totalmente sóbrios ali. Não tinha a bebida da primeira noite ou a raiva que estavam sentindo quando o mesmo quase aconteceu no carro. Os olhos escuros da jornalista estavam nublados de desejo e quando encontraram com os dele, ele se perdeu completamente. Se afastou o suficiente para tirar o resto de suas roupas e então deixou seu corpo cair contra ela, apoiando os cotovelos em cada lado do corpo dela, não deixando seu peso cair sobre .
Quando se enterrou nela, preenchendo-a por completo, gemeu, gritou e teve que se agarrar ao corpo dele. fechou os olhos, delirando por estar dentro dela. Com os olhos entreabertos, ele a viu sorrir, em um óbvio convite para prosseguir. Ele puxou o quadril para trás, antes de voltar a se enterrar nela.
apertou as mãos nos ombros dele, mas logo deslizou pelos músculos salientes das suas costas e pelos braços fortes. Arqueou o corpo na direção do dele, tentando ficar o mais perto possível. A barriga por não estar tão enorme, permitiu isso. Ela envolveu as pernas ao redor do quadril dele, o puxando para baixo.
deslizou as mãos para espalmar nas nádegas de , enquanto ainda se movia em cima dela. O ritmo não era nem de longe calmo, mas não tão rápido. Ambos queriam aproveitar o máximo possível o toque, o contato, os beijos, o carinho e até a paixão.
Os gemidos se tornaram mais altos, assim como os arquejos mais frequentes. voltou a beijá-la pelo pescoço e seios, retornando até os lábios. estava perto de entrar em combustão e não demorou muito, foi o que aconteceu. Os olhos se arregalaram e ela gemeu o nome de enquanto arqueava o corpo em direção ao dele, cravando as unhas em seus ombros antes que deixasse seu corpo cair contra o colchão.
Como se não pudesse ficar mais excitado do que já estava, o corpo de enrijeceu ao ouvir o som de seu nome sair quase como uma ladainha pelos lábios rosados e inchados de . Seguido dela, a beijou na tentativa de abafar o gemido enlouquecido que lhe escapou pelos lábios. Ficaram assim por mais um tempo, testas encostadas, respirações descompassadas, até que deitou na cama e a puxou para seu abraço.
Nenhum dos dois tinha mais nada em mente, pelo menos não naquele momento. Apenas queriam aproveitar enquanto os raios da manhã não chegassem e trouxessem de volta a realidade.



Capítulo 15 - Crazy In love

...Your love's got me looking so crazy right now.
(Crazy in Love – Beyoncé)

, se você não atender, juro que vou bater ai na casa da . Já fiz uma vez, não tenho medo de fazer de novo, biiiip...

terminou de ouvir a mensagem do correio eletrônico do telefone e ergueu os olhos para , encontrando a loira com uma carranca.
- Faz três dias, ! Você precisa voltar para casa – reclamou, talvez pela milésima vez.
- A casa dele não é a minha casa – retrucou, fugindo da intimação.
- Ainda sim, você precisa voltar para casa dele – frisou a última palavra.
- Não, não preciso. O não se importa, né? – gritou a última parte, se inclinando para trás, para ver o amigo que estava no outro cômodo do apartamento.
- A regra social me manda dizer que não me importo, então não, não me importo, respondeu, dando uma piscada risonha para a amiga.
- Idiota! – a jornalista fingiu estar chateada.
- Não é só porque você transaram que tem que ser estranho... – tentou amenizar a situação.
- Não é só porque a gente transou, é... – tentou finalizar a frase, mas apareceu ao seu lado, colocando um dedo em seus lábios para impedi-la de terminar.
- É porque eles provavelmente estão começando a se gostar – complementou, afastando a mão da boca da jornalista.
- Isso é absurdo – revirou os olhos, recusando a sugestão.
- Será? – a loira apoiou os cotovelos nas costas do sofá.
- É óbvio! – a jornalista levantou, se postando na defensiva. – Isso está fora de cogitação. Meus hormônios estão bagunçados, eu não estou apta a opinar sobre alguma coisa.
Os olhos de se arregalaram.
- Você tá gostando dele! – acusou.
- Estou nada!
- Tá sim! Não tá, amor? – olhou para o namorado, buscando apoio.
- A que eu conheço falaria: Com certeza, super apaixonada... – fez uma voz fina, tentando imitar a da amiga. – Falaria isso no melhor tom irônico. O fato de parecer nervosa e negar assim, só nos leva a outra opção.
- Né, tá vendo? Até o percebe! – sorriu vitoriosa.
- Quer saber? Eu desisto de vocês. Vou me retirar – dito isso, a morena saiu da sala e correu para o quarto de hóspedes, no qual vinha dormindo as últimas noites.
Quando acordou na manhã seguinte após a fatídica noite de sexo consensual e sóbrio com , ela não sabia mais de nada, por isso, na ponta dos pés, aproveitou o sono pesado do jogador, arrumou uma bolsa de roupas suficientes para alguns dias e correu para se abrigar no apartamento de .
culpava o acontecido por um momento de fraqueza. Estavam em uma tempestade, ele se mostrou carinhoso e ela se sentiu protegida. No calor do momento e na tentativa de fugir, ela acabou caindo nas garras, ou melhor, na cama dele. Tudo havia sido explicado com a razão, porém ainda assim não se sentia recuperada para enfrentá-lo cara a cara.
Mas o inevitável ocorreria hoje à noite. O baile beneficente era obrigatório para ela e para . Eram as regras. Porém iria acompanhada de , que desde que soubera que ela estava morando com , fazia de tudo para se aproximar da jornalista.
- Eu vou ficar louca, coisinha – murmurou, alisando a barriga.

Uma bola acertou o centro da cara de , fazendo-o cair contra a rede.
- Acorda, ! – alguém gritou.
Um pouco zonzo por causa da pancada, resmungou xingamentos enquanto levantava, procurando quem tinha sido o idiota que o acertou.
- Eu vou te matar, Thomas – gritou, identificando o culpado pelo ataque de risos que sacudiam seu corpo.
- Você que tá dormindo, não me culpa – Thomas retrucou.
Frustrado, passou as mãos pelos cabelos. Sua concentração estava mínima há muito tempo e ele agradecia por estarem no recesso de feriados ou então acabaria fazendo o perder todos os jogos onde ele estivesse como titular. Só tinha um motivo para ele estar tão perdido assim e esse motivo tinha nome, sobrenome e a pior personalidade que ele conhecia.
odiava estar apaixonado.
Ele lembrava claramente como era a sensação e depois de anos, havia começado a sentir de novo. Alguns filmes idiotas idolatravam o sentimento, mas ele estava prestes a esmagar o próprio cérebro por ter deixado isso acontecer.
? Sério? Não poderia ter sido alguém mais fácil? Era o que ele se perguntava desde que havia notado.
Quando ele acordou depois da noite em que eles dormiram juntos e viu que havia fugido, ele tentou ignorar a ponta de mágoa que ficou e tentou ignorar mais ainda o peso na consciência. Sabia que ela só havia cedido por estar frágil e ter encontrado uma forma de distração, mas ele não poderia ter resistido nem se quisesse, pois também era um meio de suprir o que ele vinha sentindo por ela.
- Babaca – murmurou para si mesmo, inspirando profundamente.
- Tá, vou te dar um minuto para você falar o que tá rolando.
olhou para cima e viu se aproximando.
- Você não deveria estar em casa? – perguntou.
- E estava, mas a me expulsou para se resolver com a outra parte afetada. Eu infelizmente vim ver como você tá – cruzou os braços, parando perto de .
- Sem querer soar como uma garota apaixonada, eu sinto como se estivesse fodido – resumiu.
- É claro que está fodido. Tá apaixonado pela . Nunca tive essa experiência, mas não me parece a coisa mais sensata – arriscou a brincadeira, recebendo um olhar nada apreciativo do amigo.
- Acho que fiquei mexido com essa coisa toda da gravidez, ela morando comigo... – tentou arrumar desculpas, mesmo sabendo que não eram as melhores. - E agora eu a assustei depois de termos transado.
- Ah, ela tá lá no mesmo dilema com a , só que tá negando aos sete ventos que tá sentindo alguma coisa, mesmo isso sendo meio óbvio.
tentou ignorar o calor que se instalou dentro de si ao ouvir as palavras de .
- Eu não sei o que fazer – confessou.
- Usa hoje para começar a pensar. Sabe que ela vai com o ?
- ELA O QUÊ?
encolheu os ombros.
- Ouvi ela e a falando.
- Eu a assustei o bastante para fazê-la correr para os braços do ex? – questionou, olhando para o amigo.
- Não entendo o que a levou a procurá-lo, mas é melhor fazer alguma coisa. Sei que o tal vai. Ele pretende levar ela para jantar antes de irem para o baile – repassou as informações.
Uma ideia surgiu na cabeça de .
- Sabe para onde?
- Posso tentar conseguir com a .
- Faça isso.


abriu a porta para sair do carro e agradecida, a jornalista sorriu com seu gesto.
- Obrigada – agradeceu.
- Moda antiga, não lembra? - arqueou as sobrancelhas, galanteador, lembrando de uma das frases marcantes do relacionamento dos dois.
- Me recordo sim – fez pouco caso, abrindo outro sorriso para ele.
estendeu o braço para pegar e assim que a jornalista o fez, os dois entraram no restaurante. a guiou até a recepção e após falar da reserva, uma garota apareceu para levá-los até a mesa próxima a varanda. Uma má escolha a propósito, especialmente porque a noite estava particularmente gelada hoje. puxou a cadeira para que sentasse e em seguida fez o mesmo. O garçom prontamente lhes ofereceu o cardápio e esperou pacientemente enquanto escolhiam.
- Sério que não me esperaram nem para fazer os pedidos?
gelou ao som da voz e se recusou a virar-se para dar de cara com , porém não foi preciso. Com um sorriso dissimulado e muito bem vestido em um smoking que se ajustava perfeitamente ao seu corpo, o jogador puxou a cadeira vazia e sentou-se. estava embasbacado enquanto observava a serenidade e o conforto de com a situação.
- Vou querer o frango com laranja, por favor – pediu, olhando vagamente para o cardápio. – Já pediram algo para beber?
não conseguia responder, se recusava.
- Já que o gato parece ter comido a língua de vocês, peço eu mesmo – sorriu para os dois antes de se voltar para o garçom. - Vinho branco, por favor. O melhor que tiver.
- Quero salmão – conseguiu pronunciar, sorrindo educadamente para o garçom.
- O mesmo – balbuciou.
Assim que anotou os pedidos o garçom se afastou, deixando os três a sós.
- O que você tá fazendo aqui? – inquiriu.
- Jantando. Por acaso resolvi parar aqui já que é perto da minha casa. Encontrei vocês e me perguntei: Por que não me juntar a minha noiva e o ex dela? - com uma ironia nenhum pouco disfarçada, respondeu.
- Sua casa é quase a meia hora de distancia daqui, revirou os olhos. - Vai embora!
- Sabia que ela está assim por que nós transamos e ela não sabe como agir? – falou casualmente para . - Quer dizer, ela já está esperando um filho meu. Qual o problema no ato?
tentou não engasgar ou se mostrar menos irritado com a declaração de , mas foi impossível. O relacionamento dos dois não era de fachada? Não tinha sido isso que ele descobriu na boate?
- ! – rosnou, agora realmente irritada. – Nós vamos falar sobre isso depois!
- Agora você quer falar? – virou-se para ela.
- Não, não quero, mas se você faz questão, vamos! Agora vai embora.
- Eu estou com fome, já até fiz o pedido – falou, um tanto preguiçoso.
- Ela está pedindo para você ir embora! – se pronunciou, se recuperando.
- Ah, eu ouvi – sorriu. – Também já ouvi ela te chamar de ex idiota e mesmo assim ela ainda está aqui. Acho que a sempre volta atrás no que diz.
olhou com irritação para .
- Eu vou mandar os seguranças te tirarem daqui – ameaçou.
- Se você não tivesse fugido, não estaríamos nessa situação – se inclinou em direção a jornalista.
- Então a culpa é minha? – soltou um riso de indignação.
- Basicamente – concordou com um aceno.
- Cara, tô te mandando sair – insistiu.
o ignorou.
- Vai falar comigo agora? – perguntou para .
- Nós não temos nada para falar, ! – comprimiu os lábios.
- Você fugiu. Por quê?
mordiscou a boca, apertou as mãos em punhos. Não ia falar nada que pudesse ser usado contra ela, e no momento, qualquer palavra que proferisse soaria como uma incriminação.
- Não vou falar sobre isso aqui e agora, !
- E eu não vou sair daqui sem respostas.
- Cara, se manda! – gritou, realmente furioso. – Ela não quer falar com você, ela está comigo hoje e obviamente a noitinha que vocês tiveram não parece ter sido tão importante para ela quanto foi para você. Aceita.
A atenção de se voltou para e com uma raiva crescente, levantou-se e contornou a mesa até chegar no homem. O puxou pelo colarinho do smoking e o fez levantar, então puxou o braço para trás, fechou a mão em um punho e fez o que desejava fazer a muito tempo. O bateu.
caiu no chão, batendo a cabeça na quina da mesa ao lado, fazendo o casal que sentava lá se assustar e levantar correndo. só ficou caído por um momento, mas logo se recompôs e partiu para cima de , acertando um soco bem dado em seu queixo.
- Parem! – gritou, levantando para se postar no meio dos dois.
Mas eles obviamente não pararam. O tumulto começou e todo o restaurante olhava para os homens brigando e consequentemente para a grávida que parecia prestes a matar os dois. Os seguranças correram para interver a situação e cada um segurou um dos homens. parecia estar intacto, enquanto estava amarrotado e com o canto da boca sangrando.
respirou fundo algumas vezes, se impedindo de gritar. Não acreditava que os dois a tivessem feito passar por isso, então enquanto eles eram expulsos pelos seguranças, procurou uma das entradas laterais e saiu por lá, não querendo ser vista. Como a rua estava movimentada, um táxi não demorou a passar.
- Táxi! – gritou, acenando.
Ao ouvir o som familiar da voz de , correu até ela na tentativa de pará-la, mas a jornalista já havia entrado e o táxi já começara a rodar.
Então, irritado, magoado e confuso, não interceptou.
A encontraria mais tarde.



Capítulo 16 - Such a Funny Thing

...For me to try to explain, how I'm feeling and my pride is the one to blame.
(Crazy in love – Beyoncé)

- Você devia ir falar com ele.
olhou com reprovação para .
- Essa não é uma opção – respondeu, bebericando um gole do seu suco.
- Ah, qual é, ! – revirou os olhos. – Eu não te aguento mais. Nem eu, nem , nem . Vamos acabar trancando vocês dois em um quarto e deixar vocês lá até se resolverem.
- Você não faria isso – estreitou os olhos, desconfiada.
- Não me teste – a loira retrucou.
- Seria mais fácil se vocês conversassem. Não é como se aquela noite tivesse significado alguma coisa, certo? – perguntou, sondando o território.
hesitou em responder.
- Certo.
Um sorriso vitorioso se espalhou no rosto divertido do amigo.
- Para de sorrir assim! – a morena o repreendeu.
- Não consigo evitar – respondeu.
- Puta merda! – murmurou, o olhar fixo em alguma coisa, ou alguém, na entrada do lugar.
- O quê? – seguiu o olhar da amiga e perdeu o fôlego.
Com um vestido de gala digno de tapete vermelho, um sorriso de tirar a concentração masculina e de braços dados com o jogador que havia deixado gritando sozinho no restaurante, estava Angelina Torne. parecia à vontade de braços dados com a ex-noiva e eram só sorrisos para os fotógrafos que haviam corrido em direção ao antigo casal 20. O bebê pareceu ver também, pois chutou em protesto.
- Angelina? – , parecendo tão surpreso quanto elas, questionou. – Que diabos ela está fazendo aqui?
- Ela não estava na Rússia ou sei lá, Escócia? – as engrenagens na cabeça de estavam descontroladas.
- Paris – falou. – Passou três anos sendo embaixadora da Pantene. Voltou para um desfile da Chanel.
Os olhares se voltaram para ela.
- Você sabe disso por que...? – prolongou a frase para que a outra jornalista completasse.
- Estava ajudando a Louise com uma matéria sobre ela quando fomos para Berlim – desviou o olhar do casal assim que começou a deslizar o olhar pelo salão. – Com licença, preciso procurar o Pep. Reunião de família semana que vem e meus pais querem que eu o convide.
- Pode ir lá – os dois falaram em coro perfeito.
levantou bruscamente, segurou nas pontas do vestido Burberry plissado com detalhes florais e atravessou o salão, cumprimentando uns e outros. Avistou Pep no meio de uns homens, mas como pareciam estar imersos em uma conversa empolgada, não quis interrompê-lo, por isso deu meia volta. Porém, antes que pudesse fazer seu caminho, deu de cara com .
- Oi, você – sorriu.
- Tenho uma mensagem para você – com um sorriso malicioso, entregou um bilhete escrito em um guardanapo.
- De quem é? – perguntou, vendo que ninguém tinha assinado.
- Só leia – se aproximou para dar um beijo na jornalista e piscou um dos olhos. – Vou estar no canto de sempre, ou seja, o bar.

“Porta da varanda que leva até o jardim de inverno. Cinco minutos”.

Era o que dizia o bilhete.
- E eu devo ir sem mais nem menos? – colocou as mãos na cintura.
confirmou com um aceno de cabeça.
- Não te deixaria ir se fosse algo que colocasse você e seu filho em perigo, – falou como se fosse óbvio.
- Existem outros tipos de perigo além do físico.
- Nenhum dano será feito, garanto – insistiu.
suspirou, vencida.
- Qual é a direção? – perguntou.
- Perto da porta da entrada vai ter as portas francesas até a varanda, na varanda tem uma escadaria para cima que vai te levar até o terraço onde é o jardim de inverno – explicou, parecendo satisfeito por ter decorado o que alguém falou.
- Nenhuma pista sobre quem é? – apelou com um bico manhoso.
- Isso parou de funcionar há dois anos, amor – riu.
- Sem graça.
- Até mais, .


havia encontrado com Angelina no estacionamento e apesar do choque ter sido grande, ela havia sido bastante amigável. Talvez até demais. Porém, como o homem educado que fora instruído a ser, ofereceu o braço e juntos entraram na festa. Obviamente os holofotes se voltaram para os dois. O caos se instalou entre eles, mas só conseguia procurar com o olhar uma certa grávida, mas em vez dela, encontrou o melhor amigo.
- Leva isso para ela? – pediu, entregando um guardanapo rabiscado para .
- Claro... – o fotógrafo respondeu, desconfiado.
E agora estava preso tentando se livrar de Angelina.
- Ang, preciso ir falar com algumas pessoas – murmurou para a ex-noiva, que se encontrava em meio a risos para fotógrafos.
- Te acompanho – ofereceu.
- Não. Tenho que ir sozinho – tirando o braço dela que estava em volto no dele, acenou com a cabeça e virou-se.
Apressou o passo até o jardim já que estava atrasado, porém foi parado algumas vezes para alguns cumprimentos. Ele estava atrasado e sabia que não esperaria por muito mais, por isso se espreitou pelos cantos até encontrar a porta. Subiu até o terraço e encontrou de costas, olhando para uma roseira de rosas amarelas.
- Eu gosto dessas. A cor é diferente – falou, se anunciando.
- Prefiro peônias rosa – murmurou, virando-se para ele.
- Eu não vou pedir desculpas pelo restaurante – avisou.
- Não esperava que pedisse. - revirou os olhos – Então quer o quê?
- Vou ser breve, sem rodeios e específico.
- Seja, por favor.
- Eu estou apaixonado por você.
gelou. Tentou fazer que não, porém o coração acelerou, o frio na barriga apareceu.
- Bem idiota da minha parte, até porque com tantas mulheres por aí e eu vou me apaixonar por quem? – fazia gestos indignados. – Você! Com certeza eu tenho sérios problemas mentais.
Ela ainda não sabia o que falar, o que na verdade não era tão péssimo já que ele ainda tinha mais.
- E sabe o pior de tudo? – se aproximou dela. – Você não está.
A garganta de parecia ter tapado.
- Você não vai dizer nada? – perguntou, observando a reação dela. Dava para ver no fundo do olhar um brilho de esperança.
abriu e fechou a boca algumas vezes antes de falar.
- Eu não me apaixonaria por você, – murmurou, fitando o chão. – Você é a última pessoa pela qual espero me apaixonar. É uma pena que você tenha se apaixonado por mim.
não tentou disfarçar a mágoa. Estava sendo ridículo demais e sabia disso, mas era inevitável. Se odiava por isso, mas ainda não conseguia parar.
- Bom saber – disse simplesmente. - Você pode voltar para minha casa. Não precisa se preocupar comigo.
- Eu sinto muito, tentou amenizar. – Não é que você seja má pessoa. Os últimos meses tem me provado que não é. Você só é tudo que eu abomino em uma relação amorosa. Não gosto de me apaixonar. Fico vulnerável e maleável, o que já é ruim o bastante. Me apaixonar por você acabaria comigo. Você sempre quebra alguém no final. Angelina, Nina, Sarah... Eu não quero ser a próxima na sua lista ou na de outra pessoa.
escutou calado e abriu um sorriso de escárnio no final.
- Não se preocupa, . Eu entendo, sério.
Mas ela teve a impressão que ele não entendia.
- Mas sabe a ironia? – cruzou os braços, ainda com o sorriso irônico nos lábios.
esperou que ele falasse.
- Acho que você me quebrou.


Tudo que desejava era poder encher a cara. Via garçons passando com copos de bebidas e sentia a boca seca ao se tratar disso, mas não podia. A conversa com havia abalado seu psicológico e ela se odiava por tê-lo machucado. Não era a intenção, mas era ele ou ela e ela não gostaria de se machucar.
- Eu posso ver seu cérebro torrando.
olhou para o lado, encontrando .
- Você não consegue mesmo me arrumar um vira-tempo para que eu possa voltar a tempo de não levantar da cama? – a morena tentou fazer graça.
- Bom, eu poderia falar com a McGonagall, mas não chegaria a tempo – replicou, sorrindo. – Me fala tudo.
Então falou. Todos os mínimos detalhes, todas as emoções que sentiu e o que achou da reação dele.
- se apaixonou? – a loira sussurrou, surpresa. – A Fera voltou a ser um príncipe.
- Sério, ? – revirou os olhos.
- , sério, você precisa abrir os olhos – praticamente choramingou, segurando a amiga pelos ombros. – Vou te dizer só uma vez: Você pode negar o quanto quiser, mas isso não vai mudar o fato de que você está sim apaixonada por aquele idiota do . Tá sim! Fala que são os hormônios, culpa até Lúcifer, mas não nega.
- ... – começou, mas não achou argumentos para rebater. – Não acho que eu sinta algo por ele.
- Não posso dizer ou sentir nada por você, mas como uma espectadora, posso ver – revirou os olhos. – E eu vejo o suficiente para saber que você tá sentindo alguma coisa pelo . Não me venha dizer que é desprezo ou algo similar, porque eu sei que não é. Você só precisa deixar de ser tão cabeça dura. Não é de hoje, não é dessa semana. Vejo isso em você há quase um mês.
Antes que pudesse responder algo, não que ela tivesse realmente algo em mente para dizer, a voz de Ethan McGuire, o CEO que oferecera essa festa, foi ouvida e todos os olhares se voltaram para ele.
- Senhoras e senhores, é um prazer imenso tê-los aqui esta noite. Como sabem, os fundos arrecadados durante essa festa, vão ser doados para um abrigo de refugiados. Gostaria de agradecê-los pela presença e pela generosidade – Ethan falou, sorrindo para sua audiência. – Mas agora teremos uma dança. Peço que escolham seus pares e se dirijam até a pista de dança.
apareceu ao lado de em um passe de mágica e a levou para a pista de dança, deixando sozinha, porém não por muito tempo. apareceu, estendendo a mão.
- Dança comigo?
relutou em aceitar, mas acabou pegando a mão dele.
- Então, o que aconteceu? – questionou, conduzindo a amiga até a pista de dança.
- Acontece que agora eu te odeio – resmungou.
- , não faz assim. Só queria ajudar – o fotógrafo tratou de se explicar.
- Não ajudou muito. Na verdade, só piorou – olhou para ele com um sorriso amarelo.
A música começou a tocar e o casal seguiu os passos coreografados e calculados. No meio dos casais, via perfeitamente onde Angelina e dançavam. Ambos sorriam.
- Não vai me contar o motivo? – perguntou, guiando os passos.
- falou que está apaixonado por mim e eu o magoei.
- Como magoou?
- Disse que nunca sentiria o mesmo.
- Tem certeza? – olhou em dúvida para ela.
- Sim! – retrucou.
O olhar de viajou até o casal que dançava perfeitamente do outro lado e seu olhar encontrou com o de , porém ambos desviaram na mesma hora.
- Você tá com ciúme.
olhou para como se ele fosse louco
- Ter ciúmes implicaria possessividade e possessividade implicaria sentimentos. Sentimentos os quais eu não tenho pelo .
- Você não parou de olhar para ele e a Angelina a noite toda.
- Estou vendo como eles ficam lindos juntos – respondeu, tentando esconder de si mesma a amargura implícita nas próprias palavras.
- Você tá apaixonada.
- Não tô!
- Tá.
- Não tô.
- Tá!
sentiu o coração dar uns apertos quando viu e Angelina encerrarem a dança e seguirem para o corredor que levavam até os quartos do hotel. Ela teve que apertar o braço do amigo para se conter.
- Talvez esteja.
A confissão fez todas as barreiras se dissolverem. Ótimo, agora era definitivo. estava ferrada.
- E por que negar tanto? É recíproco – girou-a ao redor de si mesma.
- Porque não é fácil.
- Não seria amor se fosse.
- Ninguém falou em amor – arregalou os olhos, repreendendo-o com o olhar.
- É uma consequência da paixão.
- Você tá muito poético, – estranhou.
- É o champanhe – respondeu, sorrindo divertido. – Mas então, você deveria ir atrás do .
- Ele saiu com a Angelina.
- E você ainda pode conseguir chegar até ele – rodopiou com até chegarem aos cantos da pista de dança. – Te libero para você ir.
- Eu não sei o que vou falar, .
- Você descobre na hora, mas só vai, .
Com um pouco de relutância, seguiu o caminho que Angelina e haviam feito antes. Não sabia como iria encontrar os dois, porém torcia para que estivessem compostos e não em um quarto. No fim do corredor foi que ela os encontrou. estava encostado na parede, Angelina em sua frente mantinha a mão em seu braço.
- chamou.
O jogador pareceu surpreso ao vê-la e demorou um pouco para se desvencilhar de Angelina. A loira cruzou os braços, não parecendo nenhum pouco satisfeita.
- Sim? – se aproximou de .
A jornalista não sabia o que falar e irritada com a cena que vira, só pensava em xingamentos.
- O que você acha que está fazendo com ela? – exigiu.
- Como é? – parecia incrédulo com a cobrança.
- Nós estamos noivos e você sai desfilando com a sua ex?
fechou a cara.
- Uma hora ou outra teríamos que arrumar um motivo para acabarmos, não é?
- Eu magoei seus sentimentos e é usando ela que você quer revidar? – tentou não demonstrar sua mágoa.
- Não quero revidar, – aproximou os lábios do ouvido dela. – Quero esquecer.
Dito isso, o goleiro deu as costas e retornou até a ex-noiva que continha um sorriso nos lábios. Tirando um cartão chave da bolsa, ela abriu a porta e sem olhar para trás, acompanhou.
sabia que estava provando do próprio veneno já que fizera agir assim, mas não machucou menos. Recuperando o orgulho ferido, deu as costas, pronta para voltar para festa.
- O que é isso? – murmurou para si mesma, sentindo algo descendo por sua perna.
Levantou à saia do vestido o suficiente para ver, então sentiu seu corpo gelar na mesma hora.
Sangue.



Capítulo 17 – Secrets

...I have held in my heart are harder to hide than I thought.
(I wanna be yours – Arctic Monkeys)


estava encarando a luz fluorescente do quarto de hospital há quase uma hora. , e estavam esperando lá fora, infelizmente não podiam ficar no quarto. Cada segundo parecia estar se arrastando e ela estava nervosa para os médicos chegarem a alguma conclusão sobre a ultrassonografia que havia feito assim que chegara ao hospital.
A porta se abriu e um homem de jaleco, também conhecido por Dr. Hector, seu obstetra, entrou. se ajeitou na cama, cruzando os braços na frente dos seios, ansiosa pela resposta do médico.
- Dr. Hector, se o senhor não me disser alguma coisa agora, juro que te empurro pela janela. Não subestime uma grávida – alertou, retorcendo as mãos.
- Srta. , as notícias não são as melhores, porém nem de longe são horríveis - Dr. Hector começou.
- Isso não explicou muito – resmungou.
- Você sofre de placenta prévia, – explicou. – O sangramento foi por isso, mas o bebê está bem. Os sinais vitais estão ótimos, batimentos normais. O sangue pode acontecer.
Uma parte dentro dela se aliviou com a declaração de que o bebê estava bem, porém "placenta prévia" apenas pelo nome não soava muito bom.
- E o que seria placenta prévia? – inquiriu.
- Isso impede que ocorra o parto normal, pois o orifício interno do colo uterino fica obstruído com a placenta do bebê. Como o seu tipo é o baixo, ainda é possível que se realize o parte normal – o médico resumiu. – Isso não apresenta riscos para o bebê e por termos descoberto cedo, podemos analisar nossas opções.
- Então tá tudo bem?
- Sim, está tudo bem – confirmou, abrindo um sorriso. – Vamos apenas monitorá-la durante esta noite, mas amanhã mesmo você já vai poder ir para casa.
- Isso é ótimo – voltou a respirar, sentindo um grande peso sair do peito.
Há alguns meses essa notícia não teria afetado tanto, porém havia se apegado demais ao pequeno humano que crescia em sua barriga.
- Algumas precauções são necessárias. Nenhuma atividade física, nada de estresse, ambientes aglomerados, situações conflituosas – ele recomendou. – Se possível, umas férias do trabalho seriam ótimas. Uma viagem para a praia, obviamente que não requeira um transporte aéreo.
Umas férias seriam ótimas mesmo, pensou.
- Entendi.
- Vou deixar seus amigos entrarem – o médico fez algumas anotações no prontuário e olhou para ela – O pai do bebê parecia bastante agitado quando os nossos seguranças tiveram que detê-lo.
- O tá aqui? – arregalou os olhos. – Quem diabos falou com ele?
- Está e bastante transtornado. Quase o sedamos para que ele não invadisse essa ala – Hector informou, não parecendo satisfeito com a atitude do goleiro. – Mas enfim, já vou. Qualquer coisa é só informar. Estarei de plantão hoje.
- Obrigada, Doutor – sorriu, agradecida.
Assim que o médico bateu a porta, voltou seu olhar para o teto. Ao lembrar de , sua mente recapitulou os últimos acontecimentos da noite e a raiva tomou conta dela. Iria matá-lo se o visse.
Sem fortes emoções, , lembre-se disso... foi o que falou para conseguir se acalmar.
Não muito tempo se passou e entrou correndo. Os cabelos estavam bagunçados, a gravata borboleta solta e sem paletó. se odiou ainda mais quando notou que ele parecia incrivelmente lindo, mas esse pensamento foi interrompido quando teorizou que ele estaria assim por conta do seu encontro com Angelina. O odiou ainda mais.
- Você tá bem? – o jogador indagou, se aproximando da cama.
- Pergunta para a Angelina – foi a resposta de .
olhou para ela como se ela estivesse louca.
- Isso é muito infantil da sua parte, .
- E pegar a sua ex para me atingir não é? – arqueou as sobrancelhas.
- Não se consegue atingir alguém que não sente nada por você, – respondeu calmamente.
Foi a vez de ficar calada, temendo falar algo que a entregasse.
- Cadê a , o e o Seven? – perguntou em vez de rebater.
- Uma pessoa por vez. Claramente tenho mais direito.
o fuzilou.
- Uma ova que você tem mais direito! – retrucou. –Meus amigos têm, você não.
- Você tá esperando meu filho, enquanto ele estiver na sua barriga, você é minha responsabilidade, então sim, eu tenho – se exaltou, irritado.
- Quem disse que o bebê é seu?
parou por um segundo, segurando a respiração. também achou que pegou pesado demais.
- Você está tendo que me aturar há três meses. Não faria isso se o bebê não fosse realmente meu – respondeu convicto.
Era um bom ponto, a jornalista não podia negar.
- Já me viu, não foi? Estou ótima, agora já pode ir.
umedeceu os lábios, rezando por paciência.
- Eu gostaria de te sufocar com essa almofada – resmungou, virando as costas para sair do quarto.
- O sentimento é recíproco. Também adoraria apertar algo em você até que você perdesse todo o ar.
virou-se com um sorriso desdenhoso.
- Adoraria que fosse a sua boca na minha.
O jogador saiu do quarto, deixando visivelmente desnorteada. Não demorou muito e uma figura de cabelos loiros entrou correndo e se jogou nos pés da amiga, agarrando a barriga dela.
- Eu fico tão feliz por esse pentelhinho estar bem – falou abafado por conta dos lábios pressionados na barriga de .
A jornalista riu.
- Estamos ótimos.
retomou a postura e sentou na beira da cama.
- Que bom. Agora me explica o motivo de você não querer que a gente ligasse para o .
- Porque não, ué.
- Isso não é resposta! – repreendeu. – Conta logo ou te sufoco.
- Sufoca nada.
- Não sufoco mesmo não, mas mesmo assim, conta! – insistiu, parecendo uma criança de cinco anos.
- Havia falado com ele alguns minutos antes de perceber que estava sangrando – começou, desconfortável por ter que voltar a isso. – E ele estava entrando em um quarto com a Angelina.
O queixo da loira caiu.
- Mentira!
encolheu os ombros.
- Queria que fosse.
- Queria? – juntou as sobrancelhas. – Tem algo que você queira me contar?
- Nope – negou, balançando a cabeça para dar ênfase.
- Certeza? – insistiu.
- Talvez eu esteja apaixonada por ele, mas e daí? Depois disso, claramente não estou mais. – cruzou os braços, tentando soar indiferente.
- ! Você sabe como isso é incrível de se ouvir? está apaixonada por levantou, rodopiando pelo quarto. – Já prevejo o casamento, vocês dois lindos levando o pentelhinho para escola, eu de madrinha...
teve que interromper o devaneio da amiga.
- Para, ! – ordenou.
- , eu vou fazer isso acontecer ou então não me chamo .
desejou ter ficado calada.



Uma semana havia passado desde que havia saído do hospital e fazia uma semana desde que e haviam se falado direito. As conversas não passavam de "bom dias", "como você se sente?" e "o bebê está bem". Ainda não era possível identificar qual dos dois odiava mais isso.
Provavelmente . Ele estava ficando louco. Era melhor quando tagarelava do que quando ficava em silêncio, disso ele tinha certeza. Os silêncios dela vinham acompanhados de olhares que pareciam machucados e raivosos.
Não que ele entendesse o motivo. Afinal, que havia levado o maior fora da história de seus vinte e oito anos.
- Novamente, , onde está a sua cabeça? – o treinador da seleção nacional, questionou.
- Sinto muito, Joachim – se desculpou, balançando a cabeça. – A minha noiva teve uma complicação descoberta na gravidez. Acho que ainda estou com isso na cabeça.
- Temos uma nacional na próxima semana, . Preciso de você focado – o treinador colocou as mãos nos ombros do homem. – Sei que deve ser difícil, mas ainda sim, precisamos de você também.
assentiu.
- Eu sei.
- Tire o resto da semana – liberou , causando espanto no homem. – Fique com sua noiva, mas me apareça em ótimas condições na segunda.
sorriu amarelo.
- Obrigado.
- Mas primeiro vamos terminar essa sessão.
A mente de trabalhou da melhor forma que conseguiu. As defesas ainda eram boas, apesar de mais lentas. Quando o treino acabou, disparou para dentro do vestiário. As palavras do médico de voltaram a sua cabeça e na manhã em que ela havia tido alta, o doutor havia reforçado sobre férias e era exatamente isso que ele planejava fazer.



- Você pretende me matar e enterrar meu corpo por aqui? – perguntou, olhando para de soslaio.
O jogador deu um riso seco.
- Ideia tentadora, mas não.
Com algum esforço, havia conseguido agendar alguns dias de férias para eles. e viriam no final de semana, mas enquanto isso seria apenas os dois. não sabia o que pensar sobre isso, havia concordado apenas por conta da recomendação do médico.
- E então para onde vamos? Cada vez nós nos afastamos mais e mais da civilização.
- Você vai ver, calma.
- Não sou paciente.
- Notei.
revirou os olhos. Impaciente com a música que estava tocando, mudou de estação e resolveu deixar assim que ouviu os toques familiares de uma música de Arctic Monkeys tocar. estreitou os olhos ao ouvir a jornalista cantarolar.
- Você gosta deles? – indagou, meio cético.
- Aparentemente.
voltou a se concentrar na estrada, enquanto a música preenchia o ambiente.
- Let me be your 'leccy meter and I'll never run out and let me be the portable heater that you'll get cold without... – o jogador cantarolou, tamborilando os dedos no volante.
olhou para ele com uma expressão desgostosa.
- Se alguém te disse que você sabia cantar, esse alguém mentiu.
riu.
- Não perguntei.
- E mesmo assim eu estou falando.
- Você tem cada resposta de criança de cinco anos que eu chego a ficar impressionado, .
- Então não fale coisas que merecem respostas assim, mas claro que deve ser difícil quando você tem a mente de um adolescente na pior fase da puberdade – rebateu, entediada.
- Então por que não ficamos calados? É o melhor para ambos.
- Primeira ótima ideia que você já teve, .
Mas, na verdade, não foi.
O hotel fazenda para o qual iam ficava no interior e demorou quase mais duas horas até chegarem lá. O lugar parecia ótimo, não tinha como negar. Os jardins eram verdes, uma fonte enorme jorrava água na entrada e os complexos de chalé também pareciam maravilhosos. Após deixarem o carro no estacionamento, o casal foi fazer o check-in.
- A reserva está no nome de informou para a recepcionista.
- Ah, claro – com um sorriso abobalhado, a recepcionista foi procurar a reserva.
se limitou a revirar os olhos.
- Chalé duplo? – a recepcionista voltou a olhar para .
- Você só reservou um chalé? – colocou as mãos na cintura, indignada.
- Com duas camas – falou.
- Não vou dividir um chalé com você.
- Infelizmente é isso ou dormir aqui no lobby – o jogador apontou para o sofá que ficava mais ao canto.
- Parece melhor.
A recepcionista, incomodada com a cena, pigarreou, chamando a atenção dos dois.
- Qual o número do chalé? – voltou a falar com a recepcionista.
A recepcionista finalizou o check-in e por fim entregou a chave. seguiu atrás de , ainda inconformada por ter que dividir o chalé com ele. Não deveria ser um final de semana para relaxar? Com certeza dormir na cama ao lado da dele não iria ajudar muito, especialmente com os sentimentos recém-descobertos.
- Que horas a e o chegam na sexta? – perguntou, olhando de soslaio para .
- Não sei. Provavelmente à tarde – respondeu.
Ao chegarem no chalé de número 44, abriu a porta e entrou primeiro. O lugar era bom. As camas eram enormes e já se via jogada ali até o meio-dia, enrolada nos maravilhosos edredons e agarrada as milhares de almofadas.
- A minha cama é a da janela – a jornalista avisou.
- Ótimo por mim.



- ! – o repreendeu com o olhar.
pareceu tranquilo enquanto sacudia a cabeça para tirar a água do cabelo.
- Você estava no meu caminho. Não é minha culpa, deu de ombros, abrindo um sorriso de moleque.
apertou os lábios em resposta.
apreciou o aborrecimento da jornalista, em seguida sentou-se na espreguiçadeira ao lado da dela e colocou os óculos de sol. estava com um humor ótimo e não fazia ideia do porquê, até porque ele não contaria ou então ia perder toda a vantagem que estava tendo em cima dela, que o odiava no momento.
- Falei com o comentou. – Ele disse que chegariam de manhã.
- Isso é bom – murmurou em resposta, levando o copo de suco aos lábios. – Não sei o que faria se tivesse que passar uma tarde a mais sozinha com você.
abriu seu melhor sorriso cafajeste.
- Posso te dar algumas opções.
- Não, obrigada – fez pouco caso. – Sabe o que eu estava pensando?
- O quê? – ficou curioso.
- No que diabos nós iremos fazer esse tempo todo aqui. Não é como se tivéssemos uma chuva de opções – puxou a pulseira em seu pulso, rodando enquanto cogitava sobre os próximos dias.
- Bom, eu não sei você, mas eu vou ter muito entretenimento.
- Vai? – arqueou as sobrancelhas, duvidando.
- Muito – umedeceu os lábios, mantendo os olhos presos em um ponto mais a frente.
seguiu o olhar do goleiro e seu sangue ferveu com o que viu.
- Sua ex tá aqui também?



Capítulo 18 - All My Heart

...It breaks every step that I take, but I'm hoping that the gates, they'll tell me that you're mine.
(Born to die – Lana Del Rey)

"Você queria paz, é exatamente isso que vou te dar. Estou ficando longe por hoje. Espero que aproveite, princesa"

Era o que o bilhete de dizia. fez questão de amassar o papel até que não fosse mais possível e então retalhou e o jogou na lareira acesa. O que o idiota havia esquecido de deixar explícito era que ele estaria ficando longe, mas com a ex-noiva.
- Calma, , calma... – respirou fundo algumas vezes, recuperando o equilíbrio. – Aquele idiota vai ver só.
Ela não iria se estressar com aquilo, não mesmo e muito menos deixaria transparecer seu descontentamento com a situação. Afinal, tecnicamente ela não sentia nada por e não se incomodava. Por isso colocou um biquíni, deixou de lado o anel de noivado que por costume ainda usava, pegou suas coisas e caminhou para a piscina.
notou um par de olhos escuros lhe encarando assim que pôs os pés na área da piscina. O homem que percebeu que ela havia notado, fez um meneio sutil. A jornalista balançou a cabeça em negação e reprimiu a vontade de sorrir.
- Vai querer o seu café da manhã aqui, Sra. ? – um dos funcionários perguntou quando a viu chegar na piscina.
- Sim, isso seria ótimo – respondeu. – Ah, é Senhorita , não Senhora , por favor.
- Ah, claro. Me desculpe – o homem tratou de se desculpar.
- Tudo bem – sorriu para amenizar.
- Vou providenciar seu café, com licença.
Assim que o rapaz fez seu caminho para longe, continuou a andar até uma das mesas que ficavam mais a margem. O clima estava bastante agradável e tirando o fato de estar com a ex-noiva, a jornalista estava decidida a não se deixar abalar por isso. Estava ali para relaxar. Enquanto esperava o café da manhã ser servido, seus olhos vagaram pelo local e se demoraram um pouco mais em um casal que tomava café em uma mesa mais ao fundo. Quando os olhos azuis do homem bateram nela, teve a plena confirmação de que era e Angelina.
- Claro que eles tinham que estar aqui... – bufou, se recostando na cadeira.
- Você não me reconheceu!
O tom acusador na voz do homem fez com que olhasse para cima e ela ficou confusa. Deveria conhecê-lo?
- Desculpa, mas eu devia conhecer? – apertou os lábios, curiosa.
- Levando em consideração que te dei seu primeiro beijo, deveria sim – um sorriso malicioso se formou nos lábios do homem assim que ele percebeu que havia lembrado.
- Landon! – gritou, pulando nos braços do homem.
Landon riu e a abraçou na mesma força.
- Tá linda com esse barrigão, . Vi tudo sobre você nas revistas. , hein? – Landon provocou, ainda com um sorriso. – Cadê ele? Lua de mel antecipada?
ficou sem graça.
- É complicado demais. Te explicaria enquanto tomávamos uns drinques, mas como obviamente não posso... – apontou para a própria barriga. – Senta que te conto assim mesmo.
- Oba, bomba pela manhã é meu melhor café – empolgado, Landon puxou a cadeira de frente para a de e sentou. – Conta.
- Eu sei que você é apresentador de programa de casais e adora uma bomba para o programa, mas isso é pessoal demais, tá? – alertou previamente.
Landon pareceu ofendido.
- Não faço isso com as amigas, . Seu segredo está a salvo comigo – garantiu, puxando as mãos da jornalista e beijando cada uma.
deixou seu olhar viajar até a mesa de e ficou satisfeita ao ver que ele havia capturado esse gesto. Com um sorriso amplo, voltou-se para Landon e relatou tudo. O amigo passou de chocado para risonho e de risonho para dramático em minutos.
- Não creio! – colocou a mão na boca. – Você precisa dizer que tá apaixonada.
- Não preciso nada – bateu o pé. – Ele está com a Angelina.
- Ele podia estar com a própria Lilith, mesmo assim não importaria – Landon insistiu.
- Não! – se manteve firme.
Landon suspirou exasperado.
- Bom, se serve de consolo, ele não tirou os olhos daqui – avisou, apoiando o braço atrás das costas da cadeira.
- Você percebeu também? – mordiscou o lábio.
Landon gargalhou.
- Está bem óbvio, querida.
O garçom retornou com um carrinho de café da manhã e encheu a mesa de todas as comidas possíveis. agradeceu, enquanto Landon deu uma gorjeta.
- Mas então, tá fazendo o que aqui? – perguntou.
- Vim gravar o Bittersweet. Vamos filmar em um luau na praia. Você vem, né? - explicou, dando uma mordida na torrada que havia acabado de pegar.
- Irei. Assistir o Bittersweet era um passatempo maravilhoso nas sextas-feiras com a . – bebericou o suco, sorrindo para o amigo. – Quem vai ser o casal?
Landon demorou um pouco para responder, tomando um gole mais que demorado no seu café.
- Só divulgo na hora, meu amor, você sabe.
- Eu dei seu primeiro beijo, mereço saber! – fingiu chateação, causando os risos do homem.
- Eu devo muito a você, mas não, não irei falar – continuou firme, rindo baixo.
- Olá. Estou atrapalhando?
Os dois que estavam na mesa olharam para cima e sorriu para eles, arrastando a cadeira ao lado da de e sentando.
- – a postura de mudou. – Tá fazendo o quê? Você não disse que iria passar o dia com a Angelina?
- Sou , noivo da se apresentou para Landon, estendendo a mão.
e Landon não deixaram de notar o modo que frisou a palavra "noivo".
- Landon Röde, um velho amigo da – Landon apertou a mão de . - não me disse que veio acompanhada.
- Ela veio – garantiu.
estava à beira de risos quando percebeu o que Landon estava fazendo.
- Bom, acabei de convidá-la para assistir à gravação do meu programa hoje à noite. Teremos um luau mais tarde e depois pensei de levá-la para sair. Você gostaria de se juntar a nós? – Landon perguntou.
- Claro – sem hesitar, respondeu.
- Cadê a sua amiguinha? – perguntou, soando indiferente.
- Angelina tem uma sessão de fotos daqui a pouco. Precisou ir se preparar – explicou. – Pensei que poderia passar um tempo com a minha adorável noiva.
- Ah, é uma pena que eu já tenha planos com o Landon – a jornalista lamentou mesmo que sua expressão não mostrasse o mesmo sentimento.
estreitou os olhos.
- Não poderia me juntar a vocês? – insistiu, certamente incomodado.
- Ah, não! Quero minha garota só para mim – Landon piscou para . – Temos muito para colocar em dia.
- Talvez amanhã, querido – sorriu para .

estava se remexendo no colchão há duas horas. Já havia zapeado por todos os canais possíveis, tinha tentado dormir, havia passado um tempo na piscina e até no SPA havia ido, porém relaxar parecia algo impossível. Claro que quando sugeriu que Angelina viesse fazer a sessão de fotos aqui, ele não imaginaria que a ex ainda pudesse ser tão irritante. Estava aturando-a para provocar e estava disposto a arrancar uma confissão dela até o fim da noite.
Óbvio que ele não contava com o fato de um "velho amigo" dar as caras. Agora a atenção de estava monopolizada no homem, Angelina estava na sessão de fotos e continuava de cara feia encarando o teto do quarto. Um toque de celular começou a soar pelo quarto e levantou para procurar, encontrando o celular de onde a foto de aparecia numa ligação de vídeo do FaceTime.
- Oi, disse ao aceitar a ligação.
- Oi, abriu um majestoso sorriso. – O me contou sobre seus planos. Como vão as coisas?
bufou.
- Não do jeito que eu queria.
- Levar a Angelina? Sério? Tinha que se rebaixar assim? – reclamou, balançando a cabeça em reprovação.
- precisa de um incentivo – encolheu os ombros.
revirou os olhos.
- Independente do resultado, vou te bater assim que chegar aí.
- Enfim, a não está. Quer deixar recado?
- Só queria avisar que vamos chegar ainda hoje. Consegui fazer o Novak me liberar.
- Ótimo. Liguem quando chegarem e marcamos jantar juntos.
- Ok. Só liguei para isso, então vou terminar de fazer as malas. Cuida bem da e não enlouqueça ela! Você sabe que o meu afilhado não pode ser sobrecarregado.
Dito isso, desligou a chamada. deixou o celular do mesmo jeito que havia encontrado e voltou para sua própria cama. Após mais um tempo indeterminado encarando o teto, seus olhos pesaram até que ele se rendeu ao sono.
- !
Alguém chamou, mas ele virou para o outro lado.
- ... – agora seu nome vinha em um tom risonho. – Acorda.
Um par de mãos balançavam seu corpo e ele sentiu o contorno de lábios em sua bochecha. O perfume de o inundou e ele foi obrigado a acordar.
- Oi... – ela sorriu quando o viu acordar.
Assim que os olhos de focalizaram, ele viu que apesar do perfume, a mulher que havia o acordado não era . Era Angelina.
- Angelina? – sentou-se na cama, esfregando os olhos. – O que foi?
- O hotel mandou perguntar se nós vamos precisar de transporte para o casamento. Eu falei que seria bom. Meu vestido não pode encostar na grama antes do tempo – a loira sentou, colocando cada perna de um lado do corpo do jogador. – E você?
estava confuso. Casamento?
- Hein?
Angelina parecia achar graça.
- Vou falar que não precisa – inclinou-se para depositar um beijo nos lábios do noivo. - O já chegou. Ele ficou muito feliz com o convite de padrinho.
ainda estava confuso. Não sabia de que casamento Angelina continuava a falar.
- Angelina, que casamento?
Dessa vez a loira revirou os olhos.
- O nosso, !
acordou alarmado, os olhos se arregalaram e ele sentou-se rapidamente. Olhou ao redor a procura de Angelina, mas ficou satisfeito ao ver que ela não estava no ambiente, porém a porta do banheiro se abriu e seu coração voltou a martelar, mas relaxou quando viu que era .
- Que foi? Até parece que você viu um fantasma – franziu a testa, apertando a toalha ao seu redor.
- O pior pesadelo possível – explicou, respirando fundo. – Que horas são?
- Quase oito – andou até a mala e pegou a roupa que havia separado. – Se for comigo para a gravação do programa do Landon, é melhor se arrumar logo.
- Claro... – levantou-se da cama e foi até o banheiro.
Após um banho que foi realmente regenerador, voltou para o quarto a fim de se trocar, mas encontrou lutando para subir o zíper do vestido que havia escolhido usar. A jornalista estava dando pulinhos na tentativa de subir o zíper, e não conseguiu segurar o riso.
- Vem, deixa eu te ajudar com isso – se aproximou de , parando atrás dela.
Seus olhos se encontraram no reflexo do espelho e demorou um pouco até que desviasse. Com uma extrema lentidão e uma delicadeza imensa, subiu o zíper das costas do vestido, que começava a se moldar perfeitamente ao corpo dela, evidenciando a barriga de cinco meses.
- Obrigada... – agradeceu, se afastando rapidamente quando ele terminou com o zíper.
se sentiu estranho com aquela rejeição. As coisas realmente haviam ficado estranhas assim depois da confissão dele? Mas sabia o que sentia por ele, sabia o que ela verdadeiramente sentia. Por que era tão difícil simplesmente admitir? Com um suspiro, o goleiro fez um meneio de cabeça e deu as costas, indo até sua mala e pegando uma roupa qualquer para a ocasião.

chegou ao lado de onde Landon havia instruído. Havia sido montado um pequeno palco na praia, onde estava Landon e os diretores. Algumas cadeiras haviam sido dispostas no mesmo palco, mas na areia vários travesseiros e futons haviam sido distribuídos. Na primeira fila, como Landon havia dito que faria, estavam reservadas duas cadeiras com os nomes de e .
- De onde vocês se conhecem mesmo? – perguntou, acomodando-se ao lado de .
- Escola. Estudamos juntos no ensino médio – explicou, sorrindo com a lembrança. – Éramos um tipo estranho de amigos.
- Amigos coloridos?
riu.
- Impossível rotular nossa amizade. Foi confusa.
Antes que pudesse retrucar, ouviu-se a voz de Landon se sobressaindo sobre as outras. O homem estava de pé no centro do palco e avisou que as gravações estavam prestes a começar, por isso pediu silêncio para a plateia.
- Boa noite, senhoras e senhoras. Estamos ao vivo do Hotel Sonnenuntergang, para mais um Bittersweet. Como vocês já sabem, escolhemos um casal aleatório para participar de uma série de perguntas sobre o casal e umas provas para saber o quão bem um conhece o outro! – Landon falava animadamente, olhando para a câmera. – Como ficamos sabendo que um certo casal celebridade está entre nós, nossa equipe resolveu que seria um prazer saber mais sobre eles.
Os olhos de se arregalaram quando Landon olhou para ela com um sorriso conspiratório.
- Não, não, não... – murmurou, agarrando no braço de .
- Que foi? – o goleiro ficou alarmado, olhando para a barriga dela. – É o bebê?
- O casal somos nós!
- Como é? – os olhos de também se arregalaram.
- Com vocês, , goleiro do , e , jornalista esportiva do Morgen München! – Landon anunciou.
Um holofote foi virado na direção das cadeiras do casal e e se olharam, pensando a mesma coisa.
A mentira seria descoberta agora.



Capítulo 19 - I Found Love

...where it wasn't supposed to be, right in front of me, talk some sense to me.
(I Found – Amber Run)


- Como vocês sabem, o jogo funciona assim: Teremos perguntas para um responder sobre o outro e perguntas sobre o relacionamento desde o começo até agora – Landon explicou para os participantes, assim como para a plateia que urrou em empolgação.
olhou para , buscando algum apoio, mas ela parecia estar em uma discussão silenciosa com o apresentador do programa.
- O que vocês estão achando sobre tudo isso? – Landon se voltou para e .
Vendo que não iria colaborar, foi obrigado a responder.
- É realmente uma surpresa – o goleiro deu um sorriso amarelo. – Ao sermos convidados para assistir, não imaginávamos que teríamos a... Agradável surpresa. Certo, amor?
Vendo que agora falava com ela, clareou a garganta e concordou com um aceno de cabeça.
- Uma surpresa bastante agradável – falou, estalando a língua no final.
Landon aceitou a resposta com um sorriso.
- Então, vamos começar... – o apresentador olhou para a ficha que tinha em mãos, procurando a primeira pergunta. – Essa é uma boa. Como vocês se conheceram?
engoliu em seco, segurou o riso, mas os dois se olharam, com certeza se recordando da situação em que se conheceram.

- ! - gritou, puxando a amiga pelo braço, ao mesmo tempo que tentava manter firme o Maß cheio de cerveja que segurava.
- Quantos copos você já tomou? – gargalhou, apontando para o copo que a amiga segurava.
- Perdi a conta do segundo litro – respondeu, abrindo um sorriso malicioso enquanto girava com a loira em um passo da dança. – Cadê o seu namorado?
- O não é meu namorado, se limitou a lançar um sorriso zombeteiro com a resposta. – Não é!
- Questão de tempo. Ter te trago para o Oktoberfest com o time já é um grande avanço – a morena fez questão se ressaltar.
tentou não demonstrar sua esperança com a fala.
- Enfim, você não acha que já tá na hora de parar? – perguntou, se referindo a quantidade de cerveja que já havia tomado.
- Parar? – achou graça. – Eu tô só começando, assim como o Oktoberfest, . Meu namorado me deu um pé na bunda a menos de duas semanas, mereço um pouco de diversão.
- Mas... – a loira tentou argumentar, porém foi interrompida por um beijo estalado que depositou em sua bochecha.
- A gente se vê, .
se virou para voltar a andar, mas no processo trombou com alguém, fazendo com que a cerveja fosse derramada em ambos.
- Ops... – comprimiu os lábios e subiu seu olhar para o homem em que havia esbarrado. – Desculpa.
Ele não parecia estar se importando muito.
- Desculpo com uma condição – propôs.
- Diga seus termos... – uma meio risonha passou a fala.
- Você me dizer seu nome e me deixar te pagar outra cerveja – um sorriso se expandiu nos lábios dele.
A morena pareceu satisfeita com o pedido.
- Trato feito, senhor – entrelaçou o braço no dele. – Sou . E meu cavaleiro de armadura prateada é...?
- Sou .


- Então foi no Oktoberfest, por meio de , namorada do ? – Landon sorriu ao ouvir a resposta que havia dado sobre como se conheceram. – Foi amor à primeira vista?
- Ela me falou que havia entornado três canecas! – olhou para Landon como se a resposta fosse óbvia. – Foi amor à primeira vista, especialmente depois da quarta que ela competiu comigo.
riu.
- Esse tipo de coisa você só aprende com três irmãos mais velhos – piscou. – Foi incrível o sentimento de conseguir bater na cerveja. Eu não sabia na época, mas ele era o campeão do time. Acho que tomei o lugar dele.
- Não vamos exagerar, por favor – riu, cortando a sugestão.
- Bom, vamos para a próxima pergunta... – Landon olhou de novo para o cartão em suas mãos. – Como foi o primeiro beijo do casal?
estava prestes a responder, mas como sabia do que realmente havia acontecido, falou primeiro.
- Foi... Estranhamente especial.
pareceu confuso.
- Conte-nos a história, – o apresentador pediu.

- Acho que estamos no mesmo barco, Princesa – segurou a caneca pela alça, enquanto girou com a mão livre.
- Abandonados pelos nossos amores? – sorriu divertida, passando por baixo do braço dele.
- Sim – concordou, rodopiando-a mais uma vez.
- Sabe que hoje eu nem estou sentindo a perda? – a morena confidenciou, tirando a caneca da mão de e entregando para a primeira pessoa que passou por eles. – Vem comigo.
- Para onde vamos? – perguntou, seguindo-a.
Os dois já estavam bastante alterados, mal conseguiam andar sem bambear. correu com ao seu encalço, ambos rindo de seus tropeços. Ao chegarem em uma das barracas onde vendiam os Lebkuchenherzen, os pães de mel. pediu um deles.
- O do “eu te amo” é bonitinho, quero ele – falou para a mulher que estava atendendo.
- Para o namorado? – a mulher perguntou, olhando para .
- Ah, claro que sim – rindo, fez questão de abraçar o homem pela cintura.
- Vou querer um também. Minha namorada merece o maior, não acha? – abraçou a morena pelos ombros, dando um beijo em sua têmpora.
- Ah, o amor! – a mulher abriu um sorriso sonhador, tratando de pegar os dois corações.
Apesar da insistência de , ignorou-a e fez questão de pagar pelos dois corações. Após posarem para uma foto com os corações, o casal foi para a tenda mais próxima.
- Hm, vamos nessa, cavaleiro de armadura brilhante – olhou para trás, puxando consigo.
Ao passar por um casal que dançava animadamente, pegou a cerveja dos dois, que pareciam tão alheios que nem se quer notaram.
- Me ajuda aqui, ! – pisou em um dos bancos e segurou no ombro do jogador, se apoiando para conseguir subir na mesa.
- Do que jeito que está, vai acabar caindo, princesa – ajudou-a a subir, aproveitando para subir também.
- Que nada... – desdenhou, tomando outro gole da cerveja.
As pessoas que estavam sentadas ao redor da mesa, apenas riam, parecendo achar tudo normal. Não era nada de outro mundo ter alguém subindo em cima das mesas.
- Falta pouco para acabar o primeiro dia – olhou para o relógio no pulso.
- Os fogos devem começar logo! – girou ao seu redor, sorrindo empolgada. – São minha parte favorita..
- Claro que são – o jogador sorriu.
Com um sorriso na cara, contornou os copos de cerveja espalhados pela mesa e puxou para dançar. Ele riu, colocando uma das mãos na cintura dela. Os dois dançavam, tentando não derrubar os copos que estavam lá.
- Um beijo para a foto! – alguém gritou para o casal da mesa.
e olharam para a menina que estava fotografando.
- Não somos um casal – falou para a garota.
- Não precisam ser! – a garota sorriu, erguendo a câmera. – Estão lindos, precisam dessa foto. No três, tá?
- Não... – riu.
- 1...
- Nós não vamos nos beijar! – voltou a retrucar.
- 2...
- Que tal um abraço? – a morena voltou a argumentar. – Ou um sor...
- TRÊS!
Sem aviso prévio, puxou pela cintura e colou os lábios aos dela. Apesar da surpresa, ela deixou ser envolvida por ele. Nesse momento, fogos de artifício explodiram no céu lá fora, enquanto fogos explodiam no casal lá dentro. envolveu os braços ao redor de , enquanto ele curvou o corpo dela para trás.
- A foto ficou linda! – a garota da Polaroid sorriu, abanando a fotografia em mãos. – Cinco pratas. Oi?!
O casal se separou quando a garota cutucou seus tornozelos, fazendo com que desse um pulo para trás. estava meio desorientado, mas com um sorriso fincado nos lábios levemente vermelhos por conta do batom da garota.
- E aí, vão querer a foto? – a garota voltou a perguntar.
- Claro... – tirou a carteira do bolso e pegou uma nota. – Aqui.
- E aqui está! – com um sorriso feliz, ela entregou a foto para .

- É uma história bastante romântica... – Landon sorriu. – Não acham, plateia?
Todos urraram em concordância.
- Foi... – murmurou, apenas para si mesmo.
Ele buscou com o olhar, mas a mesma mantinha o olhar para a plateia, com um perfeito sorriso forçado. não lembrava disso e agora se perguntava do que mais não lembrava. O que ele recordava era o mal humor dela na manhã que a encontrou na cozinha do apartamento de Sven e do começo de noite divertida que tiveram. Não lembrava de ter saído da barraca onde o time estava.
- Bom, vamos começar com as perguntas individuais – Landon clareou a garganta, buscando a pergunta. – Essa é para você, .
- Estou pronto – o jogador tentou parecer confiante, mas sua mente vagava por essa lembrança que havia acabado de colocar em sua mente.
- Quando você descobriu que estava apaixonado pela nossa adorada ? – Landon perguntou.
olhou para , apertando as mãos enquanto esperava pela resposta. Por sua vez, engoliu em seco algumas vezes antes de formular a resposta.
- Eu não notei até que alguém me falasse – confessou, olhando diretamente para . – Foi estranho. Claro que eu suspeitava, mas como um belo cabeça dura, não acreditei. Então um dia estávamos brigando, como sempre e então eu só tive vontade de beijá-la e acabar com aquilo. A tem o jeito dela de ser. É impulsiva, mandona, mas... É incrível. É difícil não ser apaixonado por ela.
sentiu o coração disparar com as palavras que saíam da boca dele e quase despejou tudo que sentia também, mas não iria fazer aquilo ali e muito menos depois de tudo com Angelina.
- Então vocês brigam sempre? – Landon não pareceu surpreso.
- Sempre que temos oportunidade – afirmou.
- E como ainda fazem isso funcionar? – o apresentador perguntou.
- Não fazemos – riu.
- Realmente, não fazemos – concordou, olhando para . – Mas é exatamente por isso que o que temos é tão singular.
Escutando aquelas palavras, olhando a transparência e vulnerabilidade no olhar da jornalista, soube que ela havia acabado de se declarar.

- Você nunca me contou.
Foi o que disse assim que a porta bateu atrás deles. Depois de mais algumas perguntas, umas provas e umas brincadeiras, a gravação foi encerrada e eles puderam ir jantar. Landon convidou , , e – os dois últimos haviam chegado na metade da gravação do programa – para jantar e até agora e não tinham ficado a sós.
- Eu não te contei muita coisa – murmurou, de costas para ele.
- Por quê? – caminhou até ela, virando-a para encará-lo. – Você nunca me contou sobre isso, nunca me contou o porquê do seu ódio por mim, mas eu sei que estão relacionados a esse dia. Foi porque eu não lembrei do beijo?
soltou um riso seco.
- Antes fosse só o beijo.
- Então me conta!
o encarou incrédula, realmente de queixo caído.
- Você realmente não lembra – ela murmurou.
- Do quê?

acordou embolada em lençóis, usando uma camiseta masculina. Ao seu lado, estava com um braço jogado ao redor dela. A noite passada após o beijo havia sido uma loucura. Ela não lembrava realmente como haviam chegado ao apartamento de Sven, onde eles dormiriam essa noite já que não podia voltar para Berlim tão tarde, só sabia que assim que chegaram à porta, tudo se transformou em um borrão de roupas, mãos, beijos e toques.
Ao sentir sua bexiga apertar, fez esforço para sair do braço de e recolheu suas roupas festivas que haviam ficado pelo chão do quarto. Na ponta dos pés, foi até a porta e saiu do quarto. A casa estava silenciosa, o que a levava a crer que Sven e , que chegaram bem mais tarde que os outros dois, ainda estavam dormindo. A jornalista aproveitou para tomar um banho revigorante, escovar os dentes e trocar o seu Dirndl, por um jeans rasgado e uma camiseta.
Ao sair do banheiro, foi direto para a cozinha, mas se interrompeu no caminho ao escutar a voz de .
- Cara, foi estupidez... – ele dizia. – Como alguém me deixou fazer isso?
Levando em conta que ele não obteve resposta, supôs que ele estivesse ao telefone.
- Sim, com ela! Foi realmente um puta de um erro. O que eu tinha na cabeça para fazer aquilo? Ficar com ela em primeiro lugar. Aquela mulher é o próprio capeta, nunca teria ficado com ela conscientemente. Vou matar vocês por isso, especialmente o !
Aquilo não deveria incomodar , mas incomodou. Não que ela tivesse adquirido sentimentos por durante as últimas dezoito horas, mas ouvir falando dela de maneira tão grossa a machucou e ela nem tinha feito nada para justificar isso. Sabia muito bem que era ótima na cama, então ele devia ter ficado louco se estivesse reclamando disso.
- Se pudesse, nunca mais a veria. Ela foi o pior da noite, Thomas.
Cansada de ouvir isso, entrou a passes firmes para a cozinha. De cabeça erguida, passou direto por e foi em direção a máquina de café.
- Te ligo depois, Thomas – falou ao telefone antes de desligar. – Bom dia, Princesa.
se limitou a olhar para o sachê de café.
- O gato comeu sua língua? Você não parecia quieta assim ontem à noite – provocou.
mordeu a língua para não retrucar.
- Vai me ignorar mesmo? – bufou.
- Vou – com um sorriso cínico, ela concordou.
revirou os olhos.
- Então essa é você quando não está bêbada?
- Sim.

- Isso? – arregalou os olhos.
- Pode não parecer, mas eu tenho sentimentos! – cruzou os braços.
- Eu não estava falando de você, .
- Não?! – ela pareceu confusa.
- Eu estava falando da Angelina. Ela estava lá, eu a procurei e implorei para voltar. Nós ficamos antes de eu te encontrar... Essa foi a estupidez, o pior da noite – esclareceu como se fosse óbvio desde o começo.
- Então eu estou te odiando há dois anos por nada? – agora ela parecia indignada.
- Você realmente achou que eu estivesse falando de você? – parecia ofendido. – Você foi a melhor coisa daquela noite, .
Ela encolheu os ombros.
- Eu não te conhecia.
fechou os olhos, ultrajado.
- Mas isso não muda o fato de você ter esquecido que a gente transou – acrescentou.
- Eu bebi mais de seis litros da cerveja mais concentrada possível, . O que você esperava? – negou com um gesto de cabeça. – Você não estava na cama quando eu acordei. Não tinha nenhum sinal seu lá.
- Bom, de qualquer forma já era. Eu já te odiei, agora pode considerar sua dívida paga – se afastou dele, indo em direção ao banheiro.
- Não ainda – a puxou pelo braço. – Sobre o que você falou na entrevista.
engoliu em seco.
- Eu só falei o que eles queriam ouvir.
- Uma ova, ! – revirou os olhos, puxando-a mais para perto. – Olha nos meus olhos e diz que não sente nada. NADA! Diz que não se arrepia quando eu te toco assim, porque eu sei que arrepia.
A respiração dela ficou presa na garganta quando ele aproximou os lábios do seu pescoço.
- Diz que não sente nada quando eu te beijo assim ou quando me vê com outra pessoa, porque eu sei que sente – entrelaçou os dedos nos fios castanhos dela, segurando sua nuca. – Me diz que quando olha nos meus olhos, você consegue negar o que você sente, porque eu sei que não consegue.
- Não vai aí, ... – ela fechou os olhos, tentando se afastar disso.
- Não até que você admita – ele insistiu, aproximando os lábios dos dela. – Você sabe o que eu sinto, sabe a verdade toda... Por que hesitar, ?
O problema era esse. Ela não conseguia mais encontrar nenhuma desculpa, a não ser o medo de se machucar, o que era uma novidade. Medo não era uma palavra muito comum em seu dicionário.
- Hein, ? Me responde.
Calando a razão, ou melhor, calando todos os sentidos, o beijou, o puxou para perto, o envolveu o máximo que pôde.
A bandeira branca foi estendida em formas de lençóis emaranhados no pé da cama.



Capítulo 20 - Baby, you're the best

...We'll figure out the rest and maybe it's a test, I think we bought.

foi a primeira a abrir os olhos ao ouvir os latidos de Zagueiro. Soltou um muxoxo e voltou a fechar os olhos, escondendo o rosto na curva do pescoço de . Haviam voltado do hotel fazenda há uma semana e dessa vez, não fugiu quando acordou. Eles estavam em paz por enquanto, apesar das iminentes discussões por besteira.
- Cala a boca, Zagueiro - murmurou, arremessando um travesseiro onde esperava que ele estivesse.
O labrador ficou satisfeito ao ver que agora havia espaço para ele na cama já que havia jogado o travesseiro e então pulou em cima do casal. acordou assustado ao ouvir o grito de , mas se limitou a revirar os olhos quando entendeu o motivo.
- Não vem gritar uma hora dessa, ... - bufou, escondendo o rosto embaixo do travesseiro.
- Eu não gritaria se você lembrasse de fechar a porta para esse animal não entrar aqui - resmungou, se cobrindo toda com o lençol. - !
soltou um riso abafado por conta do travesseiro, então sentou-se na cama.
- Vem cá, amigão - puxou o labrador para o seu lado da cama. - Está segura, .
colocou a cabeça para fora para se certificar que o cachorro não estava perto e se deu por satisfeita.
- Ele sabe que não gosto dele, então por que insiste? - fez uma careta na direção de Zagueiro, mas o cachorro apenas estendeu a língua.
- Porque ele é como eu. Gosta de desafios - sorriu convencido. - E sabe que te ganhar não é difícil assim.
fechou a cara.
- Não é só porque eu te dei liberdade que você pode começar a se achar, tá? - a morena revirou os olhos, fazendo menção de sair da cama, porém foi mais rápido e envolveu os braços ao redor dela, puxando-a para perto.
- Vou viajar em cinco horas e é assim que você vai se despedir de mim? - beijou a bochecha dela.
- Não espere que eu vá ficar sentimental e nostálgica só porque vamos passar alguns dias separados - riu, virando-se para ele. - Ainda não me acostumei com isso.
- Isso? - apontou para eles dois.
Ela concordou com um aceno de cabeça.
- É realmente estranho - ele assentiu. - Mas pelo menos não tenho que provocar uma guerra para poder te beijar.
estava prestes a responder com um beijo, porém seu olhar encontrou com o do labrador que agora estava sentado no chão do quarto.
- Eu não consigo te beijar quando o Zagueiro está olhando - murmurou para .
- Ele é muito novo para entender essas coisas, princesa - riu, buscando os lábios da jornalista.
- Não rola - riu, virando o rosto. - Vou tomar banho. Preciso trabalhar.
- É hoje aquela entrevista que você vai fazer com o ?
- Sim, mas a Kaya vai com a gente - sorriu para ele, dando um beijo rápido na bochecha do jogador.
- Não me deixa mais confortável - escorregou uma das mãos para a barriga dela, acariciando a região que continuava a crescer.
- Não vejo motivos para ficar desconfortável, .
- Eu vou deixar para lá - se inclinou para dar um beijo rápido na jornalista, sem tirar a mão de sua barriga. - Nós precisamos dar um nome. Minha mãe tá enlouquecendo para saber o nome dele para enfim mandar fazer coisas personalizadas.

riu.
- Contanto que não seja Jr., aceito qualquer outro.
- Assim você corta minha vibe, .
- Acabar com sua vibe é minha especialidade.
riu, dando um beijo rápido no goleiro antes de sair da cama.

- O que eu faço? - olhou apreensiva para , que estava tão surpresa quanto . - Eu não pensei que ia conseguir.
- Essa é difícil, - a loira admitiu, olhando para o e-mail que havia acabado de receber.
havia mandado o currículo para o Daily Mirror alguns meses atrás e com a demora para receber uma resposta, tinha até esquecido disso, mas agora recebera uma proposta e tinha uma entrevista para marcar em até um mês.
- Eu não posso simplesmente deixar tudo aqui e ir para trabalhar em Londres! Quer dizer, tem o bebê, essa “coisa” com o ... - colocou o rosto entre as mãos. - Era tão mais fácil quando tudo que eu tinha que deixar para trás era você e os meus pais.
- Vou tentar não ficar magoado por não ser incluído nessa lista - disse de forma irônica.
- Ain, , você sabe que também seria difícil te deixar, idiota - soltou um beijo estalado. - Mas mesmo assim ainda não sei o que fazer.
- Acho que você deveria falar com - sugeriu. - Você tá esperando o filho dele, então é uma coisa que devem pensar juntos.
- Sem mencionar que vocês estão namorando - complementou.
- Não estamos namorando - foi rápida em responder. - É alguma coisa.
- Namoro - afirmou.
- Não estamos rotulando, então vocês também não deviam - a morena reclamou. - Eu tenho um mês para responder, vou pensar com carinho.
Uma batida na porta interrompeu a conversa e os olhares dos três se voltaram para que havia acabado de entrar.
- Oi, vocês - cumprimentou. - , o que você acha de fecharmos a matéria mais tarde? O deadline é amanhã, eu vou passar a manhã fora para cobrir para o Edmund, então não vou chegar a tempo para gente concluir. Posso passar na sua casa.
- Não podemos terminar agora? - perguntou. Estava cansada demais para pensar em ficar até tarde com enquanto terminavam uma matéria.
- Agora não rola, tenho uma coletiva de imprensa para cobrir - explicou.
- Bom, então tá, pode passar lá em casa - sorriu amarelo. - Só não vai muito tarde ou vou acabar dormindo enquanto te espero.
riu.
- Não duvido. Vou procurar ir assim que puder. Te aviso quando estiver à caminho - garantiu, abrindo um sorriso.
- Combinado.
- A gente se vê - ele falou olhando para ela, depois voltou-se para os outros dois presentes na sala. - , .
e se despediram com um aceno de cabeça, depois voltaram a olhar para .
- Vocês dois sozinhos em casa? - arqueou as sobrancelhas. - Tem certeza que o aprova?
- Não preciso que o aprove o que eu faço sobre o trabalho, querido - piscou para o amigo. - Mas vou precisar que algum de vocês ou os dois se voluntarie para dormir lá em casa. Cheguem duas horas depois de eu mandar mensagem avisando que o já chegou. Não gosto de ficar muito tempo sozinha com ele. Não sou de ferro e o sabe me adular como ninguém.
- O vai estar fora também, então... - deu de ombros. - Vou estar lá.
- Eu até iria, mas vou sair com a Charlotte hoje - coçou a nuca.
- Tá ficando sério, hein? - cutucou a barriga dele, sorrindo maliciosa.
- Não, não está - ele cortou o barato.
- O nosso menino tá crescendo, ! - puxou para um abraço.
sorriu para a cena, sentindo-se finalmente completa. Tudo parecia perfeito agora. Os amigos, a família, o bebê e por incrível que pareça... .

- Nós precisamos comemorar! - Gregory gritou, pulando saltando do ônibus. - , , vamos?
- Só preciso falar com a antes - se animou.
- Não sei... - pestanejou. - Estou cansado.
- já soa como um pai de família - Kile zombou.
se limitou a revirar os olhos.
- Ah, cara, ninguém vai fazer nada demais - Tyler tentou persuadi-lo. - A maioria de nós tem namoradas e esposas em casa.
- Eu realmente estou cansado, mas vou tentar ir - garantiu.
O time havia ganhado de 4x0, dessa vez na Champions League e tinham avançado para as quartas de final, então todos estavam no clima de festa. também havia ficado feliz demais por ter conseguido fazer algumas das melhores defesas de sua vida, porém se sentia exausto e estava preso no dilema festa ou cama.
Ao entrarem no hotel e ocuparem seus quartos, resolveu partir direto para o chuveiro. Ainda iam jantar antes de decidirem se realmente iriam ou não sair, portanto ele iria falar com primeiro. Se jogou na espaçosa cama do hotel e pegou o celular que estava carregando. Procurou pelo FaceTime e após encontrar o número de , ligou. Demorou um pouco até que ela atendesse e demorou mais ainda para a conexão se estabelecer.
- ! Fiquei sabendo do resultado - começou a falar. - Que ótimo para vocês!
- É um alívio - confessou, sorrindo. - Os caras estão pensando em sair para comemorar.
- Você é sortudo - ela suspirou. - Eu tenho trabalho a fazer.
- Ainda? - franziu a testa, olhando o relógio.
- Eu sei - bufou. - e eu estamos trabalhando na matéria sobre a agricultura familiar aqui em Munique para a série especial, só que precisamos terminar isso para amanhã. Ele foi buscar nosso jantar já que vamos estar presos aqui.
- está aí? - estreitou os olhos.
- Sim, mas a chega daqui a pouco - disse casualmente.
- O seu ex está na minha casa? E vocês estão a sós?
revirou os olhos ao perceber onde ele queria chegar.
- Eu vou te bater se você começar com frescura, .
- Só estou tentando entender o porquê - se defendeu.
- Porque precisamos trabalhar. Vai comemorar a vitória e não encana com isso do estar aqui.
- O que o Zagueiro achou dele?
- Começou a rosnar assim que ele sentou no sofá.
- Esse é o meu garoto! - comemorou, satisfeito.
riu.
- Você é um idiota, .
- Algumas coisas nunca mudam, né? - viu que ele sorria.
- Não mudam mesmo - concordou. - A campainha tá tocando, preciso ir ver quem é. Divirta-se por mim.
- Gostaria de me divertir com você - abriu um sorriso manhoso, o que fez sorrir.
- Talvez amanhã.
- Então amanhã será.

- Mais pizza? - perguntou.
negou com um meneio de cabeça.
- Eu não deveria ter comido tanto - ela riu, culpada. - Minha dieta não permite, mas o bebê gosta tanto.
olhou para a barriga onde agora alisava.
- Com quantos meses você tá?
- Seis - respondeu, digitando o rascunho no notebook. - Falta pouco.
- Você e o realmente estão juntos agora? - tocou no assunto que queria trazer à tona já há algum tempo.
voltou a olhar para o ex.
- Sim, agora é para valer - revelou, comprimindo os lábios em um sorriso apertado.
se reclinou no sofá, apoiando os cotovelos nos joelhos.
- Você sabe que deveria ser eu.
O corpo de ficou tenso.
- Não vai aí, . Se deveria ter sido ou não, não importa mais - tratou de interromper antes que ele pudesse falar mais algo.
- Você ainda pode ser minha. Eu trataria seu filho como se fosse meu - olhou para ela, seus olhos em uma súplica silenciosa.
- Eu estou com o e estou feliz com isso, . Eu e você não somos se quer uma opção para se cogitar agora - tentou ser educada, respondendo calmamente.
- Você não desiste de algo como o que nós tivemos, ! - ele levantou do sofá, parando em frente a ela. - Não pode. Nós prometemos.
respirou fundo, tentando arrumar paciência para lidar com . Ele sempre havia sido um pouco dramático e normalmente conseguia fazer com que ela se sentisse mal por algo que na verdade ele havia feito de errado, mas dessa ele não sairia como vítima. Ele quem havia a deixado em primeiro lugar e agora não tinha o direito de voltar e reivindicá-la só porque já tiveram uma coisa que agora via que não havia sido assim tão avassaladora quando pensava que tinha.
E daí se ela e haviam prometido que apesar de tudo ainda voltariam um para o outro não importasse o que acontecesse? Pensamentos mudam, sentimentos também. Ela mudou e as promessas foram esquecidas. O que ela havia sentido por no começo não parecia nada se pesado ao lado do que ela podia jurar estar sentindo por . Com as coisas eram cômodas, seguras. Com tudo era imprevisível, arriscado e apaixonante. A consumia. Por mais que o odiasse, também não conseguia não adorar. Era um eterno paradoxo, mas ela sempre gostou de uma coisa confusa.
- O que nós tivemos foi um romance de faculdade, . Um romance que você trocou do nada, sem aviso prévio. Não estou te culpando. Sua ida me trouxe muita coisa boa, mas não vou voltar com você. Você não merece alguém que está apaixonada por outro e eu não mereço alguém que não faria tudo por mim - também levantou, puxando as mãos dele. - Não combinamos. Ou pelo menos não mais. Você só precisa ver isso.
- Nós éramos o casal perfeito, - apertou as mãos dela contra seu peito.
- E ainda assim você deixou tudo para trás sem pensar duas vezes!
- Eu era jovem, não sabia o que eu estava fazendo. Eu sofri tanto quanto você, – colocou uma mão no rosto dela, acariciando a bochecha gentilmente. – Eu senti sua falta todo dia durante todos esses anos. Eu lembro de nós dois, de como nós éramos felizes juntos.
fechou os olhos, lutou com qualquer resquício dos sentimentos que ela ainda poderia ter por e obrigou a esquecer tudo isso. Lembrou do quanto ele a machucou, do quanto a fez mudar.
- Você está se apegando a memórias, – murmurou, voltando a encará-lo. - Nós fomos um ótimo casal, mas será que ainda seríamos assim? Eu duvido muito. Não sou mais aquela garotinha ingênua que aceitava qualquer coisa de bom grado. Eu amadureci muito nesses últimos tempos e eu nem te conheço mais. Tenho certeza que nós brigaríamos muito e não do jeito construtivo. Eu nunca conseguiria esquecer toda a merda que rolou e nosso relacionamento iria acabar antes mesmo de recomeçar. Então, , não insista, por favor. Eu te amei um dia, mas não agora.
Ela fez uma pausa para respirar fundo.
- Eu pensei que você ainda mexia comigo, que eu ainda sentia aquilo por você, mas não sinto. Você é o meu passado e foi lindo enquanto durou, mas nossa história terminou três anos atrás e se você quiser ser meu amigo, tudo bem, mas nada mais que isso – seus olhos eram firmes, assim como sua voz. – Você merece alguém que te ame e eu também. Alguém que nos ame como somos hoje e não por quem nós éramos.
fitou os olhos castanhos da jornalista, sentindo um misto de tristeza e claridade. Claridade porque ele estava sim se apagando a que ele conheceu e se apaixonou na faculdade, se segurando as lembranças e ao amor que sentiram, mas não sabia quem ela havia se tornado. Tristeza porque ele um dia a amou e partiu seu coração, mas não tinha certeza que se pudesse voltar no tempo faria diferente e ficaria com ela. Ele havia crescido muito profissionalmente e intelectualmente nos últimos anos, assim como ela.
- Talvez você esteja certa – falou a contragosto.
- Normalmente estou - brincou, sorrindo na tentativa de aliviar o clima.
Ele arriscou sorrir.
- Não, não está.
- Cala a boca! - esbarrou o ombro no dele.
sorriu mais abertamente e a puxou para um abraço apertado. Um abraço cheio de nostalgia de ambas as partes, um pouco de tristeza e uma pergunta silenciosa que pairou sobre os dois. “E se?...”. Provavelmente nunca teriam respostas, mas não precisavam. Quando se soltaram, voltaram ao trabalho como se nada tivesse acontecido. Perto de meia-noite foi quando conseguiram concluir e conseguiu finalmente ir embora. havia mandado mensagem dizendo que o sushi não havia caído tão bem e que por isso ela estava inapta de deixar o banheiro, justificando o porquê de ela não poder ir dormir com .
- Parece que vamos ser nós dois por hoje, Zagueiro - murmurou para o labrador que estava deitado aos pés do outro sofá.
olhou para o cachorro, o analisando. Ele parecia totalmente inofensivo. Era estabanado, gordo e tinha os olhos mais adoráveis que ela já havia visto em um cão, portanto decidiu que era hora de enfrentar seu trauma. Se havia conseguido fazer mudar o pensamento, com certeza conseguiria deixar para lá o seu medo de cachorros. Com cuidado, se aproximou do labrador e sentou ao seu lado no chão. Zagueiro ficou atento ao vê-la se aproximar e quando esticou a mão para fazer carinho em sua cabeça, o cachorro folgado tratou logo de se acomodar no colo dela, descansando a cabeça na barriga estufada.
riu, apesar de ainda estar se sentindo tensa.
- A barriga é um ótimo travesseiro, né? - acariciou embaixo das orelhas do labrador.
Recebeu uma lambida na barriga em resposta e sorriu ao ver o rabo dele balançar animadamente com o carinho que ela continuava fazendo. O toque do celular soou na mesinha de centro ao lado de onde estavam e o pegou, vendo que era em uma chamada de vídeo do FaceTime.
- Já voltou? – ela perguntou, referindo-se a festa.
- Gregory se meteu em uma briga e fomos expulsos - relatou, visivelmente chateado.

- O que ele fez dessa vez?
- Deu em cima da namorada do segurança.
- Ai, meu Deus - riu.
- Quase acabou com ele ganhando um olho roxo, mas o foi mais rápido.
estreitou os olhos.
- Isso no seu colo é o Zagueiro? – indagou.
abaixou a câmera para que visse o cachorro.
- Somos amigos agora.
- O que um dia fora não faz, né? - achou graça.
- Muita coisa acontece em um dia – deu de ombros.
colocou a mão na boca para prender um bocejo, mas via pelos seus olhos que ela estava com sono e não era para menos. Ele mesmo também se sentia quebrado depois do dia e da comemoração.
- Não está na hora de dormir? - ele perguntou.
- Está sim, papai - desdenhou, levantando-se do chão, fazendo Zagueiro ter que fazer o mesmo. - Fica comigo no telefone até eu estar na cama?
- Fico.
correu para trancar tudo e apagar as luzes, até por fim chegar ao quarto – o dele, não o de hóspedes que costumava ser dela. Trocou o vestido por uma camiseta larga e se jogou na cama.
- Está entregue - sorriu ao ver a cara amassada de contra o travesseiro.
- Estou.
Os dois ficaram em silêncio por um tempo, apenas se observando. O cabelo de estava despenteado e ele também parecia prestes a dormir. Seu coração deu um salto desnecessário e sua garganta coçou com a súbita vontade de revelar o que estava sentindo naquele momento.
- Boa noite, - foi o que ela disse por fim.
- Boa noite, - ele respondeu.
estava com o dedo pairando sobre o botão vermelho para desligar a chamada, porém não conseguiu.
- ?
- Ainda estou aqui.
Ela engoliu em seco.
- Eu queria dizer que...
sorriu convencido.
- Eu sei, .
Ela franziu o cenho, confusa. Ele sabia?
- Todo mundo me ama - ele acrescentou, causando o riso histérico da jornalista. - Era só questão de tempo até chegar sua vez.
- Ai, meu Deus! Você é um narcisista - acusou, ainda rindo. - Eu não ia dizer que te amo, idiota.
- Você não pode desdizer que ama alguém, princesa! - reclamou, rindo.
- Eu não disse!
- Mas estava prestes a dizer.
- Não estava nem perto.
- Então o que era?
- Ia dizer que estou feliz por "isso" - apontou dela para a tela do celular para indicar ele.
riu.
- Eu também.
- Bom.
- Bom - ele repetiu.
- Agora eu vou dormir - anunciou.
- E eu também.
- Boa noite, .
- Boa noite, .



Capítulo 21 – Loving Him

...Is like trying to change your mind once you're already flying through the free fall.
(Red – Taylor Swift)

- Toda a sua família? – quase engasgou com a torrada.
- É o aniversário de noventa anos da minha avó – explicou. – Final de semana de festa.
- Eu não lido bem quando me pedem para conhecer a família de um namorado – ela mordiscou o lábio, mexendo com a comida do prato.
- Você já conhece meus pais, – o jogador revirou os olhos. – Só vai conhecer o resto da família.
- Seus pais são uma coisa, mas a família inteira? – apertou os lábios, olhando para ele. – É pressão demais.
- Eu conheci sua família inteira em uma noite, , depois de ter apanhado dos seus irmãos. Você só tem homem na sua família. Acha que foi fácil? – apelou, abrindo um sorriso vitorioso quando viu a postura dela murchar.
- Tá bem, tá bem – finalmente se rendeu. – Mas você vai pagar caro por isso.
- A família do é um amor, Srta. – Peggy, a cozinheira, falou.
- Você é suspeita para falar, Peggy – riu. – Trabalha para o .
- E antes disso trabalhei na casa dos pais dele. Venho arrumando as sujeiras desse menino desde a época das fraldas, então sou perita quando se trata da família – Peggy disse, orgulhosa, enquanto servia mais bolo para e .
- Eu não sei se acredito em você ainda, mas se continuar fazendo esse bolo, é bem capaz de eu passar a acreditar até que o é melhor que o Borussia – a jornalista soltou um suspiro feliz ao olhar para o bolo de brigadeiro no prato.
soltou um riso irônico.
- Você não vai me atingir, – afirmou, desafiando-a com o olhar.
- Não estava esperando retaliação. Contra fatos não existe argumento – continuou a provocar, fazendo o possível para não rir.
- Vocês são o casal mais implicante que eu conheço – Peggy riu, balançando a cabeça em negação.
- É tudo culpa dela – disse.
olhou-o com descrença.
- Desculpa, mas o único implicante da história é você – rebateu, dando uma garfada no bolo de chocolate.
Peggy saiu rindo, indo abrir a porta do jardim. Assim que a cozinheira saiu, o labrador entrou em disparada, latindo animado. O casal deixou a discussão sem fundamento de lado e olhou para o cachorro estabanado que corria em direção a eles.
- Oi, garoto – acariciou as orelhas do cão quando o mesmo apoiou as patas dianteiras em cima dela.
- Não acredito que meu cachorro prefere você a mim – resmungou inconformado. – Há dois dias você nem gostava dele!
- Fazer o quê? Sou carismática – piscou para o loiro, que se limitou a comer outro pedaço do bolo.
- Ah, nós vamos ao seu apartamento assim que terminarmos aqui, ok? – anunciou casualmente, mesmo que isso não parecesse normal para .
- O que vamos fazer no meu apartamento? – perguntou curiosa.
- Surpresa.
- Ah, vai se ferrar, ! – jogou um pano de prato em cima dele. – Não se pode dizer que tem uma surpresa para uma grávida ansiosa e muito menos pra uma jornalista curiosa. Desembucha.
- Você vai ver daqui a pouco, princesa. Relaxa – levantou-se de onde estava e foi até ela. – Termina de comer e a gente vai.
- Como eu paro de comer se a Peggy fez esse bolo? – apontou para o bolo no prato. – Acho que ela te deseja e a missão dela é me fazer engordar para quando a coisinha nascer, ela tomar meu lugar.
gargalhou.
- É uma ótima teoria – concordou, abaixando o rosto para dar um beijo em . – Mas não sei se é válida.
- Por quê? – arqueou as sobrancelhas, fazendo questão de ouvir.
- Porque por incrível e mais meloso que pareça, aparentemente estou caído por uma jornalista pé no saco – retorceu os lábios, sorrindo ironicamente.
- Pé no saco uma ova – discutiu, empurrando-o para sair da frente. – Vou me trocar e podemos ir.
levantou-se da cadeira e contornou o corpo do goleiro, indo em direção as escadas. Como a única coisa que não a incomodava eram vestidos, essa foi a sua única opção, por isso vestiu o primeiro que encontrou. Desceu o mais rápido que pôde e encontrou ao telefone.
- Tudo pronto? Nós estamos indo – ele falava com quem quer que estivesse na outra linha.
ficou curiosa, mas assim que a viu, desligou a ligação.
- Quem era? – perguntou, se aproximando dele.
- Ninguém – desconversou, indo em direção à porta. – Vamos?
- Olha, se você pretende me pedir em casamento é melhor parar por aí, porque não sei se eu aceitaria – brincou, passando para o lado de fora.
- Poxa, vou ter que mandar cancelar as cem pombas e os caras da orquestra – fez a melhor expressão desapontada. – Vou ter que devolver o diamante de vinte quilates?
- Eu não me importaria em ficar com o anel... – ergueu a mão como se imaginando o diamante no dedo.
- Então sendo assim... – correu para parar em frente a ela e ajoelhou-se, o que fez ficar de boca aberta.
- Eu te mato se você fizer isso, – murmurou entredentes.
sorriu, colocando a mão no bolso.
- – ele começou a puxar a mão lentamente. – Você acreditaria se eu dissesse que estou brincando com a sua cara?
não sabia se ficava aliviada ou batia nele. Era a segunda vez que ele a zoava daquele jeito e ela acreditava.
- Eu deveria te fazer tomar a gasolina do tanque – resmungou, passando na frente dele em direção ao carro.
- Essa nunca fica velha! – foi rindo atrás dela.
- Quando me pedir em casamento de verdade, não vou acreditar – entrou no carro, fazendo questão de bater com força a porta do Range Rover.
- Ei, ei, o meu carro não tem nada a ver com essa história – reclamou, entrando no lado do motorista. – E eu não pretendo te pedir em casamento, portanto não preciso me preocupar quanto a você achar que é verdade ou não.
- Oh, isso é o que toda mulher espera ouvir do pai do seu filho, – falou com um tom de voz sonhador, levando a mão ao peito.
- Sou uma inspiração para muitos outros namorados por aí – entrou na onda, olhando-a de soslaio enquanto dava ré com o carro na entrada da garagem.
não falou nada quanto ao termo “namorado”, assim como também preferiu ficar calado ao se dar conta do que havia falado. Sabiam que ao rotular as coisas ficariam sérias e nenhum dos dois queria estragar aquilo.
O caminho até o apartamento de foi preenchido por conversas bestas e um dos dois cantando as músicas que tocavam no rádio. Ao chegarem em frente ao prédio, estacionou na vaga do apartamento dela e depois subiram juntos no elevador até o andar de .
- Estou realmente curiosa para saber o que você tá armando, comentou enquanto caminhava em direção a seu apartamento.
- Garanto que é coisa boa – ele abraçou-a por trás, guiando-a até o apartamento. – Agora você vai ter que fechar os olhos.
- Ah, qual é, ! – bufou.
- Fecha os olhos, princesa – sussurrou no ouvido dela. – Vai valer a pena.
Apesar de contrariada, fechou os olhos. abriu a porta e levou-a pelo apartamento até um quarto. Abriu a porta e deixou que ela entrasse primeiro.
- Pode abrir – deu permissão.
Na mesma hora abriu os olhos e seu queixo caiu. O quarto que antes servia apenas para enfiar suas bagunças havia se transformado em um quarto de bebê. O quarto era bem claro. Papel de parede prata com vários animais pequenos em uma parede enquanto as outras eram brancas, cortinas de musseline lilás, uma poltrona confortável com três travesseiros em tons de verde. No berço o enxoval também era bem neutro em um tom lindo de azul e cinza. Um móbil de planetas estava pendurado acima do berço que também estava repleto de ursinhos. As paredes brancas também estavam decoradas com fotos em molduras coloridas, todos apareciam nelas: e , , , .
Tudo estava maravilhoso.
- Eu não acredito que você fez isso – conseguiu falar, virando-se para .
- Minha mãe fez questão – enfiou as mãos nos bolsos, sorrindo. – , e me ajudaram. Na minha casa tem um igual.
- Era essa a reforma que você estava fazendo no banheiro do quarto de hóspedes? – arqueou as sobrancelhas.
Ele confirmou com um meneio de cabeça.
- Como eu não sei como nós estamos, mas sei que morarmos juntos direto depois que o bebê nascer não deve ser uma opção para você, fiz esse para você decidir. Se quiser ficar comigo, temos um igual lá em casa, mas se preferir, vai ter esse aqui também – explicou. – Não queria te pressionar a nada.
- Eu adorei – se jogou nos braços do jogador, que riu ao abraçá-la. – Principalmente por você ter pensado nisso. Realmente não sei como estamos, mas não quero apressar as coisas, mesmo que isso seja contraditório já que ter um filho é apressar em muito as coisas.
riu.
- Nós vamos descobrir como estamos – beijou a testa dela.
Essa frase fez o coração de apertar, pois lembrou-a da proposta que tinha recebido e que ainda aguardava uma resposta. Há muito tempo fez uma promessa a si mesma de que nunca iria atrapalhar sua carreira por um relacionamento, mas tinha muito mais coisa envolvida nisso do que seu relacionamento com . Tinha um bebê a caminho ela não fazia ideia do que resolver.

Acontece que a família de não era nem de longe tão assustadora quanto pensou. Eles haviam ido passar o final de semana na fazenda dos avós dele para comemorar o aniversário de May, a avó de . Aparentemente uma festa de noventa anos só poderia ser em grande estilo se durasse duas noites.
- A barriga está tão redonda! – May comentou, acariciando a barriga de . – A barriga de Lauren era igual e nasceram aqueles gêmeos maravilhosos. Tenho certeza que o seu vai ser tão saudável quanto aqueles dois.
sorriu para May.
- Estou contando com isso, apesar de ter quase certeza desde agora de que ele vai me dar trabalho – comentou, olhando para o rosto sorridente da avó de . – Ele chuta tanto! E também parece achar que eu sou um tipo de escorrego.
As mulheres que estavam ao redor riram.
- era assim – Kristen disse. – Deve ser genética.
- Já escolheram nome? – May perguntou, olhando para a grávida.
- Ainda estamos nesse dilema – mordiscou o lábio. – queria colocar Junior, mas nem por cima do meu cadáver!
- Oh Deus, esse menino tem cada ideia – Pauline, uma das tias de , riu.
- Eu sinto que estão falando de mim – chegou à sala e escorou-se na parede, sorrindo para mulheres. – Estou certo?
- Culpadas! – May entregou, erguendo os braços em gesto de redenção. – Cadê os meninos?
- Se com “meninos”, a senhora se refere ao meu avô, meu pai e meu irmão, eles estão lá embaixo – foi sentar ao lado de quando viu que tinha espaço no sofá.
- Estávamos discutindo sobre o nome do bebê. Sua tia também acha sem cabimento colocarmos Junior – falou para .
- É um ótimo nome! – retrucou, olhando indignado para a tia.
- Um já é suficiente, querido – Kristen piscou para o filho, risonha.
- Vocês estão em uma conspiração, só pode – acusou. – Mas eu vou deixar para lá. Só preciso roubar a minha noiva por um momento.
- Ela é toda sua – May liberou.
- Me concede essa honra? – levantou e estendeu a mão para .
- Só se me carregar no colo. Não estou com nenhuma vontade de andar – fez manha, o que causou o riso do homem.
- Não seja esse o problema – dito isso, se curvou, passou um dos braços por trás dos joelhos dela e o outro pelas suas costas, então a pegou no colo.
- Ai, meu Deus, eu não estava falando sério, se agarrou ao pescoço dele.
continuou a rir, enquanto saiu carregando pela sala. A cena provocou risadas e olhares apaixonados por meio das mulheres que estavam presentes.
- Para onde está me levando? – perguntou, olhando para o caminho em que estava a levando.
- Ao lugar onde vamos escolher o nome do nosso filho – continuou a levá-la pelo jardim, trilhando o caminho que levava ao pomar.
- Agora fiquei curiosa.
Ao chegarem ao meio do pomar, finalmente colocou no chão e levou-a até um banco onde sentou com ela ao seu lado.
- Acho que o nome do nosso filho deveria ser Elliot – sugeriu.
- Tá... – ponderou. – Por quê?
- Era o nome do meu avô, marido da May – contou. – Ele morreu três anos atrás em uma cirurgia no coração. Minha avó acredita que quando alguém morre, ela renasce no próximo membro da família que nascer e como o nosso filho vai ser o primeiro a nascer desde então... Enfim, só achei que seria uma homenagem legal. A May sente falta dele, iria adorar.
escutou a história em silêncio, assentindo para indicar que estava entendendo. Por fim, segurou a mão dele e apertou de leve.
- Elliot parece bom para mim – decidiu, abrindo um sorriso.
- Então já temos um nome – sorriu abertamente e colocou uma mão na nuca dela, beijando-a em seguida.
- E por que me trouxe aqui para escolhermos o nome do bebê? – perguntou, lembrando o que ele tinha dito.
- Por nada. Fazia um tempo desde que eu tinha vindo aqui – deu de ombros, olhando ao redor. – E meu pai fala que é sempre um bom lugar para trazer as garotas.
Ela arqueou as sobrancelhas.
- E quantas você já trouxe aqui?
começou a contar mentalmente.
- Algumas – achou mais seguro responder.
- Cafajeste!
Ele riu, puxando-a para um beijo.
- E você adora – murmurou contra os lábios dela.
- Todos cometemos erros, meu bem – riu baixinho.
- E você é o meu favorito.
E então voltou a beijá-la.



Capítulo 22 – Threewords

... Eight letters, say it and I’myours.
(Blair Waldorf)

- Isso é um... Pacote de fralda? – olhou para as pessoas ao redor.
- Nem perto! – Sophia, a esposa de um de seus irmãos, gargalhou. – É uma bomba para tirar leite, .
havia resolvido fazer um chá de bebê para e convidado praticamente todo mundo que conhecia, deixando a casa de abarrotada de gente, crianças e bebês. Na hora de abrir os presentes, os meninos haviam proposto a brincadeira que consistia em adivinhar o que havia recebido ou então o dono do presente poderia escrever alguma coisa nela. A essa altura já não tinha quase nenhum espaço limpo sobrando em seu corpo.
- Fique à vontade para riscá-la, Soph – entregou o batom para a mulher.
- Você é péssima nisso, riu.
- Argh...– revirou os olhos, estendendo o braço vazio para Sophia escrever. – Por que o não tá sendo riscado também?
- Porque eu não estou brincando – ele respondeu. – Essa é com você, princesa.
- Eu acho injusto só a estar brincando – Lauren ficou do lado da jornalista. – Vem para cá também, .
- Temos dois aqui, amor – Pierre apontou dele para , que estava ao seu lado.
- É óbvio que ela se referiu ao – Kristen revirou os olhos para o filho. – Vem logo, .
- Isso é realmente necessário? – , receoso, foi até a poltrona onde estava e sentou no braço da cadeira. – Porque eu não sei nada sobre essas coisas.
- Eu também não sei, então é muito justo sim – alegou, sorrindo vitoriosa para ele.
- Então o próximo vai para o – Louise entregou uma caixa para ele. – Esse é meu.
olhou para a caixa, depois voltou a olhar para Louise. O jogador balançou a caixa e aproximou-a do ouvido, tentando ouvir algo lá dentro.
- Brinquedo? – arriscou.
Louise apertou os lábios, tentando não rir enquanto negava.
- Um kit de mamadeira – revelou. – O batom, por favor.
revirou os olhos.
- Agora está começando a ficar interessante – provocou, sorrindo maliciosa para o homem.
- Continuando... – prosseguiu.
- Não podemos desistir dessa brincadeira? – propôs, esperançosa.
- Na verdade não. Ainda temos muitos presentes – a mãe dela apontou para as inúmeras caixas no chão.
- Argh, odeio vocês – a jornalista bufou.
Quando terminaram de abrir todos os presentes, não apenas , mas também estava com o corpo coberto de palavras escritas com batom. Como as mães e que haviam organizado as brincadeiras, e logo perceberam que havia uma lista que ainda tinha que ser feita, portanto partiram logo para a próxima brincadeira que consistia em um quiz sobre os pais do bebê. As pessoas se dividiram em dois grupos para jogar, enquanto e estavam com os pais no meio.
- Então tá... Primeira pergunta – anunciou. – Quando criança, vestiu uma fantasia, subiu no alto da escada e se jogou, pensando que iria voar. ou eu?
Os convidados começaram a pensar, enquanto os pais do casal riam.
- ! – gritou em um grupo.
- Não, isso é totalmente cara da opinou do outro grupo.
- E quem acertou foi o... ! – Layla respondeu. – cismou que era uma fada e vestiu-se com a fantasia que a avó tinha feito. Quando caiu, quebrou um braço e o dente da frente.
- Não precisávamos de detalhes, mãe – escondeu o rosto na curva do pescoço de , que só ria.
- Vamos para a próxima pergunta então – interviu, parando de rir. – Tem uma cicatriz em forma de raio na cintura e por isso a chama de Harry Potter. ou eu?
desatou a rir assim que escutou a pergunta.
- Essa eu sei! – gritou. – Como divido o vestiário com o e nunca vi a cicatriz, tenho certeza que é a .
- Correto – Leonard respondeu. – A cicatriz também foi por causa da queda.
- Ok, ok... – pegou logo a outra pergunta. – Qual de nós dois teve um cachorro e colocou o nome do cachorro de Cachorro?
- O , óbvio – Louise respondeu da mesma equipe de . – é traumatizada com cachorros.
- Você chamou seu cachorro de Cachorro? – olhou indignada para .
- Eu tinha seis anos e ele tinha cara de cachorro – o jogador se explicou. – Próxima pergunta: Tinha um ursinho inseparável durante a infância. Quando dormiu fora e esqueceu ele, saiu correndo para casa no meio da noite porque não conseguia dormir sem, enquanto os avós perseguiam. ou eu?
O resfôlego que soltou denunciou.
- ! – gritou da equipe de .
- Ele mesmo! – Kristen respondeu, risonha. – Foi traumatizante para os meus pais.
- Essa brincadeira só melhora – zombou.

Horas depois quando todos finalmente foram para casa, os únicos que sobraram foram , , e , que estavam agrupados em volta da mesa da cozinha comendo o bolo que havia sobrado.
- Esse bolo tá uma delícia – elogiou, apontando para a travessa onde o bolo estava.
- Tá mesmo – concordou. – É uma pena não poder comer tudo.
- Eu só estou pensando em como manter o Zagueiro longe da coleção de mordedores que a Ester deu – comentou, comendo mais uma garfada do bolo.
- Quem diria, hein? – olhou de para . – Vocês dois apaixonados, esperando um bebê, parecendo adultos. Tudo isso em sete meses.
- Não era uma coisa que estava na minha meta de fim de ano – admitiu. – Mas tirando ter sentimentos pelo , até que isso não foi uma coisa ruim.
- Vocês são o pior casal que eu conheço – riu. – E eu pensava que o e eu éramos complicados.
- Nós somos um bom casal no quesito briga. Conta? – sorriu, piscando para . – Temos sempre ótimos argumentos e a tem uma ótima pontaria quando se trata de arremessar coisas.
- Foi ela que te deixou com a testa roxa semana passada? – arregalou os olhos.
- Com uma escova de cabelo – denunciou.
- Ai, meu Deus! – gargalhou.
- Eu me empolgo quando se trata de defender o meu time! – encolheu os ombros, ignorando os olhares em cima dela. – E eu dei três avisos. Ele poderia ter evitado isso se tivesse se calado.
- Eu hein... – negou com um aceno de cabeça. – ainda não me disse o nome do bebê. Quero saber o nome do meu afilhado.
- Ninguém te convidou para ser padrinho – retrucou.
- E precisa? – sorriu convencido. – Sou de casa.
- Besta – riu. – E é Elliot.
- O Elliot vai ser lindão se puxar a tia correu até se abaixou o suficiente para beijar a barriga dela.
- Ah, ele vai ser igualzinho a você, riu, abraçando a cabeça da amiga.
- Aí, já pode soltar! – reclamou, se afastando. – Eu acho que o e eu já devemos ir. A Louise saiu com o e agora que ela tá solteira, tenho medo de que possa cometer algum erro.
- Meu bom Deus, vai correndo então – falou, horrorizada.
- Só vou levar umas coisinhas, tá? – saiu colocando docinhos, salgados e bolo dentro de uma bolsa, causando o riso dos outros três.
- Não leva tudo! A grávida é a brincou.
- Quem te garante isso? – retrucou, colocando um docinho na boca. – Eu e a somos bastante ativos, ela pode ter me engravidado e a gente ainda não sabe.
- Vamos antes que você pegue tudo, amor – riu e saiu arrastando o namorado. – E eu duvido que tenha te engravidado, ainda não estou pronta para isso.
Assim que os dois foram embora, e finalmente conseguiram algum descanso. Eles fizeram questão de demorar uma eternidade dentro da banheira que havia insistido em utilizar. A grávida estava tão exausta que para sair de lá teve que carregá-la, pois a jornalista já se encontrava parcialmente adormecida.
- Minha mãe adorou o quarto – murmurou assim que a deitou na cama.
- Quem não adoraria? – sorriu convencido, o que fez revirar os olhos.
- Besta.
vestiu uma calça de moletom qualquer e deitou ao lado de , puxando-a para perto.
- Minha mãe disse que parecíamos um casal de adolescentes apaixonados – falou, os seus lábios encostavam levemente na têmpora de .
- Mas não somos adolescentes – ela observou.
- Não, não somos.
sorriu.
- O que nós somos? – fez a pergunta, olhando de lado para .
- Um casal de adolescentes apaixonados? – sugeriu, arqueando uma sobrancelha.
- Não somos adolescentes! – insistiu.
- Um casal apaixonado?
- Muito abrangente.
voltou a pensar.
- Somos e . Um casal apaixonado. Melhorou? – olhou para ela.
riu e escondeu o rosto no travesseiro.
- Argh, isso tá meloso demais para o meu gosto – ela falou, deixando sua voz ser abafada pelo travesseiro.
riu e puxou-a para que ela voltasse a olhá-lo.
- Vamos aproveitar esse momento meloso. É raro. Nós só discutimos o tempo todo – a beijou. – Então vou aproveitar para dizer uma coisa.
fez uma careta.
- Não vai dizer que me ama, por favor – implorou.
- Eu te amo – ele sorriu.
- Argh, não! – protestou, virando a cara quando ele começou a beijar seu rosto.
- Por que não? – quis saber, ainda beijando seu rosto todo.
- Porque eu não quero dizer de volta.
- Então não diga – ele riu.
- Mas eu quero.
- Então diga. Três palavras, oito letras. Diga e eu sou seu – forçou uma voz afetada.
desatou a rir.
- Quando você começou a assistir Gossip Girl para estar citando Blair Waldorf? – quis saber, ainda rindo.
- Só diz, .
Ela queria dizer. Sentia que devia. Sabia que ainda era cedo e que eles estavam assim há pouco mais de quatro semanas, mas não era de semanas atrás que os seus sentimentos por vinham se acumulando. Não queria ser precipitada, pois só havia dito um eu te amo, para apenas uma pessoa antes e tinha acabado com ela. Como sua mãe já havia lhe ensinado, “eu te amo” não deveria ser dito para qualquer um. Mas não era qualquer um e ela sabia.
- Eu te amo, idiota – murmurou, porém logo voltou a afundar o rosto no travesseiro. – Nem me mande dizer de novo ou então vou acabar desdizendo.
- Você não pode desdizer que ama alguém, princesa.
Assim, rolou-a na cama até que ela ficasse de frente para ele e a beijou.

- Droga, eu esqueci de levar o bolo e os docinhos da Sra. Mavis – pulou da cadeira.
- Sra. Mavis? – questionou, dando uma mordida na torrada.
- A sua vizinha da frente, – a jornalista riu. – Nós nos tornamos boas amigas durante meu tempo aqui.
- A dona dos gatos que o Zagueiro gosta de perseguir?
- Essa mesmo – afirmou, indo até a geladeira. – Vou lá levar isso para ela.
- Ok então – bebericou seu suco. – Quer carona para o jornal?
- Ah, quero sim – respondeu enquanto pegava a caixa com os doces que havia separado. – Já volto.
saiu rapidamente e atravessou a rua correndo até a casa de porta azul da Senhora Mavis. Ao tocar a campainha, ouviu um dos gatos miar lá dentro. Logo a porta se abriu e a senhora de uns setenta e poucos anos de idade saiu, abrindo um sorriso para a morena.
- ! Como foi a festa, querida? Sinto muito não ter ido – lamentou, parecendo realmente desgostosa. – Mas a Allie não estava bem e precisei levá-la ao veterinário.
- Tudo bem, Senhora Mavis. A festa foi ótima sim, obrigada pelo presente – sorriu. – Como a Allie está agora?
- Ah, muito bem. Era apenas algo que tinha comido no quintal de algum dos vizinhos – sorriu contente ao falar da melhora da gata.
- Bom, trouxe isso para a senhora – estendeu a caixa de doces. – Espero que goste.
- Ora, não precisava! – olhou para . – Mas muito obrigada. Adoro um doce, apesar do meu médico não recomendar. O que médicos sabem, afinal de contas, hein?
riu.
- Acho que um docinho não deve fazer tão mal, mas só um! – piscou conspiratória. – Só passei para isso. Preciso me arrumar para o trabalho.
- Tenha um bom dia, querida – Mavis a puxou para um abraço, equilibrando a caixa em uma mão só.
- Bom dia para a senhora também – separando o abraço, acenou em despedida e virou-se para voltar para casa.
Em um segundo os dois lados da rua estavam vazios, porém, assim que se viu no meio da rua, um carro em alta velocidade apareceu vindo do lado esquerdo. Em pânico e estática, ela não conseguiu correr para nenhum dos lados. Não conseguiria correr o suficiente e na velocidade que estava, o carro também não conseguiria parar. só teve tempo de se abraçar antes que o automóvel a atingisse com tal força que seu corpo rolou por cima do capô e do teto até chegar ao outro lado do carro.
- ! – alguém gritou.
Seus olhos pesaram, seu corpo estava doendo tanto e ela mal conseguia respirar. Pelo que conseguia ver por cima da névoa que pairava em sua visão, ela viu desesperado enquanto gritava algo. Gritava para ela se manter acordada.
Mas ela não conseguiu. Sucumbiu a dor e seus olhos fecharam.



Capítulo 23 – In The Blink Of An Eye

Just a whisper of smoke, you could lose everything the truth is you never know.

Tudo doía. A cabeça, as pernas, os braços... Tudo. Mas não era com ela que estava preocupada. Ela tentava abrir os olhos para ver se a barriga ainda estava ali, mas não conseguia. Queria gritar e perguntar, mas a garganta estava ocupada com tubos.
- Agende uma sala de cirurgia – alguém gritou. – Quero dois litros de O-.
- Os batimentos do bebê estão fracos, a placenta deslocou e ele vai ficar sem oxigênio. Ela não tem mais de 28 semanas, um parto não seria adequado... – outra voz se sobressaiu.
Não, o bebê não! queria gritar, mas não conseguia.
- A mãe está com hemorragia interna, precisamos tratar agora – a primeira voz rugiu.
- Precisamos tratar do bebê! – a outra voz insistiu. – Alguém liga para a cirurgiã neonatal.
- !
!
- Senhor, você não é permitido aqui – uma voz autoritária se manifestou.
- Uma ova que eu não sou! – rugiu. – Ela é minha noiva, esse é o meu filho.
- Faremos o melhor que pudermos, agora acalme-se e saia do quarto – a pessoa voltou a ordenar.
tentou continuar a escutar a conversa, mas sua consciência estava pesando e os sons agora só eram borrões até que ela não pôde ouvir mais nada.

rolou na cama, esperando encontrar seu marido, mas ao invés disso, encontrou apenas travesseiros que tinham o cheiro dele. Aproximou-se das fronhas e inspirou profundamente, sorrindo quando o perfume amadeirado preencheu seu olfato.
- Sentindo minha falta?
Ao ouvir a voz de , abriu os olhos, apenas para revirá-los.
- Não é uma opção.
Ele riu e se jogou na cama, abraçando-a pela cintura.
- O Elliot acordou. Ele disse que tem palhaços no closet – explicou. – Tive que ficar lá até ele voltar a dormir. Coloquei o Zagueiro de vigia.
- Tá vendo? Eu falei que você não deveria ter chamado um palhaço para o aniversário dele – suspirou. – Aquele palhaço era medonho.
- Mas ele gosta de palhaços! – se defendeu.
- Não dos que parecem assassinos disfarçados!
- Tá bom, . Volta a dormir – beijou a testa dela.
- Não consigo mais.
- Sério que vou ter que colocar duas crianças para dormir em uma noite só? – brincou.
- Idiota – ela bufou, mas sorriu.
- O que você acha de irmos passar o final de semana com os meus pais? Minha mãe tá louca para ver o Elliot. Diz que já faz tempo demais que o viu – propôs.
- Parece bom para mim.
- Ótimo.
- Ótimo.
Os dois fecharam os olhos e ficaram assim por alguns segundos na tentativa de relaxar para o sono chegar, mas logo percebeu que não iria conseguir dormir tão cedo, então virou-se para o marido e observou sua expressão serena enquanto tentava dormir.
- Você está me olhando... – murmurou. – É estranho.
- Eu não estou conseguindo dormir – reclamou.
- Mas isso não significa que precisa estar me olhando.
- Eu não tenho muito mais coisa para fazer, .
- Você não vai conseguir dormir olhando para mim – retrucou, abrindo os olhos para ela.
- Não sei. Te olhar é bem entediante – brincou, abrindo um sorriso malicioso.
semicerrou os olhos.
- Você não deveria ter dito isso, – ele a repreendeu.
- Não sou mais – falou, ainda sorrindo. – É .
Não demorou muito e estava em cima dela, os braços em cada lado do corpo de , segurando o peso para não cair em cima dela.
- Você não deveria ter dito isso, consertou e fez questão de frisar o sobrenome.
- Por quê? – arqueou uma sobrancelha. – Vai fazer o quê?
Em resposta, a beijou.

- Qual é o quadro? – o médico de perguntou, passando os olhos sobre a prancheta com todas as informações da paciente.
- Conseguiram controlar o sangramento interno, mas ela ainda não está estável – o cirurgião respondeu. – Ela tem outra cirurgia em poucas horas.
Um momento de pausa.
- Ah, vejo aqui no prontuário – comentou, suspirando pesadamente. – Já avisaram a família dela?
- Ainda não. Doutora Evans está se certificando antes de informar qualquer coisa.
- Entendo... A neonatal não pôde fazer nada? – perguntou.
- Não tinha nada que ser feito. Quando ela chegou o bebê já... – a pessoa foi interrompida por alguém que entrou na sala.
- Dr. Sommers, chegou uma emergência – a enfermeira avisou.

estava impaciente enquanto esperava por notícias. Não só de e do bebê, mas também sobre se a polícia havia encontrado o motorista que havia atropelado . O desgraçado havia fugido assim que viu o estrago que tinha feito e os nervos do corpo de ainda ferviam de ódio. A raiva se misturava com a tristeza, o sofrimento e a incerteza, o tornando uma bomba prestes a explodir.
- Toma – estendeu um copo de papel. – Ainda sem notícias?
- Não – murmurou. – Layla e Leonard foram tentar se atualizar sobre o quadro dela, mas até agora não disseram nada.
- A e o também estão tentando obter informações com as enfermeiras. Se a ficar parada é bem capaz de enlouquecer – comentou.
- Entendo o sentimento – suspirou.
estava se sentindo desolado. Não era apenas que estava lá, era seu filho também e ele não iria saber o que fazer se algo acontecesse a algum dos dois, ou, como ele não gostava nem de pensar, aos dois. A sensação de impotência o consumia até os ossos e o nó na garganta parecia apertar a cada minuto que se arrastava sem saber notícias.
- Eles vão ficar bem, sentou ao lado do amigo e apertou seu ombro tentando o confortar.
Era nisso que queria acreditar, mas havia escutado os médicos falarem. Não sabia se podia confiar muito nisso.
- !
Ao ouvir a voz familiar da mãe, levantou e foi de encontro ao abraço materno. Pela primeira vez desde muito tempo, ele teve que segurar para não chorar por uma dor que não era física.
- Como eles estão? – Joshua perguntou, aproximando-se do filho e da esposa.
- Os médicos ainda não falaram nada – respondeu.
- Eles vão ficar bem, querido – Kristen beijou sua testa, os olhos transparecendo todo o sofrimento que também estava sentindo pela situação.
- Eu não sei o que fazer se eles não ficarem – fechou os olhos, apertando mais os pais no abraço.
Olhando sobre o ombro da mãe, viu quando os pais de voltaram para a sala de espera. Layla vinha chorando e Leonard, apesar da pose dura, mostrava os indícios de olhos vermelhos de quem segurava o choro.
- O que eles disseram? – soltou-se rapidamente dos pais, indo em direção aos pais de .
Layla mal conseguiu olhar para o jogador.
- E... Ela... – Layla tentou dizer, mas logo voltou a cair no choro nos braços do marido.
encarou Leonard em busca de explicações, mas assim como a esposa, ele não conseguiu falar. Desespero, não perdeu tempo e correu até médico que agora se afastava, mas que parou quando gritou para chamar sua atenção.
- Eu sou o marido da paciente – ele se apressou. – Como ela e o bebê estão?
O médico parecia pesaroso em dizer.

- Elliot, não vai par... – tentou interromper, mas foi tarde demais. O menino pulou com tudo na poça de lama. – Argh!
riu, olhando enquanto o filho continuava a pular alegremente nas poças que a chuva havia feito no gramado.
- Não ri, tá? Vou te colocar pra lavar aqueles sapatos – deixou claro, sorrindo.
- A Peggy ficaria feliz em fazer isso – ele se esquivou.
- A Peggy não foi quem incentivou ele a sair pulando na lama. Você sim, então você vai lavar – manteve-se firme.
- Falamos sobre isso depois.
apoiou os cotovelos na grama e olhou para cima, sorrindo ao receber os raios de sol em sua pele. Aquilo não era de verdade, mas ela podia apreciar alguns momentos em paz com e o filho.
- Vocês vão ficar bem, você sabe – falou, olhando para ela.
- Vamos? – suspirou.
- Vão.

abriu os olhos devagar, tentando se acostumar com o quarto iluminado. Sua garganta estava seca, seu corpo já não doía. A primeira pessoa que viu foi uma enfermeira que estava anotando algo em uma tabela. Ao notar os olhos dela entreabertos, se apressou para fora do quarto para chamar o médico responsável. Rapidamente um homem de jaleco apareceu já tirando algo do bolso.
- Senhorita , como se sente? – ele aproximou-se dela, tratando de apontar uma luz para seus olhos.
Ela tentou responder, mas a secura na sua garganta não deixou. Percebendo, a enfermeira que ainda estava no quarto se adiantou em oferecer água. Depois de um copo, sentiu que já devia ter recuperado a voz.
- Como está meu filho? – conseguiu perguntar, sentindo sua garganta ainda queimar com cada palavra.
O médico engoliu em seco, parecendo escolher as próximas palavras com o maior cuidado possível. não gostou do que viu passar no rosto dele.
- Você chegou até nós com sérios danos. Tinha um sangramento interno, duas costelas quebradas – o médico começou. – O bebê também não parecia bem. A placenta deslocou, ele não estava conseguindo receber oxigênio suficiente. A pancada foi forte e provocou vários ferimentos nele também.
O coração de parecia estar parando com cada palavra e o ar estava faltando. Levou as mãos arranhadas e cheias de fios até a barriga e a vontade de chorar só aumentou assim que percebeu que não estava do tamanho de antes. Seu Elliot não estava mais com ela.
- Nós tentamos fazer uma cessaria de emergência, mas mesmo assim... – olhou com pesar para ela. – Não foi o suficiente.
O aparelho que monitorava seus batimentos disparou.
- Sinto muito, mas o bebê não resistiu ao trauma, .



Capítulo 24 – But if we’re

...Strong enough to let it in, we’re strong to let it go.
(Let it all go – Birdy ft. Rhodes)

precisou ficar no hospital por mais duas semanas até se recuperar o suficiente para voltar para casa, mas não para casa de , sim para seu apartamento. ainda não sabia o que pensar ou como agir ao redor de , quer dizer, nenhum dos dois sabia. A primeira vez que se viram depois da notícia os dois apenas deitaram abraçados e choraram juntos por algumas horas até que os remédios de fizeram efeito e ela dormiu, mas agora, nenhum dos dois sabia mais o que eles eram como um casal. Desde que ela voltara para casa eles não se viam e já fazia três semanas.
- O que você precisa? – perguntou, sentando ao lado de no sofá. – Sorvete? Chocolate?
- Talvez tequila - respondeu, fitando o amigo.
- Não tenho certeza se você pode – ele pensou no assunto. – Pode?
- Só preciso ficar sozinha, – revirou os olhos.
- Não pode. Eu sou seu segurança por hoje – beijou a testa da amiga.
O olhar de encontrou a porta de onde deveria ser o quarto do bebê e por instinto, ela levou as mãos à barriga, mas percebeu que não tinha nada lá. Isso provocou uma onda de dor em todo o seu corpo e quase a fez desmoronar; porém já havia chorado demais para uma vida toda. Percebendo, abraçou a amiga.
- Eu não sei se aguento, – desabafou, escondendo o rosto na curva do pescoço dele.
- Eu não sei nem o que começar a falar, apertou-a ainda mais.
- Não acho que essa seja uma situação que exija muitas palavras – tentou fazer graça.
- Não quer mesmo que eu ligue para o vir?
Ela negou com um aceno de cabeça.
- Ele também está sofrendo.
- Eu sei – suspirou. – Mas ele me lembra o que eu perdi. Eu imaginava o Elliot com aqueles olhos azuis. Só preciso de um tempo. Nós dois precisamos de tempo.
O celular de apitou, indicando uma nova mensagem. Para se distrair do que estava pensando, a jornalista apanhou o celular e se concentrou no conteúdo da mensagem, que na verdade era um novo e-mail do jornal de Londres, querendo outra vez saber da resposta.
- Quem é? – perguntou, curioso.
- Nada – respondeu rapidamente. – O que você acha de assistirmos algum filme? Só consigo dormir assim.
- Claro – ele aprovou a ideia. – Qual?
- Pode escolher, vou tomar banho enquanto isso – se levantou. – A vai vir?
- Sim – confirmou. – Ela está trazendo o jantar.
- Tenho medo do que pode ser – fez uma careta em desgosto, o que causou riso em .
- Ela disse que iria comprar – tranquilizou.
Os dotes culinários de , ou a falta deles, assustava todos que a conheciam.
- Bem melhor agora.
Quando voltou sua atenção para configurar o Netflix à televisão, foi até o próprio quarto. Quando se despiu, ficou em frente ao espelho e a cicatriz em sua barriga a fez fechar os olhos rapidamente. Não queria ver aquilo. Odiava aquilo.
Sem pensar muito, pegou o celular que havia deixado em cima da pia e vasculhou até achar um contato. Digitou uma mensagem rápida e enviou.

estava deitado no escuro, encarando o teto do quarto. Zagueiro estava ao seu lado, lambendo sua mão como se soubesse que alguma coisa estava errada. havia achado melhor levar para o próprio apartamento por enquanto, mas a preferia ali, onde ele pudesse se certificar que ela estava bem.
- Por que está no escuro, ?
A luz queimou as retinas do jogador quando foi acesa e ele amaldiçoou quem quer que tivesse ligado. Quando olhou para a porta, viu que tinha sido .
- O que você tá fazendo aqui? – inquiriu, sentando-se.
- Me mandaram checar como você está – entrou no quarto, olhando ao redor. – Você fez um bom trabalho aqui.
não precisou olhar ao redor. Ele e a mãe haviam decorado cada canto do quarto do filho e tinha passado tanto tempo ali nos últimos dias que sabia cada cor que havia usado na decoração.
- A maioria foi minha mãe – respondeu.
- Como você está? – perguntou.
- Como você acha que eu deveria estar? – arqueou as sobrancelhas.
- Ok, foi uma pergunta estúpida – encolheu os ombros, se sentindo idiota. – e estão com a .
- É bom que ela não esteja sozinha.
- Você não deveria estar com ela?
- Não sei – colocou o rosto entre as mãos. – Ela me lembra do que eu perdi e eu sei que ela vê o mesmo em mim.
- Só vocês sabem o que estão sentindo, . Deveriam estar juntos.
não sabia lidar com a dor. Nunca soube. Quando era criança e caía, berrava até depois que a dor já tinha passado. Agora mergulhava na bebida para amenizar as dores emocionais, porém ele sentia como se não existisse álcool suficiente para o que ele estava sentindo.
- Não.
O celular de apitou com uma nova mensagem e ao olhar para o visor, ele levantou rapidamente.
- Que foi? – perguntou, curioso ao ver o amigo levantar subitamente.
- Preciso vê-la.

- Alguém pegou meu celular? – perguntou, procurando atrás das almofadas.
- Acho que você deixou na cozinha – disse.
correu para deixar o celular na mesa de centro.
- Tá aqui, pegou de volta e entregou para ela. – Você não deve nem ter visto que deixou ai.
- Os analgésicos estão me deixando meio desnorteada – ela pegou o aparelho e voltou a deitar no sofá.
- Ah, analgésicos... – a loira soltou um suspiro sonhador.
- Drogada – riu.
se perdeu da conversa, voltando sua atenção para o notebook em seu colo. Seus dedos quase se mexiam sozinhos para preencher os dados do hotel e na compra das passagens aéreas.
- O que você tanto faz aí? – perguntou, espiando pelo ombro de . – Londres?
- Você vai? – arregalou os olhos. – Quando você decidiu isso?
fechou o notebook.
- Eu não posso ficar – olhou para os amigos. – Não depois de tudo.
- E então você só decidiu ir embora? E o ? – perguntou. – Vai simplesmente deixá-lo?
- Nós nem tivemos nada! – seu tom de voz elevou antes de baixar para quase um sussurro. – Estávamos juntos por causa do Elliot.
- Não, não estavam – se ajoelhou ao lado da morena. – Você está com ele porque o ama.
Ela desviou o olhar para a parede clara coberta por quadros do outro lado da sala.
- Eu preciso ir! – murmurou. – Eu preciso de um tempo, preciso de algo novo, de uma motivação.
- Você não está sendo precipitada? – sugeriu, puxando a mão da amiga. – Você não vai nos ter por perto quando estiver lá.
- Não me leva a mal, , eu amo vocês, mas talvez isso seja tudo que eu precise agora – voltou a encarar os olhos tristes da melhor amiga. – Ficar longe pra redescobrir quem eu sou. Eu estava me transformando em uma mãe e agora eu não sou nada de novo.
estava prestes a falar, mas foi interrompido pela campainha. Ele e se olharam, depois os dois foram até a porta e ficou confusa. Ao verem quem era, os dois apenas saíram do apartamento e deixaram que ele entrasse.
- Quem é? – gritou, tentando espiar de onde estava.
- Eu – respondeu.
Ele apareceu na sala e tudo pareceu encolher. De repente a presença dele fez tudo diminuir, inclusive as marteladas no peito por saudade.
- prendeu a respiração.
- Eu recebi sua mensagem – disse, aproximando-se de onde ela estava.
- Que mensagem? – franziu o cenho. – Não te mandei mensagem.
fez uma careta.
- Alguém mandou – tirou o celular do bolso e abriu na mensagem. – Aqui.
- Não fui eu – disse, mas sabia quem tinha sido. – Foi o .
sentou ao lado de .
- Como você está? – ele segurou a mão dela.
Ela não hesitou em entrelaçar seus dedos e apertar as mãos juntas. Por um instante eles encararam as mãos juntas e aproveitaram o calor familiar que haviam sentido falta durante os últimos dias.
- Estou cansada dessa pergunta – foi sincera.
- Eu também – ele quase sorriu.
- Vou passar um tempo fora – falou antes que se quer pensasse sobre o assunto.
franziu a testa.
- Para onde vai?
- Londres.
- Por quanto tempo?
- Não sei.
A resposta provocou um baque dentro dele, mas ele nunca poderia pedir para que ela não fosse.
- Vai fugir? – olhou para ela.
- Preciso – murmurou tão baixo que quase não a escutou.
- Entendo – ele meneou com a cabeça. – Só queria que não precisasse.
- Eu preferia precisar estar com você – admitiu, soando tão vulnerável quanto nunca tinha sido.
era forte e durona, sempre foi. No entanto, admitindo isso para si mesma e para , ela nunca pareceu tão frágil. Mas ao mesmo tempo parecia estar sendo mais forte agora do que já foi durante a vida inteira.
- Eu também preferia – ele quase sorriu. – Mas vai ser bom para nós dois.
voltou seu olhar para ele, sentindo o coração apertar. Sim, ela sabia que eles não estavam juntos apenas por Elliot. Ela sentia isso. Ela o amava. Por impulso, segurou o rosto de entre as mãos e o beijou. O jogador pareceu surpreso, mas não tardou em enlaçar a cintura dela e a apertar contra seu corpo com delicadeza.
Não demorou muito para que os dois estivessem enrolados um no outro e deitados no tapete da sala. Não sabiam o que estavam sentindo, era apenas um misto de desespero, despedida e paixão. Compreendiam-se. sentia nos beijos que ela não queria realmente ir, assim como sentia que ele não queria a deixar.
Roupas foram emboladas no pé do sofá, mãos inquietas tentavam capturar cada centímetro de pele que conseguiam, beijos fervorosos delimitavam o que eles não conseguiam.
Os dois se afundaram naquele momento como se fosse o último e de forma iria ser.



Capítulo 25 – I’m With Somebody New

... Ooh, baby, baby, I’m dancing with a stranger.
(Dancing With a Stranger – Sam Smith ft. Normani)


se encarou no espelho, sentindo-se meio fora de órbita e a culpa era totalmente dos drinks que havia bebido. Hoje era seu aniversário de vinte e sete anos, em uma sexta, então os colegas haviam insistido de sair da reunião de pauta direto para o happy hour no pub que ficava no fim da mesma rua que a sede do The Guardian. Os drinks estavam sendo por conta do pessoal e estavam todos sendo bem generosos. Até o Editor-chefe, Augustus, tinha se juntado a eles.
Respirou fundo e secou a testa com um lencinho para tirar a oleosidade que o calor tinha provocado. Retocou o batom vermelho e abriu um botão da blusa social já que o calor estava quase a fazendo entrar em combustão. Decidiu que estava sim apresentável e pronta para voltar. No topo da escada, na saída do banheiro, checou o celular e riu alto com a notificação que havia respondido seu story no Instagram com vários emojis de cara feia. acreditava ser da foto que Georgia e ela estavam abraçadas segurando os coquetéis com guarda-chuvas.
“Você ainda é minha favorita, , respondeu, enchendo a amiga de emoji de corações. Antes que guardasse o celular na bolsa, tombou bruscamente com alguém e o aparelho caiu com um estrondo doloroso enquanto rolava escada abaixo. A jornalista não caiu por pouco também já que a mão que a segurou pela cintura, impediu.
- Ai, que merda! – o sotaque britânico carregado, lamentou. – Me desculpa, .
Ela franziu o cenho, voltando agora a órbita. Piscou os olhos, encarando o cara na sua frente. Com um maxilar lindo, olhos intensos e um furinho no queixo, o editor-chefe do The Guardian era a cara do Henry Cavil e só não suspirou por estar tão perto dele porque ainda estava preocupada com celular.
- Eu terminei de pagá-lo só faz dois meses – choramingou, desvencilhando-se dele e correndo escada abaixo para pegar o celular.
O chefe desceu atrás dela, ainda soltando pedidos de desculpa. Quando se abaixou para pegar o aparelho, o estômago de se revirou com a rachadura enorme na tela, mas isso nem era o pior. A carcaça havia amassado de um jeito que com certeza não devia e quando tentou ligar, a tela continuou preta.
- R.I.P Wendy. – suspirou, virando para encarar os olhos apreensivos de Augustus. – Acha que alguém ainda pode consertar?
Ele analisou o celular, mas sua careta respondeu antes dele.
- Não acredito em milagres – disse, por fim. – Mas eu vou comprar outro, não se preocupa. Foi culpa minha.
- Ah, não foi – descartou, acenando com a mão. – Eu estava distraída. Parar numa escada em caracol não é muito inteligente.
- Eu também não devia correr em uma – Augustus riu. – Então eu insisto em lhe comprar outro igualzinho.
abriu um sorriso torto.
- Então tá, você ganhou – deu de ombros. – É um iPhone 8 plus.
- Você se rendeu muito fácil – brincou.
- Você insistiu muito bem – umedeceu os lábios, o sorriso ainda fincado. – Parecia uma causa perdida.
- E seria mesmo já que eu claramente fui o maior culpado – falou bem sério. – Um Brown sempre paga suas dívidas.
- Eu acho que você roubou esse lema dos Lannister – semicerrou os olhos em acusação.
- Talvez eu tenha pegado emprestado – sorriu culpado.
- Cuidado, Augustus Brown – usou seu tom de voz mais ameaçador, então, com um último sorriso, se dirigiu até a mesa que o pessoal do jornal estava.
Georgia ria alto de algo que Leon falou. Kayla filmava e Piper segurava para não rir também. Gael vinha com a bandeja nova de drinks e Lia aparentemente tinha mesmo ido embora enquanto estava no banheiro. A aniversariante olhou para os colegas e sorriu nostálgica, lembrando de como adorava aqueles momentos com , e o resto dos amigos no trabalho. Até que adorava ir sem ser convidado.
- Ei, bonita – Georgia chamou, notando-a parada ali. – Volta para cá com essa bunda linda.
- Maravilhosa – Leon suspirou, olhando para .
- A minha bunda ou eu? – questionou, rindo.
- As duas, sem dúvida – ele respondeu. – Mas eu invejo a sua bunda. O Augustus com certeza daria moral para mim, não para você, se eu tivesse uma dessas.
- Leon me dá moral? – riu, sentando-se no banco de antes.
- Vi o flerte na escada – Georgia comentou.
- Ah, se oferecer para comprar o celular que ele quebrou agora é considerado como flerte? – franziu o cenho, olhando para os outros ao redor da mesa, esperando resposta.
- Deixa de ser sonsa – Piper revirou os olhos. – Não é de hoje.
- Ou você acha que ele leva café para todos os repórteres? – Kayla arqueou uma sobrancelha. – Eu nunca recebi. Você já, Gael?
- Não mesmo – negou tristemente. – Só um brownie porque a irmã dele levou uma cesta e ele me deu para distribuir.
- Eu não vi nem a cor desses brownies! – Piper fez uma careta.
- É porque eu fiquei com todos eles – Gael sorriu orgulhoso e bateu na barriga. – Ainda tento perder os quilinhos ganhos dos dezesseis brownies.
Com a camisa de botões realçando a barriga saliente, ninguém duvidava.
- De qualquer forma, – bebeu um gole do drink azul. – vocês estão vendo coisas.
- Você quer apostar que se a gente der brecha, ele não mostra as garras? – Kayla se inclinou na mesa, sorrindo com malícia.
- Que tipo de brecha? – Georgia quis saber, interessada.
- Vamos fingir que a gata do Gael tá morrendo e todos precisamos ir nos despedir, menos a que mal conhece a Floquinho – Leon sugeriu como se a ideia fosse maravilhosa.
Gael pareceu ofendido.
- Não! Nada de usar o nome da Floquinho, ainda mais com história de morte – resmungou, com certeza pensando na gata.
- E isso seria uma desculpa horrível – ressaltou.
- Seria mesmo – Piper concordou. – Eu odeio aquela gata.
- Ei! – Gael reclamou. – Respeita a Floquinho.
- Calem a boca que o chefinho tá voltando – Leon alertou, olhando para a escada onde o editor vinha descendo. – Entãaaao... Show do Shawn Mendes semana que vem, quem vai comigo?
- Você precisa superar essa obsessão, Leon – Georgia disse. – É doentio.
- Ele vai ser meu um dia, acredite – sorriu confiante, nem um pouco abalado.
- Ah, lembrei! – Georgia virou para com um sorriso diabólico nos lábios quando Augustus estava perto o suficiente para ouvir. – Falta você ir lá pegar os baldes de cerveja de aniversariante, .
- Pensei que vocês iam pegar – ela fez uma careta. – Tô com preguiça, Geo.
- Você precisa ir lá com a identidade, linda – Gael incentivou. – O Gus te ajuda, né?
Augustus franziu o cenho, pegando só o final da conversa.
- Ajudo em quê? – questionou.
- A pegar os baldes de cerveja – Piper explicou. – ganha um de graça se comprar o primeiro já que é aniversariante.
- Ah, claro que ajudo – Augustus olhou para . – Quer ir agora?
- SIM! – Leon respondeu por ela. – Me deu uma súbita vontade de beber cerveja.
olhou com descrença para o amigo, sabendo muito bem que cerveja estava no top 3 de coisas que ele odiava. No entanto, não comentou. Olhou para Augustus.
- Claro! – respondeu, levantando do banco. – Só porque não quero ver o Leonzinho passando vontade.
Recebeu uma piscada nada sútil dele antes que Augustus apontasse o caminho do bar, indicando para seguir na frente. O lugar estava cheio, então se locomover era um tanto difícil, mas encontrar um espaço para se enfiar quando chegaram ao balcão foi o pior. precisou ficar prensada entre Augustus e a bancada. Não que ficar colada nele fosse um esforço muito grande, especialmente por ele ser tão cheiroso.
- Como posso ajudar? – um garçom apareceu com um sorriso solícito.
- Sou aniversariante, vim encomendar o combo especial – ela estendeu a identidade.
- Opa, é só mostrar a ID – informou e quando fez isso, ele assentiu. – Só um minuto, senhorita!
- Então, como estaria comemorando o seu aniversário se ainda estivesse em Munique? – Augustus perguntou, atraindo a atenção de .
Ela sorriu.
- De um jeito bem parecido com esse, para ser sincera – admitiu. – Só que com pessoas diferentes e possivelmente com um bolo cheio de ganache feito por minha melhor amiga.
- Conheço uma padaria 24 horas que vende um bolo de ganache maravilhoso, posso ir lá comprar rapidinho – sugeriu, fazendo menção de ir.
riu, mas segurou seu braço e quase mordeu o lábio com a firmeza que sentiu dos músculos embaixo da camisa social.
- Não precisa! – disse, ainda sorrindo. – O cupcake que você deixou na minha mesa já bastou.
- Não tinha ganache – ele fez uma careta, mas o ar risonho permaneceu em seus olhos.
- Era de red velvet com buttercream – relembrou e acenou, chamando ele para se aproximar como se fosse contar um segredo. – É até melhor que ganache.
Augustus riu, fazendo a pele de arrepiar quando ele soprou o ar perto do pescoço dela antes de se afastar.
- Seu segredo está salvo comigo – garantiu, piscando um olho para ela.
- Será? – arqueou uma sobrancelha. – Não me leve a mal, mas não nos conhecemos tanto assim. Precisamos equilibrar isso aqui.
- O que sugere? – ficou curioso.
- Um segredo por um segredo.
Augustus lambeu o lábio inferior e fitou os olhos castanhos de antes de aproximar a boca do ouvido dela novamente.
- Eu estava desejando um momento como esse com você há meses – murmurou.
A pele dela arrepiou.

riu com uma piada idiota que o amigo fez e balançou a cabeça em desaprovação com o comentário que Thomas emendou. O grupo havia se reunido para um jantar em comemoração a que finalmente estava pronto para voltar ao campo depois de meses afastado por conta de uma lesão no pé esquerdo.
- Vocês são uns idiotas – riu, reclinando-se contra a cadeira.
- Ei, mais respeito! Somos os únicos que vieram hoje – Jay se defendeu.
- O quarteto dos ex-lesionados – Kingsley ergueu a taça de vinho. – Um brinde!
Thomas apoiou e soltou uma comemoração, erguendo a taça também. Jay tinha se recuperado recentemente de uma lesão no cotovelo direito, Kingsley de uma cirurgia no tornozelo esquerdo e Thomas de uma ruptura parcial dos ligamentos do joelho. Os quatro monopolizaram bastante os cuidados da equipe de fisioterapia do nos últimos meses.
olhou com satisfação para os amigos e também para o lugar. Ele estava muito feliz por ter se recuperado da lesão e ansiava para voltar para o gol depois de meses afastado, mesmo que ainda precisasse de treinamento para voltar ao pique de antes. Mesmo assim, era uma coisa boa.
- O não veio por quê? – Jay perguntou, olhando diretamente para .
- e ele iam para uma degustação de bolos – contou. – Ele tá ficando louco com os preparativos do casamento.
- Dou por visto – Kingsley riu. – E com o bebê, deve estar mais ainda.
- Esse é o gatilho para a loucura dele – Thomas riu.
- Eu estava com ele quando a disse que estava grávida – sorriu. – Ele caiu de joelhos na mesma hora pedindo a mão dela em casamento.
- E ela aceitou? – Thomas se mostrou desconfiado.
- Você conhece ? – arqueou uma sobrancelha, desdenhando. – Não mesmo. penou por uma semana para armar um pedido de casamento com tudo que ela tivesse direito, especialmente o anel.
- É a cara dela – Jay comentou. – Mas agora que eu estou solteiro, vou ser o seu companheiro, , não se preocupa.
- Meu companheiro? – o goleiro desdenhou.
- Bom, o agora é pai de família, não vai ter o mesmo pique para sair com você – explicou, dando de ombros. – Vai ser bebê para um lado, noites mal dormidas, caca de bebê na cara... Só dizendo, você vai precisar de um amigão para sair com você.
- E você fala isso com o total de 0 experiência que você tem com crianças, não é? – Thomas achou graça.
- Fui babá dos meus sobrinhos um dia – Jay encolheu os ombros, parecendo ter provado de algo amargo. – Eles me quebraram.
- Você é mole – Kingsley zoou.
- Eu consegui fazer os dois dormirem! – se defendeu, falando como se tivesse feito o gol decisivo da final da copa.
- É um grande feito, cara – falou, dando um tapinha nas costas do amigo.
Jay sorriu orgulhoso.
- Mas enfim, para onde vamos depois daqui? – Thomas questionou. – Nada contra um jantarzinho entre amigos, mas estava esperando uma sexta mais animada.
- Eu concordo – Kingsley disse – Um amigo tá dando uma festa, certeza que ele não se importaria se eu levasse três convidados.
- Opa, então já temos para onde ir – Jay animou.
- É aquele seu amigo que deu aquela festa louca que você contou? – Thomas semicerrou os olhos para Kingsley.
- Esse mesmo – confirmou.
- Então só vamos – sorriu com malícia.
Todos olharam para , o único que não havia dito nada ainda.
- Vamos! – se manifestou.
Após pagarem a conta, os quatro entraram no carro de Thomas com destino a festa. Kingsley no banco da frente dando as coordenadas do local da festa, e Jay no banco de trás. aproveitou o momento para checar as redes sociais e pulando de story em story, acabou abrindo o de . Engoliu em seco, sentindo o coração apertar ao ver o sorriso animado da jornalista em uma foto com uma galera do trabalho. Ele sabia que hoje era o aniversário dela, mas tinha ficado no impasse se deveria ou não mandar mensagem ou ligar.
- Stalkeando a ex, ? – Jay zombou, espiando o celular do amigo.
- Não é stalkear se aparece no meu feed – se defendeu, bloqueando a tela do celular.
- Ninguém tá julgando – Kingsley olhou para trás. – Eu stalkeio a Jess de tempos em tempos para manter o coração dilacerado.
- Masoquista do caralho – Thomas riu. – Mas eu vi que hoje é aniversário da . Falou com ela?
suspirou.
- Não – admitiu. – Faz muito tempo que nos falamos, não sei se faz sentido.
- Supera o dilema de adolescente, cara – Jay revirou os olhos. – Vocês namoraram, iam ter um filho, passaram por um bocado. Não é só porque não conversam com frequência que você não devia falar com ela.
Thomas olhou para Jay pelo retrovisor.
- Quando você ficou tão sensato?
- Aprendizados da vida – respondeu, orgulhoso.
- Certeza que já aprendeu muita coisa nos seus vinte e três anos, Jay – Kingsley fez graça.
- O ponto é que faz sentido ele ligar para desejar feliz aniversário – disse, ignorando o comentário.
- Vou mandar uma mensagem mais tarde – disse, querendo sair do assunto.
- Liga – Thomas falou. – Tem mais impacto.
- Ah, sim – Kingsley balançou a cabeça em afirmação. – Liga.
- Eu provavelmente vou falar duas coisas e vai ficar um silêncio desconfortável – fez uma careta. – Vou ficar com a mensagem.
- Ai, – Jay suspirou.
resolveu ignorar os conselhos que os amigos continuaram dando durante o caminho todo. Para sua sorte, logo os amigos se ocuparam com outras coisas assim que chegaram na festa. Kingsley foi apresentar Thomas para o a anfitrião da festa que era um grande fã dele, Jay, para sua infelicidade, o puxou para procurar rabo de saia e ficou muito satisfeito ao encontrar duas amigas solteiras. Apesar do pensamento estar longe, não se opôs a companhia e no fim da noite, não foi embora sozinho.

levantou no meio da madrugada, sem o pingo de sono. Vestiu a camisa masculina largada no chão do quarto e caminhou pelo apartamento desconhecido até a varanda da sala. A vista era linda, direto para o Tâmisa e a London Eye. Se recostou no parapeito, inspirando o ar frio da noite. Flashs do sonho ainda passavam por sua cabeça e seu corpo reagia como se tudo tivesse sido real. Fechou os olhos, soltando um suspiro cansado.
Odiava sonhar com .
Eram sempre sonhos vívidos, tão reais que sua pele formigava esperando sentir o toque dele mesmo quando já estava acordada. Tinha sonhado que ao seu lado era ele, não Augustus, seu chefe. Seu coração estava apertado agora. Nunca pensou que um dia chegaria a sentir falta dele, no entanto, sentia. Parecia ser idiotice já que nem mesmo uma mensagem de aniversário havia recebido.
Já estava mais do que na hora de superar o que eles tiveram, ela sabia disso.

fitou a tela do celular, o dedo pairando no contato de . tinha lhe dado o número novo há um tempo, mas ele nunca tinha usado. Já havia passado da meia-noite, tinha uma mulher deitada em sua cama, mas ele não conseguiria dormir se não ligasse.
- Larga de ser idiota, – resmungou consigo mesmo.
Aperto o dedo em “Ligar” e ouviu a ligação chamar. Suas mãos suavam de ansiedade, esperando para ouvir a voz dela do outro lado da linha, mas depois de chamar, a ligação foi para a caixa postal.
Tentou mais duas vezes e as duas também foram para a caixa postal. Se xingou mentalmente, pensando que a essa hora ela devia estar dormindo.
Seu coração apertou com o outro pensamento. Ela podia não estar dormindo sozinha.
Mas ele também não estava.
Com uma última olhada no contato, resolveu deixar para lá. Guardou o celular, voltou para o quarto e tentou seu melhor para conseguir dormir sem as imagens de nos braços de outro.





Continua...



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