As ruas de Portland eram limpas, claras, e convidativas para longas caminhadas durante o dia. Se fizessem um perfil em um aplicativo de namoro, provavelmente diriam que as ruas de Portland ficaram ainda mais lindas depois que envelheceram, e que elas procuram alguém para passar o tempo, sem compromisso.
Mas a pior parte dessas ruas lindas e convidativas, é que elas ficavam assustadoras.
Sabe quando algo é tão lindo ao ponto que você se incomoda? A sensação de estranheza que é causada em nossa mente com pessoas que possuem rostos muito simétricos. É essa a sensação.
A livraria era no final da avenida principal, e a garota suava frio durante toda a caminhada até o local.
Seu estômago revirava, ela se odiava por ter conseguido dormir por apenas três horas na última noite, mas ainda não se sentia tão cansada quanto deveria.
Em sua mente ela repetia em looping o que iria falar, ensaiando para que ficasse bom o suficiente para conseguir falar tudo o que quer, mas também torcia para que conseguisse ser o mais natural possível.
Enquanto andava, sentiu o celular no bolso vibrar. O medo de descobrir que tinha perdido a hora e sua grande chance aumentavam.
Desbloqueou a tela e percebeu que na verdade estava duas horas adiantada. Mas a fila deveria estar enorme.
O celular tinha vibrado pois o namorado mandou uma mensagem conferindo se ela estava bem.
Da última vez que ela resolveu fazer algo desse nível, ela passou mal na frente da pessoa, de tão nervosa que tinha ficado.
Ela sorriu, respondendo para ele, mas repetindo pra si que estava bem, estava calma e que tudo daria certo.
Então ela viu o tamanho da fila, que já estava no terceiro quarteirão da avenida.
Suas mãos começaram a suar e o coração começou a bater rapidamente. A barriga reclamou por estar sem algum alimento, e ao mesmo tempo já avisou que não era bom ela comer nada: tudo poderia voltar.
Ela sorriu para a última pessoa da fila, abrindo o livro e começando a ler. Seriam boas horas ali.
Viajar a Portland foi algo que aconteceu por puro acaso. O namorado teria que viajar a trabalho, e ela resolveu ir junto, para conhecer o lugar.
Mas principalmente porque enquanto ele trabalhava, ela poderia conhecer todos os lugares que foram citados em seus livros favoritos.
E foi basicamente o que ela fez na viagem. Ela visitou as cidades vizinhas, ela visitou todos os lugares que foram construídos inspirador naquelas histórias que lia no Brasil.
Faltava ler apenas cem paginas, das setecentas do livro novo. Até ela se assustou com a rapidez que leu tudo aquilo e com a lentidão da fila. Mas estava dentro da livraria.
Ela ficou na ponta dos pés e conseguiu ver a cabeleira prateada no fundo da loja, hora ficando visível ( provavelmente quando a pessoa olhava para frente) e hora desaparecia ( quando abaixava para autografar o livro) e então ela voltou a ler, até sua vez chegar.
Ela ouvia pessoas com a voz alterada, emocionada por estarem ali, vendo aquela pessoa, e pedia para que não fosse uma dessas pessoas. Que não ficasse com os olhos arregalados e a voz estridente de quem está para chorar quando o visse frente à frente.
Foi quando finalmente teve a chance de vê-lo com a sua totalidade. Sentado em uma mesa, com várias cópias do novo lançamento, e uma foto de perfil dele.
Ela achou tudo isso engraçado. Já tinha ido à lançamentos no Brasil. De seus autores favoritos. Alguns deles já eram seus amigos.
Tanto que um deles também mandava mensagem de minuto em minuto perguntando até sobre como estava o ar dentro da livraria. Mas agora era diferente.
Era como ver alguém inatingível. Alguém que era inatingível, mas agora ela teria cinco segundos para poder falar algo para ele.
Ela voltou a treinar o que falaria para ele, a cada pessoa a menos entre a sua chance de falar com aquele autor ela sentia seu estômago se revirar.
Aos poucos, a distancia diminuía. Ela não conferia mais o celular pois ficaria ainda mais nervosa tendo que contar pro namorado o que estava acontecendo. E então sentiu a faixa que delimitava "Começo da Fila" encostar em sua barriga.
Ela fechou o livro, se arrumou. Aconteceria a qualquer momento.
Então ela olhou para frente. Ele a observava guardar suas coisas e se aproximar da mesa.
Ele se levantou, sorrindo e a abrandando, e ela devolveu o abraço.
Estava acontecendo.
— Então, para quem é?— ele sorriu, abrindo o livro e pegando a caneta, copiando o nome que estava escrito num post ir colado na capa.
— Eu mesma. — ela sorriu, sentindo seu rosto queimar.
— Que nome diferente! — ele riu, tentando pronunciar mas sem conseguir. — Qual a origem dele?
— Eusoumuitosuafãobrigadaporsuashistoriasdeterroreuamomuitotodaselasseunovolivroébrilhante!
Foi tudo em uma respirada só. Ela se odiou por ter falado tudo aquilo tão rápido. Ele riu, entregando o livro para ela.
— Obrigado pelo carinho! — ele sorriu. — E por já ter lido quase todo. Você é doida.
— Bem, eu me inspirei em você. — ela se odiou o segundo que começou a falar a frase.
— É, não é como se eu fosse a pessoa mais sensata, né? – ele riu. – Muito obrigado por ter vindo. Agora, vamos tirar uma foto.
Foi só então que ela percebeu que não estava só o autor ali, mas também sua família. A esposa dele e o filho do meio sorriam para ela.
O filho dele era o fotógrafo não oficial. O fotógrafo da livraria já tinha tirado uma foto dos dois quando eles se abraçaram. O filho tirava foto dos dois olhando para a câmera.
A esposa dele estava parada no canto da livraria, ao lado do enorme banner com o nome do novo livro. Ela não lembrava como achava a esposa dele linda.
Os cabelos loiros e prateados caiam pelos ombros dela. Ela estava o tempo todo olhando para o celular, um pouco brava. E então ela olhava para o marido e sorria.
Era um sorriso de quem sentia um enorme orgulho, e ainda assim era tão doce.
A garota sorriu para a câmera, apontando para o livro que o autor segurava. Então agradeceu e saiu da fila. Sem conseguir acreditar no que acontecera.
Ela mandou uma mensagem enorme para o namorado, contando como se sentia envergonhada pela forma que falou com o autor favorito.
Então ela voltou a olhar para a avenida de Portland, que continuava da mesma forma e ainda a deixava nervosa com a sua beleza.
Mas a pior parte dessas ruas lindas e convidativas, é que elas ficavam assustadoras.
Sabe quando algo é tão lindo ao ponto que você se incomoda? A sensação de estranheza que é causada em nossa mente com pessoas que possuem rostos muito simétricos. É essa a sensação.
A livraria era no final da avenida principal, e a garota suava frio durante toda a caminhada até o local.
Seu estômago revirava, ela se odiava por ter conseguido dormir por apenas três horas na última noite, mas ainda não se sentia tão cansada quanto deveria.
Em sua mente ela repetia em looping o que iria falar, ensaiando para que ficasse bom o suficiente para conseguir falar tudo o que quer, mas também torcia para que conseguisse ser o mais natural possível.
Enquanto andava, sentiu o celular no bolso vibrar. O medo de descobrir que tinha perdido a hora e sua grande chance aumentavam.
Desbloqueou a tela e percebeu que na verdade estava duas horas adiantada. Mas a fila deveria estar enorme.
O celular tinha vibrado pois o namorado mandou uma mensagem conferindo se ela estava bem.
Da última vez que ela resolveu fazer algo desse nível, ela passou mal na frente da pessoa, de tão nervosa que tinha ficado.
Ela sorriu, respondendo para ele, mas repetindo pra si que estava bem, estava calma e que tudo daria certo.
Então ela viu o tamanho da fila, que já estava no terceiro quarteirão da avenida.
Suas mãos começaram a suar e o coração começou a bater rapidamente. A barriga reclamou por estar sem algum alimento, e ao mesmo tempo já avisou que não era bom ela comer nada: tudo poderia voltar.
Ela sorriu para a última pessoa da fila, abrindo o livro e começando a ler. Seriam boas horas ali.
Viajar a Portland foi algo que aconteceu por puro acaso. O namorado teria que viajar a trabalho, e ela resolveu ir junto, para conhecer o lugar.
Mas principalmente porque enquanto ele trabalhava, ela poderia conhecer todos os lugares que foram citados em seus livros favoritos.
E foi basicamente o que ela fez na viagem. Ela visitou as cidades vizinhas, ela visitou todos os lugares que foram construídos inspirador naquelas histórias que lia no Brasil.
Faltava ler apenas cem paginas, das setecentas do livro novo. Até ela se assustou com a rapidez que leu tudo aquilo e com a lentidão da fila. Mas estava dentro da livraria.
Ela ficou na ponta dos pés e conseguiu ver a cabeleira prateada no fundo da loja, hora ficando visível ( provavelmente quando a pessoa olhava para frente) e hora desaparecia ( quando abaixava para autografar o livro) e então ela voltou a ler, até sua vez chegar.
Ela ouvia pessoas com a voz alterada, emocionada por estarem ali, vendo aquela pessoa, e pedia para que não fosse uma dessas pessoas. Que não ficasse com os olhos arregalados e a voz estridente de quem está para chorar quando o visse frente à frente.
Foi quando finalmente teve a chance de vê-lo com a sua totalidade. Sentado em uma mesa, com várias cópias do novo lançamento, e uma foto de perfil dele.
Ela achou tudo isso engraçado. Já tinha ido à lançamentos no Brasil. De seus autores favoritos. Alguns deles já eram seus amigos.
Tanto que um deles também mandava mensagem de minuto em minuto perguntando até sobre como estava o ar dentro da livraria. Mas agora era diferente.
Era como ver alguém inatingível. Alguém que era inatingível, mas agora ela teria cinco segundos para poder falar algo para ele.
Ela voltou a treinar o que falaria para ele, a cada pessoa a menos entre a sua chance de falar com aquele autor ela sentia seu estômago se revirar.
Aos poucos, a distancia diminuía. Ela não conferia mais o celular pois ficaria ainda mais nervosa tendo que contar pro namorado o que estava acontecendo. E então sentiu a faixa que delimitava "Começo da Fila" encostar em sua barriga.
Ela fechou o livro, se arrumou. Aconteceria a qualquer momento.
Então ela olhou para frente. Ele a observava guardar suas coisas e se aproximar da mesa.
Ele se levantou, sorrindo e a abrandando, e ela devolveu o abraço.
Estava acontecendo.
— Então, para quem é?— ele sorriu, abrindo o livro e pegando a caneta, copiando o nome que estava escrito num post ir colado na capa.
— Eu mesma. — ela sorriu, sentindo seu rosto queimar.
— Que nome diferente! — ele riu, tentando pronunciar mas sem conseguir. — Qual a origem dele?
— Eusoumuitosuafãobrigadaporsuashistoriasdeterroreuamomuitotodaselasseunovolivroébrilhante!
Foi tudo em uma respirada só. Ela se odiou por ter falado tudo aquilo tão rápido. Ele riu, entregando o livro para ela.
— Obrigado pelo carinho! — ele sorriu. — E por já ter lido quase todo. Você é doida.
— Bem, eu me inspirei em você. — ela se odiou o segundo que começou a falar a frase.
— É, não é como se eu fosse a pessoa mais sensata, né? – ele riu. – Muito obrigado por ter vindo. Agora, vamos tirar uma foto.
Foi só então que ela percebeu que não estava só o autor ali, mas também sua família. A esposa dele e o filho do meio sorriam para ela.
O filho dele era o fotógrafo não oficial. O fotógrafo da livraria já tinha tirado uma foto dos dois quando eles se abraçaram. O filho tirava foto dos dois olhando para a câmera.
A esposa dele estava parada no canto da livraria, ao lado do enorme banner com o nome do novo livro. Ela não lembrava como achava a esposa dele linda.
Os cabelos loiros e prateados caiam pelos ombros dela. Ela estava o tempo todo olhando para o celular, um pouco brava. E então ela olhava para o marido e sorria.
Era um sorriso de quem sentia um enorme orgulho, e ainda assim era tão doce.
A garota sorriu para a câmera, apontando para o livro que o autor segurava. Então agradeceu e saiu da fila. Sem conseguir acreditar no que acontecera.
Ela mandou uma mensagem enorme para o namorado, contando como se sentia envergonhada pela forma que falou com o autor favorito.
Então ela voltou a olhar para a avenida de Portland, que continuava da mesma forma e ainda a deixava nervosa com a sua beleza.
Fim
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Nota da autora: (12/12/2017) Hello Friends!
Essa é a minha primeira short-fic real oficial não relacionada a ficstapes. Por causa disso ela é minúscula mesmo, mas eu tive essa ideia enquanto eu lia a biografia do Stephen King.
Aliás, ele quem é o autor da fanfic, mas acho que dá pra ser qualquer pessoa. Eu simplesmente amei como ele é em entrevistas, e a forma como escreveram sobre ele nesse livro.
Espero que você tenha gostado de ler! Eu adorei escrever!
Bisous, Lola.
Essa é a minha primeira short-fic real oficial não relacionada a ficstapes. Por causa disso ela é minúscula mesmo, mas eu tive essa ideia enquanto eu lia a biografia do Stephen King.
Aliás, ele quem é o autor da fanfic, mas acho que dá pra ser qualquer pessoa. Eu simplesmente amei como ele é em entrevistas, e a forma como escreveram sobre ele nesse livro.
Espero que você tenha gostado de ler! Eu adorei escrever!
Bisous, Lola.
Outras Fanfics:
O Lobo Entre Nós | Pequenas Doses de Alegria | 06. I Wish | 10. Immortals | 09. Pushing Me Away | 07. Picture This | 11. Sweetest Devotion