Última atualização: 24/08/2023

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Capitolo quarentanove

Lei
18 de maio de 2014
- Oi, gente, cheguei! – Falei, parando um pouco atrás de Paratici no corredor.
- Demorou. – Agnelli falou e eu suspirei.
- Scusi. – Falei, suspirando e recebi um olhar firme de Pavel. Senti sua mão sobre a minha e ele me puxou alguns passos para longe dos outros três.
- Tem certeza de que você quer estar aqui hoje? – Ele perguntou
- Se eu não soubesse separar o pessoal do profissional, eu nem estaria aqui. – Ele assentiu com a cabeça.
- Eu estou aqui para o que você precisar, ok?! – Ele disse e eu dei um meio sorriso.
- Cuidem deles, eu vou ver as crianças. – Falei, apontando para várias delas com os organizadores tentando montar uma fila e ele sorriu.
- Vai lá! – Ele falou e desviei de algumas pessoas, me aproximando deles.
- Ciao, ragazzi. – Falei para os assistentes.
- ! – Me assustei com o grito e Lou saiu da fileira, correndo em minha direção e me abraçou pelas pernas.
- Ah, meu amor! – Falei, pegando-o no colo. – Ah, você está pesado. – Ele gargalhou.
- Eu já tenho seis anos. – Ele disse e me aproximei da fileira.
- Scusi, Anna.
- Sem problema, ! – A organizadora falou. – Eles gostam de você.
- Sim, gostam. – Sorri.
- Oi, tia . – Dado, filho de Marchisio, acenou na fileira.
- Oi, lindinho, tudo bem? – Me abaixei para dar um beijo e ele sorriu.
- Bem! – Ele disse animado.
- Você vai complicar minha fileira aqui, ! – Coloquei Louis no chão e eu ri fracamente.
- Desculpa, eu não resisto. Olha essas bochechas. – Espremi um beijo na bochecha de Lou que gargalhou.
- Para, ! – Ele disse.
- E meu beijo, Dado? – Falei e ele sorriu, dando um beijo em minha bochecha, me fazendo sorrir. – Gostoso! – Falei rindo e me levantei, vendo Vanessa, namorada de Tevez ali com um bebê no colo. – Vanessa, não te vi aí.
- Hola, , como estás?
- Bien y tu? – Perguntei, me aproximando dela e vendo o pequeno bebê em seu colo. – Meu Deus! Ele é tão pequenininho. – Ela sorriu. – Qual o nome dele?
- Lito. – Ela sorriu.
- Ah, ele é lindo. – Segurei na mãozinha no bebê que dormia e abaixei o olhar para as duas meninas aos seus pés. – E essas lindas aqui? Como estão?
- Bien! – Elas falaram rindo e eu sorri.
- Bom ver você. – Falei e ela sorriu, me fazendo suspirar.
Tinha muitas crianças ali que eu não fazia a mínima ideia quem era. Os meninos às vezes traziam primos ou sobrinhos para fazer essa confraternização gostosa. Inclusive até jogadores como Pogba e Ogbonna entravam com crianças, e eu posso garantir que nem namoradas eles têm. Padoin e Pirlo são quem têm filhos mais velhos, já do tamanho deles. Leo, Oswaldo, Isla, Asa e Tevez e Giovinco possuem crianças de colo ainda. Vucinic, Barza, Gigi, Llorente, Storari, já estavam entre as fases. Inclusive os filhos do Barza estavam me olhando estranho e eu preferi me afastar. Acho que já não bastava os problemas de antes.
- Andiamo, ragazzi. Andiamo! – Ouvi a voz de Conte e me afastei alguns passos. – ! – Ele me cumprimentou e trocamos um rápido beijo.
- Ganha essa, hein?! – Falei firme e ele sorriu.
- Por você! – Ele piscou para mim e neguei com a cabeça, gargalhando.
- Quero só ver, então! – Falei mais alto, vendo os jogadores se aproximarem e desviei o rosto, percebendo o olhar de Gigi sobre mim.
- Ciao, ! – David e Lou falaram, fazendo outras crianças acenarem e sorri.
Observei Gigi de cima abaixo e sabia que tinha algo de diferente e não era o uniforme. Olhei para os pés de duas cores diferentes, as luvas das meninas cores na mão de Lou e mordi meu lábio inferior. Ele era um idiota, filho da puta – dona Maria Stella que me perdoe –, mas ele estava gato demais. Abanei a cabeça, virando para o resto do pessoal e vi Barza com um sorriso discreto para mim. Retribuí e me afastei alguns passos.
- Andiamo! Andiamo! – Falei animada, batendo as mãos e os jogadores gritaram juntos, saindo do túnel para o sol de Turim das três da tarde.
- Oi, . – Virei para o lado.
- Deniz! – Falei para sua namorada e ela sorriu, me dando um rápido beijo. – Como você está?
- Tudo ótimo, graças a Deus. – Ela falou.
- Oi, linda. – Acenei para a mais velha de Agnelli que já tinha uns 10 anos e ela sorriu.
- Oi, . – Ela disse e dei um beijo em sua testa.
- E o Giacomo? – Perguntei do seu mais novo.
- Agarrado no pai. – Ela indicou e vi o presidente com seu mais novo no colo.
- Olha o tamanho dele já! – Ela riu fracamente.
- Três anos. – Deniz disse.
- Ah, o tempo passa muito rápido. – Ela assentiu com a cabeça.
- Vamos lá, ? – Pavel se colocou ao meu lado.
- Vamos sim. – Falei, acenando para Deniz e Baya e segui para fora do coberto, vendo que nas laterais estavam as mães das crianças.
Acompanhei os jogadores se cumprimentarem e aquela bagunça se virou. Algumas crianças correram para suas mães, agora outras precisavam ser entregues. Inclinei meu corpo um pouco, vendo Alena pegando os meninos e fiquei confusa por alguns instantes, mas não seria eu a me preocupar com isso. Uma mulher, que não era Maddalena, pegou Camilla e Mattia de Barza e abanei com a mão quando eles começaram a entrar.
- . – Alena falou quando se aproximou de mim.
- Surpresa te ver aqui! Tudo bem? – Perguntei e ela assentiu com a cabeça.
- Sim, vim pelos meninos. – Ela falou, suspirando. – A gente se fala lá em cima?
- Claro! – Assenti com a cabeça, acenando para os meninos.
Gigi e o capitão do Cagliari se cumprimentaram, trocaram as flâmulas e eu só queria encher o Gigi de porrada, honestamente. Como ele conseguia ficar bonito assim? O uniforme era verde, horroroso, mas esse kit novo de luvas e chuteiras e esse rosto sem barba deram um up que me fizeram pensar coisas erradas. E eu poderia pensar coisas erradas, mas do defensor que estava lá no banco de reservas.
Após os primeiros minutos do jogo lá embaixo, finalmente subi com o resto do top cinco. O camarote estava apinhado de gente. Esposas, filhos, toda a família Agnelli, todos estavam em pé ali, então nem me preocupei em ir atrás do meu lugar – que a gente tinha um tanto fixado ali.
Logo que chegamos lá em cima, saiu o primeiro gol. PIrlo fez uma cobrança de falta perfeita e a bola foi para o fim do gol, começando bem os planos de Conte de assegurar a pontuação máxima de 102. Os únicos times a atingirem marcas assim na Europa foram o Real Madrid e o Barcelona, mas não passaram de 100. Caso possível, a gente passaria muito bem.
- Oi, . – Virei para o lado, vendo Alena.
- Oi, Alena, tudo bem? – Falei e Alena me abraçou.
- Na medida do possível. – Ela disse suspirando. – E você?
- Fingindo que não é comigo, o que não é. – Falei e ela riu fracamente. – Você está bem mesmo? Fiquei muito surpresa em te ver aqui.
- Sim, estou, vim porque ele pediu. – Ela suspirou. – Mas eu pedi o divórcio... – Ela disse e tentei conter a arregalada no olhar.
- Foi rápido. – Falei.
- Eu não tive dúvidas, , mesmo. – Ela falou baixo. – Preciso viver minha vida, encontrar um novo amor ou viver com os meninos, não sei. – Ela relaxou os ombros. – Sou uma página em branco, vamos ver o que apareça.
- Você é nova e linda, Alena, vai encontrar alguém. – Falei e ela assentiu com a cabeça.
- E você? – Ela me perguntou.
- O que tem eu? – Perguntei rindo.
- Ah, você sabe. – Ela abanou a mão. – Vocês dois.
- Não, Alena, não estou pensando nisso. – Neguei com a cabeça. – É estranho pela situação inteira, não sei se era você, enfim, mas eu não consigo olhar para ele e não sentir nojo, não lembrar daquelas fotos... – Suspirei e ela assentiu com a cabeça.
- Eu sei o que você quer dizer. – Ela pressionou os lábios.
- É tão estranho falar isso para ti. – Ela sorriu.
- É sim, mas eu realmente espero que você seja feliz, , mesmo se for com ele. – Neguei com a cabeça.
- Não, Alena, acho que ele precisa evoluir muito para isso dar certo. Quando não era eu, era você, quando não somos nós era a outra? O que eu perdi no meio do caminho? Não! Simplesmente não consigo aguentar isso. – Suspirei.
- E você e o Barza? – Ela perguntou.
- Xi... – Pedi e ela olhou rapidamente em volta.
- Como eu te falei, estamos bem, é gostoso... Eu estou em um porto seguro, sabe? – Ela assentiu com a cabeça.
- Até eu sei que um amor não é feito de calmaria. – Ela disse e rimos juntas.
- Não, realmente não, Alena, mas é o que me mantém sã agora. – Falei e ela assentiu com a cabeça.
- Você vai para o Brasil no Mondiale? – Ela perguntou.
- Não sei ainda. – Suspirei. – Falei que talvez na segunda fase, sabe? Vou finalizar tudo dessa temporada, aí tiro uma semana de folga.
- Eu vou pelos meninos, quem sabe não nos encontramos lá? – Ela falou.
- Claro! – Assenti com a cabeça. – Quer me passar seu telefone? – Ela assentiu com a cabeça.
- Sim, vai ser ótimo! – Ela disse e puxei o celular da cintura da saia e entreguei para ela que digitou e me devolveu de novo.
Minutos depois o segundo gol da partida saiu, de Llorente. Foi um gol muito estranho e bagunçado, na verdade, mas foi para o fundo do gol e deu uma maior vantagem. O terceiro gol do nosso veio no fim do primeiro tempo, Marchisio dessa vez fez sua mágica e deu uma bela vantagem para gente.
Com o Cagliari sem muitas chances de gol, aparecendo somente em algumas cobranças de falta bem distantes, Conte tirou Gigi - que jogado hoje somente para evitar algum gol entrar e perdemos o recorde – e colocou Rubinho que estava fazendo sua primeira aparição hoje na temporada.
Confesso que achei fofo a confusão de Gigi por não saber para quem entregar a braçadeira – que era escolhida por tempo no time – e o beijo que ele deu em Marchisio ao entregar a braçadeira, além do cuidado de sempre. Pena que ele não tinha esse cuidado com o coração de outras pessoas. E dessa vez eu digo no plural mesmo.
O jogo seguiu sem nenhuma outra surpresa, os meninos tentavam fazer mais gols, mas paramos em três. Tivemos poucas faltas também e nem cartões foram distribuídos. Foi literalmente o jogo perfeito. Perfeito para gente fechar com 102 pontos e para ninguém ir lesionado para o Mondiale, já que teríamos vários representantes não só da Itália.
Quando o jogo passou dos 90 minutos e entrou nos acréscimos, a equipe técnica começou a colocar uma blusa com os escritos “Cè chi legge la storia” (aqui está quem escreve a história), com os números 102 nas costas. E assim que o apitou soou, eles gritaram animados. Olhei para Pavel e Agnelli que estavam no degrau abaixo e sorrimos um para o outro. Nossa promessa era reformular o time, não pensávamos em recordes, mas quando fazíamos os trabalhos corretamente, acabava sendo lucro. Agnelli subiu os degraus que nos separavam, me abraçando e sorri, sentindo-o me apertar fortemente. Ele trocou de lugar com Pavel e rimos juntos.
- Auguri, ! – Alena disse. – É um dia de festa. – Assenti com a cabeça.
- Sim, é sim. – Suspirei.
- ! – Ivana, filha de Pavel veio em minha direção e abracei-a fortemente. – Parabéns para vocês! – Ela disse e eu sorri.
- Obrigada, linda! – Ela sorriu, piscando para mim. Olhei para o campo e vi os torcedores invadindo o campo mais uma vez.
- Ah, toda vez isso! – Falei, ouvindo-os rirem.
- Pelo menos eles conseguiram entrar. – Agnelli disse.
- Vamos descer lá. – Pavel falou e assenti com a cabeça.
- Se cuida, ok?! – Falei para Alena.
- Você também. – Ela falou, olhando fixo em meus olhos. – A gente merece ser feliz. – Assenti com a cabeça.
- Com toda certeza. – Falei e segui para baixo junto do top quatro. Entramos no elevador e esperamos entediados enquanto ele descia lá para baixo.
Chegamos lá embaixo e seguimos direto para o vestiário. Engoli em seco ao entrar e me surpreendi com todos sentados em seus lugares, quietos e Conte estava no meio deles. Alguns tinham a feição como se tivesse visto um fantasma. Me apoiei na divisão entre as portas e alguns rostos se viraram para nós.
- O que aconteceu aqui? – Perguntei e virei para Agnelli e Pavel que haviam ficado um pouco para trás.
- Pelo visto não te contaram, . – Conte falou.
- O quê? – Perguntei.
- Hoje foi meu último jogo aqui na Juve. – Arregalei os olhos, entendendo agora o choro de sua esposa quase o jogo inteiro no camarote.
- Oi? – Virei para o lado, vendo Agnelli com a mão na boca. – Que porra é essa, Agnelli? – Perguntei para ele.
- Foi uma decisão de comum acordo. – Conte falou.
- Não foi, porque eu estou sabendo disso agora. Paratici... – Virei para ele que negou com a cabeça.
- Também estou ouvindo isso agora. – Puxei a respiração fortemente, me virando para Agnelli de novo.
- Eu posso fazer essas decisões, . – Ele falou baixo.
- Não sem consultar a gente. – Falei firme e baixo, sabendo que não estava adiantando nada no silêncio. – Esse é o meu trabalho e do Fabio, não seu. – Engoli em seco. – Você não pode deixar suas brigas pessoais interferirem o time.
- Podemos não fazer isso agora? – Ele perguntou e eu revirei os olhos.
- Eu não posso acreditar que você deixou o Conte jogar essa bomba em cima de mim assim! – Falei.
- Nós já temos uma alternativa. – Pavel falou.
- Ah, bonito! Então você está nessa também? – Falei e ele se calou. – Vocês não vão escolher nada, o Fabio vai escolher, o conselho vai votar e eu vou aprovar o salário e bônus. Como é para ser. – Neguei com a cabeça. – Não posso acreditar que vocês fizeram isso.
- A gente vai conversar sobre isso depois. – Agnelli falou.
- Não vai! – Falei firme, negando com a cabeça. – Essa foi a conversa. – Engoli em seco. – Você monta uma equipe e ignora todo o trabalho dela? Por quê?
- ! – Agnelli me cortou. – Agora não!
- Adoro que as pessoas fazem merda e fogem do problema. – Bufei.
- Não faz isso, Andrea. Olha o resultado do trabalho aqui. – Beppe disse. – Se não fosse a gente você não teria esses títulos e essa aceitação. – O mais velho falou e fiquei aliviada por mais alguém pensar o mesmo que eu.
- Podemos falar sobre isso depois? – Agnelli perguntou de novo e neguei com a cabeça, revirando os olhos e entrei no vestiário, seguindo até Conte.
- Eu vou sentir sua falta. – Falei sincera e ele me abraçou, me apertando pela cintura pela diferença de altura.
- Eu também, ! – Ele falou com um sorriso no rosto. – Continue fazendo seu trabalho que o time vai continuando ganhando, crescendo e conquistando mais torcedores. – Assenti com a cabeça e ele deu um beijo em minha bochecha. – Só você para peitar o Agnelli. – Ele disse rindo.
- Temos uma hierarquia, Conte, ela é para ser respeitada. – Ele assentiu com a cabeça.
- Faça isso! – Ele disse. – Com força. – Suspirei.
- Te desejo muita sorte na sua vida! E espero te encontrar no futuro. – Ele assentiu com a cabeça.
- Eu também, ! – Ele falou e rimos juntos.
- Mister! – Paratici seguiu para abraçá-lo e suspirei.
- Vamos comemorar, gente! – Falei um pouco mais alto, batendo as mãos. – Hoje ainda é um dia de festa. – Falei, suspirando e segui para fora do vestiário, encontrando Agnelli e Pavel lá fora.
- , deixa a gente falar. – Pavel falou.
- Tem algum motivo além do Conte e do Agnelli terem brigado? – Perguntei. – Porque eu sei dessa briga, mas achei que soubessem separar o profissional do pessoal. Como eu tenho feito há quatro anos e meio. – Suspirei.
- Não, não tem outro motivo, . – Agnelli falou. – E eu tenho esse direito, como presidente. – Ele falou firme e notei que estava tentando subir.
- Sim, você tem, mas qualquer decisão desse calibre, inclusive o posto de todos nós, passa por um conselho. E você não passou por esse conselho, porque eu faço parte dele. – Falei firme.
- Ele estava com outras ofertas também, vai ser fácil fazer o conselho aceitar. – Agnelli disse, não dando tanta importância para isso. – Só precisamos entrar em um acordo.
- Não contem comigo. – Falei rindo fracamente. – Se tivessem me falado lá atrás, eu teria ouvido os dois lados e apoiado vocês, como é para esse quinteto ser, mas vocês me deixaram no escuro. – Neguei com a cabeça. – Não só eu, como também os outros dois que fazem as contratações. – Bufei baixo. – Vocês mancaram demais. – Neguei com a cabeça.
- Vai nos denunciar? – Agnelli perguntou.
- Vai deixar a gente fazer nosso trabalho? – Devolvi e eles suspiraram.
- Sim, vocês podem fazer a escolha do novo técnico. – Pavel disse e assenti com a cabeça.
- Ótimo. – Falei firme, vendo Paratici ao meu lado. – Assim está melhor.
- Sim, muito melhor. – Fabio disse.
- Falamos sobre isso amanhã? – Virei para ele.
- Sim, com certeza. – Ele disse e eu bufei, negando com a cabeça e saí do túnel.
Paratici veio comigo e Beppe logo atrás. Eles foram até o campo e eu optei por ficar no coberto, fora do gramado, onde meus saltos não afundariam. Agnelli e Pavel seguiram logo em seguida e sabia que todos precisávamos ficar juntos nessa, pois, apesar da hierarquia, todos foram colocados ali e, da mesma forma, poderiam ser tirados, mas tudo dependia do conselho.
Após alguns minutos, os jogadores começaram a sair para a comemoração. Chiello me deu um abraçou quando passou por mim e eu ri fracamente, vendo-o ser primeiro. Eles foram se ajeitando e vi a fila se formando e saindo aos poucos. Colocaram a entrada na diagonal, então eles tinham que correr antes de sair para o palco.
A fila se seguiu com Cáceres, Ogbonna, Pogba, Pepe, que fez cócegas em minha cintura quando passou por mim. Marchisio, Vucinic, Tevez, Giovinco, Peluso, Llorente, Barza, que estalou um beijo em minha bochecha quando passou, me fazendo empurrá-lo pelos ombros, vendo-o rir. Osvaldo, Bonucci, Padoin, Pirlo, Asamoah, Vidal, Lichsteiner, Quagliarella que também deu um beijo em minha bochecha ao passar. Storari, Rubinho e seguiu para chamar os auxiliares técnicos, Alessio, Massimo, Filippi e outros. Depois subiu Conte, que me abraçou fortemente antes disso e sabia que só faltava um agora.
- ... – Virei para o lado, vendo Gigi parar ao meu lado, sendo o próximo a entrar.
- Gigi. – Falei, engolindo em seco. Teria algum dia que eu não suspiraria por ele?
- Sei que você não quer falar comigo... – Ele disse.
- Mas você está falando mesmo assim. – Falei.
- Queria te pedir desculpas. – Ele disse e engoli em seco, vendo os auxiliares subirem no palco. – Pelo mal que eu te fiz de todas as formas. – Puxei a respiração. – Esse ano e nos outros.
- Gigi, eu...
- Sei que não vai ser fácil eu conseguir seu perdão, mas precisava falar. – Ele disse e virei o rosto para ele. – Eu sinto muito mesmo. – O organizador chamou-o. – De verdade. – Ele falou antes de seguir pelo campo e eu respirei fundo.
- Não, você não sente. – Falei baixo, sentindo meu peito apertar. – Nunca sentiu. – Levei a mão até minha boca, tentando esconder o choro.
- Ei, chefa! – Virei para o lado, vendo Manu um pouco mais a frente.
- Ei, você estava aqui esse tempo todo? – Perguntei.
- Eu sentei ali no lugar dos funcionários, sabe? Aí acabei descendo por ali mesmo quando rolou a invasão. – Ela falou e passei a mão em sua cintura, puxando-a para perto.
- Entendi. – Sorri.
- Está tudo bem? – Ela me perguntou e eu puxei a respiração fortemente, sentindo meus ombros doeram pela tensão.
Olhei para frente, vendo Gigi segurar a taça e erguer para os ares, fazendo fogos e papéis picados voarem pelos ares e mordi meu lábio inferior. Olhei para Barza comemorando com ele e suspirei, puxando a respiração fortemente em seguida, engolindo o choro de volta.
- Sim, está. – Neguei com a cabeça, apertando-a pelos ombros e dei um curto sorriso.
A taça passou por outras mãos e todos eles seguiram tirar fotos com a taça na placa comemorativa. Pouco depois os filhos invadiram o campo e a festa realmente começou. Manu foi para o campo junto deles, sendo enturmada por Pepe e eu sabia que tinha completado a minha cota hoje. Não teria mais carreta e nem festa para mim. Eu precisava ir para casa e chorar enquanto tentava entender por que ele tinha tanto poder sobre mim.

Lui
19 de maio de 2014
- Sobre as crianças, senhora Seredova sugere guarda compartilhada. – Virei para Alena.
- Mesmo? – Perguntei.
- Eu não vejo problema com isso. Eles são seus filhos e não tem nada a ver com isso. – Ela disse. – Sugiro que eles vivam comigo e podemos combinar seus horários com eles com base nos seus compromissos. – Assenti com a cabeça.
- Está ótimo. – Falei para a juíza. – Obrigado. – Ela confirmou com a cabeça.
- Sobre a casa e os bens? – A juíza continuou.
- Eles possuem separação total de bens. – A advogada de Alena disse.
- É, mas eu não quero nada das conquistas dele. – Alena disse. – Não acho justo. – Ela engoliu em seco.
- Meu cliente sugere, além da preocupação integral com os filhos na parte monetária, um terço dos investimentos imobiliários atuais dele, para ela morar com as crianças e se manter. Ele só gostaria de ficar com a casa em Vinovo. – Meu advogado disse e olhei para Alena que deu um curto sorriso.
- Tudo bem, não tenho problema com isso. – Alena disse.
- Algum outro assunto a ser declarado? – A juíza perguntou.
- Gostaria de pedir, se possível, que você continue morando aqui em Turim, por causa dos meninos. – Falei baixo, engolindo em seco.
- Turim já é minha casa também, não pretendo ir para outro lugar. – Ela falou e eu assenti com a cabeça.
- Finalizamos por aqui, então. – A juíza disse, batendo o martelo e eu respirei fundo.
Mais uma vez, aquela sensação estranha me invadiu. Ao invés de eu estar pulando de felicidades, eu estava triste. Honestamente triste. Alena havia sido incrível mais uma vez. Colocou os meninos acima dela em todas as situações e nem pensou em ficar com guarda total deles, eu não poderia ser mais grato.
- Obrigado, Alena. – Falei baixo e ela assentiu com a cabeça.
- Eu nunca vou colocar nossos filhos contra você, Gigi. – Ela disse no mesmo tom de voz. – E não colocarei ninguém acima do que você é para eles. Gostaria que fosse feito o mesmo. – Assenti com a cabeça.
- Tudo bem. – Disse, suspirando. – Eu prometo.
- Acho que é isso, então... – Ela esticou a mão e eu suspirei, fazendo o mesmo e segurei-a firme, sentindo-a mais delicada e ela afastou um pouco.
Observei-a sair ao lado de seu advogado, a saia solta esvoaçante conforme ela dava passadas largas com aquele sapato de salto fino vermelho e respirei fundo. Eu não me sentia mal pelo fim do meu relacionamento com ela, eu me sentia mal pela forma que terminou. Ela com raiva de mim e me afastando cada vez mais. Quando finalmente todos os meus desejos se realizaram, eu não tinha mais minha menina ao meu lado e isso tornava tudo muito pior.
- Você precisa de mais alguma coisa? – Meu advogado perguntou.
- Não, está tudo bem. – Falei e ele entregou os papéis para mim. – Vou dar uma volta por aqui, depois eu vou para casa.
- Tudo bem. Nos falamos. – Ele disse e assenti com a cabeça, vendo-o se retirar pela sala.
Segui pelo mesmo caminho que ele, sabendo que tinha alguns paparazzi na porta e respirei fundo, seguindo pelas escadas do fórum e senti alguns flashes sobre meu corpo e coloquei os óculos escuros. Pelo menos não tinha nenhum jornalista ali. Sabia que conseguiria fugir deles agora, mas durante o Mondiale isso seria perguntado, da mesma forma com a manipulação de resultados em 2006, e precisaria estar preparado.
Segui pela Piazza em frente ao fórum, checando que horas eram e passava das 10 da manhã, a audiência nem tinha sido tão longa. Alena havia se preparado bastante nesses poucos dias e não tinha muitas exigências, ela realmente só se preocupava com Lou e Dado e eu a agradecia muito por isso.
Foi difícil contar para eles, os olhares perdidos e cheios de lágrimas foram como um soco no estômago, mas acho que eles não entendiam muito ainda, Lou tinha seis e Dado tinha quatro, como contaríamos algo assim? Falamos que moraríamos em casa separadas. Veria os resultados disso no futuro, quando realmente as coisas voltarem a andar. Alena disse que os levaria para os jogos do Mondiale, então, por enquanto, não precisava me preocupar com isso.
Atravessei a Piazza do Fórum de Turim, procurando alguma coisa para beber, algum álcool forte que me fizesse respirar fundo antes de voltar para casa e encontrar Alena fazendo sua mudança. Pedi para ficar com a casa que morávamos por um único motivo: . Depois que ela se mudou para onde mora hoje, eu vi a oportunidade de viver perto dela, mesmo que ela não quisesse nunca mais olhar para mim, eu queria vê-la de longe, pelo menos.
Me sentei na mesa do lado de fora do restaurante, pedindo por uma cerveja e puxei o celular do bolso. Tinha várias notificações de Ilaria ali e eu sabia que precisava relaxar antes de ir para Florença amanhã na apresentação da Nazionale, mas não queria conversa, queria um sexo sem sentido rápido e sem sentimentos.
Bebi dois goles da cerveja e notei que realmente estava cedo demais para isso ainda, pelo menos o aperitivo era bom e me fez perceber que eu estava realmente com fome. Na premiação ontem eu já fiquei só na cerveja, comi pouco e meu estômago já estava embrulhado desde antes disso. Desde... Bom, desde que eu cheguei lá e precisei me portar bem para tudo e todos, além de não ter o retorno esperado por . Eu precisava parar de tentar e dar um tempo para ela, ela não me desculparia tão cedo.
Dei mais um gole na cerveja no automático, fazendo careta logo em seguida e ergui o olhar para praça, franzindo a testa ao encontrar alguém diferente do outro lado da mesma. Alguém de cabelos azuis. Franzi o olhar, tentando enxergar mais longe e notei que ela estava com uma camiseta azul que quase tornava os cabelos invisíveis no mesmo.
Tirei algumas notas da carteira e deixei em cima da mesa, saindo do local e vi os paparazzi que estão me acompanhando, começando a seguir ela. Che cazzo estava acontecendo? Segui devagar em sua direção, vendo-a ficar um tanto confusa com o que estava acontecendo e, algum momento depois, ela estava realmente correndo.
- Ah, Manu, o que você está aprontando? – Perguntei baixo e respirei fundo, antes de seguir em sua direção, ouvindo algumas perguntas dos fotógrafos.
- O que está usando?
- É um kit novo?
- É uma forma de despistar?
- Emanuelle! – Chamei-a, puxando pelo braço.
- Gigi? – Seu olhar assustado se arregalou para mim.
- Abaixa a cabeça e vem comigo. – Falei e ela assentiu com a cabeça. – Ela é nossa assistente do time, gente, por favor. – Falei para os fotógrafos e passei um braço pelos ombros de Manu, levando-a para o meu carro.
Apesar das falas, os fotógrafos continuaram atrás de nós e desativei o alarme do meu carro de longe e abri a porta do passageiro, colocando-a dentro do mesmo. Dei a volta no carro e bati a porta, travando as portas.
- Está tudo bem? – Perguntei.
- Sim, está, eu... – Ela respirava fortemente, claramente cansada.
- Respira, calma! Está tudo bem. – Falei calmamente.
- Eles estavam vindo atrás de mim! – Ela falou surpresa. – EU VOU MATAR A . – Ela falou alto e eu arregalei os olhos.
- Entra na fila. – Suspirei.
- Não! Ela e a Angela acharam que seria uma ótima ideia me fazer de garota teaser para o kit novo, falar que não queremos as três estrelas, porque... – Ela se perdeu nas palavras. – Non’è importante. – Ela respirou fundo. – E ELES VIERAM ATRÁS DE MIM!
- Isso foi uma ideia da ? – Perguntei mais calmo.
- E da Angela. – Ela respirou fundo. – Eu nunca mais faço isso na vida, eu não sou famosa e eu não sei lidar com essas situações.
- Mas você é ótima, linda e incrível, poderia ser. – Falei e ela deu um sorriso envergonhado, como sempre fazia quando alguém a elogiava e ela riu fracamente.
- Grazie, Gigi. – Sorri.
- Está tudo bem contigo? – Perguntei.
- Está sim, coração só está um pouco acelerado, achei que eles fossem me derrubar, sei lá... – Ela suspirou.
- Quer que eu te deixe em algum lugar? – Perguntei e ela suspirou, olhando o relógio.
- Pode me deixar no time? – Ela perguntou baixo.
- Claro! – Falei, colocando o cinto de segurança e liguei o carro, saindo da vaga que eu estava.
- Que sorte eu te encontrar. – Ela suspirou, apoiando a cabeça para trás.
- Ainda bem, fico imaginando o que você faria com esses dois pés esquerdos aí. – Brinquei e ela riu fracamente.
- O queixo sairia ralado, no mínimo. – Ela disse e eu sorri. – O que estava fazendo aqui? Não tem que ir para Florença ou algo assim para o Mondiale?
- Eu vou amanhã, estava finalizando umas coisas do meu divórcio. – Falei.
- Ah, sinto muito. – Ela falou. – Ouvi falar.
- Você e a Itália inteira. – Falei e ela suspirou ao seu lado.
- Você está bem? – Ela perguntou e me surpreendi com a pergunta.
- Eu traio minha esposa e você me pergunta se eu estou bem? – Perguntei.
- Eu posso só parecer louca, Gigi. – Ela disse. – Mas eu presto atenção nas coisas. – Ela disse, com o rosto virando para mim.
- Você é um pouco louquinha sim. – Ela riu fracamente.
- É, mas eu sei que o que é que tenha acontecido contigo também te deixou mal. – Ela falou. – Homens são bem fáceis de ler, se quer saber. – Ela disse rindo.
- É, eu não estou muito bem mesmo. – Falei baixo. – Espero que o Mondiale me distraia.
- Espero também, mas não o suficiente para vocês ganharem. – Rimos juntos.
- Vai torcer para o Brasil? – Perguntei.
- Vou torcer para vocês dois, mas se vocês jogarem juntos, serei obrigada a torcer para eles. – Ela disse. – Afinal, vocês não podem se tornar... Pentas antes de virarmos... Hexa. – Ela disse devagar, pensando nas palavras como fazia de vez em quando e ri fracamente.
- Ah, é assim? – Brinquei e ela gargalhou.
- Eu adoro vocês, mas eu ainda sou brasileira. – Ela disse e eu sorri.
- Vocês são os favoritos, quem sabe? – Brinquei e ela riu.
- Prometo ser gentil com vocês quando vocês perderem para gente, beleza? – Gargalhei.
- Emanuelle, Emanuelle, eu vou te largar aqui, hein?! – Falei e ela sorriu.
Seguimos o resto da viagem até Vinovo falando sobre suas vontades sobre o Mondiale e a visão que ela tinha do Brasil. Talvez eu tivesse acabado de tirar algumas informações privilegiadas, mas não jogaríamos com eles na primeira fase, não era algo para se preocupar agora. Entrei em Vinovo, estacionando perto do prédio do administrativo e ela desceu do carro.
- Obrigada, Gigi. – Ela disse.
- Que isso, amor. – Falei e ela sorriu. – E sobre o uniforme? É novo?
- É sim! – Ela falou, esticando o mesmo. – Gostou?
- Tem a versão goleiro? – Brinquei e ela sorriu.
- É claro! – Rimos juntos.
- Bom Mondiale para vocês, prometo que torço um pouquinho. – Sorri.
- Obrigado. Quem sabe não te encontro lá?
- Difícil. – Ela fez uma careta e eu ri fracamente.
- Ciao, Manu.
- Ciao, Gigi. – Ela acenou, andando alguns passos até a calçada. – Ah, Gigi! – Ela me chamou.
- Diga!
- Se você gosta dela, fala logo. Não vale à pena esconder. – Ela falou, franzindo os lábios e eu suspirei. Essa menina é esperta demais.
- É tarde demais. – Falei, suspirando.
- Só é tarde demais se você morrer. – Ela disse, dando de ombros e dei as costas, virando para a porta e deixando o número “1 – Manu” na camiseta e suspirei, negando com a cabeça.
Uma menina de 20 anos soube ler meu relacionamento com a sem eu falar nada. Fala sério!

Lei
20 de maio de 2014
- Eu não acredito nisso. – Ele disse gargalhando.
- Eles perseguiram-na pelas ruas, Barza! – Falei, negando com a cabeça e rindo sozinha. – Ela chegou desesperada, coitada.
- Talvez o tiro tenha saído pela culatra. – Ele falou.
- Ah, com toda certeza. – Suspirei, virando o corpo na cama. – Acho que vamos mudar as divulgações de kit novo, Angela falou para vocês usarem no último jogo da temporada anterior, talvez dê certo. – Falei e ele veio em minha direção, apoiando sua mochila na cama.
- A ideia é boa, já ficamos bonitos para próxima temporada. – Ele disse, se sentando ao meu lado e eu sorri, passando a mão em seu rosto devagar.
- Vocês já são muito bonitos. – Falei. – Tenho um elenco de modelos. – Ele gargalhou.
- Isso só não é muito literal...
- Com certeza não, vocês são bem travados nesse departamento ainda, quem sabe um dia? – Ele sorriu, inclinou o corpo para frente, apoiou a mão em minha cintura e dei um beijo em meus lábios.
- Eu tenho que ir. – Ele disse e eu assenti com a cabeça.
- Boa sorte, ok?! Boa competição, aproveitem, curtam, enfim... – Neguei com a cabeça. – Tentem ganhar, ok?!
- Pode deixar. – Ele falou, suspirando. – Vê se você consegue ir. – Passei a mão em seus cabelos ajeitadinhos.
- Eu te aviso. – Falei baixo. – Agora que o Agnelli e o Pavel fizeram esse papelão, sobrou para mim e para o Fabio ver essa questão do técnico. – Suspirei.
- Alguém em mente? – Ele perguntou.
- Alguns ainda, mas nada certo. – Ponderei com a cabeça. – A Juve é bem conservadora, então vamos olhar aqui no país antes, mas é difícil quando nós estamos saindo de três scudetti seguidos, duas Supercoppas e chegamos a uma final de Coppa Italia. Pior ainda quando falamos dessa temporada que foi perfeita, três empates, duas derrotas, 21 jogos sem levar gol...
- É, realmente. Estando no topo, só podemos olhar para baixo. – Assenti com a cabeça.
- É o que eu falo: estando no topo, só podemos ir para um lugar e dói quando chega a hora. – Suspirei. – Há três anos quando reformulamos o time, eu não pensei que esse legado fosse acabar um dia. – Levei a mão até o rosto, suspirando.
- Vocês vão conseguir de novo, tenho certeza. – Ele colou nossos lábios por mais alguns segundos e sorri.
- Espero que sim! – Me espreguicei, esticando os braços para cima.
- Ficou tudo bem entre você e o pessoal? Ficou um clima bem estranho quando vocês brigaram, deu para ouvir tudo. – Ri fracamente.
- Imaginei mesmo, mas ficou. – Falei. – O Agnelli me escolheu, mas o conselho escolheu ele e aprovou as decisões dele, mesmo se ele quisesse me mandar embora também, ele não dependia só dele. – A pessoa precisa fazer algo bem feio para ser mandada embora assim.
- Como...
- Sei lá, roubo, corrupção, coisas assim. – Ele assentiu com a cabeça.
- Mas estamos bem sim, ele me escolheu pelas mesmas características que confrontaram-no. Está tudo bem.
- Bom mesmo! – Sorri. – Mas tenta ir, está bem? – Suspirei fortemente.
- Eu vou tentar, preciso finalizar com o pessoal até o fim do mês antes. A Manu não vai ter folga, porque foi contratada há pouco, então ela vai ficar de plantão com o Enrico, qualquer coisa passo umas coisas para ela fazer, mas eu te aviso. – Ele assentiu com a cabeça.
- Tudo bem, eu te espero lá. – Ele falou, inclinando o corpo sobre o meu de novo.
- E tenta fazer as coisas darem certo. Entre você e... – Ele assentiu com a cabeça. – Não quero vocês perdendo amizade por mim. Eu vejo nos jogos, quando eu não estou incluída, vocês são muito amigos e não é para ficar diferente só por causa de mim.
- Não se preocupe. – Ele disse. – Eu falo com ele. – Assenti com a cabeça.
- E se cuida, tá?
- Está bem. – Ele disse rindo, colando os lábios nos meus mais uma vez e eu acariciei sua nuca em um carinho gostoso. – Nos falamos à noite.
- Tudo bem, só me avisa quando chegar, por favor.
- Pode deixar. – Ele me deu mais um beijo. – Vai descer comigo?
- Vou sim... – Me espreguicei. – Preciso ir trabalhar. – Ele riu fracamente.
- Então vamos... – Ele disse, esticando as mãos e eu levantei logo atrás dele.
- Senhora ... – Martha entrou em meu quarto.
- Oi, Martha.
- O táxi do senhor Barzagli chegou.
- Ela algum dia vai me chamar de Barza ou de Andrea? – Ele falou ao meu lado e eu ri fracamente.
- Se algum dia ela me chamar de , já estamos no lucro. – Falei e Martha riu.
- É costume. – Ela disse.
- Estamos indo, Martha, obrigada. – Falei e ela assentiu, seguindo para fora e eu peguei o robe atrás da porta, colocando-o em cima da calcinha e da regata que eu usava.
- A gente vai se falando. – Barza disse, suspirando.
- Me deem motivos para eu zoar a Emanuelle, ok?! – Falei, passando os braços em seus ombros e ele riu fracamente.
- Cara, vai ser difícil! Eles estão vindo com tudo! – Barza disse, me segurando pela cintura.
- Vão também! – Falei, colando os lábios nos dele rapidamente. – Quero zoar muito bom a cara dela!
- Ela dá o troco. – Ele falou e eu soltei-o devagar.
- Nem fala! Ela é cria da Giulia, Barza. – Saímos pela porta do quarto.
- Ela é pior do que a Giulia, . Vamos ser honestos. – Ele disse e rimos juntos.
- Ela não fez nada demais, vai...
- Eu ainda consigo ouvir aquela buzina lá no fundo. – Ele disse, descendo as escadas e eu ri fracamente.
- Pelo menos ela está se enturmando, fico muito feliz, ela não tem amigos aqui, sabe? – Suspirei, seguindo até a porta.
- A idade dela bate mais com o Pogba, mas você sabe como os caras são...
- Um bando de crianças! – Falei, abrindo a porta e ele riu fracamente.
- É isso mesmo. – Ele sorriu e vi o táxi parado na porta.
- Talvez consigamos alguns jogadores mais novos para vocês esse ano. – Falei, seguindo até a calçada com ele, cruzando os braços.
- Alguma ideia? – Ele perguntou.
- Ei, sem pegar informação privilegiada. – Empurrei-o e ele riu.
- Achei que tivesse alguma vantagem. – Ele disse.
- Não mesmo! – Rimos juntos e ele se aproximou de mim.
- Eu vou lá. – Ele falou, colando os lábios nos meus delicadamente e eu assenti com a cabeça.
- Gostei do cabelo! – Falei, passando a mão no mesmo e ele sorriu, roubando mais um rápido beijo, me fazendo-o rir e empurrá-lo em direção ao carro. – Divirta-se, mas não se esqueçam porque vocês estão fazendo isso. – Falei e ele riu fracamente.
- Vou tentar lembrar. – Ele acenou e eu sorri, vendo-o dar a volta no carro. Dei um aceno com a cabeça para o taxista e o carro logo saiu, com Barza acenando por com a mão para fora do carro.
Soltei um suspiro, vendo o sol começar a surgir no oriente e sabia que logo mais eu deveria estar no time e sem hora para sair. Passaria o dia vendo e analisando jogos de outros times para palpitar com isso com Fabio e Beppe. Seria um longo dia. Pelo menos eu sabia que não teria nada e nem ninguém para me distrair. Talvez Giulia, ela tinha algumas ideias para um projeto que ela estava montando e ela vivia pedindo minha ajuda, talvez fosse na casa dela mais tarde.
Soltei um suspiro, fazendo uma reza silenciosa para eu ter um pouco de paz na minha vida e que a dor em meu peito fosse curada algum dia e distraí o olhar para o carro que subia a rua. Acompanhei-o devagar e engoli em seco ao ver o motorista pelo vidro abaixado. Revirei os olhos ao ver Gigi e dei a volta, voltando para dentro de casa. Ele iria continuar morando aqui? É isso mesmo? Não poderia ser Alena e os meninos?
Talvez eu pudesse ter alguma coisa, mas com certeza paz não era uma dessas coisas.

Lui
20 de maio de 2014
As três horas e meia de trem até Florença foram um tanto estranhas. Todos os convocados para da Juventus para a Nazionale se encontraram na estação por organização da FIGC e seguimos todos no mesmo vagão até a cidade que ficava o centro de treinamento da Federazione, onde treinaríamos até o dia quatro de junho, onde partiríamos para o Brasil.
Não teria nenhum problema com essa ida, se isso não envolvesse mim e Barza, além de Giorgio, Leo, Pirlo e Marchisio, no mesmo lugar e era muito difícil eu olhar para ele e saber que perdi a mais uma vez. Ele nunca foi de intrigas no time ou causar problemas, muito menos poderia entrar em meu cérebro e saber o que eu estava pensando ou o que eu faria, então eu sabia que teria que me esforçar para não ter problema. Afinal a culpa era inteiramente minha, não deles.
Por sorte, o trem sair cedo deu como desculpa para o pessoal dormir quase até Florença, então tentei seguir da mesma forma. Tinha mensagens não lidas de Ilaria e de Alena – por causa dos meninos – mas só foquei nas da minha ex-esposa. Agora que eu finalmente tinha dormido com Ilaria, ela não estava dando folga.
Chegamos em Florença e seguimos direto para Coverciano. Lá já encontramos alguns colegas de Nazionale. Estávamos em 30, por causa da pré-lista, mas até dia dois ela seria reduzida para 23, mas todos que estavam inclusos nos 23 já foram informados, e isso incluía meus cinco amigos de Juventus.
A maioria dos outros convocados jogavam na Itália mesmo, com exceção de três, então não precisamos que mais do que um forte abraço para matar saudades. Como chegamos quase na hora do almoço, fomos direto almoçar e depois faríamos as devidas divisões de quarto e receberíamos as primeiras informações.
Sentei perto de Prandelli, Sirigu, Mirante e Perin, os goleiros, e dessa vez nem foi para tentar fugir de algo ou alguém, só realmente gostava de ficar com o pessoal da minha posição. Eu tinha a titularidade há muito tempo, então eles se baseavam em mim, mas também gostava de receber informações dos mais novos, em 19 anos jogando como profissional, as coisas mudam um pouco.
- Ok, ragazzi. Vamos organizar aqui! – O assessor falou, nos distraindo. – Nós vamos separá-los vocês em quartos, esses quartos se repetirão durante a competição lá no Brasil, então isso não vai mudar. – Ele disse. - Como estamos com toda a lista aqui, além de Mirante que vai treinar com os goleiros, separamos os 23 e os outros oito. Para quem não está acostumado, vocês ocupam quartos duplos com duas camas de casal, não se preocupem. – Ele disse, tirando algumas risadas da gente. – Um quarto será em trio. – Ele falou. – Agora, vocês vão para seus quartos, descansem, três horas teremos coletiva do Gigi com o Prandelli... – Assenti com a cabeça, suspirando. Competições eram chatas por isso. – E quatro horas faremos um primeiro treino em campo. Combinado?
- Sim! – Falamos juntos.
- Ok, vamos para divisão. – Ele pegou uma prancheta e cruzei os braços. – Eu vou chamando vocês e vocês pegam as chaves e podem subir. – Ele disse. – Ranocchia, Perin e Candreva, quatro triplo. – Ele falou. – Maggio e Insigne. Pasqual e Aquilani. Rômulo e Rossi. Destro e De Rossi. – Ele ia falando um a um e ficava um tanto óbvio a divisão por times. – Mirante e Paleta. Parolo e Cassano. Abate e De Sciglio. Montolivo e Balotelli. Buffon e Barzagli. – Engoli em seco, respirando fundo. – Bonucci e Chiellini. Marchisio e Pirlo... Vamos, gente! Sem enrolar. – Ele falou.
Virei o rosto para o lado, vendo Barza com a mesma feição que a minha e Chiello Marchisio deram uma risada em nossa direção. Segui até ele, pegando a chave do quarto e segui até o canto do restaurante, pegando minha mala e mochila. A lista finalizou com Sirigu e Motta. Verrati e Darmian. E Cerci e Immobile.
- Vamos lá. – Falei para Barza, seguindo para fora do restaurante.
Quem tinha interesse na minha vida pessoal, como os assessores, provavelmente já sabia sobre o rolo que sondava minha vida nesses últimos tempos, mas acho que ninguém sabia sobre Barza e , e eu esperava honestamente que ficasse assim. De Rossi, o Lele, era muito piadista quando as coisas não eram com ele, e até sobre mim e ele já tinha feito questão de zoar, então abrir que Barza estava com ela, com certeza faria a pouca moral que sobrava em meu corpo, ir para o ralo. E durante o jogo do Papa em agosto, eles não estavam juntos. Pelo menos eu acho que não. era boa em esconder coisas, mas nem tanto.
Seguimos pelo elevador junto dos outros quatro de nosso time e Chiello não conseguia conter a risada, fazendo com que Barza desse um soco em seu ombro, fazendo as risadas estourarem mais alto.
- Mano, sério. Para! – Barza disse. – Não tem graça nenhuma.
- Tem sim. – Marchisio disse e eu revirei os olhos, optando em não responder.
Eu sabia qual era a graça, eu sabia a ironia do destino. Agora dividiríamos quarto de 30 a 45 dias, qual era a vantagem dessa? Eles iriam conversar, não? E eu seria obrigado a ouvir. Ignorei tudo quando o elevador abriu de novo e fiquei aliviado por irmos para caminhos diferentes, deixando que eu Barza seguíssemos pelo corredor.
- Desculpe por isso. – Ele disse assim que saímos.
- Não tem que pedir desculpas, eles são inconvenientes mesmo. – Falei, suspirando.
- Pior é que se fosse ao contrário, também seríamos. – Ele falou e viramos um para o outro, rindo fracamente.
- É verdade. – Suspirei. – É aqui. – Coloquei o cartão-chave na porta e empurrei a mesma, indicando para que ele entrasse primeiro.
- Valeu. – Ele disse, entrando na minha frente e fui logo atrás, puxando a porta. – Quer escolher?
- Posso ficar perto da janela? – Perguntei.
- Claro! – Ele disse, colocando sua mala em cima da primeira cama e caminhei até a outra, me sentando na mesma e deixando os tênis no chão antes de erguer as pernas para cima do colchão.
Ele ficou em silêncio e eu também, me fazendo respirar fundo. Eu não tinha o direito de ficar assim, não mesmo. Eu tinha perdido ela, eu sei, e era uma porcaria, mas eu deveria ficar feliz, não? Barza era um cara bacana, melhor do que aquele idiota do Domenico. Era legal, simpático, bem mais discreto no quesito fama do que eu e eles tinham algumas coisas em comum: são da mesma idade, moraram em Palermo, ele foi a primeira contratação dela...
As pessoas dizem que precisamos ficar felizes se as pessoas que gostamos estão felizes. Era um tanto egoísta da minha parte não querer que a fique com ele, mas porque eu não queria-a com nenhuma outra pessoa, somente comigo, mas eu também sabia o quanto eu havia mancado e não poderia privá-la de ser feliz. Se ela estava querendo seguir em frente, mesmo eu sabendo, pela própria boca do Barza, que ela ainda pensava em mim, eu deveria permitir. Apesar que essa informação me dava um pingo de esperança de que algo pudesse acontecer um dia.
Infelizmente eu havia feito um erro gigantesco, não com ela, mas que acabou afetando-a completamente. Eu sabia como ela se sentia com Ilaria, sempre soube, na verdade. Não tenho certeza se algo tinha acontecido entre elas, mas não era difícil imaginar os motivos. Ambas as mulheres em posições de poder, mas uma diferença de quase 10 anos entre elas. Ilaria nunca havia falado de para mim, o foco quando nos encontrávamos era sempre nossas vidas pessoais e nossos casamentos desastrosos. E o pouco que tinha falado de Ilaria, era sempre para reclamar da forma que ela abordava as entrevistas e não podia dizer que ela estava errada.
Agora, voltando para mim e Barza, o que eu poderia fazer além de compreender esse relacionamento dos dois? Tinha que me contentar por eles serem discretos, talvez ainda se importasse com a nossa história para não me fazer virar chacota por todo time ou só estava sendo cautelosa da mesma forma de quando nós dois tivemos algo escondido embaixo dos panos. Na época ela não era diretora, não teria problemas nenhum, imagino, então pensava se não era realmente sobre mim? Droga, voltei para mim e ela normalmente.
A questão é que eu e Barza precisávamos nos dar bem para tudo dar certo. Éramos parceiros de defesa. Se estivéssemos separados, as coisas não dariam certo. Além de que tínhamos uma amizade desde 2005 por causa da Nazionale, isso não podia nos separar, principalmente quando ele havia sido sincero, honesto e educado comigo.
O diabinho falava na minha orelha, mas o anjinho me pedia para seguir em frente e deixar a ser feliz. Sabia que eu não tinha alternativa, ela estava muito brava comigo a ponto de nem olhar na minha cara, eu já tinha visto brava e sabia que vai demorar para voltarmos a conversar normalmente, nem se for pelo bem do time, depois nossa amizade. Era sempre assim.
O que mais me irritava nessa história toda era pensar como Manu sabia que eu e tínhamos algo. Só podia ser sobre , pelo menos. Quem era a outra “ela” que Manu falaria? Será que tinha contado algo para ela? Ou será que ela só analisou minha situação? Bom, ela tinha me visto com aquele dia na casa dela, ela não havia falado nada, mas já percebi como ela fazia mais quieta e observando. Isso quando ela não estava tropeçando e derrubando as coisas.
Enfim, as coisas estavam muito estranhas e só dependia de mim resolver isso. E eu precisava resolver agora, antes do Mondiale. Precisávamos nos manter em sintonia, entre nós e com o time inteiro para termos a chance de conquistar mais uma vez o Mondiale.
- Sabe... – Falei, ouvindo um eco e virei para Barza, vendo-o também virado para mim e rimos juntos. – Fala. – Disse mais rápido e ele riu fracamente, virando as pernas para dentro da cama e ficando de frente para mim.
- Eu só quero pedir desculpas. – Ele disse. – Eu e a acabou acontecendo um tanto inesperado, sabe? – Respirei fundo. – Ela estava triste por causa de você, eu estava triste pelo fim do meu relacionamento, as coisas foram acontecendo devagar e sem pretensão nenhuma. – Engoli em seco. – Começou um querendo dar apoio ao outro. Não tinha intenção em te ofender ou... Enfim. – Ri fracamente.
- Você não precisa pedir desculpas, Barza, real. – Falei, erguendo o corpo. – É estranho para mim sim, mas eu sei que eu manquei demais com ela, de mais formas que você talvez possa imaginar... – Ele assentiu com a cabeça. – Só me prometa que você vai fazê-la feliz. – Suspirei, sentindo o peito doer com essas palavras. – Que você vai tratá-la melhor do que eu a tratei. – Ele assentiu com a cabeça. – Eu não sei o que ela sente sobre mim ainda, mas se ela está feliz contigo, ou com qualquer outro cara, eu vou tentar ficar feliz também. – Suspirei, sentindo a respiração parar por alguns segundos.
- Eu vou tentar, Gigi. – Ele disse e eu assenti com a cabeça.
- E eu também não quero que isso deixe nossa relação estranha. Nos conhecemos há tanto tempo... – Ele assentiu com a cabeça.
- Sim, eu não quero perder meu amigo. – Ele disse.
- Eu prometo que fico bem com isso e não vou interferir. – Falei e ele assentiu com a cabeça. – Só peço para não ter demonstrações de afeto na minha frente, por favor... – Rimos juntos. – Assim eu não aguento. – Ele sorriu. – Ainda é estranho imaginar vocês dois...
- Pode deixar, cara! – Ele disse, rindo fracamente. – Vamos tentar ganhar esse Mondiale. – Assenti com a cabeça.
- Vamos, cara! – Estiquei a mão e ele inclinou seu corpo em minha direção, batendo a mão na minha e o puxei para um abraço.


Capitolo cinquanta

Estate 2014
Lei
20 de junho de 2014

- Ah, isso foi um desastre. – Giulia falou com os dentes colados ao meu lado e eu suspirei.
- Uruguai ganhou ontem, né?! – Perguntei, engolindo em seco.
- Ganhou sim, a Inglaterra já está fora, Costa Rica está dentro, mas agora a Itália e o Uruguai vão competir pelo último lugar do grupo. – Franzi os lábios.
- Ah, gente, o que estão fazendo? – Suspirei, sentindo Giulia inclinar o corpo em minha direção.
- Você podia falar para os seus namorados, dar uma força, né?! – Empurrei-a de volta, ouvindo-a gargalhar.
- Cala a boca! – Falei e ela riu fracamente.
- Bom, família, eu estou indo! – Giulia se levantou.
- Eu te levo! – Falei, jogando a almofada em meu colo para o sofá.
- Não quer que eu vá contigo? – Tia Gio se levantou conosco.
- Não, mãe, vocês já choraram demais! – Ela disse, seguindo em direção à sua mãe e abraçou-a pelos ombros. – Eu prometo que vou ficar bem.
- Mas você vai para o outro lado do mundo e... – Gio começou a chorar de novo e rimos fracamente.
- Mãe, não é o outro lado do mundo, é aqui na África e na parte de cima dela. – Giulia tentava explicar e Pietro me abraçou de lado, com os olhos marejados e passei o braço pelos ombros dele.
- Você promete que mantém contato? – Gio perguntou.
- Eu vou estar em comunidades bem pobres, mãe, mas eu dou notícias sempre que possível, ok?! – Ela falou e dei um beijo nos cabelos espetados de Pietro.
- Tudo bem, mas saiba que sentiremos sua falta todos os dias! – Gio disse, segurando o rosto de Giulia. – Eu te amo!
- Eu também te amo, mãe! – Ela sorriu, estalando um beijo na bochecha de Giulia e eu suspirei.
- E se você cansar, só me avisar que eu mesma vou te pegar. – Gio disse, me fazendo rir.
- Na Serra Leoa, mãe? – Giulia perguntou.
- Onde você estiver! – Ela frisou e Giulia seguiu para seu pai.
- Vá com Deus, minha filha! – Ele disse, abraçando-a apertado. – Acho muito nobre o que você está querendo fazer, mas se cuide, ok?! Não é para ajudar os outros e esquecer de si. – Ele disse e ela confirmou com a cabeça.
- Pode deixar, pai! – Ela disse. – Eu vou ter uma equipe comigo, vai ser bom e vai me fazer bem também. – Ela disse suspirando. – Só prometam que vão ficar bem aqui.
- Vamos sim, amor. Se você ficar bem lá, ficaremos aqui também! – Gio disse.
- Tchau, maninha! – Gianni seguiu abraçá-la e Pietro entrou no abraço dos dois, esse foi o momento que Giulia começou a chorar.
- Eu amo vocês, ok?! – Ela disse, segurando o queixo dos dois meninos que já estavam da sua altura. – Se cuidem, cuidem da mamãe, do papai e da , tá? Eu falo com vocês sempre que der também. – Ela apertou-os pelos ombros, estalando beijos na cabeça dos dois.
- Também te amo. – Eles falaram juntos e pressionei meus lábios, sentindo Gio me abraçar de lado.
- Se você não gostar, volta, tá?! – Gianni disse e eu sorri.
- Pode deixar, meus amores. E vocês estudem muito, lutem e realizem seus sonhos. Três anos passa logo. – Ela suspirou.
- Tenta vir nas datas importantes. – Falei. – Natal, Ano Novo...
- Vou sim! – Giulia assentiu com a cabeça. – Eu amo vocês! – Ela disse e eu sorri, assentindo com a cabeça. – Ok, agora chega! – Ela disse, pegando sua mochila no chão e passou as mãos nos olhos. – Vamos, ! – Ela se aproximou da porta e eu ri fracamente.
- Você volta hoje, ? – Pietro perguntou.
- Hoje não, mas venho amanhã. Eu preciso ir para o time. – Falei.
- O que vai fazer lá? – Giulia perguntou.
- Aprovaram nosso plano executivo para Continassa, a área em volta do estádio, preciso aprovar o orçamento para gente começar o mais rápido possível. – Falei.
- Que merda! – Ela disse, rindo em seguida. – Assim, é ótimo para o time, mas suas férias já eram.
- A troca de técnico complicou um pouco, mas dá para eu aproveitar uns dias ainda... – Ponderei com a cabeça.
- Você precisa de férias. – Giulia disse. – Você tem esse trabalho incrível e mal viaja. – Ela disse, seguindo até a rua e eu destravei o carro.
- Ei, eu vou para Indonésia, Austrália e Singapura em agosto, tá?!
- A trabalho! – Ela disse, abrindo o porta-malas e me fazendo rir.
- Melhor do que nada. – Dei de ombros. – Agora minha amiga vai me abandonar, então...
- Ah, como se eu estivesse me mudando agora! – Ela disse rindo.
- Saudade das nossas viagens para neve. – Falei e ela riu.
- Boas, né?! – Sorrimos juntas. – Bom, família, agora me vou mesmo! – Ela seguiu até a porta, abraçando mais uma vez os gêmeos, seu pai e enrolando um pouco mais em sua mãe.
- Fica bem, meu amor. Se cuida, se proteja, fale conosco sempre que conseguir, poste vídeos, faça seu projeto um sucesso! – Gio disse e Giulia assentiu com a cabeça.
- Pode deixar, mãe! – Giulia sorriu, dando um beijo em sua bochecha e veio em direção ao carro. – Ciao, amo vocês!
- Ciao, meu amor. – Gio disse chorando.
- Ciao, gente, até amanhã! – Falei, acenando para eles que sorriram.
Dei meia volta no carro estacionado em frente à casa, entrando no mesmo, tendo uma última visão de Gio abraçada aos gêmeos. Liguei o carro, seguindo um pouco devagar e Giulia acenou algumas vezes mais até eu virar a esquina. Ela passou as mãos nos olhos e suspirou para cima, tombando a cabeça para trás.
- Ah, chega! – Ela respirou fundo.
- Você vai ficar bem, não vai, minha amiga? – Perguntei, batendo em sua perna e ela suspirou.
- Vou sim. Eu sempre fui meio metida em querer conhecer lugares novos e tudo mais. – Ela disse. – Vai ser bom para mim e o projeto é muito bonito mesmo. – Ela se virou para mim.
- Você vai levar educação para jovens mulheres, amiga, isso é demais. – Falei, olhando na rua. – E vai gravar muitos vídeos fazendo piadas que eu sei. – Ela riu fracamente.
- Vai ser muito bom! – Ela suspirou. – Mando mensagem sempre que possível, tá? Não é porque é uma comunidade no meio do nada que eu vou ficar sempre sem internet, vamos ter que ir muito para as capitais para publicar os vídeos, então dou sinal de vida sempre que possível.
- Bom mesmo! Ainda preciso da minha amiga! – Falei e ela riu fracamente.
- Por causa dos namorados? – Ela me perguntou e eu bati em sua perna.
- Não fala isso perto dos seus pais, eles não sabem sobre o Barza ainda! – Falei rápido.
- Por que não? – Ela perguntou chocada.
- Por que não! – Falei rindo. – Estamos indo bem devagar, ok?!
- Quase parando... – Ela falou ironicamente.
- Eu não quero dar um pulo no escuro sem ter esquecido o Gigi, ok?!
- Você namorou o Domenico por três anos e não tinha esquecido do Gigi.
- Foi diferente. – Suspirei. – Eu, em partes, tinha esquecido o Gigi naquela época, agora não. – Suspirei. – E eles são amigos, trabalhamos todos juntos, é inevitável comparar algumas coisas, tá?
- Tipo o tamanho do pênis deles? – Gargalhamos juntos.
- Eu estou muito bem servida com isso, está bem? – Ela gritou animada sozinha.
- AH, DELÍCIA! – Gargalhei com ela.
- Mas não é só isso que importa. – Neguei com a cabeça. – O Barza é ótimo, fofo, carinhoso, romântico, entende essa montanha russa toda, mas tem algumas coisas que não batem, sabe? O sexo, por exemplo...
- É ruim?
- Não, é muito bom, mas não é igual ao Gigi. – Suspirei. – Não tem aquele arrepio com um simples beijo, ele ainda não encontrou meus pontos exatos... – Franzi os lábios. – O Barza é o típico cara que namorou a mesma pessoa a vida inteira e não teve outras experiências, sabe? – Ela riu fracamente.
- Tudo isso é porque você não esquece o Buffon, você sempre vai ver o Buffon como sua tabela de classificação. – Ela deu de ombros. – Já falamos disso milhares de vezes, mas não tem o que fazer. Ou você mergulha nesse relacionamento e vê o que agrega de melhor, ou esquece. Porque faz muito tempo desse lenga-lenga, te falar para esquecer do Buffon é tipo parar de nevar nos Alpes. – Suspirei.
- Eu sei, mas vamos ver na próxima temporada, devo falar com o Barza hoje. – Suspirei.
- Por que você não vai para o Brasil? – Ela me perguntou e eu virei o rosto para ela.
- Como assim?
- Você já tinha me falado que queria ir se eles passassem de fase. Se eles perderem o próximo jogo, eles estão eliminados, mas se eles ganharem, eles passam para próxima fase... – Ela deu de ombros. – Vai lá, assiste ao jogo, vê no que vai dar e aproveita umas férias também, dizem que as praias brasilianas são lindíssimas. – Ela disse. – E você está precisando de um bronzeado, seu último foi quando? 2007? – Ela brincou e eu mostrei a língua para ela, fazendo-a rir.
- A ideia não é tão má, ingresso eu tenho, só preciso checar os voos, quando é o próximo jogo? Dia 24, cai em uma... – Ela fez umas contas rápidas. – Terça-feira.
- Posso ir na segunda, chego lá na terça cedo, assisto ao jogo e depois passo uma semana lá. A ideia não é má! – Falei.
- Você não vai ter sua amiga, mas ainda assim é bom. – Rimos juntos e eu guiei o carro até o embarque e desembarque do Turim-Caselle.
- Mas talvez ficar sozinha seja o que eu precise. – Suspirei. – Um tempo sozinha, umas noites de sexo com o Barza para relaxar...
- Você queria o Gigi, mas já que não tem ele.... – Ri fracamente.
- Eu não consigo olhar para ele, Giulia. Sério! Depois que ele fez sei lá o que com aquela jornalista filha da... – Neguei com a cabeça. – E ele ainda vem pedir desculpas? Enfia as desculpas dele no ra...
- Opa! – Ela disse rindo e eu suspirei. – Mas eu concordo contigo, odeio ela também. – Ela disse. – E nem é por você. Eu sempre odiei ela! – Ela repetiu.
- Todas nós, e quando me tornei diretora piorou. Ele até fez uma brincadeira sobre ela comigo um dia. Não consigo me conformar como isso aconteceu. – Bufei, freando o carro atrás de alguns táxis e liguei o pisca-alerta.
- Ignora ele, amiga. Sei que o sentimento é forte, mas esquece ele e vá viver sua vida. – Ela disse e eu assenti.
- Eu preciso! Preciso de uma folga gigantesca de Gigi na minha vida. – Falei, saindo do carro e ela saiu do outro lado.
- Me mande notícias, surto contigo assim que possível. – Ela veio até o porta-malas comigo e abri o mesmo, ajudando-a com as malas.
- Se cuida, o resto eu me viro! – Falei, levando a mala maior até a calçada.
- Pode deixar, minha irmã! – Ela disse, ajeitando a mochila nas costas e me abraçou fortemente. – Eu te amo!
- Eu também te amo, minha irmã! – Falei, apertando-a fortemente. – Vá com Deus!
- E você fique com Ele. – Ela abriu um largo sorriso. – E com uns diabinhos se possível. – Rimos juntas e a vi seguir pela porta do aeroporto, acenando para mim.
- Você também! – Falei, vendo-a subir dentro do aeroporto e dei a volta no carro, entrando no mesmo e saindo dali antes de levar uma multa.
Dirigi de volta para casa com a ideia de Giulia na minha cabeça. Talvez ir para o Brasil agora não seja uma má ideia. A Itália e o Uruguai fariam um jogo competindo pela última vaga no grupo, ambos tinham três pontos, quem ganhasse passava. Eu já queria ir, pensando na próxima fase, mas agora não seria nada mal. O trabalho no time estava mais calmo, eu ia para fazer coisas pontuais, e perder uma chance de ver minha Nazionale – e meus amigos – jogando? Não era do meu feitio. Só precisava ver isso logo, passagens aéreas em tempo de Mondiale eram uma loucura e escassas.
Cheguei em casa, vendo-a vazia e segui rapidamente até o meu quarto, já era quase nove da noite, queria banho e comida, apesar de ter petiscado o jogo inteiro na casa de Giovanna e Fabrizio. Enquanto tirava minha roupa para cuidar da questão do banho antes, enviei uma mensagem para Manu.
“Manu, sei que está tarde, mas, para amanhã quando chegar, compra uma passagem para mim para o Brasil? Eu vou ver a Itália no último jogo da fase de grupos”. – Escrevi, enviando-a. “Você sabe melhor do que eu, checa a cidade que vai ser e compra para mim e, também, vê o hotel que eles ficarão hospedados e reserva um quarto para mim também. Até amanhã penso o que faço”.
Enviei e puxei as notificações, vendo uma mensagem de Barza. Cliquei na mesma e ela abriu rapidamente.
“Ei, , viu o jogo hoje? Foi um desastre, não?! Enfim, estou com um mal pressentimento sobre o próximo jogo, o Uruguai é muito forte e acho que vai ser um jogo bem difícil. Se não passarmos, pensei de aproveitar essas férias forçadas para adiantar minha cirurgia no pé, o que acha? Só preciso da sua liberação”. – Suspirei e escrevi.
“Ei, ei, ei! Sem desistir agora, tem um jogo ainda! Eu posso deixar sua papelada pronta, com essa troca de treinador é até mais fácil para você fazer, descansar e tudo mais, mas não ache que tudo está perdido ainda”. – Enviei. – “Além do mais, estava pensando em ir ver vocês, o que acha?” – Soltei meus cabelos, seguindo para dentro do banheiro com o celular e liguei o chuveiro. Ouvi o apito no telefone e peguei-o de volta vendo uma mensagem de Manu.
“Ah, chefa, que bacana! Você vai amar o Brasil! Já sabe quantos dias vai ficar? Aí já compro a volta também. E fiquei triste pelos meninos, espero que eles ganhem”. – Ela dizia e eu respondi.
“Talvez uns cinco dias, mas eu decido até amanhã e te falo, vou ver as minhas pendências”. – Enviei de volta e vi que Barza já tinha respondido.
“A ideia é ótima, , mas tem certeza? E se der alguma coisa errada?” – Ele dizia.
“Se der alguma coisa errada, eu vou aí para te consolar”. – Enviei, abrindo as manoplas do chuveiro, ficando para o lado de fora enquanto esperava as mensagens no celular.
“Aí já começa a ficar melhor!” – Ele dizia e sorri, deixando o celular de lado e entrei no banho.

Lui
24 de junho de 2014
Desde o primeiro apito até o último, minha sensação era que eu estava me afogando. A começar pela temperatura. A pessoa que marcou esse jogo às 13 horas em um dos lugares mais quentes e úmidos que eu já estive em toda minha vida, com certeza não era um jogador de futebol. E já tínhamos reclamado na Copa das Confederações. Estávamos acostumados com calor em Turim, mas não tanto assim. Então a respiração ficava muito mais pesada e parecia que o oxigênio não entrava direito no cérebro.
Segundo que falhamos no segundo jogo. Era para termos ganhado contra a Costa Rica e já garantir nossa classificação, mas acabamos deixando um gol passar e ficamos pendente do último jogo. Infelizmente esse jogo era contra o Uruguai, levando em conta que tínhamos mais a Inglaterra no grupo, estávamos todos em pé de igualdade. O Uruguai veio com alguns conhecidos: Cáceres, Suarez e Cavani. Alguns deles não tinham o costume de jogar muito limpo e nós os subestimamos. Jogamos contra ele na disputa do terceiro lugar um ano atrás, mas nenhum jogo era igual ao outro.
E terceiro: que o jogo foi um completo desastre em todos os sentidos, nos colocando cada vez mais para baixo e tornando cada vez mais difícil a continuidade de forma séria. Por um momento eu pedi para aquilo finalizar logo, porque já estava muito feio para nós.
Entramos com um time que achei muito sólido. Formação 4-3-2 com bastante segurança na parte de trás. Darmian, Barza, Chiello, Leo, De Sciglio; Verrati, Pirlo, Marchisio; Balotelli e Immobile. No túnel, tentei falar palavras de apoio aos meus colegas, manter os espíritos levantados e focar nos 90 minutos primeiros. Pensaríamos nas consequências positivas ou negativas depois.
Cumprimentei os uruguaios, recebendo um forte abraço de Cáceres e entramos no Estádio das Dunas em Natal. Nos unimos para cantar o hino e fazia isso muito efusivo quase como uma reza. Eu represento meu país e estou aqui para vencer.
Logo aos sete minutos eu notei que o jogo seria pesado, foi quando eu fiz a primeira defesa próxima. De Sciglio rebateu, mas a bola voltou, Chiello tentou tirar, a bola voltou para mim, mas ele ficou no chão pela cotovelada. Isso fez o jogo parar logo ali. Chiello era forte e conhecia bem seus dotes de atuação, mas na cara não dava, né?!
Aos 12 minutos tivemos uma chance de falta, Pirlo bateu com a maestria que só ele, nostro maestro, poderia bater, mas Muslera estava lá e defendeu com muita facilidade. Aos 15 minutos tivemos uma chance, mas quase acabou dando em um pênalti contra nós, mas ainda estava seguro... Ainda.
Aos 22 Balotelli acabou exagerando na cobrança, literalmente subiu em cima do uruguaio e levou o primeiro cartão do jogo. Pelo menos tinha sido amarelo. Aos 29 tivemos uma chance de gol, mas Immobile errou a altura e mandou muito acima do gol.
Aos 32 eles tiveram duas chances de gol. Uma com Suárez, a qual eu defendi para frente, mas o rebote veio dois segundos depois com Lodeiro e eu defendi de novo. O terceiro só não veio, pois Barza estava na minha frente e tocou no peito para me devolver.
Aos 37 Cáceres tentou uma do centro do campo, mas foi muito longe da linha. Aos 44 uma cobrança de falta veio em cima, mas Barza cabeceou para fora. Logo mais perdia as contas de quantas vezes eles me livravam de uma forte.
O intervalo chegou e Balotelli saiu, tinha recebido o amarelo e não jogaria em caso de passar de fase e Prandelli colocou Parolo. Tínhamos mais 45 minutos para um gol.
Aos 50 minutos, Leo e Cavani tiveram algum desentendimento de um segurar o outro, os uruguaios pediram pênalti, mas não foi dado. Leo era outro bom em atuação, acho que dos três, o único que ninguém caía era Barza. Aos 58 eles tiveram outra chance, eu saí errado, mas a bola passou lambendo a linha do gol e foi para fora.
Aos 59 a situação começou a ficar um pouco pior do que esperávamos. Marchisio fez uma dividida com bola, o uruguaio claramente se jogou e Claudio levou vermelho. É isso mesmo! Ele levou um cartão vermelho por uma dividida ridícula de bola. Eu saí igual louco do gol para tentar reverter isso, me irritei mesmo e quase fui em cima, mas o próprio Muslera me tirou de lá, pois Leo, Chiello, Pirlo, DeSciglio e Verrati foram comigo tirar satisfações. Sem conversa, o jogo seguiu com 10, mas sabia que isso reduziria drasticamente nossas chances, só não sabia que eu estaria tão certo.
Aos 65 eu fiz uma boa defesa de Suárez tirando do lado direito para fora. Comemorei como se fosse um gol mesmo. O jogo estava difícil e eu tinha noção disso. Aos 69 tivemos uma chance, mas claramente impedido.
Aos 71 Immobile saiu e Cassano entrou. Aos 75 Verrati saiu e Motta entrou.
Aos 79, se a gente achava que a expulsão do Marchisio não foi o suficiente para bagunçar totalmente com nosso emocional, a confirmação veio nesse lance. Enquanto Cavani e Darmian competiam por bola do meu lado direito, do meu lado esquerdo Chiello e Suarez simplesmente caíram no chão. Simples assim. Foi quase a cabeçada de Zidane em Materazzi em 2006, foi do nada e ninguém sabia de onde veio.
Chiello levou a mão ao ombro e Suarez à boca. Será que eles tinham pulado juntos e algo tenha dado errado? Não tinha motivo, pelo menos, já que a bola estava no local extremo contrário. Quando Chiello levantou, sabe o que foi? SUAREZ MORDEU O CHIELLO! COMO ALGUÉM FAZ ISSO? Acho que já vi diversos tipos de faltas, mas isso nunca.
Agora me diz se ele foi expulso? Se o lance foi revisto? Não! O jogo seguiu, a bola saiu, fizeram um escanteio, Godin cabeceou e a bola foi para o fundo do gol. Legal, não? Tentamos sair com a bola logo em seguida para tentar agilizar, faltava uns 13 minutos ainda, poderíamos tentar fazer acontecer.
Aos 85 tivemos uma falta, mas foi para fora, a torcida uruguaia cresceu cada vez mais e a italiana murchava também, estava cada vez pior. Quando o juiz deu cinco minutos de acréscimos, em um momento de desespero, eu saí do gol e fui para linha. Tivemos dois escanteios seguidos, se eu marcasse algum outro jogador e evitasse o contra-ataque, tínhamos chance de empatar e ganhar mais 30 minutos, talvez até terminar nos pênaltis iguais da outra vez.
Só que não. O juiz deu até 95, a bola rolou quase até 96 e, quando apitou, só foi confirmado o esperado. Eu não tinha reação, na verdade, nem eu e nem ninguém. Eu tirei as luvas com raiva e virei uma garrafa de isotônico na boca. Muitos foram direto para o vestiário, eu fiquei no campo ainda para receber o prêmio de melhor jogador em campo, o que era uma grande mentira, era praticamente o prêmio consolação pela eliminação, e dar uma declaração.
O que você fala depois de um jogo desse? Eu podia culpar o árbitro, podia culpar nosso desempenho, podia culpar o tempo, a temperatura, tudo, mas a gente sabia que podia ter tudo isso quando viemos, principalmente tendo jogado aqui no ano passado. Eu não sabia muito o que dizer, estava um tanto atordoado com tudo ainda.
- Certamente fica a satisfação de ser o melhor em campo, mas é uma satisfação que eu dispensaria. Como país, hoje é um dia muito triste. Dia de fracasso do ponto de vista do nosso futebol. Algo que nos entristece muito, algo que nos faz refletir. – Suspirei, passando a mão nos cabelos molhados. - Todos nós devemos fazer exames e ver o que podemos melhorar.
- E sobre a arbitragem? Muitos torcedores reclamaram dela hoje.
- No final, não se pode sempre culpar o juiz. Não ajudou a gente, mas é bom assumir as próprias culpas e problemas. Quando se vem de duas derrotas seguidas, com certeza não fizemos nossa parte. Faltou alguma coisa com certeza. – Suspirei e o assessor me deu dois tapinhas nos ombros e eu assenti com a cabeça, seguindo para dentro do vestiário.
Chiello veio comigo e ele falava alguma coisa sobre o jogo, a mordida, a falta, mas eu simplesmente não conseguia ouvir, processar ou pedir para ele parar. Entrei no vestiário, seguindo para minha área e sentei na mesma. Todos tinham a mesma feição de confusão, raiva ou inconformidade no rosto e não falavam nada. Alguns foram para o banho, outros ficaram, mas demorou uns 30 minutos até Prandelli aparecer e falar alguma coisa.
- Beh, ragazzi... – Prandelli começou. – Não foi o resultado esperado nem de longe. Não foi vocês, não foram os outros times, fui eu. – Ele disse. – Eu assumo a culpa dessa eliminação. Acho que tivemos um bom trabalho durante esses três anos, chegamos na final da Euro, terceiro lugar na Copa das Confederações, mas não conseguimos fazer dar certo dessa vez. Peço desculpas a todos vocês por não atingir as expectativas e decidi, por isso, encerrar nosso ciclo aqui.
Alguns o abraçaram e falar que não precisava para tanto, o que eu também achava, realmente tivemos boas campanhas nas últimas duas competições, mas sabia que não adiantaria nada, era assim que o futebol funcionava: se você não trazia resultado, você estava fora e agora ele estava fora.
- Signori, vamos voltar para o hotel hoje, ficaremos lá. Amanhã seis horas vamos sair do hotel para o Rio e, à noite, voltamos para Milão. – O assessor disse.
Foi o tempo de arrumar nossas coisas para sair. Eu nem tinha tomado banho ainda, deixaria para tomar no hotel, realmente não conseguia pensar em mais nada. Minha vida já estava um estrago o suficiente, ainda vem essa? Eu já tenho 36 anos, sabia que minha aposentadoria estava próxima, apesar de me sentir bem, mas imagino que essa tinha sido meu último Mondiale, não? O próximo eu já terei 40, quais as chances?
Chegamos no hotel e nos separamos, cada um foi para seu quarto. Todos ficavam no mesmo andar, então demorou duas vezes para eu subir no elevador junto de Barza. Entramos no hotel e ele seguiu em direção à primeira casa e eu à segunda, deixando nossas coisas na cama.
- Você está bem, Gigi? Você não disse nada. – Ele disse, tirando o paletó e foi aí que eu percebi que alguém tinha tomado banho.
- Eu estou. – Falei, suspirando, tirando a blusa azul da Itália e joguei na cama. – O que tem para falar depois desse mico? – Ele riu fracamente.
- Nem fala. – Ele negou com a cabeça. – Mas não adianta ficar se remoendo por isso, não vale à pena. Erramos no segundo jogo, sabíamos que seria um grupo difícil e os subestimamos. – Ele disse, abrindo a blusa social e tirando também.
- É, você tem razão. – Suspirei, tirando a calça do moletom e deixando na cama.
- Agora é focar na próxima temporada, cara.
- Acho que eu vou fazer minha cirurgia no pé. – Ele suspirou. – Ganhei um mês, na teoria. Não que eu vá voltar antes do começo do ano que vem, mas ganho um mês, pelo menos.
- É uma ideia boa. – Falei. – Agiliza a recuperação, né?!
- Sim! – Ele disse e eu confirmei.
- Aproveita sim, começo de temporada é sempre mais morno, você volta para gente no momento mais crítico. – Rimos juntos.
- É, vou adiantar os papéis, enviar para a... Para contabilidade. – Ele disse e suspirei quando ele escondeu o nome de .
- Combinado por mim. – Estiquei a mão, batendo na dele. – Eu vou tomar banho, tá? Se eu demorar, juro que não morri. – Rimos juntos.
- Vai lá! – Ele disse e peguei minha necessaire e segui para o banheiro.

Lei
24 de junho de 2014 • Trilha SonoraOuça
Todo caminho do Estádio das Dunas até o hotel e resort Pestana, onde eles estavam hospedados, eu fui em silêncio. O taxista falava rapidamente em um sotaque muito forte de português que eu não conseguia entender. Acho que era regional. Ele falava sobre a eliminação da Itália, provavelmente por causa da minha camisa e de onde eu havia pedido para me levar, mas eu não conseguia responder, eu estava em completo choque.
Choque pela eliminação precoce, choque pelas injustiças no jogo, choque por ver meus meninos sofrerem e choque, principalmente, por ter vindo no meu segundo Mondiale e sair daqui igualmente triste. Eram motivos diferentes, claro, mas eu não gostava de ver meus meninos triste desse jeito, só fazia meu coração apertar cada vez mais. Nem ver Lou, Dado e Alena no jogo melhorou meu humor, principalmente ao ver meus lindinhos chorando no fim do jogo. Isso corta o coração de uma pessoa, sabia?
O táxi me colocou o mais próximo possível e entreguei os reais para ele, falando um simples “obrigada”, querendo fugir dali. Na frente do hotel, muitos torcedores estavam acumulados e uma brigada forte do exército, se eu não me engano, impedia a entrada das pessoas. Lutei contra alguns torcedores bem irritados para chegar próximo a um homem e tirei a credencial da bolsa e não precisei gastar meu português para ele deixar eu passar.
O hotel era lindo, tão lindo quanto outros que eu já tinha ficado em minha vida com o time, mas não fiquei analisando a situação, só queria encontrar Barza, ou qualquer um dos meninos, e dar um abraço apertado neles.
- Boa tarde. – A mulher me recepcionou em português.
- Oi, senhora, tudo bem? Eu sou da Juventus e a FIGC me enviou aqui para resolver umas coisas do meu time. – Apoiei a credencial no balcão. Não era inteiramente verdade, mas também não era mentira.
- Sim, claro! O que posso te ajudar? – Ela perguntou.
- Eu estou procurando Andrea Barzagli, por favor. – Falei.
- Um segundo. – Ela disse, checando rapidamente no computador e dei uma olhada no lobby, ver se alguém aparecia. O ônibus deles estavam lá fora, esperava que já tivessem chego.
- Ele está no último andar, no quarto número 77. – Ela disse e eu assenti com a cabeça. – Você pode usar esse cartão para chegar no andar. – Ela me estendeu um no cartão.
- Grazie. – Sorri, pegando o cartão e a credencial e segui até o elevador. Bati o mesmo no leitor e apertei o último andar.
Eu poderia falar que queria encontrar todos os meus jogadores, mas isso era uma grande mentira, eu não estava nenhum pouco a fim de encontrar Gigi, eles estavam tristes, ele deveria estar muito irritado pelo jogo, vê-lo agora com certeza não me ajudaria a ajudá-lo. O elevador chegou alguns segundos depois e saí do mesmo, vendo um longo corredor. Longo mesmo.
Alguns itens de futebol estavam no corredor e o logo da Federazione denunciava que eles estavam ali. Passei pelos quatros, procurando pelo quarto indicado e, quando achei, respirei fundo. Eu até tentei pensar em mil palavras para dizer, mas realmente não conseguia, talvez um abraço adiantasse. Ergui a mão, batendo os nós dos dedos na porta, ouvindo-a ecoar algumas vezes e não demorou mais que 10 segundos para porta se abrir e sorri ao ver Barza ali.
- ? – Ele falou um tanto chocado e mordi meu lábio inferior.
- Ei, Barza. – Falei e ele riu fracamente.
- O que está fazendo aqui? – Ele perguntou e eu empurrei-o de leve para dentro do quarto, tocando seu peito nu e fechei a porta atrás de mim.
- Você ainda pergunta? – Perguntei baixo, suspirando. – Como você está? – Olhei para ele, vendo que ele usava somente as calças do terno da Nazionale.
- Beh... – Ele riu fracamente. – Agora eu estou um tanto chocado, honestamente. Eu ia te mandar uma mensagem, eu só não... Consegui raciocinar ainda. – Ele suspirou.
- Você queria ficar sozinho, né?! Eu não deveria ter vindo. – Falei, franzindo a testa. – Eu me hospedei aqui também, mas vocês já vão embora, né?!
- Não, não... – Ele me parou quando comecei a falar rápido. – É só que... Não é muito bom você estar aqui... – Ele falou, apontando para o recinto e eu inclinei o corpo para o lado, vendo uma segunda cama no fundo com algumas roupas. – Agora.
- Ah! Você não está sozinho. – Fiz uma careta, levando a mão à boca.
- Não, estamos dividindo quarto. – Ele falou baixo. – E eu estou com... – A porta se abriu no momento e vi Gigi saindo de lá com os cabelos molhados, peito nu e somente a toalha enrolada na cintura.
- Ah, fala sério! – Levei a mão ao rosto.
- É... – Barza disse, fazendo uma careta.
- ? – Gigi falou mais alto e eu franzi os olhos. – O que está fazendo aqui?
- Eu nem sei mais... – Falei rindo sozinha, levando as mãos até o rosto, apertando-os fortemente enquanto pensava como eu não tinha checado isso antes? Talvez a culpa fosse de Barza, ele sempre dizia que estava sozinho. Talvez soubesse que eu me irritaria. – Fala sério!
- Fala sério digo eu, né?! Só me faltava essa! – Ele disse irritado, seguindo para o outro lado do quarto.
- Ei, eu não vim aqui por causa de você, ok?! – Falei irritada, abraçando Barza pelos ombros.
- Ah, é claro que não! – Ele riu sarcasticamente. – Agora é tudo para o Barza, né?!
- Ei, cara! Não me enfia nessa. – Barza disse mais baixo.
- Scusi, mas a última coisa que eu precisava hoje era dela aqui! – Ele disse irritado.
- Eu tenho nome, sabia? E você sabe muito bem qual é. – Falei.
- Ok, senhorita , poderia se retirar, por favor? – Ele falou em falso tom de educação e eu revirei os olhos, virando para Barza.
- Eu estou com um quarto aqui, não sei qual ainda, mas te mando mensagem quando fizer check-in... – Falei baixo para ele, apoiando os braços em seus ombros.
- Como você entrou aqui, então? – Gigi falou de novo.
- Eu tenho um nome influente no meio da Federazione, CASO VOCÊ NÃO SAIBA! – Falei alto, virando para ele. – Idiota... – Falei baixo, bufando.
- Eu te encontro lá, mas pouco, não sei se posso, na verdade. – Barza disse e eu assenti com a cabeça.
- Tudo bem, pelo menos para conversarmos um pouco longe desse...
- Termina. – Gigi falou e eu virei para ele, vendo-o com as mãos na cintura e meu rosto desceu pelo seu peito nu e aquela toalha branca e quis me matar por achar aquilo extremamente sexy.
- Te chamar de idiota não é nenhuma novidade. – Falei rindo sarcasticamente e virei para Barza de novo. – Ok?!
- Ok! – Barza disse se segurando a risada e colei meus lábios nos dele delicadamente.
- Ah, não! Vocês não vão ficar se beijando na minha frente. – Gigi reclamou e eu virei o corpo para ele, apertando minhas mãos nos ombros de Barza para perto de mim.
- Meu Deus, Gigi! Qual sua idade? – Perguntei. – Eu preciso ver fotos suas com aquela nojenta em todas as revistas e sites que eu entro e eu não posso dar um beijo no Barza na sua frente? – Falei sarcasticamente. – Por quê? Por que a criança não vai gostar? – Falei baixo, dando mais um beijo nos lábios de Barza e senti alguém me puxar pelo ombro.
- Ei! – Reclamei, virando para ele.
- Você é muito ridícula, ! – Ele disse rindo sarcasticamente. – Você não pode me ver, mas eu posso? Qual a moral sua nessa história toda?
- A minha? – Perguntei chocada. – Eu sou solteira, seu idiota. Eu sei o que eu quero da minha vida e não fico em cima do muro por oito anos esperando que as coisas aconteçam magicamente. – Falei firme, estalando os dedos em frente ao seu rosto. – Vê se cresce, Gianluigi, e para de achar que a Terra gira em torno do seu umbigo.
- Eu acho isso? – Ele disse rindo. – Ah, pelo amor, , para de jogar a culpa dos seus erros em mim! – Franzi os olhos confusa.
- Você só pode estar de brincadeira comigo... – Ri fracamente.
- Sim, a culpa é sua! Você é o motivo de tudo isso, se você tivesse me deixado conversar contigo, nada disso teria acontecido. – Ele falou bravo, se aproximando.
- Ah, agora você enfia seu brinquedinho em outra mulher e a culpa é minha? Eu bem sei que tipo de conversa você queria, Gigi. – Falei firme.
- OK, CHEGA! – Barza gritou, erguendo as mãos e eu percebei que meus braços ainda estavam em volta do seu ombro. – Eu sei que vocês têm seus problemas, só Deus sabe quantos anos de problemas e coisas não ditas vocês têm, mas eu não vou deixar vocês ficarem discutindo na minha frente. Eu não tenho nada a ver com isso, de nenhum dos dois lados. – Ele falou irritado e arregalei os olhos, visivelmente surpresa por esse lado.
- Scusi. – Falei baixo. – Não vamos discutir agora. – Falei, suspirando.
- E você pede desculpas para ele? – Gigi disse ao meu lado.
- Deveria pedir para você? – Franzi os olhos.
- Mas é claro! – Ele disse e eu suspirei, respirando fundo.
- Eu não vou fazer isso agora. – Falei baixo. – Na verdade, eu não vou fazer isso nunca, porque é quando eu quero te ver: NUNCA! – Gritei na cara dele, suspirando. – Desculpe, Barza, nos falamos mais tarde, ok?! – Colei meus lábios nos meus mais uma vez e senti uma mão me afastar com força, me fazendo bater as costas na parede. – GIGI!
- Ai, cara, essa doeu. – Barza reclamou ao ir para o outro lado, com a mão no mesmo lugar que eu.
- Você não vai fazer isso na minha frente. – Ele disse sério.
- Por quê? Ciúmes? – Falei sarcasticamente, vendo-o se colocar na minha frente, rindo em seguida.
- Não, porque eu sei qual efeito você tem sobre mim. – Ele disse, me puxando pela cintura e colando os lábios nos meus, me levando imediatamente para outra realidade.
Eu me odiava por isso. Os lábios do Gigi eram perfeitos. As mãos sabiam onde me tocar e quando ele descia pelo lado esquerdo da minha cintura era arrepio na certa. Eu não retribuí, talvez por estar chocada demais, mas eu também não afastei-o. Eu só queria que o tempo parasse ali, mas dessa vez outra mão em meu peito nos afastou.
- Qual é, Gigi! – Barza disse. – Eu entendo a relação de vocês dois, a história louca e intensa de vocês, mas eu não vou deixar isso rolar na minha frente não. – Ele disse virando para Barza, enquanto seu passava meus lábios um no outro para sentir o sabor. – Mas também não vou ficar lutando por espaço. – Ele disse para mim e eu assenti com a cabeça.
- Eu não fiz nada. – Falei, dando de ombros e Gigi riu fracamente.
- Não mesmo. – Ele sorriu. – Podia ter me afastado, mas não o fez.
- Ela ainda gosta de você, seu idiota. – Barza disse rindo fracamente. – Não brinque com as pessoas assim.
- Eu não gosto! – Falei rapidamente e os dois me olharam e as risadas sarcásticas foram automáticas. – O quê?
- Ah, , qual é! – Barza disse. – Eu gosto de você, mas não sou idiota. – Arregalei os olhos. – Entendo, real, mas sei que não tem competição entre nós.
- Não tem mesmo, porque eu não quero mais nada com ele. – Falei e senti meu lábio tremer com a mentira deslavada.
- Ah é? – Ambos falaram juntos se entreolhando rindo.
- O quê? – Perguntei, sabia que estava levando longe demais a mentira, mas eu não deixaria Gigi me desmascarar assim na cara dura.
- Escolhe, então. – Gigi disse e eu engoli em seco.
- O quê? – Fingi que não ouvi.
- Escolhe! – Ele disse, cruzando os braços em cima daquele peitoral perfeito e eu mordi meu lábio inferior dividindo olhar entre os dois.
Meu coração batia muito forte pelo Gigi, eu não podia negar, mas eu estava MUITO brava com ele pelo rolo todo por causa daquela puttana da Ilaria. Barza era um amorzinho comigo, estava cuidando de mim durante todo esse tempo, em compensação, não era o Gigi. E essa decisão ficou cada vez mais difícil quando ambos estavam com aqueles peitos sarados, bronzeados e nus na minha frente. Barza usava aquela calça do terno do time e Gigi estava só de toalha que ficava cada vez mais baixa conforme eu olhava. Eu não podia escolher. Eu sou mulher, gosto de sexo, não tinha como escolher um, principalmente sabendo que um ficaria magoado e o outro quebraria meu coração na primeira oportunidade.
- Eu não posso escolher. – Ergui as mãos, fazendo minha maior feição de ingênua. – Desculpe! – Dei de ombros. – Eu vou cair fora.
- Não, não, vem cá! – Barza me puxou pela cintura. – Não precisa fazer isso... – Mordi meu lábio inferior, sentindo que começaria a hiperventilar ou chorar de nervoso.
- Você não tem que escolher... – Gigi disse, apoiando o braço na parede atrás de mim. – Você pode ter os dois... – Ele disse virando para Barza e um acordo estranho e silencioso passou entre eles.
Barza inclinou a cabeça para o lado, como se ponderasse a ideia e ambos movimentaram os lábios como se aquilo fosse a maior ideia de todas. Gigi até levou a mão livre até o queixo, como ele fazia sempre quando pensava em coletivas de imprensa. Engoli em seco e minha voz se sobressaiu sobre eles.
- O que está sugerindo, Gigi? – Me fiz de desentendida, sentindo minha voz falhar ao perguntar, eu sabia muito bem o que ele estava sugerindo.
- O que acha? – Gigi perguntou. – Eu topo se você topar. – Ele falou para Barza.
- Eu nunca fiz isso. – Barza disse baixo.
- Nem eu. – Gigi disse rindo. – Mas tem uma primeira vez para tudo.
- Alô? Eu ainda estou aqui! – Falei, erguendo a mão e sacudindo-a em frente a eles.
- Eu sei. – Gigi disse sorrindo. – E é bom que esteja.
- Eu não vou fazer isso... – Falei rindo fracamente, sabendo que estava sendo atingida pelo nervosismo que nos fazia rir nos momentos mais inoportunos.
- Tem certeza? – Gigi disse, passando a mão pela minha cintura e subiu pelas minhas costas, tirando a ponta do meu rabo de cavalo dos ombros e encostou os lábios em meu pescoço e tremi com a respiração perto do local. – Eu paro se quiser. – Ele disse e olhei para Barza em minha frente que tinha um sorriso diferente nos lábios.
- Barza, eu... – Falei baixo para ele que negou com a cabeça.
- Vem cá. – Ele disse, me puxando pela nuca e colou os lábios nos meus.
Na minha cabeça passava um milhão de coisas, principalmente se eu deveria estar me metendo aqui, no disso meio agora, mas os beijos de Gigi em meu pescoço, sabendo exatamente onde me causava arrepios, fez com que meus olhos se fechassem completamente e decidi que depois eu me resolveria com Barza.
Levei uma mão até a nuca de Barza, não sabendo mais quem estava me segurando fortemente pela cintura e entreabri os lábios, deixando sua língua encontrar com a minha e sugá-la para sua boca. Gigi colou seu corpo no meu, seu pênis pressionando em minha bunda e seus lábios desciam movimentavam devagar em meu pescoço.
A outra mão foi para trás e encontrei o rosto de Gigi, acariciando-o devagar. Soltei um suspiro, sentindo Barza se afastar e virei o rosto para o lado e Gigi colou os lábios nos meus delicadamente, sua língua puxou a minha para sua boca e passei as mãos em seus cabelos molhados, descendo pela lateral de seu rosto, sentindo a barba por fazer e desci pela lateral de seu corpo, sentindo seu peito forte e liso embaixo dela.
- Eu não gosto assim. – Falei baixo e ele riu fracamente.
- Desculpe. – Ele disse baixo e virei o rosto para Barza.
As mãos dos dois foram para barra da blusa vermelha da Nazionale que eu usava e ergui os braços para retirá-la. Eles se entreolharam por alguns segundos e mordi meu lábio inferior, tentando calcular o que se passava na cabeça deles. Gigi veio primeiro em minha direção. Seus lábios colaram nos meus por alguns segundos e logo desceu pelo meu queixo, meu pescoço e ele lambeu entre os seios, começando a distribuir beijos no excesso que saía da taça do sutiã.
Senti Barza em minhas costas, me fazendo inclinar o corpo para trás com um suspiro e ele começou a dar beijos em meu pescoço e distribuir curtas chupadas pelas minhas costas, suas mãos estavam um pouco acima de minha cintura, quase como se fossem um apoio para eu não desfalecer logo mais. Gigi desceu os lábios pela minha barriga, trilhando curtos beijos pelo local e desceu o corpo junto disso. Suspirei baixo quando senti suas mãos no botão da minha calça.
Engoli em seco, virado o rosto para o lado e senti a barba de Barza roçando em meu rosto e ergui a mão mais próxima, puxando-o para um beijo mais intenso. Suas mãos apertaram meus seios e segurei em seus cabelos bagunçados. Soltei um suspiro quando minha calça foi abaixada junto com a minha calcinha e acabei mordendo o lábio inferior de Barza com a reação.
Desviei o rosto do beijo por alguns segundos e olhei para Gigi ajoelhado em minha frente e vi a toalha aberta no chão, sabendo que ela tinha caído. Suas mãos deslizaram pelas minhas coxas, os polegares deslizando na parte interna da coxa e eu não contive mais um suspiro com o arrepio, ele deu um beijo em minha virilha, me fazendo suspirar. Desci minha mão para a nuca de Barza, procurando algum apoio, sentindo a língua de Gigi passar pela extensão de minha vagina, e engoli em seco, apertando minhas mãos na pele de Barza.
As mãos de Gigi pediram passagem para abrir minhas pernas e tirei os tênis antes de erguer uma de cada vez para ele tirar completamente minha calça e minha calcinha. Ergui uma, apoiando-a em seu ombro e ele aproveitou o movimento para me segurar por trás da coxa e colar os lábios com mais força em minha vagina, me fazendo comprimir um gemido. Ele começou a dar curtas sugadas e minha respiração já começava a falhar.
As mãos de Barza me contiveram e ele se colocou na minha diagonal, descendo os lábios pelos meus seios, apertando-os com firmeza e suas mãos desceram juntas para minha cintura, abrindo o fecho do sutiã. Livrei dos braços e joguei-o rapidamente para o lado, já incomodada com a peça em meu corpo. Barza mordiscou meu mamilo, começando a sugá-lo e agilizar os movimentos frequentemente e eu já não sabia o que fazia minha respiração falhar mais, se era ele, Gigi ou os dois.
Inclinei meu corpo para trás, me escorando na parede e ambos ajeitaram suas posições para continuar e agilizar os movimentos. Apertei minhas mãos nos cabelos de Gigi, pressionando seu rosto em minha vagina, e no braço de Barza, fincando minhas unhas em sua pele. Alguns gemidos escaparem conforme eles aceleravam os movimentos e alguns gritinhos ficaram presos em minha garganta. Barza subiu os lábios rapidamente em minha direção e me calou com um beijo.
- Xí... – Ele falou baixo e eu neguei com a cabeça, sabendo que seria difícil ficar quieta por muito tempo, mas entendia o receio. – Tenta... – Ele falou e engoli em seco.
Mordi meus lábios com força quando senti a língua de Gigi ser substituída pelos seus dedos e olhei para baixo, vendo o sorriso sacana em seus lábios, agilizando os movimentos. Olhei para Barza quase em sinal de súplica e ele somente retribuiu com um curto selinho e desceu uma mão pelos meus seios, tocando o mamilo com a ponta dos dedos e passou a mão em minha cintura, acariciando a parte de baixo do meu tórax levemente.
Pressionei as mãos na boca quando minhas pernas começaram a bambear cada vez mais devido aos estímulos que meu corpo recebia e mordi as costas da minha mão quando senti o primeiro orgasmo chegando, me fazendo suspirar fortemente e joguei a cabeça para trás. Ele sugou meu clitóris por uma última vez e senti Gigi apertar minha coxa novamente e colocar minha perna no chão devagar. Ele ergueu o corpo com seu sorriso e neguei a cabeça, já me sentindo fraca e o ouvi rir fracamente.
- Vem cá. – Ele disse baixo, me segurando pela nuca e colou os lábios nos meus.
Minha mão foi para junto da sua e ele as entrelaçou. Seus lábios foram gentis sobre os meus como a primeira vez e seu corpo pressionou o meu contra a parede mais uma vez, me fazendo sentir seu pênis pressionando meu corpo e suspirei. Encostei na parede, procurando seus olhos azuis e ele roçou nossos narizes devagar com um sorriso nos lábios. Desci minha mão livre pelo seu corpo, tentando me relembrar de cada parte daquele corpo que me deixava louca e encontrei seu pênis, começando a acariciá-lo devagar. Virei o rosto para o lado, vendo Barza apoiado ao meu lado, com a mão em minha barriga e inclinei o rosto para seu pênis pressionando sua calça.
- Tira isso e vem cá. – Falei baixo, sentindo a voz falhar e mordi meu lábio inferior, sentindo um beijo de Gigi em minha bochecha.
Meus joelhos já estavam falhando, então não foi difícil ajoelhar no chão. Passei a mão na extensão do pênis de Gigi, descendo para suas bolas e segurei-o na base antes de tocar meus lábios em sua glande. Dei um curto beijo sobre o membro e passei a língua por toda extensão do mesmo e abocanhei o quanto conseguia, começando a sugá-lo devagar.
Ele soltou um suspiro de alívio com o feito e comecei a movimentar minha mão devagar sobre o mesmo, agilizando os movimentos conforme seus suspiros ficavam cada vez mais constantes e logo ele os abafou. Ergui meu olhar sobre o seu e o vi com a mão na boca e a outra apoiou na parede atrás de mim. Tirei-o da boca por alguns segundos, deslizando minha mão mais rápido no seu pênis devido a saliva e coloquei-o novamente, puxando-o pelas pernas torneadas e ele começou a movimentar seu quadril devagar, ele não ia tão fundo, mas o quanto ele ia, eu engolia. Passei a mão em sua barriga contraída com a mão livre e deslizei a mão em sua base novamente, tirando-o devagar da boca e dei um beijo no topo da mesma, tentando conter que ele gozasse cedo demais.
- Ah, ! – Ele suspirou frustrado, passando a mão em minha cabeça e eu ri fracamente.
- Tenho um desafio para você. – Falei baixo, passando a mão em suas coxas.
- Fala. – Ele disse sorrindo.
- Encontre uma camisinha. Uma não, duas! – Falei com um sorriso maroto nos lábios e virei meu corpo para o lado, encontrando Barza já com a calça e a cueca abaixada e o pênis igualmente ereto. Dei um curto sorriso antes de segurá-lo pela base e passar a língua pela extensão de seu pênis e colocá-lo na boca.
Barza era um pouco mais grosso do que Gigi, então eu não conseguia trabalhar muito com ele, apesar de ser um pouco menor, mas conseguia trabalhar de forma diferente. Passei a língua pela extensão de seu pênis, sugando um pouco de suas bolas e abocanhei-o. Comecei a sugá-lo devagar, movimentando minha mão na base e deixei-a mão agilizar os movimentos devagar. Barza apoiou a mão em minha cabeça e ouvia seus suspiros um pouco mais contidos que Gigi.
Quando notei sua mão apertando em meus cabelos, eu desacelerei os movimentos, também recebendo um suspiro frustrado dele e ri fracamente. Me levantei devagar, sentindo os joelhos doerem devido a constante posição e puxei Barza para mim pela cintura, colando meus lábios nos dele novamente. Ele me escorou contra a parede e passei minhas mãos pelas suas costas, sentindo seus músculos contraídos. Ele desceu os lábios pelo pescoço e afastei meu rosto devagar quando notei a presença de Gigi de novo e ele veio com dois pacotes de camisinha e franzi os olhos, olhando para ele.
- Eu deveria perguntar por que você tem camisinha no Mondiale? – Perguntei e ele deu de ombros, me fazendo rir fracamente. – Não responda. – Falei, pegando um pacote em sua mão e o abri com pressa, ouvindo sua risada.
Deslizei minhas mãos no pênis de Barza, desenrolando o preservativo e deixei um beijo em seus lábios antes de seguir para Gigi, puxei o outro envelope de sua mão e fazendo o mesmo. Ele me puxou para um beijo de repente, quase me fazendo soltar a camisinha, mas desviei meu olhar do dele para desenrolar o preservativo em seu membro.
Ergui meu rosto para ele, sentindo seus olhos azuis fixos nos meus e foi minha vez de empurrá-lo na parede e colar meus lábios nos seus, enquanto erguia uma mão para seu peito. Ele me segurou firme pela minha cintura, me fazendo contrair a barriga quando deslizou a mão pelo lado esquerdo que me faz ter cócegas e contraí o corpo, deixando um sorriso escapar de meus lábios. Passei meus braços pela sua cintura, e ele ergueu meus braços para seus ombros e deslizou as mãos pelo meu corpo. Ele apertou minha bunda e me impulsionou para cima, me erguendo em seu colo e apertei as mãos em seu pescoço.
Ele caminhou comigo um pouco para o lado, me colocando sentada na pequena escrivaninha que tinha no quarto e olhou em meus olhos. Eu tinha muita coisa para falar para ele, xingá-lo de muitos nomes, mas com ele me olhando assim eu só consegui dar um curto sorriso e puxei-o pela nuca, colando nossos lábios novamente. Ele deslizou as mãos pela minha cintura, desceu pelas minhas costas e me segurou firme enquanto sentia seu pênis me tocando levemente. O movimento foi curto, pois logo depois ele me penetrou.
Foi impossível conter um gemido, mas os lábios de Gigi vieram rápido em cima dos meus, erguendo meu queixo para si e relaxei segundos depois. Apertei minhas unhas em seus ombros, trazendo-o para perto de mim e ele apertou as mãos em minhas coxas. Nosso beijo começou a ficar bagunçado quando ele começou a fazer um movimento de vai e vem e desisti de tentar manter os lábios colados, segurei seu pescoço e fixei em seus olhos, não querendo que ele desviasse. Ele se movimentava dentro de mim com pressa e agilidade, me fazendo pensar se ele tinha tantas saudades de mim quanto eu tinha dele.
Desviei meu olhar para Barza ao meu lado quando senti um beijo em meu braço e tentei puxá-lo pela barriga, não encontrando local, mas ele se aproximou mesmo assim. Gigi afundou o rosto em meu pescoço enquanto acelerava os movimentos, fazendo o barulho oco de nossos sexos se chocando ecoarem pelo quarto, e colei minha testa na de Barza, puxando-o pela nuca. Sua língua dançou entre meus lábios e suguei-a para dentro dos meus por alguns segundos. A respiração de Gigi começou a falhar e apertei minha mão apertar seu ombro.
- Vai, , goza para mim! – Ele disse abafado, soltando um gemido baixo e eu suspirei, apertando minhas mãos em seus cabelos mais curtos do que eu estava acostumada e senti meu corpo inteiro se contrair aos poucos. Como se eu fosse fazer isso só porque ele pediu, mas eu conhecia meu corpo, ele respondia bem aos comandos dele. Bem até demais.
Colei meus lábios nos de Gigi quando o orgasmo me atingiu e comprimi um gemido alto. Minha respiração já falhava e eu sentia minhas mãos sem forças para segurar. Soltei um suspiro baixo, vendo Gigi inclinar o corpo em direção ao meu e seus olhos focaram nos meus mais uma vez. Segurei seu queixo de forma delicada e colei meus lábios nos seus devagar, sentindo meu cérebro mandar outros sinais para o meu corpo e dei um sorriso quando ele nos separou.
- Já volto, linda. – Ele disse e eu tentei esconder o sorriso em meus lábios quando ele foi para o banheiro.
- Vem... – Chamei Barza, puxando-o com a mão e passei meus braços pelos seus ombros e ele me segurou pela cintura. – Me leva para cama. – Falei baixo e ele sorriu.
Suas mãos me suspenderam com facilidade e agarrei em seus ombros quando ele me guiou para uma das camas, me deitando no centro dela. Ele olhou meu corpo e eu sabia que precisava de alguns segundos para me excitar novamente, o que não seria difícil com eles ali. Levei minha mão pela minha vagina, sentindo-a completamente úmida. Deslizei os dedos devagar pela extensão dela e encontrei meu clitóris começando a movimentá-lo devagar, sentindo ainda alguns orgasmos estourarem em meu corpo e meus membros ainda se contraíam dos efeitos de Gigi em mim.
Barza entendeu o recado e inclinou seu corpo sobre o meu, passando seus lábios pela minha vagina, soltei um suspiro, erguendo as mãos, sentindo-as cansadas pelo trabalho delas com eles e fechei os olhos quando sua língua começou a trabalhar pela extensão de minha vagina e seus lábios começaram a chupar meus clitóris. Soltei um suspiro com a sugada um pouco mais forte e levei minhas mãos até o travesseiro mais perto, mordendo a ponta para conter os gemidos que saíam de meus lábios.
Fechei os olhos com força, sentindo os movimentos intercalarem entre seus lábios e seus dedos e eu sentia meu corpo mandar espasmos pelo meu corpo. Joguei o travesseiro para o lado, apoiando os antebraços na cama e suspirei ao ver Barza com o rosto em minha vagina. Olhei na diagonal, vendo Gigi observar, enquanto movimentava a mão em seu pênis acelerado já com outra camisinha. Ele me deu um sorriso sacana e mordi meu lábio inferior, sentindo outro orgasmo me atingir. Joguei a cabeça para trás, sentindo o corpo tombar para trás e relaxei os ombros.
Barza entendeu o recado, subindo os beijos pela minha barriga contraída, subiu para meus seios já sensíveis e inclinou o rosto no meu. Puxei-o pela mão, colando os lábios fortemente nos dele e passei minhas pernas ao redor de seu corpo. Empurrei seu ombro levemente para trás, me colocando mais sentada e afastei nossos lábios devagar.
- Deixa eu ficar por cima. – Falei baixo e ele assentiu com a cabeça, deslizando o corpo para baixo do meu e sentei em suas coxas, apoiando minhas pernas lateralmente e sentindo os pés quase ficarem para fora da cama.
Passei a mão em seu pênis, estimulando-o por alguns segundos de forma rápida e inclinei meu corpo um pouco para frente, me colocando em cima de seu quadril e direcionei seu pênis até minha entrada e suspirei quando encaixou. Desci meu quadril devagar, vendo-o soltar a respiração devagar e suspirar. Espalmei minhas mãos em seu peitoral, começando a movimentar meu quadril devagar em cima do dele.
Suas mãos pressionaram em minhas nádegas e me ajudavam com os movimentos frequentes, fazendo meu corpo se movimentar cada vez mais rápido. Senti uma mão em meu ombro e inclinei o rosto para o lado, vendo Gigi se colocar atrás de mim e seus lábios foram até meu pescoço novamente, deslizando-o levemente e eu soltei um suspiro. Ao invés de quicar, comecei a movimentar meu quadril de forma lenta, sentindo as mãos de Barza forçaram cada vez mais em meu corpo.
Os lábios de Gigi deslizaram devagar pelas minhas costas e notei que ele se abaixava cada vez mais, fazendo meu corpo se arrepiar. Ele passou a mão na base da minha cintura, fazendo-me contrair o corpo para trás e senti um beijo em minha nádega, seguido de uma mordida, me fazendo suspirar. Inclinei meu corpo para frente, apoiando as mãos com mais força no peito de Barza, mordendo meu lábio inferior e senti os dedos de Gigi descerem devagar pela minha bunda, entre as nádegas e comprimi minha bunda quando ele tocou meu ânus com a ponta dos dedos.
Ergui meu corpo novamente, sentindo as mãos de Gigi me abraçar por trás tocando meus seios devagar e suspirei. Eu e Barza estávamos quase travados devido as carícias de Gigi sobre mim, mas isso só me deixava mais excitada. Os lábios de Gigi subiram pelo meu pescoço novamente, tocou levemente minha orelha, dando uma leve mordida na mesma e suspirei.
- Você se importa se eu tentar te penetrar aqui por trás? – Ele perguntou baixo e abri meus olhos rapidamente, virando o rosto para ele. Um misto de nervosismo e curiosidade passou pelo meu corpo.
- Eu nunca fiz isso... – Falei baixo para ele e mal sentia minha voz saindo pela forma que minha boca tinha secado de repente.
- Você quer? – Ele sussurrou novamente e minha mente só sabia gritar “sim, sim, sim”, mas eu tinha receio de doer e acabar com a nossa diversão.
- Sim, mas como? – Perguntei baixo. – Não vai dizer que tem um lubrificante na sua mala? – Brinquei e ele riu fracamente.
- Eu dou um jeito. – Ele disse e mordi meu lábio inferior.
Gigi se afastou e inclinei meu corpo no de Barza, apoiando as mãos em seu peito e aproximei meus lábios dos seus, colando-os por alguns segundos. Ele me apertou pelas nádegas e começou a agilizar os movimentos novamente de penetração, me fazendo soltar curtos suspiros.
- Vai devagar aí, Barza. – Gigi disse. – Eu quero tentar algo. – Ele disse.
- O que ele está planejando? – Barza perguntou baixo e mordi seu lábio inferior.
- Anal. – Falei baixo, suspirando logo em seguida e Barza arregalou os olhos para mim.
- É, e mais um pouco. – Gigi disse e sua voz ficou mais baixa.
- O que você vai usar? – Perguntei baixo, sentindo minha respiração falha.
- Gel para lesão muscular. – Ele disse e vi o pote em sua mão e ele pegou um pouco do gel levemente esverdeado.
- Isso não vai dar certo. – Falei, rindo fracamente e mordi meu lábio inferior.
- Você tem que relaxar, amore. – Gigi disse baixo e vi levar a mão até seu pênis e ele soltou um gemido quando o gel atingiu seu pênis. – É gelado. – Ele riu fracamente e neguei com a cabeça. – Inclina seu corpo para frente e empina o bumbum.
- Gigi... – O chamei.
- Relaxa. – Ele disse baixo e fiz o que ele pediu.
Inclinei meu corpo para frente, apoiando as mãos na cabeceira da cama e olhei para Barza que quase sumia da minha visão. Senti as mãos de Gigi em minha bunda e o gelado do gel entre minhas nádegas, massageando o ponto devagar e eu suspirei. Um cheiro de menta tinha subido no quarto e eu senti vontade de rir de tudo o que estava acontecendo hoje.
- Relaxa, . – Ele disse baixo e senti a cama se mexer embaixo de nós quando ele subiu na mesma, ficando entre as pernas de Barza e soltei um suspiro.
Barza passou os lábios em meus seios e deixei o corpo reto sobre Barza, colando meu peito em seu rosto e desci as mãos para a lateral da cabeça dele, apertando-as em seus cabelos. Tentei relaxar, apesar do meu corpo mandar constantes sinais de excitação e senti Gigi encostar levemente o pênis em meu ânus e mordi forte meu lábio inferior, quando ele começou a penetrar devagar. Soltei um gemido abafado de dor, mordendo o lábio inferior para conter.
- Está tudo bem? – Gigi perguntou baixo e eu suspirei.
- Uhum. – Senti a respiração acelerada.
- Ok, vamos devagar. – Ele disse, jogando o tubo do gel na cama novamente e senti o cheiro forte mais uma vez.
Ele foi deslizando seu pênis dentro de mim devagar, centímetro por centímetro e retocava o gel em seu pênis e em minha entrada diversas vezes para tentar evitar qualquer tipo de dor. Eu estava mais receosa com a situação completa, sempre tive curiosidade então já tinha lido muito sobre o assunto, mas aqui não estávamos com nada preparado, então tinha medo de dar tudo errado de todas as formas, mas a curiosidade foi mais alta, ainda mais com Gigi que sempre foi muito carinhoso nesse departamento. Quando senti a respiração de Gigi quase colada em meu pescoço, soltei um suspiro, sentindo-o fundo.
- É o máximo que dá. Você está bem? – Ele sussurrou baixo perto de meu ouvido, dando um beijo em meu pescoço e inclinei o rosto em direção dele, confirmando com a cabeça.
- Agora devagar... – Falei baixo para os dois e senti meus olhos se revirarem de prazer quando ambos começaram a fazer movimentos lentos de vai e vem.
Gigi aproveitava para deixar beijos carinhosos em meu pescoço e Barza passava os lábios em meu mamilo, dando curtos beijos. Suspirei, sentindo meu corpo responder de diversas formas diferentes: prazer, incômodo, dor, mas também senti meu corpo se contraindo cada vez mais e sabia que estava vindo outro orgasmo.
Comecei a movimentar meu quadril devagar, sentindo-os se movimentarem comigo lentamente e as carícias motivaram a gozar mais rápido e precisei morder meu lábio inferior para conter mais uma vez o gemido baixo. Gigi me segurou firme pela barriga, tentando deslizar mais rápido seu pênis sobre mim e suspirou alguns segundos depois. Eu já estava fraca, então os orgasmos vinham muito mais rápidos. Inclinei meu corpo para frente, voltando as mãos para o peito de Barza e colei meus lábios nos dele para contrair um gemido alto que saiu quase como um gritinho.
- Ah, meu Deus! – Suspirei, sentindo meu corpo cansado. – Chega, Gigi! – Falei baixo, suspirando.
- Eu vou tirar, . – Gigi sussurrou.
- Devagarzinho, por favor. – Falei baixo, sentindo meu corpo ainda contraído e mordi fortemente meu lábio inferior quando ele saiu e pude relaxar meu corpo em cima de Barza.
Gigi sumiu para o banheiro outra vez e Barza virou o corpo de lado sobre o meu, me segurando pela cintura e passei o braço de cima pelo seu pescoço. Encontrei seus olhos verdes e apertei-o com força contra mim, sentindo-o movimentar seu quadril fortemente em cima do meu e consegui ouvir mais uma vez o som de nossos sexos se chocando. Soltei um suspiro, vendo seus olhos se contorcerem cada vez mais e um gemido baixo escapou de seus lábios. Acariciei sua bochecha com a ponta do polegar e colei meus lábios nos seus mais uma vez.
Suspirei, relaxando meu corpo na cama e foi a vez de Barza se levantar, passei a mão na testa, sentindo-a completamente molhada e o corpo colado nos lençóis. Vi Gigi em minha frente e ele me deu um sorriso que eu não tive como retribuir sem parecer uma bêbada. Ele puxou minhas pernas mais para fora da cama e eu suspirei.
- Não, anal de novo não. Eu vou demorar para me recuperar. – Falei rindo, fechando as pernas.
- Não vou, amore, prometo. Vem cá. – Ele disse carinhoso, abrindo minhas pernas devagar e se colocou entre minhas pernas e inclinou o corpo sobre o meu.
Seus lábios tocaram nos meus levemente e ergui uma mão para seu rosto, acariciando-o devagar. Meu corpo inteiro estava fraco e minha mente me mandava informações que eu nem sabia mais, mas com certeza ele estava pregando peças comigo. Senti seu pênis pincelar minha vagina e subi uma perna para sua cintura, puxando-o para cima de mim e ele deslizou com muita facilidade. Eu já tinha perdido a conta de quantas vezes tinha gozado.
Dei um sorriso para ele quando ele ergueu o corpo e soltei um suspiro, sentindo-o começar a movimentar cada vez mais rápido e suspirei. Senti uma sombra do outro lado e vi Barza em pé ao meu lado, dessa vez sem camisinha.
- Vem cá, sobe na cama. – Falei baixo, puxando-o pelo quadril e virei meu rosto para o lado, começando a passar a língua pelo seu pênis e coloquei-o na boca mais uma vez.
Gigi acelerava os movimentos cada vez mais, tornando cada vez mais difícil para eu movimentar os lábios no pênis de Barza e ele me ajudou começando a penetrar meus lábios devagar. Minha língua trabalhava em sua grande e os movimentos de Gigi colaboravam nisso. Ambos agilizaram os movimentos cada vez mais e eu sentia meu corpo se contrair cada vez mais.
Gigi começou a movimentar seus dedos em meu clitóris, fazendo os movimentos se tornarem mais rápidos e frequentes e eu tombei a cabeça para trás, e segurei Barza pela extensão do pênis, movimentando cada vez mais rápido. Senti meu corpo se contrair cada vez mais e levei a mão livre até a boca, contendo os curtos e altos gemidos que escapavam de meus lábios pelas investidas de Gigi e não consegui conter um gritinho quando meu gozo saiu em um curto jato, me deixando surpresa. Eu nunca tinha tido um squirting antes e estava tão surpresa como quem estava dentro de mim. Gigi abriu um sorriso, deslizando a mão em minha barriga e se inclinou para me beijar.
Soltei um suspiro, sentindo minhas pernas caírem em volta do meu corpo e Gigi tirou seu pênis de mim e se aproximou em minha direção. Ele tirou a camisinha e levei minhas mãos para os pênis de ambos. Meu corpo inteiro estava fraco, mas eles também, então não precisei dar mais do que algumas investidas e uma lambida na extensão de cada um para eles gozarem atingindo meu corpo e rosto.
Passei a língua pela extensão do pênis de Gigi, dando uma sugada em sua glande, sentindo seu gosto, e depois fiz o mesmo na de Barza. Levei a mão até meu rosto, passando a mão na lateral de meus lábios, limpando o gozo e depois lambendo a ponta do dedo e suspirei. Olhei para ambos, sabendo que agora eu não tinha forças para mais nada e fiquei entre dar um sorriso ou uma risada, mas estava a fim de ambos, honestamente.
Deslizei meu corpo até o meio da larga cama de casal que estávamos e Gigi seguiu mais uma vez para o banheiro. Me joguei no meio da cama, entre os dois travesseiros e suspirei. Barza se jogou ao meu lado esquerdo, passando a mão em minha barriga e se debruçou para dar um último beijo em meus lábios. Passei a mão em seu rosto, deslizando a ponta nos dedos e ele sorriu antes de relaxar no travesseiro.
Gigi saiu do banheiro logo depois, deu a volta na cama e se deitou do meu lado direito, apoiando a mão quente em barriga. Levei minha mão até seu peito, inclinando meu corpo sobre o seu e ele levou uma mão em meu rosto, dando um longo e delicioso beijo em meus lábios. Ele sorriu ao nos separar, acariciando minha bochecha e eu sorri, deixando minha cabeça cair no travesseiro de novo. Ele virou o corpo em direção ao meu, levando a mão em cima de meu corpo novamente e olhei seus olhos azuis uma última vez antes de parar de tentar manter meus olhos abertos.
- Bravi, ragazzi. – Falei fracamente, suspirando em seguida.

Lui
25 de junho de 2014 • Trilha SonoraOuça
Abri meus olhos devagar e os pisquei diversas vezes para me acostumar com a escuridão que estava o quarto. A pouca iluminação dele era devido a iluminação da rua, mas a FIGC colocou proteção azul para ninguém conseguir ver dentro do quarto, então ela iluminava bem pouco.
Meu corpo estava levemente tensionado, eu dormi de barriga para cima, a cabeça um pouco mais baixa que o normal e sentia meu corpo doer. Olhei para o lado, tentando me localizar e vi o rosto de em meu peito dormindo calmamente. Sua mão estava em meu peito e a minha a abraçava pelas costas.
Abri um curto sorriso, apertando minha mão em suas costas e sabia que precisava aproveitar esse momento ao máximo. Eu sabia que isso tinha sido algo do momento, mas sabia o quanto eu tinha mancado com a minha menina. Minha linda, incrível, sexy e gostosa menina. O que tinha sido aquilo? Ri comigo ao lembrar da noite passada – ou será que tinha sido somente algumas horas? – e ergui meu rosto, enxergando Barza deitado do outro lado de , o rosto virado para o outro lado.
Acho que nem se eu tivesse planejado, isso teria dado tão certo. Quando eu vi a oportunidade, eu simplesmente peguei e Barza foi na minha com muita facilidade. Eu deveria me sentir mal por isso, mas eu sentia tanta falta de que eu não podia perder a oportunidade. Seus beijos, seu corpo, seu sorriso, tudo era perfeito e me assustava como ela respondia aos meus comandos e eu respondia aos dela. Se eu pudesse, me trancava aqui para sempre e não saía, mas a realidade tinha que atingir.
Falando em realidade, que horas são? Precisávamos voltar para o Rio de Janeiro e, pela pouca iluminação, deveria estar de madrugada. Olhei para mais uma vez e inclinei meu corpo para o lado, tentando chegar na minha bolsa em cima da cama e puxei a mesma, segurando-a para não cair no chão e passei a mão pelos bolsos laterais, encontrando o celular e apertei o mesmo, vendo que era quase duas da madrugada. Suspirei e marquei o despertador para as 5:30 da manhã. Sairíamos daqui as seis... Pelo menos eu acho que foi isso que o assessor falou.
Voltei meu corpo para cama devagar e virei o rosto para para colocá-la na posição de antes e encontrei seus olhos abertos, me pegando totalmente desprevenido. Ela tinha um sorriso nos lábios e eu retribuí. Ela esticou o corpo, ficando de lado e me deitei ao seu lado, puxando sua mão para cima do meu corpo novamente. Ela ajeitou seu corpo em cima do meu, apoiando a cabeça em meu peito e seus lábios encontraram meu queixo em um curto beijo. Inclinei meu rosto para o lado e nossos lábios se encontraram em um curto beijo. Apoiei meu braço em suas costas de novo e ela me abraçou com força.
- Minha linda. – Falei baixo, acariciando seu rosto com a mão livre e ela deu um sorriso, escondendo o rosto em meu peito e eu ri fracamente. – Não vai ficar com vergonha agora, nem vem! – Ela riu fracamente, abrindo um largo sorriso.
- O que fizemos, Gigi? – Ela perguntou e acariciei seu rosto.
- Sei lá... Você nos consolou pela eliminação? – Brinquei e ela riu um pouco mais alto e acariciei seus lábios com o polegar.
- Xi, amore. Temos companhia. – Falei baixo e ela girou um pouco o corpo para trás e voltou em para mim, fazendo uma careta que me fez rir.
- Ele está dormindo? – Ela perguntou no mesmo tom e assenti com a cabeça.
- Dorme também mais um pouco. – Falei, acariciando seu rosto levemente.
- Você vai estar aqui quando eu acordar? – Ela perguntou e eu suspirei, negando com a cabeça.
- Provavelmente não. Vamos sair as seis da manhã. – Falei baixo e ela assentiu com a cabeça.
- Eu não quero que esse dia acabe. – Ela disse, suspirando.
- Está tudo bem... – Falei baixo, tentando não passar para ela os meus próprios receios.
- Não, não está, você sabe que não... – Neguei com a cabeça.
- Xi... Não pensa nisso agora. – Falei baixo. – Vem cá! – Falei, apertando-a contra meu corpo e colei meus lábios nos dela levemente.
Sua mão subiu para meu rosto em um carinho leve e abracei-a fortemente, sentindo seus seios colarem em meu peito. Ela inclinou o corpo um pouco em cima do meu e acariciou meu rosto levemente, roçando nossos narizes devagar antes de beijar meus lábios mais uma vez. Passei minha mão pelo seu corpo, segurando-a pela cintura e ela se ajeitou ao meu lado novamente, apoiando as duas mãos em meu peito e senti sua barriga contraindo conforme eu descia pela sua barriga.
- Para! – Ela disse rindo fracamente. – Eu tenho cócegas aí.
- Eu sei. – Sorri, passando a mão pelo local novamente e sua mão encontrou a minha, me fazendo rir.
- Para, Gigi. Falei sério! – Ela disse com um largo sorriso no rosto e inclinei meu corpo até o dela, colocando uma perna no meio das suas e ela subiu a sua para minha cintura.
- Eu sei cada ponto seu, . – Falei, roçando meus lábios nos seus. – Sei que você arrepia inteira do lado esquerdo. – Levei minha mão até sua cintura novamente. – Abaixo da orelha, atrás do braço, na cintura e atrás da coxa... – Ela acariciou meu rosto. – Mas só do lado esquerdo.
- Eu sou estranha. – Ela disse baixo e eu sorri.
- Não. – Falei baixo e ela suspirou. – Você é perfeita. – Falei e ela sorriu, colando os lábios nos meus novamente.
- E você está magro demais. – Ela falou e eu ri fracamente.
- É o estresse. – Falei e ela suspirou.
- Me desculpe, eu...
- Não, você não precisa pedir desculpas, eu tenho, eu... – Ela colocou o polegar em meus lábios.
- Não vamos fazer isso agora, por favor, estamos bem... – Ela negou com a cabeça, falando com a voz fina. – Por isso eu não quero sair daqui. – Suspirei.
- Tudo bem. – Falei, dando um curto beijo em sua bochecha. – Descansa, amore. – Ela sorriu, segurando minha mão e entrelaçou os dedos.
- Não... – Ela disse baixo e eu sorri com a manha dela.
- Eu estarei aqui por um tempo. – Disse baixo, levando sua mão até meus lábios, dando um curto beijo. – Eu prometo. – Falei e ela assentiu com a cabeça.
Apoiei minha mão em sua barriga, sentindo-a contraída e ela inclinou o corpo para mim, escondendo seu rosto na dobra do meu pescoço e começou a dar curtos beijos no local, sendo minha vez de arrepiar. Mordisquei sua orelha esquerda e ela se afastou sorrindo e dei de ombros, vendo-a negar com a cabeça. Eu tinha razão.
Ela levou a mão em meu rosto, acariciando minha bochecha com o polegar. Inclinei meu rosto em direção e dei curtos beijos em sua mão, vendo-a sorrir. Deslizei minha mão pela sua barriga, descendo cada vez mais. Percebi seu olhar em mim e ela ergueu sua perna em meu corpo quando percebeu aonde eu queria chegar. Ela mordeu seu lábio inferior e deslizei minha mão pela sua vagina.
Ela fechou os olhos, tombando a cabeça em meu antebraço e eu sorri, afagando seu cabelo com a mão atrás de sua cabeça. Deslizei a mão pela sua vagina, sentindo-a ainda um pouco úmida, talvez de toda movimentação de mais cedo e comecei a deslizar meus dedos pelo seu clitóris devagar, sentindo sua respiração abafar próximo de meu rosto.
- Eu preciso fazer xixi. – Ela disse baixo e eu ri fracamente, continuando a movimentar os dedos lentamente, procurando seu ponto. – Gigi...
- Xi... – Falei baixo e ela suspirou, apertando a mão em meu ombro.
Vi seu olhar se revirar para trás e sabia que tinha encontrado seu ponto. Comecei a agilizar seus dedos devagar, mantendo meu olhar em seus olhos e notei que sua respiração começou a ficar cada vez mais acelerada conforme eu agilizava os movimentos. De vez em quando eu descia minha mão para o meio de sua vagina, adentando os dedos nela, e voltava para seu clitóris.
Sua mão apertava em meu corpo cada vez mais forte conforme meus estímulos atingiam-na certeiramente e sua respiração começou a ser ouvida mais alta. Deslizei meus dedos mais uma vez para dentro dela, penetrando-a com um dedo e ela mordeu seu lábio inferior. Colei meus lábios nos dela levemente, agilizando os movimentos cada vez mais e sua respiração saía abafada, incapaz de continuar o beijo.
Inclinei meu corpo para frente, tocando os lábios em seu seio arrebitado e mordisquei o mamilo, ouvindo-a gemer baixo em meu ouvido e isso me estimulou a passar a língua entre eles e suguei o mesmo devagar. Sua mão veio para minha cabeça, apertando os dedos entre os fios e vi seu corpo se contrair cada vez mais.
Tirei o dedo de dentro dela, sentindo-o úmido e subi novamente para seu clitóris. Agilizei os movimentos cada vez mais, erguendo o olhar para ela e vi seu rosto se contorcer de prazer e dei um beijo em sua bochecha, recebendo um sorriso de volta. Agilizei os movimentos, até que ela apertou minha mão em cima da minha e contraiu as pernas novamente, me fazendo sorrir ao saber que ela tinha atingido o orgasmo.
- Gigi... – Ela falou com a voz falha e cansada e eu sorri, sentindo sua mão em meu queixo e colei os lábios nos dela devagar.
- Minha linda. – Falei baixo e ela suspirou.
- Vai me deixar ir ao banheiro agora? – Ela perguntou baixo e assenti com a cabeça, me colocando de barriga para cima novamente e senti meu pênis pressionando.
- Vai lá. – Falei e ela sorriu, inclinando seu corpo para cima e olhou para os dois lados, rindo fracamente.
- Eu posso resolver isso depois. – Ela disse baixo e eu ri fracamente.
- Vai ou vou te segurar aqui... – Falei e ela inclinou seu corpo sobre o meu, deslizando sua bunda em meu pênis e franzi os lábios. – ... – Falei baixo e ela inclinou seu corpo no meu, colando os lábios delicadamente e saiu da cama pelo outro lado e seguiu até o banheiro, fechando a porta em silêncio.
Olhei o espaço vazio entre mim e Barza e vi suas costas igualmente nuas do outro lado e ri fracamente, negando com a cabeça. Isso ainda era loucura! Inclinei meu corpo na cama, vendo meu pênis ereto e levei a mão até meu pênis, acariciando a extensão devagar. Levei minha cabeça para o teto, encarando o mesmo e fechei os olhos, mantendo os movimentos frequentes.
Ouvi o barulho da descarga no banheiro e saiu do mesmo devagar, puxando a porta com a mesma delicadeza e sorri ao ver seu corpo nu na pouca luz e os cabelos bagunçados. Ela é a mulher mais linda do mundo. A conhecia há tantos anos e ela só ficava cada vez mais linda. Ela subiu na cama entre nós dois e deitou ao meu lado novamente, se aninhando em meu corpo de novo.
- Quer ajuda? – Ela perguntou baixo e eu sorri, sentindo sua mão em meu pênis. Ela colocou o cabelo atrás da orelha, começando a movimentar sua mão devagar em meu membro.
Passei a mão em seus cabelos, puxando-o para trás e apoiei a mão em suas costas, acariciando-a levemente. Ela começou a agilizar os movimentos e só ela já me excitava de uma forma fora do comum. Fechei os olhos quando ela começou a agilizar a mão e sentia seu pé deslizando em minha perna devagar, me fazendo arrepiar.
Soltei um suspiro quando ela acelerou os movimentos e senti que estava quase chegando lá. Abri meus olhos de novo, vendo sua mão agilizar os movimentos e ela distraiu seu olhar de seu trabalho e se virou para mim. Seus lábios tocaram os meus por curtos segundos e não demorei mais do que isso para gozar, me fazendo suspirar. Ela deslizou sua mão devagar em meu pênis, até relaxá-la de novo.
Virei para ela, abrindo um sorriso e ela levou a mão até seus lábios, passando a língua na mesma e abracei-a pela cintura. Ela voltou a deitar seu corpo completamente na cama e dei um beijo em sua testa, ela virou o rosto para mim e colei os lábios nos dela por alguns segundos. Trocamos um sorriso e passei a mão pela sua cintura. Ela girou o corpo para o outro lado, se colocando de frente para Barza, mas colou suas costas em mim e encaixei seu quadril no meu. Dei um beijo em seus ombros e fechei os olhos, sentindo o corpo relaxar aos poucos, até que adormeci.
Ouvi meu despertador tocar e, apesar do som não ser tão alto, eu acordei no pulo. Olhei rapidamente em volta, tentando me localizar e apertei o mesmo para desligar, me fazendo suspirar. Passei a mão no rosto, apertando os olhos e vi virada na cama para o lado de lá dessa vez. Ergui o olhar e vi o espaço onde deveria estar Barza vazio e ergui o rosto, não encontrando
- Eu estou aqui. – Ouvi sua voz e o vi do outro lado, onde deveria ser minha cama, arrumando sua mala.
- Ei, cara. – Suspirei, erguendo o olhar para ele, percebendo que ele já estava com o terno de viagens e ri fracamente.
- Se importa em se cobrir? – Ele pediu rindo e jogou uma toalha em minha direção.
- Que merda aconteceu aqui? – Falei baixo, me levantando e enrolei a toalha na cintura.
- Sei lá... – Ele disse rindo. – Acho que concordamos que nunca vamos falar disso para ninguém.
- Total! – Falei rindo, vendo deitada na cama e peguei a coberta que ficava enrolada no pé da cama e coloquei delicadamente sobre o corpo dela.
- Apesar que... – Ele suspirou.
- O quê? – Virei para ele, seguindo até minha mochila que estava no chão do jogo e tirei o terno que, com sorte, estava dobrado lá dentro.
- Eu entendi um pouco da relação de vocês. – Ele falou, negando com a cabeça.
- Como? – Perguntei, franzindo a testa e peguei uma cueca na mochila, vestindo-a e jogando a toalha para o outro lado.
- Ah, qual é, Gigi, é um tanto óbvio. – Ele disse rindo, jogando o resto das coisas na mala e fechou-a devagar. – É... – Ele suspirou. – Perfeito.
- Que isso, cara. – Neguei com a cabeça, vestindo a calça do terno. – Ela está contigo agora. – Suspirei.
- É... – Ele falou, olhando para e negou com a cabeça, rindo sozinho. – Mas isso só me mostrou que ela não te esqueceu ainda. – Ele suspirou. – Talvez nunca esqueça. – Engoli em seco. – Enfim, deixa a vida acontecer, né?! – Ele ergueu o olhar para mim.
- Cuida dela, Barza. – Falei baixo, passando os braços pela camisa branca. – Hoje não vai limpar todos os erros que eu fiz. – Suspirei. – Ela vai continuar irritada comigo quando voltar para a realidade. – Falei e ele assentiu com a cabeça.
- Sim, eu sei. – Ele colocou sua mala no chão. – Isso serve para você aprender. – Ele falou baixo e eu ri fracamente.
- Vou tentar, cara, mas eu a conheço. – Abotoei os botões um a um. – Nada vai mudar. – Suspirei.
- Nunca vai mudar se vocês não mudarem. – Ele disse, seguindo-a até o outro lado do quarto e descansou a mala perto de sua mochila.
- É, talvez... – Suspirei.
- Vamos deixá-la aqui? – Ele perguntou baixo.
- Você quer acordá-la? – Perguntei um pouco mais alto – Te encarar já foi difícil. – Rimos juntos e neguei com a cabeça. – Você pode acordar, mas deixa eu sair antes. – Ele riu fracamente.
- Eu mando uma mensagem para ela depois. – Ele disse, observando seu corpo sereno na cama.
- Eu só vou pegar o que tem no banheiro e vamos. – Falei, seguindo até o cômodo enquanto colocava a camisa para dentro da calça.
- Espero que sirvam algo para gente comer, estou morrendo de fome. – Ele falou e eu peguei alguns itens dentro do armário e voltei para mala, jogando-os dentro.
- Eu também. – Ri fracamente. – Sexo já dá fome, agora isso... – Rimos fracamente.
- Será que alguém ouviu? – Ele perguntou. – De Rossi estava no quarto do lado. – Ele falou e eu franzi a testa.
- Leo e Chiello do outro lado. – Suspirei. – Se algum deles ouviu, eles vão perguntar. – Falei.
- Eu saí do quarto e você transou com alguém? – Ele perguntou.
- Ah, eu? – Perguntei rindo.
- É mais fácil, você que tinha 10 camisinhas na bolsa. – Rimos juntos e vi se mexer na cama.
- Xi! – Falamos juntos, fazendo o mesmo movimento até a boca.
- Confesso que trouxe com a esperança de conseguir relaxar, só não achei que daria tão certo. – Brinquei.
- Vou falar nada, cara! – Ele negou com a cabeça e eu sorri. – Vem, vamos embora! – Ele disse e eu peguei as últimas coisas jogadas no chão e vi a roupa de dobrada na beirada da cama e sorri quando percebi que sua camisa da Nazionale era a vermelha que eu usei no jogo de ontem.
- Será que tem problema ela ficar aqui? – Perguntei.
- Acho que não, ela não deve dormir tão mais. – Ele disse. – Faz o quê? 12 horas que a gente dormiu?
- É, mas ela estava bem cansada. – Suspirei. – Enfim, ela te conta depois. – Falei, empurrando-o pelo ombro e ele revirou os olhos, abrindo a porta e checando o perímetro antes de sair e eu segui logo atrás.
- Buongiorno, ragazzi. – Me assustei com Lele saindo do quarto do lado.
- Fala aí. – Disse, puxando a porta com força e a ouvi bater, franzindo a testa.
- Como estão? Nem apareceram no jantar. – Ele disse.
- Ah, a gente estava cansado e sem saco. – Barza falou.
- E dormiram demais, né?! – Ele olhou para mim. – Qual é, Gigi, você é o capitano, não pode andar com esses trajes, cadê a gravata? – Revirei os olhos.
- Ele perdeu hora. – Barza disse rapidamente.
- Eu coloco lá embaixo. – Falei, negando com a cabeça e ele riu fracamente.
- Era só o que me faltava! – Danielle disse rindo e passou por nós dois, me fazendo rir. Destro passou por nós também e nos entreolhamos.
- Parece que está seguro. – Barza disse e eu engoli em seco.
- Espero que sim. – Falei e arregalamos os olhos um para o outro, rindo em seguida antes de andar em direção ao elevador.


Capitolo cinquantuno

Stagione 2014/15
Lei
25 de junho de 2014

Acordei em um pulo com algum barulho alto e por um momento eu não sabia nem meu nome. Olhei rapidamente em volta tentando me localizar entre as cobertas e senti meu corpo quente. Virei o rosto para o lado e o local estava vazio. Por um segundo pensei que tudo o que tinha acontecido ontem ou de madrugada foi um sonho, mas o cheiro de sexo não me deixava mentir e parte desse cheiro vinha de mim.
Pulei novamente ao ver a porta se abrir e inclinei o corpo na esperança de ver Barza ou Gigi entrando, mas uma moça, provavelmente camareira pelo uniforme, entrou pela porta. Ela estava distraída, mas quando ela finalmente percebeu algo no chão, ergueu o olhar para mim.
- Ah, moça, sinto muito! – Ela disse rapidamente. – Achei que estava vazio. – Ela falava rápido com aquele sotaque igual o taxista.
- Está tudo bem! – Falei, segurando a coberta na altura dos seios. – Deveria estar vazio... – Suspirei. – Eu logo vou sair, pode me informar que horas são? – Ela ergueu o pulso.
- Quase 10:30. – Ela disse e eu pressionei os lábios, assentindo com a cabeça.
- Obrigada. – Suspirei.
- Fique à vontade. – Ela disse, saindo de costas e puxando seu carinho junto e eu suspirei.
Dei uma rápida olhada no quarto, vendo que não tinha nenhum sinal de Gigi ou de Barza se não fosse o cheiro, o suor e os lençóis bagunçados. Eu me mexo bastante para dormir, mas a cama do lado estava quase lisa demais, enquanto essa parecia que tinha passado um furacão.
Beh, em partes passou, né?! E eu acho que eu era o furacão.
Ergui uma perna na cama e apoiei meu cotovelo no joelho e tombei a cabeça na mão, tentando distinguir o que eu estava sentindo. Tinha acontecido o que eu acho que tinha acontecido? Meu corpo estava mole demais, muito mais mole do que após uma transa normal. Meu corpo colava no lençol e nem era por causa do calor que fazia lá fora, porque o ar-condicionado estava mantendo a temperatura do quarto até que confortável. Deslizei a mão livre entre minhas pernas, adentrando os lábios e senti minha vagina úmida.
- É, com toda certeza aconteceu. – Suspirei.
Levantei meu corpo, jogando a coberta para o lado e senti um incômodo na parte de trás e fiz uma careta quando saí da cama. Tinha sido a minha primeira vez, mas isso só queria significar uma coisa: eu tinha topado fazer anal. E o pior de tudo: Gigi é quem tinha sido responsável por isso.
Ah, como eu sou idiota! Não acredito que eu caí na dele. Aquele filho da puta sugeriu o ménage, depois ele sugeriu o anal e eu só fui na dele. Ah, não acredito que ele fez isso! Bom, apesar de que eu bem que queria isso. Eu ainda sou bem caidinha por ele e posso garantir que essa experiência eu vou guardar pelo resto da minha vida, porque tinha sido sensacional.
Eu e Barza não tínhamos aque-e-ele sexo, mas ontem ele me mostrou um lado sensacional também. Apesar que Gigi me excitava de uma forma fora do comum e, se eu passar a questão inteira na cabeça, muito do que eu senti foi Gigi quem começou.
Ah, aquele filho da puta! Ele sabe o poder que tem sobre mim e usa isso como carta branca! Espero que Barza não fique mal por tudo o que aconteceu. Ele bem que topou a brincadeira, mas será que ele se sentiria mal por Gigi ter sido responsável pelo anal e não ele? Droga! Só falta essa agora!
Pulei da cama, encontrando minha mochila na entrada e minha roupa meio dobrada e caída no chão e fui em direção ao banheiro. Usei os itens de higiene do hotel mesmo e fiquei aliviada quando a água caiu em meu corpo. Precisava me limpar, precisava me renovar, precisava ligar para Emanuelle para saber sobre o time e precisava falar com Barza urgentemente. Será que eles estavam no Brasil ainda? Se não só depois de 12 horas. Acho que sim, estávamos no Nordeste do Brasil, Rio de Janeiro ficava no Sudeste, acho que dava umas horas de viagem, mesmo de avião.
Saí do banho encontrando uma toalha pendurava e passei-as nos cabelos antes de enrolar na cintura. Saí do banheiro, procurando por outra toalha e encontrei uma jogada na outra cama. Peguei-a e coloquei na cabeça. Desenrolei do corpo e me sequei devagar. Peguei minha mochila, jogando algumas coisas dela e peguei um conjunto de lingerie limpa, vestindo-a e peguei o celular dentro da bolsa, vendo-o descarregado.
Conectei-o na tomada, feliz por ter pego umas dicas para Manu sobre tomadas brasileiras, e segui de volta para o banheiro para pendurar as toalhas. Minha curiosidade falou maior, então eu dei uma olhada na lixeira ao lado do vaso sanitário e franzi os olhos ao ver as camisinhas ali. Não mexi, mas pelas minhas contas era para ter quatro... Ou será que foi cinco?
- Meu Deus, ! – Falei rindo fracamente e me senti verdadeiramente realizada. Tinha sido a melhor experiência da minha vida, eu não podia negar.
Peguei o celular, vendo que tinha dado uma carguinha o suficiente para eu ligá-lo e procurei pelo Wi-Fi do hotel, seguindo até a porta para ver o número do quarto. Ele começou a apitar rapidamente e eu suspirei, só imaginando a bomba que tinha estourado. Ele ficou em silêncio segundos depois, mas fui colocar um short e uma camiseta antes de me sentar na beirada da cama para checar as notificações.
Limpei as notificações do Instagram, depois limpei as do e-mail e segui para as mensagens. Tinha mensagens de Giovanna, Fabrizio, dos gêmeos, de Manu, Pavel, Quagliarella e até de Alena, ex do Gigi, mas nenhuma mensagem de Barza ou de Gigi. NADA! NENHUMA! Eu teria que falar com Gigi mais cedo ou mais tarde, mas precisava falar com Barza antes, éramos, de certa forma, namorados, não?
“Ei, Barza, tudo bem? Eu estou aqui no hotel ainda. Onde vocês estão? Já voltaram para Itália?” – Enviei e esperei alguns segundos.
Vendo que a resposta não viria tão cedo, tentei dar uma ajeitada na bagunça do quarto, arrumei minhas coisas dentro da mochila e sabia que precisava decidir o que fazer, no momento eu precisava de comida, muita comida. Olhei para o frigobar no quarto e abri o mesmo, vendo-o vazio. Literalmente vazio. Nem uma garrafa tinha aí. Certeza que era coisa da Nazionale.
Só me restava descer, então. Coloquei um chinelo, incapaz de calçar os tênis de novo e saí devagar do quarto. O andar estava vazio, os materiais de ontem não estavam mais no corredor, então imaginei que não daria de cara com ninguém conhecido ou parcialmente conhecido. Segui para o lobby e parei na recepção.
- Buongiorno. – Falei.
- Bom dia, senhorita. – Ela disse em português. – Em que posso ajudá-la?
- O café da manhã ainda está sendo servido? – Perguntei.
- Já começamos a servir o almoço, senhorita. – Ela disse e eu assenti com a cabeça.
- Eu tenho uma reserva aqui, mas eu tinha um amigo hospedado aqui e estava com ele, posso almoçar e depois faço o check-in?
- Claro, qual seu nome?
- . – Falei, pegando meu passaporte dentro da bolsa e coloquei em sua frente.
- Certo, eu vou liberar para você. – Ela disse. – Seu quarto será o 67, penúltimo andar. – Ri fracamente com a ironia e assenti com a cabeça.
- Grazie. Volto logo. – Ela assentiu com cabeça e peguei meu passaporte, seguindo em direção ao restaurante.
Ele estava vazio, acho que poucas pessoas almoçavam 11 horas, mas não me importei, deixei minhas coisas em uma mesa próxima ao buffet e segui até a mesma. A culinária brasileira era realmente bonita e cheirosa, mas tinha tantas coisas com nomes diferentes que eu nem sabia por onde começar. Manu me falou algo sobre, não?
- “Chefa, se tiver feijoada, só vai! É a melhor comida brasileira, bem, depois do churrasco, mas churrasco é qualquer carne, agora a feijoca...” – Ri fracamente.
Observei as opções e encontrei a tal feijoada que Manu falou. Arroz, feijão, vinagrete e farofa. Eu enchi o prato e não fazia a mínima ideia se gostaria, mas eu gostava de qualquer tipo de comida, então realmente duvidava que não fosse gostar. Segui até a mesa e peguei o celular, apoiando-o ao meu lado.
Minha fome apareceu mais ainda quando eu dei a primeira garfada. Para começar que a comida era realmente deliciosa, em segundo que eu realmente havia me superado na noite e a fome era gigantesca. Comi o prato cheio e ainda peguei um pouco do tal do baião de dois e um vatapá, que parecia um bolinho frito. Parecia um dragão comendo? Talvez, mas nunca senti tanto prazer na minha vida.
Bom, alimentício.
Terminei de comer e peguei meu celular de novo, Barza não tinha me respondido ainda, mas os símbolos em azul me mostravam que ele tinha visto minha mensagem. Ah, Barza! Que merda! Suspirei e entrei na conversa da Manu, em caso de ter alguma informação sobre.
“Fala aí, chefa! Barza ligou há umas duas horas falando que vai fazer a cirurgia mesmo. A Sara saiu, como eu faço? Ele disse que envia assim que chegar na Finlândia.” – Dizia a primeira. – “Que chique, Finlândia, né?”
- Ah, Barza, o que você fez? – Abri meu e-mail rapidamente, olhando rapidamente os e-mails e vi um dele.
“À contabilidade. Envio de volta as informações para elaboração de atestado médico para minha cirurgia. Será feita no dia 31 de julho em Helsinque, Finlândia, com um profissional particular. Após isso, peço para usar as dependências do time para fisioterapia. Aguardo retorno o mais rápido possível, pois viajarei para lá essa noite. Atenciosamente, Andrea Barzagli”.
- Ah, puta que pariu. – Suspirei.
Ignorei o quanto de roaming eu pagaria e disquei para Barza. A primeira vez chamou, chamou e ninguém atendeu. A segunda vez também, na terceira ele tocava uma vez e já caía, na quarta também e em todas as que eu tentei em seguida. Na décima meus olhos já estavam cheios de lágrima e a culpa da noite passada começava a recair sobre mim. Ele não queria falar comigo e eu era a única a me culpar. Passei as mãos nos olhos quando vi outras pessoas entrando no recinto e cansei de tentar ligar. Olhei para o aparelho quando ele apitou e vi uma mensagem de Barza, me fazendo abrir rapidamente.
“Não temos mais nada para falar, . Me desculpe”.
Levei a mão para meu rosto, engolindo em seco e foi impossível os olhos não embaçarem mais uma vez. Peguei o guardanapo em meu colo e passei embaixo dos olhos, respirando fundo. Sabe quando você quer matar uma pessoa? Matar mesmo? De esganar? Era eu comigo. Eu queria poder ser corajosa de me matar ali, porque eu sabia que Barza não falaria isso se não tivesse sido magoado. Eu, , tinha magoado a pessoa mais incrível que eu já conheci na minha vida. Por troca de quê? Uma noite de sexo com Gianluigi Buffon. Uma noite de sexo que não valeria nada, porque eu quero matá-lo.
Sacudi a cabeça, jogando os cabelos para trás e disquei para Emanuelle, se fosse para eu me ferrar nessa situação, que eu tivesse um pouco de vantagem nisso tudo, nem que fosse mínima.
- Fala, chefa! – Sua voz em seu italiano mais fluente me atendeu.
- Ciao, Manu... – Suspirei.
- Hum, vi que as coisas estão más. – Ela falou e eu suspirei.
- Você nem imagina. – Falei baixo.
- Eu sei que a Itália foi eliminada precocemente, chefa, mas pensa, agora você pode torcer para o Brasil como toda pessoa normal. – Ri fracamente.
- Manu, eu estou pagando roaming, deixa eu falar. – Suspirei.
- Scusi, fala. – Ela disse.
- Você falou com o Barza hoje?
- Sim, falei, eu te mandei mensagem, não? Enfim, ele disse que quer aproveitar a eliminação para fazer a cirurgia dele. Vai daí direto para Finlândia, faz a cirurgia dia 31 e fica duas semanas de repouso lá, depois são uns três, quatro meses parado até começar fisioterapia. – Suspirei. – Você não falou com ele?
- Acho que nos desencontramos. – Engoli em seco. – Cheguei no hotel e eles já tinham ido.
- Ah sim! – Ela disse. – Bom, foi isso que ele me falou. O atestado dele estava assinado por ti, mas ainda não tinha sido protocolado, eu não sabia o que fazer. – Assenti com a cabeça.
- Ele mandou algumas informações médicas para juntar ao atestado, precisa juntar ao meu, protocolar junto com o Danielle, enviar para ele, e ele devolve assinado. – Falei calmamente, passando as mãos nas têmporas.
- Tudo bem, eu posso fazer isso? Só estou eu aqui hoje, Pavel passou mais cedo, mas sumiu. – Ri fracamente.
- Pode sim, já está assinado mesmo. – Falei baixo, ficando em silêncio por um tempo.
- Chefa, está aí? – Ela perguntou.
- Sim, estou. – Suspirei. – Manu, posso te fazer um pedido?
- Claro, claro.
- O que está fazendo por esses dias? – Perguntei.
- Além de ver os jogos da Copa e atendendo as poucas ligações no dia? Nada. – Ri fracamente.
- Seu pai deixaria você ir para Finlândia? – Perguntei baixo.
- O QUÊ? – Ela falou animada.
- É, para Finlândia, acompanhar o Barza nessa cirurgia. Eu queria ir, mas não vou poder... – Suspirei.
- Nossa, sim! – Ela disse animada. – Vou sim. O Barza é um bolinho, então sim! – Ela misturou algo em português na frase, então fiquei confusa, mas ignorei.
- Tudo bem para seu pai? – Perguntei.
- Affanculo lui! – Ela disse rindo. – É a trabalho, não?
- Sim! – Falei.
- Vou hoje mesmo se precisar. – Ela disse rindo. – Vocês vão bancar, né?! – Ela perguntou baixo.
- Vou sim, relaxa. – Suspirei. – Cheque no atestado do Barza onde ele vai ficar para cirurgia e após ela, pode reservar quarto no mesmo hotel por duas semanas e compre sua passagem de ida e volta.
- Tudo bem, você vai ficar aí pelo Brasil? – Ela perguntou e eu suspirei.
- Eu estou com bastante coisa na minha cabeça, Manu, acho que preciso espairecer um pouco. – Engoli em seco.
- Vi na sua agenda e tem compromissos de contratação a partir do dia primeiro, posso cancelar o resto ou adiar.
- Você faria isso? – Perguntei, suspirando.
- Sim, claro! Eu vou para Finlândia, chefa, qual é! – Sorri.
- Perfeito. Organize suas coisas aí que eu organizo as minhas aqui e volto a falar contigo antes de você ir embora, tá? – Falei suspirando.
- Tudo bem, qualquer coisa eu estou no Whats. – Ela disse.
- Combinado. – Suspirei. – Obrigada, Manu.
- Nada, chefa! Divirta-se e aproveite meu país! – Ela disse e eu sorri antes de desligar o telefone.
Senti meus olhos marejados e passei a mão neles, sabendo o quão ferrada eu estava. Procurei pelas mensagens a conversa de Gigi e esse puttano não tinha mandado nada, nem pedindo desculpas e nem querendo dançar em cima de caixão fechado. Ainda bem, pois eu estava querendo matá-lo. E acho que, com a minha raiva, dessa vez eu conseguiria.
Levei meus itens até o local de descarte, sorrindo para a mulher que os recebeu e juntei minhas coisas nas costas, voltando para o lobby. A entrada espalhada do hotel dava para a praia e eu sorri ao ver o céu azul, sol forte e o mar bem ao longe. Bem que eu e Giulia tínhamos falado faz pouco que eu não tirava férias há muito tempo. Talvez fosse a oportunidade para colocar as ideias em ordem antes de voltar para mais uma temporada.
- Buongiorno, signora. – Falei para a recepcionista. – Estou pronta para fazer meu check-in, é possível? – Perguntei, apoiando o passaporte no balcão de novo.
- Claro, você está um dia atrasada, então seu quarto já está pronto! – Ela disse sorrindo, pegando meu documento. – Vamos lá...

Lui
Primeiro de julho de 2014
- Eu posso ir contigo, sabe? – Ilaria falou quando saí do banheiro e eu suspirei. – Podemos dar uma volta pela cidade, depois eu posso conhecer seus filhos e...
- Ei, desacelera aí! – Falei rindo, passando as mãos nos cabelos. – Eu não quero que meus filhos saibam disso ainda. – Falei baixo.
- Já estamos em todas as revistas da Itália, Gigi, eles já sabem. – Ela disse.
- Não, não sabem. – Falei, suspirando.
- Ok, pelo menos ir contigo no time. – Ela disse.
- Eu vou no administrativo, só pessoal autorizado pode ir, você teria que ficar do lado de fora. – Falei, tentando arranjar qualquer desculpa para evitar que eu encontrasse com ela. Já seria difícil sem ela, imagina com? Eu não queria morrer hoje.
- Mas eu já fui no CT. – Ela disse, girando o corpo na cama, deixando seus seios à mostra.
- É outra parte. É onde fica a diretoria, você precisaria fazer registro e vai demorar, eu vou subir, assinar um papel, tirar uma foto e descer, nem coletiva vai ter hoje por ser férias. – Ela suspirou.
- Ok, entendi, você não quer que eu vá. – Ela disse, suspirando e eu guardei um sorriso interno. – Nos falamos depois, então? – Ela perguntou.
- Sim, eu venho mais tarde ou amanhã, vou aproveitar para resolver umas coisas. – Ela assentiu com a cabeça.
- Ok, eu estarei aqui. – Ela disse, ajeitando a cabeça no travesseiro. – Mas eu ainda quero viajar antes das coisas voltarem.
- Claro. – Falei, assentindo com a cabeça. – Você escolhe! – Peguei minha mochila no canto do quarto, colocando-a nas costas.
- Podemos ir para Malta, o que acha? – Ela perguntou e eu me aproximei dela.
- Você escolhe. – Repeti e ela sorriu.
- Ok. – Ela inclinou seu corpo para frente, dando um curto beijo em meus lábios e saí de lá antes que ela me puxasse de volta para cama.
Saí de sua casa, entrando em meu carro e segui em direção a Turim. Durante todo o percurso eu rezei. Rezei para não morrer hoje. já estava irritada com a minha ficada com Ilaria, aposto que ficaria mais ainda depois de eu ter instigado e conseguido transar com ela – e com Barza por conveniência.
Não que ela estivesse errada por fazer isso, mas ela topou, gozou, deixou eu fazer anal e ainda curtiu comigo de madrugada. Ela podia falar o que quisesse, mas gostava de mim e não resistia. E eu acabava tirando proveito da situação. Ah, qual é, ela não estava olhando nem na minha cara e do nada aceitou transar comigo e com Barza? Sabia o que ela faria com ele se eu não estivesse lá, mas comigo junto era surpresa. Eu e nunca tivemos pudores durante o sexo, mas isso nunca tinha passado pela minha cabeça durante nosso tempo de namorados. Também nunca achei que ela gostasse de anal, mas eu vi aquela cena, estava no clima, joguei verde e PÁ! Ela topou.
Eu provavelmente deveria só guardar isso para mim e nunca mais mencionar isso para ela. Ela já estava brava comigo, agora ela ficaria mais ainda. Pelo ménage e por eu estar pegando a Ilaria. Não sei se deveria, confesso, mas , o motivo principal de eu querer terminar com Alena, estava brava comigo. Sendo bem delicado, na verdade. Ela também está com Barza, ela deixou claro que ainda gosta de mim uma semana atrás, mas eles ainda estavam juntos. O sexo com Ilaria era bom, a imprensa já tinha nos flagrado mesmo, então por que não? Só precisava relaxar um pouco também.
Bom, mais um pouco.
Depois de quase duas horas de viagem, entrei em Vinovo. Era tempo de férias, então tinham poucos carros estacionados e quase todos iguais, só mudando as cores. Entrei no prédio, cumprimentando alguns conhecidos e entrei no elevador, subindo para o andar da contabilidade, esperei alguns segundos e a porta se abriu no andar correto. Saí e vi Quagliarella sentado na sala de espera.
- Ei, Quaglia! – Falei.
- E aí, Gigi! – Ele disse e trocamos um rápido abraço. – Como está? Desculpa pela Copa.
- Ei, cara, você também é italiano! – Disse rindo.
- Eu sei, mas estar na linha de frente é pior. – Ele disse e eu ponderei com a cabeça.
- Foi difícil, a imprensa só sabe falar disso, mas sobrevivi. – Dei de ombros e ele riu fracamente.
- Quem sabe daqui quatro anos? – Ele disse.
- Estarei com... 40 anos, quais as probabilidades? – Perguntei.
- Bom, aposto que você veio aqui para renovar contrato, não? – Ele perguntou.
- É! – Falei rindo.
- Então... – Ponderei com a cabeça.
- Verdade! E você? – Apoiei na poltrona a minha frente.
- Transferência. Meu contrato acabou em abril, acabei sendo tentado por outras opções, estou no banco faz tempo, dificilmente começo, então achei que valesse à pena. – Ele disse e eu assenti com a cabeça.
- Vai ficar na Itália ou vai para fora? – Perguntei.
- Vou só atravessar a cidade. – Ele disse rindo e eu ri com ele.
- Vai para o Torino. – Falei e ele assentiu com a cabeça. – Bom, pelo menos ainda manteremos contato. – Falei, dando um tapinha em suas costas.
- Com certeza. – Ele sorriu.
- Você está esperando a ? – Perguntei.
- Sim, o Mirko entrou lá com ela, pediu para esperar. – Ele disse, se sentando de novo.
- Ele vai sair também? – Perguntei, me sentando na poltrona livre ao seu lado.
- Sim, ele vai para o Al-Jazira nos Emirados Árabes, já pensando em uma possível aposentadoria. – Ele disse.
- Nossa, mas qual a idade dele? – Perguntei, franzindo a testa.
- 30, mas nem todo mundo tem a mesma sorte que você com lesões! – Ele disse e eu ri fracamente, ouvindo algumas risadas ecoarem conosco.
- Não! Prometo sim, pode ter certeza.
- Você está mentindo! – A voz mais alta de Mirko ecoou pelo corredor.
- Por que eu faria isso? – Ouvi a voz da e até endireitei meu corpo, esperando pelo esporro.
- Porque você não vai me ver jogar.
- Ei, a Supercoppa vai ser no Catar esse ano, se confirmar, é lá perto. – Ela falou sorrindo e vi ambos e Pavel logo atrás deles.
- Se rolar convite, posso encontrar vocês lá. – Mirko disse.
- Combinado! – Ela falou e seu olhar se ergueu para o meu, eu só consegui engolir em seco. – A gente se vê? – Ela virou para Vucinic de novo.
- Claro que sim, chefa! – Ele disse, abraçando-a apertado. – Aposto que não encontrarei ninguém como você.
- Em um país onde as mulheres são tratadas como nada? Com certeza não. – Ela disse rindo, abraçando-o fortemente.
- Obrigado por tudo, gente! – Ele disse, soltando de e abraçando Pavel no local.
- Esperamos te ver de novo. – Pavel disse, dando uns tapinhas em suas costas.
- Com certeza. – Ele disse sorrindo. – Eu venho para me despedir do pessoal ainda.
- Aproveita esses dois aí. – disse, se afastando alguns passos.
- Fabio! – Mirko se aproximou dele, abraçando-o fortemente e logo depois veio para mim.
- Vamos sentir sua falta, cara! – Falei sorrindo.
- Ah, sei que vai fazer muita falta, mas não precisa inflar mais meu ego. – Ele disse e gargalhamos juntos.
- Se cuida, falou? – Fabio falou e eles tocaram as mãos rapidamente.
- Ciao, ragazzi. – Ele disse.
- Ciao! – A voz de se sobressaiu e o acompanhamos com o olhar até o elevador e ele sumiu dentro do mesmo, fazendo nosso olhar voltar. – Agora vocês... – Ela falou com o tom ácido e eu suspirei, sabendo que viria merda. – Pavel...
- Fabio com a e Gigi comigo. – Ele falou e eu engoli em seco.
- Ah, me dei bem hoje! – Fabio disse, seguindo até e ela abriu um sorriso para ele.
- Eu perdi o Matri, agora você, eu não estou feliz por isso. Entendo, mas não estou! – Ela disse e Fabio abraçou-a pelos ombros.
- Ah, ainda podemos nos encontrar, chefa, o que acha? – Ele perguntou, fazendo-a rir.
- A ideia é até tentadora, podemos pensar sobre... – Ela falou, seguindo pelo corredor e a acompanhei com o olhar até ela entrar na sala com ele.
- Eu preciso saber de alguma coisa? – Pavel perguntou e eu virei o olhar para ele.
- O quê? – Perguntei verdadeiramente surpreso.
- A não quis fazer sua renovação, Gigi. – Ele disse. – Levando em conta que vocês são superamigos, é suspeito. – Ele disse, seguindo pelo corredor e fui com ele.
- Ela está brava comigo com a questão da Ilaria e da Alena ainda. – Inventei rapidamente.
- Não tiro a razão dela. – Ele indicou para uma sala menor antes da grande da contabilidade e eu entrei.
- Por quê? – Perguntei, franzindo a testa.
- Ah, qual é, Gigi, Ilaria, sério? – Ele falou fechando a porta, rindo sozinho.
- O quê? – Perguntei.
- Eu não estou aqui para falar quem você quer ou não ficar, mas trocar a pela Ilaria é uma queda dura demais...
- Como assim trocar a pela Ilaria? – Perguntei rapidamente. – Eu não troquei ninguém, porque a está com o Barza. – Ele não mudou sua expressão. – Você sabe?
- Eu sei. – Ele disse. – E quem pode culpá-la? – Ele deu de ombros. – Ele é legal, na paz, sem escândalos por onde passa e gosta dela...
- É, mas ela não gosta dele... – Falei rapidamente. – Bom, pelo menos não do jeito que gosta de mim. – Ele riu fracamente.
- Cara, você é muito estúpido. – Ele falou rindo. – Ela está com o Barza, porque você fica brincando de gangorra. Ela pode não estar completamente feliz, mas o que você escolheria? Algo certo de que te deixa parcialmente feliz? Ou o duvidoso que você fica feliz por três dias do ano e irritada o resto? – Suspirei. – Nós somos amigos, Gigi, hoje mais do que você, eu sei das coisas. – Relaxei os ombros.
- E ela não quer me ver? – Perguntei.
- Não, mas provavelmente isso tem a ver com mais fotos suas e da Ilaria que saíram depois do Mondiale, não só o problema de antes, quando o Mirko chegou eu precisei segurá-la pela cintura para não ir bater em você. – Arregalei os olhos. – Eu andaria sempre acompanhado se fosse você. – Suspirei.
- E ela? Não tem culpa, não? – Perguntei. – Tipo, eu terminei com a Alena por ela, mas ela não me quis. – Falei.
- Gigi, você não terminou com a Alena cazzo nenhum. A Alena terminou com você porque você transou com a Ilaria. – Ele falou sério. – A realmente vai terminar com o Barza para ficar contigo depois desse papelão que você deu? – Ele riu sarcasticamente. – Quem sabe, um dia, quando você pensar nela em primeiro lugar, vocês fiquem juntos? – Ele falou, dando de ombros. – Sei lá, só uma dica! – Ele suspirou.
- Ok, estou ficando com dor de cabeça. Por que eu estou falando contigo e não com ela? – Perguntei.
- Se dependesse dela, nem contrato novo teria. – Ele disse dando um sorriso e fiquei em dúvidas se era verdade ou não, pelo silêncio dele, imaginei que sim.
- Ok, mas...
- Mas como você ainda é um jogador valioso para todos nós, eu pedi para ela abrir uma exceção e não te obrigar a procurar um time novo agora, se você quiser, é claro.
- Não me assusta assim, cara. – Suspirei.
- Ela assinou, mas ela não quer falar contigo. – Ele disse. – E ela não aumentou seu salário.
- Pô, cara! – Falei, jogando a cabeça para trás. – Ah, porra! Ela vai descontar isso em mim?
- Não, ela não está descontando em nada, mas seu valor de mercado despencou de 16 para três milhões em dois anos, ela tem alguma desculpa em não querer renovar? – Revirei os olhos.
- É a idade, né?!
- Ela não ajuda. – Ele falou, suspirando. – Mas com patrocínios novos da Jeep, da Bwin, da Poker Stars, entre outros, propagandas, veiculações e tal, ela conseguiu ao menos o reajuste convencional e sua porcentagem por ser capitano.
- Grazie? – Falei e ele deu de ombros.
- Pegar ou largar, cara. Assim, se quiser argumentar com ela também... – Ele disse, indicando a porta. – Eu não faria, pois ela vai querer baixar mais ainda. – Ele disse.
- Onde eu assino? – Perguntei baixo e ele riu fracamente, abrindo o contrato na mesa.
- Aqui e aqui! – Ele disse apontando e eu ergui o olhar para ele, vendo-o sorrir e ele riu fracamente.
- Isso não deveria ser permitido, sabia? – Falei.
- O quê? – Ele riu fracamente.
- Deixar a afetar meus rendimentos.
- A é muito justa, Gigi, ela real não tem o que fazer quando sua cota caiu tanto em pouto tempo. Fica feliz que ela deu um contrato de três anos.
- Três anos? – Falei surpreso.
- É! – Ele disse. – Para de ser ingrato e assine. – Ele disse e eu ri fracamente, fazendo minha assinatura nos pontos ao lado do nome de e entreguei de volta para ele. – Eba! Mais três anos de casos de família! – Ele brincou e eu revirei os olhos.
- Ah, Pavel, não me amola! – Falei e ele riu fracamente.
- Aproveite o resto das suas férias, nossa pré-temporada será agitado! – Ele disse e eu neguei com a cabeça, revirando os olhos.

Lei
15 de julho de 2014 • Trilha SonoraOuça
- Você sabe que eu não sou exatamente uma pessoa calma, não sabe? – Falei olhando para ele.
- Sei! – Ele disse rindo.
- Então, por que você não me disse? – Apoiei os cotovelos na mesa e o rosto entre as mãos. – A gente fez uma festa sensacional para o Lippi quando ele saiu. A gente podia ter feito o mesmo por você, ser treinador da Nazionale é algo grandioso. – Falei.
- Eu sei, eu errei, mas também rolou a briga com a Agnelli e as coisas ficaram conturbadas. – Conte disse e eu neguei com a cabeça.
- Não faz isso, Antonio. – Ele riu fracamente. – Eu te amo e temos um bom histórico, não temos? – Brinquei e ele riu fracamente.
- Temos sim, . – Ele riu fracamente e eu sorri.
- Esses não são os meios que eu gostaria de me despedir de você, principalmente do que houve há um mês, mas ainda te desejo molta buona fortuna para você e para sua carreira. – Ele sorriu, assentindo com a cabeça. – Só não faça mais besteira, por favor.
- Ah não, isso eu deixo com você! – Revirei os olhos, ouvindo-o rir e me levantei da cadeira.
- Boa sorte, Conte! – Falei e atravessei a mesa para abraçar o mais baixo.
- Se cuida, garota! – Ele disse, me apertando pela cintura e eu sorri.
- Você também. – Falei, indicando a porta e segui em sua frente até abrir a mesma.
- Espero te encontrar por aí, ! – Ele disse e eu sorri.
- Espero que não seja um chato da próxima vez que eu te ver. – Disse e ele riu fracamente, saindo pela porta.
Esperei-o seguir um pouco à frente e suspirei, voltando para a mesa e peguei meu celular, ligando o mesmo e vi diversas notificações, incluindo uma de Pavel.
“Estamos na coletiva, depois subimos. Ele já foi?” – Dizia.
“Está indo agora”. – Enviei e ouvi algumas vozes e segui pelo corredor, olhando rapidamente para dentro da sala dos meus funcionários e vi Manu abraçando Conte com um largo sorriso no rosto.
- Se cuida, linda! – Conte disse.
- Grazie, Mister. Buona fortuna per te! – Ela disse, dando um tapinha no ombro dele e ele assentiu a cabeça, seguindo para o elevador.
- Manu. – Chamei-a.
- Chefa! – Ela disse animada, vindo em minha direção e me abraçando. – Alguém andou se bronzeando, hein?!
- Um pouco! – Dei um beijo em sua cabeça. – Como você está? - Passei a mão em seus cabelos.
- Tudo bem também, um pouco mais congelada do que normalmente, mas estou bem. – Ela sorriu. – Bom, mais ou menos...
- Por quê? – Franzi a testa.
- Você viu a Copa do Mundo? – Ela perguntou.
- Eu vi! – Ri fracamente. – Vi o Brasil levar 7x1 em casa...
- EM CASA, ! A GENTE LEVOU 7X1 EM CASA PORQUE AQUELE PUTTANO DO ZUNIGA QUASE DEIXOU O NEYMAR PARAPLÉGICO! – Ela falou exacerbada e eu ri fracamente.
- Prometo não te zoar comigo. Bom, eu, os meninos eu não garanto nada. – Ela bufou.
- Era só o que me faltava. O Barza não parava de tirar com a minha cara. – Ela franziu os lábios.
- Como ele está? – Perguntei.
- Bem, muito bem. – Ela disse. – Foi para casa dos pais dele um pouco em Livorno, Florença ou... – Ela franziu o rosto. – Sei lá. – Ri fracamente.
- Que bom, eu acho... – Suspirei, seguindo em direção a minha sala.
- Olha, chefa, eu não tenho nada a ver com a sua vida, mas você me dá permissão para fazer francamente contigo? – Ela perguntou e eu suspirei. – Ciao, ragazzi! – Ela gritou para dentro da sala dos meus funcionários.
- Ciao, Manu! – Sara sorriu animado, acenando para ela.
- Entra! – Indiquei minha sala para ela e a vi estacionar sua mala de rodinhas e sua mochila ao lado da porta.
- Não foi para casa ainda? – Perguntei, vendo sua mala apoiada ao lado.
- Não, vim direto para cá. Disseram que tem bomba estourada aqui. – Ela falou.
- Tem sim... – Fechei a porta. – Mas imagino que tenha algo mais relevante para falar. Ou para me julgar!
- Para julgar, na verdade. – Ela disse. – E nesse departamento eu tenho moral, pois eu nunca namorei, ok?! – Segui até minha mesa, suspirando. – COMO VOCÊ...
- Fala mais baixo. – Falei.
- Ok... – Ela se aproximou de mim, se jogando na cadeira do lado. – Como você namora um cara sensacional como o Barza. E eu digo isso porque ele é um bolinho fofo demais... – Ela disse. – E aí usa ele para fazer ciúmes em outro cara?
- Ah, foi isso que ele disse, então? – Ri fracamente, negando com a cabeça.
- É, ele não queria falar muito no assunto. – Ela cruzou os braços, encostando na poltrona. – Só disse que vocês tinham terminado porque você o usou para fazer ciúmes em outro cara. – Ela deu de ombros. – Eu fiquei pensando, quem é o outro cara? Tipo? Olha, melhor que o Barza...
- Gigi! – Falei.
- Oi? – Ela arregalou os olhos.
- O outro cara é o Gigi. – Falei calmamente, sabendo que talvez tenha ido longe demais, mas não aceitada ser julgada sem saberem todos os lados.
- Como assim? – Ela perguntou confusa. – Gigi, nosso Gigi?
- Quantos Gigis você conhece na sua vida? – Perguntei.
- Homens, só um. Mulheres, várias! – Suspirei.
- Enfim, é o nosso Gigi. – Engoli em seco.
- Mas como? Por quê? – Ela parecia visivelmente surpresa.
- Para te explicar isso, eu precisaria te contar 13 anos de história minha e do Buffon e como eu não o esqueci depois de tantos anos, mas essa segunda parte eu ainda não entendi. – Falei calmamente.
- Você tem uma história com o Gigi há 13 anos? – Ela perguntou calmamente.
- Tenho. – Suspirei. – Desde que nós entramos no time.
- Oh, isso explica MUITA coisa, então. – Ela falou rindo e eu revirei os olhos.
- Como assim?
- Ah, , é meio óbvio que ele é caidasso por você. E você é a única pessoa que não treme quando ele chega. Ele tem uma ótima presença! – Ela sorriu e eu neguei com a cabeça. – E eu vi vocês conversando na sua casa aquele dia, nos vestiários, enfim... – Ela deu de ombros. – Parecia que tinha algo mesmo. – Ela disse.
- Tem. – Suspirei. – Chegamos a namorar em 2006, não deu certo, ele se casou, tivemos alguns lances nesse meio tempo, ano passado decidi dar um basta, Barza tinha terminado com a esposa, nos aproximamos, mas eu ainda não me esqueci do Gigi. Já me contentei que nunca vou. – Suspirei. – E sei o que você diz sobre o Barza. Ele realmente é um cara sensacional e eu o perdi por uma escolha minha. – Falei. – Alguma mais a acrescentar?
- Na verdade, eu tenho muitas dúvidas. – Ela disse rindo. – Mas por que você e o Barza terminaram? – Ela perguntou.
- Ele e o Gigi estavam dividindo quarto lá no Brasil, eu beijei o Barza na frente do Gigi para deixá-lo com ciúmes e ele percebeu. – Dei de ombros. – Enfim, não vale à pena voltar isso. Só me importa se o Barza está bem, ele está me ignorando desde então.
- Ah, está bem sim. – Ela deu de ombros. – Sabe o que é ficar trancada duas semanas em um hotel com uma cidade lindíssima como Helsinque logo ali?
- De certa forma, sei. É difícil fazer turismo durante as viagens do time... – Ela disse rindo.
- Enfim, a gente jogou bastante jogo de tabuleiro e cartas, deu para passar o tempo. Eu o ajudava a pegar coisas, erguer o pé e tudo mais, mas saí pouco, fiquei com medo de sair sozinha, sabe? E o Barza sabe ser bem paizão quando quer. – Ela franziu os lábios e eu sorri.
- Ele é ótimo mesmo. – Suspirei. – Eu sei o que eu perdi, um cara que fazia tudo para mim e compreendia meus receios, mas agradeceria se a gente não falasse disso, pelo menos não nas dependências do time. Minha história com o Gigi é famosa entre o elenco, não gostaria que a minha com o Barza também fosse, ainda mais agora que acabou... – Suspirei.
- Não, seu segredo está salvo comigo, relaxa. – Ela sorriu. – Mas agora fiquei curiosa sobre você e o Gigi... Assim, se você pensar, vocês são real perfeitos um para o outro, ambos são lindos, sexy, poderosos em suas funções... Como aconteceu? – Ela sorriu para mim.
- Temos coisas mais importantes para fazer. – Falei. – E eu realmente não quero falar dele agora ou nunca... – Ela franziu os lábios.
- Você deve estar chateada com a história dele com a Ilaria, né?!
- O que eu acabei de falar? – Repeti.
- Scusi, é que ela me parece meio interesseira, sei lá... – Ela deu de ombros e eu suspirei, ponderando com a cabeça.
- Por que você não pergunta para ele? – Sorri. – Ele vai adorar te explicar. – Fui sarcástica e ela riu fracamente.
- Na primeira oportunidade. – Ela sorriu.
- Enfim, eu preciso descer para conhecer o novo técnico, e eu preciso que você confirme as reuniões do Patrice Evra e do Alvaro Morata. – Falei. – A não ser que você prefira descansar um pouco.
- E ficar ouvindo meu pai reclamar que eu fui para Finlândia? Nem a pau! – Rimos juntas.
- Eu vou descer, tome o tempo que for para se recompor, tá?
- Pode deixar! – Ela sorriu. – Posso fazer uma lista também de todas as perguntas que eu tenho sobre você e o Gigi?
- Quer ir para Austrália na pré-temporada comigo?
- MESMO? – Ela falou animada.
- Se você não fizer nenhuma pergunta, quem sabe?
- Vou preparar as perguntas, mas eu faço para o Gigi a caminho da Austrália. – Ela falou animada e eu ri fracamente.
- Combinado! – Sorri e me levantei. - Logo volto.
- Ok, vou me arrumando aqui. – Ela falou e eu peguei o celular e segui para fora da sala.
- Ah, Manu, me prepara um cartão para eu enviar para o Chiello? – Perguntei.
- Cartão do quê?
- Casamento.
- Ok, estilo moderno ou clássico? – Ela perguntou e eu ri fracamente.
- Tanto faz, um que deseje muitas felicidades e um casamento duradouro.
- Clássico! – Ela disse e ri fracamente, olhando o celular.
“A coletiva acabou, estamos indo para o museu, vai junto?” – Pavel dizia.
“Estou indo, Emanuelle tinha chego”. – Enviei e parei na sala ao lado.
- Oi, gente. – Suspirei, vendo somente três funcionários ali devido as férias. – Precisam de algo?
- Não, está tudo bem, estamos encerrando aqui as coisas do Isla, Osvaldo e Peluso, não tem muita coisa mais. – Sara falou.
- Eu vou descer para conhecer o técnico novo, nos falamos depois?
- Claro! – Eles disseram e segui para fora da sala, andando até o elevador.
Depois do rolo Conte/Agnelli, onde recentemente eu fui descobrir que Conte havia sido convidado para ser técnico da Nazionale, então realmente não valeria eu e Paratici termos encrencado com Agnelli com isso, acabamos unindo nós cinco para escolhermos um técnico. Dessa vez optamos pelo comum, Massimiliano Allegri, técnico do Milan há quatro temporadas e tinha ganhado o scudetto com eles em sua primeira temporada. Depois fizemos nossa reformulação e não lhe demos chance.
Não sabemos o que aconteceria, mas o contrato era padrão de técnico, cinco anos e bônus com base em resultados, ou seja, vencer, vencer, vencer. Agora meu único receio era ser alguém do Milan. Tínhamos nossa rixa com os times de Milão, mas tinha algo que não me agradava neles, eu e Gigi até brincamos quando o Matri foi para lá que ele virou “milanista” rápido demais, quase como se fosse algum tipo de lavagem cerebral.
Entre o sim e o não, ele foi escolhido melhor técnico, tinha ótimos resultados e havia jogado com o Barza no Pistoiese, pena que ele não pode me dizer se Allegri era bom ou não, porque ele não atendia meu telefone. Enfim... Desci até a sala da coletiva e entrei na mesma, vendo poucos jornalistas finalizando e vi os cinco parados no meio.
- Scusi... – Falei, me aproximando.
- Ah, , você chegou. – Agnelli falou sorrindo. – Tudo bem lá?
- Sim, tudo certo. – Sorri, sentindo-o passar a mão na minha cintura. – Olá, olá...
- Max, essa é , ela é diretora de contabilidade do time. Está presente conosco em todos os momentos.
- Você é a famosa , então. – Allegri esticou a mão e eu a apertei. – Um prazer te conhecer.
- O prazer é meu, estou feliz por ter aceitado fazer parte da nossa equipe.
- Eu sempre procuro me basear no melhor e, hoje, vocês são os melhores. Não podia perder a oportunidade. – Ele disse e eu assenti com a cabeça.
- Fico feliz em ouvir isso. – Falei sorrindo.
- Então, por que não nos juntamos na sala ao lado para falar sobre os primeiros planos para a temporada? – Pavel sugeriu. – e Paratici estão preparando uma ótima pré-temporada para nós.
- Sim, claro! – Max sorriu e Agnelli indicou a porta om a mão e esperei Allegri ir na frente para seguir logo atrás.

Lui
4 de agosto de 2014
Eu estava em paz. Estava quieto, sozinho e esse era o significado de paz para mim atualmente. O local era estranho, vazio, quase como uma praia deserta. Eu conseguia ouvir o som do mar batendo contra as pedras, sentir o vento sobre o rosto e estava tudo muito bem. Bom, quase tudo bem, eu sentia uma coceira chata em minha testa que não me fazia ter paz, mas isso não era do sonho. Levei a mão até o local e senti algo grudento colar na mesma e abri os olhos, vendo minha mão cheia de algo branco e algumas risadas ecoaram à minha volta.
- Ah, cara! – Suspirei, olhando para minha mão e vi Pepe e Padoin sorrindo para mim das poltronas da frente.
- O que é isso? – Perguntei, fazendo uma careta.
- Espuma de barbear. – Pepe falou.
- Ah, Manu! – Falei, olhando rapidamente em volta do ônibus fretado para o time e não encontrei-a. Olhei para e ela parecia bem pacífica no seu notebook. – Ah, que merda, como... – Me assustei com uma curta buzina na minha orelha e a vi se erguer de trás do meu banco, fazendo algumas gargalhadas ecoarem. – CAZZO, MANU! – Falei, ouvindo-a rir.
- Buongiorno, capitano! – Ela disse sorrindo e passei a mão em seus cabelos azuis, vendo-a se esquivar.
- Por que você faz isso? – Perguntei, passando o resto do creme na calça e peguei a barra da blusa para passar nos olhos.
- Você já me viu parada? – Ela perguntou, apoiada no encosto.
- Acho que não. – Falei, bocejando.
- É porque eu não consigo. – Ela sorriu. – Agora imagina 15 horas de voo? – Bufei.
- Que ótimo. – Suspirei.
- Ela fez isso com quase todo mundo que dormiu. – Pirlo falou da poltrona do lado e rimos juntos.
- Por quê? – Falei, desafivelando os cintos e ela riu, se jogando ao lado de Pogba novamente.
- É para combinar com esses pelinhos brancos na sua barba. – O pessoal gargalhou à nossa volta.
- Você é um demônio! – Falei.
- Também te amo. – Ela sorriu e eu me levantei, seguindo até o banheiro. Passei por , vendo se ela teria qualquer reação, mas ela continuou digitando no notebook.
Fui para o banheiro, vi meus cabelos cheio de espuma de barbear e passei a mão nela para tirar e abaixar os fios. Aproveitei o cubículo para mijar e dar uma jogada de água na cara. Não fazia a mínima ideia de que horas eram, as janelas estavam abaixadas ainda e, se não fosse algumas luzes ligadas, o avião estaria um breu. Saí do banheiro, voltando para meu lugar e me sentei no corredor novamente.
- Chega para lá! – Vi Manu ao meu lado.
- O que quer? – Perguntei e ela movimentou a mão para eu ir para o lado e eu pulei para a poltrona do lado.
- Precisamos conversar. – Ela falou e eu suspirei.
- Você veio só para encher meu saco? – Perguntei.
- Não só o seu como do time inteiro, qual é, estamos indo para Indonésia, Gigi, isso é demais! Seja menos velho emburrado. – Ri fracamente a vi se jogar ao meu lado.
- Ok, fala. – Indiquei a mão para ela.
- Eu tenho umas perguntas para te fazer sobre alguém que é nossa chefa. – Ela falou baixo e eu franzi a testa.
- Sobre ? – Perguntei, franzindo os olhos.
- Sim. – Ela sorriu.
- O quê? – Suspirei.
- Eu realmente preciso dizer?
- Se você quer perguntar algo, sim, precisa. – Ela riu fracamente.
- Eu sei sobre vocês, ok?! – Ela disse baixo. – E o terceiro elemento.
- Ah, Emanuelle, não quero falar disso agora, muito obrigado. – Falei. – Já tive dor de cabeça o suficiente sobre isso nas últimas semanas, gostaria de relaxar um pouco. – Ela revirou os olhos.
- Ok, não está mais aqui quem falou, mas só gostaria de dizer que vocês são bonitos juntos... – Ela suspirou. – Sei lá, parece perfeito.
- Ela não pensa o mesmo. – Falei baixo.
- E deveria pensar diferente depois do que vocês fizeram? – Ela deu de ombros, se levantando e franzi os olhos.
A não contaria para uma menina de 20 anos, que não tinha nada a ver com a nossa vida privada, sobre o ménage, contaria? Inclinei meu corpo para trás, vendo na última fileira e ela não pareceu se mexer. Manu parou na de Llorente e se sentou onde parecia ser seu lugar de verdade. Ela e o espanhol comentaram alguma coisa junto do novato Morata e vi os cabelos azuis sumirem no escuro.
Neguei com a cabeça, suspirando e tentei relaxar o restante da viagem. Chegamos em Jakarta por volta das 23 horas. Todo mundo estava com sono e estávamos seis horas na frente do que estamos acostumados, isso bagunçava um pouco com todo mundo. Eu consegui dormir bem durante a viagem, mas nem tanto, o povo se manteve agitado nas primeiras horas.
Fizemos a imigração, pegamos nossas malas e saímos pelo aeroporto. Fiquei realmente surpresa pela quantidade de gente que tinha no aeroporto. Era loucura e surreal. O marketing tinha nos mostrado alguns vídeos e imagens do pessoal que nos esperava, mas era com certeza algo diferente do que eu imaginava. Eles enchiam o aeroporto com bandeiras, blusas e outros itens do time. Era mais do que chegar em Turim após vencer o campeonato.
Assinei algumas camisetas e tirei algumas selfies e fomos para o ônibus, durante nosso caminho para o hotel, alguns torcedores ainda nos seguiram e até perseguiram um pouco o ônibus na saída do aeroporto. Todos estávamos boquiabertos. Observei um pouco da cidade enquanto seguíamos até o hotel e era realmente bonita e tecnológica. Todos estavam empolgados, inclusive Manu que não parecia de tirar fotos. Chegamos ao hotel com a mesma animação na porta, mas logo fomos colocados para dentro. Angela conversou junto do gerente que nos deu algumas palavras de boas-vindas em um inglês que foi difícil de entender. Eu falava pouquíssimo, mas o entendimento não era tão mal.
- Beh, ragazzi, presta atenção aqui! – Ela disse. - Nós vamos separar vocês, façam suas duplas. – Angela disse. – Depois vocês podem optar em ir jantar no restaurante ou dormir. Amanhã vocês irão treinar em um CT aqui perto de um time local e, depois de amanhã, será o jogo contra a Liga das Estrelas da Indonésia. O jogo será às 20 horas no estádio Bung Kamo que cabe 80 mil pessoas. – Me surpreendi. – Após o jogo seguiremos para Sydney, Austrália e darei mais informações quando chegarmos lá. Dúvidas? – Ela olhou e ninguém tinha. Seriam dois dias corridos e talvez muito mais depois.
Um pessoal foi comer e eu optei por ir direto para o quarto com Chiello junto de outro pessoal, inclusive e Emanuelle. Entramos junto e percebemos que todos íamos para o mesmo andar. Quando a porta se abriu, deixei que o pessoal saísse e puxei pelo braço.
- Ei! – Ela puxou de volta.
- Eu quero falar contigo. – Ela revirou os olhos.
- AH, qual é a de hoje? – Ela perguntou.
- Você falou para Manu sobre nós? – Perguntei baixo, vendo a de cabelo azul seguir a frente, procurando os quartos.
- Quê? Não! – disse, franzindo os olhos.
- Como ela sabe, então? – Perguntei.
- Barza! – Ela disse, puxando o braço de volta e seguiu em frente. Suspirei, revirando os olhos.
- Vamos, Gigi, eu quero dormir! – Chiello disse e eu segui até ele, vendo ficar no quarto antes, batendo a porta quando eu passei e segui até Chiello, entrando no quarto e fechei assim que passei. – Tudo certo, cara?
- Sim, está. – Falei baixo, suspirando. – Só dor de cabeça, cara!
- Estamos do outro lado do mundo, Gigi, aproveita! – Ele disse e eu ri fracamente.
- Parte do meu problema veio junto. – Ele riu fracamente. – E, de quebra, ainda trouxe a aprendiz junto. – Ele negou com a cabeça e deixei minhas malas do lado da primeira cama.
- Ah, fala sério, Gigi, você consegue imaginar nossa vida sem a Manu depois que ela veio para o time? – Sentei na beirada da cama, tirando o tênis. – Ela é sapeca, mas ela é ótima. – Suspirei.
- Pior que não! – Ri fracamente. – Ela é ótima mesmo.
- Então, cara. Ignora seus problemas com a e curta! Logo mais começa o campeonato e aí eu quero ver relaxar.
- Só no próximo ano. – Disse e ele riu fracamente.
- Tipo isso. – Sorri.
- Se importa se eu tomar banho antes? – Perguntei.
- Não, pode ir! – Ele falou e eu assenti com a cabeça, colocando minha mala no chão e abrindo, pegando minhas coisas antes de seguir até o banheiro.


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Lei
Oito de agosto de 2014
- Gigi, quais suas expectativas para o jogo de domingo? E se reencontrar com Del Piro?
- Ah, vai ser ótimo o reencontro entre o Alessandro e a Juventus para esse jogo, espero que tenha uma forma de fazer isso de uma forma até mais romântica, sem que ele faça gol em mim. – Ri fracamente, negando com a cabeça.
- Próximo, aqui... – Angela indicou.
- Allegri, o que você espera desse jogo?
- Esperamos um jogo mais difícil do que o feito na Indonésia, o futebol australiano cresceu muito e será um ótimo treino para nós, pensando já nos jogos seguintes em Cingapura. Existem testes importantes que precisamos fazer, melhorar nosso físico e tático, em vista da nova temporada e tantas metas a bater.
- Tevez, aqui, por favor... – Virei o rosto para trás, vendo os cabelos azuis desbotados de Emanuelle balançarem sobre o vento e ignorei a próxima pergunta, saindo de baixo do toldo e senti o sol bater em meu rosto, me obrigando a abaixar os óculos escuros.
Observei um pouco mais longe a ponte e sorri, suspirando. Quem diria que você chegaria tão longe, ? Pensar que eu consegui sair de Palermo era loucura, mas estar na Austrália era um sonho muito irreal para mim. Ver esse teatro incrível, a ponte, a baía, era simplesmente perfeito. Já tinha derramado várias lágrimas ao chegar, mas sentia que não tinha sido o suficiente.
Depois do jogo na Indonésia dois dias atrás, o qual ganhamos de lindos 8x1, acho que era isso que Allegri estava falando, viemos cedo para Austrála. Chegamos aqui as 6:30 da manhã com uma recepção tão grande quanto em Jakarta. Ganhei de cara um bichinho de pelúcia em formato de um coala, não poderia me sentir mais feliz. Os jogadores descansaram e foram para treino na parte na tarde. Hoje tinha a coletiva aqui no Opera House de Sydney e à noite teria um jantar de gala com alguns jogadores selecionados pelo patrocinador. Estava animada, encontraria Del Piero lá e, o melhor, não teria Buffon para me encher o saco.
- Se divertindo? – Perguntei para Manu e ela virou o rosto para mim.
- Ah, chefa! – Ela saltitou em minha direção, me abraçando pelos ombros. – Eu estou tão feliz em estar aqui! Eu não sei como te agradecer. – Sorri.
- Não precisa agradecer, você está ajudando o pessoal e eu não fico sozinha aguentando os meninos. – Falei, passando as mãos em sua cintura e ela sorriu.
- Aqui é lindo demais! – Ela suspirou, apoiando a cabeça na minha. – Sabe, eu nunca tinha saído do país antes de ir para Itália. – Ela disse rindo. – Bom, saí sim, mas ir para o Paraguai não conta.
- Por que não? – Perguntei.
- Faz divisa com o meu estado, a gente atravessava para comprar muambas e...
- O quê? – Perguntei rindo.
- Deixa para lá. – Sorri. – Mas ir para Itália já foi o auge da minha vida, agora Austrália e Finlândia em seis meses? Eu quero trabalhar para você para sempre! – Sorri.
- Eu gosto de você, Manu! – Sorri. – Talvez não devesse te trazer, mas estou precisando de alguém para me acalmar.
- E eu sou a melhor opção? – Ela disse rindo.
- Você viu as outras opções? – Brinquei.
- É, eu sou a melhor opção. – Rimos juntas. – Mas o pessoal te ama, chefe, até o Evra que é novo já te ama.
- Eu sei, só estou em um mal momento para ficar de brincadeiras, sabe? – Suspirei.
- É sobre... – Ela indicou a cabeça e eu suspirei.
- Sobre ele namorar a única pessoa que eu tenho um certo ódio na vida? – Ela assentiu com a cabeça. – Em partes, mas estou mais preocupada em ter magoado o Barza mesmo.
- Nada ainda? - Ela perguntou.
- Não, e eu desisti de ir atrás, sabe? Uma hora ele vai ter que voltar para o time e eu falo com ele.
- Ele deve estar triste, chefa, ou com ego ferido, sei lá, você sabe como são os homens. – Ela deu de ombros e eu ri fracamente.
- Você me disse que nunca namorou e me fala isso?
- Não preciso saber como são os homens em um relacionamento, é só ver como o Bonucci fica após eu fazer piada com a cara dele. – Ela falou e eu ponderei com a cabeça, rindo em seguida.
- Errada você não está! – Rimos juntos.
- Eu nunca namorei, chefa, mas isso não me impede de saber ler a situação. Eu suspeitei sobre você e o... – Ela indicou com a cabeça de novo. – Sem realmente saber que tinha algo, só achei que não, porque sabia de você e do Barza.
- Quando você diz... – Indiquei o local com a cabeça. – Para falar do Gigi, você pode fazer isso também para falar do Barza, ok?! O ambiente está minado demais.
- Se eu falar português ajuda? – Ri junto, sorrindo. E vi o pessoal saindo da tenda.
- Vem! – Chamei-a pela mão e ela veio rapidamente em minha direção.
Allegri, Gigi, Evra e Tevez, além de Angela e um de seus assistentes, finalizaram a entrevista e seguiram para fora da tenda montada para a coletiva junto dos jornalistas e vieram em nossa direção. Eles seguiram à nossa frente junto dos fotógrafos e acompanhei o olhar sério de Gigi sobre mim e preferi desviar antes que virasse alguma risada zombeteira. Os quatro juntaram na direção da ponte da baía e sorriram para algumas fotos.
- Vem cá, chefa! – Manu me chamou.
- Onde?
- Vem! – Ela disse, me puxando pela mão e demos alguns passos para frente. – Agora você vira. – Ela disse, puxando o celular do bolso. – E sorria.
- O que vai fazer?
- Tirar fotos suas, é claro! – Ela disse, se afastando alguns passos, na direção de onde os meninos estavam.
- Por quê? – Falei rindo, jogando meus cabelos para trás.
- Porque você é uma mulher linda e está em um dos cartões postais mais lindos do mundo?! – Ela disse, ajeitando o celular em minha direção e neguei com a cabeça, sorrindo.
Neguei com a cabeça, dando alguns sorrisos e ela girava seu celular para todos os lados. Se abaixava, subia nos bancos e eu só conseguia rir com seu exagero para tirar fotos, mas ela instigava falando que estava linda, o que me fazia sorrir mais.
- Pronto! – Ela disse, pulando do banco, indo de joelhos no chão com o feito, me fazendo rir e veio em minha direção. – Veja o que acha! – Ela esticou o celular para mim e passei pelas fotos uma a uma, apesar que achava que tinha umas 200.
- Uau, Manu, estão lindas. – Sorri. – Você tem jeito para coisa.
- Ah, que nada, eu só me divirto. – Ela disse rindo.
- Não, sério. – Falei honestamente. – São lindas mesmo. Você tem jeito para coisa. – Ela sorriu.
- Obrigada! – Rimos juntas. – Posso fazer uma selfie? – Ela perguntou.
- Claro! – Falei e ela esticou o celular para frente, nos fazendo sorrir.
- Espera o principal! – Viramos o rosto, vendo Evra correndo para nossa direção e abraçando-a de lado. – Agora sim.
- Ah, Patrice! – Falei rindo e Manu tirou algumas fotos, abaixando o celular.
- Venham aqui, seus chatos! – Ela gritou para os outros três e eles vieram em nossa direção. Tevez se colocou na frente, Allegri do meu lado e Gigi do lado dele. Sorrimos para as fotos.
- Qual o preconceito? – Pavel apareceu e rimos juntos.
- Vem logo, seu chato! – Manu disse rindo e o resto do meu quinteto entrou no grupo, depois Angela e seu assistente, fazendo Manu se afastar cada vez mais para tirar a foto e sorrimos. – Agora sim!
- Todos aqui? – Agnelli perguntou.
- Sim! – Manu disse animada. – E não é que ficou legal? – Ela jogou o celular em minha mão e olhei para a foto, suspirando ao ver o sorriso de Gigi na mesma e entreguei de volta.
- Me envia as minhas depois, por favor.
- Pode deixar! – Ela falou animada. – Vou só ver se precisa editar, mas eu preciso sair desse sol! – Ela disse, erguendo a mão para o sol.
- Bom, vamos? – Pavel perguntou. – Ainda tem o evento hoje.
- Sim, está um pouco em cima da hora já. – Falei, checando o relógio.
- Vamos, então. – Angela disse.
- Me manda essas fotos, Manu! – Ouvi Gigi dizer.
- Todas?
- É, todas! – Ele falou.
- Ok... – Ela disse, seguindo em frente.
Andamos até o microônibus que tinha nos trazido e fiquei em um dos primeiros bancos com Manu. Chegamos no hotel e cada um foi para um canto. Manu ficou no térreo com Vidal, Pogba e o novato Morata – o lindo novato Morata, devo dizer. Lindo e da idade dela – e eu fui direto para o quarto para me preparar para o jantar de gala.
O jogo de depois de amanhã seria contra o “All-Star” australiano, isso não queria dizer muita coisa, pois não conhecíamos ninguém desse All-Star, mas seria o encontro de Del Piero com a Juventus e Alex realmente se aposentaria ano final do ano, então era bom fazer parte disso. Lá eu poderia encontrar, além dele, Sonia, que eu não via desde seu último jogo em 2012. Aquele fracasso de Coppa Italia, mas tudo bem.
Eu tomei banho, fiz uma escova em meus cabelos, prendendo-os em um rabo de cavalo alto e me maquiei. Mais uma vez eu optei por um vestido preto, mas dessa vez ele era bem fresquinho, de alcinhas, um pouco mais armado e com uma fenda. Optei por um sapato preto e estava pronta. Arrumei minha bolsa de mão rapidamente e vi que estava uns minutos adiantadas do horário combinado.
Devo ter ficado umas duas horas lá no quarto, pensei que isso fosse fazer o pessoal seguir para outros afazeres ou talvez até jantar devido ao horário, mas foi abrir o elevador que pude ver todo o mesmo pessoal lá embaixo e Pogba e Vidal foram os primeiros a assoviar para mim.
- Espera que agora eu morri! – Vidal fingiu se jogar no chão e eu revirei os olhos, ouvindo o pessoal gargalhar, com exceção de um que tinha travado no chão.
- Para, Arturo! – Falei firme.
- Não! Olha isso, chefa! Cara! – Ele disse animado.
- Respeita a , cara! – Llorente, que já estava com seu terno, bateu nos ombros dele. – Está muito bonita, chefa.
- Obrigada, Fer, alguém tem que ser um pouco centrado nesse time. – Suspirei, batendo a bolsa na mão.
- Acho que a palavra seria contido, . – Chiello disse e rimos juntos. – Mas você está linda, como sempre. – Sorri e ele deu um beijo em minha bochecha. – Precisa de acompanhante? – Rimos juntos e empurrei-o para longe.
- Hoje eu serei o acompanhante dela, ok?! – Marchisio saiu do elevador lindo como sempre em seu terno e eu ri fracamente, vendo-o ajeitar o paletó.
- Adoro que vocês falam como se fossem solteiros. – Falei, dando de ombros.
- Eu estou solteiro. – Pirlo disse e eu revirei os olhos.
- Uhum, tá! – Falei fracamente, não querendo causar mais. Pirlo tinha a história bem similar à de Gigi, casamento de longa data, foi visto traindo a esposa e se separou. E o melhor? Continua com a mulher. – Ainda não entendo o que passa na sua cabeça e na daquele ali, mas obrigada.
- Ei! – Gigi falou.
- Eu menti? – Perguntei o mais sarcástica possível.
- Não. – Manu, que estava com o rosto apoiado no ombro dele, falou baixo e eu ri fracamente.
- Bom, agradeço a todos, mas eu tenho meu companheiro de sempre. – Indiquei Pavel que vinha dos fundos do hotel.
- Eles estão brigando de novo para saber quem vai ser seu par? – Ele disse rindo.
- Para você ver. – Falei.
- Eu sou o par da , ok?! – Ele disse, me estendendo o braço. – Precisamos aumentar nossa coleção de fotos, afinal, só tem fotos minhas naquele mural dela. – Ele disse e rimos juntos.
- Não é verdade, mas também não está completamente errado. – Falei.
- É claro que não. – Ele sorriu e eu me apoiei nele.
- Bom, estão todos aqui? – Angela olhou para ver se todos estávamos. Além de mim, Pavel, Agnelli e Allegri, iria Marchisio, Llorente, Bonucci, Tevez, Pirlo e Evra. Ah, e Angela, é claro. – Vamos, então. Boa noite, senhores. – Ela disse.
- Boa noite! – Falei no maior tom criativo.
- SE UM AUSTRALIANO ESTILO HUGH JACKMAN TE DER MORAL, NÃO PERCA A OPORTUNIDADE, CHEFA! – Manu gritou. – AI! – Ela gritou e virei para trás, vendo que Gigi tinha cutucado-a. – O que eu fiz? Lascia!
Ri fracamente e segui até um dos Jeep estacionados na porta junto do pessoal, entrando no mesmo. Eu não gostava muito desses jantares e estava ficando cada vez menos empolgava para eles conforme os anos passavam. Não podia curtir a música, comer ou beber um pouco, era só cumprimentar acionistas, estrelas do futebol e pessoas importantes enquanto eu rezada para conseguir beber uma taça inteira de champanhe antes do fim do evento.
Chegamos ao local e os carros estacionaram um a um. Saí do mesmo, ajeitando meu vestido para trás, segurando-o lateralmente para ele não subir demais. O local parecia similar ao OGR em Turim, diversos tamanhos e espaços para qualquer tipo de evento. Entramos no mesmo, Angela nos guiando pelo local e não precisei mais do que alguns passos para ver o homem da noite.
- Você não tem ideia como eu esperei tanto por isso! – A voz mais fina de Alex se sobressaiu sobre o local vazio e eu sorri, olhando rapidamente em volta, vendo que o pessoal que o conhecia me deixou ir na frente, envolver o mais baixo em um abraço.
- Ah, Alex! – Suspirei, apertando-o pelos ombros e ele me abraçou pela cintura. – Que saudades de vocês!
- Eu também senti sua falta. – Ele sorriu. – Todos os dias eu sinto sua falta, do pessoal, do Gigi. – Ri fracamente. – Como estão as coisas?
- Você quer dizer...
- O time, Turim... Vocês. – Ri fracamente.
- Bem, bem e... Do jeito de sempre. – Sorri e ele ponderou com a cabeça.
- Viu?! Que saudades! – Rimos juntos e ele estalou um beijo em minha bochecha.
- do céu! De pensar que quando eu te vi pela primeira vez você era mais perdida do que eu. – Sonia disse ao seu lado e gargalhamos juntas, nos abraçando fortemente. – Mulher, como você está um arraso.
- Ah, Sonia, que saudades de você! – Movimentamos os ombros de um lado para outro, fazendo nossas risadas ecoarem pelo local e outro o resto do pessoal cumprimentar Alex. – Como vocês estão aqui? E as crianças? Você está linda! – Ela sorriu.
- Ah, estamos muito bem, é diferente que na Itália, sabe? As crianças tiveram muita dificuldade para se acostumar, mas ele é meios assediado, então acaba tendo uma vantagem.
- E eles, onde estão? – Perguntei.
- Eles vão ao jogo, ficaram em casa, só Deus sabe que horas vai acabar, né?! – Rimos juntas. – Lembra das festas de Natal do time?
- Se você ver o que eu e a Angela fizemos com as festas de Natal do time, Sonia, você ficaria surpresa. – Falei, ouvindo-a rir.
- Mentira que está legal?
- Está muito mais do que legal, está à altura da Juventus. – Sorri.
- Bom, depois de três scudetti e patrocínios milionários, a gente nem se surpreende. – Ela disse rindo, entrelaçando nossos braços. – Eu sabia que você ia trazer esse time para outro nível. Só precisavam de alguém capacitado. – Ela disse, nos fazendo gargalhar em seguida.
- Senhoras, podemos entrar? – Angela falou.
- Senhora só tem uma, a outra é senhorita. – Sonia disse rindo. – É ainda?
- Ainda... – Suspirei.
- E você e o...
- Ah, nem me fale, estamos da mesma forma ainda, talvez até pior. – Suspirei. – Se você souber das últimas...
- Não me esconda nada! – Ela disse animada, enquanto seguíamos em direção a entrada do jantar e já sabia que minha noite tinha ficado mais incrível ainda, eu só não falaria exatamente tudo para ela. Talvez não fosse necessário e apropriado.

Lui
10 de agosto de 2014
Chegamos no Estádio ANZ e eu me sentia empolgado como meu primeiro jogo como profissional. Depois de um ano eu encontraria Alex e, melhor, jogaria com ele. Não no mesmo time, mas seria bom poder dividir esse momento com ele. Ele estava se aposentando, então estar ao lado de torcedores que tanto o apanhou em seu tempo na Juventus me parecia uma forma ótima de encerrar isso. E eu me sentia feliz por poder dividir isso com ele.
Seguimos para o vestiário para nos arrumar e não enrolei muito. Era começo de temporada, não precisava de fisioterapia ainda, então troquei de roupa e segui de volta para o túnel, à espera de Alex. Não demorou muito para ele sair do vestiário com um largo sorriso no rosto.
- Ah, Gigi!
- Alex! – Falei rindo e o abracei fortemente. – Que saudades de você, capitano.
- Não, você é o capitano agora! – Ele disse sorrindo. – E tem feito um ótimo trabalho pelo que eu tenho visto.
- É, a gente tenta. – Falei rindo. – Mas capitano só um, e a gente cantava muito bem isso.
- É, mas legados seguem e mudam. – Ele disse rindo. – Ah, ela aí! – Ele falou e senti alguém esbarrar em meus ombros e vi abraçar Alex, me fazendo revirar os olhos.
- Cai fora, . Vocês já se viram sexta. – Ela gargalhou.
- Cala a boca, Gianluigi. Eu fiquei mais com a Sonia, nem consegui aproveitar. – Ela disse.
- Ficou porque quis, agora sai daqui. – Falei e ela revirou os olhos.
- Ei! Tem Alex para todo mundo, relaxa! – Alex disse e eu e bufamos juntos. – O que está acontecendo aqui? – Ele perguntou. – Parece que vocês estão piores de quando os deixei.
- Ela irritadinha comigo. – Falei, bufando e ela virou para mim com um sorriso sarcástico no rosto.
- É, conta para ele por que eu estou irritada contigo. – Ela cruzou os braços em minha direção. - Vai! Conta suas grandes vitórias desde maio. – Ela disse sarcástica. – Na verdade, vai saber até quando isso está acontecendo.
- Ah, agora a culpa é minha por você ficar com o Barza? E, bem, aparentemente bem infeliz. – Falei rindo.
- Eu não estava infeliz, seu idiota...
- Ah, não pareceu quando você estava gemendo o meu nome! – Falei rindo, virando para ela com o mesmo sorriso.
- Espera! Barza em Barzagli? - Alex falou.
- Cala a boca, Gianluigi. – Ela falou.
- É, ela está com o Barza, Alex.
- Eu não...
- Olha que surpresa! – A interrompi. – Contrata e fica com ele! – Gargalhei sarcasticamente – Achei que seria o Quagliarella ou o Matri, mas não, foi meu amigo. – Falei com o tom de sarcasmo da voz.
- Vi bem sua preocupação comigo em todos os momentos que você podia me ter e não teve. Depois que perdeu, sentiu falta, foi?
- Não adianta namorar comigo e trair seu namorado, viu?! Não era isso que você me falava? – Vingança é um prato que se come frio mesmo. – Suspirei.
- Ah, agora é o sujo falando do mal lavado. Gostei, muito interessante. – Ri fracamente. – Em nenhum momento eu interferi em algum relacionamento seu, você fez isso sozinho, agora você...
- Ah, fica quieta, . – Falei firme. – Você tenta fingir que não tem culpa de nada, mas se eu não me engano, o que vai ser impossível esquecer aquele dia, a decisão era sua. E você aceitou com muita facilidade. – Fingi pensar. – Foi por causa de mim? Se fosse outra pessoa talvez você não aceitasse?
- Gianluigi... – Ela me chamou.
- Cara, vai devagar.
- Não, Alex, escuta essa! – Falei. – Ela joga uma culpa inteira em mim, quando ela topou sem nem pensar duas vezes. – Ri fracamente. – E ela também deixou eu fazer anal nela, não ele... – Minha face ardeu com o tapa que ela me deu e olhei assustado para ela que tinha os olhos vermelhos.
- Cala. A sua. Boca. – Ela falou firme e devagar. – Da próxima vez que eu te ouvir falando assim da minha vida pessoal... Da nossa vida pessoal, eu te mato, Gianluigi. E eu vou gostar. – Ela disse entredentes com lágrimas brotando em seus olhos.
- Espera um minuto! – Alex disse, parecendo que havia visto um fantasma. – Você está dizendo que...
- Nada! – falou firme. – Ele só está sendo um idiota como sempre. – Ela passou as costas da mão na bochecha. – Bom te ver, Alex, nos falamos depois. – Ela disse rápido, se retirando rapidamente, fazendo questão de esbarrar em meu ombro quando o fez.
- Droga! – Falei bravo. – Agora saio como o vilão. – Bufei. – Talvez eu tenha exagerado um pouco.
- UM POUCO? – Alex falou alto. – Cara, você realmente falou, assim, abertamente, para quem quisesse ouvir... – Olhei rapidamente em volta e ele abaixou o tom. – Que você e a tiveram um ménage? – Ele perguntou. – Com Barza? – Ele falou baixo.
- É, falando em voz alta fica pior ainda. – Bufei. – Sim, cara. – Neguei com a cabeça. – Eles estão juntos, eu estava tentando chegar nela faz tempo, ela me afastava, enfim...
- E você achou que seria uma ótima ideia?
- Ei! Eu não obriguei ninguém! Eles toparam. – Dei de ombros.
- E agora?
- O quê? – Perguntei.
- Como estão as coisas?
- Bom, como pode ver, ela não quer olhar na minha cara e eu não tenho colaborado para que ela olhe...
- É óbvio! Não importa os problemas de vocês, isso é algo muito privado para falar de alguém, e ela é top três do time, cara. – Ele me deu um soco no ombro.
- Ai! Eu só estou irritado, real. Ela e o Barza esconderam isso de mim até eu descobrir sozinho, agora todo mundo fica jogando a culpa em mim como se eu fosse errado. Eles estão juntos, então eu fiquei com a Ilaria, pelo menos passa meu tempo.
- Espera aí! – Ele me freou. – Ilaria?
- É, eu acabei ficando irritado quando a me afastou, eu estava conversando com a Ilaria da Sky Sports e aí eu fiquei com ela, paparazzi pegou, Alena pediu divórcio, quer mais distância ainda de mim, enfim...
- E Barza?
- Fez uma cirurgia no pé e só Deus sabe quando volta. – Falei.
- E eles estão juntos?
- Sim! – Falei, suspirando. – E eu estou relaxando com a Ilaria, a imprensa já sabe, não é como se fosse alguma novidade.
- Eu ia te pedir para não fazer merda, mas você já fez. – Ele disse rindo.
- Não fiz nada, cara, pelo menos não sozinho.
- Cara, Ilaria? Sério? – Ele disse rindo. – Trocar a pela Ilaria? É como pular sem paraquedas de um prédio de 100 andares.
- E eu não troquei ninguém, ela está com Barza. E eu e a Ilaria não temos nada sério, relaxa.
- Já ouvi isso da última vez. – Ele disse rindo.
- Idiota! – Abracei-o de lado e ele sorriu.
- A gente precisa conversar com mais frequência. Não nos vemos há um ano e acontece tudo isso? Fala sério! – Rimos juntos e seguimos em direção ao campo.
Fizemos os treinamentos e depois voltamos para nos preparar para o jogo. Todo mundo que conhecia Alex ia falar com ele, o abraçava e trocava algumas palavras para nosso verdadeiro capitano. Quando voltamos, nos arrumamos e logo seguimos para ir para o campo. Eles haviam preparado uma homenagem especial para ele em seu último dia como jogador de futebol.
Alex me dava certa inspiração, na verdade. Ele faria 40 anos em novembro, como goleiro se desgastava menos que jogador de linha, tinha a esperança de que pudesse jogar alguns anos, como ele.
No túnel, nos organizamos para entrar e a liga australiana faltava uma pessoa. Observei perto de Pavel e ela segurava uma criança no colo, Sonia estava perto dela, então imaginei que fosse o filho mais novo de Alex. Próximo a eles, também tinha um cara com a blusa azul do time australiano, nome Rose nas costas. Ele parecia observar e eu franzi o olhar, já querendo encher esse cara de porrada. Não olha para minha mulher, cara. Pode tirar esse sorrisinho do rosto.
Entramos no campo e ele estava com decorações para a entrada de Alex. Ao invés de formarmos uma fila, fizemos um corredor para receber ele, com as crianças na nossa. Após uma introdução que falava sobre a carreira de Alex, ele entrou junto de seus três filhos, Dorotea, Tobias e Sasha, e Sonia ficou logo após o túnel ao lado de .
Eu não podia estar mais feliz e orgulhoso pelo meu amigo, então o aplaudi com um largo sorriso no rosto junto de todos meus companheiros e torcedores juventinos. Além do pessoal australiano, mas eles não sabiam sua história como nós. Dois anos não era nada comparado a 19.
Nos separamos e foi engraçado eu escolher entre campo ou bola justo com Del Piero, mas eu não podia estar mais feliz. É algo que só foi possível realmente quando ele saiu da Juventus, apesar de que preferia estar ao lado dele. Trocamos as flâmulas e dei um forte abraço nele, seguindo para o jogo.
O jogo foi diferente do jogo em Jakarta, não foi aquele mar calmo que esperávamos e precisamos sofrer um pouco para vencer.
Eles abriram o placar aos nove minutos com gol de Carrusca e nós só conseguimos empatar aos 59 minutos com gol de LLorente. Aos 63, o técnico deles chamou Alex e tinha oficialmente sido o último jogo da carreira dele. Pelo menos eu acho, não estava muito por dentro e não conversávamos muito. O aplaudimos animadamente e foi cumprimentar os torcedores como ele tinha feito em Turim no seu último jogo. Aqui, eles fizeram mais uns gols aos 77, Pogba igualou novamente aos 88 e Pepe fechou o jogo em 90+3 para selar nossa vitória.
Apesar do jogo mais difícil, pelo menos fora um treino mais sério. Diferente do 8x1 em Jakarta. Agora era hora de sentar com o novo técnico e entender os pontos fracos e fortes dessa nova equipe. Bom, depois que voltarmos para casa.

Lei
15 de agosto de 2014
- NO! – Tevez gritou rindo. – Não joga essa!
- Já era! – Manu gritou, pegando a carta na mesa e fazendo os outros latinos gargalharem.
- Vai, Manu! Salva a nossa pele! – Morata gritou rindo.
- Eu pego o seu dois e eu junto com meu As e... – Manu abriu seu jogo na mesa. – Uma canastra real!
- Não acredito que eu fiz isso! – Cáceres disse gargalhando.
- Isso dá o que? 500 pontos? – Morata falou gargalhando.
- Não lembro! – Manu disse rindo e olhando no celular.
- Vai, descarta, deixa eu tentar fazer um milagre. – Tevez disse.
- Hum, deixa eu ver. – Manu espiou os jogos dele e de Cáceres. – Ah, vai esse três aqui.
- NÃO DESCARTA O DOIS NUNCA, CARA! – Tevez gritou para Cáceres e o pessoal em volta de latinos e espanhóis só gargalhavam.
- O que eles estão jogando? – Chiello perguntou, se colocando ao meu lado.
- Acho que se chama buraco. – Falei. – Pelo jeito é parecido com nosso scala, mas com mais cartas e outras formas de descarte.
- Parece ser divertido, eles só estão rindo. – Ele disse.
- Ah, passar o tempo, né?! – Dei de ombros, bebendo o resto do meu suco.
- Está tudo bem contigo? – Chiello perguntou e eu virei para ele.
- Sim, por quê? – Perguntei.
- Você está quieta. – Ele disse e dei um sorriso de lado para ele, suspirando.
- Está tudo bem, prometo. Só estou meio... – Ponderei com a cabeça. – Desanimada, cansada, fuso-horário está me matando, mas bem.
- Você sabe que pode vir falar comigo para o que for, não sabe? – Ele perguntou.
- Sei sim, eu só realmente não quero externalizar mais. Ficar pior do que já estou. – Dei um sorriso.
- Barza me disse o que houve. – Olhei para ele. – Que vocês terminaram.
- Isso é bem relativo, na verdade. – Ri fracamente. – Ele terminou comigo e não consegui nem me explicar. – Suspirei. – Apesar que eu acho que não tinha muito explicação. – Falei baixo.
- Ele me falou meio por cima... – Ele disse e acabamos nos afastando devagar da mesa do pessoal que jogava e seguimos mais para o canto.
- O que ele te falou? – Perguntei, sentindo minha garganta se fechar pela possibilidade.
- Que você o beijou na frente do Gigi para fazer ciúmes nele. – Ri fracamente. – É verdade?
- É um jeito de colocar as coisas. – Suspirei. – Aconteceu meio rápido demais. – Ele passou uma mão pela minha cintura e fiz o mesmo em seus ombros. – Eu não consigo viver assim, Chiello.
- Como?
- Assim! – Ri fracamente. – Com esse buraco no peito... – Senti minha voz afinar. – Como se todo mundo pudesse ser feliz, menos eu. – Suspirei. – Que todo mundo pode seguir em frente, menos eu.
- Vem cá! – Ele me abraçou forte e passei meus braços em suas costas, apertando-o contra mim. – Eu não sei o que é sentir isso e nem sei uma solução mágica para você fazer isso parar de doer, mas eu quero que saiba que eu vou estar aqui por você pelo tempo que você quiser ou precisar. – Ele falou baixo em meu ouvido. – Enquanto você continuar renovando meu contrato, pelo menos. – Gargalhamos juntos e me afastei, dando um tapa em seu ombro.
- Seu tonto! – Falei e ele abriu um sorriso.
- Pelo menos te fiz sorrir. – Neguei com a cabeça, passando as mãos embaixo dos meus olhos, rindo fracamente.
- Obrigada. – Sorri.
- Nem todos são idiotas igual ao Gigi, . Alguns realmente querem ser seu amigo.
- Depois de todo esse tempo, se não fosse, acho que teríamos um pouco de problema... – Ele sorriu.
- Sim, mas estar lá pelos outros e realmente estar são suas coisas diferentes.
- E a gente veio até Cingapura para abrir o coração? – Ele deu de ombros.
- Bem, são quase duas da manhã e ninguém dormiu, o pessoal está jogando cartas, às vezes esses momentos surgem e a gente nem vê. – Ele sorriu.
- E eu te agradeço muito por isso. – Ele assentiu com a cabeça.
- E como vocês estão hoje? Senti um estresse. – Ele disse.
- Ah... – Soltei um longo suspiro. – Confesso que nem eu sei mais. – Neguei com a cabeça. – Ele acha que eu estou errada por namorar o Barza e ter fugido dele quando ele mais precisava. E eu estava só pensando na minha sanidade. – Puxei a respiração. – Sei lá, Chiello, não quero falar disso agora e quero que ele vá para o quinto dos infernos, honestamente. – Ele riu fracamente. – Eu tinha um cara legal, ótimo, carinhoso comigo, alguém que estava disposto a ficar comigo e curar meu coração, mas eu fui idiota, eu assumo, e perdi. Ele fica fazendo como se o problema fosse com ele. – Neguei com a cabeça. – Ele é boa parte dos meus problemas, mas dessa vez eu só quero distância. Ele ainda começar a namorar aquela Ilaria só piora tudo...
- Por quê? – Ele perguntou.
- Eu nunca a vi com bons olhos, você sabe, sempre que ela fala de algum de vocês, o sangue ferve, e ela sempre falou mal do Gigi...
- Sim, isso é verdade.
- E agora eles estão juntos? – Ri fracamente. – Eu não sou muito expert no assunto, tento me manter ao máximo fora da mídia, mas me parece interesse.
- Eu penso como você também. – Ele disse e dei de ombros.
- Viu?! – Ele riu fracamente e ouvimos umas gargalhadas vindo da mesa de jogos, me fazendo desviar o olhar. – Lascia stare, Giorgio. Vamos aproveitar nossos últimos dias de folga parcial, depois começa.
- Vai se afundar em trabalho de novo? – Ele perguntou.
- Bom, minha melhor amiga está fazendo trabalho voluntário na África e é pouco comunicável, se eu for com vocês, ele sempre vai estar lá... – Olhei rapidamente em volta, vendo se o motivo do assunto estava perto. – No meu canto da contabilidade acaba sendo mais confortável e trabalho é o que não falta. – Suspirei. – E tem a Manu para me fazer rir de vez em quando. – Disse, indicando a mesma e ela riu fracamente.
- Você vai sumir dos jogos, não vai? – Ele disse. – Agora que as coisas bagunçaram um pouco... – Ele disse e eu suspirei.
- Eu nunca sumi dos jogos, Chiello, eu só não desço no vestiário quando não é realmente necessário. – Falei, dando de ombros. – Na minha realidade, quando algo não dá certo, a gente se afasta, e é a única forma que eu tenho para combater isso. – Dei de ombros. – Não vou largar meu posto e nem ele o dele, então, por enquanto, a distância é minha melhor amiga.
- Mas com isso você também não vai em viagens também. – Ele disse.
- É, talvez... – Suspirei. – Depende do sorteio da Champions... – Ri fracamente e ele me acompanhou. – Ainda gosto de conhecer lugares novos, me dá alguns estalos de realidade.
- Como assim? – Ele se virou para mim.
- Ah, Chiello, eu penso muito na minha infância quando venho para esses lugares. – Indiquei o local que estávamos. – Eu sou só alguém de Palermo querendo viver uma vida normal, sair do país nunca foi meu sonho, isso não é parte da minha realidade. – Falei rindo.
- Nem minha, se quer saber. – Ele riu fracamente. – Quando eu comecei a jogar futebol em Pisa nunca imaginei chegar aqui... Era o tipo de sonho impossível. Entrar no Livorno já foi uma loucura, agora isso?
- E ainda assim, estamos aqui! – Falei, suspirando.
- Estamos, , e é demais! – Sorri, sentindo-o passar o braço pelos meus ombros e apoiei a cabeça na dele.
- O que acha do jogo de amanhã? – Perguntei baixo.
- Não tenho ideia do que esperar. – Ele disse, suspirando. – Nazionale de Cingapura? Não tem muito histórico.
- Eu não sei nada, confesso. – Dei de ombros e vi Gigi, Llorente, Allegri e Pavel passarem pelas portas da área externa no topo do hotel.
- Vamos ver, os jogos na Austrália foram mais difíceis, quem sabe? – Falei, dando de ombros. – Onde eles estavam?
- Coletiva. – Ele disse.
- Agora? – Chequei o relógio do celular para saber se eu não estava louca.
- É, são oito horas em Turim, eles atenderam a imprensa de lá agora, pelo que a Angela falou.
- Ah, que saco! – Falei, suspirando e vi os três virem em nossa direção, Pavel parou conosco e os jogadores seguiram até o pessoal.
- O que estão jogando aí? – Gigi perguntou alto.
- De fazer o Cáceres perder! – Morata disse alto, gargalhando com Manu e outros em volta.
- Oi, Pavel. – Falei.
- Como estão? – Ele bocejou no meio da frase, me fazendo rir.
- Estamos bem. Como foi lá? – Perguntei.
- Chato e cansativo. – Rimos juntos.
- Licença, gente... – Chiello disse e assenti com a cabeça quando ele se retirou.
- Perguntaram da Champions. – Pavel falou baixo assim que ele saiu.
- Como assim? – Perguntei baixo.
- Para o Gigi sobre a Champions. – Ele falou e virei para o mesmo.
- Mas como assim? Se ele pensa sobre... Se...
- Faz 11 anos da última final, . Se ele não pensa nisso, pois é o único prêmio que ele não tem.
- E o que ele disse? – Perguntei.
- Que não é uma obsessão para ele. – Ele falou e eu suspirei.
- E o que você acha?
- Que ele mentiu. – Ele disse e eu ri fracamente.
- Eu concordo contigo. – Suspirei. – Quando a gente namorou, lembro o quanto ele chorou quando foi eliminado naquele ano... – Neguei com a cabeça. – Muita coisa mudou nesses anos e falamos pouquíssimo sobre tudo, mas é sim uma obsessão para ele. – Engoli em seco.
- Isso destrói uma pessoa por dentro, .
- Eu sei. – Franzi os lábios, virando para ele, vendo-o bocejar de novo. – Mas não há nada que eu possa fazer sobre isso. Cada um com a sua obsessão, né?! – Falei e ele riu fracamente.
- Algumas mais saudáveis do que outras. – Ele disse, bocejando de novo.
- Ah, Pavel, para! Está me dando sono! – Falei, repetindo o gesto e ele riu fracamente.
- Scusi. – Ele disse rindo. – Eu vou dormir.
- Acho que eu vou também. – Suspirei. – Me preparar para amanhã, o jogo é tarde, depois vamos voltar para Itália, o dia vai ser cansativo.
- Sim. – Ele disse. – Boa noite.
- Boa noite! – Sorri e me aproximei do pessoal que estava jogando.
- Ah, vocês deveriam jogar pôquer, qual é. – Gigi disse.
- Ah, pôquer é chato! – Manu disse. – Qual a graça de você deixar os outros sem dinheiro? – Ela falou.
- Toda! – Gigi disse rindo.
- Não, é chato demais, e só estamos nos divertindo aqui, não é para ter grana.
- Além do mais que já tivemos problemas o suficiente com jogos de apostas no time, não acha? – Falei um pouco mais alto, vendo a rodinha virar para mim e Gigi focar os olhos em mim. – Beh, Signori, eu vou dormir, boa noite. – Falei baixo.
- Boa noite, chefa! – Eles falaram.
- Manu, você tem chave?
- Tenho sim! – Ela disse, puxando a sua da calça e apoiando na mesa. – Mas logo eu vou também. Assim que a gente ganhar mais uma vez deles. – Ela disse, fazendo o pessoal gargalhar.
- Ok. Até mais, gente! – Falei, vendo o pessoal se distrair e só sobrou os olhos de Gigi sobre mim. Sustentei o olhar por poucos segundos antes de seguir para dentro do hotel novamente, a caminho do meu quarto.

Lui
20 de agosto de 2014
- Esse foi o pior Ice Bucket Challenge que eu já vi na vida. – Pirlo disse e eu revirei os olhos. – Até do Agnelli com a e o Beppe jogando nele foi mais legal!
- Ah, gente! Não é grande coisa, a questão é doar para a causa, eu doei! – Falei, abanando a mão e chutando a bola rasteira para Marchisio.
- Mas precisa ser engraçado, cara! – Vidal disse.
- Foi horrível, cara! – Pepe disse e virei o rosto para ele, vendo-o sorrir.
- Vamos fazer com vocês, que tal? – Brinquei.
- Não me indicou, agora deu nisso! – Rimos juntos e vi Pirlo passar a bola para Storari, mas a bola parou no meio do caminho e erguemos o rosto, vendo Manu parar ela.
- O que estão falando? – Ela perguntou, lambendo uma casquinha.
- ONDE VOCÊ ENCONTROU ISSO? – Lich perguntou e a língua dela parou no meio do caminho para olhar para ele.
- No sorveteiro lá de fora! – Ela disse, dando de ombros e lambendo mais uma vez a casquinha.
- Você foi lá fora? – Pogba perguntou.
- Claro, eu não sou ninguém relevante. – Ela deu de ombros, rolando a bola no pé devagar. – Apesar que tinha um povo estranho querendo foto minha, vai saber. – Ela deu de ombros.
- Passa a bola aí! – Leo disse sentado do outro lado.
- Ok... – Ela disse, subindo a bola com o pé e jogou para ele que precisou segurá-la com as mãos.
- OH! – O povo falou surpreso e eu também.
- VOCÊ JOGA? – Leo perguntou alto.
- Ei, calma! – Ela disse, se jogando na poltrona ao lado de Chiello. – Eu só levantei a bola, não é nenhum grande feito.
- Não, mas a gente vai repetir a pergunta: você joga? – Claudio perguntou.
- Não. – Ela falou. – Mas eu fiz parte do time da minha escola no ensino médio. – Ela falou, dando de ombros e voltando a focar no seu sorvete.
- Então você joga! – Falei, confirmando e ela deu de ombros.
- Jogar na escola e ganhar o interclasse, e jogar no profissional são duas coisas bem diferentes. – Ela riu fracamente.
- Mas é legal! – Chiello disse. – Que posição você jogava?
- Não era exatamente uma posição, gente! A gente tentava fazer gol e evitar bolada na cara, na barriga... – Todos olhamos para ela esperançosos. – Defesa... – Ela falou baixo, enchendo a boca de sorvete.
- AH! – Leo e Chiello falaram empolgados.
- Eu sou alta, qual é! – Ela disse rindo. – Não tinha mais onde eu ir. – Ela disse, nos fazendo rir.
- Você poderia ser goleira. – Falei.
- Podia, mas depois da primeira bolada na cara, a gente muda de opinião. – Ela sorriu para mim e rimos juntos.
- Entendo! – Falei, vendo-a sorrir.
- Cara, divide esse sorvete comigo! – Pepe disse fazendo a verdadeira cara de cachorro sem dono.
- Vai lá pegar! – Manu disse rindo, se levantando e virei o rosto para o lado, vendo e Pavel parados fora da rodinha feita por poltronas e sofás.
- Eu não posso ir lá fora! – Ele disse como se fosse óbvio e rimos.
- Você não para, não?! – Pavel falou um tanto mais alto e riu fracamente, negando com a cabeça.
- Eu tenho que me ocupar, Pavel, fala sério! – Ela disse.
- As reuniões do novo CT já não bastam, não?! – Ele falou. – Ser diretora de contabilidade de um time e sei lá quais outros compromissos você tem? – Ele perguntou rindo.
- São formas perfeitas de me distrair, Pavel, nem vem. – Ela disse.
- O que estão falando? – Perguntei e ambos viraram para mim.
- Nada. – disse, dando de ombros.
- Ela começou a fazer doutorado com um monte de coisa que estamos fazendo no time. – Pavel disse honestamente e revirou os olhos. – Eu não consigo intercalar meu trabalho com meus filhos e uma boa noite de sono.
- Homens não são exatamente famosos por fazer várias coisas ao mesmo tempo mesmo. – Ela disse e Pavel riu fracamente.
- Não posso nem mentir quanto a isso. Eu não consigo ler e ver TV ao mesmo tempo. – Ele disse rindo.
- Viu?! – disse rindo. – Eu gosto, gente! E ainda pretendo fazer pós-doc quando acabar.
- Como alguém gosta de estudar? – Pavel disse surpreso. – Eu mal consegui terminar o ensino médio! – Ele disse rindo. – Na verdade, me surpreendo como você seja formada em contabilidade, números, porcentagens, cara!
- Eu nem terminei o ensino médio! – Falei e deu de ombros.
- Eu só gosto, gente! – Ela deu de ombros. – E eu sou boa nisso. Cada um tem o seu talento!
- Isso eu não posso negar! – Pavel disse rindo.
- Para, Pepe! – Manu disse mais alto, gargalhando.
- Me dá uma lambida, não vai te fazer nenhum mal!
- Ah, só falta essa agora, vocês brigando por sorvete! – disse rindo.
- Eles nem podem comer isso. – Pavel disse.
- Ela que está provocando! – Pepe disse.
- Eu não estou provocando nada! – Manu gargalhou. – Eu comprei um sorvete para mim, eu não fiz mais nada! – Ela se afastou dele.
- Não precisava fazer inveja também! – Pepe disse e revirei os olhos, negando com a cabeça.
- Pepe, você um unicórnio? – Ela perguntou e todo mundo ficou quieto, olhando para ela.
- Como assim?
- Você é um unicórnio?
- Não que eu me lembre. – Ele disse com cuidado na voz.
- Então você não pode gostar de sorvete. – Ela disse e eu estava tentando entender onde isso ia chegar, mas me parecia pegadinha de Emanuelle.
- Você é um unicórnio? – Ele perguntou.
- Eu sou! – Ela disse, dando de ombros e segurou uma risada, escondendo a boca com a mão.
- Então eu também sou! – Pepe disse.
- Está bem... – Manu disse e ela esticou a casquinha até Pepe e colou o sorvete na testa dele, fazendo algumas risadas estourarem. – Pronto, agora sim! – gargalhou ao meu lado.
- Ah, Manu! – Pepe disse rindo. – Está gelado, cazzo! – Ele puxou o sorvete da testa, deixando o ponto sujo.
- Você que queria sorvete. – Ela deu de ombros e neguei com a cabeça.
- Pelo menos é meu agora. – Ele disse, dando uma lambida.
- ECA! – Falamos juntos e Manu fez uma careta, se afastando.
- Ah, vocês são nojentos. – Comentei, me levantando.
- Acho que está na hora do jogo, não?! – comentou para Pavel.
- Sim, logo mais. – Ele olhou para o relógio.
- Eu vou ver mais o que eu preciso fazer. – disse, se afastando logo depois.
- O que estavam falando? – Perguntei.
- Sobre... – Ele perguntou. – Ela fazer doutorado?
- Não, sobre o CT novo. – Falei.
- Ah sim, o projeto para área de Continassa, em volta do estádio. – Ele disse. – O projeto foi para aprovação do conselho do time e depois vai para o conselho da cidade.
- Nossa! Parece que foi ontem que vocês falaram que a área foi comprada.
- 2010. – Ele disse rindo. – Eu nem estava aqui ainda. A me conta que foi quando ela fez a cirurgia dela.
- É... Foi na mesma época. – Falei, suspirando.
- Agora vamos começar. Com todos os campeonatos ganhos, o dinheiro que está vindo é muito bom, precisamos aproveitar, vocês só precisam continuar assim.
- Ah, não vai continuar o discurso do John, vai? – Perguntei rindo fracamente.
- Não, mas saiba que se vocês melhorarem, a gente consegue melhores condições para o time. – Ele falou, dando de ombros. – E a está empolgada para esse CT novo. – Falei baixo. – Está até estudando de novo. – Ele riu fracamente.
- Ela é incrível, não? – Falei baixo, procurando-a com o olhar, encontrando-a conversando com John e Allegri e Manu ao lado dela.
- Sim, Gigi, é! – Ele suspirou rindo. – Bom, vamos jogar?
- É para isso que viemos, não? – Falei rindo fracamente. – Aproveitar Villa Perosa, antes que vocês comecem a nos encher o saco.
- Quarto scudetto di fila, Gigi, cada temporada que passa a responsabilidade aumenta. – Ele deu dois tapinhas em meus ombros.
- Pior de tudo é que eu sei. – Suspirei, negando com a cabeça. – E a gente vai atrás disso e de outras coisas. – Ele assentiu com a cabeça.

Lei
5 de outubro de 2014
87 minutos de jogo, Juventus três, Roma dois, sexta rodada do campeonato. Após três pênaltis no jogo, dois para nós e um para eles, um gol de bola corrida para cada lado, três cartões para cada lado, aquela adrenalina eterna por um jogo importante, mais adrenalina ainda esperando o apito final, a pior coisa possível aconteceu.
Morata foi fazer uma tirada de bola de Manolas, ele acabou fazendo um carrinho, mas foi claramente na bola. Manola deu uma peitada em Morata que o negócio virou de um jeito que só deu Allegri e Tevez chegando para separar os dois. Não satisfeito com isso, o banco da Juve, o banco da Roma e os assistentes técnicos e de arbitragem seguiram em cima. Gigi usava aquele uniforme horrível que se misturava com o gramado, mas até ele apareceu lá tentando afastar quem nem estava no meio da briga.
Olhando daqui de cima, parecia que o formigueiro encontrou um pirulito perdido no meio do caminho. Após segundos de separação, o juiz deu vermelho para os dois envolvidos e aí sim o resto do time foi em cima deles. Morata não precisava ganhar vermelho, ele não fez nada. Vidal, Marchisio e Pogba foram em cima deles. Quando Gigi chegou de novo para falar com o juiz, foi a vez de Vidal afastar Gigi da situação.
O jogo voltou por mais cinco minutos, mas eu só tinha o rosto apoiado na mão, visivelmente surpresa com a situação. Bom, eu e o resto do pessoal. Eu sempre falava que as merdas aconteciam em jogos fora daqui e eu nunca via por não ir, mas agora estava acontecendo aqui bem na minha frente, na nossa casa e eu não podia estar mais surpresa com isso.
- Isso é um desastre. – Pavel falou ao meu lado e eu suspirei.
- Vem, vamos descer. – Agnelli disse antes do apito final.
- Vem, ! – Pavel me puxou e eu sabia que se ele estava me chamando, não era só uma questão de evitar encontrar com Gigi, era porque ele precisava de mim, então eu não neguei, eu só me levantei e desci com eles.
Sabe quando uma vitória bonita é simplesmente ignorada por alguma tragédia ou algum outro momento? Era assim que eu me sentia. 3x2 contra a Roma era uma vitória sensacional, ainda mais com a quantidade de pênaltis que saiu durante o jogo, o que acaba sendo um gol quase que garantido, apesar de grandes goleiros dos dois lados. E pelo visto os outros quatro estavam com o mesmo sentimento que eu, devido ao silêncio no elevador.
Chegamos no andar de baixo junto com o final do jogo. Os dois times estraram ainda se estranharam e eu fiquei afastada no corretor da perpendicular, vendo a bagunça acontecer ali no meio com os assistentes técnicos dos dois times tentando separar e até Pavel e Paratici entraram na situação para separá-los e enviá-los para os vestiários.
- Entra! Entra! – Allegri gritou com a feição mais contida e fiquei até surpresa por ele manter a calma nessa situação. – Vai, entra! – Ele falou mais alto, empurrando Pogba para dentro.
- Ah, só faltava essa agora. – Beppe falou ao meu lado e eu suspirei.
- Multa da FIGC? – Perguntei e ele riu fracamente.
- Sabe o nosso novo CT?
- Sei sim. – Falei baixo, vendo uma criatura de cabelos azuis entrando pelo túnel e franzi o olhar. – Emanuelle! – Chamei-a.
- Ei, chefa! – Ela disse. – Ciao, Beppe.
- Ciao! – Ele falou rindo.
- Onde estava? – Perguntei.
- Na área de funcionários, eu pulei por ali. – Ela disse.
- Ah sim. – Falei. – Viu o que aconteceu?
- Manolas foi irritadíssimo em cima do Álvaro. – Ela disse rindo fracamente. – Coitado, teve nem chances de se defender.
- Eu vou entrar. – Beppe disse.
- Logo vou. – Suspirei e ele assentiu com a cabeça.
- Você e o Morata estão próximos, não? – Perguntei.
- Ah, somos amigos. – Ela deu de ombros. – Até o Pogba que parou de me cantar. – Rimos juntas.
- Mas você e ele não...
- NÃO! – Ela falou rapidamente. – Além de que ele namora. – Ela disse rindo.
- Ah, vai saber, ele é muito bonito.
- Eu sei, mas somos só amigos! – Ela disse frisando. – Só amigos.
- Entendi, entendi! – Falei rindo e vi Gigi e Totti aparecendo pelo túnel abraçados e rindo.
- Não faz eu me sentir mal por isso. – Ela disse rindo. – Já é difícil eu ficar em volta de tantos homens lindos.
- Por isso eu perguntei, você também é bonita. – Falei e ela deu um sorriso sem graça.
- Grazie, chefa, mas não. – Ela disse baixo, visivelmente envergonhada.
- . – Gigi me cumprimentou e eu suspirei.
- Eu vou lá dentro. – Falei para Manu.
- Vai lá! A gente se vê amanhã! – Ela disse e eu assenti com a cabeça, dando um rápido beijo em sua bochecha.
- Até! – Falei e ela seguiu pelo caminho que eu tinha vindo.
Segui em direção do vestiário, ouvindo alguns gritos abafados começarem a ficar mais claros e passei pelas portas, encostando-as e vi alguns assistentes técnicos no corredor antes do vestiário e sorri para Marco e Mauricio, e vi Claudio Filippi no final do corredor e ele me abraçou quando me aproximei dele e recebei um beijo do no rosto, me fazendo sorrir.
- NÃO ME IMPORTA QUEM FEZ O QUE! – Allegri gritava. – ELE ESTAVA ERRADO, ELE TE EMPURROU, MAS NÃO ERA PARA O TIME INTEIRO ACHAR QUE ESTAVA EM UMA LUTA LIVRE. – Suspirei. – O jogo foi difícil, eu sei... – Ele falou mais baixo. – Mas isso não dá motivo para agir assim. – Ele falou, passando a mão no rosto e eu suspirei. – Se este cazzo acontecer de novo, a punição vai vir de outro lado. – Ele olhou para mim e virei para os lados, achando que estávamos falando de outra pessoa, mas sabia que era de mim mesmo.
- Não vem olhar para mim, não é para ninguém ser babá de ninguém! – Falei um tanto mais alto. – Mas se a FIGC mandar multa, eu vou repassar para o responsável. – Dei de ombros e virei o rosto para Morata que assentiu com a cabeça, respirando fundo.
- Ok, agora para o chuveiro. – Ele disse, batendo as mãos e vi os jogadores levantando e se mexendo.
- Só dor de cabeça. – Filippi disse e eu assenti com a cabeça, suspirando.
Olhei os jogadores se mexerem, seguindo para o fundo do vestiário e franzi os olhos ao ver Barza entre eles. O que ele está fazendo aqui? Há quanto tempo ele havia voltado? E por que ninguém tinha me dito que ele estava aqui? Suspirei, vendo-o desviar o olhar de Storari para mim e ele sustentou o olhar por alguns segundos.
Tentei gritar para ele com o olhar para ver se ele entendia meu olhar de súplica e me desse uma chance para conversar, mas ele desviou o olhar e seguiu para os fundos do vestiário, me fazendo suspirar. Observei o olhar de Storari e Pirlo sobre mim e soltei um longo suspiro, mudando de posição e finalmente soltando Filippi de lado.
- Está tudo bem? – Ele me perguntou.
- Sim, está, cadê a lista de convocados? – Perguntei.
- Na porta. – Ele indicou e segui até a mesma, puxando a prancheta do prego e li rapidamente os nomes convocados para o jogo e não encontrei o nome dele ali.
- O que Barza está fazendo aqui? – Perguntei, me virando para Filippi.
- Allegri o convidou para ficar junto do time durante sua recuperação. – Marco Landucci, assistente de Allegri, falou ao meu lado. – Ele não pode jogar ainda e nem fazer fisioterapia, mas pode vir, se quiser, mas ele não vem sempre. Acho que é o segundo jogo que ele vem. Disse que preferia ficar aqui conosco.
- Nem imagino o porquê. – Suspirei, negando com a cabeça.
- Algum problema? – Filippi perguntou.
- Muitos! – Falei, rindo fracamente. – Mas nenhum agora. – Suspirei. – Se alguém perguntar por mim, fala que eu subi, por favor. – Falei, apoiando a prancheta de volta no lugar.
- Pode deixar. – Filippi disse e puxei a porta com força, saindo do vestiário.
- PUTTANA! – Gritei quando bati a porta, andando pelo corredor do vestiário, para fora dali o mais rápido possível antes que eu voltasse lá e apertasse o pescoço de Buffon até ele não respirar mais.

Lui
22 de outubro de 2014
Desde que aterrissamos em Atenas, só tinha uma pessoa que estava realmente empolgada com tudo isso: . Ela tirava um largo sorriso no rosto e tirava fotos de todos os pontos que passávamos durante a pouca viagem do aeroporto de Atenas até nosso hotel e, depois, até Piraeus, cidade vizinha de Atenas, onde realmente ficava o estádio Karaiskakis, lar do Olympiacos.
Apesar de ela estar irritada comigo até hoje e me irritar em qualquer situação, eu gostava de ver seu sorriso. Era aquele sorriso de conquista, sabe? Era o mesmo sorriso que ela tinha dado durante a turnê de pré-temporada e era o mesmo que eu dava para ela quando via seu sorriso, mesmo que ela não estivesse vendo. Ela havia conquistado tanta coisa durante esses anos de diretora que eu só conseguia me sentir feliz por ela. A Juventus tinha feito um bem incrível para ela.
Só gostaria que ela deixasse eu me aproximar para fazer bem para ela também. Ser o motivo de seu sorriso murchar ou de seus olhos revirarem não me agradava e eu sabia que não deveria sentir meu coração apertado, pois ela deveria se sentir assim também, mas eu não conseguia evitar. Vê-la triste me deixava triste e ser o motivo dessa tristeza só piorava em tudo.
Chegamos no estádio para o jogo e sabíamos o quão difícil é jogar em campo inimigo com torcedores tão apaixonados, mas sabíamos que precisávamos ganhar e eu sentia a pressão de vencer uma Champions pesar cada vez mais em minhas costas. Minha vontade de ganhar um dos poucos títulos que eu não tinha conquistado em minha carreira e meus 36 anos, apesar da boa condição física, só me pressionavam mais ainda. Era quase como se o eu estivesse nos 40 minutos do segundo tempo de um jogo e precisando de um gol para ir para a prorrogação ou não perder três pontos.
Eu já tinha jogado aqui antes, em 2003 ou 2004, não me lembro direito, mas lembro que tinha sentido uma pressão gigantesca da torcida. A distância do campo para a torcida era muito próxima e a paixão deles era bem semelhante à dos italianos, então muitas faixas estavam esticadas pela torcida e laterais do campo, além dos gritos de provação que eram ensurdecedores. Pelo menos eu ficava feliz por não entender grego e meu inglês ser bom o suficiente para eu cumprimentar o árbitro.
Durante o jogo, eles tiveram mais oportunidades do que nós, eu podia fazer essa análise, pois sabia quantas defesas eu tinha feito, apesar de poucas serem realmente desafiadoras. Tevez até abriu o placar, mas por algum motivo foi dado como impedido, apesar de parecer que o defensor estava à frente dele, provavelmente algum lance marcado antes havia impedido.
Eles abriram o placar de verdade aos 36 minutos de uma forma muito ridícula, eu deveria ter caído e não caí, Chiello e Ogbonna estavam abertos demais e a bola passou. O erro foi geral e não tinha mais o que fazer. Durante os outros 54 minutos e acréscimos, não conseguimos fazer mais um gol e ainda, quando o jogo acabou, Tevez, Lich e Marchisio foram até o árbitro para tentar entender o motivo do gol não validado. Eu não me desgastei, sabia que quando o apito final era soado, não tinha mais o que fazer.
Voltei para o vestiário sabendo que ainda tinha três jogos da fase de grupos pela frente, dois deles em casa e um em Malmö, na Suíça. A luta não era perdida, mas junto da derrota contra o Atlético de Madrid em Madrid no começo de mês, fazia aquela pulguinha do “não é capaz”, entrar em minha cabeça.
Voltamos para o vestiário com Allegri dizendo palavras de apoio para nós e que não era para abaixarmos nossa cabeça, pois ainda tinha muitos jogos para a próxima fase. O top cinco, que apareceu alguns minutos após o fim do jogo, não disse nenhuma palavra, mas senti o olhar de sobre mim diversas vezes e ela o divergiu diversas vezes quando eu tentava olhar.
Eu poderia mentir para todas as pessoas daquela sala sobre minha relação com a Champions League, para todas mesmo, para a imprensa, para os outros jogadores, menos para ela. Eu e ela tínhamos uma história um pouco mais complexa para eu fingir que ela não sabia sobre minha vontade de ganhar essa competição. Nossas conversas na final da Champions e quando fomos eliminados em 2006 foram responsáveis por isso e eu simplesmente não conseguia mentir para ela. Nem mesmo se eu quisesse.
Quando voltamos para o hotel, já era quase uma hora da manhã. O ânimo com certeza não era o mesmo da ida, até Pogba e Cáceres ficaram quietos, preciso dizer que era muito difícil fazer esses dois ficarem quietos. Ainda mais se incluísse Emanuelle e Pepe ali no meio. Aí eu quero ver quem eles ficarem quietos. A idade mais jovem ajudava, mas às vezes você só quer o silêncio e não tinha.
O elevador do hotel parou em três andares, fazendo com que duplas de jogadores saíssem nos três andares, mas eu e Chiello fomos os únicos que ficamos no último andar. Saí do mesmo e o elevador do lado também abriu, relevando Pavel, Paratici e . Freei no corredor para eles passarem e todos deram o mesmo sorriso lateral para nós.
- Buona notte, ragazzi. – Paratici disse.
- Buona notte. – Respondi, suspirando e vi os dois seguirem pelo lado que tínhamos vindo e seguiu à nossa frente para o último quarto do corredor.
- Vamos, Gigi, se anime! – Chiello disse. – Tem muita água para rolar ainda.
- Eu sei, eu sei! – Abanei a cabeça, vendo-o puxar a chave do bolso e bater na porta, destravando-a e entrando.
- Gigi. – Virei o rosto para o lado, vendo com o rosto apoiado na parede e o corpo parcialmente na porta. – Ainda tem tempo, ok?! – Ela falou e eu fiquei levemente extasiado e animado por ela dirigir a palavra para mim depois de tanto tempo que fiquei alguns segundos travado no lugar.
- Oh, Gigi! Vai ficar parado? – Ouvi a voz de Chiello de dentro e pisquei os olhos algumas vezes, vendo que já não estava no corredor e a porta de seu quarto estava fechada.
- Eu só... – Neguei com a cabeça, entrando no quarto e fechei a porta. – Você ouviu isso?
- O quê? – Ele perguntou, se sentando na cama e tirando os tênis. – Pavel e Paratici?
- Não, a falando comigo. – Falei e ele riu fracamente.
- Não ouvi, cara. O que ela disse?
- Que ainda tem tempo. – Suspirei, deixando a mochila no chão e me sentei na outra cama.
- E tem ainda, ela não está errada. – Ele disse.
- Não, não quis dizer isso. – Falei, abrindo o casaco. – Digo sobre ela falar comigo mesmo.
- Ah... – Ele disse, assentindo com a cabeça e rindo fracamente em seguida. – Vocês não estão se falando ainda?
- Não! – Suspirei. – E Barza também faz questão de passar bem longe de mim quando vai nos jogos. – Neguei com a cabeça. – Se ele não quer me ver, não entendo por que ele não vai no camarote... – Resmunguei baixo e Chiello riu fracamente.
- Você parece uma velha de 90 anos, cara! – Ele disse. – Relaxa que as coisas voltam ao normal.
- Quando, cara? – Falei, suspirando. – O clima já estava ruim ainda, achei que tinha dado uma melhorada no Mondiale, mas pelo visto só piorou.
- Tem alguma coisa que você não está me dizendo? – Ele perguntou e ergui o olhar para ele.
- Como assim? – Perguntei.
- Que aconteceu entre vocês. – Senti minha pressão baixar um pouco e tentei manter o olhar relaxado.
- Não que eu saiba. – Falei, forçado um suspiro logo em seguida. – Ela continua irritada comigo pelo rolo com a Ilaria e ele acaba pegando as dores dela... – Vai, Gigi, mente para o seu melhor amigo, vamos, está certinho.
- Bom, então eu só posso te dizer que as coisas vão se ajeitar um momento, porque vindo de você e de , sempre se ajeitam. E o Barza é parceiro da defesa, as coisas obrigatoriamente precisam se ajeitar em um momento.
- Ela não indo a jogos parece que só piora isso. Que merda! – Suspirei.
- Ela vai em jogos, cara, ela só não vai falar com a gente. – Ele disse rindo sozinho e eu revirei os olhos, suspirando logo em seguida.
- Ah, eu preciso dormir, é muita informação para minha cabeça.
- Isso, dorme, descansa, que temos jogo no fim de semana de novo.
- Sim, contra o Palermo... – Ri fracamente. – Time da cidade dela e ex-time dele, olha a ironia.
- Forza, Gigi! – Ele me deu dois tapinhas nas costas, seguindo até o banheiro e revirei os olhos, tombando o corpo para trás.


Capitolo cinquantatre

Lei
30 de outubro de 2014 • Trilha SonoraOuça
- Ah, aquele puttano! – Falei alto, batendo a mão na mesa.
- Eita, chefa, está tudo bem? – Manu perguntou na mesa no canto da mesa e eu bufei, querendo quebrar o mouse em minha mão.
- “Eita” nada, Emanuelle. – Falei irritada. – Cadê o Gianluigi? – Ela arregalou os olhos.
- Com “Gianluigi” você quer dizer o Gigi?
- Quando ele fez uma merda enorme, ele é o Gianluigi. O que atualmente é sempre... Cadê ele? – Perguntei, sentindo minha respiração pesar. – Eles já voltavam de Gênova? – Perguntei.
- Já sim. Ele estava com o Giovanni respondendo algumas perguntas dos fãs por causa dos 500 jogos pela Juve.
- Quem? – Franzi a testa.
- Um dos assistentes da Angela do marketing. – Ela falava devagar e com calma.
- Você pode relaxar, Manu, eu não vou descontar em você. – Ela deu um sorriso de nervoso e eu suspirei. – Encontre o Gianluigi e leve-o para a sala de reunião o mais rápido possível... – Falei entredentes.
- A sala de reunião lá de cima? – Ela perguntou.
- É! – Falei novamente, respirando fundo. – Agora, por favor.
- Ok, eu só... – Ela virou para mim. – Eu estou indo. – Ela disse, saindo rapidamente da sala e eu bufei, colocando as mãos na testa.
- Era só o que me faltava! – Bufei sozinha.
Coloquei as páginas da internet e do processo para imprimir, inconformada que ele pudesse fazer algo tão ridículo assim. Beh, ele estava com a Ilaria, acho que ser mais idiota do que isso realmente não tinha, mas ele tentava! Peguei os papéis na impressora, o celular na mesa e segui pelo corredor, ignorando quando me chamaram na outra sala e subi pelas escadas até o andar de cima, sem paciência parar esperar o elevador.
Cheguei no andar de cima, checando se a longa sala espelhada que antecedia a do presidente, vice e do conselho estava vazia e suspirei, batendo o salto do sapato no chão. Ouvi o barulho do elevador, vendo os cabelos de Emanuelle saírem antes e Gigi veio logo atrás.
- O que aconteceu, ? – Ele perguntou assim que me viu.
- Se eu fosse você, eu ficaria bem quieto, porque minha paciência não existe mais. – Suspirei, seguindo pelo corredor.
- Ah, qual a da vez? Qual motivo você está irritado comigo? – Ele bufou e puxei a porta.
- Chefa, tem certeza que...
- Pode descer, Manu, fala para o pessoal que eu já desço, por favor. – Falei para ela que deu um sorriso de lado.
- Ok! – Ela disse, se afastando. – Tem certeza de que não quer que eu fique? Ou chame uma ambulância ou...
- Não prometo nada. – Falei para ela. – Entra! – Virei para Gigi e ele revirou os olhos, seguindo para sala e esbarrou em algo invisível que estava atravessado na porta.
- CAZZO! – Ele reclamou.
- Scusi! – Manu disse, fazendo uma careta e eu revirei fundo, tentando não rir. – O Pavel ia usar mais tarde, era para pegar ele.
- Ah, cazzo! – Gigi reclamou, puxando a fila colante da frente e entrou. Virei para Manu respirando fundo, pressionando os lábios um no outro.
- Obrigada por isso! – Falei e ela sorriu. – Pode ir.
- Mesmo? – Ela perguntou.
- Mesmo. – Assenti com a cabeça e entrei na sala, vendo-a sair pelo corredor, olhando algumas vezes para trás.
- Vai, manda! – Gigi falou, sentado em uma cadeira com os braços cruzados e girando a cadeira como uma criança de cinco anos.
- Primeiro você cala a sua boca e me escuta. – Falei firme.
- Você está me ignorando faz quatro meses por algo que a gente fez juntos e se divertiu, não entendi ainda por que, agora me chama aqui e me manda calar a boca.
- Se você não entende o porquê eu estou irritada contigo, você é mais burro do que eu pensei! – Falei firme, dando a volta na mesa.
- Se você descer o nível, eu também vou descer, . – Ele disse firme.
- Abrir para Deus e o mundo que eu, você e o Barza fizemos um ménage para quem quisesse ouvir não é descer o nível, não? – Apoiei as folhas na mesa. – Ou você achou que estava contando que fomos para praia? Ou usando a desculpa que todo mundo está usando? – Falei mais alto.
- Ok, eu assumo que passei dos limites naquele dia, me desculpe. Não podia ter falado aquilo. – Ele disse erguendo o corpo na poltrona.
- Guarde suas desculpas, você provavelmente vai precisar delas futuramente. Você sempre precisa. – Me sentei na cadeira à sua frente. – Cansei de te perdoar e depois você errar de novo. – Seu olhar ergueu para mim e eu engoli a saliva que se formou em minha boca. – Eu vim aqui por outro motivo agora.
- O quê? – Ele perguntou.
- Isso! – Abri as duas folhas na frente dele, deixando-o se informar rapidamente enquanto minhas unhas batiam lentamente na mesa de madeira.
- Ah, fala sério, Le Iene?
- É mentira? – Perguntei no meu tom de voz mais normal e notei que ele demorou, respirou fundo para depois soltar um longo suspiro. – Você é incrível! – Ri fracamente.
- Não sei nem porque você está me perguntando sobre isso, não envolve o time. – Ele deslizou as folhas de volta.
- Se o seu nome está envolvido, Gianluigi, o nome do time está envolvido, e se o nome do time está envolvido, as ações caem, e acho que você se lembra o que aconteceu da última vez que as ações caíram, não? – Ele respirou fundo. – E hoje é dia 30, amanhã fecha o mês, não tem tempo de corrigir para compensar.
- Ah, , pelo amor de Deus, uma dívida de condomínio.
- EXATO! – Falei inconformada. – Você não pagou uma dívida de condomínio, Gianluigi! – Falei firme. – Uma dívida de condomínio que soma 32 milhões de euros, MILHÕES! – Falei mais alto. – Sabe o vexame que é isso? Alguém com o seu salário não pagar isso? – Ri fracamente. – Isso é miséria para você! – Suspirei.
- Meus advogados já estão nisso. – Ele disse.
- Estão agora que o Le Iene foi atrás de você, né?! – Suspirei. – Esse negócio é de julho, pelo amor de Deus. – Levei a mão à cabeça. – Você gasta 38 milhões para ficar em um iate em Malta com a trambiqueira e não paga a conta de condomínio?
- Como você sabe disso? – Ele perguntou e eu inclinei o corpo para frente dele.
- Eu sei mais dos meus jogadores do que vocês mesmos. – Falei baixo. – Não tem um pum que você não dê que eu não saiba. – Falei entredentes e fiquei feliz pela sua feição não mudar com a metáfora. – Se você quer se envolver nas suas manipulações, com as suas transações ilegais, suas prostitutas, faça o que quiser...
- Ei! Ei! Ei! – Ele disse, apoiando as mãos na mesa. – Também não é assim.
- Eu não me importo. – Falei firme. – Já falei, não ligo onde você enfia seu brinquedinho...
- Isso não foi o que me pareceu há... – Ele ergueu seu olhar para o meu e sua voz foi reduzindo.
- Mas mantenha suas merdas embaixo dos panos. Porque se isso vazar, se seu nome entrar em qualquer processo, a imprensa sabe. E se cair na imprensa, ferra para você, ferra para o time e ferra para gente que não tem nada a ver com isso. – Falei firme. – Não achei que precisasse falar algo tão óbvio depois de tanto tempo de profissional, pelo amor de Deus. – Suspirei.
- Ok, eu só gostaria de esclarecer, não é porque eu e você tivemos algo que você pode me ofender assim...
- Eu não ligo! – Cortei-o. – Se você complicar para o meu time, eu vou complicar para você e não me importo em quem vai respingar. – Olhei firme em seus olhos azuis. – Faça o que quiser da sua vida, mas me deixe fora dela, deixe o time fora dela e, se possível, coloque um pouco de noção na sua cabeça. Você já está velho para ficar fazendo erros que nem com seus 23 anos você fazia. – Suspirei, relaxando o corpo na poltrona.
- Ok, já entendi! – Ele ergueu as mãos, respirando fundo. – Agora podemos conversar sobre outro assunto pelo menos?
- Eu já te falei, não tenho nada para falar com você. – Empurrei a cadeira para trás. – Nem sobre você, nem sobre mim, nem sobre nós, porque isso me dá mais dor de cabeça do que esses seus problemas. – Sacudi os papeis na mão. – Com licença.
- Eu posso pelo menos entender por que você está brava comigo? – Ele falou mais alto. – Não é possível que seja sobre o Brasil, porque você também se divertiu, não adianta negar. – Ele disse firme e eu engoli em seco. – Achei que ficaríamos pelo menos de bem depois de tudo, agora você e o Barza ficam me ignorando, fica complicado entender, eu posso te sugerido, mas os dois aceitaram e se divertiram. – Suspirei, negando com a cabeça.
- Você não pode ser tão burro assim, Gigi, qual é. – Falei, suspirando.
- O quê? – Ele perguntou e eu revirei os olhos.
- Fale com o Barza. – Disse, revirando os olhos.
- Mas ele não fala co...
- E pague a porcaria das suas dívidas. – Falei firme, seguindo para fora da sala.
- AH, MAH CHE CAZZO! – Ele falou irritado e ignorei-o, sentindo as lágrimas deslizarem solitárias deslizarem pela minha bochecha devagar.

Lui
Nove de novembro de 2014
- É para todo mundo ficar casadinho e ninguém ficar se achando! – Leo disse gargalhando em seguida.
- Está todo mundo se achando ainda, hein?! – Falei, saindo do banheiro.
- 7x0, cara, quem não ia ficar se achando? – Lich disse sorrindo.
- Que continue assim! – Allegri disse com Paratici ao seu lado e ri fracamente.
- Uma goleada dessa por jogo? Nosso saldo de gols estoura! – Chiello disse sorrindo.
- Está pronto, Gigi? – Angela perguntou.
- Só vou pentear o cabelo e colocar o casaco. – Falei para ela.
- Vem logo, pessoal já está esperando. – Ela disse e eu assenti com a cabeça.
- Onde vai? – Marchisio perguntou.
- Para o museu levar minha camisa, a braçadeira e a medalha que eles me deram hoje. – Falei.
- 500 jogos no mesmo time, cara! É coisa para caramba! – Evra falou e eu ri fracamente.
- É! – Suspirei. – Parece loucura pensar em tudo isso. – Falei, descartando a toalha e fui para meu canto no vestiário.
- Há quantos anos você está aqui mesmo? – Marchisio perguntou.
- Quase 13 anos e meio. – Disse, rindo fracamente em seguida. – Muita coisa mudou. – Passei o pente nos cabelos úmidos.
- Mudou para caramba! – Pavel disse rindo.
- Seu cabelo está igualzinho ainda. – Falei e ele riu fracamente.
- Você mudou para caramba, a primeira vez que eu te conheci você tinha os cabelos nos ombros, parecia um hippie! – Gargalhamos juntos de um pessoal próximo.
- Eu já vi as fotos. – Ogbonna disse gargalhando.
- Joga nas costas dele. – Indiquei, rindo.
- também está aqui desde 2001, não? – Leo perguntou e eu suspirei.
- Sim, está! – Pavel disse rindo. – Mas ela não mudou muito não, só evoluiu, mudou o tom dos cabelos um pouco, parou de usar aquele uniforme feio do administrativo e...
- Usa os cabelos mais soltos hoje, salto... – Comentei meio alheio. – Só ressaltou mais a beleza que tinha.
- Agora como ela se interessou por esse aqui, é uma incógnita. – Pavel disse e passei a mão em seus cabelos, bagunçando-os.
- Espera! Você e ? – Morata perguntou e eu suspirei.
- Por que vocês fazem isso? – Virei para Pavel. – Cada ano entra gente nova e cada ano vocês divulgam essa história.
- Da próxima vez a gente coloca no museu, que tal? – Pavel disse e revirei os olhos.
- Andiamo, Gigi, eu estou com fome... – Vi Emanuelle aparecer pela porta do vestiário.
- Não fica mais com vergonha de vir no vestiário? – Perguntei.
- Já passou quase duas horas do fim do jogo, se tivesse alguém pelado ainda, eu acharia levemente suspeito. – Ela disse, dando de ombros.
- Vamos! – Falei, pegando o casaco e
- Ei, quero saber dessa história sua e da ! – Álvaro disse.
- Chiello, você faz as honras? – Pavel disse rindo. – Eu vou com eles.
- Claro! – Chiello gargalhou. – Em 2001, o jovem Gianluigi Buffon entrou na Juventus e, desde seu primeiro dia, encontrou uma linda jovem chamada ... – Ele disse de forma romântica e eu revirei os olhos. – Está bom assim?
- Se o final fosse feliz, estava perfeito. – Manu disse, fazendo positivo com os dedos para Chiello.
- Ah é, a história termina em morte e sangue. – Marchisio disse e eles gargalharam.
- Quê? – Morata perguntou surpreso.
- É brincadeira, mas o Gigi pode morrer a qualquer momento. – Manu disse.
- E acho que o seguro lesão que vocês ganham não cobre enterro, caixão ou cremação. – Pavel disse.
- Ah, vamos embora! – Falei, colocando o celular no bolso e seguindo para a porta do vestiário.
- Até mais, gente! – Pavel disse rindo e Manu veio logo atrás dele.
- Depois me conta melhor, Chiello, eu só sei por parte! – Manu falou e puxei-a pelo braço.
- Vem logo! – Falei e ela saiu gargalhando e tropeçando nos pés.
- A gente te enche o saco, mas eu te amo, Gigi, você sabe disso, não?! – Manu falou, me abraçando pela cintura e passei meu braço pelos seus ombros.
- Eu sei, Manu! Eu sei, mas vocês não podem falar isso assim, cara. E se o Barza tivesse aqui? Chega! – Falei e ela ponderou com a cabeça.
- É, realmente... – Seguimos pelos corredores internos do estádio. – Mas acaba saindo que a gente nem percebe, aí o povo fica curioso.
- Acho que a ideia de colocar no museu é uma boa, é um dos primeiros lugares que os jogadores novos vão, assim já fica sabendo... – Pavel disse e empurrei-o para o lado.
- Há, há, engraçadinho. – Falei.
- Não sei se a ideia seria muito ruim, Gigi, está virando lenda já isso. – Angela falou.
- Pô, Angela, até você? – Falei e ela sorriu.
- Não se esqueça que eu também estou aqui há todo esse tempo, Gigi! – Ela disse rindo.
- Algum dia isso vai parar? – Perguntei.
- Talvez... – Pavel falou. – Quando vocês pararem de brincar de gangorra, talvez.
- Ou quando alguém sair machucado de verdade nessa história. – Manu disse e eu suspirei. – Porque me parece pura brincadeira de criança agora.
- Qual sua idade mesmo? – Pavel perguntou.
- Faço 21 em dezembro. – Ela sorriu.
- Eu sempre tenho a impressão de que você é mais nova. – Ele falou.
- É o cabelo. – Ela disse, me fazendo rir, pois ela sempre jogava a culpa no cabelo.
Andamos por dentro do estádio até não ter como e eu saí para fora do mesmo, vendo que já havia escurecido e vi alguns fãs acumulados na porta. Manu andou rapidamente em minha frente e Angela fez um movimento com a cabeça.
- Não é para ninguém te barrar, eles terão um momento lá dentro. – Ela disse.
- Tudo bem. – Falei baixo e ela indicou o caminho com a cabeça e entrei no museu, vendo mais fãs e diversos celulares apontados para mim.
- Ciao, grazie. – Sorri, acenando para eles. – Ciao a tutti. – Falei, passando pelo pessoal e fui entrando no museu e acenando para alguns torcedores.
Observei o local das camisetas, já vendo o curador do museu ali com elas e vi também Manu correr em direção à que estava ali próxima com sua feição séria de atualmente. Agnelli, Paratici e Beppe já tinham me cumprimentado no estádio durante do jogo. Pavel disse que me acompanharia pelos anos de amizade, agora não sei porque eu me surpreendia com aqui. Apesar de tudo, ela sempre estava ali comigo.
- Gigi. – Paolo me recepcionou e eu cumprimentei o mais baixo, dando um tapinha em seus ombros. – Bom te ter aqui.
- Grazie! – Sorri.
- Já estamos há 502 jogos, não é isso? Nem deu tempo de instalar as placas. – Ele falou e ri fracamente.
- Veramente! – Falei rindo fracamente. – É um momento incrível para mim, poder estar aqui realizando isso. – Suspirei.
- Feliz por isso. – Ele sorriu. – Vamos tirar algumas fotos da entrega, depois você fala com os fãs e por último uma entrevista mais calma lá dentro.
- Claro! – Falei e Angela, que estava ao meu lado, me entregou os itens.
Entreguei a ele a camisa usada no jogo contra o Genoa no dia 29 de outubro, o que a gente acabou perdendo, por um gol nos acréscimos, mas tudo bem, faz parte. Entreguei também a braçadeira de capitão comemorativa com o número 500 e a medalha que Agnelli havia me dado no jogo de hoje.
Eu e Paolo tiramos algumas fotos em frente do meu posto com outras conquistas como 300 jogos pelo time, que era o mínimo, 400 jogos e agora 500 jogos, além de outras pequenas exposições na Nazionale.
Após algumas fotos, um grupo seleto de torcedores vieram me cumprimentar, me parabenizar, tirar algumas fotos e pediram para que eu assinasse algumas camisetas, mas foi coisa de 30 minutos. Quando isso findou, passei pelo corredor preto e branco do time, chegando na parte onde ficam os troféus maiores do time e parei com Zambruno para responder algumas perguntas.
- Allora, Gigi, vediamo. – Ele disse e eu assenti com a cabeça. – Da última vez que você veio ao museu, você trouxe a Supercoppa Italiana há um ano. Dessa vez você veio por completar uma conquista pessoal por 500 presenças com a blusa da Juventus. São momentos importantes, mas, para você, qual a diferença desses dois?
- Eu prefiro os troféus que conquistei com meus colegas depois de uma árdua temporada, mas é inevitável não me sentir orgulhoso por atingir qualquer conquista com a Juventus. Poucos tiveram essa sorte. – Falei, assentindo com a cabeça.
- É surpresa por eu ter completado 500 presenças, me lembro claramente do meu primeiro jogo contra o Venezia em casa. Se alguém me dissesse que eu faria mais 499 jogos com a blusa bianconera, eu não acreditaria. – Respondi, parecendo que eu estava vendo as imagens daquele jogo em minha cabeça. – Em compensação, com dedicação e muitos sacrifícios, consegui completar essa marca. – Sorri.
- Teve algum momento que você pensou que não conseguiria realizar alguma meta?
- Ah, não, você só se afasta de marcar inatingíveis quando você se desapega deles e não te permite que esses objetivos se tornem uma obsessão. – Falei. – Se você se preocupa com eles a cada dia e, de repente, ir lá e não conseguir realizar. Você precisa fazer isso com sacrifícios e perseverança e com calma. – Ele assentiu com a cabeça.
- E quais seus próximas objetivos? – Ele perguntou.
- Meus próximos objetivos são os para o decorrer da temporada: mais um scudetto, fazer um bom percurso na Champions League e, se possível, vencer uma Coppa Italia que é um troféu que eu não tenho com a Juventus. – Respondi.
- Grazie, Gigi! Auguri! – Ele disse, me cumprimentando e eu sorri, assentindo com a cabeça, apertando sua mão fortemente.
Observei a parte interna do museu e encontrei Manu e olhando para alguns troféus no canto da sala e parecia lhe explicar alguma coisa, já que ambas estavam sérias enquanto a boca da mais velha se movia com mais rapidez. Respirei fundo e segui em direção a elas.
- Esse é ele, então. – Manu disse surpresa. – Gente, que mico!
- Ah, não! Ele faleceu em 89, eu descobri a importância dele quando vir para o time, você nem era nascida na época. – disse e vi que ambas falavam de Scirea.
- Ele era bonito. – Manu comentou.
- Sabe o Ricky das análises? – falou.
- Sei sim, com a cara comprida.
- É filho dele.
- Nossa! Mentira! – Manu disse surpresa.
- Presta atenção, ele é igualzinho ao Gaetano. – disse.
- Ciao... – Falei baixo e ambas viraram em minha direção.
- Ei, Gigi. – falou.
- Surpresa te ver aqui. – Falei baixo.
- MANU! – Virei para o lado, vendo Manu gritando por si mesma ali do nosso lado. – Claro, Pavel, estou indo! – Ela disse. – Se me dão licença... – Ela disse e saiu rapidamente dali, fazendo com que eu e ríssemos juntos.
- Ela é louca! – Falei.
- Genuína é a palavra certa! – sorriu e vi suas bochechas franzirem. – Você estava dizendo? – Ela me perguntou calma.
- Não sabia que viria. – Falei e ela deu um pequeno sorriso.
- Apesar das nossas diferenças, Gigi, eu ainda torço por você. – Ela falou calma. – Às vezes eu gostaria de ser alguém vingativa quando as coisas se bagunçam, mas eu não sou. – Ela deu de ombros. – 500 jogos é uma conquista e tanto, e eu te acompanhei em todas essas 500. – Ela sorriu. – No Delle Alpi, no Olimpico, pela televisão. – Assenti com a cabeça. – Aqui.
- Pavel estava lembrando isso no vestiário. Meu cabelo na minha contratação... – Ela riu fracamente.
- Eu lembro disso até hoje. – Ela negou com a cabeça. – Você teve algumas péssimas escolhas pelo meio do caminho, não é?
- Talvez. – Sorri e ela assentiu com a cabeça.
- Não me lembro do seu primeiro jogo, mas eu me lembro do seu primeiro dia. – Ela sorriu. – Eu me meti na sua reunião.
- Talvez se não fosse aquilo, a gente não tivesse essa relação hoje. – Falei baixo, tomando cuidado com a escolha de palavras.
- Sabe... – Ela suspirou. – Apesar de tudo, eu gosto da nossa relação, acho que parte disso me motivou a tudo o que eu tenho hoje, quindi grazie. – Sorriu.
- La ringrazio anche. – Falei e ela assentiu com a cabeça. – Se não fosse tudo aquilo, talvez as coisas teriam sido diferentes. – Ela assentiu com a cabeça.
- Talvez... – Ela disse. – Mas não quer dizer que seriam boas. – Sorri.
- Não mesmo. – Falei e sustentamos o olhar rapidamente, com sorrisos dançando em nossos lábios e deixei que o silêncio prolongasse aquele momento mais um pouco.

Lei
18 de novembro de 2014
Observei o cursor na tela piscando e batuquei as mãos nas telas do teclado antes de digitar o nome do jogador em minha cabeça no site da FIFA, vendo se encontrava alguma informação mais relevante. Croata, 28 anos, 1,90 metros, atacante. Rolei a página, procurando algumas informações mais específicas e suspirei ao encontrar a lista de times. Marsonia, NK Zagreb, Dinamo Zagreb, Wolfsburg em 2010... Barza!
- Pena que ele não está falando comigo. – Ri ironicamente, me fazendo suspirando.
Bayern Munich e Atlético Madrid. Sabia que eu já tinha visto-o antes do jogo de domingo. Ele era o jogador de máscara no jogo de ida em Madrid... Teria mais uma oportunidade para observá-lo no jogo aqui em Turim no mês que vem. Mas antes... Me distraí, ouvindo dois toques na porta.
- Viene! – Falei, erguendo o rosto e vendo a porta se abrir, revelando Allegri, técnico do time. – Ciao, Allegri.
- Posso entrar? – Ele perguntou.
- Claro! – Falei, indicando a cadeira e me levantei na mesa.
- Eu estava falando com o Paratici sobre alguns jogadores e ele disse que a sugestão é dele, mas a liberação monetária é sua. – Ele disse, se sentando e eu ri fracamente.
- Sim, é. – Sorri. – Normalmente é um acordo mútuo, mas funciona meio assim
- Eu sei que você era muito amiga do antigo técnico, e nós mal nos falamos...
- Eu não tenho problema nenhum em fazer novas amizades. – Falei sorrindo e ele riu fracamente. – Ainda mais se for para melhorar o time.
- Com toda certeza! – Ele disse, apoiando os braços na mesa. – Eu te vi no jogo no domingo, mas nem conseguimos nos falar.
- Ah, você estava lá? – Perguntei. – Eu acabei saindo um pouco antes do fim, aquela confusão da torcida croata me deixou um tanto receosa e eu ainda voltaria para Turim...
- Sim, com toda certeza. – Ele disse. – Eu mesmo acabei saindo quase três horas depois do final, conversa com um, com outro...
- Sim, realmente. Eu fui como torcedora, fiquei no camarote, mas fui com blusa da Nazionale, despistei. – Ele riu.
- Talvez você tenha feito certo, eu fiquei com o Conte, o Agnelli, sabe como é... – Assenti com a cabeça.
- Sei sim, mas diga... – Indiquei-o. – O que você veio me pedir? Quem você veio me pedir? – Ele riu fracamente.
- Eu tenho acompanhado o Mario Mandzukic faz um tempo, desde o Milan. – Ele disse e ri fracamente.
- Eu estava fazendo isso agora... – Virei a tela para ele e rimos juntos.
- Mentes parecidas pensam igual. – Ele falou.
- Eu já tinha observado-o no jogo contra o Atlético em Madrid, e então domingo no jogo contra a Nazionale... Ele tem garra.
- Muita garra! – Ele reforçou. – Ele tem agilidade, versatilidade, mobilidade de ataque, é forte, alto, engajado...
- E você o quer? – Perguntei.
- Você consegue fazer isso acontecer? – Ele perguntou e eu ri fracamente.
- Tudo depende do valor de mercado dele. – Falei, virando para a tela do computador e descendo a tela. – Ele foi contratado no começo da temporada pelo Atlético por quatro anos, para pegar ele, provavelmente vamos precisar pagar a multa dele.
- Isso complica um pouco.
- Bastante. – Falei. – Agora para a transferência de inverno eu acho um tanto irreal, seis meses só de time, ele talvez não queira vir e você ainda está estudando os jogadores melhor para gente conseguir o valor ideal para uma transferência alta. – Falei enquanto ponderava mais rápido do que falava. – Voltamos a conversar em abril, que tal? Avançamos forte nas competições, especialmente na Champions que traz bastante receita para gente com transmissão... – Ele riu fracamente.
- Eu vim para manter a sequência de vitórias, , mas nada evolui se manter igual. – Ele disse e eu sorri.
- Gosto do jeito que você pensa, Max. Agora faça essas ações e nos coloque no mapa da Europa, que tal? – Sorri.
- Combinado, chefa! – Ele disse rindo e eu sorri.
- Ei, eu trabalhei até tarde ontem, ok?! – Ouvi a voz abafada e a porta se abriu. – Buongiorno, chefa! – Manu falou animada. – Opa! Não sabia que estava em reunião.
- Max, você já conheceu a Emanuelle, não?! – Falei, vendo-a fazer uma careta.
- Já sim! Já levei dois sustos dela.
- Nenhum intencional. – Manu tentou explicar. – Eu estava tentando pegar outras pessoas. – Ela fez uma careta.
- É, eu fiquei com o nariz dormente. – Max disse, me fazendo rir.
- O que você fez? – Perguntei para Manu.
- Sabe aquele dia que você me levou para sala de reunião e o Gigi deu de cara no nada?
- Ah, fita na porta? – Falei e ela assentiu com a cabeça. – Manu, você precisa parar com isso.
- Ei, é engraçado! – Ela disse e ri fracamente. – Enfim, eu espero lá com o pessoal.
- Não, já terminamos. – Max disse. – Voltamos a conversar depois, ?
- Sim, claro! – Sorri. – E se tiver alguma outra sugestão para vir ou para sair, só falar comigo ou com o Fabio. – Disse e ele se levantou.
- Combinado! – Ele disse, esticando a mão e eu apertei sorrindo.
- Até mais! – Falei.
- Ciao, ciao! – Ele disse e eu acenei.
- Cia-a-ao Max! – Manu disse cantado e eu ri fracamente quando a porta se fechou.
- Você é um perigo, Emanuelle! – Falei, me sentando novamente.
- Ah, nada de novo. – Ela deu de ombros. – Quer um café? – Ela perguntou.
- Não, estou bem. – Falei e ela se aproximou da máquina. – Como foi o evento ontem?
- Ah, foi legal! – Ela disse. – Não estou muito acostumada com desfiles de moda, mas foi legal até... – Ela deu de ombros, focando no que fazia. – Eu fiquei na segunda fileira. – Ela disse empolgada e eu ri fracamente. – Não foi nenhum desfile da Versace, mas...
- Eu já fui nos desfiles da Versace! – Falei rindo. – Primeira fileira.
- AH! – Ela disse animada. – Isso sim é legal! – Ela sorriu e neguei com a cabeça.
- Enfim, alguém fez o esforço em te fazer companhia? Eu precisava ir, mas não tinha como voltar para Milão ontem de novo. – Perguntei, colocando as mãos na cabeça.
- Foi sim. – Ela disse. – A Cristina no JTV, o Evra e... – Sua voz sumiu.
- E? – Falei e ela se virou com os olhos franzidos.
- O Barza. – Ela falou e eu soltei um longo suspiro.
- Cazzo! – Falei baixo. – Eu deveria ter ido.
- Ele não ainda não está pronto para falar contigo, chefa. – Ela disse baixo, pressionando os lábios e eu suspirei.
- Algum dia ele vai estar? – Perguntei e ela suspirou.
- Bom, pelo que ele falou, ele logo vai voltar para a fisioterapia, talvez seja sua oportunidade. – Suspirei.
- Eu quero muito falar com ele, mas também não quero pressionar, sabe? – Engoli em seco. – Quando o Gigi queria falar comigo e eu não queria, tinha medo de ele pressionar, sabe?
- E seria ruim? – Ela perguntou.
- Eu não estava pronta para conversar, eu sabia que se ele forçasse um pouco mais, eu ia cair na dele e ficaria mil vezes pior depois. – Suspirei. – Bom, para você saber, é exatamente como eu estou agora. – Ri fracamente e ela franziu os lábios, se aproximando devagar com a xícara e o pires na mão. – Talvez se eu deixasse ele falar, não teria magoado o Barza.
- Não pensa assim, chefa! – Manu falou. – Primeiro que não vale à pena e não vai voltar no tempo. Segundo que o tempo cura tudo. – Ela bebeu um gole no líquido. – Tudo vai se ajeitar. Você, Barza... Gigi. – Ela sorriu e eu ri fracamente.
- Os meninos te contaram a história toda, não? – Perguntei.
- Sim. – Ela disse. – Bom, mais ou menos, a única pessoa que sabe mais é o Pavel, mas ele ficou uns dois, três anos afastado, então ele talvez não saiba alguma parte.
- Não aconteceu nada no tempo que ele estava fora. Enfim... – Suspirei. – É mais difícil do que parece, Manu.
- Talvez... – Ela deu de ombros. – Sei que tem muitas mágoas, mas talvez tenha alguma esperança...
- Talvez... – Ri fracamente. – Mas eu preciso consertar meus erros antes. – Ela deu de ombros.
- Você quer que eu entregue um buquê para o Barza? Ele é bem fofinho, talvez ele se amoleça todo. – Rimos juntos.
- Talvez, mas agora vamos aproveitar essa data FIFA para organizar algumas coisas. – Falei, olhando para ela. – Depois que terminar seu café, quero que você vá lá no Danielle.
- Fechado. – Ela disse, virando a xícara na boca. – Ai, queimou! – Ela fez uma careta e eu ri fracamente. – Preciso ir no Danielle fazer o quê?
- Pegar os últimos papéis, o advogado retornou algumas coisas e eu preciso deles para pensar na janela de transferência.
- Ok, logo volto! – Ela disse sorrindo e eu neguei com a cabeça.
- Eu vou lá com a Sara. – Disse, me levantando também. – Ah, fala para o Pavel vir aqui se o encontrar.
- Ele não está na sala dele?
- Não estava quando eu tentei ligar. – Falei, puxando o telefone e ela assentiu com a cabeça, saindo.

Lui
25 de novembro de 2014
- Buongiorno, buongiorno! – Falei para o pessoal que eu encontrava pelo meio do caminho. – Buongiorno, ragazzi! – Falei para meus colegas na academia.
- Ciao, Gigi! – Eles responderam e segui pelo corredor.
- Ei, Gigi! – Vi Filippi sair do vestiário. – Chegou mais cedo. – Ele falou.
- Vim malhar um pouco antes da viagem, precisamos vencer esse jogo. – Falei, suspirando.
- Eu estou livre agora, se quiser fazer uns testes em campo...
- É, claro! Acho que vai ser melhor. – Falei. – Vou só me trocar e te encontro lá.
- Fechado! – Ele disse, seguindo pelo corredor.
Segui para o outro lado, entrando na área dos vestiários, fisioterapia e sala de reuniões e fui em direção ao vestiário, deixando minha bolsa em meu lugar e me sentei para tirar os tênis. Me levantei novamente para pegar o uniforme dobrado dentro do armário e encontrei-o vazio. Droga, não está aqui. Suspirei e segui pelo vestiário, dando uma olhada entre as portas e ouvi vozes quando passei pela sala da fisioterapia.
- Isso! Agora você mexe devagar. Dói? – Ouvi Stefano perguntar e segui em direção a ele, entrando na sala.
- É suportável. – Ouvi outra voz.
- Ei, Gigi! Perdido aqui hoje? – Stefano perguntou.
- Sim, ficando firme para o jogo. Está com quem... – Dei alguns passos, vendo Barza deitado na maca. – Ah, é você. – Suspirei.
- Ei, Gigi. – Ele falou e notei o clima estranho e virei para Stefano.
- Stefano, você sabe onde tem uniforme? Eu vou para o campo com o Filippi antes da viagem. – Perguntei.
- Tem lá com a Rosana. – Ele disse.
- Beleza, eu vou lá. – Falei. – Grazie. Bom te ver, Barza. Melhora aí! – Falei, seguindo de volta para a porta.
- Gigi! – Barza me chamou e voltei um passo. – Podemos conversar? – Ele perguntou e eu engoli em seco.
- Achei que estava me ignorando. – Falei.
- Pode dar licença para gente? – Barza perguntou para o fisioterapeuta e ele assentiu com a cabeça.
- Vai fazendo três de 10 enquanto eu estou fora. – Stefano disse e seguiu pelo corredor e o vi passar para fora da área de treinamento.
- Eu não sei se eu deveria estar começando esse papo, mas...
- Você que está me ignorando, Barza. – Falei, apoiando as costas na pilastra mais próxima. – Eu tentei falar contigo.
- É por isso que eu acho que devo começar esse papo agora. – Ele disse, se sentando na maca e suspirei.
- Ok, fala. – Cruzei os braços.
- Eu não sei muito o que dizer, mas acho que não tenho direito de ficar irritado contigo ou chateado. Foi uma decisão nossa. E eu logo volto para o time e não quero que isso afete o jogo. – Ele suspirou e eu assenti com a cabeça.
- Ah, pelo menos alguém é sensato. – Suspirei, rindo fracamente.
- Como assim? – Ele perguntou.
- Ah, você sabe. me ignorando, mas isso não é exatamente nada de novo. – Dei de ombros.
- Como assim? – Barza perguntou.
- Como assim o quê? – Perguntei.
- A está te ignorando?
- Sim, desde o começo da temporada, são poucas as conversas sem brigar. – Suspirei. – Eu acabei forçando um pouco na pré-temporada, mas tenho certeza de que foi daquilo. – Falei. – Só não consigo entender, se todos entramos juntos nisso.
- Entramos, mas eu preciso assumir que depois que a ficha cai, fica cada vez mais difícil. – Suspirei.
- Como assim? – Perguntei.
- As imagens na cabeça... – Ele disse e rimos juntos. – Olha, cara, não vou ser hipócrita e falar que foi ruim, mas é algo difícil de tirar! – Sorri, negando com a cabeça.
- Eu entendo, é difícil ainda olhar para você também, mas acho que somos grandinhos demais para deixar isso nos afetar. – Falei, suspirando. – Se a questão é se devíamos ou não fazer, não sei...
- Você foi oportunista, Gigi. – Barza disse rindo. – Você queria ficar com a e eu fui um peão na jogada, eu sei disso.
- É, eu assumo que eu fui bem oportunista na situação... – Suspirei, erguendo o olhar para ele. – Eu fiquei enciumado, Barza. Aquela mulher mexe demais comigo, o sangue ferveu quando eu te vi com ela... – Neguei com a cabeça. – Com você e não comigo que eu fiz qualquer coisa para poder aproveitar ela um pouco comigo. Me desculpe. – Falei. – Não tive intenção nenhuma de te atingir com isso tudo, eu só pensei no momento. – Ri fracamente.
- É, eu sei, e eu entrei naquilo também por interesse pessoal, mas eu sabia que tinha acabado ali mesmo. – Ele falou e eu franzi os olhos. – Durante todo tempo que ficamos juntos, ela sempre foi honesta sobre o que sentia por você, sabe? – Ele disse baixo. – Ela foi completamente honesta, mas eu gostava do que tínhamos. Quando você estava longe, era bom, sabe? – Ele suspirou. – Eu tive esperança de que ela realmente te esquecesse, mas no momento em que ela te beijou aquele dia. Ficou óbvio demais.
- O que você está dizendo, Barza? – Perguntei baixo.
- Ah, qual é, Gigi! O beijo de vocês é perfeito, a sintonia de vocês na cama é perfeita... – Ele falou baixo, olhando na porta. – Talvez meu ego esteja doendo para falar isso, mas ela nunca toparia um anal comigo... – Ele abaixou o tom de voz. – E depois, de madrugada, quando você disse que sabia onde tocar ela, onde ela se arrepiava, eu nunca soube atingir ela. Ela nunca gemeu daquele jeito comigo. – Ele suspirou. – Ficou óbvio demais.
- Você estava acordado de madrugada? – Perguntei.
- Eu acordei. – Ele disse. – Eu ouvi boa parte da conversa de vocês e, apesar do meu ego doer demais, eu sabia que me magoaria mais ainda... – Ele suspirou. – Eu sou tonto, Gigi, eu assumo, eu me apaixono rápido... – Ele riu fracamente. – Então, para evitar me machucar mais ainda, eu preferi me afastar. A é uma mulher incrível sim, nossos papos eram divertidos, mas nossa relação íntima não era nem próxima do que você causava nela com um abraço. – Ele suspirou. – E eu não sou um cara que me conforme com esse tipo de relacionamento.
- Barza, você está dizendo que... – Perguntei baixo. – Você e a não estão juntos? – Ele riu fracamente.
- Não, faz tempo. – Ele disse e eu bati a mão na testa.
- CAZZO! – Gritei, respirando fundo. – Você está brincando comigo, não?
- Não, como assim? – Ele perguntou.
- Vocês não estão juntos? – Falei um pouco mais alto.
- Não. – Ele disse, franzindo a testa. – E ainda não estou pronto para encarar ela...
- Quando vocês terminaram? – Perguntei, atropelando sua fala.
- No dia seguinte depois do... – Ele falou, olhando para a porta.
- AH, PUTTANO! – Gritei e ele arregalou os olhos. – Você só pode estar zoando comigo! – Soquei a pilastra, sentindo a mão doer. – Droga! Não posso fazer isso.
- O que está acontecendo, Gigi?
- Ah, isso explica muita coisa, Senhor! – Falei, suspirando. – No dia seguinte? Enquanto estávamos no Rio?
- Meu ego não permitiu que eu continuasse com aquilo, Gigi, ela me mandou mensagem, me ligou, eu não queria falar com ela e pedi para ela não me procurar mais, eu sei que preciso conversar com ela ainda, eu só não consigo olhar para ela e...
- Eu vou lá no sexto andar me matar, ok?! Dá licença... – Falei, dando alguns passos e ele me puxou.
- Que merda você fez, Gigi? – Ele perguntou.
- Como assim? – Perguntei alto. – Eu achei que tinha sido uma diversão e que vocês fossem continuar juntos, não que vocês fossem terminar. Cara! – Falei alto. – Agora eu entendi tudo.
- Entendeu o quê?
- Ela está me ignorando porque você está bravo com ela, cazzo! – Falei. – É óbvio! Ela me culpa pelo fim do relacionamento de vocês! – Falei mais alto.
- Ah, vocês são difíceis. – Ele disse, passando as mãos na cabeça. – Não é possível, Gigi, qual é!
- É óbvio, Barza. – Suspirei. – Isso explica tudo!
- E o que você fez nesse meio tempo? – Ele disse. – Eu jurava que vocês tivessem ficado juntos depois que eu me afastei. – Ele suspirou. – Eu achei que tivesse ficado óbvio para vocês também.
- Ah, eu não sou tão intelectual igual você! – Falei alto, abanando a mão. – Eu só queria ficar um tempo com ela, mas eu sabia que quando eu fosse embora, vocês continuariam sei lá o que vocês tinham. – Ele suspirou.
- É óbvio, não? – Ele falou. – Ela está brava contigo por eu ter terminado com ela. – Ele falou. – Na sua cabeça, você estava bem com todo mundo e eu usei a desculpa da cirurgia para me afastar e colocar a cabeça no lugar para encarar vocês dois. – Bufei.
- Isso está me dando dor de cabeça. – Falei baixo, passando as costas da mão no nariz. – Eu sou muito burro! Eu deveria ter percebido isso. – Suspirei. – E acho que ela e a Manu tentaram me avisar e eu não ouvi. – Franzi os olhos. – Eu sou burro demais!
- Não seria a primeira vez. – Ele falou e eu ergui os olhos para ele. – Mas acho que isso explica, então, o motivo de eu estar vendo fotos suas e da Ilaria em toda revista.
- AH, É ISSO, CAZZO! – Gritei. – Eu não acredito, cara. Eu sou muito idiota, eu sou muito idiota. Ela nunca mais vai olhar na minha cabeça. Dessa vez já era! Nem eu me perdoo mais, já era! – Dei de ombros. – Ela poderia me dizer.
- Se acalma, Gigi. – Ele falou.
- Eu fiquei com a Ilaria, Barza. – Falei passando as mãos nos olhos. – Eu estava magoado também por vocês dois e passei as férias com ela, eu...
- Você sabe que a odeia a Ilaria, não sabe?
- Sei... – Saiu em um gemido.
- Eu não tiro a razão dela em nenhum momento, mas...
- Não fala. – Pedi. – Por favor. – Suspirei. – QUE MERDA! – Gritei.
- Ei, relaxa, cara! Relaxa! – Barza pediu, segurando meu braço. – Tem jogo amanhã e a gente precisa de um goleiro.
- O Storari pode ficar no meu lugar, eu vou me matar depois dessa. – Suspirei.
- Eu não sei como te ajudar, cara, realmente, eu não sei, mas tudo passa. – Ele falou, pressionando os lábios. – E, conhecendo vocês dois, tudo vai se ajeitar também, vocês só precisam se priorizar.
- E você, cara? Como você pode dizer isso com tanta calma se nem você quer falar com ela? – Perguntei.
- Nossos motivos são completamente diferentes, Gigi. – Ele falou. – Da mesma forma que eu e você estamos tentando nos ajeitar, eu e ela também vamos, mais cedo ou mais tarde, mas também teremos uma conversa difícil como essa contigo. – Ele riu fracamente. – Mas os problemas de vocês... Eu não posso resolver. – Ele suspirou.
- Que merda, cara! Saiba que você acabou com meu dia, acabou com o meu ano, na verdade. – Ele riu fracamente.
- Você é impulsivo, Gigi. Só precisa parar de ser impulsivo com a pessoa que você ama. – Engoli em seco. – E não tente negar, depois do que houve, vocês podem enganar todo mundo, menos eu. – Ele disse dando de ombros e tombou na maca novamente.
- Eu quero me matar, cara. – Suspirei e ele riu fracamente.
- Imagino mesmo, mas deixa o tempo consertar as coisas, Gigi. – Ele falou. – E tenta parar de fazer besteiras.
- Ei, o que está fazendo aqui?
- AH! – Virei o rosto apressado e ouvi um estouro logo em seguida e vi Filippi e Manu aparecerem na porta da fisioterapia e Barza inclinou o rosto para trás.
- Estava escondida aí? – Perguntei.
- Eu ia assustar o Barza, mas aí ouvi vocês gritando e achei que não fosse o momento ideal... – Ela disse, fazendo uma careta. – Mas aí o Filippi veio e me assustou. – Ela sacudiu a bexiga estourada em sua mão e suspirou. – Desculpa, não queria me intrometer. – Ela suspirou.
- Está tudo bem. – Barza falou. – Já terminamos mesmo.
- Vamos, Gigi, eu estou te esperando há uns 20 minutos lá no campo. – Filippi disse. – Ainda quer o treino?
- Sim, quero. A gente só ficou conversando mesmo. – Suspirei, olhando para Barza e ele assentiu com a cabeça. – A gente termina isso depois?
- Sim. – Ele assentiu com a cabeça. – Só pensa no que eu te falei. – Engoli em seco.
- Você também. Se servir de algo. – Falei, coçando a nuca e ele deu um aceno de cabeça e segui para fora da sala.
- Desculpa, Gigi, não era minha intenção, eu só...
- Está tudo bem! – Abracei Manu de lado. – Está tudo bem, eu prometo! – Dei um beijo em sua testa e ela assentiu com a cabeça.
- Mesmo? – Ela perguntou e eu virei para Barza, respirando fundo.
- Não. – Falei baixo. – Mas vai ficar. – Suspirei e segui de volta para o vestiário. – Só preciso achar uma roupa, Claudio. – Falei para meu treinador.
- Eu pego para você. – Ele disse e eu assenti com a cabeça, seguindo para o lado contrário ao dele.


Capitolo cinquantaquattro

Lei
Quatro de dezembro de 2014 • Trilha SonoraOuça
- Sim, com toda certeza. – Falei rindo. – Você não tem noção como eu estou feliz em ouvir isso. – Suspirei.
- Valeu, chefa, eu vou demonstrar interesse, então. – Matri disse do outro lado da linha e eu suspirei.
- Você sabe como as coisas são, certo? Seis meses de empréstimo e depois a escolha sai das minhas mãos.
- Eu sei, relaxa! Mas só de estar perto de vocês de novo, nem que seja só por mais seis meses, vai ser incrível. – Ele disse e eu sorri.
- Se arrependimento matasse, hein?! – Falei.
- Nem fala! – Ele riu junto e ouvi o telefone tocando e Manu o puxou, atendendo.
- Eu vou te esperar então, Matri. Empolgadíssima. – Ri fracamente e ele fez o mesmo do outro lado da linha.
- Quem sabe não seja nossa hora de formar aquela família que a gente brincava?
- Ei, coitada da Federica. – Ele riu fracamente. – Vocês ainda estão juntos?
- Sim, estamos. – Ele disse.
- Ótimo, traga ela de volta, então. – Falei e olhei para Manu que estava me aguardando. – Preciso ir, Matri, logo colocamos as fofocas em dia.
- Ciao, chefa!
- Ciao, Matri. – Suspirei, desligando o telefone em seguida. – Diga! – Falei, olhando para ela.
- Pavel! – Ela disse.
- Ah, eu já vou assistir a propaganda de Natal. – Falei e ela riu fracamente, passando a ligação e eu peguei o telefone. – O quê? Eu já falei que vou assistir, mas eu estava em uma ligação.
- Algo importante? – Ele perguntou.
- O Matri vai voltar por empréstimo, para de ser chato. – Falei e ele riu fracamente.
- A Manu está aí perto de você? – Ele perguntou.
- Sim, está, por quê? – Olhei para ela, que já havia se distraído com os papéis e o marcador de texto.
- É aniversário dela hoje, não? – Ele falou.
- Sim, positivo. – Falei, fingindo que olhava para o computador.
- O pessoal fez uma surpresa para ela, mas eles vão para Florença após o almoço, precisa ser agora. – Ele disse.
- Ah, que legal! Eu mando ela aí pegar. – Falei.
- Vem junto, eles estão tentando se vingar depois de tudo o que ela fez. – Ouvi outras risadas do outro lado da linha.
- E você acha que vai dar certo? – Perguntei rindo.
- Obviamente que não. – Ele gargalhou.
- EI, CARA! – O pessoal reclamou.
- Como eu vou fazer isso dar certo? – Perguntei baixo.
- Você se vira com alguma mentira, mas venha logo.
- Ok, aparecemos aí logo mais. – Suspirei, desligando o telefone.
- Preciso ir no andar de cima? – Ela perguntou.
- Não, você precisa ir lá no CT... – Falei, pensando rapidamente. – O Pavel está com um novo funcionário da área esportiva com o Paratici e ele quer que você pegue uns documentos para agilizar a contratação.
- Ah, tudo bem. Eu vou lá. – Ela falou. – Só preciso de uma assinatura sua. – Ela disse.
- O quê? – Ela se levantou rapidamente e veio em minha direção com um papel.
- É a confirmação do Gran Gala del Calcio que vai acontecer no dia 15. – Ela disse. – Você vai, certo? – Ri fracamente.
- Eu deveria ir. – Suspirei. – Mas encontrar Gigi e Barza no mesmo lugar? – Perguntei.
- Achei que você quisesse falar com o Barza.
- Queria, mas o Gigi junto? – Ri fracamente. – Gigi, Asa, Pirlo e Pogba juntos? Vai ser um lugar perfeito para conversar mesmo. – Falei ironicamente e ela riu fracamente.
- Então, você não vai? – Ela perguntou, fazendo uma careta e eu suspirei.
- Deixa aí, eu vou pensar melhor, mas se depender de mim, não vou. – Suspirei. – Estamos no fim do ano, tem muita coisa ruim acontecendo, mas não tem mais coisa ruim, então, não quero me irritar. – Suspirei. – Ainda vamos para Supercoppa na semana do Natal que já vai fazer os nervos de irritação surtarem. – Ela riu fracamente.
- Ok, mas pensa logo, a confirmação é até amanhã. – Ela disse e eu fiz uma careta, pegando o celular, vendo uma mensagem de Pavel.
“VEM LOGO!”
- Pavel está me pedindo para ir junto que o Allegri está querendo falar de uma contratação, vamos lá, aproveito e falo com ele sobre isso.
- Tudo bem, vamos lá! – Ela disse, afastando da cadeira e fiz o mesmo.
Passei pela sala da minha equipe, vendo se alguém estava precisando de ajuda e desci com ela pelo elevador e depois pela rua que beirava todo o CT. Tentei pensar o que os meninos fariam com ela, mas já imaginei que precisava ficar um pouco atrás. As brincadeiras dela eram ingênuas e bastante criativas, mas eles não se conformavam com ela sendo pega em todas as oportunidades.
- Então, o que você vai fazer para comemorar hoje? Vai sair com seus pais? Encontrar algum amigo? – Perguntei, tentando puxar papo.
- Ah... – Ela suspirou. – Meus pais querem me levar para jantar em algum restaurante legal, mas acho que eu vou no Monte dei Cappuccini depois do trabalho. – Ela disse sorrindo.
- Mesmo? – Franzi a testa.
- Ah, lá é legal para tirar fotos, relaxar um pouco e tem a igreja também, onde eu posso agradecer por mais um aniversário sensacional! – Ela sorriu, ajeitando a touca em seus cabelos. – E comemorar um ano de trabalho.
- Verdade! – Falei, sorrindo. – Um ano atrás você estava vindo trabalhar com a gente.
- E foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida, chefa! – Ela sorriu. – Bom, depois de vir morar aqui, é claro. – Rimos juntas.
- Fico feliz mesmo, Manu! – Abracei-a de lado e ela sorriu. – Eu gosto de ter você aqui.
- Agradeço muito. E acho que devo agradecer para meu santinho que me permitiu viver isso. – Assenti com a cabeça, puxando a porta do CT do time principal.
- Você é uma menina de ouro, Manu. Nunca aceite menos do que o máximo, ok?!
- Grazie, chefa! – Ela sorriu com as bochechas enrugadas.
- Entra! – Falei e ela passou na minha frente. – Pelo menos parou de tropeçar.
- Ah, mais ou menos! – Ela falou e rimos juntas.
- Allora, onde eles estão? – Perguntei baixo, olhando pelas salas.
- Eu vou ver no vestiário! – Ela disse, saindo na frente e ri fracamente, seguindo logo atrás dela, tentando acompanhar sua curta corrida. – Pave-el! Você está aqui? – Ela abriu a porta da área de vestiários e afins e peguei-a antes de ela fechar, vendo-a seguir em direção a sala lateral de reuniões. – PAVEL! – Ela gritou e seguiu para a próxima da fisioterapia.
Ouvi vários estouros seguidos misturados com seus gritos e algumas gargalhadas e me aproximei da entrada, vendo Manu caída no chão, gargalhando alto demais e seu corpo estava coberto daquele spray de festa colorido. Enquanto isso, em volta, todo o time, além de Pavel, Paratici e Beppe não paravam de gargalhar.
- TANTI AUGURI DA TE! – Leo puxou o parabéns e comecei a bater palmas e cantar junto deles.
- TANTI AUGURI DA TE! TANTI AUGURI DA TE! TANTI AUGURI DA TE! TANTI AUGURI DA TE! – Cantamos juntos enquanto ela gargalhava no chão com o sorriso mais incrível de todos.
- Vocês me pegaram direitinho! – Ela falou rindo, tirando os sprays coloridos de seus cabelos. Eles pareciam plastificados e não grudavam realmente.
- Alguma vantagem a gente precisa ter, né?! – Lich falou e vi Gigi esticar as mãos para ela, puxando-a para se levantar.
- Parabéns, pestinha! – Ele disse, abraçando-a fortemente e ela quase sumiu nos braços dele.
- Grazie, Gigi! – Ela disse afundando o rosto no mais alto e sorri.
- Ah, menina! – Chiello foi logo em seguida e ela passou por cada um deles.
- Deu certo. – Pavel disse ao meu lado e rimos juntos.
- Ela nem suspeitou, pelo menos ela não falou nada. – Comentei.
- É o que você fala, ela é genuína, ela brinca com todo mundo, do Agnelli até os profissionais da limpeza, mas ela realmente não liga se algo acontecer com ela. – Falei, vendo-o rir.
- Ela é realmente um achado, . – Ele falou e eu assenti com a cabeça, sorrindo.
- ... – Virei o rosto para o lado, vendo Gigi ali e suspirei.
- Sim. – Falei, desviando o olhar do grito de Manu para Morata que a erguia no colo.
- Podemos conversar? – Ele perguntou.
- Sobre? – Virei para ele.
- Eu descobri que você e Barza não estão mais juntos. – Ele disse e eu suspirei.
- Não, não estamos. – Falei baixo.
- Por que você não me contou? – Ele perguntou no mesmo tom.
- Por que eu deveria te dizer? – Dei de ombros.
- As coisas poderiam ser diferentes, eu e você e... – Soltei a respiração forte.
- Nada ia mudar, Gigi. – Falei para ele. – Não dessa vez. – Neguei com a cabeça. – O que você fez vai muito além do que houve no Brasil. – Dei de ombros. – Eu não consigo lidar com isso agora, muito menos aqui. – Indiquei o local em que estávamos.
- Algum dia você vai conseguir lidar? – Ele perguntou e engoli em seco, observando seus olhos azuis nos meus e tive vontade de abraçá-lo fortemente.
- Em algum momento eu sempre consigo, não? – Falei baixo.
- De verdade, eu digo. – Ele falou e suspirei.
- Talvez. – Falei, soltando a respiração fortemente. – É você, esqueceu? – Dei de ombros e um curto sorriso se formou em seus lábios, assentindo com a cabeça.
- Fala comigo, ok?! Quando você estiver pronta. – Ele falou tão baixo que sua voz saiu falha e eu só consegui assentir com a cabeça.
- Ah, Pavel! – Manu o abraçou fortemente com o largo sorriso no rosto. – Vocês são incríveis! – Ela passou as mãos nos olhos e vi seu lápis de olho manchado.
- Temos um presente para você! – Pavel disse.
- O quê? – Ela disse surpresa.
- Gigi! – Chiello o chamou e Gigi se aproximou do pessoal com um sorriso em minha direção.
- Sabe como você sempre enche o saco que não pode ir em jogos fora? – Ele falou.
- Ei, ela pode ir em jogos fora!
- Você entendeu! – Gigi disse e rimos juntos. – Que o time possa bancar!
- Sim, sei! – Ela disse, abanando a mão.
- Como presente, nós te oferecemos a ida para o jogo de amanhã com a gente.
- MESMO? – Ela disse animada.
- Sim! – Gigi disse rindo. – Você ir com a gente hoje, assistir ao jogo amanhã e voltar só no sábado. – Ele sorriu. – Se a deixar, é claro.
- É claro que eu deixo! – Sorri.
- É contra a Fiorentina, costuma ser um jogão...
- Apagão do ano passado! – Falei e ele fez uma careta.
- Ah, ! – Leo reclamou e rimos juntos.
- Eu posso mesmo? – Manu perguntou.
- Claro que pode, mas saímos as duas, então é um convite de última hora mesmo. – Pavel disse. – São 10 horas, você precisaria ir para casa, fazer sua mala e voltar logo.
- Meu pai vai me matar, mas eu quero sim! – Ela falou animada. – Preciso arranjar uma desculpa.
- Fala para ele que você vai no meu lugar. – Falei para ela.
- Você podia ir também... – Gigi disse baixo e neguei com a cabeça silenciosamente.
- Minha cabeça para mentiras funciona rápido, qual é, eu fui com o Barza para Finlândia! – Ela disse, nos fazendo gargalhar. – Mas eu vou, não tem problema mesmo, ? – Ela virou para mim.
- Ah, qual é. Apesar de tudo, eu sei viver sem você por três dias. – Disse e ela abriu um largo sorriso.
- Ok, eu vou para casa então. – Ela disse rindo. – Agora entendo por que meu pai não gosta do meu emprego. – Ela disse, gargalhando sozinha logo depois e sorri.
- Porque ele é chato! – Falei séria. – Nós te amamos.
- Oin! – Ela falou, fazendo uma careta e Cáceres e abraçou de lado, fazendo-a sorrir. – Bom, eu preciso rir.
- Tem mais um presente! – Gigi falou.
- Ah, gente! Não precisava. – Ela disse rindo.
- Mesmo? O outro presente era te levar para o Catar na Supercoppa, mas já que...
- O QUÊ?! – Ela gritou, pulando no lugar e gargalhamos juntos.
- É, o que acha? – Chiello perguntou. – Serão mais dias, mas acompanhar a gente no Catar?
- Eles sabem que isso não é mais tão fácil de fazer, né?! – Cochichei para Pavel.
- Sim, mas ela foi na pré-temporada, não deve ser tão difícil.
- Na pré-temporada muita gente não tinha voltado ainda. – Fiz uma careta. – Enfim, eu dou um jeito. – Suspirei.
- O Agnelli gosta dela, não vai ter problema. – Ele falou e rimos juntos.
- Esperamos não...
- Se tiver, pode tirar do meu salário. – Gigi falou do lado e eu assenti com a cabeça.
- Combinado! – Sorri, vendo Manu com um largo sorriso no rosto, abraçando Pogba.
- Você viu a propaganda de Natal? – Pavel perguntou ao meu lado.
- Ah, cazzo! Eu vou ver! – Falei, ouvindo-o rir. – Mas eu vi sua estátua de cera em Praga! – Ele riu fracamente.
- Ficou boa, não? – Ele falou.
- Ficou igualzinha! – Falei e ele sorriu.
- Bom, eu preciso ir, gente! Eu volto logo. – Ela disse animada. – Preciso de um Uber.
- Quer meu carro? – Ofereci e ela olhou para mim rindo fracamente.
- A oferta é boa, mas meu pai vai achar suspeito demais. – Ela disse rindo fracamente.
- É, a tem razão, seu pai é chato demais. – Vidal disse. – Está fazendo quantos anos?
- 21. – Ela disse.
- Ih, já é a maioridade em todos os países do planeta, manda ele affanculo e a gente te acolhe. – Ele disse e todos gargalhamos junto dela.
- A gente decide uma coisa de cada vez, que tal? – Ela disse rindo. – Posso ir, chefa?
- Vai lá! – Falei, ouvindo-a rir.
- Precisa de mais alguma coisa? – Perguntei para Pavel.
- Aprovação da propaganda de Natal. – Ele disse e eu bufei.
- Cadê? – Perguntei e ele puxou o celular do bolso do paletó e eu neguei com a cabeça.

Lui
21 de dezembro de 2014
- Para mim, o Napoli é um dos 10 melhores times da Europa hoje em jogos únicos. – Respondi, olhando para o repórter. – Se você olhar a qualidade individual dos jogadores e a forma de jogar dos dois times, penso que somos dois times que dividem uma mesma filosofia que é controlar o tempo e atacar com um sistema tático variado, então os dois vão procurar usar os esquemas táticos a favor. Eles vão lutar conosco em termos iguais e é isso que estamos esperando. – Respondi.
- Bene, grazie! – Angela falou olhando para mim e para Allegri.
- Grazie, grazie! – Allegri falou e nos levantamos da cadeira, seguindo para fora da sala de coletiva.
- Tem mais alguma coisa, Angela? – Perguntei, entrando na sala lateral.
- Não, vamos encontrar o resto do elenco lá em campo e vamos voltar para o hotel, vocês vão tirar o resto da noite para jantar e descansar. – Ela disse.
- Tudo bem! – Falei, assentindo com a cabeça.
- Será que eles já não voltaram para o ônibus? – Allegri perguntou, seguindo ao meu lado.
- Capaz de eles estarem brincando no campo ainda. – Ela disse, rindo fracamente e passamos por dentro do estádio Jassim Bin Hamad, onde seria o jogo amanhã aqui em Doha.
- Do jeito que eles são, não duvido. – Falei, rindo fracamente e saímos por uma das quinas do campo, andando pelo gramado. Boa parte do pessoal ainda estava lá no meio brincando de bobinho e uma jovem de cabelos azuis e o jogador mais baixo do time estavam no meio da roda.
- Ah, fala sério! – Angela disse rindo e se aproximou eles.
- Não! Fecha ali! – Manu falava gargalhando enquanto dava uma volta quase completa na roda externa formada por Chiello, Leo, Claudio, Pepe, Lich, Pirlo, Pogba e Padoin. Observei rapidamente em volta e vi Pavel e Paratici ali dentro.
- Vai, Manu! Pega a bola! – Leo disse, jogando para Pepe.
- Vem, vem! – Pogba disse, driblando-a e chutando para outro lado, fazendo-a tropeçar no chão.
- Me ajuda aí, Sebastian! – Ela disse e ele estava mais gargalhando do que tentando ajudá-la.
- Andiamo, ragazzi! Para o ônibus! – Angela falou.
- Espera aí! – Chiello disse rindo e chutou para Pepe de novo.
- Espera um pouco. – Pavel falou para Angela. – Só mais um pouco.
- Há quanto tempo eles estão nessa? – Perguntei.
- Uns 10 minutos. – Ele disse rindo em seguida.
- Ah, gente, vamos embora! – Allegri disse. – Vocês precisam descansar.
- Espera aí, eu vou acabar com isso! – Manu disse séria.
- Quero só ver como! – Leo disse com a bola em seus pés, encarando Manu no meio da roda.
- Vou te ensinar uma coisa. – Ela disse e Leo olhou para ela, rindo fracamente e chutou a bola.
Em um momento de surto, Manu deslizou o corpo no chão, a bola estourou em sua canela e subiu reta. Ela se levantou rápido e pulou, pegando a bola com as mãos antes que os outros se aproximassem dela, pena que ela fez Giovinco deslizar e foram os dois para o chão logo em seguida, mas a bola se manteve nas mãos dela.
- Scusi, Seba! – Ela disse rindo.
- Como você fez isso? – Leo perguntou, esticando a mão para ela e ela segurou a bola embaixo do braço antes de se levantar.
- Eu estou bem! – Giovinco disse levantando também e ambos riram. – Boa! – Ele cumprimentou Manu e a mais nova brincou com a bola no dedo, tentando-a girar no indicador como se fosse bola de basquete, mas não aguentava por muitos segundos.
- Eu sou uma boa observadora! – Ela disse, jogando a bola para cima e ela bateu na quina da caixa de bolas ao lado do banco de reservas e entrou no mesmo. Ela virou sorrindo para nós e deu de ombros.
- Você não podia ter feito isso há 10 minutos? – Chiello perguntou e ela deu de ombros.
- Eu só estava me divertindo. – Ela disse e eu gargalhei.
- Cara, você precisa parar de ficar vendo os treinos. – Marchisio disso.
- Por quê? Por que eu vou começar a humilhar vocês? – Ela falou, soprando as unhas e passando em seu casaco antes de seguir pelo corredor.
- Ah, Emanuelle! – Leo falou e ela gargalhou, virando de costas e dando de ombros.
- Boa, garota! – Estiquei as mãos para ela e ela sorriu, batendo contra as minhas.
- Agora vamos! Eu estou com fome! – Ela disse, andando de costas e bateu as costas na parede, fazendo o pessoal gargalhar. – Ai! – Ela reclamou e neguei com a cabeça.
- Vamos embora, Manu! Isso é fome! – Falei, passando o braço pelos seus ombros e ela riu fracamente.
- Gigi, sou eu. Se for mesmo, eu sempre estou com fome. – Ela disse rindo.
- O que não é mentira. Eu bem vi o tamanho do seu prato no almoço. – Falei e ela gargalhou alto.
- Xi! Deixa quieto! Só entre a gente! – Ela disse rindo e colocando o dedo na boca. Sorri e neguei com a cabeça.
- Vamos, louquinha! – Falei.
Voltamos todos para o ônibus e seguimos de volta para hotel. Os treinos estavam sendo no próprio complexo do hotel que tinha junto um local de treinos, uma tal de Aspire Academy. Tínhamos treinado, depois tivemos um tempo de descanso e agora fazíamos o reconhecimento do campo. Eu aproveitei o descanso para tomar banho e agora eu iria direto para o restaurante jantar.
Da mesma forma na pré-temporada na Ásia, o hotel havia reservado um espaço específico para nosso restaurante, ele ficava ao lado da área externa do hotel, então poderíamos comer do lado de dentro ou do lado externo no aberto com a piscina e um bar ali do lado. Sabia que poucas pessoas haviam ficado no hotel, mas o restaurante estava vazio quando entramos.
Peguei um prato, me servi do clássico que comíamos em Turim, sem exagerar muito na comida mediterrânea. Eu não era muito adepto a comidas diferentes, não costumava nem testar muito. Peguei também uma garrafa de água e segui para a área externa. Uma música desconhecida tocava, mas com certeza não era árabe.
Encontrei , Agnelli e a esposa do presidente conversando em uma mesa. ergueu o olhar para mim e eu acenei com a mão, vendo-a assentir com a cabeça e desviar o olhar para algo que Agnelli falava. Movimentei o rosto para outro lado e vi Cáceres e Barza – dois lesionados que vieram só para acompanhar o jogo – gargalhando de alguma coisa. Optei por me aproximar deles.
- Ciao, ragazzi! – Falei, me sentando na mesa próxima.
- E aí, Gigi! – Eles falaram juntos e voltaram a gargalhar, Chiello, Leo e Claudio logo chegaram e se sentaram junto de mim.
- O que estão rindo? – Leo perguntou.
- Está ouvindo as músicas? – Cáceres falou.
- Sim! – Falei.
- É da Manu! – Ele disse rindo.
- Vocês pegaram o telefone dela?
- Ah, não é como se desse para entender algo, mas acho que foi o pai dela que mandou mensagem enquanto isso. – Barza disse.
- EI, VIDAL! – Martin chamou-o. – Você é chileno, não?
- Sim! – Ele disse.
- O pai da Manu se chama Santiago! – Martin disse rindo.
- Mesmo? - Ele perguntou alto, se aproximando de nós.
- AH, ENTÃO ESTÁ AQUI! – Manu chegou, puxando o celular da mão de Martin. – Achei que tinha perdido. – Eles gargalharam de rir.
- Você disse que a gente podia pegar se a gente quisesse ouvir música, aquelas árabes não estavam rolando. – Martin disse.
- É, mas eu preciso mandar mensagem para o meu pai. – Ela apoiou seu prato na minha mesa e mexeu no aparelho. – Bem que eu estranhei estar tocando “Domingo de Manhã” no Catar, mas vai saber. – Franzi a testa.
- Tocando o quê? – Leo perguntou e Manu virou o rosto para gente.
- Vocês precisam de uma cultura maior da música brasileira além de “Garota de Ipanema” e “Ai, Se eu te Pego”, por favor. – Ela disse, mexendo no celular e aumentou o som da música que tocava.
- Realmente. – Rubinho disse, concordando com ela que sorriu.
- Eu nem sei, o que faria nesse inverno. – Manu começou a cantar junto com a música, me fazendo sorrir pelo seu sotaque brasileiro. - Qualquer coisa que, não fosse com você, me causaria tédio. Poderia estar agora no espaço em um módulo lunar, oh que chato! E se eu tivesse agora velejando num barquinho no Caribe, Deus me livre! Poderia estar agora num hotel mil estrela em Dubai, mas eu, eu, eu... – Ela alongou a voz, nos fazendo sorrir. – Prefiro estar aqui, te perturbando, domingo de manhã. É que eu prefiro ouvir sua voz de sono domingo de manhã... – Ela sorriu. – Ei! Essa música combina com a gente, mas estamos no Catar e não em Dubai.
- Já fomos em Dubai. – apareceu ao lado de Manu, assustando-a e gargalhamos em seguida.
- Ai, chefa! – Ela disse rindo.
- Gostei da sua cantoria. – disse com um riso entre os dentes. Manu podia ter vários talentos, mas cantar não é um desses.
- Obrigada, nota zero! – Manu mesmo disse, nos fazendo rir.
- A música é boa, o ritmo é bacana, mas o que diz? – Chiello perguntou e Manu riu fracamente.
- De um cara apaixonado que preferia estar com sua amada do que em qualquer outro lugar no mundo. – Manu disse, piscando os olhos e eu franzi os lábios, enchendo minha boca de pasta.
- Enfim!
- Vai dizer que você conhece mais coisas da cultura italiano senão Pavarotti? – Falei.
- Gigi, eu tenho 21 anos, eu conheço qualquer coisa além de Pavarotti. – Ela disse rindo. – Mas é, conheço Pavarotti também. – Ela diz uma careta.
- Viu?! – Eu e outros três falamos juntos.
- Mas eu também começo Tiziano Ferro, Il Volo, Fedez, Chiara Galiazzo, Shade, Irama... – Ela falava enquanto pensava. – Baby K, Francesca Michelin, Annalisa...
- Eu não conheço metade das pessoas que ela falou. – Disse e eles gargalharam.
- É porque é cantor para jovem, Gigi, não para você. – falou e eu fiz uma careta.
- Ai, doeu! – Falei rindo.
- Ghali, Gaia, Emanuelle Aloia, Fred De Palma, Rocco Hunt, J-AX...
- JÁ ENTENDI! – Falei, parando Manu e ela gargalhou.
- Deixa eu ver isso! – Barza chamou-a e ela pegou seu prato, seguindo até ele e eu ri fracamente.
- Acho que eu vou ficar com dor de cabeça depois dessa. – Falei, passando as mãos na testa.
- Ela veio na Itália e está aproveitando tudo o que isso pode oferecer para ela. – falou.
- Não está errada. – Chiello disse e assentiu com a cabeça. – Ela aproveita mais do que a gente que mora aqui. – Assenti com a cabeça.
- Bom, vim desejar boa sorte para vocês no jogo de amanhã. – Ela disse.
- Não te vemos até lá? – Perguntei.
- Não sei. – Ela suspirou. – Eu vou para o quarto fazer uma reunião com a Sara que ela está com algumas dúvidas, depois vou dormir, amanhã tenho um almoço com os sheiks e acho que devo encontrar vocês só lá no estádio. – Assenti com a cabeça.
- Obrigado, então! – Falei sorrindo e ela assentiu com a cabeça, suspirando.
- Detonem o Napoli, tá? – Ela falou para nós dois e assentimos com a cabeça. – Buona notte, ragazzi! – Ela disse mais alto.
- Buona notte, chefa! – Falamos juntos e acompanhei o olhar de para Manu. Ou será que foi para Barza que desviou o olhar para o celular?
- Eu logo subo! – Manu falou e minha informação foi respondida, mas Barza desviar o olhar me esclarecia que ele ainda não queria conversar com ela e eu suspirei.
As coisas não estavam das melhores entre mim e ele ainda, mas pelo menos ainda conversávamos. E as minhas com ela? Bom, deixa quieto. Um dia de cada vez, né?! Tínhamos a Supercoppa amanhã, depois teríamos uma folga até dia dois, que aí voltaríamos a focar no campeonato.
Mas uma coisa de cada vez também, certo? Eu esperava que sim.

Lei
22 de dezembro de 2014
- Espero que esse jogo seja legal! – Manu falou assim que entramos no camarote.
- Por quê? – Perguntei, franzindo a testa. – O que quer dizer com isso, na verdade? - Pavel gargalhou ao meu lado.
- Ela está irritada que ela foi para Florença no jogo contra a Fiorentina e...
- E FICOU EM 0X0! – Ela falou irritada e gargalhei junto de Pavel.
- Por isso... – Ele disse. – Vamos ali! – Ele disse, indicando quatro lugares no fundo do camarote.
- Eu vou aqui na frente! – Manu disse, indicando Barza e Cáceres na fileira da frente e assenti com a cabeça. – Ciao, ragazzi! – Ela disse, colocando a cabeça entre os dois.
- Fala, Manu! – Martin disse e me sentei em uma poltrona entre Pavel e Beppe.
- Abre espaço! – Ela disse, pulando as cadeiras e se colocou exatamente no meio dos dois, me fazendo rir.
- Ela ficou muito decepcionada. – Pavel disse rindo.
- Claro que eu fiquei! – Ela virou para trás. – Falaram que jogo com a Fiorentina era bom, interessante e foi muito chato! – Ela disse aumentando seu tom de voz e ri fracamente, negando com a cabeça.
- Pelo menos não foi o jogo do ano passado... – Falei, dando de ombros.
- PESADELO! – Barza falou alto sem virar o jogo e sabia que era do que eu havia dito.
- O que aconteceu? – Manu perguntou para ele.
- Estávamos ganhando de 2x1, tivemos um apagão que ninguém ainda sabe exatamente o que aconteceu, eles fizeram três gols em quatro minutos. – Ele disse.
- O QUÊ? – Ela se virou para mim.
- É, pois é! – Falei, suspirando.
- Ah! Eu não lembro. – Ela falou, suspirando.
- Acho que você não estava no time ainda. – Barza falou para ela e suspirei.
- Enfim, façam um jogo bom, ganhem e destruam o Napoli! – Ela falou.
- Ei, está começando a falar como eu? – Brinquei e ela esticou a mão para eu bater, me fazendo rir.
- Cuidado para não se distrair, hein?! – Beppe brincou.
- Ah, Beppe! – Ela disse rindo.
- O que aconteceu? – Perguntei.
- Ah, ela não contou para ninguém? – Pavel falou rindo. – Ah, Manu!
- Para, Pavel! Não foi nada! – Ela disse rindo.
- O quê? – Perguntei.
- Ela ficou encarando um garoto durante o jogo inteiro. – Pavel disse.
- NÃO FIQUEI! – Ela disse, se virando de novo. – Eu fiquei curiosa que ele estava de muletas, ok?! – Ela falou, rindo em seguida.
- Não tem problema olhar, você é jovem, bonita, vai que encontrava um namorado? – Pavel disse e eu sorri.
- Não! Ok?! – Ela falou rindo. – Eu só estava curiosa. Igual as pessoas me olham pelo cabelo, eu olho coisas estranhas também. – Ela deu de ombros e eu ri fracamente.
- Alguém conhecido? – Sussurrei para Pavel e ele negou com a cabeça.
- Não consegui ver, eu estava em uma fileira abaixo. – Ele falou e eu assenti com a cabeça.
- Ok, agora quieto, eles estão entrando! – Manu disse e eu sorri.
Respirei fundo quando os jogadores entraram, fazendo alguns fogos estouraram no campo e a torcida respondeu a favor com aplausos. O estádio não estava tão cheio, mas estava bem misturado entre branco e preto e azuis do Napoli. Eu sabia que seria diferente do que contra a Lazio no ano passado, apesar de ambos os times serem fortes, o Napoli tem crescido mais do que eu gostaria de admitir.
Começamos com a vantagem, em cinco minutos Tevez abriu o placar com um erro incrível da defesa deles. Aos 16, eles tiveram uma chance, Gigi nem se mexeu, mas sorte que bateu na trave. Aos 22 Tevez teve outra chance, mas o goleiro deles defendeu. Um minuto depois, novamente.
Aos 25, eles voltaram a atacar, mas foi para fora. Aos 35, tivemos uma chance que foi dado como impedido, mas havia acontecido uma falta em Evra antes e voltaram para esse lance. Aos 42, antes do intervalo, Higuaín do Napoli teve uma chance, mas foi para fora.
Voltando para o segundo tempo, começamos forçando logo aos 51 minutos. Aos 54, eles tiveram uma chance muito boa, a bola lambendo a trave e o pessoal respirou aliviado em nossa área. Aos 65 de novo. Aos 68, o empate. Higuaín chutou de uma forma que tornou o gol totalmente indefensável, Gigi não sabia nem como reagir. Aos 73 tivemos outra chance, mas foi na mão do goleiro. Aos 86, Vidal chutou para fora. Aos 90, para acabar, Tevez teve a grande chance para não ir para a prorrogação, mas foi para fora.
O primeiro tempo da prorrogação continuou com nossa vantagem. Tevez aos 91 e aos 96, a segunda foi direto na mão do goleiro. Aos 98, Llorente, aos 101 eles tiveram a chance de todo jogo, mas passou lambendo a frente do goleiro. Aos 105 eles voltaram a atacar, mas Gigi defendeu.
Aos 106, nossa esperança voltou. Tevez chutou uma rasteira após uma bagunça na área e colocou no canto esquerdo do gol. O pessoal do banco correu em cima dele e nós comemoramos aqui. Era nossa rendição. Pelo menos eu achava que era. Aos 111, Gigi fez uma defesassa, aos 113, ele precisou sair para defender uma bola. Aos 115, Higuaín fez uma pequena atuação próximo de Chiello para pênalti, mas o árbitro desconsiderou e seguiu o jogo.
Quando faltava dois minutos para o fim do jogo, nosso banco já estava em pé e nós também, esperando só o apito. Higuaín se aproximou da área e aquela bagunça de atacante com defesa aconteceu. A bola deslizou por baixo e entrou. Higuaín empatou o jogo faltando dois minutos para o fim.
Sem nenhuma mudança no placar, o árbitro acabou o jogo sem acréscimos e iríamos para pênaltis. Uma Supercoppa seria definida nos pênaltis... Contra o Napoli.
- PORRA! – Manu gritou quando o apitou soou e eu tive certeza que ela havia xingado em português, só não tinha certeza do quê.
- E aqui vamos nós. – Pavel disse e eu suspirei.
Eu precisava aproveitar esses cinco minutos para ir ao banheiro, já fazia mais de três horas que eu não ia e sabia que faria nas calças logo mais. Confio em Gigi como goleiro? MUITO, mas isso era totalmente diferente.
Eles começariam a bater e nós defendemos, então Gigi se colocou no gol e Jorginho fez a cobrança. Gigi pulou para o mesmo lado e a defendeu, nos fazendo respirar aliviados e me fazer sorrir. Tevez veio em seguida e a bola bateu na trave, deixando tudo igual. Depois de dois gols em jogo, Tevez não conseguiu converter.
Ghoulam foi em seguida e fez o gol. Ele e Gigi foram para lados opostos. Vidal veio logo em seguida, chutando do lado esquerdo e o goleiro foi para o direito. 1x1. Albiol veio e ele e Gigi foram para lados opostos, fazendo a bola entrar. Pogba veio para o nosso lado e acertou também, deixando tudo empatado ainda. Não sabia quem tinha gritado mais ali perto da gente, Barza ou Manu.
Inler veio logo em seguida e ele e Gigi foram para lados contrários também. Marchisio veio para o nosso lado e todo mundo escondeu o rosto com as mãos, mas acho que eu era levemente masoquista, pois eu queria ver. Após o grito do pessoal, eles gritaram juntos.
Faltando um de cada lado, foi a vez do astro deles, Higuaín, fazer a batida. Respirei fundo e apoiei o rosto nas mãos. O argentino foi para um lado, Gigi para outro e agora era nossa vez. Fazia e seguíamos para batidas alternadas ou já era. O novato Morata compensou sua contratação e meteu no fundo do gol.
- Isso. – Falei baixo, respirando fundo.
Ok, agora eram as batidas alternadas e o nervosismo começavam a aumentar. Eu precisei ficar em pé, pois Manu se levantou e dava para ver que ela não parava de tremer. Beppe e Pavel foram para o fundo junto de uns sheiks, mas eu fiquei! Gargano veio em seguida e igualou, fazendo todo mundo ter a mesma reação de decepção. Eu sei que isso era algo grandioso e tal, mas eu estava ficando irritada com as comemorações incrivelmente nojentas do Napoli mostrando a área genital e logo mais desceria para enfiar um soco na cara de cada um. Mas fazer o quê? Não podia esperar nada melhor de napolitanos.
Bonucci foi em seguida e eu só conseguia pedir para alguém iluminar a cabeça desse menino, mas ele fez bonito e mandou para o fundo do gol, me fazendo assustar com o grito de Beppe na minha orelha e virei rapidamente para trás para ver, me fazendo sorrir. Mertens em seguida e suspirei quando ele chutou. Gigi defendeu e o camarote inteiro se levantou para gritar e comemorar.
- ISSO! – Manu gritou.
- É! – Barza gritou e eu respirei fundo, vendo Chiello ir para a ponta do gol. Ele chutou, mas o goleiro deles também defendeu e o negócio ficou igual de novo.
- CAZZO! – Foi minha vez de gritar e fechei a mão em punhos. Era a hora de rezar.
Callejón veio em seguida e eu levei a mão até o rosto, me fazendo suspirar. Ele chutou para o lado direito e vi Gigi ir para o mesmo lado, usando sua mão como escudo e fez a defesa, nos fazendo gritar muito alto.
- ISSO!
- VAI, PORRA! – Nos assustamos quando Cáceres bateu não sei o que no chão e gargalhamos juntos.
Foi a vez de Pereyra bater, ele também era novato no time, eu tinha pouco contato. Após o chute, a bola foi para fora. Manu já puxava o rosto para baixo, fazendo uma careta e eu não fazia a mínima ideia como eu estava, mas logo mais teria que correr para o banheiro devido a dor de barriga que estava me dando.
Koulibally bateu a próxima e foi gol. Eu já tinha perdido quantas batidas foram, mas eu estava sentindo que não acabaria nunca mais. Padoin chegou para bater e... Eles defenderam. Depois de três defesas sensacionais de Gigi.
Enquanto parte do estádio comemorou a vitória dos azuis, nosso camarote murchou totalmente. Não tínhamos nem o que fazer. Um olhava para o outro e pensava o que fazer. Em situações normais, era descer e parabenizar o pessoal, mas e agora? O pessoal da nossa fileira escondia o rosto nas mãos. Se você jogar melhor, não necessariamente você ganha e hoje eu sabia que merecíamos infinitamente mais, mas não foi possível e uma cobrança de pênaltis nos fez perder.
Ninguém se mexeu e, diferente deles há dois anos, a Juventus recebeu suas medalhas e não se escondeu no vestiário antes da hora. Gigi puxou a fila para pegar as medalhas e eu não ficaria ali esperando para vê-los erguerem os prêmios.
- Vamos! – Falei um pouco alto, vendo todo mundo virar o rosto para mim. – Cabeça erguida! – Pavel assentiu com a cabeça e andei antes de ver se eles se levantaram.
Seguimos lá para baixo, ouvindo os gritos da torcida e imaginei que eles estivessem comemorando. Manu tinha lágrimas nos olhos e puxei sua cabeça para perto de mim, apoiando-a em meu ombro. Tadinha, dois jogos fora de cada – sem contar a pré-temporada, é claro – e dois resultados horríveis. Logo mais os meninos achariam que ela não dava sorte para o time e ela seria mais zoada do que já é.
Seguimos pelo túnel quando chegamos lá embaixo e meus jogadores entravam pelo túnel e tiravam a medalha assim que não estavam mais na presença das câmeras. Alguns tinham a cabeça baixa, outros estavam mais de boas, mas outros me pareciam realmente irritados com tudo.
- Sorria, gente! Foi um bom jogo! – Manu falou em seu tom de voz fofo e tirou alguns sorrisos dos mais próximos.
Chiello deu um abraço nela, Marchisio logo em seguida e Gigi veio por último. Ele passava a mão no queixo irritado, da mesma forma que eu vi em diversas outras situações. Ele deu um meio sorriso para Manu e ele a abraçou fortemente, fazendo seu olhar se virar para mim.
- Cabeça erguida, Gigi. – Falei baixo, sabendo que ele entenderia. – Você foi incrível. – Ele sorriu e passei a mão em seus cabelos molhados em um rápido carinho e segui para dentro do vestiário junto do resto do pessoal.

Lui
23 de janeiro de 2015
Eu entrei naquela sexta-feira cedo em Vinovo com o trânsito maior que o esperado. Após a virada do ano, as competições começaram a se unir e tínhamos campeonato, Coppa Italia e Champions League para nos preocupar e, por enquanto, a preocupação era avançar mais em todas. Então, eu e boa parte do elenco começamos a vir mais cedo para começar os treinos individuais ou até passar um tempo na academia.
- Buon giorno, ragazzi! – Falei assim que saí do carro.
- Buon giorno! – Ogbonna e Asa responderam enquanto saíam de seus carros.
Segui pelo mesmo caminho do pessoal, cumprimentando Storari, Lich e Pirlo no meio do caminho e Morata e Llorente estavam um pouco mais a frente. Hoje eu iria direto para campo com Filippi. Tínhamos jogo contra o Chievo em casa no domingo e contra o Parma na quarta-feira pela Coppa Italia.
- Vai para onde? – Storari perguntou.
- Com o Filippi, quer participar? – Perguntei.
- É, claro! Vamos lá! Vou só esperar o Rubinho para ele ir com a gente. – Ele falou e assenti com a cabeça.
- Beleza, espero vocês já no campo! – Falei.
- Andiamo, Gigi! – Pepe pulou em minhas costas e precisei compensar para não cair no chão.
- Ao menos alguém está animado! – Padoin falou rindo.
- Sexta-feira, cara! – Pepe disse alto. – Não perdemos desde outubro, estamos nos distanciando na tabela, já passamos da metade do campeonato... – Ele disse rindo.
- Oh, mas já quer férias? – Brinquei, batendo a mão nas costas dele.
- Eu quero o verão, Gigi! – Ele disse, assoprando no ar, fazendo a fumaça sair e neguei com a cabeça.
- Ah, para de ser fresco! – Leo disse, esticando a perna para chutá-lo e Pepe gargalhou como uma criança de cinco anos, saindo correndo para dentro do prédio.
- Fala sério, são nem oito da manhã e eles já estão assim! – Marchisio disse ao meu lado e ri fracamente.
- Isso que está frio. – Chiello falou logo atrás.
- Ah, um bando de mocinhas, isso sim! – Vidal falou rindo.
- Posso te falar uma “mocinha” que te encheria de porrada sem dó. – Pogba falou alto.
- Eu sei duas! – Falei mais alto e segurei a porta da nossa área para entrar.
- CAZZO!
- PORCA MISERIA! – Nos entreolhamos e saímos correndo para dentro do vestiário.
- AH, PUTTANO! – Me assustei quando encontrei um esqueleto pendurado exatamente no meio do vestiário.
- É de mentira, né?! – Pepe perguntou baixo.
- Ah, que horror! – Chiello empurrou-o e foi à frente, sendo o único com coragem de tocar no que é que fosse aquilo. – É plástico! – Ele disse.
- Ah, cazzo! – Leo disse. – Quase morri do coração. – Ele falou.
- Como aconteceu? – Marchisio perguntou.
- Eu acendi a luz e estava pendurado aí! – Pepe disse rindo.
- Ei, vocês encontraram o Johnny! – Virei para trás, vendo Manu com um sorriso no rosto.
- AH, EMANUELLE! – Eles gritaram e avançaram em cima dela.
- OH! – Fiquei na frente dela. – Ninguém toca nela! – Falei firme.
- Isso, faça algo de útil, me proteja! – Ela disse atrás de mim e rimos juntos.
- UM CADÁVER, MANU? – Pogba perguntou.
- Não é um cadáver, é um esqueleto. E eu ainda paguei caro por ele, ok?! Vocês me devem 32 euros por ele. – Ela disse, cruzando os braços e apoiando no batente, me fazendo suspirar.
- Você comprou um esqueleto para isso? – Leo perguntou, revirando os olhos.
- Ei, deu certo! – Ela disse.
- Para quê? – Vidal perguntou também irritado.
- Ah, vero! – Manu disse e entrou no vestiário, pegando algo do outro lado. – Armas para chantagem. – Ela mexeu no celular e eu gargalhei.
- AH, EMANUELLE! – Pepe gritou e ela saiu correndo dali, esbarrando em mim antes que eu pensasse.
- Oh! – Algumas pessoas gritaram e virei para trás, vendo Allegri entrando com os assistentes.
- Buon giorno, ragazzi! – Ele disse. – Já estão prontos?
- Ainda não. – Falei, entrando no vestiário e seguindo para meu lugar.
- O que está... OH! – Ele falou, vendo o brinquedinho no meio da sala.
- CAZZO! – Barza apareceu ao lado dele e o pessoal riu. – Manu?
- Uhum! – Falei e neguei com a cabeça.
- Criativo! – Ele disse. – Quem encontrou?
- Eu! – Pepe falou voltando e eu neguei com a cabeça.
- Ok, deixa o magrinho aí, depois alguém vem tirar. – Allegri disse. – Quem não quiser ir para academia, Marco vai começar alguns exercícios em campo. Teremos uma visita hoje, pelo que me falaram.
- Quem? – Algumas vozes perguntaram antes.
- Antonio Conte. – Uma voz feminina se sobressaiu e vi aparecer na porta do vestiário com Pavel ao seu lado. – Buon giorno, ragazzi.
- Fala, chefa! – Eles disseram.
- Ah, não é que ficou bonitinho? – Ela comentou rindo fracamente. – Manu? Vem cá!
- Eles vão me matar! – Ela disse e vi os cabelos azuis passando atrás.
- Ah, não precisamos de mais um morto aqui, não é?! – falou.
- AH, CHEFA! – O pessoal reclamou.
- Tira isso daí, Manu! – disse e a mais nova riu.
- Deixa eles se trocarem. – Ela disse e sumiu pelo corredor de entrada.
- Enfim... – disse e comecei a me trocar como os outros, ao menos ela não se importava com isso. – O Conte vem aqui mais tarde, por volta das 10 horas. O foco dele é nos italianos para a próxima convocação, mas boa parte do time se manteve após a saída dele, então faremos um almoço para ele. Alguém além do Allegri se opõe? – Ela brincou e rimos juntos.
- Valeu, , valeu! – Allegri disse e ela sorriu.
- Enfim, gente, bom treino. – Ela disse, dando uma olhada rápida para todos nós e assenti com a cabeça, vendo-a se virar. – Allegri, por favor.
- Claro. – Ele disse e ambos saíram.
- EMANUELLE, VAI TIRAR O CORPO! – gritou e as gargalhadas aumentaram na sala.
- Eu não estou gostando dessa piadinha. – Pepe disse e eu neguei, vestindo o moletom por cima de tudo.
- Ah, qual é, xará, vai dizer que tem medo de assombração? – Padoin perguntou e neguei com a cabeça.
- De assombração até eu, cara, mas de corpo vazio não! – Morata disse.
- MAS É DE PLÁSTICO! – Tevez disse gargalhando e não consegui não rir com ele.
- Ah, vocês cuidem do Johnny, eu vou para o campo! – Falei rindo e saí pelo corredor. – Esqueleto, fala sério... – Sussurrei sozinho e segui para fora da área dos jogadores, encontrando e Manu do lado de fora com Filippi.
- Você não vem muito aqui, não é? – Manu perguntou.
- Agora eu tenho você para isso! – disse baixo.
- Ah, mesmo assim. Aqui é legal! – Manu disse.
- Eu vinha aqui quando mais nova ver o Gigi treinar. – Ela riu fracamente.
- Mesmo? – Manu perguntou surpresa.
- Sim... Eu entrava as duas no estágio, vinha de ônibus, mas quando eu conseguia chegar mais cedo, eu descia para cá. – Dei um curto sorriso. – Mas era um horário bem ruim, normalmente era o almoço deles. – Sua cabeça se mexeu em negativa.
- Bons tempos? – Manu perguntou.
- Mais simples. – falou e engoli em seco.
- Eu vi algumas fotos na sua sala, vocês tinham uma turma legal.
- É, acho que é por isso que eu não consigo desapegar dele, sobrou só nós dois. – Ela disse fraco e suspirei.
- Ei! – Pavel falou do outro lado e as duas gargalharam.
- Desculpa! – gargalhou em seguida.
- Eu acho que é outra coisa, mas... – Manu se virou para trás e me viu. Levei a mão à boca e ela sorriu. – Enfim, eu tenho coisa para fazer.
- Ah, você tem coisa para fazer? – brincou.
- A Sara e o Antonio me pediram ajuda com a organização dos documentos. – Ela disse rindo.
- Ah, entendi! – disse rindo. – Eu tenho uma reunião e depois...
- Você vai almoçar com a gente, não quero nem saber. – Pavel disse.
- Ah, mas me ama demais, né?! – disse, fazendo eles gargalharem.
- Ah, mas é o Gigi isso, Gigi aquilo. EU TAMBÉM ESTAVA AQUI! – Ele disse e Manu gargalhou.
- Você nos abandonou por dois anos, Nedved, nem vem! – Falei um tanto mais alto e os dois viraram para mim.
- Aí! Um é enciumado e outro é fofoqueiro! – disse rindo.
- Todo mundo sabe quem sempre foi seu favorito. – Pavel disse e revirou os olhos.
- Ah, eu tenho mais o que fazer. – disse e eu sorri.
- É, Pavel, desiste. Esse posto já está ocupado. – Falei e ele gargalhou.
- É bom você ficar quieto ou vou te mostrar outra coisa que vai ficar bem ocupada. – Ela disse franzindo os dentes e eu fechei o sorriso.
- Fechou o tempo, Gigi. – Pavel disse e ela revirou os olhos.
- De novo isso, gente? – perguntou e sorri.
- Se irrita não, lindinha! – Falei e pisquei para ela, vendo-a revirar os olhos.
- Acho que as lembranças vieram um pouco demais, Manu, voltamos no tempo. – Ela disse e Manu se segurava para não rir. – A gente se vê depois.
- Eu logo subo, só vou tirar o Johnny lá do vestiário. – Manu disse rindo.
- Essa foi boa! – Falei para Manu.
- Essa e todas as outras. – Ela disse piscando para mim e sorri, seguindo até Pavel. – Você está vendo?
- O quê? – Perguntei.
- Ela ainda não te esqueceu. – Ela disse mais baixo e eu assenti com a cabeça.
- Fico pensando se isso é bom ou ruim. – Falei.
- Depende do que você vai fazer com essa informação. – Ela falou.
- Por enquanto? Nada! – Falei e ela fez uma careta.
- Ah, chato! – Ela me empurrou para o lado e seguiu de volta para dentro do prédio, me fazendo rir.
- É, realmente, nada mudou. Mas acho que o Trezeguet entrou no corpo da Manu. – Rimos juntos.


Capitolo cinquantacinque

Lei
Cinco de fevereiro de 2015 • Trilha SonoraOuça
- Eu sou sentir sua falta, meu baixinho! – Falei e Giovinco riu fracamente.
- Eu também, chefa! – Ele disse e inclinei meu corpo para baixo para abraçá-lo fortemente. – Obrigado por facilitar as coisas.
- Eu só quero que você seja feliz, Seba. – Ele assentiu com a cabeça.
- Agradeço muito por isso! – Ele sorriu e assenti com a cabeça. – Se cuida, tá? – Assenti com a cabeça.
- Espero te ver por aí. – Falei e ele sorriu.
- Por favor! – Sorrimos juntos. – Espero que goste do presente. – Ele falou e eu sorri.
- Posso vender no eBay?
- Pode! – Ele sorriu e dei um beijo em sua cabeça, vendo-o sorrir. – Até mais!
- Até! – Sorri e o vi sair da sala, me fazendo suspirar.
Voltei para a mesa, abrindo a caixa e sorri ao ver um bilhete em cima de sua camisa autografada da Juventus “grazie di tutto, capo. Siate felice sempre”. Embaixo do mesmo tinha uma foto minha, dele e minha, onde eu, alta e de salto, estava com os braços apoiados na cabeça dele como se fosse apoio. Senti uma lágrima deslizar pela minha bochecha e peguei ambos e coloquei no mural lotado de fotos e recados na parede. Suspirei, passando o olhar por todas as imagens ali e sorri, suspirando.
Encontrei a foto do aniversário de Gigi de 2006 tentando se camuflar no meio das outras, mas foi ela que praticamente começou esse mural e ela fazia meu coração doer um pouco, mas minha felicidade naquele dia não apagava os momentos ruins. Abanei a cabeça e segui para fora da sala, coloquei a cabeça para dentro da sala dos funcionários e todos estavam focados em suas tarefas.
Deixei o contrato assinado de Giovinco em cima da mesa de Sara, vendo-a erguer o rosto e confirmar com a cabeça, e segui para a sala de espera, encontrando Matri lendo a nova revista da Juve que tinha na capa Gigi com uma foto com a camisa do Superman, me refazendo revirar os olhos.
- Ei! – Chamei-o
- Ah, amor da minha vida! – Matri se levantou assim que me viu e gargalhei.
- O que aconteceu com seu cabelo? – Perguntei e ele me abraçou fortemente, afundando o rosto em meu ombro.
- Estou tentando ficar estiloso. – Apertei-o fortemente.
- Acho que você quer chegar na lua. – Brinquei e ele riu, fazendo uma careta. – Veio falar comigo? – Perguntei.
- Vim só te ver! – Ele disse sorrindo.
- É, o Pavel tirou o gostinho de assinar contigo. – Rimos juntos.
- A assinatura ainda era sua! – Ele disse e sorri, abraçando-o novamente.
- Senti sua falta.
- Eu também! – Ele sorriu. – Como estão as coisas?
- As mesmas de quando saiu. – Dei de ombros.
- Ah, aquele chato... – Ele disse e neguei com a cabeça.
- Já encontrou o pessoal? – Perguntei.
- Não vou descer lá, logo mais. – Ele disse.
- Vai lá, estou resolvendo umas coisas, mas depois eu desço. – Ele assentiu com a cabeça.
- Ah, que saudades de você! – Ele espremeu um beijo em minha bochecha e gargalhei.
- Sai daqui! – Falei, empurrando-o e ele riu fracamente.
- Até mais! – Ele disse rindo e esperou o elevador, assim que ele abriu, Manu saiu do mesmo. – Oh, scusa!
- Niente. – Manu sorriu.
- Ei, você é a Manu, não? – Ele falou e tentei calcular quando ele tinha saído e ela entrado.
- Sim, sou! – Ela disse rindo.
- Já ouvi falar de você, ficou claro pelos cabelos. – Ele disse rindo.
- Você é o Mitra Matri, não? – Manu falou sorrindo.
- Sim, sou! – Ele sorriu.
- Matri, essa é a Manu, minha assistente. – Falei para ele.
- Conheço bem. – Ele sorriu. – Prazer te conhecer.
- O prazer é meu! – Manu deu seu sorriso fofo e sorri.
- Até mais, Matri. – Falei e ele sorriu.
- Até mais, chefa! – Ele disse e sumiu dentro do elevador.
- E aí? Como está? – Manu perguntou.
- Onde você estava? – Perguntei, seguindo pelo corredor.
- Ajudando a Sandra, assistente do Agnelli. – Ela disse. – Ela estava arquivando umas coisas...
- Sem problemas. – Falei, abanando a mão.
- ! – Virei o rosto para a posta quando passei pela mesma, vendo Miguel, me chamando.
- Diga... – Me aproximei dele.
- Sturaro vai ficar em empréstimo? – Ele perguntou.
- Estou esperando confirmação do Allegri, mas acho que não, ele deve voltar para gente até março. Te confirmo quando o Allegri me retornar. – Falei.
- Certo, obrigado! – Ele disse e sorri.
- Alguém precisa de mais alguma coisa? – Perguntei, dando uma olhada.
- Eu preciso de umas coisas do administrativo depois. – Sara disse.
- Beleza, me chama! – Manu sorriu.
- Pode deixar. – Ela disse e voltei para a sala, deixando a porta aberta para Manu entrar logo atrás de mim. – Ah, a Hurrà desse mês. – Manu pegou revista na mesa. – Gigi ficou sexy, vai! – Ela colocou a revista ao lado do rosto e eu revirei os olhos. – Não? Ok, mais para mim! – Ela devolveu a revista no lugar.
- Nem começa! – Falei, me sentando na cadeira de novo.
- O quê? Eu não falei nada. Da última vez quem ficou falando do passado e sei lá mais o que foi você. – Ela disse de forma dramática e eu ri fracamente, ouvindo o telefone tocar e puxei o mesmo.
- Ciao? – Atendi.
- , Pavel aqui.
- Fala! – Disse.
- Viu que o David se aposentou mesmo? – Ele perguntou.
- Trezeguet? – Perguntei.
- Conhece algum outro David que jogue futebol e seja nosso grande amigo? – Ele perguntou e eu ri fracamente.
- Ah, que ótimo para ele, preciso mandar mensagem. – Suspirei.
- Sim, eu estava falando com o Agnelli, pensamos em dar um posto para ele aqui no time, o que você acha?
- Eu acho sensacional, na verdade. – Sorri. – Já tinha mencionado algo similar quando ele veio.
- Sim, sim! Não sabemos o que ainda, mas queríamos sua opinião.
- É ótimo, Pavel, honestamente. Contem com meu apoio. – Falei sorrindo.
- Perfeito, podemos marcar uma reunião para falar sobre isso e alinhamos com ele sua vontade. – Ele disse.
- Só me avisar. – Falei.
- Beleza, a gente vai se falando. – Ele disse. – Vai no jogo do sábado? – Ele perguntou.
- É contra o Milan, Pavel, esse eu não perderia. – Falei e ele riu fracamente.
- Beleza, conversamos melhor lá. – Sorri.
- Ciao, ciao! – Falei, desligando o telefone.
- Você foi no último jogo aqui em casa, não? – Manu perguntou, andando até a janela atrás da minha mesa e bisbilhotou lá embaixo.
- Fui sim, contra o Chievo. – Falei.
- Você viu que o Barza voltou para o banco, não? – Ela disse.
- Como assim? – Virei o rosto para ela, vendo-a empurrar a janela e ver melhor.
- Ele voltou para o banco, o Allegri pode colocá-lo em jogo.
- Mesmo? – Virei o corpo junto.
- Sim! – Ela sorriu. – Ouvi o Allegri falando com o Marco que quer colocá-lo em um jogo com o time sub alguma coisa para ele criar melhor resistência para voltar a jogar.
- E já sabe quando vai ser esse jogo? – Perguntei e ela virou para mim.
- Acho que na semana que vem, por quê? – Ela perguntou.
- Está difícil encontrá-lo sozinho para conversar com ele, sabe? – Suspirei. – Ele continua fugindo.
- Ah, sim! – Ela suspirou. – Vai dar certo. – Ela disse e eu suspirei, assentindo com a cabeça. – Bem, eu acho. – Ela riu fracamente.
- O quê? – Perguntei.
- Ele e o Gigi ainda estão trocando elogios, sabe de algo sobre isso? – Ela perguntou ironicamente.
- Como assim? – Me levantei e me coloquei ao seu lado.
- Desde que o Barza voltou, eles sempre estão conversando de forma exaltada. – Ela disse e coloquei a cabeça para fora da janela, olhando diretamente para baixo e vi os dois assuntos conversando lá embaixo, movimentando as mãos fortemente e apontando para todas as direções enquanto Chiello, Leo e Lich pareciam olhar para ambos.
- Ah, que ótimo! – Suspirei. – Você sabe de algo? – Perguntei e ela se virou, seguindo até a mesa do café.
- Ah, eu os peguei conversando um dia, mas só peguei o fim... – Ela pegou uma caneca e colocou embaixo do filtro.
- Era só o que me faltava. – Suspirei.
- O quê? – Ela perguntou.
- Os dois brigando por mim. – Falei e ela voltou com a caneca cheia.
- Não sei se por você, mas...
- Digo, pelo que houve comigo. – Falei, suspirando.
- Bom, eu não sei de nada. – Ela disse.
- O que vai fazer com essa água? – Perguntei, vendo-a se aproximar.
- Calma... – Ela disse rindo e colocou a caneca para fora da janela. – Só preciso mirar... – Ela disse rindo e virou a caneca, fazendo a água cair um tanto espalhada pela altura, mas pegar exatamente os dois e fazer os outros três se afastarem.
- MANU! – Ouvi os gritos abafados e ri fracamente.
- Ok, agora você vai chamar os dois e trazê-los aqui agora.
- Agora? Eles vão me matar. – Ela disse rindo.
- Gigi e Barza? Mais fácil eles me mataram antes. – Suspirei, voltando para cadeira.
- Justo. – Ela disse. – Tem certeza?
- Sim, se eles estão brigando pelo que eu acho que eles estão brigando, é bom eu resolver isso antes de dar problemas para o time. – Suspirei.
- Ok... – Ela disse, deixando a caneca na mesa do café e logo saiu da sala.
Suspirei, apoiando os cotovelos nas mãos e massageei as têmporas. Sabia que mais cedo ou mais tarde eu precisaria encarar ambos e colocar as cartas na mesa, mas minha intenção era me acertar com Barza antes, depois tentar perdoar Gigi e voltar ao modo de antes, mas se isso começaria a afetar o time, e poderia, já que Barza logo estaria em campo, isso teria que ser priorizado. O trabalho e o time sempre foram priorizados e agora não seria diferente. Pelo menos não para mim.
- Chefa? – Manu apareceu após bons 10 minutos de volta. – Eles estão aqui. – Ela abriu a porta.
- Pode esperar lá fora? – Pedi.
- Claro, quer que eu chame os bombeiros ou a polícia enquanto isso? – Ambos entraram segurando toalhas e ela voltou a cabeça para dentro.
- Se depender de mim, nada. – Falei e ela suspirou, puxando a porta.
Nós três nos entreolhamos e o único que ainda não mantinha olhar fixo era Barza. Ele olhava literalmente para qualquer lugar, menos para mim. Gigi tinha aquela pose de sempre e eu tentava evitar o olhar para ele.
- Vai ficar só olhando? – Gigi perguntou mais alto.
- Não. – Suspirei. – Ok, a Manu me falou algo que eu fiquei pensando e acho que precisamos esclarecer isso logo, já que vocês dois, principalmente, vão voltar a se encontrar com frequência. – Neguei com a cabeça. – Ela disse que vocês estão discutindo com frequência, se for pelo que houve, não pode acontecer. – Puxei a respiração. – Porque na hora de fazer todo mundo topou, agora vão ficar com essa palhaçada? – Perguntei e ambos ergueram o olhar para mim. – Eu entendo vocês ficarem bravos comigo...
- Eu não vou bravo contigo. – Gigi disse rapidamente e revirei os olhos.
- Eu estou brava contigo. – Falei rápido e ele riu fracamente. – Isso não pode passar para o time, gente. Espero que Barza volte logo como titular e o BBBC tem que continuar. – Suspirei. – E vocês irritados um com o outro e envolvendo o time junto, não dá...
- Não estamos brigando, . – Barza falou e fazia muito tempo que ele não dirigia a voz para mim.
- Não? – Perguntei.
- É, não. – Gigi disse. – Nós já resolvemos nossas diferenças.
- Ah, que ótimo. – Fui irônica e realmente não sabia onde enfiar a cara.
- Nossos gritos e discussões são por causa do time mesmo. – Barza disse. – Allegri mudou várias coisas nesse tempo que estive fora, estou tentando recuperar. – Eu me senti uma tonta e fiquei alguns minutos trocando o olhar de um para outro.
- Manu deve ter interpretado errado. – Gigi disse. – A gente fala alto, grita, soca...
- Mas estamos bem... – Barza completou e acho que eu nunca senti meu rosto esquentar tanto.
- Obrigada pela lembrança. – Falei ironicamente. – Já que eu não fui convidada para o grupinho de vocês, vocês podem ir. Desculpem chamá-los à toa. – Falei.
- Sempre que quiser. – Gigi disse animado e eu suspirei, olhando para Barza. – Sabe, eu entendo você ficar brava comigo... – Ele apontou para mim. – E entendo Barza ficar bravo comigo. – Ele riu fracamente. – Mas não faz sentido você ficar bravo com ela. – Ele disse para Barza. – Ela sempre foi honesta com você sobre tudo. – Ele disse e engoli em seco. – Acredite, cara, por mais que fosse doer em mim, eu ia adorar que ela me esquecesse... – Ele olhou para mim. – Eu saberia que ela está feliz. Ainda mais sendo com você... – Mordi meu lábio inferior, sentindo vontade de chorar e ele deu um sorriso para mim, antes de seguir para fora da sala. Barza olhou para mim por alguns segundos antes de seguir o mesmo caminho e eu soltei um longo suspiro, passando as mãos nos olhos e engoli em seco.
- E então? – Ergui o rosto, vendo Manu aparecer na sala, fechando a porta logo em seguida. – Ih, acho que o negócio desandou.
- Eles não estão brigando. – Falei baixo, vendo-a encostar a porta. – Eles estão de bem, na verdade... – Ri sarcasticamente. – Menos comigo.
- Ah, chefa! – Ela disse em seu tom carinhoso e suspirei.
- Ironicamente, não foi por isso que eu quis chorar... – Falei baixo. – Foi o que o Gigi disse.
- Ah, o que ele disse? – Ela perguntou ironicamente.
- Que queria que eu esquecesse dele para eu ser feliz. – Puxei a respiração fortemente. – Mas ele podia saber que eu não preciso esquecer dele para ser feliz, eu só preciso dele... – Engoli em seco.
- Então, por que você não fala com ele? – Ela perguntou.
- Porque ele ainda está com ela. – Ri fracamente. – Não foi só um caso, como eu esperava. Eles estão juntos. – Dei de ombros. – E você não tem noção como dói ser trocada por ela. – Suspirei.
- Me desculpe, chefa. – Ela disse baixo. – Eu nunca a conheci, mas a fama dela não é muito boa. – Ri fracamente.
- É, eu sei, e ainda me pergunto o que ele viu nela. – Neguei com a cabeça.
- Sei que não é fácil, chefa, mas você é incrível, não merece chorar por ele. – Assenti com a cabeça.
- Eu sei disso há uns oito anos. – Suspirei. – Mas eu cansei de tentar fazer meu coração mudar de ideia. Só preciso conseguir seguir em frente. – Abri minha gaveta, procurando pela minha caixa de remédios e peguei um analgésico para dor de cabeça.
- Tem algo que eu possa fazer por você? – Ela perguntou.
- Agora não, vai lá com a Sara, ela deve precisar mais de você. – Falei e ela deu a volta na mesa, vindo para meu lado e me abraçou.
- Não, você precisa de mim! – Ela apoiou a cabeça na minha e ri fracamente. – E eu estou aqui.
- Obrigada, amore. – Suspirei.

Lui
15 de fevereiro de 2015
- Buongiorno. – Falei, entrando no restaurante.
- Buongiorno, Gigi! – O pessoal que estava lá respondeu.
- Hoje é um dia especial, hein, cara? – Chiello veio em minha direção, esticando a mão e eu sorri, batendo na dele e abraçando-o fortemente. – Vai bater o Scirea.
- Cara, quem diria! – Falei rindo fracamente. – Mais minutos jogados no campeonato, atrás somente do Boniperti.
- É, mas você bate logo! – Ele disse rindo e Leo e Barza também me cumprimentaram com rápidos abraços.
- Acho que eu preciso de mais uns três ou quatro anos para chegar no Boniperti... – Eles riram comigo.
- Quem sabe? – Leo disse. – Você está bem. – Ri fracamente.
- Uma temporada de cada vez. – Dei de ombros.
- Sim, sim! – Eles riram.
- Vai lá, eu levo para você. – Chiello disse e entreguei minha mochila para ele.
Segui para o buffet, cumprimentando Lich e Pirlo e peguei algumas coisas para o café da manhã. Tinha ficado com os meninos hoje, então fiz café para eles e acabei comendo um pouco. Depois deixei-os na escola e vim para o time, como viajaríamos hoje e voltaríamos só amanhã, não poderia aproveitar o fim de semana inteiro com eles.
Peguei as coisas e fui até a mesa em que estava Barza e Chiello. Voltei para o buffet, pegando uma xícara de capuccino e voltei para a mesa começando a comer devagar. Barza já tinha terminado e mexia no celular, agora Chiello, e o pessoal da outra mesa colada com a nossa, ainda comiam.
- Buon giorno! – Vi Pavel entrando no restaurante com Beppe e Paratici.
- Giorno. – Respondemos e voltei a dar alguns goles em meu café.
- Ei... – Cutuquei Barza. – Você acha que vai estar pronto para os jogos da Champions? – Perguntei.
- Eu não sei, Allegri vai me colocar com o Primavera em um amistoso para eu pegar condicionamento, vamos ver. – Ele deu de ombros.
- Quando vai ser? – Perguntei.
- Quarta-feira. – Ele disse. – Se eu tiver bem, capaz de ele já começar a me inserir, mas a Champions já é dia 24, talvez no jogo de volta...
- É, tomara! Precisamos de força extra. – Falei rindo.
- Buon giorno. – Ergui o rosto, vendo entrando na sala e todo mundo pareceu um tanto surpreso quando ela entrou.
- Ela vai? – Chiello perguntou para mim e deixou sua mala de rodinhas ao lado de outras antes de seguir para o buffet.
- Acho que sim. – Falei, franzindo a testa.
- Ciao, ragazzi. – Manu entrou atrás dela e fiquei mais confuso ainda.
- Ela vai também? – Foi minha vez de perguntar.
- Ela não está de mala. – Chiello disse e Barza olhou rapidamente para trás para olhar ambas.
- Logo mais podemos trocar o Jay pela Manu de mascote. – Ele disse, nos fazendo rir.
- Colocar a Manu na roupa do Jay. – Disse, vendo eles rirem e a mais nova veio em nossa direção.
- Buon giorno, ragazzi. – Sua voz saiu mais fina que o normal e franzi os olhos. – Come state? – Continuou e nós rimos.
- O que houve com a sua voz? – Leo perguntou rindo.
- Nada demais... – A voz começou a voltar ao normal e ela tirou uma bexiga meio vazia de suas costas e sugou mais um pouco do ar. – O que houve com a sua voz? – Ela disse e gargalhamos. – Do que estão rindo? – Ela mantinha a feição séria e só fazia todo mundo rir mais.
- Hélio? Sério? – Cáceres perguntou.
- Quer tentar? – Ela disse, com a voz voltando ao normal e tossiu quando engasgou e rimos mais ainda.
- Me dá isso aí. – Ele disse e ela estendeu a bexiga, segurando pela abertura.
- Eu preciso de água. – Ela disse rindo e Chiello estendeu a garrafa de água que tinha pego e ela abriu, tomando um gole.
- Hola, ragazzi! – Cáceres disse com a voz afinada e gargalhamos.
- E eu nem precisei gastar 32 dólares nisso. – Ela disse, devolvendo a garrafa para Chiello.
- O que está fazendo aqui? – Perguntei. – Vai com a gente?
- Hoje não, só... Passando. – Ela deu de ombros.
- É domingo, Manu, você deve ter algo mais legal para fazer... – Falei.
- Honestamente? Não. – Ela deu um sorriso largo. – Tirando o curso de italiano, o que só tem pessoas bem diferentes de mim, eu não tenho nenhum lugar para ir para fazer amigos, então, vocês acabam sendo meus únicos amigos na cidade. – Ela deu de ombros.
- Ah, que lindinha! – Pogba parou do lado dela e apoiou a cabeça em seu ombro.
- Amigos, ok?! – Ela disse para ele que riu.
- Tudo bem, eu me contento com isso. – Ele disse rindo. – O que me consola é que o Álvaro também é só seu amigo. – Gargalhamos e Manu revirou os olhos.
- Deixa eu te contar um segredo, homens e mulheres podem ser só amigos. – Ela disse, dando de ombros.
- Eu sei, mas quando a amiga é bonita igual você...
- Você vai me tratar com amor e carinho... – Ela disse sorrindo e fechou-o rapidamente. – De amigos.
- A gente tenta! – Pogba disse, seguindo para a outra mesa e rimos demais.
- Eu vim só te parabenizar, quando vocês forem embora, eu vou também. – Ela deu de ombros.
- Você não prefere dormir até duas ou três da manhã? Ficar papeando com alguém de madrugada na internet? – Chiello perguntou.
- Eu fiz tudo isso... – Ela disse rindo. – Mas eu ainda vim, então... – Ela parou para bocejar. – Depois eu vou para casa dormir até a hora do jogo. E estar aqui amanhã cedo para trabalhar de novo.
- É, eu já tive a idade dela, mas não lembro! – Chiello disse e rimos juntos.
- E esse daqui? – Ela apontou para Barza focado no celular. – Não fala nem oi?
- Oi, Manu! – Ele disse e ela revirou os olhos.
- Espera aí! – Ela disse baixo, fazendo o movimento com a mão e se afastou. – Opa, desculpa, chefa. – Disse quando esbarrou na e ri fracamente.
- Buongiorno, ragazzi. disse, passando pela nossa mesa.
- Buongiorno, . – Falei baixo.
- Vai com a gente, chefa? – Evra perguntou do outro lado da mesa.
- Sim, hoje eu vou. – Ela disse, com um sorriso dançando em seus lábios.
- Milagre. – Chiello disse e ela riu fracamente.
- Hoje é um dia especial. – Ela disse olhando para mim e eu sorri. – Vale a viagem. – Assenti com a cabeça e ela retribuiu o movimento.
- Voltei! – Manu disse, segurando algo na mão.
- O que vai fazer? – perguntou.
- Nada. – Ela puxou uma fita adesiva na nossa frente.
- Manu... – disse.
- Xi! – Ela disse e, em um rápido movimento, esticou a fita na frente de Barza e puxou os dois lados, girando em volta de sua cabeça, fazendo o celular colar no rosto e tudo ser preso com fita. O pessoal gargalhou, eu arregalei os olhos e colocou a mão na boca surpresa.
- Manu... – Barza falou com a voz um pouco falhada pela mão na boca.
- Agora sabe que eu existo? – Ela disse, apoiando o queixo no ombro dele.
- Me tira da... Daqui. – Ele disse e ela gargalhou.
- Só se você me pedir desculpas por me ignorar. – Ela falou.
- Eu não te ig... Ignorei. – O pessoal gargalhava a cada vez que ele tentava falar.
- O quê, Pavel? Já estou indo... – Ela disse.
- Manu! – Ele entrou falar mais alto e foi minha vez de gargalhar.
- O quê? Eu não ouvi. – Ela falou.
- Me desculpe... – Ele disse e ela gargalhou, sorrindo satisfeita.
- Ok, agora segura firme que grudou no seu cabelo. – Ela disse, tentando puxar a fita devagar e gargalhou.
- Cara, a Giulia ficaria surpresa como você passou ela. – disse.
- Falando em Giulia, faz tempo que eu não a vejo. – Comentei.
- Ela está na Serra Leoa. – disse com um sorriso no rosto. – Ela começou a se envolver com um projeto que leva educação para crianças e adolescentes tem uns dois, três anos. Aí apareceu um patrocinador e ela foi para lá para participar de perto.
- Nossa! – Falei surpresa. – Que legal!
- É, estou bem feliz por ela, a gente se fala pouco, mas eu estou orgulhosa, ela está fazendo bastante coisa. – suspirou e ela parecia visivelmente emocionada pelo o que Giulia estava fazendo.
- Ela não volta faz tempo? – Perguntei.
- Ela foi em junho e não voltou ainda. – disse, dando de ombros. – Mas eu tenho os gêmeos para me ocupar...
- Eu preciso pegar uma tesoura. – A voz de Manu se sobressaiu e ri, vendo o rosto de Barza todo preso com a fita.
- É legal, . Quando você falar com ela, fala que eu gostaria de ajudar. – Disse e ela assentiu com a cabeça.
- Eu posso te passar o site para doações. Tenho repassado frequentemente, porque o pessoal costuma perguntar. – Assenti com a cabeça.
- Passa sim. – Ela sorriu.
- Ok, agora vamos devagar... – Manu voltou. – Talvez eu tenha que cortar um pouco aqui atrás.
- Manu! – Barza reclamou com a voz ainda abafada.
- Eu vou deixar a cirurgia para vocês... – disse e rimos juntos. – Nos falamos depois. – Assenti com a cabeça.
- Você precisa de ajuda? – Ofereci.
- Uhum! – Barza disse e ri fracamente.
- Ok, me dá o celular aqui antes. – Falei, puxando-o devagar, rindo quando ele prendeu no aparelho e eu tentava me conter em não rir, mas estava muito difícil. E a cara de desespero da Manu deixava tudo muito melhor.
- Talvez não tenha dado certo! – Leo falou.
- Dar, até deu, só deu certo até demais. – Ela disse rindo.
- Manu, está começando a dormir... – Barza disse.
- Ok, está quase! – Ela disse rindo.

Lei
18 fevereiro de 2015
- Ok, eu vou sair. – Falei, me levantando da mesa.
- Agora? – Manu ergueu o olhar para mim.
- Sim! – Peguei o casaco na cadeira e o vesti, antes de colocar o celular no bolso. – Se alguém me ligar, eu não estou e, pelo horário, você vai embora antes de eu voltar.
- E se o Pavel ou Paratici ligar?
- Eles vão estar lá também. – Falei, colocando o gorro na cabeça.
- Você vai ver o jogo do Barza. – Ela falou e eu suspirei.
- Vou. – Disse. – Me deseje sorte.
- Boa sorte! – Ela disse e segui para fora da sala, parando rapidamente na outra sala.
- Gente, eu tenho um compromisso agora, qualquer problema urgente, me mandem mensagem, se não for urgente, passa para Manu. – Falei.
- Tudo bem, ! – Sara falou.
- Segura as pontas aí! – Falei e ela confirmou com a cabeça.
Segui até o térreo, saí do prédio administrativo e segui pela calçada em direção ao prédio do CT. Pelo horário, o jogo já deveria estar começando, mas eu tinha ficado presa com as finalizações dos contratos de empréstimos. Pelo menos sabia que isso tinha acabado até junho novamente. Voltamos às pesquisas para melhorar para próxima temporada e meus funcionários ficavam com a organização dos jogos, competições, viagens, outros funcionários e afins.
Passei pelo corredor lateral do CT quando entrei no mesmo e dei uma olhada nos dois campos da vertical, mas eles estavam vazios, não tinha treino hoje. Em compensação, o campo da horizontal já estava movimentado. Desci até lá e o jogo já rolava. A equipe da Juventus Primavera usava o uniforma laranja de treino, assim como do time principal, e o convidado, tal de Ivrea, usava branco. Procurei rapidamente pelo campo e foi fácil achar Barza na posição de defensor.
Ver Barza jogar era incrível demais! Era quase como poder comer seu sabor de pizza favorito para sempre. Mesmo de longe, ser número na camiseta ou designação, você sabia quem era Barza em campo e era bonito de ver toda vez. Somente os poucos segundos que eu observei-o em campo, eu podia dizer que ele estava mais do que pronto para voltar. Depois de oito meses, ele estava em campo novamente e, apesar de tudo, eu estava feliz por ele.
- ? – Virei para o lado, encontrando Pavel e Paratici.
- Ei, gente! – Falei, me aproximando deles e tirei as mãos dos bolsos para dar um rápido beijo em cada um deles.
- O que está achando? – Paratici perguntou.
- Como se ele nunca tivesse parado. – Sorri.
- A melhor contratação ainda? – Pavel perguntou e ri fracamente.
- Não mudei de opinião ainda. – Sorri.
- Viu que temos visitas? – Ele indicou a cabeça e virei o rosto, vendo Pepe, Matri e Pirlo sentamos no banco de reservas do lado de cá e Allegri e Marco em pé assistindo.
- Isso é bom! – Sorri. – Ele precisa de apoio. – Suspirei.
- Se não é o amor da minha vida! – Matri falou e eu ri fracamente, andando até eles.
- E aí, gente? – Perguntei.
- Como você está? – Matri perguntou.
- Veio ver o grande Barzaglione? – Pepe gritou e eles riram.
- Continua grande? – Perguntei.
- O que acha? – Pepe indicou o campo e eu sorri, vendo Barza fazendo os adversários deslizarem em campo com suas tiradas de bola.
- Incrível como sempre. – Suspirei.
- DAI, BARZA! – Ouvi alguns gritos e olhei em volta.
- Storari. – Pavel disse, indicando a lateral e olhei para o local, vendo Storari do outro lado da grade com duas bandeiras nas mãos, me fazendo rir.
- Ah, que legal! – Sorri.
- Entrou no modo “ultra”. – Ri fracamente.
Acompanhamos o jogo da forma que estávamos, o treinador principal era o da Primavera, mas Allegri falava com ele sobre a evolução de Barza. No final do primeiro tempo, os quatro jogadores foram embora para. Eles tinham jogo na sexta-feira e Allegri queria todo mundo cedo de volta a Vinovo.
Ficando somente o administrativo e Allegri, alguns comentários sobre a recuperação dele e a volta, ficaram mais claros. Allegri era preocupado demais, então provavelmente daria alguns dias para ele voltar, talvez não daria para ele voltar para as oitavas da Champions ainda, mas um dia de cada vez.
Aos 75 minutos, ele foi substituído. Ele saiu e entrou algum jogador da Primavera. Havia sido um bom jogo. Claro que os jogadores mais novos não foram tão maldosos com o grande Andrea Barzagli, mas havia sido um teste bom. Allegri e o pessoal puxariam um pouco mais dele nos próximos treinos e ele estaria pronto para voltar.
- Vocês vão ficar aqui? – Perguntei para eles.
- Sim, por quê? – Paratici perguntou e vi Barza saindo pela entrada principal do campo.
- Eu preciso falar com ele. – Falei baixo e Pavel assentiu com a cabeça.
- Vai lá. – Ele falou e dei um sorriso para ambos.
- Ciao, Allegri! – Falei um pouco mais alto e ele assentiu com a cabeça.
- Ciao, ! – Ele disse e eu sorri.
Segui pela lateral do campo e voltei pelo mesmo caminho da entrada. Barza já entrava no prédio lá em cima. Puxei a respiração diversas vezes enquanto caminhava em sua direção e puxei a porta quando entrei. Por dentro, passei pelos poucos corredores e entrei na seção do time principal pela porta de vidro de sempre.
- Barza? – Falei baixo, seguindo pelo corredor e fiquei de frente para a entrada do vestiário.
- Aqui. – Ele disse e virei o rosto para o canto que ele ficava escondido e ele estava sentado em seu espaço, tirando as chuteiras. – Imaginei que viesse atrás de mim.
- Eu queria conversar contigo, se fosse possível. – Suspirei, entrando no vestiário e apoiei o quadril na bancada do centro.
- Não acho que consigo fugir mais. – Ele falou, erguendo o olhar para mim.
- Mas você quer? – Perguntei fracamente e ele suspirou.
- Da última vez que nos falamos, ficou claro que eu não devo. – Ele suspirou. – Apesar de tudo, não seria justo contigo. – Engoli em seco.
- Eu não tenho muito o que falar, Barza. – Suspirei. – Eu só posso pedir desculpas. – Engoli em seco. – Pelo que eu fiz... – Neguei com a cabeça. – Não sei o que passou na sua cabeça naquele dia, mas eu deveria saber que não continuaria normal...
- Foi uma sequência de fatos, . – Ele disse. – Eu sei que a culpa não foi só sua. Você e o Gigi são exatamente iguais. São perfeitos um para o outro e ainda assim não ficam juntos e acabam se destruindo de uma forma ou de...
- Não. – Falei firme. – Não somos, Barza. Isso já ficou claro várias vezes. – Suspirei.
- Talvez, . – Ele riu fracamente. – Mas almas gêmeas possuem diversas conexões, e vocês têm. – Suspirei. – E eu entrei nesse barco contigo sabendo disso. – Ele disse. – Você foi muito honesta comigo, mas você falava e eu não entendia, até que eu entendi. – Ele suspirou. – No momento em que você entrou naquele quarto, eu sabia que era o fim.
- Por quê? – Perguntei, franzindo os lábios.
- Porque sim. – Ele deu de ombros. – E não estou dizendo que você quebrou meu coração ou algo assim, mas eu sabia que você ainda não tinha esquecido ele. – Engoli em seco. – Sabia que sempre seria ele. E nós tentamos viver um relacionamento como se ele não existisse, fora do time, só nós dois, escondidos... Deu muito certo, até ele voltar para equação. – Engoli em seco.
- Por quê? – Falei a única coisa que se passou pela minha cabeça.
- Vocês se amam e são incrivelmente possessivos um com o outro. – Ele disse rindo. – O que é estranho, já que nunca se priorizam. – Ele suspirou. – Parte do meu sumiço foi para ver se vocês finalmente se acertariam, mas isso também não aconteceu.
- Eu não poderia entrar em um relacionamento com ele sem ficar bem com você. – Suspirei. – E eu confesso que fiquei muito irritada com ele por saber que eu te perdi.
- Por quê? – Foi sua vez de franzir a testa.
- Porque eu sei que meu relacionamento e do Gigi não é saudável, Barza. Você mesmo disse que somos possessivos um com o outro, brigamos e nos evitamos, mas também não nos esquecemos. Contigo eu soube o que é algo gostoso. – Suspirei. – E, mesmo não estando de coração aberto para esse relacionamento, eu ficaria contigo pela paz... – Ele assentiu com a cabeça.
- Paz que você não tem com ele. – Ele suspirou.
- Eu não tenho nada com ele, Barza. – Passei as costas das mãos no nariz. – Uma transa ou outra, um momento ou outro é bom, mas não vale à pena...
- Não é só isso, , e eu soube naquele dia. – Engoli em seco. – Vocês têm muito mais do que só isso. Eu vi como você reage a ele. – Abaixei o rosto. – Não precisa ficar envergonhada ou de pudores, você mesma disse, nós três aceitamos, mas ficou claro para mim que ele te conhece melhor do que eu. Que vocês são almas gêmeas, talvez. – Pressionei meus lábios. – E a conversa de vocês dois de madrugada deixou mais claro ainda. – Ergui o olhar para ele.
- Você estava aco...
- Sim. – Ele disse. – E, de certa forma, eu sabia que não fazia parte dessa equação. – Ele disse. – Apesar de vocês negarem, vocês são perfeitos um para o outro e um dia vão perceber isso. – Ele deu um curto sorriso. – Você foi honesta comigo e eu aceitei porque estava precisando esquecer a Maddalena, eu também tentei fazer isso dar certo, mas não era para ser e talvez seja melhor assim. – Assenti com a cabeça. – Foi bom sim, era algo confortável, o sexo era bom, mas não encaixava.
- Então, por que você seguiu em frente com o ménage? – Perguntei mais baixo. – Se sabia que me perderia.
- Honestamente? Eu não sei. – Ele suspirou. – Talvez pela experiência? – Ri fracamente. – Ou talvez, internamente, eu tentasse juntar vocês dois e sabia que você diria não se eu não topasse? – Suspirei. – Eu realmente não sei, , não me arrependo, mas ficou escancarado para mim que vocês dois se pertencem, e eu não podia ficar no meio e nem me meter em mais problema do que eu deveria. – Assenti com a cabeça.
- Você está bravo comigo? – Perguntei fracamente como uma criança de cinco anos.
- Não. – Ele disse, se levantando. – Eu só realmente quero que você seja feliz. – Ele veio em minha direção. – Com ou sem ele. – Ele disse baixo. – Vocês podem mentir para si mesmos o quanto quiserem, mas já ficou claro que vocês não conseguem fugir um do outro, mesmo se estiverem muito irritados um com o outro. – Dei um pequeno sorriso.
- Eu já desisti, Barza. Eu sei que ele é o homem da minha vida e não vou lutar contra, mas queria ser feliz como todas as outras pessoas no mundo. – Ele assentiu com a cabeça.
- Você vai ser. – Ele disse. – Um dia você vai ser a mulher mais feliz do mundo. – Ri fracamente.
- Se não depender dele, eu já sou. – Ele riu fracamente.
- E ele?
- Como assim? – Franzi a testa.
- O que impede vocês de ficarem juntos? – Suspirei.
- Honestamente? – Ele assentiu com a cabeça. – Ele. – Neguei com a cabeça. – Eu sempre acreditei nessa questão de alma gêmea que você falava, mas então ele traiu a Alena com a Ilaria e eu fui jogada para escanteio.
- E ele está com ela ainda... – Assenti com a cabeça.
- Sim, está! E tem só uma pessoa que eu realmente não goste na minha vida... Tirando minha avó, é claro... – Ele riu fracamente. – E foi quem ele escolheu.
- Ele pensou que nós estávamos juntos ainda. – Ele disse.
- Mas ele não sabe ficar solteiro, não? – Perguntei. – Deus! Durante toda minha vida eu namorei por cinco ou seis anos, contando todos meus relacionamentos. Eu tenho 33. – Ele riu. – Ele não sabe se virar sozinho? – Falei em um tom mais exagerado.
- Acho que homens não sabem ficar sozinhos, não gostam da própria companhia. – Ele suspirou. – É algo que precisamos aprender.
- Por que você se incluiu nessa? – Perguntei, franzindo a testa.
- Beh... – Ele disse.
- Barza... – Ele ergueu o olhar para mim. – Quem é ela?
- A Maddy. – Ele disse e eu revirei os olhos.
- Você voltou com a Maddalena? – Perguntei mais alto rindo.
- É, ela me ajudou depois da cirurgia e, bom, as coisas foram andando...
- Ah, Barza. – Neguei com a cabeça. – Você merece alguém bom para você. Alguém que não seja louca e nem possessiva. – Suspirei.
- Nós temos dois filhos juntos, , são 10 anos de história, é muita coisa. – Ele disse.
- Isso não é motivo para ficar com alguém. – Neguei com a cabeça. – Da mesma forma que não acho que o Gigi deveria ter ficado com a Alena por causa dos meninos, penso o mesmo para você.
- Não somos evoluídos como as mulheres, .
- Você sabe quantas mulheres existem no mundo? – Falei e ele riu fracamente.
- Eu estou bem, prometo. – Ele disse e dei de ombros.
- Eu te desejo toda felicidade do mundo, Barza. Acho que nossa relação serviu para nos aproximarmos no quesito amizade, se ainda pudermos manter...
- É claro. – Ele sorriu e assenti com a cabeça.
- Mas saiba que eu vou te desejar um relacionamento que valha a pena.
- Vale a pena, . – Ele disse e eu assenti com a cabeça.
- Se você está feliz, eu estou feliz.
- Digo o mesmo para você. – Ele olhou em meus olhos e assenti com a cabeça. – Vem cá! Seus abraços eram bons! – Ele disse, me abraçando pelos ombros e rimos juntos.
- Ainda são, ok?! – Falei baixo e ele riu fracamente.
- Eu sei. – Ele disse, dando um curto beijo em minha testa e sorri.
- Estamos bem? – Perguntei.
- Sim, estamos. – Assenti com a cabeça sorrindo. – Só não garanto a mesma proximidade de antes, porque a Maddalena não quer te ver nem pintada de ouro. – Revirei os olhos.
- Viu?! Mais um motivo para eu não te querer com ela. – Falei e ele riu fracamente.
- Já falei para ela que uma coisa não tem nada a ver com a outra, somos grandinhos demais para separar as coisas. – Ele falou e eu sorri.
- Sim...
- Só me prometa que vai ser feliz... – Falamos juntos e rimos em seguida.
- Eu vou tentar. – Falei baixo e ele assentiu com a cabeça, me abraçando apertado novamente. – Senti sua falta.
- Eu também. – Ele disse e suspirei, deixando um sorriso dançar em meus lábios.
- Ei, agora que somos amigos de novo, quero te perguntar uma coisa. – Ele falou.
- Se você for falar sobre o anal... – Falei baixo.
- Ah, não, mas vamos chegar lá. – Rimos juntos. – Que história é essa de mandar a Manu atrás de mim? – Ele perguntou e eu gargalhei. – Não sabia que tínhamos acompanhante para viagens.
- Não tem. – Disse rindo. – Eu só queria alguma informação privilegiada sobre você.
- Nossa, pior que Grande Fratello. – Ele disse e gargalhei.
- Ah, foi legal, vai! – Falei.
- Foi ótimo, mas agora ela me escolhe para testar as brincadeiras dela... – Gargalhei.
- Isso você resolve com ela, não comigo. – Dei de ombros e ele sorriu.

Lui
Nove de março de 2015 • Trilha SonoraOuça
Depois de oito meses e 13 dias, era bom ter Barza de volta em campo. Após uma substituição de Tevez, ele voltou a jogar comigo desde o fatídico 24 de junho quando fomos eliminados do Mondiale precocemente e outras coisas mais que aconteceram naquele dia.
Desde que ele saiu do banco, o estádio começou a responder por isso. Barza era realmente amado pelos torcedores, então eles não poderiam estar mais felizes. Na verdade, eu também estava muito feliz, porque era bom ter minha defesa mais reforçada. Cáceres e Ogbonna eram muito bons e o uruguaio tinha feito mais gols nessa temporada do que Barza durante todo seu tempo de time, mas era ele quem ficava comigo em caso de um contra-ataque.
Hoje, em especial, eu acompanhei o jogo do camarote, acordei com o corpo doendo por causa de uma gripe, então fiquei vendo o top cinco exaltado por causa dos vários lances duvidosos do jogo. E haviam sido mesmo, pois o Sassuolo foi bem irritado em cima do juiz quando o jogo acabou. Eu me distraí por dois segundos e, quando olhei de novo, o top cinco já tinha sumido. Confesso que ainda me surpreendia como eles desciam rápido demais.
Segui com mais calma para fora do camarote e precisei esperar o elevador que eles desceram subir novamente. Enquanto isso, eu pensava no que o pessoal falava sobre a não ir mais nos jogos ou não descer mais após o final do jogo e isso havia ficado claro agora que eu vim aqui. Ela havia ido em dois jogos importantes meus nessa temporada, mas não tinha descido muito mais. Tinha a esperança de vê-la quando o top descia, mas ela sempre faltava. Desde aquele jogo em Cesena, já tinha tido outros três, contando com esse. Talvez eles tivessem mais informações do que eu.
Cheguei no túnel e encontrei alguns jogadores do Sassuolo entrando. Peluso que tinha jogado conosco e Zaza que estava fazendo uma boa temporada e já tinha ouvido até Paratici falar sobre ele. Depois disso, eu finalmente entrei no vestiário.
- Ei, Gigi! – Filippi me cumprimentou. – Está bem?
- Sim, estou! – Falei. – Só dei uns espirros e um pouco de dor no corpo, espero estar melhor amanhã.
- Ótimo, ótimo! – Ele disse, dando um tapinha em minhas costas. Cumprimentei Marco e Roberto e segui para o vestiário.
Observei meus colegas se ajeitando nos seus lugares e meu olhar foi para direto para Barza no centro do vestiário. o abraçava com um largo sorriso no rosto e ele gargalhou quando Pavel bagunçou os cabelos do mesmo. Engoli em seco e suspirei, tentando deixar meu ciúme fora disso. Eles estavam de bem, não?! Isso era algo bom, não? E só queria dizer que eles tinham se ajeitado, nada mais... Certo?
- Sera, ragazzi! – Falei um tanto alto, vendo os dois se afastarem.
- Ei, Gigi! – O povo falou e eu sorri. e Barza distraíram o olhar e ela deu um sorriso para Barza antes de seguir para o fundo do vestiário junto do resto do top. Aproveitei o espaço livre para ir cumprimentar Barza.
- Voltou, hein?! – Falei e ele riu.
- Finalmente! – O abracei apertado, dando um beijo em sua cabeça.
- Como foi? – Ele riu fracamente.
- É como andar de bicicleta. – Ele disse e sorri.
- Que bom, cara. Bom te ver em pé de novo! – Rimos juntos e ele pegou sua necessaire.
- Nem fala, cara, foram quase nove meses, pelo amor de Deus. – Rimos juntos. – Desde o Mondiale, nem com meus filhos eu brincava, não aguentava mais.
- Lembro quando lesionei o ombro e depois a hérnia, é um saco! – Falei rindo. – Pelo menos você aguentou melhor do que eu.
- Ah, foram situações diferentes, cara. – Ele disse e segui com ele para o fundo e bati na mão de Padoin, cumprimentando-o.
- Consegui meu companheiro de quarto de volta! – Pado disse e sorri.
- Cuidado que ele ronca, hein?! – Falei.
- Ah, falou o quietinho! – Barza disse e gargalhamos.
- Acho que todo mundo aqui ronca. – Comentei rindo.
- Barza! – Angela o chamou. – Quinta-feira o Ask é seu, ok?! 10 horas na sala da coletiva.
- Beleza. – Ele disse e levei o olhara para que conversava com Allegri e Agnelli. Ela tirava o sobretudo, relevando a roupa completa preta por baixo. – Eu falei com ela.
- O quê? – Virei para Barza.
- A . – Ele disse, indicando-a com a cabeça. – Eu conversei com ela.
- Ah, é? – Tentei parecer desinteressado. – E aí?
- A gente se resolveu. – Ele falou, dando de ombros. – Eu falei o que tinha me incomodado, ela pediu desculpas, a paz pode voltar a reinar no time. – Ri fracamente.
- Que bom, cara, fico feliz. – Dei um tapinha em suas costas.
- Agora, vê se não faz merda! Sério! – Ele disse. – Vocês são perfeitos um para outro e só vocês não enxergam isso.
- Vocês não vão ficar juntos? – Perguntei.
- O quê? Não, cara! – Ele falou alterando seu tom de voz, rindo em seguida. – Eu gosto muito dela, apesar de tudo, mas somos amigos. É melhor e dá certo. – Assenti com a cabeça, rindo fracamente. – Agora vocês...
- Ela ainda está brava comigo, cara. Na verdade, acho que esse é o estado de espírito natural dela comigo. – Ele pegou uma toalha e jogou-a no ombro.
- Você e eu sabemos que ela sente muito mais do que só isso por você, Gigi, ela admitindo ou não. – Suspirei.
- É, talvez, mas tem muito mais do que... – Olhei em volta. – O que houve no Brasil em volta disso.
- Talvez seja porque você se envolve com pessoas que você nem gosta tanto ao invés de tentar fazer certo com ela.
- Eu te falei que achei que vocês estariam juntos. – Disse.
- É, mas faz quatro meses que você descobriu que não e nada mudou. – Ele me olhou e suspirei longamente.
- A Ilaria é um pouco mais barra pesada do que a Alena, cara. – Falei e ele franziu a testa. – Ela realmente quer algo, sabe?
- Eu não quero saber. – Ele disse rindo e neguei com a cabeça. – Eu já sei que você não é o tipo de cara que fica solteiro, mas fazendo as coisas certas... Ficando com a pessoa certa, você não precisaria ficar. – Ele disse, indicando com o olhar. – E não adianta ficar em um relacionamento se sua cabeça só pensa em outra pessoa. – Ele falou e eu suspirei.
- Eu estou da mesma forma que da outra vez, preso. – Falei.
- Talvez... – Ele deu de ombros. – Depende do que você vai fazer com isso agora.
- Eu sou muito ridículo, né?! – Falei e ele riu fracamente.
- Por que dessa vez? – Sorri.
- Eu estou preso em uma mulher há quase 15 anos... Isso é ridículo.
- Só seria ridículo se você não sentisse nada por ela, mas eu e você sabemos que sente. – Ele disse e eu suspirei. – Pensa o que aconteceria com você se vocês ficassem juntos... – Ele deu de ombros.
- Seria igual 2006 de novo. – Suspirei, observando conversando com Manu que, milagrosamente, havia entrado quieta. – Foi a melhor época da minha vida.
- Bom, então sua resposta está aí. – Ele disse e abaixou seu tom de voz. – Eu já acho que teríamos o apocalipse, mas você que decide. – Ele disse me fazendo rir e neguei com a cabeça.
- Vai tomar seu banho! – Empurrei-o pelos ombros e ele gargalhou, indo na direção do banheiro.
Observei dar uma gargalhada gostosa quando Manu falou alguma coisa que até os outros dois na riram com elas. Soltei um suspiro e puxei o celular do bolso do casaco pesado que começava a ser exagero aqui no quente do vestiário e vi uma mensagem da Ilaria.
“Você vem para cá depois do jogo, né? Eu vou te esperar.”
Suspirei e guardei o celular de novo no lugar de antes. Daqui umas duas horas eu respondia e falava que já era tarde para pegar estrada, o que eu não estava errado, já passava das 23 horas e eu ainda tinha muito o que fazer aqui.
- O que estão rindo? – Perguntei, me aproximando deles.
- Ela é muito ridícula! – falou de Manu.
- Ah, qual é! Vocês estavam todos tristinhos que foram eliminados na fase de grupos do Mondiale, agora imagina ser eliminado nas quartas, em casa, de 7x1? Ficou marcado para sempre, não posso falar que sou brasileira que o povo já ri e fala “7x1, né?” isso marca. – Ela disse exagerada como sempre e abri um sorriso, vendo negar com a cabeça.


Capitolo cinquantasei

Lei
14 de março de 2015
- Poderia me esperar? – Pedi ao taxista assim que o carro parou.
- Eu vou ter que deixar o taxímetro rodando, dona...
- Não tem problema. – Falei.
- Tudo bem, então. – Ele disse e empurrei a porta do carro, puxando minha bolsa comigo e a atravessei no corpo.
Olhei rapidamente em volta e encontrei uma tenda de flores ali perto e me aproximei, olhando os arranjos da mesma e as diversas cores. Eu tinha ume memória muito antiga, mas talvez olhando eu pudesse descobrir qual... Achei.
- Scusa, signora... – Chamei a moça.
- Sim, em que posso te ajudar?
- Qual é essa flor? – Apontei para uma flor tão aberta que quase formava um círculo em volta de si mesma.
- É a Dália. Gosta? – Ela perguntou.
- Minha mãe... – Senti minha garganta fechar. – Ela amava. – A senhora sorriu carinhosa. – Poderia fazer um buquê bem bonito para mim de dália e jasmim, por favor?
- Claro, gostaria de escolher as cores? – Ela perguntou.
- Essa daí está linda. – Indiquei as flores em tons rosa.
- Ok, um minuto. – Ela disse e assenti com a cabeça.
Enquanto ela arrumava o buquê, eu tirei a carteira da bolsa e dei uma rápida contada no dinheiro ali. Ela ajeitou as dálias no centro e os jasmins brancos em volta deixando as flores maiores em evidência. Depois ela colocou um lado do mesmo tom mais escuro da dália e juntou-as em um papel pardo.
- O que acha? – Ela me perguntou.
- Está lindo. – Sorri e ela me estendeu o mesmo. – Quanto é?
- 18 euros. – Ela disse e entreguei duas notas de 10 para ela.
- Pode ficar com o troco.
- Grazie. – Ela disse e eu sorri.
Guardei a carteira na bolsa, jogando-a para o lado, fazendo-a deslizar pelo meu corpo e andei em direção a entrada do cemitério. Respirei fortemente três vezes antes de entrar no mesmo. Eu só tinha vindo aqui uma única vez, mas parecia que eu tinha decorado o caminho como se fosse meu trabalho.
Algumas pessoas me observaram enquanto eu caminhava pelo cemitério e somente dei curtos acenos de cabeça. Entrei no corredor do túmulo de meus pais e olhei mais atentamente enquanto procurava o jazigo dos Battaglia, sabendo que era um dos últimos. Encontrei-os alguns passos à frente e suspirei, encontrando as fotos deles mais uma vez e seus nomes e datas de falecimento impressas na lápide.
Stella
☆ 29/04/1955
† 21/03/1989
Maurizio
☆ 13/08/1957
† 21/03/1989
Junto deles estava o nome de Cinzia e Simone Battaglia que eu ainda não tinha descoberto quem era. Na verdade, acho que eu tinha certo receio em descobrir e a situação ficar pior do que antes, mas eu não me esqueci ainda de Olga e Ricky, e esperasse podê-los encontrar um dia.
Soltei um suspiro, me ajoelhando em frente ao túmulo, ficando levemente inclinava pela saia lápis e coloquei o buquê ao lado do outro solitário ali. Alguém também tinha passado ali e não fazia muito tempo. As flores estavam começando a ressecar, mas algumas estavam vivas ainda. Observei a foto de ambos e fiz um sinal da cruz, juntando as mãos logo em seguida.
Ciao, mamá, ciao, papá. Estou aqui de novo. Me desculpe ter demorado tanto para voltar, mas minha vida em Palermo não existe mais e, conforme eu ando pela cidade, me pergunto se algum dia eu vou pertencer a ela novamente. Eu acabo vindo com o time, mas alguns problemas pessoais me fizeram afastar, mas acho que vocês já sabem, não?
Enfim, não estou aqui para falar da minha vida pessoal, acho que vocês já devem ter feito algumas observações aí de cima, não é mesmo? Eu sou um desastre para amor, mãe. Às vezes penso que gostaria de ser igual vocês dois. Se encontraram e lutaram contra tudo e todos para ser feliz. Bom, eu cansei de lutar, na verdade. Acho que enquanto a outra parte não me valorizar, eu não tenho o que fazer.
A outra parte, caso não saibam, caso a viagem de nuvem para Turim seja muito difícil, é daquele cara que veio comigo da outra vez. Ele é um cara legal, de verdade, mas ele é um idiota que não consegue enxergar as coisas a um palmo de seu rosto, e eu nem preciso dizer que gosto dele, se ele não souber após tantos anos, talvez realmente não devemos ficar junto.
Enfim... Eu tentei namorar o melhor amigo dele e acabou sendo muito gostoso, era algo confortável e legal, pelo menos minhas sextas-feiras não eram mais solitárias, mas eu acabei mancando. Na verdade, eu nunca deveria ter me relacionado com ele sabendo que ainda amo outra pessoa, as prometo que vou melhorar nesse caso. Ficar solteira é melhor do que magoar os outros. Talvez meu foco seja ter sucesso no trabalho e não no amor, porque isso pelo menos está dando certo.
O emprego é ótimo e eu tenho uma estabilidade que nunca pensei em ter, a parte monetária não é mais problema para mim e o time é o único culpado disso tudo. Acabo tendo um pouco de presença na mídia, mas nada que eu precise surtar, deixo os
paparazzi correrem atrás dos jogadores que dão fotos e escândalos melhores. Estamos em uma fase boa agora, ganhamos o jogo de ida da Champions e vamos para Alemanha ver se passamos para as quartas, se isso acontecer, é uma grande possibilidade de se sonhar com esse prêmio que não temos há quase 20 anos e não chegamos em outra final há 12 anos.
Pensando nisso, confesso que chegar na final e vencer essa Champions é um sonho maior do que eu mesma. Sei que ele não se importa comigo e não demonstra em diversas situações, mas eu sei como ele sonha com isso desde aquela final em 2003. Vê-lo chorando depois que ele não conseguiu alcançar a última bola e aquela falsa feição de calmaria durante todas as eliminações que se seguiram, só me faz querer que ele conquiste isso. Seria muito bom para o time, eu sei, mas o monetário não seria nada parecido com a vontade que ele tem de ganhar sobre.
Beh, um dia de cada vez, não é mesmo?
Sobre a outra parte pessoal da minha vida, as coisas estão indo bem. A Giulia viajou para fazer parte de um projeto voluntário incrível, eu falei com ela tem uns dias, mas foi um e-mail e sei que vai demorar para ela retornar de novo, mas só de saber que ela está bem e segura, já me acalma. A Gio e o Fabrizio estão bem também. Fabrizio está de muletas porque caiu do telhado da casa da piscina e quebrou o tornozelo. Acho que a terceira idade está afetando a cabeça dele, mas está tudo bem. Os gêmeos vão bem também. Gianni está evoluindo no sub-15, virou capitão do time e não poderia estar mais feliz. Pietro está um pouco incerto do que fazer na vida. Ele gosta muito da área de matemática, como eu, mas também adora tocar guitarra, espero que tio Fabrizio não o obrigue a fazer algo que ele não goste, eu só quero que ele seja feliz.
Por falta de Giulia, eu acabo tendo a Manu, o Pavel e o time. Quando não tem problema de relacionamentos pessoais e sei lá mais o quê. A Manu é incrível, ela tem 20 anos, mas acaba me distraindo muito, se quer saber. Ela me lembra muito eu e a Giulia quando éramos mais novas, antes de time, vida pessoal e ser adulta. O Pavel acabou sendo um amigo um tanto quanto inesperado, já fui jantar com ele, a Ivana e os meninos algumas vezes e é bom jogar conversa fora, sabe? Estamos tentando trazer o Trezeguet de volta, quem sabe a gangue não volte? Amo Barza, Chiello e Leo, mas não é a mesma coisa, sabe? Ivana não sente ciúmes da gente, pois sabe tudo o que passamos juntos. É diferente.
Não sei se tenho algo a mais para falar. Os últimos dias foram bons, vir para Palermo é sempre bom para mim, o pessoal que sabe da minha história acaba ficando emocionado por mim, mas achei melhor não dizer o motivo da minha vinda aqui. Faz quase 25 anos sem vocês, eu conheço muito mais minha vida sem vocês do que com, mas não tem um dia que eu não imagine como seria minha vida com vocês aqui. Se estaríamos em Palermo ainda ou se vocês estariam comigo em Turim e a vida seria quase a mesma, mas com vocês ao meu lado.
Eu amo vocês e, por mais que a vida não me deixe lembrar de vocês sempre, saiba que eu os amo e sinto falta de vocês todos os dias. Sinto falta dos tempos mais simples, mas seria hipócrita se reclamasse de alguma coisa hoje. Talvez só da minha vida amorosa. Eu já estou com 33 anos, faço 34 esse ano, fico pensando se não deveria começar a pensar em realizar meu sonho de ser mãe. Eu sei que tenho um tempo para realizar isso e, sem um ovário, é mais complicado ainda. Minha menstruação louca só prova como isso tudo vai ser mais difícil.
Enfim, gostaria de poder ter essa conversa com vocês em volta de uma mesa, bebendo um café fresquinho e não em um cemitério, mas prometo que não tenho trauma nenhum por isso, já passei por vários psicólogos para checar, eu só sinto falta de vocês mesmo, mas eu estou bem e espero que vocês também. É só o que importa, na verdade. Essa comunicação unilateral não me ajuda.
Dei um curto sorriso, respirando fundo e passei as costas das mãos nos olhos, ignorando totalmente o lápis de olho que eu tinha passado. Ouvi um toque e saí dos meus devaneios, pegando meu celular na bolsa e vi o nome de Pavel no mesmo.
- Ciao? – Atendi.
- ?
- Oi! – Falei.
- Onde você está? – Sua voz era forte.
- Ah, eu saí para dar uma volta, por quê? – Ele perguntou.
- São quatro horas, estamos saindo para o jogo. – Ele disse e eu fiz uma careta.
- Vamos dormir aqui, não vamos? – Perguntei.
- Sim! Voltamos amanhã cedo.
- Ok, podem indo, eu encontro vocês lá. – Falei.
- Tem certeza?
- Não se preocupe, Pavel, eu estou na minha cidade.
- Ok, não demora. – Ele disse.
- Tudo bem. – Falei, desligando o telefone e suspirei, olhando para a lápide novamente. – Vocês ouviram, não é? Hora de trabalhar. – Suspirei, sentindo um vento forte passar por mim, me fazendo franzir os olhos. – Eu amo vocês também. – Toquei a lápide e fiz um sinal da cruz. – Para sempre.
Encarei a foto dos meus pais por mais alguns segundos, tentando evitar o momento de despedida, mas me afastei com um sorriso no rosto, esperançosa da próxima vez que eu voltaria aqui. Segui para fora do cemitério e fiquei feliz por encontrar o taxista ainda esperando, não sabia quanto tempo tinha demorado, mas o taxímetro passando dos três dígitos me dava uma leve ideia. Eu perdia meu tempo quando vinha aqui.
- Para o Estádio Renzo Barbera, por favor. – Falei.
- Tem certeza, moça? – Ele perguntou.
- Sim, por quê? – Franzi a testa.
- Ah, não é comum as pessoas saírem de um cemitério e irem para um jogo de futebol. – Ri fracamente.
- É, eu sei, mas para mim é. – Suspirei e ele assentiu com a cabeça pelo espelho.
O caminho normal daqui para o estádio era de uns 30 minutos, mas por ser dia de jogo, demorei quase o dobro disso. As ruas em volta do estádio estavam tomadas de torcedores, então pedi para o taxista me deixar o mais perto possível e paguei-o antes de sair do carro. Fui caminhando até a entrada do estádio e mostrei minha credencial para seguir pela área dos vestiários. Quando cheguei lá, os jogadores terminavam de vestir a roupa de treino.
- Sera, ragazzi! – Falei um tanto mais alto, tirando a bolsa dos ombros.
- Ei, chegou! – Eles falaram alto.
- Scusi, scusi, tive um compromisso! – Falei enquanto procurava Pavel ou Paratici com o olhar.
- Que tipo de compromisso você teria aqui, ? – Morata perguntou e dei um curto sorriso.
- Fui visitar meus pais. – Falei, entrando na sala da fisioterapia, vendo Gigi, Vidal e Chiello nas macas. – Ragazzi. – Falei.
- Vem cá! – Gigi me chamou com a mão e suspirei, desviando das pessoas no vestiário pequeno até chegar em sua maca. – Onde estava? – Ele franziu os ombros e puxei a toalha do ombro de Marco e coloquei em cima de seu tórax descoberto. – O quê? – Ele falou.
- Fui visitar meus pais. – Falei.
- Por que você não me falou? Podia ir contigo. – Ele disse, inclinando o corpo para trás para apoiar os antebraços na maca.
- Era algo que eu precisava fazer sozinha. – Falei, dando de ombros.
- Algo aconteceu? – Ele perguntou. – Faz tempo que você não vem.
- Dia 21 faz 25 anos da morte deles. – Suspirei e ele pressionou os lábios.
- Sinto muito, . – Abanei a mão.
- Deixa quieto, não vamos falar sobre isso. – Dei um curto sorriso, sentindo minha voz afinar.
- Não, não... – Ele disse. – Marco, você pode...
- Dois minutos. – Marco falou e se afastou para a maca do lado.
- O quê? – Perguntei cruzando os braços e ele se sentou na maca, ficando de frente para mim.
- Eu estou aqui para o que você precisar, você sabe disso, não?
- É... – Falei, ponderando com a cabeça.
- Eu posso cometer vários erros com você, mas esse não é um deles. – Ele deu um aceno de cabeça e suspirei, confirmando com a cabeça.
- Ok. – Falei fracamente.
- Como você está? – Dei de ombros.
- Com saudades? – Ri fracamente e ele me puxou para um abraço, me colocando entre suas pernas. Soltei um suspiro deixando minhas mãos caírem em suas costas nuas e apoiei o queixo em seu ombro.
- Eu estou aqui, ok?! – Ele disse e eu assenti com a cabeça, apoiando a boca na dobra de seu ombro e passei a mão em meu rosto, secando uma lágrima solitária e eu sabia que não era sobre meus pais.
- Eu sei. – Me forcei a me afastar e passei as mãos nos olhos, suspirando. – Vamos focar no jogo, né?! – Suspirei e ele assentiu com a cabeça. – Todos vocês.
- Se precisar de mim, eu aqui, ok?! Não importa o horário, o dia ou o motivo. – Engoli em seco. – Eu estou aqui por você. Isso não mudou. – Assenti com a cabeça.
- Ok... – Dei um curto sorriso e me afastei um pouco. – Marco, você... – Indiquei Gigi para ele e trocamos de lugar. – Vamos ganhar, ragazzi! – Falei, olhando Chiello e Vidal nas macas e eles sorriram, dando piscadelas para mim e neguei com a cabeça, saindo do vestiário.
- Tudo certo, ? – Encontrei Barza se trocando.
- Sim, está! – Sorri, abraçando-o de lado e ele deu um beijo em minha cabeça.
- Memórias em Palermo? – Ele perguntou e rimos juntos.
- Quem não tem? – Falei, dando de ombros. – Bom jogo, gente!
- Vai lá, chefa! – Eles falaram e eu segui para fora do vestiário, procurando o resto do meu pessoal.

Lui
18 de março de 2015
Vir para Dortmund hoje e vencer era questão de honra. Depois do 2x1 em casa, precisávamos aproveitar os dois gols de vantagem e manter assim para passar para as quartas de final. Jogar uma Champions em um campo inimigo não era igual jogar em casa, mas dominamos o jogo em Turim e precisávamos dominar aqui também. O Borussia Dortmund tinha uma torcida tão apaixonada como tínhamos em Turim, mas nós nunca desistimos, então seguiríamos firme.
O estádio lotado e os mosaicos da torcida organizada atrás de mim passaram despercebidos, mas pena que a pressão não adiantou em nada, porque o jogo começou no campo deles e, aos três minutos de jogo, Tevez fez uma pintura incrível que ninguém estava esperando. Acho que era por essas e outras que Barza falava que ele lembrava o Del Piero. Acho que era vantagem de ser o número 10 do time.
Nosso banco correu animado em cima dele, mas também, não era para menos, tínhamos acabado de aumentar o agregado em 3x1 e tínhamos empatado nos gols fora de casa, ou seja, eles precisavam de mais dois gols para nos igualar e mais três para nos passar sem prorrogação e pênalti.
Durante os outros 42 minutos de jogo, não tivemos muitas chances perigosos, mas eles tiveram, o que eu precisei fazer umas seis ou sete defesas muito importantes somente nesse primeiro tempo. Aos 28 minutos, uma preocupação para os próximos jogos, se passássemos, Pogba sentiu a coxa e precisou ser substituído. A vantagem é que eu ganhei Barza na linha de defesa e teria mais ele, além de Evra, Lich, Leo e Chiello para evitar levar gols.
No intervalo, Allegri deu algumas indicações e começamos dominando o ataque pelo menos nos primeiros sete ou oito minutos, se não mais. Nesse começo, Morata teve duas chances sensacionais que foi defendida por Weidenfeller, goleiro deles. Eles tiveram uma chance um pouco mais a frente, mas eu segurei.
Após outras defesas mais, a gente voltou a atacar e foi aí que saiu o segundo gol, aos 70 minutos. Marchisio fez o passe para Tevez e ele estava sozinho. Ele encarou o goleiro no um contra um e jurava que ele fosse chutar, mas Morata vinha do lado esquerdo, então ele passou a bola, deixando Álvaro de cara no gol e sozinho. Quando a bola entrou, só deu a torcida de Juventus gritando, coisa de cinco mil torcedores. Eu enlouqueci. Corri em direção a eles gritando e sacudindo as mãos
4x1! QUATRO A UM! Seria muito difícil eles recuperarem agora, só precisávamos manter o pique. E Tevez tinha o pique, o Apache queria mais um e ele fez. Pereyra fez o passe e Tevez tentou copiar o primeiro gol, mandando pouco depois da linha central e acertou.
Não tinha mais o que fazer! A sensação de dever cumprido cresceu no peito e só precisávamos esperar os últimos minutos de jogo. A torcia deles havia ficado quieta e muitos espaços das poltronas começavam a aparecer. Em compensação nossa torcida cantava cada vez mais alto.
Quando o apito final tocou, a primeira reação foi de alívio. Conseguir um agregado de 5x1 não era para qualquer um. Depois disso, minha outra reação foi sair correndo e abraçar os jogadores mais próximos. Leo, Lich, Barza, Chiello, Vidal e todos os outros que passaram na minha frente. Estávamos nas quartas! Depois da eliminação na fase de grupos no ano passado, tínhamos passado.
Cumprimentei alguns jogadores do Borussia, Allegri e Klopp, técnico deles, e o pessoal começou a montar o cordão para cumprimentar a torcida. Corri em direção à torcida, ouvindo-os gritarem. Os aplaudimos e a cantoria começou a ficar mais alto.
- Ole! Ole! Juve! Juve! Ole! Ole! Juve! Juve!
Poderíamos ficar aqui o resto da noite, mas não estávamos em casa, e precisávamos voltar ainda hoje. Após mais alguns segundos em campo, entramos mais quietos. Cumprimentamos os jogadores do outro time que estavam no túnel e nos afunilamos para subir as escadas para o vestiário. Os jogadores começaram a fazer bagunça, girar as camisetas ou jogar água para cima.
- Ole! Ole! Juve! Juve! Ole! Ole! Juve! Juve! – Gargalhei, negando com a cabeça e fui para meu lugar, puxando a camiseta para cima.
- AH! – Ouvi uns gritos, seguidos de gargalhadas e vi primeiro uma bunda entrar, uma bunda que eu conhecia muito bem, na verdade, depois Pavel apareceu em seguida.
- Ciao, ragazzi! – Ele disse feliz e gargalhamos.
- Pavel, me coloca no chão! – Ela pediu e ele se virou de costas para mim e vi os cabelos de sacudiram quando ela foi para o chão. – Ah, vai dar dor de cabeça. – Ela disse, jogando os cabelos para trás e gargalhamos.
- Fala, chefa! – Morata foi o primeiro a gritar e ela deu alguns pulos em sua direção, abraçando o espanhol e eu ri fracamente, fazia tempos que eu não a via tão animada assim.
Depois de Morata, ela abraçou Tevez e então seguiu para os outros meros mortais, como eu. O resto do top também passava abraçando, mas quem se importava com Pavel e Agnelli quando se tinha com aquele largo sorriso
- Valeu, Gigi! – Pavel falou e abracei-o pelos ombros, abrindo um largo sorriso. – Vamos à luta agora.
- Sim, vamos sim! – Dei um tapinha em suas costas.
- Gigi! – finalmente chegou em mim e tirei meu braço dos ombros dele quando ela me abraçou pelos ombros e passei meus braços pela sua cintura, tirando-a um pouco do chão e ouvi sua gargalhada próximo à minha orelha. – Para, Gigi! – Ela disse rindo e coloquei-a no chão novamente, vendo-a se afastar um pouco e empurrar meu ombro devagar.
- Você está feliz. – Falei e ela sorriu.
- É claro que estou. – Ela riu fracamente. – Foi incrível demais, a torcida deles murchava a cada gol. – Sorri.
- Quem sabe não é nossa hora? – Falei e ela segurou meu rosto com as duas mãos, me puxando para baixo para colar nossas testas.
- Se Deus quiser, Gigi. E Ele quer! – Ela disse firme e sorri, observando seus olhos próximos dos meus.
- Adesso andiamo, ragazzi! – Allegri gritou e isso fez ela se afastar.
- Vou deixar você se arrumar, precisamos voltar ainda. – Ela disse e eu suspirei, vendo-a seguir até a porta.
Allegri fez um discurso incrível, elogiando nossa prestação hoje, falou para mantermos o pique que ainda tínhamos algumas rodadas do campeonato até garantir o scudetto e agora seguiríamos para as quartas e dependia dos outros resultados ainda.
Quando ele finalizou, eu fui para o banho e depois terminar de me arrumar, colocando o suéter de viagens por cima. Estávamos em março, mas o tempo frio ainda permanecia. Finalizei de arrumar minhas coisas e não demorou mais que uma hora após o fim do jogo para que seguíssemos para o ônibus.
Depois de chegar no aeroporto de Dortmund, também não demorou mais que uma hora para entrarmos no avião. O pessoal do administrativo entrou em nossa frente e eu fui um dos primeiros a entrar. Observei seguir para o fundo do avião e colocar sua mochila no bagageiro. Olhei rapidamente em volta e segui em sua direção.
- Está livre? – Perguntei indicando o lugar vago ao seu lado e ela deu um curto sorriso.
- Agora não mais. – Ela disse e coloquei minha mochila ao lado da sua antes de me encolher na sua frente e me sentar ao seu lado. – Eu não sou uma boa companhia, você sabe disso, não? – Ela disse.
- Por quê? – Perguntei rindo.
- Porque eu estou com sono. – Ela disse, esticando os braços para cima para se espreguiçar e ri fracamente.
- Tudo bem, eu também. – Falei e ela deixou um sorriso escapar de seus lábios.
- Pelo menos vamos dormir felizes hoje. – Ela disse, relaxando o corpo na cadeira.
- Foi o jogo perfeito. – Falei e ela virou o rosto para mim.
- Foi sim. – Ela disse. – Tirando esse seu cabelo. – Ela passou a mão neles e ri fracamente.
- Qual o problema? – Perguntei.
- Está parecendo mesmo aquele personagem que a Manu falou. – Ela disse.
- O Cebo... Sei lá.
- Cebolinha... – disse rindo. – É personagem de uma história em quadrinhos. – Ela disse. – São bonitinhas as histórias.
- Você leu?
- Manu também é cultura. – Ela disse e sorri.
- Com certeza. Ela já levou aqueles doces brasileiros para gente e o Allegri proibiu. – sorriu.
- Ela me contou sobre isso, falou que o Barza comeu uns 12, não foi algo assim?
- Foi. – Ri com ela. – Acabou muito rápido.
- Eu comi também, ela levou para mim, são muito bons. – Ela sorriu.
- Se depender da Manu, vamos engordar. – Falei.
- Engordem à vontade, só não reduzam o pique, temos 10 rodadas do campeonato ainda, o jogo de volta da Coppa Italia e mais uma fase de Champions...
- E queremos ganhar todas. – Falei.
- Se possível. – Ela sorriu e assenti com a cabeça.
- Ainda tenho eliminatórias da Eurocopa. – Falei.
- Mas vai ser em Turim, não? – Ela disse. – Em casa?
- Sim, mas preciso ir para Florença encontrar o time, e acho que vamos para a Inglaterra antes.
- Pensa bem, na volta que você estiver cansado, é só ir para casa.
- Sim... – Sorri.
A aeromoça passou pedindo para afivelarmos os cintos e eu e a obedecemos. Não demorou muito até que o avião terminasse as checagens e levantasse voo. Quando o aviso de desafivelar os cintos ligou, inclinou a poltrona um pouco para trás e eu fiz o mesmo. Ela pegou o celular de novo, mas não demorou muito para que estivesse dormindo.
Peguei seu celular, colocando-o no bolso da poltrona da frente e tombei sua cabeça em meu ombro. Ela se mexeu, virando o corpo um pouco para meu lado e apoiou sua mão esquerda em meu braço, relaxando novamente. Suspirei, tombando minha cabeça para cima da sua e fechei meus olhos também, deixando um sorriso se formar em meus lábios.

Lei
30 de março de 2015
- Sabe, isso é bem legal! – Manu falava ao meu lado. – A Seleção Italiana é superfamosa no Brasil. Claro que zoamos muito por causa da Copa de 94... – Ela disse rindo.
- Você fala isso aqui, capaz de alguém te matar. – Falei, assentindo para o funcionário do estádio e ele nos deixou entrar sem problemas.
- Ah, mas era só o que me faltava, né?! – Ela disse rindo. – 7x1, . Eu preciso ter alguma vantagem nessa vida. – Sorri, negando com a cabeça.
- Só tenta relaxar, está bem? Viemos só assistir ao treino e encontrar o David. – Falei.
- Ele vai voltar para o time de alguma forma? – Ela perguntou.
- Sim, Agnelli ofereceu o posto de presidente do Juve Legends para ele. – Falei.
- O que é isso? – Ela perguntou.
- É o clube de lendas do time, dos jogadores que já se aposentaram e mantiveram um contato com o time, além de ser uma forma de divulgação do time fora com eventos culturais, jogos e outras coisas. É quase um embaixador do time, mas inicialmente focado no Legends.
- Ah, é legal! Ele estará envolvido no time, pelo menos. – Ela disse.
- Sim, e eu adoro o Treze. – Sorri.
- Eu vi naquela festa que teve aquele dia. – Ela falou. – Ele gosta bastante de você...
- É só amizade, Emanuelle. – Falei e ela riu fracamente. – Trezeguet é um dos meus amigos mais antigos, junto do Gigi e do Pavel.
- É, mas aposto que você e o Trezeguet ou o Pavel nunca... – Empurrei sua cabeça, fazendo-os caírem no rosto.
- Scusi, não te ouvi. – Falei e ela gargalhou, tirando-os do rosto.
- Já entendi, já entendi. – Ela disse e andei um pouco à frente, descendo pela entrada do ônibus.
Entrei na placa dos vestiários e segui o caminho que os jogadores faziam quando chegavam no estádio. Eu entrava direto no camarote e depois descia por dentro, pelo elevador exclusivo do camarote, agora vindo de baixo era um pouco mais chato, mas dava no túnel mesmo assim.
Saí pelo mesmo, vendo os jogadores em campo e ri fracamente ao me lembrar da última vez que eu estive entre a Nazionale. Bons tempos, mas que eram passado agora, pelo amor de Deus. Reconheci Gigi, Barza, Marchisio, Chiello, Leo, além de outros jogadores que não são da Juventus, mas que são figurinhas carimbadas na Nazionale, apesar de que senti falta de algumas pessoas.
- Ei, . – Virei o rosto para o lado, vendo Conte e sorri para ele.
- Mister. – Falei rindo e ele sorriu.
- Você não me chama assim! – Ele disse.
- Você não era treinador da Nazionale antes. – Falei e abracei-o fortemente.
- Não mudou nada! – Ele disse rindo.
- Ah, mudou, você ficava mais bonito nos nossos ternos. – Passei a mão em seus ombros e ele riu fracamente.
- Veio só ver ou...
- Vim encontrar o resto do pessoal. – Falei, dando uma volta ao redor do corpo e vi o pessoal apoiado nas beiradas em volta do estádio. – E eu encontrei.
- Ei, olha quem está aqui! – Conte falou e Manu se aproximou.
- Oi, Conte! – Ela sorriu, abraçando-o de lado.
- Como você está? – Ele disse e segui pela lateral do campo, cumprimentando Alessio e Massimo, que eram seus assistentes técnicos também nos tempos do time e subi as escadas que dariam para o que seria o camarote do time visitante, ali já estavam Pavel, Agnelli e Trezeguet.
- Ah, o amor da minha vida aqui! – Trezeguet falou e eu ri fracamente.
- Ah, mas esse David agora está todo bonito como presidente, não?! – Passei os braços pelos seus ombros e fiquei na ponta dos pés para alcançá-lo e ele riu fracamente.
- Você viu que eu estou importante agora? – Ele deu um beijo em minha testa e sorri, me fastando.
- É bom te ver, David. – Sorri. – Te ter perto da gente agora.
- Já descobri onde fica sua sala, vou passar lá qualquer dia para gente tomar café. – Sorri.
- Fique à vontade. – Vi Manu subir também. – Você se lembra da Manu, não?
- Sim, você me apresentou ela naquele coquetel quando eu vim. Impossível me esquecer desses cabelos azuis. – Ele sorriu.
- Senhor Trezeguet, é um prazer revê-lo. – Manu sorriu e Pavel gargalhou.
- Até parece que é um anjo assim. – Pavel falou e rimos juntos.
- Ei, deixa ele descobrir aos poucos. – Manu disse.
- O que está acontecendo? – Trezeguet perguntou.
- Ela é um demônio. – Falei.
- Vai fazer piada contigo em qualquer oportunidade. – Agnelli falou e cumprimentei ele e Pavel antes de me colocar ao lado do último.
- Como eles estão? – Perguntei.
- Bem, eu acho. – Pavel falou. – Eles só têm uma hora de treino, conseguimos convencer a Federazione a dar mais uma hora.
- Contanto que a Nazionale inglesa não descubra. – Falei e eles riram.
- É, deixa quieto. – Pavel disse rindo.
- Então, ... – Trezeguet apareceu ao meu lado. – Quais as novidades? – Ele passou um braço pelos meus ombros e abracei-o pela cintura.
- Faz um ano que eu não te vejo, lasciame vedere... – Suspirei. – Nada! – Virei para ele.
- Mesmo? – Ele franziu a testa. – Da última vez que a gente se viu você disse que estava seguindo em frente, estava com alguém e...
- E não deu certo. – Falei, rindo fracamente. – Acontece.
- Ele te machucou?
- Eu o machuquei, na verdade. – Dei de ombros. – Enfim, faz parte.
- O Trezeguet sabe? – Ele perguntou e viramos o rosto para Agnelli que olhava atentamente o jogo e virou o rosto para nós quando percebeu o silêncio.
- Estou atrapalhando a fofoca de vocês? – Agnelli perguntou e rimos juntos.
- Isso é coisa para melhores amigos, Andrea. – Pavel falou.
- Ah, beleza, eu te coloco de vice-presidente do time e não posso saber as fofocas de vocês? – Gargalhamos juntos. – Vamos, Manu, deixa eles aí.
- É que assim, senhor presidente, eu sei da história. – Ela falou sem graça e Pavel gargalhou.
- Ah, me dá licença, vai! – Agnelli saiu e nós gargalhamos.
- Ok, agora eu não entendi. – David disse.
- Lembra que eu te falei que estava conhecendo alguém e que estava bem e confortável? – Perguntei.
- Sim, claro. Até brinquei que da última vez que você estava confortável, eu tive que socar o cara. – Ri fracamente.
- MESMO? – Manu falou animada.
- Enfim, esse cara era o... – Aproximei minha boca de sua orelha e sussurrei. – Barzagli.
- O QUÊ? – Ele disse gargalhando em seguida.
- Pois é. – Suspirei.
- Você estava namorando o amigo dele?
- Xi... – Falei rindo. – Estava, mas não deu certo. – Suspirei.
- Meu Deus, ! – Ele gargalhou. – O que aconteceu?
- Adivinha. – Falei.
- Gigi? – Ele perguntou.
- É claro! – Suspirei. – Foi uma série de motivos, mas eu basicamente deixei claro para ele que gostava do Gigi ainda. – Dei de ombros.
- E quando é o casório? – Trezeguet perguntou e eu revirei os olhos. – Ah, o que está acontecendo agora? Ele se separou, não?
- Sim, se separou, mas está com outra.
- Que outra? – Ele perguntou chocado.
- Ninguém que vale a pena dizer. – Suspirei.
- Não vale. – Pavel confirmou comigo. – Mas eu bem vi vocês depois no avião voltando de Dortmund...
- Ah, Pavel. – Revirei os olhos.
- O que aconteceu? – Manu perguntou curiosa.
- Ah, você, hein, Pavel? – Falei e ele gargalhou.
- Ela dormiu no ombro dele. – Ele falou e Manu soltou um gritinho que chamou atenção dos jogadores.
- Opa, scusa! – Ela indicou para o campo e nós três gargalhamos alto, negando com a cabeça.
- Ah, que saudades que eu estava da gente juntos! – Abracei-os pelos ombros, ficando na ponta dos pés para alcançar David.
- Falta só aquele chato ali! – David indicou Gigi que nos olhava em campo. – OH, GIGI!
- CALA A BOCA! – Falei, empurrando David e Pavel gargalhou ao meu lado.
- Ele está vindo. – Manu disse e coloquei as mãos nos olhos.
- O Conte vai te matar. – Falei.
- Vai nada! Ele não apita mais nada nesse estádio. – Pavel disse e rimos juntos.
- O que as crianças estão fazendo? – Gigi perguntou e eu neguei com a cabeça.
- Nós três e você, vamos jantar juntos hoje! – Trezeguet falou e eu gargalhei.
- É plena segunda-feira, David, eu tenho trabalho para fazer. – Falei.
- Eu estou com a Nazionale. – Gigi disse e neguei com a cabeça. – Não dá para sair assim.
- Ah, chatos. – Trezeguet revirou os olhos. – Eu vou estar aqui com frequência agora, então precisamos combinar isso. – Ele disse.
- Eu topo, mas estamos chegando no pior momento da temporada e tem um monte de competições acontecendo. – Falei.
- Depois que tudo acabar? – Pavel sugeriu e nós quatro nos entreolhamos.
- É, pode ser. – Gigi falou. – Posso voltar para o treino agora? – Ele perguntou.
- Pode sim, mas protege seu lado direito, está fraco demais. – Falei e ele riu fracamente.
- Há, há, há, buffone, . – Ele disse e sorri, vendo-o voltar para o campo.
- Quando a gente sair, você podia levar sua amiga junto, né?! – Trezeguet falou.
- Ah, não acredito. Você está falando da Giulia?
- Você tem outra amiga?
- Essa doeu. – Falei, fazendo uma careta.
- É, ela mesma. – Ele disse.
- Você ficou todo caidinho por ela, não é mesmo? – Falei, ouvindo-o rir.
- Ah, ela é bonita, simpática, a conheço há muito tempo, por que não?
- Bom, se você está realmente interessado, você precisa esperar mais dois anos e alguns meses. – Falei, ponderando com a cabeça.
- Por quê? – Ele perguntou, franzindo a testa.
- Ela está em um trabalho voluntário na Serra Leoa, pouco contato com a internet e vai durar três anos. – Falei.
- Ah, fala sério! – Ele disse e eu ri fracamente.
- Mais sério impossível, tive um e-mail dela nesses nove meses. Em compensação foram três páginas, mas é bem difícil. – Falei.
- Fiquei depressivo agora. – Ele falou e eu e Pavel rimos.
- Você imagina, ? Giulia e Trezeguet? – Ele perguntou.
- Nossa, será um Deus nos acuda! – Ri fracamente. – Coloca os dois e a Manu em uma mesa e ninguém sai vivo.
- Ei! O que eu fiz? – Manu perguntou e rimos juntos.
- Nada, querida, agora nada, pelo menos. – Sorri e ela riu conosco.
- Vocês vêm no jogo amanhã? – Pavel perguntou.
- Eu vou tentar, é fim de mês, tem reunião de acionistas. – Suspirei. – E infelizmente não temos folga quando a Nazionale vem jogar aqui depois de... – Pensei rapidamente. – Dois anos?
- Algo assim. – Pavel falou.
- Eu venho, meus filhos estão com a Beatrice. – Trezeguet falou.
- E como ela está? Vocês possuem alguma relação além das crianças? – Perguntei.
- Somos cordiais um com o outro, mas é mais as crianças mesmo. – Ele disse. – Mas ela está bem.
- Passa o contato dela depois, gostava muito dela. – Ele puxou o celular do bolso do terno.
- Anota já! – Ele disse e fiz o mesmo.

Lui
17 de abril de 2015
- A gente quer ir nos jogos, pai! – Dado disse, jogando a cabeça para trás.
- É, pai! Faz tempo que a gente não vai. – Lou fez bico, rodando o corpo na cama.
- Eu sei, meninos, mas depende de a mamãe levar vocês. Eu não posso cuidar de vocês e jogar. – Falei.
- E se você não jogar? – Lou falou e eu sorri.
- Ah, é assim? – Brinquei, colocando as mãos na cintura. – Se eu não jogar, não tem por que vocês irem! – Falei, fazendo cócegas na barriga do meu mais velho que gargalhou.
- A gente promete que se comporta. – Dado disse.
- Vocês são muito novos, gente! Não pode! – Falei firme.
- AH, PAI! – Eles reclamaram alto e eu ri, erguendo o pé de Louis para tirar suas meias.
- A gente podia ficar com a ! – Lou disse e eu virei o rosto para ele, vendo-o sorrir largamente.
- Ah, era só o que me faltava! – Falei, fazendo cócegas em sua barriga e ele gargalhou.
- Eu com saudade dela, papai! – Ele disse e eu suspirei.
- Ela podia vir aqui. – Dei um sorriso.
- Eu vou falar com ela, amor, mas ela é muito ocupada. – Falei, ajudando-o a tirar a blusa.
- A casa dela tava acesa quando a gente veio. – Ele disse.
- É, tava! – Dado disse e eu fiz um carinho na cabeça do mais novo.
- Eu prometo que falo com ela. – Falei, suspirando. – Mas agora vocês precisam tomar banho ou não vai ter pizza.
- Ah, pai! – Eles disseram manhosos e ouvi a campainha tocar.
- Vai, para o banho os dois, eu logo venho ajudar você, Dado.
- A gente pode ir na banheira? – Ele perguntou.
- Não sem minha supervisão. – Apontei para ambos.
- Ah, pai! – Lou reclamou.
- Se vocês me esperarem, eu deixo. – Falei sério. – Entendidos?
- Tudo bem. – Eles disseram fazendo caretas.
- Se eu voltar e vocês estiverem lá, eu tiro o vídeo game de vocês.
- AH, PAI! – Eles reclamaram alto e sorri, sabendo que tinha atingido o ponto correto.
Segui para fora do meu quarto, ouvindo a campainha tocar algumas vezes repetidas e franzi a testa checando o horário. Já passava das oito da noite e eu havia tirado o dia para ficar com meus meninos, tanto profissional, quanto pessoal, já que tinha jogo amanhã.
- Espera! – Falei mais alto e abri a porta, dando de cara com Ilaria.
- Oi, Gigi. – Ela disse.
- Ei, o que está fazendo aqui? É meu dia com os meninos. – Falei e ela entrou em casa, dando um curto beijo em meus lábios.
- Eu sei, desculpe, mas é meio urgente. – Ela falou e eu franzi os olhos.
- O que aconteceu? – Perguntei.
- Podemos conversar? – Ela perguntou e pelo seu olhar eu sabia que não era coisa boa e isso não me animava em nada.
- Claro... – Indiquei os sofás da sala de estar e a vi seguir até eles e fechei a porta, olhando rapidamente na escada para ver se os meninos não desceriam. – O que foi?
- Eu não tenho um melhor jeito de dizer isso, então vou falar logo, ok? Eu estou grávida.
- O QUÊ? – Falei um tanto alto, sentindo a saliva acumular na boca e apoiei minha mão para trás procurando alguma coisa antes de me sentar em algo macio
- É algo bom, não é, amor? Sei que é um pouco rápido, mas estamos pensando nas mesmas coisas, certo? Eu já passei dos 40, então é uma gravidez relativamente de risco, mas...
Ela começou a falar de forma animada sobre isso e eu travei. Minha mente voltou para 2007, na mesma situação. Eu estava me ajeitando com , as coisas estavam indo bem e Alena me contou que estava grávida do Louis. Era exatamente a mesma situação e, apesar de tudo, eu só conseguia pensar como eu a magoaria novamente.
MAIS UMA VEZ, CAZZO!
Isso não podia estar acontecendo. Eu não podia ser tão burro em cometer o mesmo erro duas vezes exatamente iguais. Agora que eu e estávamos bem. Ela estava começando a voltar para mim, conversar comigo, sorrir para mim, durante o voo de volta de Dortmund foi tão gostoso ter ela em meu ombro. E ela dormiu tão gostoso que até babou. Era o começo de algo bom e então...
- Eu sou muito burro! – Falei alto.
- O quê? – Ilaria perguntou. – O que aconteceu, Gigi? – Ela disse. – Essas coisas acontecem, teve vezes que transamos sem camisinha e, bom, você sabe como os bebês são feitos. – Ela se aproximou de mim. – Mas isso é algo bom, nós dois e um bebê...
- Você está me zoando, não?! – Falei, me levantando devagar.
- O que aconteceu?
- Nós não temos um relacionamento, Ilaria, nós... Nos divertimos, isso não era para acontecer. – Falei, rindo de nervoso.
- Estamos juntos há quase um ano, Gigi, você não pode estar falando sério que isso é só diversão?
- Nós... Nossa relação... É uma bagunça, Ilaria. – Falei firme. – Nós não podemos ter um bebê. – Respirei fundo, sentindo o ar falhar. – Eu preciso de água... – Falei firme, seguindo a passos rápidos até a cozinha.
- Ah, então é assim, para transar comigo tudo bem, agora para ter um filho não tem como? – Ela veio atrás de mim e eu peguei um copo, colocando embaixo do filtro.
- Não é isso, Ilaria, mas isso... Nós... Eu! – Respirei fundo.
- Eu não quero saber, Gigi. Esse filho é seu! – Ela falou firme. – Podemos não ser um casal na sua cabeça, o que me deixa muito magoada, mas essa criança é sua. E podemos fazer teste de paternidade se não acreditar em mim.
- Eu acredito, eu só não consigo acreditar que isso está acontecendo. – Falei, virando o copo em minha boca quase inteiro e suspirei quando o apoiei na bancada de novo.
- Por que não, Gigi? É assim tão ruim? – Não responda, não responda, Gianluigi, pelo amor que você tem na sua vida.
- Eu preciso pensar, Ilaria. – Respirei fundo. – Isso é muita coisa para processar em pouco tempo. – Falei.
- Eu sei que isso não é fácil de processar. – Ela se aproximou de mim, passando a mão em meu rosto. – Mas é nosso filho... – Ela levou uma mão minha para sua barriga. – É o símbolo do nosso recomeço, como a gente fez nossos relacionamentos estranhos darem certo. – Fechei a mão em um punho quando tocou sua blusa. – E nós vamos ser felizes. – Respirei fundo.
- Eu preciso processar, Ilaria, podemos conversar depois do jogo de amanhã? Eu vou para sua casa e conversamos com calma? – Pedi.
- Tudo bem, mas você não vai negar essa criança, vai? – Ela perguntou cautelosa.
- Não, eu nunca faria isso, mas eu preciso processar, eu tenho meus meninos, você tem seu filho, vamos manter isso entre a gente até resolvermos as coisas, está bem? – Meu pedido era basicamente “não conte a imprensa”, em casos normais não precisaria pedir, mas vindo dela...
- Tudo bem. – Ela falou olhando em meus olhos e se afastou alguns passos, pegando algo do bolso de sua calça. – Mas fica com isso. – Ela me entregou a foto do ultrassom e engoli em seco ao ver uma pequena mancha no meio dele, talvez seja um bebê, mas meus olhos embaçados não ajudavam. – Te espero em casa no domingo, pode ser?
- Sim... Pode... – Respirei fundo, abaixando a mão.
- Papai? – Virei o rosto para a porta, vendo Lou só de shorts parado na mesma. – Tá tudo bem?
- Oi, amorzinho. – Ilaria disse, se aproximando dele e ele se afastou um passo. – Sou eu, a Ilaria.
- Está tudo bem, Lou, logo subo. – Falei e ele virou de costas e subiu correndo as escadas.
- Acho que ele ainda não se acostumou comigo. – Ela disse e queria gritar que ele não gostava dela, mas preferi ficar quieto.
- Eu preciso dar banho neles, eu vou para sua casa domingo e conversamos com calma. – Falei e ela confirmou com a cabeça.
- Tudo bem. – Ela disse. – Mas pensa na gente, na nossa relação, vamos ser uma família linda e feliz. – Ela disse, segurando meu rosto com as mãos e colou fortemente os lábios nos meus. – Eu te amo, meu grande Gianluigi. – Ela disse com a voz mais fina e eu suspirei.
Ela colocou seu corpo para fora da cozinha e só sabia que ela tinha ido embora quando ouvi a porta da frente bater. Respirei fundo, sentindo a realidade me atingir com força e me sentei no chão da cozinha, sentindo as lágrimas deslizarem pela minha bochecha sem dó, me fazendo puxar a respiração com força diversas vezes.
Isso não podia estar acontecendo! Isso não podia estar acontecendo.
- Papai? – Vi Lou na porta novamente e respirei fundo. – O que foi?
- Vem cá, meu amor. – Falei, sentindo minha voz sair fina e ele correu em minha direção.
- A moça má te machucou? – Ele perguntou e dei um risinho fraco.
- Abraça o papai, vem cá. – Passei meus braços ao redor do seu corpo, colocando-o entre minhas pernas e ele apoiou a cabeça em minha cabeça, acariciando meus cabelos.
- Tá tudo bem, papai, eu aqui. – Ele disse e puxei a respiração diversas vezes, pensando como eu contaria isso para meus filhos, para Alena e, pior, para . Eu estava ferrado e, pior de tudo, eu iria magoá-la mais uma vez, tinha certeza que sim.


Capitolo cinquantasette

Lei
20 de abril de 2015
- Viene! – Manu falou quando bateram na porta.
- Ei! – Falei e ela ergueu o olhar para mim.
- Desculpa! – Ela disse e rimos juntos, vi Enrico na porta.
- Fala, querido! – Sorri.
- Eu preciso fazer as confirmações para a viagem de amanhã. – Ele falou. – Você vai?
- Sim, eu e todo o top, pode confirmar. – Falei. – Se tudo der certo passamos para a semifinal e eu não quero perder isso.
- Perfeito! Assina para mim? – Ele pediu, entrando na sala.
- Claro! Vem cá! – Estiquei a mão para pegar a folha de presença e assinei ao lado do meu nome. – Pronto! Precisa de mais alguma coisa?
- Por enquanto é só, eu estou auxiliando o novo estagiário.
- Tudo bem, eu logo vou falar com ele, preciso só terminar aqui.
- Tudo bem, até mais. Ciao, Manu. – Ele falou saindo da sala e olhei para Manu que encarava a tela do computador literalmente travada.
- Manu. – Chamei-a. – Emanuelle! – Chamei mais firme.
- Oi! – Ela virou para mim.
- O Enrico. – Indiquei para ela.
- Ah, ciao, Enrico! – Ela disse, acenando e ele saiu, rindo fracamente.
- Está tudo bem, Manu? Você parece que viu um fantasma. – Falei, juntando os papéis na mesa.
- Ah, foi mais ou menos isso o que aconteceu. – Ela disse fracamente, franzindo os lábios e olhei para ela.
- O que aconteceu? – Me levantei.
- Ah, nada demais! – Ela disse, fazendo uma careta.
- Emanuelle! – Chamei-a sério. – O que aconteceu?
- Você tem falado com o Gigi? – Ela perguntou.
- Ah, quando a gente se encontra sim, acho que estamos melhorando cada dia mais... Sei lá! – Dei de ombros. – Por quê?
- Ah, nada não! – Ela disse, fazendo uma careta e andei em sua direção.
- Emanuelle. – Chamei-a e notei ela mudar a aba na tela do computador. – O que está me escondendo, Emanuelle?
- Eu não quero ter que te contar isso, eu não quero te deixar triste. – Ela disse, fazendo um biquinho nos lábios e eu senti meu coração até palpitar forte. Gianluigi e me deixar triste não era novidade, mas qual era a da vez?
- O que aconteceu? – Perguntei firme.
- É a namorada estranha do Gigi. – Ela disse.
- Eu não me importo. – Falei suspirando e revirei os olhos.
- ... – Ela me chamou calmamente e olhei para ela.
- Eu não quero saber de Ilaria D’Amico, Emanuelle, por favor. – Suspirei.
- Tem a ver com o Gigi também. – Ela disse fracamente e eu respirei fundo.
- O que aconteceu? – Engoli em seco.
- É melhor você se sentar. – Ela disse e desci o corpo no braço da poltrona próximo à sua mesa. – Ela foi vista diversas vezes com a mão na barriga e saindo de uma clínica de obstetrícia.
- O quê? – Perguntei fracamente, mas acho que minha voz não saiu.
- Estão dizendo que ela está grávida, . – Engoli em seco, sentindo minha respiração falhar.
- A Ilaria está grávida? – Perguntei fracamente. – Do Gigi? – Não esperei resposta, mas senti minhas mãos fraquejarem e as folhas foram para o chão, além dos olhos embaçarem.
- É... – Ela disse e levei as mãos aos olhos, pressionando-os e eu estava entre ficar irritada e quebrar tudo ou me permitir chorar finalmente.
- Você só pode estar de zoação comigo... – Falei baixo, jogando a cabeça para trás e respirei fundo.
- , tem algo que eu possa fazer por você?
- EU VOU MATAR AQUELE IDIOTA! – Minha voz saiu mais alta que o esperado e minhas cordas vocais doeram com o feito.
- , eu...
- EU NÃO POSSO ACREDITAR QUE EU IA CAIR NA DELE DE NOVO! – Me levantei na pressa, sentindo meus pés fraquejarem e chutei os saltos para longe. – EU NÃO ACREDITO QUE ELE FEZ ISSO, EMANUELLE! ELE É UM PERFEITO PUTTANO POR ACHAR QUE EU VOU CAIR NA DELE DE NOVO.
- , você quer um café? Uma água?
- EU QUERO MATAR ELE! – Falei firme.
- Chefa, eu...
- FICA QUIETA! – Pedi, colocando as mãos na cabeça e puxei a respiração fortemente, tentando fazer o ar entrar. – Isso é surto, isso é só um surto. Isso não está acontecendo. – Engoli em seco. – Ele não foi tão burro de fazer isso de novo, não é possível, Senhor! – Falei baixo, sentindo as mãos geladas e esfreguei uma na outra. – Ele não faria isso comigo. Não depois da outra vez. – Respirei fundo. – NÃO É POSSÍVEL! – Senti as lágrimas finalmente saírem fortemente e engoli em seco, me sentando na poltrona mais próxima.
Abaixei meu rosto, sentindo as lágrimas deslizarem pelos meus olhos e apertei minha cabeça, jogando os cabelos para trás. Meu choro ecoou na sala e não me importei se mais alguém ouviria, com certeza já tinham ouvido os gritos. Minha cabeça estava uma completa bagunça. Não era possível que ele fosse tão burro em cometer o mesmo erro duas vezes. Primeiro com Alena, agora com a Ilaria? Como ele não consegue enxergar que ela é só uma interesseira? Como ele caiu no papinho dela? Como ele ficou com ela depois de tudo o que a gente tem passado?
Senti o vômito subir na garganta e me levantei rapidamente até o lixo ao lado do café e inclinei a cabeça dentro do mesmo, deixando meu almoço ou o que é que fosse sair com rapidez. Ouvi uma expressão surpresa e Manu segurou meus cabelos para trás. Joguei minha cabeça para trás, sentando em meus pés e passei as costas das mãos em minha bochecha e deslizei para minha boca.
- Aqui... – Manu me esticou um copo de água e eu peguei, bebendo-o devagar. – Fala comigo, chefa. – Neguei com a cabeça, respirando fundo. – Por favor...
- De todos os erros dele, esse é o pior. – Suspirei. – Ele é um... – Neguei com a cabeça. – Nem sei do que xingá-lo.
- Vai ver foi um acidente, chefa. – Ela disse.
- O problema não é só isso, Manu, é ele ainda estar com ela. – Suspirei. – A gente se dando bem e ele transando com aquela mulher asquerosa... – Neguei com a cabeça. – Ele fica se aproximando de mim, mas parece que esquece que tem um relacionamento com outra. – Engoli em seco. – E agora essa criança... É a história se repetindo. – Senti as lágrimas deslizarem de novo e passei as costas das mãos sobre elas rapidamente.
- Como assim? – Ela perguntou baixo. – Se eu puder perguntar, é claro. – Suspirei.
- Você sabe que a gente se separou em 2006 pela manipulação de resultados, certo? – Perguntei.
- Sim, e por ele estar com outra pessoa a Copa.
- Aconteceu a mesma coisa de agora. Com o tempo a minha raiva foi passando e eu fui conquistando ele de volta... – Senti a cabeça dor com as lembranças. – Parecia muito que ele queria voltar comigo, sabe? Que a gente faria dar certo de novo, mas aí a Alena engravidou do Lou. – Dei um sorriso triste. – Eu amo aquele menino de paixão, mas por causa daquela gravidez, ele não se separou da Alena, e eles ficaram juntos. – Engoli em seco. – Eu ouvi isso da boca dele. Aí veio o Dado e seguimos para caminhos diferentes até voltar tudo recentemente, enfim... – Suspirei.
- Agora aconteceu com a Ilaria?
- Sim. – Suspirei. – Se ela realmente estiver grávida, o que eu não duvido nada, ele não vai terminar com ela, da mesma forma que com a Alena.
- Mas o que uma coisa tem a ver com a outra? – Ela perguntou.
- O Gigi tem uma cabeça diferente, Manu. Tradicional demais, talvez. – Tombei minha cabeça para trás, sentindo meu peito doer. – Eu o perdi de novo, da mesma forma de antes. – Neguei com a cabeça. – Eu só não me conformo como ele deixou isso acontecer. Como ele faz o mesmo erro. Com ela ainda. – Neguei com a cabeça. – Isso é nojento. – Puxei a respiração forte.
- Você quer vomitar de novo? – Ela perguntou.
- Não, eu aceito um chiclete, se tiver. – Falei e ela se afastou, procurando um na sua bolsa.
- Vai ver ele tem um esperma poderoso, algo assim. – Ela disse e ri fracamente, negando com a cabeça. – Não é um bom momento para piadas, né?!
- Não é isso. – Suspirei. – Eu só lembrei que eu já fiz essa piadinha antes. – Puxei o ar fortemente.
- Como assim? – Ela me estendeu uma barra de chiclete e tirei o papel antes de colocar na boca.
- Você sabe que eu tive câncer? – Perguntei.
- Não, mesmo? – Ela me olhou.
- Sim. – Falei, suspirando. – Em 2010. – Neguei com a cabeça.
- Não sabia. – Ela disse com a voz mais calma.
- Você sabe da minha família, não? Da minha história e tudo mais.
- Sim, sei. – Ela deu de ombros.
- Então, meu sonho, desde que eu era pequena, sempre foi ter uma família. – Puxei a respiração, sentindo minhas narinas entupidas e passei a mão no nariz, apertando-o algumas vezes. – Então, eu não sabia com quem eu iria me casar ou o que aconteceria, mas eu teria um filho. Só que eu descobri que eu tinha câncer no ovário.
- Chefa! – Ela disse surpresa e eu assenti com a cabeça.
- Naquele dia, eu talvez tenha tentado me matar com bebidas, não intencional, mas eu bebi demais... Enfim, não é uma cena boa para se lembrar. – Falei rapidamente. – E eu quase consegui, se eu não tivesse mandado uma mensagem para Gigi com as intenções mais erradas de todas.
- Quais? – Ela perguntou.
- Ele já tinha o Lou e o Dado naquela época, e eu, em uma cabeça desesperada pelo meu sonho, pensei que eu poderia engravidar dele antes de tirar meu aparelho reprodutor. – Falei, rindo fracamente. – Ele me disse que eu tentei transar com ele aquele dia, te juro que realmente não lembro de nada. – Ela riu fracamente. – Mas eu não me importo, porque não sei o que aconteceria se ele não tivesse chegado lá, eu poderia não estar aqui hoje.
- Sinto muito, chefa, eu não sabia. – Ela falou e eu pressionei os lábios. – E nós temos uma história, então saber que ele vai ser pai do filho de outra mulher... Me dói tanto que... – Neguei com a cabeça. – É uma sensação horrível. – Suspirei.
- E agora você não pode ter filhos... – Ela disse fracamente.
- Na verdade, a história teve um plot twist incrível. – Falei rindo fracamente. – Depois de pagar esse mico todo, eu voltei para mais exames e descobriram que eu tinha um tipo raro de câncer e só precisei tirar um ovário. – Sorri.
- Mentira! – Ela disse sorrindo.
- Pois é! – Ri fracamente. – Minha menstruação é uma bagunça, taxas hormonais piores ainda, mas eu posso ser mãe. – Sorri.
- E você nunca pensou em fazer uma fertilização in vitro? Algo assim? – Ela falou. – Assim, pensando nessa história louca sua e do Gigi, você é nova, linda e ainda pode conceber de forma natural, é só que...
- A idade vai chegando, eu sei. – Suspirei. – Eu nunca pensei em fertilização, sabe? Acho que se não for natural, quando eu for mais velha, eu vou adotar. Engravidar e tudo mais sempre foi um desejo, mas fertilização tem aqueles casos de gêmeos e trigêmeos e... – Ela riu fracamente. – Eu ainda quero permanecer no time quando tudo acontecer. – Ela sorriu.
- Eu não sei o que dizer sobre isso tudo, chefa. Acho que isso explica mais ainda a relação de vocês... – Dei um curto sorriso. – Só sinto muito. – Ela falou, suspirando. – Eu estou aqui por você, ok?! – Ela apertou meu joelho e sorri. – Sei que você é minha chefe, mas...
- Você é minha amiga, Manu. – Falei firme. – E eu agradeço por tudo, mas tem algumas coisas que eu preciso fazer sozinha. – Me levantei, respirando fundo.
- Tudo bem, mas estou por aqui. – Assenti com a cabeça e estalei os dedos.
- Na verdade, acho que tem algo que você pode fazer por mim.
- Diga! – Ela sorriu.
- Pede um atestado de lesão para Sara? – Pedi.
- Claro? Para você? Quer tirar uns dias?
- Não, para o Buffon mesmo. – Falei, seguindo até minha mesa e peguei minha caneca, bebendo a água que restava no mesmo.
- O que você vai fazer? – Ela perguntou fracamente.
- Atestado, por favor? – Repeti.
- De quanto tempo? – Ela perguntou franzindo o olhar.
- Ah, uma semana deve dar. – Suspirei, olhando os anéis em minha mão e me sentei na poltrona. – Para agora! – Falei.
- , tem certeza?
- Atestado, Emanuelle! Agora. – Falei firme e ela fez uma careta antes de sair da sala.
Respirei fundo, girando a cadeira até ficar de frente para a janela espelhada e observei o treino acontecendo lá embaixo e pressionei meus lábios fortemente um no outro, sentindo uma lágrima escorrer pela minha bochecha. Isso não vai ficar assim, Gianluigi. Você não vai vir, me tratar igual uma boneca e se afastar quando quer. Não mesmo. Agora chega!

Lui
20 de abril de 2015 • Trilha SonoraOuça
- Vamos, Gigi! Acorda! – Filippi falou quando mais uma bola entrou e eu respirei fundo. – Você está desligado.
- Eu estou bem. – Falei, trocando de lugar na fila.
- Temos classificação de Champions, vamos! – Ele disse, fazendo a sequência com Rubinho e me coloquei atrás de Storari para a sequência.
- Só estou desligado. – Falei, suspirando, sacudindo a cabeça.
- Não pode ficar desligado. Vamos! – Ele disse firme e esperei Storari terminar a sequência dele para fazer a minha.
- Vai, Gigi! – Filippi falou mais alto e tropecei no primeiro obstáculo, fazendo a bola passar longe dos meus dedos no segundo e a terceira eu levei na cara.
- CAZZO! – Reclamei alto, socando a baliza.
- Vamos tirar cinco minutos, pode ser? – Filippi falou e eu engoli em seco, pegando minha garrafa com pressa no chão e a pressionei com força em minha boca.
- O que está acontecendo, cara? Você está em outra realidade, branco igual uma folha de papel e parece que viu um fantasma. – Storari perguntou e eu suspirei.
- Talvez eu tenha visto, sei lá. – Suspirei.
- RAGAZZI, VEM CÁ! – Marco gritou e suspirei, seguindo com os goleiros e os restantes dos jogadores para fazer um semicírculo em volta de Allegri.
- Nós vamos fazer um jogo rápido agora. – Allegri disse. – Depois fazemos um relaxamento e ficamos bem para a viagem amanhã.
- Coloca o Storari por enquanto. – Filippi falou.
- O quê? Por quê? – Allegri perguntou.
- Alguém está meio desligado.
- Eu estou bem! – Falei firme. – Está tudo bem. – Virei para Filippi que revirou os olhos.
- Começamos em 10 minutos com o Gigi! – Allegri disse firme e suspirei, me afastando alguns passos da roda, negando com a cabeça.
- Oh, Gigi! – Virei para trás, vendo Barza, Chiello, Marchisio, Leo e alguns outros próximos.
- O quê? – Perguntei irritado.
- Che cazzo está acontecendo, cara? – Barza perguntou.
- A gente bem viu você perdidaço no treino. – Chiello disse e eu suspirei.
- Não defendeu uma bola. – Filippi falou e eu suspirei.
- Precisamos de você quarta, cara! – Storari disse.
- Eu sei, eu sei, só estou com uns problemas. – Balancei a cabeça.
- O que aconteceu, cara? Você pode contar para gente? – Leo disse e eu respirei fundo.
- Nem eu sei como dizer isso, cara. – Ri fracamente, sabendo que era de nervoso.
- O que aconteceu, Gigi? Você está bem? – Barza perguntou, colocando a mão na minha testa. – Você está gelado.
- Eu estou muito mais do que só isso. – Falei, respirando fundo e coloquei a mão no peito, sentindo o coração bater forte.
- Você parece que viu um fantasma, Gigi. – Chiello disse e chutei uma bola, pegando-a com as mãos e apertei-a fortemente, batendo minha cabeça na mesma.
- Um fantasma seria melhor. – Respirei fundo.
- Gigi, ou você fala, ou eu vou te levar para o hospital agora. – Barza falou sério e cuspi no chão antes de erguer o olhar para eles.
- A Ilaria está grávida.
- O QUÊ? – Eles gritaram e engoli em seco.
- Acho que eu quero vomitar. – Suspirei.
- Você só pode estar de brincadeira comigo. – Barza falou alto.
- Eu queria muito. – Respirei fundo. – Ela me contou sexta-feira. Eu estava com meus meninos e eu comecei a chorar igual um bebê. – Suspirei.
- Você já contou para eles? – Barza perguntou.
- Não. – Suspirei. – E nem para Alena. Eu não sei como falar isso, eu não sei como encarar isso.
- Isso é pesado, cara. – Barza falou e eu bati minha cabeça algumas vezes na bola.
- PESADO? EU ESTOU FERRADO, BARZA! – Falei um tanto alto, apertando a bola fortemente.
- É, vamos tirar isso... – Storari puxou a bola da minha mão e eu suspirei.
- Você está ferrado, Gigi. – Barza disse e eu assenti com a cabeça.
- Por quê? – Marchisio disse.
- Por que o quê? – Perguntei.
- Por que você está ferrado?
- Como eu vou contar para , cara? Ela vai querer me matar. – Falei, respirando fundo.
- Não como se ela já não quisesse fazer antes, mas...
- Valeu, Barza. – Falei ironicamente. – A gente estava se dando bem e...
- Eu falei para você parar de ser trouxa, cara! O caminho estava aberto para você e... – Barza disse.
- Ela estava brava comigo...
- Ah, você usa essa desculpa há nove anos, Gigi. – Chiello falou bravo e eu suspirei. – Até eu sei disso.
- Calma, vamos desacelerar, o que está acontecendo? – Marchisio perguntou.
- Você sabe sobre mim e... – Barza falou mais baixo.
- Sim, sei.
- Depois que a gente se resolveu, eles dois se aproximaram de novo.
- Ok... – Marchisio disse e sentia minha respiração falhar.
- Eu falei para ele largar de besteira e avançar, parar de ficar com aquela Ilaria porque não chegaria a lugar nenhum.
- É, chegou... – Respirei fundo.
- Cazzo, Gigi! – Marchisio disse.
- O pior é que ela não vai querer olhar na minha cara mais, gente! – Suspirei. – Era só transa, diversão, não queria ter um filho com ela. Posso te garantir que eu usei camisinha em todas as transas... – Respirei fundo. – Até quando ela falava para ser sem, eu não queria para não acontecer isso...
- Vai ver ela furou as camisinhas e... – Cáceres disse.
- Não é difícil. – Chiello disse e olhei para ele.
- O que está dizendo? – Perguntei.
- Não nos julgue por não gostarmos dela. Ela fez a fama dela sozinha. – Ele disse, dando de ombros e suspirei.
- Espera aí, gente, vamos desacelerar. O Gigi precisa decidir o que vai fazer antes. – Marchisio disse.
- Beh, não é óbvio? – Ri fracamente. – Assumir esse filho, ficar com ela, rezar para ainda olhar na minha cara e não querer me matar no percurso. – Suspirei. – Minha cabeça dói.
- Não é à toa! – Barza disse. – Respira fundo, cara. Não vai ser fácil para ela receber isso, mas vamos tentar ver uma forma de você contar para ela na calma, fugir da criança não tem como.
- E você não precisa ficar com ela, qual é. – Cáceres disse. – Não estamos em 1940 de novo.
- Você não entende, Martin, a Ilaria é...
- O Gigi se envolveu com uma tranqueira e se fodeu. – Chiello disse firme e olhei para ele. – Menti? A se afastou de você para tentar ser feliz, você não aguentou ficar sem ela e foi se envolver com a pior opção possível. – Ele disse com o tom de voz forte. – Não se livrou dela logo e se fodeu. Não vou te defender nessa, cara! A não merece todo esse sofrimento. – Suspirei.
- Calma, gente! Não vamos nos exaltar! – Marchisio falou, apoiando as mãos sem meu ombro e no de Chiello. Eu poderia ficar bravo com ele, mas não podia. – Se acalmem que temos problemas mais importantes antes, vamos focar na Champions e depois você resolve isso. Ela está de quanto tempo?
- Algumas semanas, sei lá... – Suspirei. – Eu só ouvia chiado enquanto ela falava.
- Então se acalma, isso você vai ter que encarar uma hora, mas espera o jogo passar. – Marchisio disse e suspirei.
- Assim, gente, não querendo ser chato, mas levando em conta os olhos pegando fogo, os passos apressados e a Manu não conseguindo acompanhá-la. Ela já sabe. – Cáceres disse e eu ergui o olhar para onde ele olhava.
Os cabelos de denunciavam que era ela. E Martin tinha razão, ela vinha com uma velocidade que nem Manu, que era uns bons anos mais nova, a acompanhava. Senti que todos à nossa volta pararam para observar. A roda a minha volta até se abriu e foi como se o tempo tivesse parado. Ela tropeçou em seus sapatos quando pisou na grama, soltando-os de seus pés e chutou-os para longe. Pareceu que sua velocidade ficou até mais rápida e consegui ouvir a voz de Emanuelle rápida, me fazendo engolir em seco.
- , você não vai fazer nada! Por favor, . – Manu falava rapidamente quando sua chefe parou em minha frente, dava para ver suas narinas bufantes, a boca entreaberta devido a respiração e os olhos avermelhados.
- ... – Falei cauteloso.
- Me dá! – Ela falou alto e estendeu a mão para Manu.
- , você tem certeza, você te... – Ela puxou o papel da mão de Emanuelle e empurrou para o meu peito, fazendo o local doer.
- O que é isso? – Perguntei baixo e peguei o mesmo, com medo de ser minha rescisão, mas não, era um documento de nosso seguro lesão, que era ativado toda vez que nos machucávamos. – Seguro lesão? Eu não estou lesionado. – Franzi a testa para ela.
- Ah, é verdade, me esqueci disso. – Ela disse e não demorou dois segundos para eu sentir seu punho em minha mandíbula, me empurrando para o lado com força e eu arregalei os olhos quando dei alguns passos para o lado pelo impacto.
- CAZZO! – O pessoal reagiu de diversas formas e senti o local amortecido.
- AI! – reclamou, sacudindo a mão.
- ! – Falei assustado.
- Agora entendi por que do gelo. – Manu disse com a bolsa em sua mão.
- Obrigado. – Falei, esticando a mão.
- Não é para você! – disse irritada, pegando a bolsa com Manu e voltou pelo caminho de antes com os mesmos passos apressados de antes e fiquei atordoado.
- Ela me bateu. – Falei para Manu que fazia uma careta.
- Ela te socou, na verdade. – Storari disse. – Está sangrando. – Passei a língua nos lábios, sentindo o que ele falou e respirei fundo.
- Está feio? – Perguntei, engolindo o sangue.
- Não tanto, mas foi um belo soco.
- Emanuelle! – A repreendi.
- Desculpa, Gigi, mas foi bonito. – Ela deu um sorriso. – E você mereceu. – Ela deu de ombros.
- EMANUELLE! – gritou.
- Desculpa e se cuida! – Ela disse e saiu correndo atrás de .
- Cara, está doendo. – Cuspi no gramado, vendo alguns pontos vermelhos.
- Beh, agora sabemos que ela já sabe. – Barza disse rindo.
- Tira esse sorriso da cara. Não tem graça! – Respirei fundo.
- Scusi, Gigi, mas foi bonito mesmo. – Ele disse, dando um tapinha nas minhas costas e eu neguei com a cabeça.
- É melhor você ver isso logo. – Filippi disse e eu engoli em seco. – Não quero ter que te substituir.
- Cazzo! – Reclamei.
- Ah, Gigi... – Ele me chamou de volta. – Você mereceu.
- É, é! Já sei disso! – Abanei a mão.
- Vem, vamos lá! Eu preciso do meu goleiro! – Allegri disse e eu respirei fundo, seguindo para fora do campo com ele.
Atravessamos todo o pátio e entramos na área do time principal. Allegri foi na frente e começou a procurar por Ignazio, médico do time. Normalmente eles esperavam uma lesão muscular, no máximo algo quebrado, agora imagino que um soco na cara não era esperado.
- Ignazio, me ajuda aqui! – Allegri gritou e segui logo atrás dele.
- Fala, Max, o que aconteceu? – Ele apareceu na porta da sua sala e olhou para mim. – Ah, não, Gigi. Agora não!
- Não foi lesão, não. Olha a cara dele! – Allegri falou e eu respirei fundo.
- O que aconteceu?
- Eu ganhei um soco na cara! – Falei e ele arregalou os olhos.
- Ganhou nada, você mereceu! – Allegri disse. – Você cuida disso para mim? – Ele perguntou.
- Claro, vai lá! – Ignazio falou.
- Se cuida, Gigi! – Allegri disse e suspirei.
- Senta aqui, Gigi! – Ignazio falou e sentei no centro da maca no meio da mesa e ele se virou para pegar algo e me entregou uma bolsa de gelo. – Coloca ali e abre a boca. – Fiz o que ele pediu, fazendo uma careta quando o gelado encontrou o machucado.
Ele ficou quieto enquanto olhava dentro da minha boca e mexia meus lábios para tentar enxergar melhor o local. Estava doendo para caramba e eu sentia um pouco de sangue na boca. Aposto que queria fazer muito mais do que só isso.
- Você tem que agradecer por não ter perdido seus dentes, Gigi. – Ignazio falou e troquei as mãos para segurar a bolsa em minha bochecha.
- Deveria ter perdido, talvez. – Suspirei. – Para parar de fazer merda.
- Não quero me envolver na sua vida, Gigi, mas o que aconteceu? – Ele perguntou checando a parte interna da minha bochecha com uma lanterna.
- Eu e a temos uma história...
- Isso eu já sei. – Ele disse. – Vocês não são muito discretos em fofocas. – Ri fracamente.
- Ai! – Reclamei quando ardeu.
- Tem um machucado aqui, deixa eu ver se vai precisar dar ponto.
- Eu não posso perder o jogo de quarta. – Falei, suspirando. – E nem ser pego em dopping.
- É uma anestesia local, em poucas horas já sai do seu sistema. – Ele falou. – Mas vai inchar um pouco, se você levar uma bolada na cara, vai doer mais ainda. – Suspirei.
- Não me importo, talvez precise me machucar um pouco. – Suspirei.
- Você e a tem uma história e... – Ele disse se afastando e eu suspirei.
- Nós tivemos várias chances de ficar juntos e eu acabei mancando com ela situação após situação. – Suspirei. – É complicado demais, Ignazio, mas eu mereci. – Suspirei.
- E ela queria te machucar. – Ele falou suspirando. – Já estancou o sangue, eu não vou dar ponto, mas você vai descansar hoje, tomar um analgésico, amanhã analisamos de novo.
- Mas o treino...
- Esquece o treino. – Ele disse. – Foi sério, Gigi. – Ele olhou para mim e eu suspirei. – Confesso que achei que estaria pior. Abaixa o gelo. – Ele disse e eu fiz. – Dá para ver os anéis aqui no seu queixo. – Ele passou o dedo pelo local e franzi o olhar. – Scusa.
- Ela deve estar se sentindo muito mal. – Suspirei e ele esse virou na bancada.
- Aqui. Tome dois agora e outro assim que acordar amanhã, a gente vê como você está. – Ele disse e coloquei os comprimidos na boca, engolindo-os sem água. – Se sangrar um pouco é normal, agora se sangrar demais, me liga.
- Tudo bem. – Suspirei.
- Faça compressa de gelo, não coma nada ácido e evite mastigar do lado esquerdo. – Assenti com a cabeça, respirando fundo. – E descansa.
- Tudo bem. – Suspirei, me levantando da maca.
- É sério, Gigi! – Ele disse e eu engoli em seco. – Não estou brincando. – Suspirei.
- Tudo bem, vou me arrumar e vou para casa.
- Eu aviso o Allegri e o Filippi.
- Obrigado. – Suspirei e ele colocou duas bolsas de água na minha mão. – Se cuida.
- Pode deixar. – Suspirei, saindo da sala de atendimento e voltei para o vestiário.
Coloquei as bolsas dentro da minha mochila e me sentei irritado no meu espaço. Já não bastava as coisas estarem essa merda, agora pioraram mais ainda. Eu não tinha motivos para ficar bravo com ela, somente comigo mesmo. Eu não fazia isso com intenção, mas eu tinha a capacidade de magoá-la de diversas formas possíveis. Um soco não era nada comparado ao que ela estava sentindo. Eu preciso falar com ela, não posso deixar isso acontecer.
Me levantei novamente, tirando minha roupa de treinamento e coloquei a que eu vim mais cedo, deixando as roupas do time dobradas no meu lugar. Guardei as chuteiras e as luvas em minha mochila e coloquei-a no ombro antes de sair do vestiário.
Após sair da nossa área aqui em Vinovo, segui pela calçada, ao invés de ir direto para meu carro. Ela não queria olhar na minha cara, mas eu precisava falar com ela, eu precisava olhar para ela e saber o que ela estava sentindo. Eu precisava... Eu não sei o que eu precisava, mas eu não podia deixá-la assim, no escuro. Eu precisava dar alguma satisfação. Eu precisava segurar na mão dela, olhar para seus olhos e...
Eu queria aprovação, mas ela não ia me dar aprovação nenhuma. Eu sabia disso, esse soco deixou tudo claro, mas eu não podia deixar assim. Eu não... Eu não podia ficar aqui. Eu precisava falar com ela. Entrei no prédio do administrativo a passos rápidos e não tive paciência para esperar pelo elevador e subi os cinco lances de escada, respirando fundo quando cheguei lá em cima.
- Oh, espera aí! – Vi Emanuelle se levantar da sala de estar.
- Ah, oi, Manu! – Falei.
- Como você está?
- Bem, como ela está? – Perguntei rapidamente, seguindo pelo corredor.
- É melhor você não entrar lá. – Manu me puxou pelo ombro, mas me soltei, seguindo pelo corredor.
- Eu não ligo de levar outro soco, eu...
- É sério, Gigi. – Ela me puxou e foi quando ouvi os gritos.
- VOCÊ NÃO PODE SAIR SOCANDO O GOLEIRO DO TIME POR UM MOTIVO PESSOAL, ! – Parei no chão.
- Eu falei. – Manu disse baixo.
- NÓS TEMOS UM JOGO IMPORTANTE PARA JOGAR QUARTA-FEIRA! E SE A GENTE NÃO PASSAR?
- NÃO PASSOU, CAZZO! – Ela respondeu à altura e tentei identificar quem era. – NÃO SERIA A PRIMEIRA VEZ E NEM VAI SER A ÚLTIMA! – Engoli em seco.
- Eu vou... – Manu apontou para trás e voltou a passos rápidos para a sala de espera e me aproximei da porta.
- Eu sei que isso pode ser difícil para você. Acredite, dói em mim também...
- Não seja hipócrita, Pavel. – Ela disse forte. – Vocês não sabem o que é isso. Vocês não sabem o que é sentir na pele isso. Ficar presa e uma pessoa QUE NÃO ESTÁ NEM AÍ COM VOCÊ!
- MAS ISSO NÃO É MOTIVO, ! – Ele gritou alto. – EU SEI QUE É DIFÍCIL, MAS NÃO DÁ PARA FAZER ISSO.
- EU NÃO ESTOU NEM AÍ! – Ela disse alto. – QUER ME DEMITIR? ME TIRAR DAQUI? ESTARIAM ME FAZENDO UM FAVOR. – Engoli em seco.
- Você não está falando sério. – Ouvi a voz dele.
- Eu não sei mais o que pensar, Pavel. Eu só sei que não aguento mais. – Ela disse e suspirei, achando melhor parar de ouvir a conversa alheia ou quem sairia pior nessa história toda seria eu. – Eu não aguento mais isso... – Parei minha mão no ar. – Cada dia eu perco um pedaço do meu coração por causa dele. Não sei se sobrou alguma coisa ainda.
- Sobrou sim. Você é forte, .
- MAS ATÉ QUANDO? – Sua voz ecoou de novo. – ATÉ QUANDO EU PRECISO SER FORTE PARA AGUENTAR AS BURRADAS DELE? – Engoli em seco, sentindo uma lágrima escorrer pela bochecha. – A não ser que eu seja a única idiota lutando nessa história toda...
- ... – Bati minha mão algumas vezes na porta, passando a mão livre na bochecha, sentindo-a arder.
- Viene! – Ouvi a voz dela e abri a porta devagar, vendo ambos em pé em volta da mesa dela. – Ah, ótimo. – Ela disse revirando os olhos.
- Ei, cara, como você está? – Pavel veio em minha direção.
- Estou bem. – Falei rapidamente e virei para . – Podemos conversar? – Perguntei para ela.
- Sobre? – Respirei fundo.
- Nós.
- Não, não podemos. – Ela disse fortemente.
- Eu vou deixar vocês a sós. – Pavel disse.
- Não precisa. Não tenho nada para falar com ele. – Ela disse.
- Por favor, só me escuta. – Pedi, sentindo minha voz fraquejar.
- Não, Gigi, eu não vou te escutar. – Ela disse fortemente. – Essa cena já aconteceu, exatamente a mesma situação lá em 2006...
- Não foi minha intenção te machucar, ...
- Nunca é! – Ela riu sarcasticamente.
- Eu achei que fosse só uma diversão, você estava com Barza e eu não achei que vocês fossem terminar.
- Ah, por favor, Gigi! – Ela riu. – É óbvio que terminaríamos. No momento em que você me beijou acabou. Ele notou que eu sou apaixonada por você, ele notou como nosso sexo é melhor. Você é muito idiota se acreditou nisso.
- É melhor fecharmos a porta. – Pavel disse, puxando a mesma e eu suspirei.
- Por favor... – Pedi quase como uma súplica. – Só me escuta.
- Não quero te escutar! – Ela disse forte. – Não sei nem porque estamos voltando lá atrás se quem fez esse erro foi você! – Ela apontou para mim. – Você fez tudo aquilo querendo a sua diversão, querendo ficar comigo mais uma vez, mas não pensou em mim, pensou só em você. E eu fui muito idiota em aceitar, mas porque eu ainda gosto de você. – Neguei com a cabeça. – Você se divertiu comigo como quis e depois achou que tudo ficaria bem.
- Eu não deveria ter instigado, eu não...
- Não devia mesmo. – Ela falou alto. – Pois agora eu estou aqui de novo apaixonada por você, perdi o melhor cara que eu já conheci na vida. Não, nunca foi você, o Barza não faria isso comigo. E para piorar, TODA A SITUAÇÃO, você vai lá e engravida outra mulher. PUTTANO! – Ela gritou, dando um soco na mesa e eu respirei fundo.
- , sua mão! – Pavel disse cauteloso.
- Não foi planejado, , eu não tinha como adivinhar...
- QUAL O SEU PROBLEMA EM FICAR SOLTEIRO? – Ela gritou. – SE VOCÊ REALMENTE GOSTA DE MIM, CUSTA ME TRATAR COM O MÍNIMO DE RESPEITO? – Puxei a respiração fortemente. – CUSTA VOCÊ SER HONESTO COMIGO UMA VEZ NA VIDA? CONSIGO MESMO? – Engoli em seco.
- Me desculpe, ...
- Ainda você foi ficar com a pior pessoa de todas. COM TANTAS MULHERES AOS SEUS PÉS, VOCÊ FICA COM A PIOR! – Ela gritou, socando a mesa mais algumas vezes.
- , se acalma. – Pavel falou de novo.
- Eu não vou me acalmar! – Ela disse firme e se virou para mim de novo. – Você vê como isso é exatamente igual a 2007? Quando eu também estava brava contigo e você foi atrás de outra mulher e não esperou minha raiva passar e acabou engravidando alguém? CHE CAZZO!
- , eu...
- Você percebe ou não? – Ela falou firme e eu engoli em seco. – É, eu sei que percebe. – Ela respondeu.
- Tenta me entender, por favor. Foi uma combinação de desencontros.
- Ah, affanculo os desencontros. – Ela bufou. – Nós estamos bem faz uns dois meses e você ainda estava com ela. Ou ela já está grávida de uns seis meses? – Ela perguntou firme. – VOCÊ GOSTA DISSO! Você gosta de ter alguém contigo, te satisfazendo, te fazendo se sentir homem ou sei lá que porra de hormônio vocês têm para não saber viver sem sexo. – Ela respirou fundo.
- ...
- E eu não sei por que eu fico envolvida nessa merda toda! – Ela respirou fundo. – Eu queria te esquecer, Gianluigi. Deus, como eu queria! MAS NÃO DÁ! E você fala que gosta de mim, mas tem uma forma muito estranha de demonstrar, sabia? Já que você me trata assim, começa a não gostar de mim, quem sabe você não me trata com um pouco mais de respeito? – Engoli em seco.
- Por favor, , me deixa falar.
- Não, Gigi, eu cansei. Sério! – Ela puxou a respiração forte. – Você errou muito comigo, mas o pior de tudo é que você não parece ter um pingo de amor-próprio ou amor aos seus filhos, por mim ou pela Alena... Você foi ficar com a Ilaria... – Ela riu sarcasticamente. – Sabe como isso piora tudo em mil por cento? Ela é a pessoa mais antiética, nojenta, sem escrúpulos e interesseira que eu já conheci na vida, além de que ela sempre anunciou como te detestava, como te achava uma criança, agora foi correndo em cima de você. – Ela negou com a cabeça. – Olha, eu fiquei contigo uma vez quando você estava com a Alena, outras vezes que nem foram físicas, mas que contam como traição, e eu sinto muito por ela, pois ela é uma pessoa legal, incrível, boa mãe e aposto que era uma boa esposa, mas você foi para o fundo do poço ficando com a Ilaria.
- Ela não teve culpa sozinha nisso.
- HÁ! – Ela gritou alto, negando com a cabeça. – Ela é interesseira, Gianluigi. Eu não ligo para o que você diz sobre ela, mas eu pediria um teste de paternidade, só por desencargo. – Ela disse e eu respirei fundo. – Ou ela furou a camisinha, né?! É bem a cara dela. – Engoli em seco.
- O que você quer que eu faça, ?
- EU? – Ela gritou, rindo em seguida. – Você só pode estar de brincadeira comigo.
- A gente não pode ficar assim. – Falei, franzindo a testa. – Você é a pessoa mais importante para mim.
- Que ótimo jeito de demonstrar, não? – Ela suspirou.
- Por favor, , tenta entender, ela está grávida e...
- Eu entendo, Gigi. Da mesma forma da outra vez, não porque quero, mas porque não tenho opção. – Ela falou, respirando fundo. – Mas eu também tenho direito de estar brava por mais uma merda sua que acaba espirrando em mim. – Ela negou com a cabeça. – E, mais uma vez, eu precisei descobrir pelos outros, você não teve a decência de olhar para mim e me contar. – Ela suspirou.
- Me perdoe, , eu descobri tem poucos dias, eu só conseguia pensar em você... – Senti que eu estava chorando. – Me desculpe...
- Não perca seu tempo, Gigi, depois dessa, eu nunca mais vou te perdoar. – Ela falou firme e eu engoli em seco. – Uma, duas vezes até vai, mas dessa vez você passou todos os limites, eu não aguento mais. – Sua voz afinou e vi as lágrimas deslizarem pelo rosto.
- , por favor...
- Sai daqui e me deixa em paz... – Ela falou baixo. – Para sempre, por favor.
- , por favor... – Falei um pouco mais baixo e ela negou com a cabeça, girando a cadeira de costas para mim, dando o papo como encerrado. – Eu preciso de você, . Fala comigo... – Falava baixo.
- É melhor você ir. – Pavel disse ao meu lado, pressionando os lábios.
- Não, eu preciso falar com ela, eu... – Ele negou com a cabeça.
- Vai embora, Gigi. Cuida desse queixo e esteja bem para viajar amanhã. – Ele disse baixo e eu suspirei.
- Pavel... – Chamei-o baixo.
- Por favor. – Ele disse sério e eu suspirei, puxando a porta e seguindo para fora.

Lei
22 de abril de 2015
Você já teve a sensação de que não deveria estar em algum lugar? Eu estou com esse sentimento agora, sentada no camarote do estádio Louis II de Fontvielle em Mônaco. Depois de tudo o que aconteceu antes de ontem, eu só queria ficar em casa, mas Pavel me obrigou a vir. Pavel, todo o top e Trezeguet também.
Eu não podia falar nada, eles estavam sendo incríveis comigo, mesmo depois de eu ter socado a cara do Gigi dois dias antes do jogo. E pela minha mão enfaixada, eu imaginaria como tenha ficado seu rosto. Pelo menos a barba escondia um pouco, pelo menos eu acho. Eu não queria olhar para ele, eu não conseguia olhar para ele sem me lembrar do que Manu me falou. E o pior é que eu não conseguia me esquecer do que eu tinha falado para ele. Eu sei que ele mereceu ouvir tudo aquilo, por toda merda que sofremos juntos, mas será que ele mereceu ouvir isso agora? Nesse momento em especial? Ele pareia desesperado também. E isso fazia doer uma parte dentro de mim que eu acho que morreu depois de segunda-feira.
Eu sou muito idiota para pensar nele agora. Ele que se foda! Eu já tinha que encarar uma cabeça pesando meia tonelada, a falta de sono e ainda a pena de todo mundo que viu eu dar um tapa nele e ouviu minha conversa com ele e Pavel. Não sei nem com que cara eu apareci no time ontem e vim para o jogo. Bom, na verdade eu até sei, Pavel parou na frente de casa, brigou comigo por não estar pronta, me pegou no colo e me colocou aos berros no carro e eu não tive como fugir. Sorte que minha mala estava pronta ou capaz de eu nem ter o que vestir hoje.
Apesar de tudo, estar aqui não me parecia certo. Era meu time sim, minhas cores, meus jogadores, uma chance de passar para a semifinal de Champions, algo que não acontecia há tempos e, ainda assim, eu me sentia totalmente deslocada aqui. Ainda mais em campo inimigo o que fazia os torcedores contra ser muito maiores.
- Ei, posso sentar? – Virei para Trezeguet em pé ao meu lado.
- Claro. – Falei, vendo-o se colocar na poltrona ao meu lado.
- Como você está? – Ele passou o braço pelos meus ombros, me trazendo para si e deu um beijo em minha cabeça.
- Como eu vou estar, Treze? – Perguntei e ele assentiu com a cabeça.
- Você sabe que eu estou aqui por você, não sabe? – Ele disse e suspirei.
- Eu sei, mas não é o caso agora. – Falei. – Não tem nada que vocês possam fazer para me ajudar. – Engoli em seco. – Talvez evitar falar do assunto.
- Eu sei, mas não quero te ver tristinha. – Ele disse e suspirei.
- Esse é meu estado de espírito contínuo. A felicidade é o estranho...
- Não pode ser assim, meu amor. – Ele falou, me abraçando fortemente.
- Vai melhorar, Treze, eu sei... – Respirei fundo, sentindo meus lábios tremerem. – Como das outras vezes.
- Ah, ... – Ele disse e eu respirei fundo.
- Tem espaço para mais um? – Vi Pavel e o resto do top se aproximar e assenti com a cabeça, passando os dedos embaixo dos olhos e Pavel se colocou ao meu lado. – Deixa eu entrar nesse abraço também. – Ele disse, me abraçando do outro lado e ri fracamente quando ele e David apoiaram as cabeças nas minhas.
- Estamos em um jogo, gente, se nos pegam nas câmeras... – Falei.
- Somos um time amoroso! – Pavel disse e rimos juntos.
- Ah, só vocês. – Puxei a respiração, passando a mão no nariz.
- Vamos, . Vamos ganhar isso. Se não é para ter sorte no amor, pelo menos no trabalho e ganhar um ótimo bônus. – Pavel disse e eu ri fracamente.
- Ah, isso é sempre bom, mas não é mais meu foco, você sabe disso. – Ele suspirou.
- Eu sei, mas eu estou aqui por você, tá?! – Ele disse e eu assenti com a cabeça.
- Agradeço vocês dois. – Suspirei, segurando as mãos deles em cima do apoio de braço. – Como ele está? Vai jogar?
- Vai sim. – Pavel disse. – Estava fazendo um pouco de compressa de gelo antes de se arrumar. – Ri fracamente e Trezeguet gargalhou ao meu lado.
- Eu confesso que adorei saber que você deu um soco na cara dele, . – Ele disse rindo e eu sorri. – Ah, como eu queria ter visto.
- Já pedi as imagens das câmeras de segurança. – Agnelli entrou na conversa.
- Ah não! – Inclinei o corpo para frente para olhá-lo.
- Mas é claro! – Ele disse. – Como presidente do time, não concordo com a sua postura, mas como seu amigo e conhecedor da história há uns cinco anos, achei sensato. – Ele disse rindo.
- Ah, gente! – Suspirei, rindo em seguida.
- Nós somos um grupo, . Precisamos cuidar de nós mesmos. – Agnelli disse e eu assenti com a cabeça. – E infelizmente não podemos controlar quando algo assim aconteça, mas quando eu te chamei para equipe, eu sabia da sua história. Eram outras situações, mas eu não mudei minha opinião sobre isso, apesar de o Pavel ter me contado que você gritou algumas coisas que eu não gostei de saber. – Suspirei.
- Foi o calor do momento, Andrea. – Pressionei os lábios. – Eu não quero sair, mas se vocês acharem que precisam me punir de alguma forma, eu vou arcar com as consequências. – Suspirei.
- O que acham, caras? – Ele falou e ri fracamente.
- Hum, vamos ver. Ele se aproximou dela de novo, ficou com alguém que todos concordamos ser um desastre e ele engravidou a moça... – Paratici disse. – Eu acho que foi plausível e merecido. E vocês?
- Eu também acho. – Beppe disse.
- Também, talvez pudesse dar um chute lá embaixo, mas tudo bem. – Pavel disse, dando de ombros.
- Eu não faço parte do grupinho, mas acho que foi ótimo também. – Trezeguet falou e rimos juntos.
- Bom, perdão total pelos seus atos, caso encerrado! – Agnelli disse e eu sorri.
- Grazie, ragazzi, mas tentarei manter meus problemas para fora do time, já aconteceu duas vezes e não quero que aconteça de novo. – Suspirei.
- Infelizmente a gente não controla essas coisas. – Agnelli disse e assenti com a cabeça, ouvindo os gritos da torcida e vi os jogadores entrarem campo e respirei fundo.
O jogo de ida em casa na semana passada havia sido horrível. Depois de muito vai para lá, volta para cá, conseguimos um pênalti, muito duvidoso por sinal, e garantimos um gol de vantagem. Precisávamos manter o empate ou nos distanciar para isso acontecer. Enquanto isso, em Madrid, Atlético Madrid e Real Madrid decidiam contra quem jogaríamos se tudo desse certo. O primeiro jogo foi no estádio do Atlético e ficou em 0x0 então qualquer gol no Santiago Bernabéu faria a diferença.
Eu não estava muito a fim de jogo o que for, mas me parecia um daqueles jogos que não levavam nada a lugar nenhum. A bola ia para nosso campo, defendíamos ou ia para fora. Do outro lado a mesma coisa. Uma falta ou outra aqui, um tiro de meta, uma falta mais perigosa, mas nada muito grandioso. Tivemos uma chance de impedimento onde Tevez fez o chute, mas Morata estava à frente, e tivemos outro fato que por uma grande sorte, Gigi não deixou um gol ridículo entrar, sorte que Pereyra havia se colocado na linha quando Gigi saiu para se defender.
Fora isso, nada demais, dois cartões amarelos para cada time, quatro minutos de acréscimos e só! No jogo mais entediante e que eu não estava animada em torcer, como um estalar dos dedos, estávamos na semifinal.
Eu sentia uma mistura de coisas. Eu estava triste pela minha situação, mas passar para uma semifinal era algo que não acontecia desde 2003, quando conseguimos chegar à final. Por um minuto, eu senti uma chama acender dentro de mim. Aquele “e se” começou a rondar minha cabeça e sabia como me ocupar, começando a levar essa competição para valer. Além de deixar meus problemas pessoais para lá, pelo bem do time. Porque agora estava valendo à pena me preocupar com isso. Pela primeira vez em 12 anos. Era loucura.
Pavel me puxou por um abraço meio forçado, mas eu não estava ainda muito ligada em comemorar, mas eu sabia que agora eu precisaria descer obrigada, porque iríamos embora. Os quatro, seguiram escadas acima e olhei para o campo antes de ir atrás. Os meninos estavam comemorando próximo à torcida organizada, Gigi agitava sua camisa para cima e engoli em seco, tentando não misturar as coisas, mas era muito difícil.
- Vem, ! – Pavel me puxou pela mão e tropecei nos degraus para seguir com ele.
Chegamos no vestiário junto com eles, já que muitos entraram gritando e cantando coisas incompreensivas por mim. Chiello foi o primeiro a me abraçar e eu sempre ficava surpresa como seus abraços eram gostosos e confortáveis, além de ter diversos significados.
Eu não fui capaz de falar qualquer coisa para nenhum deles, eu só deixei que alguns me abraçassem logo na entrada e, alguns mais íntimos, eu sentia que me apertavam com mais força. Chiello, Barza, Leo, Marchisio, Tevez, Vidal e tantos outros... Mas quando Gigi entrou, eu senti que murchei rápido demais. Seu olhar encontrou o meu e seu sorriso se fechou no mesmo momento.
Para evitar criar qualquer tipo de encrenca desnecessária ou tirar a felicidade do pessoal, eu segui para o fundo. Minha sorte foi que Barza foi direto para fisioterapia, então eu me sentei ao seu lado na maca e fiquei ouvindo ele e Padoin comentando sobre o jogo que eu estava totalmente alheia.
- Já saiu o resultado do outro jogo? – Barza perguntou.
- Já. – Falei, puxando o celular da bolsa e abri o mesmo. – Ih... Real Madrid.
- Cazzo! – Padoin disse e se afastou, indo para o vestiário. – JOGAMOS CONTRA O REAL! – Ele gritou e ouvi algumas reações.
- Vai dar certo. – Barza disse e vi Chiello entrar também e se jogar na maca livre ao lado.
- Você acredita, ? – Ele perguntou e eu suspirei.
- Eu acredito. E vocês? – Perguntei e ele soltou um longo suspiro.
- Non moliamo mai! – Ele disse e sorri, esticando a mão para ele que bateu.
- Mai! – Falei junto, pulando da maca de Barza.
- Isso, vem aqui comigo. – Chiello disse, me puxando pela cintura e eu gargalhei, negando com a cabeça.
- Vocês são tontos! – Falei.
- Vamos cuidar de você. – Ele disse.
- Não se preocupem, Pavel já está se tornando um belo segurança. – Indiquei o mesmo apoiado no batente da porta, provavelmente com outras intenções.
- Mais nunca é demais. – Barza disse.
- Grazie. – Sorri. – Agora vamos!
Fiquei o tempo inteiro ali e depois acabei ocupando uma maca enquanto o pessoal se arrumava para irmos embora, o que acabou sendo parecido com a última viagem que fizemos. Quando eu entrei no avião, como da outra vez, Gigi estava logo atrás de mim. Fingi que não vi e fui para uma das últimas fileiras. Coloquei minha mochila no bagageiro, me sentei na poltrona da janela e, como uma adolescente de 14 anos, estiquei os pés na poltrona do lado.
Evitei olhar para ele e fingi olhar meu celular, mas vi que ele se afastou alguns passos e se sentou em umas poltronas para frente. Eu sei que em algum momento eu teria que falar com ele por causa do time, mas não agora. Não enquanto as imagens daquele dia passam em minha cabeça e eu mal conseguisse segurar o choro com elas.
- Tem espaço para mim? – Ergui o olhar, vendo Pavel e ri fracamente, abaixando os pés.
- Sim, para você tem. – Falei e ele sorriu, se sentando ao meu lado.
- Eu estou aqui, ok?! – Ele disse e assenti com a cabeça, suspirando.
- Ok! – Assenti com a cabeça.

Lui
24 de abril de 2014 • Trilha SonoraOuça
Senti o cheiro do molho de tomate e me aproximei da panela, mexendo-o devagar e vi as bolhas grandes se formarem, então desliguei a chama. Segui para a panela da pasta e peguei uma com a escumadeira e tirei um penne, colocando-o na mão e passei de mão em mão antes de colocá-lo na boca e ele ainda estava duro. Ouvi a campainha e abaixei a chama para não ter perigo de a água subir e andei a passos rápidos até a sala e observei quem era pelas janelas antes de abrir a porta.
- Papai! – Lou e Dado me abraçaram pela cintura e eu sorri, me inclinando para dar um beijo na cabeça de cada um.
- Ah, meus filhos! Como vocês estão? – Perguntei baixo.
- Tudo bem! – Eles falaram quase juntos e ergui o rosto para a porta, vendo Alena na mesma.
- Precisamos conversar. – Ela disse e eu assenti com a cabeça.
- Vão lá em cima, meninos, papai está fazendo almoço para vocês! – Falei, vendo-os com as grandes mochilas nas costas.
- O que vai ter de bom? – Lou perguntou.
- O que o papai sabe fazer? – Falei.
- Macarrão com molho de tomate e atum! – Dado falou.
- Exatamente! – Falei e eles riram.
- ótimo, papai! – Lou disse rindo
- Vão lá em cima enquanto eu termino, já chamo vocês. – Empurrei Lou pelo bumbum e vi ambos sacudirem as mochilas nas costas e seguirem em direção às escadas.
- Ao menos eles não desistiram do seu grande prato. – Alena disse e virei para ela.
- Obrigado por aceitar vir falar comigo. – Indiquei a porta e ela entrou na mesma.
- Eu fiquei um tanto surpresa quando soube, Gigi, não vou mentir. – Ela entrou e eu fechei a porta atrás de si. – Principalmente por saber pela imprensa, de novo. – Suspirei.
- Eu sinto muito, Alena. Eu realmente queria sentar com você antes e te contar, mas foi tudo muito rápido. – Neguei com a cabeça. – Pode vir na cozinha comigo? Estou com algumas coisas no fogão.
- Claro! – Ela disse e entrei na cozinha, com ela atrás de mim.
- Pode se sentar. – Falei, dando uma olhada no macarrão.
- Fala comigo, Gigi. O que aconteceu? Como aconteceu? Ver na internet que a Ilaria está grávida foi um baque enorme. – Ela suspirou. – Sei que nossa relação está restrita aos meninos, mas...
- Você foi minha esposa, Alena. Você tem toda razão, eu queria falar contigo antes, mas a Ilaria... – Neguei com a cabeça, bufando logo em seguida. – A imprensa fica em cima dela e a viu sei lá onde e ela também não tentou esconder.
- Ela gosta de atenção, Gigi! – Alena disse. – Atenção de graça. É diferente de mim que trabalho com isso. – Suspirei.
- Algumas pessoas disseram que talvez ela tenha feito de propósito, eu não consigo acreditar nisso. – Falei.
- Eu não duvido, Gigi. – Alena disse, suspirando em seguida. – Eu não estou aqui para falar o que você deve ou não fazer, eu já falei isso quando éramos um casal, mas agora não é mais problema meu, mas você me pareceu muito desesperado no telefone, por isso que eu vim. – Ela falou e eu assenti com a cabeça.
- Eu estou ferrado, Lena. – Suspirei. – Eu acabei dizendo algumas coisas que não devia quando ela me contou, acho que eu estava extasiado demais para falar algo, achei que era só curtição...
- Já vi essa história antes. – Ela falou e eu assenti com a cabeça.
- Agora, mais uma vez, eu afastei a de mim.
- Como ela reagiu? – Ela perguntou e eu suspirei.
- Está vendo essa marca aqui? – Indiquei o corte que havia ficado dos anéis de que permaneceram depois que o inchaço saiu.
- Ela te bateu? – Ela perguntou rapidamente.
- Ela me socou, Alena! – Ela gargalhou.
- Mentira!
- Não! – Suspirei, me afastando para panela de novo. – E depois eu fui conversar com ela... A forma que ela me olhou, as palavras que disse para mim... – Neguei com a cabeça.
- Você mereceu, Gigi. – Alena falou. – Dessa vez você mereceu muito. Que merda aconteceu depois que nos separamos? Conversei com a Maddalena e ela disse que ela e o Barza voltaram...
- Eu beijei a na frente do Barza lá no Brasil, ele disse que ficou óbvio como nós tínhamos mais química do que eles e terminou tudo com ela. – Suspirei. – Fui descobrir isso só em novembro.
- E você já estava envolvido demais com a Ilaria. – Ela falou.
- E ela não é o tipo de pessoa que se satisfaz com um não. – Suspirei.
- Ah, por favor, Gigi. – Ela riu. – Você gosta disso! Você gosta desse tipo de mulher. Que te coloca nos eixos, que manda em você. – Neguei com a cabeça. – A é assim, Gigi! Pelo menos ela tem noção com o espaço pessoal dos outros. – Ela falou e eu suspirei.
- E tem os meninos ainda, Alena! Eu vou ter que contar com eles. – Olhei automaticamente para porta para ver se nenhum deles estavam bisbilhotando.
- É, o Lou chegou bem assustado em casa na semana passada. – Ela falou e eu assenti com a cabeça.
- Eu me descontrolei e comecei a chorar como um bebê e ele me consolou. É para ser o contrário. – Ela assentiu com a cabeça.
- Você deve ter levado um susto. – Assenti com a cabeça.
- Eu só conseguia pensar na , Alena. – Suspirei. – A gente estava se dando tão bem... – Suspirei. – Quando voltamos de Dortmund, ela dormiu no meu colo e eu achei que tudo ficaria bem, mas aí umas semanas depois tudo estourou de novo. – Suspirei.
- Ela deve estar se sentindo enganada, Gigi. – Ela falou calmamente. – Como se você tivesse a enganado. – Suspirei.
- Eu não posso culpá-la. Eu sei que errei, eu continuei indo na da Ilaria, achei que seria só uma noite para relaxar enquanto eu não tivesse a de novo e...
- Isso é fodido, Gigi, - Ela suspirou. – Não tem outra forma de eu falar isso, Gigi. Entendo que você tem suas formas de extravasar, não se esqueça que ficamos oito anos juntos, eu conheço você... – Assenti com a cabeça. – Mas se você gosta da e queria ficar com ela, por que você ficou com a Ilaria?
- Para desestressar. – Suspirei. – Eu penso na quando estou com ela, eu...
- Você pensa na 24 horas por dia, Gigi, por isso que eu não me conformo. – Ela disse e fui até a panela, desligando-a. – Quando eu pedi o divórcio, foi sim pela traição, mas quando eu conversei com a e ela me contou a história de vocês...
- Você conversou com a ? – Franzi a testa.
- Sim! – Ela disse firme. – No dia que eu pedi o divórcio. Eu fui na casa dela e... Bom, eu bati nela.
- Você bateu na ? – Arregalei os olhos.
- Eu estava irritada, ela me perdoou e conversamos. – Ela disse e suspirei. – Quando ela me contou a história de vocês, eu achei que vocês fossem finalmente ficar juntos, ignorei a Ilaria, pois achei que era só uma noite e agora você está preso em outra merda, Gigi! – Puxei a cadeira, me sentando na frente dela.
- Eu estou desesperado, Alena! O que eu faço? – Perguntei em tom de súplica.
- Você está perguntando isso para mim? – Ela falou um tanto alto, olhando para a porta e respirei fundo. – O que você fez nesses últimos dias?
- Ela me contou na sexta-feira passada. Eu falei que ia analisar, mas que ia assumir a criança. Que mais eu faria? – Ela negou com a cabeça. – Aí eu pedi segredo, mas algum paparazzi a viu entrando na obstetra...
- Ou ela plantou alguém lá... O que eu não duvido nada. – Suspirei.
- Alena, me ajuda! – Pedi novamente.
- Não importa, Gigi, eu nunca vou gostar dela! – Ela disse e eu neguei com a cabeça.
- Eu fui treinar na segunda-feira, totalmente distraído, contei para alguns colegas, mas pelo jeito estava na internet, ela apareceu no treino muito irritada e me bateu.
- Magoada, aposto... – Ela disse e eu assenti com a cabeça.
- Então eu fui conversar com ela e ela disse que nunca mais ia me perdoar. – Senti o choro subir à garganta e engoli em seco.
- Isso é pesado!
- Eu a ouvi falando que queria ser demitida, que não aguentava viver assim... – Puxei a respiração, passando as costas das mãos na bochecha. – Eu a magoei demais, Lena. Mais do que das outras vezes e agora eu acho que a perdi para sempre. – Ela esticou a mão na mesa e segurou a minha.
- Eu sei que isso parece o fim do mundo, Gigi. – Ela falou. – E eu não posso ignorar e falar que não, que você está enganado, mas talvez você tenha quebrado a de vez... – Ela falou calma. – Mas, pensando na história toda de vocês, uma hora ela vai voltar para você...
- Mesmo?
- Mas agora tem uma criança na história. A sempre quis ser mãe, sempre quiser ser mãe dos seus filhos... – Pressionei os lábios, respirando fundo. – Ela vai demorar para voltar para você, eu não esperaria muito. – Engoli em seco. – Talvez as coisas do time os aproximem, mas não força, deixa ela vir com calma, ela precisa de tempo. – Assenti com a cabeça. – Mas não fazer mais besteiras ajuda muito. – Engoli em seco.
- Eu vou ter outro filho, Alena. Eu não vou poder ficar longe da Ilaria e já somos um casal na mídia, que imagem eu ficaria se terminasse com ela agora? Eu já falei merda no dia que ela veio contar da gravidez. – Ela engoliu em seco, pressionando a mão sobre a minha.
- Eu sinto muito, Gigi! – Ela suspirou. – Eu entendo muito seu lado e, como mãe, eu não gostaria de enfrentar isso sozinha. – Assenti com a cabeça.
- Eu estou ferrado, Alena. Veramente! – Ela suspirou.
- Eu sei que não somos amigos, nem colegas, mas eu vou tentar deixar meu orgulho de lado e te ajudar nessa. – Assenti com a cabeça.
- O que você vai fazer? – Perguntei.
- Eu vou na casa da assim que eu sair daqui, é claro. – Ela disse e eu suspirei. – Você precisa contar para os meninos.
- Posso? – Perguntei.
- Você vai ter que contar isso uma hora ou outra, Gigi. É bom eles já irem se acostumando com a ideia de um novo irmãozinho ou irmãzinha. – Suspirei. – Pensa, Gigi, pode ser a menininha que você sempre quis.
- Eu não consigo ficar feliz nem com essa possibilidade, Lena.
- É porque as coisas estão exaltadas. A se afastou, vocês estão nessa fase de Champions, parabéns, falando nisso... – Assenti com a cabeça. – Vai melhorar. – Ela disse.
- O problema é quando. – Suspirei. – Saber que ela está lá por mim faz com que tudo fique mais fácil. E agora...
- Dê tempo ao tempo. – Ela disse. – Eventualmente ela vai voltar para você, porque ela voltou em outras vezes, não? – Ela disse e eu assenti com a cabeça.
- Dessa vez é diferente, Alena, é...
- Tempo ao tempo, Gigi. – Ela disse e eu assenti com a cabeça. – Eu tenho que ir. Sabe se a está em casa?
- Acho que sim, não reparei se as luzes estavam acesas. – Falei.
- Se cuida, tá? – Ela disse, se levantando e assenti com a cabeça.
- Você também, obrigado.
- Non c’é problema. – Ela disse e me levantei atrás dela, acompanhando-a até a porta. – Eu pego os meninos antes do seu jogo no domingo.
- Tudo bem. – Puxei a porta e ela passou pela mesma.
- Fala que eu mandei um beijo.
- Pode deixar! – Falei e ela seguiu até seu carro na calçada.
- Ah, Gigi! – Ela disse.
- Oi? – Falei rapidamente.
- Evita trazer a Ilaria aqui, sei que você só quis ficar com essa casa por causa da proximidade com a , mas alguns limites são necessários. – Confirmei com a cabeça.
- Pode deixar! – Acenei com a mão e esperei-a sair com o carro antes de fechar a porta. – Bambini, da mangiare! – Falei um pouco mais alto e voltei para a cozinha enquanto ouvi suas risadas e passos pelo corredor.
- com fome, pai! – Dado falou animado e vi ambos deslizando no piso da cozinha com os pés descalços e ri fracamente.
- Senta aí que eu vou servir vocês! – Falei e fui até o fogão. Peguei a panela de pasta e escoei no escorredor dentro da pia e devolvi a panela vazia. Juntei o molho e levei a panela para a mesa, vendo um de cada lado e fiquei na ponta. Servi os pratos e me sentei para comer com eles.
- gostoso, pai! – Lou disse.
- Só vocês para gostar da minha comida. – Falei e eles riram.
- É gostoso, pai! – Dado disse e eu sorri.
- Eu queria falar com vocês, meninos... – Apoiei os braços na mesa.
- O que foi? – Lou perguntou.
- Sabem a namorada do papai? – Perguntei, tentando usar palavras que eles entendiam.
- A chata? – Dado perguntou e eu suspirei.
- Xi! – Lou falou.
- A Ilaria. – Falei.
- O que tem ela? – Lou perguntou, focado na sua comida.
- Ela está grávida. – Falei baixo e o olhar dos dois vieram para mim.
- O que isso quer dizer, pai? – Dado perguntou.
- Que vocês vão ter um irmãozinho. – Falei fracamente, engolindo em seco.
- Ah, pai! – Lou reclamou. – Ela vai ser nossa mãe agora?
- Não, meu amor. Ela nunca vai ser a mãe de vocês, ela só vai ter um filho que vai ser irmão de vocês. – Suspirei.
- MAS ELA É CHATA! – Lou gritou.
- Louis! – O repreendi.
- É sim, pai! E se essa criança for chata também? – Ele falou mais baixo e eu suspirei.
- Ela já tem outro filho e ele é bem legal. Vocês vão conhecê-lo ainda...
- Eu não quero! – Lou falou e eu suspirei.
- Eu sei que é difícil, filho, mas essas coisas acontecem. – Engoli em seco.
- Não vejo nada acontecendo entre você e a e ela é muito mais legal que a chata! – Ele falou se levantando da mesa.
- Onde você vai? – Perguntei.
- Para o quarto, eu não quero mais comer! – Ele disse firme.
- Lou, volta aqui e termina seu jantar pelo menos.
- Não! – Ele disse e saiu a passos rápidos pela sala e ouvi seus pés baterem pela escada e respirei fundo, virando o olhar para Dado.
- Você não tem nada para dizer? – Perguntei para ele.
- Eu não gosto dela, papai. – Ele disse, suspirando. – Gosto mais da também.
- não gosta do papai desse jeito. – Falei baixo.
- Isso é mentira! – Ele disse e suspirei.
- Essas coisas acontecem, filho, não podemos evitar... – Na verdade podemos, Gianluigi, mas não é hora de falar de proteção sexual para uma criança de seis anos.
- Eu só não quero ficar com ela. Acho que nem o Lou. – Suspirei.
- Eu prometo que não vou fazer nada que vocês não se sintam confortáveis, ok?! Mas vocês terão mais um irmãozinho ou irmãzinha e não tem como evitar. – Ele assentiu com a cabeça.
- Podia vir uma maninha, né?! Para variar! – Ele disse.
- É, amor, podia. – Passei a mão em seus cabelos e suspirei. – Se você não estiver satisfeito com qualquer parte disso, fala para o pai, ? – Ele assentiu com a cabeça.
- Ok! – Ele disse e sorri.
- Vai comendo, ? Eu vou atrás do Lou.
- ! – Ele disse e me levantei, seguindo pela sala e subi as escadas, seguindo para o quarto de Lou, mas checando nas outas portas. Parei na porta e vi o mesmo deitado na cama com o rosto colado no travesseiro.
- Lou?
- Vai embora! – Ele falou e entrei no quarto, me sentando na beirada da cama.
- Vamos conversar, filho. – Falei, passando a mão em suas costas. – Papai não quer que vocês fiquem tristes.
- Eu não triste, eu bravo. – Ele disse.
- Por quê? – Perguntei.
- tudo mudando! – Ele disse, virando para mim e vi seus olhos avermelhados. – Primeiro você e a mamãe vão morar separados, depois você começa a namorar uma moça muito chata, agora por causa disso eu vou ter um irmão? Eu não quero! – Suspirei.
- É o que acontece quando duas pessoas se... – Soltei a respiração para cima. Eu não amo a Ilaria, mas como eu vou falar para ele? – Se amam. – Engoli em seco.
- Se é assim, então, por que você não fica com a , pai? Você ama ela que eu sei. – Suspirei.
- É diferente, Lou. – Mordi meu lábio inferior, tentando conter o choro.
- Não é! Eu já sou grande para entender, já tenho oito anos.
- Eu sei, amor, mas tem coisas que eu não tenho como te explicar. – Fiz um carinho em sua barriga. – E nem como evitar, elas acontecem. – Suspirei.
- Eu não quero, pai! – Ele disse.
- Eu prometo que tudo vai ficar bem, amor. Que tudo vai melhorar uma hora. – Falei, querendo internamente passar uns bons anos no futuro já.
- Quando? – Ele perguntou.
- O mais breve, meu filho, mas precisamos passar por essa, você precisa confiar em mim. – Ele suspirou.
- Você promete? – Ele perguntou.
- Prometo, meu amor. Prometo sim, é o que eu mais quero também. – Falei. – Agora dá um beijo no papai. – Falei e ele se sentou na cama e pulou em meus ombros, me abraçando e apertei minhas mãos em suas costas, fechando os olhos e suspirando.
Eu tinha que aproveitar isso, logo mais estaria trocando fraldas novamente e confesso que esperava recomeçar minha vida de pai de uma forma diferente, com uma pessoa diferente. Uma pessoa que até meus filhos sabiam que eu gostava. Se eu não estava conseguindo esconder nem deles, como eu esconderia de Ilaria e dos outros?
Eu estava ferrado. Ela era a única pessoa que poderia me manter calmo e eu tinha certeza que ganharia outro soco se me aproximasse dela. Eu realmente não me importaria se ela fizer isso, se ela também me abraçar e segurar meu rosto com as mãos e disser que tudo vai ficar bem, mas eu tinha que dar tempo para ela. Eu precisava dar tempo para ela. Talvez para mim também e colocar minha cabeça no lugar.
Tempo, eu precisava de tempo. O maledetto tempo!




Continua...



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Nota da autora: Oi, gente! Demorei para aparecer aqui de novo!
Algumas coisas aconteceram, foquei em outros projetos, minha beta saiu, então até eu me ajeitar tudo demorou um pouco, mas estamos aqui!
Como estou de autora independente agora, as atualizações poderão demorar um pouco mais, mas quando elas vierem, serão vários capítulos ao mesmo tempo hahahaha, então aproveitem, curtam, e qualquer cosia me encontrem nas redes sociais!
Beijos e boa leitura!




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