His Phonecall

Capítulo Único

Sentado em sua cadeira favorita, observou o armário em sua frente. Era de madeira, com duas portas, e dava um ar de graça para a sala. Lá, ele não se lembrava muito bem do que guardava. Apenas jogava a bagunça e deixava-a a deriva do tempo.
No entanto, ele sabia que um objeto em especial se encontrava lá. Todos os dias passava várias vezes por aquele móvel e sentia um pesar entrando em seu coração. Não tinha coragem de abrir o armário para colocar tal coisa em outro lugar. De certa forma, aquele era o seu lar e ele sentia-se na obrigação de deixá-lo lá.
Ele acordou naquele dia com uma vontade repentina de mandar tudo para os ares e agarrar o item como se fosse seu último dia de vida. Lê-lo, relê-lo, respirá-lo. Porém, quando estava ao ponto de saciar o que tanto desejava, ele hesitou.
E, claro, se arrastou até a maldita cadeira, pensando consigo mesmo qual era o seu problema. Era apenas uma porta, era apenas um caderno!
“Foco”, ele chegou a sussurrar para si mesmo. Respirando fundo e fechando seus olhos, levantou-se da cadeira e seguiu até o armário. Sentiu sua mão tocando a maçaneta e sabia que aquele era o momento. Repentinamente, abriu os olhos e encarou um pequeno caderno em uma das prateleiras de cima. Embaixo, uma completa bagunça. Ah, então era ali que ficava o esconderijo de seus artigos inúteis. Caixas de pizza vazias infestavam suas narinas com um odor terrível, papéis de publicidade diziam números de telefone de dentistas, compradores de ouro e até prostitutas.
O único número que ele queria, na verdade, era o que estava em um espaço dentro daquele leque de páginas. O número dela.
Pegando o caderno e rapidamente fechando a porta, ficou petrificado ao ver seus maiores medos juntos em uma só coisa. Sem sair do lugar, abriu a página que ele havia gravado há tanto tempo. 29, parágrafo 10.
E ali estava ele, escrito com um batom vermelho forte e feito às pressas. “Me liga”, ela tinha dito. E ele obedecera.
nunca atendeu o telefone. Talvez estivesse muito ocupada e não queria ser atrapalhada. Ou, talvez, havia inventado o número. De qualquer forma, ele sempre foi curioso para saber por que ela tinha dado-o esperanças sabendo que não havia nenhuma.
Quando você é enganado, normalmente a raiva é tanta que você pode atirar na pessoa. Isso se chama vingança ou até frescura. Às vezes, se chama Roxie Hart.
Quando era enganado, ele fingia não ter sido. Simples assim. Ela devia ter errado algum número, devia ter algum jeito dele ainda poder falar com aquela mulher.

xx


Eles se encontraram por acaso em uma conferência. a conhecia de tempos passados; havia estudado com ela por alguns anos, e aquele rosto era impossível de ser esquecido. Ela era bastante social, até popular, e sempre tinha achado-a linda. Quando se formaram, ninguém nunca ouviu falar de . Rumores diziam que ela tinha se mudado para a América do Sul, mas nada ficou certo.
No momento em que a reconheceu naquela tediosa tarde de negócios, um sorriso tímido preencheu seus lábios. Lá estava. Mais velha e mais sábia, uma versão adorável de . Foi até a mesma e a cumprimentou. Notou seu olhar vago, porém educado. Aquele era um olhar de quem olhava para alguém desconhecido, e não o olhar de reconhecimento. O sorriso diminuiu um pouco.

xx


, venha aqui! — um homem careca, com aparência de um senhor velho, interrompeu a conversa simples dos dois. franziu o cenho um pouco ao ouvir do que o provável chefe dele o chamou. ... Aquele era seu sobrenome ou seu nome? — Preciso da sua opinião.
Todas as dúvidas de sumiram no momento em que ele retirou-se e, em um ato de desculpas e até involuntário, mordeu sua bochecha. Ela só conhecia uma pessoa que, quando se via incomodado, fazia tal coisa. E era .
Pensou no mesmo segundo como não havia se lembrado dele. Nunca estivera em seu círculo de amizade, mas não era exatamente um desconhecido. Só depois entendeu que ele não havia se apresentado na hora porque esperava que recordaria-se dele.
Deixando o pequeno desentendimento de lado, foi conversar com mais outras pessoas que estavam na sala em busca de alguma conversa produtiva. Tornara-se uma mulher de negócios bem sucedida, e orgulhava-se disso. Ficou alguns minutos entretida, ou nem tanto assim, com um círculo com duas mulheres loiras, que riam muito mais que o necessário.
— Se vocês me permitirem, senhoritas, preciso ir ao toalete. — fez um aceno com a cabeça de uma forma educava e começou a procurar o dito cujo. Encontrou-o e, enquanto lavava as mãos, notou como estavam soadas. O que era aquilo?
De súbito, ouviu a porta se abrindo. Virou-se despreocupada para quem fosse que tivesse entrado e tomou um susto.
— O que faz aqui? — ela olhou para os lados, procurando por outras mulheres e seus olhares assustados. No entanto, estava sozinha. Observou colocar as mãos no bolso e olhar para baixo, envergonhado do que tinha feito. — , saia agora desse banheiro antes que eu chame algum segurança.
Levantou a cabeça, chocado com o fato de saber seu nome, porém não a obedeceu de imediato. As palavras fugiram de sua boca, e, depois de alguns instantes em que ambos estavam calados, ele balançou a cabeça e girou os calcanhares, saindo do local.
Completamente confusa, respirou fundo e não demorou muito para seguir o mesmo caminho que fez. Do lado de fora, não havia nenhum sinal dele. Apesar de se sentir ultrajada, a curiosidade fazia com que ela pensasse o porquê daquela situação tão estranha.
Não teve muito tempo para pensar sobre o assunto, porque logo foi anunciado que uma palestra iria começar e todos os presentes tinham que se dirigir até o auditório. Assumindo sua melhor face de profissionalismo, seguiu a direção da multidão, pedindo silenciosamente por um lugar vago.
Por algum milagre, existia, sim, um lugar vago... em uma das últimas cadeiras, que dava uma péssima visão para o palco. A sua sorte não estava muito boa, mas pelo menos poderia se sentar. Não conhecia ninguém ali, e não ficou surpresa quando nenhuma das pessoas ao seu lado puxara conversa, mesmo que um “boa noite” ou algo do gênero. O mundo dos negócios era baseado, principalmente, em carisma, porém eram poucos os que tinham um pouco de educação com estranhos.
O único “boa noite” que recebeu foi o do palestrante. Ele se apresentou como Peter Layor, e começou uma explicação com palavras bastante complicadas e técnicas sobre como conseguir investidores e aplicar dinheiro de uma forma saudável na bolsa de valores.
Como se ninguém ali soubesse disso.
Tentava ficar acordada com a boa educação que seus pais lhe deram, quando ouviu uma caneta cair no chão e rolar até os seus saltos pretos, fazendo com que ela rapidamente escapasse do monótono discurso e pegasse-a. Ao se levantar, encarou os olhos da pessoa à sua frente, virada de uma forma estranha para ela a fim de pegar sua caneta.
Não teve nenhum problema em reconhecê-lo dessa vez.

xx


Observou como as feições de mudaram tão rapidamente. Seu olhar de surpresa o fez dar aquele sorriso tímido de antes, e ao vê-la levantar a mão para dar a caneta como uma ação automática, pegou-a delicadamente. Vendo que ela ainda não tinha dito nada, e seria muito inconveniente ficar mais do que um minuto virado para trás, sussurrou:
— Obrigado, . — e voltou para a postura que estava antes, pensando consigo mesmo o que deveria estar passando pela cabeça dela.
Pouco ouvia o que Peter palavras-difíceis-para-impressionar Layor dizia. Queria tentar conversar com , mas como fazer isso sem ficar óbvio que não estava nem um pouco interessado na palestra? Mandar bilhetes era ridículo, infantil — nem um pouco combinava com o homem que havia se tornado. Já bastava ter tido a estúpida ideia de segui-la até o banheiro. Além disso, seu chefe estava ao seu lado. Não seria sensato passar uma impressão errada para ele, ainda mais quando estava prestes a ser promovido.
Sua opção mais racional era esperar a longa palestra acabar e convidá-la para tomar um drink com ele, ainda mais que agora ela parecia se lembrar do seu nome e de onde o conhecia.
Optou por isso, e como foi difícil. Aquele era um dos piores palestrantes que já vira na vida, querendo mostrar como era superior a todo o resto e todos eram apenas pequenos insetos comparados a ele. Pagara para ver aquilo? Incrível. Definitivamente precisava tomar nem que fosse um gole de alguma coisa forte.
Nem notava que brincava com sua caneta, fazendo um barulho totalmente irritante para aqueles que odiavam, mas surpreendentemente baixo. Não incomodava ninguém, então ele continuava fazendo-o. Respirou fundo em alguma hora, bateu o pé de forma sutil no chão de madeira, cautelosamente para não provocar nenhum som perceptível, e, quando notou que fazia todas aquelas coisas de forma involuntária, parou. Bufou baixo, irritado com a sua incapacidade de permanecer parado.
Deveria ter percebido que estava ansioso, contudo, aquilo sequer passou pela sua cabeça.
Alguns minutos depois, o ultimato finalmente chegou.
— Obrigado a todos pela presença. Espero que tenham sanado todas as suas dúvidas. Um bom final de noite para todos! — aplausos educados foram ouvidos por um extremamente longo período de cinco segundos e depois todos se levantaram para sair. , no intuito de não deixar escapar tão facilmente, virou-se para trás mais uma vez, vendo nem um pouco surpresa pela atitude.
— Olá. — ela disse, aparentemente também feliz que aquilo tinha acabado. — É bom ter algum conhecido no meio de tantas pessoas.
O que ele realmente queria falar era que ela não teve esse pensamento no início, porém repremiu sua necessidade de corrigi-la.
— É, está certa... Antes de qualquer coisa, peço imensas desculpas por ter entrado daquela forma no banheiro. Foi bastante idiota. — suas feições ficaram duras, como se tivesse se lembrado da cena apenas agora. Ops. — Presumo que queira saber quais eram as minhas intenções...
— É, quero. Foi bastante inadequado. — ergueu-se de sua cadeira, fazendo um gesto com a mão para ele a acompanhasse. Imediatamente se levantou, olhando para o lado e vendo o assento vazio de seu chefe. Quando raios ele havia saído? — Mas vamos falar disso em outro lugar, minha boca está seca.
Parecia que ela teve a mesma ideia dele. Saíram da fileira de cadeiras e, lado a lado, foram até a saída, agora menos cheia de pessoas. Durante o trajeto até um tipo de bar improvisado, nenhum dos dois sentia a necessidade de falar qualquer coisa, porém ficar quietos, depois de tanto tempo sem se verem, também não era uma opção. foi a primeira a falar.
— Então... Incidente do banheiro?
deu uma pequena risada e balançou a cabeça, como se só a memória daquilo fizesse tudo ficar mais constrangedor.
— Eu te vi entrando em um lugar, sozinha, e nem me dei conta de que era um banheiro. Não tinha nada na porta, só em cima, e eu nem notei. Lembrei-me de que não tinha dito o meu nome, e talvez, se dissesse, você poderia lembrar quem eu era. Quando vi as pias e as portas, me arrependi na hora de ter entrado lá. Não queria te assustar nem nada.
Viu assentir com a cabeça e percebeu que suavizara um pouco sua expressão de raiva. Pelo menos tinha uma boa explicação, mesmo que um tanto… estranha.
— Bem, acredito que não houve nenhuma intenção ruim. Está perdoado. — olhou para ele e abriu um sorriso sincero. não podia deixar de notar como sua beleza, com o tempo, havia apenas aumentado.
Fez uma feição aliviada e fingiu limpar a testa com a mão de brincadeira, fazendo rir ao seu lado. Ajeitou a franja, que caía em seu olho, e mexeu em seu cabelo um pouco. observou o que fazia.
— Não precisa ajeitar, está bonito de qualquer forma. — viu os olhos de brilharem por alguns segundos, depois ela voltou a encará-lo. Tinha um sorriso maroto nos lábios.
— Fala isso porque nunca me viu acordando. Parece um ninho de urubu. — não chegava a isso, mas certamente não era a melhor visão de cabelo do mundo. Ao menos fez rir também, o que já amenizava um pouco o clima de constrangimento.
Já tinham chegado ao bar enquanto riam um do outro. Ambos pediram bebidas suaves, sem nenhuma intenção de ficarem bêbados ou precisarem de mais que isso para conversar amigavelmente. Sentados em um dos sofás disponíveis, prosseguiram sua conversa.
, queria saber uma coisa, se você me permitir perguntar. — falou ao pé do ouvido dela, já que, agora, com tantas pessoas em sua volta, era complicado ouvir sem ser dessa forma.
— Claro, pode perguntar.
— Depois do colégio, você viajou, não é? Para onde você foi? — era uma pergunta pessoal, mas precisava ser feita. Ele nunca deixara de se questionar para onde a famosa tinha ido.
— Eu viajei, sim, e fiquei lá por alguns anos. Fui para o Brasil. — soltou uma risada nasalada e olhou para ele, confusa. — O que é?
— Oh, nada. Estava lembrando que um amigo meu quando soube disso falou “Ela está a cem milhas daqui, cara, sei disso”. Ele errou feio na conta. Na verdade, você estava a 4263 milhas daqui.
Soltando um som de surpresa, ela teve que questionar:
— Como você sabe que a distância exata da Inglaterra para o Brasil é de 4263 milhas? — no entanto, assim que fez a pergunta, já sabia a resposta. Não o deixou responder para completar em seguida: — Ah, claro, você era o melhor aluno de geografia.
Ele teve que sorrir pelo fato de ela ainda recordar-se disso. deu de ombros e tomou um gole de sua bebida. O gosto de álcool era delicado, mas nítido. copiou suas ações, porém acabou se engasgando sem querer. Tossiu bastante e a olhou, prendendo o riso. Pousou o copo na mesa de vidro na frente e foi até ela, batendo em suas costas para tentar ajudá-la a parar.
Com olhos marejados e sentindo a mão quente de em suas costas nuas por conta do decote do vestido que usava, começou a gargalhar baixo de toda a cena. voltou ao seu lugar original e também teve de rir um pouco. Assim que conseguiram controlar suas risadas, olharam em volta e perceberam algumas pessoas fitando-os com uma cara de desaprovação.
— Acho que esse não era o melhor lugar para eu me engasgar. — ainda dando leves risos, segurou o braço de . Ele imediatamente olhou para o toque e se surpreendeu. Inclinou-se mais um pouco para dizer: — , já que você me fez uma pergunta pessoal, posso te fazer outra?
Desviando os olhos da mão de para seus olhos, que estavam bastante perto dos seus por conta da necessidade de falar em seu ouvido, ele falou um “sim” mudo.
— Gostaria de jogar boliche?


“Onde você está? — JM”
“Minha mãe me ligou, disse que estava vomitando e que precisava da minha ajuda. —
“Oh, entendi. Família em primeiro lugar. Deseje melhoras para ela por mim, . — JM”
“Eu o farei, Jim. Obrigado. —

Sentia-se mal por mentir para seu chefe, no entanto, em que tipo de dia ele iria encontrar, em uma terrível conferência, uma de suas atrações do colégio e ela iria chamá-lo para escapar daquilo e jogar boliche? Aquilo nunca iria acontecer novamente, então tinha que aproveitar ao máximo.
Era até engraçado ver , com um vestido chique, mas confortável, e um par de tênis coloridos, tentar fazer um strike. Ela não era a pior jogadora, porém não conseguia de forma alguma aquele arremesso perfeito.
Depois de algumas derrotas, deixou triunfar um pouco e errou praticamente todas as suas jogadas. A cara irritada dela fazia-o gargalhar por dentro, mas queria que ela sorrisse e parasse de competir.

xx


No último arremesso do jogo, conseguiu o tão desejado strike. Foi correndo abraçá-lo, sem prestar muita atenção no que fazia. No instante em que notou girando-a pela pista, rindo à toa com ela, sentiu algo embrulhar o seu estômago.
Ela não gostava daquela sensação.
E, ao mesmo tempo, parecia que havia se passado séculos desde que sentira aquilo pela última vez.
Quando ele parou de rodá-la, estava um pouco tonta e equilibrou-se no ombro dele, dando um riso baixo e tímido e olhando para baixo. Sentiu o mundo parar de girar e olhou para o placar, sorrindo abertamente assim que viu que ela havia ganhado.
— Sabia que você não era totalmente inútil no boliche, . — falou, provocativo, e fez uma careta para ele. Ignorou o fato de que havia chamado-a pelo apelido e a forma como o estômago gelou novamente. — Com esse strike, pode até virar profissional!
— Engraçadinho. Só porque fez uns oito e eu ainda não tinha feito nenhum.
Enquanto abria um sorriso zombeteiro nos lábios, notou como seu terno já estava todo amassado, e o cabelo, mais ainda. Aquilo tirava totalmente o ar de seriedade dele, que já não era muito, e o deixava mais jovem. Não conseguia nem pensar no estado que deveria estar o vestido, ainda mais o cabelo.
É, estava na hora de ir para casa.
Aproximou-se do homem e envolveu seus braços nele, mais uma vez. ia retribuir, porém ela se afastou antes que pudesse fazer qualquer coisa.
, eu adorei ter te reencontrado hoje. Me diverti muito. — disse com ternura, indo pegar a bolsa que se encontrava nos bancos da pista. Abriu a bolsa para achar o seu celular, ver se tinha alguma mensagem, e seus olhos encontraram o seu batom vermelho. A ideia veio mais rápida do que ela gostaria.
estava estranhamente calado, e ainda não havia saído do lugar. Ela foi novamente para a sua frente, com o batom ainda fechado e a pergunta na boca, quando sentiu a mão dele agarrar sua nuca de uma forma delicada e puxá-la para si.
Não demorou muito para seu braço livre envolver a cintura de , e a mesma esquecer completamente do batom em sua mão, jogando-o no chão para que a mão pudesse, junto com a outra, entrelaçar-se no pescoço de .
Os lábios dele eram macios e completamente tentadores. deixou-se levar pela graciosidade do beijo, a maneira como a tocava, e então se entregou ao abrir os lábios o suficiente para que a língua dele se encontrasse com a sua. As mãos de subiram para os seus cabelos enquanto a de que ainda prendia-se em sua nuca juntou-se com a que estava na sua cintura.
sabia que queria aquilo, mas não naquele dia. Não naquela situação. Então, puxou o cabelo de de uma maneira bruta, quebrando a elegância do beijo e fazendo-o encará-la com uma expressão confusa. Seus lábios já não em contato com os dela, suas mãos liberando-a para sair de perto dele.
Olhou para baixo e pegou o batom, arrumando ainda coragem para fazer a ele, depois daquele beijo, a pergunta que ela já tinha decidido.
, você tem um caderno? — sabia que ele tinha uma caneta, obviamente, mas não sentia que deveria usá-la. assentiu, ainda confuso, e tirou o objeto de seu terno, em uma parte que ficava no interior.
abriu em uma página qualquer em branco e escreveu com um vermelho vivo o número do telefone de seu apartamento. Feito isso, fechou o caderno e o entregou para , sorrindo para ele e, com a coragem mais uma vez reestabelecida, deu um beijo em sua bochecha direita. E, em sua orelha, sussurrou:
— Me liga.
O fantasma de um sorriso espantado foi a última coisa que viu de ao sair do estabelecimento.

xx


Ele podia tentar ligar novamente e se decepcionar ainda mais ou ele podia agir como um homem e descobrir onde ela morava.
Quero dizer, agir como um louco.
queria vê-la novamente, é claro, desde o dia em que ela fora embora por algum motivo do boliche. Aquilo tinha sido há uma semana, e logo no dia seguinte ele havia ligado-a, de fato.
Caixa postal.
No dia seguinte a este, um pouco transtornado, mas sem perder completamente as esperanças, ligou novamente.
Caixa postal.
Se ele ligasse mais uma vez, iria soar desesperado, assim ele pensara. , então, limitou-se a ligar apenas dois dias depois deste.
Caixa postal.
queria era quebrar a bendita caixa postal.
Nos três dias que se sucederam, ele decidiu fingir que nada tinha acontecido. Decidiu esquecer. Por isso colocou o caderno naquele armário, e por isso não conseguia nem por algum minuto deixar de pensar nele.
Que mal faria ligar mais uma vez? Não custava nada. E ela poderia ter uma boa explicação para isso ter acontecido.
pegou o celular e, com o número já decorado por ele, discou.
Um toque.
Ela pode estar no banheiro, ouviu o telefone e está correndo.
Dois toques.
Acabou de chegar ao apartamento, ouviu o telefone do corredor e está correndo.
Três toques.
Está dormindo e achava que era o despertador. Foi agora atender o telefone.
Quatro toques.
Mais um toque e caixa postal. Não havia mesmo nenhuma outra forma. Ele tinha que aceitar, tinha que entender que ...
— Alô?
... havia atendido o telefone.
ficou tão perplexo que demorou alguns instantes para processar que ela realmente não tinha dado um número falso, e que ela não o enganara. Bem, não tão severamente.
— Ah, eu reconheço o número. Vi que me ligou a semana inteira quando olhei identificador de chamadas. Desculpe, eu estava fora. Tive que viajar com a empresa para os Estados Unidos. Cheguei hoje e ia ligar daqui a pouco. Quem é?
, esperando massacrá-la no boliche mais uma vez.
Não conseguia ver, não ouviu nada que desse a entender, no entanto, sentia que havia dado um dos seus sorrisos mais sinceros e belos que já havia presenciado em toda a sua vida.


Fim



Nota da autora: Hello, folks! Eu escrevi essa fanfic para um Amigo Oculto que rolou entre todas as equipes do site (beijos, Bianca!) no final do ano passado, acho, e decidi postar :D Se você leu até aqui, muito obrigada <3 Não sabe o que isso significa para mim.
Beijos no core iluminado de vocês,
Caroline.





Outras fanfics minhas:
12. Tomorrow (Ficstape #060: Olly Murs - Never Been Hurt/Finalizada)
03. Where Do Broken Hearts Go (Ficstape #003: One Direction - Four/Finalizada)
Lisboa (Especial All Around The World/Finalizada)
The Moon (Outros/Finalizada)


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