Prólogo
Naquele final de tarde, as irmãs null estavam reunidas para uma ocasião muito especial. A irmã mais nova, null, finalmente havia se formado no High School. Fazia alguns meses que elas não se viam, e enquanto se maquiavam colocavam a conversa em dia.
- Meu Deus, me sinto uma velha nesse momento. - null falou, olhando para null, que se admirava no espelho.
- Meu Deus, para com isso. Se alguém tem que se sentir velha aqui, é a null. – null tirou sarro da irmã.
- Olha, eu só não te dou uns cascudos, pirralha, porque você se formou. - abraçou a mais nova de lado com um lindo sorriso.
- Obrigada por vocês terem vindo. Sério.
- Nós não poderíamos não estar aqui, null.
- E você já decidiu o que fará daqui para frente? - null questionou.
- Talvez não seja o melhor momento para perguntar isso, null. - null rebateu.
- Eu procurei não pensar muito nisso. - disse enquanto passava o batom.
- Você ainda tem aquela vontade que tinha de ir para Austrália? - null perguntou para mais nova, lembrando que a ouvira falar disso algumas vezes enquanto ela própria tomara essa decisão alguns anos atrás.
- Sim. Austrália é um ótimo lugar. Por quê?
- Eu acho que se você tem essa vontade, posso te ajudar, não acha? Você poderia passar as férias lá comigo, e ver se algo realmente te agrada, se cabe nos seus planos. Vai ser bom ter você por perto.
null parou o que estava fazendo e se voltou para as irmãs em dúvida. Poderia sim ser uma oportunidade. Novos ares, novas comidas, e seu velho sonho...
- Pode ser. Mas e você, null, o que acha?
- null, você bem que parece precisar de umas férias também. - null riu e deu de ombros ao ver a careta da mais velha.
- Estou cheia de trabalho na Irlanda, e não estou com tempo para férias, mas quem sabe, não é? Vai ser maravilhoso ter vocês duas lá, mais uma motivação para conhecer a Austrália.
- Posso levar esse convite a sério, então? Posso contar com a ideia de que vocês vão pensar em ficar um pouco comigo por lá? Vai ser legal. – null completou a ideia, animada.
- Se depender de mim, sim, mas ainda tenho que informar isso aos nossos pais. Não sei bem como vou fazer isso, mas acredito que eles vão liberar, tendo em mente que vou justamente para ver o que quero da vida. - null passou a mão no cabelo, dando uma bagunçada de leve.
- Prometo que pensarei com carinho. Mas com certeza nossos pais não causarão nenhum empecilho, null. Vai sim, apoio essa experiência para você. – null ajeitou os cabelos, lembrando-se de seu intercâmbio no Peru, havia o feito com a mesma idade de null.
- E o que nossos pais teriam contra? Você vai estar com sua irmã super responsável. - ela deu de ombros, rindo. - As duas, se null parar de frescura e arrumar um jeito de ir também. Essa áurea dela precisa de um bom sol australiano para animar.
- Responsável? Isso é uma piada, né? - null zombou de null. - E não, estou bem. Você sabe que eu não sou muito fã de sol.
- Pois eu, meu bem, vou aceitar de bom grado esse sol australiano. Quero finalmente ter marquinha de biquini. – riu enquanto se sentava na cama e observava as irmãs.
Era realmente bom tê-las ali, com ela. Claro que conversavam via Skype, mas não era a mesma coisa que uma conversa pessoalmente. Pegou seu celular e resolveu tirar uma foto, postando no Instagram em seguida. Instantaneamente uma mensagem de null, seu melhor amigo, subiu na tela, perguntando se ela demoraria a chegar. Ela respondeu com um simples “não”, pensando que talvez null fosse gostar da ideia de ir passar um tempo com elas, já que ele também sonhara com a amiga em estudar e morar na Austrália desde pequenos.
- null, posso ver com o null se ele quer ir? Por favorzinho? - ela olhou com cara de pidona para irmã.
- Você não quer um tempo longe dele, não? - null perguntou, torcendo o nariz.
- Deus que me livre. Somos inseparáveis.
- Que grude, meu Deus, desde quando usavam fraldas, eca. - null lembrou-se de que os dois eram amigos desde pequenininhos e ela cansou de cuidar deles quando seus pais saíam.
- Você tem certeza de que não tem algo mais aí, null? - null zombou, recebendo uma almofadada.
- Eca, que nojo. Seria como beijar uma de vocês. Não sei por que você tem tanta implicância com ele, nossa senhora. - null apenas mostrou a língua para irmã mais nova em resposta. – Mas, gente, e a vida amorosa de vocês? Sei que o dia é dedicado exclusivamente a mim, mas quero saber. Andam transando muito? - null deu um sorrisinho em direção às irmãs.
- O restaurante não me dá muito tempo para isso. - null falou, sincera. - Com certeza a null tem uma vida muito mais animada.
- Eu? Estou muito bem, obrigada. Estou 100% focada no meu trabalho, as vezes dou umas escapadas, claro, porque não sou de ferro, mas estou bem sozinha. - deu de ombros.
- Ninguém é feliz sozinho. As pessoas só tentam se enganar que sim.
- Acho que você fala demais disso para quem tem 18 anos. Já teve quantas experiências amorosas para falar com tanta propriedade, pirralha? - null falou, e null concordou com a cabeça.
- Minha vida amorosa vai muito bem, obrigada, mas não é como se eu quisesse namorar de verdade com alguém no momento. Acho que ainda não é a hora. - a garota sorriu de forma tranquila.
- Já acabaram aí? - elas ouviram a voz da mãe no andar de baixo. - Está na hora de irmos. null, null está esperando lá fora com os pais.
- Ótimo! Vem, gente! Vamos tirar fotos e postar no Insta! - a garota levantou da cama rapidamente, puxando as irmãs para que se levantassem também.
- Nem acredito. - null falou para null, apontando para mais nova, que corria escadas abaixo.
- Meu Deus, me sinto uma velha nesse momento. - null falou, olhando para null, que se admirava no espelho.
- Meu Deus, para com isso. Se alguém tem que se sentir velha aqui, é a null. – null tirou sarro da irmã.
- Olha, eu só não te dou uns cascudos, pirralha, porque você se formou. - abraçou a mais nova de lado com um lindo sorriso.
- Obrigada por vocês terem vindo. Sério.
- Nós não poderíamos não estar aqui, null.
- E você já decidiu o que fará daqui para frente? - null questionou.
- Talvez não seja o melhor momento para perguntar isso, null. - null rebateu.
- Eu procurei não pensar muito nisso. - disse enquanto passava o batom.
- Você ainda tem aquela vontade que tinha de ir para Austrália? - null perguntou para mais nova, lembrando que a ouvira falar disso algumas vezes enquanto ela própria tomara essa decisão alguns anos atrás.
- Sim. Austrália é um ótimo lugar. Por quê?
- Eu acho que se você tem essa vontade, posso te ajudar, não acha? Você poderia passar as férias lá comigo, e ver se algo realmente te agrada, se cabe nos seus planos. Vai ser bom ter você por perto.
null parou o que estava fazendo e se voltou para as irmãs em dúvida. Poderia sim ser uma oportunidade. Novos ares, novas comidas, e seu velho sonho...
- Pode ser. Mas e você, null, o que acha?
- null, você bem que parece precisar de umas férias também. - null riu e deu de ombros ao ver a careta da mais velha.
- Estou cheia de trabalho na Irlanda, e não estou com tempo para férias, mas quem sabe, não é? Vai ser maravilhoso ter vocês duas lá, mais uma motivação para conhecer a Austrália.
- Posso levar esse convite a sério, então? Posso contar com a ideia de que vocês vão pensar em ficar um pouco comigo por lá? Vai ser legal. – null completou a ideia, animada.
- Se depender de mim, sim, mas ainda tenho que informar isso aos nossos pais. Não sei bem como vou fazer isso, mas acredito que eles vão liberar, tendo em mente que vou justamente para ver o que quero da vida. - null passou a mão no cabelo, dando uma bagunçada de leve.
- Prometo que pensarei com carinho. Mas com certeza nossos pais não causarão nenhum empecilho, null. Vai sim, apoio essa experiência para você. – null ajeitou os cabelos, lembrando-se de seu intercâmbio no Peru, havia o feito com a mesma idade de null.
- E o que nossos pais teriam contra? Você vai estar com sua irmã super responsável. - ela deu de ombros, rindo. - As duas, se null parar de frescura e arrumar um jeito de ir também. Essa áurea dela precisa de um bom sol australiano para animar.
- Responsável? Isso é uma piada, né? - null zombou de null. - E não, estou bem. Você sabe que eu não sou muito fã de sol.
- Pois eu, meu bem, vou aceitar de bom grado esse sol australiano. Quero finalmente ter marquinha de biquini. – riu enquanto se sentava na cama e observava as irmãs.
Era realmente bom tê-las ali, com ela. Claro que conversavam via Skype, mas não era a mesma coisa que uma conversa pessoalmente. Pegou seu celular e resolveu tirar uma foto, postando no Instagram em seguida. Instantaneamente uma mensagem de null, seu melhor amigo, subiu na tela, perguntando se ela demoraria a chegar. Ela respondeu com um simples “não”, pensando que talvez null fosse gostar da ideia de ir passar um tempo com elas, já que ele também sonhara com a amiga em estudar e morar na Austrália desde pequenos.
- null, posso ver com o null se ele quer ir? Por favorzinho? - ela olhou com cara de pidona para irmã.
- Você não quer um tempo longe dele, não? - null perguntou, torcendo o nariz.
- Deus que me livre. Somos inseparáveis.
- Que grude, meu Deus, desde quando usavam fraldas, eca. - null lembrou-se de que os dois eram amigos desde pequenininhos e ela cansou de cuidar deles quando seus pais saíam.
- Você tem certeza de que não tem algo mais aí, null? - null zombou, recebendo uma almofadada.
- Eca, que nojo. Seria como beijar uma de vocês. Não sei por que você tem tanta implicância com ele, nossa senhora. - null apenas mostrou a língua para irmã mais nova em resposta. – Mas, gente, e a vida amorosa de vocês? Sei que o dia é dedicado exclusivamente a mim, mas quero saber. Andam transando muito? - null deu um sorrisinho em direção às irmãs.
- O restaurante não me dá muito tempo para isso. - null falou, sincera. - Com certeza a null tem uma vida muito mais animada.
- Eu? Estou muito bem, obrigada. Estou 100% focada no meu trabalho, as vezes dou umas escapadas, claro, porque não sou de ferro, mas estou bem sozinha. - deu de ombros.
- Ninguém é feliz sozinho. As pessoas só tentam se enganar que sim.
- Acho que você fala demais disso para quem tem 18 anos. Já teve quantas experiências amorosas para falar com tanta propriedade, pirralha? - null falou, e null concordou com a cabeça.
- Minha vida amorosa vai muito bem, obrigada, mas não é como se eu quisesse namorar de verdade com alguém no momento. Acho que ainda não é a hora. - a garota sorriu de forma tranquila.
- Já acabaram aí? - elas ouviram a voz da mãe no andar de baixo. - Está na hora de irmos. null, null está esperando lá fora com os pais.
- Ótimo! Vem, gente! Vamos tirar fotos e postar no Insta! - a garota levantou da cama rapidamente, puxando as irmãs para que se levantassem também.
- Nem acredito. - null falou para null, apontando para mais nova, que corria escadas abaixo.
Capítulo Um
null desligou o último fogo que estava aceso e tampou a panela dos petiscos que estava deixando preparado. Ela correu para o sofá e se jogou ali, ansiosa.
Ela morava sozinha na Austrália há quatro anos. Se mudara para ali com seus 21, depois de terminar um curso de gastronomia na Le Cordon Bleu do Canadá. Ela escolhera a Austrália por ser um lugar com uma ótima oportunidade para gastronomia, e escolhera Melbourne exatamente por isso. Ela trabalhou por um tempo como Sous Chef em um bom restaurante, e apenas completou suas economias para o que sempre quis. Em um ano, já tinha seu próprio restaurante.
Sua vida era seu trabalho. Ela amava o restaurante, gostava de administrar, gostava de cozinhar, tinha liberdade para fazer o que quisesse, quando quisesse. Ela não passava por cima de seus chefs responsáveis, mas gostava de responder para eles quando entrava na cozinha. Ela revezava entre a administração com as pessoas certas para isso, e a cozinha, onde também tinha as pessoas certas. As vezes ficava mais no serviço burocrático, as vezes se estressava no fogão, e era assim que gostava de viver. Ela saía pouco, não tinha muitos amigos, além dos que fizera no estabelecimento, mas nunca fora a melhor com relações.
A mulher pegou o celular que estava jogado embaixo de seu corpo e olhou o novo aplicativo no celular, encarando os voos salvos e abrindo cada um deles para ver onde estavam as irmãs. Elas tinham voos em horários semelhantes, mas era improvável que chegassem juntas.
Ela passara a manhã toda arrumando a casa. Ela limpara novamente todos os cômodos, e arrumou os quartos disponíveis. As casas todas dali onde morava eram enormes, e a sua não era diferente. Normalmente, ela tinha alguém para limpar, mas decidira fazer sozinha naquela semana para deixar tudo do seu jeito para receber as irmãs. Ela já tinha separado os quartos, e deixado tudo do jeito que sabia que gostavam. Com exceção do quarto que separara para null, o amigo de null, ela não sabia bem como poderia deixar algo ideal para alguém com quem tinha pouco contato. Só tivera experiências chatas de quando cuidava dele brincando com a irmã mais nova. Quase considerara colocar alguns carrinhos ou lama por ali, já que era a maior lembrança que tinha, de quando ela mesma já era adolescente e os dois ainda brincavam no quintal.
null estava animada com aquelas férias. Ela já havia deixado organizado os lugares que elas poderiam ir, as faculdades que poderiam visitar com null e null, os lugares que null gostaria de conhecer. Olhou o cronograma de tudo que indicava o maravilhoso verão da Austrália e se animou que poderia finalmente curtir o país como ainda não fizera, e na companhia das irmãs. Ela estava feliz que null e null não haviam conseguido vir em julho, como tinham combinado na formatura da menor, seria muito melhor agora, em seu verão. Ela sentia boas coisas naquela visita, que elas se divertiriam muito.
Ainda faltava uma hora para que o avião de null pousasse em Melbourne, então ela aproveitou para ficar com os pés esticados para cima, descansando.
null acabara descansando demais e ao acordar, notou o celular piscando em notificações. As irmãs já haviam enviado diversas mensagens e ligado diversas vezes, mas o costume do celular no mudo a traíra, como sempre. Ela levantou em um pulo e calçou os tênis, pegando as chaves do carro e a carteira em cima da bancada.
A mulher bateu a porta e desceu as escadas da entrada correndo. Distraída, trombou no portão fechado que a levaria para rua.
- Cuidado, vizinha! - null riu, observando a mulher xingar enquanto batia o portão atrás de si e corria até o automóvel estacionado.
- Preciso mesmo tomar cuidado, principalmente com dormir demais. - ela resmungou e abriu a porta, se jogando dentro do carro e abrindo o vidro. - Vou buscar minhas irmãs no aeroporto, estou super atrasada por causa de um simples cochilo.
- Te conhecendo o pouco que conheço, duvido que tenha sido um simples cochilo, null. - o homem a observou rir, e acenou enquanto ela se afastava a toda velocidade.
null passou as mãos no rosto, enquanto mexia-se desconfortavelmente na poltrona daquele avião, sentar na poltrona do meio não tinha lá seus confortos. Colocou a cabeça no encosto e suspirou fundo, repensando tudo o que havia acontecido para estar naquela situação.
Haviam se passado seis meses da formatura de null, e muita coisa aconteceu na vida de null no ramo profissional, ela havia ido do céu ao inferno, literalmente, durante aquele período.
null sempre foi analista de qualidade, teve seu serviço reconhecido no último ano e virou gestora de qualidade, mas com a junção com a área de RH, e o desfalque que a empresa recebeu de um dos sócios, houve o temido corte, sim, ela havia sido demitida com menos de um ano na função.
Foi difícil não se debulhar em lágrimas, afinal foram longos quatro anos trabalhando no mesmo lugar. Ela gostava de trabalhar lá, a empresa tinha um âmbito muito familiar, sentia-se acolhida. Suspirou fundo, parecia que tudo aquilo tinha sido um pesadelo, era difícil acreditar...
Aceitou o convite de null quando lhe contou sobre o desligamento, a irmã sabia ser bem persuasiva quando queria, e agora estava a caminho de Melbourne. Era bom, pois ela conseguiria colocar a cabeça no lugar, e pensar com mais clareza sobre qual caminho deveria seguir a partir daquele momento.
Estava incerta, não sabia se voltaria ao Canadá para ficar mais perto dos pais, ou se tentaria outro emprego em Dublin, uma cidade muito maravilhosa, que virou seu lar. Ela gostava de morar lá, Dublin era acolhedora, ela tinha criado um afeto pelo local e pelas boas amizades que ele lhe trouxe.
Escutou o aviso que o avião pousaria finalmente em solo australiano, foram longas 18 horas de voo entre escalas, achou que nunca chegaria o momento que ouviria a informação. Apertou o cinto e sentiu aquela sensação estranha que era o avião pousando. Suas férias forçadas estavam começando, seria bom passar um tempinho com as irmãs, null também estava a caminho, era provável que tivesse desembarcado antes dela, com seu fiel escudeiro null.
O avião parou, ela esperou que a maioria das pessoas descessem e seguiu o caminho ainda meio incerta. Colocou os pés em solo australiano e sentiu o clima lhe tomar, a áurea daquela cidade era diferente, conseguia entender um pouco porque null era tão apaixonada assim por aquele lugar...
- É por isso que eu disse para gente ter vindo na calada da noite. Você foi teimoso e não me ouviu! Quase perdemos nosso voo, null! - null sacudiu o passaporte na frente do rosto do rapaz, que revirou os olhos automaticamente.
- Para de dramalhão, null. Tínhamos que nos despedir de todos, não acha? Não sabemos quando vamos voltar, já são três meses a princípio.
- É, é. Tanto faz. - ele a ajudou a guardar suas coisas no bagageiro e eles se sentaram. A aeromoça fez as recomendações necessárias e logo o avião decolou.
Quando null perguntou se null queria ir para Austrália com ela depois da formatura e ficar com as irmãs null e null por um tempo, a resposta imediata foi não, mas depois a garota não levou muito tempo para convencê-lo, afinal, aquele também era o sonho dele. Estudar na Austrália sempre fora algo que eles quiseram, seria uma aventura estar lá com sua melhor amiga ao seu lado para compartilhar tudo como eles sempre sonharam, e ainda ter a facilidade do aceite dos pais da viagem, por estar com as irmãs mais velhas de null.
Olhou para o lado e viu null observando pela janela. Várias coisas passavam pela sua cabeça naquele momento. Queria uma mudança real em sua vida. Não queria ser mais aquele garoto tímido e medroso do ensino médio, que ainda nem mesmo tinha certeza do que cursar. Tinha uma paixão, mas não tinha certeza de que era naquilo que deveria seguir.
- Vamos fazer um trato? - ele falou, e Cherrie o encarou.
- Ãhn? Que tipo de trato? - ela se virou no assento até estar completamente voltada para ele.
- Que na Austrália seremos totalmente diferentes daquilo que éramos no Canadá. Que se quisermos fazer uma coisa, não pensaremos duas vezes. Se libertar, sabe? Fazer escolhas, mas sem pensar nas consequências naquele momento. Sejam elas para algo pessoal, ou sobre nosso futuro profissional.
- O que mais? ‘Tô gostando. - null se aproximou mais dele.
- Que não nos esqueçamos que independentemente do que seguir a nossa nova vida lá nesses meses, temos um ao outro para tudo, se algo der merda. Sempre.
- Para sempre. - ela se ajeitou no assento, abraçou o braço dele e encostou a cabeça em seu ombro. - Estou ansiosa para ver esse novo null, mas por favor, não se esqueça de mim quando estiver com uma namoradinha, viu? Você sabe, eu tenho ciúmes. - eles se olharam e caíram na risada, recebendo olhares de reprovação dos outros passageiros. - E uma coisa que preciso te alertar antes de chegarmos lá e você não ficar todo vermelho como sempre com qualquer comentário: minhas irmãs pensam que temos um tipo de relacionamento estranho. Tipo uma amizade colorida, sabe?
- Meu Deus, mas por quê?
- Vai entender. - ela deu de ombros. - Mas imagina só nós dois nos beijando? Eca, eca.
- Pois é, eca. – ele mostrou a língua e riu. - Já te perguntei isso, mas o que elas acham de eu ir para lá também? Não vou atrapalhar, não é?
- Se eu te amo, elas também te amam. Não esquenta com isso, tá? Só aproveita o verão.
Já fazia 20 minutos que o avião havia pousado. Mas ele ficou taxiando na pista até finalmente parar, e então null e null puderam enfim sair. Eles já podiam sentir os ares diferentes do que estavam habituados, acabavam de sair de um início de inverno, para o início do verão.
- Se eu pudesse, beijava esse chão. Amém, Austrália. Minha bunda estava ficando quadrada naquele avião. - ela riu para o amigo. Ela havia o feito carregar toda a sua bagagem até a parte central do aeroporto, onde combinaram de esperar por null, em uma pequena cafeteria.
- E então? Já mandou mensagem para null? - null perguntou, após voltar com os pedidos de ambos.
- Já, assim que consegui conectar aqui, mas ela não visualiza. Vou mandar mensagem para null dizendo que já chegamos.
- E eu vou ficar admirando essas pessoas australianas, me sentindo o próprio turista. - null respondeu.
- Faz uma pose! Quero postar no Insta. - ela apontou o celular para o amigo enquanto ria. Já haviam tomado seus cafés e observavam as pessoas que passavam por ali. Tinha de tudo, sério.
- E o que você não quer postar no Insta, não é? Sério, inclusive, vou começar a pedir direitos autorais de tanta foto minha que tem. Acho que até mais do que no meu.
- Mas o meu feed fica mais atraente com você sendo meu modelo. Você não pode me negar isso, null.
- Eu sei. - ele deu de ombros, convencido, fazendo pose para amiga. Sua timidez não se aplicava à null, nunca. - Já está próximo do voo da null chegar, né? Nada da null ainda? - ele perguntou, encarando um senhor que andava quase se arrastando para fora do portão de desembarque ao longe, parecendo que tinha tirado o sono mais pesado de sua vida no voo.
- Nada. Mas espero realmente que ela não faça nós esperarmos mais ainda, depois que a null chegar.
- Acho que primeiro, devemos esperar que esteja tudo bem, né? Ela não nos esqueceria aqui, esqueceria? - ele riu, torcendo para que a resposta fosse não. Se ela fosse um pouco como null, não teria tanta certeza.
- Não, claro que não, mas devemos nos lembrar que ela é chef e às vezes as coisas fogem do controle dela. Não sei se ela está no restaurante ou não, mas se estiver, entenderia o atraso.
- null, não é a null lá? - null apontou para a irmã da amiga que olhava para os lados, ainda distante da cafeteria.
- É ela mesmo. - null se levantou e gritou: – Ei, null, aqui! - ela levantou os braços e acenou freneticamente na direção da irmã. null visualizou os dois, e caminhou em direção ao local da melhor forma que conseguiu, afinal, tinha uma mala pesada com ela.
- Olá, pirralhos! – entrou na cafeteria e abordou de forma calorosa os dois, chamando a atenção de algumas pessoas por ali. - Senti saudades!
null puxou a irmã para um abraço.
- Também senti a sua. null te mandou alguma mensagem?
- Não olhei o celular ainda, preciso conectar à rede. Cadê meu abraço, null? Limpei suas fraldas, sem vergonha.
- Outch, essa viagem começou bem, hein? - o garoto riu e se levantou, abraçando null. - Esperando por mais comentários bons como esse. Na verdade, estava ansiosa para também ouvir o de null, mas ela aparentemente nos esqueceu aqui, já estamos há uma hora esperando um sinal de vida dela.
- Ah, não, ela não pode ter esquecido, não é? Ela não seria capaz, eu vou quebrar a cara dela, conversamos antes que eu embarcasse. – se sentou, puxando o copo da irmã e bebericando.
- Bom, nunca se sabe, né. - null deu de ombros. - Só sei que estou cansado dessa cafeteria. A gente podia sair daqui, né?
- Eu estou com fome, preciso comer alguma coisinha, vou pedir. - null se levantou.
- Pede e saímos daqui. Se a null fizer o favor de carregar pelo menos uma mochila dela, consigo te ajudar com a sua mala. - ele riu, mostrando a língua para melhor amiga.
- Pensei que você era um lorde, null. Me senti traída agora. – ela fez careta.
- Tento ser um lorde, mas ainda não sou um polvo. - null riu, concordando com o garoto enquanto pegava a carteira.
A mulher caminhou em direção ao balcão, pegou um lanche pronto e um suco. Foi até a mesa dos amigos e pegou suas coisas para caminharem para a saída do lugar.
- Vou tentar ligar mais uma vez para ela. – equilibrou a comida com o suco e digitou desajeitadamente enquanto caminhavam no aeroporto.
- Alguma novidade? - null perguntou, se sentando no chão próximo a uma janela e vendo as mulheres o encararem.
- null, você realmente quer que a gente sente no meio do aeroporto? No chão? - null perguntou, vendo null concordar. - Vou esganar a null quando ela aparecer, puta merda!
- Eu julgaria o null se eu não estivesse tão cansada assim, vou acabar me sentando também. 18 horas de voo entre escalas, estou morta. – null se rendeu, sentando-se ao lado do rapaz, e voltando a comer seu lanche.
null dirigia o mais rápido que a rodovia a permitia. Ela tentava não olhar o celular e apenas imaginava os piores xingamentos que poderia ouvir das irmãs quando chegasse ao aeroporto.
Pensando que talvez, apenas talvez, elas pudessem estar preocupadas, ela desbloqueou a tela, tentando não perder a atenção na via em sua frente. Com apenas uma mão, buscou o contato de null em seus favoritos e discou.
- Eu te mato agora ou depois? O que aconteceu? Cadê você?
- Eu juro que em 20 minutos estou aí. E já adianto minhas desculpas, deixem para me matar depois, minha consciência já está fazendo o trabalho a princípio.
- Ok, só desliga esse celular logo, aposto que está dirigindo e eu não quero ser a causadora de um acidente. Beijo.
- Chata como sempre. Me esperem do lado de fora, por favor. Logo estou aí. Nem sei onde pegar vocês, mas procurem um lugar que eu possa parar. Beijo.
null desligou o telefone e bufou, sentindo-se culpada pelo atraso. Quase três horas nem eram tanta coisa assim, mas sabia que as irmãs estavam ansiosas e acabariam por ter sido as três horas mais longas de suas vidas, com certeza.
- E aí? O que ela disse? - null perguntou.
- Pediu desculpas, e disse que em 20 minutos está aqui. Vamos para saída, como não conhecemos o lugar, é bom procurarmos um bom ponto de referência que ela possa nos encontrar e estacionar.
- É, é melhor. – null se levantou, pegou sua mochila e o resto das malas e seguiu as outras da forma que pôde, se equilibrando e tentando ser o lorde que brincaram sobre.
Eles caminharam por um tempo, null e null ajudaram null no fim das contas e chegaram até o lado de fora, onde ficaram próximos a uma placa enorme e amarela. Largaram as coisas ali por um momento.
- E então, null, como foi sua partida de Dublin?
- Péssima, eu estou sem chão, sem rumo, não sei o que fazer. – suspirou, chateada.
- Tudo se ajeita no fim, null, não se preocupa. Essa viagem vai servir para você pensar em algo.
- Oi, esses três mendigos viajantes procuram abrigo? Que expressão mais triste que vocês estão aí. - null encostou o carro próximo a eles e abriu o vidro, encarando-os.
- Ridícula, vai ser no deboche mesmo? - null sorriu, um pouco brava.
null fez uma careta. Chamar atenção deveria ser de família. null ouvia música extremamente alta, o que obviamente chamou a atenção das pessoas ao redor, enquanto ela gritava mais alto ainda para que os ouvissem.
- E aí, maluca? Claro que seria triste, mas as desculpas você nos pede depois. Agora vamos logo porque eu estou começando a feder. - null resmungou.
- Isso mesmo, entrem logo e me deem a bronca no caminho. Não posso ficar muito tempo estacionada aqui. - ela falou, destravando o porta-malas e olhando para os lados.
- Abre o porta-malas para mim, por favor? - null pediu.
- Já tá aberto, pirralho.
- Obrigado. - o rapaz resmungou e se dirigiu até a traseira, colocando ali as bagagens. Algumas coisas teriam que ser levadas no colo deles, já que o espaço não era dos maiores.
- Já é uma boa hora para eu pedir desculpas? - null sorriu amarelo depois que todos entraram e ela já tinha conseguido sair da confusão que eram as vias de dentro e em torno do aeroporto. Ela fitou a todos passageiros pelo retrovisor central.
- Sempre. Desembucha. - null tentou empurrar um pouco do peso que estava em suas pernas para o meio e para o lado de null, já que null havia se livrado, se sentando na frente.
- Eu dormi. - null soltou, tentando não rir e acreditar que aquela sua verdade realmente seria uma boa desculpa para as irmãs.
- Isso não me choca em nada, sempre dormiu demais. - null deu um tapinha na perna da irmã, negando com a cabeça.
- Em minha defesa, eu passei a manhã toda arrumando a casa, e cozinhando para ter o que vocês comerem quando chegassem. Acabei pegando no sono, desculpem. - ela riu, tentando aliviar.
- Eu perdoo, tem comida envolvida. - null deu de ombros e null rolou os olhos.
- Você é muito fácil, null, cadê sua dignidade? - null se virou, o encarando.
- Ele nunca teve, principalmente com comida. Oferece comida para você ver se ele não se rende. - null falou.
- Quando vocês comerem, todos vão perder a dignidade. - null riu, se gabando. - Mas e aí, como foram os voos?
- Dormi o voo todo e o null me serviu de travesseiro.
- Sim, até babou no meu ombro.
- Eu não babo.
- E como você vai saber? Você ‘tava dormindo. – ele encarou a garota. - Sorte teve a null que não teve um chato que nem o null durante a viagem.
null e null riram da discussão dos mais novos, e observaram enquanto eles estendiam o assunto por alguns bons minutos.
null estacionou o carro na porta de casa e ouviu todos suspirarem, aliviados. Com certeza estavam aliviados de finalmente terem a oportunidade de um descanso decente.
- Lar, doce lar. Sejam bem-vindos. - null falou, tirando a chave do contato e abrindo a porta para descer.
- Ei, vizinha! Deu tudo certo? Não atropelou ninguém além do seu portão?
- Ah, meu Deus. - null ficou pálida quando percebeu o rapaz que conversava com sua irmã. Abaixou a cabeça, tentando olhar para outro lado. null estranhou.
- Meu Deus, se eu soubesse que você tinha um gato desse de vizinho eu teria vindo há bastante tempo, null. Deus abençoe a Austrália. Por que você nunca me disse?
O rapaz abriu um sorriso sem graça ao ouvi-la, e null rolou os olhos, rindo com a fala descarada da amiga.
- Fica com vergonha não, coração. Beleza tem que ser apreciada. - null foi até a traseira do carro ajudar null a levar as bagagens até a casa. - Ei, null, tá tudo bem? - ela arqueou uma das sobrancelhas, estranhando o estado da irmã.
- Está... - colocou as mãos para esconder o rosto, ajudando null também. - Por que não estaria?
- Sei lá, você tá toda estranha.
- Garota, você. - null frisou. - É estranha. Deixa a null em paz. – null lhe mostrou o dedo do meio.
O vizinho conversava com null, quando reparou de verdade em uma das irmãs e escancarou a boca. Ele conhecia aquele corpo, ele apertou os olhos, e sem dúvida alguma reconheceu. Mas aquilo era coincidência demais...
- null? - a mulher derrubou uma das malas no chão, estabanada. Ele tinha mesmo a reconhecido. Ela se virou, entrando na casa correndo, antes das irmãs.
- Você conhece minha irmã? – null ouviu null dizer ao longe e sentiu que o homem encarava a porta por onde ela passara, mas não ouviu sua resposta.
Ao entrarem na casa e acomodarem as bagagens no canto, null se jogou em um dos sofás, sendo acompanhado por null, que fez o mesmo no outro. A casa era até que espaçosa para uma solteirona, a mais nova pensou. null só queria comer, mas esperaria que a dona da casa os autorizasse a fazer.
- null, o que foi isso? – null entrou na casa, rindo, mas não encontrou a mais velha, que já tinha ido dar uma volta na casa para fugir do assunto. – Bom, sejam bem-vindos. – ela parou na sala, onde a irmã e null estavam jogados. – Vem, vou mostrar a casa e os quartos para vocês. Vocês podem tomar um banho, se quiserem, e então podemos comer.
- A melhor parte de todas. – null comemorou, se levantando em um pulo e pegando algumas malas, seguindo pelo caminho que null apontava, escadas acima.
Ela morava sozinha na Austrália há quatro anos. Se mudara para ali com seus 21, depois de terminar um curso de gastronomia na Le Cordon Bleu do Canadá. Ela escolhera a Austrália por ser um lugar com uma ótima oportunidade para gastronomia, e escolhera Melbourne exatamente por isso. Ela trabalhou por um tempo como Sous Chef em um bom restaurante, e apenas completou suas economias para o que sempre quis. Em um ano, já tinha seu próprio restaurante.
Sua vida era seu trabalho. Ela amava o restaurante, gostava de administrar, gostava de cozinhar, tinha liberdade para fazer o que quisesse, quando quisesse. Ela não passava por cima de seus chefs responsáveis, mas gostava de responder para eles quando entrava na cozinha. Ela revezava entre a administração com as pessoas certas para isso, e a cozinha, onde também tinha as pessoas certas. As vezes ficava mais no serviço burocrático, as vezes se estressava no fogão, e era assim que gostava de viver. Ela saía pouco, não tinha muitos amigos, além dos que fizera no estabelecimento, mas nunca fora a melhor com relações.
A mulher pegou o celular que estava jogado embaixo de seu corpo e olhou o novo aplicativo no celular, encarando os voos salvos e abrindo cada um deles para ver onde estavam as irmãs. Elas tinham voos em horários semelhantes, mas era improvável que chegassem juntas.
Ela passara a manhã toda arrumando a casa. Ela limpara novamente todos os cômodos, e arrumou os quartos disponíveis. As casas todas dali onde morava eram enormes, e a sua não era diferente. Normalmente, ela tinha alguém para limpar, mas decidira fazer sozinha naquela semana para deixar tudo do seu jeito para receber as irmãs. Ela já tinha separado os quartos, e deixado tudo do jeito que sabia que gostavam. Com exceção do quarto que separara para null, o amigo de null, ela não sabia bem como poderia deixar algo ideal para alguém com quem tinha pouco contato. Só tivera experiências chatas de quando cuidava dele brincando com a irmã mais nova. Quase considerara colocar alguns carrinhos ou lama por ali, já que era a maior lembrança que tinha, de quando ela mesma já era adolescente e os dois ainda brincavam no quintal.
null estava animada com aquelas férias. Ela já havia deixado organizado os lugares que elas poderiam ir, as faculdades que poderiam visitar com null e null, os lugares que null gostaria de conhecer. Olhou o cronograma de tudo que indicava o maravilhoso verão da Austrália e se animou que poderia finalmente curtir o país como ainda não fizera, e na companhia das irmãs. Ela estava feliz que null e null não haviam conseguido vir em julho, como tinham combinado na formatura da menor, seria muito melhor agora, em seu verão. Ela sentia boas coisas naquela visita, que elas se divertiriam muito.
Ainda faltava uma hora para que o avião de null pousasse em Melbourne, então ela aproveitou para ficar com os pés esticados para cima, descansando.
null acabara descansando demais e ao acordar, notou o celular piscando em notificações. As irmãs já haviam enviado diversas mensagens e ligado diversas vezes, mas o costume do celular no mudo a traíra, como sempre. Ela levantou em um pulo e calçou os tênis, pegando as chaves do carro e a carteira em cima da bancada.
A mulher bateu a porta e desceu as escadas da entrada correndo. Distraída, trombou no portão fechado que a levaria para rua.
- Cuidado, vizinha! - null riu, observando a mulher xingar enquanto batia o portão atrás de si e corria até o automóvel estacionado.
- Preciso mesmo tomar cuidado, principalmente com dormir demais. - ela resmungou e abriu a porta, se jogando dentro do carro e abrindo o vidro. - Vou buscar minhas irmãs no aeroporto, estou super atrasada por causa de um simples cochilo.
- Te conhecendo o pouco que conheço, duvido que tenha sido um simples cochilo, null. - o homem a observou rir, e acenou enquanto ela se afastava a toda velocidade.
null passou as mãos no rosto, enquanto mexia-se desconfortavelmente na poltrona daquele avião, sentar na poltrona do meio não tinha lá seus confortos. Colocou a cabeça no encosto e suspirou fundo, repensando tudo o que havia acontecido para estar naquela situação.
Haviam se passado seis meses da formatura de null, e muita coisa aconteceu na vida de null no ramo profissional, ela havia ido do céu ao inferno, literalmente, durante aquele período.
null sempre foi analista de qualidade, teve seu serviço reconhecido no último ano e virou gestora de qualidade, mas com a junção com a área de RH, e o desfalque que a empresa recebeu de um dos sócios, houve o temido corte, sim, ela havia sido demitida com menos de um ano na função.
Foi difícil não se debulhar em lágrimas, afinal foram longos quatro anos trabalhando no mesmo lugar. Ela gostava de trabalhar lá, a empresa tinha um âmbito muito familiar, sentia-se acolhida. Suspirou fundo, parecia que tudo aquilo tinha sido um pesadelo, era difícil acreditar...
Aceitou o convite de null quando lhe contou sobre o desligamento, a irmã sabia ser bem persuasiva quando queria, e agora estava a caminho de Melbourne. Era bom, pois ela conseguiria colocar a cabeça no lugar, e pensar com mais clareza sobre qual caminho deveria seguir a partir daquele momento.
Estava incerta, não sabia se voltaria ao Canadá para ficar mais perto dos pais, ou se tentaria outro emprego em Dublin, uma cidade muito maravilhosa, que virou seu lar. Ela gostava de morar lá, Dublin era acolhedora, ela tinha criado um afeto pelo local e pelas boas amizades que ele lhe trouxe.
Escutou o aviso que o avião pousaria finalmente em solo australiano, foram longas 18 horas de voo entre escalas, achou que nunca chegaria o momento que ouviria a informação. Apertou o cinto e sentiu aquela sensação estranha que era o avião pousando. Suas férias forçadas estavam começando, seria bom passar um tempinho com as irmãs, null também estava a caminho, era provável que tivesse desembarcado antes dela, com seu fiel escudeiro null.
O avião parou, ela esperou que a maioria das pessoas descessem e seguiu o caminho ainda meio incerta. Colocou os pés em solo australiano e sentiu o clima lhe tomar, a áurea daquela cidade era diferente, conseguia entender um pouco porque null era tão apaixonada assim por aquele lugar...
- É por isso que eu disse para gente ter vindo na calada da noite. Você foi teimoso e não me ouviu! Quase perdemos nosso voo, null! - null sacudiu o passaporte na frente do rosto do rapaz, que revirou os olhos automaticamente.
- Para de dramalhão, null. Tínhamos que nos despedir de todos, não acha? Não sabemos quando vamos voltar, já são três meses a princípio.
- É, é. Tanto faz. - ele a ajudou a guardar suas coisas no bagageiro e eles se sentaram. A aeromoça fez as recomendações necessárias e logo o avião decolou.
Quando null perguntou se null queria ir para Austrália com ela depois da formatura e ficar com as irmãs null e null por um tempo, a resposta imediata foi não, mas depois a garota não levou muito tempo para convencê-lo, afinal, aquele também era o sonho dele. Estudar na Austrália sempre fora algo que eles quiseram, seria uma aventura estar lá com sua melhor amiga ao seu lado para compartilhar tudo como eles sempre sonharam, e ainda ter a facilidade do aceite dos pais da viagem, por estar com as irmãs mais velhas de null.
Olhou para o lado e viu null observando pela janela. Várias coisas passavam pela sua cabeça naquele momento. Queria uma mudança real em sua vida. Não queria ser mais aquele garoto tímido e medroso do ensino médio, que ainda nem mesmo tinha certeza do que cursar. Tinha uma paixão, mas não tinha certeza de que era naquilo que deveria seguir.
- Vamos fazer um trato? - ele falou, e Cherrie o encarou.
- Ãhn? Que tipo de trato? - ela se virou no assento até estar completamente voltada para ele.
- Que na Austrália seremos totalmente diferentes daquilo que éramos no Canadá. Que se quisermos fazer uma coisa, não pensaremos duas vezes. Se libertar, sabe? Fazer escolhas, mas sem pensar nas consequências naquele momento. Sejam elas para algo pessoal, ou sobre nosso futuro profissional.
- O que mais? ‘Tô gostando. - null se aproximou mais dele.
- Que não nos esqueçamos que independentemente do que seguir a nossa nova vida lá nesses meses, temos um ao outro para tudo, se algo der merda. Sempre.
- Para sempre. - ela se ajeitou no assento, abraçou o braço dele e encostou a cabeça em seu ombro. - Estou ansiosa para ver esse novo null, mas por favor, não se esqueça de mim quando estiver com uma namoradinha, viu? Você sabe, eu tenho ciúmes. - eles se olharam e caíram na risada, recebendo olhares de reprovação dos outros passageiros. - E uma coisa que preciso te alertar antes de chegarmos lá e você não ficar todo vermelho como sempre com qualquer comentário: minhas irmãs pensam que temos um tipo de relacionamento estranho. Tipo uma amizade colorida, sabe?
- Meu Deus, mas por quê?
- Vai entender. - ela deu de ombros. - Mas imagina só nós dois nos beijando? Eca, eca.
- Pois é, eca. – ele mostrou a língua e riu. - Já te perguntei isso, mas o que elas acham de eu ir para lá também? Não vou atrapalhar, não é?
- Se eu te amo, elas também te amam. Não esquenta com isso, tá? Só aproveita o verão.
Já fazia 20 minutos que o avião havia pousado. Mas ele ficou taxiando na pista até finalmente parar, e então null e null puderam enfim sair. Eles já podiam sentir os ares diferentes do que estavam habituados, acabavam de sair de um início de inverno, para o início do verão.
- Se eu pudesse, beijava esse chão. Amém, Austrália. Minha bunda estava ficando quadrada naquele avião. - ela riu para o amigo. Ela havia o feito carregar toda a sua bagagem até a parte central do aeroporto, onde combinaram de esperar por null, em uma pequena cafeteria.
- E então? Já mandou mensagem para null? - null perguntou, após voltar com os pedidos de ambos.
- Já, assim que consegui conectar aqui, mas ela não visualiza. Vou mandar mensagem para null dizendo que já chegamos.
- E eu vou ficar admirando essas pessoas australianas, me sentindo o próprio turista. - null respondeu.
- Faz uma pose! Quero postar no Insta. - ela apontou o celular para o amigo enquanto ria. Já haviam tomado seus cafés e observavam as pessoas que passavam por ali. Tinha de tudo, sério.
- E o que você não quer postar no Insta, não é? Sério, inclusive, vou começar a pedir direitos autorais de tanta foto minha que tem. Acho que até mais do que no meu.
- Mas o meu feed fica mais atraente com você sendo meu modelo. Você não pode me negar isso, null.
- Eu sei. - ele deu de ombros, convencido, fazendo pose para amiga. Sua timidez não se aplicava à null, nunca. - Já está próximo do voo da null chegar, né? Nada da null ainda? - ele perguntou, encarando um senhor que andava quase se arrastando para fora do portão de desembarque ao longe, parecendo que tinha tirado o sono mais pesado de sua vida no voo.
- Nada. Mas espero realmente que ela não faça nós esperarmos mais ainda, depois que a null chegar.
- Acho que primeiro, devemos esperar que esteja tudo bem, né? Ela não nos esqueceria aqui, esqueceria? - ele riu, torcendo para que a resposta fosse não. Se ela fosse um pouco como null, não teria tanta certeza.
- Não, claro que não, mas devemos nos lembrar que ela é chef e às vezes as coisas fogem do controle dela. Não sei se ela está no restaurante ou não, mas se estiver, entenderia o atraso.
- null, não é a null lá? - null apontou para a irmã da amiga que olhava para os lados, ainda distante da cafeteria.
- É ela mesmo. - null se levantou e gritou: – Ei, null, aqui! - ela levantou os braços e acenou freneticamente na direção da irmã. null visualizou os dois, e caminhou em direção ao local da melhor forma que conseguiu, afinal, tinha uma mala pesada com ela.
- Olá, pirralhos! – entrou na cafeteria e abordou de forma calorosa os dois, chamando a atenção de algumas pessoas por ali. - Senti saudades!
null puxou a irmã para um abraço.
- Também senti a sua. null te mandou alguma mensagem?
- Não olhei o celular ainda, preciso conectar à rede. Cadê meu abraço, null? Limpei suas fraldas, sem vergonha.
- Outch, essa viagem começou bem, hein? - o garoto riu e se levantou, abraçando null. - Esperando por mais comentários bons como esse. Na verdade, estava ansiosa para também ouvir o de null, mas ela aparentemente nos esqueceu aqui, já estamos há uma hora esperando um sinal de vida dela.
- Ah, não, ela não pode ter esquecido, não é? Ela não seria capaz, eu vou quebrar a cara dela, conversamos antes que eu embarcasse. – se sentou, puxando o copo da irmã e bebericando.
- Bom, nunca se sabe, né. - null deu de ombros. - Só sei que estou cansado dessa cafeteria. A gente podia sair daqui, né?
- Eu estou com fome, preciso comer alguma coisinha, vou pedir. - null se levantou.
- Pede e saímos daqui. Se a null fizer o favor de carregar pelo menos uma mochila dela, consigo te ajudar com a sua mala. - ele riu, mostrando a língua para melhor amiga.
- Pensei que você era um lorde, null. Me senti traída agora. – ela fez careta.
- Tento ser um lorde, mas ainda não sou um polvo. - null riu, concordando com o garoto enquanto pegava a carteira.
A mulher caminhou em direção ao balcão, pegou um lanche pronto e um suco. Foi até a mesa dos amigos e pegou suas coisas para caminharem para a saída do lugar.
- Vou tentar ligar mais uma vez para ela. – equilibrou a comida com o suco e digitou desajeitadamente enquanto caminhavam no aeroporto.
- Alguma novidade? - null perguntou, se sentando no chão próximo a uma janela e vendo as mulheres o encararem.
- null, você realmente quer que a gente sente no meio do aeroporto? No chão? - null perguntou, vendo null concordar. - Vou esganar a null quando ela aparecer, puta merda!
- Eu julgaria o null se eu não estivesse tão cansada assim, vou acabar me sentando também. 18 horas de voo entre escalas, estou morta. – null se rendeu, sentando-se ao lado do rapaz, e voltando a comer seu lanche.
null dirigia o mais rápido que a rodovia a permitia. Ela tentava não olhar o celular e apenas imaginava os piores xingamentos que poderia ouvir das irmãs quando chegasse ao aeroporto.
Pensando que talvez, apenas talvez, elas pudessem estar preocupadas, ela desbloqueou a tela, tentando não perder a atenção na via em sua frente. Com apenas uma mão, buscou o contato de null em seus favoritos e discou.
- Eu te mato agora ou depois? O que aconteceu? Cadê você?
- Eu juro que em 20 minutos estou aí. E já adianto minhas desculpas, deixem para me matar depois, minha consciência já está fazendo o trabalho a princípio.
- Ok, só desliga esse celular logo, aposto que está dirigindo e eu não quero ser a causadora de um acidente. Beijo.
- Chata como sempre. Me esperem do lado de fora, por favor. Logo estou aí. Nem sei onde pegar vocês, mas procurem um lugar que eu possa parar. Beijo.
null desligou o telefone e bufou, sentindo-se culpada pelo atraso. Quase três horas nem eram tanta coisa assim, mas sabia que as irmãs estavam ansiosas e acabariam por ter sido as três horas mais longas de suas vidas, com certeza.
- E aí? O que ela disse? - null perguntou.
- Pediu desculpas, e disse que em 20 minutos está aqui. Vamos para saída, como não conhecemos o lugar, é bom procurarmos um bom ponto de referência que ela possa nos encontrar e estacionar.
- É, é melhor. – null se levantou, pegou sua mochila e o resto das malas e seguiu as outras da forma que pôde, se equilibrando e tentando ser o lorde que brincaram sobre.
Eles caminharam por um tempo, null e null ajudaram null no fim das contas e chegaram até o lado de fora, onde ficaram próximos a uma placa enorme e amarela. Largaram as coisas ali por um momento.
- E então, null, como foi sua partida de Dublin?
- Péssima, eu estou sem chão, sem rumo, não sei o que fazer. – suspirou, chateada.
- Tudo se ajeita no fim, null, não se preocupa. Essa viagem vai servir para você pensar em algo.
- Oi, esses três mendigos viajantes procuram abrigo? Que expressão mais triste que vocês estão aí. - null encostou o carro próximo a eles e abriu o vidro, encarando-os.
- Ridícula, vai ser no deboche mesmo? - null sorriu, um pouco brava.
null fez uma careta. Chamar atenção deveria ser de família. null ouvia música extremamente alta, o que obviamente chamou a atenção das pessoas ao redor, enquanto ela gritava mais alto ainda para que os ouvissem.
- E aí, maluca? Claro que seria triste, mas as desculpas você nos pede depois. Agora vamos logo porque eu estou começando a feder. - null resmungou.
- Isso mesmo, entrem logo e me deem a bronca no caminho. Não posso ficar muito tempo estacionada aqui. - ela falou, destravando o porta-malas e olhando para os lados.
- Abre o porta-malas para mim, por favor? - null pediu.
- Já tá aberto, pirralho.
- Obrigado. - o rapaz resmungou e se dirigiu até a traseira, colocando ali as bagagens. Algumas coisas teriam que ser levadas no colo deles, já que o espaço não era dos maiores.
- Já é uma boa hora para eu pedir desculpas? - null sorriu amarelo depois que todos entraram e ela já tinha conseguido sair da confusão que eram as vias de dentro e em torno do aeroporto. Ela fitou a todos passageiros pelo retrovisor central.
- Sempre. Desembucha. - null tentou empurrar um pouco do peso que estava em suas pernas para o meio e para o lado de null, já que null havia se livrado, se sentando na frente.
- Eu dormi. - null soltou, tentando não rir e acreditar que aquela sua verdade realmente seria uma boa desculpa para as irmãs.
- Isso não me choca em nada, sempre dormiu demais. - null deu um tapinha na perna da irmã, negando com a cabeça.
- Em minha defesa, eu passei a manhã toda arrumando a casa, e cozinhando para ter o que vocês comerem quando chegassem. Acabei pegando no sono, desculpem. - ela riu, tentando aliviar.
- Eu perdoo, tem comida envolvida. - null deu de ombros e null rolou os olhos.
- Você é muito fácil, null, cadê sua dignidade? - null se virou, o encarando.
- Ele nunca teve, principalmente com comida. Oferece comida para você ver se ele não se rende. - null falou.
- Quando vocês comerem, todos vão perder a dignidade. - null riu, se gabando. - Mas e aí, como foram os voos?
- Dormi o voo todo e o null me serviu de travesseiro.
- Sim, até babou no meu ombro.
- Eu não babo.
- E como você vai saber? Você ‘tava dormindo. – ele encarou a garota. - Sorte teve a null que não teve um chato que nem o null durante a viagem.
null e null riram da discussão dos mais novos, e observaram enquanto eles estendiam o assunto por alguns bons minutos.
null estacionou o carro na porta de casa e ouviu todos suspirarem, aliviados. Com certeza estavam aliviados de finalmente terem a oportunidade de um descanso decente.
- Lar, doce lar. Sejam bem-vindos. - null falou, tirando a chave do contato e abrindo a porta para descer.
- Ei, vizinha! Deu tudo certo? Não atropelou ninguém além do seu portão?
- Ah, meu Deus. - null ficou pálida quando percebeu o rapaz que conversava com sua irmã. Abaixou a cabeça, tentando olhar para outro lado. null estranhou.
- Meu Deus, se eu soubesse que você tinha um gato desse de vizinho eu teria vindo há bastante tempo, null. Deus abençoe a Austrália. Por que você nunca me disse?
O rapaz abriu um sorriso sem graça ao ouvi-la, e null rolou os olhos, rindo com a fala descarada da amiga.
- Fica com vergonha não, coração. Beleza tem que ser apreciada. - null foi até a traseira do carro ajudar null a levar as bagagens até a casa. - Ei, null, tá tudo bem? - ela arqueou uma das sobrancelhas, estranhando o estado da irmã.
- Está... - colocou as mãos para esconder o rosto, ajudando null também. - Por que não estaria?
- Sei lá, você tá toda estranha.
- Garota, você. - null frisou. - É estranha. Deixa a null em paz. – null lhe mostrou o dedo do meio.
O vizinho conversava com null, quando reparou de verdade em uma das irmãs e escancarou a boca. Ele conhecia aquele corpo, ele apertou os olhos, e sem dúvida alguma reconheceu. Mas aquilo era coincidência demais...
- null? - a mulher derrubou uma das malas no chão, estabanada. Ele tinha mesmo a reconhecido. Ela se virou, entrando na casa correndo, antes das irmãs.
- Você conhece minha irmã? – null ouviu null dizer ao longe e sentiu que o homem encarava a porta por onde ela passara, mas não ouviu sua resposta.
Ao entrarem na casa e acomodarem as bagagens no canto, null se jogou em um dos sofás, sendo acompanhado por null, que fez o mesmo no outro. A casa era até que espaçosa para uma solteirona, a mais nova pensou. null só queria comer, mas esperaria que a dona da casa os autorizasse a fazer.
- null, o que foi isso? – null entrou na casa, rindo, mas não encontrou a mais velha, que já tinha ido dar uma volta na casa para fugir do assunto. – Bom, sejam bem-vindos. – ela parou na sala, onde a irmã e null estavam jogados. – Vem, vou mostrar a casa e os quartos para vocês. Vocês podem tomar um banho, se quiserem, e então podemos comer.
- A melhor parte de todas. – null comemorou, se levantando em um pulo e pegando algumas malas, seguindo pelo caminho que null apontava, escadas acima.
Capítulo Dois
- Não vai ser todos os dias que isso vai acontecer, mas hoje vou ser boazinha. - null passou no corredor onde ficavam os quartos, aos gritos. - Eu fiz o café da manhã, que na verdade já é um brunch, já que vocês demoram horrores para levantar. Próxima vez que eu me atrasar e vocês reclamarem, vou lembrar o quanto vocês dormem. - ela bateu em cada porta, ouvindo os gemidos de reclamações que todos faziam.
- Jet lag, null, já ouviu falar? - ela ouviu null jogar algo na porta, frustrada.
- Não me importo, estou esperando vocês lá embaixo. - ela começou a descer as escadas, mas logo voltou atrás. - E não me faça te acordar de uma forma pior, null null.
null riu alto, não querendo desafiar a irmã.
- Ainda bem que não tive que buscar ninguém pela orelha, né? - a mulher estava parada em frente a bancada da cozinha, que já tinha diversas coisas para o brunch deles. Ela encarou todos ainda de pijamas, cabelos bagunçados e expressões sonolentas, e riu.
null encarava a irmã. Era muito cedo para o timing da null. Saiu do Canadá para fugir da mãe, mas pelo jeito as coisas não iam mudar muito na Austrália, com null ali. Encarou null ao seu lado e revirou os olhos. O cara parecia ter acordado há horas, embora ainda estivesse de pijama.
- Eu, definitivamente, posso me acostumar com isso. - ele falou pausadamente e riu, sentando-se na primeira banqueta que alcançara.
- Não pode não. Não sou boazinha assim, é só o primeiro dia. - a mulher andou até o garoto e deu um tapa de leve em sua cabeça. - E tenta não derrubar cabelo na minha comida. - null riu da situação.
- Bom dia! - null entrou no local, e se sentou, sonolenta. – Eu vou sofrer muito com esse fuso horário.
- Só os primeiros dias, logo você acostuma. Prometo que não vou continuar acordando vocês no susto, mas imagino que vocês queiram conhecer o restaurante, hoje é um bom dia. Podemos comer, dou uma volta para vocês verem o centro, e vamos para lá. Posso mostrar como são as coisas. - ela deu de ombros. A mulher estava feliz em poder finalmente mostrar seu lugar dos sonhos para as irmãs.
- Agradeço muito por isso. Estou louca para conhecer, você fala muito que o A&A é sua cara e só pelas fotos que eu vi, acho mesmo. - |null sorriu, servindo-se de um pouco de leite.
- Nós vamos comer lá? - null perguntou, fazendo as garotas rirem.
- Só vou se a null me alimentar com uma de suas receitas. Estou com saudade. - null riu enquanto encarava a irmã.
- Eu vou, prometo. Mas queria dizer que a noite a null cozinha. Quero comer a comida dela, nem que seja miojo. Me lembra adolescência. - null respondeu, encarando a irmã mais velha.
- Pois é só o que eu sei fazer mesmo, a chef da família é você. - null deu de ombros.
- Que situação deplorável, sentir falta de miojo. – null riu do que null disse, mas logo parou. - Tenho certeza que a null sabe fazer delícias também, já que viajou para vários lugares diferentes e experimentou coisas novas. Aliás, como era a comida do lugar onde você foi pela última vez? Conheceu alguém por lá? - balançou as sobrancelhas sugestivamente.
- null, uma opção a menos no restaurante para você. - null comentou, antes de null responder. O garoto revirou os olhos.
null teve um ataque de tosse, havia se engasgado com o a bebida que tomava. null se levantou, tentando a fazer voltar a si.
- Eu vivo a base de comida congelada, null. - comentou com um fio de voz, recuperada da crise de instantes atrás, mas ignorando a menção das viagens que já fez.
- Meu Deus, que vergonha. – null se levantou. - Eu, por outro lado, sempre tive o null. Eu era o ratinho de laboratório dele, que testava todas as comidas que ele fazia e, null, acho que você está perdendo seu posto de melhor cozinheira na minha vida.
- Acho que a null é muito fechada para contar da vida dela para gente, null. - null cutucou, brincando, antes de seguir o assunto. - Como assim, null? Você cozinha? - ela perguntou, encarando o amigo da irmã, que enrubesceu.
- null está exagerando, como sempre. - ele respondeu, sem entrar em detalhes.
- Então temos o cozinheiro da noite. - null sorriu, aliviada que os holofotes da conversa tinham mudado.
- O garoto veio para passar as férias e agora está sendo cotado cozinhar à noite. Boa sorte, a null pode levar isso como competição. - deu uma cutucada de leve no ombro do amigo enquanto passava por ele.
- Sem pressão, só quero adicionar que agradar uma chefe é difícil. - null comentou.
- Duvido, se é uma chefe que sente falta de miojo. - ele soltou sem pensar muito.
- Se você não tem boas lembranças relacionadas a qualquer comida, tem muito a aprender. - ela deu de ombros e encarou null, que sustentou seu olhar. null bufou, desviando os olhos para comida novamente, enquanto null sorria, vitoriosa.
- Então, eu já terminei, estou pronta para conhecer Melbourne. - null comentou, deixando o clima leve novamente.
- De pijama? - null perguntou, apontando para roupa de null. - Não sei, mas acho que o pessoal vai achar um pouco diferente. Sei que são turistas, mas né... É meio exagerado. Apesar que, acho que o vizinho vai gostar de ver suas pernas.
- Eu vou me trocar. – levantou-se num pulo, indo em direção ao quarto, ignorando a menção ao vizinho.
- Eu vou também. - null seguiu a irmã.
- Vai, pirralho. Aproveita a deixa. - null falou para null, que revirou os olhos e subiu atrás de null e null.
- Vamos então? - null perguntou, parada na porta com as chaves em mãos.
null passou pela irmã, puxando null consigo. Ao sair, null deu de cara com o vizinho gostosão de null, que vinha de uma caminhada e entrava em casa.
- Que bela bunda seu vizinho tem, null. - ela riu, enquanto olhava do vizinho para null. null bateu na testa, desacreditado.
- Eu bem sei, ele é uma graça. Mas nunca tentei nada. - ela deu de ombros, vendo null tropeçar no último degrau.
- Que bom... quero dizer... - embananou-se nas palavras. - Nem uma casquinha?
- Nem uma casquinha, null. Se tiver interesse, posso falar com ele. - a mulher trancou a porta e desceu, passando por todos para abrir o carro. - Somos vizinhos há bastante tempo, acho que posso tentar apresentar vocês. Ele não vai ligar, é sozinho pelo que sempre conversamos. - falou, tentando envergonhar a irmã, sabendo que funcionaria.
- NÃO! - sentiu as bochechas esquentarem. - Não precisa, estou bem. - abriu um sorriso forçado.
- Se você diz... - null riu.
- Se ela não quer, eu quero. - null gritou da porta do carro.
- Cala a boca, null – null não queria ouvir mais a história do vizinho, supostamente, gostoso de null.
- Mas, null... Tirar a teia de aranha é bom, viu? Acredito que você precise mais que a null. Se dê oportunidades nessa viagem, você nunca mais vai ver a pessoa de novo mesmo.
- Eu já fiz isso uma vez e acredite, eu não tenho tanta certeza disso. - comentou, enigmática. - Eu quero curtir, vamos logo para esse restaurante?
- Vamos. - null falou, vendo que todos já estavam dentro do carro e de cinto. A mulher ligou o carro e acelerou, logo freando novamente, em frente à casa do vizinho, onde ele pegava a mangueira. - Ei, null! - ela abaixou o vidro, vendo-o encarar o carro com um sorriso de lado. Ele olhou para null, tentando desviar os olhos de null. - Se for jogar água no seu jardim, pode fazer o mesmo no meu? - ela fez bico, rindo, enquanto null respirava fundo ao seu lado.
- Ei, null. Olá, gente. – cumprimentou. null mexeu-se no banco de forma desconfortável e respondeu ao cumprimento do homem com um aceno de cabeça. - Pode deixar, faço sim. Bom passeio a vocês! - acenou, tendo uma resposta positiva. O carro começou a se movimentar novamente.
null acelerou, ainda rindo.
null, null e null encaravam ao redor, tentando gravar cada rua que o carro virava. null dirigiu por uma longa avenida durante um tempo, e em pouco tempo, eles estavam cercados por uma selva de pedra. Tinham prédios e mais prédios ao redor deles.
null explicava brevemente sobre os lugares por onde passavam, comentando como conhecia cada um ali em volta, mas que logo chegariam ao centro e ali tudo era diferente. Melbourne era realmente uma cidade incrível, que todos ali ansiavam em guardar memórias.
- Essa é a Federation Square. - null apontou para os prédios que ficavam em uma extensa praça em formato de “U”. - Com certeza vamos passar bastante por aqui. É onde ficam diversos dos pontos turísticos, como museus e prédios históricos. Temos que nos programar, para que vocês visitem tudo. É bem legal, mesmo. Não é só velharia, tem bastante coisa atualizada.
- Até porque de velharia, já bastam você e a null aqui, não é? - null brincou, rindo. - E até essa música de 2010 tocando no rádio.
null o olhou enquanto tinha a boca aberta, raciocinando o que ele disse.
- E o respeito pelos mais velhos, cadê? Vou te despachar para o Canadá de volta, hein? - null brincou, arrancando um olhar assustado do rapaz.
- E a null vai de brinde, por trazer esse desaforado para cá. - null riu, entrando na brincadeira. - “Não, vai ser legal...”, “É o null, vocês já o conhecem, sabem que ele é legal”. - a irmã do meio falou, fazendo aspas com a mão livre.
- Há, há, há - a garota revirou os olhos do banco de trás.
- Posso voltar para o tour, ou as crianças tem mais algum comentário engraçadinho? - null perguntou, encarando null pelo retrovisor central. Ele apenas balançou a mão, como se desse permissão, o que fez as mais velhas revirarem os olhos.
- O restaurante não fica muito distante daqui. - null comentou, estacionando o carro próximo a um centro que parecia abrigar diversos restaurantes e bares interessantes. - Vamos andando. - ela desligou o motor, tirando a chave. - Depois, na volta, passo pela praia com vocês.
- Era para eu ter trazido meu biquíni. - a mais nova lamentou.
- Só vou passar pela praia, null. - null riu. - Não vamos ficar por lá. Acho que temos que ir mais cedo para vocês aproveitarem.
- Concordo, o sol de antes das 10 é o mais saudável, então se preparem para levantar cedinho amanhã. - null comentou, arrancando caretas de todos. - Qual é, gente?
- Não pode ser quando o Jet Lag for embora? - null reclamou.
- Não. - null abriu um sorrisinho fechado, fazendo null e null revirarem os olhos.
- Vamos logo, discutimos depois. - null riu, colocando a mão nos ombros de null e a puxando junto a ela no caminho.
Os quatro passaram por algumas poucas ruas, observando todos os detalhes a que podiam se apegar.
Após poucos minutos, se depararam com o logo tão divulgado por null do A&A. null sorriu animada, vendo a expressão dos visitantes. Ela encarou a porta de madeira e colocou sua mão no puxador, empurrando-a. null sorriu para o restaurante, sempre com os olhos sonhadores da primeira vez que o vira pronto, da forma como tanto queria.
O restaurante tinha um estilo um pouco antigo, todo trabalhado em madeira, mas ainda sem perder a personalidade moderna. Diversas mesas estavam espalhadas na primeira sala de entrada, assim como do outro lado da parede que dividia o lugar.
Ao fundo, era possível ver o bar. Afinal, um bar era tudo que não poderia faltar ali, de acordo com o próprio lugar. Ela viu seus funcionários a encararem, com sorrisos nos rostos. Viu um dos bartenders acenar enquanto preparava um drink para uma mulher, que parecia estar ali pela primeira vez, já que admirava as prateleiras de bebidas que ficavam ainda mais chamativas com a iluminação acima de suas cabeças, apesar de ter também a iluminação natural do dia.
null e null olhavam tudo deslumbrados. null pelo orgulho imenso que sentia da irmã e null por aquilo assemelhar-se muito com o que ele idealizava se um dia fosse ter um restaurante seu. Apesar de não ter muita intimidade com null, não podia negar que tudo era de bom gosto e ela era uma chef excelente. Já chegou a ler alguns artigos dela na internet e a forma com que ela descrevia tudo o que fazia, demonstrava o quanto amava aquilo que fazia.
null sentia um orgulho tão grande da irmã mais nova, estava muito feliz por ela estar vivendo aquilo que sempre sonhou, tudo era muito a cara dela, desde a decoração até as luzes, posições das janelas. O cheiro da comida também estava irresistível, e estava a deixando com fome novamente.
- Vou mostrar tudo para vocês, vem, vamos até a cozinha. - null falou, animando-se ainda mais. Ela viu os olhos de seus visitantes, parecendo tentar acompanhar tudo que tinha ali. - Reunião rápida aqui na cozinha. - ela comentava baixo, pedindo para quem conseguisse segui-la.
null abriu a porta da cozinha, sempre cumprimentando todos que passavam por eles, os chamando, aproveitando que o lugar ainda não estava tão cheio.
- null, não sabíamos que viria. - Luke sorriu, aproximando-se da chefe com um abraço.
- As melhores visitas são as surpresas, certo? - ela riu, vendo o homem concordar. - Obrigada a todos que me acompanharam. - ela agradeceu, olhando para as, aproximadamente, quinze pessoas que tinham ali. Mais funcionários chegavam para noite, quando era bem mais movimentado.
- Imagina só se o cara tivesse fazendo coisa errada. – null cochichou para que só null ouvisse e ambos riram.
- Como sabem, eu estarei um pouco mais afastada nesses próximos dois meses. Já conversamos, e já está tudo certo, mas fiz questão de vir apresentar meu motivo para vocês. - a mulher riu, vendo os funcionários a acompanharem. - Sei que Luke fará um ótimo trabalho aqui, sendo sempre meu braço direito. - ela piscou para o homem, que sorriu, orgulhoso. - Essas são minhas irmãs null, e null. - ela apontou para as mulheres. - E esse é null. - ela se virou para eles. - E apresento para vocês, minha família de Melbourne. - ela direcionou os braços para todos que estavam ali.
- É um prazer conhecer as pessoas incríveis que trabalham para a null. - null sorriu, cumprimentando a todos.
- Oi, prazer. - null os cumprimentou brevemente.
- Vou deixar vocês trabalharem, só queria apresentá-los. - null comentou. - Vou sentar com eles na mesa 03.
- A de sempre. - Jane, uma das garçonetes, riu. - Vou atendê-los. - null concordou com a cabeça, rindo.
- null, posso falar com você um minuto? - Luke falou, e a mulher assentiu.
- Jane, pode acompanhá-los até a mesa, por favor? - a mulher concordou, passando pela porta e esperando para seguir com eles até a frente do restaurante, onde a dona gostava de sentar.
- Se eu falar que estou orgulhosa dela, serei muito babona? - null sentou-se à mesa junto com os outros dois.
- Claro que não, pois eu me sinto da mesma forma. O lugar é sensacional. Eu detesto fotos de pratos postados em rede social, mas esse eu faço questão de postar. - null mexia nos enfeites da mesa enquanto null olhava ao redor. -Você e o Instagram é um caso de amor mesmo. - null revirou os olhos.
- Desculpa, gente. - null chegou, sentando-se ao lado de null. - E aí? O que acharam?
- Maravilhoso, estou muito feliz por você. Um abraço? - null fez um biquinho fofo.
- Até dois. - null riu, abraçando a irmã.
- É muito legal, null. Dá até vontade de realmente seguir nessa profissão. Pena que não é nada fácil ter um lugar assim. - null riu.
- Não é mesmo. Mas vale o esforço. - ela respondeu.
null prestava atenção na conversa.
- null, conta um pouquinho para o null como foi sua trajetória aqui na Austrália, vai que inspira. - null sorriu.
- Não é uma má ideia. - null sorriu. - Se você quiser, posso te ajudar a ver se é o que você quer. Se é uma opção que você realmente considera, posso te ajudar a decidir. Eu não me formei aqui, mas tem vários cursos legais que conheci, e conheço bastante gente também. Confesso que foi difícil abrir o meu, passei por bastante coisa em um ano, batalhando, mas valeu cada centavo do que investi.
- Acho que uma ajuda vai bem. - ele sorriu, concordando. - E sua equipe? É tranquilo? Tipo, deixar o restaurante aqui e tirar “férias”?
- O coração aperta, mas sempre estou de olho. E Luke no comando me deixa mais tranquila, ele está aqui desde o início comigo, então conhece tudo tanto quanto eu.
- Você e esse Luke já... - null fez uma cara maliciosa, arrancando risadinhas de null.
- Ah... Com certeza. - null riu. - Nunca assumimos nada sério, mas o restaurante tem história.
- Finalmente! - null gargalhou, lançando um olhar malicioso para irmã, enquanto null revirava os olhos da conversa. - Se acostuma, null, viver com três mulheres vai ser isso o tempo todo.
- Prometemos não te enlouquecer, tá? Talvez um pouquinho, mas você é forte, e um lorde. - piscou ao rapaz. - O que nos indica a pedir, null? Confesso que estou faminta com esse cheiro de comida.
- Os lanches são ótimos. Vou pedir os cardápios. - a mulher acenou para Jane, que prontamente se aproximou.
- Fico feliz que vocês tenham gostado. - null comentou, abrindo a porta do carro.
- Ainda estou passando mal de tanto que comi. - null falou, fazendo expressão de nojo. - Meu estômago vai explodir, null.
- Estou do mesmo jeito, caminhar pela praia será ótimo, porque minha vontade é de dormir a tarde inteira.
- Eu não sei se aguento caminhar. - null reclamou, largado no banco, tentando colocar o cinto.
- Vocês são muito moles. - null riu, dando partida no carro.
null seguiu pelo tour básico que dava a eles, comentando sobre alguns lugares enquanto passeavam com o carro pelas ruas. O dia já estava começando a ir embora, e o céu ficava cada vez mais bonito.
Quando chegaram à avenida que beirava a praia, todos encararam a junção do céu com o mar, contrastando com a areia fina e branca. Um sorriso tomou conta de cada um dos rostos, sentindo a brisa do lugar.
- Vamos dar uma caminhada então? - null perguntou, dando seta para estacionar.
- Com certeza. - null falou, animada.
Desceram do carro e começaram a caminhar pela areia que além de branquinha era macia. null ia apresentando as casinhas coloridas que eram o charme dali.
- Olha! Aquela ali. - ela apontou para um dos locais próximos aonde estavam. - É a loja de artigos para surf do null. Sempre fico próxima daqui quando venho.
- null, o vizinho gostoso? - null perguntou. - Gostoso e surfista, como você não fez nada, null? - a menor rolou os olhos.
- Estou ficando cansada, podemos ir embora? - de repente a vontade de caminhar de null havia sumido.
- Mas a gente acabou de chegar. - null comentou. - E olha que quem estava morto era eu.
- O sol me desanimou muito, está muito quente, sabe? Não gosto de sol quente. - inventou uma desculpa qualquer.
- null, nem tem sol direito. São cinco da tarde. - null a encarou, parando de andar.
- Bom... É o Jet Lag, sabe? Podemos ir? - null suplicou com o olhar.
- Tudo bem. - null concordou, estranhando a irmã mais uma vez desde que eles haviam chegado.
- Estranho. - null comentou para null, que concordou veemente com a cabeça.
Já em casa, todos desceram do carro, ainda em silêncio. null e null conversavam algumas poucas palavras entre eles, mas o clima parecia estranho.
null encarava a casa ao lado parecendo querer vomitar. null e null a observavam e trocavam olhares entre si.
- null, precisamos de um papo de irmãs. Tudo bem? - null falou para o amigo, enquanto null e null entravam na casa.
- Claro, mas depois você me conta, isso tá bizarro. - ele comentou, passando a frente delas e subindo rapidamente as escadas. - Vou tomar um banho, gente. - anunciou, já no segundo andar.
- null, se você não for vomitar, com essa expressão que está, vamos lá. Abre seu coração. - null sorriu, colocando a mão sobre o ombro da irmã e a direcionando para o sofá, como se ela não tivesse escolha.
- Que você conhece o vizinho, você já deixou claro, mas tá fugindo por quê? - null falou, vendo a irmã mais velha rolar os olhos.
- Ok, se eu não contar a vocês eu vou sufocar... - suspirou fundo. - Lembra do meu intercambio para o Peru há uns bons anos atrás? - as irmãs assentiram. - Eu o conheci lá...
- CARALHO. - null não se conteve. - E foi achar o cara aqui de novo NA AUSTRÁLIA? - null riu, mandando a menor ficar quieta.
- Pois é, eu ainda estou sem acreditar na minha falta de sorte. Eu estava em uma vibe completamente diferente, e em uma festa com os intercambistas eu o vi, e a gente ficou, mas não foi uma ficada convencional, digamos que em menos de poucas horas que nos conhecemos eu já estava em sua cama.
- Uau. - null riu, boquiaberta. - Essa é uma null que eu não conheci.
- Mas eu já adorei, histórias do passado vindo à tona me fascinam. - null riu, acompanhando a irmã.
- Por que fugir dele? - null perguntou. - Sei que deve ter sido uma ficada e tanto, mas depois de tantos anos, tem motivo para fugir? O null é bem bacana. - a mulher repensou, começando a rir ainda mais. - Agora entendi o motivo do desespero em saber se eu tinha ficado com ele. Nossa, graças a Deus que não fiquei. - ela adicionou.
- Ai só iria faltar eu a pegar o vizinho, poxa. – null comentou com um sorrisinho safado.
- Bobas. – sorriu. - Nossa história não teve um ponto final, entende? Ele me lembra coisas que eu não estou pronta para reviver.
- Mas eu acho que você não vai ter opção. - null falou, vendo null concordar.
- São suas férias, aproveita para colocar os pingos nos I's.
- Eu não sei... É muito complicado, eu vim para cá para relaxar, para saber o que eu vou fazer da vida...
- Existem várias formas de relaxar... - null sorriu balançando as sobrancelhas, fazendo todas rirem.
- Você não presta, mulher. - null falou. - Acho que você tem mais experiência que nós duas, não é possível. - null abaixou a cabeça, envergonhada.
- Sabe o que a gente precisa para espairecer? - null falou. - Um show. Nós três sempre gostamos de um bom show. Vamos achar algum para ir?
- Sim! - null se animou. - Eu posso procurar e falo para vocês.
- Nada de estranho, procure algo legal, null. - null advertiu.
- Pode deixar, bar de streap tease riscado da lista. - a mais nova sorriu animada, já com o celular na mão.
- Ei. – null falou, vendo null entrar na cozinha.
- Oi. Cadê a null e a null? – o garoto perguntou, sentando-se próximo a bancada e observando enquanto null pegava algo na geladeira. – Ei, eu não ia fazer a janta?
- As meninas estão mortas, elas foram dormir, achei que você também tinha feito isso.
- Não, não ‘tô com sono. Estava falando com a minha mãe um pouco.
- Pirralho da mamãe. – a mulher brincou, vendo null revirar os olhos.
- Vai, deixa eu te ajudar pelo menos. – ele se levantou, andando até o armário e pegando uma tábua. – Posso cortar as coisas?
- Todo ajudante começa assim, é uma boa. Se você souber cortar, posso pensar em te ajudar a fazer o resto. – ela deu de ombros, entregando a ele alguns temperos e vegetais.
- Todo chef é chato assim mesmo? Achei que era um papel para televisão. – ele reclamou, mostrando a língua.
- Somos todos chatos, cabe a você decidir se quer ser chato também.
- Que bela impressão você está me dando para escolher meu futuro. – resmungou. – Como você escolheu que era o que você queria?
- Sendo sincera, null? Eu só sabia. – ela sorriu, amava falar sobre cozinha, era inevitável. – Eu acho que quem gosta disso, sempre sabe. Mas tem aquela voz na cabeça duvidando de si mesmo, e sempre pensando no que os outros vão achar, e em como pode ser difícil ser alguém nesse meio.
- Não acho que isso aconteça comigo.
- Você tem certeza? – ela pressionou.
- É que... – o garoto respirou fundo e soltou a faca. – Ai. – ele reclamou, levando o dedo até a boca. – Caralho, como eu fiz isso? Eu nem senti. – null tinha lágrimas involuntárias nos olhos.
- Olha, você estava indo bem. – null riu, pegando a batata cortada exatamente da forma como ela fazia. – Deixa eu ver. – ela pegou a mão do garoto e passou a mão levemente por cima do corte que sangrava. – Coloca na água corrente um pouco, vou pegar um band-aid.
- Não precisa. – ele reclamou, se sentindo um idiota.
- Não seja bobo, null. Se cortar na cozinha é normal, mas não é por isso que não precisa colocar um band-aid. E já aviso que não vai fugir, ok? Vai continuar cozinhando com o band-aid. – ela se aproximou novamente, tocando o ombro do garoto para que se afastasse da pia e voltasse para onde estava sentado.
- Me sinto meio tonto, só isso. – null pegou a mão do garoto e puxou uma gaze de sua malinha de produtos farmacêuticos e curativos, limpando o pouco sangue que escorria do fino corte. – Talvez isso não seja para mim mesmo.
- Por causa de um corte, null? – ela gargalhou, negando com a cabeça.
- Não né, null. – ele riu discretamente. - Pelos pensamentos que me fizeram me cortar. Acho que realmente me importo com a opinião dos outros.
- Não deveria. – ela piscou e o garoto sorriu, assentindo. – Vou te mostrar que você pode fazer isso e surpreender a todos, okay? Minha meta das férias.
- Você até que não é tão chata assim, achei que seria pior. – ele brincou, debochando da mulher.
- Ah, então se prepare. Na próxima, eu mesma vou te cortar com essa faca. – ela fechou a maleta e o acertou com os pequenos pedaços de gaze suja que estavam ali. – Vai, volta a trabalhar, pirralho.
- Jet lag, null, já ouviu falar? - ela ouviu null jogar algo na porta, frustrada.
- Não me importo, estou esperando vocês lá embaixo. - ela começou a descer as escadas, mas logo voltou atrás. - E não me faça te acordar de uma forma pior, null null.
null riu alto, não querendo desafiar a irmã.
- Ainda bem que não tive que buscar ninguém pela orelha, né? - a mulher estava parada em frente a bancada da cozinha, que já tinha diversas coisas para o brunch deles. Ela encarou todos ainda de pijamas, cabelos bagunçados e expressões sonolentas, e riu.
null encarava a irmã. Era muito cedo para o timing da null. Saiu do Canadá para fugir da mãe, mas pelo jeito as coisas não iam mudar muito na Austrália, com null ali. Encarou null ao seu lado e revirou os olhos. O cara parecia ter acordado há horas, embora ainda estivesse de pijama.
- Eu, definitivamente, posso me acostumar com isso. - ele falou pausadamente e riu, sentando-se na primeira banqueta que alcançara.
- Não pode não. Não sou boazinha assim, é só o primeiro dia. - a mulher andou até o garoto e deu um tapa de leve em sua cabeça. - E tenta não derrubar cabelo na minha comida. - null riu da situação.
- Bom dia! - null entrou no local, e se sentou, sonolenta. – Eu vou sofrer muito com esse fuso horário.
- Só os primeiros dias, logo você acostuma. Prometo que não vou continuar acordando vocês no susto, mas imagino que vocês queiram conhecer o restaurante, hoje é um bom dia. Podemos comer, dou uma volta para vocês verem o centro, e vamos para lá. Posso mostrar como são as coisas. - ela deu de ombros. A mulher estava feliz em poder finalmente mostrar seu lugar dos sonhos para as irmãs.
- Agradeço muito por isso. Estou louca para conhecer, você fala muito que o A&A é sua cara e só pelas fotos que eu vi, acho mesmo. - |null sorriu, servindo-se de um pouco de leite.
- Nós vamos comer lá? - null perguntou, fazendo as garotas rirem.
- Só vou se a null me alimentar com uma de suas receitas. Estou com saudade. - null riu enquanto encarava a irmã.
- Eu vou, prometo. Mas queria dizer que a noite a null cozinha. Quero comer a comida dela, nem que seja miojo. Me lembra adolescência. - null respondeu, encarando a irmã mais velha.
- Pois é só o que eu sei fazer mesmo, a chef da família é você. - null deu de ombros.
- Que situação deplorável, sentir falta de miojo. – null riu do que null disse, mas logo parou. - Tenho certeza que a null sabe fazer delícias também, já que viajou para vários lugares diferentes e experimentou coisas novas. Aliás, como era a comida do lugar onde você foi pela última vez? Conheceu alguém por lá? - balançou as sobrancelhas sugestivamente.
- null, uma opção a menos no restaurante para você. - null comentou, antes de null responder. O garoto revirou os olhos.
null teve um ataque de tosse, havia se engasgado com o a bebida que tomava. null se levantou, tentando a fazer voltar a si.
- Eu vivo a base de comida congelada, null. - comentou com um fio de voz, recuperada da crise de instantes atrás, mas ignorando a menção das viagens que já fez.
- Meu Deus, que vergonha. – null se levantou. - Eu, por outro lado, sempre tive o null. Eu era o ratinho de laboratório dele, que testava todas as comidas que ele fazia e, null, acho que você está perdendo seu posto de melhor cozinheira na minha vida.
- Acho que a null é muito fechada para contar da vida dela para gente, null. - null cutucou, brincando, antes de seguir o assunto. - Como assim, null? Você cozinha? - ela perguntou, encarando o amigo da irmã, que enrubesceu.
- null está exagerando, como sempre. - ele respondeu, sem entrar em detalhes.
- Então temos o cozinheiro da noite. - null sorriu, aliviada que os holofotes da conversa tinham mudado.
- O garoto veio para passar as férias e agora está sendo cotado cozinhar à noite. Boa sorte, a null pode levar isso como competição. - deu uma cutucada de leve no ombro do amigo enquanto passava por ele.
- Sem pressão, só quero adicionar que agradar uma chefe é difícil. - null comentou.
- Duvido, se é uma chefe que sente falta de miojo. - ele soltou sem pensar muito.
- Se você não tem boas lembranças relacionadas a qualquer comida, tem muito a aprender. - ela deu de ombros e encarou null, que sustentou seu olhar. null bufou, desviando os olhos para comida novamente, enquanto null sorria, vitoriosa.
- Então, eu já terminei, estou pronta para conhecer Melbourne. - null comentou, deixando o clima leve novamente.
- De pijama? - null perguntou, apontando para roupa de null. - Não sei, mas acho que o pessoal vai achar um pouco diferente. Sei que são turistas, mas né... É meio exagerado. Apesar que, acho que o vizinho vai gostar de ver suas pernas.
- Eu vou me trocar. – levantou-se num pulo, indo em direção ao quarto, ignorando a menção ao vizinho.
- Eu vou também. - null seguiu a irmã.
- Vai, pirralho. Aproveita a deixa. - null falou para null, que revirou os olhos e subiu atrás de null e null.
- Vamos então? - null perguntou, parada na porta com as chaves em mãos.
null passou pela irmã, puxando null consigo. Ao sair, null deu de cara com o vizinho gostosão de null, que vinha de uma caminhada e entrava em casa.
- Que bela bunda seu vizinho tem, null. - ela riu, enquanto olhava do vizinho para null. null bateu na testa, desacreditado.
- Eu bem sei, ele é uma graça. Mas nunca tentei nada. - ela deu de ombros, vendo null tropeçar no último degrau.
- Que bom... quero dizer... - embananou-se nas palavras. - Nem uma casquinha?
- Nem uma casquinha, null. Se tiver interesse, posso falar com ele. - a mulher trancou a porta e desceu, passando por todos para abrir o carro. - Somos vizinhos há bastante tempo, acho que posso tentar apresentar vocês. Ele não vai ligar, é sozinho pelo que sempre conversamos. - falou, tentando envergonhar a irmã, sabendo que funcionaria.
- NÃO! - sentiu as bochechas esquentarem. - Não precisa, estou bem. - abriu um sorriso forçado.
- Se você diz... - null riu.
- Se ela não quer, eu quero. - null gritou da porta do carro.
- Cala a boca, null – null não queria ouvir mais a história do vizinho, supostamente, gostoso de null.
- Mas, null... Tirar a teia de aranha é bom, viu? Acredito que você precise mais que a null. Se dê oportunidades nessa viagem, você nunca mais vai ver a pessoa de novo mesmo.
- Eu já fiz isso uma vez e acredite, eu não tenho tanta certeza disso. - comentou, enigmática. - Eu quero curtir, vamos logo para esse restaurante?
- Vamos. - null falou, vendo que todos já estavam dentro do carro e de cinto. A mulher ligou o carro e acelerou, logo freando novamente, em frente à casa do vizinho, onde ele pegava a mangueira. - Ei, null! - ela abaixou o vidro, vendo-o encarar o carro com um sorriso de lado. Ele olhou para null, tentando desviar os olhos de null. - Se for jogar água no seu jardim, pode fazer o mesmo no meu? - ela fez bico, rindo, enquanto null respirava fundo ao seu lado.
- Ei, null. Olá, gente. – cumprimentou. null mexeu-se no banco de forma desconfortável e respondeu ao cumprimento do homem com um aceno de cabeça. - Pode deixar, faço sim. Bom passeio a vocês! - acenou, tendo uma resposta positiva. O carro começou a se movimentar novamente.
null acelerou, ainda rindo.
null, null e null encaravam ao redor, tentando gravar cada rua que o carro virava. null dirigiu por uma longa avenida durante um tempo, e em pouco tempo, eles estavam cercados por uma selva de pedra. Tinham prédios e mais prédios ao redor deles.
null explicava brevemente sobre os lugares por onde passavam, comentando como conhecia cada um ali em volta, mas que logo chegariam ao centro e ali tudo era diferente. Melbourne era realmente uma cidade incrível, que todos ali ansiavam em guardar memórias.
- Essa é a Federation Square. - null apontou para os prédios que ficavam em uma extensa praça em formato de “U”. - Com certeza vamos passar bastante por aqui. É onde ficam diversos dos pontos turísticos, como museus e prédios históricos. Temos que nos programar, para que vocês visitem tudo. É bem legal, mesmo. Não é só velharia, tem bastante coisa atualizada.
- Até porque de velharia, já bastam você e a null aqui, não é? - null brincou, rindo. - E até essa música de 2010 tocando no rádio.
null o olhou enquanto tinha a boca aberta, raciocinando o que ele disse.
- E o respeito pelos mais velhos, cadê? Vou te despachar para o Canadá de volta, hein? - null brincou, arrancando um olhar assustado do rapaz.
- E a null vai de brinde, por trazer esse desaforado para cá. - null riu, entrando na brincadeira. - “Não, vai ser legal...”, “É o null, vocês já o conhecem, sabem que ele é legal”. - a irmã do meio falou, fazendo aspas com a mão livre.
- Há, há, há - a garota revirou os olhos do banco de trás.
- Posso voltar para o tour, ou as crianças tem mais algum comentário engraçadinho? - null perguntou, encarando null pelo retrovisor central. Ele apenas balançou a mão, como se desse permissão, o que fez as mais velhas revirarem os olhos.
- O restaurante não fica muito distante daqui. - null comentou, estacionando o carro próximo a um centro que parecia abrigar diversos restaurantes e bares interessantes. - Vamos andando. - ela desligou o motor, tirando a chave. - Depois, na volta, passo pela praia com vocês.
- Era para eu ter trazido meu biquíni. - a mais nova lamentou.
- Só vou passar pela praia, null. - null riu. - Não vamos ficar por lá. Acho que temos que ir mais cedo para vocês aproveitarem.
- Concordo, o sol de antes das 10 é o mais saudável, então se preparem para levantar cedinho amanhã. - null comentou, arrancando caretas de todos. - Qual é, gente?
- Não pode ser quando o Jet Lag for embora? - null reclamou.
- Não. - null abriu um sorrisinho fechado, fazendo null e null revirarem os olhos.
- Vamos logo, discutimos depois. - null riu, colocando a mão nos ombros de null e a puxando junto a ela no caminho.
Os quatro passaram por algumas poucas ruas, observando todos os detalhes a que podiam se apegar.
Após poucos minutos, se depararam com o logo tão divulgado por null do A&A. null sorriu animada, vendo a expressão dos visitantes. Ela encarou a porta de madeira e colocou sua mão no puxador, empurrando-a. null sorriu para o restaurante, sempre com os olhos sonhadores da primeira vez que o vira pronto, da forma como tanto queria.
O restaurante tinha um estilo um pouco antigo, todo trabalhado em madeira, mas ainda sem perder a personalidade moderna. Diversas mesas estavam espalhadas na primeira sala de entrada, assim como do outro lado da parede que dividia o lugar.
Ao fundo, era possível ver o bar. Afinal, um bar era tudo que não poderia faltar ali, de acordo com o próprio lugar. Ela viu seus funcionários a encararem, com sorrisos nos rostos. Viu um dos bartenders acenar enquanto preparava um drink para uma mulher, que parecia estar ali pela primeira vez, já que admirava as prateleiras de bebidas que ficavam ainda mais chamativas com a iluminação acima de suas cabeças, apesar de ter também a iluminação natural do dia.
null e null olhavam tudo deslumbrados. null pelo orgulho imenso que sentia da irmã e null por aquilo assemelhar-se muito com o que ele idealizava se um dia fosse ter um restaurante seu. Apesar de não ter muita intimidade com null, não podia negar que tudo era de bom gosto e ela era uma chef excelente. Já chegou a ler alguns artigos dela na internet e a forma com que ela descrevia tudo o que fazia, demonstrava o quanto amava aquilo que fazia.
null sentia um orgulho tão grande da irmã mais nova, estava muito feliz por ela estar vivendo aquilo que sempre sonhou, tudo era muito a cara dela, desde a decoração até as luzes, posições das janelas. O cheiro da comida também estava irresistível, e estava a deixando com fome novamente.
- Vou mostrar tudo para vocês, vem, vamos até a cozinha. - null falou, animando-se ainda mais. Ela viu os olhos de seus visitantes, parecendo tentar acompanhar tudo que tinha ali. - Reunião rápida aqui na cozinha. - ela comentava baixo, pedindo para quem conseguisse segui-la.
null abriu a porta da cozinha, sempre cumprimentando todos que passavam por eles, os chamando, aproveitando que o lugar ainda não estava tão cheio.
- null, não sabíamos que viria. - Luke sorriu, aproximando-se da chefe com um abraço.
- As melhores visitas são as surpresas, certo? - ela riu, vendo o homem concordar. - Obrigada a todos que me acompanharam. - ela agradeceu, olhando para as, aproximadamente, quinze pessoas que tinham ali. Mais funcionários chegavam para noite, quando era bem mais movimentado.
- Imagina só se o cara tivesse fazendo coisa errada. – null cochichou para que só null ouvisse e ambos riram.
- Como sabem, eu estarei um pouco mais afastada nesses próximos dois meses. Já conversamos, e já está tudo certo, mas fiz questão de vir apresentar meu motivo para vocês. - a mulher riu, vendo os funcionários a acompanharem. - Sei que Luke fará um ótimo trabalho aqui, sendo sempre meu braço direito. - ela piscou para o homem, que sorriu, orgulhoso. - Essas são minhas irmãs null, e null. - ela apontou para as mulheres. - E esse é null. - ela se virou para eles. - E apresento para vocês, minha família de Melbourne. - ela direcionou os braços para todos que estavam ali.
- É um prazer conhecer as pessoas incríveis que trabalham para a null. - null sorriu, cumprimentando a todos.
- Oi, prazer. - null os cumprimentou brevemente.
- Vou deixar vocês trabalharem, só queria apresentá-los. - null comentou. - Vou sentar com eles na mesa 03.
- A de sempre. - Jane, uma das garçonetes, riu. - Vou atendê-los. - null concordou com a cabeça, rindo.
- null, posso falar com você um minuto? - Luke falou, e a mulher assentiu.
- Jane, pode acompanhá-los até a mesa, por favor? - a mulher concordou, passando pela porta e esperando para seguir com eles até a frente do restaurante, onde a dona gostava de sentar.
- Se eu falar que estou orgulhosa dela, serei muito babona? - null sentou-se à mesa junto com os outros dois.
- Claro que não, pois eu me sinto da mesma forma. O lugar é sensacional. Eu detesto fotos de pratos postados em rede social, mas esse eu faço questão de postar. - null mexia nos enfeites da mesa enquanto null olhava ao redor. -Você e o Instagram é um caso de amor mesmo. - null revirou os olhos.
- Desculpa, gente. - null chegou, sentando-se ao lado de null. - E aí? O que acharam?
- Maravilhoso, estou muito feliz por você. Um abraço? - null fez um biquinho fofo.
- Até dois. - null riu, abraçando a irmã.
- É muito legal, null. Dá até vontade de realmente seguir nessa profissão. Pena que não é nada fácil ter um lugar assim. - null riu.
- Não é mesmo. Mas vale o esforço. - ela respondeu.
null prestava atenção na conversa.
- null, conta um pouquinho para o null como foi sua trajetória aqui na Austrália, vai que inspira. - null sorriu.
- Não é uma má ideia. - null sorriu. - Se você quiser, posso te ajudar a ver se é o que você quer. Se é uma opção que você realmente considera, posso te ajudar a decidir. Eu não me formei aqui, mas tem vários cursos legais que conheci, e conheço bastante gente também. Confesso que foi difícil abrir o meu, passei por bastante coisa em um ano, batalhando, mas valeu cada centavo do que investi.
- Acho que uma ajuda vai bem. - ele sorriu, concordando. - E sua equipe? É tranquilo? Tipo, deixar o restaurante aqui e tirar “férias”?
- O coração aperta, mas sempre estou de olho. E Luke no comando me deixa mais tranquila, ele está aqui desde o início comigo, então conhece tudo tanto quanto eu.
- Você e esse Luke já... - null fez uma cara maliciosa, arrancando risadinhas de null.
- Ah... Com certeza. - null riu. - Nunca assumimos nada sério, mas o restaurante tem história.
- Finalmente! - null gargalhou, lançando um olhar malicioso para irmã, enquanto null revirava os olhos da conversa. - Se acostuma, null, viver com três mulheres vai ser isso o tempo todo.
- Prometemos não te enlouquecer, tá? Talvez um pouquinho, mas você é forte, e um lorde. - piscou ao rapaz. - O que nos indica a pedir, null? Confesso que estou faminta com esse cheiro de comida.
- Os lanches são ótimos. Vou pedir os cardápios. - a mulher acenou para Jane, que prontamente se aproximou.
- Fico feliz que vocês tenham gostado. - null comentou, abrindo a porta do carro.
- Ainda estou passando mal de tanto que comi. - null falou, fazendo expressão de nojo. - Meu estômago vai explodir, null.
- Estou do mesmo jeito, caminhar pela praia será ótimo, porque minha vontade é de dormir a tarde inteira.
- Eu não sei se aguento caminhar. - null reclamou, largado no banco, tentando colocar o cinto.
- Vocês são muito moles. - null riu, dando partida no carro.
null seguiu pelo tour básico que dava a eles, comentando sobre alguns lugares enquanto passeavam com o carro pelas ruas. O dia já estava começando a ir embora, e o céu ficava cada vez mais bonito.
Quando chegaram à avenida que beirava a praia, todos encararam a junção do céu com o mar, contrastando com a areia fina e branca. Um sorriso tomou conta de cada um dos rostos, sentindo a brisa do lugar.
- Vamos dar uma caminhada então? - null perguntou, dando seta para estacionar.
- Com certeza. - null falou, animada.
Desceram do carro e começaram a caminhar pela areia que além de branquinha era macia. null ia apresentando as casinhas coloridas que eram o charme dali.
- Olha! Aquela ali. - ela apontou para um dos locais próximos aonde estavam. - É a loja de artigos para surf do null. Sempre fico próxima daqui quando venho.
- null, o vizinho gostoso? - null perguntou. - Gostoso e surfista, como você não fez nada, null? - a menor rolou os olhos.
- Estou ficando cansada, podemos ir embora? - de repente a vontade de caminhar de null havia sumido.
- Mas a gente acabou de chegar. - null comentou. - E olha que quem estava morto era eu.
- O sol me desanimou muito, está muito quente, sabe? Não gosto de sol quente. - inventou uma desculpa qualquer.
- null, nem tem sol direito. São cinco da tarde. - null a encarou, parando de andar.
- Bom... É o Jet Lag, sabe? Podemos ir? - null suplicou com o olhar.
- Tudo bem. - null concordou, estranhando a irmã mais uma vez desde que eles haviam chegado.
- Estranho. - null comentou para null, que concordou veemente com a cabeça.
Já em casa, todos desceram do carro, ainda em silêncio. null e null conversavam algumas poucas palavras entre eles, mas o clima parecia estranho.
null encarava a casa ao lado parecendo querer vomitar. null e null a observavam e trocavam olhares entre si.
- null, precisamos de um papo de irmãs. Tudo bem? - null falou para o amigo, enquanto null e null entravam na casa.
- Claro, mas depois você me conta, isso tá bizarro. - ele comentou, passando a frente delas e subindo rapidamente as escadas. - Vou tomar um banho, gente. - anunciou, já no segundo andar.
- null, se você não for vomitar, com essa expressão que está, vamos lá. Abre seu coração. - null sorriu, colocando a mão sobre o ombro da irmã e a direcionando para o sofá, como se ela não tivesse escolha.
- Que você conhece o vizinho, você já deixou claro, mas tá fugindo por quê? - null falou, vendo a irmã mais velha rolar os olhos.
- Ok, se eu não contar a vocês eu vou sufocar... - suspirou fundo. - Lembra do meu intercambio para o Peru há uns bons anos atrás? - as irmãs assentiram. - Eu o conheci lá...
- CARALHO. - null não se conteve. - E foi achar o cara aqui de novo NA AUSTRÁLIA? - null riu, mandando a menor ficar quieta.
- Pois é, eu ainda estou sem acreditar na minha falta de sorte. Eu estava em uma vibe completamente diferente, e em uma festa com os intercambistas eu o vi, e a gente ficou, mas não foi uma ficada convencional, digamos que em menos de poucas horas que nos conhecemos eu já estava em sua cama.
- Uau. - null riu, boquiaberta. - Essa é uma null que eu não conheci.
- Mas eu já adorei, histórias do passado vindo à tona me fascinam. - null riu, acompanhando a irmã.
- Por que fugir dele? - null perguntou. - Sei que deve ter sido uma ficada e tanto, mas depois de tantos anos, tem motivo para fugir? O null é bem bacana. - a mulher repensou, começando a rir ainda mais. - Agora entendi o motivo do desespero em saber se eu tinha ficado com ele. Nossa, graças a Deus que não fiquei. - ela adicionou.
- Ai só iria faltar eu a pegar o vizinho, poxa. – null comentou com um sorrisinho safado.
- Bobas. – sorriu. - Nossa história não teve um ponto final, entende? Ele me lembra coisas que eu não estou pronta para reviver.
- Mas eu acho que você não vai ter opção. - null falou, vendo null concordar.
- São suas férias, aproveita para colocar os pingos nos I's.
- Eu não sei... É muito complicado, eu vim para cá para relaxar, para saber o que eu vou fazer da vida...
- Existem várias formas de relaxar... - null sorriu balançando as sobrancelhas, fazendo todas rirem.
- Você não presta, mulher. - null falou. - Acho que você tem mais experiência que nós duas, não é possível. - null abaixou a cabeça, envergonhada.
- Sabe o que a gente precisa para espairecer? - null falou. - Um show. Nós três sempre gostamos de um bom show. Vamos achar algum para ir?
- Sim! - null se animou. - Eu posso procurar e falo para vocês.
- Nada de estranho, procure algo legal, null. - null advertiu.
- Pode deixar, bar de streap tease riscado da lista. - a mais nova sorriu animada, já com o celular na mão.
- Ei. – null falou, vendo null entrar na cozinha.
- Oi. Cadê a null e a null? – o garoto perguntou, sentando-se próximo a bancada e observando enquanto null pegava algo na geladeira. – Ei, eu não ia fazer a janta?
- As meninas estão mortas, elas foram dormir, achei que você também tinha feito isso.
- Não, não ‘tô com sono. Estava falando com a minha mãe um pouco.
- Pirralho da mamãe. – a mulher brincou, vendo null revirar os olhos.
- Vai, deixa eu te ajudar pelo menos. – ele se levantou, andando até o armário e pegando uma tábua. – Posso cortar as coisas?
- Todo ajudante começa assim, é uma boa. Se você souber cortar, posso pensar em te ajudar a fazer o resto. – ela deu de ombros, entregando a ele alguns temperos e vegetais.
- Todo chef é chato assim mesmo? Achei que era um papel para televisão. – ele reclamou, mostrando a língua.
- Somos todos chatos, cabe a você decidir se quer ser chato também.
- Que bela impressão você está me dando para escolher meu futuro. – resmungou. – Como você escolheu que era o que você queria?
- Sendo sincera, null? Eu só sabia. – ela sorriu, amava falar sobre cozinha, era inevitável. – Eu acho que quem gosta disso, sempre sabe. Mas tem aquela voz na cabeça duvidando de si mesmo, e sempre pensando no que os outros vão achar, e em como pode ser difícil ser alguém nesse meio.
- Não acho que isso aconteça comigo.
- Você tem certeza? – ela pressionou.
- É que... – o garoto respirou fundo e soltou a faca. – Ai. – ele reclamou, levando o dedo até a boca. – Caralho, como eu fiz isso? Eu nem senti. – null tinha lágrimas involuntárias nos olhos.
- Olha, você estava indo bem. – null riu, pegando a batata cortada exatamente da forma como ela fazia. – Deixa eu ver. – ela pegou a mão do garoto e passou a mão levemente por cima do corte que sangrava. – Coloca na água corrente um pouco, vou pegar um band-aid.
- Não precisa. – ele reclamou, se sentindo um idiota.
- Não seja bobo, null. Se cortar na cozinha é normal, mas não é por isso que não precisa colocar um band-aid. E já aviso que não vai fugir, ok? Vai continuar cozinhando com o band-aid. – ela se aproximou novamente, tocando o ombro do garoto para que se afastasse da pia e voltasse para onde estava sentado.
- Me sinto meio tonto, só isso. – null pegou a mão do garoto e puxou uma gaze de sua malinha de produtos farmacêuticos e curativos, limpando o pouco sangue que escorria do fino corte. – Talvez isso não seja para mim mesmo.
- Por causa de um corte, null? – ela gargalhou, negando com a cabeça.
- Não né, null. – ele riu discretamente. - Pelos pensamentos que me fizeram me cortar. Acho que realmente me importo com a opinião dos outros.
- Não deveria. – ela piscou e o garoto sorriu, assentindo. – Vou te mostrar que você pode fazer isso e surpreender a todos, okay? Minha meta das férias.
- Você até que não é tão chata assim, achei que seria pior. – ele brincou, debochando da mulher.
- Ah, então se prepare. Na próxima, eu mesma vou te cortar com essa faca. – ela fechou a maleta e o acertou com os pequenos pedaços de gaze suja que estavam ali. – Vai, volta a trabalhar, pirralho.
Capítulo Três
null havia esquecido de trazer suas camisetas de rock para a Austrália, mas sabia que null tinha um estoque delas consigo. Decidiu então ir pedir uma emprestada a ela para que pudessem ir ao show mais tarde naquele dia.
- null? - null entrou no quarto sem bater e olhou para os lados em busca da irmã. A porta do banheiro estava fechada, então provavelmente ela estava no banho. Se sentou na cama e decidiu folhear uma revista que estava ao lado da cama, esperando até que ela saísse.
- null, oi. - a mulher saiu do banho, enrolada em sua toalha. - O que está fazendo aqui?
- Olá, null. Bom dia para você também. - ela deixou a revista de lado. - Tem alguma blusa para me emprestar para o show de hoje à noite?
- Tenho sim, estou chocada que você não trouxe as suas, elas são parte de você. - caminhou até a mala, que ainda não havia desfeito, e colocou em cima da cama algumas opções para que a irmã mais nova escolhesse.
- Pois é, também não acredito. No meio da correria eu meio que acabei deixando em casa. - deu de ombros. Se levantou para poder observar as opções e escolheu uma do Metallica. - Vou pegar essa para mim, tá? - ela andou pelo quarto, que não era muito diferente do seu parou de frente para a janela, olhando para lá enquanto conversava com null.
- Pode pegar, vou usar a da AC/DC. – sorriu. - null, fecha a cortina, por favor? Quero me trocar e alguém pode bisbilhotar. - arrepiou-se, pensando naquela possibilidade.
A mais nova ignorou a irmã por um momento e se debruçou na janela, forçando os olhos até ver o ponto onde queria enxergar.
- Meu Deus do céu, olha aquilo ali, null! - ela apontou desesperada para a calçada da casa ao lado, enquanto tinha a boca entreaberta.
- O que houve? Alguém morreu? - correu até a janela.
- A null está conversando com seu homem na calçada! Tá querendo roubá-lo de você! - falava de modo sério, mas estava se divertindo com a situação toda.
- null, null, limites! – ralhou com ela, mas não tirava os olhos dos dois conversando e rindo, animados.
- Essa história de vocês é muito história de novela. - saiu da janela e se virou para null, rindo da irmã. - E você ainda diz que não quer ver o homem.
- Eu já te disse, nossa pseudo relação não terminou muito bem... - suspirou, saindo da janela também e retirando a toalha do cabelo.
- Ai, olha, acho que isso se resolve com uma simples conversa. – deu de ombros pegando a camiseta em mãos. - Mas quem sou eu para dizer o que você deve ou não fazer?
- Chega de cuidar da vida alheia, pegou a camiseta, já pode sair. - colocou as mãos nas costas da irmã, a expulsando do quarto de forma delicada.
- Já estou saindo. Entendi o recado. – riu, saindo do quarto. - Obrigada pela blusa.
null tinha um sorriso no rosto quando colocou a mão na maçaneta da porta. Ela riu e acenou uma última vez para null antes de entrar na casa.
Quando passou pela porta, deu de frente com uma null emburrada descendo as escadas com uma camiseta preta em uma mão, enquanto a livre estava em sua cintura.
- Ei, está tudo bem aí? - null riu, encarando a irmã mais nova.
- O que você estava fazendo lá com o null?
- null, eu acho que não devo satisfações do que estou conversando com o meu vizinho, não acha? - ela riu, ainda muito sorridente com a conversa anterior.
null levantou o olhar minimamente do mini-game que jogava no sofá da sala, para olhar a cena que se desenrolava na porta.
- Bom, acho que a partir do momento que você está toda com toques e risinhos para o pseudo namorado de uma de suas irmãs, aí é problema sim. Você não acha?
- Pseudo namorado, null? - a mulher gargalhou. - Eu acho que nem a null vê assim. Acho que você devia aproveitar seu tempo igual o null ali. - ela apontou para o garoto que fingiu não prestar atenção. - Fazendo nada. Mas perder tempo vendo o que eu faço ou deixo de fazer é bem chato. - null gostaria de rir, mas tentou levar a sério para que a irmã tivesse que lhe pedir desculpas depois.
- null pode até não assumir, mas a forma que ela fica só de mencionarmos o null, já não é prova o suficiente que ela já sentiu algo por ele? - ela olhou do amigo para a irmã. - Por que você tem tanta implicância com ele? Olha só para a cara dele, null. O menino nunca fez nada para você.
- Eu acho que o nervoso de null tem bem mais a ver com alguma merda que ela fez, do que algum grande sentimento. - null repensou. - Mas ela quem sabe, não tenho nada com isso. E eu não tenho nada contra o null, pelo menos, eu acho. Se ele se sentir incomodado pode falar comigo, mas deixe que ele fale por ele mesmo, não você por ele. Assim como está fazendo pela null. - null acenou para os dois e subiu as escadas, segurando a risada que ainda guardava.
- Precisava disso tudo, null? Sério? Às vezes eu não te entendo. – o garoto se levantou do sofá e foi até a amiga.
- Mas, null, você não viu o que eu vi.
- Às vezes o que você viu pode não ser o que você acha.
- É, talvez você tenha razão. - deu de ombros.
Eles foram até o sofá se sentaram lá, olhando um para a cara do outro. Depois, null começou a rir.
- Ai, null, você é doida, mas eu te amo. – se abraçaram enquanto riam.
- null, você está pronta? - null perguntou após ouvi-la dizer “entra” quando bateu na porta de seu quarto.
- Estou sim, a null não teve a coragem de vir me chamar? - a mulher riu, colocando o brinco com uma das mãos e pegando a bolsa com a outra.
- Aquilo foi uma briga bem idiota. - ele comentou, sentindo que ela não reclamaria de sua opinião.
- Foi mesmo. - null deu de ombros, como se tivesse feito de propósito. - O null vai com a gente. - ela piscou para o garoto e passou em sua frente, descendo as escadas com um sorriso no rosto. null ficou parado, entendendo o que ela estava fazendo então. Ele sorriu e desceu as escadas também. - Vamos, pessoal? - null falou já no andar de baixo, e todos em pouco tempo estavam ali.
null foi a última a descer e percebeu null emburrada, de braços cruzados. Ela conhecia a sua irmã muito bem, ela estava brava com algo, mas o que poderia ser? null e null estavam aparentemente normais.
- Pronto, já estou aqui, podemos ir? - null se aproximou de null e sussurrou. – O que houve?
- Nada, relaxa. - ela deu um sorriso para mostrar que estava tudo bem.
- null, vai abrindo o carro. - null entregou as chaves na mão da irmã mais velha. - Preciso fazer uma coisa. Ah, null, se importa de ir na frente e me ajudar com o GPS? - ela viu o garoto rir e concordar, enquanto null revirava os olhos. null assentiu e caminhou junto com null em direção a saída para a frente da casa.
- Vocês brigaram. – aquilo não foi uma pergunta. null tinha percebido que o problema de null era null.
Antes que null pudesse responder, null avistou a irmã vindo com null e ela revirou os olhos, null era uma bela de uma intrometida, ela não estava pronta para conversar com null.
null olhou de um para outro sem entender o que estava acontecendo ali.
- null, quero te apresentar a todos, agora para valer. - null se aproximou com um sorriso no rosto, mas logo esse sumiu com o olhar de null sobre si. - Esses são null, null e null. Pessoal, convidei o null para ir conosco, tudo bem? - ela andou até null e pegou a chave do carro de sua mão. - null, se importa de ir no meio, por favor? Você é mais baixa, me atrapalha menos. - a mulher então entrou no carro e esperou que todos se recuperassem e decidissem o que fazer, logo vendo null também entrar ao seu lado no banco do passageiro.
- Oi, galera. – null deu um aceno de cabeça a cada um, mas seus olhos não saíram de null. Dessa vez, ela não escaparia dele. Já fazia uma semana que elas estavam na Austrália, e nenhum momento ele havia conseguido conversar com ela. null sentindo o olhar dele sobre si, bufou, entrando no carro rapidamente. null estava ferrada, aquilo teria troco.
null entrou no carro, se sentou no meio e se aproximou da irmã, falando baixo para que só ela ouvisse:
- Pelo menos ser mais baixa te deu uma vantagem em me colocar aqui, null. Desculpe por ter sido uma babaca mais cedo.
- Eu falei que nem sempre o que você vê, é exatamente o que é. - null falou para amiga, rindo.
- Falou o senhor da razão. - revirou os olhos.
- Está tudo bem, null. Eu pesei com você. - null ouviu a porta de null bater e ligou o carro. - Todos bem? Podemos ir?
- Sim. – null respondeu junto com null. null tinha os olhos fixos na janela, sem qualquer vontade de encarar ninguém.
- Então, null... - null começou, ainda olhando para o GPS e indicando a direção com as mãos para null, que não costumava ir para a área em que seria o show. Eles estavam no caminho há cinco silenciosos minutos. - Fala sobre você, queremos te conhecer. - null riu, vendo que o garoto estava entrando no que ela havia começado. null não era assim tão ruim, estivera percebendo naquela semana o motivo de null e ele se darem tão bem.
- Bom, tenho 28 anos, sou formado em administração de empresas, nasci aqui mesmo em Melbourne, sou dono de uma loja de artigos de surf, inclusive, estão todos convidados a conhecerem, e se não souberem surfar, ensino a vocês. - sorriu.
- Já tentei, não recomendo. - null falou e riu de si mesma.
- Se você for o professor, eu topo. - a mais nova encarou o homem ao seu lado. Adorava provocar a irmã. Olhou para null, para ver se ela esboçava qualquer reação.
- A null desiste muito fácil, tentamos uma única vez, poxa. – brincou. – Claro, serei eu mesmo, ensinarei com o maior prazer. - deu uma piscadinha a null. null negou com a cabeça.
- Não pisca para mim assim não, null, eu morro. – riu. Ela adorava tirar uma com todo mundo.
- null, menos. - null riu, encarando a amiga. Todos observavam a reação de null que fingia não mostrar interesse na conversa, mas com certeza estava odiando cada segundo, principalmente os comentários da mais nova.
null sabia que estava se metendo em algo que não devia, e levando os outros com ela, mas null havia confidenciado à amiga, ele queria conversar com sua irmã mais velha. Não a contara nada, mas dissera que tinha interesse em conversarem e ela o estava ignorando, mesmo passando por ele nas saídas de casa.
- null, fala com a gente. - null implorou, tentando soar séria.
- null falava muito mais há alguns anos. – null respondeu.
- Vocês se conhecem? - null perguntou, indignado, olhando de um para o outro e finalmente começando a entender as coisas.
null olhou para null, fazendo um sinal com a mão para que ele ficasse quieto enquanto prestava atenção na cena ao lado. Ela olhava de um para outro em expectativa.
- Sim, fizemos intercâmbio juntos na América do Sul, especificamente no Peru, pensei que ela tivesse contado para vocês. - null sentiu o rosto esquentar, e aquilo não era timidez, estava com muita raiva.
- Eu não sabia não. - null respondeu, virando seu corpo para ver null atrás de seu banco. - Que legal, null, não sabia que você tinha ido para o Peru.
- Sim, faz muito tempo, nem lembro muito das coisas daquele tempo. – o encarou com um sorrisinho forçado. null abriu um sorriso de lado, então as coisas seriam assim... Estava pronto para aquilo também, era um jogo para duas pessoas.
- Ah, mas o null parece lembrar. Você nunca falou muito, null. Conta para gente, null! - null soltou, pensando que, já que seria odiada mesmo, faria o trabalho por inteiro.
- É, conta para a gente, null! - null tentou pular no banco, animada, mas o cinto de segurança impossibilitou.
- Foram dois meses de muita loucura, mas foi uma experiência incrível. Praticamos o espanhol, conhecemos pessoas muito diferentes, a cultura também, fora o fuso-horário que é só 24 horas de diferença. - riu, lembrando-se. - Recomendo essa experiência. Quero voltar um dia para lá, mas tenho vontade de ir ao Brasil.
- O legal de intercâmbio é que sempre tem várias pessoas, várias línguas, né? - null comentou.
- Muitas línguas, null, inclusive voltei de lá com sotaque inglês canadense. - null respirou fundo, estava tentando manter a calma, mas não estava tendo êxito.
- E então, null, está muito longe? Está demorando muito. - null finalizou a conversa.
- Eu acho que já era para termos chegado. - null comentou, tentando não rir do corte da irmã. - null, você tem certeza do caminho que está passando? Eu acho que era na rua de trás, agora vamos ter que dar uma super volta.
- Se você achava que era lá, não entrou por quê? - ele perguntou, sem entender.
- Você está com o GPS, imaginei que soubesse dar direções.
- Mas o GPS não mandou entrar lá, então segue o caminho. - o garoto reclamou, apontando para direita.
- Eu só quero sair desse carro. - null comentou, se sentindo presa entre o clima dos dois no banco de trás e rindo de null e null brigando na frente.
- Então somos duas, eu só preciso sair daqui. - null bufou.
O nome do bar a qual estavam indo era Purple’s Pub. Pelas fotos que null tinha visto do lugar no Google, parecia ser bem legal. Quando entraram, se depararam com as imagens a qual null havia visto. Havia fotos enquadradas nas paredes de várias bandas de rock, assim como várias mesas redondas pelos cantos do salão e um sofá grande no fundo. Em uma parte afastada, estava o balcão onde estavam servindo diversas bebidas, enquanto o palco já estava tudo montado para que a banda The Sixx subisse. null havia visto alguns vídeos deles no Youtube e eram uma banda muito boa mesmo. No momento tocavam algumas músicas para entrar no clima, pela DJ que estava no canto do palco. Se sentaram em uma das mesas do canto, já que o meio do local estava livre para que o público pudesse se juntar ali para a apresentação.
- E aí? O que acharam? - null se virou para os amigos e irmãs.
- Eu curti, não conhecia aqui. - null falou. - Vou para o bar pegar algo antes do show. Depois, temos que tirar uma foto, todas de preto. - ela apontou para as irmãs e riu, se afastando.
- Eu preciso beber algo também. - null ia seguir a irmã, mas seu braço foi segurado delicadamente.
- Depois, a gente precisa conversar agora. - ela suspirou fundo, se deixando ser puxada por null
- Bom, então ficamos nós, né? - null falou, se apoiando em null.
- Pois é. - riu e deu uma olhada nas vestes do amigo. - Tá gatinho, hein? Vai botar em prática nossa promessa hoje à noite?
- É, por aí. - riu.
null e null caminharam um pouco pelo pub até ficarem próximos da cozinha do lugar, onde era possível sentir um cheiro de batatas sendo fritas, e aquilo de alguma forma mexeu com o estômago da mulher. Ela definitivamente precisava daquelas batatas.
- Então, null, como você está? Como foram esses 10 anos da sua vida?
- Foram bons, atualmente moro na Irlanda, vim curtir as férias após um pequeno imprevisto por lá, e é isso. - estava muito desconfortável com aquela conversa.
- Irlanda? Que diferente. - ela concordou com a cabeça, e um silêncio desconfortável se instaurou ali.
- Eu estou com fome, vou pedir umas batatas... - ia caminhar, mas o homem segurou delicadamente seu pulso.
- Temos que conversar. - insistiu.
- Não acho, null, tudo ficou no passado, a vida seguiu seu curso. - ela o encarou.
- É aí que você se engana, null. Se tivesse ficado mesmo no passado você não estaria fugindo de mim desse jeito, quando quem deveria estar magoado com tudo o que aconteceu sou eu!
- null... O que você quer que eu te diga? - mordeu os lábios, movimento que foi capturado pelo homem. Depois de tantos anos, null ainda conseguia inebriá-lo com um simples gesto.
- Talvez um pedido de desculpas fosse o mais adequado. - ele cruzou os braços, a encarando firmemente.
- Me desculpa. Agora eu já posso ir? Estou com fome e tenho um show para curtir com as minhas irmãs. - null balançou a cabeça negativamente.
- Não foi verdadeiro esse pedido de desculpas. - null abriu um sorriso irônico, começando a caminhar. null a seguiu, vendo-a parar no caixa para pedir uma porção de batatas, e ele esperou pacientemente até que ela o fizesse. Se ela estava achando que ele desistiria, estava bem enganada. - null?
- Meu Deus, você ainda continua o mesmo chato de sempre. - revirou os olhos. - Me desculpa, ok? Eu não deveria ter bebido tanto naquela noite, eu te conheci e foi tudo muito intenso, mas muito errado. Eu tirei sua virgindade, null! As coisas ficaram muito estranhas, jamais sequer imaginei que fosse sua primeira vez. - respirou fundo. - Eu fui mesmo uma tremenda babaca de ter ido embora de Lima depois daquela noite sem me despedir de você. Satisfeito?
- Satisfeitíssimo! - ela revirou os olhos, mas sorriu. - Agora sim, vi sinceridade. - null brincou.
- Me envergonho até hoje daquela noite, eu não sou daquele jeito. Ver você me fez lembrar do quão péssima eu fui lidando com tudo aquilo.
- Eu me apaixonei por você, apesar de tudo. - null ficou sem palavras após a declaração do homem, foi salva graças ao seu pedido de batatas ter ficado pronto.
Tinha que sair dali o mais rápido possível, saber que ele tinha se apaixonado por ela apenas em uma noite, havia a deixado ainda mais desconfortável, se é que aquilo era possível.
- Ei, todo mundo bem? - null se aproximou de null e null, que estavam olhando para o palco.
- Acho que sim. Bom, null e null não sei, na verdade. - null riu, indicando que eles ainda não haviam voltado.
- Hoje tem! - null comentou, animada. Cada vez mais gente entrava no salão para poder acompanhar o show.
- Espero que eles voltem para ver o show. Essa era para ser nossa noite. - null riu, lembrando-se que elas escolheram o lugar por gostarem das mesmas coisas.
null voltou nervosa com um pequeno recipiente com batatas na mão direita. null a seguia, e não parecia muito diferente dela. Ela ter se esquivado quando ele havia aberto seus antigos sentimentos, o deixou chateado.
- Cadê a bebida, null? Trouxe comida. - null sorriu forçadamente.
- Aqui. - ela entregou o copo para irmã. - Ei, vê se muda essa cara, vamos aproveitar e depois você me mata. - ela sussurrou, recebendo uma encarada como resposta. null e null se afastaram um pouco, engatando uma conversa sobre o lugar.
- Você não tem ideia do que fez hoje, e preocupe-se, eu vou me vingar. – sorriu de lado, dando uma bebericada no copo. - Aliás, eu vou me vingar das duas, a pirralha vai receber por te apoiar também.
- O quê? Mas eu sou inocente. – ela levantou os braços. - Quer saber? Se acalma, null, vamos aproveitar a noite e se você não se sentir confortável, só finge que ele não está aqui. Se o null veio, é porque ele quer se divertir também.
- Eu não contei a história toda para vocês, enfim... Vamos nos divertir, em casa eu conto melhor.
- Já aviso que desculpa eu não vou pedir. Ele é bonito e vocês seriam um casal legal. - null comentou, rindo. - Mas é isso. A banda vai entrar, nosso momento de gritar e extravasar chegou. - ela deu início então a uma gritaria sem necessidade pelo porte do lugar, vendo as irmãs seguirem seu exemplo.
A DJ deu lugar à banda, que começaram a tocar Nickelback, Burn It To The Ground para agitar e deixar o pessoal no clima para o início de noite. As pessoas que estavam espalhadas pelo salão começaram a se juntar ali no meio da pista.
- Meu Deus, minha banda! - null levantou da cadeira que estava sentada e começou a pular e cantar junto.
- Eu é que não vou ficar sentada. - null riu, levantando-se também.
- Vamos mais para frente – null chamou as irmãs. - Parece que são gatinhos.
- Muito. - null concordou.
- E são mesmo, olha só o vocalista. Ganhou meu coração só por começar com Nickelback.
- Qualquer homem bonito ganha seu coração, null, por favor. – null riu, não perderia a oportunidade.
- Ainda tá irritada com o lance do null? null é bonito sim, mas não é pro meu bico - riu da cara da irmã. null mostrou o dedo do meio a ela.
- Ei, null. Não é qualquer homem, ela ainda ignora o null. - null brincou e null concordou.
- null nunca me quis. – riu e mostrou a língua pra irmã.
- Ele te conhece de pequena, sabe o quão chata você é. - ela respondeu, mostrando a língua também em resposta.
- Ele é um guerreiro sem sombra de dúvidas, não é uma tarefa fácil. - null riu, voltando a cantarolar a música que tocavam.
- Outch. - ela riu e continuou a cantar e pular junto como todo mundo ali. - Olha, vocês que me desculpem, mas eu vou lá para perto do palco. Vocês vêm?
- ‘Tô bem por aqui, não gosto de ir com bebida para frente da multidão. - null falou, apontando para o copo. - Logo vou buscar outro.
- Eu também estou de boa, não tenho mais pique para isso, mas vai e aproveita. – a irmã mais velha a incentivou.
null então seguiu em direção ao palco, pedindo passagem entre as pessoas. Depois de muita dificuldade, finalmente conseguiu, ficando bem próxima de onde toda a ação estava acontecendo. Eles agora cantavam a música Need You Tonight, do INXS. A garota balançava ao ritmo da música, cantava junto... E quando resolveu olhar para o palco, o vocalista a encarava enquanto cantava. Ok, talvez ela desmaiaria ali, se tivesse espaço. null sustentou o olhar até que ele se abaixasse até ela, com o microfone em mãos, e apontasse em sua direção, para que cantasse junto. E ela foi.
null não estava nem aí com o fato de cantar lindamente mal. Queria era se divertir, como uma recém-formada. O vocalista então se endireitou e null sorriu na direção dele, agradecida.
Durante o show todo que se seguiu, e até quando ela ficou lá na frente, null e o vocalista trocaram olhares. Bom, que mal faria, não é mesmo? Não o veria de novo...
null respirou fundo. Ela estava encostada no bar, esperando pela bebida que havia pedido ao barman. Um homem estava a encarando de longe, provavelmente pensando no que falaria para ela, qual cantada barata e ruim ele usaria.
O homem se aproximava devagar, mas a mulher podia sentir seu cheiro de álcool de longe, era algo horrível de sentir-se. Ele não era feio, na verdade, seus olhos verdes a chamavam atenção, porém, não tinha a menor chance de considerar sequer um beijo em alguém, que agora que se aproximava, a fazia sentir também o cheiro de cigarro. A cada passo que ele dava para o lado dela no bar, a mulher dava um para o contrário, rezando que o barman trouxesse sua bebida o quanto antes.
-Ei. - o homem finalmente se aproximara, fazendo-a sorrir amarelo. - Eu acho que nunca vi alguém tão bonita assim antes... - ele riu, se atrapalhando nas palavras.
- Não acho que você está em condições de ver alguma coisa... – falou, séria. Ele pareceu não gostar muito, mas riu.
- Eu acho que a gente podia dar uma volta, sabe? Se conhecer melhor, se é que você me entende. - ele tentou sorrir, mas pareceu quase como um derrame.
- Eu acho que não. - ela deu um passo para o lado quando o homem tentou apoiar os braços ao redor de seu corpo, fazendo-o tropeçar.
- Mas você é tão bonita... - o estranho fez bico, quase como se estivesse triste. A mulher se perguntava se ele riria disso, caso se lembrasse amanhã.
- Vai demorar? - null perguntou, virando-se para o barman. Ela sentiu dois braços a envolverem e automaticamente tentou soltar-se, nervosa.
- null, tá difícil conseguir uma bebida? - ela ouviu a voz de null atrás de si e seu corpo relaxou.
- Um pouquinho, null. – ela riu, encarando o homem que agora rolava os olhos, passando sua mão por trás das costas do garoto. Ele saiu de perto, tropeçando até a próxima vítima de sua chatice.
- Desculpa. – ele tirou os braços dos ombros da mulher. – Ele tava bêbado, né? Vi que você tava incomodada. – falou, tímido.
- Agora entendi o motivo delas te chamarem de lorde. – null riu, vendo o barman se aproximar com seu copo.
- Não sou um lorde, mas estou acostumado a ficar de olho na null. – ele deu de ombros. – Talvez eu seja um pouco superprotetor com ela, mas não consigo evitar, é minha melhor amiga. Não queria me meter, e sei que você ia se afastar sozinha se quisesse e tudo mais, mas ele parecia um pouco chatinho. – null fez cara feia e riu, vendo o homem se aproximar de uma outra mulher com um sorriso que ele tentava fazer parecer galanteador. Não devia ser muito mais velho que ele. Bêbado é algo chato, ninguém suporta.
- Bom saber que a null está sempre bem acompanhada. – ela sorriu para o garoto. – Obrigada. Não era nada demais, realmente, mas foi um gesto legal. – ela deu de ombros. – Não que, com essa carinha recém-saída do High School, você consiga valer muita coisa.
- Você não perde uma, null! – ele gargalhou e tomou o copo da mão da mulher, vendo-a encará-lo.
- Não posso perder, você já aprendeu isso. – ela mostrou a língua e ele apenas balançou a cabeça, negando. – De nada. – ela apontou para o copo.
- Falar com você me desgasta, o mínimo que pode fazer para compensar, é me dar sua bebida.
- Você é um desaforado.
- Mas, falando sério, você gosta de mim, né? Pelo menos um pouquinho. Você e a null estão aprendendo a me suportar nessa semana. – ele deu de ombros e riu, vendo a expressão de nojo que null fizera.
- Você só é irritante, mas é gente boa. E obrigada por me apoiar hoje mais cedo. Mesmo sem entender. – ela sorriu, sincera.
- Imaginei que você fosse fazer algo legal, e o null não parece seu tipo de cara.
- Ah, então agora você sabe o meu “tipo de cara”? – ela fez aspas com a mão.
- Não exatamente, mas acho que você não curte o tipo surfista empreendedor, senão já estaria com ele. – ela fez bico, sendo obrigada a concordar.
- Sou muito chata, null. Por isso nem procuro muito, por sinal. Acho que ainda nem encontrei o que seria meu “tipo de cara”. – ela deu ênfase mais uma vez.
- Tenho certeza que, nesse caso, você vai descobrir no susto. – ele riu, vendo-a o acompanhar.
- Provavelmente vai ser algo bem chato, e monótono, já que não frequento tantos lugares interessantes. Mas a gente tá falando da minha vida amorosa por que, mesmo?
- Não sei, vai que você, com toda sua zero experiência, pode me ensinar algo. – ele riu.
- Zero experiência, null? Olha, eu só não acerto seu nariz, porque ele é bonitinho. – ela brincou.
- Não só o nariz, pode assumir. – ele abraçou a mulher novamente pelos ombros e a puxou em direção a um canto, já que não encontravam nenhum dos amigos por ali. – Vai, me fala mais daqui da Austrália, do restaurante, de você. Não temos nada para fazer mesmo.
- null? - null entrou no quarto sem bater e olhou para os lados em busca da irmã. A porta do banheiro estava fechada, então provavelmente ela estava no banho. Se sentou na cama e decidiu folhear uma revista que estava ao lado da cama, esperando até que ela saísse.
- null, oi. - a mulher saiu do banho, enrolada em sua toalha. - O que está fazendo aqui?
- Olá, null. Bom dia para você também. - ela deixou a revista de lado. - Tem alguma blusa para me emprestar para o show de hoje à noite?
- Tenho sim, estou chocada que você não trouxe as suas, elas são parte de você. - caminhou até a mala, que ainda não havia desfeito, e colocou em cima da cama algumas opções para que a irmã mais nova escolhesse.
- Pois é, também não acredito. No meio da correria eu meio que acabei deixando em casa. - deu de ombros. Se levantou para poder observar as opções e escolheu uma do Metallica. - Vou pegar essa para mim, tá? - ela andou pelo quarto, que não era muito diferente do seu parou de frente para a janela, olhando para lá enquanto conversava com null.
- Pode pegar, vou usar a da AC/DC. – sorriu. - null, fecha a cortina, por favor? Quero me trocar e alguém pode bisbilhotar. - arrepiou-se, pensando naquela possibilidade.
A mais nova ignorou a irmã por um momento e se debruçou na janela, forçando os olhos até ver o ponto onde queria enxergar.
- Meu Deus do céu, olha aquilo ali, null! - ela apontou desesperada para a calçada da casa ao lado, enquanto tinha a boca entreaberta.
- O que houve? Alguém morreu? - correu até a janela.
- A null está conversando com seu homem na calçada! Tá querendo roubá-lo de você! - falava de modo sério, mas estava se divertindo com a situação toda.
- null, null, limites! – ralhou com ela, mas não tirava os olhos dos dois conversando e rindo, animados.
- Essa história de vocês é muito história de novela. - saiu da janela e se virou para null, rindo da irmã. - E você ainda diz que não quer ver o homem.
- Eu já te disse, nossa pseudo relação não terminou muito bem... - suspirou, saindo da janela também e retirando a toalha do cabelo.
- Ai, olha, acho que isso se resolve com uma simples conversa. – deu de ombros pegando a camiseta em mãos. - Mas quem sou eu para dizer o que você deve ou não fazer?
- Chega de cuidar da vida alheia, pegou a camiseta, já pode sair. - colocou as mãos nas costas da irmã, a expulsando do quarto de forma delicada.
- Já estou saindo. Entendi o recado. – riu, saindo do quarto. - Obrigada pela blusa.
null tinha um sorriso no rosto quando colocou a mão na maçaneta da porta. Ela riu e acenou uma última vez para null antes de entrar na casa.
Quando passou pela porta, deu de frente com uma null emburrada descendo as escadas com uma camiseta preta em uma mão, enquanto a livre estava em sua cintura.
- Ei, está tudo bem aí? - null riu, encarando a irmã mais nova.
- O que você estava fazendo lá com o null?
- null, eu acho que não devo satisfações do que estou conversando com o meu vizinho, não acha? - ela riu, ainda muito sorridente com a conversa anterior.
null levantou o olhar minimamente do mini-game que jogava no sofá da sala, para olhar a cena que se desenrolava na porta.
- Bom, acho que a partir do momento que você está toda com toques e risinhos para o pseudo namorado de uma de suas irmãs, aí é problema sim. Você não acha?
- Pseudo namorado, null? - a mulher gargalhou. - Eu acho que nem a null vê assim. Acho que você devia aproveitar seu tempo igual o null ali. - ela apontou para o garoto que fingiu não prestar atenção. - Fazendo nada. Mas perder tempo vendo o que eu faço ou deixo de fazer é bem chato. - null gostaria de rir, mas tentou levar a sério para que a irmã tivesse que lhe pedir desculpas depois.
- null pode até não assumir, mas a forma que ela fica só de mencionarmos o null, já não é prova o suficiente que ela já sentiu algo por ele? - ela olhou do amigo para a irmã. - Por que você tem tanta implicância com ele? Olha só para a cara dele, null. O menino nunca fez nada para você.
- Eu acho que o nervoso de null tem bem mais a ver com alguma merda que ela fez, do que algum grande sentimento. - null repensou. - Mas ela quem sabe, não tenho nada com isso. E eu não tenho nada contra o null, pelo menos, eu acho. Se ele se sentir incomodado pode falar comigo, mas deixe que ele fale por ele mesmo, não você por ele. Assim como está fazendo pela null. - null acenou para os dois e subiu as escadas, segurando a risada que ainda guardava.
- Precisava disso tudo, null? Sério? Às vezes eu não te entendo. – o garoto se levantou do sofá e foi até a amiga.
- Mas, null, você não viu o que eu vi.
- Às vezes o que você viu pode não ser o que você acha.
- É, talvez você tenha razão. - deu de ombros.
Eles foram até o sofá se sentaram lá, olhando um para a cara do outro. Depois, null começou a rir.
- Ai, null, você é doida, mas eu te amo. – se abraçaram enquanto riam.
- null, você está pronta? - null perguntou após ouvi-la dizer “entra” quando bateu na porta de seu quarto.
- Estou sim, a null não teve a coragem de vir me chamar? - a mulher riu, colocando o brinco com uma das mãos e pegando a bolsa com a outra.
- Aquilo foi uma briga bem idiota. - ele comentou, sentindo que ela não reclamaria de sua opinião.
- Foi mesmo. - null deu de ombros, como se tivesse feito de propósito. - O null vai com a gente. - ela piscou para o garoto e passou em sua frente, descendo as escadas com um sorriso no rosto. null ficou parado, entendendo o que ela estava fazendo então. Ele sorriu e desceu as escadas também. - Vamos, pessoal? - null falou já no andar de baixo, e todos em pouco tempo estavam ali.
null foi a última a descer e percebeu null emburrada, de braços cruzados. Ela conhecia a sua irmã muito bem, ela estava brava com algo, mas o que poderia ser? null e null estavam aparentemente normais.
- Pronto, já estou aqui, podemos ir? - null se aproximou de null e sussurrou. – O que houve?
- Nada, relaxa. - ela deu um sorriso para mostrar que estava tudo bem.
- null, vai abrindo o carro. - null entregou as chaves na mão da irmã mais velha. - Preciso fazer uma coisa. Ah, null, se importa de ir na frente e me ajudar com o GPS? - ela viu o garoto rir e concordar, enquanto null revirava os olhos. null assentiu e caminhou junto com null em direção a saída para a frente da casa.
- Vocês brigaram. – aquilo não foi uma pergunta. null tinha percebido que o problema de null era null.
Antes que null pudesse responder, null avistou a irmã vindo com null e ela revirou os olhos, null era uma bela de uma intrometida, ela não estava pronta para conversar com null.
null olhou de um para outro sem entender o que estava acontecendo ali.
- null, quero te apresentar a todos, agora para valer. - null se aproximou com um sorriso no rosto, mas logo esse sumiu com o olhar de null sobre si. - Esses são null, null e null. Pessoal, convidei o null para ir conosco, tudo bem? - ela andou até null e pegou a chave do carro de sua mão. - null, se importa de ir no meio, por favor? Você é mais baixa, me atrapalha menos. - a mulher então entrou no carro e esperou que todos se recuperassem e decidissem o que fazer, logo vendo null também entrar ao seu lado no banco do passageiro.
- Oi, galera. – null deu um aceno de cabeça a cada um, mas seus olhos não saíram de null. Dessa vez, ela não escaparia dele. Já fazia uma semana que elas estavam na Austrália, e nenhum momento ele havia conseguido conversar com ela. null sentindo o olhar dele sobre si, bufou, entrando no carro rapidamente. null estava ferrada, aquilo teria troco.
null entrou no carro, se sentou no meio e se aproximou da irmã, falando baixo para que só ela ouvisse:
- Pelo menos ser mais baixa te deu uma vantagem em me colocar aqui, null. Desculpe por ter sido uma babaca mais cedo.
- Eu falei que nem sempre o que você vê, é exatamente o que é. - null falou para amiga, rindo.
- Falou o senhor da razão. - revirou os olhos.
- Está tudo bem, null. Eu pesei com você. - null ouviu a porta de null bater e ligou o carro. - Todos bem? Podemos ir?
- Sim. – null respondeu junto com null. null tinha os olhos fixos na janela, sem qualquer vontade de encarar ninguém.
- Então, null... - null começou, ainda olhando para o GPS e indicando a direção com as mãos para null, que não costumava ir para a área em que seria o show. Eles estavam no caminho há cinco silenciosos minutos. - Fala sobre você, queremos te conhecer. - null riu, vendo que o garoto estava entrando no que ela havia começado. null não era assim tão ruim, estivera percebendo naquela semana o motivo de null e ele se darem tão bem.
- Bom, tenho 28 anos, sou formado em administração de empresas, nasci aqui mesmo em Melbourne, sou dono de uma loja de artigos de surf, inclusive, estão todos convidados a conhecerem, e se não souberem surfar, ensino a vocês. - sorriu.
- Já tentei, não recomendo. - null falou e riu de si mesma.
- Se você for o professor, eu topo. - a mais nova encarou o homem ao seu lado. Adorava provocar a irmã. Olhou para null, para ver se ela esboçava qualquer reação.
- A null desiste muito fácil, tentamos uma única vez, poxa. – brincou. – Claro, serei eu mesmo, ensinarei com o maior prazer. - deu uma piscadinha a null. null negou com a cabeça.
- Não pisca para mim assim não, null, eu morro. – riu. Ela adorava tirar uma com todo mundo.
- null, menos. - null riu, encarando a amiga. Todos observavam a reação de null que fingia não mostrar interesse na conversa, mas com certeza estava odiando cada segundo, principalmente os comentários da mais nova.
null sabia que estava se metendo em algo que não devia, e levando os outros com ela, mas null havia confidenciado à amiga, ele queria conversar com sua irmã mais velha. Não a contara nada, mas dissera que tinha interesse em conversarem e ela o estava ignorando, mesmo passando por ele nas saídas de casa.
- null, fala com a gente. - null implorou, tentando soar séria.
- null falava muito mais há alguns anos. – null respondeu.
- Vocês se conhecem? - null perguntou, indignado, olhando de um para o outro e finalmente começando a entender as coisas.
null olhou para null, fazendo um sinal com a mão para que ele ficasse quieto enquanto prestava atenção na cena ao lado. Ela olhava de um para outro em expectativa.
- Sim, fizemos intercâmbio juntos na América do Sul, especificamente no Peru, pensei que ela tivesse contado para vocês. - null sentiu o rosto esquentar, e aquilo não era timidez, estava com muita raiva.
- Eu não sabia não. - null respondeu, virando seu corpo para ver null atrás de seu banco. - Que legal, null, não sabia que você tinha ido para o Peru.
- Sim, faz muito tempo, nem lembro muito das coisas daquele tempo. – o encarou com um sorrisinho forçado. null abriu um sorriso de lado, então as coisas seriam assim... Estava pronto para aquilo também, era um jogo para duas pessoas.
- Ah, mas o null parece lembrar. Você nunca falou muito, null. Conta para gente, null! - null soltou, pensando que, já que seria odiada mesmo, faria o trabalho por inteiro.
- É, conta para a gente, null! - null tentou pular no banco, animada, mas o cinto de segurança impossibilitou.
- Foram dois meses de muita loucura, mas foi uma experiência incrível. Praticamos o espanhol, conhecemos pessoas muito diferentes, a cultura também, fora o fuso-horário que é só 24 horas de diferença. - riu, lembrando-se. - Recomendo essa experiência. Quero voltar um dia para lá, mas tenho vontade de ir ao Brasil.
- O legal de intercâmbio é que sempre tem várias pessoas, várias línguas, né? - null comentou.
- Muitas línguas, null, inclusive voltei de lá com sotaque inglês canadense. - null respirou fundo, estava tentando manter a calma, mas não estava tendo êxito.
- E então, null, está muito longe? Está demorando muito. - null finalizou a conversa.
- Eu acho que já era para termos chegado. - null comentou, tentando não rir do corte da irmã. - null, você tem certeza do caminho que está passando? Eu acho que era na rua de trás, agora vamos ter que dar uma super volta.
- Se você achava que era lá, não entrou por quê? - ele perguntou, sem entender.
- Você está com o GPS, imaginei que soubesse dar direções.
- Mas o GPS não mandou entrar lá, então segue o caminho. - o garoto reclamou, apontando para direita.
- Eu só quero sair desse carro. - null comentou, se sentindo presa entre o clima dos dois no banco de trás e rindo de null e null brigando na frente.
- Então somos duas, eu só preciso sair daqui. - null bufou.
O nome do bar a qual estavam indo era Purple’s Pub. Pelas fotos que null tinha visto do lugar no Google, parecia ser bem legal. Quando entraram, se depararam com as imagens a qual null havia visto. Havia fotos enquadradas nas paredes de várias bandas de rock, assim como várias mesas redondas pelos cantos do salão e um sofá grande no fundo. Em uma parte afastada, estava o balcão onde estavam servindo diversas bebidas, enquanto o palco já estava tudo montado para que a banda The Sixx subisse. null havia visto alguns vídeos deles no Youtube e eram uma banda muito boa mesmo. No momento tocavam algumas músicas para entrar no clima, pela DJ que estava no canto do palco. Se sentaram em uma das mesas do canto, já que o meio do local estava livre para que o público pudesse se juntar ali para a apresentação.
- E aí? O que acharam? - null se virou para os amigos e irmãs.
- Eu curti, não conhecia aqui. - null falou. - Vou para o bar pegar algo antes do show. Depois, temos que tirar uma foto, todas de preto. - ela apontou para as irmãs e riu, se afastando.
- Eu preciso beber algo também. - null ia seguir a irmã, mas seu braço foi segurado delicadamente.
- Depois, a gente precisa conversar agora. - ela suspirou fundo, se deixando ser puxada por null
- Bom, então ficamos nós, né? - null falou, se apoiando em null.
- Pois é. - riu e deu uma olhada nas vestes do amigo. - Tá gatinho, hein? Vai botar em prática nossa promessa hoje à noite?
- É, por aí. - riu.
null e null caminharam um pouco pelo pub até ficarem próximos da cozinha do lugar, onde era possível sentir um cheiro de batatas sendo fritas, e aquilo de alguma forma mexeu com o estômago da mulher. Ela definitivamente precisava daquelas batatas.
- Então, null, como você está? Como foram esses 10 anos da sua vida?
- Foram bons, atualmente moro na Irlanda, vim curtir as férias após um pequeno imprevisto por lá, e é isso. - estava muito desconfortável com aquela conversa.
- Irlanda? Que diferente. - ela concordou com a cabeça, e um silêncio desconfortável se instaurou ali.
- Eu estou com fome, vou pedir umas batatas... - ia caminhar, mas o homem segurou delicadamente seu pulso.
- Temos que conversar. - insistiu.
- Não acho, null, tudo ficou no passado, a vida seguiu seu curso. - ela o encarou.
- É aí que você se engana, null. Se tivesse ficado mesmo no passado você não estaria fugindo de mim desse jeito, quando quem deveria estar magoado com tudo o que aconteceu sou eu!
- null... O que você quer que eu te diga? - mordeu os lábios, movimento que foi capturado pelo homem. Depois de tantos anos, null ainda conseguia inebriá-lo com um simples gesto.
- Talvez um pedido de desculpas fosse o mais adequado. - ele cruzou os braços, a encarando firmemente.
- Me desculpa. Agora eu já posso ir? Estou com fome e tenho um show para curtir com as minhas irmãs. - null balançou a cabeça negativamente.
- Não foi verdadeiro esse pedido de desculpas. - null abriu um sorriso irônico, começando a caminhar. null a seguiu, vendo-a parar no caixa para pedir uma porção de batatas, e ele esperou pacientemente até que ela o fizesse. Se ela estava achando que ele desistiria, estava bem enganada. - null?
- Meu Deus, você ainda continua o mesmo chato de sempre. - revirou os olhos. - Me desculpa, ok? Eu não deveria ter bebido tanto naquela noite, eu te conheci e foi tudo muito intenso, mas muito errado. Eu tirei sua virgindade, null! As coisas ficaram muito estranhas, jamais sequer imaginei que fosse sua primeira vez. - respirou fundo. - Eu fui mesmo uma tremenda babaca de ter ido embora de Lima depois daquela noite sem me despedir de você. Satisfeito?
- Satisfeitíssimo! - ela revirou os olhos, mas sorriu. - Agora sim, vi sinceridade. - null brincou.
- Me envergonho até hoje daquela noite, eu não sou daquele jeito. Ver você me fez lembrar do quão péssima eu fui lidando com tudo aquilo.
- Eu me apaixonei por você, apesar de tudo. - null ficou sem palavras após a declaração do homem, foi salva graças ao seu pedido de batatas ter ficado pronto.
Tinha que sair dali o mais rápido possível, saber que ele tinha se apaixonado por ela apenas em uma noite, havia a deixado ainda mais desconfortável, se é que aquilo era possível.
- Ei, todo mundo bem? - null se aproximou de null e null, que estavam olhando para o palco.
- Acho que sim. Bom, null e null não sei, na verdade. - null riu, indicando que eles ainda não haviam voltado.
- Hoje tem! - null comentou, animada. Cada vez mais gente entrava no salão para poder acompanhar o show.
- Espero que eles voltem para ver o show. Essa era para ser nossa noite. - null riu, lembrando-se que elas escolheram o lugar por gostarem das mesmas coisas.
null voltou nervosa com um pequeno recipiente com batatas na mão direita. null a seguia, e não parecia muito diferente dela. Ela ter se esquivado quando ele havia aberto seus antigos sentimentos, o deixou chateado.
- Cadê a bebida, null? Trouxe comida. - null sorriu forçadamente.
- Aqui. - ela entregou o copo para irmã. - Ei, vê se muda essa cara, vamos aproveitar e depois você me mata. - ela sussurrou, recebendo uma encarada como resposta. null e null se afastaram um pouco, engatando uma conversa sobre o lugar.
- Você não tem ideia do que fez hoje, e preocupe-se, eu vou me vingar. – sorriu de lado, dando uma bebericada no copo. - Aliás, eu vou me vingar das duas, a pirralha vai receber por te apoiar também.
- O quê? Mas eu sou inocente. – ela levantou os braços. - Quer saber? Se acalma, null, vamos aproveitar a noite e se você não se sentir confortável, só finge que ele não está aqui. Se o null veio, é porque ele quer se divertir também.
- Eu não contei a história toda para vocês, enfim... Vamos nos divertir, em casa eu conto melhor.
- Já aviso que desculpa eu não vou pedir. Ele é bonito e vocês seriam um casal legal. - null comentou, rindo. - Mas é isso. A banda vai entrar, nosso momento de gritar e extravasar chegou. - ela deu início então a uma gritaria sem necessidade pelo porte do lugar, vendo as irmãs seguirem seu exemplo.
A DJ deu lugar à banda, que começaram a tocar Nickelback, Burn It To The Ground para agitar e deixar o pessoal no clima para o início de noite. As pessoas que estavam espalhadas pelo salão começaram a se juntar ali no meio da pista.
- Meu Deus, minha banda! - null levantou da cadeira que estava sentada e começou a pular e cantar junto.
- Eu é que não vou ficar sentada. - null riu, levantando-se também.
- Vamos mais para frente – null chamou as irmãs. - Parece que são gatinhos.
- Muito. - null concordou.
- E são mesmo, olha só o vocalista. Ganhou meu coração só por começar com Nickelback.
- Qualquer homem bonito ganha seu coração, null, por favor. – null riu, não perderia a oportunidade.
- Ainda tá irritada com o lance do null? null é bonito sim, mas não é pro meu bico - riu da cara da irmã. null mostrou o dedo do meio a ela.
- Ei, null. Não é qualquer homem, ela ainda ignora o null. - null brincou e null concordou.
- null nunca me quis. – riu e mostrou a língua pra irmã.
- Ele te conhece de pequena, sabe o quão chata você é. - ela respondeu, mostrando a língua também em resposta.
- Ele é um guerreiro sem sombra de dúvidas, não é uma tarefa fácil. - null riu, voltando a cantarolar a música que tocavam.
- Outch. - ela riu e continuou a cantar e pular junto como todo mundo ali. - Olha, vocês que me desculpem, mas eu vou lá para perto do palco. Vocês vêm?
- ‘Tô bem por aqui, não gosto de ir com bebida para frente da multidão. - null falou, apontando para o copo. - Logo vou buscar outro.
- Eu também estou de boa, não tenho mais pique para isso, mas vai e aproveita. – a irmã mais velha a incentivou.
null então seguiu em direção ao palco, pedindo passagem entre as pessoas. Depois de muita dificuldade, finalmente conseguiu, ficando bem próxima de onde toda a ação estava acontecendo. Eles agora cantavam a música Need You Tonight, do INXS. A garota balançava ao ritmo da música, cantava junto... E quando resolveu olhar para o palco, o vocalista a encarava enquanto cantava. Ok, talvez ela desmaiaria ali, se tivesse espaço. null sustentou o olhar até que ele se abaixasse até ela, com o microfone em mãos, e apontasse em sua direção, para que cantasse junto. E ela foi.
null não estava nem aí com o fato de cantar lindamente mal. Queria era se divertir, como uma recém-formada. O vocalista então se endireitou e null sorriu na direção dele, agradecida.
Durante o show todo que se seguiu, e até quando ela ficou lá na frente, null e o vocalista trocaram olhares. Bom, que mal faria, não é mesmo? Não o veria de novo...
null respirou fundo. Ela estava encostada no bar, esperando pela bebida que havia pedido ao barman. Um homem estava a encarando de longe, provavelmente pensando no que falaria para ela, qual cantada barata e ruim ele usaria.
O homem se aproximava devagar, mas a mulher podia sentir seu cheiro de álcool de longe, era algo horrível de sentir-se. Ele não era feio, na verdade, seus olhos verdes a chamavam atenção, porém, não tinha a menor chance de considerar sequer um beijo em alguém, que agora que se aproximava, a fazia sentir também o cheiro de cigarro. A cada passo que ele dava para o lado dela no bar, a mulher dava um para o contrário, rezando que o barman trouxesse sua bebida o quanto antes.
-Ei. - o homem finalmente se aproximara, fazendo-a sorrir amarelo. - Eu acho que nunca vi alguém tão bonita assim antes... - ele riu, se atrapalhando nas palavras.
- Não acho que você está em condições de ver alguma coisa... – falou, séria. Ele pareceu não gostar muito, mas riu.
- Eu acho que a gente podia dar uma volta, sabe? Se conhecer melhor, se é que você me entende. - ele tentou sorrir, mas pareceu quase como um derrame.
- Eu acho que não. - ela deu um passo para o lado quando o homem tentou apoiar os braços ao redor de seu corpo, fazendo-o tropeçar.
- Mas você é tão bonita... - o estranho fez bico, quase como se estivesse triste. A mulher se perguntava se ele riria disso, caso se lembrasse amanhã.
- Vai demorar? - null perguntou, virando-se para o barman. Ela sentiu dois braços a envolverem e automaticamente tentou soltar-se, nervosa.
- null, tá difícil conseguir uma bebida? - ela ouviu a voz de null atrás de si e seu corpo relaxou.
- Um pouquinho, null. – ela riu, encarando o homem que agora rolava os olhos, passando sua mão por trás das costas do garoto. Ele saiu de perto, tropeçando até a próxima vítima de sua chatice.
- Desculpa. – ele tirou os braços dos ombros da mulher. – Ele tava bêbado, né? Vi que você tava incomodada. – falou, tímido.
- Agora entendi o motivo delas te chamarem de lorde. – null riu, vendo o barman se aproximar com seu copo.
- Não sou um lorde, mas estou acostumado a ficar de olho na null. – ele deu de ombros. – Talvez eu seja um pouco superprotetor com ela, mas não consigo evitar, é minha melhor amiga. Não queria me meter, e sei que você ia se afastar sozinha se quisesse e tudo mais, mas ele parecia um pouco chatinho. – null fez cara feia e riu, vendo o homem se aproximar de uma outra mulher com um sorriso que ele tentava fazer parecer galanteador. Não devia ser muito mais velho que ele. Bêbado é algo chato, ninguém suporta.
- Bom saber que a null está sempre bem acompanhada. – ela sorriu para o garoto. – Obrigada. Não era nada demais, realmente, mas foi um gesto legal. – ela deu de ombros. – Não que, com essa carinha recém-saída do High School, você consiga valer muita coisa.
- Você não perde uma, null! – ele gargalhou e tomou o copo da mão da mulher, vendo-a encará-lo.
- Não posso perder, você já aprendeu isso. – ela mostrou a língua e ele apenas balançou a cabeça, negando. – De nada. – ela apontou para o copo.
- Falar com você me desgasta, o mínimo que pode fazer para compensar, é me dar sua bebida.
- Você é um desaforado.
- Mas, falando sério, você gosta de mim, né? Pelo menos um pouquinho. Você e a null estão aprendendo a me suportar nessa semana. – ele deu de ombros e riu, vendo a expressão de nojo que null fizera.
- Você só é irritante, mas é gente boa. E obrigada por me apoiar hoje mais cedo. Mesmo sem entender. – ela sorriu, sincera.
- Imaginei que você fosse fazer algo legal, e o null não parece seu tipo de cara.
- Ah, então agora você sabe o meu “tipo de cara”? – ela fez aspas com a mão.
- Não exatamente, mas acho que você não curte o tipo surfista empreendedor, senão já estaria com ele. – ela fez bico, sendo obrigada a concordar.
- Sou muito chata, null. Por isso nem procuro muito, por sinal. Acho que ainda nem encontrei o que seria meu “tipo de cara”. – ela deu ênfase mais uma vez.
- Tenho certeza que, nesse caso, você vai descobrir no susto. – ele riu, vendo-a o acompanhar.
- Provavelmente vai ser algo bem chato, e monótono, já que não frequento tantos lugares interessantes. Mas a gente tá falando da minha vida amorosa por que, mesmo?
- Não sei, vai que você, com toda sua zero experiência, pode me ensinar algo. – ele riu.
- Zero experiência, null? Olha, eu só não acerto seu nariz, porque ele é bonitinho. – ela brincou.
- Não só o nariz, pode assumir. – ele abraçou a mulher novamente pelos ombros e a puxou em direção a um canto, já que não encontravam nenhum dos amigos por ali. – Vai, me fala mais daqui da Austrália, do restaurante, de você. Não temos nada para fazer mesmo.
Capítulo Quatro
- null, você realmente não vai largar esse celular? - null falou, descendo as escadas com null e encontrando a garota largada no sofá. - Até o null falou mais com a gente nos últimos dias. - null fingiu que não era com ela.
- Ela está obcecada nesse vocalista, se ela não está olhando esse celular, ela está falando o quanto ele é lindo. - null complementou.
- Já deve ter enchido as fotos do cara de comentários, coitado. - as irmãs mais velhas riram.
- Eu não queria ter essa garota como fã não, coitado mesmo. - null encarou a mais nova que levantou o dedo do meio a ela.
null levantou o olhar do celular e arremessou a almofada na direção das duas, não se importando em qual delas acertaria.
- Parem de me encher.
A garota voltou para o celular e continuou conversando com o tal vocalista que as irmãs falavam, que depois do show que ela foi com null e null, juntamente dos amigos, descobriu se chamar null. null havia encontrado null no breve momento de pausa que ele teve para poder se hidratar. Ele achou bem divertido a animação que a garota demonstrava ao falar dos pontos altos da apresentação no ponto de vista dela, assim como comentários sobre as bandas dos covers que eles haviam feito.
Então, como quem não queria nada, null perguntou se a banda tinha conta nas redes sociais, para que pudesse seguir e divulgar para algumas pessoas. Após alguns stories da garota marcando a banda, o próprio null a seguiu no Instagram e desde então eles conversavam. null estava adorando a experiência daquilo tudo. Nunca teve qualquer tipo de contato com alguém que tocasse em alguma banda.
- null, larga essa menina aí com o celular, vamos lá no mercado comigo e a null. Precisamos de alguém para carregar as coisas mesmo. - null brincou, chamando-o com um aceno. null já os esperava na porta, com o olhar perdido na casa ao lado.
- Só querem me usar, eu mereço. - ele riu e se levantou. Quando viu que as mulheres já estavam distantes, se abaixou perto da melhor amiga. - Se você realmente não quer que elas saibam, devia aprender a dividir sua atenção melhor. - ele piscou para null e saiu atrás das irmãs mais velhas da garota.
null ficou encarando null, até que se deu por vencida ao ouvir o celular apitar.
[null]: Temos um show para a próxima semana. Quer ir? Acesso ao backstage. Oportunidade imperdível de me ver pessoalmente.
[null]: Agora de verdade.
[null]: Mas é um pedido sem segundas intenções?
[null]: Porque se não for, eu não vou.
[null]: 😂
[null]: Você é impossível, garota.
[null]: Brincadeirinha. Vou dar um jeito de dar um perdido no pessoal aqui e nos encontramos lá.
×××
- A gente bem que podia fazer aquele prato que você me falou que foi o seu primeiro, né? - null falou, sentando-se próximo a null, na cozinha.
- Ah. Eu ‘tô com preguiça, null. - ela fez bico, deixando os ombros caírem.
- Você não fez nada o dia todo. Como uma chef tem preguiça de cozinhar? - ele reclamou. - Você falou que ia me ensinar.
- Eu só sei que qualquer um dos dois que cozinhar está bom, estou com fome. - null abriu um enorme sorriso.
- Promessa é dívida, né? Temos meses pela frente, você é acelerado demais.
- Se eu não cobrar, duvido que você vá se propor. - ele deu de ombros. A mulher rolou os olhos e atirou nele o que tinha mais próximo de si, um fouet.
- Realmente não sei quando te dei tanta intimidade, pirralho.
Antes que null pudesse responder, a campainha tocou e interrompeu o momento de descontração. Todos se encararam, ninguém estava disposto a se levantar, vendo que ninguém iria, a anfitriã, a contragosto, caminhou até lá.
- null? - ela encarou o vizinho ali, com uma xícara em sua mão, levantando-a na direção dela.
- Oi, vizinha, teria um pouquinho de açúcar para me arrumar? - coçou a nuca, sem graça.
- Cara, desculpa, mas eu acho que a da xícara de açúcar não cola mais hoje em dia. É assim que você tenta conquistar as mulheres? Não tá errado que está sozinho. - null zombou, aparecendo na porta atrás de null.
- É sério que ele usou a da xícara? - null falou, levantando a cabeça e dando um tapinha na própria testa. Estava na escada que dava de frente para a porta.
- Até o null soltaria uma melhor, tenho certeza. - null riu, apontando para o garoto.
- Obrigado por não me chamar de pirralho dessa vez. É bom lembrar às vezes que tenho nome. - null sussurrou no ouvido de null, fazendo-a lhe mostrar o dedo do meio.
- Mas é sério, eu preciso mesmo de açúcar. - null tentou, mas ninguém acreditava naquilo, inclusive null que estava segurando a risada.
- null, o null precisa de uma xícara de açúcar, vem aqui, você é um docinho mesmo. - null chamou, saindo da frente da porta e andando de volta para cozinha, puxando null consigo.
- null! - null gritou, chamando a atenção da irmã, mas era possível escutar as gargalhadas dela junto com null. - Me dá essa xícara aqui, vou colocar o açúcar. Pode se sentar, fica à vontade. - ela bufou e fechou a porta, depois de null entrar.
Caminhou até a cozinha, e ainda escutou umas risadinhas presas ali, pegou o bendito açúcar e encheu a xícara do vizinho.
- Ei, null, espero que você não tenha jantado, porque a null e o null vão cozinhar. Fica com a gente. - null o convidou.
- Se eu não o colocar para fora da minha cozinha pela janela primeiro, claro. - null riu e null puxou um pedaço de seu cabelo de leve, zombando da mulher.
- Ah, não, não quero atrapalhar vocês. - o vizinho respondeu. - É um jantar de família.
- Que família o que, o null nem é da família e vai estar. – null olhou para o amigo e começou a rir. - Vem, não faz essa desfeita para a gente, null do meu coração.
- Bom, então se não for atrapalhar, eu aceito sim. - sorriu.
- Mas você não ia usar o açúcar, null? Algo não está certo. - o homem sentiu as bochechas inflamarem com o comentário de null.
- Eu falei que a do açúcar não era uma boa, amigo. - null comentou, fazendo null e null gargalharem.
- Para de ser chata, mulher. – null implicou com a irmã.
- Eu fiz uma pergunta inocente, poxa? - brincou. - Mas enfim, você é bem-vindo para jantar, tá? Não precisava inventar desculpa nenhuma.
- Esse aí tá gamadão na null. - null comentou baixinho, olhando para o celular e esperando por mensagens de null. - Senta aí, null. - null se levantou da escada e foi até o sofá. - Vem, vamos conversar. - bateu a mão no assento do sofá, ao lado dela.
- Obrigado, garotas. - sorriu, sentando-se. - E então, quando terão disponibilidade para umas boas aulas de surf?
- ‘Tô precisando ganhar marquinha de biquíni, então logo. Mas como surgiu esse interesse por surf? Alguém da sua família gosta?
- Ah não, você não perguntou isso. Ele vai começar a história mais longa da vida. - null gritou da cozinha.
- Exagerada! – gritou de volta para ela. - Minha família é do surf, eu aprendi a surfar com meu pai, que aprendeu com meus tios, meu pai é o caçula de três irmãos. É nosso programa de família.
- Você já chegou a competir em algo no surf, como naqueles programas que passam na tv, ou faz mais por diversão?
- Já sim, quando mais novo, mas hoje em dia só surfo por diversão, tenho uma loja para administrar, mas é algo que me relaxa. - deu de ombros. null o observou, não conhecia esse lado de null.
- Cara, passar pelo interrogatório das null é difícil, viu? - null apareceu na sala, brincando com a situação de null.
- null, se você quer aprender, fica na cozinha. - null o puxou de volta pelo pulso, e o garoto saiu reclamando.
- Inclusive, aturar elas, é pior que o interrogatório. - ele bufou.
- Desculpa a pergunta, mas ganha bem? - null mantinha a mão apoiada no queixo enquanto ouvia atentamente o que o rapaz dizia.
- null, meu Deus! - null encarava a irmã, extremamente sem graça.
- Que foi? Foi só uma pergunta. Se não quiser responder, fala, ué.
- Não posso reclamar, null, tenho a vida que sempre sonhei e trabalho no que eu gosto.
- Só falta uma mulher, né, null? - null gritou, novamente entrando na conversa dos três na sala. null a encarou, rindo e comentou apenas para ela “falou a encalhada”, tomando um tapa no braço automaticamente.
- Com certeza, aí eu estaria com a minha vida perfeita, quem não gosta de uma história de amor? - sorriu, encarando null, que teve uma crise de tosse.
null olhava de onde estava um para o outro, com um sorriso divertido no rosto.
- Bom, null, posso te ajudar nessa tarefa. - ela balançou as sobrancelhas para o homem. - Calma, para sua infelicidade não sou eu.
- Eu vou subir, preciso pegar umas coisas lá em cima. - null caminhou para as escadas rapidamente, prevendo o que aquele assunto renderia. null soltou o ar que prendia, qual era o problema de tentarem alguma coisa? Ela em todas as vezes se esquivava e aquilo o intrigava.
- Eu converso com você um único dia, e você já toma a liberdade de me chamar de encalhada.
- As pessoas não têm liberdade de falar a verdade para você? – null riu quando viu null rolar os olhos.
- null, você tá cortando errado. Olha o tamanho disso. – ela apontou para o tomate em pedaços maiores do que ela queria. – Você tem que segurar assim. – null tomou a faca da mão de null e a posicionou da forma certa.
- Você ensina no grito, né? É engraçado, zero didática. É assim no restaurante também?
- Meu Deus, eu jurei que eu ia ter paciência, mas você a tira de um jeito muito rápido. – ela riu, brincando. – Você não consegue passar um minuto sem fazer gracinha? – perguntou, encarando-o.
- Acho que não. – ele fez bico. Antes que null pudesse perceber, null pegou a pedra de gelo que ela estava usando para preparar alguma bebida e havia deixado no balcão atrás dela. Ele rapidamente colocou a mão na nuca da mulher e colocou a pedra de gelo, que escorregou por dentro de sua blusa.
- null! – ela gritou, surpresa. – Você é um idiota. – ela estapeou o braço do garoto com a maior força que conseguira.
- Outch, foi só um gelo. – ele reclamou, segurando o braço onde ela havia acertado.
- Vai todo mundo ficar sem janta hoje, não aguento mais o null. – ela falou, andando até a sala com um pano de prato pendurado no ombro e bufando. – null, te odeio por ter um melhor amigo tão chato, quero ele fora dessa casa. – ela falou, rindo. null a seguiu, parando ao seu lado e apoiando o braço em seu ombro.
Não tinha como não rir das idiotices que null fazia, e nenhuma delas realmente a irritava. Ela não ria tanto quanto naqueles últimos dias com o garoto desde sua época do colegial, já que na faculdade de gastronomia, um parecia mais ter vontade de comer o outro vivo do que fazer amizade. Era um ramo competitivo, não dava para negar.
- Melhor amigo de quem? Quem é null? Aquela ali que não larga o celular? – ele comentou, fazendo todos rirem. – Você falou que se eu quero aprender, tenho que ficar na cozinha, então não me enrola, volta para lá. – ele ignorou o dedo do meio que a melhor amiga mostrava e saiu da sala, puxando null de volta com ele para cozinha.
- Você realmente vai embora rápido assim para não entrar na guerra sobre lavar a louça? Que deselegante. - null brincou quando null anunciou que estava tarde, e acordaria cedo no dia seguinte.
- Me pegou, poxa. – entrou na brincadeira dela.
- Eu não peguei não, essa piada devia vir para outra null. - null rebateu, esperando o olhar furioso da irmã.
- Se a outra null estivesse interessada eu não me importaria se ela me pegasse. – null sentiu as bochechas quentes. - Não é, null?
- Acho que depois dessa, eu vou lavar louça, o clima mudou aqui. - null se levantou e puxou a melhor amiga com ele, gargalhando.
- Opa, senti a indireta aqui. Vem, vamos, null. - null enganchou o braço no do rapaz e foram até a cozinha limpar a zona, puxando null com eles.
- Não vão, preciso mesmo ir embora, amanhã eu tenho que abrir a loja cedo. - ele gritou, impedindo que os três saíssem da sala, já tinha torturado null demais por uma noite. – Sexta-feira então?
- Por mim sim. - null concordou com um sorriso, vendo null e null também afirmarem. Eles encararam null, esperando sua resposta.
- Ok, tudo certo. – respondeu, sabia que seria voto vencido naquela situação.
- Certo, até sexta. - caminhou até a porta e sem esperar que alguém abrisse, saiu por ela. null respirou aliviada, tinha ficado tensa durante a noite inteira.
- Ei, null! - null correu até a porta. - Esqueceu sua xícara, cara. - ele entregou o objeto para o homem. Ele lhe encarou, mostrando o dedo do meio e fazendo todos dentro da casa rirem.
- Isso se ele ainda quiser o açúcar que está dentro, né? - null falou após null fechar a porta. Eles observaram null rolar os olhos.
- Gente, vocês não cansam de me juntar com ele? - ela encarou rapidamente um a um ali naquela sala.
- Nunca, a gente ama você. - null respondeu.
- Eu não quero viver um amor de verão, porque eu não vou morar aqui, e eu sei que vou magoar o null. Ele é uma pessoa sensível demais.
- Então é só por isso? - null perguntou. - Eu tenho vários quartos, você não tem um trabalho para voltar... Fica à vontade. - cutucou a irmã, sabendo que seria odiada.
- Eu cansei, vou dormir. - null revirou os olhos se levantando da mesa deixando todos ali prendendo a risada. As desculpas dela estavam ficando cada vez mais escassas.
- Aquele convite se estende? - null perguntou para null, vendo-a rolar os olhos assim como a irmã mais velha havia feito. Todas tinham as mesmas expressões, o DNA era incrível entre elas, principalmente no ponto de serem irritantes.
×××
Naquela manhã as irmãs combinaram de ir até a tão famosa praia Brighton Beach, conhecida por suas casinhas coloridas, a mesma que haviam visitado anteriormente de forma rápida. Nesse momento estavam null e null deitadas na areia e tomando sol, enquanto null jogava vôlei com null próximo dali. A praia em si era bem bonita, e até estava movimentada para uma manhã de sexta-feira. Mulheres tomando sol como elas, crianças na areia brincando com seus familiares... Algumas pessoas estavam na água se aventurando no surf, já que estavam próximos da loja de null e todos pareciam conhecer o rapaz, e usavam seus equipamentos.
O celular de null apitou, denunciando o recebimento de uma nova mensagem. Ela se sentou, procurando entre suas coisas o objeto. Quando o achou, viu a mensagem dele.
[null]: E aí, tá fazendo o quê?
[null]: Nada de muito interessante, mas aposto que o seu dia está bem mais animado que o meu.
[null]: Talvez? Depende do que você quis dizer com animado.
[null]: Envolve algo perigoso?
[null]: Sim, se a pessoa não souber para onde vai.
[null]: É, tá vendo? Mais interessante.
[null]: Às vezes queria mais adrenalina na minha vida.
- null, larga esse celular, vamos lá. - null apareceu, derrubando o celular da garota na areia e a puxando pela mão para que se levantasse. Ele apontava para loja de artigos de surf de null. - Você também, null. E não foge, null. Todo mundo vai tentar.
- Ai, para quê? Tava tão bom aqui. - null limpou um pouco de areia do corpo e ajeitou suas coisas. - Só vou se você passar protetor em mim depois. - null assentiu, concordando.
- Alguém já te disse o quão chato você é? - null perguntou.
- Sim, você. Várias vezes nas últimas duas semanas, por sinal. - ele rolou os olhos e puxou a mulher pela mão também, para que ela se levantasse.
- Ok, vamos todos tentar surfar. – null concordou com null, seria uma experiência interessante.
- Minha turma da manhã chegou. - null falou, vendo o grupo entrar, parando seus olhos em null.
- Pois é, prometemos que viríamos, não? - null respondeu por todos eles.
null revirou os olhos.
- Oi, null, amor da minha vida. Promessa é dívida.
- null, cara, estou precisando de uma manutenção na minha prancha. - um homem entrou na loja. null olhou para ele, mas não conseguiu identificar quem era, pois a prancha cobria o rosto. - Pode dar uma olhada para mim? - ele deixou a prancha sobre a bancada e olhou ao redor.
null quase caiu para trás.
- Oi, null. - o rapaz a cumprimentou.
- O-o-oi. - ela gaguejou, engolindo em seco. - Como vai?
- Muito bem. - ela o viu pôr as mãos nos bolsos do short. Ele sorriu enquanto olhava para ela.
- Ih, não é o carinha que estava tocando aquele dia no show? - null perguntou.
- Sim, é ele mesmo, que coincidência louca é essa, hein? Detalhe, eles se conhecem! - null tinha um sorriso maroto na face.
- Também, o que o cara deve ter sofrido com ela nas redes sociais. - null completou. - Inclusive, desculpa a loucura dela, viu? - ela direcionou a fala para ele, que ainda encarava a irmã menor.
null desviou o olhar de null para encarar as pessoas ao redor dela. Deviam ser as irmãs que null tanto falava por mensagem.
- Loucura? Não, ela é adorável. - null sorriu na direção de null.
Se tivesse um buraco ali, pode ter certeza de que a mais nova enfiaria a cabeça, com tanta vergonha que estava sentindo.
- Pensei de ter comentado com vocês no dia do show. O null aqui... – null se aproximou do rapaz e colocou o braço ao redor dele. - É meu cliente faz um tempo. null, eu tinha combinado de ensinar as meninas e o null a surfar. Posso deixar para cuidar da sua prancha depois?
- Claro, null. – ele se virou para o amigo. - Ensinar a surfar? Vai querer ajuda? Sou um ótimo professor.
- Nossa, null! Que incrível, você é muito solícito! Eu tenho certeza de que minha irmãzinha ia adorar que você a ensinasse. Como eu falei, ela ficou meio louca depois do show de vocês, ela ficou bem fã mesmo. - null comentou, ouvindo null e null concordarem rapidamente.
- Você é meu amigo, tem é que me apoiar, não entrar na onda dessas aí. - ela cochichou para null.
- Não fiz nada demais. - null deu de ombros. - Aliás, já que a null não nos apresenta, eu sou o null.
- Coitada, perdeu até a língua, mas ela topa que você a ensine. - null empurrou a irmã levemente na direção do rapaz. - Ela é meio sem educação mesmo, eu sou a null, a null do meio.
- E eu sou a null, a null mais velha. – deu um sorrisinho educado ao homem.
- E essa aqui, que tá de saída com você, é a null mais nova. Uhul, todos nos conhecemos, agora vamos deixá-los. - null entregou os equipamentos, que já havia separado, para null e null.
- Vai ter volta. - null falou olhando para trás, onde as irmãs estavam, antes de sair com null da loja. Ela sorriu e enfim enlaçou o braço ao de null.
- ‘Tô de olho em vocês. - null comentou para melhor amiga, emburrado.
- Tá nada, deixa a menina em paz. - null o cortou, vendo-o mostrar a língua para ela em resposta.
- Então ficamos nós, não? - null encarou null, com as mãos nos bolsos da bermuda tactel.
- Sim. Vamos surfar. - null mordeu os lábios.
- Gente... - null começou a falar, trocando rapidamente um olhar com null. - Eu fiquei de mostrar um restaurante aqui perto para o pirralho, então vou ficar devendo o surf. null, você sabe, não presto para isso.
- Ficou? - null perguntou inconscientemente, e a mulher rolou os olhos, pisando discretamente em seu pé e ouvindo um “aí”. Logo em seguida, ele concordou.
- Está tudo bem, null, não tem problema. - null havia entendido e até agradecido a ajudinha que ela havia dado aos dois, e ele não perderia a oportunidade.
×××
- Você não precisava pisar no meu pé, viu? – null reclamou, andando na calçada. Já haviam saído da loja para o lado contrário da praia.
- Você só entende as coisas rápido quando quer, né?
- Eu não tenho culpa que você age de cupido de todas as formas possíveis e eu não consigo acompanhar, null.
- Eu não ‘tô agindo de cupido. – ela respondeu, fazendo null rir. – Tudo bem, talvez um pouquinho... Mas minhas irmãs merecem um pouco de aventura, eu gosto de ver elas envergonhadas, e felizes, claro.
- Então se a gente encontrar qualquer um na rua... Alguém, assim, que eu ache legal... Eu posso fazer o mesmo com você? Se elas merecem um pouco de aventura, acho que você também, não é? – ele falou, olhando para um homem que vinha na direção deles, correndo. Ele estava em bermudas floridas, e sem camisa. Assim que ele passou pelos dois, null e null se encararam, gargalhando.
- Você definitivamente não presta, null.
- Juro que eu presto, só é pouco. – ele deu de ombros. – Então, para onde estamos indo? No restaurante?
- Que restaurante? Não tem restaurante. Foi realmente uma desculpa para deixar os dois sozinhos.
- Ah, achei que pelo menos tinha um restaurante.
- Não, mas tem um lugar legal que podemos ir. Continua andando aí. – ela o empurrou e seguiu andando ao seu lado, em silêncio.
- Um píer é um lugar legal? – null perguntou, pisando nas pedras e andando até a frente do local que null o havia levado.
- Um píer é um lugar muito legal, null. Qual o seu problema?
- Para ter me tirado de uma aula de surf, achei que você ia pelo menos me mostrar um lugar bem australiano e legal.
- Você acha que sou o quê? Guia turístico? – ela perguntou, o encarando.
- Talvez. – ele comentou, sabendo que a irritaria.
- Só fica quieto e me deixa quieta então, vai. – null reclamou, andando até mais em frente e sentando-se na beirada do píer.
- Sabe quais são os momentos que te vejo mais feliz? – null falou, sentando-se ao lado da mulher. – Quando você está fazendo graça com as suas irmãs, de resto, você parece difícil de agradar. Difícil de sorrir. Claro, eu consigo, mas não estou contando isso. – ele riu, vendo-a negar com a cabeça, mas com um sorriso no rosto.
- Por que está fazendo uma análise minha, posso saber?
- Não sei. – ele deu de ombros, sincero.
- Esse é meu lugar preferido, gosto de vir aqui e fazer nada. – a mulher confessou, olhando para a praia ao longe.
- Então você é uma guia turística... Mas mais pro lado espiritual? – ele tentou segurar a risada, mas falhou.
- null, meu Deus. – a mulher gargalhou, não aguentando a brincadeira. – A null disse que você era tímido, ainda não encontrei essa personalidade.
- Eu sou, muito. Mas não sei, com você e a null me sinto como com a null, então sou mais eu. Vocês são muito parecidas, talvez nem vocês percebam o quanto. – ela concordou com a cabeça, pois as achava tão diferentes de si mesma.
- Bom, isso é bom, né? Quer dizer que se sente à vontade conosco.
- Confesso que me sinto bem à vontade com você. – ele falou, sério. – Não sei, te irritar me faz rir, e isso é legal.
- Isso quer dizer que sou uma grande brincadeira para você, não é, null? – ela arqueou a sobrancelha e o garoto rolou os olhos.
- Quando eu tento ser sério, você quebra o momento. – ele mostrou a língua e a mulher lhe mostrou o dedo do meio. – Me conta alguma coisa diferente sobre você. Nada do restaurante, ou da Austrália. Sobre você.
- Por quê?
- Não sei, null, porque estou tentando ter uma conversa com alguém que acho legal, eu preciso de mais motivo?
- Ok, desculpa. – ela riu. – Não sei falar sobre mim, não costumo fazer isso. – confessou.
- Pronto. Você acabou de falar sobre você. – ela torceu o nariz. – Pode não gostar, mas foi o que fez. Por que não costuma fazer isso?
- Porque não sei se percebeu, mas não tenho grandes amizades por aqui. Conheço várias pessoas, tenho o restaurante com ótimas pessoas, mas nada como... Como você e a null, por exemplo. Sempre tive essa relação apenas com as meninas, e ainda assim, as coisas ficaram difíceis depois que decidi me mudar, né?
- Então, entendi. – ele falou, tentando manter a expressão séria no rosto. Ele aproximou seu corpo do de null. – Você está carente, precisa de um amigo. De um ombro amigo. – ele riu, encostando a cabeça da mulher em seu ombro e vendo-a fazer força para se livrar de seu quase abraço.
- null, não tem como levar você a sério. – ela reclamou, tentando não dar um leve chilique em meio às suas risadas.
- Mas é sério, se precisar de um amigo, estou aqui. – ele deu de ombros, vendo-a sorrir de lado, pois sabia que ele estava sendo verdadeiro.
- Quando ficamos sentimentais assim? – null perguntou, fingindo vomitar. – Não era apenas para falarmos de cozinha, sei lá?
- Não. Pensa um pouco, você agiu de cupido para suas duas irmãs, a tendência é que elas te deixem sozinha agora, e só vai sobrar quem? Eu mesmo. Melhor conversarmos sobre tudo. – o garoto riu quando a viu concordar, sabendo que fazia sentido.
Quando era por volta de uma da tarde, null e null já haviam conversado sobre tudo um pouco. Desde séries de TV que gostavam, até seus pratos preferidos e suas famílias, por mais que ambos conhecessem as famílias uns dos outros. Eles riram juntos durante a maior parte do tempo, tiraram fotos um do outro, e quando decidiram que era hora de encontrar o caos que poderiam ter virado as outras null e seus rolos, ambos pareciam adolescentes bêbados voltando para casa.
- Não quero levantar. – null fez bico, esticando os braços para que null a puxasse para cima.
- Vamos, daqui a pouco a null tá gritando por aí atrás de nós. O celular ela só lembra para falar com o vocalista.
- Outch, alguém está com ciúmes? – null passou a mão no short, limpando qualquer sujeira que pudesse ter onde estava sentada.
- Não. Se ela não tivesse louca de desespero para conhecer o cara, eu não estaria aqui conversando com você. – ele falou, sem pensar. null juntou os lábios, tentando processar a frase do garoto. – Foi legal, vai. – ele tentou amenizar, percebendo que sua frase soara mais estranha do que legal, como ele pensara.
- Foi. – null concordou, relaxando os ombros. - null vai ficar com ciúmes da nossa amizade, com certeza. - ela riu, vendo-o concordar com uma expressão maléfica. Com certeza ele brincaria com isso com a melhor amiga. – null... – ela falou enquanto eles começavam a andar para sair do píer. – Posso tirar uma foto com seu celular? – ela pediu e o garoto, sem nem pensar, lhe entregou o aparelho. – Fica parado aí, tá muito legal, depois eu troco com você, e você tira minha, pode ser? – ele concordou, ficando parado na ponta do píer, fazendo uma pose engraçada para que ela tirasse a foto, como eles estavam fazendo alguns minutos antes. – Lembra quando você me chamou de encalhada?
- Você guarda rancor, né? – ele sorriu e ela tirou a foto.
- Não, imagina. – null se aproximou do garoto como se fosse lhe entregar o celular e o empurrou, vendo-o cair com um grito na água.
- null! – ela se pendurou na ponta da pedra, olhando-o lá embaixo, vendo apenas a cabeça do garoto aparecer. – Isso vai ter volta! – ele riu, sabendo o quão engraçado aquilo deveria ter sido.
- Te encontro ali. – ela apontou para a calçada, por onde tinham andado para chegar, e mandou um beijo para ele, ainda rindo de sua ideia.
×××
null e null procuraram uma área mais vazia da praia, onde o garoto sabia que null normalmente ensinava as pessoas a surfarem, e ajudou null a vestir a roupa especial. A garota sentia um frio enorme na barriga, estando ali tão perto dele.
- Quando você disse que fazia algo perigoso, não fazia ideia que seria justamente surf.
- Por que você diz justamente? - ele perguntou enquanto estava concentrado em apoiar a mulher para que ela pudesse se vestir.
- Porque é estranho você conhecer o vizinho da minha irmã e a gente se encontrar aqui.
- Bom, não acho. - deu de ombros e encarou a garota. null queria desmaiar. Que homem lindo, nossa senhora . - Vamos lá, então. Você precisa se aquecer primeiro. - null começou a se alongar e null o seguiu. - Assim, você tem que elevar mais o braço. - ele tocou no braço dela para que ela seguisse o que ele dizia.
- Você tá me deixando toda arrepiada. - ele riu com o comentário dela.
- Eu nem te toquei direito.
- Mas você é bonito demais, não dá.
- Então se eu me aproximar assim de você - ele se abaixou um pouco e aproximou o nariz do pescoço dela -, o que acontece?
- Eu caio mortinha no chão. - null riu e se afastou um pouco, encarando-o por um momento até que os olhos de ambos descessem para os lábios um do outro.
Ao fundo ouviu o som de uma criança que corria e gritava ao fugir do pai. Quando eles se afastaram, viram o pai do garoto pegá-lo no colo e dar um pequeno sermão de como aquilo não deveria ser feito porque tinha pessoas má intencionadas e blá, blá, blá.
- Então... - null quebrou o mal-estar que se instaurou ali entre eles depois do clima ser quebrado. - Há quanto tempo você surfa?
- Faz pouco tempo, na verdade. Quando vim da minha cidade natal, Hornsby, precisava de um hobbie para me desestressar um pouco de toda a pressão que venho tendo junto com todos os meus colegas de banda para atingirmos alguma gravadora de sucesso. Mas e você, null, tem algum hobbie?
- Hobbie acho que não, mas minhas irmãs falam que eu adoro elogiar homens bonitos para descontrair e não meço muito minhas palavras. Pode ser considerado como hobbie?
- Para falar a verdade, não sei. - riu e pausou por um momento. - Então eu sou um homem feio?
- Ãhn? - null parou de puxar a cordinha da roupa. Aquilo balançando a estava irritando muito. null a ajudou prendendo a cordinha dentro de sua roupa de surf. Ela finalmente se tocou do que ele havia perguntado. - Longe disso. O quase desmaio já não foi prova suficiente?
- Como a maioria dos homens, eu gosto de ter o ego inflado.
- Idiota. - null riu, o empurrando levemente.
- Bom, enquanto o pessoal não chega, eu vou te passar alguns movimentos. - ele se deitou na prancha de null para demonstrar. Era um movimento de nado mesmo. - Tenta fazer o mais rápido que conseguir, porque você vai precisar se levantar até a onda rápido. Quando sentir confiança no mar, você se levanta assim. - ele se levantou rápido, fazendo o movimento. Depois, deu lugar para que ela tentasse.
- Assim? - null fez o movimento de nado.
- Abaixa um pouco, porque senão sua coluna vai sentir mais tarde. - ele orientou e ela fez o que foi pedido. - Isso, perfeito! Agora quando você se sentir segura, você levanta e faz aquele movimento que te mostrei por último. - ela se levantou toda desajeitada e fez, mas caiu.
- Meu Deus, se eu caio na areia, imagina no mar.
- É questão de prática, null. Não se preocupe quanto às quedas. Estarei lá para te ajudar.
- É? Você vai estar sempre?
- Posso ser seu instrutor pessoal, se você quiser.
- Aulas vips assim, de graça?
- De graça não, uma hora você vai me pagar. - ele sorriu na direção dela.
- É? E quando seria?
Quando null estava prestes a responder, foi interrompido.
- Oi, você é o null, do The Sixx, né? - uma garota os interrompeu. - Sua banda é um máximo! Pode tirar uma foto comigo?
- Claro. - ele olhou para null e pediu desculpas. A garota olhou para onde ele olhava.
-Você pode tirar para gente? - ela não esperou uma resposta. Entregou o celular na mão de null e tratou logo de agarrar um dos braços do vocalista.
null achou graça da situação. Se era assim que ela parecia para as irmãs, da próxima vez null ia pedir para uma delas a socar até ela acordar para realidade.
A garota apontou o celular na direção deles e tirou várias fotos, com a fã fazendo várias poses para as fotos.
- Muito obrigada, null! - antes de sair, ela deu um beijo no rosto de null, que ficou sem reação. - Espero te encontrar de novo. - dizendo isso, saiu.
null se aproximou dele novamente com um ar divertido.
- Isso quase foi uma sessão de photoshoot. As fãs estão surgindo, null, sinal de que a fama logo vem.
- Bom, sim... - deu de ombros. - Quem sabe? Às vezes eu queria poder jogar tudo para o alto por causa do estresse que vem junto.
- O estresse é normal. Você é super talentoso, logo sua banda vai assinar com alguma gravadora, não se preocupe.
- Obrigado. - eles ficaram sorrindo um para o outro.
null quebrou o contato depois de um tempo e olhou para o lado, onde a irmã de null e null estavam. Depois, voltou a encarar null.
- Então, vamos praticar de verdade na água? - a garota balançou a cabeça freneticamente e pulou, animada. null riu e pegou a prancha, indo em direção ao mar e sendo seguido pela mulher.
null observava um pouco afastado, mas não muito, o que null fazia e a alertava quando necessário.
- null, se prepara! Está vindo uma onda legal. - como ainda estavam perto da margem, a onda não era tão alta assim. - Nada o mais rápido que conseguir e levanta quando sentir que é a hora.
- E como eu vou sentir que é a hora, null?! - ela gritou desesperada, enquanto nadava.
- Você vai saber, não se preocupe.
A garota nadou, nadou, nadou, até que enfim sentiu confiança e se levantou sobre a prancha, fazendo exatamente o que null havia lhe ensinado, mas acabou por cair.
Adorou a experiência.
- Isso é demais, null! - ela gritou após emergir da água. - Eu amei!
De longe, ele sorria. Ultimamente ele andava bem risonho quando o assunto era null.
É, null, você estava completamente ferrado.
×××
null estava sentada na areia, já havia vestido a roupa apropriada de surf e via null passar parafina na prancha que ela usaria. Era impossível não prestar atenção aos atributos físicos do homem.
Ela o olhava atenta, null estava sem camisa, ela podia observá-lo muito mais, os braços bem musculosos e definidos, não era algo exorbitante, mas estava perfeito para ela. A barriga... Definitivamente ela queria muito passar as mãos ali, não era um tanquinho exagerado, mas era bem definido. As pernas, não eram nada mal, ele não era um funil, provavelmente gastava algumas horas na academia... Balançou a cabeça, virando-a para o outro lado, não podia e nem devia ficar avaliando o rapaz daquela forma.
- Está tudo pronto, null. - null chamou sua atenção, ela se levantou, deu uma limpada na roupa, e se aproximou dele.
- Eu não faço ideia de como isso vai ser. - deu uma risadinha.
Ela olhou para o lado um pouco mais a frente e pôde visualizar null e null, a irmã acenou, ela acenou de volta com um pequeno sorriso. null parecia se divertir com o vocalista, torcia internamente que o rapaz fizesse bem a sua irmãzinha, não queria que ela tivesse uma decepção amorosa assim tão cedo.
- Primeiro, você precisa ganhar equilíbrio na prancha, tenta ficar em pé aqui. - ela o encarou, despertando do transe que estava. Foi até a prancha no chão e tentou se equilibrar nela, obtendo êxito. - Agora, você precisa treinar um movimento essencial chamado de pop-up, que consiste em subir rapidamente na prancha. Você precisará empurrá-la para baixo, apoiando as palmas das mãos na prancha na altura do peito e firmando os pés para conseguir subir. - ele fez o movimento, null tentou em sua prancha, mas de primeira não conseguiu. Tentou por mais algumas vezes, e nada.
- Agora eu entendo minha irmã dizendo que não leva jeito com isso. - ela o olhou, tentando mais uma vez.
- Não leve a experiência de null a sério, você sabe que ela é bem preguiçosa quando as coisas não saem do jeito que ela quer. - null o encarou com o cenho franzido.
- Sim, ela é. - riu. - Você fala com tanta propriedade... Faz quanto tempo que se conhecem?
- Desde que ela mudou para cá, acho que uns três anos, não sei ao certo.
- null, você nunca tentou nada com ela? Qual é? Eu sei, minha irmã é a coisa mais linda e perfeita desse mundo.
- Na verdade, não, eu estava noivo na época que a conheci e bom, depois que eu terminei já éramos muito amigos, mas não posso negar que null é uma mulher bem atraente, mas ela e eu nunca rolou nada.
- Ah. - null se repreendeu mentalmente, não tinha que ter interesse nenhum em saber se ele havia se interessado em null, ela não queria nada com null, certo?
Ficaram um tempinho calados, null a via tentar e não conseguir fazer o movimento, se desequilibrando em todas as vezes, ele se aproximou dela.
- Posso? - ele pediu autorização para colocar as mãos na cintura dela, que assentiu. - Mais devagar, null. - foi direcionando-a delicadamente ao movimento certo. - Agora tenta de novo, sozinha.
- Consegui! Finalmente! - abriu um enorme sorriso para o rapaz, que se sentiu verdadeiramente feliz, era a primeira vez que ela sorria de verdade para ele.
- Repete mais algumas vezes. - ela o obedeceu, realmente havia conseguido pegar o jeito da coisa. - Consegue se equilibrar bem, se sente confiante?
- Olha, confiante eu não diria, mas aparentemente estou ok. - agora foi a vez de null sorrir.
- Vem, vamos para a água. - ela saiu de cima da prancha e viu null a pegar. Eles caminharam juntos em direção ao mar. - Pronto, aqui não tem ninguém praticando, vai ser mais tranquilo para você aprender.
- Eu estou com medo, null, e se eu me afogar? Tá passando tantas coisas na minha cabeça enquanto eu olho o mar. - soltou um riso nervoso.
- Eu jamais deixaria nada acontecer com você, e não vamos para o fundo. Relaxa. - ela assentiu, tentando ficar mais calma. - Deita na prancha e vai remando devagar. - ela assim o fez.
- null, isso não vai dar certo... - ela negava freneticamente com a cabeça, pensando na hora que teria que se colocar de pé na prancha. - Não quero mais, sou muito medrosa.
- Mas estamos na margem ainda, null. - ele tentava prender a risada. - Vamos lá, eu estarei aqui com você. - a mulher suspirou fundo. - Tenta ficar de pé agora. - tentou ficar de pé para uma onda pequena, mas como o esperado, se desequilibrou e caiu e null prontamente a segurou, e eles tiveram uma crise de risos.
- Obrigada. - se desvencilhou dos braços do homem rapidamente, aquele contato não faria nada bem para os ânimos dela, que só tinha em seus pensamentos o quanto o homem era gostoso.
- Mais uma vez, vamos lá, null. - ela revirou os olhos, manhosa, mas o obedeceu.
- Chega, estou cansada, esse sol e o mar acabaram comigo. - ela tinha se sentado na areia, deixando a prancha ao seu lado. Mexia os braços freneticamente, tentando anuviar a dor que estava sentindo neles.
- É normal no início essa dor, o cansaço, mas essa só é sua primeira vez tendo contato com a prancha, com o tempo você vai se adaptar, e vai ficar expert. - brincou, arrancando um pequeno sorriso dela.
- Achei que desistiria de mim. - deu de ombros. - Eu sei, sou a rainha do drama e extremamente medrosa.
- Desistir de você não está nos meus planos, null null, entenda isso. - ele a encarou, null desviou o olhar para outro ponto da praia, mas não deixou que um sorriso escapasse de sua boca.
- null, eu me referia ao surf, e não...
- Eu sei. - ele a cortou. - Aproveitando que entramos no assunto, quero te pedir desculpas por entrar nas brincadeiras com as suas irmãs, você claramente não tem interesse em mim, e bom, eu devo respeitar isso. Não vou mais te incomodar.
- Minhas irmãs gostam de me irritar. Coisa de irmãos mesmo e você não sabe porque não tem irmãos. - ele riu. - Mas está tudo bem, desculpas aceitas. Amigos? - estendeu a mão na direção dele. Ele suspirou, mas a apertou.
Ela desfez o aperto de mão, e se encararam, em silêncio. null levou a mão direita ao cabelo dela, arrumando uma mecha que estava fora do lugar, mas tudo o que ele conseguia reparar era nos lábios da mulher, precisava senti-los junto aos seus. Sua mão ficou parada ao lado do rosto dela, afagando-o, null sentiu o rosto esquentar com a forma que null a encarava. Sem que pudesse perceber se aproximou ainda mais dela, a encarando firmemente, null arfou, porque o rapaz estava prestes a beijá-la, quebrando um acordo firmado há segundos. O problema daquilo? É que ela não estava com a mínima vontade de afastá-lo...
- Ela está obcecada nesse vocalista, se ela não está olhando esse celular, ela está falando o quanto ele é lindo. - null complementou.
- Já deve ter enchido as fotos do cara de comentários, coitado. - as irmãs mais velhas riram.
- Eu não queria ter essa garota como fã não, coitado mesmo. - null encarou a mais nova que levantou o dedo do meio a ela.
null levantou o olhar do celular e arremessou a almofada na direção das duas, não se importando em qual delas acertaria.
- Parem de me encher.
A garota voltou para o celular e continuou conversando com o tal vocalista que as irmãs falavam, que depois do show que ela foi com null e null, juntamente dos amigos, descobriu se chamar null. null havia encontrado null no breve momento de pausa que ele teve para poder se hidratar. Ele achou bem divertido a animação que a garota demonstrava ao falar dos pontos altos da apresentação no ponto de vista dela, assim como comentários sobre as bandas dos covers que eles haviam feito.
Então, como quem não queria nada, null perguntou se a banda tinha conta nas redes sociais, para que pudesse seguir e divulgar para algumas pessoas. Após alguns stories da garota marcando a banda, o próprio null a seguiu no Instagram e desde então eles conversavam. null estava adorando a experiência daquilo tudo. Nunca teve qualquer tipo de contato com alguém que tocasse em alguma banda.
- null, larga essa menina aí com o celular, vamos lá no mercado comigo e a null. Precisamos de alguém para carregar as coisas mesmo. - null brincou, chamando-o com um aceno. null já os esperava na porta, com o olhar perdido na casa ao lado.
- Só querem me usar, eu mereço. - ele riu e se levantou. Quando viu que as mulheres já estavam distantes, se abaixou perto da melhor amiga. - Se você realmente não quer que elas saibam, devia aprender a dividir sua atenção melhor. - ele piscou para null e saiu atrás das irmãs mais velhas da garota.
null ficou encarando null, até que se deu por vencida ao ouvir o celular apitar.
[null]: Temos um show para a próxima semana. Quer ir? Acesso ao backstage. Oportunidade imperdível de me ver pessoalmente.
[null]: Agora de verdade.
[null]: Mas é um pedido sem segundas intenções?
[null]: Porque se não for, eu não vou.
[null]: 😂
[null]: Você é impossível, garota.
[null]: Brincadeirinha. Vou dar um jeito de dar um perdido no pessoal aqui e nos encontramos lá.
- Ah. Eu ‘tô com preguiça, null. - ela fez bico, deixando os ombros caírem.
- Você não fez nada o dia todo. Como uma chef tem preguiça de cozinhar? - ele reclamou. - Você falou que ia me ensinar.
- Eu só sei que qualquer um dos dois que cozinhar está bom, estou com fome. - null abriu um enorme sorriso.
- Promessa é dívida, né? Temos meses pela frente, você é acelerado demais.
- Se eu não cobrar, duvido que você vá se propor. - ele deu de ombros. A mulher rolou os olhos e atirou nele o que tinha mais próximo de si, um fouet.
- Realmente não sei quando te dei tanta intimidade, pirralho.
Antes que null pudesse responder, a campainha tocou e interrompeu o momento de descontração. Todos se encararam, ninguém estava disposto a se levantar, vendo que ninguém iria, a anfitriã, a contragosto, caminhou até lá.
- null? - ela encarou o vizinho ali, com uma xícara em sua mão, levantando-a na direção dela.
- Oi, vizinha, teria um pouquinho de açúcar para me arrumar? - coçou a nuca, sem graça.
- Cara, desculpa, mas eu acho que a da xícara de açúcar não cola mais hoje em dia. É assim que você tenta conquistar as mulheres? Não tá errado que está sozinho. - null zombou, aparecendo na porta atrás de null.
- É sério que ele usou a da xícara? - null falou, levantando a cabeça e dando um tapinha na própria testa. Estava na escada que dava de frente para a porta.
- Até o null soltaria uma melhor, tenho certeza. - null riu, apontando para o garoto.
- Obrigado por não me chamar de pirralho dessa vez. É bom lembrar às vezes que tenho nome. - null sussurrou no ouvido de null, fazendo-a lhe mostrar o dedo do meio.
- Mas é sério, eu preciso mesmo de açúcar. - null tentou, mas ninguém acreditava naquilo, inclusive null que estava segurando a risada.
- null, o null precisa de uma xícara de açúcar, vem aqui, você é um docinho mesmo. - null chamou, saindo da frente da porta e andando de volta para cozinha, puxando null consigo.
- null! - null gritou, chamando a atenção da irmã, mas era possível escutar as gargalhadas dela junto com null. - Me dá essa xícara aqui, vou colocar o açúcar. Pode se sentar, fica à vontade. - ela bufou e fechou a porta, depois de null entrar.
Caminhou até a cozinha, e ainda escutou umas risadinhas presas ali, pegou o bendito açúcar e encheu a xícara do vizinho.
- Ei, null, espero que você não tenha jantado, porque a null e o null vão cozinhar. Fica com a gente. - null o convidou.
- Se eu não o colocar para fora da minha cozinha pela janela primeiro, claro. - null riu e null puxou um pedaço de seu cabelo de leve, zombando da mulher.
- Ah, não, não quero atrapalhar vocês. - o vizinho respondeu. - É um jantar de família.
- Que família o que, o null nem é da família e vai estar. – null olhou para o amigo e começou a rir. - Vem, não faz essa desfeita para a gente, null do meu coração.
- Bom, então se não for atrapalhar, eu aceito sim. - sorriu.
- Mas você não ia usar o açúcar, null? Algo não está certo. - o homem sentiu as bochechas inflamarem com o comentário de null.
- Eu falei que a do açúcar não era uma boa, amigo. - null comentou, fazendo null e null gargalharem.
- Para de ser chata, mulher. – null implicou com a irmã.
- Eu fiz uma pergunta inocente, poxa? - brincou. - Mas enfim, você é bem-vindo para jantar, tá? Não precisava inventar desculpa nenhuma.
- Esse aí tá gamadão na null. - null comentou baixinho, olhando para o celular e esperando por mensagens de null. - Senta aí, null. - null se levantou da escada e foi até o sofá. - Vem, vamos conversar. - bateu a mão no assento do sofá, ao lado dela.
- Obrigado, garotas. - sorriu, sentando-se. - E então, quando terão disponibilidade para umas boas aulas de surf?
- ‘Tô precisando ganhar marquinha de biquíni, então logo. Mas como surgiu esse interesse por surf? Alguém da sua família gosta?
- Ah não, você não perguntou isso. Ele vai começar a história mais longa da vida. - null gritou da cozinha.
- Exagerada! – gritou de volta para ela. - Minha família é do surf, eu aprendi a surfar com meu pai, que aprendeu com meus tios, meu pai é o caçula de três irmãos. É nosso programa de família.
- Você já chegou a competir em algo no surf, como naqueles programas que passam na tv, ou faz mais por diversão?
- Já sim, quando mais novo, mas hoje em dia só surfo por diversão, tenho uma loja para administrar, mas é algo que me relaxa. - deu de ombros. null o observou, não conhecia esse lado de null.
- Cara, passar pelo interrogatório das null é difícil, viu? - null apareceu na sala, brincando com a situação de null.
- null, se você quer aprender, fica na cozinha. - null o puxou de volta pelo pulso, e o garoto saiu reclamando.
- Inclusive, aturar elas, é pior que o interrogatório. - ele bufou.
- Desculpa a pergunta, mas ganha bem? - null mantinha a mão apoiada no queixo enquanto ouvia atentamente o que o rapaz dizia.
- null, meu Deus! - null encarava a irmã, extremamente sem graça.
- Que foi? Foi só uma pergunta. Se não quiser responder, fala, ué.
- Não posso reclamar, null, tenho a vida que sempre sonhei e trabalho no que eu gosto.
- Só falta uma mulher, né, null? - null gritou, novamente entrando na conversa dos três na sala. null a encarou, rindo e comentou apenas para ela “falou a encalhada”, tomando um tapa no braço automaticamente.
- Com certeza, aí eu estaria com a minha vida perfeita, quem não gosta de uma história de amor? - sorriu, encarando null, que teve uma crise de tosse.
null olhava de onde estava um para o outro, com um sorriso divertido no rosto.
- Bom, null, posso te ajudar nessa tarefa. - ela balançou as sobrancelhas para o homem. - Calma, para sua infelicidade não sou eu.
- Eu vou subir, preciso pegar umas coisas lá em cima. - null caminhou para as escadas rapidamente, prevendo o que aquele assunto renderia. null soltou o ar que prendia, qual era o problema de tentarem alguma coisa? Ela em todas as vezes se esquivava e aquilo o intrigava.
- Eu converso com você um único dia, e você já toma a liberdade de me chamar de encalhada.
- As pessoas não têm liberdade de falar a verdade para você? – null riu quando viu null rolar os olhos.
- null, você tá cortando errado. Olha o tamanho disso. – ela apontou para o tomate em pedaços maiores do que ela queria. – Você tem que segurar assim. – null tomou a faca da mão de null e a posicionou da forma certa.
- Você ensina no grito, né? É engraçado, zero didática. É assim no restaurante também?
- Meu Deus, eu jurei que eu ia ter paciência, mas você a tira de um jeito muito rápido. – ela riu, brincando. – Você não consegue passar um minuto sem fazer gracinha? – perguntou, encarando-o.
- Acho que não. – ele fez bico. Antes que null pudesse perceber, null pegou a pedra de gelo que ela estava usando para preparar alguma bebida e havia deixado no balcão atrás dela. Ele rapidamente colocou a mão na nuca da mulher e colocou a pedra de gelo, que escorregou por dentro de sua blusa.
- null! – ela gritou, surpresa. – Você é um idiota. – ela estapeou o braço do garoto com a maior força que conseguira.
- Outch, foi só um gelo. – ele reclamou, segurando o braço onde ela havia acertado.
- Vai todo mundo ficar sem janta hoje, não aguento mais o null. – ela falou, andando até a sala com um pano de prato pendurado no ombro e bufando. – null, te odeio por ter um melhor amigo tão chato, quero ele fora dessa casa. – ela falou, rindo. null a seguiu, parando ao seu lado e apoiando o braço em seu ombro.
Não tinha como não rir das idiotices que null fazia, e nenhuma delas realmente a irritava. Ela não ria tanto quanto naqueles últimos dias com o garoto desde sua época do colegial, já que na faculdade de gastronomia, um parecia mais ter vontade de comer o outro vivo do que fazer amizade. Era um ramo competitivo, não dava para negar.
- Melhor amigo de quem? Quem é null? Aquela ali que não larga o celular? – ele comentou, fazendo todos rirem. – Você falou que se eu quero aprender, tenho que ficar na cozinha, então não me enrola, volta para lá. – ele ignorou o dedo do meio que a melhor amiga mostrava e saiu da sala, puxando null de volta com ele para cozinha.
- Você realmente vai embora rápido assim para não entrar na guerra sobre lavar a louça? Que deselegante. - null brincou quando null anunciou que estava tarde, e acordaria cedo no dia seguinte.
- Me pegou, poxa. – entrou na brincadeira dela.
- Eu não peguei não, essa piada devia vir para outra null. - null rebateu, esperando o olhar furioso da irmã.
- Se a outra null estivesse interessada eu não me importaria se ela me pegasse. – null sentiu as bochechas quentes. - Não é, null?
- Acho que depois dessa, eu vou lavar louça, o clima mudou aqui. - null se levantou e puxou a melhor amiga com ele, gargalhando.
- Opa, senti a indireta aqui. Vem, vamos, null. - null enganchou o braço no do rapaz e foram até a cozinha limpar a zona, puxando null com eles.
- Não vão, preciso mesmo ir embora, amanhã eu tenho que abrir a loja cedo. - ele gritou, impedindo que os três saíssem da sala, já tinha torturado null demais por uma noite. – Sexta-feira então?
- Por mim sim. - null concordou com um sorriso, vendo null e null também afirmarem. Eles encararam null, esperando sua resposta.
- Ok, tudo certo. – respondeu, sabia que seria voto vencido naquela situação.
- Certo, até sexta. - caminhou até a porta e sem esperar que alguém abrisse, saiu por ela. null respirou aliviada, tinha ficado tensa durante a noite inteira.
- Ei, null! - null correu até a porta. - Esqueceu sua xícara, cara. - ele entregou o objeto para o homem. Ele lhe encarou, mostrando o dedo do meio e fazendo todos dentro da casa rirem.
- Isso se ele ainda quiser o açúcar que está dentro, né? - null falou após null fechar a porta. Eles observaram null rolar os olhos.
- Gente, vocês não cansam de me juntar com ele? - ela encarou rapidamente um a um ali naquela sala.
- Nunca, a gente ama você. - null respondeu.
- Eu não quero viver um amor de verão, porque eu não vou morar aqui, e eu sei que vou magoar o null. Ele é uma pessoa sensível demais.
- Então é só por isso? - null perguntou. - Eu tenho vários quartos, você não tem um trabalho para voltar... Fica à vontade. - cutucou a irmã, sabendo que seria odiada.
- Eu cansei, vou dormir. - null revirou os olhos se levantando da mesa deixando todos ali prendendo a risada. As desculpas dela estavam ficando cada vez mais escassas.
- Aquele convite se estende? - null perguntou para null, vendo-a rolar os olhos assim como a irmã mais velha havia feito. Todas tinham as mesmas expressões, o DNA era incrível entre elas, principalmente no ponto de serem irritantes.
Naquela manhã as irmãs combinaram de ir até a tão famosa praia Brighton Beach, conhecida por suas casinhas coloridas, a mesma que haviam visitado anteriormente de forma rápida. Nesse momento estavam null e null deitadas na areia e tomando sol, enquanto null jogava vôlei com null próximo dali. A praia em si era bem bonita, e até estava movimentada para uma manhã de sexta-feira. Mulheres tomando sol como elas, crianças na areia brincando com seus familiares... Algumas pessoas estavam na água se aventurando no surf, já que estavam próximos da loja de null e todos pareciam conhecer o rapaz, e usavam seus equipamentos.
O celular de null apitou, denunciando o recebimento de uma nova mensagem. Ela se sentou, procurando entre suas coisas o objeto. Quando o achou, viu a mensagem dele.
[null]: E aí, tá fazendo o quê?
[null]: Nada de muito interessante, mas aposto que o seu dia está bem mais animado que o meu.
[null]: Talvez? Depende do que você quis dizer com animado.
[null]: Envolve algo perigoso?
[null]: Sim, se a pessoa não souber para onde vai.
[null]: É, tá vendo? Mais interessante.
[null]: Às vezes queria mais adrenalina na minha vida.
- null, larga esse celular, vamos lá. - null apareceu, derrubando o celular da garota na areia e a puxando pela mão para que se levantasse. Ele apontava para loja de artigos de surf de null. - Você também, null. E não foge, null. Todo mundo vai tentar.
- Ai, para quê? Tava tão bom aqui. - null limpou um pouco de areia do corpo e ajeitou suas coisas. - Só vou se você passar protetor em mim depois. - null assentiu, concordando.
- Alguém já te disse o quão chato você é? - null perguntou.
- Sim, você. Várias vezes nas últimas duas semanas, por sinal. - ele rolou os olhos e puxou a mulher pela mão também, para que ela se levantasse.
- Ok, vamos todos tentar surfar. – null concordou com null, seria uma experiência interessante.
- Minha turma da manhã chegou. - null falou, vendo o grupo entrar, parando seus olhos em null.
- Pois é, prometemos que viríamos, não? - null respondeu por todos eles.
null revirou os olhos.
- Oi, null, amor da minha vida. Promessa é dívida.
- null, cara, estou precisando de uma manutenção na minha prancha. - um homem entrou na loja. null olhou para ele, mas não conseguiu identificar quem era, pois a prancha cobria o rosto. - Pode dar uma olhada para mim? - ele deixou a prancha sobre a bancada e olhou ao redor.
null quase caiu para trás.
- Oi, null. - o rapaz a cumprimentou.
- O-o-oi. - ela gaguejou, engolindo em seco. - Como vai?
- Muito bem. - ela o viu pôr as mãos nos bolsos do short. Ele sorriu enquanto olhava para ela.
- Ih, não é o carinha que estava tocando aquele dia no show? - null perguntou.
- Sim, é ele mesmo, que coincidência louca é essa, hein? Detalhe, eles se conhecem! - null tinha um sorriso maroto na face.
- Também, o que o cara deve ter sofrido com ela nas redes sociais. - null completou. - Inclusive, desculpa a loucura dela, viu? - ela direcionou a fala para ele, que ainda encarava a irmã menor.
null desviou o olhar de null para encarar as pessoas ao redor dela. Deviam ser as irmãs que null tanto falava por mensagem.
- Loucura? Não, ela é adorável. - null sorriu na direção de null.
Se tivesse um buraco ali, pode ter certeza de que a mais nova enfiaria a cabeça, com tanta vergonha que estava sentindo.
- Pensei de ter comentado com vocês no dia do show. O null aqui... – null se aproximou do rapaz e colocou o braço ao redor dele. - É meu cliente faz um tempo. null, eu tinha combinado de ensinar as meninas e o null a surfar. Posso deixar para cuidar da sua prancha depois?
- Claro, null. – ele se virou para o amigo. - Ensinar a surfar? Vai querer ajuda? Sou um ótimo professor.
- Nossa, null! Que incrível, você é muito solícito! Eu tenho certeza de que minha irmãzinha ia adorar que você a ensinasse. Como eu falei, ela ficou meio louca depois do show de vocês, ela ficou bem fã mesmo. - null comentou, ouvindo null e null concordarem rapidamente.
- Você é meu amigo, tem é que me apoiar, não entrar na onda dessas aí. - ela cochichou para null.
- Não fiz nada demais. - null deu de ombros. - Aliás, já que a null não nos apresenta, eu sou o null.
- Coitada, perdeu até a língua, mas ela topa que você a ensine. - null empurrou a irmã levemente na direção do rapaz. - Ela é meio sem educação mesmo, eu sou a null, a null do meio.
- E eu sou a null, a null mais velha. – deu um sorrisinho educado ao homem.
- E essa aqui, que tá de saída com você, é a null mais nova. Uhul, todos nos conhecemos, agora vamos deixá-los. - null entregou os equipamentos, que já havia separado, para null e null.
- Vai ter volta. - null falou olhando para trás, onde as irmãs estavam, antes de sair com null da loja. Ela sorriu e enfim enlaçou o braço ao de null.
- ‘Tô de olho em vocês. - null comentou para melhor amiga, emburrado.
- Tá nada, deixa a menina em paz. - null o cortou, vendo-o mostrar a língua para ela em resposta.
- Então ficamos nós, não? - null encarou null, com as mãos nos bolsos da bermuda tactel.
- Sim. Vamos surfar. - null mordeu os lábios.
- Gente... - null começou a falar, trocando rapidamente um olhar com null. - Eu fiquei de mostrar um restaurante aqui perto para o pirralho, então vou ficar devendo o surf. null, você sabe, não presto para isso.
- Ficou? - null perguntou inconscientemente, e a mulher rolou os olhos, pisando discretamente em seu pé e ouvindo um “aí”. Logo em seguida, ele concordou.
- Está tudo bem, null, não tem problema. - null havia entendido e até agradecido a ajudinha que ela havia dado aos dois, e ele não perderia a oportunidade.
- Você não precisava pisar no meu pé, viu? – null reclamou, andando na calçada. Já haviam saído da loja para o lado contrário da praia.
- Você só entende as coisas rápido quando quer, né?
- Eu não tenho culpa que você age de cupido de todas as formas possíveis e eu não consigo acompanhar, null.
- Eu não ‘tô agindo de cupido. – ela respondeu, fazendo null rir. – Tudo bem, talvez um pouquinho... Mas minhas irmãs merecem um pouco de aventura, eu gosto de ver elas envergonhadas, e felizes, claro.
- Então se a gente encontrar qualquer um na rua... Alguém, assim, que eu ache legal... Eu posso fazer o mesmo com você? Se elas merecem um pouco de aventura, acho que você também, não é? – ele falou, olhando para um homem que vinha na direção deles, correndo. Ele estava em bermudas floridas, e sem camisa. Assim que ele passou pelos dois, null e null se encararam, gargalhando.
- Você definitivamente não presta, null.
- Juro que eu presto, só é pouco. – ele deu de ombros. – Então, para onde estamos indo? No restaurante?
- Que restaurante? Não tem restaurante. Foi realmente uma desculpa para deixar os dois sozinhos.
- Ah, achei que pelo menos tinha um restaurante.
- Não, mas tem um lugar legal que podemos ir. Continua andando aí. – ela o empurrou e seguiu andando ao seu lado, em silêncio.
- Um píer é um lugar legal? – null perguntou, pisando nas pedras e andando até a frente do local que null o havia levado.
- Um píer é um lugar muito legal, null. Qual o seu problema?
- Para ter me tirado de uma aula de surf, achei que você ia pelo menos me mostrar um lugar bem australiano e legal.
- Você acha que sou o quê? Guia turístico? – ela perguntou, o encarando.
- Talvez. – ele comentou, sabendo que a irritaria.
- Só fica quieto e me deixa quieta então, vai. – null reclamou, andando até mais em frente e sentando-se na beirada do píer.
- Sabe quais são os momentos que te vejo mais feliz? – null falou, sentando-se ao lado da mulher. – Quando você está fazendo graça com as suas irmãs, de resto, você parece difícil de agradar. Difícil de sorrir. Claro, eu consigo, mas não estou contando isso. – ele riu, vendo-a negar com a cabeça, mas com um sorriso no rosto.
- Por que está fazendo uma análise minha, posso saber?
- Não sei. – ele deu de ombros, sincero.
- Esse é meu lugar preferido, gosto de vir aqui e fazer nada. – a mulher confessou, olhando para a praia ao longe.
- Então você é uma guia turística... Mas mais pro lado espiritual? – ele tentou segurar a risada, mas falhou.
- null, meu Deus. – a mulher gargalhou, não aguentando a brincadeira. – A null disse que você era tímido, ainda não encontrei essa personalidade.
- Eu sou, muito. Mas não sei, com você e a null me sinto como com a null, então sou mais eu. Vocês são muito parecidas, talvez nem vocês percebam o quanto. – ela concordou com a cabeça, pois as achava tão diferentes de si mesma.
- Bom, isso é bom, né? Quer dizer que se sente à vontade conosco.
- Confesso que me sinto bem à vontade com você. – ele falou, sério. – Não sei, te irritar me faz rir, e isso é legal.
- Isso quer dizer que sou uma grande brincadeira para você, não é, null? – ela arqueou a sobrancelha e o garoto rolou os olhos.
- Quando eu tento ser sério, você quebra o momento. – ele mostrou a língua e a mulher lhe mostrou o dedo do meio. – Me conta alguma coisa diferente sobre você. Nada do restaurante, ou da Austrália. Sobre você.
- Por quê?
- Não sei, null, porque estou tentando ter uma conversa com alguém que acho legal, eu preciso de mais motivo?
- Ok, desculpa. – ela riu. – Não sei falar sobre mim, não costumo fazer isso. – confessou.
- Pronto. Você acabou de falar sobre você. – ela torceu o nariz. – Pode não gostar, mas foi o que fez. Por que não costuma fazer isso?
- Porque não sei se percebeu, mas não tenho grandes amizades por aqui. Conheço várias pessoas, tenho o restaurante com ótimas pessoas, mas nada como... Como você e a null, por exemplo. Sempre tive essa relação apenas com as meninas, e ainda assim, as coisas ficaram difíceis depois que decidi me mudar, né?
- Então, entendi. – ele falou, tentando manter a expressão séria no rosto. Ele aproximou seu corpo do de null. – Você está carente, precisa de um amigo. De um ombro amigo. – ele riu, encostando a cabeça da mulher em seu ombro e vendo-a fazer força para se livrar de seu quase abraço.
- null, não tem como levar você a sério. – ela reclamou, tentando não dar um leve chilique em meio às suas risadas.
- Mas é sério, se precisar de um amigo, estou aqui. – ele deu de ombros, vendo-a sorrir de lado, pois sabia que ele estava sendo verdadeiro.
- Quando ficamos sentimentais assim? – null perguntou, fingindo vomitar. – Não era apenas para falarmos de cozinha, sei lá?
- Não. Pensa um pouco, você agiu de cupido para suas duas irmãs, a tendência é que elas te deixem sozinha agora, e só vai sobrar quem? Eu mesmo. Melhor conversarmos sobre tudo. – o garoto riu quando a viu concordar, sabendo que fazia sentido.
Quando era por volta de uma da tarde, null e null já haviam conversado sobre tudo um pouco. Desde séries de TV que gostavam, até seus pratos preferidos e suas famílias, por mais que ambos conhecessem as famílias uns dos outros. Eles riram juntos durante a maior parte do tempo, tiraram fotos um do outro, e quando decidiram que era hora de encontrar o caos que poderiam ter virado as outras null e seus rolos, ambos pareciam adolescentes bêbados voltando para casa.
- Não quero levantar. – null fez bico, esticando os braços para que null a puxasse para cima.
- Vamos, daqui a pouco a null tá gritando por aí atrás de nós. O celular ela só lembra para falar com o vocalista.
- Outch, alguém está com ciúmes? – null passou a mão no short, limpando qualquer sujeira que pudesse ter onde estava sentada.
- Não. Se ela não tivesse louca de desespero para conhecer o cara, eu não estaria aqui conversando com você. – ele falou, sem pensar. null juntou os lábios, tentando processar a frase do garoto. – Foi legal, vai. – ele tentou amenizar, percebendo que sua frase soara mais estranha do que legal, como ele pensara.
- Foi. – null concordou, relaxando os ombros. - null vai ficar com ciúmes da nossa amizade, com certeza. - ela riu, vendo-o concordar com uma expressão maléfica. Com certeza ele brincaria com isso com a melhor amiga. – null... – ela falou enquanto eles começavam a andar para sair do píer. – Posso tirar uma foto com seu celular? – ela pediu e o garoto, sem nem pensar, lhe entregou o aparelho. – Fica parado aí, tá muito legal, depois eu troco com você, e você tira minha, pode ser? – ele concordou, ficando parado na ponta do píer, fazendo uma pose engraçada para que ela tirasse a foto, como eles estavam fazendo alguns minutos antes. – Lembra quando você me chamou de encalhada?
- Você guarda rancor, né? – ele sorriu e ela tirou a foto.
- Não, imagina. – null se aproximou do garoto como se fosse lhe entregar o celular e o empurrou, vendo-o cair com um grito na água.
- null! – ela se pendurou na ponta da pedra, olhando-o lá embaixo, vendo apenas a cabeça do garoto aparecer. – Isso vai ter volta! – ele riu, sabendo o quão engraçado aquilo deveria ter sido.
- Te encontro ali. – ela apontou para a calçada, por onde tinham andado para chegar, e mandou um beijo para ele, ainda rindo de sua ideia.
null e null procuraram uma área mais vazia da praia, onde o garoto sabia que null normalmente ensinava as pessoas a surfarem, e ajudou null a vestir a roupa especial. A garota sentia um frio enorme na barriga, estando ali tão perto dele.
- Quando você disse que fazia algo perigoso, não fazia ideia que seria justamente surf.
- Por que você diz justamente? - ele perguntou enquanto estava concentrado em apoiar a mulher para que ela pudesse se vestir.
- Porque é estranho você conhecer o vizinho da minha irmã e a gente se encontrar aqui.
- Bom, não acho. - deu de ombros e encarou a garota. null queria desmaiar. Que homem lindo, nossa senhora . - Vamos lá, então. Você precisa se aquecer primeiro. - null começou a se alongar e null o seguiu. - Assim, você tem que elevar mais o braço. - ele tocou no braço dela para que ela seguisse o que ele dizia.
- Você tá me deixando toda arrepiada. - ele riu com o comentário dela.
- Eu nem te toquei direito.
- Mas você é bonito demais, não dá.
- Então se eu me aproximar assim de você - ele se abaixou um pouco e aproximou o nariz do pescoço dela -, o que acontece?
- Eu caio mortinha no chão. - null riu e se afastou um pouco, encarando-o por um momento até que os olhos de ambos descessem para os lábios um do outro.
Ao fundo ouviu o som de uma criança que corria e gritava ao fugir do pai. Quando eles se afastaram, viram o pai do garoto pegá-lo no colo e dar um pequeno sermão de como aquilo não deveria ser feito porque tinha pessoas má intencionadas e blá, blá, blá.
- Então... - null quebrou o mal-estar que se instaurou ali entre eles depois do clima ser quebrado. - Há quanto tempo você surfa?
- Faz pouco tempo, na verdade. Quando vim da minha cidade natal, Hornsby, precisava de um hobbie para me desestressar um pouco de toda a pressão que venho tendo junto com todos os meus colegas de banda para atingirmos alguma gravadora de sucesso. Mas e você, null, tem algum hobbie?
- Hobbie acho que não, mas minhas irmãs falam que eu adoro elogiar homens bonitos para descontrair e não meço muito minhas palavras. Pode ser considerado como hobbie?
- Para falar a verdade, não sei. - riu e pausou por um momento. - Então eu sou um homem feio?
- Ãhn? - null parou de puxar a cordinha da roupa. Aquilo balançando a estava irritando muito. null a ajudou prendendo a cordinha dentro de sua roupa de surf. Ela finalmente se tocou do que ele havia perguntado. - Longe disso. O quase desmaio já não foi prova suficiente?
- Como a maioria dos homens, eu gosto de ter o ego inflado.
- Idiota. - null riu, o empurrando levemente.
- Bom, enquanto o pessoal não chega, eu vou te passar alguns movimentos. - ele se deitou na prancha de null para demonstrar. Era um movimento de nado mesmo. - Tenta fazer o mais rápido que conseguir, porque você vai precisar se levantar até a onda rápido. Quando sentir confiança no mar, você se levanta assim. - ele se levantou rápido, fazendo o movimento. Depois, deu lugar para que ela tentasse.
- Assim? - null fez o movimento de nado.
- Abaixa um pouco, porque senão sua coluna vai sentir mais tarde. - ele orientou e ela fez o que foi pedido. - Isso, perfeito! Agora quando você se sentir segura, você levanta e faz aquele movimento que te mostrei por último. - ela se levantou toda desajeitada e fez, mas caiu.
- Meu Deus, se eu caio na areia, imagina no mar.
- É questão de prática, null. Não se preocupe quanto às quedas. Estarei lá para te ajudar.
- É? Você vai estar sempre?
- Posso ser seu instrutor pessoal, se você quiser.
- Aulas vips assim, de graça?
- De graça não, uma hora você vai me pagar. - ele sorriu na direção dela.
- É? E quando seria?
Quando null estava prestes a responder, foi interrompido.
- Oi, você é o null, do The Sixx, né? - uma garota os interrompeu. - Sua banda é um máximo! Pode tirar uma foto comigo?
- Claro. - ele olhou para null e pediu desculpas. A garota olhou para onde ele olhava.
-Você pode tirar para gente? - ela não esperou uma resposta. Entregou o celular na mão de null e tratou logo de agarrar um dos braços do vocalista.
null achou graça da situação. Se era assim que ela parecia para as irmãs, da próxima vez null ia pedir para uma delas a socar até ela acordar para realidade.
A garota apontou o celular na direção deles e tirou várias fotos, com a fã fazendo várias poses para as fotos.
- Muito obrigada, null! - antes de sair, ela deu um beijo no rosto de null, que ficou sem reação. - Espero te encontrar de novo. - dizendo isso, saiu.
null se aproximou dele novamente com um ar divertido.
- Isso quase foi uma sessão de photoshoot. As fãs estão surgindo, null, sinal de que a fama logo vem.
- Bom, sim... - deu de ombros. - Quem sabe? Às vezes eu queria poder jogar tudo para o alto por causa do estresse que vem junto.
- O estresse é normal. Você é super talentoso, logo sua banda vai assinar com alguma gravadora, não se preocupe.
- Obrigado. - eles ficaram sorrindo um para o outro.
null quebrou o contato depois de um tempo e olhou para o lado, onde a irmã de null e null estavam. Depois, voltou a encarar null.
- Então, vamos praticar de verdade na água? - a garota balançou a cabeça freneticamente e pulou, animada. null riu e pegou a prancha, indo em direção ao mar e sendo seguido pela mulher.
null observava um pouco afastado, mas não muito, o que null fazia e a alertava quando necessário.
- null, se prepara! Está vindo uma onda legal. - como ainda estavam perto da margem, a onda não era tão alta assim. - Nada o mais rápido que conseguir e levanta quando sentir que é a hora.
- E como eu vou sentir que é a hora, null?! - ela gritou desesperada, enquanto nadava.
- Você vai saber, não se preocupe.
A garota nadou, nadou, nadou, até que enfim sentiu confiança e se levantou sobre a prancha, fazendo exatamente o que null havia lhe ensinado, mas acabou por cair.
Adorou a experiência.
- Isso é demais, null! - ela gritou após emergir da água. - Eu amei!
De longe, ele sorria. Ultimamente ele andava bem risonho quando o assunto era null.
É, null, você estava completamente ferrado.
null estava sentada na areia, já havia vestido a roupa apropriada de surf e via null passar parafina na prancha que ela usaria. Era impossível não prestar atenção aos atributos físicos do homem.
Ela o olhava atenta, null estava sem camisa, ela podia observá-lo muito mais, os braços bem musculosos e definidos, não era algo exorbitante, mas estava perfeito para ela. A barriga... Definitivamente ela queria muito passar as mãos ali, não era um tanquinho exagerado, mas era bem definido. As pernas, não eram nada mal, ele não era um funil, provavelmente gastava algumas horas na academia... Balançou a cabeça, virando-a para o outro lado, não podia e nem devia ficar avaliando o rapaz daquela forma.
- Está tudo pronto, null. - null chamou sua atenção, ela se levantou, deu uma limpada na roupa, e se aproximou dele.
- Eu não faço ideia de como isso vai ser. - deu uma risadinha.
Ela olhou para o lado um pouco mais a frente e pôde visualizar null e null, a irmã acenou, ela acenou de volta com um pequeno sorriso. null parecia se divertir com o vocalista, torcia internamente que o rapaz fizesse bem a sua irmãzinha, não queria que ela tivesse uma decepção amorosa assim tão cedo.
- Primeiro, você precisa ganhar equilíbrio na prancha, tenta ficar em pé aqui. - ela o encarou, despertando do transe que estava. Foi até a prancha no chão e tentou se equilibrar nela, obtendo êxito. - Agora, você precisa treinar um movimento essencial chamado de pop-up, que consiste em subir rapidamente na prancha. Você precisará empurrá-la para baixo, apoiando as palmas das mãos na prancha na altura do peito e firmando os pés para conseguir subir. - ele fez o movimento, null tentou em sua prancha, mas de primeira não conseguiu. Tentou por mais algumas vezes, e nada.
- Agora eu entendo minha irmã dizendo que não leva jeito com isso. - ela o olhou, tentando mais uma vez.
- Não leve a experiência de null a sério, você sabe que ela é bem preguiçosa quando as coisas não saem do jeito que ela quer. - null o encarou com o cenho franzido.
- Sim, ela é. - riu. - Você fala com tanta propriedade... Faz quanto tempo que se conhecem?
- Desde que ela mudou para cá, acho que uns três anos, não sei ao certo.
- null, você nunca tentou nada com ela? Qual é? Eu sei, minha irmã é a coisa mais linda e perfeita desse mundo.
- Na verdade, não, eu estava noivo na época que a conheci e bom, depois que eu terminei já éramos muito amigos, mas não posso negar que null é uma mulher bem atraente, mas ela e eu nunca rolou nada.
- Ah. - null se repreendeu mentalmente, não tinha que ter interesse nenhum em saber se ele havia se interessado em null, ela não queria nada com null, certo?
Ficaram um tempinho calados, null a via tentar e não conseguir fazer o movimento, se desequilibrando em todas as vezes, ele se aproximou dela.
- Posso? - ele pediu autorização para colocar as mãos na cintura dela, que assentiu. - Mais devagar, null. - foi direcionando-a delicadamente ao movimento certo. - Agora tenta de novo, sozinha.
- Consegui! Finalmente! - abriu um enorme sorriso para o rapaz, que se sentiu verdadeiramente feliz, era a primeira vez que ela sorria de verdade para ele.
- Repete mais algumas vezes. - ela o obedeceu, realmente havia conseguido pegar o jeito da coisa. - Consegue se equilibrar bem, se sente confiante?
- Olha, confiante eu não diria, mas aparentemente estou ok. - agora foi a vez de null sorrir.
- Vem, vamos para a água. - ela saiu de cima da prancha e viu null a pegar. Eles caminharam juntos em direção ao mar. - Pronto, aqui não tem ninguém praticando, vai ser mais tranquilo para você aprender.
- Eu estou com medo, null, e se eu me afogar? Tá passando tantas coisas na minha cabeça enquanto eu olho o mar. - soltou um riso nervoso.
- Eu jamais deixaria nada acontecer com você, e não vamos para o fundo. Relaxa. - ela assentiu, tentando ficar mais calma. - Deita na prancha e vai remando devagar. - ela assim o fez.
- null, isso não vai dar certo... - ela negava freneticamente com a cabeça, pensando na hora que teria que se colocar de pé na prancha. - Não quero mais, sou muito medrosa.
- Mas estamos na margem ainda, null. - ele tentava prender a risada. - Vamos lá, eu estarei aqui com você. - a mulher suspirou fundo. - Tenta ficar de pé agora. - tentou ficar de pé para uma onda pequena, mas como o esperado, se desequilibrou e caiu e null prontamente a segurou, e eles tiveram uma crise de risos.
- Obrigada. - se desvencilhou dos braços do homem rapidamente, aquele contato não faria nada bem para os ânimos dela, que só tinha em seus pensamentos o quanto o homem era gostoso.
- Mais uma vez, vamos lá, null. - ela revirou os olhos, manhosa, mas o obedeceu.
- Chega, estou cansada, esse sol e o mar acabaram comigo. - ela tinha se sentado na areia, deixando a prancha ao seu lado. Mexia os braços freneticamente, tentando anuviar a dor que estava sentindo neles.
- É normal no início essa dor, o cansaço, mas essa só é sua primeira vez tendo contato com a prancha, com o tempo você vai se adaptar, e vai ficar expert. - brincou, arrancando um pequeno sorriso dela.
- Achei que desistiria de mim. - deu de ombros. - Eu sei, sou a rainha do drama e extremamente medrosa.
- Desistir de você não está nos meus planos, null null, entenda isso. - ele a encarou, null desviou o olhar para outro ponto da praia, mas não deixou que um sorriso escapasse de sua boca.
- null, eu me referia ao surf, e não...
- Eu sei. - ele a cortou. - Aproveitando que entramos no assunto, quero te pedir desculpas por entrar nas brincadeiras com as suas irmãs, você claramente não tem interesse em mim, e bom, eu devo respeitar isso. Não vou mais te incomodar.
- Minhas irmãs gostam de me irritar. Coisa de irmãos mesmo e você não sabe porque não tem irmãos. - ele riu. - Mas está tudo bem, desculpas aceitas. Amigos? - estendeu a mão na direção dele. Ele suspirou, mas a apertou.
Ela desfez o aperto de mão, e se encararam, em silêncio. null levou a mão direita ao cabelo dela, arrumando uma mecha que estava fora do lugar, mas tudo o que ele conseguia reparar era nos lábios da mulher, precisava senti-los junto aos seus. Sua mão ficou parada ao lado do rosto dela, afagando-o, null sentiu o rosto esquentar com a forma que null a encarava. Sem que pudesse perceber se aproximou ainda mais dela, a encarando firmemente, null arfou, porque o rapaz estava prestes a beijá-la, quebrando um acordo firmado há segundos. O problema daquilo? É que ela não estava com a mínima vontade de afastá-lo...
Capítulo Cinco
- Oi, galera, quem está a fim de comer? - null chegou de repente e quebrou a áurea daquele momento que eles compartilhavam. null rapidamente recolheu sua mão de volta ao lugar. null quis estapear null por interromper os dois, ele era muito tapado mesmo.
null e null se aproximaram deles em seguida, alheios a tudo.
null começou levar as mãos até atrás da roupa, em busca do zíper da roupa. Não conseguiu alcançar, então null a ajudou a abrir.
- Falei de comida e a null já chegou, ela me entende, certeza. - null comentou, apontando para amiga.
- Ahn? - null o olhou e depois lembrou do que tinha dito. - Ah, sim, null é meu parceiro de comida. Para onde a gente vai? null? Tem alguma ideia? Opção pra sugerir? Aliás, vocês estão intimados a irem junto com a gente – ela apontou para null e null.
- Bom, tem um restaurante de frutos do mar aqui perto que eu gosto muito de ir. – null deu de ombros, levantando-se do chão.
- É bem perto, né? - null perguntou, apontando para null. - Ele não vai entrar no meu carro assim, e vocês também não. - ela apontou para as irmãs.
- Chata... - null revirou os olhos para a irmã.
- Engraçado que eu não estaria assim, se você mesma não tivesse inventado de me molhar. - o garoto reclamou e null deu de ombros.
- Essa daí só tá de implicância. Vem, gente, deixa ela aí. - null saiu puxando null e null pelos braços. - Não vou deixar ninguém mexer com meu null. - ela olhou para null, que ria.
- Você faz parecer que eu sou uma criança que precisa da proteção da mãe. - null disse, emburrado.
- E não é? - null comentou, pegando a chave do carro nas mãos.
- Eu só queria dizer que estou com fome, então decidam logo onde vamos comer, por favor!? - null olhava entediada para todos.
- Como vamos todos? - null perguntou.
- Mesmo você odiando, eu vou no carro com você. - null se manifestou com um sorrisinho e null rolou os olhos.
- Sei que não tenho opção, mais quatro vão comigo, e aí?
- Eu acho que devíamos levar a null no porta-mala. - null falou, ainda emburrado com a amiga.
- Ei! - ela disse com as mãos na cintura.
- Bom... De qualquer modo, eu vim de moto... null? - null coçou a nuca, olhando para a mais nova.
- Sim! Tudo o que você disser é um sim. Vamos, então?
- Por que o null não vai com o null? Eles se conhecem há muito tempo, certo? - null comentou, não queria sua irmã mais nova na garupa de um estranho.
- Por mim tudo bem, eu vim a pé. - null deu de ombros.
- Ela não está errada. - null comentou, apoiando null. Ela mal conhecia o cara.
- Ai, não corta o barato, gente. Eu vou ficar bem.
- Também não é como se eu fosse sequestrar a null. - null deu de ombros.
- Nós não sabemos disso... - null falou, olhando para o garoto.
- Não está em discussão, null, o null vai e pronto. Todos separados, podemos? - null encerrou o assunto como a boa irmã mais velha protetora que sempre foi.
- Desculpa, null. - ela olhou para o rapaz.
- Tudo bem, null. Não faltará oportunidades. - ela sorriu para ele, toda ruborizada, mas logo depois o rapaz viu a garota sair, entrando no carro e batendo a porta.
- Bom, se estamos decididos, tô morto de fome. - null falou, entrando também no carro, ao lado da amiga.
×××
- Você é um traidor, mas não consigo ficar com raiva de você - null cochichou para que só o amigo ouvisse. - E o que combinamos antes de virmos pra cá? O lance de viver intensamente? Você tá me empatando, null. Da próxima vez, eu raspo seu cabelo enquanto você estiver dormindo.
- O lance não envolvia você na garupa da moto de um cara aleatório. - ele rolou os olhos.
- Pelo amor de Deus, null! - ela balançou os braços na frente dele, dramaticamente. - Para de ser chato. Credo, parece a null. O convívio diário não está te fazendo bem. Já tá virando um amargurado igual ela. - ela disse essa última, olhando para null enquanto dirigia.
- A null não é amargurada. - ele falou sem pensar, vendo a mulher o encarar pelo retrovisor.
- Mas que...? Você está defendendo ela?! Vocês dois se merecem! Ainda bem que a null é minha irmã preferida.
- Obrigada, é muito amor mesmo, não é? - null afagou o braço de null.
- Engraçado que foi ela quem te cortou, e eu fiquei quase quieta. - null reclamou, com vontade de jogar a irmã mais nova para fora do carro.
- ”Quase” não é nada. Você deveria ter me apoiado. Enfim, pé nesse acelerador aí que eu quero chegar logo.
- Eu fiz o que precisava ser feito, eu quero conhecer esse null, antes de deixar rolar algo entre vocês, porque é nítido que tem algo aí. Você é minha bebezinha, não quero que se magoe, caras de bandas são um pouco... Mulherengos. - null se justificou.
- Agora eu sei o que o pobre do null passou. Me lembre de pedir desculpas a ele quando o ver.
- Você está muito revoltada... - null falou, sabendo que seria odiado pela amiga.
- null, não diga coisas que não sabe, eu já te disse que minha história com null foi muito errada. - null bufou.
- Ai, null, tudo se resolve com uma simples beijo. Se for bom, vai que é sua. Se não, tchau e bençãos pra pessoa. De todo modo... Espera aí, o null beija bem? - ela tentou se aproximar da irmã, mas o cinto de segurança a impediu. - Tem pegada?
- Desde quando a conversa virou de mim para o null? - a irmã mais velha tentou se esquivar.
- Desde quando todo mundo quer saber, null. - null falou, como se fosse óbvio.
- Quando a gente ficou, o null era virgem, foi horrível a transa, mas sim, ele beija bem, satisfeitos?
- A gente só perguntou do beijo, informação demais, meu Deus.
- null, por que diabos você tem sempre que ser assim? Senta aí e fica quieta! - null pediu. Ela o olhou de forma séria. - Por favor?
- Agora vocês param de me atormentar com o null. E concordo com o null, vamos virar o disco?
- Chega de drama, chegamos. - null parou o carro e desceu rapidamente.
- Até o final desse período na Austrália eu entro num hospício. Eu disse a mim mesmo que se eu conseguisse aguentar uma null, eu aguentava as outras, mas tá difícil.
- Mas eu sou a sua null favorita. - null disse.
- Até quando é a questão.
- O que, null?!
- Eita. – null colocou fogo.
- Eu não tenho culpa se vocês se fecham cada uma em um mundo, você com o celular ou o null, e a null com o null. - ele deu de ombros, descendo do carro também.
- Eu com o null? Elas me empurrando para o null. - null desceu do carro, correndo para respondê-lo.
- Então só resta a null? Então ela é sua preferida agora? - null viu o amigo ficar vermelho.
- Eu não disse isso.
- Não com essas palavras, mas disse.
- E aí, o que rola? - null se aproximou deles junto com null.
- Nada. Vamos entrar logo nesse restaurante porque minha fome está quase sumindo. - null os deixou para trás, entrando logo no estabelecimento e encontrando null que já estava sentada numa mesa para seis.
- Vish, desculpa – null levantou os braços.
- Brigaram? - null perguntou.
- Briga é normal entre as null e aqueles que as rodeiam. Quer mesmo entrar nessa? null vale pelas duas juntas - null suspirou.
null riu enquanto via a mulher se aproximar.
- E aí? Vamos entrar? - null olhou para os dois rapazes que a encaravam. - Que foi?
- Nada, o null só estava me dizendo que você é maravilhosa e que era para cuidar de você.
- O null? Obrigada, acho? - ela olhou para o amigo. Ele ergueu os braços como se não soubesse de nada e entrou no restaurante, procurando pelas null.
- Vamos entrar? null e null estão nos esperando. - null começou a caminhar e os outros o seguiram.
- Desculpa pelo drama de agora pouco. Não sou assim normalmente. - ela disse para null.
- Não cai nessa não, que é furada. - null disse ao ouvir a fala da amiga quando chegaram na mesa. null o olhou de forma matadora.
- Podemos pedir? Agora que todos decidiram se sentar? - null perguntou, encarando a todos na mesa.
- O que nos sugere pedir, null? - null perguntou, sabendo que o rapaz frequentava o lugar. Estava tentando soar simpática pelos minutos atrás.
- Como um bom australiano sugiro Balmain Bug, que é lagosta, vocês vão gostar. - ele sorriu.
- Por mim, pode ser. - null respondeu, ouvindo null e null concordarem.
- Quero o mesmo. - null disse.
- Bom, eu vou de Fish and Chips – null disse ao olhar o cardápio.
A atendente anotou os pedidos e saiu.
- E então, null, faz quanto tempo que tem sua banda? - null o encarava com um sorrisinho meigo.
- E quantos anos você tem também, por favor. - null adicionou, seguindo a irmã.
- Bom, eu já toco desde os meus doze anos. Antes tocava solo, mas aí com um amigo formamos o The Sixx. De início foi algo bem amador, só para nos divertirmos, mas acabamos percebendo que poderíamos ir mais além, sabe? Hoje, com meus 22 anos – ele olhou para null – estamos em busca de uma gravadora que queira entrar nessa nossa loucura com a gente. Estamos até que nos saindo bem. Digo, entregamos algumas demos para algumas gravadoras, mas elas recusaram. Mas a esperança é a última que morre, não é? - deu de ombros, encarando a todos ali na mesa.
- Já pensou no que a fama pode trazer? Dinheiro, mulheres... - null o perguntou, null balançou a cabeça, negando.
- Bom, isso é uma consequência, mas embora aparente que eu seja bem mulherengo, eu sou bem tranquilo.
- Ei, null, desculpa por antes, tá? - null falou baixinho para o rapaz, se referindo ao interrogatório anterior, feito com ele.
- Ah, não se preocupe. - null riu.
- O que vocês querem saber mais? Passei no teste? - null questionou às irmãs.
- Gostei dele. - null deu de ombros, rindo pela pergunta do garoto.
- Eu também, mas não conte isso a ele, deixa ele achar que eu sou a irmã ruim. – null cochichou para a null.
- Diz aí, null... Hipoteticamente falando... Se você ficasse famoso... Ia viajar o mundo, né? Como seria se tivesse alguém esperando em casa? - null questionou, querendo pirraçar a irmã mais nova.
- Eu acho que assim, quando duas pessoas se amam e confiam uma na outra, apesar desse obstáculo, fariam dar certo. Pode ter várias coisas que ponha tudo aquilo à prova, mas se as duas pessoas estão comprometidas o suficiente em fazer dar certo, o esforço vale a pena. Não acham?
- Pois é, eu também acho, viu? - null comentou, olhando discretamente para null.
- Ele não é maravilhoso, gente? - null olhava toda abobada para ele, com a mão apoiando o queixo.
- Nossa, incrível. - null resmungou sarcástico, rolando os olhos. - Assim... Hipoteticamente falando também... Se você se envolvesse com uma pessoa que tem um melhor amigo muito próximo... Você sabe que seria um grande perigo, né? Se ele fosse bem grande, forte, e tudo mais...
- null, pega aqui seu refrigerante, melhor. - null puxou a lata da bandeja do garçom e colocou na frente do garoto.
- Ah, sim, seria um problema, mas é só ter cuidado. - null riu. - Tá quase parecendo que eu vou pedir a null em casamento. Nem namorando a gente está... bem, não fiz o pedido ainda. - null ficou vermelha da cor de um tomate.
- Não, imagina... Aqui o interrogatório é até para beijar na boca mesmo. - null deu de ombros.
- Passei por um parecido, null, vai se acostumando – null riu.
- Acredite, ter a null interrogando é pior. - null complementou.
- Fazer o quê... Entrar pra família é difícil, gente. Somos muito exigentes. - null comentou. - Mesmo que você não esteja realmente tentando, qualquer tentativa a gente já considera. Pode ir com calma.
- Deve, na verdade. - null adicionou.
A garçonete interrompeu a conversa disponibilizando os pratos de cada um. Ao receber seu prato, null o encarou com nojo.
- Parece que isso aqui tá vivo. - ela pegou a lagosta na mão e começou a balançar. - Como você come isso, null?
- Meu Deus, null, não me envergonhe. – null olhou para os lados, prendendo a risada. - Para de frescura e experimenta.
- Cozinhar isso deve ser legal. - null comentou com null ao seu lado, vendo-a concordar.
- Se você não conseguir, pode pegar o meu. – null sussurrou para ela.
-Sério? Você faria isso? - ela olhou surpresa para ele.
- Claro, não me importo. - ele trocou os pratos para que ela pudesse comer enfim.
- Se você quiser, posso trocar com você também. - null falou para null, apontando para os pratos iguais.
- Claro, não me importo. – null imitou a voz de null, fazendo null e null rirem também.
- Há há há. Muito obrigada, null.
- Preciso ir ao banheiro. - null falou, indicando para que null se levantasse.
- É, é melhor, tem alguma coisa no seu dente. - null zombou, recebendo um dedo do meio como resposta.
- Também preciso. null, nos acompanha? - null se levantou juntamente com null.
- Por quê? - ela olhou para as irmãs.
- Porque meninas sempre vão juntas ao banheiro. Isso que dá só ter amizade com esse garoto. - null apontou para null.
- Ai, tá bom. - null se levantou e seguiu as mais velhas até o banheiro.
- E então, null, o que está achando dessa família de loucas? - null perguntou ao rapaz.
- Já está íntimo a esse ponto de chamar elas de loucas? Meu Deus. – o rapaz riu. - Mas, bem, elas não são de todo ruim.
- Acho que o problema é a intensidade de tudo. - null comentou, rindo.
- Você está interessado em qual null, null? A null?
- null. - null comentou, rapidamente, não dando chance para null responder.
- Está tão na cara assim, null? - null brincou. - Mas sim, é a irmã mais velha que é a pessoa mais difícil e intensa que já conheci. Essa mulher faz o que quiser de mim.
null intercalou o olhar entre os dois.
- Então se você está interessado na null, o null está na null?
- Quê? - null riu. - Não, a gente sobra aqui entre os casais. Sou apenas o melhor amigo da null, que vem na bagagem. - ele brincou, olhando para null.
- Ah, é mesmo? Vocês são amigos faz muito tempo?
- A vida toda, pelo menos não lembro algum momento em que não tenha sido.
- Está mesmo interessado na null? - null questionou o vocalista. - Confesso que não vi vocês conversando no dia do show.
- Não vou negar que estou sorrindo mais ultimamente com a presença dela. Nunca senti algo parecido, então não posso classificar como um amor ainda... ou posso? Você que tem mais experiência com isso, o que acha, vendo de fora? Aliás, você também, null.
- Não sou o mais experiente no quesito amor, porque me apaixonei duas vezes na vida, e saí de um relacionamento longo há pouco tempo, mas começa assim, cara.
- Eu nem sei o que é gostar de alguém, cara. - null riu. - Não costumo ser o cara que se aproxima das mulheres e sai por aí. Sou careta, normalmente só saio com a null e ficamos juntos, rindo dos outros. - confessou.
- Então estamos todos no mesmo barco... e presos a uma null de algum jeito.
- Vamos sair mais vezes, null, se o garotão aqui não tiver namorando ainda. - referiu-se a null. - Podemos incluí-lo também. Vou te apresentar uns lugares legais para você desgrudar da null.
- É, pode até rolar. - null se animou.
- Eu topo fácil. - null concordou. - Tenho mais dois meses aqui, a princípio, então temos tempo. Seria bom sair um pouco da loucura que é ficar com as três.
- Fim de semana está aí, vamos fazer algo. - null se animou, seria bom se divertir um pouco.
null chegou com as irmãs, logo se sentando.
- Fazer o quê? - null perguntou, sentando-se também.
- Nada demais, meninas. - null a respondeu rapidamente, trocando um olhar com os rapazes.
- Ah, sei... - null arqueou a sobrancelha, sabendo que tinha algo ali.
- Bom, meninas, agradeço pelo convite para o almoço. Nos vemos em breve. null - null fez um leve movimento de cabeça - null, vai querer carona?
- Não vai desviar muito da sua rota?
- Claro que não.
- null... - null chamou, trocando um olhar rápido com null. - Preciso te perguntar uma coisa. - ele puxou null consigo, se afastando. - Podem ir entrando no carro. - ele comentou para null e null, que o encaravam, sem entender.
- Fala aí.
- Nada não, só queria dar um tempo pra null. - null riu, apontando para a amiga acompanhando null até a moto.
- Nossa, nem tinha me tocado do seu plano, boa, null. - null riu.
- Acho que tô aprendendo com a null. - ele comentou, lembrando-se dela saindo para deixar null e null sozinhos.
- A null é a melhor nessas coisas mesmo, inclusive, tem me ajudado em muito com a null. Mas não está fácil.
- Eu acho que ela vai ceder em algum momento. - ele deu de ombros.
- Estou contando com isso. Porque eu realmente gostei muito dela, acho que ainda gosto porque depois de todo esse tempo eu ficar insistindo desse jeito...
- Ela realmente deve ser inesquecível, hein? - o garoto zombou.
- É sim, sem dúvidas. - null riu, sem graça.
null foi até onde sua moto estava e null o acompanhou.
- Obrigada pela aula e pelo almoço. Foi quase um encontro, né?
- Podemos dizer que sim. Sua família é bem animada.
- Obrigada? - ela riu, sem graça. - Bom, só te acompanhei para agradecer e pedir desculpas pelo interrogatório.
- Sem problemas. - ele segurou o capacete com uma das mãos. null o beijou no rosto rapidamente. null sorriu e se abaixou, segurando seu queixo e se aproximou levemente, depositando em seus lábios um breve beijo. - O que era para ter acontecido mais cedo. – disse ao se afastar lentamente e a encarar. - Obrigado por hoje, null.
- Vai demorar, pirralho? - null gritou de dentro do carro, olhando pelo retrovisor null e null conversando. Ele então percebeu que null já havia entrado.
- Chata para caralho. - null riu, comentando com null.
- E eu não sei? Acho que eles já se despediram, o null deve estar me esperando. Me passa seu celular para a gente combinar a saída. - null digitou seu número para null e se despediram.
- Valeu.
- null, libera a criança que quero ir embora. - null gritou novamente, buzinando, enquanto null e null riam.
- Todo seu, null. - null acenou, rindo.
- Pronto, pode sair voando com a sua pressa. - null reclamou, entrando no carro ao lado de null.
- Você fica de tititi com seu amigo novo, eu quero ir pra casa. - ela deu de ombros, saindo com o carro.
- E aliás, o que estava rolando na mesa quando fomos ao banheiro? - null perguntou, curiosa.
- Estávamos conversando, ué. - ele respondeu, simplesmente.
- Mas o quê? - null perguntou.
- Coisas de homens, não podemos?
- Você é uma criança, null, nada de coisas de homens. - null zombou, fazendo null rolar os olhos e as irmãs rirem.
- É difícil escutar isso, você é um bebê. - null zoou ainda mais, deixando-o vermelho.
- Vocês me irritam. Por que não pegam no pé da null? Temos a mesma idade. - reclamou, bufando.
- Elas pegam, mas é muito mais legal com você, sem dúvidas. - null comentou. - Mesmo que não sejam 20 anos de diferença. - ela adicionou, reclamando também.
- Quem fica com as bochechas vermelhas e com vergonha? Você. - null virou-se para trás, tentando apertar a bochecha dele.
- Vocês nem viram nada, tem que ver ele tentando ficar com alguém em uma festa. - null riu, recebendo um dedo do meio do amigo, que já estava irritado.
- Grava da próxima vez, quero ver. - null sorriu.
- Mas dá certo, pelo menos? Porque é legal me chamar de encalhada, mas com 18 eu não era, pelo menos.
- Acho que você tá muito interessada em saber, null, você quer testar? - ele questionou, irritado.
- Hum... - null soltou uma risadinha maliciosa. - E aí, null?
- Tô encalhada, mas nem tanto. Se você pensou nessa gracinha, quer dizer que você pensou nisso, pirralho? - ela parou no semáforo e virou para trás, o encarando. null ficou vermelho e olhou para fora pela janela.
- Gente, ui! - null estava adorando assistir aquilo. – Ele com certeza pensou, ficou sem graça! Eu shippo, e você, null?
- Não acho, nada a ver esses dois. - a mais nova deu de ombros, voltando a mexer no celular.
- null, menos. Não dê esperanças pra criança. - null riu. - E relaxa, null, estou brincando com você. Não precisa ficar com vergonha, tá? - ela sorriu para ele, amigavelmente. Ele respondeu da mesma forma, agradecido.
- Ei, null. - null puxou a mulher quando eles entraram em casa, vendo null e null subindo as escadas em direção aos quartos.
- Oi. - ela riu, estranhando a atitude do garoto.
- Está tudo bem mesmo? Desculpa pela brincadeira. - ele falou, sincero. Suas bochechas tomaram um tom avermelhado novamente.
- Claro que está, null! Deixa de ser bobo. Não caia na pilha das meninas, elas querem só irritar. Somos amigos, não somos? - perguntou.
- Somos. - ele sorriu, sincero. - Mesmo que você tenha me jogado do píer, sem nem saber se eu sabia nadar. – brincou, lembrando-se de mais cedo.
- É claro que eu sabia, null. - ele franziu o cenho, sem entender. - Você é melhor amigo da null, realmente acha que eu e null não sabemos tudo que é possível sobre você? Mesmo que a gente tenha se distanciado nos últimos anos pela mudança, ainda estivemos presentes. Sei mais do que você pensa. - ela se aproximou, beijando a bochecha do garoto. - Está tudo bem, não entre na pilha, ok? - ele assentiu e viu a mulher subir as escadas atrás das irmãs. Ficou parado ali, rindo de sua atitude incomum.
null e null se aproximaram deles em seguida, alheios a tudo.
null começou levar as mãos até atrás da roupa, em busca do zíper da roupa. Não conseguiu alcançar, então null a ajudou a abrir.
- Falei de comida e a null já chegou, ela me entende, certeza. - null comentou, apontando para amiga.
- Ahn? - null o olhou e depois lembrou do que tinha dito. - Ah, sim, null é meu parceiro de comida. Para onde a gente vai? null? Tem alguma ideia? Opção pra sugerir? Aliás, vocês estão intimados a irem junto com a gente – ela apontou para null e null.
- Bom, tem um restaurante de frutos do mar aqui perto que eu gosto muito de ir. – null deu de ombros, levantando-se do chão.
- É bem perto, né? - null perguntou, apontando para null. - Ele não vai entrar no meu carro assim, e vocês também não. - ela apontou para as irmãs.
- Chata... - null revirou os olhos para a irmã.
- Engraçado que eu não estaria assim, se você mesma não tivesse inventado de me molhar. - o garoto reclamou e null deu de ombros.
- Essa daí só tá de implicância. Vem, gente, deixa ela aí. - null saiu puxando null e null pelos braços. - Não vou deixar ninguém mexer com meu null. - ela olhou para null, que ria.
- Você faz parecer que eu sou uma criança que precisa da proteção da mãe. - null disse, emburrado.
- E não é? - null comentou, pegando a chave do carro nas mãos.
- Eu só queria dizer que estou com fome, então decidam logo onde vamos comer, por favor!? - null olhava entediada para todos.
- Como vamos todos? - null perguntou.
- Mesmo você odiando, eu vou no carro com você. - null se manifestou com um sorrisinho e null rolou os olhos.
- Sei que não tenho opção, mais quatro vão comigo, e aí?
- Eu acho que devíamos levar a null no porta-mala. - null falou, ainda emburrado com a amiga.
- Ei! - ela disse com as mãos na cintura.
- Bom... De qualquer modo, eu vim de moto... null? - null coçou a nuca, olhando para a mais nova.
- Sim! Tudo o que você disser é um sim. Vamos, então?
- Por que o null não vai com o null? Eles se conhecem há muito tempo, certo? - null comentou, não queria sua irmã mais nova na garupa de um estranho.
- Por mim tudo bem, eu vim a pé. - null deu de ombros.
- Ela não está errada. - null comentou, apoiando null. Ela mal conhecia o cara.
- Ai, não corta o barato, gente. Eu vou ficar bem.
- Também não é como se eu fosse sequestrar a null. - null deu de ombros.
- Nós não sabemos disso... - null falou, olhando para o garoto.
- Não está em discussão, null, o null vai e pronto. Todos separados, podemos? - null encerrou o assunto como a boa irmã mais velha protetora que sempre foi.
- Desculpa, null. - ela olhou para o rapaz.
- Tudo bem, null. Não faltará oportunidades. - ela sorriu para ele, toda ruborizada, mas logo depois o rapaz viu a garota sair, entrando no carro e batendo a porta.
- Bom, se estamos decididos, tô morto de fome. - null falou, entrando também no carro, ao lado da amiga.
- Você é um traidor, mas não consigo ficar com raiva de você - null cochichou para que só o amigo ouvisse. - E o que combinamos antes de virmos pra cá? O lance de viver intensamente? Você tá me empatando, null. Da próxima vez, eu raspo seu cabelo enquanto você estiver dormindo.
- O lance não envolvia você na garupa da moto de um cara aleatório. - ele rolou os olhos.
- Pelo amor de Deus, null! - ela balançou os braços na frente dele, dramaticamente. - Para de ser chato. Credo, parece a null. O convívio diário não está te fazendo bem. Já tá virando um amargurado igual ela. - ela disse essa última, olhando para null enquanto dirigia.
- A null não é amargurada. - ele falou sem pensar, vendo a mulher o encarar pelo retrovisor.
- Mas que...? Você está defendendo ela?! Vocês dois se merecem! Ainda bem que a null é minha irmã preferida.
- Obrigada, é muito amor mesmo, não é? - null afagou o braço de null.
- Engraçado que foi ela quem te cortou, e eu fiquei quase quieta. - null reclamou, com vontade de jogar a irmã mais nova para fora do carro.
- ”Quase” não é nada. Você deveria ter me apoiado. Enfim, pé nesse acelerador aí que eu quero chegar logo.
- Eu fiz o que precisava ser feito, eu quero conhecer esse null, antes de deixar rolar algo entre vocês, porque é nítido que tem algo aí. Você é minha bebezinha, não quero que se magoe, caras de bandas são um pouco... Mulherengos. - null se justificou.
- Agora eu sei o que o pobre do null passou. Me lembre de pedir desculpas a ele quando o ver.
- Você está muito revoltada... - null falou, sabendo que seria odiado pela amiga.
- null, não diga coisas que não sabe, eu já te disse que minha história com null foi muito errada. - null bufou.
- Ai, null, tudo se resolve com uma simples beijo. Se for bom, vai que é sua. Se não, tchau e bençãos pra pessoa. De todo modo... Espera aí, o null beija bem? - ela tentou se aproximar da irmã, mas o cinto de segurança a impediu. - Tem pegada?
- Desde quando a conversa virou de mim para o null? - a irmã mais velha tentou se esquivar.
- Desde quando todo mundo quer saber, null. - null falou, como se fosse óbvio.
- Quando a gente ficou, o null era virgem, foi horrível a transa, mas sim, ele beija bem, satisfeitos?
- A gente só perguntou do beijo, informação demais, meu Deus.
- null, por que diabos você tem sempre que ser assim? Senta aí e fica quieta! - null pediu. Ela o olhou de forma séria. - Por favor?
- Agora vocês param de me atormentar com o null. E concordo com o null, vamos virar o disco?
- Chega de drama, chegamos. - null parou o carro e desceu rapidamente.
- Até o final desse período na Austrália eu entro num hospício. Eu disse a mim mesmo que se eu conseguisse aguentar uma null, eu aguentava as outras, mas tá difícil.
- Mas eu sou a sua null favorita. - null disse.
- Até quando é a questão.
- O que, null?!
- Eita. – null colocou fogo.
- Eu não tenho culpa se vocês se fecham cada uma em um mundo, você com o celular ou o null, e a null com o null. - ele deu de ombros, descendo do carro também.
- Eu com o null? Elas me empurrando para o null. - null desceu do carro, correndo para respondê-lo.
- Então só resta a null? Então ela é sua preferida agora? - null viu o amigo ficar vermelho.
- Eu não disse isso.
- Não com essas palavras, mas disse.
- E aí, o que rola? - null se aproximou deles junto com null.
- Nada. Vamos entrar logo nesse restaurante porque minha fome está quase sumindo. - null os deixou para trás, entrando logo no estabelecimento e encontrando null que já estava sentada numa mesa para seis.
- Vish, desculpa – null levantou os braços.
- Brigaram? - null perguntou.
- Briga é normal entre as null e aqueles que as rodeiam. Quer mesmo entrar nessa? null vale pelas duas juntas - null suspirou.
null riu enquanto via a mulher se aproximar.
- E aí? Vamos entrar? - null olhou para os dois rapazes que a encaravam. - Que foi?
- Nada, o null só estava me dizendo que você é maravilhosa e que era para cuidar de você.
- O null? Obrigada, acho? - ela olhou para o amigo. Ele ergueu os braços como se não soubesse de nada e entrou no restaurante, procurando pelas null.
- Vamos entrar? null e null estão nos esperando. - null começou a caminhar e os outros o seguiram.
- Desculpa pelo drama de agora pouco. Não sou assim normalmente. - ela disse para null.
- Não cai nessa não, que é furada. - null disse ao ouvir a fala da amiga quando chegaram na mesa. null o olhou de forma matadora.
- Podemos pedir? Agora que todos decidiram se sentar? - null perguntou, encarando a todos na mesa.
- O que nos sugere pedir, null? - null perguntou, sabendo que o rapaz frequentava o lugar. Estava tentando soar simpática pelos minutos atrás.
- Como um bom australiano sugiro Balmain Bug, que é lagosta, vocês vão gostar. - ele sorriu.
- Por mim, pode ser. - null respondeu, ouvindo null e null concordarem.
- Quero o mesmo. - null disse.
- Bom, eu vou de Fish and Chips – null disse ao olhar o cardápio.
A atendente anotou os pedidos e saiu.
- E então, null, faz quanto tempo que tem sua banda? - null o encarava com um sorrisinho meigo.
- E quantos anos você tem também, por favor. - null adicionou, seguindo a irmã.
- Bom, eu já toco desde os meus doze anos. Antes tocava solo, mas aí com um amigo formamos o The Sixx. De início foi algo bem amador, só para nos divertirmos, mas acabamos percebendo que poderíamos ir mais além, sabe? Hoje, com meus 22 anos – ele olhou para null – estamos em busca de uma gravadora que queira entrar nessa nossa loucura com a gente. Estamos até que nos saindo bem. Digo, entregamos algumas demos para algumas gravadoras, mas elas recusaram. Mas a esperança é a última que morre, não é? - deu de ombros, encarando a todos ali na mesa.
- Já pensou no que a fama pode trazer? Dinheiro, mulheres... - null o perguntou, null balançou a cabeça, negando.
- Bom, isso é uma consequência, mas embora aparente que eu seja bem mulherengo, eu sou bem tranquilo.
- Ei, null, desculpa por antes, tá? - null falou baixinho para o rapaz, se referindo ao interrogatório anterior, feito com ele.
- Ah, não se preocupe. - null riu.
- O que vocês querem saber mais? Passei no teste? - null questionou às irmãs.
- Gostei dele. - null deu de ombros, rindo pela pergunta do garoto.
- Eu também, mas não conte isso a ele, deixa ele achar que eu sou a irmã ruim. – null cochichou para a null.
- Diz aí, null... Hipoteticamente falando... Se você ficasse famoso... Ia viajar o mundo, né? Como seria se tivesse alguém esperando em casa? - null questionou, querendo pirraçar a irmã mais nova.
- Eu acho que assim, quando duas pessoas se amam e confiam uma na outra, apesar desse obstáculo, fariam dar certo. Pode ter várias coisas que ponha tudo aquilo à prova, mas se as duas pessoas estão comprometidas o suficiente em fazer dar certo, o esforço vale a pena. Não acham?
- Pois é, eu também acho, viu? - null comentou, olhando discretamente para null.
- Ele não é maravilhoso, gente? - null olhava toda abobada para ele, com a mão apoiando o queixo.
- Nossa, incrível. - null resmungou sarcástico, rolando os olhos. - Assim... Hipoteticamente falando também... Se você se envolvesse com uma pessoa que tem um melhor amigo muito próximo... Você sabe que seria um grande perigo, né? Se ele fosse bem grande, forte, e tudo mais...
- null, pega aqui seu refrigerante, melhor. - null puxou a lata da bandeja do garçom e colocou na frente do garoto.
- Ah, sim, seria um problema, mas é só ter cuidado. - null riu. - Tá quase parecendo que eu vou pedir a null em casamento. Nem namorando a gente está... bem, não fiz o pedido ainda. - null ficou vermelha da cor de um tomate.
- Não, imagina... Aqui o interrogatório é até para beijar na boca mesmo. - null deu de ombros.
- Passei por um parecido, null, vai se acostumando – null riu.
- Acredite, ter a null interrogando é pior. - null complementou.
- Fazer o quê... Entrar pra família é difícil, gente. Somos muito exigentes. - null comentou. - Mesmo que você não esteja realmente tentando, qualquer tentativa a gente já considera. Pode ir com calma.
- Deve, na verdade. - null adicionou.
A garçonete interrompeu a conversa disponibilizando os pratos de cada um. Ao receber seu prato, null o encarou com nojo.
- Parece que isso aqui tá vivo. - ela pegou a lagosta na mão e começou a balançar. - Como você come isso, null?
- Meu Deus, null, não me envergonhe. – null olhou para os lados, prendendo a risada. - Para de frescura e experimenta.
- Cozinhar isso deve ser legal. - null comentou com null ao seu lado, vendo-a concordar.
- Se você não conseguir, pode pegar o meu. – null sussurrou para ela.
-Sério? Você faria isso? - ela olhou surpresa para ele.
- Claro, não me importo. - ele trocou os pratos para que ela pudesse comer enfim.
- Se você quiser, posso trocar com você também. - null falou para null, apontando para os pratos iguais.
- Claro, não me importo. – null imitou a voz de null, fazendo null e null rirem também.
- Há há há. Muito obrigada, null.
- Preciso ir ao banheiro. - null falou, indicando para que null se levantasse.
- É, é melhor, tem alguma coisa no seu dente. - null zombou, recebendo um dedo do meio como resposta.
- Também preciso. null, nos acompanha? - null se levantou juntamente com null.
- Por quê? - ela olhou para as irmãs.
- Porque meninas sempre vão juntas ao banheiro. Isso que dá só ter amizade com esse garoto. - null apontou para null.
- Ai, tá bom. - null se levantou e seguiu as mais velhas até o banheiro.
- E então, null, o que está achando dessa família de loucas? - null perguntou ao rapaz.
- Já está íntimo a esse ponto de chamar elas de loucas? Meu Deus. – o rapaz riu. - Mas, bem, elas não são de todo ruim.
- Acho que o problema é a intensidade de tudo. - null comentou, rindo.
- Você está interessado em qual null, null? A null?
- null. - null comentou, rapidamente, não dando chance para null responder.
- Está tão na cara assim, null? - null brincou. - Mas sim, é a irmã mais velha que é a pessoa mais difícil e intensa que já conheci. Essa mulher faz o que quiser de mim.
null intercalou o olhar entre os dois.
- Então se você está interessado na null, o null está na null?
- Quê? - null riu. - Não, a gente sobra aqui entre os casais. Sou apenas o melhor amigo da null, que vem na bagagem. - ele brincou, olhando para null.
- Ah, é mesmo? Vocês são amigos faz muito tempo?
- A vida toda, pelo menos não lembro algum momento em que não tenha sido.
- Está mesmo interessado na null? - null questionou o vocalista. - Confesso que não vi vocês conversando no dia do show.
- Não vou negar que estou sorrindo mais ultimamente com a presença dela. Nunca senti algo parecido, então não posso classificar como um amor ainda... ou posso? Você que tem mais experiência com isso, o que acha, vendo de fora? Aliás, você também, null.
- Não sou o mais experiente no quesito amor, porque me apaixonei duas vezes na vida, e saí de um relacionamento longo há pouco tempo, mas começa assim, cara.
- Eu nem sei o que é gostar de alguém, cara. - null riu. - Não costumo ser o cara que se aproxima das mulheres e sai por aí. Sou careta, normalmente só saio com a null e ficamos juntos, rindo dos outros. - confessou.
- Então estamos todos no mesmo barco... e presos a uma null de algum jeito.
- Vamos sair mais vezes, null, se o garotão aqui não tiver namorando ainda. - referiu-se a null. - Podemos incluí-lo também. Vou te apresentar uns lugares legais para você desgrudar da null.
- É, pode até rolar. - null se animou.
- Eu topo fácil. - null concordou. - Tenho mais dois meses aqui, a princípio, então temos tempo. Seria bom sair um pouco da loucura que é ficar com as três.
- Fim de semana está aí, vamos fazer algo. - null se animou, seria bom se divertir um pouco.
null chegou com as irmãs, logo se sentando.
- Fazer o quê? - null perguntou, sentando-se também.
- Nada demais, meninas. - null a respondeu rapidamente, trocando um olhar com os rapazes.
- Ah, sei... - null arqueou a sobrancelha, sabendo que tinha algo ali.
- Bom, meninas, agradeço pelo convite para o almoço. Nos vemos em breve. null - null fez um leve movimento de cabeça - null, vai querer carona?
- Não vai desviar muito da sua rota?
- Claro que não.
- null... - null chamou, trocando um olhar rápido com null. - Preciso te perguntar uma coisa. - ele puxou null consigo, se afastando. - Podem ir entrando no carro. - ele comentou para null e null, que o encaravam, sem entender.
- Fala aí.
- Nada não, só queria dar um tempo pra null. - null riu, apontando para a amiga acompanhando null até a moto.
- Nossa, nem tinha me tocado do seu plano, boa, null. - null riu.
- Acho que tô aprendendo com a null. - ele comentou, lembrando-se dela saindo para deixar null e null sozinhos.
- A null é a melhor nessas coisas mesmo, inclusive, tem me ajudado em muito com a null. Mas não está fácil.
- Eu acho que ela vai ceder em algum momento. - ele deu de ombros.
- Estou contando com isso. Porque eu realmente gostei muito dela, acho que ainda gosto porque depois de todo esse tempo eu ficar insistindo desse jeito...
- Ela realmente deve ser inesquecível, hein? - o garoto zombou.
- É sim, sem dúvidas. - null riu, sem graça.
null foi até onde sua moto estava e null o acompanhou.
- Obrigada pela aula e pelo almoço. Foi quase um encontro, né?
- Podemos dizer que sim. Sua família é bem animada.
- Obrigada? - ela riu, sem graça. - Bom, só te acompanhei para agradecer e pedir desculpas pelo interrogatório.
- Sem problemas. - ele segurou o capacete com uma das mãos. null o beijou no rosto rapidamente. null sorriu e se abaixou, segurando seu queixo e se aproximou levemente, depositando em seus lábios um breve beijo. - O que era para ter acontecido mais cedo. – disse ao se afastar lentamente e a encarar. - Obrigado por hoje, null.
- Vai demorar, pirralho? - null gritou de dentro do carro, olhando pelo retrovisor null e null conversando. Ele então percebeu que null já havia entrado.
- Chata para caralho. - null riu, comentando com null.
- E eu não sei? Acho que eles já se despediram, o null deve estar me esperando. Me passa seu celular para a gente combinar a saída. - null digitou seu número para null e se despediram.
- Valeu.
- null, libera a criança que quero ir embora. - null gritou novamente, buzinando, enquanto null e null riam.
- Todo seu, null. - null acenou, rindo.
- Pronto, pode sair voando com a sua pressa. - null reclamou, entrando no carro ao lado de null.
- Você fica de tititi com seu amigo novo, eu quero ir pra casa. - ela deu de ombros, saindo com o carro.
- E aliás, o que estava rolando na mesa quando fomos ao banheiro? - null perguntou, curiosa.
- Estávamos conversando, ué. - ele respondeu, simplesmente.
- Mas o quê? - null perguntou.
- Coisas de homens, não podemos?
- Você é uma criança, null, nada de coisas de homens. - null zombou, fazendo null rolar os olhos e as irmãs rirem.
- É difícil escutar isso, você é um bebê. - null zoou ainda mais, deixando-o vermelho.
- Vocês me irritam. Por que não pegam no pé da null? Temos a mesma idade. - reclamou, bufando.
- Elas pegam, mas é muito mais legal com você, sem dúvidas. - null comentou. - Mesmo que não sejam 20 anos de diferença. - ela adicionou, reclamando também.
- Quem fica com as bochechas vermelhas e com vergonha? Você. - null virou-se para trás, tentando apertar a bochecha dele.
- Vocês nem viram nada, tem que ver ele tentando ficar com alguém em uma festa. - null riu, recebendo um dedo do meio do amigo, que já estava irritado.
- Grava da próxima vez, quero ver. - null sorriu.
- Mas dá certo, pelo menos? Porque é legal me chamar de encalhada, mas com 18 eu não era, pelo menos.
- Acho que você tá muito interessada em saber, null, você quer testar? - ele questionou, irritado.
- Hum... - null soltou uma risadinha maliciosa. - E aí, null?
- Tô encalhada, mas nem tanto. Se você pensou nessa gracinha, quer dizer que você pensou nisso, pirralho? - ela parou no semáforo e virou para trás, o encarando. null ficou vermelho e olhou para fora pela janela.
- Gente, ui! - null estava adorando assistir aquilo. – Ele com certeza pensou, ficou sem graça! Eu shippo, e você, null?
- Não acho, nada a ver esses dois. - a mais nova deu de ombros, voltando a mexer no celular.
- null, menos. Não dê esperanças pra criança. - null riu. - E relaxa, null, estou brincando com você. Não precisa ficar com vergonha, tá? - ela sorriu para ele, amigavelmente. Ele respondeu da mesma forma, agradecido.
- Ei, null. - null puxou a mulher quando eles entraram em casa, vendo null e null subindo as escadas em direção aos quartos.
- Oi. - ela riu, estranhando a atitude do garoto.
- Está tudo bem mesmo? Desculpa pela brincadeira. - ele falou, sincero. Suas bochechas tomaram um tom avermelhado novamente.
- Claro que está, null! Deixa de ser bobo. Não caia na pilha das meninas, elas querem só irritar. Somos amigos, não somos? - perguntou.
- Somos. - ele sorriu, sincero. - Mesmo que você tenha me jogado do píer, sem nem saber se eu sabia nadar. – brincou, lembrando-se de mais cedo.
- É claro que eu sabia, null. - ele franziu o cenho, sem entender. - Você é melhor amigo da null, realmente acha que eu e null não sabemos tudo que é possível sobre você? Mesmo que a gente tenha se distanciado nos últimos anos pela mudança, ainda estivemos presentes. Sei mais do que você pensa. - ela se aproximou, beijando a bochecha do garoto. - Está tudo bem, não entre na pilha, ok? - ele assentiu e viu a mulher subir as escadas atrás das irmãs. Ficou parado ali, rindo de sua atitude incomum.
Capítulo Seis
O ambiente estava escuro e o pouco de luz que vinha era da luz da rua, que passava pela janela da cozinha. As irmãs estavam todas ali, reunidas no sofá, dividindo pipoca enquanto assistiam ao filme Magic Mike. null havia saído da sala mais cedo com a desculpa de que não assistiria aquilo, nem mesmo pela melhor amiga, era demais para sua cabeça.
- Gente, eu sei que o Channing é tudo nesse filme, mas minha paixão ainda fica com o Alex Pettyfer. - null comentou, encarando a tv.
- Qualquer um dos dois na minha cama eu seria a mulher mais feliz desse mundo. – null abriu um sorrisinho malicioso.
- Sonho distante. - null respondeu, atirando pipoca em null.
- Meu Deus, vocês estão mais assanhadas que eu. O que há? - null riu enquanto pegava mais pipoca.
- Falta. - as duas responderam em uníssono.
- Eu atendo. - null passou gritando para as meninas, descendo as escadas apressado para atender a campainha que acabara de tocar.
As meninas pararam o que estavam fazendo para prestar atenção na cena que ocorria ali, diante dos olhos delas.
- Hey, cara! - null o saudou assim que a porta foi aberta, fazendo um high-five com ele. - Oi, meninas.
- null? - null perguntou, levantando o olhar do sofá que estava deitada e vendo as irmãs fazerem o mesmo, encarando a porta. - O que está fazendo aqui? Sem querer ser mal educada... - ela riu.
- Hm... Se vocês não se importarem, o null me chamou para sair com ele. - null comentou, timidamente.
As garotas encararam mais uma vez os dois, incertas. null vestia uma bermuda em um tom azul claro, com uma blusa preta e seus All Star também pretos nos pés, era possível sentir seu perfume de onde estavam. Assim como null, que tinha um perfume maravilhoso, lembrou null do dia da praia. Ele vestia uma camiseta de cor branca, uma bermuda jeans na cor preta, e um All Star branco nos pés. Elas se entreolharam, de sobrancelhas arqueadas.
- Olha só que bonitinho, ele finalmente vai tirar a bunda de casa. - null comentou, rindo. - Aproveita, meu bem.
- E eu posso saber onde você vai levar o nosso pirralho? - null perguntou, encarando null ao invés de olhar para null.
- Vou mostrar as noites maravilhosas de Melbourne, esse garoto aqui precisa ser iniciado. – null sorriu, animado. null que até então estava calada, rolou os olhos, eles iam à caça aquela noite, sentiu um leve incomodo.
- Aproveitem vocês dois. - null disse e voltou a atenção para a tv.
null estranhou não vir nenhum comentário espertinho da mais nova.
- Tudo bem... - ele respondeu, com a testa franzida. - null, null, tudo bem por vocês? - perguntou, lembrando da implicância das meninas com null e null na semana anterior.
- Claro, divirtam-se! - null respondeu pelas duas.
- Só porque você está com null, senão íamos fazer pior do que com a null, pode ter certeza. - null deu de ombros. - Cuide dele, não estou com vontade de enfrentar uma mamãe ursa furiosa se algo acontecer, somos responsáveis por ele aqui. - ela olhou seriamente para null.
- Ei! - null ralhou com a irmã. - Estamos no século vinte e um, meu amor. Já ouviu falar de direitos iguais?
- Já, e sou bem adepta. Só não sou adepta a caronas em garupas de moto de rockstar wanna be. - respondeu, direta, vendo os dois garotos acenando e fechando a porta.
- Rockstar wanna be? - null olhou para a tv, mas tinha o olhar perdido, com um sorriso no rosto enquanto passava o indicador no lábio inferior. - E que rockstar, minhas irmãs...
- E nós estamos piores que você? - null jogou a almofada na irmã. - Inclusive, null, acho que você está perdendo seu homem, viu?
- Decidimos na praia que seríamos amigos, que ele fique com quem ele quiser. - deu de ombros. - Inclusive, podíamos sair também, não é?
- Ah, eu não estou muito no clima. - null respondeu, fazendo bico. - Não vou achar um cara assim em lugar nenhum de Melbourne. - ela apontou para cena que passava na TV.
- Eu muito menos. - null concordou.
- Tem razão, vamos ficar vendo esses deuses. - null comentou, derrotada.
- Mas não se esqueça, null... Você tem um deus esperando por você. - null piscou, gargalhando ao ver a reação da mais velha.
×××
- O null vai encontrar a gente aqui? - null perguntou para null enquanto entravam no lugar que o homem havia escolhido.
- Sim, inclusive ele já deve estar aqui – null procurava o amigo com o olhar enquanto andavam pelo lugar.
- Você acha que as meninas ficaram bravas? - o mais novo perguntou, também buscando por null, estava preocupado, já que estava na Austrália apenas por conta de estar com elas.
- Acho que não, null. É só uma saída de amigos, mulheres não têm dessas coisas também? - null deu de ombros, despreocupado.
- É. - ele tentou relaxar, observando o lugar. - Ali, ele. - apontou para null, encostado em um canto, mexendo no celular. - Ele e a null são o par perfeito. - riu, vendo null concordar.
null levantou a cabeça do celular e encontrou seus... amigos? É, já poderia chamá-los assim, haviam conversado muito durante a semana que passara. Viu null e null se aproximarem de onde estava e se cumprimentaram.
- E aí? - null sorriu do jeito null de ser. - Foi sufoco sair de casa? - ele andava conversando muito com null além dos rapazes, então sabia como a família null poderia ser difícil às vezes.
- Até que não. - null riu, já mais despreocupado. - Acho que a implicância das null é com você mesmo. - ele deu de ombros.
- Tem que ter paciência, logo, logo você conquista o coração das irmãs, ao menos de uma você conseguiu. - null deu um sorrisinho sacana.
- E como conseguiu... - null comentou. Conhecia a melhor amiga, sabia que ela estava completamente jogada aos pés de null.
- E é a que mais importa pra mim. - null riu e depois olhou para null. - Nesses tempo de amizade, você nunca tinha me trazido aqui.
- Ok, null, eu te chamo no nosso próximo encontro romântico. – zombou do vocalista.
- E eu irei adorar. - estalou um beijo no rosto de null brincando com o amigo. Olhou para null e ele os olhava estranho.
- Gostariam que eu me retirasse? - null brincou.
- Não, a gente curte um relacionamento a três - null gargalhou.
- Tá difícil até ter um em dois, quem dirá três, pessoal. - ele respondeu, rindo.
- Ele é sempre assim? - null apontou para null. - Temos que sair mais com ele, null. - ele disse enquanto mantinha um dos braços em volta do pescoço de null.
- Com certeza, null. - sorriu - Menino null, seja sincero, você já transou?
- Calma aí que a ingenuidade existe, mas não é tanta, é só o papel. - o garoto respondeu. - Não acreditem tanto assim nas brincadeiras das null, principalmente null, até porque ela sabe sobre tudo da minha vida e ainda assim gosta de me pintar de bom moço por aí para me encher. - reclamou.
- Hum... então você gosta de agir na surdina, isso aí! - null deu um soquinho fraco no ombro dele.
- Quem come quieto, come sempre. - brincou, tentando entrar na onda dos dois, rindo da própria frase idiota.
- Meu Deus do céu - null balançou a cabeça, desacreditado. - Como diz um amigo da banda, vamos começar os serviços. - null chamou um barman e pediu bebidas para todos.
- Caras, o exagero é brincadeira, ok? - ele voltou atrás, se sentindo envergonhado novamente e pegando a cerveja no balcão. - Mas o High School corrompe as pessoas, antes disso eu era realmente um idiota. – riu.
- Relaxa, null, você é muito certinho. Espero que a universidade te corrompa de vez. - null brincou, lembrando-se de seus tempos de fraternidade.
- Imagino que um intercâmbio faça ainda mais, né? - o garoto respondeu, zombando de null.
- Bom, eu já sou bem corrompido mesmo não tendo passado completamente por uma faculdade. - null deu de ombros enquanto bebericava sua cerveja. - E antes que null me julgue, eu sou um corrompido moderado.
- Todos falando sobre serem corrompidos, papo super cabeça... Mas perdem o coração fácil para uma null.
- Fala com tanta propriedade, null, está perdendo a cabeça por uma também? - null tomou mais um pouco de sua bebida.
- Nem brinca com isso, já rolou esse papo semana passada e foi bem esquisito. - ele fez uma careta. - Apenas amigos. E não é como se a null pudesse olhar para mim dessa forma. - o garoto riu, virando uma grande quantidade da cerveja.
- Como assim? - null perguntou, curioso. - Quer dizer que ela não pode ter interesse em você e nem você nela? Qual o problema?
- Sou melhor amigo da null, algo sobre me odiar porque éramos chatos demais quando pequenos e todo o blá blá blá de “te vi crescer com a minha irmã mais nova”. Eu não disse que não podia ter interesse nela, mas seria idiotice.
- Ela só faz isso pra te provocar, porque sabe que você se irrita com isso. A partir do momento que você passar a ignorar ela, ela irá te olhar com outros olhos e aí, meu querido, corre pro abraço.
- null é gostosa, null. Se eu não fosse tão amigo dela ou não estivesse interessado na null... - null complementou.
- Podem me explicar como chegamos nisso? Em nenhum momento falei que tinha interesse, já sofro demais com a null, obrigado. - ele riu, tentando ignorar os comentários.
- Vai me dizer que você nunca reparou na null? Tipo, olhar mesmo? - null bebeu sua cerveja e encarou null.
- Com licença, rapazes. - o barman se aproximou deles dizendo. – Aquelas moças ali pagaram essas cervejas para vocês.
Os três se entreolharam e deram de ombros, acenando para as mulheres que estavam do outro lado do bar.
- Eu vou. - null riu, apontando para direção em que elas estavam.
- A diversão finalmente começou. - null levantou a cerveja em direção as moças. null fez o mesmo, mas sem dar tanta importância.
- Aproveitem bem vocês dois. – null riu, balançando a cabeça e bebendo mais de sua cerveja, comendo alguns petiscos.
×××
- Quer saber? Estou de saco cheio desse sofá, podíamos ter uma noite das meninas também. - null levantou depois de duas horas que tinha visto null e null saírem, decidida.
- Amém! - null se levantou do sofá em um pulo.
- Bom, eu vou ficar em casa, bem quietinha. Estou morta de sono. – null se esticou do sofá, se levantando e colocando a almofada no lugar. - Boa saída para vocês.
- null! Não acredito, logo você? - null reclamou.
- Tá com febre? - null colocou a mão na testa dela.
- Osh, me deixa, garota, eu tô bem. - riu da reação imediata da irmã. - Só não estou a fim.
- Invés de sair, vai ficar de sexting nesse celular. - null zombou, apontando para o aparelho na mão da menor.
- E não é um programa muito melhor do que sair com duas solteironas e que são velhas, ainda por sinal? - ela gargalhou.
- Velha é a null. - null se defendeu, rapidamente, rindo.
- Ingratas! – null pulou em cima de null, bagunçando o cabelo da irmã, que começou a rir.
- Bom, nós vamos então, pestinha. Vou levar a null para um lugar legal, quem sabe ela melhora o mau humor.
- Você quer um soco agora ou depois? Estão muito abusadas vocês duas. – mostrou o dedo médio a null.
- Pode ser depois, vou me arrumar. - null mostrou a língua e correu escadas acima. null riu e subiu atrás dela.
[null]: O que você está fazendo?
[null]: Tô vestida para ir dormir, mas eu simplesmente não consigo pegar no sono.
[null]: E você? Tá fazendo o quê?
[null]: Então, eu saí com os caras.
[null]: null e null? Não brinca! 😂
[null]: É, pois é... Só que agora estou sozinho em um canto enquanto eles paqueram.
[null]: Tá bem chato. Não gosto de ficar de vela.
[null]: Mas me consolo porque pelo menos tenho alguma diversão. Eles não têm tanto jeito assim.
[null]: Ah, sério? E você tem?
[null]: O quê?
[null]: Jeito pra paquera.
[null]: Bom, acho que sim... Mas por que a pergunta?
[null]: É porque a forma que você falou pareceu que você teve bastante experiência...
[null]: Eu senti um tom de ciúmes? 👀
[null]: Eu, com ciúmes? Jamais!
[null]: Enfim, se tá tão chato, por que decidiu sair com eles?
[null]: null disse que eu já estava caidinho por uma moça aí. Uma tal de null, então eu meio que acharia tudo desinteressante sem você aqui.
[null]: 😳
[null]: Sabe o que estava pensando aqui? De apressarmos o nosso encontro.
[null]: Porque você ainda me deve... Você sabe, pela aula...
[null]: Anima?
[null]: Claro, mas não vai ficar chato? Porque você saiu com os meninos e de repente vai sair daí para me encontrar?
[null]: Eles esqueceram que eu estou aqui. Vou te buscar aí na sua casa. Me manda o endereço.
[null]: Você bebeu? Porque se você bebeu, nem que me pague eu subo na garupa da sua moto.
[null]: Bebi um pouco, mas faz tempo, então o efeito já deve ter passado.
[null]: Sério mesmo? Sou doidinha, mas não a esse ponto.
[null]: Sério mesmo. Pode confiar.
[null]: Certo. Me dá só 20min e a gente se encontra. Vou te mandar o endereço.
[null]: Ok.
×××
- Eu costumo vir bastante aqui, gosto desse lugar. - null comentou com null, entrando no local escolhido. Era o lugar que ia sozinha ou acompanhada, e até mesmo ia se estivesse feliz ou triste.
- Parece bem legal aqui – null deu uma checada rápida pelo ambiente. - Vamos dançar?
- Bom, acho que é a melhor opção, não vou beber. - null respondeu, guardando a chave do carro.
- Justo, porque eu vou beber por nós duas. Não me deixa fazer nenhuma besteira, ok? - null suplicou.
-Vou tentar. O único perigo é eu achar um bonitão e te deixar aqui. - brincou com a irmã.
- Se isso acontecer, eu vou entender – sorriu.
- Não faria isso, só deixando claro. - ela riu. - Mas vamos, vou cuidar de você bebendo. - ela apontou para o bar, antes do local aberto em que todos dançavam.
- Vou começar bebendo algo doce. Vamos ver o que Melbourne tem a me oferecer – sorriu, animada.
×××
null estacionou a moto em frente à casa das null e mandou mensagem para null, dizendo que já estava lá. Ela disse que já iria descer.
Antes de sair do bar, null pensou se avisava a null ou null dos seus planos, mas eles estavam bem entretidos com algumas mulheres. null que não iria estragar a onda deles, então decidiu só por mandar uma mensagem os informando.
Ouviu o som de uma porta se fechando e levantou a cabeça, olhando para a mulher que saía.
null estava linda como sempre. Vestia uma blusa branca com uma jaqueta por cima, calça jeans azul e tênis vans. O cabelo estava preso.
Quando ela se aproximou o rapaz a beijou no rosto. Não sabia muito bem como agir depois do beijo do almoço que tiveram.
- Olá. - ela sorriu para ele.
- Olá para você também.
- Para onde vamos? - ela questionou enquanto ele colocava o capacete nela e o prendia. - Não é nada muito chique, né? Eu não me sinto bem em lugares assim.
- Como assim? - null riu - Sua irmã tem um restaurante de nome na cidade, null.
- Mas é diferente. Ela é minha irmã. E você não respondeu minha pergunta.
- Não é tão chique, mas também não é nada de ruim. Não se preocupe.
Ele subiu na moto e deu apoio para que ela fizesse o mesmo.
- Segura firme, tá?
- Não corre, pelo amor de Deus - ela riu enquanto via o rapaz ligando a moto e dando início à viagem.
A garota nunca havia andado em uma moto na vida. A sensação era desesperadora, mas libertadora ao mesmo tempo. Fora a adrenalina que você sentia quando começava a deixar seus medos e inseguranças de lado. Ela então abraçou null pela cintura e descansou a cabeça em suas costas, sentindo o cheiro do perfume de null até chegarem no lugar do encontro.
×××
As irmãs haviam passado um tempo dançando, mas após o calor da pista às vencer, caminharam em direção ao bar do local. null optou por um drink de morango, já null optou por uma água sem gás.
- null... - null deixou a água no balcão, suspirando. - Eu acho que acabei de descobrir para onde null saiu com o pirralho. - ela riu e limpou a garganta, encarando a pista de dança ao longe, de onde elas tinham voltado.
- Ah, não. Não me diga que... - deixou a frase morrer quando viu null dançando de forma sensual com uma mulher enquanto eles se beijavam.
- É... Acho que você não deu conta do seu surfista, é isso que acontece. - zombou, mas se sentiu culpada ao ver a expressão da irmã, que fingia não se importar. Sabia que seus sentimentos de anos e anos atrás haviam ficado balançados com o reencontro.
- Ele é solteiro, faz o que quiser, eu também sou e faço o que eu quero.
- Tudo bem. - null deu de ombros, concordando. - Mas abre um sorriso aí, essa expressão não combina com a frase.
- Eu só fiquei surpresa demais de a gente ter vindo para o mesmo lugar que eles.
- Eu nem pensei que null pudesse vir para cá, mas esse lugar é o que mais venho, assim como ele também, e muitas vezes viemos juntos. - ela sorriu, culpada.
- Que seja, o destino gosta de me colocar nos mesmos lugares que ele.
- Bom, pelo menos dessa vez foi só uma nova coincidência em Melbourne, e não do Peru para Austrália. - a irmã brincou, tentando aliviar o clima enquanto null ainda encarava a cena ao longe.
- Com certeza, pelo amor de Deus, foi muita falta de sorte. – ou não? Completou mentalmente.
- Olha... - null pensou, respirando fundo. - Mesmo entre todas as brincadeiras, saiba que eu realmente gosto do null, e acho que vocês poderiam se dar bem. Sei que se conheceram e ficaram de uma forma incomum, mas vale a pena pelo menos conhecê-lo um pouco. - ela deu de ombros.
- Eu realmente não sei, dessa vez não quero brincar com os sentimentos dele, e ele parece querer se envolver e bom, eu não.
- Ok, se você diz. - ela sorriu, percebendo que era melhor não insistir.
- Vamos dançar, cansei de falar disso. - cortou rapidamente o assunto, puxando a irmã de volta para a pista.
×××
null puxou a cadeira para que null pudesse se sentar. Ela olhava o lugar fascinada.
Eles haviam ido até o restaurante de um amigo dele, Hector. O lugar era bem iluminado, com lustres enormes que além de iluminar, decoravam o local. As cores do local variavam do cinza chumbo ao branco. Na parede, havia algumas imagens de países. Tinha discos de bandas famosas também. O local era especializado em comida italiana, então que maneira melhor do que trazer alguém para um primeiro encontro?
- Esse lugar é lindo, null.
- Não deixa o Hector ouvir, senão ele vai se juntar a nós no jantar e contar toda a história do restaurante. - null brincou.
- Como você conheceu ele?
- Bom, o Hector sempre foi um cara que viajou muito, então nos conhecemos no festival de rock na Alemanha, o Wacken Open Air em 2016, que acontece todos os anos no verão europeu.
- Que legal você conhecer alguém em um lugar onde normalmente batem cabeça - ela brincou.
- Sim, pode-se dizer que sim. O grupo que tinha ido se envolveu em uma briga, que gerou a maior confusão e tivemos que nos dispersar depois para não sermos expulsos. Acontece que um tempo depois, quando saí tarde da noite para andar, encontrei com ele. O cara é muito bom de memória, viu? Não se esqueça disso. - null riu.
- Pode deixar que não vou esquecer.
O local estava com iluminações que faziam com que tornasse o ambiente mais aconchegante. As cadeiras não combinavam entre si, mas pareciam confortáveis. Havia dois andares. null e null estavam no de baixo, próximo ao vidro que dava para a rua movimentada. O cheiro que saía por ali era muito gostoso e despertou uma fome que null não sabia que estava. Os cardápios estavam depositados na mesa quando chegaram, então analisaram atentamente o que iriam pedir.
- Só não me diz que você vai pegar outro caranguejo, que aí eu não vou poder te salvar dessa vez, hein. - null estava atenta às diversas opções que tinha ali, que quando olhou para null, o mesmo tinha as mãos entrelaçadas sobre a mesa e a encarava, sorrindo.
- Ah, para, ali você ganhou uns pontinhos com as minhas irmãs. Elas não esperavam que você fosse ser tão fofo.
- Então eu sou fofo?
- E não está óbvio?
- Bem, fofo nunca esteve no meu vocabulário. - null franziu os lábios e deu de ombros.
Ambos caíram na risada, e foram surpreendidos pelo garçom.
- Eu vou querer o de sempre, Carlos. Obrigado. - null entregou o cardápio e olhou para null, para que ela fizesse o pedido.
- Irei pedir Cacio e Pepe, obrigada. - o garçom anotou os pedidos e saiu da mesa. - Então, o que seria o de sempre para você?
- Tagliatelle al ragu - arriscou um sotaque italiano. - Sou uma pessoa fiel, null. Quando Hector me apresentou aos pratos, esse me conquistou.
- Então quer dizer que eu também não sou a primeira mulher ao qual você traz aqui? - null resolveu brincar, e null ficou encarando ela, analisando como responderia.
- Por quê? Já está com ciúmes? - ele resolveu entrar na brincadeira também.
- Relaxa, null, eu não sou ingênua não. - ela abanou o ar para deixar para lá - Então… Hector está por aqui? Gostaria de conhecê-lo.
- Há dias que ele não trabalha, e um desses dias é hoje.
- Ah, poxa, que pena. Bem, de qualquer forma, não faltará oportunidade para conhecê-lo.
- Então haverá um outro encontro? - null sorriu.
- Se o lugar desse possível outro encontro for aqui, sim.
E durante aquela noite, null e null compartilharam um com o outro seus medos e anseios para a vida, além de algumas memórias da infância, muitas dela que incluíam suas irmãs e null. Destacou que null era uma das pessoas mais importantes na sua vida e que o considerava como um irmão. Confidenciou também como foi difícil para ela quando as irmãs saíram de casa e seguiram com suas vidas e que null foi sua chavinha de salvação. null contou que possuía 2 irmãos mais velhos e que eles já eram casados. Um deles ia ser papai daqui a poucos meses, além de dizer que havia ido para a faculdade, mas abandonou o curso ao qual havia escolhido por não ter sentido tanta afinidade assim. Poucas pessoas sabiam daquele detalhe. Não gostava de contar para todo mundo.
Riram muito em diversas ocasiões, pois motivos não faltaram ali e aproveitaram muito bem a comida que o restaurante do Hector havia feito.
×××
- Acho que você está sendo observada. - null apontou para um homem que as encarava do outro lado da pista.
- É bonito? - null ajeitou os cabelos.
- Muito. - falou sincera, encarando o homem.
- Se eu for lá seria muito atirada? - deu uma checada rápida no rapaz, aprovando-o.
- Nem um pouco. Vai lá. - arrumou a gola simples da blusa da mais velha.
- Prometo não demorar, não quero te deixar sozinha. - sorriu, confiante.
- Aproveite, vou procurar algo também. - piscou para irmã, olhando em volta e encontrando algo que a deixara ainda mais animada. Riu sozinha com o que faria.
- Feito, até mais tarde. - acenou para a irmã e abriu um largo sorriso em direção ao homem que sorriu galanteador em sua direção.
null andou até o bar e pediu outra água, sempre olhando para trás para não o perder de vista.
- Ai meu Deus, me desculpe. - ela esbarrou no garoto, derrubando água em suas costas. null estava conversando com uma garota e xingou mentalmente quando sentiu o líquido em suas costas.
- Está tudo... - ele se virou, vendo uma null que tentava esconder um sorriso travesso. - Não está muito bem não. - ela gargalhou. - O que está fazendo aqui?
- Aproveitando a noite com a null, mas não aproveitando tão bem quanto você, aparentemente. - ela sussurrou para o garoto.
- Aparentemente não estou mais aproveitando tão bem assim, graças a você. - ele sussurrou de volta, brincando.
- Já estou indo. - ela mostrou a língua, virando-se para andar na direção oposta. - Ele é bem legal, vai na fé. - ela gritou para que a garota a ouvisse.
null saiu de perto do garoto, rindo da cena que tinha feito.
- Ei. - sentiu seu pulso sendo puxado, e se virou, encontrando null. - Oi. - ele sorriu para mulher, que o olhou de sobrancelhas arqueadas.
- Minha intenção era apenas te irritar, não que você decidisse fazer o mesmo.
- É assim que funciona, não é? Você tenta, eu tento fazer o mesmo. - ele deu de ombros, rindo.
- Eu acabei estragando, né? - ela perguntou, sentindo-se culpada.
- Um pouco, mas eu não me importo. - ele riu, tentando tranquiliza-la. - Estou indo pegar algo para beber, me acompanha? Acho justo você beber algo, já que eu derrubei sua água, não? - ironizou, apontando para o copo vazio na mão da mulher, que rolou os olhos.
- Eu acho que se você queria uma noite dos garotos e fugir um pouco de nós, eu te acompanhar até o bar não vai ser a melhor ideia, null.
- Eu não disse que queria fugir de vocês.
- Mas nós podemos considerar isso, estamos te enlouquecendo. - ela riu. - E você merece se divertir, todas nós, na verdade. Por isso saímos também. - ela pediu uma coca-cola ao se aproximar do balcão novamente, vendo null pedir uma cerveja. - Já é a vigésima? - encarou o garoto.
- Não me enche. - ele sorriu, puxando-a mais para o lado e encostando-se no canto do balcão. - Se eu ficar aqui com você um pouco, vou estar atrapalhando a questão de diversão individual? - perguntou, observando a mulher que chacoalhava a cabeça no ritmo da música que tocava.
- Acredito que só a sua, null. - ele negou com a cabeça, dando de ombros. - Como foi até agora? - perguntou, maliciosa, fazendo-o rir.
- Bem.
- E nem corou, a cerveja faz milagres, hein? - ela apertou as bochechas do garoto e riu ao vê-lo rolar os olhos.
- Muito. Inclusive, assim que você acabar sua coca-cola, vamos dançar. - ela o observou com um sorriso no rosto, surpresa.
- Ok. - não pensou em dizer não, nem por um segundo. Seria divertido, null sabia se divertir.
null se despediu do rapaz que havia trocado momentos quentes e agora procurava null com o olhar, mas não estava localizando a irmã. Pegou o celular da pequena bolsa que estava com ela, mas antes que pudesse digitar alguma coisa, o aparelho foi ao chão com a trombada que recebeu de uma mulher extremamente alcoolizada.
- Olha por onde anda, imbecil! - comentou, brava. Abaixou-se para pegar o celular do chão e antes que pudesse alcançá-lo alguém o fez por ela. - Obrigada – agradeceu a quem quer que tivesse a ajudado, mas quando direcionou seu olhar para cima, viu que conhecia bem aquele rosto.
- Oi! - null sorriu para ela, estava levemente alterado pelo consumo de bebidas. - Vem sempre aqui? - brincou, se aproximando dela, e lhe dando um beijo na bochecha
- Oi – riu, voltando seu olhar ao celular para ver se ele não havia danificado pela queda. - Sempre, meu lugar favorito. - entrou na brincadeira do rapaz.
- Ficou com inveja de me ver saindo e quis fazer igual? - ela abriu a boca, rindo irônica.
- Jamais, está se achando muito, baixa a bola aí. - mal ele sabia que sim, ela havia tido vontade de sair por causa dele.
- Hum... sei – ele jogou, a vendo ficar irritada. - Já que esta frágil donzela está desacompanhada nesse lugar, o que acha de aceitar dançar com esse humilde rapaz? - sorriu, estendendo a mão na direção dela.
- Essa donzela aqui aceita sim. - segurou a mão dele, e o puxou para a pista de dança.
Começaram a dançar de forma louca, os dois estavam com álcool no sangue então as coisas estavam muito mais leves entre eles.
- Se mexe, null – ela mexia-se no ritmo da dança e o homem tentava acompanhá-la, mas era uma tarefa humanamente impossível.
- Não sou um bom dançarino, null. - ela sorriu.
- Me segue, ok? - null segurou ambas as mãos dele e foi mexendo-as conforme se mexia, arrancando um enorme sorriso do homem.
null era incrível mesmo aos seus olhos, ele estava hipnotizado com a forma como ela se movia e tentava o fazer se mover também, era tão gracioso, ao mesmo tempo sensual, mas era null, ela respirar era sensual para aquele pobre homem.
- null! Você não está se esforçando. - chamou a atenção dele, que ainda a encarava maravilhado.
- Eu tô tentando, juro, mas... - apertou a mão direita dela, a entrelaçando com a sua. - Tem algo em você que... - ele parou de mexer-se e ela o imitou. - Me encanta de um jeito louco.
- Lembra que a gente combinou que seríamos amiguinhos? - mordeu os lábios, com um pequeno sorriso.
- Ainda quero ser seu amigo, mas um amigo que pode te beijar eventualmente. - ele arriscou, tudo o que mais queria desde que a viu em Melbourne descendo desengonçada daquele carro era encostar sua boca na dela.
- null, eu não vou ficar em Melbourne, ok? Eu vou voltar para Dublin ao fim desse verão... - suspirou, derrotada, ela o queria não conseguia mais negar. - Prometa que não vai se envolver.
- Eu prometo o que você quiser. - se ela quisesse que ele prometesse que ele iria à lua, ele prometeria, ele só a queria mesmo, e faria qualquer coisa para tê-la.
- Ninguém vai saber disso, combinado? - ele assentiu com a cabeça.
- Ninguém vai saber, fica tranquila. - ele concordou rapidamente, e de forma até desesperada.
- Que seja, espero não me arrepender disso. - null se aproximou dele e o beijou.
O beijo começou urgente, os dois queriam aquilo mais do que tudo. Suas mãos estavam inquietas, de uma forma louca queriam se explorar. Se separaram, ofegantes, null o puxou para um canto mais afastado do local, no qual ninguém pudesse os vê-lo, e lá eles voltaram a se beijar de forma ainda mais intensa.
Tinha se esquecido como ele beijava bem, se repreendeu internamente por não ter o beijado antes. As mãos dela percorriam por todo o corpo do homem, mas estacionaram em sua barriga, ela sentiu a barriga definida do rapaz, e suspirou entre o beijo, e se separou minimamente dele.
- Não tinha isso aqui quando eu te conheci, null. - ela sorriu maliciosa.
- Não tinha muitas coisas, null, eu evolui e foi para melhor, assim espero. – ele tirou uma mecha de cabelo do rosto dela, a encarando de forma terna.
- Foi sim. - ela lhe deu um selinho curto. null a pegou pela cintura a trazendo para perto dele de uma forma rápida. - Definitivamente não tinha isso aqui também.
Ele riu, voltando a beijá-la mais uma vez naquela noite.
×××
- E você realmente dança? - null perguntou, encarando-o enquanto ele começava a se mexer de um lado para o outro em sua frente.
- Sei me mexer, acho que isso já conta.
Os dois dançavam a música eletrônica que tocava, um de frente para o outro, encarando-se algumas vezes, e mantendo os olhos em volta em outras. Sempre que olhavam um para o outro, riam como duas crianças, como já faziam naturalmente. null fazia caretas para null, que o observava com um sorriso no rosto.
Quando a música tocou para um pop mais ritmado, o garoto se aproximou de null, colocando uma de suas mãos na cintura da mulher, que o encarou com uma sobrancelha arqueada.
- Está muito abusado, pirralho. - ela riu, colocando seus braços por cima dos ombros dele.
- Não sei por que você insiste nesse apelido. - falou, sincero.
- Te incomoda? - ela perguntou.
- Um pouco.
- Está aí sua resposta. - ela piscou, vendo-o sorrir de lado.
- Justo.
null encarava null. Tendo seus corpos próximos, ele podia entender o motivo de null e null o terem pressionado antes. Ele sorriu sozinho, null realmente era maravilhosa. E em todos os sentidos, pois ele adorava ficar ao lado da mulher. Eles conversavam sobre tudo, ela o apoiava em suas decisões quando tocavam em qualquer assunto sério, eles riam juntos o tempo todo. Ela era uma pessoa que ele queria manter em sua vida, principalmente se ficasse ali na Austrália, mas não conseguia pensar dessa forma, pois sabia que ela nunca deixaria de vê-lo como o melhor amigo da irmã.
A diferença de idade entre eles era de apenas sete anos, apesar das brincadeiras, null era tão jovem quanto ele e null. Achava que a diferença estava apenas no que ela já tinha conquistado nesses anos, como morar sozinha em outro país, e ter o próprio restaurante. Ele ainda tinha muito chão pela frente para chegar naquela fase de apenas viver, ainda tinha muito para lutar.
- null... - ele começou, pensando se poderia perguntar o que estava em sua cabeça. Respirou fundo e aproximou sua boca do ouvido dela, para que o ouvisse. - Você realmente me vê assim? - perguntou. - Juro que é uma pergunta geral, queria entender como as pessoas me veem. - ele se atrapalhou nas palavras, tentando organizar os pensamentos.
- Assim? - ela perguntou, sem entender.
- É, pirralho e tudo mais. - ele riu, vendo-a rir também.
- Não. - respondeu, sincera. - Ainda menos depois de hoje. - ela sorriu, apontando para os dois e em seguida para o local.
- Ah. Legal. - ele deu de ombros, sorrindo sincero.
null percebia que a cada dia daquele mês, estava passando mais tempo próxima a null. Os dois se encontravam pela casa e começavam a conversar. Quando estavam entre as irmãs, de alguma forma, acabavam em uma discussão própria. Se saiam, estavam sempre próximos, se divertindo e divertindo aos outros com suas brincadeiras. Uma das noites naquela semana, haviam até mesmo passado a noite acordados, vendo filme juntos no sofá.
null curtia a companhia dele, e se sentia confortável até mesmo ali, dançando com o garoto. Suas brincadeiras os haviam dado intimidade de uma amizade de anos, e em meio a tantas conversas, ela parara de ver null apenas como o amigo de null, e agora o via como uma pessoa próxima dela também. Com seu jeito inseguro e adorável, o garoto conquistaria tudo, e ela sabia que ele tinha um futuro incrível para seguir, no que fosse. Ele era incrivelmente inteligente, e ela sabia que ele tinha uma mente à frente de sua idade, sempre pensando longe, o que a cativava, pois via muito de si mesma nele. Ela não o via como um pirralho, mas ainda era incrível chamá-lo assim para irritar.
Observou o corpo de null próximo ao seu e tentou afastar o pensamento que a atingiu, de que nem assim o via daquela forma. null era lindo, e ela não negaria isso para ninguém que a perguntasse. Estava acostumada a ficar com homens mais velhos, como Luke, seu caso de sempre, mas sabia reconhecer qualquer beleza, e o garoto podia tirar suspiros de qualquer uma. Riu do próprio pensamento e viu o garoto a encarando, curioso.
- Não é nada, só um pensamento bobo.
- Finalmente te achei, null – null apareceu desesperada na frente da irmã. - Achei que tivessem te abduzido. - Oi, null!
- Estávamos aqui há muito tempo, que estranho. - null riu. - null decidiu me fazer companhia.
- Eu fui péssima, disse que seria jogo rápido e sumi por algumas boas horinhas. - null lamentou-se.
- Espero que tenha aproveitado. - a irmã falou, sincera.
- Aproveitado o quê? - null apareceu, juntando-se aos três.
- A noite, null! Nem sabia que estava aqui também. Oi! - sorriu para ele.
- Mas a gente viu ele, null. - null a encarou, estranhando o comportamento da mais velha. null riu, trocando um olhar rápido com null.
- Ah, nossa, verdade, o vimos no bar. Relevem estou com álcool no sangue. - deu de ombros.
- Não vou te julgar, estou meio tonto também. - null comentou.
- Então vamos embora. - null falou, imaginando que, pelo horário, era por isso que null havia vindo atrás dela.
- Sim, estou cansada, confesso. Quero um bom banho e minha cama. - comentou, com a expressão desanimada.
- Vamos, então. Tudo bem por você, null? - null perguntou.
- Viemos de uber, justamente porque eu beberia, então por mim ok, agradeceria a carona. Engraçado, a null não veio com vocês? - null comentou, curioso.
- Disse que estava muito cansada. - null falou. - Vai entender.
- Interessante, porque o null foi embora há muito tempo dizendo que ia encontrar alguém. - null especulou.
- O null estava aqui? - null perguntou, arqueando as sobrancelhas. - Filha da puta essa sua irmã, null.
- Enganou a gente direitinho, eu sabia que ela estava aprontando algo, desde quando ela recusa alguma coisa? - a irmã mais velha complementou null.
- Agora já foi, né? - null comentou, bocejando. - Em casa encontramos ela e vocês podem brigar.
- Ela que me aguarde. – null murmurou.
- Quando você estiver sóbria, né? - null zombou, finalmente saindo do local e andando até o carro com todos a seguindo.
- De preferência amanhã, não? - null sorriu.
- Definitivamente amanhã. - null concordou com ele.
- Só quero minha cama. - null comentou.
- Eu também. - null concordou e repensou a frase. - A minha cama. - sentiu a necessidade de completar, mesmo sabendo que ninguém pensaria o mesmo que ela.
- Seria mesmo na sua cama, na de quem seria? - null arqueou a sobrancelha.
- Do moço bonitinho que eu acabei não pegando lá dentro, null me atrapalhou. - brincou, recebendo um dedo do meio do garoto.
- Ok, eu não passei vontade nessa noite, irmã, você deveria ter feito o mesmo. - piscou entrando no carro. null olhou para cima, disfarçando, com um sorrisinho de lado.
- Está tudo bem, me diverti. - sorriu para o amigo, que entrara no banco do passageiro, deixando null e null no banco de trás.
- O importante é isso, null. - null a apoiou.
×××
- Ah, null. - null falou dentro do carro, acendendo os faróis altos na direção da porta de casa, onde null e null estavam encostados na moto do garoto.
- Eu disse que ia me estressar amanhã, mas simplesmente não dá. - null negou com a cabeça.
- Deixem eles, gente. - null falou. - null realmente está gostando dela, nós conversamos bastante, eu, ele e null.
- Sim, ele não quis ficar com ninguém lá, ele está realmente gostando dela, deem uma chance ao rapaz. - null ajudou null.
null encarou null, respirando fundo. As duas trocaram um longo olhar pensativo e olharam para null e null, que as observavam.
- Mas vamos conversar pela parte de fugir invés de conversar. A gente brinca, tiramos ela do sério, e somos um pé no saco com ela, mas sempre confiamos uma na outra, isso não é legal. - null comentou, descendo do carro. null concordou, por hora seria a melhor medida para tomar.
- Boa noite, casal. - null passou pelos dois, rindo, enquanto null e null passavam direto, apenas acenando.
- Opa, boa noite, galera. - null sorriu. - Só falta eu ter uma casa aqui nessa rua.
- Se precisar de um quartinho, minha casa está sempre a disposição - riu, dando um tapinha no braço dele. - Boa noite, gente. - null caminhou até sua casa.
- Mas, estão nos devendo uma, viu? Seguramos um escândalo para vocês por conta da fujona aí. - null riu, acenando para todos e correndo para dentro da casa também.
- Acho melhor eu entrar logo, null, conheço as irmãs que eu tenho, elas devem estar chateadas porque não avisei. Boa noite, e obrigada por tudo. - sorriu. Trocaram um rápido selinho e ela correu para dentro.
Dom ficou um tempo parado analisando o que tinha acontecido naquela noite, até que decidiu ir embora. Uma bela forma de finalizar a noite, não?
- Gente, eu sei que o Channing é tudo nesse filme, mas minha paixão ainda fica com o Alex Pettyfer. - null comentou, encarando a tv.
- Qualquer um dos dois na minha cama eu seria a mulher mais feliz desse mundo. – null abriu um sorrisinho malicioso.
- Sonho distante. - null respondeu, atirando pipoca em null.
- Meu Deus, vocês estão mais assanhadas que eu. O que há? - null riu enquanto pegava mais pipoca.
- Falta. - as duas responderam em uníssono.
- Eu atendo. - null passou gritando para as meninas, descendo as escadas apressado para atender a campainha que acabara de tocar.
As meninas pararam o que estavam fazendo para prestar atenção na cena que ocorria ali, diante dos olhos delas.
- Hey, cara! - null o saudou assim que a porta foi aberta, fazendo um high-five com ele. - Oi, meninas.
- null? - null perguntou, levantando o olhar do sofá que estava deitada e vendo as irmãs fazerem o mesmo, encarando a porta. - O que está fazendo aqui? Sem querer ser mal educada... - ela riu.
- Hm... Se vocês não se importarem, o null me chamou para sair com ele. - null comentou, timidamente.
As garotas encararam mais uma vez os dois, incertas. null vestia uma bermuda em um tom azul claro, com uma blusa preta e seus All Star também pretos nos pés, era possível sentir seu perfume de onde estavam. Assim como null, que tinha um perfume maravilhoso, lembrou null do dia da praia. Ele vestia uma camiseta de cor branca, uma bermuda jeans na cor preta, e um All Star branco nos pés. Elas se entreolharam, de sobrancelhas arqueadas.
- Olha só que bonitinho, ele finalmente vai tirar a bunda de casa. - null comentou, rindo. - Aproveita, meu bem.
- E eu posso saber onde você vai levar o nosso pirralho? - null perguntou, encarando null ao invés de olhar para null.
- Vou mostrar as noites maravilhosas de Melbourne, esse garoto aqui precisa ser iniciado. – null sorriu, animado. null que até então estava calada, rolou os olhos, eles iam à caça aquela noite, sentiu um leve incomodo.
- Aproveitem vocês dois. - null disse e voltou a atenção para a tv.
null estranhou não vir nenhum comentário espertinho da mais nova.
- Tudo bem... - ele respondeu, com a testa franzida. - null, null, tudo bem por vocês? - perguntou, lembrando da implicância das meninas com null e null na semana anterior.
- Claro, divirtam-se! - null respondeu pelas duas.
- Só porque você está com null, senão íamos fazer pior do que com a null, pode ter certeza. - null deu de ombros. - Cuide dele, não estou com vontade de enfrentar uma mamãe ursa furiosa se algo acontecer, somos responsáveis por ele aqui. - ela olhou seriamente para null.
- Ei! - null ralhou com a irmã. - Estamos no século vinte e um, meu amor. Já ouviu falar de direitos iguais?
- Já, e sou bem adepta. Só não sou adepta a caronas em garupas de moto de rockstar wanna be. - respondeu, direta, vendo os dois garotos acenando e fechando a porta.
- Rockstar wanna be? - null olhou para a tv, mas tinha o olhar perdido, com um sorriso no rosto enquanto passava o indicador no lábio inferior. - E que rockstar, minhas irmãs...
- E nós estamos piores que você? - null jogou a almofada na irmã. - Inclusive, null, acho que você está perdendo seu homem, viu?
- Decidimos na praia que seríamos amigos, que ele fique com quem ele quiser. - deu de ombros. - Inclusive, podíamos sair também, não é?
- Ah, eu não estou muito no clima. - null respondeu, fazendo bico. - Não vou achar um cara assim em lugar nenhum de Melbourne. - ela apontou para cena que passava na TV.
- Eu muito menos. - null concordou.
- Tem razão, vamos ficar vendo esses deuses. - null comentou, derrotada.
- Mas não se esqueça, null... Você tem um deus esperando por você. - null piscou, gargalhando ao ver a reação da mais velha.
- O null vai encontrar a gente aqui? - null perguntou para null enquanto entravam no lugar que o homem havia escolhido.
- Sim, inclusive ele já deve estar aqui – null procurava o amigo com o olhar enquanto andavam pelo lugar.
- Você acha que as meninas ficaram bravas? - o mais novo perguntou, também buscando por null, estava preocupado, já que estava na Austrália apenas por conta de estar com elas.
- Acho que não, null. É só uma saída de amigos, mulheres não têm dessas coisas também? - null deu de ombros, despreocupado.
- É. - ele tentou relaxar, observando o lugar. - Ali, ele. - apontou para null, encostado em um canto, mexendo no celular. - Ele e a null são o par perfeito. - riu, vendo null concordar.
null levantou a cabeça do celular e encontrou seus... amigos? É, já poderia chamá-los assim, haviam conversado muito durante a semana que passara. Viu null e null se aproximarem de onde estava e se cumprimentaram.
- E aí? - null sorriu do jeito null de ser. - Foi sufoco sair de casa? - ele andava conversando muito com null além dos rapazes, então sabia como a família null poderia ser difícil às vezes.
- Até que não. - null riu, já mais despreocupado. - Acho que a implicância das null é com você mesmo. - ele deu de ombros.
- Tem que ter paciência, logo, logo você conquista o coração das irmãs, ao menos de uma você conseguiu. - null deu um sorrisinho sacana.
- E como conseguiu... - null comentou. Conhecia a melhor amiga, sabia que ela estava completamente jogada aos pés de null.
- E é a que mais importa pra mim. - null riu e depois olhou para null. - Nesses tempo de amizade, você nunca tinha me trazido aqui.
- Ok, null, eu te chamo no nosso próximo encontro romântico. – zombou do vocalista.
- E eu irei adorar. - estalou um beijo no rosto de null brincando com o amigo. Olhou para null e ele os olhava estranho.
- Gostariam que eu me retirasse? - null brincou.
- Não, a gente curte um relacionamento a três - null gargalhou.
- Tá difícil até ter um em dois, quem dirá três, pessoal. - ele respondeu, rindo.
- Ele é sempre assim? - null apontou para null. - Temos que sair mais com ele, null. - ele disse enquanto mantinha um dos braços em volta do pescoço de null.
- Com certeza, null. - sorriu - Menino null, seja sincero, você já transou?
- Calma aí que a ingenuidade existe, mas não é tanta, é só o papel. - o garoto respondeu. - Não acreditem tanto assim nas brincadeiras das null, principalmente null, até porque ela sabe sobre tudo da minha vida e ainda assim gosta de me pintar de bom moço por aí para me encher. - reclamou.
- Hum... então você gosta de agir na surdina, isso aí! - null deu um soquinho fraco no ombro dele.
- Quem come quieto, come sempre. - brincou, tentando entrar na onda dos dois, rindo da própria frase idiota.
- Meu Deus do céu - null balançou a cabeça, desacreditado. - Como diz um amigo da banda, vamos começar os serviços. - null chamou um barman e pediu bebidas para todos.
- Caras, o exagero é brincadeira, ok? - ele voltou atrás, se sentindo envergonhado novamente e pegando a cerveja no balcão. - Mas o High School corrompe as pessoas, antes disso eu era realmente um idiota. – riu.
- Relaxa, null, você é muito certinho. Espero que a universidade te corrompa de vez. - null brincou, lembrando-se de seus tempos de fraternidade.
- Imagino que um intercâmbio faça ainda mais, né? - o garoto respondeu, zombando de null.
- Bom, eu já sou bem corrompido mesmo não tendo passado completamente por uma faculdade. - null deu de ombros enquanto bebericava sua cerveja. - E antes que null me julgue, eu sou um corrompido moderado.
- Todos falando sobre serem corrompidos, papo super cabeça... Mas perdem o coração fácil para uma null.
- Fala com tanta propriedade, null, está perdendo a cabeça por uma também? - null tomou mais um pouco de sua bebida.
- Nem brinca com isso, já rolou esse papo semana passada e foi bem esquisito. - ele fez uma careta. - Apenas amigos. E não é como se a null pudesse olhar para mim dessa forma. - o garoto riu, virando uma grande quantidade da cerveja.
- Como assim? - null perguntou, curioso. - Quer dizer que ela não pode ter interesse em você e nem você nela? Qual o problema?
- Sou melhor amigo da null, algo sobre me odiar porque éramos chatos demais quando pequenos e todo o blá blá blá de “te vi crescer com a minha irmã mais nova”. Eu não disse que não podia ter interesse nela, mas seria idiotice.
- Ela só faz isso pra te provocar, porque sabe que você se irrita com isso. A partir do momento que você passar a ignorar ela, ela irá te olhar com outros olhos e aí, meu querido, corre pro abraço.
- null é gostosa, null. Se eu não fosse tão amigo dela ou não estivesse interessado na null... - null complementou.
- Podem me explicar como chegamos nisso? Em nenhum momento falei que tinha interesse, já sofro demais com a null, obrigado. - ele riu, tentando ignorar os comentários.
- Vai me dizer que você nunca reparou na null? Tipo, olhar mesmo? - null bebeu sua cerveja e encarou null.
- Com licença, rapazes. - o barman se aproximou deles dizendo. – Aquelas moças ali pagaram essas cervejas para vocês.
Os três se entreolharam e deram de ombros, acenando para as mulheres que estavam do outro lado do bar.
- Eu vou. - null riu, apontando para direção em que elas estavam.
- A diversão finalmente começou. - null levantou a cerveja em direção as moças. null fez o mesmo, mas sem dar tanta importância.
- Aproveitem bem vocês dois. – null riu, balançando a cabeça e bebendo mais de sua cerveja, comendo alguns petiscos.
- Quer saber? Estou de saco cheio desse sofá, podíamos ter uma noite das meninas também. - null levantou depois de duas horas que tinha visto null e null saírem, decidida.
- Amém! - null se levantou do sofá em um pulo.
- Bom, eu vou ficar em casa, bem quietinha. Estou morta de sono. – null se esticou do sofá, se levantando e colocando a almofada no lugar. - Boa saída para vocês.
- null! Não acredito, logo você? - null reclamou.
- Tá com febre? - null colocou a mão na testa dela.
- Osh, me deixa, garota, eu tô bem. - riu da reação imediata da irmã. - Só não estou a fim.
- Invés de sair, vai ficar de sexting nesse celular. - null zombou, apontando para o aparelho na mão da menor.
- E não é um programa muito melhor do que sair com duas solteironas e que são velhas, ainda por sinal? - ela gargalhou.
- Velha é a null. - null se defendeu, rapidamente, rindo.
- Ingratas! – null pulou em cima de null, bagunçando o cabelo da irmã, que começou a rir.
- Bom, nós vamos então, pestinha. Vou levar a null para um lugar legal, quem sabe ela melhora o mau humor.
- Você quer um soco agora ou depois? Estão muito abusadas vocês duas. – mostrou o dedo médio a null.
- Pode ser depois, vou me arrumar. - null mostrou a língua e correu escadas acima. null riu e subiu atrás dela.
[null]: O que você está fazendo?
[null]: Tô vestida para ir dormir, mas eu simplesmente não consigo pegar no sono.
[null]: E você? Tá fazendo o quê?
[null]: Então, eu saí com os caras.
[null]: null e null? Não brinca! 😂
[null]: É, pois é... Só que agora estou sozinho em um canto enquanto eles paqueram.
[null]: Tá bem chato. Não gosto de ficar de vela.
[null]: Mas me consolo porque pelo menos tenho alguma diversão. Eles não têm tanto jeito assim.
[null]: Ah, sério? E você tem?
[null]: O quê?
[null]: Jeito pra paquera.
[null]: Bom, acho que sim... Mas por que a pergunta?
[null]: É porque a forma que você falou pareceu que você teve bastante experiência...
[null]: Eu senti um tom de ciúmes? 👀
[null]: Eu, com ciúmes? Jamais!
[null]: Enfim, se tá tão chato, por que decidiu sair com eles?
[null]: null disse que eu já estava caidinho por uma moça aí. Uma tal de null, então eu meio que acharia tudo desinteressante sem você aqui.
[null]: 😳
[null]: Sabe o que estava pensando aqui? De apressarmos o nosso encontro.
[null]: Porque você ainda me deve... Você sabe, pela aula...
[null]: Anima?
[null]: Claro, mas não vai ficar chato? Porque você saiu com os meninos e de repente vai sair daí para me encontrar?
[null]: Eles esqueceram que eu estou aqui. Vou te buscar aí na sua casa. Me manda o endereço.
[null]: Você bebeu? Porque se você bebeu, nem que me pague eu subo na garupa da sua moto.
[null]: Bebi um pouco, mas faz tempo, então o efeito já deve ter passado.
[null]: Sério mesmo? Sou doidinha, mas não a esse ponto.
[null]: Sério mesmo. Pode confiar.
[null]: Certo. Me dá só 20min e a gente se encontra. Vou te mandar o endereço.
[null]: Ok.
- Eu costumo vir bastante aqui, gosto desse lugar. - null comentou com null, entrando no local escolhido. Era o lugar que ia sozinha ou acompanhada, e até mesmo ia se estivesse feliz ou triste.
- Parece bem legal aqui – null deu uma checada rápida pelo ambiente. - Vamos dançar?
- Bom, acho que é a melhor opção, não vou beber. - null respondeu, guardando a chave do carro.
- Justo, porque eu vou beber por nós duas. Não me deixa fazer nenhuma besteira, ok? - null suplicou.
-Vou tentar. O único perigo é eu achar um bonitão e te deixar aqui. - brincou com a irmã.
- Se isso acontecer, eu vou entender – sorriu.
- Não faria isso, só deixando claro. - ela riu. - Mas vamos, vou cuidar de você bebendo. - ela apontou para o bar, antes do local aberto em que todos dançavam.
- Vou começar bebendo algo doce. Vamos ver o que Melbourne tem a me oferecer – sorriu, animada.
null estacionou a moto em frente à casa das null e mandou mensagem para null, dizendo que já estava lá. Ela disse que já iria descer.
Antes de sair do bar, null pensou se avisava a null ou null dos seus planos, mas eles estavam bem entretidos com algumas mulheres. null que não iria estragar a onda deles, então decidiu só por mandar uma mensagem os informando.
Ouviu o som de uma porta se fechando e levantou a cabeça, olhando para a mulher que saía.
null estava linda como sempre. Vestia uma blusa branca com uma jaqueta por cima, calça jeans azul e tênis vans. O cabelo estava preso.
Quando ela se aproximou o rapaz a beijou no rosto. Não sabia muito bem como agir depois do beijo do almoço que tiveram.
- Olá. - ela sorriu para ele.
- Olá para você também.
- Para onde vamos? - ela questionou enquanto ele colocava o capacete nela e o prendia. - Não é nada muito chique, né? Eu não me sinto bem em lugares assim.
- Como assim? - null riu - Sua irmã tem um restaurante de nome na cidade, null.
- Mas é diferente. Ela é minha irmã. E você não respondeu minha pergunta.
- Não é tão chique, mas também não é nada de ruim. Não se preocupe.
Ele subiu na moto e deu apoio para que ela fizesse o mesmo.
- Segura firme, tá?
- Não corre, pelo amor de Deus - ela riu enquanto via o rapaz ligando a moto e dando início à viagem.
A garota nunca havia andado em uma moto na vida. A sensação era desesperadora, mas libertadora ao mesmo tempo. Fora a adrenalina que você sentia quando começava a deixar seus medos e inseguranças de lado. Ela então abraçou null pela cintura e descansou a cabeça em suas costas, sentindo o cheiro do perfume de null até chegarem no lugar do encontro.
As irmãs haviam passado um tempo dançando, mas após o calor da pista às vencer, caminharam em direção ao bar do local. null optou por um drink de morango, já null optou por uma água sem gás.
- null... - null deixou a água no balcão, suspirando. - Eu acho que acabei de descobrir para onde null saiu com o pirralho. - ela riu e limpou a garganta, encarando a pista de dança ao longe, de onde elas tinham voltado.
- Ah, não. Não me diga que... - deixou a frase morrer quando viu null dançando de forma sensual com uma mulher enquanto eles se beijavam.
- É... Acho que você não deu conta do seu surfista, é isso que acontece. - zombou, mas se sentiu culpada ao ver a expressão da irmã, que fingia não se importar. Sabia que seus sentimentos de anos e anos atrás haviam ficado balançados com o reencontro.
- Ele é solteiro, faz o que quiser, eu também sou e faço o que eu quero.
- Tudo bem. - null deu de ombros, concordando. - Mas abre um sorriso aí, essa expressão não combina com a frase.
- Eu só fiquei surpresa demais de a gente ter vindo para o mesmo lugar que eles.
- Eu nem pensei que null pudesse vir para cá, mas esse lugar é o que mais venho, assim como ele também, e muitas vezes viemos juntos. - ela sorriu, culpada.
- Que seja, o destino gosta de me colocar nos mesmos lugares que ele.
- Bom, pelo menos dessa vez foi só uma nova coincidência em Melbourne, e não do Peru para Austrália. - a irmã brincou, tentando aliviar o clima enquanto null ainda encarava a cena ao longe.
- Com certeza, pelo amor de Deus, foi muita falta de sorte. – ou não? Completou mentalmente.
- Olha... - null pensou, respirando fundo. - Mesmo entre todas as brincadeiras, saiba que eu realmente gosto do null, e acho que vocês poderiam se dar bem. Sei que se conheceram e ficaram de uma forma incomum, mas vale a pena pelo menos conhecê-lo um pouco. - ela deu de ombros.
- Eu realmente não sei, dessa vez não quero brincar com os sentimentos dele, e ele parece querer se envolver e bom, eu não.
- Ok, se você diz. - ela sorriu, percebendo que era melhor não insistir.
- Vamos dançar, cansei de falar disso. - cortou rapidamente o assunto, puxando a irmã de volta para a pista.
null puxou a cadeira para que null pudesse se sentar. Ela olhava o lugar fascinada.
Eles haviam ido até o restaurante de um amigo dele, Hector. O lugar era bem iluminado, com lustres enormes que além de iluminar, decoravam o local. As cores do local variavam do cinza chumbo ao branco. Na parede, havia algumas imagens de países. Tinha discos de bandas famosas também. O local era especializado em comida italiana, então que maneira melhor do que trazer alguém para um primeiro encontro?
- Esse lugar é lindo, null.
- Não deixa o Hector ouvir, senão ele vai se juntar a nós no jantar e contar toda a história do restaurante. - null brincou.
- Como você conheceu ele?
- Bom, o Hector sempre foi um cara que viajou muito, então nos conhecemos no festival de rock na Alemanha, o Wacken Open Air em 2016, que acontece todos os anos no verão europeu.
- Que legal você conhecer alguém em um lugar onde normalmente batem cabeça - ela brincou.
- Sim, pode-se dizer que sim. O grupo que tinha ido se envolveu em uma briga, que gerou a maior confusão e tivemos que nos dispersar depois para não sermos expulsos. Acontece que um tempo depois, quando saí tarde da noite para andar, encontrei com ele. O cara é muito bom de memória, viu? Não se esqueça disso. - null riu.
- Pode deixar que não vou esquecer.
O local estava com iluminações que faziam com que tornasse o ambiente mais aconchegante. As cadeiras não combinavam entre si, mas pareciam confortáveis. Havia dois andares. null e null estavam no de baixo, próximo ao vidro que dava para a rua movimentada. O cheiro que saía por ali era muito gostoso e despertou uma fome que null não sabia que estava. Os cardápios estavam depositados na mesa quando chegaram, então analisaram atentamente o que iriam pedir.
- Só não me diz que você vai pegar outro caranguejo, que aí eu não vou poder te salvar dessa vez, hein. - null estava atenta às diversas opções que tinha ali, que quando olhou para null, o mesmo tinha as mãos entrelaçadas sobre a mesa e a encarava, sorrindo.
- Ah, para, ali você ganhou uns pontinhos com as minhas irmãs. Elas não esperavam que você fosse ser tão fofo.
- Então eu sou fofo?
- E não está óbvio?
- Bem, fofo nunca esteve no meu vocabulário. - null franziu os lábios e deu de ombros.
Ambos caíram na risada, e foram surpreendidos pelo garçom.
- Eu vou querer o de sempre, Carlos. Obrigado. - null entregou o cardápio e olhou para null, para que ela fizesse o pedido.
- Irei pedir Cacio e Pepe, obrigada. - o garçom anotou os pedidos e saiu da mesa. - Então, o que seria o de sempre para você?
- Tagliatelle al ragu - arriscou um sotaque italiano. - Sou uma pessoa fiel, null. Quando Hector me apresentou aos pratos, esse me conquistou.
- Então quer dizer que eu também não sou a primeira mulher ao qual você traz aqui? - null resolveu brincar, e null ficou encarando ela, analisando como responderia.
- Por quê? Já está com ciúmes? - ele resolveu entrar na brincadeira também.
- Relaxa, null, eu não sou ingênua não. - ela abanou o ar para deixar para lá - Então… Hector está por aqui? Gostaria de conhecê-lo.
- Há dias que ele não trabalha, e um desses dias é hoje.
- Ah, poxa, que pena. Bem, de qualquer forma, não faltará oportunidade para conhecê-lo.
- Então haverá um outro encontro? - null sorriu.
- Se o lugar desse possível outro encontro for aqui, sim.
E durante aquela noite, null e null compartilharam um com o outro seus medos e anseios para a vida, além de algumas memórias da infância, muitas dela que incluíam suas irmãs e null. Destacou que null era uma das pessoas mais importantes na sua vida e que o considerava como um irmão. Confidenciou também como foi difícil para ela quando as irmãs saíram de casa e seguiram com suas vidas e que null foi sua chavinha de salvação. null contou que possuía 2 irmãos mais velhos e que eles já eram casados. Um deles ia ser papai daqui a poucos meses, além de dizer que havia ido para a faculdade, mas abandonou o curso ao qual havia escolhido por não ter sentido tanta afinidade assim. Poucas pessoas sabiam daquele detalhe. Não gostava de contar para todo mundo.
Riram muito em diversas ocasiões, pois motivos não faltaram ali e aproveitaram muito bem a comida que o restaurante do Hector havia feito.
- Acho que você está sendo observada. - null apontou para um homem que as encarava do outro lado da pista.
- É bonito? - null ajeitou os cabelos.
- Muito. - falou sincera, encarando o homem.
- Se eu for lá seria muito atirada? - deu uma checada rápida no rapaz, aprovando-o.
- Nem um pouco. Vai lá. - arrumou a gola simples da blusa da mais velha.
- Prometo não demorar, não quero te deixar sozinha. - sorriu, confiante.
- Aproveite, vou procurar algo também. - piscou para irmã, olhando em volta e encontrando algo que a deixara ainda mais animada. Riu sozinha com o que faria.
- Feito, até mais tarde. - acenou para a irmã e abriu um largo sorriso em direção ao homem que sorriu galanteador em sua direção.
null andou até o bar e pediu outra água, sempre olhando para trás para não o perder de vista.
- Ai meu Deus, me desculpe. - ela esbarrou no garoto, derrubando água em suas costas. null estava conversando com uma garota e xingou mentalmente quando sentiu o líquido em suas costas.
- Está tudo... - ele se virou, vendo uma null que tentava esconder um sorriso travesso. - Não está muito bem não. - ela gargalhou. - O que está fazendo aqui?
- Aproveitando a noite com a null, mas não aproveitando tão bem quanto você, aparentemente. - ela sussurrou para o garoto.
- Aparentemente não estou mais aproveitando tão bem assim, graças a você. - ele sussurrou de volta, brincando.
- Já estou indo. - ela mostrou a língua, virando-se para andar na direção oposta. - Ele é bem legal, vai na fé. - ela gritou para que a garota a ouvisse.
null saiu de perto do garoto, rindo da cena que tinha feito.
- Ei. - sentiu seu pulso sendo puxado, e se virou, encontrando null. - Oi. - ele sorriu para mulher, que o olhou de sobrancelhas arqueadas.
- Minha intenção era apenas te irritar, não que você decidisse fazer o mesmo.
- É assim que funciona, não é? Você tenta, eu tento fazer o mesmo. - ele deu de ombros, rindo.
- Eu acabei estragando, né? - ela perguntou, sentindo-se culpada.
- Um pouco, mas eu não me importo. - ele riu, tentando tranquiliza-la. - Estou indo pegar algo para beber, me acompanha? Acho justo você beber algo, já que eu derrubei sua água, não? - ironizou, apontando para o copo vazio na mão da mulher, que rolou os olhos.
- Eu acho que se você queria uma noite dos garotos e fugir um pouco de nós, eu te acompanhar até o bar não vai ser a melhor ideia, null.
- Eu não disse que queria fugir de vocês.
- Mas nós podemos considerar isso, estamos te enlouquecendo. - ela riu. - E você merece se divertir, todas nós, na verdade. Por isso saímos também. - ela pediu uma coca-cola ao se aproximar do balcão novamente, vendo null pedir uma cerveja. - Já é a vigésima? - encarou o garoto.
- Não me enche. - ele sorriu, puxando-a mais para o lado e encostando-se no canto do balcão. - Se eu ficar aqui com você um pouco, vou estar atrapalhando a questão de diversão individual? - perguntou, observando a mulher que chacoalhava a cabeça no ritmo da música que tocava.
- Acredito que só a sua, null. - ele negou com a cabeça, dando de ombros. - Como foi até agora? - perguntou, maliciosa, fazendo-o rir.
- Bem.
- E nem corou, a cerveja faz milagres, hein? - ela apertou as bochechas do garoto e riu ao vê-lo rolar os olhos.
- Muito. Inclusive, assim que você acabar sua coca-cola, vamos dançar. - ela o observou com um sorriso no rosto, surpresa.
- Ok. - não pensou em dizer não, nem por um segundo. Seria divertido, null sabia se divertir.
null se despediu do rapaz que havia trocado momentos quentes e agora procurava null com o olhar, mas não estava localizando a irmã. Pegou o celular da pequena bolsa que estava com ela, mas antes que pudesse digitar alguma coisa, o aparelho foi ao chão com a trombada que recebeu de uma mulher extremamente alcoolizada.
- Olha por onde anda, imbecil! - comentou, brava. Abaixou-se para pegar o celular do chão e antes que pudesse alcançá-lo alguém o fez por ela. - Obrigada – agradeceu a quem quer que tivesse a ajudado, mas quando direcionou seu olhar para cima, viu que conhecia bem aquele rosto.
- Oi! - null sorriu para ela, estava levemente alterado pelo consumo de bebidas. - Vem sempre aqui? - brincou, se aproximando dela, e lhe dando um beijo na bochecha
- Oi – riu, voltando seu olhar ao celular para ver se ele não havia danificado pela queda. - Sempre, meu lugar favorito. - entrou na brincadeira do rapaz.
- Ficou com inveja de me ver saindo e quis fazer igual? - ela abriu a boca, rindo irônica.
- Jamais, está se achando muito, baixa a bola aí. - mal ele sabia que sim, ela havia tido vontade de sair por causa dele.
- Hum... sei – ele jogou, a vendo ficar irritada. - Já que esta frágil donzela está desacompanhada nesse lugar, o que acha de aceitar dançar com esse humilde rapaz? - sorriu, estendendo a mão na direção dela.
- Essa donzela aqui aceita sim. - segurou a mão dele, e o puxou para a pista de dança.
Começaram a dançar de forma louca, os dois estavam com álcool no sangue então as coisas estavam muito mais leves entre eles.
- Se mexe, null – ela mexia-se no ritmo da dança e o homem tentava acompanhá-la, mas era uma tarefa humanamente impossível.
- Não sou um bom dançarino, null. - ela sorriu.
- Me segue, ok? - null segurou ambas as mãos dele e foi mexendo-as conforme se mexia, arrancando um enorme sorriso do homem.
null era incrível mesmo aos seus olhos, ele estava hipnotizado com a forma como ela se movia e tentava o fazer se mover também, era tão gracioso, ao mesmo tempo sensual, mas era null, ela respirar era sensual para aquele pobre homem.
- null! Você não está se esforçando. - chamou a atenção dele, que ainda a encarava maravilhado.
- Eu tô tentando, juro, mas... - apertou a mão direita dela, a entrelaçando com a sua. - Tem algo em você que... - ele parou de mexer-se e ela o imitou. - Me encanta de um jeito louco.
- Lembra que a gente combinou que seríamos amiguinhos? - mordeu os lábios, com um pequeno sorriso.
- Ainda quero ser seu amigo, mas um amigo que pode te beijar eventualmente. - ele arriscou, tudo o que mais queria desde que a viu em Melbourne descendo desengonçada daquele carro era encostar sua boca na dela.
- null, eu não vou ficar em Melbourne, ok? Eu vou voltar para Dublin ao fim desse verão... - suspirou, derrotada, ela o queria não conseguia mais negar. - Prometa que não vai se envolver.
- Eu prometo o que você quiser. - se ela quisesse que ele prometesse que ele iria à lua, ele prometeria, ele só a queria mesmo, e faria qualquer coisa para tê-la.
- Ninguém vai saber disso, combinado? - ele assentiu com a cabeça.
- Ninguém vai saber, fica tranquila. - ele concordou rapidamente, e de forma até desesperada.
- Que seja, espero não me arrepender disso. - null se aproximou dele e o beijou.
O beijo começou urgente, os dois queriam aquilo mais do que tudo. Suas mãos estavam inquietas, de uma forma louca queriam se explorar. Se separaram, ofegantes, null o puxou para um canto mais afastado do local, no qual ninguém pudesse os vê-lo, e lá eles voltaram a se beijar de forma ainda mais intensa.
Tinha se esquecido como ele beijava bem, se repreendeu internamente por não ter o beijado antes. As mãos dela percorriam por todo o corpo do homem, mas estacionaram em sua barriga, ela sentiu a barriga definida do rapaz, e suspirou entre o beijo, e se separou minimamente dele.
- Não tinha isso aqui quando eu te conheci, null. - ela sorriu maliciosa.
- Não tinha muitas coisas, null, eu evolui e foi para melhor, assim espero. – ele tirou uma mecha de cabelo do rosto dela, a encarando de forma terna.
- Foi sim. - ela lhe deu um selinho curto. null a pegou pela cintura a trazendo para perto dele de uma forma rápida. - Definitivamente não tinha isso aqui também.
Ele riu, voltando a beijá-la mais uma vez naquela noite.
- E você realmente dança? - null perguntou, encarando-o enquanto ele começava a se mexer de um lado para o outro em sua frente.
- Sei me mexer, acho que isso já conta.
Os dois dançavam a música eletrônica que tocava, um de frente para o outro, encarando-se algumas vezes, e mantendo os olhos em volta em outras. Sempre que olhavam um para o outro, riam como duas crianças, como já faziam naturalmente. null fazia caretas para null, que o observava com um sorriso no rosto.
Quando a música tocou para um pop mais ritmado, o garoto se aproximou de null, colocando uma de suas mãos na cintura da mulher, que o encarou com uma sobrancelha arqueada.
- Está muito abusado, pirralho. - ela riu, colocando seus braços por cima dos ombros dele.
- Não sei por que você insiste nesse apelido. - falou, sincero.
- Te incomoda? - ela perguntou.
- Um pouco.
- Está aí sua resposta. - ela piscou, vendo-o sorrir de lado.
- Justo.
null encarava null. Tendo seus corpos próximos, ele podia entender o motivo de null e null o terem pressionado antes. Ele sorriu sozinho, null realmente era maravilhosa. E em todos os sentidos, pois ele adorava ficar ao lado da mulher. Eles conversavam sobre tudo, ela o apoiava em suas decisões quando tocavam em qualquer assunto sério, eles riam juntos o tempo todo. Ela era uma pessoa que ele queria manter em sua vida, principalmente se ficasse ali na Austrália, mas não conseguia pensar dessa forma, pois sabia que ela nunca deixaria de vê-lo como o melhor amigo da irmã.
A diferença de idade entre eles era de apenas sete anos, apesar das brincadeiras, null era tão jovem quanto ele e null. Achava que a diferença estava apenas no que ela já tinha conquistado nesses anos, como morar sozinha em outro país, e ter o próprio restaurante. Ele ainda tinha muito chão pela frente para chegar naquela fase de apenas viver, ainda tinha muito para lutar.
- null... - ele começou, pensando se poderia perguntar o que estava em sua cabeça. Respirou fundo e aproximou sua boca do ouvido dela, para que o ouvisse. - Você realmente me vê assim? - perguntou. - Juro que é uma pergunta geral, queria entender como as pessoas me veem. - ele se atrapalhou nas palavras, tentando organizar os pensamentos.
- Assim? - ela perguntou, sem entender.
- É, pirralho e tudo mais. - ele riu, vendo-a rir também.
- Não. - respondeu, sincera. - Ainda menos depois de hoje. - ela sorriu, apontando para os dois e em seguida para o local.
- Ah. Legal. - ele deu de ombros, sorrindo sincero.
null percebia que a cada dia daquele mês, estava passando mais tempo próxima a null. Os dois se encontravam pela casa e começavam a conversar. Quando estavam entre as irmãs, de alguma forma, acabavam em uma discussão própria. Se saiam, estavam sempre próximos, se divertindo e divertindo aos outros com suas brincadeiras. Uma das noites naquela semana, haviam até mesmo passado a noite acordados, vendo filme juntos no sofá.
null curtia a companhia dele, e se sentia confortável até mesmo ali, dançando com o garoto. Suas brincadeiras os haviam dado intimidade de uma amizade de anos, e em meio a tantas conversas, ela parara de ver null apenas como o amigo de null, e agora o via como uma pessoa próxima dela também. Com seu jeito inseguro e adorável, o garoto conquistaria tudo, e ela sabia que ele tinha um futuro incrível para seguir, no que fosse. Ele era incrivelmente inteligente, e ela sabia que ele tinha uma mente à frente de sua idade, sempre pensando longe, o que a cativava, pois via muito de si mesma nele. Ela não o via como um pirralho, mas ainda era incrível chamá-lo assim para irritar.
Observou o corpo de null próximo ao seu e tentou afastar o pensamento que a atingiu, de que nem assim o via daquela forma. null era lindo, e ela não negaria isso para ninguém que a perguntasse. Estava acostumada a ficar com homens mais velhos, como Luke, seu caso de sempre, mas sabia reconhecer qualquer beleza, e o garoto podia tirar suspiros de qualquer uma. Riu do próprio pensamento e viu o garoto a encarando, curioso.
- Não é nada, só um pensamento bobo.
- Finalmente te achei, null – null apareceu desesperada na frente da irmã. - Achei que tivessem te abduzido. - Oi, null!
- Estávamos aqui há muito tempo, que estranho. - null riu. - null decidiu me fazer companhia.
- Eu fui péssima, disse que seria jogo rápido e sumi por algumas boas horinhas. - null lamentou-se.
- Espero que tenha aproveitado. - a irmã falou, sincera.
- Aproveitado o quê? - null apareceu, juntando-se aos três.
- A noite, null! Nem sabia que estava aqui também. Oi! - sorriu para ele.
- Mas a gente viu ele, null. - null a encarou, estranhando o comportamento da mais velha. null riu, trocando um olhar rápido com null.
- Ah, nossa, verdade, o vimos no bar. Relevem estou com álcool no sangue. - deu de ombros.
- Não vou te julgar, estou meio tonto também. - null comentou.
- Então vamos embora. - null falou, imaginando que, pelo horário, era por isso que null havia vindo atrás dela.
- Sim, estou cansada, confesso. Quero um bom banho e minha cama. - comentou, com a expressão desanimada.
- Vamos, então. Tudo bem por você, null? - null perguntou.
- Viemos de uber, justamente porque eu beberia, então por mim ok, agradeceria a carona. Engraçado, a null não veio com vocês? - null comentou, curioso.
- Disse que estava muito cansada. - null falou. - Vai entender.
- Interessante, porque o null foi embora há muito tempo dizendo que ia encontrar alguém. - null especulou.
- O null estava aqui? - null perguntou, arqueando as sobrancelhas. - Filha da puta essa sua irmã, null.
- Enganou a gente direitinho, eu sabia que ela estava aprontando algo, desde quando ela recusa alguma coisa? - a irmã mais velha complementou null.
- Agora já foi, né? - null comentou, bocejando. - Em casa encontramos ela e vocês podem brigar.
- Ela que me aguarde. – null murmurou.
- Quando você estiver sóbria, né? - null zombou, finalmente saindo do local e andando até o carro com todos a seguindo.
- De preferência amanhã, não? - null sorriu.
- Definitivamente amanhã. - null concordou com ele.
- Só quero minha cama. - null comentou.
- Eu também. - null concordou e repensou a frase. - A minha cama. - sentiu a necessidade de completar, mesmo sabendo que ninguém pensaria o mesmo que ela.
- Seria mesmo na sua cama, na de quem seria? - null arqueou a sobrancelha.
- Do moço bonitinho que eu acabei não pegando lá dentro, null me atrapalhou. - brincou, recebendo um dedo do meio do garoto.
- Ok, eu não passei vontade nessa noite, irmã, você deveria ter feito o mesmo. - piscou entrando no carro. null olhou para cima, disfarçando, com um sorrisinho de lado.
- Está tudo bem, me diverti. - sorriu para o amigo, que entrara no banco do passageiro, deixando null e null no banco de trás.
- O importante é isso, null. - null a apoiou.
- Ah, null. - null falou dentro do carro, acendendo os faróis altos na direção da porta de casa, onde null e null estavam encostados na moto do garoto.
- Eu disse que ia me estressar amanhã, mas simplesmente não dá. - null negou com a cabeça.
- Deixem eles, gente. - null falou. - null realmente está gostando dela, nós conversamos bastante, eu, ele e null.
- Sim, ele não quis ficar com ninguém lá, ele está realmente gostando dela, deem uma chance ao rapaz. - null ajudou null.
null encarou null, respirando fundo. As duas trocaram um longo olhar pensativo e olharam para null e null, que as observavam.
- Mas vamos conversar pela parte de fugir invés de conversar. A gente brinca, tiramos ela do sério, e somos um pé no saco com ela, mas sempre confiamos uma na outra, isso não é legal. - null comentou, descendo do carro. null concordou, por hora seria a melhor medida para tomar.
- Boa noite, casal. - null passou pelos dois, rindo, enquanto null e null passavam direto, apenas acenando.
- Opa, boa noite, galera. - null sorriu. - Só falta eu ter uma casa aqui nessa rua.
- Se precisar de um quartinho, minha casa está sempre a disposição - riu, dando um tapinha no braço dele. - Boa noite, gente. - null caminhou até sua casa.
- Mas, estão nos devendo uma, viu? Seguramos um escândalo para vocês por conta da fujona aí. - null riu, acenando para todos e correndo para dentro da casa também.
- Acho melhor eu entrar logo, null, conheço as irmãs que eu tenho, elas devem estar chateadas porque não avisei. Boa noite, e obrigada por tudo. - sorriu. Trocaram um rápido selinho e ela correu para dentro.
Dom ficou um tempo parado analisando o que tinha acontecido naquela noite, até que decidiu ir embora. Uma bela forma de finalizar a noite, não?
Capítulo Sete
- Tô cansada. - null reclamou, tirando os brincos rapidamente e colocando-os sobre a mesa de canto que ficava no hall, enquanto encarava null.
- Nem me fala, cadê a null que não entrou ainda? - jogou-se no sofá, tirando os sapatos do pé.
- Não adianta a gente dar bronca, né? - null falou, pensativa.
- Não. - null respondeu, se intrometendo no assunto, passando por elas e sentando-se nas escadas. - Ela já vai entrar.
- Oi, meninas! Como foi a balada? - null entrou na sala com um sorriso cínico.
- Acho que você nos deve uma explicação, não? - null questionou, incrédula.
- null, por que você não foi sincera com a gente? - null emendou.
- Talvez porque eu achasse que não valeria a pena, vocês iam querer me barrar. - ela respondeu, emburrada.
- Você nem nos perguntou, como saberia? Agora sair assim sem nos avisar não é algo maduro! - null a encarou, chateada.
- Eu sei que você acha que a gente tá sendo chata e tudo mais, mas foi só até conhecer ele, poxa. Nós nunca fomos de conhecer as pessoas por aí e nos apaixonar, ficamos com medo do que poderia acontecer, você não pode nos julgar. Não esqueça que, apesar de você ter 18 anos, a mamãe e o papai confiam que vamos cuidar de você, pelo menos um pouco. - null reclamou.
- Ok, vocês estão certas, me desculpem. Agora, eu vou dormir. - null caminhou em direção às escadas.
- Você podia ter me avisado. - null comentou baixo, ainda sentado na escada por onde a amiga passava.
- null... - null começou.
- Tudo bem. Não vou te julgar, mas sei lá, seria legal ter avisado, se acontecesse alguma coisa, a gente nunca se perdoaria. - terminou, chateado.
- Mas não aconteceu. Estou bem e viva, como nunca estive em toda a minha vida. - deu um afago no ombro do melhor amigo, subindo as escadas.
- O que fizeram com a null? - null encarava null, em choque.
- Ela aceitou quieta, ou seja, ela está feliz. - null respondeu, suspirando.
- Ainda bem que alguém percebeu. - null gritou do andar de cima, fazendo todos rirem.
- Amamos você, chatinha. - null gritou de volta.
- Como vocês podem ser tão complicadas? Fico perdido. - null riu, seguindo o caminho da melhor amiga escadas acima.
- Vamos dormir também, é o que nos resta, null. – null levantou-se do sofá com as mãos na cabeça, zonza e foi saindo dali.
- Boa noite, null. - ela acenou para irmã, que já subia também. Então apagou as luzes e fez o mesmo.
null se jogou na cama com um sorriso bobo nos lábios, a noite tinha sido melhor do que havia imaginado, estar com null tornava as coisas tão mais leves e muito mais divertidas. Estava mesmo gostando dele, e isso era muito novo para ela... Escutou o celular vibrar e abriu ainda mais o sorriso quando viu quem era:
[null]: Obrigado pela noite, por mais bobo que isso possa parecer. Espero que esteja tudo bem por aí.
[null]: Está, sim.
[null]: E eu que devo agradecer, você é incrível, null.
[null]: Vou sentir sua falta na próxima semana. Tenho um show em Camberra. Nosso empresário está tentando agendar nas cidades grandes, para dar mais visibilidade. Sidney já ganhamos, agora falta a capital.
[null]: Ah, vai ser triste não te ver 🙁
[null]: Mas estarei aqui quando você voltar.
[null]: Boa noite, null.
[null]: Boa noite, null.
null tinha saído do banho, já vestida com o pijama, a cabeça ainda estava zonza, mas estava muito mais sã. Olhou pela janela e visualizou a casa de null, foi inevitável não rir feito uma louca pela noite que tiveram. Imagina o que suas irmãs achariam daquilo? Não estava pronta para dar o braço a torcer ainda.
Quem diria que null null teria evoluído tanto assim, o garoto inseguro agora tinha se tornado um homem e tanto... Suspirou, mas balançou a cabeça, se repreendendo, não deveria acontecer mais, ele se machucaria, mesmo ele dizendo que não. Se jogou na cama, e rapidamente pegou no sono, era tudo o que precisava.
×××
- Ei, null. – null bateu na porta do quarto em que ele estava. – null? – chamou mais uma vez, sem resposta.
- Quê? – o garoto resmungou baixo, provavelmente acabara de ser acordado, haviam chegado tarde no dia anterior. – null? – ele perguntou, tentando permanecer acordado.
- Quem mais seria? – ela perguntou baixo, não queria acordar as irmãs.
- Pode entrar, tá aberta. – ela abriu a porta, encontrando o garoto deitado na cama, tentando manter pelo menos o tronco encostado na cabeceira. Ele coçava os olhos com uma mão enquanto tentava arrumar os cabelos com a outra. – Oi. – falou com voz de sono, encarando a mulher. – Por que tão cedo?
- null, já são onze horas. – ela riu, encarando-o. – Sei que fomos todos dormir tarde, mas eu preciso resolver um negócio com um fornecedor no restaurante, queria saber se você queria ir comigo. Queria companhia. – ela deu de ombros. - Posso te mostrar como é no almoço, você pode ver o pessoal trabalhando.
- Sério? – ele perguntou, animado. – Você é demais, null. – ele se levantou e andou até a mulher, tirando-a do chão em um abraço desajeitado.
- Solta, null. – ela falou, rindo. – Vai se arrumar, tô te esperando lá embaixo.
- Vai avisar as meninas? – ele perguntou quando chegou no último degrau.
- Deixei um bilhete, deixa elas dormirem. – null riu, pegando a chave do carro.
- Dá tempo de eu comer alguma coisa?
- A gente para e pega algo no caminho, pode ser? – ele assentiu.
- Você está me mimando, gosto disso. – o garoto deu de ombros, vendo a mulher rolar os olhos.
- null, eu nem sei por que insisto.
- Acredite, nem eu. – ele riu, seguindo-a porta afora.
- O que você vai querer? – ele perguntou quando a mulher encostou em frente à cafeteria. – Eu desço, vai, vou te poupar dessa.
- Não vou reclamar. – ela riu. – Quero um suco de uva, e um muffin.
Ela observou enquanto o garoto saía do carro e andava até a fila do estabelecimento. Ele estava distraído, mexendo no celular. null deu risada ao vê-lo sorrir para o nada, provavelmente rindo de alguma mensagem ou algo divertido que vira em alguma rede social. null era engraçado, e ela aprendera a observá-lo nos menores detalhes, como no dia anterior enquanto dançavam juntos.
Ele parecia muito confortável com ela, principalmente após o dia do píer, onde eles conversaram o suficiente para uma vida. null o chamara para acompanhá-la, pois admirava o garoto, que com um empurrão certo, conseguiria se livrar do medo e seguir na profissão que tinha vontade.
Ela achava legal que ele quisesse fazer o mesmo que ela, adorava qualquer um que quisesse entrar de cabeça naquela profissão da qual tanto se orgulhava, mas mesmo que fosse qualquer outra, ela o apoiaria. Não conseguia entender pais que não davam todo suporte para o que o filho quisesse, pois os seus sempre ensinaram a ela e às irmãs, que deviam seguir os sonhos, por mais diferentes e arriscados que fossem. E ela nem considerava a gastronomia algo assim.
- Ei, oi? – null perguntou, entregando a ela seu pedido, que pairava no ar. – Tá pensativa. – ele falou, rindo.
- Por incrível que pareça, estava pensando em você. – ela falou, vendo ele franzir o cenho. – Só estou feliz de estar te levando lá. Vai ser legal ter um peso na sua decisão de futuro. – a mulher deu de ombros.
- Você sabe que só pelo jeito que você fala de tudo, eu já me decidi, não é? Você fala com tanta certeza do que fez, que é só isso que quero para mim. Quero ter certeza igual você, sabe? Me desligar do resto e focar no que gosto. Não que eu ainda não possa olhar alguns cursos e fraquejar, mas você torna minha primeira opção a mais óbvia.
- Ah, null. – ela suspirou. – Não sei o que responder. – a mulher riu, sincera, bebendo um pouco de seu suco. – E você realmente tem a mesma vontade que a da null? De ficar na Austrália? – ela o olhou pelo canto do olho, curiosa.
- Uhum. – ele assentiu, lembrando-se de todos os planos feitos com a melhor amiga desde sempre.
- E eu posso mesmo te ajudar, olhando alguns cursos? – perguntou. - Onde da Austrália você pretende ficar? Seus pais não vão surtar? – ela falava animadamente, fazendo o garoto rir. – Desculpe, é que eu me animei tanto nessa época de escolhas, que eu acho incrível ver vocês passando por ela. Mas estou bem mais próxima de poder te ajudar, do que da null. Estou descontando minha animação em você invés da minha própria irmã. – confessou.
- Ei, isso é ótimo para mim. É bom ter com quem dividir. Essa viagem está sendo a melhor coisa para mim. – ele suspirou. – Sou muito grato pela null ter me convidado e vocês terem me aceitado por aqui, é muito bom fazer algo diferente de ficar em casa pensando no que fazer da vida, sem realmente aproveitar. Eu nunca tinha viajado assim, e vocês estão deixando tudo divertido.
- Eu estou adorando ter a sua companhia, null. Pode contar comigo e com as meninas, para o que precisar. – ela o encarou e riu. – Inclusive para tirar massa de muffin do seu cabelo para você não pagar mico por aí. – a garota levou as mãos até os cabelos de null, chacoalhando rapidamente para que os pedacinhos de massa caíssem. – Olha a sujeira que você faz. – ela apontou para o colo do garoto e o chão, e ele mostrou o dedo do meio para ela.
- Oi! – null falou, animada, entrando na cozinha. Ela foi recepcionada com diversos “olá” animados dos funcionários. – Que saudade que eu estava de vocês.
- Que mentira, duvido! – Jane riu, fazendo um hi-5 com null.
- Você esqueceu de nós. – Luke saiu de onde estava e se aproximou de null, rindo. Ele beijou a bochecha da mulher, que sorriu, envergonhada.
- Nunca. – ela mostrou a língua para o homem. – Vim resolver aquele problema. Que pessoal chato da Hanitch. – null rolou os olhos. – Enquanto eu resolvo, vocês poderiam mostrar como funcionam as coisas por aqui para o null? É meu novo aprendiz. – ela sorriu, indicando o garoto que acenava para todos que passavam por ele e o cumprimentavam. – null, o Luke pode te mostrar como ele comanda a cozinha e quem faz o quê. – o garoto assentiu, animado, apertando a mão de Luke.
- Olha, você conseguiu uma boa chef para te ensinar, hein?
- Ela é meio chata, mas estou aprendendo a lidar. – null deu de ombros e null rolou os olhos, rindo.
- Vamos lá, cara. Vou te apresentar a cozinha de verdade.
×××
null levantou-se da cama com uma tremenda dor de cabeça, estava desacostumada a beber, essa era a verdade. Fez sua higiene matinal, trocou de roupa e desceu as escadas. Estranhou o silêncio, conhecia bem null e sabia que a irmã não iria ficar tanto tempo dormindo assim. Sempre teve espírito de velha, só dormia demais em cochilos da tarde e, principalmente, quando não podia.
Entrou na cozinha e avistou um bilhete pendurado na geladeira informando que ela e null tinham ido até o restaurante para resolver um problema. Olhou a geladeira e suspirou, estava com zero vontade de fazer alguma coisa. Estava ficando mal acostumada com null fazendo sempre comida para ela. Sentou-se em uma cadeira, desanimada e preguiçosa.
Um pensamento nublou sua mente, era tão errado, mas qual mal faria, não é? Pegou uma xícara do armário e com um sorriso saiu de casa, seu destino era a casa do lado. Inventaria alguma desculpa e tomaria café da manhã, ou almoço, na casa do null. Tocou a campainha e aguardou pacientemente até que o homem viesse e não demorou tanto.
- null? Oi. – null sorriu, se aproximou dela e não sabia como a cumprimentar. Acabou depositando um beijo na bochecha dela, que o retribuiu. - Estou surpreso com sua visita. Entra. – ele abriu ainda mais a porta para que ela entrasse.
- Oi. – sorriu. - Pois é, eu... - a ideia ficou bem melhor na mente dela. - Queria um pouquinho de café, acabou em casa.
- Claro. – null franziu o cenho, quando a viu entrar na casa. Fechou a porta com um sorriso mínimo. - Acho que é o momento em que eu devo te zoar, essa do café também está bem batida. - ela gargalhou.
- Não vale usar isso comigo. É verdade, poxa. - null riu.
- Eu também disse que era verdade e ninguém acreditou em mim. - null deu de ombros e ela soltou um suspiro derrotado.
- Tá, vou ser sincera, não tem nada pronto, a null saiu junto com o null, null está desmaiada na cama e eu estou com preguiça de fazer algo para comer, então eu pensei, será que meu vizinho temporário não teria feito algo para comer? - arqueou a sobrancelha com um sorriso.
- null, você é demais. – null gargalhou com a cara de pau dela. - E sim, eu acabei de fazer meu café da manhã, compartilho com você.
- Obrigada, está salvando a minha vida, e meu estômago também. - o seguiu para a cozinha. Percebeu ali que a decoração da casa de null era bem minimalista, não esperava nada diferente daquilo. Tudo em cores neutras, bem organizado. A estrutura da casa era idêntica à de null, era um espaço grande para uma pessoa só. - Se eu disser que imaginava a sua casa exatamente assim seria um clichê?
- Na verdade não, mas todo mundo que entra aqui diz o mesmo, então já estou acostumado. - ele se sentou e ela o copiou. - Sinta-se à vontade. - tinha ovos mexidos, suco de maracujá, pães, e ela acabou optando por um pãozinho. Começaram a comer, calados, não sabendo muito bem o que falar, a situação estava desconfortável para eles.
- Precisamos conversar sobre ontem. - ela despejou.
- Já sei o que você vai falar, que foi um erro, que não deve acontecer nunca mais... - ele deu de ombros, estava pronto para aquilo.
- Na verdade não... - ele arregalou os olhos. - Eu não achei que foi um erro, eu gostei, você gostou e pronto. Curtimos o momento, null. - ele ainda a encarava, surpreso com a reação dela. - O quê? Para, não me olha assim.
- Impossível, eu não estou conseguindo acreditar.
- Isso só prova que você tem uma imagem péssima de mim, null. - ela deu de ombros, voltando a comer.
- Se eu casualmente te beijasse de novo, você não me afastaria? - se aproximou dela com um sorriso brincando nos lábios.
- null... - ela suspirou, sentindo o homem extremamente perto de si. - Eu disse que não foi um erro, mas se a gente continuar, talvez se torne.
- null, eu sou adulto, sei dos meus sentimentos por você, você está sendo 100% honesta comigo, mas eu não sou mais aquele garoto que você conheceu no Peru. Você foi a minha primeira, mas a vida caminhou, vieram outras pessoas, outros relacionamentos, e eu sobrevivi a tudo. Vou sobreviver quando você for embora.
- Tudo bem, você me atrai demais, null. Se você consegue separar as coisas, eu quero sim curtir esse verão com você, porém, não quero que minhas irmãs saibam, nem o null, nem ninguém.
- Por quê? - o homem a encarou, curioso.
- Porque eles vão começar a achar que isso vai evoluir e null tem esperanças de que vou ficar em Melbourne, e não, eu não vou ficar. Não quero que ela crie expectativas. - havia omitido a verdade, nem ela sabia o porquê daquilo.
- Ok, isso fica entre nós. - ele se aproximou ainda mais dela, deixando um beijo em seu pescoço, a arrepiando. - Você não quer conhecer o andar de cima? - sussurrou no ouvido dela, a deixando ainda mais arrepiada.
- Acho uma ótima ideia. - terminou de beber o suco e não demorou para que null capturasse os lábios dela e aos tropeços eles subissem para o quarto do rapaz, e com certeza null não conseguiu reparar na decoração dele, estava muito mais ocupada com o homem ali.
×××
- Ei, tudo bem por lá? Ouvi os gritos. – null riu quando viu Luke entrar em sua sala, ela estava finalizando as assinaturas nos papéis, depois de uma longa hora no telefone com a responsável pelo fornecimento de sucos naturais.
- Tudo bem. Estava ensinando que a pressão numa cozinha é real, não é brincadeira de televisão. O garoto leva o jeito, apesar de ainda ser meio afobado. Coloquei ele para trabalhar, espero que não se importe. – o homem riu, se encostando na mesa de null, em frente a ela. Ele levou uma de suas mãos aos cabelos de null, como em um carinho. – Você faz falta. – ele riu.
- Não me importo nem um pouco. null vai ser um bom chef um dia, tenho certeza. E pretendo ajudá-lo nisso de qualquer forma que puder. – ela sorriu, animada, fazendo Luke rir. – Vou ajudar ele a procurar alguns cursos.
- Ele vai ficar por aqui?
- Acho que sim, ele e null querem ficar na Austrália. Vamos ver o que acontece até o final dessas férias, mas estou feliz em tê-los aqui. Obrigada de verdade por estar tomando conta de tudo para que eu possa aproveitar minhas irmãs. – ela segurou a mão do rapaz ternamente, tentando transmitir sua gratidão.
- Você ignorou meu comentário. – Luke falou, entrelaçando os dedos aos da mulher.
- Também sinto falta de ficar por aqui. – ela deu de ombros. – Mas mereço essas férias. – null riu e Luke concordou, se aproximando dela e fazendo a mulher respirar fundo.
- Sinto falta de mais coisas também. – ele riu, olhando fixamente os lábios da mulher, que desviou o olhar para porta ao vê-la abrir.
- null... – null entrou na sala com seus olhos brilhando, e um pedaço de massa nas mãos, deixando-a cair aos seus pés ao perceber que parecia estar atrapalhando, vendo Luke e null próximos, com as mãos entrelaçadas. – Meu Deus, me desculpem. – o garoto se abaixou, envergonhado, pegando o pedaço da massa e tentando, inutilmente, limpar a farinha do chão.
- null. – null riu, levantando-se, envergonhada. – O que é isso? – ela se abaixou, junto a ele. – Deixa isso, depois peço para alguém limpar. – O que você fez?
- Hm... – ele ainda parecia envergonhado, vendo Luke, ainda de costas, respirar fundo. – É uma massa de macarrão, ela parece ter ficado muito boa, me animei e queria te mostrar. O Ray estava me ajudando a fazer. – ele colocou uma das mãos na nuca, parecendo nervoso, o que fez null sorrir. O jeito de null era único, e sua animação já havia passado a animá-la tanto quanto, fosse na cozinha ou em qualquer momento que compartilhassem.
- Está bom mesmo. – ela apertou a massa, descartando-a no lixo ao lado. - Só falta um pouco mais de farinha, mas vou te ensinar o segredo. Vamos lá, pirralho, já terminei o que tinha para fazer. – null passou a mão em seu pescoço, tirando a farinha dali, que se misturava em seus cabelos. null sorriu, agradecido, andando de volta para a cozinha, sendo seguido por null, que ignorara a presença de Luke ainda ali na sala que ela deixava para trás.
- Me desculpa. – null sussurrou para null quando ela o alcançou.
- Você me salvou de uma conversa que eu não queria ter agora. – ela piscou para ele, rindo. – Obrigada.
- Não me importo de te salvar, null, mas ele parece te idolatrar.
- Eu sei, e eu não gosto disso. Não consigo pensar num relacionamento com Luke, ele sempre leva tudo muito a sério, me coloca num pedestal, nunca discorda, nem na cozinha... E não temos muita diversão, tipo, vendo um filme, por exemplo. Fora... Você sabe. – ela corou, fazendo null rir. – Bom, mas isso não é nosso assunto, vamos para mão na massa, literalmente.
×××
- Pelo visto não somos os únicos dando rolê por aí. - null falou para null enquanto estacionava o carro na porta de casa, buzinando diversas vezes para null, que se assustou, olhando para trás.
- Que susto! Meu Deus! - null tinha as mãos no peito, o coração estava acelerado, se tivessem chegado há poucos segundos teriam a pegado no flagra.
- Tava dando uma voltinha no jardim, null? - null perguntou, descendo do carro e vendo null rir.
- Eu fui dar uma caminhada pela vizinhança. - null sorriu, negando com a cabeça.
- Ah, que legal! - null falou, sincera. - A vizinhança daqui é realmente muito boa, não sei se percebeu. - completou com um tom malicioso em sua voz.
- null, não começa com isso. E vocês dois, hein? Saíram e nos deixaram sem nada para comer. - null mudou rapidamente o assunto.
- A null me levou para conhecer um pouco mais da cozinha do A&A. - null falou, feliz, aproximando-se de null. - Foi muito legal! Exceto a parte que eu atrapalhei os amassos que ela ia dar. - ele gargalhou, recebendo um dedo do meio de null.
- O quê? null, pode me contando essa história direito. Com quem? O seu ajudante gostosão? - null puxou a irmã e elas entraram juntas, deixando null para trás.
- Ei, melhor amiga sumida. - null falou, entrando no quarto de null, onde ela estava jogada na cama.
- Olha quem fala, você que me trocou pela null. - deu de ombros, largando o celular de lado e encarando o rapaz.
- Você não tem um restaurante para me oferecer, tem? - o amigo riu, jogando-se na cama e se ajeitando ao lado dela.
- Não tenho um restaurante, mas posso ser muito mais divertida que a null. - deu de ombros, arrancando um sorriso de null.
- Vocês são mais parecidas do que você pode aceitar. - ele mostrou a língua. - Mas não gosto de ser abandonado por uma melhor amiga apaixonada. - o garoto fez bico, encarando null.
- O null é diferente da relação que eu tenho com você, jamais te trocaria por ele. - null sorriu. - Tenho espaço suficiente para os dois. - se aproximou, abraçando-o de lado.
- Eu sei. Estava só brincando. - ele riu. - O null é muito gente boa, realmente gostei dele.
- Pois é, o senhor saiu com ele e não fez nem questão de me contar. Temos segredos agora, null? Era isso que estavam escondendo no restaurante?
- null quis me levar para uma saída de homens, e eu achei que você pudesse contar para suas irmãs, acho que ele não queria que a null soubesse. - null deu de ombros. - Aqueles dois são estranhos. - ele riu nasaladamente.
- Huum, sei. - ela o encarou – Mas sim, os dois são muito estranhos.
- Agora me fala de você e do null. - ele colocou a cabeça apoiada nas duas mãos, como se estivesse ali para uma simples fofoca, arrancando uma gargalhada de null.
- Seria errado se eu dissesse que estou me apaixonando por ele?
- Errado acho que não, mas me surpreende, nunca ouvi você falar isso de ninguém. - ele suspirou. - É muito bom, na verdade. Você merece, null.
- Eu nunca me senti assim, null é um cara muito divertido, e eu sei que as coisas estão muito rápidas, mas eu não consigo controlar. - mordeu os lábios.
- Nem deve, acho que esse seu rolo entra na nossa promessa, não entra? Acho legal você só sentir. - ele sorriu, sincero. - Temos mais um tempo aqui, acho que muita coisa ainda pode acontecer, e acho que vocês podem dar muito certo. Você pretende mesmo ficar na Austrália, então já é um problema a menos para se preocupar se quiser entrar de cabeça. Bom, mais do que já está. - zombou, recebendo um tapa em seu braço.
- Bobo. - sorriu. - Obrigada, estou vivendo nossa promessa, literalmente. - fez um biquinho, chateada. - Não vou vê-lo por agora, ele vai para Camberra, vai ficar até o fim de semana lá.
- Nem sei se isso é longe, para ser sincero. - null riu. - Minha geografia é péssima, você sabe. Mas que chato. Pelo menos a semana passa rápido. - incentivou a amiga.
- 7 horas daqui, null. - riu do amigo.
- Então não é tão ruim. - riu, considerando. - Agora me conta outra coisa...
- Oi, crianças. - null e null entraram pela porta, se jogando na cama ao lado dos dois. - Queremos conversar também, vocês estão muito na fofoca aqui, podemos ver.
- Meu Deus, null, você não perde uma. - null mostrou o dedo do meio para mulher, que jogou suas pernas por cima do corpo dele em resposta. - Eu ia entrar num assunto bem legal, para ser sincero. Ia perguntar se a null pesquisou mais faculdades para ver, além das de Melbourne, não podemos esquecer do real motivo de estarmos aqui. - ele deu de ombros.
- Vamos, ainda não conhecemos nenhuma. - null estava animada.
- Eu procurei meu curso em várias faculdades, as mais legais foram Melbourne, Sydney, e Camb... - null sorriu, animada. - CAMBERRA! null, a gente pode ir visitar a Universidade de Camberra? Seria demais viajar até lá? Acha longe? - encheu a irmã de perguntas, ainda com um sorriso no rosto.
- Não é tão longe, seria uma viagem legal. Não é uma cidade tão boa quanto Melbourne, mas é a capital, né? - null riu da animação da irmã.
- Podemos ir nessa semana? - encarou as duas irmãs mais velhas, com olhos pidões.
- Nossa, null! Para que a pressa agora? - null riu.
- null vai passar a semana em Camberra, ela quer unir o útil ao agradável. - null comunicou, recebendo os olhares das três.
- Ah, null! - null sorriu. - Você está muito apaixonada, não acredito!
- Acho que não precisamos ficar a semana toda, certo? - null confirmou, feliz, já que parecia que receberia um sim. - Podemos ir na quinta e ficar o fim de semana, o que acha?
- Ele tem um show no fim de semana, seria incrível! E vai ser uma viagem divertida, todos nós. - ela pulou na cama, amontoando as irmãs e null à sua volta.
- Vai sim, vamos turistar pela Austrália. - null sorriu, animando-se junto com null.
- Não é uma super road trip, pois não é tão longe, mas vai ser legal. - null deu de ombros. - null, está preparada para aguentar esses dois numa viagem de sete horas?
- Preparada a gente nunca está, mas é o que teremos para o momento. - brincou, recebendo um dedo do meio de null.
- Posso falar para ele? - null perguntou.
- Olha a cara de irmã boba que a null está, null, é claro que pode falar para ele, o coração dela amoleceu com a sua paixão. - null zombou, não perdendo a oportunidade, e recebeu um rolar de olhos da mulher.
- Pode falar se quiser, null, mas uma surpresa também é legal. Vamos organizar as ideias e ver onde podemos ficar e tudo mais. Vou pegar o computador para aproveitar a animação. - ela se levantou. - E você, pirralho, já pense se tem algum lugar que quer também. Espero que sim, e que seja distante de Melbourne.
- É, acho que você tem razão em relação à surpresa. - null sorriu animada.
×××
null estava saindo do banho quando ouviu o telefone tocar, chamando sua atenção. Pegou o aparelho e riu ao ver uma mensagem de null.
[null]: null, tem como dar uma enrolada nas null para conversarmos?
[null]: Conversarmos? Nossa, que sério, cara Hahahahaha Logo apareço aí.
O garoto vestiu a roupa rapidamente e desceu as escadas, encontrando null largada no sofá.
- Ei, estou indo ali no null, tá? Logo estou de volta. - ela levantou apenas o polegar para o garoto, concordando.
- Alguém morreu? - perguntou quando null abriu a porta.
- Eu estou quase morrendo por estar acontecendo uma coisa e eu não poder contar para ninguém. - riu, dando um rápido abraço em null.
- Opa, ninguém sou eu mesmo. - brincou, entrando na casa. - Não existe mais ninguém que eu, principalmente se for para saber o que te aflige. - zombou.
- Olha o nível do meu desespero, contando minha vida para um garoto de 18 anos. - riu, chamando com a mão para que null se sentasse.
- Ah, não, pegou a neura da null e da null, está passando muito tempo com elas.
- Nem me fala das null, meu problema é uma delas. - passou a mão pelos cabelos.
- Desenrola, null. - o garoto arregalou os olhos, curioso.
- Lembra de ontem que eu dei uma sumida? - null assentiu. – Eu encontrei a null, e ficamos. Hoje mais cedo ela veio aqui e ficamos de novo.
- Ah, null! - null bateu nas costas do amigo, sorrindo. - Finalmente! Por isso não está se aguentando aí.
- Nossa, essa mulher é incrível. - sorriu, lembrando-se. - Mas eu estou proibido de contar sobre nós para qualquer uma das null, e você também. Então, não comenta isso com ninguém, foi difícil conseguir essa mulher.
- Eu nem sei de nada, sou ninguém. Amigos, amigos, as null à parte. - o mais novo deu de ombros, sorrindo. - Foi bom contar? Aliviou a cabeça? - riu. - E o principal: foi bom? Está feliz? Você sabe que vai ser difícil.
- Valeu, cara. - sorriu, aliviado. - Aliviou demais. Se foi bom? Foi o melhor impossível, aquela mulher ela... - null cortou-se com o olhar que null tinha para ele. - Enfim, foi bom.
- Ah, null, anos depois e você ainda não superou mesmo. - riu. - E nem ela, por sinal. Claramente null não se aguenta quando olha para você.
- Estou sem expectativas, ela já deixou claro que não vai ficar aqui, não posso me apaixonar de novo por ela, vai ser uma droga.
- Vai nada. Se tem uma coisa que percebi nela, é que está confusa. Aproveita esse momento para dar algo para ela se apegar. - deu de ombros. - Ficar muito tempo com elas é bom para aprender um pouco.
- Desde quando você ficou tão sábio? - null o olhou, curioso.
- Não sou sábio, só passo tempo demais com a sua amada. - gargalhou. - Estou aqui para te apoiar, você foi legal comigo desde o começo, é meu “obrigado”.
- Eu que agradeço, de verdade. Estamos aí para isso. Se precisar de algo, sabe que pode contar comigo também.
- Mas, fala aí... O que você acha da capital da Austrália?
- Nem me fala, cadê a null que não entrou ainda? - jogou-se no sofá, tirando os sapatos do pé.
- Não adianta a gente dar bronca, né? - null falou, pensativa.
- Não. - null respondeu, se intrometendo no assunto, passando por elas e sentando-se nas escadas. - Ela já vai entrar.
- Oi, meninas! Como foi a balada? - null entrou na sala com um sorriso cínico.
- Acho que você nos deve uma explicação, não? - null questionou, incrédula.
- null, por que você não foi sincera com a gente? - null emendou.
- Talvez porque eu achasse que não valeria a pena, vocês iam querer me barrar. - ela respondeu, emburrada.
- Você nem nos perguntou, como saberia? Agora sair assim sem nos avisar não é algo maduro! - null a encarou, chateada.
- Eu sei que você acha que a gente tá sendo chata e tudo mais, mas foi só até conhecer ele, poxa. Nós nunca fomos de conhecer as pessoas por aí e nos apaixonar, ficamos com medo do que poderia acontecer, você não pode nos julgar. Não esqueça que, apesar de você ter 18 anos, a mamãe e o papai confiam que vamos cuidar de você, pelo menos um pouco. - null reclamou.
- Ok, vocês estão certas, me desculpem. Agora, eu vou dormir. - null caminhou em direção às escadas.
- Você podia ter me avisado. - null comentou baixo, ainda sentado na escada por onde a amiga passava.
- null... - null começou.
- Tudo bem. Não vou te julgar, mas sei lá, seria legal ter avisado, se acontecesse alguma coisa, a gente nunca se perdoaria. - terminou, chateado.
- Mas não aconteceu. Estou bem e viva, como nunca estive em toda a minha vida. - deu um afago no ombro do melhor amigo, subindo as escadas.
- O que fizeram com a null? - null encarava null, em choque.
- Ela aceitou quieta, ou seja, ela está feliz. - null respondeu, suspirando.
- Ainda bem que alguém percebeu. - null gritou do andar de cima, fazendo todos rirem.
- Amamos você, chatinha. - null gritou de volta.
- Como vocês podem ser tão complicadas? Fico perdido. - null riu, seguindo o caminho da melhor amiga escadas acima.
- Vamos dormir também, é o que nos resta, null. – null levantou-se do sofá com as mãos na cabeça, zonza e foi saindo dali.
- Boa noite, null. - ela acenou para irmã, que já subia também. Então apagou as luzes e fez o mesmo.
null se jogou na cama com um sorriso bobo nos lábios, a noite tinha sido melhor do que havia imaginado, estar com null tornava as coisas tão mais leves e muito mais divertidas. Estava mesmo gostando dele, e isso era muito novo para ela... Escutou o celular vibrar e abriu ainda mais o sorriso quando viu quem era:
[null]: Obrigado pela noite, por mais bobo que isso possa parecer. Espero que esteja tudo bem por aí.
[null]: Está, sim.
[null]: E eu que devo agradecer, você é incrível, null.
[null]: Vou sentir sua falta na próxima semana. Tenho um show em Camberra. Nosso empresário está tentando agendar nas cidades grandes, para dar mais visibilidade. Sidney já ganhamos, agora falta a capital.
[null]: Ah, vai ser triste não te ver 🙁
[null]: Mas estarei aqui quando você voltar.
[null]: Boa noite, null.
[null]: Boa noite, null.
null tinha saído do banho, já vestida com o pijama, a cabeça ainda estava zonza, mas estava muito mais sã. Olhou pela janela e visualizou a casa de null, foi inevitável não rir feito uma louca pela noite que tiveram. Imagina o que suas irmãs achariam daquilo? Não estava pronta para dar o braço a torcer ainda.
Quem diria que null null teria evoluído tanto assim, o garoto inseguro agora tinha se tornado um homem e tanto... Suspirou, mas balançou a cabeça, se repreendendo, não deveria acontecer mais, ele se machucaria, mesmo ele dizendo que não. Se jogou na cama, e rapidamente pegou no sono, era tudo o que precisava.
- Ei, null. – null bateu na porta do quarto em que ele estava. – null? – chamou mais uma vez, sem resposta.
- Quê? – o garoto resmungou baixo, provavelmente acabara de ser acordado, haviam chegado tarde no dia anterior. – null? – ele perguntou, tentando permanecer acordado.
- Quem mais seria? – ela perguntou baixo, não queria acordar as irmãs.
- Pode entrar, tá aberta. – ela abriu a porta, encontrando o garoto deitado na cama, tentando manter pelo menos o tronco encostado na cabeceira. Ele coçava os olhos com uma mão enquanto tentava arrumar os cabelos com a outra. – Oi. – falou com voz de sono, encarando a mulher. – Por que tão cedo?
- null, já são onze horas. – ela riu, encarando-o. – Sei que fomos todos dormir tarde, mas eu preciso resolver um negócio com um fornecedor no restaurante, queria saber se você queria ir comigo. Queria companhia. – ela deu de ombros. - Posso te mostrar como é no almoço, você pode ver o pessoal trabalhando.
- Sério? – ele perguntou, animado. – Você é demais, null. – ele se levantou e andou até a mulher, tirando-a do chão em um abraço desajeitado.
- Solta, null. – ela falou, rindo. – Vai se arrumar, tô te esperando lá embaixo.
- Vai avisar as meninas? – ele perguntou quando chegou no último degrau.
- Deixei um bilhete, deixa elas dormirem. – null riu, pegando a chave do carro.
- Dá tempo de eu comer alguma coisa?
- A gente para e pega algo no caminho, pode ser? – ele assentiu.
- Você está me mimando, gosto disso. – o garoto deu de ombros, vendo a mulher rolar os olhos.
- null, eu nem sei por que insisto.
- Acredite, nem eu. – ele riu, seguindo-a porta afora.
- O que você vai querer? – ele perguntou quando a mulher encostou em frente à cafeteria. – Eu desço, vai, vou te poupar dessa.
- Não vou reclamar. – ela riu. – Quero um suco de uva, e um muffin.
Ela observou enquanto o garoto saía do carro e andava até a fila do estabelecimento. Ele estava distraído, mexendo no celular. null deu risada ao vê-lo sorrir para o nada, provavelmente rindo de alguma mensagem ou algo divertido que vira em alguma rede social. null era engraçado, e ela aprendera a observá-lo nos menores detalhes, como no dia anterior enquanto dançavam juntos.
Ele parecia muito confortável com ela, principalmente após o dia do píer, onde eles conversaram o suficiente para uma vida. null o chamara para acompanhá-la, pois admirava o garoto, que com um empurrão certo, conseguiria se livrar do medo e seguir na profissão que tinha vontade.
Ela achava legal que ele quisesse fazer o mesmo que ela, adorava qualquer um que quisesse entrar de cabeça naquela profissão da qual tanto se orgulhava, mas mesmo que fosse qualquer outra, ela o apoiaria. Não conseguia entender pais que não davam todo suporte para o que o filho quisesse, pois os seus sempre ensinaram a ela e às irmãs, que deviam seguir os sonhos, por mais diferentes e arriscados que fossem. E ela nem considerava a gastronomia algo assim.
- Ei, oi? – null perguntou, entregando a ela seu pedido, que pairava no ar. – Tá pensativa. – ele falou, rindo.
- Por incrível que pareça, estava pensando em você. – ela falou, vendo ele franzir o cenho. – Só estou feliz de estar te levando lá. Vai ser legal ter um peso na sua decisão de futuro. – a mulher deu de ombros.
- Você sabe que só pelo jeito que você fala de tudo, eu já me decidi, não é? Você fala com tanta certeza do que fez, que é só isso que quero para mim. Quero ter certeza igual você, sabe? Me desligar do resto e focar no que gosto. Não que eu ainda não possa olhar alguns cursos e fraquejar, mas você torna minha primeira opção a mais óbvia.
- Ah, null. – ela suspirou. – Não sei o que responder. – a mulher riu, sincera, bebendo um pouco de seu suco. – E você realmente tem a mesma vontade que a da null? De ficar na Austrália? – ela o olhou pelo canto do olho, curiosa.
- Uhum. – ele assentiu, lembrando-se de todos os planos feitos com a melhor amiga desde sempre.
- E eu posso mesmo te ajudar, olhando alguns cursos? – perguntou. - Onde da Austrália você pretende ficar? Seus pais não vão surtar? – ela falava animadamente, fazendo o garoto rir. – Desculpe, é que eu me animei tanto nessa época de escolhas, que eu acho incrível ver vocês passando por ela. Mas estou bem mais próxima de poder te ajudar, do que da null. Estou descontando minha animação em você invés da minha própria irmã. – confessou.
- Ei, isso é ótimo para mim. É bom ter com quem dividir. Essa viagem está sendo a melhor coisa para mim. – ele suspirou. – Sou muito grato pela null ter me convidado e vocês terem me aceitado por aqui, é muito bom fazer algo diferente de ficar em casa pensando no que fazer da vida, sem realmente aproveitar. Eu nunca tinha viajado assim, e vocês estão deixando tudo divertido.
- Eu estou adorando ter a sua companhia, null. Pode contar comigo e com as meninas, para o que precisar. – ela o encarou e riu. – Inclusive para tirar massa de muffin do seu cabelo para você não pagar mico por aí. – a garota levou as mãos até os cabelos de null, chacoalhando rapidamente para que os pedacinhos de massa caíssem. – Olha a sujeira que você faz. – ela apontou para o colo do garoto e o chão, e ele mostrou o dedo do meio para ela.
- Oi! – null falou, animada, entrando na cozinha. Ela foi recepcionada com diversos “olá” animados dos funcionários. – Que saudade que eu estava de vocês.
- Que mentira, duvido! – Jane riu, fazendo um hi-5 com null.
- Você esqueceu de nós. – Luke saiu de onde estava e se aproximou de null, rindo. Ele beijou a bochecha da mulher, que sorriu, envergonhada.
- Nunca. – ela mostrou a língua para o homem. – Vim resolver aquele problema. Que pessoal chato da Hanitch. – null rolou os olhos. – Enquanto eu resolvo, vocês poderiam mostrar como funcionam as coisas por aqui para o null? É meu novo aprendiz. – ela sorriu, indicando o garoto que acenava para todos que passavam por ele e o cumprimentavam. – null, o Luke pode te mostrar como ele comanda a cozinha e quem faz o quê. – o garoto assentiu, animado, apertando a mão de Luke.
- Olha, você conseguiu uma boa chef para te ensinar, hein?
- Ela é meio chata, mas estou aprendendo a lidar. – null deu de ombros e null rolou os olhos, rindo.
- Vamos lá, cara. Vou te apresentar a cozinha de verdade.
null levantou-se da cama com uma tremenda dor de cabeça, estava desacostumada a beber, essa era a verdade. Fez sua higiene matinal, trocou de roupa e desceu as escadas. Estranhou o silêncio, conhecia bem null e sabia que a irmã não iria ficar tanto tempo dormindo assim. Sempre teve espírito de velha, só dormia demais em cochilos da tarde e, principalmente, quando não podia.
Entrou na cozinha e avistou um bilhete pendurado na geladeira informando que ela e null tinham ido até o restaurante para resolver um problema. Olhou a geladeira e suspirou, estava com zero vontade de fazer alguma coisa. Estava ficando mal acostumada com null fazendo sempre comida para ela. Sentou-se em uma cadeira, desanimada e preguiçosa.
Um pensamento nublou sua mente, era tão errado, mas qual mal faria, não é? Pegou uma xícara do armário e com um sorriso saiu de casa, seu destino era a casa do lado. Inventaria alguma desculpa e tomaria café da manhã, ou almoço, na casa do null. Tocou a campainha e aguardou pacientemente até que o homem viesse e não demorou tanto.
- null? Oi. – null sorriu, se aproximou dela e não sabia como a cumprimentar. Acabou depositando um beijo na bochecha dela, que o retribuiu. - Estou surpreso com sua visita. Entra. – ele abriu ainda mais a porta para que ela entrasse.
- Oi. – sorriu. - Pois é, eu... - a ideia ficou bem melhor na mente dela. - Queria um pouquinho de café, acabou em casa.
- Claro. – null franziu o cenho, quando a viu entrar na casa. Fechou a porta com um sorriso mínimo. - Acho que é o momento em que eu devo te zoar, essa do café também está bem batida. - ela gargalhou.
- Não vale usar isso comigo. É verdade, poxa. - null riu.
- Eu também disse que era verdade e ninguém acreditou em mim. - null deu de ombros e ela soltou um suspiro derrotado.
- Tá, vou ser sincera, não tem nada pronto, a null saiu junto com o null, null está desmaiada na cama e eu estou com preguiça de fazer algo para comer, então eu pensei, será que meu vizinho temporário não teria feito algo para comer? - arqueou a sobrancelha com um sorriso.
- null, você é demais. – null gargalhou com a cara de pau dela. - E sim, eu acabei de fazer meu café da manhã, compartilho com você.
- Obrigada, está salvando a minha vida, e meu estômago também. - o seguiu para a cozinha. Percebeu ali que a decoração da casa de null era bem minimalista, não esperava nada diferente daquilo. Tudo em cores neutras, bem organizado. A estrutura da casa era idêntica à de null, era um espaço grande para uma pessoa só. - Se eu disser que imaginava a sua casa exatamente assim seria um clichê?
- Na verdade não, mas todo mundo que entra aqui diz o mesmo, então já estou acostumado. - ele se sentou e ela o copiou. - Sinta-se à vontade. - tinha ovos mexidos, suco de maracujá, pães, e ela acabou optando por um pãozinho. Começaram a comer, calados, não sabendo muito bem o que falar, a situação estava desconfortável para eles.
- Precisamos conversar sobre ontem. - ela despejou.
- Já sei o que você vai falar, que foi um erro, que não deve acontecer nunca mais... - ele deu de ombros, estava pronto para aquilo.
- Na verdade não... - ele arregalou os olhos. - Eu não achei que foi um erro, eu gostei, você gostou e pronto. Curtimos o momento, null. - ele ainda a encarava, surpreso com a reação dela. - O quê? Para, não me olha assim.
- Impossível, eu não estou conseguindo acreditar.
- Isso só prova que você tem uma imagem péssima de mim, null. - ela deu de ombros, voltando a comer.
- Se eu casualmente te beijasse de novo, você não me afastaria? - se aproximou dela com um sorriso brincando nos lábios.
- null... - ela suspirou, sentindo o homem extremamente perto de si. - Eu disse que não foi um erro, mas se a gente continuar, talvez se torne.
- null, eu sou adulto, sei dos meus sentimentos por você, você está sendo 100% honesta comigo, mas eu não sou mais aquele garoto que você conheceu no Peru. Você foi a minha primeira, mas a vida caminhou, vieram outras pessoas, outros relacionamentos, e eu sobrevivi a tudo. Vou sobreviver quando você for embora.
- Tudo bem, você me atrai demais, null. Se você consegue separar as coisas, eu quero sim curtir esse verão com você, porém, não quero que minhas irmãs saibam, nem o null, nem ninguém.
- Por quê? - o homem a encarou, curioso.
- Porque eles vão começar a achar que isso vai evoluir e null tem esperanças de que vou ficar em Melbourne, e não, eu não vou ficar. Não quero que ela crie expectativas. - havia omitido a verdade, nem ela sabia o porquê daquilo.
- Ok, isso fica entre nós. - ele se aproximou ainda mais dela, deixando um beijo em seu pescoço, a arrepiando. - Você não quer conhecer o andar de cima? - sussurrou no ouvido dela, a deixando ainda mais arrepiada.
- Acho uma ótima ideia. - terminou de beber o suco e não demorou para que null capturasse os lábios dela e aos tropeços eles subissem para o quarto do rapaz, e com certeza null não conseguiu reparar na decoração dele, estava muito mais ocupada com o homem ali.
- Ei, tudo bem por lá? Ouvi os gritos. – null riu quando viu Luke entrar em sua sala, ela estava finalizando as assinaturas nos papéis, depois de uma longa hora no telefone com a responsável pelo fornecimento de sucos naturais.
- Tudo bem. Estava ensinando que a pressão numa cozinha é real, não é brincadeira de televisão. O garoto leva o jeito, apesar de ainda ser meio afobado. Coloquei ele para trabalhar, espero que não se importe. – o homem riu, se encostando na mesa de null, em frente a ela. Ele levou uma de suas mãos aos cabelos de null, como em um carinho. – Você faz falta. – ele riu.
- Não me importo nem um pouco. null vai ser um bom chef um dia, tenho certeza. E pretendo ajudá-lo nisso de qualquer forma que puder. – ela sorriu, animada, fazendo Luke rir. – Vou ajudar ele a procurar alguns cursos.
- Ele vai ficar por aqui?
- Acho que sim, ele e null querem ficar na Austrália. Vamos ver o que acontece até o final dessas férias, mas estou feliz em tê-los aqui. Obrigada de verdade por estar tomando conta de tudo para que eu possa aproveitar minhas irmãs. – ela segurou a mão do rapaz ternamente, tentando transmitir sua gratidão.
- Você ignorou meu comentário. – Luke falou, entrelaçando os dedos aos da mulher.
- Também sinto falta de ficar por aqui. – ela deu de ombros. – Mas mereço essas férias. – null riu e Luke concordou, se aproximando dela e fazendo a mulher respirar fundo.
- Sinto falta de mais coisas também. – ele riu, olhando fixamente os lábios da mulher, que desviou o olhar para porta ao vê-la abrir.
- null... – null entrou na sala com seus olhos brilhando, e um pedaço de massa nas mãos, deixando-a cair aos seus pés ao perceber que parecia estar atrapalhando, vendo Luke e null próximos, com as mãos entrelaçadas. – Meu Deus, me desculpem. – o garoto se abaixou, envergonhado, pegando o pedaço da massa e tentando, inutilmente, limpar a farinha do chão.
- null. – null riu, levantando-se, envergonhada. – O que é isso? – ela se abaixou, junto a ele. – Deixa isso, depois peço para alguém limpar. – O que você fez?
- Hm... – ele ainda parecia envergonhado, vendo Luke, ainda de costas, respirar fundo. – É uma massa de macarrão, ela parece ter ficado muito boa, me animei e queria te mostrar. O Ray estava me ajudando a fazer. – ele colocou uma das mãos na nuca, parecendo nervoso, o que fez null sorrir. O jeito de null era único, e sua animação já havia passado a animá-la tanto quanto, fosse na cozinha ou em qualquer momento que compartilhassem.
- Está bom mesmo. – ela apertou a massa, descartando-a no lixo ao lado. - Só falta um pouco mais de farinha, mas vou te ensinar o segredo. Vamos lá, pirralho, já terminei o que tinha para fazer. – null passou a mão em seu pescoço, tirando a farinha dali, que se misturava em seus cabelos. null sorriu, agradecido, andando de volta para a cozinha, sendo seguido por null, que ignorara a presença de Luke ainda ali na sala que ela deixava para trás.
- Me desculpa. – null sussurrou para null quando ela o alcançou.
- Você me salvou de uma conversa que eu não queria ter agora. – ela piscou para ele, rindo. – Obrigada.
- Não me importo de te salvar, null, mas ele parece te idolatrar.
- Eu sei, e eu não gosto disso. Não consigo pensar num relacionamento com Luke, ele sempre leva tudo muito a sério, me coloca num pedestal, nunca discorda, nem na cozinha... E não temos muita diversão, tipo, vendo um filme, por exemplo. Fora... Você sabe. – ela corou, fazendo null rir. – Bom, mas isso não é nosso assunto, vamos para mão na massa, literalmente.
- Pelo visto não somos os únicos dando rolê por aí. - null falou para null enquanto estacionava o carro na porta de casa, buzinando diversas vezes para null, que se assustou, olhando para trás.
- Que susto! Meu Deus! - null tinha as mãos no peito, o coração estava acelerado, se tivessem chegado há poucos segundos teriam a pegado no flagra.
- Tava dando uma voltinha no jardim, null? - null perguntou, descendo do carro e vendo null rir.
- Eu fui dar uma caminhada pela vizinhança. - null sorriu, negando com a cabeça.
- Ah, que legal! - null falou, sincera. - A vizinhança daqui é realmente muito boa, não sei se percebeu. - completou com um tom malicioso em sua voz.
- null, não começa com isso. E vocês dois, hein? Saíram e nos deixaram sem nada para comer. - null mudou rapidamente o assunto.
- A null me levou para conhecer um pouco mais da cozinha do A&A. - null falou, feliz, aproximando-se de null. - Foi muito legal! Exceto a parte que eu atrapalhei os amassos que ela ia dar. - ele gargalhou, recebendo um dedo do meio de null.
- O quê? null, pode me contando essa história direito. Com quem? O seu ajudante gostosão? - null puxou a irmã e elas entraram juntas, deixando null para trás.
- Ei, melhor amiga sumida. - null falou, entrando no quarto de null, onde ela estava jogada na cama.
- Olha quem fala, você que me trocou pela null. - deu de ombros, largando o celular de lado e encarando o rapaz.
- Você não tem um restaurante para me oferecer, tem? - o amigo riu, jogando-se na cama e se ajeitando ao lado dela.
- Não tenho um restaurante, mas posso ser muito mais divertida que a null. - deu de ombros, arrancando um sorriso de null.
- Vocês são mais parecidas do que você pode aceitar. - ele mostrou a língua. - Mas não gosto de ser abandonado por uma melhor amiga apaixonada. - o garoto fez bico, encarando null.
- O null é diferente da relação que eu tenho com você, jamais te trocaria por ele. - null sorriu. - Tenho espaço suficiente para os dois. - se aproximou, abraçando-o de lado.
- Eu sei. Estava só brincando. - ele riu. - O null é muito gente boa, realmente gostei dele.
- Pois é, o senhor saiu com ele e não fez nem questão de me contar. Temos segredos agora, null? Era isso que estavam escondendo no restaurante?
- null quis me levar para uma saída de homens, e eu achei que você pudesse contar para suas irmãs, acho que ele não queria que a null soubesse. - null deu de ombros. - Aqueles dois são estranhos. - ele riu nasaladamente.
- Huum, sei. - ela o encarou – Mas sim, os dois são muito estranhos.
- Agora me fala de você e do null. - ele colocou a cabeça apoiada nas duas mãos, como se estivesse ali para uma simples fofoca, arrancando uma gargalhada de null.
- Seria errado se eu dissesse que estou me apaixonando por ele?
- Errado acho que não, mas me surpreende, nunca ouvi você falar isso de ninguém. - ele suspirou. - É muito bom, na verdade. Você merece, null.
- Eu nunca me senti assim, null é um cara muito divertido, e eu sei que as coisas estão muito rápidas, mas eu não consigo controlar. - mordeu os lábios.
- Nem deve, acho que esse seu rolo entra na nossa promessa, não entra? Acho legal você só sentir. - ele sorriu, sincero. - Temos mais um tempo aqui, acho que muita coisa ainda pode acontecer, e acho que vocês podem dar muito certo. Você pretende mesmo ficar na Austrália, então já é um problema a menos para se preocupar se quiser entrar de cabeça. Bom, mais do que já está. - zombou, recebendo um tapa em seu braço.
- Bobo. - sorriu. - Obrigada, estou vivendo nossa promessa, literalmente. - fez um biquinho, chateada. - Não vou vê-lo por agora, ele vai para Camberra, vai ficar até o fim de semana lá.
- Nem sei se isso é longe, para ser sincero. - null riu. - Minha geografia é péssima, você sabe. Mas que chato. Pelo menos a semana passa rápido. - incentivou a amiga.
- 7 horas daqui, null. - riu do amigo.
- Então não é tão ruim. - riu, considerando. - Agora me conta outra coisa...
- Oi, crianças. - null e null entraram pela porta, se jogando na cama ao lado dos dois. - Queremos conversar também, vocês estão muito na fofoca aqui, podemos ver.
- Meu Deus, null, você não perde uma. - null mostrou o dedo do meio para mulher, que jogou suas pernas por cima do corpo dele em resposta. - Eu ia entrar num assunto bem legal, para ser sincero. Ia perguntar se a null pesquisou mais faculdades para ver, além das de Melbourne, não podemos esquecer do real motivo de estarmos aqui. - ele deu de ombros.
- Vamos, ainda não conhecemos nenhuma. - null estava animada.
- Eu procurei meu curso em várias faculdades, as mais legais foram Melbourne, Sydney, e Camb... - null sorriu, animada. - CAMBERRA! null, a gente pode ir visitar a Universidade de Camberra? Seria demais viajar até lá? Acha longe? - encheu a irmã de perguntas, ainda com um sorriso no rosto.
- Não é tão longe, seria uma viagem legal. Não é uma cidade tão boa quanto Melbourne, mas é a capital, né? - null riu da animação da irmã.
- Podemos ir nessa semana? - encarou as duas irmãs mais velhas, com olhos pidões.
- Nossa, null! Para que a pressa agora? - null riu.
- null vai passar a semana em Camberra, ela quer unir o útil ao agradável. - null comunicou, recebendo os olhares das três.
- Ah, null! - null sorriu. - Você está muito apaixonada, não acredito!
- Acho que não precisamos ficar a semana toda, certo? - null confirmou, feliz, já que parecia que receberia um sim. - Podemos ir na quinta e ficar o fim de semana, o que acha?
- Ele tem um show no fim de semana, seria incrível! E vai ser uma viagem divertida, todos nós. - ela pulou na cama, amontoando as irmãs e null à sua volta.
- Vai sim, vamos turistar pela Austrália. - null sorriu, animando-se junto com null.
- Não é uma super road trip, pois não é tão longe, mas vai ser legal. - null deu de ombros. - null, está preparada para aguentar esses dois numa viagem de sete horas?
- Preparada a gente nunca está, mas é o que teremos para o momento. - brincou, recebendo um dedo do meio de null.
- Posso falar para ele? - null perguntou.
- Olha a cara de irmã boba que a null está, null, é claro que pode falar para ele, o coração dela amoleceu com a sua paixão. - null zombou, não perdendo a oportunidade, e recebeu um rolar de olhos da mulher.
- Pode falar se quiser, null, mas uma surpresa também é legal. Vamos organizar as ideias e ver onde podemos ficar e tudo mais. Vou pegar o computador para aproveitar a animação. - ela se levantou. - E você, pirralho, já pense se tem algum lugar que quer também. Espero que sim, e que seja distante de Melbourne.
- É, acho que você tem razão em relação à surpresa. - null sorriu animada.
null estava saindo do banho quando ouviu o telefone tocar, chamando sua atenção. Pegou o aparelho e riu ao ver uma mensagem de null.
[null]: null, tem como dar uma enrolada nas null para conversarmos?
[null]: Conversarmos? Nossa, que sério, cara Hahahahaha Logo apareço aí.
O garoto vestiu a roupa rapidamente e desceu as escadas, encontrando null largada no sofá.
- Ei, estou indo ali no null, tá? Logo estou de volta. - ela levantou apenas o polegar para o garoto, concordando.
- Alguém morreu? - perguntou quando null abriu a porta.
- Eu estou quase morrendo por estar acontecendo uma coisa e eu não poder contar para ninguém. - riu, dando um rápido abraço em null.
- Opa, ninguém sou eu mesmo. - brincou, entrando na casa. - Não existe mais ninguém que eu, principalmente se for para saber o que te aflige. - zombou.
- Olha o nível do meu desespero, contando minha vida para um garoto de 18 anos. - riu, chamando com a mão para que null se sentasse.
- Ah, não, pegou a neura da null e da null, está passando muito tempo com elas.
- Nem me fala das null, meu problema é uma delas. - passou a mão pelos cabelos.
- Desenrola, null. - o garoto arregalou os olhos, curioso.
- Lembra de ontem que eu dei uma sumida? - null assentiu. – Eu encontrei a null, e ficamos. Hoje mais cedo ela veio aqui e ficamos de novo.
- Ah, null! - null bateu nas costas do amigo, sorrindo. - Finalmente! Por isso não está se aguentando aí.
- Nossa, essa mulher é incrível. - sorriu, lembrando-se. - Mas eu estou proibido de contar sobre nós para qualquer uma das null, e você também. Então, não comenta isso com ninguém, foi difícil conseguir essa mulher.
- Eu nem sei de nada, sou ninguém. Amigos, amigos, as null à parte. - o mais novo deu de ombros, sorrindo. - Foi bom contar? Aliviou a cabeça? - riu. - E o principal: foi bom? Está feliz? Você sabe que vai ser difícil.
- Valeu, cara. - sorriu, aliviado. - Aliviou demais. Se foi bom? Foi o melhor impossível, aquela mulher ela... - null cortou-se com o olhar que null tinha para ele. - Enfim, foi bom.
- Ah, null, anos depois e você ainda não superou mesmo. - riu. - E nem ela, por sinal. Claramente null não se aguenta quando olha para você.
- Estou sem expectativas, ela já deixou claro que não vai ficar aqui, não posso me apaixonar de novo por ela, vai ser uma droga.
- Vai nada. Se tem uma coisa que percebi nela, é que está confusa. Aproveita esse momento para dar algo para ela se apegar. - deu de ombros. - Ficar muito tempo com elas é bom para aprender um pouco.
- Desde quando você ficou tão sábio? - null o olhou, curioso.
- Não sou sábio, só passo tempo demais com a sua amada. - gargalhou. - Estou aqui para te apoiar, você foi legal comigo desde o começo, é meu “obrigado”.
- Eu que agradeço, de verdade. Estamos aí para isso. Se precisar de algo, sabe que pode contar comigo também.
- Mas, fala aí... O que você acha da capital da Austrália?
Capítulo Oito
- Meu Deus, eu estou morta. - null se jogou em cima de null no sofá.
- Para de drama, você só pegou uma mala, null. - ele riu, afagando as costas da amiga. - Quem teve todo o trabalho fui eu.
- Mas você é homem e mais forte que eu, não vale.
- Gente, temos que sair logo, se quisermos chegar na hora do almoço, levantem logo desse sofá! - null apareceu na frente dos dois mais novos.
- Sim, senhora! - a mais nova fez continência, se levantou de cima do amigo no sofá e ele fez o mesmo.
- Que bom que pelo menos as malas já estão no carro. Só precisamos fazer alguns lanchinhos para viagem. - null disse, se dirigindo até a cozinha.
- Bem, ainda bem que já fiz isso, né, null? - null desceu as escadas e foi até a cozinha. - Sou uma mulher prevenida.
- Definitivamente, null. - null sorriu, indo para a cozinha para ajudá-la.
- Ok. - null levantou as mãos, desistindo.
- Falta pegarmos mais alguma coisa, gente? Vou subir para pegar meu celular e já vou para o carro.
- Creio que não, vamos de uma vez. - null voltou da cozinha, pegando a chave do carro.
- Tá. Já venho. - null saiu correndo da cozinha até o andar de cima. Pegou o que tinha que pegar e desceu novamente. - YAY! Road trip! - ela deu um pequeno pulinho, animada.
- Yay! - null imitou a amiga, só que com menos entusiasmo, apenas para zoar com ela. Colocou as mãos nos ombros da garota e os direcionou até a saída da casa.
- Entrem aí e calem a boca. - null mandou e logo entrou no carro, sendo seguida pelos outros. - Toma. - ela entregou uma bolsa com lanches para que null cuidasse. - null, o que tanto olha para casa do vizinho? - null questionou de cenho franzido.
- Ele está triste porque não se despediu do null, o papai. - null riu do amigo.
- Sim, estou muito triste, não vê? - ele limpou as lágrimas inexistentes. - Pé na estrada, null.
×××
A cidade de Camberra era bem bonita. Não tanto quanto Melbourne, mas ainda assim, bonita. Os mais novos estavam bem elétricos, cantaram a viagem toda e até conseguiram levantar null, o que irritou bastante null. Ela estava com os ouvidos doendo e uma dor de cabeça horrível.
- Graças a Deus, chegamos! - null disse ao estacionar em frente do hotel no qual ficariam aqueles dias. Todos saíram e um dos funcionários pegou a chave do carro de null, enquanto os outros descarregavam as malas do carro. - Vamos entrar, crianças. - ela disse, com os mais novos na calçada esperando por ela e null.
- Você só pode estar de brincadeira com a minha cara! Isso é perseguição agora? - null encarou a recepção do hotel, encontrando uma surpresa.
- Olá, galera! Que coincidência, não? - null abriu um sorriso. null acabou rindo da cara de pau do homem.
- Cara, que coincidência, realmente! - null riu, dando tapinhas nas costas do amigo.
- Como assim, mano? Isso está é muito estranho. Por que você está aqui na nossa road trip de família e agregado? - null apontou com a cabeça pra null.
- Eu fui convidado pelo null, somos amigos, esqueceram? Não é por isso que estão aqui? - null respondeu, pegando a chave de seu quarto, dando espaço para o próximo.
- Sim, e não. - null o respondeu. - Viemos para conhecermos a Universidade de Camberra.
- Temos futuros universitários aqui. - null apontou para os mais novos. - E acredito que são futuros universitários da Austrália mesmo. - ela abraçou null de lado, animada.
- Ok, você está bem animada para alguém que passou sete horas dirigindo. - riu da irmã.
- É a dor controlando meu corpo. - respondeu, se adiantando na recepção para pegar os quartos.
- Agora conta para mim, null, foi por causa do show mesmo ou você deu uma de stalker para o lado da minha irmã? - null deu uma cutucada com o cotovelo no rapaz. - Não vou te repreender, mas que está estranho, isso tá.
- Você nunca vai saber. - piscou para ela, pegando suas coisas e caminhando até o elevador.
- E nem preciso de resposta mesmo. - deu de ombros, indo até uma null desinteressada. - E aí? O que achou dele aqui?
- Previsível. - null deu de ombros.
- Ah, nem é tão previsível, vai… - null comentou.
- null, você foi o único que não ficou surpreso com ele aqui, você sabia? - null arqueou a sobrancelha.
- Claro que fiquei surpreso. - reclamou, falando rapidamente. – Mas, sei lá, né? Ele é amigo do null, e eles parecem bem próximos. É um show importante para ele, é uma cidade diferente da que ele sempre tá. - null deu de ombros.
- Podemos? - null perguntou, se aproximando do grupo com alguns cartões magnéticos, as chaves dos quartos. - Estou morta.
×××
- null, você tem certeza de que também não quer ver alguma faculdade? - null perguntou enquanto estacionava em frente à Universidade de Camberra.
- Tenho, tudo que pesquisei direciona para Melbourne, onde tem os melhores cursos e tudo mais. Se a null gostar mesmo daqui, posso considerar ver algo. - deu de ombros, sorrindo para melhor amiga.
- Que fofinho. - null encarou os dois.
- Para onde eu for, ele vai. Ponto. - a mais nova riu e saiu do carro, olhando bem em volta. A universidade era bem bonita, era rodeada de árvores e o seu prédio, pelo que havia visto, tinha sido reformado recentemente. Por ser verão, a faculdade estava sem estudantes. Só tinha pessoas visitando o campus, assim como eles estavam fazendo ali.
- Não vou reclamar de vocês ficarem em Melbourne. - null deu de ombros. - Tenho que confessar o quanto eu ficaria feliz em poder ter vocês por perto.
- Vocês. - null repetiu, rindo, e recebeu um dedo do meio de null.
- Quero todo mundo mesmo em Melbourne, assim, quando eu for visitar, ficará mais fácil. - null sorriu.
- Não quero entrar nesse ponto agora, mas você não tem nada te prendendo em Dublin, não se esqueça. - null falou, descendo do carro antes de ouvir a reclamação da mais velha.
- Ai, gente, só vamos olhar, não quer dizer que eu e null vamos estudar já aqui. - a garota revirou os olhos com o drama.
- Nós sabemos, pirralha. Mas deixa a gente planejar o futuro, é nossa obrigação. - null rebateu.
- null, você é chata demais. - null concordou com null.
- Se ficar enrolando, vai perder seu horário. - null comentou, apontando para entrada do prédio. - Nós vamos dar uma volta por aqui.
null seguiu o instrutor com mais alguns potenciais alunos, e o rapaz foi mostrando cada local da Universidade, contando a história por trás. null prestava bastante atenção, comparando a todo momento com as coisas que tinha visualizado na Universidade de Melbourne pela internet. Era impossível não comparar tudo a outra faculdade. Talvez estivesse mais que claro que ela não queria estudar ali, mas o que custava olhar sem compromisso? Em Camberra ela teria que pesar muito mais a questão financeira e as horas longe da irmã, do que se fosse para a de Melbourne.
Apesar da brincadeira que havia feito mais cedo, ela também tinha que pensar no seu amigo. Camberra não tinha tanto renome quanto a de Melbourne. Tudo o que faziam era juntos, desde crianças, e não seria agora que seria diferente. Queria ter alguém para compartilhar os estresses da faculdade, melhor ainda se fosse da mesma faculdade. Sim, ali, naquele momento de reflexão, enquanto o instrutor explicava a faculdade e suas salas, ela tomou a decisão. Não iria estudar em Camberra nem que a pagassem para fazer.
Saiu do meio do grupo e correu, procurando pelas irmãs e por null, até que enfim os encontrou, sentados em um banco, conversando.
- Não gostei.
- Mas já? A visita ainda não acabou, null. - null respondeu. - Tem certeza?
- Sim. Podemos ir?
- Mas qual foi o motivo? Tem que ter motivo, null. - null a encarava, curiosa.
- Não tem. Só não gostei. - ela olhava para longe.
A menina não queria encarar a todos. Não queria assumir que não queria ficar longe deles. Aquilo soaria estranho vindo dela.
- Que seja, vamos embora então. - null encerrou o assunto, levantando-se do banco.
- Desculpem ter trazido vocês aqui e ter terminado assim, tá? Só… Não curti. - ela disse enquanto andavam até o carro.
Na porta, havia algumas pessoas entregando uns panfletos de um festival de bandas novas que haveria no sábado à noite. A garota pegou e leu, sorrindo ao ver de quem se tratava.
- Olhem, gente, é do null.
- Que incrível! - null exclamou. - Acho que vai encher, estão pegando os prováveis universitários. Sempre uma boa turma. - riu.
- A banda do seu namorado é inteligente, null. - null alfinetou a irmã, sabendo que ela rebateria.
- Eu sei que sim, ainda bem que tirei a sorte grande, não? - mandou beijinhos no ar.
- Então evoluiu para um namoro mesmo? Ia contar quando? - null questionou.
- Para que rotular algo assim? Tá tão bom… Não precisamos disso, null. Você deveria seguir meu conselho também. - a garota brincou.
- Se eu quiser rotular de groupie, tá tudo bem? - null zombou.
- Groupie não. Groupie soa feio. Que tal a melhor e maior fã do The Sixx?
- Foi brincadeira, pirralha, não precisamos rotular. - abraçou a irmã. - Mas talvez única fã do The Sixx também sirva. - deu de ombros, esperando o olhar mortal que receberia.
- É por isso que ninguém te quer, null. Não sei por que o null te aguenta.
- Simples, porque ele te aguenta.
- Eu sou um amor perto de você. Não é, null? Fala para ela.
O garoto olhou de null para null e levantou os braços.
- Não me meta nisso.
- As duas são insuportáveis, pronto. - null salvou o rapaz. - Somos guerreiros, null.
- Falou a flor do campo. - null rebateu. - Simpática que só, né? null que o diga.
- null, null e null. Só tem esse argumento, sabemos a verdade, sou a irmã mais legal, porque sou a primeira.
- null, esse é o único argumento porque ele sempre te pega. - null riu. - Suas reações são as melhores.
- Na verdade, isso só mostra que vocês não têm nada melhor para falar de mim e ficam na mesma tecla sempre. - null abriu um sorrisinho irônico.
- Mas vocês estão de boa, né? Pois tem um lugar legal para irmos mais tarde, podíamos chamar ele. - null perguntou.
- Se ele for ou não, zero diferença na minha vida. - null a encarou de cenho franzido, ela sabia muito bem mentir, seria habilidade das null?
×××
- Lanches, bar, jogos, gente estranha, isso aqui é incrível.
O local era realmente interessante, fugindo do básico. Era possível ver tantas coisas ao mesmo tempo, que podiam se perder no que chamava mais atenção.
A entrada era simples, mas dando o primeiro passo para dentro, podiam se maravilhar com um ótimo cheiro, uma música alta, mas agradável, e pessoas diferentes. Muitos adolescentes aproveitavam o lugar em grupo, vestidos com diversas fantasias dos mais variados filmes e vídeo games. Além do bar e restaurante, diversos jogos estavam espalhados, fossem tabuleiros ou máquinas com um ar bem antigo.
- Comer ou jogar, essa é a questão! - null riu, olhando deslumbrado para o local.
- Os dois ao mesmo tempo parece uma boa opção. - null respondeu, também encarando cada detalhe.
- Fazia muito tempo que eu não vinha em um lugar assim, duvido alguém ganhar de mim no Guitar Hero. - null olhava encantada o lugar.
- Estou morrendo de sede, vou pegar uma água primeiro. Querem pegar um lugar? - null falou.
- Ganhei! Eu falei que ninguém era páreo para mim. - null comemorava com uma dancinha engraçada por ter ganhado de null.
- Não foi justo! - null reclamou, jogando a guitarra para null. - Eu não jogava faz tempo. E foi só minha primeira, tem volta. - fez bico e afastou-se, observando null se preparar e parando ao lado de null e null, que já haviam perdido também.
- Conversa de mal perdedor. - null rebateu, se preparando para os acordes iniciais da música.
- Vai, null! - null gritou, torcendo para que ele finalmente tirasse null dali.
- Ela não vai se concentrar jogando com ele. - null falou, dando de ombros.
- Isso vai ser divertido de assistir. - null riu.
null estava atenta, nem piscava, era muito competitiva em tudo e as irmãs sabiam bem como era.
- Não me subestime, null. - ela já liderava o jogo no solo de Slash em Sweet Child O' Mine. null estava errando bastante.
- null, acho que a null está precisando de um beijinho para acalmar os nervos. - null falou, tentando desconcentrar a mais velha.
- Cala a boca, se eu beijasse o null ele perderia de vez mesmo. - null sorriu, vitoriosa.
- Alguém ganha logo dessa menina? Vai, null. - null comentou.
- Por favor, vença dela logo para tirar essa carinha presunçosa. - null pulou em cima de null, animada.
- Estou tentando, mas ela é bem competitiva, não lembrava desse lado dela. - null tentou, mas já não dava mais para ganhar.
- Eu desisto, ele vai perder isso aí, vou jogar outra coisa. - null bufou, olhando em volta. - null, quer ir ali no negócio de realidade virtual comigo? Não quero ir sozinha. - ela fez bico.
- Bora lá, null. - null desceu da banqueta e foi até a irmã.
- Promete que não vai me zoar? Vou parecer uma idiota com aqueles óculos. - falou, enquanto já andavam em direção ao aglomerado de pessoas que usavam o jogo.
- Prometo. Até porque dependendo do jogo, eu vou parir um filho também.
As duas irmãs foram até onde os jogos de realidade virtual ficavam. Uma galerinha estava jogando também, ao lado, então pelo menos elas não passariam vergonha sozinhas.
- Quem vai primeiro? Eu ou você? - a mais nova questionou.
- Você! - null respondeu, rapidamente.
- Cagona. - ela riu e entregou o celular para a irmã. - Me filma aí, então. Vou tentar não passar vergonha.
null colocou os óculos e automaticamente começou a rir, fazendo todos em volta se juntarem a ela. null filmava enquanto a garota se mexia rapidamente e falava alto, esquecendo que era apenas uma realidade alternativa, mostrando que estava imersa de verdade na situação.
Enquanto filmava a irmã mais nova, null sorriu ao ver null as observando. O garoto tinha um sorriso no rosto e a encarava, mesmo de longe. Ela viu que null e null ainda se matavam, mas agora rindo um do outro durante os erros na segunda música que tocavam. null balançou a cabeça, pensando que null deveria ir até elas, já que estava sozinho. Antes que ela pudesse pensar em chamá-lo, ele já estava caminhando e parava ao lado dela, dando de ombros.
null respirou fundo e fez bico, tirando os óculos.
- Surtei. Mas você vai adorar, foi divertido até.
- Vamos lá. - null riu, pegando os óculos. - Não riam de mim, por favor.
- Não prometo nada. - null respondeu prontamente.
- Não peça isso para mim. - null observou a irmã. - Agora vá.
- Minha chance de te humilhar de volta. - null falou, se aproximando da máquina de Mortal Kombat junto de null e null. - Você ficou rindo de mim, é uma péssima pessoa.
- Você sabe que minhas chances de te humilhar de novo são maiores, né? - o menino respondeu, parando em frente à máquina.
- Não são, fique em paz. - ela deu de ombros, estralando os dedos e se posicionando do lado direito.
- Vai, null! - null comentou, sabendo que isso deixaria a irmã brava.
- null! É sério isso? - comentou null, revoltada.
- Só para ter alguém por você, hoje sou time null! - null deu um soquinho no ar, motivando a irmã.
- Torcida de consolação, ótimo. - ela revirou os olhos. - Vamos lá, pirralho.
- Para de drama. - a mais nova revirou os olhos
- Eu estou torcendo por você, null! Arrebenta o null! - null riu.
- Quero a Sheeva. - null selecionou a personagem, vendo null escolher Scorpion.
A garota respirou fundo e aguardou a finalização da contagem para começar a apertar os botões da melhor forma que sabia. É claro que apertando as teclas certas seria bom, mas nunca parecia interessante o suficiente, ao menos, não mais do que apertar todos ao mesmo tempo, e ficar pulando de um lado para o outro o tempo todo para irritar o adversário.
- Eu não acho que você realmente saiba jogar isso, null. - null riu, vendo a “tática” da mulher.
- Você que não sabe, afinal, está perdendo. - ela apontou com a cabeça para a barra de vida do personagem do garoto que já havia sido atingido diversas vezes pelos quatro braços de Sheeva.
- Não mais. - ele riu, usando seu especial, a maldita corda, e diminuindo a barra de vida de null quase completamente em uma única vez.
- Ei, vamos apostar? -null cochichou para null e null.
- Aposto no null, null está muito descontrolada. - null cochichou de volta.
- Como adoro uma boa competição e se tratando de mulher contra homem, aposto na null. Faremos aposta de dinheiro ou algum mico?
- Mico. - null respondeu. - Continuo na null.
- Qual vai ser o mico? O perdedor da aposta terá que andar de peça íntima no corredor dos quartos do hotel e bater na porta de todo mundo?
- Feito. - null esfregou as mãos com um sorrisinho diabólico.
- Que vença o melhor. - null olhou para null. - Vença dele, null!
- null, eu achei que você era meu amigo. - null reclamou, ignorando os demais, aguardando o início do último round.
- Jogo é jogo. - ele deu de ombros, rindo. - E você quem pediu por isso, competitividade é algo ruim, viu? - zombou.
- Não é, é ela que vai me fazer ganhar.
- Vai, null! - null comentou.
null decidiu seguir as regras naquele último round, usando os botões corretamente. Porém, null estava realmente motivado, e em pouco tempo já tinha conseguido acertar a personagem da garota diversas vezes.
- Caralho! - null gritou, se descontrolando novamente e batendo nos botões de forma descoordenada como já havia feito desde o início, mas dessa vez usando-os para descontar a raiva, jogando toda sua força neles.
- null, para de ser boba, você vai se machucar. - ele riu, vendo-a atingir a máquina diversas vezes, cada vez com mais força. - Aí, já acabou, não tem como ganhar.... - ele apontou para tela com uma mão e tentou segurar a mão da mulher com a outra, a colocando embaixo dos botões que ela batia com tanta vontade. Antes que null pudesse perceber o que aconteceria, null acertou sua mão com um soco, com ainda mais força do que deveria atingir o painel, descontando a raiva do final da partida.
- null. Meu Deus! - a mulher gritou, vendo lágrimas surgirem automaticamente nos olhos do garoto enquanto sua mão ficava vermelha, já que o dorso da mão havia sido prensado nos botões com o impacto.
- Quando eu disse para você arrebentar o null, não era para ter levado a sério. - null ria discretamente.
- null, me perdoa, nossa. - null falava, desesperada. - Meu Deus, não é possível que eu tenha machucado sua mão! Qual o seu problema, por que você fez isso? - falou, nervosa.
- Eu? - o garoto tentava respirar fundo e controlar a dor. Não queria dobrar a mão, pois, mais do que o impacto da mão de null contra a sua, o que doeria quase nada, o dorso de sua mão sentia os botões ainda grudados em sua pele, pois estavam marcados ali como arranhões. - Eu não fiz nada, você quem fez, você me acertou, null! - ele reclamou.
- Me perdoa! - null resmungava, estava aflita com a ideia de ter conseguido machucar o garoto em uma brincadeira tão boba, havia sido sem querer, mas era fruto de sua idiotice. Resumidamente, se lembraria de não ser tão competitiva.
- Acho melhor irmos, não? - null mordia os lábios, tentando não rir da cena.
- Eu acho melhor. - null concordou, andando até o amigo. - null, vamos, vem. - ela segurou a mão do garoto, que a encarava, ainda tentando respirar fundo enquanto olhava para mão avermelhada. - Mas gente, quem perdeu a aposta? - ela olhou para os lados, procurando por resposta.
- null. - null falou alto, repreendendo-a. A mulher estava realmente chateada e envergonhada com o que havia acontecido. Ela não conseguia encarar o garoto, que tentava também não olhar para ela, dividindo seu olhar entre a mão avermelhada e dolorida, e a conversa dos outros enquanto andavam até o lado de fora.
- null ganhou, null, então eu ganhei. - null sorriu. - Quero os dois de peças íntimas hoje!
- Nem fodendo. Eles não terminaram o jogo. - null ralhou.
- Até a null se descontrolar, ele ganhava, então sejam bons perdedores e cumpram a aposta. - null deu de ombros.
- Não valeu, não, null. Está tão louca assim para me ver pelado de novo? - sussurrou o final da frase no ouvido dela.
- Imbecil! - fingiu não se importar com o comentário dele.
- Belo jeito de se terminar uma noite, não? - a garota zombou com o melhor amigo.
- Cala a boca, null, puta merda. - null reclamou.
- Para de drama, você só pegou uma mala, null. - ele riu, afagando as costas da amiga. - Quem teve todo o trabalho fui eu.
- Mas você é homem e mais forte que eu, não vale.
- Gente, temos que sair logo, se quisermos chegar na hora do almoço, levantem logo desse sofá! - null apareceu na frente dos dois mais novos.
- Sim, senhora! - a mais nova fez continência, se levantou de cima do amigo no sofá e ele fez o mesmo.
- Que bom que pelo menos as malas já estão no carro. Só precisamos fazer alguns lanchinhos para viagem. - null disse, se dirigindo até a cozinha.
- Bem, ainda bem que já fiz isso, né, null? - null desceu as escadas e foi até a cozinha. - Sou uma mulher prevenida.
- Definitivamente, null. - null sorriu, indo para a cozinha para ajudá-la.
- Ok. - null levantou as mãos, desistindo.
- Falta pegarmos mais alguma coisa, gente? Vou subir para pegar meu celular e já vou para o carro.
- Creio que não, vamos de uma vez. - null voltou da cozinha, pegando a chave do carro.
- Tá. Já venho. - null saiu correndo da cozinha até o andar de cima. Pegou o que tinha que pegar e desceu novamente. - YAY! Road trip! - ela deu um pequeno pulinho, animada.
- Yay! - null imitou a amiga, só que com menos entusiasmo, apenas para zoar com ela. Colocou as mãos nos ombros da garota e os direcionou até a saída da casa.
- Entrem aí e calem a boca. - null mandou e logo entrou no carro, sendo seguida pelos outros. - Toma. - ela entregou uma bolsa com lanches para que null cuidasse. - null, o que tanto olha para casa do vizinho? - null questionou de cenho franzido.
- Ele está triste porque não se despediu do null, o papai. - null riu do amigo.
- Sim, estou muito triste, não vê? - ele limpou as lágrimas inexistentes. - Pé na estrada, null.
A cidade de Camberra era bem bonita. Não tanto quanto Melbourne, mas ainda assim, bonita. Os mais novos estavam bem elétricos, cantaram a viagem toda e até conseguiram levantar null, o que irritou bastante null. Ela estava com os ouvidos doendo e uma dor de cabeça horrível.
- Graças a Deus, chegamos! - null disse ao estacionar em frente do hotel no qual ficariam aqueles dias. Todos saíram e um dos funcionários pegou a chave do carro de null, enquanto os outros descarregavam as malas do carro. - Vamos entrar, crianças. - ela disse, com os mais novos na calçada esperando por ela e null.
- Você só pode estar de brincadeira com a minha cara! Isso é perseguição agora? - null encarou a recepção do hotel, encontrando uma surpresa.
- Olá, galera! Que coincidência, não? - null abriu um sorriso. null acabou rindo da cara de pau do homem.
- Cara, que coincidência, realmente! - null riu, dando tapinhas nas costas do amigo.
- Como assim, mano? Isso está é muito estranho. Por que você está aqui na nossa road trip de família e agregado? - null apontou com a cabeça pra null.
- Eu fui convidado pelo null, somos amigos, esqueceram? Não é por isso que estão aqui? - null respondeu, pegando a chave de seu quarto, dando espaço para o próximo.
- Sim, e não. - null o respondeu. - Viemos para conhecermos a Universidade de Camberra.
- Temos futuros universitários aqui. - null apontou para os mais novos. - E acredito que são futuros universitários da Austrália mesmo. - ela abraçou null de lado, animada.
- Ok, você está bem animada para alguém que passou sete horas dirigindo. - riu da irmã.
- É a dor controlando meu corpo. - respondeu, se adiantando na recepção para pegar os quartos.
- Agora conta para mim, null, foi por causa do show mesmo ou você deu uma de stalker para o lado da minha irmã? - null deu uma cutucada com o cotovelo no rapaz. - Não vou te repreender, mas que está estranho, isso tá.
- Você nunca vai saber. - piscou para ela, pegando suas coisas e caminhando até o elevador.
- E nem preciso de resposta mesmo. - deu de ombros, indo até uma null desinteressada. - E aí? O que achou dele aqui?
- Previsível. - null deu de ombros.
- Ah, nem é tão previsível, vai… - null comentou.
- null, você foi o único que não ficou surpreso com ele aqui, você sabia? - null arqueou a sobrancelha.
- Claro que fiquei surpreso. - reclamou, falando rapidamente. – Mas, sei lá, né? Ele é amigo do null, e eles parecem bem próximos. É um show importante para ele, é uma cidade diferente da que ele sempre tá. - null deu de ombros.
- Podemos? - null perguntou, se aproximando do grupo com alguns cartões magnéticos, as chaves dos quartos. - Estou morta.
- null, você tem certeza de que também não quer ver alguma faculdade? - null perguntou enquanto estacionava em frente à Universidade de Camberra.
- Tenho, tudo que pesquisei direciona para Melbourne, onde tem os melhores cursos e tudo mais. Se a null gostar mesmo daqui, posso considerar ver algo. - deu de ombros, sorrindo para melhor amiga.
- Que fofinho. - null encarou os dois.
- Para onde eu for, ele vai. Ponto. - a mais nova riu e saiu do carro, olhando bem em volta. A universidade era bem bonita, era rodeada de árvores e o seu prédio, pelo que havia visto, tinha sido reformado recentemente. Por ser verão, a faculdade estava sem estudantes. Só tinha pessoas visitando o campus, assim como eles estavam fazendo ali.
- Não vou reclamar de vocês ficarem em Melbourne. - null deu de ombros. - Tenho que confessar o quanto eu ficaria feliz em poder ter vocês por perto.
- Vocês. - null repetiu, rindo, e recebeu um dedo do meio de null.
- Quero todo mundo mesmo em Melbourne, assim, quando eu for visitar, ficará mais fácil. - null sorriu.
- Não quero entrar nesse ponto agora, mas você não tem nada te prendendo em Dublin, não se esqueça. - null falou, descendo do carro antes de ouvir a reclamação da mais velha.
- Ai, gente, só vamos olhar, não quer dizer que eu e null vamos estudar já aqui. - a garota revirou os olhos com o drama.
- Nós sabemos, pirralha. Mas deixa a gente planejar o futuro, é nossa obrigação. - null rebateu.
- null, você é chata demais. - null concordou com null.
- Se ficar enrolando, vai perder seu horário. - null comentou, apontando para entrada do prédio. - Nós vamos dar uma volta por aqui.
null seguiu o instrutor com mais alguns potenciais alunos, e o rapaz foi mostrando cada local da Universidade, contando a história por trás. null prestava bastante atenção, comparando a todo momento com as coisas que tinha visualizado na Universidade de Melbourne pela internet. Era impossível não comparar tudo a outra faculdade. Talvez estivesse mais que claro que ela não queria estudar ali, mas o que custava olhar sem compromisso? Em Camberra ela teria que pesar muito mais a questão financeira e as horas longe da irmã, do que se fosse para a de Melbourne.
Apesar da brincadeira que havia feito mais cedo, ela também tinha que pensar no seu amigo. Camberra não tinha tanto renome quanto a de Melbourne. Tudo o que faziam era juntos, desde crianças, e não seria agora que seria diferente. Queria ter alguém para compartilhar os estresses da faculdade, melhor ainda se fosse da mesma faculdade. Sim, ali, naquele momento de reflexão, enquanto o instrutor explicava a faculdade e suas salas, ela tomou a decisão. Não iria estudar em Camberra nem que a pagassem para fazer.
Saiu do meio do grupo e correu, procurando pelas irmãs e por null, até que enfim os encontrou, sentados em um banco, conversando.
- Não gostei.
- Mas já? A visita ainda não acabou, null. - null respondeu. - Tem certeza?
- Sim. Podemos ir?
- Mas qual foi o motivo? Tem que ter motivo, null. - null a encarava, curiosa.
- Não tem. Só não gostei. - ela olhava para longe.
A menina não queria encarar a todos. Não queria assumir que não queria ficar longe deles. Aquilo soaria estranho vindo dela.
- Que seja, vamos embora então. - null encerrou o assunto, levantando-se do banco.
- Desculpem ter trazido vocês aqui e ter terminado assim, tá? Só… Não curti. - ela disse enquanto andavam até o carro.
Na porta, havia algumas pessoas entregando uns panfletos de um festival de bandas novas que haveria no sábado à noite. A garota pegou e leu, sorrindo ao ver de quem se tratava.
- Olhem, gente, é do null.
- Que incrível! - null exclamou. - Acho que vai encher, estão pegando os prováveis universitários. Sempre uma boa turma. - riu.
- A banda do seu namorado é inteligente, null. - null alfinetou a irmã, sabendo que ela rebateria.
- Eu sei que sim, ainda bem que tirei a sorte grande, não? - mandou beijinhos no ar.
- Então evoluiu para um namoro mesmo? Ia contar quando? - null questionou.
- Para que rotular algo assim? Tá tão bom… Não precisamos disso, null. Você deveria seguir meu conselho também. - a garota brincou.
- Se eu quiser rotular de groupie, tá tudo bem? - null zombou.
- Groupie não. Groupie soa feio. Que tal a melhor e maior fã do The Sixx?
- Foi brincadeira, pirralha, não precisamos rotular. - abraçou a irmã. - Mas talvez única fã do The Sixx também sirva. - deu de ombros, esperando o olhar mortal que receberia.
- É por isso que ninguém te quer, null. Não sei por que o null te aguenta.
- Simples, porque ele te aguenta.
- Eu sou um amor perto de você. Não é, null? Fala para ela.
O garoto olhou de null para null e levantou os braços.
- Não me meta nisso.
- As duas são insuportáveis, pronto. - null salvou o rapaz. - Somos guerreiros, null.
- Falou a flor do campo. - null rebateu. - Simpática que só, né? null que o diga.
- null, null e null. Só tem esse argumento, sabemos a verdade, sou a irmã mais legal, porque sou a primeira.
- null, esse é o único argumento porque ele sempre te pega. - null riu. - Suas reações são as melhores.
- Na verdade, isso só mostra que vocês não têm nada melhor para falar de mim e ficam na mesma tecla sempre. - null abriu um sorrisinho irônico.
- Mas vocês estão de boa, né? Pois tem um lugar legal para irmos mais tarde, podíamos chamar ele. - null perguntou.
- Se ele for ou não, zero diferença na minha vida. - null a encarou de cenho franzido, ela sabia muito bem mentir, seria habilidade das null?
- Lanches, bar, jogos, gente estranha, isso aqui é incrível.
O local era realmente interessante, fugindo do básico. Era possível ver tantas coisas ao mesmo tempo, que podiam se perder no que chamava mais atenção.
A entrada era simples, mas dando o primeiro passo para dentro, podiam se maravilhar com um ótimo cheiro, uma música alta, mas agradável, e pessoas diferentes. Muitos adolescentes aproveitavam o lugar em grupo, vestidos com diversas fantasias dos mais variados filmes e vídeo games. Além do bar e restaurante, diversos jogos estavam espalhados, fossem tabuleiros ou máquinas com um ar bem antigo.
- Comer ou jogar, essa é a questão! - null riu, olhando deslumbrado para o local.
- Os dois ao mesmo tempo parece uma boa opção. - null respondeu, também encarando cada detalhe.
- Fazia muito tempo que eu não vinha em um lugar assim, duvido alguém ganhar de mim no Guitar Hero. - null olhava encantada o lugar.
- Estou morrendo de sede, vou pegar uma água primeiro. Querem pegar um lugar? - null falou.
- Ganhei! Eu falei que ninguém era páreo para mim. - null comemorava com uma dancinha engraçada por ter ganhado de null.
- Não foi justo! - null reclamou, jogando a guitarra para null. - Eu não jogava faz tempo. E foi só minha primeira, tem volta. - fez bico e afastou-se, observando null se preparar e parando ao lado de null e null, que já haviam perdido também.
- Conversa de mal perdedor. - null rebateu, se preparando para os acordes iniciais da música.
- Vai, null! - null gritou, torcendo para que ele finalmente tirasse null dali.
- Ela não vai se concentrar jogando com ele. - null falou, dando de ombros.
- Isso vai ser divertido de assistir. - null riu.
null estava atenta, nem piscava, era muito competitiva em tudo e as irmãs sabiam bem como era.
- Não me subestime, null. - ela já liderava o jogo no solo de Slash em Sweet Child O' Mine. null estava errando bastante.
- null, acho que a null está precisando de um beijinho para acalmar os nervos. - null falou, tentando desconcentrar a mais velha.
- Cala a boca, se eu beijasse o null ele perderia de vez mesmo. - null sorriu, vitoriosa.
- Alguém ganha logo dessa menina? Vai, null. - null comentou.
- Por favor, vença dela logo para tirar essa carinha presunçosa. - null pulou em cima de null, animada.
- Estou tentando, mas ela é bem competitiva, não lembrava desse lado dela. - null tentou, mas já não dava mais para ganhar.
- Eu desisto, ele vai perder isso aí, vou jogar outra coisa. - null bufou, olhando em volta. - null, quer ir ali no negócio de realidade virtual comigo? Não quero ir sozinha. - ela fez bico.
- Bora lá, null. - null desceu da banqueta e foi até a irmã.
- Promete que não vai me zoar? Vou parecer uma idiota com aqueles óculos. - falou, enquanto já andavam em direção ao aglomerado de pessoas que usavam o jogo.
- Prometo. Até porque dependendo do jogo, eu vou parir um filho também.
As duas irmãs foram até onde os jogos de realidade virtual ficavam. Uma galerinha estava jogando também, ao lado, então pelo menos elas não passariam vergonha sozinhas.
- Quem vai primeiro? Eu ou você? - a mais nova questionou.
- Você! - null respondeu, rapidamente.
- Cagona. - ela riu e entregou o celular para a irmã. - Me filma aí, então. Vou tentar não passar vergonha.
null colocou os óculos e automaticamente começou a rir, fazendo todos em volta se juntarem a ela. null filmava enquanto a garota se mexia rapidamente e falava alto, esquecendo que era apenas uma realidade alternativa, mostrando que estava imersa de verdade na situação.
Enquanto filmava a irmã mais nova, null sorriu ao ver null as observando. O garoto tinha um sorriso no rosto e a encarava, mesmo de longe. Ela viu que null e null ainda se matavam, mas agora rindo um do outro durante os erros na segunda música que tocavam. null balançou a cabeça, pensando que null deveria ir até elas, já que estava sozinho. Antes que ela pudesse pensar em chamá-lo, ele já estava caminhando e parava ao lado dela, dando de ombros.
null respirou fundo e fez bico, tirando os óculos.
- Surtei. Mas você vai adorar, foi divertido até.
- Vamos lá. - null riu, pegando os óculos. - Não riam de mim, por favor.
- Não prometo nada. - null respondeu prontamente.
- Não peça isso para mim. - null observou a irmã. - Agora vá.
- Minha chance de te humilhar de volta. - null falou, se aproximando da máquina de Mortal Kombat junto de null e null. - Você ficou rindo de mim, é uma péssima pessoa.
- Você sabe que minhas chances de te humilhar de novo são maiores, né? - o menino respondeu, parando em frente à máquina.
- Não são, fique em paz. - ela deu de ombros, estralando os dedos e se posicionando do lado direito.
- Vai, null! - null comentou, sabendo que isso deixaria a irmã brava.
- null! É sério isso? - comentou null, revoltada.
- Só para ter alguém por você, hoje sou time null! - null deu um soquinho no ar, motivando a irmã.
- Torcida de consolação, ótimo. - ela revirou os olhos. - Vamos lá, pirralho.
- Para de drama. - a mais nova revirou os olhos
- Eu estou torcendo por você, null! Arrebenta o null! - null riu.
- Quero a Sheeva. - null selecionou a personagem, vendo null escolher Scorpion.
A garota respirou fundo e aguardou a finalização da contagem para começar a apertar os botões da melhor forma que sabia. É claro que apertando as teclas certas seria bom, mas nunca parecia interessante o suficiente, ao menos, não mais do que apertar todos ao mesmo tempo, e ficar pulando de um lado para o outro o tempo todo para irritar o adversário.
- Eu não acho que você realmente saiba jogar isso, null. - null riu, vendo a “tática” da mulher.
- Você que não sabe, afinal, está perdendo. - ela apontou com a cabeça para a barra de vida do personagem do garoto que já havia sido atingido diversas vezes pelos quatro braços de Sheeva.
- Não mais. - ele riu, usando seu especial, a maldita corda, e diminuindo a barra de vida de null quase completamente em uma única vez.
- Ei, vamos apostar? -null cochichou para null e null.
- Aposto no null, null está muito descontrolada. - null cochichou de volta.
- Como adoro uma boa competição e se tratando de mulher contra homem, aposto na null. Faremos aposta de dinheiro ou algum mico?
- Mico. - null respondeu. - Continuo na null.
- Qual vai ser o mico? O perdedor da aposta terá que andar de peça íntima no corredor dos quartos do hotel e bater na porta de todo mundo?
- Feito. - null esfregou as mãos com um sorrisinho diabólico.
- Que vença o melhor. - null olhou para null. - Vença dele, null!
- null, eu achei que você era meu amigo. - null reclamou, ignorando os demais, aguardando o início do último round.
- Jogo é jogo. - ele deu de ombros, rindo. - E você quem pediu por isso, competitividade é algo ruim, viu? - zombou.
- Não é, é ela que vai me fazer ganhar.
- Vai, null! - null comentou.
null decidiu seguir as regras naquele último round, usando os botões corretamente. Porém, null estava realmente motivado, e em pouco tempo já tinha conseguido acertar a personagem da garota diversas vezes.
- Caralho! - null gritou, se descontrolando novamente e batendo nos botões de forma descoordenada como já havia feito desde o início, mas dessa vez usando-os para descontar a raiva, jogando toda sua força neles.
- null, para de ser boba, você vai se machucar. - ele riu, vendo-a atingir a máquina diversas vezes, cada vez com mais força. - Aí, já acabou, não tem como ganhar.... - ele apontou para tela com uma mão e tentou segurar a mão da mulher com a outra, a colocando embaixo dos botões que ela batia com tanta vontade. Antes que null pudesse perceber o que aconteceria, null acertou sua mão com um soco, com ainda mais força do que deveria atingir o painel, descontando a raiva do final da partida.
- null. Meu Deus! - a mulher gritou, vendo lágrimas surgirem automaticamente nos olhos do garoto enquanto sua mão ficava vermelha, já que o dorso da mão havia sido prensado nos botões com o impacto.
- Quando eu disse para você arrebentar o null, não era para ter levado a sério. - null ria discretamente.
- null, me perdoa, nossa. - null falava, desesperada. - Meu Deus, não é possível que eu tenha machucado sua mão! Qual o seu problema, por que você fez isso? - falou, nervosa.
- Eu? - o garoto tentava respirar fundo e controlar a dor. Não queria dobrar a mão, pois, mais do que o impacto da mão de null contra a sua, o que doeria quase nada, o dorso de sua mão sentia os botões ainda grudados em sua pele, pois estavam marcados ali como arranhões. - Eu não fiz nada, você quem fez, você me acertou, null! - ele reclamou.
- Me perdoa! - null resmungava, estava aflita com a ideia de ter conseguido machucar o garoto em uma brincadeira tão boba, havia sido sem querer, mas era fruto de sua idiotice. Resumidamente, se lembraria de não ser tão competitiva.
- Acho melhor irmos, não? - null mordia os lábios, tentando não rir da cena.
- Eu acho melhor. - null concordou, andando até o amigo. - null, vamos, vem. - ela segurou a mão do garoto, que a encarava, ainda tentando respirar fundo enquanto olhava para mão avermelhada. - Mas gente, quem perdeu a aposta? - ela olhou para os lados, procurando por resposta.
- null. - null falou alto, repreendendo-a. A mulher estava realmente chateada e envergonhada com o que havia acontecido. Ela não conseguia encarar o garoto, que tentava também não olhar para ela, dividindo seu olhar entre a mão avermelhada e dolorida, e a conversa dos outros enquanto andavam até o lado de fora.
- null ganhou, null, então eu ganhei. - null sorriu. - Quero os dois de peças íntimas hoje!
- Nem fodendo. Eles não terminaram o jogo. - null ralhou.
- Até a null se descontrolar, ele ganhava, então sejam bons perdedores e cumpram a aposta. - null deu de ombros.
- Não valeu, não, null. Está tão louca assim para me ver pelado de novo? - sussurrou o final da frase no ouvido dela.
- Imbecil! - fingiu não se importar com o comentário dele.
- Belo jeito de se terminar uma noite, não? - a garota zombou com o melhor amigo.
- Cala a boca, null, puta merda. - null reclamou.
Capítulo Nove
null estacionou o carro no hotel e desceu, batendo a porta com força. Ela mal esperou que todos descessem e andou na frente, partindo em direção às escadas, não queria pegar o elevador com todos rindo, seu estresse ainda estava alto pelo ocorrido antes de saírem do local, seria bom andar um pouco.
- Então tá… - null viu a mulher sumir em sua frente e fez uma careta.
- Pega leve com ela, tá? Não seja um mau garoto. - null alertou null ao andar lado a lado com ele até o hotel.
- Está tudo bem, não sei o motivo dela estar tão estressada se quem se machucou fui eu. - ele rolou os olhos.
- null é meio temperamental, null, vá se acostumando se pretende ficar próximo dela. O problema não é você, e sim, ela. - null apareceu de surpresa ao lado dele e afagou as suas costas. - Está doendo ainda?
- Pior que está um pouco dolorido sim, ficou machucado aqui. - ele apontou para os leves arranhões que ainda estavam bem avermelhados. - Mas logo passa, vou lavar e tudo mais, não é nem um machucado absurdo, por isso não era para tanto. - falou, entrando no elevador e segurando a porta para que todos o acompanhassem.
- Pode deixar que vou fazer a null ir massageá-los para você. - null comentou sugestivamente, balançando as sobrancelhas.
- Nossa, que engraçada. - null rolou os olhos.
- Hum… Não seria uma má ideia, hein, null? Ela cuidando de você… - null entrou na zoeira com null.
- Você realmente quer entrar nessa? - perguntou para o amigo, tentando usar seu tom mais neutro. - Você não tem moral para zoar ninguém depois da desculpa da xícara de açúcar, cara. - null fechou o sorriso no mesmo momento.
- Não sabe nem brincar! - null riu com a fala do rapaz.
- Não tenho culpa que ele realmente foi idiota a esse ponto. - null gargalhou. - E nem conseguiu o que queria. - zombou.
- Vão ficar discutindo agora? Homens… - null revirou os olhos.
- Vamos logo subir, pelo amor de Deus, essa noite rendeu, mas só dormiremos depois que esses dois aqui cumprirem a aposta. - null complementou. Eles aguardavam o elevador chegar até o térreo. Assim que o fez, embarcaram no mesmo.
- Não quero ninguém sem roupa na minha porta não, hein? Ainda mais às minhas custas. - null riu.
- A null tá doida para ver o null sem roupa, por isso não vai deixar isso quieto. Eu, no entanto, adoro um desafio. - a mais nova gargalhou.
- Nada a ver, maninha, eu estou apenas querendo que a aposta seja cumprida, se fosse o contrário duvido que não estariam me pressionando. - deu uma piscadinha de olho para null.
- Touché, maninha, touché.
- Vou poder filmar isso? - null perguntou, caminhando para fora do elevador junto aos outros.
- E por que você vai querer me filmar seminua? - null arqueou uma das sobrancelhas. - O null vai te bater, moleque.
- Pelo simples fato de você não ter apostado em mim, melhor amiga. - o garoto respondeu. - Você merece a vergonha pública.
- Me senti ofendida agora - ela pôs a mão sobre o peito.
- Para você ver, null, nem um dos seus amigos apostou em você. - null sorriu. - Somente eu.
- Por isso você é minha nova null preferida. - o garoto riu, beijando a bochecha de null e parando em frente ao seu quarto. - Que horas vai ser essa zona aí?
- Vai talaricar o amigo agora? É isso mesmo? - null riu e recebeu um dedo do meio em resposta.
- Talaricar quem? Viajou, hein? - null fechou a cara. - Por mim, agora.
- Eu só faço com uma boa dose de álcool no meu organismo.
- Vamos logo mesmo com isso, null quer muito ver esse corpinho de novo. - null levantou a blusa que usava, tirando-a.
null gritou com a cena, se abanando.
- Vou entrar no quarto para vocês poderem bater na minha porta. - null abriu a porta do quarto e entrou, se jogando na cama e deixando-os no corredor.
- Meu querido, a última coisa que faremos vai ser bater na sua porta. - ela disse vendo o amigo entrar no quarto, ignorando-a. - Bom… Vai nos acompanhar, null?
- Eu vou assistir, estou dispensando ficar seminua com vocês. Fiquem à vontade. - null encostou-se na porta do próprio quarto.
- Nunca recuso uma aposta, então… - ela começou a fazer um mini strip tease, cantando os acordes iniciais da música You Can Leave Your Hat On e jogando as roupas em cima da irmã.
- Ui. - null segurou as roupas de null. - Estou hipnotizada. - null tirou o tênis que usava, deixando ao seu lado, desabotoou a calça jeans, e null engoliu em seco, tentando desviar o olhar dele tirando a calça. Talvez uma visitinha noturna no quarto do rapaz não fosse de todo mal.
- Pronto, estamos seminus. - null deu uma voltinha. - Agora batemos nas portas dos quartos, é isso?
- Isso. No 3, ok? 1...2...JÁ! - null gritou, começando a bater nas portas à sua esquerda, null batia nas portas do seu lado direito.
- Cadê o 3, null? - null reclamou.
- Minhas regras, meu querido.
Já era tarde da noite, então muitos dos que saíam, xingavam os dois. null havia ido para um corredor diferente do que null havia ido. Quando foi bater em mais uma porta e assustar a pessoa que abrisse, se deparou com quem não esperava.
- null? - null olhou para ele, com a mão no ar ainda.
- null? - ele esfregou os olhos se certificando que era ela mesmo ali. - Você…? - ele apontou para o corpo dela. - Que merda é essa, null? Como você…? - ele mal conseguiu terminar a frase.
- É uma aposta, tá? Não se preocupe que não estou fazendo nada de errado… Quer dizer, talvez só um pouquinho, talvez a gente tome uma multa do hotel ou algo assim…
- Mas que merda de aposta é essa?
- Não posso explicar agora, tá? Tenho que terminar de importunar mais algumas pessoas. - ela começou a se distanciar da porta dele e ele começou a sair do quarto, para ir atrás, até que ela se virou. - Mais tarde eu volto. - null sorriu, pensando rapidamente, e mandou um beijinho no ar, saindo dali.
null balançou a cabeça, rindo da situação toda. É, ele estava completamente fodido…
null chegou até o local de partida, onde uma null entediada estava os esperando.
- E aí, quem fez em tempo recorde? - null puxava o ar para dentro de si com rapidez. Havia corrido muito.
- Você, o null ainda não voltou. Ah, olha ele vindo aí. - null apontou com a cabeça o rapaz que vinha no mesmo estado de cansaço de null.
- Estou enferrujado. - ele se aproximou das duas, pegando suas roupas do chão. - Foi uma boa noite, meninas. Fazia tempo que não me divertia assim.
- Ih, ah lá, o cara é dono de uma loja de surf, é surfista, e não aguenta uma corridinha? Você está mais que aprovado para ser meu cunhado se me deixar ganhar sempre.
- Feito, só falta sua irmã me querer. - null deu um sorriso na direção de null, que revirou os olhos.
- Continua assim que logo, logo você derrete esse coraçãozinho de pedra dela. Bom, se vocês não se importam, irei para meus aposentos. - recolheu as roupas e entrou no quarto que iria dividir com as irmãs.
- Ai. - null reclamou, batendo de frente com null, que entrava no quarto. - Meu Deus, que cena. - a mulher riu, vendo a irmã menor com as roupas nos braços e encarando um null também seminu. - Vocês não prestam.
- Apostas devem ser cumpridas, null. - null sorriu.
- Rolou até um convite entre eu e o null, porque tecnicamente já estamos no jeito, se é que você me entende. - ela gargalhou.
- Onde está indo, null? - null já tinha parado de rir, enquanto aguardava a resposta da irmã.
- Acho que eu devo desculpas a alguém. - ela comentou, envergonhada. - Vou ver se ele está bem.
- Está certa, ele ficou todo chateado. - null afagou as costas da irmã, entrando no quarto.
- Eu não tenho culpa dele ser idiota de colocar a mão onde eu estava batendo. Só vou pedir desculpas porque eu não deveria estar tão nervosa por algo bobo. - riu. - Logo estou de volta. - ela acenou para os três e andou até a porta de null, logo vendo as garotas entrarem no quarto e null andar até o quarto em frente.
null respirou fundo e bateu na porta do quarto do garoto, esperando que ele não estivesse ocupado ou já dormindo. Quando chegaram, ela havia entrado, tomado um banho e relaxado durante os poucos minutos que null, null e null estavam no corredor, imaginava que null tivesse ido fazer o mesmo e cuidado da mão. Ele agora deveria estar melhor, ela esperava, pois não conseguiria dormir da forma que estavam seus pensamentos culpados, mesmo que com uma situação tão boba e sem sentido.
- Ei. - null abriu a porta e sorriu ao encontrar null ali. - Eu te desculpo.
- Eu não pedi desculpas, null. - ela reclamou, rolando os olhos. null riu e a encarou, abrindo os braços para que ela se aproximasse.
O garoto vestia apenas um shorts de pijama, mas seu corpo estava incrivelmente quente, provavelmente havia acabado de sair do banho. Ela colocou seus braços em volta da cintura dele e o abraçou, aceitando bem o carinho que ele fazia em suas costas. null deu um passo para trás e fechou a porta, puxando null consigo até a cama.
- Me desculpa, pirralho. - falou, finalmente, sentando-se ao lado dele.
- Veio fazer a massagem na mão que a null mandou? - ele riu, lembrando-se da fala da amiga.
- Quê? - ela perguntou, franzindo o cenho, tentando entender.
- A null não falou nada?
- Não, null. Eu vim porque estava me sentindo incomodada com o jeito que você ficou, estava preocupada. - reclamou. - Não preciso que ninguém coloque peso na minha consciência.
- Por que você tem que ser tão assim?! - o garoto perguntou, bufando. - Sai da defensiva, null. Eu só perguntei por que foi algo que ela disse, eu já esperava que você viria até aqui, mas imaginei que a null brincaria também.
- Eu não estou na defensiva. - resmungou. - Para de falar que estou na defensiva.
- Vem cá, estava melhor te abraçando para acalmar sua fera interior. - ele puxou a mulher para um novo abraço, se encostando na cabeceira da cama e a encostando próxima de si. - Bom, agora eu também sei que tem a fera exterior, capaz de machucar pobres e indefesos. - ele mostrou a mão, colocando-a na frente de null para que ela pudesse ver.
- null. - ela grunhiu. - Não tem graça, poxa. Está melhor? Você é um idiota, você não tinha que colocar a mão ali, você viu que eu estava descontando na coitada da máquina.
- Eu também não sei por que eu fiz, estava brincando. - ele riu. - Mas pensa, se eu não tivesse me machucado, você provavelmente teria.
- Eu não ia me machucar.
- Claro que você ia, null. Meu Deus, que cabeça dura. - o garoto revirou os olhos, apertando mais seus braços em volta da amiga. - Estou feliz que você não me empurrou para longe ainda, sabia? - ele riu, vendo a expressão de desgosto de null.
- Deveria, só por você ser tão… Argh. Não consigo definir. - ela riu. - Mas assim, vou confessar... Sou ruim, mas adoro abraços.
-Você não é ruim. - afirmou. - Seu coração só é de gelo, null. - ele gargalhou, recebendo um tapa em seu peito.
- Ele não é, sem graça. Só não… Ah, sei lá. - ela suspirou. - Enfim, estou desculpada, posso dormir em paz.
- Você está com sono? - null perguntou, segurando-a entre suas pernas para que ela não levantasse ainda.
- Não. - riu.
- Então fica aqui. - ele deu de ombros, segurando a respiração e aguardando por uma reação zombeteira, digna de null.
- Tudo bem. - concordou, saindo de onde estava e se ajeitando ao lado dele. - Quer assistir alguma coisa?
- Só isso? - perguntou, apoiando-se em um braço e virando o corpo para ela, a encarando, sem entender.
- Só isso, null, nem tudo precisa ser complicado, quero ficar aqui. Acho que a culpa me consumiu.
- Não acho que a culpa te consumiu, null. Acho que você só gosta muito da minha companhia mesmo. - ele sorriu, sincero.
- Convencido demais, sr. null. - ela riu.
- Vou tomar isso como um “é verdade”.
- Pode ser. - ela deu de ombros. - Viu? É uma amizade assim que falta no relacionamento com o Luke, que te falei aquele dia. - ela bufou. - É tão bom só ficar assim, confortável, rindo. Me sinto bem.
- Como cortar um clima, não é, null? - o garoto riu.
- Que clima, null? - ela o encarou, de olhos arregalados. - null...
- Ei, eu tô brincando! Olha você já na defensiva de novo. - null abriu a boca para responder, mas null a interrompeu. - “Eu não tô na defensiva”. - ele afinou a voz e fez aspas com a mão, fazendo a garota sorrir, irritada.
- Você é meio louco, eu não duvidaria que você pensasse isso, pirralho.
- Não sou tão louco assim, pode ficar em paz. - ele riu. - Vai, vê se tem algo passando aí nessa televisão logo, antes que eu desista e te coloque para correr do meu quarto.
- Não, agora eu quero ficar aqui e você vai ter que aguentar. - ela se aproximou de null, deitando em seu peito e sentindo ele ajeitá-la ali, afagando seus cabelos. - Vai, liga aí, null.
×××
null pegou celular do lado do móvel que tinha ao lado da sua cama, olhou as horas e viu que se passavam das duas da manhã. Viu null dormindo, olhou a cama de null e ainda estava vazia. Deu de ombros, levantando devagar, sem fazer qualquer barulho, tinha que ser esperta, não queria que null descobrisse nada. Arrumou a cama de forma que tivesse um corpo deitado, olhou mais uma vez na direção de null, que aparentava dormir, pegou os chinelos nas mãos e saiu do quarto, tentando fazer o menor barulho possível com a porta.
null bateu na porta do quarto em frente, olhando a todo momento para os lados, temendo que null ou null aparecesse no corredor. null franziu o cenho, se levantando da cama, ainda meio sonolento, quem poderia ser aquele horário? Abriu a porta, se deparando com null com um sorrisinho malicioso.
- O quê? - null tinha os olhos arregalados.
- Surpresa! - ela o empurrou para dentro do quarto, fechando a porta atrás de si e lhe roubando um selinho casto. - Não gostou? Se quiser, eu vou embora. - ameaçou se virar e abrir a porta, mas ele a segurou pela cintura.
- Não. Fica. - ela sorriu, virando-se completamente em sua direção. - Só não esperava mesmo, não combinamos nada. Como fez com suas irmãs?
- Montei um corpo com as cobertas, espero que engane, null está dormindo e null ainda não voltou ao quarto. - null olhou para null e fez uma cara maliciosa. - Será? Hum… - os dois acabaram rindo.
- null e null são as velas do grupo, então não seria estranho ver os dois juntos. - null deu de ombros.
- Na teoria, não? Não pretendo compartilhar o nosso lance com mais ninguém. Assim está ótimo, você vê as piadinhas o tempo inteiro, imagina se soubessem de algo?
- Será que pegariam no nosso pé mesmo? Às vezes as brincadeirinhas parassem… - null tentou.
- Talvez, mas com certeza expectativas seriam criadas, e acredite, seria terrível, conheço bem as irmãs que eu tenho. - ela negou, contar estava fora de cogitação. null abriu um sorriso fechado. - Você contou a alguém? - ela o encarava, o estudando minuciosamente. - null! Você contou! - ela lhe deu um tapa no braço. - Para quem, alma de Deus? Não me diga que contou para uma das minhas irmãs!
- Não, não contei para elas, mas eu posso ter deixado escapar para o null…
- Eu não acredito nisso, não acredito, ele vai contar para a null! Merda! - ela andava de um lado para o outro no quarto.
- Calma, ele me jurou que não contaria, e eu precisava desabafar, null é um cara muito gente boa. - ela suspirou fundo, cansada.
- Eu não sei com que cara eu vou encarar o null amanhã, ele deve me achar uma louca, null! - ela soltou um riso nervoso. - Se você não fosse tão gostoso eu juro que já tinha ido embora desse quarto. - ele tentou se aproximar dela, que se afastou dele. - Tô muito brava ainda.
- Eu errei, me desculpa. Fica brava não. - ele a puxou pela cintura, a fazendo se assustar, mas ainda tinha um biquinho no rosto. - Prometo que não conto a mais ninguém.
- Só falta contar ao null, pronto, aí eu fico como a traíra para minhas irmãs. - ele negou com a cabeça.
- Juro que não vou contar ao null, é sério. - ela suspirou fundo.
- Ok, não quero mais brigar com você. - ela tirou as mãos dele de sua cintura, jogando-o na cama. - Quase me matou fazendo o strip-tease mais cedo, tive que ser uma grande atriz. - se deitou por cima dele, distribuindo beijos por seu peitoral.
- A intenção foi essa mesmo. - ele sentiu uma mordida em seu ombro. - Eita, que selvagem, gosto disso. - ele inverteu as posições, prendendo as duas mãos dela.
- Você merece. - eles se beijaram, um beijo cheio de luxúria e afeto.
null ainda a prendia embaixo de si enquanto esfregava seu corpo no dela. null descia as mãos por todo o peito de null, se separaram, ofegantes, e ela voltou os beijos para o pescoço dele, distribuindo alguns beijos quentes, e arranhões, que mais tarde trariam alguns questionamentos, mas eles não estavam pensando muito nisso naquele momento, aliás, os dois não pensavam em nada, a não ser saciar a vontade que tinham um do outro.
Não demorou para que as roupas dos dois virassem um amontoado ao lado da cama do rapaz, e tudo o que podia ser escutado naquele cômodo eram suspiros e gemidos, aquela noite seria longa para os dois...
×××
null estava quase pegando no sono, esperando o melhor momento para poder se levantar e ir até o outro quarto, quando viu uma movimentação. Ela tinha certeza de que era null, já que null não havia voltado ainda, mas não iria tentar descobrir ali naquele momento, para que seus planos não fossem estragados. Então, ouviu a porta bater e no minuto seguinte levantou da cama, tirando a coberta de cima de si. Olhou para a cama a qual pertencia a null e deu uma batidinha, constatando o que já sabia.
- Maldita! Roubou minha ideia. - ralhou, depois rindo e seguindo o plano da irmã, enchendo a cama com travesseiros para parecer que ela estava ali, dormindo.
Após isso se dirigiu até o quarto de null, bateu na porta, olhando para os lados para ver se havia alguém no corredor.
- Achei que não viria mais. - ele falou de forma áspera com ela, o que a surpreendeu. Nunca o tinha visto daquela forma.
- Quer que eu volte? Se quiser, eu não me importo, só não estou a fim de uma briga, ok?
- Não é isso. Que cena foi aquela mais cedo?
- Está com ciúmes? Por favor, null, eu não gosto disso, tá bom?
- Ciúmes? Eu? - ele riu, descrente. Depois, passou a mão pelo cabelo, parecendo enfim ter se acalmado. - Desculpa. Vem, entra. - ele puxou ela, enfim, para o quarto.
- Aquilo foi uma aposta, tá? Não passou dos limites. Eu e null perdemos e tivemos que pagar. Não se preocupe, não fiz nada de errado.
- Tudo bem, tudo bem. Eu que exagerei. Não precisa se explicar. - ele suspirou, se recuperando do leve surto. - O que faz aqui?
- Bem, eu disse que viria. - ela riu e se jogou na cama, encarando null.
- Não, digo, para Camberra.
- Por você, por que mais seria? - ela olhou séria para null.
- Sério?
- Não. - gargalhou da cara que o rapaz fez. - Quer dizer, em partes sim, mas eu e null viemos olhar faculdades.
- E aí? Gostou?
- Não. Vou tentar ver pelas redondezas de Melbourne mesmo. Não quero ficar longe da minha irmã e melhor amigo.
- E de mim?
- De você também não, bobo. - riu e se esticou para beijá-lo. - E como andam os preparativos para o show?
- Cansativo, mas bem. - deu de ombros.
- Que bom. - ela olhou para os lados sem saber o que fazer. Olhou nos olhos dele e sorriu. Sentia um frio enorme na barriga toda vez que olhava, conversava ou fazia qualquer coisa com null. Era um sentimento bom, certo? Quer dizer, nunca tinha sentido esse tipo de coisa com ninguém, então talvez fosse algo bom.
null se ajoelhou e beijou o rosto do rapaz, que sorriu. Eles se olharam por um tempo, até que enfim resolveram por beijar de verdade. Foi um beijo calmo, sem pressa, não tinha ninguém os interrompendo… Foi diferente. Ela pôs as mãos no rosto dele e se sentou em seu colo, com null colocando as mãos em sua cintura. null queria transmitir com gestos o que não conseguia verbalizar, o rapaz a segurou firme e a jogou na cama, ficando por cima. A situação estava ficando perigosa e imediatamente uma luz surgiu na cabeça de null, fazendo com que lembrasse de um pequeno detalhe.
Ela partiu o beijo e o encarou, séria.
- null, para. - ele a olhou sem entender muito bem o motivo. Tinha feito alguma coisa errada? - Eu… É… Nunca fiz isso, tá?
Ele parou imediatamente, olhando-a, sério.
- Por que nunca me disse?
- Bom, não era bem o momento certo e não é como se eu saísse por aí falando para todo mundo que sou virgem.
- Porra, null, desculpe. Exagerei nos meus atos. - null ficou de joelhos e esfregou o rosto.
- Tudo bem, null. Eu tive minha parcela de culpa também. - ela sentia um frio ruim percorrer seu corpo, com um misto de vergonha. - Eu estraguei tudo, não foi?
- Estragar por quê? null, isso é uma coisa normal, tá? Só porque não sou mais virgem, não quer dizer que você também deveria seguir meus passos. Só que agora tomaremos mais cuidado, tudo bem?
- Se você não quiser mais ficar comigo, eu vou entender, tudo bem?
- Não fala bobagem, null. Cada pessoa tem sua hora e não quer dizer que eu sou seu namorado simplesmente para dormir com você.
- Não é? Mas namoros são para isso, não são? - ela arqueou a sobrancelha e null riu.
- Não, null. Namoros são mais que só transa. Namoro é você compartilhar algum momento bom com o parceiro, além dos ruins também. É ter alguém para sempre beijar e te aconselhar… Ter alguém para abraçar… Assim. - ele se deitou atrás dela, a abraçando pela cintura.
- Tá, tudo bem, talvez você me tenha me convencido e tirado um pouco da minha neura. Mas esse papo morre aqui, tá? Eu te mato se você falar para alguém.
- Pode deixar que não cometeria tal ato. - ele aproximou o rosto da nuca da mulher, se aproximando mais e inalando seu cheiro.
- null?
- Hum?
- Então estamos namorando? - null sorria, a mão entrelaçada com a do rapaz.
- Achei que isso estivesse claro. Você queria que eu fizesse um pedido?
- Não, por favor, não, pedidos de namoro já saíram de moda faz tempo.
- Bom, você que sabe, porque se você quisesse, eu faria o maior e melhor pedido de todos.
- Exagerado. - ela riu e beijou a mão dele. - Obrigada, null.
- Não precisa me agradecer. Fico feliz que as coisas enfim se esclareceram entre nós.
- Boa noite, null.
- Boa noite, null. - ele deu um beijo na nuca da menina e ambos fecharam os olhos, se rendendo ao sono.
- Então tá… - null viu a mulher sumir em sua frente e fez uma careta.
- Pega leve com ela, tá? Não seja um mau garoto. - null alertou null ao andar lado a lado com ele até o hotel.
- Está tudo bem, não sei o motivo dela estar tão estressada se quem se machucou fui eu. - ele rolou os olhos.
- null é meio temperamental, null, vá se acostumando se pretende ficar próximo dela. O problema não é você, e sim, ela. - null apareceu de surpresa ao lado dele e afagou as suas costas. - Está doendo ainda?
- Pior que está um pouco dolorido sim, ficou machucado aqui. - ele apontou para os leves arranhões que ainda estavam bem avermelhados. - Mas logo passa, vou lavar e tudo mais, não é nem um machucado absurdo, por isso não era para tanto. - falou, entrando no elevador e segurando a porta para que todos o acompanhassem.
- Pode deixar que vou fazer a null ir massageá-los para você. - null comentou sugestivamente, balançando as sobrancelhas.
- Nossa, que engraçada. - null rolou os olhos.
- Hum… Não seria uma má ideia, hein, null? Ela cuidando de você… - null entrou na zoeira com null.
- Você realmente quer entrar nessa? - perguntou para o amigo, tentando usar seu tom mais neutro. - Você não tem moral para zoar ninguém depois da desculpa da xícara de açúcar, cara. - null fechou o sorriso no mesmo momento.
- Não sabe nem brincar! - null riu com a fala do rapaz.
- Não tenho culpa que ele realmente foi idiota a esse ponto. - null gargalhou. - E nem conseguiu o que queria. - zombou.
- Vão ficar discutindo agora? Homens… - null revirou os olhos.
- Vamos logo subir, pelo amor de Deus, essa noite rendeu, mas só dormiremos depois que esses dois aqui cumprirem a aposta. - null complementou. Eles aguardavam o elevador chegar até o térreo. Assim que o fez, embarcaram no mesmo.
- Não quero ninguém sem roupa na minha porta não, hein? Ainda mais às minhas custas. - null riu.
- A null tá doida para ver o null sem roupa, por isso não vai deixar isso quieto. Eu, no entanto, adoro um desafio. - a mais nova gargalhou.
- Nada a ver, maninha, eu estou apenas querendo que a aposta seja cumprida, se fosse o contrário duvido que não estariam me pressionando. - deu uma piscadinha de olho para null.
- Touché, maninha, touché.
- Vou poder filmar isso? - null perguntou, caminhando para fora do elevador junto aos outros.
- E por que você vai querer me filmar seminua? - null arqueou uma das sobrancelhas. - O null vai te bater, moleque.
- Pelo simples fato de você não ter apostado em mim, melhor amiga. - o garoto respondeu. - Você merece a vergonha pública.
- Me senti ofendida agora - ela pôs a mão sobre o peito.
- Para você ver, null, nem um dos seus amigos apostou em você. - null sorriu. - Somente eu.
- Por isso você é minha nova null preferida. - o garoto riu, beijando a bochecha de null e parando em frente ao seu quarto. - Que horas vai ser essa zona aí?
- Vai talaricar o amigo agora? É isso mesmo? - null riu e recebeu um dedo do meio em resposta.
- Talaricar quem? Viajou, hein? - null fechou a cara. - Por mim, agora.
- Eu só faço com uma boa dose de álcool no meu organismo.
- Vamos logo mesmo com isso, null quer muito ver esse corpinho de novo. - null levantou a blusa que usava, tirando-a.
null gritou com a cena, se abanando.
- Vou entrar no quarto para vocês poderem bater na minha porta. - null abriu a porta do quarto e entrou, se jogando na cama e deixando-os no corredor.
- Meu querido, a última coisa que faremos vai ser bater na sua porta. - ela disse vendo o amigo entrar no quarto, ignorando-a. - Bom… Vai nos acompanhar, null?
- Eu vou assistir, estou dispensando ficar seminua com vocês. Fiquem à vontade. - null encostou-se na porta do próprio quarto.
- Nunca recuso uma aposta, então… - ela começou a fazer um mini strip tease, cantando os acordes iniciais da música You Can Leave Your Hat On e jogando as roupas em cima da irmã.
- Ui. - null segurou as roupas de null. - Estou hipnotizada. - null tirou o tênis que usava, deixando ao seu lado, desabotoou a calça jeans, e null engoliu em seco, tentando desviar o olhar dele tirando a calça. Talvez uma visitinha noturna no quarto do rapaz não fosse de todo mal.
- Pronto, estamos seminus. - null deu uma voltinha. - Agora batemos nas portas dos quartos, é isso?
- Isso. No 3, ok? 1...2...JÁ! - null gritou, começando a bater nas portas à sua esquerda, null batia nas portas do seu lado direito.
- Cadê o 3, null? - null reclamou.
- Minhas regras, meu querido.
Já era tarde da noite, então muitos dos que saíam, xingavam os dois. null havia ido para um corredor diferente do que null havia ido. Quando foi bater em mais uma porta e assustar a pessoa que abrisse, se deparou com quem não esperava.
- null? - null olhou para ele, com a mão no ar ainda.
- null? - ele esfregou os olhos se certificando que era ela mesmo ali. - Você…? - ele apontou para o corpo dela. - Que merda é essa, null? Como você…? - ele mal conseguiu terminar a frase.
- É uma aposta, tá? Não se preocupe que não estou fazendo nada de errado… Quer dizer, talvez só um pouquinho, talvez a gente tome uma multa do hotel ou algo assim…
- Mas que merda de aposta é essa?
- Não posso explicar agora, tá? Tenho que terminar de importunar mais algumas pessoas. - ela começou a se distanciar da porta dele e ele começou a sair do quarto, para ir atrás, até que ela se virou. - Mais tarde eu volto. - null sorriu, pensando rapidamente, e mandou um beijinho no ar, saindo dali.
null balançou a cabeça, rindo da situação toda. É, ele estava completamente fodido…
null chegou até o local de partida, onde uma null entediada estava os esperando.
- E aí, quem fez em tempo recorde? - null puxava o ar para dentro de si com rapidez. Havia corrido muito.
- Você, o null ainda não voltou. Ah, olha ele vindo aí. - null apontou com a cabeça o rapaz que vinha no mesmo estado de cansaço de null.
- Estou enferrujado. - ele se aproximou das duas, pegando suas roupas do chão. - Foi uma boa noite, meninas. Fazia tempo que não me divertia assim.
- Ih, ah lá, o cara é dono de uma loja de surf, é surfista, e não aguenta uma corridinha? Você está mais que aprovado para ser meu cunhado se me deixar ganhar sempre.
- Feito, só falta sua irmã me querer. - null deu um sorriso na direção de null, que revirou os olhos.
- Continua assim que logo, logo você derrete esse coraçãozinho de pedra dela. Bom, se vocês não se importam, irei para meus aposentos. - recolheu as roupas e entrou no quarto que iria dividir com as irmãs.
- Ai. - null reclamou, batendo de frente com null, que entrava no quarto. - Meu Deus, que cena. - a mulher riu, vendo a irmã menor com as roupas nos braços e encarando um null também seminu. - Vocês não prestam.
- Apostas devem ser cumpridas, null. - null sorriu.
- Rolou até um convite entre eu e o null, porque tecnicamente já estamos no jeito, se é que você me entende. - ela gargalhou.
- Onde está indo, null? - null já tinha parado de rir, enquanto aguardava a resposta da irmã.
- Acho que eu devo desculpas a alguém. - ela comentou, envergonhada. - Vou ver se ele está bem.
- Está certa, ele ficou todo chateado. - null afagou as costas da irmã, entrando no quarto.
- Eu não tenho culpa dele ser idiota de colocar a mão onde eu estava batendo. Só vou pedir desculpas porque eu não deveria estar tão nervosa por algo bobo. - riu. - Logo estou de volta. - ela acenou para os três e andou até a porta de null, logo vendo as garotas entrarem no quarto e null andar até o quarto em frente.
null respirou fundo e bateu na porta do quarto do garoto, esperando que ele não estivesse ocupado ou já dormindo. Quando chegaram, ela havia entrado, tomado um banho e relaxado durante os poucos minutos que null, null e null estavam no corredor, imaginava que null tivesse ido fazer o mesmo e cuidado da mão. Ele agora deveria estar melhor, ela esperava, pois não conseguiria dormir da forma que estavam seus pensamentos culpados, mesmo que com uma situação tão boba e sem sentido.
- Ei. - null abriu a porta e sorriu ao encontrar null ali. - Eu te desculpo.
- Eu não pedi desculpas, null. - ela reclamou, rolando os olhos. null riu e a encarou, abrindo os braços para que ela se aproximasse.
O garoto vestia apenas um shorts de pijama, mas seu corpo estava incrivelmente quente, provavelmente havia acabado de sair do banho. Ela colocou seus braços em volta da cintura dele e o abraçou, aceitando bem o carinho que ele fazia em suas costas. null deu um passo para trás e fechou a porta, puxando null consigo até a cama.
- Me desculpa, pirralho. - falou, finalmente, sentando-se ao lado dele.
- Veio fazer a massagem na mão que a null mandou? - ele riu, lembrando-se da fala da amiga.
- Quê? - ela perguntou, franzindo o cenho, tentando entender.
- A null não falou nada?
- Não, null. Eu vim porque estava me sentindo incomodada com o jeito que você ficou, estava preocupada. - reclamou. - Não preciso que ninguém coloque peso na minha consciência.
- Por que você tem que ser tão assim?! - o garoto perguntou, bufando. - Sai da defensiva, null. Eu só perguntei por que foi algo que ela disse, eu já esperava que você viria até aqui, mas imaginei que a null brincaria também.
- Eu não estou na defensiva. - resmungou. - Para de falar que estou na defensiva.
- Vem cá, estava melhor te abraçando para acalmar sua fera interior. - ele puxou a mulher para um novo abraço, se encostando na cabeceira da cama e a encostando próxima de si. - Bom, agora eu também sei que tem a fera exterior, capaz de machucar pobres e indefesos. - ele mostrou a mão, colocando-a na frente de null para que ela pudesse ver.
- null. - ela grunhiu. - Não tem graça, poxa. Está melhor? Você é um idiota, você não tinha que colocar a mão ali, você viu que eu estava descontando na coitada da máquina.
- Eu também não sei por que eu fiz, estava brincando. - ele riu. - Mas pensa, se eu não tivesse me machucado, você provavelmente teria.
- Eu não ia me machucar.
- Claro que você ia, null. Meu Deus, que cabeça dura. - o garoto revirou os olhos, apertando mais seus braços em volta da amiga. - Estou feliz que você não me empurrou para longe ainda, sabia? - ele riu, vendo a expressão de desgosto de null.
- Deveria, só por você ser tão… Argh. Não consigo definir. - ela riu. - Mas assim, vou confessar... Sou ruim, mas adoro abraços.
-Você não é ruim. - afirmou. - Seu coração só é de gelo, null. - ele gargalhou, recebendo um tapa em seu peito.
- Ele não é, sem graça. Só não… Ah, sei lá. - ela suspirou. - Enfim, estou desculpada, posso dormir em paz.
- Você está com sono? - null perguntou, segurando-a entre suas pernas para que ela não levantasse ainda.
- Não. - riu.
- Então fica aqui. - ele deu de ombros, segurando a respiração e aguardando por uma reação zombeteira, digna de null.
- Tudo bem. - concordou, saindo de onde estava e se ajeitando ao lado dele. - Quer assistir alguma coisa?
- Só isso? - perguntou, apoiando-se em um braço e virando o corpo para ela, a encarando, sem entender.
- Só isso, null, nem tudo precisa ser complicado, quero ficar aqui. Acho que a culpa me consumiu.
- Não acho que a culpa te consumiu, null. Acho que você só gosta muito da minha companhia mesmo. - ele sorriu, sincero.
- Convencido demais, sr. null. - ela riu.
- Vou tomar isso como um “é verdade”.
- Pode ser. - ela deu de ombros. - Viu? É uma amizade assim que falta no relacionamento com o Luke, que te falei aquele dia. - ela bufou. - É tão bom só ficar assim, confortável, rindo. Me sinto bem.
- Como cortar um clima, não é, null? - o garoto riu.
- Que clima, null? - ela o encarou, de olhos arregalados. - null...
- Ei, eu tô brincando! Olha você já na defensiva de novo. - null abriu a boca para responder, mas null a interrompeu. - “Eu não tô na defensiva”. - ele afinou a voz e fez aspas com a mão, fazendo a garota sorrir, irritada.
- Você é meio louco, eu não duvidaria que você pensasse isso, pirralho.
- Não sou tão louco assim, pode ficar em paz. - ele riu. - Vai, vê se tem algo passando aí nessa televisão logo, antes que eu desista e te coloque para correr do meu quarto.
- Não, agora eu quero ficar aqui e você vai ter que aguentar. - ela se aproximou de null, deitando em seu peito e sentindo ele ajeitá-la ali, afagando seus cabelos. - Vai, liga aí, null.
null pegou celular do lado do móvel que tinha ao lado da sua cama, olhou as horas e viu que se passavam das duas da manhã. Viu null dormindo, olhou a cama de null e ainda estava vazia. Deu de ombros, levantando devagar, sem fazer qualquer barulho, tinha que ser esperta, não queria que null descobrisse nada. Arrumou a cama de forma que tivesse um corpo deitado, olhou mais uma vez na direção de null, que aparentava dormir, pegou os chinelos nas mãos e saiu do quarto, tentando fazer o menor barulho possível com a porta.
null bateu na porta do quarto em frente, olhando a todo momento para os lados, temendo que null ou null aparecesse no corredor. null franziu o cenho, se levantando da cama, ainda meio sonolento, quem poderia ser aquele horário? Abriu a porta, se deparando com null com um sorrisinho malicioso.
- O quê? - null tinha os olhos arregalados.
- Surpresa! - ela o empurrou para dentro do quarto, fechando a porta atrás de si e lhe roubando um selinho casto. - Não gostou? Se quiser, eu vou embora. - ameaçou se virar e abrir a porta, mas ele a segurou pela cintura.
- Não. Fica. - ela sorriu, virando-se completamente em sua direção. - Só não esperava mesmo, não combinamos nada. Como fez com suas irmãs?
- Montei um corpo com as cobertas, espero que engane, null está dormindo e null ainda não voltou ao quarto. - null olhou para null e fez uma cara maliciosa. - Será? Hum… - os dois acabaram rindo.
- null e null são as velas do grupo, então não seria estranho ver os dois juntos. - null deu de ombros.
- Na teoria, não? Não pretendo compartilhar o nosso lance com mais ninguém. Assim está ótimo, você vê as piadinhas o tempo inteiro, imagina se soubessem de algo?
- Será que pegariam no nosso pé mesmo? Às vezes as brincadeirinhas parassem… - null tentou.
- Talvez, mas com certeza expectativas seriam criadas, e acredite, seria terrível, conheço bem as irmãs que eu tenho. - ela negou, contar estava fora de cogitação. null abriu um sorriso fechado. - Você contou a alguém? - ela o encarava, o estudando minuciosamente. - null! Você contou! - ela lhe deu um tapa no braço. - Para quem, alma de Deus? Não me diga que contou para uma das minhas irmãs!
- Não, não contei para elas, mas eu posso ter deixado escapar para o null…
- Eu não acredito nisso, não acredito, ele vai contar para a null! Merda! - ela andava de um lado para o outro no quarto.
- Calma, ele me jurou que não contaria, e eu precisava desabafar, null é um cara muito gente boa. - ela suspirou fundo, cansada.
- Eu não sei com que cara eu vou encarar o null amanhã, ele deve me achar uma louca, null! - ela soltou um riso nervoso. - Se você não fosse tão gostoso eu juro que já tinha ido embora desse quarto. - ele tentou se aproximar dela, que se afastou dele. - Tô muito brava ainda.
- Eu errei, me desculpa. Fica brava não. - ele a puxou pela cintura, a fazendo se assustar, mas ainda tinha um biquinho no rosto. - Prometo que não conto a mais ninguém.
- Só falta contar ao null, pronto, aí eu fico como a traíra para minhas irmãs. - ele negou com a cabeça.
- Juro que não vou contar ao null, é sério. - ela suspirou fundo.
- Ok, não quero mais brigar com você. - ela tirou as mãos dele de sua cintura, jogando-o na cama. - Quase me matou fazendo o strip-tease mais cedo, tive que ser uma grande atriz. - se deitou por cima dele, distribuindo beijos por seu peitoral.
- A intenção foi essa mesmo. - ele sentiu uma mordida em seu ombro. - Eita, que selvagem, gosto disso. - ele inverteu as posições, prendendo as duas mãos dela.
- Você merece. - eles se beijaram, um beijo cheio de luxúria e afeto.
null ainda a prendia embaixo de si enquanto esfregava seu corpo no dela. null descia as mãos por todo o peito de null, se separaram, ofegantes, e ela voltou os beijos para o pescoço dele, distribuindo alguns beijos quentes, e arranhões, que mais tarde trariam alguns questionamentos, mas eles não estavam pensando muito nisso naquele momento, aliás, os dois não pensavam em nada, a não ser saciar a vontade que tinham um do outro.
Não demorou para que as roupas dos dois virassem um amontoado ao lado da cama do rapaz, e tudo o que podia ser escutado naquele cômodo eram suspiros e gemidos, aquela noite seria longa para os dois...
null estava quase pegando no sono, esperando o melhor momento para poder se levantar e ir até o outro quarto, quando viu uma movimentação. Ela tinha certeza de que era null, já que null não havia voltado ainda, mas não iria tentar descobrir ali naquele momento, para que seus planos não fossem estragados. Então, ouviu a porta bater e no minuto seguinte levantou da cama, tirando a coberta de cima de si. Olhou para a cama a qual pertencia a null e deu uma batidinha, constatando o que já sabia.
- Maldita! Roubou minha ideia. - ralhou, depois rindo e seguindo o plano da irmã, enchendo a cama com travesseiros para parecer que ela estava ali, dormindo.
Após isso se dirigiu até o quarto de null, bateu na porta, olhando para os lados para ver se havia alguém no corredor.
- Achei que não viria mais. - ele falou de forma áspera com ela, o que a surpreendeu. Nunca o tinha visto daquela forma.
- Quer que eu volte? Se quiser, eu não me importo, só não estou a fim de uma briga, ok?
- Não é isso. Que cena foi aquela mais cedo?
- Está com ciúmes? Por favor, null, eu não gosto disso, tá bom?
- Ciúmes? Eu? - ele riu, descrente. Depois, passou a mão pelo cabelo, parecendo enfim ter se acalmado. - Desculpa. Vem, entra. - ele puxou ela, enfim, para o quarto.
- Aquilo foi uma aposta, tá? Não passou dos limites. Eu e null perdemos e tivemos que pagar. Não se preocupe, não fiz nada de errado.
- Tudo bem, tudo bem. Eu que exagerei. Não precisa se explicar. - ele suspirou, se recuperando do leve surto. - O que faz aqui?
- Bem, eu disse que viria. - ela riu e se jogou na cama, encarando null.
- Não, digo, para Camberra.
- Por você, por que mais seria? - ela olhou séria para null.
- Sério?
- Não. - gargalhou da cara que o rapaz fez. - Quer dizer, em partes sim, mas eu e null viemos olhar faculdades.
- E aí? Gostou?
- Não. Vou tentar ver pelas redondezas de Melbourne mesmo. Não quero ficar longe da minha irmã e melhor amigo.
- E de mim?
- De você também não, bobo. - riu e se esticou para beijá-lo. - E como andam os preparativos para o show?
- Cansativo, mas bem. - deu de ombros.
- Que bom. - ela olhou para os lados sem saber o que fazer. Olhou nos olhos dele e sorriu. Sentia um frio enorme na barriga toda vez que olhava, conversava ou fazia qualquer coisa com null. Era um sentimento bom, certo? Quer dizer, nunca tinha sentido esse tipo de coisa com ninguém, então talvez fosse algo bom.
null se ajoelhou e beijou o rosto do rapaz, que sorriu. Eles se olharam por um tempo, até que enfim resolveram por beijar de verdade. Foi um beijo calmo, sem pressa, não tinha ninguém os interrompendo… Foi diferente. Ela pôs as mãos no rosto dele e se sentou em seu colo, com null colocando as mãos em sua cintura. null queria transmitir com gestos o que não conseguia verbalizar, o rapaz a segurou firme e a jogou na cama, ficando por cima. A situação estava ficando perigosa e imediatamente uma luz surgiu na cabeça de null, fazendo com que lembrasse de um pequeno detalhe.
Ela partiu o beijo e o encarou, séria.
- null, para. - ele a olhou sem entender muito bem o motivo. Tinha feito alguma coisa errada? - Eu… É… Nunca fiz isso, tá?
Ele parou imediatamente, olhando-a, sério.
- Por que nunca me disse?
- Bom, não era bem o momento certo e não é como se eu saísse por aí falando para todo mundo que sou virgem.
- Porra, null, desculpe. Exagerei nos meus atos. - null ficou de joelhos e esfregou o rosto.
- Tudo bem, null. Eu tive minha parcela de culpa também. - ela sentia um frio ruim percorrer seu corpo, com um misto de vergonha. - Eu estraguei tudo, não foi?
- Estragar por quê? null, isso é uma coisa normal, tá? Só porque não sou mais virgem, não quer dizer que você também deveria seguir meus passos. Só que agora tomaremos mais cuidado, tudo bem?
- Se você não quiser mais ficar comigo, eu vou entender, tudo bem?
- Não fala bobagem, null. Cada pessoa tem sua hora e não quer dizer que eu sou seu namorado simplesmente para dormir com você.
- Não é? Mas namoros são para isso, não são? - ela arqueou a sobrancelha e null riu.
- Não, null. Namoros são mais que só transa. Namoro é você compartilhar algum momento bom com o parceiro, além dos ruins também. É ter alguém para sempre beijar e te aconselhar… Ter alguém para abraçar… Assim. - ele se deitou atrás dela, a abraçando pela cintura.
- Tá, tudo bem, talvez você me tenha me convencido e tirado um pouco da minha neura. Mas esse papo morre aqui, tá? Eu te mato se você falar para alguém.
- Pode deixar que não cometeria tal ato. - ele aproximou o rosto da nuca da mulher, se aproximando mais e inalando seu cheiro.
- null?
- Hum?
- Então estamos namorando? - null sorria, a mão entrelaçada com a do rapaz.
- Achei que isso estivesse claro. Você queria que eu fizesse um pedido?
- Não, por favor, não, pedidos de namoro já saíram de moda faz tempo.
- Bom, você que sabe, porque se você quisesse, eu faria o maior e melhor pedido de todos.
- Exagerado. - ela riu e beijou a mão dele. - Obrigada, null.
- Não precisa me agradecer. Fico feliz que as coisas enfim se esclareceram entre nós.
- Boa noite, null.
- Boa noite, null. - ele deu um beijo na nuca da menina e ambos fecharam os olhos, se rendendo ao sono.
Capítulo Dez
As irmãs estavam todas juntas tomando o café da manhã em um silêncio estranho, o que não era comum entre elas. null parecia alheia em seus pensamentos, assim como null, que ocasionalmente sorria para o nada. null ainda pensava no ocorrido da noite anterior.
- Hum, gente? - null resolveu chamar a atenção delas. Quem melhor para lhe dar conselhos do que as próprias irmãs?
- Diga, null. - null a encarava, tinha despertado de seus pensamentos. null prestava atenção a conversa.
- null está aqui, no mesmo hotel que a gente. - ela encarou as mais velhas.
- Oi? - null tinha uma expressão surpresa na face.
- Como assim? Vocês combinaram, null? - null a questionou.
- Não, eu juro que não. Me pegou de surpresa também. A questão não é essa. Bom, eu dormi no quarto dele ontem. - ela disse, mas estava tentando criar coragem para contar a outra parte da situação. Como contar aquilo sendo que tudo o que fazia na frente delas denotava que já havia feito muito mais com outras pessoas? Por um momento travou e ficou encarando as irmãs.
- Você o quê, null?! - null largou a xícara na mesa e encarou a mais nova, desacreditada.
- Eu não acredito que você dormiu com ele, null, meu Deus. - null a encarava, incrédula. - Pretendia esconder da gente mesmo?
null balançou a cabeça, tirando da mente toda aquela besteira. Se não botasse tudo para fora, a situação ficaria muito feia. Não só para si, mas para null também.
- Calma, gente, não é bem assim. Eu… - ela engoliu em seco. - Sou virgem. - ela esfregou as mãos, já suadas, na calça que vestia.
- Eu já sabia. - null respondeu. - Achei que tivesse perdido ontem.
- null, por que você nunca comentou conosco sobre isso? Sempre fomos tão abertas… - null a encarou.
- Ah, não sei, acho que por causa do tempo que ficamos separadas, quando nos vimos eu quisesse parecer descolada do lado de vocês duas, não sei. Fora que também nunca surgiu a oportunidade de chegar em vocês e dizer “Oi, eu sou virgem.” Mas eu também nunca senti essa pressão, sabe? Mas ontem foi diferente… null não forçou nada comigo, foi um fofo, mas sabe quando você já queria ter passado por aquela experiência para ter de novo com a pessoa que você gosta? Pois é, aconteceu comigo, mas a insegurança é maior que tudo. Eu sinto que com o null é diferente, mas mesmo assim… Ai, sei lá. - ela esfregou o rosto, envergonhada. Era a primeira vez em muito tempo que se sentiu assim.
- Meu Deus, eu não sei se brigo com você ou te abraço. - null suspirou fundo, encarando a irmã.
null tinha os braços cruzados sobre a mesa e encarava a irmã.
- null, isso que você está sentindo é completamente normal. Você acabou de sair da escola e está entrando na vida adulta. Não é porque eu e a null já experienciamos isso na mesma idade que você, que você tem que fazer o mesmo. Sabe quando você vai fazer isso? - null levantou a cabeça e encarou null - Quando você se sentir segura para tal. E sabe quando você vai saber isso? Bem, você vai saber. Pelo o que vemos do null, apesar das roupas estranhas que ele usa, ele não é lá um completo babaca... Talvez só um pouquinho. - ela torceu o nariz, rindo logo em seguida. - Mas o quero dizer é que não tem uma fórmula mágica, null. Se você estiver com a pessoa certa, e com isso eu quero dizer que te entenda, saiba seus limites, te escute e seja paciente, tudo dará certo. As coisas fluem, sabe? Você se deixa levar.
- Concordo com tudo o que a null disse, cada um tem seu tempo, eu perdi a virgindade com 17 anos, porque eu confiava no meu parceiro, gostava dele, mas se eu não tivesse me sentido a vontade, perderia com 20, ou 30 anos, independente, isso é um tabu que precisa ser quebrado. Ser virgem jamais deve ser um martírio.
- E você não precisa sentir vergonha de ser virgem, null.
A mais nova se levantou de onde estava e ficou entre as cadeiras das irmãs, as abraçando ao mesmo tempo.
- Não sei o que faria sem vocês. Eu amo muito vocês duas. - ela estalou um beijo no rosto de cada uma. Parecia que um peso tinha saído de suas costas com toda aquela conversa.
- Estamos aqui por você e para você, null. Jamais duvide disso, ok? - null sorriu, abraçando a irmã mais uma vez.
Elas se levantaram, indo juntas até a área da piscina. O dia estava ótimo para um banho de sol.
- Espera aí, null, se você é virgem e você fazia tudo com o null, quer dizer que ele também é virgem?
null gargalhou.
- Aquele ali tem só a cara de santo, mas de santo não tem nada. Se você soubesse o que eu sei, null, você ia ficar de cabelo em pé. - ela continuou, gargalhando.
- Eu estou chocada, ele tem cara de anjo. - null riu, desacreditada.
- Só se for o Lúcifer, né?
- Não consigo ver dessa forma. - null riu, pensativa.
- Por que vocês estão olhando pro nada dessa forma com essas caras? Gente, morre aqui, tá? Vocês estão pensando em emboscar o garoto? - a mais nova brincou. - Mas é sério, o null não é de se brincar não, pelo que ouvia pelos corredores da escola.
- Droga, nem posso zoar ele? - null perguntou com um sorriso malicioso no rosto.
- Você destruiu a imagem de bom moço que eu tinha do null, agora tudo o que eu consigo pensar e ele sendo dominador no BDSM. - null riu.
- null! - null gargalhou, tentando tirar a cena da cabeça. - É o pirralho, não dá para pensar nisso, me ajudem. - ela segurou a barriga, já sentindo doer devido às risadas.
- Não diria um Christian Grey, mas tá bem próximo.
- Chega, pelo amor de Deus, eu não posso mais ouvir, eu não vou conseguir me controlar quando ver o null, vou querer rir. - null já sentia a barriga doer.
- Você bugou minha cabeça, null. Ele é tão… Ele. - null riu mais baixo, se acalmando do ataque de risos.
- Bom, de qualquer forma ele continua sendo fofo.
- E o null, null? Como é? - null perguntou, encarando a irmã.
- O quê? Eu já disse para vocês a péssima experiência da primeira vez, esqueceram? - null deu de ombros, evitando encará-las.
null estreitou os olhos, encarando a irmã. Ela se lembrou de algo da noite passada.
- Ah, jura? Bom, então você poderia me dizer o que você foi fazer ontem à noite? Porque antes de eu ir pro quarto do null, eu chequei sua cama, null, e ela estava muito - frisou a palavra - bem forrada, sabe? Até parecia que tinha alguém ali. Eu fiz o mesmo na minha, sabe? Porque aprendi com a melhor forradora de camas que o Canadá poderia ter criado.
- Oi? - null perguntou, arqueando a sobrancelha.
- Eu saí do quarto porque precisava tomar um ar, não estava conseguindo dormir. Não queria preocupar vocês. - null abriu um sorriso fechado.
- Aham, vamos fingir que acreditamos, não é, null? - null cutucou a irmã com o cotovelo.
- Acreditamos sim, sem dúvida. - sorriu forçadamente para null.
- O que vocês acham que aconteceu? - jogou para elas.
- Bom, se eu tive a mesma ideia de forrar a cama como você fez e me ensinou um dia, e logo depois eu fui pro quarto do null, você também foi caçar macho. E o macho da história aqui é o null.
- O quê? Claro que não, meu Deus! - ela escancarou a boca, forçando a expressão no rosto de espanto.
- Arrumou outro, então? - null perguntou, cogitando a ideia.
- Talvez? - deu de ombros com um sorrisinho malicioso. - Eu posso ter olhado para alguém no hall do hotel... Enfim, vocês me colocam como a tarada das null.
- Ah, agora que a gente descobriu a virgindade dessa aqui. - null abraçou null de lado, bagunçando seus cabelos para irritá-la. - Você sempre foi, agora só estamos reforçando. - riu, mandando um beijo para irmã.
- Papai e mamãe ficariam orgulhosos por ter criado a gente. - null comentou ironicamente.
- Tenho minhas dúvidas se o papai acha que sou virgem, será? - null riu.
- Ele com certeza não espera que você case virgem. - a mais nova pontuou.
- Espero que ele não espere isso de nós todas, na verdade. - null riu. - Seria ingenuidade, não? Eles nos conhecem.
- Eu nunca falei abertamente sobre isso com ele, mas com a mamãe sim. - null ficou pensativa.
- null, lembra quando a mamãe perguntou para gente da null e do null? - null comentou, vendo null rir com ela.
- Como assim? Mamãe foi perguntar a vocês sobre a gente? - null riu, negando com a cabeça.
- Até a gente suspeitava mesmo que vocês tivessem algo. - null complementou.
- Acredito que todo mundo, na verdade, os pais do null também com certeza. - null deu de ombros. - Mas acho que agora sabemos bem que realmente não tem nada a ver, vocês são bem diferentes até pelo jeito. - riu, lembrando-se do assunto anterior.
- Hoje foi o divisor de águas, sem dúvidas. - null tentou não rir pensando no assunto.
×××
Todos chegaram ao Summer Festival Camberra por volta das cinco da tarde. Ficaram sabendo que não seria somente a banda de null que se apresentaria ali, e sim, mais dez bandas com estilos diferentes, já que o público do festival era diverso. De acordo com o folheto que tinham recebido a apresentação do null seria as 20 horas, se não tivesse nenhum imprevisto.
Assim que colocaram os pés no local, sorriram, já da entrada era possível ver uma roda-gigante, uma montanha-russa, e o palco um pouco mais a frente. Próximo do palco havia o bungee jumping com uma pequena fila. Haviam chegado cedo, daria para se divertirem antes de começarem as apresentações.
A estrutura do evento era grandiosa, havia alguns estabelecimentos credenciados que vendiam desde lanches a comidas mais sofisticadas, os preços das comidas eram caros também, ainda bem que estavam prevenidos para aquela viagem. Conforme andavam por ali, ficavam surpresos com o tamanho, o palco era ainda maior de perto.
- Uau, quem diria, hein? Não sabia que um festival desses poderia ser tão animado. - null comentou, olhando tudo em volta.
- Sim, e é muito grande. Não conhecia. - null comentou.
- Nem achei que fosse ser algo tão assim, esse seu namorado vai longe e vamos ter muitos desses para ir, de preferência. - null falou. – ‘Tô apoiando muito esse namoro agora, muito bom, né, null? - riu, cutucando a irmã.
- Eu nunca fui contra, até incentivei mandando ela andar na garupa dele. - null sorriu, cínica.
- Interesseiras. - null cochichou.
- Então agora é assim? Se para convencer vocês era preciso trazer para um festival, era para eu ter feito isso antes. - null fez bico, olhando para as irmãs.
- O que importa é que a hora chegou, cadê o null? Já quero falar para ele que vocês têm nossa aprovação pro casamento. - null brincou, fingindo procurar o garoto que provavelmente estava nos bastidores com a banda. - Mas falando sério, eu adoro festivais, e sei que a null também. - sorriu para irmã, animada.
- Sim, amo muito e faz muito tempo que não vou a um, estava focada demais no meu trabalho. - suspirou, chateada.
- Nossa, você realmente trabalha tanto assim, null? - null perguntou. - Meu Deus, você não parece tão chata assim. - riu.
- Você não conhece a null profissional, eu sou mesmo muito focada, e a chata na empresa. - sorriu.
- Se fosse só na empresa estava bom. - null zombou. - Mas vocês realmente querem falar de trabalho? Vou ir embora para o restaurante e vou deixar o null na loja. - riu.
- Por favor, viemos nos divertir, não? - null deu de ombros. - Começamos a explorar por onde? Roda-gigante? Montanha-russa?
- Montanha-russa sempre tem a maior fila, vamos aproveitar como está. - null apontou, vendo todos concordarem e começarem a caminhar para lá.
- Tenho medo dessas pequenas, sempre me dá a impressão que vão desmoronar a qualquer momento. - null comentou, rindo.
- Vamos lá, eu seguro sua mão, null. - null falou, dando um tapa na cabeça do garoto.
- Aproveita, que não é sempre que ela faz isso, viu? - null deu umas batidinhas nas costas do amigo.
- Na verdade, acho que eu estou sobrando aqui. - null riu. - null ferrou o esquema de duplinhas. - parou no final da fila, vendo que todos já estavam ali.
- Não ferrou nada, null vai com um desconhecido, eu vou com você. - null sorriu, segurando o braço da irmã.
- Não, não. - reclamou. - Sem chance. Vai que conheço um desconhecido bonitinho, obrigada por ser essa pessoa maravilhosa, mas vocês dois numa montanha-russa é tudo que quero, parece essa amizade louca de vocês. - gargalhou, vendo null e null concordarem nada discretamente.
- Eu concordo, é uma oportunidade perfeita. - null deu de ombros, desinteressado.
- Poxa, então eu queria ir com a null. - null fez um biquinho fofo.
- Tá atirando para todos os lados só para fugir? - null falou, caminhando mais um pouco na fila, ainda tinham um tempinho por ali.
- Ai, vocês são muito complicados, nossa senhora - null revirou os olhos. - Bom, eu não me importo de ir sozinha, já que o null está se preparando para o show e não pode estar aqui.
- Relaxa, null, já está dividido. - null riu. - Olha o bonitinho ali na frente, espero que ele fique sozinho no grupo dele. - deu uma piscadinha para as irmãs.
- Você não perde tempo mesmo, hein? - null riu, balançando-a pelos ombros.
- ‘Tô precisando esfriar a cabeça, ‘tô passando tempo demais só com vocês. Vocês deviam fazer o mesmo, já que não se pegam, né? - riu, esperando a reação dos dois.
- E quer melhor companhia do que a gente? Ih, ah lá. - null riu, se apoiando em null, que estava mais próximo dela.
- Boa ideia, não é? Acho que vou dar uma circulada pelo festival mais tarde. - null comentou e null a encarou sem piscar.
- Concordo, eu e a null não vai rolar mesmo, vou atrás de uma boa companhia. - ele a encarou e ela arqueou a sobrancelha.
- É. - respondeu direta.
- Gente, olha, o bonitinho ficou sozinho. - null riu, apontando.
- Tem um aí para vir? - o funcionário responsável pelo brinquedo chamou, vendo diversos grupos que estavam juntos.
- Eu. - null falou, correndo pela fila e passando rapidamente pelo portão.
- null! - null gritou, recebendo uma risada do garoto em resposta, que apenas acenou e apontou para própria mão, como se fosse uma vingança. - Filha da puta. - bufou.
- Meu Deus… - null riu, olhando a cena.
- null é mesmo vingativo. Parece que terá que ir com o null, null. - null alfinetou a irmã.
- Se eu agarrar ele no carrinho, não reclame. - retrucou.
- Ou se eu não te agarrar, não é? Não sou muito adepto a altura. - null jogou, vendo null bufar.
- É, null, seremos nós dois então… - null piscou para o homem, entrelaçando seus braços e andando na fila com ele ao seu lado.
- Vamos, finalmente chegou a nossa vez. - null entrelaçou seu braço no de null.
- Você me paga, null. - null encarou o menino na plataforma, ele havia acabado de deixar o carrinho e apenas deu de ombros.
- Espero vocês lá fora. - mostrou a língua e recebeu um dedo do meio da garota.
- null, vem cá. - null o puxou para longe de null e null, que conseguiram se sentar no primeiro carrinho do brinquedo. - A frente não é boa para quem tem medo de altura. - mentiu o motivo pelo qual queria o homem distante das irmãs.
- Eu não tenho mesmo medo, era blefe. - comentou, inocente. Sentaram no penúltimo banco do brinquedo.
- Hm, esperto. - piscou para o garoto. - Mas não vejo muito sentido em fazer ciúme em alguém que você já tem no bolso. - deu de ombros, prendendo a trava e aguardando que o brinquedo começasse a subir.
- No bolso? A null? Não. - ele negou, nervoso.
- Ah, eu acho que sim, não sei, tenho esse sentimento. Ela não falou nada, e tal, mas… - deu de ombros novamente, se fazendo de sonsa. O brinquedo estava entrando na subida, e ela aguardava pelo momento certo de soltar sua última carta. - Bom, ainda aposto que vai dar certo. - sorriu para ele, sincera.
- Sua irmã já deixou claro aos quatro ventos que nunca vai rolar nada entre a gente, não sei porque está especulando.
- Realmente acho que não vá rolar nada, até porque já rolou, não é? - viu o homem a encarar, com as sobrancelhas arqueadas e parecendo tentar dar alguma resposta. - null não esteve no quarto essa noite, null, a null viu.
- No meu quarto ela não foi parar, dormi sozinho ontem. - ele evitou encará-la, vendo o brinquedo estar cada vez mais alto, os primeiros carrinhos já estavam no início da descida.
- Bom, é um belo arranhão que você tem aqui, querido. A propósito, combina com o chupão que null tentou esconder. - antes que null pudesse encará-lo, o carrinho desceu a toda velocidade. null sentiu o frio na barriga duplicar, null já sabia, e ele estava ferrado, null ia achar que ele tinha aberto a boca.
-Nossa, null, está tudo bem? - null perguntou, vendo o homem descer do carrinho com uma grande palidez.
- Está muito pálido mesmo. - null se aproximou, segurando o rosto do rapaz, examinando.
- Tenho certeza de que ele está muito bem, foi divertido. - null afirmou, dando batidinhas no ombro de null.
- Sim, é que tenho medo de altura. - null engoliu em seco. - Vou logo ficar bem.
- Por que eu tenho a impressão de que não foi só a altura? - null comentou, olhando de uma null sorridente, para um null pálido.
- É que a minha presença deixou tudo muito emocionante pro coração dele. - null riu e passou pelo portão, encarando null, que os aguardava ali fora. - Eu te odeio, só deixando claro. Sua sorte é que foi muito mais divertido ir com null. - piscou para null.
- null, só para constar, eu também te odeio. - null deu dois tapinhas no ombro do rapaz.
- E só para constar, me dei bem mal, o seu bonitinho era esquisito. - revirou os olhos. - Ele estava cheirando cerveja barata, mal chegamos, gente.
- Alguém está aproveitando bem. - null soltou.
- Logo você estará também, apenas duas horas para o show do null. - null abraçou a irmã de lado.
- Ainda bem que começamos a andar aqui mais para frente logo, olha como está cheio agora. - null comentou, olhando a multidão para trás de onde o grupo estava. Não era um lugar em que as pessoas ficavam tão apertadas umas ao lado das outras, mas estava cheio, e a maior parte das pessoas estavam em grupos de amigos como eles.
- null mandou mensagem de áudio. Parece que o bichinho vai parir de tão nervoso que tá, tadinho. - null riu, afastando o celular do ouvido.
- É o primeiro show grande dele? - null questionou.
- Sim. Esses shows são ótimos para visibilidade, como você pode ver - ela apontou para a multidão que se formava. - Fora que eles estão na luta para encontrar gravadoras, né. Tão atirando para tudo quanto é lugar.
- Estamos aqui para apoiá-lo, vamos gritar muito. - null deu um grito repentinamente, assustando o grupo. - Só um aquecimento, ué. - ela riu. - THE SIXX, EU VIM AQUI PARA VER VOCÊS. - gritou novamente ainda rindo.
null pegou o celular, gravando os gritos que os amigos e familiares faziam.
- Olha só como estamos animados, null. Arrasa! - ela mandou uma mensagem de voz para o namorado.
Viram as luzes se apagarem e de imediato a multidão começou a gritar loucamente. De repente, barulhos de baterias foram ouvidos. As luzes começaram a acender e desligar em partes aleatórias do palco. As batidas pararam e deram início aos acordes de Red Hot Chili Peppers - Scar Tissue.
- null, se você não soltar loucamente essa voz, eu te mando de volta para o Canadá. - null brincou, vendo a banda entrar no palco ao som de aplausos e gritos animados da plateia. Aquele realmente era um público que dava muito apoio, isso era incrível para as bandas que estavam ali buscando por fãs.
- Eu amo essa música. - null foi cantando alto junto com a banda. - Eles estão mandando muito bem.
- O null realmente é muito bom, não dá para negar. - null concordou, cantando, animado.
- Me levanta, null. Faz que nem a gente fazia no Canadá. - ela pediu. O amigo se abaixou e segurou null para que ela subisse em seus ombros. Segurava as mãos dela, dando-lhe apoio. Quando levantou, levantou de uma vez e com uma null eufórica em seus ombros. A garota gritava e cantava a música junto a null. null achou que ele não a veria ali, mas viu, e quando viu sorriu daquela forma que só ele fazia. No fogo do momento, gritou algo que nem ela mesmo estava esperando. - Eu te amo, null!
- ! - null gritou.
- O que tem? Ele nem tá ouvindo. - null olhou para baixo e gritou no meio da multidão. Voltou a olhar para o palco e gritou novamente, com os braços abertos e sorriso no rosto. - Eu te amo, null null!
- Essa menina não existe. - null riu e encarou null, que ria também. - Você devia ser bem resolvida com seus sentimentos como ela é. - gritou no ouvido da irmã, para que ela conseguisse ouvir.
- Como assim? - gritou de volta, não tinha entendido.
- Ah, null, fica no ar. - ela apenas suspirou, voltando sua atenção para o show.
- null, não faz isso comigo, detesto as coisas nas entrelinhas. - null insistiu.
- Eu sei, essa é a graça. - ela deu de ombros. - Agora curte o show aí. - mostrou a língua.
A música Sky Full Of Stars, do Coldplay tocava e todos curtiam como deveria ser em um festival de verão. null dançava, pulava, brincava com os companheiros de banda… Ao final da música ele decidiu que seria um bom momento agradecer àqueles que o rodeavam e como se sentia grato pela oportunidade que estava tendo.
- Boa noite, Camberra! Estão curtindo a noite? - todos gritaram em resposta. - Obrigado por comparecerem aqui esta noite e apoiar as bandas que estão tocando hoje. Estamos muito felizes de tocar para vocês e ver que estão animados. - null respirou fundo, sentindo a energia do local. - Essa última música que tocamos não costuma entrar em nosso repertório, mas pareceu um bom momento para tocá-la. Estava ouvindo-a recentemente e percebi o quanto ela se encaixa na minha vida nesse momento que estou conhecendo alguém especial. Saiba que essa é para você. - ele sorriu, sem entrar em detalhes. - E agora vamos para última!
- Eu posso morrer agora, gente? - null gritou para os amigos e as irmãs a ouvissem.
- E se for para outra? - null zombou, recebendo um tapa da amiga.
- Você nem ouse falar um negócio desses para mim! - riu de nervoso. - Me desce, null, acho que minhas estruturas estão abaladas.
- Se acalma. - null brincou, colocando uma mão sobre o ombro da irmã mais nova. - Isso foi lindo. - sorriu, pensando nas simples palavras de null para null.
- Foi muito fofinho, gente. - null olhava encantada para o palco.
- Já podemos tentar sair da multidão? - null perguntou. - Acho que você vai querer encontrá-lo, não?
- Sabe aquele assunto que conversamos, garotas? Acho que é agora. - null gargalhou, brincando.
- Sinto que estamos sendo excluídos. - null falou, rindo com null, que concordou.
- null, se tiver certeza, vai que vai. - null riu. - Só não me vai soltar que ama o garoto aos berros sem ser durante um show, pelo amor de Deus, vai assustá-lo. - brincou.
- Por favor, e principalmente: proteja-se. - null sussurrou no ouvido da irmã mais nova.
- null. - null a repreendeu. - Esse assunto vai para um momento mais privado, coitada. - riu.
- Eu não falei alto, ok? Não quero ser tia agora, e também não quero minha irmã com DST. - deu de ombros.
- Puta que pariu, fala mais alto. Ninguém ouviu. - null queria morrer ali de tanta vergonha. null a encarava, sem entender.
- O que foi, meninas? - null as encarou, curioso.
- Nada. - as três responderam em uníssono.
- Vamos sair daqui e esperar o amor da null. - null comentou, virando-se e tentando sair da frente do palco, se distanciando das pessoas.
- Ele vai demorar para aparecer? Quero ir na roda gigante. - null falou, rindo.
- Mas e seu medo de altura? - null perguntou, se fingindo de inocente.
null estava alheia ao que conversavam ao seu redor. Tudo o queria fazer naquele momento era ver null ali na sua frente.
[null]: Vai demorar? Tenho que te falar uma coisa.
[null]: Tô saindo.
[null]: Tô indo até a parte que você me falou.
[null]: Estou te vendo.
- Meu Deus, precisava ser tão descritivo assim? - null disse ao se virar e vê-lo ali na sua frente.
- Queria dar um ar dramático. - null riu.
null então sorriu e correu para diminuir a distância que tinha entre eles, pulando em cima de null. Ele não teve muito tempo de pensar, apenas a segurar em seus braços.
Os dois se encararam por um tempo, até que null segurasse seu rosto com as duas mãos e dissesse:
- Obrigada pela música. Gosto muito de você, null! - e o beijou ali mesmo, com todos em volta.
Ambos ficaram um bom tempo se beijando, até que enfim se separaram.
- Ai, meu Deus! Foi incrível, null! - null correu e pulou nos braços do amigo, fazendo todos rirem. - Mas eu queria uma homenagem também. - fez bico.
- Sai de cima, mano - null riu, afastando o amigo. - O que combinamos? Nada dessas cenas em público. Em público eu deixo pra null
- Tudo bem, tudo bem. - fingiu fungar, se afastando do amigo de cabeça baixa.
- E eu? Você conheceu esses dois ontem? Temos anos de romance, null. - null entrou na brincadeira, empurrando null e abraçando o amigo. - Parabéns, cara. Foi ótimo o show.
- Tem um null para todo mundo, gente. Menos para as outras null, porque de null só basta uma. - ele piscou para null.
- Relaxa, null. Uma null já está muito bem acompanhada. - null piscou para o garoto, apontando para null. - E a outra está indo procurar companhia. - riu.
- Você não ia no Bungee Jumping comigo? - null perguntou, confuso, a encarando e vendo-a bater na testa.
- É, ela vai procurar companhia depois. Vamos lá, pirralho. - null puxou o garoto pela mão, saindo de perto do grupo.
- Eu estou com fome. - null sentiu o estômago reclamar. Olhou de soslaio para null.
- Eu também estou, vamos comer alguma coisa. Se divirtam por aí, casal.
- Juízo aos dois. E, null, parabéns pelo show, ficou incrível. - null acenou saindo de cena, acompanhada de null.
- Então… Quer ir descansar ou aproveitar o local? - null perguntou ao rapaz ao ver todos saindo.
- Que tal irmos até o camarim e conhecer o resto do pessoal? Você ainda não os conhece.
- Acesso VIP ao camarim para conhecer os TheSixx? ‘Tô me sentindo uma groupie sem realmente ser.
- Ai, null, você é uma graça. - ele entrelaçou os dedos nos dela e beijou sua mão, rindo.
E então os dois foram juntos até uma porta que os levariam até onde todos estavam. Indo até o camarim do The Sixx.
- Hum, gente? - null resolveu chamar a atenção delas. Quem melhor para lhe dar conselhos do que as próprias irmãs?
- Diga, null. - null a encarava, tinha despertado de seus pensamentos. null prestava atenção a conversa.
- null está aqui, no mesmo hotel que a gente. - ela encarou as mais velhas.
- Oi? - null tinha uma expressão surpresa na face.
- Como assim? Vocês combinaram, null? - null a questionou.
- Não, eu juro que não. Me pegou de surpresa também. A questão não é essa. Bom, eu dormi no quarto dele ontem. - ela disse, mas estava tentando criar coragem para contar a outra parte da situação. Como contar aquilo sendo que tudo o que fazia na frente delas denotava que já havia feito muito mais com outras pessoas? Por um momento travou e ficou encarando as irmãs.
- Você o quê, null?! - null largou a xícara na mesa e encarou a mais nova, desacreditada.
- Eu não acredito que você dormiu com ele, null, meu Deus. - null a encarava, incrédula. - Pretendia esconder da gente mesmo?
null balançou a cabeça, tirando da mente toda aquela besteira. Se não botasse tudo para fora, a situação ficaria muito feia. Não só para si, mas para null também.
- Calma, gente, não é bem assim. Eu… - ela engoliu em seco. - Sou virgem. - ela esfregou as mãos, já suadas, na calça que vestia.
- Eu já sabia. - null respondeu. - Achei que tivesse perdido ontem.
- null, por que você nunca comentou conosco sobre isso? Sempre fomos tão abertas… - null a encarou.
- Ah, não sei, acho que por causa do tempo que ficamos separadas, quando nos vimos eu quisesse parecer descolada do lado de vocês duas, não sei. Fora que também nunca surgiu a oportunidade de chegar em vocês e dizer “Oi, eu sou virgem.” Mas eu também nunca senti essa pressão, sabe? Mas ontem foi diferente… null não forçou nada comigo, foi um fofo, mas sabe quando você já queria ter passado por aquela experiência para ter de novo com a pessoa que você gosta? Pois é, aconteceu comigo, mas a insegurança é maior que tudo. Eu sinto que com o null é diferente, mas mesmo assim… Ai, sei lá. - ela esfregou o rosto, envergonhada. Era a primeira vez em muito tempo que se sentiu assim.
- Meu Deus, eu não sei se brigo com você ou te abraço. - null suspirou fundo, encarando a irmã.
null tinha os braços cruzados sobre a mesa e encarava a irmã.
- null, isso que você está sentindo é completamente normal. Você acabou de sair da escola e está entrando na vida adulta. Não é porque eu e a null já experienciamos isso na mesma idade que você, que você tem que fazer o mesmo. Sabe quando você vai fazer isso? - null levantou a cabeça e encarou null - Quando você se sentir segura para tal. E sabe quando você vai saber isso? Bem, você vai saber. Pelo o que vemos do null, apesar das roupas estranhas que ele usa, ele não é lá um completo babaca... Talvez só um pouquinho. - ela torceu o nariz, rindo logo em seguida. - Mas o quero dizer é que não tem uma fórmula mágica, null. Se você estiver com a pessoa certa, e com isso eu quero dizer que te entenda, saiba seus limites, te escute e seja paciente, tudo dará certo. As coisas fluem, sabe? Você se deixa levar.
- Concordo com tudo o que a null disse, cada um tem seu tempo, eu perdi a virgindade com 17 anos, porque eu confiava no meu parceiro, gostava dele, mas se eu não tivesse me sentido a vontade, perderia com 20, ou 30 anos, independente, isso é um tabu que precisa ser quebrado. Ser virgem jamais deve ser um martírio.
- E você não precisa sentir vergonha de ser virgem, null.
A mais nova se levantou de onde estava e ficou entre as cadeiras das irmãs, as abraçando ao mesmo tempo.
- Não sei o que faria sem vocês. Eu amo muito vocês duas. - ela estalou um beijo no rosto de cada uma. Parecia que um peso tinha saído de suas costas com toda aquela conversa.
- Estamos aqui por você e para você, null. Jamais duvide disso, ok? - null sorriu, abraçando a irmã mais uma vez.
Elas se levantaram, indo juntas até a área da piscina. O dia estava ótimo para um banho de sol.
- Espera aí, null, se você é virgem e você fazia tudo com o null, quer dizer que ele também é virgem?
null gargalhou.
- Aquele ali tem só a cara de santo, mas de santo não tem nada. Se você soubesse o que eu sei, null, você ia ficar de cabelo em pé. - ela continuou, gargalhando.
- Eu estou chocada, ele tem cara de anjo. - null riu, desacreditada.
- Só se for o Lúcifer, né?
- Não consigo ver dessa forma. - null riu, pensativa.
- Por que vocês estão olhando pro nada dessa forma com essas caras? Gente, morre aqui, tá? Vocês estão pensando em emboscar o garoto? - a mais nova brincou. - Mas é sério, o null não é de se brincar não, pelo que ouvia pelos corredores da escola.
- Droga, nem posso zoar ele? - null perguntou com um sorriso malicioso no rosto.
- Você destruiu a imagem de bom moço que eu tinha do null, agora tudo o que eu consigo pensar e ele sendo dominador no BDSM. - null riu.
- null! - null gargalhou, tentando tirar a cena da cabeça. - É o pirralho, não dá para pensar nisso, me ajudem. - ela segurou a barriga, já sentindo doer devido às risadas.
- Não diria um Christian Grey, mas tá bem próximo.
- Chega, pelo amor de Deus, eu não posso mais ouvir, eu não vou conseguir me controlar quando ver o null, vou querer rir. - null já sentia a barriga doer.
- Você bugou minha cabeça, null. Ele é tão… Ele. - null riu mais baixo, se acalmando do ataque de risos.
- Bom, de qualquer forma ele continua sendo fofo.
- E o null, null? Como é? - null perguntou, encarando a irmã.
- O quê? Eu já disse para vocês a péssima experiência da primeira vez, esqueceram? - null deu de ombros, evitando encará-las.
null estreitou os olhos, encarando a irmã. Ela se lembrou de algo da noite passada.
- Ah, jura? Bom, então você poderia me dizer o que você foi fazer ontem à noite? Porque antes de eu ir pro quarto do null, eu chequei sua cama, null, e ela estava muito - frisou a palavra - bem forrada, sabe? Até parecia que tinha alguém ali. Eu fiz o mesmo na minha, sabe? Porque aprendi com a melhor forradora de camas que o Canadá poderia ter criado.
- Oi? - null perguntou, arqueando a sobrancelha.
- Eu saí do quarto porque precisava tomar um ar, não estava conseguindo dormir. Não queria preocupar vocês. - null abriu um sorriso fechado.
- Aham, vamos fingir que acreditamos, não é, null? - null cutucou a irmã com o cotovelo.
- Acreditamos sim, sem dúvida. - sorriu forçadamente para null.
- O que vocês acham que aconteceu? - jogou para elas.
- Bom, se eu tive a mesma ideia de forrar a cama como você fez e me ensinou um dia, e logo depois eu fui pro quarto do null, você também foi caçar macho. E o macho da história aqui é o null.
- O quê? Claro que não, meu Deus! - ela escancarou a boca, forçando a expressão no rosto de espanto.
- Arrumou outro, então? - null perguntou, cogitando a ideia.
- Talvez? - deu de ombros com um sorrisinho malicioso. - Eu posso ter olhado para alguém no hall do hotel... Enfim, vocês me colocam como a tarada das null.
- Ah, agora que a gente descobriu a virgindade dessa aqui. - null abraçou null de lado, bagunçando seus cabelos para irritá-la. - Você sempre foi, agora só estamos reforçando. - riu, mandando um beijo para irmã.
- Papai e mamãe ficariam orgulhosos por ter criado a gente. - null comentou ironicamente.
- Tenho minhas dúvidas se o papai acha que sou virgem, será? - null riu.
- Ele com certeza não espera que você case virgem. - a mais nova pontuou.
- Espero que ele não espere isso de nós todas, na verdade. - null riu. - Seria ingenuidade, não? Eles nos conhecem.
- Eu nunca falei abertamente sobre isso com ele, mas com a mamãe sim. - null ficou pensativa.
- null, lembra quando a mamãe perguntou para gente da null e do null? - null comentou, vendo null rir com ela.
- Como assim? Mamãe foi perguntar a vocês sobre a gente? - null riu, negando com a cabeça.
- Até a gente suspeitava mesmo que vocês tivessem algo. - null complementou.
- Acredito que todo mundo, na verdade, os pais do null também com certeza. - null deu de ombros. - Mas acho que agora sabemos bem que realmente não tem nada a ver, vocês são bem diferentes até pelo jeito. - riu, lembrando-se do assunto anterior.
- Hoje foi o divisor de águas, sem dúvidas. - null tentou não rir pensando no assunto.
Todos chegaram ao Summer Festival Camberra por volta das cinco da tarde. Ficaram sabendo que não seria somente a banda de null que se apresentaria ali, e sim, mais dez bandas com estilos diferentes, já que o público do festival era diverso. De acordo com o folheto que tinham recebido a apresentação do null seria as 20 horas, se não tivesse nenhum imprevisto.
Assim que colocaram os pés no local, sorriram, já da entrada era possível ver uma roda-gigante, uma montanha-russa, e o palco um pouco mais a frente. Próximo do palco havia o bungee jumping com uma pequena fila. Haviam chegado cedo, daria para se divertirem antes de começarem as apresentações.
A estrutura do evento era grandiosa, havia alguns estabelecimentos credenciados que vendiam desde lanches a comidas mais sofisticadas, os preços das comidas eram caros também, ainda bem que estavam prevenidos para aquela viagem. Conforme andavam por ali, ficavam surpresos com o tamanho, o palco era ainda maior de perto.
- Uau, quem diria, hein? Não sabia que um festival desses poderia ser tão animado. - null comentou, olhando tudo em volta.
- Sim, e é muito grande. Não conhecia. - null comentou.
- Nem achei que fosse ser algo tão assim, esse seu namorado vai longe e vamos ter muitos desses para ir, de preferência. - null falou. – ‘Tô apoiando muito esse namoro agora, muito bom, né, null? - riu, cutucando a irmã.
- Eu nunca fui contra, até incentivei mandando ela andar na garupa dele. - null sorriu, cínica.
- Interesseiras. - null cochichou.
- Então agora é assim? Se para convencer vocês era preciso trazer para um festival, era para eu ter feito isso antes. - null fez bico, olhando para as irmãs.
- O que importa é que a hora chegou, cadê o null? Já quero falar para ele que vocês têm nossa aprovação pro casamento. - null brincou, fingindo procurar o garoto que provavelmente estava nos bastidores com a banda. - Mas falando sério, eu adoro festivais, e sei que a null também. - sorriu para irmã, animada.
- Sim, amo muito e faz muito tempo que não vou a um, estava focada demais no meu trabalho. - suspirou, chateada.
- Nossa, você realmente trabalha tanto assim, null? - null perguntou. - Meu Deus, você não parece tão chata assim. - riu.
- Você não conhece a null profissional, eu sou mesmo muito focada, e a chata na empresa. - sorriu.
- Se fosse só na empresa estava bom. - null zombou. - Mas vocês realmente querem falar de trabalho? Vou ir embora para o restaurante e vou deixar o null na loja. - riu.
- Por favor, viemos nos divertir, não? - null deu de ombros. - Começamos a explorar por onde? Roda-gigante? Montanha-russa?
- Montanha-russa sempre tem a maior fila, vamos aproveitar como está. - null apontou, vendo todos concordarem e começarem a caminhar para lá.
- Tenho medo dessas pequenas, sempre me dá a impressão que vão desmoronar a qualquer momento. - null comentou, rindo.
- Vamos lá, eu seguro sua mão, null. - null falou, dando um tapa na cabeça do garoto.
- Aproveita, que não é sempre que ela faz isso, viu? - null deu umas batidinhas nas costas do amigo.
- Na verdade, acho que eu estou sobrando aqui. - null riu. - null ferrou o esquema de duplinhas. - parou no final da fila, vendo que todos já estavam ali.
- Não ferrou nada, null vai com um desconhecido, eu vou com você. - null sorriu, segurando o braço da irmã.
- Não, não. - reclamou. - Sem chance. Vai que conheço um desconhecido bonitinho, obrigada por ser essa pessoa maravilhosa, mas vocês dois numa montanha-russa é tudo que quero, parece essa amizade louca de vocês. - gargalhou, vendo null e null concordarem nada discretamente.
- Eu concordo, é uma oportunidade perfeita. - null deu de ombros, desinteressado.
- Poxa, então eu queria ir com a null. - null fez um biquinho fofo.
- Tá atirando para todos os lados só para fugir? - null falou, caminhando mais um pouco na fila, ainda tinham um tempinho por ali.
- Ai, vocês são muito complicados, nossa senhora - null revirou os olhos. - Bom, eu não me importo de ir sozinha, já que o null está se preparando para o show e não pode estar aqui.
- Relaxa, null, já está dividido. - null riu. - Olha o bonitinho ali na frente, espero que ele fique sozinho no grupo dele. - deu uma piscadinha para as irmãs.
- Você não perde tempo mesmo, hein? - null riu, balançando-a pelos ombros.
- ‘Tô precisando esfriar a cabeça, ‘tô passando tempo demais só com vocês. Vocês deviam fazer o mesmo, já que não se pegam, né? - riu, esperando a reação dos dois.
- E quer melhor companhia do que a gente? Ih, ah lá. - null riu, se apoiando em null, que estava mais próximo dela.
- Boa ideia, não é? Acho que vou dar uma circulada pelo festival mais tarde. - null comentou e null a encarou sem piscar.
- Concordo, eu e a null não vai rolar mesmo, vou atrás de uma boa companhia. - ele a encarou e ela arqueou a sobrancelha.
- É. - respondeu direta.
- Gente, olha, o bonitinho ficou sozinho. - null riu, apontando.
- Tem um aí para vir? - o funcionário responsável pelo brinquedo chamou, vendo diversos grupos que estavam juntos.
- Eu. - null falou, correndo pela fila e passando rapidamente pelo portão.
- null! - null gritou, recebendo uma risada do garoto em resposta, que apenas acenou e apontou para própria mão, como se fosse uma vingança. - Filha da puta. - bufou.
- Meu Deus… - null riu, olhando a cena.
- null é mesmo vingativo. Parece que terá que ir com o null, null. - null alfinetou a irmã.
- Se eu agarrar ele no carrinho, não reclame. - retrucou.
- Ou se eu não te agarrar, não é? Não sou muito adepto a altura. - null jogou, vendo null bufar.
- É, null, seremos nós dois então… - null piscou para o homem, entrelaçando seus braços e andando na fila com ele ao seu lado.
- Vamos, finalmente chegou a nossa vez. - null entrelaçou seu braço no de null.
- Você me paga, null. - null encarou o menino na plataforma, ele havia acabado de deixar o carrinho e apenas deu de ombros.
- Espero vocês lá fora. - mostrou a língua e recebeu um dedo do meio da garota.
- null, vem cá. - null o puxou para longe de null e null, que conseguiram se sentar no primeiro carrinho do brinquedo. - A frente não é boa para quem tem medo de altura. - mentiu o motivo pelo qual queria o homem distante das irmãs.
- Eu não tenho mesmo medo, era blefe. - comentou, inocente. Sentaram no penúltimo banco do brinquedo.
- Hm, esperto. - piscou para o garoto. - Mas não vejo muito sentido em fazer ciúme em alguém que você já tem no bolso. - deu de ombros, prendendo a trava e aguardando que o brinquedo começasse a subir.
- No bolso? A null? Não. - ele negou, nervoso.
- Ah, eu acho que sim, não sei, tenho esse sentimento. Ela não falou nada, e tal, mas… - deu de ombros novamente, se fazendo de sonsa. O brinquedo estava entrando na subida, e ela aguardava pelo momento certo de soltar sua última carta. - Bom, ainda aposto que vai dar certo. - sorriu para ele, sincera.
- Sua irmã já deixou claro aos quatro ventos que nunca vai rolar nada entre a gente, não sei porque está especulando.
- Realmente acho que não vá rolar nada, até porque já rolou, não é? - viu o homem a encarar, com as sobrancelhas arqueadas e parecendo tentar dar alguma resposta. - null não esteve no quarto essa noite, null, a null viu.
- No meu quarto ela não foi parar, dormi sozinho ontem. - ele evitou encará-la, vendo o brinquedo estar cada vez mais alto, os primeiros carrinhos já estavam no início da descida.
- Bom, é um belo arranhão que você tem aqui, querido. A propósito, combina com o chupão que null tentou esconder. - antes que null pudesse encará-lo, o carrinho desceu a toda velocidade. null sentiu o frio na barriga duplicar, null já sabia, e ele estava ferrado, null ia achar que ele tinha aberto a boca.
-Nossa, null, está tudo bem? - null perguntou, vendo o homem descer do carrinho com uma grande palidez.
- Está muito pálido mesmo. - null se aproximou, segurando o rosto do rapaz, examinando.
- Tenho certeza de que ele está muito bem, foi divertido. - null afirmou, dando batidinhas no ombro de null.
- Sim, é que tenho medo de altura. - null engoliu em seco. - Vou logo ficar bem.
- Por que eu tenho a impressão de que não foi só a altura? - null comentou, olhando de uma null sorridente, para um null pálido.
- É que a minha presença deixou tudo muito emocionante pro coração dele. - null riu e passou pelo portão, encarando null, que os aguardava ali fora. - Eu te odeio, só deixando claro. Sua sorte é que foi muito mais divertido ir com null. - piscou para null.
- null, só para constar, eu também te odeio. - null deu dois tapinhas no ombro do rapaz.
- E só para constar, me dei bem mal, o seu bonitinho era esquisito. - revirou os olhos. - Ele estava cheirando cerveja barata, mal chegamos, gente.
- Alguém está aproveitando bem. - null soltou.
- Logo você estará também, apenas duas horas para o show do null. - null abraçou a irmã de lado.
- Ainda bem que começamos a andar aqui mais para frente logo, olha como está cheio agora. - null comentou, olhando a multidão para trás de onde o grupo estava. Não era um lugar em que as pessoas ficavam tão apertadas umas ao lado das outras, mas estava cheio, e a maior parte das pessoas estavam em grupos de amigos como eles.
- null mandou mensagem de áudio. Parece que o bichinho vai parir de tão nervoso que tá, tadinho. - null riu, afastando o celular do ouvido.
- É o primeiro show grande dele? - null questionou.
- Sim. Esses shows são ótimos para visibilidade, como você pode ver - ela apontou para a multidão que se formava. - Fora que eles estão na luta para encontrar gravadoras, né. Tão atirando para tudo quanto é lugar.
- Estamos aqui para apoiá-lo, vamos gritar muito. - null deu um grito repentinamente, assustando o grupo. - Só um aquecimento, ué. - ela riu. - THE SIXX, EU VIM AQUI PARA VER VOCÊS. - gritou novamente ainda rindo.
null pegou o celular, gravando os gritos que os amigos e familiares faziam.
- Olha só como estamos animados, null. Arrasa! - ela mandou uma mensagem de voz para o namorado.
Viram as luzes se apagarem e de imediato a multidão começou a gritar loucamente. De repente, barulhos de baterias foram ouvidos. As luzes começaram a acender e desligar em partes aleatórias do palco. As batidas pararam e deram início aos acordes de Red Hot Chili Peppers - Scar Tissue.
- null, se você não soltar loucamente essa voz, eu te mando de volta para o Canadá. - null brincou, vendo a banda entrar no palco ao som de aplausos e gritos animados da plateia. Aquele realmente era um público que dava muito apoio, isso era incrível para as bandas que estavam ali buscando por fãs.
- Eu amo essa música. - null foi cantando alto junto com a banda. - Eles estão mandando muito bem.
- O null realmente é muito bom, não dá para negar. - null concordou, cantando, animado.
- Me levanta, null. Faz que nem a gente fazia no Canadá. - ela pediu. O amigo se abaixou e segurou null para que ela subisse em seus ombros. Segurava as mãos dela, dando-lhe apoio. Quando levantou, levantou de uma vez e com uma null eufórica em seus ombros. A garota gritava e cantava a música junto a null. null achou que ele não a veria ali, mas viu, e quando viu sorriu daquela forma que só ele fazia. No fogo do momento, gritou algo que nem ela mesmo estava esperando. - Eu te amo, null!
- ! - null gritou.
- O que tem? Ele nem tá ouvindo. - null olhou para baixo e gritou no meio da multidão. Voltou a olhar para o palco e gritou novamente, com os braços abertos e sorriso no rosto. - Eu te amo, null null!
- Essa menina não existe. - null riu e encarou null, que ria também. - Você devia ser bem resolvida com seus sentimentos como ela é. - gritou no ouvido da irmã, para que ela conseguisse ouvir.
- Como assim? - gritou de volta, não tinha entendido.
- Ah, null, fica no ar. - ela apenas suspirou, voltando sua atenção para o show.
- null, não faz isso comigo, detesto as coisas nas entrelinhas. - null insistiu.
- Eu sei, essa é a graça. - ela deu de ombros. - Agora curte o show aí. - mostrou a língua.
A música Sky Full Of Stars, do Coldplay tocava e todos curtiam como deveria ser em um festival de verão. null dançava, pulava, brincava com os companheiros de banda… Ao final da música ele decidiu que seria um bom momento agradecer àqueles que o rodeavam e como se sentia grato pela oportunidade que estava tendo.
- Boa noite, Camberra! Estão curtindo a noite? - todos gritaram em resposta. - Obrigado por comparecerem aqui esta noite e apoiar as bandas que estão tocando hoje. Estamos muito felizes de tocar para vocês e ver que estão animados. - null respirou fundo, sentindo a energia do local. - Essa última música que tocamos não costuma entrar em nosso repertório, mas pareceu um bom momento para tocá-la. Estava ouvindo-a recentemente e percebi o quanto ela se encaixa na minha vida nesse momento que estou conhecendo alguém especial. Saiba que essa é para você. - ele sorriu, sem entrar em detalhes. - E agora vamos para última!
- Eu posso morrer agora, gente? - null gritou para os amigos e as irmãs a ouvissem.
- E se for para outra? - null zombou, recebendo um tapa da amiga.
- Você nem ouse falar um negócio desses para mim! - riu de nervoso. - Me desce, null, acho que minhas estruturas estão abaladas.
- Se acalma. - null brincou, colocando uma mão sobre o ombro da irmã mais nova. - Isso foi lindo. - sorriu, pensando nas simples palavras de null para null.
- Foi muito fofinho, gente. - null olhava encantada para o palco.
- Já podemos tentar sair da multidão? - null perguntou. - Acho que você vai querer encontrá-lo, não?
- Sabe aquele assunto que conversamos, garotas? Acho que é agora. - null gargalhou, brincando.
- Sinto que estamos sendo excluídos. - null falou, rindo com null, que concordou.
- null, se tiver certeza, vai que vai. - null riu. - Só não me vai soltar que ama o garoto aos berros sem ser durante um show, pelo amor de Deus, vai assustá-lo. - brincou.
- Por favor, e principalmente: proteja-se. - null sussurrou no ouvido da irmã mais nova.
- null. - null a repreendeu. - Esse assunto vai para um momento mais privado, coitada. - riu.
- Eu não falei alto, ok? Não quero ser tia agora, e também não quero minha irmã com DST. - deu de ombros.
- Puta que pariu, fala mais alto. Ninguém ouviu. - null queria morrer ali de tanta vergonha. null a encarava, sem entender.
- O que foi, meninas? - null as encarou, curioso.
- Nada. - as três responderam em uníssono.
- Vamos sair daqui e esperar o amor da null. - null comentou, virando-se e tentando sair da frente do palco, se distanciando das pessoas.
- Ele vai demorar para aparecer? Quero ir na roda gigante. - null falou, rindo.
- Mas e seu medo de altura? - null perguntou, se fingindo de inocente.
null estava alheia ao que conversavam ao seu redor. Tudo o queria fazer naquele momento era ver null ali na sua frente.
[null]: Vai demorar? Tenho que te falar uma coisa.
[null]: Tô saindo.
[null]: Tô indo até a parte que você me falou.
[null]: Estou te vendo.
- Meu Deus, precisava ser tão descritivo assim? - null disse ao se virar e vê-lo ali na sua frente.
- Queria dar um ar dramático. - null riu.
null então sorriu e correu para diminuir a distância que tinha entre eles, pulando em cima de null. Ele não teve muito tempo de pensar, apenas a segurar em seus braços.
Os dois se encararam por um tempo, até que null segurasse seu rosto com as duas mãos e dissesse:
- Obrigada pela música. Gosto muito de você, null! - e o beijou ali mesmo, com todos em volta.
Ambos ficaram um bom tempo se beijando, até que enfim se separaram.
- Ai, meu Deus! Foi incrível, null! - null correu e pulou nos braços do amigo, fazendo todos rirem. - Mas eu queria uma homenagem também. - fez bico.
- Sai de cima, mano - null riu, afastando o amigo. - O que combinamos? Nada dessas cenas em público. Em público eu deixo pra null
- Tudo bem, tudo bem. - fingiu fungar, se afastando do amigo de cabeça baixa.
- E eu? Você conheceu esses dois ontem? Temos anos de romance, null. - null entrou na brincadeira, empurrando null e abraçando o amigo. - Parabéns, cara. Foi ótimo o show.
- Tem um null para todo mundo, gente. Menos para as outras null, porque de null só basta uma. - ele piscou para null.
- Relaxa, null. Uma null já está muito bem acompanhada. - null piscou para o garoto, apontando para null. - E a outra está indo procurar companhia. - riu.
- Você não ia no Bungee Jumping comigo? - null perguntou, confuso, a encarando e vendo-a bater na testa.
- É, ela vai procurar companhia depois. Vamos lá, pirralho. - null puxou o garoto pela mão, saindo de perto do grupo.
- Eu estou com fome. - null sentiu o estômago reclamar. Olhou de soslaio para null.
- Eu também estou, vamos comer alguma coisa. Se divirtam por aí, casal.
- Juízo aos dois. E, null, parabéns pelo show, ficou incrível. - null acenou saindo de cena, acompanhada de null.
- Então… Quer ir descansar ou aproveitar o local? - null perguntou ao rapaz ao ver todos saindo.
- Que tal irmos até o camarim e conhecer o resto do pessoal? Você ainda não os conhece.
- Acesso VIP ao camarim para conhecer os TheSixx? ‘Tô me sentindo uma groupie sem realmente ser.
- Ai, null, você é uma graça. - ele entrelaçou os dedos nos dela e beijou sua mão, rindo.
E então os dois foram juntos até uma porta que os levariam até onde todos estavam. Indo até o camarim do The Sixx.
Capítulo Onze
O casal adentrou o local de mãos dadas. Era um corredor grande, bem iluminado, com diversas portas. Ali, no corredor mesmo, havia bastante gente perambulando. Eles cumprimentaram aqueles que passavam por eles além de, claro, null pedir fotos para alguns deles. Quando entraram na sala onde o The Sixx estava ficando, eles encontraram uma mesa de canto com algumas comidas e um frigobar ao lado. Na parede ao fundo tinha um espelho que ia do teto ao chão e, a sua frente, uma mesa com cadeira, onde havia vários conteúdos de maquiagem. E, no centro da sala, havia um sofá na cor preta. A banda estava toda espalhada pelo lugar. Um deles, que null presumiu ser o baterista pelas baquetas, estava no chão, sentado, com um fone de ouvido e batucava em uma almofada enquanto mantinha os olhos fechados. Os demais ou estavam no celular ou comendo.
- null! - um deles parou o que estava fazendo e prestou atenção neles.
- Hey. - null caminhou na frente, levando null atrás de si enquanto mantinha suas mãos entrelaçadas. - Pessoal, quero que vocês conheçam alguém que é bem especial para mim. - o rapaz das baquetas parou o que estava fazendo e se levantou. - Essa é a null, minha namorada.
- Olá, null. Já ouvimos bastante de você por aqui. - o rapaz riu. - Eu sou o Brandon, guitarrista da banda.
- É, esse boboca aqui fica que nem idiota quando fala de você. - o outro disse. - Taylor, o baterista - ele se apresentou.
- Ei, ei, isso é uma coisa que deveria ficar entre a gente. - null ralhou.
- E você acha mesmo que a gente ia deixar passar? Você zoou tanto o Brandon na época que ele começou a namorar a Ella. Prazer, eu sou o Harry.
- Exato. Tudo o que vai, um dia volta. - Brandon brincou.
- Touché - null riu.
- Olá, pessoal. - null cumprimentou todos. - Prazer em conhecer todos vocês.
- Você é daqui mesmo, null? - Taylor perguntou.
- Ah, não, eu sou do Canadá, mas estou passando um tempo com a minha irmã aqui em Melbourne.
- A null quer fazer faculdade aqui em Melbourne. - null complementou, indo se sentar no sofá e sendo seguido pela mulher.
- Sim. - ela ajeitou o cabelo atrás da orelha - Vocês arrasaram no palco. Assim como eu, minhas irmãs e amigos adoraram todo o clima do show.
- Muito obrigado. Estávamos muito felizes e queríamos transmitir isso ao público. O clima tava excelente, a galera estava receptiva… tivemos um grande apoio da equipe técnica também, que não podemos esquecer. Isso e mais um pouco nos favoreceu bastante.
- Exatamente. O bom de sempre se fazer show é o sentimento de adrenalina que você sente após ele. É incrível. - null disse.
Eles ficaram um tempo em silêncio, relembrando os acontecimentos da noite, até que null resolveu perguntar, mais para não ficar com tanto silêncio ali.
- Vocês todos namoram?
- Ah, não, só o Brandon e o null mesmo. - Taylor disse.
- E há quanto tempo você namora, Brandon?
- Acho que há mais de dois anos, eu acho. - ele pôs a mão no queixo, pensativo. - Sou horrível com datas.
- Três anos, meu caro. - Harry lembrou.
- Puta merda, até o Harry lembra. - Taylor zoou, jogando uma almofada no amigo. Brandon pegou no ar e jogou de volta para Taylor.
null ria vendo aquilo tudo. Ele se virou e se deitou no sofá, com a cabeça no colo da mulher. Ela então começou a passar a mão em seu cabelo em uma leve carícia enquanto eles prestavam atenção nos demais do local.
Todos estavam prontos para ir embora. null estava com o pessoal da banda esperando que a van que ia levar eles até o hotel, o mesmo ao qual ela estava ficando, saísse. Ela mandou mensagem para as irmãs informando que iria embora com eles.
null estava adorando todo esse sentimento de leveza que estava sentindo quando estava com null. Ela então olhou para ele ao seu lado e sorriu. Ele estava conversando com os amigos e ria ocasionalmente na conversa. Ela e null estavam nos bancos do meio, enquanto o restante estava à frente ou ao fundo.
null segurou a mão de null de repente, enquanto ela divagava.
- Tá tudo bem? - ele perguntou, enquanto ela se virava para vê-lo.
- Tá sim, não se preocupa. Só tava pensando aqui que a gente deveria tentar coisas novas.
- Mas estamos tentando coisas novas, não estamos?
- Por favor, null… Eu… Você sabe, aquele negócio que conversamos no quarto… - ela queria, mas tinha vergonha de dizer todas as palavras, ainda mais dentro de uma van com os amigos do rapaz todos ali.
- null… - ele disse apertou sua mão, entendendo o que ela queria dizer. - Ainda não. Vamos esperar mais um pouco. Não estamos em casa e você pode estar preparada, mas eu não.
- Ok…? - ela arqueou a sobrancelha, confusa.
- Ok. - ele riu, beijando a mão da garota enquanto estava entrelaçada na sua.
×××
- Eu posso ver se alguém quer ir comigo, null, se quiser ir dar uma volta, tudo bem. – null sorriu para garota quando chegaram na fila da atração, vendo-a negar com a cabeça.
- Eu quero ir também, relaxa. – ela sorriu.
- Me conta, ficou brava comigo pela montanha russa? – o garoto piscou para ela, e se sentou na grade que dividia a fila.
- Você é um idiota. – ela mostrou a língua. – Mas foi uma boa vingança, tenho que admitir. – a garota riu, dando de ombros.
- Eu sei, eu sou bom nisso. – ele puxou a mulher para mais perto e apoiou suas mãos nos ombros dela, que não reclamou. – Tem medo? – ele apontou para a enorme altura do brinquedo.
- Não sei, talvez lá em cima, mas aí já vai ser tarde demais, tudo bem. – ela riu. – E você?
- Não, acho que sou muito aventureiro. Mas se eu falar que tenho, você vai segurar minha mão?
- Você não acha que está muito saidinho com essas brincadeiras, null? – a mulher riu, negando com a cabeça.
- Não é como se você se importasse, senão já tinha me cortado. – ele deu de ombros.
- Maldito o momento que te dei essa liberdade toda. – ela bufou, brincando.
- Você passou a noite comigo, null, não se esqueça disso, você levou a liberdade para outro nível. – ele gargalhou e a viu torcer o nariz para frase, rindo também.
- Era para eu ter levantado e saído, mas estava confortável. – a mulher fez bico.
- Eu não estou reclamando, de forma alguma. – null falou, sério. Quando a fila andou, o garoto desceu da grade em que estava sentado e apenas se encostou novamente no ferro, puxando null para perto de si e mantendo-a em um abraço.
- Mas além da liberdade, você não acha que isso é grudinho demais? – ela riu, mas não se moveu.
- Você disse que gostava de abraços, eu gosto também. – ele deu de ombros. – E talvez, só talvez, eu esteja com um pouco de medo e precise me acalmar. – ele riu, encarando de longe a pessoa que se preparava para pular.
- Ei, como você está? Legal demais, né? – null comemorou, vendo a amiga se aproximar depois de sair por onde ele saira antes, já que havia pulado primeiro.
- Péssima, null. Por que eu fui pular? – os olhos da garota marejaram e ela se sentou no chão, ao lado da saída do brinquedo.
- Ei, null! O que aconteceu? – ele se aproximou, se agachando em frente à mulher e tomando suas mãos entre as dele.
- Eu não sei. – ela tentou respirar fundo e se livrar da sensação que o brinquedo a fizera sentir, talvez esse tipo de aventura não fosse para ela, uma montanha russa era seu máximo de radicalismo, acabara de descobrir. – Eu preciso sair daqui. – null se levantou rapidamente.
- Ei, ei. – null se levantou antes que ela pudesse sair dali. O garoto puxou null pela cintura com grande facilidade, virando-a de frente para si e puxando seu corpo para o dele em um único impacto. Ele viu a garota segurar a respiração, encarando seus olhos, envergonhada. – Desculpa. – sussurrou, também envergonhado, afastando um pouco seus corpos. – Fica aqui, se acalma e depois vamos, tudo bem? – ele abraçou a amiga, acariciando suas costas com uma mão e sua cintura com a outra, tentando relaxá-la.
- Agora eu entendi sobre o que a null falava mais cedo. – null falou depois de uns bons minutos em silêncio, apenas deixando seu corpo desacelerar de toda adrenalina.
- Ahn? – o garoto perguntou, encarando-a.
- Ela disse que você tinha uma boa fama na escola. – a mulher riu e indicou a mão do rapaz em sua cintura, referindo-se ao momento de alguns minutos antes.
- null. – o garoto gargalhou, soltando-a. – Meu Deus, eu vou matar a null.
- Por que diabos ela falou isso para você? Estava interessada em saber, null? – ele questionou, arqueando as sobrancelhas.
- Não, null, foi um assunto aleatório que chegou nisso. – falou rapidamente, rolando os olhos.
- Bom, acredite, se eu quisesse te pegar e ouvir você reclamando disso por dias e horas e estragar toda barreira que você abriu para ser minha amiga, eu teria um bom jeito de fazê-lo. – ele deu de ombros, se aproximando da mulher e beijando seu rosto, brincando.
- Você realmente ficou muito cara de pau, null. Você nem cora mais!
- E você nem está questionando o que falei, caso não tenha percebido, null. Eu literalmente usei as palavras “te pegar”, e você não questionou.
- null! – ela reclamou, corando. – É algo tão absurdo que não vale a brincadeira. Vamos lembrar da sua idade, são sete anos e eu não curto, e que você é melhor amigo da minha irmã, ok? Eu não poderia me interessar por você, pirralho. – falou, séria.
- Não poderia não significa que não queira, escolha melhor as palavras, null. – ele riu, tentando amenizar a situação. – E fica em paz, é só uma brincadeira, como sempre. – deu de ombros, vendo-a bufar novamente. – Não falo mais. Vamos. – ele se afastou da mulher, começando a andar para longe do brinquedo e vendo-a segui-lo num clima estranho que nunca tiveram. null o fazia perder a paciência, era incrível.
×××
- O que você quer comer? – null questionou enquanto a via avaliar as opções disponíveis por ali.
- Pensei em comer no Subway, nunca tem erro, e eu gosto muito de lá. – ela sorriu. – E você, surfista sarado? Vai furar a dieta comigo ou vai comer algo mais saudável?
- Quem disse que eu faço dieta? – null a encarou de cenho franzido.
- Você não me engana, esses músculos aqui. – tocou no braço do rapaz. - Com certeza foram providos de algumas boas horinhas de academia.
- Você está me estereotipando, null? – null mordeu os lábios, tentando segurar a risada. – Digamos que sim, você tem razão, mas não sou um rato de academia, vou uma três vezes por semana no máximo para manter o corpo. E não sou muito das dietas, gosto de comer de tudo um pouco. – deu de ombros.
- Sabia que eu só te reconheci pelo rosto? Você está muito diferente, nem parece aquele rapaz que eu conheci todo tímido e inibido. – estavam na fila do restaurante, aguardando a vez de serem atendidos.
- Diferente bom? – ele a encarou, tentando não demostrar tanto sua curiosidade.
- Definitivamente. O garoto que tinha as mãos trêmulas, agora sabe bem o que fazer com elas. – deu um sorriso malicioso. null gargalhou.
- A minha primeira vez foi péssima, não é? Pode falar, estou pronto. – ela riu.
- Olha, foi sim. Mas tudo bem, você não sabia das coisas, e a gente estava bêbado demais, com certeza boa coisa não daria.
- Eu nem sabia colocar uma camisinha direto, foi um desastre. – null gargalhou, concordando.
- Meu Deus, sim. Fora outras coisinhas mais, enfim. – ela negou com a cabeça, rindo. – Não que eu fosse a expert no assunto, mas... – ele concordou com a cabeça veemente.
Chegou a vez de eles serem atendidos, ela optou por um lanche de 15 cm, assim como null. Escolheram um suco para acompanhar e se sentaram em um cantinho, um pouco mais longe das pessoas para que pudessem comer mais sossegados.
- Eu te reconheci pelo corpo, sabia? – null falou de repente, quebrando o silêncio que tinha se instaurado.
- Jura? Mas eu não estou com o mesmo corpo, null! Impossível, afinal, eu me alimentava muito mal na Irlanda, nem a mesma numeração de roupa eu uso mais.
- Não me pergunte, eu só sei, pode ter sido uma única vez, mas foi inesquecível para mim. – ele deu de ombros, voltando sua atenção ao seu lanche.
null suspirou, mal ele sabia que para ela também tinha sido inesquecível, mas com certeza não como ele imaginava. Tinha sido ruim? Tinha, porém, ela não havia lidado com aquilo como uma pessoa adulta teria lidado.
- A gente geralmente não esquece com quem foi a nossa primeira vez. – ela enrugou o nariz. Ele concordou, e ambos voltaram a comer, mas o clima não havia ficado estranho.
- Deus, faz anos que eu não venho em uma roda-gigante. Esse festival está sendo só nostalgia, null. E a sua companhia está valendo muito a pena. – null comentou como quem não queria nada, arrancando um sorriso verdadeiro do rapaz.
- Sério? – ela assentiu. – Acho melhor nos abrigarmos, porque vai vir uma tempestade daquelas. – null gargalhou, dando um tapa no braço do homem.
- Eu sou difícil, eu sei. Mas não pensei em pessoa melhor para passar a noite do que você, estou me divertindo muito. – sorriu, sincera.
- Fico feliz por isso, null. – ele sorriu. Faltava mais um casal entrar e logo eles seriam os próximos.
- Eu estou bem surpresa pelo convite para a roda-gigante, você disse que tinha medo de altura quando fomos na montanha-russa. Fora que você saiu pálido demais de lá. Tem certeza que quer mesmo ir? – null arregalou os olhos. – null, você precisa esconder mais suas expressões, o que aconteceu lá?
- Nada demais, a minha pressão caiu, então só de eu lembrar eu fico pensando no quão ruim foi a sensação. – ele não estava louco de contar para ela o que tinha acontecido, com certeza estragaria a noite legal que os dois estavam tendo.
- Tudo bem. – ela fingiu que acreditou, mas mais tarde tentaria uma abordagem diferente para descobrir, ela não era boba, tinha algo no ar.
Ele abriu um sorriso forçado, concordando. Entraram na cabine somente os dois, não tiveram que dividir a cabine com mais ninguém. A roda gigante começou a se movimentar.
- Então quer dizer que você ficou noivo por um tempinho, mas não se casou. Por quê? – null o encarou.
- Você guardou bem as informações. – sorriu. – Fiquei noivo por cinco anos, mas a nossa relação esfriou, decidimos juntos pôr um fim nela, sem brigas e sem ressentimentos. Somos amigos hoje em dia.
- Acontece mesmo, infelizmente. – ele concordou.
- Mas e você? Teve algum relacionamento sério?
- Eu não sou muito adepta a relacionamentos sérios, eu curto um sexo casual, sabe? Acho que a última vez que tentei um namoro, faz uns cinco ou seis anos e foi um desastre. – ela riu, lembrando-se. – Fora que eu estava vivendo pelo meu trabalho. – suspirou. - Quando a null disse que eu estava mesmo precisando de férias, ela tinha toda a razão, eu só consegui perceber isso aqui na Austrália.
- Viver pelo trabalho não é algo saudável, os psicólogos sempre dizem que temos que saber administrar bem o tempo de cada coisa nas nossas vidas. – ela assentiu, sabia que ele tinha toda a razão.
- Estamos chegando no alto, a vista fica cada vez mais linda... – ela admirou a vista do festival inteiro, quebrando o silêncio. null espiou, concordando, estava mesmo muito linda.
- Sabia que existe uma tradição que quando a roda-gigante chega no topo mais alto, o casal que está dividindo a cabine tem que se beijar? – ela riu, sentindo null passar o braço pelo ombro dela, a abraçando.
- Olha, eu nunca ouvi falar disso, mas não podemos quebrar essa tradição, não é? – ele assentiu, se aproximando dela.
O rapaz deu um selinho longo, que rapidamente foi se transformando em um beijo terno, diferente dos outros beijos que compartilharam juntos, esse era diferente para null, ela sabia que tinha sentimentos ali, não era só atração física. Aos poucos, com sua persistência, null estava derrubando todas as barreiras que ela havia construído em volta de si, ela só não sabia se estava pronta para lidar com aqueles sentimentos.
Se separaram com vários selinhos, null segurou o rosto dela, e roubou mais um selinho, e ela se aninhou ainda mais a ele, e nada foi dito, ficaram admirando ainda mais a vista, com os corações disparados.
×××
- Ainda bem que a null avisou que viria com a banda, imagina que saco seria ter que encontrar ela naquele caos? Já foi difícil demais encontrar você e o null. - null reclamou com null enquanto desciam do carro que havia acabado de estacionar no hotel.
- Sim, verdade. - null olhava para os lados, enquanto descia para ver se avistava a irmã mais nova.
- Acho que a van vai parar lá na porta, encontramos ela lá. - null falou, vendo null esperar pela irmã. - Vamos lá.
- A viagem foi tão silenciosa, nunca pensei que a null fosse fazer tanta falta. - null comentou, enquanto os seguia.
- Espero que ela não invente de voltar com eles para Melbourne. - null comentou, emburrado. - Ou pelo menos me leve se for fazer isso, né.
- Ciumento. - null fingiu um espirro, zoando null.
- Estão ali. - null falou, vendo a van parar a poucos metros, já na entrada do hotel.
null esperou que Taylor e o resto do pessoal que estava na frente dela saíssem primeiro para que ela e null pudessem sair. Ao sair e se preparar para entrar no hotel, se deparou com a comitiva que os esperava ali na porta, sua família.
- Aquelas são suas irmãs, null? - Harry, o baixista, perguntou. null analisava tudo ao lado de null.
- As duas solteironas com os chaveirinhos ali? Sim, pode ter certeza. - ela fez questão de falar alto. - Não vou dar de cupido pra ninguém, porque vocês são muito gatos e elas darão conta de vocês, pode deixar. Aquele ali - apontou com a cabeça pra null - vive tentando, mas só é rejeitado. E o outro… - apontou pra null - Sei lá o que ele faz com a vida dele.
- Apenas melhor amigo dela a vida inteira, mas quem se importa, não é mesmo? - comentou, rolando os olhos, encarando o grupo que havia parado de frente para eles.
- Eu tava falando de forma amorosa, cabeção. - revirou os olhos. - Pessoal, conheçam Taylor, o baterista, Harry, baixista e Brandon, guitarrista. Banda, minha família. - sorriu. - null, null, null e null.
- Olá, meninos. Prazer em conhecê-los, vocês foram incríveis, nossa! null, você é demais. - null falou, estendendo a mão para um high-five com o garoto.
- Obrigado, meninas. A gente arrasa, né? - null fez pose de celebridade.
- É verdade que músicos têm mesmo jeito com as mãos? - null brincou, analisando os rapazes, eram mesmo muito gatos. - Prazer em conhecê-los. - null a encarou, incrédulo demais com a fala dela.
- null, eu te amo por falar o que se passa na minha cabeça. - null riu da irmã sendo tão descarada. Ela encarou null, que com certeza não gostaria nada daquela gracinha se eles estivessem envolvidos, como ela pensava.
- Não sei, mas você quer testar? - Harry ousou, dando um sorriso ladino.
null e null gritaram em resposta.
- Proposta tentadora, hein? - ela riu.
- Nossa, as coisas estão animadas aqui, né? - null comentou, bufando.
- Não sei se estão, mas podem ficar. - Taylor falou, piscando para null.
- Acho melhor arrumarem um quarto vocês todos. - null comentou, tentando esconder o ciúme.
- Nós todos não, obrigada, não curto essa coisa de dividir. - null gargalhou. - Mas se o bonitinho quiser, não vejo nada de ruim. - deu de ombros.
- Meu Deus, informação demais pra minha cabeça assimilar - null negou com a cabeça, ainda rindo.
- Nem me fale. - null e null concordaram baixo, irritados.
- null, tem um lugar no seu quarto? Acho que sobramos. - null reclamou.
- Não era para ter. - null encarou null, que só tinha olhos para o baixista. O fato é que ela sempre desejou ficar com um músico, era sua lista de coisas a fazer antes de morrer, que null entendesse, era casual, assim como com ele, null teria toda sua atenção depois.
- O que importa é… O convite para deixar as coisas animadas, era real? - null comentou diretamente para o baterista, ignorando todos à sua volta e vendo null sorrir, animada.
- Vamos beber alguma coisa? Me disseram que o bar do hotel é ótimo. - null deu uma piscadinha ao rapaz.
- Claro. - ele estendeu a mão em direção a dela, que sorriu, prontamente a pegando.
A noite poderia terminar diferente para as null, quem imaginaria que se dariam tão bem com os companheiros de banda de null?
- Bom, acho que vamos todos para o bar então, não? - null abraçou null pelos ombros e eles andaram atrás do grupo.
- Vocês eu não sei, mas eu vou é tomar um banho. Você vem, null? - null perguntou.
- O quê? Tomar banho com você? - ela ficou vermelha na hora, ao repetir o que null pediu. O rapaz riu.
- Não, null, me acompanhar até lá em cima. Eu vou tomar banho e você, se quiser, me esperar. - ele depositou seu braço no ombro da garota, rodeando sua nuca.
- Ah, tá. - ela sorriu constrangida e entrelaçou os dedos nos dele. Eles olharam para o pessoal e começaram a andar.
- Bom drink pra vocês, crianças. Papai vai subir. - null mandou beijo no ar para o pessoal que ficava.
- Papai? - null gargalhou. - E quem seria a mãe?
- Não fode, null. - null riu também, enquanto iam em direção aos elevadores.
- null! - um deles parou o que estava fazendo e prestou atenção neles.
- Hey. - null caminhou na frente, levando null atrás de si enquanto mantinha suas mãos entrelaçadas. - Pessoal, quero que vocês conheçam alguém que é bem especial para mim. - o rapaz das baquetas parou o que estava fazendo e se levantou. - Essa é a null, minha namorada.
- Olá, null. Já ouvimos bastante de você por aqui. - o rapaz riu. - Eu sou o Brandon, guitarrista da banda.
- É, esse boboca aqui fica que nem idiota quando fala de você. - o outro disse. - Taylor, o baterista - ele se apresentou.
- Ei, ei, isso é uma coisa que deveria ficar entre a gente. - null ralhou.
- E você acha mesmo que a gente ia deixar passar? Você zoou tanto o Brandon na época que ele começou a namorar a Ella. Prazer, eu sou o Harry.
- Exato. Tudo o que vai, um dia volta. - Brandon brincou.
- Touché - null riu.
- Olá, pessoal. - null cumprimentou todos. - Prazer em conhecer todos vocês.
- Você é daqui mesmo, null? - Taylor perguntou.
- Ah, não, eu sou do Canadá, mas estou passando um tempo com a minha irmã aqui em Melbourne.
- A null quer fazer faculdade aqui em Melbourne. - null complementou, indo se sentar no sofá e sendo seguido pela mulher.
- Sim. - ela ajeitou o cabelo atrás da orelha - Vocês arrasaram no palco. Assim como eu, minhas irmãs e amigos adoraram todo o clima do show.
- Muito obrigado. Estávamos muito felizes e queríamos transmitir isso ao público. O clima tava excelente, a galera estava receptiva… tivemos um grande apoio da equipe técnica também, que não podemos esquecer. Isso e mais um pouco nos favoreceu bastante.
- Exatamente. O bom de sempre se fazer show é o sentimento de adrenalina que você sente após ele. É incrível. - null disse.
Eles ficaram um tempo em silêncio, relembrando os acontecimentos da noite, até que null resolveu perguntar, mais para não ficar com tanto silêncio ali.
- Vocês todos namoram?
- Ah, não, só o Brandon e o null mesmo. - Taylor disse.
- E há quanto tempo você namora, Brandon?
- Acho que há mais de dois anos, eu acho. - ele pôs a mão no queixo, pensativo. - Sou horrível com datas.
- Três anos, meu caro. - Harry lembrou.
- Puta merda, até o Harry lembra. - Taylor zoou, jogando uma almofada no amigo. Brandon pegou no ar e jogou de volta para Taylor.
null ria vendo aquilo tudo. Ele se virou e se deitou no sofá, com a cabeça no colo da mulher. Ela então começou a passar a mão em seu cabelo em uma leve carícia enquanto eles prestavam atenção nos demais do local.
Todos estavam prontos para ir embora. null estava com o pessoal da banda esperando que a van que ia levar eles até o hotel, o mesmo ao qual ela estava ficando, saísse. Ela mandou mensagem para as irmãs informando que iria embora com eles.
null estava adorando todo esse sentimento de leveza que estava sentindo quando estava com null. Ela então olhou para ele ao seu lado e sorriu. Ele estava conversando com os amigos e ria ocasionalmente na conversa. Ela e null estavam nos bancos do meio, enquanto o restante estava à frente ou ao fundo.
null segurou a mão de null de repente, enquanto ela divagava.
- Tá tudo bem? - ele perguntou, enquanto ela se virava para vê-lo.
- Tá sim, não se preocupa. Só tava pensando aqui que a gente deveria tentar coisas novas.
- Mas estamos tentando coisas novas, não estamos?
- Por favor, null… Eu… Você sabe, aquele negócio que conversamos no quarto… - ela queria, mas tinha vergonha de dizer todas as palavras, ainda mais dentro de uma van com os amigos do rapaz todos ali.
- null… - ele disse apertou sua mão, entendendo o que ela queria dizer. - Ainda não. Vamos esperar mais um pouco. Não estamos em casa e você pode estar preparada, mas eu não.
- Ok…? - ela arqueou a sobrancelha, confusa.
- Ok. - ele riu, beijando a mão da garota enquanto estava entrelaçada na sua.
- Eu posso ver se alguém quer ir comigo, null, se quiser ir dar uma volta, tudo bem. – null sorriu para garota quando chegaram na fila da atração, vendo-a negar com a cabeça.
- Eu quero ir também, relaxa. – ela sorriu.
- Me conta, ficou brava comigo pela montanha russa? – o garoto piscou para ela, e se sentou na grade que dividia a fila.
- Você é um idiota. – ela mostrou a língua. – Mas foi uma boa vingança, tenho que admitir. – a garota riu, dando de ombros.
- Eu sei, eu sou bom nisso. – ele puxou a mulher para mais perto e apoiou suas mãos nos ombros dela, que não reclamou. – Tem medo? – ele apontou para a enorme altura do brinquedo.
- Não sei, talvez lá em cima, mas aí já vai ser tarde demais, tudo bem. – ela riu. – E você?
- Não, acho que sou muito aventureiro. Mas se eu falar que tenho, você vai segurar minha mão?
- Você não acha que está muito saidinho com essas brincadeiras, null? – a mulher riu, negando com a cabeça.
- Não é como se você se importasse, senão já tinha me cortado. – ele deu de ombros.
- Maldito o momento que te dei essa liberdade toda. – ela bufou, brincando.
- Você passou a noite comigo, null, não se esqueça disso, você levou a liberdade para outro nível. – ele gargalhou e a viu torcer o nariz para frase, rindo também.
- Era para eu ter levantado e saído, mas estava confortável. – a mulher fez bico.
- Eu não estou reclamando, de forma alguma. – null falou, sério. Quando a fila andou, o garoto desceu da grade em que estava sentado e apenas se encostou novamente no ferro, puxando null para perto de si e mantendo-a em um abraço.
- Mas além da liberdade, você não acha que isso é grudinho demais? – ela riu, mas não se moveu.
- Você disse que gostava de abraços, eu gosto também. – ele deu de ombros. – E talvez, só talvez, eu esteja com um pouco de medo e precise me acalmar. – ele riu, encarando de longe a pessoa que se preparava para pular.
- Ei, como você está? Legal demais, né? – null comemorou, vendo a amiga se aproximar depois de sair por onde ele saira antes, já que havia pulado primeiro.
- Péssima, null. Por que eu fui pular? – os olhos da garota marejaram e ela se sentou no chão, ao lado da saída do brinquedo.
- Ei, null! O que aconteceu? – ele se aproximou, se agachando em frente à mulher e tomando suas mãos entre as dele.
- Eu não sei. – ela tentou respirar fundo e se livrar da sensação que o brinquedo a fizera sentir, talvez esse tipo de aventura não fosse para ela, uma montanha russa era seu máximo de radicalismo, acabara de descobrir. – Eu preciso sair daqui. – null se levantou rapidamente.
- Ei, ei. – null se levantou antes que ela pudesse sair dali. O garoto puxou null pela cintura com grande facilidade, virando-a de frente para si e puxando seu corpo para o dele em um único impacto. Ele viu a garota segurar a respiração, encarando seus olhos, envergonhada. – Desculpa. – sussurrou, também envergonhado, afastando um pouco seus corpos. – Fica aqui, se acalma e depois vamos, tudo bem? – ele abraçou a amiga, acariciando suas costas com uma mão e sua cintura com a outra, tentando relaxá-la.
- Agora eu entendi sobre o que a null falava mais cedo. – null falou depois de uns bons minutos em silêncio, apenas deixando seu corpo desacelerar de toda adrenalina.
- Ahn? – o garoto perguntou, encarando-a.
- Ela disse que você tinha uma boa fama na escola. – a mulher riu e indicou a mão do rapaz em sua cintura, referindo-se ao momento de alguns minutos antes.
- null. – o garoto gargalhou, soltando-a. – Meu Deus, eu vou matar a null.
- Por que diabos ela falou isso para você? Estava interessada em saber, null? – ele questionou, arqueando as sobrancelhas.
- Não, null, foi um assunto aleatório que chegou nisso. – falou rapidamente, rolando os olhos.
- Bom, acredite, se eu quisesse te pegar e ouvir você reclamando disso por dias e horas e estragar toda barreira que você abriu para ser minha amiga, eu teria um bom jeito de fazê-lo. – ele deu de ombros, se aproximando da mulher e beijando seu rosto, brincando.
- Você realmente ficou muito cara de pau, null. Você nem cora mais!
- E você nem está questionando o que falei, caso não tenha percebido, null. Eu literalmente usei as palavras “te pegar”, e você não questionou.
- null! – ela reclamou, corando. – É algo tão absurdo que não vale a brincadeira. Vamos lembrar da sua idade, são sete anos e eu não curto, e que você é melhor amigo da minha irmã, ok? Eu não poderia me interessar por você, pirralho. – falou, séria.
- Não poderia não significa que não queira, escolha melhor as palavras, null. – ele riu, tentando amenizar a situação. – E fica em paz, é só uma brincadeira, como sempre. – deu de ombros, vendo-a bufar novamente. – Não falo mais. Vamos. – ele se afastou da mulher, começando a andar para longe do brinquedo e vendo-a segui-lo num clima estranho que nunca tiveram. null o fazia perder a paciência, era incrível.
- O que você quer comer? – null questionou enquanto a via avaliar as opções disponíveis por ali.
- Pensei em comer no Subway, nunca tem erro, e eu gosto muito de lá. – ela sorriu. – E você, surfista sarado? Vai furar a dieta comigo ou vai comer algo mais saudável?
- Quem disse que eu faço dieta? – null a encarou de cenho franzido.
- Você não me engana, esses músculos aqui. – tocou no braço do rapaz. - Com certeza foram providos de algumas boas horinhas de academia.
- Você está me estereotipando, null? – null mordeu os lábios, tentando segurar a risada. – Digamos que sim, você tem razão, mas não sou um rato de academia, vou uma três vezes por semana no máximo para manter o corpo. E não sou muito das dietas, gosto de comer de tudo um pouco. – deu de ombros.
- Sabia que eu só te reconheci pelo rosto? Você está muito diferente, nem parece aquele rapaz que eu conheci todo tímido e inibido. – estavam na fila do restaurante, aguardando a vez de serem atendidos.
- Diferente bom? – ele a encarou, tentando não demostrar tanto sua curiosidade.
- Definitivamente. O garoto que tinha as mãos trêmulas, agora sabe bem o que fazer com elas. – deu um sorriso malicioso. null gargalhou.
- A minha primeira vez foi péssima, não é? Pode falar, estou pronto. – ela riu.
- Olha, foi sim. Mas tudo bem, você não sabia das coisas, e a gente estava bêbado demais, com certeza boa coisa não daria.
- Eu nem sabia colocar uma camisinha direto, foi um desastre. – null gargalhou, concordando.
- Meu Deus, sim. Fora outras coisinhas mais, enfim. – ela negou com a cabeça, rindo. – Não que eu fosse a expert no assunto, mas... – ele concordou com a cabeça veemente.
Chegou a vez de eles serem atendidos, ela optou por um lanche de 15 cm, assim como null. Escolheram um suco para acompanhar e se sentaram em um cantinho, um pouco mais longe das pessoas para que pudessem comer mais sossegados.
- Eu te reconheci pelo corpo, sabia? – null falou de repente, quebrando o silêncio que tinha se instaurado.
- Jura? Mas eu não estou com o mesmo corpo, null! Impossível, afinal, eu me alimentava muito mal na Irlanda, nem a mesma numeração de roupa eu uso mais.
- Não me pergunte, eu só sei, pode ter sido uma única vez, mas foi inesquecível para mim. – ele deu de ombros, voltando sua atenção ao seu lanche.
null suspirou, mal ele sabia que para ela também tinha sido inesquecível, mas com certeza não como ele imaginava. Tinha sido ruim? Tinha, porém, ela não havia lidado com aquilo como uma pessoa adulta teria lidado.
- A gente geralmente não esquece com quem foi a nossa primeira vez. – ela enrugou o nariz. Ele concordou, e ambos voltaram a comer, mas o clima não havia ficado estranho.
- Deus, faz anos que eu não venho em uma roda-gigante. Esse festival está sendo só nostalgia, null. E a sua companhia está valendo muito a pena. – null comentou como quem não queria nada, arrancando um sorriso verdadeiro do rapaz.
- Sério? – ela assentiu. – Acho melhor nos abrigarmos, porque vai vir uma tempestade daquelas. – null gargalhou, dando um tapa no braço do homem.
- Eu sou difícil, eu sei. Mas não pensei em pessoa melhor para passar a noite do que você, estou me divertindo muito. – sorriu, sincera.
- Fico feliz por isso, null. – ele sorriu. Faltava mais um casal entrar e logo eles seriam os próximos.
- Eu estou bem surpresa pelo convite para a roda-gigante, você disse que tinha medo de altura quando fomos na montanha-russa. Fora que você saiu pálido demais de lá. Tem certeza que quer mesmo ir? – null arregalou os olhos. – null, você precisa esconder mais suas expressões, o que aconteceu lá?
- Nada demais, a minha pressão caiu, então só de eu lembrar eu fico pensando no quão ruim foi a sensação. – ele não estava louco de contar para ela o que tinha acontecido, com certeza estragaria a noite legal que os dois estavam tendo.
- Tudo bem. – ela fingiu que acreditou, mas mais tarde tentaria uma abordagem diferente para descobrir, ela não era boba, tinha algo no ar.
Ele abriu um sorriso forçado, concordando. Entraram na cabine somente os dois, não tiveram que dividir a cabine com mais ninguém. A roda gigante começou a se movimentar.
- Então quer dizer que você ficou noivo por um tempinho, mas não se casou. Por quê? – null o encarou.
- Você guardou bem as informações. – sorriu. – Fiquei noivo por cinco anos, mas a nossa relação esfriou, decidimos juntos pôr um fim nela, sem brigas e sem ressentimentos. Somos amigos hoje em dia.
- Acontece mesmo, infelizmente. – ele concordou.
- Mas e você? Teve algum relacionamento sério?
- Eu não sou muito adepta a relacionamentos sérios, eu curto um sexo casual, sabe? Acho que a última vez que tentei um namoro, faz uns cinco ou seis anos e foi um desastre. – ela riu, lembrando-se. – Fora que eu estava vivendo pelo meu trabalho. – suspirou. - Quando a null disse que eu estava mesmo precisando de férias, ela tinha toda a razão, eu só consegui perceber isso aqui na Austrália.
- Viver pelo trabalho não é algo saudável, os psicólogos sempre dizem que temos que saber administrar bem o tempo de cada coisa nas nossas vidas. – ela assentiu, sabia que ele tinha toda a razão.
- Estamos chegando no alto, a vista fica cada vez mais linda... – ela admirou a vista do festival inteiro, quebrando o silêncio. null espiou, concordando, estava mesmo muito linda.
- Sabia que existe uma tradição que quando a roda-gigante chega no topo mais alto, o casal que está dividindo a cabine tem que se beijar? – ela riu, sentindo null passar o braço pelo ombro dela, a abraçando.
- Olha, eu nunca ouvi falar disso, mas não podemos quebrar essa tradição, não é? – ele assentiu, se aproximando dela.
O rapaz deu um selinho longo, que rapidamente foi se transformando em um beijo terno, diferente dos outros beijos que compartilharam juntos, esse era diferente para null, ela sabia que tinha sentimentos ali, não era só atração física. Aos poucos, com sua persistência, null estava derrubando todas as barreiras que ela havia construído em volta de si, ela só não sabia se estava pronta para lidar com aqueles sentimentos.
Se separaram com vários selinhos, null segurou o rosto dela, e roubou mais um selinho, e ela se aninhou ainda mais a ele, e nada foi dito, ficaram admirando ainda mais a vista, com os corações disparados.
- Ainda bem que a null avisou que viria com a banda, imagina que saco seria ter que encontrar ela naquele caos? Já foi difícil demais encontrar você e o null. - null reclamou com null enquanto desciam do carro que havia acabado de estacionar no hotel.
- Sim, verdade. - null olhava para os lados, enquanto descia para ver se avistava a irmã mais nova.
- Acho que a van vai parar lá na porta, encontramos ela lá. - null falou, vendo null esperar pela irmã. - Vamos lá.
- A viagem foi tão silenciosa, nunca pensei que a null fosse fazer tanta falta. - null comentou, enquanto os seguia.
- Espero que ela não invente de voltar com eles para Melbourne. - null comentou, emburrado. - Ou pelo menos me leve se for fazer isso, né.
- Ciumento. - null fingiu um espirro, zoando null.
- Estão ali. - null falou, vendo a van parar a poucos metros, já na entrada do hotel.
null esperou que Taylor e o resto do pessoal que estava na frente dela saíssem primeiro para que ela e null pudessem sair. Ao sair e se preparar para entrar no hotel, se deparou com a comitiva que os esperava ali na porta, sua família.
- Aquelas são suas irmãs, null? - Harry, o baixista, perguntou. null analisava tudo ao lado de null.
- As duas solteironas com os chaveirinhos ali? Sim, pode ter certeza. - ela fez questão de falar alto. - Não vou dar de cupido pra ninguém, porque vocês são muito gatos e elas darão conta de vocês, pode deixar. Aquele ali - apontou com a cabeça pra null - vive tentando, mas só é rejeitado. E o outro… - apontou pra null - Sei lá o que ele faz com a vida dele.
- Apenas melhor amigo dela a vida inteira, mas quem se importa, não é mesmo? - comentou, rolando os olhos, encarando o grupo que havia parado de frente para eles.
- Eu tava falando de forma amorosa, cabeção. - revirou os olhos. - Pessoal, conheçam Taylor, o baterista, Harry, baixista e Brandon, guitarrista. Banda, minha família. - sorriu. - null, null, null e null.
- Olá, meninos. Prazer em conhecê-los, vocês foram incríveis, nossa! null, você é demais. - null falou, estendendo a mão para um high-five com o garoto.
- Obrigado, meninas. A gente arrasa, né? - null fez pose de celebridade.
- É verdade que músicos têm mesmo jeito com as mãos? - null brincou, analisando os rapazes, eram mesmo muito gatos. - Prazer em conhecê-los. - null a encarou, incrédulo demais com a fala dela.
- null, eu te amo por falar o que se passa na minha cabeça. - null riu da irmã sendo tão descarada. Ela encarou null, que com certeza não gostaria nada daquela gracinha se eles estivessem envolvidos, como ela pensava.
- Não sei, mas você quer testar? - Harry ousou, dando um sorriso ladino.
null e null gritaram em resposta.
- Proposta tentadora, hein? - ela riu.
- Nossa, as coisas estão animadas aqui, né? - null comentou, bufando.
- Não sei se estão, mas podem ficar. - Taylor falou, piscando para null.
- Acho melhor arrumarem um quarto vocês todos. - null comentou, tentando esconder o ciúme.
- Nós todos não, obrigada, não curto essa coisa de dividir. - null gargalhou. - Mas se o bonitinho quiser, não vejo nada de ruim. - deu de ombros.
- Meu Deus, informação demais pra minha cabeça assimilar - null negou com a cabeça, ainda rindo.
- Nem me fale. - null e null concordaram baixo, irritados.
- null, tem um lugar no seu quarto? Acho que sobramos. - null reclamou.
- Não era para ter. - null encarou null, que só tinha olhos para o baixista. O fato é que ela sempre desejou ficar com um músico, era sua lista de coisas a fazer antes de morrer, que null entendesse, era casual, assim como com ele, null teria toda sua atenção depois.
- O que importa é… O convite para deixar as coisas animadas, era real? - null comentou diretamente para o baterista, ignorando todos à sua volta e vendo null sorrir, animada.
- Vamos beber alguma coisa? Me disseram que o bar do hotel é ótimo. - null deu uma piscadinha ao rapaz.
- Claro. - ele estendeu a mão em direção a dela, que sorriu, prontamente a pegando.
A noite poderia terminar diferente para as null, quem imaginaria que se dariam tão bem com os companheiros de banda de null?
- Bom, acho que vamos todos para o bar então, não? - null abraçou null pelos ombros e eles andaram atrás do grupo.
- Vocês eu não sei, mas eu vou é tomar um banho. Você vem, null? - null perguntou.
- O quê? Tomar banho com você? - ela ficou vermelha na hora, ao repetir o que null pediu. O rapaz riu.
- Não, null, me acompanhar até lá em cima. Eu vou tomar banho e você, se quiser, me esperar. - ele depositou seu braço no ombro da garota, rodeando sua nuca.
- Ah, tá. - ela sorriu constrangida e entrelaçou os dedos nos dele. Eles olharam para o pessoal e começaram a andar.
- Bom drink pra vocês, crianças. Papai vai subir. - null mandou beijo no ar para o pessoal que ficava.
- Papai? - null gargalhou. - E quem seria a mãe?
- Não fode, null. - null riu também, enquanto iam em direção aos elevadores.
Capítulo Doze
- Finalmente consegui tirar tudo da mala. - null comentou, jogando-se na cama, onde as irmãs estavam largadas. - Depois me dêem tudo que tiverem e eu coloco na máquina para lavar, já demoramos dois dias “descansando”. - riu, fazendo as aspas com o dedo para reforçar o termo que mais significava preguiça.
- Estou ficando mal acostumada com você fazendo tudo, null. - null riu, separando as roupas para levar até o cesto. - Você sabe, sou espaçosa demais.
- Estou mimando vocês pelo tempo que passamos longe, mas logo paro. Bom, nem temos tanto tempo na verdade, né… Mas não vamos entrar nesse assunto. - suspirou, tirando os pensamentos da cabeça.
- Sim, a realidade já, já bate na minha frente, ainda não estou pronta para ela. - sorriu fechado, voltando para o quarto e se esparramando na cama da irmã.
- Sem deprê agora… Vamos mudar de assunto. Ir para Camberra foi legal, não foi? Possibilitou de vocês conhecerem mais o null e o resto da banda.
- E que banda, hein? - null deu um sorrisinho.
- Suas descaradas. - null jogou uma almofada em cada uma.
- Acho que estávamos mais para necessitadas. - null riu.
- Fale por você, null, eu não estava necessitada de nada, minha vida sexual anda bem ativa, obrigada. - null deu de ombros.
- Eu bem sei, null, inclusive, como foi o remember? - null perguntou, encarando a irmã e vendo null olhar de uma para outra, sem entender. null teve uma crise de tosse, havia engasgado.
- Do que vocês estão falando? - ela tinha o cenho franzido.
- null, nossa bela irmã não curte muito dividir a vida conosco. - null encarou a mais velha, com as sobrancelhas arqueadas. - Afinal, ela está claramente relembrando os bons momentos de intercâmbio com o meu vizinho e não quer nos contar. - cuspiu, direta.
- Puta merda! - a mais nova se sentou na cama, olhando para as duas a sua frente.
- O quê? null, eu… - encarou as irmãs, realmente surpresa. - Não é verdade.
- Não tente me desmentir, null. - ela respirou fundo. - O null não foi tão bom na negativa, eu claramente não jogaria verde com você primeiro, pois você sim saberia sair desse papo, eu tenho certeza do que estou falando.
- Eu não acredito, é o que eu falei, não dá para ter nada casual com o null, ele não sabe mentir. - ela bufou. - Eu fiquei sim com ele, várias vezes, especificamente desde a balada. E o null sabe de tudo, ele sim sabe guardar segredo. Pode me apedrejar, estou preparada.
- Ah, puta que pariu! Parem vocês duas! - null se levantou da cama e se aproximou das irmãs - As coisas em segredo são bem mais interessantes e intensas e… excitantes, e eu não te culpo por não querer contar, mas puta merda, null, a gente é irmã. Eu zoo vocês, mas sei o limite das coisas, tá? Assim como vocês respeitaram meu segredo, eu faria o mesmo com vocês.
- Apenas não culpe o null, da próxima vez, tentem não sair com chupões combinando, fica menos na cara. É difícil esconder o que não dá pra esconder, null. - null falou. - E a null está certa, nós brincamos, mas respeitaríamos. Eu sei que é difícil falar dessas coisas, principalmente porque está na cara que você tem sentimentos por ele.
- Eu me empolguei, ok? null é muito, muito gostoso. Aquele corpo… - mordeu os lábios, lembrando. - Eu tentei resistir, estava obtendo hesito, mas, ele me seduziu e rolou. Gente, é sexo casual, não tem sentimento. Foi bom, mas desde a viagem não rolou mais.
- Se fosse casual, você não tentaria esconder, apenas dando uma opinião. - null deu de ombros. - O baixista foi casual, isso sim.
- Eu escondi exatamente por isso, querida null. - sorriu fechado. - Vocês iam achar que eu estava gostando dele, e eu gosto é do… - parou sua fala, deixando subentendido.
- Olha, eu sei que as coisas com o null são bem mais complicadas, mas não quero que nenhum dos dois saia machucado nisso tudo, tá? Está nítido que vocês se gostam, não no sentido amor porque quem sou eu pra dizer isso, mas o que quero dizer é: parem de ser bundões e assumam isso de uma vez. Se preocupem de menos e transem de mais. Obrigada.
- Sair machucado muitas vezes é uma consequência numa amizade com sexo casual. - null falou. - Mas, já que você nunca mais vai vê-lo quando voltar pra Irlanda, você pode continuar fingindo que está tudo bem.
- Vocês têm razão. O problema é que eu já pisei no coração dele antes, e estou fazendo de novo. Ele é um cara legal, merece se relacionar com uma pessoa legal, bem resolvida, e eu não sou essa pessoa nesse momento. - null colocou as mãos no rosto, soltando a respiração de uma vez.
- Ué, mas quando vocês estabeleceram essa amizade colorida não deixaram todas as cartas na mesa?
- No último dia, no festival, a gente compartilhou um momento na roda-gigante, eu percebi algo diferente, e bom, eu fiquei com o baixista. - null deu de ombros.
- É, você fudeu com tudo mesmo. Desculpa, mas é a verdade. - a mais nova deu de ombros.
- Mais confusa impossível, meu Deus. - null negou com a cabeça. - Não sei se fico mais preocupada com você ou com ele, porque você empurra para ele a parte do “coitado, não quero pisar no coração dele”, mas você está pisando até no seu. - riu.
- Gente, eu vivo nessa vida de piranhagem há anos, ele não. Se for para se preocupar, se preocupem com ele. - null o defendeu.
- Mas essa vida não cansa? - null perguntou. - E juro que é uma pergunta séria. - riu. - Você nunca gostou assim de alguém?
- Lembram do Josh? Meu primeiro namorado depois da viagem ao Peru? Pois é, eu o amei.
- Se eu disser que sim, eu vou mentir. - null balançou a cabeça.
- Eu lembro, ele era legal. Não era um null da vida, mas era legal. - null deu de ombros, rindo da resposta da mais nova.
- Você era um feto, null, está perdoada. - null brincou. - E o que ele fez comigo? Me magoou, acho que começou dali.
- Aí é por isso que você decidiu fazer o mesmo com qualquer um que pudesse gostar de você? - perguntou. - Mais uma pergunta séria, juro. - falou, debochada.
- Acredito que esse tipo de medo é normal, o que mostra que você se importa com a pessoa. Mas ainda não entendi: Por que você não quer nada sério com ele? Já ouviu falar de relacionamento a distância?
- Pode não ser a distância também, seria só ela ficar em Melbourne. - null relembrou o que vinha falando para irmã desde o início do verão, afinal, era sempre bom lembrar que ela não tinha nada a amarrando na Irlanda.
- Quanta pergunta! - soltou um riso nervoso. - Vamos lá, eu não magoo nenhum dos caras que eu saio, porque são caras que compartilham o mesmo estilo de vida que eu. null é a exceção. - suspirou, lembrando-se da pergunta de null. - Bom, eu não sou adepta a relações longas, nunca me vi casando, tendo filhos, criando raízes. E por último, isso não está em cogitação, null. O que eu faria aqui em Melbourne?
- E o que você fará na Irlanda? Pelo que sei, você também não tem um emprego lá. Do mesmo jeito que pode arrumar um lá, pode encontrar aqui. Se quisesse, até encontrar algo, podia até me ajudar no A&A, opções não faltam, não me diga que se apegou à Irlanda, vou saber que está mentindo.
- Talvez com o tempo isso mude… Ou não. Relacionamentos não significam que a pessoa se casará e terá filhos, null. Estamos no século 21, mulher. Mas enfim, é como a null disse, um dos motivos pra ficar aqui é a gente. - ela sorriu e apontou de si para null. - Bom, mas você já é grandinha, sabe muito bem o que faz da vida. - null deu de ombros.
- Ok, bons argumentos. Vou pensar em tudo o que me falaram, tá? Não vou prometer nada, porque eu sou a pessoa mais confusa desse mundo. Obrigada, meninas. Amo vocês. - abraçou as irmãs de lado. - E eu salvei o contato do baixista, só para saberem.
- null, eu te amo, mas você não presta. - null riu. - Eu nem me preocupei com isso, não é como se fosse difícil encontrar o baterista, qualquer coisa peço pro null. Mas confesso, uma segunda vez não ia mal, apesar de não ter entrado nem no meu top 5.
- Meu Deus, ele é ruim de cama? - null colocou a mão na boca, rindo.
- Conhece a palavra sexting? Pois é, o contato está salvo por isso. - riu. - Foi uma boa transa, mas nada fora do normal.
- Arrasou. - null fez um hi-5 com null. - Não foi ruim, null, mas não foi incrível, sabe? Foi só sexo, já tive melhores, gosto de quando conheço pelo menos um pouco a pessoa, como com o Luke, é divertido e torna melhor.
- Meu Deus, ainda não superei você ter transado com um funcionário da sua empresa - null colocou a mão na boca, rindo.
- Tem horas que acontecem coisas como “foda-se a ética”. - null gargalhou. - Aposto que null já ficou com colegas de trabalho também. - deu de ombros. - E só para deixar claro, nós já transavamos antes dele trabalhar para mim, desde quando trabalhávamos juntos em outro restaurante, onde comecei aqui na Austrália. - riu.
- Ah, mas é diferente, você é chefe dele. Ele fica todo bobão quando te vê. É fofo.
- Claro que já transei com colegas de trabalho, bem no estilo de derrubar as coisas da mesa do escritório. - riu. - Nossa, eu já transei com tanta gente, meu Deus. - sentiu as bochechas quentes. - Ele gosta de você, null.
- Essa aí é rodada, hein. - null gargalhou.
- Meu Deus, null. - null gargalhou. - Quero uma lista, quantidade, por favor. Te dou uma semana para conseguir lembrar de tudo, deve ser difícil. E sim, o Luke gosta de mim e é incrível, ele é um amor, mas eu não sinto o mesmo, sei lá. Ele tentou me beijar no restaurante outro dia, mas graças a Deus o null atrapalhou. - riu.
- Impossível contabilizar, já passei dos 20, isso é certeza. - torceu a boca, pensativa. - Enfim, você precisa conversar com ele, null, porque as coisas não estão explícitas para ele.
- Quem sabe o 30 não é o da sorte, se não chegou nele ainda. - null gargalhou. - Eu vou conversar, é meu assunto pendente da vida, só preciso criar coragem. Pós-férias farei isso. - prometeu. - Não queria perder o sexo, mas é a vida, não podemos ter tudo que queremos. - riu.
- Outro cara para transar você arruma em um piscar de olhos, só não pode magoar quem gosta mesmo de você. - null a aconselhou.
- Oi, null… Já pensou em ouvir seus conselhos? Obrigada. - mostrou a língua para irmã.
- Desnecessária… - apertou a barriga da irmã. - E você, null? Como está o coraçãozinho da minha bebê?
- Circulando sangue, obrigada por perguntar. - riu da própria piada - Enfim, null é um fofo, vocês bem viram. Depois da noite do show a gente não tocou mais no assunto, mas ele está sendo bem cuidadoso comigo. Até porque se não for, ele sabe que é linchado por vocês duas.
- Com certeza. - null riu. - Alguém tem que estar bem na vida amorosa, né? Eu já desisti da null, minhas apostas são em você.
- Eu já desisti de mim também, e ainda mais da null, então estamos contando com o seu casamento para sermos madrinhas, irmãzinha. - null riu. - E o null é incrível, sou fã. - reforçou o quanto estava gostando do garoto com a menor. - A null sempre disse que gostaria de estudar aqui, mas fico imaginando a mamãe e o papai sem ninguém para encher o saco em casa. Eles têm que vir nos visitar.
- Que isso, eles me amam, tá? Até amam o agregado que trouxe pra dentro de casa, vulgo null.
- Nossa, deu uma saudade dos meus velhinhos… Vou ter que ir no Canadá. - null sorriu.
- Rapidinho, dá um pulinho lá. - null brincou. - E, null, todo mundo gosta do null, não é novidade. - riu. - Mas eles vão sentir muita falta de você, e até dele.
- Mal saí de casa e vocês querem que eu volte para o Canadá. - ela zoou as irmãs. - Se não me quiserem aqui, falem logo.
- Nem brinca, virei irmã ursa, não quero que você saia daqui de jeito nenhum. - null abraçou a mais nova.
- Vou passar um temporada com eles, eu fui na sua formatura, mas foi jogo rápido. - null deu de ombros. - null está pior que a mamãe.
- Estou. - fez bico, rindo e sendo esmagada pelas irmãs.
×××
null estava na areia, sob um guarda-sol enquanto observava null surfando. null até tentou fazer com que ela surfasse junto com ele, mas null não quis. Ao invés disso, a garota filmava tudo para postar nas redes sociais.
A praia estava com pouco movimento naquela hora. Apenas algumas pessoas caminhando com crianças ou desacompanhadas era possível de se ver.
null se ergueu sobre os braços e observou null sair do mar e caminhar até ela com a prancha nos braços. Apoiou a prancha no chão ao se aproximar e se abaixou até a mulher, depositando vários beijos sobre ela.
- Ei, você está me molhando. - disse entre o beijo.
- Esse é o objetivo, já que não foi até o mar comigo. - ele a encarou e sorriu de forma sapeca.
null então se virou e pegou uma toalha, colocando sobre os ombros em seguida, observando o mar.
- Quando estiver tranquilo financeiramente gostaria de morar assim…
- Assim como? - ela questionou, se levantando e se sentando também, enlaçando seu braço ao dele.
- Morar na praia. Imagina só acordar e dar de frente com uma vista bonita dessas? Eu simplesmente adoro o mar e tudo relacionado a ele.
- Sim, realmente… Gosto bastante do mar também.
Ficaram um tempo em silêncio, até que o celular de null tocou e ele prontamente atendeu.
- Alô? Sim, é ele. - fez uma pausa. - Sim… É isso mesmo. Certo… Estaremos lá. - ele desligou.
- E aí? Quem era?
Ele ficou sério e encarou a mulher por um tempo.
-Fala, null! É algo grave?
- Era simplesmente uma das gravadoras mais requisitadas de Melbourne, null! O cara quer uma reunião com a banda. Não é demais!
- Se é demais? É sensacional! Estou muito orgulhosa de vocês, null. Vocês merecem. - ela pulou em cima dele, ficando por cima enquanto o abraçava com força. - Estou muito feliz, sério.
- Finalmente as portas estão se abrindo para a gente. - null a abraçava pela cintura com força também.
- Estou tão ansiosa para ver como vai ser quando vocês estiverem famosos. - a garota falou, sonhadora.
- Acredite, eu também. - ele riu. - Mas eu nem consigo me ver realmente tendo uma legião de fãs, sabe? Eu sei que já temos bastante gente que curte nosso som, temos até que bastante gente acompanhando nas mídias... Mas, de verdade, eu não vejo a hora de ter aquela coisa de sair nas notícias, ter fãs em porta de hotel... - sonhou com a namorada.
- Eu acho que vai ser incrível, e mesmo que não rolasse, você sempre teria uma fã número 1, não é ótimo? - null perguntou, fazendo uma expressão extremamente fofa que apenas fez com que null a agarrasse novamente, terminando de molhá-la.
- Eu acho que é a melhor coisa do mundo. - ele se afastou com os protestos da garota e levou uma das mãos aos seus cabelos, aproveitando para fitar seus olhos. - Você é a melhor coisa do mundo, null, ainda bem que você apareceu em Melbourne, senão eu teria que ir para o Canadá para te encontrar, e acho que vou demorar um pouco para fazer sucesso por lá. - ele riu, selando seus lábios aos da garota em um beijo carinhoso.
- Olha, eu te procuraria até no Japão se fosse necessário, null. - ela sorriu com o carinho que o rapaz insistia em fazer em sua bochecha. - Mas ainda bem que cheguei antes da legião de fãs. - suspirou, brincalhona.
- Gosto de acreditar que te encontraria no meio da multidão de qualquer show, me deixe sonhar. - riu, vendo-a fazer o mesmo enquanto se sentava na areia novamente.
- E o que vamos fazer agora, senhor Princípe Encantado? - perguntou, puxando-o pela mão para que se sentasse ao lado dela para tirarem fotos.
- Você quem sabe, engraçadinha. - ele fez careta para foto assim que a garota levantou o celular.
×××
null saiu pelo portão e parou em frente a casa do rapaz, desde a viagem a Camberra que null se enclausurou dentro da própria casa e não apareceu mais na casa de null. Ela estava com saudades dele, null era divertido e, bom, era ótimo de cama. Mordeu os lábios, mas apertou a campainha.
null dentro da casa assistia a série Stranger Things, na Netflix. Ele franziu o cenho quando escutou a campainha tocar, pausou a série e caminhou em direção a porta. Abriu a mesma e fechou a cara quando percebeu null parada em sua porta.
- Oi! – ela sorriu, animada. E a expressão dele não mudou em nada, o que fez que o sorriso dela sumisse aos poucos. – Tá, eu não estava pronta para essa recepção tão calorosa.
- Me desculpa, eu não te esperava aqui. – foi sincero. – Entra. – null deu espaço e null o encarou, entrando na casa.
- Eu gosto de Stranger Things, é uma ótima série. – ele concordou, sentando-se no sofá, vendo-a fazer o mesmo. null torceu as mãos no colo, o clima estava péssimo. – Como passou esses dias?
- Bem, e você? – foi monossilábico.
- Bem também. – ela encarou o chão, se vendo sem saída, senão perguntar o motivo de ele estar tão arisco. – O que há, null? Você está frio demais, você não é assim.
- Nada. – ele não a encarou, olhando para a tela da televisão pausada.
- Se fosse nada você já teria me jogado no sofá e nós estaríamos tendo uma noite quente nesse sofá. – ele riu, nervoso. – Fora que você não respondeu nenhuma mensagem que eu te mandei, vim aqui, porque quero entender o que eu te fiz. – um silêncio estranho se instaurou, null esperava que ele falasse.
- Eu achei que você estivesse comigo, eu não esperava que você fosse ficar com outro cara, null! – ele explodiu. - É isso.
- null... – ela fechou os olhos, não sabia o que falar, era muito novo aquilo para ela. Estava tão acostumada a ficar com vários caras e eles nunca se importarem com isso, agora null tinha se envolvido. – Eu não sei o que dizer.
- Claro que não sabe, você não se apaixona, você é a fodona. – null cuspiu as palavras. – Eu não te culpo, você não me escondeu nada. Eu percebi que não sei jogar esse jogo como você, null.
- Eu sabia, eu não deveria ter te escutado, você me prometeu que não se envolveria e eu te magoei, null. Me desculpa. – ela mordeu os lábios, chateada.
- Desculpar do quê? – ele negou com a cabeça. – Não tem o que ser desculpado, eu só achei que... – ela tentou se aproximar dele, que se afastou dela. – Que seria só eu aqui em Melbourne, que curtiríamos até a hora que você fosse ir embora, mas vejo que isso não te bastou.
- Eu... – null franziu o cenho, o olhar que ele a direcionava estava a desconcertando. – Era casual, eu fico com alguém, você pode ficar com alguém, sem amarras, a gente faz o que sente vontade no momento. Eu me atraí pelo Harry, e quis ficar com ele, acabou, foi, a vida seguiu.
- Talvez, na minha cabeça, eu pensei que conseguiria quebrar a rocha que tem em volta desse coração. – ele passou as mãos no cabelo, nervoso. - Está tudo bem, null, eu já te superei uma vez, eu supero de novo. A gente vive, vive e comete os mesmos erros, não é? E não foi por falta de aviso. – a boca dela virou uma linha, escutar aquilo tinha a machucado bem mais do que ela poderia imaginar.
- Perdão, null. – ela o encarou, e ver o olhar de decepção direcionado para si, tinha a quebrado ainda mais, se é que era possível. - Achei mesmo que você tinha entendido o casual.
- Eu já disse, você não me enganou, foi muito sincera comigo, eu não estou com raiva de você, a raiva é de mim mesmo. Como eu te disse, eu achei que conseguiria, mas não sei ficar com alguém sem me envolver. – e com aquelas palavras null soube que não teria mais null em seus braços, sentiu-se estranha com aquilo.
- Você consegue ser meu amigo? – ele negou.
- Agora eu não consigo nada, preciso ficar longe de você por um tempo, null. Gostaria que respeitasse isso. – ela assentiu, levantando-se do sofá, concordando.
- Eu vou respeitar, pode deixar. – caminhou em direção a porta, null continuou sentado no sofá.
- null? – ela segurou a maçaneta, esperando que ele concluísse sua fala. - Aconteceu algo naquela roda-gigante, você sabe. Eu senti, e você também. – ela direcionou os olhos para baixo, abrindo a porta e saindo de lá.
Sim, ela sabia. Andou para fora da casa, brava, nem ela sabia do que sentia mais raiva, de si mesma, da situação, de null ter prometido não se envolver e ter se envolvido... Sua vontade era quebrar a casa inteira de null, quem sabe assim a raiva que estava sentido diminuísse ainda mais.
×××
- Vai fazer alguma coisa? - null perguntou, entrando na cozinha e vendo null olhando as prateleiras da geladeira. Ela andou até onde o garoto estava, passando em sua frente, pegando a garrafa de refrigerante e enchendo um copo para si.
- Pensei em fazer algo para o jantar, mesmo sendo um pouco tarde já. - respondeu, tentando soar o mais normal possível, mesmo que não tivessem trocado muitas palavras desde que tinham voltado da viagem no domingo.
- As meninas não voltam para comer, acredito. null saiu com null e null foi ver o null, com certeza, e isso significa que vai demorar. - o garoto fechou a geladeira e a encarou. - Eu percebi sozinha e ela abriu o jogo. - deu de ombros, vendo-o rir nasaladamente.
- Não sei quão bem eles devem estar, né. - comentou, rolando os olhos.
- Por causa do baixista, né? - null riu. - Eles vão se resolver.
- Bom, acho que então vou subir. - o garoto falou, caminhando para porta da cozinha.
- null, você está bravo comigo por causa do que aconteceu no festival? Eu…
- Não, null, não estou bravo. - ele suspirou, virando-se de frente para ela. - Eu só não gostei da forma que você falou, foi um pouco chato você tentar me diminuir com motivos bobos.
- Eu não falei nada demais, e você mesmo disse que era brincadeira. Você sabe que não faria sentido. - reclamou, tentando se defender. - Bom, me desculpa, não queria que as coisas ficassem assim. - ela se aproximou, tentando puxar o amigo para um abraço. Antes que pudesse realmente abraçá-lo, null sorriu, encostando sua cabeça no peito dele, apenas sentindo seu perfume a inebriar como na noite em que dormiram juntos no hotel e apenas passaram grande parte do tempo rindo.
- Está tudo bem, null, era realmente brincadeira. - o garoto tentou não deixar clara sua mentira, afinal, era um fato que toda brincadeira tinha um fundo de verdade, e que naquele momento no festival, ele estava apenas tentando descobrir se null poderia estar tão confusa quanto ele. Ele gostava de estar com null e não podia negar, os dois estavam mais próximos que nunca antes da pseudo briga, e ele sabia que null estava gostando também dessa proximidade, apenas nunca o veria de outra forma.
- null... – ela afastou seu corpo do dele. – Eu... – a mulher bufou, rolando os olhos e respirando fundo, nervosa, mudando completamente sua postura. Ela não podia acreditar nos pensamentos que estavam em sua cabeça desde a última vez que null a tocara, mesmo que tivesse sido sem segundas intenções. Lembrava dos comentários de null e dos momentos que tinha com o garoto desde que se tornaram amigos, e tudo isso apenas a deixava surpresa, com mil dúvidas em sua cabeça.
- O que foi, null? – ele riu.
- Droga. – ela o encarou de perto, analisando seu rosto e mantendo sua atenção entre sua boca e os olhos que a encaravam, sem entendê-la, com uma expressão brincalhona. – Droga, null! Argh. – soltou todo ar que estava segurando e rapidamente levou suas mãos para a nuca do rapaz, aproximando seu rosto do dele e juntando seus lábios, sem nem dar tempo para null reagir.
- null, está tudo bem? – ele perguntou, afastando o corpo do dela e segurando-a pelos braços enquanto encarava seus olhos, confuso, mas tentando não rir da ação repentina da mulher que contrariava todos os seus pensamentos. – Você decidiu aderir à estatística de “quem desdenha, quer comprar”, null?
- Eu sou uma idiota. Eu não devia ter feito isso. – null abaixou a cabeça, prendendo a respiração, nervosa. Sua cabeça balançava freneticamente de um lado para o outro, em negação. – Por um momento, eu achei que você queria isso e eu também, e eu não sei o que aconteceu comigo, meu Deus, o que eu fiz, null, você me confunde. – a mulher falou, desesperada, tentando soltar seu braço da mão do garoto, que ainda a segurava pelos cotovelos.
- E quem disse que eu não quero? – ele falou, rapidamente. - Só não posso perder a oportunidade, null, pelo menos uma vez o jogo tem que virar, né? Você acabou de falar que não faria sentido. – ele sorriu, malicioso, e puxou a mulher para si, grudando seus corpos de vez e movendo sua mão para cintura dela. - Você sempre está no controle de tudo, não é justo, e agora não vou te deixar voltar atrás com isso, porque eu quero, e você pode negar, mas você também quer. – o garoto não esperou por uma resposta de null, segurou a mulher pelas coxas e a levantou, sentando-a na bancada e grudando seus lábios aos dela novamente em um beijo mais urgente do que os dois esperavam.
null estava desacreditado que null o havia beijado, a tensão entre eles o estava irritando, ele apenas não podia acreditar que era isso que null queria depois daquela conversa, e duvidava que ela acreditasse também, afinal, ele sabia que isso seria uma dor de cabeça em breve. null era muito bem resolvida para sua vida, mas duvidava que ela apenas se deixaria levar por aquilo.
A discussão ecoava em sua cabeça enquanto passava as mãos por baixo da fina blusa que a amiga usava, ouvindo-a tentar respirar por entre seus lábios unidos. Ele não conseguia deixar de pensar no “sete anos” ou o “melhor amigo da minha irmã”, o garoto já quase conseguia ouvir a seguinte discussão do “foi um erro, isso não pode acontecer”.
- null... – a mulher sussurrou, separando seus lábios e focando os olhos na janela. O garoto resmungou um “hm”, e começou a distribuir beijos por seu pescoço, vendo-a arrepiar. – Tem alguém chegando. Sai. – falou, tentando soar firme. Ele se afastou um pouco, olhando pela janela e confirmando o que ela havia falado, vendo-a descer da bancada em sua frente enquanto null se aproximava do portão lá fora. – É, eu vou...
- Você não vai para lugar algum, null, eu não vou te dar tempo para pensar e fugir agora. - falou, decidido.
- Quê? – ela arqueou as sobrancelhas, tentando entender o garoto. Sua cabeça não estava funcionando muito bem, tinha que confessar.
- Vem. – ele observou a janela mais uma vez, vendo que ainda tinham alguns segundos antes que null entrasse pela porta da sala. O garoto segurou a mão da mulher e a puxou consigo em passos rápidos, correndo na direção da escada e fazendo-a subir por ali com ele.
- null... – a mulher suspirou, vendo-o entrar no quarto, tentando puxá-la consigo.
- null... – afinou a voz para soar como a mulher e rolou os olhos, sabendo que iria irritá-la.
- Eu te odeio. – ela bufou, ouvindo a porta da sala se abrir e sentindo seu corpo sendo puxado para dentro do quarto com agilidade, e a porta do cômodo se fechando devagar, logo sendo trancada.
null a encostou na porta e juntou seu corpo ao dela mais uma vez, provavelmente tentando ouvir se alguém os chamava, quando a porta bateu com força lá embaixo, enquanto ele voltava a distribuir beijos por seu pescoço, deixando a respiração da mulher ofegante. Suas mãos já passeavam por sua bunda e coxas sem qualquer preocupação. Quando ouviram a porta de algum dos quartos ser fechada com uma batida mais forte que o necessário, null sorriu para null, seus olhos brilhando com malícia.
Ele sentiu as mãos de null sendo colocadas por baixo de sua camisa com certa insegurança, enquanto a puxava lentamente em direção à cama, jogando-a ali e deitando-se por cima dela. Buscou por seus olhos, tentando entender se estava tudo bem estarem ali, mas antes que pudesse decifrá-los, a mulher segurou a barra de sua camisa e a puxou para cima, o fazendo sorrir e vendo seu gesto sendo refletido na boca dela também. Ele juntou seus lábios em um selinho misturado aos sorrisos.
- Só não podemos fazer barulho. – ele riu e piscou para ela, descarado, vendo-a negar com a cabeça, desacreditada. Sem pensar duas vezes, a beijou com ainda mais desejo que há poucos minutos na cozinha.
- Estou ficando mal acostumada com você fazendo tudo, null. - null riu, separando as roupas para levar até o cesto. - Você sabe, sou espaçosa demais.
- Estou mimando vocês pelo tempo que passamos longe, mas logo paro. Bom, nem temos tanto tempo na verdade, né… Mas não vamos entrar nesse assunto. - suspirou, tirando os pensamentos da cabeça.
- Sim, a realidade já, já bate na minha frente, ainda não estou pronta para ela. - sorriu fechado, voltando para o quarto e se esparramando na cama da irmã.
- Sem deprê agora… Vamos mudar de assunto. Ir para Camberra foi legal, não foi? Possibilitou de vocês conhecerem mais o null e o resto da banda.
- E que banda, hein? - null deu um sorrisinho.
- Suas descaradas. - null jogou uma almofada em cada uma.
- Acho que estávamos mais para necessitadas. - null riu.
- Fale por você, null, eu não estava necessitada de nada, minha vida sexual anda bem ativa, obrigada. - null deu de ombros.
- Eu bem sei, null, inclusive, como foi o remember? - null perguntou, encarando a irmã e vendo null olhar de uma para outra, sem entender. null teve uma crise de tosse, havia engasgado.
- Do que vocês estão falando? - ela tinha o cenho franzido.
- null, nossa bela irmã não curte muito dividir a vida conosco. - null encarou a mais velha, com as sobrancelhas arqueadas. - Afinal, ela está claramente relembrando os bons momentos de intercâmbio com o meu vizinho e não quer nos contar. - cuspiu, direta.
- Puta merda! - a mais nova se sentou na cama, olhando para as duas a sua frente.
- O quê? null, eu… - encarou as irmãs, realmente surpresa. - Não é verdade.
- Não tente me desmentir, null. - ela respirou fundo. - O null não foi tão bom na negativa, eu claramente não jogaria verde com você primeiro, pois você sim saberia sair desse papo, eu tenho certeza do que estou falando.
- Eu não acredito, é o que eu falei, não dá para ter nada casual com o null, ele não sabe mentir. - ela bufou. - Eu fiquei sim com ele, várias vezes, especificamente desde a balada. E o null sabe de tudo, ele sim sabe guardar segredo. Pode me apedrejar, estou preparada.
- Ah, puta que pariu! Parem vocês duas! - null se levantou da cama e se aproximou das irmãs - As coisas em segredo são bem mais interessantes e intensas e… excitantes, e eu não te culpo por não querer contar, mas puta merda, null, a gente é irmã. Eu zoo vocês, mas sei o limite das coisas, tá? Assim como vocês respeitaram meu segredo, eu faria o mesmo com vocês.
- Apenas não culpe o null, da próxima vez, tentem não sair com chupões combinando, fica menos na cara. É difícil esconder o que não dá pra esconder, null. - null falou. - E a null está certa, nós brincamos, mas respeitaríamos. Eu sei que é difícil falar dessas coisas, principalmente porque está na cara que você tem sentimentos por ele.
- Eu me empolguei, ok? null é muito, muito gostoso. Aquele corpo… - mordeu os lábios, lembrando. - Eu tentei resistir, estava obtendo hesito, mas, ele me seduziu e rolou. Gente, é sexo casual, não tem sentimento. Foi bom, mas desde a viagem não rolou mais.
- Se fosse casual, você não tentaria esconder, apenas dando uma opinião. - null deu de ombros. - O baixista foi casual, isso sim.
- Eu escondi exatamente por isso, querida null. - sorriu fechado. - Vocês iam achar que eu estava gostando dele, e eu gosto é do… - parou sua fala, deixando subentendido.
- Olha, eu sei que as coisas com o null são bem mais complicadas, mas não quero que nenhum dos dois saia machucado nisso tudo, tá? Está nítido que vocês se gostam, não no sentido amor porque quem sou eu pra dizer isso, mas o que quero dizer é: parem de ser bundões e assumam isso de uma vez. Se preocupem de menos e transem de mais. Obrigada.
- Sair machucado muitas vezes é uma consequência numa amizade com sexo casual. - null falou. - Mas, já que você nunca mais vai vê-lo quando voltar pra Irlanda, você pode continuar fingindo que está tudo bem.
- Vocês têm razão. O problema é que eu já pisei no coração dele antes, e estou fazendo de novo. Ele é um cara legal, merece se relacionar com uma pessoa legal, bem resolvida, e eu não sou essa pessoa nesse momento. - null colocou as mãos no rosto, soltando a respiração de uma vez.
- Ué, mas quando vocês estabeleceram essa amizade colorida não deixaram todas as cartas na mesa?
- No último dia, no festival, a gente compartilhou um momento na roda-gigante, eu percebi algo diferente, e bom, eu fiquei com o baixista. - null deu de ombros.
- É, você fudeu com tudo mesmo. Desculpa, mas é a verdade. - a mais nova deu de ombros.
- Mais confusa impossível, meu Deus. - null negou com a cabeça. - Não sei se fico mais preocupada com você ou com ele, porque você empurra para ele a parte do “coitado, não quero pisar no coração dele”, mas você está pisando até no seu. - riu.
- Gente, eu vivo nessa vida de piranhagem há anos, ele não. Se for para se preocupar, se preocupem com ele. - null o defendeu.
- Mas essa vida não cansa? - null perguntou. - E juro que é uma pergunta séria. - riu. - Você nunca gostou assim de alguém?
- Lembram do Josh? Meu primeiro namorado depois da viagem ao Peru? Pois é, eu o amei.
- Se eu disser que sim, eu vou mentir. - null balançou a cabeça.
- Eu lembro, ele era legal. Não era um null da vida, mas era legal. - null deu de ombros, rindo da resposta da mais nova.
- Você era um feto, null, está perdoada. - null brincou. - E o que ele fez comigo? Me magoou, acho que começou dali.
- Aí é por isso que você decidiu fazer o mesmo com qualquer um que pudesse gostar de você? - perguntou. - Mais uma pergunta séria, juro. - falou, debochada.
- Acredito que esse tipo de medo é normal, o que mostra que você se importa com a pessoa. Mas ainda não entendi: Por que você não quer nada sério com ele? Já ouviu falar de relacionamento a distância?
- Pode não ser a distância também, seria só ela ficar em Melbourne. - null relembrou o que vinha falando para irmã desde o início do verão, afinal, era sempre bom lembrar que ela não tinha nada a amarrando na Irlanda.
- Quanta pergunta! - soltou um riso nervoso. - Vamos lá, eu não magoo nenhum dos caras que eu saio, porque são caras que compartilham o mesmo estilo de vida que eu. null é a exceção. - suspirou, lembrando-se da pergunta de null. - Bom, eu não sou adepta a relações longas, nunca me vi casando, tendo filhos, criando raízes. E por último, isso não está em cogitação, null. O que eu faria aqui em Melbourne?
- E o que você fará na Irlanda? Pelo que sei, você também não tem um emprego lá. Do mesmo jeito que pode arrumar um lá, pode encontrar aqui. Se quisesse, até encontrar algo, podia até me ajudar no A&A, opções não faltam, não me diga que se apegou à Irlanda, vou saber que está mentindo.
- Talvez com o tempo isso mude… Ou não. Relacionamentos não significam que a pessoa se casará e terá filhos, null. Estamos no século 21, mulher. Mas enfim, é como a null disse, um dos motivos pra ficar aqui é a gente. - ela sorriu e apontou de si para null. - Bom, mas você já é grandinha, sabe muito bem o que faz da vida. - null deu de ombros.
- Ok, bons argumentos. Vou pensar em tudo o que me falaram, tá? Não vou prometer nada, porque eu sou a pessoa mais confusa desse mundo. Obrigada, meninas. Amo vocês. - abraçou as irmãs de lado. - E eu salvei o contato do baixista, só para saberem.
- null, eu te amo, mas você não presta. - null riu. - Eu nem me preocupei com isso, não é como se fosse difícil encontrar o baterista, qualquer coisa peço pro null. Mas confesso, uma segunda vez não ia mal, apesar de não ter entrado nem no meu top 5.
- Meu Deus, ele é ruim de cama? - null colocou a mão na boca, rindo.
- Conhece a palavra sexting? Pois é, o contato está salvo por isso. - riu. - Foi uma boa transa, mas nada fora do normal.
- Arrasou. - null fez um hi-5 com null. - Não foi ruim, null, mas não foi incrível, sabe? Foi só sexo, já tive melhores, gosto de quando conheço pelo menos um pouco a pessoa, como com o Luke, é divertido e torna melhor.
- Meu Deus, ainda não superei você ter transado com um funcionário da sua empresa - null colocou a mão na boca, rindo.
- Tem horas que acontecem coisas como “foda-se a ética”. - null gargalhou. - Aposto que null já ficou com colegas de trabalho também. - deu de ombros. - E só para deixar claro, nós já transavamos antes dele trabalhar para mim, desde quando trabalhávamos juntos em outro restaurante, onde comecei aqui na Austrália. - riu.
- Ah, mas é diferente, você é chefe dele. Ele fica todo bobão quando te vê. É fofo.
- Claro que já transei com colegas de trabalho, bem no estilo de derrubar as coisas da mesa do escritório. - riu. - Nossa, eu já transei com tanta gente, meu Deus. - sentiu as bochechas quentes. - Ele gosta de você, null.
- Essa aí é rodada, hein. - null gargalhou.
- Meu Deus, null. - null gargalhou. - Quero uma lista, quantidade, por favor. Te dou uma semana para conseguir lembrar de tudo, deve ser difícil. E sim, o Luke gosta de mim e é incrível, ele é um amor, mas eu não sinto o mesmo, sei lá. Ele tentou me beijar no restaurante outro dia, mas graças a Deus o null atrapalhou. - riu.
- Impossível contabilizar, já passei dos 20, isso é certeza. - torceu a boca, pensativa. - Enfim, você precisa conversar com ele, null, porque as coisas não estão explícitas para ele.
- Quem sabe o 30 não é o da sorte, se não chegou nele ainda. - null gargalhou. - Eu vou conversar, é meu assunto pendente da vida, só preciso criar coragem. Pós-férias farei isso. - prometeu. - Não queria perder o sexo, mas é a vida, não podemos ter tudo que queremos. - riu.
- Outro cara para transar você arruma em um piscar de olhos, só não pode magoar quem gosta mesmo de você. - null a aconselhou.
- Oi, null… Já pensou em ouvir seus conselhos? Obrigada. - mostrou a língua para irmã.
- Desnecessária… - apertou a barriga da irmã. - E você, null? Como está o coraçãozinho da minha bebê?
- Circulando sangue, obrigada por perguntar. - riu da própria piada - Enfim, null é um fofo, vocês bem viram. Depois da noite do show a gente não tocou mais no assunto, mas ele está sendo bem cuidadoso comigo. Até porque se não for, ele sabe que é linchado por vocês duas.
- Com certeza. - null riu. - Alguém tem que estar bem na vida amorosa, né? Eu já desisti da null, minhas apostas são em você.
- Eu já desisti de mim também, e ainda mais da null, então estamos contando com o seu casamento para sermos madrinhas, irmãzinha. - null riu. - E o null é incrível, sou fã. - reforçou o quanto estava gostando do garoto com a menor. - A null sempre disse que gostaria de estudar aqui, mas fico imaginando a mamãe e o papai sem ninguém para encher o saco em casa. Eles têm que vir nos visitar.
- Que isso, eles me amam, tá? Até amam o agregado que trouxe pra dentro de casa, vulgo null.
- Nossa, deu uma saudade dos meus velhinhos… Vou ter que ir no Canadá. - null sorriu.
- Rapidinho, dá um pulinho lá. - null brincou. - E, null, todo mundo gosta do null, não é novidade. - riu. - Mas eles vão sentir muita falta de você, e até dele.
- Mal saí de casa e vocês querem que eu volte para o Canadá. - ela zoou as irmãs. - Se não me quiserem aqui, falem logo.
- Nem brinca, virei irmã ursa, não quero que você saia daqui de jeito nenhum. - null abraçou a mais nova.
- Vou passar um temporada com eles, eu fui na sua formatura, mas foi jogo rápido. - null deu de ombros. - null está pior que a mamãe.
- Estou. - fez bico, rindo e sendo esmagada pelas irmãs.
null estava na areia, sob um guarda-sol enquanto observava null surfando. null até tentou fazer com que ela surfasse junto com ele, mas null não quis. Ao invés disso, a garota filmava tudo para postar nas redes sociais.
A praia estava com pouco movimento naquela hora. Apenas algumas pessoas caminhando com crianças ou desacompanhadas era possível de se ver.
null se ergueu sobre os braços e observou null sair do mar e caminhar até ela com a prancha nos braços. Apoiou a prancha no chão ao se aproximar e se abaixou até a mulher, depositando vários beijos sobre ela.
- Ei, você está me molhando. - disse entre o beijo.
- Esse é o objetivo, já que não foi até o mar comigo. - ele a encarou e sorriu de forma sapeca.
null então se virou e pegou uma toalha, colocando sobre os ombros em seguida, observando o mar.
- Quando estiver tranquilo financeiramente gostaria de morar assim…
- Assim como? - ela questionou, se levantando e se sentando também, enlaçando seu braço ao dele.
- Morar na praia. Imagina só acordar e dar de frente com uma vista bonita dessas? Eu simplesmente adoro o mar e tudo relacionado a ele.
- Sim, realmente… Gosto bastante do mar também.
Ficaram um tempo em silêncio, até que o celular de null tocou e ele prontamente atendeu.
- Alô? Sim, é ele. - fez uma pausa. - Sim… É isso mesmo. Certo… Estaremos lá. - ele desligou.
- E aí? Quem era?
Ele ficou sério e encarou a mulher por um tempo.
-Fala, null! É algo grave?
- Era simplesmente uma das gravadoras mais requisitadas de Melbourne, null! O cara quer uma reunião com a banda. Não é demais!
- Se é demais? É sensacional! Estou muito orgulhosa de vocês, null. Vocês merecem. - ela pulou em cima dele, ficando por cima enquanto o abraçava com força. - Estou muito feliz, sério.
- Finalmente as portas estão se abrindo para a gente. - null a abraçava pela cintura com força também.
- Estou tão ansiosa para ver como vai ser quando vocês estiverem famosos. - a garota falou, sonhadora.
- Acredite, eu também. - ele riu. - Mas eu nem consigo me ver realmente tendo uma legião de fãs, sabe? Eu sei que já temos bastante gente que curte nosso som, temos até que bastante gente acompanhando nas mídias... Mas, de verdade, eu não vejo a hora de ter aquela coisa de sair nas notícias, ter fãs em porta de hotel... - sonhou com a namorada.
- Eu acho que vai ser incrível, e mesmo que não rolasse, você sempre teria uma fã número 1, não é ótimo? - null perguntou, fazendo uma expressão extremamente fofa que apenas fez com que null a agarrasse novamente, terminando de molhá-la.
- Eu acho que é a melhor coisa do mundo. - ele se afastou com os protestos da garota e levou uma das mãos aos seus cabelos, aproveitando para fitar seus olhos. - Você é a melhor coisa do mundo, null, ainda bem que você apareceu em Melbourne, senão eu teria que ir para o Canadá para te encontrar, e acho que vou demorar um pouco para fazer sucesso por lá. - ele riu, selando seus lábios aos da garota em um beijo carinhoso.
- Olha, eu te procuraria até no Japão se fosse necessário, null. - ela sorriu com o carinho que o rapaz insistia em fazer em sua bochecha. - Mas ainda bem que cheguei antes da legião de fãs. - suspirou, brincalhona.
- Gosto de acreditar que te encontraria no meio da multidão de qualquer show, me deixe sonhar. - riu, vendo-a fazer o mesmo enquanto se sentava na areia novamente.
- E o que vamos fazer agora, senhor Princípe Encantado? - perguntou, puxando-o pela mão para que se sentasse ao lado dela para tirarem fotos.
- Você quem sabe, engraçadinha. - ele fez careta para foto assim que a garota levantou o celular.
null saiu pelo portão e parou em frente a casa do rapaz, desde a viagem a Camberra que null se enclausurou dentro da própria casa e não apareceu mais na casa de null. Ela estava com saudades dele, null era divertido e, bom, era ótimo de cama. Mordeu os lábios, mas apertou a campainha.
null dentro da casa assistia a série Stranger Things, na Netflix. Ele franziu o cenho quando escutou a campainha tocar, pausou a série e caminhou em direção a porta. Abriu a mesma e fechou a cara quando percebeu null parada em sua porta.
- Oi! – ela sorriu, animada. E a expressão dele não mudou em nada, o que fez que o sorriso dela sumisse aos poucos. – Tá, eu não estava pronta para essa recepção tão calorosa.
- Me desculpa, eu não te esperava aqui. – foi sincero. – Entra. – null deu espaço e null o encarou, entrando na casa.
- Eu gosto de Stranger Things, é uma ótima série. – ele concordou, sentando-se no sofá, vendo-a fazer o mesmo. null torceu as mãos no colo, o clima estava péssimo. – Como passou esses dias?
- Bem, e você? – foi monossilábico.
- Bem também. – ela encarou o chão, se vendo sem saída, senão perguntar o motivo de ele estar tão arisco. – O que há, null? Você está frio demais, você não é assim.
- Nada. – ele não a encarou, olhando para a tela da televisão pausada.
- Se fosse nada você já teria me jogado no sofá e nós estaríamos tendo uma noite quente nesse sofá. – ele riu, nervoso. – Fora que você não respondeu nenhuma mensagem que eu te mandei, vim aqui, porque quero entender o que eu te fiz. – um silêncio estranho se instaurou, null esperava que ele falasse.
- Eu achei que você estivesse comigo, eu não esperava que você fosse ficar com outro cara, null! – ele explodiu. - É isso.
- null... – ela fechou os olhos, não sabia o que falar, era muito novo aquilo para ela. Estava tão acostumada a ficar com vários caras e eles nunca se importarem com isso, agora null tinha se envolvido. – Eu não sei o que dizer.
- Claro que não sabe, você não se apaixona, você é a fodona. – null cuspiu as palavras. – Eu não te culpo, você não me escondeu nada. Eu percebi que não sei jogar esse jogo como você, null.
- Eu sabia, eu não deveria ter te escutado, você me prometeu que não se envolveria e eu te magoei, null. Me desculpa. – ela mordeu os lábios, chateada.
- Desculpar do quê? – ele negou com a cabeça. – Não tem o que ser desculpado, eu só achei que... – ela tentou se aproximar dele, que se afastou dela. – Que seria só eu aqui em Melbourne, que curtiríamos até a hora que você fosse ir embora, mas vejo que isso não te bastou.
- Eu... – null franziu o cenho, o olhar que ele a direcionava estava a desconcertando. – Era casual, eu fico com alguém, você pode ficar com alguém, sem amarras, a gente faz o que sente vontade no momento. Eu me atraí pelo Harry, e quis ficar com ele, acabou, foi, a vida seguiu.
- Talvez, na minha cabeça, eu pensei que conseguiria quebrar a rocha que tem em volta desse coração. – ele passou as mãos no cabelo, nervoso. - Está tudo bem, null, eu já te superei uma vez, eu supero de novo. A gente vive, vive e comete os mesmos erros, não é? E não foi por falta de aviso. – a boca dela virou uma linha, escutar aquilo tinha a machucado bem mais do que ela poderia imaginar.
- Perdão, null. – ela o encarou, e ver o olhar de decepção direcionado para si, tinha a quebrado ainda mais, se é que era possível. - Achei mesmo que você tinha entendido o casual.
- Eu já disse, você não me enganou, foi muito sincera comigo, eu não estou com raiva de você, a raiva é de mim mesmo. Como eu te disse, eu achei que conseguiria, mas não sei ficar com alguém sem me envolver. – e com aquelas palavras null soube que não teria mais null em seus braços, sentiu-se estranha com aquilo.
- Você consegue ser meu amigo? – ele negou.
- Agora eu não consigo nada, preciso ficar longe de você por um tempo, null. Gostaria que respeitasse isso. – ela assentiu, levantando-se do sofá, concordando.
- Eu vou respeitar, pode deixar. – caminhou em direção a porta, null continuou sentado no sofá.
- null? – ela segurou a maçaneta, esperando que ele concluísse sua fala. - Aconteceu algo naquela roda-gigante, você sabe. Eu senti, e você também. – ela direcionou os olhos para baixo, abrindo a porta e saindo de lá.
Sim, ela sabia. Andou para fora da casa, brava, nem ela sabia do que sentia mais raiva, de si mesma, da situação, de null ter prometido não se envolver e ter se envolvido... Sua vontade era quebrar a casa inteira de null, quem sabe assim a raiva que estava sentido diminuísse ainda mais.
- Vai fazer alguma coisa? - null perguntou, entrando na cozinha e vendo null olhando as prateleiras da geladeira. Ela andou até onde o garoto estava, passando em sua frente, pegando a garrafa de refrigerante e enchendo um copo para si.
- Pensei em fazer algo para o jantar, mesmo sendo um pouco tarde já. - respondeu, tentando soar o mais normal possível, mesmo que não tivessem trocado muitas palavras desde que tinham voltado da viagem no domingo.
- As meninas não voltam para comer, acredito. null saiu com null e null foi ver o null, com certeza, e isso significa que vai demorar. - o garoto fechou a geladeira e a encarou. - Eu percebi sozinha e ela abriu o jogo. - deu de ombros, vendo-o rir nasaladamente.
- Não sei quão bem eles devem estar, né. - comentou, rolando os olhos.
- Por causa do baixista, né? - null riu. - Eles vão se resolver.
- Bom, acho que então vou subir. - o garoto falou, caminhando para porta da cozinha.
- null, você está bravo comigo por causa do que aconteceu no festival? Eu…
- Não, null, não estou bravo. - ele suspirou, virando-se de frente para ela. - Eu só não gostei da forma que você falou, foi um pouco chato você tentar me diminuir com motivos bobos.
- Eu não falei nada demais, e você mesmo disse que era brincadeira. Você sabe que não faria sentido. - reclamou, tentando se defender. - Bom, me desculpa, não queria que as coisas ficassem assim. - ela se aproximou, tentando puxar o amigo para um abraço. Antes que pudesse realmente abraçá-lo, null sorriu, encostando sua cabeça no peito dele, apenas sentindo seu perfume a inebriar como na noite em que dormiram juntos no hotel e apenas passaram grande parte do tempo rindo.
- Está tudo bem, null, era realmente brincadeira. - o garoto tentou não deixar clara sua mentira, afinal, era um fato que toda brincadeira tinha um fundo de verdade, e que naquele momento no festival, ele estava apenas tentando descobrir se null poderia estar tão confusa quanto ele. Ele gostava de estar com null e não podia negar, os dois estavam mais próximos que nunca antes da pseudo briga, e ele sabia que null estava gostando também dessa proximidade, apenas nunca o veria de outra forma.
- null... – ela afastou seu corpo do dele. – Eu... – a mulher bufou, rolando os olhos e respirando fundo, nervosa, mudando completamente sua postura. Ela não podia acreditar nos pensamentos que estavam em sua cabeça desde a última vez que null a tocara, mesmo que tivesse sido sem segundas intenções. Lembrava dos comentários de null e dos momentos que tinha com o garoto desde que se tornaram amigos, e tudo isso apenas a deixava surpresa, com mil dúvidas em sua cabeça.
- O que foi, null? – ele riu.
- Droga. – ela o encarou de perto, analisando seu rosto e mantendo sua atenção entre sua boca e os olhos que a encaravam, sem entendê-la, com uma expressão brincalhona. – Droga, null! Argh. – soltou todo ar que estava segurando e rapidamente levou suas mãos para a nuca do rapaz, aproximando seu rosto do dele e juntando seus lábios, sem nem dar tempo para null reagir.
- null, está tudo bem? – ele perguntou, afastando o corpo do dela e segurando-a pelos braços enquanto encarava seus olhos, confuso, mas tentando não rir da ação repentina da mulher que contrariava todos os seus pensamentos. – Você decidiu aderir à estatística de “quem desdenha, quer comprar”, null?
- Eu sou uma idiota. Eu não devia ter feito isso. – null abaixou a cabeça, prendendo a respiração, nervosa. Sua cabeça balançava freneticamente de um lado para o outro, em negação. – Por um momento, eu achei que você queria isso e eu também, e eu não sei o que aconteceu comigo, meu Deus, o que eu fiz, null, você me confunde. – a mulher falou, desesperada, tentando soltar seu braço da mão do garoto, que ainda a segurava pelos cotovelos.
- E quem disse que eu não quero? – ele falou, rapidamente. - Só não posso perder a oportunidade, null, pelo menos uma vez o jogo tem que virar, né? Você acabou de falar que não faria sentido. – ele sorriu, malicioso, e puxou a mulher para si, grudando seus corpos de vez e movendo sua mão para cintura dela. - Você sempre está no controle de tudo, não é justo, e agora não vou te deixar voltar atrás com isso, porque eu quero, e você pode negar, mas você também quer. – o garoto não esperou por uma resposta de null, segurou a mulher pelas coxas e a levantou, sentando-a na bancada e grudando seus lábios aos dela novamente em um beijo mais urgente do que os dois esperavam.
null estava desacreditado que null o havia beijado, a tensão entre eles o estava irritando, ele apenas não podia acreditar que era isso que null queria depois daquela conversa, e duvidava que ela acreditasse também, afinal, ele sabia que isso seria uma dor de cabeça em breve. null era muito bem resolvida para sua vida, mas duvidava que ela apenas se deixaria levar por aquilo.
A discussão ecoava em sua cabeça enquanto passava as mãos por baixo da fina blusa que a amiga usava, ouvindo-a tentar respirar por entre seus lábios unidos. Ele não conseguia deixar de pensar no “sete anos” ou o “melhor amigo da minha irmã”, o garoto já quase conseguia ouvir a seguinte discussão do “foi um erro, isso não pode acontecer”.
- null... – a mulher sussurrou, separando seus lábios e focando os olhos na janela. O garoto resmungou um “hm”, e começou a distribuir beijos por seu pescoço, vendo-a arrepiar. – Tem alguém chegando. Sai. – falou, tentando soar firme. Ele se afastou um pouco, olhando pela janela e confirmando o que ela havia falado, vendo-a descer da bancada em sua frente enquanto null se aproximava do portão lá fora. – É, eu vou...
- Você não vai para lugar algum, null, eu não vou te dar tempo para pensar e fugir agora. - falou, decidido.
- Quê? – ela arqueou as sobrancelhas, tentando entender o garoto. Sua cabeça não estava funcionando muito bem, tinha que confessar.
- Vem. – ele observou a janela mais uma vez, vendo que ainda tinham alguns segundos antes que null entrasse pela porta da sala. O garoto segurou a mão da mulher e a puxou consigo em passos rápidos, correndo na direção da escada e fazendo-a subir por ali com ele.
- null... – a mulher suspirou, vendo-o entrar no quarto, tentando puxá-la consigo.
- null... – afinou a voz para soar como a mulher e rolou os olhos, sabendo que iria irritá-la.
- Eu te odeio. – ela bufou, ouvindo a porta da sala se abrir e sentindo seu corpo sendo puxado para dentro do quarto com agilidade, e a porta do cômodo se fechando devagar, logo sendo trancada.
null a encostou na porta e juntou seu corpo ao dela mais uma vez, provavelmente tentando ouvir se alguém os chamava, quando a porta bateu com força lá embaixo, enquanto ele voltava a distribuir beijos por seu pescoço, deixando a respiração da mulher ofegante. Suas mãos já passeavam por sua bunda e coxas sem qualquer preocupação. Quando ouviram a porta de algum dos quartos ser fechada com uma batida mais forte que o necessário, null sorriu para null, seus olhos brilhando com malícia.
Ele sentiu as mãos de null sendo colocadas por baixo de sua camisa com certa insegurança, enquanto a puxava lentamente em direção à cama, jogando-a ali e deitando-se por cima dela. Buscou por seus olhos, tentando entender se estava tudo bem estarem ali, mas antes que pudesse decifrá-los, a mulher segurou a barra de sua camisa e a puxou para cima, o fazendo sorrir e vendo seu gesto sendo refletido na boca dela também. Ele juntou seus lábios em um selinho misturado aos sorrisos.
- Só não podemos fazer barulho. – ele riu e piscou para ela, descarado, vendo-a negar com a cabeça, desacreditada. Sem pensar duas vezes, a beijou com ainda mais desejo que há poucos minutos na cozinha.
Capítulo Treze
- Bom dia para irmã ainda mais velha. - null se jogou na cama de null, acordando-a. - Fiz até café da manhã e quis te acordar, pode me matar.
- Oi, null. E não, não vou te bater. - null sorriu, ainda de olhos fechados. - Só pelo café da manhã na cama. Obrigada.
- Você merece, não muito, mas merece. - a mulher a abraçou, puxando seu cabelo propositalmente. - Vou dar um puxão no cabelo para cada ano. - riu. - Parabéns. - a abraçou ainda mais apertado.
- Ei, quero participar também. - null apareceu, se jogando entre as duas. - Parabéns. - gritou no ouvido da mais velha.
- Quer me deixar surda também? Porque dores nas costas eu já tenho. - sorriu, abraçando null.
- É, tem que começar a tomar cuidado com os bicos de papagaio. - a mais nova brincou, fazendo todas rirem.
- Eu fiz um café da manhã para trazer na cama, mas podíamos descer todas e comemos juntas, né? - null perguntou.
- Certo, saiam da cama, eu preciso fazer xixi. - null se levantou, espantando as irmãs.
- Educada… - null comentou com null e null lhe mostrou o dedo do meio enquanto saía do quarto.
- Tudo arrumadinho. - null sorriu, vendo null e null sentarem-se de frente para ela. - Meu Deus, eu mimo mesmo vocês. - ela riu, lembrando-se da conversa que tiveram quando chegaram de viagem.
- É seu instinto, por isso as pessoas acham que a mais velha é você. - null sorriu, começando a se servir. - Anos que eu não comemorava o meu aniversário com vocês. - sentiu os olhos ficarem marejados. - Tô emocionada.
- E nós vamos comemorar mesmo, né? - null perguntou. - Me diz que vamos poder fazer uma semi festa, por favor!
- Eu topo muito! - null concordou, animada.
- Bom dia! Por que estamos tão animados? A null tá mais velha ainda, isso é para comemorar? - null riu, entrando na cozinha e abraçando a aniversariante.
- Bom dia. - null respondeu, servindo suco em seu copo.
- Bom dia! Eu concordo com o null, sou só eu ficando mais velha, quero passar essa data com vocês, em casa, e em família. Sem festinhas. - sorriu.
- Ah, não! - null fez bico. - Nós temos que comemorar. - a mulher pegou a geléia para passar no pão, evitando olhar para irmã, já que null ainda a abraçava.
- null! - null reclamou.
- Chega um momento na vida que só queremos estar perto de quem amamos. Vocês vão me entender um dia. - pegou uma bolacha.
- Mas mesmo que seja uma “festa”... - null fez as aspas com os dedos. - Seremos apenas nós, nosso grupinho.
- Isso é verdade, não é como se tivéssemos muita gente para chamar. - null deu de ombros e se sentou ao lado de null, abaixando a voz para falar com ela. - Bom dia, viu, mal educada? Dormiu comigo? - riu da própria piada, vendo a mulher ficar vermelha, lhe mostrando o dedo do meio, mas ainda sem encará-lo.
- Temos muito o que comemorar, gente. - null falou. - Eu já queria fazer algo… Queria deixar ele contar, mas preciso dar a cartada, desculpem. - ela riu. - Um cara de uma gravadora ligou para o null ontem, enquanto estávamos juntos… Eles querem uma reunião com a The Sixx! - a garota gritou, feliz.
- Ah, meu Deus, que incrível. Com certeza deve ter sido pelo festival. - null abriu um sorriso. - Ah, Deus, vontade zero de comemorar, mas o que vocês não me pedem sorrindo que eu não faço chorando? Mas já vou adiantando, algo bem íntimo, não quero festa, não estou no clima.
- Você não tem muita opção, ainda mais depois dessa notícia incrível. - null gritou, feliz por null e a banda. null estava radiante e era possível ver. - Bom, não temos muito quem avisar… null, pode falar para o null, aqui em casa, às oito, ok? null, pode falar com o null, por favor?
- Não estamos nos falando. - comentou, evitando o olhar das irmãs. - Duvido que venha.
- Mas você estava lá ontem, não estava? - null perguntou, franzindo o cenho, curioso.
- null não sabe como funciona um relacionamento casual, é isso. - tentou não entrar em detalhes, era um assunto delicado.
- Mas está tudo bem chamarmos ele? - null perguntou, preocupada com a irmã.
- Por mim ok, mas ele não quer me ver nem se eu estivesse pintada de ouro. É o que eu disse, ele está chateado comigo. - mordeu os lábios.
- Mas vamos comemorar também a reunião que a The Sixx conseguiu. - null deu de ombros. - Ele vai acabar vindo por conta da amizade com o null, com certeza. Mas prometemos não fazer piadas. - ele sorriu, tentando se mostrar compreensivo com a situação dos amigos.
- Vou tentar também. - null sorriu, dando de ombros.
- Obrigada, gente. - sorriu. - Vai ser estranho, porque o Harry vai vir também.
- Potter? - null riu, fazendo null rolar os olhos. - Ah. - seu sorriso sumiu, lembrando-se de Harry. - A gente não vai comemorar só com o null, não? - o garoto manteve uma expressão emburrada, olhando para melhor amiga.
- Não faz sentido, né, null? É uma conquista da banda. - a garota respondeu.
- Só acho errado fazer isso com o null, ele veio primeiro. - ele deu de ombros, respirando fundo e tentando fingir que seu problema era exatamente esse, enquanto null tentava segurar a risada ao seu lado por saber que ele se irritava ainda mais com a presença de Taylor provavelmente.
- null já é grandinho, e eu vou evitar ficar perto do Harry na frente dele, pronto. Não vou ser tão filha da puta, quer dizer, eu já fui antes.
- É, então… - null riu. - Infelizmente tenho que concordar. Mas, realmente, os meninos têm que vir, é uma grande conquista para banda. E fale para o Brandon trazer a namorada, por favor, null. - ela sorriu para irmã, que já pegava o celular para mandar mensagem para null.
- E se o null der para trás, eu faço chantagem emocional. - null riu.
- E o Harry sabe que é meu aniversário, temos mesmo que convidá-lo. Vai ser a noite mais estranha da minha vida. - null concluiu, jogando a cabeça para trás no encosto da cadeira.
×××
- Eu amei o resultado. - null sorriu para a sala e a cozinha de sua casa, parada no hall de entrada.
Era uma decoração simples, mas elas ao menos tinham enfeitado tudo com luzes e balões, para dar um ar diferente ao ambiente. A bancada da cozinha já tinha diversos aperitivos, e haviam optado por pedir algumas pizzas quando todos já tivessem chegado. null havia preparado um bolo do sabor preferido da irmã, claro.
Era algo realmente simples, mas elas estavam animadas pela noite em grupo. Bom, a própria aniversariante nem tanto, ainda preocupada com a situação estranha que poderia ficar, mas null sabia que não poderia deixar de comemorar seu dia com as irmãs.
- null tá sem fôlego de tanto encher bexiga. Sabe, eu meio que aprontei para o lado dele… - null tirou a bombinha de encher as bexigas de trás da geladeira. - Ops…
- null! - null gritou, gargalhando. - Meu Deus, você é a melhor irmã do mundo. Ele deve ter morrido no quarto, certeza. - falou, encarando as irmãs já prontas ao seu lado, olhando a decoração, como ela mesma fazia.
- Vem, coloca isso aqui. - a mais nova estendeu um chapeuzinho de Frozen pra irmã colocar e depois colocou um em si mesma.
- Tá linda, null, agora canta Let It Go, por favor. - null zombou e null colocou um em sua cabeça também, a fazendo revirar os olhos.
- Não. - fingiu um bico. - Vocês arrasam demais, é isso. Tá muito legal.
A campainha tocou e null logo levantou, correndo até lá.
- Aposto que muita gente morreria de inveja por ter a The Sixx parada na porta da casa delas.
- Bom, muita gente morreria se você deixasse a gente entrar logo de uma vez. - null sorriu de lado.
- Oi para você também. - ela deixou que entrassem, dando um selinho rápido em null. - Olá, The Sixx.
- Olá, namorada do null. - Harry provocou. null revirou os olhos. - Se todo mundo aqui de casa usa, vocês não serão exceção. Coloquem isso. - ela jogou um chapeuzinho de Frozen para todo mundo usar.
- Ei, cadê o null? - null perguntou à null.
- Tá de cú doce na casa dele. Logo mais ele chega, não se preocupe.
- Ok…? - null arqueou uma das sobrancelhas, sem entender.
- Você sabe, null, ele mora muito distante, demora um pouco para chegar… - null riu, abraçando o namorado da irmã. - Parabéns, vocês merecem demais, estamos muito felizes por vocês.
null arqueou a sobrancelha e olhou para null. Ela deu de ombros.
- Desculpa, a notícia era boa demais para guardar só para mim.
- Só aceitei a comemoração do meu aniversário por vocês. Estou muito feliz, isso é só o começo. - null sorriu, recebendo um abraço esmagador de Harry.
- Parabéns, linda. - sussurrou no ouvido da aniversariante. - Seu presente eu te dou mais tarde. - piscou, galanteador.
- Meu Deus, e esses dois aí, hein? Não aprovo. - null comentou com null. – Pelo menos, não mais.
- Eles são bem grandinhos, null. A null sabe o que faz da vida.
- Ei, mais uma para as meninas. - null sorriu, cumprimentando a namorada de Brandon, Ella. - Um prazer te conhecer.
- Obrigada pelo convite. - a mulher sorriu, tímida.
- Ei, oi. - null sorriu para Taylor, que vinha atrás do casal.
- Oi. - o sorriso do homem aumentou, puxando a mulher pela cintura para um abraço rápido.
- Você mandou mensagem para o null, null? - null perguntou, vendo null descer as escadas. - Hm… Tá cheiroso, hein? - null balançou as sobrancelhas. null riu da cena.
- Pois é. - respondeu, seco, encarando null conversar com o baterista. - Mandei mensagem sim, logo ele aparece.
- Quem aparece? - null perguntou, abrindo a porta e ouvindo a conversa dos dois, rindo. null se separou de Harry rapidamente, que a olhou sem entender.
- Não toca nem a campainha mais? - null riu, abraçando-o.
- Já sou de casa, aguento a null por longos três anos. - sorriu, correspondendo ao abraço da mais nova.
- Eu ouvi isso, hein? - null sorriu, encarando o amigo, que apenas deu de ombros.
- Já conhece a Ella, null? - Brandon puxou a namorada para apresentar ao rapaz.
- Não, prazer, Ella. Oi, oi, galera. - cumprimentou a moça e os demais. Demorou seu olhar ao ver null próxima de Harry. Seria insensível de sua parte não a cumprimentar. Se aproximou rapidamente dela, que prendeu a respiração, nervosa. - Parabéns! - deu um rápido beijo em sua bochecha, e se afastou rapidamente, evitaria vê-la ao lado de Harry durante toda a noite.
- Agora que estamos todos aqui, podemos comer, se quiserem. Deixamos tudo arrumado, fiquem à vontade. Depois pedimos as pizzas. - null apontou para toda organização, recebendo diversos resmungos de aprovação e todos se aproximaram da bancada da cozinha.
Todos estavam em pequenos grupos da sala conversando. null estava na cozinha com Ella, conversando. null estava com null no canto da sala. null quase nunca falou dos pais para ele no pouco que eles se conheciam. Sempre eram null ou null os tópicos principais. Não sabia quase nada deles.
- Ei, null, como os pais da null são? - null o encarou, estranhando a pergunta de repente. - Tipo, eles são chatos?
- Os pais da null são como os pais devem ser, ou seja, chatos. - null olhou para a amiga, que ria com o que conversava com Ella. - Mas nunca a maltrataram, se quer saber, gostam muito de mim, pelo menos. Sempre me trataram bem quando ia até a casa deles ver null. Mas depois que null e null saíram de casa, parece que uma chavinha virou no cérebro deles. Eles ficaram mais superprotetores em relação a ela… Não de um jeito abusivo, mas às vezes sufocava ela, todo aquele amor. Quando ela decidiu vir para Melbourne, ela demorou um tempão para convencê-los de que essa era uma boa ideia e que não estaria sozinha, porque ela teria as irmãs. null e null saíram de casa, mas não tinham ninguém que as apoiassem como null teve, então, depois disso, eles se convenceram. Mas por que a pergunta? Já quer conhecer os sogros? - null riu.
- Bom, tanto faz. - null deu de ombros. - Achava que tinha algo de ruim na relação deles por ela quase não falar deles.
- null, null às vezes fica no mundo da lua. Ela fica tão animada com certas coisas que esquece de outras. - null o encarou.
- Que foi? Tá falando de você mesmo agora?
- Panaca. - null revirou os olhos. - Mas a null é um serzinho cativante, não? Como quase irmão dela, eu sei que às vezes ela pode passar um pouco do limite, mas ela tem um coração enorme. Espero que você não a magoe.
- Farei de tudo para que isso não aconteça, pode deixar. - ele falou aquilo bem sério, e esperava que null entendesse isso com seu tom de voz.
- Gente, atenção aqui! - Taylor gritou, batendo palmas e chamando a atenção de todos. - Eu acho que todo mundo já conversou demais e bebeu de menos, podíamos jogar alguma coisa, né? Nossas festas sempre tem uns joguinhos para gente beber. - ele deu de ombros, sorrindo cúmplice com null, Harry e Brandon.
- Ah, saudades das festas adolescentes. - null riu. - Eu topo. - deu de ombros.
- Maturidade zero, porque eu também topo. - null riu, lembrando-se que estava cada vez mais próxima dos 30.
- Bom, se eu fosse vocês, eu negaria. - null balançou a cabeça negativamente.
- Tô precisando beber, então sem dúvidas eu topo. - null revirou os olhos, querendo discordar de Taylor, mas realmente queria beber para fingir que ele não estava ali, colado em null durante toda a festa.
- Então vamos de uma vez. - null se manifestou, trazendo uma garrafa com ele.
- Todos topam o clássico “Eu Nunca”? - Harry perguntou, se animando e ouvindo vários “sim”. - Vamos lá, então! - ele andou em direção à sala, chamando todos com um aceno.
- Se você não quiser, tudo bem. - null beijou o topo da cabeça de null.
- Mas se não fizer, vai ficar na cara, null.
- Você não tem que agradar ninguém, null, mas você é quem sabe.
- Eu começo, já que sou a aniversariante da noite. - null sorriu. - Hum… Eu nunca flertei com um professor.
- O quê? - null riu, encarando a irmã. - Você sabe que você não pode só jogar para roda, né? Tem que ser algo que você nunca fez mesmo. - falou, como se fosse óbvio e bebeu do próprio copo, vendo todos fazerem o mesmo.
- É claro que eu sei, e não, eu nunca fiz, mas foi por falta de oportunidade. - ela deu de ombros.
- Bom, vou agora. - null deu de ombros. - Eu nunca beijei alguém cujo nome eu não sabia. - viu todos beberem, com exceção de null, o que a fez rir. - Ufa, não sou a única. - fez um hi-5 com o amigo, que estava próximo dela. - Mas nem sempre sabiam o meu. - riu.
- Minha vez. - null disse. - Eu nunca… Deixa eu ver… Fiz xixi no mar. - o rapaz viu Taylor, Brandon e null beberem.
- Eu nunca namorei mais de uma pessoa ao mesmo tempo. - Taylor falou, dando de ombros. null e Harry beberam e todos os encararam, negando com a cabeça. null respirou fundo, encarando a parede para não ter que olhar para ninguém.
- Minha vez. - Harry se manifestou. - Eu nunca liguei bêbado para alguém. - null, null, null e Taylor beberam.
- Agora vou. - null falou. - Eu nunca culpei a bebida por algo que eu disse. - apenas null não bebeu, dando de ombros.
- Eu nunca… Estraguei as férias alheias. - Ella disparou e null logou bebeu, rindo muito em seguida.
- Tenho uma! - null falou, vendo que null havia bebido pouco até o momento. - Eu nunca matei aula. - riu ao ver todos beberem.
- Eu nunca fui para a casa errada porque estava bêbado. - Foi a vez de null, null, null, Ella e null não beberem.
- Eu nunca fui a um sex shop. - null deu de ombros e viu null, Harry, Taylor e null não beberem. Brandon sorriu para namorada antes de virar o conteúdo do copo junto à ela.
- Eu vou passar mal de tanto beber. - null gargalhou, meio alterada pela quantidade de copos virados.
- Eu estou adorando! - null riu, já um pouco alterada também.
- Eu nunca acordei bêbado. - Brandon soltou e viu todos bebendo. - Nossa, vocês bebem muito mesmo então, hein? - riu.
- Eu nunca chorei durante o sexo. - null olhou para Taylor, porque sabia que ele já havia feito isso. Taylor foi o único que bebeu e todos o olharam e começaram a rir.
- O que foi? Eu estava sentimental aquele dia. - ele fez bico, rindo junto aos outros.
- Vou de novo, eu nunca me aliviei sozinha depois do sexo porque não estava satisfeita. - null observou que todas as meninas beberam, exceto null e dos rapazes Brandon foi o único que bebeu.
- Eu nunca tomei um shot do corpo de alguém. - null olhou para todos. Todos, com exceção de null, beberam.
- Já temos os utensílios. Quer tentar? - null brincou, cochichando para null, e ela ficou vermelha.
- Bom, já que todos estão aumentando o nível… Eu nunca transei com meu chefe. - null deu de ombros, encarando a irmã mais velha. - Funcionário tudo bem, mas chefe não. - gargalhou.
- null! - null deu de ombros, levando o copo até os lábios, sendo acompanhada por Taylor.
- Bom, tenho uma um tanto quanto interessante. - ele riu antes de falar. - Eu nunca usei algemas. - null e null, juntamente com Taylor, Ella e Brandon beberam.
- Eu nunca transei com a melhor amiga do meu irmão. - Harry soltou e null prendeu a risada, encarando o chão e rezando para que null não estivesse tão bêbada assim. Taylor havia sido o único que bebeu, pois Harry havia perguntado exatamente para irritar o amigo.
- Eu nunca transei com alguém mais velho que eu. - Brandon falou.
- Hm… Quantos anos você tem? - Taylor perguntou para null, vendo a mulher ficar vermelha.
- Pode beber. - ela afirmou, bebendo também e vendo todos, exceto null, beberem. Viu null beber e respirou fundo, tentando não deixar a bebida fazê-la rir.
- Eu nunca mensurei o pé do meu parceiro e comparei com o órgão genital dele. - null riu. null ficou olhando para null, desacreditado. Ella balançou a cabeça e bebeu, com null e null a acompanhando. null sussurrou algo no ouvido de null, que assentiu, dizendo que estava tudo bem por ela.
- Eu nunca transei com ninguém desta sala - null perguntou, e null gargalhou, bebendo o conteúdo de uma vez, sendo seguida por Harry, null, Ella, Brandon, null e Taylor.
- No caso você vai ter que beber duas vezes, null.
- Eu também acho, null. - ela riu, levantando o copo e bebendo novamente. Quando terminou de beber, viu null e null em lados opostos da sala, trocando olhares. Era quase imperceptível, mas pôde ver que eles conversavam algo discretamente, sem emitir qualquer som, apenas por leitura labial. Viu null rolar os olhos e null suspirar pesadamente, bufando em seguida.
- Eu nunca fiquei com alguém e me arrependi. - null soltou rapidamente, olhando para null que virara o copo rapidamente, como ele queria ao perguntar, e se surpreendendo ao ver null beber também. Ele arqueou a sobrancelha, encarando-a, e a mulher apenas negou com a cabeça e rolou os olhos. null encarou null, e ele sustentou o olhar, então ela soube que aquele shot tinha sido para ela. Sentiu a cabeça doer levemente, aquilo tinha mexido com ela mais do que deveria.
- Eu nunca transei com alguém e disse que era algo casual. - null continuou, encarando null, vendo-a ficar extremamente sem graça. - Não vai beber, null?
- Acho que já deu a brincadeira. - ela o respondeu, desviando o olhar.
- Deu nada, porque eu bebo - Taylor sorriu, completamente alheio, e bebeu. Um clima estranho se instaurou na sala.
- Mas é um idiota mesmo, viu. - null comentou baixinho, bebendo do líquido sem compromisso algum. - Cansei. - jogou o copo no chão e se levantou, deixando a sala.
null e null ficaram se encarando.
- É, acho que melou, hein
- Você acha? - null riu, depositando o copo na mesinha e abraçando. - Ai, null, já chega de bebida por hoje. - tomou o copo da mão dela e tirou de perto.
- null? Você acha que um dia eles vão se entender? - ela perguntou a respeito de null e null. - null é um cara legal, não queria que o clima ficasse ruim para eles toda vez que se vissem.
- Bom, eu conheço o null há mais tempo, viu? Eu só espero que ele não saia machucado com tudo isso caso não dê certo, porque o término do noivado dele não foi nada bonito como ele pinta. Muita gente saiu machucada nessa história.
- null? - Ella o chamou, - Acho que já vamos indo. Vai ficar ou vem de carona com a gente no Uber?
- Vou ficar mais um pouco. Podem ir.
- Certo. Se cuida, null. - Ella se despediu, assim como os demais integrantes da banda.
- Você não vai ficar mais um pouco, você vai dormir aqui. Ajeito o sofá para você, qualquer coisa. - null sugeriu.
- Vamos ver como as coisas vão andar, porque não quero abusar da boa vontade das suas irmãs.
Então eles se levantaram e começaram a limpar a bagunça que estava a sala e cozinha.
- Bom, eu vou ajudar vocês e depois eu vou embora também. - null se levantou seguindo o casal na arrumação das coisas. null engoliu em seco, se levantando também, mas com mais dificuldade, havia bebido demais e já estava bêbada.
- Eu pretendia te dar o seu presente depois, mas… - Harry deixou a frase morrer. - Você está bêbada demais, e tem um cara que você gosta, mesmo não admitindo. - null se virou, o encarando de cenho franzido.
- Eu não gosto dele assim. Sempre foi casual.
- Se você quer se enganar, quem sou eu para negar, não é? - ele deu de ombros. - Só fica logo com esse cara, porque vai acabar perdendo-o. - ele sorriu, lhe deu um selinho rápido, se despedindo e a deixando completamente sem graça. - Tchau, galera, foi um prazer. - ele foi caminhando em direção a porta.
- Eu acompanho vocês. - null falou, levando todos até a porta e se despedindo.
- Hm… É… - Taylor se virou para mulher, se encostando no batente da porta, fazendo-a rir.
- Foi coisa de uma vez só. - ela riu, sabendo o que ele estava se perguntando.
- Só queria confirmar. - ele riu, beijando a bochecha dela e se despedindo. null bateu a porta e encontrou null sentado na escada, atrás dela, tentando esconder um sorriso.
- É por que ele é ruim de cama, né? - ele riu, recebendo um dedo do meio de null.
- Vamos ajudar a arrumar. - ela suspirou e foi até ele, puxando-o pela mão, se rendendo à brincadeira do garoto, não podia evitar.
- Você sabe que temos que conversar, não sabe, null? Ficar me ignorando como fez o dia todo não vai adiantar. - a mulher assentiu.
- Temos uma tensão muito mais urgente ali na sala. - encarou o clima do cômodo, andando até lá. Ela sabia que as coisas entre null e null estavam feias, mas se sentia mal de usar isso para fugir de seu próprio assunto, algo que null claramente percebeu.
- null… - null se aproximou dele. - A gente tem que conversar.
- Conversar o quê? A gente já conversou ontem, e acho que ficou tudo bem esclarecido, você disse que o que a gente tinha era casual. Eu já entendi.
- Eu não tenho nada com o Harry, ok? Eu precisava te dizer isso. - ela o encarou.
- Não foi o que pareceu quando eu cheguei e te vi abraçada com ele, e você não me deve satisfações, a gente não tem nada, null.
- Eu sei, mas eu quero falar. Eu não quero que a gente fique assim, temos amigos em comum, e as pessoas não têm nada a ver com o que aconteceu entre nós. Olha só como foi chato agora há pouco. - ela suspirou.
- Eu gosto de você, muito. Te ver dizer com orgulho que ficou comigo e com ele, me fez sentir ciúmes. - explodiu, e era possível que todos já escutassem a discussão deles.
- Gente… - null tentou falar, sendo ignorada.
- null, por favor, era uma brincadeira. Eu fiquei uma vez com ele, e pronto. Eu já disse que errei o que mais você quer que eu faça? - ela passou as mãos no rosto, sentindo uma tontura forte.
- Seja sincera com seus sentimentos, é só isso que eu quero. - ela se aproximou dele, e ele se afastou. - Eu vou embora, já deu. Desculpa por isso, gente. Vamos nos falando. - ele abriu um sorriso sem graça, caminhou até a porta e esperou que null a abrisse, e assim ela o fez.
- Se precisar de alguma coisa, pode me chamar, ok? - abraçou o amigo, sem jeito.
- Pode deixar, obrigado, null. - ele sorriu, triste, e caminhou. null fechou a porta.
null fez menção de dizer algo, mas null a repreendeu com o olhar. Não era o momento para aquilo.
- Eu estou muito envergonhada por vocês terem escutado essas coisas. Sério. Eu disse que a noite seria estranha. - null se jogou no sofá, tampando o rosto com as mãos.
- Ter vergonha de quê? Estamos em família. Nada sai daqui. E essas coisas sempre acontecem. - null disse.
- Bom, pelo menos você não vai ter que contar para nós depois. - null deu de ombros, tentando fazer a irmã rir.
- Me poupa trabalho, não é? - sorriu. - Gente, eu bebi demais, e esse está sendo um dos piores aniversários da minha vida. Eu estou me sentindo um lixo, é isso. - mordeu os lábios, evitando chorar, mas já tinha começado.
- Ah, não! - null se desesperou, vendo null começar a derramar as lágrimas. Ele se jogou ao lado da mulher e a abraçou, vendo todos se amontoarem em volta da mesma forma.
- Podem falar, eu sou um ser humano péssimo, eu preciso ouvir isso. - as lágrimas já jorravam de seus olhos.
- Você é. - null soltou. - Mas a situação é complicada demais, null. - tentou corrigir, vendo todos rirem discretamente.
- A gente até brinca e tudo, e podemos ser até um pouco chatos com isso de vocês, mas é uma coisa entre vocês, sabe? - null deu de ombros. - É sentimento que tá envolvido nisso tudo. Talvez um tempo para vocês pensarem no que sentem um pelo outro seria uma boa. Porque tá acontecendo tudo muito rápido.
- Olha, a super entendida de amor aí pode estar certa. - null brincou.
- Ok, tem sentimento demais mesmo. - null fungou, limpando as lágrimas. - Depois alguém vai ver se ele está bem, tá? Ele com certeza deve estar pior que eu. E obrigada por não passarem a mão na minha cabeça, eu precisava ouvir isso.
- Mais tarde eu irei ver como ele tá. - null falou.
- Agora nós somos uma família, independentemente do que role entre você e null. - null comentou.
- Esses dois meses foram uma loucura, né? - null riu. - Mas gosto dessa família que nos tornamos. - a mulher sorriu para eles, apertando todos ainda mais naquele abraço esquisito, mas que passava uma grande sensação de carinho.
- Oi, null. E não, não vou te bater. - null sorriu, ainda de olhos fechados. - Só pelo café da manhã na cama. Obrigada.
- Você merece, não muito, mas merece. - a mulher a abraçou, puxando seu cabelo propositalmente. - Vou dar um puxão no cabelo para cada ano. - riu. - Parabéns. - a abraçou ainda mais apertado.
- Ei, quero participar também. - null apareceu, se jogando entre as duas. - Parabéns. - gritou no ouvido da mais velha.
- Quer me deixar surda também? Porque dores nas costas eu já tenho. - sorriu, abraçando null.
- É, tem que começar a tomar cuidado com os bicos de papagaio. - a mais nova brincou, fazendo todas rirem.
- Eu fiz um café da manhã para trazer na cama, mas podíamos descer todas e comemos juntas, né? - null perguntou.
- Certo, saiam da cama, eu preciso fazer xixi. - null se levantou, espantando as irmãs.
- Educada… - null comentou com null e null lhe mostrou o dedo do meio enquanto saía do quarto.
- Tudo arrumadinho. - null sorriu, vendo null e null sentarem-se de frente para ela. - Meu Deus, eu mimo mesmo vocês. - ela riu, lembrando-se da conversa que tiveram quando chegaram de viagem.
- É seu instinto, por isso as pessoas acham que a mais velha é você. - null sorriu, começando a se servir. - Anos que eu não comemorava o meu aniversário com vocês. - sentiu os olhos ficarem marejados. - Tô emocionada.
- E nós vamos comemorar mesmo, né? - null perguntou. - Me diz que vamos poder fazer uma semi festa, por favor!
- Eu topo muito! - null concordou, animada.
- Bom dia! Por que estamos tão animados? A null tá mais velha ainda, isso é para comemorar? - null riu, entrando na cozinha e abraçando a aniversariante.
- Bom dia. - null respondeu, servindo suco em seu copo.
- Bom dia! Eu concordo com o null, sou só eu ficando mais velha, quero passar essa data com vocês, em casa, e em família. Sem festinhas. - sorriu.
- Ah, não! - null fez bico. - Nós temos que comemorar. - a mulher pegou a geléia para passar no pão, evitando olhar para irmã, já que null ainda a abraçava.
- null! - null reclamou.
- Chega um momento na vida que só queremos estar perto de quem amamos. Vocês vão me entender um dia. - pegou uma bolacha.
- Mas mesmo que seja uma “festa”... - null fez as aspas com os dedos. - Seremos apenas nós, nosso grupinho.
- Isso é verdade, não é como se tivéssemos muita gente para chamar. - null deu de ombros e se sentou ao lado de null, abaixando a voz para falar com ela. - Bom dia, viu, mal educada? Dormiu comigo? - riu da própria piada, vendo a mulher ficar vermelha, lhe mostrando o dedo do meio, mas ainda sem encará-lo.
- Temos muito o que comemorar, gente. - null falou. - Eu já queria fazer algo… Queria deixar ele contar, mas preciso dar a cartada, desculpem. - ela riu. - Um cara de uma gravadora ligou para o null ontem, enquanto estávamos juntos… Eles querem uma reunião com a The Sixx! - a garota gritou, feliz.
- Ah, meu Deus, que incrível. Com certeza deve ter sido pelo festival. - null abriu um sorriso. - Ah, Deus, vontade zero de comemorar, mas o que vocês não me pedem sorrindo que eu não faço chorando? Mas já vou adiantando, algo bem íntimo, não quero festa, não estou no clima.
- Você não tem muita opção, ainda mais depois dessa notícia incrível. - null gritou, feliz por null e a banda. null estava radiante e era possível ver. - Bom, não temos muito quem avisar… null, pode falar para o null, aqui em casa, às oito, ok? null, pode falar com o null, por favor?
- Não estamos nos falando. - comentou, evitando o olhar das irmãs. - Duvido que venha.
- Mas você estava lá ontem, não estava? - null perguntou, franzindo o cenho, curioso.
- null não sabe como funciona um relacionamento casual, é isso. - tentou não entrar em detalhes, era um assunto delicado.
- Mas está tudo bem chamarmos ele? - null perguntou, preocupada com a irmã.
- Por mim ok, mas ele não quer me ver nem se eu estivesse pintada de ouro. É o que eu disse, ele está chateado comigo. - mordeu os lábios.
- Mas vamos comemorar também a reunião que a The Sixx conseguiu. - null deu de ombros. - Ele vai acabar vindo por conta da amizade com o null, com certeza. Mas prometemos não fazer piadas. - ele sorriu, tentando se mostrar compreensivo com a situação dos amigos.
- Vou tentar também. - null sorriu, dando de ombros.
- Obrigada, gente. - sorriu. - Vai ser estranho, porque o Harry vai vir também.
- Potter? - null riu, fazendo null rolar os olhos. - Ah. - seu sorriso sumiu, lembrando-se de Harry. - A gente não vai comemorar só com o null, não? - o garoto manteve uma expressão emburrada, olhando para melhor amiga.
- Não faz sentido, né, null? É uma conquista da banda. - a garota respondeu.
- Só acho errado fazer isso com o null, ele veio primeiro. - ele deu de ombros, respirando fundo e tentando fingir que seu problema era exatamente esse, enquanto null tentava segurar a risada ao seu lado por saber que ele se irritava ainda mais com a presença de Taylor provavelmente.
- null já é grandinho, e eu vou evitar ficar perto do Harry na frente dele, pronto. Não vou ser tão filha da puta, quer dizer, eu já fui antes.
- É, então… - null riu. - Infelizmente tenho que concordar. Mas, realmente, os meninos têm que vir, é uma grande conquista para banda. E fale para o Brandon trazer a namorada, por favor, null. - ela sorriu para irmã, que já pegava o celular para mandar mensagem para null.
- E se o null der para trás, eu faço chantagem emocional. - null riu.
- E o Harry sabe que é meu aniversário, temos mesmo que convidá-lo. Vai ser a noite mais estranha da minha vida. - null concluiu, jogando a cabeça para trás no encosto da cadeira.
- Eu amei o resultado. - null sorriu para a sala e a cozinha de sua casa, parada no hall de entrada.
Era uma decoração simples, mas elas ao menos tinham enfeitado tudo com luzes e balões, para dar um ar diferente ao ambiente. A bancada da cozinha já tinha diversos aperitivos, e haviam optado por pedir algumas pizzas quando todos já tivessem chegado. null havia preparado um bolo do sabor preferido da irmã, claro.
Era algo realmente simples, mas elas estavam animadas pela noite em grupo. Bom, a própria aniversariante nem tanto, ainda preocupada com a situação estranha que poderia ficar, mas null sabia que não poderia deixar de comemorar seu dia com as irmãs.
- null tá sem fôlego de tanto encher bexiga. Sabe, eu meio que aprontei para o lado dele… - null tirou a bombinha de encher as bexigas de trás da geladeira. - Ops…
- null! - null gritou, gargalhando. - Meu Deus, você é a melhor irmã do mundo. Ele deve ter morrido no quarto, certeza. - falou, encarando as irmãs já prontas ao seu lado, olhando a decoração, como ela mesma fazia.
- Vem, coloca isso aqui. - a mais nova estendeu um chapeuzinho de Frozen pra irmã colocar e depois colocou um em si mesma.
- Tá linda, null, agora canta Let It Go, por favor. - null zombou e null colocou um em sua cabeça também, a fazendo revirar os olhos.
- Não. - fingiu um bico. - Vocês arrasam demais, é isso. Tá muito legal.
A campainha tocou e null logo levantou, correndo até lá.
- Aposto que muita gente morreria de inveja por ter a The Sixx parada na porta da casa delas.
- Bom, muita gente morreria se você deixasse a gente entrar logo de uma vez. - null sorriu de lado.
- Oi para você também. - ela deixou que entrassem, dando um selinho rápido em null. - Olá, The Sixx.
- Olá, namorada do null. - Harry provocou. null revirou os olhos. - Se todo mundo aqui de casa usa, vocês não serão exceção. Coloquem isso. - ela jogou um chapeuzinho de Frozen para todo mundo usar.
- Ei, cadê o null? - null perguntou à null.
- Tá de cú doce na casa dele. Logo mais ele chega, não se preocupe.
- Ok…? - null arqueou uma das sobrancelhas, sem entender.
- Você sabe, null, ele mora muito distante, demora um pouco para chegar… - null riu, abraçando o namorado da irmã. - Parabéns, vocês merecem demais, estamos muito felizes por vocês.
null arqueou a sobrancelha e olhou para null. Ela deu de ombros.
- Desculpa, a notícia era boa demais para guardar só para mim.
- Só aceitei a comemoração do meu aniversário por vocês. Estou muito feliz, isso é só o começo. - null sorriu, recebendo um abraço esmagador de Harry.
- Parabéns, linda. - sussurrou no ouvido da aniversariante. - Seu presente eu te dou mais tarde. - piscou, galanteador.
- Meu Deus, e esses dois aí, hein? Não aprovo. - null comentou com null. – Pelo menos, não mais.
- Eles são bem grandinhos, null. A null sabe o que faz da vida.
- Ei, mais uma para as meninas. - null sorriu, cumprimentando a namorada de Brandon, Ella. - Um prazer te conhecer.
- Obrigada pelo convite. - a mulher sorriu, tímida.
- Ei, oi. - null sorriu para Taylor, que vinha atrás do casal.
- Oi. - o sorriso do homem aumentou, puxando a mulher pela cintura para um abraço rápido.
- Você mandou mensagem para o null, null? - null perguntou, vendo null descer as escadas. - Hm… Tá cheiroso, hein? - null balançou as sobrancelhas. null riu da cena.
- Pois é. - respondeu, seco, encarando null conversar com o baterista. - Mandei mensagem sim, logo ele aparece.
- Quem aparece? - null perguntou, abrindo a porta e ouvindo a conversa dos dois, rindo. null se separou de Harry rapidamente, que a olhou sem entender.
- Não toca nem a campainha mais? - null riu, abraçando-o.
- Já sou de casa, aguento a null por longos três anos. - sorriu, correspondendo ao abraço da mais nova.
- Eu ouvi isso, hein? - null sorriu, encarando o amigo, que apenas deu de ombros.
- Já conhece a Ella, null? - Brandon puxou a namorada para apresentar ao rapaz.
- Não, prazer, Ella. Oi, oi, galera. - cumprimentou a moça e os demais. Demorou seu olhar ao ver null próxima de Harry. Seria insensível de sua parte não a cumprimentar. Se aproximou rapidamente dela, que prendeu a respiração, nervosa. - Parabéns! - deu um rápido beijo em sua bochecha, e se afastou rapidamente, evitaria vê-la ao lado de Harry durante toda a noite.
- Agora que estamos todos aqui, podemos comer, se quiserem. Deixamos tudo arrumado, fiquem à vontade. Depois pedimos as pizzas. - null apontou para toda organização, recebendo diversos resmungos de aprovação e todos se aproximaram da bancada da cozinha.
Todos estavam em pequenos grupos da sala conversando. null estava na cozinha com Ella, conversando. null estava com null no canto da sala. null quase nunca falou dos pais para ele no pouco que eles se conheciam. Sempre eram null ou null os tópicos principais. Não sabia quase nada deles.
- Ei, null, como os pais da null são? - null o encarou, estranhando a pergunta de repente. - Tipo, eles são chatos?
- Os pais da null são como os pais devem ser, ou seja, chatos. - null olhou para a amiga, que ria com o que conversava com Ella. - Mas nunca a maltrataram, se quer saber, gostam muito de mim, pelo menos. Sempre me trataram bem quando ia até a casa deles ver null. Mas depois que null e null saíram de casa, parece que uma chavinha virou no cérebro deles. Eles ficaram mais superprotetores em relação a ela… Não de um jeito abusivo, mas às vezes sufocava ela, todo aquele amor. Quando ela decidiu vir para Melbourne, ela demorou um tempão para convencê-los de que essa era uma boa ideia e que não estaria sozinha, porque ela teria as irmãs. null e null saíram de casa, mas não tinham ninguém que as apoiassem como null teve, então, depois disso, eles se convenceram. Mas por que a pergunta? Já quer conhecer os sogros? - null riu.
- Bom, tanto faz. - null deu de ombros. - Achava que tinha algo de ruim na relação deles por ela quase não falar deles.
- null, null às vezes fica no mundo da lua. Ela fica tão animada com certas coisas que esquece de outras. - null o encarou.
- Que foi? Tá falando de você mesmo agora?
- Panaca. - null revirou os olhos. - Mas a null é um serzinho cativante, não? Como quase irmão dela, eu sei que às vezes ela pode passar um pouco do limite, mas ela tem um coração enorme. Espero que você não a magoe.
- Farei de tudo para que isso não aconteça, pode deixar. - ele falou aquilo bem sério, e esperava que null entendesse isso com seu tom de voz.
- Gente, atenção aqui! - Taylor gritou, batendo palmas e chamando a atenção de todos. - Eu acho que todo mundo já conversou demais e bebeu de menos, podíamos jogar alguma coisa, né? Nossas festas sempre tem uns joguinhos para gente beber. - ele deu de ombros, sorrindo cúmplice com null, Harry e Brandon.
- Ah, saudades das festas adolescentes. - null riu. - Eu topo. - deu de ombros.
- Maturidade zero, porque eu também topo. - null riu, lembrando-se que estava cada vez mais próxima dos 30.
- Bom, se eu fosse vocês, eu negaria. - null balançou a cabeça negativamente.
- Tô precisando beber, então sem dúvidas eu topo. - null revirou os olhos, querendo discordar de Taylor, mas realmente queria beber para fingir que ele não estava ali, colado em null durante toda a festa.
- Então vamos de uma vez. - null se manifestou, trazendo uma garrafa com ele.
- Todos topam o clássico “Eu Nunca”? - Harry perguntou, se animando e ouvindo vários “sim”. - Vamos lá, então! - ele andou em direção à sala, chamando todos com um aceno.
- Se você não quiser, tudo bem. - null beijou o topo da cabeça de null.
- Mas se não fizer, vai ficar na cara, null.
- Você não tem que agradar ninguém, null, mas você é quem sabe.
- Eu começo, já que sou a aniversariante da noite. - null sorriu. - Hum… Eu nunca flertei com um professor.
- O quê? - null riu, encarando a irmã. - Você sabe que você não pode só jogar para roda, né? Tem que ser algo que você nunca fez mesmo. - falou, como se fosse óbvio e bebeu do próprio copo, vendo todos fazerem o mesmo.
- É claro que eu sei, e não, eu nunca fiz, mas foi por falta de oportunidade. - ela deu de ombros.
- Bom, vou agora. - null deu de ombros. - Eu nunca beijei alguém cujo nome eu não sabia. - viu todos beberem, com exceção de null, o que a fez rir. - Ufa, não sou a única. - fez um hi-5 com o amigo, que estava próximo dela. - Mas nem sempre sabiam o meu. - riu.
- Minha vez. - null disse. - Eu nunca… Deixa eu ver… Fiz xixi no mar. - o rapaz viu Taylor, Brandon e null beberem.
- Eu nunca namorei mais de uma pessoa ao mesmo tempo. - Taylor falou, dando de ombros. null e Harry beberam e todos os encararam, negando com a cabeça. null respirou fundo, encarando a parede para não ter que olhar para ninguém.
- Minha vez. - Harry se manifestou. - Eu nunca liguei bêbado para alguém. - null, null, null e Taylor beberam.
- Agora vou. - null falou. - Eu nunca culpei a bebida por algo que eu disse. - apenas null não bebeu, dando de ombros.
- Eu nunca… Estraguei as férias alheias. - Ella disparou e null logou bebeu, rindo muito em seguida.
- Tenho uma! - null falou, vendo que null havia bebido pouco até o momento. - Eu nunca matei aula. - riu ao ver todos beberem.
- Eu nunca fui para a casa errada porque estava bêbado. - Foi a vez de null, null, null, Ella e null não beberem.
- Eu nunca fui a um sex shop. - null deu de ombros e viu null, Harry, Taylor e null não beberem. Brandon sorriu para namorada antes de virar o conteúdo do copo junto à ela.
- Eu vou passar mal de tanto beber. - null gargalhou, meio alterada pela quantidade de copos virados.
- Eu estou adorando! - null riu, já um pouco alterada também.
- Eu nunca acordei bêbado. - Brandon soltou e viu todos bebendo. - Nossa, vocês bebem muito mesmo então, hein? - riu.
- Eu nunca chorei durante o sexo. - null olhou para Taylor, porque sabia que ele já havia feito isso. Taylor foi o único que bebeu e todos o olharam e começaram a rir.
- O que foi? Eu estava sentimental aquele dia. - ele fez bico, rindo junto aos outros.
- Vou de novo, eu nunca me aliviei sozinha depois do sexo porque não estava satisfeita. - null observou que todas as meninas beberam, exceto null e dos rapazes Brandon foi o único que bebeu.
- Eu nunca tomei um shot do corpo de alguém. - null olhou para todos. Todos, com exceção de null, beberam.
- Já temos os utensílios. Quer tentar? - null brincou, cochichando para null, e ela ficou vermelha.
- Bom, já que todos estão aumentando o nível… Eu nunca transei com meu chefe. - null deu de ombros, encarando a irmã mais velha. - Funcionário tudo bem, mas chefe não. - gargalhou.
- null! - null deu de ombros, levando o copo até os lábios, sendo acompanhada por Taylor.
- Bom, tenho uma um tanto quanto interessante. - ele riu antes de falar. - Eu nunca usei algemas. - null e null, juntamente com Taylor, Ella e Brandon beberam.
- Eu nunca transei com a melhor amiga do meu irmão. - Harry soltou e null prendeu a risada, encarando o chão e rezando para que null não estivesse tão bêbada assim. Taylor havia sido o único que bebeu, pois Harry havia perguntado exatamente para irritar o amigo.
- Eu nunca transei com alguém mais velho que eu. - Brandon falou.
- Hm… Quantos anos você tem? - Taylor perguntou para null, vendo a mulher ficar vermelha.
- Pode beber. - ela afirmou, bebendo também e vendo todos, exceto null, beberem. Viu null beber e respirou fundo, tentando não deixar a bebida fazê-la rir.
- Eu nunca mensurei o pé do meu parceiro e comparei com o órgão genital dele. - null riu. null ficou olhando para null, desacreditado. Ella balançou a cabeça e bebeu, com null e null a acompanhando. null sussurrou algo no ouvido de null, que assentiu, dizendo que estava tudo bem por ela.
- Eu nunca transei com ninguém desta sala - null perguntou, e null gargalhou, bebendo o conteúdo de uma vez, sendo seguida por Harry, null, Ella, Brandon, null e Taylor.
- No caso você vai ter que beber duas vezes, null.
- Eu também acho, null. - ela riu, levantando o copo e bebendo novamente. Quando terminou de beber, viu null e null em lados opostos da sala, trocando olhares. Era quase imperceptível, mas pôde ver que eles conversavam algo discretamente, sem emitir qualquer som, apenas por leitura labial. Viu null rolar os olhos e null suspirar pesadamente, bufando em seguida.
- Eu nunca fiquei com alguém e me arrependi. - null soltou rapidamente, olhando para null que virara o copo rapidamente, como ele queria ao perguntar, e se surpreendendo ao ver null beber também. Ele arqueou a sobrancelha, encarando-a, e a mulher apenas negou com a cabeça e rolou os olhos. null encarou null, e ele sustentou o olhar, então ela soube que aquele shot tinha sido para ela. Sentiu a cabeça doer levemente, aquilo tinha mexido com ela mais do que deveria.
- Eu nunca transei com alguém e disse que era algo casual. - null continuou, encarando null, vendo-a ficar extremamente sem graça. - Não vai beber, null?
- Acho que já deu a brincadeira. - ela o respondeu, desviando o olhar.
- Deu nada, porque eu bebo - Taylor sorriu, completamente alheio, e bebeu. Um clima estranho se instaurou na sala.
- Mas é um idiota mesmo, viu. - null comentou baixinho, bebendo do líquido sem compromisso algum. - Cansei. - jogou o copo no chão e se levantou, deixando a sala.
null e null ficaram se encarando.
- É, acho que melou, hein
- Você acha? - null riu, depositando o copo na mesinha e abraçando. - Ai, null, já chega de bebida por hoje. - tomou o copo da mão dela e tirou de perto.
- null? Você acha que um dia eles vão se entender? - ela perguntou a respeito de null e null. - null é um cara legal, não queria que o clima ficasse ruim para eles toda vez que se vissem.
- Bom, eu conheço o null há mais tempo, viu? Eu só espero que ele não saia machucado com tudo isso caso não dê certo, porque o término do noivado dele não foi nada bonito como ele pinta. Muita gente saiu machucada nessa história.
- null? - Ella o chamou, - Acho que já vamos indo. Vai ficar ou vem de carona com a gente no Uber?
- Vou ficar mais um pouco. Podem ir.
- Certo. Se cuida, null. - Ella se despediu, assim como os demais integrantes da banda.
- Você não vai ficar mais um pouco, você vai dormir aqui. Ajeito o sofá para você, qualquer coisa. - null sugeriu.
- Vamos ver como as coisas vão andar, porque não quero abusar da boa vontade das suas irmãs.
Então eles se levantaram e começaram a limpar a bagunça que estava a sala e cozinha.
- Bom, eu vou ajudar vocês e depois eu vou embora também. - null se levantou seguindo o casal na arrumação das coisas. null engoliu em seco, se levantando também, mas com mais dificuldade, havia bebido demais e já estava bêbada.
- Eu pretendia te dar o seu presente depois, mas… - Harry deixou a frase morrer. - Você está bêbada demais, e tem um cara que você gosta, mesmo não admitindo. - null se virou, o encarando de cenho franzido.
- Eu não gosto dele assim. Sempre foi casual.
- Se você quer se enganar, quem sou eu para negar, não é? - ele deu de ombros. - Só fica logo com esse cara, porque vai acabar perdendo-o. - ele sorriu, lhe deu um selinho rápido, se despedindo e a deixando completamente sem graça. - Tchau, galera, foi um prazer. - ele foi caminhando em direção a porta.
- Eu acompanho vocês. - null falou, levando todos até a porta e se despedindo.
- Hm… É… - Taylor se virou para mulher, se encostando no batente da porta, fazendo-a rir.
- Foi coisa de uma vez só. - ela riu, sabendo o que ele estava se perguntando.
- Só queria confirmar. - ele riu, beijando a bochecha dela e se despedindo. null bateu a porta e encontrou null sentado na escada, atrás dela, tentando esconder um sorriso.
- É por que ele é ruim de cama, né? - ele riu, recebendo um dedo do meio de null.
- Vamos ajudar a arrumar. - ela suspirou e foi até ele, puxando-o pela mão, se rendendo à brincadeira do garoto, não podia evitar.
- Você sabe que temos que conversar, não sabe, null? Ficar me ignorando como fez o dia todo não vai adiantar. - a mulher assentiu.
- Temos uma tensão muito mais urgente ali na sala. - encarou o clima do cômodo, andando até lá. Ela sabia que as coisas entre null e null estavam feias, mas se sentia mal de usar isso para fugir de seu próprio assunto, algo que null claramente percebeu.
- null… - null se aproximou dele. - A gente tem que conversar.
- Conversar o quê? A gente já conversou ontem, e acho que ficou tudo bem esclarecido, você disse que o que a gente tinha era casual. Eu já entendi.
- Eu não tenho nada com o Harry, ok? Eu precisava te dizer isso. - ela o encarou.
- Não foi o que pareceu quando eu cheguei e te vi abraçada com ele, e você não me deve satisfações, a gente não tem nada, null.
- Eu sei, mas eu quero falar. Eu não quero que a gente fique assim, temos amigos em comum, e as pessoas não têm nada a ver com o que aconteceu entre nós. Olha só como foi chato agora há pouco. - ela suspirou.
- Eu gosto de você, muito. Te ver dizer com orgulho que ficou comigo e com ele, me fez sentir ciúmes. - explodiu, e era possível que todos já escutassem a discussão deles.
- Gente… - null tentou falar, sendo ignorada.
- null, por favor, era uma brincadeira. Eu fiquei uma vez com ele, e pronto. Eu já disse que errei o que mais você quer que eu faça? - ela passou as mãos no rosto, sentindo uma tontura forte.
- Seja sincera com seus sentimentos, é só isso que eu quero. - ela se aproximou dele, e ele se afastou. - Eu vou embora, já deu. Desculpa por isso, gente. Vamos nos falando. - ele abriu um sorriso sem graça, caminhou até a porta e esperou que null a abrisse, e assim ela o fez.
- Se precisar de alguma coisa, pode me chamar, ok? - abraçou o amigo, sem jeito.
- Pode deixar, obrigado, null. - ele sorriu, triste, e caminhou. null fechou a porta.
null fez menção de dizer algo, mas null a repreendeu com o olhar. Não era o momento para aquilo.
- Eu estou muito envergonhada por vocês terem escutado essas coisas. Sério. Eu disse que a noite seria estranha. - null se jogou no sofá, tampando o rosto com as mãos.
- Ter vergonha de quê? Estamos em família. Nada sai daqui. E essas coisas sempre acontecem. - null disse.
- Bom, pelo menos você não vai ter que contar para nós depois. - null deu de ombros, tentando fazer a irmã rir.
- Me poupa trabalho, não é? - sorriu. - Gente, eu bebi demais, e esse está sendo um dos piores aniversários da minha vida. Eu estou me sentindo um lixo, é isso. - mordeu os lábios, evitando chorar, mas já tinha começado.
- Ah, não! - null se desesperou, vendo null começar a derramar as lágrimas. Ele se jogou ao lado da mulher e a abraçou, vendo todos se amontoarem em volta da mesma forma.
- Podem falar, eu sou um ser humano péssimo, eu preciso ouvir isso. - as lágrimas já jorravam de seus olhos.
- Você é. - null soltou. - Mas a situação é complicada demais, null. - tentou corrigir, vendo todos rirem discretamente.
- A gente até brinca e tudo, e podemos ser até um pouco chatos com isso de vocês, mas é uma coisa entre vocês, sabe? - null deu de ombros. - É sentimento que tá envolvido nisso tudo. Talvez um tempo para vocês pensarem no que sentem um pelo outro seria uma boa. Porque tá acontecendo tudo muito rápido.
- Olha, a super entendida de amor aí pode estar certa. - null brincou.
- Ok, tem sentimento demais mesmo. - null fungou, limpando as lágrimas. - Depois alguém vai ver se ele está bem, tá? Ele com certeza deve estar pior que eu. E obrigada por não passarem a mão na minha cabeça, eu precisava ouvir isso.
- Mais tarde eu irei ver como ele tá. - null falou.
- Agora nós somos uma família, independentemente do que role entre você e null. - null comentou.
- Esses dois meses foram uma loucura, né? - null riu. - Mas gosto dessa família que nos tornamos. - a mulher sorriu para eles, apertando todos ainda mais naquele abraço esquisito, mas que passava uma grande sensação de carinho.
Capítulo Quatorze
null havia ido até a casa das null pegar null para que o acompanhasse até o estúdio no qual ele estava gravando o seu single de estreia. Os rapazes estavam a caminho também, segundo a mensagem que Harry o havia enviado minutos antes.
Ele tocou a campainha e esperou que alguém atendesse.
A porta se abriu e null estava ali.
- Nem sabia que alguém usava campainha hoje em dia. - ela o encarou.
- Olá para você também, raio de sol. - ele se aproximou e deu um selinho nela. - Pronta?
- Sempre. - ela sorriu e o seguiu até a moto. null estendeu o capacete para que ela colocasse, até que algo se iluminou em sua mente. Algo que ela se perguntava desde aquela noite. - Então… Naquele dia do aniversário da null…
- O que tem? - ele terminou de colocar o próprio capacete e a encarou.
- O que rolou na casa do null? Quando você voltou, já era bem tarde…
null olhou para o nada, lembrando daquela noite…
FLASHBACK ON
Quando todos estavam se preparando para dormir, null achou que esse seria o melhor momento para ir até a casa de null e verificar como o amigo estava.
A casa de null ficava ao lado da de null, então ir até lá não foi nenhum problema para ele.
A casa toda de null estava escura. null não acreditava que o rapaz já estivesse dormindo, visto o que acabara de acontecer na casa ao lado.
- O que foi? - Um null irritado atendeu a porta para null, após o mesmo apertar a campainha da casa do rapaz inúmeras vezes, até que null o atendesse.
null passou por ele e entrou na casa, não esperando ser convidado.
- Que merda foi aquela, null? Eu nunca tinha te visto da forma que estava na casa de null. Parecia outra pessoa ali.
- É complicado, null. - passou as mãos no rosto, tentando em vão conter a vontade de chorar. - Eu gosto muito dela. - se sentou no sofá, vendo null fazer o mesmo.
- Eu sei que sim. - o rapaz o encarou. - E ela também. Talvez não da mesma forma, mas ama. Vai entender o que se passa na cabeça dela…
- Eu só queria que ela demonstrasse de forma diferente, porque eu sei que ela sente alguma coisa. - abaixou a cabeça, sentindo as primeiras lágrimas descerem.
- Pode ser que seja da personalidade dela mesmo, null. Ela está há muito tempo sem se relacionar sério com alguém. E você saiu de um relacionamento complicado também. Não deveria querer mergulhar em outro e se agarrar com unhas e dentes como você está tentando fazer. Eu não gosto de te ver assim, mal pelos cantos.
- Ela foi meu primeiro amor… - engoliu em seco. - Mas você tem razão, eu não estava bem como eu gosto de aparentar, o fim do meu noivado foi complicado. Mas eu… - respirou fundo. - Não vou mais procurar ela, já, já ela vai embora também. - deu um sorriso triste.
- Com esse sentimento não se brinca. De forma nenhuma. Quem sabe essa ida dela não seja uma forma de ela ver e pensar melhor no assunto? Porque vocês viveram um lance aqui e tem toda uma história por trás, e isso não tem como apagar com um simples virar de chave. Se ela for a pessoa, ela vai voltar. Você já fez tudo o que poderia ter sido feito, null. - null deu alguns tapinhas nas costas do amigo.
- Eu fiz, você está certo, vou deixá-la ir. - limpou a face.
- Tudo vai se resolver, você vai ver. Todos têm um final feliz. Se não for com ela, lembre-se que Melbourne tem bastante mulheres, null. - null brincou com ele.
- Se for com ela seria perfeito. - riu. - Mas sim, Melbourne tem mulheres maravilhosas mesmo...
FLASHBACK OFF
- Não foi nada de mais, null. Vamos?
- Você ficou tão distante, null. Tenho certeza que tem algo sim e você não quer contar para mim. – fez um bico.
- null... – negou com a cabeça. - Já disse que não foi nada. - ele a ajudou subir na moto e fez o mesmo depois.
- Partiu então, raio de Sol. – ela não insistiu, mas a curiosidade lhe corroía com toda a certeza.
O caminho até a gravadora foi divertido, cada vez que null andava de moto com null a sensação era indescritível, o vento batendo em si com certeza era uma sensação libertadora, e a cada curva se aninhava ainda mais a ele, sentindo o seu perfume, amava muito tudo aquilo. Não demorou para que chegassem ao local. null amou ainda mais o lugar, era incrível.
- Uau, isso aqui tá demais! Vocês sabem mexer nisso tudo? Claro que sabem, porque se não soubessem não estariam aqui. - ela bateu a mão na própria testa, rindo.
- Não preciso responder isso por eles, não é? – null brincou se referindo ao pessoal da gravadora, arrancando uma risada dela. – Fica à vontade por ai. – sorriu, indo até onde os outros membros da banda estava.
null girou na cadeira de rodinhas do local e analisou ao redor. Era exatamente como nos filmes. Paredes marrons, chão de tapete cinza, mesa com os instrumentos, parecendo as mixagens de DJ’s, um vidro enorme, e através do vidro era onde a banda estava se preparando para gravar. Estavam com fones e toda a parafernália de um estúdio de gravação.
Através do vidro null pôde ver null olhando para os lados, entretido. Ele parecia estar bem alheio a tudo. Mantinha um papel em mãos, que deveria colocar no suporte à sua frente. Ele enfim olhou para onde null estava e ela fez um joinha com a mão, sorrindo de orelha a orelha, demonstrando o quão confiante estava com tudo aquilo.
- Prontos? - uma voz masculina ultrapassou
The Sixx se encararam e balançaram as cabeças, dando início às gravações.
- E então o que achou de tudo, null? – ele a encarava com um pequeno sorriso, após passar boa parte de seu tempo dentro do estúdio.
- Incrível! Vi coisas por ali que nem imaginava que existiam, tudo para deixar a música perfeita. Aliás, amei as mixagens.
- É muito legal esse processo de gravação, mas bem cansativo também. Parece que passaram um trator em mim. – dramatizou. null se aproximou dele, roubando-lhe um selinho.
- Eu sentadinha e pleníssima ali fiquei cansada, imagina vocês que tiveram que regravar várias partes?
- Nem me fala, e pensar que provavelmente teremos que voltar a estúdio... Mas é o que eu realmente gosto de fazer, então não posso reclamar.
- Sim. – ela alisou o rosto dele com um pequeno sorriso. Se aproximou de null, encostando seus lábios em um selinho rápido, que se transformou rapidamente em um beijo intenso.
As coisas com null eram assim, e null estava entregue de corpo e alma àquela relação, era incontestável e via-se ainda mais envolvida por ele, e saber que era recíproco tornava as coisas muito mais especiais para aqueles dois.
×××
null andava de um lado para o outro em seu quarto, estava angustiada demais de como estavam as coisas, faltava tão pouco para que terminasse as férias de verão, e era bem provável que ela fosse embora de Melbourne, e ela simplesmente não queria ir sabendo a forma como deixaria null para trás, um cara incrível, doce, fofo… Pegou-se sorrindo ao pensar nele.
Ela sabia o que estava acontecendo dentro de si, não tinha mais como fugir daqueles sentimentos mais, ela simplesmente não tinha mais forças para negar aquilo. Saiu do quarto, decidida, desceu as escadas correndo, saindo de casa. Parou na porta da casa dele, mordeu os lábios, nervosa, mas tocou a campainha. Escutou uma movimentação dentro da casa. null visualizou pelo olho mágico e fechou os olhos, se apoiando na porta.
Ele segurou a maçaneta por um tempo, abrindo-a. null o encarou e sentiu um frio na barriga intenso, mesmo com a cara de poucos amigos que ele fazia era nítido o quão atraente ele era.
- Oi! - ela tentou sorrir. null nada falou, apenas deu espaço para que ela entrasse. Encostou a porta e a viu adentrar mais o cômodo parando há poucos metros dele. Ficaram em silêncio, ele não estava afim de falar, estava magoado com tudo, e não tinha entendido qual era o sentido de ela estar parada em sua frente. - Talvez eu… vá embora em poucos dias. Eu ainda não sei bem como vai ser as coisas, mas minha vida profissional está uma bagunça, eu preciso me reconectar com ela. - Eu imagino. - ele respondeu secamente.
- null, por favor…
- O quê, null? Eu realmente não estou entendendo, o que você quer que eu diga? - ele a encarou, seu olhar continha certa angústia. - Quer que eu te implore para ficar? Que eu me humilhe ainda mais?
- Não, eu…
- Vai embora, por favor. - ele se direcionou a porta novamente, e ela correu segurando seu braço.
- Não me expulsa, por favor. - ela implorou. - Eu preciso te falar algo, eu só… Droga, eu não sei bem como me expressar para você, null. Isso é muito novo para mim. -
null fez um gesto com as mãos, indicando que ela se sentasse, e assim ela o fez. Ele se sentou a uma distância segura dela. null olhou para suas mãos, tentando formular uma frase.
- Primeiramente, perdão. Eu errei muito contigo, e eu não vou cansar de pedir perdão a você. - ela buscou seu olhar, porém null o direcionou ao chão. - E você tinha razão, eu senti sim algo enquanto estávamos naquela roda-gigante, mas eu tive muito medo do que tinha sentido. E então eu vi a oportunidade perfeita com Harry... - null fechou os olhos à menção do músico. - De abafar tudo o que eu senti naquele momento, ficando com outra pessoa eu voltaria a ser a null de sempre, mas não, infelizmente, ou felizmente, eu ainda não sei… - ela riu, fazendo-o negar com a cabeça. - Eu também tinha me envolvido demais com o meu parceiro de sexo casual.
- O que quer dizer com tudo isso? - depois de um tempo entre uma intensa troca de olhares ele conseguiu proferir com a voz fraca.
- Eu quero muito ficar com você, null.
- null, eu não quero nada casual com você, entenda! Eu não tenho emocional para esse tipo de relação.
- Você escutou o que eu disse? - ele afirmou. - Não escutou, se tivesse escutado teria visto a parte em que eu disse que eu tinha me envolvido demais com o meu parceiro de sexo casual, enfim, em outras palavras… - null se aproximou de null, e segurou a mão dele. - Com você eu tenho que desenhar. - sorriu. - Vamos ficar sério? Eu sou só tua, você só meu.
- null, você… Nossa! - ele se levantou, quebrando o contato estabelecido por suas mãos. - Você está falando sério? - a encarava, incrédulo.
- Quer que eu me ajoelhe, princeso? Que eu faça o pedido com alianças e tudo mais? Eu nem vim preparada para isso. - ele rolou os olhos, a vendo rir. - Mas eu posso providenciar.
- null, isso foi tudo o que eu mais quis escutar na minha vida, mas…
- Mas você está com medo de se magoar. Tudo bem, eu sei e não te julgo, eu faria o mesmo se fosse você. Porém eu estou sendo muito sincera com meus sentimentos e eu te quero, null, fica comigo?
- null… - ele passou as mãos no rosto. - Você me enlouquece. - se aproximou dela, sentando-se ao seu lado. – E se você for embora?
- Você sabe que isso pode acontecer, eu não vou mentir para você, mas você entrou nessa comigo sabendo dos riscos. - Sim, eu sei, sua sinceridade é seu ponto forte, sempre foi. - Mesmo que eu vá embora de Melbourne, você é importante para mim, eu estou gostando mesmo de você, como nunca gostei de ninguém há muito tempo. - ela alisou o rosto dele. - Por favor, deixa eu só… - se aproximou dele, e juntou seus lábios em um beijo.
null queria passar tudo o que sentia por ele naquele beijo, e null deixou-se ser beijado, ele tinha saudade dela, ele sabia desde o momento que a reencontrou que queria tê-la em sua vida. O beijo foi ganhando intensidade, null foi parar no colo do rapaz, que a segurava com firmeza, trazendo-a para perto de si. Se separaram ofegantes. null segurou o rosto dele com as duas mãos, lhe dando um selinho e o encarando com afeto e carinho.
- Tudo bem, vamos tentar. - ele a encarou com um sorriso.
- Perfeito. – ela lhe roubou um selinho com um enorme sorriso. - A gente tem que oficializar o nosso relacionamento amigável, hein? Nada melhor do que… - mordeu o lóbulo da orelha dele, arrepiando-o e deixando subentendido o que ela queria dizer.
- Ah, null. - ele sussurrou, jogando-a no sofá, e deixando-a por baixo, começando uma série de beijos e carícias intensas. null fechou os olhos, estava genuinamente feliz em como as coisas estavam se ajeitando em sua vida.
×××
- Ei, chega de fugir. – null olhou o corredor, vendo que não tinha ninguém ali. Ele empurrou a mulher para dentro do próprio quarto e fechou a porta, vendo-a bufar. – null, você realmente vai fingir que nada aconteceu? É sério?
- null... – a mulher suspirou, sentando-se e vendo o garoto se aproximar, se sentando ao seu lado e puxando-a para próximo de seu corpo, como se quisesse prendê-la ali com ele. – Foi algo completamente...
- Errado? – ele completou, a interrompendo.
- Eu ia dizer inesperado. – ela bufou, rolando os olhos. O garoto a encarou de sobrancelhas arqueadas, surpreso. – Eu tentei deixar claro no jogo no aniversário de null, eu não estava me referindo a você quando disse ficar com alguém e me arrepender, apesar de você ter tomado logo essa conclusão, eu sei. Mas eu assumo bem as coisas que faço, null, e eu estava muito certa do que eu estava fazendo naquele dia. – frisou a palavra, fazendo null a olhar maliciosamente. - Você me tira do sério, e você... Não sei, você é você. – ela riu nasaladamente, tentando ajeitar um rumo para aquela conversa.
- Tá, e por que você está me evitando então? – perguntou, fazendo-a se virar de frente para ele.
- Eu não estou te evitando. – respondeu rapidamente.
- null, é claro que você está. – rolou os olhos.
- Eu... Eu não sei o que fazer, ok? Eu não quero que fique qualquer clima estranho entre a gente, aconteceu, foi legal, mas...
- Eu não te entendo. – ele gargalhou, a deixando confusa. – Ok, foi legal, não foi um erro, mas de qualquer forma, você me ignora. Não faz sentido, null. – ele colocou os braços em volta do corpo da mulher e a sacudiu, brincalhão.
- Você quer que eu faça o que com isso? Foi legal, não foi um erro, mas não é como se pudesse acontecer de novo, null. – ela respirou fundo, tentando se manter séria.
- null...
- Não faz sentido, null. – reclamou, cortando-o. – Não é como se...
- null, você me irrita, puta que pariu. – o garoto se aproximou ainda mais, segurando sua nuca e puxando-a para um selinho rápido, que logo se transformou em um beijo calmo quando null deixou com que o garoto o aprofundasse. – Me fala que você não acha isso certo. – ele riu quando se separaram, ainda mantendo sua mão envolta no pescoço da mulher para manter a proximidade entre eles. Ela sorriu, mas não deixou de rolar os olhos, negando com a cabeça e deixando claro o quanto o garoto sabia irritá-la.
- null... – ela suspirou mais uma vez, perdida. – Eu não tenho como achar isso certo! Eu nem sei o que eu tenho na minha cabeça, meu Deus. – ela riu. – Eu juro, eu estou tentando não surtar pelo bem da nossa amizade, porque eu gosto muito de você, pirralho.
- Porra, você e esse apelido. - ele bufou.
- Ei, estressadinho! – ela riu da reação do garoto. - Não vou parar de usar, já falei isso antes e repito. - sorriu, brincalhona, e ele apenas rolou os olhos.
- Vai, null, vamos falar sério.
- Eu não consigo falar sério com você. – riu, fazendo o garoto se jogar na cama, respirando fundo.
- Você sabe que você realmente não faz sentido nenhum, não sabe? – ela assentiu, mordendo o próprio lábio, sem saber o que fazer. – A sua sorte é que você é muito incrível, então eu vou fingir que não me importo com isso. – null esticou o braço e puxou null para que se deitasse ao seu lado, envolvendo-a rapidamente.
- Você me deixa confusa, null, eu não tenho culpa. – fez bico e recebeu um rápido selinho do garoto. – Vamos deixar isso para lá, tudo bem? Não é saudável, e será menos ainda se vocês forem morar aqui comigo. Eu não sei por que aconteceu, mas aconteceu, agora temos que deixar para trás e seguir, ok?
- Uhum. – o garoto assentiu, mantendo seus olhos fixos no da mulher. – null... É engraçado. – ele riu, passando a mão pelos cabelos dela em um carinho.
- O quê? – ela sorriu, não tinha como negar, amava a delicadeza que o garoto tinha com ela.
- Não sei... Não entendo como isso foi acontecer. – ele torceu a boca em um sinal de confusão, parecia pensativo. – Mas eu gosto de você, de ficar com você, temos uma amizade legal e... Você sabe... A outra parte é bem legal também...
- null... - repreendeu-o.
- Eu não estou falando nada demais, null, juro. Estou apenas te elogiando e elogiando nossa amizade, só isso. - ele sorriu de forma sarcástica, fazendo a mulher rolar os olhos. – Obrigado por essas férias.
- Eu que tenho que agradecer. – ela sorriu, sincera, passando as mãos pela cintura do garoto e deixando um carinho ali.
- Bom... Eu vou ir... Sei lá, fazer alguma coisa. – null levantou-se, se sentando na cama e passando a mão nos cabelos, tentando afastar os pensamentos daquela conversa que só levara a um lugar: o que aconteceu, aconteceu, mas não podia rolar mais. Ele já esperava, claro, e sabia que seguiriam bem, mas, caralho! Como null mexia com a cabeça dele quando estavam juntos. E sabia que também tinha causado uma boa parcela de confusão na cabeça dela.
- null... É... Você sabe se a null e a null estão por aí? – null perguntou, sentando-se ao lado.
- Não, elas saíram. – respondeu.
- Ah... – null suspirou, soltando mais ar do que gostaria. – null... – o garoto a encarou e ela sorriu de forma travessa, empurrando o corpo dele para o colchão novamente e se colocando em seu colo, com uma perna posicionada em cada lado do corpo dele.
- null... Você acabou de... – a mulher deu de ombros, mordendo o lábio inferior, ainda com seu sorriso maroto no rosto, e ele apenas negou com a cabeça, rindo. – Você não presta, null, alguém já te disse isso? – null a puxou para perto de si e em poucos segundos eles já tinham as posições invertidas e trocavam beijos em meio a risadas, agradecendo a cumplicidade que tinham desenvolvido ali naqueles meses e os faziam ter momentos como aquele.
×××
null saiu da casa de null genuinamente feliz, finalmente as coisas se acertaram entre eles, e principalmente, ela estava se permitindo viver uma relação um pouco mais madura. Sentiu o celular vibrar na cintura, o pegou e viu que se tratava de um número em que o prefixo era da Irlanda, ficou surpresa, mas atendeu rapidamente. E as próximas palavras foram as que ela mais quis escutar desde o momento em que foi desligada da empresa.
- Gente! - null entrou na residência gritando pelas irmãs e null. - Eu estou surtando, cadê vocês?
- Aconteceu alguma coisa? - null apareceu no hall em poucos segundos, com null ao seu lado.
null desceu as escadas, correndo.
- O que há?
- Não vai me dizer que vocês brigaram de novo. - null comentou, sabendo que a mulher estava vindo da casa de null.
- Não, estamos bem, e inclusive tentando uma relação mais amigável. - abriu um sorrisinho.
- E então? - null perguntou, tentando entender o surto da mais velha, que tinha um sorriso de orelha à orelha quando entrou na casa.
- Eu tenho um emprego! - deu pulinhos, animada. - Eu vou voltar para a Irlanda.
- Desculpa, eu ouvi bem? - null sacudiu a cabeça, sem entender o que estava rolando - Ela disse que vai voltar para a Irlanda? - ela ficou encarando as pessoas ali no local.
- Você tem um emprego? - null perguntou. - Você não tinha sido demitida? Eu realmente estava achando que a parte do null e a relação amigável fossem um motivo para ficar.
- Eles se reestruturaram e me chamaram de volta. Eu estava pensando em ficar aqui, mas eu vou ter minha vida de volta, e eu amo a minha vida. - ela suspirou.
- Puta merda. - null passou a mão na cabeça, não acreditando no que estava ouvindo. Não iria se meter, mas não concordava. Se não tivesse acontecido tudo o que aconteceu nas últimas semanas entre null e null, ela super entenderia. null era uma pessoa muito teimosa, e nesse quesito ela ganhava até mesmo dela e de null. Quando dizia que iria fazer algo, era porque ela realmente iria fazer isso. null só esperava que null não ficasse ainda pior ao descobrir os planos da mais velha.
- Vai voltar para mesma posição? - null perguntou, tentando manter-se calmo para seguir a conversa, imaginava que null realmente estava feliz, mas sabia que null e null estavam surtando. null apenas bufou ao seu lado.
- Sim, para a mesma posição. - ela olhou as irmãs. - Eu esperava um pouco mais de animação, sabe?
- Eu estou animada por você, de verdade. - null comentou, sorrindo. - Só estou no momento de choque, sei que é o que você queria. Parabéns. - abraçou a irmã rapidamente.
- Digo o mesmo. Estou muito feliz por você, irmã. - ela a abraçou. O coração de null apertou naquele momento, imaginando null. - null, não querendo ser estraga prazeres e cortar seu barato, mas como o null fica nessa história? A que pé esse “relacionamento amigável” está?
- Esse momento não é para perguntas difíceis, null. - soltou um riso nervoso. – Mas está tudo bem.
- Eu acho que nenhum de nós consegue não pensar nisso, porque ele é nosso amigo. Essas férias, apesar de muito loucas e cheias de acontecimentos, principalmente entre vocês dois, nos aproximaram muito, não queremos ninguém magoado. - null comentou, sorrindo, triste. - Eu sigo sem saber o que você fez para aquele homem, mas ele realmente te coloca num pedestal.
- Se ele for atrás de você no aeroporto, como nos filmes, você aceitaria ficar? Existiria essa possibilidade? - null perguntou.
- Gente, eu… Eu só aceitei a proposta porque era tudo o que eu mais queria ouvir, mas sim, eu preciso conversar com o null, mas só para constar, ele sempre soube que a nossa relação amigável tinha prazo de validade, um dos motivos ao qual eu não quis me envolver no início. Inclusive conversamos sobre isso hoje, eu só não tinha certeza de nada ainda.
- O que importa no momento é que você conseguiu o que você queria de volta, e estamos felizes por você. - null sorriu para null e a abraçou de lado, trocando um rápido olhar com null e null, pois estava claro que null ficaria triste se continuassem insistindo naquela tecla.
Ele tocou a campainha e esperou que alguém atendesse.
A porta se abriu e null estava ali.
- Nem sabia que alguém usava campainha hoje em dia. - ela o encarou.
- Olá para você também, raio de sol. - ele se aproximou e deu um selinho nela. - Pronta?
- Sempre. - ela sorriu e o seguiu até a moto. null estendeu o capacete para que ela colocasse, até que algo se iluminou em sua mente. Algo que ela se perguntava desde aquela noite. - Então… Naquele dia do aniversário da null…
- O que tem? - ele terminou de colocar o próprio capacete e a encarou.
- O que rolou na casa do null? Quando você voltou, já era bem tarde…
null olhou para o nada, lembrando daquela noite…
FLASHBACK ON
Quando todos estavam se preparando para dormir, null achou que esse seria o melhor momento para ir até a casa de null e verificar como o amigo estava.
A casa de null ficava ao lado da de null, então ir até lá não foi nenhum problema para ele.
A casa toda de null estava escura. null não acreditava que o rapaz já estivesse dormindo, visto o que acabara de acontecer na casa ao lado.
- O que foi? - Um null irritado atendeu a porta para null, após o mesmo apertar a campainha da casa do rapaz inúmeras vezes, até que null o atendesse.
null passou por ele e entrou na casa, não esperando ser convidado.
- Que merda foi aquela, null? Eu nunca tinha te visto da forma que estava na casa de null. Parecia outra pessoa ali.
- É complicado, null. - passou as mãos no rosto, tentando em vão conter a vontade de chorar. - Eu gosto muito dela. - se sentou no sofá, vendo null fazer o mesmo.
- Eu sei que sim. - o rapaz o encarou. - E ela também. Talvez não da mesma forma, mas ama. Vai entender o que se passa na cabeça dela…
- Eu só queria que ela demonstrasse de forma diferente, porque eu sei que ela sente alguma coisa. - abaixou a cabeça, sentindo as primeiras lágrimas descerem.
- Pode ser que seja da personalidade dela mesmo, null. Ela está há muito tempo sem se relacionar sério com alguém. E você saiu de um relacionamento complicado também. Não deveria querer mergulhar em outro e se agarrar com unhas e dentes como você está tentando fazer. Eu não gosto de te ver assim, mal pelos cantos.
- Ela foi meu primeiro amor… - engoliu em seco. - Mas você tem razão, eu não estava bem como eu gosto de aparentar, o fim do meu noivado foi complicado. Mas eu… - respirou fundo. - Não vou mais procurar ela, já, já ela vai embora também. - deu um sorriso triste.
- Com esse sentimento não se brinca. De forma nenhuma. Quem sabe essa ida dela não seja uma forma de ela ver e pensar melhor no assunto? Porque vocês viveram um lance aqui e tem toda uma história por trás, e isso não tem como apagar com um simples virar de chave. Se ela for a pessoa, ela vai voltar. Você já fez tudo o que poderia ter sido feito, null. - null deu alguns tapinhas nas costas do amigo.
- Eu fiz, você está certo, vou deixá-la ir. - limpou a face.
- Tudo vai se resolver, você vai ver. Todos têm um final feliz. Se não for com ela, lembre-se que Melbourne tem bastante mulheres, null. - null brincou com ele.
- Se for com ela seria perfeito. - riu. - Mas sim, Melbourne tem mulheres maravilhosas mesmo...
FLASHBACK OFF
- Não foi nada de mais, null. Vamos?
- Você ficou tão distante, null. Tenho certeza que tem algo sim e você não quer contar para mim. – fez um bico.
- null... – negou com a cabeça. - Já disse que não foi nada. - ele a ajudou subir na moto e fez o mesmo depois.
- Partiu então, raio de Sol. – ela não insistiu, mas a curiosidade lhe corroía com toda a certeza.
O caminho até a gravadora foi divertido, cada vez que null andava de moto com null a sensação era indescritível, o vento batendo em si com certeza era uma sensação libertadora, e a cada curva se aninhava ainda mais a ele, sentindo o seu perfume, amava muito tudo aquilo. Não demorou para que chegassem ao local. null amou ainda mais o lugar, era incrível.
- Uau, isso aqui tá demais! Vocês sabem mexer nisso tudo? Claro que sabem, porque se não soubessem não estariam aqui. - ela bateu a mão na própria testa, rindo.
- Não preciso responder isso por eles, não é? – null brincou se referindo ao pessoal da gravadora, arrancando uma risada dela. – Fica à vontade por ai. – sorriu, indo até onde os outros membros da banda estava.
null girou na cadeira de rodinhas do local e analisou ao redor. Era exatamente como nos filmes. Paredes marrons, chão de tapete cinza, mesa com os instrumentos, parecendo as mixagens de DJ’s, um vidro enorme, e através do vidro era onde a banda estava se preparando para gravar. Estavam com fones e toda a parafernália de um estúdio de gravação.
Através do vidro null pôde ver null olhando para os lados, entretido. Ele parecia estar bem alheio a tudo. Mantinha um papel em mãos, que deveria colocar no suporte à sua frente. Ele enfim olhou para onde null estava e ela fez um joinha com a mão, sorrindo de orelha a orelha, demonstrando o quão confiante estava com tudo aquilo.
- Prontos? - uma voz masculina ultrapassou
The Sixx se encararam e balançaram as cabeças, dando início às gravações.
- E então o que achou de tudo, null? – ele a encarava com um pequeno sorriso, após passar boa parte de seu tempo dentro do estúdio.
- Incrível! Vi coisas por ali que nem imaginava que existiam, tudo para deixar a música perfeita. Aliás, amei as mixagens.
- É muito legal esse processo de gravação, mas bem cansativo também. Parece que passaram um trator em mim. – dramatizou. null se aproximou dele, roubando-lhe um selinho.
- Eu sentadinha e pleníssima ali fiquei cansada, imagina vocês que tiveram que regravar várias partes?
- Nem me fala, e pensar que provavelmente teremos que voltar a estúdio... Mas é o que eu realmente gosto de fazer, então não posso reclamar.
- Sim. – ela alisou o rosto dele com um pequeno sorriso. Se aproximou de null, encostando seus lábios em um selinho rápido, que se transformou rapidamente em um beijo intenso.
As coisas com null eram assim, e null estava entregue de corpo e alma àquela relação, era incontestável e via-se ainda mais envolvida por ele, e saber que era recíproco tornava as coisas muito mais especiais para aqueles dois.
null andava de um lado para o outro em seu quarto, estava angustiada demais de como estavam as coisas, faltava tão pouco para que terminasse as férias de verão, e era bem provável que ela fosse embora de Melbourne, e ela simplesmente não queria ir sabendo a forma como deixaria null para trás, um cara incrível, doce, fofo… Pegou-se sorrindo ao pensar nele.
Ela sabia o que estava acontecendo dentro de si, não tinha mais como fugir daqueles sentimentos mais, ela simplesmente não tinha mais forças para negar aquilo. Saiu do quarto, decidida, desceu as escadas correndo, saindo de casa. Parou na porta da casa dele, mordeu os lábios, nervosa, mas tocou a campainha. Escutou uma movimentação dentro da casa. null visualizou pelo olho mágico e fechou os olhos, se apoiando na porta.
Ele segurou a maçaneta por um tempo, abrindo-a. null o encarou e sentiu um frio na barriga intenso, mesmo com a cara de poucos amigos que ele fazia era nítido o quão atraente ele era.
- Oi! - ela tentou sorrir. null nada falou, apenas deu espaço para que ela entrasse. Encostou a porta e a viu adentrar mais o cômodo parando há poucos metros dele. Ficaram em silêncio, ele não estava afim de falar, estava magoado com tudo, e não tinha entendido qual era o sentido de ela estar parada em sua frente. - Talvez eu… vá embora em poucos dias. Eu ainda não sei bem como vai ser as coisas, mas minha vida profissional está uma bagunça, eu preciso me reconectar com ela. - Eu imagino. - ele respondeu secamente.
- null, por favor…
- O quê, null? Eu realmente não estou entendendo, o que você quer que eu diga? - ele a encarou, seu olhar continha certa angústia. - Quer que eu te implore para ficar? Que eu me humilhe ainda mais?
- Não, eu…
- Vai embora, por favor. - ele se direcionou a porta novamente, e ela correu segurando seu braço.
- Não me expulsa, por favor. - ela implorou. - Eu preciso te falar algo, eu só… Droga, eu não sei bem como me expressar para você, null. Isso é muito novo para mim. -
null fez um gesto com as mãos, indicando que ela se sentasse, e assim ela o fez. Ele se sentou a uma distância segura dela. null olhou para suas mãos, tentando formular uma frase.
- Primeiramente, perdão. Eu errei muito contigo, e eu não vou cansar de pedir perdão a você. - ela buscou seu olhar, porém null o direcionou ao chão. - E você tinha razão, eu senti sim algo enquanto estávamos naquela roda-gigante, mas eu tive muito medo do que tinha sentido. E então eu vi a oportunidade perfeita com Harry... - null fechou os olhos à menção do músico. - De abafar tudo o que eu senti naquele momento, ficando com outra pessoa eu voltaria a ser a null de sempre, mas não, infelizmente, ou felizmente, eu ainda não sei… - ela riu, fazendo-o negar com a cabeça. - Eu também tinha me envolvido demais com o meu parceiro de sexo casual.
- O que quer dizer com tudo isso? - depois de um tempo entre uma intensa troca de olhares ele conseguiu proferir com a voz fraca.
- Eu quero muito ficar com você, null.
- null, eu não quero nada casual com você, entenda! Eu não tenho emocional para esse tipo de relação.
- Você escutou o que eu disse? - ele afirmou. - Não escutou, se tivesse escutado teria visto a parte em que eu disse que eu tinha me envolvido demais com o meu parceiro de sexo casual, enfim, em outras palavras… - null se aproximou de null, e segurou a mão dele. - Com você eu tenho que desenhar. - sorriu. - Vamos ficar sério? Eu sou só tua, você só meu.
- null, você… Nossa! - ele se levantou, quebrando o contato estabelecido por suas mãos. - Você está falando sério? - a encarava, incrédulo.
- Quer que eu me ajoelhe, princeso? Que eu faça o pedido com alianças e tudo mais? Eu nem vim preparada para isso. - ele rolou os olhos, a vendo rir. - Mas eu posso providenciar.
- null, isso foi tudo o que eu mais quis escutar na minha vida, mas…
- Mas você está com medo de se magoar. Tudo bem, eu sei e não te julgo, eu faria o mesmo se fosse você. Porém eu estou sendo muito sincera com meus sentimentos e eu te quero, null, fica comigo?
- null… - ele passou as mãos no rosto. - Você me enlouquece. - se aproximou dela, sentando-se ao seu lado. – E se você for embora?
- Você sabe que isso pode acontecer, eu não vou mentir para você, mas você entrou nessa comigo sabendo dos riscos. - Sim, eu sei, sua sinceridade é seu ponto forte, sempre foi. - Mesmo que eu vá embora de Melbourne, você é importante para mim, eu estou gostando mesmo de você, como nunca gostei de ninguém há muito tempo. - ela alisou o rosto dele. - Por favor, deixa eu só… - se aproximou dele, e juntou seus lábios em um beijo.
null queria passar tudo o que sentia por ele naquele beijo, e null deixou-se ser beijado, ele tinha saudade dela, ele sabia desde o momento que a reencontrou que queria tê-la em sua vida. O beijo foi ganhando intensidade, null foi parar no colo do rapaz, que a segurava com firmeza, trazendo-a para perto de si. Se separaram ofegantes. null segurou o rosto dele com as duas mãos, lhe dando um selinho e o encarando com afeto e carinho.
- Tudo bem, vamos tentar. - ele a encarou com um sorriso.
- Perfeito. – ela lhe roubou um selinho com um enorme sorriso. - A gente tem que oficializar o nosso relacionamento amigável, hein? Nada melhor do que… - mordeu o lóbulo da orelha dele, arrepiando-o e deixando subentendido o que ela queria dizer.
- Ah, null. - ele sussurrou, jogando-a no sofá, e deixando-a por baixo, começando uma série de beijos e carícias intensas. null fechou os olhos, estava genuinamente feliz em como as coisas estavam se ajeitando em sua vida.
- Ei, chega de fugir. – null olhou o corredor, vendo que não tinha ninguém ali. Ele empurrou a mulher para dentro do próprio quarto e fechou a porta, vendo-a bufar. – null, você realmente vai fingir que nada aconteceu? É sério?
- null... – a mulher suspirou, sentando-se e vendo o garoto se aproximar, se sentando ao seu lado e puxando-a para próximo de seu corpo, como se quisesse prendê-la ali com ele. – Foi algo completamente...
- Errado? – ele completou, a interrompendo.
- Eu ia dizer inesperado. – ela bufou, rolando os olhos. O garoto a encarou de sobrancelhas arqueadas, surpreso. – Eu tentei deixar claro no jogo no aniversário de null, eu não estava me referindo a você quando disse ficar com alguém e me arrepender, apesar de você ter tomado logo essa conclusão, eu sei. Mas eu assumo bem as coisas que faço, null, e eu estava muito certa do que eu estava fazendo naquele dia. – frisou a palavra, fazendo null a olhar maliciosamente. - Você me tira do sério, e você... Não sei, você é você. – ela riu nasaladamente, tentando ajeitar um rumo para aquela conversa.
- Tá, e por que você está me evitando então? – perguntou, fazendo-a se virar de frente para ele.
- Eu não estou te evitando. – respondeu rapidamente.
- null, é claro que você está. – rolou os olhos.
- Eu... Eu não sei o que fazer, ok? Eu não quero que fique qualquer clima estranho entre a gente, aconteceu, foi legal, mas...
- Eu não te entendo. – ele gargalhou, a deixando confusa. – Ok, foi legal, não foi um erro, mas de qualquer forma, você me ignora. Não faz sentido, null. – ele colocou os braços em volta do corpo da mulher e a sacudiu, brincalhão.
- Você quer que eu faça o que com isso? Foi legal, não foi um erro, mas não é como se pudesse acontecer de novo, null. – ela respirou fundo, tentando se manter séria.
- null...
- Não faz sentido, null. – reclamou, cortando-o. – Não é como se...
- null, você me irrita, puta que pariu. – o garoto se aproximou ainda mais, segurando sua nuca e puxando-a para um selinho rápido, que logo se transformou em um beijo calmo quando null deixou com que o garoto o aprofundasse. – Me fala que você não acha isso certo. – ele riu quando se separaram, ainda mantendo sua mão envolta no pescoço da mulher para manter a proximidade entre eles. Ela sorriu, mas não deixou de rolar os olhos, negando com a cabeça e deixando claro o quanto o garoto sabia irritá-la.
- null... – ela suspirou mais uma vez, perdida. – Eu não tenho como achar isso certo! Eu nem sei o que eu tenho na minha cabeça, meu Deus. – ela riu. – Eu juro, eu estou tentando não surtar pelo bem da nossa amizade, porque eu gosto muito de você, pirralho.
- Porra, você e esse apelido. - ele bufou.
- Ei, estressadinho! – ela riu da reação do garoto. - Não vou parar de usar, já falei isso antes e repito. - sorriu, brincalhona, e ele apenas rolou os olhos.
- Vai, null, vamos falar sério.
- Eu não consigo falar sério com você. – riu, fazendo o garoto se jogar na cama, respirando fundo.
- Você sabe que você realmente não faz sentido nenhum, não sabe? – ela assentiu, mordendo o próprio lábio, sem saber o que fazer. – A sua sorte é que você é muito incrível, então eu vou fingir que não me importo com isso. – null esticou o braço e puxou null para que se deitasse ao seu lado, envolvendo-a rapidamente.
- Você me deixa confusa, null, eu não tenho culpa. – fez bico e recebeu um rápido selinho do garoto. – Vamos deixar isso para lá, tudo bem? Não é saudável, e será menos ainda se vocês forem morar aqui comigo. Eu não sei por que aconteceu, mas aconteceu, agora temos que deixar para trás e seguir, ok?
- Uhum. – o garoto assentiu, mantendo seus olhos fixos no da mulher. – null... É engraçado. – ele riu, passando a mão pelos cabelos dela em um carinho.
- O quê? – ela sorriu, não tinha como negar, amava a delicadeza que o garoto tinha com ela.
- Não sei... Não entendo como isso foi acontecer. – ele torceu a boca em um sinal de confusão, parecia pensativo. – Mas eu gosto de você, de ficar com você, temos uma amizade legal e... Você sabe... A outra parte é bem legal também...
- null... - repreendeu-o.
- Eu não estou falando nada demais, null, juro. Estou apenas te elogiando e elogiando nossa amizade, só isso. - ele sorriu de forma sarcástica, fazendo a mulher rolar os olhos. – Obrigado por essas férias.
- Eu que tenho que agradecer. – ela sorriu, sincera, passando as mãos pela cintura do garoto e deixando um carinho ali.
- Bom... Eu vou ir... Sei lá, fazer alguma coisa. – null levantou-se, se sentando na cama e passando a mão nos cabelos, tentando afastar os pensamentos daquela conversa que só levara a um lugar: o que aconteceu, aconteceu, mas não podia rolar mais. Ele já esperava, claro, e sabia que seguiriam bem, mas, caralho! Como null mexia com a cabeça dele quando estavam juntos. E sabia que também tinha causado uma boa parcela de confusão na cabeça dela.
- null... É... Você sabe se a null e a null estão por aí? – null perguntou, sentando-se ao lado.
- Não, elas saíram. – respondeu.
- Ah... – null suspirou, soltando mais ar do que gostaria. – null... – o garoto a encarou e ela sorriu de forma travessa, empurrando o corpo dele para o colchão novamente e se colocando em seu colo, com uma perna posicionada em cada lado do corpo dele.
- null... Você acabou de... – a mulher deu de ombros, mordendo o lábio inferior, ainda com seu sorriso maroto no rosto, e ele apenas negou com a cabeça, rindo. – Você não presta, null, alguém já te disse isso? – null a puxou para perto de si e em poucos segundos eles já tinham as posições invertidas e trocavam beijos em meio a risadas, agradecendo a cumplicidade que tinham desenvolvido ali naqueles meses e os faziam ter momentos como aquele.
null saiu da casa de null genuinamente feliz, finalmente as coisas se acertaram entre eles, e principalmente, ela estava se permitindo viver uma relação um pouco mais madura. Sentiu o celular vibrar na cintura, o pegou e viu que se tratava de um número em que o prefixo era da Irlanda, ficou surpresa, mas atendeu rapidamente. E as próximas palavras foram as que ela mais quis escutar desde o momento em que foi desligada da empresa.
- Gente! - null entrou na residência gritando pelas irmãs e null. - Eu estou surtando, cadê vocês?
- Aconteceu alguma coisa? - null apareceu no hall em poucos segundos, com null ao seu lado.
null desceu as escadas, correndo.
- O que há?
- Não vai me dizer que vocês brigaram de novo. - null comentou, sabendo que a mulher estava vindo da casa de null.
- Não, estamos bem, e inclusive tentando uma relação mais amigável. - abriu um sorrisinho.
- E então? - null perguntou, tentando entender o surto da mais velha, que tinha um sorriso de orelha à orelha quando entrou na casa.
- Eu tenho um emprego! - deu pulinhos, animada. - Eu vou voltar para a Irlanda.
- Desculpa, eu ouvi bem? - null sacudiu a cabeça, sem entender o que estava rolando - Ela disse que vai voltar para a Irlanda? - ela ficou encarando as pessoas ali no local.
- Você tem um emprego? - null perguntou. - Você não tinha sido demitida? Eu realmente estava achando que a parte do null e a relação amigável fossem um motivo para ficar.
- Eles se reestruturaram e me chamaram de volta. Eu estava pensando em ficar aqui, mas eu vou ter minha vida de volta, e eu amo a minha vida. - ela suspirou.
- Puta merda. - null passou a mão na cabeça, não acreditando no que estava ouvindo. Não iria se meter, mas não concordava. Se não tivesse acontecido tudo o que aconteceu nas últimas semanas entre null e null, ela super entenderia. null era uma pessoa muito teimosa, e nesse quesito ela ganhava até mesmo dela e de null. Quando dizia que iria fazer algo, era porque ela realmente iria fazer isso. null só esperava que null não ficasse ainda pior ao descobrir os planos da mais velha.
- Vai voltar para mesma posição? - null perguntou, tentando manter-se calmo para seguir a conversa, imaginava que null realmente estava feliz, mas sabia que null e null estavam surtando. null apenas bufou ao seu lado.
- Sim, para a mesma posição. - ela olhou as irmãs. - Eu esperava um pouco mais de animação, sabe?
- Eu estou animada por você, de verdade. - null comentou, sorrindo. - Só estou no momento de choque, sei que é o que você queria. Parabéns. - abraçou a irmã rapidamente.
- Digo o mesmo. Estou muito feliz por você, irmã. - ela a abraçou. O coração de null apertou naquele momento, imaginando null. - null, não querendo ser estraga prazeres e cortar seu barato, mas como o null fica nessa história? A que pé esse “relacionamento amigável” está?
- Esse momento não é para perguntas difíceis, null. - soltou um riso nervoso. – Mas está tudo bem.
- Eu acho que nenhum de nós consegue não pensar nisso, porque ele é nosso amigo. Essas férias, apesar de muito loucas e cheias de acontecimentos, principalmente entre vocês dois, nos aproximaram muito, não queremos ninguém magoado. - null comentou, sorrindo, triste. - Eu sigo sem saber o que você fez para aquele homem, mas ele realmente te coloca num pedestal.
- Se ele for atrás de você no aeroporto, como nos filmes, você aceitaria ficar? Existiria essa possibilidade? - null perguntou.
- Gente, eu… Eu só aceitei a proposta porque era tudo o que eu mais queria ouvir, mas sim, eu preciso conversar com o null, mas só para constar, ele sempre soube que a nossa relação amigável tinha prazo de validade, um dos motivos ao qual eu não quis me envolver no início. Inclusive conversamos sobre isso hoje, eu só não tinha certeza de nada ainda.
- O que importa no momento é que você conseguiu o que você queria de volta, e estamos felizes por você. - null sorriu para null e a abraçou de lado, trocando um rápido olhar com null e null, pois estava claro que null ficaria triste se continuassem insistindo naquela tecla.
Capítulo Quinze
- Confesso que estou ficando um pouco ansioso para chegar em casa e poder contar tudo decentemente para os nossos pais. Ainda acho que sou louco de deixar para dar a decisão final sobre o curso para eles lá, vai que eles não me deixam voltar. - null riu, entrando em casa e soltando os folhetos que segurava após uma manhã de visita nos lugares onde ele e null decidiram que estudariam.
- Nossos pais vão aceitar, pode ter certeza. Quer dizer, os seus podem chiar um pouco no começo por você ser o filho único, mas depois eles te liberam. Você já é de maior, null.
- Ah, sim, eles não têm como falar “não”, mas fico pensando como eles vão ficar. Eu os preparei para isso há muito tempo, nós sempre falamos sobre vir para cá, mas acho que pais nunca esperam que realmente vá acontecer em algum momento. - o garoto se jogou no sofá, vendo null fazer o mesmo. - Você está realmente feliz com a Universidade de Melbourne, né? Porque eu achei ela incrível!
- Bom, sei como é, pois vi isso acontecer com a null quando ela foi morar do outro lado do mundo. Seus pais vão aceitar de boa, pois estou aqui também, do seu lado. - ela balançou as sobrancelhas sugestivamente, zoando com o amigo. - Ai, sim, nem me fale! - null olhou para o teto e balançou as pernas no ar, animada. - Estudar Biologia Marinha sempre foi meu sonho.
- Você ainda vai me aceitar constantemente no seu pé e indo nas festas do seu curso com você? - fez bico. - Eu não vou ter algo assim na Le Cordon Bleu, é só gente esquisita e metida, com certeza. - riu da própria careta. Estava feliz com a decisão, pois queria o melhor para profissão, e se conseguisse aquilo, estava feito na vida, mas sabia que pularia toda diversão de uma faculdade comum.
- Sim, mas não muito. - mostrou a língua para o amigo. - Não se preocupa, se não tivermos diversão na faculdade, nada que uma batidinha na porta não resolva, chamando o outro para sair. Aí chamamos a galera para sair, como sempre fazemos.
- Estou ansioso. - deu de ombros. - E é engraçado, mas a gente hoje vendo tudo isso, e super entrando de cabeça nas decisões, me deixou meio… Estranho? Fiquei feliz, sinto que estamos crescidos. - riu, sabendo que só estava dando mais motivos para amiga zombar dele.
- Sim, eu te entendo. Sinto que muita coisa mudou nesse pouco tempo que estamos aqui em Melbourne. Se estamos assim agora, imagina daqui quatro anos? Será que ficamos uma null 2.0? - ela fez cara de chocada, levemente desesperada, mas zoando a irmã.
- Eu espero que eu definitivamente seja uma null 2.0. Ela tem um restaurante, no meu caso, é o máximo da felicidade da vida. - ele riu. - Só não vá ficar com o lado pessoal de ser null 2.0, você é legal. - não podia perder a oportunidade de implicar com a mulher, mesmo que ela não estivesse por perto para respondê-lo. - Mas eu já te vejo super bem sucedida como a Bióloga maravilhosa que você vai ser, null. - sorriu, sincero.
- Se ela estivesse aqui, você já estaria morto. - ela se sentou no sofá. - Muito obrigada. Serei bem sucedida e você também, então quando você tiver o seu restaurante, quero comida de graça até eu morrer.
- Vou à falência, meu Deus! - brincou. - Acho que vou subir e começar a pensar o que tenho que colocar na mala para semana que vem. Nem acredito que vamos para casa. - ele se levantou e caminhou em direção às escadas.
- Vou fazer o mesmo. - ela se levantou e pegou um dos panfletos que pegou da faculdade, segurando ao lado do rosto e tirando uma selfie, enviando para null.
[null]: Espero que você goste muito de mim, pois vai me ver por um longo tempo a partir de agora. 😜
×××
- Agora eu já estou permitida a falar o quanto vou sentir saudade de vocês? Não estou acostumada com essa casa vazia. Eu sei que a null volta logo, mas ainda assim é triste, faz tempo que não tenho tudo vazio. - null riu, vendo null colocar uma das várias roupas limpas na mala, agora sem a intenção de tirá-la novamente dali. - Vou sentir tanta saudade, null. - a mulher fez bico. Estava muito acostumada a ter todos juntos naquelas férias, nada seria o mesmo ali depois daqueles meses que puderam aproveitar.
- Eu também vou sentir muitas, muitas saudades. Mas eu prometo que vou vir mais vezes aqui, não vou ser mais tão desnaturada. - deu uma rápida olhadela na irmã.
- Olha, null, agora estaremos as duas aqui, eu espero muito mesmo que você venha. Principalmente porque eu vou ter que aguentar a null sozinha. - null comentou, pegando uma camiseta da irmã na mão e desdobrando-a. - Você podia me deixar ficar com essa, né? - sorriu forçadamente, gargalhando em seguida.
- Pode ficar, hoje eu estou muito boazinha, mas não se acostume. - null sorriu.
- Nós já podíamos marcar seu retorno, né? Marcar com o papai e a mamãe para eles virem, aí você vem também. Se bem que só Deus sabe quando você vai largar o osso quando voltar para empresa. - null rolou os olhos. Era workaholic, amava seu restaurante, mas a irmã definitivamente entrava de cabeça nas coisas.
- Eu juro que passar essa experiência da demissão me fez enxergar as coisas por outra perspectiva, eu me doava muito, e sem nem pensar eles me desligaram de lá, vou voltar em uma nova versão, percebi que não vale a pena me esforçar tanto assim.
- É assim que eu gosto, nova null! - null aplaudiu, brincando.
- Sim, e, bom, além de vocês, eu prometi a null que viria vê-lo também, ele disse que pode ir lá, é um começo. - fechou a mala com certo esforço.
- Ah, eu não acredito! Ponte aérea Dublin-Melbourne, é isso? - null sorriu, sabendo que aquilo realmente era algo, vindo de null. Mesmo que ela tentasse não se apegar, isso já era um bom tipo de apego, null com certeza havia conseguido descongelar aquele coração.
- Quem diria, não é? - null deu de ombros.
- Vocês são lindinhos demais. - null deu de ombros. - O null é incrível, espero que mesmo dessa forma, vocês se ajeitem de algum jeito.
- Eu espero também. - null sorriu. - E você, null? null está tranquilo com seu tempo em casa? E a saudade? - perguntou, imaginando que os dois, na lua de mel que estavam, sentiriam muita falta um do outro, já que recentemente viviam grudados. - Bom, pelo menos é por pouco tempo, né?
- Saudades nós vamos sentir, muitas, mas prometemos que vamos conversar todos os dias, e quando ele menos esperar, eu estarei pleníssima de volta na vida dele.
- Ele vai estar ocupado gravando as coisas também, não vai?
- Sim, e acho que as coisas vão fluir muito bem para eles, estou animada. - comemorou. - Espero que logo eles já tenham algo de divulgação, e espero que não surja nada nesse tempo em que não estou aqui, quero poder apoiar.
- Se ele precisar de qualquer coisa nesse meio tempo, estarei aqui. - sorriu para irmã, que concordou com a cabeça. - null, acho que ficou um colar seu no meu quarto, em cima da minha cômoda.
- Opa, vou lá buscar. - null saiu do quarto e entrou no de null, logo vendo o colar que a irmã havia mencionado. O pegou na cômoda, mas seus olhos pararam em algo no chão. Se abaixou e pegou o objeto, sabendo bem que o dono daquele com certeza não era null. Voltou para o quarto e durante o caminho foi colocando o colar no pescoço e se lembrando de algumas coisas que tinha percebido nos últimos dias.
- Nós vamos juntar o grupo uma última vez, né? Uma festa de despedida, comemoração, recomeço, sei lá, tudo junto? - null perguntou assim que null entrou no quarto. - Podia ser amanhã, o voo de vocês não sai tão cedo no outro dia mesmo.
- Por mim ok, gostaria muito de uma despedida à altura. - null sorriu, concordando.
- Sim, pelo amor de Deus, né? Vou precisar de umas boas doses de tequila para não encher essa aqui de porrada, lembrando que vai nos abandonar aqui - null zoou a mais velha.
- É muito amor mesmo, hein? - null abraçou null de lado.
- Olha, é muito amor, mas também é uma leve raiva, viu? Vocês me deixam emotiva demais, realmente queria que a gente pudesse ficar para sempre nessas férias. - null fez bico.
- Mas é muito mamãe ursa mesmo, vem aqui. - null puxou a irmã para o semi abraço que estava com null. - Eu amo muito, muito, vocês, meninas. Posso estar do outro lado do mundo, mas isso nunca vai mudar.
- Espero que não. - null fechou os olhos e aproveitou aquele momento a sós com as irmãs. Talvez um novo encontro entre elas demorasse a acontecer novamente.
×××
- Trabalhem o suficiente para se darem o luxo de poder fazer isso. - null abriu a porta e sorriu para todos que estavam parados ali em frente ao A&A, esperando para entrar no restaurante vazio.
- Graças a Deus! Estava congelando aqui fora! - null revirou os olhos, adentrando o local com null, que ria da situação atrás da jovem.
- Olá, null. Boa noite. - ele a cumprimentou.
- Seja muito bem-vindo, null. Acredito que você seja o único que não havia vindo até aqui ainda, normalmente não é vazio assim. - ela piscou para o garoto, rindo. - O resto de vocês, já são mais do que de casa. A mesa está arrumada, vamos. - ela apontou para o centro do local, em frente ao bar.
- Não duvido nada. A null é só elogios para você.
- Cala a boca, null! - a mais jovem ralhou.
- Ué, e o que tem? - ele riu, dando de ombros, seguindo para o local onde ela havia indicado.
- Eu nunca vou me cansar de dizer o quão orgulhosa eu fico quando entro aqui. - null sorriu ao olhar a decoração do lugar.
- E eu sou a pessoa mais feliz do mundo em orgulhar vocês. - null sorriu. - Espero que vocês aproveitem muito hoje, o pessoal da cozinha está feliz em nos atender. Já falei o quanto amo minha equipe, né? - ela riu, se aproximando da mesa junto com todos e andando até a cadeira da ponta, vendo null dar a volta para se sentar ao seu lado, a fazendo rir discretamente.
- Só por curiosidade, cadê o Luke? - null sorriu maldosa para a irmã.
- Meu Deus do céu… - null sacudiu a cabeça, rindo.
- Ele trabalha na cozinha, então deve estar na cozinha, né? - null respondeu, dando de ombros. null o encarou, negando com a cabeça.
- null, você é péssima. - null riu. - Mas sim, Luke está cozinhando, tentei dar folga para ele, mas ele insistiu que merecemos o melhor e me ajudou no cardápio.
- E por que você não chama ele? Tadinho, o carinha trabalha tanto, é tão esforçado… Um exemplo de funcionário! - null comentou por alto.
- Acho que o null não gosta muito do Luke. - null pegou o celular do bolso, fingindo ver algo.
- Quê? - null perguntou, franzindo a testa ao olhar para null mais velha. - Eu não falei nada. - rolou os olhos.
- E é aí que percebemos que tem algo nessa história - null comentou baixinho para que null ouvisse, e ele concordou.
- Ele foi super legal com o null quando ele veio aqui, acredito que não tenha motivos para isso, é admiração enrustida. - null sorriu amarelo, chutando null por baixo da mesa.
- Então tá bom, não é? Devo ter me enganado. - null sorriu. - Enfim, vamos comer?
- Vou liberar o pessoal para começar a servir então. - null se levantou e foi até a cozinha, falando rapidamente com todos que estavam ali, logo voltando para mesa e tomando seu lugar novamente. - Espero que gostem. - deu de ombros.
- null, como estão as coisas? Tá sendo legal gravar? Precisamos de detalhes do nosso rockstar. - null perguntou.
- Bom, tá sendo bem puxado, mas estamos com uma equipe excelente e que nos auxilia em tudo. Está sendo tudo o que imaginamos, se não até melhor. Esperamos que nosso EP seja um sucesso. Estamos todos muito animados com o rumo que a The Sixx está levando. - null disse, empolgado.
- Vocês vão arrasar demais, eu tenho certeza! - null comentou, animada. - Estou muito feliz que a gente possa acompanhar um sucesso em ascensão. Fico pensando nisso, é bom demais. - riu.
- Eles vão estourar muito ainda, são muito bons. - null fez um toque de mãos com null.
- Já imaginou a gente saindo em notícias por sermos o grupinho de amigos do null da The Sixx? - null falou. - null, vamos ser irmãs da namorada blogueira de um famoso, meu Deus! O espírito blogueiro ela já tem, imagina ainda como vai ficar tendo fama. - riu.
- Seremos famosas também, gosto disso. - null comentou, bebericando um pouco do vinho.
- Vamos pegar carona nesse sucesso, null. - null fez uma voz afetada, imitando as mulheres do recinto.
- Sua loja será a loja mais procurada, bonitinho. - null lembrou. - Afinal, será a loja preferida do famosinho ali.
- É, bonitinho. - null concordou, rindo, mandando beijo no ar para o amigo.
- Eu agradeço, vou providenciar um banner para deixar na loja, chamando mais clientes - null riu.
- Preciso arrumar um jeito de me aproveitar bem desse sucesso aí também. - null brincou. - Vou nos seus shows, quem der em cima de você, você me apresenta, afinal, você já tá amarrado. - riu e viu null rolar os olhos discretamente para sua frase, rindo também.
- Touché. - null concordou.
- Pode deixar. Mas, bem, não viemos aqui só por minha causa. null, a null não soube explicar direito. O que exatamente você vai fazer nessa sua vaga de emprego?
- Eu serei gerente de qualidade, basicamente verificarei como anda a qualidade dos produtos fornecidos aos clientes, gerenciar a pesquisa de satisfação, buscando sempre melhorias junto com minha equipe. Falando assim, parece chato, mas eu amo o que eu faço. - null a abraçou de lado, dando um beijo em sua bochecha.
- Se isso te faz feliz, é o importante. - null encarou a cena à frente.
- E parece importante, na realidade. - null riu. - E gerente é algo incrível, você vai ser maravilhosa nisso, null, tenho certeza.
- Ela vai ser a melhor. - null concordou.
- Obrigada, gente, estou bem empolgada nesse novo, mas não tão novo, desafio. Já conheço a empresa, meus líderes, a equipe, mas ainda é algo diferente.
- Eu acho que qualquer começo é algo diferente. - null comentou. - E a ansiedade sempre aparece, sem dúvida, então tudo fica mais intenso ainda. Acho que eu e null também nos sentimos assim.
- Vocês vão levar muito bem essa nova fase, tenho certeza. - null o respondeu, tocando gentilmente o braço do garoto de forma rápida. - A faculdade é algo incrível, não é, null? - riu para irmã, que com certeza havia aproveitado ainda mais que ela.
- Ah, sem dúvidas, as festas são memoráveis. Vocês vão adorar - null piscou. - Os intercâmbios também. - se aproximou de null, roubando-lhe um selinho. - E seus pais, null, como acha que será para eles, você aqui em Melbourne?
- Para ser sincero? Eu não faço ideia. Meus pais são ótimos, juro, mas eles querem ser ótimos demais, eles marcam em cima. Até hoje eu não sei como eles deixaram que eu viesse para cá, porque eles sabiam da minha vontade de estudar aqui, mas não curtem muito isso, sabe? Ainda não sei como vai ser quando eu contar que realmente escolhi vir para cá e decidi cursar o que quero mesmo, e não qualquer coisa que eles achem bom para o futuro. Eles não vão proibir, mas acho que vai ser um bom caos… - o garoto suspirou, tentando afastar os pensamentos. Os pais deviam se lembrar que ele já era crescido o suficiente para se virar em outro país, e não estaria sozinho.
- Na verdade, creio na hipótese deles acharem que você iria vir para cá, mas que não iria realmente ficar, por estar longe deles, sabe? Mas como esse sempre foi seu sonho, uma hora eles desencanam. Falo por experiência própria. - null disse.
- Eu espero. - respondeu.
- Pensa que pelo menos você estará com alguém responsável - null comentou, olhando para null.
- Alguém o quê? - null gargalhou, nervosa, quase cuspindo todo conteúdo que bebia de seu copo.
- Eu acho que isso realmente ajudou e vai ajudar, por saberem que eu e null estaremos com a null. Eles ficarão felizes de saber que ela se ofereceu para isso. - null respondeu, tentando segurar a risada e vendo que a mulher estava nervosa com a conversa. Meu Deus, o que os pais pensariam? Não tinham nada, mas se apenas imaginassem que estava se pegando pela casa com a anfitriã.
- Coitadinho. - null riu. - Uma coisa é você ficar ocasionalmente com ela, por poucos dias, outra é você morar com ela.
- Ah, null, eles nos conhecem há anos, e eu não tenho nenhuma dúvida que a null vai cuidar muito bem do null, aliás, já está cuidando melhor do que ninguém. - null encarou a irmã, estudando sua reação.
- É. - respondeu secamente, desviando os olhos da irmã mais velha, que a fitava. - Espero que… Acho que eles ficam mais tranquilos mesmo. Mas não cuido de ninguém não, não sou mãe de ninguém. – falou de forma grosseira, mas nervosa, enrolando a toalha da mesa nos dedos.
- E quem disse que você seria mãe dele, null? Relaxa, irmãzinha. - null viu a irmã rolar os olhos, bebendo mais do líquido que estava no copo.
- Estou relaxada, null, só acho que não sou responsável por nada, nem por mim direito. - bufou. - Principalmente por uma pessoa que claramente já é maior de idade e sabe se virar bem.
- Mas, para todo efeito, para os meus pais, você é alguém bem responsável. - null deu de ombros, sorrindo ao perceber o quanto aquilo a estava irritando. - Enfim, vai dar tudo certo e logo eu e null voltaremos para Melbourne para ficar.
- Um brinde à Melbourne. - null levantou seu copo, para que todos a seguissem. - E para o futuro que nos aguarda.
- É triste que as férias tenham acabado, mas acho que estamos todos com a vida muito bem encaminhada, não? E todos estamos levando coisas muito boas dela. - null sorriu, em dúvida se estava triste ou feliz, levantando seu copo também e sentindo null levar uma de suas mãos à sua coxa, por baixo da mesa, deixando um carinho ali, em apoio à sua fala.
- Sim, estamos muito bem encaminhados. Posso colocar que essas foram uma das melhores férias da minha vida. Obrigada, null, por ter me convencido a vir. - null levantou o copo em direção à irmã.
- Eu concordo plenamente, que venham mais férias como essas. - null concordou, levantando seu copo.
- E eu só tenho a agradecer também, pois graças a essas férias eu fui capaz de conhecer a null. - null sorriu e se aproximou da jovem, dando-lhe um selinho. - Fora que me sinto parte dessa família também.
- Eu não tirei férias, mas concordo que foi maravilhoso conhecer vocês - referiu-se a null e null. - E encontrar você, null. Um brinde a isso. - null levantou seu copo, batendo com os demais.
- Acho que precisamos de uma foto, não? - null perguntou. - Vou chamar alguém para tirar, merecemos.
- Chama o Luke! Chama o Luke! - null berrou, pulando sentada na cadeira. null riu e abriu a porta da cozinha, apenas chamando o amigo com um aceno e caminhando para mesa junto dele.
- Luke, acredito que você não conheça apenas o null, ele é o namorado da null. - null apontou. - null, esse é Luke, meu chef, algo como meu braço direito aqui no restaurante. - o homem sorriu com a fala de null. - Luke, pode tirar uma foto nossa, por favor?
- Olá, pessoal, espero que tenham gostado da comida. - sorriu.
- De chef, para fotógrafo pessoal. - null comentou baixinho para null, que riu. - Oh, sim, a comida estava muito boa, obrigado.
- Vamos, gente, sentem juntinhos um do lado do outro para o Luke tirar essa foto.
- Não é melhor em pé? - null perguntou.
- É, tanto faz. - null se levantou.
- Vamos ali. - null apontou para parede atrás de onde estavam, que tinha um espaço livre.
Todos se levantaram, andando na direção que null indicara.
- Acho que nunca tiramos uma foto do grupo todo. - ela riu, vendo null e null abraçados, assim como null e null, um ao lado do outro, com as mãos entrelaçadas. Viu null parado ao lado deles e riu, percebendo o quão engraçado era aquilo, mas afastando rapidamente os pensamentos e entregando o celular para Luke. Ela andou até null e se posicionou entre ele e null, sentindo sua mão alcançar sua cintura, enquanto ela abraçava a irmã de lado também, vendo todos fazerem o mesmo com um sorriso no rosto, já olhando para câmera.
- Luke, podemos fazer uma sessão de fotos? - null falou, vendo o homem assentir, rindo.
A primeira foto havia sido de todos com grandes sorrisos no rosto, já na segunda null deu a ideia e null e null deram um selinho, assim como null e ela, e null e null pegaram copos e levaram até a boca.
Na próxima foto, null pediu para que os homens pegassem as moças no colo, com todas elas fazendo careta para a câmera. null, para ser o engraçadão da turma, fazia careta enquanto tinha null nos braços, como se estivesse fazendo muito esforço para que pudesse mantê-la ali. null deu um beijo na bochecha de null, e Luke capturou aquele momento.
- Essas fotos estão muito casal. - null reclamou, mostrando a língua para irmã mais nova.
- Também acho. - null disse a contragosto. - Saiam daqui, deixem só os homens, por favor.
- Arrumem alguém vocês também, e parem de estragar as fotos de casal. - null comentou, rindo.
- Chatos. - null riu, andando até a cozinha rapidamente e deixando todos sem entender. Após alguns segundos ela voltou com duas velas nas mãos. - Pronto. - ela entregou uma para null e segurou a outra, entrando entre null e null e vendo null fazer o mesmo com null e null.
- Ótimo objeto para vocês, realmente. - null gargalhou da cena.
- Luke, obrigada. - null agradeceu, pegando o celular de volta. - Agora seguimos por aqui. - sorriu e o homem acenou para todos, andando novamente até a cozinha.
- Selfies? - null perguntou, animada, e todos já se aproximavam para tirar mais fotos.
×××
- Vocês têm certeza de que não esqueceram nada? - null perguntou, com uma das mochilas de null no ombro.
- Olhei umas mil vezes, acho que peguei tudo sim. - null comentou, enquanto separava sua carteira para pegar de forma fácil na mochila.
- Meu Deus, onde tá o meu… Ah, tá aqui! - null disse, pegando o prendedor de cabelo do bolso da frente da bolsa.
- Eu peguei tudo também, só não encontrei meu fone de ouvido, mas tudo bem, compro um no aeroporto, se precisar. - null afirmou. - null, o null não ia vir se despedir? Já está na hora de pelo menos irmos para dentro do portão de embarque.
- Não sei. - ela respondeu, franzindo os lábios. - Bom, tá tudo certo aqui. O null vai demorar muito?
- Você não quer esperar? - null perguntou, estranhando a irmã.
- O null? Não. - ela pegou suas coisas e arrastou para um banco próximo dali, que estava vago.
- null já está ali. - null apontou, acenando para o homem, que os procurava.
- Oi, gente. - null foi cumprimentando um a um. - Preparados para uma longa viagem e com o possível jet lag?
- E para uma possível bunda quadrada? É, acho que sim. - null disse, sorrindo pela primeira vez naquele dia.
- Já estou sentindo as dores nas costas. - null reclamou.
- Nossa, nem me fala, pior parte é essa de ficar tanto tempo em voo, mais escalas. - null suspirou, apoiando-se nos ombros de null.
- Ainda bem que não vou sentir nada disso. - null deu de ombros.
- O pior é que eu e o null vamos passar por isso de novo depois, quando voltarmos. - a mais nova riu. - Ah, como eu queria o poder de teletransporte...
- Meu maior sonho. - o amigo concordou. – Mas, gente, sério, acho melhor começarmos a nos mexer… - apontou para o portão de embarque ao longe.
- Concordo, vamos indo. - null comentou enquanto puxava sua mala.
- Acho que é hora da despedida, não? - null sorriu, triste, parando próxima ao lugar onde várias pessoas se despediam das famílias.
- Abraço grupal? - null fez biquinho e estendeu os braços. Todos sorriram e a envolveram em um grande abraço em meio a risadas.
- Vamos dar espaço para o casal. - null riu, puxando null e null mais para o lado.
- Acho que chegou a hora. - null sorriu, sem graça. - Vou sentir sua falta.
- Eu sei, eu também vou sentir muita, mesmo. Foi uma experiência incrível estar aqui e ter te reencontrado, amadureci muito com tudo. Só tenho a te agradecer por toda a paciência que teve comigo, null. - ela o abraçou apertadamente. - Eu sinto algo muito especial por ti, de verdade, e quando eu digo que isso aqui não é o fim, é porque não é o fim, ok? - ele assentiu. - Aguardo sua visita em Dublin muito em breve, vamos fazer dar certo.
- Sim, vamos. - ele aproximou sua mão do rosto dela e o segurou, lhe dando um curto beijo, cheio de significados e de promessas feitas. - Boa viagem, você é incrível, te admiro muito, e vai ser só sucesso em Dublin. - ela sorriu, o abraçando novamente.
- Fica bem, e não morra de saudades. - brincou, arrancando uma gargalhada dele.
- Olha quem fala. - ele a puxou, roubando mais um selinho dela. - Vamos lá, antes que eu não te deixe embarcar mais. - ela sorriu, entrelaçando sua mão com a dele, e foram caminhando até o grupo de amigos.
- Vocês dois, se cuidem, por favor! E me avisem assim que pisarem em solo canadense. Se precisarem de qualquer coisa, estou aqui. Espero que esse mês passe logo, sentirei falta de vocês. - null falou, abraçando null e a irmã, puxando-os para perto. - Me avise se precisar de qualquer coisa com o papai e a mamãe, tá, null? Não vai, mas, né? - ela abraçou a irmã apertado.
- Sim, senhora. - null bateu continência, abraçando a irmã de volta.
- Qualquer coisa que precisar, sabe onde me encontrar também, pirralho. - null sorriu para null e o garoto a puxou pela cintura para um abraço apertado.
- Pode deixar. - falou. - Olha, eu topava mais uma despedida hoje, mas ainda bem que tivemos ontem. - o garoto sussurrou, para que null não ouvisse, recebendo um tapa de null. - Vou sentir saudades de você, mesmo sendo chata. - ele separou o corpo do dela e recebeu um dedo do meio como resposta.
- Muito fofos. - null disse de forma irônica.
- Você agora tem que dividir seu melhor amigo comigo, ele é meu amigo também. - null sorriu para irmã, mostrando a língua.
- Não sou muito boa em dividir amizades.
- Meu Deus, será que existe alguma null legal nessa vida? - null riu.
- Eu, é claro! - null mostrou a língua.
- Ei, null, agora posso me despedir da minha irmã também? - null riu, vendo o casal se aproximar.
- Não, você perdeu sua irmã. - respondeu, irônico. null se aproximou da irmã, a abraçando apertadamente.
- Esse grupinho é muito monopolizador. - null falou e todos riram, concordando.
- Vou sentir sua falta, null! Você não tem ideia, espero que você volte o quanto antes, por favor. E não desapareça, pelo menos ligue sempre, vamos esperar. Amo você! - null apertou a irmã em seus braços.
- Te amo muito, muito, muito, null. Juro que não desapareço mais. - deu um beijo na testa da irmã.
- Já que elas duas estão se despedindo, eu vou me despedir de você, embora eu vá te ver logo mais. - a jovem riu para null. Se aproximou e o abraçou forte. - Fica bem, tá? Com a minha irmã não deu certo, mas saiba que independentemente do que o futuro nos der, estarei do seu lado, ok? Quero vocês dois bem, mesmo que não fiquem juntos. - ela cochichou no ouvido do rapaz e o apertava forte, enquanto ele fazia o mesmo.
- Nós vamos tentar um relacionamento a distância, eu vou lá, ela vem aqui, mas estou preparado sim, caso as coisas não derem certo entre nós. Obrigado, null, e saiba que gosto muito de você. - terminou o abraço, e lhe deu um beijo na testa.
- Posso também? - null se aproximou do amigo, trocando um rápido aperto de mão que se tornou um abraço. - Logo estarei de volta e vamos poder aproveitar mais.
- Opa, com certeza, temos muito o que conhecer de Melbourne. - null sorriu.
- Me dá um abraço, sua maravilhosa! - null estendeu os braços e apertou null forte nos braços. - Te amo, tá? Estarei com você para o que der e vier, mesmo que as suas escolhas não sejam as mais inteligentes. - ela riu.
- Você é team null, eu já entendi. - riu. - Eu também estou começando a ser. Te amo muito, muito, null. Amo a mulher que tem se tornado, quero que saiba disso.
- null, se cuide, e nos ligue para contar como estão as coisas, ok? Você vai ser incrível nessa empresa, tenho certeza. - null se aproximou de null, a abraçando.
- Obrigada, null, tenho certeza de que se sairá muito bem aqui em Melbourne. - null correspondeu ao abraço, separando-se e pegando algo do bolso. Se aproximou dele, sussurrando em seu ouvido. - Toma, você vai precisar disso na viagem, encontrei no quarto da null. - ele arregalou os olhos, pegando os fones de ouvido. - Eu não conto para ninguém se você não contar.
- null… - ele sussurrou, nervoso, rindo. - Bom, eu guardei seu segredo, acho que você pode guardar o meu. - sentiu as bochechas ficarem vermelhas e a abraçou novamente.
- Pode apostar que sim. - ela piscou para ele.
- Agora vão. - null deu um passo para trás, acenando para as irmãs e null, parada ao lado de null, que também acenava.
- Olha, de você eu não me livro, né? - null riu junto de null, caminhando de volta para o estacionamento.
- Nem se quisesse, a gente é para a vida toda, sinto muito, null. - ele riu, apertando sua barriga.
- Tudo bem, dá para aceitar, principalmente se você virar meu cunhado. - sorriu, empurrando seu corpo para o lado. - null? - ela falou, estranhando ao ver o mais novo do outro lado de onde estavam. - null? - chamou mais alto, puxando null para onde o garoto estava.
null parou de correr ao ouvir seu nome. Virou a cabeça e encontrou null e null ali.
- null… null, onde ela tá? - ele disse em meio a puxadas de ar. Estava tentando recuperar o fôlego.
- Você tá meio atrasado, eles já foram. Está tudo bem? - null perguntou, colocando a mão no ombro do garoto, tentando acalmá-lo.
- Não, não está nada bem. - ele se abaixou e colocou as mãos no joelho. - Ela já foi? - ele queria que repetissem.
- Logo ela volta. - null riu do desespero dele. - Por enquanto você tem apenas nós.
Bom, ao menos até ela conseguir pegar o celular e vocês conseguirem se falar.
- Vocês brigaram? - null questionou.
null se levantou e encarou os amigos ali, na frente dele.
- Não acho que ela vá querer conversar comigo por um tempinho.
- Nossos pais vão aceitar, pode ter certeza. Quer dizer, os seus podem chiar um pouco no começo por você ser o filho único, mas depois eles te liberam. Você já é de maior, null.
- Ah, sim, eles não têm como falar “não”, mas fico pensando como eles vão ficar. Eu os preparei para isso há muito tempo, nós sempre falamos sobre vir para cá, mas acho que pais nunca esperam que realmente vá acontecer em algum momento. - o garoto se jogou no sofá, vendo null fazer o mesmo. - Você está realmente feliz com a Universidade de Melbourne, né? Porque eu achei ela incrível!
- Bom, sei como é, pois vi isso acontecer com a null quando ela foi morar do outro lado do mundo. Seus pais vão aceitar de boa, pois estou aqui também, do seu lado. - ela balançou as sobrancelhas sugestivamente, zoando com o amigo. - Ai, sim, nem me fale! - null olhou para o teto e balançou as pernas no ar, animada. - Estudar Biologia Marinha sempre foi meu sonho.
- Você ainda vai me aceitar constantemente no seu pé e indo nas festas do seu curso com você? - fez bico. - Eu não vou ter algo assim na Le Cordon Bleu, é só gente esquisita e metida, com certeza. - riu da própria careta. Estava feliz com a decisão, pois queria o melhor para profissão, e se conseguisse aquilo, estava feito na vida, mas sabia que pularia toda diversão de uma faculdade comum.
- Sim, mas não muito. - mostrou a língua para o amigo. - Não se preocupa, se não tivermos diversão na faculdade, nada que uma batidinha na porta não resolva, chamando o outro para sair. Aí chamamos a galera para sair, como sempre fazemos.
- Estou ansioso. - deu de ombros. - E é engraçado, mas a gente hoje vendo tudo isso, e super entrando de cabeça nas decisões, me deixou meio… Estranho? Fiquei feliz, sinto que estamos crescidos. - riu, sabendo que só estava dando mais motivos para amiga zombar dele.
- Sim, eu te entendo. Sinto que muita coisa mudou nesse pouco tempo que estamos aqui em Melbourne. Se estamos assim agora, imagina daqui quatro anos? Será que ficamos uma null 2.0? - ela fez cara de chocada, levemente desesperada, mas zoando a irmã.
- Eu espero que eu definitivamente seja uma null 2.0. Ela tem um restaurante, no meu caso, é o máximo da felicidade da vida. - ele riu. - Só não vá ficar com o lado pessoal de ser null 2.0, você é legal. - não podia perder a oportunidade de implicar com a mulher, mesmo que ela não estivesse por perto para respondê-lo. - Mas eu já te vejo super bem sucedida como a Bióloga maravilhosa que você vai ser, null. - sorriu, sincero.
- Se ela estivesse aqui, você já estaria morto. - ela se sentou no sofá. - Muito obrigada. Serei bem sucedida e você também, então quando você tiver o seu restaurante, quero comida de graça até eu morrer.
- Vou à falência, meu Deus! - brincou. - Acho que vou subir e começar a pensar o que tenho que colocar na mala para semana que vem. Nem acredito que vamos para casa. - ele se levantou e caminhou em direção às escadas.
- Vou fazer o mesmo. - ela se levantou e pegou um dos panfletos que pegou da faculdade, segurando ao lado do rosto e tirando uma selfie, enviando para null.
[null]: Espero que você goste muito de mim, pois vai me ver por um longo tempo a partir de agora. 😜
- Agora eu já estou permitida a falar o quanto vou sentir saudade de vocês? Não estou acostumada com essa casa vazia. Eu sei que a null volta logo, mas ainda assim é triste, faz tempo que não tenho tudo vazio. - null riu, vendo null colocar uma das várias roupas limpas na mala, agora sem a intenção de tirá-la novamente dali. - Vou sentir tanta saudade, null. - a mulher fez bico. Estava muito acostumada a ter todos juntos naquelas férias, nada seria o mesmo ali depois daqueles meses que puderam aproveitar.
- Eu também vou sentir muitas, muitas saudades. Mas eu prometo que vou vir mais vezes aqui, não vou ser mais tão desnaturada. - deu uma rápida olhadela na irmã.
- Olha, null, agora estaremos as duas aqui, eu espero muito mesmo que você venha. Principalmente porque eu vou ter que aguentar a null sozinha. - null comentou, pegando uma camiseta da irmã na mão e desdobrando-a. - Você podia me deixar ficar com essa, né? - sorriu forçadamente, gargalhando em seguida.
- Pode ficar, hoje eu estou muito boazinha, mas não se acostume. - null sorriu.
- Nós já podíamos marcar seu retorno, né? Marcar com o papai e a mamãe para eles virem, aí você vem também. Se bem que só Deus sabe quando você vai largar o osso quando voltar para empresa. - null rolou os olhos. Era workaholic, amava seu restaurante, mas a irmã definitivamente entrava de cabeça nas coisas.
- Eu juro que passar essa experiência da demissão me fez enxergar as coisas por outra perspectiva, eu me doava muito, e sem nem pensar eles me desligaram de lá, vou voltar em uma nova versão, percebi que não vale a pena me esforçar tanto assim.
- É assim que eu gosto, nova null! - null aplaudiu, brincando.
- Sim, e, bom, além de vocês, eu prometi a null que viria vê-lo também, ele disse que pode ir lá, é um começo. - fechou a mala com certo esforço.
- Ah, eu não acredito! Ponte aérea Dublin-Melbourne, é isso? - null sorriu, sabendo que aquilo realmente era algo, vindo de null. Mesmo que ela tentasse não se apegar, isso já era um bom tipo de apego, null com certeza havia conseguido descongelar aquele coração.
- Quem diria, não é? - null deu de ombros.
- Vocês são lindinhos demais. - null deu de ombros. - O null é incrível, espero que mesmo dessa forma, vocês se ajeitem de algum jeito.
- Eu espero também. - null sorriu. - E você, null? null está tranquilo com seu tempo em casa? E a saudade? - perguntou, imaginando que os dois, na lua de mel que estavam, sentiriam muita falta um do outro, já que recentemente viviam grudados. - Bom, pelo menos é por pouco tempo, né?
- Saudades nós vamos sentir, muitas, mas prometemos que vamos conversar todos os dias, e quando ele menos esperar, eu estarei pleníssima de volta na vida dele.
- Ele vai estar ocupado gravando as coisas também, não vai?
- Sim, e acho que as coisas vão fluir muito bem para eles, estou animada. - comemorou. - Espero que logo eles já tenham algo de divulgação, e espero que não surja nada nesse tempo em que não estou aqui, quero poder apoiar.
- Se ele precisar de qualquer coisa nesse meio tempo, estarei aqui. - sorriu para irmã, que concordou com a cabeça. - null, acho que ficou um colar seu no meu quarto, em cima da minha cômoda.
- Opa, vou lá buscar. - null saiu do quarto e entrou no de null, logo vendo o colar que a irmã havia mencionado. O pegou na cômoda, mas seus olhos pararam em algo no chão. Se abaixou e pegou o objeto, sabendo bem que o dono daquele com certeza não era null. Voltou para o quarto e durante o caminho foi colocando o colar no pescoço e se lembrando de algumas coisas que tinha percebido nos últimos dias.
- Nós vamos juntar o grupo uma última vez, né? Uma festa de despedida, comemoração, recomeço, sei lá, tudo junto? - null perguntou assim que null entrou no quarto. - Podia ser amanhã, o voo de vocês não sai tão cedo no outro dia mesmo.
- Por mim ok, gostaria muito de uma despedida à altura. - null sorriu, concordando.
- Sim, pelo amor de Deus, né? Vou precisar de umas boas doses de tequila para não encher essa aqui de porrada, lembrando que vai nos abandonar aqui - null zoou a mais velha.
- É muito amor mesmo, hein? - null abraçou null de lado.
- Olha, é muito amor, mas também é uma leve raiva, viu? Vocês me deixam emotiva demais, realmente queria que a gente pudesse ficar para sempre nessas férias. - null fez bico.
- Mas é muito mamãe ursa mesmo, vem aqui. - null puxou a irmã para o semi abraço que estava com null. - Eu amo muito, muito, vocês, meninas. Posso estar do outro lado do mundo, mas isso nunca vai mudar.
- Espero que não. - null fechou os olhos e aproveitou aquele momento a sós com as irmãs. Talvez um novo encontro entre elas demorasse a acontecer novamente.
- Trabalhem o suficiente para se darem o luxo de poder fazer isso. - null abriu a porta e sorriu para todos que estavam parados ali em frente ao A&A, esperando para entrar no restaurante vazio.
- Graças a Deus! Estava congelando aqui fora! - null revirou os olhos, adentrando o local com null, que ria da situação atrás da jovem.
- Olá, null. Boa noite. - ele a cumprimentou.
- Seja muito bem-vindo, null. Acredito que você seja o único que não havia vindo até aqui ainda, normalmente não é vazio assim. - ela piscou para o garoto, rindo. - O resto de vocês, já são mais do que de casa. A mesa está arrumada, vamos. - ela apontou para o centro do local, em frente ao bar.
- Não duvido nada. A null é só elogios para você.
- Cala a boca, null! - a mais jovem ralhou.
- Ué, e o que tem? - ele riu, dando de ombros, seguindo para o local onde ela havia indicado.
- Eu nunca vou me cansar de dizer o quão orgulhosa eu fico quando entro aqui. - null sorriu ao olhar a decoração do lugar.
- E eu sou a pessoa mais feliz do mundo em orgulhar vocês. - null sorriu. - Espero que vocês aproveitem muito hoje, o pessoal da cozinha está feliz em nos atender. Já falei o quanto amo minha equipe, né? - ela riu, se aproximando da mesa junto com todos e andando até a cadeira da ponta, vendo null dar a volta para se sentar ao seu lado, a fazendo rir discretamente.
- Só por curiosidade, cadê o Luke? - null sorriu maldosa para a irmã.
- Meu Deus do céu… - null sacudiu a cabeça, rindo.
- Ele trabalha na cozinha, então deve estar na cozinha, né? - null respondeu, dando de ombros. null o encarou, negando com a cabeça.
- null, você é péssima. - null riu. - Mas sim, Luke está cozinhando, tentei dar folga para ele, mas ele insistiu que merecemos o melhor e me ajudou no cardápio.
- E por que você não chama ele? Tadinho, o carinha trabalha tanto, é tão esforçado… Um exemplo de funcionário! - null comentou por alto.
- Acho que o null não gosta muito do Luke. - null pegou o celular do bolso, fingindo ver algo.
- Quê? - null perguntou, franzindo a testa ao olhar para null mais velha. - Eu não falei nada. - rolou os olhos.
- E é aí que percebemos que tem algo nessa história - null comentou baixinho para que null ouvisse, e ele concordou.
- Ele foi super legal com o null quando ele veio aqui, acredito que não tenha motivos para isso, é admiração enrustida. - null sorriu amarelo, chutando null por baixo da mesa.
- Então tá bom, não é? Devo ter me enganado. - null sorriu. - Enfim, vamos comer?
- Vou liberar o pessoal para começar a servir então. - null se levantou e foi até a cozinha, falando rapidamente com todos que estavam ali, logo voltando para mesa e tomando seu lugar novamente. - Espero que gostem. - deu de ombros.
- null, como estão as coisas? Tá sendo legal gravar? Precisamos de detalhes do nosso rockstar. - null perguntou.
- Bom, tá sendo bem puxado, mas estamos com uma equipe excelente e que nos auxilia em tudo. Está sendo tudo o que imaginamos, se não até melhor. Esperamos que nosso EP seja um sucesso. Estamos todos muito animados com o rumo que a The Sixx está levando. - null disse, empolgado.
- Vocês vão arrasar demais, eu tenho certeza! - null comentou, animada. - Estou muito feliz que a gente possa acompanhar um sucesso em ascensão. Fico pensando nisso, é bom demais. - riu.
- Eles vão estourar muito ainda, são muito bons. - null fez um toque de mãos com null.
- Já imaginou a gente saindo em notícias por sermos o grupinho de amigos do null da The Sixx? - null falou. - null, vamos ser irmãs da namorada blogueira de um famoso, meu Deus! O espírito blogueiro ela já tem, imagina ainda como vai ficar tendo fama. - riu.
- Seremos famosas também, gosto disso. - null comentou, bebericando um pouco do vinho.
- Vamos pegar carona nesse sucesso, null. - null fez uma voz afetada, imitando as mulheres do recinto.
- Sua loja será a loja mais procurada, bonitinho. - null lembrou. - Afinal, será a loja preferida do famosinho ali.
- É, bonitinho. - null concordou, rindo, mandando beijo no ar para o amigo.
- Eu agradeço, vou providenciar um banner para deixar na loja, chamando mais clientes - null riu.
- Preciso arrumar um jeito de me aproveitar bem desse sucesso aí também. - null brincou. - Vou nos seus shows, quem der em cima de você, você me apresenta, afinal, você já tá amarrado. - riu e viu null rolar os olhos discretamente para sua frase, rindo também.
- Touché. - null concordou.
- Pode deixar. Mas, bem, não viemos aqui só por minha causa. null, a null não soube explicar direito. O que exatamente você vai fazer nessa sua vaga de emprego?
- Eu serei gerente de qualidade, basicamente verificarei como anda a qualidade dos produtos fornecidos aos clientes, gerenciar a pesquisa de satisfação, buscando sempre melhorias junto com minha equipe. Falando assim, parece chato, mas eu amo o que eu faço. - null a abraçou de lado, dando um beijo em sua bochecha.
- Se isso te faz feliz, é o importante. - null encarou a cena à frente.
- E parece importante, na realidade. - null riu. - E gerente é algo incrível, você vai ser maravilhosa nisso, null, tenho certeza.
- Ela vai ser a melhor. - null concordou.
- Obrigada, gente, estou bem empolgada nesse novo, mas não tão novo, desafio. Já conheço a empresa, meus líderes, a equipe, mas ainda é algo diferente.
- Eu acho que qualquer começo é algo diferente. - null comentou. - E a ansiedade sempre aparece, sem dúvida, então tudo fica mais intenso ainda. Acho que eu e null também nos sentimos assim.
- Vocês vão levar muito bem essa nova fase, tenho certeza. - null o respondeu, tocando gentilmente o braço do garoto de forma rápida. - A faculdade é algo incrível, não é, null? - riu para irmã, que com certeza havia aproveitado ainda mais que ela.
- Ah, sem dúvidas, as festas são memoráveis. Vocês vão adorar - null piscou. - Os intercâmbios também. - se aproximou de null, roubando-lhe um selinho. - E seus pais, null, como acha que será para eles, você aqui em Melbourne?
- Para ser sincero? Eu não faço ideia. Meus pais são ótimos, juro, mas eles querem ser ótimos demais, eles marcam em cima. Até hoje eu não sei como eles deixaram que eu viesse para cá, porque eles sabiam da minha vontade de estudar aqui, mas não curtem muito isso, sabe? Ainda não sei como vai ser quando eu contar que realmente escolhi vir para cá e decidi cursar o que quero mesmo, e não qualquer coisa que eles achem bom para o futuro. Eles não vão proibir, mas acho que vai ser um bom caos… - o garoto suspirou, tentando afastar os pensamentos. Os pais deviam se lembrar que ele já era crescido o suficiente para se virar em outro país, e não estaria sozinho.
- Na verdade, creio na hipótese deles acharem que você iria vir para cá, mas que não iria realmente ficar, por estar longe deles, sabe? Mas como esse sempre foi seu sonho, uma hora eles desencanam. Falo por experiência própria. - null disse.
- Eu espero. - respondeu.
- Pensa que pelo menos você estará com alguém responsável - null comentou, olhando para null.
- Alguém o quê? - null gargalhou, nervosa, quase cuspindo todo conteúdo que bebia de seu copo.
- Eu acho que isso realmente ajudou e vai ajudar, por saberem que eu e null estaremos com a null. Eles ficarão felizes de saber que ela se ofereceu para isso. - null respondeu, tentando segurar a risada e vendo que a mulher estava nervosa com a conversa. Meu Deus, o que os pais pensariam? Não tinham nada, mas se apenas imaginassem que estava se pegando pela casa com a anfitriã.
- Coitadinho. - null riu. - Uma coisa é você ficar ocasionalmente com ela, por poucos dias, outra é você morar com ela.
- Ah, null, eles nos conhecem há anos, e eu não tenho nenhuma dúvida que a null vai cuidar muito bem do null, aliás, já está cuidando melhor do que ninguém. - null encarou a irmã, estudando sua reação.
- É. - respondeu secamente, desviando os olhos da irmã mais velha, que a fitava. - Espero que… Acho que eles ficam mais tranquilos mesmo. Mas não cuido de ninguém não, não sou mãe de ninguém. – falou de forma grosseira, mas nervosa, enrolando a toalha da mesa nos dedos.
- E quem disse que você seria mãe dele, null? Relaxa, irmãzinha. - null viu a irmã rolar os olhos, bebendo mais do líquido que estava no copo.
- Estou relaxada, null, só acho que não sou responsável por nada, nem por mim direito. - bufou. - Principalmente por uma pessoa que claramente já é maior de idade e sabe se virar bem.
- Mas, para todo efeito, para os meus pais, você é alguém bem responsável. - null deu de ombros, sorrindo ao perceber o quanto aquilo a estava irritando. - Enfim, vai dar tudo certo e logo eu e null voltaremos para Melbourne para ficar.
- Um brinde à Melbourne. - null levantou seu copo, para que todos a seguissem. - E para o futuro que nos aguarda.
- É triste que as férias tenham acabado, mas acho que estamos todos com a vida muito bem encaminhada, não? E todos estamos levando coisas muito boas dela. - null sorriu, em dúvida se estava triste ou feliz, levantando seu copo também e sentindo null levar uma de suas mãos à sua coxa, por baixo da mesa, deixando um carinho ali, em apoio à sua fala.
- Sim, estamos muito bem encaminhados. Posso colocar que essas foram uma das melhores férias da minha vida. Obrigada, null, por ter me convencido a vir. - null levantou o copo em direção à irmã.
- Eu concordo plenamente, que venham mais férias como essas. - null concordou, levantando seu copo.
- E eu só tenho a agradecer também, pois graças a essas férias eu fui capaz de conhecer a null. - null sorriu e se aproximou da jovem, dando-lhe um selinho. - Fora que me sinto parte dessa família também.
- Eu não tirei férias, mas concordo que foi maravilhoso conhecer vocês - referiu-se a null e null. - E encontrar você, null. Um brinde a isso. - null levantou seu copo, batendo com os demais.
- Acho que precisamos de uma foto, não? - null perguntou. - Vou chamar alguém para tirar, merecemos.
- Chama o Luke! Chama o Luke! - null berrou, pulando sentada na cadeira. null riu e abriu a porta da cozinha, apenas chamando o amigo com um aceno e caminhando para mesa junto dele.
- Luke, acredito que você não conheça apenas o null, ele é o namorado da null. - null apontou. - null, esse é Luke, meu chef, algo como meu braço direito aqui no restaurante. - o homem sorriu com a fala de null. - Luke, pode tirar uma foto nossa, por favor?
- Olá, pessoal, espero que tenham gostado da comida. - sorriu.
- De chef, para fotógrafo pessoal. - null comentou baixinho para null, que riu. - Oh, sim, a comida estava muito boa, obrigado.
- Vamos, gente, sentem juntinhos um do lado do outro para o Luke tirar essa foto.
- Não é melhor em pé? - null perguntou.
- É, tanto faz. - null se levantou.
- Vamos ali. - null apontou para parede atrás de onde estavam, que tinha um espaço livre.
Todos se levantaram, andando na direção que null indicara.
- Acho que nunca tiramos uma foto do grupo todo. - ela riu, vendo null e null abraçados, assim como null e null, um ao lado do outro, com as mãos entrelaçadas. Viu null parado ao lado deles e riu, percebendo o quão engraçado era aquilo, mas afastando rapidamente os pensamentos e entregando o celular para Luke. Ela andou até null e se posicionou entre ele e null, sentindo sua mão alcançar sua cintura, enquanto ela abraçava a irmã de lado também, vendo todos fazerem o mesmo com um sorriso no rosto, já olhando para câmera.
- Luke, podemos fazer uma sessão de fotos? - null falou, vendo o homem assentir, rindo.
A primeira foto havia sido de todos com grandes sorrisos no rosto, já na segunda null deu a ideia e null e null deram um selinho, assim como null e ela, e null e null pegaram copos e levaram até a boca.
Na próxima foto, null pediu para que os homens pegassem as moças no colo, com todas elas fazendo careta para a câmera. null, para ser o engraçadão da turma, fazia careta enquanto tinha null nos braços, como se estivesse fazendo muito esforço para que pudesse mantê-la ali. null deu um beijo na bochecha de null, e Luke capturou aquele momento.
- Essas fotos estão muito casal. - null reclamou, mostrando a língua para irmã mais nova.
- Também acho. - null disse a contragosto. - Saiam daqui, deixem só os homens, por favor.
- Arrumem alguém vocês também, e parem de estragar as fotos de casal. - null comentou, rindo.
- Chatos. - null riu, andando até a cozinha rapidamente e deixando todos sem entender. Após alguns segundos ela voltou com duas velas nas mãos. - Pronto. - ela entregou uma para null e segurou a outra, entrando entre null e null e vendo null fazer o mesmo com null e null.
- Ótimo objeto para vocês, realmente. - null gargalhou da cena.
- Luke, obrigada. - null agradeceu, pegando o celular de volta. - Agora seguimos por aqui. - sorriu e o homem acenou para todos, andando novamente até a cozinha.
- Selfies? - null perguntou, animada, e todos já se aproximavam para tirar mais fotos.
- Vocês têm certeza de que não esqueceram nada? - null perguntou, com uma das mochilas de null no ombro.
- Olhei umas mil vezes, acho que peguei tudo sim. - null comentou, enquanto separava sua carteira para pegar de forma fácil na mochila.
- Meu Deus, onde tá o meu… Ah, tá aqui! - null disse, pegando o prendedor de cabelo do bolso da frente da bolsa.
- Eu peguei tudo também, só não encontrei meu fone de ouvido, mas tudo bem, compro um no aeroporto, se precisar. - null afirmou. - null, o null não ia vir se despedir? Já está na hora de pelo menos irmos para dentro do portão de embarque.
- Não sei. - ela respondeu, franzindo os lábios. - Bom, tá tudo certo aqui. O null vai demorar muito?
- Você não quer esperar? - null perguntou, estranhando a irmã.
- O null? Não. - ela pegou suas coisas e arrastou para um banco próximo dali, que estava vago.
- null já está ali. - null apontou, acenando para o homem, que os procurava.
- Oi, gente. - null foi cumprimentando um a um. - Preparados para uma longa viagem e com o possível jet lag?
- E para uma possível bunda quadrada? É, acho que sim. - null disse, sorrindo pela primeira vez naquele dia.
- Já estou sentindo as dores nas costas. - null reclamou.
- Nossa, nem me fala, pior parte é essa de ficar tanto tempo em voo, mais escalas. - null suspirou, apoiando-se nos ombros de null.
- Ainda bem que não vou sentir nada disso. - null deu de ombros.
- O pior é que eu e o null vamos passar por isso de novo depois, quando voltarmos. - a mais nova riu. - Ah, como eu queria o poder de teletransporte...
- Meu maior sonho. - o amigo concordou. – Mas, gente, sério, acho melhor começarmos a nos mexer… - apontou para o portão de embarque ao longe.
- Concordo, vamos indo. - null comentou enquanto puxava sua mala.
- Acho que é hora da despedida, não? - null sorriu, triste, parando próxima ao lugar onde várias pessoas se despediam das famílias.
- Abraço grupal? - null fez biquinho e estendeu os braços. Todos sorriram e a envolveram em um grande abraço em meio a risadas.
- Vamos dar espaço para o casal. - null riu, puxando null e null mais para o lado.
- Acho que chegou a hora. - null sorriu, sem graça. - Vou sentir sua falta.
- Eu sei, eu também vou sentir muita, mesmo. Foi uma experiência incrível estar aqui e ter te reencontrado, amadureci muito com tudo. Só tenho a te agradecer por toda a paciência que teve comigo, null. - ela o abraçou apertadamente. - Eu sinto algo muito especial por ti, de verdade, e quando eu digo que isso aqui não é o fim, é porque não é o fim, ok? - ele assentiu. - Aguardo sua visita em Dublin muito em breve, vamos fazer dar certo.
- Sim, vamos. - ele aproximou sua mão do rosto dela e o segurou, lhe dando um curto beijo, cheio de significados e de promessas feitas. - Boa viagem, você é incrível, te admiro muito, e vai ser só sucesso em Dublin. - ela sorriu, o abraçando novamente.
- Fica bem, e não morra de saudades. - brincou, arrancando uma gargalhada dele.
- Olha quem fala. - ele a puxou, roubando mais um selinho dela. - Vamos lá, antes que eu não te deixe embarcar mais. - ela sorriu, entrelaçando sua mão com a dele, e foram caminhando até o grupo de amigos.
- Vocês dois, se cuidem, por favor! E me avisem assim que pisarem em solo canadense. Se precisarem de qualquer coisa, estou aqui. Espero que esse mês passe logo, sentirei falta de vocês. - null falou, abraçando null e a irmã, puxando-os para perto. - Me avise se precisar de qualquer coisa com o papai e a mamãe, tá, null? Não vai, mas, né? - ela abraçou a irmã apertado.
- Sim, senhora. - null bateu continência, abraçando a irmã de volta.
- Qualquer coisa que precisar, sabe onde me encontrar também, pirralho. - null sorriu para null e o garoto a puxou pela cintura para um abraço apertado.
- Pode deixar. - falou. - Olha, eu topava mais uma despedida hoje, mas ainda bem que tivemos ontem. - o garoto sussurrou, para que null não ouvisse, recebendo um tapa de null. - Vou sentir saudades de você, mesmo sendo chata. - ele separou o corpo do dela e recebeu um dedo do meio como resposta.
- Muito fofos. - null disse de forma irônica.
- Você agora tem que dividir seu melhor amigo comigo, ele é meu amigo também. - null sorriu para irmã, mostrando a língua.
- Não sou muito boa em dividir amizades.
- Meu Deus, será que existe alguma null legal nessa vida? - null riu.
- Eu, é claro! - null mostrou a língua.
- Ei, null, agora posso me despedir da minha irmã também? - null riu, vendo o casal se aproximar.
- Não, você perdeu sua irmã. - respondeu, irônico. null se aproximou da irmã, a abraçando apertadamente.
- Esse grupinho é muito monopolizador. - null falou e todos riram, concordando.
- Vou sentir sua falta, null! Você não tem ideia, espero que você volte o quanto antes, por favor. E não desapareça, pelo menos ligue sempre, vamos esperar. Amo você! - null apertou a irmã em seus braços.
- Te amo muito, muito, muito, null. Juro que não desapareço mais. - deu um beijo na testa da irmã.
- Já que elas duas estão se despedindo, eu vou me despedir de você, embora eu vá te ver logo mais. - a jovem riu para null. Se aproximou e o abraçou forte. - Fica bem, tá? Com a minha irmã não deu certo, mas saiba que independentemente do que o futuro nos der, estarei do seu lado, ok? Quero vocês dois bem, mesmo que não fiquem juntos. - ela cochichou no ouvido do rapaz e o apertava forte, enquanto ele fazia o mesmo.
- Nós vamos tentar um relacionamento a distância, eu vou lá, ela vem aqui, mas estou preparado sim, caso as coisas não derem certo entre nós. Obrigado, null, e saiba que gosto muito de você. - terminou o abraço, e lhe deu um beijo na testa.
- Posso também? - null se aproximou do amigo, trocando um rápido aperto de mão que se tornou um abraço. - Logo estarei de volta e vamos poder aproveitar mais.
- Opa, com certeza, temos muito o que conhecer de Melbourne. - null sorriu.
- Me dá um abraço, sua maravilhosa! - null estendeu os braços e apertou null forte nos braços. - Te amo, tá? Estarei com você para o que der e vier, mesmo que as suas escolhas não sejam as mais inteligentes. - ela riu.
- Você é team null, eu já entendi. - riu. - Eu também estou começando a ser. Te amo muito, muito, null. Amo a mulher que tem se tornado, quero que saiba disso.
- null, se cuide, e nos ligue para contar como estão as coisas, ok? Você vai ser incrível nessa empresa, tenho certeza. - null se aproximou de null, a abraçando.
- Obrigada, null, tenho certeza de que se sairá muito bem aqui em Melbourne. - null correspondeu ao abraço, separando-se e pegando algo do bolso. Se aproximou dele, sussurrando em seu ouvido. - Toma, você vai precisar disso na viagem, encontrei no quarto da null. - ele arregalou os olhos, pegando os fones de ouvido. - Eu não conto para ninguém se você não contar.
- null… - ele sussurrou, nervoso, rindo. - Bom, eu guardei seu segredo, acho que você pode guardar o meu. - sentiu as bochechas ficarem vermelhas e a abraçou novamente.
- Pode apostar que sim. - ela piscou para ele.
- Agora vão. - null deu um passo para trás, acenando para as irmãs e null, parada ao lado de null, que também acenava.
- Olha, de você eu não me livro, né? - null riu junto de null, caminhando de volta para o estacionamento.
- Nem se quisesse, a gente é para a vida toda, sinto muito, null. - ele riu, apertando sua barriga.
- Tudo bem, dá para aceitar, principalmente se você virar meu cunhado. - sorriu, empurrando seu corpo para o lado. - null? - ela falou, estranhando ao ver o mais novo do outro lado de onde estavam. - null? - chamou mais alto, puxando null para onde o garoto estava.
null parou de correr ao ouvir seu nome. Virou a cabeça e encontrou null e null ali.
- null… null, onde ela tá? - ele disse em meio a puxadas de ar. Estava tentando recuperar o fôlego.
- Você tá meio atrasado, eles já foram. Está tudo bem? - null perguntou, colocando a mão no ombro do garoto, tentando acalmá-lo.
- Não, não está nada bem. - ele se abaixou e colocou as mãos no joelho. - Ela já foi? - ele queria que repetissem.
- Logo ela volta. - null riu do desespero dele. - Por enquanto você tem apenas nós.
Bom, ao menos até ela conseguir pegar o celular e vocês conseguirem se falar.
- Vocês brigaram? - null questionou.
null se levantou e encarou os amigos ali, na frente dele.
- Não acho que ela vá querer conversar comigo por um tempinho.