Última atualização: 10/03/2018
Music Video: Sunmi - Heroine

Capítulo Único

Cinco anos se passaram desde a última vez que vira .
Dizem que o destino de uma vida pode mudar com apenas poucos segundos, então quem dirá com cinco anos? já poderia ter se tornado outra pessoa completamente diferente daquela que ele conhecera, e na realidade não era algo muito diferente disso que havia acontecido na realidade. Era uma nova mulher, mais madura e mais forte. Uma mulher bem sucedida que fora capaz de alcançar seus sonhos no auge de seus vinte e cinco anos e que tinha uma visão de vida diferente de quando começara sua caminhada.
O término com não foi de todo ruim, lhe deu o gás que precisava para não se importar com nada mais do que seus sonhos e se focou completamente em sua faculdade e trabalho, esquecendo do que era vida social e do que ela representava na vida de alguém, se convencendo que não precisava disso. Porém, agora estava dentro do carro, daquele mesmo carro que se lembrava de parar no meio da rua há cinco anos.
ainda não tinha chegado, estava atrasado para o encontro que os dois haviam marcado por dois minutos, porém não percebeu: ela havia chego quinze minutos adiantada. Ela deveria esperá-lo perto do carro, mas quando viu a porta aberta não resistiu em não sentar no banco do motorista, segurando o copo de papel bege com o milkshake de morango próximo a sua boca, sugando o líquido com o canudo azulado.
Tantas memórias e a sensação de déjà vu ao olhar para a paisagem aberta e o outdoor vazio daquele ângulo, mostrando o céu cinzento e cheio de nuvens. O perfume que continuava o mesmo até depois de tantos anos, o cheiro agradável, forte e masculino ao seu redor tomando conta de suas narinas. Se levantou e saiu do carro, seu coração doendo com os flashbacks das lembranças que passaram em sua mente.
Não fez questão alguma de se segurar quando desceu do automóvel, olhando para toda a extensão do local e vendo que ainda estava sozinha. Jogou o copo longe, fazendo a bebida se espalhar pelo chão, sua vontade de dançar como a forma que utilizava para extravasar aquela dor, os passos saindo em um ritmo desconhecido, pausados, como se a dor saísse aos poucos a cada impulso que dava em seu corpo, seus pés rodando e rodando até que batesse levemente as costas contra uma pilastra de sustentação.


― Você não mudou nada, .

A voz de por suas costas a fez se arrepiar por completo e parar, ainda encarando o outdoor vazio à sua frente. Cinco anos sem ouvir aquela voz e agora parecia um viciado sem sua droga favorita, antecipando quando a usaria novamente e novamente até ficar satisfeita. Aquele desgraçado ainda tinha um poder absurdo sobre si e tudo o que sentia quando estavam próximos, chegava a ser ridículo.

― O que você sabe sobre quem eu sou agora? ― girou o corpo tão graciosamente quanto o resto de seus movimentos, o vestido azul de seda girando junto. Andou em passos acelerados até a frente de , erguendo a mão e apontando no rosto do rapaz.
― Que você continua extravasando seus sentimentos de formas estranhas. ― também levantou uma de suas mãos, segurando os dedos dela que estavam perto de seu rosto. ― Ou você pensa que eu não ouvi? “Wae yeppeun nal dugo gashina?”
― Muitos artistas utilizam seu passado como inspiração, isso não quer dizer que eles estão presos nele, só que eles podem compartilhar suas experiências com as pessoas. ― olhar fundo nos olhos de como fazia agora era a mesma coisa que cair em um buraco negro que misturava tantos sentimentos diferentes que era difícil para decifrar qual era o mais forte no momento.

Uma parte era mágoa, a outra eram lembranças, a outra era raiva e a outra era uma pequena cinza acesa do amor que um dia sentira e buscava qualquer tipo de combustível para queimar tudo novamente. Porém a negava qualquer gasolina que fosse, se controlando fortemente mesmo que a distância entre os rostos fosse menor do que pensavam que era.

― Você sabe que não pode mentir pra mim. ― ele sussurrou, aos poucos aproximando cada vez mais os lábios dos da mulher. ― Eu te conheço como a palma da minha mão, . Você ainda me ama, não é?

Por um segundo ela quase vacilou e deixou-o vencer, mas sua consciência gritava o quanto aquilo era errado e não devia fazê-lo. Era como retroceder todos os passos que havia dado sozinha desde a última vez. Por isso empurrou-o com a mão que ele segurava, o fazendo soltá-la e dando o espaço que ela queria para se afastar alguns passos e deixar um bom espaço entre eles.
A encarou por minutos que passaram lentamente para os dois. E por mais que sua vontade fosse de ficar ali e agarrá-lo de uma forma tão forte que ele nunca mais poderia ir, ela simplesmente saiu, virou as costas e correndo em direção à saída.


❥❥❥❥❥



Incomodava-lhe o fato de não estar se conseguindo se concentrar nas gravações como queria. Estava perfeitamente arrumada como uma boneca, o vestido amarelo e preto caia perfeitamente em seu corpo, o salto a deixava elegante com a postura ereta, assim como seus cabelos estavam perfeitamente penteados e a maquiagem impecável em tons de marrom e nude.
Porém, olhando para as poltronas vazias da plateia que faziam do cenário montado para aquela cena, era como se o visse sentado em todas elas, lhe encarando com os olhos angulados e profundos e intimidando-a de uma forma tão estrondosa que quando o instrumental começou a tocar ao fundo de sua mente, ela não conseguiu mexer seu corpo no ritmo das batidas mesmo que seu cérebro mandasse incansavelmente.

, tá tudo bem aí? ― a voz do produtor soou no alto falante do local, fazendo toda a ilusão se quebrar e o garoto sumir de sua frente com todos seus clones malditos.

Mesmo assim isso não a fez acordar e a olhava para os lados com os olhos perdidos e a mente confusa. As cortinas atrás dela se abriram para que os dançarinos de apoio falarem com ela pra se certificar se estava tudo bem, mas os passos para trás incertos de evidenciavam que não. Ela por pouco não tropeçou nos próprios pés quando tentava se distanciar das pessoas ao seu redor.
Segurando-se na parede decorada com uma projeção de flores azuis e vermelhas e recuperando o equilíbrio para sair correndo pela porta de madeira, a estava claramente abalada com a peça que sua mente pregara em si ao nele daquela forma. Acabou atravessando o cenário com a banheira lotada de flores e a moldura vazia ao lado para então chegar ao fim do estúdio e sair.
Não conseguiria se concentrar e fazer o seu trabalho direito se não tirasse aquela história a limpo, por isso, assim que entrou no carro, deu partida e se afastou metros o suficiente para que ninguém a alcançasse, ela parou no acostamento e pegou seu celular, discando o número que sabia de cor e esperando-o atender.

― Onde você está? ― perguntou assim que ouviu a voz do rapaz falando alô, ignorando completamente as formalidades. ― Como assim, no meu trabalho? ― arqueou uma das sobrancelhas, meio revoltada ao ouvir aquilo. ― Me espere aí, já estou indo.

E então desligou sem dar satisfação alguma a mais, fazendo o balão no meio da avenida e voltando metade do caminho que havia percorrido, ignorando totalmente as ligações que enchiam seu celular e não o deixavam parar de tocar por um segundo. Assim que estacionou, já encontrou andando ansiosamente do lado de fora do set, e sem nem mesmo cumprimentá-lo puxou-o pela mão para dentro do local.

… Espera, calma!

Havia um local perfeito ao qual poderiam conversar ao mesmo tempo em que ela se sentiria confortável. A sala de cortinas em tom forte rosa pink assim como o chão, pilastras azuis e com uma paisagem de um rio entre montanhas pintada naquela parede tinha apenas uma cadeira no meio dela. Cadeira a qual ela fez questão de sentá-lo, se afastando alguns passos logo depois.

― O que está acontecendo? ― questionou, olhando a ex-namorada com o cenho franzido em dúvida e um pouco de susto já que ela não parecia estar muito bem da cabeça.
― Você não disse que me conhece realmente? Então não vai se surpreender com o que acontecer aqui. Essa sou eu, eu de verdade. ― e então se aproximou rapidamente dele, desferindo um empurrão em seu ombro que o fez ir pra trás.
― O que está acontecendo com você? ― arregalou os olhos, se levantando assim que seu corpo retomou o equilíbrio e girando o corpo para ficar em pé a frente da mulher que já dera a volta em sua cadeira.

A o olhou bem nos olhos e então ergueu a mão para segurá-lo pelo pescoço, fazendo o ficar cada vez mais perplexo com as ações que ela estava tendo desde que se encontraram. Ele não conhecia aquela que estava em sua frente, talvez soubesse que ela sempre tivera formas diferentes das outras pessoas de lidar com as situações, mas não daquele jeito…

― Por que você está fazendo isso comigo? Não é cruel? ― ela questionou, deixando a mão escorregar lentamente do pescoço ao peitoral de até que caísse ao lado de seu corpo. ― Você sempre foi assim, o verdadeiro herói sempre foi você. Como sempre, você faz tudo. Mesmo que você seja maldoso e me deixe triste, você precisa ser você mesmo, mesmo que eu acabe me magoando e o final seja triste. Como um esplêndido herói. Você está acima dos meus sentimentos.

― Shhh… ― ela colocou o dedo em cima da própria boca, pedindo para que ele continuasse quieto. ― Depois de um tempo do nosso término, foi desse jeito que eu tentei encarar as coisas. Eu decidi que era um pensamento mais maduro, algo que você se orgulharia se visse. Mas eu não esperava que você fosse voltar, como eu posso manter o meu teatro desse jeito? Como eu posso me conformar quando você está na minha frente? Por que você me deu asas se queria que eu caísse?

só podia observá-la, os olhos fixados e sua mente girando diversas e diversas vezes com tudo aquilo que nunca esperava ouvir dela. Era como se as feridas de cinco anos atrás ainda estivessem abertas, e resolvera mostrá-las para ele de uma vez só para que visse o quanto suas atitudes a haviam machucado, tão profundamente que mesmo todo aquele tempo não foi capaz de curar.
Ela se aproximou até que a distância entre eles se tornasse mínima, então levou uma das mãos ao seu rosto e o acariciou delicadamente, os dedos deslizando em sua bochecha e o fazendo ficar arrepiado com o toque conhecido. Seu corpo reconhecia aquele contato e respondia a ele como se o tempo não houvesse passado e ainda fossem dois adolescentes apaixonados.

― Mas então eu penso bem e chego à conclusão de que seus sentimentos ainda são mais importantes. Então mesmo que seja cruel, mesmo que seja maldoso e me deixe triste, vá em frente se é disso que você precisa. Me diga o que você tem que dizer.

Naquele momento, baixou toda a sua guarda em frente ao garoto. Era como se estivesse preparada para ouvir qualquer coisa que ele dissesse mesmo que isso significasse abrir mais e mais feridas em si, e teve medo e sentiu remorso. Medo de magoá-la ainda mais, remorso do que havia feito antes e de tê-la procurado novamente. Ela não merecia que fizesse aquilo, mas…

― Me desculpe. ― soltou em um suspiro, segurando a mão da que acariciava seu rosto para que ela não a tirasse dali. Queria sentir seu toque pelo máximo de tempo que conseguisse. ― Você não merecia o que eu fiz e nem que eu esteja aqui na sua frente agora, mas a verdade é que eu não consigo parar de pensar em você, eu não consigo me perdoar por ter te deixado ir.
― Você não me deixou ir. Você foi embora. ― por mais que seus sentimentos fossem conflitantes no momento, ela não queria que ele fosse de novo, mas tentava se controlar e não abraçá-lo de uma vez.
― Eu… ― não tinha nenhuma justificativa quanto a isso, e ficava difícil se controlar quando a via assim tão perto de si.

O desejo que tinha era de poder colar seus lábios com os dela como fizera um dia, rodear sua cintura e tirá-la do chão não só porque suspendera em seus braços, mas também porque o sentimento deles era bem mais do que algo que podia ser explicado ou uma paixão de namoro adolescente. Porém, havia uma coisa que os impedia de ser assim novamente. E essa coisa era ele mesmo, o que apenas percebeu quando o impediu de se aproximar mais, afastando seu rosto do dele.

― Eu acho melhor você ir outra vez… ― ela sussurrou abaixando a cabeça e tirando a força que colocava para manter a mão no rosto de , apenas não a deixando cair porque ele ainda a segurava.

Aquela cena durou alguns minutos, tão difíceis para ela do que para ele. A cada segundo que passava ela se arrependia mais de estar mandando ir embora, mas por mais que aquele desejo de estarem próximos a queimasse completamente por dentro e quisesse gritar aos ventos que ainda tinha sentimentos pelo , sua racionalidade sabia o que era o certo a fazer. E o certo era puxar sua mão de volta e então sair andando já que ele mesmo não o fazia, atravessando a abertura no meio da cortina rosa e então saindo dali.
Ela não olhou para trás nenhuma vez nem mesmo quando ele chamou seu nome repetidamente, ignorando e apenas continuando a andar. Daquela vez sim ele poderia dizer que a deixara ir, mas mesmo se ele tivesse tentado lhe impedir de alguma outra forma a não ser com sua voz, ela iria embora de qualquer jeito, porque naquela hora estava convicta de que era assim que tinha que ser, mesmo que seu coração estivesse sangrando.
E ao chegar em frente ao seu diretor e de toda a equipe que ainda estava ali após desistirem de ir embora ao vê-la voltando, se curvou em um pedido de desculpas por ter simplesmente saído daquela forma mais cedo e ele apenas suspirou e falou uma frase que ela precisava ouvir, provavelmente porque agora todo mundo já sabia do que havia acontecido naquela outra sala de cortinas rosas.

― O show tem que continuar.




❥❥❥❥❥



Quando as gravações acabaram naquele dia, todo mundo decidiu sair para beber um pouco. Não havia sido um dia fácil para ninguém por conta da tensão no set depois do que acontecera, principalmente para a artista que apenas conseguiu se concentrar direito em suas obrigações após beber uma garrafa de um litro de água inteira e respirar fundo, deixando seus sentimentos pessoais de lado.
Seu diretor estava certo, tinha que colocar em sua mente que o show tem que continuar de qualquer forma, mesmo se continuasse vendo o rosto de em todos os lugares que olhasse. Mas agora que já fizera seu trabalho, podia simplesmente aproveitar os momentos de folga para relaxar um pouco e organizar seus pensamentos enquanto bebia uma boa garrafa de soju sozinha no balcão do bar.
Seus colegas estavam em sua maioria da pista de dança e ela não os julgava, na verdade achava ótimo e torcia para que estivessem se divertindo porque muito provavelmente faria o mesmo e estaria no meio deles se não estivesse na bad como estava no momento, precisando refletir um pouco sobre o universo e a vida enquanto enchia a cara, ignorando completamente se estava tocando sua música favorita do EXO pra sarrar no chão.

― Quem diria que eu viveria pra ver depressiva no meio de uma festa? ― não percebera quando o dançarino de apoio se aproximou da onde estava, mas ouviu o questionamento dele observando a expressão divertida que ele sustentava ao encostar ao balcão ao lado da onde estava sentada, erguendo uma mão para chamar o barman.
― Mas eu não estou deprimida, . ― discordou com a voz molenga de quem já havia bebido um pouco mais que aguentava, olhando o rapaz com os olhos entreabertos sinalizando que não havia gostado muito do que havia ouvido. ― Só estou pensando um pouco na vida.
― Então vai aceitar ir pra pista de dança comigo, não é? ― ele perguntou outra vez, pedindo uma dose de whisky logo depois e então virando o corpo para recostar as costas no balcão e poder olhá-la claramente, observando o casaco que escondia desde seus ombros, até a banqueta que ela estava sentada e também as pernas, deixando apenas o salto a mostra.
― Você sabe que isso seria complicado. ― ela respondeu desanimada, suspirando e curvando as costas até poder encostar o queixo na madeira. Era desconfortável, mas só queria encarar o copo de vidro vazio e vê-lo se encher de mais álcool quando o garçom se aproximou e derrubou mais bebida dentro dele.
― Por quê? Não estou te pedindo pra namorar comigo, só pra se levantar e ir dançar um pouco com seus amigos. ― aquele argumento era bom, principalmente para quem já não estava lá em seu estado normal de raciocínio como a cantora, porém ainda não foi capaz de tirá-la daquele bar.
― Você também viu, não é? ― a ergueu o corpo e os olhos, o girando na banqueta para ficar de frente ao colega e o vendo virar o copo de vidro cheio de álcool, sorrindo logo que o afastou dos lábios.
― Eu e o set inteiro. ― quase riu ao responder aquilo, mas pensou que seria desrespeitoso com os sentimentos de sua sunbaenim, então se controlou. ― Não se preocupe muito com isso, ninguém vai lembrar amanhã se você se levantar e vir dançar comigo. ― piscou um dos olhos na direção da garota que já havia voltado ao estado depressivo ao ouvir que todo mundo havia visto a cena com , colocando uma das mãos na testa e afundando-a nos cabelos.
― Você faria a mesma coisa, né? Digo, o cara terminou comigo há cinco anos sem nem me dar uma explicação e agora voltou como se nada tivesse acontecido e querendo recomeçar. Eu nem sei o que pensar disso. ― ok, parecia que estava precisando de um psicólogo ou uma melhor amiga no momento, não alguém tentando animá-la e tirá-la da bad. Porém apenas respirou fundo. Já estava ali mesmo, o que custava ser o melhor amigo dela por alguns minutos?
― Eu também não sei o que pensar disso, mas você deveria, afinal, você o conhece bem. O que acha que ele está interessado em você ou no que você construiu durante todo esse tempo? Ele realmente sente sua falta e percebeu isso após a indireta monstro que você mandou com Gashina, ou simplesmente achou que seria legal namorar uma celebridade? É você que tem que decidir isso, você quer que ele seja o tipo de pessoa que você pode confiar ou alguém que você quer ter distância? ― mesmo que a estivesse alta, aquelas questões a fizeram recobrar um pouco de sua sobriedade e arregalar levemente os olhos, não esperava uma reflexão daquelas vindo de , porém não ia ser agora que reclamaria.
― Eu…
― Não pense na resposta disso quando você tem um cara como eu na sua frente. ― agora o tom manhoso dele foi o suficiente para desarmá-la e até a própria garota riu do aegyo falho do rapaz.
Era como se tivesse seus vinte anos de novo. Lembrava-se bem das duas semanas após o término com , quando conheceu uma sequência invejável de caras bonitos um atrás do outro, mas nenhum deles foi capaz de ajudá-la a tirar o ex-namorado da cabeça porque estava obcecada. Devia deixar isso acontecer novamente agora?

― Vamos dançar, sim? ― lhe pegou pela mão, a puxando para os pisos brancos da pista de dança que eram equipados com lâmpadas de led cercando seus comprimentos, mudando de cor toda vez que a batida da música tocava. ― Você ainda vai ter um tempo para pensar nisso quando voltar pra casa. Mas agora, só se divirta.




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O set de gravações era um estacionamento em tons de cinza e estava com um vestido azul de seda que contrastava com o lugar e dava o destaque todo a ela na imagem. Estava parada antes da parte descoberta do local, observando a tempestade que caía entre ela e a única outra coisa que havia naquele local, o enorme outdoor com a sua foto ao lado daquela frase que marcara tanto aqueles dias de sua vida.
Só havia ela, a água da chuva que caia, o outdoor e diversos pensamentos controversos sobre si mesma. sempre fora uma mulher perfeccionista com seu trabalho e nunca aceitou que nada interferisse nele, porém mudara isso em apenas um dia e uma ligação. Ela não queria deixar sua vida pessoal mexer com aquilo que mais amava fazer e até mesmo nisso ele mexeu.
Desde sempre era ele, desde o começo ela desesperadamente gritava o nome dele em cada linha a qual compunha ou cena que atuava. Podiam se ver traços de seu passado manchando seu trabalho sempre tão perfeccionista, um reflexo de como a arte imita a vida e a vida imita a arte, algo que a gostava de utilizar em suas obras, como a que estava tomando forma no momento.
Uma mulher bem sucedida, madura e forte, porém ainda com feridas antigas que gostava de relatar em suas obras como forma de curar aqueles machucados ainda meio abertas, mesmo que isso não quisesse dizer que ela queria mudar certas coisas de seu passado, como pode ter tido a impressão ao ouvi-la cantar sobre o término dos dois há poucos meses atrás.
O passado é algo que você tem que enfrentar por mais conturbado que seja e por mais que ele machuque. A representação daquela chuva caindo em sua frente era clara: você tem que atravessar a tempestade para alcançar a calmaria. Não há ninguém que não tenha tido que passar por algo ruim na vida, mas você pode escolher como lidar com isso. Foi por isso que pegou impulso e então correu, saltando alto quando atravessou a água e indo direto ao chão após seu corpo rodar algumas vezes.
Seus cabelos molhados que grudaram em seu rosto e o vestido que fez o mesmo com seu corpo deixavam óbvio que é impossível não se molhar no processo. suspirou, se levantando lentamente, jogando os cabelos para trás e então observando o cartaz enorme novamente. Ergueu uma das mãos na direção da foto, deixando os dois dedos apontados para frente e o polegar para cima, referente a uma arma e então atirou, seu braço subindo ao lado de sua cabeça.
Então a deu as costas, andando em direção à saída do estacionamento e ouvindo a estrutura se desencaixando e o baque seco dela em contato com o chão, levantando um pó que tomou conta de todo o local. Não olhou para trás. Na vida, assim como no show, não se tinha tempo para olhar para trás. Assim como no show não, a vida é o show. Não há diferença entre ambos. Só se pode continuar e olhar para frente o tempo todo, sem vacilar.
Ambos sempre tem que continuar, você não pode parar e olhar para trás. Você tem que continuar, sempre pra frente… respirou fundo.

― Você tem que continuar.





Fim



Nota da autora: Eu nem bem superei o tiroteio que foi Gashina e a SunMi já voltou pra acabar com a minha vida com o hino que é Heroine. Eu adorei como as duas tratam da mesma história, mas como eu já tinha Gashina pronta antes dela lançar Heroine eu tive que adaptar umas coisinhas, espero que vocês gostem mesmo assim e me deixe saber o que você achou!
Muito obrigada a Vivi por ter me incentivado sem saber enquanto eu estava escrevendo essa delícia, e a Mari que me ajuda em todas as ones sempre, vocês são uns nenês! Muito obrigada também a quem leu até aqui! ♥
Se quiser falar comigo, é só me procurar no Twitter!
E caso tenha gostado e queira ler alguma outra coisa minha, eu estou com uma long fic em andamento sobre romance e distopia, originalmente escrita com o Monsta X!



Outras Fanfics:
Trespass
MV: Gashina

Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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