Capítulo Único
O dia da viagem de tinha chegado, e ela não poderia estar mais nervosa do que agora. Um nó se formava na garganta da moça. Era difícil dizer um “até logo” porque ela não sabia o quão breve essa despedida seria.
Depois de abraçar sua família o mais apertado que podia e prometer que iria se cuidar, colocou a passagem no leitor e passou as portas transparentes que a separavam da área de embarque. Quando sentou nas cadeiras, um filme de sua própria vida passou por sua cabeça, e seu desejo do fundo do coração era que toda essa aventura a surpreendesse como nunca.
Com o coração acelerado, ouviu a última chamada para embarcar, então seu coração acelerou ainda mais, como se quisesse sair pela boca. Respirou fundo e seguiu arrastando a pequena mala vermelha pelo túnel da estrutura metálica que a levaria até o avião. A janela sempre foi seu lugar favorito de todos, e ali estava seu lugar: em uma das janelas daquele gigante dos ares.
O avião estava relativamente vazio, então ninguém se sentou ao seu lado, o que a permitia ser a espaçosa que sempre foi. O único porém de toda a viagem que atravessa um continente para o outro era que, certamente, você ia passar frio ou calor quando chegasse. Dificilmente o tempo seria parecido com o local de partida, então sempre tinha uma roupa da estação correspondente ao destino na bagagem de mão, que nesse caso era inverno. Como sua própria mãe costumava lhe dizer, “uma mulher prevenida vale por duas”.
As nuvens formavam as mais diversas figuras lá de cima, e parecia uma criança observando-as e brincando consigo mesma com o que elas se pareciam. Certamente o homem sentado na poltrona do corredor devia pensar que ela tinha alguns parafusos a menos ou era pirada. Mas como ela mesma costumava dizer, “sou uma amante do que é belo e ponto”.
Depois de fazer todo o processo de novo em uma das conexões, o próximo avião sairia só à noite. E mesmo já tendo iniciado a viagem, a ansiedade de chegar na França não era menor. Um filme fofo a acompanhou durante o trajeto, então o sono chegou. Quando acordou, o céu já estava azul celeste de novo – era quase hora de finalmente conhecer a França.
Será que escolheria morar lá? Itália, talvez? Alemanha? Holanda? Ela queria conhecer e decidir qual seria seu novo lar, mas a curiosidade para saber qual cidade iria ganhar seu coração não era das menores.
— Senhores tripulantes, aqui quem fala é o comandante deste vôo. Estamos sobrevoando a França e em aproximadamente trinta minutos chegaremos ao destino final. O tempo está bom e a temperatura é de doze graus. Obrigado por voar conosco.
Nice, França
Pronta para uma nova vida, desceu sem pressa alguma do avião e apertou seu casaco bege contra o corpo. A temperatura estava bem diferente do ar condicionado da aeronave, lhe causando um certo choque térmico. Como sempre, desceu levemente atrapalhada com a bagagem de mão e bolsa que carregava com seus documentos até o desembarque. Ao adentrar o aeroporto, se sentiu atordoada pela viagem.
O sol de Nice já se despedia no horizonte, dando espaço ao azul-escuro do céu noturno. A moça sentou-se em uma das cadeiras do embarque/desembarque e olhou para seu celular: já eram 18:45. Pelas suas contas, ainda teria que pegar as malas e ir de táxi até o hotel que havia reservado para a primeira noite.
Pessoas falando um pouco mais alto chamaram sua atenção mais ao fundo, e ela viu um pequeno amontoado de pessoas fazendo foto com um homem. Ficou curiosa para saber que famoso era, então estreitou os olhos para tentar enxergar melhor de quem se tratava, mas não o reconheceu. Portanto, pensou se tratar de algum famoso local. Levantou-se depois de deixar sua curiosidade para lá, puxou a alça da mala de mão e saiu arrastando-a para o andar de baixo, a fim de pegar suas outras bagagens e finalmente ir para seu hotel para uma digna noite de sono.
— Droga, esqueci de trazer minha moeda de dois euros — resmungou consigo mesma em um tom de voz médio.
— Com licença, senhorita, posso lhe ajudar? — um homem de terno preto que trabalhava no aeroporto se aproximou.
— Olá — disse gentilmente em inglês. — É que acabei de ver que não tenho uma moeda de dois euros pra pegar um carrinho, esqueci completamente — falou em um tom mais decepcionado.
— Sem problemas, senhorita, aqui está — o homem colocou uma lingueta de plástico e liberou o carrinho para .
— Muitíssimo obrigada — com um sorriso no rosto, agradeceu o gentil homem que a tinha ajudado.
A menos de dez metros, as malas corriam pelas curvas da esteira, e a moça podia ver a sua vermelha de longe – já havia comprado a dita dessa cor para achá-la mais fácil. Quando chegou, devia esperá-la passar de novo e, em pouco tempo, isso aconteceu. Na verdade, até rápido demais, mas não reclamou. Quando foi em sua direção para buscá-la, um homem de seus 1,80 se aproximou para pegar a mesma mala. Os dois se olharam.
— Acho que essa mala é minha — falou gentilmente em inglês o homem que não devia ser tão mais velho que a moça. Seus lindos olhos verde-claros e um sorriso de lado fizeram ficar encantada com ele, que parecia ser francês pelo sotaque.
— Ah, perdão — se desculpou envergonhada e esperou a próxima mala vermelha chegar. Quando a pegou, colocou-a junto de outras duas pretas que tinha levado e soltou o ar pesadamente. Ao sair das portas do aeroporto, foi em busca de um táxi.
Ao chegar na área dos transportes, pegou o primeiro que estava na fila. Era super espaçoso, e o taxista foi cortês e colocou as bagagens no porta-malas, depois abriu a porta para que entrasse no interior do veículo. Seu corpo relaxou com a temperatura quente ali de dentro. Disse para o taxista qual era o hotel e foi apreciando a paisagem noturna da cidade litorânea francesa. Eles trocaram algumas palavras em inglês sobre o que ela estava fazendo ali e logo chegaram no pequeno hotel, onde o recepcionista saudou :
— Bonsoir, madam.
— Bonsoir — ela respondeu o cumprimento em francês, logo se apresentando. Quando o atendente viu que a moça falava inglês por conta de seu cadastro, tratou todo o resto na língua que sabia falar melhor.
Depois de subir para seu quarto – que ficava no quarto andar – e acomodar suas malas, a moça abriu uma das pretas para pegar um pijama e roupa íntima e, depois de achar o que precisava, foi ao banheiro e tomou um longo e quente banho. Ao primeiro contato com a água, arrepiou a pele que estava levemente gelada. E enquanto escorria por seu corpo, seus pensamentos explodiram em possibilidades sobre sua nova vida.
Need a boy who can cuddle with me all night
Keep me warm, love me long, be my sunlight
Tell me lies, we can argue, we can fight
Yeah, we did it before, but we'll do it tonight
Ao acordar, encarou o teto por breves segundos enquanto pensava que roupa usaria para hoje. O primeiro dia de tudo devia ser bem começado; queria se sentir linda e que, como o seu início, todos os outros dias fossem cheios dessa sensação boa de começar de novo, e também cheio daquele frio na barriga para conhecer seu novo mundo.
— Eu não acredito — esbravejou. — Aquele… aquele filho de uma boa mãe pegou minha mala e eu fiquei com a dele… E agora, como vou fazer pra colocar qualquer roupa de frio sem ser a de ontem? Todas minhas roupas de inverno estavam naquela bendita mala!
continuava a falar sozinha pelo quarto do hotel. Caminhava de um lado para o outro, tentando pensar em uma solução. Como faria para destrocar a mala com o tal do francês que tinha ficado com a sua?
— Já sei! Talvez tenha alguma identificação nessa droga de mala — voltou para perto dela. Então viu, em uma etiqueta bem discreta da mesma cor da mala, um nome: . Mas nenhum contato ou sequer endereço. — Estou perdida, como vou achar esse ser chamado se eu nem sei quem ele é? E esse maravilhoso ser nem sequer colocou um telefone… Se eu perguntar pra alguém aqui do hotel, vão me chamar de louca. Qual a probabilidade de alguém conhecer um nessa cidade? Nenhuma. Aliás, tudo estava bom demais pra ser verdade.
Resolveu descer até a recepção do pequeno hotel e ver se conseguia resolver algo. Quando chegou, o simpático recepcionista lhe saudou:
— Bounjour, madam!
— Bounjour! Então… Você saberia me informar o que posso fazer no caso de uma mala trocada no aeroporto? Um moço pegou a minha e eu fiquei com a dele. Elas eram exatamente iguais…
— Então — disse em seu inglês cheio de sotaque francês. — Tem a possibilidade de a gente saber quem a pessoa é, que é bem pequena — fez sinal de pouco com o indicador e o dedão —, ou então o mais fácil é — deu uma pequena pausa — ir até o aeroporto, passar todas as informações do que houve e localizar o dono da mala e recuperar a sua.
— Ah! Ótimo, muito obrigada! Não achei que alguém poderia conhecer mesmo aquele tal de … — saiu caminhando e pensando no quão patética ela era por acreditar que alguém o conheceria.
— Sempre à disposição, senhorita! Tenha um bom dia!
— Ótimo dia pra você também!
E assim, mais tranquila, subiu até seu quarto e fez uma ligação ao aeroporto para saber onde deveria ir e até estranhou o fato do risinho da mulher quando disse o nome do dono da mala. Pareceu até não ser levada a sério depois disso. Mas, ainda assim, cordialmente a moça pediu para ir até lá pessoalmente e realizar todo protocolo para a troca.
se arrumou do melhor jeito que podia, prendeu seu cabelo em um coque alto e fez um laço com o lenço para finalizá-lo, como sua melhor amiga havia lhe ensinado. Colocou um par de botas com salto preto e conseguiu dar um ar mais sério ao seu visual. Sua calça preta e o casaco bege eram ao menos coringas, e podia usá-las em diversas situações. No caminho, pensou brevemente por que a moça havia rido de sua cara, ou ao menos tinha parecido ser isso… Será que esse era alguém conhecido?
These days, I'm way too lonely
I'm missing out, I know
These days, I'm way too alone
And I'm known for giving love away, but
— Bounjour, madam — a atendente do setor responsável pelas malas a cumprimentou.
— Bounjour. Preciso fazer a troca desta mala, um moço acabou pegando a minha no lugar…
— Certo, e como é o nome do dono dessa mala? — perguntou, fitando algo no computador e dando início ao processo de troca.
— — disse sem rodeios e fez com que a moça a olhasse surpresa. Ela pediu um instante e logo sua superior apareceu ao seu lado.
— Senhorita , o processo geralmente é diferente para troca, mas o senhor já solicitou para fazer a troca da mala em seu hotel.
— Desculpe, mas você está me dizendo que eu ainda tenho que achar esse tal hotel para trocar a minha mala?
— Sim, senhora. Inclusive, aos cuidados do senhor , tem um táxi esperando para levar a senhorita até lá.
— Por que não pode ser simples e trocar a mala como pessoas normais? — respirou fundo. — Ok, você garante que não estou sendo sequestrada por ninguém? — perguntou, receosa.
— Sim, garanto — riu fraco. — A senhorita pode ir tranquila!
— E onde eu acho esse táxi?
Depois de ainda fuzilar a moça de perguntas, que de certa forma achava graça da desconfiança de , ela adentrou o táxi e seguiu até o hotel que deveria fazer a troca da tal mala com esse homem que, pelo visto, devia ser importante. Todos ali pareciam fazer todos os seus desejos.
Um hotel luxuoso na beira da praia com a fachada antiga, conservada e belíssima foi o local que o carro preto estacionou. Enquanto ela ainda admirava o local, o motorista desceu, abriu sua porta e lhe ofereceu a mão para sair. Logo lhe entregou a mala vermelha de tamanho grande e se despediu cordialmente.
foi direcionada a um salão de jantar de tamanho médio e o viu próximo à janela, olhando fixamente para o mar. Era ele, o francês de ontem. Alto, olhos claros e muito bonito, o mesmo que havia esbarrado na hora de pegar sua mala.
A moça logo afastou seus pensamentos do quanto aquele homem era bonito e seguiu quase marchando até sua direção, arrastando aquela dita mala vermelha até a mesa e fazendo com que sua presença fosse notada assim que se aproximou mais. O sorriso de lado e tranquilo do francês faria qualquer mulher bambear, mas estava incomodada por ter tanto trabalho para trocar sua mala apenas por caprichos de um garoto rico que praticamente não se abalou com aquele bendito homem.
— Boujour, miss — disse , e a moça nem imaginava, mas o homem também segurava todo o seu nervosismo para que não transparecesse.
— Bounjour. Aqui está sua mala — toda sua irritação de segundos antes pareceu sumir com o bom dia do rapaz.
— Muito obrigado, a sua está no meu carro. Você me acompanha pra um café? É o mínimo que posso fazer pela confusão que fiz.
titubeou por alguns segundos, mas ponderou ficar. Afinal, ele estava sendo cortês.
— Tá bem, vai. Mas te desculpo parcialmente, porque minhas roupas de inverno estavam todas nessa mala trocada.
— Mas mesmo assim você está belíssima! — o elogio deixou em cor de pimentão em dois segundos.
— Er… Obrigada — respondeu, ainda sem jeito. Olhou pela janela ao lado e admirou o mar.
— Aqui é lindo, não? Você já conhecia Nice? — quebrou o gelo ao ver que a moça tinha ficado constrangida.
— Estou encantada, mas não. É a primeira vez. Alguma sugestão de onde conhecer primeiro?
Um garçom chegou à mesa dos dois e anotou os pedidos. pediu um croissant e um chá de mirtilos; também a acompanhou no croissant, mas preferiu um cappuccino.
— Seu nome é , certo?
— Isso! E você é o tal de . certo? Deixa eu matar minha curiosidade? Quem é exatamente ? — continuou, sem deixá-lo falar. — Porque juro que a moça do aeroporto riu de mim quando disse que tinha sua mala — terminou, fazendo quase bico, e se divertiu com o que disse. Realmente ela não fazia ideia de quem ele era – o que para ele era ainda melhor, assim podia conhecê-la verdadeiramente, sem o peso de ser quem era.
— A região toda tem muita coisa pra conhecer, tanto Nice quanto Mônaco… — mudou de assunto, sem responder a pergunta anterior. — Posso ser seu guia turístico de hoje pra me redimir ainda mais.
— Imagina, você deve ser bem ocupado. Não quero tomar seu tempo. Não sei quantos dias fico aqui, mas posso ir descobrindo algumas coisas…
— Eu insisto! Serei seu guia hoje, assim devolvo sua mala no fim do dia. E já que você está sem ela, pode turistar sem problemas.
Depois de mais alguma conversa sobre coisas banais e assuntos aleatórios, os dois saíram do hotel e uma Ferrari Pista preta e fosca estacionou na frente. O manobrista abriu a porta e entregou a chave a , que entrou no carro enquanto o homem abria também a porta para , que adentrou o carro luxuoso do rapaz.
— Certo, você curte Lil Nas X? — disse ainda parado, escolhendo a música no celular. A moça confirmou, então a música começou a tocar em um volume baixo. — O passeio começa pelo Promenade des Anglais , é a avenida que mostra a parte mais bonita da praia.
O dia passou como se as horas não existissem, porque elas voaram. O fim do dia agraciou os dois com um pôr do sol de tirar o fôlego, no topo de uma das montanhas que rodeavam a cidade e mantinha um parque junto. Eles assistiram ao sol dizer adeus àquele dia, que tinha sido ótimo, de muitas risadas e passeios por uma das cidades da costa azul francesa.
— Vamos? Logo vai ficar bem escuro e ainda temos que chegar no carro — ofereceu a mão para se levantar da mureta onde estavam sentados, e como era de se esperar, a moça desequilibrou e acabou praticamente nos braços de , que riu nasalado da situação.
— Meu Deus, desculpe, . Machuquei você? — disse a moça ainda se recuperando do quase-tombo com as mãos espalmadas no peito do rapaz.
— Comigo tudo certo, e você? Se machucou? — fitou os olhos dela, que estava ainda bem perto dele, porque ainda a segurava em seus braços. umedeceu seus lábios involuntariamente e acabou baixando o olhar para boca de , que parecia convidá-lo, mas ele tentava relutar com todas as forças.
— Er… Vamos? Daqui a pouco não conseguimos nem ver onde estamos indo — ela riu nasalado, baixando o olhar e cortando o contato visual, desviando do acontecido.
— Vamos sim! Você topa um drink? Ou já quer ir pro hotel?
— Vamos encerrar a noite direito, então, mas eu pago!
— Certo, vamos. Sei de um bar ótimo em Mônaco. Prometo que depois te levo pro hotel, senão você vai enjoar de mim — riu divertido e abriu a porta do carro para que entrasse, então seguiram para o bar que tinha sugerido.
O caminho até lá foi relativamente curto, e o assunto que não faltava entre os dois fez com que o trajeto parecesse ainda mais rápido. Os dois conversaram sobre música e ainda riram um do outro cantando suas favoritas. Descobriram que tinham gostos muito parecidos durante todo o dia.
O caminho de volta foi mais silencioso, mas a mente deles explodia em possibilidades e pensamentos do que tinha acontecido hoje.
— Chegamos… — disse ao estacionar em frente ao hotel da moça.
Quando os dois foram desatar os cintos de segurança, suas mãos se tocaram, e se demorou para que o contato com a mão de não terminasse. O toque da mão da moça na sua causava um arrepio bom, uma sensação gostosa. Ele não tinha certeza do que era, mas ele estava gostando disso.
— Obrigada pelo dia incrível, Sr. — falou em um tom mais brincalhão.
— Hmm — ressonou. — Senhor não, me sinto velho demais assim — espreguiçou-se e inclinou a cabeça mais para o meio dos bancos.
— Você vai me dizer o que faz da vida? Te contei várias coisas sobre mim e até agora eu sei que você é alguém conhecido, importante e que é monegasco.
— Bem, eu sou , vinte e quatro anos, nasci e moro em Mônaco e só.
— Ah! Qual é! — riu. — Desisto de tentar saber quem você é, Senhor Importante. Obrigada pelo dia de hoje! — foi sair do carro e segurou sua mão.
— Não ganho nem um beijinho de tchau? — fez um bico fofo, então voltou e foi em direção à sua bochecha para se despedir, mas o monegasco virou o rosto propositalmente e lhe roubou um selinho, deixando todo o corpo da garota completamente arrepiado. Quando o selinho terminou, os dois sorriram um para o outro sem mostrar os dentes. deu a volta no carro, ficando ao lado do motorista.
— E minha mala? — riu da própria pergunta, afinal, hoje pela manhã tinha saído para recuperá-la.
— Ah, sim — respondeu, parecendo também se lembrar da bagagem da moça. Então, saiu do carro enquanto checava algo em seu celular e mandava um áudio para alguém em italiano.
— Sim, consegui recuperar a mala, e de quebra o cara que tinha minha mala é super gato, gentil e fofo. Só espero que ele não entenda italiano, porque ele tá pegando minha mala no bagageiro do carro dele.
— Hey — ele levantou o queixo de , que ainda não tinha visto que ele já estava ali. Sem dar tempo de processar nada, fez o que teve vontade de fazer desde que a viu pela primeira vez: beijá-la.
Sua mão segurava gentilmente seu rosto. A garota, mesmo correspondendo o beijo, ainda estava surpresa com o ato, e seu corpo parecia responder da mesma forma. Segundos depois, ela passou os braços ao redor do pescoço do monegasco, e a outra mão livre do rapaz foi automaticamente parar na cintura de . O arrepio que sentiu mais cedo voltou a tomar seu corpo, e a adrenalina tomava cada parte dele também, mas finalmente tinha feito o que se arrependeria se não fizesse.
— Não posso dizer que não fui pega de surpresa… — disse após os dois quase não terem mais ar para continuar o beijo.
— Uma surpresa boa? — perguntou com um tom de esperança na voz.
— Yep — riu nasalado, ainda um pouco envergonhada. — Bom, mais uma vez obrigada pelo dia de hoje!
— Il piacere è tutto, mio bella! Arrivederci! (O prazer é todo meu, linda! Até mais!) — falou, deixando a moça embasbacada. Então, se virou uma última vez. — Ah! Sua mala tá no seu quarto desde hoje de manhã — piscou e entrou no carro de volta, arrancando e sumindo na esquina seguinte.
I want someone who love me
I need someone who needs me
'Cause it don't feel right when it's late at night
And it's just me in my dreams
So I want someone to love, that's what I fucking want
Os dois continuaram a conversar por SMS nos dias seguintes, e a garota até achava engraçado já que existiam meios mais práticos para isso, mas aderiu a ideia. A conversa fluía por horas, até mesmo as ligações eram do mesmo jeito. Ela podia dizer que era um cara muito bacana e que estava gostando de tê-lo conhecido. Sem contar que o beijo dele era algo que a tinha deixado surpresa. Ele quase aconteceu umas duas vezes naquele dia, mas não conseguia parar de pensar que gostaria de repetir.
O dia de hoje estava bem ensolarado em Nice, e estaria ocupado pelos próximos quatro dias em uma viagem. sabia que talvez não falaria com ele tanto quanto gostaria, mas aproveitou para conhecer as ruas do centro da cidade, que eram encantadoras. Um jornaleiro lhe ofereceu um jornal da cidade e ela comprou. Decidiu que tentaria entender as notícias mesmo em francês, então entrou em uma pâtisserie a fim de comer um doce e degustar um cappuccino enquanto lia seu jornal.
O balcão de doces era colorido, e com toda certeza a garota ficou com vontade de comer quase um de cada, mas se conteve em três macarons e seu amado cappuccino. Quando se sentou e estendeu o jornal sobre a mesa, ficou em choque ao ver a imagem da capa, a qual tinha e o título principal: Bahreïn ce week-end de la première saison (Bahrein este final de semana para primeira corrida da temporada).
Era isso que escondia de . Ele era um piloto de Fórmula 1 da Ferrari.
O único sentimento que conseguia ter no momento era decepção, um aperto no coração e inúmeras dúvidas. Afinal, teria ela cara de interesseira? Ou ele queria aproveitar um rostinho que lhe apeteceu, mas sem correr o risco de que tudo isso fosse usado contra ele depois?
*Foto da capa do jornal anexada*
Era isso que você queria me esconder?
Me desculpe, mas eu não preciso me aproveitar de quem você é, ou nada do que venha com a sua fama.
Faça um favor? Não me procure mais.
Maranello, Itália
Like, tell me, "That's life" when I'm stressing at night
Be like, "You'll be okay", and, "Everything's all right," uh
Let me in that thing, 'cause I'm not wanting anything
But your loving, your body, and a little bit of your brain
Logo após chegar em casa, sua campainha soou, então foi checar o que poderia ser. Talvez alguma de suas encomendas tivessem chegado e o porteiro estava vindo entregá-las…
Ao abrir a porta, se deparou com um buquê de rosas e tulipas vermelhas e, atrás dele, o monegasco de olhos verdes daquele dia que jurou fazer de tudo pra esquecer. E tudo que ela sabia fazer era fitar o buquê em sua mão e seus olhos suplicando para que ela o deixasse falar.
I want someone who loves me
I need someone who needs me
'Cause it don't feel right when it's late at night
And it's just me in my dreams
So I want someone to love, that's what I fucking want
só pensava em como o rapaz a tinha encontrado. Mas, então, lembrou-se do dia em que se conheceram, no qual ficou de certa forma surpreso quando a moça disse sobre as intenções de ir até Maranello. E que também veria o apartamento que sua avó lhe tinha deixado de herança e que possivelmente ficaria ali. Além de, claro, comentar o nome do tal prédio.
Quando a olhou nos olhos, já não existiam ressentimentos, e a única coisa que a garota fez foi o que teve vontade nos dias consecutivos do primeiro beijo: beijar aquela boca de novo.
FIM
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12.Void
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