Última atualização: 30/06/2017

Capítulo Único


não acreditava que ela parecia uma adolescente de 16 anos com os hormônios à flor da pele. Tentando trazer alguma espécie de conforto, se lembrou que a primeira vez que o viu, ela tinha sim 16 anos e estava com os hormônios à flor da pele, porém o que não esperava era que ela tivesse os mesmos sentimentos oito anos depois. tinha um crush, e não era um crush qualquer em algum amigo do seu irmão ou o irmão da sua melhor amiga. Antes fosse! Ah não, se tinha uma coisa que ela sabia era que as coisas não eram simples quando se tratava da sua vida amorosa, ela tinha que ter uma queda pelo melhor amigo do seu tio, o mesmo que era nove anos mais velho que ela e insistia em chamá-la de princesinha.
A primeira vez que viu , ela estava com a pior cara de choro, procurando refúgio e alguém pra conversar depois de um briga feia com o namorado. abriu a porta do apartamento do seu tio naquele dia, com uma calça de moletom, uma pizza na boca e tatuagens por todo o seu corpo. esqueceu por um momento porque estava chorando e ficou apenas encarando o estranho do qual ela não sabia ideia quem era, mas não via a hora de conhecer melhor. Seu tio, Martin, apresentou como um velho amigo que tinha acabado de voltar pra cidade e tinha aberto um estúdio de tatuagem dois quarteirões da sua casa. passou a tarde inteira falando tudo que seu na época ex-namorado fez enquanto comia pizza e chorava. Martin e escutaram tudo que ela tinha pra dizer e no final, pra melhorar o clima, bolaram a melhor ideia pra se vingar do idiota que tinha brincado com o coração dela. Quatro galões de tinta, quatro pneus furados e uma passada na hamburgueria mais tarde, estava com um sorriso no rosto e não parava de gargalhar enquanto mandava as fotos para suas amigas. Desde aquele dia passou a visitar seu tio com um pouco mais de frequência esperando que estivesse no apartamento, muitas das vezes ela saia de lá decepcionada, porém das vezes que está lá, saia com o coração mais leve e um pouco mais apaixonada.
Claro que sabia que não tinha nenhuma chance com , não quando ele era muito mais velho do que ela, porém algum dia ela tinha esperança de poder jogar todo o seu charme pra ele de um jeito que ele não podia resistir. Então esperou até completar 18 anos pra poder botar o plano em prática, mas pode-se dizer que o tiro saiu pela culatra. A única que ela recebeu foi um olhar de pena, que se repetia todas as vezes que os dois estavam no mesmo lugar. Não tinha coisa que odiava mais do que quando as pessoas sentiam pena dela então , que não era o tipo que insistia em uma batalha perdida, colocou a sua melhor armadura, fingiu que estava tudo bem e deu graças a Deus quando foi aceita em um programa fora do país, esquecendo completamente da sua quedinha no melhor amigo do seu tio e aproveitando tudo que tinha de bom na Espanha. Porém, tudo que era bom, durava pouco e depois de 8 anos morando fora, teve que voltar pra poder tomar seu lugar na empresa do seu pai, a qual ela ajudou a construir mesmo estando do outro lado do oceano. E sabe qual foi a primeira coisa que ela soube quando chegou? Que seu tio Martin estava de casamento marcado, com seu ex-professor de Literatura, Stephen.
- Você está encarando. Outra vez. – virou para sua melhor amiga, Mia, que tinha vindo da Espanha com ela pra passar as férias com elas antes de voltar para o seu emprego. Mia sabia tudo sobre , principalmente sobre tudo que tinha acontecido com . E como uma romântica nata, ela esperava que e vivessem felizes para sempre. – Por que não vai falar com ele?
- Ah tá. – riu e balançou a cabeça. – Mas é claro que não.
- Ah, vamos lá, , já fazem oito longos anos, aposto que ele já esqueceu.
- É, mas eu não.
- Foi só um beijo, .
- Que ele disse que foi um erro, devo ressaltar, e depois me olhou com cara de pena. Você sabe que olhar pra mim com pena nos olhos é pior do que me chamar de vadia sem coração. – tomou o resto do seu champanhe. Estava mais do que na hora dela pegar outra taça. – Olha, Mia. Eu sei que você é uma daquelas pessoas que exala boas vibrações, é cheia de positividade, um poço de alegria, mas eu não sou assim. Acho que é por isso que nós somos tão amigas. Você a sonhadora e sempre positiva e eu a chata, ranzinza e realista.
- Você não é chata. E eu trocaria o realista por pessimista também, você quando quer tem umas vibrações muito dark. – olhou pra ela com as sobrancelhas levantadas. – É por isso que eu sou sua amiga, pra trazer coisas boas pra sua vida, porque se não você continuaria uma chata de galocha. – Mia puxou pra um abraço, o que fez fazer uma careta. – E enquanto você está presa nos meus braços devo dizer que acho sim que você deveria ir falar com ele, mostrar pra ele o mulherão interessante, bem sucedida, gostosa, rainha linda que você se tornou. Ai ele vai cair aos seus pés e vocês vão ter vários filhinhos e eu vou madrinha de todos eles.
- Mas eu já disse que não quero nada com ele.
- O nome disso é ego ferido. – Ela me soltou, fazendo com que eu ajeitasse meu cabelo. – Nós duas sabemos que você gostaria de cavalga-lo até o dia amanhecer.
olhou horrorizada para a amiga. Mia não era o tipo que falava tão explicitamente sobre sexo, na verdade, adorava falar algumas sacanagens apenas pra ver a amiga ficar vermelha dos pés à cabeça.
- O que, ? Não é como eu estivesse mentido. Eu admito, você quase não pensou nele durante o tempo que passou na Espanha, pode até ter pensado, mas sua realidade, sua vida eram outras e ficar pensando no melhor amigo do seu tio que te deu um fora era assunto pra outro dia. Entretanto, você voltou e “pra outro dia” chegou. Ele está aqui, e pelo o que eu vejo mais gostoso do que nunca, e aqueles sentimentos voltaram a superfície e a única razão por você não ir atrás dele é seu constante medo de rejeição. Pode ser tesão? E como pode! Pode ser mais que tesão? Pode também! Pode ser birra e vontade de provar que aquela bitoca não foi erro coisa alguma? Ora se não! Você é humana como qualquer outra pessoa, a gente tem essa ideia de que somos melhores do que os outros, inatingíveis, e não tem coisa melhor do que provar que você estava certo o tempo todo. Provar seu valor. É triste que a gente as vezes quer isso? É, mas fazer o que, é a natureza humana então admite que dói menos.
- Você vai ser uma ótima psicóloga.
- Claro que vou. – Ela olhou pra amiga. – O que você vai fazer agora?
- Se ele falar comigo, eu não vou ignorá-lo, só que agora eu vou roubar uma garrafa de champanhe.
- Agora você está falando minha língua, garota. Vai lá e não demora. Adoro festa de gente rica, a bebida sempre é boa.
foi direto pra cozinha evitando qualquer interação com seus familiares, por mais que ela gostasse de alguns deles, não estava com paciência pra responder mais uma série de perguntas sobre a Espanha e onde estava seu namorado charmoso espanhol. Claro, porque essa a única coisa boa que ela poderia ter trazido da Espanha, um namorado. Quem ligava pra graduação com honras e o emprego em uma das melhores empresas em telecomunicação do país, né, queridos?!
entrou na cozinha agradecendo que nenhum garçom estava presente e foi direto para o freezer onde ela sabia que eles escondiam os champanhes. Pegou uma garrafa completamente fechada e outra que ainda estava pela metade. Ela merecia esse presente, então começou a beber o resto do conteúdo da mesma, Mia podia esperar.
- Parece que eu estou tendo um dejá-vu. – parou de beber e ficou tensa. Ela reconheceria essa voz no meio de um show da Beyoncé, e olha que ela amava Beyoncé. A voz de , meio rouca e brincalhona era uma das suas preferidas, especialmente quando ele sussurrava em seu ouvido entre comerciais de filmes nas maratonas que eles costumavam fazer na casa do seu tio.
bebeu um gole longo do conteúdo da garrafa e se virou para trás, dando de cara com parado a alguns metros dela, sorrindo de orelha a orelha e com um copo na mão.
- Olá, .
- . – Ela respondeu, mais seca do que ela esperava.
- Roubando bebida da festa?
- Você sabe, os garçons são muito lentos para o meu gosto.
- Isso é que dá ficar do outro lado da festa.
- É o melhor jeito de evitar familiares chatos e você sabe, na família do meu pai tem que sobra, insistindo que eu tenho algum namorado espanhol escondido por ai.
balançou a cabeça e riu. queria evitar, mas ela sorriu também, o sorriso de era uma coisa contagiante.
- E ele veio?
- Quem veio?
- Seu namorado espanhol.
- Oh, eu não tenho namorado, relacionamentos a distância não são muito a minha praia. – deu de ombros, abaixando o olhar. Como era o melhor jeito de sair dessa situação?
- Você está incrível. Digo, Martin disse que você se formou com honras e tinha um emprego incrível na Espanha, deve ser muito difícil abandonar tudo isso e voltar pra cá.
- É, mas meu pai precisa de mim pra ajudá-lo com a empresa e eu prometi que ia voltar. Promessa feita, é promessa cumprida.
- É, você nunca volta atrás em uma promessa, mesmo que elas possam machucar alguém.
franziu o cenho com o tom seco que usou para falar com ela.
- E o que você quer dizer com isso?
- “Se tem uma coisa é que eu te prometo, é que eu não vou te perturbar mais com essas brincadeiras de criança.”
engoliu o seco, ela sabia exatamente de onde vinha essa frase, foi a mesma coisa que ela disse pra ele há oito anos depois de beija-lo na sua festa de aniversário de 18 anos. insistiu que os sentimentos de não eram reais, e eram apenas brincadeiras de criança. A rejeição podia até aceitar, claro que não completamente, até porque ela era humana e se decepcionar deixava um gosto ruim na boca, porém, duvidar dos sentimentos que ela sentia por ele doeu muito mais do que a rejeição. Era como se os seus sentimentos não fosse validos só porque era muito mais nova do que ele.
- Você me ignorou completamente depois daquele dia.
- Eu pensei que era isso que você queria quando desvalidou os meus sentimentos por você.
- Eu pensei que éramos amigos, .
- E nós éramos, mas eu não ia continuar sendo sua amiga, me machucando no processo, quando eu queria mais, algo que você não podia me dar. Me poupe, eu podia gostar de você, mas eu me amo muito mais. – pegou a garrafa fechada de champanhe em cima do balcão. – Agora se você me der licença, eu preciso voltar pra festa. - começou a andar em direção a saída, porém quando ela passou ao lado de ele segurou seu braço, fazendo com que ela parasse.
- Por que toda as vezes que a gente conversa você não espera pela minha resposta? – Ele disse, olhando em seus olhos.
- Talvez porque eu já sei a resposta.
- Talvez a resposta possa ter mudado. Ou melhor, talvez ela sempre foi a mesma, mas não era a que eu queria dizer.
sentiu um arrepio percorrer pelo seu corpo.
- E qual seria essa resposta? – perguntou em um sussurro.
- , eu sempre...
- ! – Os dois foram interrompidos por uma voz feminina que fez os dois se afastarem. se virou para trás, ficando ao lado de , encarando uma mulher que já tinha visto percorrer pela festa com seu salto quinze e vestido irreconhecível vermelho.
- Olá, Ariel. – disse, sorrindo sem os dentes.
- Eu te procurei pela festa inteira.
- Eu vim buscar uma bebida. – Ariel olhou para e depois para , olhando-a de cima pra baixo, a julgando. rolou os olhos sabendo que ela só poderia querer alguma coisa com pra olhar com ela com tanto julgamento e desprezo.
- Acompanhado? Quem é essa?
- Eu sou...
- Minha namorada. – olhou para com as sobrancelhas erguidas. – É, é minha namorada.
- Você namora essa pirralha? – riu. Não tinha outra reação que ela pensasse em ter naquele exato momento, parecia que o jogo tinha virado e era a que estava dando as cartas no momento. Hora de lembrar a que o Diabo era sim uma mulher. – Pensei que você podia fazer melhor, .
- Se fazer melhor você se refere a você, acho que está muito bem, obrigada. Não é, querido?! – passou as mãos pelos cabelos de , que a olhava surpreso.
- Mais do que bem. – respondeu, acordando do choque e passando o braço pela cintura de . olhou para a mulher que a olhava com fogos nos olhos, ela sabia que ela estava prestes a puxar pelos cabelos pra longe de .
- Então, Úrsula...
- É Ariel.
- Todos personagens da Pequena Sereia, de qualquer forma, eu sugiro que você vá dar em cima de outro cara, porque já tem dona. A pirralha que aqui que vos fala. – segurou na mão de e pegou a garrafa de champanhe com a outra. – Abraço, querida, cuidado pra não tropeçar na língua da próxima vez.
realmente não sabia porque tinha feito, ou porque continuava segurando a mão de quando voltaram pra festa, mas algo apenas parecia certo quando se tratava de e a palavra namorado na mesma frase.
- Como sempre, a melhor namorada de mentira que eu já tive. – segurou na mão de , fazendo-a parar e a puxando para perto. riu, mas logo que processou as palavras de , seu sorriso desapareceu. Estupida! Mil vezes estupida!
- Por que é só isso que eu vou ser pra você, não é, ? Sua namorada de mentira.
- ...
- Aquela que você usa quando quer fugir de alguma mulher, mas não levanta um dedo pra levar em um encontro. – Ela se afastou dele, balançando a cabeça. – A mesma que você acha muito nova, fala que faz brincadeira de criança quando fala de sentimentos, quando a verdadeira criança aqui é você que faz joguinhos com os outros como se a vida fosse um playground.
- ...
- Úrsula! – gritou, chamando a mulher da qual estava fugindo e que tinha acabado de voltar pra festa. a olhou confuso enquanto a mulher se virava pra ela com cara de poucos amigos. sorriu maliciosamente para e com a ajuda de muito álcool, coragem e todos os anos guardando o rancor e decepção que sentia em relação ao jeito que ele tratou seus sentimentos, deu um tapa da cara de . – Está tudo acabado entre nós! – empurrou um perplexo pelos ombros e se virou pra ir embora. Mia assistiu à cena de longe, com o queixo quase batendo no chão. correu em direção a amiga, ainda segurando a garrafa de champanhe.
- , por que você fez isso? - Mia perguntou quando chegou perto dela. sabia que o que tinha feito era errado, ela poderia ter resolvido a situação de uma maneira totalmente diferente, até talvez com uma conversa amigável, porém, nada na vida de era fácil e ela se pegava reagindo da pior maneira nas piores situações. Como da vez que ela jogou bebida no dono da boate e o mandou arder arduamente no fogo do inferno, ou da vez que jogou um balde de tinta na cabeça de um dos seus colegas de classe porque ele a chamou de vadia frígida. Resumindo: sempre se metia em confusão e no final alguém sempre saia gritando seu nome do topo dos pulmões com o maior tom de reprovação.
- Não dá tempo de explicar, a gente tem que sair daqui. Agora!
- Por que? A festa ainda não acabou.
- Não importa! Nós temos que...
- ! - A garota tomou um susto e se virou para trás, vendo já em pé e andando em direção a ela. segurou na mão de Mia e seguiu em direção a saída da festa. Ela não sabia como não tinha a alcançando quando elas entraram dentro do carro, mas ela sabia que essa não seria a última vez que veria .

~•~


grunhiu quando escutou a campainha escoar pelo seu apartamento, a garota olhou no relógio do seu celular e se jogou na cama. Quem, em toda a sua audácia, toca a campainha de uma pessoas as 8 da manhã em um domingo?, pensou, se levantando. Domingo era um dia sagrado conhecido também por dia em que acordar cedo não é uma opção, especialmente quando você não dormiu quase nada na noite anterior porque teve que deixar sua melhor amiga no aeroporto.
A campainha continuou a tocar, deixando ainda mais irritada. Na hora que ela abriu a porta, pronta pra soltar os cachorros pra cima da pessoa que tinha atrapalhado seu sono, ela parou na mesma hora porque na porta do seu apartamento estava , com uma sacola da sua padaria preferida e um capacete.
- , o que diabos você está fazendo no meu apartamento as oito da manhã com um capacete? – perguntou, soltando uma gargalhada logo em seguida. sorriu se sentindo vitorioso por tê-la feito rir daquela maneira, parece que nem tudo estava perdido.
- Bem, eu pensei que eu poderia trazer comida pra você como uma oferta de paz e o capacete é caso a oferta seja negada. – Ele levantou a sacola e apontou para o capacete e teve que buscar na sua memória a razão por ainda estar com raiva de , porém ficava bem difícil quando ele ficava extremamente fofo com um sorriso sem graça atrás daquele capacete. – Então, você aceita meu pedido de desculpas?
- Eu não ouvi nenhum pedido de desculpa vindo da sua boca. – cruzou os braços e deu de ombros.
- Se você me deixar entrar, talvez eu implore pelo seu perdão.
- Talvez?
- Você vai me deixar entrar ou não?
deu um passo para o lado e entrou no seu apartamento, indo em direção a cozinha. A garota sentou-se, apoiando seus cotovelos na bancada, observando organizar tudo a sua frente do mesmo jeito que ele fazia quando ela ia a casa do seu tio depois de uma noite na farra e ele estava lá. Ele adorava cozinhar, algo que tinha pavor e era péssima e tê-lo cozinhando pra ela, fazia um sorriso se formar nos seus lábios mesmo que ela não quisesse, especialmente quando ele ainda usava o capacete.
- Você vai continuar com esse capacete? – apontou para o capacete.
levantou o olhar pra ela e riu de lado.
- Não posso arriscar você me dar outro tapa. Já foi ruim demais ter que explicar pro seu tio e pro seu pai porque você gritou comigo daquele jeito, me bateu e ainda fugiu da festa correndo com uma garrafa de champanhe. E eu ainda me surpreendo o quão rápido você consegue correr naqueles saltos.
- Anos de prática.
- Correndo de muitos homens raivosos porque você bateu neles?
- Não, correndo entre uma aula e outra para apresentar seminários. Eu sempre achei que salto dava uma levantada no meu ego e na minha confiança.
tirou o capacete, colocando-o em cima do balcão enquanto colocava uma xicara de café e um prato de comida em sua frente. começou a comer, ignorando completamente. O mesmo riu, vendo comer como tudo que ele trouxe como se nada mais existisse ao seu redor.
- Quem te disse onde eu moro? – deu uma pausa no seu ataque a sua comida preferida para dar atenção a .
- Martin.
- E o que você está fazendo aqui? - Ela se virou pra ele.
- Nós precisamos conversar.
- Acho que eu disse tudo que eu tinha pra dizer.
- É, mas eu não disse tudo o que eu tinha pra dizer.
- Você não precisa, , eu já sei tudo que você vai dizer. - se preparou para a sua melhor imitação de , e disse: - Você é muito nova pra um velhote como eu, , você tem uma vida pela frente, você merece um cara muito melhor do que eu. Eu sou o melhor amigo do seu tio. - Ela colocou as duas mãos no peito. - Eu não sei nem o que eu quero da minha vida, que futuro eu poderia te dar? Esses seus sentimentos é apenas uma paixãozinha de criança, você supera.
riu sem graça, tinha recitado o mesmo discurso que ele tinha dito pra ela há oito anos. O único problema é que esse discurso tinha mudado muito durante anos, na verdade, nenhuma daquelas palavras que tinham saído da boca de naquele noite maldita eram verdade. nunca quis machucar , pra falar a verdade, desde o primeiro dia que ele a viu na porta da casa de Martin, com os olhos inchados, ele sentiu uma vontade enorme de protegê-la de tudo que podia machucá-la. Durante anos eles tentou se convencer que aquilo era só uma amizade, que era normal sentir como se ele precisasse ser o seu super-herói favorito, mas sabia que seu sorriso bobo toda vez que ela entrava no recinto ou os pequenos memes que eles compartilhavam entre eles era muito mais do que uma pequena amizade.
entrou em pânico quando descobriu que estava completamente apaixonado por , ele era um homem que beirava os trinta anos na época e os únicos bens que possuía era uma moto velha e um estúdio de tatuagem. tinha acabado de completar dezoito anos, queria conhecer o mundo e tinha uma vida inteira pela frente, que tipo de vida podia oferece pra ela, a garota que aos seus olhos merecia o mundo? Então fez a única coisa que ele sabia que faria odiá-lo pra sempre: desvalidou seus sentimentos e a chamou de criança. Aparentemente tinha funcionado, tinha sarcasmo e raiva nos olhos todas as vezes que olhava pra ele.
- ...
- Desculpa te bater tão forte. – disse, terminando de comer e tomando o resto do seu café. – Eu sei que não é justificativa, mas você me irritou pra caralho.
- Eu mereci. E eu aposto que você amou cada segundo. – Ele bateu seu ombro com o dela fazendo com que ela sorrisse.
- Você sabe que sim. – Ela se levantou e se virou pra ele. – Obrigada pelo café, e eu aceito o seu pedido de trégua. – Ela cruzou os braços. – Agora que eu voltei nós vamos nos encontrar muito. Talvez eu passe no seu estúdio e faça uma tatuagem, o que que você acha? – sorriu levantando as sobrancelhas e respirou fundo a encarando.
- Que você não aguenta a dor. – se levantou, parando em frente a . – Mas não se preocupe, eu vou estar lá segurando sua mão caso você tenha medo. – abaixou a cabeça e logo quis segurar seu rosto entre as mãos. – ...
- Eu te acompanho até a porta. – se afastou de e andou até a porta. balançou a cabeça, decepcionado consigo mesmo. Por que ele não tomava coragem e dizia que sempre esteve apaixonado por ? Por que era tão difícil dizer pra mulher que ele ama que tem esperado por ela todos esses anos?
saiu do seu apartamento e se virou para .
- Foi muito bom te ver, .
- Você também, . Até algum dia.
sorriu sem graça antes de voltar seu corpo em direção ao elevador, se arrependendo amargamente de não ter colocado seu plano em ação e mais uma vez perdendo a garota dos seus sonhos. Para o inferno, não dessa vez! se virou para o apartamento de , andando a passos largos e batendo em sua porta repetidamente.
- , você esqueceu alguma coisa?
- Esqueci. – segurou o rosto de entre suas mãos e colocou seus lábios nos dela. sentiu como se finalmente tinha feito algo certo desde o dia que disse a ela que não gostava dela do mesmo jeito que ela gostava dele.
passou os braços pelos pescoço de , o puxando para perto e aprofundando o beijo. sorriu, e passou os braços pela cintura de , a levantando, fazendo com que ela entrelaçasse as pernas ao redor da cintura dele. demorou pra achar o quarto de , abrindo todas as portas do apartamento dela enquanto continuava a beijá-la. soltava gargalhada toda vez que ele abria a porta errada, porém não ofereceu nenhuma ajuda. Quando entrou no quarto de , ele se sentou na cama com a garota em seu colo.
- Me desculpa. – separou-se dela e o olhou confusa. – Me desculpa por ter desvaliado seus sentimentos há oito anos, eu nunca quis te machucar, . Eu nunca quis dizer aquelas palavras pra você, na verdade, eu queria gritar que também te queria do mesmo jeito que você me queria.
- Então por que não você não o fez? Por que em você decidiu me machucar ao invés disso?
- Você tinha uma vida pela frente, tinha acabado de ser aceitar em uma das melhores faculdades de administração da Espanha, você merecia o mundo e um relacionamento comigo iria te impedir disso. – estava prestes a protestar, mas continuou: - Eu sei, nós poderíamos tentar um relacionamento à distância, mas mesmo assim eu estaria te impedindo de aproveitar sua vida ao máximo. Então eu preferi te deixar ir r dizer aquelas palavras, da qual eu amargamente me arrependido todo dia de ter dito, do que dizer a verdade.
- E o que seria a verdade?
Ele afastou o cabelo dela por cima do ombro e acariciou seu rosto.
- Eu te amo, . Eu sempre te amei e espero que um dia você me perdoe pelas coisas que eu disse, por ter te machucado. – deu um selinho nela e continuou: - Espero que eu compense todo o sofrimento que eu te causei, e se você me permitir, eu vou passar o resto da minha vida, te mostrando o quanto eu te amo todo os dias.
- Sabe quanto tempo eu esperei pra ouvir isso?
- O mesmo que eu esperei pra você voltar.
- E se eu não tivesse voltado?
- Bem, eu sempre quis conhecer a Espanha. – deu de ombros e o abraçou forte, fazendo com que os dois caíssem na cama. - Você quer ser minha namorada?
- Calma aí, tigrão, você tem que me cortejar antes. Me cortejar bastante.
- E de que maneiras eu posso te cortejar, milady?
- Vai ter que me levar ao cinema, a vários encontros, pra dançar e, obviamente, pra comer. – Ela disse, contando nos seus dedos. – Mas agora eu já sei exatamente o que nós podemos fazer.
puxou para um beijo de tirar o fôlego, o primeiro de muitos ao longo da que ela esperava que os dois teriam. Estava na hora de compensar o tempo perdido.


Fim.



Nota da autora: Sem nota.





Outras Fanfics:
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09. Young Volcanoes [Ficstape Fall Out Boy]
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