Finalizada em: 09/10/2021

Capítulo Único

As lágrimas caiam de forma descontrolada. Eu não sabia se estava chorando de tristeza, desespero ou felicidade. Depois de tudo que passei nesses últimos anos, a última coisa que eu imaginava era isso. Ajoelhei no gramado, olhando para o rio que tinha em frente de casa. Aquele lugar era o meu lar. Fazia algumas semanas que eu não pisava ali. Só Deus sabia o quanto eu sentia falta de Long Beach. Mas não era só disso que eu sentia saudade.
Barren, meu cachorro gigante veio até mim, me mostrando o seu bichinho de pelúcia. Eu sorri pela primeira vez naquele dia. Aquele ursinho foi um presente roubado que me causava risadas. Olhei para a enorme casa que eu chamava de minha e vi a maldita bicicleta que eu odiava e amava ao mesmo tempo. Foi por causa dela que tudo começou.

Estava atrasada. Correndo pelas ruas da faculdade. Era o meu primeiro dia e eu simplesmente havia me perdido nas ruas da UCLA. A faculdade dos meus sonhos estava me deixando maluca. Fiquei um pouco perdida depois que meus pais me deixaram na Universidade há alguns dias, e, por mais que eu tenha tido algumas oportunidades para não passar por esse perrengue, minha cabeça havia falhado por ter acordado atrasada.
Abri o mapa que havia ganhado da minha colega de quarto, Marilyn. Com a ventania, acabei deixando o papel voar, para o meu desespero. O rapaz que pilotava a bicicleta começou a perder o controle vindo na minha direção. Senti minhas costas batendo contra o chão e minha mão arder de uma maneira incontável. Escutei ele resmungando, mas vindo rapidamente até mim.
— Você está bem?
— Como vou estar bem? Você me atropelou! — abri os olhos, dando de encontro com olhos esverdeados e uma barba perfeita. O rapaz estava bem em cima de mim.
— Eu bem vi você deixando esse mapa maldito voar na minha cara! — ele resmungou de volta. — Maluca...
— Como é que é? Você está na pista para os pedestres e eu sou a maluca? — respondi, me levantando. Péssima ideia, minha mão doía demais. O garoto pareceu perceber, mesmo levantando sua bicicleta do chão e pegando os papéis que eu derrubei.
— Se machucou? — senti sua mão encostar delicadamente em minha cintura e analisando o local machucado. — Vamos à enfermaria, acho que você vai precisar.
— Eu sei chegar sozinha, muito obrigada. — fiz uma careta ao pegar minha mochila do chão. O garoto sorriu e arqueou a sobrancelha.
— Certo, boa sorte encontrando. Seu mapa rasgou, espero que ache fácil.
Fechei os olhos, me amaldiçoando. Me virei para ele, que entendeu o que eu queria e sorriu, vitorioso. Que ódio.
— É para lá — ele apontou para os prédios enormes. — Quer ir de bicicleta?
— Acha mesmo que sou essas garotas que caem no papinho de veterano? Ainda por cima ir de carona na sua bicicleta? — perguntei, gargalhando. — Não, obrigada!
— O que te faz pensar que sou veterano e ainda que as garotas caem no meu papo? — questionou, sorrindo ladino.
— Você não está correndo igual os calouros — apontei para vários alunos correndo desesperados.
— Tem razão, sou veterano. Segundo ano já. — sorri de canto. — De onde você é?
— De Seattle.
— Que mudança, hein? Como se sente em uma cidade que não chove há semanas? — brincou.
— É estranho! — Ri, balançando a cabeça — Mas é bom. Odiava aquele tempo chuvoso e frio. Aqui é muito mais agradável. Você é de onde?
— De uma cidade próxima daqui. — andamos mais alguns minutos em silêncio até chegarmos em um bloco onde se encontrava a enfermaria — Quer que eu fique?
— Não precisa, obrigada por ter me acompanhado e me desculpe pelo tombo. — ele sorriu novamente e deu uma piscadela.
— Me desculpe por ter te atropelado. A gente se esbarra por aí.
— Espero que não assim. — comentei e nós dois rimos. — Qual o seu nome?
... . — concordei com a cabeça. — O seu é , certo?
— Ah... O caderno! — balancei a cabeça, rindo. Ele havia lido meu nome. — Certo, obrigada!
— A gente se encontra, . — e me deixou. soltou meu apelido que ninguém me chamava há décadas e simplesmente saiu.



— Vamos, ! — Marilyn dizia enquanto se arrumava na frente do espelho. Eu estava de toalha, a encarando.
— Não faça essa cara! Você está muito estilosa com essa faixa no braço...
— Você está rindo?! Meu primeiro dia na faculdade com essa coisa horrorosa! — me arrependi por ter levantado a mão. Cair em cima do meu braço foi mais sério do que eu pensava. E tudo culpa daqueles olhos esverdeados.
Acabei cedendo e indo com ela até o bar. Marilyn disse que me apresentaria para todos os seus amigos e que me mostraria o que era uma vida universitária de sucesso. Ela era veterana, muito legal, à propósito. Chegando no local, ela me encarou, sorrindo culpada. Aquilo foi o suficiente para eu querer fugir.
— O que foi? — perguntei, nervosa.
— É um encontro duplo... — antes que eu pudesse gritar, ela me segurou pelos braços. — Vamos! Vai ser legal.
— Eu te odeio, nunca mais caio no seu papinho... — resmunguei, indo em direção à mesa onde ela tinha marcado. Quase me engasguei quando dei de cara com . Ele sorriu, ladino, e se levantou.
— De todos os lugares do mundo...
— De todos os clichês do mundo todo... — respondi, cumprimentando-o.
— Vocês se conhecem? — Marilyn questionou.
— Ele me atropelou.
— Ela jogou o papel na minha cara.
Falamos juntos e nos encaramos. Foi engraçado.
— Estamos íntimos, então?! — o acompanhante de Mary falou pela primeira vez e sorriu. — Sou Tyler.
— Prazer, Tyler. Sou .

tirou de mim uma parte importante. Ele me incomodava, ele era bonito, ele tinha um olhar fascinante e difícil de decifrar. Mesmo eu ainda estando bolada com o fato de ter sido atropelada, eu estava disposta a descobrir quem era.
Ele não podia ser apenas um cara misterioso e engraçado. Algo me dizia que ele era mais do que isso.



— O que você está fazendo aqui?! É proibido. — falei assim que me assustei com a presença de em cima da minha cama, no escuro. — A festa não estava boa?
Era tarde da noite e Marilyn estava em alguma festa e eu tinha acabado de voltar da biblioteca. Fazia algumas semanas que eu e nos encontrávamos escondidos. Não demorou muito para nos envolvermos. Jamais esqueceria de me roubando um beijo na biblioteca depois de um dia de jogo — o qual não fui. Depois disso, não paramos mais. Contudo, era inocência demais a gente acreditar que estávamos escondendo algo de nossos amigos, que já desconfiavam de nós.
Eu sentia algo muito forte por .
— Até que estava, mas eu queria te ver. — senti minhas bochechas corarem. — Estou com fome, vamos comer em algum lugar?
— Você quer me engordar! Só me chama para comer... — brinquei, entrando no closet e tirando a camiseta.
— Te chamo para várias coisas, você que nunca aceita... Você é muito difícil, ! — senti ele me abraçando por trás e sorri com aquilo.
— Não sou como as garotinhas que você pega, . — me virei pra ele. Estávamos perto demais e eu senti naquele instante que aquele garoto me causaria mais problemas do que eu poderia imaginar. Eu estava gostando dele.
— Você é diferente. — ele sorriu. Em poucos instantes, começou a tossir e a ficar vermelho, aquilo me deixou assustada. — Estou bem.
? Não está não! O que está acontecendo? — perguntei, me aproximando dele. O rapaz tentava se afastar, mas eu não deixava.
Meu mundo parou quando vi sangue em suas mãos.
Ele estava tossindo sangue.
Foi o suficiente para eu arrastá-lo até o estacionamento e colocá-lo dentro do meu carro. estava fraco e estranho, não falava mais nada e aquilo me deixou assustada e nervosa. Nem mesmo lutou contra mim quando eu o arrastei para o hospital.
— Fique aqui. — ele pediu baixinho antes de eu descer para ajudá-lo a sair do carro.
— Eu vou com você.
— Por favor...
— Não, . Eu vou com você! — sai do carro, indo em direção a ele e o ajudando a caminhar até o hospital. Em segundos, o rapaz pareceu ficar meio zonzo. Eu gritei. Eu gritei para que alguém me ajudasse. Não demorou muito para alguns enfermeiros e residentes aparecessem e o levasse. Meus olhos se encheram de lágrimas e eu não sabia o que fazer.
Depois de algum tempo, liguei para Tyler e Marilyn. Ambos vieram rapidamente até mim, com cara de bêbados, mas vieram. Bom, a bebida saiu do corpo dos dois quando falei que estava mal. Tyler parecia mais preocupado do que deveria e eu sentia que ele escondia algo de mim. Marilyn, apreensiva e nervosa. Parecia que eu não conseguia respirar direito.
Depois de horas, um médico apareceu, procurando pela família de ; a qual eu entrei em contato depois que me dei conta que precisava avisá-los.
— Ele não tem família aqui, mas estão a caminho — Tyler respondeu, se levantando.
— Como ele está? — perguntei, um pouco afobada. Marilyn se aproximou de mim.
— Não é muito comum ter esse tipo de crise. Contudo, está bem e agora está descansando. — encarei Tyler que concordou com a cabeça, era como se ele já conhecesse o médico. — Estamos analisando e esperando resultados de como está o caso de .
— Podemos ver ele? — Marilyn perguntou, mudando de assunto.
— Dois de cada vez. Podem. — Tyler foi na frente ao lado da minha amiga. Encarei o médico.
— O que ele tem exatamente? — arqueei a sobrancelha.
— Você é a namorada? — o homem perguntou, a minha cara respondia que eu não sabia o que éramos. — Aproveite que está no começo e caia fora, querida. não se importa com o que tem e com os que estão à sua volta, a doença dele só avança e ele não se cuida. Vá por mim, caia fora.
— Mas que doença é essa? — estava assustada, acredito que esse era o meu maior estado desde que saímos do meu quarto. Aquelas palavras eram duras e cruéis.
— Câncer no pulmão, acreditamos que já esteja no estágio três. Vamos confirmar quando os exames chegarem, pode levar algumas horas... — fiquei paralisada. Era informação demais. Nunca tinha passado por nada disso e saber que alguém que eu gostava estava doente dessa maneira, era demais naquele instante.
Fiquei sozinha até que meus dois amigos voltassem. Pela minha cara, eles já sabiam que eu havia descoberto o que eles já sabiam. Meus olhos marejados denunciavam o meu desespero, mas eu tratei logo de vestir a carapuça forte e me levantar.
— Ele está acordado. — Tyler incentivou. — Perguntou de você assim que acordou. — Vamos te esperar aqui
— Vou ficar até os pais dele chegarem... Podem ir se quiserem. — falei, pegando minha bolsa. — Estão cansados e não deu nem tempo de sentirem a ressaca.
— Vamos ficar aqui com você. — Marilyn sorriu e se sentou.
Concordei com a cabeça e fui em direção ao quarto. estava encarando a TV, ainda parecia ele, só que mais abatido. Não pareceu perceber que eu estava ali, parada. Sorri com ele sorrindo para a série que passava: How i met your mother. Nós dois amávamos essa série. Quando ele se deu conta de que eu estava ali, sorriu fraco para mim. Me aproximei dele e o abracei, não tão forte quanto eu queria.
— Você está bem?
— Vou ficar. — ele respondeu. O encarei e seus olhos ainda estavam como eu sempre gostei: brilhando. — Não se preocupe. Não queria que você me visse assim.
— Quando ia me contar sobre o câncer? — perguntei na lata. Ele suspirou, passando a mão em meu rosto.
— Ia te pagar uma cerveja antes. — sorriu, não contive uma risadinha junto. Estava inconformada com ele fazendo piada em momento sério. — Não queria que você soubesse. Na verdade, não queria nem que a gente se envolvesse. Você não merece isso.
— Não vou sair do seu lado, . — falei, entredentes. — Não ouse me afastar de você.
— Você não pode ficar comigo, a gente não pode se apaixonar e deixar isso ir mais longe... Sou uma pessoa incerta e não quero te deixar sofrendo como aconteceu hoje e...
— Tarde demais para isso, . Você não escolhe por mim. — segurei sua mão. — Eu não vou sair do seu lado. Estamos juntos. Vai ficar tudo bem.
— Não vai. — ele teimou.
— Eu vou. — meus olhos estavam marejados de novo, assim como os dele. — Não adianta fugir, me afastar ou me fazer não gostar de você. Vou ficar e pronto!
— Céus, como você é teimosa! — ele sorriu, me dando um beijo na testa. — Você pode sair quando quiser, ... Não precisa ficar.
— Eu vou ficar.



Conheci os pais de . A mãe dele era um amor e havíamos nos dado muito bem, ela lembrava o meu pai; confiável e amoroso. Já o Sr. era como minha mãe; sério e de poucas palavras, mas sempre preocupado e presente. Nos conhecemos no hospital há algumas semanas e desde então sempre conversávamos por mensagens e ligações.
estava no estágio três, como o médico havia suspeitado. Contudo, estava no começo, algumas sessões de quimioterapia podiam ajudar. não se deixou abalar com a situação e agiu muito bem diante tudo, nem mesmo parecia que ele tinha câncer.
Era um final de semana prolongado por conta do feriado que teria. Estava em meu quarto lendo alguns livros quando escutei uma batida na porta, fui em direção a ela e encontrei o rapaz que eu gostava parado ali, sorrindo e com um buquê de flores.
— Mas o que é isso? — perguntei, confusa com a surpresa — Achei que você já tinha ido para a casa dos seus pais!
— Eles me expulsam de casa se eu aparecer lá sem você. — gargalhei, deixando-o entrar. — É sério, não sei o que você fez para eles ficarem daquele jeito, mas eles te amam! Até meu pai que é fechado exigiu que você fosse para lá.
— Que honra, . — sorri e me sentei na cama. — Então é um convite?
— Você vai ficar aqui sozinha no feriado? Nem pensar que deixaria isso. Então sim, é um convite. — o rapaz se aproximou de mim e me deu um beijo na testa. — Vamos para a casa do lago, lá é lindo e você vai amar!
— Certo, então vamos. — me levantei — Vou arrumar minhas coisas. Sério, eu e sua mãe estamos melhores amigas! Tem noção que ela me convidou para tomar café quando ela viesse aqui te visitar?
— Estou ferrado com vocês duas... — ele resmungou, se deitando em minha cama — Ela sempre odiou todas as que apresentei para ela.
— Sou diferente, eu que me apresentei a ela. — pisquei, arrumando a mala. sorriu. — E segundo ela, eu sou a única que cuida de você.



— Ah, ! — Silvia falou assim que me viu saindo do carro e veio em direção a mim para me dar um abraço. — Que bom te ver.
— Oi para você também, Silvia . Também senti sua falta. — falou, tirando as malas do carro. Estava fingindo estar enciumado e sua mãe achou graça, assim como eu.
— Como vai, Sra. ? — a abracei de volta. — Seu filho me ameaçou.
— Nesse caso, foi por uma boa causa! — sorriu — Vamos, entre! Daqui a pouco iremos para a casa do lago. Essa é Leslie, nossa cachorrinha. Cuidado que ela é um pouco nervosa com quem não conhece e...
A ironia na frase era tão grande, que a "cachorrinha" me derrubou. Era uma gigante, preta e peluda bernese montanhes. Não contive a risada ao ver a cara de preocupados que os donos dela estavam. Leslie me lambia e cheirava, super afobada.
— Parece que se deram super bem. — Sr comentou assim que apareceu. Ele me ajudou a levantar e sorriu quando me abraçou — Bom te ver, querida. Vamos entrando.
— Você quer roubar meus pais de mim? — sussurrou, me fazendo gargalhar. — Tá roubando coisas demais, .
A casa de era grande e acolhedora, seus pais tinham bastante dinheiro. Mais até do que pareciam, por sorte, ambos eram simples e não esbanjavam como muitos por aí. Como o prometido, almoçamos na casa deles e em seguida nos preparamos para irmos à casa do lago. Me senti acolhida e muito próxima de todos ali. A família de era grande e se juntariam na casa do lago no dia seguinte, estava ansiosa para conhecê-los. A forma que ele era tratado ali, mostrava que era tão amado... Não entrava na minha cabeça que ele não se cuidava direito com tanta gente boa à sua volta. Era tão injusto.
Não tocamos muito no assunto em que estava doente. Ele nem parecia estar com câncer. Então eu seguia dessa forma, quem sabe assim essa doença não esquecia da gente também?!
Entrei no quarto preparado por Silvia e sorri com a decoração infantil. Havia várias fotos de bebê junto com uma outra criança, uma menina que era a sua cara. A irmã de que sumiu assim que descobriu do estado clínico do irmão. Ele havia me contado. Hanna era o nome dela.
— Ela vem para cá? — perguntei.
— Eu duvido que venha. — Silvia deu de ombros — Deve estar em algum lugar da Inglaterra, mas Hanna conhece a gente, sabe onde estamos.
— Tenho certeza que logo ela volta.
— Estou feliz por você estar aqui. — Ela falou, arrumando a cama — nunca nos apresentou ninguém e fico feliz por
você ser essa menina especial.
— Ele nunca apresentou ninguém? — minha voz denunciava a surpresa.
— Não! Nunca conhecemos ninguém e depois que ele descobriu o câncer há alguns anos, nunca deu abertura para ninguém. — suspirou. Eu entendia ele e sabia seus motivos.
— Ele vai ter que se esforçar muito para me afastar dele, Sil. — apertei sua mão. — E mesmo assim eu não vou sair de perto.
— Da pra ver de longe que vocês se gostam e é tão lindo... Tão verdadeiro e puro. — os olhos dela brilharam — Ah, é tão bom ver meu filho feliz de novo.
— Minha relação com é estranha, foi tudo muito rápido... A conexão que sentimos foi imediata, mesmo ele tendo me atropelado — sorri e terminei de colocar minhas coisas no baú. — Estou feliz de estar aqui.
Silvia continuou falando algumas coisas sobre a casa e em como era apaixonado por ela. Entendia o motivo, lá era maravilhoso. O enorme lago em frente da enorme casa, as árvores lindas em volta, os canteiros de flores e as cadeiras na beira da água eram extremamente lindos e faziam o local ser ainda mais perfeito. Era fim de tarde e o sol estava começando a dar indícios de que estava indo embora. Vi sentado na beira do lago, fazendo carinho em Leslie, e caminhei até eles.
— Que lugar maravilhoso. — comentei em pé ao seu lado. sorriu e me puxou para o seu colo.
— Eu realmente achei que não iria ver nada mais bonito que aqui, mas você conseguiu competir com a beleza desse lugar. — senti minhas bochechas corarem enquanto ele dava um beijo em minha testa.
— Fiquei sabendo de uma coisa hoje... — comentei, vendo-o me encarar — Várias namoradas, huh?
— Sim, várias. — ele sorriu, sabendo que eu já havia descoberto sua mentirinha — Certo, eu nunca apresentei ninguém, você é a primeira.
— E única? — brinquei. Ou talvez não.
— E única. — fiquei surpresa com a resposta, ainda mais por ela não ter sido em tom de brincadeira.



Haviam se passado alguns meses depois que conheci toda a família de . Ele até havia conhecido a minha quando eles vieram me visitar. Como o esperado, eles se deram muito bem com o meu namorado. tinha os seus dias bons, mas com o tratamento havia emagrecido um pouco e tinha dias ruins, eu tentava dar conta de tudo e não sofrer com ele, mas às vezes era difícil. Aquela semana estava sendo difícil.
Tínhamos ido a uma festa, mas ele começou a se sentir mal. Fomos para o apartamento dele, fui em direção à cozinha e escutei algo caindo. Meu coração disparou e eu corri em direção ao quarto e a cena que vi partiu meu coração. estava jogando tudo no chão, irritado, bravo e chorando.
!
— Eu não aguento mais isso! — ele jogou as coisas da mesa no chão. — Eu não aguento ficar na droga de uma festa! Eu não consigo ficar com você e fazer qualquer coisa porque estou fraco e inútil!
— Você está me assustando. — falei, me aproximando dele e o abraçando por trás. Era uma crise de ansiedade que eu sabia que aconteceria. — Por favor, , se acalme.
— Como? — ele caiu de joelhos e eu estava atrás dele, meus olhos escorriam lágrimas e eu não queria que ele visse. — , eu não aguento mais. — ele sussurrou.
— Nós estamos aqui por você e para você. Sei que não vale de nada escutar isso, mas eu estou aqui. — falei baixinho. — Não me importa perder uma festa, não me importa nada disso! O que vale para mim é ter você comigo e bem. — ele suspirou e respirou fundo — Logo vamos saber se você é apto para receber um transplante e...
— E então eu fico na fila de espera, fazendo aquela merda de tratamento e...
— E então você vai aguentar firme. — falei, virando o rosto dele para mim. — Se você não tem esperanças na sua melhora, não tente tirar elas de mim também, .
— É em vão. — ele deu de ombros — Você está perdendo seu tempo tendo esperanças e ficando comigo.
Foi a primeira vez que senti as palavras amargas dele. A primeira vez que pensei o porquê eu estava me submetendo aquilo, a todo aquele sofrimento e dor. Contudo, foi a primeira vez que consegui falar aquelas palavras sem medo e sem me importar:
— Não estou perdendo meu tempo por amar você, então pare de fazer isso de tentar me afastar. — os olhos dele encararam os meus e eu senti sua surpresa — Quando você parar de sentir pena de si mesmo, sabe onde me encontrar.
Me levantei e saí. Deixei-o sozinho pela primeira vez em muito tempo juntos. sempre estava com alguém por perto, por isso me sentia confortável em ficar longe dele quando ele tinha companhia. Contudo, aquele era o momento para ele ficar sozinho.
Não demorou muito para eu voltar para a porta do seu apartamento e ficar sentada ali, arrependida por ter saído. Foi a nossa primeira briga. Nossa primeira briga com ele tendo uma crise. Eu era, de longe, a pior pessoa do mundo. Passou algumas horas, escutei a porta abrindo e não fiquei surpresa quando vi a imagem do moreno. Os olhos verdes estavam me encarando e eu continuei sentada, apenas retribuindo o olhar. se sentou ao meu lado e colocou a mão sobre a minha.
— Você não foi embora. — não era uma pergunta, era mais uma frase para ele mesmo. Escutei sua respiração aliviada.
— Falei que não vou te deixar, . — respondi. O menino suspirou e deu um sorrisinho de canto.
— Eu te amo por isso e por tudo que você fez e faz. — quem ficou surpresa fui eu. não era do tipo que falava muito. — Não quero que você me veja assim, é injusto te deixar ficar com alguém como eu.
— Eu decido o que é melhor para mim. — encarei o garoto — Vai ter dia que será horrível, difícil e triste! E vai ter dia que será perfeito e inesquecível... E nós vamos passar por cada um deles e eu não vou de deixar.



— Finalmente chegamos na turma de formandos de Medicina Veterinária de 2020! — o homem falou, sorridente. Os alunos formados estavam todos com suas becas e animados, afinal, finalmente haviam conseguido. Encarei a única pessoa que me interessava naquele monte de gente e não pude deixar de sorrir com ele. Meu coração ainda dava cambalhotas toda vez que ele piscava para mim com aqueles olhos verdes.
Três anos se passaram e eu não poderia estar mais feliz. O câncer não piorou, havia melhorado gradativamente e eu estava aliviada com esse processo. Os dias não foram fáceis, mas suportamos juntos. Vê-lo se formando era uma vitória para todos nós. Silvia e Joseph estavam com Leslie ao lado e seus três filhotes. Os berneses tiravam a atenção do momento dos formandos.
— O que está acontecendo com você? Está inquieta! — Joseph falou, me cutucando. — E não faça essa cara de que não sabe do que estou falando.
Joseph e eu havíamos criado uma conexão gigantesca. Enquanto Silvia era totalmente amorosa e delicada, seu marido me tratava como sua filha também, só que ele tinha um jeito meio "sincerão" demais. Eu o amava. Amava os dois.
— Por que você acha que eu estou fazendo alguma coisa?
— Não para de olhar para o celular e está batendo esse pé no chão a cada cinco segundos — Silvia falou, reparando também. Não queria falar o que eu havia feito, se tratava da filha desnaturada que havia os abandonado e eu não queria dar falsas esperanças de que ela voltaria para a formatura do irmão.
— Estou ansiosa para ver ele recebendo o diploma, apenas... Aliás, ano que vem sou eu — brinquei, tirando risada de ambos.

Hanna não apareceu. A cerimônia foi passando até que chegou o momento mais esperado por mim:
August . — meu namorado havia sido chamado para receber o diploma. era amado por muita gente, então não foi só nós que fizemos um enorme barulho para aplaudi-lo.



— Finalmente, formado! — ele sorriu, entrando no carro enquanto chegávamos na casa do lago para passar o final de semana juntos em família logo após a formatura. — Vocês estão aprontando, não estão?
— Qual é? — perguntei, sorrindo — Sabe que não é surpresa nenhuma chamar toda a sua família para comemorar o seu diploma.
— Não queria festa — ele choramingou — Queria ficar só com você.
— Você me tem o tempo todo, não enjoa?
— Nunca. — ele sorriu.
Chegamos na casa e eu o obriguei a fingir surpresa ao ver seus familiares na casa do lago, e foi o que ele fez. Foram algumas horas até todos parabenizarem o anfitrião e ele ficar finalmente livre dos holofotes.
Escutamos a campainha tocar e Silvia foi atender.
O silêncio que se instalou foi enorme.
Uma garota estava ali, ela era idêntica a .
Hanna.
Ela estava ali. Parada. Em silêncio. Assim como todos na casa. Ninguém esperava que a garota que só dava sinal de vida algumas vezes ao ano pudesse aparecer ali, nem mesmo eu — que havia a chamado pela vigésima vez.
— E então? Vão todos ficar parados ou vamos agir como uma família normal? — ela quebrou o silêncio. Silvia a abraçou forte e, em seguida, Joseph o fez. Os outros familiares fizeram a mesma coisa e Hanna fora bem recebida por todos.
Ninguém parecia querer tocar no assunto do seu sumiço. Já não se mexia, até se levantou e se retirou do ambiente, evitou o contato o tempo todo. Só não conseguiu evitar quando o jantar ficou pronto.
— Vai falar comigo ou vai fingir que não me conhece? — Hanna apareceu ao nosso lado enquanto eu estava abraçada com ele.
— Se parece com alguém que eu conheço, mas não sei quem. — era bem sarcástico quando queria.
— Engraçadinho. — Ela sorriu e me encarou — Finalmente pude conhecer a namorada do meu irmão... Suponho que você seja , a garota que lota minha caixa de mensagem e caixa de e-mail?
— A própria — sorri, cumprimentando-a. me encarou, surpreso.
— O quê?!
— Achei que ela fosse atrás de mim no Havaí para apontar uma arma na minha cabeça — não estava bravo, mas estava surpreso. — Você não sabia?!
— Não. — ele respondeu, me encarando.
— Graças a ela eu sei de tudo que aconteceu nesses anos e, acredite em mim, ... Estou muito feliz por você estar bem. — Os olhos dela marejaram. — A gente pode... Conversar? A sós...
— Vou deixar vocês sozinhos. — o encarei.
Aquele era o momento perfeito para sair de cena. Fiquei ansiosa por ver os dois se retirando e daria tudo para ver o que aconteceu naquela conversa, assim como Silvia e Joseph.
Horas depois, quando todos já haviam comido e já estávamos arrumando a bagunça, os irmãos voltaram: juntos, sorridentes e vermelhos por terem chorado juntos. Recebi um abraço caloroso de e um beijo na testa junto com um abraço apertado. Hanna se sentou na minha frente e sorriu.
— Vamos ser boas amigas, . Meu irmão tem sorte por ter alguém como você — esperei ela terminar de falar — Só você para me obrigar a vir até aqui.
— Sou um homem de sorte, huh?
— Eu sou uma pessoa de sorte. — sorri e lhe dei um selinho — Sua família é linda, Hanna, não deixe-os jamais.



— Já que agora você e estão formados e finalmente se dando bem, vamos dar um presente aos dois! — Joseph começou a falar. Era Natal, eu havia me formado algumas semanas antes e era inevitável o enorme sorriso em nossos rostos. Meus pais estavam ali na casa do Lago junto com a gente e aquilo era incrível. estava bem e era a única coisa que importava. — Estamos tão felizes por termos mais uma filha! Obrigado Roger e Pams, por nos darem .
— Eu que agradeço por terem acolhido nossa filha tão bem.
— Espero que não se importem com a caixinha feia. — Silvia falou e entregou para nós uma caixinha vermelha. me encarou e ficou sem entender. — Abram! — abrimos e demos de cara com uma chave.
— Que chave é essa? — perguntei. estava paralisado olhando para a mesma. Depois de alguns minutos, com nossos pais rindo e eu sem entender, ele me encarou e depois encarou os pais.
— Isso é sério?
— Vocês precisam ter um espaço só de vocês depois do casamento. — arregalei os olhos e fez o mesmo. — Não era para eu falar?! Você disse que pediria ela hoje a caminho daqui!
— Mãe, você é uma grande fofoqueira! — começou a rir e se levantou, segurando minha mão e me levantando em seguida.
?
— Não era para ser assim, . Planejei algo muito mais romântico, mas você está tão irritada hoje mais cedo que não consegui e... — ele tirou uma caixinha do bolso — Estamos ao lado dos nossos pais, das pessoas que amamos e que amam a gente. Tem jeitos melhores, mas esse é o mais especial de se fazer um pedido assim: , quer se casar comigo?
Comecei a rir, estava tão nervosa que foi a única coisa que fiz quando aquele homem se ajoelhou na minha frente. Nossas famílias juntas e observando aquilo era ainda mais engraçado e fofo.
— É claro que eu quero, seu bobo. — o abracei, emocionada.
— A chave é nosso presente. — Joseph sussurrou em meu ouvido — A casa do lago agora é de vocês.



— ... Vamos aos votos — o ministro de cerimônia falou enquanto meu cabelo voava e tínhamos a visão da praia ao entardecer para nós. me encarou e sorriu. — August ?
, minha garota, eu prometo te amar e respeitar nos melhores e piores dias. Prometo não perguntar a você se você ainda quer ficar ao meu lado mesmo sabendo que você jamais vai me deixar, prometo não ficar estressado com você quando você deixar seus sapatos espalhados pela casa — comecei a rir, deixando uma lágrima escorrer — Prometo não ficar bravo quando você trazer mais animais de rua para dentro de casa, ou quando você estourar o limite do cartão com viagens que não podemos fazer por conta do trabalho... Até mesmo quando você estiver na TPM. Céus, esses são os piores dias! — fiz biquinho, escutando nossos amigos e familiares rirem — Mas, acima de tudo, eu prometo amar você e independentemente de qualquer coisa ou situação. Você é minha esperança e é a minha salvação.
— Ah, ... Você me ensinou o que é ter paciência e o que é amar. É inexplicável o que eu sinto por você! — ele sorriu — Eu prometo te amar e te respeitar nos melhores e piores dias, você sabe que eu consigo. Prometo não ficar brava quando você deixar a cozinha toda suja ou a toalha molhada em cima da cama... Prometo não descontar em você a raiva que fico quando sonho com você beijando a Angelina Jolie... — ele gargalhou, aquilo era recorrente. — Prometo não ficar brava quando você trouxer doces no meio da nossa dieta e também não vou atacar você com nossos cinco cachorros. Ah, as multas... Eu prometo evitar uma carta toda semana. É uma honra poder dividir a vida com você.



Estava inquieta, nada prendia a minha atenção. Programei um jantar para o meu noivo, já que fazíamos um ano de casados naquela noite; ele estava na sua clínica. não estava tão bem quanto antes, a doença estava progredindo e por mais que ele estivesse fazendo todos os tratamentos e se cuidando, ela não dava trégua para nós.
Recebi uma ligação que me deixou no chão, ansiosa e nervosa, sem saber o que fazer com aquelas informações.
Ficava feliz? Ficava nervosa? Com medo? Socaria por ser a pior pessoa com surpresas?
— Sra. ? Aqui é do hospital San Francisco. Sou a Dra. Yank, tudo bem?
— Sim. Tudo bem. Aconteceu alguma coisa?
— Na verdade, sim. Não tivemos retorno do seu marido sobre o transplante de pulmão. Ele é o próximo da lista e está chegando um de Nova York para ele em algumas horas. precisa estar aqui o quanto antes para preparamos ele! — meus olhos se encheram de lágrimas. Um misto de sentimentos carregaram meu peito. não podia estar fazendo isso comigo.
— Ele está sabendo isso desde quando?
— Ontem à noite.
— Ele está a caminho. — falei, secando uma lágrima. — Nós estamos chegando.
Desliguei o telefone e tratei logo de ligar para , ele não atendeu. Depois de cinco tentativas, apelei para a clínica. Marta atendeu.
— Preciso falar com . — falei assim que ela atendeu. — Marta, é urgente.
— Ele está no meio de uma cirurgia, Sra. .
— Marta, por favor — implorei, passando a mão em meu rosto. — Peça para Tyler entrar no lugar dele. Não sei!
— Mas...
— Marta, conseguiu um pulmão novo, ele precisa ir para o hospital San Francisco logo! — ela entendeu a gravidade e levou a ligação para o meu esposo. Escutei o tumulto e até mesmo a voz de Tyler veio na ligação quando Marta apelou para nosso amigo. atendeu o telefone.
— O que aconteceu? Você está bem? ? — a voz dele me trouxe alívio.
— Ia me contar quando do transplante? — minha voz denunciava meu desespero — O que está fazendo aí na clínica? Deveria estar a caminho do hospital.
— Não chora. — ele sussurrou depois de alguns minutos — Estou com medo... Nós estamos tão bem, tenho medo de dar alguma coisa errada. , estou perdido. Não quero ir.
— Vamos ficar bem. — sussurrei de volta — Sabe que vai dar tudo certo e que depois de todos esses anos, finalmente chegou a sua vez! É a sua vez de ficar bem de uma vez por todas...
— O que eu faço agora?
— Entra no seu carro e vai para o hospital. — falei depois de alguns minutos em silêncio — Eu te encontro lá.
— Certo, estou te esperando. Te amo, .
— Eu te amo,
Desliguei. Travei por alguns minutos, eu precisava vê-lo antes da cirurgia. Nossa casa ficava a três horas do hospital. chegaria antes, pois sua clínica ficava a uma hora e meia de lá. Eu tinha tanta coisa para fazer, tantas pessoas para avisar. Peguei o necessário e saí correndo em direção ao meu carro, minhas mãos tremiam.
Avisei aos meus sogros, avisei minha cunhada, avisei os meus pais e nossos amigos próximos. Não me importava com as multas que tomaria naquele meio tempo, contudo, não poderia passar por cima do congestionamento causado por um acidente. Meus olhos escorriam lágrimas de desespero. Levaria mais tempo do que eu imaginava para chegar até .



Depois de horas, cheguei. Estacionei de qualquer jeito e corri, corri esperando por . Só que já era tarde. Ele já havia entrado na cirurgia, o hospital era muito rápido quando se tratava dos transplantes. Me sentei na sala de espera, esperando notícias e esperando alguém chegar para ficar comigo. Peguei meu celular e vi que tinha uma mensagem de voz.
De .
— Ei, Love. — sorri. — Não corra, estou te esperando. Vi pela rota e você está no meio do trânsito, quero você viva e bem... Então, não corra. Lembre-se das multas — brincou — Você não vai chegar a tempo, estarei na cirurgia... Mas estará aqui quando eu acordar, sei disso. Eu te amo, obrigado por esses anos, por ter acreditado em mim e por nunca desistir. Obrigado por me ensinar a ter esperança e aguentar firme. Te amo e... — Não cabia mais nada naquela mensagem de voz. Estava aos prantos. Me amaldiçoava por ter feito ele ir, mas ao mesmo tempo estava aliviada por saber que ele ficaria bem. Independente dos riscos.
Silvia e Joseph chegaram algum tempo depois, me abraçaram e ficaram ali comigo até Hanna chegar. Quando Hanna chegou, desabei como não tinha feito na frente dos pais dela, afinal, eu tinha que ser forte. Respirei fundo e esperei por mais tempo. Ninguém aparecia. Ninguém falava nada. Ninguém me falava sobre meu esposo.
Hanna foi com seus pais para a lanchonete e eu continuei ali, não conseguia beber ou comer nada. Não demorou muito para eu ver um médico que eu conhecia. Nunca esqueceria daquele homem.
— Você? Eu lembro de você! — o médico falou assim que me viu. Meus olhos marejados na sala de espera denunciavam que estava tendo um momento ruim.
— Também me lembro de você. — respondi, o encarando.
— Como era mesmo o nome dele?! — ele pensou por um tempo — ... ! Você era a namoradinha de faculdade dele! Ah... Um dos meus primeiros pacientes.
— Sou a esposa dele. — ele me encarou, surpreso. — Sua falta de esperança na melhora de um paciente ainda é recorrente? — sorri de canto.
— Então ele ainda está por aqui? — concordei com a cabeça. — Céus, o pulmão é para ele?
— E eu não fui embora, como você sugeriu. — ele ficou surpreso com a minha resposta — Se eu tivesse te escutado, teria perdido o grande amor da minha vida. Teria perdido uma vida maravilhosa ao lado dele e nunca teria tido a oportunidade de carregar dentro de mim mais uma esperança de que tudo vai ficar bem. — coloquei a mão em minha barriga, sentindo uma pontada. Aquela era a surpresa que eu daria para naquela noite.
— E você está grávida. — ele se aproximou. Minha barriga já era perceptível para quem encarasse muito. — Onde está?
— Na cirurgia, eu acho. — respondi, respirando fundo — Ele recebeu o pulmão novo hoje.
— Vou descobrir como ele está. — o homem afagou minhas costas. — Fique calma, Sra. .




Olhando para aquele rio, senti minhas emoções se acalmando. Não chorava mais, lembrar daquelas coisas me acalmava, me fazia bem, me deixava viva. Eu tinha que estar viva. Tinha que estar bem, afinal, eu carregava dentro de mim a esperança de que ficaria comigo para sempre.
Eu sei que ele ficaria.
Ele adoraria ver minha barriga crescendo, adoraria ver um mini correndo naquele jardim, brincando com nossos animais. Adoraria brigar comigo quando ficasse acobertando aquela criança. Ele seria um pai incrível. Ele será um pai incrível. Eu tinha esperanças.
não acordou depois da cirurgia, há duas semanas. Ele continuava dormindo. Me culpava por ter feito ele ir até aquele
hospital, poderia ter tido mais alguns anos com ele, mas fiz com que ele fosse para lá e fizesse aquela maldita cirurgia.
Eu sou uma pessoa horrível? Pensei só em mim?
Hanna se aproximou de mim e me abraçou por trás, Barren colocou a cabeça em cima da minha perna e eu respirei fundo mais uma vez.
— É do hospital. — ela falou baixinho, me entregando o telefone. Encarei a minha cunhada, quase chorando de nervoso. Eles não me ligavam. — Atende.
— Não consigo. Não, Hanna... Não posso. — falei baixinho, não suportaria uma notícia ruim. Esperava a qualquer minuto que aqueles abutres me dissessem que precisavam desligar os aparelhos, eu não queria aquilo.
— Atende. — ela sorriu sem mostrar os dentes, colocando o celular em meu ouvido.
— Sra. ? — não respondi. — Temos boas notícias! — segurei o telefone — Seu marido acordou. Venha, estamos te esperando!
— Posso... Posso falar com ele? — podia ser uma pegadinha. Escutei a mulher rir baixinho.
— Ele sabia que você iria falar isso. ? Você ganhou a aposta. — Quando escutei a sua risada, sabia que era real.
— Ei, Love. — encarei Hanna, que sorriu e segurou minha mão. — Achei que você estaria aqui. Já desistiu de mim?
— Nunca mais faça isso comigo. — sussurrei. — Não sei nem o que fazer.
— Venha logo para cá. — podia imaginar ele sorrindo.
— Estou a caminho. Me espere — respondi, me levantando. Hanna se levantou e correu para pegar a chave do carro, ela iria dirigindo.
— Para sempre, . — ele sussurrou — Eu te amo.



Fim!



Nota da autora: Chorei escrevendo e quero saber quais foram as reações de vocês!!! Eu amei escrever essa história e, para ser bem sincera, tinha pensado em um final doloroso, mas não consegui! James e Annealiese me conquistaram demais. Espero que gostem. Beijos, Mi.

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Nota da beta: MEU DEUS, EU JÁ TAVA PREPARADA PARA O PIOR E VOCÊ ME FEZ PULAR DE ALEGRIAAAAAAAAAAA! Aí, que amor por esses dois, meu Deus! Estou apaixonada, sério! Que história linda, e que pps fortes, tudo que precisávamos para essa música! Você arrasou demais, Mi! 💙

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