Postada em: 25/10/2017

Capítulo 1

! Que saco! – esbravejava com o rapaz logo cedo – Custa você pendurar a porcaria dessa toalha? – ela estava cansada de falar para ele que o lugar de toalha molhada era no varalzinho pendurada, todos os dias era isso, aquilo a irritava muito. Enquanto andava no quarto para pegar sua blusa de frio, tropeçou e quase caiu por causa dos tênis do rapaz que não estavam guardados no local adequado – Seus tênis estão no meio do quarto, eu quase caio, !
— Porra! São sete horas da manhã! Controle-se, você vai acordar os vizinhos – ele preparava o café da manhã dos dois, ele mudou para um tom de voz mais suave – Pendura pra mim e recolhe meus tênis, por favor? – não caía mais naquele truque, sentiu as bochechas esquentarem estava espumando de raiva.
— Coloca uma coisinha na sua cabecinha fofa: Eu. Não. Sou. Sua. Empregada. Recolha você! Folgado! Que desgosto para a dona Sandy, ela te educou tão bem! – foi até a cozinha para lhe responder cara a cara. Ele lhe encarou, ressentido.
— Toda vez você tem que envolver minha mãe nas nossas discussões! — ele revirou os olhos — Quando você vai crescer? Pelo amor de Deus – ele esbravejou com ela. Tudo o que ela pensava era que ele era um tremendo idiota.
— Meu Deus, eu não tô escutando isso. Você é inacreditável, não faz nada direito, e quem tem que crescer sou eu? Ridículo! – ele arregalou os olhos e veio em direção a ela.
, faz um favor à humanidade? Cala a sua boca! Você é chata demais, porra! Não espera nem o dia começar direito e já vem encher meu saco! – Ele bateu na mesa. Ela se assustou com o gesto repentino dele, ela o olhou e tudo o que pensava era que ele não tinha o direito de dizer aquilo pra ela. Aproximou-se do rapaz, e o encarou mortalmente.
— Você é muito abusado! Cala a boca você, você é um lixo. Não tem moral nenhuma pra sequer apontar o dedo pra mim. – Saiu pisando forte em direção ao banheiro para tomar seu banho e o deixou falando sozinho. O rapaz quis socar alguma coisa, aquela mulher lhe tirava do sério de uma forma que desconhecia, estava explodindo de raiva.
e eram casados há três anos, mas de uns tempos pra cá estavam em crise, às brigas começavam a maioria das vezes por motivos fúteis, toalhas esquecidas, quem iria lavar a louça, colocar o lixo na lixeira, etc. A realidade era que a convivência entre eles estava impossível, não estavam se suportando mais. Ambos se arrependiam de terem se casado tão novos.
A mulher saiu do banheiro de banho tomado, vestida e maquiada, hoje ela teria uma entrevista de emprego e se tudo desse certo sairia da dependência financeira de , aquilo era um martírio para ela.
— Tem panqueca em cima da mesa – murmurou – estou indo, caso não, chegarei atrasado.
— Como assim você não vai me dar uma carona? , pelo amor de Deus! – ela o olhava de olhos arregalados, não acreditava que teria que ir de ônibus sendo que a entrevista seria bem perto do local onde o traste de seu marido trabalhava.
, se eu me atrasar seremos os dois desempregados! – saiu sem olhar para trás, pegou a mochila e foi em direção à porta.
— Mas, , eu tô terminando de comer e... – ele bateu a porta e se foi. suspirou alto, estava cansada dessa situação, estava cansada de estar desempregada, estava cansada da falta de noção de . Ela estava borbulhando de raiva do rapaz, custava ele lhe dar uma carona? Para ela aquilo tinha sido a cereja do bolo para que soubesse que seu dia não seria nem um pouco fácil. Terminou de tomar seu café da manhã, deu mais uma olhada no espelho para ajeitar a roupa, pegou sua bolsa, fez uma breve oração pedindo que desse tudo certo e foi em direção à saída do apartamento. Encaminhou-se para o ponto de ônibus. Seu dia seria longo...

(...)

— Ok, , muito obrigado pela sua participação. Em uma semana te ligaremos. – Ela assentiu e retirou-se do local. Era sempre assim, eles a agradeciam, mas nunca ligavam, utilizavam quase o mesmo script para dispensá-la.
Tudo o que pensava era em sua mãe e em suas palavras dóceis: tenha fé em Deus, querida, que uma hora você vai conseguir! Usava aquilo como força para não desistir de cada porta que lhe era fechada. Estava desempregada há sete meses, desde quando a empresa onde trabalhava havia decretado falência. Lá, ela era assistente administrativo, gostava do que fazia, já que em partes ela praticava um pouco dos ensinamentos aprendidos na faculdade, a garota era formada em recursos humanos.
Distraída, ela caminhava pela avenida quando avistou a empresa em que trabalhava, já que estava bem próxima de lá. era formado em tecnologia da informação, tinha um emprego estável e conseguia muito bem segurar as contas enquanto ela se encontrava na situação que estava. sempre foi independente então para ela, ter que pedir dinheiro pra ele para comprar, por exemplo, uma calcinha lhe deixava extremante chateada. Decidiu por entrar lá e perguntar se eles estavam contratando:
— Bom dia! Eu gostaria de saber se vocês estão com vagas abertas? – Perguntou educadamente para a moça. A recepcionista mal olhou em sua face.
— Bom dia! – lhe entregou um cartão, lá tinha o site da empresa e mais algumas outras informações — Entra nesse site, desça a barra de rolagem e clique em cima das palavras trabalhe conosco, preencha o cadastro e boa sorte! – a moça disse aquelas palavras roboticamente, era provável que pelo menos umas cinco vezes ao dia ela repetia aquilo.
murmurou um obrigado, e quando estava pronta pra sair do local, avistou , mas ele não estava sozinho, estava acompanhado de uma mulher loira, de cabelos lisos, olhos azuis e magra. Eles andavam muito próximos e trocavam sorrisos, a loira acariciou o rosto do rapaz com certa intimidade. Aquilo lhe incomodou muito, sentiu uma sensação ruim olhando aquela cena. Eles estavam passando em frente a recepção, ela resolveu se esconder por hora, ali não era lugar para confrontá-lo, isso ela com certeza faria em casa. Seu olhar os seguiu até eles virarem o corredor, assim os perdendo de vista, aquilo havia lhe deixado com a pulga atrás da orelha. Será que...? A garota se questionava, chateada. Ele não podia fazer aquilo com ela.
Por fim, resolveu ir embora dali, estava sentindo-se cansada, parecia que um trator havia passado por cima dela, fora o gosto amargo que sentia na boca. Parecia que tudo em sua vida estava dando errado... Foi caminhando devagar até o ponto de ônibus. Enquanto andava, viu uma empresa de telemarketing, e pensou, por que não? Foi em direção ao local, chegando lá, viu a recepção onde se localizavam duas moças.
— Bom dia, vocês estão contratando? – Perguntou ansiosa.
— Nós estamos sempre contratando, inclusive se você tivesse chegado 10 minutos antes teríamos te convidado para participar da seleção. Faz assim, volta aqui amanhã às 10 horas que teremos um novo processo seletivo, ok? Só traga seu RG.
— Ok, muito obrigada – sorriu em agradecimento e retirou-se do local. sempre torcia o nariz para call centers devido à fama negativa que existiam destes locais, mas estava cogitando, pois dependente do ela não podia mais ficar ainda mais com tudo o que estava acontecendo.
Ah, ... Será que ele estava a traindo? Ela não conseguia parar de pensar nisso, a cena de mais cedo se repetia um milhão de vezes em sua cabeça, estava muito preocupada.

(...)

Já se passava das nove e nada de , ele geralmente chegava por volta das sete. Todas as noites ele inventava um motivo diferente para os atrasos, por exemplo, um backup de última hora, ou horas extras a pedido de seu chefe... Como um click em sua mente ela começou a juntar as peças. Agora tudo fazia sentido. Como nunca havia percebido os sinais? era um tremendo de um safado! Escutou o barulho das chaves, sabia que ele havia chegado. Respirou fundo, ela não queria explodir.
Ele murmurou um boa noite, que foi ignorado por ela com sucesso. Ele suspirou, pesadamente e decidiu ir tomar um banho, sendo observada de perto por . Ela estava esperando que ele tomasse banho e jantasse para tocar naquele assunto.
Passou-se alguns minutos, ele veio até a sala com o cheiro de loção pós barba e sabonete. Ela respirou fundo, há quanto tempo eles não tinham um contato mais íntimo? Sentiu uma vontade súbita de tocá-lo, mas essa vontade logo se foi quando lembrou que ele poderia estar traindo-a.
, você fez a janta? – ele parou em sua frente, enquanto secava seu cabelo com a toalha.
— Não, tem comida tailandesa, esquenta no micro-ondas. – ela resolveu não encará-lo, fingiu estar mais interessada no celular.
— Novidade é quando você faz comida... – ele revirou os olhos, deu uma risadinha irônica e foi até a cozinha.
! — ele sempre tentando provocá-lo. Ela resolveu não falar mais nada, ele que lhe aguardasse. Já riu alto, amava desde sempre irritá-la.
Ela esperou pacientemente até que ele comesse tudo e finalmente resolveu que agora era a hora certa.
— Finalmente você terminou de comer – tomou um susto, quase derrubou o prato que lavava no chão, não esperava que sua esposa entrasse sorrateiramente na cozinha. Já ela sorriu debochadamente de sua reação – Como você sabe, eu tinha uma entrevista perto da sua empresa, no auge da sua maldade você resolveu que não me daria carona...
, não começa. Eu disse que estava atrasado e... – ela o interrompeu abruptamente.
— Eu ainda não acabei de falar! – ela alterou seu tom de voz, ele largou a louça e virou-se de frente para ela, sabia que aquilo não daria boa coisa – Como eu dizia – voltou ao tom normal – terminei a entrevista e sai de lá, e olha só avistei sua empresa, pensei por que não perguntar se não estão contratando? Entrei lá, e uma recepcionista extremamente indelicada disse que eu deveria entrar no site e me cadastrar lá.
— E... – ele odiava o jeito como ela enrolava para chegar ao ponto.
— E que eu te avistei com uma moça loira, muito bonita por sinal muito íntimos! Tem mais, estavam juntinhos demais – ele empalideceu — E ai, garotão? – sua voz pingava sarcasmo, seus olhos faiscavam.
— O que está insinuando, pelo amor de Deus, ? – ele passou as mãos pelo cabelo e bufou.
— Me diga você, o que eu estou insinuando?! – sua voz havia aumentado alguns decibéis.
— Eu não estou te traindo! A Elena é a estagiária da empresa, estávamos comentando algumas coisas e por fim, saímos para tomar um cafezinho!
— Claro, claro! Eu maldo tudo, que isso! — o sarcasmo mais uma vez lhe acompanhava.
— Caralho! Eu já disse que não estou te traindo! – dessa vez quem perdeu a paciência foi ele. Ela aproximou-se de e apontou seu dedo.
— Se você quer separar, me diz logo, mas não admito que me traia, você entendeu? – ela rosnou, estava extremamente puta. Ela sabia que tinha caroço naquele angu, ele tinha ficado pálido com a menção da loira!
— Eu não estou te traindo e não quero me separar! Quantas vezes eu tenho que repetir isso? – ela sentiu uma tontura muito forte, apoiou-se na mesa, e fechou os olhos – Ei, o que você tem? – ele aproximou-se, preocupado.
— Uma tontura forte, nada de mais – ela afastou-se dele. – Eu vou dormir, você dorme na sala! – ela saiu da cozinha e foi até o quarto se apoiando, não tinha condições psicológicas para discutir mais com ele, sentia-se cansada.
— Ah, não, ! Nem vem com isso, eu trabalhei o dia todo, estou cansado!
— Eu não vou dormir ao seu lado, no momento eu só consigo pensar que você está me traindo – ela terminou de falar em um quase sussurro, sentou-se na cama, sentia-se estranha, o amargor em sua garganta voltou, e a tontura não lhe abandonava.
— Você tá maldando, não tenho nada com a estagiária! E eu não preciso dormir no sofá, podemos ser adultos uma vez na vida? – ele chegou ao quarto e viu que ela estava sentada, segurando a cabeça com as duas mãos – Você tá bem mesmo? Vamos ao hospital, vai.
— Eu tô bem, já passou! – ela lhe olhou, deitou-se na cama, já havia feito sua higiene iria dormir. – Sofá, ! – ele respirou fundo, pegou suas coisas e foi para lá, batendo os pés. Viu que ela não estava bem, resolveu não contrariá-la por hora.



Capítulo 2

De manhã, a garota levantou e viu que já não estava mais em casa, respirou aliviada não queria encará-lo e nem queria conversar com ele. Decidida, olhou no relógio e viu que eram 08h30min, arrumou-se, tomou café da manhã e foi para o processo seletivo daquela empresa de teleatendimento, não perderia a oportunidade mesmo, ela tinha que criar sua independência financeira, pois sabia que mais dia ou menos dia seu casamento acabaria.

(...)

tinha acabado de sair do processo seletivo, tinha tido a resposta positiva. Pediram que ela trouxesse os documentos necessários para amanhã. Ela estava extremamente feliz, mas estava com uma fadiga que ela não conseguia explicar e aquele amargor em sua boca não lhe abandonava mais, o que poderia ser aquilo?
Foi em direção à parada de transporte público, viu um ônibus parado no ponto, leu o letreiro e percebeu que ele ia em direção à casa de sua sogra, acabou embarcando. A garota estava com saudades de Sandy, era como uma segunda mãe para ela, lhe conhecia tão bem... Desde que se entedia por gente e a amava.
Ela precisava desabafar com alguém, não havia pessoa melhor do que sua sogra. Enquanto ia, pensou nas iguarias que Sandy cozinhava e logo veio em mente o bolo de fubá, ela precisava comer aquele bolo que só Sandy sabia fazer, só de pensar sua boca salivava.

(...)

— Oi, minha querida, estava com saudades! – Sandy sorria docemente, enquanto lhe abraçava apertado, seus olhos estavam fechados, para aproveitar a sensação que era estar em seus braços – Ai, , o que houve?
— Nada, tia Sandy, só saudades mesmo.
— Aham, sei! – Entraram e encaminharam-se para a cozinha – Parece que estava adivinhando que você viria. Acabei de colocar o bolo de fubá que você ama assar.
Mentiraaaa! Eu te amo, tia Sandy. Você acredita que eu vim o caminho todo pensando nesse bolo? Ele me remete as tardes que passava aqui com o ... – suspirou profundamente.
— Vocês não estão bem, não é? – Sandy afagou os braços da mais nova, tentando lhe confortar.
— Não. Nós tivemos mais uma briga por conta de ele ser bagunceiro, e você sabe que eu detesto bagunça. – Sandy revirou os olhos. resolveu poupá-la por hora sobre a última briga que de fato eles tiveram.
— Sei bem, mas você precisa ser mais tolerável. Para que se dê certo um casamento temos que ceder algumas vezes. – a sogra lhe encarava, e ela desviou o olhar.
— Eu sei, eu sei, porém é difícil pra mim. Eu não consigo ceder à bagunça que seu filho faz naquela casa, aquilo todo o santo dia amanhece um lixo, nem estou com vontade de voltar pra lá! Só de falar me dá gastura – respondeu indignada.
— Ele sempre foi desorganizado, bagunceiro, eu te avisei antes de casar... – a sogra sorriu astuta. – também é difícil de lidar, mas você também não é uma flor – a sogra se levantou para ver se o bolo já estava no ponto.
— Concordo, sou chata algumas vezes – Sandy lhe olhou debochada – Ok, várias vezes, sou mimada, grossa, briguenta e ele também casou sabendo disso tudo – Sandy balançou a cabeça em concordância, sorrindo largo — Pra você ver como ele é rancoroso... Você acredita que ontem eu tinha uma entrevista de emprego praticamente do lado da empresa dele e ele não meu deu uma carona? Ele disse que estava atrasado, mas não estava – bufou, aquilo havia lhe deixado com raiva.
— O , sabe muito bem como te desestabilizar. – a sogra balançou a cabeça negando. A garota olhou pra baixo com um sorriso triste — Mas não é só isso, né? Você está com olhar triste... O que mais aconteceu, querida? – Sandy lhe sorriu docemente. A garota lhe abraçou e começou a sentir seus olhos úmidos – Ah, meu bem, estou ficando preocupada! Vem, vamos nos sentar. – sentou de frente a sogra.
— Eu... Ah, tia Sandy... Eu vi o com outra mulher, eles estavam muito próximos... Eu acho que ele... Ele está me traindo. – falar aquilo doía tanto, parece que toda a dor que ela tinha guardado de ontem resolveu se manifestar. Permitiu-se, enfim, chorar!
— Oh, meu Deus! – Sandy estava assustada, não havia criado seu filho pra isso. – Por quê? — Sua pergunta era retórica, mas mesmo assim a mais nova respondeu.
— Talvez porque nosso casamento esteja uma merda! – chorava compulsivamente.
— Mantenha a calma, sim – a sogra encaminhou-se ao fogão e desligou o forno, para que o bolo não queimasse, voltou a se sentar de frente para ela, pegou suas mãos e segurou – Você viu a traição consumada? Às vezes foi impressão sua e...
— Eu sinto aqui dentro – bateu do lado esquerdo do peito – Nossas brigas estão impossíveis! A gente não tem relações amorosas há três meses! – Sandy arregalou os olhos, estava perplexa. – Me desculpe jogar assim no ventilador, mas eu não consigo mais segurar isso pra mim, e a cena que eu vi ontem... Agora eu consigo entender. – ela limpava o rosto, enquanto as lágrimas não paravam de descer — Tia, eu perguntei pra ele, ele negou, mas eu não consigo me convencer, ele está cheio dos sinais, entende?
Sandy tirou o bolo do forno e sentiu o cheiro mais forte, e sentiu seu estômago reagir. Lembrou que já era quase onze horas e ela só havia tomado um cafezinho.
— Olha, querida, você sabe muito bem que eu sempre fiz gosto do casamento de vocês. É como se vocês fossem nascidos um para o outro, dá para perceber que se amam... Eu não posso conceber que seja capaz de algo assim. – Sandy suspirou fundo — Ele tem chegado tarde?
— Sim, tia! Ele sempre chega cansado, sai sempre cedo... – ela respirou fundo — É difícil para mim também! Muito! – ela enxugou as lágrimas rapidamente – Tia, eu preciso desse bolo – ela suspirou e limpou as lágrimas. Sandy lhe olhou com a sobrancelha arqueada, percebendo a súbita mudança de assunto, viu que ela não queria mais falar sobre aquilo e respeitou sua decisão. Resolveu cortar um pedaço do bolo.
— Ok, querida! – ela acariciou o rosto da mais nova — Cuidado, está bem quente, ! – ela lhe advertiu enquanto a garota já beliscava o bolo.
— Tia, a senhora sabe que eu estou procurando emprego há um bom tempo, e eu nunca consigo nadinha. Ontem eu saí frustrada de mais uma empresa em que fiz entrevista e que possivelmente não me ligará, e eu me vi parada em frente a uma empresa de telemarketing. Hoje eu fiz o processo seletivo... Hum... isso está tão bom... – a sogra sorriu — O que você acha? Eu preciso sair da dependência do , ainda mais agora – ela respirou fundo e continuou — quero comprar minhas coisas sem ter que pedir a ele. Eu sei que o salário nesses lugares é pouco, mas pelo menos entrará algum dinheiro. – calou-se enquanto esperava sua opinião.
— Olha, , eu acho válido, só enquanto você não arruma outra coisa, já que você se sente tão mal com te sustentando. Eu sei que ele não se importa com isso. – a mais velha alisou seus braços enquanto sentava-se novamente em sua frente.
— E você acha que eu já não pensei nisso? Por isso vim aqui para escutar a sua opinião. E sim, eu sei que não se importa, mas eu sim – ainda mais com a possível separação completou mentalmente. Comeu mais um pedaço do bolo – Meu Deus, está divino! – Sandy sorriu satisfeita, adorava quando recebia elogios sobre sua comida.
— Então vá! – levantou do lugar, ela agora esquentava a água para fazer café para acompanhar o bolo.
— Eu irei, amanhã mesmo entrego meus documentos – sentiu seu celular vibrar, olhou quem era e suspirou – É seu filho – revirou os olhos e desligou a ligação, a sogra semicerrou os olhos – Mas que porra de ! – sentiu a voz vacilar.
, olha a boca – a garota sorriu levemente, sua sogra era uma graça – Querida, o relacionamento de vocês está à prova, vocês precisam se ajudar para saírem dessa crise. – ela lhe olhou toda maternal. e Sandy viram quando o celular da garota vibrou novamente – Atenda, meu bem, dê o primeiro passo! Às vezes é só impressão sua! – a garota suspirou e atendeu.
— Que é? – atendeu mal humorada.
Oi pra você também! Tava te chamando no whats, mas você não me respondia...
— Será que é por que eu estava ocupada? – lhe respondeu grosseiramente.
Ok.— ele cortou o assunto — Você tá melhor? Fiquei preocupado com você ontem... — ele deixou a frase morrer.
— Estou sim – foi impossível não amolecer um pouquinho com a demonstração de afeto por parte dele – Estou na sua mãe. – Sandy lhe olhava e sibilava a palavra compreensão.
Manda um beijo pra ela. Fica ai, quando eu sair do trabalho te busco.
— Ele tá te mandando um beijo. – a sogra mandou beijinhos no ar — Ok, ela tá mandando outro. Não precisa eu posso ir embora sozinha, e também não vou ficar até às 19 horas. – Sandy revirou os olhos. suspirou fundo.
Eu já disse que te busco!
— Qualquer coisa eu te aviso! – desligou na cara do rapaz.
! Você viu como foi ríspida com ele? – Sandy lhe repreendeu, ficou inconformada com o jeito da nora.
— Tia, eu simplesmente não posso fingir que não esteja magoada com ele, porque eu estou e muito! – a garota sentiu os olhos úmidos, não queria chorar de novo, então respirou bem fundo. – Enfim, ele sabe que pisou na bola comigo e isso é o jeito dele de se justificar, afinal de contas, o todo poderoso não pede desculpas. – bufou, enquanto desenhava círculos imaginários na mesa.
— Não o julgue assim, o sempre teve dificuldades em expressar seus sentimentos, você sabe. – Sandy ralhou com ela.
— Eu sei e concordo. – resolveu não falar mais nada, afinal de contas ela era mãe dele, e ela estava de fato o insultando demais. Encheu sua boca de bolo pra segurar sua língua.
— Você disse que não ia ficar até as 19hrs, fique, querida! Vamos passar o dia juntas. – ela ponderou. Agora eram 11hrs, ela iria para casa, pra tentar esquecer seus problemas limparia aquele chiqueiro, recolheria a bagunça do , assistiria tevê. Percebeu que não perderia nada mesmo se ficasse por ali.
— Ok, eu fico! Vou te ajudar no almoço – sorriu, gostava daquela casa, lhe remetia há tantos momentos bons. – Aprimorar meus dotes culinários – riram porque sabiam que a garota era péssima na cozinha, e se não cozinhasse ou comprasse o jantar de ambos, passariam fome.
— Virará um máster chef – gargalharam alto, resolveu mandar uma mensagem para o marido o avisando para que lhe buscasse:
Vou ficar, se quiser pode vir me buscar!
Ele respondeu um ok após alguns minutos.
ajudou a sogra no almoço e depois a mais nova fez um mousse de morango como sobremesa. Almoçaram, sentaram-se no sofá e assistiram às novelas mexicanas que passavam em um determinado canal, Sandy amava aquele universo, só ria daquele drama todo e expressões exageradas. Mais tarde serviram-se da sobremesa, que estava realmente boa, sabia fazer doces simples como ninguém, Sandy até lhe elogiou.
Ela estava tão cansada mentalmente e fisicamente que começou a cochilar sentada no sofá, sua sogra lhe chamou, apontou para o sofá onde estava sentada e ela se arrastou prontamente e deitou-se ali. Apoiou sua cabeça no colo dela, enquanto ela acariciava seus cabelos, as lágrimas foram inevitáveis, tudo o que ela precisava era de um colo. acabou pegando no sono ali.

(...)

acordou com uma forte dor na barriga, levou um susto quando escutou ao longe seu nome na boca de . Se seu marido já estava ali era porque já se passava das 19 horas o que quer dizer que tinha dormido demais!
— Mãe, a me mandou dormir no sofá! Ela passou dos limites – ele andava pela sala claramente nervoso. Resolveu fingir que estava dormindo só pra ver até onde aquilo iria dar – Ela quer que as coisas sejam do jeito dela, mimada!
, por favor! Mantenha a calma. Para que um casamento seja sólido e duradouro alguém precisa ceder. – Sandy disse a mesma frase que tinha falado para a sua nora, sempre apaziguando.
— Sim, mãe, eu sei, eu sempre cedo! é neurótica, saiu algo do lugar, ela dá piti. – a garota revirou os olhos, falou o santo, pensava.
— Você é bagunceiro, sempre foi! Te conheço, , sou sua mãe! Você também não faz nada para mudar. – ponto para dona Sandy.
— Você sempre a defendendo... Parece que ela é que é sua filha. – morria de ciúmes da conexão que Sandy e possuíam, não era à toa que a garota no momento de fragilidade resolveu procurar a sogra ao invés de sua própria mãe. A mais nova revirou os olhos pela milésima vez.
, você sempre será meu bebê, para de ciúmes bobo. – sorriu levemente e sua mãe riu. O clima ameno, logo se esvaiu com o assunto que começara a ser abordado. – , meu filho, eu quero que seja sincero comigo. – a mais velha foi até a sala e viu que a esposa de seu filho estava dormindo aparentemente, então percebeu que era seguro perguntar – Você está a traindo?
O rapaz ficou pálido, seus olhos arregalados. do sofá ficou apreensiva, queria muito a resposta daquela pergunta, sabia que para a própria mãe ele não conseguiria mentir. Ela sentiu que a dor na sua barriga estava piorando cada vez mais, que tipo de cólica era aquela?
— Eu... Mãe, que tipo de pergunta é essa? – sua mãe fitava-o minuciosamente, ele não havia negado. Ela conhecia seu filho, a julgar pela reação infelizmente sua nora estava certa.
, eu não – foram interrompidos por um grito que veio da sala. Era caída no chão rolando de dor, aproximou-se assustado com o estado em que sua esposa se encontrava. Sandy estava agoniada, odiava ver as pessoas com dor.
— Ei, onde está doendo, meu amor? – lhe olhava preocupado, sabia que se a garota estava assim, era porque estava sofrendo muito, ela sempre foi resistente a dores.
— Minha barriga... – a garota respirou bem fundo – tá doendo muito.
— Consegue andar? – a garota balançou a cabeça negativamente, foi à última coisa que fez, pois logo desmaiou – Mãe, ela desmaiou! Desde ontem ela não está legal... – o rapaz se desesperou.
— Ai, meu Deus, precisamos levá-la ao hospital imediatamente! – pegou a garota no colo o mais rápido possível e a levou em direção ao seu carro. Sua mãe pegou a bolsa da mais nova e trancou a casa. O rapaz colocou a garota no banco de trás e arrancou o carro assim que sua mãe entrou.

(...)

Já fazia uma hora que tinha sido levada para a emergência e desde então andava de um lado para o outro, preocupado, rezava internamente que sua esposa estivesse bem, não aguentaria o remorso de algo grave acontecer com ela. Sandy observava seu filho sentada nas cadeiras de espera, sabia que ele amava , só não conseguia entender porque ele estava a traindo. Finalmente o médico se aproximou da sala de espera procurando pelos parentes da garota.
— Quem são os parentes de ? – correu em direção ao jovem médico.
— Doutor, eu sou o esposo! – Sandy aproximou dos dois rapazes – Como ela está?
— Ela está bem, aliás, os dois estão! teve uma cólica muito forte, mas graças à rapidez de vocês de trazê-la ao hospital nada grave aconteceu. Está medicada, precisa de repouso, nada de muitos movimentos bruscos, pelo menos nesse comecinho de gravidez. Só precisamos segurá-la essa noite em observação para fazermos mais alguns exames e descobrimos se a gravidez será de risco — Sandy sorria em compreensão, seria avó, estava extremamente feliz. parou de escutar assim que o médico havia dito a palavra dois.
— Dois? Ela tá grávida? – sua testa estava franzida.
— Oh, vocês não sabiam? Ela está grávida de treze semanas. – arregalou seus olhos — Vocês podem vê-la, ela está no quarto 406, no fim deste corredor. Com licença. – O jovem médico retirou-se da sala da espera. Sandy achou que explodiria de felicidade, já seu filho estava num misto de emoções estava feliz, triste, angustiado, surpreso...
— Vamos vê-la, querido – ele pareceu despertar de seus pensamentos, e assentiu. Estava com medo de encará-la, ainda mais com o relacionamento extraconjugal que nutria com a estagiária da empresa. Sim, caros, realmente estava traindo sua esposa. Céus, tantas coisas passavam por sua cabeça...
Chegaram ao quarto e viram que assistia alguma trivialidade na televisão do quarto branco, Sandy correu para abraçar a garota. ficou parado na porta observando as duas.
— Meu amor, como você está? – Sandy acarinhava a garota preocupada, tinha escutado do médico que ela estava bem, mas queria escutar da boca dela.
— Oh, tia... – sorriu levemente – eu já estive melhor – elas riram, sorriu de leve, graças a Deus ela estava bem.
— Meu bem, o médico nos disse que você está...
— Grávida! Sim, eu já sei – ela olhou pra baixo, acarinhou sua própria barriga. Sua menstruação nunca foi regulada, devido a ter problemas hormonais não era aconselhada a tomar anticoncepcionais, então o único método contraceptivo era a camisinha, só que no calor do momento nem sempre esses dois lembravam.
— E como você está com essa gravidez? Eu posso te dizer que estou extremamente feliz – sorriu lindamente, sua sogra era maravilhosa. sabia que estava no quarto, mas não tinha coragem de encará-lo.
— Não foi planejado, tia, mas sabe que eu estou feliz? Como diz minha mãe, filho é uma benção! Nossa quando ela souber vai surtar, ela já queria tanto... – elas sorriram simultaneamente, Sandy colocou a mão na barriga da nora e fez um carinho ali. observava aquela cena com um sorriso bonito no rosto, aquela notícia o havia pegado de surpresa, mas não podia negar que do misto de emoções em que seu coração se encontrava a felicidade era o maior dos sentimentos.
— Sim, ela queria, aliás, nós queríamos muito! — Sandy olhou para trás e viu seu filho com olhar cheio de significados para a nora. Resolveu deixá-los a sós, tinham muito que conversar. – Bom, eu já vou!
— Não, por favor, fique, tia! – se pudesse, a garota estaria ajoelhada para que Sandy não saísse daquele quarto. – Por favor!
— Eu estou cansada, te fará companhia – a encarava, já bufou e revirou os olhos. – Só preciso conversar com ele, é coisa rápida. , podemos ir lá fora por um instante? — o rapaz assentiu.
Desde o momento que entrou naquele quarto parecia que sua voz tinha sumido, não conseguia proferir nenhuma palavra, aquilo tudo tinha mexido muito com ele. Sabia sobre o que a mãe queria falar com ele, e temia aquela conversa. Saíram do quarto e conversaram no corredor mesmo.
— Filho – a mãe suspirou fundo – você precisa terminar o que quer que tenha com essa outra mulher!
— Mãe, eu... – ela o interrompeu.
— Não negue, eu sei! Eu te conheço, você saiu de mim! – olhou para baixo, envergonhado. Aquilo era muito embaraçoso.
— Sim, eu estou a traindo, mãe! Eu sei que não é certo, mas foi impossível evitar, nossas brigas, o convívio com ela era impossível. Porra, mãe, a gente não transa há uns dois ou três meses! Eu tenho minhas necessidades como homem e...
! Ela também tinha as dela, e não te traiu! Isso não tem justificativa, eu não te criei para escutar argumentos machistas! – o garoto assentiu, não tinha justificativa contra aquilo.
— Mãe, eu só queria passar uma borracha nisso tudo o que eu fiz! – o garoto sentiu seus olhos úmidos – Ela quase perdeu o bebê por minha causa, e Deus sabe que tudo o que eu sempre quis é ser pai, e acima de tudo eu a amo – lágrimas desceram por sua face. – Como eu a encaro agora?
— De cabeça erguida, você foi homem de trair, agora será homem de encarar seus erros! — ele deu um soco na parede, o desespero tomando conta de si, não queria se separar dela, de jeito nenhum.
— Mãe, eu não quero terminar com ela. – ele limpou seu rosto que há essa hora estava vermelho – eu a amo e muito!
— Eu sei, meu filho! Eu sei... – o abraçou fortemente. Sabia que ele estava errado, mas também sabia que ele estava arrependido de tudo o que havia feito. – Não toque nesse assunto, deixe que ela toque, tudo bem? – ele murmurou um sim enquanto estava abraçado a sua mãe. – Eu preciso ir, não se preocupe eu pego uber – adivinhou o que seu filho falaria. — , entre naquele quarto e comece a se redimir com ela. – ele respirou fundo, limpou suas lágrimas e assentiu. Foram se soltando aos poucos.
— Eu farei o meu melhor, mãe! Eu prometo – a mãe acenou positivamente e se retirou do local. respirou fundo e entrou no quarto. A viu distraída mexendo no celular, puxou uma cadeira e sentou-se ao lado dela. Ela sentiu sua presença, mas resolveu que ignoraria, não estava a fim de conversar com ele. Não se sabe quantos minutos se passaram, não tirava os olhos dela, sabia ler cada expressão que passava pela face dela, a garota bufou.
— Aposto que a tia Sandy te ensinou que é feio encarar as pessoas desse jeito... – ele disfarçou o sorriso que quis aparecer em sua face. Ela finalmente direcionou seu olhar para ele. Ele tinha chorado? Era o pensamento que dominava a mente a menina, ela franziu o cenho.
— Sim, ela me ensinou – ele respondeu com a voz rouca. Agora a garota tinha certeza que ele havia chorado e não tinha sido pouco, a dúvida que pairava em sua cabeça era por quê? – Mas você sempre soube que eu gosto de te admirar... – ela revirou os olhos, não cairia naquele flerte barato.
— Por que você chorou? – a garota jogou na lata. engoliu seco.
— Você sabe mais do que tudo que eu sempre quis ser pai, chorei de emoção, é, foi isso – ele disse tentando se convencer.
— Hum, certo. – voltou ao celular para ver o facebook, tomou o aparelho e o colocou na mesinha ao lado da cama dela. – Como ousa?
— Eu quero conversar, você com esse celular na mão não ia rolar. – ela o fuzilou.
— Eu não quero conversar com você! – ela deitou na cama e virou-se para o lado oposto ao que ele estava. Agora quem revirava os olhos era ele, só passava por sua cabeça o quanto ela era cabeça dura e mimada.
— Eu quero te pedir desculpas, pelo o que fiz ontem de manhã. Foi imperdoável não ter te dado carona, já que íamos para o mesmo lado. Eu só... perdi a cabeça, você me ofendeu dizendo aquelas coisas, agi no impulso! Nosso amor é mais forte do que meu orgulho! — ele deu a volta na cama e viu que ela tinha um bico enorme e estava de olhos fechados, não resistiu e lhe deu um selinho. Ela imediatamente abriu os olhos e o empurrou de leve.
— Não faz isso, por favor – ela sussurrou. Não resistiu e acabou por perguntar – Por quê? – ele sabia sobre o que ela falava, era a hora da cartada final.
— Eu não sei... – ele lhe respondeu sincero.
— Há quanto tempo? E quem é ela? – ela se ajeitou na cama, e lhe olhou fixamente.
— Há dois meses. Ela é estagiaria na empresa, chama-se Elena. – foi como se tivesse recebido uma facada em seu coração, ela já tinha suas suspeitas, mas escutar aquilo doía demais. Engoliu o bolo que sua garganta formava e continuou.
— Quantos anos ela tem?
— Por favor...
— Eu te perguntei quantos anos ela tem!? – ela rosnou para ele.
— Ela tem dezoito anos. – era mais nova que ela, estava no auge dos seus vinte e cinco anos, foi inevitável evitar que uma lágrima escorresse. – Olha, eu te amo, e me arrependo muito por ter feito o que fiz.
— Arrependimento não adianta de nada! – ela se ajeitou na cama, de forma que ficasse sentada, as lágrimas não paravam de escorrer — Você me destruiu, ! Você acabou comigo de uma forma que eu não sei expressar. Tá doendo tanto! — Ele também já chorava, estava em desespero. – Quantas vezes que não tentei salvar nosso casamento? Até terapia de casais eu sugeri e você não quis!
— Amor, eu te amo! Nós estamos construindo nossa família juntos, agora está vindo esse bebê para abençoar nossa união. Eu te juro que eu nunca quis essa situação! Me perdoa!
— Eu não consigo! — ela já soluçava, sentia uma dor tão grande em seu peito que parecia que rasgaria. – Vai embora!
— Por favor, vamos conversar... eu te imploro – ele estava de joelhos na cama, sentia seu coração despedaçado.
— Eu disse pra você ir embora! – ela gritou, ele levou um susto não esperava essa atitude dela.
Dois enfermeiros apareceram no local, devido ao grito de e viram jogado no chão, com as mãos em cima da cama, e a moça chorando muito.
— Senhora, o que houve? – um deles se aproximou com cautela.
— Peçam para que ele vá embora, por favor! – ela disse com a voz falha devido às lágrimas – Eu só quero que ele vá embora! – ele balançava a cabeça em forma de não.
— Senhor, por favor, se retire. Caso não, teremos que chamar a segurança do hospital. – por fim, ele levantou-se daquele chão, cambaleante foi em direção à saída do quarto, não sem antes dizer-lhe algo.
— Dizem que o amor verdadeiro é a maior arma para ganhar a guerra causada pela dor... tenho fé que você possa me perdoar um dia! – lhe deu uma última olhada e saiu daquele quarto.



Capítulo 3

Três meses depois...
— Eu sentia que era uma menina! – saía saltitante do hospital, vinha em seu encalço.
— Se tivéssemos apostado você tinha ganhado. – ele sorriu levemente.
Graças a Deus, a gravidez dela não seria de risco, mas por decisão unânime ela decidiu não trabalhar. não havia perdoado , mas sabia que ele como pai, tinha que participar de sua gestação. passou a morar com sua mãe e ficou na casa que pertencia aos dois. Ela havia procurado uma advogada para dar entrada nos papéis do divórcio, pois ela sentia que aquilo era o certo a se fazer.
No primeiro exame foi muito difícil para ela aceitar a presença dele, ela estava extremamente magoada com tudo, por isso implorou para que Sandy estivesse presente, pois lhe passava conforto e segurança. No segundo exame quem os acompanhou foi à mãe da garota, que inclusive aceitou muito bem a gestação da filha, mas estava chateadíssima com a separação dos dois. E assim foi, ambas as mães sempre revezavam a presença durante os exames da mulher, para evitar que os dois ficassem sozinhos, tudo a pedido de .
Naquele dia, ambas as mães não puderam comparecer, pois estavam organizando o chá de bebê da pequena Emilly, nome escolhido por , já que havia combinado com que se fosse uma menina ela escolheria o nome e se fosse menino quem escolheria seria ele. O casal só conversava sobre o bebê, nada mais do que isso.
— Sim, com toda certeza do mundo! – a garota se gabou.
— Convencida! – ele rolou os olhos, e sorriu em deboche.
observou a garota a sua frente, ela estava com uma barriguinha saliente, um sorriso estonteante no rosto, os olhos brilhavam de um jeito que ele nunca viu. Como era possível que ficasse mais bonita? Ela estava maravilhosa, o arrependimento o corroía todos os dias de sua vida.
Viu a garota puxar o aparelho celular com o aplicativo uber, e franziu o cenho, era meio óbvio que ele a levaria.
— Por que está chamando um uber?
— Por que eu preciso ir embora para casa?! – ela continuou mexendo no aplicativo, quando o tomou de sua mão. – Que merda, ! – ela esbravejou.
— Calma, mulher! Eu só quero te dar uma carona... – ele deu seu melhor sorriso.
Quando eu precisei, você se negou... – ele fingiu não escutar, não queria lembrar daquele fatídico dia.
— Por favor, só quero ser gentil com a mãe da minha filha – o garoto sabia como dobrá-la, era só falar do bebê.
— Eu sinto que vou me arrepender, mas ok. – a garota resolveu aceitar, já que estava cansada e enjoada.
Foram o caminho inteiro calados, se não fosse o rádio que tocava uma música qualquer o silêncio seria esmagador. Não demorou mais que quinze minutos, e ele estacionava o carro em frente ao prédio onde ela morava.
— Ok, muito obrigada. – ela já ia descendo do veículo quando segurou sua mão.
— Ei, espera! – ela o olhou interrogativa – É que tem algumas coisas minhas no apartamento ainda e eu gostaria de pegar – ela ficou calada, sua expressão era indecifrável. Sua vontade era de negar, queria ficar o mais longe possível dele, mas sabia que não podia ser infantil, afinal de contas, o apartamento também era dele. Ela assentiu de má vontade, sorriu discretamente.
A garota desceu do veículo, o esperou descer, e travá-lo, passaram pela portaria da forma mais discreta possível, mas foram abordados por Victoria, sua vizinha. Os viu, e falou a que sentia saudades do rapaz e que torcia pela volta dos dois, queria sumir, ficava perplexa como as pessoas metiam-se na vida umas das outras, já sorriu educadamente e agradeceu.
Embarcaram no elevador e finalmente chegaram ao apartamento. observou que o local estava impecável, sempre fora organizada, isso era um fato. A primeira coisa que ela fez foi tirar os sapatos, seus pés tinham inchado um pouquinho. a observava.
— O que está esperando? Vai no quarto pegar suas coisas... – ela lhe olhou debochadamente, o rapaz pareceu acordar de um transe.
— Ah, certo – ele encaminhou-se ao quarto, e pegou o restante das coisas que tinha lá – Me trás uma sacola, por favor? — ele gritou, depois de um tempinho ela trouxe o que ele havia pedido, ele maneou a cabeça em agradecimento. Foi colocando o restante das coisas, enquanto era observado por ela. – Então é isso?
— Sim, é isso. – ela encostou-se ao batente da porta – Quem procurou isso foi você, não eu.
, não podemos jogar um relacionamento de dez anos no lixo. – sim, os dois namoravam desde os quinze anos, noivaram com dezenove e casaram-se com vinte dois anos.
, não tente jogar a responsabilidade em mim, eu posso ser tudo nessa vida, mas não sou infiel – ela pegou no ponto fraco do rapaz, ele somente suspirou.
— Eu te amo tanto – largou a sacola na cama e se aproximou dela, que recuou.
— Eu não te entendo, você está com o caminho livre pra ficar com a moça que estava, mas agora tudo o que tenta fazer é pedir desculpas... – ela lhe olhou ressentida – Eu poderia ter ido atrás dela, como muitas mulheres fariam, mas não, quem tinha o compromisso comigo era você, não ela – ela sentiu uma lágrima escorrer de seu rosto, mas logo a limpou, desviando seu olhar de .
— Não, eu não estou com ela. Eu terminei naquele mesmo dia, e desde então nós nunca mais nos falamos – ele se aproximou e a pegou de surpresa, encurralando-a na parede. Ele segurou seu rosto delicadamente.
, por favor... – ela o olhou relutante – não faz isso.
— Diz que não me ama, e eu levo minhas coisas e nunca mais te importuno com isso, eu prometo – seus olhos faiscavam, ela não o encarava – Me olha nos olhos e diz.
, eu... – ele levantou seu olhar – eu... não posso dizer isso. Me deixa, . – ela sussurrou com um fio de voz. Isso foi à deixa para que ele a beijasse, primeiro foi apenas um encostar de lábios, mas depois tornou-se um beijo, cheio de sentimentos e saudades. Há quanto tempo eles não se beijavam de verdade? Eles não saberiam dizer. Nada importava, somente os dois e aquele momento.
a levantou, o corpo dela estava encostado na parede, às pernas dela entrelaçadas no quadril dele. Ele largou seus lábios, e agora beijava o pescoço dela com avidez, com toda certeza deixaria marcas por ali. revirava os olhos ou os mantinha fechados, tamanha eram as sensações que lhe proporcionava.
Ela puxou o rosto do rapaz para cima e beijaram-se novamente, diferente do outro beijo, esse tinha muito desejo acumulado. interrompeu o beijo e rapidamente tirou sua camiseta, fazendo o mesmo com a de . Ele tirou o sutiã dela lentamente.
Ele engoliu em seco, com fascinação quente em seus olhos azuis, ele correu o dedo indicador sobre os lábios, enquanto olhava para a garota e seus seios que estavam relativamente maiores devido à gravidez. Aquilo fez com que ele se lembrasse de algo importante.
, não podemos, você está grávida, pode machucar o bebê e... – ele se afastou relutante da mulher, enquanto ela franzia o cenho.
, você não tem um super pênis para alcançar o meu útero – ela riu alto, enquanto o rapaz ficava com cara de tacho – Isso é mito! Continua logo, antes que eu me arrependa... – talvez fossem os hormônios da gravidez, ela não saberia dizer, ela só não queria parar. Ela o beijou novamente, uma urgência contida ali em ambos.
Logo o restante das roupas foi tirado, jogou as sacolas que estavam na cama no chão e a deita delicadamente no local que pertencia aos dois, deposita suas mãos na cintura da garota, vai subindo-as lentamente e as para nos seios dela, e delicadamente, ele rodeia os mamilos de entre os polegares e indicadores, e eles endurecem e alongam sob o seu toque especialista, enviando ondas de prazer por todo o corpo da garota, inclusive na intimidade dela. rola os olhos, enquanto deixava beijos no pescoço e clavícula da garota.
— Ah, os seus seios estão tão lindos, ... — ele murmura e os mamilos dela endurecem ainda mais, como retorno, e ela geme. Seus lábios se movem para baixo do pescoço dela e para em seus seios, ele abocanha o seio esquerdo dando mordidas suaves, sugando-os, o direito ele massageava com uma das mãos. Após um tempo ele inverte os seios, segura os lençóis com força.
— Fica de quatro — Rapidamente, se movimenta e fica na posição que lhe é pedida. aproxima-se da garota e esfrega a palma de sua mão contra o clitóris dela, sentiu que a intimidade da menina estava úmida. gemeu baixinho quando sentiu a pressão que os dedos do rapaz faziam nela. Gemeu alto quando sentiu que a penetrava com dois dedos e estimulava seu clitóris.
— Mais forte... – ela sussurrou enquanto estava em êxtase, prontamente lhe atendeu, fazendo os movimentos o mais rápido que podia, a garota já falava palavras sem nexo. Ele percebeu que ela estava quase gozando e então fazia movimentos de vai e vem no clitóris da garota, depois de tanto tempo de relacionamento ele a conhecia muito bem e sabia o jeito como ela gostava de ser estimulada. A garota atingiu seu ápice com um grito. Respirava com dificuldade devido ao orgasmo intenso.
sustentou as pernas da garota, na posição que ele havia pedido que ela ficasse, o rapaz voltou a estimular a garota, até que ela estivesse pronta para recebê-lo. estava em expectativa para senti-lo dentro de si, estava ansiosa, não sabia quanto tempo aquele momento duraria até que sentiu a cabecinha do membro dele em sua entrada, fechou os olhos, pronta para recepcioná-lo.
Sentiu que ele entrava aos pouquinhos, aquela tortura estava a matando lentamente. Nem ele aguentando mais, a penetrou por inteiro, ele suspirou pesadamente quando sentiu que estava dentro dela, esperou que ela se acostumasse e começou a se movimentar.
Apertava a cintura da garota enquanto fazia movimentos de vai e vem, segurava-se fortemente na cabeceira da cama, enquanto gemia alto o nome de . Ele, aproveitando do momento, lembrou-se da piadinha que a garota havia feito sobre o seu pênis.
— Quem agora tem um super pênis, ? – com uma das mãos ele puxava o cabelo dela, com a outra ele estava novamente estimulando o clitóris dela, a garota só sabia gemer alto – Quem, ? Responde, se não eu paro – ele a provocou. Com a voz falhando, ela respondeu:
— Você, idiota – agora quem ria era ele. Movimentou-se o mais rápido que podia, só se escutava os sussurros desconexos dela, e o barulho do atrito da pele dele com a dela. dava estocadas firmes, ela sabia que não aguentaria muito, a visão dela estava ficando turva, chegou ao ápice e não pode gritar outra coisa se não o nome do garoto. continuou movimentando-se, mas logo em seguida chegou ao ápice também.
deita-se ao lado dela, enquanto a garota estava de olhos fechados, sentindo a sensação que há tanto tempo não tinha, para ser especifica sete meses... O rapaz aninhou a garota em seus braços, enquanto tentava regular a respiração.
Os dois acabaram por adormecer ali, abraçados um ao lado do outro sentido o calor de seus corpos. Se ficariam juntos depois daquele dia? Só o tempo responderia... Mas teria uma luta muito grande para conseguir o perdão da garota.





Fim.



Nota da autora: Essa fanfic foi difícil demais de desenvolver... Me desafiei muito escolhendo essa música! Enfim, espero que gostem!
Ah, se quiserem acompanhar minhas fanfics, aqui embaixo disponibilizo o grupo que criei no face. Beijos <3





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