Capítulo Um
— , . — Remexi-me sobre a cama, já sentindo minha cabeça explodir.
Abrir os olhos não me ajudou em nada, eu parecia estar caindo de tão tonta que fiquei. Pisquei, então, repetidas vezes, acostumando-me com a claridade, ainda sentindo uma ardência incômoda na retina.
Murmurei algo incompreensível até mesmo pra mim enquanto me sentava, tentando me situar ao levar minha mão à cabeça. As cortinas tinham ficado abertas, aquilo explicava o sol praticamente entrando dentro do quarto sem convite prévio.
Por falar nisso, a maçaneta continuava a se mover insistentemente, fazendo-me ter um ódio mortal de por ele ser tão insistente.
Me arrastei até a porta, tocando chão gélido com meus pés descalços e a destranquei, esbarrando na calça que usei noite passada e acabei jogando de qualquer jeito no chão em meu caminho de volta para a cama.
— Não está pronta? Combinamos às nove! — Sua voz fez minha cabeça latejar um pouco mais. Me recolhi para dentro dos cobertores, tentando ignorar o fato de ele ter me acordado propositalmente àquela hora da manhã.
Eu realmente tinha concordado em ir na hora em que o convite me foi feito. Mas aquilo não queria necessariamente dizer que eu realmente iria. Poxa, custava ter confirmado primeiro antes de aparecer em meu dormitório?
Nós tínhamos um código! Caso combinássemos de fazer algo e um de nós não respondesse a mensagem do outro, significava que um de nós não iria mais. Funcionou muito bem durante anos, ele mesmo o criou, cansado dos bolos que dei nele toda vez que combinávamos algo cedo demais para que eu parasse minha hibernação e conseguisse acordar.
No caso de , me privou de pegá-lo na cama com alguma garota caso fosse até a casa dele chamá-lo. Me livrou de muitos traumas. Era simples, mas eficaz.
— O que deu em você, ? — sentou-se na beirada da cama e puxou o cobertor de cima da minha cabeça. Fiz força para puxar de volta, porém estava tão fraca que não pude evitar que ele me descobrisse. — Está doente? Vou mandar mensagem para os caras e desmarcar então.
— Não me cite a nenhum deles! — Me levantei rapidamente, em puro desespero, tentando afastar o celular dele de sua mão. franziu o cenho, analisando-me confuso.
— Por que não? Ontem você conheceu todos eles e Josh até ficou interessado em você. O que houve depois que saí? — Voltei a me encostar na cabeceira da cama, querendo me esquecer completamente da tal festa da noite passada.
Tudo bem, completamente não, o início dela até que tinha sido bom e não precisava ser descartado da minha memória.
Tinha sido a recepção de calouros, alguns cursos estavam misturados, tinha muita bebida e muita, mas muita, gente se pegando. Era minha primeira vez naquele universo tão falado das festas universitárias e, segundo minhas vizinhas de dormitório, todo calouro que se preze tinha que passar por aquele ritual antes do início das aulas.
Confesso que por mais famosos e divertidos que fossem aqueles rituais de iniciação, eu não havia tido muito interesse em participar inicialmente. Não curtia lugares lotados de gente, não bebia e não suportava lugares lotados de gente bêbada à minha volta. Fora que tinha dificuldades de fazer amigos daquela forma e eu também não conhecia quase ninguém.
O responsável por me tirar de meu dormitório foi , que me prometeu que ficaria comigo o tempo todo durante a tal festa. Porém, eu o conhecia tempo o bastante para adivinhar que ele me daria um perdido mais cedo ou mais tarde, assim que o primeiro rabo de saia surgisse em seu radar. Ou seja, fui por minha conta, risco e ingenuidade.
Assim que chegamos na festa barulhenta, fui apresentada a seus amigos veteranos, que jogavam no time da universidade e eram membros ativos da atlética.
Foi dito e feito: com cinco minutos de conversa minha com os caras, com direito a combinar uma pelada no dia seguinte, vi sair acompanhado de uma loira bronzeada e me deixar sozinha com seus amigos. Não poderia achar ruim com ele, afinal de contas, eu já era adulta e sabia me cuidar bem sozinha. Além do fato de ser um pé no saco ficar cobrando algo dele. Mas, que merda, ele tinha me prometido ficar!
A partir dali foi uma sucessão de erros que eu nem saberia explicar. Primeiro cedi à insistência dos meninos e bebi umas cervejas pra socializar. Tentei mentir dizendo que estava tomando um antibiótico para não falar que não bebia, porque, aparentemente, era um crime não beber num lugar daqueles. Não adiantou muito, entretanto, e eu acabei aceitando na tentativa de criar coragem para fazer algo que estava querendo testar há uns dias.
O tal Josh - citado por - realmente ficou explicitamente interessado em mim. Após algumas cervejas, eu já tinha conseguido me aproximar mais dele na roda, que foi diminuindo à medida em que alguns deles eram chamados por conhecidos ou garotas interessadas. Ele me beijou e eu, que já estava meio tonta por conta das cervejas, o beijei de volta.
E foi ali que as coisas realmente começaram a dar muito errado.
— Pegue um analgésico pra mim primeiro? — Apontei para a cômoda próxima da porta. — Eu não estou aguentando minha cabeça.
— Está de ressaca? — riu alto, indo buscar o que eu pedi e voltando com minha garrafa de água, que também estava por ali. — Eu não acredito que perdi seu primeiro porre na universidade. — Lhe dei o dedo do meio, tomando o remédio.
Já tinha tomado um porre no ensino médio. Naquela festa, não só estava como também tinha sido um grande influenciador para que aquilo acontecesse. Lembro que tive que dormir na casa dele, porque estava muito mal para poder ir pra casa. Minha mãe provavelmente me mataria se me visse naquele estado aos dezessete anos.
No fim das contas, aprendi a lição: nunca mais bebi em grandes quantidades. Gostava de estar no controle de mim mesma e o álcool me tirava aquilo quando estava em minha corrente sanguínea.
Vide a noite passada, se estivesse sóbria, jamais faria aquilo.
— Se arrependimento matasse, eu já estaria fedendo uma hora dessas. — pegou meu braço, levantando-o para cheirar minha axila, numa tentativa falha de me fazer rir.
Ele provavelmente devia achar que eu estava sendo dramática, ou queria desviar as atenções pelo fato de saber que tinha me abandonado sozinha e eu estava brava. realmente achava que me enganava? Eu o conhecia desde antes de ele criar pelos no saco, chegava a ser engraçado o fato de tê-lo me tratando como se eu fosse uma das garotas que ele pegava por aí.
— O que aconteceu de tão horrível assim? Eu não recebi nada, nem mensagens, nem vídeos ou fotos… — Sorriu debochado, fazendo-me querer gastar meu réu primário.
— É claro que não recebeu mensagens. Duvido que aquele idiota iria te contar o que fez comigo noite passada. — Cruzei os braços, emburrada. O sorriso de se desmanchou e a famosa ruga entre suas sobrancelhas deu as caras. — Josh e eu... Ficamos ontem e em determinado momento subimos para um dos quartos…
— Não me diga que ele te forçou… — Seu semblante endureceu, fazendo-me respirar fundo ao negar veementemente com a cabeça.
— Eu quis subir com ele, não gosto de lugares cheios, você sabe — Comecei, encolhendo os ombros, temerosa. continuou sério, esperando que eu terminasse de contar. — Ele me deitou na cama, tirou a camisa...Tirou minha blusa e eu até que estava gostando, mas… Quando ele subiu em cima de mim, eu… Não sei, entrei em pânico. — levou a mão ao rosto, respirando fundo.
Nós já tínhamos conversado sobre aquilo, sobre o meu medo de perder a virgindade. Acho que era aquele receio todo que me fez chegar aos vinte e dois anos ainda com ela intacta. Mas achei que estava pronta para enfrentar aquele medo, porém, depois de ontem, percebi que tinha sido precipitada. Josh não era o cara certo e a situação em que estávamos não tinha ajudado muito.
— Eu pedi pra que ele parasse, mas a música estava alta, a-acho que ele não ouviu. — Ofeguei, relembrando a sensação horrível que tomou meu corpo quando eu tentei afastá-lo e ele apenas me prensou ainda mais contra o colchão. Eu nunca tive tanto medo na vida. — Forcei mais minha voz e acabei gritando com ele, empurrando-o pra longe com força. — Olhei pra com os olhos marejados. Eu sabia que ele não colocaria a culpa daquele susto em mim, mas ainda sentia que eu tinha agido feito louca depois de ouvir tudo o que eu ouvi vindo de Josh. — Ele ficou furioso, vestiu a camisa, me xingando, e me deixou sozinha no quarto.
Vadia frígida.
Foi a última frase que ouvi sair de sua boca. Mas eu não tinha coragem de repetir em voz alta. Sei que algo assim vindo de um desconhecido não deveria ter me atingido tanto, porém aquilo não saiu mais da minha cabeça desde então.
me abraçou ao me ver prestes a chorar. Não precisei dizer nada, ele já me conhecia como ninguém e sabia exatamente de tudo o que eu precisava sem que precisasse sequer abrir a boca.
— Me desculpe por te deixar sozinha na festa. — Funguei, aconchegando-me em seu peito. Sua mão fez carinho em meus cabelos longos enquanto eu secava minhas lágrimas. — Não teria ido se soubesse que um deles iria querer fazer algo contra sua vontade. — Me afastei dele, encarando-o incerta.
— Mas eu até que queria… — Encolhi os ombros.
— Você… Queria? — disse, duvidoso, analisando-me com a testa franzida. — Queria perder a virgindade com um desconhecido, bêbada numa festa?
É, colocando daquele jeito realmente parecia ser uma péssima ideia.
— É por isso que eu quis parar. Eu queria transar, mas não daquele jeito, porém quando vi já era tarde demais, já estávamos lá.
— Por que essa pressa toda?
Pressa? Eu já tinha vinte e dois anos, quase vinte e três! Deixou de ser pressa há muito tempo, sentia que estava até atrasada.
— Eu não devia te contar, minha mãe não quer que ninguém saiba, mas é meio impossível esconder isso por muito tempo. — Eu tinha prometido que não iria falar, mas era . Contávamos tudo um para o outro desde sempre, ele estava incluso em todos os meus segredos e eu nos dele. — Mary está grávida.
— Sua irmã. De dezesseis anos. — Assenti, vendo-o ainda boquiaberto.
— Sabe o que é preciso pra ficar grávida, ? Transar. Minha irmã mais nova já transou e eu não! — Partilhei minha indignação com ele.
— É por isso que quer transar? Por que sua irmã já fez? , você esperou todo esse tempo pra ser tão precipitada desse jeito? — Franzi a testa sem entender aquele papo dele.
Nós dois sabíamos que eu não escolhi esperar ou fazer toda a ladainha de me guardar para o casamento. Eu nem sabia se queria me casar um dia! Conversávamos sobre sexo desde nossa adolescência. chegou a me contar quando teve sua primeira vez e ele sabia que eu não tinha transado na época porque não me sentia pronta.
Não que tivesse alguém disposto a transar comigo, inclusive, aparentemente, aquele era um problema recorrente na minha vida desde a adolescência.
— , me responda sinceramente. — Juntei as mãos exasperada. — Quem, na minha idade, você conhece que ainda é virgem? — comprimiu os lábios, sem resposta. — Está vendo? Se você conhece uma garota de quase vinte e três que nunca transou ou namorou, você provavelmente vai pensar que tem algo de errado com ela, certo?
— Não tem nada de errado em ser assim, mas eu não… — Coçou a nuca e se autoimpediu de terminar a frase, que eu já sabia qual era. não encararia uma garota virgem da minha idade. Ele e a maioria dos caras da nossa faixa já tinham uma vida sexual ativa e não tinham paciência pra quem estava começando. Josh era um claro exemplo daquilo. — É que… Hoje em dia é meio estranho. — Soltou de uma vez, fazendo-me voltar a me afundar na cama. — Mas você é diferente!
— Por quê? — Minha voz saiu esganiçada.
— Porque… Porque você não é igual às outras garotas. — Revirei os olhos com aquele clichê de merda que inventaram.
— Qual a diferença entre mim e elas, ? Me conte, eu estou morrendo de curiosidade para saber. — Ri, numa pura ironia, já vendo-o se arrepender de ter aberto a boca.
— Você é mais quieta, na sua. Não costuma se maquiar ou se vestir como as outras, você joga futebol com os caras… Não é culpa sua você ser virgem, só que os caras não te olham desse jeito…
— De que jeito, ? — Eu tinha medo daquela resposta, principalmente porque eu sabia que não mentia pra mim, muito menos em relação ao universo masculino. Ele sempre me contou tudo o que os homens pensavam, assim como eu sempre o ajudei com as meninas.
— Do jeito que a gente olha pra alguém que queremos transar, . — Chacoalhou os ombros. Suspirei exasperada. — Você usa roupas que cobrem o corpo, que ficam largas às vezes. Não dá pra saber o que tem aí debaixo olhando de fora… E você também trata os caras de um jeito…
Fechei os olhos com força, não sabia se queria ouvir aquele argumento, não.
— Masculino… — Eu os tratava como pessoas normais, como eu deveria tratá-los afinal?
— Então, esse é o meu problema. — Sorri amarelo, no fundo eu já sabia. Só que nutria uma esperança idiota de que alguém iria conversar comigo e, por um acaso, iria descobrir minha grande personalidade e se interessaria por mim. Talvez, se os fizesse rir, me achariam atraente e iriam querer me levar pra cama.
Não funcionava pelo visto.
— Não é um problema. — Ponderou, tombando a cabeça pro lado. Eu conhecia aquele tom de voz, o fazia quando amenizava as coisas para que eu não me sentisse tão mal. Ele tentava mascarar o mundo cruel dos homens pra mim desde o ensino médio, quando eu descobri que garotos eram, de fato, nojentos na maioria das vezes.
Porém, apesar de seus esforços, nunca conseguiu, já que ele mesmo fazia tudo o que me alertava sobre os homens com outras garotas. No fim das contas, ele era o exemplo vivo dos caras de quem eu devia correr.
— Eu gosto de você do jeito que você é e não acho que precise mudar só pra um cara olhar pra você. — Ri de sua tentativa clara de me consolar, com direito até a mão fazendo carinho no cabelo.
Parecia até minha mãe falando! Eu o amava, porém, ele gostar ou não de mim não me ajudava em nada no meu problema. era meu melhor amigo e era aquilo que eles faziam, nos bajulavam quando estávamos pra baixo.
— E tem mais: estou vendo o que tem debaixo das suas roupas e você até que é gostosinha, só usa a calcinha errada. — Lhe desferi um tapa no braço, ficando extremamente vermelha.
— É confortável! — Defendi minha calcinha bege, com um gatinho desenhado na bunda. — E eu não pretendo mudar nada em mim, então acho que vou morrer virgem. — Fingi uma falsa conformação.
A quem eu estava querendo enganar? Quando colocava algo na cabeça, não descansava até conseguir. E daquela vez não seria diferente, até porque eu realmente queria saber como era, sempre tive aquela curiosidade e já estava mais que na hora de saná-la.
— Eu tenho certeza de que não vai. — Abraçou-me pelo ombro. — A primeira vez é horrível, se isso te consola.
— Não me consolou, até porque eu tenho certeza que depois deve ser muito bom, você vive fazendo com várias. — Lhe dei uma cotovelada, ouvindo sua risada. Era impressionante a falta de vergonha na cara. — Tenho medo é da primeira, sabe? Entro em pânico só de imaginar. — Levei as mãos ao rosto, tendo-o me envolvendo em seus braços, deitando minha cabeça em seu ombro.
— Você não tem o que temer, minha cara, . Só encontre um cara legal, que tenha paciência e que te trate bem, que no fim dá tudo certo. Não é um bicho de sete cabeças. — Beijou minha testa, acariciando meu braço. — Qualquer dúvida que tiver, eu estou aqui pra ajudar.
Um cara legal, que teria paciência e que me trataria bem.
Encarei sua mão tatuada deslizando devagar sobre minha pele, senti seu abraço, e reparei no modo como ele sempre me protegia e não ligava para meu jeito… Estranho de ser. E até me achava gostosinha! Talvez, eu me sentisse à vontade com ele de outra forma.
— Você!
— Eu o quê? — Me afastou de si, genuinamente confuso. Meu sorriso se abria a cada vez que eu pensava na possibilidade, era ! Era perfeito!
— Você vai tirar minha virgindade.
Capítulo Dois
— Eu o quê? — Me afastou de si, genuinamente confuso. Meu sorriso se abria a cada vez que eu pensava na possibilidade, era ! Era perfeito!
— Você vai tirar minha virgindade.
— Nem pensar! — Se afastou, levantando-se da cama como se eu fosse uma predadora sexual prestes a atacá-lo.
— Por que não? — Seus olhos se arregalaram, como se fosse óbvio. Lhe devolvi o olhar, era óbvio pra mim também. — , você é perfeito pra isso! Tem experiência, não vai zoar meu corpo, vai saber ir devagar sem me assustar e, pra completar, você ainda me ama! — Eu não via motivos para não acontecer!
— Eu te amo, mas não desse jeito! Tem noção do quão estranho é isso?
— Eu não quero que me ame desse jeito, seu idiota! — Me levantei, já estressada. Desde quando era aquele moralista quando se tratava de sexo? — Não vai ficar estranho, a gente já se vê seminu, será só uma vez para eu perder meu medo!
— , é uma coisa completamente diferente. — Cruzei os braços, rindo sem humor. Eu nunca vi um homem nu ao vivo, mas com certeza o que ele tinha entre as pernas não devia ser algo de outro mundo. — Nós crescemos juntos, eu não consigo sequer pensar em você desse jeito — Sua cara de nojo me deixou ofendida. — Você definitivamente não sabe o que está me pedindo.
— Então, realmente tem algo de errado comigo. — Deve ser um defeito físico dos grandes, pelo tamanho do exagero dele! — Só porque eu não sou uma das garotas com quem você transa, desde quando você se importa tanto com quem vai foder, ? — Meu rosto queimava de tanta raiva que eu sentia.
— Eu… Eu não vou conversar com você desse jeito, . — Hasteou o dedo com o semblante que permaneceu do mesmo jeito desde que ele me ouviu falar a palavra "foder", em choque. Sim, tínhamos voltado a ter doze anos. Parecia que nunca tinha me ouvido falar um palavrão na vida. — Quando estiver pensando direito, volte a falar comigo, mas a resposta é não.
Já ia em direção à porta, me deixando ainda mais puta da vida.
Que indignação toda era aquela, afinal? Eu estava pedindo para que transasse comigo, não que me ajudasse a desovar um corpo! Que dramalhão desnecessário, o que custava ele me ajudar? O pênis dele por acaso iria cair?
Esperava que caísse também! Se não servia pra me ajudar, não tinha por que existir.
— Isso, pode ir embora! Justo quando eu mais preciso, é isso o que você faz! Vá atrás das meninas gostosas do campus, você sempre fez isso comigo. — parou no meio do caminho, respirando fundo. — Vá, , pode deixar! Eu vou dar um jeito nisso sozinha, eu me viro.
E eu iria mesmo, agora era questão de honra.
— O que vai fazer, hein? Vai se embebedar e dar pro primeiro que te aparecer? — Arquei as sobrancelhas, desafiadora. esbravejou, já retrocedendo seus passos. Ele me conhecia o bastante pra saber que eu faria. — , não pode fazer isso, é perigoso! Vai saber as intenções do cara, e se ele não parar quando você entrar em pânico?
— Ah, agora você se preocupa comigo? — Cruzei os braços, rindo sarcástica.
— Eu sempre me preocupo, , mas dessa vez eu não vou poder te ajudar, com isso não.
— Então, você já pode ir embora do meu quarto.
E ele saiu mesmo! Deixando-me plantada, sozinha e furiosa.
***
Se passaram três dias. Três dias que eu ignorava as mensagens de e fazia questão de passar o mais longe possível de seu campus só pra não correr o risco de esbarrar com ele por aí. Ele tinha ido ao meu dormitório no dia seguinte à nossa discussão. O deixei pra fora, fingi que não estava.
Depois de ontem e anteontem, acho que ele tinha percebido que, na verdade, eu estava, só não queria abrir pra ele.
Lembrei-me de todos os planos que fizemos para aquele começo de aulas - até mesmo do tour pela universidade que me foi prometida ainda em Londres, quando eu ainda estava me formando, enquanto já tinha entrado na faculdade.
Cumpri o trato que fizemos desde crianças, que consistia em nunca nos separarmos e escolhi a mesma universidade que a dele para que pudéssemos ficar juntos. Ficamos um ano longe um do outro, conversando sempre por FaceTime. No dia em que desembarquei nos EUA, foi me buscar no aeroporto em seu carro vermelho.
Pulei em seu colo como se tivessem anos que não nos víamos pessoalmente, sendo que no natal eu o tive em minha casa ceando junto da minha família. Era sempre daquele jeito, ia pra minha casa dia 24 e dia 30 eu ia pra dele. Mesmo com a faculdade, ele fez questão de não quebrar nossa tradição.
Tínhamos infinitas tradições, infinitos códigos e combinados, eram mais de vinte anos de amizade! Nós dois éramos inseparáveis desde que nos entendíamos por gente. Nossas mães foram colegas de trabalho que engravidaram uma atrás da outra; primeiro veio e, um ano depois, nascia eu. Era sempre hilário juntar as duas e ouvi-las contar histórias de nós dois que nem ao menos sabíamos da existência.
Havia muitas recordações de nós espalhadas pela minha casa, e eu tínhamos fotos de Natal, de Páscoa e praticamente uma coletânea só de Halloween. Tinha um porta retrato na minha cômoda de quando eu era recém nascida, já com ao meu lado olhando-me curioso somente de fraldas e com a chupeta na boca.
Encarei a foto, morta de saudades daquele tempo em que não entendíamos nada e por isso nos preocupávamos com nada.
Suspirei, voltando a pentear meus cabelos castanhos. Os segurei no topo de minha cabeça, simulando um rabo de cavalo. Soltei quando percebi que estava me preocupando demais com minha aparência depois do que ouvi de . Não gostava daquela paranoia desnecessária. Não tinha nada de errado com meu reflexo no espelho.
Aquela era apenas eu, vestida na minha mom jeans e numa blusa de mangas preta com uma camiseta branca por cima. Remexi meus pés, encarando-os em dúvida. Será que eram os tênis que me deixavam menos feminina?
Nah, não importava. Me sentia bem do jeito que estava. Peguei minha mochila após borrifar um pouco de perfume em meu pescoço.
Eu deveria me bronzear ao ponto de mudar a cor da minha pele e encher meus lábios de preenchimento para ser aceita pelos caras da minha idade? Poxa, os padrões de beleza estavam cada vez mais inalcançáveis, só um banho tomado e estar vestida já não valia de nada.
Fui pra minha segunda semana de aula ainda mais animada que a primeira. Eu tinha feito alguns amigos por conta da ideia de montar um grupo de trabalhos, já não estava mais tão nervosa quanto a estar sozinha em meio a desconhecidos.
Infelizmente, tinha aquela questão desde criança. Meu primeiro dia de aula no fundamental tinha sido conturbado justamente por eu ter percebido que minha mãe iria me deixar na escola e ir embora. Passei o dia chorando com medo de ficar sozinha. A única coisa que me animou foi ir pro recreio e ver um rosto conhecido em meio a tantas crianças barulhentas. me pegou pela mão e me levou pra lanchar com ele em sua mesa.
Anos tinham se passado e eu continuava a mesma, porém daquela vez estava evitando por ainda estar brava com ele. Nossas brigas nunca duraram mais que uma semana, então ainda me restavam alguns dias pra prolongar minha raiva antes de voltarmos a nos falar normalmente.
Assim que saí da aula, fui direto para a biblioteca, onde eu tinha certeza de que não o encontraria de jeito nenhum, já que tinha alergia a livros. Peguei alguns que estavam listados nos materiais de apoio do semestre, planejava já começar um deles naquela tarde mesmo.
Voltei para o dormitório após almoçar, pensando em como nós dois éramos diferentes um do outro. Éramos os amigos mais improváveis mesmo, sempre disse a que se não fôssemos amigos desde pequenos, talvez jamais daríamos uma chance de nos juntarmos.
Éramos antônimos um do outro, enquanto eu era mais centrada, tímida e receosa, era avoado, descarado até demais e extremamente aventureiro. Eu tentava frear seus impulsos enquanto ele tentava me arrastar nas suas loucuras. Eu cursava literatura e odiava exatas, já - contrariando minhas teorias de que todo cara gato é meio burrinho -, cursava engenharia e era simplesmente um nerd com cálculos e equações.
Ele ficaria ofendido em ser chamado de nerd, enquanto eu ficaria orgulhosa.
Apesar de tudo éramos uma boa dupla. Apesar das diferenças, nos completávamos.
Vesti meu moletom e desci, já encontrando os caras. Tínhamos combinado de jogar um pouco, já que o jogo de ontem não tinha rolado por conta de tudo o que aconteceu.
Joshua também estava no grupo que se deslocava a pé até o campo que tinha dentro do campus. Tinha conversado com ele quando a poeira baixou, sentia que se o tivesse visto ainda no dia em que me contou tudo o que houve naquela festa, provavelmente lhe socaria. Ele me prometeu que iria falar com ela, se desculparia, apesar de dizer não se lembrar direito do que aconteceu por conta do tanto que bebeu.
Ainda não estava cem por cento indo com sua cara, ouvi-lo desdenhar como se não tivesse feito nada demais enquanto comparava com o relato de me deixou puto da vida. O arrependimento ainda me tomava por tê-la deixado sozinha naquela festa, mesmo sabendo que ela não era habituada com aquele ambiente.
Sempre reclamava pra ela do quão dependente ela era de mim. Algumas vezes, chegamos a brigar durante a adolescência quando relutava a querer ir a festas e queria ficar em casa pra ver um filme ou jogar vídeo game. Eu a amava, mas estava começando a ter uma vida social e sentia que ela às vezes me atrapalhava.
Com o tempo, ela foi ficando mais flexível; ia a algumas festas e eu aprendi a ceder e fazer os programas que ela gostava. Era até bom, me fazia estudar em vésperas de provas e me ajudava em redações enquanto eu lhe ensinava cálculos. Se não fosse por ela, acho que nem na faculdade eu estaria. Fora que era sempre muito divertido estar com ela, nós tínhamos piadas internas que ninguém jamais entenderia.
Estava há exatos três dias sem ver ou falar com ela. Tentei de tudo, quase cheguei ao ponto de ir até a biblioteca procurá-la, porém desisti por imaginar que ela ainda deveria estar brava.
Pensei muito sobre o que conversamos naquele domingo, me perguntei se não tinha sido muito sincero com ela. Eu nunca tinha mentido pra , mas geralmente tentava diminuir o impacto de minhas palavras quando imaginava que poderiam deixá-la chateada. Era impressionante como ela me fazia tomar aquele cuidado sem ao menos perceber, eu nunca tive aquele comportamento com mais ninguém na vida.
era linda, eu e os caras que já se interessaram por ela poderíamos confirmar a qualquer um que perguntasse. Porém, ela não era exatamente o tipo de garota que parava trânsitos ou tinha filas de pretendentes por onde quer que passasse. Aliás, ela sempre odiou chamar atenção.
Quando eu lhe disse aquelas coisas, fora na melhor das intenções, porque, apesar de tudo, ela ainda era a melhor garota que eu já conhecera na vida. Teria inveja de quem quer que fosse o cara que a tivesse como namorada algum dia. adorava todos os jogos de videogame que estavam em alta, amava ver filmes de ação e ainda por cima jogava futebol melhor que muitos homens por aí. Além de ser engraçada e inteligente.
Ela era tudo o que qualquer cara poderia a Deus, só que num molde mais… Modesto.
O que ela vestia ou deixava de vestir era o de menos, eu não a enxergava pelo seu corpo. Devia ser por aquele motivo que comecei a bostejar pela boca ao descrevê-la como se tivesse algo de errado com ela. Não tinha, e eu a fiz acreditar que sim.
— , aquela ali não é a sua amiga? — Fui retirado de meus devaneios e a avistei pelas grades do campo, treinando faltas em frente ao gol.
— Será que ela joga com a gente hoje? — Mark indagou, animado, ao lado de Joshua, que trocou olhares comigo antes de ir na frente, adentrando o campo e indo ao encontro dela.
Os caras e eu nos juntamos próximos ao banco reserva que tinha na lateral do campo. Enquanto se alongavam pra começarmos o jogo, eu estava sentado, tentando entender o que acontecia em frente ao gol contrário.
ainda ouvia Josh calada, assentiu vez ou outra, cruzou os braços e apoiou a bola no pé. Seu suspiro denunciou que ela estava de saco cheio de ouvi-lo. Confirmando meu palpite, ela apenas disse algumas coisas, lhe deu um aperto de mãos e se abaixou, pegando a bola, caminhando pra longe dele e deixando o campo.
Me perguntei se ela não tinha me visto ali ou se ainda estava me ignorando.
Me levantei e corri pra fora, seguindo-a pela lateral do campo.
— , espera! — A puxei pelo braço assim que a alcancei, vendo seu semblante duro quando a virei pra mim.
— O que foi ? Agora que eu não estou de roupas largas, você aceita transar comigo? — Seu tom carregado de ironia foi ouvido pelas pessoas que passavam por nós.
Eu nem ao menos tinha reparado em suas roupas. usava uma legging escura junto de um moletom e seus tênis verdes de corrida.
— Qual é, ! Josh fez coisa muito pior e você já o perdoou, por que ainda está brava comigo? — parou de andar e se virou em minha direção.
— Josh não é o meu melhor amigo, você é! Ou era, quando me ajudava no que eu precisava. — Deu de ombros, fazendo-me revirar os olhos pelo drama excessivo.
Ela sempre fazia aquilo. Aquela carinha de cachorro que caiu da mudança, que com seus 160 centímetros de altura e as bochechas avermelhadas de frio só potencializavam o seu poder de persuasão sobre mim.
— Você não está falando sério, está?
Mas, daquela vez, eu não poderia ceder a seu olhar de gato de botas. Se o fizesse, teria que ir pra cama com ela. E eu nunca me imaginei numa situação daquela com ! Acho que nem conseguiria ter uma ereção perto dela, nós dois éramos como irmãos!
Me alarmei quando a vi voltar a andar pra longe, mudando seu padrão de drama, que consistia em ficar me olhando até que eu sentisse dó e fizesse o que ela queria. Ela não parecia com paciência de esperar que meu coração derretesse e aquilo me deu um certo medo do que ela poderia fazer caso cumprisse o que me disse no dia anterior e se arriscasse por aí atrás de outro cara pra lhe tirar a virgindade.
Quando enfiava algo na cabeça… Nada parecia ter poder de fazê-la mudar de ideia.
— Não acredito que vai me ignorar só por conta disso. — Ela continuava a andar, como se eu não estivesse ali, falando com ela! — Eu queira poder te ajudar, mas nisso não, eu não posso! — A puxei pelo braço novamente.
— É claro que pode! — Esbravejou, apertando os dedos contra a bola que tinha em mãos. — Não estou te pedindo algo impossível, , é só sexo! Você tem um pênis e eu uma vagina e…
— Pare! — Levei a mão ao rosto, sentindo meu estômago se revirar só de ouvi-la falar.
Pra começo de conversa, eu nem sequer me lembrava que tinha uma vagina. Se algum dia eu cometesse a loucura de tentar imaginá-la nua, aquela região com certeza ficaria em branco.
Era por aquele motivo que éramos tão próximos e nunca tinha sequer acontecido uma menção de nós pegarmos. e minha mãe eram as únicas mulheres que eu já amei na vida e jamais pensei em coisas com duplo sentido.
Era nojento!
— Vai ver o seu nem funciona direito. — Passou os olhos rapidamente pela minha calça, sem sequer olhar diretamente pra ele.
Nem ela conseguia admitir que aquilo era impossível de acontecer, sequer conseguia olhar! Sua teimosia era tanta que ela jamais admitiria que era uma péssima ideia, mas agora que tinha começado iria até o fim com aquilo.
Quer dizer, tentaria ir até o fim.
— … — Meu tom ameaçador não surtiu efeito nela, que ainda me encarava vermelha de raiva, provavelmente não tendo noção do que acabou de insinuar.
Se não fosse ela, eu faria questão de lhe mostrar que não era um broxa, e iria fazê-la se arrepender de duvidar da minha capacidade sexual. nem ao menos sabia onde estava se metendo ao dizer aquilo, tinha sorte que era eu quem estava escutando.
— , é algo importante pra mim! — Argumentou, com os olhos brilhando em lágrimas. Meu Deus, por que ela tinha que colocar aquela ideia boba na cabeça? — Eu não tenho ninguém e quero fazer com alguém especial pra mim!
— É por isso que eu não vou fazer isso, ! — Tinham tantos motivos, mas ficaríamos a noite toda ali se eu os listasse. — Eu não sou essa pessoa e tenho certeza que, daqui a um tempo, você vai se arrepender de não ter esperado o cara certo.
— Me poupe dessa ladainha de cara certo, você mesmo disse que a primeira vez é péssima. — Bradou, se aproximando de mim, na sua última tentativa de me convencer. — Eu sinto que com você não será tão ruim assim. — Deveria levar como elogio? — Por favor, , por favorzinho!
— Não, , me peça qualquer coisa, menos isso!
— Então, não quero mais nada vindo de você. — Chorosa, saiu em disparada em direção ao caminho do próprio dormitório, largando até mesmo sua bola para trás.
— ! — Chamei algumas vezes, mas sem sucesso, já prevendo que, pelo visto, ficaríamos bem mais que uma semana brigados.
— Você vai tirar minha virgindade.
— Nem pensar! — Se afastou, levantando-se da cama como se eu fosse uma predadora sexual prestes a atacá-lo.
— Por que não? — Seus olhos se arregalaram, como se fosse óbvio. Lhe devolvi o olhar, era óbvio pra mim também. — , você é perfeito pra isso! Tem experiência, não vai zoar meu corpo, vai saber ir devagar sem me assustar e, pra completar, você ainda me ama! — Eu não via motivos para não acontecer!
— Eu te amo, mas não desse jeito! Tem noção do quão estranho é isso?
— Eu não quero que me ame desse jeito, seu idiota! — Me levantei, já estressada. Desde quando era aquele moralista quando se tratava de sexo? — Não vai ficar estranho, a gente já se vê seminu, será só uma vez para eu perder meu medo!
— , é uma coisa completamente diferente. — Cruzei os braços, rindo sem humor. Eu nunca vi um homem nu ao vivo, mas com certeza o que ele tinha entre as pernas não devia ser algo de outro mundo. — Nós crescemos juntos, eu não consigo sequer pensar em você desse jeito — Sua cara de nojo me deixou ofendida. — Você definitivamente não sabe o que está me pedindo.
— Então, realmente tem algo de errado comigo. — Deve ser um defeito físico dos grandes, pelo tamanho do exagero dele! — Só porque eu não sou uma das garotas com quem você transa, desde quando você se importa tanto com quem vai foder, ? — Meu rosto queimava de tanta raiva que eu sentia.
— Eu… Eu não vou conversar com você desse jeito, . — Hasteou o dedo com o semblante que permaneceu do mesmo jeito desde que ele me ouviu falar a palavra "foder", em choque. Sim, tínhamos voltado a ter doze anos. Parecia que nunca tinha me ouvido falar um palavrão na vida. — Quando estiver pensando direito, volte a falar comigo, mas a resposta é não.
Já ia em direção à porta, me deixando ainda mais puta da vida.
Que indignação toda era aquela, afinal? Eu estava pedindo para que transasse comigo, não que me ajudasse a desovar um corpo! Que dramalhão desnecessário, o que custava ele me ajudar? O pênis dele por acaso iria cair?
Esperava que caísse também! Se não servia pra me ajudar, não tinha por que existir.
— Isso, pode ir embora! Justo quando eu mais preciso, é isso o que você faz! Vá atrás das meninas gostosas do campus, você sempre fez isso comigo. — parou no meio do caminho, respirando fundo. — Vá, , pode deixar! Eu vou dar um jeito nisso sozinha, eu me viro.
E eu iria mesmo, agora era questão de honra.
— O que vai fazer, hein? Vai se embebedar e dar pro primeiro que te aparecer? — Arquei as sobrancelhas, desafiadora. esbravejou, já retrocedendo seus passos. Ele me conhecia o bastante pra saber que eu faria. — , não pode fazer isso, é perigoso! Vai saber as intenções do cara, e se ele não parar quando você entrar em pânico?
— Ah, agora você se preocupa comigo? — Cruzei os braços, rindo sarcástica.
— Eu sempre me preocupo, , mas dessa vez eu não vou poder te ajudar, com isso não.
— Então, você já pode ir embora do meu quarto.
E ele saiu mesmo! Deixando-me plantada, sozinha e furiosa.
Se passaram três dias. Três dias que eu ignorava as mensagens de e fazia questão de passar o mais longe possível de seu campus só pra não correr o risco de esbarrar com ele por aí. Ele tinha ido ao meu dormitório no dia seguinte à nossa discussão. O deixei pra fora, fingi que não estava.
Depois de ontem e anteontem, acho que ele tinha percebido que, na verdade, eu estava, só não queria abrir pra ele.
Lembrei-me de todos os planos que fizemos para aquele começo de aulas - até mesmo do tour pela universidade que me foi prometida ainda em Londres, quando eu ainda estava me formando, enquanto já tinha entrado na faculdade.
Cumpri o trato que fizemos desde crianças, que consistia em nunca nos separarmos e escolhi a mesma universidade que a dele para que pudéssemos ficar juntos. Ficamos um ano longe um do outro, conversando sempre por FaceTime. No dia em que desembarquei nos EUA, foi me buscar no aeroporto em seu carro vermelho.
Pulei em seu colo como se tivessem anos que não nos víamos pessoalmente, sendo que no natal eu o tive em minha casa ceando junto da minha família. Era sempre daquele jeito, ia pra minha casa dia 24 e dia 30 eu ia pra dele. Mesmo com a faculdade, ele fez questão de não quebrar nossa tradição.
Tínhamos infinitas tradições, infinitos códigos e combinados, eram mais de vinte anos de amizade! Nós dois éramos inseparáveis desde que nos entendíamos por gente. Nossas mães foram colegas de trabalho que engravidaram uma atrás da outra; primeiro veio e, um ano depois, nascia eu. Era sempre hilário juntar as duas e ouvi-las contar histórias de nós dois que nem ao menos sabíamos da existência.
Havia muitas recordações de nós espalhadas pela minha casa, e eu tínhamos fotos de Natal, de Páscoa e praticamente uma coletânea só de Halloween. Tinha um porta retrato na minha cômoda de quando eu era recém nascida, já com ao meu lado olhando-me curioso somente de fraldas e com a chupeta na boca.
Encarei a foto, morta de saudades daquele tempo em que não entendíamos nada e por isso nos preocupávamos com nada.
Suspirei, voltando a pentear meus cabelos castanhos. Os segurei no topo de minha cabeça, simulando um rabo de cavalo. Soltei quando percebi que estava me preocupando demais com minha aparência depois do que ouvi de . Não gostava daquela paranoia desnecessária. Não tinha nada de errado com meu reflexo no espelho.
Aquela era apenas eu, vestida na minha mom jeans e numa blusa de mangas preta com uma camiseta branca por cima. Remexi meus pés, encarando-os em dúvida. Será que eram os tênis que me deixavam menos feminina?
Nah, não importava. Me sentia bem do jeito que estava. Peguei minha mochila após borrifar um pouco de perfume em meu pescoço.
Eu deveria me bronzear ao ponto de mudar a cor da minha pele e encher meus lábios de preenchimento para ser aceita pelos caras da minha idade? Poxa, os padrões de beleza estavam cada vez mais inalcançáveis, só um banho tomado e estar vestida já não valia de nada.
Fui pra minha segunda semana de aula ainda mais animada que a primeira. Eu tinha feito alguns amigos por conta da ideia de montar um grupo de trabalhos, já não estava mais tão nervosa quanto a estar sozinha em meio a desconhecidos.
Infelizmente, tinha aquela questão desde criança. Meu primeiro dia de aula no fundamental tinha sido conturbado justamente por eu ter percebido que minha mãe iria me deixar na escola e ir embora. Passei o dia chorando com medo de ficar sozinha. A única coisa que me animou foi ir pro recreio e ver um rosto conhecido em meio a tantas crianças barulhentas. me pegou pela mão e me levou pra lanchar com ele em sua mesa.
Anos tinham se passado e eu continuava a mesma, porém daquela vez estava evitando por ainda estar brava com ele. Nossas brigas nunca duraram mais que uma semana, então ainda me restavam alguns dias pra prolongar minha raiva antes de voltarmos a nos falar normalmente.
Assim que saí da aula, fui direto para a biblioteca, onde eu tinha certeza de que não o encontraria de jeito nenhum, já que tinha alergia a livros. Peguei alguns que estavam listados nos materiais de apoio do semestre, planejava já começar um deles naquela tarde mesmo.
Voltei para o dormitório após almoçar, pensando em como nós dois éramos diferentes um do outro. Éramos os amigos mais improváveis mesmo, sempre disse a que se não fôssemos amigos desde pequenos, talvez jamais daríamos uma chance de nos juntarmos.
Éramos antônimos um do outro, enquanto eu era mais centrada, tímida e receosa, era avoado, descarado até demais e extremamente aventureiro. Eu tentava frear seus impulsos enquanto ele tentava me arrastar nas suas loucuras. Eu cursava literatura e odiava exatas, já - contrariando minhas teorias de que todo cara gato é meio burrinho -, cursava engenharia e era simplesmente um nerd com cálculos e equações.
Ele ficaria ofendido em ser chamado de nerd, enquanto eu ficaria orgulhosa.
Apesar de tudo éramos uma boa dupla. Apesar das diferenças, nos completávamos.
Vesti meu moletom e desci, já encontrando os caras. Tínhamos combinado de jogar um pouco, já que o jogo de ontem não tinha rolado por conta de tudo o que aconteceu.
Joshua também estava no grupo que se deslocava a pé até o campo que tinha dentro do campus. Tinha conversado com ele quando a poeira baixou, sentia que se o tivesse visto ainda no dia em que me contou tudo o que houve naquela festa, provavelmente lhe socaria. Ele me prometeu que iria falar com ela, se desculparia, apesar de dizer não se lembrar direito do que aconteceu por conta do tanto que bebeu.
Ainda não estava cem por cento indo com sua cara, ouvi-lo desdenhar como se não tivesse feito nada demais enquanto comparava com o relato de me deixou puto da vida. O arrependimento ainda me tomava por tê-la deixado sozinha naquela festa, mesmo sabendo que ela não era habituada com aquele ambiente.
Sempre reclamava pra ela do quão dependente ela era de mim. Algumas vezes, chegamos a brigar durante a adolescência quando relutava a querer ir a festas e queria ficar em casa pra ver um filme ou jogar vídeo game. Eu a amava, mas estava começando a ter uma vida social e sentia que ela às vezes me atrapalhava.
Com o tempo, ela foi ficando mais flexível; ia a algumas festas e eu aprendi a ceder e fazer os programas que ela gostava. Era até bom, me fazia estudar em vésperas de provas e me ajudava em redações enquanto eu lhe ensinava cálculos. Se não fosse por ela, acho que nem na faculdade eu estaria. Fora que era sempre muito divertido estar com ela, nós tínhamos piadas internas que ninguém jamais entenderia.
Estava há exatos três dias sem ver ou falar com ela. Tentei de tudo, quase cheguei ao ponto de ir até a biblioteca procurá-la, porém desisti por imaginar que ela ainda deveria estar brava.
Pensei muito sobre o que conversamos naquele domingo, me perguntei se não tinha sido muito sincero com ela. Eu nunca tinha mentido pra , mas geralmente tentava diminuir o impacto de minhas palavras quando imaginava que poderiam deixá-la chateada. Era impressionante como ela me fazia tomar aquele cuidado sem ao menos perceber, eu nunca tive aquele comportamento com mais ninguém na vida.
era linda, eu e os caras que já se interessaram por ela poderíamos confirmar a qualquer um que perguntasse. Porém, ela não era exatamente o tipo de garota que parava trânsitos ou tinha filas de pretendentes por onde quer que passasse. Aliás, ela sempre odiou chamar atenção.
Quando eu lhe disse aquelas coisas, fora na melhor das intenções, porque, apesar de tudo, ela ainda era a melhor garota que eu já conhecera na vida. Teria inveja de quem quer que fosse o cara que a tivesse como namorada algum dia. adorava todos os jogos de videogame que estavam em alta, amava ver filmes de ação e ainda por cima jogava futebol melhor que muitos homens por aí. Além de ser engraçada e inteligente.
Ela era tudo o que qualquer cara poderia a Deus, só que num molde mais… Modesto.
O que ela vestia ou deixava de vestir era o de menos, eu não a enxergava pelo seu corpo. Devia ser por aquele motivo que comecei a bostejar pela boca ao descrevê-la como se tivesse algo de errado com ela. Não tinha, e eu a fiz acreditar que sim.
— , aquela ali não é a sua amiga? — Fui retirado de meus devaneios e a avistei pelas grades do campo, treinando faltas em frente ao gol.
— Será que ela joga com a gente hoje? — Mark indagou, animado, ao lado de Joshua, que trocou olhares comigo antes de ir na frente, adentrando o campo e indo ao encontro dela.
Os caras e eu nos juntamos próximos ao banco reserva que tinha na lateral do campo. Enquanto se alongavam pra começarmos o jogo, eu estava sentado, tentando entender o que acontecia em frente ao gol contrário.
ainda ouvia Josh calada, assentiu vez ou outra, cruzou os braços e apoiou a bola no pé. Seu suspiro denunciou que ela estava de saco cheio de ouvi-lo. Confirmando meu palpite, ela apenas disse algumas coisas, lhe deu um aperto de mãos e se abaixou, pegando a bola, caminhando pra longe dele e deixando o campo.
Me perguntei se ela não tinha me visto ali ou se ainda estava me ignorando.
Me levantei e corri pra fora, seguindo-a pela lateral do campo.
— , espera! — A puxei pelo braço assim que a alcancei, vendo seu semblante duro quando a virei pra mim.
— O que foi ? Agora que eu não estou de roupas largas, você aceita transar comigo? — Seu tom carregado de ironia foi ouvido pelas pessoas que passavam por nós.
Eu nem ao menos tinha reparado em suas roupas. usava uma legging escura junto de um moletom e seus tênis verdes de corrida.
— Qual é, ! Josh fez coisa muito pior e você já o perdoou, por que ainda está brava comigo? — parou de andar e se virou em minha direção.
— Josh não é o meu melhor amigo, você é! Ou era, quando me ajudava no que eu precisava. — Deu de ombros, fazendo-me revirar os olhos pelo drama excessivo.
Ela sempre fazia aquilo. Aquela carinha de cachorro que caiu da mudança, que com seus 160 centímetros de altura e as bochechas avermelhadas de frio só potencializavam o seu poder de persuasão sobre mim.
— Você não está falando sério, está?
Mas, daquela vez, eu não poderia ceder a seu olhar de gato de botas. Se o fizesse, teria que ir pra cama com ela. E eu nunca me imaginei numa situação daquela com ! Acho que nem conseguiria ter uma ereção perto dela, nós dois éramos como irmãos!
Me alarmei quando a vi voltar a andar pra longe, mudando seu padrão de drama, que consistia em ficar me olhando até que eu sentisse dó e fizesse o que ela queria. Ela não parecia com paciência de esperar que meu coração derretesse e aquilo me deu um certo medo do que ela poderia fazer caso cumprisse o que me disse no dia anterior e se arriscasse por aí atrás de outro cara pra lhe tirar a virgindade.
Quando enfiava algo na cabeça… Nada parecia ter poder de fazê-la mudar de ideia.
— Não acredito que vai me ignorar só por conta disso. — Ela continuava a andar, como se eu não estivesse ali, falando com ela! — Eu queira poder te ajudar, mas nisso não, eu não posso! — A puxei pelo braço novamente.
— É claro que pode! — Esbravejou, apertando os dedos contra a bola que tinha em mãos. — Não estou te pedindo algo impossível, , é só sexo! Você tem um pênis e eu uma vagina e…
— Pare! — Levei a mão ao rosto, sentindo meu estômago se revirar só de ouvi-la falar.
Pra começo de conversa, eu nem sequer me lembrava que tinha uma vagina. Se algum dia eu cometesse a loucura de tentar imaginá-la nua, aquela região com certeza ficaria em branco.
Era por aquele motivo que éramos tão próximos e nunca tinha sequer acontecido uma menção de nós pegarmos. e minha mãe eram as únicas mulheres que eu já amei na vida e jamais pensei em coisas com duplo sentido.
Era nojento!
— Vai ver o seu nem funciona direito. — Passou os olhos rapidamente pela minha calça, sem sequer olhar diretamente pra ele.
Nem ela conseguia admitir que aquilo era impossível de acontecer, sequer conseguia olhar! Sua teimosia era tanta que ela jamais admitiria que era uma péssima ideia, mas agora que tinha começado iria até o fim com aquilo.
Quer dizer, tentaria ir até o fim.
— … — Meu tom ameaçador não surtiu efeito nela, que ainda me encarava vermelha de raiva, provavelmente não tendo noção do que acabou de insinuar.
Se não fosse ela, eu faria questão de lhe mostrar que não era um broxa, e iria fazê-la se arrepender de duvidar da minha capacidade sexual. nem ao menos sabia onde estava se metendo ao dizer aquilo, tinha sorte que era eu quem estava escutando.
— , é algo importante pra mim! — Argumentou, com os olhos brilhando em lágrimas. Meu Deus, por que ela tinha que colocar aquela ideia boba na cabeça? — Eu não tenho ninguém e quero fazer com alguém especial pra mim!
— É por isso que eu não vou fazer isso, ! — Tinham tantos motivos, mas ficaríamos a noite toda ali se eu os listasse. — Eu não sou essa pessoa e tenho certeza que, daqui a um tempo, você vai se arrepender de não ter esperado o cara certo.
— Me poupe dessa ladainha de cara certo, você mesmo disse que a primeira vez é péssima. — Bradou, se aproximando de mim, na sua última tentativa de me convencer. — Eu sinto que com você não será tão ruim assim. — Deveria levar como elogio? — Por favor, , por favorzinho!
— Não, , me peça qualquer coisa, menos isso!
— Então, não quero mais nada vindo de você. — Chorosa, saiu em disparada em direção ao caminho do próprio dormitório, largando até mesmo sua bola para trás.
— ! — Chamei algumas vezes, mas sem sucesso, já prevendo que, pelo visto, ficaríamos bem mais que uma semana brigados.
Capítulo Três
Mais alguns dias se passaram, não tinha sido daquele jeito que planejamos curtir os primeiros dias de caloura de na universidade, muito menos sua estadia em Nova Iorque. Já era fim de semana de novo e eu fiquei sabendo de uma festa que as amigas dela tinham marcado presença. Tentei descobrir se ela iria, mas acabei sendo xingado a mando dela quando tentei descobrir algo.
Eu estava com saudades, todas as minhas investidas para uma possível reconciliação falharam, até os chocolates que mandei entregarem pra ela no dormitório voltaram pras minhas mãos intocados. Nada parecia fazê-la voltar a falar comigo. Já estava ficando preocupado, não queria estragar nossa amizade indo pra cama com ela, mas pelo visto o fato de eu não ir também estava estragando tudo entre nós.
Como não tive informações sobre a confirmação da presença de na festa, decidi ir atrás dela por conta própria. Já estava cansado daquele joguinho de gato e rato, todos os lugares possíveis para encontrá-la sozinha eu fui. Quase cheguei a ir até o banheiro feminino para tentar conversar com ela a sós! Todas as vezes que esbarrei com ela pelo campus e me aproximei, fugiu de mim ou simplesmente me ignorou.
Mas ela iria me escutar, ou eu não me chamava .
Eu não a deixaria ir naquela festa, sabia bem sua motivação naquele lugar cheio de bebidas e caras mal intencionados. Não estava nem um pouco a fim de ter que quebrar a cara de alguém caso ela conseguisse o que tanto queria e depois viesse buscar consolo. Porque ela iria se arrepender, daquilo eu tinha certeza.
— Onde pensa que vai vestida desse jeito? — Cruzei os braços, encarando-a parado diante de sua porta.
Dormir é que não era! Aquele vestido justo não me parecia muito confortável, nem mesmo pra , que o puxava em pura frustração quando foi flagrada diante do espelho por mim.
Seu olhar raivoso ainda estava intacto, agora adornado por um par de cílios postiços e uma maquiagem forte, que a deixava estranha aos meus olhos.
ainda estava ali, visivelmente desconfortável com todos aqueles adereços e uma roupa diferente das suas usuais, se esforçando para parecer "atraente" pra um cara aleatório que não ligaria pra nenhum de seus esforços na hora que estivesse a despindo para conseguir o que queria. Mas, mesmo que estivesse ali, de corpo presente, não era a que eu conhecia desde que era um bebê.
— O que está fazendo aqui? — Cruzou os braços, emburrada.
— Aqui est… Oi, bonitão. — A cabeleira loira da vizinha de quarto de surgiu em meu campo de visão. Meus olhos foram em direção ao que ela tinha acabado de colocar sobre a cômoda de .
Era uma embalagem de camisinha! Era inconfundível para mim.
Meu sangue ferveu no mesmo instante em que direcionava meu olhar para a morena ainda parada diante do espelho. fez a cara que fazia sempre de quem sabia que estava em apuros. Suspirei audivelmente, bagunçando meus próprios cabelos em desespero.
Eu não iria conseguir tirar aquilo da cabeça dela. iria mesmo tentar a todo custo perder a droga da virgindade dela.
E o pior de tudo era que seria inútil impedi-la de ir naquela festa! Afinal, o que mais tinha naquela cidade eram festas universitárias.
— Já terminou? As meninas já estão prontas. — A menina pareceu notar o clima pesado entre nós, já que resolveu se pronunciar após o longo período de silêncio no quarto.
— Nos dê licença um pouquinho, sim? — A loira saiu, olhando-me desconfiada. Fechei a porta e tranquei por precaução. Precisava ganhar tempo.
Estava tentando achar um jeito de convencê-la.
— Não adianta trancar a porta, eu vou a essa festa, queira você ou não. — Encarei o par de sandálias de salto que estavam próximas de seus pés descalços e voltei a olhá-la, ainda sem saber o que fazer.
— Você nem ao menos sabe andar nesses sapatos, não gosta desse tipo de roupa, detesta usar cílios falsos. — Bradei, indignado, apontando para tudo aquilo.
— As meninas me ensinaram, me emprestaram roupas, arrumaram meu cabelo e me maquiaram. É isso que os amigos fazem, , se ajudam. — Sorriu sem humor, ainda de braços cruzados.
— Não é simples desse jeito! Não dá para encarar sexo como se fosse aprender a andar de bicicleta. — Exasperado, argumentei, vendo-a dar de ombros. — Você não merece ir pra cama com qualquer um, . Nem está sendo você vestida desse jeito. Você merece alguém que vai te querer do jeito que é, vestindo o que normalmente veste.
Aquele alguém que acabei de descrever não seria um desconhecido, muito menos seria eu! Não a queria daquele jeito, de jeito nenhum aliás! Nunca, jamais pensei em como mulher.
— E se eu quiser me vestir assim? Ser como as meninas que você e os outros caras acham gostosas? Eu sei quem sou e já disse que não pretendo mudar meu jeito, , mas pra conseguir o que quero hoje, vou me vestir assim. — Sentou-se na cama, apanhando uma das sandálias e colocando-a no pé.
Seu vestido subiu mais ainda na coxa, fazendo-me respirar fundo. Mais um pouco e daria para ver sua calcinha. Tudo bem, se ela queria se vestir daquele jeito, mas eu tinha medo de tê-la chorando e assustada como da última vez. De novo!
— Agora, se já terminou seu discursinho, já pode sair. Eu estou ocupada, se não está vendo.
— Você está agindo feito uma criança mimada quando não consegue o que quer. — Esbravejei, já de mãos atadas.
Eu sabia que iria dar merda, estava avisando que daria merda, e não queria descobrir no dia seguinte que deu merda. Não sabia nem o que faria se soubesse que as coisas deram errado pra ela naquela noite.
iria pra uma festa cheia de veteranos loucos pra levar calouras pra cama sem ao menos perguntar o nome delas, quem dirá se eram virgens ou não. Eu sabia daquilo, porque era o que eu fazia em todo começo de ano letivo.
— Crianças não fazem o que vou fazer essa noite, . — Afivelou a tira da sandália.
Puta merda. Puta merda. Puta merda.
Se era um jogo psicológico pra me deixar louco de raiva por ser colocado contra a parede daquele jeito, caramba, estava conseguindo. Eu só conseguia imaginar coisas nada boas acontecendo com ela naquela noite e seu choro no dia seguinte. Eu já conseguia prever até mesmo a culpa se apossando de mim por ter sido avisado por ela e não ter feito nada para impedir.
E fazer algo, naquele caso, seria ceder a seus caprichos e levá-la pra cama!
— Tá bom, eu faço! — Lhe dei as costas, sentindo-me um idiota por ter deixado entrar na minha mente a aquele ponto.
Mas era isso ou correr o risco de ter um cara mal intencionado preso num quarto com ela.
Seria só uma vez, não é? E, bom, naquele ponto, até que estava sendo coerente em sua escolha, comigo ela estaria segura. Eu teria todo o cuidado que ela merecia e iria parar se não se sentisse confortável, estaria com ela para ajudá-la.
Apesar de fazer sentido, eu ainda precisava enfiar em minha própria cabeça que era algo banal, talvez se repetisse o bastante se tornaria.
— Obrigada, obrigada!!! — Abraçou-me por trás, dando pulinhos com um pé calçado e o outro não, lhe dando uma diferença de tamanho esquisita. — Ah, eu te amo tanto, . — Beijou demoradamente minha bochecha, sujando-me de batom quando me virei de frente para seu corpo.
— Mas vamos fazer isso sob as minhas condições. — hasteei o dedo, vendo-a assentir veemente, ainda com um sorriso quase que psicótico lhe rasgando o rosto.
— Você quem manda, professor. — Sorriu faceira, batendo continência de um jeito cômico.
Onde eu estava amarrando meu jegue…
No dia seguinte, no horário combinado, lá estava eu: sentada na cama, esperando-o chegar em meu quarto. Estava tensa, claro, não sabia o que esperar de tudo aquilo, não tinha ideia de que método ele usaria para me ensinar a transar... Só de pensar, eu já ficava vermelha de vergonha, mesmo conhecendo-o bem e já tendo falado sobre milhares de assuntos embaraçosos com ele, daquela vez seria diferente.
— Achei que não viria mais. — Murmurei, encolhendo-me, ainda sentada, vendo-o se aproximar com um sorriso amarelo nos lábios.
— Se eu desistisse, você iria me perdoar? — Arquei as sobrancelhas, já respondendo sua pergunta idiota. — Estou brincando, sei que jamais me perdoaria.
— Ainda bem que sabe. — Me levantei, ficando de frente a ele. — Então, como isso vai funcionar? — Indaguei, tentando disfarçar o fato das minhas mãos estarem suando.
— Não sei, nunca fiz isso antes. — Coçou a nuca, encarnado-me confuso. — Mas acredito que o mais fácil seria se nós fizéssemos na prática, não? — Me perguntei se eu não aprenderia do mesmo jeito só na teoria.
Não queria dar o braço a torcer e deixar como o dono da razão, só eu sabia o quão insuportável ele ficava quando assumia aquela pose ridícula dele. Mas ele meio que estava certo quando disse que aquilo seria esquisito. O que me restava era fingir não me importar em beijá-lo para que ele não achasse que estava certo.
— Então… Por onde começamos?
— Pelo começo, oras. — O encarei feio pelo seu tom debochado. — Começamos pelo flerte.
— Mas eu sei como flertar! — Levei a mão ao peito, pessoalmente ofendida.
Não saber aquilo em plenos vinte e dois anos seria vergonhoso até mesmo pra mim! Ser virgem não me impedia de beijar de vez em quando.
— Não estou dizendo que não sabe! — Elevou as mãos, em sinal de rendição. — Mas talvez não saiba flertar de um jeito mais… Audacioso.
Audacioso.
Engoli a seco, imaginando o que seria aquilo num flerte.
— Precisamos mesmo treinar essa parte? — Cruzei os braços, insegura.
Para mim, que era tímida, o ato de flertar em si já era audacioso o bastante! Se me pedissem para explicar como eu já beijei todos os caras que beijei, não saberia explicar, eram sempre eles que chegavam em mim e eu correspondia do meu jeito… Esquisito. Às vezes, ficava tão sem graça quando davam em cima de mim, que reagia de modo contrário, dando a entender que não queria nada, quando na verdade queria.
— Não me disse que sabe flertar? Me deixe ver como faz. Vá até ali e finja que está numa festa com suas amigas e eu sou um cara que percebeu interesse em você. — Segurei-me para não revirar os olhos em pura implicância e decidi cooperar, até porque eu mesma quis fazer tudo aquilo e topar tudo o que me fosse proposto. — Como normalmente age quando está a fim do cara também?
— Eu retribuo os olhares, mas desvio algumas vezes, volto a falar com minhas amigas… — Exemplifiquei o que falava, tendo seus olhos verdes em mim o tempo todo, como se ele realmente fosse um daqueles caras em festas que te olham como se você fosse um pedaço de carne. Quis rir do meu pensamento, porém me mantive no personagem. — E então, depois de um tempinho, saio da roda e invento que vou ao banheiro, geralmente o cara vai atrás e me aborda no caminho. — Dei de ombros.
— É uma boa tática pra quem só quer dar uns beijos mesmo. — Desdenhou, levantando-se. — Mas quando estamos falando de segundas intenções, algumas coisas ajudam a deixar explícito o que você realmente quer.
Se aproximou, deixando-me tensa.
— Q-Que tipo de coisas? — Por que eu estava gaguejando? Era só !
— É tudo sobre intensidade. Ao invés de desviar o olhar, mantenha-o no meu, firme e confiante. — Mantive o contato visual, assentindo. — Aproveite que minhas atenções são todas suas, chame ainda mais atenção pra si. Sei lá, mexa no cabelo.
Fiz o que sempre fazia e levei a mão para a lateral dele, colocando-o para trás da orelha. soltou um risinho, esticando a mão para tirá-lo dali, fazendo-me tentar de outro jeito, apenas jogando os fios longos para trás, revelando mais o meu rosto.
— Isso, agora se toque diante de mim. — Estava difícil segurar minhas expressões faciais diante de suas falas. Fiz o que fui instruída a fazer. torcendo para que não fosse o que tinha se passado pela minha cabeça no primeiro momento.
Completamente perdida, levei a mão até meu colo, deslizando os dedos pelo pedaço de pele exposto pela blusa, tocando suavemente minha clavícula proeminente com a ponta dos dedos, antes de subi-los em direção ao pescoço.
O olhar de continuava a seguir minha mão, comprovando a eficácia de sua própria tática de atrair a atenção.
— Pescoço, é uma boa escolha. — Engoliu a seco, fazendo-me querer rir com a seriedade que ele estava levando tudo aquilo.
quase não tinha esboçado um sorriso desde que chegou, o que era estranho, visto que nós dois sempre parecíamos dois idiotas rindo de tudo quando estávamos juntos. Me consolava saber que ele devia estar tão nervoso quanto eu.
— E o próximo passo seria…
— Esperar ele vir falar com você.
— E se ele não vier? Digo, e se eu fizer tudo isso que você falou pra nada? — Soltei um risinho, já imaginado que aquilo com certeza aconteceria. Imagine todo aquele joguinho de sedução para chegar no fim e o cara não quer nada comigo?
— Acredite, se estiver mesmo a fim, ele vai vir. — A certeza em sua voz fez meu sorrisinho morrer aos poucos, à medida que seus passos se aproximaram ainda mais de mim.
Prendi a respiração ao ver uma de suas mãos fazer menção de me tocar. Tentei voltar a respirar normalmente quando ela envolveu minha cintura, fazendo uma leve pressão.
— Oi, prazer, me chamo . — Relevei a bizarrice que era aquela tática de ensino com direito a teatro com falas. Até porque, mesmo sendo teatro, tudo aquilo já estava me afetando um pouco demais.
Era difícil imaginar um mundo onde eu não o conhecia, afinal de contas, estávamos juntos desde que nos entendíamos por gente. Por mais meloso que aquilo poderia parecer, era real, e eu nunca tinha imaginado como alguém em potencial para beijar ou fazer algo do tipo.
Comecei a ver a dimensão do meu desespero em perder a virgindade ao ter recorrido a ele.
Quer dizer, não que tenha sido uma escolha equivocada, é lindo! Sempre foi, desde que éramos crianças, sua aparência sempre fora notável. Quando chegamos na adolescência, foi apenas ficando mais nítido que ele se tornaria o homem atraente que é hoje. E mesmo não pensando nele de maneira sexual, eu saberia admitir que era bonito, seus olhos, seu sorriso, seu corpo…
— . — Fui desperta de meus devaneios completamente esquisitos. Pisquei os olhos algumas vezes, a fim de me livrar deles e murmurei um pedido de desculpas.
— Prazer, me chamo . — Naquela parte, eu meio que já tinha uma ideia do que fazer para deixar claro o interesse.
Me aproximei e desferi um beijinho rápido bem próximo ao canto de sua boca, vendo-o me olhar completamente surpreso com o ato.
Pensei em me gabar ao dizer que aquela tática já tinha me sido ensinada por minhas amigas, mas desisti quando percebi que não era motivo para se vangloriar. Era vergonhoso até. Afinal de contas, ali estava eu: tentando aprender pela segunda vez como funcionava o mundo da paquera.
Eu era tão antiquada que nem sabia ao menos se era assim que as pessoas falavam hoje em dia.
— Já que começou com os beijos, vamos pular a parte do papo furado e ir direto ao ponto. — Petrifiquei ainda com sua mão em minha cintura. — Faça as honras, .
Respirei fundo, tomando coragem, assentindo, após fechar os olhos com força. Era só um beijo, afinal. Mesmo que fosse no meu melhor amigo de infância, ainda assim era uma coisa boba e sem significado.
Aproximei o rosto do dele, daquela vez sem conseguir manter meus olhos nos seus, apenas encarava sua boca rosada e me sentia fazendo a coisa mais bizarra do universo.
Parei quando nossos narizes se tocaram e não pude segurar um riso de puro nervosismo e desespero.
— Isso é muito estranho. — Murmurei, já fechando meus olhos. Talvez, se eu não visse, daria para imaginar outro cara em seu lugar. Ou ao menos não reter lembranças embaraçosas com ele na minha cabeça.
— Relaxa, , não é como se fôssemos transar ou algo do tipo. — Nem precisava ver para saber que esboçava seu sorrisinho irônico ao me alfinetar daquele jeito.
— Estou tentando não pensar nisso agora, não quero sofrer por antecedência. — Isso, uma coisa de cada vez. O psicológico agradece.
— Assim eu fico ofendido. — Ri contra seu rosto ouvindo sua risada baixa. — Vamos logo com isso, . Me beije.
Capítulo Quatro
Fui de uma vez, não me dando pausa para pensar no que eu estava fazendo. Choquei meus lábios contra os dele, que se entreabriram de imediato, enquanto sua mão grande aumentou a pressão em minha cintura, fazendo meu corpo formigar numa sensação estranhamente satisfatória.
Minha língua invadiu sua boca, tocando a dele nas duas vezes em que me aventurei a aprofundar aquele beijo. Fiz de tudo para que fosse rápido e me separei dele, recebendo um olhar avaliativo de , que mordeu o lábio inferior ao assentir com a cabeça. Estava me sentindo num teste importante e aquilo era bizarro.
— Nada mau. — Sorri sarcástica com o sommelier de beijos. — Mas, mais uma vez, você não está só querendo dar uns beijos e sim dar para o cara. Então, precisamos colocar mais intensidade nisso, deixar as segundas intenções explícitas.
Levei um susto quando sua mão, que estava em minha cintura, me agarrou com firmeza, literalmente colando nossos corpos. Me faltou o ar e eu ofeguei próxima de seu rosto ao ter o seu olhar vidrado no meu. Sentia a ponta de seus dedos me tocarem a bunda, já que sua mão desceu rapidamente de minha cintura até a minha lombar.
Sua outra mão pegou-me pela nuca, com o polegar encaixado na linha da minha mandíbula, forçou-me a levantar o rosto em direção ao seu. Quando ele tomou a iniciativa e juntou nossos lábios, minha única reação foi fechar os olhos ao ser levada a um êxtase que nunca tinha sentido antes na vida. Sua língua se enroscou na minha com maestria enquanto nossos lábios moviam-se devagar, era quase como se já tivéssemos feito aquilo antes, tudo parecia ensaiado e em seu devido lugar. Sentia minha respiração falhar ao mesmo tempo em que avançava em sua direção querendo mais.
deixou minha boca ao terminar o beijo ofegante, encarando-me atentamente enquanto ainda não tinha libertado meu corpo de seus braços. Pensei em como seria ruim quando ele o fizesse. Digo, estava confortável até.
Inicialmente, imaginar outro no lugar dele para que as coisas ficassem menos estranhas não tinha funcionado muito bem, afinal, ainda era ali comigo, seu cheiro, sua voz… Mas depois que ele me agarrou, senti que talvez daria para pensar como se fosse outro ali, afinal de contas, nunca me pegara daquele jeito.
— Está vendo? — Tombou a cabeça para o lado, fazendo-me imitá-lo ao reparar em nós dois tão próximos que eu chegava a sentir sua barriga subir e descer durante a respiração. — Corpos colados, quadris principalmente. — Apertou a região, somente me trazendo ainda mais para perto, se é que era possível. — Os seios contra meu tórax. — mordeu o lábio encarando vidrado meus mamilos rijos por debaixo do blusão que eu usava. — Senti-los assim… Nós homens amamos isso. — Sussurrou antes de voltar a beijar minha boca.
Intensidade era realmente a palavra chave naquele momento, nossos lábios moviam-se devagar contra o outro, com força. Tinha certeza de que se nos olhássemos no espelho, estaríamos vermelhos e inchados.
— Use a língua e beije devagar, deixe a pressa para quando for tirar a roupa. — Selou nossos lábios. — Beije o rosto e o pescoço, — Me arrepiei dos pés à cabeça quando senti os pelos recém aparados de sua barba roçarem contra minha pele quando fez uma trilha de beijos molhados pelo meu pescoço. — Diga coisas sujas no ouvido dele.
Sua voz rouca, baixa e perigosamente lenta murmurou sua última frase em meu ouvido antes de simplesmente mordiscar o lóbulo da minha orelha.
Meus olhos se reviraram involuntariamente e, enquanto eu experienciava aquela sensação incrível apossar-se do meu corpo pela primeira vez, não consegui segurar minha boca. Já a tinha entreaberta por conta da minha respiração irregular, não foi difícil identificar o som característico que saiu dela assim que o senti duro entre as pernas roçando em minha intimidade.
— Sim, , isso também conta. — Riu safado enquanto eu sentia minha bochecha queimar a medida em que a ficha caia.
Eu tinha acabado de gemer em seu ouvido. Eu, , estava gemendo no ouvido de , meu melhor amigo de infância.
Aquela era a experiência mais bizarra e prazerosa que eu já havia vivenciado em toda minha vida.
— Tudo o que sair de sua boca conta, não seja tímida e não se segure. Será a hora de perder o controle, . — Acho que estava começando a perder o meu, avançando com o quadril em direção ao dele, vendo sua expressão de prazer ficar cada vez mais evidente, por mais que tentasse máscara-la.
Ele estava no controle, e perdê-lo não parecia seu objetivo ali.
— Toque-o. — Retirou minhas mãos tensas e imóveis ainda estacionadas em seus ombros e as deslizou pelo próprio peito, deixando-me sentir por um segundo seu coração batendo frenético dentro da caixa torácica. — Deslize as mãos nas suas partes preferidas do corpo dele, — Fechei os olhos e ofeguei assim que uma de suas mãos finalmente me agarrou a bunda com força. — arranhe, morda, aperte. — Ele fez a última, arrancando-me outro gemido arrastado. — Tenho certeza de que ele vai adorar.
Minha calcinha estava molhada e sentia minha intimidade pulsar enquanto eu ainda tentava me esfregar contra ele, em busca de mais daquilo que me fazia suar em desejo. Estava quase impossível raciocinar, meu cérebro estava totalmente à mercê das sensações que o corpo de me proporcionava, esquecendo-se completamente de minhas outras funções. Mas tive um lapso de consciência e levei minhas mãos até as costas largas de .
Fiz o que ele me disse e cravei minhas unhas curtas por cima do tecido de sua camiseta ao mesmo tempo em que tinha beijando meu pescoço. Se sexo fosse tão bom quanto o que estávamos fazendo ali, eu tinha cada vez mais pressa em perder logo minha virgindade.
— Então, é isso? — Murmurei com a voz falha, ainda sentindo sua boca quente contra minha pele, aproveitando a pequena pausa que fizemos daquele frenesi todo. — Transar é tudo isso que eu estou sentindo? Essa tremedeira, esse formigamento e-e essa sensação… — procurei seu olhar, levemente desesperada.
Eu era estudante de literatura inglesa, extremamente fascinada e familiarizada com palavras, raramente ficava perdida ou sem saber como me expressar da maneira que estava naquele momento. Mas eu realmente não sabia explicar o que estava sentindo. Parecia algo que ainda não tinham inventado um nome de tão novo e extraordinário que pareceu para mim.
riu da minha cara, assentindo veementemente ao selar nossos lábios algumas vezes.
— É muito melhor do que isso e vai ficando melhor com o tempo. — Arregalei os olhos, impressionada. estava praticamente me prometendo um pedaço do paraíso. Só naquela tarde, estava me dando uma pequena amostra.
— Então, eu mal posso esperar para…
— ! — Ouvimos batidas na porta e nos separamos rapidamente. — Amiga?
— Oi! — Respondi passando as mãos pelos cabelos para arrumá-los. — Estou trocando de roupa, um minuto! — Empurrei em direção ao banheiro.
— Por que está me escondendo? — Sussurrou, indignado, indo mesmo assim. Não lhe respondi, já não bastava as bobagens que tinha ouvido mais cedo das minhas amigas sobre .
Ficara cerca de vinte minutos argumentando para explicar que não, eu nunca tive um crush em .
Assim que o fechei no banheiro, voltei e destranquei a porta, já vendo-a entrar no quarto atrás de . Se o descobrisse ali, sairia falando pra todo mundo as besteiras que tinha na cabeça em relação a nós dois. E depois do que tinha acabado de acontecer naquele quarto, talvez não fossem apenas achismos ou bobagens dela.
— Nós podemos fazer o trabalho no seu quarto? Acho que vi uma barata por aqui mais cedo. — Não foi preciso esperar para que ela se decidisse, Amber concordou de imediato com uma expressão de nojo. Peguei meu celular e a segui para fora.
***
Deixei seu quarto, confuso, e fui em direção ao meu dormitório. Cumprimentei alguns conhecidos pelo campus, ainda meio aéreo, indo direto para um banho quando finalmente cheguei em meu quarto.
Tentei ao máximo fingir pra mim mesmo que nada daquilo tinha acabado de acontecer, afinal de contas, era para funcionar daquele jeito, não? Ser algo tão banal que não me deixaria pensando sobre quando eu estivesse sozinho ou com outras pessoas em volta. Eu e éramos grudados há anos e eu nunca me peguei revivendo nada do que vivi ao lado dela depois de vê-la. Eram coisas naturais. Não tinham um significado.
Quer dizer, tinham, porque eu a amava, porém nunca me pegara pensando em como respirou fundo enquanto jogávamos vídeo game.
E, naquele momento, era estranhamente específico como eu me recordava até mesmo de seus suspiros dados quando eu a agarrei daquele jeito. E os gemidos, caralho, nunca pensei que algum dia ouviria aquele som sair de sua boca.
Desliguei o chuveiro e tentei controlar meus pensamentos, voltando ao meu empenho anterior, que era não repassar aquelas cenas em minha cabeça. Mas, quando vi, já estava excitado ao falhar pela segunda vez ao lembrar dos seios dela tocando em meu peito. Ah, como eu queria que não existissem roupas entre nós.
— Mas que porra… — Praguejei, vestindo-me antes de me jogar na minha cama, indignado com meus próprios pensamentos.
Se antes eu não conseguia e nem queria imaginá-la nua ou me imaginar beijando-a, depois daquela primeira experiência era a única coisa na qual eu conseguia pensar!
Respirei fundo, exasperado, encarando o teto como se tivesse algo ali que me ajudaria a entender o que estava acontecendo. Mordi o lábio ao chegar à conclusão de que talvez fosse algo natural. E meio que era, independentemente de ser ali comigo. Eu era homem e estar tão próximo de uma mulher daquele jeito me deixaria excitado de qualquer forma!
Eu estava assustado com aquela novidade, era completamente inesperado pra mim pensar nela daquela forma. Mas estava sendo inevitável, principalmente pela surpresa de ser tão… Gostoso. Sua pele macia sob meu toque, sua bunda empinada, deliciosa por conta de anos de futebol. Até mesmo o cheiro de seu cangote parecia inédito pra mim.
Era como se eu tivesse estado com outra pessoa, não a que conhecia desde bebê. E essa nova era tão… Diferente da que eu já conhecia.
Fui dormir após revisar algumas matérias e desmarquei de ver Erin, uma garota do campus ao lado que estava doida pra ir pra cama comigo. Eu queria muito realizar aquele desejo dela, porém estranhamente naquele momento não conseguia ter cabeça para pensar naquilo. Pelo menos não com ela.
Me preocupei em como aquela situação toda com estava começando a me afetar ao ponto de fazer eu perder o tesão de transar. Era um problema sério, levando em conta que tínhamos acabado de começar com as aulas, se é que dava para denominar assim. Instintivamente, comecei a bolar um jeito de e eu acabarmos de uma vez por todas com aquilo e chegarmos aos finalmentes logo. Eu faria o que prometi a ela, iria me livrar daquela sensação esquisita de vez e seguiríamos nossas vidas como se nada tivesse acontecido.
Saí da cama revigorado por ter dormido bem na noite passada, apesar de todos os pensamentos que alugaram minha cabeça antes que caísse no sono. Deixei meu dormitório disposto a deixar aquilo pra lá, iria me focar apenas na ideia que tive em não prolongar aquela história por muito tempo.
Só não iria falar pra ela, claro. Não queria que pensasse que queria me livrar dela, já vi bem o jeito como ficou quando eu lhe neguei aquele favor da primeira vez. Minha intenção não era fazê-la sentir que não era desejada. Pelo contrário, o que estava me levando a não querer mais estar com ela daquele modo era justamente o fato de eu ter gostado até demais do que estávamos fazendo. , por outro lado, agia normalmente, como se estivéssemos fazendo algo cotidiano, não houve nenhuma menção durante nossa troca de mensagens matinais. E aquilo me deixava ainda mais incerto do que estava fazendo.
Após minha aula, esbarrei com ela e as amigas na entrada da biblioteca da universidade. Mark e os outros precisaram passar lá para ir atrás de um livro específico e eu fiquei do lado de fora. Sabia do risco de encontrá-la lá e estava tentando fugir de sua presença, pelo menos até que desse a hora de ir até seu quarto continuar o que tínhamos começado.
Minhas mãos começaram a suar com tal pensamento. Outra coisa que estava começando a me preocupar era o fato de nós dois estarmos nos evitando desde que toda aquela fixação dela começou. Primeiro, tinha sido , brava por eu não ceder a seus caprichos, agora era eu que me escondia. Temia que aquela situação perdurasse entre nós mesmo depois de transarmos.
Com o acaso contrariando tudo o que eu queria, lá vinha ela, junto de suas duas amigas recém-conhecidas. Inclusive, a loira que a tinha incentivado a perder a virgindade com qualquer um lhe dando uma camisinha. Peguei aversão a ela naquele exato momento.
— , o que está fazendo aqui? — sorriu de testa franzida, fazendo-me revirar os olhos com sua implicância. Sabia que em sua cabeça a piadinha manjada sobre eu ser alérgico a livros estava sendo feita em looping.
— Estou esperando os caras, que entraram rapidinho pra pegar um livro. — Evitei olhá-la demais, porém ao passar os olhos por ela pude reparar que ela usava um vestidinho solto, um pouco acima dos joelhos, deixando as coxas um pouco à mostra.
— Por que não entrou junto? Vai ficar aí plantado sozinho? — Desviei meus olhos de suas pernas, me perguntando qual foi a última vez que a vi usando vestidos. Falhei miseravelmente por saber que provavelmente não lembraria, afinal, eu nunca reparava no que ela vestia antes do dia anterior.
Queria esquecer da existência dele, inclusive.
— Eles já estão vindo. — Apontei com o queixo em direção ao balcão da bibliotecária, que ficava visível pelas portas de vidro, onde os caras já finalizavam o procedimento para levar um dos livros de lá. — Posso falar com você um segundo? — Murmurei, agoniado, vendo-a trocar olhares com as amigas antes de assentir e dar alguns passos para longe das duas, que nos olhavam de um jeito nada discreto.
— Aconteceu alguma coisa? — Tombou a cabeça pro lado buscando meu olhar.
Suspirei, finalmente encarando seu rosto e me arrependendo no exato momento em que reparei em como seus olhos castanhos claros ficavam lindos debaixo do sol que fazia fora do toldo da fachada da biblioteca.
Seus cabelos longos e lisos estavam presos num rabo de cavalo, que deixava seu pescoço bem exposto e me trazia lembranças de quando eu tive meu rosto enterrado naquela curva de seu corpo. Seu cheiro veio em minha lembrança, fazendo-me querer ir em busca de mais.
— Sobre ontem, eu… — Comecei, incerto do que diria, eu deveria tocar naquele assunto? Ou apenas fingir naturalidade, como ela estava fazendo?
— Não vá me dizer que está arrependido. — Suas sobrancelhas se juntaram numa expressão de braveza. Engoli a seco, percebendo que por mais que eu pudesse tentar enganá-la, me conhecia o bastante para adivinhar o que se passava pela minha cabeça sem que nem eu mesmo tivesse pensado naquilo.
Porque, sim, eu estava arrependido. Queria desesperadamente voltar a vê-la como via antes e não saber qual era o gosto do beijo dela. Porém, ainda estava disposto a cumprir o que disse que faria.
— Não é isso… — Menti, levando as mãos aos meus bolsos da calça, tentando disfarçar a ansiedade momentânea que aquela conversa estava me causando. — É que… Vai me dizer que não se sentiu estranha depois do que fizemos. — Decidi ser sincero, como sempre fui com ela.
— Sim, mas nós já sabíamos que isso iria acontecer. — Agora era quem evitava meu olhar, com as bochechas já ruborizando aos poucos. — Por favor, , você me prometeu. Não dê para trás agora, o mais difícil nós já fizemos, que foi começar.
Suspirei, encarando-a sem ter o que dizer para fazê-la mudar de ideia. Infelizmente, estava certa, o que eu esperava, afinal? Beijar minha melhor amiga e não sentir nada com aquilo? Acho que estava ficando paranóico.
— Você tem certeza que quer mesmo continuar? — Franzi a testa. — Vai ficar mais… Íntimo com o passar do tempo.
— Eu confio em você. Seja lá o que for esse seu mais íntimo. — Riu, assentindo veemente.
Ela estava pedindo por aquilo e, segundo meus planos recém-feitos, eu iria avançar as coisas. Claro, tomando todo o cuidado com ela. Afinal, aquela era a única razão pela qual eu topei fazer parte daquela loucura.
Minha língua invadiu sua boca, tocando a dele nas duas vezes em que me aventurei a aprofundar aquele beijo. Fiz de tudo para que fosse rápido e me separei dele, recebendo um olhar avaliativo de , que mordeu o lábio inferior ao assentir com a cabeça. Estava me sentindo num teste importante e aquilo era bizarro.
— Nada mau. — Sorri sarcástica com o sommelier de beijos. — Mas, mais uma vez, você não está só querendo dar uns beijos e sim dar para o cara. Então, precisamos colocar mais intensidade nisso, deixar as segundas intenções explícitas.
Levei um susto quando sua mão, que estava em minha cintura, me agarrou com firmeza, literalmente colando nossos corpos. Me faltou o ar e eu ofeguei próxima de seu rosto ao ter o seu olhar vidrado no meu. Sentia a ponta de seus dedos me tocarem a bunda, já que sua mão desceu rapidamente de minha cintura até a minha lombar.
Sua outra mão pegou-me pela nuca, com o polegar encaixado na linha da minha mandíbula, forçou-me a levantar o rosto em direção ao seu. Quando ele tomou a iniciativa e juntou nossos lábios, minha única reação foi fechar os olhos ao ser levada a um êxtase que nunca tinha sentido antes na vida. Sua língua se enroscou na minha com maestria enquanto nossos lábios moviam-se devagar, era quase como se já tivéssemos feito aquilo antes, tudo parecia ensaiado e em seu devido lugar. Sentia minha respiração falhar ao mesmo tempo em que avançava em sua direção querendo mais.
deixou minha boca ao terminar o beijo ofegante, encarando-me atentamente enquanto ainda não tinha libertado meu corpo de seus braços. Pensei em como seria ruim quando ele o fizesse. Digo, estava confortável até.
Inicialmente, imaginar outro no lugar dele para que as coisas ficassem menos estranhas não tinha funcionado muito bem, afinal, ainda era ali comigo, seu cheiro, sua voz… Mas depois que ele me agarrou, senti que talvez daria para pensar como se fosse outro ali, afinal de contas, nunca me pegara daquele jeito.
— Está vendo? — Tombou a cabeça para o lado, fazendo-me imitá-lo ao reparar em nós dois tão próximos que eu chegava a sentir sua barriga subir e descer durante a respiração. — Corpos colados, quadris principalmente. — Apertou a região, somente me trazendo ainda mais para perto, se é que era possível. — Os seios contra meu tórax. — mordeu o lábio encarando vidrado meus mamilos rijos por debaixo do blusão que eu usava. — Senti-los assim… Nós homens amamos isso. — Sussurrou antes de voltar a beijar minha boca.
Intensidade era realmente a palavra chave naquele momento, nossos lábios moviam-se devagar contra o outro, com força. Tinha certeza de que se nos olhássemos no espelho, estaríamos vermelhos e inchados.
— Use a língua e beije devagar, deixe a pressa para quando for tirar a roupa. — Selou nossos lábios. — Beije o rosto e o pescoço, — Me arrepiei dos pés à cabeça quando senti os pelos recém aparados de sua barba roçarem contra minha pele quando fez uma trilha de beijos molhados pelo meu pescoço. — Diga coisas sujas no ouvido dele.
Sua voz rouca, baixa e perigosamente lenta murmurou sua última frase em meu ouvido antes de simplesmente mordiscar o lóbulo da minha orelha.
Meus olhos se reviraram involuntariamente e, enquanto eu experienciava aquela sensação incrível apossar-se do meu corpo pela primeira vez, não consegui segurar minha boca. Já a tinha entreaberta por conta da minha respiração irregular, não foi difícil identificar o som característico que saiu dela assim que o senti duro entre as pernas roçando em minha intimidade.
— Sim, , isso também conta. — Riu safado enquanto eu sentia minha bochecha queimar a medida em que a ficha caia.
Eu tinha acabado de gemer em seu ouvido. Eu, , estava gemendo no ouvido de , meu melhor amigo de infância.
Aquela era a experiência mais bizarra e prazerosa que eu já havia vivenciado em toda minha vida.
— Tudo o que sair de sua boca conta, não seja tímida e não se segure. Será a hora de perder o controle, . — Acho que estava começando a perder o meu, avançando com o quadril em direção ao dele, vendo sua expressão de prazer ficar cada vez mais evidente, por mais que tentasse máscara-la.
Ele estava no controle, e perdê-lo não parecia seu objetivo ali.
— Toque-o. — Retirou minhas mãos tensas e imóveis ainda estacionadas em seus ombros e as deslizou pelo próprio peito, deixando-me sentir por um segundo seu coração batendo frenético dentro da caixa torácica. — Deslize as mãos nas suas partes preferidas do corpo dele, — Fechei os olhos e ofeguei assim que uma de suas mãos finalmente me agarrou a bunda com força. — arranhe, morda, aperte. — Ele fez a última, arrancando-me outro gemido arrastado. — Tenho certeza de que ele vai adorar.
Minha calcinha estava molhada e sentia minha intimidade pulsar enquanto eu ainda tentava me esfregar contra ele, em busca de mais daquilo que me fazia suar em desejo. Estava quase impossível raciocinar, meu cérebro estava totalmente à mercê das sensações que o corpo de me proporcionava, esquecendo-se completamente de minhas outras funções. Mas tive um lapso de consciência e levei minhas mãos até as costas largas de .
Fiz o que ele me disse e cravei minhas unhas curtas por cima do tecido de sua camiseta ao mesmo tempo em que tinha beijando meu pescoço. Se sexo fosse tão bom quanto o que estávamos fazendo ali, eu tinha cada vez mais pressa em perder logo minha virgindade.
— Então, é isso? — Murmurei com a voz falha, ainda sentindo sua boca quente contra minha pele, aproveitando a pequena pausa que fizemos daquele frenesi todo. — Transar é tudo isso que eu estou sentindo? Essa tremedeira, esse formigamento e-e essa sensação… — procurei seu olhar, levemente desesperada.
Eu era estudante de literatura inglesa, extremamente fascinada e familiarizada com palavras, raramente ficava perdida ou sem saber como me expressar da maneira que estava naquele momento. Mas eu realmente não sabia explicar o que estava sentindo. Parecia algo que ainda não tinham inventado um nome de tão novo e extraordinário que pareceu para mim.
riu da minha cara, assentindo veementemente ao selar nossos lábios algumas vezes.
— É muito melhor do que isso e vai ficando melhor com o tempo. — Arregalei os olhos, impressionada. estava praticamente me prometendo um pedaço do paraíso. Só naquela tarde, estava me dando uma pequena amostra.
— Então, eu mal posso esperar para…
— ! — Ouvimos batidas na porta e nos separamos rapidamente. — Amiga?
— Oi! — Respondi passando as mãos pelos cabelos para arrumá-los. — Estou trocando de roupa, um minuto! — Empurrei em direção ao banheiro.
— Por que está me escondendo? — Sussurrou, indignado, indo mesmo assim. Não lhe respondi, já não bastava as bobagens que tinha ouvido mais cedo das minhas amigas sobre .
Ficara cerca de vinte minutos argumentando para explicar que não, eu nunca tive um crush em .
Assim que o fechei no banheiro, voltei e destranquei a porta, já vendo-a entrar no quarto atrás de . Se o descobrisse ali, sairia falando pra todo mundo as besteiras que tinha na cabeça em relação a nós dois. E depois do que tinha acabado de acontecer naquele quarto, talvez não fossem apenas achismos ou bobagens dela.
— Nós podemos fazer o trabalho no seu quarto? Acho que vi uma barata por aqui mais cedo. — Não foi preciso esperar para que ela se decidisse, Amber concordou de imediato com uma expressão de nojo. Peguei meu celular e a segui para fora.
Deixei seu quarto, confuso, e fui em direção ao meu dormitório. Cumprimentei alguns conhecidos pelo campus, ainda meio aéreo, indo direto para um banho quando finalmente cheguei em meu quarto.
Tentei ao máximo fingir pra mim mesmo que nada daquilo tinha acabado de acontecer, afinal de contas, era para funcionar daquele jeito, não? Ser algo tão banal que não me deixaria pensando sobre quando eu estivesse sozinho ou com outras pessoas em volta. Eu e éramos grudados há anos e eu nunca me peguei revivendo nada do que vivi ao lado dela depois de vê-la. Eram coisas naturais. Não tinham um significado.
Quer dizer, tinham, porque eu a amava, porém nunca me pegara pensando em como respirou fundo enquanto jogávamos vídeo game.
E, naquele momento, era estranhamente específico como eu me recordava até mesmo de seus suspiros dados quando eu a agarrei daquele jeito. E os gemidos, caralho, nunca pensei que algum dia ouviria aquele som sair de sua boca.
Desliguei o chuveiro e tentei controlar meus pensamentos, voltando ao meu empenho anterior, que era não repassar aquelas cenas em minha cabeça. Mas, quando vi, já estava excitado ao falhar pela segunda vez ao lembrar dos seios dela tocando em meu peito. Ah, como eu queria que não existissem roupas entre nós.
— Mas que porra… — Praguejei, vestindo-me antes de me jogar na minha cama, indignado com meus próprios pensamentos.
Se antes eu não conseguia e nem queria imaginá-la nua ou me imaginar beijando-a, depois daquela primeira experiência era a única coisa na qual eu conseguia pensar!
Respirei fundo, exasperado, encarando o teto como se tivesse algo ali que me ajudaria a entender o que estava acontecendo. Mordi o lábio ao chegar à conclusão de que talvez fosse algo natural. E meio que era, independentemente de ser ali comigo. Eu era homem e estar tão próximo de uma mulher daquele jeito me deixaria excitado de qualquer forma!
Eu estava assustado com aquela novidade, era completamente inesperado pra mim pensar nela daquela forma. Mas estava sendo inevitável, principalmente pela surpresa de ser tão… Gostoso. Sua pele macia sob meu toque, sua bunda empinada, deliciosa por conta de anos de futebol. Até mesmo o cheiro de seu cangote parecia inédito pra mim.
Era como se eu tivesse estado com outra pessoa, não a que conhecia desde bebê. E essa nova era tão… Diferente da que eu já conhecia.
Fui dormir após revisar algumas matérias e desmarquei de ver Erin, uma garota do campus ao lado que estava doida pra ir pra cama comigo. Eu queria muito realizar aquele desejo dela, porém estranhamente naquele momento não conseguia ter cabeça para pensar naquilo. Pelo menos não com ela.
Me preocupei em como aquela situação toda com estava começando a me afetar ao ponto de fazer eu perder o tesão de transar. Era um problema sério, levando em conta que tínhamos acabado de começar com as aulas, se é que dava para denominar assim. Instintivamente, comecei a bolar um jeito de e eu acabarmos de uma vez por todas com aquilo e chegarmos aos finalmentes logo. Eu faria o que prometi a ela, iria me livrar daquela sensação esquisita de vez e seguiríamos nossas vidas como se nada tivesse acontecido.
Saí da cama revigorado por ter dormido bem na noite passada, apesar de todos os pensamentos que alugaram minha cabeça antes que caísse no sono. Deixei meu dormitório disposto a deixar aquilo pra lá, iria me focar apenas na ideia que tive em não prolongar aquela história por muito tempo.
Só não iria falar pra ela, claro. Não queria que pensasse que queria me livrar dela, já vi bem o jeito como ficou quando eu lhe neguei aquele favor da primeira vez. Minha intenção não era fazê-la sentir que não era desejada. Pelo contrário, o que estava me levando a não querer mais estar com ela daquele modo era justamente o fato de eu ter gostado até demais do que estávamos fazendo. , por outro lado, agia normalmente, como se estivéssemos fazendo algo cotidiano, não houve nenhuma menção durante nossa troca de mensagens matinais. E aquilo me deixava ainda mais incerto do que estava fazendo.
Após minha aula, esbarrei com ela e as amigas na entrada da biblioteca da universidade. Mark e os outros precisaram passar lá para ir atrás de um livro específico e eu fiquei do lado de fora. Sabia do risco de encontrá-la lá e estava tentando fugir de sua presença, pelo menos até que desse a hora de ir até seu quarto continuar o que tínhamos começado.
Minhas mãos começaram a suar com tal pensamento. Outra coisa que estava começando a me preocupar era o fato de nós dois estarmos nos evitando desde que toda aquela fixação dela começou. Primeiro, tinha sido , brava por eu não ceder a seus caprichos, agora era eu que me escondia. Temia que aquela situação perdurasse entre nós mesmo depois de transarmos.
Com o acaso contrariando tudo o que eu queria, lá vinha ela, junto de suas duas amigas recém-conhecidas. Inclusive, a loira que a tinha incentivado a perder a virgindade com qualquer um lhe dando uma camisinha. Peguei aversão a ela naquele exato momento.
— , o que está fazendo aqui? — sorriu de testa franzida, fazendo-me revirar os olhos com sua implicância. Sabia que em sua cabeça a piadinha manjada sobre eu ser alérgico a livros estava sendo feita em looping.
— Estou esperando os caras, que entraram rapidinho pra pegar um livro. — Evitei olhá-la demais, porém ao passar os olhos por ela pude reparar que ela usava um vestidinho solto, um pouco acima dos joelhos, deixando as coxas um pouco à mostra.
— Por que não entrou junto? Vai ficar aí plantado sozinho? — Desviei meus olhos de suas pernas, me perguntando qual foi a última vez que a vi usando vestidos. Falhei miseravelmente por saber que provavelmente não lembraria, afinal, eu nunca reparava no que ela vestia antes do dia anterior.
Queria esquecer da existência dele, inclusive.
— Eles já estão vindo. — Apontei com o queixo em direção ao balcão da bibliotecária, que ficava visível pelas portas de vidro, onde os caras já finalizavam o procedimento para levar um dos livros de lá. — Posso falar com você um segundo? — Murmurei, agoniado, vendo-a trocar olhares com as amigas antes de assentir e dar alguns passos para longe das duas, que nos olhavam de um jeito nada discreto.
— Aconteceu alguma coisa? — Tombou a cabeça pro lado buscando meu olhar.
Suspirei, finalmente encarando seu rosto e me arrependendo no exato momento em que reparei em como seus olhos castanhos claros ficavam lindos debaixo do sol que fazia fora do toldo da fachada da biblioteca.
Seus cabelos longos e lisos estavam presos num rabo de cavalo, que deixava seu pescoço bem exposto e me trazia lembranças de quando eu tive meu rosto enterrado naquela curva de seu corpo. Seu cheiro veio em minha lembrança, fazendo-me querer ir em busca de mais.
— Sobre ontem, eu… — Comecei, incerto do que diria, eu deveria tocar naquele assunto? Ou apenas fingir naturalidade, como ela estava fazendo?
— Não vá me dizer que está arrependido. — Suas sobrancelhas se juntaram numa expressão de braveza. Engoli a seco, percebendo que por mais que eu pudesse tentar enganá-la, me conhecia o bastante para adivinhar o que se passava pela minha cabeça sem que nem eu mesmo tivesse pensado naquilo.
Porque, sim, eu estava arrependido. Queria desesperadamente voltar a vê-la como via antes e não saber qual era o gosto do beijo dela. Porém, ainda estava disposto a cumprir o que disse que faria.
— Não é isso… — Menti, levando as mãos aos meus bolsos da calça, tentando disfarçar a ansiedade momentânea que aquela conversa estava me causando. — É que… Vai me dizer que não se sentiu estranha depois do que fizemos. — Decidi ser sincero, como sempre fui com ela.
— Sim, mas nós já sabíamos que isso iria acontecer. — Agora era quem evitava meu olhar, com as bochechas já ruborizando aos poucos. — Por favor, , você me prometeu. Não dê para trás agora, o mais difícil nós já fizemos, que foi começar.
Suspirei, encarando-a sem ter o que dizer para fazê-la mudar de ideia. Infelizmente, estava certa, o que eu esperava, afinal? Beijar minha melhor amiga e não sentir nada com aquilo? Acho que estava ficando paranóico.
— Você tem certeza que quer mesmo continuar? — Franzi a testa. — Vai ficar mais… Íntimo com o passar do tempo.
— Eu confio em você. Seja lá o que for esse seu mais íntimo. — Riu, assentindo veemente.
Ela estava pedindo por aquilo e, segundo meus planos recém-feitos, eu iria avançar as coisas. Claro, tomando todo o cuidado com ela. Afinal, aquela era a única razão pela qual eu topei fazer parte daquela loucura.
Capítulo Cinco
O dia se passou sem grandes anormalidades e a cada minuto que se passava, contado ansiosamente no relógio, aumentava ainda mais o frio na minha barriga.
Tive tempo de encontrar com Erin no meio do caminho até o dormitório de , quando nos despedimos foi inevitável não pensar em chamá-la para meu quarto e fingir esquecer meu compromisso com . Ao mesmo tempo em que sentia vontade de ir para o lado contrário e sair andando até estar bem longe daquela rota, eu também queria correr até lá e estar no quarto dela, fazendo o que quer que fôssemos fazer juntos.
— Achei que não vinha mais. — saiu debaixo das cobertas revelando sua calça de moletom cinza que ela usava com meias cor de rosa nos pés e um blusão branco.
Ótimo, sem nenhum resquício de pele à mostra, aquela na minha frente era apenas a de sempre.
Seu notebook estava aberto num canto da cama de casal junto de um livro. Presumi que ela estava estudando já que eu demorei um pouco.
— Desculpe, tive um imprevisto. — Um imprevisto de cabelos loiros e um fogo que não se apagava nem com um frio daqueles.
— E então, por onde começamos hoje? — Transpôs a cama e se livrou das cobertas, fechando o aparelho e o livro antes de se voltar a minha direção.
— Acho que podemos continuar de onde paramos ontem. Vamos ver se você pegou tudo direitinho. — Sorri fraco da postura tensa que ela assumiu assim que percebeu que seria avaliada por mim.
sempre se cobrou muito em todas as áreas de sua vida, mas a que eu mais presenciei seu nervosismo foram em suas provas e avaliações. dificilmente se contentava com um sete ou oito, era aquele tipo de aluna que se dedicava e chegava a chorar quando sentia que tinha fracassado. Eu, que sempre fui um fracasso acadêmico nas áreas de humanas, tentava mantê-la ciente de que estava tudo bem errar de vez em quando. Ficava de coração partido quando a via se torturar.
— Relaxe, não há como eu te reprovar aqui. — Nem se quisesse conseguiria, mas ela não precisava saber daquilo. Para eu só estava achando aquilo estranho, - e estava mesmo - mas também estava gostando.
Seus olhos castanhos se reviraram e ela riu junto de mim. Me aproximei de seu corpo pegando-a pela nuca e emaranhado meus dedos em seus cabelos sedosos.
tinha os cabelos mais lindos que eu já tinha visto, desde pequenos eu era fissurado neles e podia notar até quando ela trocava de shampoo pelo cheiro que emanava deles. Crianças geralmente adotam ursos de pelúcia ou paninhos para manter uma ligação emocional resumida no cheiro, eu não fui diferente, mas ao invés do cheiro da minha mãe na fralda que eu não conseguia dormir sem, era o cheiro de que me causava aquela dependência. Não era de se estranhar a quantidade de fotos que minha mãe tinha com eu velando o seu sono quando ainda era muito novo para entender que ela era muito frágil e que eu poderia machucá-la.
Beijei sua boca, sentindo suas mãos envolverem meus cotovelos e bíceps, foi iniciado um beijo devagar, a segurei pela cintura e a deixei conduzir as coisas apenas a acompanhando e seguindo seu ritmo. Sua língua deslizou pela minha lentamente, diferente de nosso primeiro beijo, não me surpreendendo nem um pouco, estava seguindo as dicas à risca.
Logo avançou ainda mais contra meu corpo, fazendo-me sentir sua barriga colar-se a minha e seus seios novamente tocarem meu tórax. Senti meu coração se acelerar assim como da última vez, apesar de já tê-la visto seminua mais vezes do que poderia contar, admitia que sentir seus seios estava me excitando ainda mais justamente por nunca tê-los visto.
Saber que eu logo os veria e poderia até tocá-los e colocá-los na boca fazia uma ansiedade deliciosa crescer dentro de mim.
Mantinha minhas mãos em sua cintura enquanto as de ainda passeavam pelo meu tórax, prendi a respiração quando percebi o caminho que ambas faziam ao descer pela minha barriga e adentrarem minha camiseta. Quando suas unhas curtas me tocaram abaixo do umbigo, solucei involuntariamente contraindo o abdômen, indo imediatamente segurá-la.
— Achou meu ponto fraco. — Ri levemente ofegante, sentindo o corpo todo arrepiado, vendo-a me olhar num misto de curiosidade e divertimento. tentou avançar no mesmo local novamente, neguei com a cabeça tentando ficar sério daquela vez. — Se tocar aqui...eu não vou conseguir controlar ele. — Fechei os olhos com força, no fundo, torcendo para ter suas mãos ali para logo depois senti-la me tocar já fora da cueca.
Sei que planejei apressar um pouco as coisas, mas tinha que me controlar para não deixá-la assustada.
— Mas você disse que é preciso perder o controle. — Espertinha. Continuei negando com a cabeça enquanto ela gargalhava ainda colada ao meu corpo. Eu amava sua risada, sempre era atiçado a rir junto. — Para o que vamos fazer é preciso que não o controle.
— Sim, mas não vamos fazer hoje. — Puxei-a pela nuca para um selinho. — Não está pronta ainda. — Beijei sua bochecha.
— Quem tem que saber isso sou eu. — Arqueou as sobrancelhas.
— Nem terminou de me demonstrar que aprendeu o que fizemos ontem, como posso dizer que está pronta se não vi? — Seus olhos castanhos se reviraram pela enésima vez.
Ela estava começando a me irritar, fazer-me querer pegá-la e fazê-la revirar os olhos de outra forma.
tomou meus lábios, continuando de onde paramos, daquela vez arranhando de leve minha nuca voltando a me arrepiar. Ela mordiscou meu lábio inferior antes de começar a trilhar seus beijos molhados pela linha da minha mandíbula e seguir até minha orelha. Eu continuei paralisado em seus braços, concentrando-me no que estava sentindo, aquele turbilhão de sensações extasiantes que a pessoa mais improvável do mundo estava me proporcionando.
Fechei os olhos ao senti-la suspirar ao pé do ouvido, lhe apertei a cintura sorrindo abertamente. Queria só ver o que ela iria falar. não devia fazer ideia do que falar numa hora daquelas. Iria me segurar para não rir de sua falta de experiência.
— Eu não sei o que dizer. — Se afastou comprimindo os lábios e levando as mãos ao rosto. Perdi a vontade de rir, coitada, ela ainda estava aprendendo.
— Tente dizer algo sexy. — Lhe tirei as mãos, vendo seu rosto vermelho.
— Tipo…
— Não sei, varia de pessoa pra pessoa.
— O que você acharia sexy? — Respirei fundo mordendo o lábio, tentando descrever ao menos uma das coisas que me deixavam excitado. Eram muitas na verdade.
— Gosto quando me falam o que querem que eu faça. — Sua testa franzida me fez estranhar, era autoexplicativo pra mim. — Vai, me diga o que quer que eu faça contigo.
— Tipo… Quero que tire minha virgindade? — Verbalizou ainda confusa.
— Jesus, , muito broxante.
— Broxante é você falar de Jesus numa hora dessas. — Sua voz saiu esganiçada, enquanto seus olhos castanhos se enchiam de lágrimas.
— Pare de me desconcentrar. — Gargalhei junto dela. — Qual é, , você é mais inteligente que isso. — Ela se conteve, voltando a ficar mais séria, ou pelo menos tentando. — Tente outra vez. Seja sexy, me diga o que quer que eu faça com você.
respirou fundo assentindo, mordeu o lábio tentando abafar um sorriso envergonhado e se aproximou de meu ouvido, fazendo-me escutar mais uma vez seu suspiro antes de sussurrar com sua voz levemente rouca.
— Eu quero que você… Me foda. — Passei a língua sobre os dentes me segurando, ou ao menos tentando. Porém mesmo com minhas tentativas de me conter, meu pau já latejava dentro da calça.
— O que mais? — Sussurrei em seu ouvido, aproveitando-me da proximidade deliciosa de nossos corpos.
— Tem que ter mais? — Exclamou de testa franzida, afastando-se novamente para me olhar no rosto.
Eu não entendia porque achava sexo algo tão complicado e burocrático. Talvez fosse aquilo que a travava e a impedia de fazer algo do tipo, na cabeça dela parecia ser mais difícil do que realmente era. tinha que se desprender daquele pre-conceito e apenas se entregar às sensações.
— Sim, ora. — Sorri encarando-a de pertinho. — Você quer que eu te foda como, hã? — Depositei um beijo em seu queixo, onde tinha uma covinha adorável. — De pé. — Beijei sua boca, pegando-a desprevenida. — De ladinho… — suspirou diante de meu rosto. — De quatro… — Sorri malicioso vendo seus olhos se arregalarem.
— I-Isso é algo muito avançado pra uma iniciante, não? — Se soltou de mim, levando a mão na nuca e me dando as costas, provavelmente para que eu não a visse vermelha feito um pimentão.
Tarde demais, eu não precisaria ver, a conhecia com a palma de minha mão. Aliás, estava prestes a conhecê-la no sentido literal da expressão.
Mordi o lábio observando seu corpo ainda de costas para mim, pensando em como seria tê-la nua e tive que balançar a cabeça para ver se com o ato eu me desfazia de tais pensamentos.
— Não respondeu minha pergunta. — Fui até ela, virando-a pra mim e enlaçando sua cintura novamente. Eu não conseguia controlar aquele instinto que me levava a colar meu corpo ao dela, era como se eu tivesse sido programado para fazê-lo.
— Pare. — Espalmou as mãos em meu peito afastando-me quando ia beijá-la. — Você está muito sério, está parecendo algo muito real e… — Sua voz morreu ali, à medida em que seu rosto enrubrescia de novo.
— O que… — Levantei seu queixo olhando-a curioso.
— Estou ficando molhada… Lá, minha calcinha está molhada. — Arquei as sobrancelhas ao notar seu excesso de explicação, como se eu não fosse entender de primeira. estava ficando nervosa, e quanto mais nervosa ela ficasse, mais iríamos demorar para acabar com aquilo.
— Mas isso é completamente normal, . — Sorri com sua expressão de perdida. — É o que acontece quando fica assim, desse jeito, com um homem. — Afaguei suas costas rapidamente, descendo meu toque até seus quadris. respirou fundo sob meu olhar.
— Mas você não é qualquer homem, é… Você. — Ela não conseguia entender o motivo de estar tão excitada com alguém que considerava quase um irmão mais velho.
Soltei um riso sarcástico ao vê-la na mesma situação que estive noite passada, morto de tesão e assustado por pensar tanto nela e em seu corpo quente. Eu tentei lhe dizer mais cedo, mas ela não me deu ouvidos, quem sabe sentindo saberia do que eu falava. Quem sabe sentindo ela não desistia daquele plano maluco.
O pior de tudo era que, sabendo que era correspondido, percebi que apenas queria mais e mais.
— Você definitivamente não entende, não é? — Colei nossas testas, ainda sorrindo completamente sem humor. Meu pau latejava e meu nível de excitação já me fazia suar frio, eu estava rindo de desespero mesmo. — Você também é você pra mim, e...olha o que faz comigo. — Decidi não me segurar mais e lhe mostrar. Peguei sua mão e a levei até meu membro já ereto.
arrastou a mão em toda a extensão dele, desenhando-o por cima da calça enquanto o encarava vidrada, sem ao menos fazer menção em piscar. Mordeu o próprio lábio fazendo-me ansiar em beijá-la e jogá-la na cama logo.
— Está me deixando louco… — Lhe disse ao pé do ouvido, ainda sentido-a me tocar. Tomei seus lábios com urgência, apertando-a em meus braços e consequentemente esfregando nossas intimidades.
A ouvi grunhir contra minha boca e sorri durante o beijo. Que delícia de som, nunca imaginei que algum dia iria ouvir de sua boca.
— Eu nem ao menos sei como fazer isso. — Murmurou ofegante durante os passos incertos que demos em direção a cama dela, ou ao menos na direção que achávamos que ela estava.
Assim que suas panturrilhas encontraram a beira da cama, a sentei ali, sem interromper meu contato com seu corpo, passei a beijar seu pescoço fino a medida em que a deitava e ia pra cima dela, apoiando-me no colchão a fim de não depositar todo meu peso nela.
Levei um pequeno susto quando a vi ofegar de um jeito diferente do que estava fazendo, daquela vez era desespero, suas mãos me empurraram devagar e assim que se viu livre, se levantou ainda hiperventilando.
Me sentei na cama passando a mão pelos meus cabelos bagunçados por conta da ação e a encarei de pé, com ambas as mãos no rosto e apenas seus olhos tempestuosos à vista.
— De novo! — Esbravejou em ira. — Foi assim da última vez, exatamente assim!
Controlei minha respiração ofegante vendo-a tentar fazer o mesmo.
— Venha cá. — Dei batidinhas no colchão, vendo-a soltar todo o ar dos pulmões antes de vir cabisbaixa e tomar o lugar ao meu lado.
— Será que eu nunca vou conseguir transar? — Franzi a testa diante de seu exagero, levei a mão até suas costas, afagando enquanto assistia sua frustração um tanto engraçada. — Vou morrer virgem, vivendo com cinquenta gatos dentro de uma casa velha no meio do mato…
Não consegui segurar o riso, mesmo sabendo que ela me estapearia caso não estivesse tão ocupada sentindo pena de si mesma.
— Achei que gostasse mais de cachorros. — me olhou feio, não conseguindo se conter por muito tempo. — Não vai morrer virgem, eu te disse que te ajudaria e é isso que vou fazer. — Coloquei seus cabelos escuros para trás de sua orelha. — Eu te disse que não estava pronta ainda.
— Mas até quando eu não vou estar pronta? — Resmungou ainda emburrada. — Como pode alguém entrar em pânico desse jeito por nada!
— Você só precisa relaxar, acho que não estava excitada o bastante com o Josh, e nem agora comigo. — Beijei sua bochecha, fazendo-lhe carinho na nuca. — Acho que um pouquinho de preliminares talvez ajude, te deixe entregue ao ponto de perder o controle e ir até o fim.
Sua íris castanha me observava atentamente e eu tinha certeza que se esforçava ao máximo para gravar tudo o que eu lhe dizia, como a boa nerd que era. Ela dizia que não sabia o que tinha feito para me deixar louco, mas nem se dava conta de que replicou com perfeição tudo o que eu lhe tinha ensinado anteriormente.
E mesmo quando fazia o contrário ou até hesitava, me ganhava do mesmo jeito.
— Então me faça perder o controle. — Me arrepiei dos pés a cabeça com seu tom e seu semblante desejoso.
Lhe peguei pela nuca beijando-a com vontade, sendo correspondido na mesma intensidade, arrastei-me em sua direção sentindo sua perna dobrada bater na minha.
— Lembra-se do meu ponto fraco? — Seus olhos instintivamente foram até minha barriga e ela assentiu. — Vamos descobrir o seu. — murmurei ao beijar seu pescoço.
Minhas mãos passearam por sua nuca, e como não surtiram efeito desci ambas pelo seu tronco, enfiando-as descaradamente por dentro do camisão que ela usava. Senti sua pele quente e macia à medida em que deslizava os dedos por toda sua extensão, percebendo já feliz da vida que não usava sutiã.
— Está frio. — Deu uma risadinha ao me sentir checar suas costas, já ansioso, passei as mãos por sua cintura chegando em seus seios.
Enchi minhas mãos grandes em seus peitos medianos e firmes, massageando e sentindo-os pontudos por conta dos mamilos rijos de excitação. No meio de meu êxtase por finalmente tocá-los, a encarei vendo-a morder o lábio com uma expressão de prazer.
— Isso é bom, mas acho que não é aí. — Tombou a cabeça pro lado, fazendo-me suspirar em derrota.
Mesmo assim, inclinei-me sobre seu tronco e deixei beijos em ambos, sentindo sua mão acariciar meus cabelos e sua barriga subir e descer rapidamente quando passei a língua sobre um de seus mamilos marcados por cima da blusa mesmo.
— E aqui? — Desci mais uma vez meu toque, tendo-a encolhida quando meus dedos lhe provocaram cócegas. Ela odiava cócegas.
— Para ! — Tentava se desvencilhar enquanto gargalhava vermelha.
— Tem certeza? — afastou minhas mãos tentando sair da cama.
— Tenho, está frio, está frio! — Gargalhava em desespero encolhendo-se. Resolvi parar ao ver que ela logo ficaria brava de verdade. — Não é por aqui. Tem certeza que eu tenho mesmo esse ponto fraco?
— Tenho! Todo mundo tem um, . — Teimei, já deslizando as pontas dos dedos pelos quadris e revisitando sua bunda deliciosa.
— Continua frio. — Disse ainda contrariada.
Ri pelo nariz, desferindo um selinho em sua boca ao direcionar meu toque até suas coxas e subir, priorizando a parte interna. Quando me aproximei de sua intimidade, a vi ofegar ansiosa.
— Está quente? — Sorri malicioso me dando conta de que já sabia exatamente onde era seu ponto fraco.
Era bem óbvio, aliás, me perguntei como não pensei naquilo antes.
Passei a acariciar a região entre suas pernas, ainda sem tocar ou fazer menção de encostar em sua intimidade. Só aquilo a fez manear o quadril discretamente.
— Muito quente. — Sua expressão sôfrega me divertiu, então decidi continuar a provocá-la.
Com o indicador, dedilhei o meio de suas pernas por cima do tecido do moletom, checando seu rosto para ver sua cara de satisfação ao experimentar o que viria a seguir. Seus olhos castanhos estavam vidrados nos movimentos da minha mão enquanto sua respiração ficava audível.
— Gosta disso? — Fiz movimentos circulares entre seus lábios mesmo que superficialmente.
assentiu em silêncio, mordendo os lábios e abrindo as pernas devagar. Aproximou-se ao se arrastar pela cama, buscando um contato mais profundo com meus dedos.
Eu obviamente sabia que ela era virgem, nós dois conversávamos muito sobre tudo durante nossa adolescência. , por ser mais nova, já me pediu dicas de como beijar quando foi fazer pela primeira vez e estava apavorada por não saber.
Ela sempre temeu primeiras vezes, até mesmo quando aprendeu a andar de bicicleta. E era engraçado perceber que, de um jeito ou de outro, eu sempre estive ao seu lado naqueles momentos.
Mesmo já imaginando sua resposta, me peguei querendo saber algo. Na verdade eu assumia que apenas queria ouvir de sua boca para deixar as coisas mais excitantes pro meu lado.
— Já foi tocada assim antes? — A morena apenas negou com a cabeça, concentrada em rebolar desajeitada em busca de mais. — Diga, eu quero ouvir sua voz. — Segurei seu queixo, levantando-o para olhá-la dentro dos olhos.
— Não, — Suspirou ainda sob meu toque. — ninguém nunca me tocou desse jeito. — Tomei sua boca entreaberta por conta de seus murmúrios de prazer e parei momentaneamente minha tortura.
Me arrepiei ao sentir o tesão me tomar após ouvir sua voz me dizer aquilo. Sentia-me tão foda quanto os astronautas deviam ter se sentido quando pisaram pela primeira vez na lua, um local onde nenhum outro homem tinha conseguido a proeza de chegar.
E, bom, ter a confiança de alguém como era tão difícil quanto. Aliás, arriscava a dizer que arranjar um foguete e ser lançado atmosfera afora pareceria ser mais crível do que se me fosse contado antes que algum dia eu a teria daquele modo diante de mim.
Capítulo Seis
— E você? Já se tocou assim? — Aquela era uma curiosidade minha de muito tempo.
Desde que descobri o que era masturbação e, na adolescência, comecei a praticar, me perguntava se também estava naquela fase da vida, aparentemente todos da nossa idade estavam. Apesar de sermos tão íntimos desde sempre, por ser uma garota, eu nunca tive coragem de abordar o tema com ela na época.
Iria parecer que eu a estava corrompendo.
Algo que antes me parecia extremamente errado, hoje se apresentava de um modo diferente para mim. Era excitante saber que a estava apresentando o mundo do prazer e seria eu que a faria gozar pela primeira vez nas mãos de outra pessoa.
— Algumas. — Sorriu envergonhada, com as bochechas rubras. Não pude evitar de sorrir junto. — Mas faz muito tempo…eu me sentia…estúpida fazendo.
— Por que? — Franzi a testa indignado.
Masturbação era algo muito importante para autoconhecimento! Bom, foi o que uma sexóloga disse na internet, mas talvez fosse o certo, já que mal sabia onde ou como gostava de ser tocada e provavelmente só descobriria com a ajuda de outra pessoa.
Como era o caso naquele momento.
— Porque enquanto minhas amigas estavam transando ou conhecendo caras para transar, eu estava sozinha…com minha mão. — Fez uma careta estranha, encolhendo os ombros.
Soltei um risinho, negando com a cabeça. Era bobagem se sentir estúpida por algo tão simples, mas era daquele jeitinho mesmo. Às vezes se preocupava demais com as próprias condutas, sobre o que era certo ou errado. Sua mãe a cobrou demais e a fez ser daquela forma. Sair de casa e vir estudar em outro país iria ajudá-la a desfazer os danos que a Sra. ) fez em sua cabeça com sua criação, no mínimo, ortodoxa.
— Mas quando você fazia, usava o que? Pornô? — Ela já tinha visto um na vida?
— Não! — Sua expressão enojada me fez rir. olha pras próprias mãos descansadas em seu colo e respira fundo antes de voltar a levantar o olhar, segurando um sorriso sapeca. — Eu vou te mostrar. — Arquei a sobrancelha intrigado. — Mas você tem que prometer que não vai rir. — Hasteou o dedo, tentando soar ameaçadora ao se levantar da cama.
Eu já estava rindo. Não sabia o motivo, mas vindo dela eu sabia que poderia ser qualquer coisa e aquilo me divertia.
Virei-me minimamente ao perceber sua ligeira demora, a morena ficava na ponta dos pés enquanto enfiava a mão sobre os livros que tinha expostos na grande prateleira suspensa pregada na parede.
— Vai uma ajudinha aí? — A ouvi negar com um murmúrio, finalmente conseguindo apanhar o que queria.
Olhei curioso para o livro que ela trazia consigo e tentei imaginar o que devia ter de tão vergonhoso em suas mãos para fazê-la escondê-lo tão bem em sua prateleira. era uma leitora ávida, lia mais livros em um mês do que eu já li minha vida inteira, era muito difícil ela não gostar de algum.
— Oh… — Desatei a rir quando ela finalmente me revelou a capa. Já sem ar de tanto gargalhar, estendi a mão e peguei o exemplar de 50 tons de cinza, não antes de levar uma livrada de leve por estar rindo. — Ok, isso é inesperado.
meteu o pau naquele livro, e quando o filme saiu, voltou a falar mal, eu sempre achei que ela nunca tinha sequer lido o conteúdo ou assistido aos filmes de tanto que torceu o nariz para tudo relacionado a obra que estourou anos atrás.
— Eu continuo achando um lixo. — Reiterou sob meu olhar divertido. — Mas algumas partes são...interessantes. — Colocou os cabelos para trás das orelhas voltando a ficar sem graça.
Algumas partes. Sei.
Abri o livro cinza, folheando-o superficialmente até que encontrei uma página que descrevia uma cena de sexo do casal de protagonistas, não foi muito difícil encontrar, já que diziam que o livro se resumia em sexo. Devo dizer que não surtiu efeito algum sobre mim, sequer achei excitante, mas ao que parecia, as palavras contidas ali agradavam .
— Então quer dizer que você gosta de ler sacanagem. — Fechei o livro, encarando-a com malícia. Ela negou com a cabeça antes de cobrir o rosto com ambas as mãos. — Quem diria, Srta. .
— Tá bom, tá bom, agora chega de rir da minha cara. — Me estendeu a mão após tentar se recompor.
— Não estou rindo de você. — Inclinei a cabeça, procurando seu olhar enquanto mantinha meu sorriso intacto ao lhe devolver o livro. — Estou rindo do livro. Na verdade, isso é tão você que é sexy pra caralho. — seus olhos castanhos vieram de encontro ao meu de imediato. — Eu adoraria te ver em ação. — Lhe puxei pela nuca, selando nossos lábios.
— Esquece, , eu não vou me masturbar na sua frente. — Suas bochechas voltaram a ficar rubras. Ri de sua risada nervosa. Era totalmente novo tê-la sem graça diante de mim.
— Nem se eu te ajudar? — Choquei meu nariz contra o dela, num beijo de esquimó que fazíamos quando éramos crianças. — Vamos criar nossa própria cena de sacanagem.
A puxei para mim, colocando-a sentada na beira do meu colo. Perdi as forças ao ver sua pose de ofendida com minha brincadeira.
— Pare de caçoar! — Me estapeou risonha. — Fique sabendo que a literatura erótica é muito importante para a emancipação feminina e… — a calei com um beijo já sabendo que ela me daria uma aula só por uma brincadeira boba minha.
Eu adorava ouvi-la falar sobre seus estudos e coisas que a interessavam, mas naquele momento eu só a queria sentando no meu colo e gemendo em meu ouvido, de preferência.
— Vem cá, chega mais perto. — Peguei seus quadris, colocando-a bem em cima de meu membro duro, que uma hora daquelas já pulsava frenético em excitação.
Fui ao céu e voltei quando remexeu os quadris sem ao menos perceber o que me causaria, por instinto, lhe apertei a região sentindo-a estremecer. Beijei seu pescoço sendo coberto por seus cabelos lisos, sorri ao vê-la respirar fundo.
— Vai, escolha um cenário para nós dois. — Lhe sussurrei ao pé do ouvido, mordiscando o lóbulo de sua orelha enquanto ela pensava.
— O nosso lago. — Afastei-me para olhá-la nos olhos. Meu sorriso imitou o dela e entramos naquela onda nostálgica lembrando de todas as vezes que nadamos ali.
Havia um lago próximo a nossa casa, na área mais restrita da cidade, o nosso lugar favorito no mundo durante a infância. Minha mãe sempre nos levava nas tardes de verão, se dependesse da mãe de ela jamais colocaria os pés naquela água escura e gélida, mas ela nunca estava por perto pra ver.
Foi ali que aprendemos a nadar, e com o passar dos anos percebemos as mudanças em nossos corpos sem malícia aparente. , que quando criança pulava na água apenas de calcinha, começou a se desenvolver primeiro e passou a usar um maiô. Depois da puberdade e com a chegada de alguns meninos em nosso grupo de amigos, passou a vestir um shorts e uma blusa. Fui percebendo que ela só se sentia confortável de ficar sem o shorts a sós comigo.
— Estamos sozinhos. — Pontuei, vendo-a relaxar os ombros. — Molhados. Nossas roupas estão jogadas na beira do lago. — Passei minha barba rala que precisava ser feita pelo seu pescoço, vendo seus ombros se encolherem por conta do arrepio que tomou seu corpo. — Minha cueca e sua calcinha também estão na pilha.
mordeu os lábios.
— Estamos nus. — Concluiu.
— Completamente. — Suspiramos juntos. — Sai do lago com você no meu colo, de pernas bambas de tanto gozar depois que eu te toquei debaixo da água.
Minha mão invadiu sua calça e esbarrou na calcinha já molhada antes de chegar a seu destino final, tão esperado por nós dois. não segurou o gemido desesperado quando meu dedo se moveu devagar sobre seu clítoris.
Abri meus olhos para observá-la, completamente entregue a mim, experimentando a sensação de ser tocada por um homem pela primeira vez.
— E agora? — Soluçou, antes de tombar a cabeça em meu ombro, segurando-se para não gemer ao me ter dedilhando sua intimidade.
Eu queria ouvi-la, fazê-la se soltar em minhas mãos, fazê-la perder a vergonha e o controle que tinha sobre si desde que se entendia por gente.
Queria conhecer aquele lado dela, que escondia tanto que nem eu, a pessoa que mais a conhecia no mundo, tinha visto. Arrisco a dizer que nem ela própria se conhecia daquela forma, por isso o reprimia tanto e preferia viver na zona de conforto.
— Nos deitamos sobre a toalha e eu te coloco em meu colo, louco para ter você sentando no meu pau. — Minha outra mão lhe aperta sua bunda ao mesmo tempo em que tenho seus dedos largos envolvendo meus bíceps enquanto se contraía gemendo baixinho.
Ela continuava calada, entendia que era pela falta de experiência ou por timidez, mas não precisava falar se não quisesse. Minha cabeça já estava criando toda a cena de nós dois juntos, e eu lhe relataria tudo com o maior prazer do mundo.
— Você me provoca sentando-se sobre ele, torturando-me, esfregando-se num vai e vem devagar. — Sua buceta ficava cada vez mais úmida e meus dedos deslizavam cada vez mais rápido, sentia seu peito subir e descer veloz e sua pele esquentar contra mim. — E te mando colocá-lo dentro de você logo, não aguentando mais esperar.
se desencosta da lateral de meu rosto, encarando-me levemente suada, com bochechas vermelhas e lábios entreabertos. Sua boca pequena e rosada me chamou atenção, a beijei demoradamente ainda tendo-a grunhido contra mim.
— Você levanta um pouco o quadril e, após acariciar a cabecinha deixando-me louco, a direciona até sua entrada. E olhando nos meus olhos você desce, engolindo cada centímetro dele para dentro de si, preenchendo-se até estar completamente sentada em mim. — Dedilhei sua entrada, porém não a penetrei sabendo que poderia doer ou assustá-la. sentiu meu toque na região e ficou tensa, relaxando quando voltei a dar atenção a seu clítoris. — Soltamos gemidos ao mesmo tempo. Você sobe e desce algumas vezes, é delicioso estar dentro de você, .
— N-Não dói? — Neguei, dando-lhe um selinho rápido.
— Você controla a penetração, quando se cansar pode só rebolar. — rebolou algumas vezes, atraindo minha atenção, mordi o lábio vendo seu quadril se mover e não consegui me conter. — Gostosa.
Seu sorriso se acendeu e ela escondeu o rosto rubro na curva do meu pescoço. Achei graça de sua vergonha mas logo voltei a aumentar a velocidade de meus dedos vendo o êxtase tomar seu corpo aos poucos, à medida em que seus gemidos aumentaram.
— Continue rebolando, está quase lá. — Tomei sua boca, segurando-a firmemente pela cintura antes de descer minha mão livre e invadir sua camiseta. Brinquei com um de seus mamilos rijos, vendo-a gemer sôfrega contra meu rosto.
Observei seu corpo trêmulo sobre o meu, senti sua pele contra a minha. Se me esforçasse mais um pouquinho, poderia ter a imagem de nós dois na minha cabeça. Eu não sabia como aquilo funcionava direito para , se ela, que estava habituada a ler, conseguia projetar todas as palavras que lia perfeitamente em sua imaginação.
— Consegue imaginar, nós dois, pele com pele, molhados pela água do lago e pelo suor, fodendo loucamente em pleno ar livre? — Arfei próximo de seu ouvido pequeno. Oh, sim, eu podia ver aquela cena, e era a coisa mais excitante que já vi na vida. — Ninguém para nos assistir ou te ouvir gritar o quão gostoso está enquanto se desfalece em meus braços, num orgasmo maravilhoso.
teve seu primeiro espasmo já agarrando-me pelo ombro e se apoiando ali para tentar se manter sentada. A segurei pela cintura firme, com sua barriga se movendo freneticamente por conta de sua respiração irregular. Mordi o lábio vendo-a ir desfalecendo aos poucos, tendo seu segundo. Não satisfeito, continuei a mover minha mão contra sua intimidade.
— -. — Caralho.
Fechei os olhos com força, concentrando-me naquele som delicioso. gemeu meu nome em meio a seus murmúrios de prazer, ao gozar em meus dedos, fazendo-me tentar gravar aquilo em minha memória para sempre.
Era bom demais para ser ouvido só uma vez.
Assim que parou de tremer e se contorcer em puro êxtase, caiu cansada em meu ombro, respirando com dificuldade e com certeza vermelha como um pimentão. Acariciei seus cabelos após deixar um beijo terno no topo de sua cabeça.
Tirei minha mão de sua calça, atraindo sua atenção. Ao levar meus dedos usados para estimular sua intimidade na boca, percebi seu olhar atento, enquanto provava de seu gosto e a apreciava apenas confirmando algo que eu já desconfiava há muito tempo.
— Você é tão doce. — Lhe sussurrei, sentindo-a se aproximar do meu rosto.
Lhe dei o que ela queria, tomando sua língua com a minha e deixando que mesma provasse do próprio gosto. Ela era deliciosa, queria eu provar direto da fonte.
Enquanto tinha minha boca na dela num beijo calmo, contrariando todos seus sinais vitais frenéticos, me perguntei como devia ser ter o meu rosto entre suas pernas. De repente me vi ansioso para nossas próximas aulas.
Devia me preocupar com aquele tipo de pensamento, principalmente após toda a confusão que senti mais cedo e na noite passada. Porém quando a tinha tão perto, tudo aquilo parecia ser um mero detalhe bobo.
A segurei pela cintura retribuindo o beijo sedento, me lembrei do meu velho amigo autocontrole quando senti seu toque me descer até a barriga. Eu já estava à beira de um colapso após toda aquela cena que tinha acabado de não só presenciar, mas também de participar e imaginar as próximas.
Meu celular começou a tocar e vibrar insistentemente no meu bolso, fazendo-nos separar as bocas, dando-me um pouco de consciência naquele milésimo de segundo para rever o que estava fazendo. Não era o momento certo para aquilo. Eu iria assustá-la, precisava sair dali o mais rápido possível.
iria me provocar e eu iria ceder. Sabia que iria. Lhe falei sobre o sexo e sobre como as sensações de prazer tomavam conta de nós e nos faziam perder o controle, mas eu também estava experienciando aquele conceito. Ela me fazia perdê-lo sem que eu sequer percebesse.
"Erin"
Considerei a ligação como uma deixa para que eu saísse logo daquele quarto, uma infeliz coincidência, iria deixar a garota que queria transar para ir atrás de outra, que queria transar comigo. De qualquer forma iria servir para me aliviar, já que por mais que quisesse, não poderia ficar ali com .
— Preciso ir. — A tirei do meu colo, deixando-a sentada na cama confusa.
tentou abrir a boca para falar algo, porém me antecipei e lhe dei as costas, sentindo minhas calças apertadas demais para serem disfarçadas em público. Espiei sua estante de livros, pegando um de poucas páginas, apenas para tapar o volume entre minhas pernas no meu trajeto de volta até o dormitório. Saí lhe prometendo devolvê-lo, sabia o quão chata poderia ser quando se trava de um de seus queridinhos, por isso nem me atreveria a quebrar tal promessa.
— Oi, amorzinho. — Dei de cara com a loira de cabelos curtos quando abri a minha porta do quarto, lembrando-me de me dando sermões sobre sair e deixar a porta destrancada.
Bom, eu não tinha sido roubado e daquela vez não tinha uma visitante indesejada. Muito pelo contrário, meu pau latejou assim que Erin se levantou da minha cama exibindo seu par de pernas esguias e longas no vestidinho escuro que usava.
— Isso, venha cá. — Lhe agarrei forte pela cintura, vendo seu sorriso malicioso se abrir instantaneamente.
Espalmei minhas mãos em sua bunda, tomando seus lábios carnudos graças a esteticista que fazia verdadeiros milagres com uma seringa e muito ácido hialurônico. Fomos caminhando até a cama já imersos em tesão. Assim que a joguei contra o colchão já comecei a tirar minha camisa e a me livrar do que me apertava mais embaixo.
Quando coloquei a camisinha, Erin já me esperava nua, se tocando enquanto se exibia completamente aberta para mim.
"Era isso que eu queria, . Que me mostrasse como gosta de se tocar."
— O que foi, gatinho? — Pisquei algumas vezes saindo dos meus pensamentos e lembranças do quarto de , voltei a prestar atenção em Erin e no momento em que estávamos juntos, aproximando-me de seu corpo bronzeado. — Está tudo bem? — Suas mãos vieram até meu rosto e eu assenti suspirando em pura frustração.
"Me faça perder o controle."
Que droga, eu não conseguia tirar da minha cabeça, não conseguia ficar sem me recordar da textura de sua pele, sua voz ao pé do ouvido e a forma como ela rebolou em meu colo!
— ? — Abri os olhos e me deparei com os azuis dela encarando-me preocupados.
Neguei com a cabeça já vendo que aquilo não daria certo, mas apesar de tudo ainda estava louco para estar dentro de … Digo, de Erin. Talvez se eu não visse seu rosto, não iria confundir mais.
— Fica de quatro. — Seu sorriso safado me contagiou, satisfeito com sua submissão, lhe penetrei por trás finalmente acabando com a vontade que me consumia desde momentos atrás.
Fechei meus olhos e enquanto fazia meus movimentos frenéticos, metendo com força e arrancando-lhe gemidos de pura satisfação. Apesar de tudo, a única coisa que eu podia escutar eram os murmúrios de , como se ela estivesse ali comigo, naquela cama. Era tão real que chegou a me arrepiar dos pés à cabeça.
Decidi não mais lutar contra minha própria mente e cedi aos encantos de imaginá-la ali, na minha cama, exatamente como queria que fosse. Lhe agarrava pelos quadris e puxava seus cabelos para trás tendo um pouco de dificuldade em manter minha fantasia, já que os cabelos curtos de Erin não eram os mesmos longos e sedosos da minha melhor amiga.
Mas, por hora, teria que revelar aquele detalhe, além das duas mulheres serem completamente diferentes fisicamente. Até o cheiro de era inconfundível e original.
Quando caímos os dois cansados sobre minha cama, percebi ainda ofegante o quanto aquilo estava errado. Erin estava deitada ao meu lado, completamente alheia aos meus delírios e pensamentos conflituosos, ali eu travava uma briga interna entre o meu querer e a razão. Queria , aquilo já era um fato, por mais difícil que pudesse ser admitir que eu tinha caído naquela armadilha da vida de me juntar com minha melhor amiga de infância, como todos falavam e falavam quando éramos menores e nenhum de nós dava muita bola porque parecia ser impossível de acontecer. Mas saber que poderíamos, aliás, já tínhamos estragado nossa amizade, me deixava receoso sobre tudo.
E se ela não me quisesse da mesma forma? E se eu a magoasse e ela nunca mais olhasse na minha cara?
Suspirei em meio ao breu do meu quarto.
Espera um pouco... Eu estava mesmo cogitando a ideia de ficar com ela?
— ? — Erin murmurou manhosa, despertando-me de meus devaneios que sinceramente não iriam me levar a lugar algum.
e eu nunca combinaríamos daquele jeito, ela estava apenas precisando de alguém para lhe tirar a virgindade, e eu, como seu melhor amigo, estava ajudando. Era só aquilo que deveria ser feito. Iríamos transar e eu iria voltar para minha vida de pegação sem compromissos e me esquecer completamente de que algum dia já a tive em minha cama.
Principalmente quando estivesse com outra. Minha sanidade mental agradeceria se meus planos realmente dessem certo no final.
— Ei, estou falando com você. — Me cutucou após não receber uma devolutiva minha, pisquei algumas vezes e murmurei algo, prestando atenção em sua voz. — Posso tomar um banho antes de ir?
Aquilo era um convite velado. Sorri ladino dizendo-lhe que sim, porém para meu próprio bem, ficaria na cama bem longe dela e sem correr o risco de voltar a ter lembranças indesejadas com um certo alguém. Não tão indesejadas assim, diga-se de passagem.
— Não vem comigo? — Neguei já vendo sua silhueta nua deixar a cama. — Está estranho hoje. — Resmungou sozinha.
Concordei com ela mentalmente, encarando a porta do banheiro entreaberta de onde saia um facho de luz que me permitia ver a bagunça de roupas jogadas ao chão.
Recebi uma notificação no celular e o desbloqueei, vendo que tinha me marcado em um comentário numa publicação.
Como se me lembrasse de quem nós dois éramos e de que meus pensamentos estavam me levando a beira da loucura, a publicação em questão era uma lembrança de anos atrás de sua mãe. Uma foto de nós dois juntos num parque, meu braço a envolvia pelo ombro protegendo-a do palhaço que estava ao nosso lado na hora da foto. tinha medo dele, porém sua mãe achou graça de seu choro e nos colocou em pose para uma foto. A abraçava querendo fazê-la olhar para a foto e se esquecer da presença do homem colorido ao nosso lado.
Era aquilo que eu era dela, um protetor, um amigo.
Desde que descobri o que era masturbação e, na adolescência, comecei a praticar, me perguntava se também estava naquela fase da vida, aparentemente todos da nossa idade estavam. Apesar de sermos tão íntimos desde sempre, por ser uma garota, eu nunca tive coragem de abordar o tema com ela na época.
Iria parecer que eu a estava corrompendo.
Algo que antes me parecia extremamente errado, hoje se apresentava de um modo diferente para mim. Era excitante saber que a estava apresentando o mundo do prazer e seria eu que a faria gozar pela primeira vez nas mãos de outra pessoa.
— Algumas. — Sorriu envergonhada, com as bochechas rubras. Não pude evitar de sorrir junto. — Mas faz muito tempo…eu me sentia…estúpida fazendo.
— Por que? — Franzi a testa indignado.
Masturbação era algo muito importante para autoconhecimento! Bom, foi o que uma sexóloga disse na internet, mas talvez fosse o certo, já que mal sabia onde ou como gostava de ser tocada e provavelmente só descobriria com a ajuda de outra pessoa.
Como era o caso naquele momento.
— Porque enquanto minhas amigas estavam transando ou conhecendo caras para transar, eu estava sozinha…com minha mão. — Fez uma careta estranha, encolhendo os ombros.
Soltei um risinho, negando com a cabeça. Era bobagem se sentir estúpida por algo tão simples, mas era daquele jeitinho mesmo. Às vezes se preocupava demais com as próprias condutas, sobre o que era certo ou errado. Sua mãe a cobrou demais e a fez ser daquela forma. Sair de casa e vir estudar em outro país iria ajudá-la a desfazer os danos que a Sra. ) fez em sua cabeça com sua criação, no mínimo, ortodoxa.
— Mas quando você fazia, usava o que? Pornô? — Ela já tinha visto um na vida?
— Não! — Sua expressão enojada me fez rir. olha pras próprias mãos descansadas em seu colo e respira fundo antes de voltar a levantar o olhar, segurando um sorriso sapeca. — Eu vou te mostrar. — Arquei a sobrancelha intrigado. — Mas você tem que prometer que não vai rir. — Hasteou o dedo, tentando soar ameaçadora ao se levantar da cama.
Eu já estava rindo. Não sabia o motivo, mas vindo dela eu sabia que poderia ser qualquer coisa e aquilo me divertia.
Virei-me minimamente ao perceber sua ligeira demora, a morena ficava na ponta dos pés enquanto enfiava a mão sobre os livros que tinha expostos na grande prateleira suspensa pregada na parede.
— Vai uma ajudinha aí? — A ouvi negar com um murmúrio, finalmente conseguindo apanhar o que queria.
Olhei curioso para o livro que ela trazia consigo e tentei imaginar o que devia ter de tão vergonhoso em suas mãos para fazê-la escondê-lo tão bem em sua prateleira. era uma leitora ávida, lia mais livros em um mês do que eu já li minha vida inteira, era muito difícil ela não gostar de algum.
— Oh… — Desatei a rir quando ela finalmente me revelou a capa. Já sem ar de tanto gargalhar, estendi a mão e peguei o exemplar de 50 tons de cinza, não antes de levar uma livrada de leve por estar rindo. — Ok, isso é inesperado.
meteu o pau naquele livro, e quando o filme saiu, voltou a falar mal, eu sempre achei que ela nunca tinha sequer lido o conteúdo ou assistido aos filmes de tanto que torceu o nariz para tudo relacionado a obra que estourou anos atrás.
— Eu continuo achando um lixo. — Reiterou sob meu olhar divertido. — Mas algumas partes são...interessantes. — Colocou os cabelos para trás das orelhas voltando a ficar sem graça.
Algumas partes. Sei.
Abri o livro cinza, folheando-o superficialmente até que encontrei uma página que descrevia uma cena de sexo do casal de protagonistas, não foi muito difícil encontrar, já que diziam que o livro se resumia em sexo. Devo dizer que não surtiu efeito algum sobre mim, sequer achei excitante, mas ao que parecia, as palavras contidas ali agradavam .
— Então quer dizer que você gosta de ler sacanagem. — Fechei o livro, encarando-a com malícia. Ela negou com a cabeça antes de cobrir o rosto com ambas as mãos. — Quem diria, Srta. .
— Tá bom, tá bom, agora chega de rir da minha cara. — Me estendeu a mão após tentar se recompor.
— Não estou rindo de você. — Inclinei a cabeça, procurando seu olhar enquanto mantinha meu sorriso intacto ao lhe devolver o livro. — Estou rindo do livro. Na verdade, isso é tão você que é sexy pra caralho. — seus olhos castanhos vieram de encontro ao meu de imediato. — Eu adoraria te ver em ação. — Lhe puxei pela nuca, selando nossos lábios.
— Esquece, , eu não vou me masturbar na sua frente. — Suas bochechas voltaram a ficar rubras. Ri de sua risada nervosa. Era totalmente novo tê-la sem graça diante de mim.
— Nem se eu te ajudar? — Choquei meu nariz contra o dela, num beijo de esquimó que fazíamos quando éramos crianças. — Vamos criar nossa própria cena de sacanagem.
A puxei para mim, colocando-a sentada na beira do meu colo. Perdi as forças ao ver sua pose de ofendida com minha brincadeira.
— Pare de caçoar! — Me estapeou risonha. — Fique sabendo que a literatura erótica é muito importante para a emancipação feminina e… — a calei com um beijo já sabendo que ela me daria uma aula só por uma brincadeira boba minha.
Eu adorava ouvi-la falar sobre seus estudos e coisas que a interessavam, mas naquele momento eu só a queria sentando no meu colo e gemendo em meu ouvido, de preferência.
— Vem cá, chega mais perto. — Peguei seus quadris, colocando-a bem em cima de meu membro duro, que uma hora daquelas já pulsava frenético em excitação.
Fui ao céu e voltei quando remexeu os quadris sem ao menos perceber o que me causaria, por instinto, lhe apertei a região sentindo-a estremecer. Beijei seu pescoço sendo coberto por seus cabelos lisos, sorri ao vê-la respirar fundo.
— Vai, escolha um cenário para nós dois. — Lhe sussurrei ao pé do ouvido, mordiscando o lóbulo de sua orelha enquanto ela pensava.
— O nosso lago. — Afastei-me para olhá-la nos olhos. Meu sorriso imitou o dela e entramos naquela onda nostálgica lembrando de todas as vezes que nadamos ali.
Havia um lago próximo a nossa casa, na área mais restrita da cidade, o nosso lugar favorito no mundo durante a infância. Minha mãe sempre nos levava nas tardes de verão, se dependesse da mãe de ela jamais colocaria os pés naquela água escura e gélida, mas ela nunca estava por perto pra ver.
Foi ali que aprendemos a nadar, e com o passar dos anos percebemos as mudanças em nossos corpos sem malícia aparente. , que quando criança pulava na água apenas de calcinha, começou a se desenvolver primeiro e passou a usar um maiô. Depois da puberdade e com a chegada de alguns meninos em nosso grupo de amigos, passou a vestir um shorts e uma blusa. Fui percebendo que ela só se sentia confortável de ficar sem o shorts a sós comigo.
— Estamos sozinhos. — Pontuei, vendo-a relaxar os ombros. — Molhados. Nossas roupas estão jogadas na beira do lago. — Passei minha barba rala que precisava ser feita pelo seu pescoço, vendo seus ombros se encolherem por conta do arrepio que tomou seu corpo. — Minha cueca e sua calcinha também estão na pilha.
mordeu os lábios.
— Estamos nus. — Concluiu.
— Completamente. — Suspiramos juntos. — Sai do lago com você no meu colo, de pernas bambas de tanto gozar depois que eu te toquei debaixo da água.
Minha mão invadiu sua calça e esbarrou na calcinha já molhada antes de chegar a seu destino final, tão esperado por nós dois. não segurou o gemido desesperado quando meu dedo se moveu devagar sobre seu clítoris.
Abri meus olhos para observá-la, completamente entregue a mim, experimentando a sensação de ser tocada por um homem pela primeira vez.
— E agora? — Soluçou, antes de tombar a cabeça em meu ombro, segurando-se para não gemer ao me ter dedilhando sua intimidade.
Eu queria ouvi-la, fazê-la se soltar em minhas mãos, fazê-la perder a vergonha e o controle que tinha sobre si desde que se entendia por gente.
Queria conhecer aquele lado dela, que escondia tanto que nem eu, a pessoa que mais a conhecia no mundo, tinha visto. Arrisco a dizer que nem ela própria se conhecia daquela forma, por isso o reprimia tanto e preferia viver na zona de conforto.
— Nos deitamos sobre a toalha e eu te coloco em meu colo, louco para ter você sentando no meu pau. — Minha outra mão lhe aperta sua bunda ao mesmo tempo em que tenho seus dedos largos envolvendo meus bíceps enquanto se contraía gemendo baixinho.
Ela continuava calada, entendia que era pela falta de experiência ou por timidez, mas não precisava falar se não quisesse. Minha cabeça já estava criando toda a cena de nós dois juntos, e eu lhe relataria tudo com o maior prazer do mundo.
— Você me provoca sentando-se sobre ele, torturando-me, esfregando-se num vai e vem devagar. — Sua buceta ficava cada vez mais úmida e meus dedos deslizavam cada vez mais rápido, sentia seu peito subir e descer veloz e sua pele esquentar contra mim. — E te mando colocá-lo dentro de você logo, não aguentando mais esperar.
se desencosta da lateral de meu rosto, encarando-me levemente suada, com bochechas vermelhas e lábios entreabertos. Sua boca pequena e rosada me chamou atenção, a beijei demoradamente ainda tendo-a grunhido contra mim.
— Você levanta um pouco o quadril e, após acariciar a cabecinha deixando-me louco, a direciona até sua entrada. E olhando nos meus olhos você desce, engolindo cada centímetro dele para dentro de si, preenchendo-se até estar completamente sentada em mim. — Dedilhei sua entrada, porém não a penetrei sabendo que poderia doer ou assustá-la. sentiu meu toque na região e ficou tensa, relaxando quando voltei a dar atenção a seu clítoris. — Soltamos gemidos ao mesmo tempo. Você sobe e desce algumas vezes, é delicioso estar dentro de você, .
— N-Não dói? — Neguei, dando-lhe um selinho rápido.
— Você controla a penetração, quando se cansar pode só rebolar. — rebolou algumas vezes, atraindo minha atenção, mordi o lábio vendo seu quadril se mover e não consegui me conter. — Gostosa.
Seu sorriso se acendeu e ela escondeu o rosto rubro na curva do meu pescoço. Achei graça de sua vergonha mas logo voltei a aumentar a velocidade de meus dedos vendo o êxtase tomar seu corpo aos poucos, à medida em que seus gemidos aumentaram.
— Continue rebolando, está quase lá. — Tomei sua boca, segurando-a firmemente pela cintura antes de descer minha mão livre e invadir sua camiseta. Brinquei com um de seus mamilos rijos, vendo-a gemer sôfrega contra meu rosto.
Observei seu corpo trêmulo sobre o meu, senti sua pele contra a minha. Se me esforçasse mais um pouquinho, poderia ter a imagem de nós dois na minha cabeça. Eu não sabia como aquilo funcionava direito para , se ela, que estava habituada a ler, conseguia projetar todas as palavras que lia perfeitamente em sua imaginação.
— Consegue imaginar, nós dois, pele com pele, molhados pela água do lago e pelo suor, fodendo loucamente em pleno ar livre? — Arfei próximo de seu ouvido pequeno. Oh, sim, eu podia ver aquela cena, e era a coisa mais excitante que já vi na vida. — Ninguém para nos assistir ou te ouvir gritar o quão gostoso está enquanto se desfalece em meus braços, num orgasmo maravilhoso.
teve seu primeiro espasmo já agarrando-me pelo ombro e se apoiando ali para tentar se manter sentada. A segurei pela cintura firme, com sua barriga se movendo freneticamente por conta de sua respiração irregular. Mordi o lábio vendo-a ir desfalecendo aos poucos, tendo seu segundo. Não satisfeito, continuei a mover minha mão contra sua intimidade.
— -. — Caralho.
Fechei os olhos com força, concentrando-me naquele som delicioso. gemeu meu nome em meio a seus murmúrios de prazer, ao gozar em meus dedos, fazendo-me tentar gravar aquilo em minha memória para sempre.
Era bom demais para ser ouvido só uma vez.
Assim que parou de tremer e se contorcer em puro êxtase, caiu cansada em meu ombro, respirando com dificuldade e com certeza vermelha como um pimentão. Acariciei seus cabelos após deixar um beijo terno no topo de sua cabeça.
Tirei minha mão de sua calça, atraindo sua atenção. Ao levar meus dedos usados para estimular sua intimidade na boca, percebi seu olhar atento, enquanto provava de seu gosto e a apreciava apenas confirmando algo que eu já desconfiava há muito tempo.
— Você é tão doce. — Lhe sussurrei, sentindo-a se aproximar do meu rosto.
Lhe dei o que ela queria, tomando sua língua com a minha e deixando que mesma provasse do próprio gosto. Ela era deliciosa, queria eu provar direto da fonte.
Enquanto tinha minha boca na dela num beijo calmo, contrariando todos seus sinais vitais frenéticos, me perguntei como devia ser ter o meu rosto entre suas pernas. De repente me vi ansioso para nossas próximas aulas.
Devia me preocupar com aquele tipo de pensamento, principalmente após toda a confusão que senti mais cedo e na noite passada. Porém quando a tinha tão perto, tudo aquilo parecia ser um mero detalhe bobo.
A segurei pela cintura retribuindo o beijo sedento, me lembrei do meu velho amigo autocontrole quando senti seu toque me descer até a barriga. Eu já estava à beira de um colapso após toda aquela cena que tinha acabado de não só presenciar, mas também de participar e imaginar as próximas.
Meu celular começou a tocar e vibrar insistentemente no meu bolso, fazendo-nos separar as bocas, dando-me um pouco de consciência naquele milésimo de segundo para rever o que estava fazendo. Não era o momento certo para aquilo. Eu iria assustá-la, precisava sair dali o mais rápido possível.
iria me provocar e eu iria ceder. Sabia que iria. Lhe falei sobre o sexo e sobre como as sensações de prazer tomavam conta de nós e nos faziam perder o controle, mas eu também estava experienciando aquele conceito. Ela me fazia perdê-lo sem que eu sequer percebesse.
"Erin"
Considerei a ligação como uma deixa para que eu saísse logo daquele quarto, uma infeliz coincidência, iria deixar a garota que queria transar para ir atrás de outra, que queria transar comigo. De qualquer forma iria servir para me aliviar, já que por mais que quisesse, não poderia ficar ali com .
— Preciso ir. — A tirei do meu colo, deixando-a sentada na cama confusa.
tentou abrir a boca para falar algo, porém me antecipei e lhe dei as costas, sentindo minhas calças apertadas demais para serem disfarçadas em público. Espiei sua estante de livros, pegando um de poucas páginas, apenas para tapar o volume entre minhas pernas no meu trajeto de volta até o dormitório. Saí lhe prometendo devolvê-lo, sabia o quão chata poderia ser quando se trava de um de seus queridinhos, por isso nem me atreveria a quebrar tal promessa.
— Oi, amorzinho. — Dei de cara com a loira de cabelos curtos quando abri a minha porta do quarto, lembrando-me de me dando sermões sobre sair e deixar a porta destrancada.
Bom, eu não tinha sido roubado e daquela vez não tinha uma visitante indesejada. Muito pelo contrário, meu pau latejou assim que Erin se levantou da minha cama exibindo seu par de pernas esguias e longas no vestidinho escuro que usava.
— Isso, venha cá. — Lhe agarrei forte pela cintura, vendo seu sorriso malicioso se abrir instantaneamente.
Espalmei minhas mãos em sua bunda, tomando seus lábios carnudos graças a esteticista que fazia verdadeiros milagres com uma seringa e muito ácido hialurônico. Fomos caminhando até a cama já imersos em tesão. Assim que a joguei contra o colchão já comecei a tirar minha camisa e a me livrar do que me apertava mais embaixo.
Quando coloquei a camisinha, Erin já me esperava nua, se tocando enquanto se exibia completamente aberta para mim.
"Era isso que eu queria, . Que me mostrasse como gosta de se tocar."
— O que foi, gatinho? — Pisquei algumas vezes saindo dos meus pensamentos e lembranças do quarto de , voltei a prestar atenção em Erin e no momento em que estávamos juntos, aproximando-me de seu corpo bronzeado. — Está tudo bem? — Suas mãos vieram até meu rosto e eu assenti suspirando em pura frustração.
"Me faça perder o controle."
Que droga, eu não conseguia tirar da minha cabeça, não conseguia ficar sem me recordar da textura de sua pele, sua voz ao pé do ouvido e a forma como ela rebolou em meu colo!
— ? — Abri os olhos e me deparei com os azuis dela encarando-me preocupados.
Neguei com a cabeça já vendo que aquilo não daria certo, mas apesar de tudo ainda estava louco para estar dentro de … Digo, de Erin. Talvez se eu não visse seu rosto, não iria confundir mais.
— Fica de quatro. — Seu sorriso safado me contagiou, satisfeito com sua submissão, lhe penetrei por trás finalmente acabando com a vontade que me consumia desde momentos atrás.
Fechei meus olhos e enquanto fazia meus movimentos frenéticos, metendo com força e arrancando-lhe gemidos de pura satisfação. Apesar de tudo, a única coisa que eu podia escutar eram os murmúrios de , como se ela estivesse ali comigo, naquela cama. Era tão real que chegou a me arrepiar dos pés à cabeça.
Decidi não mais lutar contra minha própria mente e cedi aos encantos de imaginá-la ali, na minha cama, exatamente como queria que fosse. Lhe agarrava pelos quadris e puxava seus cabelos para trás tendo um pouco de dificuldade em manter minha fantasia, já que os cabelos curtos de Erin não eram os mesmos longos e sedosos da minha melhor amiga.
Mas, por hora, teria que revelar aquele detalhe, além das duas mulheres serem completamente diferentes fisicamente. Até o cheiro de era inconfundível e original.
Quando caímos os dois cansados sobre minha cama, percebi ainda ofegante o quanto aquilo estava errado. Erin estava deitada ao meu lado, completamente alheia aos meus delírios e pensamentos conflituosos, ali eu travava uma briga interna entre o meu querer e a razão. Queria , aquilo já era um fato, por mais difícil que pudesse ser admitir que eu tinha caído naquela armadilha da vida de me juntar com minha melhor amiga de infância, como todos falavam e falavam quando éramos menores e nenhum de nós dava muita bola porque parecia ser impossível de acontecer. Mas saber que poderíamos, aliás, já tínhamos estragado nossa amizade, me deixava receoso sobre tudo.
E se ela não me quisesse da mesma forma? E se eu a magoasse e ela nunca mais olhasse na minha cara?
Suspirei em meio ao breu do meu quarto.
Espera um pouco... Eu estava mesmo cogitando a ideia de ficar com ela?
— ? — Erin murmurou manhosa, despertando-me de meus devaneios que sinceramente não iriam me levar a lugar algum.
e eu nunca combinaríamos daquele jeito, ela estava apenas precisando de alguém para lhe tirar a virgindade, e eu, como seu melhor amigo, estava ajudando. Era só aquilo que deveria ser feito. Iríamos transar e eu iria voltar para minha vida de pegação sem compromissos e me esquecer completamente de que algum dia já a tive em minha cama.
Principalmente quando estivesse com outra. Minha sanidade mental agradeceria se meus planos realmente dessem certo no final.
— Ei, estou falando com você. — Me cutucou após não receber uma devolutiva minha, pisquei algumas vezes e murmurei algo, prestando atenção em sua voz. — Posso tomar um banho antes de ir?
Aquilo era um convite velado. Sorri ladino dizendo-lhe que sim, porém para meu próprio bem, ficaria na cama bem longe dela e sem correr o risco de voltar a ter lembranças indesejadas com um certo alguém. Não tão indesejadas assim, diga-se de passagem.
— Não vem comigo? — Neguei já vendo sua silhueta nua deixar a cama. — Está estranho hoje. — Resmungou sozinha.
Concordei com ela mentalmente, encarando a porta do banheiro entreaberta de onde saia um facho de luz que me permitia ver a bagunça de roupas jogadas ao chão.
Recebi uma notificação no celular e o desbloqueei, vendo que tinha me marcado em um comentário numa publicação.
Como se me lembrasse de quem nós dois éramos e de que meus pensamentos estavam me levando a beira da loucura, a publicação em questão era uma lembrança de anos atrás de sua mãe. Uma foto de nós dois juntos num parque, meu braço a envolvia pelo ombro protegendo-a do palhaço que estava ao nosso lado na hora da foto. tinha medo dele, porém sua mãe achou graça de seu choro e nos colocou em pose para uma foto. A abraçava querendo fazê-la olhar para a foto e se esquecer da presença do homem colorido ao nosso lado.
Era aquilo que eu era dela, um protetor, um amigo.
Capítulo Sete
Ele estava me evitando.
E, de certa forma, eu também sentia vontade de evitá-lo. O que aconteceu naquele quarto...o modo como ele me tocou, não sei, talvez tivesse razão em querer parar daquela outra vez. Definitivamente as coisas ficaram íntimas entre nós, bom, ao menos pra mim, que nunca tinha chegado nem perto de ter alguém me tocando daquele jeito.
Lembrava de tudo o que foi dito de um jeito tão claro que me assustava com a riqueza de detalhes, não consegui dormir ao notar que ficava molhada só de me recordar de sua voz sussurrando coisas sujas em meu ouvido.
A escolha do cenário de nossa história surpreendeu até a mim mesma, o lago que nadávamos quando crianças, me perguntei se não era um desejo meu tão bem escondido que nunca tinha trazido a tona de tão surreal que parecia ser. Ter daquele jeito nunca se passou pela minha cabeça, mas depois de ter uma pequena amostra de como seria, imaginar e sentir tudo o que senti nas mãos dele…me perguntei como nunca tinha pensado naquilo antes.
As pessoas sempre duvidavam de nós quando dizíamos que jamais pensamos em ficar juntos de alguma forma além da amizade, ainda existia um estereótipo bem grande em cima de amigos de sexos opostos. Eu sempre tive certeza de que não pensava em dessa maneira, e também sabia que não fazia o tipo dele, tanto que tentou de todo jeito se esquivar de ter que me ajudar com minha virgindade. Por isso mesmo que o escolhi, por saber que não haveria risco de estragar a amizade que passamos a vida construindo.
Bom, talvez eu não tenha calculado os riscos muito bem.
Apesar de ficar preocupada com seu sumiço de 24 horas da minha vida, iria esperar mais um pouco para tentar contato, afinal mais tarde teria festa em uma das fraternidades vizinhas, e ele com toda certeza estaria por lá.
I gotta feeling tocava alto embalando as pessoas na pista fazendo-me perguntar que tipo de bruxaria o Black eyed peas tinha feito para conseguir a proeza de nunca nos fazer enjoar daquela música, que tocava em todo lugar há anos. Sim, eu era o tipo de pessoa que tinha tempo de ficar teorizando sobre aquilo em festas. Talvez fosse aquele o motivo de quase ninguém chegar em mim.
Também tinha o fato de minhas amigas sempre estarem super produzidas com salto altos e maquiagem mais chamativa que suas roupas, pra completar o pacote, elas ainda dançavam sensualmente qualquer ritmo que tocasse, me deixando pra escanteio sempre que possível. Às vezes eu só parava de dançar para admirá-las, além de divertidas elas ainda eram incrivelmente lindas.
Minha dança era um pouco mais diferenciada, eu não mexia os quadris para rebolar provocantemente, tampouco conseguia descer até o chão que nem elas faziam sem perder o equilíbrio no mesmo instante. Apenas mexia o corpo, sentindo a batida e não me importando muito com os olhares, que quando direcionados a mim, eram, no mínimo, cômicos.
Me cansei de dançar e fui acompanhada por elas até um dos cantos do local, peguei um refrigerante e o saboreei sentindo o calor de meu corpo ir se esvaindo aos poucos, estava morta de sede mas não poderia negar que adorava aquela sensação. Meu celular vibrou em meio a conversa animada que engatamos sobre algo completamente aleatório, o peguei do bolso vendo uma mensagem já esperada por mim na minha tela inicial.
Quem é vivo sempre aparece, não é mesmo?
:
"Gostei da camiseta."
Era uma camiseta de Friends, minha série favorita da vida que me foi apresentada por ele.
Olhei em volta procurando a figura de olhos verdes, porém só conseguia ver os amontoados de pessoas onde quer que eu olhasse.
:
"Perto da porta."
O avistei parado ao longe, não esbocei reação ao olhar para seu rosto, arqueou as sobrancelhas desbloqueando o próprio celular, digitando algo ainda sob meu olhar. Reparei em sua camiseta vermelha e no modo como o tecido justo abraçava seus bíceps tatuados e evidenciava seu peitoral malhado, engoli a seco ao descer mais um pouco para aquelas coxas gostosas e só parei quando meu telefone vibrou em minha mão, despertando-me de minha contemplação.
Eu nem acreditava que já tinha sentado em seu colo e beijado aquela boca rosada. Céus, nunca pensei que poderia olhar para meu melhor amigo de infância e de repente achá-lo tão gostoso. Puta que pariu, tremia só de pensar.
:
"Não vai me responder, não?"
:
"Resolveu falar comigo?"
O encarei com o celular ainda aceso em mãos, já na espera de sua resposta. suspirou chamando-me com a mão, fazendo-me respirar fundo antes de virar-me em direção às meninas e avisar que iria em algum lugar, não disse qual para não atiçar suas piadinhas em relação a .
Transitei em meio as pessoas barulhentas e agitadas, algumas bêbadas e dançantes, o vi fazer o mesmo enquanto avançava para o lado contrário ao que minhas amigas estavam, encontrando-o no meio da pista.
Deixei para confrontá-lo naquela festa e por isso não pensei no que faria quando o tivesse à minha frente, se brigaria com ele ou se o confrontaria sobre o motivo de ter sido ignorada um dia inteiro. Não havia como prever o modo como meu corpo iria se comportar tão perto dele após ter praticamente se fundido a ele da última vez. Eu com certeza não previ aquele nervosismo todo ao ouvir sua voz.
Ainda não conseguia compreender que tipo de bruxaria era aquela que tornou toda e qualquer ação de completamente excitante aos meus olhos.
— Me desculpe, — Berrou próximo ao meu ouvido por conta da música alta. Péssima escolha de lugar para conversar, aliás. — eu estive ocupado.
— Ocupado. — Ri de escárnio. — Com a Erin. — Nem sabia quem era, tampouco já me importei com quem pegava ou deixava de pegar. Não era a primeira vez que ele me trocava por um rabo de saia, estava acostumada já.
Estava,isso mesmo, no passado.
Naquele momento me importava até demais com aquilo. Eu estava tão...tão...puta da vida por saber que ele tinha me largado sozinha em minha cama, excitada e louca por ele para poder ir foder a tal Erin!
— Conhece ela? — Seu tom inocentemente casual me fazia querer socá-lo.
— Não. — Não tive o desprazer de conhecê-la. — Eu sou caloura, por acaso se esqueceu?
Respirei fundo, tentando me lembrar do feminismo que costumava defender com unhas e dentes e que meu objetivo ali não era começar uma briga. Não queria lhe dar razão para me culpar por ultimamente passarmos mais tempo discutindo do que aproveitando nosso tempo juntos como sempre fizemos.
— Então como sabe que eu estive com ela?
— Eu vi no seu celular quando tocou… — Murmurei incomodada.
De onde eu estava, sentada em seu colo, eu tinha uma visão privilegiada do visor e minha curiosidade foi a responsável pelo resto.
Mas parei pra raciocinar, e eu estava parecendo uma namorada ciumenta reparando naquele tipo de coisa. Não que eu não reparasse antes, era normal pra nós um olhar o celular do outro, saber senhas e tudo mais, afinal éramos bem abertos sobre tudo e até nos dávamos conselhos um para o outro quando necessário. Novamente, nunca tinha existido nenhuma atração entre nós.
Mas depois que começamos com a empreitada da minha virgindade, comecei a ficar incomodada. E pior! Sem ter motivos ou direito de sentir aquilo.
— Mas isso não importa, — Balancei a cabeça ainda perturbada com meus pensamentos sendo misturados com toda a onda caótica das pessoas dançando próximas de nós e a música alta. — o que eu queria saber é o motivo de você estar me evitando. — suspirou desviando seu olhar de meus olhos. — , sei que não queria me ajudar com isso, mas sabe que é o único que eu confio e que pode fazer isso por mim...por favor, não dê pra trás agora.
— ...sabe que isso está nos afastando, não sabe?
Seu tom receoso me fez ver que eu não era a única a me sentir daquele jeito em relação a aquele assunto, talvez tenha pensado que eu não tinha me dado conta daquilo. Mas quando a pessoa que você mais conhece no mundo fica em silêncio o tempo todo, você sente que tem algo de errado. Eu não sabia que seria um sacrifício tão grande ao ponto de vê-lo querer desistir no meio do caminho.
— Eu sei. — Abaixei a cabeça magoada antes de voltar a encará-lo.
O fato de não querer nada comigo nunca me afetou na vida, pelo contrário! Me sentia confortável em ser eu mesma na sua frente justamente por não ter que me esforçar para ter sua atenção daquela maneira. Mas ao que parecia algo tinha mudado, não me sentia mais daquela forma, pelo menos não antes de perceber que talvez eu pudesse me sentir atraída por ele.
Talvez.
— Mas já chegamos até aqui, não vamos desperdiçar tudo o que já conseguimos! — Ofeguei diante da certeza de que estava sim desenvolvendo um sentimento a mais por . E estava naquele exato momento tentando ter mais um pouco daquilo antes de decidir me afastar e tentar tirar aquilo da minha cabeça. — Vamos acabar logo com isso pra que você possa voltar a me trocar por outras garotas e eu começar a fazer o mesmo com os caras que eu sair. — Forcei um riso tentando esconder o rubor em meu rosto.
Estava tentando disfarçar o fato de ter ficado incomodada com a tal Erin, fingindo não me importar com as outras várias que ele tinha entrando e saindo de sua vida. Apesar de não querer me afastar do meu melhor amigo, eu sabia que não iria conseguir vê-lo da mesma forma de antes, e seria melhor daquele jeito. Daria um tempo e esqueceria daquela história, voltaria ao normal com ele quando tudo estivesse certo de novo.
— Quanto mais rápido terminarmos isso, mas rápido podemos voltar ao normal. — Assenti sentindo meus olhos se encherem de lágrimas. Ainda bem que o local escuro me camuflaria bem.
— Então vamos começar a colocar em prática o que me ensinou, sim? — Levei as mãos à cintura, recuperando meu fôlego e engolindo o choro que me travava a garganta. Era a hora de fingir normalidade.
Ele concordou com um aceno de cabeça. Olhei em volta procurando meu alvo, não precisamos sair do lugar para que eu pudesse achar alguém. Um cara, bonitinho até, dançava junto dos amigos um pouco atrás de mim. O indiquei com o olhar para , que respirou fundo assentindo e prestando atenção no que aconteceria a seguir.
Lá fui eu, me certificando primeiro de que a moça ao lado dele não era namorada ou algo do tipo por estar conversando ao pé do ouvido com outro cara. Fui dançando em sua direção tentando ao máximo chamar sua atenção, parei na sua frente de modo que conseguia ver por cima de seu ombro. Seus olhos verdes estavam vidrados em mim, chegava a ser engraçado ele lá paradão em meio às pessoas em movimento.
Movi meu corpo o som estridente de How deep is your love, lembrando-me das dicas que recebi, mexendo em meu cabelo, levantando os braços e fazendo contato visual com o desconhecido que já tinha os olhos em mim. Lhe sorri levando as mãos até meu pescoço, tirando os fios longos do local e deslizando meus dedos em minha clavícula aparente pela gola da camiseta. Ele se aproximou envolvido com minha dança, fazendo-me sentir o calor de seu corpo. Quando sua mão me tocou a cintura, me vi tensa e logo procurei . Ofeguei ao sentir o cara me puxar pra si, espalmando ambas as mãos em seu peito.
estava sério, ainda estático um pouco atrás de nós. Franzi o cenho, estava funcionando! Um cara gato estava interessadíssimo em mim, tinha acabado de me agarrar, aliás, ESTAVA me agarrando naquele exato momento, eu deveria aproveitar, me esquecer daquela história com ! Porque eu não conseguia tirar meus olhos dele?
— Oi, linda. — Me voltei a voz que ouvi próxima do meu ouvido. Ainda incerta do que estava fazendo. — Está sozinha? — Beijou minha bochecha chocando seu nariz com o meu devagarzinho, já com a boca bem próxima da minha.
Respirei fundo, pensando numa fração de segundos no que deveria fazer. Eu não queria beijar aquele desconhecido, sabia bem quem eu queria, o conhecia há anos, sabia de seus pensamentos mais íntimos, suas manias mais feias e as mais engraçadas, sabia de seus defeitos e os amava na mesma intensidade que suas qualidades. Tinha medo de ir até ele e beijá-lo, medo de que ele se afastasse cada vez mais, medo de não ser vista por ele da mesma forma que estava enxergando-o ultimamente. Era ele quem eu queria beijar, somente ele e mais ninguém.
— Na verdade não, estou acompanhada. — No último segundo, quando senti sua respiração bater contra meus lábios, o afastei tomando um fôlego de coragem ao me desvencilhar do seu corpo e sair de seus braços.
Dei os poucos passos que precisava para chegar até ele, a quem eu estava querendo enganar? Praticamente corri até onde estava, como se estivesse morta de sede e só ele tivesse um pouco de água para me dar. A analogia ficou péssima, eu sei, mas era exatamente daquela forma que me sentia, completamente sedenta por ele, louca para ter sua boca contra a minha, sem ter que explicar a ninguém o porquê, nem a mim mesma.
Queria tê-lo sem medo de perder sua amizade, sem ter que pensar muito no depois, será que era pedir demais desejar que as coisas fossem diferentes entre nós? Me vi até desejando desconhecê-lo e me desfazer de todas nossas memórias juntos como amigos em troca de tê-lo de outro jeito. Tinha certeza de que ainda o amaria como sempre mesmo depois de conhecê-lo novamente.
Sua confusão era nítida, franziu o cenho analisando-me preocupado. Sorri diante dele, ele era lindo, provavelmente estava achando que o cara que me agarrava segundos atrás tinha feito algo errado comigo. Não o deixei sequer abrir a boca, me aproximei de seu rosto e deixei um beijo no canto de sua boca.
Seu olhar me analisou novamente e pude ver um sorrisinho se formar em seus lábios rosados. Ele sabia o que eu queria.
A mão firme dele me puxou instintivamente para mais perto, arrancando-me um suspiro que não sabia dizer se era de alívio ou de tesão. Nossos quadris se chocaram enquanto nossos rostos se aproximavam devagar, contrariando toda a movimentação à nossa volta e o ritmo dançante que contagiava as pessoas ali. Sua língua entrou em contato com a minha num beijo delicioso, respirei fundo quando pude fazê-lo para logo depois ficar sem fôlego quando sua mão desceu da base de minha coluna para a minha bunda, esbaldando-se ali e apertando-a com vontade. Gemi contra sua boca já sentindo seu membro duro contra minha intimidade pulsante.
— Eu quero você. — Disse entre um beijo e outro vendo suas covinhas aparentes pelo sorriso que ele dava.
— Oh, . — Colou a testa na minha, ainda mantendo-se grudado a mim. Mantive meus olhos fechados até que ele selou nossos lábios devagar. — Venha, vamos pra outro lugar. — Mordi o lábio segurando um sorriso que lutava para rasgar meu rosto por inteiro e assenti separando-me dele.
pegou minha mão, puxando-me para uma escada que havia mais à frente. Virei-me para checar se fomos pegos por nossos amigos, porém ninguém parecia ter notado nossa demora.
Subimos para o andar de cima ainda de mãos dadas, eu estava nervosa como se fosse minha primeira vez saindo com . E meio que era, afinal de contas tudo o que aconteceu entre nós tinha sido às escondidas no meu quarto.
Falando em quarto, e eu estávamos em busca de um para ter alguma privacidade, porém acabamos com a privacidade de um casal, que quando nos percebeu abrindo a porta nos xingou de tudo quanto foi nome assustando-me com os berros.
— Foi mal aí! — fechou a porta ainda segurando-me pela mão, eu estava assustada com o que tinha acabado de ver, a moça estava de cabeça pra baixo agarrada nele daquele jeito? Oh céus, nunca tinha visto aquilo na minha vida. — Você está bem?
Fui encostada na parede enquanto suas duas mãos envolviam meu rosto e sumiam em meio a meus cabelos, assenti rindo da situação junto dele. Recebi alguns selinhos e tornou a me puxar pelo corredor, daquela vez sem grandes surpresas, as outras portas estavam trancadas. Alguns quartos pareciam vazios, outros dava para ouvir sons abafados pela música alta do andar debaixo.
Aquilo era loucura, se minha mãe ao menos sonhasse que eu estava em meio a uma festa louca de uma fraternidade de faculdade que mais parecia um motel, me buscaria na mesmíssima hora.
A única porta que conseguimos abrir dava para um lavabo no fim do corredor, como não tinha mais para onde ir, entramos depressa e sucumbimos ao desejo beijando-nos como se não houvesse um amanhã. Aliás, tudo o que houve desde o momento em que o beijei minutos atrás foi feito sem pensar nas consequências do dia seguinte. O que me deixava segura de que não estávamos sendo tão precipitados era o fato de estarmos sóbrios e conscientes de tudo. Não sabia se ele tinha pensado em nós juntos tanto quanto eu nos últimos dias, porém eu poderia falar por mim que sim, estava certa do que queria.
O queria perto, tão perto como quando me encostou na porta depois de trancá-la, impondo-me seu corpo grande e colando seus lábios quentes em meu pescoço enquanto me levava a loucura com suas mãos passeando desgovernadas pelo meu corpo. Seu toque era firme, me arrepiava da cabeça aos pés, me vi ansiosa para saber onde aquilo iria dar visto que com apenas uns beijos eu já sentia minha temperatura corporal aumentar significantemente.
— Isso está errado. — Apoiou a mão na porta, voltando a me prender ali.
Encarei seu rosto em meio a escuridão do banheiro iluminado apenas pelo feixe de luz vindo da janela do outro lado. estava sério, negava com a cabeça inconformado ainda com o rosto bem próximo do meu, podia sentir seu nariz encostar-se em minha bochecha.
Franzi a testa confusa, ele já tinha se arrependido? Quando abri a boca para tentar falar algo, fui calada com um selinho, seguido por beijos em meu rosto.
— Eu não te quero com outros caras. Não quero mais ter que ver outro filho da puta com as mãos em você. — Seus dedos foram até a lateral do meu rosto, de onde ele tirou alguns fios bagunçados pela sucessão de amassos que demos até chegar ali. — Não quero que use o que te ensinei com mais ninguém além de mim, você é minha.
Engoli a seco tentando ao máximo pensar em sã consciência e repudiar aquela fala, lhe dizer que eu não tinha um dono e que ele não podia me dizer o que fazer.
Mas meu coração bateu tão forte, ouvi-lo falar aquilo com uma das mãos na minha cintura e outra me prendendo contra aquela porta me deixou tão excitada que a única coisa que eu poderia fazer naquele momento foi gemer contra seu rosto, antes de tomar sua boca e confirmar o que ele tinha dito no auge de sua loucura do momento.
Eu era dele.
— Eu não quero você com Erin, nem com outra que não seja eu. — Ele abriu um sorriso aberto, mordendo o lábio inferior com força ao me apertar a bunda. — Você também é meu.
— Sou todo seu. — Aí, as tão faladas borboletas no estômago, sempre achei que era apenas uma figura de linguagem, mas não, eram reais, e naquele momento tinham várias voando dentro do meu.
Era uma sensação tão indescritível que chegava a me deixar zonza, completamente alta, chapada. Duvidava que poderia existir alguma droga que fosse capaz de deixar alguém daquele jeito.
— Está falando sério?
— E eu já menti alguma vez pra você? — Voltei a beijá-lo imediatamente.
Minhas mãos começaram a passear por todo seu peitoral, que eu tinha reparado mais cedo evidenciado pela camiseta que ele usava, não resisti a tentação de provocá-lo ao tocar-lhe em seu ponto fraco. Queria saber o que acontecia, estava louca para enfim vê-lo perder o controle e não mais me controlando.
Desci meu toque para seu abdômen, já sentindo-o contrair a musculatura daquela região, sorri só ver que sua respiração falhava e entendi que era porque estava no caminho certo. E que caminho, hein! Seus músculos pareciam ter sido esculpidos pelas mãos mais talentosas do universo.
Quando meus dedos desenharam suas tatuagens de ramos em suas entradas abaixo de seu umbigo, tomei coragem e, após tocá-lo até que ficasse sem fôlego, avancei para o cós da sua calça, sentindo seu membro já ereto no jeans.
— Você quer vê-lo? — Sussurrou em meu ouvido, assenti já ansiosa, vendo-o abrir as calças antes de pegar minha mão e me dar a sensação de tocá-lo, daquela vez por cima da cueca. arfou forte contra meu rosto. — Pegue-o. — Ordenou, já com a voz afetada.
Fiquei sem ar ao invadir sua cueca escura, observando-o estremecer quando passei meus dedos por toda sua extensão. O encarei um pouco tímida, fazendo-o tirá-lo pra fora para que eu o visse direito. Ele era lindo, rosado e repleto de veias. Mordi meu lábio quando pegou minha mão fechando-a envolta de seu membro pulsante, começando os movimentos lentos, masturbando-se enquanto suspirava ao pé do meu ouvido.
Sua mão largou a minha e me deixou por conta própria assim que ele viu que peguei o jeito rápido, logo voltava a se apoiar na porta atrás de mim, prensando-me contra a madeira quando passou a gemer baixinho em meu ouvido.
Que som delicioso, sua voz por si só já tinha se transformado em algo quase que afrodisíaco pra mim depois que ele me beijou pela primeira vez, mas ouvi-lo gemer… era um outro nível de prazer, senti minha calcinha molhar-se instantaneamente.
tateou minhas costas em busca do fecho do sutiã, assim que conseguiu encontrá-lo partiu para a parte frontal do meu tronco, agarrando meus seios com volúpia, fazendo-me suspirar com seus dedos tocando-me os mamilos e brincando com eles. O vi subir minha camiseta afastando o sutiã já frouxo em meu corpo de sua vista.
Agradeci por estar encostada na porta quando o vi se inclinar sobre mim e abocanhar um dos meus seios. Gemi audivelmente, sendo abafada pela música que vinha do andar debaixo. Eu queria arrancar nossas roupas ali, deixá-lo fazer o que quiser comigo contanto que o sentisse deslizar para dentro de mim. Meu corpo implorava por aquilo e eu não via a hora para que aquele momento chegasse logo.
Percebi que escolhi o cara certo para me tirar a virgindade quando vi que com eu não tinha mais tanto medo, e mesmo que ainda conseguisse ficar apavorada junto dele, o desejo que me despertava me fazia querer enfrentar todo o receio para ter o que meu corpo tanto pedia.
Massageei sua cabecinha, vendo-o já próximo do ápice gemer em desespero, passou a xingar e falar coisas sujas enquanto se desmanchava em prazer em minhas mãos. Aquela cena nunca sairia de minha cabeça, o modo como as veias de seu pescoço ficaram aparentes, toda a virilidade e o jeito como ele apertou meus seios quando os primeiros jatos me atingiram a mão…me perguntei como seria a sensação de senti-lo com a boca, qual deveria ser seu gosto.
Seus dentes prenderam meu lábio inferior na pequena mordida que ele me deu quando voltou a colar sua boca na minha. Subi meus dedos pelo seu abdômen por baixo da camisa, raspando de leve minhas unhas curtas ali, vendo-o se arrepiar com meu ato.
— Você é incrível. — Sorri abertamente ouvindo sua voz rouca me dizer aquilo.
Capítulo Oito
Eu simplesmente adorava aquele meu poder recém descoberto! Saber que o teria em minhas mãos quando lhe tocasse em algum ponto específico me fazia sentir coisas que eu nem ao menos saberia explicar.
Ficamos ali por algum tempo, juntos no escurinho do banheiro apenas nos beijando, aproveitando o silêncio entre nós sendo embalados pela festa abafada pela porta e paredes envolta de nós. Meu celular começou a vibrar insistentemente fazendo-me desvencilhar de para ver o que era.
Eram as meninas, dizendo-me que iriam embora porque segundo elas a festa estava chata. Eu não poderia discordar mais! Aliás, aquele era um momento histórico, pela primeira vez era eu quem não queria ir embora de uma festa e não o contrário.
Porém, mesmo contra a minha vontade, comuniquei a que iria embora com elas. O veria no dia seguinte, assim como todos os dias depois dele, como sempre. Nos ajeitamos de modo que ninguém desconfiasse do que fizemos ali e deixamos o banheiro nos despedindo ainda no andar de cima com alguns beijos rápidos.
Estava difícil separar minha boca da dele, pareciam ímãs que se atraíam quando aproximados. Se pudesse passaria horas daquele jeito.
Desci as escadas indo rapidamente ao encontro delas.
— Onde você estava, mocinha? — Revirei os olhos com a fala da loira, que me analisou com um sorrisinho sacana nos lábios. — Estava beijando né, sua safada?
— Eu não sei do que está falando. — Fui na frente sorrindo contida ao ser seguida por elas, que afobadas e claramente um pouco bêbadas disputavam para ver quem perguntaria o que primeiro.
As despistei pelo caminho me recusando a confirmar os boatos de que estava me agarrando com alguém pela festa. Quando cheguei em meu quarto cansada a única coisa que fiz foi me livrar das minhas calças, sapatos e sutiã, jogando-me na cama e adormecendo na companhia das memórias recém feitas ao lado de naquela noite.
***
Despertei no dia seguinte com meu celular tocando e vibrando feito louco na cômoda ao lado da cama. Aquela não era a minha primeira vez acordando naquela manhã, eu já o tinha feito uma vez, porém decidi virar para o lado e dormir mais um pouco. Tinha combinado com as meninas de tomarmos café da manhã juntas enquanto decidíamos coisas sobre o seminário que teríamos que apresentar em breve.
Não me lembrava de quem tinha sido a ideia de se juntar às nove da manhã em pleno domingo, muito menos o que eu estava fazendo no momento para não ter protestado por conta do horário.
Tomei um banho rápido e vesti uma roupa fresca, já que o tempo estava bom naquele dia, um jeans escuro qualquer e uma de minhas camisetas com estampas com certeza consideradas infantis pelo restante das pessoas da minha idade.
Cheguei no refeitório já as encontrando no falatório de sempre. Apesar de destoar bastante do estilo das três, eu me sentia confortável no meio delas, não eram como as meninas com quem cresci estudando, que às vezes eram cruéis com os apelidos que me colocavam e só me tratavam que nem gente quando estava por perto, claro, para chamar sua atenção.
— Venha, , estava te esperando para pegar a comida. — Deixei minhas coisas com Liv e Amber e acompanhei Jesy até a área de bandejas e a segui até o self-service, que estava vazio.
Me servi de algumas coisas leves, não estava com muita fome, muito menos costumava me empanturrar tão cedo. Tinha que voltar a minha dieta logo. Não era algo que me fazia perder peso, afinal ele sempre foi estável, era mais a questão da energia mesmo, quando me formei no colegial já não praticava o futebol com tanta disciplina que nem fazia quando disputava campeonatos pela minha escola. Eu ainda estava vendo como faria para me inscrever para o time feminino da faculdade, e para aquilo teria que voltar a entrar em forma e recuperar minha disciplina de antes.
Quando voltávamos para a mesa percebi uma movimentação estranha entre as duas que já estavam comendo juntas quando cheguei no refeitório. Seus olhos risonhos estavam direcionados a mim enquanto ambas tinham a mão no rosto escondendo um riso incrédulo.
— O que houve? — Franzi a testa, estranhando o comportamento delas, porém curiosíssima para saber o que as tinha deixado daquela forma.
— Promete que não vai matar a gente? — Liv indagou, colocando seus cachos para trás da orelha ainda sorridente demais.
— O que aprontaram dessa vez? — Jesy levou a mão até a cintura, ajoelhando-se no banco para ficar mais alta e intimidá-las por estarem sentadas.
— Amber leu sua notificação do celular. — Entregou a loira, que focou os olhos claros em mim receosa. Dei de ombros sem entender o que havia de errado naquilo.
Eu tinha deixado o celular na mesa, provavelmente virado com a tela pra cima. Até eu olharia se fosse o aparelho delas ao meu alcance, não tinha nada demais, éramos amigas há pouco tempo, porém nada que nos faria esconder grandes segredos umas das outras ao ponto de não podermos deixar o celular por perto uma da outra.
Estendi a mão pedindo o que me pertencia, querendo ver a tal mensagem. No momento nada muito grave me tinha passado pela cabeça, eu era um livro aberto e sempre fui, por isso o desbloqueei com tranquilidade indo até o aplicativo de mensagens. Minha consciência que estava limpa acabou por levar um grande balde de água suja quando vi quem tinha me mandado mensagem e o conteúdo dela.
— Bom dia, gostosa. — Comprimi os lábios ao ouvir Amber recitar a primeira mensagem recebida com a voz afetada. Jesy franziu o cenho encarando-me curiosa. Provavelmente se perguntando quem me mandaria aquilo, já que eu era a encalhada do grupo. — Os caras querem jogar uma pelada hoje, topa?
— Veste aquele shortinho azul que você tem, sua bunda fica deliciosa nele. — Liv fez questão de completar, rindo horrores com a loira ao lado dela, fazendo meu rosto queimar em vergonha.
— Quem te mandou isso, ? — Ainda por fora do assunto, Jesy apenas me encarava boquiaberta com a ousadia que me foi direcionada.
As outras duas olharam-me desafiadoras. Tá, talvez eu não fosse um livro tão aberto assim, apenas um com algumas páginas grudadas, ué. e eu não estávamos fazendo nada escondido, até porque éramos livres para ficar com quem quiséssemos, porém também não iríamos sair por aí anunciando o que aconteceu noite passada. Nem eu que estive com ele naquele banheiro sei explicar o que houve!
Se decidíssemos continuar o que começamos e ver no que iria dar, aí seria outra coisa, porém tudo ainda era uma incógnita, tínhamos acabado de ficar juntos sem usar o fator da virgindade como desculpa. Não dava para falar para elas naquele momento, não antes de saber o que estava acontecendo entre nós.
— O . — Seus olhos de jabuticaba se arregalaram enquanto um enorme sorriso se apossou de seus lábios carnudos.
Eu não tinha como escapar, de qualquer forma. Nem a desculpa de que tínhamos intimidade por conta da amizade de anos iria colar depois da mensagem do shorts. O “gostosa” ainda daria para reverter se fosse apenas aquela parte.
— Eu sabia! — Revirei os olhos diante da comemoração dela ao me ver com a cara no chão por ter sido descoberta. — Ninguém tem um amigo gostoso daqueles sem pensar em dar pra ele ao menos uma vez na vida.
— Não seja boba, eu passei vinte e dois anos sem ter a mínima vontade. — Meu orgulho estava dolorido por ter sido pega daquele jeito. Estava tentando resgatar ao menos uma parte dele.
— Parece que as coisas mudaram. — O sorriso sacana de Liv fizeram-me bufar enquanto as demais caçoavam de mim.
— Mudaram porque eu quis. — Murmurei emburrada, sentando-me no banco. — Lembram-se de que eu estava pensando em ter a minha primeira vez?
— Tirar as teias de aranha. — Amber sussurrou, daquela vez contagiando até mesmo eu na risada.
— Sim, sim, essa e todas as piadas que fizeram comigo desde aquele dia. — Revirei os olhos, desdenhando. — Então, eu falei com e pedi que ele me ajudasse.
— Ajudar…transando com você? — Jesy estava achando aquilo uma loucura, aliás, não só ela. As outras duas pararam de rir imediatamente.
Acho que eu era a única pessoa do universo que achava aquele um favor normal, é claro que não devia ser pedido pra qualquer um por aí, mas quando era com alguém que conhecíamos e confiávamos, porque não fazê-lo?
— Sim. — Disse como se fosse óbvio. — E há outro jeito de fazer isso?
— Você sabe que isso é perigoso, não sabe?
Amber poderia estar falando de uma DST, uma gravidez indesejada ou uma dificuldade de andar no dia seguinte, ou seja, tudo o que poderia acontecer de ruim após o sexo. Mas não! Pelo tom dela, me apaixonar por seria pior que tudo o que listei a pouco.
Revirei os olhos com o exagero de todas, que concordaram com a loira.
— Acho que é meio tarde para avisá-la sobre isso. — Jesy me analisou, desconfiada. Engoli a seco, já sabendo o complô que se formava contra mim. — Você está gostando dele, não é?
Porra, e se estivesse? Qual o problema? Éramos melhores amigos e continuaríamos sendo dali pra frente, com uma diferença mínima de um aumento na nossa intimidade! Fora isso, não mudaria nada! Eu continuava amando-o como sempre e tinha certeza que era recíproco.
— Não se preocupem com isso, gente. também está gostando de mim. — Elas se entreolharam, caladas. — O que foi agora? — Indaguei impaciente.
Não gostava quando me escondiam as coisas, nunca fez aquilo comigo justamente por se importar! Me esconder coisas e me deixar quebrar a cara por conta própria não ajudava em nada.
— , o seu , o mesmo que é falado por, pelo menos 70% das veteranas e desejado por metade das calouras. — Eu não entendia muito de percentagens, mas sabia que aquilo significava muita gente.
Mas não era como se eu não soubesse daquilo desde minha pré adolescência! As meninas me contaram aquilo como se fosse uma puta novidade quando na verdade não era!
— Eu já falei pra vocês que o conheço desde que nasci, não é? — Ri da cara delas, que não se desmanchavam e continuavam com aquele aspecto de preocupação estampado nelas. — está na mesma, eu já disse, não há com que se preocupar, até porque, nós dois não temos nada sério. — Dei de ombros, omitindo a conversa que tivemos ontem.
Elas iriam usar contra mim como se eu fosse uma garotinha indefesa que caiu no papo de um homem malvado. Eu não era indefesa e não era um vilão de um filme da Disney. Não estávamos mentindo um para o outro, eu confiava em de olhos fechados, sabia que ele nunca faria nada para me magoar!
— Ah, menos mal. — Liv levou a mão ao peito, como se tivesse acabado de me livrar de um acidente terrível. Meu Deus, quanto drama. — Mas tome cuidado para não se envolver demais, sim? — Esticou a mão sobre a mesa, pegando a minha.
Suspirei assentindo, mesmo já sabendo que, como Jesy tinha dito anteriormente, era tarde demais. Eu amava , e estar junto dele como estive nos últimos dias só me fez amá-lo mais ainda! Amava ter suas mãos em meu corpo, ouvir sua voz ao pé do ouvido e todas as sensações que ele me causava quando colava nossos corpos.
Sabia onde estava me enfiando e tê-las me tirando como burra me deixava irritada!
— Eu sei me cuidar sozinha. — Dei um sorriso amarelo para não demonstrar que estava brava. — Agora vamos ao que interessa, temos um seminário para organizar!
Logo todas as atenções estavam voltadas a página pequena da agenda de Amber, que fazia anotações de acordo com as sugestões e ideias das demais. Suspirei aliviada quando terminamos, eu finalmente poderia ir para o meu quarto e descansar a mente dos pensamentos que me rondaram a cabeça após aquela conversa sobre e eu.
Era esquisito ver pessoas falando dele daquela forma. Nossa cidade era pequena comparada a Nova Iorque, onde estávamos morando atualmente, então a maioria das pessoas por lá se conheciam, os mais velhos nos viram nascer e nos reconheciam através de nossos pais, e nós jovens crescemos praticamente todos juntos. não era um santo nem por lá, nem em lugar algum, tinha sua fama, mas o máximo que poderia acontecer era o pai de alguma garota de lá não a deixar namorá-lo por saber que ele já era...avançado nas coisas que os conservadores reprovavam.
Mas ele nunca foi visto como se fosse uma pessoa ruim! Ouvir as meninas falarem como se fosse pegar meu coração com as próprias mãos e jogar no chão pisoteando-o me deixou com uma sensação ruim. Tive que defendê-lo, podia não gostar de compromissos sérios, mas eu tinha certeza do coração que ele possuía e do cuidado que ele tinha com as pessoas que importavam para ele.
Fiquei na cama, iniciando minha parte do seminário e esperando uma resposta de sobre o horário do tal jogo. Estava animada, fazia tempo que não jogava, mesmo que aquele não fosse um jogo de verdade, um campeonato ou algo do tipo. Curtia jogar com homens, a maioria deles não levava em conta o fato de eu ser mulher para me dar descanso, cresci disputando bola com meninos, já que as garotinhas do bairro onde cresci não gostavam de correr atrás da bola.
e eu vivíamos nos campos próximos de onde morávamos, treinávamos juntos e comemorávamos juntos nossas conquistas com o esporte. Ambos colecionávamos alguns troféus de campeonatos ganhos durante a adolescência, sempre o tive na arquibancada torcendo por mim nos jogos que disputei, e apesar de ter que dividir suas atenções com os líderes de torcida, também estive vibrando por ele quando era sua vez de entrar em campo.
:
“Estamos terminando um trabalho, não vou conseguir te buscar aí.”
Suspirei, maneando a cabeça compreensiva, mesmo que ele não pudesse me ver.
:
“Me encontre no campo daqui há 15 minutos, estaremos por lá aquecendo.”
Tomei um banho rápido, já sabendo que daria tempo de sobra pra me ajeitar para ir. Vesti uma camiseta branca que ia até metade das minhas coxas e o bendito shorts azul que me mandou na mensagem. Eu não o vestia com frequência, muito menos em público. Ganhei da minha irmã num aniversário meu e não usei justamente porque achava que ficava curto e justo demais. Vesti um meião que ia até os joelhos e por último calcei as chuteiras pretas.
Prendi meus cabelos num rabo de cavalo alto após penteá-los, tendo-os caídos lisos em minhas costas por conta do comprimento longo. Passei um protetor solar no rosto e apanhei minha garrafa de água, deixando o quarto já vendo que estava um tanto atrasada pela hora que o visor do celular que deixei no quarto mostrava.
Cheguei no campo já os encontrando em aquecimento. e uma parte dos caras estavam sentados no banco lateral que tinha ali, fui até eles sendo notada por um de seus amigos que tinha a bola no pé. Mark, acho que aquele era o nome dele.
— Nossa Marta chegou! — Me deu um passe, fazendo-me chutar em direção ao gol, a bola acertou a trave em cheio e praticamente voou para uma direção qualquer. — Quase lá. — ri de seus ombros encolhidos enquanto continuava meu caminho.
Os olhos verdes de me acompanharam sem ao menos piscar, senti ambos se demorem em minhas coxas à medida em que eu me aproximava. demorou para subir o olhar e ver meu rosto rubro por conta da secada que me deu na frente dos amigos. Nem fez questão de disfarçar.
— Oi gente. — Levei as mãos aos quadris, sorrindo de olhos espremidos por conta do sol que fazia. Fui respondida em uníssono por todos presentes.
se levantou e veio sorrindo em minha direção, quando notei seu pescoço se curvando demais pra mim, me desvencilhei, abraçando-o rapidamente para que não achassem que ele realmente iria me beijar.
— O que…
— Podemos conversar ali no canto, rapidinho? — ainda contrariado, assentiu, rumando para a parte vazia do campo junto de mim.
— Porquê não me deixou te beijar? Aconteceu alguma coisa?
— Aconteceu ontem. — Ri em puro nervosismo.
Na verdade não tinha nada a ver com ontem, ontem estava tudo às mil maravilhas! O problema foi o papo de mais cedo com as meninas, eu continuava firme com meus argumentos, porém ao pensar que elas tiveram aquele pensamento, temi o que os amigos de iriam pensar! Por se tratarem de homens, iria ser mil vezes pior!
— O que foi? Não gostou de ontem? — Levou sua mão grande até minha cintura, fazendo com que eu recuasse novamente, sentindo um frio gostoso na barriga.
Encarei sua boca e mordi a minha, segurando a vontade de repetir o que fizemos naquela festa de novo e de novo. Parecia que eu nunca iria me cansar de estar com ele daquela forma.
— Eu adorei. — Não pude conter um sorriso aberto. — Mas você não acha melhor a gente manter isso só entre nós?
— Tipo um segredo? — Coçou a nuca.
— Isso! — Tá que as três desmioladas já sabiam, mas não falava com elas, então estava tudo certo. — Só enquanto não decidimos o que temos.
Se fosse para rolar mesmo algo entre nós, queria ter a segurança de que não iriam colocá-lo como um predador e eu a caça dele. Não gostava e nem iria querer ser vista daquele modo por todo o campus da Columbia.
— É um pouquinho tarde pra isso… — Seus olhos verdes se focaram num ponto específico. Quando o imitei e focalizei Mark, saquei o que tinha acontecido. — Desculpe, ele é meu vizinho de quarto.
Fofoqueiro.
— Me deixe ver vocês dois se beijando? — Bateu palmas em animação, fazendo lhe lançar um olhar censurador.
— Não vamos nos beijar pra você assistir, seu pervertido!
— Sem ofensas, , mas eu só sou pervertido pelo . — revirou os olhos, pegando-me pela mão e puxando-me pelo gramado. — Eu torço pelo casal, só queria ver um beijinho!
— É segredo! — sussurrou para o amigo, que não olhou malicioso e apenas assentiu.
— Tudo bem, eu aceito fotos. — Aquele comentário só confirmou a minha fala: Pervertido.
— Vamos começar logo esse jogo! — soou imponente, ainda segurando minha mão diante dos amigos dele.
Achei sexy, ele estava usando aquele uniforme lindo da Columbia, azul e branco com o shorts evidenciando as coxas deliciosas e sua tatuagem de tigre em uma delas. Ele era o capitão do time, um gostoso mesmo, senti meu coração palpitar ao observá-lo de queixo erguido chamando a atenção do resto dos caras com sua mandíbula bem marcada. Queria tanto beijá-lo!
Em seus ensinamentos, me disse que ficava excitado quando lhe diziam o que desejavam que ele fizesse. Naquele momento eu consegui pensar em milhares de coisas que ele poderia fazer comigo.
— Aí, , você disse que é atacante, você já é um, que tal ela ser capitã do time adversário? — Josh sugeriu, alternando o olhar entre nós dois.
Sorri desafiadora em direção a , que riu, concordando com a ideia.
— Isso vai ser…interessante. — Virou-se, ficando frente a frente comigo. — Primeiro as damas, . — Seu tom provocativo ficou implícito.
— Não estou vendo nenhuma dama aqui, . — Balancei a cabeça, tendo meus cabelos movendo-se junto.
Os caras agitaram uma vaia para alimentar a rivalidade.
riu gostosamente. Ele sabia o quanto eu odiava ser tratada diferente por ser mulher. Em campo éramos iguais e eu não gostava de ser tratada como sexo frágil.
— Eu quero o Mark. — praguejou vendo o amigo desfilar para o meu lado.
— Joshua. — Quase dei de ombros. Não queira mesmo.
Dividimos os dois times com os onze homens em cada lado, contando com o goleiro, que Mark soprou em meu ouvido qual era o melhor para eu escolher primeiro. Estava satisfeita com minhas escolhas, apesar de não conhecê-los e nem saber se eram bons ou não, de qualquer forma, faria se arrepender de ter concordado com a ideia de sermos rivais. Ele sabia que éramos melhores juntos.
— Então nós seremos o time sem camisa, é isso? — Charles, um dos meus, anunciou sorrindo malicioso em minha direção.
— Engraçadinho. — brandou de cara fechada. — Nunca viu peitos, Summers? — Se aproximou do loiro, que ainda mantinha um sorriso intacto no rosto. — Se não viu, hoje é o seu dia de sorte. Olhe para os meus. — Tirou a camisa, jogando-a na cara do colega, que riu, empurrando-o pelo ombro ao ser zoado pelos demais.
Ao contrário dele, se manteve sério, indo se posicionar no centro do campo. Dispersei-me do tesão que estava sentindo naquele deus grego com o peitoral a mostra enfeitado com suas tatuagens, que eu particularmente amava. Fui até lá, ficando diante dele já com a bola parada.
Tiramos no pedra, papel e tesoura quem iria escolher o lado do campo e daria o tiro inicial. ganhou, com seu velho truque de escolher pedra nas duas primeiras vezes e se fazer previsível na terceira, mudando para tesoura quando eu fiz o papel para ganhar ao menos uma. Não sei como pude cair naquela enganação barata.
— Percebeu como eu estou presente em todas as suas primeiras vezes?
Primeira vez jogando no campus da Columbia.
Primeira vez jogando contra .
E a primeira vez que senti vontade de agarrá-lo em público.
— Eu vou te foder hoje, , mas prometo te deixar fazer um golzinho, pra não dizer que não foi com carinho.
Soltei um riso sarcástico, erguendo o queixo em direção ao seu. Desafio aceito, . Vamos ver quem vai foder quem.
— Chuta logo essa bola antes que eu chute as suas. — Ele se fez de ofendido antes de finalmente dar o tiro inicial, começando os passes.
A posse de bola ficou com eles até a metade do campo, quando corri junto dos outros para tentar recuperá-la. Consegui com a ajuda de Mark, que deu um dible de vaca em Josh e me passou a bola pela lateral, fazendo-me tomar velocidade já indo cega em direção ao gol.
Fui interceptada por e o outro ladrão, que vinha por trás para me roubar a bola, mas estava me aproveitando do fato de ser mais leve e por isso tinha uma pequena vantagem na corrida até o gol. mais uma vez chegou junto, conseguindo tirar a bola de mim e fazendo firulas na minha frente por pura provocação.
O outro atacante lhe deu um carrinho, deixando a bola livre para mim novamente. Estava praticamente sozinha na área, encarava o goleiro com a mesma garra que tinha quando disputava meus campeonatos da vida.
Sabia que era apenas um jogo bobo entre amigos, porém eu era muito competitiva para entender aquilo. Também, fazia muito tempo que eu não jogava, meu coração batia forte, ansiava pela adrenalina que só a boa e velha competição poderia me dar.
Quase não notei o zagueiro na minha cola e infelizmente paguei um pouco caro por aquela distração. Aquele armário me deu uma investida forte, chocando o ombro contra o meu e jogando-me longe. Sai raspando pelo gramado enquanto os caras paravam o que faziam e corriam em minha direção.
Apoiei-me no antebraço mantendo a cabeça baixa, ofeguei algumas vezes tentando não me concentrar na dor que sentia na coxa. Era passageira, logo pararia de arder, eu só precisava me levantar e voltar a jogar, a adrenalina cuidaria daquilo.
— Você está bem? — se agachou diante de mim, fazendo-me sentir envergonhada ao ter uma roda repleta de olhares preocupados em mim.
— É claro que sim. — Levantei-me trôpega, batendo as mãos nas roupas para tirar a sujeira. — Já passei por coisa pior.
Mulheres conseguiam ser ainda mais brutas que os homens, se aquele bosta iria me marcar daquela maneira, eu começaria então a fazer o jogo dele.
Não tinha começado a jogar ontem, tinha uma bola nos pés antes mesmo de ele criar pelos no saco.
— Não importa. — ralhou, aproveitando que estavam todos reunidos ali, inclusive o bonitão que estava se fazendo de sonso. — Sem jogadas ofensivas! Não quero ninguém aqui lesionado quando formos treinar pra valer. Isso aqui é uma brincadeira, não precisam se matar.
Sabia que ele estava bravo porque tinham me derrubando, e não poderia me usar como justificativa para aquela bronca mais que merecida. Afinal, o cuzão pertencia ao time dele.
Ele, e mais alguns se posicionaram diante do gol, formando uma barreira humana enquanto eu me preparava para bater aquela falta. Deixei a bola na marca e dei três passos para trás, respirando fundo e estudando a situação em si, onde estavam os adversários mais altos, se havia chances de furar o bloqueio e se conseguiria dar um jeito do goleiro não defender.
Corri em direção a bola, deixando o outro pé em apoio a alguns centímetros de distância e chutei de bico, vendo o trajeto dela em direção ao gol. A barreira foi ineficaz e o goleiro se lançou para o lado esquerdo, pulando para tentar alcançá-la. Infelizmente não foi preciso já que ela bateu na trave.
Summers, que estava mais próximo, a dominou, dando um passe para o colega que marcou o primeiro gol da partida. Fui surpreendida com aquele bando de brutamontes correndo em minha direção e logo era praticamente esmagada num abraço coletivo em comemoração. Assim que me vi livre, encarei do outro lado do campo com um sorrisinho sarcástico.
A partida seguiu cheia de provocações e até brincadeiras entre os times rivais, eles haviam entendido o recado de e não houve mais nenhuma falta ou algo que pudesse ser considerado agressivo. Levamos algumas quedas, as camisas e meias que eram brancas passaram a ganhar alguma cor, eu não estava diferente com minhas roupas claras. Demos uma pausa para o segundo tempo e tive que prender os cabelos num coque, sentindo-os molhados em suor. Estava sendo divertido.
Iniciamos o segundo tempo já com algumas jogadas perigosas vindas de e Joshua, estávamos tentando marcá-los para impedir, porém não demorou muito para Bennett, nosso goleiro, levar um frango de um lance de , que comemorou o gol desajeitado que fez.
— Eu teria vergonha. — Neguei com a cabeça ao vê-lo me rondar, com seu sorriso prepotente de covinhas.
— Vai chorar, “artilheira”? — O sarcasmo em sua voz me deixou puta da vida. Eu ainda não tinha marcado nenhum gol, não tinham me deixado aproximar da grande área, provavelmente por medo de tomarem. — Estamos quites agora, .
O placar estava dois a dois, quer dizer, tinha feito o de empate, porque antes estava perdendo e choramingando impedimento. Como se tivéssemos algum juiz olhando aquilo, depois eu era quem era a competitiva. Ele nunca admitiria, mas era mais do que eu.
O fim de jogo estava se aproximando, já sentia o cansaço me tomar e previa ficar dolorida nos dias que viriam pela frente por ter desacostumado a fazer tamanho esforço físico. Os caras não estavam muito diferentes, apesar de estarem mais em forma.
que o diga, eu sei que já deveria estar cansada de ver sua figura como um todo após tantos anos, mas se antes eu já não enjoava de sua cara por amar nossa amizade, agora eu não conseguia pensar na possibilidade de não olhar para ele a cada cinco minutos.
Não era porque eu já convivia com ele desde sempre e já tinha passado as mãos naquele peitoral que eu iria deixar de babar ao vê-lo descoberto toda vez que tivesse oportunidade. Eu suspirava toda vez que ele respirava fundo, movendo os músculos ao fazê-lo, o observei beber água e deixar algumas gotas escaparem pelo canto da boca, nunca fiquei tão concentrada em algo como fiz com aquelas gotas, que desceram pelo pescoço dele, indo parar no tórax. Queria poder parar o trajeto delas pelo corpo quente dele com a língua.
Durante aquele pausa para beber água que fizemos antes de decretar que encerraríamos o jogo, ensaiei uma estratégia com Charles e Mark e a colocamos em prática assim que conseguíssemos a posse de bola. Os dois que não estavam tão marcados foram na frente enquanto eu seguia pela lateral, pronta para receber o passe mais adiante e próxima do gol. Quando chegou para me marcar, toquei para Mark, que dominou e tocou de volta para mim, dando-me poder e ajustar a direção do chute e fazê-lo, acertando o gol em cheio, não dando tempo do goleiro saltar para alcançar e tirar a bola dali.
Ouvi o grito afetado de Mark quando ele veio em minha direção, já me pegando em seus braços e me tirando do chão. Estava sem forças por estar gargalhando, tanto que nem percebi quando ele deu impulso em meu corpo junto de Summers e me colocaram sentada em seus ombros. Senti-me uma boneca de pano, de tão leve que parecia para ambos me ter ali em cima. Aproveitei que nossa vitória de três a dois estava confirmada e comemorei meu gol, mandando um beijinho para , que observava tudo de longe, com os braços cruzados.
— Achei que tinha dito que iria ganhar o jogo. — Provoquei assim que me aproximei dele, bebendo minha água e matando a sede que o calor que fazia intensificou. — Ah, espera, não era isso...era me foder, não era? — Sorri abertamente diante de sua carranca enorme.
— Eu deixei você ganhar. — Arqueou as sobrancelhas, fazendo-me gargalhar alto.
— Aprenda a perder, amorzinho. — Peguei seu rosto, apertando ambas as bochechas. Quando soltei, senti sua mão pegar a minha no ar e me puxar pra si rapidamente.
— Me chamou de amor? — Revirei os olhos ao vê-lo sorrir bobo em minha direção, o senti perto demais e olhei para onde os caras estavam, me alarmando ao observá-los andar em trupe até nós.
— Foi só uma brincadeira, não seja emocionado, . — Me desvencilhei dele indicando os meninos com o queixo.
— Eai, vamos tomar uma cerveja com a gente? — Connor se fez porta voz dos demais, que assentiram já todos descamisados, com a peça penduradas nos ombros.
— Valeu pessoal, mas eu acho que vou pro dormitório mesmo, preciso tomar um banho e descansar que amanhã tem aula cedo. — Murmurei massageando meu pescoço, estava completamente moída.
— Tudo bem, fica pra próxima então. — Assenti feliz ao ver que gostaram de mim, com certeza iríamos jogar mais vezes, foi muito divertido. — E você, , vamos?
me olhou incerto deixando-me confusa, o que ele queria comigo afinal?
— Não caras, tenho um trabalho pra fazer hoje, também vou deixar pra próxima. — Connor assentiu, dando um toque de mão com ele e saiu se dispersando junto dos demais.
Não escapamos do olhar cheio de significados que Mark lançou para nós acompanhado de um enorme sorriso malicioso antes de se juntar aos amigos. Nos entreolhamos já rindo da imaginação suja e fértil dele, pegando nossas coisas e deixando o campo vazio.
vestiu a camisa enquanto caminhávamos lado a lado pelo campus até chegar no ponto em que nos separaríamos para seguir em direções opostas, meu dormitório ficava à esquerda e a fraternidade de a direita. Parei, virando-me para ele assim que ouvi seu suspiro.
— Será que eu posso te beijar agora? — Identifiquei o sarcasmo em sua fala, porém resolvi relevar, até porque eu estava na mesma, louca de vontade dele.
Arrisquei, selando nossos lábios antes de tê-lo enlaçando minha cintura para me trazer pra perto, foi um beijo rápido, logo a paranoia do que as pessoas envolta iriam pensar me atingiu a cabeça. Me separei dele, lhe dando um selinho casto antes de me virar para ir embora.
— Espera. — Parei onde estava, a dois passos de distância dele. — Vamos pro meu quarto. — Se aproximou, deixando-me tonta ao impor sua altura e me fazer aquele convite tão irresistível com aquela voz rouca e mansa. — A gente toma um banho…
Que delícia. Digo, que horror.
Ficamos ali por algum tempo, juntos no escurinho do banheiro apenas nos beijando, aproveitando o silêncio entre nós sendo embalados pela festa abafada pela porta e paredes envolta de nós. Meu celular começou a vibrar insistentemente fazendo-me desvencilhar de para ver o que era.
Eram as meninas, dizendo-me que iriam embora porque segundo elas a festa estava chata. Eu não poderia discordar mais! Aliás, aquele era um momento histórico, pela primeira vez era eu quem não queria ir embora de uma festa e não o contrário.
Porém, mesmo contra a minha vontade, comuniquei a que iria embora com elas. O veria no dia seguinte, assim como todos os dias depois dele, como sempre. Nos ajeitamos de modo que ninguém desconfiasse do que fizemos ali e deixamos o banheiro nos despedindo ainda no andar de cima com alguns beijos rápidos.
Estava difícil separar minha boca da dele, pareciam ímãs que se atraíam quando aproximados. Se pudesse passaria horas daquele jeito.
Desci as escadas indo rapidamente ao encontro delas.
— Onde você estava, mocinha? — Revirei os olhos com a fala da loira, que me analisou com um sorrisinho sacana nos lábios. — Estava beijando né, sua safada?
— Eu não sei do que está falando. — Fui na frente sorrindo contida ao ser seguida por elas, que afobadas e claramente um pouco bêbadas disputavam para ver quem perguntaria o que primeiro.
As despistei pelo caminho me recusando a confirmar os boatos de que estava me agarrando com alguém pela festa. Quando cheguei em meu quarto cansada a única coisa que fiz foi me livrar das minhas calças, sapatos e sutiã, jogando-me na cama e adormecendo na companhia das memórias recém feitas ao lado de naquela noite.
Despertei no dia seguinte com meu celular tocando e vibrando feito louco na cômoda ao lado da cama. Aquela não era a minha primeira vez acordando naquela manhã, eu já o tinha feito uma vez, porém decidi virar para o lado e dormir mais um pouco. Tinha combinado com as meninas de tomarmos café da manhã juntas enquanto decidíamos coisas sobre o seminário que teríamos que apresentar em breve.
Não me lembrava de quem tinha sido a ideia de se juntar às nove da manhã em pleno domingo, muito menos o que eu estava fazendo no momento para não ter protestado por conta do horário.
Tomei um banho rápido e vesti uma roupa fresca, já que o tempo estava bom naquele dia, um jeans escuro qualquer e uma de minhas camisetas com estampas com certeza consideradas infantis pelo restante das pessoas da minha idade.
Cheguei no refeitório já as encontrando no falatório de sempre. Apesar de destoar bastante do estilo das três, eu me sentia confortável no meio delas, não eram como as meninas com quem cresci estudando, que às vezes eram cruéis com os apelidos que me colocavam e só me tratavam que nem gente quando estava por perto, claro, para chamar sua atenção.
— Venha, , estava te esperando para pegar a comida. — Deixei minhas coisas com Liv e Amber e acompanhei Jesy até a área de bandejas e a segui até o self-service, que estava vazio.
Me servi de algumas coisas leves, não estava com muita fome, muito menos costumava me empanturrar tão cedo. Tinha que voltar a minha dieta logo. Não era algo que me fazia perder peso, afinal ele sempre foi estável, era mais a questão da energia mesmo, quando me formei no colegial já não praticava o futebol com tanta disciplina que nem fazia quando disputava campeonatos pela minha escola. Eu ainda estava vendo como faria para me inscrever para o time feminino da faculdade, e para aquilo teria que voltar a entrar em forma e recuperar minha disciplina de antes.
Quando voltávamos para a mesa percebi uma movimentação estranha entre as duas que já estavam comendo juntas quando cheguei no refeitório. Seus olhos risonhos estavam direcionados a mim enquanto ambas tinham a mão no rosto escondendo um riso incrédulo.
— O que houve? — Franzi a testa, estranhando o comportamento delas, porém curiosíssima para saber o que as tinha deixado daquela forma.
— Promete que não vai matar a gente? — Liv indagou, colocando seus cachos para trás da orelha ainda sorridente demais.
— O que aprontaram dessa vez? — Jesy levou a mão até a cintura, ajoelhando-se no banco para ficar mais alta e intimidá-las por estarem sentadas.
— Amber leu sua notificação do celular. — Entregou a loira, que focou os olhos claros em mim receosa. Dei de ombros sem entender o que havia de errado naquilo.
Eu tinha deixado o celular na mesa, provavelmente virado com a tela pra cima. Até eu olharia se fosse o aparelho delas ao meu alcance, não tinha nada demais, éramos amigas há pouco tempo, porém nada que nos faria esconder grandes segredos umas das outras ao ponto de não podermos deixar o celular por perto uma da outra.
Estendi a mão pedindo o que me pertencia, querendo ver a tal mensagem. No momento nada muito grave me tinha passado pela cabeça, eu era um livro aberto e sempre fui, por isso o desbloqueei com tranquilidade indo até o aplicativo de mensagens. Minha consciência que estava limpa acabou por levar um grande balde de água suja quando vi quem tinha me mandado mensagem e o conteúdo dela.
— Bom dia, gostosa. — Comprimi os lábios ao ouvir Amber recitar a primeira mensagem recebida com a voz afetada. Jesy franziu o cenho encarando-me curiosa. Provavelmente se perguntando quem me mandaria aquilo, já que eu era a encalhada do grupo. — Os caras querem jogar uma pelada hoje, topa?
— Veste aquele shortinho azul que você tem, sua bunda fica deliciosa nele. — Liv fez questão de completar, rindo horrores com a loira ao lado dela, fazendo meu rosto queimar em vergonha.
— Quem te mandou isso, ? — Ainda por fora do assunto, Jesy apenas me encarava boquiaberta com a ousadia que me foi direcionada.
As outras duas olharam-me desafiadoras. Tá, talvez eu não fosse um livro tão aberto assim, apenas um com algumas páginas grudadas, ué. e eu não estávamos fazendo nada escondido, até porque éramos livres para ficar com quem quiséssemos, porém também não iríamos sair por aí anunciando o que aconteceu noite passada. Nem eu que estive com ele naquele banheiro sei explicar o que houve!
Se decidíssemos continuar o que começamos e ver no que iria dar, aí seria outra coisa, porém tudo ainda era uma incógnita, tínhamos acabado de ficar juntos sem usar o fator da virgindade como desculpa. Não dava para falar para elas naquele momento, não antes de saber o que estava acontecendo entre nós.
— O . — Seus olhos de jabuticaba se arregalaram enquanto um enorme sorriso se apossou de seus lábios carnudos.
Eu não tinha como escapar, de qualquer forma. Nem a desculpa de que tínhamos intimidade por conta da amizade de anos iria colar depois da mensagem do shorts. O “gostosa” ainda daria para reverter se fosse apenas aquela parte.
— Eu sabia! — Revirei os olhos diante da comemoração dela ao me ver com a cara no chão por ter sido descoberta. — Ninguém tem um amigo gostoso daqueles sem pensar em dar pra ele ao menos uma vez na vida.
— Não seja boba, eu passei vinte e dois anos sem ter a mínima vontade. — Meu orgulho estava dolorido por ter sido pega daquele jeito. Estava tentando resgatar ao menos uma parte dele.
— Parece que as coisas mudaram. — O sorriso sacana de Liv fizeram-me bufar enquanto as demais caçoavam de mim.
— Mudaram porque eu quis. — Murmurei emburrada, sentando-me no banco. — Lembram-se de que eu estava pensando em ter a minha primeira vez?
— Tirar as teias de aranha. — Amber sussurrou, daquela vez contagiando até mesmo eu na risada.
— Sim, sim, essa e todas as piadas que fizeram comigo desde aquele dia. — Revirei os olhos, desdenhando. — Então, eu falei com e pedi que ele me ajudasse.
— Ajudar…transando com você? — Jesy estava achando aquilo uma loucura, aliás, não só ela. As outras duas pararam de rir imediatamente.
Acho que eu era a única pessoa do universo que achava aquele um favor normal, é claro que não devia ser pedido pra qualquer um por aí, mas quando era com alguém que conhecíamos e confiávamos, porque não fazê-lo?
— Sim. — Disse como se fosse óbvio. — E há outro jeito de fazer isso?
— Você sabe que isso é perigoso, não sabe?
Amber poderia estar falando de uma DST, uma gravidez indesejada ou uma dificuldade de andar no dia seguinte, ou seja, tudo o que poderia acontecer de ruim após o sexo. Mas não! Pelo tom dela, me apaixonar por seria pior que tudo o que listei a pouco.
Revirei os olhos com o exagero de todas, que concordaram com a loira.
— Acho que é meio tarde para avisá-la sobre isso. — Jesy me analisou, desconfiada. Engoli a seco, já sabendo o complô que se formava contra mim. — Você está gostando dele, não é?
Porra, e se estivesse? Qual o problema? Éramos melhores amigos e continuaríamos sendo dali pra frente, com uma diferença mínima de um aumento na nossa intimidade! Fora isso, não mudaria nada! Eu continuava amando-o como sempre e tinha certeza que era recíproco.
— Não se preocupem com isso, gente. também está gostando de mim. — Elas se entreolharam, caladas. — O que foi agora? — Indaguei impaciente.
Não gostava quando me escondiam as coisas, nunca fez aquilo comigo justamente por se importar! Me esconder coisas e me deixar quebrar a cara por conta própria não ajudava em nada.
— , o seu , o mesmo que é falado por, pelo menos 70% das veteranas e desejado por metade das calouras. — Eu não entendia muito de percentagens, mas sabia que aquilo significava muita gente.
Mas não era como se eu não soubesse daquilo desde minha pré adolescência! As meninas me contaram aquilo como se fosse uma puta novidade quando na verdade não era!
— Eu já falei pra vocês que o conheço desde que nasci, não é? — Ri da cara delas, que não se desmanchavam e continuavam com aquele aspecto de preocupação estampado nelas. — está na mesma, eu já disse, não há com que se preocupar, até porque, nós dois não temos nada sério. — Dei de ombros, omitindo a conversa que tivemos ontem.
Elas iriam usar contra mim como se eu fosse uma garotinha indefesa que caiu no papo de um homem malvado. Eu não era indefesa e não era um vilão de um filme da Disney. Não estávamos mentindo um para o outro, eu confiava em de olhos fechados, sabia que ele nunca faria nada para me magoar!
— Ah, menos mal. — Liv levou a mão ao peito, como se tivesse acabado de me livrar de um acidente terrível. Meu Deus, quanto drama. — Mas tome cuidado para não se envolver demais, sim? — Esticou a mão sobre a mesa, pegando a minha.
Suspirei assentindo, mesmo já sabendo que, como Jesy tinha dito anteriormente, era tarde demais. Eu amava , e estar junto dele como estive nos últimos dias só me fez amá-lo mais ainda! Amava ter suas mãos em meu corpo, ouvir sua voz ao pé do ouvido e todas as sensações que ele me causava quando colava nossos corpos.
Sabia onde estava me enfiando e tê-las me tirando como burra me deixava irritada!
— Eu sei me cuidar sozinha. — Dei um sorriso amarelo para não demonstrar que estava brava. — Agora vamos ao que interessa, temos um seminário para organizar!
Logo todas as atenções estavam voltadas a página pequena da agenda de Amber, que fazia anotações de acordo com as sugestões e ideias das demais. Suspirei aliviada quando terminamos, eu finalmente poderia ir para o meu quarto e descansar a mente dos pensamentos que me rondaram a cabeça após aquela conversa sobre e eu.
Era esquisito ver pessoas falando dele daquela forma. Nossa cidade era pequena comparada a Nova Iorque, onde estávamos morando atualmente, então a maioria das pessoas por lá se conheciam, os mais velhos nos viram nascer e nos reconheciam através de nossos pais, e nós jovens crescemos praticamente todos juntos. não era um santo nem por lá, nem em lugar algum, tinha sua fama, mas o máximo que poderia acontecer era o pai de alguma garota de lá não a deixar namorá-lo por saber que ele já era...avançado nas coisas que os conservadores reprovavam.
Mas ele nunca foi visto como se fosse uma pessoa ruim! Ouvir as meninas falarem como se fosse pegar meu coração com as próprias mãos e jogar no chão pisoteando-o me deixou com uma sensação ruim. Tive que defendê-lo, podia não gostar de compromissos sérios, mas eu tinha certeza do coração que ele possuía e do cuidado que ele tinha com as pessoas que importavam para ele.
Fiquei na cama, iniciando minha parte do seminário e esperando uma resposta de sobre o horário do tal jogo. Estava animada, fazia tempo que não jogava, mesmo que aquele não fosse um jogo de verdade, um campeonato ou algo do tipo. Curtia jogar com homens, a maioria deles não levava em conta o fato de eu ser mulher para me dar descanso, cresci disputando bola com meninos, já que as garotinhas do bairro onde cresci não gostavam de correr atrás da bola.
e eu vivíamos nos campos próximos de onde morávamos, treinávamos juntos e comemorávamos juntos nossas conquistas com o esporte. Ambos colecionávamos alguns troféus de campeonatos ganhos durante a adolescência, sempre o tive na arquibancada torcendo por mim nos jogos que disputei, e apesar de ter que dividir suas atenções com os líderes de torcida, também estive vibrando por ele quando era sua vez de entrar em campo.
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“Estamos terminando um trabalho, não vou conseguir te buscar aí.”
Suspirei, maneando a cabeça compreensiva, mesmo que ele não pudesse me ver.
:
“Me encontre no campo daqui há 15 minutos, estaremos por lá aquecendo.”
Tomei um banho rápido, já sabendo que daria tempo de sobra pra me ajeitar para ir. Vesti uma camiseta branca que ia até metade das minhas coxas e o bendito shorts azul que me mandou na mensagem. Eu não o vestia com frequência, muito menos em público. Ganhei da minha irmã num aniversário meu e não usei justamente porque achava que ficava curto e justo demais. Vesti um meião que ia até os joelhos e por último calcei as chuteiras pretas.
Prendi meus cabelos num rabo de cavalo alto após penteá-los, tendo-os caídos lisos em minhas costas por conta do comprimento longo. Passei um protetor solar no rosto e apanhei minha garrafa de água, deixando o quarto já vendo que estava um tanto atrasada pela hora que o visor do celular que deixei no quarto mostrava.
Cheguei no campo já os encontrando em aquecimento. e uma parte dos caras estavam sentados no banco lateral que tinha ali, fui até eles sendo notada por um de seus amigos que tinha a bola no pé. Mark, acho que aquele era o nome dele.
— Nossa Marta chegou! — Me deu um passe, fazendo-me chutar em direção ao gol, a bola acertou a trave em cheio e praticamente voou para uma direção qualquer. — Quase lá. — ri de seus ombros encolhidos enquanto continuava meu caminho.
Os olhos verdes de me acompanharam sem ao menos piscar, senti ambos se demorem em minhas coxas à medida em que eu me aproximava. demorou para subir o olhar e ver meu rosto rubro por conta da secada que me deu na frente dos amigos. Nem fez questão de disfarçar.
— Oi gente. — Levei as mãos aos quadris, sorrindo de olhos espremidos por conta do sol que fazia. Fui respondida em uníssono por todos presentes.
se levantou e veio sorrindo em minha direção, quando notei seu pescoço se curvando demais pra mim, me desvencilhei, abraçando-o rapidamente para que não achassem que ele realmente iria me beijar.
— O que…
— Podemos conversar ali no canto, rapidinho? — ainda contrariado, assentiu, rumando para a parte vazia do campo junto de mim.
— Porquê não me deixou te beijar? Aconteceu alguma coisa?
— Aconteceu ontem. — Ri em puro nervosismo.
Na verdade não tinha nada a ver com ontem, ontem estava tudo às mil maravilhas! O problema foi o papo de mais cedo com as meninas, eu continuava firme com meus argumentos, porém ao pensar que elas tiveram aquele pensamento, temi o que os amigos de iriam pensar! Por se tratarem de homens, iria ser mil vezes pior!
— O que foi? Não gostou de ontem? — Levou sua mão grande até minha cintura, fazendo com que eu recuasse novamente, sentindo um frio gostoso na barriga.
Encarei sua boca e mordi a minha, segurando a vontade de repetir o que fizemos naquela festa de novo e de novo. Parecia que eu nunca iria me cansar de estar com ele daquela forma.
— Eu adorei. — Não pude conter um sorriso aberto. — Mas você não acha melhor a gente manter isso só entre nós?
— Tipo um segredo? — Coçou a nuca.
— Isso! — Tá que as três desmioladas já sabiam, mas não falava com elas, então estava tudo certo. — Só enquanto não decidimos o que temos.
Se fosse para rolar mesmo algo entre nós, queria ter a segurança de que não iriam colocá-lo como um predador e eu a caça dele. Não gostava e nem iria querer ser vista daquele modo por todo o campus da Columbia.
— É um pouquinho tarde pra isso… — Seus olhos verdes se focaram num ponto específico. Quando o imitei e focalizei Mark, saquei o que tinha acontecido. — Desculpe, ele é meu vizinho de quarto.
Fofoqueiro.
— Me deixe ver vocês dois se beijando? — Bateu palmas em animação, fazendo lhe lançar um olhar censurador.
— Não vamos nos beijar pra você assistir, seu pervertido!
— Sem ofensas, , mas eu só sou pervertido pelo . — revirou os olhos, pegando-me pela mão e puxando-me pelo gramado. — Eu torço pelo casal, só queria ver um beijinho!
— É segredo! — sussurrou para o amigo, que não olhou malicioso e apenas assentiu.
— Tudo bem, eu aceito fotos. — Aquele comentário só confirmou a minha fala: Pervertido.
— Vamos começar logo esse jogo! — soou imponente, ainda segurando minha mão diante dos amigos dele.
Achei sexy, ele estava usando aquele uniforme lindo da Columbia, azul e branco com o shorts evidenciando as coxas deliciosas e sua tatuagem de tigre em uma delas. Ele era o capitão do time, um gostoso mesmo, senti meu coração palpitar ao observá-lo de queixo erguido chamando a atenção do resto dos caras com sua mandíbula bem marcada. Queria tanto beijá-lo!
Em seus ensinamentos, me disse que ficava excitado quando lhe diziam o que desejavam que ele fizesse. Naquele momento eu consegui pensar em milhares de coisas que ele poderia fazer comigo.
— Aí, , você disse que é atacante, você já é um, que tal ela ser capitã do time adversário? — Josh sugeriu, alternando o olhar entre nós dois.
Sorri desafiadora em direção a , que riu, concordando com a ideia.
— Isso vai ser…interessante. — Virou-se, ficando frente a frente comigo. — Primeiro as damas, . — Seu tom provocativo ficou implícito.
— Não estou vendo nenhuma dama aqui, . — Balancei a cabeça, tendo meus cabelos movendo-se junto.
Os caras agitaram uma vaia para alimentar a rivalidade.
riu gostosamente. Ele sabia o quanto eu odiava ser tratada diferente por ser mulher. Em campo éramos iguais e eu não gostava de ser tratada como sexo frágil.
— Eu quero o Mark. — praguejou vendo o amigo desfilar para o meu lado.
— Joshua. — Quase dei de ombros. Não queira mesmo.
Dividimos os dois times com os onze homens em cada lado, contando com o goleiro, que Mark soprou em meu ouvido qual era o melhor para eu escolher primeiro. Estava satisfeita com minhas escolhas, apesar de não conhecê-los e nem saber se eram bons ou não, de qualquer forma, faria se arrepender de ter concordado com a ideia de sermos rivais. Ele sabia que éramos melhores juntos.
— Então nós seremos o time sem camisa, é isso? — Charles, um dos meus, anunciou sorrindo malicioso em minha direção.
— Engraçadinho. — brandou de cara fechada. — Nunca viu peitos, Summers? — Se aproximou do loiro, que ainda mantinha um sorriso intacto no rosto. — Se não viu, hoje é o seu dia de sorte. Olhe para os meus. — Tirou a camisa, jogando-a na cara do colega, que riu, empurrando-o pelo ombro ao ser zoado pelos demais.
Ao contrário dele, se manteve sério, indo se posicionar no centro do campo. Dispersei-me do tesão que estava sentindo naquele deus grego com o peitoral a mostra enfeitado com suas tatuagens, que eu particularmente amava. Fui até lá, ficando diante dele já com a bola parada.
Tiramos no pedra, papel e tesoura quem iria escolher o lado do campo e daria o tiro inicial. ganhou, com seu velho truque de escolher pedra nas duas primeiras vezes e se fazer previsível na terceira, mudando para tesoura quando eu fiz o papel para ganhar ao menos uma. Não sei como pude cair naquela enganação barata.
— Percebeu como eu estou presente em todas as suas primeiras vezes?
Primeira vez jogando no campus da Columbia.
Primeira vez jogando contra .
E a primeira vez que senti vontade de agarrá-lo em público.
— Eu vou te foder hoje, , mas prometo te deixar fazer um golzinho, pra não dizer que não foi com carinho.
Soltei um riso sarcástico, erguendo o queixo em direção ao seu. Desafio aceito, . Vamos ver quem vai foder quem.
— Chuta logo essa bola antes que eu chute as suas. — Ele se fez de ofendido antes de finalmente dar o tiro inicial, começando os passes.
A posse de bola ficou com eles até a metade do campo, quando corri junto dos outros para tentar recuperá-la. Consegui com a ajuda de Mark, que deu um dible de vaca em Josh e me passou a bola pela lateral, fazendo-me tomar velocidade já indo cega em direção ao gol.
Fui interceptada por e o outro ladrão, que vinha por trás para me roubar a bola, mas estava me aproveitando do fato de ser mais leve e por isso tinha uma pequena vantagem na corrida até o gol. mais uma vez chegou junto, conseguindo tirar a bola de mim e fazendo firulas na minha frente por pura provocação.
O outro atacante lhe deu um carrinho, deixando a bola livre para mim novamente. Estava praticamente sozinha na área, encarava o goleiro com a mesma garra que tinha quando disputava meus campeonatos da vida.
Sabia que era apenas um jogo bobo entre amigos, porém eu era muito competitiva para entender aquilo. Também, fazia muito tempo que eu não jogava, meu coração batia forte, ansiava pela adrenalina que só a boa e velha competição poderia me dar.
Quase não notei o zagueiro na minha cola e infelizmente paguei um pouco caro por aquela distração. Aquele armário me deu uma investida forte, chocando o ombro contra o meu e jogando-me longe. Sai raspando pelo gramado enquanto os caras paravam o que faziam e corriam em minha direção.
Apoiei-me no antebraço mantendo a cabeça baixa, ofeguei algumas vezes tentando não me concentrar na dor que sentia na coxa. Era passageira, logo pararia de arder, eu só precisava me levantar e voltar a jogar, a adrenalina cuidaria daquilo.
— Você está bem? — se agachou diante de mim, fazendo-me sentir envergonhada ao ter uma roda repleta de olhares preocupados em mim.
— É claro que sim. — Levantei-me trôpega, batendo as mãos nas roupas para tirar a sujeira. — Já passei por coisa pior.
Mulheres conseguiam ser ainda mais brutas que os homens, se aquele bosta iria me marcar daquela maneira, eu começaria então a fazer o jogo dele.
Não tinha começado a jogar ontem, tinha uma bola nos pés antes mesmo de ele criar pelos no saco.
— Não importa. — ralhou, aproveitando que estavam todos reunidos ali, inclusive o bonitão que estava se fazendo de sonso. — Sem jogadas ofensivas! Não quero ninguém aqui lesionado quando formos treinar pra valer. Isso aqui é uma brincadeira, não precisam se matar.
Sabia que ele estava bravo porque tinham me derrubando, e não poderia me usar como justificativa para aquela bronca mais que merecida. Afinal, o cuzão pertencia ao time dele.
Ele, e mais alguns se posicionaram diante do gol, formando uma barreira humana enquanto eu me preparava para bater aquela falta. Deixei a bola na marca e dei três passos para trás, respirando fundo e estudando a situação em si, onde estavam os adversários mais altos, se havia chances de furar o bloqueio e se conseguiria dar um jeito do goleiro não defender.
Corri em direção a bola, deixando o outro pé em apoio a alguns centímetros de distância e chutei de bico, vendo o trajeto dela em direção ao gol. A barreira foi ineficaz e o goleiro se lançou para o lado esquerdo, pulando para tentar alcançá-la. Infelizmente não foi preciso já que ela bateu na trave.
Summers, que estava mais próximo, a dominou, dando um passe para o colega que marcou o primeiro gol da partida. Fui surpreendida com aquele bando de brutamontes correndo em minha direção e logo era praticamente esmagada num abraço coletivo em comemoração. Assim que me vi livre, encarei do outro lado do campo com um sorrisinho sarcástico.
A partida seguiu cheia de provocações e até brincadeiras entre os times rivais, eles haviam entendido o recado de e não houve mais nenhuma falta ou algo que pudesse ser considerado agressivo. Levamos algumas quedas, as camisas e meias que eram brancas passaram a ganhar alguma cor, eu não estava diferente com minhas roupas claras. Demos uma pausa para o segundo tempo e tive que prender os cabelos num coque, sentindo-os molhados em suor. Estava sendo divertido.
Iniciamos o segundo tempo já com algumas jogadas perigosas vindas de e Joshua, estávamos tentando marcá-los para impedir, porém não demorou muito para Bennett, nosso goleiro, levar um frango de um lance de , que comemorou o gol desajeitado que fez.
— Eu teria vergonha. — Neguei com a cabeça ao vê-lo me rondar, com seu sorriso prepotente de covinhas.
— Vai chorar, “artilheira”? — O sarcasmo em sua voz me deixou puta da vida. Eu ainda não tinha marcado nenhum gol, não tinham me deixado aproximar da grande área, provavelmente por medo de tomarem. — Estamos quites agora, .
O placar estava dois a dois, quer dizer, tinha feito o de empate, porque antes estava perdendo e choramingando impedimento. Como se tivéssemos algum juiz olhando aquilo, depois eu era quem era a competitiva. Ele nunca admitiria, mas era mais do que eu.
O fim de jogo estava se aproximando, já sentia o cansaço me tomar e previa ficar dolorida nos dias que viriam pela frente por ter desacostumado a fazer tamanho esforço físico. Os caras não estavam muito diferentes, apesar de estarem mais em forma.
que o diga, eu sei que já deveria estar cansada de ver sua figura como um todo após tantos anos, mas se antes eu já não enjoava de sua cara por amar nossa amizade, agora eu não conseguia pensar na possibilidade de não olhar para ele a cada cinco minutos.
Não era porque eu já convivia com ele desde sempre e já tinha passado as mãos naquele peitoral que eu iria deixar de babar ao vê-lo descoberto toda vez que tivesse oportunidade. Eu suspirava toda vez que ele respirava fundo, movendo os músculos ao fazê-lo, o observei beber água e deixar algumas gotas escaparem pelo canto da boca, nunca fiquei tão concentrada em algo como fiz com aquelas gotas, que desceram pelo pescoço dele, indo parar no tórax. Queria poder parar o trajeto delas pelo corpo quente dele com a língua.
Durante aquele pausa para beber água que fizemos antes de decretar que encerraríamos o jogo, ensaiei uma estratégia com Charles e Mark e a colocamos em prática assim que conseguíssemos a posse de bola. Os dois que não estavam tão marcados foram na frente enquanto eu seguia pela lateral, pronta para receber o passe mais adiante e próxima do gol. Quando chegou para me marcar, toquei para Mark, que dominou e tocou de volta para mim, dando-me poder e ajustar a direção do chute e fazê-lo, acertando o gol em cheio, não dando tempo do goleiro saltar para alcançar e tirar a bola dali.
Ouvi o grito afetado de Mark quando ele veio em minha direção, já me pegando em seus braços e me tirando do chão. Estava sem forças por estar gargalhando, tanto que nem percebi quando ele deu impulso em meu corpo junto de Summers e me colocaram sentada em seus ombros. Senti-me uma boneca de pano, de tão leve que parecia para ambos me ter ali em cima. Aproveitei que nossa vitória de três a dois estava confirmada e comemorei meu gol, mandando um beijinho para , que observava tudo de longe, com os braços cruzados.
— Achei que tinha dito que iria ganhar o jogo. — Provoquei assim que me aproximei dele, bebendo minha água e matando a sede que o calor que fazia intensificou. — Ah, espera, não era isso...era me foder, não era? — Sorri abertamente diante de sua carranca enorme.
— Eu deixei você ganhar. — Arqueou as sobrancelhas, fazendo-me gargalhar alto.
— Aprenda a perder, amorzinho. — Peguei seu rosto, apertando ambas as bochechas. Quando soltei, senti sua mão pegar a minha no ar e me puxar pra si rapidamente.
— Me chamou de amor? — Revirei os olhos ao vê-lo sorrir bobo em minha direção, o senti perto demais e olhei para onde os caras estavam, me alarmando ao observá-los andar em trupe até nós.
— Foi só uma brincadeira, não seja emocionado, . — Me desvencilhei dele indicando os meninos com o queixo.
— Eai, vamos tomar uma cerveja com a gente? — Connor se fez porta voz dos demais, que assentiram já todos descamisados, com a peça penduradas nos ombros.
— Valeu pessoal, mas eu acho que vou pro dormitório mesmo, preciso tomar um banho e descansar que amanhã tem aula cedo. — Murmurei massageando meu pescoço, estava completamente moída.
— Tudo bem, fica pra próxima então. — Assenti feliz ao ver que gostaram de mim, com certeza iríamos jogar mais vezes, foi muito divertido. — E você, , vamos?
me olhou incerto deixando-me confusa, o que ele queria comigo afinal?
— Não caras, tenho um trabalho pra fazer hoje, também vou deixar pra próxima. — Connor assentiu, dando um toque de mão com ele e saiu se dispersando junto dos demais.
Não escapamos do olhar cheio de significados que Mark lançou para nós acompanhado de um enorme sorriso malicioso antes de se juntar aos amigos. Nos entreolhamos já rindo da imaginação suja e fértil dele, pegando nossas coisas e deixando o campo vazio.
vestiu a camisa enquanto caminhávamos lado a lado pelo campus até chegar no ponto em que nos separaríamos para seguir em direções opostas, meu dormitório ficava à esquerda e a fraternidade de a direita. Parei, virando-me para ele assim que ouvi seu suspiro.
— Será que eu posso te beijar agora? — Identifiquei o sarcasmo em sua fala, porém resolvi relevar, até porque eu estava na mesma, louca de vontade dele.
Arrisquei, selando nossos lábios antes de tê-lo enlaçando minha cintura para me trazer pra perto, foi um beijo rápido, logo a paranoia do que as pessoas envolta iriam pensar me atingiu a cabeça. Me separei dele, lhe dando um selinho casto antes de me virar para ir embora.
— Espera. — Parei onde estava, a dois passos de distância dele. — Vamos pro meu quarto. — Se aproximou, deixando-me tonta ao impor sua altura e me fazer aquele convite tão irresistível com aquela voz rouca e mansa. — A gente toma um banho…
Que delícia. Digo, que horror.
Capítulo Nove
Eu nunca tomei banho com ninguém! Nem ao menos sabia como me comportar numa situação daquelas. Eu já tinha ficado seminua na frente de antes, mas era no lago ou no mínimo numa piscina. A ideia de ficar completamente nua, de tê-lo pelado ao meu lado enquanto estivéssemos confinados num box de vidro apertado me dava arrepios tão sinistros que cheguei a encolher os ombros só de imaginar.
Fora que era um perigo só! Se eu já queria me jogar em cima dele vendo-o vestindo aquele uniforme de futebol, imagine quando o visse nu!
— Mas é só se você quiser, é claro. — Beijou o canto da minha boca e se afastou minimamente, vendo minha reação.
Filho da puta.
Estreitei os olhos ao vê-lo se fazer de sonso. Era óbvio que eu iria querer! Ele jogou verde apenas para dar a ideia de me instigar a considerar tudo aquilo, depois que me deixou em estado febril com a menção do que faríamos naquele chuveiro, veio com aquela conversa.
— O que me diz? — Sussurrou em meu ouvido, distribuindo beijos na lateral do meu rosto. Tive vontade de negar, só para ver sua reação.
Porém assenti, já imaginando que não teria graça nenhuma fazer tal brincadeira, já que devia estar praticamente escrito na minha testa a palavra “sim” em letras garrafais e piscantes.
Nem acreditei quando ela confirmou com a cabeça, não lhe dei tempo de mudar de ideia, já a puxei pela mão na direção do meu dormitório, sentindo o coração palpitar ansioso.
Parecia que eu nunca tinha feito aquilo na vida, aquela sensação de estar fazendo algo inédito era o que deixava tudo ainda mais gostoso. Saber que estava lhe proporcionando o mesmo apenas me deixava ainda mais excitado, pra mim não tinha nada mais delicioso que olhar nos olhos da pessoa com quem estamos e vê-los na mesma sintonia.
Eu sentia aquilo em relação a , não tinha dúvidas de seu desejo e sobre seus sentimentos. Em pensar que relutei tanto em fazer tudo aquilo pelo fato de ela ser minha melhor amiga, poderia estar soando precipitado ao ter tantas certezas em relação a nós dois, mas o fato de eu conhecê-la melhor do que ninguém nesse mundo apenas melhorou as coisas.
Sabia quando ela estava incomodada com algo, quando estava feliz, arriscava até que podia prever seus próximos passos baseado nos anos de convivência.
A tinha sentido receosa algumas vezes, assim como eu, estava se envolvendo demais para quem apenas me pediu um simples favor, e naquele momento em que eu a levava para o meu quarto podia ter certeza que não tínhamos mais aquele peso nas costas, não precisávamos mais esconder o que sentíamos. Estávamos felizes, e imaginava que iríamos continuar juntos mesmo depois que lhe tirasse a virgindade.
Eu nunca fui alguém muito fã de compromissos, agradecia aos cavaleiros do zodíaco quando toda a baboseira de astrologia virou moda entre as mulheres, aparentemente eu havia nascido num mês que justificava o fato de eu ser desapegado e gostar de ser livre. Adorava quando me perguntavam meu signo, depois que eu dizia ser aquariano, as garotas com quem saía já imaginavam o que viria pela frente e poupavam muitos joguinhos e firulas desnecessárias.
Mas com era diferente. Sabia o quão clichê tudo aquilo poderia soar, mas era a mais pura verdade! me fazia sentir livre, mesmo estando “preso” a ela por uma corda invisível que nos uniu desde o nosso nascimento. Sentia liberdade para ser quem eu era ao lado dela, não tinha medo de mostrar defeitos porque ela já os conhecia de cor e me amava apesar de todos eles. Não precisava lhe contar do passado por já tê-lo vivo praticamente inteiro ao lado dela.
Meu único medo era magoá-la. Aquilo era inédito pra mim também, tudo bem, eu tentava sempre tomar cuidado com o modo como tratava outras mulheres que passaram pela minha vida, mas com era um outro nível de preocupação.
Ela era a segunda mulher mais importante da minha vida, aquela que eu mais me empenhei em proteger dos outros caras. Mas aquela era minha questão, se eu seria o cara com quem ela se relacionaria, quem iria protegê-la de mim então?
Destranquei a porta recebendo um aceno de aprovação engraçado, lhe dei espaço pra entrar, pegando-a pela cintura assim que fechei de novo, mais uma vez girando a chave na fechadura.
Beijar sua boca levou embora toda a minha linha de pensamentos que construí no nosso trajeto até ali. De repente não havia mais medo, nem mesmo certezas concretas sobre um possível relacionamento.
A única certeza que eu tinha ali, tocando sua língua com a minha, era que queria estar daquele jeito com ela pelas próximas horas, dias e meses que viriam.
— Você trancou a porta só porque sabia que eu iria vir, né? — Desgrudou a boca da minha, rindo contra meu rosto.
— Eu sou tão previsível assim? — Lhe apertei a cintura.
— Acho que sou mais que você. — Encolheu os ombros, rindo envergonhada.
Mordi meu lábio acariciando seu rosto e vendo suas bochechas rubras. Pior que ela era mesmo.
Apesar de não ter planejado aquele convite, quando o fiz já sabia que não resistiria. Depois de tudo o que fizemos juntos, qualquer menção de fazer de novo, deixar mais explícito ao ponto de tirar a roupa, era imperdível demais para negar.
— O que não seria previsível entre nós depois de tantos anos? Hum? — Peguei seu queixo, lhe dando alguns selinhos.
— Deixe-me ver…eu ser melhor que você jogando bola? — Arqueou a sobrancelha, fazendo-me rir ao negar com a cabeça.
Apesar da provocação ao discordar de sua fala, não estava errada ao dizer aquilo. Eu era bom, não era atoa que tinha sido escolhido para ser capitão do time, meu pai me incentivou desde pequeno por ver que eu tinha talento. Mas , ela era perfeita, lembro-me de falar dela para os caras do time antes mesmo de ela sonhar em entrar pra Columbia.
era uma puta inspiração, mesmo contra a vontade da mãe, que era preconceituosa e temia que a filha fosse vista como masculina por jogar bola, ela tinha se dedicado muito e se tornado aquela jogadora foda que era.
— Não seja tão convencida, amorzinho. — Sua reação foi engraçada, porém não se mostrou surpresa com minha indireta.
Ela devia saber que eu comentaria as coisas que aconteceram enquanto estávamos fingindo ser apenas amigos. Como por exemplo o seus shorts azul que tinha sido um pedido meu, adorei que ela acatou, vê-la andando em nossa direção com as coxas a mostra e observá-lo subir um pouco a cada vez que ela se movimentava me deixava de pau duro só de lembrar.
— Já disse que não te chamei de amor. — discordei dela, vendo seu rosto irritadiço. E qual o problema se tivesse chamado?
— Me chame de amor novamente? — Eu tinha adorado. Beijei seu queixo, fingiu indiferença. — Não vai chamar? — Afastei-me indignado.
— Não sei do que está falando. — Fingiu-se de desentendida.
— Me aguarde, . — Lhe soltei, abaixando-me para desamarrar minhas chuteiras.
fez o mesmo, com um sorriso travesso nos lábios recém molhados pela própria língua.
Ela iria me chamar de amor novamente, aliás, iria me chamar do que eu quisesse quando chegasse a hora de ela pagar a língua. Iria deixá-la tão alucinada, que ela faria tudo o que eu quisesse apenas para poder continuar gozando.
Arranquei minha camiseta, já vendo-a descalça e parada diante de mim. Seus olhos espiaram meu peito e abdômen rapidamente antes de voltarem aos meus, causando-lhe uma risada baixa envergonhada por ser pega me secando.
Ela podia olhar a vontade contanto que não se contentasse apenas naquilo e desejasse tocar e fazer tudo o que quisesse fazer comigo. E, claro, me deixar livre para correspondê-la na mesma intensidade.
Encarei seu peito subir e descer em ansiedade e me vi cada vez mais louco para despir seu tronco, finalmente veria seus seios, não que apenas tocá-los noite passada não tivesse sido maravilhoso, mas eu queria ter a experiência completa.
A agarrei pela cintura sedento, sentindo-a reagir na mesma intensidade apenas confirmando meu ponto sobre tudo ser bem melhor quando os dois estavam na mesma sintonia. Fomos esbarrando mas coisas até o banheiro, onde entramos e fechei a porta voltando a beijá-la.
Não perdi mais tempo, aproveitei que tínhamos nos desgrudando e enrosquei meus dedos na barra de sua camisa, puxando-a para cima com rapidez, apenas lhe dando tempo de auxiliar ao levantar ambos os braços, que foram envoltos de meu pescoço novamente. Senti sua barriga contra minha quando iniciou outro beijo molhado.
Ainda não era o suficiente.
Encarei quase que vidrado seu top preto e decidi agilizar ainda mais o processo, desci meu shorts junto com a cueca que usava, ficando completamente nu primeiro. Meu pau pulou para fora, já escorrendo e completamente duro.
— Ainda está muito vestida, . — Murmurei distraindo-a de sua contemplação. — Tire a roupa pra mim, tira?
se livrou do seu famoso shorts azul, famoso porque já tinha sido assunto no vestiário masculino na nossa época da escola, lembro-me da briga que arrumei ao ver aquele bando de marmanjo nojentos falarem da bunda dela. Hoje eu teria que concordar com cada um deles, ela ficava irresistível vestida nele.
Suas mãos foram até a base do top, puxando-o pra cima e revelando seus seios medianos, me pareceram tão apetitosos que não hesitei em me aproximar o mais breve possível para tê-los em minha boca. Suguei seu mamilo enquanto minha outra mão se encarregava do outro exposto, rijo por conta do tesão que sentia. Sua respiração estava cada vez mais urgente e ela soltava gemidos e murmúrios de pura satisfação ao me ter contornando sua auréola com a língua.
— Eles são tão lindos. — Ainda brincando com ambos, levantei a cabeça para lhe roubar um beijo. me beijava devagar, praticamente sem ar, ela já não conseguia controlar o próprio corpo. Sorri safado ao vê-la incendiar diante de mim. — Como eu posso ter vivido a vida toda ao lado de uma mulher como você e nunca ter te olhado como deveria? — Deslizei minha mão pousada em sua cintura para baixo até chegar na barra de sua calcinha em seu quadril.
Contemplei seu corpo suado, parado diante de mim, a mercê dos meus toques e beijos, senti meu pau latejar, louco para estar dentro dela, que a cada segundo que se passava parecia ficar ainda mais gostosa. Seus olhos estampavam uma luxúria tão grande que nem precisava tocar sua intimidade para saber o quão molhada estava, seu corpo todo praticamente gritava meu nome, desde os poros em seu rosto até os pelos eriçados.
E eu responderia seu chamado com o maior prazer.
— Eu também nunca reparei em você desse jeito. — O olhar dela desceu pelo meu tronco e parou em meu membro, ela não parava de olhar para ele, desejosa, chegava a suspirar com os olhos vidrados. — E-E agora, quando te vejo, até quando não… — riu Pensar que um outro ser humano pode ser capaz de te fazer experimentar um pedaço do paraíso e atingir o mais alto nirvana poderia parecer algo de outro mundo mesmo. Era compreensível até.
— E-Eu só consigo imaginar suas mãos correndo pelo meu corpo, sua boca em lugares inimagináveis. — Sorri junto dela, encostando nossas testas. — E ainda por cima, você é tão gostoso. — Mordeu o lábio finalmente sucumbindo o desejo de pegar meu membro na mão.
Sentir tanto tesão por alguém ao ponto do coração bater forte e os olhos se revirarem só imaginar o que tal corpo poderia fazer na cama, nos dar tanto prazer ao ponto de fazer as pernas ficarem bambas…eu entendia, só não achava ridículo como ela provavelmente estava pensando, aquela era a primeira vez de muitas em que ela se sentiria daquela forma.
Gemi sôfrego contra seu rosto, inclinando-me para selar nossos lábios. Tive uma ideia maravilhosa, mas que ao mesmo tempo se assemelhava a uma seção de tortura, para mim principalmente.
— Sinta-o. — Me aproximei colando nossos corpos, pegando-a pelo quadril e encaixando meu pau entre seus grandes lábios ainda cobertos pela calcinha preta e úmida. — Experimente o que te espera. — Sussurrei já com o rosto contorcendo-se numa agonia mágica. Movimentei meu quadril em direção ao dela, vendo a cabeça rosada se estragar contra o tecido, subindo e descendo vagarosamente.
— Oh, merda. — Ofegou revirando os olhos de mel, seguida de um gemido que escapou pelos seus lábios, mordidos fortemente para se aguentar calados.
Não a queria calada, seus gemidos eram o combustível para o meu tesão, e eu não descansaria até que entrássemos em combustão juntos naquele banheiro insuportavelmente quente.
Continuei meus movimentos, como se estivesse metendo devagarinho, gemendo junto dela. Minha cabeça projetava cenas pecaminosas, imaginava como seria se eu colocasse aquela calcinha de lado e finalmente a penetrasse. Eu sabia que não poderia, mas queria mais. Para aumentar ainda mais o contato, agarrei uma de suas coxas, levando-a até meu quadril. Quando vi ela já estava encostada na parede, sendo prensada ali por mim.
— Isso é tão bom… — Seu rosto se contorcia em pura safadeza, beijei sua testa ao vê-la avançar contra mim, rebolando contra meu corpo, completando minhas fantasias ao imagina-la ali me recebendo dentro de si e rebolando em meu pau sem droga de calcinha nenhuma para atrapalhar.
— Se você soubesse o quanto eu quero te foder agora, me daria por pena. — Sussurrei em seu ouvido pequeno, assistindo seus ombros se encolherem e denunciarem seus arrepios.
— Então faça. — Afastei o rosto com o pedido repleto de urgência em sua voz. — Me fode, . — Ofegou deixando-me sem fala. — Tira minha calcinha e…
— Não posso, não agora. — Fechei os olhos com a mesma força que fazia para raciocinar diante daquilo.
Eu a queria tanto, mas ela não estava pronta, e nem meu banheiro seria o local mais adequado para lhe tirar a virgindade. merecia um quarto decente, uma cama debaixo do corpo, lençóis macios para apertar, morder e ajudá-la a lidar com a dor que sentiria.
Nossa pressa não poderia estragar tudo para ela.
Me abaixei diante de seu corpo nu, pegando ambas as laterais de sua calcinha e puxando-as para baixo, antes de pensar por seus joelhos deixei um beijo molhado abaixo de seu umbigo, fazendo-a ofegar e se apoiar em meus ombros pra se manter de pé.
— Vamos tomar nosso banho. — Lhe sorri, roubando um selinho de seus lábios cerrados ao pegá-la desprevenida.
Liguei o chuveiro deixando-a debaixo da água que desceu, observei quase que em câmera lenta o trajeto das primeiras gotas percorrendo seu corpo, molhando seus cabelos e rosto junto. Ela parecia um anjo, tão delicada, respirando devagar enquanto a água lhe envolvia por completo. Suspirei ao vê-la puxar o amarrador dos fios lisos, soltando-os e os deixando cobrir as costas e ombros.
— Você não vem? — Indagou de cenho franzido, com um dos olhos fechados por conta das gotas caindo sobre ele. Assenti me aproximando, já respirando fundo, me preparando para mais uma prova de autocontrole que eu mesmo me enfiei.
A envolvi pela cintura, abraçando-a por trás e segurando-a pelos quadris. riu ao se arrepiar quando sentiu meu pau roçando em sua bunda pequena. Ela pareceu se acostumar com a sensação, ou pelo visto, gostar, já que projetou-se para trás, sendo amparada pelo meu peito. Beijei sua testa quando sua cabeça encostou-se em meu ombro.
alcançou o frasco de sabonete, despejando o líquido branco em sua outra mão, ensaboando-se devagar e fazendo espuma ao movimentar ambas as mãos contra o próprio tronco. A ajudei massageando seus seios, ouvindo-a gemer baixinho sendo camuflada pelo barulho da água caindo no chão abaixo de nossos pés descalços. Subi uma das mãos até sua clavícula e pescoço, fechando-a envolta dele para forçar seu rosto em minha direção e roubar-lhe um beijo molhado. Lhe mordi o lábio com força, fazendo-a suspirar e jogar a bunda contra meu pau em pura provocação.
Ela adorava me provocar, como tinha acabado de fazer ao pedir com aquela voz manhosa que eu a fodesse, sendo que se pudesse, já o teria feito, era o meu desejo mais profundo, invadi-la com força, rápido, indo fundo sem piedade alguma enquanto a ouvia me implorar para não parar.
Ainda tinha que me lembrar de que não era experiente, portanto ficaria assustada de início caso eu fizesse tudo o que eu queria fazer com ela de uma vez só. Tinha que me controlar ao máximo, mesmo com ela dificultando meu trabalho.
— Estou começando a me arrepender de ter feito esse convite. — riu, com aquela bunda deliciosa ainda em movimento.
Gemi contra sua orelha, adorando a sensação de tê-la nos braços daquela forma, seus olhos fechados e o modo como deslizava sua pele molhada contra a minha apenas demonstrava o quão envolvida ela estava naquela atmosfera.
— A culpa é toda sua mesmo. — Virou-se, pegando meu queixo com seus dedos delicados, trazendo meu rosto pra perto do seu, fazendo-me curvar meu pescoço para atacar seus lábios com vontade, deixando minha língua explorar sua boca por completo.
O vapor da água quente subia e embaçava o vidro do box, deixando o ar cada vez mais abafado e suas bochechas rosadas junto de sua pele, de onde minhas mãos simplesmente não conseguiam desgrudar.
Eu queria lhe tocar em todos os lugares possíveis, dizer com propriedade que conhecia não apenas sua personalidade magnífica, mas que também seria capaz de mapear todo seu corpo. Desde as pintas, marcas de nascença, cicatrizes e curvas, queria poder dizer com toda a certeza do mundo que saberia exatamente onde tocá-la para fazê-la ficar louca, molhada de tesão.
Sorri ao me afastar e vê-la me abraçar pela cintura, colando o quadril ao meu, exatamente como eu tinha ensinado a fazer. Se naquele dia já tinha sido delicioso esfregar-me contra sua buceta quando estávamos vestidos, fazer aquilo nus nos levou ao céu no mesmo instante em que começamos. Se minutos antes com de calcinha já era perigoso, naquele momento então, eu apenas contava com meu autocontrole.
já não tinha mais o dela, tanto que estava mais uma vez tentando me fazer ceder ao tentar voltar a colocar a coxa em meu quadril. Apesar de estar morto de vontade de ajudá-la com aquilo e pegá-la no colo para penetra-la de uma vez, apenas afastei seu joelho, sentindo-a ofegar em frustração contra minha boca.
Pensei em como aquela experiência não devia estar se tornando, de alguma forma, estressante para . Imaginei, ela nunca tinha feito nada daquilo antes de começar a experimentar comigo, e eu ao invés de ajudá-la a descobrir as sensações a torturava daquela forma? Se já estava sendo doloroso para mim apenas me contatar em senti-la superficialmente, imaginei para ela, que estava descobrindo como era a sensação de transar, só que nunca conseguir chegar até o fim?
Eu tinha lhe prometido prazer, e enquanto não poderíamos simplesmente chegar até o ponto alto da nossa luxúria, eu lhe daria o que prometi de outra forma, que não deixaria de ser tão deliciosa quanto a que nós dois desejávamos fazer logo.
Levei minha mão até sua intimidade, que pulsou em meus dedos assim que lhe toquei com delicadeza, me olhou desejosa, segurando meu braço ao respirar fundo por estar finalmente sendo estimulada mais afundo. Ela estava praticamente implorando por aquilo. Beijei sua testa, movendo meu dedo contra seu clitóris inchado, vendo sua barriga subir e descer com rapidez.
— Eu vou te ajudar com isso. — Murmurei ao ouvi-la gemer contra meu ouvido enquanto apertava meu bíceps com seus dedos largos.
Alcancei o registro, cessando a água que saia quente do chuveiro, beijei sua boca, deslizando minhas mãos por seus quadris e subindo ambas até chegar nos seios medianos. Enterrei meu rosto na curva de seu pescoço fino, fazendo uma trilha de beijos e chupões até sua clavícula proeminente, daqui desci com a língua por sua pele molhada até chegar em um dos seios, que abocanhei arrancando dela mais um de seus murmúrios sôfregos.
Brinquei com seus mamilos rijos, sentindo sua respiração cada vez mais afetada, já tinha as costas grudadas na parede fria atrás de si, tamanha era seu tesão e sua ansiedade para o que viria a seguir. Levantei o rosto para espiar sua reação quando ela me viu beijar sua barriga ao me ajoelhar diante de seu corpo nu. Seu suspiro acompanhado do sorriso aberto denunciaram o quão ansiosa ficou só de imaginar o que eu faria naquela posição.
— Está pronta? — Acariciei o interior de sua coxa, tendo-a mordendo o próprio lábio para reprimir o gemido.
— Eu sempre vou estar pronta pra você. — Ofeguei ao ouvir sua voz entrecortada me dizer aquilo.
Neguei com a cabeça desacreditado, como eu podia ser tão sortudo ao descobrir que tudo o que eu poderia desejar estava sempre comigo? era minha certeza na vida, a única que me trazia a segurança absoluta de que eu poderia amar alguém sem esperar nada em troca, sem ser julgado por ser quem eu era, minha , a mulher mais incrível que já conheci era, não só minha melhor amiga, mas também era a mulher que me matava de prazer com um simples toque ou apenas ao abrir a boca.
Pincelei seu clitóris com a língua devagar, tendo-a soluçando diante de mim, tinha a boca entreaberta enquanto respirava com dificuldades, gemeu gostoso quando finalmente afastei seus grandes lábios e chupei sua boceta. A assisti engolir a seco e encostar a cabeça na parede, imersa em puro êxtase. Suas pernas vacilaram, a segurei pelos quadris até que ela se segurasse no registro do chuveiro, firmando bem os pés no piso molhado.
Sentir seu gosto direito da fonte era uma sensação indescritível, logo passou a agarrar meus cabelos enquanto rebolava contra minha língua. Os sons que saiam de sua boca, porra, eu nunca me senti tão excitado em toda minha vida.
Peguei uma de suas coxas e passei por cima de meu ombro, abrindo-a ainda mais pra mim. Foi difícil segurá-la em pé enquanto gozava incessantemente, sentindo os espasmos lhe atingir o corpo completamente arrepiado e molhado. A chupei por completo, não desperdiçando uma gota sequer enquanto ela passou a apenas acariciar meus cabelos bagunçados, tentando normalizar sua respiração que ainda estava acelerada quando me levantei e puxei seu corpo trêmulo pra perto do meu.
— Eu te amo tanto, tanto. — Envolveu meu pescoço com seus braços finos. Tomei sua boca num beijo lento, que logo se tornou urgente quando sua mão desceu pelo meu tronco onde de encontro ao meu pau.
Arfei em seu ouvido apertando seu quadril com força, sentindo sua mão subir e descer por toda a extensão do meu membro, fazendo-me voltar a pensar em como seria bom se pudéssemos fazer alguma coisa por ali. De alguma forma, eu também me senti frustrado por ter que me segurar tanto.
Cobri sua mão com a minha, aumentando a velocidade ao sentir o prazer se intensificar.
— Ele é tão lindo, grande… — A morena sussurrou, olhando nossas mãos juntas me masturbando, mordi seu lábio inferior ao notar o quão vidrada ela ficava quando o via em sua frente.
— Quer colocá-lo na boca? — Seu olhar se voltou para meus olhos, projetei o quadril pra frente, não aguentando mais segurar. — Chupa-lo do mesmo jeito que fiz contigo agora a pouco. — assentou de imediato.
— Se for pra te dar prazer, eu faço. — Beijei sua boca. — Faço qualquer coisa…
— De joelhos. — Rocei o nariz no dela, que após acenar com a cabeça, fez o que lhe pedi, abaixando-se diante de meu pau ereto e dorido de tanto tesão acumulado.
Ainda masturbando-me, peguei seu rosto com a outra mão, acariciando sua bochecha rosada antes de avançar com o pau em sua direção, encostando devagarzinho a cabecinha em seus lábios entreabertos. abriu a boca, recebendo-o aos poucos, tomei cuidado para não engasgá-la, fui fazendo um vai e vem dentro de sua boca quente, deixando-a se acostumar a ter a boca cheia. Logo estava me chupando sozinha, movendo a cabeça pra frente e para trás, deixando-me completamente louco com a cena que estava presenciando.
— Oh, . — Fechei os olhos ao tê-la se aventurando e apenas deslizando a língua em sua extensão pulsante e repleta de veias. Fui ao paraíso quando a senti chupar apenas a cabecinha, levei as mãos até a extensão, masturbando-me mais rápido, sentindo o ápice chegar avassalador. — Isso, amor, não pare.
Segurava seus cabelos escuros em um tufo em mãos, tendo-a concentrada ao máximo em me matar de prazer, mesmo estando aprendendo ainda, sempre foi uma aluna muito aplicada, chupou tão bem que não consegui durar muito tempo em sua boca.
Tirei de sua boca quando senti o primeiro jato sair, despejando o líquido viscoso e esbranquiçado em seu colo. Gemi sôfrego ainda movendo a mão com rapidez, tendo-a ainda de joelhos aos meus pés, levando mais uma leva, que escorreu pelos seios fazendo-a levar os dedos até eles e pegar uma amostra para levar à boca.
Mais um jato, daquela vez deixei cair próximo do rosto. O líquido escapou pelo canto dos lábios, mas passou a língua devagar, resgatando de volta para enfim saborear meu gosto. Assim que engoliu, voltou a se projetar em direção ao meu pau, chupando-o a fim de ter os resquícios que restaram.
Seus olhos castanhos me encararam assim que sua língua rodeou a cabeça rosada. Um sorrisinho safado cresceu em seus lábios fazendo-me praguejar enquanto ria.
— Cachorra. — Peguei seu queixo marcado pela covinha extremamente atraente que ela tinha.
Deslizei o polegar por seus lábios macios, que tinham acabado de me proporcionar uma experiência ímpar. Eu jamais iria me esquecer da cena que tinha assistido a pouco, da sua língua me envolvendo, dos seus cabelos emaranhados em meus dedos e do modo como seus olhos castanhos brilhavam enquanto ela me matava de prazer.
riu, não se importando com o xingamento, me perguntei se ela gostaria de levar alguns tapas também. Era hilário descobrir suas preferências daquele jeito, na prática. Podemos conhecer alguém há anos, porém talvez nunca saberemos dizer o que a pessoa gosta na cama, pra alguns era algo muito íntimo para dividir com alguém.
Eu sabia que algum dia teria aquela conversa com , assim como tive muitas relacionadas a beijos e sentimentos, porém temia o dia em que a ouviria narrar suas experiências sexuais já que contávamos tudo um para o outro.
Felizmente me livrei de ter que escutar e me privar de tentar imaginar, afinal de contas, ali estava eu, junto dela, fazendo-a experimentar tudo o que ela tinha direito.
— Venha. — Lhe dei a mão, ajudando-a ficar de pé no piso molhado em segurança.
A peguei pela nuca, juntando nossos lábios em alguns selinhos.
— Eu também te amo. — Ela sorriu abertamente com seus olhos lindos brilhando enquanto quase se fechavam.
— Então me leve pra sua cama. — Sussurrou contra minha boca, fazendo-me fechar os olhos em busca de controlar minhas vontades.
Ela sabia o quanto eu a queria, provocar daquele jeito não estava me ajudando nem um pouco.
— Sei que está preocupado com minha primeira vez, eu não quero que seja nada romântico, não quero aquelas pétalas de rosas ridículas sobre um lençol branco na cama. — Soltei um risinho ainda de olhos cerrados, consegui imaginar certinho a reação dela caso algum dia se deparasse com uma palhaçada daquelas. — Só quero que seja com você.
Respirei fundo, tendo passando pela minha cabeça cenas pecaminosas, coisas que talvez assustariam , que não imaginava metade das coisas que eu já tinha feito com outras pessoas. Minha imaginação fértil e repleta em luxúria me levou a pensar em uma série de imagens de nossos corpos se chocando em velocidades sobre-humanas, soluços saindo de seus lábios, suas pernas cedendo e seu corpo não aguentando mais foder repleto em cansaço.
Era naquele nível que eu estava, completamente de quatro por . Abri os olhos encarando seu rosto, que imprimia uma ansiedade visível a quilômetros de distância.
— Por favor, amor. — Sussurrou próxima ao meu ouvido. Mordi o lábio rindo sem humor, em puro desespero, já não aguentando mais.
Era aquilo, eu me renderia, daria o que tanto queria só por ter sido chamado de amor daquele jeito tão manhoso, só por estar vendo o quão nítido era o tesão dela. Seria um prazer enorme ceder a ela daquele modo.
Beijei sua boca deliciosa, pegando-a pelo quadril com força.
— Quando descobriu que sua cara de cachorro que caiu da mudança também serviria para me convencer quando o assunto for sexo? — abriu um sorrisinho esperto, a apertei ainda mais contra mim.
— Desde que você topou tirar minha virgindade. — Neguei com a cabeça desaprovando-a.
Não poderia dizer que me arrependia de ter cedido naquela vez também, não estaria ali, com ela naquele momento caso tivesse deixado meu medo de perdê-la me fazer negar aquele pedido.
Nunca me arrependeria de nada que fiz por em toda a minha vida. Ela sempre seria minha escolha certa, meu porto seguro, meu lar.
— Vamos terminar nosso banho, sim? — Vi seu olhar baixar e segurei seu queixo erguido, observando seu semblante desanimado. — Acha que pode esperar mais um pouquinho? — Selei nossos lábios vendo seu rosto se iluminar.
— O que são alguns minutos comparados a vinte e três anos? — Gargalhei alto, concordando com sua lógica.
Depois daquela decisão tomada, nos mantemos calados. lavou seus cabelos longos com meu shampoo que já havia sido roubado por ela em outras ocasiões, mais uma vez me coloquei como um mero espectador da imagem incrivelmente sexy que era vê-la fechar os olhos e deixar a água cair pelo rosto e corpo, desenhando seus seios pequenos e descerem por suas coxas torneadas, desaguando no ralo próximo de seus pés.
Assim que levei a mão ao registro e o barulho da água caindo cessou, nos entreolhamos em pleno silêncio. engoliu a seco. Tinha chegado a hora.
— Pronta?
Respirei fundo assentindo veemente. Pronta eu estava né, pelo menos naquele instante sim, tínhamos nos preparado nas últimas semanas, eu tinha adorado tudo o que fizemos até então, porque não estaria? Parte do meu medo inicial era justamente não saber o que fazer e me desesperar.
Agora poderia dizer com todas as letras que não via a hora de avançarmos de vez o sinal, de senti-lo deslizar pra dentro de mim e saber qual era a sensação de transar de verdade. As amostras que tinha tido já me levaram ao paraíso, estava morta de curiosidade pra saber até onde iria me levar quando finalmente ultrapassássemos toda a parte de preliminares.
Tinha a esperança de atingir o tal nirvana quando finalmente déssemos um fim a aquela tortura.
— Confio em você. — Peguei sua mão, beijando seu S tatuado em minha homenagem próximo de seu polegar.
era louco. Sempre fui ensinada a desconfiar dos sentimentos dos homens, dizem por aí que eles fingem gostar de você só pra te levarem pra cama e, depois de conseguir o que querem, vazam e nunca mais dão sinal de vida.
Mas não era bem assim, era uma certeza tão grande na minha vida que nunca senti esse medo com ele, e nem me levar pra cama ele queria, pra começo de conversa. sempre foi o único homem que amei sem ter medo de “nãos”, “talvez” ou até um meio termo, me amou desde o primeiro momento que me conheceu e eu não poderia negar que o mesmo me aconteceu.
Era ele, tinha que ser com ele. Minha mãe tinha tido uma daquelas conversas estranhas comigo uma noite antes de eu embarcar para Nova Iorque, não deixou de tentar me influenciar com a história de se guardar pro casamento. Ela provavelmente já previa que eu surtaria quando me deparasse com um campus de faculdade que exalava sexo e perdição.
Ok, ela não disse perdição, mas sua expressão não precisou de palavras para que eu entendesse.
Porém disse que se eu quisesse fazer algo, tinha que ser com a pessoa certa. Parecia que de alguma forma ela já previa, eu estava embarcando num avião que me levaria aos braços de , diretamente para a cama dele.
Ninguém nesse mundo me tocaria daquele jeito, do jeito que eu me tocaria, com cuidado e uma delicadeza que nem eu mesma tinha às vezes. Seus lábios rosados já depositavam beijos molhados em minha pele recém seca pela toalha que dividíamos na mais pura teimosia.
Não dava pra nós dois, mesmo assim o pano felpudo branco passeou por nossas peles, que se colavam uma na outra à medida em que seus beijos me atiçavam e minhas unhas raspando-se em seu corpo o deixavam duro outra vez. Eu o sentia roçar em minha barriga e meu corpo todo se arrepiava. Os passos em direção a porta foram cada vez mais apressados e tortos, só queríamos chegar à cama, não importava se para aquilo ganharíamos um ou outro roxo por esbarrar nos obstáculos durante o percurso.
Gargalhamos juntos quando caímos sentados no colchão macio, eu em cima de , que abriu as pernas recebendo-me em uma de suas coxas torneadas e deliciosas. Envolvi seu ombro com um dos braços enquanto o outro guiou minha mão trêmula a se aventurar naquele peito maravilhoso, sua boca alcançou a minha, senti sua mão me agarrar um dos seios.
Gemi audivelmente, tendo seu olhar obscuro sobre o rosto. Sempre pensei que na minha primeira vez teria vergonha de gemer, assim como tinha de expor meus sentimentos e de parecer vulnerável.
Jamais imaginei que estaria com , que além de me fazer querer gritar em suas mãos, ainda por cima era o meu diário desde que me entendia por gente. Ele me conhecia a ponto de adivinhar meus pensamentos, eu não tinha motivos para me privar diante dos seus olhos.
— Não acredito que estamos aqui, fazendo isso. — Mordi o lábio quando ele me acariciou a intimidade.
— Parece um sonho louco. — Não pude concordar, afinal não sabia como era sonhar me pegando com alguém, mas senti inveja só de tê-lo comparando com o que estávamos fazendo ali. — Um sonho delicioso. — Levou os dedos que me masturbaram a boca, chupando-os devagar.
Levei meus lábios em direção a linha da mandíbula dele, também masturbando-o ao ver seu pau duro como nunca e tão próximo de meu toque, gemeu rouco ao pé do meu ouvido fazendo-me fechar os olhos e apreciar aquele som sendo encoado tão de pertinho.
— Chega de torturas. — Lhe sussurrei, mordendo o lóbulo de sua orelha furada mas sem brinco. soltou uma risadinha maldosa fazendo meu coração bater mais forte. Eu não aguentava mais esperar. — Por favor…me deite na cama e me foda. Faça o que quiser comigo.
— Porra, acho que criei um mostro. — Gargalhei em seu ouvido antes de ter o corpo sendo lançado pra trás.
Senti o colchão atrás de mim e respirei fundo, sentindo a ansiedade me tomar ao vê-la se levantar diante de mim e se ajoelhar sobre a cama. Arrastei-me até o centro, tendo-o apoiando-se no colchão me seguindo vidrado em meu olhar. Fui ao céu pela quarta…quinta vez (?) só naquele dia quando voltou a chupar o meio de minhas pernas, certificando-se de que eu estaria excitada e lubrificada o bastante para recebê-lo quando ele finalmente me penetrasse.
Mais uma vez tive certeza de que fiz a escolha certa. Quem mais iria priorizar meu prazer, minhas vontades e se preocupar com meus medos e dores daquela forma? Ninguém além dele.
Quando ele se levantou para ir até a cômoda e buscar a camisinha…
— ? — Ele me olhou ainda de pé, tão confuso quanto eu quando a porta se chacoalhou com as batidas.
Ok, aquilo não era um pesadelo, embora se parecesse muito com um. Estávamos nos pegando há dias, era bem minha cara sonhar que algo nos atrapalhou justo na hora H. Atrás da porta poderia ser minha mãe, só pra deixar tudo mais bizarro.
— , encontrei os meninos no corredor, eles já me disseram que está aí. — Infelizmente estávamos na realidade.
Mas ainda era uma voz feminina, arquei as sobrancelhas em sua direção. fez um gesto ridículo como se não fizesse ideia de quem poderia ser. A garota sabia o nome dele, sabia onde seu dormitório ficava e conhecia seus amigos. Meu sangue ferveu com sua atitude, apesar de já conhecê-lo e prever que ele talvez devia agir assim com as garotas com quem saia.
Que hipócrita eu era, só quando aconteceu comigo que fui reparar no quão horrível ele era quando agia feito o galinha que era conhecido por ser.
— ! — Continuou a berrar. Franzi o cenho. Espera aí, eu conhecia aquela voz anasalada. — Se estiver com outra aí eu juro que…
— É sua ex? — Sussurrei já sentindo a adrenalina percorrendo meu corpo, levantando-me da cama às pressas.
Porque não tinha feito aquilo ainda? Porque achei que era uma de suas ficantes, não Jenna Hemmings, que foi sua última namorada cujo término era tão recente que me lembrava de ter ouvido comentar da briga que tiveram no Natal. Bom, pelo menos foi o que ele me disse, Jenna não parecia estar falando com o ex ela. Parecia que eles ainda tinham algo, que ele ainda lhe devia alguma satisfação.
— O que está fazendo? — Correu até mim, quase impedindo-me de ir até minhas roupas jogadas no chão. — Eu não vou abrir a porta, você mesma disse, ex! Não devo explicações pra ela.
Meus olhos alternaram entre suas mãos segurando meus pulsos e fazendo-me parar de querer juntar minhas coisas e a porta, mantive meu uniforme em mãos, não sabendo muito bem em que acreditar.
— Amoor? — Senti vontade de socar sua cara ali.
— Esse é o apelido que sua ex te deu? — Sorri sarcástica e me desvencilhei dele, pegando o resto de minhas roupas. — Um momentinho, Jenna, ele já está indo!
As batidas cessaram por um segundo, para logo depois dispararem agressivamente. Se é que tinha como ficar pior, já que ela quase derrubava a porta. tentou tampar minha boca e levou uma mordida muito bem dada.
— Eu vou abrir a porta, sugiro que se vista. — Minha voz já embargada enquanto eu engolia a seco o choro que me subia, vesti meu top e a camiseta do avesso, dei poucos e rápidos passos até a porta e fiz o que tinha prometido.
— O que… — Seu olhar raivoso se tornou confuso, desacreditado na verdade.
Ainda com as mãos fechadas em punho no ar, Jenna alternou os olhos azuis em mim: descabelada e prestes a explodir em choro, vestida às pressas e ofegante com o coração quase saindo pela boca. E por fim em : Nu e pálido, exatamente como veio a este mundo.
Espera, duvido muito que ele tenha vindo ao mundo assustado daquele jeito.
Talvez devia estar com medo da reação dela, talvez eles nem tenham terminado mesmo! não tinha me dito o motivo do término, disse que não queria falar sobre e eu respeitei e não toquei no assunto desde que cheguei. Como eu fui burra! As meninas estavam receosas quando eu disse que estávamos ficando, talvez soubessem de algo que eu não sabia e tentaram me proteger.
Meu Deus, ainda bem que ninguém nos viu juntos! O que iriam pensar de mim? Ficando com um cara comprometido! Um filho da puta comprometido que eu achei que conhecia desde criança! Eu iria matar o !
Ou talvez eu mesma tinha me metido nessa história quando praticamente o implorei para que ele tirasse minha virgindade.
Meu Deus.
Eu era mesmo uma vadia frígida?!
— Ela? — Sua voz esganiçada soou em meus ouvidos fazendo-me voltar à realidade. Eu sinceramente preferia que tudo aquilo fosse um sonho estranho e que na verdade fosse minha mãe na porta. — Sua irmãzinha, a amiguinha esquisita de infância que você tanto me falava! — Seus olhos quase saiam pra fora de tanto que ela os arregalava numa expressão quase que psicótica.
Ok. Aquela insinuação de incesto foi nojenta.
O esquisita eu resolvi ignorar, sabia desde que conversamos brevemente por videochamada que Jenna era o tipo de garota que pensava aquilo de mim, logo ela nunca precisou dizer nada. Aliás, sempre teve mania de se interessar com garotas com síndrome de Regina George. Inclusive, na época em que o filme saiu ele começou a ter um crush bizarro na Rachel McAdams.
— Eu viro as costas por dois meses e você começa a transar com ela? Foi por isso que me largou no Natal, pra ir naquele fim de mundo atrás dela?
Pior que tinha ido mesmo atrás de mim, cumpriu nossa tradição de passar os Natais juntos. Mas ela não entenderia, então me poupei de tentar explicar. Relevei também o modo como ela se referiu a nossa cidade natal. Estadunidenses tinham mesmo um péssimo hábito de se acharem os reis do mundo e não aprendiam geografia básica apenas para não serem convencidos de que o resto do mundo também importava e existia.
Inclusive, eu tinha uma teoria de que a maioria deles achava que o planeta Terra girava em torno deles e não do sol. Era apenas uma piadinha, porém eu tinha medo de pesquisar a fundo e realmente achar alguém que acreditaria naquilo, o que esperar de terraplanistas e antivacinas, não é mesmo?
— Você terminou, Jenna! Não se faça de louca! — A loira negou veemente, pegando fôlego para respondê-lo. — Disse que iria se mudar, mudar de universidade, não esperava que eu iria ficar que nem idiota te esperando resolver voltar!
Parei para analisar a cena bizarra na qual eu estava inserida e chacoalhei a cabeça, decidindo parar de presenciar aquela discussão da qual eu nem deveria estar sendo citada. A culpa era toda minha, eu inventei aquela história de transar com , eu fui burra o bastante para cair na lábia dele depois de anos e anos vendo seu modus operandi com outras garotas que eu até julgava burras por caírem na dele tão facilmente.
Sempre disse com todas as letras e com a maior certeza do mundo que conhecia como ninguém, porém eu só conhecia uma parte dele. Estava conhecendo um lado que, repito, sempre ignorei porque nunca tinha me atingido.
E estava descobrindo o quanto doía. Nunca pensei que seria o responsável pelo meu primeiro coração partido.
Fui teimosa e cruzei a linha da nossa amizade mesmo com várias bandeiras vermelhas se levantando diante de mim e me avisando que eu iria quebrar a cara, e naquele momento, quando olhava para ele sentia que o odiava. Não sabia como aquele sentimento poderia se manifestar dentro de mim em relação a , nunca pensei que algum dia ele me despertaria aquilo. A única coisa que sabia era que não queria mais estar ali, olhando para o seu rosto.
E nem para o…resto ainda descoberto.
— ! — Corri pelo corredor, que já tinha algumas portas abertas e cabeças com olhares curiosos para fora, provavelmente ouvindo o barraco que Jenna armou.
Queria desaparecer de vergonha.
— , espera, por favor! — me alcançou depois do último degrau, tentei me desvencilhar de suas mãos, porém fui empurrada contra a parede, me debati enquanto grunhia de raiva. Descobri que também não suportava ouvir a sua voz. — Você precisa me ouvir, eu juro que não é o que está pensando.
— Me solta! Me deixe longe das suas mentiras e confusões, eu confiei em você, , de olhos fechados como uma estúpida! — O empurrei pra longe, tendo-o me olhando com os olhos marejados, solucei em puro desespero, tentando engolir o choro e as palavras que pinicavam minha língua para sair de minha boca.
Eu sabia que o machucaria, o amava e não queria fazer aquilo, ao menos não intencionalmente, mesmo que ele não tivesse tido o mesmo cuidado e consideração comigo. Mas ao mesmo tempo, meu corpo todo pedia para que eu o fizesse, lhe desse uma amostra do que ele estava me fazendo sentir. Meu sangue ferveu quando abri meus lábios trêmulos e deixei que aquelas palavras saíssem de minha boca carregadas num ódio que me acelerava o coração.
— As meninas me avisaram, todo mundo me avisou que você era uma péssima escolha, que eu não deveria confiar em você, que você quebraria meu coração. — Sua testa se franziu, naquele instante paralisou diante de mim, de mãos atadas apenas me ouviu despejar tudo em cima dele. — E elas estavam certas!
— Você não pode estar falando sério, , não me diga que acreditou nelas, por favor… — Sua voz soava grave e os olhos verdes transbordaram, derramando lágrimas em seu rosto.
Queria desviar meu olhar daquela cena que eu mesma provoquei, apesar de me doer vê-lo daquela forma, eu sabia que merecia aquilo. Se ele não tinha responsabilidade com quem se relacionava, talvez a partir daquele dia passaria a ter. Assim como eu estava aprendendo depois de já ter idade o suficiente para saber que não existiam contos de fadas, aprenderia sentindo dor.
— Eu estou vendo, com meus próprios olhos. — Neguei com a cabeça, vendo-o embaçado por conta do choro que não se cessava. — Você é um galinha, que engana, que mente para as pessoas e eu só consegui enxergar agora!
— Você não, , por favor, acredite em mim, você me conhece, não fale assim de mim, você sabe que isso não é verdade. — O encarei ressabiada, impassível, não sabia mais até que ponto aquilo era uma inverdade.
Não sabia mais se deveria ouvi-lo, além de me machucar assisti-lo nu, diante de mim, chorando feito um garotinho, ainda conseguia sentir todo o amor que cultivamos por anos, praticamente me implorar para reconsiderar. Estava me esforçando para ignorar minha vontade de ir até ele e abraçá-lo.
— Aê, ! Se humilhando pra mulher! — Ambos olhamos em direção ao grito e nos deparamos com um dos idiotas que jogou futebol conosco naquele dia, ele ria já vermelho e tinha o celular nas mãos. Ao lado dele, algumas outras cabeças, consegui ver até mesmo Mark, que nos observava com uma expressão de tristeza mas nem um pouco surpreso.
Acho que aquela era uma tragédia anunciada.
— Eu já não sei mais se te conheço. — Sai em disparada, deixando-o para trás, sozinho e passando aquela situação vexatória, além do plus que era ter sua ex raivosa lhe esperando em seu dormitório para berrar em seus ouvidos.
só estava colhendo o que plantou, pegando suas penitências em vida ou qualquer outro clichê que pudesse exemplificar o ato de enfrentar as consequências de seus atos.
Fora que era um perigo só! Se eu já queria me jogar em cima dele vendo-o vestindo aquele uniforme de futebol, imagine quando o visse nu!
— Mas é só se você quiser, é claro. — Beijou o canto da minha boca e se afastou minimamente, vendo minha reação.
Filho da puta.
Estreitei os olhos ao vê-lo se fazer de sonso. Era óbvio que eu iria querer! Ele jogou verde apenas para dar a ideia de me instigar a considerar tudo aquilo, depois que me deixou em estado febril com a menção do que faríamos naquele chuveiro, veio com aquela conversa.
— O que me diz? — Sussurrou em meu ouvido, distribuindo beijos na lateral do meu rosto. Tive vontade de negar, só para ver sua reação.
Porém assenti, já imaginando que não teria graça nenhuma fazer tal brincadeira, já que devia estar praticamente escrito na minha testa a palavra “sim” em letras garrafais e piscantes.
Nem acreditei quando ela confirmou com a cabeça, não lhe dei tempo de mudar de ideia, já a puxei pela mão na direção do meu dormitório, sentindo o coração palpitar ansioso.
Parecia que eu nunca tinha feito aquilo na vida, aquela sensação de estar fazendo algo inédito era o que deixava tudo ainda mais gostoso. Saber que estava lhe proporcionando o mesmo apenas me deixava ainda mais excitado, pra mim não tinha nada mais delicioso que olhar nos olhos da pessoa com quem estamos e vê-los na mesma sintonia.
Eu sentia aquilo em relação a , não tinha dúvidas de seu desejo e sobre seus sentimentos. Em pensar que relutei tanto em fazer tudo aquilo pelo fato de ela ser minha melhor amiga, poderia estar soando precipitado ao ter tantas certezas em relação a nós dois, mas o fato de eu conhecê-la melhor do que ninguém nesse mundo apenas melhorou as coisas.
Sabia quando ela estava incomodada com algo, quando estava feliz, arriscava até que podia prever seus próximos passos baseado nos anos de convivência.
A tinha sentido receosa algumas vezes, assim como eu, estava se envolvendo demais para quem apenas me pediu um simples favor, e naquele momento em que eu a levava para o meu quarto podia ter certeza que não tínhamos mais aquele peso nas costas, não precisávamos mais esconder o que sentíamos. Estávamos felizes, e imaginava que iríamos continuar juntos mesmo depois que lhe tirasse a virgindade.
Eu nunca fui alguém muito fã de compromissos, agradecia aos cavaleiros do zodíaco quando toda a baboseira de astrologia virou moda entre as mulheres, aparentemente eu havia nascido num mês que justificava o fato de eu ser desapegado e gostar de ser livre. Adorava quando me perguntavam meu signo, depois que eu dizia ser aquariano, as garotas com quem saía já imaginavam o que viria pela frente e poupavam muitos joguinhos e firulas desnecessárias.
Mas com era diferente. Sabia o quão clichê tudo aquilo poderia soar, mas era a mais pura verdade! me fazia sentir livre, mesmo estando “preso” a ela por uma corda invisível que nos uniu desde o nosso nascimento. Sentia liberdade para ser quem eu era ao lado dela, não tinha medo de mostrar defeitos porque ela já os conhecia de cor e me amava apesar de todos eles. Não precisava lhe contar do passado por já tê-lo vivo praticamente inteiro ao lado dela.
Meu único medo era magoá-la. Aquilo era inédito pra mim também, tudo bem, eu tentava sempre tomar cuidado com o modo como tratava outras mulheres que passaram pela minha vida, mas com era um outro nível de preocupação.
Ela era a segunda mulher mais importante da minha vida, aquela que eu mais me empenhei em proteger dos outros caras. Mas aquela era minha questão, se eu seria o cara com quem ela se relacionaria, quem iria protegê-la de mim então?
Destranquei a porta recebendo um aceno de aprovação engraçado, lhe dei espaço pra entrar, pegando-a pela cintura assim que fechei de novo, mais uma vez girando a chave na fechadura.
Beijar sua boca levou embora toda a minha linha de pensamentos que construí no nosso trajeto até ali. De repente não havia mais medo, nem mesmo certezas concretas sobre um possível relacionamento.
A única certeza que eu tinha ali, tocando sua língua com a minha, era que queria estar daquele jeito com ela pelas próximas horas, dias e meses que viriam.
— Você trancou a porta só porque sabia que eu iria vir, né? — Desgrudou a boca da minha, rindo contra meu rosto.
— Eu sou tão previsível assim? — Lhe apertei a cintura.
— Acho que sou mais que você. — Encolheu os ombros, rindo envergonhada.
Mordi meu lábio acariciando seu rosto e vendo suas bochechas rubras. Pior que ela era mesmo.
Apesar de não ter planejado aquele convite, quando o fiz já sabia que não resistiria. Depois de tudo o que fizemos juntos, qualquer menção de fazer de novo, deixar mais explícito ao ponto de tirar a roupa, era imperdível demais para negar.
— O que não seria previsível entre nós depois de tantos anos? Hum? — Peguei seu queixo, lhe dando alguns selinhos.
— Deixe-me ver…eu ser melhor que você jogando bola? — Arqueou a sobrancelha, fazendo-me rir ao negar com a cabeça.
Apesar da provocação ao discordar de sua fala, não estava errada ao dizer aquilo. Eu era bom, não era atoa que tinha sido escolhido para ser capitão do time, meu pai me incentivou desde pequeno por ver que eu tinha talento. Mas , ela era perfeita, lembro-me de falar dela para os caras do time antes mesmo de ela sonhar em entrar pra Columbia.
era uma puta inspiração, mesmo contra a vontade da mãe, que era preconceituosa e temia que a filha fosse vista como masculina por jogar bola, ela tinha se dedicado muito e se tornado aquela jogadora foda que era.
— Não seja tão convencida, amorzinho. — Sua reação foi engraçada, porém não se mostrou surpresa com minha indireta.
Ela devia saber que eu comentaria as coisas que aconteceram enquanto estávamos fingindo ser apenas amigos. Como por exemplo o seus shorts azul que tinha sido um pedido meu, adorei que ela acatou, vê-la andando em nossa direção com as coxas a mostra e observá-lo subir um pouco a cada vez que ela se movimentava me deixava de pau duro só de lembrar.
— Já disse que não te chamei de amor. — discordei dela, vendo seu rosto irritadiço. E qual o problema se tivesse chamado?
— Me chame de amor novamente? — Eu tinha adorado. Beijei seu queixo, fingiu indiferença. — Não vai chamar? — Afastei-me indignado.
— Não sei do que está falando. — Fingiu-se de desentendida.
— Me aguarde, . — Lhe soltei, abaixando-me para desamarrar minhas chuteiras.
fez o mesmo, com um sorriso travesso nos lábios recém molhados pela própria língua.
Ela iria me chamar de amor novamente, aliás, iria me chamar do que eu quisesse quando chegasse a hora de ela pagar a língua. Iria deixá-la tão alucinada, que ela faria tudo o que eu quisesse apenas para poder continuar gozando.
Arranquei minha camiseta, já vendo-a descalça e parada diante de mim. Seus olhos espiaram meu peito e abdômen rapidamente antes de voltarem aos meus, causando-lhe uma risada baixa envergonhada por ser pega me secando.
Ela podia olhar a vontade contanto que não se contentasse apenas naquilo e desejasse tocar e fazer tudo o que quisesse fazer comigo. E, claro, me deixar livre para correspondê-la na mesma intensidade.
Encarei seu peito subir e descer em ansiedade e me vi cada vez mais louco para despir seu tronco, finalmente veria seus seios, não que apenas tocá-los noite passada não tivesse sido maravilhoso, mas eu queria ter a experiência completa.
A agarrei pela cintura sedento, sentindo-a reagir na mesma intensidade apenas confirmando meu ponto sobre tudo ser bem melhor quando os dois estavam na mesma sintonia. Fomos esbarrando mas coisas até o banheiro, onde entramos e fechei a porta voltando a beijá-la.
Não perdi mais tempo, aproveitei que tínhamos nos desgrudando e enrosquei meus dedos na barra de sua camisa, puxando-a para cima com rapidez, apenas lhe dando tempo de auxiliar ao levantar ambos os braços, que foram envoltos de meu pescoço novamente. Senti sua barriga contra minha quando iniciou outro beijo molhado.
Ainda não era o suficiente.
Encarei quase que vidrado seu top preto e decidi agilizar ainda mais o processo, desci meu shorts junto com a cueca que usava, ficando completamente nu primeiro. Meu pau pulou para fora, já escorrendo e completamente duro.
— Ainda está muito vestida, . — Murmurei distraindo-a de sua contemplação. — Tire a roupa pra mim, tira?
se livrou do seu famoso shorts azul, famoso porque já tinha sido assunto no vestiário masculino na nossa época da escola, lembro-me da briga que arrumei ao ver aquele bando de marmanjo nojentos falarem da bunda dela. Hoje eu teria que concordar com cada um deles, ela ficava irresistível vestida nele.
Suas mãos foram até a base do top, puxando-o pra cima e revelando seus seios medianos, me pareceram tão apetitosos que não hesitei em me aproximar o mais breve possível para tê-los em minha boca. Suguei seu mamilo enquanto minha outra mão se encarregava do outro exposto, rijo por conta do tesão que sentia. Sua respiração estava cada vez mais urgente e ela soltava gemidos e murmúrios de pura satisfação ao me ter contornando sua auréola com a língua.
— Eles são tão lindos. — Ainda brincando com ambos, levantei a cabeça para lhe roubar um beijo. me beijava devagar, praticamente sem ar, ela já não conseguia controlar o próprio corpo. Sorri safado ao vê-la incendiar diante de mim. — Como eu posso ter vivido a vida toda ao lado de uma mulher como você e nunca ter te olhado como deveria? — Deslizei minha mão pousada em sua cintura para baixo até chegar na barra de sua calcinha em seu quadril.
Contemplei seu corpo suado, parado diante de mim, a mercê dos meus toques e beijos, senti meu pau latejar, louco para estar dentro dela, que a cada segundo que se passava parecia ficar ainda mais gostosa. Seus olhos estampavam uma luxúria tão grande que nem precisava tocar sua intimidade para saber o quão molhada estava, seu corpo todo praticamente gritava meu nome, desde os poros em seu rosto até os pelos eriçados.
E eu responderia seu chamado com o maior prazer.
— Eu também nunca reparei em você desse jeito. — O olhar dela desceu pelo meu tronco e parou em meu membro, ela não parava de olhar para ele, desejosa, chegava a suspirar com os olhos vidrados. — E-E agora, quando te vejo, até quando não… — riu Pensar que um outro ser humano pode ser capaz de te fazer experimentar um pedaço do paraíso e atingir o mais alto nirvana poderia parecer algo de outro mundo mesmo. Era compreensível até.
— E-Eu só consigo imaginar suas mãos correndo pelo meu corpo, sua boca em lugares inimagináveis. — Sorri junto dela, encostando nossas testas. — E ainda por cima, você é tão gostoso. — Mordeu o lábio finalmente sucumbindo o desejo de pegar meu membro na mão.
Sentir tanto tesão por alguém ao ponto do coração bater forte e os olhos se revirarem só imaginar o que tal corpo poderia fazer na cama, nos dar tanto prazer ao ponto de fazer as pernas ficarem bambas…eu entendia, só não achava ridículo como ela provavelmente estava pensando, aquela era a primeira vez de muitas em que ela se sentiria daquela forma.
Gemi sôfrego contra seu rosto, inclinando-me para selar nossos lábios. Tive uma ideia maravilhosa, mas que ao mesmo tempo se assemelhava a uma seção de tortura, para mim principalmente.
— Sinta-o. — Me aproximei colando nossos corpos, pegando-a pelo quadril e encaixando meu pau entre seus grandes lábios ainda cobertos pela calcinha preta e úmida. — Experimente o que te espera. — Sussurrei já com o rosto contorcendo-se numa agonia mágica. Movimentei meu quadril em direção ao dela, vendo a cabeça rosada se estragar contra o tecido, subindo e descendo vagarosamente.
— Oh, merda. — Ofegou revirando os olhos de mel, seguida de um gemido que escapou pelos seus lábios, mordidos fortemente para se aguentar calados.
Não a queria calada, seus gemidos eram o combustível para o meu tesão, e eu não descansaria até que entrássemos em combustão juntos naquele banheiro insuportavelmente quente.
Continuei meus movimentos, como se estivesse metendo devagarinho, gemendo junto dela. Minha cabeça projetava cenas pecaminosas, imaginava como seria se eu colocasse aquela calcinha de lado e finalmente a penetrasse. Eu sabia que não poderia, mas queria mais. Para aumentar ainda mais o contato, agarrei uma de suas coxas, levando-a até meu quadril. Quando vi ela já estava encostada na parede, sendo prensada ali por mim.
— Isso é tão bom… — Seu rosto se contorcia em pura safadeza, beijei sua testa ao vê-la avançar contra mim, rebolando contra meu corpo, completando minhas fantasias ao imagina-la ali me recebendo dentro de si e rebolando em meu pau sem droga de calcinha nenhuma para atrapalhar.
— Se você soubesse o quanto eu quero te foder agora, me daria por pena. — Sussurrei em seu ouvido pequeno, assistindo seus ombros se encolherem e denunciarem seus arrepios.
— Então faça. — Afastei o rosto com o pedido repleto de urgência em sua voz. — Me fode, . — Ofegou deixando-me sem fala. — Tira minha calcinha e…
— Não posso, não agora. — Fechei os olhos com a mesma força que fazia para raciocinar diante daquilo.
Eu a queria tanto, mas ela não estava pronta, e nem meu banheiro seria o local mais adequado para lhe tirar a virgindade. merecia um quarto decente, uma cama debaixo do corpo, lençóis macios para apertar, morder e ajudá-la a lidar com a dor que sentiria.
Nossa pressa não poderia estragar tudo para ela.
Me abaixei diante de seu corpo nu, pegando ambas as laterais de sua calcinha e puxando-as para baixo, antes de pensar por seus joelhos deixei um beijo molhado abaixo de seu umbigo, fazendo-a ofegar e se apoiar em meus ombros pra se manter de pé.
— Vamos tomar nosso banho. — Lhe sorri, roubando um selinho de seus lábios cerrados ao pegá-la desprevenida.
Liguei o chuveiro deixando-a debaixo da água que desceu, observei quase que em câmera lenta o trajeto das primeiras gotas percorrendo seu corpo, molhando seus cabelos e rosto junto. Ela parecia um anjo, tão delicada, respirando devagar enquanto a água lhe envolvia por completo. Suspirei ao vê-la puxar o amarrador dos fios lisos, soltando-os e os deixando cobrir as costas e ombros.
— Você não vem? — Indagou de cenho franzido, com um dos olhos fechados por conta das gotas caindo sobre ele. Assenti me aproximando, já respirando fundo, me preparando para mais uma prova de autocontrole que eu mesmo me enfiei.
A envolvi pela cintura, abraçando-a por trás e segurando-a pelos quadris. riu ao se arrepiar quando sentiu meu pau roçando em sua bunda pequena. Ela pareceu se acostumar com a sensação, ou pelo visto, gostar, já que projetou-se para trás, sendo amparada pelo meu peito. Beijei sua testa quando sua cabeça encostou-se em meu ombro.
alcançou o frasco de sabonete, despejando o líquido branco em sua outra mão, ensaboando-se devagar e fazendo espuma ao movimentar ambas as mãos contra o próprio tronco. A ajudei massageando seus seios, ouvindo-a gemer baixinho sendo camuflada pelo barulho da água caindo no chão abaixo de nossos pés descalços. Subi uma das mãos até sua clavícula e pescoço, fechando-a envolta dele para forçar seu rosto em minha direção e roubar-lhe um beijo molhado. Lhe mordi o lábio com força, fazendo-a suspirar e jogar a bunda contra meu pau em pura provocação.
Ela adorava me provocar, como tinha acabado de fazer ao pedir com aquela voz manhosa que eu a fodesse, sendo que se pudesse, já o teria feito, era o meu desejo mais profundo, invadi-la com força, rápido, indo fundo sem piedade alguma enquanto a ouvia me implorar para não parar.
Ainda tinha que me lembrar de que não era experiente, portanto ficaria assustada de início caso eu fizesse tudo o que eu queria fazer com ela de uma vez só. Tinha que me controlar ao máximo, mesmo com ela dificultando meu trabalho.
— Estou começando a me arrepender de ter feito esse convite. — riu, com aquela bunda deliciosa ainda em movimento.
Gemi contra sua orelha, adorando a sensação de tê-la nos braços daquela forma, seus olhos fechados e o modo como deslizava sua pele molhada contra a minha apenas demonstrava o quão envolvida ela estava naquela atmosfera.
— A culpa é toda sua mesmo. — Virou-se, pegando meu queixo com seus dedos delicados, trazendo meu rosto pra perto do seu, fazendo-me curvar meu pescoço para atacar seus lábios com vontade, deixando minha língua explorar sua boca por completo.
O vapor da água quente subia e embaçava o vidro do box, deixando o ar cada vez mais abafado e suas bochechas rosadas junto de sua pele, de onde minhas mãos simplesmente não conseguiam desgrudar.
Eu queria lhe tocar em todos os lugares possíveis, dizer com propriedade que conhecia não apenas sua personalidade magnífica, mas que também seria capaz de mapear todo seu corpo. Desde as pintas, marcas de nascença, cicatrizes e curvas, queria poder dizer com toda a certeza do mundo que saberia exatamente onde tocá-la para fazê-la ficar louca, molhada de tesão.
Sorri ao me afastar e vê-la me abraçar pela cintura, colando o quadril ao meu, exatamente como eu tinha ensinado a fazer. Se naquele dia já tinha sido delicioso esfregar-me contra sua buceta quando estávamos vestidos, fazer aquilo nus nos levou ao céu no mesmo instante em que começamos. Se minutos antes com de calcinha já era perigoso, naquele momento então, eu apenas contava com meu autocontrole.
já não tinha mais o dela, tanto que estava mais uma vez tentando me fazer ceder ao tentar voltar a colocar a coxa em meu quadril. Apesar de estar morto de vontade de ajudá-la com aquilo e pegá-la no colo para penetra-la de uma vez, apenas afastei seu joelho, sentindo-a ofegar em frustração contra minha boca.
Pensei em como aquela experiência não devia estar se tornando, de alguma forma, estressante para . Imaginei, ela nunca tinha feito nada daquilo antes de começar a experimentar comigo, e eu ao invés de ajudá-la a descobrir as sensações a torturava daquela forma? Se já estava sendo doloroso para mim apenas me contatar em senti-la superficialmente, imaginei para ela, que estava descobrindo como era a sensação de transar, só que nunca conseguir chegar até o fim?
Eu tinha lhe prometido prazer, e enquanto não poderíamos simplesmente chegar até o ponto alto da nossa luxúria, eu lhe daria o que prometi de outra forma, que não deixaria de ser tão deliciosa quanto a que nós dois desejávamos fazer logo.
Levei minha mão até sua intimidade, que pulsou em meus dedos assim que lhe toquei com delicadeza, me olhou desejosa, segurando meu braço ao respirar fundo por estar finalmente sendo estimulada mais afundo. Ela estava praticamente implorando por aquilo. Beijei sua testa, movendo meu dedo contra seu clitóris inchado, vendo sua barriga subir e descer com rapidez.
— Eu vou te ajudar com isso. — Murmurei ao ouvi-la gemer contra meu ouvido enquanto apertava meu bíceps com seus dedos largos.
Alcancei o registro, cessando a água que saia quente do chuveiro, beijei sua boca, deslizando minhas mãos por seus quadris e subindo ambas até chegar nos seios medianos. Enterrei meu rosto na curva de seu pescoço fino, fazendo uma trilha de beijos e chupões até sua clavícula proeminente, daqui desci com a língua por sua pele molhada até chegar em um dos seios, que abocanhei arrancando dela mais um de seus murmúrios sôfregos.
Brinquei com seus mamilos rijos, sentindo sua respiração cada vez mais afetada, já tinha as costas grudadas na parede fria atrás de si, tamanha era seu tesão e sua ansiedade para o que viria a seguir. Levantei o rosto para espiar sua reação quando ela me viu beijar sua barriga ao me ajoelhar diante de seu corpo nu. Seu suspiro acompanhado do sorriso aberto denunciaram o quão ansiosa ficou só de imaginar o que eu faria naquela posição.
— Está pronta? — Acariciei o interior de sua coxa, tendo-a mordendo o próprio lábio para reprimir o gemido.
— Eu sempre vou estar pronta pra você. — Ofeguei ao ouvir sua voz entrecortada me dizer aquilo.
Neguei com a cabeça desacreditado, como eu podia ser tão sortudo ao descobrir que tudo o que eu poderia desejar estava sempre comigo? era minha certeza na vida, a única que me trazia a segurança absoluta de que eu poderia amar alguém sem esperar nada em troca, sem ser julgado por ser quem eu era, minha , a mulher mais incrível que já conheci era, não só minha melhor amiga, mas também era a mulher que me matava de prazer com um simples toque ou apenas ao abrir a boca.
Pincelei seu clitóris com a língua devagar, tendo-a soluçando diante de mim, tinha a boca entreaberta enquanto respirava com dificuldades, gemeu gostoso quando finalmente afastei seus grandes lábios e chupei sua boceta. A assisti engolir a seco e encostar a cabeça na parede, imersa em puro êxtase. Suas pernas vacilaram, a segurei pelos quadris até que ela se segurasse no registro do chuveiro, firmando bem os pés no piso molhado.
Sentir seu gosto direito da fonte era uma sensação indescritível, logo passou a agarrar meus cabelos enquanto rebolava contra minha língua. Os sons que saiam de sua boca, porra, eu nunca me senti tão excitado em toda minha vida.
Peguei uma de suas coxas e passei por cima de meu ombro, abrindo-a ainda mais pra mim. Foi difícil segurá-la em pé enquanto gozava incessantemente, sentindo os espasmos lhe atingir o corpo completamente arrepiado e molhado. A chupei por completo, não desperdiçando uma gota sequer enquanto ela passou a apenas acariciar meus cabelos bagunçados, tentando normalizar sua respiração que ainda estava acelerada quando me levantei e puxei seu corpo trêmulo pra perto do meu.
— Eu te amo tanto, tanto. — Envolveu meu pescoço com seus braços finos. Tomei sua boca num beijo lento, que logo se tornou urgente quando sua mão desceu pelo meu tronco onde de encontro ao meu pau.
Arfei em seu ouvido apertando seu quadril com força, sentindo sua mão subir e descer por toda a extensão do meu membro, fazendo-me voltar a pensar em como seria bom se pudéssemos fazer alguma coisa por ali. De alguma forma, eu também me senti frustrado por ter que me segurar tanto.
Cobri sua mão com a minha, aumentando a velocidade ao sentir o prazer se intensificar.
— Ele é tão lindo, grande… — A morena sussurrou, olhando nossas mãos juntas me masturbando, mordi seu lábio inferior ao notar o quão vidrada ela ficava quando o via em sua frente.
— Quer colocá-lo na boca? — Seu olhar se voltou para meus olhos, projetei o quadril pra frente, não aguentando mais segurar. — Chupa-lo do mesmo jeito que fiz contigo agora a pouco. — assentou de imediato.
— Se for pra te dar prazer, eu faço. — Beijei sua boca. — Faço qualquer coisa…
— De joelhos. — Rocei o nariz no dela, que após acenar com a cabeça, fez o que lhe pedi, abaixando-se diante de meu pau ereto e dorido de tanto tesão acumulado.
Ainda masturbando-me, peguei seu rosto com a outra mão, acariciando sua bochecha rosada antes de avançar com o pau em sua direção, encostando devagarzinho a cabecinha em seus lábios entreabertos. abriu a boca, recebendo-o aos poucos, tomei cuidado para não engasgá-la, fui fazendo um vai e vem dentro de sua boca quente, deixando-a se acostumar a ter a boca cheia. Logo estava me chupando sozinha, movendo a cabeça pra frente e para trás, deixando-me completamente louco com a cena que estava presenciando.
— Oh, . — Fechei os olhos ao tê-la se aventurando e apenas deslizando a língua em sua extensão pulsante e repleta de veias. Fui ao paraíso quando a senti chupar apenas a cabecinha, levei as mãos até a extensão, masturbando-me mais rápido, sentindo o ápice chegar avassalador. — Isso, amor, não pare.
Segurava seus cabelos escuros em um tufo em mãos, tendo-a concentrada ao máximo em me matar de prazer, mesmo estando aprendendo ainda, sempre foi uma aluna muito aplicada, chupou tão bem que não consegui durar muito tempo em sua boca.
Tirei de sua boca quando senti o primeiro jato sair, despejando o líquido viscoso e esbranquiçado em seu colo. Gemi sôfrego ainda movendo a mão com rapidez, tendo-a ainda de joelhos aos meus pés, levando mais uma leva, que escorreu pelos seios fazendo-a levar os dedos até eles e pegar uma amostra para levar à boca.
Mais um jato, daquela vez deixei cair próximo do rosto. O líquido escapou pelo canto dos lábios, mas passou a língua devagar, resgatando de volta para enfim saborear meu gosto. Assim que engoliu, voltou a se projetar em direção ao meu pau, chupando-o a fim de ter os resquícios que restaram.
Seus olhos castanhos me encararam assim que sua língua rodeou a cabeça rosada. Um sorrisinho safado cresceu em seus lábios fazendo-me praguejar enquanto ria.
— Cachorra. — Peguei seu queixo marcado pela covinha extremamente atraente que ela tinha.
Deslizei o polegar por seus lábios macios, que tinham acabado de me proporcionar uma experiência ímpar. Eu jamais iria me esquecer da cena que tinha assistido a pouco, da sua língua me envolvendo, dos seus cabelos emaranhados em meus dedos e do modo como seus olhos castanhos brilhavam enquanto ela me matava de prazer.
riu, não se importando com o xingamento, me perguntei se ela gostaria de levar alguns tapas também. Era hilário descobrir suas preferências daquele jeito, na prática. Podemos conhecer alguém há anos, porém talvez nunca saberemos dizer o que a pessoa gosta na cama, pra alguns era algo muito íntimo para dividir com alguém.
Eu sabia que algum dia teria aquela conversa com , assim como tive muitas relacionadas a beijos e sentimentos, porém temia o dia em que a ouviria narrar suas experiências sexuais já que contávamos tudo um para o outro.
Felizmente me livrei de ter que escutar e me privar de tentar imaginar, afinal de contas, ali estava eu, junto dela, fazendo-a experimentar tudo o que ela tinha direito.
— Venha. — Lhe dei a mão, ajudando-a ficar de pé no piso molhado em segurança.
A peguei pela nuca, juntando nossos lábios em alguns selinhos.
— Eu também te amo. — Ela sorriu abertamente com seus olhos lindos brilhando enquanto quase se fechavam.
— Então me leve pra sua cama. — Sussurrou contra minha boca, fazendo-me fechar os olhos em busca de controlar minhas vontades.
Ela sabia o quanto eu a queria, provocar daquele jeito não estava me ajudando nem um pouco.
— Sei que está preocupado com minha primeira vez, eu não quero que seja nada romântico, não quero aquelas pétalas de rosas ridículas sobre um lençol branco na cama. — Soltei um risinho ainda de olhos cerrados, consegui imaginar certinho a reação dela caso algum dia se deparasse com uma palhaçada daquelas. — Só quero que seja com você.
Respirei fundo, tendo passando pela minha cabeça cenas pecaminosas, coisas que talvez assustariam , que não imaginava metade das coisas que eu já tinha feito com outras pessoas. Minha imaginação fértil e repleta em luxúria me levou a pensar em uma série de imagens de nossos corpos se chocando em velocidades sobre-humanas, soluços saindo de seus lábios, suas pernas cedendo e seu corpo não aguentando mais foder repleto em cansaço.
Era naquele nível que eu estava, completamente de quatro por . Abri os olhos encarando seu rosto, que imprimia uma ansiedade visível a quilômetros de distância.
— Por favor, amor. — Sussurrou próxima ao meu ouvido. Mordi o lábio rindo sem humor, em puro desespero, já não aguentando mais.
Era aquilo, eu me renderia, daria o que tanto queria só por ter sido chamado de amor daquele jeito tão manhoso, só por estar vendo o quão nítido era o tesão dela. Seria um prazer enorme ceder a ela daquele modo.
Beijei sua boca deliciosa, pegando-a pelo quadril com força.
— Quando descobriu que sua cara de cachorro que caiu da mudança também serviria para me convencer quando o assunto for sexo? — abriu um sorrisinho esperto, a apertei ainda mais contra mim.
— Desde que você topou tirar minha virgindade. — Neguei com a cabeça desaprovando-a.
Não poderia dizer que me arrependia de ter cedido naquela vez também, não estaria ali, com ela naquele momento caso tivesse deixado meu medo de perdê-la me fazer negar aquele pedido.
Nunca me arrependeria de nada que fiz por em toda a minha vida. Ela sempre seria minha escolha certa, meu porto seguro, meu lar.
— Vamos terminar nosso banho, sim? — Vi seu olhar baixar e segurei seu queixo erguido, observando seu semblante desanimado. — Acha que pode esperar mais um pouquinho? — Selei nossos lábios vendo seu rosto se iluminar.
— O que são alguns minutos comparados a vinte e três anos? — Gargalhei alto, concordando com sua lógica.
Depois daquela decisão tomada, nos mantemos calados. lavou seus cabelos longos com meu shampoo que já havia sido roubado por ela em outras ocasiões, mais uma vez me coloquei como um mero espectador da imagem incrivelmente sexy que era vê-la fechar os olhos e deixar a água cair pelo rosto e corpo, desenhando seus seios pequenos e descerem por suas coxas torneadas, desaguando no ralo próximo de seus pés.
Assim que levei a mão ao registro e o barulho da água caindo cessou, nos entreolhamos em pleno silêncio. engoliu a seco. Tinha chegado a hora.
— Pronta?
Respirei fundo assentindo veemente. Pronta eu estava né, pelo menos naquele instante sim, tínhamos nos preparado nas últimas semanas, eu tinha adorado tudo o que fizemos até então, porque não estaria? Parte do meu medo inicial era justamente não saber o que fazer e me desesperar.
Agora poderia dizer com todas as letras que não via a hora de avançarmos de vez o sinal, de senti-lo deslizar pra dentro de mim e saber qual era a sensação de transar de verdade. As amostras que tinha tido já me levaram ao paraíso, estava morta de curiosidade pra saber até onde iria me levar quando finalmente ultrapassássemos toda a parte de preliminares.
Tinha a esperança de atingir o tal nirvana quando finalmente déssemos um fim a aquela tortura.
— Confio em você. — Peguei sua mão, beijando seu S tatuado em minha homenagem próximo de seu polegar.
era louco. Sempre fui ensinada a desconfiar dos sentimentos dos homens, dizem por aí que eles fingem gostar de você só pra te levarem pra cama e, depois de conseguir o que querem, vazam e nunca mais dão sinal de vida.
Mas não era bem assim, era uma certeza tão grande na minha vida que nunca senti esse medo com ele, e nem me levar pra cama ele queria, pra começo de conversa. sempre foi o único homem que amei sem ter medo de “nãos”, “talvez” ou até um meio termo, me amou desde o primeiro momento que me conheceu e eu não poderia negar que o mesmo me aconteceu.
Era ele, tinha que ser com ele. Minha mãe tinha tido uma daquelas conversas estranhas comigo uma noite antes de eu embarcar para Nova Iorque, não deixou de tentar me influenciar com a história de se guardar pro casamento. Ela provavelmente já previa que eu surtaria quando me deparasse com um campus de faculdade que exalava sexo e perdição.
Ok, ela não disse perdição, mas sua expressão não precisou de palavras para que eu entendesse.
Porém disse que se eu quisesse fazer algo, tinha que ser com a pessoa certa. Parecia que de alguma forma ela já previa, eu estava embarcando num avião que me levaria aos braços de , diretamente para a cama dele.
Ninguém nesse mundo me tocaria daquele jeito, do jeito que eu me tocaria, com cuidado e uma delicadeza que nem eu mesma tinha às vezes. Seus lábios rosados já depositavam beijos molhados em minha pele recém seca pela toalha que dividíamos na mais pura teimosia.
Não dava pra nós dois, mesmo assim o pano felpudo branco passeou por nossas peles, que se colavam uma na outra à medida em que seus beijos me atiçavam e minhas unhas raspando-se em seu corpo o deixavam duro outra vez. Eu o sentia roçar em minha barriga e meu corpo todo se arrepiava. Os passos em direção a porta foram cada vez mais apressados e tortos, só queríamos chegar à cama, não importava se para aquilo ganharíamos um ou outro roxo por esbarrar nos obstáculos durante o percurso.
Gargalhamos juntos quando caímos sentados no colchão macio, eu em cima de , que abriu as pernas recebendo-me em uma de suas coxas torneadas e deliciosas. Envolvi seu ombro com um dos braços enquanto o outro guiou minha mão trêmula a se aventurar naquele peito maravilhoso, sua boca alcançou a minha, senti sua mão me agarrar um dos seios.
Gemi audivelmente, tendo seu olhar obscuro sobre o rosto. Sempre pensei que na minha primeira vez teria vergonha de gemer, assim como tinha de expor meus sentimentos e de parecer vulnerável.
Jamais imaginei que estaria com , que além de me fazer querer gritar em suas mãos, ainda por cima era o meu diário desde que me entendia por gente. Ele me conhecia a ponto de adivinhar meus pensamentos, eu não tinha motivos para me privar diante dos seus olhos.
— Não acredito que estamos aqui, fazendo isso. — Mordi o lábio quando ele me acariciou a intimidade.
— Parece um sonho louco. — Não pude concordar, afinal não sabia como era sonhar me pegando com alguém, mas senti inveja só de tê-lo comparando com o que estávamos fazendo ali. — Um sonho delicioso. — Levou os dedos que me masturbaram a boca, chupando-os devagar.
Levei meus lábios em direção a linha da mandíbula dele, também masturbando-o ao ver seu pau duro como nunca e tão próximo de meu toque, gemeu rouco ao pé do meu ouvido fazendo-me fechar os olhos e apreciar aquele som sendo encoado tão de pertinho.
— Chega de torturas. — Lhe sussurrei, mordendo o lóbulo de sua orelha furada mas sem brinco. soltou uma risadinha maldosa fazendo meu coração bater mais forte. Eu não aguentava mais esperar. — Por favor…me deite na cama e me foda. Faça o que quiser comigo.
— Porra, acho que criei um mostro. — Gargalhei em seu ouvido antes de ter o corpo sendo lançado pra trás.
Senti o colchão atrás de mim e respirei fundo, sentindo a ansiedade me tomar ao vê-la se levantar diante de mim e se ajoelhar sobre a cama. Arrastei-me até o centro, tendo-o apoiando-se no colchão me seguindo vidrado em meu olhar. Fui ao céu pela quarta…quinta vez (?) só naquele dia quando voltou a chupar o meio de minhas pernas, certificando-se de que eu estaria excitada e lubrificada o bastante para recebê-lo quando ele finalmente me penetrasse.
Mais uma vez tive certeza de que fiz a escolha certa. Quem mais iria priorizar meu prazer, minhas vontades e se preocupar com meus medos e dores daquela forma? Ninguém além dele.
Quando ele se levantou para ir até a cômoda e buscar a camisinha…
— ? — Ele me olhou ainda de pé, tão confuso quanto eu quando a porta se chacoalhou com as batidas.
Ok, aquilo não era um pesadelo, embora se parecesse muito com um. Estávamos nos pegando há dias, era bem minha cara sonhar que algo nos atrapalhou justo na hora H. Atrás da porta poderia ser minha mãe, só pra deixar tudo mais bizarro.
— , encontrei os meninos no corredor, eles já me disseram que está aí. — Infelizmente estávamos na realidade.
Mas ainda era uma voz feminina, arquei as sobrancelhas em sua direção. fez um gesto ridículo como se não fizesse ideia de quem poderia ser. A garota sabia o nome dele, sabia onde seu dormitório ficava e conhecia seus amigos. Meu sangue ferveu com sua atitude, apesar de já conhecê-lo e prever que ele talvez devia agir assim com as garotas com quem saia.
Que hipócrita eu era, só quando aconteceu comigo que fui reparar no quão horrível ele era quando agia feito o galinha que era conhecido por ser.
— ! — Continuou a berrar. Franzi o cenho. Espera aí, eu conhecia aquela voz anasalada. — Se estiver com outra aí eu juro que…
— É sua ex? — Sussurrei já sentindo a adrenalina percorrendo meu corpo, levantando-me da cama às pressas.
Porque não tinha feito aquilo ainda? Porque achei que era uma de suas ficantes, não Jenna Hemmings, que foi sua última namorada cujo término era tão recente que me lembrava de ter ouvido comentar da briga que tiveram no Natal. Bom, pelo menos foi o que ele me disse, Jenna não parecia estar falando com o ex ela. Parecia que eles ainda tinham algo, que ele ainda lhe devia alguma satisfação.
— O que está fazendo? — Correu até mim, quase impedindo-me de ir até minhas roupas jogadas no chão. — Eu não vou abrir a porta, você mesma disse, ex! Não devo explicações pra ela.
Meus olhos alternaram entre suas mãos segurando meus pulsos e fazendo-me parar de querer juntar minhas coisas e a porta, mantive meu uniforme em mãos, não sabendo muito bem em que acreditar.
— Amoor? — Senti vontade de socar sua cara ali.
— Esse é o apelido que sua ex te deu? — Sorri sarcástica e me desvencilhei dele, pegando o resto de minhas roupas. — Um momentinho, Jenna, ele já está indo!
As batidas cessaram por um segundo, para logo depois dispararem agressivamente. Se é que tinha como ficar pior, já que ela quase derrubava a porta. tentou tampar minha boca e levou uma mordida muito bem dada.
— Eu vou abrir a porta, sugiro que se vista. — Minha voz já embargada enquanto eu engolia a seco o choro que me subia, vesti meu top e a camiseta do avesso, dei poucos e rápidos passos até a porta e fiz o que tinha prometido.
— O que… — Seu olhar raivoso se tornou confuso, desacreditado na verdade.
Ainda com as mãos fechadas em punho no ar, Jenna alternou os olhos azuis em mim: descabelada e prestes a explodir em choro, vestida às pressas e ofegante com o coração quase saindo pela boca. E por fim em : Nu e pálido, exatamente como veio a este mundo.
Espera, duvido muito que ele tenha vindo ao mundo assustado daquele jeito.
Talvez devia estar com medo da reação dela, talvez eles nem tenham terminado mesmo! não tinha me dito o motivo do término, disse que não queria falar sobre e eu respeitei e não toquei no assunto desde que cheguei. Como eu fui burra! As meninas estavam receosas quando eu disse que estávamos ficando, talvez soubessem de algo que eu não sabia e tentaram me proteger.
Meu Deus, ainda bem que ninguém nos viu juntos! O que iriam pensar de mim? Ficando com um cara comprometido! Um filho da puta comprometido que eu achei que conhecia desde criança! Eu iria matar o !
Ou talvez eu mesma tinha me metido nessa história quando praticamente o implorei para que ele tirasse minha virgindade.
Meu Deus.
Eu era mesmo uma vadia frígida?!
— Ela? — Sua voz esganiçada soou em meus ouvidos fazendo-me voltar à realidade. Eu sinceramente preferia que tudo aquilo fosse um sonho estranho e que na verdade fosse minha mãe na porta. — Sua irmãzinha, a amiguinha esquisita de infância que você tanto me falava! — Seus olhos quase saiam pra fora de tanto que ela os arregalava numa expressão quase que psicótica.
Ok. Aquela insinuação de incesto foi nojenta.
O esquisita eu resolvi ignorar, sabia desde que conversamos brevemente por videochamada que Jenna era o tipo de garota que pensava aquilo de mim, logo ela nunca precisou dizer nada. Aliás, sempre teve mania de se interessar com garotas com síndrome de Regina George. Inclusive, na época em que o filme saiu ele começou a ter um crush bizarro na Rachel McAdams.
— Eu viro as costas por dois meses e você começa a transar com ela? Foi por isso que me largou no Natal, pra ir naquele fim de mundo atrás dela?
Pior que tinha ido mesmo atrás de mim, cumpriu nossa tradição de passar os Natais juntos. Mas ela não entenderia, então me poupei de tentar explicar. Relevei também o modo como ela se referiu a nossa cidade natal. Estadunidenses tinham mesmo um péssimo hábito de se acharem os reis do mundo e não aprendiam geografia básica apenas para não serem convencidos de que o resto do mundo também importava e existia.
Inclusive, eu tinha uma teoria de que a maioria deles achava que o planeta Terra girava em torno deles e não do sol. Era apenas uma piadinha, porém eu tinha medo de pesquisar a fundo e realmente achar alguém que acreditaria naquilo, o que esperar de terraplanistas e antivacinas, não é mesmo?
— Você terminou, Jenna! Não se faça de louca! — A loira negou veemente, pegando fôlego para respondê-lo. — Disse que iria se mudar, mudar de universidade, não esperava que eu iria ficar que nem idiota te esperando resolver voltar!
Parei para analisar a cena bizarra na qual eu estava inserida e chacoalhei a cabeça, decidindo parar de presenciar aquela discussão da qual eu nem deveria estar sendo citada. A culpa era toda minha, eu inventei aquela história de transar com , eu fui burra o bastante para cair na lábia dele depois de anos e anos vendo seu modus operandi com outras garotas que eu até julgava burras por caírem na dele tão facilmente.
Sempre disse com todas as letras e com a maior certeza do mundo que conhecia como ninguém, porém eu só conhecia uma parte dele. Estava conhecendo um lado que, repito, sempre ignorei porque nunca tinha me atingido.
E estava descobrindo o quanto doía. Nunca pensei que seria o responsável pelo meu primeiro coração partido.
Fui teimosa e cruzei a linha da nossa amizade mesmo com várias bandeiras vermelhas se levantando diante de mim e me avisando que eu iria quebrar a cara, e naquele momento, quando olhava para ele sentia que o odiava. Não sabia como aquele sentimento poderia se manifestar dentro de mim em relação a , nunca pensei que algum dia ele me despertaria aquilo. A única coisa que sabia era que não queria mais estar ali, olhando para o seu rosto.
E nem para o…resto ainda descoberto.
— ! — Corri pelo corredor, que já tinha algumas portas abertas e cabeças com olhares curiosos para fora, provavelmente ouvindo o barraco que Jenna armou.
Queria desaparecer de vergonha.
— , espera, por favor! — me alcançou depois do último degrau, tentei me desvencilhar de suas mãos, porém fui empurrada contra a parede, me debati enquanto grunhia de raiva. Descobri que também não suportava ouvir a sua voz. — Você precisa me ouvir, eu juro que não é o que está pensando.
— Me solta! Me deixe longe das suas mentiras e confusões, eu confiei em você, , de olhos fechados como uma estúpida! — O empurrei pra longe, tendo-o me olhando com os olhos marejados, solucei em puro desespero, tentando engolir o choro e as palavras que pinicavam minha língua para sair de minha boca.
Eu sabia que o machucaria, o amava e não queria fazer aquilo, ao menos não intencionalmente, mesmo que ele não tivesse tido o mesmo cuidado e consideração comigo. Mas ao mesmo tempo, meu corpo todo pedia para que eu o fizesse, lhe desse uma amostra do que ele estava me fazendo sentir. Meu sangue ferveu quando abri meus lábios trêmulos e deixei que aquelas palavras saíssem de minha boca carregadas num ódio que me acelerava o coração.
— As meninas me avisaram, todo mundo me avisou que você era uma péssima escolha, que eu não deveria confiar em você, que você quebraria meu coração. — Sua testa se franziu, naquele instante paralisou diante de mim, de mãos atadas apenas me ouviu despejar tudo em cima dele. — E elas estavam certas!
— Você não pode estar falando sério, , não me diga que acreditou nelas, por favor… — Sua voz soava grave e os olhos verdes transbordaram, derramando lágrimas em seu rosto.
Queria desviar meu olhar daquela cena que eu mesma provoquei, apesar de me doer vê-lo daquela forma, eu sabia que merecia aquilo. Se ele não tinha responsabilidade com quem se relacionava, talvez a partir daquele dia passaria a ter. Assim como eu estava aprendendo depois de já ter idade o suficiente para saber que não existiam contos de fadas, aprenderia sentindo dor.
— Eu estou vendo, com meus próprios olhos. — Neguei com a cabeça, vendo-o embaçado por conta do choro que não se cessava. — Você é um galinha, que engana, que mente para as pessoas e eu só consegui enxergar agora!
— Você não, , por favor, acredite em mim, você me conhece, não fale assim de mim, você sabe que isso não é verdade. — O encarei ressabiada, impassível, não sabia mais até que ponto aquilo era uma inverdade.
Não sabia mais se deveria ouvi-lo, além de me machucar assisti-lo nu, diante de mim, chorando feito um garotinho, ainda conseguia sentir todo o amor que cultivamos por anos, praticamente me implorar para reconsiderar. Estava me esforçando para ignorar minha vontade de ir até ele e abraçá-lo.
— Aê, ! Se humilhando pra mulher! — Ambos olhamos em direção ao grito e nos deparamos com um dos idiotas que jogou futebol conosco naquele dia, ele ria já vermelho e tinha o celular nas mãos. Ao lado dele, algumas outras cabeças, consegui ver até mesmo Mark, que nos observava com uma expressão de tristeza mas nem um pouco surpreso.
Acho que aquela era uma tragédia anunciada.
— Eu já não sei mais se te conheço. — Sai em disparada, deixando-o para trás, sozinho e passando aquela situação vexatória, além do plus que era ter sua ex raivosa lhe esperando em seu dormitório para berrar em seus ouvidos.
só estava colhendo o que plantou, pegando suas penitências em vida ou qualquer outro clichê que pudesse exemplificar o ato de enfrentar as consequências de seus atos.
Capítulo Dez
um mês depois
Foi difícil. Ficava mais difícil a cada dia que passava. Era completamente atípico pra mim estar tão machucada e não poder recorrer aos braços de . Pela primeira vez na minha vida ele não era meu lugar seguro no mundo, e sim o grande causador do caos que passou a existir dentro de mim.
Me sentia como a Bella Swan sentada na janela vendo o tempo passar diante dos olhos dela, observando a vida continuar completamente alheia a tudo e a todos, tamanho era seu sofrimento pós pé na bunda em Eclipse. Apesar de me sentir daquela forma, sem vontade de fazer nada ou falar com ninguém, eu seguia minha rotina fingindo que não existia uma bigorna enorme pousada em cima do meu peito.
Ao contrário dela eu não tinha sido largada, tampouco corria risco de ser farejada por um grupo de vampiros do mal.
Eu não sabia o que fazer, minha cabeça já tinha tentado criar milhares de cenários possíveis para sair daquele estado de espírito deplorável que fiquei depois que tudo aquilo aconteceu. Antes eu era uma caloura comum, que não fedia e nem cheirava no campus, passava desapercebida por onde quer que fosse e estava ótima daquele jeito.
Mas depois que o vídeo viralizou, os vampiros de repente me pareceram mais fáceis de lidar do que aquilo.
Bom, eu poderia tentar “ver o copo meio cheio” e levar em conta que a maioria dos comentários eram sobre o penis de de fora (não que fosse uma novidade para a maioria das garotas da redondeza e na cara de Jenna Hemmings) ao descobrir um chifre recém colocado, até mesmo numa situação como aquela os holofotes não estavam sobre mim. Mas, mesmo assim, tinha uma ou outra pessoa que me apontava como pivô do fim do relacionamento deles.
O que vinha me agoniando não era nem mais o foco daquela palhaçada toda, e sim o resultado dela: Eu não falava com desde aquele dia. Sim, Jenna continuava no campus dizendo aos quatro ventos que tinha sido traída. Depois descobri que eles realmente não foram mais vistos juntos depois da viagem para a Inglaterra que fez.
Mas aí já era tarde demais, não somente por toda a exposição e falatório sobre como pode trocar uma gostosona com a Jenna para alguém tão sem graça como eu, rumores de que já me pegava muito antes de namorar ela e mais quinhentas suposições que no fim do dia não faziam o mínimo sentido.
Suspirei enquanto ajeitava meus cabelos no rabo de cavalo que fiz e deixei o vestiário do café que eu tinha conseguido um emprego. Quis mais uma vez contar a a novidade, ele sabia que eu estava atrás de um jeito de arrumar dinheiro e me bancar sem precisar da minha mãe.
Qualquer novidade que acontecia em minha vida, das mais significativas às mais bobas e sem importância, queria compartilhar com ele tudo outra vez. Sentia a falta dos abraços, do cheiro dele, e mesmo após toda a confusão que começar aquilo nos trouxe, eu jamais poderia negar o quando morri de saudades do seus beijos.
Queria não ter experimentado, voltar no tempo antes daquela droga de festa e seguir dali, quando a ideia de transar ainda não passava pela minha cabeça e eu e éramos grudados sem aquela mágoa toda entre nós.
Me sentia culpada, era um sentimento diferente da culpa convencional que já experienciei em outras ocasiões quando cometi erros em minha vida, era muito pior. Talvez porque estar junto de de outra maneira além da amizade não se parecia um erro pra mim, não era possível que um erro fosse tão bom e me fizesse tão bem. Mas ainda assim, daria tudo para desfazer aquilo, mesmo que isso significasse nunca mais beijá-lo ou tocar seu corpo, tê-lo ao meu lado como o amigo que ele sempre foi já me faria feliz novamente.
Trabalhei exatamente do mesmo modo que fazia todos os dias desde que ingressei ali, por ser alguns quarteirões afastado do campus, não corria o risco de encontrar ninguém da Columbia ali, e de quebra a cafeteria ainda ficava no fim da rua da biblioteca da cidade. Foi daquele jeito que descobri a vaga de emprego, numa de minhas fugas dos alunos da faculdade, frequentar aulas com burburinhos sobre minha vida sexual inexistente já estava sendo péssimo o suficiente, pelo menos longe de quem me conhecia eu poderia relaxar e estudar um pouco.
Estava tentando ocupar minha mente, ainda por conta das minhas fugas, não treinei muito durante aquele mês. Além de evitar as quadras pelos outros, ainda tinha que manter distância porque sabia que corria o risco de encontrar por lá.
Irônico eu estar correndo dele dessa vez, principalmente depois de acusá-lo de fazer o mesmo enquanto eu praticamente o obrigava a tirar minha virgindade. Estava traumatizada com aquela coisa de sexo, se transar significasse me apagar a alguém e depois brigar e toda vez que ver a pessoa meu coração se partisse em mil pedaços acho que mudei de ideia, não queria mais.
Minha mãe ficaria feliz se soubesse das minhas recentes inclinações ao celibato, ela já tinha problemas demais com Mary e sua gravidez na adolescência, acho que não se via sendo avó tão cedo na vida.
Mas voltando ao , eu cheguei a vê-lo sete vezes naquele mês afastados. Sim, eu contei. Saberia dizer a cor das roupas que ele usava, o modo como seus cabelos castanhos estavam bagunçados e até mesmo o que sua expressão facial dizia quando voltei meus olhos para seu rosto nos poucos segundos que o fiz, de longe, sem poder tocá-lo ou sentir seu cheiro. Sempre que ele me olhava de volta eu desviava o olhar, trêmula, nervosa demais para quem olha e vê apenas um amigo.
Ele tinha tentado contato, mandava uma mensagem por dia, queria me ver para conversarmos. Nas primeiras vezes eu não queria vê-lo, estava brava e magoada. Mas mesmo depois de descobrir que na verdade Jenna era a errada da história, me recusei a respondê-lo. Meus sentimentos mudaram, e passei a enxergar as coisas de outro jeito. Jenna não era a única culpada, eu também errei, por isso comecei a ter raiva de mim mesma por tê-lo magoado.
Eu não acreditei nele, o acusei de coisas que sabia que ele não era. A imagem dos olhos dele…meu coração estremecia dentro do peito quando me lembrava. E mesmo assim, ainda queria falar comigo. Me sentia envergonhada, uma idiota, principalmente por saber que eu tinha causado todo o caos desde o início.
O meu dia se passou rápido, era bom quando eu tinha muitas coisas para aprender, assim me concentrava ao máximo nas tarefas que fazia e não me sobrava tempo para pensar em ou nas consequências dos meus atos.
Ser adulto é isso mesmo, não? Ser tão ocupado para não remoer erros e fingir que o faz apenas por dinheiro. Preferia quando eu era criança, tinha tempo livre e não pensava nem um pouco nas merdas que fazia.
Sai do trabalho e fui de bicicleta para o dormitório, tinha desmarcado com as meninas de fazer um trabalho em grupo, iria falar com Marie depois de enrolar aquele mês inteiro para que ela não notasse que havia algo de errado comigo. Era reconfortante pensar que em algum lugar desse mundo existia uma cidadezinha do tamanho de um ovo no interior da Inglaterra em que e eu ainda éramos tão grudados quanto irmãos siameses, e era um consenso regional a ideia de que nada nesse mundo iria nos separar.
Tomei um banho vestindo um camisetão qualquer, pensei em usar uma das camisetas que roubei dele com o passar dos anos e trouxe na minha mala para supostamente devolver, iria ajudar na minha mentira de que nada tinha mudado, afinal de contas não usamos a roupa de alguém que estamos brigados, não é? Mas desisti ao perceber que ele só tinha deixado duas para trás, e nelas ainda tinha um resquício fraco do perfume dele. Não queria correr o risco de perder aquele pequeno consolo que ainda teria quando a saudade apertasse.
Meu Deus, eu estava parecendo uma viúva de guerra.
— Oi! — Tentei não agir estranho, era difícil quando se estava tentando.
Mary não percebeu nada, apenas acenou para a câmera, sorrindo amarelo. Depois que descobriu o que a esperava nos próximos meses, aquele era seu semblante permanente. Eu não poderia e nem iria julgá-la, como viver tranquila sabendo que meses depois uma criança iria escorregar pra fora por sua vagina? Ou pior, iriam abrir sua barriga como fizeram com o lobo mal para tirar a vovó de lá de dentro no conto da Chapeuzinho vermelho?
Referências bem infantis para ilustrar o fato de ambas sermos muito novas para ter um bebê e também nos treinando para um futuro muito próximo com um no colo.
— Como anda…a criança. — Ri de nervoso. Era tudo tão estranho que de repente minha situação com passou para apenas um desconforto idiota.
Achei que seria reconfortante saber que existia outra pessoa pior que eu, mas não foi nem um pouco.
— Estou bem, eu acho. — Arquei as sobrancelhas.
É, estranho com certeza era a palavra que descreveria aquele diálogo.
— Eu estava me referindo ao bebê.
— Oh, está bem também, o médico disse pelo menos.
— A mamãe não está te deixando em paz, não é? — Fiz careta. Ela devia ter levado Mary no médico quinhentas vezes enquanto reclamava de estar perdendo seu tempo fazendo algo que na verdade a obrigou a fazer.
Eu a conhecia como ninguém, apesar de amá-la com todo meu coração, sentia um certo alívio por estar finalmente longe, apesar de morrer de saudades de vez em quando.
Confuso, não?
Minha mãe sempre foi extremamente rígida, tudo tinha de ser do jeito dela e tudo o que divergia do modo dela de pensar ou de ver o mundo era muito errado, pecaminoso, portanto não teríamos que ter acesso. Foi assim com filmes da moda, bandas e eventos que todos da nossa idade frequentavam, até mesmo o modo como iríamos nos comportar e vestir em público. Ela fez da religião dela a nossa sem nos dar escolha de querer ou não nos tornar ela. E isso sufoca, e infelizmente deixou Mary na situação em que está agora.
Eu sempre tive a sorte de ter em minha vida desde que nasci, crescer ao lado dele era um respiro de toda a alienação e exageros da criação que recebia dentro de casa. Estar com era sempre uma ida ao quintal, com ele eu pude explorar o mundo lá fora, ouvia músicas escondido no discman azul dele, via filmes assustadores jogada em seu sofá e falávamos sobre tudo, tudo mesmo. Até mesmo nos dias de hoje eu o tive ao meu lado me ajudando a explorar a vida. Eu só não tive a capacidade de entender que já não éramos mais crianças e que tinham coisas que não podíamos controlar.
— ? Oi? — Pisquei algumas vezes, voltando à realidade.
Aqueles devaneios estavam me deixando louca, tudo o que eu fazia no dia era pensar em , e se algo não estivesse ligado a ele, eu arranjava um jeito em minha cabeça de encaixá-lo no assunto só pra ter uma desculpa para continuar pensando nele.
— Você está bem?
— Sim, claro que sim. — A voz afinou um tantinho, denunciando meu nervosismo. — Porque não estaria?
— Está tudo bem entre você e o ?
— Como ficou sabendo? — Petrifiquei. Será que o vídeo tinha viralizado ao ponto de chegar até lá?
Meu Deus, minha mãe tinha visto?
Não, não, que ideia estúpida. Se mamãe visse aquele vídeo voaria até * no exato momento para me arrastar pelos cabelos de volta pra casa.
— Sabendo do que? — Me arrependi no exato momento, deveria ter ficado calada! Mas acho que é o que acontece quando se pensa muito no mesmo assunto sempre, uma hora você explode e fala demais. — Eu perguntei porque não te vejo mais interagindo com ele nas redes sociais, aconteceu alguma coisa?
Mas que droga a tecnologia era, deveríamos abolir essa coisa de checar perfis para constatar vínculos entre pessoas, e isso serviria também para afastar curiosos quando algum casal terminava, era extremamente deselegante ir questionar alguém sobre um término de maneira tão evasiva.
Me toquei que relacionei meu distanciamento de com um término de relacionamento, céus, será que eu algum dia conseguiria voltar a enxergá-lo como antes?
Parecia que tínhamos algo sério, quando na verdade foram apenas alguns beijos e carícias mais…íntimas, mas ainda assim não era nada comparado ao que já vivemos juntos como amigos. Porque era tão difícil separar as coisas? Sentia como se o amasse desde o dia em que o conheci, não mais como irmão, mas sim como algo a mais. Algo que nem tivemos a oportunidade de viver juntos direito.
Não fazia o mínimo sentido na minha cabeça e eu não tinha coragem de externar tais sentimentos para minhas amigas temendo ser taxada como emocionada. Afinal de contas não havia nenhuma explicação lógica para o fato de e eu termos vivido algo tão rápido e ainda assim me marcar tanto a ponto de conseguir me deixar daquela maneira.
Agora eu conseguia entender a fixação que as garotas sempre tiveram por . Ele era bom demais para se ter, e quando o perdemos a sensação que fica é que nunca vamos voltar a conhecer outro como ele. Ou talvez aquela fosse uma percepção somente minha, afinal eu já o amava antes de ter sido beijada e tocada, definitivamente não deveria ter proposto aquele acordo. Era arriscado demais, e eu só percebi depois de quebrar a cara.
— Por onde eu começo… — Suspirei audivelmente encarando o teto para evitar olhar para seu rosto na tela.
Seria constrangedor falar sobre aquilo com minha irmãzinha mais nova, quer dizer, não era mais irmãzinha afinal de contas bebês não fazem bebês, né? Talvez devia ser por aquele motivo que eu não fiquei sabendo que ela já não era mais virgem. Nunca tivemos “aquela conversa”, ou nenhuma outra envolvendo sexo ou garotos.
Porém independente daquele assunto, Mary conhecia e eu melhor do que minhas amigas da faculdade, talvez pudesse me dar conselhos melhores.
A decadência que cheguei, dependendo de uma adolescente que não sabia direito nem como usar métodos contraceptivos, quem dirá me ajudar com um coração partido.
— Briguei com por ciúmes.
— Eu sabia que isso iria acontecer. — A observei rir enquanto negava com a cabeça. Franzi o cenho confusa. — Sabia que iria encontrá-lo em terras americanas, num campus cheio de garotas gostosas e ser deixada de lado.
Tentei abrir a boca para argumentar, visivelmente ofendida. Mary sabia muito bem o quanto eu odiava ser taxada como a amiga feia do bonitão da escola. Mas ao que parecia ela já tinha criado a própria realidade em sua cabeça, onde estava certíssima sobre seus palpites inclusive.
— , vocês não estão mais no interior, a cidade aí é gigante, cheia de possibilidades e pessoas interessantes pra conhecer. É só bem óbvio que ele agiria assim, já fazia isso mesmo quando estavam morando aqui.
Mais uma vez alguém vindo com aquele papo de que era um galinha sem coração, que me chutava pelo primeiro rabo de saia que lhe aparecesse. Apesar de eu mesma já ter jogado aquilo na cara dele, eu sabia que era da boca pra fora, sempre que precisei esteve por perto para ajudar ou me amparar.
Em pensar que de tanto ouvir aquela baboseira toda, no pior momento, quando minha confiança nele foi realmente colocada à prova, eu acreditei naquela versão que antes jurava nunca ter enxergado nele.
— Estão brigados há quanto tempo? Uma semana? — Aquele era nosso recorde. Sorri triste até me esquecendo do que iria falar antes.
— Um mês. — Murmurei num fio de voz. Minha irmã arregalou os olhos chocada.
— Um mês só por um ciuminho idiota, ? Ora não seja birrenta! Vocês dois são unha e carne desde crianças, te ama e nenhuma outra vai tomar seu lugar na vida dele. — Quis rir daquele comentário, porém me limitei a negar com a cabeça, calada. — Você é a melhor amiga dele, não existe concorrência para esse espaço no coração dele, você deveria saber disso.
— Não é apenas ciúme de amiga. — Pisquei rapidamente, a fim de dissipar as lágrimas que surgiam em meus olhos.
Admitir aquilo em voz alta ficava mais fácil a cada vez que eu falava. Só não poderia dizer que era menos doloroso. Me magoava pensar em como eu tinha sido burra! O que tive com chegou a ser recíproco, e acabou por culpa minha.
Contei para minhas amigas e fui alvo de chacota por acreditar em , acreditei nelas, ferrei tudo com ele e ali estava eu, disposta a contar aquela história novamente.
— Finalmente contou a ele que gosta dele?
A olhei intrigada. Como assim finalmente? Porque ela falava como se fosse algo antigo se nem eu mesma sabia de nada no passado?
— Isso não está em nenhuma rede social. — A interrogação parecia estar estampada em meu rosto, tanto que minha irmã me olhou como se fosse óbvio, como se eu fosse burra.
Queria saber como ela chegou naquela conclusão e o motivo de nunca ter me avisado caso tenha percebido algo. Me dar conta de que eu mesma poderia não saber sobre meus próprios sentimentos me assustava. E se a perda da virgindade tivesse sido algo inconscientemente planejado para tentar ficar com ?
Eu teria uma crise existencial até o fim daquela conversa, sairia dali muito pior do que o dia em que tentei fazer terapia e a terapeuta me mandou escrever tudo num papel e depois rasgá-lo. Se as coisas fossem simples assim de serem resolvidas eu não iria perder meu tempo contando nada a ninguém.
— Claro que não, né. — Riu brevemente, não sendo acompanhada, eu ainda estava tentando entender qual era a graça naquilo tudo. — Está estampado na sua cara desde sempre, . Sempre pensei em como você faria para resolver isso quando se tocasse, só não esperava te ter tão longe de mim ao ponto de eu não poder te ajudar…
— Do que está falando, Mary, eu nunca demonstrei interesse no , não é possível que você tenha visto algo que nem eu mesma vi!
— Talvez porque não quisesse ver. — Encolheu os ombros. — Quando os vi entrarem no ensino médio eu esperei que com o início dos namoricos dele você perceberia algo, mas pelo visto os dois não viam o quanto você era dependente emocionalmente dele. e isso não é algo normal. Achei até uma ótima ideia você sair daqui, viajar e conhecer outros caras, porque…o nunca foi o tipo de cara que combinava com você, que te olharia com os mesmos olhos que você o olhava. Ele sempre foi seu completo contrário.
Encarei minhas mãos repousadas em meu colo, sem conseguir conter as lágrimas que escorreram dos meus olhos e me molharam as bochechas.
— E se eu te dissesse que funcionou? — Ri em meio ao choro.
Se os beijos que trocamos, os toques e tudo o que sentimos enquanto estivemos a sós em nossos dormitórios não fossem tão verdadeiros e naturais como a luz do sol, então eu estaria sofrendo sem propósito algum. As mensagens lotando meu celular vindas dele também eram a prova de que eu não fui a única a me envolver daquela maneira, tão intensa que jamais acreditaria em quem quer que ousasse me fazer acreditar que não era real e incrível estarmos juntos daquele jeito.
— Espera aí, vocês…ficaram? — Levantei o rosto sorrindo amarelo. — Meu Deus! Mamãe precisa saber disso!
— Não, não, não, a mamãe não precisa saber de nada. — Me apressei a tentar pará-la enquanto a assistia se levantar num pulo e quase correr em direção a porta. — Na verdade, ela não pode nem sonhar com isso! — Passei a sussurrar para fazê-la entender o grau de confidencialidade daquela informação.
— Vocês transaram? — Exclamou. Comprimi os lábios, ao que parecia ela não tinha entendido o recado.
Se mamãe ouvisse aquilo iria me infernizar para saber quem era o homem mal que tinha desvirtuado sua santa filhinha, que na cabeça dela se guardaria para o casamento como ela sempre tentou me convencer de que era o certo a se fazer.
Não importava se era , em quem ela confiava ou, sei lá, o príncipe da Inglaterra, ela o vilanizaria até não poder mais. Como se eu fosse uma criança influenciável.
— Não, mary, eu continuo virgem. — A respondi com tédio em minha voz.
— Mas tentaram alguma coisa? — Suspirei ainda sem saber por onde começar.
— Sim. — Ignorei minhas bochechas rubras. — Na verdade, eu o pedi que tirasse minha virgindade. — Meu rosto queimava em vergonha, a única experiência amorosa verdadeira que já tive aconteceu depois que eu implorei para que alguém transasse comigo.
No fim das contas Mary estava certa mais uma vez. Eu realmente estava destinada a ser deixada de lado por , aliás não somente por ele, mas pelo universo masculino em geral. Talvez eu poderia reconsiderar minha vida inteira e decidir me dedicar a algum convento, só assim eu poderia justificar aquele celibato involuntário.
— E ele disse sim? — Assenti vendo-a sorrir admirada. — E te ajudou? — Fiz que sim de novo. — E vocês se gostaram? — Ficava cada vez mais estridente e seu sorriso crescia junto, quase rasgando o rosto. — E porque ainda continuam brigados? Peçam desculpas um ao outro e se resolvam logo!
— Não é tão fácil assim, Mary. — Finalmente assisti aquele sorriso de Coringa murchar. — Eu estraguei tudo, sou eu quem deve pedir desculpas, mas estou tão envergonhada que não consigo nem mesmo responder as mensagens dele.
— Mas o que você fez de tão grave para chegar a esse ponto? — Outro suspiro.
— Ele tem uma ex aqui no campus e ela quase nos pegou…enfim, no flagra no quarto dele. — Evitei olhá-la, o que era idiota, já que Mary já tinha transado e sabia o que eu estava falando. — Ela fez um escândalo, eu não o deixei se explicar, achei que eles não tinham terminado e que a estava traindo comigo, acabei acreditando nela e…e-eu disse tanta merda pra ele, Mary, você precisava ver a cara dele me ouvindo falar tudo aquilo. — Engoli o choro respirando fundo. — Enfim, eu não deveria ter pedido nada a , foi isso que deu início a toda essa confusão pra começo de conversa.
— Mas se ele mesmo assim te manda mensagens, você não deveria responder? — Encolhi os ombros secando meu rosto. Eu me perguntava aquilo todos os dias, cheguei a digitar algumas respostas, das mais monossilábicas até as mais longas, mas nunca tinha coragem de enviar. — te ama, eu já te disse e você já sabe disso, se deram tão certo, porque ainda tem tanto medo?
— Eu não sei. — Levei as mãos ao rosto. — Não sei direito o que estou sentindo…E se ele estiver igual em relação a mim?
— Você nunca vai saber se não tentar.
***
Meu coração parecia que sairia pela boca a qualquer momento, a brisa do fim de tarde me bagunçava os cabelos soltos pela pressa de sair, eu raramente os deixava despenteados daquele jeito e ia a público, também não costumava vestir apenas um blusão e um shorts tão curto na rua. Mas a ansiedade me fez ignorar coisas tão óbvias para mim que nem ao menos raciocinei antes de deixar o meu quarto.
Parei bruscamente em meio ao campus já quase deserto. Eu tranquei a minha porta?
A ausência do molho de chaves em minhas mãos me dizia que não, logo eu, que tinha quase que um ritual antes de sair de casa, ele consistia em me olhar no espelho para checar se estava tudo em seu devido lugar e logo depois de sair me certificar de que tranquei minha porta.
Seria seguro dizer que já havia um mês que ele tinha se tornado obsoleto, afinal de contas nada parecia estar em seu devido lugar desde o que aconteceu.
Dispersei-me daqueles pensamentos, que se ficassem mais profundos que aquilo me fariam dar meia volta e desistir do que ia tão determinada a fazer. Assim como tudo o que já fiz de ousado na vida, mesmo sendo pouquíssimas coisas, estava a caminho do dormitório de depois de ter sido praticamente obrigada a fazê-lo.
Desliguei a ligação com Mary indo atrás do meu celular, iria mandar uma mensagem e esperar agoniante até que ele visse e me respondesse. Mas meu coração batia tão rápido que decidi que não aguentaria sequer esperá-lo digitar alguma coisa, então corri para o lado de fora na tentativa de encontrá-lo no último lugar onde estivemos juntos.
Sabia que quando olhasse em seus olhos verdes não teria volta, sempre teve acesso a qualquer parte da minha mente, carregava a chave do meu coração consigo em suas mãos e sabia disso, seria uma questão de minutos até eu me abrir com ele quando o visse. Mas eu ainda não o tinha ao alcance dos meus olhos, então a decisão de voltar para o quarto e continuar fugindo dele ainda me era extremamente tentadora.
Tinha medo de não me perdoar. Apesar de completamente contraditório, se ele me perdoasse também me traria medo. Eu temia que ficássemos distantes pra sempre, que passássemos a pisar em ovos na presença um do outro, agindo como apenas dois conhecidos. Aquela não era a minha relação com e eu me recusava a vivê-la de outra forma além da que cultivamos depois de tantos anos juntos.
Subi a escadaria bem conhecida por mim e também pelas pessoas que viram o vídeo. Foi ali que me encurralou numa tentativa desesperada de me fazer ouvi-lo, naquele mesmo último degrau, onde meus passos vacilantes pisaram foi onde eu lhe disse as piores coisas do mundo e sai, deixando-o desolado e completamente nu na frente de todos.
Subi o primeiro lance já trêmula, era tão estranho estar indo de encontro dele e sentir pavor ao mesmo tempo em que tinha vontade de correr só pra chegar mais rápido. Nunca na vida me despertou tais sensações.
Quando cheguei no corredor e parei diante de sua porta dei passos para trás vacilantes, com o punho cerrado ainda suspenso no ar para bater.
E se ele estivesse com alguém? Exatamente como estava comigo naquele dia?
Respirei fundo afastando aquele pensamento inoportuno. Aquela ideia não deveria me assombrar tanto, afinal eu estava ali para reatar minha amizade com e, mais do que isso, dar um fim no que a estragou tanto. Aquele favor pedido não estaria mais válido, eu já tinha aprendido a lição e que não deveria misturar coisas tão íntimas, mesmo sabendo que minha relação com ia muito além de sexo e os sentimentos que nutri por ele naquele pouco tempo de beijos e carícias que trocarmos.
Ou pelo menos eu tentava acreditar que era.
— ? — Chamei baixinho após algumas batidas tímidas. Encostei o ouvido na porta, nenhum ruído sequer. Nada de cama rangendo e barulhos de palmas abafadas, acho que estava seguro. — ?
Respirei fundo tocando a maçaneta hesitante, para a minha total falta de surpresa, a porta estava destrancada. A empurrei vendo o quarto escuro por meio das poucas frestas de luz que vinham da janela coberta pelas cortinas azuis. Tateei o interruptor até acender as luzes. A cama de estava bagunçada como sempre, algumas peças jogadas sobre a cadeira de rodinhas em sua escrivaninha de estudos e alguns livros específicos de engenharia empilhados sobre elas. Nenhum sinal dele.
Entrei sentindo seu cheiro por toda parte, era tão familiar ao mesmo tempo tão saudoso, um mês para quem viveu junto a vida toda parecia se passar tão devagar quanto um ano inteiro. Sentei-me na cama, passando a mão pelo lençol macio, não conseguindo evitar de me lembrar de quando fui deitada nua ali, de seu corpo subindo em cima do meu e da ansiedade que senti ao tocá-lo completamente nu sabendo que finalmente iria acontecer.
Imaginar o que poderia ter sido era frustrante, não era para ter sido do jeito que foi, e eu não tínhamos sido interrompidos uma vez sequer após a intromissão de * no nosso primeiro dia tentando. Porque justo naquela hora? Ter tido de todas aquelas maneiras e ainda assim não saber como era tê-lo dentro de mim me enfezava. Tudo aquilo tinha sido em vão, mas que droga!
Me inclinei sobre seu travesseiro, relembrando a fragrância do shampoo dele, enterrei o rosto ali desejando ter seus cabelos para cheirar de pertinho, fiquei ali deitada por um tempinho, porém quando vi que ele talvez não chegaria tão cedo, sai de sua cama a fim de ir embora. Iria mesmo lhe mandar uma mensagem no fim das contas.
Ouvi vozes no lado de fora quando estava prestes a sair, recuei, iria esperar que o silêncio reinasse no corredor novamente, depois do dia da confusão passei a evitar quem quer que pertencesse a aquele prédio em específico. Porém me surpreendi com a porta sendo aberta, revelando um suado a sem camisa.
Claro, acompanhado de Mark e Joshua, reparei nos dois depois de alguns segundos encarando o rosto de . Bom, não somente o rosto, mas preferi fingir que tinha sido somente aquilo.
— . — Se aproximou rapidamente, porém parando a alguns passos de distância. Seus olhos tempestuosos me encararam com surpresa, como se certificassem de que eu era real, também me inspecionaram rapidamente.
— Oi gente. — Tentei sorrir, porém acho que não obtive muito sucesso. Estava tão nervosa que acho que ao invés disso fiz careta. — Bom, já que está acompanhado, eu posso falar com você outra hora…
— Não, não, nada disso. — Mark interviu por , que ainda me olhava paradão de onde estava. — Nós vamos sair e você, pelo amor de Deus, fique. Vocês precisam conversar. — Alternou os olhos entre nós, puxando Josh pelo braço e o rebocando para fora.
Logo estávamos sozinhos ali, somente eu e ele. Engoli a seco nervosa, torcendo para que ele falasse alguma coisa além do meu nome, que apesar de eu estar morta de saudades de ouvi-lo falar, ainda temia que me mandasse embora.
— Porque não avisou que vinha? Eu não teria ido a lugar algum se soubesse… — Se aproximou, encarando ainda sério alguém que sempre lhe arrancou sorrisos fáceis até demais. — Te fiz esperar muito?
Comprimi os lábios sentindo o queixo tremer. Era eu quem o tinha feito esperar, um mês e alguns dias. Senti vontade de chorar de novo ao ver que mesmo depois de tudo o que ouviu de mim e da minha demora em lhe pedir desculpas ainda me tratava bem, como se nada tivesse acontecido.
Avancei contra seu tronco, envolvendo seus ombros com meus braços. Fechei os olhos com a mesma força que usou para me abraçar de volta. Mesmo que ele estivesse quase me esmagando entre seus bíceps definidos, eu ainda poderia dizer que estava confortável como se estivesse sentada na sala de estar de casa, porque ali, nos braços dele eu me sentia em casa.
— Senti sua falta. — Solucei, finalmente podendo ter a sensação de tocar sua pele desnuda de novo.
emaranhou os dedos largos na raiz de meus cabelos soltos, puxando minha nuca para trás e se afastando minimamente de mim para poder encostar sua testa a minha. Ofeguei contra seu rosto lhe agarrando os bíceps, já nem sabendo ao menos meu nome.
— Estava morto de saudades. — O sussurro que escapou de seus lábios rosados foi a última coisa que me lembrava de ter experienciado antes de sentir a urgência que se apossou do meu ser quando tomou minha boca pra si.
Não parecia ser possível, o poder que ele tinha de me desmontar inteira somente existindo e estando tão perto assim. Era inacreditável o modo como mudei completamente meu propósito de estar ali em minha cabeça.
Digo, eu tinha ido ao encontro dele justamente para dizer que aquele trato tinha acabado e que não iríamos mais nos envolver daquela forma prejudicial para a nossa amizade.
Mas não resisti, quando dei por mim já enroscava minha língua na dele, arrepiada pela violência com que nossas bocas se chocavam naquele beijo cheio de saudades como tínhamos confidenciado a pouco um para o outro. Sua mão grande puxando meus cabelos, a forma com que nossos corpos estavam colados como dois imãs que se recusavam a se desgrudar…
Qualquer uma faria o mesmo no meu lugar, vai.
Cheguei a gemer contra seus lábios molhados quando mordeu o meu com força, logo depois voltou a me beijar anestesiando-me e acalmando a ardência que ficou na região. A aquela altura nós já íamos inconscientemente em direção a cama em meio a respirações ofegantes e corações acelerados.
Com o baque da minha bunda contra o colchão me acordou do transe em que estávamos, talvez pelo fato de nossos lábios terem se desgrudado naquele segundo.
— . — Disse quase sem fôlego, segurando-o pelos ombros quando ele se inclinou sobre mim. — N-Nós precisamos conversar.
— Uhum, conversar. — Murmurou desdenhoso, me arrancando outro beijo repleto em desejo.
— É sério. — Me desvencilhei dele, levantando-me.
— Tudo bem. — Suspirou jogando os cabelos castanhos para trás a fim de ajeitar a bagunça que acabei de fazer neles. — Sou todo ouvidos. — Disse sentado na cama.
Todo ouvidos e coxas. Abençoado seja o shorts de futebol.
Me dei conta de que estava secando e fechei os olhos com força, lhe dando as costas e levando a mão ao rosto, esfregando-o em busca de um pouco de sanidade.
— Acho que te devo um pedido de desculpas. — Comecei após me recompor e olhar para ele novamente. — Acreditei em Jenna e fiquei cega de raiva, acabei causando toda aquela confusão ao invés de ficar e ter te dado ouvidos.
me esperou continuar enquanto eu soltava o que tinha estado em meu coração por todos aqueles dias. Apesar de extremamente envergonhada pelo que fiz e tê-lo prejudicado de alguma forma, ele ainda me passava a segurança que eu precisava para admitir tudo aquilo.
— Ainda por cima tem aquele vídeo ridículo circulando por aí… — Ri fraco em puro escárnio. — Eu sinto muito, , eu não confiei em você. E o que mais me dói é ter a certeza de que você jamais faria o mesmo comigo.
Meus olhos se marejaram pela enésima vez e ele me estendeu a mão fazendo-me ir imediatamente segura-lá. Seu polegar fez um carinho breve em meus dedos encaixados em sua palma e depositou um beijo casto no dorso dela.
— Está tudo bem, . — Sorriu genuinamente, o acompanhei aliviada, pegando seu rosto e afagando sua bochecha imersa no carinho que sentia no momento. — Só, por favor, não faça isso outra vez. Responda minhas mensagens, não importa o quão brava esteja comigo, não me deixe no escuro desse jeito de novo.
Concordei veementemente. Aquele tinha sido um dos meus vários erros naquela história, não tê-lo deixado se aproximar. Depois de todo o ocorrido eu me lembraria de nunca mais duvidar da capacidade de me amar em qualquer cenário de nossas vidas.
— Nem sei como aguentei todo esse tempo sem você.
— Você estava certo, — Baixei a cabeça envergonhada. — Eu fui egoísta, essa coisa toda de me ajudar a perder a virgindade acabou nos afastando. A culpa é toda minha, eu estraguei tudo, me desculpe.
— Não tem nada estragado aqui, . — se levantou, vindo até mim e segurando meu rosto com ambas as mãos, forçando-me a erguer a cabeça e encará-lo. — Continuo te amando como sempre, nada mudou entre nós.
Neguei pegando suas mãos, me desvencilhando delas enquanto escolhia bem minhas palavras. Não queria soar como uma ingrata, mas ao mesmo tempo achava que acabaria sendo uma ao acabar tudo aquilo sem sequer consultá-lo antes.
— Mudou sim, e é por isso que estou aqui, além de te pedir desculpas queria te dizer que não quero mais ajuda nenhuma, decidi parar de tentar apressar as coisas e deixar que tudo aconteça em seu curso natural.
— Mas e se eu ainda quiser te ajudar? — Me segurou em seus braços fazendo-me suspirar involuntariamente. Continuei a negar. Não o consultei justamente sabendo que ele não concordaria. — E quanto aos nossos beijos e a química que tínhamos juntos? E se eu quiser te ter de outro jeito, ser o seu…
— Não, . — Pisquei rapidamente, me recuperando do que nem ouvi sair de sua boca. Tive que interrompê-lo, não sabia se conseguiria seguir com o planejado se o deixasse continuar a falar.
Nós já tínhamos tentado, na festa, escondidos naquele banheiro, prometemos um ao outro que seríamos exclusivos. Tá, não propôs ser o meu namorado, é claro, mas na minha cabeça era a mesma coisa e nós dois sabíamos o que tinha acontecido logo depois daquilo. Eu não ia e nem pretendia correr o risco de perder sua amizade de novo.
— Por favor, você poderia voltar a ser somente meu melhor amigo como sempre foi? — Seria o melhor a se fazer, voltar para o início de tudo onde não havia nenhum risco de perdê-lo.
Analisei sua expressão e senti meu coração se apertar dentro do peito, porém por mais que ele quisesse discordar, não o fez. Apenas assentiu enquanto respirava fundo, me privando de olhar para seu rosto quando me abraçou forte novamente.
— Eu nunca deixei e nem deixarei de ser, . — Beijou o topo da minha cabeça deixando-me mais segura daquela decisão, costumava beijar meus cabelos muito antes de começar a beijar minha boca. Aquele parecia ter sido um sinal de que, poderíamos voltar a ser como éramos antes. — Mas tudo bem, se quer assim, então vamos fazer isso. Contanto que continue me deixando te abraçar mesmo enquanto estou todo suado do futebol…
— Que nojo, ! — Tentei fugir do meu abraço, que nem ao menos tinha me dado conta de nada além do fato de estar sem camisa. Ele gargalhou se esfregando em mim por pura implicância enquanto eu me retorcia mas mesmo assim não deixava de rir.
Aproveitei a proximidade e ataquei seu ponto fraco, beliscando sua barriga exposta. Foi tiro e queda, sabia que era extremamente sensível naquela parte do corpo e foi a única saída que pensei no momento. Porém eu não contava com o constrangimento que ficou quando nos entreolhamos já distantes um do outro. Nós dois sabíamos bem como e quando eu descobri aquele detalhe em seu corpo.
— Me desculpa. — Sorri sem graça, reparando que o local ficou vermelho, porém apenas fiquei ainda mais sem jeito ao perceber que encarei demais a região próxima do cós do shorts. Respirei fundo, queria sumir da face da Terra. — Eu vou indo embora, era só isso que queria conversar com você mesmo.
— Não, nada disso. — Puxou-me pelo braço quando tentei passar por ele e ir em direção a porta. — A senhorita fica, nem deu pra matar a saudade direito. Espere aí que vou tomar um banho e decidimos o que fazer juntos.
Banho e juntos na mesma frase. Ah, meu Deus.
Me sentei na cama tendo outra lembrança daquele dia, de nós dois depois do banho, nus ali em cima, nos beijando, enroscando um corpo no outro e gemendo, suspirando, sussurrando…Passei as mãos pelos cabelos, puxando-os para tentar me concentrar em qualquer outra coisa além daquelas imagens tão vívidas e tão…meu Deus, eu estava completamente arrepiada.
Encarei a porta do banheiro que foi recém fechada e me joguei de costas na cama, olhando para o teto em busca de alguma distração para o rubor em minhas bochechas toda vez que eu pensava que estava a um cômodo de distância completamente nu e molhado, e que eu não poderia ir até lá tocá-lo, ou apenas assisti-lo. Não porque ele me impediria, mas porque eu mesma me proibia de sequer pensar naquela possibilidade.
Quando saiu minutos depois me peguei enlouquecendo mais uma vez. O filho da puta simplesmente estava apenas com uma toalha enrolada na cintura. Meu maior problema no momento era saber exatamente o que tinha ali embaixo, porque não só vi, como toquei e coloquei na boca.
Virei-me de barriga para baixo e enterrei minha cara no colchão, respirando com dificuldades. Mas a culpa nem era minha, o que eu deveria ter feito para evitar aquela situação? Sair e esperar lá fora?
Seria estranho, eu nunca fiz isso com ele antes.
— Eu estou de cueca, boba, pode se virar. — Discordei mentalmente. Não podia não.
Eu já tinha visto ele de cueca milhares de vezes, mas agora com certeza seria um olhar totalmente diferente.
Levantei a cabeça, primeiro porque já estava ficando tonta sem ar e segundo por achar que ao menos aquilo eu poderia fazer sem correr o risco de olhar e ficar com aquela cena pairando sobre minha cabeça pelos próximos dias. Me arrependi no exato momento, reparando no maldito espelho que eu nunca reparei que tinha ali, naquela parede.
Dei uma espiadinha, afinal eu não sou ferro também, né? Fora que enquanto encarava o teto e o ouvia cantar no chuveiro, me dei conta de que não seria de uma hora para a outra que todas as lembranças das nossas pegações iriam sumir da minha cabeça. Eu iria esquecer aos poucos, então por ainda ser recente eu podia olhar um pouquinho, não?
Afundei a cabeça na cama novamente. Era melhor não arriscar muito.
— Pronto. — O senti puxar minha perna, arrastando-me para a ponta do colchão. Me virei tirando os cabelos do rosto e o vi se inclinar em minha direção. Muito perto, ao ponto de eu sentir o cheiro do seu sabonete. — O que quer fazer?
Engoli a seco, mas na verdade queria chorar.
Eram tantas possibilidades.
— N-Não sei, o que você quer fazer? — Devolvi a pergunta, ficando incerta se deveria mesmo ter feito aquilo.
comprimiu os lábios ainda apoiado na cama, senti seu olhar queimar em mim e descer até meus quadris. Entendi naquele instante porque nos mandam ficar parados ou não fazer movimentos bruscos quando nos deparamos com um urso ou qualquer outro animal selvagem na natureza, se eu correspondesse seu olhar só Deus sabe como acabaríamos aquela tarde.
Me fingi de distraída e passei os olhos pelo quarto. me imitou, fazendo-me ficar aliviada com o ato. Tá, ele poderia estar procurando um móvel para nos apoiarmos enquanto transavamos, mas eu estava empenhada em achar algo que nos distraísse daquela ideia absurda.
Absurdamente boa. Mas errada, muito errada.
— Video game? — Apontei para o Playstation, torcendo para que ele concordasse.
— Podemos pedir uma pizza. — Concordei enquanto já pegava o celular para fazer o pedido.
— Você poderia chamar os meninos também, aí a gente joga Fifa. — Isso, com os caras ali seria muito mais seguro que a sós.
— Não, só nós dois está bom. Não quero ter que te dividir com eles. — Revirei os olhos me ajeitando sobre a cama, tentando conter o frio na barriga com o que ouvi.
Relembrei a conversa do banheiro naquela festa. Tudo me remetia a algo pecaminoso que já tínhamos feito. Merda, nunca quis tanto ter amnésia na vida.
— Então será Fifa mesmo. — Foi até a cômoda e se agachou diante do aparelho ligando-o. — Escolhe seu time primeiro, vamos ver se ainda é ruim no video game. — Arquei as sobrancelhas, porém não pude discordar, eu era muito melhor na vida real. — Vamos apostar algo? Cada vez que alguém fizer gol o outro terá que pagar com…
— Dinheiro! — Me apressei a completar. Eu gastaria todo o meu salário ali mas não arriscaria deixá-lo propor alguma coisa.
Aliás, percebi que era melhor não deixá-lo finalizar nenhuma frase naquela noite.
— Eu ia sugerir algo mais divertido. — Sorriu sugestivo.
— Mais divertido que ganhar dinheiro? — Ri nervosa, assumindo a personalidade do Tio Patinhas só para não ter que concordar que gozar era realmente infinitamente melhor.
— Ok, chega pra lá. — Veio trazendo consigo os dois controles.
Ainda era um pouco estranho estar com ele de outra forma depois de tudo, principalmente quando alguma parte de nossos corpos se encostavam sem querer ou quando os olhos se cruzavam vez ou outra. não estava facilitando minha vida, encarava minha boca por tempo demais e mexia no meu cabelo sem necessidade alguma, colocando-o para trás das minhas orelhas me olhando como se fosse aproximar a cabeça da minha e me roubar um beijo.
Fora as coisas que ele dizia, eu pedi para que ele não me provocasse, que voltássemos a ser como éramos antes, mas parecia não conseguir se controlar! Flertava comigo a cada respirar, até o tom de sua voz mudou quando ele se referia a mim, não me lembrava de costumava agir daquele jeito antes, não conseguia mais enxergar meu amigo nele.
Não sem me lembrar de que já estivemos juntos de formas nada amigáveis.
As horas passaram muito rápido, apesar do meu pequeno desconforto devido a tensão sexual que iria pairar sobre nós por algum tempo, eu me diverti como sempre ao lado dele, tanto que nem vi o tempo ir embora. No fim das contas não sai muito no prejuízo com a contagem de gols, e não era porque tinha milagrosamente ficado boa no video game, mas sim porque parecia com dificuldades em se concentrar no jogo.
— Isso é chuva? — Me levantei num pulo indo até a janela para espiar do lado de fora. Os dias estavam tão abafados que não me surpreendia muito o fato de estar chovendo, mas sim o fato de ser um dilúvio e eu não estar em casa. — Eu preciso ir embora, já está tarde.
não devia ter um guarda chuva que preste no quarto, nenhum homem parece ter. Só pensava no quão encharcada eu estaria quando chegasse no meu dormitório, que ficava praticamente do outro lado do campus.
Não que eu já não estivesse molhada ali no quarto de , mas vamos ignorar esse detalhe.
— Fica, dorme aqui. — Olhei para como se ele fosse louco. — Qual é, , até parece que nunca dormimos juntos na mesma cama. Está caindo o mundo lá fora e ainda por cima já escureceu, não vou te deixar ir nessas condições.
Me dei por vencida ao ver que ele tinha razão, devia mesmo estar perigoso lá fora e sair sozinha não seria uma boa ideia. Decidi ficar, mudaria meu despertador para um pouco mais cedo para dar tempo de me arrumar para trabalhar na manhã seguinte.
— Quer algo pra vestir?
— Não, estou confortável assim. — Murmurei amarrando meus cabelos num nó, já que sentiria a falta de um amarrador para eles durante a noite. — Ainda tenho uma escova de dentes aqui?
— No lugar de sempre. — Respondeu arrumando a pequena bagunça que fizemos com as pizzas. — Vou levar isso aqui lá pra baixo, já venho. — Assenti vendo-o sair porta a fora.
Respirei fundo pensando no que faria, já me sentindo tensa com a ideia de me deitar uma noite inteira ao lado do , de todas as provocações que ele teve a cara de pau de me fazer, sentia que eu talvez não demoraria muito para ceder daquela vez. Se eu sobrevivesse àquela noite e retornasse ao meu dormitório intacta, sem lhe dar um selinho sequer, sinto que sobreviveria a qualquer investida dele.
Fui escovar os dentes e quando deixei o banheiro dei de cara com sentado na cama, esperando sua vez de entrar. Me lembrava de como costumávamos fazer aquilo juntos, dividindo o espelho da minha casa quando a mãe dele o deixava dormir na minha, o inverso também acontecia, sorri sozinha no quarto, eu podia me lembrar até mesmo do gosto da pasta de morango que comíamos escondidos vez ou outra.
Aproveitei a ausência de e arquitetei o plano anti coito perfeito. Claro que eu não poderia deixar de dar os créditos a minha querida e religiosa mãe, que sempre teve a mente suja ao ponto de imaginar que e eu algum dia poderíamos ter algum tipo de mão boba quando tínhamos apenas treze anos e sentiríamos nojo só de imaginar tal possibilidade na época. Toda vez que nos via deitados no sofá ou até mesmo no colchão da sala vendo filmes ela nos fazia cada um deitar para um lado da cama.
Peguei o travesseiro e fui para os pés dela, deitando-me de cabeça pra baixo. Na época não existia a menor possibilidade de acontecer algo entre mim e , éramos duas crianças, mas agora era mais que necessário mantermos aquele distanciamento seguro entre nós.
Tudo bem que quando um não quer, dois não transam. Mas o problema era justamente o fato de eu querer muito.
— O que está fazendo aí embaixo? — O encarei parado diante da cama, reparei principalmente em sua expressão de incredulidade. — Isso é sério, ?
— O que tem? É bom que teremos mais espaço, não quero atrapalhar seu sono. — Nós dois sabíamos que era mentira, eu era a pior companhia do mundo para dormir, o lugar em que eu mais chutava na vida além de em campo era na cama.
— Quer saber, isso já está ficando ridículo, . — Me encolhi debaixo da coberta assistindo-o andar enfezado até a cabeceira e puxar o travesseiro restante consigo. — Eu vou dormir aqui do seu lado e ninguém vai me impedir.
O ventinho que o travesseiro fez quando bateu no colchão me deu uma repentina vontade de rir, o fato de estar furioso com algo tão idiota só itensificou ainda mais. Me segurei quando ele puxou a coberta pra ele ainda bravo.
— Minha mãe impediria. — Não aguentei e comecei a gargalhar loucamente, logo sendo acompanhada por ele em meio ao escuro do quarto. Cheguei a lacrimejar e soltar um ronco de porco em meio ao riso descontrolado.
— Fique tranquila, eu não vou te atacar no meio da noite. — Era mais fácil eu agarrar ele depois de quase subir pelas paredes após vê-lo de toalha enrolada na cintura. — Não precisamos nos deitar de um “jeito comportado”.
Continuei a rir lembrando que era daquele jeito que mamãe falava, para ela estava sendo sútil, mas olhando hoje em dia entendendo o que ela queria evitar, era nítido que sutileza não era bem o seu forte.
— Lembra que ela te dava um cobertor azul porque você era menino? E na verdade era só para não nos encostarmos debaixo da mesma coberta. — se debruçava contra o travesseiro tentando abafar a risada escandalosa.
Ele costumava chamar minha mãe de Damares para me irritar.
Acho que era a primeira vez que os vizinhos de parede de ouviam risos ao invés de gemidos durante a noite.
— Sua mãe era muito engraçada, de onde ela tirou que iríamos fazer algo e ainda por cima debaixo do nariz dela? Eu era o maior virjão!
Concordei ofegante de tanto rir. O pior era que os anos se passaram e eu permaneci sendo a virjona, se é que o apelido cabe para mulheres também, se existia outro ninguém nunca falou na minha cara.
se virou em minha direção, aproximando o corpo do meu que ficou tenso no mesmo instante.
— É muito bom te ter de volta, . — Sua mão quente me alcançou o rosto, deixando um carinho em minha bochecha. — Boa noite.
Fechei os olhos quando seus lábios deixaram um beijo em minha testa, de afastou ligeiramente ainda deixando-me paralisada com sua proximidade e tornou a me beijar, daquela vez mirando no canto da minha boca.
— Boa noite, . — Minha voz saiu como um sussurro, com dificuldades de pronunciar qualquer coisa além daquilo devido a falta de fôlego que aquele beijo me causou.
Ele sabia bem o que um beijo daqueles significava entre nós, o encarei inquieta meio ao breu. Significava querer um beijo, um de verdade, como os vários que já demos.
Cometi o verdadeiro pecado de imaginar o que teria acontecido se eu, no auge da minha loucura, acatasse seu desejo. Me imaginei tomando sua boca gostosa, antes mesmo que pudesse tomar distância de mim. Lhe morderia o lábio devagarinho, sentiria seus dedos adentrarem meus cabelos enquanto seu corpo grande se arrastaria pela cama até estar quase fundido ao meu.
me puxaria para debaixo de si ou me colocaria montada em suas coxas? Não saber o que ele faria comigo naquela cama não me parecia necessariamente ser algo ruim, já que eu tinha certeza de que seria delicioso estar emaranhada nele de qualquer jeito possível.
Eu podia sentir suas mãos invadindo minha blusa, tocando minha pele devagar, deixando um rastro de pelos eriçados por onde passassem. Arquearia minhas costas, ajudando-o a me despir, faria questão de lhe arrancar aquela camisa também, minha vontade de sentir a pele contra a dele sem nada impedindo me fazia suspirar. Seus lábios molhados por saliva, descendo pelo pescoço, chupando e me deixando marcada, sua língua quente circundando meus mamilos, as mãos macias massageando meus seios…
Esfreguei uma perna na outra sentindo meu rosto ruborizar. Eu precisava me distrair para passar por aquela tortura psicológica e sair sã dali.
Me virei para o lado oposto, fechando os olhos e me forçando a imaginar que estava em meu quarto, sozinha e com muito, muito sono.
também se remexeu no colchão, o calor humano irreconhecível que o corpo dele me transmitia fez meu coração errar as batidas, acho que ele tinha chegado mais pertinho.
A noite seria longa.
***
Apesar de meus esforços para me esquecer das cenas impróprias que minha mente poluída criou em minha cabeça noite passada, eu até que consegui dormir rápido. Nunca curti muito aquela coisa de dormir fora da minha cama e longe do meu travesseiro, mas eu não poderia negar que a cama em que amanheci também era considerada minha casa, e o seu quarto eram um pedacinho da nossa cidade natal em Nova Iorque, tudo ali me era familiar, desde as fotos nossas expostas no mural bagunçado na parede até o cheiro que emanava de .
Falando nele, nem precisei abrir os olhos para saber onde encontrá-lo, nem se quisesse poderia sem grandes dificuldades, afinal havia uma fresta na cortina vazando um feixe de luz bem na parte em que estávamos deitados juntos.
E quando eu digo juntos, quero dizer juntos mesmo. Colados um no outro.
Esforcei-me para abrir nem que fosse uma fresta nos olhos para poder fazer alguma análise de danos. Mas a verdade mesmo era que eu queria ver a cena que protagonizava, porque mesmo de olhos fechados eu podia ouvi-lo ressonar baixinho contra o meu ouvido, sentia sua respiração lenta e ritmada bater contra minha nuca, era engraçado ver que mesmo afogado em meus cabelos longos e soltos, dormia feito um bebê.
Mas o mais preocupante era o fato de eu nem sequer conseguir me concentrar no quão adorável era aquela cena ao reparar em nossos corpos encaixados do pescoço para baixo. O modo como minha bunda estava perigosamente encostada em sua pélvis e sua mão realizava um de meus desejos secretos da noite passada, enfiada dentro do meu blusão, repousada na minha barriga, segurando-me tão perto.
O celular em cima da cômoda começou a despertar, longe demais para que eu pudesse impedi-lo de acordar . Na verdade, eu tinha que confessar que não queria que acontecesse tão rápido, cheguei a suspirar em frustração por ter aquele momento nosso roubado pela droga da minha rotina de trabalho. Queria continuar ali, no silêncio e quentinha nos braços dele. Mesmo que estivesse desacordado, ele ainda era e sempre seria a melhor companhia do mundo.
Fiquei imóvel por um tempinho, torcendo para que seu sono leve nos desse uma trégua ao menos uma vez na vida. Era irônico ter torcido tanto para a noite passar logo para que eu fosse embora e quando amanheceu de repente querer atrasar o tempo. Vai ver era porque eu sabia que talvez não voltássemos a dormir juntos tão cedo até nos acostumarmos a voltar a sermos só amigos. E também porque era inofensivo dormindo.
— Bom dia, . — Deslizou a mão (a maldita mão!) ainda dentro da minha blusa por minha barriga, arrepiando-me inteira num piscar de olhos.
Apenas provando o meu ponto acima, respirou ao pé do meu ouvido e passou a distribuir beijos em meu pescoço. Ele acordado era o ser mais nefasto que já pisou nessa Terra, Lúcifer teria inveja da maldade dele. Todas aquelas provocações combinadas me condicionaram a péssima ideia de me remexer na cama, principalmente os quadris, que já estavam numa zona de perigo digna de um campo minado.
Sua mão que a aquela altura eu já não sabia onde me tocava mais entrou no meu radar novamente quando simplesmente me pegou pelo quadril, firme, enquanto esfregava o que tinha entre as pernas contra minha bunda.
Mordi o lábio com força segurando um gemido sôfrego. Que fogo era aquele logo cedo?
Me desvencilhei de seu abraço o mais rápido que pude e deixei a cama num pulo arrancando um riso incrédulo dele. Devia mesmo ser divertidíssimo me ver enlouquecer aos poucos, porque parecia estar fazendo tudo aquilo de propósito. Cometendo o crime de me excitar sabendo que eu tinha me auto proibido de dar pra ele.
— Onde vai com essa pressa toda? — Para longe das tentações que você chama de mãos.
Peguei meu celular vendo que tinha perdido vinte minutos naquela brincadeira torta com ele.
— Tenho que ir trabalhar. — Agradeci aos céus não apenas pelo salário, mas também pelos livramentos que aquele emprego me proporcionou.
Me tranquei no banheiro respirando aliviada quando me vi sozinha novamente. Tratei de jogar água no rosto e pescoço, tentando baixar a temperatura e me deixar menos vermelha para quando eu saísse e o encarasse novamente, por eu infelizmente era transparente até demais quando se tratava dele. E se eu desse sinais positivos de que estava gostando, continuaria com suas investidas.
Se é que empinar minha bunda pra ele já não tinha sido um puta de um sinal verde.
Quase bati na minha própria testa enquanto escovava os dentes, pensando em como sairia daquele banheiro. Voltava a me fazer de desentendida ou brigava com ele por não estar respeitando a minha vontade? Mas e se começasse a me tratar diferente, com frieza? Não queria brigar com ele, principalmente porque não fazia o menor sentido! Iria argumentar o que? Que ele devia parar de me dar carinho e me fazer sentir tesão? Parar de ser tão atraente sem ao menos tentar?
— Estou atrasada. — Sai feito um furacão lá de dentro.
Decidi pela primeira opção, seria mais seguro por enquanto. Era muito cedo para começar a brigar com o coitado.
Eu só precisava me controlar. Passei 12 horas ao lado dele e não cedi uma vez sequer, eu estava indo bem.
— Valeu pela pizza ontem, te vejo depois. — Murmurei tentando não me distrair da cena de se espreguiçando e sua camiseta subindo, deixando-me ver suas tatuagens da região.
As roupas estavam me atrapalhando de vê-las inteiras, um grande pecado.
Fui em disparada em direção a porta, antes que parasse para reparar em mais algum atributo dele. E sim, isso levaria horas, eram muitos.
— Espera! — Fui interceptada já na porta por sua mão apoiada no batente. Prendi o ar dentro de mim ficando paradinha enquanto o tinha mais uma vez perigosamente perto do meu rosto. — Posso te pegar no trabalho hoje?
“Você pode me pegar na hora que quiser.” Pensei, lutando para manter o rosto neutro diante dele.
— C-Claro. Depois de passo o endereço. — Fugi por baixo, me afastando apressada pelo corredor.
— Ei! — Virei-me já no topo da escada, onde me segurei ao ouvi-lo dizer o que viria a seguir: — Eu te amo.
— Também te amo! — Enquanto corria degraus abaixo só conseguia pensar que a última vez que dissemos eu te amo um ao outro estávamos nus no banheiro dele.
Como as coisas mudavam de repente. Me peguei pensando onde estaríamos agora se tivesse dado tudo certo aquele dia.
***
O dia se passou voando no café, mesmo com o temporal que caiu ontem o tempo continuou abafado e seco fazendo-me praticamente cozinhar dentro do uniforme escuro que usava. Não via a hora de ir embora, trocar de roupa e colocar o vestido fresquinho que tinha usado para ir trabalhar.
Tentei disfarçar pra mim mesma de que não estava me arrumando só por conta de mas desisti quando me peguei extremamente atrasada, parada em frente ao guarda-roupas procurando algo que talvez lhe chamasse a atenção. Passei minha pausa de fez minutos no fim da tarde no banheiro arrumando meus cabelos.
Ninguém deixava o trabalho tão emperiquitada e cheirosa daquele jeito por nada. Mas esperava que não notasse meu empenho.
Completamente contraditório, eu sei, mas eu ainda estava com aquela preocupação de não parecer que estava flertando com ele de volta para quem sabe assim fazê-lo parar de me atiçar.
Estava arrumada daquele jeito porque…porque era a primeira vez de me buscando no trabalho, ora!
— Vestido bonito. — Dylan comentou arrancando um sorriso sincero. Agradeci sem graça enquanto era analisada por Jules, que trancava o cadeado da loja abaixada próxima de nós.
— Alguma ocasião especial? — Neguei com a cabeça olhando inconscientemente para a rua.
Qualquer carro que passava eu achava que seria ele, dos modelos mais parecidos até os mais impossíveis de ser. Sentia meu estômago se revirar em ansiedade e acabei por me sentir idiota por ter sintomas tão incongruentes, era só o , eu o conhecia desde que nasci, não fazia o menor sentido meu corpo reagir a vinda dele como se eu estivesse indo ao nosso primeiro encontro.
Não que eu já tenha ido em algum para saber como era.
— Tchau pessoal, até amanhã! — A loira passou por nós apressada como sempre, o horário do ônibus dela sempre a impossibilitou de se despedir com calma, pobrezinha.
— Tchau. — Murmurei distraída, indo até o meio fio enquanto praticamente esmagava a alça da mochila pendurada em meu ombro.
Será que ele não vinha? Chequei o celular, nenhuma mensagem o dia todo além do “ok” que me enviou quando mandei o endereço.
Não vou mentir que não olhei minhas mensagens o dia inteiro toda vez que tinha oportunidade, estava com tantas saudades do meu melhor amigo que queria ter passado o dia conversando com ele. Mas talvez não voltássemos mesmo a ser como antes, eu esperava que seu silêncio fosse apenas um jeito de me dar algum espaço para colocar as coisas no lugar em minha cabeça.
Aquele mês que passamos separados tinha sido usado exatamente para isso. Mas foi só vê-lo novamente que tudo voltou a se bagunçar dentro de mim. Sinceramente, eu estava começando a suspeitar que nada mais seria como era antes entre nós dois.
— Quer carona, ? — Girou as chaves de sua moto no indicador.
Avisei o carro preto de estacionar do outro lado da rua e respirei aliviada.
Era aquilo ou aceitar carona do meu chefe indo pendurada nele na garupa, morrendo de medo de cair porém com mais medo ainda de agarrá-lo demais e ficar estranho, fora o fato de que eu não conseguia manter o pescoço ereto e ia o caminho todo batendo o capacete no dele.
Sim, Isso foi muito específico e não está tudo bem. Dylan caçoou de mim por dias quando aceitei uma carona até o campus.
— Não precisa. — Ainda vidrada nele atrás do volante, suspirei pensando em como ele ficava sexy dirigindo.
Lá íamos nós de novo.
— Oh, então essa é a tal “ocasião especial”. — Meu chefe se juntou a mim, também encarando o carro.
Senti meu rosto queimar. A quem eu estava querendo enganar? que não era, se até mesmo Dylan já sacou tudo, imagine que me conhecia mais que o resto do mundo todo?
— Me deixe adivinhar, esse é o famoso ?
— Jules te contou? — Fiquei boquiaberta e morta de vergonha.
Eu tinha contado tudo a ela. Tudo mesmo, com detalhes riquíssimos.
— Não, mas dá pra ouvir vocês fofocando na cozinha. — Arregalei os olhos ainda mortificada enquanto ele só sorria ladino. — Vai por mim, , ele não quer mais ser só seu amigo.
Eu já tinha percebido aquilo, não era muito bom em esconder o que sentia, ainda mais para mim que o conhecia tão bem.
Meu problema definitivamente não era aquele.
— Até amanhã, não vou te pedir pra me contar porque vou ouvir tudo junto com a Jules. — O cara de pau me deixou plantada ali e foi atrás de sua moto, subindo nela e sumindo pela rua já escura.
Corri para o carro entrando rapidamente. Havia um comércio aberto na esquina e algumas empresas alocadas ali, porém a rua estava tão vazia que chegou a me dar calafrios.
— Oi. — Sorri para , que olhava curioso para a fachada do café.
Olhei para meu próprio corpo checando se o vestido estava mesmo bom em mim. não tinha sequer olhado.
— Quem é seu novo amigo?
Olhei em volta enquanto deixava minha mochila no banco de trás do carro.
— Quem? — Segui seu olhar até o outro lado da rua, onde a moto esteve estacionada minutos atrás. — Ah, Dylan? É só o meu chefe. — Desdenhei.
Reparei no seu olhar analítico pra cima de mim e respirei fundo tentando ignorar seu gesto de chegar mais perto. fungou próximo do meu pescoço, fazendo-me ficar estática onde estava.
— Você vem trabalhar gostosa e cheirosa desse jeito “só” por causa dele? — O encarei boquiaberta tentando achar meu rumo ao me reparar com seu semblante duro diante de mim.
era ciumento, desde crianças tínhamos conversas sobre como não deveríamos colocar outros amigos no lugar um do outro e chegava a ter ciúmes de ficantes meus por medo de perder nossa amizade para um possível namoro meu.
Achava bonitinha a forma como ele me deixava saber que tinha medo de me perder para outros amigos. Mas agora a causa do ciúme era outra, é diferente da inocência de ter certeza que era algo sobre nossa irmandade, agora saber que me deseja e quer em ter somente pra ele em sua cama me fazia queimar por dentro.
E era uma sensação deliciosa.
Combinada aos meus hormônios que estavam fazendo uma bagunça dentro de mim após ouvirem a voz afrodisíaca de me chamar de gostosa de novo, depois de tanto tempo com o mesmo tesão explícito em cada letra pronunciada.
— N-Não me chame assim. — Sentia minha língua embolar de tão desconcertada que estava, não sabia como impedi-lo de continuar me provocando quando estava tão imersa naquela atmosfera que sentia meu corpo cedendo aos poucos.
Como se fosse uma tarefa árdua simplesmente deixar de resistir a ideia de estar em seus braços.
— É só o que você é… — Desfaleci sobre o banco quando sua mão grande entrou em contato com minha pele eriçada, tocando minha coxa exposta pelo vestido e subindo em direção minha virilha pulsante. — Uma puta gostosa.
— -. — Fechei os olhos sucumbindo, com seu rosto se colando ao meu, sentindo sua respiração quente bater contra minha bochecha. — Para, por favor. — Clamei num sussurro sôfrego, agarrando sua mão.
Contava com a piedade dele, porque naquele momento eu não tinha mais forças para afastá-lo e se tentasse usar as mãos sabia que ambas iriam me trair puxando-o para perto ao invés do contrário.
— Porque? — Beijou o canto da minha boca entreaberta. — Porque parar se é tão bom?
Bom era apelido! Sentia minha respiração falhar tamanho foi o arrepio que me subiu combinado ao frio na barriga. me levava ao céu com tão pouco que eu duvidava da capacidade de qualquer outro cara me causar tudo aquilo sem se matar tentando.
— V-Você prometeu que não iria provocar, — Engoli a seco com seu polegar acariciando minha coxa. Eu ainda segurava sua mão onde estava. — Disse q-que não iria mais me tocar assim depois de…você sabe…
— Nos beijarmos? — Selou nossos lábios superficialmente. — Depois que te agarrei, tirei sua roupa e beijei seu corpo inteiro? Não haja como se nunca tivesse acontecido .
Abri os olhos para encarar seu sorriso ladino cafajeste, que apenas serviu para me arrematar de vez. Como seguir negando o modo como eu ficava molhada só de vê-lo?
Que grande inferno era ser eu naquele momento, ao mesmo tempo em que estava decidida a não estragar tudo de novo entre nós, eu queria também sucumbir ao desejo e beijá-lo, deixar meus hormônios tomarem conta do meu corpo sem pensar nas consequências.
— Eu só estou tentando voltar como era antes. — Arguementei tentando trazer um pouco de sanidade a aquela conversa, se é que daria pra chamar aquela seção de tortura assim.
Ele ainda estava tão perto como quando estivemos juntos em sua cama, ainda me olhava com o mesmo brilho no olhar de antes, eu sabia que nada tinha mudado, que foi um mal entendido. Mas então por que ainda tinha tanto medo?
— Quem disse que estávamos melhor antes? — Esbravejou, arrepiando-me com sua voz rouca e a firmeza com que me pegou pela nuca. — Eu sinto sua falta o tempo todo!
— Eu também morri de saudades, , você é um pedaço de mim fora do corpo, Deus me livre ficar mais um mês longe de você. — Também segurei seu rosto com ambas as mãos, mais uma vez tentando enfiar juízo em sua cabeça. — Por isso que não quero voltar a misturar as coisas…
— Eu não sinto saudades só de você como amiga. — Seu olhar decidido me paralisou de vez. — Por favor, vamos tentar de novo?
Era um ultimato, estava mais sério do que nunca daquela vez, senti o mesmo vazio dentro do peito como quando lhe dei as costas depois daquela briga, a sensação foi a mesma quando sua mão deixou de tocar minha coxa.
Quase neguei novamente, aquela ideia já tinha sido descartada da minha cabeça. Mas o que ele disse por último sobre tentar de novo…digo, dessa vez tentar pra valer.
Porque da última vez não estávamos nem ao menos tentando! Não tínhamos um combinado sério, por isso eu tinha ficado tão brava e ao mesmo tempo confusa quando Jenna bateu em sua porta, sentindo-me traída mas sem saber ao certo o que éramos ou o que tínhamos além do amor de sempre e da atração recém explorada.
— Não precisa ter medo, eu sou louco por você, nunca faria nada para te magoar. — Lhe sorri contida, eu sabia bem daquilo, não sei até hoje como pude alguma vez duvidar.
Avancei em sua direção selando nosso trato silencioso por minha parte, tinha reafirmado o que eu já sabia que ele sentia por mim, e eu tive certeza de que valia a pena tentar novamente. Não sabia ao certo se iria dar em algo, mas eu já não iria aguentar aquela tentação ambulante por muito tempo, né?
Talvez fosse bom unir o útil ao agradável: Ter um melhor amigo que beijava maravilhosamente bem e me fazia gozar como ninguém.
No meu caso era literalmente ninguém.
Mas enfim.
me tomou em seus braços fazendo-me derreter neles instantaneamente. Era uma coisa muito louca essa de beijar alguém que te desperta sentimentos, não me lembrava de nenhum outro que me fizesse sentir daquela forma. Com vontade não nunca mais soltar, com um calor que parecia exposta a um sol de cinquenta graus e com uma urgência absurda de receber mais de onde vinha aquilo que eu ainda não tinha encontrado uma palavra que pudesse explicar.
Eu só sabia que queria sentir mais e mais.
Ele sorriu safado quando puxei sua mão quente de volta para meu corpo, de onde nunca deveria ter saído. Seus dedos largos e ágeis logo encontraram uma brecha na barra do vestido, subindo por minha coxa dessa vez sem serem interceptados.
Arfei quando sua mão chegou a minha calcinha, naquele momento já tínhamos desgrudado os lábios um do outro a fim de não morrermos sem ar. Quem disse que ninguém nunca morreu de amor claramente nunca beijou , aquilo que acabamos de protagonizar naquele carro foi quase uma tentativa de suicidio. A saudade era tanta que eu nem queria sequer parar para respirar.
De qualquer forma, qualquer coisa que ele fazia com seus lábios em mim ainda conseguia me desmoronar em questão de segundos, os senti molhados beijando meu pescoço enquanto os dedos puxavam minha calcinha de lado. Gemi quando dedilhou meu clítoris, rebolei contra ele, sentindo seus dentes mordiscando minha pele quente.
— Abra as pernas pra mim, amor. — Obedeci, separando os joelhos imediatamente, como um cão adestrado recebendo comandos sabendo que iria ganhar minha recompensa.
E ela chegava aos poucos tirando-me cada vez mais o pouco do juízo que ainda me restava. aumentava a velocidade dos dedos me dando a ilusão de que a combustão se aproximava, mas de repente dosava os movimentos tornando-os mais lentos, explorando outras áreas do calor entre minhas pernas escancaradas.
Se minha mãe me visse ali, ofegando, trêmula e suada dentro de um carro no meio da rua…céus, ela me deserdaria na hora.
— -… — Chamei seu nome com sérias dificuldades, sentia que iria explodir feito uma panela de pressão, louca para gemer mas morrendo de medo de ter alguém passando na calçada e nos observar naquela situação deliciosa.
Digo, embaraçosa. Situação embaraçosa.
— Deve ter gente passando na rua. — Segurei sua mão grande, suando frio. Não devia tê-lo atiçado a começar aquilo estando estacionados em frente ao meu trabalho.
Com que cara eu voltaria ali todos os dias se fôssemos pegos?
apenas assentiu voltando a se recostar no banco do motorista, chupando os dedos antes de ligar o carro e arrancar com ele rua a fora. O olhei confusa, mas não tive tempo de sequer pensar em alguma coisa, ele já entrava na rua paralela a um dos parques da cidade que aquela hora da noite estava deserto e escuro.
— Pronto, vossa majestade. — Voltou a se aproximar sorrindo faceiro. — Sem testemunhas. — Beijou minha bochecha, indo parar em minha orelha, onde mordiscou o lóbulo com ambas as mãos já me tocando os quadris.
Respirei aliviada, já que apesar da rapidez com que dirigiu, me senti frustrada naqueles poucos minutos de pausa que tive de sua mão me estimulando. Sorri satisfeita, tendo-o invadindo o vestido daquela vez com ambas as mãos e puxando a barra da minha calcinha para baixo. O ajudei suspendendo-me no banco, vendo ansiosa a calcinha preta deslizar pelas minhas pernas.
— Tira. — Sussurrou apressado, fazendo-me inclinar o corpo para passar a peça pelos tornozelos, deixando-a jogada no chão do carro.
Me abri novamente pra ele, conseguindo chegar rapidamente no mesmo estágio de prazer que estava quando tive que interromper tudo. Era muito melhor quando eu poderia gemer a vontade, saber que o estava excitando sem ao menos tocá-lo em algum ponto erótico em seu corpo, apenas demonstrando o quão gostoso estava, o jeito como suspirava me deixava saber que ele estava adorando a cena que estava causando e assistindo de camarote.
Inclinei meu tronco em direção ao banco ao lado, deitando a cabeça em seu ombro, ficando bem próxima ao seu ouvido. Passei a sussurrar coisas desconexas ali, sabia que provavelmente não havia ninguém do lado de fora para nos ouvir, mas ao mesmo tempo queria que soasse como um segredo só nosso, confidenciava tudo o que estava me fazendo sentir enquanto ele movia os dedos cada vez mais depressa, gemia sôfrega falando o que eu queria que ele fizesse comigo.
Exatamente como tinha me ensinado a fazer.
Eu sinceramente não sabia que conseguia sair tanta depravação da minha boca até aquele momento, até mesmo o vocabulário tão vasto em palavrões tinha sido uma surpresa pra mim. Gozei em sua mão sentindo meu corpo reagir a aquela avalanche deliciosa de tremores e espasmos prolongados pela habilidade de de manter os movimentos nos pontos certos a fim de me fazer enlouquecer quando achei já satisfeita que tinha acabado.
Me endireitei sobre o banco, puxando meu vestido de volta ao lugar e tentando em vão normalizar a respiração. me observava vidrado em cada movimento, o que não me ajudava em nada na minha tentativa de recuperar o fôlego.
— Não respondeu minha pergunta. — Suspirei, encarando-o de volta.
Eu era a pessoa mais teimosa do universo e sabia admitir isso, mas depois do que acabou de acontecer ali, não teria como tentar voltar atrás. me fazia sentir tão bem, me dava sensações que jamais pensei em sentir na vida, despertou um lado em mim que não conhecia, que se sentia desejada por alguém, amada de uma forma muito nova. Eu estava viciada em tudo aquilo, e principalmente cansada de fingir que não sentia falta por medo do que as pessoas iriam achar de nos ver juntos depois da confusão ou por temer estragar nossa amizade.
Nada na vida acontecia sem que assumíssemos alguns riscos, principalmente quando se fala de sentimentos, não é necessariamente e algo se não nos faz arrepiar ou acelera o coração, não teria a mínima graça se fosse. E, além do mais, eu já previa me arrepender amargamente num futuro próximo se escolhesse simplesmente abdicar de ter daquela forma. Não sabia se suportaria vê-lo beijar ou imaginá-lo fazendo o que fazíamos juntos com outra.
— Vamos tentar de novo. — Concordei, arrancando-lhe o sorriso mais lindo que já vi nascer em seu rosto iluminado.
se inclinou em minha direção, tomando minha boca sem a urgência de antes, mas ainda assim provocando-me a sensação de milhares de borboletas no meu estômago.
Era esquisito sentir na pele tudo o que eu até então só havia visto sendo descrito em livros, sempre imaginei que eram apenas floreios para descrever respostas fisiolígicas do corpo humano sendo estimulado. Bem cética, eu sei. Mas viver aquilo me fez conhecer um mundo novo, me vi adepta a uma espécie de religião e acreditava tanto no que sentíamos e no poder que aquelas mãos grandes tinham sobre mim que nada no mundo, por mais crível que pudesse ser, me tiraria daquele encantamento.
— Eu te amo. — Sussurrou no meu ouvido, beijando minha têmpora antes de se afastar. Não lhe disse nada, contava com a tranquilidade de não precisar falar para que ele soubesse do que eu sentia. — Vou te levar pra casa.
Eu já estava em casa.
O caminho foi silencioso, o que não era nem um pouco comum de acontecer quando estávamos a sós. Eu tendia a ser bem cansativa de vez em quando, falava demais desde criança e até mesmo minha mãe se mostrava cansada de me ouvir. Mas não, ele era a única pessoa que nunca parecia se cansar de mim, por isso eu aproveitava sempre estar junto com ele e era acostumada a ser observada com o mesmo interesse por aquele par de olhos verdes.
Porém, mesmo me transformando numa tagarela ao lado dele, mesmo que tenhamos passado o último mês inteiro sem quase sequer olhar no rosto um do outro, permanecemos calados.
Não sabia o que se passava em sua cabeça naquele momento. Nem se quisesse adivinhar não conseguiria, apesar da nossa telepatia bizarra, eu estava ocupada com meus próprios pensamentos pairando por minha cabeça zonza, tentando controlar meu corpo para que não reagisse a tudo o que minha imaginação fértil criava a fim de me satisfazer ao menos momentaneamente.
Queria terminar o que começamos naquele carro, não somente ali, mas também no meu quarto. Não sabia se ainda aguentava esperar, na verdade não entendia como esperei tanto desde que nos beijamos pela primeira vez. Como eu tinha sido ingênua de achar que tudo o que senti naquele dia era fruto de um estranhamento por ser ali com a boca e o corpo grudados em mim.
Era louco pensar que estava sentado ao meu lado, dirigindo concentrado e ainda assim dominava meus pensamentos como se estivesse há quilômetros de distância. Como eu era capaz de sentir tanto a falta de seu toque se ele estava ali, ao meu alcance?
Eu estava completamente obcecada, e não tinha me dado conta até voltar a tê-lo. Talvez o que tenha me levado a essa jornada louca de perder a virgindade não tenha sido especificamente sexo em si, talvez esteja relacionado a e o fato de que desde o primeiro momento ele foi o único cara que me veio a mente quando pensei em transar pela primeira vez, desde então tudo se resumiu a ele.
Era tudo sobre ele.
O carro parou no estacionamento do campus e só ali me toquei, voltei para a o planeta Terra e o vi desembarcar, fazendo o mesmo um pouco atrasada por ter que pegar minha mochila. já me esperava após dar a volta no carro, dei apenas um passo encontrando seu corpo quente. Beijei sua boca já tendo ciência de que era impossível estar diante dele sem querer fazer aquilo a cada segundo.
Me lembrei de que estava sem calcinha e achei engraçado o fato de conseguir esquecer de uma coisa dessas enquanto se está ali, vivendo.
— Minha calcinha. — Sibilei, virando-me e abrindo a porta do carro.
foi rápido, empurrando-a e fechando antes mesmo que eu pudesse puxar de volta.
— Me deixe ficar com ela, sim? — Murmurou sedutor, envolvendo minha cintura devagar. Ri de suas táticas infelizmente infalíveis no meu caso. — Pra quando você estiver longe eu possa matar a saudade.
Gargalhei de sua cara de pau enquanto ganhava beijos na bochecha.
— Isso seria muito bonitinho se não estivéssemos falando da minha calcinha. — riu ponderando. Era o jeitinho dele de ser romântico e estava tudo bem.
— Vou indo, tenho um trabalho pra terminar. — Tentei não murchar na frente dele. — Boa noite, .
O deixei beijar minha testa, porém não fui madura o suficiente para deixá-lo ir.
— Não quer subir pro meu quarto? — Tentei não soar como uma safada, mas queria que ele entendesse meu recado e me enxergasse como uma.
Eu estava sendo egoísta, o queria naquela noite, naquele instante e não queria esperar mais. Mesmo que tivesse acabado de falar que precisava cuidar dos trabalhos acadêmicos dele, o ignorei.
me olhou contrariado, sorri inocentemente em sua direção puxando-o pela mão. Ele me acompanhou calado após acionar o alarme do veículo.
Foi difícil. Ficava mais difícil a cada dia que passava. Era completamente atípico pra mim estar tão machucada e não poder recorrer aos braços de . Pela primeira vez na minha vida ele não era meu lugar seguro no mundo, e sim o grande causador do caos que passou a existir dentro de mim.
Me sentia como a Bella Swan sentada na janela vendo o tempo passar diante dos olhos dela, observando a vida continuar completamente alheia a tudo e a todos, tamanho era seu sofrimento pós pé na bunda em Eclipse. Apesar de me sentir daquela forma, sem vontade de fazer nada ou falar com ninguém, eu seguia minha rotina fingindo que não existia uma bigorna enorme pousada em cima do meu peito.
Ao contrário dela eu não tinha sido largada, tampouco corria risco de ser farejada por um grupo de vampiros do mal.
Eu não sabia o que fazer, minha cabeça já tinha tentado criar milhares de cenários possíveis para sair daquele estado de espírito deplorável que fiquei depois que tudo aquilo aconteceu. Antes eu era uma caloura comum, que não fedia e nem cheirava no campus, passava desapercebida por onde quer que fosse e estava ótima daquele jeito.
Mas depois que o vídeo viralizou, os vampiros de repente me pareceram mais fáceis de lidar do que aquilo.
Bom, eu poderia tentar “ver o copo meio cheio” e levar em conta que a maioria dos comentários eram sobre o penis de de fora (não que fosse uma novidade para a maioria das garotas da redondeza e na cara de Jenna Hemmings) ao descobrir um chifre recém colocado, até mesmo numa situação como aquela os holofotes não estavam sobre mim. Mas, mesmo assim, tinha uma ou outra pessoa que me apontava como pivô do fim do relacionamento deles.
O que vinha me agoniando não era nem mais o foco daquela palhaçada toda, e sim o resultado dela: Eu não falava com desde aquele dia. Sim, Jenna continuava no campus dizendo aos quatro ventos que tinha sido traída. Depois descobri que eles realmente não foram mais vistos juntos depois da viagem para a Inglaterra que fez.
Mas aí já era tarde demais, não somente por toda a exposição e falatório sobre como pode trocar uma gostosona com a Jenna para alguém tão sem graça como eu, rumores de que já me pegava muito antes de namorar ela e mais quinhentas suposições que no fim do dia não faziam o mínimo sentido.
Suspirei enquanto ajeitava meus cabelos no rabo de cavalo que fiz e deixei o vestiário do café que eu tinha conseguido um emprego. Quis mais uma vez contar a a novidade, ele sabia que eu estava atrás de um jeito de arrumar dinheiro e me bancar sem precisar da minha mãe.
Qualquer novidade que acontecia em minha vida, das mais significativas às mais bobas e sem importância, queria compartilhar com ele tudo outra vez. Sentia a falta dos abraços, do cheiro dele, e mesmo após toda a confusão que começar aquilo nos trouxe, eu jamais poderia negar o quando morri de saudades do seus beijos.
Queria não ter experimentado, voltar no tempo antes daquela droga de festa e seguir dali, quando a ideia de transar ainda não passava pela minha cabeça e eu e éramos grudados sem aquela mágoa toda entre nós.
Me sentia culpada, era um sentimento diferente da culpa convencional que já experienciei em outras ocasiões quando cometi erros em minha vida, era muito pior. Talvez porque estar junto de de outra maneira além da amizade não se parecia um erro pra mim, não era possível que um erro fosse tão bom e me fizesse tão bem. Mas ainda assim, daria tudo para desfazer aquilo, mesmo que isso significasse nunca mais beijá-lo ou tocar seu corpo, tê-lo ao meu lado como o amigo que ele sempre foi já me faria feliz novamente.
Trabalhei exatamente do mesmo modo que fazia todos os dias desde que ingressei ali, por ser alguns quarteirões afastado do campus, não corria o risco de encontrar ninguém da Columbia ali, e de quebra a cafeteria ainda ficava no fim da rua da biblioteca da cidade. Foi daquele jeito que descobri a vaga de emprego, numa de minhas fugas dos alunos da faculdade, frequentar aulas com burburinhos sobre minha vida sexual inexistente já estava sendo péssimo o suficiente, pelo menos longe de quem me conhecia eu poderia relaxar e estudar um pouco.
Estava tentando ocupar minha mente, ainda por conta das minhas fugas, não treinei muito durante aquele mês. Além de evitar as quadras pelos outros, ainda tinha que manter distância porque sabia que corria o risco de encontrar por lá.
Irônico eu estar correndo dele dessa vez, principalmente depois de acusá-lo de fazer o mesmo enquanto eu praticamente o obrigava a tirar minha virgindade. Estava traumatizada com aquela coisa de sexo, se transar significasse me apagar a alguém e depois brigar e toda vez que ver a pessoa meu coração se partisse em mil pedaços acho que mudei de ideia, não queria mais.
Minha mãe ficaria feliz se soubesse das minhas recentes inclinações ao celibato, ela já tinha problemas demais com Mary e sua gravidez na adolescência, acho que não se via sendo avó tão cedo na vida.
Mas voltando ao , eu cheguei a vê-lo sete vezes naquele mês afastados. Sim, eu contei. Saberia dizer a cor das roupas que ele usava, o modo como seus cabelos castanhos estavam bagunçados e até mesmo o que sua expressão facial dizia quando voltei meus olhos para seu rosto nos poucos segundos que o fiz, de longe, sem poder tocá-lo ou sentir seu cheiro. Sempre que ele me olhava de volta eu desviava o olhar, trêmula, nervosa demais para quem olha e vê apenas um amigo.
Ele tinha tentado contato, mandava uma mensagem por dia, queria me ver para conversarmos. Nas primeiras vezes eu não queria vê-lo, estava brava e magoada. Mas mesmo depois de descobrir que na verdade Jenna era a errada da história, me recusei a respondê-lo. Meus sentimentos mudaram, e passei a enxergar as coisas de outro jeito. Jenna não era a única culpada, eu também errei, por isso comecei a ter raiva de mim mesma por tê-lo magoado.
Eu não acreditei nele, o acusei de coisas que sabia que ele não era. A imagem dos olhos dele…meu coração estremecia dentro do peito quando me lembrava. E mesmo assim, ainda queria falar comigo. Me sentia envergonhada, uma idiota, principalmente por saber que eu tinha causado todo o caos desde o início.
O meu dia se passou rápido, era bom quando eu tinha muitas coisas para aprender, assim me concentrava ao máximo nas tarefas que fazia e não me sobrava tempo para pensar em ou nas consequências dos meus atos.
Ser adulto é isso mesmo, não? Ser tão ocupado para não remoer erros e fingir que o faz apenas por dinheiro. Preferia quando eu era criança, tinha tempo livre e não pensava nem um pouco nas merdas que fazia.
Sai do trabalho e fui de bicicleta para o dormitório, tinha desmarcado com as meninas de fazer um trabalho em grupo, iria falar com Marie depois de enrolar aquele mês inteiro para que ela não notasse que havia algo de errado comigo. Era reconfortante pensar que em algum lugar desse mundo existia uma cidadezinha do tamanho de um ovo no interior da Inglaterra em que e eu ainda éramos tão grudados quanto irmãos siameses, e era um consenso regional a ideia de que nada nesse mundo iria nos separar.
Tomei um banho vestindo um camisetão qualquer, pensei em usar uma das camisetas que roubei dele com o passar dos anos e trouxe na minha mala para supostamente devolver, iria ajudar na minha mentira de que nada tinha mudado, afinal de contas não usamos a roupa de alguém que estamos brigados, não é? Mas desisti ao perceber que ele só tinha deixado duas para trás, e nelas ainda tinha um resquício fraco do perfume dele. Não queria correr o risco de perder aquele pequeno consolo que ainda teria quando a saudade apertasse.
Meu Deus, eu estava parecendo uma viúva de guerra.
— Oi! — Tentei não agir estranho, era difícil quando se estava tentando.
Mary não percebeu nada, apenas acenou para a câmera, sorrindo amarelo. Depois que descobriu o que a esperava nos próximos meses, aquele era seu semblante permanente. Eu não poderia e nem iria julgá-la, como viver tranquila sabendo que meses depois uma criança iria escorregar pra fora por sua vagina? Ou pior, iriam abrir sua barriga como fizeram com o lobo mal para tirar a vovó de lá de dentro no conto da Chapeuzinho vermelho?
Referências bem infantis para ilustrar o fato de ambas sermos muito novas para ter um bebê e também nos treinando para um futuro muito próximo com um no colo.
— Como anda…a criança. — Ri de nervoso. Era tudo tão estranho que de repente minha situação com passou para apenas um desconforto idiota.
Achei que seria reconfortante saber que existia outra pessoa pior que eu, mas não foi nem um pouco.
— Estou bem, eu acho. — Arquei as sobrancelhas.
É, estranho com certeza era a palavra que descreveria aquele diálogo.
— Eu estava me referindo ao bebê.
— Oh, está bem também, o médico disse pelo menos.
— A mamãe não está te deixando em paz, não é? — Fiz careta. Ela devia ter levado Mary no médico quinhentas vezes enquanto reclamava de estar perdendo seu tempo fazendo algo que na verdade a obrigou a fazer.
Eu a conhecia como ninguém, apesar de amá-la com todo meu coração, sentia um certo alívio por estar finalmente longe, apesar de morrer de saudades de vez em quando.
Confuso, não?
Minha mãe sempre foi extremamente rígida, tudo tinha de ser do jeito dela e tudo o que divergia do modo dela de pensar ou de ver o mundo era muito errado, pecaminoso, portanto não teríamos que ter acesso. Foi assim com filmes da moda, bandas e eventos que todos da nossa idade frequentavam, até mesmo o modo como iríamos nos comportar e vestir em público. Ela fez da religião dela a nossa sem nos dar escolha de querer ou não nos tornar ela. E isso sufoca, e infelizmente deixou Mary na situação em que está agora.
Eu sempre tive a sorte de ter em minha vida desde que nasci, crescer ao lado dele era um respiro de toda a alienação e exageros da criação que recebia dentro de casa. Estar com era sempre uma ida ao quintal, com ele eu pude explorar o mundo lá fora, ouvia músicas escondido no discman azul dele, via filmes assustadores jogada em seu sofá e falávamos sobre tudo, tudo mesmo. Até mesmo nos dias de hoje eu o tive ao meu lado me ajudando a explorar a vida. Eu só não tive a capacidade de entender que já não éramos mais crianças e que tinham coisas que não podíamos controlar.
— ? Oi? — Pisquei algumas vezes, voltando à realidade.
Aqueles devaneios estavam me deixando louca, tudo o que eu fazia no dia era pensar em , e se algo não estivesse ligado a ele, eu arranjava um jeito em minha cabeça de encaixá-lo no assunto só pra ter uma desculpa para continuar pensando nele.
— Você está bem?
— Sim, claro que sim. — A voz afinou um tantinho, denunciando meu nervosismo. — Porque não estaria?
— Está tudo bem entre você e o ?
— Como ficou sabendo? — Petrifiquei. Será que o vídeo tinha viralizado ao ponto de chegar até lá?
Meu Deus, minha mãe tinha visto?
Não, não, que ideia estúpida. Se mamãe visse aquele vídeo voaria até * no exato momento para me arrastar pelos cabelos de volta pra casa.
— Sabendo do que? — Me arrependi no exato momento, deveria ter ficado calada! Mas acho que é o que acontece quando se pensa muito no mesmo assunto sempre, uma hora você explode e fala demais. — Eu perguntei porque não te vejo mais interagindo com ele nas redes sociais, aconteceu alguma coisa?
Mas que droga a tecnologia era, deveríamos abolir essa coisa de checar perfis para constatar vínculos entre pessoas, e isso serviria também para afastar curiosos quando algum casal terminava, era extremamente deselegante ir questionar alguém sobre um término de maneira tão evasiva.
Me toquei que relacionei meu distanciamento de com um término de relacionamento, céus, será que eu algum dia conseguiria voltar a enxergá-lo como antes?
Parecia que tínhamos algo sério, quando na verdade foram apenas alguns beijos e carícias mais…íntimas, mas ainda assim não era nada comparado ao que já vivemos juntos como amigos. Porque era tão difícil separar as coisas? Sentia como se o amasse desde o dia em que o conheci, não mais como irmão, mas sim como algo a mais. Algo que nem tivemos a oportunidade de viver juntos direito.
Não fazia o mínimo sentido na minha cabeça e eu não tinha coragem de externar tais sentimentos para minhas amigas temendo ser taxada como emocionada. Afinal de contas não havia nenhuma explicação lógica para o fato de e eu termos vivido algo tão rápido e ainda assim me marcar tanto a ponto de conseguir me deixar daquela maneira.
Agora eu conseguia entender a fixação que as garotas sempre tiveram por . Ele era bom demais para se ter, e quando o perdemos a sensação que fica é que nunca vamos voltar a conhecer outro como ele. Ou talvez aquela fosse uma percepção somente minha, afinal eu já o amava antes de ter sido beijada e tocada, definitivamente não deveria ter proposto aquele acordo. Era arriscado demais, e eu só percebi depois de quebrar a cara.
— Por onde eu começo… — Suspirei audivelmente encarando o teto para evitar olhar para seu rosto na tela.
Seria constrangedor falar sobre aquilo com minha irmãzinha mais nova, quer dizer, não era mais irmãzinha afinal de contas bebês não fazem bebês, né? Talvez devia ser por aquele motivo que eu não fiquei sabendo que ela já não era mais virgem. Nunca tivemos “aquela conversa”, ou nenhuma outra envolvendo sexo ou garotos.
Porém independente daquele assunto, Mary conhecia e eu melhor do que minhas amigas da faculdade, talvez pudesse me dar conselhos melhores.
A decadência que cheguei, dependendo de uma adolescente que não sabia direito nem como usar métodos contraceptivos, quem dirá me ajudar com um coração partido.
— Briguei com por ciúmes.
— Eu sabia que isso iria acontecer. — A observei rir enquanto negava com a cabeça. Franzi o cenho confusa. — Sabia que iria encontrá-lo em terras americanas, num campus cheio de garotas gostosas e ser deixada de lado.
Tentei abrir a boca para argumentar, visivelmente ofendida. Mary sabia muito bem o quanto eu odiava ser taxada como a amiga feia do bonitão da escola. Mas ao que parecia ela já tinha criado a própria realidade em sua cabeça, onde estava certíssima sobre seus palpites inclusive.
— , vocês não estão mais no interior, a cidade aí é gigante, cheia de possibilidades e pessoas interessantes pra conhecer. É só bem óbvio que ele agiria assim, já fazia isso mesmo quando estavam morando aqui.
Mais uma vez alguém vindo com aquele papo de que era um galinha sem coração, que me chutava pelo primeiro rabo de saia que lhe aparecesse. Apesar de eu mesma já ter jogado aquilo na cara dele, eu sabia que era da boca pra fora, sempre que precisei esteve por perto para ajudar ou me amparar.
Em pensar que de tanto ouvir aquela baboseira toda, no pior momento, quando minha confiança nele foi realmente colocada à prova, eu acreditei naquela versão que antes jurava nunca ter enxergado nele.
— Estão brigados há quanto tempo? Uma semana? — Aquele era nosso recorde. Sorri triste até me esquecendo do que iria falar antes.
— Um mês. — Murmurei num fio de voz. Minha irmã arregalou os olhos chocada.
— Um mês só por um ciuminho idiota, ? Ora não seja birrenta! Vocês dois são unha e carne desde crianças, te ama e nenhuma outra vai tomar seu lugar na vida dele. — Quis rir daquele comentário, porém me limitei a negar com a cabeça, calada. — Você é a melhor amiga dele, não existe concorrência para esse espaço no coração dele, você deveria saber disso.
— Não é apenas ciúme de amiga. — Pisquei rapidamente, a fim de dissipar as lágrimas que surgiam em meus olhos.
Admitir aquilo em voz alta ficava mais fácil a cada vez que eu falava. Só não poderia dizer que era menos doloroso. Me magoava pensar em como eu tinha sido burra! O que tive com chegou a ser recíproco, e acabou por culpa minha.
Contei para minhas amigas e fui alvo de chacota por acreditar em , acreditei nelas, ferrei tudo com ele e ali estava eu, disposta a contar aquela história novamente.
— Finalmente contou a ele que gosta dele?
A olhei intrigada. Como assim finalmente? Porque ela falava como se fosse algo antigo se nem eu mesma sabia de nada no passado?
— Isso não está em nenhuma rede social. — A interrogação parecia estar estampada em meu rosto, tanto que minha irmã me olhou como se fosse óbvio, como se eu fosse burra.
Queria saber como ela chegou naquela conclusão e o motivo de nunca ter me avisado caso tenha percebido algo. Me dar conta de que eu mesma poderia não saber sobre meus próprios sentimentos me assustava. E se a perda da virgindade tivesse sido algo inconscientemente planejado para tentar ficar com ?
Eu teria uma crise existencial até o fim daquela conversa, sairia dali muito pior do que o dia em que tentei fazer terapia e a terapeuta me mandou escrever tudo num papel e depois rasgá-lo. Se as coisas fossem simples assim de serem resolvidas eu não iria perder meu tempo contando nada a ninguém.
— Claro que não, né. — Riu brevemente, não sendo acompanhada, eu ainda estava tentando entender qual era a graça naquilo tudo. — Está estampado na sua cara desde sempre, . Sempre pensei em como você faria para resolver isso quando se tocasse, só não esperava te ter tão longe de mim ao ponto de eu não poder te ajudar…
— Do que está falando, Mary, eu nunca demonstrei interesse no , não é possível que você tenha visto algo que nem eu mesma vi!
— Talvez porque não quisesse ver. — Encolheu os ombros. — Quando os vi entrarem no ensino médio eu esperei que com o início dos namoricos dele você perceberia algo, mas pelo visto os dois não viam o quanto você era dependente emocionalmente dele. e isso não é algo normal. Achei até uma ótima ideia você sair daqui, viajar e conhecer outros caras, porque…o nunca foi o tipo de cara que combinava com você, que te olharia com os mesmos olhos que você o olhava. Ele sempre foi seu completo contrário.
Encarei minhas mãos repousadas em meu colo, sem conseguir conter as lágrimas que escorreram dos meus olhos e me molharam as bochechas.
— E se eu te dissesse que funcionou? — Ri em meio ao choro.
Se os beijos que trocamos, os toques e tudo o que sentimos enquanto estivemos a sós em nossos dormitórios não fossem tão verdadeiros e naturais como a luz do sol, então eu estaria sofrendo sem propósito algum. As mensagens lotando meu celular vindas dele também eram a prova de que eu não fui a única a me envolver daquela maneira, tão intensa que jamais acreditaria em quem quer que ousasse me fazer acreditar que não era real e incrível estarmos juntos daquele jeito.
— Espera aí, vocês…ficaram? — Levantei o rosto sorrindo amarelo. — Meu Deus! Mamãe precisa saber disso!
— Não, não, não, a mamãe não precisa saber de nada. — Me apressei a tentar pará-la enquanto a assistia se levantar num pulo e quase correr em direção a porta. — Na verdade, ela não pode nem sonhar com isso! — Passei a sussurrar para fazê-la entender o grau de confidencialidade daquela informação.
— Vocês transaram? — Exclamou. Comprimi os lábios, ao que parecia ela não tinha entendido o recado.
Se mamãe ouvisse aquilo iria me infernizar para saber quem era o homem mal que tinha desvirtuado sua santa filhinha, que na cabeça dela se guardaria para o casamento como ela sempre tentou me convencer de que era o certo a se fazer.
Não importava se era , em quem ela confiava ou, sei lá, o príncipe da Inglaterra, ela o vilanizaria até não poder mais. Como se eu fosse uma criança influenciável.
— Não, mary, eu continuo virgem. — A respondi com tédio em minha voz.
— Mas tentaram alguma coisa? — Suspirei ainda sem saber por onde começar.
— Sim. — Ignorei minhas bochechas rubras. — Na verdade, eu o pedi que tirasse minha virgindade. — Meu rosto queimava em vergonha, a única experiência amorosa verdadeira que já tive aconteceu depois que eu implorei para que alguém transasse comigo.
No fim das contas Mary estava certa mais uma vez. Eu realmente estava destinada a ser deixada de lado por , aliás não somente por ele, mas pelo universo masculino em geral. Talvez eu poderia reconsiderar minha vida inteira e decidir me dedicar a algum convento, só assim eu poderia justificar aquele celibato involuntário.
— E ele disse sim? — Assenti vendo-a sorrir admirada. — E te ajudou? — Fiz que sim de novo. — E vocês se gostaram? — Ficava cada vez mais estridente e seu sorriso crescia junto, quase rasgando o rosto. — E porque ainda continuam brigados? Peçam desculpas um ao outro e se resolvam logo!
— Não é tão fácil assim, Mary. — Finalmente assisti aquele sorriso de Coringa murchar. — Eu estraguei tudo, sou eu quem deve pedir desculpas, mas estou tão envergonhada que não consigo nem mesmo responder as mensagens dele.
— Mas o que você fez de tão grave para chegar a esse ponto? — Outro suspiro.
— Ele tem uma ex aqui no campus e ela quase nos pegou…enfim, no flagra no quarto dele. — Evitei olhá-la, o que era idiota, já que Mary já tinha transado e sabia o que eu estava falando. — Ela fez um escândalo, eu não o deixei se explicar, achei que eles não tinham terminado e que a estava traindo comigo, acabei acreditando nela e…e-eu disse tanta merda pra ele, Mary, você precisava ver a cara dele me ouvindo falar tudo aquilo. — Engoli o choro respirando fundo. — Enfim, eu não deveria ter pedido nada a , foi isso que deu início a toda essa confusão pra começo de conversa.
— Mas se ele mesmo assim te manda mensagens, você não deveria responder? — Encolhi os ombros secando meu rosto. Eu me perguntava aquilo todos os dias, cheguei a digitar algumas respostas, das mais monossilábicas até as mais longas, mas nunca tinha coragem de enviar. — te ama, eu já te disse e você já sabe disso, se deram tão certo, porque ainda tem tanto medo?
— Eu não sei. — Levei as mãos ao rosto. — Não sei direito o que estou sentindo…E se ele estiver igual em relação a mim?
— Você nunca vai saber se não tentar.
***
Meu coração parecia que sairia pela boca a qualquer momento, a brisa do fim de tarde me bagunçava os cabelos soltos pela pressa de sair, eu raramente os deixava despenteados daquele jeito e ia a público, também não costumava vestir apenas um blusão e um shorts tão curto na rua. Mas a ansiedade me fez ignorar coisas tão óbvias para mim que nem ao menos raciocinei antes de deixar o meu quarto.
Parei bruscamente em meio ao campus já quase deserto. Eu tranquei a minha porta?
A ausência do molho de chaves em minhas mãos me dizia que não, logo eu, que tinha quase que um ritual antes de sair de casa, ele consistia em me olhar no espelho para checar se estava tudo em seu devido lugar e logo depois de sair me certificar de que tranquei minha porta.
Seria seguro dizer que já havia um mês que ele tinha se tornado obsoleto, afinal de contas nada parecia estar em seu devido lugar desde o que aconteceu.
Dispersei-me daqueles pensamentos, que se ficassem mais profundos que aquilo me fariam dar meia volta e desistir do que ia tão determinada a fazer. Assim como tudo o que já fiz de ousado na vida, mesmo sendo pouquíssimas coisas, estava a caminho do dormitório de depois de ter sido praticamente obrigada a fazê-lo.
Desliguei a ligação com Mary indo atrás do meu celular, iria mandar uma mensagem e esperar agoniante até que ele visse e me respondesse. Mas meu coração batia tão rápido que decidi que não aguentaria sequer esperá-lo digitar alguma coisa, então corri para o lado de fora na tentativa de encontrá-lo no último lugar onde estivemos juntos.
Sabia que quando olhasse em seus olhos verdes não teria volta, sempre teve acesso a qualquer parte da minha mente, carregava a chave do meu coração consigo em suas mãos e sabia disso, seria uma questão de minutos até eu me abrir com ele quando o visse. Mas eu ainda não o tinha ao alcance dos meus olhos, então a decisão de voltar para o quarto e continuar fugindo dele ainda me era extremamente tentadora.
Tinha medo de não me perdoar. Apesar de completamente contraditório, se ele me perdoasse também me traria medo. Eu temia que ficássemos distantes pra sempre, que passássemos a pisar em ovos na presença um do outro, agindo como apenas dois conhecidos. Aquela não era a minha relação com e eu me recusava a vivê-la de outra forma além da que cultivamos depois de tantos anos juntos.
Subi a escadaria bem conhecida por mim e também pelas pessoas que viram o vídeo. Foi ali que me encurralou numa tentativa desesperada de me fazer ouvi-lo, naquele mesmo último degrau, onde meus passos vacilantes pisaram foi onde eu lhe disse as piores coisas do mundo e sai, deixando-o desolado e completamente nu na frente de todos.
Subi o primeiro lance já trêmula, era tão estranho estar indo de encontro dele e sentir pavor ao mesmo tempo em que tinha vontade de correr só pra chegar mais rápido. Nunca na vida me despertou tais sensações.
Quando cheguei no corredor e parei diante de sua porta dei passos para trás vacilantes, com o punho cerrado ainda suspenso no ar para bater.
E se ele estivesse com alguém? Exatamente como estava comigo naquele dia?
Respirei fundo afastando aquele pensamento inoportuno. Aquela ideia não deveria me assombrar tanto, afinal eu estava ali para reatar minha amizade com e, mais do que isso, dar um fim no que a estragou tanto. Aquele favor pedido não estaria mais válido, eu já tinha aprendido a lição e que não deveria misturar coisas tão íntimas, mesmo sabendo que minha relação com ia muito além de sexo e os sentimentos que nutri por ele naquele pouco tempo de beijos e carícias que trocarmos.
Ou pelo menos eu tentava acreditar que era.
— ? — Chamei baixinho após algumas batidas tímidas. Encostei o ouvido na porta, nenhum ruído sequer. Nada de cama rangendo e barulhos de palmas abafadas, acho que estava seguro. — ?
Respirei fundo tocando a maçaneta hesitante, para a minha total falta de surpresa, a porta estava destrancada. A empurrei vendo o quarto escuro por meio das poucas frestas de luz que vinham da janela coberta pelas cortinas azuis. Tateei o interruptor até acender as luzes. A cama de estava bagunçada como sempre, algumas peças jogadas sobre a cadeira de rodinhas em sua escrivaninha de estudos e alguns livros específicos de engenharia empilhados sobre elas. Nenhum sinal dele.
Entrei sentindo seu cheiro por toda parte, era tão familiar ao mesmo tempo tão saudoso, um mês para quem viveu junto a vida toda parecia se passar tão devagar quanto um ano inteiro. Sentei-me na cama, passando a mão pelo lençol macio, não conseguindo evitar de me lembrar de quando fui deitada nua ali, de seu corpo subindo em cima do meu e da ansiedade que senti ao tocá-lo completamente nu sabendo que finalmente iria acontecer.
Imaginar o que poderia ter sido era frustrante, não era para ter sido do jeito que foi, e eu não tínhamos sido interrompidos uma vez sequer após a intromissão de * no nosso primeiro dia tentando. Porque justo naquela hora? Ter tido de todas aquelas maneiras e ainda assim não saber como era tê-lo dentro de mim me enfezava. Tudo aquilo tinha sido em vão, mas que droga!
Me inclinei sobre seu travesseiro, relembrando a fragrância do shampoo dele, enterrei o rosto ali desejando ter seus cabelos para cheirar de pertinho, fiquei ali deitada por um tempinho, porém quando vi que ele talvez não chegaria tão cedo, sai de sua cama a fim de ir embora. Iria mesmo lhe mandar uma mensagem no fim das contas.
Ouvi vozes no lado de fora quando estava prestes a sair, recuei, iria esperar que o silêncio reinasse no corredor novamente, depois do dia da confusão passei a evitar quem quer que pertencesse a aquele prédio em específico. Porém me surpreendi com a porta sendo aberta, revelando um suado a sem camisa.
Claro, acompanhado de Mark e Joshua, reparei nos dois depois de alguns segundos encarando o rosto de . Bom, não somente o rosto, mas preferi fingir que tinha sido somente aquilo.
— . — Se aproximou rapidamente, porém parando a alguns passos de distância. Seus olhos tempestuosos me encararam com surpresa, como se certificassem de que eu era real, também me inspecionaram rapidamente.
— Oi gente. — Tentei sorrir, porém acho que não obtive muito sucesso. Estava tão nervosa que acho que ao invés disso fiz careta. — Bom, já que está acompanhado, eu posso falar com você outra hora…
— Não, não, nada disso. — Mark interviu por , que ainda me olhava paradão de onde estava. — Nós vamos sair e você, pelo amor de Deus, fique. Vocês precisam conversar. — Alternou os olhos entre nós, puxando Josh pelo braço e o rebocando para fora.
Logo estávamos sozinhos ali, somente eu e ele. Engoli a seco nervosa, torcendo para que ele falasse alguma coisa além do meu nome, que apesar de eu estar morta de saudades de ouvi-lo falar, ainda temia que me mandasse embora.
— Porque não avisou que vinha? Eu não teria ido a lugar algum se soubesse… — Se aproximou, encarando ainda sério alguém que sempre lhe arrancou sorrisos fáceis até demais. — Te fiz esperar muito?
Comprimi os lábios sentindo o queixo tremer. Era eu quem o tinha feito esperar, um mês e alguns dias. Senti vontade de chorar de novo ao ver que mesmo depois de tudo o que ouviu de mim e da minha demora em lhe pedir desculpas ainda me tratava bem, como se nada tivesse acontecido.
Avancei contra seu tronco, envolvendo seus ombros com meus braços. Fechei os olhos com a mesma força que usou para me abraçar de volta. Mesmo que ele estivesse quase me esmagando entre seus bíceps definidos, eu ainda poderia dizer que estava confortável como se estivesse sentada na sala de estar de casa, porque ali, nos braços dele eu me sentia em casa.
— Senti sua falta. — Solucei, finalmente podendo ter a sensação de tocar sua pele desnuda de novo.
emaranhou os dedos largos na raiz de meus cabelos soltos, puxando minha nuca para trás e se afastando minimamente de mim para poder encostar sua testa a minha. Ofeguei contra seu rosto lhe agarrando os bíceps, já nem sabendo ao menos meu nome.
— Estava morto de saudades. — O sussurro que escapou de seus lábios rosados foi a última coisa que me lembrava de ter experienciado antes de sentir a urgência que se apossou do meu ser quando tomou minha boca pra si.
Não parecia ser possível, o poder que ele tinha de me desmontar inteira somente existindo e estando tão perto assim. Era inacreditável o modo como mudei completamente meu propósito de estar ali em minha cabeça.
Digo, eu tinha ido ao encontro dele justamente para dizer que aquele trato tinha acabado e que não iríamos mais nos envolver daquela forma prejudicial para a nossa amizade.
Mas não resisti, quando dei por mim já enroscava minha língua na dele, arrepiada pela violência com que nossas bocas se chocavam naquele beijo cheio de saudades como tínhamos confidenciado a pouco um para o outro. Sua mão grande puxando meus cabelos, a forma com que nossos corpos estavam colados como dois imãs que se recusavam a se desgrudar…
Qualquer uma faria o mesmo no meu lugar, vai.
Cheguei a gemer contra seus lábios molhados quando mordeu o meu com força, logo depois voltou a me beijar anestesiando-me e acalmando a ardência que ficou na região. A aquela altura nós já íamos inconscientemente em direção a cama em meio a respirações ofegantes e corações acelerados.
Com o baque da minha bunda contra o colchão me acordou do transe em que estávamos, talvez pelo fato de nossos lábios terem se desgrudado naquele segundo.
— . — Disse quase sem fôlego, segurando-o pelos ombros quando ele se inclinou sobre mim. — N-Nós precisamos conversar.
— Uhum, conversar. — Murmurou desdenhoso, me arrancando outro beijo repleto em desejo.
— É sério. — Me desvencilhei dele, levantando-me.
— Tudo bem. — Suspirou jogando os cabelos castanhos para trás a fim de ajeitar a bagunça que acabei de fazer neles. — Sou todo ouvidos. — Disse sentado na cama.
Todo ouvidos e coxas. Abençoado seja o shorts de futebol.
Me dei conta de que estava secando e fechei os olhos com força, lhe dando as costas e levando a mão ao rosto, esfregando-o em busca de um pouco de sanidade.
— Acho que te devo um pedido de desculpas. — Comecei após me recompor e olhar para ele novamente. — Acreditei em Jenna e fiquei cega de raiva, acabei causando toda aquela confusão ao invés de ficar e ter te dado ouvidos.
me esperou continuar enquanto eu soltava o que tinha estado em meu coração por todos aqueles dias. Apesar de extremamente envergonhada pelo que fiz e tê-lo prejudicado de alguma forma, ele ainda me passava a segurança que eu precisava para admitir tudo aquilo.
— Ainda por cima tem aquele vídeo ridículo circulando por aí… — Ri fraco em puro escárnio. — Eu sinto muito, , eu não confiei em você. E o que mais me dói é ter a certeza de que você jamais faria o mesmo comigo.
Meus olhos se marejaram pela enésima vez e ele me estendeu a mão fazendo-me ir imediatamente segura-lá. Seu polegar fez um carinho breve em meus dedos encaixados em sua palma e depositou um beijo casto no dorso dela.
— Está tudo bem, . — Sorriu genuinamente, o acompanhei aliviada, pegando seu rosto e afagando sua bochecha imersa no carinho que sentia no momento. — Só, por favor, não faça isso outra vez. Responda minhas mensagens, não importa o quão brava esteja comigo, não me deixe no escuro desse jeito de novo.
Concordei veementemente. Aquele tinha sido um dos meus vários erros naquela história, não tê-lo deixado se aproximar. Depois de todo o ocorrido eu me lembraria de nunca mais duvidar da capacidade de me amar em qualquer cenário de nossas vidas.
— Nem sei como aguentei todo esse tempo sem você.
— Você estava certo, — Baixei a cabeça envergonhada. — Eu fui egoísta, essa coisa toda de me ajudar a perder a virgindade acabou nos afastando. A culpa é toda minha, eu estraguei tudo, me desculpe.
— Não tem nada estragado aqui, . — se levantou, vindo até mim e segurando meu rosto com ambas as mãos, forçando-me a erguer a cabeça e encará-lo. — Continuo te amando como sempre, nada mudou entre nós.
Neguei pegando suas mãos, me desvencilhando delas enquanto escolhia bem minhas palavras. Não queria soar como uma ingrata, mas ao mesmo tempo achava que acabaria sendo uma ao acabar tudo aquilo sem sequer consultá-lo antes.
— Mudou sim, e é por isso que estou aqui, além de te pedir desculpas queria te dizer que não quero mais ajuda nenhuma, decidi parar de tentar apressar as coisas e deixar que tudo aconteça em seu curso natural.
— Mas e se eu ainda quiser te ajudar? — Me segurou em seus braços fazendo-me suspirar involuntariamente. Continuei a negar. Não o consultei justamente sabendo que ele não concordaria. — E quanto aos nossos beijos e a química que tínhamos juntos? E se eu quiser te ter de outro jeito, ser o seu…
— Não, . — Pisquei rapidamente, me recuperando do que nem ouvi sair de sua boca. Tive que interrompê-lo, não sabia se conseguiria seguir com o planejado se o deixasse continuar a falar.
Nós já tínhamos tentado, na festa, escondidos naquele banheiro, prometemos um ao outro que seríamos exclusivos. Tá, não propôs ser o meu namorado, é claro, mas na minha cabeça era a mesma coisa e nós dois sabíamos o que tinha acontecido logo depois daquilo. Eu não ia e nem pretendia correr o risco de perder sua amizade de novo.
— Por favor, você poderia voltar a ser somente meu melhor amigo como sempre foi? — Seria o melhor a se fazer, voltar para o início de tudo onde não havia nenhum risco de perdê-lo.
Analisei sua expressão e senti meu coração se apertar dentro do peito, porém por mais que ele quisesse discordar, não o fez. Apenas assentiu enquanto respirava fundo, me privando de olhar para seu rosto quando me abraçou forte novamente.
— Eu nunca deixei e nem deixarei de ser, . — Beijou o topo da minha cabeça deixando-me mais segura daquela decisão, costumava beijar meus cabelos muito antes de começar a beijar minha boca. Aquele parecia ter sido um sinal de que, poderíamos voltar a ser como éramos antes. — Mas tudo bem, se quer assim, então vamos fazer isso. Contanto que continue me deixando te abraçar mesmo enquanto estou todo suado do futebol…
— Que nojo, ! — Tentei fugir do meu abraço, que nem ao menos tinha me dado conta de nada além do fato de estar sem camisa. Ele gargalhou se esfregando em mim por pura implicância enquanto eu me retorcia mas mesmo assim não deixava de rir.
Aproveitei a proximidade e ataquei seu ponto fraco, beliscando sua barriga exposta. Foi tiro e queda, sabia que era extremamente sensível naquela parte do corpo e foi a única saída que pensei no momento. Porém eu não contava com o constrangimento que ficou quando nos entreolhamos já distantes um do outro. Nós dois sabíamos bem como e quando eu descobri aquele detalhe em seu corpo.
— Me desculpa. — Sorri sem graça, reparando que o local ficou vermelho, porém apenas fiquei ainda mais sem jeito ao perceber que encarei demais a região próxima do cós do shorts. Respirei fundo, queria sumir da face da Terra. — Eu vou indo embora, era só isso que queria conversar com você mesmo.
— Não, nada disso. — Puxou-me pelo braço quando tentei passar por ele e ir em direção a porta. — A senhorita fica, nem deu pra matar a saudade direito. Espere aí que vou tomar um banho e decidimos o que fazer juntos.
Banho e juntos na mesma frase. Ah, meu Deus.
Me sentei na cama tendo outra lembrança daquele dia, de nós dois depois do banho, nus ali em cima, nos beijando, enroscando um corpo no outro e gemendo, suspirando, sussurrando…Passei as mãos pelos cabelos, puxando-os para tentar me concentrar em qualquer outra coisa além daquelas imagens tão vívidas e tão…meu Deus, eu estava completamente arrepiada.
Encarei a porta do banheiro que foi recém fechada e me joguei de costas na cama, olhando para o teto em busca de alguma distração para o rubor em minhas bochechas toda vez que eu pensava que estava a um cômodo de distância completamente nu e molhado, e que eu não poderia ir até lá tocá-lo, ou apenas assisti-lo. Não porque ele me impediria, mas porque eu mesma me proibia de sequer pensar naquela possibilidade.
Quando saiu minutos depois me peguei enlouquecendo mais uma vez. O filho da puta simplesmente estava apenas com uma toalha enrolada na cintura. Meu maior problema no momento era saber exatamente o que tinha ali embaixo, porque não só vi, como toquei e coloquei na boca.
Virei-me de barriga para baixo e enterrei minha cara no colchão, respirando com dificuldades. Mas a culpa nem era minha, o que eu deveria ter feito para evitar aquela situação? Sair e esperar lá fora?
Seria estranho, eu nunca fiz isso com ele antes.
— Eu estou de cueca, boba, pode se virar. — Discordei mentalmente. Não podia não.
Eu já tinha visto ele de cueca milhares de vezes, mas agora com certeza seria um olhar totalmente diferente.
Levantei a cabeça, primeiro porque já estava ficando tonta sem ar e segundo por achar que ao menos aquilo eu poderia fazer sem correr o risco de olhar e ficar com aquela cena pairando sobre minha cabeça pelos próximos dias. Me arrependi no exato momento, reparando no maldito espelho que eu nunca reparei que tinha ali, naquela parede.
Dei uma espiadinha, afinal eu não sou ferro também, né? Fora que enquanto encarava o teto e o ouvia cantar no chuveiro, me dei conta de que não seria de uma hora para a outra que todas as lembranças das nossas pegações iriam sumir da minha cabeça. Eu iria esquecer aos poucos, então por ainda ser recente eu podia olhar um pouquinho, não?
Afundei a cabeça na cama novamente. Era melhor não arriscar muito.
— Pronto. — O senti puxar minha perna, arrastando-me para a ponta do colchão. Me virei tirando os cabelos do rosto e o vi se inclinar em minha direção. Muito perto, ao ponto de eu sentir o cheiro do seu sabonete. — O que quer fazer?
Engoli a seco, mas na verdade queria chorar.
Eram tantas possibilidades.
— N-Não sei, o que você quer fazer? — Devolvi a pergunta, ficando incerta se deveria mesmo ter feito aquilo.
comprimiu os lábios ainda apoiado na cama, senti seu olhar queimar em mim e descer até meus quadris. Entendi naquele instante porque nos mandam ficar parados ou não fazer movimentos bruscos quando nos deparamos com um urso ou qualquer outro animal selvagem na natureza, se eu correspondesse seu olhar só Deus sabe como acabaríamos aquela tarde.
Me fingi de distraída e passei os olhos pelo quarto. me imitou, fazendo-me ficar aliviada com o ato. Tá, ele poderia estar procurando um móvel para nos apoiarmos enquanto transavamos, mas eu estava empenhada em achar algo que nos distraísse daquela ideia absurda.
Absurdamente boa. Mas errada, muito errada.
— Video game? — Apontei para o Playstation, torcendo para que ele concordasse.
— Podemos pedir uma pizza. — Concordei enquanto já pegava o celular para fazer o pedido.
— Você poderia chamar os meninos também, aí a gente joga Fifa. — Isso, com os caras ali seria muito mais seguro que a sós.
— Não, só nós dois está bom. Não quero ter que te dividir com eles. — Revirei os olhos me ajeitando sobre a cama, tentando conter o frio na barriga com o que ouvi.
Relembrei a conversa do banheiro naquela festa. Tudo me remetia a algo pecaminoso que já tínhamos feito. Merda, nunca quis tanto ter amnésia na vida.
— Então será Fifa mesmo. — Foi até a cômoda e se agachou diante do aparelho ligando-o. — Escolhe seu time primeiro, vamos ver se ainda é ruim no video game. — Arquei as sobrancelhas, porém não pude discordar, eu era muito melhor na vida real. — Vamos apostar algo? Cada vez que alguém fizer gol o outro terá que pagar com…
— Dinheiro! — Me apressei a completar. Eu gastaria todo o meu salário ali mas não arriscaria deixá-lo propor alguma coisa.
Aliás, percebi que era melhor não deixá-lo finalizar nenhuma frase naquela noite.
— Eu ia sugerir algo mais divertido. — Sorriu sugestivo.
— Mais divertido que ganhar dinheiro? — Ri nervosa, assumindo a personalidade do Tio Patinhas só para não ter que concordar que gozar era realmente infinitamente melhor.
— Ok, chega pra lá. — Veio trazendo consigo os dois controles.
Ainda era um pouco estranho estar com ele de outra forma depois de tudo, principalmente quando alguma parte de nossos corpos se encostavam sem querer ou quando os olhos se cruzavam vez ou outra. não estava facilitando minha vida, encarava minha boca por tempo demais e mexia no meu cabelo sem necessidade alguma, colocando-o para trás das minhas orelhas me olhando como se fosse aproximar a cabeça da minha e me roubar um beijo.
Fora as coisas que ele dizia, eu pedi para que ele não me provocasse, que voltássemos a ser como éramos antes, mas parecia não conseguir se controlar! Flertava comigo a cada respirar, até o tom de sua voz mudou quando ele se referia a mim, não me lembrava de costumava agir daquele jeito antes, não conseguia mais enxergar meu amigo nele.
Não sem me lembrar de que já estivemos juntos de formas nada amigáveis.
As horas passaram muito rápido, apesar do meu pequeno desconforto devido a tensão sexual que iria pairar sobre nós por algum tempo, eu me diverti como sempre ao lado dele, tanto que nem vi o tempo ir embora. No fim das contas não sai muito no prejuízo com a contagem de gols, e não era porque tinha milagrosamente ficado boa no video game, mas sim porque parecia com dificuldades em se concentrar no jogo.
— Isso é chuva? — Me levantei num pulo indo até a janela para espiar do lado de fora. Os dias estavam tão abafados que não me surpreendia muito o fato de estar chovendo, mas sim o fato de ser um dilúvio e eu não estar em casa. — Eu preciso ir embora, já está tarde.
não devia ter um guarda chuva que preste no quarto, nenhum homem parece ter. Só pensava no quão encharcada eu estaria quando chegasse no meu dormitório, que ficava praticamente do outro lado do campus.
Não que eu já não estivesse molhada ali no quarto de , mas vamos ignorar esse detalhe.
— Fica, dorme aqui. — Olhei para como se ele fosse louco. — Qual é, , até parece que nunca dormimos juntos na mesma cama. Está caindo o mundo lá fora e ainda por cima já escureceu, não vou te deixar ir nessas condições.
Me dei por vencida ao ver que ele tinha razão, devia mesmo estar perigoso lá fora e sair sozinha não seria uma boa ideia. Decidi ficar, mudaria meu despertador para um pouco mais cedo para dar tempo de me arrumar para trabalhar na manhã seguinte.
— Quer algo pra vestir?
— Não, estou confortável assim. — Murmurei amarrando meus cabelos num nó, já que sentiria a falta de um amarrador para eles durante a noite. — Ainda tenho uma escova de dentes aqui?
— No lugar de sempre. — Respondeu arrumando a pequena bagunça que fizemos com as pizzas. — Vou levar isso aqui lá pra baixo, já venho. — Assenti vendo-o sair porta a fora.
Respirei fundo pensando no que faria, já me sentindo tensa com a ideia de me deitar uma noite inteira ao lado do , de todas as provocações que ele teve a cara de pau de me fazer, sentia que eu talvez não demoraria muito para ceder daquela vez. Se eu sobrevivesse àquela noite e retornasse ao meu dormitório intacta, sem lhe dar um selinho sequer, sinto que sobreviveria a qualquer investida dele.
Fui escovar os dentes e quando deixei o banheiro dei de cara com sentado na cama, esperando sua vez de entrar. Me lembrava de como costumávamos fazer aquilo juntos, dividindo o espelho da minha casa quando a mãe dele o deixava dormir na minha, o inverso também acontecia, sorri sozinha no quarto, eu podia me lembrar até mesmo do gosto da pasta de morango que comíamos escondidos vez ou outra.
Aproveitei a ausência de e arquitetei o plano anti coito perfeito. Claro que eu não poderia deixar de dar os créditos a minha querida e religiosa mãe, que sempre teve a mente suja ao ponto de imaginar que e eu algum dia poderíamos ter algum tipo de mão boba quando tínhamos apenas treze anos e sentiríamos nojo só de imaginar tal possibilidade na época. Toda vez que nos via deitados no sofá ou até mesmo no colchão da sala vendo filmes ela nos fazia cada um deitar para um lado da cama.
Peguei o travesseiro e fui para os pés dela, deitando-me de cabeça pra baixo. Na época não existia a menor possibilidade de acontecer algo entre mim e , éramos duas crianças, mas agora era mais que necessário mantermos aquele distanciamento seguro entre nós.
Tudo bem que quando um não quer, dois não transam. Mas o problema era justamente o fato de eu querer muito.
— O que está fazendo aí embaixo? — O encarei parado diante da cama, reparei principalmente em sua expressão de incredulidade. — Isso é sério, ?
— O que tem? É bom que teremos mais espaço, não quero atrapalhar seu sono. — Nós dois sabíamos que era mentira, eu era a pior companhia do mundo para dormir, o lugar em que eu mais chutava na vida além de em campo era na cama.
— Quer saber, isso já está ficando ridículo, . — Me encolhi debaixo da coberta assistindo-o andar enfezado até a cabeceira e puxar o travesseiro restante consigo. — Eu vou dormir aqui do seu lado e ninguém vai me impedir.
O ventinho que o travesseiro fez quando bateu no colchão me deu uma repentina vontade de rir, o fato de estar furioso com algo tão idiota só itensificou ainda mais. Me segurei quando ele puxou a coberta pra ele ainda bravo.
— Minha mãe impediria. — Não aguentei e comecei a gargalhar loucamente, logo sendo acompanhada por ele em meio ao escuro do quarto. Cheguei a lacrimejar e soltar um ronco de porco em meio ao riso descontrolado.
— Fique tranquila, eu não vou te atacar no meio da noite. — Era mais fácil eu agarrar ele depois de quase subir pelas paredes após vê-lo de toalha enrolada na cintura. — Não precisamos nos deitar de um “jeito comportado”.
Continuei a rir lembrando que era daquele jeito que mamãe falava, para ela estava sendo sútil, mas olhando hoje em dia entendendo o que ela queria evitar, era nítido que sutileza não era bem o seu forte.
— Lembra que ela te dava um cobertor azul porque você era menino? E na verdade era só para não nos encostarmos debaixo da mesma coberta. — se debruçava contra o travesseiro tentando abafar a risada escandalosa.
Ele costumava chamar minha mãe de Damares para me irritar.
Acho que era a primeira vez que os vizinhos de parede de ouviam risos ao invés de gemidos durante a noite.
— Sua mãe era muito engraçada, de onde ela tirou que iríamos fazer algo e ainda por cima debaixo do nariz dela? Eu era o maior virjão!
Concordei ofegante de tanto rir. O pior era que os anos se passaram e eu permaneci sendo a virjona, se é que o apelido cabe para mulheres também, se existia outro ninguém nunca falou na minha cara.
se virou em minha direção, aproximando o corpo do meu que ficou tenso no mesmo instante.
— É muito bom te ter de volta, . — Sua mão quente me alcançou o rosto, deixando um carinho em minha bochecha. — Boa noite.
Fechei os olhos quando seus lábios deixaram um beijo em minha testa, de afastou ligeiramente ainda deixando-me paralisada com sua proximidade e tornou a me beijar, daquela vez mirando no canto da minha boca.
— Boa noite, . — Minha voz saiu como um sussurro, com dificuldades de pronunciar qualquer coisa além daquilo devido a falta de fôlego que aquele beijo me causou.
Ele sabia bem o que um beijo daqueles significava entre nós, o encarei inquieta meio ao breu. Significava querer um beijo, um de verdade, como os vários que já demos.
Cometi o verdadeiro pecado de imaginar o que teria acontecido se eu, no auge da minha loucura, acatasse seu desejo. Me imaginei tomando sua boca gostosa, antes mesmo que pudesse tomar distância de mim. Lhe morderia o lábio devagarinho, sentiria seus dedos adentrarem meus cabelos enquanto seu corpo grande se arrastaria pela cama até estar quase fundido ao meu.
me puxaria para debaixo de si ou me colocaria montada em suas coxas? Não saber o que ele faria comigo naquela cama não me parecia necessariamente ser algo ruim, já que eu tinha certeza de que seria delicioso estar emaranhada nele de qualquer jeito possível.
Eu podia sentir suas mãos invadindo minha blusa, tocando minha pele devagar, deixando um rastro de pelos eriçados por onde passassem. Arquearia minhas costas, ajudando-o a me despir, faria questão de lhe arrancar aquela camisa também, minha vontade de sentir a pele contra a dele sem nada impedindo me fazia suspirar. Seus lábios molhados por saliva, descendo pelo pescoço, chupando e me deixando marcada, sua língua quente circundando meus mamilos, as mãos macias massageando meus seios…
Esfreguei uma perna na outra sentindo meu rosto ruborizar. Eu precisava me distrair para passar por aquela tortura psicológica e sair sã dali.
Me virei para o lado oposto, fechando os olhos e me forçando a imaginar que estava em meu quarto, sozinha e com muito, muito sono.
também se remexeu no colchão, o calor humano irreconhecível que o corpo dele me transmitia fez meu coração errar as batidas, acho que ele tinha chegado mais pertinho.
A noite seria longa.
***
Apesar de meus esforços para me esquecer das cenas impróprias que minha mente poluída criou em minha cabeça noite passada, eu até que consegui dormir rápido. Nunca curti muito aquela coisa de dormir fora da minha cama e longe do meu travesseiro, mas eu não poderia negar que a cama em que amanheci também era considerada minha casa, e o seu quarto eram um pedacinho da nossa cidade natal em Nova Iorque, tudo ali me era familiar, desde as fotos nossas expostas no mural bagunçado na parede até o cheiro que emanava de .
Falando nele, nem precisei abrir os olhos para saber onde encontrá-lo, nem se quisesse poderia sem grandes dificuldades, afinal havia uma fresta na cortina vazando um feixe de luz bem na parte em que estávamos deitados juntos.
E quando eu digo juntos, quero dizer juntos mesmo. Colados um no outro.
Esforcei-me para abrir nem que fosse uma fresta nos olhos para poder fazer alguma análise de danos. Mas a verdade mesmo era que eu queria ver a cena que protagonizava, porque mesmo de olhos fechados eu podia ouvi-lo ressonar baixinho contra o meu ouvido, sentia sua respiração lenta e ritmada bater contra minha nuca, era engraçado ver que mesmo afogado em meus cabelos longos e soltos, dormia feito um bebê.
Mas o mais preocupante era o fato de eu nem sequer conseguir me concentrar no quão adorável era aquela cena ao reparar em nossos corpos encaixados do pescoço para baixo. O modo como minha bunda estava perigosamente encostada em sua pélvis e sua mão realizava um de meus desejos secretos da noite passada, enfiada dentro do meu blusão, repousada na minha barriga, segurando-me tão perto.
O celular em cima da cômoda começou a despertar, longe demais para que eu pudesse impedi-lo de acordar . Na verdade, eu tinha que confessar que não queria que acontecesse tão rápido, cheguei a suspirar em frustração por ter aquele momento nosso roubado pela droga da minha rotina de trabalho. Queria continuar ali, no silêncio e quentinha nos braços dele. Mesmo que estivesse desacordado, ele ainda era e sempre seria a melhor companhia do mundo.
Fiquei imóvel por um tempinho, torcendo para que seu sono leve nos desse uma trégua ao menos uma vez na vida. Era irônico ter torcido tanto para a noite passar logo para que eu fosse embora e quando amanheceu de repente querer atrasar o tempo. Vai ver era porque eu sabia que talvez não voltássemos a dormir juntos tão cedo até nos acostumarmos a voltar a sermos só amigos. E também porque era inofensivo dormindo.
— Bom dia, . — Deslizou a mão (a maldita mão!) ainda dentro da minha blusa por minha barriga, arrepiando-me inteira num piscar de olhos.
Apenas provando o meu ponto acima, respirou ao pé do meu ouvido e passou a distribuir beijos em meu pescoço. Ele acordado era o ser mais nefasto que já pisou nessa Terra, Lúcifer teria inveja da maldade dele. Todas aquelas provocações combinadas me condicionaram a péssima ideia de me remexer na cama, principalmente os quadris, que já estavam numa zona de perigo digna de um campo minado.
Sua mão que a aquela altura eu já não sabia onde me tocava mais entrou no meu radar novamente quando simplesmente me pegou pelo quadril, firme, enquanto esfregava o que tinha entre as pernas contra minha bunda.
Mordi o lábio com força segurando um gemido sôfrego. Que fogo era aquele logo cedo?
Me desvencilhei de seu abraço o mais rápido que pude e deixei a cama num pulo arrancando um riso incrédulo dele. Devia mesmo ser divertidíssimo me ver enlouquecer aos poucos, porque parecia estar fazendo tudo aquilo de propósito. Cometendo o crime de me excitar sabendo que eu tinha me auto proibido de dar pra ele.
— Onde vai com essa pressa toda? — Para longe das tentações que você chama de mãos.
Peguei meu celular vendo que tinha perdido vinte minutos naquela brincadeira torta com ele.
— Tenho que ir trabalhar. — Agradeci aos céus não apenas pelo salário, mas também pelos livramentos que aquele emprego me proporcionou.
Me tranquei no banheiro respirando aliviada quando me vi sozinha novamente. Tratei de jogar água no rosto e pescoço, tentando baixar a temperatura e me deixar menos vermelha para quando eu saísse e o encarasse novamente, por eu infelizmente era transparente até demais quando se tratava dele. E se eu desse sinais positivos de que estava gostando, continuaria com suas investidas.
Se é que empinar minha bunda pra ele já não tinha sido um puta de um sinal verde.
Quase bati na minha própria testa enquanto escovava os dentes, pensando em como sairia daquele banheiro. Voltava a me fazer de desentendida ou brigava com ele por não estar respeitando a minha vontade? Mas e se começasse a me tratar diferente, com frieza? Não queria brigar com ele, principalmente porque não fazia o menor sentido! Iria argumentar o que? Que ele devia parar de me dar carinho e me fazer sentir tesão? Parar de ser tão atraente sem ao menos tentar?
— Estou atrasada. — Sai feito um furacão lá de dentro.
Decidi pela primeira opção, seria mais seguro por enquanto. Era muito cedo para começar a brigar com o coitado.
Eu só precisava me controlar. Passei 12 horas ao lado dele e não cedi uma vez sequer, eu estava indo bem.
— Valeu pela pizza ontem, te vejo depois. — Murmurei tentando não me distrair da cena de se espreguiçando e sua camiseta subindo, deixando-me ver suas tatuagens da região.
As roupas estavam me atrapalhando de vê-las inteiras, um grande pecado.
Fui em disparada em direção a porta, antes que parasse para reparar em mais algum atributo dele. E sim, isso levaria horas, eram muitos.
— Espera! — Fui interceptada já na porta por sua mão apoiada no batente. Prendi o ar dentro de mim ficando paradinha enquanto o tinha mais uma vez perigosamente perto do meu rosto. — Posso te pegar no trabalho hoje?
“Você pode me pegar na hora que quiser.” Pensei, lutando para manter o rosto neutro diante dele.
— C-Claro. Depois de passo o endereço. — Fugi por baixo, me afastando apressada pelo corredor.
— Ei! — Virei-me já no topo da escada, onde me segurei ao ouvi-lo dizer o que viria a seguir: — Eu te amo.
— Também te amo! — Enquanto corria degraus abaixo só conseguia pensar que a última vez que dissemos eu te amo um ao outro estávamos nus no banheiro dele.
Como as coisas mudavam de repente. Me peguei pensando onde estaríamos agora se tivesse dado tudo certo aquele dia.
***
O dia se passou voando no café, mesmo com o temporal que caiu ontem o tempo continuou abafado e seco fazendo-me praticamente cozinhar dentro do uniforme escuro que usava. Não via a hora de ir embora, trocar de roupa e colocar o vestido fresquinho que tinha usado para ir trabalhar.
Tentei disfarçar pra mim mesma de que não estava me arrumando só por conta de mas desisti quando me peguei extremamente atrasada, parada em frente ao guarda-roupas procurando algo que talvez lhe chamasse a atenção. Passei minha pausa de fez minutos no fim da tarde no banheiro arrumando meus cabelos.
Ninguém deixava o trabalho tão emperiquitada e cheirosa daquele jeito por nada. Mas esperava que não notasse meu empenho.
Completamente contraditório, eu sei, mas eu ainda estava com aquela preocupação de não parecer que estava flertando com ele de volta para quem sabe assim fazê-lo parar de me atiçar.
Estava arrumada daquele jeito porque…porque era a primeira vez de me buscando no trabalho, ora!
— Vestido bonito. — Dylan comentou arrancando um sorriso sincero. Agradeci sem graça enquanto era analisada por Jules, que trancava o cadeado da loja abaixada próxima de nós.
— Alguma ocasião especial? — Neguei com a cabeça olhando inconscientemente para a rua.
Qualquer carro que passava eu achava que seria ele, dos modelos mais parecidos até os mais impossíveis de ser. Sentia meu estômago se revirar em ansiedade e acabei por me sentir idiota por ter sintomas tão incongruentes, era só o , eu o conhecia desde que nasci, não fazia o menor sentido meu corpo reagir a vinda dele como se eu estivesse indo ao nosso primeiro encontro.
Não que eu já tenha ido em algum para saber como era.
— Tchau pessoal, até amanhã! — A loira passou por nós apressada como sempre, o horário do ônibus dela sempre a impossibilitou de se despedir com calma, pobrezinha.
— Tchau. — Murmurei distraída, indo até o meio fio enquanto praticamente esmagava a alça da mochila pendurada em meu ombro.
Será que ele não vinha? Chequei o celular, nenhuma mensagem o dia todo além do “ok” que me enviou quando mandei o endereço.
Não vou mentir que não olhei minhas mensagens o dia inteiro toda vez que tinha oportunidade, estava com tantas saudades do meu melhor amigo que queria ter passado o dia conversando com ele. Mas talvez não voltássemos mesmo a ser como antes, eu esperava que seu silêncio fosse apenas um jeito de me dar algum espaço para colocar as coisas no lugar em minha cabeça.
Aquele mês que passamos separados tinha sido usado exatamente para isso. Mas foi só vê-lo novamente que tudo voltou a se bagunçar dentro de mim. Sinceramente, eu estava começando a suspeitar que nada mais seria como era antes entre nós dois.
— Quer carona, ? — Girou as chaves de sua moto no indicador.
Avisei o carro preto de estacionar do outro lado da rua e respirei aliviada.
Era aquilo ou aceitar carona do meu chefe indo pendurada nele na garupa, morrendo de medo de cair porém com mais medo ainda de agarrá-lo demais e ficar estranho, fora o fato de que eu não conseguia manter o pescoço ereto e ia o caminho todo batendo o capacete no dele.
Sim, Isso foi muito específico e não está tudo bem. Dylan caçoou de mim por dias quando aceitei uma carona até o campus.
— Não precisa. — Ainda vidrada nele atrás do volante, suspirei pensando em como ele ficava sexy dirigindo.
Lá íamos nós de novo.
— Oh, então essa é a tal “ocasião especial”. — Meu chefe se juntou a mim, também encarando o carro.
Senti meu rosto queimar. A quem eu estava querendo enganar? que não era, se até mesmo Dylan já sacou tudo, imagine que me conhecia mais que o resto do mundo todo?
— Me deixe adivinhar, esse é o famoso ?
— Jules te contou? — Fiquei boquiaberta e morta de vergonha.
Eu tinha contado tudo a ela. Tudo mesmo, com detalhes riquíssimos.
— Não, mas dá pra ouvir vocês fofocando na cozinha. — Arregalei os olhos ainda mortificada enquanto ele só sorria ladino. — Vai por mim, , ele não quer mais ser só seu amigo.
Eu já tinha percebido aquilo, não era muito bom em esconder o que sentia, ainda mais para mim que o conhecia tão bem.
Meu problema definitivamente não era aquele.
— Até amanhã, não vou te pedir pra me contar porque vou ouvir tudo junto com a Jules. — O cara de pau me deixou plantada ali e foi atrás de sua moto, subindo nela e sumindo pela rua já escura.
Corri para o carro entrando rapidamente. Havia um comércio aberto na esquina e algumas empresas alocadas ali, porém a rua estava tão vazia que chegou a me dar calafrios.
— Oi. — Sorri para , que olhava curioso para a fachada do café.
Olhei para meu próprio corpo checando se o vestido estava mesmo bom em mim. não tinha sequer olhado.
— Quem é seu novo amigo?
Olhei em volta enquanto deixava minha mochila no banco de trás do carro.
— Quem? — Segui seu olhar até o outro lado da rua, onde a moto esteve estacionada minutos atrás. — Ah, Dylan? É só o meu chefe. — Desdenhei.
Reparei no seu olhar analítico pra cima de mim e respirei fundo tentando ignorar seu gesto de chegar mais perto. fungou próximo do meu pescoço, fazendo-me ficar estática onde estava.
— Você vem trabalhar gostosa e cheirosa desse jeito “só” por causa dele? — O encarei boquiaberta tentando achar meu rumo ao me reparar com seu semblante duro diante de mim.
era ciumento, desde crianças tínhamos conversas sobre como não deveríamos colocar outros amigos no lugar um do outro e chegava a ter ciúmes de ficantes meus por medo de perder nossa amizade para um possível namoro meu.
Achava bonitinha a forma como ele me deixava saber que tinha medo de me perder para outros amigos. Mas agora a causa do ciúme era outra, é diferente da inocência de ter certeza que era algo sobre nossa irmandade, agora saber que me deseja e quer em ter somente pra ele em sua cama me fazia queimar por dentro.
E era uma sensação deliciosa.
Combinada aos meus hormônios que estavam fazendo uma bagunça dentro de mim após ouvirem a voz afrodisíaca de me chamar de gostosa de novo, depois de tanto tempo com o mesmo tesão explícito em cada letra pronunciada.
— N-Não me chame assim. — Sentia minha língua embolar de tão desconcertada que estava, não sabia como impedi-lo de continuar me provocando quando estava tão imersa naquela atmosfera que sentia meu corpo cedendo aos poucos.
Como se fosse uma tarefa árdua simplesmente deixar de resistir a ideia de estar em seus braços.
— É só o que você é… — Desfaleci sobre o banco quando sua mão grande entrou em contato com minha pele eriçada, tocando minha coxa exposta pelo vestido e subindo em direção minha virilha pulsante. — Uma puta gostosa.
— -. — Fechei os olhos sucumbindo, com seu rosto se colando ao meu, sentindo sua respiração quente bater contra minha bochecha. — Para, por favor. — Clamei num sussurro sôfrego, agarrando sua mão.
Contava com a piedade dele, porque naquele momento eu não tinha mais forças para afastá-lo e se tentasse usar as mãos sabia que ambas iriam me trair puxando-o para perto ao invés do contrário.
— Porque? — Beijou o canto da minha boca entreaberta. — Porque parar se é tão bom?
Bom era apelido! Sentia minha respiração falhar tamanho foi o arrepio que me subiu combinado ao frio na barriga. me levava ao céu com tão pouco que eu duvidava da capacidade de qualquer outro cara me causar tudo aquilo sem se matar tentando.
— V-Você prometeu que não iria provocar, — Engoli a seco com seu polegar acariciando minha coxa. Eu ainda segurava sua mão onde estava. — Disse q-que não iria mais me tocar assim depois de…você sabe…
— Nos beijarmos? — Selou nossos lábios superficialmente. — Depois que te agarrei, tirei sua roupa e beijei seu corpo inteiro? Não haja como se nunca tivesse acontecido .
Abri os olhos para encarar seu sorriso ladino cafajeste, que apenas serviu para me arrematar de vez. Como seguir negando o modo como eu ficava molhada só de vê-lo?
Que grande inferno era ser eu naquele momento, ao mesmo tempo em que estava decidida a não estragar tudo de novo entre nós, eu queria também sucumbir ao desejo e beijá-lo, deixar meus hormônios tomarem conta do meu corpo sem pensar nas consequências.
— Eu só estou tentando voltar como era antes. — Arguementei tentando trazer um pouco de sanidade a aquela conversa, se é que daria pra chamar aquela seção de tortura assim.
Ele ainda estava tão perto como quando estivemos juntos em sua cama, ainda me olhava com o mesmo brilho no olhar de antes, eu sabia que nada tinha mudado, que foi um mal entendido. Mas então por que ainda tinha tanto medo?
— Quem disse que estávamos melhor antes? — Esbravejou, arrepiando-me com sua voz rouca e a firmeza com que me pegou pela nuca. — Eu sinto sua falta o tempo todo!
— Eu também morri de saudades, , você é um pedaço de mim fora do corpo, Deus me livre ficar mais um mês longe de você. — Também segurei seu rosto com ambas as mãos, mais uma vez tentando enfiar juízo em sua cabeça. — Por isso que não quero voltar a misturar as coisas…
— Eu não sinto saudades só de você como amiga. — Seu olhar decidido me paralisou de vez. — Por favor, vamos tentar de novo?
Era um ultimato, estava mais sério do que nunca daquela vez, senti o mesmo vazio dentro do peito como quando lhe dei as costas depois daquela briga, a sensação foi a mesma quando sua mão deixou de tocar minha coxa.
Quase neguei novamente, aquela ideia já tinha sido descartada da minha cabeça. Mas o que ele disse por último sobre tentar de novo…digo, dessa vez tentar pra valer.
Porque da última vez não estávamos nem ao menos tentando! Não tínhamos um combinado sério, por isso eu tinha ficado tão brava e ao mesmo tempo confusa quando Jenna bateu em sua porta, sentindo-me traída mas sem saber ao certo o que éramos ou o que tínhamos além do amor de sempre e da atração recém explorada.
— Não precisa ter medo, eu sou louco por você, nunca faria nada para te magoar. — Lhe sorri contida, eu sabia bem daquilo, não sei até hoje como pude alguma vez duvidar.
Avancei em sua direção selando nosso trato silencioso por minha parte, tinha reafirmado o que eu já sabia que ele sentia por mim, e eu tive certeza de que valia a pena tentar novamente. Não sabia ao certo se iria dar em algo, mas eu já não iria aguentar aquela tentação ambulante por muito tempo, né?
Talvez fosse bom unir o útil ao agradável: Ter um melhor amigo que beijava maravilhosamente bem e me fazia gozar como ninguém.
No meu caso era literalmente ninguém.
Mas enfim.
me tomou em seus braços fazendo-me derreter neles instantaneamente. Era uma coisa muito louca essa de beijar alguém que te desperta sentimentos, não me lembrava de nenhum outro que me fizesse sentir daquela forma. Com vontade não nunca mais soltar, com um calor que parecia exposta a um sol de cinquenta graus e com uma urgência absurda de receber mais de onde vinha aquilo que eu ainda não tinha encontrado uma palavra que pudesse explicar.
Eu só sabia que queria sentir mais e mais.
Ele sorriu safado quando puxei sua mão quente de volta para meu corpo, de onde nunca deveria ter saído. Seus dedos largos e ágeis logo encontraram uma brecha na barra do vestido, subindo por minha coxa dessa vez sem serem interceptados.
Arfei quando sua mão chegou a minha calcinha, naquele momento já tínhamos desgrudado os lábios um do outro a fim de não morrermos sem ar. Quem disse que ninguém nunca morreu de amor claramente nunca beijou , aquilo que acabamos de protagonizar naquele carro foi quase uma tentativa de suicidio. A saudade era tanta que eu nem queria sequer parar para respirar.
De qualquer forma, qualquer coisa que ele fazia com seus lábios em mim ainda conseguia me desmoronar em questão de segundos, os senti molhados beijando meu pescoço enquanto os dedos puxavam minha calcinha de lado. Gemi quando dedilhou meu clítoris, rebolei contra ele, sentindo seus dentes mordiscando minha pele quente.
— Abra as pernas pra mim, amor. — Obedeci, separando os joelhos imediatamente, como um cão adestrado recebendo comandos sabendo que iria ganhar minha recompensa.
E ela chegava aos poucos tirando-me cada vez mais o pouco do juízo que ainda me restava. aumentava a velocidade dos dedos me dando a ilusão de que a combustão se aproximava, mas de repente dosava os movimentos tornando-os mais lentos, explorando outras áreas do calor entre minhas pernas escancaradas.
Se minha mãe me visse ali, ofegando, trêmula e suada dentro de um carro no meio da rua…céus, ela me deserdaria na hora.
— -… — Chamei seu nome com sérias dificuldades, sentia que iria explodir feito uma panela de pressão, louca para gemer mas morrendo de medo de ter alguém passando na calçada e nos observar naquela situação deliciosa.
Digo, embaraçosa. Situação embaraçosa.
— Deve ter gente passando na rua. — Segurei sua mão grande, suando frio. Não devia tê-lo atiçado a começar aquilo estando estacionados em frente ao meu trabalho.
Com que cara eu voltaria ali todos os dias se fôssemos pegos?
apenas assentiu voltando a se recostar no banco do motorista, chupando os dedos antes de ligar o carro e arrancar com ele rua a fora. O olhei confusa, mas não tive tempo de sequer pensar em alguma coisa, ele já entrava na rua paralela a um dos parques da cidade que aquela hora da noite estava deserto e escuro.
— Pronto, vossa majestade. — Voltou a se aproximar sorrindo faceiro. — Sem testemunhas. — Beijou minha bochecha, indo parar em minha orelha, onde mordiscou o lóbulo com ambas as mãos já me tocando os quadris.
Respirei aliviada, já que apesar da rapidez com que dirigiu, me senti frustrada naqueles poucos minutos de pausa que tive de sua mão me estimulando. Sorri satisfeita, tendo-o invadindo o vestido daquela vez com ambas as mãos e puxando a barra da minha calcinha para baixo. O ajudei suspendendo-me no banco, vendo ansiosa a calcinha preta deslizar pelas minhas pernas.
— Tira. — Sussurrou apressado, fazendo-me inclinar o corpo para passar a peça pelos tornozelos, deixando-a jogada no chão do carro.
Me abri novamente pra ele, conseguindo chegar rapidamente no mesmo estágio de prazer que estava quando tive que interromper tudo. Era muito melhor quando eu poderia gemer a vontade, saber que o estava excitando sem ao menos tocá-lo em algum ponto erótico em seu corpo, apenas demonstrando o quão gostoso estava, o jeito como suspirava me deixava saber que ele estava adorando a cena que estava causando e assistindo de camarote.
Inclinei meu tronco em direção ao banco ao lado, deitando a cabeça em seu ombro, ficando bem próxima ao seu ouvido. Passei a sussurrar coisas desconexas ali, sabia que provavelmente não havia ninguém do lado de fora para nos ouvir, mas ao mesmo tempo queria que soasse como um segredo só nosso, confidenciava tudo o que estava me fazendo sentir enquanto ele movia os dedos cada vez mais depressa, gemia sôfrega falando o que eu queria que ele fizesse comigo.
Exatamente como tinha me ensinado a fazer.
Eu sinceramente não sabia que conseguia sair tanta depravação da minha boca até aquele momento, até mesmo o vocabulário tão vasto em palavrões tinha sido uma surpresa pra mim. Gozei em sua mão sentindo meu corpo reagir a aquela avalanche deliciosa de tremores e espasmos prolongados pela habilidade de de manter os movimentos nos pontos certos a fim de me fazer enlouquecer quando achei já satisfeita que tinha acabado.
Me endireitei sobre o banco, puxando meu vestido de volta ao lugar e tentando em vão normalizar a respiração. me observava vidrado em cada movimento, o que não me ajudava em nada na minha tentativa de recuperar o fôlego.
— Não respondeu minha pergunta. — Suspirei, encarando-o de volta.
Eu era a pessoa mais teimosa do universo e sabia admitir isso, mas depois do que acabou de acontecer ali, não teria como tentar voltar atrás. me fazia sentir tão bem, me dava sensações que jamais pensei em sentir na vida, despertou um lado em mim que não conhecia, que se sentia desejada por alguém, amada de uma forma muito nova. Eu estava viciada em tudo aquilo, e principalmente cansada de fingir que não sentia falta por medo do que as pessoas iriam achar de nos ver juntos depois da confusão ou por temer estragar nossa amizade.
Nada na vida acontecia sem que assumíssemos alguns riscos, principalmente quando se fala de sentimentos, não é necessariamente e algo se não nos faz arrepiar ou acelera o coração, não teria a mínima graça se fosse. E, além do mais, eu já previa me arrepender amargamente num futuro próximo se escolhesse simplesmente abdicar de ter daquela forma. Não sabia se suportaria vê-lo beijar ou imaginá-lo fazendo o que fazíamos juntos com outra.
— Vamos tentar de novo. — Concordei, arrancando-lhe o sorriso mais lindo que já vi nascer em seu rosto iluminado.
se inclinou em minha direção, tomando minha boca sem a urgência de antes, mas ainda assim provocando-me a sensação de milhares de borboletas no meu estômago.
Era esquisito sentir na pele tudo o que eu até então só havia visto sendo descrito em livros, sempre imaginei que eram apenas floreios para descrever respostas fisiolígicas do corpo humano sendo estimulado. Bem cética, eu sei. Mas viver aquilo me fez conhecer um mundo novo, me vi adepta a uma espécie de religião e acreditava tanto no que sentíamos e no poder que aquelas mãos grandes tinham sobre mim que nada no mundo, por mais crível que pudesse ser, me tiraria daquele encantamento.
— Eu te amo. — Sussurrou no meu ouvido, beijando minha têmpora antes de se afastar. Não lhe disse nada, contava com a tranquilidade de não precisar falar para que ele soubesse do que eu sentia. — Vou te levar pra casa.
Eu já estava em casa.
O caminho foi silencioso, o que não era nem um pouco comum de acontecer quando estávamos a sós. Eu tendia a ser bem cansativa de vez em quando, falava demais desde criança e até mesmo minha mãe se mostrava cansada de me ouvir. Mas não, ele era a única pessoa que nunca parecia se cansar de mim, por isso eu aproveitava sempre estar junto com ele e era acostumada a ser observada com o mesmo interesse por aquele par de olhos verdes.
Porém, mesmo me transformando numa tagarela ao lado dele, mesmo que tenhamos passado o último mês inteiro sem quase sequer olhar no rosto um do outro, permanecemos calados.
Não sabia o que se passava em sua cabeça naquele momento. Nem se quisesse adivinhar não conseguiria, apesar da nossa telepatia bizarra, eu estava ocupada com meus próprios pensamentos pairando por minha cabeça zonza, tentando controlar meu corpo para que não reagisse a tudo o que minha imaginação fértil criava a fim de me satisfazer ao menos momentaneamente.
Queria terminar o que começamos naquele carro, não somente ali, mas também no meu quarto. Não sabia se ainda aguentava esperar, na verdade não entendia como esperei tanto desde que nos beijamos pela primeira vez. Como eu tinha sido ingênua de achar que tudo o que senti naquele dia era fruto de um estranhamento por ser ali com a boca e o corpo grudados em mim.
Era louco pensar que estava sentado ao meu lado, dirigindo concentrado e ainda assim dominava meus pensamentos como se estivesse há quilômetros de distância. Como eu era capaz de sentir tanto a falta de seu toque se ele estava ali, ao meu alcance?
Eu estava completamente obcecada, e não tinha me dado conta até voltar a tê-lo. Talvez o que tenha me levado a essa jornada louca de perder a virgindade não tenha sido especificamente sexo em si, talvez esteja relacionado a e o fato de que desde o primeiro momento ele foi o único cara que me veio a mente quando pensei em transar pela primeira vez, desde então tudo se resumiu a ele.
Era tudo sobre ele.
O carro parou no estacionamento do campus e só ali me toquei, voltei para a o planeta Terra e o vi desembarcar, fazendo o mesmo um pouco atrasada por ter que pegar minha mochila. já me esperava após dar a volta no carro, dei apenas um passo encontrando seu corpo quente. Beijei sua boca já tendo ciência de que era impossível estar diante dele sem querer fazer aquilo a cada segundo.
Me lembrei de que estava sem calcinha e achei engraçado o fato de conseguir esquecer de uma coisa dessas enquanto se está ali, vivendo.
— Minha calcinha. — Sibilei, virando-me e abrindo a porta do carro.
foi rápido, empurrando-a e fechando antes mesmo que eu pudesse puxar de volta.
— Me deixe ficar com ela, sim? — Murmurou sedutor, envolvendo minha cintura devagar. Ri de suas táticas infelizmente infalíveis no meu caso. — Pra quando você estiver longe eu possa matar a saudade.
Gargalhei de sua cara de pau enquanto ganhava beijos na bochecha.
— Isso seria muito bonitinho se não estivéssemos falando da minha calcinha. — riu ponderando. Era o jeitinho dele de ser romântico e estava tudo bem.
— Vou indo, tenho um trabalho pra terminar. — Tentei não murchar na frente dele. — Boa noite, .
O deixei beijar minha testa, porém não fui madura o suficiente para deixá-lo ir.
— Não quer subir pro meu quarto? — Tentei não soar como uma safada, mas queria que ele entendesse meu recado e me enxergasse como uma.
Eu estava sendo egoísta, o queria naquela noite, naquele instante e não queria esperar mais. Mesmo que tivesse acabado de falar que precisava cuidar dos trabalhos acadêmicos dele, o ignorei.
me olhou contrariado, sorri inocentemente em sua direção puxando-o pela mão. Ele me acompanhou calado após acionar o alarme do veículo.
Continua...
Nota da autora: EU SEI QUE CHORAAA.
Não me matem, assim como nos contos de fadas tudo dará certo no final, aguardem com paciência porque se derem um fim na autora aqui não terá final. Desculpa por não ter respondido os comentários, eu leio e amo todos, vou tentar tirar um tempinho pra responder cada um de vocês.
Outras Fanfics:
Ruin my life - [Harry Styles/Em Andamento]
The Enemy - [Harry Styles/Finalizada]
It's a Match! - [Harry Styles/Em Andamento]
Basic - [Harry Styles/Finalizada]
Atlantis - [Harry Styles/Shortfic]
I dare you to love me - [Harry Styles/Em Andamento]
Nota da scripter:O Disqus está um pouco instável ultimamente e, às vezes, a caixinha de comentários pode não aparecer. Então, caso você queira deixar a autora feliz com um comentário, é só clicar AQUI.
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