Capítulo Único
Presente
arrumava o cabelo em frente ao espelho, respirava fundo como quem tenta se acalmar, cada poro seu exalava nervosismo, ansiedade. Hoje era seu último dia na cidade mais amada no mundo, pelo menos para ele, mas não era disso que vinha seus sentimentos. Era também o último dia com , a mulher que conhecia havia algumas semanas, com quem já imaginava o mundo. Sabia da sua precipitação de construir grandes ideias e expectativas para algo com tão pouco tempo, mas não tinha muito antes de ir embora.
Seu trabalho o manteria longe por alguns meses e, mesmo depois de voltar, não seria garantia de permanecer por muito tempo, ele iria e voltaria, por quem sabe quantas estações. Era como as coisas eram, vários meses fora, várias cidades, estados ou até países. As vezes voltava para casa nos feriados, as vezes descobria novos lares. Isso não era um problema antes, mas também nunca tentou realmente estabelecer uma relação que acompanhasse seus sonhos, que entendesse uma rotina que não existia como rotina. Sabia que estava apaixonado por , mas como poderia pedir ou esperar o mesmo dela, quando os dois sabiam que ele não estaria aqui amanhã?
Eles já haviam conversado um pouco sobre amanhã, mas não existia nenhuma palavra de segurança, eram como comentários sobre o tempo, não levados muito a sério. Conheciam-se aos poucos como quem tem a vida inteira, leves e sem dizer muito, os sentimentos ficavam na forma como se tocavam, olhavam e o carinho que tinham sempre com o outro. Os dois levavam cada dia como se todos os seguintes seriam iguais ao atual. Sem pressa, como se uma ausência não fosse existir logo.
Por isso, essa noite era importante. Não apenas uma despedida do lugar amado, mas também a decisão do que o relacionamento deles seria. Se ainda existiria amanhã. Se diria sim para eles.
segurava o celular como se fosse o bem mais precioso que tinha, estava sentada em frente a janela com visão para a rua, seus olhos passavam entre a tela do celular e a vista de fora. Sentia-se impaciente, apesar de saber que estava adiantada, ainda olhava os minutos passarem com a esperança de serem mais rápidos, como se fosse a mestra do tempo. Ou como se fosse aparecer em um passe de mágica em um segundo, tão adiantado como ela, apesar de nunca tê-lo visto não se atrasar para algo.
Estava nervosa, inquieta e ansiosa. Seu coração batia como se tivesse corrido uma maratona. Sentia que devia ter marcado esse encontro mais cedo, para não perder nada além do que já iria no futuro. Agora queria tudo.
Nos últimos dias, tentou levar como se fosse um cara qualquer que não significaria nada em alguns dias. Mas agora a ampulheta escoava os últimos fragmentos de areia e sentia um relógio batendo no seu ouvido, dizendo o tempo está acabando. Faça uma escolha. Espere e aceite ou deixe ir.
Nunca pensou em relacionamentos a distância, gostava do fácil e rotineiro. Do dia a dia e não conseguia imaginar viver em espera por momentos fugazes, vividos nas brechas da construção da sua vida. Não imaginava como se podia viver apenas de telefonemas e telas, com presenças breves. Porém, agora também não imaginava algo que não incluísse tudo isso, algo sem em qualquer forma disponível, em nunca mais vê-lo ou dizer que as últimas semanas foram um conto e não o início de uma história.
Era finalmente 19h em ponto, o exato horário marcado, quando viu um carro parando em frente ao seu prédio. Um homem saiu dele e sorriu olhando para cima, era . Seu coração se acalmou e o aperto no celular se afrouxou. O sorriso no rosto de poderia ser visto a quilômetros de distância.
Algum momento no passado
Era uma noite fresca, depois de uma sequência de dias quentes. tinha acabado de voltar para casa depois de temporadas longe. Mesmo quando o trabalho permitia, gostava de visitar outros lugares, aquele ainda era seu lugar favorito no mundo, mas nada realmente o prendia ali. Seus pais se foram havia um tempo e era filho único de uma família pequena. Não sabia bem o que procurava em tantos quilômetros percorridos, mas era feliz.
Ele andava em meio a uma multidão animada, era uma festa ao ar livre afinal. O céu estava lindo, o ar leve e em meio a tudo isso viu uma mulher ao longe, rindo e cercada de amigos. Ela tinha os cabelos um pouco abaixo do ombro e algo no jeito que os olhos brilhavam mais do que o top com glitter que usava. Ela olhou para ele depois de alguns segundos e sorriu, como se fossem conhecidos e soubesse bem separar o rosto dele das pessoas que o cercavam.
Quando ela se afastou dos amigos, ele foi até ela. Disse oi, eu sou , qual o seu nome. Ela disse e esse nome ressuou em sua mente igual a tudo que soube sobre ela naquela noite. Eles conversaram, talvez por alguns minutos ou muito mais. As pessoas ao redor diminuíam, alguns conhecidos iam embora. Uma amiga gritou ao longe e quebrou o feitiço local apontando para o relógio.
Ela olhou para , dizendo eu preciso ir. Ele disse tudo bem. Ela o beijou e o feitiço voltou.
A amiga de foi embora, já os dois ficaram no mundo criado por eles naquela noite.
sorria através da taça de vinho que segurava. comia com pressa, quase como se a comida fosse um obstáculo para a continuação da noite.
― Sabe, cuidado para não se engasgar, a carne não vai para lugar nenhum. ― disse rindo e deu um sorriso de lado.
― Não é bem a comida que eu tenho medo de ir embora. ― a olhou significativamente. Os dois já estavam no restaurante havia um tempo e desde o caminho até ali, ainda não haviam tocado no assunto principal da noite. Mas já era hora de começar.
― Nós ainda temos hoje. Vamos aproveitar um pouco antes de trazer outros temas.
Algum momento no passado
Já tinham se passado alguns dias desde que os dois se conheceram. Eles se viram todos os dias desde então, procuraram horários vagos no meio da semana de , sendo noites que viravam dias ou horários de almoço ou apenas longos telefonemas. Quase como se fossem grudados, os amigos estranharam um pouco, afinal, eles não eram do tipo que entrava com tanta intensidade, mas talvez não fosse bem algo de característica pessoal, mas de momento. Às vezes, nós mudamos por eventos, outras vezes por pessoas específicas.
Agora entravam no apartamento de , ele era organizado de forma geral, ainda mais com o tempo que passava fora e a visita de um amigo próximo ocasionalmente para dar um jeito nas coisas. A única coisa que destoava naquilo eram as malas, uma na sala de estar, outra no quarto dele. descobriu no início que ele havia acabado de chegar de viagem quando se conheceram, mas conforme os dias passavam, a mala não era totalmente desfeita. Mesmo quando algo saía dela, outra coisa sempre voltava, pronta para ser usada a qualquer momento, para qualquer viagem do calendário.
sentia um incômodo toda vez que via as malas, não sabia bem o porquê, talvez por dar um ar de constante mudança e nenhuma permanência. Naquele dia, isso foi especialmente maior, por isso finalmente perguntou sobre.
― Você já voltou tem uns dias, porque sempre sinto que sua mala está cheia, mesmo que o topo dela mude ocasionalmente?
― Eu não apenas voltei de viagem, estou sempre indo embora. Então mesmo quando chego, eu coloco as roupas para lavar e vou usando e substituindo o resto. Às vezes, me avisam para onde ir em cima da hora, então tento sempre estar pronto. É quase um guarda-roupa, mal uso o meu de verdade, tudo está ali dentro. ― tentou processar essas palavras por algum momento, ainda não tinha feito a ligação entre a carreira de fotógrafo e as malas. Não fora uma viagem de férias ou uma rápida para algo específico de trabalho. O trabalho envolvia viagem sempre.
― Eu pensei que você disse que tirava fotos para o jornal.
― Eu tiro, mas também tiro para projetos de amigos e o jornal não é local. Eu sou o correspondente dos lugares que eles me mandam, acho que um dos mais vai para outros lugares. Estou sempre entre um lugar e outro, não em um lugar, acho que gostam disso sobre mim. Às vezes, também vou em missões voluntárias. Eu sempre quis ver mais do que tem aqui. Então parecia o emprego perfeito.
Poderia realmente ser o emprego dos sonhos de muita gente, mas congelou por um momento, era legal ao mesmo tempo não, não era constante ou confiável. Era o tipo de emprego incrível para se contar sobre e que todos amariam ouvir uma história, mas não era nada disso se você fosse a pessoa que seria deixada por ele. iria embora, talvez não amanhã, mas algum dia em breve.
O feitiço dos últimos dias se desfez. Toda a felicidade de agora tinha prazo de validade.
olhava as malas encostadas na parede enquanto lembrava de um momento em que adquiriram um significado completamente diferente para ela. Aquele dia parecia ter sido há mil anos, mas mal tinha um mês. O em breve realmente merece o nome que recebe.
A voz de atrapalhou seus pensamentos tristonhos.
― Acho que agora realmente não se tem para onde ir, se esperarmos mais um pouco, vamos conversar sobre isso quando eu estiver do outro lado do oceano.
― Ainda faltam 12h para o voo. ― Era uma tentativa de piada e não era. Ela tentou evitar essa conversa o máximo que pode, seja no dia que entendeu o significado do estilo de vida de ou o dia que ele disse quando iria embora, desconversou, como se ao adiar torna-se menos real, como se a mágica de tudo já não estivesse manchado um pouco com a incerteza de tudo. Antes, não sabia se estava pronta para dar uma resposta sobre o que queria ou estava disposta a dar. Só sabia o que sentia no presente e tentou aproveitar o máximo possível. Sem prometer ou esperar por promessas.
deu um olhar sério e continuou.
― Nós nunca realmente dissemos o que sentíamos um pelo outro. Quer dizer, eu sei bem como me sinto e acho ter uma ideia de você, mas nós nunca realmente falamos sobre isso. Sobre expectativas, limites, desejos além de nós dois. ― Hesitou um pouco agora, respirou fundo para contar o que era segredo para ninguém exceto ele. ― Eu sou apaixonado por ti, . Desde a primeira vez que te vi, ou pelo menos desde que olhei para ti e pensei como não conseguia pensar em qualquer outra coisa, ou como nada nunca chegou aos pés do que sinto por você agora. Um dia, eu era esse cara que seguia algo, a próxima foto, a próxima paisagem, sempre aproveitando um próximo e vivendo sabendo que o hoje era passageiro o suficiente para não se fazer grandes planos. Agora, eu ainda não sou tão bom em planos, mas sei que quero fazer um contigo, sei que não quero um próximo romance.
olhava profundamente para , com todas as palavras que queria dizer, mas ainda congelada no meio da fala dele.
― Eu mal consigo pensar no que falar com você me olhando assim e eu planejei essa conversa milhares de vezes, como um mantra, como se as palavras certas fossem consertar tudo. Como se dizer eu te amo fosse mudar o fato de que amanhã eu vou embora e eu não posso pedir para você ir comigo quando nem sequer fico o suficiente para criar muitas raízes ou desistir de tudo e ficar aqui. Pensei no que dizer para ver como as coisas podem funcionar apesar de tudo. Que podemos fazer funcionar se você dizer sim.
― Sim para o que, exatamente? ― a voz de saiu muito mais forte do que ela se sentia, aquilo era o queria ouvir, mas ainda assim, não tornava nada mais fácil.
― De que nós seremos suficientes, não todo dia fisicamente, mas sempre juntos de alguma forma. Por e-mail, mensagem, telefone. Eu não posso prometer nada concreto agora, o que faço agora foi meu sonho por muito tempo e nunca pensei em nada que pudesse substituí-lo ou em parar. Tudo sempre é agitado comigo, não posso prometer estar aqui se algo acontecer, talvez eu não consiga te abraçar ou enxugar suas lágrimas. Nem te beijar em todos os momentos que eu quero. Às vezes eu vou para cidades vizinhas e consigo chegar aqui em horas ou menos, outras eu estou tão longe e tão enrolado que nem com a maior força de vontade do mundo eu poderia parar aqui sem demorar semanas e talvez fosse tarde demais. Mas eu sempre vou estar a uma ligação de distância, seja para desabafar ou só falar sobre nada. Eu esperaria cada momento para te ver de novo, viria aqui sempre que pudesse, talvez algumas vezes você conseguisse viajar até onde eu for. Eu sei que é muito para se pensar, não sei se é algo que você já pensou sobre realmente, e é o suficiente para mim agora, não sei se seria para ti. Se a promessa que eu estarei aqui no futuro basta, quando não posso te dar o amanhã propriamente dito.
― Quero que nós dois sejamos o suficiente, apesar de tudo que não teremos por minha causa. Que as lembranças e momentos entre a distância valham a pena. Não é justo pedir nada, mas ainda assim peço que seja o bastante.
A respiração dos dois era pesada, tinha algumas lágrimas escapando mesmo que tivesse tentado contê-las. sentia como se tivesse exposto toda a sua alma e espera que isso tudo fosse o bastante para fazê-la ficar.
― Eu nunca pensei em passar por isso um dia. Quando um namorado meu se mudou, nem sequer foi uma possibilidade continuar. Continuamos amigos que depois viraram conhecidos, então desconhecidos, cada um seguindo o seu caminho. Mas agora eu não consigo imaginar que possa terminar hoje, ou amanhã ou qualquer dia. Ou simplesmente falar adeus e esperar um dia te ver em um lugar público e se cumprimentar como um cara qualquer. Eu não sei se consigo lidar com não o ter aqui, não sei se consigo segurar o fôlego para esperar por cada segundo que você esteja aqui. Mas não consigo não ter esses momentos. Eu fingi nos últimos dias que todo dia seria uma repetição, não existia nada diferente no futuro e foi maravilhoso.
― Eu trabalho e penso sobre a hora que vou te ver, sobre o instante que ouvirei teu oi e sentirei teu abraço e cheiro. Eu não lembro de já ter tido essa falta de alguém, eu sempre me bastei, mesmo quando eu amava alguém, não existia necessidade. Agora parece que ocupa tudo, não sobrou espaço para nada. Eu nem sei quando começou direito, você era um cara fofo de uma festa com um beijo incrível. E então era mais, muito mais. Um dia eu te olhei e pensei como podia ter me apaixonado tanto por alguém, em tão pouco tempo, quando as vezes anos com alguém não me levaram até aqui. ― A voz dela estava embargada, agora não eram algumas lágrimas, mas uma avalanche que caia, a abraçou em algum momento no meio, também chorando e numa mistura de alívio e ainda medo.
― Mas eu não sei se consigo que isso seja o suficiente para mim, porém não posso não tentar. Não consigo dizer adeus definitivamente.
― Então não diga, deixa que seja um até logo. Talvez você não consiga, . Mas vamos tentar por favor.
assentiu chorando e os dois permaneceram abraçados por um tempo que pareceu a eternidade e ao mesmo tempo insuficiente comparado ao que estava por vir.
Algum momento no futuro
,
Eu sei que mensagens são mais rápidas, mas eu sempre acho que falo mais sobre o que preciso se escrever como se fosse uma carta ou um longo e-mail comemorativo.
Como as vezes não dizemos as coisas que realmente precisamos, queria começar um novo hábito nosso. Além de ligações marcadas ou necessárias, vamos trocar e-mails. Assim, temos uma rotina como você tanto ama, mesmo que não seja a do seu tipo favorito. Não vou aparecer ainda por algumas semanas, mas sinto sua falta.
Queria diminuir nossa distância em um segundo, como não posso, fiz isso aqui. Sabe, quando você veio me visitar, estava me perguntando o porquê nós ainda insistíamos apesar de um ano juntos e mais tempo longe que perto. Você me disse naquela noite que não sabia se aguentaria, mas é mais forte do que pensa, mais forte do que eu ou qualquer outra pessoa que conheço.
Sabe, as vezes acho que alguém lá em cima nos avisa quando um de nós está prestes a dizer basta. O fim chegou. Eu não te contei, mas antes da sua última visita, eu ia terminar. Não parecia justo que as minhas ambições impactassem tanto em ti, sei que a rotina diária presente faz falta. Então você veio, sem ter dito nada e quando eu te vi, só conseguia pensar ‘finalmente’. E tudo que está entre a gente antes, virou nada, apenas um segundo.
A distância faz parecer com que cada segundo longe dure para sempre e cada segundo perto passe rápido demais e ao mesmo tempo é infinito, porque está sempre comigo a cada momento do meu dia. Juro que as vezes ouço a sua voz dando opinião e te conheço tanto que quando te conto algo, fala exatamente o que minha imaginação disse.
Enfim, esses dias tudo pareceu maior que quilômetros e segundos entre nós. Então te escrevi essa carta, acho que talvez sinta o mesmo que eu. Mesmo estando em outro lugar e não seja o mesmo, espero que alivie um pouco.
Sinto sua falta,
Te amo sempre.
.
Os dois traçaram planos naquela noite, de como manteriam contato. Que horas se falariam, qual seria o fuso horário, o itinerário de . Quando ele voltaria, quando ela iria até ele. As férias de ainda estavam longe, mas aquele relacionamento receberia todo o esforço merecido. Um dia o amanhã seria junto e, enquanto isso, eles viveriam de outras formas.
continuaria com seus projetos e ambições, o fôlego preso por ele, mas a sua vida não ficaria em pausa. Tinhas amigas para sair e rir, um trabalho diário e uma família que a apoiaria sempre. Podia lidar com as coisas, pelo menos precisava acreditar nisso para conseguir fazer tudo funcionar como deveria.
encontrou exatamente o que passou anos buscando. Suas viagens ainda seriam incríveis, mas existia algo que o prendia a terra hoje, não flutuava mais. Não estava à deriva sempre na espera do próximo momento. Já sentiria saudades, mas ele simplificaria a distância como sempre fez, seria criativo como nunca fora. Daria certo.
Depois de abraços, de planos e de mais conversas. Eles só se olharam absorvendo a visão um do outro, tentando marcá-la para sempre. Como uma tatuagem no cérebro, melhor do que qualquer foto que não realmente conseguia capturar tudo que havia, a curva do lábio, a puxada do olho quando sorria de boca aberta, o brilho depois de piadas ruins, ou só a presença real de alguém. A essência conhecida e desconhecida dele.
se inclinou para beijá-la e seu único pensamento era como quero ficar aqui. Quase implora para ficar aqui para sempre. Deixe-me morrer aqui, não deixe isso acabar. Não me deixe ir. Ele beija seu pescoço. Não me deixe ir. Sentem o cheiro um do outro e o pensamento ecoa entre eles, por favor, não me deixe ir.
Deixe-me aqui, olhando nos seus olhos, vendo seu sorriso. Deixe-me sentir seu cheiro. Quero sentir você. Eu quero morrer aqui, eu poderia morrer aqui com você. Não me deixe ir.
Nenhuma voz ecoa essas palavras, mas esses pensamentos transbordam entre eles naquela noite.
Por favor, deixe que isso dure. Não me deixe ir, eu poderia morrer aqui.
Algum momento no futuro
,
Às vezes eu te sinto aqui comigo, como se realmente estivesse. Olho a sua foto e sorrio como se pudesse me ver.
Às vezes sua ausência me sufoca, mas está para acabar. Eu ganho força na sua voz, nas palavras das suas cartas, nas suas mensagens. Nas nossas memórias.
Já estamos assim tem algum tempo, não é?
Quatro anos de idas e vindas.
Tomei uma garrafa de vinho em homenagem ao nosso aniversário de namoro. Sei que a internet não deixou que eu tivesse esse momento contigo. Então fiz como faríamos, esperei meia noite e tomei uma taça. Conversei um pouco com amigas, escrevi mensagens enormes que você leu no dia seguinte. Desculpa, eu estava meio chorosa. Mas não importa, está acabando. Agora temos uma data. Podemos parar de ter planos enormes de viagem, só falta mais uma. A final
Você conseguiu que finalmente te colocassem como correspondente em um lugar específico, tanto para vender a ideia de flexível, hein?
Eu consegui um emprego na mesma cidade e talvez não seja bem o que nenhum de nós planejou no início, mas quem liga, eu certamente não. Nunca quis tanto um emprego como esse, quase dei uma festa quando deu certo. Nós finalmente vamos estar juntos, todo dia. Acabou as brechas no tempo. Teremos tudo, não fragmentos. Os sonhos, a casa, o emprego.
Tudo.
Cada espera valerá a pena.
Espero te ver logo e sem mais separações.
Te amo e sempre estarei sempre contigo, de uma forma ou de outra.
.
arrumava o cabelo em frente ao espelho, respirava fundo como quem tenta se acalmar, cada poro seu exalava nervosismo, ansiedade. Hoje era seu último dia na cidade mais amada no mundo, pelo menos para ele, mas não era disso que vinha seus sentimentos. Era também o último dia com , a mulher que conhecia havia algumas semanas, com quem já imaginava o mundo. Sabia da sua precipitação de construir grandes ideias e expectativas para algo com tão pouco tempo, mas não tinha muito antes de ir embora.
Seu trabalho o manteria longe por alguns meses e, mesmo depois de voltar, não seria garantia de permanecer por muito tempo, ele iria e voltaria, por quem sabe quantas estações. Era como as coisas eram, vários meses fora, várias cidades, estados ou até países. As vezes voltava para casa nos feriados, as vezes descobria novos lares. Isso não era um problema antes, mas também nunca tentou realmente estabelecer uma relação que acompanhasse seus sonhos, que entendesse uma rotina que não existia como rotina. Sabia que estava apaixonado por , mas como poderia pedir ou esperar o mesmo dela, quando os dois sabiam que ele não estaria aqui amanhã?
Eles já haviam conversado um pouco sobre amanhã, mas não existia nenhuma palavra de segurança, eram como comentários sobre o tempo, não levados muito a sério. Conheciam-se aos poucos como quem tem a vida inteira, leves e sem dizer muito, os sentimentos ficavam na forma como se tocavam, olhavam e o carinho que tinham sempre com o outro. Os dois levavam cada dia como se todos os seguintes seriam iguais ao atual. Sem pressa, como se uma ausência não fosse existir logo.
Por isso, essa noite era importante. Não apenas uma despedida do lugar amado, mas também a decisão do que o relacionamento deles seria. Se ainda existiria amanhã. Se diria sim para eles.
segurava o celular como se fosse o bem mais precioso que tinha, estava sentada em frente a janela com visão para a rua, seus olhos passavam entre a tela do celular e a vista de fora. Sentia-se impaciente, apesar de saber que estava adiantada, ainda olhava os minutos passarem com a esperança de serem mais rápidos, como se fosse a mestra do tempo. Ou como se fosse aparecer em um passe de mágica em um segundo, tão adiantado como ela, apesar de nunca tê-lo visto não se atrasar para algo.
Estava nervosa, inquieta e ansiosa. Seu coração batia como se tivesse corrido uma maratona. Sentia que devia ter marcado esse encontro mais cedo, para não perder nada além do que já iria no futuro. Agora queria tudo.
Nos últimos dias, tentou levar como se fosse um cara qualquer que não significaria nada em alguns dias. Mas agora a ampulheta escoava os últimos fragmentos de areia e sentia um relógio batendo no seu ouvido, dizendo o tempo está acabando. Faça uma escolha. Espere e aceite ou deixe ir.
Nunca pensou em relacionamentos a distância, gostava do fácil e rotineiro. Do dia a dia e não conseguia imaginar viver em espera por momentos fugazes, vividos nas brechas da construção da sua vida. Não imaginava como se podia viver apenas de telefonemas e telas, com presenças breves. Porém, agora também não imaginava algo que não incluísse tudo isso, algo sem em qualquer forma disponível, em nunca mais vê-lo ou dizer que as últimas semanas foram um conto e não o início de uma história.
Era finalmente 19h em ponto, o exato horário marcado, quando viu um carro parando em frente ao seu prédio. Um homem saiu dele e sorriu olhando para cima, era . Seu coração se acalmou e o aperto no celular se afrouxou. O sorriso no rosto de poderia ser visto a quilômetros de distância.
Algum momento no passado
Era uma noite fresca, depois de uma sequência de dias quentes. tinha acabado de voltar para casa depois de temporadas longe. Mesmo quando o trabalho permitia, gostava de visitar outros lugares, aquele ainda era seu lugar favorito no mundo, mas nada realmente o prendia ali. Seus pais se foram havia um tempo e era filho único de uma família pequena. Não sabia bem o que procurava em tantos quilômetros percorridos, mas era feliz.
Ele andava em meio a uma multidão animada, era uma festa ao ar livre afinal. O céu estava lindo, o ar leve e em meio a tudo isso viu uma mulher ao longe, rindo e cercada de amigos. Ela tinha os cabelos um pouco abaixo do ombro e algo no jeito que os olhos brilhavam mais do que o top com glitter que usava. Ela olhou para ele depois de alguns segundos e sorriu, como se fossem conhecidos e soubesse bem separar o rosto dele das pessoas que o cercavam.
Quando ela se afastou dos amigos, ele foi até ela. Disse oi, eu sou , qual o seu nome. Ela disse e esse nome ressuou em sua mente igual a tudo que soube sobre ela naquela noite. Eles conversaram, talvez por alguns minutos ou muito mais. As pessoas ao redor diminuíam, alguns conhecidos iam embora. Uma amiga gritou ao longe e quebrou o feitiço local apontando para o relógio.
Ela olhou para , dizendo eu preciso ir. Ele disse tudo bem. Ela o beijou e o feitiço voltou.
A amiga de foi embora, já os dois ficaram no mundo criado por eles naquela noite.
sorria através da taça de vinho que segurava. comia com pressa, quase como se a comida fosse um obstáculo para a continuação da noite.
― Sabe, cuidado para não se engasgar, a carne não vai para lugar nenhum. ― disse rindo e deu um sorriso de lado.
― Não é bem a comida que eu tenho medo de ir embora. ― a olhou significativamente. Os dois já estavam no restaurante havia um tempo e desde o caminho até ali, ainda não haviam tocado no assunto principal da noite. Mas já era hora de começar.
― Nós ainda temos hoje. Vamos aproveitar um pouco antes de trazer outros temas.
Algum momento no passado
Já tinham se passado alguns dias desde que os dois se conheceram. Eles se viram todos os dias desde então, procuraram horários vagos no meio da semana de , sendo noites que viravam dias ou horários de almoço ou apenas longos telefonemas. Quase como se fossem grudados, os amigos estranharam um pouco, afinal, eles não eram do tipo que entrava com tanta intensidade, mas talvez não fosse bem algo de característica pessoal, mas de momento. Às vezes, nós mudamos por eventos, outras vezes por pessoas específicas.
Agora entravam no apartamento de , ele era organizado de forma geral, ainda mais com o tempo que passava fora e a visita de um amigo próximo ocasionalmente para dar um jeito nas coisas. A única coisa que destoava naquilo eram as malas, uma na sala de estar, outra no quarto dele. descobriu no início que ele havia acabado de chegar de viagem quando se conheceram, mas conforme os dias passavam, a mala não era totalmente desfeita. Mesmo quando algo saía dela, outra coisa sempre voltava, pronta para ser usada a qualquer momento, para qualquer viagem do calendário.
sentia um incômodo toda vez que via as malas, não sabia bem o porquê, talvez por dar um ar de constante mudança e nenhuma permanência. Naquele dia, isso foi especialmente maior, por isso finalmente perguntou sobre.
― Você já voltou tem uns dias, porque sempre sinto que sua mala está cheia, mesmo que o topo dela mude ocasionalmente?
― Eu não apenas voltei de viagem, estou sempre indo embora. Então mesmo quando chego, eu coloco as roupas para lavar e vou usando e substituindo o resto. Às vezes, me avisam para onde ir em cima da hora, então tento sempre estar pronto. É quase um guarda-roupa, mal uso o meu de verdade, tudo está ali dentro. ― tentou processar essas palavras por algum momento, ainda não tinha feito a ligação entre a carreira de fotógrafo e as malas. Não fora uma viagem de férias ou uma rápida para algo específico de trabalho. O trabalho envolvia viagem sempre.
― Eu pensei que você disse que tirava fotos para o jornal.
― Eu tiro, mas também tiro para projetos de amigos e o jornal não é local. Eu sou o correspondente dos lugares que eles me mandam, acho que um dos mais vai para outros lugares. Estou sempre entre um lugar e outro, não em um lugar, acho que gostam disso sobre mim. Às vezes, também vou em missões voluntárias. Eu sempre quis ver mais do que tem aqui. Então parecia o emprego perfeito.
Poderia realmente ser o emprego dos sonhos de muita gente, mas congelou por um momento, era legal ao mesmo tempo não, não era constante ou confiável. Era o tipo de emprego incrível para se contar sobre e que todos amariam ouvir uma história, mas não era nada disso se você fosse a pessoa que seria deixada por ele. iria embora, talvez não amanhã, mas algum dia em breve.
O feitiço dos últimos dias se desfez. Toda a felicidade de agora tinha prazo de validade.
olhava as malas encostadas na parede enquanto lembrava de um momento em que adquiriram um significado completamente diferente para ela. Aquele dia parecia ter sido há mil anos, mas mal tinha um mês. O em breve realmente merece o nome que recebe.
A voz de atrapalhou seus pensamentos tristonhos.
― Acho que agora realmente não se tem para onde ir, se esperarmos mais um pouco, vamos conversar sobre isso quando eu estiver do outro lado do oceano.
― Ainda faltam 12h para o voo. ― Era uma tentativa de piada e não era. Ela tentou evitar essa conversa o máximo que pode, seja no dia que entendeu o significado do estilo de vida de ou o dia que ele disse quando iria embora, desconversou, como se ao adiar torna-se menos real, como se a mágica de tudo já não estivesse manchado um pouco com a incerteza de tudo. Antes, não sabia se estava pronta para dar uma resposta sobre o que queria ou estava disposta a dar. Só sabia o que sentia no presente e tentou aproveitar o máximo possível. Sem prometer ou esperar por promessas.
deu um olhar sério e continuou.
― Nós nunca realmente dissemos o que sentíamos um pelo outro. Quer dizer, eu sei bem como me sinto e acho ter uma ideia de você, mas nós nunca realmente falamos sobre isso. Sobre expectativas, limites, desejos além de nós dois. ― Hesitou um pouco agora, respirou fundo para contar o que era segredo para ninguém exceto ele. ― Eu sou apaixonado por ti, . Desde a primeira vez que te vi, ou pelo menos desde que olhei para ti e pensei como não conseguia pensar em qualquer outra coisa, ou como nada nunca chegou aos pés do que sinto por você agora. Um dia, eu era esse cara que seguia algo, a próxima foto, a próxima paisagem, sempre aproveitando um próximo e vivendo sabendo que o hoje era passageiro o suficiente para não se fazer grandes planos. Agora, eu ainda não sou tão bom em planos, mas sei que quero fazer um contigo, sei que não quero um próximo romance.
olhava profundamente para , com todas as palavras que queria dizer, mas ainda congelada no meio da fala dele.
― Eu mal consigo pensar no que falar com você me olhando assim e eu planejei essa conversa milhares de vezes, como um mantra, como se as palavras certas fossem consertar tudo. Como se dizer eu te amo fosse mudar o fato de que amanhã eu vou embora e eu não posso pedir para você ir comigo quando nem sequer fico o suficiente para criar muitas raízes ou desistir de tudo e ficar aqui. Pensei no que dizer para ver como as coisas podem funcionar apesar de tudo. Que podemos fazer funcionar se você dizer sim.
― Sim para o que, exatamente? ― a voz de saiu muito mais forte do que ela se sentia, aquilo era o queria ouvir, mas ainda assim, não tornava nada mais fácil.
― De que nós seremos suficientes, não todo dia fisicamente, mas sempre juntos de alguma forma. Por e-mail, mensagem, telefone. Eu não posso prometer nada concreto agora, o que faço agora foi meu sonho por muito tempo e nunca pensei em nada que pudesse substituí-lo ou em parar. Tudo sempre é agitado comigo, não posso prometer estar aqui se algo acontecer, talvez eu não consiga te abraçar ou enxugar suas lágrimas. Nem te beijar em todos os momentos que eu quero. Às vezes eu vou para cidades vizinhas e consigo chegar aqui em horas ou menos, outras eu estou tão longe e tão enrolado que nem com a maior força de vontade do mundo eu poderia parar aqui sem demorar semanas e talvez fosse tarde demais. Mas eu sempre vou estar a uma ligação de distância, seja para desabafar ou só falar sobre nada. Eu esperaria cada momento para te ver de novo, viria aqui sempre que pudesse, talvez algumas vezes você conseguisse viajar até onde eu for. Eu sei que é muito para se pensar, não sei se é algo que você já pensou sobre realmente, e é o suficiente para mim agora, não sei se seria para ti. Se a promessa que eu estarei aqui no futuro basta, quando não posso te dar o amanhã propriamente dito.
― Quero que nós dois sejamos o suficiente, apesar de tudo que não teremos por minha causa. Que as lembranças e momentos entre a distância valham a pena. Não é justo pedir nada, mas ainda assim peço que seja o bastante.
A respiração dos dois era pesada, tinha algumas lágrimas escapando mesmo que tivesse tentado contê-las. sentia como se tivesse exposto toda a sua alma e espera que isso tudo fosse o bastante para fazê-la ficar.
― Eu nunca pensei em passar por isso um dia. Quando um namorado meu se mudou, nem sequer foi uma possibilidade continuar. Continuamos amigos que depois viraram conhecidos, então desconhecidos, cada um seguindo o seu caminho. Mas agora eu não consigo imaginar que possa terminar hoje, ou amanhã ou qualquer dia. Ou simplesmente falar adeus e esperar um dia te ver em um lugar público e se cumprimentar como um cara qualquer. Eu não sei se consigo lidar com não o ter aqui, não sei se consigo segurar o fôlego para esperar por cada segundo que você esteja aqui. Mas não consigo não ter esses momentos. Eu fingi nos últimos dias que todo dia seria uma repetição, não existia nada diferente no futuro e foi maravilhoso.
― Eu trabalho e penso sobre a hora que vou te ver, sobre o instante que ouvirei teu oi e sentirei teu abraço e cheiro. Eu não lembro de já ter tido essa falta de alguém, eu sempre me bastei, mesmo quando eu amava alguém, não existia necessidade. Agora parece que ocupa tudo, não sobrou espaço para nada. Eu nem sei quando começou direito, você era um cara fofo de uma festa com um beijo incrível. E então era mais, muito mais. Um dia eu te olhei e pensei como podia ter me apaixonado tanto por alguém, em tão pouco tempo, quando as vezes anos com alguém não me levaram até aqui. ― A voz dela estava embargada, agora não eram algumas lágrimas, mas uma avalanche que caia, a abraçou em algum momento no meio, também chorando e numa mistura de alívio e ainda medo.
― Mas eu não sei se consigo que isso seja o suficiente para mim, porém não posso não tentar. Não consigo dizer adeus definitivamente.
― Então não diga, deixa que seja um até logo. Talvez você não consiga, . Mas vamos tentar por favor.
assentiu chorando e os dois permaneceram abraçados por um tempo que pareceu a eternidade e ao mesmo tempo insuficiente comparado ao que estava por vir.
Algum momento no futuro
,
Eu sei que mensagens são mais rápidas, mas eu sempre acho que falo mais sobre o que preciso se escrever como se fosse uma carta ou um longo e-mail comemorativo.
Como as vezes não dizemos as coisas que realmente precisamos, queria começar um novo hábito nosso. Além de ligações marcadas ou necessárias, vamos trocar e-mails. Assim, temos uma rotina como você tanto ama, mesmo que não seja a do seu tipo favorito. Não vou aparecer ainda por algumas semanas, mas sinto sua falta.
Queria diminuir nossa distância em um segundo, como não posso, fiz isso aqui. Sabe, quando você veio me visitar, estava me perguntando o porquê nós ainda insistíamos apesar de um ano juntos e mais tempo longe que perto. Você me disse naquela noite que não sabia se aguentaria, mas é mais forte do que pensa, mais forte do que eu ou qualquer outra pessoa que conheço.
Sabe, as vezes acho que alguém lá em cima nos avisa quando um de nós está prestes a dizer basta. O fim chegou. Eu não te contei, mas antes da sua última visita, eu ia terminar. Não parecia justo que as minhas ambições impactassem tanto em ti, sei que a rotina diária presente faz falta. Então você veio, sem ter dito nada e quando eu te vi, só conseguia pensar ‘finalmente’. E tudo que está entre a gente antes, virou nada, apenas um segundo.
A distância faz parecer com que cada segundo longe dure para sempre e cada segundo perto passe rápido demais e ao mesmo tempo é infinito, porque está sempre comigo a cada momento do meu dia. Juro que as vezes ouço a sua voz dando opinião e te conheço tanto que quando te conto algo, fala exatamente o que minha imaginação disse.
Enfim, esses dias tudo pareceu maior que quilômetros e segundos entre nós. Então te escrevi essa carta, acho que talvez sinta o mesmo que eu. Mesmo estando em outro lugar e não seja o mesmo, espero que alivie um pouco.
Sinto sua falta,
Te amo sempre.
.
Os dois traçaram planos naquela noite, de como manteriam contato. Que horas se falariam, qual seria o fuso horário, o itinerário de . Quando ele voltaria, quando ela iria até ele. As férias de ainda estavam longe, mas aquele relacionamento receberia todo o esforço merecido. Um dia o amanhã seria junto e, enquanto isso, eles viveriam de outras formas.
continuaria com seus projetos e ambições, o fôlego preso por ele, mas a sua vida não ficaria em pausa. Tinhas amigas para sair e rir, um trabalho diário e uma família que a apoiaria sempre. Podia lidar com as coisas, pelo menos precisava acreditar nisso para conseguir fazer tudo funcionar como deveria.
encontrou exatamente o que passou anos buscando. Suas viagens ainda seriam incríveis, mas existia algo que o prendia a terra hoje, não flutuava mais. Não estava à deriva sempre na espera do próximo momento. Já sentiria saudades, mas ele simplificaria a distância como sempre fez, seria criativo como nunca fora. Daria certo.
Depois de abraços, de planos e de mais conversas. Eles só se olharam absorvendo a visão um do outro, tentando marcá-la para sempre. Como uma tatuagem no cérebro, melhor do que qualquer foto que não realmente conseguia capturar tudo que havia, a curva do lábio, a puxada do olho quando sorria de boca aberta, o brilho depois de piadas ruins, ou só a presença real de alguém. A essência conhecida e desconhecida dele.
se inclinou para beijá-la e seu único pensamento era como quero ficar aqui. Quase implora para ficar aqui para sempre. Deixe-me morrer aqui, não deixe isso acabar. Não me deixe ir. Ele beija seu pescoço. Não me deixe ir. Sentem o cheiro um do outro e o pensamento ecoa entre eles, por favor, não me deixe ir.
Deixe-me aqui, olhando nos seus olhos, vendo seu sorriso. Deixe-me sentir seu cheiro. Quero sentir você. Eu quero morrer aqui, eu poderia morrer aqui com você. Não me deixe ir.
Nenhuma voz ecoa essas palavras, mas esses pensamentos transbordam entre eles naquela noite.
Por favor, deixe que isso dure. Não me deixe ir, eu poderia morrer aqui.
Algum momento no futuro
,
Às vezes eu te sinto aqui comigo, como se realmente estivesse. Olho a sua foto e sorrio como se pudesse me ver.
Às vezes sua ausência me sufoca, mas está para acabar. Eu ganho força na sua voz, nas palavras das suas cartas, nas suas mensagens. Nas nossas memórias.
Já estamos assim tem algum tempo, não é?
Quatro anos de idas e vindas.
Tomei uma garrafa de vinho em homenagem ao nosso aniversário de namoro. Sei que a internet não deixou que eu tivesse esse momento contigo. Então fiz como faríamos, esperei meia noite e tomei uma taça. Conversei um pouco com amigas, escrevi mensagens enormes que você leu no dia seguinte. Desculpa, eu estava meio chorosa. Mas não importa, está acabando. Agora temos uma data. Podemos parar de ter planos enormes de viagem, só falta mais uma. A final
Você conseguiu que finalmente te colocassem como correspondente em um lugar específico, tanto para vender a ideia de flexível, hein?
Eu consegui um emprego na mesma cidade e talvez não seja bem o que nenhum de nós planejou no início, mas quem liga, eu certamente não. Nunca quis tanto um emprego como esse, quase dei uma festa quando deu certo. Nós finalmente vamos estar juntos, todo dia. Acabou as brechas no tempo. Teremos tudo, não fragmentos. Os sonhos, a casa, o emprego.
Tudo.
Cada espera valerá a pena.
Espero te ver logo e sem mais separações.
Te amo e sempre estarei sempre contigo, de uma forma ou de outra.
.
Fim.
Nota da autora: Oi, gente, tudo bem? Espero que todo mundo esteja bem e seguro. Escrever essa fic foi meio complicado em meio as sentimentos dessa quarentena, mas ao mesmo tempo foi bom. Fiz do jeito mais romântico que consegui, mesmo não tendo sido muito longo e fez incrivelmente bem, nada como algo doce no meio disso tudo. Cristina é uma das minhas músicas preferidas da vida e espero ter feito jus.
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Outras Fanfics:
08. For Now
06. Under Pressure
01. Alexandria
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