Capítulo Único
Para mim aquela manhã fria estava com um clima perfeito para poder fazer tudo o que eu havia planejado, claro se não fosse por um pequeno imprevisto, eu estava no meu quarto escrevendo foi quando me dei conta que já eram quase cinco da tarde e eu não havia comido nada. Me levantei da cadeira vermelha em que estava sentada e fui calmamente até a cozinha ver o que tinha para comer, passei pela sala sem nem perceber que meu irmão Fernando estava fazendo uma pequena reunião com os amigos.
Peguei um lanche e voltei para o quarto foi quando eu abri o Facebook que levei um susto, vi um post de uma vizinha falando sobre um toque de recolher que a polícia havia colocado por causa do alto índice de assalto, eles estavam tentando achar algum jeito de poder pegar os assaltantes. Continuei rolando a página já que não acreditei muito na veracidade daquilo, para minha surpresa a polícia disparou mensagens para os celulares de quem mora na área falando exatamente a mesma coisa.
“Aos moradores do bairro de Frenkwood por favor pedimos para que fiquem em casa, à partir das sete da noite todos que estiverem na rua terão que se justificar. Caso a justificativa seja sem fundamento o indivíduo será detido.”
Fiquei em choque olhando aquela mensagem enquanto pensava nos amigos do ali em casa, dei de ombros afinal eles realmente não estavam me incomodando, me lembrei que precisava ir a farmácia comprar o meu anticoncepcional. Realmente tenho que voltar a tomar hoje sem falta então lá fui eu atrás de alguém com carro para me levar, só queria uma carona por ser mais rápido para ir e voltar já que a farmácia fica a cinco quarteirões daqui.
- Gente, preciso de uma carona até a farmácia será que algum de vocês pode me levar? – Falei parada ao pé da escada.
- Vamos, eu te levo na volta já vou para a minha casa. – O Matt se ofereceu prontamente já pegando o casaco e a chave do carro.
- Hm. Obrigada... – Olhei ao redor e realmente só restava ele ali, o iria para a casa da Talita, minha cunhada, já que os pais dela não estavam em casa.
O segui até o carro em completo silêncio, já que eu tinha um certo medo de que qualquer coisa que eu falasse pudesse entregar que eu sou a fim dele, nós entramos no camaro conversível e fomos até a farmácia em completo silêncio, no caminho notei que a cidade estava parecendo deserta o que em partes me deixava apreensiva de ter saído de casa.
- O toque de recolher já começou?
- Não, começa às sete mas as pessoas estão com medo.
- Medo?
- Sim, as gangues também colocaram toque de recolher.
- Não estava sabendo disso. – Eu o olhei assustada mas ele estava com os olhos fixos na rua.
- É, o toque das gangues é a partir das seis.
Fiquei em silêncio apenas observando o caminho, notei que tinham algumas pessoas barrando a passagem mas uma sensação de segurança tomou conta de mim quando olhei para o lado e o vi ali, as pessoas pararam o carro e o Matt conversou com eles. Não prestei muita atenção só ouvi fragmentos da conversa dizendo algo de “Só estamos indo até a farmácia Bart, logo estaremos em casa.” Quando continuamos antando me perguntei mentalmente se o Matt fazia parte de alguma gangue ou se ele conhecia aqueles caras que estavam fazendo a barreira, chacoalhei levemente a cabeça e voltei a prestar atenção no caminho. Quando chegamos o Matt preferiu esperar no carro eu entrei na farmácia e logo fui atendida por uma moça simpática que aparentava nem saber do que estava acontecendo nas ruas, comprei o remédio e voltei para o carro tudo o que eu queria era chegar em segurança na minha casa e poder me enfiar debaixo das minhas cobertas. A volta foi bem mais rápida também em absoluto silêncio, quando chegamos na frente da minha casa o Matt colocou a mão no meu ombro e me encarou sério e pude notar um leve ar de medo nos olhos dele.
- , posso ficar na sua casa essa noite?
- Que? Por que?
- Já são sete horas.
- O toque da polícia... – O encarei pensativa e logo me rendi. – Pode, coloca o carro na garagem. – Abri o portão da garagem.
- Obrigado. – Ele estacionou o carro e desceu coçando a nuca meio sem jeito. – Durmo na sala, não tem problema.
Nós entramos em casa e eu fui direto para a cozinha fazer um macarrão com queijo para comer, enquanto eu estava cozinhando pude vê-lo sentado no sofá olhando o celular nitidamente preocupado, quando terminei tudo peguei duas cervejas e fui até ele entreguei uma para ele e me sentei na poltrona.
- O que houve?
- Hã? Nada. – Ele bloqueou o celular e abriu a cerveja. – Inclusive o que vamos jantar?
- Estou fazendo macarrão com queijo, na verdade já está pronto. - Eu o encarei. – Ah sim, fica à vontade tá, sinta-se em casa, você já sabe onde fica tudo inclusive o quarto de hóspedes.
Eu me levantei levemente irritada comigo mesma sem nem saber o motivo, provavelmente era o fato de estar tão próxima dele sem poder fazer nada, bufei fui em direção a cozinha para fazer meu prato. Me sentei na mesa e logo o Matt veio, ele se sentou na minha frente e discretamente eu o observei, pude notar que ele estava incomodado com alguma coisa mas também estava nítido que ele não iria me contar essa era uma das poucas vantagens de conhecer ele tão bem, eu podia decifrar o que ele estava pensando apenas pela expressão dele. Quando terminei de comer coloquei meu prato na lava louças e fui assistir a algum filme de comédia romântica na televisão, eu estava completamente entretida e quando olhei para o lado até assustei. Ele estava ali sentado ao meu lado assistindo o filme junto comigo e aparentemente estava se divertindo, coisa que eu nunca imaginei que ele gostasse era desse gênero de filmes.
- Não sabia que você gostava desse tipo de filmes.
- Sinceramente nem eu.
- Matt, posso te perguntar uma coisa? – Pausei o filme e ele me olhou confuso com aqueles olhos verdes enquanto senti meu rosto queimar.
- Claro.
- Lembro de você chamar o cara da gangue pelo nome...
- Não. – Ele me interrompeu e falou em tom sério. – Não vamos falar sobre isso, é algo que não me orgulho e não pretendo deixar o mundo saber.
- Calma, era só uma pergunta.
- entenda, tem certas coisas que nem o seu irmão que é meu melhor amigo sabe.
- Matt... – Tentei argumentar.
- Não . – Ele quase gritou.
Ele se levantou irritado e foi para o quarto. Minha mente ficou a mil com aquela conversa, eu realmente queria saber o que diabos ele estava escondendo senti minha cabeça dar voltas enquanto caminhava em direção ao meu quarto, abri a porta e me deparei com ele deitado na cama, fiquei confusa do motivo pelo qual ele estava lá e pedi para ele dar licença.
Ele não respondeu apenas me olhou sério e saiu do quarto fechando a porta suspirei enquanto apertava levemente minhas têmporas. Entrei debaixo do chuveiro onde me sentei no chão branco e deixei a água cair na minha nuca me ajudando a organizar aqueles pensamentos sobre o cara que estava ali na minha casa.
“De todas as pessoas do mundo porque que ele? Podia ter que passar a noite por causa de um toque de recolher com qualquer um, até mesmo algum ator de Hollywood mas não, tinha que ser com ele, alguém em quem eu tenho um crush absurdo há anos.”
Fui tirada da onda de pensamentos com o Matt batendo na porta do banheiro desesperadamente, eu só gritei um “Já Vou” e terminei meu banho. Quando sai do banheiro usando o roupão colorido com a toalha vermelha enrolada no cabelo me deparei com ele sentado na minha cama.
- O que foi Matt? Para que esse desespero todo?
- Você estava a tanto tempo aí dentro que fiquei preocupado.
- Hm. Sei.
- me desculpa por ser grosso mais cedo. – Ele encarava o tapete preto felpudo.
- Relaxa, é um assunto que aparentemente você não gosta de falar. – Passei por ele em direção ao guarda roupas e separei uma calça e uma camiseta para usar naquele momento. – Agora se você me dá licença preciso me trocar.
- Bom, você tinha deixado no carro o remédio. – Ele colocou a sacolinha da farmácia em cima da cama e saiu.
Eu suspirei sem saber por quanto tempo eu iria conseguir manter a pose de quem não quer nada com ele e nem liga sobre ele estar ali. Me vesti e em seguida me joguei na cama, eu estava relaxando um pouco quando ouvi uma gritaria na rua, parei para prestar mais atenção em uma das vozes que me era conhecida ou bem parecida com a do Matt, em seguida ouvi alguns tiros então desci preocupada com ele mas quando cheguei na sala ele estava calmamente sentado assistindo televisão. Eu o olhei confusa já que nitidamente a voz dele vinha da rua momentos antes.
- O que foi ?
- Eu podia jurar que ouvi a sua voz vindo da rua há uns cinco minutos atrás.
- Foi impressão sua. – Ele me analisou de cima a baixo e voltou a olhar para a televisão balançando negativamente a cabeça. – Estava aqui sentado desde que sai do seu quarto.
- Hm.
Ainda estranhando a situação toda fui até a geladeira e peguei um refrigerante quando sai da cozinha e o Matt estava tentando ligar o vídeo game que tem sobre a estante, ele estava de pé em frente ao objeto o encarando como se fosse funcionar sozinho sem ele apertar nenhum botão, dei uma risada leve e fui até onde ele estava foi quando vi que ele estava olhando os jogos, peguei o controle e liguei o aparelho.
- Você joga?
- Sim, inclusive o outro controle está ali se quiser jogar. – Apontei para o controle que estava ao lado do console.
- Claro que quero!
Ele pegou o controle e se jogou no sofá ficamos algumas horas jogando residente evil e sinceramente chegamos até a zerar o jogo. Quando terminamos ele deixou o controle na mesa de centro e se virou para mim, admito que fiquei sem saber muito o que fazer escolhi por apenas o olhar de volta então reparei que ele estava me olhando de uma forma diferente, havia desejo em seu olhar senti meu rosto corar levemente e desviei o olhar.
- Então quer jogar mais alguma coisa?
- Oi? - Ele chacoalhou a cabeça.
- Perguntei se quer jogar mais alguma coisa.
- O que mais tem?
- Bom, Mortal Kombat, Overcooked e não tenho certeza o que mais dá para jogar de dois. – Falei olhando a pilha de jogos.
Escolhemos jogar um pouco de Mortal Kombat mas logo eu comecei a ficar muito brava por estar perdendo e decidi ir dormir antes de acabar brigando com ele, dei boa noite para ele e fui para o quarto me deitei debaixo das cobertas pesadas mas eu não conseguia dormir, os meus pensamentos estavam voltando até o momento do tiroteio, eu estava realmente me sentindo insegura de deixar o Matt dormir na sala, a noite iria ser longa e com certeza com muita confusão. Mesmo sendo contra tudo o que minha mente gritava para eu não fazer eu decidi que para dormir tranquila seria melhor que ele dormisse comigo. Me levantei peguando meu roupão e fui até a sala, quando desci as escadas vi um Matt sentado olhando fixamente para o celular.
- Matt?
- ! Achei que já estivesse dormindo! – Ele sorriu enquanto se virava para me olhar.
- Escuta... – Falei apoiando minha mão em minha nuca, completamente sem jeito pelo que eu iria falar. – Estava tentando dormir e só consegui pensar que você ficar na sala seria completamente inseguro, dorme no meu quarto assim se por acaso alguém acabar invadindo aqui no meio dessa loucura toda que está lá fora você vai estar seguro.
- , não sei se é uma boa idéia.
- Vem, qual o problema? – Falei fazendo menção para ele me seguir.
- Bom... – Ele hesitou por um instante mas se levantou. – Aceito a idéia vai.
Nós fomos para o meu quarto onde ele tirou a roupa ficando apenas de cueca boxer e se enfiou debaixo das cobertas, pude ver a expressão dele mudar quando ele se deitou de tensa para relaxado e começando a ficar confortável, eu tirei meu roupão ficando apenas de camisola de seda e me deitei ao lado dele, virei de costas para ele para ficar um pouco no celular e para minha surpresa ele se aconchegou mais próximo e me abraçou. Naquele momento senti meu coração bater mais forte e minha respiração falhar, tentei me controlar ao máximo para que ele não percebesse que só de ele estar ali eu já me entregava para ele, mas pensei “É agora ou nunca , tira essa vontade de dentro de você logo.” Segui meus instintos e me virei de frente para ele, ali pude ver cada detalhe de seu rosto e com a leve luz que entrava pela janela por causa da lua cheia, dava para ver os detalhes daqueles olhos verdes que guardavam muitos segredos. Ficamos nos encarando durante alguns instantes e pude sentir a tensão aumentando entre nós, criei coragem e sem nem mesmo saber se ele iria corresponder selei nossos lábios, pude sentir os nossos corpos estremecerem com aquela atitude que tomei, logo ele me puxou para mais perto dele, se é que isso era possível, e intensificou o beijo mas quando estávamos quase nos entregando aos prazeres que nossos corpos desejavam ele interrompeu o beijo e se afastou.
- , não posso, não que eu não queira mas não posso. – Ele sussurrou ofegante.
- Que? – Senti minha respiração falhar, aquilo realmente não estava nos meus planos. – Por que?
- Seu irmão iria me matar.
- Ele não precisa saber. – Sussurrei me aproximando novamente. – Só temos nós dois na casa inteira. – Acariciei o rosto dele lentamente. – Mas se não quiser vou entender.
Ele me olhou como se eu estivesse torturando ele e respirou fundo antes de me puxar para perto novamente e me beijar, dessa vez com um pouco mais de vontade, como se ele também quisesse aquilo há anos, minha camisola foi tirada sem eu perceber assim como a cueca dele. Quando me dei conta ele estava por cima de mim depositando beijos em meu pescoço e me entreguei ao desejo que eu estava por aquilo tudo. No dia seguinte me espreguicei na cama e senti falta dele me vesti e fui até a sala sem nem mesmo saber se meu irmão já havia chegado em casa, me deparei com o Matt vestindo apenas uma bermuda deixando à mostra todas as tatuagens que ele tinha pelo corpo malhado enquanto sorria fazendo o café.
- Bom dia Matt.
- Bom dia , como você está? – Ele se virou sorrindo.
- Bem e você? Dormiu bem? – Senti meu rosto corar com as lembranças da noite anterior.
- Sem dúvidas. – Ele se sentou com a xícara na mão. – O café está pronto, vem se sentar comigo que preciso te contar uma coisa.
- O que houve? – Me sentei de frente para ele.
- Bom, seu irmão não vai voltar hoje, o toque de recolher vai se estender pela semana toda.
- Hm. – Murmurei pensativa. – Quer ficar aqui?
- Olha, eu não ia falar isso e na verdade não esperava você oferecer, mas eu aceito a idéia. – Ele sorriu tímido mostrando aquelas covinhas que me faziam derreter.
Sorri de volta enquanto me levantava para colocar as xícaras na pia em meu pensamento eu estava gritando para aquilo não acontecer, para ele não ficar ali porque eu não sei como vou lidar com isso por mais uma noite, ou melhor uma semana, esse mistério todo que ele carrega me deixa mais atiçada para ficar perto dele e tentar descobrir tudo. O olhei por alguns instantes e vi que novamente ele estava concentrado no celular, me sentei na mesma cadeira de antes e o encarei.
- O que foi ?
- Queria saber o que tanto meche nesse celular com esse olhar sério, sei que não vai me contar mas como perguntou o que foi. – Dei de ombros encarando o tapete da sala.
- Hm. Quem sabe um dia eu te conte. – Ele voltou a atenção para o celular novamente.
Eu sorri de canto vitoriosa e fui para o meu quarto, a cama ainda estava bagunçada e o cheiro do Matt ainda estava ali nos lençóis. Me deitei deixando aquele cheiro tomar conta dos meus pensamentos e acabei ficando ali perdida dentro deles durante algumas horas. Matt bateu na porta interrompendo todos os pensamentos sobre ele que estavam rondando minha mente e, em um pulo me sentei com as pernas cruzadas.
- Entra. – Falei ajeitando o cabelo.
- eu vim te perguntar se você quer que eu durma na sala hoje. – A última palavra saiu como um sussurro quando ele me viu sentada vestindo uma camiseta larga e ajeitando o cabelo.
- Bom para falar a verdade não. – As palavras saíram da minha boca sem eu prestar atenção, assim que percebi o que havia falado meu rosto corou junto com minha respiração que falhou.
- Tem certeza? – Ele tentou se manter firme.
- Sim, a não ser que você prefira trocar uma cama confortável pelo sofá.
- Não é isso! – Ele parecia irritado com o que eu havia falado.
- Que foi? A bonita tá sensível aí não posso falar algo que eu realmente pensei que era o motivo da sua frase? – Me levantei e fiquei a alguns centímetros de distância dele e notei sua respiração falhar. – Se você não quiser dormir no quarto novamente eu não vou te obrigar! – Observei ele me encarando mordiscando a boca. - Assim como se você tem medo do que pode acontecer, pode ter certeza que eu não tenho.
- Que? Medo de acontecer de novo o que aconteceu ontem? ATA ANA. – Vi o rosto dele ficar vermelho mas não tinha certeza se era de raiva ou pela proximidade de nós dois.
- Bom Sanders, se você não está com medo disso, o que houve? – Dei alguns passos para trás.
- Nada... – Ele me analisou de cima a baixo e em seguida encarou o chão.
- Você ficou irritado do nada Sanders! Pode ter certeza que essa resposta não é válida!
- Não é nada com você , eu fico preocupado se seu irmão sequer desconfiar do que está acontecendo aqui. – Ele se sentou na cama e passou a mão pelos cabelos. – Você não entende, era muito nova na época em que tudo aconteceu.
- Pois me faça entender Matt. – Me sentei ao lado dele. – A desculpa do muito nova não funciona, tenho só três anos de diferença para vocês e quem sabe assim esse sentimento que tenho por você... – Parei de falar quando percebi que iria sair a típica frase “Eu te amo”.
- , você não sabe onde está se metendo, não deveria ter ficado aqui, você não deveria ter desenvolvido qualquer sentimento por mim. – Ele me olhou sério e naquele olhar dava para ver algo sombrio no fundo. – É tudo muito mais complicado que parece.
- Esse mistério todo só piora as coisas.
- Você quer saber então eu te conto. – Ele se ajeitou ficando de frente para mim. – Acontece que eu e seu irmão há anos atrás nos envolvemos com gangues mas uma vez dentro você nunca sai totalmente.
- Que? Como?
- Éramos crianças imprudentes, mas isso você já sabe, vivíamos no limite da adrenalina e naquele dia achamos que seria legal roubar uma loja de bebidas que tem no centro mas fomos pegos, quando o Tim viu meu sobrenome ele logo associou ao meu irmão, então no lugar de chamar a polícia ele nos falou que iríamos pagar servindo a gangue dele, a Snakes, na época até andar com os casacos nós andávamos, você inclusive deve se lembrar disso.
- Me lembro de ver vocês com jaquetas de couro com um logo nas costas mas nunca associei a gangues.
- É, seu irmão soube esconder bem isso. – Ele respirou fundo e olhou para as mãos. – Acontece que nessa gangue eu reencontrei meu irmão mais velho o Scott, que eu não via há anos e não fazia a menor idéia do que tinha acontecido. eu tenho você como alguém que tenho que proteger o Tim colocou a nova gangue dele atrás de você.
- Que? Por que?
- Bom eu, seu irmão e o meu irmão nos juntamos e tomamos a gangue das mãos do Tim, conseguimos convencer a todos que seria melhor e que fazer parte de uma gangue não significa ter que vandalizar os lugares, somos que nem uma família e isso é o que queremos prezar.
- O Tim foi expulso?
- Não, ele saiu por vontade própria jurando vingança para mim e para seu irmão, lembro até hoje das palavras dele “Cuide bem daquela garota de cabelos Sanders e Smith, eu irei atrás dela para me vingar, minha hora irá chegar.” Ele virou as costas e saiu do bar, daquele dia em diante não tivemos mais notícias do Tim.
Ficamos em silêncio durante um bom tempo digerindo o que ele havia acabado de falar, eu estava meio em choque por descobrir que meu irmão faz parte de uma gangue porque ele sempre me falou que gangues só tinham “Caras mal intencionados” mas agora tudo fez sentido, o cara mal intencionados que ele sempre fala é esse tal de Tim, como pude ter sido tão inocente esses anos todos!?
- Sei que é muita coisa de uma vez. – Matt falou se levantando da cama. – Estarei lá em baixo, qualquer coisa me chama.
- Espera. – Ele parou e me olhou, dessa vez uma expressão cansada reinava em seu rosto. – Por que não me contaram antes? Deixaram para me contar aos meus vinte e sete anos? Vocês já fazem parte de uma gangue há mais de dez anos Matt!
- Seu irmão foi quem ficou de te contar quando você fez vinte e um, ele não quis, eu não posso interferir nas escolhas dele por mais que eu tenha sentimentos por você não faço parte da família.
- PORRA VOCÊ ACABOU DE FALAR QUE A GANGUE É COMO UMA FAMÍLIA SANDERS!
- Sim mas não substitui a família de sangue , essa família, você e seu irmão, tem prioridade entende?
- Entendo mas você está tão presente na minha vida quanto o !
- Eu sei , mas não é assim que funciona.
- No final você acabou me contando.
- Com a permissão do seu irmão por que ontem vi o Tim rondando a casa.
- Por isso resolveu dormir comigo, entendi, se puder me deixar sozinha um momento.
- Não você entendeu tudo errado! – Ele deu um passo em minha direção. – Vi o Tim rondando a casa depois que aceitei dormir no seu quarto, depois do momento incrível que tivemos ! Você não está entendendo!
- Eu acredito Matt mas preciso realmente pensar sobre tudo. – Falei seca enquanto abria a porta do quarto.
Ele bufou derrotado e saiu do quarto fechando a porta eu deitei em posição fetal na cama digerindo todas as informações que tive em poucos minutos naquela conversa. Sabe qual é a pior coisa nisso tudo? Saber que assim como eles eu venho escondendo que faço parte de uma gangue também, não a do Tim claro, mas uma onde eu encontrei todo o apoio que eu não tinha desde que meus avós morreram, a , em sua maioria somos só mulheres existem pouquíssimos homens nela mas a Jenny com sua sabedoria fez uma aliança com uma gangue da região para tentarmos manter a paz, quando o Matt falou o nome da gangue minha mente logo relacionou tudo, a Jenny só mencionava o nome da gangue mas nós nunca tivemos contato com eles.
- Matt vem aqui um instante por favor. – Falei abrindo a porta e vestindo minha jaqueta pronta para falar tudo, ele subiu super rápido até o meu quarto.
- O que foi?
- Snakes. Certo?
- Sim, o que tem? – Ele parecia cansado do assunto já.
- O nome te diz algo? – Ele me olhou com um certo medo.
- Jenny, ou como a chamamos The Angel from hell. – Ele me encarou sério. – Aquela mulher mexeu com a cabeça do meu irmão.
- Não tô entendendo, não existe uma aliança?
- Sim existe, mas como sabe disso tudo?
- Bom... – Foi quando ele olhou a jaqueta e me virou bruscamente para ver o que tinha nas costas, ali ele encontrou o logo da com o meu codinome “” escrito.
- O que? Você é a que a Jenny tanto fala que preciso conhecer? Não acredito. – Ele ficou em choque e se sentou na cama. – Puta que pariu , se eu soubesse não teria achado trocentas desculpas para não ir ao tal encontro às cegas.
- Encontro às cegas Matt?
- Sim, o meu codinome é Shadows porque eu sempre me escondo quando da merda.
- Não acredito. – Eu estava completamente chocada. – Lembro da Jenny me chamando para ir a um jantar com ela e o boy várias vezes.
- É, era por isso, eles queriam nos apresentar. – Ele me encarou chocado. – Quando e por que você entrou para essa vida ?
- Olha Matt, não é só você e meu irmão que escondem as coisas. – Respondi ríspida. – Meu irmão nunca foi muito atencioso, sabemos bem o que aconteceu com meus pais, depois que meus avós faleceram foi onde encontrei uma família.
Ele parecia desapontado e ao mesmo tempo aliviado por eu ter contado aquilo para ele, fomos até a cozinha para comer algo já que estava próximo do horário do jantar e só havíamos tomado café o dia inteiro, ele fez um omelete para comermos junto com uma salada que tinha na geladeira.
- Seu irmão não sabe sobre o que você me contou então? – Ele deu uma garfada na comida.
- Não e espero que continue sem saber até que as coisas aconteçam naturalmente.
- Pode ter certeza que seu segredo está guardado comigo.
- Assim espero Matt.
Ele sorriu levemente deixando à mostra aquelas covinhas novamente, senti meu corpo estremecer de vontade mas me contive. Depois de comermos fomos assistir qualquer coisa que estivesse passando na televisão eu me deitei no colo dele e ali acabei cochilando algumas horas, acordei assustada quando ouvi os tiros na rua novamente.
- Shhhh – O Matt colocou a mão sobre minha boca. – O Tim está aqui de novo.
Não tive reação a não ser ficar em silêncio, ele se levantou e me estendeu a mão rapidamente me levantei e o segui, fomos em direção ao porão da casa onde teoricamente iríamos estar mais seguros, enquanto descíamos as escadas ouvi vozes conhecidas vindo do lado de fora. Era a voz da Jenny! E de algum cara que não consegui identificar, ela estava brigando com ele por querer entrar na casa, chegamos ao porão e ficamos em silêncio sentados em um sofá xadrez velho que deveria estar ali há muitos anos.
Eu estava tensa mas me senti segura por estar com ele e pela Jenny estar ali fora, quando tudo ficou silencioso do lado de fora o Matt se aproximou e selou nossos lábios, um beijo intenso e por algum motivo meu cérebro berrava para eu sair dali, fui contra meus pensamentos e deixei rolar o que fosse para rolar afinal a gente nunca sabe como vai ser o dia de amanhã, senti as mãos quentes dele subindo por debaixo da minha blusa e em seguida arrancando ela e a jogando para algum canto do porão, ali naquele sofá velho as coisas aconteceram mais intensas do que na noite anterior.
Voltamos para a sala onde parecia que tinha passado um furacão a porta estava escancarada, subimos em direção aos quartos e eles estavam revirados, roupas para fora do guarda roupas, caixas que antes estavam debaixo da cama agora estavam jogadas no meio do caminho, vi a Jenny sentada na minha cama incomodada com algo, fui falar com ela enquanto o Matt ia até o quarto do .
- graças a deus você está bem!
- Sim, ouvi a confusão e me escondi. – Me sentei ao lado dela. – O que caralhas aconteceu?
- Aconteceu que seu irmão, o meu noivo e meu cunhado são três retardados que atiçaram o Tim há anos atrás.
- Sei disso, estou perguntando sobre agora.
- Então já sabe que seu irmão faz parte de gangue?
- Descobri hoje cedo mas não foi ele quem me contou. – Vi a Jenny olhando para a porta e ficando em choque.
- Shadows. – Ela se levantou e parou na minha frente. – O que faz aqui?
- , você está bem? – Ele mediu a Jenny de cima a baixo e tentou se esquivar mas foi uma tentativa em vão. – Jenny eu só quero chegar perto dela.
- Você não me respondeu. – Ela deu um passo à frente colocando a mão no bolso em que guardava seu canivete.
- Estou aqui para proteger ela ok? Agora se me dá licença.
- Jenny está tudo bem, foi ele quem me escondeu da confusão toda. – Apoiei a mão sobre o ombro dela que logo relaxou.
- tem muita coisa que você ainda não sabe, muitas brigas antigas envolvendo até mesmo seus pais mas isso é história que seu irmão deveria te contar. – Ela apertou levemente as têmporas. – Enfim, você está bem e aparentemente bem acompanhada. – Ela mediu o Matt de cima abaixo com um olhar curioso. -Tranque as portas e fique em casa te mando notícias depois.
Ela saiu da casa batendo a porta, eu me sentei no sofá ainda com uma interrogação pulando na mente sobre o motivo de ela ter ficado preocupada quando viu o Matt, voltei a atenção para a cerveja que o Matt estava me oferecendo e dei um gole nela, ele se sentou ao meu lado completamente em silêncio. Depois de um tempo eu me deitei no colo dele e fiquei concentrada na televisão, fomos surpreendidos pelo abrindo a porta o que me fez pular do sofá.
- Calma, sou eu.
- Ué você não ia voltar só semana que vem?
- E vou, mas precisava de umas coisas. – Ele olhou sério para o Matt. – E precisava falar com você . – Ele se sentou no sofá e me encarou sério. – O que a Jenny estava fazendo aqui?
- Nada...
- , é melhor você contar a ele.
- Bom, te diz algo ?
- É a gangue da Jenny.
- Sim, , conhece?
- O que tem ela? Só ouvi falar mas nunca fui apresentado.
- Ah já foi sim, inclusive conhece ela muito bem. – Falei irônica. – Prazer, .
- VOCÊ SÓ PODE ESTAR BRINCANDO! – Ele berrou fazendo eu me encolher no sofá e o Matt entrar em alerta. – Por que isso ?
- Olha você nunca foi muito atencioso, sabemos bem o que aconteceu com nossos pais, depois que nossos avós faleceram foi onde encontrei uma família, afinal você nunca estava presente!
- Ah claro, a culpa é minha agora.
- Não, a culpa não é de ninguém, foi uma escolha minha . – Respirei fundo. – Lide com isso que é melhor.
- Não posso brigar com você por fazer algo que eu também faço, pelo menos tem dupla proteção.
- Gente, sério qual é a do Tim, o que raios ele quer comigo? Agora que você está aqui dá para vocês me explicarem?
O suspirou e começou a me explicar que o Tim estava atrás de mim para me sequestrar e fazer comigo coisas imundas, ele queria que eu desse um filho para ele em resumo da história e tudo por birra do meu irmão e do Matt.
- Tá, entendi já o que aconteceu agora me expliquem uma coisa?
- Claro. – O falou nitidamente aliviado. – O que você quiser.
- O que o Matt tem a ver com a história comigo, por que o Tim acha que ele na época que fez essa ameaça iria atingir o Matt se me sequestrasse?
- Olha tá aí uma boa pergunta. – O encarou o Matt que corou instantaneamente.
- Acontece que falei para ele na época que a sua família era como minha família , então ele entende que eu iria proteger a a qualquer custo e ele não está errado.
- Faz sentido. – O apertou levemente as têmporas. – Bom, eu tenho que ir, Matt cuida dela e cuida dele, em caso de emergência fujam para o bunker, o Matt sabe onde fica.
- Ok. – Falamos em coro.
Ele pegou o que havia vindo buscar em seu quarto e saiu pela porta da frente tranquilamente, eu e o Matt nos encaramos durante alguns instantes até eu me levantar e ir para o banho. Não fazia idéia de como precisava tomar banho até sentir o jato de agua morna batendo em minhas costas, me sentei no chão curtindo aquele momento meu e foi quando me dei conta que havia só deixado encostada a porta do banheiro, quando me levantei para fechar o Matt a empurrou levemente.
- Posso entrar?
- Bom, não tem nada aqui que você não tenha visto. – Falei rindo. – Quer entrar no banho também?
- Na verdade eu estava pensando em apenas ficar aqui... – Ele se sentou em um banco que havia ao lado da pia enquanto me observava, eu voltei para debaixo do chuveiro. – Sabe, eu não quero que você crie expectativas sobre nós.
- Matt...
- Esses anos todos eu te tratei mal, me fiz de desentendido quando você perguntava algo e sei que tudo isso foi errado mas era para não nutrir um sentimento por você.
- Olha, vamos ser bem sinceros aqui, ok? Sei que você me tratou mal mas eu também o fiz, peço desculpas por como agi com você durante anos, fingindo que você não existia, e para ser sincera não quero conversar sobre isso agora em um momento que estou tão vulnerável.
Ele concordou com a cabeça e saiu do banheiro, ouvi ele se deitando na cama seguido por um silêncio ensurdecedor, eu sabia tudo o que havia acontecido entre nós, sabia que aquelas cicatrizes de como ele fora rude comigo não iriam se fechar tão cedo mas eu estava certa de que por baixo daquela casca havia uma pessoa incrível e estava determinada a conhecer. Terminei meu banho colocando meu roupão colorido e sai do banheiro encontrando um Matt deitado em minha cama encarando o teto, separei uma muda de roupa e antes que eu pudesse vesti-la ele me puxou para perto pela cintura, ficando em uma distância perigosa.
- por que você faz isso comigo? – Ele sussurrou em uma proximidade onde eu podia sentir o ar saindo de sua boca conforme ele falava.
- Eu não faço nada Shadows. – Sussurrei ao pé do ouvido dele enquanto sentia ele segurar fortemente minha cintura.
Ele me beijou e eu passei minhas pernas pela sua cintura sentando em seu colo, pude sentir o volume sob a cueca boxer preta que ele usava me deitou na cama e com meu consentimento colocou uma venda em mim, a cada toque dele eu sentia mais prazer que antes. Foi uma questão de minutos até eu chegar ao ápice, arranquei a venda e era a minha vez venda-lo, fiz o mesmo que ele havia feito comigo e o resultado assim como o esperado foi o mesmo, ele me puxou para cima e naquele momento eu tive certeza que quem estivesse na rua iria ouvir o que estávamos fazendo entre aquelas paredes.
Ele foi para o banho depois que terminamos e eu fiquei deitada ainda ofegante na cama, quando recuperei o fôlego me levantei e fui para a sala, peguei duas cervejas na geladeira e me joguei no sofá esperando por ele que logo apareceu e se sentou ao meu lado. Me olhou sorrindo maliciosamente enquanto abria uma das cervejas que eu havia deixado ali para ele, o observei durante alguns instantes em seguida prestei atenção ao noticiário que informava a prisão de Tim Groules por invasão a domicilio e assalto, instintivamente olhei para o Matt que sorria vitorioso com a notícia.
- Isso é sinal de que a “guerra” acabou?
- Jamais, isso é sinal de que nós estamos vencendo . A Snakes, a e mais duas que fizemos aliança, estamos todos nós vencendo.
- Mas vem cá. – Me ajeitei no canto do sofá. – Afinal de contas por que raios estão em pé de guerra?
- Ué, a Jenny não te contou?
- Nope.
- Bom, um dos anciões que mantinha a paz por aqui, o velho Tom faleceu na semana passada e, conforme as regras nós aguardamos lerem o testamento da gangue, como ele não havia deixado ninguém no lugar começou uma guerra para saber quem irá “manter a paz” por aqui, tanto entre as gangues quanto entre os policiais com a gente.
- Hm, Tim queria esse lugar?
- Sem dúvidas. – Ele olhou para a televisão e pareceu surpreso. – Quero é saber quem não quer o posto do velho Tom.
- Matt vamos até o McDonald’s? Por favor?
- ... – Ele balançou negativamente a cabeça. – Olha o auê cara.
- Vamos como duas pessoas normais, não precisamos nos envolver em nada. – Eu peguei a mão dele que me olhava implorando para eu parar. – Por favor, só quero comer um lanche.
- Sei que vou me arrepender, mas vamos.
Ele vestiu sua jaqueta de couro pesada e pegou as chaves do móvel enquanto eu pegava minha jaqueta e minha bolsa, entrei no carro e só então ele percebeu que eu estava usando a jaqueta da e ele a da Snakes, aquilo chegava a ser levemente irônico depois de nós dois nos esquivarmos tantas vezes do tal encontro que a Penny e o irmão dele estavam querendo armar. O caminho acabou sendo mais longo que o esperado, encontramos com muita gente que realmente precisava de ajuda, uma dessas pessoas inclusive eu fiz questão que o Matt parasse o carro para ajudarmos, afinal era só uma criança que deveria ter torno de cinco ou seis anos.
Quando finalmente chegamos ao McDonald’s, depois de duas horas tentando ajudar ao máximo, nos deparamos com algumas pessoas de outras gangues, senti um buraco abrir em meu estômago quando vi meu ex, não necessariamente ex namorado estava mais para ex ficante ali entre eles.
- Gabriel?
- ? O que você está fazendo aqui?
- Eu ia te perguntar o mesmo, mas estou aqui só para comprar meu lanche e ir em paz para casa. – Analisei ele de cima abaixo. – Não sabia que você fazia parte de alguma gangue.
- E você pelo jeito gosta mesmo de gente de gangue hm.
- Fala como se eu super soubesse que você fazia parte de alguma. – Revirei os olhos e fui dar um passo em direção a entrada do fast food, foi quando o Matt me segurou pelo braço olhando sério para mim.
- Vamos no outro.
- Matt mas já estamos aqui.
- É sério, vamos no outro, tem um há três quadras daqui.
- Então você está com medo? – O Gabriel deu um passo em nossa direção. – Pelo jeito você é o tal Shadows que andou metendo o louco pela região.
- Olha, não quero confusão, já estamos de saída. - Na-na-não. Você pode ir Shadows mas a princesinha aqui fica.
- EXCUSE ME? – Falei bravíssima me virando de frente para o Gabriel.
- Exatamente o que você ouviu, não queria o lanche? Pois agora vai é ficar com a gente.
- Escuta aqui seu bosta, quem você pensa que é?
- Eu sou o rei dessa região.
- AH CLARO – Falei gargalhando e lembrando que o território da iria até o Starbucks um pouco depois do McDonald’s. – Agora você presta muita atenção no que estou te falando Gabriel, some da minha frente antes que me arrependa dos meus atos.
- E o que uma menininha frágil que nem você faria?
- Olha amigo, eu não desafiaria não. – O Matt falou apoiando no carro nitidamente se divertindo com a cena, nós dois notamos que ao fundo estavam mais cinco meninas da então eu sabia que teria suporte mais que o necessário.
- Ou o que princesa? – Ele me puxou colocando o canivete afiado em meu pescoço, por instinto peguei meu soco inglês e o posicionei em minha mão. – E agora? Me conta, quem é que manda aqui?
- Eu tentei te avisar, você não me ouviu.
Em uma fração de segundos dei um soco na boca do estômago do Gabriel enquanto pulava para trás para não me machucar com o canivete, ele caiu no chão e eu aproveitei para pisar na mão dele e pegar aquele canivete, que por sinal era meu. Bufei olhando para os outros quatro caras que estavam ali que apenas observavam a cena, eles logo deram um passo para trás dando a entender que eles não fariam nada comigo. Comecei a caminhar em direção a entrada do fast food quando o Gabriel me agarrou por trás puxando meu cabelo, eu como havia treinado muito com a Jenny consegui sair da situação derrubando ele novamente no chão, finalmente ele desistiu de se levantar, ficou lá com seus um e noventa de altura deitado no chão gemendo de dor.
Sai do fast food com meu lanche em mãos e fui em direção ao Matt que me observava orgulhoso apoiado no carro, entramos no carro e fomos em direção a minha casa. No dia seguinte acordei com a Jenny batendo na porta do quarto, abri confusa e sem entender qualquer coisa que ela estava falando.
- Jenny, calma, não to entendendo é nada.
- Bom, as gangues haviam decidido quem iria mandar no território do Tom. – Ela olhou para o Matt sentado na cama coçando a cabeça tão confuso quanto eu. – Porém vocês foram ao McDonald’s ontem, certo?
- Sim, eu estava sedenta por um lanche.
- Então, sabe o moço que você brigou?
- O babaca do Gabriel? Ô se sei.
- Ele havia acabado de ser eleito, tenho certeza que o Matt sabia disso. – Olhei para o Matt que apenas deu de ombros enquanto sorria de canto. – É, você realmente derrotou ele, então você fica no lugar.
- Espera, ele está bem?
- pelo amor de deus, o garoto morreu de hemorragia interna a caminho do hospital. – Ela revirou os olhos e bufou. – Isso não é momento para você se preocupar com teu ex peguete.
- Jenny do céu eu não queria matar ele! Só queria que ele sofresse tanto quanto eu sofri na mão dele!
- Bom, conseguiu. – Ela sorriu.
- Tá, e agora?
- Agora é você quem tem que manter a paz.
Eu fiquei completamente em choque com aquela situação mas ao mesmo tempo aliviada de ter menos um babaca na terra. Conforme o tempo foi passando eu fui entendendo o que ela quis dizer com manter a paz, qualquer desentendimento entre as gangues eu é quem tinha que resolver, as vezes resolver até mesmo do pior modo, que antes era sumir com a pessoa mas mudei as regras, agora a pessoa poder sumir do estado por conta própria.
Eu e o Matt estamos meio que enrolados desde então, todos sabem que nós saímos juntos e ficamos juntos vez ou outra mas ninguém tem a certeza e nem coragem de perguntar, eu não deixo ele interferir no que eu faço e ele respeita isso mais do que qualquer coisa, as vezes até parece que tem certo medo de mim e admito que tenho gostado e as vezes até me aproveito desse poder que me deram, as coisas tem andado em uma paz que chega até ser incômodo as vezes.
Peguei um lanche e voltei para o quarto foi quando eu abri o Facebook que levei um susto, vi um post de uma vizinha falando sobre um toque de recolher que a polícia havia colocado por causa do alto índice de assalto, eles estavam tentando achar algum jeito de poder pegar os assaltantes. Continuei rolando a página já que não acreditei muito na veracidade daquilo, para minha surpresa a polícia disparou mensagens para os celulares de quem mora na área falando exatamente a mesma coisa.
“Aos moradores do bairro de Frenkwood por favor pedimos para que fiquem em casa, à partir das sete da noite todos que estiverem na rua terão que se justificar. Caso a justificativa seja sem fundamento o indivíduo será detido.”
Fiquei em choque olhando aquela mensagem enquanto pensava nos amigos do ali em casa, dei de ombros afinal eles realmente não estavam me incomodando, me lembrei que precisava ir a farmácia comprar o meu anticoncepcional. Realmente tenho que voltar a tomar hoje sem falta então lá fui eu atrás de alguém com carro para me levar, só queria uma carona por ser mais rápido para ir e voltar já que a farmácia fica a cinco quarteirões daqui.
- Gente, preciso de uma carona até a farmácia será que algum de vocês pode me levar? – Falei parada ao pé da escada.
- Vamos, eu te levo na volta já vou para a minha casa. – O Matt se ofereceu prontamente já pegando o casaco e a chave do carro.
- Hm. Obrigada... – Olhei ao redor e realmente só restava ele ali, o iria para a casa da Talita, minha cunhada, já que os pais dela não estavam em casa.
O segui até o carro em completo silêncio, já que eu tinha um certo medo de que qualquer coisa que eu falasse pudesse entregar que eu sou a fim dele, nós entramos no camaro conversível e fomos até a farmácia em completo silêncio, no caminho notei que a cidade estava parecendo deserta o que em partes me deixava apreensiva de ter saído de casa.
- O toque de recolher já começou?
- Não, começa às sete mas as pessoas estão com medo.
- Medo?
- Sim, as gangues também colocaram toque de recolher.
- Não estava sabendo disso. – Eu o olhei assustada mas ele estava com os olhos fixos na rua.
- É, o toque das gangues é a partir das seis.
Fiquei em silêncio apenas observando o caminho, notei que tinham algumas pessoas barrando a passagem mas uma sensação de segurança tomou conta de mim quando olhei para o lado e o vi ali, as pessoas pararam o carro e o Matt conversou com eles. Não prestei muita atenção só ouvi fragmentos da conversa dizendo algo de “Só estamos indo até a farmácia Bart, logo estaremos em casa.” Quando continuamos antando me perguntei mentalmente se o Matt fazia parte de alguma gangue ou se ele conhecia aqueles caras que estavam fazendo a barreira, chacoalhei levemente a cabeça e voltei a prestar atenção no caminho. Quando chegamos o Matt preferiu esperar no carro eu entrei na farmácia e logo fui atendida por uma moça simpática que aparentava nem saber do que estava acontecendo nas ruas, comprei o remédio e voltei para o carro tudo o que eu queria era chegar em segurança na minha casa e poder me enfiar debaixo das minhas cobertas. A volta foi bem mais rápida também em absoluto silêncio, quando chegamos na frente da minha casa o Matt colocou a mão no meu ombro e me encarou sério e pude notar um leve ar de medo nos olhos dele.
- , posso ficar na sua casa essa noite?
- Que? Por que?
- Já são sete horas.
- O toque da polícia... – O encarei pensativa e logo me rendi. – Pode, coloca o carro na garagem. – Abri o portão da garagem.
- Obrigado. – Ele estacionou o carro e desceu coçando a nuca meio sem jeito. – Durmo na sala, não tem problema.
Nós entramos em casa e eu fui direto para a cozinha fazer um macarrão com queijo para comer, enquanto eu estava cozinhando pude vê-lo sentado no sofá olhando o celular nitidamente preocupado, quando terminei tudo peguei duas cervejas e fui até ele entreguei uma para ele e me sentei na poltrona.
- O que houve?
- Hã? Nada. – Ele bloqueou o celular e abriu a cerveja. – Inclusive o que vamos jantar?
- Estou fazendo macarrão com queijo, na verdade já está pronto. - Eu o encarei. – Ah sim, fica à vontade tá, sinta-se em casa, você já sabe onde fica tudo inclusive o quarto de hóspedes.
Eu me levantei levemente irritada comigo mesma sem nem saber o motivo, provavelmente era o fato de estar tão próxima dele sem poder fazer nada, bufei fui em direção a cozinha para fazer meu prato. Me sentei na mesa e logo o Matt veio, ele se sentou na minha frente e discretamente eu o observei, pude notar que ele estava incomodado com alguma coisa mas também estava nítido que ele não iria me contar essa era uma das poucas vantagens de conhecer ele tão bem, eu podia decifrar o que ele estava pensando apenas pela expressão dele. Quando terminei de comer coloquei meu prato na lava louças e fui assistir a algum filme de comédia romântica na televisão, eu estava completamente entretida e quando olhei para o lado até assustei. Ele estava ali sentado ao meu lado assistindo o filme junto comigo e aparentemente estava se divertindo, coisa que eu nunca imaginei que ele gostasse era desse gênero de filmes.
- Não sabia que você gostava desse tipo de filmes.
- Sinceramente nem eu.
- Matt, posso te perguntar uma coisa? – Pausei o filme e ele me olhou confuso com aqueles olhos verdes enquanto senti meu rosto queimar.
- Claro.
- Lembro de você chamar o cara da gangue pelo nome...
- Não. – Ele me interrompeu e falou em tom sério. – Não vamos falar sobre isso, é algo que não me orgulho e não pretendo deixar o mundo saber.
- Calma, era só uma pergunta.
- entenda, tem certas coisas que nem o seu irmão que é meu melhor amigo sabe.
- Matt... – Tentei argumentar.
- Não . – Ele quase gritou.
Ele se levantou irritado e foi para o quarto. Minha mente ficou a mil com aquela conversa, eu realmente queria saber o que diabos ele estava escondendo senti minha cabeça dar voltas enquanto caminhava em direção ao meu quarto, abri a porta e me deparei com ele deitado na cama, fiquei confusa do motivo pelo qual ele estava lá e pedi para ele dar licença.
Ele não respondeu apenas me olhou sério e saiu do quarto fechando a porta suspirei enquanto apertava levemente minhas têmporas. Entrei debaixo do chuveiro onde me sentei no chão branco e deixei a água cair na minha nuca me ajudando a organizar aqueles pensamentos sobre o cara que estava ali na minha casa.
“De todas as pessoas do mundo porque que ele? Podia ter que passar a noite por causa de um toque de recolher com qualquer um, até mesmo algum ator de Hollywood mas não, tinha que ser com ele, alguém em quem eu tenho um crush absurdo há anos.”
Fui tirada da onda de pensamentos com o Matt batendo na porta do banheiro desesperadamente, eu só gritei um “Já Vou” e terminei meu banho. Quando sai do banheiro usando o roupão colorido com a toalha vermelha enrolada no cabelo me deparei com ele sentado na minha cama.
- O que foi Matt? Para que esse desespero todo?
- Você estava a tanto tempo aí dentro que fiquei preocupado.
- Hm. Sei.
- me desculpa por ser grosso mais cedo. – Ele encarava o tapete preto felpudo.
- Relaxa, é um assunto que aparentemente você não gosta de falar. – Passei por ele em direção ao guarda roupas e separei uma calça e uma camiseta para usar naquele momento. – Agora se você me dá licença preciso me trocar.
- Bom, você tinha deixado no carro o remédio. – Ele colocou a sacolinha da farmácia em cima da cama e saiu.
Eu suspirei sem saber por quanto tempo eu iria conseguir manter a pose de quem não quer nada com ele e nem liga sobre ele estar ali. Me vesti e em seguida me joguei na cama, eu estava relaxando um pouco quando ouvi uma gritaria na rua, parei para prestar mais atenção em uma das vozes que me era conhecida ou bem parecida com a do Matt, em seguida ouvi alguns tiros então desci preocupada com ele mas quando cheguei na sala ele estava calmamente sentado assistindo televisão. Eu o olhei confusa já que nitidamente a voz dele vinha da rua momentos antes.
- O que foi ?
- Eu podia jurar que ouvi a sua voz vindo da rua há uns cinco minutos atrás.
- Foi impressão sua. – Ele me analisou de cima a baixo e voltou a olhar para a televisão balançando negativamente a cabeça. – Estava aqui sentado desde que sai do seu quarto.
- Hm.
Ainda estranhando a situação toda fui até a geladeira e peguei um refrigerante quando sai da cozinha e o Matt estava tentando ligar o vídeo game que tem sobre a estante, ele estava de pé em frente ao objeto o encarando como se fosse funcionar sozinho sem ele apertar nenhum botão, dei uma risada leve e fui até onde ele estava foi quando vi que ele estava olhando os jogos, peguei o controle e liguei o aparelho.
- Você joga?
- Sim, inclusive o outro controle está ali se quiser jogar. – Apontei para o controle que estava ao lado do console.
- Claro que quero!
Ele pegou o controle e se jogou no sofá ficamos algumas horas jogando residente evil e sinceramente chegamos até a zerar o jogo. Quando terminamos ele deixou o controle na mesa de centro e se virou para mim, admito que fiquei sem saber muito o que fazer escolhi por apenas o olhar de volta então reparei que ele estava me olhando de uma forma diferente, havia desejo em seu olhar senti meu rosto corar levemente e desviei o olhar.
- Então quer jogar mais alguma coisa?
- Oi? - Ele chacoalhou a cabeça.
- Perguntei se quer jogar mais alguma coisa.
- O que mais tem?
- Bom, Mortal Kombat, Overcooked e não tenho certeza o que mais dá para jogar de dois. – Falei olhando a pilha de jogos.
Escolhemos jogar um pouco de Mortal Kombat mas logo eu comecei a ficar muito brava por estar perdendo e decidi ir dormir antes de acabar brigando com ele, dei boa noite para ele e fui para o quarto me deitei debaixo das cobertas pesadas mas eu não conseguia dormir, os meus pensamentos estavam voltando até o momento do tiroteio, eu estava realmente me sentindo insegura de deixar o Matt dormir na sala, a noite iria ser longa e com certeza com muita confusão. Mesmo sendo contra tudo o que minha mente gritava para eu não fazer eu decidi que para dormir tranquila seria melhor que ele dormisse comigo. Me levantei peguando meu roupão e fui até a sala, quando desci as escadas vi um Matt sentado olhando fixamente para o celular.
- Matt?
- ! Achei que já estivesse dormindo! – Ele sorriu enquanto se virava para me olhar.
- Escuta... – Falei apoiando minha mão em minha nuca, completamente sem jeito pelo que eu iria falar. – Estava tentando dormir e só consegui pensar que você ficar na sala seria completamente inseguro, dorme no meu quarto assim se por acaso alguém acabar invadindo aqui no meio dessa loucura toda que está lá fora você vai estar seguro.
- , não sei se é uma boa idéia.
- Vem, qual o problema? – Falei fazendo menção para ele me seguir.
- Bom... – Ele hesitou por um instante mas se levantou. – Aceito a idéia vai.
Nós fomos para o meu quarto onde ele tirou a roupa ficando apenas de cueca boxer e se enfiou debaixo das cobertas, pude ver a expressão dele mudar quando ele se deitou de tensa para relaxado e começando a ficar confortável, eu tirei meu roupão ficando apenas de camisola de seda e me deitei ao lado dele, virei de costas para ele para ficar um pouco no celular e para minha surpresa ele se aconchegou mais próximo e me abraçou. Naquele momento senti meu coração bater mais forte e minha respiração falhar, tentei me controlar ao máximo para que ele não percebesse que só de ele estar ali eu já me entregava para ele, mas pensei “É agora ou nunca , tira essa vontade de dentro de você logo.” Segui meus instintos e me virei de frente para ele, ali pude ver cada detalhe de seu rosto e com a leve luz que entrava pela janela por causa da lua cheia, dava para ver os detalhes daqueles olhos verdes que guardavam muitos segredos. Ficamos nos encarando durante alguns instantes e pude sentir a tensão aumentando entre nós, criei coragem e sem nem mesmo saber se ele iria corresponder selei nossos lábios, pude sentir os nossos corpos estremecerem com aquela atitude que tomei, logo ele me puxou para mais perto dele, se é que isso era possível, e intensificou o beijo mas quando estávamos quase nos entregando aos prazeres que nossos corpos desejavam ele interrompeu o beijo e se afastou.
- , não posso, não que eu não queira mas não posso. – Ele sussurrou ofegante.
- Que? – Senti minha respiração falhar, aquilo realmente não estava nos meus planos. – Por que?
- Seu irmão iria me matar.
- Ele não precisa saber. – Sussurrei me aproximando novamente. – Só temos nós dois na casa inteira. – Acariciei o rosto dele lentamente. – Mas se não quiser vou entender.
Ele me olhou como se eu estivesse torturando ele e respirou fundo antes de me puxar para perto novamente e me beijar, dessa vez com um pouco mais de vontade, como se ele também quisesse aquilo há anos, minha camisola foi tirada sem eu perceber assim como a cueca dele. Quando me dei conta ele estava por cima de mim depositando beijos em meu pescoço e me entreguei ao desejo que eu estava por aquilo tudo. No dia seguinte me espreguicei na cama e senti falta dele me vesti e fui até a sala sem nem mesmo saber se meu irmão já havia chegado em casa, me deparei com o Matt vestindo apenas uma bermuda deixando à mostra todas as tatuagens que ele tinha pelo corpo malhado enquanto sorria fazendo o café.
- Bom dia Matt.
- Bom dia , como você está? – Ele se virou sorrindo.
- Bem e você? Dormiu bem? – Senti meu rosto corar com as lembranças da noite anterior.
- Sem dúvidas. – Ele se sentou com a xícara na mão. – O café está pronto, vem se sentar comigo que preciso te contar uma coisa.
- O que houve? – Me sentei de frente para ele.
- Bom, seu irmão não vai voltar hoje, o toque de recolher vai se estender pela semana toda.
- Hm. – Murmurei pensativa. – Quer ficar aqui?
- Olha, eu não ia falar isso e na verdade não esperava você oferecer, mas eu aceito a idéia. – Ele sorriu tímido mostrando aquelas covinhas que me faziam derreter.
Sorri de volta enquanto me levantava para colocar as xícaras na pia em meu pensamento eu estava gritando para aquilo não acontecer, para ele não ficar ali porque eu não sei como vou lidar com isso por mais uma noite, ou melhor uma semana, esse mistério todo que ele carrega me deixa mais atiçada para ficar perto dele e tentar descobrir tudo. O olhei por alguns instantes e vi que novamente ele estava concentrado no celular, me sentei na mesma cadeira de antes e o encarei.
- O que foi ?
- Queria saber o que tanto meche nesse celular com esse olhar sério, sei que não vai me contar mas como perguntou o que foi. – Dei de ombros encarando o tapete da sala.
- Hm. Quem sabe um dia eu te conte. – Ele voltou a atenção para o celular novamente.
Eu sorri de canto vitoriosa e fui para o meu quarto, a cama ainda estava bagunçada e o cheiro do Matt ainda estava ali nos lençóis. Me deitei deixando aquele cheiro tomar conta dos meus pensamentos e acabei ficando ali perdida dentro deles durante algumas horas. Matt bateu na porta interrompendo todos os pensamentos sobre ele que estavam rondando minha mente e, em um pulo me sentei com as pernas cruzadas.
- Entra. – Falei ajeitando o cabelo.
- eu vim te perguntar se você quer que eu durma na sala hoje. – A última palavra saiu como um sussurro quando ele me viu sentada vestindo uma camiseta larga e ajeitando o cabelo.
- Bom para falar a verdade não. – As palavras saíram da minha boca sem eu prestar atenção, assim que percebi o que havia falado meu rosto corou junto com minha respiração que falhou.
- Tem certeza? – Ele tentou se manter firme.
- Sim, a não ser que você prefira trocar uma cama confortável pelo sofá.
- Não é isso! – Ele parecia irritado com o que eu havia falado.
- Que foi? A bonita tá sensível aí não posso falar algo que eu realmente pensei que era o motivo da sua frase? – Me levantei e fiquei a alguns centímetros de distância dele e notei sua respiração falhar. – Se você não quiser dormir no quarto novamente eu não vou te obrigar! – Observei ele me encarando mordiscando a boca. - Assim como se você tem medo do que pode acontecer, pode ter certeza que eu não tenho.
- Que? Medo de acontecer de novo o que aconteceu ontem? ATA ANA. – Vi o rosto dele ficar vermelho mas não tinha certeza se era de raiva ou pela proximidade de nós dois.
- Bom Sanders, se você não está com medo disso, o que houve? – Dei alguns passos para trás.
- Nada... – Ele me analisou de cima a baixo e em seguida encarou o chão.
- Você ficou irritado do nada Sanders! Pode ter certeza que essa resposta não é válida!
- Não é nada com você , eu fico preocupado se seu irmão sequer desconfiar do que está acontecendo aqui. – Ele se sentou na cama e passou a mão pelos cabelos. – Você não entende, era muito nova na época em que tudo aconteceu.
- Pois me faça entender Matt. – Me sentei ao lado dele. – A desculpa do muito nova não funciona, tenho só três anos de diferença para vocês e quem sabe assim esse sentimento que tenho por você... – Parei de falar quando percebi que iria sair a típica frase “Eu te amo”.
- , você não sabe onde está se metendo, não deveria ter ficado aqui, você não deveria ter desenvolvido qualquer sentimento por mim. – Ele me olhou sério e naquele olhar dava para ver algo sombrio no fundo. – É tudo muito mais complicado que parece.
- Esse mistério todo só piora as coisas.
- Você quer saber então eu te conto. – Ele se ajeitou ficando de frente para mim. – Acontece que eu e seu irmão há anos atrás nos envolvemos com gangues mas uma vez dentro você nunca sai totalmente.
- Que? Como?
- Éramos crianças imprudentes, mas isso você já sabe, vivíamos no limite da adrenalina e naquele dia achamos que seria legal roubar uma loja de bebidas que tem no centro mas fomos pegos, quando o Tim viu meu sobrenome ele logo associou ao meu irmão, então no lugar de chamar a polícia ele nos falou que iríamos pagar servindo a gangue dele, a Snakes, na época até andar com os casacos nós andávamos, você inclusive deve se lembrar disso.
- Me lembro de ver vocês com jaquetas de couro com um logo nas costas mas nunca associei a gangues.
- É, seu irmão soube esconder bem isso. – Ele respirou fundo e olhou para as mãos. – Acontece que nessa gangue eu reencontrei meu irmão mais velho o Scott, que eu não via há anos e não fazia a menor idéia do que tinha acontecido. eu tenho você como alguém que tenho que proteger o Tim colocou a nova gangue dele atrás de você.
- Que? Por que?
- Bom eu, seu irmão e o meu irmão nos juntamos e tomamos a gangue das mãos do Tim, conseguimos convencer a todos que seria melhor e que fazer parte de uma gangue não significa ter que vandalizar os lugares, somos que nem uma família e isso é o que queremos prezar.
- O Tim foi expulso?
- Não, ele saiu por vontade própria jurando vingança para mim e para seu irmão, lembro até hoje das palavras dele “Cuide bem daquela garota de cabelos Sanders e Smith, eu irei atrás dela para me vingar, minha hora irá chegar.” Ele virou as costas e saiu do bar, daquele dia em diante não tivemos mais notícias do Tim.
Ficamos em silêncio durante um bom tempo digerindo o que ele havia acabado de falar, eu estava meio em choque por descobrir que meu irmão faz parte de uma gangue porque ele sempre me falou que gangues só tinham “Caras mal intencionados” mas agora tudo fez sentido, o cara mal intencionados que ele sempre fala é esse tal de Tim, como pude ter sido tão inocente esses anos todos!?
- Sei que é muita coisa de uma vez. – Matt falou se levantando da cama. – Estarei lá em baixo, qualquer coisa me chama.
- Espera. – Ele parou e me olhou, dessa vez uma expressão cansada reinava em seu rosto. – Por que não me contaram antes? Deixaram para me contar aos meus vinte e sete anos? Vocês já fazem parte de uma gangue há mais de dez anos Matt!
- Seu irmão foi quem ficou de te contar quando você fez vinte e um, ele não quis, eu não posso interferir nas escolhas dele por mais que eu tenha sentimentos por você não faço parte da família.
- PORRA VOCÊ ACABOU DE FALAR QUE A GANGUE É COMO UMA FAMÍLIA SANDERS!
- Sim mas não substitui a família de sangue , essa família, você e seu irmão, tem prioridade entende?
- Entendo mas você está tão presente na minha vida quanto o !
- Eu sei , mas não é assim que funciona.
- No final você acabou me contando.
- Com a permissão do seu irmão por que ontem vi o Tim rondando a casa.
- Por isso resolveu dormir comigo, entendi, se puder me deixar sozinha um momento.
- Não você entendeu tudo errado! – Ele deu um passo em minha direção. – Vi o Tim rondando a casa depois que aceitei dormir no seu quarto, depois do momento incrível que tivemos ! Você não está entendendo!
- Eu acredito Matt mas preciso realmente pensar sobre tudo. – Falei seca enquanto abria a porta do quarto.
Ele bufou derrotado e saiu do quarto fechando a porta eu deitei em posição fetal na cama digerindo todas as informações que tive em poucos minutos naquela conversa. Sabe qual é a pior coisa nisso tudo? Saber que assim como eles eu venho escondendo que faço parte de uma gangue também, não a do Tim claro, mas uma onde eu encontrei todo o apoio que eu não tinha desde que meus avós morreram, a , em sua maioria somos só mulheres existem pouquíssimos homens nela mas a Jenny com sua sabedoria fez uma aliança com uma gangue da região para tentarmos manter a paz, quando o Matt falou o nome da gangue minha mente logo relacionou tudo, a Jenny só mencionava o nome da gangue mas nós nunca tivemos contato com eles.
- Matt vem aqui um instante por favor. – Falei abrindo a porta e vestindo minha jaqueta pronta para falar tudo, ele subiu super rápido até o meu quarto.
- O que foi?
- Snakes. Certo?
- Sim, o que tem? – Ele parecia cansado do assunto já.
- O nome te diz algo? – Ele me olhou com um certo medo.
- Jenny, ou como a chamamos The Angel from hell. – Ele me encarou sério. – Aquela mulher mexeu com a cabeça do meu irmão.
- Não tô entendendo, não existe uma aliança?
- Sim existe, mas como sabe disso tudo?
- Bom... – Foi quando ele olhou a jaqueta e me virou bruscamente para ver o que tinha nas costas, ali ele encontrou o logo da com o meu codinome “” escrito.
- O que? Você é a que a Jenny tanto fala que preciso conhecer? Não acredito. – Ele ficou em choque e se sentou na cama. – Puta que pariu , se eu soubesse não teria achado trocentas desculpas para não ir ao tal encontro às cegas.
- Encontro às cegas Matt?
- Sim, o meu codinome é Shadows porque eu sempre me escondo quando da merda.
- Não acredito. – Eu estava completamente chocada. – Lembro da Jenny me chamando para ir a um jantar com ela e o boy várias vezes.
- É, era por isso, eles queriam nos apresentar. – Ele me encarou chocado. – Quando e por que você entrou para essa vida ?
- Olha Matt, não é só você e meu irmão que escondem as coisas. – Respondi ríspida. – Meu irmão nunca foi muito atencioso, sabemos bem o que aconteceu com meus pais, depois que meus avós faleceram foi onde encontrei uma família.
Ele parecia desapontado e ao mesmo tempo aliviado por eu ter contado aquilo para ele, fomos até a cozinha para comer algo já que estava próximo do horário do jantar e só havíamos tomado café o dia inteiro, ele fez um omelete para comermos junto com uma salada que tinha na geladeira.
- Seu irmão não sabe sobre o que você me contou então? – Ele deu uma garfada na comida.
- Não e espero que continue sem saber até que as coisas aconteçam naturalmente.
- Pode ter certeza que seu segredo está guardado comigo.
- Assim espero Matt.
Ele sorriu levemente deixando à mostra aquelas covinhas novamente, senti meu corpo estremecer de vontade mas me contive. Depois de comermos fomos assistir qualquer coisa que estivesse passando na televisão eu me deitei no colo dele e ali acabei cochilando algumas horas, acordei assustada quando ouvi os tiros na rua novamente.
- Shhhh – O Matt colocou a mão sobre minha boca. – O Tim está aqui de novo.
Não tive reação a não ser ficar em silêncio, ele se levantou e me estendeu a mão rapidamente me levantei e o segui, fomos em direção ao porão da casa onde teoricamente iríamos estar mais seguros, enquanto descíamos as escadas ouvi vozes conhecidas vindo do lado de fora. Era a voz da Jenny! E de algum cara que não consegui identificar, ela estava brigando com ele por querer entrar na casa, chegamos ao porão e ficamos em silêncio sentados em um sofá xadrez velho que deveria estar ali há muitos anos.
Eu estava tensa mas me senti segura por estar com ele e pela Jenny estar ali fora, quando tudo ficou silencioso do lado de fora o Matt se aproximou e selou nossos lábios, um beijo intenso e por algum motivo meu cérebro berrava para eu sair dali, fui contra meus pensamentos e deixei rolar o que fosse para rolar afinal a gente nunca sabe como vai ser o dia de amanhã, senti as mãos quentes dele subindo por debaixo da minha blusa e em seguida arrancando ela e a jogando para algum canto do porão, ali naquele sofá velho as coisas aconteceram mais intensas do que na noite anterior.
Voltamos para a sala onde parecia que tinha passado um furacão a porta estava escancarada, subimos em direção aos quartos e eles estavam revirados, roupas para fora do guarda roupas, caixas que antes estavam debaixo da cama agora estavam jogadas no meio do caminho, vi a Jenny sentada na minha cama incomodada com algo, fui falar com ela enquanto o Matt ia até o quarto do .
- graças a deus você está bem!
- Sim, ouvi a confusão e me escondi. – Me sentei ao lado dela. – O que caralhas aconteceu?
- Aconteceu que seu irmão, o meu noivo e meu cunhado são três retardados que atiçaram o Tim há anos atrás.
- Sei disso, estou perguntando sobre agora.
- Então já sabe que seu irmão faz parte de gangue?
- Descobri hoje cedo mas não foi ele quem me contou. – Vi a Jenny olhando para a porta e ficando em choque.
- Shadows. – Ela se levantou e parou na minha frente. – O que faz aqui?
- , você está bem? – Ele mediu a Jenny de cima a baixo e tentou se esquivar mas foi uma tentativa em vão. – Jenny eu só quero chegar perto dela.
- Você não me respondeu. – Ela deu um passo à frente colocando a mão no bolso em que guardava seu canivete.
- Estou aqui para proteger ela ok? Agora se me dá licença.
- Jenny está tudo bem, foi ele quem me escondeu da confusão toda. – Apoiei a mão sobre o ombro dela que logo relaxou.
- tem muita coisa que você ainda não sabe, muitas brigas antigas envolvendo até mesmo seus pais mas isso é história que seu irmão deveria te contar. – Ela apertou levemente as têmporas. – Enfim, você está bem e aparentemente bem acompanhada. – Ela mediu o Matt de cima abaixo com um olhar curioso. -Tranque as portas e fique em casa te mando notícias depois.
Ela saiu da casa batendo a porta, eu me sentei no sofá ainda com uma interrogação pulando na mente sobre o motivo de ela ter ficado preocupada quando viu o Matt, voltei a atenção para a cerveja que o Matt estava me oferecendo e dei um gole nela, ele se sentou ao meu lado completamente em silêncio. Depois de um tempo eu me deitei no colo dele e fiquei concentrada na televisão, fomos surpreendidos pelo abrindo a porta o que me fez pular do sofá.
- Calma, sou eu.
- Ué você não ia voltar só semana que vem?
- E vou, mas precisava de umas coisas. – Ele olhou sério para o Matt. – E precisava falar com você . – Ele se sentou no sofá e me encarou sério. – O que a Jenny estava fazendo aqui?
- Nada...
- , é melhor você contar a ele.
- Bom, te diz algo ?
- É a gangue da Jenny.
- Sim, , conhece?
- O que tem ela? Só ouvi falar mas nunca fui apresentado.
- Ah já foi sim, inclusive conhece ela muito bem. – Falei irônica. – Prazer, .
- VOCÊ SÓ PODE ESTAR BRINCANDO! – Ele berrou fazendo eu me encolher no sofá e o Matt entrar em alerta. – Por que isso ?
- Olha você nunca foi muito atencioso, sabemos bem o que aconteceu com nossos pais, depois que nossos avós faleceram foi onde encontrei uma família, afinal você nunca estava presente!
- Ah claro, a culpa é minha agora.
- Não, a culpa não é de ninguém, foi uma escolha minha . – Respirei fundo. – Lide com isso que é melhor.
- Não posso brigar com você por fazer algo que eu também faço, pelo menos tem dupla proteção.
- Gente, sério qual é a do Tim, o que raios ele quer comigo? Agora que você está aqui dá para vocês me explicarem?
O suspirou e começou a me explicar que o Tim estava atrás de mim para me sequestrar e fazer comigo coisas imundas, ele queria que eu desse um filho para ele em resumo da história e tudo por birra do meu irmão e do Matt.
- Tá, entendi já o que aconteceu agora me expliquem uma coisa?
- Claro. – O falou nitidamente aliviado. – O que você quiser.
- O que o Matt tem a ver com a história comigo, por que o Tim acha que ele na época que fez essa ameaça iria atingir o Matt se me sequestrasse?
- Olha tá aí uma boa pergunta. – O encarou o Matt que corou instantaneamente.
- Acontece que falei para ele na época que a sua família era como minha família , então ele entende que eu iria proteger a a qualquer custo e ele não está errado.
- Faz sentido. – O apertou levemente as têmporas. – Bom, eu tenho que ir, Matt cuida dela e cuida dele, em caso de emergência fujam para o bunker, o Matt sabe onde fica.
- Ok. – Falamos em coro.
Ele pegou o que havia vindo buscar em seu quarto e saiu pela porta da frente tranquilamente, eu e o Matt nos encaramos durante alguns instantes até eu me levantar e ir para o banho. Não fazia idéia de como precisava tomar banho até sentir o jato de agua morna batendo em minhas costas, me sentei no chão curtindo aquele momento meu e foi quando me dei conta que havia só deixado encostada a porta do banheiro, quando me levantei para fechar o Matt a empurrou levemente.
- Posso entrar?
- Bom, não tem nada aqui que você não tenha visto. – Falei rindo. – Quer entrar no banho também?
- Na verdade eu estava pensando em apenas ficar aqui... – Ele se sentou em um banco que havia ao lado da pia enquanto me observava, eu voltei para debaixo do chuveiro. – Sabe, eu não quero que você crie expectativas sobre nós.
- Matt...
- Esses anos todos eu te tratei mal, me fiz de desentendido quando você perguntava algo e sei que tudo isso foi errado mas era para não nutrir um sentimento por você.
- Olha, vamos ser bem sinceros aqui, ok? Sei que você me tratou mal mas eu também o fiz, peço desculpas por como agi com você durante anos, fingindo que você não existia, e para ser sincera não quero conversar sobre isso agora em um momento que estou tão vulnerável.
Ele concordou com a cabeça e saiu do banheiro, ouvi ele se deitando na cama seguido por um silêncio ensurdecedor, eu sabia tudo o que havia acontecido entre nós, sabia que aquelas cicatrizes de como ele fora rude comigo não iriam se fechar tão cedo mas eu estava certa de que por baixo daquela casca havia uma pessoa incrível e estava determinada a conhecer. Terminei meu banho colocando meu roupão colorido e sai do banheiro encontrando um Matt deitado em minha cama encarando o teto, separei uma muda de roupa e antes que eu pudesse vesti-la ele me puxou para perto pela cintura, ficando em uma distância perigosa.
- por que você faz isso comigo? – Ele sussurrou em uma proximidade onde eu podia sentir o ar saindo de sua boca conforme ele falava.
- Eu não faço nada Shadows. – Sussurrei ao pé do ouvido dele enquanto sentia ele segurar fortemente minha cintura.
Ele me beijou e eu passei minhas pernas pela sua cintura sentando em seu colo, pude sentir o volume sob a cueca boxer preta que ele usava me deitou na cama e com meu consentimento colocou uma venda em mim, a cada toque dele eu sentia mais prazer que antes. Foi uma questão de minutos até eu chegar ao ápice, arranquei a venda e era a minha vez venda-lo, fiz o mesmo que ele havia feito comigo e o resultado assim como o esperado foi o mesmo, ele me puxou para cima e naquele momento eu tive certeza que quem estivesse na rua iria ouvir o que estávamos fazendo entre aquelas paredes.
Ele foi para o banho depois que terminamos e eu fiquei deitada ainda ofegante na cama, quando recuperei o fôlego me levantei e fui para a sala, peguei duas cervejas na geladeira e me joguei no sofá esperando por ele que logo apareceu e se sentou ao meu lado. Me olhou sorrindo maliciosamente enquanto abria uma das cervejas que eu havia deixado ali para ele, o observei durante alguns instantes em seguida prestei atenção ao noticiário que informava a prisão de Tim Groules por invasão a domicilio e assalto, instintivamente olhei para o Matt que sorria vitorioso com a notícia.
- Isso é sinal de que a “guerra” acabou?
- Jamais, isso é sinal de que nós estamos vencendo . A Snakes, a e mais duas que fizemos aliança, estamos todos nós vencendo.
- Mas vem cá. – Me ajeitei no canto do sofá. – Afinal de contas por que raios estão em pé de guerra?
- Ué, a Jenny não te contou?
- Nope.
- Bom, um dos anciões que mantinha a paz por aqui, o velho Tom faleceu na semana passada e, conforme as regras nós aguardamos lerem o testamento da gangue, como ele não havia deixado ninguém no lugar começou uma guerra para saber quem irá “manter a paz” por aqui, tanto entre as gangues quanto entre os policiais com a gente.
- Hm, Tim queria esse lugar?
- Sem dúvidas. – Ele olhou para a televisão e pareceu surpreso. – Quero é saber quem não quer o posto do velho Tom.
- Matt vamos até o McDonald’s? Por favor?
- ... – Ele balançou negativamente a cabeça. – Olha o auê cara.
- Vamos como duas pessoas normais, não precisamos nos envolver em nada. – Eu peguei a mão dele que me olhava implorando para eu parar. – Por favor, só quero comer um lanche.
- Sei que vou me arrepender, mas vamos.
Ele vestiu sua jaqueta de couro pesada e pegou as chaves do móvel enquanto eu pegava minha jaqueta e minha bolsa, entrei no carro e só então ele percebeu que eu estava usando a jaqueta da e ele a da Snakes, aquilo chegava a ser levemente irônico depois de nós dois nos esquivarmos tantas vezes do tal encontro que a Penny e o irmão dele estavam querendo armar. O caminho acabou sendo mais longo que o esperado, encontramos com muita gente que realmente precisava de ajuda, uma dessas pessoas inclusive eu fiz questão que o Matt parasse o carro para ajudarmos, afinal era só uma criança que deveria ter torno de cinco ou seis anos.
Quando finalmente chegamos ao McDonald’s, depois de duas horas tentando ajudar ao máximo, nos deparamos com algumas pessoas de outras gangues, senti um buraco abrir em meu estômago quando vi meu ex, não necessariamente ex namorado estava mais para ex ficante ali entre eles.
- Gabriel?
- ? O que você está fazendo aqui?
- Eu ia te perguntar o mesmo, mas estou aqui só para comprar meu lanche e ir em paz para casa. – Analisei ele de cima abaixo. – Não sabia que você fazia parte de alguma gangue.
- E você pelo jeito gosta mesmo de gente de gangue hm.
- Fala como se eu super soubesse que você fazia parte de alguma. – Revirei os olhos e fui dar um passo em direção a entrada do fast food, foi quando o Matt me segurou pelo braço olhando sério para mim.
- Vamos no outro.
- Matt mas já estamos aqui.
- É sério, vamos no outro, tem um há três quadras daqui.
- Então você está com medo? – O Gabriel deu um passo em nossa direção. – Pelo jeito você é o tal Shadows que andou metendo o louco pela região.
- Olha, não quero confusão, já estamos de saída. - Na-na-não. Você pode ir Shadows mas a princesinha aqui fica.
- EXCUSE ME? – Falei bravíssima me virando de frente para o Gabriel.
- Exatamente o que você ouviu, não queria o lanche? Pois agora vai é ficar com a gente.
- Escuta aqui seu bosta, quem você pensa que é?
- Eu sou o rei dessa região.
- AH CLARO – Falei gargalhando e lembrando que o território da iria até o Starbucks um pouco depois do McDonald’s. – Agora você presta muita atenção no que estou te falando Gabriel, some da minha frente antes que me arrependa dos meus atos.
- E o que uma menininha frágil que nem você faria?
- Olha amigo, eu não desafiaria não. – O Matt falou apoiando no carro nitidamente se divertindo com a cena, nós dois notamos que ao fundo estavam mais cinco meninas da então eu sabia que teria suporte mais que o necessário.
- Ou o que princesa? – Ele me puxou colocando o canivete afiado em meu pescoço, por instinto peguei meu soco inglês e o posicionei em minha mão. – E agora? Me conta, quem é que manda aqui?
- Eu tentei te avisar, você não me ouviu.
Em uma fração de segundos dei um soco na boca do estômago do Gabriel enquanto pulava para trás para não me machucar com o canivete, ele caiu no chão e eu aproveitei para pisar na mão dele e pegar aquele canivete, que por sinal era meu. Bufei olhando para os outros quatro caras que estavam ali que apenas observavam a cena, eles logo deram um passo para trás dando a entender que eles não fariam nada comigo. Comecei a caminhar em direção a entrada do fast food quando o Gabriel me agarrou por trás puxando meu cabelo, eu como havia treinado muito com a Jenny consegui sair da situação derrubando ele novamente no chão, finalmente ele desistiu de se levantar, ficou lá com seus um e noventa de altura deitado no chão gemendo de dor.
Sai do fast food com meu lanche em mãos e fui em direção ao Matt que me observava orgulhoso apoiado no carro, entramos no carro e fomos em direção a minha casa. No dia seguinte acordei com a Jenny batendo na porta do quarto, abri confusa e sem entender qualquer coisa que ela estava falando.
- Jenny, calma, não to entendendo é nada.
- Bom, as gangues haviam decidido quem iria mandar no território do Tom. – Ela olhou para o Matt sentado na cama coçando a cabeça tão confuso quanto eu. – Porém vocês foram ao McDonald’s ontem, certo?
- Sim, eu estava sedenta por um lanche.
- Então, sabe o moço que você brigou?
- O babaca do Gabriel? Ô se sei.
- Ele havia acabado de ser eleito, tenho certeza que o Matt sabia disso. – Olhei para o Matt que apenas deu de ombros enquanto sorria de canto. – É, você realmente derrotou ele, então você fica no lugar.
- Espera, ele está bem?
- pelo amor de deus, o garoto morreu de hemorragia interna a caminho do hospital. – Ela revirou os olhos e bufou. – Isso não é momento para você se preocupar com teu ex peguete.
- Jenny do céu eu não queria matar ele! Só queria que ele sofresse tanto quanto eu sofri na mão dele!
- Bom, conseguiu. – Ela sorriu.
- Tá, e agora?
- Agora é você quem tem que manter a paz.
Eu fiquei completamente em choque com aquela situação mas ao mesmo tempo aliviada de ter menos um babaca na terra. Conforme o tempo foi passando eu fui entendendo o que ela quis dizer com manter a paz, qualquer desentendimento entre as gangues eu é quem tinha que resolver, as vezes resolver até mesmo do pior modo, que antes era sumir com a pessoa mas mudei as regras, agora a pessoa poder sumir do estado por conta própria.
Eu e o Matt estamos meio que enrolados desde então, todos sabem que nós saímos juntos e ficamos juntos vez ou outra mas ninguém tem a certeza e nem coragem de perguntar, eu não deixo ele interferir no que eu faço e ele respeita isso mais do que qualquer coisa, as vezes até parece que tem certo medo de mim e admito que tenho gostado e as vezes até me aproveito desse poder que me deram, as coisas tem andado em uma paz que chega até ser incômodo as vezes.
Fim.
Nota da autora: Oi gente!
Espero que tenham gostado dessa loucura de gangsters e romance, não esqueçam de deixar um comentário aqui em baixo me falando se gostaram ou não.
Beijos!
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