Finalizada em: 11/06/2020

Capítulo Único


Tá tudo esquisito agora.

Você
Eu sei, talvez a gente devesse terminar.



Ou pelo menos só dar um tempo. Ver no que dá.

Você
Sim.
Até depois, .



Até depois.



– Eu não acredito que vocês terminaram por mensagem. - Minha amiga cabeleireira disse depois de ler a conversa no meu celular.
– Por favor, né, Penélope? Muito melhor do que a gente se deslocar até a casa um do outro só pra terminar.
– Vocês são muito esquisitos. - Ela constatou. - Quem termina um noivado depois de seis anos juntos por mensagem?
– Nós?
– Acho uma falta de consideração sem tamanho.
– A gente mal estava tendo tempo pra nós mesmos. Pra mim faz todo sentido.
– Ele já buscou as coisas dele?
– Ainda não, temos que conversar sobre a viagem. Eu não quero abrir mão dela, você sabe. Então vou cobrir a parte dele e talvez chamar alguém pra ir comigo.
– Eu estou fora. Nunca entendi o tesão das pessoas pela Grécia.

Eu nunca imaginei que faltando tão pouco tempo para a minha tão sonhada viagem para Santorini, e eu fôssemos terminar. Eu ainda me lembro de quando eu sugeri que déssemos uma fugida da vida real e comemorarmos nosso noivado. E eu havia ficado tão empolgada.

Já estava tudo pago, eu já até mesmo tinha cambiado os euros que me daria ao luxo de gastar lá.

Mas da última semana pra cá, algo ficou esquisito entre nós. Parecíamos divididos por domos invisíveis que nos mantinham distantes. E nós sempre fomos adeptos ao diálogo, então não foi difícil sentarmos para conversar sobre isso também.

Nós dois sabíamos que tinha algo de diferente, até na forma de nos tratar, mesmo que o carinho e talvez até o amor que eu sentisse por ele fosse o mesmo. Algo estava deliberadamente fora do lugar.

Depois da fatídica conversa, tentamos melhorar e ainda assim tudo continuava esquisito, até o ponto de parecer forçado. E foi assim que decidimos cancelar o noivado e tirarmos um tempo para nós mesmos.

-

– Oi, . - Ele me cumprimentou sem realmente me olhar e me deu espaço para entrar no apartamento.
– Oi, como você está? - Perguntei sem jeito, não sabia muito bem como lidar com a situação.
– Bem e você? - Ele finalmente me encarou e um sorriso de canto surgiu em seu rosto. - Gostei do cabelo novo.
– Obrigada, aproveitei que Penélope estava atoa e explorei dela. - Sorrindo genuinamente pela primeira vez desde que pisei para fora do carro.

Era fato de que aquilo era estranho, havíamos largado uma relação de anos e agora tínhamos de nos tratar como os amigos que éramos antes de tudo acontecer. Acho que teria sido melhor terminarmos brigados.

– Obrigado por trazer as minhas coisas, mas você vai ter que me desculpar, não tive tempo de separar as suas por causa dos preparativos pra viagem.
– Viagem?
– Eu estive pensando e acho que vai ser bom pra mim, me desligar durante uma semana.
, eu vim aqui exatamente te dizer que ia te dar a sua parte da viagem, mas que não cancelaria. - Falei rindo.
– Ah não, vamos passar as férias com o ex? - Ele perguntou dramático e nós gargalhamos juntos.
– E você é um preguiçoso. Minhas malas estão todas prontas e ainda assim eu trouxe as suas coisas.
– Não é novidade pra ninguém que você é mais eficiente que eu. - Suspirei.
– Como vai ser isso? Usaremos a viagem para tentar dar certo ou vamos ser um par de amigos curtindo um rolê completamente aleatório?
– Acho que isso vai depender da nossa maturidade.
– Eu vou nos dar o benefício da dúvida, o que acha?
– Nos filmes esse tipo de coisa funciona, não é? Não custa nada tentar.
– Com quem vai deixar o Bingo? Penny não vai aceitar pois não quer te ver nem cravejado de diamantes.
– Ela deve estar me achando um canalha, não é?
– Se te faz sentir menos pior, ela também não está falando comigo. É como se a gente tivesse terminado com ela.
– Por mensagem. - Ele completou e eu soube que ela também foi atrás dele.
– Quer ajuda pra achar alguém?
– Não, pode ir juntar suas coisas, eu vou fazer um lanche pra gente enquanto vejo com a minha mãe. - Eu arregalei os olhos. - O que foi?
– Por um instante esqueci que a gente tinha terminado. - Falei por fim me levantando do sofá. - Ao que tudo indica a gente estava sendo só amigos a mais tempo do que acreditamos.
– Amigos que transam às vezes? Estou okay com isso.
– Deixei de ser idiota, . - Falei rindo genuinamente.
– O quê? A gente pode não estar mais no mesmo nível emocional, mas você não deixa de ser gostosa, .
– Bem que papai falou que eu não devia te dar liberdade! - Falei mais alto para me fazer ser ouvida da cozinha.
– Não sou eu que estou no seu quarto agora! - Ele retrucou e a gente riu.

Talvez não seria estranho, ou difícil, ou qualquer outra coisa além de nós. Os mesmos e da faculdade.

-

– Eu odeio vocês dois por serem a droga de um nó na minha cabeça! - Penny dizia andando de um lado para o outro na sala do apartamento que dividiamos.
– O que raios a gente fez? - perguntou, ainda escorado no batente da porta do corredor, enquanto eu já estava jogada no sofá, pronta para um sermão sem sentido.
– Não se faça de idiota, ! - Ela bradou e ele largou a alça da minha mala e assim como eu, se rendeu ao sofá. - Quem em sã consciência vai para uma viagem de casal com o ex noivo como amigos?
– A gente? - Questionei como se fosse óbvio.
– E não me contam nada? PELO AMOR DOS DEUSES! Vocês nem mesmo tiveram a decência de me pedir pra cuidar do Bingo.
– O Bingo vai ficar na minha mãe.
– Até a Sra. está envolvida nisso? Vocês foram longe demais.
– Penny, calma. - Pedi me levantando e segurando ela pelos ombros. - Ela ainda não sabe que terminamos, na verdade só você está sabendo ainda.
– Isso quer dizer que vocês vão voltar?
– Não exatamente, cariño. - se juntou a mim na explicação e eu me sentia de volta a cena dos meus pais me contando sobre o divórcio. Porém dessa vez a criança de pais separados era Penny. - Terminar não significa que a gente se odeie ou deva se odiar.
– Nós éramos amigos antes de namorar e a forma que terminou permite que voltamos a isso, entende?
– Não. - Ela respondeu e suspirou. Eu queria rir da cara emburrada da nossa amiga.
– Vai continuar a mesma coisa, ainda sairemos juntos, faremos nossas maratonas de filme e tudo. Mas eu vou passar menos noites na casa dele e vice-versa.
– Ainda bem que vou ter uma semana longe de vocês. Odeio vocês dois e tudo o que vocês representam até segunda ordem. Agora sumam para aquele aeroporto e me deixem lidar com a confusão que vocês estão deixando para trás.
– Te amo, nenê. - Disse abraçando-a e se juntou no abraço, como sempre.
– E se vocês não voltarem contando que cada um passou o rodo pelo menos em um deus grego, eu juro que jogo vocês daqui de cima lá na rua.
– Ah, cariño, pode ter certeza que de um jeito ou de outro vamos aproveitar a viagem. - Ele murmurou e ela nos empurrou com uma careta de nojo.
– Eu odeio vocês. Agora sumam.
– Só depois do meu beijo e de você dizer que me ama. - Falei de braços cruzados e ela obedeceu me dando um beijo na testa.

Levamos nossas malas para a portaria e esperamos os poucos minutos que faltavam para o uber chegar rindo e zoando da cena de Penny.

O caminho para o aeroporto foi em silêncio, apenas respondendo o que o simpático motorista nos perguntava.

-

– Esse lugar é incrível! - Eu tornei a falar enquanto íamos para o chalé de dois quartos que havíamos reservado.
– Eu concordo, mas você já pode parar de repetir isso.
– Não seja resmungão.
– Não me faça resmungar.

Entramos e largamos nossas malas de mão na sala, enquanto não chegavam com o resto da nossa bagagem, resolvi conhecer o que parecia ser um pequeno apartamento branco.

O chalé tinha dois quartos, três banheiros e um único cômodo que servia de sala, cozinha e copa, e dava para uma varanda com piscina privativa e vista para o mar.

– Eu estou no paraíso! - Falei feliz me apoiando no parapeito e sentindo o calor do sol em minha pele ao mesmo tempo que o vento balançava meus cabelos.

Escutei o barulho da câmera e me virei em seguida, vendo que tinha a mesma apontada para mim. E sorri. Velhos hábitos nunca morrem.

A campainha tocou e era o serviço de quarto do resort, recebeu nossas malas e deu uma gorjeta ao rapaz que as entregou.

– Qual quarto você quer? - Perguntei parada entre as duas portas.
– Tanto faz.
– Ok.

Entrei na esquerda e decidi que aquele seria o meu quarto. Levei minhas coisas e arrumei as malas do jeito que dava e minha preguiça permitia.

Assim como o resto do lugar, o quarto era claro e as roupas de cama coloridas davam vida ao lugar, junto as cortinas pesadas que descobri, quando fechadas me deixariam no completo breu, independente do sol que estivesse brilhando do lado de fora.

-

Depois de termos chegado e descansado, o que pode-se interpretar como ter desmaiado na cama extremamente confortável, eu me sentia elétrica e empolgada. Igual a uma criança em festa de aniversário. Ao contrário de , que ainda parecia ter sido atropelado por um caminhão.

Ele me ignorava completamente enquanto eu implorava para irmos até um dos bares perto do praia e eu obviamente não estava disposta a ir sozinha. Não mesmo. E foi com muito custo e insistência que eu acabei indo sozinha e rezando para beber o suficiente para fazer alguma amizade no banheiro.

Parece que sem o fator sexual eu perdia parte do meu poder sobre ele. Mas não era algo inesperado.

Quando passei pelas portas do bar que a recepcionista me indicou, eu sabia que seria impossível passar a noite inteira sozinha. Todos ali pareciam tão… contagiantes.

Caminhei até o balcão e uma bartender sorridente me recepcionou.

– Com o que posso ajudá-la nessa noite, turista solitária? - Ela me perguntou e eu fiz uma careta.
– Já deu pra perceber que eu sou turista e estou sozinha em um minuto?
– O movimento está tranquilo. Dá pra reparar em muita coisa. - Ela disse sem perder o sorriso no rosto.
– O que você me recomenda?
– Está esperando alguém? - Neguei com a cabeça. - Pretende encontrar alguém? - Dei de ombros. - Um shot de tequila pra abrir a noite, seria interessante, não acha?

Meu olhos devem ter brilhado apenas com a menção da bebida, pois ela riu e colocou um copinho na minha frente, logo em seguida o limão, o sal e então serviu a bebida. Piscou pra mim em incentivo, mesmo sabendo que pela minha empolgação eu nem precisaria pensar duas vezes antes de fazer o ritual e sentir o liquido descer quente pela garganta.

– Eu não gosto de números ímpares. - Falei e ela entendeu o recado. Enquanto eu lhe estendia minha comanda. - E uma cerveja.
– Sinto que vou ter ver nesse balcão mais vezes.
– Oh, pode ter certeza. - Falei rindo e virei o segundo shot.

Me virei quando ela se afastou para buscar minha cerveja e atender um casal recém-chegado, aproveitando para procurar uma mesa ou uma vítima.
Um grupo de mulheres sentadas numa mesa me encaravam com expressões que eu não saberia identificar, mas ignorei-as continuando minha inspeção.

Eu já estava virada de volta ao bar, recebendo minha cerveja quando uma voz feminina pediu licença, me fazendo virar.

Uma mulher que tinha o rosto familiar, mas que não reconheci me olhava atentamente.

– Pois não?
– Você é a , não é?
– Isso. - Respondi desconfiada e ela abriu um sorriso gigantesco e só então meu cérebro localizou o rosto familiar.
– AI MEU DEUS, QUAL É A CHANCE? - Ela disse muito empolgada e eu só consegui rir. não havia mudado uma vírgula além da cor do cabelo.
– O que você está fazendo na Grécia?
– O que você está fazendo aqui? E sozinha?
– Isso é uma longa história.
– Vem sentar com a gente! - Disse já me puxando pela mão.

era uma grande amiga que fiz quando me aventurei em um intercâmbio de au pair na Austrália. Ela era uma das filhas na minha host-family e por ser da minha idade e dividirmos a mesma casa por meses, nos aproximamos muito.

– Você está tão diferente! - Ela disse e brincou com uma mecha do meu cabelo me fazendo corar. - Imagino que não se lembre das meninas.

Encarei as outras garotas e meu queixo quase foi ao chão ao reconhecer as outras amigas que viviam enfiadas na casa dela.

– Céus! Vocês não mudaram nada! - Comentei rindo e elas me acompanharam. - Como me reconheceram?
estava te secando e aí eu disse, "nossa, não parece aquela sua babá?" e ela ficou desacreditada porque parecia você, mas o cabelo está completamente diferente. - Clover disse e eu não deixei passar sua tentativa de constranger a amiga.
– É o famoso corte do término. - Respondi rindo e tomei um gole da minha cerveja.
– Você está na Grécia solteira ao mesmo tempo que eu estou na Grécia solteira? - perguntou incrédula. - Eu juro por tudo que é mais sagrado nessa vida, . Se você não me der uma condição sequer de remember, eu aproveito que estamos aqui e faço um trato com Afrodite pra te fazer morrer sozinha.
– Velhos hábitos nunca morrem. - Pisquei pra ela e o assunto na mesa mudou drasticamente para um trio de homens que entraram no bar.

Não resisti e tive de conferir o motivo de tanto alvoroço entre as australianas e quando vi-os, fui obrigada a concordar. Dadas as circunstâncias, eu poderia facilmente descrevê-los como deuses gregos.

Fui pega no meio de minha inspeção pelos olhos escuros de um deles. E voltei minha atenção a mesa, sentindo as bochechas completamente quentes ainda que tivesse a plena certeza que não havia feito nada demais além de olhá-los.

Continuamos nossa bebedeira e aproveitamos para colocar o papo em dia, fazia bem uns quase dez anos desde que havia terminado meu programa de seis meses na Austrália e aquela havia sido a última vez que vi todas aquelas, agora mulheres, pela última vez.

Com as horas passando e as pessoas chegando, o bar perdeu sua cara de happy hour e se transformou em uma boate, com direito a música alta e pessoas dançando freneticamente. E claro, não pude evitar de ser arrastada pelas australianas até o meio da pista e aproveitar o álcool em meu sangue para me soltar também.

Uma música que eu consideraria muito sexy começou a tocar e um sorriso brotou em meus lábios junto de uma ideia tão suja quando ele. Chamei com o dedo e ela abriu o mesmo tipo de sorriso que o meu. E ainda há quem duvide quando digo que velhos hábitos nunca morrem.

Puxei-a pela cintura e passei a perna por entre as suas, guiando-a para dançar junto comigo e sendo obedecida de bom grado. E dançamos coladas e com uma liberdade que se igualava muito ao nosso tempo na Austrália. Eu já sentia meu corpo esquentando e uma parte específica de mim dando sinal de vida. Inferno de mulher gostosa que sabia exatamente onde tocar para me fazer querer jogá-la contra a primeira parede e fode-la até que ela perdesse os movimentos das pernas.

Senti meu celular vibrando no decote, que caso você não saiba é o lugar mais seguro para guardar bens de valor, e o peguei, vendo o nome de na tela.

Seria a desculpa perfeita para arrastar até o banheiro e resolver a umidade da minha calcinha. Então não tardei a mostrar o aparelho aceso e puxá-la até o banheiro.

O pequeno hall com quatro portas, estava vazio e eu agradeci triplamente quando atendi a chamada e senti o nariz de em meu pescoço.

– Oi, . - Cumprimentei e vi me olhar de um jeito que me fez apertar as coxas uma contra a outra.
Já está tarde, fiquei preocupado. Precisa de resgate?
– Não! - Pedi, e não sei se foi para meu ex-noivo ou para a mulher que começava a subir seus dedos atrevidos para dentro do meu vestido.
Você está bem? - Estranhou e eu sabia que teria de me esforçar para desligar aquela ligação sem largar um gemido.
– Sim, claro que estou bem. Estou com umas conhecidas.
Conhecidas na Grécia? Desde quando? Você sabe que se estiver com um cara não precisa mentir.
– Australianas, a gente deve marcar de se ver de novo e aí você vem ao invés de ficar emburrado ai.
Certo, te vejo no café?
– Ou no almoço. Beijos.
Boa foda. - Ele desejou e eu ri antes de desligar.

Finalmente pude dar atenção a mulher que agora tinha o rosto na curva do meu pescoço e uma das mãos embrenhadas em meio aos cabelos de minha nuca.

Quanto tempo desde que eu não era tocada por outra pessoa que não ?

Uma das portas a minha frente se abriu e o dono dos olhos escuros que havia me pego no flagra o encarando passou por ela. E me encarou de novo.

Só que diferente da primeira vez, eu não consegui desviar o olhar rápido. E enquanto nossos olhos estiveram conectados, tudo em mim ferveu de novo. E com um apertão mais forte que deu na minha coxa, junto aquele olhar que me esquentava de uma forma esquisita, eu não soube segurar o gemido fraco que tentou escapar da minha garganta. Apertei os olhos com força, pela vergonha e quando tornei a abri-los, não havia mais ninguém lá, e todas as portas estavam abertas e os banheiros vazios.

ainda estava alheia quando subiu os beijos de volta aos meus lábios, e eu lhe puxei até um dos banheiros femininos.

– Agora é a minha vez, e você vai manter essas mãos atrevidas quietinhas. - Eu disse quando a apoiei na bancada do lavabo.

Ela se sentou na beirada da pedra de granito enquanto eu passei a chave na porta e então me virei pra ela. Ela me esperava ansiosa e eu me senti de novo como a jovem que foi ser babá de uma família e acabou ajudando a filha mais velha a descobrir os prazeres de dividir a cama com outra mulher.

Abri o shortinho jeans que ela usava e levei minha boca até sua orelha, enquanto vi que suas mãos seguravam com força na pedra do lavabo.

– Você ainda se lembra? - Perguntei usando meu tom mais sujo. - Lembra de quando íamos às festinhas dos seus amigos e eu te levava pra um banheiro quando estávamos começando a ficar bêbadas? - Ela murmurou em concordância e eu mordi o lóbulo de sua orelha fazendo-a tremer enquanto eu puxava seu short e sua meia arrastão branca, deixando-os presos em seus pés. - Lembra de como era, ? De como eu te fodia até você gritar meu nome dentro de um cubículo parecido com esse? - Ela assentiu e eu deixei um beijo em seu pescoço enquanto passei minha mão em sua calcinha e notei que sua umidade já atravessava o tecido, eu praticamente gemi em aprovação.
, por favor, não me tortura assim. - Ela pediu e eu olhei em seus olhos. Beijando sua boca com vontade e sendo correspondida a altura.
– Você continua a mesma coisa. - Falei quando partimos o beijo. - Será que o gosto continua o mesmo? Uma pena que não vou poder relembrar dele hoje. - Continuei e empurrei sua calcinha pro lado, fazendo-a reagir automaticamente com a cintura.
– E você continua a mesma filha da puta.
– Mas você sempre gostou.

Dois de meus dedos deslizaram por sua intimidade, espalhando a própria lubrificação para que eu não a machucasse de forma alguma e ela levou suas mãos até as minhas costas, colando nossos corpos e levando seus dentes até o meu ombro.

– Você não pode deixar marcas, está bem? - Pedi e ela assentiu obediente. Em recompensa por sua conduta, entrei com dois dedos nela e ela gemeu perto do meu ouvido, tive de fazer um esforço colossal para não perder as forças das pernas só de ouvi-la.

Meus movimentos foram se tornando intensos e não demorou muito para que ela jogasse a cabeça para trás e se esquecesse completamente onde estávamos, gemendo de forma tão gostosa que até eu mesma me senti tentada a esquecer também. Mas eu ainda tinha a plena certeza de que estava no lavabo de um bar, ainda sentia o calor esquisito dos olhos de um desconhecido e tinha a noção de que havia gemido olhando nos olhos dele.

Passei a beijar seu colo exposto pelo decote de sua blusa e adorei sentir a pele arrepiar com meu toque. Ver e sentir o poder que eu tinha sobre o corpo de outras pessoas me fazia sentir como a própria Hedonê.

Puxei a blusa com cuidado pelo ombro, deixando o biquíni que ela usava como sutiã à mostra. E com a mão livre desfiz o nó que o mantinha no lugar, liberando seus seios a meu bel prazer. Quando minha língua tocou o mamilo sensível, ela me puxou até a altura de seu rosto.

me beijou desesperada a fim de conter seus gemidos e eu retribuí, ela parecia tão perdida nas sensações que eu lhe causava com meu dedo do meio e indicador dentro de si e o polegar em seu clitóris, o som característico das investidas da minha mão em sua intimidade molhada junto de seus gemidos e a minha respiração entrecortada pareciam uma sinfonia de descompasso. Era como música, enquanto eu, maestrina e fã.

– Eu vou gozar. - Ela murmurou ofegante e seus espasmos comprovaram sua fala.

Deixei-a se recompor, voltei sua calcinha pro lugar e lhe dei um selinho. Ajudei-a com o biquíni que eu mesma havia desamarrado e arrumei sua blusa no lugar, enquanto ela estava apenas ali, parada se recuperando do orgasmo que eu havia lhe causado.

O sorriso parecia nunca mais querer sair do meu rosto e durante todo o processo de voltar sua meia e short pro lugar, ele esteve presente.

– Você não perdeu nem mesmo a mania de vestir as pessoas depois de uma rapidinha.
– Velhos hábitos… - Respondi dando de ombros e ela sorriu travessa.
– Vai pro meu hotel?
– Vamos voltar lá para fora e terminar de curtir a noite, sim? E quando estivermos indo embora, decidimos isso.

Lavei minhas mãos e pulsos com a água gelada, passando uma delas molhada na nuca a fim de diminuir a temperatura febril do meu corpo. Dei um último selinho na mulher que parecia preguiçosa e lhe disse para tomar o tempo necessário, saindo do cubículo em seguida.

Voltei para a área escura do bar, sentindo todo o meu corpo arder de novo assim que pisei na área mais movimentada. Fui até o balcão e pedi mais dois shots de tequila e uma cerveja, a de amanhã que lidasse com a ressaca.

Enquanto tomava minha cerveja, agora com calma tentando diminuir o calor que me tomava de dentro para fora, procurei o resto das australianas com os olhos. Localizando algumas na mesa e indo até lá.

– Sabe onde está a ? - Fui questionada com um olhar malicioso e ri.
– No banheiro, já deve estar vindo.
– Nem depois de dez anos vocês mudam!
– Nunca te disseram que velhos hábitos nunca mudam?

Não demorou muito para que ela aparecesse e nos arrastasse para dançar. Parecia nova em folha e ainda mais embriagada do que quando a deixei no banheiro. Eu já havia dedicado uma dança a cada uma das meninas do grupo e agora dançava sozinha, mesmo que próximas a elas.

A sensação de calor aumentou e eu me senti observada. O que me fez abrir os olhos e dar de cara com aquele par de íris escuras me olhando. Ele percebeu que estava tendo minha atenção e ergueu sua cerveja em um cumprimento mudo.

Sorri e voltei a situação anterior, agora sabendo exatamente qual o par de olhos que me encarava.

A noite se passou e eu estava próxima do meu limite para o álcool quando me aproximei do balcão pedindo para a bartender do começo da noite uma garrafa de água.

– Você é dura na queda, garota! - Ela disse rindo e colocou a garrafa em minha frente.
– Anos de prática. - Respondi com uma piscadela e ela retribuiu meu flerte.

Faltavam menos de duas horas para o sol nascer e eu decidi que era hora de me aventurar ilha acima, até o conforto de meu chalé com .

Procurei e a encontrei se atracando com um rapaz e as amigas estavam quase todas na mesa. Me aproximei delas para me despedir.

– Meninas, estou batendo em retirada antes que eu tenha um coma alcoólico e meu ex tenha um ataque.
– Mas já?
– A gente pode se encontrar outro dia! Tenho mais uma semana aqui. - Falei sentindo minha língua embolar e me dar a certeza que eu devia ir dormir. - Digam para as outras que eu deixei um beijo. E fale para a me procurar no instagram, ainda é o mesmo. Agora eu vou antes que eu peça a quinta saideira.

Mandei beijinhos no ar e fui retribuída, paguei minha comanda na saída e me coloquei a subir as escadas que havia descido logo que a noite chegou.

– Por tudo que é mais sagrado, eu devia ter ligado para o . - Falei sozinha enquanto ofegava, ainda subindo as escadas.
– Precisa de ajuda, moça? - Uma voz perguntou e eu me virei, sentindo-me automaticamente sóbria, graças a adrenalina que correu pelo meu corpo.
– Não, eu já estou chegando. - Respondi ao constatar que era o mesmo homem que havia me visto sendo atacada por .

Céus, esse homem estava me perseguindo ou o quê?

– Tem certeza? Você não parece estar muito sóbria.
– Não se preocupe, cariño. Consigo chegar sã e salva.
– Tem certeza? - Perguntou ao me ver subindo os degraus de forma ainda tropega, mas nem sentia mais o efeito do álcool no corpo. A falta de firmeza nas pernas era resultado de seu olhar sobre mim.
– Ok, talvez eu tenha bebido mais do que deveria. - Assumi. Era menos pior.
– Onde você está hospedada?
– Lá em cima. - Apontei para a escadaria sem fim e ele se aproximou de mim com um sorriso brincalhão.
– Claramente o lugar mais longe que dava. Não tinha nenhum bar mais perto?
– Até tinha, mas eu queria estar perto da praia. - Fiz um bico.
– Gosta do mar?
– Já quase morri afogada tantas vezes. - Contei. - Mas tem algo que me puxa para aquele lugar como um ímã.
– O mar é atraente. - Ele constatou e eu assenti, enquanto nos colocamos a subir a escadaria novamente.
– Ainda mais aqui, é tudo tão bonito. - Falei e me segurei no balaústre. - E essas construções que parecem cobertas por chantilly? Dá vontade de morder.

Meu comentário arrancou uma gargalhada dele, e minhas pernas ficaram ainda mais fracas. Céus, o que era aquele homem?

– Qual seu nome, senhorita?
, e o teu?
– Hades.
– Igual ao deus? Devo dizer que o nome combina.
– Exatamente.
– Engraçado, conhecer um deus grego na Grécia. Vocês não visitam outros países?

A risada dele foi eufórica. E só então me toquei do elogio descarado.

– Já saí da Grécia algumas vezes, sim. Mas gosto do meu lar.
– Não duvido, se eu morasse aqui nunca mais sairia.
– De onde você é?
– De muitos lugares, na verdade. Vivi mais tempo em Londres, pois conheci meu ex-noivo, mas antes disso, meus pais adoravam mudar completamente e me obrigar a aprender uma nova língua.
– Você conhece muitas?
– Algumas… - Falei repentinamente tímida. Minha mente havia encontrado segundo sentido na pergunta e eu senti minhas bochechas esquentarem.
– Qual lugar mais gostou até hoje?
– Não consigo escolher um. Existem tantos lugares incríveis.
– O que está achando de Santorini?
– Cheguei hoje cedo, ainda não posso opinar.

O vi colocar as mãos nos bolsos e parar de andar.

– Está entregue, senhorita. - Apontou a entrada do resort e eu assenti.
– Obrigada pela companhia e escolta, Hades. Muito gentil de sua parte.
– Nos vemos por aí?
– Estamos numa ilha, não vou dizer que é impossível.

Me despedi com um aceno e passei pelo portal de gesso, quando olhei para trás, ele já não estava lá.

-

Já era meu quarto dia e eu estava largada na espreguiçadeira do chalé, recebendo um bronze digno de uma daquelas modelos brasileiras.
havia saído numa excursão histórica a qual não tive o menor interesse e por isso eu estava sozinha. O que me deixou com a completa liberdade de tomar sol sem a parte de cima do biquíni. Não que fosse se importar com isso.

O sol quente esquentava minha pele de uma forma tão intensa que vez ou outra eu tinha de me jogar na piscina.

Quando achei que era suficiente, entrei para tomar um banho decente e me aprontar para levar ao bar da primeira noite. Havia marcado com as australianas e elas estavam super curiosas para conhecer o ser iluminado que conseguiu chegar ao patamar de meu noivo. Porque de acordo com elas, eu era uma cachorra.

Me enfiei em mais um dos meus vestidos de cintura marcada e saia soltinha, vendo o tecido azul leve adornar o meu corpo no espelho.
Penteei os cabelos usando creme de pentear para controlá-lo um pouco e deixei que ele secasse como bem entendesse enquanto eu terminava de me arrumar.

Com um par de chinelos extremamente confortáveis e bonitinhos, sai do quarto com a bolsinha em mãos. já me esperava jogado no sofá para jantarmos antes de descer as escadarias.

– Isso tudo é pro tal deus grego?
– Ainda estou cogitando a ideia de juntar você e num ménage. Não me lembre daquele cara.
– Aquela que você me mostrou a foto? Oh, retiro completamente o que eu disse. - Se corrigiu e eu ri.
– Vamos comer, idiota.

No caminho até o restaurante do resort, eu contei pra ele como havia sido a manhã no spa, e como parecia que as mãos da massagista eram as mãos de uma ninfa. Tentando o convencer de gastar alguns minutos que fossem com uma daquelas profissionais.

Eu estava tão leve que parecia estar flutuando ao invés de caminhar, estava empolgado para conhecer minhas antigas amigas e eu? Bem, eu realmente estava afim de beber, dançar e quem sabe sentir os olhos de certo grego com nome de deus queimando sobre mim.

Eu havia o visto na orla conversando com um dos outros homens que estavam com ele no bar, no dia anterior. Eu mal havia colocado meus pés para fora do barco que havia levado , eu e alguns poucos turistas para mergulhar quando senti seus olhos me esquentando e fui obrigada a lhe procurar com os olhos.

Ele me cumprimentou e notou que eu havia ficado corada, me enchendo de perguntas como o pentelho que ele é e me motivando a adquirir um bronzeado para evitar posteriores questionamentos.

-

Estávamos descendo as escadarias enquanto ele me contava sobre o sonho esquisito que teve na noite anterior, algo sobre ficarmos presos num dos templos que ele havia visitado. Logo, resolvi que não botaria os pés em nenhum templo quando voltasse para Atenas. Talvez algum de Afrodite, caso ela desenrole aquele cara do bar pra mim.

– Espero que você leia mentes. - Pedi para a deusa em voz alta e me olhou sem entender nada.
– Quem?
– Estava fazendo uma prece.
– Vossa Divindade Afrodite?
– Quem mais seria?
– Eu aposto que tem uma deusa que se encaixa melhor no que você está querendo pedir. - Ele disse com um sorriso malicioso e eu gargalhei.
– Papai me proibiu de fazer pedidos pra Hedonê. - Respondi mordendo um sorriso nada inocente.
– Se sem pedir nada pra ela, você já faz o estrago que faz, imagina se pedisse.
– O que eu posso fazer?
– Deixar de ser uma safada.
! - Reclamei lhe acertando minha bolsinha e ele gargalhou.

Chegamos ao bar e assim que entrei passei os olhos no recinto, procurando as garotas, mas não havia sinal delas.

– Vamos abrir nossa noite em grande estilo! - Falei e o puxei pela mão até o balcão.
– Olha quem está de volta! - A bartender da outra vez me reconheceu.
– E dessa vez cheguei acompanhada. - Falei indicando e ela lhe cumprimentou com um sorriso simpático.
– Seja bem vindo ao Cubículo dos Deuses! - Desejou e ele agradeceu.
– Hoje vamos começar com tequila de novo! Esse é o único homem capaz de me acompanhar na bebida.
– O namorado que não quis te acompanhar aquele dia?
– Pior.

Ela serviu os quatro copinhos e nos entregou o sal e limão.

Arriba, abajo, al centro y adentro! - Falamos juntos e viramos as duas doses de tequila de uma vez antes de chupar o limão.
– NÃO ACREDITO QUE COMEÇARAM SEM MIM! - Clover disse chateada assim que eu coloquei o limão de volta no balcão.
– Oi pessoal! - Me virei animada e cumprimentei uma por uma. - Esse é o . Se apresentem que eu tenho que bater um papo com a bartender sobre como eu vou ficar extremamente bêbada hoje pois tenho carona.

Deixei que o grupo de cinco mulheres atacassem meu ex-noivo com perguntas e me recostei no balcão, tendo automaticamente a atenção da bartender de volta.

– Como você vai me embriagar hoje?
– Fale um sabor e eu te ofereço algo. - Um sorrisinho de canto brincava no rosto dela e minha mente foi longe, passei a língua pelos lábios fingindo pensar em algo.
– Algo doce.

Ela assentiu e foi preparar o drink que eu nem mesmo fui questionada, mas era fato que eu aceitaria de bom grado. Voltei minha atenção para o grupo e parecia ter se enturmado bem. Esse era um dos talentos dele, extremamente sociável.

– Por que raios vocês terminaram? - perguntou pra mim com um biquinho.
– Somos melhores como amigos. - Respondi dando de ombros.
– Vai dizer que você ainda não tira uma casquinha?
– Amigos com benefícios, se assim você prefere.
– Eu sabia! Ninguém faz uma viagem romântica com um cara que é só amigo.
– Acredita que aqui não rolou nada? E um passarinho me contou que ele te achou gata.
– Está oferecendo seu ex-noivo pra mim?
– Só se você quiser.
– Você é inacreditável.
– Eu sei. - Pisquei pra ela e a bartender colocou uma taça colorida na minha frente. - Sex on the beach? - Perguntei em tom de flerte e vi a mulher corar do outro lado do balcão.
Cariño, não flerte com a bartender ainda. Acabamos de chegar. - me pediu e eu gargalhei.
– Desculpa, é automático.

havia conhecido o meu lado luxurioso antes mesmo de me conhecer. Então ele não se chocava mais com o meu descaramento, mesmo durante o nosso relacionamento, onde toda a minha energia sexual era direcionada para ele, ele sempre levou numa boa. Talvez até tenha sido meio contaminado pela minha safadeza.

Eu não era ninfomaníaca, acredite em mim. Já procurei ajuda psicológica para tentar entender esses meus impulsos, mas nada explicava.

Enquanto eu divagava pela conversa, o calor que já estava começando a se tornar um aliado se apossou de mim. Nem mesmo precisei vasculhar o lugar para saber que Hades estava presente.

Uma corrente elétrica atravessou meu corpo quando se aproximou do meu ouvido para sussurrar.

– Seu grego está te comendo com os olhos.
– Você acreditaria se eu disser que posso sentir? - Perguntei ainda sem mudar meu foco das garotas que se revezavam para pedir suas bebidas.
– Eu acho que estou com inveja. - Ele falou e eu lhe encarei em dúvida. - Não sei se queria ser você ou ele.

Eu gargalhei. O que chamou a atenção de nossas companhias para nosso diálogo.

– O que foi? - perguntou desconfiada.
– Estou num dilema. - Falei com uma careta.
– E qual é a graça disso?
– Você vai entender em breve. - Respondi com uma piscadela.
– Vocês poderiam ser um pouco mais sutis.
– Acredite, ela está sendo sútil. - falou arrancando uma risada coletiva e eu mordi os lábios sapeca.
– Eu nunca vou entender você, . - Clover disse. - Até mulheres hétero ficam mexidas por você, qual a bruxaria?
– Depois de um tempo passei a acreditar que fui abençoada por Hedonê.
– Quem?
– A deusa grega da prazer. Papai sempre me contou histórias dela. Nunca entendi porque, mas à medida que fui crescendo, era uma explicação muito prática.

Nos acomodamos numa mesa e só então senti falta de uma das amigas de . Mas acabei esquecendo de perguntar sobre quando uma música que eu amava começou a tocar e puxei uma das garotas para dançar comigo.

Eu ainda não estava bêbada, mas naquele dia eu me sentia tão leve que nem precisaria de álcool para me acabar na pista de dança com todas as companhias possíveis.

-

O resultado não foi outro. Eu estava no estado de euforia do álcool, já tinha descido até o chão dezenas de vezes e sabia que amanhã precisaria de um analgésico para conseguir encarar o passeio na catedral com , mas ali, com o sangue correndo quente pelo meu corpo, nada mais importava além de me divertir com minhas companhias.

– Posso lhe roubar por um instante do seu amigo? - Ouvi a voz de Hades perto de mim enquanto eu dançava provocando e olhei pro rosto de meu ex esperando uma resposta.
– A vontade. - Ele disse e eu segui o grego até a mesa onde ele estava, a mesma ocupada por um homem e três mulheres que eu facilmente descreveria como filhas de Afrodite.

Incrivelmente lindas e com olhos tão charmosos que me senti acanhada.

– Você é a turista que Hades tanto fala? - Uma delas perguntou animada e eu me virei para olhar o homem em pé ao meu lado.
– O que você andou falando sobre mim? - Perguntei genuinamente curiosa e ele abriu um sorriso malicioso que quase fez a tensão que mantinha minhas pernas me sustentando falhar.
– Que você é uma maluca que ele teve de escoltar até o hotel. - O outro homem respondeu e eu ri culpada.
– Em minha defesa, ele quem se ofereceu. A propósito, sou .
– Nome bonito. - A única loira entre as presentes na mesa elogiou e eu agradeci.
– Será que seus amigos vão se importar se você se juntar a nós por alguns minutos?
– Creio que não, eles parecem estar bem entretidos.

Conversei com aquele grupo de desconhecidos e descobri que eram todos parentes em algum grau, e todos tinham nomes mitológicos. O que me deixou fascinada.

– Meu pai é historiador. - Contei para eles quando me perguntaram o que me trazia a Grécia. - Cresci ouvindo histórias sobre os deuses que andavam pela terra se misturando com humanos apenas pelo prazer de se divertir com os mesmos. E arrumando brigas e guerras também, claro.
– Seu pai acredita nos deuses? - Eros perguntou interessadíssimo.
– É completamente esquisito, mas ele me educou dentro da religião como se ela ainda estivesse viva. E ainda jura de pé junto que fui abençoada por uma deusa quando nasci.
– É mesmo? - Afrodite tinha um tom divertido em sua voz. Olhou de relance para Hades antes de me perguntar. - Qual delas?
– Hedonê. Mas ele nunca me explicou porque acreditava nisso.

Eles pareciam ter algum tipo de piada interna sobre aquilo e eu me senti excluída de alguma forma ao ver todos aqueles olhares cheios de significados serem trocados.

Em algum ponto durante a narrativa de Eros sobre uma viagem para Londres, minha australiana preferida veio me puxar, exigindo que eu fosse dançar com ela e eu me desculpei com os presentes na mesa antes de me deixar ser arrastada. me examinou de cima abaixo e eu estranhei sua careta.

– O que foi?
– Estou vendo se os olhos daquele deus grego são capazes de tirar pedaço pois ele está tentando com muito afinco. - Explicou e eu gargalhei.
– Não quer dividir?
– Até parece que alguém tem a escolha de não te dividir.
– Culpada.

Dançamos enquanto eu me sentia sendo observada. E seria desconfortável se eu não tivesse passado pelo bar algumas vezes para perder o pouco que me restava de inibição.

havia finalmente cedido ao meu encanto e dançávamos com os corpos colados. Suas mãos em minha cintura me seguravam de forma firme junto a si e aquela tensão sexual de quando nos conhecemos resolveu se fazer presente naquela noite.

Naquele dia voltamos pro resort no meio da madrugada. Não sem antes nos despedir de todos e eu até mesmo apresentar para Hades.

Eu tinha certeza que quando acordasse, seria tomada pela pior ressaca que já tive em toda a minha vida. Mas enquanto subíamos ilha acima, eu só pensava no bom proveito que faria do sofá do chalé e talvez dos lençóis.

– Eu estou mais bêbado do que pensava.
– Provavelmente porque não soube respeitar o meu copo! - Ralhei. - Eu avisei que hoje queria ficar bêbada.
– O que importa é que foi divertido.
– E a nossa noite nem terminou ainda.
– Se controle. - Ele pediu rindo e eu o acompanhei.

Quando passamos pelas portas do chalé, eu já sentia que o suor que havia banhado o meu corpo enquanto eu dançava havia sido levado pelo vento fresco que passeava pela ilha, mas minha pele estava gelada.

Eu me joguei no sofá, tirando os chinelos dos pés e suspirando dramaticamente enquanto ouvi se livrando dos sapatos.

… - Chamei manhosa e usando meu charme.
– Estou aqui.
– Você pode ficar no banheiro enquanto tomo banho? Hoje não estou confiando em mim.
– Só se você me recompensar com uma massagem nos pés depois.
– Até tântrica, se você quiser. Mas o negócio do banho é sério.
– Vamos? - Assenti e me levantei, vendo tudo ao meu redor rodar e eu tive que me apoiar no braço do sofá para me manter em pé.

Parecia que o álcool havia me acertado de uma vez e eu fui arrebatada pela embriaguez.

Caminhei cambaleante até o meu quarto e me ajudou a me livrar do vestido e me colocou debaixo do chuveiro ainda com as roupas íntimas.

O jato de água quente que tocou minha pele quando abri o registro quase me fez gemer em aprovação e eu conseguia sentir meu corpo relaxar.

Tinha consciência de que estava sentado na tampa da privada e que ele esperaria pelo meu sinal para me ajudar a chegar até a cama.

Tomei meu banho do jeito que dava e quando desliguei o registro vi meu ex se levantar e chegar perto, para evitar que eu caísse.

– Vamos, cachaceira.
Cariño, está tudo rodando.
– Vou pegar seu pijama, tire essa lingerie molhada e se seque antes de deitar, ok?
– Sim, senhor! - Bati continência e me coloquei a obedecer.

Eu já estava devidamente vestida e debaixo do lençol quando ele me deixou sozinha dizendo que também ia tomar um banho. Eu nem mesmo lembro de tê-lo visto fechando a porta do quarto.

-

Como você está, cariño? - Meu pai perguntava do outro lado da linha e eu já havia desistido de manter os olhos abertos para vê-lo na tela do celular.
– Tomei um porre grego. - Resmunguei e ouvi sua risada.
Está gostando da viagem?
– Sim, mal posso esperar para voltar para Atenas e visitar trilhões de templos.
Está empolgada com o seu presente, então?
– Claro! E de novo, obrigada! - Tentei abrir os olhos um pouquinho.
– Uma pena que não possa ficar com você.
– Ah, papai… Sobre isso…
Aconteceu alguma coisa?
e eu decidimos cancelar o noivado. - Falei de uma vez e prendi a respiração enquanto via a feição surpresa dele.
E estão numa viagem romântica em Santorini?
– Acredite em mim, o romance definitivamente não está entre nós.
Quer conversar sobre isso?
– Podemos fazer isso quando minha cabeça não estiver querendo me matar?
Santo Dionísio, você bebeu todas ontem, não é?
– O suficiente para acreditar que conheci olimpianos.
Ah, é?
– Sim, acredita que alguma família maluca dá nomes pros filhos de todos os deuses?
Isso não te parece estranho?
– Não sei, papai. Deveria ser?
Se perceber algo anormal, fique atenta. Nunca se sabe quando os deuses querem se divertir às nossas custas.
– Eu não me importaria se o tal Hades quisesse se divertir comigo. - Falei brincalhona e meu pai nem mesmo riu.
Você conheceu um homem chamado Hades?
– Sim, ele estava no bar.
Como ele é? - Sua expressão era preocupada e eu senti um mini calafrio por isso.
– Deve ter uns quarenta anos, ou estar bem perto disso. Cabelos escuros, pele bronzeada igual todo mundo daqui, olhos escuros também, castanhos BEM escuros. - Enfatizei. - Pouco mais alto que eu, bem bonito e educado.
Ele é o olimpiano?
– Os parentes dele também. Eros, Afrodite, Deméter e Artemis.
, eu acho que você não devia se aproximar.
– Eu sei me cuidar, papai. E eles não disseram nada demais.
Me mande mensagem quando estiver embarcando para Atenas, sim? - Pediu mudando de assunto. - E não deixe de aproveitar seus últimos dias na ilha.
– Vou tirar umas fotos na orla com hoje no pôr do sol. É o máximo que aguento hoje.
Ligue para a sua mãe, ela deve estar louca para fofocar.
– Vou fazer isso antes de dormir.

Nos despedimos e eu quis chorar quando bateu na minha porta dizendo que tinha pedido um almoço pra mim.

– Papai ligou. - Falei me sentando na cama e vendo que ele colocou apenas a cabeça pra dentro.
– Ele tinha tentado falar com você antes e você não atendeu. Ele me ligou também.
– Contei pra ele que terminamos.
– E o que ele disse?
– Não disse nada, mas o olhar julgador estava lá.
– Levanta logo, a comida vai esfriar.
– Não podemos comer aqui?
– Não.
– Droga. - Murmurei jogando o lençol para fora do meu corpo e saindo da cama.

Nos sentamos na pequena mesa da copa e ele se serviu primeiro. Eu tinha acabado de colocar a primeira garfada do risoto na boca quando ele quebrou o silêncio.

– Vou precisar voltar hoje a noite. - E lá estava. Eu sabia que a comida viria com algo, mas não isso.
– Quê? Por que? - Perguntei com a mão na frente da boca.
– Engole a comida, mané. - Ele falou e eu ainda estava mastigando. - Aconteceu um problema com o ensaio daquela atriz esquisitinha que eu tinha te falado, vou ter que resolver pois sou responsável pelo editorial.
– Não dá pra fazer isso a distância?
– Infelizmente não.
– Estou profundamente desgostosa. - Falei e ele riu de mim.
– Tá gostosa, ainda, pode ficar tranquila.
– Não quero piadinhas, não acredito que estarei oficialmente sozinha em Santorini.
– São só mais dois dias. E você tem suas amigas australianas.
– Elas vão embora hoje. Na verdade já devem ter ido, pelo horário.
– Eu sinto muito, .
– Namora comigo? - Perguntei e ele me encarou como se eu tivesse duas cabeças. - Só fala sim, anda.
– Por que?
– Anda, !
– Tá.
– Ótimo. - Falei e dei mais uma garfada enquanto ele me olhava ainda confuso. Terminei de engolir e então levantei meu olhar do prato pra ele. - Você vai mesmo deixar sua namorada sozinha em Santorini por causa de uma atriz esquisitinha?

Ele gargalhou e eu sorri. Ainda éramos os mesmos e .

-

Depois de ter deixando no pequeno aeroporto da ilha e dito para ele de forma dramática que ele estava me magoando e por isso eu queria terminar nosso namoro de quatro horas, acabei ficando pela orla da praia assistindo o belíssimo pôr do sol.
A espreguiçadeira ao lado da minha, estava ocupada pela minha bolsa e o chapéu de verão que já fazia parte de mim durante o dia.
Eu estava tão concentrada em meus próprios devaneios que nem vi quando Hades se aproximou e ocupou a beirada da espreguiçadeira.

– Bu. - Ele falou e eu dei um pequeno salto com o susto.
– Meus deuses, homem! Quase morri!
– Não pensei que fosse se assustar tanto.
– Estava em outro plano de existência.
– Podemos conversar?
– Claro.
– Hedonê precisa de você. - Foi direto e eu não entendi nada. - Podemos ir para um lugar mais calmo?
– Não. Se explique logo.
– Seu pai te alertou sobre isso.
– Sobre o que?

Olhei em seus olhos escuros por um instante mas me arrependi em seguida, primeiro porque mesmo completamente sóbria, o calor que seu olhar fazia borbulhar em mim ainda estava ali, segundo porque ele queria me provar que a teoria de meu pai estava pontualmente correta.
E foi enquanto olhava em seus olhos que senti a brisa marítima parar de tocar minha pele, o mundo girar 360° graus e então eu não estava mais na praia.

– Mas que raios? - Perguntei me vendo numa saleta branca.
– Você disse que podíamos conversar.
– O que havia de errado com a praia?
– O motivo de nossa conversa está atrás daquela porta. - Mostrou e eu assenti para que ele prosseguisse. - Hedonê sofreu um ataque algum tempo atrás e desde então está desacordada. Nem mesmo ambrosia fez com que ela saísse de seu sono.
– E o que eu tenho a ver com isso?
– Faz alguns séculos que ela não dava sua benção de forma tão intensa como foi com você. Eros está preocupado com a filha e eu estava devendo alguns favores então decidi que iria procurar você.
– O que aconteceu com ela?
– Isso não é exatamente relevante agora. As moiras mostraram que você estava vindo para as nossas terras santas e então aqui estamos. Precisamos que você ore por Hedonê.
– Uma oração? - Questionei.

Eu talvez devesse estar questionando toda aquela situação, aquele papo torto sobre deuses e realmente achar que havia sido drogada, mas eu tinha plena certeza de que estava acordada e sóbria. Então me restava apenas acatar o desejo dos deuses naquele instante.

– Eu posso vê-la? - Perguntei e ele assentiu indicando a porta dourada.

Entrei no novo cômodo vendo apenas um quarto com grandes janelas e uma cama com dossel, adornada por um véu tão branco quanto todo o resto.
Dei os passos necessários para chegar perto da cama e então a vi através do tecido fino. Hedonê era incrivelmente linda. Provavelmente a criatura mais bela em que já havia colocado os olhos. Que Afrodite não saiba disso.

Não pude evitar a vontade de vê-la melhor e afastei o véu com as pontas dos dedos. Soltei o ar que estava prendendo ao permitir que meus olhos investigassem a deusa que parecia ter um sono sereno e calmo.

A palma de minha mão coçava para que eu lhe tocasse nas maçãs no rosto, a fim de sentir a textura de sua pele, mas havia outras coisas acontecendo por meu corpo para que eu atendesse esse pedido.
Perdi a força na tensão que me mantinha em pé e me vi religiosamente ajoelhada no chão. Completamente encantada e em estado de adoração.

Minha vida então teve sentido, como se toda a minha existência física e intelectual só agora se unissem em um mesmo plano.

Toquei receosa a mão de Hedonê. E foi como se meu corpo já conhecesse aquele toque a tempos. E no fundo de minha mente eu o reconheci como o meu próprio.

Entrei em colapso mental, mas não conseguia soltar a mão da deusa. O que diabos estava acontecendo?

Por mais que minha mente estivesse girando e eu sentisse que nunca mais deixaria de tocar aquela mão, meu corpo se mantinha calmo. Extremamente calmo.

Talvez aquilo fosse o que chamam de alcançar o nirvana. Ou eu estava completamente morta por dentro.

Não, você está completamente normal. - Uma voz sedosa se fez ouvida. - Ah , você está tão crescida. Uma pena que tenhamos nos encontrado somente nessa situação. - Deduzi então que era Hedonê que falava comigo.
– Você está bem? - Perguntei e olhei seu rosto que continuava sereno.
Nossos destinos foram traçados a muito tempo, sabia? Quando seus pais se conheceram, eles tinham um amor tão bonito e diferente dos amores que eu tinha visto por aí. Fiquei completamente obcecada com eles. E com o tempo as coisas foram acontecendo, eles se casaram numa cerimônia budista linda e meses depois você nasceu. Você era um bebê tão lindo que eu não sabia fazer mais nada além de velar por seu sono. Um dia, não me recordo bem o motivo, seu pai me encontrou mostrando as asas para te entreter e eu fui obrigada a me explicar. Por isso ele soube de minha benção. Mas as parcas já sabiam que sua existência estava atrelada a minha naquela época. O Olimpo me obrigou a manter distância e termos certeza que seria nada além do destino que nos juntaria.
– Juntar? - Eu estava confusa.
O que vou lhe pedir é muito. - Ela começou e eu soltei de vez o peso da cintura por cima dos meus pés. Ajoelhada em completa rendição. - Para que eu consiga sair desse estado de adormecimento, eu preciso de alguém que tenha a essência do meu poder em seu espírito. Você não precisa me dizer que sim ou não agora. Mas pense com carinho, sim?
– O que isso quer dizer?
Nós vamos unir nossas energias vitais, a minha divina e a sua mortal. Dividiremos a mesma existência.
– Você vai se tornar mortal?
O contrário, querida. Você vai se tornar uma divindade.
– E por que eu diria não?

-

Depois de uma longa conversa com Hedonê, eu saí de seus aposentos e encontrei Hades e Eros conversando na sala para a qual eu havia sido inicialmente trazida.

– Eu meio que conversei com ela. - Interrompi fazendo minha presença ser notada. - Ela agradece a vocês pelo empenho em ajudá-la. E disse que antes de curá-la, eu preciso resolver minhas pendências humanas.
– Você tem mesmo tanto poder assim? - Eros me perguntou e eu encolhi os ombros.
– Pergunte as moiras. - Hades respondeu mal humorado e eu senti que aquele não era um bom momento para estar ali. - Vou te levar de volta para a ilha, sim?

Assenti ainda atônita pela energia estranha que rondava a sala. E em instantes, lá estávamos de volta a orla da praia. Mas agora a noite já havia tomado o céu e não havia muitas pessoas por ali.

Assim que peguei meu celular na bolsa, vi várias notificações de Penny e sabia que ela estaria surtando em casa.

– Oi Penny, desculpa o sumiço, eu estava ocupada. - Foi a primeira coisa que disse assim que ela me atendeu, enquanto eu voltava para o resort com a companhia de Hades.
Eu pensei que você tinha morrido! - Ela disse exasperada. - Como pode te deixar aí sozinha? Eu vou matá-lo.
– Falando em voltar pra casa, precisamos conversar.

-

– É até cômico de se pensar… - Hades disse jogado no sofá enquanto eu explicava o que havia acontecido no lar de Eros.
– O que?
– Assim que senti sua presença no bar eu soube que havia algo sagrado em você.
– Oh não, cariño. - Falei com um sorriso de lado. - Aquilo que você sentiu era tesão.
– Eu sei como é me sentir atraído por alguém. E não é isso. - Disse ofendido e eu gargalhei.
– É diferente comigo. Eu sou parte da deusa da luxúria, acredita? - Meu tom era divertido, ainda mais que estava vendo o soberano do submundo se constranger com algumas falas bobas minhas.
– Como isso pode ter acontecido? Nem mesmo faz sentido.
– Isso você deveria questionar as parcas. Tudo o que sei foi o que Hedonê disse e se ela disse que sou a parte que falta.
– Realmente, Hedonê é platônica. Enquanto você é carnal.
– Essa parte eu ainda não entendi, se eu sou assim, foi por causa da benção dela, não?
– Muitas coisas são imutáveis e incontroláveis, . - Hades disse se levantando sem desviar os olhos de mim. Senti a energia ao nosso redor mudar drasticamente. - Elas só têm de acontecer.
– Cite um único evento imutável do universo, então. - Pedi.
– Guerras? Atentados?
– Nós dois sabemos que poderiam ser evitados.
– Epidemias?
– Doenças que vocês criaram. - Ele pareceu pensar.
– A existência?
– Pode ser modelada.
– Você.
– O destino é feito por umas de vocês, não?
– Não interferimos no que elas definem, no máximo podemos consultá-las.
– Você costuma consultá-las com frequência?
– Não costumo ter muito interesse por vidas humanas.
– E o que elas lhe mostraram sobre mim?
– Que você vai virar o universo de cabeça para baixo.
– E isso é ruim? - Perguntei baixo, visto que ele estava realmente perto de mim e até o menor dos sussurros seria ouvido.
– Depende do ponto de vista.
– Que tipo de jogo você está tentando fazer? - Perguntei e ele abriu um sorriso maldoso que fez a minha nuca arrepiar.

Eu estava quase implorando para que aquele homem, ou deus, ou sei lá, me beijasse logo e matasse minha curiosidade, e aquilo provavelmente estava transcrito nos meus olhos.

Quando por fim senti sua respiração quente contra meu rosto, amoleci de vez, e agradeci por sua mão ter ido parar em minha cintura, me mantendo em pé.

O calor de seus olhos ricocheteava pelo meu corpo inteiro e eu sentia meu cérebro efervescendo. Era como uma montanha russa que me levava do céu ao inferno e do inferno ao céu repetitivamente. E céus, como era gostoso.

Eu tive de me concentrar para não ficar ofegante apenas com aquelas mãos em minha cintura, mas quando ele me puxou colando nossos corpos, eu já havia aceito que aquela era uma batalha perdida.

Meus dedos subiram tocando de leve seus braços e só pararam quando estavam em sua nuca, onde eu me permiti fazer um carinho de leve apenas para saber se aqueles fios eram mesmo tão sedosos quanto pareciam. O vi fechar os olhos e travar o maxilar.

– As moiras decidiram até esse momento? - Perguntei, aproximando ainda mais o meu rosto do seu. Um surto de coragem havia surgido e eu decidi levá-lo adiante.
– Elas não decidem o destino dos deuses, nós mesmos o fazemos. - Ele sussurrou e eu recebi sua voz com um arrepio.
– Então você está aqui porque quer. - Falei e meus lábios passaram levemente pelos seus.
– Sim.
– Não sabia que o rei do mundo inferior se interessava por mortais. - Desviei meu rosto do seu e me aproximei de seu pescoço, soltando um riso nasalado ao ver a pele arrepiada.
– Você não é uma mortal qualquer, você é a perdição. - Ele falou e uma das mãos que me seguravam, encontrou seu novo posto na lateral de seu rosto, me fazendo voltar a olhar seus olhos escuros.

Havia fogo ali, reluzindo em suas retinas. E muito provavelmente os meus refletiam os seus. Meu corpo chegava a se encontrar tenso pela antecipação e eu estava adorando casa mísero segundo.

E então, finalmente um beijo de verdade aconteceu.

Eu senti meu corpo ser eletrizado dos pés a cabeça, parecia extremamente certo que eu tivesse minha boca contra a sua naquele momento, e bom, eu não costumo contrariar minha intuição.

Minhas mãos em sua nuca, pararam o carinho suave que faziam apenas para intensificar nossa proximidade, segurando firme por entre seus cabelos e o mostrando que eu queria estar ali tanto quanto ele.

Empurrei-o meio as cegas até o sofá e quando ele se sentou, eu coloquei uma perna de cada lado de seu corpo e voltei a colar nossos lábios.

Aproveitando a liberdade de não ter mais que me manter em pé, suas mãos passearam pelo meu corpo, cintura, coxas, costas e eu tive de soltar um suspiro contra sua boca quando minha bunda foi alvo de seu tato curioso.

Ah, sim, eu iria foder com um deus grego e sabia que o volume que eu sentia contra meu baixo ventre seria suficiente para me deixar dolorida depois.

Meus dedos entraram dentro da camisa que ele usava, desbravando seu corpo quente e me deixando ansiosa para apreciar a vista. Foi quando ele subiu as mãos por dentro do vestido que eu usava e apertou a carne de minhas coxas com força, me trazendo contra si, que ele soltou o primeiro gemido e eu decidi que aquilo não estaria nem perto de ser suficiente.

Arranquei sua blusa sem a mínima delicadeza e o toque desejoso de meus dedos fez com que ele contraísse os músculos do abdômen, o que fez minha intimidade latejar. Céus, tudo aquilo era muito mais intenso do que eu seria capaz de imaginar.

Suas mãos continuaram se aventurando por debaixo do tecido e levando-o para cima junto de suas descobertas. Quando chegou no meio de minha barriga, pareceu se enfezar com o tecido que embolava-se em meu corpo e amaldiçoou baixinho.

– Tire essa merda. - Pediu e eu obedeci prontamente. Sem vergonha alguma de mostrar que meus seios não estavam cobertos por um sutiã. Ele soltou um suspiro pesado. - Poderia facilmente perder dias adorando você.

Sua fala foi seguida de uma ação tão rápida que me pegou desprevenida. Sua boca entrou em contato com a pele do meu peito e minha única reação foi gemer em aprovação e rebolar em seu colo.

Quando me recuperei, levei minhas mãos que antes estavam espalmadas em seu peito para o cós de sua bermuda e ergui o corpo quando ele terminou de se livrar dela. E então éramos separados apenas pelas roupas íntimas. As quais eu queria que ele usasse sua mágica de deus que teletransporta pessoas e fizesse-as sumir.

Eu já nem mesmo seria capaz de dizer onde eu terminava e ele começava quando fui pega pelos cabelos da nuca, tive a cabeça tombada pro lado e sua língua passeou por meu pescoço em direção a minha orelha.

Se eu já estava fora de mim antes, ali eu parei completamente de responder pelos meus atos.

Tirei a sua mão que ainda brincava com meu seio dali e a empurrei em direção a minha intimidade, que já estava ensopada e desesperada por um toque que não fosse a simples fricção contra ele. Eu queria mais, eu precisava de mais.

Entendendo o recado, seus dedos entraram em minha calcinha e eu prendi o lábio entre os dentes com tanta força que se eu sentisse o gosto de sangue nem me assustaria. É claro que um deus com milênios de experiência saberia o que fazer. E eu estava disposta a adquirir até a última gota de seu conhecimento.


Fim



Nota da autora: Olá seres humanos! Eu estou completamente crucificada pela timidez de ter pensado, escrito e enviado essa história. Mas estou orgulhosa!
E não me odeiem pelo final. Ao que tudo indica essa PP voltará para terminar sua saga. Eu inicialmente tinha pensando em fazer dessa história um clichezão de one night stand na balada, mas aí eu pensei, porquê não? E aqui estamos, rs.
Espero que tenham gostado, apesar dos pesares, foi muito divertido dar vida a esse conto. BRB.





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Hunting the Hunter
Olhar 43
01.For a pessimist, I'm pretty optimistic

Meu Deus, Carou! Eu comecei a betar esperando um clichê de one night stand e acabo na mitologia grega. Eu espero, eu espero de verdade, que a PP realmente volte para terminar sua saga e, caso eu não bete, que você me informe dessa história! Arrasou, parabéns!
Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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