Capítulo Único
Eu estava no MoonNight atendendo o bar naquela noite quando vi ele entrando pela porta com a banda e vou ter que falar que achei um tanto quanto estranho eles estarem ali, em um bar onde em sua maioria os frequentadores são de um estilo diferente do deles, dei de ombros e voltei a atenção aos drinks que estava preparando, coloquei os cinco drinks que estavam na comando em uma bandeja redonda dourada e fui em direção à mesa. Assim que cheguei de volta ao bar ele estava apoiado esperando ser atendido, me aproximei dele e a cada passo que eu dava sentia minhas pernas bambearem e meu coração acelerar.
- O que vai escolher hoje? – Perguntei chamando atenção dele que me analisou de cima abaixo com um olhar de desejo.
- Bom, são cinco cervejas, você poderia levar para mim ali naquela mesa? – Ele apontou para onde os amigos estavam.
- Sim pode deixar que eu levo.
Me virei já pegando as cervejas e ajeitando elas em uma bandeja para levar até eles ainda sentindo o olhar dele em minha nuca, apesar de eu ter um desejo incontrolável por aquele homem eu tinha que me conter pelo menos em meu horário de trabalho, caminhei lentamente até eles tentando me manter firme e coloquei as cervejas em frente de cada um. Naquela noite iria ter uma apresentação no pole dance com uma das melhores dançarinas que já vi, a Diana mas ela aparentemente estava atrasada e eu preferi mandar uma mensagem para ela só para saber se estava tudo bem.
“Diana, você vai se apresentar no MoonNight hoje, não se esquece”
“Ai , temos um problema muito grande.”
“O que aconteceu?”
“Torci meu tornozelo, não consigo andar, o Thom está me levando ao hospital, teria como alguém se apresentar no meu lugar?”
“Meu deus! Melhoras, pode deixar que eu me viro aqui.”
“Obrigada !”
Suspirei pesadamente enquanto tentava pensar em alguma solução que não me envolvesse, por mais que eu fizesse apresentações ali com uma certa frequência naquela noite era tudo que eu não queria. O cara que eu sou apaixonada desde a adolescência estava ali a apenas alguns metros de mim e correspondendo aos meus olhares, o que me deixava confusa e com certo receio de me apresentar naquela noite mas não tinha muita alternativa então fui me vestir para a apresentação, no camarim encontrei o Gustavo, segurança da casa.
- Boa noite dona !
- Boa noite Gustavo! Já te falei que é para me chamar só de . – Sorri para ele.
- Está certo, , você é quem fará apresentação essa noite?
- Sim, a Diana se machucou e eu irei substitui-la hoje.
- Que honra dos convidados dessa noite, a dona do local fazer uma apresentação inesperada.
- Nem me fale, estou tão nervosa Gu.
- Por que?
- Bom... Vou precisar que você fique por perto, sabe como são minhas apresentações. – Suspirei pesadamente enquanto o olhava. – Essa noite tem um rapaz o qual sou apaixonada, vou precisar do seu auxílio para manter o foco.
- Com certeza estarei lá!
Entrei no camarim e logo me encostei na parede gelada respirando fundo enquanto planejava mentalmente como seria minha apresentação, normalmente eu cobrava uma entrada maior nos dias em que iria me apresentar mas como dessa vez foi um imprevisto não aconteceu isso. Terminei de meu collant preto com um decote até a altura do umbigo e a bota com salto quinze preta de camurça com glitter que ia até o joelho, a música que eu sabia que poderia usar naquela noite era da banda dele mas como era minha melhor coreografia e a única que chegaria próximo do que a Diana havia programado para apresentar decidi que seria ela mesma.
Eu respirava fundo a cada passo que dava em direção ao palco pensando em como seria aquela apresentação, ouvi a Thay anunciando o início da apresentação e assim que escutei os passos dela indo para longe do palco sai das cortinas vermelhas de camurça, logo a luz se ascendeu focando no pole no meio do palco, acenei para começarem a música e logo no primeiro berro eu corri em direção ao pole já indo parar lá em cima, como são três gritos no segundo eu comecei a descer o pole girando razoavelmente rápido me mantendo firme apenas pelas pernas.
Caught up in this madness too blind to see
(Pego nessa loucura, cego demais para ver)
Woke animal feelings in me
(Despertou sentimentos animais em mim)
Comecei minha dança notando as pessoas se aproximando mais do palco, entre elas ele estava lá, apenas observando de braços cruzados, naquela pose de bad boy que a maioria das garotas cairiam aos seus pés, me concentrei novamente na apresentação e voltei a subir no pole parando esticada no ar com as mãos livres sendo sustentada apenas pelas pernas entrelaçadas, me curvei para apoiar as mãos na base do pole e dei uma pequena estrela enquanto descia.
Took over my sense and I lost control
(Dominou meus sentidos e eu perdi o controle)
I’ll taste your blood tonight
(Eu provarei do seu sangue esta noite)
Caminhei até o o puxando para cima do palco enquanto o Gustavo trazia uma cadeira, fiz o se sentar e sussurrei em seu ouvido:
- Não pode encostar. – Sorri maliciosamente.
Vi os pelos de sua nuca arrepiarem enquanto ele apertava os braços da cadeira tentando segurar seus próprios instintos. Me virei e voltei ao pole subindo até o teto com a maior facilidade e em seguida descendo de ponta cabeça e de costas para a platéia dando a sensação para quem estava assistindo que eu iria cair no chão, me segurei quando cheguei próxima o suficiente e dei uma meia estrela parando a milímetros de distância dele, nossos rostos estavam tão próximos que pude sentir sua respiração falhar por conta da proximidade e da apresentação.
You know I make you wanna scream
(Você sabe que eu farei você querer gritar)
You know I make you wanna run from me, baby
(Você sabe que eu farei você querer fugir de mim, baby)
But know it's too late, you've wasted all your time
(Mas sabe que é tarde demais, você perdeu todo seu tempo)
Vi ele tentando mover a mão e segurei seus punhos contra a cadeira novamente o olhando fixamente, voltei para o pole onde desci girando e me segurando com as mãos enquanto abria um espacate na base do pole e me levantava novamente ficando com o rosto bem próximo do dele, o levantei da cadeira direcionando ele de volta a plateia.
- Pode voltar para lá.
- , você está brincando com fogo.
- Conversamos depois da apresentação. – Pisquei para ele.
Cherishing, those feelings pleasuring
(Aproveitando, esses sentimentos prazerosos)
Cover me, unwanted clemency
(Me cubra, indesejada clemência)
Scream till there's silence
(Grite até haver silêncio)
Scream while there's life left, vanishing
(Grite enquanto ainda resta vida, sumindo)
Scream from the pleasure, unmask your desire
(Grite pelo prazer, desmascare seu desejo)
Perishing
(Perecendo)
Corri em direção ao pole e pulei nele me sustentando no ar apenas pelas pernas enquanto eu girava e caminhava no ar, em um movimento rápido fui até o topo do pole o abracei apenas com as pernas e desci girando em direção ao chão intercalando a sustentação entre as pernas e mãos para dar um efeito de cambalhota no ar, em seguida fiz uma espécie de bandeira me segurando pelas mãos e abrindo um espacate no ar colocando a ponta do pé no pole, desci em um movimento rápido abraçando o pole com a perna e dando uma estrela enquanto segurava com a mão mais para baixo.
Finalizei a dança caminhando em direção ao meu roupão que ironicamente estava na frente do , ele estava novamente na pose de bad boy analisando a dança de braços cruzados me olhando. Eu sabia que ainda havia mais tempo de música mas como eu não havia treinado o suficiente antes preferi parar logo após o segundo refrão, as luzes do palco se apagaram enquanto eu pegava o roupão e o olhava ao mesmo tempo, me vesti e pude sentir a mão do Gustavo em meu ombro para me acompanhar até o camarim.
- Parabéns , foi uma apresentação incrível.
- Obrigada, eu nem tinha planejado tanto que tive que parar na metade né. – Soltei meu cabelo e virei de frente para o segurança. – E ai, como foi com a plateia?
- Bom, tirando o moço que você havia comentado, deu tudo certo.
- O que ele fez?
- Não gostou muito quando você falou para ele voltar ao lugar dele, insistiu para ficar ali no palco.
- Imaginei que seria essa a reação dele.
- Vou te deixar sozinha para se vestir.
- Obrigada pela ajuda Gu.
- Imagina, precisando é só chamar.
Ele saiu e assim que fechou a porta fui trocar de roupa, quando finalmente vesti de volta minha calça jeans e minha camiseta regata preta me joguei na chaise roxa que havia no canto do camarim. Eu estava realmente exausta, dançar sem ter me programado era muito mais cansativo até porque eu não havia feito aquecimento nenhum antes dessa apresentação, mas aqueles olhos não saem da minha mente, fazia tempo que eu não o encontrava e ficava com seu olhar marcado na mente.
- Com licença dona ... – O Gustavo abriu um pouco a porta. – Tem um rapaz aqui querendo cumprimentar a dançarina.
- Quem é?
- Falou que se chama .
- Pode deixar entrar.
- Ok. – O Gustavo saiu e logo o estava passando pela porta branca.
- Então resolveu vir até aqui? – Perguntei apontando para a cadeira ao meu lado. – Pode sentar se quiser.
- Obrigado, sim vim até aqui para saber duas coisas. – Ele se sentou na cadeira e me encarou. – Por que não terminou a música e por que me escolheu para subir no palco?
- Bom, não terminei a música pois a minha apresentação acabou sendo de última hora. – Suspirei enquanto me sentava de frente para ele. – Era para a Diana se apresentar hoje, não eu, mas ela machucou o pé então me apresentei no lugar dela, fora que para essa música eu normalmente faço uma produção maior no palco, tenho que ter uns dois postes de pole dance a uma distância razoável entre um e outro.
- Dois?
- Sim, eu uso dois postes, que que tem?
- Nada, nunca vi uma apresentação assim.
- Acho que alguém aqui não vai em muitas apresentações pelo jeito. – Me levantei e fui em direção ao frigobar sentindo o olhar dele me acompanhando. – Quer alguma coisa?
- Aceito uma cerveja.
- Aqui. – Entreguei uma para ele enquanto eu abria a minha e voltava a me sentar na chaise.
- Ainda não me respondeu a outra pergunta...
- Sobre por que você? Bom, principalmente porque te conheço, não preciso ter o receio do que iria fazer comigo, sei que você iria fazer o que eu te pedisse por mais que seu corpo dissesse para fazer outra coisa.
- Ficou tão na cara assim?
- , te conheço há anos já... – Parei olhando para o chão me lembrando de certas memórias que eu tinha com ele.
- Está pensando no nosso passado ?
- Oi? – Balancei a cabeça e olhei para ele que estava com um sorriso malicioso no rosto, ele se levantou e se sentou ao meu lado.
- Sabe, eu sinto tanto a sua falta.
- sabemos que nós dois juntos não funcionamos.
- Não tentamos de novo, a última vez tínhamos vinte anos, temos trinta agora ... – Ele acariciou minha nuca de leve e pude sentir cada músculo do meu corpo querendo me entregar a ele.
- Não. – Me levantei bruscamente parando de pé em frente a ele. – Não é assim que as coisas funcionam !
- Assim como ? – Ele apoiou suas mãos uma de cada lado da minha cintura e se levantou enquanto elas faziam o contorno do meu corpo parando em minhas costas, ele me puxou levemente em direção a ele me abraçando enquanto uma mão estava em minhas costas me puxando para ele a outra estava em minha nuca puxando levemente meu cabelo.
- Você sabe dos meus pontos fracos, isso não é justo. – Falei com a voz falhada.
- ? – O Gustavo bateu na porta fazendo com que o se sentasse novamente. – Estão precisando de você no bar. – Ele falou abrindo a porta.
- Ok, já vou, obrigada Gu. – Me levantei e acariciei o rosto dele apoiando meu dedo em seu queixo. – Você sabe tanto quanto eu , as coisas infelizmente não acontecem como queremos.
Me virei e comecei a caminhar em direção a porta, eu estava somente a dois passos de sair do lugar quando ele me puxou pela cintura parando a milímetros de me beijar, senti minhas pernas trêmulas e percebi que havia colocado outro salto que provavelmente não iria disfarçar a situação.
- Éramos crianças , hoje nós mudamos mas se você quer ficar nesse jogo então se prepara para jogar. – Ele falou calmamente enquanto me encarava.
- Jogo? Meu amor eu não estou jogando, é apenas a realidade. – Arqueei uma sobrancelha me aproximando mais dele enquanto apertava sua nuca levemente, senti o arrepio tomar conta dele enquanto me aproximava de sua orelha. – Assim como você conhece meus pontos fracos também conheço os seus , me encontra aqui nesse camarim as onze da noite.
Sai do camarim indo em direção ao bar. Aquela sensação de que algo estava faltando era imensa dentro de mim, eu sabia que meu corpo desejava voltar correndo aos braços dele e me entregar novamente, ele realmente sempre foi o amor da minha vida, mas acontece que nem tudo é do jeito que queremos não é mesmo?
Cheguei no bar e me deparei com uma cena lamentável de dois homens brigando pelo que parecia ser a única garrafa de whisky existente no universo, peguei a garrafa da bancada e instantaneamente os dois pararam de brigar e me encararam.
- Quem você acha que é para chegar já tirando a nossa bebida?
- Prazer, sou a , proprietária do local, peço por gentileza que os rapazes se retirem do recinto e se querem armar o escarcéu, que armem lá fora.
- Mas eu conheço o dono daqui.
- Hm, é mesmo querido?
- Claro! Vim a convite dele!
- E cadê ele? – Falei irônica olhando ao redor. – Que eu saiba o MoonNight é meu, nem sócio eu tenho.
- Tá ali olha. – Ele apontou para o canto do bar onde havia um rapaz sentado vestindo uma jaqueta de couro, revirei os olhos enquanto caminhava até ele.
- Espero não estar interrompendo.
- Pois não? – Ele me analisou de cima abaixo. – Ah, é a moça do pole dance, toma aqui uma caixinha. – Ele esticou um bolo de notas de cem dólares.
- Não quero e não preciso do seu dinheiro imundo J.B. Preciso que você suma de vez da minha vida. – Empurrei a mão dele e apoiei na mesa o encarando séria. – Saia daqui por vontade própria ou eu peço para te tirarem.
- Ah claro, agora tá achando que manda.
- Puta que pariu J.B. VAI EMBORA!!!
- Está tudo bem ? – O apareceu atrás de mim.
- Sinceramente não, o babaca do J.B. não quer ir embora.
- Ora ora, quem é vivo sempre aparece não é mesmo? – O J.B. se levantou inflando o peito e encarando o , os dois tinham uma briga antiga por conta de suas famílias. – O que está fazendo aqui Sanders?
- Eu ia te perguntar o mesmo, vim visitar minha amiga. – O mediu ele de cima abaixo. – Pelo jeito quem está dando problemas aqui é você novamente não é mesmo? Vamos, ela te pediu para sair J.B.
- Saio se quiser, o lugar é meu.
- JOHN BENNET VOCÊ NÃO TEM DIREITO A NADA AQUI DENTRO. – Berrei perdendo totalmente a paciência. – Eu construí esse lugar sozinha, a única coisa que você sempre soube fazer era beber e querer brigar comigo então faça-me o favor e saia logo daqui!
- Me obrigue – Ele me segurou pelo braço olhando no fundo dos meus olhos.
- Tire suas mãos imundas dela! – O empurrou o John que deu dois passos cambaleantes para trás. – Vamos vai embora.
- GUSTAVO! – Berrei procurando o segurança.
- Pois não dona ?
- Tira esse sujeito imundo daqui.
- Com todo prazer! – O Gustavo pegou o J.B. pelo braço e o arrastou para fora.
- , você está bem?
- Sim, obrigada .
Voltei ao bar e peguei a garrafa de whisky servindo duas doses, uma para mim e uma para o , me sentei nos bancos altos com estofado roxo e suspirei enquanto encarava o copo em minhas mãos. Onde raios eu estava com a cabeça quando casei com aquele louco do John, balancei a cabeça e voltei a analisar o MoonNight, lugar que eu construí com muito trabalho, não foi fácil conseguir abrir este lugar logo que me separei ainda mais com o John no meu pé achando que tinha algum direito a isso aqui, até advogado ele colocou no meio e isso me fez conseguir mais dinheiro ainda dele.
- , onde você estava com a cabeça quando se relacionou com ele?
- Olha , eu também queria saber...
- Tá, vou te perguntar diferente, por que escolheu casar com ele?
- Acho que os motivos reais você não precisa saber.
- Por que? – Ele me encarou confuso, foi então que notei que não havia mais uma aliança em seu dedo.
- Se separou?
- Sim, com o passar dos anos descobri que ela não era a pessoa certa para estar ao meu lado.
- Hm...
- Espera ai. – Ele me encarou e eu senti meu rosto queimar. – Você se casou com o J.B. por birra?
- Birra não .
- Chame como quiser, mas foi só por que eu havia me casado com a ?
- Escolhas foram feitas no passado, honey, algumas nem tão boas quanto outras.
Ele deu risada e me ofereceu uma cerveja que prontamente aceitei, minha mente estava a mil pensando novamente no passado, em como eu gostaria de ter ficado com o ao invés do J.B. mas nós juntos não iríamos dar certo. Eu estava tão brava que decidi que iria dançar, fui até o Gustavo, o avisei que iria voltar ao pole para que ele me desse proteção, vesti um collant preto e um salto quinze preto de vinil, pedi para que colocassem Scream novamente e fui em direção ao palco e comecei a dançar novamente.
Dessa vez eu decidi que seria a dança original, afinal ela foi criada com o intuito de me desestressar, eu caminhei em direção ao pole durante os gritos e com um impulso rodei no ar ao redor dele me segurando apenas com a mão direita, escalei o pole ficando no topo dele cruzando as pernas para ter firmeza e me deitando no ar enquanto abria os braços me deixei escorregar de ponta cabeça terminando o movimento com um espécie de estrela.
Olhei rapidamente para o que estava novamente de braços cruzados me observando, sorri de canto e voltei a atenção ao pole em um movimento rápido fui novamente para o topo dele e parei abrindo um espacate no ar enquanto me segurava pelas mãos e me mantinha reta, em um movimento rápido eu parei sentada no chão, como dessa vez havia outro pole eu corri em direção a ele subindo também e na parte do último refrão da música eu comecei a intercalar entre os dois poles inclusive saltando de um para o outro.
Quando a música acabou parei ofegante de joelhos entre os dois poles e ouvi os aplausos tomando conta do local, agradeci e fui em direção ao camarim. Dançar fazia minha alma melhorar e toda a raiva que eu estava ir embora, eu tinha a sensação de que tinha brigado com ele horrores sendo que na verdade eu apenas dancei.
Entrei no camarim fechando a porta em seguida, me joguei na chaise e dei risada comigo mesma lembrando do perguntando sobre o J.B. eu estava bem cansada mas com a sensação de que havia sido uma ótima apresentação, abri uma cerveja gelada e dei um gole foi quando o bateu na porta.
- Entra. – Falei sem me mover da chaise.
- ? – Ele abriu a porta e caminhou até mim. – Você está bem?
- Por que não estaria?
- J.B.
- Ele que se foda.
- Ok, você está bem. – Ele deu risada e se sentou na cadeira ao meu lado. – Que apresentação incrível!
- Obrigada. – Senti meu rosto corar e voltei a atenção para a cerveja em minha mão. – Se quiser uma pode pegar ali no frigobar.
Ele agradeceu enquanto caminhava até o frigobar para pegar a cerveja, eu aproveitei a cena para o analisar de cima abaixo ele estava vestindo uma camisa cavada nas laterais e uma bermuda jeans escura a roupa típica que ele usava no dia a dia, enquanto eu o analisava minha mente relembrou nossos momentos íntimos e pude sentir meu rosto corar enquanto tentava afastar os pensamentos, ele voltou tirando a camiseta, qual era a necessidade daquilo não sei também, deixando o peitoral tatuado a mostra.
- Espero que não se importe, afinal, não tem nada aqui que você nunca tenha visto.
- Fique à vontade , ou prefere que te chame de ?
- Você decide... – Notei o rosto dele corando. – Aqui dentro só está bem quente.
- Isso vou ter que concordar, o ar condicionado quebrou então a única solução é o ventilador que nem é tão forte assim.
- , eu tenho um convite para te fazer.
- Convite?
- Sim, eu gostaria que você se apresentasse no meu próximo show.
- isso não vai prestar.
- Claro que vai.
- Não, não vai já que eu tenho uma dança para cada música sua. – Admiti sentindo borboletas no meu estômago. – Cada uma delas tem uma coreografia diferente.
- Por que nunca me contou?
- Ah me poupe , é óbvio o motivo de nunca ter te contado, você estava sempre ocupado demais com a dondoca lá, nós até perdemos contato ou você esqueceu disso? – Me levantei e fui em direção ao frigobar, me abaixei para pegar a cerveja e senti o calor de sua mão próxima da minha cintura e me virei para ele em um movimento rápido. – Sabemos onde isso iria parar. – O olhei séria.
- E você não iria gostar? – Ele passou a mão pela minha cintura e me puxou para perto dele.
- Nunca neguei que iria gostar. – Sussurrei ao pé do ouvido dele e depositei um beijo na base de seu pescoço vendo o arrepio tomando conta dele. – Mas sabemos das consequências, se você não ligar para elas...
- Já te falei, eu estou solteiro, não devo satisfações para ninguém. – Ele apertou levemente minha cintura enquanto a outra mão puxava minha coxa para cima.
- ... – Sussurrei me soltando de seus braços. – Você vai me iludir e vai correr, não quero isso, eu cansei dessa brincadeira.
- Nós podemos apenas curtir.
- Sabe que não é assim que funciona, anos atrás nós fomos nessa teoria e nos apaixonamos, porém nós dois não podemos ficar juntos, somos como lados opostos de um imã, não tem como. – Me sentei na chaise novamente.
- Nós éramos assim, não sabemos se somos assim agora. – Ele apoiou uma mão na altura do meu ombro se abaixando para ficar mais próximo. Dei um gole na cerveja enquanto o encarava e arqueava uma sobrancelha, ele mais que ninguém sabia que isso era um sinal de challange accept, pegou a cerveja da minha mão e a apoiou em uma mesa próxima à cabeceira.
Ele me puxou para seu colo em um movimento rápido selando nossos lábios no caminho me segurando pela cintura firmemente, suas mãos percorreram cada milímetro de meu corpo enquanto ele beijava meu pescoço descendo até meus seios que ainda estavam cobertos pelo collant, nesse momento foi quando me dei conta da vontade e da saudade que eu estava dele, eu o empurrei fazendo ele se deitar na chaise e comecei a depositar beijos em seu pescoço e peitoral, pude notar o leve sorriso de canto que estava em seu rosto, quando cheguei no cós da bermuda passei os dedos de leve fazendo o desenho do cós e notei o arrepio tomando conta dele e o volume debaixo da bermuda, soltei o botão e abaixei lentamente o zíper tirando o jeans e o jogando para o lado, coloquei a mão sobre o volume ainda debaixo da cueca preta da Calvin Klein e ouvi a respiração dele ficar mais intensa. Ele se levantou me puxando para cima dele e me beijou intensamente, naquele beijo eu me entreguei de vez para ele, enquanto ele mantinha nossos lábios selados ele tirou com uma certa dificuldade o collant preto que eu estava usando e sua cueca, suas mãos seguraram firmemente minha cintura quando ele me puxou para cima dele e pude sentir o finalmente o prazer que eu tanto queria.
Admito que procurei aquele nível de prazer em outras pessoas durante muito tempo mas só ele conseguia fazer aquilo comigo, quando ele estava prestes a terminar, ou eu achava que estava, ele mudou a posição me fazendo ficar apoiada na chaise e me sustentando pelos pés ainda com saltos no chão, já trêmulas naquele ponto, naquela posição nós dois gozamos juntos, nós nos deitamos na chaise ainda ofegantes, me aninhei em seu peitoral e comecei a fazer o contorno de suas tatuagens com o dedo.
- Para quem estava falando que não dava certo... – Ele deu risada enquanto mexia em meu cabelo.
- Falei que não dá certo ficarmos juntos, o sexo é incrível.
- Hm... – Ele se ajeitou e me encarou, pude ver cada detalhe de seus olhos que pareciam estar cansados.
- Que foi? – Contornei com o dedo seu maxilar apoiando o dedão no queixo. – Você parece estar cansado.
- Disso não mas de muitas outras coisas sim. – Ele encarou o teto por alguns instantes.
- Fiquei sabendo que você teve filhos.
- Sim, dois.
- Hm... – Dei risada. – É, não era para ficarmos juntos mesmo.
- Por que?
- Bom, você sempre quis filhos, uma casa e uma família, eu não sou assim .
- Não dá para sabermos como seria...
- Enfim, preciso voltar para o bar. – Me levantei da chaise sentindo meu corpo desejando um segundo round ali.
- Tem certeza que precisa? – Ele passou a mão pela minha perna.
- ... – Falei com a voz falha. – Você sabe que se depender de nós dois ficamos aqui até amanhã. – Retirei a mão dele de perto de mim. – Você pode dormir na minha casa se quiser.
- Idéia interessante.
- Saio daqui as quatro da manhã.
- Fico até fechar para irmos juntos.
Sorri para ele concordando e fui me vestir, coloquei novamente uma calça jeans e uma blusa preta, caminhei em direção ao bar sentindo cada músculo do meu corpo querendo voltar para onde eu estava momentos atrás. O restante da noite foi bem tranquilo já que o J.B. não deu as caras por lá novamente e nem os amigos dele, quando chegou finalmente o momento de fechar tudo pude ver o sentado no canto apenas me esperando.
- , ainda tem um cliente ali. – A Kali falou apontando para o .
- Não é cliente não, ele está me esperando Kali. – Senti meu rosto queimar.
- É ele que você conta todas as histórias?
- As histórias de quando eu era mais nova? De um tal de que tem meu coração até hoje?
- Isso.
- Sim, ele mesmo.
- Olha, vocês deviam ficar juntos.
- Pena que não é tão simples assim Kali.
- Você tem o dom de complicar as coisas , deixa rolar e vê no que dá.
- Vou seguir seu conselho, vai que né.
Terminei de fechar o caixa, apagar as luzes e assim que comecei a caminhar em direção a porta o me seguiu, fomos de moto juntos para a minha casa que ficava a menos de um quarteirão dali, quando abri o bar decidi por um lugar próximo de casa justamente por que se precisar estarei do lado.
Mal entramos na minha casa e ele me empurrou para a parede segurando firmemente minhas mãos acima da minha cabeça, ouvi ele sussurrar algo como “Essa noite você será minha novamente.” E a sensação que tomou conta de mim foi um misto de prazer com ansiedade pelo que estava por vir, ele selou nossos lábios dando início a um beijo bem intenso, eu o guiei até o quarto onde eu mantinha fechado pois não seria algo que qualquer um iria gostar de ver, assim que entramos pude ver os olhos dele se deliciarem com a visão de tantas cordas, mordaças e algemas.
- Eu não sabia que você gostava disso .
- Nunca neguei que gostava, pelo jeito alguém também quer se divertir. – O observei sorrindo maliciosamente enquanto analisava cada coisa.
Eu o beijei arranhando levemente suas costas e o guiando até a cama onde o deitei e prendi suas mãos e pés nas algemas presas na cama, coloquei uma venda em seus olhos para poder aflorar mais as sensações e comecei a distribuir beijos pelo seu peitoral, me sentei em cima de seu quadril e peguei uma pluma branca, comecei a passar levemente pela barriga, peitoral e braços enquanto eu o pressionava levemente com meu peso.
Subi os dedos encostando levemente no seu peitoral e soltei as algemas em um movimento de rápido ele me deitou na cama me algemando em seguida, senti seus beijos descendo pelo meu peito e minha barriga me fazendo chegar ao meu ápice mais rápido que o esperado, assim que ele notou me soltou e em seguida me prendeu meio suspensa nas barras de ferro que haviam na parede me deixando apenas com os pés livres apoiados no chão, naquela posição ele fez literalmente o que queria comigo chegando ao seu ápice em pouco tempo.
Fomos até o banheiro tomar um bom banho após aquilo tudo e sinceramente só de olhar para ele eu sentia meu rosto queimar, depois do banho vesti meu roupão de cetim vermelho e fui para o meu quarto, em pouco tempo ele entrou no quarto vestindo apenas a cueca preta.
- eu não sabia desse seu lado. – Ele falou se deitando na cama.
- Acho que tem muita coisa que você não sabe .
- Você já gostava disso quando nós tivemos algo lá no passado?
- Sim, era meu segredo, eu tinha uma certa vergonha de sentir prazer em ser amarrada, mas não fazia idéia de que você gostava também.
- Nunca neguei que gostasse de coisas diferentes. – Ele me olhou enquanto se ajeitava na cama. – Sabe, acho que descobri o motivo de não darmos certo no passado, eu achava que você era uma bonequinha de cristal, não imaginava que poderia fazer essas coisas mais brutas com você.
- Bom, também nunca tentou. – Dei de ombros me deitando ao lado dele. – Eu também não achava que você gostava disso . – Falei depositando um beijo em seu pescoço. – Talvez se soubéssemos desse lado um do outro as coisas teriam sido diferentes...
- É, talvez...
Eu o olhei e ele já estava dormindo, sorri com a cena e fui até a cozinha para tomar um copo de água, coloquei o copo vazio na pia e ouvi um barulho estranho no quintal e corri para olhar pela janela, eu devia ter imaginado que seria o J.B. ascendia a luz externa e sai pela porta o fazendo pular.
- O que você quer aqui? – Abri bruscamente a porta.
- Vim ver se meu antigo cortador de grama está aqui. – Ele estava nitidamente embriagado.
- Não está, você levou para a casa da sua mãe quando saiu daqui. – Senti o vento gelado entrando pelo roupão, me arrependi de ter aberto a porta e só me encolhi tentando manter o mínimo de calor dentro do roupão. – Vai sai daqui logo.
- O que foi? Está com medo de mim?
- Jamais. Só estou com frio. – Falei em tom seco. – Vai J.B. não tenho a madrugada toda.
- Ora ora, a está com medo do que o ex pode fazer para ela. – Ele se aproximou de mim e como método de defesa dei um passo para trás.
- ANDA J.B. SAI LOGO DAQUI SE NÃO CHAMO A POLÍCIA. – Tentei me manter firme mas o frio estava bem intenso me fazendo me encolher novamente.
- Ninguém vai te ouvir gritar a essa hora não, , você pode fazer o que quiser mas sou mais forte que você e sei que está sozinha.
- É aí que você se engana John. - A voz rouca e familiar soou atrás de mim e a sensação de conforto e segurança tomaram conta de mim.
- Mas é claro que o estaria aqui, afinal, não te vi sair do bar. – Pude ver faíscas nos olhos dele e dessa vez sim me encolhi de medo, medo de passar tudo o que já havia passado na mão dele antigamente.
- Relaxa . – O passou a mão quente pela minha cintura. – Ele não fará nada com você. Anda J.B. você não é bem vindo aqui.
- Já estou indo. – Ele bufou e caminhou em direção a cerca que pulou com muita facilidade.
- Você está bem?
- Sim, obrigada . – Falei entrando e me sentando em frente a lareira.
- ... – O se sentou ao meu lado. – O que aconteceu no passado para você ter medo dele?
- Muitas coisas aconteceram, eu cheguei a engravidar mas ele me batia , isso fez com que eu perdesse o bebê, sabe aquela sala que usamos hoje? Pois ele descobriu da existência dela e digamos que não fez nada parecer legal, nós tínhamos nossa palavra de segurança mas ele não a obedecia, era sempre “mais um pouco” ou então “estou quase indo” desde que terminei com ele nunca mais usei a sala, apenas a abria para limpeza. – Dei de ombros. – Depois de alguns anos nisso eu criei coragem e o expulsei daqui.
- Eu sinto muito por você ter passado por isso .
- A culpa não é sua. – Sorri meio sem jeito. – Sabe, já que estou aqui falando tudo, desde que terminei com ele eu não havia saído com ninguém.
- Não acredito. – Ele me olhou chocado. – Quanto tempo...
- Que eu terminei? Cinco anos.
- Meu deus ! Ninguém merece ficar sem afeto todo esse tempo.
Eu sorri e dei de ombros, ele apenas me abraçou e eu me aconcheguei naquele abraço, ali na frente da lareira, naquele tapete vinho felpudo nós acabamos dormindo, parecíamos dois adolescentes novamente e aquela cena certamente vai ficar marcada na minha mente. No dia seguinte acordamos com o sol entrando pela janela acordei antes dele e fui direto para a cozinha fazer um café, quando estava tudo pronto ele apareceu na porta da cozinha.
- Bom dia.
- Bom dia.
- Sabe , eu estava pensando, você se incomodaria de eu vir morar aqui?
- Oi? – Derrubei o garfo no chão com a pergunta.
- É que não queria ficar incomodando o por mais tempo ainda mais porque a esposa dele é irmã da minha ex. – Ele falou sem jeito. – Como a sua casa é grande eu pensei...
- Ah tá, nesse caso pode sim. – Falei aliviada. – Tem um quarto que dá para deixar para seus filhos e tem um quarto a mais lá do lado do meu, quando traz suas coisas?
- O que você pensou? Achou que eu estava falando de ficarmos juntos e morarmos juntos tipo um casal? – Ele deu risada. – Olha, não que eu não queira mas concordo que é muito rápido.
- Sinceramente foi a primeira coisa que passou na minha cabeça, que bom que pensamos igual. – Dei risada junto com ele. – Enfim, tem uma picape na garagem, se precisar usar fique à vontade.
- Obrigada . – Ele sorriu e me abraçou depositando um beijo estalado na minha bochecha.
- Vai ser bom mais alguém aqui nessa casa, eu estive até pensando em me mudar para um apartamento, aqui é muito grande só para mim, agora vai ser ótimo. – Senti meu rosto corar com os pensamentos que invadiram minha mente, “Como ele vai estar aqui, quem sabe podemos fazer algo a mais alguns dias...”
- Como você é podre , sei bem o que pensou. – Ele deu risada. – Mas não posso negar que isso passou pela minha cabeça também. – Ele me puxou para um beijo lento e delicado, completamente o oposto da noite anterior, terminou o beijo com um selinho demorado e em seguida me olhou. – Não vou apressar nada mas não posso garantir que nada irá acontecer entre nós, mesmo que uma amizade colorida.
- Hm, tá aí, gostei desse nome. – Dei risada selando nossos lábios novamente.
- Bom, vou buscar minhas coisas na casa do , até mais tarde, qualquer coisa me liga. – Ele beijou minha testa e saiu.
Daquele momento em diante minha vida mudou, mas posso dizer que mudou para melhor, o e eu não temos nada sério inclusive ele sai em suas turnês e sei que fica com várias fãs assim como eu saio com outros caras, quando retorna nós temos nossos momentos juntos.
Atualmente de um ano para cá estamos caminhando para o que parece ser um relacionamento sério e honestamente isso me assusta um pouco por ser ele, porque já tentamos isso no passado mas como ele diz “Nós mudamos e somos outras pessoas hoje em dia.” O J.B. desde que o começou a morar aqui nunca mais me incomodou, nem mesmo no bar ele tem um certo medo do e eu acho isso ótimo assim realmente fica longe de mim.
- ?
- Oi ! Estou na cozinha. – Berrei enquanto me atrapalhava com o glacê do bolo. – Mas não vem aqui não, tenho uma surpresa para você. – Falei em vão pois ele já estava entrando na cozinha.
- O que é isso?
- Um bolo ué. – Falei óbvia. – Vem ler.
- Espera... – Ele leu as palavra escritas tortas no bolo “Welcome home my love.”
- O que foi?
- Eu comprei algo para você. – Ele pegou da mochila uma caixa vermelha grande e me entregou.
- Ai , já te falei que não precisa. – Abri empolgada a caixa e notei que ele me observava com um sorriso tranquilo no rosto, dentro da caixa estava um moletom da banda e uma pequena caixa preta, eu a peguei e olhei confusa para ele.
- Vai, abre. – Ele sorriu vitorioso quando notou minha confusão.
- ... – Abri me deparando com um colar e um cartão, no cartão estava escrito “Para o amor da minha vida.” Senti meu rosto corar com o cartão e olhei o colar, nele havia o desenho de um nó cego em ouro.
- Esse colar significa nós dois, nossos segredos e nossas histórias, por mais que nós tentamos ficar longe um do outro, o destino nos uniu novamente. – Ele colocou ao redor de meu pescoço. – , você significa muito para mim.
- , você significa muito para mim também, eu não achei que fossemos dar certo mas você me provou que eu estava errada. – Ele sorriu e selou nossos lábios.
- I love you baby.
- Love you too honey.
- O que vai escolher hoje? – Perguntei chamando atenção dele que me analisou de cima abaixo com um olhar de desejo.
- Bom, são cinco cervejas, você poderia levar para mim ali naquela mesa? – Ele apontou para onde os amigos estavam.
- Sim pode deixar que eu levo.
Me virei já pegando as cervejas e ajeitando elas em uma bandeja para levar até eles ainda sentindo o olhar dele em minha nuca, apesar de eu ter um desejo incontrolável por aquele homem eu tinha que me conter pelo menos em meu horário de trabalho, caminhei lentamente até eles tentando me manter firme e coloquei as cervejas em frente de cada um. Naquela noite iria ter uma apresentação no pole dance com uma das melhores dançarinas que já vi, a Diana mas ela aparentemente estava atrasada e eu preferi mandar uma mensagem para ela só para saber se estava tudo bem.
“Diana, você vai se apresentar no MoonNight hoje, não se esquece”
“Ai , temos um problema muito grande.”
“O que aconteceu?”
“Torci meu tornozelo, não consigo andar, o Thom está me levando ao hospital, teria como alguém se apresentar no meu lugar?”
“Meu deus! Melhoras, pode deixar que eu me viro aqui.”
“Obrigada !”
Suspirei pesadamente enquanto tentava pensar em alguma solução que não me envolvesse, por mais que eu fizesse apresentações ali com uma certa frequência naquela noite era tudo que eu não queria. O cara que eu sou apaixonada desde a adolescência estava ali a apenas alguns metros de mim e correspondendo aos meus olhares, o que me deixava confusa e com certo receio de me apresentar naquela noite mas não tinha muita alternativa então fui me vestir para a apresentação, no camarim encontrei o Gustavo, segurança da casa.
- Boa noite dona !
- Boa noite Gustavo! Já te falei que é para me chamar só de . – Sorri para ele.
- Está certo, , você é quem fará apresentação essa noite?
- Sim, a Diana se machucou e eu irei substitui-la hoje.
- Que honra dos convidados dessa noite, a dona do local fazer uma apresentação inesperada.
- Nem me fale, estou tão nervosa Gu.
- Por que?
- Bom... Vou precisar que você fique por perto, sabe como são minhas apresentações. – Suspirei pesadamente enquanto o olhava. – Essa noite tem um rapaz o qual sou apaixonada, vou precisar do seu auxílio para manter o foco.
- Com certeza estarei lá!
Entrei no camarim e logo me encostei na parede gelada respirando fundo enquanto planejava mentalmente como seria minha apresentação, normalmente eu cobrava uma entrada maior nos dias em que iria me apresentar mas como dessa vez foi um imprevisto não aconteceu isso. Terminei de meu collant preto com um decote até a altura do umbigo e a bota com salto quinze preta de camurça com glitter que ia até o joelho, a música que eu sabia que poderia usar naquela noite era da banda dele mas como era minha melhor coreografia e a única que chegaria próximo do que a Diana havia programado para apresentar decidi que seria ela mesma.
Eu respirava fundo a cada passo que dava em direção ao palco pensando em como seria aquela apresentação, ouvi a Thay anunciando o início da apresentação e assim que escutei os passos dela indo para longe do palco sai das cortinas vermelhas de camurça, logo a luz se ascendeu focando no pole no meio do palco, acenei para começarem a música e logo no primeiro berro eu corri em direção ao pole já indo parar lá em cima, como são três gritos no segundo eu comecei a descer o pole girando razoavelmente rápido me mantendo firme apenas pelas pernas.
(Pego nessa loucura, cego demais para ver)
Woke animal feelings in me
(Despertou sentimentos animais em mim)
Comecei minha dança notando as pessoas se aproximando mais do palco, entre elas ele estava lá, apenas observando de braços cruzados, naquela pose de bad boy que a maioria das garotas cairiam aos seus pés, me concentrei novamente na apresentação e voltei a subir no pole parando esticada no ar com as mãos livres sendo sustentada apenas pelas pernas entrelaçadas, me curvei para apoiar as mãos na base do pole e dei uma pequena estrela enquanto descia.
(Dominou meus sentidos e eu perdi o controle)
I’ll taste your blood tonight
(Eu provarei do seu sangue esta noite)
Caminhei até o o puxando para cima do palco enquanto o Gustavo trazia uma cadeira, fiz o se sentar e sussurrei em seu ouvido:
- Não pode encostar. – Sorri maliciosamente.
Vi os pelos de sua nuca arrepiarem enquanto ele apertava os braços da cadeira tentando segurar seus próprios instintos. Me virei e voltei ao pole subindo até o teto com a maior facilidade e em seguida descendo de ponta cabeça e de costas para a platéia dando a sensação para quem estava assistindo que eu iria cair no chão, me segurei quando cheguei próxima o suficiente e dei uma meia estrela parando a milímetros de distância dele, nossos rostos estavam tão próximos que pude sentir sua respiração falhar por conta da proximidade e da apresentação.
(Você sabe que eu farei você querer gritar)
You know I make you wanna run from me, baby
(Você sabe que eu farei você querer fugir de mim, baby)
But know it's too late, you've wasted all your time
(Mas sabe que é tarde demais, você perdeu todo seu tempo)
Vi ele tentando mover a mão e segurei seus punhos contra a cadeira novamente o olhando fixamente, voltei para o pole onde desci girando e me segurando com as mãos enquanto abria um espacate na base do pole e me levantava novamente ficando com o rosto bem próximo do dele, o levantei da cadeira direcionando ele de volta a plateia.
- Pode voltar para lá.
- , você está brincando com fogo.
- Conversamos depois da apresentação. – Pisquei para ele.
(Aproveitando, esses sentimentos prazerosos)
Cover me, unwanted clemency
(Me cubra, indesejada clemência)
Scream till there's silence
(Grite até haver silêncio)
Scream while there's life left, vanishing
(Grite enquanto ainda resta vida, sumindo)
Scream from the pleasure, unmask your desire
(Grite pelo prazer, desmascare seu desejo)
Perishing
(Perecendo)
Corri em direção ao pole e pulei nele me sustentando no ar apenas pelas pernas enquanto eu girava e caminhava no ar, em um movimento rápido fui até o topo do pole o abracei apenas com as pernas e desci girando em direção ao chão intercalando a sustentação entre as pernas e mãos para dar um efeito de cambalhota no ar, em seguida fiz uma espécie de bandeira me segurando pelas mãos e abrindo um espacate no ar colocando a ponta do pé no pole, desci em um movimento rápido abraçando o pole com a perna e dando uma estrela enquanto segurava com a mão mais para baixo.
Finalizei a dança caminhando em direção ao meu roupão que ironicamente estava na frente do , ele estava novamente na pose de bad boy analisando a dança de braços cruzados me olhando. Eu sabia que ainda havia mais tempo de música mas como eu não havia treinado o suficiente antes preferi parar logo após o segundo refrão, as luzes do palco se apagaram enquanto eu pegava o roupão e o olhava ao mesmo tempo, me vesti e pude sentir a mão do Gustavo em meu ombro para me acompanhar até o camarim.
- Parabéns , foi uma apresentação incrível.
- Obrigada, eu nem tinha planejado tanto que tive que parar na metade né. – Soltei meu cabelo e virei de frente para o segurança. – E ai, como foi com a plateia?
- Bom, tirando o moço que você havia comentado, deu tudo certo.
- O que ele fez?
- Não gostou muito quando você falou para ele voltar ao lugar dele, insistiu para ficar ali no palco.
- Imaginei que seria essa a reação dele.
- Vou te deixar sozinha para se vestir.
- Obrigada pela ajuda Gu.
- Imagina, precisando é só chamar.
Ele saiu e assim que fechou a porta fui trocar de roupa, quando finalmente vesti de volta minha calça jeans e minha camiseta regata preta me joguei na chaise roxa que havia no canto do camarim. Eu estava realmente exausta, dançar sem ter me programado era muito mais cansativo até porque eu não havia feito aquecimento nenhum antes dessa apresentação, mas aqueles olhos não saem da minha mente, fazia tempo que eu não o encontrava e ficava com seu olhar marcado na mente.
- Com licença dona ... – O Gustavo abriu um pouco a porta. – Tem um rapaz aqui querendo cumprimentar a dançarina.
- Quem é?
- Falou que se chama .
- Pode deixar entrar.
- Ok. – O Gustavo saiu e logo o estava passando pela porta branca.
- Então resolveu vir até aqui? – Perguntei apontando para a cadeira ao meu lado. – Pode sentar se quiser.
- Obrigado, sim vim até aqui para saber duas coisas. – Ele se sentou na cadeira e me encarou. – Por que não terminou a música e por que me escolheu para subir no palco?
- Bom, não terminei a música pois a minha apresentação acabou sendo de última hora. – Suspirei enquanto me sentava de frente para ele. – Era para a Diana se apresentar hoje, não eu, mas ela machucou o pé então me apresentei no lugar dela, fora que para essa música eu normalmente faço uma produção maior no palco, tenho que ter uns dois postes de pole dance a uma distância razoável entre um e outro.
- Dois?
- Sim, eu uso dois postes, que que tem?
- Nada, nunca vi uma apresentação assim.
- Acho que alguém aqui não vai em muitas apresentações pelo jeito. – Me levantei e fui em direção ao frigobar sentindo o olhar dele me acompanhando. – Quer alguma coisa?
- Aceito uma cerveja.
- Aqui. – Entreguei uma para ele enquanto eu abria a minha e voltava a me sentar na chaise.
- Ainda não me respondeu a outra pergunta...
- Sobre por que você? Bom, principalmente porque te conheço, não preciso ter o receio do que iria fazer comigo, sei que você iria fazer o que eu te pedisse por mais que seu corpo dissesse para fazer outra coisa.
- Ficou tão na cara assim?
- , te conheço há anos já... – Parei olhando para o chão me lembrando de certas memórias que eu tinha com ele.
- Está pensando no nosso passado ?
- Oi? – Balancei a cabeça e olhei para ele que estava com um sorriso malicioso no rosto, ele se levantou e se sentou ao meu lado.
- Sabe, eu sinto tanto a sua falta.
- sabemos que nós dois juntos não funcionamos.
- Não tentamos de novo, a última vez tínhamos vinte anos, temos trinta agora ... – Ele acariciou minha nuca de leve e pude sentir cada músculo do meu corpo querendo me entregar a ele.
- Não. – Me levantei bruscamente parando de pé em frente a ele. – Não é assim que as coisas funcionam !
- Assim como ? – Ele apoiou suas mãos uma de cada lado da minha cintura e se levantou enquanto elas faziam o contorno do meu corpo parando em minhas costas, ele me puxou levemente em direção a ele me abraçando enquanto uma mão estava em minhas costas me puxando para ele a outra estava em minha nuca puxando levemente meu cabelo.
- Você sabe dos meus pontos fracos, isso não é justo. – Falei com a voz falhada.
- ? – O Gustavo bateu na porta fazendo com que o se sentasse novamente. – Estão precisando de você no bar. – Ele falou abrindo a porta.
- Ok, já vou, obrigada Gu. – Me levantei e acariciei o rosto dele apoiando meu dedo em seu queixo. – Você sabe tanto quanto eu , as coisas infelizmente não acontecem como queremos.
Me virei e comecei a caminhar em direção a porta, eu estava somente a dois passos de sair do lugar quando ele me puxou pela cintura parando a milímetros de me beijar, senti minhas pernas trêmulas e percebi que havia colocado outro salto que provavelmente não iria disfarçar a situação.
- Éramos crianças , hoje nós mudamos mas se você quer ficar nesse jogo então se prepara para jogar. – Ele falou calmamente enquanto me encarava.
- Jogo? Meu amor eu não estou jogando, é apenas a realidade. – Arqueei uma sobrancelha me aproximando mais dele enquanto apertava sua nuca levemente, senti o arrepio tomar conta dele enquanto me aproximava de sua orelha. – Assim como você conhece meus pontos fracos também conheço os seus , me encontra aqui nesse camarim as onze da noite.
Sai do camarim indo em direção ao bar. Aquela sensação de que algo estava faltando era imensa dentro de mim, eu sabia que meu corpo desejava voltar correndo aos braços dele e me entregar novamente, ele realmente sempre foi o amor da minha vida, mas acontece que nem tudo é do jeito que queremos não é mesmo?
Cheguei no bar e me deparei com uma cena lamentável de dois homens brigando pelo que parecia ser a única garrafa de whisky existente no universo, peguei a garrafa da bancada e instantaneamente os dois pararam de brigar e me encararam.
- Quem você acha que é para chegar já tirando a nossa bebida?
- Prazer, sou a , proprietária do local, peço por gentileza que os rapazes se retirem do recinto e se querem armar o escarcéu, que armem lá fora.
- Mas eu conheço o dono daqui.
- Hm, é mesmo querido?
- Claro! Vim a convite dele!
- E cadê ele? – Falei irônica olhando ao redor. – Que eu saiba o MoonNight é meu, nem sócio eu tenho.
- Tá ali olha. – Ele apontou para o canto do bar onde havia um rapaz sentado vestindo uma jaqueta de couro, revirei os olhos enquanto caminhava até ele.
- Espero não estar interrompendo.
- Pois não? – Ele me analisou de cima abaixo. – Ah, é a moça do pole dance, toma aqui uma caixinha. – Ele esticou um bolo de notas de cem dólares.
- Não quero e não preciso do seu dinheiro imundo J.B. Preciso que você suma de vez da minha vida. – Empurrei a mão dele e apoiei na mesa o encarando séria. – Saia daqui por vontade própria ou eu peço para te tirarem.
- Ah claro, agora tá achando que manda.
- Puta que pariu J.B. VAI EMBORA!!!
- Está tudo bem ? – O apareceu atrás de mim.
- Sinceramente não, o babaca do J.B. não quer ir embora.
- Ora ora, quem é vivo sempre aparece não é mesmo? – O J.B. se levantou inflando o peito e encarando o , os dois tinham uma briga antiga por conta de suas famílias. – O que está fazendo aqui Sanders?
- Eu ia te perguntar o mesmo, vim visitar minha amiga. – O mediu ele de cima abaixo. – Pelo jeito quem está dando problemas aqui é você novamente não é mesmo? Vamos, ela te pediu para sair J.B.
- Saio se quiser, o lugar é meu.
- JOHN BENNET VOCÊ NÃO TEM DIREITO A NADA AQUI DENTRO. – Berrei perdendo totalmente a paciência. – Eu construí esse lugar sozinha, a única coisa que você sempre soube fazer era beber e querer brigar comigo então faça-me o favor e saia logo daqui!
- Me obrigue – Ele me segurou pelo braço olhando no fundo dos meus olhos.
- Tire suas mãos imundas dela! – O empurrou o John que deu dois passos cambaleantes para trás. – Vamos vai embora.
- GUSTAVO! – Berrei procurando o segurança.
- Pois não dona ?
- Tira esse sujeito imundo daqui.
- Com todo prazer! – O Gustavo pegou o J.B. pelo braço e o arrastou para fora.
- , você está bem?
- Sim, obrigada .
Voltei ao bar e peguei a garrafa de whisky servindo duas doses, uma para mim e uma para o , me sentei nos bancos altos com estofado roxo e suspirei enquanto encarava o copo em minhas mãos. Onde raios eu estava com a cabeça quando casei com aquele louco do John, balancei a cabeça e voltei a analisar o MoonNight, lugar que eu construí com muito trabalho, não foi fácil conseguir abrir este lugar logo que me separei ainda mais com o John no meu pé achando que tinha algum direito a isso aqui, até advogado ele colocou no meio e isso me fez conseguir mais dinheiro ainda dele.
- , onde você estava com a cabeça quando se relacionou com ele?
- Olha , eu também queria saber...
- Tá, vou te perguntar diferente, por que escolheu casar com ele?
- Acho que os motivos reais você não precisa saber.
- Por que? – Ele me encarou confuso, foi então que notei que não havia mais uma aliança em seu dedo.
- Se separou?
- Sim, com o passar dos anos descobri que ela não era a pessoa certa para estar ao meu lado.
- Hm...
- Espera ai. – Ele me encarou e eu senti meu rosto queimar. – Você se casou com o J.B. por birra?
- Birra não .
- Chame como quiser, mas foi só por que eu havia me casado com a ?
- Escolhas foram feitas no passado, honey, algumas nem tão boas quanto outras.
Ele deu risada e me ofereceu uma cerveja que prontamente aceitei, minha mente estava a mil pensando novamente no passado, em como eu gostaria de ter ficado com o ao invés do J.B. mas nós juntos não iríamos dar certo. Eu estava tão brava que decidi que iria dançar, fui até o Gustavo, o avisei que iria voltar ao pole para que ele me desse proteção, vesti um collant preto e um salto quinze preto de vinil, pedi para que colocassem Scream novamente e fui em direção ao palco e comecei a dançar novamente.
Dessa vez eu decidi que seria a dança original, afinal ela foi criada com o intuito de me desestressar, eu caminhei em direção ao pole durante os gritos e com um impulso rodei no ar ao redor dele me segurando apenas com a mão direita, escalei o pole ficando no topo dele cruzando as pernas para ter firmeza e me deitando no ar enquanto abria os braços me deixei escorregar de ponta cabeça terminando o movimento com um espécie de estrela.
Olhei rapidamente para o que estava novamente de braços cruzados me observando, sorri de canto e voltei a atenção ao pole em um movimento rápido fui novamente para o topo dele e parei abrindo um espacate no ar enquanto me segurava pelas mãos e me mantinha reta, em um movimento rápido eu parei sentada no chão, como dessa vez havia outro pole eu corri em direção a ele subindo também e na parte do último refrão da música eu comecei a intercalar entre os dois poles inclusive saltando de um para o outro.
Quando a música acabou parei ofegante de joelhos entre os dois poles e ouvi os aplausos tomando conta do local, agradeci e fui em direção ao camarim. Dançar fazia minha alma melhorar e toda a raiva que eu estava ir embora, eu tinha a sensação de que tinha brigado com ele horrores sendo que na verdade eu apenas dancei.
Entrei no camarim fechando a porta em seguida, me joguei na chaise e dei risada comigo mesma lembrando do perguntando sobre o J.B. eu estava bem cansada mas com a sensação de que havia sido uma ótima apresentação, abri uma cerveja gelada e dei um gole foi quando o bateu na porta.
- Entra. – Falei sem me mover da chaise.
- ? – Ele abriu a porta e caminhou até mim. – Você está bem?
- Por que não estaria?
- J.B.
- Ele que se foda.
- Ok, você está bem. – Ele deu risada e se sentou na cadeira ao meu lado. – Que apresentação incrível!
- Obrigada. – Senti meu rosto corar e voltei a atenção para a cerveja em minha mão. – Se quiser uma pode pegar ali no frigobar.
Ele agradeceu enquanto caminhava até o frigobar para pegar a cerveja, eu aproveitei a cena para o analisar de cima abaixo ele estava vestindo uma camisa cavada nas laterais e uma bermuda jeans escura a roupa típica que ele usava no dia a dia, enquanto eu o analisava minha mente relembrou nossos momentos íntimos e pude sentir meu rosto corar enquanto tentava afastar os pensamentos, ele voltou tirando a camiseta, qual era a necessidade daquilo não sei também, deixando o peitoral tatuado a mostra.
- Espero que não se importe, afinal, não tem nada aqui que você nunca tenha visto.
- Fique à vontade , ou prefere que te chame de ?
- Você decide... – Notei o rosto dele corando. – Aqui dentro só está bem quente.
- Isso vou ter que concordar, o ar condicionado quebrou então a única solução é o ventilador que nem é tão forte assim.
- , eu tenho um convite para te fazer.
- Convite?
- Sim, eu gostaria que você se apresentasse no meu próximo show.
- isso não vai prestar.
- Claro que vai.
- Não, não vai já que eu tenho uma dança para cada música sua. – Admiti sentindo borboletas no meu estômago. – Cada uma delas tem uma coreografia diferente.
- Por que nunca me contou?
- Ah me poupe , é óbvio o motivo de nunca ter te contado, você estava sempre ocupado demais com a dondoca lá, nós até perdemos contato ou você esqueceu disso? – Me levantei e fui em direção ao frigobar, me abaixei para pegar a cerveja e senti o calor de sua mão próxima da minha cintura e me virei para ele em um movimento rápido. – Sabemos onde isso iria parar. – O olhei séria.
- E você não iria gostar? – Ele passou a mão pela minha cintura e me puxou para perto dele.
- Nunca neguei que iria gostar. – Sussurrei ao pé do ouvido dele e depositei um beijo na base de seu pescoço vendo o arrepio tomando conta dele. – Mas sabemos das consequências, se você não ligar para elas...
- Já te falei, eu estou solteiro, não devo satisfações para ninguém. – Ele apertou levemente minha cintura enquanto a outra mão puxava minha coxa para cima.
- ... – Sussurrei me soltando de seus braços. – Você vai me iludir e vai correr, não quero isso, eu cansei dessa brincadeira.
- Nós podemos apenas curtir.
- Sabe que não é assim que funciona, anos atrás nós fomos nessa teoria e nos apaixonamos, porém nós dois não podemos ficar juntos, somos como lados opostos de um imã, não tem como. – Me sentei na chaise novamente.
- Nós éramos assim, não sabemos se somos assim agora. – Ele apoiou uma mão na altura do meu ombro se abaixando para ficar mais próximo. Dei um gole na cerveja enquanto o encarava e arqueava uma sobrancelha, ele mais que ninguém sabia que isso era um sinal de challange accept, pegou a cerveja da minha mão e a apoiou em uma mesa próxima à cabeceira.
Ele me puxou para seu colo em um movimento rápido selando nossos lábios no caminho me segurando pela cintura firmemente, suas mãos percorreram cada milímetro de meu corpo enquanto ele beijava meu pescoço descendo até meus seios que ainda estavam cobertos pelo collant, nesse momento foi quando me dei conta da vontade e da saudade que eu estava dele, eu o empurrei fazendo ele se deitar na chaise e comecei a depositar beijos em seu pescoço e peitoral, pude notar o leve sorriso de canto que estava em seu rosto, quando cheguei no cós da bermuda passei os dedos de leve fazendo o desenho do cós e notei o arrepio tomando conta dele e o volume debaixo da bermuda, soltei o botão e abaixei lentamente o zíper tirando o jeans e o jogando para o lado, coloquei a mão sobre o volume ainda debaixo da cueca preta da Calvin Klein e ouvi a respiração dele ficar mais intensa. Ele se levantou me puxando para cima dele e me beijou intensamente, naquele beijo eu me entreguei de vez para ele, enquanto ele mantinha nossos lábios selados ele tirou com uma certa dificuldade o collant preto que eu estava usando e sua cueca, suas mãos seguraram firmemente minha cintura quando ele me puxou para cima dele e pude sentir o finalmente o prazer que eu tanto queria.
Admito que procurei aquele nível de prazer em outras pessoas durante muito tempo mas só ele conseguia fazer aquilo comigo, quando ele estava prestes a terminar, ou eu achava que estava, ele mudou a posição me fazendo ficar apoiada na chaise e me sustentando pelos pés ainda com saltos no chão, já trêmulas naquele ponto, naquela posição nós dois gozamos juntos, nós nos deitamos na chaise ainda ofegantes, me aninhei em seu peitoral e comecei a fazer o contorno de suas tatuagens com o dedo.
- Para quem estava falando que não dava certo... – Ele deu risada enquanto mexia em meu cabelo.
- Falei que não dá certo ficarmos juntos, o sexo é incrível.
- Hm... – Ele se ajeitou e me encarou, pude ver cada detalhe de seus olhos que pareciam estar cansados.
- Que foi? – Contornei com o dedo seu maxilar apoiando o dedão no queixo. – Você parece estar cansado.
- Disso não mas de muitas outras coisas sim. – Ele encarou o teto por alguns instantes.
- Fiquei sabendo que você teve filhos.
- Sim, dois.
- Hm... – Dei risada. – É, não era para ficarmos juntos mesmo.
- Por que?
- Bom, você sempre quis filhos, uma casa e uma família, eu não sou assim .
- Não dá para sabermos como seria...
- Enfim, preciso voltar para o bar. – Me levantei da chaise sentindo meu corpo desejando um segundo round ali.
- Tem certeza que precisa? – Ele passou a mão pela minha perna.
- ... – Falei com a voz falha. – Você sabe que se depender de nós dois ficamos aqui até amanhã. – Retirei a mão dele de perto de mim. – Você pode dormir na minha casa se quiser.
- Idéia interessante.
- Saio daqui as quatro da manhã.
- Fico até fechar para irmos juntos.
Sorri para ele concordando e fui me vestir, coloquei novamente uma calça jeans e uma blusa preta, caminhei em direção ao bar sentindo cada músculo do meu corpo querendo voltar para onde eu estava momentos atrás. O restante da noite foi bem tranquilo já que o J.B. não deu as caras por lá novamente e nem os amigos dele, quando chegou finalmente o momento de fechar tudo pude ver o sentado no canto apenas me esperando.
- , ainda tem um cliente ali. – A Kali falou apontando para o .
- Não é cliente não, ele está me esperando Kali. – Senti meu rosto queimar.
- É ele que você conta todas as histórias?
- As histórias de quando eu era mais nova? De um tal de que tem meu coração até hoje?
- Isso.
- Sim, ele mesmo.
- Olha, vocês deviam ficar juntos.
- Pena que não é tão simples assim Kali.
- Você tem o dom de complicar as coisas , deixa rolar e vê no que dá.
- Vou seguir seu conselho, vai que né.
Terminei de fechar o caixa, apagar as luzes e assim que comecei a caminhar em direção a porta o me seguiu, fomos de moto juntos para a minha casa que ficava a menos de um quarteirão dali, quando abri o bar decidi por um lugar próximo de casa justamente por que se precisar estarei do lado.
Mal entramos na minha casa e ele me empurrou para a parede segurando firmemente minhas mãos acima da minha cabeça, ouvi ele sussurrar algo como “Essa noite você será minha novamente.” E a sensação que tomou conta de mim foi um misto de prazer com ansiedade pelo que estava por vir, ele selou nossos lábios dando início a um beijo bem intenso, eu o guiei até o quarto onde eu mantinha fechado pois não seria algo que qualquer um iria gostar de ver, assim que entramos pude ver os olhos dele se deliciarem com a visão de tantas cordas, mordaças e algemas.
- Eu não sabia que você gostava disso .
- Nunca neguei que gostava, pelo jeito alguém também quer se divertir. – O observei sorrindo maliciosamente enquanto analisava cada coisa.
Eu o beijei arranhando levemente suas costas e o guiando até a cama onde o deitei e prendi suas mãos e pés nas algemas presas na cama, coloquei uma venda em seus olhos para poder aflorar mais as sensações e comecei a distribuir beijos pelo seu peitoral, me sentei em cima de seu quadril e peguei uma pluma branca, comecei a passar levemente pela barriga, peitoral e braços enquanto eu o pressionava levemente com meu peso.
Subi os dedos encostando levemente no seu peitoral e soltei as algemas em um movimento de rápido ele me deitou na cama me algemando em seguida, senti seus beijos descendo pelo meu peito e minha barriga me fazendo chegar ao meu ápice mais rápido que o esperado, assim que ele notou me soltou e em seguida me prendeu meio suspensa nas barras de ferro que haviam na parede me deixando apenas com os pés livres apoiados no chão, naquela posição ele fez literalmente o que queria comigo chegando ao seu ápice em pouco tempo.
Fomos até o banheiro tomar um bom banho após aquilo tudo e sinceramente só de olhar para ele eu sentia meu rosto queimar, depois do banho vesti meu roupão de cetim vermelho e fui para o meu quarto, em pouco tempo ele entrou no quarto vestindo apenas a cueca preta.
- eu não sabia desse seu lado. – Ele falou se deitando na cama.
- Acho que tem muita coisa que você não sabe .
- Você já gostava disso quando nós tivemos algo lá no passado?
- Sim, era meu segredo, eu tinha uma certa vergonha de sentir prazer em ser amarrada, mas não fazia idéia de que você gostava também.
- Nunca neguei que gostasse de coisas diferentes. – Ele me olhou enquanto se ajeitava na cama. – Sabe, acho que descobri o motivo de não darmos certo no passado, eu achava que você era uma bonequinha de cristal, não imaginava que poderia fazer essas coisas mais brutas com você.
- Bom, também nunca tentou. – Dei de ombros me deitando ao lado dele. – Eu também não achava que você gostava disso . – Falei depositando um beijo em seu pescoço. – Talvez se soubéssemos desse lado um do outro as coisas teriam sido diferentes...
- É, talvez...
Eu o olhei e ele já estava dormindo, sorri com a cena e fui até a cozinha para tomar um copo de água, coloquei o copo vazio na pia e ouvi um barulho estranho no quintal e corri para olhar pela janela, eu devia ter imaginado que seria o J.B. ascendia a luz externa e sai pela porta o fazendo pular.
- O que você quer aqui? – Abri bruscamente a porta.
- Vim ver se meu antigo cortador de grama está aqui. – Ele estava nitidamente embriagado.
- Não está, você levou para a casa da sua mãe quando saiu daqui. – Senti o vento gelado entrando pelo roupão, me arrependi de ter aberto a porta e só me encolhi tentando manter o mínimo de calor dentro do roupão. – Vai sai daqui logo.
- O que foi? Está com medo de mim?
- Jamais. Só estou com frio. – Falei em tom seco. – Vai J.B. não tenho a madrugada toda.
- Ora ora, a está com medo do que o ex pode fazer para ela. – Ele se aproximou de mim e como método de defesa dei um passo para trás.
- ANDA J.B. SAI LOGO DAQUI SE NÃO CHAMO A POLÍCIA. – Tentei me manter firme mas o frio estava bem intenso me fazendo me encolher novamente.
- Ninguém vai te ouvir gritar a essa hora não, , você pode fazer o que quiser mas sou mais forte que você e sei que está sozinha.
- É aí que você se engana John. - A voz rouca e familiar soou atrás de mim e a sensação de conforto e segurança tomaram conta de mim.
- Mas é claro que o estaria aqui, afinal, não te vi sair do bar. – Pude ver faíscas nos olhos dele e dessa vez sim me encolhi de medo, medo de passar tudo o que já havia passado na mão dele antigamente.
- Relaxa . – O passou a mão quente pela minha cintura. – Ele não fará nada com você. Anda J.B. você não é bem vindo aqui.
- Já estou indo. – Ele bufou e caminhou em direção a cerca que pulou com muita facilidade.
- Você está bem?
- Sim, obrigada . – Falei entrando e me sentando em frente a lareira.
- ... – O se sentou ao meu lado. – O que aconteceu no passado para você ter medo dele?
- Muitas coisas aconteceram, eu cheguei a engravidar mas ele me batia , isso fez com que eu perdesse o bebê, sabe aquela sala que usamos hoje? Pois ele descobriu da existência dela e digamos que não fez nada parecer legal, nós tínhamos nossa palavra de segurança mas ele não a obedecia, era sempre “mais um pouco” ou então “estou quase indo” desde que terminei com ele nunca mais usei a sala, apenas a abria para limpeza. – Dei de ombros. – Depois de alguns anos nisso eu criei coragem e o expulsei daqui.
- Eu sinto muito por você ter passado por isso .
- A culpa não é sua. – Sorri meio sem jeito. – Sabe, já que estou aqui falando tudo, desde que terminei com ele eu não havia saído com ninguém.
- Não acredito. – Ele me olhou chocado. – Quanto tempo...
- Que eu terminei? Cinco anos.
- Meu deus ! Ninguém merece ficar sem afeto todo esse tempo.
Eu sorri e dei de ombros, ele apenas me abraçou e eu me aconcheguei naquele abraço, ali na frente da lareira, naquele tapete vinho felpudo nós acabamos dormindo, parecíamos dois adolescentes novamente e aquela cena certamente vai ficar marcada na minha mente. No dia seguinte acordamos com o sol entrando pela janela acordei antes dele e fui direto para a cozinha fazer um café, quando estava tudo pronto ele apareceu na porta da cozinha.
- Bom dia.
- Bom dia.
- Sabe , eu estava pensando, você se incomodaria de eu vir morar aqui?
- Oi? – Derrubei o garfo no chão com a pergunta.
- É que não queria ficar incomodando o por mais tempo ainda mais porque a esposa dele é irmã da minha ex. – Ele falou sem jeito. – Como a sua casa é grande eu pensei...
- Ah tá, nesse caso pode sim. – Falei aliviada. – Tem um quarto que dá para deixar para seus filhos e tem um quarto a mais lá do lado do meu, quando traz suas coisas?
- O que você pensou? Achou que eu estava falando de ficarmos juntos e morarmos juntos tipo um casal? – Ele deu risada. – Olha, não que eu não queira mas concordo que é muito rápido.
- Sinceramente foi a primeira coisa que passou na minha cabeça, que bom que pensamos igual. – Dei risada junto com ele. – Enfim, tem uma picape na garagem, se precisar usar fique à vontade.
- Obrigada . – Ele sorriu e me abraçou depositando um beijo estalado na minha bochecha.
- Vai ser bom mais alguém aqui nessa casa, eu estive até pensando em me mudar para um apartamento, aqui é muito grande só para mim, agora vai ser ótimo. – Senti meu rosto corar com os pensamentos que invadiram minha mente, “Como ele vai estar aqui, quem sabe podemos fazer algo a mais alguns dias...”
- Como você é podre , sei bem o que pensou. – Ele deu risada. – Mas não posso negar que isso passou pela minha cabeça também. – Ele me puxou para um beijo lento e delicado, completamente o oposto da noite anterior, terminou o beijo com um selinho demorado e em seguida me olhou. – Não vou apressar nada mas não posso garantir que nada irá acontecer entre nós, mesmo que uma amizade colorida.
- Hm, tá aí, gostei desse nome. – Dei risada selando nossos lábios novamente.
- Bom, vou buscar minhas coisas na casa do , até mais tarde, qualquer coisa me liga. – Ele beijou minha testa e saiu.
Daquele momento em diante minha vida mudou, mas posso dizer que mudou para melhor, o e eu não temos nada sério inclusive ele sai em suas turnês e sei que fica com várias fãs assim como eu saio com outros caras, quando retorna nós temos nossos momentos juntos.
Atualmente de um ano para cá estamos caminhando para o que parece ser um relacionamento sério e honestamente isso me assusta um pouco por ser ele, porque já tentamos isso no passado mas como ele diz “Nós mudamos e somos outras pessoas hoje em dia.” O J.B. desde que o começou a morar aqui nunca mais me incomodou, nem mesmo no bar ele tem um certo medo do e eu acho isso ótimo assim realmente fica longe de mim.
- ?
- Oi ! Estou na cozinha. – Berrei enquanto me atrapalhava com o glacê do bolo. – Mas não vem aqui não, tenho uma surpresa para você. – Falei em vão pois ele já estava entrando na cozinha.
- O que é isso?
- Um bolo ué. – Falei óbvia. – Vem ler.
- Espera... – Ele leu as palavra escritas tortas no bolo “Welcome home my love.”
- O que foi?
- Eu comprei algo para você. – Ele pegou da mochila uma caixa vermelha grande e me entregou.
- Ai , já te falei que não precisa. – Abri empolgada a caixa e notei que ele me observava com um sorriso tranquilo no rosto, dentro da caixa estava um moletom da banda e uma pequena caixa preta, eu a peguei e olhei confusa para ele.
- Vai, abre. – Ele sorriu vitorioso quando notou minha confusão.
- ... – Abri me deparando com um colar e um cartão, no cartão estava escrito “Para o amor da minha vida.” Senti meu rosto corar com o cartão e olhei o colar, nele havia o desenho de um nó cego em ouro.
- Esse colar significa nós dois, nossos segredos e nossas histórias, por mais que nós tentamos ficar longe um do outro, o destino nos uniu novamente. – Ele colocou ao redor de meu pescoço. – , você significa muito para mim.
- , você significa muito para mim também, eu não achei que fossemos dar certo mas você me provou que eu estava errada. – Ele sorriu e selou nossos lábios.
- I love you baby.
- Love you too honey.
Fim.
Nota da autora: Olá pessoas lindas, obrigada por ler!
Espero realmente que tenham gostado da fic, caso queiram o vídeo que me inspirei para criar a dança foi esse aqui
Não esqueçam de comentar aqui em baixo o que acharam <3
Beeijos
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My First Love - Simple Plan
Teenage Love - Avenged Sevenfold
Love Is Complicated - McFly
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