Capítulo Único
Eu a vi sentada em uma cadeira fixa de frente ao bar do estabelecimento, com uma bebida na mão. Dava alguns goles casualmente, mas fazia pouco caso do que realmente estava tomando. Poderia tanto ser vodka quanto um refrigerante qualquer. Seus cabelos eram e caíam delicadamente em suas costas. Parecia ter de altura mediana e eu não conseguia ver seu rosto.
E como queria vê-lo.
Não quis assustá-la, então me sentei a algumas cadeiras de distância, torcendo para que ela virasse o rosto de tal forma que eu conseguisse observar quem era a dona daquela aura que capturou meu olhar assim que entrara naquele lugar.
— Me dê água, por favor. — pedi ao barman, que revirou os olhos. Eu simplesmente não podia correr o risco de ficar bêbado e esquecer-me de como a mulher era.
Senti minha respiração prender quando ela girou a cadeira e olhou fixamente para mim.
Não ouvi o que dissera, tampouco mirei algo que não fosse o seu rosto. Ela tinha traços delicados, lábios um tanto quanto pequenos, e era bela. O que mais queria fazer naquele momento era cortejá-la da forma mais estúpida possível, no entanto, nenhum som saiu de minha boca.
A mulher riu levemente, erguendo as sobrancelhas, como se esperasse algum tipo de resposta.
— Desculpe, o quê? — balbuciei, desculpando-me várias vezes em minha mente por ser um tapado e não tê-la escutado antes.
— Você pediu água. — a voz dela era suave, com um tom brincalhão. Naquela má iluminação, não conseguia ver qual era a cor de seus olhos. A distância entre nós dois também não ajudava. — Isso é bastante estranho.
Mal pude conter a minha felicidade ao perceber que ela estivera escutando, que ela tinha me notado.
Eu abri um sorriso, constrangido. Não poderia contá-la o motivo pelo qual eu pedi a água.
Poderia?
— É só água. Nada de mais. — falei em uma tentativa de tom casual. Ela levantou o indicador na frente do seu corpo e eu quase enfartei ao vê-la pegar a sua bebida, sua pequena bolsa, que estava em cima do balcão, e encaminhar-se para a cadeira ao lado da minha.
, por favor, controle-se.
Seus olhos eram . Não era possível que uma mulher tão linda estivesse interessada em saber o porquê de eu ter pedido uma porcaria de água.
— Você não quer ficar bêbado, isso é óbvio. Mas por que ir a um bar se não quer beber?
— Talvez eu seja um alcoólico e isso seja uma terapia. Ir ao meu local de envenenamento e ignorar o veneno.
— E talvez você só seja estranho.
O barman colocou a água de qualquer jeito no balcão e quase a fez entorná-la. Eu já estava quase falando para ele ter mais cuidado, mas ele havia ido atender outra pessoa.
— Bem, é, eu sou um estranho para você.
— Você me deixou curiosa, vai. Me fala por que pediu água.
Com o copo em mãos, sem ainda bebê-lo, olhei para ela. Eu ficava cada vez mais impressionado com toda a situação e como ela realmente estava esperando a minha resposta.
— Quando eu entrei aqui, logo te notei. Você estava de costas, mas eu pude ver que era alguém especial. Eu não queria esquecer como você parecia. Qual era o som da sua risada. Quais eram os seus gestos enquanto você falava. Não queria esquecer que você um dia apareceu para mim, em um momento qualquer, em um lugar qualquer.
Ela não disse nada. Parecia atordoada. Eu estava esperando que dizer a verdade não a faria se afastar de mim. Nunca me perdoaria se isso acontecesse.
Então, ela fez algo que eu não poderia imaginar nem nos meus mais esperançosos sonhos.
Aproximou-se de mim, cautelosa. Colocou uma das mãos em minha nuca, acariciando meu cabelo, e consequentemente fazendo meus pelos se arrepiarem. A partir daquele gesto eu coloquei o copo de água em cima do balcão novamente. Chegou mais perto do meu corpo, respirando rapidamente. Eu estava petrificado. Ela inclinou seu rosto para perto da minha orelha, colocando sua outra mão no mesmo local que a outra estava. Conseguia sentir seu perfume àquela distância.
Seu sussurro veio entrecortado, como se falá-lo fosse um pecado.
— Então não se esqueça, também, da sensação dos seus lábios nos meus.
Eu não sabia seu nome, sobrenome, onde morava, com o que trabalhava. Mas sabia que ela estava prestes a me beijar. E aquele único conhecimento bastava para mim naquele momento.
Ela começou pelo meu pescoço. Beijos molhados, demorados, que me fizeram fechar os olhos e controlar as reações involuntárias do meu corpo. Começou a trilhar sua língua do meu pescoço ao meu ouvido, sugando meu lóbulo com certa ferocidade. Eu já não sabia em que maldito lugar eu estava, porém queria sentir o calor do seu corpo em contato com o meu. Entrelacei minhas mãos em sua cintura, puxando-a para o meu colo. Ela mexia-se de uma forma que roçava o tecido de sua calça na minha intimidade.
Ela não estava fazendo de propósito. Não podia estar fazendo.
Engoli a seco quando a senti passando seus lábios pela minha bochecha, chegando, finalmente, na minha boca. Exalou um pouco de ar a meros milímetros dos meus lábios antes de tocá-los com os seus. Eu pensei que não fosse ser capaz de entregar-me completamente a uma mulher depois de apenas um mero contato íntimo.
De vez em quando, era bom estar enganado.
Assim que ambos abrimos nossas bocas, eu me perdi totalmente nela. Seu perfume, sua pele desnuda na parte de trás de sua blusa, a sensação maravilhosa que era poder beijá-la de uma forma cuidadosa, apenas testando as diferentes sensibilidades dos nossos corpos. Ela começou a puxar os fios de meu cabelo, me fazendo soltar um mínimo gemido contra a sua boca. Senti-a afastar-se um pouco para abrir um sorriso, e tomei aquela oportunidade para colocar meu rosto perto do seu pescoço, chupando sua pele, com o desejo assumindo o controle do meu consciente.
Com a nossa proximidade, eu conseguia ouvir os gemidos que ela produzia. Eram baixos, longos, torturantes. Brincavam com as palpitações do meu coração. À medida que eu passava minha atenção para seus lábios novamente, podia ouvi-los mais altos, mais suplicantes. Ela estava perdendo seu autocontrole.
Estava perdendo seu autocontrole comigo. E ela mal sabia o meu nome.
Parecia que tínhamos chegado ao mesmo pensamento no momento em que, repentinamente, ela afastou meu rosto do dela, olhando intensamente para mim. Tirou uma das mãos de minha nuca e passou-a para o meu peito, me fazendo ouvi-la.
— . — falar o seu nome foi um sacrifício, tendo em vista a forma como sua voz estava abafada. Seus lábios estavam avermelhados e inchados. A imagem dos mesmos pequenos, que era o normal, se desfez em minha mente.
— .
— E o meu é John, lindinhos. Arranjem um quarto, pelo amor de Deus.
A voz do barman fez o nosso pequeno mundinho desfazer-se. pulou do meu colo para a cadeira ao lado, tão assustada quanto eu ao lembrar-se que não éramos os únicos ali. Instintivamente, olhei para a minha calça.
Minha mãe flertando com o vizinho. Minha mãe flertando com o vizinho. Minha mãe flertando com o...
É. Uma blusa maior seria perfeita.
Apesar de ter uma leve impressão que sabia muito bem o que estava acontecendo — um pouco difícil de notar quando se está no colo de alguém —, olhei sorrateiramente para ela, vendo que esta estava prendendo uma risada e encarava a mesma coisa que eu.
— John, vou decidir com o o que vamos beber. Volte daqui a pouco.
O barman não esperou um segundo a mais para obedecê-la.
Eu estava prestes a dizer que eu queria manter-me totalmente sóbrio por motivos óbvios, até sentir no meu colo novamente. Ela havia, em um movimento rápido, colocado as duas mãos em meus ombros e impulsionado o seu corpo para frente, encaixando-se no mesmo lugar de antes.
— ... — inclinou-se mais uma vez ao pé do meu ouvido, sua voz parecendo de veludo ao pronunciar meu nome. — Você quer não se esquecer de mais uma coisa?
Controlei-me para não gritar a resposta:
— Sim.
Meus pensamentos estavam embaralhados, querendo tentar decifrar aquela maravilhosa mulher. De alguma maneira, eu sabia que ela estava escondendo alguma coisa. Eu não tinha o direito de questioná-la sobre isso, obviamente, mas, apesar de toda a minha atração física por , eu queria revê-la. Em outras circunstâncias. Não queria ser apenas “aquele cara do bar”, que você esconde que aconteceu para os seus filhos.
voltou o seu rosto para mim, a boca entre aberta, pronta para pronunciar a frase que me mataria.
— Não se esqueça que, por uma noite, eu fui sua.
E eu não queria apenas isso.
Tive que unir toda a minha vontade para fazer a coisa certa, em vez de cair na perdição com aquela frase, e segurá-la pelos braços, impedindo-a de tocar em mim.
Seu olhar de confusão mexeu com o meu interior, uma ponta de arrependimento em fazê-la pensar que eu não a queria.
— , por que você veio aqui hoje?
Seus olhos foram ao chão, como se estivesse perdida. Ela os fechou por alguns instantes, suspirando alto, e depois os voltou para mim. Estavam marejados. Deixei minhas mãos caírem ao lado do seu corpo, profundamente incomodado por saber que, se eu não tivesse trazido o assunto à tona, ela não estaria daquela forma. Ela começou a brincar com a gola da minha camisa, tirando seu olhar de mim.
— Ele era o meu namorado desde o colegial, sabe? Pensei que fôssemos nos casar. Tinha tudo planejado na minha cabeça. Seria na primavera, meu vestido não seria exorbitantemente caro. Era algo bem, bem simples. Ele estava agindo estranho ultimamente, nervoso. Pensei que tinha chegado a bendita hora de me pedir em casamento e não sabia como. Voltei mais cedo hoje para surpreendê-lo, mas quem me surpreendeu mesmo foi ele... — ela fez uma pausa, inspirando profundamente. Quis dar algum conforto a ela e abracei-a pela cintura, da forma mais confortável que consegui. , após esse gesto, encostou a cabeça no meu peito. Esperava que ela não pudesse ouvir as batidas do meu coração. — Encontre-o na cama com uma “amiga” minha do trabalho, que eu apresentei a ele.
Eu queria matar o desgraçado.
Afaguei seus cabelos com uma de minhas mãos, percebendo que ela começara a tremer. Não queria que chorasse, não queria que nada a magoasse.
Tinha quase certeza de que a primeira coisa que tinha feito foi se culpar por toda a história, por ter apresentado a futura amante.
— E aí você veio para um bar beijar um estranho gostoso?
Escutei uma risada deliciosa sair dela, vibrando todas as minhas células. Ela levantou a cabeça, os olhos úmidos e um sorriso bobo nos lábios.
Eu a fizera rir. Já era um começo.
— É. Aí o meu plano foi, basicamente, te conhecer e te agarrar.
Ela riu do que dissera e eu a segui. Notando que poderia secar as suas lágrimas, foi o que eu fiz. Delicadamente.
O sorriso de sumiu, dando lugar a um olhar que eu não pude identificar o que significava. Suas íris iam de lado para o outro enquanto eu me concentrava em passar o dedo por suas bochechas e seus olhos. Fui surpreendido quando sua mão parou o meu trabalho e ela saiu do meu colo.
Apressadamente, pegou sua bolsa e procurou por algo.
— ?
Ela não me respondeu. Tirou uma nota de vinte dólares da bolsa e colocou em cima do balcão. Retornou o seu olhar para mim. Estava fragilizado, machucado.
Não. Não!
— Adeus, .
E sumiu pela porta. Obviamente fui atrás dela, os olhos arregalados com a palpável possibilidade de nunca vê-la novamente.
Ela estava quase entrando em um táxi que passava na rua.
— Aonde você vai?! — eu estava desesperado, o gosto de seus lábios na ponta da minha língua. Ela não podia fugir de mim daquela maneira, sem nenhuma explicação.
parou na metade do movimento que fazia para entrar no carro. Só deu tempo de ouvi-la dizer, antes de o taxista dar partida e sumir com aquela mulher linda, intrigante e envolvente:
— Para onde corações partidos vão.
Eu poderia procurar em cada canto solitário, cada esquina. Poderia chamar o seu nome, tentar encontrá-la. No entanto, algo importante me impediria de ter sucesso em achá-la.
Eu não sabia para onde corações partidos iam.
E como queria vê-lo.
Não quis assustá-la, então me sentei a algumas cadeiras de distância, torcendo para que ela virasse o rosto de tal forma que eu conseguisse observar quem era a dona daquela aura que capturou meu olhar assim que entrara naquele lugar.
— Me dê água, por favor. — pedi ao barman, que revirou os olhos. Eu simplesmente não podia correr o risco de ficar bêbado e esquecer-me de como a mulher era.
Senti minha respiração prender quando ela girou a cadeira e olhou fixamente para mim.
Não ouvi o que dissera, tampouco mirei algo que não fosse o seu rosto. Ela tinha traços delicados, lábios um tanto quanto pequenos, e era bela. O que mais queria fazer naquele momento era cortejá-la da forma mais estúpida possível, no entanto, nenhum som saiu de minha boca.
A mulher riu levemente, erguendo as sobrancelhas, como se esperasse algum tipo de resposta.
— Desculpe, o quê? — balbuciei, desculpando-me várias vezes em minha mente por ser um tapado e não tê-la escutado antes.
— Você pediu água. — a voz dela era suave, com um tom brincalhão. Naquela má iluminação, não conseguia ver qual era a cor de seus olhos. A distância entre nós dois também não ajudava. — Isso é bastante estranho.
Mal pude conter a minha felicidade ao perceber que ela estivera escutando, que ela tinha me notado.
Eu abri um sorriso, constrangido. Não poderia contá-la o motivo pelo qual eu pedi a água.
Poderia?
— É só água. Nada de mais. — falei em uma tentativa de tom casual. Ela levantou o indicador na frente do seu corpo e eu quase enfartei ao vê-la pegar a sua bebida, sua pequena bolsa, que estava em cima do balcão, e encaminhar-se para a cadeira ao lado da minha.
, por favor, controle-se.
Seus olhos eram . Não era possível que uma mulher tão linda estivesse interessada em saber o porquê de eu ter pedido uma porcaria de água.
— Você não quer ficar bêbado, isso é óbvio. Mas por que ir a um bar se não quer beber?
— Talvez eu seja um alcoólico e isso seja uma terapia. Ir ao meu local de envenenamento e ignorar o veneno.
— E talvez você só seja estranho.
O barman colocou a água de qualquer jeito no balcão e quase a fez entorná-la. Eu já estava quase falando para ele ter mais cuidado, mas ele havia ido atender outra pessoa.
— Bem, é, eu sou um estranho para você.
— Você me deixou curiosa, vai. Me fala por que pediu água.
Com o copo em mãos, sem ainda bebê-lo, olhei para ela. Eu ficava cada vez mais impressionado com toda a situação e como ela realmente estava esperando a minha resposta.
— Quando eu entrei aqui, logo te notei. Você estava de costas, mas eu pude ver que era alguém especial. Eu não queria esquecer como você parecia. Qual era o som da sua risada. Quais eram os seus gestos enquanto você falava. Não queria esquecer que você um dia apareceu para mim, em um momento qualquer, em um lugar qualquer.
Ela não disse nada. Parecia atordoada. Eu estava esperando que dizer a verdade não a faria se afastar de mim. Nunca me perdoaria se isso acontecesse.
Então, ela fez algo que eu não poderia imaginar nem nos meus mais esperançosos sonhos.
Aproximou-se de mim, cautelosa. Colocou uma das mãos em minha nuca, acariciando meu cabelo, e consequentemente fazendo meus pelos se arrepiarem. A partir daquele gesto eu coloquei o copo de água em cima do balcão novamente. Chegou mais perto do meu corpo, respirando rapidamente. Eu estava petrificado. Ela inclinou seu rosto para perto da minha orelha, colocando sua outra mão no mesmo local que a outra estava. Conseguia sentir seu perfume àquela distância.
Seu sussurro veio entrecortado, como se falá-lo fosse um pecado.
— Então não se esqueça, também, da sensação dos seus lábios nos meus.
Eu não sabia seu nome, sobrenome, onde morava, com o que trabalhava. Mas sabia que ela estava prestes a me beijar. E aquele único conhecimento bastava para mim naquele momento.
Ela começou pelo meu pescoço. Beijos molhados, demorados, que me fizeram fechar os olhos e controlar as reações involuntárias do meu corpo. Começou a trilhar sua língua do meu pescoço ao meu ouvido, sugando meu lóbulo com certa ferocidade. Eu já não sabia em que maldito lugar eu estava, porém queria sentir o calor do seu corpo em contato com o meu. Entrelacei minhas mãos em sua cintura, puxando-a para o meu colo. Ela mexia-se de uma forma que roçava o tecido de sua calça na minha intimidade.
Ela não estava fazendo de propósito. Não podia estar fazendo.
Engoli a seco quando a senti passando seus lábios pela minha bochecha, chegando, finalmente, na minha boca. Exalou um pouco de ar a meros milímetros dos meus lábios antes de tocá-los com os seus. Eu pensei que não fosse ser capaz de entregar-me completamente a uma mulher depois de apenas um mero contato íntimo.
De vez em quando, era bom estar enganado.
Assim que ambos abrimos nossas bocas, eu me perdi totalmente nela. Seu perfume, sua pele desnuda na parte de trás de sua blusa, a sensação maravilhosa que era poder beijá-la de uma forma cuidadosa, apenas testando as diferentes sensibilidades dos nossos corpos. Ela começou a puxar os fios de meu cabelo, me fazendo soltar um mínimo gemido contra a sua boca. Senti-a afastar-se um pouco para abrir um sorriso, e tomei aquela oportunidade para colocar meu rosto perto do seu pescoço, chupando sua pele, com o desejo assumindo o controle do meu consciente.
Com a nossa proximidade, eu conseguia ouvir os gemidos que ela produzia. Eram baixos, longos, torturantes. Brincavam com as palpitações do meu coração. À medida que eu passava minha atenção para seus lábios novamente, podia ouvi-los mais altos, mais suplicantes. Ela estava perdendo seu autocontrole.
Estava perdendo seu autocontrole comigo. E ela mal sabia o meu nome.
Parecia que tínhamos chegado ao mesmo pensamento no momento em que, repentinamente, ela afastou meu rosto do dela, olhando intensamente para mim. Tirou uma das mãos de minha nuca e passou-a para o meu peito, me fazendo ouvi-la.
— . — falar o seu nome foi um sacrifício, tendo em vista a forma como sua voz estava abafada. Seus lábios estavam avermelhados e inchados. A imagem dos mesmos pequenos, que era o normal, se desfez em minha mente.
— .
— E o meu é John, lindinhos. Arranjem um quarto, pelo amor de Deus.
A voz do barman fez o nosso pequeno mundinho desfazer-se. pulou do meu colo para a cadeira ao lado, tão assustada quanto eu ao lembrar-se que não éramos os únicos ali. Instintivamente, olhei para a minha calça.
Minha mãe flertando com o vizinho. Minha mãe flertando com o vizinho. Minha mãe flertando com o...
É. Uma blusa maior seria perfeita.
Apesar de ter uma leve impressão que sabia muito bem o que estava acontecendo — um pouco difícil de notar quando se está no colo de alguém —, olhei sorrateiramente para ela, vendo que esta estava prendendo uma risada e encarava a mesma coisa que eu.
— John, vou decidir com o o que vamos beber. Volte daqui a pouco.
O barman não esperou um segundo a mais para obedecê-la.
Eu estava prestes a dizer que eu queria manter-me totalmente sóbrio por motivos óbvios, até sentir no meu colo novamente. Ela havia, em um movimento rápido, colocado as duas mãos em meus ombros e impulsionado o seu corpo para frente, encaixando-se no mesmo lugar de antes.
— ... — inclinou-se mais uma vez ao pé do meu ouvido, sua voz parecendo de veludo ao pronunciar meu nome. — Você quer não se esquecer de mais uma coisa?
Controlei-me para não gritar a resposta:
— Sim.
Meus pensamentos estavam embaralhados, querendo tentar decifrar aquela maravilhosa mulher. De alguma maneira, eu sabia que ela estava escondendo alguma coisa. Eu não tinha o direito de questioná-la sobre isso, obviamente, mas, apesar de toda a minha atração física por , eu queria revê-la. Em outras circunstâncias. Não queria ser apenas “aquele cara do bar”, que você esconde que aconteceu para os seus filhos.
voltou o seu rosto para mim, a boca entre aberta, pronta para pronunciar a frase que me mataria.
— Não se esqueça que, por uma noite, eu fui sua.
E eu não queria apenas isso.
Tive que unir toda a minha vontade para fazer a coisa certa, em vez de cair na perdição com aquela frase, e segurá-la pelos braços, impedindo-a de tocar em mim.
Seu olhar de confusão mexeu com o meu interior, uma ponta de arrependimento em fazê-la pensar que eu não a queria.
— , por que você veio aqui hoje?
Seus olhos foram ao chão, como se estivesse perdida. Ela os fechou por alguns instantes, suspirando alto, e depois os voltou para mim. Estavam marejados. Deixei minhas mãos caírem ao lado do seu corpo, profundamente incomodado por saber que, se eu não tivesse trazido o assunto à tona, ela não estaria daquela forma. Ela começou a brincar com a gola da minha camisa, tirando seu olhar de mim.
— Ele era o meu namorado desde o colegial, sabe? Pensei que fôssemos nos casar. Tinha tudo planejado na minha cabeça. Seria na primavera, meu vestido não seria exorbitantemente caro. Era algo bem, bem simples. Ele estava agindo estranho ultimamente, nervoso. Pensei que tinha chegado a bendita hora de me pedir em casamento e não sabia como. Voltei mais cedo hoje para surpreendê-lo, mas quem me surpreendeu mesmo foi ele... — ela fez uma pausa, inspirando profundamente. Quis dar algum conforto a ela e abracei-a pela cintura, da forma mais confortável que consegui. , após esse gesto, encostou a cabeça no meu peito. Esperava que ela não pudesse ouvir as batidas do meu coração. — Encontre-o na cama com uma “amiga” minha do trabalho, que eu apresentei a ele.
Eu queria matar o desgraçado.
Afaguei seus cabelos com uma de minhas mãos, percebendo que ela começara a tremer. Não queria que chorasse, não queria que nada a magoasse.
Tinha quase certeza de que a primeira coisa que tinha feito foi se culpar por toda a história, por ter apresentado a futura amante.
— E aí você veio para um bar beijar um estranho gostoso?
Escutei uma risada deliciosa sair dela, vibrando todas as minhas células. Ela levantou a cabeça, os olhos úmidos e um sorriso bobo nos lábios.
Eu a fizera rir. Já era um começo.
— É. Aí o meu plano foi, basicamente, te conhecer e te agarrar.
Ela riu do que dissera e eu a segui. Notando que poderia secar as suas lágrimas, foi o que eu fiz. Delicadamente.
O sorriso de sumiu, dando lugar a um olhar que eu não pude identificar o que significava. Suas íris iam de lado para o outro enquanto eu me concentrava em passar o dedo por suas bochechas e seus olhos. Fui surpreendido quando sua mão parou o meu trabalho e ela saiu do meu colo.
Apressadamente, pegou sua bolsa e procurou por algo.
— ?
Ela não me respondeu. Tirou uma nota de vinte dólares da bolsa e colocou em cima do balcão. Retornou o seu olhar para mim. Estava fragilizado, machucado.
Não. Não!
— Adeus, .
E sumiu pela porta. Obviamente fui atrás dela, os olhos arregalados com a palpável possibilidade de nunca vê-la novamente.
Ela estava quase entrando em um táxi que passava na rua.
— Aonde você vai?! — eu estava desesperado, o gosto de seus lábios na ponta da minha língua. Ela não podia fugir de mim daquela maneira, sem nenhuma explicação.
parou na metade do movimento que fazia para entrar no carro. Só deu tempo de ouvi-la dizer, antes de o taxista dar partida e sumir com aquela mulher linda, intrigante e envolvente:
— Para onde corações partidos vão.
Eu poderia procurar em cada canto solitário, cada esquina. Poderia chamar o seu nome, tentar encontrá-la. No entanto, algo importante me impediria de ter sucesso em achá-la.
Eu não sabia para onde corações partidos iam.
Fim
Nota da autora: Olá, povo! Gostaram? Querem tacar pedras? Tô aceitando tudo hoje! Foi incrível escrever essa shortfic. Eu ficava mandando para a Mel (aka pessoa que organizou esse "Ficstape" do álbum Four) ver se ela gostava, e ela sofreu alguns aperfeiçoamentos antes de vir completinha procês tudo.
Beijos no core iluminado de vocês,
Caroline.
Outras fanfics minhas:
12. Tomorrow (Ficstape #060: Olly Murs - Never Been Hurt/Finalizada)
Lisboa (Especial All Around The World/Finalizada)
His Phonecall (Outros/Shortfic)
The Moon (Outros/Finalizada)
Beijos no core iluminado de vocês,
Caroline.
Outras fanfics minhas:
12. Tomorrow (Ficstape #060: Olly Murs - Never Been Hurt/Finalizada)
Lisboa (Especial All Around The World/Finalizada)
His Phonecall (Outros/Shortfic)
The Moon (Outros/Finalizada)
O Disqus está um pouco instável ultimamente e, às vezes, a caixinha de comentários pode não aparecer. Então, caso você queira deixar a autora feliz com um comentário, é só clicar AQUI.