Capítulo Único
encarou D.C. que parecia dormir completamente sozinha naquela noite. Em meio ao complexo de prédios espalhafatosos ela observava tudo procurando por alguma pista, qualquer coisa que a ajudasse resolver aquele caso. Sentia-se frustrada e completamente cansada nas últimas semanas, pois a sensação que tinha era de que estava rodando em círculos sem parar, presa às mesmas ideias convencionais e a pensamentos que a levavam de volta para o início, como se aquilo nunca fosse ter fim.
Suspirou pesadamente e encarou sua equipe que caminhava através do local do crime. Mais uma garota havia sido encontrada, com a mesma aparência, padrão de agressão e o mais importante, no mesmo lugar de sempre. Bem próximo ao National Mall, uma grande área verde, mais conhecida como o lar dos monumentos icônicos, como o Lincoln Memorial e o Monumento a Washington.
O local perfeito para chamar atenção.
Deu mais uma volta e aproximou-se do corpo com algumas manchas de tinta preta, que se encontrava pálido. Ela mal conseguia escutar as últimas demandas proferidas pelo perito que avaliava aquele corpo completamente sem vida, imaginando o que mais estaria enterrado embaixo.
Onde estou? Era a única coisa que a detetive conseguia se perguntar. Pois sentia-se em qualquer lugar, menos em D.C., a cidade onde cresceu e que costumava amar.
— Detetive ? — Escutou seu nome mais uma vez e despertou de seus pensamentos.
Só queria acabar logo com aquilo.
— Desculpa. — disse virando-se para encará-lo. — O que foi que você disse?
— , você tem dormido? — Uma voz irrompeu a conversa, fazendo com que ela revirasse os olhos.
Seu parceiro — e melhor amigo — tinha acabado de chegar na cena do crime. Esbanjando a mesma tranquilidade de sempre em meio ao caos que estavam vivendo, e ela até sentia um pouco de inveja dele, queria manter-se assim também.
— O que são essas marcas nos ombros dela, Carter? — perguntou de forma retórica, ignorando completamente o questionamento do amigo.
Carter abaixou-se em direção ao corpo e elevou o olhar para a detetive.
— Foram costurados. — Afirmou sem rodeios.
Nem e nem — seu parceiro — esboçaram qualquer expressão de surpresa. Apenas fizeram sinal para que ele prosseguisse com as informações.
— Ao que me parece... — Carter começou a dizer enquanto segurava o braço da garota estirada naquele chão frio e passou os dedos cobertos por luva em uma marca que delimitava o tronco e os ombros. — O braço foi arrancado e costurado, porém...
— Porém? — questionou.
— Os braços não são dela. — afirmou e levantou-se, tirando as luvas. — São de outra pessoa.
— Você tem certeza? — perguntou .
— Preciso examinar. — afirmou. — Contudo, tenho quase certeza.
engoliu em seco.
Os olhos de Carter passaram do homem na frente dele para , que encarava o corpo estirado ali.
— O que mais? — Ela insistiu, queria saber cada detalhe.
entrou na frente da detetive e também amiga.
— , acho melhor você ir para casa... — Ele disse e apertou os olhos, não gostava de agir como se ela fosse incapaz de resolver o caso, mas ele mais do que ninguém, sabia que aquele caso a afetava diretamente. — Eu posso levar daqui, e amanhã de manhã te passo os detalhes.
Ela revirou os olhos.
— Detetive, . — disse, e ele sabia que ela estava pedindo para que ele parasse imediatamente.
A mulher deu a volta no parceiro e se direcionou ao perito.
— O que mais? — Voltou a perguntar, ignorando totalmente a presença do outro homem.
— Não são só os braços que não pertencem a ela. — Carter começou a explicar de novo e abaixou-se mais uma vez, apontando para os olhos e pernas. — O globo ocular foi trocado, assim como as pernas da garota.
Ela assentiu para que ele prosseguisse.
— Também tem isso. — Carter esticou um papel na direção dela.
A detetive vestiu primeiro as luvas, para não contaminar aquela prova e abriu.
"Se quiser me achar, terão que olhar para dentro se si."
— O que diz, ? — perguntou preocupado.
— Se quiser me achar, terão que olhar para dentro de si. — Ela disse com firmeza.
Um sorriso se formou, nos lábios do assassino, que observava tudo.
****
Mais uma vítima em potencial.
Era isso que passava pela sua mente ao encarar a enorme D.C enquanto olhava através das janelas do décimo quinto andar do prédio. A baía de frente para o edifício lhe trazia uma sensação de paz, tinha uma ligação especial com a água e ela estava presente em todos os momentos de prazer dele, logo, quando fosse fazer mais uma vítima, não seria diferente.
A garota sentada na cadeira o encarava com olhos curiosos. Era atraente, aparentava ter por volta de 40 anos, emanava muito poder e sedução, o que sempre as atraia para seus braços — ou para a morte.
Se virou para encará-la e abriu um leve sorriso de canto. Sustentou o olhar da garota e deu um passo na direção dela que permanecia estática, não tinha proferido sequer uma palavra desde que tinha se sentado naquela cadeira, a única coisa que se passava pela cabeça dela, era o quanto o queria. Sabia disso, ou não estaria ali, nua, presa a cadeira e totalmente entregue as suas fantasias mais sórdidas.
O nome dela era Heather Williams, uma menina vinda do Kansas quando tinha apenas 16 anos e que sonhava em ser uma modelo famosa e viu ali uma oportunidade de alcançar esse sonho. Claro que, sabia todas essas coisas sobre ela, passava semanas estudando suas presas em potencial.
Sabia o que elas comiam, vestiam, o que gostavam, o que não gostavam e, principalmente, quais eram seus pontos fracos. E o de Heather, era a inocência, não só no olhar, mas em acreditar que pessoas boas existiam e que elas poderiam realmente olhar para aquela linda garota andando por D.C. e a ajudá-la a realizar seus maiores sonhos.
Mal sabia ela que eles estavam prestes a se tornarem pesadelos.
Sentou-se na mesa de frente para a cadeira onde a menina se encontrava sentada e levou as mãos até os braços dela, fazendo com que se arrastasse até onde estava. Encarou a garota e levou as mãos até o pescoço, retirando dali a gravada de cor cinza que tinha um nó perfeitamente bem feito, desfez o mesmo e depois se inclinou aproximando-se de Heather, que o observava enquanto mordia o lábio inferior.
Ela observava tudo, tentando entender o que ele iria fazer. Retirou a gravata e se levantou, ficando atrás de Heather e colocando o pano de frente para os olhos dela, na intenção de cobri-los, fazendo com que a garota esboçasse um enorme sorriso. Amarrou a gravata fazendo um laço ali e depois voltou a ficar de frente para ela, que sentiu a presença dele mais uma vez e estremeceu com isso.
Encarou a garota a sua frente e sentiu cada parte do seu corpo se acender em pensar no que estava prestes a fazer, voltando a sentar na mesa. Puxou a cadeira dela para ainda mais perto e escutou um gemido sair por entre os lábios de Heather, arrancando mais uma vez, um sorriso de canto, que levou uma das mãos até a mesa, de onde puxou um objeto.
Heather sentiu algo frio tocar sua virilha e mais uma vez gemeu de excitação. O gesto foi rápido, seus lábios tocaram a testa da garota ao mesmo tempo que friccionou o objeto contra a virilha dela, abrindo um corte profundo, que arrancou dela — não gemidos —, mas um grito de dor.
***
andava de um lado para o outro em sua enorme sala localizada no centro da divisão de homicídios do FBI. Duas semanas já tinham se passado desde aquela madrugada onde ela descobriu que tinha atingindo todos os seus limites, que agora não teria escolha, era matar ou morrer, ser a caça ou o caçador e não tinha tempo para erros. Por falar em tempo, ela sabia que o seu estava acabando.
Encarou o quadro de investigação — pela centésima vez — onde continha todas as informações sobre aquele caso e principalmente sobre o Serial Killer, sentindo-se frustrada. Esse era o único sentimento que a detetive vinha experienciando desde que encontrou o corpo da primeira garota vítima desse monstro, depois daquele dia, sua vida nunca mais foi a mesma e sua rotina tinha mudado drasticamente, só que para pior.
Uma espécie de agitação percorreu seu corpo ao observar que, do lado de fora da sala. a delegacia estava movimentada, sabia exatamente o que viria a seguir e preferiu ficar ali até que alguém viesse chamá-la ou constatá-la de algo. Como a sala em que estava era toda de vidro, ela conseguia ver tudo, policiais andando de um lado para o outro, sua equipe apressada, Carter — o perito daquela fatídica noite — sair do laboratório dele, e então, caminhando em direção a onde ela estava.
Respirou fundo, antes de se virar em direção a porta, que foi aberta em seguida.
— . — Preferiu iniciar a conversa, para mostrar que estava pronta para seja lá o que ele tivesse para dizer.
Ele estreitou olhar e pareceu estudá-la, algo que ela ignorou.
— Encontraram mais um corpo. — O homem afirmou, sem fazer cerimônias.
o encarou por alguns instantes e depois caminhou até a mesa enorme, onde pegou seu cinto coldre — lugar que ficava sua arma —prendendo-o na cintura. Colocou o colete a prova de balas e prendeu os cabelos em um rabo de cavalo, não gostava de ir com eles soltos a cenas dos crimes, não era algo muito recomendado.
— Vamos? — Perguntou a , que a encarava, um pouco surpreso com a rapidez.
— Não quer saber os detalhes?
Ela riu fracamente.
— Você me conta no caminho — disse já saindo. — Não temos tempo para enrolação.
Os dois chegaram rápido até a cena do crime e nem precisou de muito para saber que algo tinha mudado. Dessa vez eles não estavam no National Mall, e sim em um centro comercial bem perto dali, um prédio todo de vidro reluzente, um dos mais famosos de D.C. e responsável por ser o centro de negócios de grandes empresários do país.
Lugar atípico para o Serial Killer com quem ela estava lidando.
Atravessou a porta de entrada e logo mostrou seu distintivo, já seguindo em direção a cena do crime, lhe trazendo mais uma estranheza, a cena era no décimo quinto andar do prédio, algo também incomum já que o assassino sempre escolhia lugares térreos. Entrou no elevador sentindo o ar pesado e um desconforto enorme, amava seu trabalho, mas ele vinha se tornando um fardo nos últimos meses.
não teve coragem de dizer nada e apenas acompanhou a parceira, que entrou primeiro que ele na sala — onde era a cena do crime — já vestindo suas luvas e aproximando-se do corpo. Tiveram a visão de uma garota de cabelos ruivos, que aparentava ter por volta dos seus 28 anos, corpo de modelo e, claro, totalmente sem vida, como todas as outras que tinham sido encontradas nos últimos oito meses.
— Detetive . — Ela escutou um agente dizer e caminhar na direção dela.
A mulher estendeu a mão para o agente e apertou.
— Você acha que é o nosso cara? — perguntou apressado. — Já está difícil achar um, imagina dois.
queria chamar a atenção dele, mas em partes concordava com sua opinião.
— O que temos? — Ela perguntou, ignorando o comentário anterior.
— Parece que é o nosso cara sim. — o agente disse, respondendo à pergunta de .
— E porque ele mudaria o modus operandy? — questionou.
Sabia que assassinos em série não costumavam mudar a forma de operar de uma hora para a outra.
— Não sabemos. — afirmou o homem.
— Me desculpa, eu nem perguntei seu nome. — disse ao se dar conta disso.
— Price. — respondeu o homem. — Detetive Jamie Price, um grande admirador do seu trabalho, sei tudo sobre você.
Ela assentiu agradecendo e pediu licença para sair dali. Como sempre fazia, caminhou pelo local olhando cada detalhe e procurando por cada pista que pudesse encontrar, se a vida dela já estava impossível sabendo tudo sobre o assassino, com a mudança dele em operar, só tornaria as coisas ainda mais difíceis para ela.
Observou que a sala era bem grande, com uma janela enorme que dava vista para a cidade e se deu conta de que não estavam em uma das salas comuns do prédio. Só pessoas importantes poderiam estar ali, ou seja, os donos das empresas que usavam o prédio como ponto de encontro para fazerem suas transações.
Fez uma anotação em seu caderno.
Depois de vasculhar mais um pouco, voltou para o local que estava antes e se aproximou do corpo da garota. Descobriu que o nome dela era Heather Williams e que era do Kansas, mas que morava em D.C. há pelo menos 11 anos, logo, conhecia o lugar e sabia exatamente onde estava indo quando entrou naquele prédio — se é que não foi forçada.
— Carter, o que temos de diferente? — perguntou para o perito que analisava a cena.
— Nada. — Afirmou, fazendo com que ela franzisse o cenho. — Só o local mudou, mas a maneira como ele deixa o corpo, costura braços, pernas e troca os olhos por de outra pessoa ainda é a mesma coisa.
assentiu, tentando pensar.
— Alguma sugestão do porquê ele possa ter mudado o lugar? — perguntou, toda opinião era válida, considerando a situação que se encontrava.
— Muitas razões. — Afirmou. — Porém, isso me fez pensar em você.
— Como assim?
— Naquela noite, ele deixou um bilhete diretamente para você, . — Carter disse, mas dessa vez com um tom de amigo e não de subordinado dela. — Ficou bem claro que isso tem uma motivação pessoal.
Ela assentiu mais uma vez.
— Eu não quero plantar nenhum medo em você, somos amigos... — Ele disse um pouco sem jeito, eles realmente eram amigos de longa data.
— Eu sei. — afirmou e abriu um meio sorriso. — Por que pensou em mim?
— Como?
Ela riu fracamente.
— Você disse que pensou em mim quando viu a mudança de local. Certo? — A detetive o encarou, queria saber exatamente o que se passava pela cabeça dele.
— Onde você comemorou seu último aniversário com Louise? — Carter perguntou olhando diretamente para ela, se referindo à irmã dela, a terceira vítima daquele monstro.
Pela primeira vez teve a sensação de que poderia estar muito perto dele. Olhou ao seu redor observando as pessoas ali presentes, se perguntando se alguma delas poderia sem quem estava procurando, mas logo espantou aquele pensamento, seria loucura, ela teria percebido.
Voltou a pensar nas palavras de Carter e sua mente divagou para o dia de sua promoção.
estava entusiasmada com a sua promoção, tinha esperado e batalhado muito para aquele dia e ele finalmente tinha chegado, se tornaria uma detetive no departamento de homicídios de D.C. Sabia de tudo que tinha abdicado para estar ali e por isso decidiu que tiraria a noite para comemorar, aceitando a ideia de sua irmã Louise para saírem em uma noitada, até porque, era seu aniversário.
Encarou seu reflexo no espelho e sentiu-se satisfeita com o que via. Estava com um vestido prata soltinho que ia até o meio das coxas, um salto alto preto e os cabelos soltos caindo sobre os ombros, muito diferente de como costumava andar no dia a dia, com roupas pretas, sempre.
Retocou mais uma vez o batom e sentiu que estava na hora de ir.
Sua irmã, estava ainda mais animada do que ela com a promoção e bem no dia de seu aniversário. Não parava de tagarelar sobre o quanto ela merecia tudo aquilo, mas também como precisava viver mais a vida pessoal dela e aproveitar a vida agora que já tinha chegado onde tanto queria.
ria, e teria dado muitas gargalhadas naquela noite se soubesse que três semanas depois sua irmã seria encontrada morta, entrando para a lista daquele monstro.
— Eu nem acredito que você aceitou vir. — Louise comentou empolgada, enquanto o carro estacionava de frente para o enorme prédio luxuoso.
riu fracamente.
— Qual é. — Louise disse, quando as duas já estavam do lado de fora do carro. — Qual foi a última vez que você saiu, ?
— Depende o que você considera sair. — comentou rindo, enquanto as duas seguiam para a entrada do edifício. — Vamos gastar quantos milhões aqui?
Louise riu dando de ombros.
— O lugar é lindo. — comentou assim que as duas adentraram o lugar.
O edifício era realmente lindo, todo de vidro reluzente e com uma vista linda para uma baía. Todas as vezes que ela esteve ali foi para resolver algo em relação ao seu trabalho, nunca pensou que entraria naquele lugar para se divertir em uma noitada com a sua irmã, mas estava feliz.
— Uau. — Uma voz reverberou atrás das duas irmãs, que se viraram.
Era Jacob, um empresário que tinha conversado com mais cedo. Tinham trocado poucas palavras, mas ele era bonito o suficiente para ficar marcado na memória dela, que sorriu ao vê-lo.
— Detetive, devo dizer que estou impressionado. — Ele comentou e aproximou-se para cumprimentá-la.
Ela riu fracamente.
— Está exagerando. — comentou da forma séria de sempre. — É que você me viu apenas em meu ambiente de trabalho.
Louise observava a conversa, lembrando que precisaria cobrar a irmã sobre quem era aquele homem.
— Me permite perguntar, o que fazer aqui? — Jacob perguntou, sem tirar os olhos das duas.
— É aniversário da e ela foi promovida, por estar fazendo um excelente trabalho no caso daquele monstro. — Afirmou Louise e Jacob olhou diretamente para ela. — Sou Louise, irmã da detetive.
O homem encarou a moça por alguns instantes, para só depois cumprimentá-la.
— Ela está exagerando, eu só consegui reunir algumas provas. — afirmou dando de ombros.
— Bom, eu poderia pagar uma bebida?
A noite seguiu seu curso, Jacob era um cara agradável e gostava de estar na companhia dele, apesar de a profissão dos dois não terem nada em comum, os dois tinham muitas outras coisas em comum e isso fez com que a conversa entre eles fluísse pelo resto da noite.
Era a primeira vez em muito tempo que ela se dava o luxo de trabalhar e se divertir da forma que estava fazendo. Metade da sua equipe se encontrava ali para comemorar aquela vitória e isso a deixava ainda mais feliz com tudo que vinha acontecendo, mas sua mente não conseguia simplesmente descansar, aquele serial killer estava em seus pensamentos a todo momento.
tentou se concentrar no homem a sua frente para esquecer sobre o Serial Killer e ele estava falando algo sobre como devemos olhar para dentro de nós se queremos enxergar o outro, quando foram interrompidos.
— Detetive, será que eu poderia falar com você? — Carter, o perito de sua equipe se aproximou, interrompendo a conversa dela com Jacob.
o encarou e pediu licença para Jacob.
— Aconteceu algo, Carter? — perguntou.
— Você não acha este homem um pouco suspeito? — Carter disse de uma vez, sem fazer rodeios.
Ela caiu na gargalhada, mas parou ao perceber que ele falava sério.
— Você não pode estar falando sério. — Olhou para ele perplexa.
— Só estou tentando te proteger. — Carter disse encanando-a de forma séria. — Você não acha que é bem conveniente ele aparecer agora na sua vida? O cara está te rondando há duas semanas.
— Certo, Carter. — afirmou . — Eu acho que você bebeu demais.
— E eu acho que você precisa olhar para si mesma, para conseguir enxergar. — Ele afirmou, deixando-a sozinha.
parou por um instante e olhou na direção do homem sentado no bar, com aqueles olhos negros que combinavam tanto com aquela gravata cinza, que ele estava usando.
Ela despertou da lembrança e encarou Carter por alguns instantes.
— ? — Carter a chamou.
Ela desviou o olhar da janela para ele.
— Você sabe quem é esse tal de Jamie Price? — perguntou curiosa, enquanto olhava para o homem que tinha acabado de dizer que era seu admirador.
— Parece que ele é do Colorado, tem um bom currículo. Por quê? — o rapaz perguntou curioso.
— Você já cogitou a possibilidade de o assassino ser um policial? — Ela perguntou com sinceridade.
Carter encarou o homem, para só depois voltar a encará-la e reparou nisso.
— Sim. — afirmou. — Nós somos bem treinados, sabemos todas as coisas para matar alguém e esconder bem.
— É, sabemos. — afirmou . — Bom, leve tudo para o laboratório. Eu preciso interrogar as pessoas e ir atrás de mais pistas.
A detetive deixou o parceiro e seguiu para olhar mais um pouco a cena do crime, procurando por pistas que pudessem ajudá-la. Saiu da sala acompanhada de para dar uma volta pelo andar, procurando câmeras ou qualquer coisa que pudessem colaborar para obter novas pistas sobre o caso.
Ela deu um pulo de susto quando segurou seu braço, parando de repente no corredor.
— O que foi? — perguntou preocupada.
— Esse quadro. — começou a dizer enquanto pegava-o na mão. — Eu já o vi antes.
Ela o encarou por alguns instantes.
— Na sua casa. — ele afirmou e ela olhou melhor para a pintura.
— É quase idêntico — afirmou.
— Só não tem a assinatura que o seu tem. — disse e ela sorriu com a observação.
— É. — afirmou. — Tem um bilhete.
abriu o papel sem hesitar e o passou para o parceiro.
— "Eu adoro uma boa arte, mas adoro ainda mais uma boa caçada. A noite de hoje, é uma criança." — Leu e levantou o olhar em direção a .
— Tem um evento de arte hoje na cidade. — disse enquanto pegava seu celular, para pesquisar o local do evento.
— Como sabe disso? — Perguntou curioso.
— Bom... — ela começou a dizer enquanto virava o cartaz para ele. — Eu tenho dois ingressos.
— Ótimo, parece que ele será a presa essa noite. — afirmou e saiu andando.
riu fracamente.
— ? — Ela o chamou e ele parou, virando-se para ela.
— Fiquei surpresa que lembrou do quadro na minha casa, parabéns. — disse sorrindo.
Ele riu fracamente.
— Sei muita coisa sobre você, . Quando vai entender isso? — Ele disse e ela apenas assentiu, deixando-o ir.
encarou o espelho e respirou pesadamente, tendo a sensação de que estava vivendo um déjà vu, como se estivesse revivendo a noite de sua nomeação para detetive chefe. Não estava de vestido como aquela noite, mesmo assim sentia-se como se estivesse revivendo, quase podia sentir a excitação em esperar em sua irmã aparecesse na porta apressando-a.
Riu fracamente e sorriu para o espelho, dando um pulo logo em seguida ao escutar sua campainha tocar. Pegou sua bolsa e caminhou até a porta, olhou primeiro através do olho mágico e franziu o cenho ao ver o detetive que conheceu mais cedo parado em sua porta, mas a abriu em seguida.
— O que faz aqui? — Perguntou de cara.
— Eu fui encarregado de vir te buscar. — Ele disse com um sorriso no rosto.
franziu o cenho.
— E onde está o ? — perguntou intrigada, dando passagem para que ele entrasse.
Ele riu fracamente.
— Você é desconfiada. — afirmou Jamie.
— Nem sempre, eu costumo ser a caçadora e não a caça — disse com convicção.
— Não duvido. — afirmou encarando-a. — Pronta?
Os olhos de Jamie estavam fixados em um dos braços de , que parecia estar segurando algo atrás de suas costas.
— Claro. — afirmou sorrindo para ele, que apenas assentiu.
Ela deu passagem para ele primeiro e se virou para guardar o objeto em sua bolsa e depois trancou a porta, seguindo-o pelo corredor do prédio. Jamie começou a dizer o quanto ele era seu admirador, que ficava cada dia mais impressionado com o trabalho que ela vinha fazendo como detetive chefe em D.C mesmo sendo tão nova e também falou sobre o trabalho dele no colorado e que estava horado de poder acompanhar ela em ação de perto.
apenas assentia e o olhava desconfiada, era muito estranho ver alguém que ela mal conhecia ficar tão empolgado por estar em sua presença, mesmo ela sabendo que tinha se tornado uma lenda no FBI, gostava de se manter sempre com um pé atrás em relação as pessoas.
O caminho até o local onde aconteceria o grande evento foi rápido e em completo silêncio. queria se concentrar no caso e estar pronta para qualquer coisa que pudesse acontecer naquela noite, erros nunca eram permitidos com ela e gostava de fazer tudo sempre de maneira calculada, precisava estar preparada para tudo.
Seguiu direto para o salão principal assim que adentraram o lugar e passou os olhos pelo ambiente, não demorou muito para que avistasse seus parceiros que estavam disfarçados ali, precisavam agir como qualquer um ali, todos interessados unicamente na exposição daquela noite.
Jamie continuava do seu lado e ela pediu licença para ele, seguindo em direção a que se encontrava no bar.
— Detetive. — disse com um sorrisinho nos lábios.
riu fracamente.
— Estamos trabalhando, . — Afirmou para ele, que riu.
— Certo. — concordou. — Qual é a do detetive novo?
— Parece que é um admirador do meu trabalho — afirmou rindo.
Ele assentiu para ela e logo avistaram Jamie caminhando até eles.
— Alguém deixou esse bilhete no meu casaco. — afirmou Jamie ao se aproximar e entregar para .
franziu o cenho, achando um tanto quanto estranho.
— "Usarei meu distintivo: Um adesivo de vinil com grandes letras colados no meu peito. Que diz aos seus novos amigos que eu sou um visitante aqui. Eu não sou permanente." — Ela leu e levantou o olhar.
permanecia encarando Jamie.
— Será que posso falar com o sozinha? — perguntou, encarando Jamie.
— Por quê? — Questionou.
— Ele é meu parceiro, está no caso comigo desde o início. — disse com firmeza. — Eu sou a detetive-chefe, isso é uma ordem, não é mais um pedido.
A expressão de Jamie não era das melhores, mas ele assentiu e saiu deixando-a sozinha com seu parceiro.
— O que foi isso, ? — Perguntou , perplexo. — Esse cara é muito suspeito.
— Você confia em mim? — Ela perguntou encarando-o
— Claro!
sorriu com a resposta.
— Tenho um plano. — afirmou. — Eu tenho certeza de que Jamie, Carter ou Jacob são o nosso assassino.
Depois de explicar tudo, ela deu instruções para toda sua equipe e ela e seguiram em direção ao complexo comercial onde estiveram mais cedo. Seu coração estava acelerado e sua respiração sibilando, a adrenalina que percorria seu corpo era diferente de tudo que ela já tinha experimentado nos últimos oito meses.
Chegaram tão rápido ao local que ela pensou estar perdendo a noção do tempo, mas não deu importância para isso e pediu para que a entrada deles fosse liberada mostrando o seu distintivo. Fez sinal para que o parceiro fosse para uma direção e ela seguiu para o lado oposto, indo direto para a sala onde estava o corpo da garota mais cedo, mais adrenalina ainda parecia correr por suas veias.
Um sorriso se formou em seus lábios.
Mãos agarraram-lhe a pegando completamente de surpresa assim que ela adentrou a sala, mas a reação de foi rápida, virando-se para golpear a pessoa que lhe atacava. Ela o reconheceu no instante que seus olhos se encontraram, era Jamie quem a estava atacando e não ia deixar barato, sabia que tinha algo errado com ele desde o momento que ele tinha aparecido em seu apartamento.
Se abaixou para desviar do golpe e desferiu um soco bem no estômago dele que gemeu de dor, depois passou a pena pelos pés dele fazendo com que ele caísse bem diante dela batendo a cabeça no chão. Os olhos de Jamie a encaravam e ela sorriu ao olhá-lo.
— ... — Jamie tentou dizer, mas ela o segurou pelo pescoço. — Meu paletó, mais cedo...
Ele apagou, no mesmo instante que entrou na sala.
— . — disse encarando-a de perto e ela se levantou.
— Ele me atacou — disse ofegante.
— Como você entrou aqui? — Ele perguntou intrigado.
A detetive franziu o cenho.
— Como assim? — perguntou confusa.
— Todas as salas precisam de digital, eu olhei o sistema antes de ir para onde me pediu e todas estavam trancadas, então liguei para a manutenção vir liberar. — afirmou ele. — Como entrou aqui, ?
Um sorriso de formou em seus lábios.
— .
— Você não respondeu minha pergunta — afirmou.
— Você nem sempre soube tudo sobre mim, .
arregalou os olhos, não só pelas palavras, mas pela faca que acabará de o rasgar bem no abdômen.
— Sem você, D.C. dorme sozinha essa noite, e as minhas sombras.
Suspirou pesadamente e encarou sua equipe que caminhava através do local do crime. Mais uma garota havia sido encontrada, com a mesma aparência, padrão de agressão e o mais importante, no mesmo lugar de sempre. Bem próximo ao National Mall, uma grande área verde, mais conhecida como o lar dos monumentos icônicos, como o Lincoln Memorial e o Monumento a Washington.
O local perfeito para chamar atenção.
Deu mais uma volta e aproximou-se do corpo com algumas manchas de tinta preta, que se encontrava pálido. Ela mal conseguia escutar as últimas demandas proferidas pelo perito que avaliava aquele corpo completamente sem vida, imaginando o que mais estaria enterrado embaixo.
Onde estou? Era a única coisa que a detetive conseguia se perguntar. Pois sentia-se em qualquer lugar, menos em D.C., a cidade onde cresceu e que costumava amar.
— Detetive ? — Escutou seu nome mais uma vez e despertou de seus pensamentos.
Só queria acabar logo com aquilo.
— Desculpa. — disse virando-se para encará-lo. — O que foi que você disse?
— , você tem dormido? — Uma voz irrompeu a conversa, fazendo com que ela revirasse os olhos.
Seu parceiro — e melhor amigo — tinha acabado de chegar na cena do crime. Esbanjando a mesma tranquilidade de sempre em meio ao caos que estavam vivendo, e ela até sentia um pouco de inveja dele, queria manter-se assim também.
— O que são essas marcas nos ombros dela, Carter? — perguntou de forma retórica, ignorando completamente o questionamento do amigo.
Carter abaixou-se em direção ao corpo e elevou o olhar para a detetive.
— Foram costurados. — Afirmou sem rodeios.
Nem e nem — seu parceiro — esboçaram qualquer expressão de surpresa. Apenas fizeram sinal para que ele prosseguisse com as informações.
— Ao que me parece... — Carter começou a dizer enquanto segurava o braço da garota estirada naquele chão frio e passou os dedos cobertos por luva em uma marca que delimitava o tronco e os ombros. — O braço foi arrancado e costurado, porém...
— Porém? — questionou.
— Os braços não são dela. — afirmou e levantou-se, tirando as luvas. — São de outra pessoa.
— Você tem certeza? — perguntou .
— Preciso examinar. — afirmou. — Contudo, tenho quase certeza.
engoliu em seco.
Os olhos de Carter passaram do homem na frente dele para , que encarava o corpo estirado ali.
— O que mais? — Ela insistiu, queria saber cada detalhe.
entrou na frente da detetive e também amiga.
— , acho melhor você ir para casa... — Ele disse e apertou os olhos, não gostava de agir como se ela fosse incapaz de resolver o caso, mas ele mais do que ninguém, sabia que aquele caso a afetava diretamente. — Eu posso levar daqui, e amanhã de manhã te passo os detalhes.
Ela revirou os olhos.
— Detetive, . — disse, e ele sabia que ela estava pedindo para que ele parasse imediatamente.
A mulher deu a volta no parceiro e se direcionou ao perito.
— O que mais? — Voltou a perguntar, ignorando totalmente a presença do outro homem.
— Não são só os braços que não pertencem a ela. — Carter começou a explicar de novo e abaixou-se mais uma vez, apontando para os olhos e pernas. — O globo ocular foi trocado, assim como as pernas da garota.
Ela assentiu para que ele prosseguisse.
— Também tem isso. — Carter esticou um papel na direção dela.
A detetive vestiu primeiro as luvas, para não contaminar aquela prova e abriu.
— O que diz, ? — perguntou preocupado.
— Se quiser me achar, terão que olhar para dentro de si. — Ela disse com firmeza.
Um sorriso se formou, nos lábios do assassino, que observava tudo.
Mais uma vítima em potencial.
Era isso que passava pela sua mente ao encarar a enorme D.C enquanto olhava através das janelas do décimo quinto andar do prédio. A baía de frente para o edifício lhe trazia uma sensação de paz, tinha uma ligação especial com a água e ela estava presente em todos os momentos de prazer dele, logo, quando fosse fazer mais uma vítima, não seria diferente.
A garota sentada na cadeira o encarava com olhos curiosos. Era atraente, aparentava ter por volta de 40 anos, emanava muito poder e sedução, o que sempre as atraia para seus braços — ou para a morte.
Se virou para encará-la e abriu um leve sorriso de canto. Sustentou o olhar da garota e deu um passo na direção dela que permanecia estática, não tinha proferido sequer uma palavra desde que tinha se sentado naquela cadeira, a única coisa que se passava pela cabeça dela, era o quanto o queria. Sabia disso, ou não estaria ali, nua, presa a cadeira e totalmente entregue as suas fantasias mais sórdidas.
O nome dela era Heather Williams, uma menina vinda do Kansas quando tinha apenas 16 anos e que sonhava em ser uma modelo famosa e viu ali uma oportunidade de alcançar esse sonho. Claro que, sabia todas essas coisas sobre ela, passava semanas estudando suas presas em potencial.
Sabia o que elas comiam, vestiam, o que gostavam, o que não gostavam e, principalmente, quais eram seus pontos fracos. E o de Heather, era a inocência, não só no olhar, mas em acreditar que pessoas boas existiam e que elas poderiam realmente olhar para aquela linda garota andando por D.C. e a ajudá-la a realizar seus maiores sonhos.
Mal sabia ela que eles estavam prestes a se tornarem pesadelos.
Sentou-se na mesa de frente para a cadeira onde a menina se encontrava sentada e levou as mãos até os braços dela, fazendo com que se arrastasse até onde estava. Encarou a garota e levou as mãos até o pescoço, retirando dali a gravada de cor cinza que tinha um nó perfeitamente bem feito, desfez o mesmo e depois se inclinou aproximando-se de Heather, que o observava enquanto mordia o lábio inferior.
Ela observava tudo, tentando entender o que ele iria fazer. Retirou a gravata e se levantou, ficando atrás de Heather e colocando o pano de frente para os olhos dela, na intenção de cobri-los, fazendo com que a garota esboçasse um enorme sorriso. Amarrou a gravata fazendo um laço ali e depois voltou a ficar de frente para ela, que sentiu a presença dele mais uma vez e estremeceu com isso.
Encarou a garota a sua frente e sentiu cada parte do seu corpo se acender em pensar no que estava prestes a fazer, voltando a sentar na mesa. Puxou a cadeira dela para ainda mais perto e escutou um gemido sair por entre os lábios de Heather, arrancando mais uma vez, um sorriso de canto, que levou uma das mãos até a mesa, de onde puxou um objeto.
Heather sentiu algo frio tocar sua virilha e mais uma vez gemeu de excitação. O gesto foi rápido, seus lábios tocaram a testa da garota ao mesmo tempo que friccionou o objeto contra a virilha dela, abrindo um corte profundo, que arrancou dela — não gemidos —, mas um grito de dor.
andava de um lado para o outro em sua enorme sala localizada no centro da divisão de homicídios do FBI. Duas semanas já tinham se passado desde aquela madrugada onde ela descobriu que tinha atingindo todos os seus limites, que agora não teria escolha, era matar ou morrer, ser a caça ou o caçador e não tinha tempo para erros. Por falar em tempo, ela sabia que o seu estava acabando.
Encarou o quadro de investigação — pela centésima vez — onde continha todas as informações sobre aquele caso e principalmente sobre o Serial Killer, sentindo-se frustrada. Esse era o único sentimento que a detetive vinha experienciando desde que encontrou o corpo da primeira garota vítima desse monstro, depois daquele dia, sua vida nunca mais foi a mesma e sua rotina tinha mudado drasticamente, só que para pior.
Uma espécie de agitação percorreu seu corpo ao observar que, do lado de fora da sala. a delegacia estava movimentada, sabia exatamente o que viria a seguir e preferiu ficar ali até que alguém viesse chamá-la ou constatá-la de algo. Como a sala em que estava era toda de vidro, ela conseguia ver tudo, policiais andando de um lado para o outro, sua equipe apressada, Carter — o perito daquela fatídica noite — sair do laboratório dele, e então, caminhando em direção a onde ela estava.
Respirou fundo, antes de se virar em direção a porta, que foi aberta em seguida.
— . — Preferiu iniciar a conversa, para mostrar que estava pronta para seja lá o que ele tivesse para dizer.
Ele estreitou olhar e pareceu estudá-la, algo que ela ignorou.
— Encontraram mais um corpo. — O homem afirmou, sem fazer cerimônias.
o encarou por alguns instantes e depois caminhou até a mesa enorme, onde pegou seu cinto coldre — lugar que ficava sua arma —prendendo-o na cintura. Colocou o colete a prova de balas e prendeu os cabelos em um rabo de cavalo, não gostava de ir com eles soltos a cenas dos crimes, não era algo muito recomendado.
— Vamos? — Perguntou a , que a encarava, um pouco surpreso com a rapidez.
— Não quer saber os detalhes?
Ela riu fracamente.
— Você me conta no caminho — disse já saindo. — Não temos tempo para enrolação.
Os dois chegaram rápido até a cena do crime e nem precisou de muito para saber que algo tinha mudado. Dessa vez eles não estavam no National Mall, e sim em um centro comercial bem perto dali, um prédio todo de vidro reluzente, um dos mais famosos de D.C. e responsável por ser o centro de negócios de grandes empresários do país.
Lugar atípico para o Serial Killer com quem ela estava lidando.
Atravessou a porta de entrada e logo mostrou seu distintivo, já seguindo em direção a cena do crime, lhe trazendo mais uma estranheza, a cena era no décimo quinto andar do prédio, algo também incomum já que o assassino sempre escolhia lugares térreos. Entrou no elevador sentindo o ar pesado e um desconforto enorme, amava seu trabalho, mas ele vinha se tornando um fardo nos últimos meses.
não teve coragem de dizer nada e apenas acompanhou a parceira, que entrou primeiro que ele na sala — onde era a cena do crime — já vestindo suas luvas e aproximando-se do corpo. Tiveram a visão de uma garota de cabelos ruivos, que aparentava ter por volta dos seus 28 anos, corpo de modelo e, claro, totalmente sem vida, como todas as outras que tinham sido encontradas nos últimos oito meses.
— Detetive . — Ela escutou um agente dizer e caminhar na direção dela.
A mulher estendeu a mão para o agente e apertou.
— Você acha que é o nosso cara? — perguntou apressado. — Já está difícil achar um, imagina dois.
queria chamar a atenção dele, mas em partes concordava com sua opinião.
— O que temos? — Ela perguntou, ignorando o comentário anterior.
— Parece que é o nosso cara sim. — o agente disse, respondendo à pergunta de .
— E porque ele mudaria o modus operandy? — questionou.
Sabia que assassinos em série não costumavam mudar a forma de operar de uma hora para a outra.
— Não sabemos. — afirmou o homem.
— Me desculpa, eu nem perguntei seu nome. — disse ao se dar conta disso.
— Price. — respondeu o homem. — Detetive Jamie Price, um grande admirador do seu trabalho, sei tudo sobre você.
Ela assentiu agradecendo e pediu licença para sair dali. Como sempre fazia, caminhou pelo local olhando cada detalhe e procurando por cada pista que pudesse encontrar, se a vida dela já estava impossível sabendo tudo sobre o assassino, com a mudança dele em operar, só tornaria as coisas ainda mais difíceis para ela.
Observou que a sala era bem grande, com uma janela enorme que dava vista para a cidade e se deu conta de que não estavam em uma das salas comuns do prédio. Só pessoas importantes poderiam estar ali, ou seja, os donos das empresas que usavam o prédio como ponto de encontro para fazerem suas transações.
Fez uma anotação em seu caderno.
Depois de vasculhar mais um pouco, voltou para o local que estava antes e se aproximou do corpo da garota. Descobriu que o nome dela era Heather Williams e que era do Kansas, mas que morava em D.C. há pelo menos 11 anos, logo, conhecia o lugar e sabia exatamente onde estava indo quando entrou naquele prédio — se é que não foi forçada.
— Carter, o que temos de diferente? — perguntou para o perito que analisava a cena.
— Nada. — Afirmou, fazendo com que ela franzisse o cenho. — Só o local mudou, mas a maneira como ele deixa o corpo, costura braços, pernas e troca os olhos por de outra pessoa ainda é a mesma coisa.
assentiu, tentando pensar.
— Alguma sugestão do porquê ele possa ter mudado o lugar? — perguntou, toda opinião era válida, considerando a situação que se encontrava.
— Muitas razões. — Afirmou. — Porém, isso me fez pensar em você.
— Como assim?
— Naquela noite, ele deixou um bilhete diretamente para você, . — Carter disse, mas dessa vez com um tom de amigo e não de subordinado dela. — Ficou bem claro que isso tem uma motivação pessoal.
Ela assentiu mais uma vez.
— Eu não quero plantar nenhum medo em você, somos amigos... — Ele disse um pouco sem jeito, eles realmente eram amigos de longa data.
— Eu sei. — afirmou e abriu um meio sorriso. — Por que pensou em mim?
— Como?
Ela riu fracamente.
— Você disse que pensou em mim quando viu a mudança de local. Certo? — A detetive o encarou, queria saber exatamente o que se passava pela cabeça dele.
— Onde você comemorou seu último aniversário com Louise? — Carter perguntou olhando diretamente para ela, se referindo à irmã dela, a terceira vítima daquele monstro.
Pela primeira vez teve a sensação de que poderia estar muito perto dele. Olhou ao seu redor observando as pessoas ali presentes, se perguntando se alguma delas poderia sem quem estava procurando, mas logo espantou aquele pensamento, seria loucura, ela teria percebido.
Voltou a pensar nas palavras de Carter e sua mente divagou para o dia de sua promoção.
estava entusiasmada com a sua promoção, tinha esperado e batalhado muito para aquele dia e ele finalmente tinha chegado, se tornaria uma detetive no departamento de homicídios de D.C. Sabia de tudo que tinha abdicado para estar ali e por isso decidiu que tiraria a noite para comemorar, aceitando a ideia de sua irmã Louise para saírem em uma noitada, até porque, era seu aniversário.
Encarou seu reflexo no espelho e sentiu-se satisfeita com o que via. Estava com um vestido prata soltinho que ia até o meio das coxas, um salto alto preto e os cabelos soltos caindo sobre os ombros, muito diferente de como costumava andar no dia a dia, com roupas pretas, sempre.
Retocou mais uma vez o batom e sentiu que estava na hora de ir.
Sua irmã, estava ainda mais animada do que ela com a promoção e bem no dia de seu aniversário. Não parava de tagarelar sobre o quanto ela merecia tudo aquilo, mas também como precisava viver mais a vida pessoal dela e aproveitar a vida agora que já tinha chegado onde tanto queria.
ria, e teria dado muitas gargalhadas naquela noite se soubesse que três semanas depois sua irmã seria encontrada morta, entrando para a lista daquele monstro.
— Eu nem acredito que você aceitou vir. — Louise comentou empolgada, enquanto o carro estacionava de frente para o enorme prédio luxuoso.
riu fracamente.
— Qual é. — Louise disse, quando as duas já estavam do lado de fora do carro. — Qual foi a última vez que você saiu, ?
— Depende o que você considera sair. — comentou rindo, enquanto as duas seguiam para a entrada do edifício. — Vamos gastar quantos milhões aqui?
Louise riu dando de ombros.
— O lugar é lindo. — comentou assim que as duas adentraram o lugar.
O edifício era realmente lindo, todo de vidro reluzente e com uma vista linda para uma baía. Todas as vezes que ela esteve ali foi para resolver algo em relação ao seu trabalho, nunca pensou que entraria naquele lugar para se divertir em uma noitada com a sua irmã, mas estava feliz.
— Uau. — Uma voz reverberou atrás das duas irmãs, que se viraram.
Era Jacob, um empresário que tinha conversado com mais cedo. Tinham trocado poucas palavras, mas ele era bonito o suficiente para ficar marcado na memória dela, que sorriu ao vê-lo.
— Detetive, devo dizer que estou impressionado. — Ele comentou e aproximou-se para cumprimentá-la.
Ela riu fracamente.
— Está exagerando. — comentou da forma séria de sempre. — É que você me viu apenas em meu ambiente de trabalho.
Louise observava a conversa, lembrando que precisaria cobrar a irmã sobre quem era aquele homem.
— Me permite perguntar, o que fazer aqui? — Jacob perguntou, sem tirar os olhos das duas.
— É aniversário da e ela foi promovida, por estar fazendo um excelente trabalho no caso daquele monstro. — Afirmou Louise e Jacob olhou diretamente para ela. — Sou Louise, irmã da detetive.
O homem encarou a moça por alguns instantes, para só depois cumprimentá-la.
— Ela está exagerando, eu só consegui reunir algumas provas. — afirmou dando de ombros.
— Bom, eu poderia pagar uma bebida?
A noite seguiu seu curso, Jacob era um cara agradável e gostava de estar na companhia dele, apesar de a profissão dos dois não terem nada em comum, os dois tinham muitas outras coisas em comum e isso fez com que a conversa entre eles fluísse pelo resto da noite.
Era a primeira vez em muito tempo que ela se dava o luxo de trabalhar e se divertir da forma que estava fazendo. Metade da sua equipe se encontrava ali para comemorar aquela vitória e isso a deixava ainda mais feliz com tudo que vinha acontecendo, mas sua mente não conseguia simplesmente descansar, aquele serial killer estava em seus pensamentos a todo momento.
tentou se concentrar no homem a sua frente para esquecer sobre o Serial Killer e ele estava falando algo sobre como devemos olhar para dentro de nós se queremos enxergar o outro, quando foram interrompidos.
— Detetive, será que eu poderia falar com você? — Carter, o perito de sua equipe se aproximou, interrompendo a conversa dela com Jacob.
o encarou e pediu licença para Jacob.
— Aconteceu algo, Carter? — perguntou.
— Você não acha este homem um pouco suspeito? — Carter disse de uma vez, sem fazer rodeios.
Ela caiu na gargalhada, mas parou ao perceber que ele falava sério.
— Você não pode estar falando sério. — Olhou para ele perplexa.
— Só estou tentando te proteger. — Carter disse encanando-a de forma séria. — Você não acha que é bem conveniente ele aparecer agora na sua vida? O cara está te rondando há duas semanas.
— Certo, Carter. — afirmou . — Eu acho que você bebeu demais.
— E eu acho que você precisa olhar para si mesma, para conseguir enxergar. — Ele afirmou, deixando-a sozinha.
parou por um instante e olhou na direção do homem sentado no bar, com aqueles olhos negros que combinavam tanto com aquela gravata cinza, que ele estava usando.
Ela despertou da lembrança e encarou Carter por alguns instantes.
— ? — Carter a chamou.
Ela desviou o olhar da janela para ele.
— Você sabe quem é esse tal de Jamie Price? — perguntou curiosa, enquanto olhava para o homem que tinha acabado de dizer que era seu admirador.
— Parece que ele é do Colorado, tem um bom currículo. Por quê? — o rapaz perguntou curioso.
— Você já cogitou a possibilidade de o assassino ser um policial? — Ela perguntou com sinceridade.
Carter encarou o homem, para só depois voltar a encará-la e reparou nisso.
— Sim. — afirmou. — Nós somos bem treinados, sabemos todas as coisas para matar alguém e esconder bem.
— É, sabemos. — afirmou . — Bom, leve tudo para o laboratório. Eu preciso interrogar as pessoas e ir atrás de mais pistas.
A detetive deixou o parceiro e seguiu para olhar mais um pouco a cena do crime, procurando por pistas que pudessem ajudá-la. Saiu da sala acompanhada de para dar uma volta pelo andar, procurando câmeras ou qualquer coisa que pudessem colaborar para obter novas pistas sobre o caso.
Ela deu um pulo de susto quando segurou seu braço, parando de repente no corredor.
— O que foi? — perguntou preocupada.
— Esse quadro. — começou a dizer enquanto pegava-o na mão. — Eu já o vi antes.
Ela o encarou por alguns instantes.
— Na sua casa. — ele afirmou e ela olhou melhor para a pintura.
— É quase idêntico — afirmou.
— Só não tem a assinatura que o seu tem. — disse e ela sorriu com a observação.
— É. — afirmou. — Tem um bilhete.
abriu o papel sem hesitar e o passou para o parceiro.
— "Eu adoro uma boa arte, mas adoro ainda mais uma boa caçada. A noite de hoje, é uma criança." — Leu e levantou o olhar em direção a .
— Tem um evento de arte hoje na cidade. — disse enquanto pegava seu celular, para pesquisar o local do evento.
— Como sabe disso? — Perguntou curioso.
— Bom... — ela começou a dizer enquanto virava o cartaz para ele. — Eu tenho dois ingressos.
— Ótimo, parece que ele será a presa essa noite. — afirmou e saiu andando.
riu fracamente.
— ? — Ela o chamou e ele parou, virando-se para ela.
— Fiquei surpresa que lembrou do quadro na minha casa, parabéns. — disse sorrindo.
Ele riu fracamente.
— Sei muita coisa sobre você, . Quando vai entender isso? — Ele disse e ela apenas assentiu, deixando-o ir.
encarou o espelho e respirou pesadamente, tendo a sensação de que estava vivendo um déjà vu, como se estivesse revivendo a noite de sua nomeação para detetive chefe. Não estava de vestido como aquela noite, mesmo assim sentia-se como se estivesse revivendo, quase podia sentir a excitação em esperar em sua irmã aparecesse na porta apressando-a.
Riu fracamente e sorriu para o espelho, dando um pulo logo em seguida ao escutar sua campainha tocar. Pegou sua bolsa e caminhou até a porta, olhou primeiro através do olho mágico e franziu o cenho ao ver o detetive que conheceu mais cedo parado em sua porta, mas a abriu em seguida.
— O que faz aqui? — Perguntou de cara.
— Eu fui encarregado de vir te buscar. — Ele disse com um sorriso no rosto.
franziu o cenho.
— E onde está o ? — perguntou intrigada, dando passagem para que ele entrasse.
Ele riu fracamente.
— Você é desconfiada. — afirmou Jamie.
— Nem sempre, eu costumo ser a caçadora e não a caça — disse com convicção.
— Não duvido. — afirmou encarando-a. — Pronta?
Os olhos de Jamie estavam fixados em um dos braços de , que parecia estar segurando algo atrás de suas costas.
— Claro. — afirmou sorrindo para ele, que apenas assentiu.
Ela deu passagem para ele primeiro e se virou para guardar o objeto em sua bolsa e depois trancou a porta, seguindo-o pelo corredor do prédio. Jamie começou a dizer o quanto ele era seu admirador, que ficava cada dia mais impressionado com o trabalho que ela vinha fazendo como detetive chefe em D.C mesmo sendo tão nova e também falou sobre o trabalho dele no colorado e que estava horado de poder acompanhar ela em ação de perto.
apenas assentia e o olhava desconfiada, era muito estranho ver alguém que ela mal conhecia ficar tão empolgado por estar em sua presença, mesmo ela sabendo que tinha se tornado uma lenda no FBI, gostava de se manter sempre com um pé atrás em relação as pessoas.
O caminho até o local onde aconteceria o grande evento foi rápido e em completo silêncio. queria se concentrar no caso e estar pronta para qualquer coisa que pudesse acontecer naquela noite, erros nunca eram permitidos com ela e gostava de fazer tudo sempre de maneira calculada, precisava estar preparada para tudo.
Seguiu direto para o salão principal assim que adentraram o lugar e passou os olhos pelo ambiente, não demorou muito para que avistasse seus parceiros que estavam disfarçados ali, precisavam agir como qualquer um ali, todos interessados unicamente na exposição daquela noite.
Jamie continuava do seu lado e ela pediu licença para ele, seguindo em direção a que se encontrava no bar.
— Detetive. — disse com um sorrisinho nos lábios.
riu fracamente.
— Estamos trabalhando, . — Afirmou para ele, que riu.
— Certo. — concordou. — Qual é a do detetive novo?
— Parece que é um admirador do meu trabalho — afirmou rindo.
Ele assentiu para ela e logo avistaram Jamie caminhando até eles.
— Alguém deixou esse bilhete no meu casaco. — afirmou Jamie ao se aproximar e entregar para .
franziu o cenho, achando um tanto quanto estranho.
— "Usarei meu distintivo: Um adesivo de vinil com grandes letras colados no meu peito. Que diz aos seus novos amigos que eu sou um visitante aqui. Eu não sou permanente." — Ela leu e levantou o olhar.
permanecia encarando Jamie.
— Será que posso falar com o sozinha? — perguntou, encarando Jamie.
— Por quê? — Questionou.
— Ele é meu parceiro, está no caso comigo desde o início. — disse com firmeza. — Eu sou a detetive-chefe, isso é uma ordem, não é mais um pedido.
A expressão de Jamie não era das melhores, mas ele assentiu e saiu deixando-a sozinha com seu parceiro.
— O que foi isso, ? — Perguntou , perplexo. — Esse cara é muito suspeito.
— Você confia em mim? — Ela perguntou encarando-o
— Claro!
sorriu com a resposta.
— Tenho um plano. — afirmou. — Eu tenho certeza de que Jamie, Carter ou Jacob são o nosso assassino.
Depois de explicar tudo, ela deu instruções para toda sua equipe e ela e seguiram em direção ao complexo comercial onde estiveram mais cedo. Seu coração estava acelerado e sua respiração sibilando, a adrenalina que percorria seu corpo era diferente de tudo que ela já tinha experimentado nos últimos oito meses.
Chegaram tão rápido ao local que ela pensou estar perdendo a noção do tempo, mas não deu importância para isso e pediu para que a entrada deles fosse liberada mostrando o seu distintivo. Fez sinal para que o parceiro fosse para uma direção e ela seguiu para o lado oposto, indo direto para a sala onde estava o corpo da garota mais cedo, mais adrenalina ainda parecia correr por suas veias.
Um sorriso se formou em seus lábios.
Mãos agarraram-lhe a pegando completamente de surpresa assim que ela adentrou a sala, mas a reação de foi rápida, virando-se para golpear a pessoa que lhe atacava. Ela o reconheceu no instante que seus olhos se encontraram, era Jamie quem a estava atacando e não ia deixar barato, sabia que tinha algo errado com ele desde o momento que ele tinha aparecido em seu apartamento.
Se abaixou para desviar do golpe e desferiu um soco bem no estômago dele que gemeu de dor, depois passou a pena pelos pés dele fazendo com que ele caísse bem diante dela batendo a cabeça no chão. Os olhos de Jamie a encaravam e ela sorriu ao olhá-lo.
— ... — Jamie tentou dizer, mas ela o segurou pelo pescoço. — Meu paletó, mais cedo...
Ele apagou, no mesmo instante que entrou na sala.
— . — disse encarando-a de perto e ela se levantou.
— Ele me atacou — disse ofegante.
— Como você entrou aqui? — Ele perguntou intrigado.
A detetive franziu o cenho.
— Como assim? — perguntou confusa.
— Todas as salas precisam de digital, eu olhei o sistema antes de ir para onde me pediu e todas estavam trancadas, então liguei para a manutenção vir liberar. — afirmou ele. — Como entrou aqui, ?
Um sorriso de formou em seus lábios.
— .
— Você não respondeu minha pergunta — afirmou.
— Você nem sempre soube tudo sobre mim, .
arregalou os olhos, não só pelas palavras, mas pela faca que acabará de o rasgar bem no abdômen.
— Sem você, D.C. dorme sozinha essa noite, e as minhas sombras.
Fim.
Nota da autora: Oi, lovers, tudo bem?
Sei que ficou bem curtinho, mas eu amei. Provavelmente vocês vão me matar por causa do final, mas quem sabe eu faço uma continuação? Hahahahaha
Espero que tenham gostado!
Kisses,
Vane.
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Nota da beta: Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.
Sei que ficou bem curtinho, mas eu amei. Provavelmente vocês vão me matar por causa do final, mas quem sabe eu faço uma continuação? Hahahahaha
Espero que tenham gostado!
Kisses,
Vane.
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